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A Tardinha... Este livro foi escrito em 90 vivas tardinhas. (Memória de idosos) 1 a Edição Fortaleza - Ceará - Brasil 2010 ma Berni (Organização) Miolo - Programa Memoria Viva.indd 3 Miolo - Programa Memoria Viva.indd 3 10/9/2010 01:24:03 10/9/2010 01:24:03

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A Tardinha...Este livro foi escrito em 90 vivas tardinhas.

(Memória de idosos)

1a EdiçãoFortaleza - Ceará - Brasil

2010

Fáti ma Berti ni(Organização)

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As Tardinhas não

são términos. São inícios de uma

nova fase do dia. O momento

noite não indica acabamento, mas

complemento do que se transcorreu.

Os idosos não são términos de

vida, mas inícios de uma nova

fase. A idade avançada não indica

acabamento, mas conti nuidade do

que ainda pode transcorrer.

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PROGRAMA MEMÓRIA VIVA - UNIMED ■ 25

Tardinha UmMinha história é a seguinte... Disse muito decididamente Ana Maria:

Sou Ana Maria de Morais. Fui muito feliz, casei por amor. Era muito bonitinha, sim! Tinha o Benedito da bodega, que se engraçava comigo, mas eu não dava trela, não. Eu podia até me aproveitar, era ele que era o dono da venda, mas eu não olhava para ele, não. Um dia, teve uma carestia grande, minha família era pobre, minha mãe tava doente. Ela disse: — Menina, com esse dinheirinho vai comprar na venda do Benedito um quilo de arroz, um de feijão, um de farinha, uma lata de manteiga e três pão. Fui, me tremendo de medo, por-que o Benedito podia querer me fazer favor. Aí, cheguei, nem olhei para ele e disse: Benedito, me dá um quilo de arroz, um de feijão, um de farinha, uma lata de manteiga e três pão. Mas, toma aqui a parte do dinheiro, depois venho cá dá o resto. O Benedito deixou eu levar as coisas. Quando cheguei em casa, me assombrei! O Benedito tinha mandado uma caixa de coisas da venda. Ó, só para me impressionar!

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26 ■ A TARDINHA...

Mas eu não gostava dele não. Eu queria era encontrar o meu Zé. Fiquei noiva várias vezes e minha mãe dizia que eu era doida. Todos os homens querendo se casar comigo e eu não parava de dizer que queria meu Zé. Minha mãe me perguntava que Zé era esse. Eu sei lá. É meu Zé que um dia eu vou encontrar.

Depois de um tempo, um peixeiro passou lá em frente de casa, gritando: — Olha o peixe, olha o peixe. Parou lá em casa e pediu água à minha mãe. Minha mãe deu água para ele e perguntou o nome dele. Depois, minha mãe ofereceu café e ele quis. Ele ia embora quando saí lá de dentro e perguntei: — Mãe, quem tava aí? Era o peixeiro. Como era o nome dele? Era Zé. Ele pediu água e eu dei também café. Mãe, o nome dele era Zé, a senhora deu água e café para ele! Mãe, era meu Zé!! Deixa disso, menina. Tu vai querer se casar com um peixeiro, mas não tô dizendo mesmo! Eu quero é ele. É ele o meu Zé, porque eu gosto muito de peixe e o bom é que eu vou comer muito peixe. Aí, fui atrás do meu Zé peixeiro e casei por amor...

...Tinha mais o que ouvir? Perguntei-me. Ana Maria sorriu para mim antes mesmo de me vir um pensamento. Despediu-se feliz

com seu peixeiro no coração. Sua tardinha era aquela.

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