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A TEOLOGIA DA MISSO INTEGRAL: ANLISE HISTRICA
Mestrando Rafael Rodrigues
1 INTRODUO
A Teologia da Misso Integral (TMI) vem sendo gerada no seio do
evangelicalismo latino-americano, desde a dcada de 1970 at os dias de hoje. Ela
se apresenta como uma alternativa evanglica, em meio a tantos desvios e
deturpaes da f, presentes na realidade atual da Igreja de Jesus Cristo. Vale
ressaltar que neste trabalho compreende-se evangelicalismo latino-americano, como
uma ala do movimento evanglico mundial, que consciente de suas razes
histricas, porm, com um rosto e caractersticas prprias do contexto latino-
americano.
Esta pesquisa se prope, atravs de uma reviso bibliogrfica, demonstrar o
desenvolvimento histrico da TMI, desde o Primeiro Congresso Latino-Americano de
Evangelizao, e discutir a sua vigncia teolgica para o sculo 21, com a pretenso
de fornecer subsdios para futuras reflexes sobre a relevncia do evangelicalismo,
em meio pluralidade teolgica da Amrica Latina.
Para tanto, na primeira parte ser abordado o Primeiro Congresso Latino-
Americano (CLADE I), aonde se iniciou as discusses para a fundao da
Fraternidade Teolgica Latino-Americana (FTL). Depois ser apresentado em
maiores detalhes o surgimento da FTL, e sua importncia para reflexo teolgica. O
Pacto de Lausanne, documento referencial para o evangelicalismo histrico; e o
Segundo Congresso de Evangelizao, tambm sero discutidos nesta parte.
Posteriormente, do Terceiro Congresso Latino-Americano de Evangelizao(CLADE III), devido a sua importncia para a formulao da TMI, sero tematizadas
quatro palestras, para exemplificar o fazer teolgico, em uma perspectiva
evanglica, a partir da Amrica Latina.
Finalmente, na ltima parte, a pesquisa demonstrar a vigncia teolgica da
TMI no sculo 21, dissertando sobre o Quarto Congresso Latino-Americano de
Evangelizao (CLADE IV), o Segundo Congresso Brasileiro de Evangelizao
(CBE2), e os princpios metodolgicos da TMI, tendo como base as reflexes dateloga brasileira Regina Sanches.
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2. OS PRIMEIROS ESFOROS PARA UMA TEOLOGIA EVANGLICA
AUTCTONE
As articulaes em solo latino-americano para a elaborao de uma teologia
evanglica autctone, e comprometida com a Misso Integral da igreja, foram
iniciadas nas discusses dos Congressos Latino Americano de Evangelizao
(CLADE).
De acordo com Samuel Escobar, entre os evanglicos, o incio de uma
teologia nacional est ligado a um congresso de evangelizao que foi o bero da
Fraternidade Teolgica Latino-Americana.1
2.1 O Primeiro Congresso Latino-Americano de Evangelizao
O Primeiro Congresso de Evangelizao Latino-Americano (CLADE I),
realizado em novembro de 1969 em Bogot, foi patrocinado, convocado e liderado
pela Associao Evangelstica Billy Graham (AEBG), com objetivo de ser uma
representao continental do Congresso Mundial de Evangelizao, realizado em
Berlim em 1966, tambm com a organizao da AEBG.2
Segundo Longuini, uma das resolues do Congresso Mundial de
Evangelizao era a implementao de congressos continentais na frica, sia e
Amrica Latina, e, portanto, considera o CLADE I, como filho deste evento.3
Mesmo tendo a participao de representantes do fundamentalismo
evanglico norte-americano, atuantes no movimento de crescimento de igrejas, o
CLADE I contou com a presena de diversos telogos latino-americanos que
procuravam alinhar as temticas de evangelizao e os problemas sociais daAmrica Latina.4
Na perspectiva de Carlos Caldas, o CLADE I no obteve sucesso no plano de
lanar uma estratgia evangelstica para todo o continente, uma vez que:
A literatura sobre o evento em portugus escassa, resumindo-se a umpequeno fascculo que contm a palestra ministrada por Samuel Escobar e
1 ESCOBAR, Samuel. Desafios da Igreja na Amrica Latina. Viosa: Ultimato, 1997, p.22.2 SANCHES, Regina Fernandes. Teologia da Misso Integral. So Paulo: Editora Reflexo, 2009,p.96.3 LONGUINI, Luis. O Novo Rosto da Misso. Viosa: Ultimato, 2002, p.154.4 SANCHES, 2009, p. 97.
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uma pequena descrio do congresso por C. Peter Wagner, ambas de1970.5
Pode-se considerar outro fator de entrave para o CLADE I a polmica
causada pela distribuio de uma publicao do missionrio norte-americano C.
Peter Wagner, na qual o autor critica os esforos de uma formulao teolgica
tipicamente latino-americana, acusando telogos como Jose Miguez Bonino, Justo
L. Gonzales, Rubem Alves, entre outros, de esquerdismo e radicalismo e
caracterizando a proposta missiolgica destes telogos como anti-evanglica.6
Um grupo de telogos latino-americanos, encabeados por Ren Padilla,
reagiu negativamente ao livro de Peter Wagner, enxergando mais uma tentativa de
imposio do pensamento fundamentalista norte-americano. 7
Porm, foi no CLADE I, que Ren Padilla, Samuel Escobar, Orlando Costas,
entre outros, articularam a criao de uma fraternidade de telogos8, que servisse
como uma plataforma de discusso e reflexo teolgica a partir da Amrica Latina,
livre de qualquer dominao estrangeira, tendo a contextualizao como premissa
bsica no fazer teolgico.
O documento final do CLADE I, denominado de Declarao Evanglica de
Bogot, assinado pelos seus novecentos participantes, considerado um marcohistrico para o pensamento teolgico de misso dentro do evangelicalismo na
Amrica Latina. Seguem-se alguns pontos importantes deste documento:
Os aqui reunidos, crentes em Cristo, membros das diferentes comunidadesdenominacionais que trabalham em nosso continente entre o povo latino-americano, congregamo-nos neste Primeiro Congresso Latino-Americanode Evangelizao no nome do Deus Pai, Deus Filho, Deus Esprito Santo[...] Como conseqncia esta declarao que apresentamos ao povoevanglico latino-americano expresso de um consenso no qual existeacordo no fundamental; porm existe tambm lugar para a diversidade queprovm da multiforme graa de Deus ao dar seus dons ao seu povo [...]Assim declaramos: a presena evanglica na Amrica Latina fruto daao de Deus por meio de um imenso caudal de amor cristo, visomissionria, esprito de sacrifcio , trabalho e esforo, tempo e dinheiroinvestido aqui pelas misses estrangeiras [...] ao mesmo tempo, aoobservar at o futuro, estamos conscientes das novas responsabilidades,novas tarefas e novas estruturas que so um verdadeiro desafio aos crenteslatino-americanos [...] A evangelizao no algo optativo: a essnciamesma do ser da igreja, sua tarefa suprema. A dinmica da tarefa
5 CALDAS, Carlos. Orlando Costas: Sua contribuio na histria da teologia latino-americana. So
Paulo: Editora Vida, 2007, p.43.6 LONGUINI, 2002, p.158-159.7 LONGUINI, 2002, p.159.8 LONGUINI, 2002, p.164
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2.2 A Fraternidade Teolgica Latino-Americana
A Fraternidade Teolgica Latino-Americana (FTL) foi fundada em dezembro
de 1970, na cidade de Cochabamba, Bolvia. Estava presente um grupo de vinte e
cinco evanglicos, dentre eles, C. Ren Padilha (Equador), Samuel Escobar (Peru),
Emlio Antonio Nunez (Guatemala) e Robinson Cavalcanti (Brasil); alm de
missionrios estrangeiros, em atividade na Amrica Latina, como C. Peter Wagner
(norte-americano) e Andrew Kirk (ingls).12
Segundo Longuini, a reunio, sob a coordenao de Pedro Savage, tinha o
objetivo de buscar um consenso entre os evanglicos, lanando bases para um
futuro esforo comuns, com a representatividade de nove denominaes, e tinhacomo tema central A Palavra de Deus.13
Para Regina Sanches, o perfil caracterstico dos telogos latino-americanos
participantes da fundao da FTL era de pessoas envolvidas:
Com as igrejas latino-americanas e com os movimentos evanglicos dejuventude como a CIEE- Comunidade Internacional de EstudantesEvanglicos, bem como com a educao teolgica e organizaesmissionrias.14
Vale ressaltar a controvrsia gerada na fundao da FTL devido ao fato de
no terem sido convidados os evangelicais de Porto Rico, inclusive Orlando Costas.
Regina Sanches justifica que:
Nesta mesma poca, as instituies evanglicas de Porto Rico nas quaisCostas atuava, passavam por um momento de nacionalizao, dandoorigem a instituies autctones. Isto parece ter gerado um mal estar comas foras do movimento de misso externas a Amrica Latina.15
Quanto s foras externas, leia-se o grupo encabeado por Peter Wagner,
que tinha como aliado Pedro Savage. Ren Padilla e Samuel Escobar protestaram a
ausncia do grupo de Porto Rico, e insistiram na abertura para a participao do
12 CALDAS, 2007, p.44.13 LONGUINI, 2002, p.69.14 SANCHES, 2009, p.98.15 SANCHES, 2009, p.98
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mesmo. E de fato na consulta seguinte, realizada em 1972, em Lima (Peru),
Orlando Costas j estava presente.16
Nos artigos dois e trs, dos Estatutos da FTL, esto contidos,
respectivamente, os objetivos e preocupaes desta organizao:
Promover a reflexo acerca do Evangelho e o seu significado para o homeme sociedade na Amrica Latina [...] Constituir-se em plataforma de dilogoentre pensadores que confessem a Jesus Cristo como Senhor e Deus, eque estejam dispostos a refletir luz da Bblia, a fim de construir uma ponteentre evangelho e a cultura latino-americana. Contribuir para a vida emisso da igreja de Cristo na Amrica Latina, sem pretender falar em nomeda igreja, nem assumir a posio de porta-voz teolgico do povo evanglicono continente latino americano. As preocupaes da FTL estorelacionadas com problemas que se inserem dentro das seguintes reas da
vida crist na Amrica Latina: Teologia Bblica Ou seja, a reflexoconstante sobre a palavra de Deus, tal como ela se encontra ao homemlatino-americano de hoje com suas peculiaridades culturais [...] tica Ouseja, a aplicao de verdades bblicas a um estilo de vida que expresse afidelidade a Cristo, dentro das exigncias especficas da vida pessoal esocial na Amrica Latina. Estrutura e histria da igreja Ou seja, a revisoconstante, luz da Palavra de Deus, e do processo histrico, das prticas edas instituies e movimentos surgidos ao calor do impulso missionrio doEsprito Santo dentro das estruturas da vida na Amrica Latina. Apologtica Ou seja, a interao dinmica surgida das interrogaes que as ideologiasvigentes na Amrica Latina apresentam ao pensamento evanglico [...]Educao Teolgica Ou seja, o estudo da problemtica que segue transmisso da mensagem do evangelho, e a formao acadmica para a
dita transmisso e para a reflexo contnua a partir da situao latino-americana. Ministrio Pastoral Ou seja, a compreenso da pessoahumana em sua conduta individual e social e a forma com que a mensagemdo evangelho ilumina suas crises e a ajuda em suas fraquezas, tanto docontexto da comunidade crist, como na sociedade global.17
Contudo, encontra-se nos Estatutos da FTL a preocupao com a
contextualizao da mensagem do Evangelho, de acordo com as especificidades da
Amrica Latina.
Segundo Caldas, a FTL serviu no s para renovar o ambiente de reflexoteolgica em crculos evangelicais latino-americanos, como tambm foi til a Costas
e seus colegas na busca de uma missiologia evanglica contextual e integral.18
Para Jos M. Bonino, a FTL representa um movimento de renovao
evanglica, influenciada por grupos evanglicos dos Estados Unidos e da ala
evanglica do anglicanismo britnico, porm com o seu rosto prprio, e destaca
alguns traos que considera mais significativo:
16 CALDAS, 2007, p.45.17 ESTATUTOS DA FTL. Boletim Teolgico, So Leopoldo, ano 1,n.1, p. 9-11, out./dez. 1983.18 CALDAS, 2007, p.46.
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Resgata-se e recupera-se uma tradio evanglica, particularmente ligadaao movimento anabatista dos sculos 16 e 17 e ao despertar evanglico dosc. 18 na Inglaterra e nos Estados Unidos tanto na tradio reformadaquanto wesleyana, mas tambm s origens do nosso prprio protestantismona Amrica Latina. O movimento comea com uma afirmao de
centralidade das Escrituras, na dupla face crtica ao literalismo torpe e interpretao arbitrria do fundamentalismo e de um liberalismo que pareciareduzir a Bblia a uma coleo de documentos do passado [...] A afirmaoda FTL comea com uma crtica de aculturao do protestantismoevanglico latino-americano s pautas culturais dos pases missionrios [...]No poderia tardar muito a considerao dos elementos estruturais polticos, econmicos e sociais da realidade latino-americana.19
2.3 O Pacto de Lausanne
Em 1974, um importante evento para o movimento evanglico mundial,aconteceu na cidade de Lausanne Sua, organizado pela AEBG. Constituiu-se de
um congresso de carter interdenominacional, com a participao de 2.700 pessoas
de vrias partes do mundo, e John Stott ressaltou que 50% dos participantes e
oradores eram do terceiro mundo.20
A representao mais importante da Amrica Latina em Lausanne ficou a
cargo de Samuel Escobar e Ren Padilla, que proferiram palestras sobre A
Evangelizao e a Busca de Liberdade, de Justia e de Realizao pelo Homem, e
A evangelizao e o Mundo, respectivamente.21
Ao final do congresso, foi formulado o documento denominado Pacto de
Lausanne. Regina Sanches comentou sobre a importncia do mesmo para a
Amrica Latina:
O Pacto resultante das discusses de Lausanne elaborou ainda que deforma tmida a questo do compromisso scio-poltico e cultural da igreja.Mesmo assim, ele representou uma abertura do evangelicalismo para o
tratamento destas questes [...] tornou-se um referencial para oevangelicalismo histrico e mundial, e a presena do Terceiro Mundo noevento foi significativa para esta concluso. Certamente, o Terceiro Mundofez ouvir a sua voz entre os participantes em geral.22
O Pacto de Lausanne foi tomado como um documento de referncia para as
reflexes dos CLADES posteriores. Dentre os quinze artigos do Pacto, os artigos
quatro e cinco, que trataram sobre evangelizao e responsabilidade social,
19 BONINO, Jose Miguez. Rostos do protestantismo latino-americano.So Leopoldo: Sinodal, Escola
Superior de Teologia, 2003, p. 49-50.20 SANCHES, 2009, p.99.21 SANCHES, 2009, p.99-100.22 SANCHES, 2009, p.100.
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serviram de base para a compreenso da integralidade da misso da Igreja: todo o
Evangelho, em todo o mundo, para o ser humano todo. Percebe-se ento um marco
histrico para a formao da identidade do evangelicalismo latino-americano, uma
vez que, a temtica da Misso Integral permeou todas as produes da FTL.23
Segue abaixo, na ntegra, os artigos quatro e cinco do pacto:
4. Natureza da Evangelizao: Evangelizar difundir as boas novas deque Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo asEscrituras, e de que, como Senhor e Rei, ele agora oferece o perdo dospecados e dom libertador do Esprito a todos os que se arrependem ecrem. A nossa presena cristo no mundo indispensvel evangelizao, e o mesmo se d com aquele tipo de dilogo cujo opropsito ouvir com sensibilidade , a fim de compreender. Mas a
evangelizao propriamente dita a proclamao do Cristo Bblico ehistrico como salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas avir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos oconvite do evangelho, no temos o direito de esconder o custo dodiscipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo a negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com sua novacomunidade. Os resultados da evangelizao incluem a obedincia a Cristo,o ingresso em sua igreja e um servio responsvel no mundo.5. A Responsabilidade Social Crist: Afirmamos que Deus Criador eJuiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pelajustia e pela conciliao em toda a sociedade humana, e pela libertaodos homens de todo o tipo de opresso. Porque a humanidade foi feita imagem de Deus, toda a pessoa, sem distino de raa, religio, cor,
cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrnseca emrazo da qual deve ser respeitada e servida, e no explorada. Aqui tambmnos arrependemos de nossa negligncia e de termos algumas vezesconsiderado a evangelizao e a atividade social mutuamente exclusivas.Embora reconciliao com o homem no seja reconciliao com Deus, nemao social evangelizao, nem libertao poltica salvao, afirmamos quea evangelizao e o envolvimento scio-poltico so ambos parte do devercristo. Pois ambos so necessrias expresses de nossas doutrinasacerca de Deus e do homem, e do nosso amor por nosso prximo emobedincia a Jesus Cristo. A mensagem da salvao implica tambm namensagem do juzo sobre toda a forma de alienao, de opresso e dediscriminao, e no devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiaonde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de
novo em seu reino e devem procurar no s evidenciar, mas tambmdivulgar a retido do reino em meio a um mundo injusto. A salvao quealegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossasresponsabilidades pessoais e scias. A f sem obras morta.24
De acordo com Jlio Zabatiero, o comprometimento com a integralidade da
misso, expostos no Pacto de Lausanne, uma sada vivel para igreja diante de
fundamentalismos contemporneos, uma forma de viver autenticamente a
23 ZABATIERO, Jlio P. Tavares. Os desafios do Pacto de Lausanne para a igreja de hoje. In:BARRO, Antonio Carlos; KOHL, Manfred W. (Orgs.) Misso Integral Transformadora. Londrina:Descoberta, 2005, p.21-22.24 ZABATIERO, 2005, p.22-23.
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identidade evanglica, tanto em termos de crenas quanto em termos de
compromisso e ao missionria.25
Em 1989, foi convocado na cidade Manila (Filipinas), o Lausanne II, porm
no obteve o mesmo impacto para o evangelicalismo latino-americano em
comparao com o de 1974, devido ao fato de que no contou com a presena de
telogos latino-americanos, uma vez que, a nfase era a evangelizao no modelo
tradicional do fundamentalismo norte-americano.26
2.4 O Segundo Congresso Latino-Americano de Evangelizao
O Segundo Congresso Latino-Americano de Evangelizao foi realizado em1979 (CLADE II), na cidade de Lima (Peru), sob a organizao da FTL, com o
objetivo de discutir o impacto do Pacto de Lausanne na Amrica Latina, e
demonstrando certa autonomia do movimento evanglico no continente.27
O tema do CLADE II era Para que a Amrica Latina oua a voz de Deus, o
que demonstrava consonncia com o Pacto de Lausanne, que teve como tema
Para que o mundo oua a voz de Deus. As discusses foram caracterizadas com o
denominado esprito de Lausanne, uma vez que privilegiou-se a anlise darealidade latino-americana e a evangelizao sob os aspectos poltico,
socioeconmico, religioso, moral, cultural e espiritual.28
O CLADE teve a participao de duzentas e vinte pessoas, e apresentados
relatrios com enfoques multidisciplinares dos pases: Brasil, Argentina, Bolvia,
Paraguai, Uruguai, Venezuela, Peru, Equador, Panam, Colmbia, Mxico, Estados
Unidos, e regio do Caribe. As principais palestras foram: Pecado e Salvao na
Amrica Latina, Cristo e Anticristo na proclamao, O desafio da evangelizaona dcada de 1980 e Esperana e desesperana na crise continental.29
Apesar de no ter produzido um grande documento final, o CLADE II elaborou
uma pequena carta, mas de contedo rico, que registrava em suma, os trabalhos
desenvolvidos durante o congresso.30
25 ZABATIERO, 2005, p.23.26 SANCHES, 2009, p.101.27 SANCHES, 2009, p.100.28 LONGUINI, 2002, p.187.29 LONGUINI, 2002, p.185.30 LONGUINI, 2002, p.186.
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Longuini afirma que o CLADE II foi um importante passo para uma nova
postural pastoral e missiolgica no evangelicalismo latino-americano e acrescenta
que:
Sob a influncia de Lausanne, CLADE II fez um balano da situao docontinente e dos setores conservadores do protestantismo e, com coragem,traou novos planos, estabeleceu novas metas e, sobretudo, reconheceu oatraso, o descompasso, a omisso e falta de compromisso desses setoresevanglicos com o sofrido povo latino-americano.31
O telogo Orlando Costas, que na poca pertencia Misso Latino-Americana
(MLA), e era diretor do Seminrio Bblico Latino-Americano (SBL), foi consideradoum dos principais articuladores para uma Teologia da Misso Integral neste perodo,
devido a sua nfase na temtica da evangelizao contextual dando os passos
iniciais para a construo de uma forma de missiologia que fosse
caracteristicamente latino-americana, diferenciada, dialgica e integradora.32
31 LONGUINI, 2002, p.191.32 SANCHES, 2009, p.101.
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3. O TERCEIRO CONGRESSO LATINO AMERICANO DE EVANGELIZAO
O Terceiro Congresso Latino-Americano de Evangelizao (CLADE III),
realizado na cidade Quito, Equador, de 24 de Agosto a 4 de setembro de 1992, foi
considerado por Samuel Escobar com uma das reunies protestantes mais
importantes do sculo 20, devido a apresentao de diversos projetos de misso
integral, elaborados por latino-americanos, marcados pela criatividade e
compromisso com o servio ao prximo.33
O CLADE III teve a participao de 1.080 pessoas sendo 30% de mulheres,
35% de pastores, 35% de leigos, 5% de lderes eclesisticos, 5% de acadmicos, e
5% de observadores e jornalistas; com a representatividade de 26 pases daAmrica Latina.34
O tema do congresso foi divido em trs partes: Todo o Evangelho, que
discutia a natureza e essncia do evangelho; Para todos os povos, que tratava
entre outros assuntos, sobre a universalidade da misso, a nova conscincia
missionria na Amrica Latina, misso integral; e A partir da Amrica Latina,
abordando temas como evangelho e poltica e evangelho e justia. As
conferncias e seminrios giraram em torno destes temas, proferidas por cerca decem oradores, e ao final do congresso foi produzido como documento final a
Declarao de Quito.35
Para Jose M. Bonino, esse evento ultrapassou os limites da FTL, tornando-se
um genuno congresso protestante latino-americano e tambm um evento
ecumnico, devido a sua amplitude de representao [...] riqueza dos materiais, e
pela liberdade da discusso. 36
A seguir, sero apresentadas algumas conferncias do CLADE III, com opropsito de exemplificar e orientar futuras formulaes, que possam nortear uma
prxis transformadora, coerente com o pensamento teolgico evanglico latino-
americano.
33 ESCOBAR, 1997, p.18.34 LONGUINI, 2002, p.202.35 LONGUINI, 2002, p.202.36 BONINO, 2003, p. 50-51.
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3.1 Todo o Evangelho para todos os povos desde a Amrica Latina
Na mensagem de abertura do CLADE III, Ren Padilla trata sobre tema do
congresso, argumentando o propsito de pensar o que significa ser discpulo de
Jesus Cristo na Amrica Latina. 37
Ren Padilla d o tom do congresso falando sobre a tarefa de reflexo
teolgica, que permear todas as discusses, e descreve quatro tipos de tarefas que
podem ser tomadas como base para o fazer teolgico na Amrica Latina. A primeira
tarefa apresentada a comunitria, ou seja, a proposta do evento era promover uma
hermenutica comunitria, atravs da troca de experincias e intercmbio de idias
dos diversos participantes.38A segunda tarefa espiritual. A reflexo teolgica no deve estar submetida
apenas ao raciocnio intelectual, todavia, deve ser guiada pela direo do Esprito
Santo, sobretudo, por meio da orao.39
A tarefa contextual refere-se a encarnar a mensagem do Evangelho de Jesus
Cristo, baseado na revelao de Deus nas Escrituras Sagradas, na realidade latino-
americana. Ele prope uma interpretao contextual da Bblia em dilogo com as
outras cincias, para auxiliar na leitura da realidade poltica, cultural esocioeconmica do continente.40
A outra tarefa a missiolgica, que consiste em encarar o centro da misso
como a proclamao de Jesus Cristo como o Senhor, no com objetivo principal de
crescimento numrico, mas sim em cumprir a vontade de Deus, cuja a soberania se
estende a toda a criao. Tambm necessrio refletir sobre a relao entre
evangelizao, misso integral, a misso do Reino de Deus e a sua justia.41
Padilla tambm expe sobre os trs enfoques do congresso: todo evangelhode Jesus Cristo, todos os povos, e o contexto latino-americano; e define cada um
destes enfoques:
Falar de todo o evangelhoou do evangelho completo falar do Evangelhocomo boas novas de Jesus Cristo para a vida pessoal e social, para aesfera do espiritual e do material, para o tempo presente e para a
37PADILLA, C. Ren. Todo o Evangelho para todos os povos desde a Amrica Latina.In:STEUERNAGEL, Valdir. No princpio era o verbo: todo evangelho. Curitiba: Encontro, 1994, p.17.38 PADIILA, 1994, p.18.39 PADILLA, 1994, p.18.40 PADILLA, 1994, p.18.41 PADILLA, 1994, p.18.
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eternidade. Todo Evangelho o Evangelho que mantm a unidade entre fe as obras, entre o amor e a justia, entre a reconciliao com Deus e areconciliao com o prximo, entre a teologia e a tica [...] O Evangelho quenos foi dado no s para ns: para todos os povos da terra. Talafirmao certamente pressupe a universalidade do Evangelho [...] Mas o
nico evangelho que reconhece a Bblia o Evangelho que proclamaAquele sob cujo o domnio Deus se props fazer convergir todas as coisas,tanto as do cu, quanto as da terra (Ef. 1.10) e criar uma nova humanidadecom gente de toda atribo, lngua, povo e nao (AP. 5.9.) [...] Tanto nossacompreenso como nossa proclamao do evangelho refletem nossocontexto histrico, estejamos ou no conscientes disso. Como a Palavra,que como no princpio estava com Deus e era Deus e se fez carne, assimtambm o evangelho se encarna no povo de Deus em uma ampla gama desituaes. Inevitavelmente, portanto, ns, como latino-americanos,entendemos, interpretamos e proclamamos o Evangelho desde a AmricaLatina.42
Padilla conclui descrevendo a pertinncia das reflexes do CLADE III, uma
vez que, no ano de 1992 completavam-se 500 anos do lanamento das bases
socioculturais e tnicas do continente, e a necessidade de uma avaliao crtica do
crescimento numrico das igrejas, verificando se as motivaes so baseadas no
poder ou no amor.43
3.2 Evangelho Cultura e Misso
Nesta palestra, o telogo Tito Paredes, do Peru, reflete sobre a relao entre
evangelho, cultura e misso da igreja a partir do contexto latino-americano.
Primeiramente, o autor toma como base o esquema de Ren Padilla para
definir o que o evangelho e misso, sumarizando que a misso integral da igreja
significa proclamar todo o Evangelho, incluindo suas implicaes espirituais, fsicas
e scio-polticas.44
Paredes tambm apresenta o conceito antropolgico de cultura no seusentido tradicional, como a formao acadmica e profissional de uma pessoa, e no
sentido mais amplo, como as formas e os estilos de vida caractersticos dos
diferentes povos. 45
Para articular a cultura na perspectiva bblica, o autor recorre aos relatos da
criao no livro de Gnesis, e faz a correlao dos fatos do ser humano ter sido
42 PADILLA, 1994, p.20.43 PADILLA, 1994, p.21-22.44 PAREDES, Tito. Evangelho, Cultura e Misso. In:STEUERNAGEL, Valdir. No princpio era o verbo:todo evangelho. Curitiba: Encontro, 1994, p.95.45 PAREDES, 1994, p.96.
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criado a imagem e semelhana de Deus, com o propsito de vivenciar o amor de
Deus em todas as suas relaes, e ser mordomo da criao, tornando-o capaz de
criar e modificar a sua cultura. Tambm destaca a vocao humana para participar
da sua realidade fsica, material e espiritual.46
Tito Paredes afirma que ao se inserir na cultura, o Evangelho tem um poder
restaurador sobre a mesmo, podendo se servir dos aspectos positivos para
aumentar o seu grau de influncia, e transformando os aspectos negativos para algo
bom.47
Ao final do seu artigo, Tito Paredes pontua alguns desafios socioculturais para
a misso:
Devemos considerar com seriedade o fato de que a Amrica Latina umcontinente heterogneo, pluricultural e plurilinguista, e que os diferentesgrupos humanos vivem lado a lado, inter-relacionando-se e influenciando-semutuamente, e no como entes isolados e autnomos. [...] importantereconhecer que existem, em todas as culturas de nosso continente latino-americano, valores, costumes e fatos sociais que no contradizem aPalavra de Deus e que podem ser afirmados e resgatados para a glria deDeus. [...] Ao se completarem quinhentos anos da presena hispnica emnosso continente, devemos refletir seriamente sobre as inter-relaes indo-mestias neste perodo. Temos de reconhecer que houve um processo deviolncia, especialmente frente aos povos e as culturas indgenas [...] o
arrependimento e reconciliao entre os membros destas duas grandestradies deve ser um projeto no qual a igreja de Cristo participe.48
O autor tambm trata sobre o preconceito contra os grupos autctones,
sobretudo os indgenas, mas defende que existem mostras de esperana e otimismo
no tratamento com estes grupos, devido a um agir de Deus na histria, que capaz
de mudar os processos socioculturais nos coraes humanos.
3.3. Evangelho e Poltica na Amrica Latina
Nesta conferncia, o telogo brasileiro Robinson Cavalcanti, destaca a
mudana de comportamento da comunidade protestante com relao ao poder
46 PAREDES, 1994, p.98-100.47PAREDES, 1994, p.102.
48 PAREDES, 1994, p.103.
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poltico na Amrica Latina, com um aumento na participao em todas as esferas, e
detrimento de atitudes anteriores como o medo e o preconceito.49
Para Cavalcanti, os protestantes comearam a assumir o seu papel de sal e
luz do mundo, deixando para trs uma viso alienada e sem comprometimento
com a realidade histrica, o que ele chama de avivamento poltico. Porm, pondera
que na dcada seguinte, uma vez que estava superada a questo da participao,
seria necessrio discutir o como, o porqu, e o para que os evanglicos devessem
se engajar na poltica.50
Cavalcanti afirma a necessidade de um discipulado poltico, com a finalidade
de melhorar o desempenho dos evanglicos, e alerta para algumas lacunas que
podem afetar este desempenho: a) a lacuna do conhecimento histrico, que serefere a um desconhecimento da histria eclesial, social, poltica e econmica da
Amrica Latina, com seus erros e acertos; b) lacuna do conhecimento bblico-
teolgico, com conceitos doutrinrios importantes condicionados por opes
polticas, preterindo os ensinamentos sociais das Escrituras Sagradas; c) lacuna do
conhecimento tico, atravs de uma tica caracterizada pelo reducionismo,
individualismo, moralismo, e um legalismo negativista. 51
Para que o Evangelho se faa poltico, Cavalcanti aborda sobre osconhecimentos necessrios para um sujeito poltico cristo. Primeiramente, o
conhecimento do espao de atuao, para uma melhor apropriao da realidade
latino-americana, para fins de contextualizao. necessrio o conhecimento dos
condicionamentos e interesses pessoais que permeiam as atitudes e
posicionamentos de uma pessoa. Outro conhecimento o das Cincias Humanas,
sobretudo, as Cincias Sociais que promoveriam qualidade, maturidade e relevncia
do protestantismo latino-americano. O conhecimento das ideologiascontemporneas fundamental para o sujeito poltico cristo, devido ao fato de que
sempre por trs de uma ao poltica, h uma ideologia. Esses conhecimentos
possibilitariam aos polticos cristos melhores condies para superar as lacunas
histricas, bblico-teolgicas e ticas.52
49 CAVALCANTI, Robinson. Evangelho e a Poltica na Amrica Latina. In:STEUERNAGEL, Valdir. Noprincpio era o verbo: todo evangelho. Curitiba: Encontro, 1994, p.179.50 CAVALCANTI, 1994, p.180.51 CAVALCANTI, 1994, p.180-181.52 CAVALCANTI, 1994, p.181-182.
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Cavalcanti ainda prope trs reas que considera prioritrias para a ao
poltica dos cristos latino-americanos:
1. A busca de uma nova ordem internacional capaz de garantir efetivamenteo direito igualdade entre os pases e a sua autodeterminao e integraono subalterna. [...] 2. A busca de um desenvolvimento que respeite anatureza, e que se d em harmonia com o ecossistema. Carecemos de umaEcoteologia que nos leve a pensar na exausto de recursos naturais e nodesperdcio, na fome e na superproduo de alimentos, na corridaarmamentista, agora cada vez mais absurda, e nas carncias bsicas demilhes de seres humanos [...] 3. A busca da consolidao da democraciapoltica, econmica e social. A diviso de poderes, a representao e afiscalizao popular ideal ainda to distante na Amrica Latina permitemum controle mtuo entre os pecadores, evitando os seus excessos. [...] Abusca da reconstruo de utopias [...] Nas atuais circunstancias, aencarnao poltica do evangelho requer, decididamente, uma reelaboraodas teorias e utopias sociais luz dos valores do Reino e do interesse dosnossos povos, que explicitem propostas e causas pelas quais valha a penaviver e morrer.53
3.3 Evangelizao e Famlia na Amrica Latina: uma aproximao scio-pastoral
O equatoriano Jorge E. Maldonado introduz a temtica da evangelizao e
famlia na Amrica Latina, apresentando dados que apontam o crescimento deevanglicos no continente. Sendo assim, ele defende a pertinncia da temtica, uma
vez que, cada indivduo evanglico pertence a um grupo familiar, fazendo-se
necessrio um entendimento scio-pastoral, para a elaborao de uma pastoral
eficaz e contextualizada.
Ao fazer uma anlise da realidade latino-americana, Maldonado aponta para
fatores como dependncia econmica externa, corrupo poltica, falta de
credibilidade dos partidos polticos, incapacidade dos sindicatos de representar os
reais interesses das classes trabalhadoras, desnutrio, desemprego, doenas, falta
de acesso a educao, entre outros; caracterizando o contexto no qual se d o
crescimento dos evanglicos.54
Para colaborar com a sua anlise da realidade social, Maldonado aborda o
que ele considera serem peculiaridades do evangelicalismo latino-americano:
movimento de maioria leiga, propagado com recursos prprios; apelo para a uma
53 CAVALCANTI, 1994, p.183-184.54 MALDONADO, Jorge M. Evangelizao e Famlia na Amrica Latina: uma aproximao scio-pastoral. In: STEUERNAGEL, Valdir. E o Verbo se fez Carne: desde a Amrica Latina. Curitiba:Encontro, 1995, p.118-119.
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experincia pessoal de salvao, encarando a f como uma opo pessoal e no
mais familiar ou comunitria; estmulo e treinamento de novos crentes para a
evangelizao, que podem ocorrer nos cultos familiares, e em reunies nas
casas; o anncio de mudana, transformao e poder, que possibilita
alteraes nas estruturas familiares; a insero de crentes em comunidades
dinmicas; a educao informal e popular; promoo de mobilidade social
ascendente e integrao na vida pblica; e conclui com o fato do evangelicalismo
representar uma das poucas vozes articuladas na Amrica Latina, no que diz
respeito vida familiar.55
De acordo com os dados expostos anteriormente, Maldonado prope aes
que possam contribuir no trabalho pastoral com a famlia, como forma de respostasdo evangelicalismo aos desafios de sua poca:
Em primeiro lugar, urge afirmar com mais vigor a validade da perspectivapastoral e teolgica no trabalho com a famlia. [...] A igreja evanglica naAmrica Latina precisa afirmar a sua vocao educadora e proftica emrelao famlia. [...] Em segundo lugar, a famlia deve ser proclamada eassumida como a grande prioridade pastoral. [...] Em terceiro lugar, pararesponder adequadamente a este desafio preciso haver preparao. Jque existe uma constante e dinmica relao entre a realidade social e a
ao pastoral, a igreja evanglica precisa informar-se tanto das condiesobjetivasexternas que incidem sobre a vida familiar, como das condiessubjetivas-internas. [...] Em quarto lugar, preciso levar em conta aevoluo da famlia. Testemunhamos uma proliferao de formas de serfamlia. [...] E, por ltimo, a igreja evanglica latino americana precisadiscernir e estabelecer agora quais sero os desafios das famlias e dasnovas geraes de evanglicos.56
Maldonado concluiu afirmando que a tarefa de ministrar as famlias tem um
carter de urgncia para as igrejas evanglicas latino-americanas, que desejam ter
um papel relevante na sua poca. 57
55 MALDONADO, 1995, p.120-125.56 MALDONADO, 1995, p.127-128.57 MALDONADO, 1995, p.128.
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4. A VIGNCIA TEOLGICA DA MISSO INTEGRAL NO SCULO 21
O termo Misso Integral foi gerado principalmente nos crculos da
Fraternidade Teolgica Latino-Americana na dcada de 1970, com o intuito de
estabelecer um novo paradigma missiolgico, no mais enxergando a misso da
igreja apenas no sentido de evangelizao transcultural, entretanto, ampliando este
conceito para uma viso em que cada necessidade humana uma oportunidade de
ao missionria. 58
Ren Padilla assim define uma igreja comprometida com a Misso Integral:
Quando a igreja se compromete com a misso integral e se prope acomunicar o evangelho mediante tudo o que , faz e diz, ela entende o queo seu propsito no chegar a ser grande numericamente, ou ricamaterialmente, ou poderosa politicamente. Seu propsito encarnar osvalores do Reino de Deus e testificar do amor e da justia revelados emJesus Cristo, no poder do Esprito, em funo da transformao da vidahumana em todas as suas dimenses, tanto em mbito pessoal como emmbito comunitrio.59
No sculo 20, desde o CLADE I, passando pela fundao da FTL, Pacto de
Lausanne, CLADES II e III, a Misso Integral gerou riqussimas produes
teolgicas, atravs de publicaes das discusses destes eventos, boletins
teolgicos da FTL Continental e da FTL Setor Brasil; entre outras obras de autores
latino-americanos como Orlando Costas, Samuel Escobar, Ren Padilla e Valdir
Steuernagel.
Porm, percebe-se que no sculo 21, a Misso Integral ainda mostra a sua
vigncia e relevncia no cenrio do evangelicalismo latino-americano, levando em
considerao a organizao do CLADE IV, realizado no ano 2000, em Quito; oSegundo Congresso Brasileiro de Evangelizao (CBE2), realizado em Belo
Horizonte; e a publicao do livro Teologia da Misso Integral, sob a autoria da
teloga Regina Sanches, que em uma das partes desta obra apresenta princpios
metodolgicos fundamentais para o fazer teolgico da Misso Integral.
58 PADILLA, C. Ren. O que Misso Integral?Viosa: Ultimato, 2009, p.20.59 PADILLA, 2009, p.19.
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4.1 O Quarto Congresso Latino-Americano de Evangelizao
O CLADE IV, assim como o CLADE III, aconteceu na cidade de Quito,
Equador, de 2 a 8 de setembro de 2000, com a participao de 1.300 pessoas,
tambm convocado e organizado pela FTL.60
Os objetos do congresso, segundo Longuini, consistiram em:
Reafirmar o lugar essencial das Escrituras na formao do pensamento,vivncia e misso da comunidade crist; destacar o papel, a presena e opoder do Esprito Santo na misso da igreja latino-americana; refletir sobreas distintas expresses teolgicas, missiolgicas e litrgicas da igrejaevanglica no continente; desafiar a igreja evanglica a ser um agente de
mudana na sociedade atual, que se caracteriza por violncia, corrupo,pobreza e injustia; dar testemunho pblico do poder de Deus nocrescimento da igreja evanglica na Amrica Latina.61
As principais palestras discutiram sobre crescimento da igreja, estruturas de
poder, espiritualidade e pluralismo religioso. O documento final o congresso possui
uma parte inicial apresentando um panorama da realidade social, poltica e religiosa
da Amrica Latina; seguida de um agradecimento e confisso de negligncias e
erros; depois o reconhecimento de carter divino e humano da Bblia, a missointegral como fruto de cada pgina das Escrituras e a sua concretizao nos
contextos histricos, e as necessidades de um culto comunitrio contextualizado e
uma espiritualidade mais teolgica.62 A ltima parte documento traz uma srie de
comprometimentos, dentre os quais se destacam:
Ser uma comunidade encarnada na sociedade e, a partir dela, viver comfidelidade todas as demandas do evangelho. Ser igrejas de adorao,
servio, f, esperana, justia e amor, que se convertam em comunidadesalternativas para a nossa sociedade. Valorizar e incluir todos os grupossociais e culturais excludos (crianas, jovens, mulheres, negros, indgenas,incapacitados, imigrantes etc.) como sujeitos a quem tambm dirigido oevangelho do reino de Deus. Desenvolver uma liderana que busque suainspirao e prtica no modelo de Jesus- Servo. Participar da Misso deDeus, dando testemunho integral do evangelho, vivendo uma espiritualidadecrist inclusiva, exercendo uma mordomia da criao que coloque o materiala servio do espiritual e o poder em benefcio dos demais e para a glria deDeus, promovendo a reconciliao entre raas, classes sociais, sexos,geraes, e do homem com o meio ambiente.63
60 LONGUINI, 2002, p.212.61 LONGUINI, 2002, p.213.62 LONGUINI, 2002, p.214-216.63 LONGUINI, 2002, p.217.
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O CLADE IV foi coerente com as reflexes elaboradas sobre a Misso
Integral, seguindo a mesma linha do esprito de Lausanne, presente nos CLADES
anteriores.
4.2 O Segundo Congresso Brasileiro de Evangelizao
O CBE2 foi realizado em Belo Horizonte/MG, de 27 de outubro a 1 de
novembro de 2003, vinte anos depois do Primeiro Congresso Brasileiro de
Evangelizao (CBE1.), e patrocinado pela Viso Mundial.
Vrios telogos brasileiros deram as suas contribuies neste evento, que
teve como eixo teolgico a Misso Integral, de acordo com o modelo de JesusCristo, no poder do Esprito Santo.
Como resultado das discusses, foi publicado em 2004, pela Editora Ultimato,
em parceria com Viso Mundial, o livro Misso Integral: proclamar o evangelho do
Reino de Deus, vivendo o evangelho de Cristo. No livro, encontram-se os textos das
palestras proferidas durante o congresso, que foram reunidos em cinco blocos:
misso integral, espiritualidade em misso, desafios da misso tica e consagrao.
No prefcio do livro, Manfred Grellert ressalta a prtica da Misso Integral noBrasil como rica, porm com pouca reflexo e sistematizao. Sendo assim, ele
aponta para a necessidade de avaliar teologicamente as prticas, e a elaborao de
uma teologia da Misso Integral no contexto brasileiro.64
Antnio Carlos de Barro, ao dissertar sobre o marco histrico da Misso
Integral, cita trs instituies que, no Brasil, viabilizaram a difuso e a prtica da
mesma: Viso Mundial, uma organizao que procura promover a justia, o
desenvolvimento transformador e o socorro em situaes de emergncia; a AlianaBblica Universitria do Brasil, um movimento constitudo por estudantes e
profissionais cristo que tem como objetivos a evangelizao de estudantes,
maturidade do homem integral em Cristo, misso e servio, e assistncia; e a FTL
Brasil, com a divulgao dos boletins teolgicos e consultas.65
64 GRELLERT, Mandred. Prefcio. 2 CONGRESSO BRASILEIRO DE EVANGELIZAO. MissoIntegral: proclamar o reino de Deus, vivendo o evangelho de Cristo. Viosa: Ultimato; Belo Horizonte:
Viso Mundial, 2004, p.12.65 BARRO, Antonio C. Reviso do Marco da Misso Integral. In: 2 CONGRESSO BRASILEIRO DEEVANGELIZAO. Misso Integral: proclamar o reino de Deus, vivendo o evangelho de Cristo.Viosa: Ultimato; Belo Horizonte: Viso Mundial, 2004, p.77-82
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Ed Ren Kivitz props uma sntese teolgica da Misso Integral, abordando
os seguintes pontos:
A soteriologia da Misso Integral o domnio de Deus, de direito e de fato,sobre todo o universo criado, por meio daqueles que foram restaurados imagem de Jesus Cristo, o primognito entre muitos irmos. A salvao oreino de Deus em Plenitude, onde a vontade de Deus realizada,concretizada em perfeio. [...] A igreja a unidade de redimidos que sotransformados de glria em glria, pelo Esprito Santo, at que todoscheguem juntos estatura de varo perfeito. [...] A missiologia da missointegral a sinalizao histrica do reino de Deus, que ser consumado naeternidade [...] A antropologia da misso integral a unidade indivisvelentre o p da terra e o flego de vida as dimenses fsica e espiritualdo ser humano. [...] O Kerigma, a evangelizao na misso integral aproclamao de que Jesus Cristo o Senhor, seguida da convocao aoarrependimento e a f, para acesso ao reino de Deus. [...] O caminhomissiolgico e pastoral da misso integral afetivo, relacional, emdetrimento de ser metodolgico operacional; comunitrio, em detrimentode ser institucional; devocional, em detrimento de ser gerencial. 66
Em suma, vrias outras temticas foram discutidas no CBE2, e segundo
Manfred Grellerd, nos textos do congresso est uma implcita agenda para o futuro,
que ficar a cargo de reflexes posteriores.67
4.3 Princpios Metodolgicos da Teologia da Misso Integral (TMI)
Na sua obra Teologia da Misso Integral, a autora, aps apresentar uma rica
pesquisa sobre o desenvolvimento da TMI no evangelicalismo latino-americano, faz
uma anlise metodolgica da TMI, apontando inicialmente a necessidade do mtodo
teolgico, e assim justifica:
Existem vrias razes pelas quais o mtodo teolgico se faz necessrio. Aprincipal delas que este ser o fato definidor do contedo diferenciado eEspecfico para qualquer teologia, e constituinte do seu estatuto prprio.68
So propostos trs pontos conceituais fundamentais, sendo a
contextualizao, integralidade e misso; e trs pontos teolgicos fundamentais,
referindo-se a Palavra de Deus, f e Reino de Deus.69
66 KIVTZ, Ed Ren. Uma sntese teolgica da Misso Integral. 2 CONGRESSO BRASILEIRO DE
EVANGELIZAO. Misso Integral: proclamar o reino de Deus, vivendo o evangelho de Cristo.Viosa: Ultimato; Belo Horizonte: Viso Mundial, 2004, p. 64-65.67 GRELLERT, 2004, p.17.68 SANCHES, 2009, p.108.
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A contextualizao entendida como a pertena original h um determinado
contexto70, onde apropriao da realidade sociocultural da Amrica deve ser levada
em considerao no mtodo teolgico.
A integralidade diz respeito a um olhar diferenciado da realidade humana
como sendo integral e complexa, considerando todas as dimenses humanas, e a
hermenutica dos textos bblicos deve ser feita a partir deste princpio.
A misso entende-se como tarefa primordial da igreja, e segundo Timteo
Carriker, a Misso integral possui seis pontos fundamentais:
Missio Dei, possui a origem em Deus; Missio restaure, visa restauraoda criao; Missio Creationis, seu alcance toda a criao; Missio
Eclessiae, a igreja seu instrumento; Missio Mundi e Missio Historiae, seulcus o mundo e a histria e Missio Dei et Eclessiae, pois nessadinmica que ela se realiza, de Deus e, portanto, tambm da Igreja.71
A Palavra de Deus e a f se inter-relacionam no mtodo da TMI.
estabelecido o princpio da primazia da Palavra, que s pode ser acolhida pela f. A
autora assim define primazia e a sua ligao com a f:
Por primazia deve-se entender a condio de autoridade das EscriturasSagradas em relao a qualquer outro dado que compe o fazer teolgico.Ela, de fato, primaz na teologia. Ela a palavra de Deus que apreendidapela f. justamente a condio de Palavra de Deus que geradora deTeologia, o que torna a f requisito essencial no labor teolgico.72
Para interpretar a Palavra de Deus de forma coerente com as propostas da
TMI, faz a opo metodolgica da Hermenutica Contextual, uma vez que, a mesma
trabalha no sentido de perceber a palavra de Deus nas situaes de vida do texto
bblico, e perceber a realidade histrica da vida atual, julg-la a luz da palavra de
Deus, compreendida contextualmente sob a tica do Reino de Deus.73
A chave hermenutica da TMI o Reino de Deus, compreendido aqui como o
amplo ejusto governo de Deus sobre toda a criao e de forma restrita, refere-se
69 SANCHES, 2009, p.112.70 SANCHES, 2009, p.115.71 CARRIKER, 2000 Apud SANCHES, 2009, p.147.72 SANCHES, 2009, p.133.73 SANCHES, 2009, p.137.
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organizao da vida e do mundo que se realiza diante dEle e em correspondncia a
sua vontade, que sempre boa e perfeita para toda a criao.74
Esses princpios metodolgicos, apresentados aqui de forma resumida, so
norteadores para todos aqueles que desejam teologizar a partir da TMI, atendendo
as demandas do contexto latino-americano, contribuindo assim para a pertinncia
desta teologia no sculo 21.
74 SANCHES, 2009, p.142.
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5 CONCLUSO
Percebe-se que a partir das articulaes no CLADE I, para a fundao da
FTL, estavam sendo lanadas as bases de uma nova forma de pensar a f
evanglica na Amrica Latina.
Ao se libertar da dominao, influncias e imposies externas, a teologia
evanglica latino-americana tornou-se capaz de elaborar a sua prpria reflexo, o
que culminou no surgimento da Teologia da Misso Integral.
Os CLADES, sobretudo o terceiro, tiveram um papel fundamental para o
desenvolvimento, amadurecimento e divulgao da TMI. Nestes congressos foi
possvel a troca de informaes e experincias entre diversos telogos, gerandoriqussimas contribuies, com ressonncia em diversas publicaes como os
boletins teolgicos e outras obras de referncia para a TMI.
O Pacto de Lausanne, adotado como documento histrico do movimento
evanglico mundial, foi levado as suas ultimas conseqncias pelo evangelicalismo
latino-americano, principalmente na questo da evangelizao e responsabilidade
social da Igreja.
No sculo 21, o CLADE IV, o CBE2, e os princpios metodolgicos expostos,demonstram, ainda de que forma sumarizada, toda a vigncia teolgica da TMI.
Porm, faz-se necessrio o desenvolvimento de novas pesquisas que sejam
capazes de se aprofundar em cada princpio metodolgico apresentado, para uma
melhor sistematizao da TMI, e a promoo de novas ferramentas para os telogos
e telogas comprometidos com esta forma de teologizar, desde a Amrica Latina.
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