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Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Letras / Departamento de Letras Vernáculas Disciplina: Aspectualização no discurso Professora Dra. Regina Souza Gomes Aluna: Claudia Sousa
MODALIZAÇÃO
Fonte: FIORIN, José Luiz. Em busca do sentido: estudos discursivos. São Paulo:
Contexto, 2008.
GOMES, Regina Souza. A modalização em reportagens jornalísticas. In: Diadorim:
Revista de Estudos Linguísticos e Literários, nº 4 (2008). Rio de Janeiro: UFRJ,
Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas.
Parte II -Cap. Modalização: da língua ao discurso (p. 113-133).
• Semiótica – teoria que concebe o texto em seu percurso gerativo. Processo que vai do
simples ao complexo e do mais abstrato ao mais concreto (enriquecimento semântico).
• 3 patamares do percurso gerativo:
fundamentais
Estruturas narrativas domínio do conteúdo
discursivas
1ª fase:
Nível narrativo: estudo dos simulacros da ação do homem no mundo.
Narratividade – transformação de um estado, operada por um sujeito que age sobre o
mundo em busca de um valor de um objeto.
Enunciados narrativos elementares: estado e fazer, derivados da função junção e da
função transformação.
Previsão de organizações hierarquizadas de enunciados:
- programas narrativos (fazer regendo estado)
construção de uma sintaxe
- percursos narrativos (um programa pressupõe o outro) narrativa organizada
hierarquicamente.
- sequências narrativas (organização dos percursos)
Programa > percurso > sequência (previsibilidade) - Níveis recursivos e polêmicos
• Limitação da teoria: âmbito de aplicação.
2ª fase:
• Interesse pela competência modal do sujeito que realiza a transformação. Foco na
manipulação, não mais na ação.
• Necessidade de condições prévias para a ação.
competência modal
• o sujeito tem que querer e/ou dever, saber ou poder fazer.
• Essa visão permite uma tipificação de sujeitos.
Análise do modo de existência do sujeito
Sujeitos: coagidos (devem, mas não querem); que afrontam (agem); impotentes
(querem/devem, mas não podem)
Sujeitos: virtuais (querem/devem fazer); atualizados (sabem e podem); realizados
(fazem).
Essa tipologia permite o estudo de um número maior de textos. Estudo ainda ligado à
ação, mas possibilidade de estudo da manipulação (do fazer e do fazer fazer) – procura
explicar a relação entre os sujeitos, não mais apenas entre sujeitos e objetos.
Concepção da narrativa como “sucessão de estabelecimentos e rupturas de contratos”
(p.116)
Exame dos procedimentos de manipulação e de sanção. Dimensão cognitiva da
narrativa.
Mecanismos da manipulação e da sanção articulam a organização da subjetividade.
Problema de aplicação da teoria: não explicava os estados de alma. Para resolver o
problema, mais duas fases da teoria: 1ª) modalização do ser, modalização do crer. 2ª
estudo das paixões.
Modalização do ser – sujeito de estado quer entrar em conjunção com um objeto. O
valor do objeto irá repercutir sobre a existência modal do sujeito. Ex. o sujeito é
desejoso se o objeto desperta desejo nele; o sujeito é impotente se o objeto é impossível
para ele. A modalidade do estado incide sobre o objeto.
Outra modalização do ser: veridictória ou epistêmica.
Veridictória: ser X parecer (relação criada no texto).
Possibilidade de sobredeterminação pela modalidade epistêmica do crer.
Modalização epistêmica – interpretação; o sujeito atribui um estatuto de verdade
(veridictório) a um enunciado.
Estudo das modalizações passa pelo exame das compatibilidades e incompatibilidades
entre as modalidades. Esse exame leva ao estudo das paixões – “efeitos de sentido de
qualificações modais que alteram o sujeito de estado” (p.118); arranjo das modalidades
do ser.
Noção de paixão permite diferenciar o atualizado do realizado.
Definição das modalidades de base:
- Paradigmática modos de existência do sujeito
relações entre o sujeito do predicado modal e o do predicado
modalizado
S → O
Modos de existência do sujeito
potencial virtual atualizado Realizado
crer querer saber ser
(assumir, aderir) dever poder fazer
crenças motivações aptidões efetuações
Relação entre o sujeito do predicado modal e do predicado modalizante
- relação entre sujeitos:
* mesmos sujeitos – reflexiva – endógena
*sujeitos distintos – transitiva – exógena
Sintagmática ser / fazer - função de enunciados modais ou descritivos – podem
modalizarem-se a si mesmos.
Fazer/ser – transformação do estado
Fazer/fazer – condições para a ação
Ser/fazer – modalidades factivas que levam à ação
Ser/ser – modalidades veridictórias que determinam a verdade, mentira, falsidade,
segredo.
Exemplo: estrutura modal (quadrado semiótico)
dever fazer dever não fazer
não dever não fazer não dever fazer
Modalidades:
- simples – fazer fazer
- factivas – ser ser
- veridictórias – articulam o ser e o parecer
Veridictórias:
- ser parecer – verdade
- não ser mas não parecer – falsidade
- não ser e parecer – mentira
- não parecer e ser – segredo
Sobremodalizações:
- volitivas – querer fazer/ser
- deônticas – dever/poder fazer
- aléticas – dever/poder ser
- epistêmicas – saber/crer fazer e saber/crer ser
espírito
Necessidade possibilidade impossibilidade Contingência
Dever ser / não
poder não ser
Poder ser / não
dever não ser
Dever ser / não
poder ser
Não dever ser /
poder não ser
Coisas
prescrição interdição permissão Facultatividade
Dever fazer / não
poder não fazer
Dever não fazer /
não poder fazer
Não dever não fazer
/ poder fazer
Não dever fazer /
poder não fazer
Manifestação linguística das modalidades:
a) substantivos b) adjetivos c) verbos d) advérbios
Charaudeau (1992) – a interrogação, a afirmação etc são modalidades. Para Fiorin, são
manifestações das modalidades básicas.
Outra forma de expressão das modalidades:
- indicativo – saber / crer ser
- subjuntivo – não saber / crer ser, saber / crer não ser
Modalidades epistêmicas – graduais
Diversas modalidades podem aparecer na mesma frase, e com sobremodalizações.
A modalidade como processo discursivo
• Compatibilidades e incompatibilidades combinatórias
Dever ser não poder não ser
Dever não ser não poder ser
• “A discursivização das modalidades permite o apareciemtno e a análise das paixões”.
(p. 127)
• “A dimensão passional permite analisar, por meio dos procedimentos da convocação
enunciativa, a retomada do contínuo no discurso.” (p.131)
• Passa-se da modalização à aspectualização e à intensidade.
• Aspectualização – processo discursivo de sobrederminação das categorias da
enunciação.
• Conceito de foria – produz efeitos de andamento e de ritmo discursivos.
• Tipos passionais caracterizados pela aspectualização:
• duratividade – ressentimento
• pontualidade – ira
• perfectividade – remorso
•Paixões – intensidade
• depressão – lento
• agitação – acelerado
• Paixão – forma de racionalidade discursiva
O contínuo e as modulações fazem parte da teoria.
• A modalidade é inerente ao ato de dizer.