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UNIVERSIDADE DE UBERABA MODAL FERROVIÁRIO UBERLÂNDIA – MG 10/2009

Modal ferroviário - BRASIL 2009.pdf

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  • UNIVERSIDADE DE UBERABA

    MODAL FERROVIRIO

    UBERLNDIA MG 10/2009

  • FBIO RANGEL QUEIRZ RAMOS GEORGE WILTON ALBUQUERQUE RANGEL

    IVANILDO PEREIRA OLIVEIRA

    MODAL FERROVIRIO

    Trabalho semestral da disciplina de transportes como pr-requisito para obteno da graduao em engenharia civil.

    Orientador: Prof. Fernando Fernandes

    rea de concentrao: Transportes

    UBERLNDIA MG 10/2009

  • AGRADECIMENTOS

    Ferrovia Centro Atlntica, em especial ao Marco Aurlio da Via Permanente, Uberlndia-MG, que nos ofertou grande quantidade de material rico em contedo do qual seria interessantssimo sua completa insero neste trabalho caso fosse o foco.

    Ao professor Fernando Fernandes por sua pacincia e ateno em nos atender aos sbados e domingos a noite.

  • Fbio Rangel Queirz Ramos, George Wilton Albuquerque Rangel, Ivanildo Pereira Oliveira. Modal Ferrovirio. 2009. Transportes. Universidade de Uberaba, Uberlndia, Minas Gerais.

    RESUMO

    O modal ferrovirio um dos principais meios de transporte de carga no Brasil. Sua maior vantagem a grande quantidade transportada e a padronizao das cargas, alem de fcil integrao com portos.

    Infelizmente sua malha no uniformemente distribuda em todo territrio nacional, sendo sua maioria situada no sul, sudeste, centro-oeste e nordeste. Toda a malha brasileira divida em concesses que atuam em determinadas regies do pas. Essas concesses muitas vezes inviabilizam a integrao de toda malha ferroviria nacional. Existem questes polticas e problemas tcnicos como, por exemplo, diferenas de bitolas.

    As ferrovias tm alto custo de implantao e manuteno. No aceitam grandes anomalias de via como em rodovias, pois estas podem causar grandes acidentes.

    Por fim este trabalho exemplifica ainda um grave problema do modal ferrovirio. A trinca em trilhos.

    Palavras-chave: ferrovia, via permanente, ferrovirio, transporte, carga.

  • Fbio Rangel Queirz Ramos, George Wilton Albuquerque Rangel, Ivanildo Pereira Oliveira. Modal Ferrovirio. 2009. Transport. University of Uberaba, Uberlandia, Minas Gerais.

    ABSTRACT

    The railroad modal is the one of most important bulk carrier in Brazil. The major advantage is the large quantity transported and standardization of loads and easy integration with ports.

    Unfortunately, the transport grid is not uniformly distributed throughout the country, being mostly located in the south, southeast, midwest and northeast. All Brazilian grid is divided into concessions that operate in certain regions of the country. Such concessions often not the integration of all national rail network. There are political and technical problems such as differences in gauges.

    The railways have high cost of deployment and maintenance. Do not accept large anomalies saw as on highways, these anomalies can cause major accidents.

    Finally this work also illustrates a serious problem of rail. The crack in rails.

    Keywords: railway, permanent way, rail, railroad, transport, cargo.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Locomotiva a vapor de George Stephenson. ................................. 2 Figura 2.1 Percentual no transporte de carga no Brasil. ............................... 12 Figura 2.2 Mapa ferrovirio europeu. ............................................................ 13 Figura 3.1 Mapa do sistema ferrovirio brasileiro por empresas. .................. 15 Figura 4.1 - Bitola. ............................................................................................ 30 Figura 4.2 - Esquema de posio das rodas do trem no trilho. ........................ 30 Figura 5.1 Subleito em corte. ........................................................................ 31 Figura 5.2 Subleito em aterro. ....................................................................... 31 Figura 5.3 Bombeamento de finos. ............................................................... 32 Figura 5.4 - Sub-lastro. ..................................................................................... 32 Figura 5.5 - Seo transversal tpica de lastro ferrovirio. ............................... 33 Figura 5.6 - Da esquerda para a direita: dormente de madeira, concreto, ao e plstico. ............................................................................................................ 35 Figura 5.7 - Dormentes de concreto bi-bloco. .................................................. 35 Figura 5.8 Placa de apoio. ............................................................................. 39 Figura 5.9 Tirefond. ....................................................................................... 40 Figura 5.10 Grampo elstico Pandrol. ........................................................... 41 Figura 5.11 Tala de juno apoiada em dormente. ....................................... 41 Figura 5.12 Tala de juno sem apoio de dormente. .................................... 42 Figura 5.13 Juntas paralelas. ........................................................................ 42 Figura 5.14 Juntas defasadas. ...................................................................... 42 Figura 5.15 Vista lateral de uma junta de 6 furos. ......................................... 42 Figura 5.16 - Esquema de trilho. ...................................................................... 43 Figura 5.17 - Esquema de cortes do trilho. ...................................................... 44 Figura 5.18 - Composio bsica de um AMV. ................................................ 45 Figura 5.19 - Esquema do jacar. .................................................................... 46 Figura 5.20 - Aparelho de manobra e chave (conjunto de agulhas). ................ 46 Figura 5.21 - Jacar e contra-trilhos. ................................................................ 46 Figura 5.22 - Detalhe do jacar para determinao do seu nmero. ............... 47 Figura 6.1 - Investimentos nas malhas concedidas iniciativa privada. .......... 48 Figura 6.2 Produo ferroviria em TKU. ...................................................... 49

  • Figura 6.3 Volume transportado pelas ferrovias em TU. ............................... 49 Figura 6.4 Quantidade de contineres transportados. .................................. 50 Figura 6.5 ndice de acidentes com trens. Acidentes por milho de Km percorridos. ...................................................................................................... 50 Figura 6.6 Empregos diretos e indiretos gerados pelo modal ferrovirio. ..... 51 Figura 6.7 Arrecadao de impostos pelo governo com o modal ferrovirio. 51 Figura 7.1 Problemas inerentes ao modal ferrovirio. ................................... 53 Figura 7.2 Travessia de pedestres pela linha frrea. .................................... 53 Figura 8.1 Croqui da obra de ampliao do ptio de Brejo Alegre. ............... 54 Figura 8.2 Corte da obra de ampliao do ptio de Brejo Alegre. ................. 54 Figura 8.3 Rede Pert da obra de ampliao do ptio de Brejo Alegre. ......... 55 Figura 10.1 Sinal manual de emergncia. ..................................................... 76 Figura 10.2 Distncias de placas nas ferrovias da VALE. ............................. 80 Figura 11.1 Principais meios de circulao entre as regies brasileiras. ...... 93 Figura 11.2 Mapa da ferrovia Novoeste. ....................................................... 96 Figura 11.3 Mapa de Ferrovia Centro Atlntica, FCA. ................................... 97 Figura 11.4 - Mapa da MRS Logstica S. A. ..................................................... 98 Figura 11.5 - Mapa da Ferrovia Tereza Cristina S. A. ...................................... 99 Figura 11.6 - Mapa da Amrica Latina Logstica. ........................................... 100 Figura 11.7 - Mapa da Companhia Ferrovia do Nordeste. ............................. 101 Figura 11.8 - Mapa da Ferrovia Bandeirantes. ............................................... 102 Figura 11.9 Estrada de Ferro Vitria Minas. ................................................ 103 Figura 11.10 Estrada de Ferro Carajs. ...................................................... 104 Figura 12.1 Trinca vertical no boleto. .......................................................... 107 Figura 12.2 Trinca horizontal no boleto. ...................................................... 107 Figura 12.3 Trinca de patinagem de roda.................................................... 108 Figura 12.4 Trinca no filete. ......................................................................... 108 Figura 12.5 Trinca na alma do trilho. ........................................................... 109 Figura 12.6 Trinca transversal. .................................................................... 109 Figura 12.7 Trinca de fragmentao; .......................................................... 110 Figura 12.8 Trinca em solda. ....................................................................... 111 Figura 12.9 Trinca vertical na alma da junta. ............................................... 111 Figura 12.10 Trinca nos furos da junta. ....................................................... 112 Figura 12.11 Trinca nos furos fora da junta. ................................................ 113

  • Figura 12.12 Trinca composta. .................................................................... 114 Figura 12.13 Acidente ferrovirio por fratura de trilho, foto 1. ..................... 117 Figura 12.14 - Acidente ferrovirio por fratura de trilho, foto 2. ...................... 118 Figura 12.15 - Acidente ferrovirio por fratura de trilho, foto 3. ...................... 118 Figura 12.16 - Acidente ferrovirio por fratura de trilho, foto 4. ...................... 119 Figura 12.17 - Acidente ferrovirio por fratura de trilho, foto 5. ...................... 119 Figura 12.18 Carrinho de ultra-som. ............................................................ 121 Figura 12.19 Tala de juno trincada. ......................................................... 122 Figura 12.20 Tala de juno reparada. ....................................................... 122 Figura 12.21 Corte em trilho com maarico................................................. 123 Figura 12.22 Solda aluminotrmica. ............................................................ 124

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Valor do frete dos modais no Brasil e EUA em US$/1000 ton-km. ......................................................................................................................... 14 Tabela 5.1 - Vantagens e desvantagens dos principais tipos de dormentes. ... 36 Tabela 5.2 - Tipo de dormente que melhor se aplica. ...................................... 37 Tabela 8.1 Tempo de deslocamento de um trem com faixa. ......................... 55 Tabela 9.1 - Tarifria para passageiros classe executiva EFVM...................... 58 Tabela 9.2 - tarifria para soja, milho, trigo e farelo de soja FCA. .................... 59 Tabela 9.3 - tarifria para soja, milho, trigo e farelo de soja ALL. .................... 59 Tabela 9.4 Tabela de valores gerais para implantao de 1 km de ferrovia. 59 Tabela 9.5 Tabela de valores de operao para ferrovia. ............................. 61 Tabela 10.1 Percentagem de vages que devem utilizar freio manual ao parar em uma rampa. ................................................................................................ 71 Tabela 10.2 Tempo de acionamento de buzina. ........................................... 78 Tabela 10.3 Exemplos de placas regulamentares. ........................................ 81 Tabela 10.4 Exemplos de placas de advertncia. ......................................... 84 Tabela 10.5 Sinal de trs aspectos do AMV.................................................. 91 Tabela 11.1 Concesses das ferrovias brasileiras por regio. ...................... 94 Tabela 12.1 Tabela guia para defeitos em trilhos. ....................................... 106

  • SUMRIO

    1. Introduo ................................................................................................ 2

    2. Modais de transporte no Brasil ............................................................... 12

    3. Principais empresas ferrovirias no Brasil .............................................. 15

    3.1. Amrica Latina Logstica - ALL ........................................................... 15

    3.2. Companhia Ferroviria do Nordeste - CFN ......................................... 16

    3.3. Estrada de Ferro Carajs EFC ......................................................... 16 3.4. Estrada de Ferro Vitria/Minas EFVM .............................................. 17

    3.5. Estrada de Ferro Trombetas EFT .................................................... 19

    3.6. Estrada de Ferro Jari EFJ ................................................................ 19

    3.7. Estrada de Ferro do Amap EFA ..................................................... 20

    3.8. Ferrovia Centro-Atlntica S.A. FCA.................................................. 21

    3.9. Ferrovia Bandeirantes S.A FERROBAN .......................................... 22

    3.10. Ferrovia Norte Brasil - FERRONORTE S.A. .................................... 23

    3.11. Ferrovia Norte-Sul ............................................................................ 24

    3.12. Ferrovia Novoeste S.A. .................................................................... 25

    3.13. Ferrovia Paran S.A. FERROPAR ................................................ 25

    3.14. Ferrovia Tereza Cristina S.A. FTC ................................................ 27

    3.15. Logstica S.A. - MRS ........................................................................ 28

    3.16. Rede Ferroviria Federal S.A. - RFFSA .......................................... 29

    4. Definies bsicas .................................................................................. 30

    4.1. Bitola ................................................................................................... 30

    4.2. Conicidade das Rodas ........................................................................ 30

    5. Composio geral da via permanente .................................................... 31

    5.1. Sub-Leito ............................................................................................. 31

    5.2. Sub-Lastro ........................................................................................... 32

  • 5.3. Lastro .................................................................................................. 33

    5.4. Dormentes ........................................................................................... 34

    5.5. Acessrios de fixao ......................................................................... 37

    5.5.1. Fixao Elstica ............................................................................ 37

    5.5.2. Fixao Rgida .............................................................................. 38

    5.5.3. Placas de apoio ............................................................................ 39

    5.5.4. Tirefond ........................................................................................ 40

    5.5.5. Grampo elstico Pandrol .............................................................. 40

    5.5.6. Juntas ........................................................................................... 41

    5.6. Trilhos ................................................................................................. 43

    5.7. Aparelhos de Mudana de Via (AMV) ................................................. 45 6. Caractersticas positivas do modal ......................................................... 47

    7. Caractersticas negativas do modal ........................................................ 52

    8. Planilhas de prazos ................................................................................ 53

    8.1. Planilha de prazos para execuo ...................................................... 53

    8.2. Planilha de prazos para locomoo .................................................... 55

    9. Planilhas gerais de custo ........................................................................ 58

    9.1. Planilha de custo para transporte ........................................................ 58

    9.2. Planilha de implantao ...................................................................... 59

    9.3. Planilha de operao........................................................................... 61

    10. Procedimentos, mtodos e tcnicas utilizadas ....................................... 65

    10.1. Regras de licenciamento e circulao ............................................. 65

    10.2. Trens de passageiros ...................................................................... 67

    10.3. Trens com produtos perigosos ......................................................... 68

    10.4. Interdio da via ............................................................................... 68

    10.5. Acidentes e/ou obstruo da linha ................................................... 69

    10.6. Regras gerais de manobra ............................................................... 70

  • 10.7. Operao de AMV ........................................................................... 72

    10.8. Formao e recomposio dos trens ............................................... 72

    10.9. Circulao de veculos sem freio ..................................................... 73

    10.10. Servios de manuteno .............................................................. 74

    10.11. Trem-Socorro................................................................................ 75

    10.12. Manuteno de via permanente ................................................... 75

    10.13. Sinal manual ................................................................................. 75

    10.14. Buzina de locomotiva e equipamentos de linha ............................ 76

    10.15. Sino de locomotiva ....................................................................... 78

    10.16. Faris dos trens ............................................................................ 79

    10.17. Sinalizao grfica auxiliar ........................................................... 79

    10.17.1. Placas regulamentares .............................................................. 80

    10.17.2. Placas de advertncia ............................................................... 83

    10.18. Sinalizao tica ........................................................................... 90

    10.19. Comunicaes .............................................................................. 92

    11. Viabilidade do modal por regies ........................................................... 93

    11.1. Concesses por regio .................................................................... 94

    11.1.1. Ferrovia Novoeste S.A. ............................................................. 95

    11.1.2. Ferrovia Centro-Atlntica S.A. FCA ........................................ 96

    11.1.3. MRS Logstica S.A. ................................................................... 97

    11.1.4. Ferrovia Tereza Cristina S.A. FTC ......................................... 98

    11.1.5. Amrica Latina Logstica (ALL) ................................................. 99 11.1.6. Companhia Ferroviria do Nordeste CFN ............................ 100

    11.1.7. Ferrovia Bandeirantes S.A. (Ferroban).................................... 101 11.1.8. Estrada de Ferro vitria minas e Carajs ................................ 102

    12. Problema inerente do modal................................................................. 104

    12.1. Nomenclatura dos defeitos ............................................................ 105

  • 12.1.1. VSH - Trinca vertical no boleto ................................................ 106

    12.1.2. HSH - Trinca horizontal no boleto ........................................... 107

    12.1.3. EBF - Trinca de patinagem de roda ........................................ 107

    12.1.4. HWS - Trinca no filete ............................................................. 108

    12.1.5. SWO - Trinca na alma ............................................................. 109

    12.1.6. TDT - Trinca transversal .......................................................... 109

    12.1.7. TDD - Trinca de fragmentao ................................................ 110

    12.1.8. DWF/DWP - Trinca em solda aluminotrmica/eltrica............. 111

    12.1.9. PRJ/PRO - Trinca vertical na alma em junta/fora da junta ...... 111 12.1.10. BHJ - trinca nos furos da junta ................................................ 112 12.1.11. BHO - Trinca nos furos fora da junta ....................................... 113 12.1.12. TDC - Trinca composta ........................................................... 113

    12.1.13. INC - Incluso .......................................................................... 115

    12.2. Causas do problema ...................................................................... 115

    12.3. Conseqncias do problema ......................................................... 117

    12.4. Solues preventivas ..................................................................... 119

    12.4.1. Inspees ................................................................................ 119

    12.4.2. Ultra-som ................................................................................. 120

    12.5. Soluo paliativa - Talas de juno ............................................... 121 12.6. Soluo final - Troca do trilho ........................................................ 122

    13. Glossrio ferrovirio ............................................................................. 124

    14. Bibliografia ............................................................................................ 185

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    1. Introduo

    O engenheiro ingls Richard Trevithick construiu em 1803 um veculo a vapor similar a uma locomotiva, que pesava 5 toneladas e atingia 5 km/h. George Stephenson , tambm engenheiro ingls, foi o verdadeiro criador da trao a vapor em estrada de ferro. Primeiro a compreender o princpio de aderncia de rodas lisas sobre uma superfcie tambm lisa, construiu em 1813 a locomotiva "Blucher", testada em 25 de julho de 1814, puxando 8 vages com 30 toneladas entre Lilligwort e Hetton.

    Figura 1.1 Locomotiva a vapor de George Stephenson. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 16/09/2009 s 15:36h.

    A partir de 1840, houve uma expanso explosiva da construo ferroviria na Inglaterra, fundamental para o crescimento tecnolgico que consolidou aquele pas como potncia econmica mundial a partir da Revoluo Industrial. A distribuio das mercadorias foi facilitada, pois os trens transportavam rapidamente cargas pesadas, a longas distncias e por fretes reduzidos.

    Desde o advento da ferrovia, as estradas de ferro justificavam tal nome, pois, ao utilizarem trilhos de ferro, eram mesmo ferrovias ou vias frreas. Os trilhos apresentavam o inconveniente do desgaste, encarecendo a conservao das vias permanentes. A contribuio de Henry Bessemer em 1856 consistiu-se na fabricao de trilhos de ao que, praticamente, no se desgastavam. A partir de ento, as estradas de ferro passaram a trafegar sobre trilhos de ao com maior segurana e conservao. O sucesso ingls despertou o interesse do governo imperial brasileiro, que elaborou uma lei em outubro de 1835

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    incentivando a construo de estradas de ferro. Estas deveriam ligar a capital do pas, Rio de Janeiro, s provncias de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Em 30 de abril de 1854, foi inaugurada a primeira linha ferroviria do Brasil, ligando o Porto de Mau (Baa da Guanabara) a Petrpolis, na Vila do Fragoso. Com 14,5 km de extenso, puxado pela locomotiva "Baronesa", o primeiro trem a circular no Brasil fazia a ligao entre a capital e Petrpolis, cidade serrana onde a corte despachava no vero e para onde convergia a nobreza carioca. Incentivado pela Inglaterra, que fornecia equipamentos, tcnicos e emprstimos, o Brasil construiu diversas linhas que atendiam principalmente a exportao de matrias primas e produtos agrcolas, como o caf.

    Entre as duas grandes guerras mundiais, ocorre o desenvolvimento da trao a diesel, prenunciando-se a substituio da locomotiva a vapor. As primeiras experincias ocorreram na Alemanha (pas de origem de Ludwig Diesel), em 1933, na linha Berlim-Hamburgo, com o trem de passageiros aerodinmico, a uma velocidade de 160 km/h. Em 1934, as companhias americanas Union Pacific e Burlington Railroad, com o trem "Zephyr" de trs carros de ao inoxidvel, movido por um motor diesel de 600 HP e acionado por um gerador, percorreram a linha entre Denver e Chicago (164 km) a uma velocidade de 120 km/h. No final do sculo passado, ocorreram muitas tentativas para a aplicao da energia eltrica na trao dos trens. Dentre as bem-sucedidas, temos a de Von Siemens, na Alemanha. Nos EUA, a primeira eletrificao aconteceu em 1895, na Baltimore e Ohio Railroad. Autoridades municipais eram pressionadas pela populao para que o incmodo da fumaa fosse eliminado das linhas que atravessavam as cidades.

    No comeo do sculo XX, nos EUA e Europa, centenas de quilmetros de linhas frreas foram eletrificadas. Com isso, o servio de passageiros suburbanos ganhou qualidade, pois freqentes paradas exigiam maior poder de acelerao. Os empresrios concluram que a trao eltrica diminua os custos operacionais tornando os servios mais atraentes. Em 1945, vrios pases apresentavam redes eletrificadas: Itlia, Sucia, EUA, Sua, Frana, Alemanha, Rssia e Gr-Bretanha. A maioria das eletrificaes ocorria em vias de intenso trfego (o que justificava o alto custo do investimento nessas instalaes) e em linhas que apresentavam restries trao a vapor. As

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    locomotivas eltricas exerciam grande fora de trao por longos perodos sobre trechos muito ngremes. No Brasil, a pioneira na eletrificao foi a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, no trecho Jundia - Campinas, em 1927.

    Em um resumo geral, a ANTF prope a seguinte cronologia para o modal ferrovirio:

    Sculo XVII: vages de madeira, circulando em trilhos de madeira, so utilizados em minas de carvo do norte da Inglaterra;

    1776: trilhos de madeira so substitudos por trilhos de ferro, nas minas de carvo de Shropshire, Inglaterra;

    1801: autorizao do governo ingls para explorao da primeira ferrovia de carga: a Surrey Iron Railway;

    1803: incio da operao na Surrey Iron Railway, ligando Wandsworth a Croyden, Inglaterra, com trao animal;

    1804: Richard Trevithick testa o emprego de locomotiva a vapor para substituir a trao animal, sem sucesso, pois essa mquina mostrou-se incapaz de subir pequenas rampas por falta de peso para produzir aderncia;

    1807: incio da operao da primeira ferrovia de passageiros: a Oystermouth Railway, na Inglaterra, com trao animal;

    1812: emprego de locomotiva a vapor, com rodas e um dos trilhos dentados (semelhantemente a uma cremalheira), na Middleton Railway, Inglaterra, para superao dos problemas de aderncia;

    1825: abertura ao trfego da Stockton e Darlington Railway, Inglaterra, onde foi empregada uma locomotiva a vapor com razoveis condies de trao e aderncia, projetada por George Stephenson;

    1828: promulgada, no Brasil, a Lei Jos Clemente, que autoriza a construo de estradas no pas, por empresrios nacionais ou estrangeiros;

    1830: a Liverpool e Withstable Railway, Inglaterra, substitui toda a trao animal por locomotivas a vapor;

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    1835: promulgao, no Brasil, da Lei Feij, que autoriza a concesso de ferrovias unindo o Rio de Janeiro s provncias de Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul;

    1840: edio do Railway Regulation Act, na Inglaterra, estabelecendo regras para a explorao do transporte ferrovirio. Primeira concesso ferroviria do Brasil, ao mdico ingls Thomas Cochrane para construo da ligao Rio de Janeiro a So Paulo;

    1841: utilizao pela primeira vez da sinalizao semafrica na South Eastern Railway, e do telgrafo eltrico na North Midland Railway, ambas da Inglaterra, para controle do trfego ferrovirio;

    1842: estabelecimento, pela Railway Clearing House, da Inglaterra, de regras para o trfego mtuo entre ferrovias;

    1844: incio do processo de unificao das bitolas na Inglaterra, com a adoo do padro de 1.435mm;

    1845: inaugurao da primeira ferrovia do Brasil, com 14,5km, ao fundo da baa da Guanabara, atualmente municpio de Mag, Rio de Janeiro, um empreendimento de Irineu Evangelista de Souza, que futuramente seria o Baro de Mau;

    1850: promulgao, nos EUA, do Railroad Land Grant Act, que concede terras do governo a ferrovias pioneiras;

    1855: circulao do primeiro trem postal, entre Londres e Bristol, Inglaterra;

    1858: inaugurao da segunda estrada de ferro do Brasil, a Recife and So Francisco Railway Company, entre Recife e Cabo, em Pernambuco. Essa ferrovia marca tambm o incio da instalao da primeira empresa inglesa no pas. Concluso do primeiro segmento, entre o Rio de Janeiro e Queimados, na Baixada Fluminense, daquela que seria por muitos anos a mais importante ferrovia do Brasil: a E. F. D. Pedro II, mais tarde E. F. Central do Brasil;

    1863: abertura ao trfego do primeiro metr, em Londres, operado pela Metropolitan Railway, entre as estaes de Bishop's Road e Farringdon Street;

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    1869: George Westinghouse recebe a patente de seu freio a ar, que iria diminuir sobremaneira os acidentes ferrovirios derivados de problemas de frenagem. Concluda a construo da primeira ferrovia transcontinental dos EUA, com a juno das linhas da Central Pacific Railway e da Union Pacific Railway;

    1871: descontinuada, nos EUA, a poltica governamental de concesso de terras s ferrovias pioneiras;

    1873: promulgao, no Brasil, da Lei 2450, de 24 de setembro, que concede garantia de juros ou, alternativamente, subveno quilomtrica relativamente ao capital empregado nas construes de ferrovias;

    Inventado, nos EUA, pelo ex-escravo Eli Janney, o sistema de engate automtico, eliminando grandemente os graves acidentes que normalmente ocorriam com manobradores no engate e desengate de vages e carros de passageiro;

    1878: promulgao, no Brasil, do Decreto 6995, de 10 de agosto, complementando a legislao concessional anterior e estabelecendo a arbitragem na soluo de conflitos entre governo e ferrovias;

    1881: inaugurada a primeira linha de bonde eltrico, em Berlim, Alemanha. George Westinghouse aperfeioa o sistema de bloqueio eltrico da sinalizao, que aumenta tremendamente a segurana das estradas de ferro;

    1882: realizao do I Congresso de Estradas de Ferro no Brasil, que contou com a presena do imperador D. Pedro II em todas as suas treze sesses. Primeira utilizao do telefone no despacho de trens, pela New York West Shore & Buffalo Railroad, EUA;

    1883: inaugurao da primeira ferrovia eletrificada: a Volks Electric Railway, Inglaterra. Entrada em operao do primeiro trem de passageiros de longa distncia de luxo: o Expresso do Oriente. Realizada a Conveno Geral de Horrios, nos EUA, para criar quatro fusos horrios no pas e substituir a hora local como definidora dos horrios de trens;

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    1884: entrada em servio do primeiro carro de passageiros com ar condicionado, nos EUA;

    1887: criada nos EUA a primeira agncia reguladora do transporte ferrovirio em mbito nacional: a Interstate Commerce Comission ICC;

    1889: apresentao em Paris do primeiro aparelho de mudana de via com acionamento hidrulico;

    1890: entrada em servio do primeiro sistema de metr eletrificado, em Londres. Incio do resgate de ferrovias privadas pelo governo brasileiro, com a encampao da E. F. So Paulo e Rio de Janeiro, posteriormente incorporada E. F. Central do Brasil;

    1892: uniformizao da bitola na Great Western Railway, Gr-Bretanha;

    1900: introduo do sistema de areeiros para melhoria da aderncia roda x trilho, na Inglaterra. Eletrificao da linha Paris - Juvissy, na Frana, com terceiro trilho;

    1903: entrada em funcionamento do primeiro laboratrio para testes de materiais de construo do Brasil, iniciativa da E. F. Central do Brasil;

    1904: introduo no Brasil, pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro - CPEF, da tcnica de plantio de eucalipto, de origem australiana, para fornecimento de lenha s locomotivas a vapor;

    1905: passagem ao controle do governo de So Paulo da E. F. Sorocabana, em dificuldades financeiras;

    1906: inaugurao do tnel ferrovirio e Simplon, nos Alpes, com comprimento de 19,73m;

    1912: inaugurao da E. F. Madeira - Mamor, tida como um dos mais difceis empreendimentos do Brasil;

    1916: atingido o pico da milhagem da rede ferroviria norte-americana: 254,000 milhas;

    1918: a Lei da Hora Padro aprovada nos EUA, ratificando os fusos horrios implantados pelas ferrovias em 1883;

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    1921: criao, pela E. F. Santos a Jundia (antiga So Paulo Railway) da primeira Caixa de Aposentadoria e Penses do setor privado no Brasil;

    1922: entrada em vigor, no Brasil, do Regulamento para Segurana, Polcia e Trfego das Estradas de Ferro, substituindo o anterior, que datava de 1857. Eletrificao do trecho Campinas - Jundia, da ferrovia Paulista, evento pioneiro no Brasil;

    1923: consolidao das ferrovias britnicas, com a fuso de 123 empresas em quatro grandes conglomerados (The Big Four);

    1925: a primeira locomotiva diesel-eltrica dos EUA circula na Central Railroad of New Jersey;

    1926: criada, no Brasil, a Contadoria Geral dos Transportes, destinada a organizar o trfego mtuo entre as cerca de 150 diferentes estradas de ferro operando no pas;

    1930: trem alemo bate o recorde de velocidade: 230km/h. Eletrificadas as linhas de subrbio do Rio de Janeiro, operadas pela E. F. Central do Brasil;

    1942: criao da Cia. Vale do Rio Doce, que absorveu E. F. Vitria a Minas - EFVM, que se tornaria em pouco tempo a mais importante ferrovia do pas;

    1945: edio no Brasil do Decreto 7632, de 12 de junho, criando as taxas de melhoramento e renovao patrimonial das ferrovias, atravs de alquota de 10% sobre os fretes;

    1947: nacionalizao das ferrovias britnicas; 1949: primeira aplicao, na Frana, da tecnologia do trilho

    continuamente soldado; 1950: promulgao no Brasil da Lei 1272-A, de 12 de dezembro,

    criando o Fundo Ferrovirio Nacional. Criada a Comisso Mista Brasil - Estados Unidos para o Desenvolvimento Econmico, que lanaria as bases para a reformulao do setor ferrovirio brasileiro;

    1952: ocorrncia do maior acidente ferrovirio do Brasil, no subrbio de Anchieta, Rio de Janeiro, resultado do choque de um trem de subrbio

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    com um trem cargueiro, derivado de um trilho partido, resultando em cerca de 90 mortos e 200 feridos;

    1955: alcanada na Frana a velocidade de 330km/h, com um trem tracionado por locomotiva eltrica;

    1956: promulgao da Lei 2975, de 27 de novembro, concedendo RFFSA a participao de 10% do imposto nico sobre combustveis lquidos e gasosos, IUCLG;

    1957: inaugurada a E. F. Amap, na bitola internacional (1.435mm) e nica no Brasil, destinada ao escoamento de mangans na Serra do Navio, no ento territrio e hoje estado do Amap. Criao no Brasil da Rede Ferroviria Federal S.A. - RFFSA, resultado da aglutinao de quase duas dezenas de ferrovias controladas pelo governo federal;

    1958: emisso de relatrio pelo ICC, rgo regulador dos EUA, onde dito que o transporte ferrovirio de passageiros est se tornando obsoleto e que os carros de passageiros muito em breve faro parte de um museu histrico dos transportes, junto com a carruagem e a locomotiva a vapor;

    1962: promulgada no Brasil a Lei 4102, de 20 de julho, criando o Fundo Nacional de Investimentos Ferrovirios - FNIF, composto por uma alquota de 3% da receita tributria da Unio e das taxas de melhoramentos, estas ltimas fruto do DL 7.632, de 1945, ratificado pelo Decreto 55.651, de 29 de janeiro de 1965;

    1963: fechamento de 10.000km de ramais antieconmicos na Gr-Bretanha;

    1964: inaugurao da Tokaido Shinkansen (trem-bala japons); 1967: promulgado no Brasil o DL 343, de 28 de dezembro, que destina

    a alquota de 8% do imposto sobre combustveis RFFSA; 1968: erradicadas mais de 72.000km de linhas frreas nos EUA; 1969: assinado o primeiro contrato-programa entre o governo francs e

    a SNCF. Editado no Brasil o DL 615, de 09 de setembro de 1969, que estabeleceu o Fundo Federal de Desenvolvimento Ferrovirio, essencialmente composto pela participao da RFFSA no IUCLG (8%) e por 5% do imposto de importao;

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    1970: criao da empresa pblica de transporte ferrovirio de passageiros nos EUA: a Amtrack, destinada a aliviar as ferrovias privadas desse tipo de servio, considerado deficitrio.Iniciado no Brasil o programa de capacitao da RFFSA para o transporte de minrio de ferro, apoiado pelo Bird;

    1971: criao da Ferrovia Paulista S. A. - Fepasa, pela aglutinao de cinco ferrovias estaduais (Paulista, Sorocabana, Mogiana, Araraquarense e So Paulo - Minas);

    1974: criao no Brasil do Fundo Nacional de Desenvolvimento, canalizador de recursos anteriormente vinculados a aplicaes setoriais. Criada no Brasil a empresa de Engenharia Ferroviria - Engefer, destinada a implantao de empreendimentos ferrovirios no pas;

    1978: dado incio implantao da E. F. Trombetas, objetivando o transporte de bauxita no estado do Par, Brasil;

    1979: inaugurada a E. F. Jari, destinada a dar suporte produo de celulose no estado do Par, Brasil;

    1980: circula o primeiro trem pendular tipo Talgo na Espanha. Desregulamentao do setor ferrovirio norte-americano, com a edio da Lei Stagger. Erradicados cerca de 8.000km de linhas frreas no Brasil, processo iniciado no incio da dcada de 60;

    1981: trem de grande velocidade francs atinge a velocidade de 380km/h;

    1984: criada, por ciso da RFFSA e abosro da Engefer, a Cia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, atravs do DL 2178, que concomitantemente transfere as dvidas da RFFSA para o tesouro nacional;

    1985: inaugurao da E. F. Carajs - EFC, no Norte do Brasil, pela Cia. Vale do Rio Doce, destinada a escoar minrio de ferro do estado do Par;

    1987: dado incio construo, no Brasil, da Ferrovia Norte - Sul, interligando os estados de Gois, Tocantins, Maranho e Par. Privatizao das ferrovias japonesas (JNR), com sua subdiviso em

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    seis companias regionais privadas: JR Hokkaido, JR East, JR Central, JR West, JR Shikoku e JR Kyushu;

    1991: iniciados os trabalhos de construo da Ferroeste, entre Guarapuava e Cascavel, estado do Paran, Brasil;

    1992: dado incio construo do trecho inicial da Ferronorte, interligando os estados de So Paulo e Mato grosso do Sul, Brasil;

    1993: privatizao da British Rail, aps sua segmentao em cerca de cem empresas. Privatizao dos Ferrocarriles Argentinos FA;

    1994: inaugurao do tnel do canal da Mancha, ligando a Inglaterra Frana;

    1996: privatizadas, no Brasil, as malhas centro-leste, sudeste e oeste da RFFSA, sendo as novas concessionrias a Ferrovia Centro - Atlntica - FCA, MRS Logstica e Ferrovia Novoeste, respectivamente;

    1997: privatizadas, no Brasil, as malhas sul e Tereza Cristina da RFFSA, sendo as novas concessionrias a Ferrovia Sul - Atlntica (atualmente Amrica Latina Logstica - Delara) e Ferrovia Teresa Cristina - FTC, respectivamente. Privatizado um trecho da ferrovia estadual do Paran (Ferroeste), assumido pela Ferrovia Paran Ferropar;

    1998: privatizadas, no Brasil, as malhas nordeste e paulista da RFFSA, sendo as novas concessionrias a Cia. Ferroviria do Nordeste - CFN e Ferrovia Bandeirantes - Ferroban, respectivamente.

    Segundo ANTT Agncia Nacional de Transportes Terrestres (2009), a malha ferroviria brasileira, composta de aproximadamente 29 mil km de ferrovias, teve seu programa de concesso concludo em dezembro de 1998. Hoje, a malha est concedida iniciativa privada, ficando sob responsabilidade da ANTT fiscalizar e regular as concessionrias.

    Segundo DNIT (2009), a malha ferroviria brasileira voltada para o servio pblico de transporte de carga tem 29 mil km de extenso e participa com cerca de 20% na distribuio da matriz de transporte do Brasil. Sua operao realizada por intermdio de concesses iniciativa privada.

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    Informa DNIT (2009), que desde 1996, quando iniciou-se o processo de desestatizao, a quantidade de carga movimentada nas ferrovias brasileiras aumentou em cerca de 26%. Os investimentos permitiram um incremento da produo de transportes em 68% entre 1996 e 2001. As melhorias decorrentes da desestatizao tm contribudo para reduzir acidentes nas malhas em funcionamento. No Brasil existem ferrovias com padres de competitividade internacional, e a qualidade das operaes permite, por exemplo, a agilidade desejada para a integrao multimodal.

    2. Modais de transporte no Brasil

    No Brasil, o modal ferrovirio ocupa uma pequena porcentagem dos meios de transporte. Uma vez que a ferrovia meio ideal para transportar grandes cargas a grandes distancias e o Brasil possui grande extenso territorial, podemos concluir que a logstica de transporte brasileira ainda deficiente se compararmos com outros pases.

    Figura 2.1 Percentual no transporte de carga no Brasil. Fonte: GEIPOT, 2000.

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    Figura 2.2 Mapa ferrovirio europeu. Fonte: http://eurail.viajandopor.com/mapas/plano_ferroviario.pdf. Acesso em 18/09/2009 s

    20:55h.

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    Analisando o mapa ferrovirio europeu temos uma viso bem ampla de como as ferrovias tem fundamental importncia para os pases desenvolvidos. Toda a Europa interliga por vias frreas facilitando a importao e exportao, alem da facilidade de deslocamento de pessoas de um pas para o outro.

    Apesar da malha ferroviria brasileira ser inferior se compararmos com outros pases desenvolvidos, a tendncia de forte crescimento no setor, tanto de carga (produo cada vez maior requer maior escoamento de carga) quanto de passageiros por causa da copa de 2014 e as possveis Olimpadas de 2016. a um dos requisitos exigidos pelo Comit Olmpico Internacional (COI) para escolha da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpadas de 2016.

    Um dos empecilhos para um maior crescimento no setor ferrovirio no Brasil a sua relao com o frete rodovirio. Nos Estados Unidos o valor do frete rodovirio 4 vezes maior que o ferrovirio. Isso faz com que as empresas prefiram transportar suas cargas via linha frrea e automaticamente impulsionam o setor. J no Brasil essa taxa cai para 1,75; dependendo da distncia e quantidade, transportar por rodovias fica muito mais vantajoso.

    Tabela 2.1 Valor do frete dos modais no Brasil e EUA em US$/1000 ton-km. Modal USA (US$) Brasil (US$) * Areo 320 568

    Rodovirio 56 21 Ferrovirio 14 12 Hidrovirio 5 8

    Fonte: COPPEAD/UFRJ; CNT 2002. * US$ 1 = R$ 2,30.

    Contudo, a matriz de transporte brasileira significativamente diferente daquela encontrada em outros pases de dimenses semelhantes. Apenas 22% das rodovias esto em boas ou timas condies. A idade mdia da frota de 17,5 anos para caminhes e 25 anos para locomotivas. As hidrovias tm srias restries operacionais e os portos tiveram baixo investimento nos ltimos anos.

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    3. Principais empresas ferrovirias no Brasil

    Figura 3.1 Mapa do sistema ferrovirio brasileiro por empresas. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 16/09/2009 s 15:31h.

    3.1. Amrica Latina Logstica - ALL

    A empresa foi fundada em maro de 1997, quando a Ferrovia Sul Atlntico venceu o processo de privatizao da malha sul da Rede Ferroviria Federal e passou a operar a malha no Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em 1998, por meio de contrato operacional, a companhia assumiu as operaes da malha sul paulista pertencente Ferroban.

    Com a aquisio das ferrovias argentinas Ferrocarril Mesopotamico, General Urquiza e Ferrocarril Buenos Aires al Pacifico General San Martin, em

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    1999, a empresa passou a adotar o nome Amrica Latina Logstica. Em julho de 2001, a ALL integrou a Delara Ltda, uma das maiores empresas de logstica do Pas, e assumiu as operaes e contratos comerciais da empresa no Brasil, Chile, Argentina e Uruguai.

    A Companhia ingressou no mercado de capitais, com o lanamento de aes na Bolsa de Valores de So Paulo, em 2004. Reafirmou seu compromisso com a tica e a transparncia aderindo ao Nvel 2 de Governana Corporativa, com a garantia de tratamento igualitrio a acionistas majoritrios e minoritrios. Com a aquisio da Brasil Ferrovias e da Novoeste, em maio de 2006, a ALL consolidou sua posio de maior empresa ferroviria da Amrica do Sul, passando a operar no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

    3.2. Companhia Ferroviria do Nordeste - CFN

    A Companhia Ferroviria do Nordeste obteve a concesso da Malha Nordeste, pertencente Rede Ferroviria Federal S.A., no leilo realizado em 18/07/97. A outorga dessa concesso foi efetivada pelo Decreto Presidencial de 30/12/97, publicado no Dirio Oficial da Unio de 31/12/97.

    A empresa iniciou a operao dos servios pblicos de transporte ferrovirio de cargas em 01/01/98. A viso da CFN se tornar lder em logstica no Nordeste a partir de 2010, colocando em operao, em 2008, a ferrovia Nova Transnordestina, que ligar o cerrado do Nordeste aos portos de Suape (PE) e Pecm (CE) com bitola larga, tendo como principais cargas gros, fertilizantes e minrios.

    3.3. Estrada de Ferro Carajs EFC

    No dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a Estrada de Ferro Carajs, pertencente e diretamente operada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na regio Norte do pas, ligando o interior ao principal porto da regio, em So Lus.

    Com seus 892 quilmetros de linha singela, 73% de sua extenso em linha reta e 27% em curva, de excelentes condies tcnicas, a EFC uma das

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    ferrovias com melhores ndices de produtividade do mundo. A Estrada de Ferro Carajs foi concebida para dar maior produtividade aos trens de minrio e hoje tem um dos centros de controle mais modernos do mundo, que possui um sistema integrado baseado em uma rede de telecomunicaes por fibra tica. A velocidade mxima durante o trfego de 80km/h com o trem vazio e 75km/h com o trem carregado e no percurso existem 347 curvas. A EFC conta hoje com 5.353 vages e 100 locomotivas.

    Conecta-se Companhia Ferroviria do Nordeste (CFN), Ferrovia Norte-Sul, Terminal Martimo de Ponta da Madeira (So Lus - MA), Porto de Itaqui (So Lus - MA), alm de beneficiar-se da integrao da sua malha com a estrutura de logstica da Vale, que conta com mais duas ferrovias, oito portos, servios de navegao costeira e armazns, o que possibilita a composio de inmeras solues intermodais para os clientes.

    Nos seus quase 20 anos de existncia, alm de minrio de ferro e mangans, tm passado pelos seus trilhos, anualmente, cerca de 5 milhes de toneladas de produtos como madeira, cimento, bebidas, veculos, fertilizantes, combustveis, produtos siderrgicos e agrcolas, com destaque para a soja produzida no sul do Maranho, Piau, Par e Mato Grosso.

    3.4. Estrada de Ferro Vitria/Minas EFVM

    Incorporada Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) na dcada de 40, a Vitria a Minas foi construda pelos ingleses e inaugurada em 18 de maio de 1904. hoje uma das mais modernas e produtivas ferrovias brasileiras, transportando 37% de toda a carga ferroviria do pas.

    Localizada na regio Sudeste, a EFVM faz conexo com outras ferrovias integrando os estados de Minas Gerais, Gois, Esprito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e o Distrito Federal, alm de ter acesso privilegiado aos principais portos do Esprito Santo, entre eles os de Tubaro e Praia Mole.

    A EFVM conta com 905 quilmetros de extenso de linha, sendo 594 quilmetros em linha dupla, correspondendo a 3,1% da malha ferroviria brasileira. Dispe de 15.376 vages e 207 locomotivas e transporta,

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    atualmente, cerca de 110 milhes de toneladas por ano, das quais 80% so minrio de ferro e 20% correspondem a mais de 60 diferentes tipos de produtos, tais como ao, carvo, calcrio, granito, contineres, ferro-gusa, produtos agrcolas, madeira, celulose, veculos e cargas diversas. A ferrovia tem cerca de 300 clientes.

    O CTC (Controle de Trfego Centralizado), localizado em Tubaro (ES), controla todas as operaes da ferrovia. Seu painel contm a representao esquemtica da linha frrea, por meio da qual os operadores localizam os trens e decidem quais rotas devem seguir. O maquinista est em comunicao direta e permanente com o CTC. E por meio de rdio, fala com estaes, terminais e oficinas, quando necessrio.

    Com o escritrio-sede localizado em Tubaro, a Estrada de Ferro Vitria a Minas, como prestadora de servios e parceira do seu cliente, est apta a planejar, organizar e gerenciar as estratgias complexas que compem um sistema intermodal, atravs de sua rea comercial.

    Os clientes da EFVM acompanham toda a operao de transporte de suas cargas diretamente em seus computadores, interligando-os ferrovia atravs do Sistema de Informaes a Clientes (SIC). E podem ainda ter implantados projetos de EDI (Troca Eletrnica de Dados).

    Diariamente, um trem de passageiros circula em cada sentido entre Vitria e Belo Horizonte/Itabira, transportando anualmente cerca de 1 milho de pessoas. Por meio da Estrada de Ferro Vitria a Minas e dos portos do Esprito Santo, a Companhia Vale do Rio Doce permite o acesso dos produtos brasileiros ao mercado internacional em condies mais competitivas, reafirmando sua responsabilidade com o desenvolvimento econmico e social do Brasil.

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    3.5. Estrada de Ferro Trombetas EFT

    Decreto de outorga de concesso n. 81.889, de 5/7/78, Empresa Minerao Rio do Norte S.A., que tem participao acionria da Vale do Rio Doce Alumnio - ALUNAVE, controlada pela Companhia Vale do Rio Doce, com o direito de construo, uso e gozo de uma estrada de ferro, ligando as minas de bauxita de Serra do Sarac, municpio de Oriximin (PA), ao Porto Trombetas (PA). A estrada de ferro tem cunho industrial.

    Em 1997 transportou 9,6 milhes de toneladas de mercadorias (bauxita), equivalente a 288 milhes de TKU, empregando 60 funcionrios.

    Extenso do trecho: 35 km; Bitola: 1,00 m; Trao: diesel.

    3.6. Estrada de Ferro Jari EFJ

    A Estrada de Ferro Jari foi construda para transportar madeira que alimenta a fbrica de celulose do Projeto Jari e entrou em operao em 1979. Localiza-se ao norte do Estado do Par, prximo divisa com o Estado do Amap. A madeira da regio transportada at o Porto de Mungub, margem do Rio Jari.

    Com a implementao do Projeto Jari, cuja configurao contemplava a produo de vrios produtos, entre os quais a celulose. A necessidade de abastecer a fbrica de celulose levou construo da Estrada de Ferro, que em funo da sua grande capacidade de transporte aliada ao baixo custo supria de forma confivel e segura a fbrica de celulose. O projeto da ferrovia foi desenvolvido nos Estados Unidos, sendo que em sua implementao houve a necessidade de modificaes tcnicas devido as caractersticas topogrficas no observadas adequadamente nos levantamentos preliminares de campo. Aliado aos problemas tcnicos apenas 35% das linhas previstas inicialmente foram construdas, como conseqente reduo no nmero de locomotivas e vages, o que no chega a impedir o abastecimento eficaz da fbrica de celulose (Jarcel Celulose S.A.).

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    Os 68 km de linhas atuais interligam os trs ptios principais da Ferrovia: Munguba, no Km 0, onde est localizada a rea industrial, o ptio terminal do transporte de madeira para celulose; So Miguel, no km 36, Ponte Maria, no km 22 e Pacanari, no km 45, so os principais ptios de carregamento dos vages, local onde so estocadas as madeiras oriundas das reas de corte. Existem ao longo das linhas alguns pontos intermedirios onde eventualmente estocada madeira em funo da localizao dos ptios principais em relao s reas de corte. O fluxo do trfego ferrovirio regido pela necessidade de madeira na fbrica de celulose, ficando em mdia na ordem de trs viagens/dia, sendo as composies normalmente constitudas por vages com madeira, podendo chegar a 24 vages quando transporta-se bauxita refratria com madeira, no utilizando-se unidades mltiplas. O transporte atual tambm contempla brita para uso na manuteno da Via Permanente e mquinas operatrizes em vages adaptados, ficando em torno de 180.000 toneladas/ano de bauxita, e 1.500.000 toneladas/ano de madeira.

    Outorga de concesso por Decreto Empresa Jari Celulose S.A. Extenso do trecho: 68 km; Bitola: 1,60 m; Trao: diesel.

    3.7. Estrada de Ferro do Amap EFA

    A Estrada de Ferro do Amap, inaugurada em 1957, tem por principal objetivo o transporte do minrio de mangans extrado e beneficiado na Serra do Navio, Estado do Amap, que embarcado para exportao pelo Porto de Santana, em Macap.

    Extenso do trecho: 194 km; Bitola: 1.435 m; Trao: diesel.

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    3.8. Ferrovia Centro-Atlntica S.A. FCA

    A Ferrovia Centro-Atlntica (FCA) tornou-se uma concessionria do transporte ferrovirio de cargas em setembro de 1996, a partir do processo de desestatizao da Rede Ferroviria Federal.

    Responsvel pela operao de uma malha com 7.840 km de linhas, a FCA hoje abrange sete estados Minas Gerais, Esprito Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Gois, Bahia, So Paulo alm do Distrito Federal.

    A FCA tambm o principal eixo de conexo entre as regies Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Sua frota atual composta por cerca de 12.000 vages e 500 locomotivas, todas monitoradas via satlite (GPS).

    Desde que assumiu a operao da malha Centro-Leste, a FCA coloca em prtica um slido plano de investimentos em segurana operacional, recuperao e manuteno da via permanente, melhorias tecnolgicas e aquisio de vages e locomotivas.

    Os principais produtos transportados pela FCA so: lcool e derivados de petrleo, calcrio, produtos siderrgicos, soja, farelo de soja, cimento, bauxita, ferro gusa, clnquer, fosfato, cal e produtos petroqumicos.

    A FCA um completo sistema logstico de transporte. Est interligada com as principais ferrovias brasileiras e possui parcerias com outros modais, o que possibilita a conexo com os maiores centros consumidores do Brasil e do Mercosul.

    Em setembro de 2003, autorizada pela Agncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Companhia Vale do Rio Doce assumiu o controle acionrio da Ferrovia Centro-Atlntica, fortalecendo o processo de gesto e recuperao da empresa.

    Assim, os clientes da Logstica Vale beneficiam-se da integrao da malha da FCA com a estrutura de logstica da CVRD, que conta com mais duas ferrovias a Estrada de Ferro Vitria a Minas (EFVM) e Estrada de Ferro Carajs (EFC) portos, servios de navegao costeira e armazns, o que possibilita a composio de inmeras solues intermodais para os clientes.

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    3.9. Ferrovia Bandeirantes S.A FERROBAN

    Depois da Segunda Guerra Mundial, as pequenas ferrovias de So Paulo foram ficando obsoletas pela falta de adequao tcnica, operacional ou fsica. Para unificar e centralizar o transporte de todas aquelas ferrovias, o governo paulista criou, em 1971, a Fepasa (Ferrovia Paulista S/A). A empresa criada passou a contar com 5.252 km de linhas, 622 locomotivas, 1.109 carros de passageiros de longo percurso, 116 trens-unidade para transporte urbano e 17.200 vages, alm de 36.624 funcionrios.

    Entre as dcadas de 70 e 80 foram grandes dos investimentos realizados no transporte ferrovirio, que teve um expressivo crescimento: at 1976, a mdia de carga transportada era de 8 milhes por ano. Esse nmero saltou para 23 milhes em 1982. Mas, no incio dos anos 90, a ineficincia estatal chegou tambm s ferrovias. Em 1994, a Fepasa transportava cerca de 18,5 milhes de toneladas. Trs anos depois, apenas 13 milhes de toneladas foram transportadas, com uma queda de quase 30% no total transportado.

    Mal administrada, a Fepasa no conseguiu controlar a crise. O Estado foi incapaz de manter a estatal e a entregou para o Governo Federal em 1997. Na corrida pelas privatizaes, a Unio no perdeu tempo e inseriu a empresa dos planos de privatizao do Conselho Nacional de Desestatizao (CND) em 1998.

    Extenso: 4.186 km; Bitola: larga (1.463 km), mtrica (2.427 km) e mista (296 km). Trao: diesel/eltrica.

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    3.10. Ferrovia Norte Brasil - FERRONORTE S.A.

    A FERRONORTE uma artria logstica das regies Norte e Centro-Oeste do Pas, em sua ligao com Sul e Sudeste e com Portos de Exportao. Concesso obtida em 1989 por 90 anos para construir e operar um sistema ferrovirio de carga de 5 mil quilmetros, ligando Cuiab (MT), Uberlndia (MG), Uberaba (MG), Aparecida do Taboado (MS), Porto Velho (RO) e Santarm (PA). Concesso obtida em 1989 por 90 anos para construir e operar um sistema ferrovirio de carga de 5 mil quilmetros, ligando Cuiab (MT), Uberlndia (MG), Uberaba (MG), Aparecida do Taboado (MS), Porto Velho (RO) e Santarm (PA).

    Em sua concepo global, este projeto insere-se no esforo de desenvolvimento de grande parte da regio Centro-Oeste, visando a integrao de seus mercados economia nacional e a racionalizao do escoamento de sua produo.

    Pretende-se interligar Cuiab (MT) com as malhas ferrovirias existentes no Tringulo Mineiro e So Paulo, alcanar Porto Velho (RO), onde comea a navegao do Rio Madeira, e Santarm (PA), onde integra-se navegao de longo curso pelo Rio Amazonas. Em Aparecida do Taboado (MS), interligar-se- com a hidrovia Tiet-Paran, servindo de alternativa para se atingir os principais mercados do Sul do Pas. Abre a possibilidade de escoamento da produo do Centro-Oeste pelos portos de Santos (SP) e Sepetiba (RJ). um projeto de longo prazo, estritamente privado, no acarretando nus para a Unio.

    Extenso do trecho: 5.228 km, sendo: Cuiab (MT) - Alto Araguaia (MT) - Aparecida do Taboado (MS): 957

    km; Alto Araguaia - Uberlndia (MG): 771 km; Cuiab - Porto Velho (RO): 1.500 km; Cuiab - Santarm (PA): 2.000 km.

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    3.11. Ferrovia Norte-Sul

    O traado inicial da Ferrovia Norte-Sul previa a construo de 1550 quilmetros de trilhos, cortando os estados do Maranho, Tocantins e Gois. Com a Lei n 11.297, de 09 de maio de 2006, da Presidncia da Repblica, que incorporou o trecho Aailndia-Belm ao traado inicialmente projetado, a Ferrovia Norte-Sul ter, quando concluda, 1980 quilmetros de extenso.

    A Ferrovia Norte-Sul foi projetada para promover a integrao nacional, minimizando custos de transporte de longa distncia e interligando as regies Norte e Nordeste s Sul e Sudeste, atravs das suas conexes com 5 mil quilmetros de ferrovias privadas.

    A integrao ferroviria das regies brasileiras ser o grande agente uniformizador do crescimento auto-sustentvel do pas, na medida em que possibilitar a ocupao econmica e social do cerrado brasileiro - com uma rea de aproximadamente 1,8 milho de km 2 , correspondendo a 21,84% da rea territorial do pas, onde vivem 15,51% da populao brasileira - ao oferecer uma logstica adequada concretizao do potencial de desenvolvimento dessa regio, fortalecendo a infra-estrutura de transporte necessria ao escoamento da sua produo agropecuria e agro-industrial.

    Inmeros benefcios sociais esto surgindo com a Ferrovia Norte-Sul. A articulao de diferentes ramos de negcios proporcionada por sua implantao est contribuindo para o aumento da renda interna e para o aproveitamento e melhor distribuio da riqueza nacional, a gerao de divisas e abertura de novas frentes de trabalho, permitindo a diminuio de desequilbrios econmicos entre regies e pessoas, resultando na melhoria significativa da qualidade de vida da populao da regio.

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    3.12. Ferrovia Novoeste S.A.

    A Ferrovia Novoeste S.A. opera a Malha Oeste da Rede Ferroviria Federal S.A. - RFFSA, abrangendo a antiga SR-10 (Bauru), ferrovia localizada nos Estados de So Paulo e Mato Grosso do Sul.

    Outorga de concesso pelo Decreto de 26/6/96, publicada no DOU n. 123, de 27/6/96, para a explorao e desenvolvimento do servio pblico de transporte ferrovirio de carga na Malha Oeste, por um perodo de 30 anos, prorrogvel por igual perodo.

    Extenso: 1.622 km; Bitola: 1,00 m.

    3.13. Ferrovia Paran S.A. FERROPAR

    A Estrada de Ferro Paran Oeste S.A. - FERROESTE, criada em 15 de maro de 1988, uma empresa de economia mista, vinculada a Secretaria dos Transportes por ser o Estado do Paran o seu maior acionista. A empresa detm a concesso, conforme Decreto do Governo Federal n 96.913/88, para construir e operar uma ferrovia entre Guarapuava, Estado do Paran, e Dourados no Estado do Mato Grosso do Sul, e servindo o Oeste e extremo Oeste paranaense, o Mato Grosso do Sul, Paraguai e norte da Argentina.

    Concebida principalmente para transporte de gros agrcolas e insumos para plantio, a FERROESTE, denominada no passado de "Ferrovia da Soja" e "Ferrovia da Produo", teve sua construo iniciada em 15 de maro de 1991, com a implantao do trecho Guarapuava - Cascavel, com 248 quilmetros, numa primeira etapa; e, em etapas posteriores, Cascavel - Guara e Cascavel - Foz do Iguau, com 171 quilmetros, cada um dos novos segmentos.

    Na primeira fase do projeto, correspondente ao trecho Guarapuava - Cascavel, o trfego de trens teve incio no primeiro semestre de 1996, em fase pr - operacional, em decorrncia de um acordo com a Rede Ferroviria Federal S/A (RFFSA), que ao longo de 4 anos garantiria o material rodante necessrio movimentao de at 1,0 milho de toneladas anuais. O Ministrio dos Transportes autorizou a abertura definitiva ao trfego em 12 de

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    dezembro de 1996. Foram transportados 250.000 toneladas de mercadorias, nesses primeiros meses de operao experimental.

    Acompanhando a tendncia verificada no setor ferrovirio brasileiro e visando desobrigar o Estado da necessidade de vultuosos investimentos na aquisio de locomotivas e vages, a FERROESTE transferiu para iniciativa privada, a responsabilidade pela explorao do transporte de carga entre Guarapuava e Cascavel, atravs de leilo realizado em 10 de dezembro de 1996, pelo prazo de 30 anos, renovveis por igual perodo.

    O consrcio vencedor veio a constituir a Ferrovia Paran S/A - FERROPAR que iniciou suas atividades em 01 de maro de 1997, aps a assinatura, em 28 de fevereiro de 1997, do Contrato de Sub-concesso. Nesse contrato, h previso do atendimento de uma demanda de transporte que pode chegar 4,8 milhes de toneladas, obrigando a sub-concessionria a fazer a alocao de locomotivas e vages, necessrios ao cumprimento das metas de transporte.

    O contrato prev ainda que a FERROPAR, mediante o pagamento de direito de passagem, poder circular com as suas composies nas linhas da Amrica Latina Logstica do Brasil S.A. - ALL, concessionria das linhas da RFFSA. No decorrer do segundo semestre de 1998, a ALL - ento denominada Ferrovia Sul Atlntico, aps autorizao da FERROESTE e Ministrio dos Transportes, passou a fazer parte da FERROPAR, em igualdade de condies com os demais controladores.

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    3.14. Ferrovia Tereza Cristina S.A. FTC

    A Ferrovia Tereza Cristina SA a concessionria da malha ferroviria sul catarinense. Iniciou suas atividades em 1 de fevereiro de 1997 e, desde ento, vem promovendo investimentos na recuperao e manuteno de vages, locomotivas e via permanente, novas tecnologias e sistemas de comunicao. Investe tambm em programas de qualidade e segurana, capacitao do quadro de colaboradores e em projetos de responsabilidade scio-ambiental, voltados para a preservao do meio ambiente, o bem-estar e qualidade de vida das comunidades por onde passa a linha frrea. Como resultado, a Ferrovia Tereza Cristina apresenta um transporte seguro e eficaz, certificado pela norma ISO 9001:2000, de gesto da qualidade.

    Com 164 km de extenso opera na regio carbonfera e cermica, interligando o sul de Santa Catarina ao Complexo Termeltrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, e ao Porto de Imbituba.

    O principal produto transportado pela Ferrovia Tereza Cristina o carvo mineral, que abastece as usinas do Complexo Termeltrico. Para melhor atender esse importante cliente e complementar a sua operao, a FTC criou em 1999 a Transferro Operadora Multimodal, com a responsabilidade de efetuar a descarga, movimentao e abastecimento dos silos de carvo no Complexo Termeltrico. Alm do carvo mineral, a FTC transporta contineres com destino exportao pelo Porto de Imbituba. Para complementar este servio, tem acesso ao Cricima Terminal Intermodal, posicionado estrategicamente no maior plo cermico do Brasil. O local oferece servios de recepo de carga, armazenagem, separao de lotes, estufagem de contineres, peao da carga, controle de estoque e monitoramento 24 horas, alm de ser autorizado pela Receita Federal a operar como Unidade REDEX (Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportao). Anualmente, a Ferrovia Tereza Cristina transporta cerca de 2,6 milhes de toneladas de cargas.

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    3.15. Logstica S.A. - MRS

    A MRS Logstica uma concessionria que controla, opera e monitora a Malha Sudeste da Rede Ferroviria Federal. A empresa atua no mercado de transporte ferrovirio desde 1996, quando foi constituda, interligando os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e So Paulo. So 1.674 Km de malha - trilhos que facilitam o processo de transporte e distribuio de cargas numa regio que concentra aproximadamente 65% do produto interno bruto do Brasil e esto instalados os maiores complexos industriais do pas. Pela malha da MRS tambm possvel alcanar os portos de Sepetiba e de Santos (o mais importante da Amrica Latina).

    O foco das atividades da MRS est no transporte ferrovirio de cargas gerais, como minrios, produtos siderrgicos acabados, cimento, bauxita, produtos agrcolas, coque verde e conteineres; e na logstica integrada, que implica planejamento, multimodalidade e transit time definido. Ou seja, uma operao de logstica completa. Para desenvolver suas atividades com eficcia, a MRS trabalha com equipamentos modernos de GPS (localizao via satlite com posicionamento de trens em tempo real), sinalizao defensiva, deteco de problemas nas vias com apoio de raios-X e ultrassom para detectar fraturas ou fissuras nos trilhos.

    Criada com metas bem definidas sobre preservao do meio ambiente, a MRS implementa vrias programas de cunho ambiental: recuperao de reas degradadas com emprego de revestimentos vegetais, gerenciamento de resduos e adoo de medidas preventivas para eliminao de processos poluidores so alguns exemplos. A responsabilidade social tambm merece destaque nas aes da MRS. A empresa implanta uma srie de medidas sobre procedimentos operacionais, capacitao de recursos humanos, conscientizao e emprego de tecnologias, para garantir o transporte eficiente e seguro no s de suas cargas, mas tambm de seus funcionrios.

    O objetivo da MRS para os prximos anos alcanar o topo da eficincia operacional. Diferenciais competitivos, reestruturao de processos existentes para conquista de novos clientes, investimento em pessoal e

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    ampliao da participao no mercado de carga geral esto em pauta para fazer da MRS a melhor operadora logstica ferroviria do pas.

    3.16. Rede Ferroviria Federal S.A. - RFFSA

    A RFFSA teve sua constituio autorizada pela Lei n. 3.115, de 16/03/1957, com a finalidade de administrar, explorar, conservar, ampliar e melhorar o trfego das estradas de ferro da Unio a ela incorporadas (EF Santos a Jundia, Rede Viao Paran-Santa Catarina, EF Central do Brasil, EF Dona Tereza Cristina, Rede Ferroviria do Nordeste, EF Noroeste do Brasil, EF Leopoldina, Rede Mineira de Viao, EF Mossor a Souza, EF Bahia e Minas, EF Gois, EF So Lus-Teresina, EF Sampaio Correia, EF Madeira Mamor, Rede Viao Cearense, Viao Frrea Federal Leste Brasileiro, Central do Piau, Bragana, Viao Frrea RGS, EF Santa Catarina, EF de Ilhus e EF Nazar).

    Nos ltimos anos se caracterizou como uma ferrovia que opera essencialmente transporte de carga, uma vez que o transporte de passageiros foi progressivamente desativado, por motivo de insegurana na circulao dos trens, obsoletismo dos veculos, antieconomicidade, elevado consumo de combustvel e baixo aproveitamento da oferta, revelando desinteresse dos usurios.

    O Governo Federal impossibilitado de gerar os recursos necessrios para continuar financiando os investimentos, com vistas ao aumento da oferta e melhoria de servios, colocou em prtica aes voltadas para a privatizao, concesso e delegao de servios pblicos de transporte a Estados, Municpios e iniciativa privada.

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    4. Definies bsicas

    4.1. Bitola

    A distncia entre os trilhos uma caracterstica da via e denominada bitola. Uma via, entretanto, pode ter mais de um tipo de bitola, permitindo que seja utilizada por mais de um tipo de trem. Padronizou-se no mundo bitolas de 1.0 m, 1.435 m e 1.6 m. A tolerncia no tamanho da bitola varia em funo do pas, da organizao ferroviria e da velocidade da via.

    Figura 4.1 - Bitola. Porto, Telmo Giolito. PTR 2501 FERROVIAS.

    4.2. Conicidade das Rodas

    As rodas possuem uma configurao cnica que tem duas funes: Centralizar o veculo nos trilhos uma vez que, quando o mesmo se

    desloca mais para o lado de um trilho, a geometria cnica o faz escorregar pela gravidade de volta para o centro;

    Diminui o efeito do escorregamento das rodas nas curvas, pois o trem se apia numa curva no trilho externo e a configurao das rodas faz com que a externa tenha uma circunferncia de contato com o trilho maior que a interna.

    Figura 4.2 - Esquema de posio das rodas do trem no trilho. Porto, Telmo Giolito. PTR 2501 FERROVIAS.

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    5. Composio geral da via permanente

    5.1. Sub-Leito

    O subleito deve receber compactao, com o objetivo de aumentar sua resistncia. Cuidados devem ser tomados quanto drenagem, como o uso de trincheiras e drenos para rebaixar o nvel dgua quando necessrio em cortes no terreno.

    Figura 5.1 Subleito em corte. Porto, Telmo Giolito. PTR 2501 FERROVIAS.

    Figura 5.2 Subleito em aterro. Porto, Telmo Giolito. PTR 2501 FERROVIAS.

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    5.2. Sub-Lastro

    Tem como funo evitar o fenmeno do bombeamento de finos do subleito e diminuir a altura necessria de lastro, uma vez que seu custo menor. O bombeamento de finos um processo auto-alimentado que consiste no enrijecimento do lastro e posterior ruptura devido secagem de lama proveniente do subleito bombeada pelo trfego. Ocorre na presena de solo fino, gua e supersolicitao.

    Figura 5.3 Bombeamento de finos. Porto, Telmo Giolito. PTR 2501 FERROVIAS.

    O sub-lastro uma camada situada entre o lastro e o sub-leito, com funo de filtro, impedindo a subida da lama. Seu dimensionamento segue os critrios de Terzaghi para granulometria e de Araken Silveira para altura. Para vias menos importantes, utiliza-se bica-corrida (pedra britada sem seleo de dimetro).

    Figura 5.4 - Sub-lastro. Porto, Telmo Giolito. PTR 2501 FERROVIAS.

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    5.3. Lastro

    O lastro ferrovirio componente da superestrutura da via permanente constituindo-se em uma camada de material granular que se situa acima do sub-lastro e abaixo dos dormentes, preenchendo tambm os espaos entre eles e avanando alm dos seus topos, conforme figura abaixo:

    Figura 5.5 - Seo transversal tpica de lastro ferrovirio. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    O lastro ferrovirio deve exercer as seguintes funes no conjunto da superestrutura da via permanente:

    Distribuir as cargas transmitidas pelo material rodante s camadas inferiores, tais como sub-lastro, caso haja, plataforma ferroviria, ou especificamente, s estruturas das pontes/viadutos lastreados;

    Imprimir determinada elasticidade ao conjunto da superestrutura para amortecer os choques e vibraes gerados pelo material rodante em trfego;

    Manter a estabilidade da grade ferroviria em seu eixo e topo de projeto, proporcionando resistncia aos esforos longitudinais, transversais e verticais que atuam sobre a via atravs do confinamento das faces laterais e topos dos dormentes;

    Permitir a drenagem das guas que incidem na superestrutura ferroviria;

    Possibilitar a manuteno das condies geomtricas da via atravs do alinhamento, nivelamento e socaria.

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    5.4. Dormentes

    Os dormentes devem desempenhar as seguintes funes no conjunto da superestrutura da via permanente:

    Suportar os trilhos; Absorver e transmitir ao lastro as cargas horizontais e verticais

    recebidas pelos trilhos oriundas do trfego; Manter a estabilidade da via nos planos vertical e horizontal; Manter a conformao geomtrica especificada do AMV Aparelho de

    Mudana de Via.

    So espcies de dormentes mais utilizadas em ferrovias: Madeira; Ao; Concreto; Plstico (em fase experimental).

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    Figura 5.6 - Da esquerda para a direita: dormente de madeira, concreto, ao e plstico. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    Figura 5.7 - Dormentes de concreto bi-bloco. Porto, Telmo Giolito. PTR 2501 FERROVIAS.

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    Tabela 5.1 - Vantagens e desvantagens dos principais tipos de dormentes. Tipos Vantagens Desvantagens

    Madeira

    Boa resistncia e elasticidade; Facilidade de manuseio (carga e descarga); Bom isolamento em linhas sinalizadas; Menores danos em caso de descarrilamento; Facilidade de substituio da fixao.

    Apodrecimento progressivo; Queima com facilidade; Afrouxamento da fixao; Sujeito a escassez.

    Concreto

    Longa vida til (40 a 50 anos); Peso elevado, que d maior estabilidade via; Resistncia aos agentes atmosfricos; Caractersticas fsicas e mecnicas uniformes; Reduo de custos de conservao da linha.

    Processo de fabricao apurado; Preo elevado; Dificuldade de transporte e manuseio, devido ao peso; Fixao pouco eficaz; Necessidade de linha com alto padro de lastro e nivelamento.

    Ao

    Material perfeitamente homogneo; Boa resistncia aos esforos transversais; Facilidade de manuseio e assentamento;

    Longa vida til.

    Desgaste dos elementos de fixao, devido vibrao; Preo elevado; Dificuldade de isolamento, por ser bom condutor de eletricidade; Socaria inicial difcil, devido sua forma.

    Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

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    Tabela 5.2 - Tipo de dormente que melhor se aplica.

    Vida til Concreto Manuseio Madeira / ao

    Estabilidade Concreto Concreto Isolamento Madeira / Concreto

    Fonte: Porto, Telmo Giolito. PTR 2501 FERROVIAS.

    5.5. Acessrios de fixao

    5.5.1. Fixao Elstica

    So elementos que tem a capacidade de manter a presso de contato ao trilho constante, garantindo a sua fixao e o retensionamento da via, alm de absorver as vibraes e impactos inerentes ao do trfego ferrovirio.

    So componentes de sistemas de fixao elstica: Placas de apoio; Placa de ngulo (Sistema Vossloh para dormente de concreto); Tirefonds; Arruelas duplas de presso; Grampos; Garras tipo K ou GEO; Parafusos (utilizados nos sistemas de fixao tipo K, GEO ou Vossloh); Shoulder (utilizado em dormentes de ao ou concreto); Almofadas Isolantes (utilizados em dormentes de ao); Tie Pad (utilizados em dormentes concreto); Isoladores / Toe Insulator / Side Post Insulator (utilizado em alguns

    sistemas de fixao para isolamento do contato do grampo com o trilho e do trilho com o shoulder).

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    5.5.2. Fixao Rgida

    So elementos que possuem a capacidade de fixar o trilho sem absorver as vibraes e impactos inerentes ao do trfego ferrovirio. Tambm possui limitaes no que se refere ao impedimento do deslocamento longitudinal dos trilhos. Em funo disso h a necessidade de se aplicar retensores em vias com sistema de fixao rgida.

    So componentes de sistemas de fixao rgida: Placas de apoio; Tirefonds; Pregos.

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    5.5.3. Placas de apoio

    As placas de apoio aumentam a rea de apoio do trilho e melhoram a distribuio das cargas oriundas do trfego ferrovirio que sero transmitidas aos dormentes. As placas de apoio possuem ressalto na regio de apoio do patim do trilho, no mnimo na parte externa, de modo a transmitir o esforo transversal do trilho aos demais elementos fixao. Quando no h a aplicao de placas de apoio os esforos transversais dos trilhos so suportados somente pelos elementos de fixao externos. As placas de apoio possuem furos para a aplicao de tirefond ou pregos, e tambm, conforme a espcie, possuem dispositivos para encaixe e aplicao de grampos elsticos.

    Figura 5.8 Placa de apoio. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

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    5.5.4. Tirefond

    O tirefond uma espcie de parafuso de rosca soberba. O tirefond um elemento de fixao superior ao prego, j que aparafusado ao dormente, fechando hermeticamente o furo e impedindo a entrada de gua, o que torna a interao do tirefond com o dormente mais solidria. Por ser aparafusado, o tirefond sacrifica menos as fibras do dormente e tem maior resistncia ao arrancamento que o prego.

    Figura 5.9 Tirefond. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    5.5.5. Grampo elstico Pandrol

    outra espcie de elemento de fixao elstica. Tambm fabricado em ao-mola, possui seo circular e com encaixe sobre o patim do trilho sendo efetuado longitudinalmente. H grampos Pandrol especficos para aplicao em locais com a interferncia de talas de juno onde o encaixe na placa de apoio longitudinal ao patim do trilho, mas a ponta que ficar em contato com a tala de juno atua perpendicularmente ao trilho.

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    Figura 5.10 Grampo elstico Pandrol. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    5.5.6. Juntas

    As juntas so compostas por talas de juno, parafusos, porcas e arruelas de presso. De acordo com as funes mais especficas que ir executar, elas podem ser incrementadas por outros componentes, como separador isolante no perfil do trilho, bucha isolante, tala metlica encapsulada, entre outros. As juntas podem ser metlicas ou isolantes. As isolantes subdividem-se entre encapsuladas e coladas, de acordo com a tecnologia de fabricao e montagem.

    As talas de juno so responsveis pela unio entre as extremidades de dois trilhos garantindo o seu nivelamento e alinhamento para que funcionem perfeitamente solidrios sob a ao do trfego ferrovirio. A tala a pea que ir proporcionar a rigidez necessria na regio de unio dos trilhos tornando-os solidrios. As talas so furadas para permitirem a transposio dos parafusos que iro executar a efetiva montagem delas aos trilhos.

    De acordo com o perfil de trilho ao qual sero aplicadas as talas metlicas podem possuir 4 ou 6 furos, alternadamente ovais e circulares. Quanto forma as talas podem ser com abas e aquelas desprovidas de abas.

    Figura 5.11 Tala de juno apoiada em dormente. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

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    Figura 5.12 Tala de juno sem apoio de dormente. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    Figura 5.13 Juntas paralelas. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    Figura 5.14 Juntas defasadas. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    Figura 5.15 Vista lateral de uma junta de 6 furos. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

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    5.6. Trilhos

    O trilho representa o ativo mais importante da superestrutura. tecnicamente considerado o principal elemento de suporte e guia dos veculos ferrovirios e, economicamente detm o maior custo entre os elementos estruturais da via.

    O ao comum possui como impurezas o Mangans (Mn) ou o Silcio (Si). Quando combinado com o Fsforo (P), fica quebradio. Os trilhos de ao especial so trilhos de alta qualidade (mais resistncia e dureza), produzidos com ligas que combinam em geral o ferro com Vandio (V), Cromo (Cr), Molibdnio (Mo), Titnio (Ti), Nibio (Nb), entre outros.

    Suas finalidades so: Servir de superfcie de rolamento, obrigando os veculos a se

    deslocarem segundo uma trajetria determinada; Receber as cargas oriundas do material rodante e transmiti-las aos

    dormentes e lastro; Servir de guia para as rodas.

    Figura 5.16 - Esquema de trilho. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    Boleto: a parte superior do trilho, onde se apiam e se deslocam as rodas dos veculos ferrovirios;

    Alma: a parte estreita e vertical da seco transversal do trilho, compreendida entre o boleto e o patim;

    Patim: a parte mais larga do trilho. apoiada e fixada diretamente no dormente, ou indiretamente, por intermdio da placa de apoio.

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    De acordo com sua seco e dimenso, os trilhos mais utilizados so: TR-37 ou 90 RA-A (37,10 kg/m); TR-45 ou 100 RE (44,64 kg/m); TR-57 ou 115 RE (56,80 kg/m); TR-68 ou 136 RE (67,56 kg/m).

    A maioria dos defeitos de trilhos requer alguma forma de solicitao para iniciar e se desenvolver. Para identificao dos defeitos deve-se utilizar a seguinte conveno em relao direo de desenvolvimento de defeitos:

    Figura 5.17 - Esquema de cortes do trilho. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    Direo Longitudinal: ao longo do trilho; Direo Transversal: perpendicular ao trilho; Direo Vertical: de baixo para cima ou de cima para baixo.

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    5.7. Aparelhos de Mudana de Via (AMV)

    Os Aparelhos de Mudana de Via so dispositivos instalados na ferrovia, que permitem a transferncia de um trem ou veculo ferrovirio de uma linha para a outra. Um AMV sempre necessrio onde uma linha se bifurca ou inversamente, onde duas linhas se renem em uma s. Os AMVs representam uma rea crtica, mais fraca que o restante da via, mesmo estando situados em tangente, isto devido ao grande nmero de componentes e a uma certa fragilidade dos mesmos frente sua elevada solicitao. Por isso, so necessrias intervenes constantes para manuteno e lubrificao dos mesmos. Para o correto funcionamento de um AMV, necessria a limpeza e a lubrificao peridica dos componentes sujeitos a atrito (chapas de apoio, agulhas, maromba, etc.).

    Aparelho de mudana de via compreende principalmente: chave, jacar, contratrilhos, aparelho de manobra e trilhos de ligao.

    Figura 5.18 - Composio bsica de um AMV. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    Ao circular sobre o Jacar as rodas encontram necessariamente uma descontinuidade na linha de bitola logo aps a dobra da Garganta do Jacar at a ponta do Corao, falha esta desenvolvida exatamente para permitir a circulao dos frisos na outra direo.

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    Figura 5.19 - Esquema do jacar. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    Figura 5.20 - Aparelho de manobra e chave (conjunto de agulhas). Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Treinamento bsico de via permanente.

    Figura 5.21 - Jacar e contra-trilhos. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Treinamento bsico de via permanente.

    A velocidade de circulao de um veculo ferrovirio pela linha desviada de um AMV varia em funo do tipo, comprimento e ngulo das agulhas, do ngulo de abertura do jacar e suas correlaes com comprimento de agulhas, e da bitola da via. Assim, a velocidade mxima pela linha desviada pode estar limitada pelas caractersticas da agulha ou pelo raio de curvatura do trilho de ligao.

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    O numero do jacar define a sua abertura, ou seja, a relao entre a distncia da ponta terica a uma determinada seo oposta a ponta, normal a bissetriz do ngulo do jacar e a distncia entre as linhas de bitola medida nesta seo. O nmero do jacar, que tambm o numero do AMV, pode ser tambm definido como a cotangente da metade do ngulo de abertura do jacar. Assim o numero do jacar define o nmero ou a razo de abertura do AMV. Existem varias maneiras prticas de determinar o nmero do jacar, sendo que na mais comumente utilizada, marca-se um ponto no ncleo do jacar onde a abertura seja igual a 10 cm (ponto 1). Em seguida, desloca-se no sentido do marco de entrevia at encontrar uma abertura de 20 cm, marcando-se a o ponto 2. Ento, mede-se a distncia horizontal L entre o ponto 1 e 2. O numero do jacar ser a distancia L em centmetros entre o ponto 1 e o ponto 2 dividido por 10.

    Figura 5.22 - Detalhe do jacar para determinao do seu nmero. Fonte: Ferrovia Centro Atlntica - VALE. Manuais tcnicos de via permanente.

    6. Caractersticas positivas do modal

    Este modal possui grande eficincia pela sua alta capacidade de carregamento, padronizao das cargas e pela facilidade de se integrar com portos.

    O transporte ferrovirio no se limita apenas ao transporte de cargas, apesar de considerar esse ponto como principal, o transporte de passageiros e turstico tambm merecem ateno.

    Caracteriza-se como um transportador de longo percurso e movimentador de matria-prima com grande eficincia energtica, oferecendo vantagens quando h grande volume de carga a ser transportada a longas distncias. Isso propiciou grande crescimento industrial no pais, como ampliao da siderurgia, o aumento da produo e aplicao de insumos na

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    agricultura, o desenvolvimento da indstria petroqumica, o desenvolvimento do Programa Nacional do lcool (Prolcool) e o crescimento das exportaes pois as ferrovias em sua maioria so ligadas diretamente aos portos.

    Conforme DNIT (2009), o custo do frete cobrado pelas operadoras nas ferrovias 50% mais barato em relao ao transporte rodovirio. Alm disso, as ferrovias oferecem rapidez e resistncia a grandes cargas. A alternativa ferroviria, de fato, importante para operadores que lidam com matrias-primas como empresas petroqumicas, que alm de perigosas so transportadas em grandes volumes. Atualmente o sistema ferrovirio brasileiro apresenta um cenrio evolutivo favorvel. Os constantes e progressivos investimentos nesse setor tendem a elevar o potencial de atrao de novos clientes e de ampliao de sua importncia nos transportes brasileiros.

    Figura 6.1 - Investimentos nas malhas concedidas iniciativa privada. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 17/09/2009 s 21:42h.

    Como podemos observar as concessionrias vm investindo pesado em suas malhas ferrovirias, enquanto o governo brasileiro entra com uma pequena parcela do total, 5%.

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    Figura 6.2 Produo ferroviria em TKU. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 17/09/2009 s 21:44h.

    Figura 6.3 Volume transportado pelas ferrovias em TU. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 17/09/2009 s 21:46h.

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    Figura 6.4 Quantidade de contineres transportados. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 17/09/2009 s 21:46h.

    Figura 6.5 ndice de acidentes com trens. Acidentes por milho de Km percorridos. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 17/09/2009 s 21:49h.

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    Figura 6.6 Empregos diretos e indiretos gerados pelo modal ferrovirio. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 17/09/2009 s 21:55h.

    Figura 6.7 Arrecadao de impostos pelo governo com o modal ferrovirio. Fonte: http://www.antf.org.br. Acesso em 17/09/2009 s 22:00h.

    CIDE: Contribuio de Interveno no Domnio Econmico.

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    7. Caractersticas negativas do modal

    O transporte ferrovirio caracteriza-se por um alto custo fixo de implantao e manuteno (manuteno especializada). Conforme Rodrigues (2003), o transporte ferrovirio torna-se vantajoso em percurso superior a 500 km, sendo necessrio manuteno contnua. Alto consumo de combustvel, cerca de 11 a 20 litros por Km, e tanque com capacidade de cerca de 16.000 Litros, o que demanda grande espao de armazenagem. Restrio quanto inclinao mxima da rampa, em torno de 4%; assim existe grande necessidade