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Moçambique 30 Setembro 2016

Moçambiqueinfomail.soaresdacosta.pt/mocambique_30setembro2016.pdf · líder, Filipe Nyusi. "Restaurar a paz" é a condição essencial para re-lançar o desenvolvimento do país,

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Moçambique

30 Setembro 2016

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Revista de Imprensa

1. Pérola sem brilho, Negócios - Weekend, 30-09-2016 1

2. Em miúdo..., Negócios - Weekend, 30-09-2016 5

3. Moçambique: "Não haverá governação partilhada", diz analista, Portal de Angola Online, 30-09-2016 6

4. Moçambique quer ajuda financeira do FMI "o mais rapidamente possível", Porto Canal Online, 30-09-2016 8

5. “Não preciso que o FMI me venha dar aulas. Eu estudei na mesma escola” - Entrevista a Ragendra deSousa, Público, 30-09-2016

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6. Sonae SGPS adquire lojas de retalho alimentar em Moçambique, Vida Económica, 30-09-2016 14

7. Parceiro da Galp vai a Londres procurar financiamento para projectos de gás em Moçambique, NegóciosOnline, 29-09-2016

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Tiragem: 14037

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 10

Cores: Cor

Área: 25,37 x 32,00 cm²

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REPORTAGEM

Moçamb"

Pérola sem liri' lio

a Praça dos Trabalhadores, morada da esta-ção de caminhos-de-ferro de Maputo, um po-lícia repara no turista que, do interior de uma carrinha "pick-up", tira fotografias a um dos edificios mais emblemáticos da capital mo-çambicana Com um gesto curto, ordena que a viatura encoste. De seguida, encaminha-se vagarosamente e, pela janela entretantoaber-ta, pede os documentos. Fala com docilidade

para o condutor, num tom de reprimenda professoral. - O senhor sabe que não pode parar no meio da via. - Estava a mostrar a estação a estes meus amigos que são tu-

ristas. - Está a dar um mau exemplo aos visitantes. O que é que eles vão

dizer da nossa cidade quando voltarem à terra deles? Que se pode fa-zer tudo? Que não cumprimos o código? E não está a usar cinto de segurança..

- Não tinha nenhum carro atrás e parei só por um segundo para lhes mostrar a nossa linda estação.

- A identificação dos dois senhores, se faz favor. [Olha para os passaportes e devolve-os sem comentários]. - Eu sei que fiz mal, mas não estava a incomodar ninguém. - Não volte a fazer. Pode prosseguir. Aconversa decorre morna O policia, que nem é de trânsito, per-

cebe que o condutor está habituado a estas abordagens. É moçam-bicano e fala tão docilmente quanto o polícia Por essa razão, o polí-cia salta a habitual etapa do pedido velado de meticais, unia actua-ção recorrente quando o infractor é estrangeiro e fica-se pelo raspa-nete, sempre com um meio sorriso na boca.

- Tenha um bom domingo e não volte a parar no carro no meio da estrada porque dificulta a circulação.

- Um bom domingo para si também. Um polícia extorquir dinheiro a um automobilista por razão ne-

nhuma é um acto de corrupção? Teoricamente sim, mas a punição moral torna-se mais leve quando julgada levando em contra outros pressupostos.

O vencimento de um polícia em Moçambique é pouco superior ao que os três ocupantes da "pick-up" acabarão por gastar no almo-ço desse dia, seis mil meticais (68 euros). Ou seja. este tipo de com-portamento pode ser tolerado pela disparidade de rendimentos exis-tente em Moçambique.

A corrupção nos serviços do Estado é admitida pelo próprio Go-verno. Jorge Nhambiu, ministro da Ciência e Tecnologia de Moçam-bique, que participou na conferência Ei D. um fórum global sobre identificação electrónica organizado pela empresa portuguesa Mul-ticert, que teve lugar dias 19 e 20 de Setembro em Maputo, explicou a aposta do seu Governo nos meios electrónicos na administração pública com base neste pressuposto. "lima das nossas grandes ba-

que

Há dois anos, o futuro de Moçambique era pintado com cores promissoras, sobretudo por causa da descoberta de enormes reservas de gás natural. Hoje, o país vive um clima de incerteza por causa da guerra e da dívida oculta, que colocou em causa o Governo e fechou a torneira da ajuda financeira externa.

CELSO FILIPE, EM MAPUTO [email protected]

ANA SUMIDA

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talhas é a luta contra a cotrupção e queremos diminuir ao máximo a intervenção dos humanos. Se diminuirmos isso, teremos vencido uma grande batalha", afirmou Nhambiu.

Apesar doveemente postulado do governante moçambicano, há ainda fenómenos por explicar na aplicação do dinheiro público. Um deles materializa-se nas ruas de Maputo, na forma de postes metáli-cos brancos, no topo dos quais repousam câmaras de filmar. Trata-se de um sistema de videovigilância que apareceu de repente na ca-pital e cuja utilidade ultrapassa os limites do duvidoso. As câmaras estão lá, ninguém sabe quem as encomendou e sobram teorias cons-pirativas sobre os beneficiários de um negócio de milhões. João Ma-tlombe, vereador dos Transportes e Trânsito, citado pelo jornal Fo-lha de Maputo, disse que esta medida visa reduzir os índices de cri-minalidade que se registam na cidade e também na zona da Matola, mas reconheceu que o projecto não havia sido desenhado pelo mu-nicípio. Na mesma altura, em Junho deste ano, Orlando M undama-ne, porta-voz do Comando da Polícia, afirmava que as forças policiais não tinham qualquer projecto de videovigilância em curso. Um mês

depois, o ministro do. Interior, Basilio Monteiro, assumiu o projecto em nome do Governo, mas não explicou o custo do mesmo nem a identidade das empresas privadas envolvidas, abrindo espaço a en-redos conspirativos.

A rocambolesca história do sistema de videovigilância, contada à mesa de um restaurante de Maputo, é o embrulho para um proble-ma de fundo, oda dívida oculta moçambicana e as suas repercussões na econom ia do país. Aque se junta outro, ainda mais grave, a manu-tenção do conflito armado entre o Governo e a Renamo (Resistência Nacional de Moçambique), liderada por Afonso Dhlakama, que não aceita os resultados das eleições de Outubro de 2014,as quais deram a vitória à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e ao seu líder, Filipe Nyusi. "Restaurar a paz" é a condição essencial para re-lançar o desenvolvimento do país, resume ao Negócios o economis-ta de uma instituição financeira moçambicana que prefere manter o anonimato.

Uma tarefa árdua, atendendo à tensão histórica existente entre a Frelimo e a Renamo. Um empresário português aviver em Mapu-

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Um sistema de videovigilância que está a ser instalado nas ruas de Maputo abre espaço para enredos conspirativos baseados neste duvidoso investimento.

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REPORTAGEM

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to ilustra a complexidade deste processo com o factõ de nas lín-guas autóctones - que são oito - não existir a palavra "adversá-rio", mas apenas a de "inimigo", circunstância que dificulta o diá-logo. Estaiemântica belicista encontra conforto nas palavras do Wande-Wane Bedford, coronel das forças armadas do Governo, que conduziu os jornalistas numa visita ao quartel de Nemagawa, antiga base da Renamo da Gorongosa. "Nós estamos aqui com uma missão clara, a de perseguir todos os bandidos armados. A política é para os políticos".

O conflito militar persiste, apesar dos esforços da mediação externa e das promessas do presidente moçambicano. "Avia es-colhida por todos nós é o diálogo", declarou solenemente Filipe Nyusi durante a sua estada em Nova Iorque, na terceira semana de Setembro, para participar na 705 cimeira das Nações Unidas. Em Maputo, a perspectiva é outra. Fernanda, vendedor de arte-sanato no Parque dos Continuadores, resume a situação com sim-plicidade, enquanto vende uma pulseira de miçangas: "a vida está mal, eles não se entendem e o povo sofre".

A VENDA DE UM BATIK ACABA NUMA GARRAFA DE ÁGUA Na Televisão de Moçambique, faz-se passaroutra mensagem,

em forma de anúncio. "Já fomos um dos países mais pobres do mundo, agora somos um país promissor. O país avançacomavon-tade do povo e sob a liderança do nosso presidente". Um empre-sário moçambicano que prefere não dar a cara vê a realidade de outro prisma, diz que o país "está em crise" e considera Nyusi um líder fraco que foi colocado no poder pelo anteriorpresidente,Ar-mando Guebuza A crise diagnosticada pelo empresário é confir-mada pelo economista já referido. Coma "persistente tensão po-lítico-militar", o país regista, desde 2014, uma queda acentuada do investimento directo estrangeiro, sendo que "o clima de incer-teza, a quebra de confiança e a falta de transparência na governa-ção" têm um "impacto nocivo e directo" nos indicadores macroe-conómicos. Um exemplo. O actual quadro de instabilidade faz com que estejam suspensos investimentos de três mil milhões de dólares na porto de Nacala e muitos cidadãos estran-geiros, portugueses incluídos, têm saído do País.

Em Maputo, onde antes havia falta de oferta imobiliária, sobejam agora as casas e os escritórios para alugar. Háum, dois anos, o ar-rendamento de um apartamento no centroda capital custava três mil euros/mês, nos dias que correm é possível fechar negócio por 600 euros. Uma situação que tem um efeito domi-nó. Os estrangeiros, quando alugavam casa, criavam também postos de trabalho ao recor-rer, por exemplo, à contratação de emprega-das domésticas, pelo que a sua partida acabou também por criar desemprego e aumentara tensão social.

Há casos tocantes, como ode Leonel. À porta do restauran-te Cristal, começa por tentar vender batikes, pinturas em teci-do com temáticas africanas. A seguir, pede que lhe ofereçam a comida que sobrar da refeição e acaba por se contentar com uma garrafa de água de litro e meio. Em todos os pedidos de Leonel, sobressaem dignidade e bons modos. Pressente-se uma resi-gnação que o tempo pode transformar noutra coisa. E qual será o futuro próximo de Leonel, atendendo ao vaticínio desanima-dor do citado economista: "a situação vai piorar antes de melho-rar". O Negócios quis obter o retrato do país, pintado pela voz oficial, mas o pedido de uma entrevista ao primeiro-ministro do país, Carlos Alberto do Rosário, apesar das reiteradas solicita-ções, ficou sem resposta

Há dois anos, Moçambique era de facto o país promissor que a Televisão de Moçambique apregoa Agora não é. Há dois anos, com a queda do preço do petróleo, as grandes sociedades minei-ras que extraem carvão na região de Moatize começaram a redu-zir a sua actividade. As empresas que apostaram no gás natural,

sobretudo na região de Cabo Delgado, também abrandaram os investimentos, pela combinação da quedado crude e do conflito armado que se vive no centro de país, e a estimativa agora é a de que Moçambique só começará com GNL (gás natural liquefeito) em 2021, retardando assim o impacto desta actividade na econo-mia nacional. E a portuguesa Navigator, que tinha projectado um investimento na área florestal em Moçambique avaliado em três mil milhões de euros, abrandou agora a sua execução.

No relatório e contas relativo ao primeiro semestre de 2016, datado de I de Setembro, a Semapa, "holding" que detém a Na-vigator, escreve que está "a desenvolver um processo de reflexão relativamente ao ritmo de evolução do projecto em Moçambi-que, sobretudo ditado pela evolução do actual contexto político-social (que sofreu um agravamento significativo no último se-mestre), mas que reconheça também as exigências de desenvol-ver uma operação silvícola de grande dimensão no país". Mais à frente, a Navigator é esclarecedora: "a situação político-econó-mica do país é instável, o que traz desafios acrescidos ao projec-to, ao nível da segurança de todos os que nele estão envolvidos e da garantia de abastecimento dos produtos, materiais e serviços necessários".

A VIDA MUDOU EM DOIS ANOS. PARA PIOR Há dois anos, as organizações internacionais consideravam

Moçambique um país fiável, mas esta percepção foi seriamente danificada com a descoberta, em Abril deste ano, de uma dívida oculta de 1,4 mil milhões de dólares das empresas públicas Ema-tom (Empresa Moçambicana de Atum), Proindicus (segurança marítima) e MAM (Mozambique Asset Management) com aval do Estado, o que levou a que o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) suspendessem o financiamento ao país.

Os dois nós que continuam a apertara futuro do Moçambique são a paz e a dívida. E, sem desatar o primeiro, a economia permanecerá refém da instabili-dade política que daqui resulta. "Se não hápaz, • não haverá condições para resolveras proble-mas que o país enfrenta" sintetizou Mario Raffaelli, nomeado pela União Europeia para mediar o conflito entre o Governo e a Rena-mo, no passado dia 25 de Setembro, por oca-sião do 52.° aniversário do início da luta arma-da contra o colonialismo português.

Mas, para isso, é preciso arrepiar cami-nho. Após Joaquim Chissanoterdeixado a li-derança do país, em 2005, o Governo optou por uma atitude de marginalização da Rena-mo e do seu presidente, Afonso Dhlakama. "Durante 10 anos, Guebuza (o sucessaule

Chissano) nunca falou com Dhlakama e Nyusi é um homeni de mão de Guebuza", comenta um empresário moçambicano, sob anonimato. Uma leitura perfilhada por Graça Machel. "Se nós tivéssemos persistido nos princípios e na maneira dialogante que caracterizou a liderança do presidente Chissano, provavel-mente não teríamos este actual conflito. Hoje vocês têm o de-safio da busca de uma paz duradoura, voltem ao espírito de Chis-sano, procurem encontrá-lo, este é o desafio", afirmou Graça Machel perante uma plateia de estudantes que assistiam a um seminário organizado pelo Instituto Superior de Relações In-ternacionais (ISRI) em Maputo, subordinado ao tema "Samo-ra Machel: Vida, Pensamento e Obra".

Navia paralela à da política, corre uma "crise económica" que contamina o país, salienta °economista ouvido pelo Negócios. "O • índice de criminalidade está a aumentar, a instabilidade social é tremenda, os investidores ficam na incerteza, há empresas a en-cerrar, muitos despèdimentos, e a tendência é para piorar", diz o referido interlocutor, perspectivando que a economia moçambi-cana só mostrará "alguns sinais de reanimação" no final de 2017, sobretudo por causa dos acordos para a exploração de gás natu-

"A situação ainda vai piorar antes de melhorar", diz um economista de uma instituição financeira do país. A crise em Moçambique veio para ficar.

"Se tivéssemos persistido na maneira dialogante que caracterizou a liderança do presidente Chissano, provavelmente não teríamos este actual conflito", diz Graça Machel.

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País: Portugal

Period.: Semanal

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Celso Filipe

ml que o Governo irá estabelecer com a Anadarko, a Eni, a Qatar Pe-troleum e a E,ocon. "A carteira de investimentos em projectos de gás, para os próximos anos, é de 100 mil milhões de dólares". Este ano, o PIB de Moçambiquecrescerá apenas 3%, metade daquilo que tem acontecido na última década, uma circunstância que coloca mais pressão sobre o Governo do país.

Para já, Filipe Nyusi tenta resgatara confiança das entidades que suspenderam a ajuda financeira a Moçambique na sequência dades-

coberta da dívida oculta, tendo-se comprometido com o FMI ade-sencadear uma auditoria às contas públicas, liderada pela Procura-doria-Geral da República, destinada a apurara legalidade das garan-tias soberanas do Estado. O FMI, num comunicado datado de 25 de Setembro, defende ainda a necessidade do Governo moçambicano levar a cabo novas acções para a estabilização da economia e fazer esforços adicionais para a melhoria da transparência, em particu-lar na auditoria internacional e independente das empresas finan-ciadas por fundos que resultaram na dívida pública em causa.

Para os cerca de 23 mil portugueses que estão em Moçambique, em particular os que residem em Maputo, a vida continua a decor-rer com normalidade. E os expatriados com quem se conversa es-tão satisfeitos e adaptados à cidade. Perversamente, quem recebe os ordenados em euros ou dólares ganhou poder de compra com a desvalorização do metical, enquanto os moçambicanos que rece-bem na moeda local sentem cada vez mais dificuldades devido ao aumento da inflação.

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que visitou a Feira Internacional de Maputo no final do mês de Agosto, levou a mensagem de que é preciso "resistira este momento menos positi-vo" da economia moçambicana e que as empresas devem apostar numa "perspectiva de longo-prazo". "Encontrei nas empresas por-tuguesas que estão cá, algumas delas há muitos anos e que estão cá para ficar, aperspectiva de quem percebe que há anos bons e menos bons e que é preciso continuar", declarou Manuel Caldeira Cabral.

Hélia &Ia, que assina o editorial de 20de Setembro do jornal No-tícias de Moçambique, dá conta da urgência de um entendimento entre o Governo e a Reliam°. "Os que vieram de fora para nos aju-dar a resgatar a paz começam a demonstrar cansaço. Um dia, dar-nos-ão as costas e ficaremos envergonhados continuando a matar-mo-nos uns aos outros."

Moçambique, conhecida como a pérola do Índico, precisa de ser polida pelos seus líderes para voltar a brilhar. w

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Tiragem: 14037

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Economia, Negócios e.

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Cores: Preto e Branco

Área: 7,36 x 22,98 cm²

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Em miúdo, LUÍS AFONSO brincava aos antifascistas e pides, versão pós-25 de Abril de polícias e ladrões para crianças. Era assim em Aljustrel, a terra onde nasceu. "Primeiro caçávamos pides e depois fazíamos discursos. Havia sempre alguém que subia para um monte de entulho, discursava e os outros batiam palmas. Acabávamos a dizer: viva o 25 de Abril, viva o Marechal António de Spínola, viva o Otelo Saraiva de Carvalho! Eram discursos sobre nada. Basicamente, não é muito diferente daquilo que se passa hoje", brinca o "cartoonista" que, em pequeno, queria ser piloto de Fórmula 1 e assistia às corridas na televisão do centro do. PCP, onde não faltava a electricidade aos domingos. E os camaradas: "Porque é que estás com essas merdas burguesas, isso é sempre igual'. Eu não dizia nada, para . não se zangarem comigo", conta Luís Afonso, em entrevista ao Negócios. Não foi piloto de Fórmula 1, foi geógrafo, deu aulas em Serpa, onde vive há 30 anos. É lá que tem o seu teatro de marionetas. É lá que nascem os seus bonecos. Aqueles que contam histórias no Público, n'A Bola e no Negócios. "Os dois nós que continuam a apertar a futuro de Moçambique são a paz e a dívida. E, sem desatar o primeiro, a economia permanecerá refém da

instabilidade política que daqui resulta. 'Se não há paz, não haverá condições.para resolver os problemas que o país enfrenta', sintetizou Mario Raffaelli, nomeado pela União Europeia para mediar o conflito entre o Governo e a Renamo", escreve Celso Filipe, no artigo "MOÇAMBIQUE: PÉROLA SEM BRILHO". Uma reportagem num país que, há dois anos, era pintado com cores promissoras, sobretudo por causa da descoberta de enormes reservas de gás natural, como refere o jornalista.

LÚCIA CRESPO. editora

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A6 Moçambique: "Não haverá governação partilhada", diz analista

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 30-09-2016

Meio: Portal de Angola Online

URL:http://www.pt.cision.com/s/?l=2c30e852

CPLPMoçambique Moçambique: "Não haverá governação partilhada", diz analistaPor redacao -29/09/2016 Compartilhar no Facebook Tweet no Twitter Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique (DW)Só iniciativa presidencial pode permitir que nomes sugeridos pela RENAMO governem províncias ondeo partido reclama vitória. Em contrapartida a RENAMO deve abandonar as armas. Uma análise dohistoriador Egídio Vaz. Em Moçambique, o maior partido da oposição não para de exigir governar as seis províncias ondereivindica vitória nas eleições gerais de 2014. Mas a RENAMO não obteve maioria em todas elas. Opaís vive atualmente um confronto militar envolvendo homens armados do partido e as forças desegurança do país também porque o Governo não aceita a revindicação. E neste momento em quetambém se negoceia a paz, e este é um dos temas polémicos, que a DW África entrevistou ohistoriador Egídio Vaz DW África: É legítimo que a RENAMO governe as tais províncias sem que tenha obtido maioriaabsoluta numa boa parte delas? Egidio Vaz (EV): Seguramente que a Constituição da República não permite isso, portanto não élegítimo. Mas é possível por iniciativa presidencial que Filipe Nyusi acate esse pedido e ele próprionomeie governadores por ele sugeridos. A acontecer não seria a primeira vez, é importante recordarque ao sair das eleições conturbadas de 1999 a RENAMO exigiu governar onde ela devia tergovernado. Portanto, de novo nas tais seis províncias. A solução então encontrada é que a RENAMOiria sugerir seis nomes ao Presidente Chissano e por sua vez o Governo iria sugerir três nomes paracada província onde Dhlakama iria escolher cinco. Só que este plano secreto não chegou a serimplementado por causa do escândalo que se seguiu. No Chibuto Joaquim Chissano denunciou afinalde contas as negociações entre o presidente da RENAMO e o Governo que tinham como finalidadepara o partido conseguir dinheiro. Essa foi a gota [de água] que baralhou todo o processo negocial. DW África: Vê a possibilidade de formação de uma coligação caso esse assunto chegue a bom termo? EV: A proposta dos negociadores foi que o Presidente da República nomeasse provisoriamente osgovernadores onde a RENAMO teve a maioria. Neste caso concreto seria uma iniciativa presidencial,portanto seriam pessoas da RENAMO a governar em nome do Governo de Moçambique as provínciaspara as quais foram nomeadas, tendo como contrapartida a desmilitarização. Enquanto isso, estariatambém em processo não só a revisão da Constituição, mas também dos restantes comandoslegislativos para adequar a um processo de administração mais descentralizada. DW África: E qual seria o papel do MDM? EV: Não há pão para o MDM nesse processo, definitivamente, para a minha infelicidade e para osdemais por causa da RENAMO que não gosta de trazer a mesa outros atores, inclusive os atores nãopartidários como a sociedade civil. Segundo a RENAMO esse é um assunto que tem apenas a ver comas duas partes interessadas [RENAMO e Governo da FRELIMO] nesse caso. DW África: Neste caso referimo-nos a questão de governação onde há, por exemplo, um caso de

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empate técnico entre a FRELIMO e a RENAMO, para fazer um desempate através de uma coligação. EV: Volto a repetir e a clarificar os conceitos: não haverá nenhuma governação partilhada. Esse é umapensamento quimérico. A Constituição da República não irá permitir isso, o Presidente da República enenhum dirigente da FRELIMO vai permitir que haja uma governação partilhada até as próximaseleições. O que vai acontecer é que qualquer cedência passará por uma iniciativa presidencial fazer asnomeações necessárias para que a RENAMO possa ficar feliz em nome de uma contrapartida maiorque é a desmilitarização do partido RENAMO. (DW) (DR) (DR)COMPARTILHAR Facebook Twitter tweetArtigo anteriorEncontrados nove corpos com marcasde violência em rio no oeste do MéxicoPróximo artigoLiga Europa, Grupo A: Mourinho salvo porRooney e Ibra diante do Zoryaredacao 2016-09-29T23:47:18+00:00

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A8

Moçambique quer ajuda financeira do FMI "o mais rapidamente possível"

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 30-09-2016

Meio: Porto Canal Online

URL:http://portocanal.sapo.pt/noticia/102711/

Washington, 29 set (Lusa) - Moçambique pediu ao Fundo Monetário Internacional para as reuniõessobre a retoma da ajuda financeira começarem "o mais rapidamente possível", anunciou a instituição,que já está a delinear com o executivo moçambicano a auditoria externa às contas públicas. "As autoridades pediram ao Fundo para recomeçar as discussões sobre o apoio financeiro o maisrapidamente possível", lê-se numa declaração divulgada hoje em Washington, no final a visita de setedias de uma missão do FMI a Moçambique. A nota divulgada hoje ao início da noite acrescenta que "um registo sólido de implementação depolíticas macroeconómicas salutares e o início efetivo do processo de auditoria a curto prazoajudariam a criar as condições para um possível recomeço da discussão sobre o programa [de ajudafinanceira] do FMI". A declaração, assinada por Michel Lazare, que liderou a equipa que visitou Maputo durante sete dias,assinala ainda que os "termos de referência" da auditoria às empresas públicas que esconderamempréstimos validados pelo Estado no valor de 1,4 mil milhões de dólares, equivalentes a 10,7% doPIB, já estão a ser negociados. "No seguimento das reuniões entre o Presidente Nyusi e a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde,em Washington a 15 de setembro, a missão fez um progresso considerável com a Procuradoria-Geralda República no esboço em detalhe dos termos de referência [TOR, no original em inglês] para umaauditoria internacional e independente à Ematum -- Empresa Moçambicana de Atum, Proindicus eMAM -- Mozambique Assett Management, com o objetivo de fortalecer a transparência, a governançae a responsabilização para evitar incorrer nos problemas de dívida do passado". A declaração pormenoriza ainda que "o esboço dos TOR está em andamento, e deve estar concluídoem breve". Em causa está uma das exigências do FMI e dos credores internacionais para retomarem a ajudafinanceira a Moçambique, suspensa no início do verão, quando foi conhecido que estas empresaspúblicas tinham contraído mais de 1,4 mil milhões de dólares em empréstimos avalizados pelo Estado,mas que foram escondidos do público e mantidos fora das contas públicas oficiais. Moçambique deve abrandar o crescimento de 6,6% no ano passado para 3,7% este ano, segundo asprevisões do FMI, que refere ainda a subida da inflação para os 21% em agosto e a desvalorização de40%, desde o início do ano, do metical, para sustentar que tudo isto levou "a uma subida substancialdos rácios da dívida e do fardo do serviço da dívida". A equipa do FMI elogiou as medidas políticas tomadas desde junho pelo Governo e pelo banco central,mas considerou que, perante as dificuldades económicas em várias frentes, deverá ser necessário umnovo conjunto de medidas para "consolidar o estado das finanças públicas e simultaneamentepreservar os programas sociais fundamentais".

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MBA // ARA Lusa/Fim 29-09-2016 21:34

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A10

Tiragem: 32078

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 24

Cores: Cor

Área: 25,70 x 30,75 cm²

Corte: 1 de 4ID: 66290249 30-09-2016

Enquanto os técnicos do Fundo

Monetário Internacional (FMI)

negociavam no Ministério da

Economia e Finanças os contornos

da auditoria à dívida pública não

declarada, Ragendra de Sousa

garantia que Moçambique entra

nesta negociação de “igual para

igual”. A visita do fundo terminou

ontem, tendo já sido acordados

os termos da auditoria e lançadas

as bases do programa de apoio.

“Fomos os meninos dos olhos

azuis e, de noite para o dia,

passámos a ter vergonha”, admite

o vice-ministro da Indústria e

Comércio, cuja nomeação, há

pouco mais de três meses, causou

perplexidade por ser visto como

um crítico das opções do Governo.

Mas o economista, doutorado

pela Cornell University, diz que

a responsabilidade da crise é

partilhada, sobretudo com os

bancos que aceitaram emprestar

o dinheiro que fi cou por registar,

manchando a credibilidade do

país — o que levou à suspensão

dos apoios dos doadores. “Será

que quem está no Credit Suisse

é analfabeto?”, questiona. Um

dos caminhos que defende é a

venda antecipada das receitas do

gás, já que a concretização destes

megaprojectos tem sido adiada,

e diz que é preciso arriscar em

sectores como o comércio rural e

mudar o enfoque na captação de

investimento. A entrada da Sonae

(dona do PÚBLICO) no mercado

moçambicano é “muito bem-

vinda”.

Completa hoje [23 de Setembro] três meses no cargo. Por que decidiu aceitar o convite num momento tão difícil para o país?É uma obrigação de cidadania.

Na minha carreira, parto de

funcionário público. Achei por

bem aceitar, voltar à função

pública, trazer para a governação

tudo o que aprendi e que seja útil

ao país, de forma mais activa —

embora haja algo que nunca perdi,

a minha capacidade analítica.

Era considerado uma voz crítica do Governo. Entende as reacções à sua nomeação?

Ragendra de Sousa O vice-ministro da Indústria e Comércio de Moçambique garante que a crise, em especial a da dívida pública, será resolvida com a venda antecipada das receitas do gás

“Não preciso que o FMI me venha dar aulas. Eu estudei na mesma escola”

EntrevistaRaquel Almeida Correia, em Maputo

Bom, estamos a entrar numa área

fi losófi ca. A academia não critica,

avalia a situação. A minha postura

sempre foi guiada pelos princípios

teóricos e pelos conhecimentos

empíricos. Claro que o público em

geral divide sempre [entre] crítico

[e] não crítico, mas essa avaliação

chega a mim e não me perturba.

A crise é o maior desafi o que enfrenta no seu mandato?Absolutamente. Já tinha a plena

consciência de que estávamos a

enfrentar uma crise, temporária,

mas com uma característica muito

especial. Propalámos durante

anos o nosso grande ritmo de

crescimento, mas nunca foi dito ao

cidadão comum qual era a fonte do

crescimento. E, como economista,

nunca me iludi que a fonte de

crescimento foi o investimento

externo. O que é preciso é explicar

ao homem comum que este

crescimento não vai chegar tão

rapidamente ao bolso, porque

está a ser efectuado num sector

que dá pouco emprego. Mesmo

dando emprego, sendo indústrias

de capital intensivo, os mil milhões

vão para as máquinas, não vão

para salários. Tivemos este choque.

A nossa crise é estrutural, agravada

— repito, agravada — pela [crise da]

dívida. Por que é que eu ponho

a questão desta forma? Pelos

montantes que já conhecemos

da dívida não declarada e pelos

cálculos que fi z, paga-se com a

venda antecipada de gás só de

um ano. Se vendermos o gás

antecipadamente, se o fi zermos

num ano ou dois, a receita é de

longe superior à dívida.

O problema da dívida pública é só mais uma agravante numa crise mais profunda e ampla?O choque aparece antes. Quando

as matérias-primas perderam

valor, a economia começou a

ressentir-se. Se olhar para a taxa de

câmbio, começa a derrapar muito

antes do problema da Ematum

[uma das empresas que contraiu

dívida não declarada]. A redução

das reservas internacionais começa

antes. É aí que, do ponto de vista

institucional, aparece o FMI. Mas

quando se dá o escândalo da

dívida, uma economia como a

nossa, que é muito dependente,

ressente-se. É nesse sentido

que digo que aceitei o desafi o,

especialmente na área da indústria

e do comércio, porque para mim

são o pilar desta economia. Mas

quero recordar o grande Adam

Smith, que diz que a essência da

produção é a venda. A venda faz-se

pelo comércio e a industrialização

não é mais do que agregar valor

ou melhorar a conservação, se

estivermos a falar de produtos

agrícolas.

O problema vai além dos

valores não declarados. A dívida do Estado está a disparar há uma década. E isso não se resolve com a venda antecipada das receitas do gás.Quando falo da venda antecipada,

estou a mostrar-lhe que a tal dívida

oculta não é tão substancial. Mas

a dívida em geral, absolutamente.

Vai reparar que o agravamento

da dívida acontece no segundo

mandato e o Governo já não o

poderia resolver. No nosso caso,

o problema foi agravado pela

fraqueza institucional. Temos

um Parlamento com capacidade

de escrutinar o Orçamento do

Estado ao nível que temos... Somos

o que somos, havemos de ser

melhores. O princípio democrático

ainda está na sua infância. Há

grupos da sociedade civil que

querem contribuir na função de

monitorização e é muito bem-

vinda essa atitude. Não é negada.

MANUEL ROBERTO

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Page 13: Moçambiqueinfomail.soaresdacosta.pt/mocambique_30setembro2016.pdf · líder, Filipe Nyusi. "Restaurar a paz" é a condição essencial para re-lançar o desenvolvimento do país,

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País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 25

Cores: Cor

Área: 25,70 x 13,86 cm²

Corte: 2 de 4ID: 66290249 30-09-2016

Às vezes cria fricção, o que é

normal. Mas o fundamental é que

se aceite o contraditório.

O país estará mesmo preparado para que exista esse contraditório, esse escrutínio?Se me perguntar do ponto de vista

técnico e administrativo, não. No

que diz respeito a economistas

e analistas em quantidade e

qualidade, ainda estamos longe

do ideal, mas vontade política

posso garantir que existe. Já que

disse que eu era um grande crítico,

veja que estou no Governo. A

vontade está expressa. Falou de

mim, eu falo do meu colega do

lado, que é governador do Banco

de Moçambique [e ex-funcionário

do FMI], um tecnocrata perfeito,

um moçambicano com um saber

macroeconómico que não depende

de ninguém. Eu tenho dito que não

preciso que o FMI me venha dar

aulas. Eu estudei na mesma escola.

E agora na mesa vai provar-se isso,

quando vierem com excesso de

tesoura. Vai ser uma discussão de

igual para igual.

Defende a expectativa que se depositou nos projectos do gás, ou o país fez mal em não apostar noutras áreas?Há essa teoria de que os recursos

dão desastre, mas porque não

deu na Noruega, na Itália ou

na Inglaterra? Será que só dá

connosco cá em baixo? E vou dizer-

lhe, com todos os meus dentes,

não. Vá ao nosso vizinho Botswana,

têm diamantes, não deu miséria.

Essa maneira de ver é análise de

café. Nós temos de fazer as duas

coisas. O que é preciso entender é

que temos défi ce de empresários.

Está a falar com um doutorado,

que estudou na Cornell University,

mas é fi lho de um pedreiro. Eu

não tenho herança para poder

dar como hipoteca para começar,

por isso a banca comercial não me

serve. Temos de encontrar outros

mecanismos, porque o meu saber

é desvalorizado.

Sem essa base de empresários, como vai o país recuperar?O que temos feito é abrir a

economia ao investimento

estrangeiro, transformar a nossa

terra na terra onde se sinta bem

quem quer trabalhar para produzir

a sua própria riqueza. Nós não

somos contra a transferência de

lucros, quem trabalha precisa

de ser remunerado. O que nos

falta talvez, e já estamos a tomar

algumas medidas, é alterar o

nosso enfoque na promoção do

investimento. Eu quero que tirem

os diamantes, quero que tirem o

gás. O gás está cá para os próximos

100 anos. Quanto mais retardar

a sua exploração, [mais] estou

a sacrifi car a próxima geração.

Os grandes projectos estão

estabilizados e agora vamo-nos

preocupar com a industrialização.

Mas não me posso esquecer que

um dos grandes desafi os que temos

é ligar o campo à cidade e isso não

pode ser de forma extractiva. A

forma de comercialização que se

instalou, depois da imperialização,

é as grandes companhias irem ao

campo comprarem o excedente

do camponês e saírem de lá.

Concordamos com este modelo,

mas é incompleto. Temos de fazer

tudo para repor o comércio rural.

Como se fará essa transição?Promovendo a instalação de

comércio rural. O Estado não tem

dinheiro, mas pode criar o melhor

ambiente possível. As lojas já lá

estão, apenas estão danifi cadas.

Então vamos pedir ao empresário

que reabilite e o custo pode ser

descontado no imposto, por dois

ou três anos. Mas vai-me levantar

o problema da segurança, que os

próprios empresários levantam.

E eu pergunto: se eu acredito no

cidadão ao qual chamo polícia e

lhe dou uma arma, por que não

acredito num agente económico?

O que é preciso é treiná-lo. Nos

Estados Unidos, com toda aquela

pujança, há mais tiroteios. O

segundo desafi o que temos é que

o país perde até 27% da produção

logo no pós-colheita, por falta de

armazenamento ou defi ciências

no transporte. Se perdemos

tomate, não posso esperar para

produzir tomate numa aldeia

porque não tem escala [para

compensar as perdas]. Mas ensinar

as comunidades locais como se faz

massa de tomate vai-nos ajudar a

não perder a produção.

Como pode um país tão dependente do que vem de fora resistir perante os números que mostram que os investidores estão a fugir, por causa da

“Fomos os meninos dos olhos azuis e, da noite para o dia, passámos a ter vergonha”

c

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País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

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Área: 25,70 x 27,04 cm²

Corte: 3 de 4ID: 66290249 30-09-2016crise e do confl ito armado?A perturbação política existe,

mas não é da dimensão que um

europeu entende. Quando um

europeu diz que a Frelimo e a

Renamo não se entendem e que

estão aos tiros, devem estar a

pensar que os tiros são de manhã

à noite. São tiros esporádicos.

São preocupantes, mas não têm a

intensidade do Afeganistão.

Mas têm impedido a circulação em algumas zonas do país.Não, não impedem a circulação.

Difi cultam a circulação, aumentam

o risco e o seguro. Não nego

que contribui [para reduzir o

investimento estrangeiro], mas

em Nova Iorque rebentaram duas

bombas e o Macy’s fechou? Não

quero evitar responder à pergunta,

quero é responder da forma mais

profunda. Faço uma comparação

para que se perceba.

Apesar da actual situação, a Sonae anunciou a entrada em Moçambique com a compra de dois supermercados. Como vê este investimento?É um investimento muito bem-

vindo. Nós precisamos dele e

vamos acarinhá-lo na medida

das circunstâncias. Temos de ver

os benefícios que poderemos

dar, porque se retirar impostos

nas actividades agrícolas, numa

sociedade piramidal com uma

base larga, como vou manter

os subsídios? Posso fazê-lo

temporariamente em momentos

de crise, mas a economia não

aguenta. Os megaprojectos vão-

nos dar um conforto fi nanceiro

e fi scal, mas esse conforto não

pode ser dirigido para subsídios,

mas sim para a produção. Um

subsídio sem horizonte temporal

não ajuda ninguém. Já ouviu dizer

que o Banco Mundial é o mau

da fi ta, que não deixa subsidiar?

Não é verdade. O Banco Mundial

subsidiou sementes, agro-químicos

no Malawi, que é uma caixa de

fósforos. Subsidiou na Zâmbia,

que hoje exporta tudo. Temos

de saber negociar com o Banco

Mundial, mostrar e provar que

não queremos dinheiro para

consumirmos mais.

Essas negociações não estarão feridas por causa do tema da dívida escondida?Está claro que precisamos de um

acordo com o FMI para que todos

os demais agentes internacionais

e o mercado de capitais possam

olhar para Moçambique de forma

diferente. Isto não é segredo para

Lagarde veio a Moçambique fazer

o African Rising e agora sabemos

que nessa altura o empréstimo da

Ematum tinha já sido assinado.

Eles sabem mais do que nós.

Defendo que o país tem de honrar

os seus compromissos, mas não

temos de honrar o valor facial.

Que renegociação procuram?É preciso ver a capacidade que

temos para pagar e o tempo. Se eu

chegar ao credor e disser que não

tenho condições para pagar, ou se

renegoceia, ou entra-se em default.

Mas aí eu respondo que o default

também é teu, porque não fi zeste

due dilligence. Os fi nanciadores do

Credit Suisse e do soviético [VTB

Group] o que vão dizer? Estamos

todos no mesmo barco, com

margens muito pequenas. Temos

de cumprir, mas eles também

precisam de Moçambique para

não dizerem aos accionistas que

não foram profi ssionais. O que o

Presidente da República foi dizer a

Washington [encontros ocorridos

em Setembro com FMI e Banco

Mundial] foi que estamos abertos

a uma auditoria internacional.

Mas vamos aproveitar e fortalecer

as nossas instituições. O FMI que

diga o que quer, mas que seja feito

dentro da Procuradoria-Geral da

República (PGR).

A dúvida é se será independente como exige o FMI.Continua a ser externo, como o

FMI pretendia. Qual é a diferença

entre fazer no Hotel Polana ou nos

escritórios da PGR? Os técnicos

são os mesmos, os termos de

referência da auditoria serão

de comum acordo. Se for desta

forma, os moçambicanos na

volta vão aprender. Fazendo no

Polana ninguém aprende, fazendo

em Londres vamos receber 500

páginas em papel, o resto fi ca

lá. Parece-me justo e sensato. A

equipa do FMI não trabalha no

Polana, trabalha no Ministério da

Economia e Finanças.

Que acordo já existe sobre os termos de referência?Serão os termos de referência

internacionalmente aceites. Os

economistas, tal como os médicos,

têm obrigações deontológicas.

Não posso mexer num número

só para melhorar [as contas].

Não posso, não devo. Tanto eu,

como um analista do banco. Só

para perceber: venderam-nos os

barcos e não temos marinheiros. O

homem do banco não deveria ter

perguntado se havia marinheiros?

Era o mínimo.

Entende, por isso, o choque que provoca ver que os barcos que compraram com a dívida não declarada continuam parados?Absolutamente. Por isso é que

aceitámos que a Assembleia da

República fi zesse a comissão de

inquérito. A própria PGR já se

pronunciou, concluindo que tem

características de atropelo à lei.

Todo o mundo é inocente até...

mas isto são valores que no nosso

dia-a-dia não são fáceis de cumprir.

Seguindo esta ideia dos atropelos à lei, que consequências poderá ter a auditoria para os decisores políticos envolvidos?Temos dois momentos. O primeiro

é saber o quê, qual o envolvimento

e se possível quem. E o segundo é

a decisão que institucionalmente

compete aos tribunais. Está a

ver a vantagem de ter lá dentro,

na PGR, a auditoria? Os sinais de

transparência e abertura estão

aí. Talvez estejamos a divergir

na velocidade, alguns quereriam

que já estivesse resolvido. Mas aí

já não sou a pessoa indicada para

me pronunciar, terá de ser a PGR,

a Assembleia da República. Se

a comissão já está operacional,

não sei. Claro que a velocidade

está a prejudicar a economia.

Restabelecida a confi ança, talvez

não estivéssemos a este nível. Mas

uma coisa boa aconteceu em todo

este marasmo: percebemos que

podemos viver sem doadores.

Ainda não morremos e já vai fazer

um ano.

Que implicações pode ter a auditoria, tendo em conta que alguns dos decisores envolvidos na contratação dos créditos ainda têm ligações ao Governo e ao partido no poder?Quando me põe a pergunta desta

maneira, eu percebo. É tentar

envolver o actual Presidente em

tudo isto, porque era ministro da

Defesa. O que eu vou fazer, para

pensarmos juntos, é imaginar

que a senhora tem um guarda no

seu prédio e lhe diz que precisa

de botas e guarda-chuvas para o

seu trabalho. Qual é a resposta

que está à espera? Está a cumprir

a sua função. Sobre o facto de o

Presidente ter sido ministro da

Defesa, não se esqueça que temos

3500 quilómetros de costa e agora

multiplique por 200 quilómetros

nós. Precisamos de melhorar

os níveis de confi ança. Fomos

os meninos dos olhos azuis nos

últimos 30 anos e, da noite para o

dia, passámos a ter vergonha de

nós próprios.

Sente que os decisores políticos estão a ser vistos como os únicos culpados, apesar de os bancos e de os parceiros internacionais não serem alheios à crise, nomeadamente à da dívida escondida? Era por aí que queria ir. Leiam

o Basileia III [regras impostas à

banca fruto da crise mundial].

Agora que eu sei, todas estas

dívidas foram de project fi nance,

uma estrutura muito exigente em

que o banco fi nanciador é que gere

as receitas da empresa fi nanciada.

Será que quem está no Credit

Suisse é analfabeto?

Por isso é que, não existindo um único culpado e não tendo sido declaradas, há quem defenda que estas dívidas não devem ser pagas. Qual é a posição do Governo?Devemos renegociar para termos

e condições que a nossa economia

suporte, porque somos um Estado

soberano, não somos um Estado

falido. O que a governação anterior

fez a nova governação tem de

assumir. Só que tem de assumir

com outra postura. É verdade que

os doadores estavam cá, o próprio

FMI estava cá, a dr.ª Christine

“Venderam-nos os barcos e não temos marinheiros. O homem do banco não deveria ter perguntado se havia marinheiros?”

NELSON GARRIDO

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de soberania marítima. Está

literalmente desprotegido. Se o

meu chefe me diz que preciso de

meios para guardar a costa, de

que resposta está à espera? Essa

forma de entrar me parece não

muito justa. Isto tem de ser tratado

de outra maneira. Não pode ser

tratado de forma arruaceira.

Falou do tema dos doadores e disse que o país mostrou que consegue viver sem eles. Mas por quanto tempo?É sempre discutível. Eu sou da

geração do repolho, mas claro que

é diferente hoje. A nossa burguesia

já não iria querer deixar o whisky.

O total dos doadores representa

500 milhões de dólares, mas o

volume de investimentos que vem

é sufi ciente e, se fomos criteriosos,

cortamos no investimento num

valor igual à doação externa.

Pego nas receitas e passo para

o consumo, faço um aperto ao

Passando a crise, vamos voltar ao

mercado de capitais, vamos ter

abertura aos créditos bonifi cados.

É sobre estas duas possibilidades

que deveremos passar a acertar

o nosso Orçamento. O que vier a

mais vamos ver. Sei que as doações

têm um papel tremendo na Saúde,

na compra de medicamentos.

Na Educação também.Eu não sou naïf. Estou é a

dizer que vou aceitar apoio aos

medicamentos, mas não sei

se estarei muito aberto para

seminários de economia verde, se

isso me consumir dois milhões de

dólares. Estarei, sim, disponível

para ensinar como se faz o tomate

e a batata.

Quanto estima que a situação estabilize?Vai depender. Esta missão do

FMI vem defi nir os termos de

referência e o programa de apoio.

Para se fazer um programa de

apoio, há uma série de exigências

orçamentais para garantir a

sustentabilidade, as coisas que vêm

no manual. Passando este teste, e

se algo [um acordo] for assinado

em Novembro, a minha previsão

é que no primeiro trimestre do

próximo ano a economia esteja

a funcionar numa base já mais

estável, mas com apertos.

Sobre o programa do FMI, onde

deve ir e onde não pode ir?O FMI não tem muitos sítios para

ir. A função é suportar o país nas

contas externas e a monitorização.

Fazendo as suas exigências pelo caminho.Como lhe disse, sei tanto quanto

um homem do FMI. As contas

desequilibradas não levam a lado

nenhum. A diferença na academia

e na vida profi ssional é a forma

como se chega lá. E não há duas

escolas, o que muda é a variável

que se escolhe. Pode-se chegar lá

mexendo na variável investimento,

ou na variável despesa do Estado.

Ou na combinação das duas. Se

aplicar medidas que provoquem

um levantamento público e que

me obriguem a pôr o Exército

na rua, aumento os gastos na

defesa, a reparar as estradas. Não

há varinhas mágicas. Veja que eu

estou muito atento à economia

portuguesa.

Estado para tirar as célebres

gorduras e ponho a economia

a trabalhar a um outro nível de

efi ciência.

Está a dizer-me que acredita que podem viver daqui para a frente sem o apoio dos doadores?Cortámos o Orçamento, vamos

fazer a ginástica possível

para trazer a infl ação a níveis

aceitáveis e, se formos capazes

de viver assim, porquê estar a

receber doações para relaxar?

Eu sou contra. Doação temos de

receber mas para um uso mais

efi ciente, mais criterioso. E não

receber doação por doação só

para ter mais um escritório e

mais computadores, fi cando

zero do lado da produção. Com

franqueza, teremos de ser unidos

para, passando a crise, fazermos

uma avaliação muito rigorosa do

que queremos da ajuda externa.

“O que a governação anterior fez a nova governação tem de assumir”

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Tiragem: 12500

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 34

Cores: Cor

Área: 13,28 x 3,47 cm²

Corte: 1 de 1ID: 66289982 30-09-2016Sonae SGPS adquire lojas de retalho alimentar em MoçambiqueA Sonae SGPS, em parceria entre a Sonae MC e a Satya Capital, adquiriu duas lojas de retalho alimentar em Moçambique. O investimento total ascende a cerca de seis milhões de dólares, com um rácio de 30/70, respectivamente. A Satya é uma empresa de investimento independen-te, centrada no fornecimento de capital para investimentos em África.

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Parceiro da Galp vai a Londres procurar financiamento para projectos de gás emMoçambique

Tipo Meio: Internet Data Publicação: 29-09-2016

Meio: Negócios Online

URL:

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/energia/detalhe/parceiro_da_galp_vai_a_londres_procurar_financiam

ento_para_projectos_de_gas_em_mocambique.html

A italiana Eni reuniu-se com vários bancos em Londres para angariar dinheiro para arrancar com oprojecto Coral, onde a Galp detém 10%.A italiana Eni procura financiamento para desenvolver um dosseus projectos de gás natural em Moçambique. A petrolífera reuniu-se com vários bancos em Londresna passada semana para obter capital para avançar com o projecto "offshore" (no mar) Coral.A Galp detém 10% deste consórcio liderado pela companhia italiana. A notícia é avançada pelaReuters e foi confirmada pela Eni. Segundo uma fonte citada pela agência, o financiamento pode"atingir os vários mil milhões de dólares". As respostas dos bancos devem chegar dentro de três a quatro semanas, com a Eni a ficar mais pertode tomar uma decisão final de investimento sobre o projecto. A petrolífera italiana espera tomar umadecisão até ao final deste ano. A ronda pela praça financeira de Londres acontece depois da Eni ter chegado a acordo com a SamsungHeavy para construir um navio-plataforma que extrai e processa o gás para o estado líquido parapoder ser transportado. Moçambique detém das maiores reservas de gás natural do mundo, suficientes para abastecer aAlemanha, Reino Unido, França e Itália durante quase vinte anos. Estas reservas ficam na Área 4,onde está localizado o campo de Coral. A Eni detém 50% da Área 4, com 20% a serem detidos pela chinesa CNPC, enquanto os restantesparceiros têm 10% cada um: a Galp, a coreana Kogas, e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos deMoçambique. Ao mesmo tempo, o ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique foi demitido estaquinta-feira. Pedro Couto era o responsável pelo sector do gás no país e por negociar com ascompanhias gasistas. Ocupava o cargo desde o início de 2015 e foi exonerado do cargo pelopresidente Filipe Nyusi. Os bancos deverão estar atentos à situação económica e financeira de Moçambique que têm vindo aagravar-se este ano, depois de ter sido tornado público a existência de uma dívida fora das contaspúblicas no valor de 1,25 mil milhões de euros. Em Abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha cancelado uma visita ao país, mas encontra-seactualmente a decorrer uma missão do Fundo em Moçambique. Foi em Abril que o presidente da Galp, Carlos Gomes da Silva, revelou que a companhia estava"preocupada" com a situação financeira em Moçambique.

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Também a situação política no país pode levantar dúvidas aos bancos. A crise política arrasta-se desde2014, depois da Renamo recusar reconhecer a derrota nas eleições gerais para a Frelimo, partido queestá no poder desde a independência do país em 1975. Receba por mail - Primeira Página A capa e os exclusivos dos assinantes.De segunda a sexta, às 6h15 || 29 Setembro 2016, 16:58

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