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MODELAO DA PROCURA TURSTICA EM MOAMBIQUE
[MODELACIN DE LA DEMANDA TURSTICA EN MOZAMBIQUE]
Hortncio Constantino
Instituto Superior Politcnico de Gaza
Paula Odete Fernandes
Instituto Politcnico de Bragana
Joo Paulo Teixeira
Instituto Politcnico de Bragana
reas temticas : K) Turismo
Palavras-Chave : Turismo, Procura Turstica, Moambique, Modelao.
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MODELAO DA PROCURA TURSTICA EM MOAMBIQUE
Resumo
O presente artigo tem como objetivo modelar a procura turstica em Moambique, para o
perodo compreendido entre Janeiro 2004 e Dezembro 2013, recorrendo ao Mtodo de
Regresso Linear Mltipla. A varivel nmero de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros e
similares, como representativa da procura turstica, foi utilizada como varivel dependente
explicada pelas variveis ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor e Produto Interno
Bruto per capita, para os mercados de Moambique e frica do Sul. Pelos resultados obtidos
concluiu-se que a varivel ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor de frica do Sul a
varivel que explica a variao da varivel dependente.
MODELACIN DE LA DEMANDA TURSTICA EN MOZAMBIQUE
Resumen
El presente trabajo pretende modelar la demanda turstica en Mozambique, para el perodo
comprendido entre enero de 2004 y diciembre de 2013, utilizando el mtodo de Regresin
Lineal Mltiple. La variable representativa de la demanda turstica utilizada como variable
dependiente fue nmero de pernoctaciones en establecimientos hoteleros y similares. Las
variables explicativas utilizadas fueran ndice de Precios al Consumidor Armonizado y Producto
Interno Bruto per cpita, para los mercados de Mozambique y Sudfrica. Por los resultados
obtenidos se concluy que el ndice de Precios al Consumidor Armonizado de Sudfrica fue la
variable que explica la variacin de la variable dependiente.
3
Introduo
O turismo considerado como sendo uma atividade de grande importncia em muitos pases
do mundo, dado que dum lado, este de uma forma direta ou indireta contribui significativamente
para o Produto Interno Bruto de um pas e doutro lado, devido ao grande investimento
financeiro realizado pelas empresas com os seus bens e servios, tais como, transportes
(companhias reas) e hotelaria (alojamento), e ainda, pode se dizer o turismo uma fonte de
gerao de emprego nas indstrias de servios a ele associados (Chu, 2011).
O turismo em Moambique encontra-se dividido em trs grupos distintos, nomeadamente:
turismo domstico que realizado por residentes dentro do territrio nacional; turismo recetor
ou internacional realizado por turistas estrangeiros dentro de Moambique e por fim turismo
emissor, realizado por Moambicanos fora do seu pas de residncia. Para Jones (2007) o
turismo em Moambique uma atividade mdica mas no irrelevante e o seu contributo de
cerca de 3,2% para o Produto Interno Bruto (PIB) e segundo o Ministrio do Turismo, para o
ano de 2013, Moambique deu as boas vindas a mais de 1.900.000 turistas estrangeiros
(Ministrio do Turismo, 2014). Moambique possui um rico potencial para se tornar um destino
turstico de nvel regional e internacional (Resoluo n.o 14/2003 de 4 de Abril, 2003), para os
autores Jones e Ibrahimo, (2007) o sector de turismo em Moambique est ainda numa fase
crucial do seu desenvolvimento, ou seja, continua a ser relativamente moderada em tamanho,
mas mostra o potencial para contribuir significativamente para o desenvolvimento do pas a
longo prazo, atravs de ambos os efeitos sobre a gerao de novos empregos e estimulando
outros sectores de atividade.
O presente trabalho tem como principal objetivo modelar a procura turstica em Moambique,
com destaque para o turismo domstico e turismo recetor, atravs de um modelo causal ou
economtricos, ou seja, com a aplicao do mtodo de regresso linear mltipla. Nesta ordem
de ideias, a varivel dependente ou explicada nmero de dormidas nos estabelecimentos
hoteleiros em Moambique, para o perodo compreendido entre Janeiro 2004 e Dezembro
2013. Para tal, o conjunto de variveis explicativas selecionadas, de acordo com o objetivo do
estudo, foram o ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor (IHPC) e o Produto Interno
4
Bruto per capita (PIB). O estudo realizou-se tendo em conta os dois maiores emissores
tursticos de Moambique, sendo este, o principal emissor turstico e a frica do Sul que
constitui o maior emissor turstico internacional e as razes devem-se proximidade geogrfica
entre os dois pases, o que facilita a entrada via terrestre, area ou martima a um custo
relativamente baixo.
O artigo encontra-se estruturado, aps a presente introduo, da seguinte forma: no primeiro
ponto apresenta um enquadramento da temtica; no segundo ponto apresenta o
desenvolvimento metodolgico; e no terceiro ponto apresenta-se a parte emprica e a resposta
ao principal objetivo deste trabalho, ou seja, a criao de um modelo que permita modelar a
procura turstica em Moambique; por fim, apresentam-se as principais concluses do estudo.
1. Enquadramento Terico: Modelao da procura tur stica
Nos ltimos anos tem-se assistido a um aumento considervel do nmero de publicaes
relacionadas com a modelao da procura turstica (e.g., Witt & Witt, 1995; Lim, 1997; Song &
Li, 2008; Dwyer, Forsyth & Dwyer, 2010; Tribe & Xiao, 2011; Rigall-I-Torrent & Fluvia, 2007,
2011). Este aumento nas publicaes revela um interesse cada vez maior por parte dos
gestores tursticos e no s, na preciso dos resultados da previso e modelao de modo a
acautelar riscos futuros dado que o produto turstico perecvel (Witt & Witt, 1995; Li, Blake, &
Cooper, 2011). Song e Witt (2000) referem que devido ao papel fundamental da procura como
determinante da rentabilidade do negcio, estimativas de procura futura prevista constituem um
elemento muito importante em todas atividades de planeamento, pelo que uma previso exata
da procura turstica essencial para o eficiente planeamento por parte de negcios
relacionados com o turismo, em particular devido perecibilidade do produto turstico.
A procura turstica para um determinado destino pode definir-se como uma combinao de
produtos e servios tursticos que os consumidores (turistas) esto dispostos a comprar
durante um determinado perodo de tempo especfico e sob um dado conjunto de condies
Song e Witt (2000). Segundo estes autores, as condies que se relacionam com a quantidade
de turismo procurado incluem preos de turismo para o destino (custo de vida dos turistas no
destino e o custo de viajar para o destino) a disponibilidade de preos tursticos de destinos
concorrentes ou substitutos, rendimento de potenciais consumidores, despesas de publicidade,
gostos dos consumidores do mercado emissor e outros fatores sociais, culturais, geogrficos e
polticos.
Seguindo esta linha de raciocnio e uma vez que se pretende contribuir para a criao de um
modelo que permita modelar a procura turstica em Moambique, para efeitos de modelao
recorreu-se a modelos causais que tem a vantagem de analisar as relaes causais entre uma
5
varivel dependente ou explicada e as variveis ou fatores que a influenciam, ou seja, variveis
explicativas ou dependentes (Song & Li, 2008). Segundo Witt e Witt (1992) citados por Ramos
e Rodrigues (2014), a anlise da procura turstica, utilizando os mtodos causais segue uma
metodologia adequada para estimar modelos e prever valores futuros, que podem resumir-se
como os seguintes passos: (i) selecionar as variveis que influenciam a procura turstica e
especificar as suas relaes em uma forma matemtica; (ii) organizar dados relevantes para o
modelo; (iii) usar dados para estimar os efeitos quantitativos das variveis que influenciam a
varivel a ser prevista; (iv) executar testes no modelo estimado para analisar a qualidade dos
ajustes; (v) se os testes mostram que o modelo satisfatrio, em seguida, us-lo para fazer
previses.
Cabe sublinhar que existem vrias variveis para medir a procura turstica numa certa regio
ou Pas (Witt & Witt, 1995; Lim, 1997). Os autores anteriormente referenciados, concluram que
a medida mais popular para medir a procura turstica o nmero entradas registado nas
fronteiras, a segunda medida so os gastos efetuados pelos turistas no local de destino. A
outra medida no menos importante para medir a procura turstica o nmero de dormidas de
turistas no local de destino (Witt & Witt, 1995; Santos & Fernandes, 2010; Coshall &
Charlesworth, 2011; Cunha & Abrantes, 2013).
2. Desenvolvimento Metodolgico
2.1. Enquadramento
Para o presente trabalho, com objetivo de modelar a procura turstica em Moambique,
incluindo turistas estrangeiros e nacionais, a varivel nmero de dormidas nos
estabelecimentos hoteleiros e similares foi usada como varivel dependente no modelo,
compreendendo o perodo de Janeiro 2004 a Dezembro de 2013 (120 observaes mensais).
A introduo da varivel dependente ou explicada nmero de dormidas de nos
estabelecimentos hoteleiros e similares em Moambique deve-se ao fato desta ser expressiva
quando o assunto em questo modelar a procura turstica, nacional e internacional, em
conjunto. Pois, esta varivel nmero de dormidas engloba dormidas referentes a nacionais e
estrangeiros para um certo perodo em anlise o que permite uma avaliao mais criteriosa e
realstica sobre os movimentos tursticos numa dada regio, o que pode ajudar os gestores
tursticos a tomar certas medidas preventivas com relao a pocas de maior ou menor
concentrao turstica (Cunha & Abrantes, 2013). A esta realidade alia-se o fato de existir uma
base de dados relacionada com o nmero de dormidas em Moambique que resultado de
inquritos realizados junto dos operadores tursticos registados em Moambique e que contm
informao com uma qualidade considervel.
6
Assim, no presente estudo as variveis explicativas ou independentes que pretendem explicar
a varivel dependente foram selecionadas de acordo com reviso da literatura dentro de uma
gama de possveis variveis, nomeadamente, o ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor
(IHPC) e o Produto Interno Bruto per capita (PIB), para o perodo de Janeiro 2004 a Dezembro
de 2013 (compreendendo 120 observaes mensais).
A introduo das variveis independentes ou explicativas no modelo deve-se ao facto da
varivel produto interno bruto em termos per capita a varivel mais consensual em vrios
estudos relacionados com a procura turstica (Witt & Witt, 1995; Lim, 1997; Seetanah, 2011). O
produto interno bruto per capita o rendimento nacional de um pas divido pelo nmero de
habitantes que resulta em um rendimento mdio por habitante, saber o valor deste rendimento
por pessoa de capital importncia, dado que, para que haja fluxos tursticos necessrio que
os potenciais turistas tenham recursos financeiros e quanto maior for o PIB per capita maior a
propenso ao turismo (o PIB per capita tem uma relao direta com o numero de dormidas); e
com relao a varivel ndice harmonizado de preos ao consumidor, esta indica, o poder de
compra dos turistas dos turistas, de salientar que esta varivel deve multiplicada pela taxa de
cmbio entre o pas emissor e pas recetor (Witt & Witt, 1995).
2.2. Modelo economtrico
Tal como j foi referenciado, no presente trabalho utilizou-se um modelo casual ou
economtrico, particularmente o Modelo de Regresso Linear Mltipla (MRLM). Este modelo
utiliza-se quando se supe existir uma associao linear entre uma varivel endgena
(dependente) de natureza quantitativa, e uma ou mais variveis exgenas tambm de natureza
de quantitativa e tem como objetivo explicar e prever o comportamento da varivel dependente
em funo das variveis independentes, necessitando para tal da expresso analtica que se
traduz, obtida atravs do Mtodo dos Mnimos Quadrados, (e.g., Pestana & Gageiro, 2005;
Hair, Black, Babin, Anderson & Tatham, 2009; Marco, 2014). A expresso do modelo vem
dada por (Greene, 2000, p.210):
1 2(x , x , ..., x )ik i i ik iy f= + ni ...,2,1= [1]
1 2 12 ...ik k ik iy x x = + + + + ni ...,2,1= [2]
Assim, o modelo de regresso linear mltipla consiste na formulao de um modelo de
variveis independentes ( ) que contribuem para explicar ou influenciar a varivel
dependente ( ), ou seja, este modelo assume que existe uma relao linear entre uma
7
varivel Y (a varivel dependente) e k variveis independentes, , (Greene,
2000).
Segundo Marco (2014) no modelo de regresso linear univariado est subjacente um conjunto
de pressupostos para a sua aplicao. De seguida passa-se a apresentar os pressupostos,
(Gujarati, 1995, pp. 192-193):
(i) A mdia dos erros aleatrios ser zero
E ( ) = 0, onde E ( ) = 0 [3]
(ii) A no existncia de correlao entre os erros aleatrios
[4]
(iii) Homoscedasticidade, a varincia dos erros aleatrios ser
var ( ) = . [5]
A conjugao dos pressupostos ii) e iii) faz com que a matriz das varincias e
covarincias dos erros aleatrios seja dada por = E , em que a
matriz I a matriz identidade.
(iv) As variveis independentes so no-aleatrias (fixas), ou seja, a covarincia entre
o e qualquer varivel independente ser nula
[6]
(v) O modelo economtrico estar bem especificado (caracterstica da matriz .
(vi) No existir multicolinariedade entre as variveis independentes , isto , serem
independentes entre si.
(vii) Sendo, ~ N (0, ), i = 1,2,, n , ento
~ N (0, ) [7]
tem distribuio normal multivariada onde 0 a matriz nula.
Dado que a distribuio de , normal multivariada, corresponde distribuio de quando
esta sofre uma translao permitindo que a sua mdia se torne nula, ter-se- que
E[ ] = X [8]
e que varincia da varivel dependente observada (V [ ] = ) seja simbolicamente
8
~ N ( , ) [9]
3. Modelao da Procura Turstica: O caso de Moamb ique
3.1. Apresentao e comportamento das variveis do modelo
Para a construo do modelo economtrico foram selecionados os dois emissores tursticos
com mais peso no turismo Moambicano, nomeadamente, frica do Sul e Moambique. Ora a
frica do Sul tem o estatuto de maior mercado emissor turstico estrangeiro representando
cerca de 44,27% do total das entradas em 2013 e as razes por detrs desse fator so:
primeiro, devido sua proximidade com Moambique e da a facilidade de entrada quer via
terrestre, martima ou area, segundo com a abertura do mercado livre da SADC1 que eliminou
o visto de entrada na regio Austral de frica, faz com haja cada vez mais procura do turismo
em Moambique por parte de turistas Sul-Africanos e por fim, o fato de Moambique possuir
praias mais prximas das principais cidades da frica do Sul que so procuradas
principalmente no perodo de frias, ou seja, no ms de Dezembro.
Os dados referentes a frica do Sul foram recolhidos junto do Statistics South Africa (SSA,
2014) e para Moambique, os dados foram recolhidos junto ao Instituto Nacional de Estatstica
de Moambique (INE, 2014).
Fazendo agora uma anlise descritiva, grfica, da varivel Nmero de dormidas nos
estabelecimentos hoteleiros e similares (Figura 1), pode observar-se a evoluo para o
perodo de Janeiro de 2004 a Dezembro de 2013. Para o caso vertente de Moambique, esta
varivel no mostra uma tendncia de sazonalidade tpica e constante ao longo dos anos mas
h a considerar trs situaes distintas para os meses de Janeiro, Abril e Dezembro. Ou seja, o
ms de Janeiro o que menos turistas recebe e este facto deve-se seguinte razo: os
turistas neste perodo esto a fazer um movimento inverso, isto , retorno terra de origem.
Relativamente ao ms de Abril h a considerar que a srie regista um incremento e este deve-
se ao fato de ser um ms que se comemora a Pscoa Crist o que motiva um grande nmero
de movimentos tursticos e consequentemente uma procura maior pelas estncias tursticas.
Por fim, o ms de Dezembro o que mais turistas recebe, este facto, deve-se s seguintes
razes: este o ms em que verificam frias laborais e escolares, assim sendo, motiva muitos
turistas a deslocarem-se, quer de turistas nacionais quer de turistas estrangeiros, com principal
destaque para os turistas Sul-Africanos que representa a maior percentagem de entradas com
1 Do ingls Southern African Development Community, ou seja, comunidade de desenvolvimento da frica Austral.
9
cerca de 32% em 2004 e cerca de 44% em 2013 (INE, 2014). De salientar que o ano de 2011
verificou o pico mais elevado devido preparao e realizao dos Jogos Olmpicos de frica.
Figura 1. Nmero de dormidas em Moambique.
A Figura 2, mostra a evoluo do ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor (IHPC) para
os dois maiores emissores tursticos de Moambique (frica do Sul, AF; e Moambique, MOC).
Ora o IHPC representa o poder de compra dos indivduos de um certo pas, pelo que para o
caso do IHPC da frica do Sul, dado que esta expressa em Rands houve a necessidade de
multiplicar a srie pelo valor de inflao de modo a referir esse poder de compra para
Moambique tal como sugere (Witt e Witt, 1995). Verifica-se que para Moambique o IHPC tem
vindo aumentar de uma forma crescente. Por outro lado, para frica do Sul, apenas registou
aumentos significativos entre o perodo de Janeiro de 2009 e Dezembro de 2011, e nos ltimos
anos tem-se estagnado.
Figura 2 . ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor.
10
Quanto evoluo do Produto Interno Bruto per capita para os principais emissores tursticos
em Moambique, constata-se que os turistas Sul-Africanos possuem maior rendimento mdio por
habitante comparativamente com o rendimento mdio por habitante de Moambique.
Figura 3 . Produto Interno Bruto per capita.
3.2. Resultados empricos
Tal como referido no ponto anterior, a construo do modelo teve como varivel dependente o
nmero de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros e similares em Moambique para o
perodo de 2004:01 a 2014:12. Ainda, a varivel dependente nmero de dormidas ser
explicada por um conjunto de variveis explicativas selecionadas de acordo com o peso
significativo dos mercados emissores em relao quota de mercado turstico, sendo que os
mercados com maior peso so Moambique (MOC) e frica do Sul (AF). Neste caso, as
variveis explicativas usadas para a construo do modelo explicativo do comportamento das
dormidas, foram: ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor [IHPC] e o Produto Interno
Bruto per capita [PIB].
Assim sendo, no caso em estudo vem dado pela seguinte expresso:
1 2 3 4 5i AF MOC AF MOC iProcura Turstica em Moambique IHPC IHPC PIB PIB = + + + + + [10]
A construo do modelo economtrico para explicar o comportamento da variao da varivel
dependente nmero de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros em Moambique foi obtido
atravs do mtodo de seleo de preditores Stepwise. Este mtodo utilizado para obter a
combinao tima de variveis independentes, pela remoo de variveis cuja importncia no
modelo reduzido pela adio de novas variveis e mais apropriado no caso em que se
verifica correlaes elevadas entre as variveis independentes (Marco, 2014). Partindo do
modelo inicial de anlise com quatro variveis independentes, nomeadamente: ndice
Harmonizado de Preos ao Consumidor da frica do Sul e de Moambique; e Produto Interno
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Bruto per capita de Moambique e frica do Sul, verificou-se uma multicolinearidade entre as
variveis, o que at certo ponto dificultou a escolha do melhor modelo explicativo. Recorreu-se
ao Stepwise como forma de selecionar variveis independentes, donde se constatou que
somente a varivel ndice Harmonizado da frica do Sul tinha qualidades estatsticas
suficientes para modelar a procura turstica em Moambique, medida pelo nmero de dormidas
nos estabelecimentos hoteleiros e similares.
O modelo resultante da aplicao do mtodo Stepwise para selecionar variveis independentes
para o modelo foi uma Regresso Linear Simples e apresenta-se na Tabela 1 as medidas de
desempenho do modelo.
Tabela 1 . Medidas de Desempenho do Modelo Estimado.
Modelo Coeficiente Erro Padro Rcio-t Valor p Significncia
Constante 33688,3 3672,65 9,1728
12
4. Da estatstica de Durbin-Watson para testar a hiptese de autocorrelao entre os
resduos, verifica-se que o teste de Durbin-Watson, o d=0,745212 com um valor de prova
de 1,88738e-015, ou seja, rejeita-se a hiptese nula. Na correo da autocorrelao entre
os resduos, constata-se que o d=2,169536, ou seja, o valor de Durbin-Watson encontra-se
no intervalo de [dU; 4-dU], pelo que pode concluir-se pela ausncia da autocorrelao, ou
seja, h evidncias estatsticas suficientes para afirmar que no se rejeitar a hiptese nula;
5. Da estatstica de White atravs do teste TR2 para testar a hiptese de homogeneidade
entre os resduos, o valor de TR2 obtido de 3,922121 e o valor de prova=0,140709. Como
o valor de prova superior a 10%, logo constata-se que existem evidncias estatsticas
para no rejeitar a hiptese nula, isto , pode-se afirmar que no existe violao do
pressuposto de homoscedasticidade. As caractersticas dos estimadores continuam a ser
BLUE2;
6. Do teste da normalidade, na Figura 5, constata-se que o modelo segue distribuio normal
dado que a estatstica de ( )2 2 0, 84 4 = com valor de prova de 0,5557, ou seja, maior
que o nvel de significncia de 5%. Pode dizer-se que a hiptese dos erros seguirem
distribuio normal de mdia 0 e desvio padro constante ( (0, ) . ..)j N i e esta
salvaguardada, ou seja, h evidncias estatsticas para afirmar que hiptese nula no
violada porque a mdia aproximadamente igual a zero e o desvio padro constante.
0
5e-006
1e-005
1,5e-005
2e-005
2,5e-005
3e-005
3,5e-005
4e-005
4,5e-005
-30000 -20000 -10000 0 10000 20000 30000
Densid
ade
uhat1
uhat1N(1,3461e-011 9182,6)
Estatstica de teste para normalidade:Qui-quadrado(2) = 0,844 [0,6557]
Figura 4. Normalidade dos resduos.
De modo geral, pela interpretao dos resultados apresentados anteriormente, o melhor
modelo para estimar a Procura Turstica em Moambique o modelo que inclui apenas a
varivel ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor de frica do Sul, pois esta ser a
2 Do ingls Best Linear Unbiased Estimators.
13
varivel que permitir produzir cenrios macroeconmicos adequados para a procura turstica
em estabelecimentos hoteleiros em Moambique. Assim, o modelo vem dado pela seguinte
equao:
33688,3 140,741i AF iProcura Turstica em Moambique IHPC = + + [11]
Concluso
O principal objetivo do presente estudo passou por construir um modelo que permitisse
modelar a Procura Turstica em Moambique, perceber se o ndice Harmonizado de Preos ao
Consumidor tem efeitos na captao de turistas e se o nvel de rendimento per capita dos
turistas fundamental para um crescimento sustentado das dormidas tursticas em
Moambique.
Assim, para explicar a varivel dependente nmero de dormidas nos estabelecimentos
hoteleiros e similares, para o perodo Janeiro de 2004 a Dezembro de 2013, teve-se em conta
as variveis explicativas ndice Harmonizado de Preos ao Consumidor e o Produto Interno
Bruto per capita, para os mercados de frica do Sul e de Moambique. De referir que se
escolheram estes dois mercados emissores por serem os que apresentaram uma quota
significativa quando comparadas com outros mercados emissores.
Cabe sublinhar que o primeiro Modelo de Regresso Linear Mltiplo, para estimar a procura turstica,
no foi possvel utilizar uma vez que se detetou a violao do pressuposto da multicolinearidade das
variveis explicativas, deixando os estimadores de ser BLUE. Assim, optou-se por utilizar o Modelo de
Regresso Linear Simples, recorrendo ao mtodo de seleo de variveis Stepwise, pois obteve-
se o melhor modelo de anlise onde somente a varivel ndice Harmonizado de Preos ao
Consumidor de frica do Sul que apresentou qualidades estatsticas suficientes para explicar
o comportamento da varivel dependente.
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