Mira Bete

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RESUMO DE PENAL retirado do livro Manual do Direito Penal 1 de Julio Fabbrini Mirabete

RESUMO DE PENAL Retirado do livro Manual do Direito Penal 1 de Julio Fabbrini Mirabete.

Ttulo e classificao das infraes penais.

Utiliza-se a expresso infrao penal para abranger o crime e a contraveno segundo a classificao dada pela lei.

Classificao dos crimes.

H vrias classificaes de crimes, ora porque se atenta gravidade do fato, ora forma de execuo, ora o resultado etc.

Crimes instantneos permanentes e instantneos de efeitos permanentes.

Crime instantneo aquele que, uma vez consumado, est encerrado, a consumao, no se prolonga. A consumao ocorre em determinado momento e no mais prossegue. Pouco importa o tempo decorrido entre a ao e o resultado. Crime permanente existe quando a consumao se prolonga no tempo, dependente da ao do sujeito ativo. Crimes instantneos de efeitos permanentes ocorrem quando, consumada a infrao em dado momento, os efeitos permanecem, independentemente da vontade do sujeito ativo. A principal caracterstica do crime permanente a possibilidade de o agente poder fazer cessar a atividade delituosa, pois a consumao, nele, continua indefinidamente, enquanto no crime instantneo, ainda que de efeitos permanente, a consumao se d em determinado instante, e no pode mais ser cessada pelo agente porque j ocorrida.

Crimes comissivos, omissivos puros e omissivos imprprios.

Crimes comissivos so os que exigem, segundo o tipo penal objetivo, em principio, uma atividade positiva do agente, um fazer. Por ex. na rixa ser o participar. Crimes omissivos (ou omissivos puros) so os que objetivamente so descritos com uma conduta negativa, de no fazer o que a lei determina, consistindo a omisso na transgresso da norma jurdica e no sendo necessrio qualquer resultado naturalstico, para a existncia doc rime basta que o autor se omita quando deve agir, por ex. a omisso de socorro. Fala-se tambm em crimes de conduta mista, em que no tipo penal se inscreve na fase inicial comissiva, de fazer, de movimento e uma final de omisso, de no fazer o devido. Nos crimes omissivos imprprios (ou comissivos por omisso, ou comissivos - omissivos), a lei descreve uma conduta de fazer, mas o agente se nega a cumprir o dever de agir, a que j aludimos, ex. a me que deixa de amamentar um filho.

Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos.

Crime unissubjetivo aquele que pode ser praticado por uma s pessoa, embora nada impea a co-autoria ou participao. Crime plurissubjetivo ( coletivo, de concurso necessrio) aquele que, por sua conceituao tpica, exige dois ou mais agentes para a prtica de conduta criminosa. Fala-se em crimes plurissubjetivos passivos, que demandam mais de um sujeito passivo na infrao, como ocorre na violao de correspondncia, em que so vitimas o remetente e o destinatrio (crime de dupla subjetividade passiva).

Crimes simples, qualificados e privilegiados.

Crime simples o tipo bsico, fundamental, que contm os elementos mnimos e determina seu contedo subjetivo sem qualquer circunstncia que aumente ou diminua sua gravidade. Crime qualificado aquele em que o tipo bsico a lei acrescenta circunstncia que agrava a sua natureza, elevando os limites da pena. No surge a formao de um novo tipo penal, mas apenas uma forma mais grave de ilcito. Crime privilegiado existe quando ao tipo bsico a lei acrescenta circunstncia que o torna menos grave, diminuindo, em conseqncia, suas sanes, por ex. o furto praticado por agente primrio.

Crime progressivo e progresso criminosa.

No crime progressivo um tipo, abstratamente considerado, contem implicitamente outro que deve ser necessariamente ser realizado para se alcanar o resultado. O anterior simples passagem para o posterior e fica absorvido por este. Assim, no homicdio, necessrio que existam em decorrncia da conduta, leso corporal que ocasione a morte. A progresso criminosa h duas ou mais infraes penais, h dois fatos. O agente pretende praticar um crime e, em seguida, resolve praticar outro mais grave.

Crime habitual.

normalmente constitudo de uma reiterao de atos. A lei refere-se expressamente a habitualidade como o curandeirismo.

Crime profissional.

qualquer delito praticado por aquele que exerce uma profisso, utilizando-se dela para a atividade ilcita.

Crime exaurido.

quando, aps a consumao, que ocorre quando estiverem preenchidos no fato concreto o tipo objetivo, o agente o leva a conseqncias mais lesivas. O crime o mesmo, embora as conseqncias dele sejam mais graves e o juiz deva levar essa circunstancia em conta na aplicao da pena.

Crimes de ao nica e de ao mltipla.

O crime de ao nica aquele cujo tipo penal contm apenas uma modalidade de conduta, expressa no verbo que constitui o ncleo da figura tpica, o que ocorre no homicdio com a conduta de matar, no furto com a de subtrair etc. J no crime de ao mltipla o tipo contm vrias modalidades de conduta, em vrios verbos, qualquer deles caracterizando a prtica de crime.

Crimes unissubsistentes e plurissubsistentes.

O crime unissubsistente realiza-se com apenas um ato, ou seja, a conduta uma e indivisvel, como na injuria ou ameaas orais, tais crimes no permitem o fracionamento da conduta, e inadmissvel a tentativa deles. O crime plurissubsistente, ao contrrio, composto de vrios atos, que integram a conduta, ou seja, existem fases que podem ser separadas, fracionando-se o crime. Admitem, portanto, a tentativa, e constituem a maioria dos delitos, como o homicdio, o furto, o roubo etc.

Crimes materiais, formais e de mera conduta.

No crime material todos os crimes provocam leso ou perigo para o bem jurdico. No crime formal no h necessidade de realizao daquilo que pretendido pelo agente, e o resultado jurdico previsto no tipo ocorre ao mesmo tempo em que se desenrola a conduta, so chamados de crime de consumao antecipada. Nos crimes de mera conduta a lei no exige qualquer resultado naturalstico, contendando-se com a ao ou omisso do agente. No sendo relevante o resultado material, h uma ofensa presumida pela lei diante da prtica da conduta, por ex. a violao de domicilio.

Crimes de dano e de perigo.

Os crimes de dano s se consumam com a efetiva leso do bem jurdico visado, por ex. homicdio, leso a vida etc. Nos crimes de perigo, o delito consuma-se com o simples perigo criado para o bem jurdico.

Crimes complexos.

So crimes que encerram dois ou mais tipos em uma nica descrio legal ou os que, em uma figura tpica, abrangem um tipo simples, acrescido de fatos ou circunstncias. Por ex. o roubo, que o crime de furto junto com o crime de ameaa.

Crimes comuns, crimes prprios e crimes de mo prpria.

Os crimes comuns so aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. Os crimes prprios so aqueles que exigem ser o agente portador de uma capacidade especial, como um funcionrio pblico, por exemplo. Os crimes de mo prpria so passveis de serem cometidos por qualquer pessoa, porm ningum os pratica o intermdio de outrem, por ex. o falso testemunho.

Crimes principais e crimes acessrios.

Os crimes principais independem da prtica de delito anterior. Os crimes acessrios, como a denominao indica, sempre pressupem a existncia de uma infrao penal anterior, a ele ligada pelo dispositivo penal que, no tipo, faz referencia aquela, por ex. o crime de receptao.

Crimes vagos.

So aqueles em que o sujeito passivo uma coletividade destituda da personalidade jurdica, como a famlia, amigos, grupo, platia etc, por ex. perturbao de cerimnia funerria.

Crimes comuns e crimes polticos.

Os crimes comuns so os que atingem bens jurdicos do individuo, da famlia, da sociedade e do prprio Estado, estando definidos no Cdigo Penal e em leis especiais. J os crimes polticos lesam ou pem em perigo a prpria segurana interna ou externa do Estado.

Crimes militares.

Se dividem em tempo de paz e tempo de guerra. Tambm os crimes militares podem ser puros e ou prprios e imprprios. Os primeiros so os que somente esto definidos no COM; os crimes militares imprprios so aqueles cuja definio tpica tambm prevista na lei penal comum. Deve existir a qualidade de militar para o agente.

Crimes hediondos.

So crimes que, pela sua natureza ou modo de execuo, se mostram repugnantes, causando clamor pblico e intensa repulsa. So crimes inafianveis e insuscetveis de graa.

Crime doloso.

A vontade o componente subjetivo da conduta. A conscincia e a vontade so elementos do dolo. O dolo inclui no s o objetivo que o agente pretende alcanar, mas tambm os meios empregados e as conseqncias secundrias de sua atuao.

Crime culposo.

O que importa no o fim do agente, mas o modo e a forma imprpria com que atua. quando no se atende a um cuidado necessrio a que estava obrigado na sua ao, dando causa ao resultado lesivo. Trata-se de mero caso fortuito. H uma possibilidade de conhecimento de que o resultado lesivo pode ocorrer.

Crime preterdoloso.

um crime misto, em que h uma conduta que dolosa, por dirigir-se a um fim tpico, e que culposa pela causao de outro resultado que no era objeto do crime fundamental pela inobservncia do cuidado objetivo. Dolo no antecedente e culpa no conseqente.

Crime consumado e de tentativa.

Est consumado o crime quando o tipo est inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se subssume no tipo abstrato descrito na lei penal. Preenchidos todos os elementos do tipo objetivo pelo fato natural, ocorreu consumao. A tentativa a realizao incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei. Na tentativa h pratica de ato de execuo, mas no chega o sujeito consumao por circunstancias independentes de sua vontade.

Crime impossvel.

necessrio que o meio seja inteiramente ineficaz para a obteno do resultado.

Crime putativo.

Crime putativo ou imaginrio aquele em que o agente supe, por erro, que est praticando uma conduta tpica quando o fato no constitui crime. S existe, portanto, na imaginao do agente.

Crime provocado.

Quando o agente induzido prtica de um crime por terceiro, muitas vezes policial, para que se efetue a priso em flagrante.