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1 Revista Betel M as longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Gálatas 6:14. A prega- ção da cruz, a pregação da morte do Senhor Jesus Cristo naquela cruz é o próprio coração, o centro do evangelho e da mensagem cristã. A mensagem do evangelho é o ver- dadeiro caminho pelo qual somos salvos. Se desejarmos conhecer algo sobre a sabedoria eterna de Deus, olhe para a cruz. Assim, na cruz, podemos ver a sabedoria de Deus, seu propósito, sua graça e seu amor. Nada neste mundo pode satisfazer o coração dos filhos de Deus a não ser na cruz. Na cruz vemos o glorioso ca- ráter do amor de Deus pelos perdidos. O cristão é aque- le que se gloria, se gloria, na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, tudo o mais perde a importância, tudo o mais será relegado à insignificância. Isaac Watts expressou assim: “Meu rico ganho eu reputo por perda, e desprezo por todo o orgulho meu”. Graças sejam dadas ao nosso Senhor pelo seu amor e compaixão por todos nós. Que Deus em sua infinita graça continue revelando a todos nós, o real significado do Cal- vário. Ore para que Deus continue nos abençoando com mais uma edição da revista Betel. Humberto X. Rodrigues Apresentação

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1Revista Betel

Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Gálatas 6:14. A prega-

ção da cruz, a pregação da morte do Senhor Jesus Cristo naquela cruz é o próprio coração, o centro do evangelho e da mensagem cristã. A mensagem do evangelho é o ver-dadeiro caminho pelo qual somos salvos. Se desejarmos conhecer algo sobre a sabedoria eterna de Deus, olhe para a cruz. Assim, na cruz, podemos ver a sabedoria de Deus, seu propósito, sua graça e seu amor.

Nada neste mundo pode satisfazer o coração dos filhos de Deus a não ser na cruz. Na cruz vemos o glorioso ca-ráter do amor de Deus pelos perdidos. O cristão é aque-le que se gloria, se gloria, na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, tudo o mais perde a importância, tudo o mais será relegado à insignificância. Isaac Watts expressou assim: “Meu rico ganho eu reputo por perda, e desprezo por todo o orgulho meu”.

Graças sejam dadas ao nosso Senhor pelo seu amor e compaixão por todos nós. Que Deus em sua infinita graça continue revelando a todos nós, o real significado do Cal-vário. Ore para que Deus continue nos abençoando com mais uma edição da revista Betel.

Humberto X. Rodrigues

Apresentação

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2 Revista Betel

Apresentação, 1

Estudo BíBlico A Virtude da Humildade, 3 Sinval T. da Silva

Caçada na Espera, 9 Abel Emerich

O Pecado dos Pecados IV, 12 Glenio F. Paranaguá

Salvos para uma Vida de Santidade, 17 Mauricio Torres

O Ministério da Palavra de Deus, 21 Humberto X. Rodrigues

RiquEza da GRaça “Agora Demos Todos Graças ao Nosso Deus”, 26 Martin Rinkart

Um Tesouro de Lady Powerscourt, 28 Extraído de suas Cartas

lEGado Mortificando o Pecado pelo Espírito Santo, 31 D. M. Lloyd Jones

Pecadores nas Mãos de um Deus Irado, 40 Jonathan Edwards

Associação Betel, 47

Sumário

“Cristo é tudo em todos” • Ano 5 • Nº 3 • Verão 2010

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3Revista Betel Estudo BíBlico

A Virtude da Humildade

Sinval T. da Silva

Há muitos anos em um convento perto de Roma, apareceu uma noviça, que se dizia

possuidora de altos dons espirituais: profetizava, realizava curas e outros milagres espetaculares. Perplexo ao ouvir a notícia dos prodígios que lhe contaram, o papa encarregou um fa-moso sacerdote para ir ao local a fim de averiguar o caso.

Para ir ao convento, Filipe Nery teve de viajar a cavalo, passando por caminhos lamacentos, ladeiras pe-

rigosas, vales sombrios, chegando em deplorável estado. Ao chegar ao convento, mandou chamar a noviça. Quando esta se apresentou, o sacer-dote estendeu a perna e pediu-lhe para que ela tirasse as suas botas que estavam enlameadas. Furiosa, ela recusou-se a fazê-lo, alegando que aquilo não era serviço para uma pessoa dotada de dons espirituais tão elevados como os que ela possuía.

No mesmo dia, o enviado papal empreendeu viagem de regresso à Roma. Chegando lá, deu ao papa o

Rogo igualmente aos jovens: Sede submissos aos que são mais velhos; também, no trato de uns

com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus

resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a

poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos

exalte. I Pedro 5:5-6.

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4 Revista BetelEstudo BíBlico

seguinte relatório: “Não se trata de milagre, nem de poder espiritual al-gum, porque falta nela o essencial: a humildade”.

Não devemos apoiar a atitude brusca do enviado papal; mas, em um ponto, ele estava certo: sem a hu-mildade não pode haver poder espi-ritual algum.

Santo Agostinho também pen-sava assim. Interrogado sobre a pri-meira virtude cristã, ele respondeu: Humildade. E a segunda? Repetiu: Humildade. E a terceira? Repetiu de novo: Humildade.

Pode o indivíduo possuir vários dons intelectuais, artísticos, poéti-cos, e outros mais; mas, se isso não se revestir de humildade, o caráter já não tem os atrativos que deveria ter. O sistema do mundo moderno, que gosta de elogios, de louvores e aplau-sos, está completamente oposto ao sistema do Evangelho: Não mais eu, mas Cristo.

Que é Humildade? Humildade é uma qualidade mo-

ral que nos dá a disposição de respei-tar e considerar o próximo. É o dom natural, dado por Deus, que nos dá a condição de não menosprezar, de-preciar, desdenhar, rebaixar e opri-mir o nosso semelhante.

É uma virtude que nos dá o sen-timento de reverência, submissão e

obediência a Deus e à sua Palavra. A humildade resulta do fato do indiví-duo reconhecer que tudo quanto ele é e possui se deriva unicamente de Deus, e que ninguém é salvo senão pela graça incondicional de Deus, por intermédio de Jesus Cristo, que nos redimiu na cruz.

Aquele que tem uma experiência real de crucificação, morte e ressur-reição em Cristo, tem o privilégio de receber esta virtude, não por mereci-mento, mas pela graça incondicional de Deus por meio de Jesus Cristo.

As Escrituras deixam bem claro que a humildade é uma das virtudes que deve ser vista na vida do cristão. O Senhor Deus diz que os humildes recebem maior graça: Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humil-des. Tiago 4:6.

 Humildade e Serviço  Nada façais por partidarismo, ou

vanglória, mas por humildade, conside-rando cada um os outros superiores a si mesmo. Filipenses 2:3.

A soberba humana está sempre inclinada a considerar o seu serviço particular como algo especial, que merece o elogio dos homens e o lou-vor dos anjos e de Deus. Todavia, mesmo aquele que cumpre somente o que lhe foi imposto não passa de servo inútil e sem préstimo, porque

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5Revista Betel Estudo BíBlico

deixou de fazer algo necessário, que não lhe estava ordenado, e que de-veria ser feito: Assim também vós, depois de haverdes feito tudo quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer. Lucas 17:10.

O espírito de negligência da parte daquele que realiza algum trabalho pode demonstrar algum conceito demasiado de amor-próprio, presun-ção, e soberba.

Aqueles que ganham fama, popu-laridade e glória terrena, que vivem ostentando e blasonando o próprio esforço, muita luta, muito trabalho, muita vontade e muita garra, deixam transparecer de modo claro a sua egolatria. O culto do “eu”, e a “adora-ção de si mesmo” são atitudes repu-diadas e condenadas por Deus nas Escrituras. O Senhor Deus abomina a jactância, a vaidade, a ostentação, o orgulho, a arrogância, a altivez, a vanglória, a presunção, o pedantis-mo, a bazófia, a fanfarrice, e gabaro-lice: Abominável é ao Senhor todo ar-rogante de coração; é evidente que não ficará impune. Provérbios 16:5. 

Humildade e Sabedoria O temor do Senhor é a instrução

da sabedoria, e a humildade precede a honra. Provérbios 15:33.

O pedantismo mais difícil de su-portar é aquele em que o indivíduo

ostenta seus conhecimentos cultu-rais aos indoutos. A ostentação da sabedoria é repulsiva, nojosa e re-pugnante.

O conhecimento do homem sem a “sabedoria” aumenta nele os sentimentos de independência, de autonomia, de soberania, de pode-rio. Daí, a oportuna afirmação de Aleanor L. Doan: “Talvez a maior tragédia do homem resida em que o seu conhecimento aumenta em um ritmo mais veloz do que a sua sa-bedoria.” Este pensamento mostra a grande diferença entre conhecimen-to e sabedoria.

A sabedoria de uma pessoa nunca pode ser avaliada pelo conhecimento cultural que ela possui. Assim dizia Sócrates, um dos mais famosos filó-sofos da Grécia antiga: “De tudo o que sei, só de uma coisa estou certo; é que nada sei”. Todavia, os arrogan-tes do saber e da cultura, não pensam desta maneira.

Só quando tomamos consciência da santidade e da soberania de Deus por meio da operação do Espírito Santo, reconhecendo a nossa igno-rância e estupidez, é que chegamos ao limiar da sabedoria. Dizia Charles H. Spurgeon: “A convicção de igno-rância é a porta de entrada do templo da sabedoria.”

Há pessoas que abrem as Escri-turas não com o intuito de quem vai

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aprender com o Espírito Santo, mas de quem vai procurar a confirmação de suas próprias opiniões. A revela-ção, nesse caso, não vem do Espírito, mas do orgulho e presunção do indi-víduo. Nicodemos, aproximando-se de Jesus, trazia nos lábios uma ex-pressão quase arrogante. Começou dizendo: “Nós sabemos.” Nicodemos julgava que sabia muito. Logo depois sua ignorância ficou patente. Melhor teria sido para ele se tivesse aproxi-mado de Jesus como um inquiridor humilde, sem exibir seus supostos conhecimentos.

J. I. Packer afirmou: “Só depois que nos tornamos humildes e ensi-náveis, reconhecendo nossa própria pequenez, é que a sabedoria divina se torna nossa”.

A opinião dos homens moder-nos é luminosa demais para aceitar o Evangelho da humilhação que é a crucificação e morte do “eu” em Cristo. Aqueles que estão revestidos com suas idéias de grandeza, na sua suposta sabedoria, jamais poderão “cingir-se de humildade”- (I Pedro 5:5), para receberem as bênçãos que o Evangelho lhes poderia conferir.

A sabedoria que vem de Deus está aliada à fé que nos leva a crer na nossa identificação com Cristo na Sua morte e ressurreição. Esse en-volvimento do pecador com a pessoa de Jesus Cristo não é simplesmente

um conhecimento histórico, ou me-ramente um progresso espiritual e, sim, uma experiência de vida real e conversão autêntica.

Por meio da fé e obediência a Cristo é que se entra na trilha da sabedoria, que é o caminho de volta para Deus: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João14:6. Assim dizia C. H. Spur-geon: “A convicção da ignorância é a porta de entrada do templo da sabe-doria”

O Arrogante é Inimigo de Deus Abominável é ao Senhor todo ar-

rogante de coração; é evidente que não ficará impune. Provérbios 16:5.

O homem humilde tem Deus ao seu lado; o orgulhoso tem Deus por seu adversário. O orgulhoso leva o exército do céu a declarar guerra contra ele: A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda. Pro-vérbio 16:18. Isso não significa que o tombo seja imediato, pois quase sempre os orgulhosos conseguem o que querem, ao passo que os humil-des sofrem humilhação. Mas, apesar disso, mais cedo ou mais tarde, a jus-tiça divina reverterá o quadro.

Ostentação da Humildade Humilhai-vos na presença do Se-

nhor, e ele vos exaltará. Tiago 4:10.

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Conta-se de um pastor muito humilde que recebeu, de seus ami-gos, um distintivo que continha os seguintes dizeres: “O mais humilde”. No domingo seguinte, o pastor já es-tava ostentando o distintivo na lapela do paletó. Para que ele não corrom-pesse ainda mais o pouquinho de modéstia que restava, tomaram-lhe o distintivo.

No Evangelho de Lucas, temos a parábola do hóspede ambicioso, que valoriza glória e posição de destaque. Certamente, ao contar esta parábola, Jesus tencionasse ensinar princípios éticos sobre a posição social no to-cante à vida em geral.

Ao fazer referência ao vexame pelo qual passou o convidado por ter ocupado o lugar de destaque, e ter de se retirar para outro lugar inferior, o Mestre quis ensinar que as ações pretensiosas, muitas vezes, podem ser repelidas.

É bem verdade que muitas das ações humanas podem se derivar de motivos inteiramente soberbos, vaidosos e egoísticos. Esse princípio se manifesta na maioria das pessoas no mundo, e infelizmente governa a existência de muitos que costumam freqüentar as igrejas evangélicas. Daí, a oportuna advertência para os pedantes e impostores: Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado. Lucas 14:11.

O Disfarce Não confieis, pois, na vaidade, enga-

nando-se a si mesmo, porque a vaidade será a sua recompensa. Jó 15:31

Conta-se de um famoso filósofo da Grécia antiga, que vestia roupas velhas e surradas e saía pelas praças como um maltrapilho a fim de cha-mar a atenção do público. Todos aqueles que o conheciam, não du-vidavam de sua grande humildade, pois, além de possuir muita sabedo-ria e de ser respeitado por todos, tra-java-se de modo simples e modesto.

Mas, um dia, passando por ele um amigo que o conhecia bem e sabia que aqueles andrajos eram usados para enganar os homens, disse-lhe: “Por trás desses farrapos eu vejo bem a tua grande vaidade.”

A vaidade muitas vezes se veste de humildade para encobrir sua ver-dadeira natureza pretensiosa. Um exemplo clássico para confirmar essa verdade é a parábola do fariseu e do publicano no capitulo 18 de Lucas.

O fariseu achava que era superior a todos os outros, no tocante a obser-vância da lei, conforme argumentava com Deus em sua oração. Ele ora-va consigo mesmo e dizia: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda como este pu-blicano. Todavia, sua vida em nada correspondia ao que ele dizia ser e

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praticar.Entretanto, a oração do publica-

no se diferenciava em muito da ora-ção do fariseu. O publicano dizia: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Enquanto o fariseu exibia suas qua-lidades inatacáveis diante de Deus, o publicano reconhecia sua fraqueza, seus defeitos, seus pecados e suas mi-sérias. A expressão sê propício a mim pecador, dita pelo publicano, indicava suas imperfeições pessoais.

O homem que julgava ser mere-cedor dos tesouros eternos não rece-beu a aprovação de Deus, apesar do seu bem elaborado discurso. Mas, o publicano, que confessou ser merece-dor de condenação, foi para sua casa justificado, e não o fariseu. A razão é muito simples: Todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado. Lucas 18:14.

Conclusão Ele te declarou, ó homem, o que é

bom; e que é o que o Senhor pede de

ti; senão que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus? Miquéias 6:8.

Teócrito, poeta grego, certa vez foi interrogado sobre quais feras de-veriam ser reputadas mais cruéis e selvagens. Sua resposta foi: “O urso e o leão nas florestas, os fariseus e os arrogantes nas igrejas”.

Certo viajante, passando por um lago nos Alpes, parou para contem-plar a beleza do azul do céu na pla-cidez das águas cristalinas. Em dado momento, observou no fundo das águas um ponto negro. Era a ima-gem de uma águia que voava nas al-turas. Notou em seguida que, quan-to mais a ave se elevava nas alturas, menor era o reflexo dela no fundo das águas.

Isso nos ensina o conceito que o homem deve ter de sua própria ima-gem. Quanto maior ele parecer para os outros, menor deve ser o reflexo de si mesmo no espelho de sua cons-ciência.

Ó Deus, tenho provado da Tua bondade, e, se ela me satisfaz, também aumenta minha sede de experimentar ainda mais. Estou perfeitamente consciente de que necessito de mais graça. Envergonho-me de não possuir uma fome maior. Ó Deus, ó Deus trino, quero buscar-Te mais; quero buscar apenas a Ti; tenho sede de tornar-me mais sedento ainda. Mostra-me a Tua glória, rogo-Te, para que assim possa conhecer-Te verdadeiramente. Por Tua misericórdia, começa em meu íntimo uma nova operação de amor. Diz à minha alma: Levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem. (Ct 2.10). E dá-me graça para que me levante e te siga, saindo deste vale escuro onde estou vagueando há tanto tempo. Em nome de Jesus. Amém.

-- O melhor de A. W. Tozer, Editora Mundo Cristão, 1997

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Caçada na EsperaAbel Emerich

Os de pouca idade por certo já ouviram, pois seus pais ainda se lem-bram do que os avós

contavam, sobre grandes caçadas que se fazia a animais silvestres nos idos de antigamente.

No mais das vezes, ditas caça-das aconteciam na forma da “espe-ra”. Consistia tal método em que o caçador montava uma espécie de plataforma (poleiro), valendo-se de galhos das árvores existentes na flo-

resta, que, amarrados por cipós, no alto das próprias árvores, lhes servia de base para estar acomodados até que o animal a ser alvejado por ali passasse.

De forma mais objetiva, sondava-se, adredemente, os costumes da “fera”, a saber: onde se abeberava, o caminho que utilizava, sua preferên-cia alimentar, preparando-se uma porção de seu alimento predileto (isca ou seva) que era colocada junto a sua passagem (carreiro).

E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim

mesmo. João 12:32

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10 Revista BetelEstudo BíBlico

O caçador haveria de ser paciente, fadado a longa espera, moderado em seus gestos, evitando quebrar o silên-cio, a fim de não espantar a potencial presa. Assim, chegando esta para apanhar a isca, era fatalmente alveja-da, saindo de cena.

Pois bem. Deus, o Altíssimo, cria-dor do universo, fizera um recanto feliz, situado na direção do oriente da terra, e perscrutou, certo dia, a serpente atacando o seu Jardim de Prazeres (Éden). Ali habitava, em perfeita paz e segurança, o primeiro casal que, por Sua Graça, formara.

As tardes eram fagueiras, o cria-dor avistava-se com a obra prima de sua criação, porém, certo dia: Quan-do ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por en-tre as árvores do jardim. Chamou o Senhor Deus ao homem e lhe pergun-tou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Pergun-tou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore que te ordenei que não comesses? Então disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.

Então, o Senhor Deus disse à ser-

pente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Gênesis 3:8-14.

Sendo o homem formado do pó, é certo que a serpente (o diabo) come gente!

O estado de inocência havia pas-sado ao primeiro casal; a paz e a se-gurança ganharam asas e, cruzando a linha do horizonte, se perderam na imensidão; a doce comunhão com o Deus Santo já não existia.

Contudo, o longânimo e paciente Deus já havia planejado uma caçada à serpente: Porei inimizade entre ti e a mulher; entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabe-ça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis 3:15. A caçada, no entanto, seria na forma da “espera”.

Com Seu inefável poder formou, por Sua Palavra, um corpo de ho-mem, no ventre de Maria: Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste. Hebreus 10:5.

A isca para atrair a serpente estava a caminho!

O nome deveria ser Jesus... porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Mateus 1:21.

O caçador? Ah! Sim! O caçador:E o Verbo se fez carne e habitou en-

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11Revista Betel Estudo BíBlico

tre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do uni-gênito do Pai. João l:14. Foi então que o Cristo, unigênito de Deus, nature-za não criada, habitou entre nós, na pessoa de Jesus.

Havia, segundo Deus, chegado a ocasião da caçada!

(...) vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para res-gatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. Gálatas 4:4, 5.

O Meigo Cordeiro marchou para a cruz com um só propósito em Seu coração: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.” João 12:32.

Ora, com o propósito de salvar-nos de nossa natureza pecaminosa, gerada pelo pecado de Adão, havia, de fato, a necessidade de que o Se-nhor atraísse a si, todos os homens, porque toda a raça humana (húmus) fora acometida pela desobediência do primeiro homem: Portanto, assim como por um só homem entrou o peca-do no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Ro-manos 5:12.

Mal sabia a morte que havia che-gado seu malfadado dia; dia em que

o Cordeiro marchou para a cruz. Porquanto a graça de Deus se manifes-tou salvadora a todos os homens. Tito 2:11.

A “fera” que fazia estremecer a raça humana, ao som de seu urro e bafo gelado, tombou sem ferrão, quando atraída pelo corpo santo do Cordeiro crucificado, levantado na plataforma do Calvário, restou sem aguilhão, seu instrumento de ataque à incauta humanidade: O aguilhão da morte é o pecado,... I Coríntios 15:56.

Ferido de morte, o Cordeiro tom-bou!

A luz se fez trevas, a terra tremeu, um silêncio ensurdecedor sinalizava o sepultamento do “Rabino de Na-zaré”; porém, ao terceiro dia a vida ressurgiu... o túmulo vazio é a ver-tente da igreja!

Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?

Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. I Coríntios 15:55 e 57.

E foi assim: morte mordeu a isca e saiu de cena!

Agora, pois, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Romanos 8:1,2.

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12 Revista BetelEstudo BíBlico

O Pecado dos Pecados IV

Glenio F. Paranaguá

Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e

para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza. Zacarias 13:1.

Já vimos, anteriormente, que o pecado, do ponto de vista de Jesus, é não crer nele. A incre-dulidade relacionada à pessoa

de Cristo Jesus é de fato a muralha que nos separa de Deus, distancian-do-nos dEle. Toda a humanidade encontra-se apartada de Aba e não existe nenhuma ponte que nos ligue a Ele, senão o Filho. Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14:6.

O que separa o ser humano de

Deus Pai é o pecado. O que o apro-xima dEle é a fé na pessoa de Cristo Jesus. Todos nós viemos ao mun-do, incrédulos. Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo menti-ras. Salmos 58:3. Por índole somos ímpios congênitos ou apartados de Deus pela descrença inata.

A raça adâmica é atéia por natu-reza. Do céu, olha Deus para os filhos dos homens, para ver se há quem en-tenda, se há quem busque a Deus. Sal-mos 53:2. Não existe interesse no ser

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13Revista Betel Estudo BíBlico

humano espontaneamente por Deus. Somos todos descrentes instintivos.

Nenhuma criança surge neste mundo crendo na pessoa de Deus. A fé em Deus não é um atributo essencial da espécie humana. Nós nascemos com a capacidade para ex-perimentar apenas a realidade feno-menológica. Aprendemos mediante fatos relacionados com os nossos sentidos diante destes dados feno-menais. Porém, não somos dotados de uma aptidão natural correspon-dente à fé natural.

O cepticismo é o aparte mais fre-qüente do pecado. Não crer em Deus é automático a qualquer pessoa. Crer é algo sobrenatural, pois a fé trans-cende à física. Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem. Hebreus 11:1.

O terreno da confiança é a espera convicta da realidade espiritual não sensória, uma vez que uma esperan-ça concreta ou manifesta é um con-tra-senso à fé que se apóia na pessoa de Cristo. Como todos nós nasce-mos agnósticos em relação ao Deus invisível, todos nós somos incapazes de crer nos fatos que ultrapassam a realidade material. Se virmos algo, não creremos. Se viermos a crer, não precisaremos ver.

O sujeito da fé tem que ser rigo-rosamente visível, embora o objeto da sua fé seja inteiramente invisível.

A coisa objetiva ou concreta isenta o exercício da fé. Logo, aquele que crê não necessita de nenhuma evidência, pois se houver alguma evidência não haverá a menor necessidade de fé. Onde houver constatação do fato, se constatará a falta de fé.

A fé se baseará sempre na palavra audível do Deus absconditus, quando Ele falar ao coração do ouvinte que escuta, a fim de levá-lo a não con-fiar em seus próprios sentidos, mas confiar no sentido sobre-humano da sua divina palavra encarnada, Cristo Jesus. E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Romanos 10:17.

Nunca haverá fé se não houver a vivificação da palavra do Deus invi-sível por trás do ato de confiança do crente. O pecado nos matou espiritu-almente. Somos incrédulos por cons-tituição. Todos nós nascemos mortos para Deus. Ninguém consegue crer em Deus se primeiro não for vivifi-cado no espírito por meio da palavra de Deus.

A história da humanidade é uma descrição do pecado de ateísmo. A Serpente levou Adão a descrer na palavra de Javé Elohim, por meio do engano de Eva. Ela foi iludida, mas Adão agiu por descrença semelhante à moda diabólica. Aquele que prati-ca o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princí-

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pio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. 1 João 3:8.

A principal obra do inferno é a descrença. O que separa qualquer pessoa de Deus é não crer na pes-soa de Cristo Jesus. Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutu-amente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Hebreus 3:12-13.

O que afasta um sujeito de Deus é o pecado. Estamos examinando o tema em que o pecado é não crer na pessoa de Javé Elohim ou, não crer no Senhor Jesus Cristo como Salva-dor. Os demônios até crêem que há um só Deus e tremem diante deste fato, mas não crêem em Cristo como o Redentor. Assim, eles jazem no pecado, como todas aquelas pessoas que não receberam a Cristo em suas vidas, como único Salvador e Senhor.

Quero continuar insistindo com este assunto do pecado como sendo ausência de fé relacionada com Javé Elohim. Faço aqui um paralelo entre dois episódios de pecados na vida de Davi. O primeiro, quando cometeu adultério com Berseba, assassinan-do depois o seu marido: Então, dis-se Davi a Natã: Pequei contra o SE-

NHOR. Disse Natã a Davi: Também o SENHOR te perdoou o teu pecado; não morrerás. 2 Samuel 12:13.

Esta foi uma transgressão grave, mas Davi, em outra ocasião, achou muito mais grave um pecado que normalmente não entendemos que seja tão grave. Quando Davi mandou fazer o recenseamento do seu exérci-to, ele percebeu que havia cometido um pecado muito sério: Sentiu Davi bater-lhe o coração, depois de haver re-censeado o povo, e disse ao SENHOR: Muito pequei no que fiz; porém, ago-ra, ó SENHOR, peço-te que perdoes a iniqüidade do teu servo; porque procedi mui loucamente. 2 Samuel 24:10.

Contar o exército é um pecado mais grave do que matar e adulterar? Os dois são seriíssimos, mas con-fiar na sua tropa é muitíssimo mais sério do que não confiar no Senhor. O pecado da incredulidade leva aos pecados de rebeldia e transgressão. A questão em jogo aqui no levanta-mento deste censo é: em quem Davi estava confiando?

O pecado dos pecados é, com cer-teza, a incerteza de um coração cético diante da palavra de Deus. Descrer em Javé Elohim gera separação de Deus Pai. Viver descrente em Cristo é viver no pecado ou morto espiritu-almente. Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também

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a morte passou a todos os homens, por-que todos pecaram. Romanos 5:12.

Vimos, em outro estudo, que o jus-to viverá pela fé. Sabemos que Cristo é a Vida que veio a fim de nos dar vida e vida plena. Ora, se o pecado gera a morte espiritual, Cristo nos dá a vida abundante, e, deste modo, a vi-tória sobre o pecado é a fé em Cristo.

O pecado de impiedade ou o des-crédito da palavra de Deus determi-nou o afastamento do ser humano da presença do Senhor. Esta autonomia é denominada de morte, pois sepa-ra a criatura do Criador. Por isso, o Criador, querendo reconciliar o incrédulo com ele mesmo, teve que assumir as conseqüências do pecado. A morte de Cristo para o pecado em favor do pecador é o preço do pecado pago pelo Criador por sua redenção.

Cristo morreu em favor do des-crente, daquele que se encontra morto espiritualmente em delitos e pecados, a fim de reconduzi-lo à co-munhão com o Pai pela fé doada por Cristo. Ambrósio dizia: “se você con-tinuar incrédulo até sua morte física, então Cristo não terá morrido por você”. A isso adito: se você vier a crer em Cristo com fé dada por Cristo no milagre da revelação do Espírito Santo, sem dúvida você é um eleito do Pai.

Aba nos elegeu como seus filhos em Cristo antes da fundação do

mundo. Depois da queda proveu a nossa vivificação em Cristo pelo anúncio da palavra revelada pelo Es-pírito, quando estávamos mortos no pecado. Assim, o Pai nos deu vida eterna em Cristo, ao fazê-lo morrer a nossa morte para o pecado e ressus-citá-lo para a nossa regeneração.

Cristo Jesus, o Deus-Homem, é a nossa salvação do pecado de ateísmo prático e, ao mesmo tempo é Autor e Consumador de nossa fé. O pecado é não crer em Cristo Jesus. A salvação do pecado é crer somente em Jesus Cristo. Desembaraçar do pecado é olhar para Jesus que nos dá vida eter-na na sua ressurreição e fé para crer-mos nele como o nosso libertador do pecado. Dele todos os profetas dão tes-temunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados. Atos 10:43.

Todos os que crêem na pessoa e obra de Cristo Jesus recebem a vivi-ficação espiritual mediante a procla-mação da palavra de Deus, revelada pelo Espírito Santo. Todos que fo-ram vivificados pela palavra recebe-ram a fé que vem por Cristo para poderem crer na pessoa de Cristo. Pois, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. Gálatas 3:23.

Nós estávamos mortos no pecado. Nós éramos incrédulos por índole.

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Não havia possibilidade de crermos em Cristo se ele não produzisse vida espiritual em nós e não nos desse de sua fé para crermos que o Jesus his-tórico era o Emanuel, isto é, Deus conosco.

O pecado é não crer em Jesus como o Cristo. A salvação do pecado é crer de todo o coração que Jesus é o Cristo que morreu para o pecado, fazendo-nos morrer juntamente com ele, dando-nos a vida eterna em sua ressurreição, bem como a fé em sua pessoa, a fim de crermos nele, arre-pendendo-nos do nosso pecado.

Quando Filipe pregava o evange-lho ao ministro do tesouro da rainha Candace, da Etiópia, chegaram a um lugar em que havia bastante água. Então, ele perguntou a Filipe o que o impedia de ser batizado. Filipe res-pondeu: É lícito, se crês de todo o co-ração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.

Atos 8:37.A fé concedida por Cristo é a antí-

tese do pecado. O pecado é não crer em Cristo, logo, a salvação do pecado só poderá ocorrer através da fé legíti-ma de Cristo dada por Cristo ao in-crédulo pecador. O Pai nunca mudou sua prática da salvação. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evan-gelho a Abraão: Em ti, serão abençoa-dos todos os povos. Gálatas 3:8.

Na pregação da palavra de Cris-to, os mortos espirituais, eleitos em Cristo desde a fundação do mundo, ouvem a palavra do evangelho que os vivifica pela ressurreição de Cristo e os capacita a crer em Cristo, arrepen-dendo-se de sua autoconfiança, a fim de viver crendo na suficiência da pes-soa de Cristo. Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Romanos 11:36

Oh! Quando chegará o dia quando o amor de Cristo terá mais poder para unir do que regras tolas têm para dividir a família de Deus.

-- Antony Groves

Quando oramos, talvez não consigamos ver como Deus está agindo ou não compreendamos como Ele poderá tirar algo de bom de tudo o que está acontecendo. Por isso precisamos confiar Nele. Precisamos abrir mão de nossos direitos e deixar Deus fazer o que é melhor.

-- J.D.B

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Salvos para uma Vida de Santidade

Mauricio Torres

Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor.

Hebreus 12:14

Ao falarmos sobre santi-dade, precisamos pri-meiramente entender que somente pode ex-

perimentar a santificação em Cristo Jesus quem antes experimentou a salvação em Cristo Jesus. Tanto a sal-vação como a santificação são obras da preciosa graça de Deus em nossas vidas. Para fazermos parte da famí-lia de Deus, para sermos chamados de seus filhos, precisamos nascer de novo. Quando cremos em nossa morte e em nossa ressurreição em Cristo, ganhamos uma nova dimen-são de vida. Se alguém está em Cristo

é uma nova criatura, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo. 2. Corintios 5:17. Porque cremos nessa graça maravilhosa dada pelo Pai para cada um de nós, ela mesma conti-nua operando em nosso interior, nos chamando para buscar uma vida de santidade.

Por que esta declaração é tão con-tundente? Por um único motivo: Deus é Santo, Santo, Santo. O cará-ter e a essência de Deus são de san-tidade. Qual foi o propósito de Deus em nos eleger em Cristo antes da fundação do mundo? Ele nos elegeu Nele antes da fundação do mundo para

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sermos santos e irrepreensíveis diante dele e em amor. Efésios 1:4. Esse foi e é o seu propósito: sermos santos e irrepreensíveis diante Dele.

Na santificação, toda a trindade está envolvida. Tudo que Deus Pai fez na bendita pessoa de seu Filho tem como finalidade a nossa santi-ficação. E o mesmo Deus de paz vos santifique completamente. E todo o vos-so espírito, alma e corpo sejam plena-mente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel o que vos chama, o qual também o fará. 1 Tessalonicenses 5:23-24. Deus Filho também está envolvido nessa maravilhosa obra. Vós maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a pela lavagem da água pela palavra. Efésios 5:25-26. Deus Espírito San-to. ... porque Deus vos escolheu desde o princípio para salvação, pela santi-ficação do Espírito e fé na verdade. 2 Tessalonicenses 2:13b.

Dr. Martyn Lloyd-Jones disse: “Não conheço nada tão sublime quanto a compreensão dessa gran-de verdade de que as três benditas Pessoas da Trindade têm coopera-do a fim de que um verme como eu pudesse ser resgatado e redimido, e fosse aperfeiçoado, para estar na pre-sença de Deus no juízo.”

O que significa a palavra santo? No

velho testamento, segundo alguns es-tudiosos, ela significa “brilhar” como uma luz radiante, resplandecente, en-quanto outros afirmam que significa “cortar, separar”. Ambos os significa-dos podem ser colocados juntos, pois os dois sentidos entram na questão da santificação. Realmente, há um corte, há uma separação, e, sim, a ver-dadeira santificação também envol-ve um resplendor. Talvez o mesmo resplendor que foi visto no rosto de Moisés, depois de estar na presença de Deus no Monte Santo. Há na san-tidade este tipo de resplendor, algo da glória Shekinah. Já no Novo Tes-tamento, todas as diversas palavras trazem a idéia de separação, ser colo-cado à parte para Deus e seu serviço.

Atualmente, temos visto no povo chamado cristão uma negligência generalizada à santidade, um como-dismo do inferno, uma total con-formação ao sistema maligno desse mundo. Não existe mais nas pessoas a expressão “Maranata”. Em contra-partida, a palavra nos exorta em Ro-manos 12:2, Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que ex-perimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Essa pa-lavra é para o povo cristão. O ímpio não precisa se conformar com este mundo, pois já está arraigado a ele, mas nós fomos desarraigados dele,

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como diz: O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos desarrai-gar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai. Galátas 1:4. Porém, podemos sim ser confor-mados com este mundo se não levar-mos Deus e a sua Palavra a sério.

Será que Deus nos desarraigou deste mundo para vivermos con-formados a ele? De modo nenhum, como dizia F. F. Bruschi, “a santifi-cação é a conformação progressiva à imagem de Cristo aqui e agora”. A maior evidência de salvação é trans-formação de vida, um coração que-brantado que tem nojo de si e uma aversão total ao pecado. Onde não há busca de santidade, não há evidência de salvação.

A primeira batalha que todo cristão enfrenta é na área do pensa-mento, assim como pensa, assim ele é. Provérbios 23:7a. Você é o que você pensa, o pensamento gera o compor-tamento. Charles Swindoll disse que “as ações que vão saindo de dentro de nós, são exatamente os pensamentos que foram entrando, ou seja, nós nos tornamos aquilo que pensamos”. Se você quer uma vida santa, precisa preservar a sua mente. O que tem ocupado a sua mente? A lâmpada do corpo são os olhos, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz. Se porém os teus olhos forem maus, todo teu cor-po estará em trevas. Portanto se a luz

que há em ti são trevas, quão grande são essas trevas. Mateus 6:22-23.

Tudo que absorvermos para den-tro do coração através da janela dos sentidos determinará a qualidade da nossa mente. Podemos somente seguir dois caminhos: termos uma mente santa conformada com a vontade, com os propósitos e os de-sígnios de Deus, pensando nas coisas que são lá do alto, (Colossenses 3:1) ou uma mente conformada com este mundo, que envergonha nosso teste-munho como cristão.

O inimigo de nossas almas trans-formou a mente humana no ponto central de seu ataque. As ações mais insidiosas dirigem-se à mente. Ao atingir nosso modo de pensar, ele é capaz de manter nossa vida em nível medíocre, levando-nos para longe da presença santa do Senhor. No demais irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Pois não temos que lutar contra a carne e o sangue, e sim, contra os principados, contra as potes-tades, contra os poderes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais da maldade nas regiões celestes. Efésios 6:10-12.

Como podemos vencer essa bata-lha que começa na mente? Trata-se de um processo difícil, longo e exi-

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gente, mas os resultados são doces e profundos. Charles Swindoll propõe três ações para quem quer realmente derrotar a mediocridade espiritual e viver uma vida de santidade na de-pendência do Senhor: memorizan-do, personalizando e analisando a Palavra de Deus. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda sabedoria, ensinando-vos e ad-moestando-vos uns aos outros. Colos-senses 3:16ª. Memorizar é o melhor processo de higienização mental, substituindo pensamentos derrotis-tas e negativistas para a apropriação das mui grandes promessas do Se-nhor. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti. Salmos 119:11. Personalisar é tomar para si a palavra, usar os pronomes eu, me, meu, para mim, sempre que estiver diante de declarações signifi-cativas. Analisar é assumir respon-sabilidade, sair do estado de vítima, questionar a mente e o porquê dos pensamentos e das ações, analisando as circunstâncias, para que possamos quebrar hábitos e vivermos uma vida num plano mais elevado. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude, se há al-gum louvor, seja isso que ocupe o vosso pensamento. Filipenses 4:8.

O que muda a sua história é o que

você vai decidir. O alvo da vida cristã é atingir a estatura da plenitude de Cristo. Maturidade é ser parecido com Jesus. Santidade é reagir a tudo que Deus realizou por e em você por meio de Cristo. Saiba irmão, que a soberania de Deus não anula a nos-sa responsabilidade. Nossa tragédia, muitas vezes, é que descansamos tanto na soberania de Deus que nos tornamos omissos em nossa respon-sabilidade. Precisamos encarar o fato de que temos uma responsabilidade pessoal por nossa caminhada rumo à santidade. Podemos abandonar os hábitos pecaminosos que nos asso-lam se realmente desejarmos fazê-lo, ou seja, se aceitarmos nossa respon-sabilidade pessoal por eles.

Santos não são aqueles que nunca falham, mas os que nunca desistem. Na vossa perseverança ganhareis as vossas almas. Lucas 21:19.

Segundo disse o autor Leonard Ravenhill, “o maior milagre que Deus pode realizar hoje é tirar um homem impuro de um mundo impuro, tor-ná-lo santo e depois colocá-lo de vol-ta no mundo impuro, conservando-o santo”.

Que o Senhor possa abrir os olhos do nosso entendimento, para que possamos sair da mediocridade e vivermos uma vida de santidade, e que o Senhor Jesus Cristo seja glori-ficado em nossas vidas.

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O Ministério da Palavra de Deus

Humberto X. Rodrigues

Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam,

não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus;

e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. II

Coríntios 4:2.

Deus, em sua infinita bondade, nos concedeu vida por meio da nossa morte e ressurreição no

corpo do nosso Senhor Jesus Cristo, fato este confirmado a nós pela pala-vra viva. É a ação da graça e da mise-ricórdia de Deus a favor do indigno e que nada merece. Ele bondosamente nos deu vida, Ele nos perdoou por meio da morte de Seu Filho e nos concedeu Sua própria vida. Nasce-

mos na família de Deus, temos Sua vida em nós e somos Seus filhos.

Todos esses fatos são evi-dências de um milagre operado em nós pelo “dedo de Deus” - o novo nas-cimento. Antes de sermos regenera-dos, estávamos mortos em nossas transgressões, mas agora, estamos vivos para Deus. Antes éramos ini-migos de Deus, agora amigos. Antes estávamos condenados, agora absol-vidos. Antes estávamos sob o peso

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da culpa, agora com a uma consciên-cia limpa. Antes não tínhamos vida, agora Cristo é a nossa vida. Antes separados, agora temos um relacio-namento com Deus.

Mas, infelizmente muitos dos fi-lhos de Deus pensam que a experi-ência do novo nascimento é o fim em si mesmo. Por isso, muitos podem estar perguntando: - E, agora? Se já recebi a nova vida, o que mais devo esperar, além de morrer e ir para o céu? O apóstolo Pedro responde: Bendito seja o Deus e Pai de nosso Se-nhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressur-reição de Jesus Cristo dentre os mortos. I Pedro 1:3.

Conforme o que acabamos de ler, a regeneração tem uma finalidade: “nos gerar para uma viva esperança”. Isto significa que temos um alvo; que fomos regenerados com um propósi-to definido por Deus. Este propósito é nos fazer semelhantes ao Seu Filho. Quando somos salvos, o Espírito Santo, por meio da palavra de Deus, revela ao nosso espírito outrora mor-to, o que Cristo fez. A partir deste momento o Espírito Santo vem ha-bitar em nosso espírito, com o pro-pósito de revelar progressivamente em nós, a pessoa de Cristo, num processo continuamente renovador: Mas todos nós, com rosto descoberto,

refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. 2 Coríntios 3:18

Porém, quando olhamos para o cenário atual, notamos que muitos filhos de Deus parecem desconhe-cer o propósito para o qual foram chamados. Isto porque, dias e anos passam e eles continuam os mesmos. Por que isto acontece? A palavra de Deus nos garante que aqueles cujos espíritos foram vivificados são pre-destinados “para serem conformes à imagem de seu filho”: Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Romanos 8:29 - indicando um mo-vimento renovador assim que a vida lhes é concedida. Assim, pensamos ser legítimo perguntar: O estado em que esses filhos de Deus se encon-tram não seria um fato que aponta para a crise da igreja?

Devemos admitir a nossa crise e, a crise da Igreja é a crise da palavra de Deus. O mundo está pressionando a Igreja a fazer concessões, a se render aos seus “valores”. Ironicamente, este é o “papel” do mundo. Mas, quando olhamos para a Igreja vemos divi-sões, ensinos errôneos e uma enorme confusão na qual, o legalismo e o hu-manismo vivem de mãos dadas a cer-

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tos comportamentos inadequados. O que fazer diante desta situação

de distorção e anormalidade? Esta pergunta nos leva inevitavelmente a outro questionamento. O que é evangelho? Qual é a boa-nova? Qual a natureza do evangelho? A natureza do evangelho é trazer à luz a vida e a incorruptibilidade - o que Cristo rea-lizou quando esteve aqui entre os ho-mens. E, o que Cristo fez lá na cruz do calvário foi destruir o poder da morte e trazer à luz a vida e a imor-talidade. E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cris-to, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho. II Timóteo 1:10.

Quando as coisas começam a ficar difíceis, quando a Igreja está fora de ordem, o que é preciso fazer? Como resistir às correntezas internas e ex-ternas? Sem nenhuma dúvida preci-samos retornar à Fonte. Precisamos retornar ao fundamento. O apóstolo Paulo orientou o seu filho na fé, Ti-móteo, dizendo: E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salva-ção, pela fé que há em Cristo Jesus. II Timóteo 2:15.

A solução está no retorna à Pala-vra de Deus. Toda esterilidade, po-breza e corrupção que encontramos nas igrejas se devem ao elemento hu-mano, mais precisamente às lideran-

ças. Os Líderes são “inadequados” porque são pessoas que não foram quebradas pela cruz. Líderes que se levantam e falam de acordo com a sua própria mente. O que dizem é de nenhum valor.

Que Deus possa encontrar aque-les que são quebrantados e humilha-dos pela operação da cruz para que a Sua Palavra flua por meio deles. Deus está continuamente buscando aqueles a quem Ele possa usar e re-velar o Seu propósito. E, o seu pro-pósito é manifestar a glória de Seu Filho, mostrar a suprema riqueza da Sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.

A superficialidade e a pobreza são marcantes no ministério dos dias atuais. A causa está no fato de muitos terem deixado de lado a cruz. Eles deram um jeito de escapar da cruz ou até falam da cruz com um sotaque humano. Uma espécie de fuga da cruz, uma fuga do Calvário. “Se você puder ajudar outros com a sua compaixão ou compreensão, é um traidor de Jesus Cristo. Você tem que se manter num relacionamento correto com Deus e dar-se aos outros à maneira de Deus, não à maneira humana, que ignora Deus. A ênfase hoje em dia é religiosidade benévola.” Oswald Chambers.

A cruz é o fundamento do minis-tério. Deus trata com o homem es-

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tando ele “em Cristo”, mas este mes-mo homem precisa ser trabalhado, lavrado interiormente pelo Espírito Santo, pelo princípio contínuo da cruz. A vida que flui pelo contínuo morrer: Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos. II Coríntios 4:10. Todo aquele que ex-perimentou a morte e a ressurreição em Cristo, passa a ser uma testemu-nha viva neste mundo.

Conhecer a Cristo é a chave do ministério. Se, somos chamados para proclamar a Palavra de Deus, precisamos da revelação da Pessoa de Cristo. Tal revelação incendiará o nosso coração por Ele e, conseqüen-temente, pelas almas perdidas. Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, Revelar seu Fi-lho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue. Gálatas 1:15-16. Fomos chamados para pregar o Evangelho - a boa nova de salvação - e não para argumentar sobre o Evangelho.

A mensagem deve girar em torno da Pessoa de Cristo, a Palavra En-carnada, o Logos que Se fez Carne. Um dia a Palavra se tornou carne, e quando isso aconteceu, Cristo se manifestou entre o Povo. Pouco im-porta a nossa experiência em falar

do Senhor. Somos apenas uma voz. Ainda que essa voz possa ser suave ou eloqüente, ela se tornará viva so-mente quando receber conteúdo. Se o Logos não estiver nessa voz, ela fi-cará vazia, como o metal que soa ou como o sino que retine.

Sim! Todos os que foram salvos são verdadeiras testemunhas, vos sois as minhas testemunhas, disse Je-sus, mas nem todos foram chamados para ir. E, aqueles que foram chama-dos para uma missão específica pre-cisam saber que antes do Ide, tem o Vinde. E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lan-çavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de ho-mens. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

Aqueles que foram chamados para Ir precisam saber que não é só pregar e ensinar sobre Cristo, mas que tenham a revelação do próprio Cristo. A vocação pode ser resumida nestas palavras: Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. II Coíntios 4:7. Podemos

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interpretar este texto desta maneira: Somos frágeis vasos de barro, e se há alguma realização, se há alguma persistência, se há alguma eficiência, deve ser creditada ao poder, à exce-dente grandeza do poder, que é de Deus e não de nós mesmos. Isto é Cristo em Seu vaso de barro, no po-der da vida ressurreta.

Nas Escrituras vemos a supre-macia do Senhor, Aquele que está assentado sobre o trono. Em outras

palavras, é a soberania absoluta de Jesus Cristo como Cabeça da Sua Igreja. Deus O ressuscitou dentre os mortos e fê-Lo “sentar à Sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio para ser o Cabeça sobre to-das as coisas”. Somos participantes de um reino que não pode ser abala-do por nada neste mundo. “As portas do inferno não prevalecerão contra ele”.

A alma vê também que Jesus é um Salvador completo, perfeito, que oferece ao pecador, não apenas perdão, mas perdão abundante e sem medida; que não apenas lhe dá justiça, mas uma justiça maior que a justiça humana, uma justiça completamente divina; não apenas lhe dá o Espírito, mas dá rios de água viva e inundações sobre o sedento e árido terreno da alma dele. A alma descobre isso em Jesus, e nada pode fazer a não ser escolhê-Lo e deleitar-se Nele com um novo e particular amor, que diz: ‘Meu Amado é meu!’ E se alguém lhe pergunta: ‘Como tu te atreves, verme vil, a dizer que o Salvador é teu?’, a resposta é esta: ‘Porque eu sou Dele. Ele me escolheu desde antes da fundação do mundo, mesmo que eu nunca O houvesse escolhido; Ele derramou Seu sangue por mim, apesar de eu, por Ele, jamais ter derramado nem uma única lágrima; Ele clamou por mim, apesar de eu nunca ter-me preocupado com Ele; Ele me viu a mim, mesmo quando eu jamais houvesse me preocupado em conhecê-Lo. Ele me amou primeiro; por isso, eu O amo. Ele me escolheu; por isso eu O escolhi para sempre.’ Meu Amado é meu, e eu sou Dele.

-- Robert Murray McCheyne

Há necessidade de nos darmos pela vida do mundo. Uma vida fácil, que a si mesmo não se negue, nunca será poderosa. Produzir frutos exige suportar cruzes. Não há dois cristos: um acomodado para os cristãos acomodados e um que luta e sofre para os cristãos superiores. Há um só Cristo.

-- Hudson Taylor

O que tem um coração puro não cessará de orar nunca, e o que for constante na oração conhecerá o que é ter um coração puro.

-- Pere La Combe

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“Agora Demos Todos Graças ao Nosso Deus”

Martin Rinkart

Em uma conferência cristã, o irmão Lance Lambert, de Jerusalém, estava fa-lando da necessidade dos

irmãos em Cristo conhecerem uns aos outros profundamente. Ele fez referência a um conhecido hino lu-terano de tempos atrás: “Agora De-mos Todos Graças ao Nosso Deus” escrito por Martin Rinkart. Lance Lambert contou qual foi sua primei-ra impressão acerca do autor daquele hino: “Devia ser uma pessoa muito

superficial, que parecia estar livre de todos os problemas, porque em seu hino não havia menção de desespero, nem de trevas ou tristeza - somente louvor e gratidão a Deus.”

Um dia, Lance descobriu o mo-tivo pelo qual Martin Rinkart foi compungido a escrever tal hino. Rinkart vivera durante o século XVI ou XVII na época da praga. Quando dois terços de sua congregação havia morrido de praga, os coveiros nega-ram-se a enterrá-los porque a doença

Cantarei para sempre as tuas misercórdias, ó Senhor; os meus lábios proclamarão

a todas as gerações a tua fidelidade. Salmos 89:1

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era muito contagiosa. Então Martin Rinkart enterrou todos os mortos de sua congregação! Entre aqueles a quem ele enterrou estavam sua própria esposa e filhos. Foi nessas

circunstâncias que Martin Rinkart escreveu o hino:”Agora Demos To-dos Graças a Deus.” A história desse hino revelou um homem que tinha uma vida profunda com Deus.

Agora demos todos graças a Deus,Com nossos corações, mãos e vozes,Àquele que fez coisas maravilhosas,Em quem a terra se regozija.Que desde nossa tenra infância Tem abençoado nosso caminho Com incontáveis dádivas de amor,E ainda hoje é nosso. Oh, possa este generoso Deus, Estar junto a nós por toda nossa vida, Alegrando nossos corações, E concedendo-nos bendita paz que nos alegra, E nos guardando em Sua graça, Nos guie quando estamos perplexos, Liberte-nos de nossas enfermidades Neste mundo e no que há de vir. Todo louvor e gratidão a Deus, Sejam dados, agora, ao Pai, Ao Filho e Àquele que reina, Com eles nos mais altos céus, Ao único e eterno Deus, A quem Terra e Céus adoram; Pois assim era, é agora, E o será para todo o sempre!

Antes da minha conversão eu trabalhava em direção à cruz, mas, desde então, tenho trabalhado a partir da cruz. Outrora eu trabalhava para ser salvo, agora trabalho porque sou salvo.

-- D.L. Moody

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Um Tesouro de Lady Powerscourt

Extraído de suas Cartas

O caminho de cada cren-te é simplesmente o mais benéfico e o me-lhor que o Amor e a

Sabedoria poderiam delinear, quan-do, reunidos em conselho, o prepa-raram antes da fundação do mundo.

Cada dia que passa vejo mais e mais como a glória de Deus só é pos-sível de ser encontrada na simples obediência.

O amor torna o trabalho servil em algo divino. A questão não é o que eu devo fazer, mas o que eu posso fazer.

Ele, de modo admirável, uniu

tão intimamente a Sua glória com a nossa felicidade que, enquanto nossa felicidade constitui a Sua glória, Sua glória constitui nossa felicidade.

Meu Mestre é tão fiel quanto in-falível. Não há qualquer outro livro que eu deva manusear com tanto te-mor quanto o livro de Deus.

Há algo doce quando a mão que nos poda é uma mão que foi ferida.

Você observou os Seus passos, Sua brandura, quando trazia uma mensagem dura?

Ele não permitiu você caminhar suavemente para baixo na correnteza

Quão amáveis sao os teus tabernáculos, Senhor dos

exércitos! Salmo 84:1

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do tempo, porém, por meio de enor-mes ondas e fortes vagalhões, lançou você sobre Suas promessas.

Nós só saberemos que Deus é nosso tudo em meio a todas as coisas quan-do tivermos aprendido que Ele é su-ficiente quando nós nada possuímos.

“Com o sorriso em Tua face - qualquer coisa. Qualquer coisa, me-nos uma expressão de desagrado em Tua face.”

Nossas necessidades são inson-dáveis, mas nossa ajuda é infinita. Ninguém, a não ser o próprio Deus,

pode dizer toda a extensão daquilo que o nosso Deus pode fazer.

Lembremos que o maior elogio que Deus pode conceder-nos é aque-cer a fornalha ao máximo.

É uma doce experiência ler um livro, cujas páginas foram marcadas por Ele.

Vocês têm muito a pedir por mim, e como as minhas necessidades os abençoariam se elas tão somente mantivessem vocês por mais alguns momentos em comunhão com o Amigo dos pecadores.

  De seus Poemas Senhor! Que meu coração aquietado volte-se para Ti, Em todas as horas em que meus pensamentos se agitam, Não permitas que meu coração deseje fugir de Ti, Nem pensar ou sentir as coisas que não Te agradam.

Em cada hora de dor e pesar, Quando nada nesta terra este coração possa alegrar, Quando suspiros irrompem e lágrimas venham a rolar, Senhor, aquieta os suspiros, e as lágrimas vem secar.

Em cada momento de alegria nesta terra, Sê Tu, querido Jesus, presente em mim. Não permitas que qualquer pensamento de felicidade Na terra se interponha e me aparte de Ti.

Até meu último pensamento no silêncio da noite, Sê Tu, Senhor, ainda próximo; E, antes que a luz do dia apareça Em suaves sussurros, desperta meu ouvir.

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Quem são os crentes espirituais? São aqueles em quem se manifestam, não somente os dons, mas igualmente aqueles em que as graças do Espírito obtiveram a supremacia. O amor de Deus é a perfeição deles (Mateus 5.40-46); a humildade de Cristo é a perfeição deles. O amor abnegado de Cristo, Sua humildade, Sua mansidão e moderação, manifestadas na vida diária, são o fruto mais perfeito do Espírito, a prova autêntica de que um homem é espiritual.

-- Andrew Murray

Tudo em que Paulo se gloriava estava centralizado na cruz: não na Encarnação, mas na cruz; não no Exemplo Divino, mas na cruz; não na Segunda Vinda, mas na cruz; não em seus próprios trabalhos, sofrimentos e lágrimas, mas na cruz. O coração de toda revelação incide sempre sobre os estendidos braços da cruz.

-- Selecionado

O homem que está crucificado tem os olhos voltados para uma só direção… Ele não pode olhar para trás. O homem crucificado está olhando apenas uma direção, que é a direção de Deus, de Cristo e do Espírito Santo… O homem na cruz não tem mais planos para si… Mas alguém fez planos para ele, e quando eles o pregaram naquela cruz, todos os seus planos desapareceram. Quando você se dispõe a morrer na cruz, você diz adeus – você não vai voltar!

-- A.W. Tozer

Sempre que eu ler Tua sagrada Palavra, Brilhe Tua glória em cada página, Que eu possa dizer: “Este precioso Senhor Em toda Sua plena salvação é meu.”

E, quando diante de Teu trono me inclinar, Ouve daquele trono de graça a minha oração,Que cada esperança do céu que eu sinta, Seja aquecida com o pensamento de ali Te encontrar.

Assim, ensina-me, Senhor, a olhar para Ti, Em cada momento em que meu pensamento se agitar, Não me deixes jamais desejar ser, Pensar, ou sentir aquilo que a Ti não agradar.

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Mortificando o Pecado pelo Espírito Santo

D. M. Lloyd Jones

Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo

a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para

a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. Romanos

8.12-13.

A santificação é um proces-so em que o próprio ho-mem desempenha uma parte. Nessa parte, o ho-

mem é chamado a fazer algo pelo Es-pírito, que está nele. Consideraremos agora o que exatamente o homem tem de fazer. A exortação é esta: Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo. O crente é chamado a mortifi-car os feitos do corpo.

Temos, primeiramente, de abor-dar a palavra corpo, que se refere ao nosso corpo físico, nossa estrutura física, conforme vemos também no

versículo 10. A palavra não significa “carne”. Até o grande Dr. John Owen se enganou neste ponto e trata a pa-lavra como uma alusão à “carne” e não ao “corpo”. Mas o apóstolo, que antes falara tanto a respeito de “carne”, ago-ra fala sobre o “corpo”. Ele fez isso no versículos 10 e 11, assim como o fize-ra no versículo 12 do capítulo 6. Pau-lo se referia a este corpo físico em que o pecado ainda permanece e que um dia será ressuscitado em “incorrupti-bilidade” e glorificado, para tornar-se semelhante ao corpo glorificado de nosso bendito Senhor e Salvador.

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Enfatizo novamente que temos de ser claros neste assunto, porque está sujeito a ser mal entendido. O ensi-no não é que o corpo humano ou a matéria são inerentemente pecami-nosos. Já houve heréticos que ensi-naram esse erro conhecido como du-alismo. Ao contrário disso, o Novo Testamento ensina que o homem foi criado bom tanto em corpo, alma e espírito. Não ensina que a matéria é sempre má e que, por essa razão, o corpo é sempre mau. Houve um tempo em que o corpo era... total-mente livre do pecado. Mas, quando o homem caiu e pecou, todo o seu ser caiu, e ele se tornou pecaminoso no corpo, mente e espírito.

Temos visto que, pelo novo nasci-mento, o espírito do homem é liber-to. Ele recebe vida nova — O espírito é vida, por causa da justiça (Romanos 8.10). Mas o corpo ainda está morto por causa do pecado. Esse é o ensino do Novo Testamento! Em outras pa-lavras, embora o crente seja regene-rado, ainda permanece em um corpo mortal. Por isso enfrentamos pro-blemas para viver a vida cristã, visto que temos de lutar contra o pecado enquanto estivermos neste mundo, pois o corpo é fonte e instrumento de pecado e corrupção. Nossos cor-pos ainda não foram redimidos. Eles o serão, mas agora o pecado ainda permanece neles.

Conforme vimos, o apóstolo deixa isso bem claro. Em 1 Coríntios 9.27, ele disse: Esmurro o meu corpo (1

Coríntios 9.27), porque o corpo nos impele a obras más. Isso não significa que os instintos do corpo são em si mesmos pecaminosos. Os instintos são naturais e normais, não sendo, inerentemente, pecaminosos. Mas o pecado que permanece em nós está sempre tentando levar os instintos naturais a direções erradas. O peca-do tenta levá-los a “afeições imode-radas”, a exagerá-los; tenta fazer-nos comer demais, satisfazer em excesso todos os nossos instintos, de modo que se tornem “imoderados”. Vendo esse assunto de outro ângulo, esse princípio pecaminoso tenta impedir-nos de dar atenção ao processo de disciplina e autocontrole ao qual so-mos constantemente chamados nas páginas das Escrituras. O pecado remanescente no corpo tende a agir dessa maneira. Por isso, o apóstolo fala sobre os feitos do corpo. O pe-cado tenta tornar o natural e normal em algo pecaminoso e mau.

O termo mortificar explica-se a si mesmo. Mortificar significa matar, trazer à morte... logo, a exortação diz que temos de matar, por um fim nos feitos do corpo. De uma perspectiva prática, esta é a grande exortação do Novo Testamento em conexão com a santificação e se dirige a todos os crentes.

Como devemos fazer isso?... O apóstolo esclarece: Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo — pelo Espírito! É claro que o Espírito é mencionado particularmente porque

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a sua presença e sua obra são carac-terísticas peculiares do verdadeiro cristianismo. Isto é o que diferencia o cristianismo da moralidade, do lega-lismo e do falso puritanismo — pelo Espírito. O Espírito Santo, conforme já vimos, está em nós crentes. Você não pode ser um crente sem o Es-pírito Santo. Se você é um crente, o Espírito Santo de Deus está em você, agindo em você. Ele nos capacita, nos dá forças e poder. Ele nos traz a gran-de salvação que o Senhor Jesus Cris-to realizou, capacitando-nos a de-senvolvê-la. Portanto, o crente nunca deve se queixar de falta de capacida-de e poder. Se o crente diz: “Eu não posso fazer isso”, está negando as Es-crituras. Aquele que é habitado pelo Espírito Santo nunca deve proferir tais palavras; fazê-lo significa negar a verdade a respeito dele mesmo.

Conforme disse o apóstolo João, o crente é alguém que pode dizer: Te-mos recebido da sua plenitude e graça sobre graça ( João 1.16). No capítulo 15 de seu evangelho, João descreve os cristãos como ramos da Videira Verdadeira. Por isso, nunca devemos afirmar que não temos poder. Certa-mente, o Diabo está ativo no mundo e tem grande poder; contudo, maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo (1 João 4.4). Ou considere novamente aquela im-portante declaração feita em 1 João 5.18-19: Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado. A expressão “não vive em pecado” ex-

pressa uma ação contínua no presen-te, e o sentido é este: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando”. Por que não? Por-que Aquele que nasceu de Deus — ou seja, o Senhor Jesus Cristo — o guarda, e o Maligno não lhe toca.

João afirmou que isso é verda-de em relação a todos os crentes. O crente não vive no pecado porque Cristo está vivendo nele, e o Maligno não pode tocar-lhe. Isso significa não somente que o Maligno não exerce controle sobre o crente, mas também que o Maligno não pode nem mes-mo tocar-lhe. O crente não está sob o poder do Maligno. E, para incutir isso no crente, João afirmou em se-guida: Sabemos que somos de Deus; e quanto ao mundo: O mundo intei-ro jaz no Maligno (1 João 5.19). O mundo está nos braços e domínio do Maligno, que o controla... O Diabo tem completamente em suas mãos e controle o mundo e os homens que pertencem ao mundo, os quais são suas vítimas indefesas. Não há senti-do em dizer a tais pessoas que mor-tifiquem os feitos do corpo; elas não podem fazer isso, porque estão sob o poder do Diabo. Mas a situação do crente é outra; ele pertence a Deus, e o Maligno não lhe pode tocar. O Diabo pode rugir para o crente e amedrontá-lo ocasionalmente, mas não pode tocar-lhe e, muito menos, controlá-lo.

Essas são afirmações típicas que o Novo Testamento faz a respeito

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do crente. E, quando compreende-mos que o Espírito está em nós, ex-perimentamos o seu poder. Somos chamados a usar e exercitar o poder que está em nós pela habitação do Espírito Santo. Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a car-ne. Porque, se viverdes segundo a car-ne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito — que habita em vós —, “mortificardes os feitos do corpo, certa-mente, vivereis. A exortação diz que devemos exercitar o poder que está em nós “pelo Espírito”. O Espírito é poder e está habitando em nós. Por isso, somos instados a exercer o po-der que está em nós.

Mas, como isso se realiza na prática?... Para começar, temos de entender nossa posição espiritual, pois muitos de nossos problemas se devem ao fato de que não compreen-demos e não recordamos quem e o que somos como crentes. Muitos se queixam de que não têm poder e de que não sabem fazer isto ou aquilo. O que precisamos dizer-lhes não é que eles são absolutamente incapa-zes e que devem desistir. Pelo con-trário, todos os crentes precisam ou-vir estas palavras de 2 Pedro 1.2-4: Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade. Tudo que conduz à vida e piedade nos foi dado por meio do

conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria gló-ria e virtude. E, outra vez: Pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas [por meio dessas mui gran-des e preciosas promessas] vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo.

Apesar disso, há crentes que la-mentam e se queixam de não terem forças. A resposta para esses crentes é esta: “Todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade lhes fo-ram dadas. Parem de lamentar, mur-murar e queixar-se. Levantem-se e usem o que está em vocês. Se vocês são crentes, o poder está em vocês pelo Espírito Santo. Vocês não estão desamparados”. Todavia, o apóstolo Pedro não parou ali. Ele disse tam-bém: Aquele a quem estas coisas não estão presentes — em outras palavras, o homem que não faz as coisas sobre as quais foi exortado — é cego, vendo só o que está perto (2 Pedro 1.9). Ele tem uma visão curta, havendo esque-cido da purificação dos seus pecados de outrora. Não possui uma visão ver-dadeira da vida cristã. Está falando e vivendo como se fosse uma pessoa não-regenerada. Ele diz: “Não posso continuar sendo cristão; é demais para mim”. Pedro exorta esse homem a compreender a verdade a respeito de si mesmo. Precisa ser despertado, ter seus olhos abertos e sua memó-ria refrescada. Ele precisa se animar

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e fazer, em vez de lamentar as suas imperfeições.

Além disso, temos de compreen-der que, se somos culpado de peca-do, entristecemos o Espírito Santo de Deus que está em nós. Pecamos a todo momento. O fato deveras grave não é o de que pecamos e nos tor-namos infelizes, e sim o de que en-tristecemos o Espírito de Deus que habita em nosso corpo. Quão fre-qüentemente pensamos nisso? Acho que, ao falarem comigo a respeito desse assunto, as pessoas sempre fa-lam sobre si mesmas — “meu erro”. “Estou sempre caindo nesse pecado.” “Este pecado está me desanimando.” Falam completamente a respeito de si mesmas. Não falam sobre o seu relacionamento com o Espírito San-to. E, por essa razão: o homem que compreende que o maior problema de sua vida pecaminosa é o fato de que está entristecendo o Espírito Santo, esse homem para de fazer isso imediatamente. No momento que o crente percebe que esse é o seu ver-dadeiro problema, ele lida com esse problema. Não se preocupa mais com seus próprios sentimentos. Quando o crente compreende que está entristecendo o Espírito Santo de Deus, ele age imediatamente.

Outra consideração importan-te sobre este tema geral é o fato de que temos sempre de fixar-nos no alvo crucial. Pedro enfatizou isso no mesmo capítulo da sua epístola: Pro-cedendo assim, não tropeçareis em tem-

po algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salva-dor Jesus Cristo (2 Pedro 1.10-11). Se vocês fizerem o que exorto-os a fazer, ele disse, a morte, quando lhes che-gar, será algo maravilhoso. Você não somente entrarão no reino de Deus; antes, terão uma entrada ampla. Ha-verá um desfile triunfante; os portões do céu serão abertos, e haverá grande regozijo. Pedro não estava se referin-do à nossa salvação presente, e sim à nossa glorificação final, à nossa en-trada nos tabernáculos eternos (Lucas 16.9).

Portanto, temos de manter os olhos fixos nesse alvo. “Nosso maior problema é que sempre estamos olhando para nós mesmos e para o mundo”. Se pensarmos mais e mais sobre nós mesmos como peregrinos da eternidade (o que, de fato, somos), todo o nosso viver será transforma-do. Paulo afirmou isso no versículo 11 deste capítulo. Mantenham seus olhos nisso, ele disse em outras pala-vras; mantenham seus olhos no alvo. João disse a mesma coisa: Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se mani-festar, seremos semelhantes a ele, por-que haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro. (1 João 3.2-3). A causa de muitos de nossos problemas, como crentes, é que vivemos demais para este mun-

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do. Persistimos em esquecer que so-mos apenas “peregrinos e forasteiros” neste mundo. Pertencemos ao céu; nossa pátria está no céu (Filipenses 3.20), e estamos indo para lá. Se apenas mantivéssemos isso diante de nossa mente, o problema de nossa luta contra o pecado assumiria um aspecto diferente...

Devemos nos mover agora do ge-ral para o específico, relembrando-nos de que tudo é feito pelo Espírito, com uma mente iluminada por Ele. O que temos de fazer especificamen-te? O ensino do apóstolo pode ser considerado sob dois aspectos: dire-to e negativo, indireto e positivo.

No aspecto direto ou negativo, a primeira coisa que o crente tem de fazer é abster-se do pecado. É bem simples e direto! Pedro disse: Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma. (1 Pedro 2.11). Esse é um ensino bastante claro. Aqui não há qualquer sugestão de que somos incapazes, temos de desistir da luta e entregar tudo ao Senhor ressusci-tado. Amados, exorto-vos, como pe-regrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes... — parem de fazer isso, parem imediatamente, não o façam mais! Vocês precisam se abster total-mente desses pecados, essas paixões carnais, que fazem guerra contra a alma. Vocês não têm o direito de di-zer: “Sou fraco, não posso; as tenta-ções são poderosas”.

A resposta do Novo Testamento é: “Parem de fazer isso”. Vocês não precisam de hospital e de um trata-mento médico; precisam recompor-se e compreender que são peregrinos e forasteiros. Exorto-vos... a vos abs-terdes. Vocês não têm qualquer negó-cio com essas coisas. Lembrem outra vez o ensino de Efésios 4: Aquele que furtava não furte mais... Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe. Não haja em vocês nenhuma dessas conversas ou gracejos tolos! Não fa-çam isso! Abstenham-se! É tão sim-ples e claro como estas palavras: pa-rem de fazer isso!

Em segundo lugar, de modo espe-cífico, citando outra vez as palavras do apóstolo em Efésios: Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das tre-vas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha (Efésios 5.11-12). Observe o que ele disse: Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas. Vocês não devem apenas abster-se dessas coisas, mas também não ter comu-nhão com pessoas que fazem essas coisas ou têm esse modo de vida. Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. O princípio governante de sua vida deve ser o não associar-se com pesso-as desse tipo. Fazer isso é ruim para você e lhe será prejudicial... Não de-vemos ter qualquer comunhão com o mal; antes, precisamos fugir dele e manter-nos tão distantes quanto pudermos.

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Outro termo é esmurrar (1 Co-ríntios 9.27). Esmurro o meu corpo, disse o apóstolo. Todo atleta — ou seja, aquele que compete nas corri-das — em tudo se domina. As pes-soas que passam por treinos visando as grandes competições atléticas são bastante cuidadosas quanto à sua dieta; param de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas. Quão cuidadosos eles são! E fazem tudo isso porque desejam ganhar o prêmio! Se eles fa-ziam isso, disse Paulo, por causa de coisas corruptíveis, quanto mais de-vemos disciplinar-nos a nós mesmos... O corpo tem de ser esmurrado. Nas palavras de nosso Senhor registradas em Lucas 21.34, há uma sugestão a respeito de como isso deve ser feito. Ele disse: Acautelai-vos por vós mes-mos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embria-guez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente. Não coma nem beba demais; não se preocupe exces-sivamente com as coisas deste mun-do. Coma o suficiente e o alimento correto; mas não se torne culpado de excesso. Se uma pessoa satisfaz em demasia seu corpo, com alimen-to, bebida ou outra coisa, ele achará mais difícil viver uma vida cristã san-tificada e mortificar os feitos do cor-po. Portanto, evite todos esses obstá-culos, pois, do contrário, seu corpo se tornará indolente, pesado, moroso e lânguido. Há uma intimidade tão

grande entre o corpo, a mente e o es-pírito, que achará grande problema em seu conflito espiritual. Esmurre o corpo.

Outra máxima usada pelo apósto-lo, na Epístola aos Romanos, se acha no capítulo 13: Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscên-cias (v. 14). Se querem mortificar os feitos do corpo, nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscên-cias. O que isso significa? Em Salmos 1, achamos um discernimento claro quanto ao significado dessas palavras do apóstolo. Eis a prescrição: Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no ca-minho dos pecadores (Salmos 1.1). Se vocês querem viver esta vida piedosa e mortificar os feitos do corpo, não gastem tempo permanecendo nas esquinas das ruas, porque, se fizerem isso, provavelmente cairão em peca-do. Se permanecerem no lugar por onde o pecado talvez passará, não se surpreendam se voltarem para casa em tristeza e infelicidade, porque caí-ram no pecado. Não se detenham no caminho dos pecadores. E, menos ain-da, devem vocês assentar-se na roda dos escarnecedores. Se permanecerem em tais lugares, não haverá surpresa em caírem no pecado. Se vocês sa-bem que certas pessoas lhes são má influencia, evitem-nas, fujam delas. Talvez vocês digam: “Eu me ajunto com elas para ajudá-las, mas percebo que, todas as vezes, elas me levam ao

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pecado”. Se isso é verdade, não estão em condições de ajudá-las...

No livro de Jó, o homem sábio disse: Fiz aliança com meus olhos ( Jó 31.1). Era como se dissesse: “Olhem diretamente, não olhem para a di-reita ou para a direita. Cuidem de seus olhos propensos a vaguear, esses olhos que se movem quase automa-ticamente e vêem coisas que iludem e induzem ao pecado”. “Faça uma aliança com os seus olhos”, declara esse homem. Concorde em não olhar para coisas que tendem a levá-lo ao pecado. Se isso era importante na-queles dias, é muito mais importante em nossos dias, quando temos jor-nais, cinemas, outdoors, televisão e assim por diante! Se há uma época em que os homens precisam fazer aliança com seus olhos, esta época é agora. Tenham cuidado com o que lêem. Certos jornais, livros e diários, se os lerem, eles lhes serão prejudi-ciais. Vocês devem evitar tudo que lhes prejudica e diminui sua resistên-cia. Não olhem na direção dessas coi-sas; não queira nada com elas... Na Palavra de Deus, vocês são instruídos a mortificar os feitos do corpo e não satisfazer a carne no tocante às suas concupiscências. Agradeça a Deus pelo evangelho poderoso. Agradeça a Deus pelo evangelho que nos diz que agora somos seres responsáveis em Cristo e que nos exorta a agir de um modo que glorifica o Salvador. Por-tanto, nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.

Meu próximo assunto é sobre-modo importante: enfrentem as pri-meiras movimentações e impulsos do pecado em vocês; combatam-nos logo que aparecerem. Se não fizerem isso, estão arruinados. Vocês cai-rão, conforme somos ensinados na epístola de Tiago: Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o peca-do, uma vez consumado, gera a morte. A primeira moção do pecado é um encantamento, um leve incitação de cobiça e sedução. Esse é o momento em que temos de lidar com o pecado. Se deixarem de enfrentar o pecado nesse estágio, ele os vencerá. Cortem o mal pela raiz. Ataquem-no de ime-diato. Nunca lhe permitam qualquer avanço. Não o aceitem de maneira al-guma. Talvez sintam-se inclinados a dizer: “Bem, não farei tal coisa”; mas, se aceitam a idéia em sua mente e co-meçam a afagá-la e entretê-la em sua imaginação, vocês já estão derrota-dos. De acordo com o Senhor, vocês já pecaram. Não precisam realmente cometer o ato; nutri-lo no coração já é o suficiente. Permitir isso no cora-ção significa pecar aos olhos de Deus, que conhece tudo a respeito de nós e vê até o que acontece na imaginação e no coração. Portanto, destruam o mal pela raiz, não tenham qualquer

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relação com ele, parem-no imedia-tamente, ao primeiro movimento, antes que comece a acontecer esse processo ímpio descrito por Tiago.

No entanto, lembrem-se de que isto — que será nosso próximo as-sunto — não significa repressão. Se vocês apenas reprimirem uma tenta-ção ou esse primeiro movimento do pecado, ele provavelmente surgirá novamente com mais vigor. Nesse sentido, concordo com a psicologia moderna. A repressão é sempre má. “Então, o que devo fazer?”, alguém pergunta. Eu respondo: quando sen-tir aquele primeiro movimento do pecado, erga-se e diga: “Isto é mau; isto é vileza; é aquilo que expulsou do Paraíso os nossos primeiros pais”. Rejeite-o, enfrente-o, denuncie-o, odeie-o pelo que é. Assim, terá li-dado realmente com o pecado. Você não deve apenas fazê-lo recuar, com um espírito de temor e de maneira tímida. Traga-o à luz, exponha-o, analise-o e, denuncie-o pelo que ele é, até que o odeie.

Meu último assunto neste tema é que, se você cair no pecado (e quem não cai?), não restaurem a si mesmos de modo superficial e apressado. Leiam 2 Coríntios 7 e considerem o que Paulo disse sobre a “a tristeza segundo Deus” que produz arrepen-dimento. Outra vez, tragam à luz aquilo que fizeram, contemplem-no, analisem-no, exponham-no, denun-ciem-no, odeiem-no e denunciem a

si mesmos. Mas não façam isso de um modo que os atire nas profunde-zas da depressão e desânimo! Sem-pre tendemos a ir aos extremos; ou somos muito superficiais ou muito profundos. Não devemos curar su-perficialmente a ferida ( Jeremias 6.14), mas tampouco devemos lan-çar-nos no desespero e melancolia, dizendo que tudo está perdido, que não podemos ser crentes, e retor-nar ao estado de condenação. Isso é igualmente errado. Temos de evitar ambos os extremos. Façam uma ava-liação honesta de si mesmos e do que fizeram, condenando totalmente a si mesmos e seu ato; porém compreen-dam que, confessando-o a Deus, sem qualquer desculpa, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos puri-ficar de toda injustiça (1 João 1.9). Se vocês fizerem essa obra de maneira superficial, cairão novamente no pe-cado. E, se vocês se lançarem em um abismo de depressão, hão de sentir-se tão desesperados que cairão em mais e mais pecado. Uma atmosfera de melancolia e fracasso leva a mais fracasso. Não caiam em nenhum desses erros, mas respondam à obra da maneira como o Espírito sempre nos instrui a fazê-la.

Extraído de Romans: Na Exposi-tion of Chapter 8:15-17, The Sons

of God, p. 132-144, publicado pela Banner of Truth Trust. Editora

FIEL 2009.

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Pecadores nas Mãos de um Deus Irado

Jonathan Edwards

Neste versículo lemos sobre a eminência da suprema vingança de Deus sobre os Israe-

litas, que na altura seriam o verda-deiro povo de Deus e que viviam sob uma graça desmesurada, mas que mesmo assim Deus deles afirmava: porque são gente falta de conselhos, e neles não há entendimento. Deutero-nômio 32:28. De toda aquela criação

de Deus, eles brotavam sarças e es-pinhos como fruto, amargura e ira a Quem os criara. O texto que escolhi para hoje, será “A seu tempo há de resvalar o seu pé” e procede daquilo que me transparece relacionado com a suprema devastação eterna que es-perava os Israelitas com quem Deus estava irado por causa dos seus mui-tos pecados. A idéia que prevalece é, será que eles estariam expostos àque-

Minha é a vingança, a seu tempo quando resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a

chegar. Deuteronômio 32.35

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la ira inesperada sem o saberem?1. Eles estavam sob ameaça de

uma destruição inesperada, estando expostos a ela continuamente sem o saberem. Eles estariam a escorregar naqueles lugares tenebrosos da sua consciência. Isto descreve com fide-lidade como estariam na eminência de serem destruídos a qualquer mo-mento. Será isso que lemos em Cer-tamente tu os pões em lugares escorre-gadios, tu os lanças para a ruína. Como caem na desolação num momento! Fi-cam totalmente consumidos de terrores.

2. Isto implica que estariam per-manentemente sob a possibilidade de serem exterminados e fulminados a qualquer momento sem aviso, mas também sem maneira e sem qualquer possibilidade remota de escaparem de tal coisa. Estes lugares escorrega-dios apenas mostram que a qualquer momento qualquer pecador pode cair, que ninguém tem como prever quando nem como e também que ninguém tem como impedir que tal coisa se dê e assim seja. É isto que transparece das palavras Tu os lanças para a ruína. Caem na desolação num momento! Salmos 73:19.

3. Outra coisa que se esconde nes-tas palavras, é que eles cairão por eles mesmos, sem que seja necessário que alguém ajude ou contribua para que tal coisa suceda. Como caminha em lugares escorregadios, o pecador não

necessita de nada para se estatelar no inferno por si mesmo e isto para sempre.

4. A única razão porque o peca-dor não caiu ainda, será tão só por-que Deus assim ainda não quis, pois o seu tempo já está determinado que chegue. Tudo agora depende da soberana vontade de Deus apenas; nada depende daquilo que o pecador possa vir a fazer. Está escrito que a seu tempo cairão, a seu tempo resva-lará seu pé. Eles serão deixados para caírem mesmo, ninguém tem como impedir que tal coisa aconteça. Eles apenas necessitam do seu próprio peso para tombarem nestes lugares escorregadios nos quais Deus os co-locou por haverem entregue seus co-rações a seus próprios pecados. Deus não mais impedirá que tal aconteça, não existindo mais razão para conti-nuar assim a fazer. A sua destruição está eminente e nada poderá impe-di-lo. Estão na berma do abismo de fogo sem saber, sem quererem saber. Como o pecador está num terreno inclinado e escorregadio, o que ha-verá que o possa impedi-lo de escor-regar definitivamente? Basta tão só chegar o seu dia, aquele que nenhum pecador tem como saber quando será, pois viram a sua cara para não encararem as suas realidades sempre eminentes.

Pode-se fazer a observação a par-

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tir das palavras nas quais vou insistir. “Nada impede que Deus, pela Sua soberana vontade os deixe cair para sempre, com exceção do Seu bel-prazer e Sua própria determinação soberana”. Quem poderá impedir Deus de fazê-lo? Quero que fique claro que toda a destruição depende tão só de quando Deus assim qui-ser, pois nada mais existe que tenha como determinar o preciso destino de qualquer pecador. Esta verdade transparece das seguintes elações que podemos retirar do texto.

1. Não existe qualquer falta de poder em Deus para lançar qual-quer ímpio no lago do inferno a qualquer momento. Nenhuma mão humana tem como se elevar para impedir Deus de o fazer. Não existe homem que O tenha como impedir. O mais poderoso de todos eles não tem com que resistir se Deus se le-vantar em ira; ninguém poderá se livrar da Sua poderosa Mão. Não só é capaz de lançar os pecadores no inferno a qualquer momento, pois Ele também o pode fazer com muita facilidade. Muitas vezes um príncipe na terra depara-se com grandes dificuldades para vencer um oponente seu, algum rebelde do seu reino o qual se tenha fortificado com armas e homens para a este se opor. Mas não será assim com Deus. Não existe fortaleza que resista ou que te-

nha defesa contra o poder de Deus. Mesmo de mãos dadas, mesmo que um grande mar de gente se una em cordão contra Deus, facilmente serão despedaçados em pequenos pedaços. Serão como palha, montes e pilhas de palha diante duma forte tempes-tade, dum furacão. Ou como estru-me muito seco perante as chamas ferozes dum grande fogo que não se apaga. É muito fácil a qualquer um de nós pisar uma minhoca no chão e esmagá-la sem que esta tenha como se proteger; é muito fácil para qual-quer um de nós cortar uma linha onde algo esteja pendurado; assim ou mais fácil ainda, será para Deus desprender a vida, de alguém que Ele entenda e, quando assim enten-der, lançar qualquer inimigo seu, ou multidões deles ao mesmo tempo, no fogo do inferno. Quem somos nós para que pensemos que podemos resistir contra Deus, Aquele que faz estremecer toda a terra com uma leve repreensão, que provoca uma ava-lanche de pedra em todo o tamanho dela com um pequeno sopro?

2. Qualquer pecador merece tudo isto, merece sempre ser lançado no inferno. Assim é para que a justiça divina triunfe. A justiça divina não tem como impedir a ira de Deus, não tem objeção sequer contra esse poder que Deus tem para triunfar na sua destruição momentânea; a qualquer

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momento Ele pode fazer tal coisa. Pelo contrário, é essa mesma justiça que clama aos Céus para que tal coi-sa venha a dar-se, suceda repentina-mente, a qual clama alto pelo supre-mo castigo de todo pecado. A justiça divina que conhecemos clama e pede incessantemente que, quando uma videira brote fruto como o de Sodo-ma, que se corte a árvore. Lemos que Disse então ao viticultor: corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmen-te? Lucas 13:7

3. Todos os pecadores estão já condenados à partida, estão sob a sentença de um inferno justo. Eles não apenas o merecem em forma de justiça, mas a própria sentença de Deus já saiu àquela sentença eterna e irreversível, a qual ninguém tem como reverter, para que se estabeleça a justa vingança de Deus Altíssimo. Esta sentença saiu e nada a detém. Todos estão perante a certeza irre-versível do inferno. João 3:18 , quem não crê, já está julgado. Todo o ho-mem por se converter pertence ao inferno. Ali é seu lugar, porque lemos ( João 8:23) Disse-lhes Ele: Vós sois de baixo. O pecador está sob pena do inferno do eterno de Deus. Esse é o lugar que tanto a palavra de Deus que não muda, como a justiça divina e a sentença da Sua lei imutável para o pecador reservam desde sempre. Esse lugar está assegurado desde já

para ele.4. Os pecadores são o objeto da ira

portentosa de Deus. Essa mesma ira expressa-se em inferno de tormentos infinitos, assim se manifesta. A única razão porque um pecador que ainda vive não caiu lá dentro ainda, não será porque Deus, sob a ira de quem estão continuamente, não esteja mui-to zangado com eles ainda como está com aquelas muitas criaturas que já lá se encontram há milhares de anos a sentir na pele os grandes açoites da Sua ira sem fim. Por acaso Deus está mais irado com muitos dos que se encontram cá na Terra ainda: sem dúvida que sim, com muitos que agora aqui se encontram a ouvir-me nesta congregação, com pessoas que estão aqui se sentindo bem à von-tade, mais daqueles que há muito lá estão nas chamas do inferno. A ira de Deus arde para se concretizar, a sua eterna e justa condenação não dormita como pensam muitos. O lago de fogo e enxofre está aceso e preparado para os receber a todos, o forno sobre aquecido para os engolir logo. As suas chamas já chamam e já queimam de raiva e fúria. A espada flamejante já se contorce de ira e a sua terra debaixo dos seus pés esta-rá cedendo a qualquer momento. A boca do lago de fogo e enxofre está pronta e prestes a engoli-los sem mais atrasos.

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5. O diabo está pronto também para cair em cima deles, reclamando-os como sua única propriedade ex-clusiva. Quando ele os quiser, Deus assim permite que se faça como ele bem entender. Eles, os pecadores, pertencem-lhe, ele mesmo possui as suas almas desde já, estão sob o seu querer incondicionalmente. As Es-crituras falam deles como sua merca-doria exclusiva. Todos os demônios os apascentam à espera do grande dia de os verem serem lançados nas chamas devoradoras. São como leões esfomeados à espera da carne deles; eles querem se atirar à presa já, mas estão apenas impedidos de o fazer. Caso Deus retire a Sua mão, caso cesse de impedi-los, eles caem-lhes em cima como se fossem caça. É essa Mão que ainda os impede de se ar-remessarem. Se essa Mão se retirar, cairão sobre as suas almas, recla-mando-as desde logo! Aquela velha serpente está a um pequeno passo de os tragar; a morte e o inferno espe-ram impacientemente e, caso Deus permitisse retirando a Mão que im-pede do seu posto, eles rapidamente seriam levados e nunca mais seriam vistos.

6. Existe dentro das próprias al-mas dos ímpios esses mesmos prin-cípios infernais reinando, que logo explodiriam em chamas de grande maldade, não fosse Deus ainda im-

pedir que tal coisa suceda. Existe na própria natureza carnal de qualquer homem mundano, um fundamento igual aos dos alicerces do próprio inferno. Estão lá ardendo todos esse princípios de pecado desde sempre, reinando pelo seu próprio poder, possuindo-os por completo, e isso é a semente do inferno factualmente. Estes princípios pecaminosos rei-nam por si, vivem por si e serão vio-lentos por natureza. Não fosse pela Mão que os restringe agora, logo pegariam fogo e queimariam as suas teimosias, corrupções e violências com aquela mesma inimizade com que os demônios se lançam a eles. Aquilo que os tormentos podem trazer de dentro do coração perver-so de almas condenadas, a mesma inimizade está apenas impedida de se manifestar pela poderosa mão de Deus. As almas dos pecadores ainda vivos são descritas pelas Escrituras como um mar que não se aquieta (Isaías 57:20). De momento, Deus os retém pelo poder do Seu braço poderosíssimo. Essas ondas estão contidas ainda dentro do aceitável, pois ouvimos-lhe dizer , até aqui vi-rás, porém não mais adiante; e aqui se quebrarão as tuas ondas orgulhosas, Jo 38:11. Mas caso Deus os deixasse à solta, logo se corromperiam e nada impediria a sua água negra e lama-centa de inundar tudo à sua volta. O

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pecado é a ruína e a semente da misé-ria na própria alma de quem dele se farta. Corrompe e é sempre destru-tivo, e caso Deus não lhe impusesse limites de fartura, nada mais seria necessário para levar qualquer alma ao extremo da sua maior miséria. A sua corrupção, a essência de todo o coração de homem, não se modera a não ser por uma poderosa mão, por-que a sua fúria pecaminosa não tem limites nem fim de imaginação. En-quanto o homem ímpio aqui estiver vivo, é sempre e eternamente como fogo controlado que se fosse deixado à solta logo tudo consumiria à sua volta, mudando até o curso da na-tureza. Como o coração é uma fonte de pecado, caso não fosse restringi-do, tornaria a própria alma de quem o possui um forno aceso, um vulcão em erupção maligna e contínua.

7. Que não sirva de símbolo de se-gurança para qualquer pecador, nem por um momento, o fato de ainda não ver a sua morte dando sinais de aparecer. Não serve de segurança a saúde de ninguém, pois pode se aci-dentar a qualquer momento, mesmo mostrando ser o homem mais sau-dável do mundo inteiro. A múltipla e corrente experiência de todos é que hoje estando vivo, logo em seguida pode estar em eminência a hora da sua morte. Sempre foi assim, os ho-mens a pensar que nunca morrem e o

inferno a tragá-los um a um. Aquilo em que o homem não pensa, aquilo de que não quer ter consciência, isso passa por ele como se nada disso existisse. Muita gente morre sem se dar conta senão apenas no último dos minutos. Os homens têm múl-tiplas formas de escaparem da reali-dade das coisas, e quanto mais reais e imutáveis forem essas coisas, tanto mais facilmente e tanto mais profun-damente se “esquecem” dessas reali-dades, tanto mais voluntariosamente deixam de pensar nelas. Os homens não-convertidos navegam num mar de chamas do qual negam sentir o calor sobre a casca de palha. Apenas evita que tombe aqui e acolá, pensan-do que dessa forma se tem como se livrar da queda eminente e da perda inevitável. Essa casca de palha é tão frágil para aquilo que é usada que apenas a extrema misericórdia de Deus tem como evitar que essa casca seja tragada de imediato por chamas que nunca se apagam. Nem o peso do homem a tal obra em casca e palha tem como segurar a menos que seja porque Deus intervém. Qualquer seta de morte rasga os céus em ple-na luz do dia. Que impede o homem mortal de ser atingido por uma de-las? Elas são setas invisíveis, que não se deslumbram quando são atiradas contra o homem mortal. Deus tem tantos meios de retirar dos mortais a

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Durante um bom tempo eu acreditei que a verdade, para ser entendida, precisava ser vivida; que a doutrina bíblica é inteiramente ineficiente até que tenha sido digerida e assimilada em sua vida por completo… A verdade, nas Escrituras, é mais do que um fato. Um fato é isolado, impessoal, frio e desassociado da vida. A verdade, por outro lado, é calorosa, viva e espiritual. Um fato teológico deve estar seguro no pensamento para a vida sem que tenha nenhum efeito positivo sobre o caráter moral; mas a verdade é criativa, salvadora, transformadora, e sempre transforma aquele que a recebe num homem mais forte e santo.

Em que ponto, então, o fato teológico se torna, para aquele que a reteve, uma verdade vital? No ponto aonde a obediência começa. Quando a fé ganha a concessão da vontade para fazer de modo irrevogável a confirmação de que Cristo é o Senhor, a verdade inicia sua salvação, iluminando; não em um momento anterior…

A igreja morta se mantém no núcleo da verdade sem a redenção da vontade a verdade, enquanto que a igreja que deseja fazer a vontade de Deus é imediatamente abençoada com a presença dos dons espirituais… A verdade não pode nos socorrer até que nos tornemos participantes disto. Somente temos posse do que já experimentamos.

-- A.W.Tozer

A incredulidade coloca as circunstâncias entre você e Cristo, de modo que você não O vê, como os discípulos que não O conheceram através da cerração e gritaram de medo. A fé põe Cristo entre você e as circunstâncias, de modo a não vê-las por causa da glória daquela luz.

-- F.B. Meyer

sua vida, para que sigam o seu cami-nho para o inferno, para o seu lugar de eleição, que nem se pense que algo miraculoso tem de se passar primei-ro para que seja tido que foi Deus a fazê-lo, pois há muitas maneiras de se morrer naturalmente. Basta tão só a Providencia divina para estate-lar alguém numa morte irreversível. Todos os meios e mecanismos, atra-vés dos quais os homens mortais abandonam este mundo, estão tão dependentes das mãos providencia-

doras de Deus, tão universalmente e absolutamente sujeitos ao poder da Sua determinação, que de nada mais tem como depender o momento da morte de cada um. Apenas depen-de de que Deus assim queira que se faça nada mais impede um pecador de cair para sempre num inferno in-finito.

Continua na próxima edição.

Enfield, Connecticut July 8, 1741Jonathan Edwards (1703-1758)

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Associação Betel

A Associação Betel é uma entidade juridicamente organizada, sem quaisquer vínculos denomina-cionais ou fins lucrativos, mantida por recursos advindos de colaboração espontânea de pessoas

que apóiam seus objetivos, cujo fim é viabilizar a pregação do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.

Os objetivos da Associação Betel:a) Apoiar missionários e pregadores (uma vez confirmados

em seus compromissos com a verdade do Novo Nascimento pela nossa morte e ressurreição com Cristo) para a pregação do Evangelho de Cristo;

b) Produzir e adquirir literatura e material evangelístico para uso dos missionários e dos grupos por eles atendidos, como: folhetos, livretos, estudos dirigidos, livros evangelísti-cos, Bíblias, fitas de áudio e afins;

c) Assistência Social, sempre vinculada ao Evangelismo, pois “a fé sem obras é morta em si mesma”.

A Associação Betel é mantida por colaborações espontâne-as de pessoas físicas ou jurídicas, que apóiam seus objetivos.

São basicamente pessoas regeneradas, contribuintes mui-tas vezes anônimos, mas que se fazem participantes da pre-gação, para que também outras pessoas, até mesmo por eles desconhecidas, possam gozar da mesma graça e esperança.

São aqueles que compreendem com amor e dedicação as Palavras do Senhor Jesus Cristo: “Indo por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”.

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CNPJ 72219207/0001-62REVISTA BETEL é uma publicação trimestral que visa a edifi-cação dos cristãos. Contém artigos e estudos bíblicos centrados na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Esta publicação é sustentada por doações voluntárias de irmãos em Cristo e distribuída aos leitores gratuitamente.

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