59
Moda Inclusiva 5º Concurso Internacional 2013

Moda Inclusiva

  • Upload
    e-vital

  • View
    239

  • Download
    1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Moda Inclusiva

Moda Inclusiva

5º Concurso Internacional

2013

Page 2: Moda Inclusiva

Desejamos um planeta sustentável, e assim devemos entender o alcance da moda dentro desse contexto da preservação do meio ambiente, alçando voos para um novo conceito dentro da moda: a acessibilidade.

É preciso falar na sustentabilidade associada ao conceito da acessibilidade. Este é um dos objetivos do Concurso de Moda Inclusiva, que pretende despertar e incentivar alunos e profissionais de moda a refletirem a partir desse tema inovador e desafiador.

Temos a oportunidade de viabilizar um novo ciclo econômico, uma forma diferente de pensar o vestuário, e devemos ter na moda o conceito de inclusão para que todos possam desfrutar da beleza com conforto, praticidade e funcionalidade.

A moda inclusiva cria e equipara oportunidades para que todos tenham acesso aos seus benefícios. Assim ela fala com novos públicos, colocando ideias no coração e moda na alma dos estilistas. No coração, porque estamos falando em pensar no outro; na alma, para fortalecer o respeito à diversidade humana.

A moda que seduz pela beleza e que abraça a todos pela sua natureza.

Queremos corações acessíveis

Linamara Rizzo Battistella é médica fisiatra,

Professora da Faculdade de Medicina da USP e

titular da Secretaria dos Direitos da Pessoa com

Deficiência - Governo do Estado de São Paulo

Page 3: Moda Inclusiva

É sempre gratificante ter acesso ao lugar onde nascem as ideias.

Esse estágio intermediário entre o pensamento e a realização – o esboço, as anotações, os erros e suas correções; o estado de humildade do criador diante do processo – têm sido para nós objeto de grande interesse e fascínio.

E é ainda mais gratificante poder contribuir com o registro de imagens dos bastidores criativos de um campo de atuação tão urgentemente necessário como a moda inclusiva.

Páginas do processo criativo

Roger Bassetto e Cezar de Almeida são designers gráficos e editores do livro “Sketchbooks – as páginas desconhecidas do processo criativo”.

Page 4: Moda Inclusiva

Am

anda R

ob

ert

a F

err

eir

a

Art

hur

Vin

cent

de M

oura

Del N

ery

Ary

ane A

nd

rade d

e M

ello

Cam

ila M

art

ins

Casa

gra

nd

e

Cari

ne S

ou

za

Mari

ano R

od

rigu

es

Elig

ola

nde

Fra

ncin

e J

ulia

na C

ava

lcanti

Leila

de O

liveir

a S

ouza

Luiz

Eduard

o C

alç

ad

o

Maír

a F

err

eir

a d

e A

raújo

Fra

nco

08

12

16

20

26

32

36

40

44

50

Manis

h J

osh

i

Marí

lia C

ecíli

a C

. Veig

a

Mari

a G

era

lda C

. de O

liveir

a

Mari

ana C

ost

a d

a S

ilva

Mari

ane Y

ou

kari

Hash

eda

Nadir

R.

de A

lmeid

a

Patr

ícia

Hele

na G

alv

ez

Rais

sa L

opes

de S

an

tana

Silv

ana H

etz

l

Thaís

Lim

a d

e O

liveir

a

56

62

68

74

80

86

92

98

104

110

Un

iver

sid

ade

Fed

eral

do

Esp

írit

o S

anto

- V

ila V

elh

a -

ES

San

ta M

arce

lina

- G

uar

ulh

os

- S

P

SE

NA

C -

São

Pau

lo -

SP

UL

BR

A -

Can

oas

- R

S

UC

PE

L -

Pel

ota

s -

RS

UN

IVA

P -

Tau

bat

é -

SP

UN

ES

C-S

EN

AI -

San

ta R

osa

do

Su

l - S

C

SE

NA

I-C

ET

IQT

- R

io d

e Ja

nei

ro -

RJ

UN

IFR

AN

- F

ran

ca -

SP

UN

IFR

AN

- F

ran

ca -

SP

Do

mu

s A

cad

emy

- H

iman

chal

Pra

des

h -

Ind

ia

FAA

P -

São

Pau

lo -

SP

CIE

SA

- M

anau

s -

AM

San

ta M

arce

lina

- S

ão P

aulo

- S

P

Bel

as A

rtes

- S

ão P

aulo

- S

P

Esc

ola

Pró

-Art

e /

Esc

ola

de

Co

rte

e C

ost

ura

São

Pau

lo -

So

roca

ba

- S

P

SE

NA

I - S

ão P

aulo

- S

P

An

hem

bi M

oru

mb

i - O

sasc

o -

SP

UN

ISA

L -

Am

eric

ana

- S

P

UN

IEU

RO

- T

agu

atin

ga

No

rte

- D

F

Page 5: Moda Inclusiva

Am

anda

Robert

a

Ferr

eir

a

8

Page 6: Moda Inclusiva

Meu ponto de partida foram as paraolimpíadas. O desempenho dos atletas, a evolução das

próteses e equipamentos me levaram a pensar que a moda também poderia se colocar a serviço do aperfeiçoamento das performances na busca por

melhores resultados.Pensando nas necessidades das pessoas que sofreram amputação traumática das pernas e que praticam esporte, comecei a pesquisar as novas tecnologias: tecidos, aviamentos, tudo o que pudesse proporcionar conforto e conveniência.

Quando se fala em uma competição paralímpica, a vestimenta deve ser um aliado do atleta, não apenas uma proteção.Busquei desenvolver uma moda alinhada com os últimos avanços da indústria têxtil, trabalhando a correta adequação dos dimensionamentos para privilegiar o conforto dos membros inferiores e quadril.

10

Page 7: Moda Inclusiva

Art

hur

Vic

ent

de M

oura

Del N

ery

12

Page 8: Moda Inclusiva

Tudo começou com o clipe ‘Maior que Muralhas’, da banda Fresno: as cenas de atletas com deficiência se adaptando ao esporte que amam e superando os limites mexeu comigo e definiu o tema da minha coleção. O nome Atletas da Vida diz tudo, já que a batalha se coloca todos os dias e é proibido fraquejar. A inspiração veio do estilista Jean Patou, que desenvolveu

um trabalho impressionante na década de 1920. A estética das peças é minimalista, privilegiando a funcionalidade sem deixar de lado o estilo. Tecidos e modelagem foram escolhidos levando em conta a praticidade, conforto e resistência das roupas. Acredito que o público-alvo do projeto – mulher de espírito cosmopolita – vai se sentir atendido em suas demandas diante dessa proposta despojada e eficaz.

Frente

Verso

14

Page 9: Moda Inclusiva

Ary

ane

Andr

ade

Ange

lis

de

Mel

lo

16

Page 10: Moda Inclusiva

Meu projeto começou a ser pensado ainda no primeiro ano de faculdade. Na matéria Laboratório de Criação surgiu a proposta de criar novas possibilidades de bolsa: trabalhei explorando as formas do corpo humano e o resultado agradou. No ano seguinte veio a Linguagem Instrumental e o tema foi retomado a partir do desafio de criar uma pequena coleção de bolsas, adaptando essa coleção ao

conceito de ‘movimento’, direcionada para pessoas com deficiência. As formas arredondadas do corpo humano levaram à bola de futebol americano, adotada pela relação com o esporte, agilidade e ação. Em seguida veio a águia, elemento que me inspirou por ser um símbolo universal de força e liberdade. É assim que penso e sinto a questão da deficiência.

Elástico

Aviamentos: linha, elástico, fecho eclair invisível

Cetim

18

Page 11: Moda Inclusiva

Cam

ilaM

art

ins

Casa

gra

nde

20

Page 12: Moda Inclusiva

Meu projeto está direcionado para um

público jovem, que convive com a deficiência

visual e não se priva de sensações.

As roupas exploram a sensibilidade e o

sentido do tato e se baseiam na geometria

urbana – tudo o que uma pessoa pode

encontrar no cenário urbano no seu dia

a dia, traduzido em formas e texturas.

A escolha dos tecidos foi um capítulo à

parte; queria que, mesmo não podendo

enxergar, a pessoa conseguisse vivenciar

a experiência do vestir de uma forma bem

mais concreta. Uma das opções encontradas

foi o tecido Savana Carbolumen, da Vicunha,

que possui estampa de bolinhas em alto

relevo: com ele foi possível trazer para a

roupa uma referência das faixas indicativas

para deficientes visuais que fazem parte de

algumas calçadas e equipamentos urbanos.

Além disso, as peças trazem um tag

removível com descrição do produto e outras

informações escritas em Braille.

Tenho um tio com deficiência visual –

e a longa convivência familiar me motivou

a buscar uma proposta que atendesse às

expectativas de quem não enxerga, mas

encontra outras formas de ver.

22

Page 13: Moda Inclusiva

O tema é todo baseado na geometria urbana.

24

Page 14: Moda Inclusiva

Car

ine

Sou

za

Mar

iano

Rod

rigu

es

26

Page 15: Moda Inclusiva

etiqueta em braile

Meu trabalho de conclusão do curso de

Design de Moda já abordava a questão

do vestuário junto às mulheres com

deficiência visual. Nas pesquisas para

esse trabalho, tive a oportunidade de

conhecer a Associação de Deficientes

Visuais de Canoas – ADEVIC – e entender

mais a fundo essa questão. Observei que,

de maneira geral, o comércio

não está preparado para

atender a clientes que não

conseguem enxergar a roupa

que pretendem comprar: os

vendedores não costumam dar

a necessária atenção, falta sensibilidade

para entenderem que, ainda que a pessoa

não veja, ela tem o direito de ser informada

sobre o que está adquirindo.

O trabalho de Evgen Bavcar, um fotógrafo

cego que ousou derrubar paradigmas, foi

a grande fonte de inspiração desta coleção

planejada em detalhes para permitir que

as mulheres deficientes visuais sintam-

se mais independentes, autoconfiantes e,

principalmente, conscientes de seu espaço

individual e coletivo.

28

Page 16: Moda Inclusiva

Peça com possibilidade de uso do lado avesso

Identificação em Braile

3,5cm de fita

Decote canoa

Mangas morcego

30

Page 17: Moda Inclusiva

Elig

olan

de

32

Page 18: Moda Inclusiva

de onde nascem as linhas retas e o corte seco, justo, em calças e casacos. O tom provocativo aparece no par de tênis vintage cano alto, levemente usado, estabelecendo um diálogo com os não-cadeirantes: a abertura diferenciada demonstra que, com as devidas adaptações, nenhuma fronteira é intransponível.

A máquina de costura fez parte da minha infância: cresci vendo minha mãe costurar, e a opção pela moda veio como desdobramento natural. Fui proprietário de um brechó em São Paulo, e já naquela época buscava customizar as roupas e modificar looks convencionais para serem usados por pessoas deficientes. O que para muitos era visto como futilidade, para mim sempre pareceu uma frente de trabalho da maior importância.De volta ao Sul, criei um projeto de pesquisa em mobilidade do vestuário, voltado para a produção de uniformes,

que evoluiu para o segmento de roupas de moda inclusiva. O mercado era tão ávido por resultados que em pouco tempo esse segmento prevaleceu sobre

o de uniformes, transferindo a tecnologia para o

desenvolvimento de peças ao mesmo tempo práticas e glamurosas. Nesta coleção, minha

prioridade é o público cadeirante – e a inspiração

vem da torre de TV de Berlim,

Abertura na golaSistema de articulação interno coberto com plástico

Aplicação em tecido nas costas do casaco34

Page 19: Moda Inclusiva

Fran

cine

Julia

na

Cav

alca

nti

36

Page 20: Moda Inclusiva

Meu interesse pela moda inclusiva surgiu ainda nos tempos de faculdade, quando percebi que a moda poderia e deveria explorar as vertentes além do convencional. Participei então

do projeto Moda Sem Limites, em São José dos Campos (SP) e fui a terceira colocada no 4º Concurso de Moda Inclusiva, o que me proporcionou visibilidade e abriu as portas para um contato muito próximo com as pessoas com deficiência. Quanto mais me aprofundo no assunto, mais percebo o papel fundamental que a moda pode exercer sobre essaspessoas – não apenas como veículo de conveniência, proteção e conforto, mas também

como canal de comunicação. Nesse sentido, comunicar é inserir as pessoas com deficiência no universo da moda, utilizando a passarela para sensibilizar toda a cadeia têxtil e a sociedade em geral.

Crepe

Gazar

Gazar

Decote nadador

GazarArgola no zíper

Ziper Frontal

Matelassê

MatelassêRenda com aplique de pedraria

Fita de cetim

Manta acrílica com acabameno em corino

Fita de cetim

Capuz CapuzPaetëFlores de tecido aplicado

Flores de tecido aplicado Fita de cetim

Ilhós

38

Page 21: Moda Inclusiva

Leila

de

Oliv

eira

Sou

za

40

Page 22: Moda Inclusiva

Os contos de fada foram o ponto de partida

do meu processo de criação. Acredito na

magia do ‘era uma vez’ como agente de

transformação capaz de envolver, superar

e valorizar as diferenças. Penso nas

crianças construindo um mundo que aceite

a diversidade naturalmente.

O tema – Docinho da Vovó – traz peças

despojadas e lúdicas, voltadas para o

público infantil, sempre em movimento

e disposto à diversão.

Desta vez o conto de fadas vem com

algo a mais e chama-se ‘A Chapeuzinho

da Cadeira de Rodas Vermelha’, unindo

conforto, praticidade e beleza em peças

que convidam para a brincadeira.

As estampas remetem aos doces (cupcakes

e biscoitos) levados pela Chapeuzinho para

sua Vovó e também apresentam o ‘Lobo

do bem’, que colabora na locomoção da

cadeira de rodas. Nesta versão da história,

nossa Chapeuzinho pode tudo!

Zíper destacável

Zíper destacávelembutidoBolso embutido

Renda

Elástico

Pesponto

Bolso embutido

Viés de 20 mm

42

Page 23: Moda Inclusiva

Luiz

E

duar

do

Cal

çado

44

Page 24: Moda Inclusiva

O pulsar da vida foi a inspiração do meu trabalho. Pensando na forma como os impulsos elétricos do coração são distribuídos pelo corpo humano, busquei utilizar o movimento dessa imagem para criar peças que valorizam a vida em todas as suas formas. Em um projeto de pesquisa desenvolvido no Instituto Benjamin Constant (RJ), tradicional instituição de ensino para deficientes visuais, pude constatar a

importância do tato como substituto do olhar. Isso direcionou todas as etapas do meu processo criativo.Utilizei então a linguagem gráfica do eletrocardiograma, reproduzida em alto relevo, como forma de celebrar e compartilhar com as pessoas deficientes visuais os movimentos do coração em seu trabalho de bombear a vida. Uma celebração que pode ser percebida pelo tato e vivenciada com sensibilidade.

46

Page 25: Moda Inclusiva

Inspirado

na mulher

de alma

profunda, que

conquista e

valoriza a sua

liberdade.

Ribanna Zíper invisível

Camurça

48

Page 26: Moda Inclusiva

Maí

raFe

rrei

raA

. Fra

nco

50

Page 27: Moda Inclusiva

Meu trabalho existe por causa da Maísa, minha irmã, 25 anos, autista e portadora de Síndrome de Down. Com ela descobri que vestir roupas pode ser uma aventura. Por ela desenvolvi peças que respeitam e valorizam um corpo diferente dos padrões de mercado.Para a Maísa, vestir roupas significa passar a cabeça pela abertura e procurar com as mãos, ou com os pés, outros dois buracos. E só! Nada de zíperes, laços, fechos ou botões. Isso sem deixar sobrar as mangas ou cair o cós... Parece simples, mas nem sempre é.Hoje sou designer de moda, especializada em estudar a ergonomia no vestuário. Meu maior desafio foi considerar essas duas deficiências para produzir um look que atenda às necessidades específicas sem abrir mão do charme e da elegância.

E a maior emoção é ver a alegria da minha irmã ao vestir as peças que produzo – criadas para ela, pensando em todas as Maísas deste mundo.

52

Page 28: Moda Inclusiva

Cristais autocolantes Decote redondo

Elástico

54

Page 29: Moda Inclusiva

Man

ish

Jo

shi

56

Page 30: Moda Inclusiva

A estrada para chegar a este look começou com a minha tentativa de entender a deficiência e as implicações físicas e psicológicas no deficiente.

58

Page 31: Moda Inclusiva

Depois de muita pesquisa, cheguei a um artigo intitulado Mulheres e deficiência: desvantagem em dobro (DEEGAN e BROOKS, 1985). Foi então que surgiu a ideia de desenvolver um trabalho em moda que ajudasse essas mulheres a se sentirem mais sensuais, vibrantes e independentes. A coleção inspira-se nas estrelas e pontos luminosos do céu e baseia-se no pressuposto de que cada um de nós cria seu próprio universo com sua imaginação, sem julgamentos. Percorrendo toda a peça, o bordado de pérolas simboliza a ideia de um céu sempre cheio de estrelas para a pessoa que consegue conceber seu próprio universo.Criado para uma mulher deficiente de um braço, o aspecto técnico também foi considerado, permitindo que a usuária consiga vestir-se sem ajuda externa. A manga-quimono, o decote amplo e os botões especiais nas cavas estimulam a autonomia e produzem um resultado gracioso e sofisticado. O cinza em degradê representa a tomada gradativa de consciência das pessoas deficientes sobre o papel que ocupam na sociedade e a consequente redução do preconceito.

60

Page 32: Moda Inclusiva

Mar

ia

Cec

ília

C. V

eiga

62

Page 33: Moda Inclusiva

5sentidos

Tudo começou quando minha amiga Stéfanie me desafiou a desenvolver algumas peças para mulheres que fazem uso de muletas, já que nem todas as roupas disponíveis no mercado se adaptam a essa situação. Era o início da faculdade de Moda, e esse novo olhar me estimulou a buscar sempre a fusão entre funcionalidade e beleza nas minhas criações.Gosto de pensar na muleta como parte e complemento do look: isso faz toda a diferença e determina a aceitação do trabalho junto a mulheres com diferentes graus de deficiência motora.Minhas peças trazem motivos delicados e alegres, em um trabalho que envolve o respeito aos detalhes e constante referência a cada um dos cinco sentidos.

64

Page 34: Moda Inclusiva

66

Page 35: Moda Inclusiva

Mar

ia

Ger

alda

C.

de

Oliv

eira

68

Page 36: Moda Inclusiva

Quem tem a Amazônia como terra natal não pode se queixar de falta de elementos para inspiração... A fauna e a flora, a luta incessante pela vida, o instinto de sobrevivência versus o risco da extinção fazem parte do cotidiano do povo da minha região e dão o tom das peças que apresento. Não por acaso, essa luta também é a luta das pessoas com deficiência, o que demonstra que não há fronteiras quando o assunto é inclusão.

Exuberância.

70

Page 37: Moda Inclusiva

O tema principal é a arara-vermelha grande, também conhecida como arara-verde e arara-vermelha por causa do colorido de suas penas. Outras influências vêm do artesanato amazônico – que mescla a cultura indígena com sementes de frutos, folhas, penas de aves, raízes, fibras vegetais, palhas e elementos variados que a natureza oferece e que adotei na minha criação, produzindo um resultado vibrante em que pulsa a força da vida.

72

Page 38: Moda Inclusiva

Mar

iana

Cos

ta

da

Silv

a

74

Page 39: Moda Inclusiva

Meu projeto está voltado para atender

às necessidades de crianças com ECNE

(encefalopatia crônica não progressiva), que

não podem ser alimentadas pela boca pois a

lesão cerebral compromete a coordenação dos

músculos orais. A gastrotomia é a principal

alternativa de tratamento, e todas as peças foram

desenvolvidas para facilitar a rotina de crianças

e suas mães ou cuidadores.

O tema explora os encantos do mar e das sereias,

um universo rico de vida e movimento que tanto

agrada às meninas.

Utilizei zíperes para facilitar o vestir e

despir e abri espaço para a gastrotomia, buscando

tornar mais simples alguns procedimentos

cotidianos, sem deixar de lado o glamour a que

toda garota tem direito.

76

Page 40: Moda Inclusiva

VelcroSaia de tulê

Ilhós

TecidosViscolycra para a blusa e calça: 96% poliéster, 4% elastano.

Courinho para o detalhe na barriga, ombros, lateral da calça e da saia: 70% PVC, 25% poliéster e 5% poliuretano.

Tulê para a saia: 100% poliamidaZíper na lateral

Zíper

78

Page 41: Moda Inclusiva

Mar

iane

Youka

ri

Has

hed

a

80

Page 42: Moda Inclusiva

Minha convivência com pessoas deficientes vem da infância, acompanhando os tratamentos do meu irmão. Conheci diversas crianças, jovens e adultos em terapias, ecoterapias, hidroterapias, em escolas especiais e na AACD – Associação de Apoio à Criança Deficiente, em São Paulo.

Essa familiaridade e o desejo de canalizar conhecimentos para promover a inclusão já nortearam o tema do meu trabalho de Conclusão de Curso, em que o foco eram as crianças deficientes, especialmente aquelas que não possuem os membros superiores – um ou ambos.A inspiração para este trabalho veio dos tatames infantis e dos origamis, elementos de estética e lazer. Busquei também selecionar materiais de baixo impacto ambiental como forma de harmonizar os universos da inclusão e da sustentabilidade.

82

Page 43: Moda Inclusiva

Abertura frontalcom velcro Macacão sem

mangas com capuz e abertura frontal e na lateral da perna

84

Page 44: Moda Inclusiva

Nad

ir d

eA

lmeid

a

86

Page 45: Moda Inclusiva

Você já parou para pensar em moda inclusiva?

Simples! A inclusão começa quando pensamos sobre ela. Moda e deficiência são duas palavras que normalmente não se encontram e tornaram-se um dos desafios da moda atual.

Capuz

Capuz

Camisa manga longa

Camisa manga longa

Abertura com velcro

Abertura com velcro

Bolso externoEtiqueta

Elástico

Bolso internoBarra virada

Barra viradaBarra virada

Lateral com velcro

Lateral com velcro

Lavagem desbotadae tecido desfiado

Lateral com velcro

Fechamento com botão de metal

88

Page 46: Moda Inclusiva

Como estilista e costureira profissional,

sempre busquei unir esses dois conceitos,

criando peças que pudessem oferecer

resultados não só práticos mas também

estéticos às pessoas com deficiência.

Minha proposta é uma peça masculina – já

patenteada – projetada principalmente para

pessoas que fazem uso da cadeira de rodas

ou prótese para membros inferiores.

Um sistema de aberturas estratégicas facilita

o vestir, o despir e auxilia nas questões

urológicas e sexuais – aliado a tecidos

confortáveis e de qualidade, além de fechos

facilitadores. Refletir sobre a deficiência

é alargar o olhar do processo criativo e fazer

moda para todos.

90

Page 47: Moda Inclusiva

Pat

ríci

a

Hel

ena

Gal

ves

92

Page 48: Moda Inclusiva

Minha pesquisa para este trabalho teve um

momento de grande impacto, quando assisti

a uma peça de teatro com cadeirantes.

A peça se chamava ‘Noturno’ e foi fascinante

observar a leveza com que os atores se

movimentavam no palco, superando todos

os limites e fazendo brotar a inspiração.

Percebi que a moda inclusiva não precisa

de grandes revoluções, mas de pequenas

mudanças e ajustes nas peças. É isso o que

faz o diferencial. Surgiu então a coleção

‘Corpo e Movimento’, criada a partir de longas

conversas com a Denise Ferreira, que desfila

meu look neste evento.

94

Page 49: Moda Inclusiva

Fico satisfeita em perceber que a moda pode contribuir muito para facilitar o cotidiano das pessoas com deficiência: isto sim é

inclusão.

Abertura no decote

Bordado nos ombros

Fole para movimento

Cotoveleirascom malha

Detalhes bordadoso ombro e bolsos

Fechamento na frente

Bolsos

Joelheira

Detalhes emmatelassê

Parte de trásde malha

Contorno dos bolsos

Passantes

96

Page 50: Moda Inclusiva

R

aiss

a

Lopes

de

San

tana

98

Page 51: Moda Inclusiva

Fui apresentada ao conceito de moda inclusiva ainda na universidade, em uma palestra do designer Mário Queiroz. Depois disso, assisti aos vídeos das edições anteriores do concurso e me apaixonei pela área.Minha mãe é formada em Filosofia e Educação Especial; dela veio o incentivo para conhecer mais o assunto, e conduzi um projeto de pesquisa na escola pública, em uma sala de aula voltada para crianças e adolescentes com deficiência visual.

Percebi que, quando o assunto é moda, o anseio por novidades e por roupas adequadas é o mesmo – independente da deficiência.Esta peça se inspira nos mosaicos que formam lindos desenhos a partir de pequenos pedaços. O quebrar-unir-criar produz uma relação de coisas que se complementam, em um processo que leva cada um a encontrar seu caminho único. A ênfase está nas texturas e nos apoios que permitem aos usuários guardar seus pertences com facilidade.

100

Page 52: Moda Inclusiva

Uma vez completo, esse mosaico pode ser sentido pelo tato.

Zíper

ZíperZíper

Bolso Bolso

102

Page 53: Moda Inclusiva

Silv

ana

Het

zl

104

Page 54: Moda Inclusiva

Desde os tempos de criança convivo com pessoas com deficiência. Isso sempre foi muito natural para mim. Acredito que não existem ‘deficientes’, e sim pessoas com características e dificuldades únicas. Participar deste concurso foi uma oportunidade de crescer profissionalmente, procurando usar a moda para amenizar algumas dificuldades e levar não só funcionalidade mas também estilo.Minha inspiração veio das formas da libélula, que traz a

mensagem de esperança e força: um inseto aparentemente frágil e enclausurado que se liberta do casulo (recortes dos shorts e abertura completa lateral). Assim como a pessoa que usa muletas para se locomover, a libélula usa as asas para contornar o desafio de lidar com suas seis pernas. Para além das asas transparentes e finas existe uma força vital intensa – com traçados sutis, formas desenhadas e inspiradoras. Essa é a mensagem que desejo passar.

106

Page 55: Moda Inclusiva

Esta oportunidade está me proporcionando crescimento pessoal e profissional sem tamanho.

108

Page 56: Moda Inclusiva

Thaís

Li

ma

de

Oliv

eira

110

Page 57: Moda Inclusiva

O que faz de uma pessoa um herói? Serão os grandes feitos ou

as lutas menores, as pequenas vitórias, a capacidade de jamais

desistir? Para mim, o contato com as pessoas deficientes

ampliou muito essa visão de heroísmo. Hoje tenho o prazer

de conhecer uma coleção de heróis anônimos e suas famílias,

para quem levantar-se da cama e vestir-se com capricho

representam uma conquista digna dos maiores aplausos.

Por isso escolhi como tema os heróis com deficiência dos

quadrinhos e cartoons: assim como os meus heróis de carne

e osso, todos fazem o inimaginável na busca pela superação.

Os recortes e capas dos uniformes balizam a minha peça – que

não necessita de fechos, pois o elástico se molda ao corpo com

a ajuda dos recortes. Grandes e espaçados, os bolsos ficam

apenas na frente, deixando livre a parte de trás para trazer

mais conforto aos cadeirantes. Heróis de verdade devem ser

tratados com todo o respeito!

Elástico

Tecido principal:Haiti Plus II (vermelho)

Peça única

Costa nadadeira

Continuaçãoda manga

112

Page 58: Moda Inclusiva

Governo do Estado de São Paulo

Geraldo Alckmin

Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência

Linamara Rizo Battistella

Projeto Moda Inclusiva

Daniela Auler

Colaboradores

Gabriela Sanches

Ana Luiza do Amaral

Projeto Gráfico

Pop Editora

Cezar de Almeida

Roger Bassetto

Enio Vital

Revisão

Helena de Lima

Page 59: Moda Inclusiva