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MODELAÇÃO DE DADOS GEOGRÁFICOS E MODELAÇÃO MATEMÁTICA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS PARA O PLANEAMENTO E GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS SOB JURISDIÇÃO DA ARH DO CENTRO, I.P. Relatório 1: Análise de requisitos técnicos e funcionais do modelo de dados geográficos RELATÓRIO 405/2010 – NTI/NAS

MODELAÇÃO DE DADOS GEOGRÁFICOS E MODELAÇÃO MATEMÁTICA … · modelaÇÃo de dados geogrÁficos e modelaÇÃo matemÁtica dos recursos hÍdricos superficiais e subterrÂneos

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MODELAÇÃO DE DADOS GEOGRÁFICOS E MODELAÇÃO MATEMÁTICA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAISE SUBTERRÂNEOS PARA O PLANEAMENTO E GESTÃODOS RECURSOS HÍDRICOS SOB JURISDIÇÃO DA ARHDO CENTRO, I.P.Relatório 1: Análise de requisitos técnicos e funcionais do modelode dados geográfi cos

RELATÓRIO 405/2010 – NTI/NAS

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 i

MODELAÇÃO DE DADOS GEOGRÁFICOS E MODELAÇÃO MATEMÁTICA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS PARA O PLANEAMENTO E GESTÃO

DOS RECURSOS HÍDRICOS SOB JURISDIÇÃO DA ARH DO CENTRO, I.P.

Relatório 1: Análise de requisitos técnicos e funcionais do modelo de dados geográficos

GEOGRAPHIC DATA MODELING AND WATER RESOURCES MATHEMATICAL MODELING FOR THE WATER RESOURCES

PLANNING AND MANAGEMENT OF THE ARH DO CENTRO, I.P.

Report 1: Analysis of the technical and functional requirements of the geographical data model

MODELE DE DONNEES GEOGRAPHIQUES ET MODELES DE RESOURCES HIDRIQUES DANS LE DOMAINE DE JURISDICTION

DE L'ARH DO CENTRO, IP

Rapport 1: Analyse des demandes techniques et fonctionnelles du modèle de données géographiques

ii LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

GLOSSÁRIO DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AAE - Avaliação ambiental estratégica

ACB - Avaliação Custo-Benefício

ACE - Análise Custo-Eficácia

AIA - Avaliação de impacte ambiental

ARH - Administração da Região Hidrográfica do Centro, I.P.

BGRI - Base Geográfica de Referenciação da Informação

DQA - Directiva-Quadro da Água

DTAR - Drenagem e Tratamento de Águas Residuais

EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, S.A.

EE - Eficiência Económica

EM - Estado-membro da União Europeia

EQS - Normas de Qualidade Ambiental (Environmental Quality Standards)

ETAR - Estação de Tratamento de Águas Residuais

IG - Informação geográfica

IGP - Instituto Geográfico Português

INAG - Instituto da Água, I.P.

INE - Instituto Nacional de Estatística

INSAAR - Inventário Nacional de Sistemas de Abastecimento de Água e de Águas Residuais

LA - Lei da Água

NMC - Nível de Máxima Cheia

NPA - Nível de Pleno Armazenamento

NRC - Nível de Recuperação de Custos

MA - Massa de água

MDG - Modelo de Dados Geográficos

PBH - Plano de Bacia Hidrográfica

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 iii

PCIP - Prevenção e Controlo Integrados de Poluição

PEAASAR - Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais

PEGA - Planos Específicos de Gestão das Águas

PET - Plano Estratégico de Transportes

PGBH - Plano de Gestão de Bacia Hidrográfica

PNA – Plano Nacional da Água

DGRAH - Direcção-Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos

PDM - Plano Director Municipal

PM - Programa de Medidas

POAAP - Planos de Ordenamento de Albufeias de Águas Públicas

POOC - Planos de Ordenamento da Orla Costeira

PROT - Planos Regionais de Ordenamento do Território

REF - Regime Económico e Financeiro

REN - Reserva Ecológica Nacional

RH - Região Hidrográfica

SIC – Sítios de Importância Comunitária

SIG - Sistemas de Informação Geográfica

SNIRH - Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos

TRH – Taxa de Recursos Hídricos

VMA - Valor Máximo Admissível

VMR - Valor Máximo Recomendado

WISE - Water Information System for Europe

ZPE - Zonas de Protecção Especial

iv LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 v

MODELAÇÃO DE DADOS GEOGRÁFICOS E MODELAÇÃO MATEMÁTICA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS PARA O PLANEAMENTO E GESTÃO

DOS RECURSOS HÍDRICOS SOB JURISDIÇÃO DA ARH DO CENTRO, I.P.

Relatório 1: Análise de requisitos técnicos e funcionais do modelo de dados geográficos

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................1 1.1 Apresentação e objectivos ................................................................................1 1.2 Organização do relatório ...................................................................................2 1.3 Documentos de base analisados......................................................................3

2 METODOLOGIA DE ANÁLISE DE REQUISITOS TÉCNICOS E FUNCIONAIS DO MODELO DE DADOS GEOGRÁFICOS A DESENVOLVER..................................4

3 ANÁLISE DE REQUISITOS..........................................................................................8 3.1 Introdução ..........................................................................................................8 3.2 Análise da legislação nacional e europeia aplicável .......................................9

3.2.1 Identificação do enquadramento legal europeu (directivas europeias) ............................................................................................10

3.2.2 Identificação do enquadramento legal nacional ....................................11 3.3 Análise do Guia metodológico dos PGBH da ARH do Centro I.P.................11

3.3.1 Parte 1 – Enquadramento e aspectos gerais ........................................12 3.3.2 Parte 2 – Caracterização da região hidrográfica...................................12 3.3.3 Parte 3 – Síntese da caracterização e diagnóstico da região

hidrográfica...........................................................................................39 3.3.4 Parte 4 – Cenários prospectivos...........................................................40 3.3.5 Parte 5 – Objectivos estratégicos e ambientais ....................................40 3.3.6 Parte 6 – Programa de medidas ...........................................................41 3.3.7 Parte 7 – Sistema de promoção, controlo e avaliação dos PGBH ........45

4 ESTRUTURAÇÃO DE DADOS PARA REGISTO DO CUMPRIMENTO DAS DISPOSIÇÕES LEGAIS EM VIGOR...........................................................................47 4.1 Considerações gerais ......................................................................................47 4.2 Estruturação de dados no MDG......................................................................47

5 SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO E CODIFICAÇÃO ..................................................49 5.1 Sistemas de identificação e codificação do WISE.........................................49 5.2 Sistemas de códigos identificadores a implementar no MDG ......................51

6 WISE (WATER INFORMATION SYSTEM FOR EUROPE ).........................................55 6.1 WISE Access tool.............................................................................................57 6.2 Disponibilização de informação geográfica sobre outras Directivas...........58

vi LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

7 NORMAS E ESPECIFICAÇÕES DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA APLICÁVEIS...............................................................................................................61 7.1 Normas ISO ......................................................................................................62 7.2 GML, o formato de partilha de informação geográfica do futuro .................63

8 ESPECIFICAÇÕES INSPIRE .....................................................................................64 8.1 Considerações gerais ......................................................................................64 8.2 As regras de implementação sobre a especificação de informação

geográfica.........................................................................................................66 8.3 A especificação de informação geográfica referente ao tema

Hidrografia........................................................................................................67

9 AVALIAÇÃO DO ESTADO DAS MASSAS DE ÁGUA...............................................71 9.1 Considerações gerais ......................................................................................71 9.2 Representação dos elementos de qualidade para a classificação do

estado ecológico e químico das massas de água superfíciais por segmentação dinâmica....................................................................................71

9.3 Avaliação das pressões por segmentação dinâmica ....................................73

10 CONSISTÊNCIA E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS DADOS GEOGRÁFICOS .........................................................................................................74 10.1 Completude ......................................................................................................74 10.2 Consistência lógica..........................................................................................74 10.3 Consistência topológica..................................................................................75 10.4 Execução da rede hidrográfica .......................................................................77

10.4.1 Representação da rede hidrográfica no interior de massas de água ...............................................................................................77

10.4.2 Representação de entidades geográficas com dependência dos limites do leito.......................................................................................81

11 PRODUÇÃO CARTOGRÁFICA..................................................................................82

12 SIMBOLOGIA.............................................................................................................83

13 ANÁLISE FUNCIONAL DO GESTOR ELECTRÓNICO DE PROCESSOS.................85

14 ENQUADRAMENTO DOS TEMAS GEOGRÁFICOS RELATIVOS AO CADASTRO DAS INFRA-ESTRUTURAS E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS ..................................................................................................................88

15 DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE DADOS GEOGRÁFICOS...........................89 15.1 Universo do discurso.......................................................................................89 15.2 Proposta de conceitos a modelar (modelo conceptual de dados) ...............90

16 CONCLUSÕES...........................................................................................................92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................94

ANEXO I – CONCEITOS A MODELAR NO MDG................................................................97

ANEXO II – IDENTIFICAÇÃO DOS CONCEITOS A CONSIDERAR NO DESENHO DO MDG ...................................................................................................................107

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 vii

Lista de Figuras

Figura 1. Esquema simplificado do processo de modelação de dados. Adaptado da

ISO 19109. ..................................................................................................... 5

Figura 2. Codificação de uma massa de água subterrânea transfronteiriça..........................21

Figura 3. Tipo, descrição e simbologia da orientação principal das massas de água

subterrânea. Extraído de Guidance document n.º 22 – appendix 13.3...........22

Figura 4. Procedimento genérico dos testes de classificação para avaliar o estado

da água subterrânea (adaptado do Documento-guia n.º 18)..........................27

Figura 5. Esquema da associação entre o nó de rede hidrográfica e a estação de

monitorização ................................................................................................37

Figura 6. Inferência de nó de rede para associação com estação de monitorização ............38

Figura 7. Metodologia aplicada na classificação das massas de água quanto ao

risco de não cumprimento dos objectivos ambientais (adaptado de

INAG, 2005) ..................................................................................................41

Figura 8. Tabela de atributos referente aos principais rios reportados ao WISE...................51

Figura 9. Exemplo da classificação de a) Strahler (1945) e b) Shreve (1966) ......................52

Figura 10. Classificação decimal usada pela DGRAH ..........................................................52

Figura 11. Exemplo de aplicação da classificação Pfafstetter (Néry et al., 2002) .................53

Figura 12. Classe de base para identificação, codificação e relacionamento de

entidades geográficas....................................................................................54

Figura 13. Relações entre os esquemas XML do Art.º 13 da DQA (extraído de:

Guidance on reporting of spatial data, Comissão Europeia) ..........................56

Figura 14. Casos de uso da especificação INSPIRE Hidrografia. Extraído de

http://inspire-twg.jrc.ec.europa.eu/inspire-model............................................67

Figura 15. Extracto da estrutura da norma ISO 19131 referente à especificação de

informação geográfica ...................................................................................68

Figura 16. Referenciais métricos para segmentação dinâmica da rede hidrográfica ............72

viii LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

Figura 17. Representação das influências dos parâmetros dos elementos de

qualidade sobre as massas de água superficiais (exemplo extraído

de Charneca, 2010). ......................................................................................73

Figura 18. Hipóteses de estruturas de nós e segmentos a integrar numa rede

geográfica......................................................................................................76

Figura 19. Exemplo de sobreposição da representação de duas massas de água...............78

Figura 20. Exemplo de representação da rede hidrográfica sobre massas de água

Rios e de Transição.......................................................................................79

Figura 21. Representação da linha de concentração de escoamento numa massa

de água. ........................................................................................................79

Figura 22. Representação da rede geométrica de escoamento sobre uma massa de

água fortemente modificada. .........................................................................80

Figura 23. Rede geométrica de escoamento inferida no interior de uma massa de

água. .............................................................................................................80

Figura 24. Exemplos de representação da linha central do escoamento no interior

da representação das massas de água superficiais. .....................................81

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 ix

Lista de Quadros

Quadro 1. Categorias de riscos a considerar no âmbito da elaboração dos PGBH ..............14

Quadro 2. Disposições legais aplicáveis às massas de águas superficiais e zonas

envolventes ...................................................................................................17

Quadro 3. Definição do estado quantitativo (Decreto-Lei n.º 77/2006, Anexo V,

2.1.2, ou DQA, Anexo V, 2.1.2) .....................................................................25

Quadro 4. Definições do bom estado químico das águas subterrâneas (Decreto-Lei

n.º 77/2006, Anexo V, 2.3.2, ou DQA, Anexo V, 2.3.2) ..................................26

Quadro 5. Critérios de eutroficação de albufeiras e lagoas (INAG, 2004). Nota: Os

valores correspondem a médias geométricas. Conformidade – A

classe atribuída corresponde ao valor mais desfavorável.

Amostragem – Pelo menos uma amostra em cada estação do ano,

colhida a meio metro da camada superficial. Dados utilizados: Anos

hidrológicos de 1998/1999, 1999/2000, 2000/2001. ......................................32

Quadro 6. Identificação das pressões significativas a considerar nos PGBH .......................35

Quadro 7. Atributos de classificação e descrição do cumprimento das disposições

legais.............................................................................................................48

Quadro 8. Identificação dos assuntos a classificar quanto ao nível de cumprimento

legal (baseada no anexo IV do caderno de encargos do PGRH do

Guadiana)......................................................................................................49

Quadro 9. Componentes do código identificador das entidades hidrológicas (WFD,

GIS Guidance Document nº. 22, 2009)..........................................................50

Quadro 10. Relação entre escala, resolução, tolerância de simplificação e exactidão

posicional (fonte: GIS Guidance Document: 2nd version) ...............................57

Quadro 11. Temas geográficos a considerar na Directiva das Águas Residuais

Urbanas.........................................................................................................59

Quadro 12. Temas geográficos a considerar na Directiva das Águas Balneares..................59

Quadro 13. Temas geográficos a considerar na Directiva das Águas para consumo

humano .........................................................................................................59

Quadro 14. Temas geográficos a considerar na Directiva dos Nitratos ................................59

Quadro 15. Temas geográficos a considerar na Directiva de Avaliação do Risco de

Inundação......................................................................................................60

x LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

Quadro 16. Temas geográficos a considerar na Directiva de Segurança Marítima...............60

Quadro 17. Requisitos para substâncias perigosas..............................................................60

Quadro 18. Temas dos Anexos I, II, e III da Directiva INSPIRE............................................65

Quadro 19. Cores e respectivos códigos numéricos de base 10 e 16 de misturas

cromáticas RGB a utilizar na simbologia a definir. .........................................83

Quadro 20. Cores de apresentação do estado ecológico. ....................................................84

Quadro 21. Cores de apresentação do potencial ecológico..................................................84

Quadro 22. Cores de apresentação do estado químico........................................................84

Quadro 23. Universo da tipologia de processos administrativos considerados no

GEP...............................................................................................................87

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 1

MODELAÇÃO DE DADOS GEOGRÁFICOS E MODELAÇÃO MATEMÁTICA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS PARA O PLANEAMENTO E GESTÃO

DOS RECURSOS HÍDRICOS SOB JURISDIÇÃO DA ARH DO CENTRO, I.P.

Relatório 1: Análise de requisitos técnicos e funcionais do modelo de dados geográficos

1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação e objectivos

A Directiva-Quadro da Água visa proteger as águas superficiais interiores, as águas de transição, as águas costeiras e as águas subterrâneas, e visa atingir determinados objectivos ambientais através da execução de programas de medidas especificados no Plano de Gestão das Região Hidrográfica (PGRH), que abrange, no caso da Administração da Região Hidrográfica do Centro I.P. (ARH do Centro), as bacias hidrográficas dos Rios Mondego, Vouga e Lis. Os sistemas de informação foram identificados pela ARH do Centro I.P como uma ferramenta de gestão dos recursos hídricos eficaz e eficiente, podendo contribuir para o cumprimento das metas a serem fixadas por estes PGBH. Neste contexto, a ARH do Centro convidou o LNEC a realizar um estudo destinado à concepção e desenvolvimento da especificação de informação geográfica de suporte ao planeamento e gestão de recursos hídricos, à elaboração de cartas de zonas inundáveis fluviais e estuarinas e à caracterização e modelação dos aspectos quantitativos e qualitativos das massas de águas subterrâneas, aplicáveis às regiões hidrográficas sob jurisdição da ARH do Centro. Este estudo foi objecto de contrato entre as duas entidades, datado de 28 de Setembro de 2010.

O projecto está estruturado em quatro componentes:

� Componente 1: Desenvolvimento e implementação da especificação de informação

geográfica através de modelos de dados geográficos;

� Componente 2: Modelação de recursos hídricos – cartas de zonas inundáveis fluviais;

� Componente 3: Modelação da inundação na ria de Aveiro e no estuário do rio Mondego;

� Componente 4: Modelação qualitativa e quantitativa em aquíferos.

O objectivo da componente 1 é a definição e a implementação de um modelo de dados geográficos para as bases geográficas de referência e temáticas, de caracterização da rede hidrográfica, das massas de água superficiais e subterrâneas, e das respectivas zonas protegidas.

2 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

Esta componente foi dividida nas seguintes tarefas:

• Tarefa 1.1. – Análise de requisitos dos modelos de dados geográficos; • Tarefa 1.2. – Especificação de informação geográfica através de modelos de dados;

• Tarefa 1.3. – Implementação e validação do modelo de dados;

• Tarefa 1.4. – Apoio à experimentação do sistema e à definição de estratégias para a sua manutenção.

O presente documento constitui o 1º relatório da Componente 1 (R1). O objectivo deste relatório é a definição dos requisitos para o desenvolvimento do modelo de dados geográficos (MDG) de suporte às acções de planeamento e gestão a executar pela ARH do Centro.

O desenvolvimento do MDG suportará os produtos referentes às componentes de:

• Modelação de recursos hídricos para elaboração de cartas de zonas inundáveis fluviais e de risco de inundações para os trechos dos rios Mondego e Vouga compreendidos entre a confluência do rio Ceira e o limite de propagação da maré e, entre Águeda e Cacia respectivamente as quais implementam o Decreto-Lei n.º 115/2010 de 22 de Outubro (avaliação e gestão dos riscos de inundações);

• Modelação da inundação na ria de Aveiro e no estuário do rio Mondego, com o desenvolvimento das correspondentes cartas de inundação;

• Modelação qualitativa e quantitativa em aquíferos, que inclui a caracterização hidrogeológica da zona de jurisdição da ARH Centro, a caracterização das vulnerabilidades à poluição e à intrusão marinha, bem como a modelação de perímetros de protecção de captações de águas subterrâneas.

1.2 Organização do relatório

O documento está organizado em dezasseis capítulos, para além desta Introdução. O Capítulo 2 apresenta a metodologia seguida para o desenvolvimento da análise de requisitos, a qual está disponível no Capítulo 3. O Capítulo 4 apresenta a estruturação de dados necessária para considerar no MDG a classificação de cumprimento dos diversos diplomas legais relevantes. Dado que todas as entidades geográficas a considerar no MDG devem possuir identificadores numéricos e códigos identificadores únicos, apresenta-se no Capítulo 5 uma revisão e proposta de sistemas de identificação e codificação. Os requisitos necessários para dar resposta ao Water Information System for Europe são descritos no Capítulo 6, enquanto as normas e especificações de informação geográfica, incluindo as propostas do Open Geospatial Consortium (OGC) e da International Organization for Standardiization (ISO) são apresentadas no Capítulo 7. As especificações da Directiva Inspire são apresentadas no Capítulo 8, com principal destaque para a especificação de informação geográfica referente ao tema Hidrografia. No Capítulo 9 é apresentada a metodologia para utilização de conceitos de segmentação dinâmica em suporte da avaliação

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 3

do estado das massas de água. O Capítulo 10 é dedicado á apresentação das regras de consistência lógica e topológica, necessárias para garantir a qualidade dos dados geográficos, a qual é essencial para a gestão correcta de informação geográfica. No Capítulo 11 é apresentada a metodologia de integração da produção cartográfica no MDG. A simbologia proposta para a produção cartográfica dos PGBH é apresentada no Capítulo 12, com base nos critérios estabelecidos na legislação portuguesa, no WISE e na directiva INSPIRE-Hidrografia. Foi também analisada outra informação a ter em conta nos requisitos do MDG, nomeadamente a aplicação de gestão de processos da ARHCentro (Capítulo 13) e o enquadramento dos temas geográficos no MDG relativos ao cadastro de infra-estruturas e utilização de recursos hídricos (Capítulo 14). No Capítulo 15 propõe-se um universo de discurso do MDG e os respectivos conceitos, na sequência da apresentação dos requisitos técnicos e funcionais. Finalmente, as principais conclusões do relatório estão resumidas no Capítulo 16. Em anexo descrevem-se os conceitos a modelar no MDG (Anexo I) e apresenta-se a identificação dos conceitos a considerar no desenho do MDG (Anexo II).

1.3 Documentos de base analisados

Para a elaboração deste relatório foram analisados os seguintes documentos:

• Guia metodológico para a elaboração do plano de gestão da região hidrográfica do Centro;

• GIS Guidance document n.º 22 (Guidance on implementing the GIS elements of the EU water policy);

• GIS Guidance document n.º 12 (Horizontal Guidance on the Role of Wetlands in the Water Framework Directive);

• GIS Guidance document n.º 18 (Guidance on Groundwater Status and Trend Assessment);

• Tools and services for reporting under RBMP within WISE – Guidance on reporting of spatial data for the WFD (RBMP), version 2.0 (Outubro 2009);

• Tools and services for reporting under RBMP within WISE – Reporting of the RBMP – A user manual, version 2.0 (Outubro 2009);

• WISE XML Schemas (meta-documentos XML);

• Documento da estrutura de dados referente à aplicação do gestor electrónico de processos.

Por não se encontrar ainda disponível os documentos referentes ao balcão online e gestão documental desenvolvido pela empresa Indra, estes não foram analisados.

4 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

2 METODOLOGIA DE ANÁLISE DE REQUISITOS TÉCNICOS E FUNCIONAIS DO MODELO DE DADOS GEOGRÁFICOS A DESENVOLVER

Resume-se de seguida a metodologia de análise de requisitos do modelo de dados geográficos a desenvolver neste estudo.

A especificação da informação geográfica a desenvolver neste estudo inclui o desenvolvimento do modelo de dados geográficos de suporte ao planeamento e gestão das águas sob jurisdição da ARH do Centro, I.P., sendo a sua concepção concretizada em quatro etapas distintas de acordo com as normas técnicas internacionais aplicáveis:

• A definição do universo do discurso , no qual se descreve o sistema real a representar;

• A modelação conceptual (materializada no esquema conceptual) onde são definidos os termos e conceitos a considerar na representação computacional do universo de discurso. Nesta fase produzir-se-á um dicionário de dados no qual são expostas as definições dos termos e conceitos utilizados no desenvolvimento do modelo de dados;

• A modelação lógica (materializada no esquema de aplicação), que define, por meio de diagramas de classe UML, declarados segundo a norma ISO 19109, a forma de representação e caracterização dos conceitos definidos no esquema conceptual e que incluem: tipos de entidades, atributos das entidades, definição dos tipos de dados, listas de códigos, enumerações, associações entre classes e operações para definição de comportamentos das entidades consideradas. A modelação lógica terá em consideração a plataforma tecnológica adoptada pela ARH do Centro, I.P., permitindo a implementação do modelo de dados nos mais utilizados sistemas de gestão de bases de dados. O esquema de aplicação será complementado pelo catálogo de entidades geográficas a elaborar segundo a norma ISO 19110;

• A modelação física (materializada na estrutura de dados geográficos implementada num sistema de gestão de bases de dados) constitui a implementação do esquema de aplicação, resultante da modelação lógica, onde se incluem todos os procedimentos de ajuste às soluções tecnológicas adoptadas, nomeadamente aspectos de segurança, desempenho e optimização de esquemas de bases de dados.

A Figura 1 esquematiza as fases de desenvolvimento do modelo de dados geográficos a desenvolver.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 5

Figura 1. Esquema simplificado do processo de modelação de dados. Adaptado da ISO 19109.

A metodologia aplicada baseia-se num processo de modelação de dados dividido nas quatro fases acima descritas, durante o qual são utilizadas as normas da International Organization for Standardization (ISO) e os documentos de especificações técnicas INSPIRE (http://inspire-twg.jrc.ec.europa.eu/inspire-model/) sobre especificação de informação geográfica. Utilizar-se-á no desenvolvimento dos modelos conceptuais e lógicos a linguagem esquemática UML (Unified Modelling Language).

A solução conceptual (modelo conceptual) e o respectivo modelo lógico (esquema de aplicação) considerarão os termos e conceitos presentes nos diplomas legais do direito interno português aplicados ao planeamento e gestão de recursos hídricos actualmente em vigor, bem como a definição dos elementos geográficos da Directiva-Quadro da Água, no âmbito do sistema de informação geográfica europeu sobre recursos hídricos (WISE, Water Information System for Europe), tal como descrito no Guidance Document Nº 22 (Updated Guidance on Implementing the Geographical Information System Elements of the EU Water Policy).

No desenvolvimento e implementação do MDG será tido em conta um conjunto de aspectos que se descrevem de seguida.

a) Formatos de transferência de dados geográficos

Os formatos de transferência de dados geográficos serão acordados entre a ARH do Centro, I.P. e o LNEC, sendo que para tal se sugerem as recomendações INSPIRE (D2.7 Guidelines for the encoding of spatial data, version 2.0), nas quais se prevê que a codificação dos dados deva seguir as especificações ISO 19136:2007 (Geographic information - Geography Markup Language). Deve notar-se que esta sugestão não limita, em parte ou no todo, a adopção de qualquer outro formato de transferência de dados.

6 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

b) Metainformação

Dado que a existência de metadados sobre a informação geográfica é essencial para a sua adequada utilização, pressupõe-se, na implementação do modelo de dados geográficos proposto, que toda a informação carregada possa ser documentada de forma a permitir identificar a sua fonte, conteúdo, estrutura, processos de produção e controlo de qualidade.

Com a implementação do modelo de dados serão produzidos metadados em conformidade com as normas ISO 19115 e ISO 19139. Neste sentido será contemplado o registo dos metadados correspondentes à definição de cada classe de entidades presentes no modelo de dados. A produção de documentos de acordo com as normas ISO referidas será compatível com o Perfil Nacional de Metadados de Informação Geográfica (Perfil MIG) em vigor, definido pelo Instituto Geográfico Português (IGP). De acordo com a informação disponível está previsto que o Perfil MIG venha a integrar aspectos referentes ao WISE. Esta integração está a ser articulada entre o INAG e o IGP.

c) Sistemas de referenciação geográfica

No âmbito do desenvolvimento do modelo de dados geográficos serão tidos em conta dois tipos de sistemas de referenciação geográfica: os sistemas directos e os sistemas indirectos.

Os sistemas de referenciação geográfica directa serão utilizados para a referenciação de posições relativas à superfície terrestre de acordo com um sistema de coordenadas específico. Na definição e implementação do modelo de dados será adoptado o sistema de referenciação directo definido pelo IGP como actual (PT-TM06/ETRS89). Toda a informação geográfica a importar para o modelo de dados deverá estar coerente com o sistema directo citado. A informação geográfica referenciada a outro sistema de referenciação deverá ser transformada de acordo com os parâmetros oficiais publicados pelo IGP. As transformações dos antigos sistemas para o sistema actualmente em vigor para o território continental estão publicadas na página Web do IGP, ou a partir do endereço http://crs.bkg.bund.de/crs-eu.

Os sistemas de referenciação geográfica indirectos serão utilizados para a referenciação de posições relativas a elementos geográficos presentes na base de dados geográficos estruturada de acordo com o modelo de dados a desenvolver. Esta metodologia permitirá aplicar funcionalidades de segmentação dinâmica de elementos geográficos por processos de referenciação pontual e linear.

d) Representação cartográfica e flexibilidade de uso e carregamento de informação geográfica

O modelo de dados a desenvolver proporcionará a produção das representações cartográficas (representações planas simbólicas da superfície terrestre e dos fenómenos geográficos a uma escala fixa) previstas no âmbito dos PGBH.A implementação do modelo de dados a desenvolver não limitará o carregamento e utilização de informação com distintas precisões posicionais.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 7

e) Interoperabilidade e portabilidade da informação

O modelo de dados a desenvolver assume critérios de portabilidade multiplataforma ao nível das soluções de sistemas de gestão de bases de dados (SGBD). A eventual existência de tecnologia ESRI permitirá tirar partido das funcionalidades de interpretação e implementação do modelo de dados, e da respectiva importação de informação nas diversas plataformas, mas não é limitativa da sua funcionalidade.

f) Carregamento de informação geográfica na base de dados e sua validação

O carregamento de informação geográfica na base de dados terá de cumprir regras de precedências e ser validado contra as regras de validação implementadas ao nível da base de dados.

O modelo de dados a desenvolver integrará mecanismos de validação da informação com base nos seguintes elementos:

• Definição dos tipos de dados permitidos para registo dos valores dos atributos;

• Definição de domínios de dados por intervalo de valores ou listas codificadas de valores permitidos;

• Definição de regras topológicas.

A verificação de regras de validação ficará disponível a partir das aplicações de gestão de informação geográfica ao nível da base de dados.

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3 ANÁLISE DE REQUISITOS

3.1 Introdução

O actual enquadramento legal europeu e nacional respeitante ao planeamento e à gestão de recursos hídricos veio colocar sérios desafios de produção, organização e partilha de informação geográfica. Não só pelo carácter inovador da Directiva-Quadro da Água, no que respeita à exigência face à gestão deste tipo de informação, mas por todos os efeitos que esta directiva provocou: efeitos de re-organização institucional ao nível dos Estados-membros, efeitos de alteração metodológica na gestão e análise da informação, efeitos no surgimento de novas e renovadas figuras de planeamento das diferentes categorias de massas de água (superficiais interiores, costeiras, transição e subterrâneas), e ainda a preparação e publicação de “directivas-filhas” relacionadas com o planeamento e gestão da água, de que são exemplo a directiva das águas balneares, a directiva das águas subterrâneas ou a directiva de gestão do risco de inundação.

A informação geográfica é um meio de caracterização e representação dos objectos físicos do espaço territorial que interessa considerar para um adequado planeamento e gestão de recursos hídricos. Neste sentido importa definir os requisitos técnicos e funcionais que pautarão o desenvolvimento de um MDG de suporte ao sistema de informação de apoio à decisão da ARH do Centro, I.P, nomeadamente no que respeita ao licenciamento da utilização dos recursos hídricos.

Ao iniciar um processo de especificação de informação geográfica, deve definir-se o seu âmbito, objectivos e as premissas em que se baseia. Neste relatório define-se a abrangência do sistema em análise, identificando claramente que fenómenos e respectiva caracterização são considerados relevantes para a representação do sistema ambiental a descrever através da modelação de dados geográficos. A modelação de dados geográficos consiste assim num processo de descrição de sistemas do mundo real através da representação geográfica de fenómenos tangíveis, válidos para um dado domínio técnico ou científico.

No processo de modelação de dados geográficos são utilizadas técnicas de notação que ajudam a compreender os termos e conceitos subjacentes à interpretação da realidade, e a organizá-los de acordo com as associações que estabelecem entre si. Nesse sentido, as classes de entidades representadas num modelo de dados geográficos, e as associações que estas estabelecem entre si, constituem as duas primitivas de base para o processo de modelação de dados geográficos. Por natureza, um modelo de dados geográficos é independente do sistema computacional que o implementa.

O MDG a desenvolver fornecerá o formalismo conceptual como base para uma linguagem comum sobre a representação das entidades reais a ter em conta no âmbito da caracterização das massas de água superficiais e subterrâneas, e dos aspectos relacionados com seu planeamento e gestão.

O trabalho assenta nas seguintes premissas:

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a) A integração de informação geográfica e alfanumérica num único repositório de dados apresenta claras vantagens de integridade e consistência quando baseada numa estrutura relacional de base de dados;

b) Os modelos de dados podem estabelecer as regras de caracterização e representação dos objectos físicos do espaço territorial com o objectivo destes poderem ser mapeados, analisados espacialmente e considerados em modelos de simulação hidráulica e hidrológica;

c) A informação considerada no âmbito do planeamento e gestão de recursos hídricos tem um cariz de cinco dimensões, em que além da natureza tridimensional das representações (x, y, z), se considera informação temporal (t) e informação espacial (m);

d) A modelação de dados geográficos respeitantes às massas de água superficiais e subterrâneas facilita a partilha de informação com todos os agentes envolvidos nos processos de planeamento e gestão de recursos hídricos.

Faz-se notar que os conteúdos das bases cartográficas de referência e temáticas não serão alvo, per si, do exercício de modelação de dados geográficos. No entanto, todos os seus elementos geográficos passíveis de serem referenciados no âmbito do desenvolvimento do SIG-ARHCentro serão incluídos e devidamente estruturados no âmbito do desenvolvimento do MDG.

3.2 Análise da legislação nacional e europeia aplicável

O novo enquadramento legal e institucional em que se elaborarão as novas figuras do planeamento de recursos hídricos, nomeadamente os Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica (PGBH), colocam diversos desafios no que respeita à estruturação da informação geográfica a utilizar na sua elaboração e no apoio à gestão de recursos hídricos. Com o objectivo de assegurar a transposição dos conceitos referidos nos diplomas normativos aplicáveis para o MDG a desenvolver, foi efectuada uma análise das exigências destes diplomas no que respeita aos conceitos e requisitos passíveis de serem representados geograficamente ou que possuam uma relação directa com a informação geográfica topográfica. Apesar de se ter dedicado uma secção específica à análise da legislação, existem pontualmente ao longo deste relatório diversas referências normativas suplementares.

Importa referir que os conteúdos gerais dos PGBH se encontram definidos no Anexo VII da DQA, no Artigo 29.º da Lei da Água e no Decreto-Lei n.º 77/2006, de 30 de Março, cuja articulação permite verificar que estes planos deverão incluir dados de caracterização com um grau de análise espacial e temporal adequado de forma a sustentar e fundamentar a especificação dos objectivos ambientais preconizados na DQA e na Lei da Água, e para definir as medidas necessárias para a sua concretização.

Procurar-se-á, no desenho do MDG, considerar todos os fenómenos do mundo real directamente referidos nos diplomas legais aplicáveis, pelo que no Anexo I se identificam e definem os conceitos extraídos destes diplomas legais.

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3.2.1 Identificação do enquadramento legal europeu (directivas europeias)

No âmbito do disposto na DQA, o incumprimento das normas de qualidade estabelecidas no âmbito de outras Directivas Comunitárias em vigor, nomeadamente as directivas 75/440/CEE, 76/160/CEE, 78/659/CEE e 76/464/CEE, conduz também à classificação das massas de água como estando em risco.

No contexto da implementação da DQA destacam-se ainda as seguintes directivas europeias que se relacionam com esta directiva:

• Directiva da Tratamento das águas residuais urbanas;

• Directiva das Águas Balneares;

• Directiva dos Nitratos (Protecção das águas contra a poluição causada por nitratos de origem agrícola);

• Directiva da Água para consumo humano (Qualidade da água superficial para produção de água potável);

• Directiva da Avaliação e Gestão do Risco de Inundação (DAGRI);

• Directiva da estratégia marítima;

• Directiva das Emissões Industriais.

A Directiva 75/440/CEE do Conselho, de 16 de Junho (relativa à qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano), a Directiva 78/659/CE do Conselho, de 18 de Julho (relativa à qualidade das águas doces superficiais para fins aquícolas – águas piscícolas), a Directiva 79/923/CE do Conselho, de 30 de Outubro (relativa à qualidade das águas do litoral e salobras para fins aquícolas – águas conquícolas), e a Directiva 76/160/CEE do Conselho, de 8 de Dezembro (relativa à qualidade das águas balneares), foram transpostas para o direito nacional através do Decreto-Lei 236/98, de 1 de Agosto, que revogou o Decreto-Lei 74/90, de 7 de Março, estabelecendo normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos.

No âmbito da Directiva 98/83/CE, de 3 de Novembro, relativa à qualidade da água destinada ao consumo humano e transposta para o direito nacional através do Decreto-Lei n.º 243/2001, de 5 de Setembro, deverão ser inventariados os sistemas de abastecimentos que abastecem mais de 50 habitantes ou produzem mais de 10 m3/dia em média, limites estes também referidos no artigo 7º da DQA.

A Directiva 91/676/CEE do Conselho, de 12 de Dezembro, relativa à protecção das águas contra a poluição causada por nitratos de origem agrícola, foi transposta para o direito nacional através do Decreto-Lei n.º 235/97, de 3 Setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 68/99, de 11 Março. A Portaria n.º 258/2003, de 19 de Março, aprova a lista e as cartas que identificam as zonas vulneráveis de Portugal Continental. A Portaria n.º 1100/2004, de 3 de Setembro revoga a Portaria n.º 258/2003, de 19 de Março, redefinindo novas zonas.

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3.2.2 Identificação do enquadramento legal nacional

A Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, também designada por Lei da Água, transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2000/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro, estabelecendo as bases e quadro institucional para a gestão sustentável da água, tendo a bacia hidrográfica como base territorial para a gestão da água:

• Lei n.º 58/2005 , de 29 de Dezembro (Lei da Água - LA);

• Lei n.º 54/2005 , de 15 de Novembro (titularidade dos recursos hídricos);

• Decreto-Lei n.º 77/2006 , de 30 de Março (regulamentação da LA);

• Decreto-Lei n.º 226-A/2007 , de 31 de Maio (regime de utilização dos recursos hídricos);

• Decreto-Lei n.º 97/2008 , de 11 de Junho (taxa de recursos hídricos e tarifas dos serviços públicos de águas);

• Portaria n.º 394/2008 , de 5 de Junho (Estatutos das ARH);

• Portaria n.º 1450/2007 , de 12 de Novembro (regulamentação do Decreto -Lei n.º 226 -A/2007, de 31 de Maio);

• Decreto-Lei n.º 131/2005 , de 16 de Agosto (regime excepcional e transitório de atribuição de licença para a pesquisa e captação de águas subterrâneas e para a instalação de novas captações de águas superficiais destinadas ao abastecimento público);

• Decreto-Lei n.º 236/1998 , de 1 de Agosto;

• Decreto-Lei n.º 348/1998 , de 9 de Novembro (tratamento de águas residuais urbanas);

• Decreto-Lei n.º 129/2008 , de 21 de Julho (Planos de ordenamento dos estuários);

• Decreto-Lei n.º 198/2008 , de 8 de Outubro (tratamento de águas residuais urbanas);

• Decreto-Lei n.º 208/2008 , de 28 de Outubro (modelo organizacional das ARH);

• Portaria n.º 702/2009 , de 6 de Julho (termos da delimitação dos perímetros de protecção das captações destinadas ao abastecimento público de água para consumo humano, bem como os respectivos condicionamentos);

• Portaria 1284/2009, de18 de Outubro, que estabelece o conteúdo dos PGRH.

Procurar-se-á no desenho do MDG considerar todos os fenómenos do mundo real directamente referidos nos diplomas legais aplicáveis, pelo que, no Anexo I deste relatório, se identificam e definem os conceitos extraídos destes diplomas legais.

3.3 Análise do Guia metodológico dos PGBH da ARH do Centro I.P.

A análise de requisitos do MDG será desenvolvida de acordo com a organização do Guia metodológico do PGBH (ARH do Centro, 2009), no que respeita aos conteúdos sobre os quais incidirão os trabalhos da equipa de planeamento de recursos hídricos. O índice de conteúdos dos PGBH inclui os seguintes capítulos (partes):

1) Enquadramento e aspectos gerais;

2) Caracterização da região hidrográfica;

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3) Síntese da caracterização e diagnóstico da região hidrográfica;

4) Cenários prospectivos;

5) Objectivos ambientais;

6) Programas de medidas;

7) Sistema de promoção, acompanhamento e avaliação.

Os capítulos 3, 5, e 6 estão organizados pelas seguintes áreas temáticas:

• Área temática 1: Qualidade da água;

• Área temática 2: Quantidade da água;

• Área temática 3: Gestão de riscos e valorização do domínio hídrico;

• Área temática 4: Quadro institucional e normativo;

• Área temática 5: Quadro económico e financeiro;

• Área temática 6: Monitorização, investigação e conhecimento;

• Área temática 7: Comunicação e governança.

3.3.1 Parte 1 – Enquadramento e aspectos gerais

Esta parte dos PGRH não é alvo do trabalho da equipa de planeamento. Não se prevê assim que venha a ser produzida informação geográfica neste capítulo.

3.3.2 Parte 2 – Caracterização da região hidrográfica

3.3.2.1 Ponto 1 - Caracterização geral

O ponto 1 implicará a produção de cerca de 32 mapas (anexo I do Guia metodológico). À excepção do capítulo 1.9, referente a análise de perigos e riscos, não se prevê modelar a cartográfica de base e temática que possa vir a dar origem às representações cartográficas previstas. Para o caso da produção de informação geográfica referente à análise de perigos e riscos, dada a sua potencial diversidade consoante a metodologia e os instrumentos utilizados nesta análise, a sua representação própria no MDG deverá ser definida pela ARH do Centro.

A cartografia de risco, e a eventual produção de informação geográfica a desenvolver, incidirá sobre os seguintes temas:

1.9.1. Alterações climáticas;

1.9.2. Cheias;

1.9.3. Secas;

1.9.4. Erosão hídrica e transporte de material sólido;

1.9.5. Erosão costeira e capacidade de recarga do litoral;

1.9.6. Movimentos de massas;

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1.9.7. Sismos;

1.9.8. Infra-estruturas;

1.9.9. Poluição acidental.

Prevê-se que esta informação integre o Sistema Nacional de Informação Territorial (SNIT) e o Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG). Por este motivo, ser-lhe-ão aplicáveis as disposições do Decreto-Lei n.º 180/2009, de 7 de Agosto, que procede à transposição para a ordem jurídica nacional da Directiva n.º 2007/2/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de Março de 2007, que estabelece a criação da Infra-estrutura Europeia de Informação Geográfica (INSPIRE).

Com base no guia metodológico para a produção de cartografia municipal de risco e para a criação de SIG de base municipal (Julião et al., 2009) foram seleccionados as categorias de riscos e referida a legislação aplicável a cada uma. O Quadro 1apresenta, por categorias de riscos, as suas designações e diplomas legais aplicáveis.

Categoria de riscos Designação Legislação aplicável e comentários

Alterações climáticas Nevões

Ondas de calor

Ondas de frio

Podem incluir-se eventos extremos (secas, inundações, temperaturas extremas). A representação destes fenómenos pode recorrer à representação matricial.

Cheias Lei n.º 54/2005 – Estabelece a titularidade dos recursos hídricos / Art.22º e seguintes.

Lei n.º 58/2005 – Lei da Água.

DL n.º 166/2008 – RJREN / Anexo I Secção III

Portaria n.º 1356/2008 – Revisão da RJREN.

Directiva 2007/ 60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 23 de Outubro de 2007- Avaliação e gestão dos riscos de Inundações.

DL n.º 364/98 – Estabelece a obrigatoriedade de elaboração da carta de zonas inundáveis nos municípios com aglomerados urbanos atingidos por cheias.

DL n.º 115/2010 de 22 Outubro - estabelece um quadro para a avaliação e gestão dos riscos de inundações

Secas Lei n.º 58/2005 – Lei da Água, Artigo 41.º.

Erosão hídrica e transporte de material sólido

Erosão hídrica

dos solos

DL n.º 166/2008 – RJREN / Anexo I Secção III

Erosão costeira e capacidade de recarga do litoral

Erosão costeira: destruição de praias e sistemas dunares (Representações

DL n.º 166/2008 – RJREN / Anexo I Secção I

Portaria n.º 1356/2008 – Revisão da RJREN.

Lei n.º 49/2006 – Estabelece medidas de protecção da orla costeira.

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datadas)

Erosão costeira: recuo e instabilidade de arribas

(Pode não se aplicar às RH1, RH2 e RH3)

DL n.º 166/2008 – RJREN / Anexo I Secção I

Portaria n.º 1356/2008 – Revisão da RJREN

Colapso de cavidades subterrâneas naturais

Movimentos de massas DL n.º 166/2008 – RJREN / Anexo I Secção I

Portaria n.º 1356/2008 – Revisão da RJREN.

Sismos Falhas

geológicas

DL n.º 235/83 – Aprova o Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSA) / Art. 28º e seguintes.

Infra-estruturas Consideram-se as infra-esstruturas hidráulicas e de defesa costeira e portuária

Poluição acidental Resultante de acidentes, rodoviários, ferroviários, aéreos, em áreas e parques industriais. Consideram-se ainda os acidentes com transporte fluviais e marítimos.

Quadro 1. Categorias de riscos a considerar no âmbito da elaboração dos PGBH

Os locais com potencial risco de inundação e as zonas inundáveis ou ameaçadas pelas cheias terão em conta informação dos Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT), do SNIRH e eventualmente dos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).

O Decreto-Lei n.º 115/2010 de 22 Outubro estabelece um quadro para a avaliação e gestão dos riscos de inundações, com o objectivo de reduzir as suas consequências prejudiciais, e transpõe a Directiva n.º 2007/60/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro. Este decreto-lei pretende reduzir as consequências associadas às inundações, incluindo perdas humanas ou prejuízos para o ambiente, o património cultural, as infra-estruturas e as actividades económicas.

Em comunicado do Conselho de ministros pode ler-se que «Este regime estabelece a obrigatoriedade de elaboração, por parte das Administrações das Regiões Hidrográficas, de cartas de zonas inundáveis para áreas de risco e de cartas de riscos de inundações , até 22 de Dezembro de 2013, devendo, igualmente, ser elaborados, para cada região hidrográfica ou unidade de gestão, planos de gestão dos riscos de inundações, para determinadas zonas, até 22 de Dezembro de 2015»,

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O decreto-lei cria ainda a Comissão Nacional da Gestão dos Riscos de Inundações, que irá apoiar as Administrações de Região Hidrográfica na realização da avaliação preliminar dos riscos de inundações, e na elaboração das cartas de zonas inundáveis para áreas de risco, das cartas de risco de inundações e dos planos de gestão de riscos de inundações.

Os riscos geológicos terão em conta informação do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) e os Planos Regionais do Ordenamento do Território.

Os riscos de erosão hídrica e da seca meteorológica terão por base as sub-bacias hidrográficas como unidade de resposta hidrológica, às quais deverão ser afectos o número de dias em ano seco, médio e húmido.

Quanto ao risco de poluição acidental dever-se-á ter em conta, pelo menos as pressões referentes a instalações PCIP (Prevenção e Controlo Integrado de Poluição), indústrias perigosas e estações de tratamento de águas residuais que sirvam mais de 10.000 habitantes.

3.3.2.2 Ponto 2 – Caracterização das massas de água

Este ponto dos PGBH implicará uma produção de diversos conjuntos de dados geográficos sobre massas de água superficiais, massas de água subterrâneas, zonas protegidas, pressões naturais e pressões antrópicas significativas.

A primeira parte dos PGBH pressupõe uma caracterização geral das regiões hidrográficas, sobretudo nos aspectos relacionados com a água, as suas utilizações e o seu uso. São assim incluídos os seguintes temas geográficos: localização geográfica da RH, demografia, geologia, geomorfologia, hidrografia, hidrologia, hidrogeologia e climatologia e, também, uma caracterização do ponto de vista social e económico. Estes dois últimos aspectos são detalhados na parte 5 e parte 6 dos PGBH, pelo que nesta parte apenas são exigidos indicadores de carácter geral.

A caracterização das massas de água de superfície é também referida nesta parte dos PGBH, pelo que deverá constar uma descrição das metodologias seguidas para a tipificação dessas massas de água. A componente de informação geográfica sobre as massas de águas superficiais inclui a identificação, a localização geográfica e os limites das várias categorias de massas de água, as quais serão incluídas no MDG.

São ainda identificadas a este nível as condições de referência dos elementos de qualidade para cada tipo e categoria de massas de água, nomeadamente no que respeita a elementos biológicos, hidromorfológicos e físico-químicos, bem como identificado o estado de cumprimento das disposições legais aplicáveis ao sistema em estudo. O Quadro 2 apresenta os conceitos e os diplomas legais aplicáveis.

Tema Diplomas comunitários

Diplomas de transposição

Águas residuais urbanas Directiva 91/271/CEE

Directiva 98/15/CE

Decreto-Lei n.º 152/97

Decreto-Lei n.º 348/98

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Tema Diplomas comunitários

Diplomas de transposição

Decreto-Lei n.º 149/2004

Decreto-Lei n.º 198/2008

Prevenção e Controlo Integrado da Poluição

Directiva 96/61/CE Decreto-Lei n.º 173/2008

Quadro de acção comunitária no domínio da política da água

Directiva 2000/60/CE

Decisão 2455/2001

Lei 58/2005

Decreto-Lei n.º 77/2006

Protecção das águas subterrâneas contra a poluição e a deterioração

Directiva 2006/118/CE Decreto-Lei n.º 208/2008

Protecção das águas subterrâneas contra a poluição causada por certas substâncias perigosas

Directiva 80/68/CEE Decreto-Lei n.º 236/98

Directiva 82/176/CEE

Decreto-Lei n.º 431/99

Directiva 83/513/CEE Decreto-Lei n.º 53/99

Directiva 84/156/CEE Decreto-Lei n.º 52/99

Portaria n.º 744-A/99

Directiva 84/491/CEE Decreto-Lei n.º 54/99

Directiva 86/280/CEE

Directiva 88/347/CEE

Directiva 90/415/CEE

Decreto-Lei n.º 56/99

Decreto-Lei n.º 390/99

Portaria n.º 39/2000

Portaria n.º 91/2000

Portaria n.º 895/94

Substâncias perigosas

Directiva 76/464/CE

Decreto-Lei n.º 506/99

Decreto-Lei n.º 261/2003

Portaria n.º 50/2005

Águas residuais do sector de actividade do amianto

Directiva 87/217/CEE Portaria n.º 1049/93

Águas residuais de unidades de produção de dióxido de titânio

Directiva 78/176/CEE

Directiva 82/883/CEE

Directiva 92/112/CEE

Portaria n.º 1147/94

Águas residuais da indústria de lanifícios

Portaria n.º 423/97

Águas superficiais destinadas à produção de água para consumo humano

Directiva 75/440/CEE

Directiva 79/869/CEE

Decreto-Lei n.º 236/98

Portaria n.º 462/2000 (2.ª série)

Água destinada ao consumo humano Directiva 80/778/CEE, alterada pela Directiva 98/83/CE

Decreto-Lei n.º 306/2007

Águas balneares Directiva 76/160/CEE

Directiva 2006/7/CE

Decreto-Lei n.º 236/98

Portaria n.º 573/2001

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Tema Diplomas comunitários

Diplomas de transposição

Águas piscícolas Directiva 78/659/CEE

Directiva 2006/44/CE (versão codificada da Directiva 78/659/CEE)

Decreto-Lei n.º 236/98

Águas conquícolas Directiva 79/923/CEE Decreto-Lei n.º 236/98

Produtos fitofarmacêuticos Directiva 91/414/CEE, alterada por muitas directivas, inclusive algumas de 2006

Decreto-Lei n.º 94/98

Decreto-Lei n.º 341/98

Decreto-Lei n.º 22/2001

Decreto-Lei n.º 173/2005

Biocidas Directiva 98/8/CE

Directiva 2006/50/CE

Decreto-Lei n.º 121/2002

Zonas Vulneráveis Directiva 91/676/CEE

Decreto-Lei n.º 235/97

Decreto-Lei n.º 68/99

Portaria n.º 556/2003

Portaria n.º 557/2003

Portaria n.º 591/2003

Portaria n.º 617/2003

Portaria n.º 1366/2007

Lamas de depuração Directiva 86/278/CE Decreto-Lei n.º 118/2006

Conservação de habitat, da fauna e da flora selvagens

Directiva 92/43/CEE, alterada pela Directiva 97/62/CE

Directiva 79/409/CEE, alterada pela Directiva 91/244/CEE, pela Directiva 94/24/CE e pela Directiva 97/49/CE

Decreto-Lei n.º 140/99, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005;

Portaria n.º 829/2007.

Prevenção de acidentes graves que envolvam substâncias perigosas

Directiva 96/82/CE Decreto-Lei n.º 164/2001

Portaria n.º 193/2002

Portaria n.º 395/2002

Avaliação de Impacte Ambiental Directiva 85/337/CEE Decreto-Lei n.º 69/2000, alterado pelo Decreto-Lei 197/2005

Avaliação Ambiental Estratégica Directiva 2001/42/CE Decreto-Lei 232/2007

Quadro 2. Disposições legais aplicáveis às massas de águas superficiais e zonas envolventes

Ponto 2.1 – Massas de água superficiais

Considera-se que uma massa de água superficial se define como sendo um elemento distinto e significativo de água de superfície, sendo identificadas as seguintes categorias:

• Rios;

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• Lagos;

• Águas de Transição;

• Águas Costeiras.

A aplicação desta definição requer uma subdivisão das águas superficiais compreendidas em cada região hidrográfica. As massas de águas superficiais constituirão, segundo os critérios da DQA e LA, as unidades de gestão onde se avaliará o estado do recurso, resultante da aplicação dos objectivos ambientais definidos. A caracterização das massas de águas superficiais envolverá a definição da categoria a que pertencem, da tipologia em que se inserem, a sua delimitação geográfica e a definição das suas condições de referência para cada categoria e tipo.

A delimitação das massas de água, no âmbito da implementação da DQA, baseia-se nos princípios estabelecidos no Documento-Guia n.º 2 (WFD, 2003), respeitantes à identificação das massas de água:

- a massa de água é delimitada de forma a garantir que o seu estado ecológico possa ser avaliado e comparado com os objectivos ambientais estipulados;

- é atribuído apenas um estado ecológico único a cada massa de água (homogeneidade de estado).

Para cada tipo e categoria de massa de água integrada nas bacias hidrográficas que seja objecto dos PGBH terão de ser apresentadas as condições de referência dos elementos de qualidade utilizados para a sua caracterização. Esta informação poderá ser suportada nos trabalhos já desenvolvidos, nomeadamente INAG (2009), ou outro relevante que entretanto venha a ser produzido. Uma metodologia para estabelecer as condições de referência para as massas de água das categorias “águas de transição” e “águas costeiras” é descrita em Bettencourt et. al. (2003).

Para todas as categorias e tipos de massas de água superficiais caracterizar-se-ão as condições de referência (condições de excelência de estados). Estas condições de referência ficarão registadas no MDG através dos elementos de qualidade próprios de cada categoria e tipo de massas de água.

Identificação e delimitação geográfica das massas de água superficiais

O Guia metodológico requer que seja apresentada a identificação, localização geográfica e limites das massas de água, devendo cada uma incluir a seguinte informação:

• A designação da massa de água;

• O código da massa de água;

• A categoria (rio, lago, água de transição ou água costeira) da massa de água;

• O tipo da massa de água (tipologia);

• A bacia hidrográfica onde se situa a massa de água;

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• O curso de água onde se situa a massa de água;

• As coordenadas da foz do curso de água, no caso de massas de águas de transição;

• As coordenadas do centro da área da massa de água, no caso de rios, de albufeiras e de águas costeiras;

• A dimensão, que será o comprimento, expresso em quilómetros (km), no caso de rios; e a área, expressa em quilómetros quadrados (km2), no caso das águas de transição, lagos e águas costeiras;

• A indicação das massas de água que coincidem com zonas protegidas;

• A indicação das massas de água que foram previamente consideradas como artificiais ou como fortemente modificadas.

Alguma da informação incluída na lista anterior será produzida directamente da análise espacial da informação geográfica estruturada de acordo com o MDG a desenvolver, pelo que não estará explicitamente registada como atributos da massa de água. São exemplos destes atributos os seguintes:

• As coordenadas da foz do curso de água, no caso de massas de águas de transição;

• A indicação das massas de água que coincidem com zonas protegidas.

Tal opção evita que a informação se desactualize por acções de edição na base de dados geográficos. Além destes elementos, registar-se-ão directamente como atributos das massas de água superficiais os seguintes factores:

• Sistema de caracterização da massa de água (sistema A ou B, vide INAG, 2005);

• Aptidão para consumo humano;

• Estado de conformidade para o consumo humano;

• Estado do risco de cumprimento dos objectivos ambientais;

• Massa de água prioritária;

• Massa de água transfronteiriça;

• Tipologia (abiótica e biótica)

As seguintes massas de água devem ser consideradas como prioritárias (para atingirem o “Estado bom” em 2015):

a) As massas de água que estejam identificadas como zonas protegidas;

b) As massas de água onde devem ser supridas as emissões, as descargas e as perdas acidentais de substâncias prioritárias;

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c) As massas de água onde a poluição provocada por substâncias prioritárias deve ser gradualmente reduzida;

d) As massas de água onde devem ser evitadas ou limitadas as descargas de outros poluentes;

e) As massas de água de águas marinhas e territoriais onde a poluição deve ser prevenida ou eliminada;

f) As massas de água abrangidas por acordos internacionais.

O sistema de códigos identificadores é tratado em pormenor na secção 5.

No âmbito dos PGBH deve também ser apresentada a descrição da metodologia de caracterização das tipologias de massas de água, pelo que o MDG terá em conta a classificação abiótica e biótica das massas de água superficiais, afectando-lhes a respectiva classificação de tipologia, bem como uma descrição da metodologia que foi seguida para a caracterização dos diferentes tipos de massas de água superficiais.

Massas de água artificiais e massas de água fortemente modificadas

Nos PGBH será feita a classificação definitiva das massas de água artificiais e das massas de água fortemente modificadas. Esta classificação deverá ter por base a classificação provisória existente (vide relatório do Artigo 5º da Directiva-Quadro da Água), que se baseou nos seguintes critérios:

• Na categoria “rios” foram considerados os troços de rio a jusante de albufeiras;

• Na categoria “lagos” foram consideradas as albufeiras;

• Nas categorias “águas de transição” e “águas costeiras” foram consideradas as que apresentavam alterações físicas.

Foram identificados como águas artificiais os canais de rega e os portos. Devem ser identificados os troços de rio a jusante de albufeiras com redução ou alteração significativa do escoamento natural, apresentada a informação de base utilizada para esse efeito e indicado o comprimento das massas de água que estão nessa situação.

No caso de águas de transição e de águas costeiras deve ser indicado, com base em informação existente, o grau de alteração morfológica. Os fundamentos da designação das massas de água artificiais e das massas de água fortemente modificadas terão igualmente suporte no MDG a desenvolver.

O MDG reflectirá todas as necessidades acima descritas no que respeita à classificação das massas de água como artificiais ou fortemente modificadas.

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Ponto 2.2 – Massas de água subterrâneas

A identificação e delimitação preliminar das massas de águas subterrâneas foi elaborada pelo INAG no âmbito do “Relatório síntese sobre a caracterização das regiões hidrográficas prevista na directiva-quadro da água” (INAG, 2005).

A caracterização das massas de águas subterrâneas terá de incluir:

• A localização e os limites das massas de águas subterrâneas, identificando as que se encontram associadas a ecossistemas aquáticos de superfície ou a ecossistemas terrestres que delas dependem directamente;

• As que estão em risco, e as massas de água transfronteiriças;

• A identificação das características gerais dos estratos que cobrem a área de drenagem que alimenta as massas de águas subterrâneas;

• A avaliação dos recursos hídricos subterrâneos disponíveis, incluindo a taxa de recarga global média anual a longo prazo (não está definido o número de anos para esta análise);

• A caracterização aprofundada das massas de água consideradas em situação de risco, que deve incluir as informações relevantes constantes do n.º 2.2, Parte II do Anexo I do Decreto-Lei n.º 77/2006, de 30 de Março;

• A identificação das zonas potenciais para a promoção da recarga de aquíferos (quer natural quer artificial). A recarga natural será garantida a partir das zonas de máxima infiltração, ou a partir de outras intervenções que a facilitem. A recarga artificial será alvo de licenciamento caso a caso.

• Identificação das suas utilizações e avaliação do grau de risco de não cumprimento dos objectivos ambientais definidos no artigo 4.º da DQA e no artigo 47.º da Lei da Água.

As MA subterrâneas transfronteiriças serão relatadas em conjunto com Espanha, sendo-lhes atribuídos códigos identificadores distintos em cada uma dos países, tal como ilustra a Figura 2. Cada país identificará e codificará apenas a parte da massa de água incluída no seu território, devendo as suas delimitações ser harmonizadas entre os Estados-membros.

Figura 2. Codificação de uma massa de água subterrânea transfronteiriça

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De salientar ainda que, de acordo com o documento-guia para o relato de informação no âmbito da DQA (European Commission, 2009a), só serão reportadas MA subterrâneas, ou grupos de MA subterrâneas, superiores a 100 Km2. É também exigida neste âmbito informação sobre a orientação vertical principal da MA subterrânea, tal como ilustra a Figura 3.

Figura 3. Tipo, descrição e simbologia da orientação principal das massas de água subterrânea. Extraído de Guidance document n.º 22 – appendix 13.3.

Distingue-se, na caracterização das massas de água subterrâneas, uma caracterização geral, uma caracterização aprofundada e uma caracterização específica.

Caracterização geral

A caracterização geral de cada massa de água subterrânea (ou grupo destas) incluirá a identificação da massa de água, as características gerais dos estratos que cobrem a área de drenagem que alimenta a massa de água, a identificação das zonas de vulnerabilidade hidrogeológica e as pressões (fontes de poluição pontual e difusa, captações de água e recarga artificial) a que a massa de água subterrânea pode estar sujeita.

De salientar que a caracterização de pressões tópicas e difusas, e das captações que possam afectar a massa de água subterrânea, é feita independentemente da caracterização destas massas de água ao nível do MDG. No entanto, deverá ser sempre garantida a sua análise integrada.

A informação a apresentar no âmbito da caracterização geral das MA subterrâneas será no mínimo a seguinte:

• A designação das massas de água;

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• O código identificador;

• As coordenadas do centro da área da massa de água;

• O sistema aquífero e o aquífero;

• Dimensão (área (km2) e capacidade (m3)). Note-se que o termo capacidade se refere à capacidade volumétrica do aquífero e à capacidade de extracção por unidade de tempo.

A informação para esta caracterização já está disponível, devendo ser actualizada e organizada, quando existirem elementos produzidos que justifiquem a sua utilização.

Caracterização aprofundada

Para as massas de águas subterrâneas em situação de risco, a caracterização a apresentar deve incluir:

• As características geológicas das massas de águas subterrâneas, incluindo a extensão e o tipo das unidades geológicas;

• As características hidrogeológicas das massas de águas subterrâneas, incluindo a condutividade hidráulica, a porosidade e o confinamento;

• As características da zona não saturada do solo e dos depósitos de superfície na área de drenagem que alimenta as massas de águas subterrâneas, nomeadamente no que respeita a:

a) Espessura;

b) Porosidade;

c) Condutividade hidráulica;

d) Propriedades de absorção.

• As características de estratificação das águas no interior das massas de águas subterrâneas.

• O inventário dos sistemas de superfície associados a cada massa de água subterrânea, nomeadamente no que respeita a:

• Os ecossistemas terrestres com os quais a massa de água subterrânea está dinamicamente relacionada;

• As massas de águas de superfície com os quais a massa de água subterrânea está dinamicamente relacionada.

• A taxa de recarga global média anual de longo prazo;

• Estimativas das direcções e caudais de transferências de águas entre as massas de águas subterrâneas e os sistemas de superfície associados;

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• A caracterização da composição química das águas subterrâneas, incluindo a especificação do contributo da actividade humana. Esta informação será sobretudo fornecida pelos programas de monitorização a implementar e operacionalizar.

Caracterização específica

A caracterização específica das massas de águas subterrâneas refere-se às MA em risco e às massas de águas subterrâneas transfronteiriças. Este tipo de caracterização diz respeito à análise de “factores externos” às próprias MA subterrâneas, e por conseguinte não representam características (atributos) próprias destas. Assim o MDG deverá caracterizar estes “factores externos” em sede própria e de forma a poderem ser relacionados espacialmente com as MA subterrâneas a analisar.

A caracterização específica das MA subterrâneas, resultante de uma análise integrada de informação, incluirá:

• A localização dos pontos de massas de águas subterrâneas utilizados para captação de água, nomeadamente:

a) Os pontos para captação de água que forneçam, em média, volumes iguais ou superiores a 10 m3 por dia;

b) Os pontos para captação de água destinada ao consumo humano que forneçam, em média, volumes iguais ou superiores a 10 m3 por dia, ou que abasteçam mais de 50 pessoas.

• As taxas médias anuais de captação nesses pontos;

• A composição química da água captada a partir dos pontos de captação;

• A localização dos pontos das massas de águas subterrâneas nos quais é directamente descarregada água;

• As taxas de descarga nesses pontos;

• A composição química das águas descarregadas nas massas de águas subterrâneas;

• A ocupação e actividades na área ou áreas de drenagem a partir das quais as massas de águas subterrâneas recebem a recarga, incluindo poluentes e alterações antropogénicas das características de recarga, nomeadamente:

a) Desvios das águas da chuva e das linhas de escoamento por meio de aterros;

b) Diques;

c) Drenagem.

Avaliação do estado de massas de água subterrânea

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A avaliação do estado das massas de águas subterrâneas baseia-se na avaliação do estado

quantitativo e do estado químico. Os dois estados podem ser classificados de “Bom” ou

“Medíocre”. O estado (geral) das massas de águas subterrâneas também pode ser

classificado como “Bom” ou “Medíocre”. Os Quadro 3 e Quadro 4 apresentam a definição do

Bom estado quantitativo e químico das águas subterrâneas, segundo a DQA e o Decreto-Lei

n.º 77/2006. A avaliação do estado químico está enquadrada pelo DL 208/2008. A avaliação

do estado quantitativo está enquadrada pela Portaria 1115/2009.

A avaliação do estado de massas de água subterrâneas é feita com base em três elementos

de qualidade: geral (que engloba todos os parâmetros químicos a monitorizar),

condutividade eléctrica e nível freático. O elemento de qualidade de nível freático informa

sobre o estado quantitativo, e os elementos de qualidade geral e condutividade eléctrica

informam sobre o estado químico da massa de água subterrânea. À semelhança do que

acontece para as águas superficiais, ambos os estados permitem aferir o estado geral da

massa de água aplicando o princípio One out – All out.

Elementos Bom estado

Nível freático O nível da água na massa de águas subterrâneas é tal que os recursos hídricos subterrâneos disponíveis não são ultrapassados pela taxa média anual de captação a longo prazo.

Assim, os níveis freáticos não estão sujeitos a alterações antropogénicas que possam:

• Impedir que sejam alcançados os objectivos ambientais especificados nos termos dos artigos 44.º e 46.º da Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro (ou do Art.º 4.º da DQA), para as águas superficiais que lhe estão associadas;

• Deteriorar significativamente o estado dessas águas;

• Provocar danos significativos nos ecossistemas terrestres directamente dependentes do aquífero.

Podem ocorrer temporariamente, ou continuamente em áreas limitadas, alterações na direcção do escoamento subterrâneo em consequência de variações de nível, desde que essas alterações não provoquem intrusões de água salgada, ou outras, e não indicam uma tendência antropogenicamente induzida, constante e claramente identificada, susceptível de conduzir a tais intrusões.

Quadro 3. Definição do estado quantitativo (Decreto-Lei n.º 77/2006, Anexo V, 2.1.2, ou DQA, Anexo V, 2.1.2)

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Elementos Bom estado

Geral A composição química da massa de água subterrânea é tal que as concentrações de poluentes:

• não apresentam os efeitos de intrusões salinas ou outras;

• não ultrapassam as normas de qualidade aplicáveis nos termos de outros instrumentos jurídicos comunitários relevantes de acordo com o artigo 17.° da DQA;

• não são de molde a impedir que sejam alcançados os objectivos ambientais especificados nos termos dos artigos 46.º e 48.º da lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, para as águas de superfície associadas, nem a reduzir significativamente a qualidade química ou ecológica dessas massas, nem a provocar danos significativos nos ecossistemas terrestres directamente dependentes da massa de água subterrânea.

Condutividade As modificações da condutividade não revelam a ocorrência de intrusões salinas ou outras na massa de águas subterrâneas.

Quadro 4. Definições do bom estado químico das águas subterrâneas (Decreto-Lei n.º 77/2006, Anexo V, 2.3.2, ou DQA, Anexo V, 2.3.2)

A obtenção do “estado bom” das massas de águas subterrâneas requer que se verifique um conjunto de condições que se devem aferir através da realização de diversos testes de classificação aplicáveis para a avaliação dos estados quantitativo e qualitativo, de acordo com o Documento Guia n.º 18 (DG18 – European Commission, 2009a). Alguns dos testes são comuns aos dois estados.

O estado químico de uma massa de água subterrânea é dado pela pior classificação dos testes químicos relevantes para os elementos em risco, e é realizado para todas as massas de água em risco. O estado quantitativo é dado pela pior classificação dos testes quantitativos relevantes, e é realizado para todas as massas de águas subterrâneas. Se qualquer um dos testes der o resultado “medíocre”, a massa de água subterrânea é globalmente classificada com o “estado medíocre”. Todos os testes relevantes devem ser feitos para cada massa de água subterrânea e esta avaliação não deve parar assim que o primeiro teste dê resultado “medíocre”. Os testes, que são conduzidos para os elementos que estão em risco, devem ser feitos de forma independente e os resultados devem ser combinados para avaliar globalmente o estado químico e o estado quantitativo das massas de águas subterrâneas. Cada teste pode ter dois resultados “Bom” ou “Medíocre”. A Figura 4 ilustra o procedimento genérico dos testes de classificação para avaliar o estado da água subterrânea.

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Figura 4. Procedimento genérico dos testes de classificação para avaliar o estado da água subterrânea (adaptado do Documento-guia n.º 18)

Ponto 2.3 – Zonas protegidas e áreas classificadas

Zonas protegidas

As zonas protegidas são massas de água, ou áreas delimitadas geograficamente, que requerem protecção especial e estão abrangidas por legislação específica comunitária e nacional, relativa à protecção das águas de superfície e subterrâneas ou à conservação dos habitats e das espécies directamente dependentes da água.

Todas as zonas protegidas e áreas classificadas deverão ser caracterizadas com:

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• Identificadores únicos nacionais e europeus;

• Nome;

• Directiva europeia ao abrigo da qual foi criada a zona protegida ou área classificada;

• Diploma legal nacional e/ou local que a formalizou como tal.

São exemplos de zonas protegidas:

• as águas onde existem captações de água destinada ao consumo humano ou a protecção de espécies aquáticas de interesse económico;

• as águas balneares;

• as zonas sensíveis em termos de nutrientes, incluindo as zonas vulneráveis e as zonas designadas como zonas sensíveis;

• as zonas designadas para a protecção de habitats e da fauna e da flora selvagens, e a conservação das aves selvagens em que a manutenção ou o melhoramento do estado da água seja um dos factores importantes para a sua conservação, incluindo os sítios relevantes da rede Natura 2000;

• as zonas de infiltração máxima.

As zonas protegidas são alvo de monitorização do seu estado de acordo com o artigo 54º da LA, sendo que o seu programa de monitorização é complementado pelas especificações constantes de legislação no âmbito da qual tenha sido criada cada uma dessas zonas protegidas.

Áreas classificadas

São consideradas áreas classificadas as áreas que integram a Rede Nacional de Áreas Protegidas e as áreas de protecção e preservação dos habitats naturais, fauna e flora selvagens e conservação de aves selvagens, definidas em legislação específica. A delimitação destas áreas constará necessariamente no MDG, na medida em que se lhes aplica objectivos ambientais e medidas de protecção específicas. Serão consideradas áreas referentes a:

• Parque nacional;

• Reserva natural;

• Parque natural;

• Paisagem protegida;

• Monumento natural.

Todas estas áreas classificadas possuirão no MDG uma representação geográfica aureolar, e serão caracterizadas pelo sistema de códigos identificadores adoptado. Ser-lhe-á também atribuído um nome (nome pelo qual são conhecidas, p. ex. Parque Nacional Peneda-Gerês), e o nível de interesse da área classificada.

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Zonas designadas para a captação de água destinada ao consumo humano

Neste âmbito serão consideradas as captações existentes (activas, inactivas, ou previstas), abrangidas pelo Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto. São identificadas neste âmbito as captações que fornecem mais de 10 m3 por dia, em média, ou servem mais de 50 pessoas. Estas captações estarão devidamente relacionadas com as massas de água captadas.

Como propriedades das captações constarão ainda os escalões de população a que se refere o Anexo II da Directiva 79/869/CEE (relativa aos métodos de amostragem e da análise das águas superficiais destinadas à produção de água para consumo humano) e os limites impostos para os caudais de exploração das captações.

Para as captações que possuírem perímetros de protecção devidamente estipulados legalmente ser-lhes-á afecto perímetros de protecção (imediatos, intermédios e alargados ou especiais), mediante o caso. Os instrumentos legais que serviram de suporte à delimitação serão igualmente referenciados como atributos dos perímetros de protecção.

Os níveis de interdição ao uso (actividades e instalações) das zonas designadas para a captação de água destinada ao consumo humano, bem como a referência à utilização do método do raio fixo, constarão dos atributos dos perímetros de protecção.

Zonas designadas para a protecção de espécies aquáticas de interesse económico

As zonas designadas para a protecção de espécies aquáticas de interesse económico podem enquadrar-se nas águas piscícolas (águas de ciprinídeos e águas de salmonídeos), ou conquícolas e dizem respeito a massas de água pertencentes a uma das categorias de massas de água (rios, lagos, águas de transição e costeiras).

A Directiva 78/659/CE do Conselho, de 18 de Julho, relativa à qualidade das águas doces superficiais para fins aquícolas – águas piscícolas, foi transposta para o direito nacional através do Decreto-Lei 236/98, de 1 de Agosto, que estabelece normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos. O seu artigo 33º estabelece que sejam classificadas as águas piscícolas, divididas em águas de salmonídeos, águas de ciprinídeos e águas de transição.

As zonas designadas para a protecção de espécies aquáticas de interesse económico serão referenciadas como zonas protegidas, sendo-lhes afectos os atributos comuns das zonas protegidas.

As zonas de protecção de habitats e de espécies dependentes da manutenção ou melhoramento do estado da água possuirão uma representação geográfica própria, incluindo os sítios relevantes da Rede Natura 2000 abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro.

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Zonas designadas para a protecção de habitats e da fauna e da flora selvagens e a conservação das aves selvagens

A Directiva n.º 92/43/CE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa à conservação dos habitats naturais e da fauna e flora selvagens (Directiva Habitats) foi transposta para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 226/97, de 27 de Agosto. Com a evolução do quadro jurídico comunitário, esta Directiva foi alterada pela Directiva n.º 97/62/CE, do Conselho, de 27 de Outubro, o que implicou a revisão da transposição para o direito interno através do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, posteriormente alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro.

Serão representadas neste âmbito as zonas designadas para a protecção de habitats e da fauna e da flora selvagens e a conservação das aves selvagens em que a manutenção ou o melhoramento do estado da água seja um dos factores importantes para a sua conservação, incluindo os sítios relevantes da rede Natura 2000. No MDG serão consideradas as seguintes entidades geográficas:

• Sítios da lista nacional de sítios do continente;

• Sítios de importância comunitária para a região biogeográfica atlântica;

• Sítios de importância comunitária para a região biogeográfica mediterrânica;

• Zonas de protecção especial (ZPE).

A Directiva n.º 79/409/CEE, de 2 de Abril, relativa à conservação das aves selvagens (Directiva Aves) foi transposta para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 75/91, de 14 de Fevereiro. Com a evolução do quadro jurídico comunitário esta Directiva foi alterada pelas Directivas n.º 91/244/CEE, de 6 de Março, n.º 94/24/CE, de 8 de Junho, e n.º 97/49/CE, de 29 de Junho, o que implicou a revisão da transposição para o direito interno através do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, posteriormente alterado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de Fevereiro.

As Zonas de Protecção Especial do continente foram publicadas através dos Decretos-Lei nº 280/94, de 5 de Novembro (estuário do Tejo) e nº 384-B/99, de 23 de Setembro (as restantes).

Massas de água designadas como águas de recreio

Estas MA são as zonas protegidas designadas como águas de recreio, nas quais se incluem as zonas balneares identificadas no âmbito da Directiva 76/160/CEE, do Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agosto, ou da Directiva 2006/7/CE.

Para cada zona balnear e para cada ano civil com dados, deve ser indicado se o estado qualitativo da água esteve em conformidade com os valores máximos admissíveis – C(VMA), com os valores máximos recomendados – C(VMR) – ou se não esteve em conformidade com os primeiros – N(C).

Os valores dos parâmetros monitorizados deverão ser tratados no MDG com recurso a diagramas de classe específicos (respeitantes à monitorização), pelo que os pontos de

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amostragem adoptados determinarão que zona balnear foi alvo de monitorização, e quais os parâmetros responsáveis pelo não cumprimento dos valores máximos ou recomendados.

Deve ser utilizada a avaliação de conformidade que foi levada ao conhecimento da Comissão Europeia, no âmbito da aplicação da Directiva 76/160/CEE, da Directiva 91/692/CEE e da Decisão 95/337/CEE e, se for caso disso, da Directiva 2006/7/CE.

Zonas vulneráveis

Estas zonas são constituídas pelas zonas especiais de protecção das águas enriquecidas por nitratos de origem agrícola abrangidas pelo Decreto-Lei 235/97, de 3 de Setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 68/99, de 11 de Março,

Aspectos como o estado químico (estado das massas de água) e, muito especificamente, as concentrações de nitratos nas massas de águas que estiveram na base da sua criação (com base em dados de monitorização), bem como a identificação e o estado de aplicação dos respectivos programas de acção (nível de cumprimento legal) não são especificamente propriedades das zonas vulneráveis, pelo que são aspectos considerados no âmbito de outras classes do MDG, sendo, no entanto, devidamente relacionados com estas zonas.

A informação geográfica relativa às zonas vulneráveis designadas deve estar de acordo com as indicações que constam do Anexo I da Portaria 1100/2004, de 3 de Setembro, Portaria 833/2005, de 16 de Setembro, Portaria 1433/2006, de 27 de Dezembro, e Portaria 1366/2007, de 18 de Outubro.

Zonas designadas como sensíveis e menos sensíveis

A primeira e principal finalidade da Directiva 91/271/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1991, consiste na protecção do ambiente e salvaguarda da saúde pública, através da minimização dos efeitos nefastos resultantes das descargas de águas residuais urbanas. A Directiva 91/271/CEE foi alterada pela Directiva 98/15/CE da Comissão, de 27 de Fevereiro de 1998. Estas Directivas foram transpostas para o direito nacional, respectivamente, pelo Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho, e pelo Decreto-Lei n.º 348/98, de 9 de Novembro. Para acompanhar a execução do disposto no Decreto-Lei 152/97, de 19 de Junho, foi criada uma Comissão de Acompanhamento através do Despacho Conjunto nº 116/99, II Série, de 2 de Fevereiro.

O processo de revisão da designação de zonas sensíveis conduziu à identificação de 25 Zonas Sensíveis (ZS) e 9 Zonas Menos Sensíveis (ZMS), sujeitas a uma carga de cerca de 3 750 000 e.p.1, ou seja, aproximadamente, 30% da carga total do continente – Decreto-Lei 149/2004, de 22 de Junho. A informação geográfica relativa às zonas sensíveis, às zonas normais e às zonas menos sensíveis, e respectivas áreas de influência, deve estar de

1 Equivalente de população (e.p.): é a carga orgânica biodegradável com uma carência bioquímica de oxigénio ao fim de 5 dias (CBO5) de 60 g de oxigénio por dia. Em geral, a população equivalente não é igual à população da aglomeração.

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acordo com os elementos que constam do Anexo I do Decreto-Lei n.º 149/2004, de 22 de Junho, que altera o Decreto-Lei n.º 152/97.

O Anexo IIA da Directiva 91/271/CEE estabelece de forma genérica os critérios para identificação das Zonas Sensíveis e das Zonas Menos Sensíveis. São actualmente identificadas como ZS as zonas que reúnem os seguintes critérios:

a) Zonas eutróficas ou em vias de eutrofização; No âmbito da implementação da DQA foram estabelecidos os critérios de eutrofização para albufeiras e lagos que constam do Quadro 5. As zonas que foram identificadas como sensíveis na base deste critério têm como área de influência a respectiva bacia hidrográfica.

Oligotrófica Mesotrófica Eutrófica Fósforo total (mg P/m3 ) <10 10 – 35 >35 Clorofila a (mg /m3 ) <2.5 2.5 – 10 >10 Oxigénio dissolvido (% Saturação) - - <40

Quadro 5. Critérios de eutroficação de albufeiras e lagoas (INAG, 2004). Nota: Os valores correspondem a médias geométricas. Conformidade – A classe atribuída corresponde ao valor mais desfavorável. Amostragem – Pelo menos uma amostra em cada estação do ano, colhida a

meio metro da camada superficial. Dados utilizados: Anos hidrológicos de 1998/1999, 1999/2000, 2000/2001.

b) Captações para produção de água de abastecimento com concentração de nitrato superior a 50 mg/l;

c) Zonas onde é necessário um tratamento mais avançado que o secundário para cumprir outras Directivas do Conselho (Directiva 75/440/CEE, Directiva 78/659/CEE, Directiva 76/160/CEE e Directiva 91/492/CEE).

Em carta dirigida ao Estado Português em 27/06/2002, a Comissão Europeia faz notar que, para as zonas sensíveis identificadas por aplicação do critério – cumprimento da Directiva 75/440/CEE – as medidas necessárias para a protecção das águas doces superficiais destinadas à captação de água potável, “são geograficamente mais restritas do que as exigidas no caso de existirem problemas de eutrofização”.

Em consequência desta orientação, as zonas identificadas como sensíveis na base do critério c), não têm limite geográfico previamente demarcado como área de influência, ficando ao critério da entidade licenciadora a avaliação casuística da extensão geográfica da respectiva área de influência. Na aplicação do critério c), apenas as situações de incumprimento de qualquer das directivas consideradas deram lugar à identificação de zonas sensíveis.

No âmbito da legislação aplicável devem as autoridades competentes:

- Identificar zonas sensíveis , em relação às quais se impõe um tratamento mais avançado que o secundário e proceder à revisão periódica dessa identificação, pelo menos de 4 em 4 anos;

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- Identificar as zonas menos sensíveis , em relação às quais se prevê poder sujeitar as águas residuais urbanas a um tratamento menos rigoroso que o secundário, através de derrogação a obter junto da Comissão Europeia e proceder à revisão periódica dessa identificação, pelo menos de 4 em 4 anos.

Zonas de infiltração máxima

O conceito de zona de infiltração máxima (ZIM) não tem enquadramento na DQA. No entanto é atribuída essa designação na LA às zonas especiais de protecção para a recarga de aquíferos onde existem captações de água destinada ao consumo humano. Estas zonas são sujeitas a condicionantes a considerar para efeitos do seu uso, pelo que, segundo o n.º 3 do artigo 38.º da LA, a sua delimitação é objecto de legislação específica, na qual se define as instalações e as actividades sujeitas a restrições.

Neste sentido, o MDG deverá considerar o registo da identificação e os diplomas legais (europeus, nacionais e locais) a que cada ZIM está sujeita, bem como as massas de água subterrâneas que delas dependem. Se for considerado conveniente categorizar um índice de facilidade de infiltração, esse atributo será também afecto à sua delimitação geográfica.

O estado quantitativo das MA subterrâneas influenciadas (MA subterrâneas), as condicionantes a considerar para efeitos do seu uso ou ocupação (medidas de base), os pontos de amostragem (estações de monitorização) e a avaliação do estado de conformidade com a legislação específica (cumprimento legal) são aspectos considerados no âmbito de outras classes do MDG, e não propriedades das ZIM. No entanto, relacionam-se directamente com a sua representação e caracterização.

Ponto 2.4 – Pressões naturais e incidências antropogénicas

Neste ponto pretende-se que o PGRH contenha uma caracterização da região hidrográfica no que respeita às pressões antropogénicas significativas qualitativas (pontuais e difusas), às pressões quantitativas, às pressões hidromorfológicas e às pressões biológicas, bem como aos respectivos impactos sobre as águas de superfície e subterrâneas.

Em síntese, serão identificadas as pressões cujos impactos sobre as massas de água possam impedir que estas atinjam, pelo menos, o “Estado Bom” em 2015, se não forem tomadas medidas apropriadas. Identifica-se abaixo uma listagem da tipologia destas pressões, as quais serão consideradas no MDG.

Categoria de pressão Tipo de pressão

Qualitativas pontuais ETAR urbanas e fossas sépticas colectivas, seguidas ou não de dispositivos com descarga pontual

Descargas de redes colectores de águas residuais urbanas

Descargas de águas pluviais provenientes de zonas urbanas e industriais, em zonas hídricas sensíveis a poluentes rodoviários

Estações de tratamento de lamas

Indústria transformadora

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Categoria de pressão Tipo de pressão

Indústria extractiva

Instalações pecuárias intensivas

Aquiculturas

Aterros sanitários de resíduos sólidos (urbanos ou outros)

Centrais térmicas

Centrais de dessalinização

Descargas para o solo de águas contaminadas

Outras descargas consideradas significativas e que podem afectar águas de superfície ou águas subterrâneas

Qualitativas difusas Fossas sépticas colectivas seguidas de dispositivos com descarga difusa

Águas pluviais

Instalações pecuárias extensivas

Actividades agrícolas (pressão exercida por qualquer uma das seguintes vias:

• Lixiviação;

• Erosão;

• Derrames;

• Drenagem directa de descargas;

• Mudança de culturas;

• Florestação.

Áreas industriais abandonadas (por exemplo, zonas mineiras)

Campos de golfe

Navegação e transportes aquáticos

Depósitos de dragados em águas costeiras

Utilização dos solos – Solos urbanos

Utilização dos solos – Solos contaminados

Outras fontes de contaminação difusa de águas de superfície ou de águas subterrâneas

Quantitativas

Captações de água para abastecimento público

Captações de água destinada ao consumo humano fornecida no âmbito de uma actividade pública ou privada de natureza comercial, industrial ou de serviços, por sistema de abastecimento particular. 2

2 As águas destas captações estão abrangidas pelas normas de qualidade da água que constam do Decreto-Lei n.º 243/2001, de 5 de Setembro, relativo ao controlo da qualidade da água destinada ao consumo humano. No Conselho de Ministros de 6 de Junho de 2007 foi aprovado o novo diploma relativo à qualidade da água para consumo humano que vem rever o Decreto-Lei n.º 243/2001.

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Categoria de pressão Tipo de pressão

(principalmente as unidades hoteleiras e outros estabelecimentos turísticos não servidos por redes de abastecimento público)

Captação de água para a indústria

Captações de água para a agricultura

Captações de água para a produção de energia hidroeléctrica (grandes barragens e mini-hídricas)

Captações para as aquiculturas

Outras captações

Recarga de aquíferos

Morfológicas e hidromorfológicas

Deposição de sedimentos (e extracção de sedimentos - dragagens)

Remoção de substratos

Alterações do nível da água

Variações nas características dos caudais a montante e a jusante de barreiras (barragens, açudes, outras)

Transferências de água

Desvios de água

Biológicas Pesca

Carga piscícola

Competição com espécies autóctones

Quadro 6. Identificação das pressões significativas a considerar nos PGBH

Propõe-se que o MDG a desenvolver neste projecto contenha pelo menos um diagrama de

classes UML exclusivamente dedicado às pressões antropogénicas.

3.3.2.3 Ponto 3 – Redes de monitorização

Redes de monitorização e avaliação do estado das massas de água

As redes de monitorização das massas de água, no âmbito da DQA e da LA, devem ser definidas com o objectivo de obter informação coerente e completa sobre o estado ou o potencial ecológico, o estado químico e o estado quantitativo das massas de água existentes em cada região hidrográfica. Estas redes deverão permitir a classificação das MA relativamente ao estado ecológico e químico, quando se tratem de águas de superfície; e dos estados quantitativo e químico, quando se tratem de águas subterrâneas.

Os programas de monitorização implementam-se com base em redes de estações de monitorização (locais de observação ou amostragem) com o objectivo de avaliar e monitorizar o estado das massas de água, sendo considerados, de acordo com o definido no anexo V da DQA e nos anexos VI e VII do Decreto-Lei n.º 207/2006, três tipos de monitorização para as massas de águas superficiais: de vigilância, operacional e de investigação, e três tipos de monitorização para as massas de águas subterrâneas: níveis freáticos, operacional e de vigilância.

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Em qualquer um dos tipos de monitorização, está subjacente a filosofia de que uma estação de monitorização monitoriza uma massa de água. Este tipo de estações de monitorização não deve, no entanto, ser confundida com as redes de estações meteorológicas ou udométricas, na medida em que estas últimas não implicam necessariamente uma relação de um para um com uma massa de água.

A selecção dos pontos de amostragem, dos elementos de qualidade e dos parâmetros indicativos do estado de cada elemento de qualidade, bem como a frequência de amostragem serão seleccionados em função do tipo da massa de água em questão e do tipo de monitorização a efectuar.

A parte 4 dos PGBH deverá assim incluir informação sobre as águas de superfície relativa:

• Às redes de monitorização dos parâmetros biológicos, hidromorfológicos e dos parâmetros químicos;

• Aos programas de monitorização;

• À sistematização dos critérios estabelecidos para avaliar o estado das massas de água;

• Ao estado ecológico ou potencial ecológico e ao estado químico das massas de água de superfície.

Para o caso das massas de água de superfície, são avaliados os estados ecológicos e químicos. Para o estado ecológico são monitorizados todos os parâmetros de qualidade biológica, hidromorfológica, físico-quimica e outros parâmetros descarregados em quantidades significativas. Para o estado químico, são monitorizados os poluentes incluídos na lista de substâncias prioritárias3, bem como outros poluentes para os quais existam normas de qualidade legalmente estabelecidas.

A selecção dos poluentes da lista de substâncias prioritárias é feita através da aplicação do mecanismo do Artigo 16.º (n.º 2) da DQA, em particular o procedimento COMMPS (Combined Monitoring-based e Modelling-based Priority Setting). O procedimento de atribuição de prioridade às substâncias que apresentam um risco significativo para ou através do meio aquático é baseado numa avaliação simplificada do seu risco para o ecossistema aquático e para a saúde humana. Para a identificação das substâncias prioritárias perigosas foi desenvolvido um procedimento de selecção baseado essencialmente na informação disponível sobre avaliações de perigo e de risco de certos poluentes para o meio ambiente, sendo de destacar os trabalhos desenvolvidos nos seguintes âmbitos (vide http://dqa.inag.pt/dqa2002/port/p_dispos/estrat_c_p.html):

• Estratégia para controlo das substâncias perigosas estabelecida no âmbito da Convenção OSPAR;

3 As substâncias ou grupos de substâncias tóxicas, persistentes e susceptíveis de bioacumulação, e ainda outras substâncias que suscitem preocupações da mesma ordem.

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• Directiva 67/548/CEE relativa à classificação e rotulagem de substâncias perigosas;

• Protocolo POP (Poluentes Orgânicos Persistentes) estabelecido no âmbito da Convenção da Comissão Económica para a Europa das Nações Unidas sobre Poluição Atmosférica Transfronteiras a Longa Distância;

• Regulamento (CEE) n.º 793/93 do Conselho;

• Directiva 91/414/CEE;

• Informações no contexto da regulamentação relativa à poluição (ex. 76/464/CEE).

A lista de substâncias prioritárias adoptada a nível comunitário e respectivas classificações em diferentes normas e acordos internacionais está disponível no mesmo sítio de internet.

Dado que as redes de estações de monitorização de vigilância, operacional e de investigação implicam uma relação unívoca com as massas de água monitorizadas (uma estação de monitorização mede parâmetros de uma massa de água), procurar-se-á reproduzir este tipo de associação no MDG a desenvolver, utilizando para tal a rede hidrográfica como base. Prevê-se assim a criação de nós na rede hidrográfica a partir dos quais seja possível referenciar as estações de monitorização existentes. Esta metodologia pretende cumprir essencialmente dois objectivos:

1) Evitar a deslocação da posição real das estações de monitorização;

2) Permitir uma análise com base na rede hidrográfica, das estações que lhe estão referenciadas.

A Figura 5 esquematiza a associação estabelecida entre os nós de rede que referenciam estações de monitorização e as próprias estações de monitorização.

Figura 5. Esquema da associação entre o nó de rede hidrográfica e a estação de monitorização

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Esta metodologia é válida para as categorias de massas de água rios, lagos e águas de transição, dado que sobre estas existe sempre uma representação da rede hidrográfica. No entanto não é aplicável a MA costeiras, nem a MA subterrâneas, visto que sobre estas não se aplica uma representação da rede hidrográfica.

Nos casos das MA lagos e de transição (a representar com recurso a polígonos) deverá inferir-se a localização do nó da rede hidrográfica para associação com a estação de monitorização, através da linha perpendicular do segmento da rede hidrográfica que encontra a estação de monitorização na menor distância possível. A Figura 6 exemplifica a tarefa de inferência dos nós de rede do tipo EstacaoMonitorizacao.

Figura 6. Inferência de nó de rede para associação com estação de monitorização

A mesma metodologia de inferência dos nós da rede hidrográfica pode ser aplicada no MDG a locais de interesse hidrológico, infra-estruturas hidráulicas ou outros objectos construídos que afectem o escoamento superficial, nomeadamente açudes, barragens, locais de alargamento ou obstrução em cursos de água, e locais de captação ou descarga de água.

3.3.2.4 Ponto 4 – Avaliação do estado das MA

O objectivo ambiental principal da DQA e LA é que todas as massas de água de superfície atinjam, até 2015, o “estado bom” (que implica “Estado ecológico bom”, e “Estado químico bom”). No caso das massas de água classificadas como “artificiais” ou como “fortemente modificadas”, o correspondente objectivo ambiental é conseguido com a verificação simultânea de “Potencial ecológico bom” e de “Estado químico bom”. Apesar de serem esses os objectivos ambientais, ambos os diplomas prevêem que o “Estado bom” possa não ser atingido em todas as massas de água até 2015, e apresentam 2021 e 2027 como prazos alargados, desde que se verifiquem determinadas condições. Em qualquer das duas situações não é permitido o agravamento do estado da massa de água. Contudo, a deterioração temporária do estado das massas de água não é considerada uma violação

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dos requisitos dos dois diplomas, se for de carácter temporário, e resultar de circunstâncias imprevistas.

Com esta análise pretende saber-se quais as massas de água que estão em condições de cumprir os objectivos ambientais em 2015 e aquelas que terão de recorrer às condições de excepção previstas no artigo 4º da DQA (artigos 50.º e 51.º da Lei da Água): no n.º 4 (prolongamento do prazo), no n.º 5 (objectivos menos exigentes), no n.º 6 (derrogação para circunstâncias imprevistas e excepcionais) ou no n.º 7 (novas modificações), desde que se verifiquem determinadas condições.

Os objectivos ambientais para 2015 são considerados no modelo de dados proposto como um atributo de cada uma das categorias de massas de água, no qual se define o grau de probabilidade de atingirem o “Estado bom”. Já as prorrogações e derrogações são tratadas com classes próprias que se relacionam com as classes representativas das categorias de massas de águas superficiais.

3.3.3 Parte 3 – Síntese da caracterização e diagnóstico da região hidrográfica

Esta secção dos PGBH irá conter uma síntese da situação de referência da região hidrográfica no que diz respeito às seguintes áreas temáticas:

• Área temática 1: Qualidade da água;

• Área temática 2: Quantidade da água;

• Área temática 3: Gestão de riscos e valorização do domínio hídrico;

• Área temática 4: Quadro institucional e normativo;

• Área temática 5: Quadro económico e financeiro;

• Área temática 6: Monitorização, investigação e conhecimento;

• Área temática 7: Comunicação e governança.

Para cada uma destas áreas temáticas é exigida uma síntese do cumprimento das disposições legais em vigor relativas à água, ao solo, e às demais actividades com efeitos directos e indirectos mensuráveis na água.

O anexo V do Guia metodológico para a elaboração dos PGBH contém uma estruturação, agrupada por assunto, dos respectivos diplomas comunitários e nacionais sobre os quais será avaliado nível de cumprimento (totalmente cumprido, parcialmente cumprido, não cumprido).

No âmbito do desenvolvimento do MDG é necessário identificar qual a natureza da análise a produzir, devendo ser esclarecidos os critérios da sua classificação nas categorias de nível de cumprimento. O MDG será desenvolvido sobre as definições que a ARH entender elaborar sobre este assunto.

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3.3.4 Parte 4 – Cenários prospectivos

Os cenários prospectivos elaborar-se-ão com base na informação geográfica estruturada sobre as pressões pontuais e difusas. Caso a ARH do Centro decida considerar os parâmetros que definem os cenários prospectivos para cada um dos tipos de actividade, o MDG será desenvolvido em conformidade.

3.3.5 Parte 5 – Objectivos estratégicos e ambientais

Esta parte do PGBH divide-se em objectivos estratégicos e objectivos ambientais.

Os objectivos estratégicos aplicam-se às áreas temáticas definidas, procurando minimizar os principais condicionalismos ao cumprimento de orientações estratégicas e para a prossecução dos princípios e pressupostos de planeamento e gestão de recursos hídricos, integrando perspectivas ambientais, sociais e económicas.

Os objectivos ambientais (art. 45.º a 48.º da LA) dizem respeito aos requisitos, critérios, e excepções aplicáveis às massas de água superficiais e subterrâneas, e às zonas protegidas, a definir no PGBH-Centro. Para além dos objectivos ambientais, consideram-se também os objectivos específicos (art. 45.º a 49.º da LA) para as massas de água artificiais e fortemente modificadas.

O MDG terá em conta, para cada tipologia de massas de água, a classificação dos estados de massa de água (ecológicos, potenciais ecológicos, químicos, quantitativos), incluindo em especial, a identificação dos casos de excepções em que tenha havido recurso aos n.º 4, 5, 6, 7 do art.º 4.º da LA, e as informações relacionadas exigidas nos termos desse artigo.

O cumprimento dos objectivos ambientais é o propósito último de todo o processo de planeamento e gestão dos recursos hídricos, pelo que, na perspectiva da existência de situações de impossibilidade de atingir esses objectivos (associados às excepções contempladas na LA como prorrogações ou derrogações), é necessário avaliar o risco do objectivo ambiental não ser cumprido. Assim, será considerado no MDG um atributo respeitante ao “risco de cumprimento” da MA ou zona protegida.

A Figura 7 esquematiza a metodologia aplicada à classificação das MA quanto ao risco de não cumprimento dos objectivos ambientais.

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Figura 7. Metodologia aplicada na classificação das massas de água quanto ao risco de não cumprimento dos objectivos ambientais (adaptado de INAG, 2005)

Os artigos 50.º e 51.º da LA estabelecem os critérios para a existência de excepções ao cumprimento dos objectivos ambientais das massas de água, designadas por derrogações e prorrogações. O artigo 52.º estabelece, por sua vez, as condições de aplicação dessas excepções, impondo critérios para a sua aplicação.

Este tipo de excepções é um factor de relevância para o planeamento e gestão do estado das massas de água, dado que constituem o produto da análise de factores como: a avaliação do estado químico e ecológico da massa de água superficial, a avaliação custo-benefício e custo-eficácia das eventuais medidas a implementar, e as condições e prazos para se atingirem os objectivos ambientais preconizados na legislação aplicável. Assim, será útil considerar classes no modelo de dados que caracterizassem as derrogações e prorrogações a aplicar às massas de águas. As classes Prorrogacoes e Derrogacoes devem assim estar associadas a todas as categorias de massas de água através de um sistema de codificação que tem por base o código nacional único da massa de água referenciada.

Como suporte ao estabelecimento das prorrogações e derrogações estabelecem-se os métodos de fixação das normas de qualidade ambiental e química, os quais estão descritos do Decreto-Lei 77/2006, anexo V (referente ao estado das águas). De salientar que a aplicação das normas derivadas dos métodos para a fixação das normas de qualidade não requer a redução das concentrações de poluentes para níveis inferiores às concentrações naturais de referência. Nesse sentido, as normas de qualidade ambiental (EQS) serão, em termos absolutos dos valores dos seus parâmetros, sempre iguais ou superiores às condições naturais de referência (CNR).

3.3.6 Parte 6 – Programa de medidas

Os programas de medidas a estabelecer durante a elaboração dos PGBH consideram um conjunto de acções que se dividem em medidas de base, medidas suplementares e medidas adicionais. Estas medidas devem ser funcionalmente adaptadas às características

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da bacia hidrográfica e ao impacte da actividade humana no estado das massas de água de superfície e subterrâneas, justificando-se pela análise económica das utilizações da água e pela análise custo-eficácia dos condicionamentos e restrições a impor a essas utilizações.

Os programas de medidas e acções previstas para o cumprimento dos objectivos ambientais devem ser devidamente calendarizados, espacializados, orçamentados e com indicação das entidades responsáveis pela sua aplicação.

Conceptualmente, os programas de medidas relacionam-se, num primeiro nível, com as massas de água a que se aplicam; num segundo nível, com as pressões antropogénicas que afectam essas mesmas massas de água; e num terceiro nível, com a análise económica das utilizações da água e a análise custo-eficácia dessas utilizações. No entanto, além destes níveis de relação, podem ainda ser identificadas relações com:

• Instrumentos facilitadores da implementação das medidas;

• Agentes económicos responsáveis pela implementação das medidas;

• Estações de monitorização, cujos dados permitem aferir sobre o efeito das medidas implementadas;

• Prorrogações e derrogações aplicáveis no que respeita ao alcance do bom estado e bom potencial das massas de água até 2015 (de acordo com o ponto 4 do artigo 4.º da DQA).

Sintetizando, os programas de medidas aplicam-se a uma massa de água (ou conjunto de massas de água) que sofrem pressões que podem ameaçar o alcance, ou manutenção, do bom estado geral da massa de água. O estado das massas de água é monitorizado em locais de amostragem ou estações de monitorização, possibilitando assim analisar tendências e antecipar ajustes nas próprias medidas previstas. Mediante a análise económica da utilização da água, estabelece-se o carácter (nomeadamente geográfico, financeiro e ambiental) das medidas a aplicar. Os programas de medidas podem envolver certos agentes económicos com responsabilidade ou co-responsabilidades na sua implementação, pelo que o MDG deve prever relacionar as organizações com responsabilidade de implementação de medidas, a essas mesmas medidas.

Caso o programa de medidas implique um esforço substancial, considerado desproporcionado face ao retorno económico potencial que gera, pode proceder-se, ou a uma prorrogação do prazo para que se atinja um bom estado da massa de água, ou a uma derrogação que adopta objectivos ambientais menos exigentes. De qualquer forma, a DQA prevê que, no máximo até 2027, seja atingido o bom estado de todas as massas de água. Tal implica que o MDG deve prever afectar prorrogações e derrogações dos objectivos ambientais às respectivas entidades geográficas alvo dessas medidas. Os programas de medidas deverão ser definidos no modelo de dados, através de um pacote UML específico. A associação entre as medidas definidas no âmbito dos PGBH e as classes alvo dessas medidas é garantida através de um sistema de codificação.

Na definição do desenho do modelo de dados geográficos, referente ao programa de medidas, colocam-se sobretudo duas grandes opções:

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1. Considerar-se-ia a representação geográfica da aplicação das diversas medidas (de base, suplementares, e adicionais), atribuindo-lhes uma representação geográfica consoante o tipo de medida em causa, ou;

2. Considerar-se-ia a associação de cada medida com as massas de água, pressões significativas, zonas vulneráveis, zonas de máxima infiltração, e outras entidades geográficas a que se aplicam as medidas.

Dada a infinidade de potenciais representações geográficas que o espectro de medidas potenciais a aplicar poderia assumir, propõe-se caracterizar alfanumericamente as medidas potenciais (que constituem o catálogo de medidas potenciais a aplicar) e a associá-las, quando aplicáveis, às entidades geográficas consideradas no MDG.

Neste sentido, apesar das medidas possuírem sobretudo um carácter de implementação espacial, dado que são implementadas ao nível de uma região hidrográfica ou parte desta, o seu relato, perante o WISE, é sobretudo alfanumérico. Assim, apesar dos programas de medidas não possuírem uma representação geográfica directa, possuem evidentemente uma associação às entidades geográficas representadas, já que são a estas que estão afectos.

A título de exemplo, a delimitação dos perímetros de protecção a captações pode ser alvo da medida (de base) de condicionamento da edificação. Assim, apesar da medida não possuir em si uma expressão geográfica, está relacionada com o perímetro de protecção da captação que já possui uma expressão geográfica própria.

A globalidade das medidas relacionam-se com fenómenos físicos que possuirão uma representação geográfica no MDG a desenvolver. No entanto, medidas como campanhas de sensibilização ou de informação são relativamente ambíguas no que respeita à sua associação com entidades geográficas, sendo que, de um modo geral, tenha de haver uma certa ambiguidade na sua expressão geográfica. Para o exemplo de uma campanha de sensibilização, poder-se-ia associar à representação da região hidrográfica, ou ainda a uma área abrangida por uma associação de utilizadores (p.ex. uma associação de regantes).

De salientar que, no âmbito do controlo da aplicação das medidas e do respectivo estudo da sua relação custo/eficácia, deve ser possível relacionar os parâmetros dos indicadores que determinam o estado das massas de água. Efectivamente serão estes parâmetros que determinarão o ciclo de vida das medidas e o seu eventual ajuste.

Neste âmbito importa referir que, conceptualmente, não existem medidas aplicadas a estações de monitorização ou a pontos de amostragem, dado que estes locais de recolha de valores de parâmetros medidos e observados, reflectirão o estado das massas de água ou caracterizarão as pressões que estas sofrem.

Uma nota deve ainda ser dada sobre o relacionamento dos programas de medidas com os instrumentos de planeamento. A grande maioria das medidas que deverão constar dos PGBH, como ferramentas de gestão de recursos hídricos, encontram-se já incluídas em planos e programas desenvolvidos a nível nacional e regional, nomeadamente:

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• Plano nacional orgânico para melhoria das origens superficiais de água destinada à produção de água potável;

• Plano nacional orgânico para a melhoria das águas balneares não conformes;

• Programas de acção para zonas vulneráveis;

• Programas de acção específicos para evitar ou eliminar a poluição de águas por substâncias perigosas;

• Planos específicos de gestão da água (PEGA);

• Plano nacional da água (PNA).

Muitos destes planos e programas resultam da transposição para a ordem jurídica interna de parte, ou do todo, de diversas directivas comunitárias, nomeadamente:

a. Directiva n.º 76/160/CEE, relativa à qualidade das águas balneares;

b. Directiva n.º 79/409/CEE, relativa à conservação das aves selvagens;

c. Directiva n.º 80/778/CEE, alterada pela Directiva n.º 98/83/CE, relativa às águas destinadas ao consumo humano;

d. Directiva n.º 96/82/CE, relativa aos riscos de acidentes graves (Seveso);

e. Directiva n.º 85/337/CEE, relativa à avaliação de efeitos no ambiente;

f. Directiva n.º 86/278/CEE, relativa às lamas de depuração;

g. Directiva n.º 91/271/CEE, relativa ao tratamento de águas residuais urbanas;

h. Directiva n.º 91/414/CEE, relativa aos produtos fitofarmacêuticos;

i. Directiva n.º 91/676/CEE, relativa aos nitratos;

j. Directiva n.º 92/43/CEE, relativa aos habitats;

k. Directiva n.º 96/61/CE, relativa à prevenção e ao controlo integrado da poluição.

As medidas que se encontram incluídas nos planos e programas desenvolvidos a nível nacional e regional devem ser identificadas e caracterizadas sumariamente. O modelo de dados deverá assim possuir as seguintes características:

1. Identificação e a caracterização das medidas necessárias para atingir os objectivos ambientais estabelecidos na legislação em vigor;

2. Associação das medidas individuais a uma programa de medidas em que se incluam;

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3. Associação das medidas às massas de água e aos elementos geográficos a que se aplicam (perímetros de protecção às captações, zonas de máxima infiltração e zonas vulneráveis).

Dado que os efeitos das medidas devem ser avaliados através da utilização de modelos de simulação de pressões e impactos desenvolvidos, usando sistemas de informação geográfica, o modelo de dados proposto deverá permitir este tipo de análise.

Neste sentido propõe-se desenvolver um diagrama de classes para caracterizar os programas de medidas e as respectivas medidas, formando desta forma o catálogo de potenciais medidas a aplicar. Num diagrama de classes distinto deverão declarar-se as associações que as classes de medidas estabelecerão com as classes geográficas presentes no MDG.

O MDG deverá caracterizar os programas de medidas com recurso a tipos de entidades não geográficas. No entanto, deverá relacionar as medidas com as entidades geográficas a que estas se aplicam, nomeadamente as medidas que se destinam a condicionar as actuações e utilizações susceptíveis de perturbar os objectivos específicos das massas de água (previstas no artigo 36º da LA), e as medidas de protecção, melhoria e de recuperação das massas de água.

3.3.7 Parte 7 – Sistema de promoção, controlo e avaliação dos PGBH

Nesta componente, os PGBH deverão incluir uma estrutura de coordenação e acompanhamento e um sistema organizacional que garanta a concretização, a coerência e a consistência da aplicação dos programas de medidas.

Esse sistema organizacional deve ainda garantir que a aplicação dos programas de medidas seja coordenada com os restantes planos e programas sectoriais (especiais ou específicos) com reflexos nas massas de água, e que contemple os âmbitos nacional, luso-espanhol e europeu.

O sistema organizacional deverá incluir os indicadores de avaliação que permitirão acompanhar: i) a execução das medidas, ii) a evolução do estado das massas de água, e iii) as pressões que sobre elas se exercem. Assim, propõe-se que a especificação de informação geográfica do MDG possa ser interpretada como uma componente do sistema de promoção, controlo e avaliação dos PGBH. Também nesta parte dos PGBH se poderá fazer uso de toda a informação que caracterize o sistema definido no universo de discurso do modelo de dados proposto.

O sistema de indicadores de medição da eficácia e eficiência do PGBH contemplará os níveis e âmbitos da região hidrográfica, da bacia hidrográfica e da massa de água. Este sistema permitirá assim avaliar a evolução do estado, das pressões, das respostas e do progresso conducente ao cumprimento dos objectivos ambientais, pelo que, deverá incluir, pelo menos, os seguintes indicadores:

• indicadores de pressão;

• indicadores de estado;

46 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

• indicadores de resposta;

• indicadores de progresso (construídos com base nos anteriores e produzidos a partir de dois momentos de avaliação).

Estes indicadores de medição da eficácia e eficiência dos PGBH são considerados no MDG ao nível da avaliação do estado das massas de água face às pressões a que estão sujeitas, e à eficácia de impacto das medidas estipuladas para atingir os objectivos ambientais propostos.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 47

4 ESTRUTURAÇÃO DE DADOS PARA REGISTO DO CUMPRIMENTO DAS DISPOSIÇÕES LEGAIS EM VIGOR

4.1 Considerações gerais

O anexo IV do Guia metodológico revela a necessidade das entidades envolvidas na elaboração dos PGBH analisarem o cumprimento das disposições legais respeitantes à protecção das massas de água. Dessa análise surgirão posteriormente medidas e acções para o cumprimento dessa legislação comunitária e nacional.

De forma a considerar no MDG a classificação de cumprimento dos diversos diplomas legais como: i) cumpridos; ii) não cumpridos; ou iii) parcialmente cumpridos, identificaram-se as entidades que já têm representação geográfica prevista no MDG a desenvolver, e aquelas que, perante a sua natureza, devem vir a possuir essa representação geográfica. Considera-se que poderão existir vários níveis de análise do cumprimento legal, nomeadamente por:

• Diploma legal;

• Massa de água;

• Região hidrográfica, bacia hidrográfica ou sub-bacia hidrográfica;

• Unidade industrial ou projecto de exploração;

• Zona protegida;

• Instrumento de planeamento;

• Delimitação geográfica referenciada legalmente.

Existem duas estratégias no que respeita à classificação das entidades referidas ao nível de implementação dos diplomas legais aplicáveis: i) centralizar essa classificação numa estrutura específica relacionada com a representação das entidades em causa (tabelas próprias associadas às tabelas das entidades a classificar); ou ii) criar atributos do nível de cumprimento legal nas próprias tabelas das entidades a classificar.

Na secção seguinte descreve-se a estrutura de dados proposta para a classificação do nível de cumprimento dos diplomas legais aplicáveis a cada assunto.

4.2 Estruturação de dados no MDG

Quaisquer que sejam os níveis de análise adoptados, afectar-se-á a cada assunto do cumprimento, os atributos respeitantes aos níveis de cumprimento legal, a descrição sobre o que falta para cumprimento total dos diplomas legais aplicáveis, e o ano de referência da análise, tal como ilustrado no Quadro 7.

48 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

Nível de Cumprimento legal (enumeração)

Descrição para cumprimento total

Ano de referência da análise

Cumprido (C)

Não cumprido (NC)

Parcialmente cumprido (PC)

Texto (2000) Inteiro (4)

Quadro 7. Atributos de classificação e descrição do cumprimento das disposições legais

Apresenta-se no Quadro 8 as representações geográficas a classificar segundo o nível de cumprimento legal que possam já estar previstas por força de outras necessidades de delimitação e caracterização. Desta tabela constam também as representações geográficas ou alfanuméricas a considerar no MDG que suportem especificamente a classificação do cumprimento legal aplicável a cada assunto.

Actividade pecuária Avaliação de impacte

ambiental

Produtos

fitofarmacêuticos

Prevenção de

acidentes graves

que envolvam

substâncias

perigosas

Águas balneares Avaliação ambiental

estratégica

Perímetros de protecção

de captações de águas

subterrâneas destinadas

ao abastecimento público

Prevenção e

reparação de

danos ambientais

Águas conquícolas Barragens Planos de bacia

hidrográfica

Quadro de acção

comunitária no

domínio da política

da água

Água destinada ao consumo humano Biocidas POAAC Risco de

inundações

Águas residuais agro-industriais Zonas protegidas:

conservação de habitat,

da fauna, e da flora

selvagens

POOC Recursos

aquícolas

Águas residuais urbanas

Estratégia para o mar Prevenção e controlo

integrado da poluição

REN e RAN

Águas residuais que produzem carbonato de cálcio, fibras, acrílicas, etc.

Lamas de depuração Protecção das águas

subterrâneas contra a

poluição e deteorização

Substâncias

perigosas

Águas superficiais destinadas à produção de água para consumo humano

Orla costeira Protecção das águas

subterrâneas contra a

poluição causada por

Titularidade de

recursos hídricos

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 49

certas substâncias

perigosas

Utilização de recursos hídricos

Zonas vulneráveis Zonas vulneráveis à

ocorrência de cheias

Quadro 8. Identificação dos assuntos a classificar quanto ao nível de cumprimento legal (baseada no anexo IV do caderno de encargos do PGRH do Guadiana)

5 SISTEMAS DE IDENTIFICAÇÃO E CODIFICAÇÃO

O princípio básico aplicável a todas as entidades geográficas a considerar no MDG é o de que devem possuir um identificador numérico e um, ou mais, códigos identificadores. O identificador numérico identificará univocamente cada uma das entidades geográficas presentes na base de dados geográfica, e os códigos identificadores acrescentam ao primeiro elementos alfabéticos que tornam a entidade geográfica única no contexto regional, nacional ou europeu.

5.1 Sistemas de identificação e codificação do WISE

O sistema de codificação dos elementos geográficos a considerar no WISE divide-se em elementos com referência hidrológica e elementos de referência não hidrológica. Estes últimos devem ser codificados com identificadores não hidrológicos. No entanto, devem conservar uma referência aos elementos hidrológicos (bacias, rios, albufeiras) a que dizem respeito, ou com os quais estão relacionados. A título de exemplo, os atributos de uma estação de monitorização hidrométrica devem considerar o código “chave-estrangeira” que permita identificar a massa de água alvo dessa monitorização. Os elementos geográficos não hidrológicos devem apresentar o seguinte formato:

MS#1#2…#22

em que MS corresponde a dois caracteres identificadores do Estado-Membro de acordo com a norma ISO 3166-1-Alpha-2; e #1#2…#22 corresponde até 22 caracteres de um sistema de codificação único no Estado-Membro. O código assim composto (europeu) é de formato texto e contém até 24 caracteres, sendo que nunca poderão existir no WISE duas entidades geográficas com o mesmo código.

Às entidades hidrológicas será atribuído um código identificador hidrológico. A Comissão Europeia (CE), através da Agência Europeia do Ambiente, aponta para uma codificação hidrologicamente estruturada que permite a leitura do código identificador sem o recurso a ferramentas computacionais próprias.

Para a geração de códigos identificadores hidrológicos europeus foi proposta uma metodologia que se baseia na codificação de Pfafstetter (1989). Esta codificação é constituída por componentes que, em conjunto, formam um código identificador único hidrológico consiste em 6 componentes hierárquicos relacionados:

50 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

HS II CCCCC PPPPPPPPPPPP EE LL

O código está descrito no guidance document n.º 22 (secções 4.4 e 5.4, complementadas pelos anexos 7, 8 e 9). O sistema de codificação sugerido possibilita a percepção da hierarquia das entidades geográficas com base na sua localização na rede hidrográfica e no espaço geográfico europeu. Esta metodologia facilita também a manutenção de códigos a longo-prazo, dado que a pormenorização apresenta sempre uma solução que não compromete a codificação anteriormente existente. O Quadro 9 apresenta uma breve caracterização dos componentes hierárquicos do código identificador.

Abreviatura Elemento lógico Relação com Tipo de dados Número de caracteres

H ou HDM_ID Linha de costa, sistema hidrológico

Texto 1

S ou SEA_ID Linha de costa, Mar Sistema hidrológico

Numérico 1-9 1

II ou ISLAND Massa terrestre, Ilha Mar e Sistema hidrológico

Numérico hexadecimal

2

CCCCC4 ou código de início

Código com início na descarga de mar

Mar, Sistema hidrológico e ilha

Numérico 11111 - 99999

5

P ou Pfafstetter Segmentos da rede hidrográfica, lagos, bacias ou sub-bacias hidrográficas Pfafstetter

Local de descarga no mar

Numérico 1-12

E ou tipo de entidade

Código da entidade Caracter 2

L ou identificador de Lago

Identificador do Lago Caracter 0,2

Quadro 9. Componentes do código identificador das entidades hidrológicas (WFD, GIS Guidance Document nº. 22, 2009)

Não é obrigatório que os Estados-Membros implementem o sistema de codificação europeu proposto. No entanto, as autoridades competentes de cada País são incentivadas a utilizá-lo.

Para proporcionar a relação entre os sistemas de codificação nacionais e o sistema de codificação europeu, é sugerido que os EM adicionem os seguintes atributos aos conjuntos de dados geográficos referentes às categorias de massas de água Rios e Lagos:

• Código europeu de referência respeitante aos principais Rios referenciados no WISE (DQA Artigo 3.º);

• Código europeu de referência respeitante aos principais Lagos referenciados no WISE (DQA Artigo 3.º).

• Código Pfafstetter europeu dos segmentos de cursos de água (incluindo segmentos de rios que definem fronteiras) e lagos transfronteiriços.

4 http://desert.jrc.ec.europa.eu/action/php/index.php?action=view&id=23

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 51

Em termos de relato de entidades hidrológicas que são partilhadas entre regiões hidrográficas e entre Países, é proposto que se realizem tarefas de harmonização que definam que autoridade competente as deve reportar, e em que condições de codificação. Enquanto este tipo de acções de harmonização de informação geográfica não forem promovidas, a Comissão Europeia (CE) realizá-las-á, substituindo-se assim às entidades com competência para tal (ARH). Quando os produtos dos processos de harmonização estiverem disponíveis, estes substituirão os realizados pela CE.

No âmbito dos dados já reportados ao WISE no âmbito dos artigos 3º e 5º, o código europeu (CODE) era constituído pela concatenação dos valores dos atributos CTY_ID e PFAFSTETTER, como exemplifica a Figura 8.

Figura 8. Tabela de atributos referente aos principais rios reportados ao WISE

Não se conhece nenhum documento público oficial, a nível nacional, no qual estejam estabelecidas as regras e critérios a considerar para a definição do sistema de codificação das entidades hidrológicas e não hidrológicas da informação a reportar ao WISE. Nesse sentido propõe-se a adopção dos critérios de codificação estabelecidos no GIS Guidance document n.º 22, considerando no MDG a codificação de Pfafstteter, um código nacional e um código europeu.

5.2 Sistemas de códigos identificadores a implementar no MDG

O objectivo da classificação de sistemas hidrográficos é o de adoptar sistemas de identificação que permitam o reconhecimento do posicionamento indirecto dos elementos geográficos representados (normalmente considerando a representação dos cursos de água e as respectivas bacias hidrográficas). Um sistema de posicionamento indirecto recorre a um identificador, normalmente conhecido por geocódigo (sistemas de referenciação parametrizados - INSPIRE, 2009), para derivar as posições relativas dos objectos representados (ISO/DIS 19912, 2001).

Existem diversos autores e inúmeros sistemas de codificação de sistemas hidrológicos. A Comissão Europeia, no âmbito da implementação da DQA, propunha, em 2005, um geocódigo híbrido derivado da classificação de Pfafstetter, o qual é descrito abaixo.

O sistema de codificação introduzido por Horton (1945) e modificado por Strahler (1957) considera todos os canais naturais existentes que possam corresponder a cursos de água perenes, intermitentes ou efémeros. Neste sistema de codificação são consideradas de primeira ordem as linhas de água iniciais que não tenham afluentes. Quando as duas linhas

52 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

de água de primeira ordem se unem, é formada uma de segunda ordem. A junção de duas de segunda ordem dá lugar à formação de uma de terceira ordem e assim sucessivamente. Assim, dois rios de ordem n dão lugar a um rio de ordem n+1, como ilustra a Figura 9. Uma variante da classificação de Strahler é a classificação de Shreve, que soma a ordem dos rios confluentes, também no sentido montante-jusante. Assim dois rios de ordem n e m dão lugar a um rio de ordem n+m.

a) b)

Figura 9. Exemplo da classificação de a) Strahler (1945) e b) Shreve (1966)

A Direcção-Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos (DGRAH) implementou em 1981 um sistema de classificação decimal dos cursos de água. Esta classificação baseia-se num critério de classificação que é atribuída de jusante para montante, e tem por base a ordem de entrada dos afluentes no rio principal, utilizando números pares numa margem e números ímpares na outra. A classificação decimal é altamente mutável com a escala de representação da rede hidrográfica, e, consequentemente, com a representação das linhas de água, sendo que, para além deste factor, depende de critérios físicos como os pontos de confluência, o que limita a utilização deste sistema de codificação. Salienta-se ainda o elevado número de caracteres necessários para formar o código. A Figura 10 exemplifica a atribuição de códigos pelo sistema decimal da DGRAH.

Figura 10. Classificação decimal usada pela DGRAH

Segundo Néry et al. (2002), o geocódigo da classificação decimal da DGRAH não permite apenas com a leitura humana do código, sem recorrer a operações de análise espacial, determinar os seguintes aspectos:

- troços a montante e a jusante de um determinado ponto;

- a posição relativa de rios da mesma ordem duma bacia, sempre que um troço apresente um código ímpar e outro um código par;

- identificação unívoca de um troço pertencente a um rio;

- fazer corresponder a cada troço a respectiva bacia de drenagem;

- integrar ou posicionar informação relativa ao território espanhol.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 53

Como referido, um sistema de geocodificação amplamente utilizado na implementação dos elementos geográficos da DQA, é o de Pfafstetter (1989). Este sistema baseia-se na classificação das bacias hidrográficas de um rio principal. Às quatro maiores sub-bacias são atribuídos os algarismos 2, 4, 6 e 8, por ordem de confluência com o rio principal, de jusante para montante. Assim, o algarismo 2 é atribuído à bacia mais próxima da foz do rio principal.

Após a divisão da bacia hidrográfica principal nas 4 maiores sub-bacias, calculam-se as bacias intermédias, que correspondem às áreas que drenam para os 5 troços do rio principal que foram divididos, e a estas 5 sub-bacias atribuem-se os algarismos 1,3,5, 7, e 9. A Figura 11 ilustra este procedimento.

Figura 11. Exemplo de aplicação da classificação Pfafstetter (Néry et al. , 2002)

Assim, a bacia intermédia 1 consiste na área drenada pelo rio principal entre a foz e a confluência com o afluente 2. A bacia intermédia 3 consiste na área drenada pelo rio principal entre a confluência com o afluente 2 e a confluência com o afluente 4, e assim sucessivamente até à bacia intermédia 9 que corresponde à área drenada pelo rio principal, desde a confluência com o afluente 8 até à cabeceira. Com esta divisão completa-se o primeiro ciclo de geocodificação de uma bacia hidrográfica. O segundo ciclo executa-se no interior de cada uma das sub-bacias identificadas aplicando o mesmo método. A título de exemplo, a sub-bacia 4 divide-se novamente nas quatro maiores áreas de drenagem, recebendo estas os códigos 42, 44, 46, e 48 e as bacias intermédias desta, os códigos 41, 43, 45, 47, e 49. O processo de atribuição de geocódigos termina quando não for possível identificar os quatro afluentes principais. Este facto é determinado pela densidade da rede hidrográfica, que, por sua vez, resulta dos parâmetros de análise que se impõem ao modelo digital de terreno e à resolução espacial deste.

Desta exposição deve fazer-se notar que um sistema de geocodificação (INSPIRE - sistema de referenciação geográfica parametrizado) deve apresentar as seguintes características:

- apresentar processos de codificação automatizáveis requerendo o mínimo de intervenção humana, a qual poderá ser subjectiva;

- apresentar critérios de codificação claros e inequívocos, tanto para bacias hidrográficas costeiras, como para sub-bacias dentro das bacias hidrográficas principais;

- poder ser aplicável à totalidade das bacias hidrográficas, incluindo as áreas incluídas em território espanhol;

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- apresentar a máxima resiliência possível a alterações de resolução espacial dos modelos digitais de terreno, o que implica que haja alguma compatibilidade dos geocódigos mesmo quando gerados por MDT de resolução de 1000m, 100m, 25m, ou menores.

O sistema de codificação de Pfafstetter apresenta as características referidas, o que justifica a sua actual ampla utilização a nível global. Apesar da Comissão Europeia ter sugerido em 2005 o uso de um código “Pfafstetter híbrido” que incluía: o código de 2 caracteres do Estado-Membro (para o caso português, PT); o código das águas costeiras, e posteriormente o código Pfafstetter, encontra-se em fase de adopção na Europa um sistema de codificação europeu desenvolvido no Joint Research Centre (JRC).

Para dar cumprimento às necessidades de identificação e codificação, propõe-se a existência no MDG de uma classe base que suporte a identificação e codificação de todas as entidades a carregar na base de dados geográficos (BDG). A classe está representada na Figura 12.

Figura 12. Classe de base para identificação, codificação e relacionamento de entidades geográficas

O atributo IDHidro, que registará valores do tipo inteiros positivos, será utilizado como identificador único no âmbito da base de dados geográficos. No caso de se integrarem duas bases de dados, os valores do atributo IDHidro devem ser recalculados para que se mantenham únicos no âmbito do conjunto de dados geográficos formado.

O atributo CodHidro regista valores textuais que são interpretados como os códigos públicos nacionais que identificam univocamente cada entidade representada na BDG. Admite-se que estes códigos sejam geridos pela autoridade competente para o planeamento e gestão de recursos hídricos da região hidrográfica referenciada.

Os atributos IDHidro e CodHidro constituirão assim os atributos base do modelo de dados. Existirão no MDG, e consequentemente na BDG, outros atributos que referenciam estes, como é o caso do identificador de uma área de drenagem. O atributo IDDrenagem de um ponto de confluência de uma bacia hidrográfica relaciona-se com o atributo IDHidro dessa bacia hidrográfica assumindo estes atributos o mesmo identificador numérico. Outros casos existirão que reflectem este tipo de associações.

Assim, um fenómeno real, como um curso de água, pode ser representado, ou referenciado em várias classes no modelo de dados: como uma massa de água “rios”, uma linha de drenagem, ou mesmo um conjunto de arcos da rede hidrográfica. Se existirem entidades que referenciam o mesmo fenómeno real, então as referências à sua identificação e codificação devem ser mantidas de forma coerente em todos os registos onde essa referência ocorra.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 55

Será proposto um sistema de códigos de identificação que acautele a natural expansão da base de dados geográficos ao longo do tempo de implementação dos próximos ciclos de planeamento, nomeadamente de 2015, 2021 e 2027. A descrição do sistema de identificação constará no relatório de concepção do MDG (esquema de aplicação) – R2.

6 WISE (WATER INFORMATION SYSTEM FOR EUROPE)

O Grupo Relatórios, criado no âmbito da Estratégia Comum Europeia para a Implementação da DQA (WFD-CIS), elaborou um conjunto de fichas de relato (reporting sheets) que definem a informação a fornecer à Comissão Europeia no que respeita à caracterização dos recursos hídricos de cada Estado-Membro. As fichas de relato foram convertidas em ficheiros XML (XML schemas) que se comportam como meta-documentos, na medida em que definem a estrutura da informação a reportar no âmbito da implementação da DQA.

Esta metodologia permitiu uma abordagem simples e perceptível à maioria dos utilizadores que têm como função coligir, estruturar e disponibilizar a informação respeitante ao relato da DQA, nomeadamente:

• Art 3º, Regiões hidrográficas, bacias hidrográficas e autoridades competentes;

• Art 5º, Categorias de massa de água (superficiais e subterrâneas);

• Art 6º, Zonas protegidas;

• Art 8º, Rede de monitorização;

• Art 13º, Planos de gestão de bacias hidrográficas.

O formato de informação geográfica a reportar ao WISE continua a ser o da ESRI Shapefile, sendo que a comissão europeia disponibiliza os templates desses ficheiros em:

• http://water.eionet.europa.eu/schemas/dir200060ec/resources (Reporting of spatial data and metadata).

O formato GML (Geography Markup Language) será exigido apenas no que respeita ao serviços de informação geográfica a publicar pelas autoridades competentes. Esses serviços não estão ainda definidos. No mesmo URL são disponibilizados os ficheiros XML Schemas dos quais se representam as relações na Figura 12.

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Figura 13. Relações entre os esquemas XML do Art.º 13 da DQA (extraído de: Guidance on reporting of spatial data , Comissão Europeia)

Existem códigos comuns como estados ecológicos, potenciais ecológicos das massas de água, substâncias perigosas e poluentes. Estes códigos devem ser utilizados e referenciados da mesma forma, quer se trate de informação relativa ao Artigo 5º, ou ao Artigo 8º, ou a qualquer outra informação no âmbito do WISE. Estes códigos estão expressos no ficheiro ‘WFDCommon.xml’, que é disponibilizado em:

http://water.eionet.europa.eu/schemas/dir200060ec/resources.

O MDG deverá incluir estes códigos com recurso a enumerações nas quais são definidos os valores admissíveis para os atributos das diversas classes presentes. Apenas os valores que constam destas enumerações serão válidos para carregamento na base de dados geográficos estruturada de acordo com o MDG a desenvolver. De forma a garantir a comparabilidade entre as massas de água e a análise de conformidade com os requisitos legais, é necessário conhecer a seguinte informação:

• Para todas as massas de água superficiais, excepto as fortemente modificadas ou artificiais, deve ser atribuída uma classe do estado ecológico agregado (geral);

• Para todas as massas de água fortemente modificadas ou artificializadas, deve ser atribuída uma classe do potencial ecológico agregado (geral);

• Para todas as massas de água, deve ser conhecido o valor agregado de cumprimento ou não cumprimento de cada EQS5 (Environmental Quality Standards, norma de qualidade ambiental), incluindo metais pesados, pesticidas, poluentes industriais ou outros poluentes;

5 (Lei da Água, A aplicação de normas derivadas do presente procedimento não requer a redução das concentrações de poluentes para níveis inferiores às concentrações naturais de referência (CNR)

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 57

• Para todas as massas de água superficiais associadas às zonas protegidas, referenciadas no Art. 6º, deve ser conhecido o valor do estado da área protegida.

É requerido a todos os EM que atribuam um valor agregado a cada massa de água superficial, resultando este da contabilização de cada um dos elementos de qualidade estabelecidos no Decreto-Lei 77/2006.

Parte da informação solicitada no âmbito do Art. 5º da DQA será novamente solicitada no Art. 13º com o argumento de que poderão ser executados mapas e controles de qualidade de uma forma mais expedita. A informação que é solicitada diz respeito a: i) se a massa de água é artificial; ii) se é fortemente modificada; iii) se está incluída numa área protegida; e iv) qual a categoria a que pertence.

A escala de representação no WISE varia entre a 1:250 000 e a 1:1 000 000.

Scale Resolution Simplification tolerance Spatial accuracy

1:250.000 0.5 km2 125 metres 125 metres

1:1.000.000 8 km2 500 metres 500 metres

1:10.000.000 800 km2 5000 metres 5000 metres

Quadro 10. Relação entre escala, resolução, tolerância de simplificação e exactidão posicional (fonte: GIS Guidance Document: 2 nd version )

Para questões de harmonização de dados entre Estados-membros é disponibilizado o URL de acesso à informação das fronteiras nacionais europeias (ficheiro ERM v2.2 - 1:250 000):

• http://eea.eionet.europa.eu/Members/irc/eionet-circle/etcwater/library?l=/eeaetc_reference&vm=detailed&sb=Title.

A preparação dos dados para submissão ao WISE deve respeitar os critérios expressos no documento-guia n.º21 (EC, 2009a). A preparação dos dados para submissão à comissão europeia no âmbito da implementação da DQA pode ser feita utilizando a ferramenta WISE Access tool. Esta ferramenta é descrita sumariamente na secção seguinte.

6.1 WISE Access tool

Para os Estados-membros que não possuem ferramentas próprias para gerar os ficheiros XML a reportar a partir dos seus próprios sistemas de informação, a CE disponibiliza a WISE Access tool. Esta ferramenta consiste numa base de dados em MS Access devidamente estruturada e preparada para converter a informação do EM nos ficheiros XML a reportar. As fases do processo de produção dos ficheiros XML são as seguintes:

1. Access DB; 2. XML conversion tool;

3. Desktop validation tool;

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4. ReportNet upload;

5. ReportNet QA/QC.

A WISE Access tool pode ser obtida em:

http://water.eionet.europa.eu/schemas/dir200060ec/resources (Tools).

Os detalhes de preparação da informação e uso da ferramenta estão publicados em Atkins (2009b). O relato da informação referente aos PGBH será feita a partir do ReportNet Central Data Repository (CDR), disponível em: http://cdr.eea.europa.eu.

As instruções para a submissão da informação podem ser encontradas em Atkins (2009a). Salienta-se que existe um nível nacional e um nível regional de submissão, sendo comunicada a data limite de 22 de Março de 2010 para o relato da informação respeitante aos PGBH (artigo 13.º), bem como possíveis actualizações dos conjuntos de dados relativos ao artigo 8.º. Para cada região hidrográfica, a que corresponde um PGBH, estão previstos serem gerados 10 ficheiros XML:

1. RBDSUCA.xml (River Basin Districts); 2. ProtArea.xml (Protected Area);

3. SWB.xml (Surface Water Bodies);

4. GWB.xml (Ground Water Bodies);

5. SWMethods.xml (Surface Water Bodies Methodology);

6. GWMethods.xml (Ground Water Bodies Methods);

7. RBMP_POM.xml (Program Of Measures);

8. Monitoring.xml (Monitoring Processes);

9. SurfaceWaterMonitoringStations.xml (Surface Water Monitoring Stations);

10. GroundWaterMonitoringStations.xml (Ground Water Monitoring Stations).

6.2 Disponibilização de informação geográfica sobre outras Directivas

Todos os Estados-Membros estão legalmente mandatados a relatar informação acerca de variados aspectos dos seus recursos hídricos. Além da DQA, são relatados com periodicidade específica os seguintes elementos:

• EIONET: Estado do ambiente (State of Environment – SoE);

• Directiva da água residual urbana (Urban Waste Water Treatment Directive);

• Directiva das águas balneares (Bathing Waters Directive);

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• Directiva das Águas Subterrâneas (esta directiva já se encontra transposta para o direito nacional através do DL 208/2008 de 28 de Outubro);

• Directiva das Substâncias Perigosas;

• Directiva* dos nitratos (Nitrates Directive);

• Directiva* das águas para consumo humano (Drinking Water Directive);

• Directiva* da avaliação e gestão do risco de inundação (Floods Directive), já transposta para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 115/2010;

• Directiva* da segurança marítima (Marine Strategy Directive);

• European Pollutant Release and Transfer Register* (E-PRTR).

As últimas cinco directivas (marcadas com *asterisco*) não possuem ainda qualquer modelo de dados, pelo que a partilha da informação respeitante ainda se encontra em definição pela Comissão Europeia. Descrevem-se de seguida os aspectos a caracterizar no âmbito de cada uma das Directivas, incluindo as propostas para as Directivas sem modelos de dados.

Grupo de Informação Código do tema geográfico

Nome do elemento Tipo de representação

Áreas receptoras de águas residuais urbanas

UWWD1 Áreas receptoras Polígono/ Linha

Impacto das águas residuais urbanas

UWWD3 Aglomerados Polígono

UWWD2 Pontos de descarga Pontos Pressões derivadas das águas residuais urbanas UWWD4 Estações de

tratamento de águas residuais

Pontos

Quadro 11. Temas geográficos a considerar na Directiva das Águas Residuais Urbanas

Grupo de Informação Código do tema geográfico

Nome do elemento Tipo de representação

BWD1 Águas Balneares Polígono Áreas de águas balneares e pontos da amostragem BWD2 Pontos Amostragem Pontos

Quadro 12. Temas geográficos a considerar na Directiva das Águas Balneares

Grupo de Informação Código do tema geográfico

Nome do elemento Tipo de representação

Zonas de fornecimento de Água para Consumo humano

DWD1 Zonas de fornecimento Polígono

Quadro 13. Temas geográficos a considerar na Directiva das Águas para consumo humano

Grupo de Informação Código do tema geográfico

Nome do elemento Tipo de representação

NID1 Zonas vulneráveis Polígono Zonas vulneráveis à poluição por nitratos e áreas de monitorização NID2 Áreas de

monitorização em águas superficiais

Polígono

Quadro 14. Temas geográficos a considerar na Directiva dos Nitratos

60 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

Grupo de Informação Código do tema geográfico

Nome do elemento Tipo de representação

Zonas em risco de cheia FLD1 Zonas em risco de inundação

Polígono

FLD2 Abrangência dos eventos de cheias passados

Polígono Eventos de cheias e extensão dos efeitos

FLD3 Mapas de estragos (damage maps)

Polígono

Quadro 15. Temas geográficos a considerar na Directiva de Avaliação do Risco de Inundação

O Quadro 16 representa os temas geográficos a considerar na caracterização e implementação da Directiva da Segurança Marítima.

Grupo de Informação Código do tema geográfico

Nome do elemento Tipo de representação

CSTL3 Linha de costa das 3 milhas náuticas

Polígono

CSTL6 Linha de costa das 6 milhas náuticas

Polígono

CSTL12 Linha de costa das 12 milhas náuticas

Polígono

CSTL50 Linha de costa das 50 milhas náuticas

Polígono

CSTL200 Linha de costa das 200 milhas náuticas

Polígono

Extensões da linha de costa e portos

CSTPT Portos Pontos

CSTDL1 Linhas batimétricas Linha

CSTDL2 Gama de temperaturas Polígono

CSTDL3 Correntes Linha

Detalhes da orla marítima

CSTDL4 Gama de salinidades Polígono

CSTIM1 Habitats (peixes, aves, outros)

Ponto/Polígono Impacte costeiro

CSTIM2 Pressões Ponto/Polígono

CSTCS1 Afluência de nutrientes Ponto/Polígono Pressões

CSTCS2 Afluência de poluição Ponto/Polígono

Quadro 16. Temas geográficos a considerar na Directiva de Segurança Marítima

O Quadro 17 representa os temas geográficos a considerar na caracterização e implementação da Directiva das Substâncias Perigosas.

Grupo de Informação Código do tema geográfico

Nome do elemento Tipo de representação

Localização de substâncias perigosas

SUBST1 Localização dos locais Pontos

Quadro 17. Requisitos para substâncias perigosas

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 61

7 NORMAS E ESPECIFICAÇÕES DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA APLICÁVEIS

Existem dois organismos principais que se dedicam a nível mundial, frequentemente de forma colaborativa, ao desenvolvimento de normas aplicadas à informação geográfica: o Open Geospatial Consortium (OGC) e a International Organization for Standardiization (ISO). Na Europa esse trabalho tem-se desenvolvido sob a iniciativa INSPIRE. Como base para o desenvolvimento do MDG a desenvolver, serão utilizadas sobretudo as normas ISO da série 19100 e as especificações da INSPIRE.

Os seguintes documentos normativos contêm disposições que serão tidas em conta na criação do MDG a desenvolver. Os documentos listados foram utilizados na versão referenciada, pelo que eventuais alterações não são tidas em conta. São considerados os seguintes documentos:

• GML, Geography Markup Language Implementation Schema, OGC 03-105r1, version

3.1.1 (7 Fevereiro de 2004);

• ISO 1000:1994, SI Units and recommendations for the use of their multiples and of

certain other units;

• ISO 8601:2004, Data elements and interchange formats — Information interchange

Representation of dates and times;

• ISO 19101:2003, Geographic Information—Reference Model;

• ISO/TS 19103:2006, Geographic Information — Conceptual schema language;

• ISO 19106, Geographic Information – Profiles;

• ISO/TS 19109:2006, Geographic Information —Rules for Application schema;

• ISO 19110:2006 , Geographic Information – Feature cataloguing methodology;

• ISO 19118, Geographic Information – Encoding;

• IETF RFC 2396, Uniform Resource Identifiers (URI): Generic Syntax. (Agosto 1998);

• OGC Observations and Measurements. OpenGIS® Best Practice document, OGC

05-087r4 http://portal.opengeospatial.org/files/?artifact_id=17038;

• OGC Sensor Observation Service. OpenGIS® Implementation Specification, OGC

07-0009r5http://portal.opengeospatial.org/files/?artifact_id=20994&version=1;

• WaterML, Draft OpenGIS Specification, version 0.3.0. OGC 07-041r1 (30 Maio 2007);

• W3C XLink, XML Linking Language (XLink) Version 1.0. W3C Recommendation (27

Junho 2001);

• W3C XML, Extensible Markup Language (XML) 1.0 (Second Edition), W3C

Recommendation (6 Outubro 2000);

• W3C XML Namespaces, Namespaces in XML. W3C Recommendation (14 Janeiro

1999);

62 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

• W3C XML Schema Part 1, XML Schema Part 1: Structures. W3C Recommendation

(2 Maio 2001);

• W3C XML Schema Part 2, XML Schema Part 2: Datatypes. W3C Recommendation

(2 Maio 2001).

7.1 Normas ISO

A Organização Internacional de Normalização (ISO) estabeleceu a partir de 1994 a Comissão Técnica 211 (informação geográfica e geomática) com o objectivo de desenvolver um conjunto estruturado de normas sobre informação respeitante a objectos ou fenómenos que estejam directa ou indirectamente relacionados com uma localização relativa à superfície terrestre (ISO, CT 211). A listas das normas referentes à CT 211 estão publicadas em:

http://www.iso.org/iso/iso_catalogue/catalogue_tc/catalogue_tc_browse.htm?commid=54904

A CT 211 tem como principal objectivo a produção de normas respeitantes à recolha, armazenamento, processamento, apresentação e distribuição de dados geográficos, sendo estas designadas genericamente por ISO 19100 (Matos, 2008). A ISO/CT 211 conta actualmente com 32 membros participantes e 30 membros observadores. Portugal é membro participante desde 1998. Esta comissão técnica tem actualmente 45 normas publicadas. As normas referentes à informação geográfica tomam actualmente a designação de normas ISO 19100. O trabalho de Kresse e Fadai (2004) descreve de forma exaustiva o grupo de normas ISO sobre informação geográfica:

• ISO 19107:2003, Geographic information - Spatial schema; • ISO 19108:2002, Geographic information - Temporal schema;

• ISO 19109:2005, Geographic information - Rules for application schema;

• ISO 19111:2003, Geographic information - Spatial referencing by coordinates;

• ISO 19115:2003, Geographic information - Metadata;

• ISO 19123:2005, Geographic information - Schema for coverage geometry and functions;

• ISO 19133:2005, Geographic information - Location based services . Tracking and navigation;

• ISO 19501:2005, Information technology - Open distributed processing - Unified Modeling Language (UML), Version 1.4.2;

• ISO/IEC 11179-3:2003, Information technology - Information technology - Metadata registries (MDR) - Part 3: Registry metamodel and basic attributes.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 63

7.2 GML, o formato de partilha de informação geográfica do futuro

A Comissão Europeia, no âmbito do WISE e da partilha de informação geográfica sobre política ambiental, refere o formato GML como o formato de partilha de dados a adoptar no futuro, nomeadamente nos serviços de dados (webservices) das autoridades competentes. Actualmente, não estão ainda estabelecidos, por parte da Comissão Europeia, estes serviços de dados, pelo que a informação geográfica continua a ser reportada através de ESRI Shapefiles (Atkins, 2009a). O desenho do MDG não influencia directamente o formato de dados GML a adoptar no futuro, no entanto considerou-se pertinente incluir neste relatório as principais noções deste formato de dados.

A GML (Geography Markup Language) é uma linguagem expressa gramaticalmente em XML que pode ser usada para a modelação, partilha, e armazenamento de informação geográfica. Muitos dos conceitos utilizados na GML são inspirados na especificação do Open Geospatial Consourtium: Abstract Specification, e na colecção de normas ISO da série 19100.

A norma ISO 19136:2007 trata especificamente da implementação da GML através da definição de esquemas XML (meta-documentos) para descrever diversas categorias de objectos, nomeadamente: entidades, sistemas de referência geográfica, geometrias, topologias, datas, unidades de medida, e valores. Apresenta cerca de 28 outras referências normativas como indispensáveis para a sua aplicação (ISO 19136:2007). A GML apresenta as seguintes vantagens:

- Fornece uma base não proprietária, aberta e bem documentada, para a descrição de informação geográfica em XML;

- Suporta a descrição de entidades, atributos e relacionamentos, e outros elementos que possibilitam modelar domínios de aplicação variados e distintos;

- Permite o conhecimento sobre a estrutura de informação ao mesmo tempo que serve de veículo para o seu transporte;

- Possibilita a definição de mais do que uma representação geográfica para cada entidade descrita, o que, em termos de generalização cartográfica, tem enormes vantagens;

- Facilita a partilha de informação num formato interoperável, sobretudo para a Web, e para Web services.

No âmbito da implementação da DQA, a GML é referida como a “língua franca” para a descrição e a partilha de dados, inclusive para uso em serviços web de informação geográfica como WFS (Web Feature Services) ou WCS (Web Coverage Service).

Os ficheiros GML são normalmente compostos por ficheiros únicos com a extensão GML. No entanto, alguns destes ficheiros podem usar a extensão XML. Os documentos GML deverão ser instâncias de um meta-documento (XML Schema) que define como a informação geográfica se encontra descrita no documento que por este é validado.

64 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

8 ESPECIFICAÇÕES INSPIRE

8.1 Considerações gerais

A Directiva INSPIRE obriga os Estados-Membros a gerirem e a disponibilizarem os dados e os serviços de informação geográfica de acordo com princípios e regras comuns (e.g. metadados, interoperabilidade de dados e serviços, utilização de serviços de informação geográfica (IG), princípios de acesso e partilha de dados) com o intuito de promover a disponibilização de informação de natureza espacial, utilizável na formulação, implementação e avaliação das políticas territoriais da União Europeia. A aplicação desta Directiva irá permitir aos cidadãos europeus a obtenção, através da Internet, de informação útil em termos de ambiente e outras temáticas, possibilitando, de igual modo, que as autoridades públicas partilhem mais facilmente informação geográfica entre si.

Para assegurar que as infra-estruturas de informação geográfica dos EM são compatíveis e utilizáveis pela comunidade num contexto transfronteiriço, têm vindo a ser desenvolvidas, no âmbito da implementação desta Directiva, algumas regras de implementação, ou regras comuns (conhecidas como Implementation Rules) que deverão ser adoptadas para as seguintes áreas:

• Metadados;

• Especificaçãos de informação geográfica sobre os temas da Directiva;

• Serviços de rede;

• Partilha de dados e utilização dos serviços disponibilizados;

• Monitorização e relato.

Estas regras de implementação são adoptadas pela CE como decisões ou regulamentações e contêm a informação técnica para a implementação das diversas componentes da infra-estrutura de informação geográfica dos EM. Assim, a aplicação da Directiva depende da elaboração e aprovação das regras de implementação por comitologia6. As regras de implementação têm vindo a ser elaboradas pelas equipas de trabalho (drafting teams) nas áreas acima referidas. A função das drafting teams é analisar e rever as especificações técnicas para cada uma das áreas referidas. Além da produção das regras de implementação, estas equipas produzem também recomendações para as equipas de consolidação (consolidation teams).

A directiva INSPIRE incide sobre informação espacial da responsabilidade das instituições públicas dos Estados Membros, referente a um conjunto de temas distribuídos por três anexos que abrangem dados espaciais de natureza trans-sectorial e dados espaciais específicos do sector ambiental, no qual se inclui o tema Hidrografia, (pertencente ao anexo I da Directiva). Os temas da Directiva INSPIRE são os que constam do Quadro 18.

6 O processo pelo qual a CE é apoiada por um comité especializado para a matéria em causa. Os comités são fóruns de discussão constituidos por representantes dos EM e presididos pela CE.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 65

Anexo I

1. Sistemas de referencia

2. Sistemas de quadrículas geográficas

3. Toponímia

4. Unidades administrativas

5. Endereços

6. Parcelas cadastrais

7. Redes de transporte

8. Hidrografia

9. Sítios protegidos

Anexo II

1. Altitude

2. Ocupação do solo

3. Ortoimagens

4. Geologia

Anexo III

1. Unidades estatísticas

2. Edifícios

3. Solo

4. Uso do solo

5. Saúde humana e segurança

6. Serviços de utilidade pública e do Estado

7. Instalações de monitorização do ambiente

8. Instalações industriais e de produção

9. Instalações agrícolas e aquícolas

10. Distribuição da população — demografia

11. Zonas de gestão/restrição/regulamentação e unidades de referência

12. Zonas de risco natural

13. Condições atmosféricas

14. Características geometeorológicas

15. Características oceanográficas

16. Regiões marinhas

17. Regiões biogeográficas

18. Habitats e biótopos

19. Distribuição das espécies

20. Recursos energéticos

21. Recursos minerais

Quadro 18. Temas dos Anexos I, II, e III da Directiva INSPIRE.

Os grupos de trabalho temáticos (thematic working groups) são os grupos de trabalho encarregues de especificar a informação geográfica dos temas da Directiva. O trabalho destes grupos baseia-se no registo INSPIRE (INSPIRE Registry, https://inspire-registry.jrc.ec.europa.eu), composto por um glossário de termos e por um catálogo de entidades para o suporte ao desenvolvimento das especificações de informação geográfica. Os diagramas UML em que se baseiam as especificações de dados geográficos dos diversos temas da INSPIRE estão disponíveis em:

http://inspire-twg.jrc.ec.europa.eu/inspire-model

Importa ainda referir que o dicionário de dados e o respectivo catálogo de entidades, que suportam as especificações dos temas dos anexos I, II, e III da INSPIRE, são próprios dessas especificações, e por conseguinte podem não se aplicar directamente às especificações de informação que se desenvolvam no âmbito de aplicações específicas, ou de interpretações de sistemas reais que se pretendam representar por intermédio de

66 LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

informação geográfica. Para o MDG em análise, os conceitos modelados no tema Hidrografia da iniciativa INSPIRE são considerados desajustados para caracterizar o universo de discurso proposto.

8.2 As regras de implementação sobre a especificação de informação geográfica

O principal objectivo do desenvolvimento das regras de implementação sobre a especificação de informação geográfica foi o de maximizar a utilização de requisitos e especificações existentes, com o intuito de minimizar o esforço de implementação nas instituições dos EM. O esforço de elaboração das regras de implementação respeitantes às especificações de informação geográfica dos vários temas desta Directiva conduziu inevitavelmente a um processo complexo de interacções entre os actores da decisão e à organização de variadas consultas públicas.

Em suma, a elaboração das especificações de informação geográfica, mais propriamente de conjuntos e serviços de dados geográficos, cumpriu fases próprias, cada uma das quais resultou em diferentes documentos:

1. Documentos de enquadramento para a elaboração das especificações de informação geográfica dos temas da Directiva:

a. Definição dos temas dos anexos da Directiva e o âmbito da sua aplicação (DS-D2.3 - Definition of Annex Themes and Scope);

b. Modelo Conceptual Genérico (DS-D 2.5 - Generic Conceptual Model);

c. Metodologia para o desenvolvimento das especificações (DS-D 2.6 Methodology for the Development of Data Specifications);

d. Linhas orientadoras para a codificação de informação geográfica (DS-D2.7 - Guidelines for the encoding of spatial data).

2. Propostas de documentos-guia para cada um dos temas do anexo I da Directiva, desenvolvidas pelos grupos de trabalho temáticos;

3. Propostas de conteúdo e estrutura das regras de implementação sobre a interoperabilidade de conjuntos e serviços de dados geográficos relacionados com a informação geográfica dos temas do anexo I da Directiva.

As regras de implementação sobre conjuntos de dados geográficos incluem os seguintes aspectos sobre informação geográfica:

• Um enquadramento comum para a identificação unívoca dos objectos espaciais7, para os quais os sistemas de identificadores nacionais podem ser mapeados;

7 Objecto espacial é o termo utilizado pelos documentos técnicos da INSPIRE para denominar um elemento de informação geográfica. Os tipos de objectos espaciais equivalem ao conceito de classe de objectos representado nos diagramas de classes UML.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 67

• As associações entre os objectos espaciais;

• Os atributos chave e os domínios de valores, bem como o thesaurus multi-língua, eventualmente necessários;

• Informação sobre a dimensão temporal dos dados;

• Actualizações dos dados.

8.3 A especificação de informação geográfica referente ao tema Hidrografia

A definição geral do conteúdo da especificação INSPIRE - Hidrografia é a seguinte: “Hydrography in the context of this data specification is involved with the description of the sea, lakes, rivers and other waters, with their phenomena”. A especificação é limitada geograficamente aos limites de aplicação da DQA: “surface water on the landward side of a line, every point of which is at a distance of one nautical mile on the seaward side from the nearest point of the baseline from which the breadth of territorial waters is measured, extending where appropriate up to the outer limit of transitional waters”. Excluem-se assim da especificação as massas de água subterrâneas que são consideradas no âmbito da INSPIRE, no tema “geologia” (Anexo II). De notar ainda que as águas costeiras referenciadas na especificação dizem apenas respeito às águas costeiras tal como definidas na DQA. As restantes águas marítimas estão incluídas no tema “regiões marinhas”.

A especificação INSPIRE Hidrografia (D 2.8.I.88: (v.3.0) Data Specification on Hydrography – Guidelines) recorre a diagramas de classes UML para descrever os três principais casos de uso esquematizados na Figura 14, denominados de: physical waters, network model, e management and reporting units.

Figura 14. Casos de uso da especificação INSPIRE Hidrografia. Extraído de http://inspire-twg.jrc.ec.europa.eu/inspire-model

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A descrição da especificação segue em grande medida a estrutura da norma ISO 19131, representada na Figura 15.

Figura 15. Extracto da estrutura da norma ISO 19131 referente à especificação de informação geográfica

O tema Hidrografia da INSPIRE foi definido para representar a rede de massas de água, estruturas construídas e diversos objectos relacionados. Na realidade, as entidades naturais, construídas ou relacionadas com as águas, são divididas por diversos temas desta directiva, o que dificulta uma perspectiva única sobre os objectos a representar: naturais, construídos e administrativos relacionados com a gestão pública das águas. No entanto, por outro lado, devem ser reconhecidas nesta abordagem algumas vantagens, relativas sobretudo aos aspectos de organização da informação.

O grupo de trabalho temático para o desenvolvimento da especificação de informação geográfica do tema Hidrografia decidiu incluir, no caso de utilização respeitante ao relato, a descrição da geometria das quatro categorias de massas de água superficiais da DQA: rios, lagos, transição, e costeiras. A categoria de massas de água correspondente às águas subterrâneas pertence, por opção, ao tema Geologia. As obrigações de relato dos EM em matéria de recursos hídricos são consideradas no anexo III da directiva INSPIRE (“Zonas de gestão/restrição/regulamentação e unidades de referência”), o que conduz a uma aparente duplicação e sobreposição temática dos temas considerados nos anexos da Directiva INSPIRE.

De forma a relacionar os tipos de entidades geográficas da especificação Hidrografia, com outras entidades que com estas se relacionassem, mas que estão declaradas em temas distintos, foi utilizada a noção de “placeholder”. Tipos de entidades como nascentes, glaciares, aquíferos ou zonas inundáveis, assumem o estereótipo “placeholder” nos diagramas de classes da especificação Hidrografia por serem descritos na sua totalidade noutro tema.

É de salientar ainda que, no âmbito desta especificação, apenas é definida a geometria das categorias de massa de água da DQA. Não é feita qualquer classificação ou tipificação dessas massas de água, apesar de a DQA o exigir às autoridades competentes. Não são

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portanto definidos quaisquer atributos referentes às entidades do modelo de dados que representam as diversas categorias de massas de água.

Na directiva INSPIRE, o tema Hidrografia refere-se a “Elementos hidrográficos, incluindo zonas marinhas e todas as outras massas de água e elementos com eles relacionados, incluindo bacias e sub-bacias hidrográficas. Quando adequado, de acordo com as definições da Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de Outubro de 2000, que estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da política da água, e sob a forma de redes.” (Directiva 2007/2/CE).

Ainda assim, a especificação Hidrografia, proposta pelo grupo de trabalho temático nesta área está limitada geográfica e tematicamente. A nível geográfico, limita-se às águas superficiais, tal como descritas na DQA, que se encontram do lado terra de uma linha imaginária que dista uma milha náutica para além da linha de base territorial, e que em certos locais pode ser estendida, para o lado do mar, para incluir o limite das massas de água de transição. Em Portugal continental as massas de água reportadas no âmbito da DQA não ultrapassaram os limites da linha de base territorial. A nível temático não inclui a estruturação de informação para: Navegação ou navegabilidade, dado serem temas abordados no anexo I (redes de transportes); para Altitude, dado ser um tema abordado no anexo II; e para as águas subterrâneas, dado estas serem abordadas no tema Geologia. Exclui-se deste último os cursos de água com escoamento subterrâneo, dado serem essenciais para a construção de uma rede hidrográfica coerente.

É de salientar ainda que existem certas entidades na especificação de dados INSPIRE – Hydrography que não possuem aplicação à realidade portuguesa, como são exemplo os glaciares, ou os locais de neves permanentes. Também a entidade “rápidos” carece de uma caracterização hidráulica mais precisa de forma a identificar, sem ambiguidade, onde se localizam.

Apesar da especificação ser declaradamente de alto nível, o que é descrito como infra-estruturas hidráulicas fica bastante aquém do que em Portugal tem sido considerado para este tipo de infra-estruturas, nomeadamente no âmbito da primeira geração dos planos de bacia hidrográfica, para os quais se elaborou um levantamento exaustivo de todos os tipos de infra-estruturas hidráulicas, sendo o seu registo elaborado num sistema de informação desenvolvido no LNEC e denominado CADINFES (Pinto, 1998). Esta informação encontra-se actualmente integrada no sistema INSAAR9.

A especificação INSPIRE Hydrography cobre elementos hidrográficos nos quais estão incluídas as massas de águas superficiais e as áreas marítimas abrangidas pela delimitação das regiões hidrográficas. No entanto existem diversos elementos hidrográficos que se encontram dispersos pelos diversos temas incluídos na directiva INSPIRE, nomeadamente:

a) No anexo I,

9 Inventário Nacional do Sistemas de Abastecimentos de Água e Águas residuais (http://insaar.inag.pt)

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• Toponímia , que inclui os nomes dos elementos hidrográficos;

• Unidades administrativas , onde estão incluídas as fronteiras administrativas que são definidas por elementos hidrográficos, como as bacias hidrográficas;

• Redes de transporte, onde estão incluídas as águas navegáveis.

b) No anexo II,

• Altitude , onde está incluída a informação referente à elevação terrestre, à batimetria, e à linha costeira;

• Ocupação do solo , onde estão incluídas as zonas húmidas, como os sapais, e a representação de outras massas de água;

• Geologia , onde estão incluídos aspectos de geomorfologia e de hidrogeologia, nomeadamente as massas de água subterrâneas.

c) No anexo III,

• Serviços de utilidade pública e do Estado , que inclui as redes de esgotos e respectivos locais de descarga, e o abastecimento de água;

• Instalações de monitorização do ambiente , onde se incluem as redes de monitorização de recursos hídricos (climatológicas, quantidade, qualidade e sedimentológicas);

• Instalações industriais e de produção , onde se incluem as instalações de captação de água;

• Instalações agrícolas e aquícolas , onde se incluem os sistemas de irrigação e as infra-estruturas de produção aquícolas;

• Zonas de gestão/restrição/regulamentação e unidades de referência, onde estão caracterizadas as regiões hidrográficas e as sub-unidades de gestão hidrográfica, zonas de protecção a nascentes de água potável ou outros locais de captação, zonas sensíveis à poluição por nitratos, vias navegáveis regulamentadas no mar ou em águas interiores de grandes dimensões, e zonas abrangidas pela gestão das zonas costeiras;

• Zonas de risco natural , incluem-se os elementos referentes à caracterização das zonas sujeitas ao risco de inundação;

• Características oceanográficas , que agrupa a informação referente à caracterização física das massas de águas oceânicas, nomeadamente correntes, salinidade, temperatura e altura das ondas;

• Regiões marinhas , onde se agrupam os elementos que definem a delimitação entre mar e terra.

As equipas de especificação da INSPIRE utilizam a tecnologia Enterprise Architect da Sparx Systems para o desenvolvimento dos diagramas de classes UML e para a sua publicação na Internet.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 71

9 AVALIAÇÃO DO ESTADO DAS MASSAS DE ÁGUA

9.1 Considerações gerais

A avaliação do estado das massas de água superficiais e subterrâneas está prevista ser executada nos PGRH com recurso a dados das séries temporais das estações de monitorização, a amostras pontuais das águas sobre os elementos de qualidade, e a dados de caracterização das pressões tópicas e difusas que as influenciam. Dado existirem lacunas e incertezas na informação disponível, e pelo facto de que nem todas as massas de água possuem informação própria no qual se possa basear a aferição do seu estado, revela-se útil poder dispor de uma técnica de extrapolação dos valores de caracterização dos elementos de qualidade para as massas de água sem informação. Neste sentido propõe-se que o MDG suporte técnicas de segmentação dinâmica por referência linear e pontual.

O uso das técnicas de segmentação dinâmica por referênciação linear e pontual das entidades geográficas representadas não está ainda formalizado nas normas ISO, nas especificações do WISE, ou mesmo na INSPIRE Hidrografia (INSPIRE, 2009). No entanto, a INSPIRE Hidrografia, apesar de não detalhar a sua aplicação, recomenda o seu uso. A norma ISO 19148 (location based services – linear referencing system) não atingiu ainda o estado de esboço de norma internacional da ISO (draft international standard) e o documento-guia da implementação dos elementos SIG da DQA não refere qualquer utilização desta técnica.

No âmbito do presente trabalho de análise de requisitos técnicos e funcionais do MDG foi reconhecida a relevância da utilização das técnicas de segmentação dinâmica para o cálculo e apresentação das categorias de valores dos elementos de qualidade, e respectivos estados químico e ecológico das massas de água superficiais, ou de potencial ecológico. De referir que a segmentação dinâmica não se aplica à classificação dos elementos de qualidade respeitantes à avaliação do estado químico e quantitativo das massas de água subterrâneas.

De referir que esta técnica pode ser aplicada à rede hidrográfica através da referenciação do seu código identificador e das métricas das variáveis (parâmetros dos elementos de qualidade) que se desejam apresentar.

9.2 Representação dos elementos de qualidade para a classificação do estado ecológico e químico das massas de água superfíciais por segmentação dinâmica

Com base na LA, para cada tipo de massa de água de superfície serão estabelecidas condições hidromorfológicas, físico-químicas e biológicas específicas que representem os valores desses elementos de qualidade num estado ecológico excelente. A situação de excelência é denominada por situação de referência, sendo que a cada tipo de massa de água superficial corresponde uma situação de excelência.

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Como a actual rede de estações de monitorização ecológica e química não cobre todas as categorias e tipologias de massas de água superficiais, deverá proceder-se, no âmbito da elaboração dos PGBH, à sua extrapolação dos valores das redes de monitorização. Uma das técnicas de processamento de informação para interpolação deste tipo de dados é a segmentação dinâmica por referenciação linear. A Figura 16 apresenta os referenciais métricos para segmentação dinâmica dos cursos de água considerados no exemplo de rede hidrográfica ilustrado. De salientar o facto de que todos os cursos de água apresentarem a coordenada M=010 no seu ponto de descarga.

Figura 16. Referenciais métricos para segmentação dinâmica da rede hidrográfica

O processo de extrapolação dos valores dos parâmetros dos elementos de qualidade pode executar-se sobre a representação da rede hidrográfica e a partir dos dados registados nas tabelas de eventos lineares, onde deverão estar consideradas as métricas de presença de determinado valor dos elementos de qualidade com a devida referência a cada uma das massas de água em que tal valor é válido.

A Figura 17 representa as “linhas” de propagação dos valores dos elementos de qualidade ao longo de duas massas de água superficiais. Cada uma das “linhas” segmentadas dinamicamente representa um parâmetro dos elementos de qualidade utilizados para aferir do estado das massas de água.

10 A coordenada M=0 refere-se a uma coordenada de referenciação geográfica indirecta, dado que se refere à entidade geográfica de referência (neste caso uma massa de água Rio).

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Figura 17. Representação das influências dos parâmetros dos elementos de qualidade sobre as massas de água superficiais (exemplo extraído de Charneca, 2010).

9.3 Avaliação das pressões por segmentação dinâmica

A avaliação das pressões tópicas e difusas pode executar-se com a mesma metodologia de segmentação dinâmica, sendo que, para estas, se pode considerar os pontos de descarga no meio hídrico ou no solo. A Figura 17 exemplifica a presença de unidades industriais e os respectivos locais de descarga (simbolizados a verde). A partir destes locais de descarga são calculados e extrapolados os diferentes parâmetros de qualidade, que posteriormente deverão servir para o cálculo global do estado da massa de água.

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10 CONSISTÊNCIA E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS DADOS GEOGRÁFICOS

Um dos requisitos para gerir correctamente informação geográfica armazenada numa base de dados é a necessidade de verificar a não existência de redundância nos seus registos e a coerência da sua localização em relação à representação de outros tipos de entidades geográficas. Neste sentido interessa realçar as regras de consistência lógica e topológica aplicáveis. As secções seguintes abordam os vários aspectos a ter em conta.

10.1 Completude

Terá que ser garantido que apenas as classes de entidades geográficas consideradas no MDG implementado constam dos conjuntos de dados geográficos presentes na base de dados geográficos estruturada de acordo com o MDG a desenvolver.

10.2 Consistência lógica

A consistência lógica compreende os critérios aplicáveis às massas de água subterrâneas e superficiais. Às massas de água subterrâneas aplicam-se os seguintes critérios de consistência lógica:

• Cada massa de água subterrânea pode apenas pertencer a uma única região hidrográfica, mesmo que se encontrem parcialmente fora desta;

• As estações de monitorização das águas subterrâneas devem estar contidas no interior do perímetro limítrofe das massas de água subterrânea monitorizadas.

Às massas de água superficiais devem aplicar-se os seguintes critérios de consistência lógica:

• Cada massa de água superficial pode apenas estar relacionado com uma única região hidrográfica;

• Uma estação de monitorização deve, pelo menos, estar afecta a uma massa de água. Tal critério exclui, das redes de estações de monitorização, as estações meteorológicas ou udométricas;

• Uma região hidrográfica deve ter pelo menos uma sub-unidade de gestão. Para os EM que não reportam sub-unidades de gestão, assume-se a região hidrográfica como a sub-unidade.

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10.3 Consistência topológica

No âmbito da implementação de um MDG é importante garantir que, além das associações entre classes declaradas no esquema de aplicação, que actuam como garantia parcial da consistência, sejam também consideradas e implementadas regras topológicas. A implementação destas regras ajudará a manter a coerência e consistência dos dados geográficos, bem como a assistir em potenciais tarefas de edição.

Neste contexto, interessa garantir que exista um número finito de possibilidades de relacionamento topológico. Considera-se como base teórica aplicável, a descrição das relações entre objectos do tipo pontual, linear e aureolar, em que se aplica uma matriz de nove elementos (Jen, 1994 in Matos, 2008). De acordo com este modelo existem seis tipos de relacionamento entre objectos:

• Ponto - ponto;

• Ponto - linha;

• Ponto - polígono;

• Linha - linha;

• Linha - polígono;

• Polígono - polígono.

Transportando estes conceitos para o caso específico do MDG a desenvolver, devem ser identificadas as regras topológicas devidas. Os critérios topológicos aplicáveis a massas de águas superficiais são os seguintes:

• Massas de água rios, lagos, transição e costeiras não se podem sobrepor;

• Rios não se podem interseptar nem auto-interseptar;

• Todas as massas de água superficiais deverão estar cobertas por regiões hidrográficas, e consequentemente, caso existam, por sub-unidades de gestão;

• O ponto de descarga de uma rede hidrográfica deve estar sobre o limite interior das massas de água costeiras;

• As representações das massas de água costeiras devem ser perfeitamente adjacentes entre si, e devem ser igualmente adjacentes à representação de massas de água de transição, às fronteiras nacionais, ou à representação das regiões hidrográficas;

• A delimitação das regiões hidrográficas deve sobrepor-se totalmente aos limites administrativos do país;

• As regiões hidrográficas devem conter pelo menos um rio;

• As massas de água costeiras não devem ter uma largura superior a uma milha náutica para lá da linha de base costeira.

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A declaração de relações topológicas entre tipos de entidades geográficas tem efeitos na edição das suas instâncias (e.g. entidades geográficas) relacionadas. As regras topológicas declaradas aplicar-se-ão, neste projecto, aos tipos de entidades geográficas que participam na rede geométrica declarada no MDG. Os tipos de entidades utilizados na rede geométrica possuem uma topologia “implícita”, o que garantirá a conectividade entre os arcos e os nós da rede. Em termos de qualidade dos dados, é garantida uma distância máxima entre os nós e os arcos que os ligam. A Figura 18 exemplifica os casos de ligação entre os arcos e nós da rede, de acordo com uma distância máxima estabelecida para correção geométrica automática:

a) Os segmentos a utilizar na construção da rede encontram-se fora do limite máximo admissível para ligação ao nó;

b) Parte dos segmentos participantes na rede estão fora do limite embora devidamente alinhados com o nó de ligação;

c) A situação ideal de conectividade é a ligação pré-existente entre os segmentos e os nós de ligação;

d) Os segmentos a incorporar na rede, apesar de não se encontrarem ligados ao nó, podem ser automaticamente corrigidos por se encontrarem dentro do limite máximo de proximidade.

A)

B)

C)

D)

Figura 18. Hipóteses de estruturas de nós e segmentos a integrar numa rede geográfica.

Todos os nós e arcos que participam na construção de uma rede deverão encontrar-se numa situação tal que possam ser automaticamente corrigidos a fim de formarem uma rede topologicamente correcta.

A existência de uma rede geométrica é fundamental para diversos aspectos da modelação matemática do sistema hidrológico (p.e. qualidade da água, cálculo de inundações, cálculo de escoamentos, etc.) baseada num relacionamento topológico das entidades representadas.

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10.4 Execução da rede hidrográfica

A representação do fluxo do escoamento com recurso a uma rede geométrica tem uma utilidade inegável na caracterização de um sistema hidrológico, dado que possibilita um conjunto de análises espaciais específicas que não seriam possíveis sem este tipo de representação geográfica. Neste sentido, propõe-se incluir no MDG um conjunto de classes, que, utilizando um modelo geográfico vectorial topológico, viabilizem este tipo de representação geográfica. Deve salientar-se que sendo os arcos e nós os principais elementos de uma rede geométrica, estes devem possuir consistência topológica entre si, de forma a ser garantida a construção de uma rede geométrica consistente e coerente.

A implementação de uma rede geométrica representativa da rede hidrográfica apresenta as seguintes vantagens:

• constitui um procedimento para assegurar a integridade e a coerência dos dados;

• constitui uma ferramenta para modelar o escoamento caracterizando as várias formas em que ocorre, permitindo inquirir e visualizar o escoamento para montante ou jusante;

• possibilita estabelecer as direcções de escoamento, e com este procedimento aferir sobre o percurso de poluentes e a sua capacidade de diluição;

• permite conhecer todos os objectos que se relacionam com a rede geométrica, quer seja por via da análise espacial, quer por via de interrogação alfanumérica;

• é uma alternativa ao uso de regras topológicas e associações alfanuméricas.

A proposta de modelação de dados que suporte a implementação de uma rede geométrica, representativa do fluxo de escoamento no sistema, não deverá possuir qualquer restrição ao nível do detalhe espacial da rede hidrográfica, pela razão de que, entre bacias hidrográficas, regiões hidrográficas, ou mesmo entre países, pode haver uma diferença significativa no nível do detalhe da representação.

10.4.1 Representação da rede hidrográfica no interior de massas de água

As diversas categorias de massas de água possuirão diferentes representações geográficas vectoriais, nomeadamente linhas e polígonos. As massas de água Rios serão representadas por linhas, enquanto que as massas de água Lagos, de Transição e Costeiras, serão, à partida, representadas por polígonos. De forma a manter a coerência da sua representação e a consistência da sua natureza, é importante que se implementem regras de representação da rede hidrográfica quando esta se sobrepõe às diversas categorias de massas de água superficiais.

No caso dos estuários, e dados os critérios de representação das massas de água das categorias Rios, Lagos e de Transição, a sua delimitação sobrepõe-se, tal como ilustra a Figura 19. No entanto, em rigor, a representação da massa de água Rios não deverá acontecer no interior de massas de água das categorias lagos, transição e costeiras. O que

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se visualiza na Figura 19 são os arcos da rede geométrica representativa da rede hidrográfica. A existência da representação da rede hidrográfica deverá servir apenas propósitos de coerência de representação e de suporte à análise espacial em rede, pelo que não deverá ser usada para o registo do estado químico, ecológico ou de potencial ecológico das massas de água superficiais. As classificações de estado das massas de água são propriedades próprias dessas massas de água, e portanto deverão ser registadas como tal, e não afectas à representação da rede hidrográfica.

Figura 19. Exemplo de sobreposição da representação de duas massas de água.

Dado que cada massa de água necessita de ser classificada individualmente quanto ao seu estado, a classificação da massa de água em duas classes distintas (MA e rede hidográfica) resultaria em duplicação de informação. Para impedir registos duplicados para este caso, os arcos da rede hidrográfica deverão assim assumir o subtipo Ficticio quando se encontram sobre MA lagos ou de transição. Desta forma a linha pode continuar a ser utilizada na análise das redes geométricas, sem no entanto ser registada como massa de água da categoria Rios.

Para o caso da representação da rede hidrográfica sobre as MA de transição, a representação da massa de água Rio, classificada enquanto tal, deve finalizar no ponto de afluência da massa de água de transição, tal como ilustra a Figura 20. Tal implica que, na representação da rede hidrográfica, o ponto de afluência constitua um nó da rede a partir do qual o arco seguinte (no sentido de escoamento) se altera para o subtipo Ficticio.

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Figura 20. Exemplo de representação da rede hidrográfica sobre massas de água Rios e de Transição.

O mesmo acontece com a representação de uma linha de concentração de escoamento no interior da representação de uma albufeira (categoria Lagos, fortemente modificadas), como ilustra a Figura 21.

Figura 21. Representação da linha de concentração de escoamento numa massa de água.

Existem ainda casos em que as massas de água ocorrem na fronteira entre Estados, ou definem essa fronteira. Por questões de harmonização de dados, se a massa de água atravessar a fronteira, deverá ser definido um nó comum (acordado entre EM). Se a massa de água for representada com recurso a um polígono, deverá o seu perímetro ser harmonisado entre os EM.

Com a finalidade de criar uma rede geométrica contínua, é necessário que a linha central de escoamento (linha de talvegue aproximada, representada pelo arco da rede geométrica) seja representada mesmo quando esta se sobrepõe à representação de uma massa de água fortemente modificada (como as albufeiras), ou quando é representada uma massa de água de transição.

Sentido do escoamento

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Figura 22. Representação da rede geométrica de escoamento sobre uma massa de água fortemente modificada.

No caso da representação da rede hidrográfica sobre as MA de transição, além do facto de existirem delimitações de massas de água de transição que incluem uma parte substancial do sistema fluvial, a representação da rede hidrográfica deve existir até que encontre o limite interior das MA costeiras.

Para os casos em que existem vários cursos de água a iniciar e a finalizar no limite de uma massa de água superficial (e.g. fortemente modificada, ou transição) a representação geométrica far-se-á como ilustra a Figura 23. No interior da massa de água deverá ser garantida uma continuidade e conectividade da rede, implicando assim que os arcos e os nós dessa rede sejam sobrepostos no espaço geográfico ocupado pela representação de uma massa de água descrita por um polígono.

Figura 23. Rede geométrica de escoamento inferida no interior de uma massa de água.

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10.4.2 Representação de entidades geográficas com dependência dos limites do leito

A representação da delimitação das margens dos cursos de água definem-se de acordo com a natureza da massa de água no que respeita às condições de navegabilidade e/ou flutuabilidade, e considerando os limites do curso natural. Os limites do domínio público hídrico (DPH) são calculados a partir das linhas de limite do leito da massa de água, tendo em conta as especificidades para as várias condições de delimitação do DPH (DGOTDU, 2005).

Assim, para a condição em que a massa de água é navegável e/ou flutuável, podem delimitar-se o leito e as linhas de representação do escoamento (linha aproximada do talvegue), de acordo com as opções referidas como aceitáveis na Figura 24.

Erro de representação . A linha central é representada fora da área correspondente aos limites do leito da massa de água

Aceitável . A linha central é representada dentro da área correspondente à massa de água.

Aceitável . A linha central é representada dentro da área correspondente à massa de água

Não aceitável . A linha central é representada dentro da área correspondente à massa de água embora não representando correctamente a sua forma

Não aceitável . A linha central é representada fora da área correspondente à massa de água

Figura 24. Exemplos de representação da linha central do escoamento no interior da representação das massas de água superficiais.

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11 PRODUÇÃO CARTOGRÁFICA

O anexo I do Guia metodológico, referente à identificação e definição das bases cartográficas a considerar na elaboração do PGRH-Centro, lista, agrupados em 18 classes, cerca de 130 mapas a produzir para cada um dos PGBH. Dado que o MDG a desenvolver tem como objectivo o suporte à produção cartográfica, foi considerado essencial analisar o referido anexo.

Por razões de operacionalidade e facilidade de utilização opta-se por excluir do desenho do MDG a informação geográfica proveniente de séries cartográficas nacionais como: a série cartográfica nacional (1:10 000), a série M888 do instituto geográfico do exército; a carta CORINE Land Cover, entre outras. Este tipo de informação de base pode estar incluída na produção cartográfica sem que seja necessário constar da respectiva base de dados geográficos estruturada de acordo com o MDG a implementar. Isto é, são maiores as desvantagens de desenvolver um MDG que tenha em consideração toda a informação de base, do que as vantagens operacionais e de facilidade de interpretação de não a incluir.

A informação geográfica referente à análise de perigos e riscos será desenhada após as reuniões técnicas sectoriais a desenvolver com as equipas que elaborarão os PGBH, sendo que alguma desta informação pode vir a ser representada matricialmente. A informação climatológica é também exemplo deste potencial tipo de representação geográfica.

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12 SIMBOLOGIA

Dado que não existem quaisquer documentos públicos oficiais, a nível nacional, que definam a simbologia da produção cartográfica dos PGBH, propõe-se neste capítulo as cores e simbologia a adoptar. Propõe-se que a apresentação dos elementos geográficos a considerar no MDG sejam definidos com base nos critérios estabelecidos na legislação portuguesa, no WISE e na directiva INSPIRE-Hidrografia. Dado que o documento-guia do relato de informação no âmbito da DQA (European Commission, 2009b), não estabelece directamente um sistema de cores e simbologia, optou-se por considerar as propostas da INSPIRE-Hidrografia, em conjunto com o estabelecido legalmente sobre a simbologia a aplicar à apresentação das classes de estado das massas de água definido no Decreto-Lei 77/2006, de 30 de Março.

As cores a utilizar na simbologia foram estabelecidas com recurso aos sistemas de codificação da mistura cromática RGB, sem efeitos sombreados. Dado que alguns SIG não aplicam directamente o sistema de codificação hexadecimal de cores (de base 16), como é o caso da tecnologia adoptada pela ARH do Centro, optou-se por fazer a sua correspondência com o sistema de codificação de base 10. No Quadro 19 apresentam-se os códigos de cor no sistema de codificação de base 10 e 16, e a cor correspondente a tais códigos.

Cor Códigos de cores Cor Códigos de cores

Base 10: #204 255 255 Base 16: #CCFFFF

Base 10: #00 00 00 Base 16: #000000

Base 10: #51 255 255 Base 16: #33FFFF

Base 10: #102 102 102 Base 16: #666666

Base 10: #51 204 255 Base 16: #33CCFF

Base 10: #153 153 153 Base 16: #999999

Base 10: #00 204 204 Base 16: #00CCCC

Base 10: #204 204 204 Base 16: #CCCCCC

Base 10: #00 102 255 Base 16: #0066FF

Base 10: #255 204 204 Base 16: #FFCCCC

Base 10: #51 51 204 Base 16: #3333CC

Base 10: #204 00 153 Base 16: #CC0099

Base 10: #255 255 204 Base 16: #FFFFCC

Base 10: #255 153 00 Base 16: #FF9900

Base 10: #255 255 255 Base 16: #FFFFFF

Base 10: #00 204 51 Base 16: #00CC33

Base 10: #255 204 00 Base 16: #FFCC00

Base 10: #255 00 00 Base 16: #FF0000

Quadro 19. Cores e respectivos códigos numéricos de base 10 e 16 de misturas cromáticas RGB a utilizar na simbologia a definir.

O Decreto-Lei 77/2006 estabelece, no seu anexo VI sobre a monitorização das águas superficiais, os nomes das cores a utilizar para representar as classificações de: estado ecológico, potencial ecológico, e estado químico das massas de água superficiais. De salientar que as descrições de cor e simbologia, no referido diploma legal, não são suficientes para definar em rigor a sua adequada composição. Tal facto devesse sobretudo à omissão de certos detalhes técnicos como os códigos de cores (e.g. RGB de base 10 ou

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16), ou ainda à disposição geométrica dos elementos de simbologia (e.g. horizontalidade ou verticalidade).

As cores atribuídas à simbologia da classificação do estado ecológico, no diploma legal citado, estão referidas no Quadro 20.

Classificação do estado ecológico Cores

Excelente Azul Bom Verde Razoável Amarelo Medíocre Laranja Mau Vermelho

Quadro 20. Cores de apresentação do estado ecológico.

As cores atribuídas à simbologia da classificação do potencial ecológico estão referidas no Quadro 21.

Classificação do potencial ecológico

Massas de água artificiais Massas de água fortemente modificadas

Bom e superior Riscas verdes e cinzento-claras da mesma largura

Riscas verdes e cinzento-escuras da mesma largura

Razoável Riscas amarelas e cinzento-claras da mesma largura

Riscas amarelas e cinzento-escuras da mesma largura

Medíocre Riscas laranja e cinzento-claras da mesma largura

Riscas laranja e cinzento-escuras da mesma largura

Mau Riscas vermelhas e cinzento-claras da mesma largura

Riscas vermelhas e cinzento-escuras da mesma largura

Quadro 21. Cores de apresentação do potencial ecológico.

A classificação do estado químico deverá ser referenciada com as cores apresentadas no Quadro 22.

Classificação do estado químico Cores

Bom Azul Insuficiente Vermelho

Quadro 22. Cores de apresentação do estado químico.

Prevê-se que a simbologia venha a ser disponibilizada através de um ESRI Style Set File,

por forma a ser facilmente incorporada nas aplicações SIG sugeridas no guia metodológico.

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13 ANÁLISE FUNCIONAL DO GESTOR ELECTRÓNICO DE PROCESSOS

O Gestor Electrónico de Processos (GEP) é o sistema de informação que a ARH-Centro possui para a gestão dos títulos de utilização dos recursos hídricos. Este sistema, actualmente em remodelação, deverá vir a suportar mecanismos de suporte à decisão georreferenciados, especificos para cada tipologia de processo de licenciamento.

Prevê-se que uma base de dados geográficos centralizada, estruturada de acordo com o MDG a desenvolver, venha a suportar os mecanismos de análise espacial dos títulos geridos pela ARH- Centro, no que respeita à informação sobre o seu domínio de jurisdição.

A informação geográfica considerada de base ou temática, de que é exemplo a ocupação do solo, limites administrativos, geologia, rede viária ou ferroviária, não estará contemplada no MDG. No entanto, integrará, mediante as necessidades de cada tipologia de processo, os processos de análise pericial de atribuição dos títulos de utilização de recursos hídricos.

Parte-se do pressuposto que a gestão de títulos gera também a edição de variados tipos de entidades geográficas, nomeadamente: descargas superficiais ou subterrâneas, infra-estruturas hidráulicas, captações de águas superficiais ou subterrâneas, ou mesmo construções no domínio público hídrico. Os ciclos de vida das entidades geográficas originadas por processos no GEP serão geridos a partir do próprio GEP com base em WebServices. Considera-se que as acções de gestão de informação respeitantes à criação, actualização, ou eliminação serão sempre ordenadas pelo GEP.

Serão consideradas no desenvolvimento do MDG as tipologias de processos que constam do Error! Reference source not found. . Alguns dos processos referidos podem não ter uma expressão directa no desenvolvimento do MDG.

Unidade Orgânica Sigla Descrição PRES CRH Conselho R.H. Centro PRES PAI Auditorias e inspecções PRES PRC Convites institucionais PRES PRE Currículos e pedidos de emprego PRES PRG Assuntos Gerais PRES PRI Colaboração institucional PRES PRO Requerimentos/ comunicações de órgãos de soberania PRES PRP Protocolos e Contratos-programa PRES PRR Ria de Aveiro PRES PRS Comunicação social FRH FAP Financeiro – Aprovisionamento FRH FAR Financeiro – Arrematações FRH FCA Financeiro – Contingente Automóvel FRH FCT Financeiro. – Contabilidade FRH FGR Financeiro – Assuntos Gerais FRH FIV Financeiro – Inventário FRH FOC Financeiro – Orçamento FRH FPD Financeiro – Proj. PIDDAC FRH FPT Financeiro – Património FRH FTS Financeiro – Tesouraria FRH RAD Rec. Humanos - ADSE

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Unidade Orgânica Sigla Descrição FRH RAP Rec. Humanos – Assiduidade FRH RAV Rec. Humanos – Abonos vários FRH RCI Rec. Humanos – Cont. Ind. Trabalho FRH RCP Rec. Humanos – Conc. Pessoal FRH RFL Rec. Humanos – Férias, Faltas e Licenças FRH RFO Rec. Humanos – Formação FRH RHG Rec. Humanos – Geral Pessoal FRH RPA Rec. Humanos – Aposentação FRH RRP Rec. Humanos – Rec. Partilhados FRH RRR Rec. Humanos – Ver, e recup. Vencimento perdido FRH RSI Rec. Humanos – SIADAP JUR JCN Jurídico – Contencioso

JUR JCT Processos de contra-ordenação, fase administrativa e jurídica

JUR JGR Assuntos gerais; análise e estudos legislativos; recursos hierárquicos

JUR JNC Preparação e análise de contratos-programa, protocolos JUR JOA Outros Autos JUR JPA Processos Antigos JUR JPD Jurídico – Proc. Disciplinares, Inquéritos e similares JUR JPG Jurídico – Proced. Graciosos JUR JRC Jurídico – Reclamação PIC PAE Avaliação Ambiental Estratégica PIC PAP Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas PIC PEH Estudos Hidrogeológicos PIC PEI Estudos de Impacte Ambiental PIC PES Educação Ambiental e Sensibilização para Uso Água PIC PET Planos de Ordenamento de Estuários PIC PFR Formação técnica e qualificação dos recursos humanos PIC PGA Planos Específicos de Gestão das Águas PIC PGB Planos de Gestão de Bacia Hidrográfica PIC PGR Planeamento - Assuntos Gerais PIC PIF Informática PIC PIG Pedidos de Informação

PIC POA Planos de Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas

PIC POC Planos de Ordenamento da Orla Costeira PIC POT Planos Regionais e Municipais de Ord. Território PIC PSI Sistemas de Informação PIC PVT Viaturas MLB MED Envio de dados de Monitorização MLB MHD Hidrometria MLB MLA Laboratório - Acreditação MLB MLC Laboratório - Fornecedores/clientes MLB MLE Laboratório – Captações MLB MLF Laboratório – Fiscalizações MLB MLP Laboratório - Águas balneares LFI IAS Águas subterrâneas LFI IES Empresa de sondagens LFI IFI Fiscalização LFI IGR Interior - Assuntos Gerais

LFI IHA Agro-alimentares (lacticínios, lagares matadouros, transformação de peixe e carne, vinicultura)

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Unidade Orgânica Sigla Descrição LFI IHC Actividades comerciais

LFI IHD Cap. gerais, limpeza, biogenética, marinhas, navegação, flutuação, sementeira, plantação e corte

LFI IHE Construções, infra-estruturas LFI IHI Outras industrias (químicas,…)

LFI IHP Pecuária (ovil, capril, ovinicultura suinicultura, avicultura, bovinicultora)

LFI IHS Uso humano (Redes, ETA, ETAR, captações, descargas)

LFI ING Núcleo de Guarda LFI INL Núcleo de Leiria LFI INV Núcleo de Viseu LFI IRS Regularizações de águas subterrâneas RQI IAU Associação de utilizadores RQI IDP Delimitação do domínio público RQI IHH Hidroeléctricas RQI IIH Segurança de infra-estruturas hidráulicas RQI IIL TESTES

RQI IIN Intervenções na rede hidrográfica (c/ extracção de inertes)

RQI IIR Intervenções na rede hidrográfica RQI IRH Gestão da rede hidrográfica LFL LAP Apoios/Equipamentos de Praia LFL LAQ Aquacultura, culturas biogenéticas, pisciculturas LFL LBA Bandeira Azul e bandeira de P. Acessível

LFL LDM Licenciamento de Ocupações em Domínio Publico Marítimo

LFL LDV Descargas Mar-Estuários, captações Superficiais LFL LFI Fiscalização do Litoral LFL LGR Litoral - Assuntos Gerais LFL LPE Planos e Estudos LFL LSL Salinas, moirões e trapiches LFL LXA Xávegas RQL LDP Delimitação do domínio Publico Marítimo RQL LOU Outros assuntos do litoral RQL LPO Intervenções - Obras Litoral RQL LRE Riscos e emergências

Quadro 23. Universo da tipologia de processos administrativos considerados no GEP

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14 ENQUADRAMENTO DOS TEMAS GEOGRÁFICOS RELATIVOS AO CADASTRO DAS INFRA-ESTRUTURAS E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Com o objectivo de harmonizar os conceitos a considerar no desenvolvimento do MDG, foi executado um trabalho de enquadramento temático e semântico preliminar dos temas geográficos relativos ao cadastro das infra-estruturas e utilização de recursos hídricos. No âmbito da elaboração do SIG-ARHCentro, a execução deste cadastro é da responsabilidade da ARH do Centro. Foram considerados os seguintes temas geográficos:

• Pontos de água e captações; • Reservatórios; • Estações elevatórias; • Estações de tratamento de água; • Pontos de cloragem/correcção de agressividade de água para abastecimento; • Rede de adução e distribuição de água; • Rede de rega; • Instalações de tratamento preliminar de águas residuais; • Rede de drenagem de águas residuais; • Pontos de descarga / pontos de rejeição; • Estações de tratamento de águas residuais; • Fossas sépticas colectivas; • Aterros e lixeiras; • Barragens; • Mini-hídricas; • Açudes; • Canais/túneis/galerias ou condutas; • Pontes; • Extracção de inertes fluviais e marinhos; • Unidades industriais; • Unidades agro-industriais; • Empreendimentos turísticos; • Explorações agrícolas e pecuárias; unidades de aquacultura; • Unidades de piscicultura; • Infra-estruturas e equipamentos de apoio à pesca tradicional; • Apoios temporários e ocupações de praia; • Outras licenças e concessões de utilização de recursos hídricos.

Neste exercício de enquadramento foi salientada a importância de dispor dos metadados destes temas geográficos, por forma a realizar um enquadramento definitivo destes, ou de outros temas geográficos a considerar na execução deste cadastro.

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15 DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE DADOS GEOGRÁFICOS

15.1 Universo do discurso

A descrição do universo de discurso deverá assumir o formato de um documento de texto informal onde é descrito, com base em linguagem corrente, o universo de aplicação dos conceitos que se irão modelar. Trata-se de uma descrição não formal do sistema que se pretende descrever posteriormente através da representações e apresentações dos elementos que o constituem, e da área técnico-científica a que se aplica essa descrição.

O universo de discurso é assim entendido como uma parte de um sistema do mundo real que se pretende ver descrito através do modelo de dados geográficos. O universo de discurso pode incluir não só tipos de entidades geográfica (INSPIRE: spatial data types) como massas de água, estações de monitorização ou bacias hidrográficas, mas também os seus atributos, operações, e associações entre os objectos geográficos. O universo de discurso é formalmente descrito através de um modelo conceptual, também frequentemente denominado esquema conceptual.

A modelação de dados geográficos tem origem na definição dos conceitos subjacentes ao domínio técnico-científico a que se aplica. A definição de conceitos a que se aplica o trabalho surgiu das seguintes fontes:

1. Análise de legislação europeia e nacional aplicável;

2. Definição utilizada em instrumentos de gestão territorial, como os PGBH;

3. Termos e conceitos preconizados pelas autoridades competentes a nível regional, nacional e europeu;

4. Definições o mais unânime e universalmente aceites pela comunidade científica.

O MDG a desenvolver destina-se a caracterizar os elementos físicos e abstractos correspondentes à localização e descrição das massas de água superficiais (rios, lagos, transição e costeiras) e subterrâneas, no que respeita aos seus aspectos de qualidade química e ecológica, bem como aos elementos que, não representando as massas de água em si, contribuem de forma directa ou indirecta para o estado das mesmas no âmbito do que está definido na DQA e na LA. Integram esta especificação os tipos de objectos que caracterizam as pressões antropogénicas a que estão sujeitas as várias categorias e tipologias de massas de água, bem como os programas de monitorização que visam aferir o seu impacto e os programas de medidas que visam mitigar o seu efeito, nomeadamente tendo em consideração as várias tipologias de poluentes, tais como as substâncias perigosas e prioritárias. São consideradas as zonas denominadas como zonas protegidas no enquadramento legal interno aplicável ao planeamento e gestão de recursos hídricos, bem como as áreas classificadas como áreas protegidas para a conservação da natureza e biodiversidade. Resultante de uma visão multidisciplinar e integrada são considerados aspectos próprios de outras directivas relacionadas com a DQA, tais como a Directiva Aves, Directiva Habitats, ou a Directiva de Avaliação e Gestão do Risco de Inundação. É proporcionada também a caracterização de diversos tipos de infra-estruturas que possam influenciar a qualidade ecológica e química das massas de água.

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15.2 Proposta de conceitos a modelar (modelo conceptual de dados)

O modelo conceptual de dados, também denominado por esquema conceptual, consiste numa descrição formal do universo de discurso. Para esta descrição é normalmente utilizada uma linguagem conceptual esquemática, que consiste numa linguagem interpretável tanto por humanos como por máquinas, que dispõe dos elementos linguísticos necessários à descrição e manipulação do conteúdo de um modelo conceptual. A linguagem conceptual esquemática é baseada num formalismo conceptual, fornecendo este as regras, restrições, funções, processos e outros elementos que constituem, no seu todo, esse mesmo formalismo. Os elementos linguísticos são utilizados para criar modelos conceptuais que descrevem um dado sistema de informação. O formalismo conceptual fornece a base para descrever formalmente todo o conhecimento considerado relevante para uma aplicação de tecnologia de informação (INSPIRE, 2008 – D 2.5). Na especificação de informação geográfica proposta optou-se por adoptar a UML como a linguagem conceptual esquemática a utilizar.

A descrição do modelo conceptual presente na norma ISO 19101 é idêntica à adoptada na Directiva INSPIRE.

O modelo conceptual deve incluir todos os termos e conceitos (não apenas os respeitantes aos elementos geográficos) e as suas propriedades (atributos), operações, associações e restrições. Nesta fase do processo de modelação é dada ênfase ao entendimento comum dos conceitos (entidades) envolvidos. O modelo conceptual não deverá preocupar-se com as questões de detalhe técnico de implementação ou partilha dessa informação.

As principais características que se podem apontar ao modelo conceptual desenvolvido no que respeita aos seus objectivos são as seguintes:

• Precisão geométrica, com cobertura homogénea e compreensível; • Exequibilidade de implementação de regras topológicas; • Faseamento do processo de modelação considerando os requisitos de mapeamento,

relato, legais internos, e de modelação e análise espacial; • Exequível com os CDG existentes.

No que respeita às soluções de desenho: • Adopção de um intervalo de escalas de representação entre 1/5 000 a 1/250 000; • Baseado em “unidades funcionais”: bacia de drenagem funcional elementar e massa

de água; • Ter em consideração sistemas como o WISE, CCM, e ERM.

Normalmente, com vista a facilitar a compreensão, não são representados no modelo conceptual a lista de atributos exaustiva, os seus tipos ou a multiplicidade das associações. Neste sentido este tipo de modelos contribui para partilhar uma visão dos conceitos em causa, permitindo partilhar com a equipa envolvida essa perspectiva. No modelo conceptual é comum denominar as classes definidas como “business entity”.

O conceito de proximidade geo-semântica dos conceitos a modelar implica uma descrição e definição o mais rigorosa possível para a construção de um modelo conceptual do universo do discurso, dado que fenómenos do mundo real supostamente distintos apresentam,

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 91

semântica e geograficamente, uma relativa proximidade. São exemplos deste tipo de fenómenos geográficos os designados por: “albufeira”, “massa de água fortemente modificada” e “Lago”.

O modelo conceptual é descrito utilizando uma linguagem conceptual esquemática como o UML e/ou uma linguagem natural. Denomina-se assim um esquema conceptual como a descrição formal de um modelo conceptual (ISO 19101). A ISO 19107 contém uma descrição formal dos conceitos geométricos e topológicos utilizando um esquema conceptual declarado em UML, e representa assim um exemplo de aplicação do conceito de modelo conceptual.

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16 CONCLUSÕES

Este relatório apresenta a análise de requisitos para o desenvolvimento do modelo de dados geográficos (MDG) para as bases geográficas de referência e temáticas, de caracterização da rede hidrográfica, e das massas de água superficiais e subterrâneas nas áreas sob jurisdição da ARH do Centro, I.P.

Esta análise foi elaborada maioritariamente com base no Guia metodológico para o plano de gestão das regiões hidrográficas do Centro, mas teve também em conta a legislação nacional e europeia relevante, incluindo as especificações do WISE e da Directiva Inspire.

A análise de requisitos apresentada incluiu ainda um conjunto de propostas relativas 1) à validação da qualidade dos dados geográficos a incluir no MDG, 2) à simbologia a adoptar na produção cartográfica dos PGBH e 3) a uma metodologia de suporte da avaliação do estado das massas de água utilizando conceitos de segmentação dinâmica.

Após a definição dos requisitos para o modelo de dados geográficos, seguir-se-ão as fases de modelação conceptual, onde são definidos os termos e conceitos a considerar na representação computacional do universo de discurso, a modelação lógica, que define, por meio de diagramas de classe UML, a forma de representação e caracterização dos conceitos definidos no esquema conceptual e a modelação física, a qual é materializada na estrutura de dados geográficos implementada num sistema de gestão de bases de dados.

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LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 97

ANEXO I – CONCEITOS A MODELAR NO MDG

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Anexo I – Conceitos a modelar no MDG

Apresentam-se os conceitos para os quais se sugere que haja uma representação explícita

no MDG:

Água - compreende, nas vertentes da qualidade e da quantidade, as massas de águas

subterrâneas e as massas de águas superficiais nas suas diferentes categorias - rios, lagos,

águas costeiras, águas de transição e massas de águas artificiais ou fortemente

modificadas, em conformidade com as definições constantes na Lei da Água e diplomas

complementares respectivos.

Águas costeiras - as águas superficiais situadas entre terra e uma linha cujos pontos se

encontram a uma distância de 1 milha náutica, na direcção do mar, a partir do ponto mais

próximo da linha de base a partir da qual é medida a delimitação das águas territoriais,

estendendo-se, quando aplicável, até ao limite exterior das águas de transição.

Águas de transição - as águas superficiais na proximidade da foz dos rios, parcialmente

salgadas em resultado da proximidade de águas costeiras mas que são também

significativamente influenciadas por cursos de água doce.

Águas interiores - todas as águas superficiais lênticas ou lóticas (correntes) e todas as

águas subterrâneas que se encontram do lado terrestre da linha de base a partir da qual são

marcadas as águas territoriais.

Águas residuais domésticas — águas residuais de instalações residenciais e serviços,

essencialmente provenientes do metabolismo humano e de actividades domésticas.

Águas residuais industriais — todas as águas residuais provenientes de qualquer tipo de

actividade que não possam ser classificadas como águas residuais domésticas nem sejam

águas pluviais.

Águas residuais urbanas — águas residuais domésticas ou a mistura destas com águas

residuais industriais ou com águas pluviais.

Águas subterrâneas - todas as águas que se encontram abaixo da superfície do solo, na

zona saturada, e em contacto directo com o solo ou com o subsolo.

Águas superficiais - as águas interiores, com excepção das águas subterrâneas, águas de

transição, águas costeiras, incluindo-se nesta categoria, no que se refere ao estado químico,

as águas territoriais.

100 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

Aquífero - uma ou mais camadas subterrâneas de rocha ou outros estratos geológicos

suficientemente porosos e permeáveis para permitirem um escoamento significativo de

águas subterrâneas ou a captação de quantidades significativas de águas subterrâneas.

Áreas classificadas - as áreas definidas e delimitadas cartograficamente do território

nacional e das águas sob jurisdição nacional que, em função da sua relevância para a

conservação da natureza e da biodiversidade, são objecto de regulamentação específica.

Bacia hidrográfica - a área terrestre a partir da qual todas as águas fluem para o mar,

através de uma sequência de rios, ribeiros ou eventualmente lagos, desaguando numa

única foz, estuário ou delta.

Bom estado das águas de superfície - o estado em que se encontra uma massa de água

de superfície quando os seus estados ecológico e químico são considerados, pelo menos,

"bons".

Bom estado ecológico - o estado alcançado por uma massa de água de superfície,

classificada como bom nos termos do Anexo V da Directiva Quadro da Água.

Bom estado químico das águas de superfície - o estado químico necessário para

alcançar os objectivos ambientais para as águas de superfície fixados na alínea a) do nº1 do

artigo 4º (Directiva Quadro da Água), ou seja, o estado químico alcançado por uma massa

de águas de superfície em que as concentrações de poluentes não ultrapassam as normas

de qualidade ambiental definidas no Anexo IX e no n.º 17 do artigo 16º, ou noutros actos

legislativos comunitários relevantes que estabeleçam normas de qualidade ambiental a nível

comunitário.

Bom potencial ecológico - o estado alcançado por uma massa de água fortemente

modificada ou por uma massa de água artificial, classificada como bom nos termos das

disposições aplicáveis do Anexo V, da Directiva Quadro da Água.

Domínio público hídrico – conjunto de bens que pela sua natureza são considerados de

uso público e de interesse geral, que justificam o estabelecimento de um regime de carácter

especial aplicável a qualquer utilização ou intervenção nas parcelas de terreno localizadas

nos leitos das águas do mar, correntes de água, lagos e lagoas, bem como as respectivas

margens e zonas adjacentes, a fim de os proteger. Nos terrenos do DPH deverá garantir-se

o acesso universal à água e a passagem ao longo das águas.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 101

Ecossistemas - os complexos dinâmicos constituídos por comunidades vegetais, animais e

de microrganismos, relacionados entre si e com o meio envolvente, considerados como uma

unidade funcional.

Erosão - degradação da superfície do solo sob a acção da água (erosão hídrica) ou do

vento (erosão eólica). As variações bruscas de temperatura também podem provocar

erosão.

Espécies - o conjunto de indivíduos inter–reprodutores com a mesma morfologia hereditária

e um ciclo de vida comum, incluindo quaisquer subespécies ou suas populações

geograficamente isoladas.

Estação de monitorização – Local de amostragem de um parâmetro ou parâmetros de

acordo com um método específico. Local de aquisição de séries temporais por

equipamentos próprios.

Estado das águas de superfície - a expressão global do estado em que se encontra uma

determinada massa de águas de superfície, definido em função do pior dos dois estados,

ecológico ou químico, dessas águas.

Estado ecológico - a expressão da qualidade estrutural e funcional dos ecossistemas

aquáticos associados às águas de superfície, classificada nos termos do Anexo V da

Directiva Quadro da Água.

Estado químico – Expressão do estado da massa de água relativamente ao seu quimismo.

Representado em classes de 4 ou 5 níveis, nomeadamente de mau a bom ou superior (para

classes de 4 níveis) e de mau a excelente (para classes de 5 níveis).

Habitat - a área terrestre ou aquática natural ou seminatural que se distingue por

características geográficas abióticas e bióticas.

Impacte ambiental - conjunto de consequências das alterações produzidas em parâmetros

ambientais, num determinado período de tempo e numa determinada área, resultantes de

um projecto, comparadas com a situação que ocorreria, nesse período de tempo e nessa

área, se esse projecto não tivesse tido lugar.

Indicador ambiental - parâmetro ou valor derivado de parâmetros que descrevem, ou dão

informação acerca de um fenómeno.

102 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

Infra-estrutura hidráulica - quaisquer obras ou conjuntos de obras, instalações ou

equipamentos instalados com carácter fixo nos leitos ou margens destinadas a permitir a

utilização das águas para fins de interesse geral

Massa de água artificial - uma massa de água superficial criada pela actividade humana.

Massa de água fortemente modificada - uma massa de água que, em resultado de

alterações físicas derivadas da actividade humana, adquiriu um carácter substancialmente

diferente do original, e que é designada pelo Estado-Membro nos termos do Anexo II da

Directiva Quadro da Água.

Massa de águas subterrâneas - um meio de águas subterrâneas delimitado que faz parte

de um ou mais aquíferos.

Massa de águas superficiais - uma massa distinta e significativa de águas superficiais,

designadamente uma albufeira, um ribeiro, rio ou canal, um troço de ribeiro, rio ou canal,

águas de transição ou uma faixa de águas costeiras. As massas de água superficiais

dividem-se em categorias e estas por sua vez em tipologias.

Monitorização - o processo de recolha e processamento de informação sobre as várias

componentes do ciclo hidrológico e elementos de qualidade para a classificação do estado

das águas, de forma sistemática, visando acompanhar o comportamento do sistema ou um

objectivo específico.

Norma de qualidade ambiental - a concentração de um determinado poluente ou grupo de

poluentes na água, nos sedimentos ou no biota que não deve ser ultrapassada para efeitos

de protecção da saúde humana e do ambiente.

Objectivos de estado - Representam as metas de qualidade ambiental que se pretendem

atingir para a Região.

Objectivos de resposta - representam compromissos de resposta da sociedade,

estabelecidos no sentido da prossecução dos Objectivos de Estado desejados.

Perfil longitudinal - Perfil do fundo do leito de um curso de água ao longo do seu eixo.

Poluição - a introdução directa ou indirecta, em resultado da actividade humana, de

substâncias ou de calor no ar, na água ou no solo, que possa ser prejudicial para a saúde

humana ou para a qualidade dos ecossistemas aquáticos ou dos ecossistemas terrestres

directamente dependentes dos ecossistemas aquáticos, que dê origem a prejuízos para

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 103

bens materiais, ou que prejudique ou interfira com o valor paisagístico/recreativo ou com

outras utilizações legítimas do ambiente.

Pressão antropogénica – Pressões tópicas ou difusas cujos impactes nas massas de água

podem impedir que sejam atingidos os objectivos ambientais previsto na DQA e na Lei da

Água.

Princípios de planeamento - conjunto de princípios e preocupações em que deve ser

sustentada a política de gestão dos recursos hídricos.

Programa - conjunto de Projectos que, dada a sua complementaridade, deverão ser

implementados de forma concertada.

Programa de medidas - conjunto de medidas de base e medidas suplementares com vista à

concretização do quadro normativo relativo à protecção da água e à realização dos

objectivos ambientais estabelecidos. As medidas são funcionalmente adaptadas às

características da bacia, ao impacte da actividade humana no estado das águas superficiais

e subterrâneas, sendo justificadas pela análise económica das utilizações da água e pela

análise custo-eficácia dos condicionamentos e restrições a impor a essas utilizações.

Programa de monitorização – conjunto de processos de recolha e processamento de

informação sobre as várias componentes do ciclo hidrológico e elementos de qualidade para

a classificação do estado das águas, de forma sistemática, visando acompanhar o

comportamento do sistema ou um objectivo específico. Às ARH compete estabelecer na

região hidrográfica a rede de monitorização da qualidade da água e elaborar e aplicar o

respectivo programa de monitorização de acordo com os procedimentos e a metodologia

definidos pela autoridade nacional da água (alínea l), n.º6, artigo 9.º da Lei da Água).

Recursos hídricos - compreendem as massas de água, abrangendo ainda os respectivos

leitos e margens, zonas adjacentes, zonas de infiltração máxima e zonas protegidas, em

conformidade com as definições constantes na Lei da Água e assim referenciados no n.º 1

do artigo 1º da Lei 54/2005, de 15 de Novembro (Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos),

incluindo as faixas terrestres de protecção da água designadas em planos especiais de

ordenamento do território.

Rede Nacional de Áreas Protegidas –

As áreas protegidas são de interesse nacional, regional ou local, consoante os interesses

que procuram salvaguardar. As áreas protegidas de interesse nacional classificam-se nas

seguintes categorias: a) Parque nacional; b) Reserva natural; c) Parque natural; d)

104 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

Monumento natural. Classificam-se como paisagem protegida as áreas protegidas de

interesse regional ou local. Podem ainda ser classificadas áreas de estatuto privado,

designadas «sítio de interesse biológico». Compete ao Serviço Nacional de Parques,

Reserva e Conservação da Natureza adiante designado por SNPRCN assegurar a

coordenação e a representação internacional em matéria de áreas protegidas,

nomeadamente junto das instituições comunitárias

Região hidrográfica - a área de terra e de mar constituída por uma ou mais bacias

hidrográficas contíguas e pelas águas subterrâneas e costeiras que lhes estão associadas,

constituindo-se como a principal unidade para a gestão das bacias hidrográficas.

Risco – probabilidade de ocorrência de um perigo que pode causar danos a uma

determinada população, estrutura ou valor natural, a ele exposto num determinado intervalo

de tempo, em articulação com a magnitude desse dano.

Secção transversal - Secção de um curso de água que é perpendicular à direcção principal

(média) do escoamento.

Sub-bacia hidrográfica - a área terrestre a partir da qual todas as águas se escoam,

através de uma sequência de ribeiros, rios e eventualmente lagos, para um determinado

ponto de um curso de água, normalmente uma confluência ou um lago.

Substâncias prioritárias – substâncias prioritárias identificadas nos termos do nº 2 do

artigo 16º e enumeradas no Anexo V (Directiva Quadro da Água). Entre estas substâncias

existem substâncias perigosas prioritárias, isto é, substâncias identificadas nos termos no nº

3 e do nº 6 do artigo 16º, em relação às quais há que tomar medidas nos termos nos

números 1 e 8 do mesmo artigo.

Substâncias perigosas - substâncias ou grupo de substâncias tóxicas, persistentes e

susceptíveis de bio-acumulação, e ainda outras substâncias que suscitem preocupações da

mesma ordem.

Valores limite de emissão - a massa, expressa em termos de determinados parâmetros

específicos, a concentração e/ou o nível de uma emissão, que não podem ser excedidos em

qualquer período ou períodos de tempo. Podem ser igualmente estabelecidos valores-limite

de emissão para determinados grupos, famílias ou categorias de substâncias, em especial

para os identificados nos termos no artigo 16º (Directiva Quadro da Água). Os valores limite

de emissão para as substâncias são geralmente aplicáveis no ponto de descarga da

instalação, sem se atender, na sua determinação, a uma eventual diluição. No que se refere

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 105

às descargas indirectas na água, o efeito das estações de tratamento das águas residuais

pode ser tomado em consideração na determinação dos valores limite de emissão das

estações envolvidas, desde que seja garantido um nível equivalente de protecção do

ambiente como um todo e desde que isso não conduza a níveis mais elevados de poluição

do ambiente.

Zona de infiltração máxima - As áreas do território que constituam zonas de infiltração

máxima para recarga de aquíferos para captação de água para abastecimento público de

consumo humano devem ter uma utilização condicionada, de forma a salvaguardar a

qualidade dos recursos hídricos subterrâneos, nomeadamente através de: a) Delimitação de

zonas especiais de protecção para a recarga de aquíferos; b) Definição e aplicação de

regras e limitações ao uso desse espaço, condicionante do respectivo licenciamento (artigo

38.º da Lei da Água).

Zona inundável (zona adjacente) - a zona contígua à margem que como tal seja

classificada por um acto regulamentar por se encontrar ameaçada pelo mar ou pelas cheias.

Zona protegida - constituem zonas protegidas:

i) As zonas designadas por normativo próprio para a captação de água destinada ao

consumo humano ou a protecção de espécies aquáticas de interesse económico;

ii) As massas de água designadas como águas de recreio, incluindo zonas designadas

como zonas balneares;

iii) As zonas sensíveis em termos de nutrientes, incluindo as zonas vulneráveis e as

zonas designadas como zonas sensíveis;

iv) As zonas designadas para a protecção de habitats e da fauna e da flora selvagens e a

conservação das aves selvagens em que a manutenção ou o melhoramento do estado

da água seja um dos factores importantes para a sua conservação, incluindo os sítios

relevantes da rede Natura 2000;

v) As zonas de infiltração máxima.

Zona sensível - zona que pertença a uma das categorias presentes no anexo II do Decreto-

Lei n.º 152/97 de 19 de Junho, nomeadamente: “a) Lagos naturais de água doce, outras

extensões de água doce, estuários e águas costeiras que se revelem eutróficos ou

susceptíveis de se tornarem eutróficos num futuro próximo, se não forem tomadas medidas

de protecção”; “b) Águas doces de superfície, destinadas à captação de água potável, cujo

106 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

teor em nitratos possa exceder a concentração de nitrato estabelecida na Directiva

75/440/CEE, de 16 de Julho de 1975;” “c) Zonas em que é necessário outro tratamento para

além do previsto no artigo 5.º para cumprir o disposto nas directivas do Conselho.”

Zona vulnerável - áreas que drenam para águas identificadas como poluídas ou

susceptíveis de poluição, nas quais se pratiquem actividades agrícolas susceptíveis de

contribuir para a poluição das mesmas.

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 107

ANEXO II – IDENTIFICAÇÃO DOS CONCEITOS A CONSIDERAR NO DESENHO DO MDG

108 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

ANEXO II – IDENTIFICAÇÃO DOS CONCEITOS A CONSIDERAR NO

DESENHO DO MDG

10 CDG e 65 Tipos de entidades geográficas

8 Conjuntos de regras topológicas

1 Rede geométrica (rede hidrográfica)

Sem imagens Raster

81 Tabelas

137 Associações entre classes

112 Domínios de dados

CGD e Tipos de entidades geográficas

CGD AguasSubterraneas

EcossistemasTerrestres

PontosAguaSubterranea

Subterraneas

AguasSubterraneas_Topologia

________________________________________

CGD Hidrografia

CaptacoesSuperficiais

Costeiras

DescargasSuperficiais

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 109

EstMonSuperficiais

GrandesBarragens

InfraestruturasHidraulicas

Lagos

LimitesLeito

Margens

PontosInteresseHidro

Rios

Transicao

ZonasAdjacentes

Hidrografia_Topologia

________________________________________

CGD OrdenamentoTerritorio

POAAC

POOC

REN

________________________________________

CGD PressoesAntropogenicas

Agricultura

Aquacultura

Aterros

CamposGolfe

IndustriasExtractivas

110 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

IndustriasTransformadoras

InstalacoesPCIP

Pecuarias

ResiduaisUrbanas

UrbanasArtificiais

________________________________________

CGD RedeHidrografica

JuncoesHidro

NosGrafos

RedeHidro_Junctions

SegmentosGrafos

SegmentosHidro

RedeHidrografica_Topologia

RedeHidro

________________________________________

CGD SeccoesPerfisHidraulicaFluvial

PerfisLongitudinais

Pontes

SeccoesTransversais

SeccoesPerfisHidraulicaFluvial_Topologia

________________________________________

CGD SistemaDrenagem

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 111

BaciasHidrograficas

LinhasDrenagem

PontosDrenagem

SubBaciasHidrograficas

SistemaDrenagem_Topologia

________________________________________

CGD UnidadesGestao

AutoridadesCompetentes

LimitesMaritimos

RegioesHidrograficas

UnidadesGestao_Topologia

________________________________________

CGD ZonasInundaveis

ZonasCheiasArtificiais

ZonasCheiasNaturais

ZonasInundaveis_Topologia

________________________________________

CGD ZonasProtegidas

AguasRecreio

112 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

AreasImpAves

EspeciesAquaticas

MonumentoNatural

PaisagemProtegida

ParqueNacional

ParqueNatural

ProteccaoAlargada

ProteccaoEspecial

ProteccaoImediata

ProteccaoIntermedia

ReservaNatural

SitiosImpComunitaria

SitiosRamsar

ZEC

ZonasDesignadasSensiveis

ZonasInfiltracaoMaxima

ZonasProteccaoAlbufeiras

ZVulneraveisPolNitratos

ZonasProtegidas_Topologia

________________________________________

Tabelas alfanuméricas

AAE

AIA

AsubAvaliacaoTendencia

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 113

AsubCaptacoes

AsubCaracterizacaoInicial

AsubCaractHidrogeologicasOutras

AsubCaractMaisAprofundada

AsubConcentracaoNatural

AsubDescargas

AsubEnsaioBombagem

AsubEnsaioBombagemCaudais

AsubEnsaioBombagemNiveis

AsubEnsaioBombagemNiveisLocal

AsubEnsBombagemPropHidraulicas

AsubEQtTBalancoHidSub

AsubEQtTEcossTerrestDependente

AsubEQuantTAguasSupAssociadas

AsubEQuimTAguasSupAssociadas

AsubEQuimTAreasProtAgConsumo

AsubEQuimTEcoTerrestDependente

AsubEQuimTEstadoQGlobal

AsubEstadoQuimicoQuant

AsubLogLitologia

AsubMacicoFiltranteIsolamento

AsubMetodoPerfuracao

AsubOrdenamentoAreaDrenagem

AsubRalos

AsubRevestimento

AsubSistSuperficiaisAssociados

114 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

AsubTestesAvaliacaoTendencia

AsubTIntrusaoSalina

Biocidas

Categorias

ClassificacaoCumpLegal

ClassificacaoParametro

Derrogacoes

DeterioracaoTemporaria

ElementosQualidade

EstadoEcologicoPotCosteiras

EstadoEcologicoPotLagos

EstadoEcologicoPotTransicao

EstadoEcoPotQuimicoRios

EstMonSubterraneas

EstrategiaMar

EventosLinearesHidro

EventosPontuaisHidro

IDUnicoAp

LamasDepuracao

MedCumpLegal

MedDerrameHidrocarbonetos

MedidasAdicionais

MedidasSuplementares

MedImpactoPolAcidental

MedPerProteccaoCaptacoes

MedProtRecuperacaoMA

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 115

MedRecCustosAgua

MedUsoEficienteAgua

MedZonasInfMaxima

MedZonasVulneraveis

OutrasMedidas

Parametros

PCIP

PontosSeccaoTransversal

PrevAciGravesSubsPerigosas

PrevRepDanosAmbientais

Prioritarias

ProdFitofarmaceuticos

ProgMonASubNMEQualidade

ProgMonASupNMEQualidade

ProgMonitorizacaoASuperficiais

ProgMonitorizacaoSubterraneas

ProgMonitorizacaoZProtegidas

ProgMonZProtNMEQualidade

ProgramasMedidas

ProrrogacoesPrazo

SeriesTempo

SubProgMonitorizacao

SubsPerigosas

TabChaveTEG

Tipologias

TiposSeriesTempo

116 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

________________________________________

Associações entre classes

AAEstrategicaTemCumpLegal

ACGeremRH

AguasRecreioTemCumpLegal

AIAmbientalTemCumpLegal

AlbufeirasTemZonasProteccao

AsubEnsBombagemTemCaudais

AsubEnsBombNivLocalTemNiveis

AsubEnsBombNivLocalTemPropHidrau

AsubEnsBomTemAsubEnsBomNivLoc

AsubEstadoTemTIntrusaoSalina

AsubEstadoTemTQmASupAssoc

AsubEstadoTemTQmETDAS

AsubEstadoTemTQtASupAssoc

AsubEstadoTemTQtETDAS

AsubEstTemTQmAProtAgConsumo

AsubEstTemTQtBalancoHidrSub

BacHidrograficasTemCumpLegal

BiocidasTemCumprimLegal

CaptacoesTemPerProtAlargada

CaptacoesTemPerProtEspecial

CaptacoesTemPerProtImediata

CaptacoesTemPerProtIntermedia

CategoriaMATemTipologias

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 117

Costeiras_Tem_Derrogacoes

Costeiras_Tem_Estado

Costeiras_Tem_Prorrogacao

CosteirasConsHumanoTemCumpLegal

CosteirasSaoPrioritarias

CosteirasTemAguasRecreio

CosteirasTemProtEspAquaticas

DescargasSupTemCumpLegal

DeterioracaoTempTemMedAdicionais

EcossTerresTemMAAssociada

EleQual_TemNM_ProgMonASub

EleQualidade_TemNM_ProgMonASup

EleQualidade_TemNM_ProgMonZProt

EleQualidadePossuemParametros

EMSubTemAvalTendencia

EstMonSubTemSeriesTempo

EstMonTemSeriesTempo

EstrategicaMarTemCumpLegal

InfraEstTemSeccaoTransv

InstalPCIPTemDescargasSup

JuncaoHidroTemBacia

JuncaoHidroTemBarragens

JuncaoHidroTemDescarga

JuncaoHidroTemEstMonitorizacao

JuncaoHidroTemInfraHidraulica

JuncaoHidroTemLago

118 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

JuncaoHidroTemPontes

JuncaoHidroTemPtsIntHidro

JuncaoHidroTemSubBacia

Lagos_Tem_Derrogacoes

Lagos_Tem_Estado

Lagos_Tem_Prorrogacao

LagosAgConHumanoTemCumpLegal

LagosESistemaSupAssociado

LagosSaoPrioritarios

LagosTemAguasRecreio

LagosTemProtEspeciesAquaticas

LamasDepuracaoTemCumprimLegal

MASubTemCaracterizacaoInicial

MASubTemCarHidrogeologicasOutras

MASubTemCarMaisAprofundada

MASubTemConcentracaoNatutal

MASubTemDerrogacoes

MASubTemDeterioracaoTemporaria

MASubTemOrdAreaDrenagem

MASubTemPontosAguaSubterranea

MASubTemProrrogacoesPrazo

MASubTemSistSupAssociados

MedAdicIntegramProgMedidas

MedDerrameIntegramProgMedidas

MedPerProtCaptIntegramProgMedidas

MedPolAcidIntegramProgMedidas

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 119

MedProtRecMAIntegramProgMedidas

MedRecCustosIntegramProgMedidas

MedSuplemIntegramProgMedidas

MedUsoEfecIntegramProgMedidas

MedZIMIntegramProgMedidas

MedZVulneraveisIntegramPMedidas

OutrasMedIntegramProgMedidas

ParametrosTemTiposSeriesTempo

ParametroTemClassificacao

PecuariasTemCumpLegal

POAACTemCumpLegal

PontosASubEAsubDescargas

PontosASubECaptacoesSub

PontosASubTemEMSubterranea

PontosASubTemEnsaioBombagem

PontosASubTemLogLitologia

PontosASubTemMetodoPerfuracao

PontosASubTemRalos

PontosASubTemRevestimento

POOCTemCumpLegal

PrevAciGravesTemCumpLegal

PrevRepDanosTemCumpLegal

ProdFitofarmTemCumpLegal

ProgMonASub_TemNM_EleQual

ProgMonASup_TemNM_EleQual

ProgMonZProtegidas_TemNM_EleQual

120 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

ProrrogacoesTemMedAdicionais

ProtImediataCapTemCumpLegal

PtsAsubTemEnsBombNiveisLocal

PtsASubTemMacicoFiltraIsolam

RENTemCumpLegal

RHContemBH

RHidrograficasTemCumpLegal

Rios_Tem_Derrogacoes

Rios_Tem_Prorrogacao

RiosESistemaSupAssociado

RiosSaoPrioritarios

RiosTemAguasRecreio

RiosTemEstadoEcologico

RiosTemProtEspeciesAquaticas

SeccaoTransversalTemPontos

SegHidroConsHumanoTemCumpLegal

SitiosImpComTemCumpLegal

SubBHidrograficasTemCumpLegal

SubsPerigosasTemCumpLegal

SubTemTestesAvalTendencia

SubterraneasSaoPrioritarias

SubterraneasTemCumpLegal

SubterraneasTemEstQuimQuant

TipologiasMATemEstReferencia

TipoSTempo_Tem_STempo

Transicao_Tem_Derrogacoes

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 121

Transicao_Tem_Estado

Transicao_Tem_Prorrogacao

TransicaoConHumanoTemCumpLegal

TransicaoESistemaSupAssociado

TransicaoSaoPrioritarias

TransicaoTemAguasRecreio

TransicaoTemProtEspAquaticas

ZCheiasNaturaisTemCumpLegal

ZPEspAquaticasTemCumpLegal

ZVulneraveisTemCumpLegal

________________________________________

Domínios de dados

dAbragenciaUnidadesGestao

dAbrangenciaAdministracao

dAltitude

dAmbitoGeograficoMedidas

dAmplitudeMare

dArea

dAreaProtegidaDQA

dAssuntoCumprimentoLegal

dAsubAvaliacaoTendencia

dAsubCodUEARHN

dAsubEnsaioBombPropHidraulicas

dAsubEscalaoProfAquifero

122 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

dAsubEstado

dAsubFormacaoGeologica

dAsubOrientacaoVertical

dAsubTipoPAgua

dAsubTipoRedeMonitDQA

dAsubTipoRedeMonitSNIRH

dCategoriasElementosMonitorizados

dCategoriasElementosQualidadeCosteiras

dCategoriasElementosQualidadeDQA

dCategoriasElementosQualidadeForteModificadasArtificiais

dCategoriasElementosQualidadeLagos

dCategoriasElementosQualidadeRios

dCategoriasElementosQualidadeTransicao

dCategoriasMassasAgua

dCategoriasMassasAguaSuperficiais

dClassificacaoAguasPiscicolas

dClassificacaoAlbufeiras

dCodRH

dCriterioEutrofizacao

dDerrogacoes

dDirectEuropeiaZonaProtegida

dEntidadeGestoraEstMonitorizacao

dEQMetaisPesados

dEQOutrosPoluentes

dEQPesticidas

dEQPoluentesIndustriais

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 123

dEscalaoPopServidaCaptacao

dEstadoConformidadeMAConsHumano

dEstadoEcologicoPotencial

dEstadoEcologicoPotencialUE

dEstadoEcologicoPotGeral

dEstadoElementosQualidade

dEstadoEQFisQuimicos

dEstadoEQHidromorfologicos

dEstadoFuncionamento

dEstadoMedida

dEstadoQuimico

dEstadoRiscoCumprimento

dEstadoTroficoLagos

dEstruturaLeito

dFinalidadeCaptacao

dFrequenciaMonitorizacao

dFuncoes

dGrauImportanciaPressao

dImportancia

dIntercalibracaoLagosDQA

dIntercalibracaoRiosDQA

dLagosGrandesPrincipais

dLimitacaoUso

dMAPrioritaria

dNacionalidade

dNavegabilidadeFlutuabilidade

124 LNEC – Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756

dNivelConfianca

dNivelCumprimentoLegal

dNivelInterdicaoPerProteccao

dNivelInteresseAreaClassificada

dNivelProgramaMonitorizacaoDQA

dNivelRecuperacaoCustos

dNivelRelatorioDQA

dNivelTratamentoEfluentes

dOperacionalidade

dOrigem

dPerfisLongitudinais

dPeriodoProrrogacao

dPeriodoRetorno

dPoluentesNaoPrioritariosDQA

dPotencialEcologico

dProfundidadeMonitorizacaoDQA

dRazaoProrrogacao

dRedeInterMonitorizacaoDQA

dRegimeExcepcaoCumprimento

dRegimeExplAquacultura

dRiosGrandesPrincipais

dSalinidadeMATransicao

dSentidoEscoamento

dSimNao

dSimNaoDescNA

dSimNaoDesconhecido

LNEC - Proc. 0602/1/17611, 0607/541/5756 125

dSistemaRecLixo

dSubstanciasPrioritarias

dTipoActividadeIndustrial

dTipoCaracterizacaoMA

dTipoExplPecuaria

dTipoFrequenciaST

dTipologiaCosteiras

dTipologiaLagos

dTipologiaRios

dTipologiaTransicao

dTipoMedidasSuplementares

dTipoMonitorizacao

dTipoOutrasMedidas

dTipoRedeMonitorizacaoDQA

dTipoRedeMonitorizacaoSNIRH

dTiposDadosST

dTipoSistemaCaracterizacao

dTiposNosHidro

dTiposSegmentosHidro

dUsoLagos

dVerdadeiroFalsoDescNA

Divisão de Divulgação Científica e Técnica - LNEC