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Mobilidade nas Copas da e perspectivas para o Brasillalt/files/cargo_news/Edicao_126.pdf · A Copa do Mundo é um dos maiores eventos esportivos do mundo. Sediar uma Copa significa

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Mobilidade nas Copas da Alemanha e da África do Sul e perspectivas para o Brasil

Elisa Eroles Freire Nunes é estudante do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas e desenvolve pesquisa no no Laboratório de Aprendizagem em Logística da Faculdade de Engenharia Civil.

www.cargonews.com.br48 Revista Cargo News

Orlando Fonte Lima Júnior é atualmente Professor Associado MS5 ( Livre Docente ) da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Engenharia de Transportes, com ênfase em Operações de Transportes. Atuando principalmente nos seguintes temas: transporte e logística.

A Copa do Mundo é um dos maiores eventos esportivos do mundo. Sediar uma Copa significa hospedar 32 equipes e suas comitivas durante um mês e criar estrutura para a realização de 64 partidas, além de atender a espectadores de todo o mundo. Quando o país é escolhido pela FIFA para sediar o campeonato deve seguir as recomendações de seus manuais para que esteja preparado para abrigar os jogos. Um dos elementos logísticos fundamental para o sucesso do evento é o transporte.

A mobilidade é o recurso que permite o ir e vir das pessoas. O país sede da Copa deve possuir uma malha rodoviária em boas condições e bem sinalizada. É comum que país receba um grande número de estrangeiros para o evento e, por isso, além do transporte terrestre, o sistema aéreo deve ser eficiente e contar com uma equipe

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Regina Meyer Branski é doutora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP. Atualmente é pesquisadora no Laboratório de Aprendizagem em Logística da Faculdade de Engenharia Civil

preparada para atender os mais diversos tipos de nacionalidades (NEELEMAN, 2010; OHATA, 2010, CILO, 2010). Outros meios de locomoção possíveis, que podem ser utilizados pelos países sede, são o transporte ferroviário e hidroviário. (Infraestrutura ferroviária, 2010)

Este artigo irá identificar os investimentos realizados na infraestrutura de transportes nas duas últimas Copas - Alemanha (2006) e África do Sul (2010) - e analisar as perspectivas do Brasil, próximo país a receber o mundial em 2014.

A Alemanha e a África do Sul são países com características diferentes. Essas diversidades influenciaram na conduta que eles adotaram quanto ao planejamento e gerenciamento da mobilidade durante a Copa do Mundo. Abaixo ilustra-se alguns números que identificam os países.

Comparação entre as características entre a África do Sul e a Alemanha

Fonte: Goliger (2005, p.174)

Observa-se pelo quadro, que a área territorial da África do Sul é praticamente quatro vezes maior que da Alemanha, porém a população do país sul africano é quase metade da alemã. Essas informações mostram que na África do Sul devem haver vazios demográficos e, nesses locais, uma infraestrutura ainda incipiente. A posição no ranking de desenvolvimento humano de cada país denuncia outras características. A Alemanha ocupa a 19º posição, possui uma taxa crescimento de 1,8 ao ano. Tudo isso indica que o país europeu apresenta uma condição socioeconômica favorável e é considerado desenvolvido. A África do Sul ocupa a 119º posição no ranking, isso demonstra que o país possui potencial de crescimento futuro e por isso está em desenvolvimento. Quanto ao setor da construção civil, os índices alemães superam drasticamente os sul africanos. Essa desigualdade pode ter sido o divisor de águas na evolução das obras da Copa de cada país. Visto que menor oferta de mercado geralmente indica custos mais elevados, pode-se inferir com base no quadro acima que um dos motivos que encareceu as obras da Copa da África do Sul em relação à Alemanha pode ter sido o menor número de trabalhadores na construção civil e uma menor produtividade anual de cimento e aço, matérias primas básicas para o setor.

Quanto à mobilidade, o governo alemão investiu 5600 mil euros e tanto o governo federal como o local contribuíram com esse valor. Os principais projetos financiados foram construção de rodovias, estacionamentos, informação e controle de tráfego e transporte público. Como a Alemanha é um país relativamente pequeno territorialmente, foi dado grande enfoque ao transporte terrestre, visto que as distâncias a serem percorridas eram curtas.

No caso da África do Sul, o projeto de ampliação e melhoramento da infraestrutura de transporte objetivou não somente se adequar as exigências da FIFA, com também deixar como herança para a população do país melhorias nesse setor. Os investimentos do governo sul africano em mobilidade para a Copa contemplaram os principais meios de locomoção existentes no país (rodoviário, ferroviário e aéreo) e totalizaram um valor de 13,6 bilhões de rand sul-africano (moeda local), aproximadamente 1,41 bilhões de euros.

O objetivo principal de ambos os países com os investimentos no setor de transportes era estar preparado para a demanda de turistas que viriam acompanhar os jogos. O quadro abaixo evidencia os principais projetos no setor de transporte na Alemanha e na África do Sul.

www.cargonews.com.br 49Revista Cargo News

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Mobilidade nas Copas da Alemanha e da África do Sul e perspectivas para o Brasil

Elisa Eroles Freire Nunes é estudante do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas e desenvolve pesquisa no no Laboratório de Aprendizagem em Logística da Faculdade de Engenharia Civil.

www.cargonews.com.br48 Revista Cargo News

Orlando Fonte Lima Júnior é atualmente Professor Associado MS5 ( Livre Docente ) da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Engenharia de Transportes, com ênfase em Operações de Transportes. Atuando principalmente nos seguintes temas: transporte e logística.

A Copa do Mundo é um dos maiores eventos esportivos do mundo. Sediar uma Copa significa hospedar 32 equipes e suas comitivas durante um mês e criar estrutura para a realização de 64 partidas, além de atender a espectadores de todo o mundo. Quando o país é escolhido pela FIFA para sediar o campeonato deve seguir as recomendações de seus manuais para que esteja preparado para abrigar os jogos. Um dos elementos logísticos fundamental para o sucesso do evento é o transporte.

A mobilidade é o recurso que permite o ir e vir das pessoas. O país sede da Copa deve possuir uma malha rodoviária em boas condições e bem sinalizada. É comum que país receba um grande número de estrangeiros para o evento e, por isso, além do transporte terrestre, o sistema aéreo deve ser eficiente e contar com uma equipe

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Regina Meyer Branski é doutora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP. Atualmente é pesquisadora no Laboratório de Aprendizagem em Logística da Faculdade de Engenharia Civil

preparada para atender os mais diversos tipos de nacionalidades (NEELEMAN, 2010; OHATA, 2010, CILO, 2010). Outros meios de locomoção possíveis, que podem ser utilizados pelos países sede, são o transporte ferroviário e hidroviário. (Infraestrutura ferroviária, 2010)

Este artigo irá identificar os investimentos realizados na infraestrutura de transportes nas duas últimas Copas - Alemanha (2006) e África do Sul (2010) - e analisar as perspectivas do Brasil, próximo país a receber o mundial em 2014.

A Alemanha e a África do Sul são países com características diferentes. Essas diversidades influenciaram na conduta que eles adotaram quanto ao planejamento e gerenciamento da mobilidade durante a Copa do Mundo. Abaixo ilustra-se alguns números que identificam os países.

Comparação entre as características entre a África do Sul e a Alemanha

Fonte: Goliger (2005, p.174)

Observa-se pelo quadro, que a área territorial da África do Sul é praticamente quatro vezes maior que da Alemanha, porém a população do país sul africano é quase metade da alemã. Essas informações mostram que na África do Sul devem haver vazios demográficos e, nesses locais, uma infraestrutura ainda incipiente. A posição no ranking de desenvolvimento humano de cada país denuncia outras características. A Alemanha ocupa a 19º posição, possui uma taxa crescimento de 1,8 ao ano. Tudo isso indica que o país europeu apresenta uma condição socioeconômica favorável e é considerado desenvolvido. A África do Sul ocupa a 119º posição no ranking, isso demonstra que o país possui potencial de crescimento futuro e por isso está em desenvolvimento. Quanto ao setor da construção civil, os índices alemães superam drasticamente os sul africanos. Essa desigualdade pode ter sido o divisor de águas na evolução das obras da Copa de cada país. Visto que menor oferta de mercado geralmente indica custos mais elevados, pode-se inferir com base no quadro acima que um dos motivos que encareceu as obras da Copa da África do Sul em relação à Alemanha pode ter sido o menor número de trabalhadores na construção civil e uma menor produtividade anual de cimento e aço, matérias primas básicas para o setor.

Quanto à mobilidade, o governo alemão investiu 5600 mil euros e tanto o governo federal como o local contribuíram com esse valor. Os principais projetos financiados foram construção de rodovias, estacionamentos, informação e controle de tráfego e transporte público. Como a Alemanha é um país relativamente pequeno territorialmente, foi dado grande enfoque ao transporte terrestre, visto que as distâncias a serem percorridas eram curtas.

No caso da África do Sul, o projeto de ampliação e melhoramento da infraestrutura de transporte objetivou não somente se adequar as exigências da FIFA, com também deixar como herança para a população do país melhorias nesse setor. Os investimentos do governo sul africano em mobilidade para a Copa contemplaram os principais meios de locomoção existentes no país (rodoviário, ferroviário e aéreo) e totalizaram um valor de 13,6 bilhões de rand sul-africano (moeda local), aproximadamente 1,41 bilhões de euros.

O objetivo principal de ambos os países com os investimentos no setor de transportes era estar preparado para a demanda de turistas que viriam acompanhar os jogos. O quadro abaixo evidencia os principais projetos no setor de transporte na Alemanha e na África do Sul.

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Quanto aos projetos planejados pelos países, eles abrangeram as mesmas áreas (transporte terrestre e aé-reo), com suas devidas proporções. Uma medida adota-da pela África do Sul que deve ser destacada foi a im-plantação de um sistema de transporte inteligente para gerenciamento dos congestionamentos e controle de tráfego, além do investimento em um sistema intermo-dal. A Alemanha teve um orçamento menor que o país africano nos projetos de transporte e um olhar atento para as questões ambientais com o incentivo a meios de transporte não poluentes como a bicicleta. Assim, tanto a Alemanha quanto a África do Sul conseguiram aten-der a demanda no setor de transportes durante a Copa. O país europeu investiu menos visto que grande parte das obras visava à modernização de um sistema já exis-tente. A África do Sul, como é um país em desenvolvi-mento precisou fazer muito mais e, conseqüentemente, os investimentos foram maiores que os alemães.

Em 2014 será a vez do Brasil sediar a Copa. Assim, para estar preparado, ele deve analisar os erros e acertos do últimos países que abrigaram o evento para, a partir das suas experiências, definir o melhor caminho para o nosso país.

O Brasil é o maior país da América do Sul e o quin-to maior do mundo em área territorial A população é mais de 190 milhões de habitantes. A economia brasi-leira é a maior da América Latina, a oitava maior do mundo por PIB nominal e a sétima maior por paridade de poder de compra.

Quanto a transportes, o país conta com uma rede ro-doviária de cerca de 1,8 milhões de km , sendo 96 353 km de rodovias pavimentadas (2004), as estradas são as principais transportadoras de carga e de passageiros no tráfego brasileiro Existem cerca de quatro mil ae-roportos e aeródromos no Brasil, sendo 721 com pistas pavimentadas. O país possui uma extensa rede ferrovi-ária de 28.857 km de extensão, a décima maior rede do mundo, porém a mesma encontra-se em precário estado de conservação e grande parte não é utilizada. Há 37 grandes portos no Brasil e um total de 50 000 km de hidrovias.

A figura abaixo descreve.as cidades que sediarão os jogos: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, For-taleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Ja-neiro, Salvador e São Paulo.

Os projetos inicialmente planejados para o setor de transporte no Brasil contemplam todos os meios de transporte. Acessibilidade e integração foram as diretrizes para o desenvolvimento dos projetos, visando uma fácil, rápida e segura mobilidade de pessoas. Em São Paulo, por exemplo, prevê-se a implantação do VLP (veículo leve sobre pneus), veículos articulados e do VLT (veículo leve sobre trilho), uma espécie de bonde moderno. Além disso, haverá um sistema que vai integrar os aeroportos da região metropolitana ao sistema metro-ferroviário (Linha 17 do metrô). Em Curitiba, destaca-se o Hibribus, que roda com diesel, como os ônibus tradicionais, ou com um motor elétrico e emite até 90% menos poluentes. Em Fortaleza estima-se investimentos da ordem de 6 bilhões de reais no setor, com obras de criação da Linha Oeste, a ampliação da Linha Sul do metrô e a reforma da malha viária. Cidades litorâneas receberão recursos para a ampliação dos portos com o intuito de trazer ao país o maior número de cruzeiros, como alternativa de acomodação para os turistas. Além destas iniciativas, o governo ainda pretende, em todo o país, investir em meios de locomação de energia limpa como o uso de bicicletas, com a construção de ciclovias e sinalização.

Apesar do planejamento atender as exigências da FIFA, um dado é preocupante. Os atrasos na execução dos projetos podem arruinar toda a infraestrutura programada para o mundial. De acordo com uma nota técnica divulgada em abril de 2011 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) dos 13

aeroportos que receberão investimentos para a Copa de 2014, 10 correm o risco de não ficarem prontos para o evento. A própria FIFA já manifestou sua preocupação publicamente com o cumprimento do cronograma das obras.

O Brasil é um país que está socioeconomicamente entre a Alemanha e a África do Sul. Por ser um país de dimensões continentais, suas regiões apresentam contrastantes necessidades quanto ao transporte. Enquanto em alguns locais as estradas não são nem ao menos pavimentadas, em outras, o caos é instaurado pelo grande volume de tráfego. Alguns estados do país, como São Paulo, contam com estradas em boas condições, no entanto paga-se por essa qualidade nos pedágios que são distribuídos pelo trajeto. Portanto cada cidade sede tem um plano de ação nos transportes que aborda sua maior deficiência. Os projetos de mobilidade apresentados pelos órgãos responsáveis parecem proporcionar uma melhora no sistema existente e estar adequado para atender a demanda de turistas. Apesar dos altos investimentos deve-se ter consciência que todo o dinheiro destinado para infraestrutura de transportes deve beneficiar a população permanentemente e ainda poderá ajudar a economia, com o transporte de cargas, por exemplo.

Todavia experiências passadas no Brasil mostram que, muitas vezes o país possui todas as ferramentas necessárias para desenvolver um bom trabalho, mas não consegue colocá-lo em prática. Planejamento bem estruturado só torna-se um sucesso quando desenvolvido.

Referências BibliográficasAHLERT, G. FIFA World Cup Germany 2006. Perspectives for tourism. 1st

ASEM Seminar on Tourism. Lisboa. Portugal. 2006.CIDADES e Estados. Disponível em <http://wm2006.deutschland.de/PT/

Content/Gastgeber-Deutschland/Staedte-und-Stadien/berlim.html>. Acesso em fevereiro de 2011.

CILO, H. Pequenos gargalos: poucos falam, muitos sentem. Disponível em <http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/30436_PEQUENOS+GARGALOS+POUCOS+FALAM+TODOS+SENTEM > Acessado em agosto de 2010.

FAN Guide. Disponível em <http://www.sa2010.gov.za/en/transport>. Acesso em abril de 2011.

INFRAESTRUTURA ferroviária. Economua da Copa. Infraestrutura. Disponível em <http://www.copa2014.org.br/blog/inteligenciaestrategica/index.php/category/infraestrutura/> Acesso em julho de 2010

NEELEMAN, D. Caminhos para o setor aéreo. Disponível em<http://www.

copa2014.org.br/noticias/3000/CAMINHOS+PARA+O+SETOR+AEREO.html> Acesso em agosto de 2010

OHATA E., Nove dos 14 aeroportos do Mundial do Brasil operam no limite. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/esporte/765279-nove-dos-14-aeroportos-do-mundial-do-brasil-operam-nolimite.shtml> Acessado em agosto de 2010.

TRANSPORT Guides. Disponível em <http://www.mediaclubsouthafrica.com/index.php?option=com_content&view=article&i1815:2010-fifa-world-cup-journalists-toolkit&catid=46:2010news&Itemid=118#transport.>Acesso em março de 2011.

2010 FIFA World Cup South Africa- Transport- The Government’s Promise Disponível em <http://www.sa2010.gov.za/en/transport>. Acesso em maio de 2011.

7th PROGRESS Report of the Federal Government in preparation for the 2006 FIFA World Cup. Disponível em <www.fifawm2006.deutschland.de>

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Quanto aos projetos planejados pelos países, eles abrangeram as mesmas áreas (transporte terrestre e aé-reo), com suas devidas proporções. Uma medida adota-da pela África do Sul que deve ser destacada foi a im-plantação de um sistema de transporte inteligente para gerenciamento dos congestionamentos e controle de tráfego, além do investimento em um sistema intermo-dal. A Alemanha teve um orçamento menor que o país africano nos projetos de transporte e um olhar atento para as questões ambientais com o incentivo a meios de transporte não poluentes como a bicicleta. Assim, tanto a Alemanha quanto a África do Sul conseguiram aten-der a demanda no setor de transportes durante a Copa. O país europeu investiu menos visto que grande parte das obras visava à modernização de um sistema já exis-tente. A África do Sul, como é um país em desenvolvi-mento precisou fazer muito mais e, conseqüentemente, os investimentos foram maiores que os alemães.

Em 2014 será a vez do Brasil sediar a Copa. Assim, para estar preparado, ele deve analisar os erros e acertos do últimos países que abrigaram o evento para, a partir das suas experiências, definir o melhor caminho para o nosso país.

O Brasil é o maior país da América do Sul e o quin-to maior do mundo em área territorial A população é mais de 190 milhões de habitantes. A economia brasi-leira é a maior da América Latina, a oitava maior do mundo por PIB nominal e a sétima maior por paridade de poder de compra.

Quanto a transportes, o país conta com uma rede ro-doviária de cerca de 1,8 milhões de km , sendo 96 353 km de rodovias pavimentadas (2004), as estradas são as principais transportadoras de carga e de passageiros no tráfego brasileiro Existem cerca de quatro mil ae-roportos e aeródromos no Brasil, sendo 721 com pistas pavimentadas. O país possui uma extensa rede ferrovi-ária de 28.857 km de extensão, a décima maior rede do mundo, porém a mesma encontra-se em precário estado de conservação e grande parte não é utilizada. Há 37 grandes portos no Brasil e um total de 50 000 km de hidrovias.

A figura abaixo descreve.as cidades que sediarão os jogos: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, For-taleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Ja-neiro, Salvador e São Paulo.

Os projetos inicialmente planejados para o setor de transporte no Brasil contemplam todos os meios de transporte. Acessibilidade e integração foram as diretrizes para o desenvolvimento dos projetos, visando uma fácil, rápida e segura mobilidade de pessoas. Em São Paulo, por exemplo, prevê-se a implantação do VLP (veículo leve sobre pneus), veículos articulados e do VLT (veículo leve sobre trilho), uma espécie de bonde moderno. Além disso, haverá um sistema que vai integrar os aeroportos da região metropolitana ao sistema metro-ferroviário (Linha 17 do metrô). Em Curitiba, destaca-se o Hibribus, que roda com diesel, como os ônibus tradicionais, ou com um motor elétrico e emite até 90% menos poluentes. Em Fortaleza estima-se investimentos da ordem de 6 bilhões de reais no setor, com obras de criação da Linha Oeste, a ampliação da Linha Sul do metrô e a reforma da malha viária. Cidades litorâneas receberão recursos para a ampliação dos portos com o intuito de trazer ao país o maior número de cruzeiros, como alternativa de acomodação para os turistas. Além destas iniciativas, o governo ainda pretende, em todo o país, investir em meios de locomação de energia limpa como o uso de bicicletas, com a construção de ciclovias e sinalização.

Apesar do planejamento atender as exigências da FIFA, um dado é preocupante. Os atrasos na execução dos projetos podem arruinar toda a infraestrutura programada para o mundial. De acordo com uma nota técnica divulgada em abril de 2011 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) dos 13

aeroportos que receberão investimentos para a Copa de 2014, 10 correm o risco de não ficarem prontos para o evento. A própria FIFA já manifestou sua preocupação publicamente com o cumprimento do cronograma das obras.

O Brasil é um país que está socioeconomicamente entre a Alemanha e a África do Sul. Por ser um país de dimensões continentais, suas regiões apresentam contrastantes necessidades quanto ao transporte. Enquanto em alguns locais as estradas não são nem ao menos pavimentadas, em outras, o caos é instaurado pelo grande volume de tráfego. Alguns estados do país, como São Paulo, contam com estradas em boas condições, no entanto paga-se por essa qualidade nos pedágios que são distribuídos pelo trajeto. Portanto cada cidade sede tem um plano de ação nos transportes que aborda sua maior deficiência. Os projetos de mobilidade apresentados pelos órgãos responsáveis parecem proporcionar uma melhora no sistema existente e estar adequado para atender a demanda de turistas. Apesar dos altos investimentos deve-se ter consciência que todo o dinheiro destinado para infraestrutura de transportes deve beneficiar a população permanentemente e ainda poderá ajudar a economia, com o transporte de cargas, por exemplo.

Todavia experiências passadas no Brasil mostram que, muitas vezes o país possui todas as ferramentas necessárias para desenvolver um bom trabalho, mas não consegue colocá-lo em prática. Planejamento bem estruturado só torna-se um sucesso quando desenvolvido.

Referências BibliográficasAHLERT, G. FIFA World Cup Germany 2006. Perspectives for tourism. 1st

ASEM Seminar on Tourism. Lisboa. Portugal. 2006.CIDADES e Estados. Disponível em <http://wm2006.deutschland.de/PT/

Content/Gastgeber-Deutschland/Staedte-und-Stadien/berlim.html>. Acesso em fevereiro de 2011.

CILO, H. Pequenos gargalos: poucos falam, muitos sentem. Disponível em <http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/30436_PEQUENOS+GARGALOS+POUCOS+FALAM+TODOS+SENTEM > Acessado em agosto de 2010.

FAN Guide. Disponível em <http://www.sa2010.gov.za/en/transport>. Acesso em abril de 2011.

INFRAESTRUTURA ferroviária. Economua da Copa. Infraestrutura. Disponível em <http://www.copa2014.org.br/blog/inteligenciaestrategica/index.php/category/infraestrutura/> Acesso em julho de 2010

NEELEMAN, D. Caminhos para o setor aéreo. Disponível em<http://www.

copa2014.org.br/noticias/3000/CAMINHOS+PARA+O+SETOR+AEREO.html> Acesso em agosto de 2010

OHATA E., Nove dos 14 aeroportos do Mundial do Brasil operam no limite. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/esporte/765279-nove-dos-14-aeroportos-do-mundial-do-brasil-operam-nolimite.shtml> Acessado em agosto de 2010.

TRANSPORT Guides. Disponível em <http://www.mediaclubsouthafrica.com/index.php?option=com_content&view=article&i1815:2010-fifa-world-cup-journalists-toolkit&catid=46:2010news&Itemid=118#transport.>Acesso em março de 2011.

2010 FIFA World Cup South Africa- Transport- The Government’s Promise Disponível em <http://www.sa2010.gov.za/en/transport>. Acesso em maio de 2011.

7th PROGRESS Report of the Federal Government in preparation for the 2006 FIFA World Cup. Disponível em <www.fifawm2006.deutschland.de>

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