Modelagem de Processos e UML

  • Upload
    jonhnn

  • View
    599

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

MODELAGEM DE PROCESSOS E LINGUAGEM DE MODELAGEM UNIFICADA: UMA ANLISE CRTICA

Leonardo Silva Sciammarella Vicente

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUO

Aprovada por:

__________________________________________ Prof. Heitor Mansur Caulliraux, Dsc.

__________________________________________ Prof. Renato Flrido Cameira, Dsc.

__________________________________________ Prof. Eber Assis Schmitz, Dsc.

RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL MARO DE 2004

VICENTE, LEONARDO SILVA SCIAMMARELLA Modelagem de Processos e Linguagem de Modelagem Unificada (UML) uma anlise crtica [Rio de Janeiro] 2004 XIV, 176 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ. M.Sc., Engenharia de Produo, 2004) Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Modelagem de Processos 2. UML I. COPPE/UFRJ II. Ttulo (srie)

ii

DEDICATRIA

A todos aqueles que me ajudaram ao longo de minha vida e contriburam direta ou indiretamente na elaborao desse trabalho, destacando-se minha me, Maria Alice, meu pai, Duarte (in memorian), minhas irms, Luciana e Tatiana e meu amor, Fernanda. Amo vocs.

iii

Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)

MODELAGEM DE PROCESSOS E LINGUAGEM DE MODELAGEM UNIFICADA (UML): UMA ANLISE CRTICA

Leonardo Silva Sciammarella Vicente

Fevereiro/2004

Orientador: Heitor Mansur Caulliraux

Programa: Engenharia de Produo

Essa dissertao apresenta os principais conceitos relacionados Engenharia de Processos de Negcio e Linguagem de Modelagem Unificada (Unified Modeling Language UML). Tem como principal objetivo analisar as tcnicas de modelagem de processos de negcio e de sistemas e propor uma metodologia de modelagem de processos e requisitos de negcio que possa apoiar uma especificao e projeto de um sistema de negcio que integre de forma consistente os requisitos de negcio com os requisitos de sistemas.

iv

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

PROCESS MODELING AND UNIFIED MODELING LANGUAGE (UML): A CRITICAL ANALYSIS

Leonardo Silva Sciammarella Vicente

February/2004

Advisor: Heitor Mansur Caulliraux

Department: Production Engineering

This work presents the main concepts related to the Business Process Engineering and to the Unified Modeling Language (UML). It has as main objective to analyze the techniques of systems modeling and business process modeling and to define a methodology of business processes and requirements modeling that can support a specification and project of a business system that integrates of consistent form the business requirements with the systems requirements.

v

SUMRIONDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................. X NDICE DE TABELAS .........................................................................................................................XII LISTA DE SIGLAS.............................................................................................................................. XIII 1 INTRODUO.................................................................................................................................1 1.1 1.2 1.3 2 CONSIDERAES INICIAIS ..........................................................................................................1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ...................................................................................................3 ESTRUTURA DO TRABALHO........................................................................................................4

OBJETIVOS DELIMITAES E MTODO DE TRABALHO ................................................6 2.1 2.2 2.3 2.4 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................................6 OBJETIVOS ESPECFICOS ............................................................................................................6 DELIMITAES DO TRABALHO ...................................................................................................6 MTODO DE TRABALHO .............................................................................................................7

3

ENGENHARIA DE PROCESSOS DE NEGCIO .....................................................................10 3.1 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 A VISO POR PROCESSOS .........................................................................................................15 PRINCPIOS, FERRAMENTAS E METODOLOGIAS DE MODELAGEM DE PROCESSOS DE NEGCIO 20 Princpios de Modelagem ...................................................................................................21 Ferramentas de Modelagem de Processos de Negcio ......................................................22 Arquiteturas e Metodologias de Modelagem de Processos de Negcio .............................25CIMOSA (Computer Integrated Manufacturing Open System Architecture) ......................... 26 IDEF (Integrated DEFinition) ................................................................................................. 28 ARIS (Architecture of Integrated Information Systems)......................................................... 29

3.2.3.1 3.2.3.2 3.2.3.3

3.3 3.3.1 3.3.2

CONCEITOS DE MODELAGEM DE PROCESSO DE NEGCIO E MODELOS TRADICIONAIS .............31 Conceitos de Modelagem de Processo de Negcio ............................................................31 As Vistas da Metodologia ARIS e seus Modelos.................................................................34A Vista de Funes ................................................................................................................. 34 A Vista de Dados .................................................................................................................... 36 A Vista de Organizao........................................................................................................... 38 A Vista de Processos ............................................................................................................... 39

3.3.2.1 3.3.2.2 3.3.2.3 3.3.2.4

3.4 3.5 3.5.1 3.5.2 3.5.3 3.5.4 3.5.5

NVEL DE AGREGAO DA MODELAGEM DE PROCESSOS DE NEGCIO ....................................41 APLICAES DA EPN...............................................................................................................43 Anlises Organizacionais ...................................................................................................43 Indicadores de Desempenho...............................................................................................43 Gesto do Conhecimento....................................................................................................44 Gerncia Eletrnica de Documentos (GED) e Workflow...................................................44 Gesto da Cadeia de Suprimento .......................................................................................44

vi

3.5.6 3.5.7 3.5.8 3.5.9 3.5.10 3.5.11 3.6 3.6.1 3.6.2 3.6.3 3.6.4 3.6.5 3.6.6 3.7 4

Organizao da Documentao Tcnica............................................................................45 Benchmarking.....................................................................................................................45 Modelos de Negcios Eletrnicos ......................................................................................45 Uniformizao de entendimentos e integrao organizacional .........................................45 Implantao dos Sistemas Integrados de Gesto...........................................................45 Projetos de Sistemas de Informao..............................................................................46

GANHOS GERAIS ESPERADOS COM A EPN ...............................................................................52 Uniformizao de Entendimentos sobre a Forma de Trabalho..........................................52 Melhoria do Fluxo de Informaes ....................................................................................52 Padronizao dos Processos ..............................................................................................53 Melhoria da Gesto Organizacional ..................................................................................53 Reduo de Tempo e Custos dos Processos .......................................................................53 Aumento da Conceituao Organizacional sobre Processos .............................................53 CONSIDERAES FINAIS ..........................................................................................................53

UNIFIED MODELING LANGUAGE (UML) .............................................................................55 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.4 4.2.5 4.2.6 4.2.7 4.3 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 4.5 4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.5.4 4.5.5 4.6 4.6.1 4.6.2 4.6.3 DEFINIO E HISTRICO DA UML ...........................................................................................55 PRINCIPAIS CONCEITOS BSICOS DA ORIENTAO A OBJETO VISO GERAL ........................57 O Paradigma da Orientao a Objeto ...............................................................................57 Objeto e Classe...................................................................................................................59 Mensagem...........................................................................................................................60 Encapsulamento .................................................................................................................60 Polimorfismo ......................................................................................................................60 Herana ..............................................................................................................................61 Acoplamento e Coeso .......................................................................................................61 OBJETIVOS DA UML ................................................................................................................62 CONCEITOS BSICOS DA UML.................................................................................................64 Blocos de Construo.........................................................................................................64 Regras da UML ..................................................................................................................66 Mecanismos da UML..........................................................................................................66 ARQUITETURA DA UML...........................................................................................................67 Vista de Caso de Uso..........................................................................................................68 Vista de Projeto ..................................................................................................................68 Vista de Processo................................................................................................................69 Vista de Implementao......................................................................................................69 Vista de Implantao ..........................................................................................................69 MODELOS DA UML - VISO GERAL.........................................................................................69 Diagramas de Casos de Uso...............................................................................................70 Diagramas de Classes ........................................................................................................72 Diagramas de Objetos ........................................................................................................76

vii

4.6.4

Diagramas de Interao.....................................................................................................76Diagramas de Seqncia ......................................................................................................... 77 Diagramas de Colaborao...................................................................................................... 78

4.6.4.1 4.6.4.2

4.6.5 4.6.6 4.6.7

Diagramas de Grficos de Estados ....................................................................................79 Diagramas de Atividades....................................................................................................80 Diagramas de Implementao............................................................................................81Diagramas de Componentes.................................................................................................... 82 Diagramas de Implantao ...................................................................................................... 82

4.6.7.1 4.6.7.2

4.7 4.8 5

FERRAMENTAS DE MODELAGEM DE SOFTWARE COM UML.....................................................83 CONSIDERAES FINAIS ..........................................................................................................86

EPN E UML: CONTEXTUALIZAO DA UML NA MODELAGEM DE PROCESSOS DE

NEGCIO.................................................................................................................................................87 5.1 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.1.4 5.1.5 5.2 5.2.1 5.2.2 5.2.3 5.2.4 5.3 6 MODELAGEM DE PROCESSOS DE NEGCIO COM UML: ANLISE CRTICA DOS MODELOS .......87 Modelagem de Negcio e Diagrama de Casos de Uso.......................................................88 Modelagem de Negcio e Diagramas de Atividades ..........................................................90 Modelagem de Negcio e Diagrama de Classes ................................................................92 Diagrama de Grficos de Estados......................................................................................97 Modelagem de Negcio e Diagramas de Interao ...........................................................98 EXTENSES DA UML PARA MODELAGEM DE NEGCIO ...........................................................99 Vista de Viso do Negcio................................................................................................101 Vista de Processos de Negcio .........................................................................................102 Vista de Estrutura do Negcio..........................................................................................104 Vista de Comportamento do Negcio ...............................................................................105 CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................................106

MODELAGEM DE PROCESSO DE NEGCIO E O RATIONAL UNIFIED PROCESS

(RUP) .......................................................................................................................................................107 6.1 6.2 6.2.1 PRINCIPAIS ETAPAS PARA MODELAGEM DE PROCESSOS DE NEGCIO....................................107 PROCESSOS PRODUTIVOS DE DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS ............................................110 Principais Caractersticas do RUP ..................................................................................111Processo Orientado a Casos de Uso ...................................................................................... 112 Processo Centrado na Arquitetura ......................................................................................... 112 Desenvolvimento Iterativo e Incremental.............................................................................. 113

6.2.1.1 6.2.1.2 6.2.1.3

6.2.2 6.2.3

O Ciclo de Vida de um Sistema no RUP...........................................................................117 Fases da Metodologia ......................................................................................................118Concepo............................................................................................................................. 118 Elaborao............................................................................................................................. 120 Construo ............................................................................................................................ 122 Transio............................................................................................................................... 122

6.2.3.1 6.2.3.2 6.2.3.3 6.2.3.4

6.3

CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................................123

viii

7

PROPOSTA METODOLGICA DE MODELAGEM DE PROCESSOS E REQUISITOS DE

NEGCIO PARA DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS.............................................................124 7.1 7.1.1 7.2 8 MODELAGEM DE NEGCIO PARA SISTEMAS PRINCIPAIS FASES A ARTEFATOS ....................124 Modelagem e Levantamento de Requisitos de Negcio....................................................128 CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................................136

CASOS DE APLICAO DA METODOLOGIA PROPOSTA..............................................138 8.1 8.1.1 8.1.2 DESCRIO DO CASO DA EMPRESA DE TI ..............................................................................138 Componentizao e Padronizao de Processos de Negcio ..........................................139 O Caso do Produto TelVip ...............................................................................................143Modelagem e Levantamento de Requisitos de Negcio........................................................ 144 Modelagem dos Objetivos do Negcio ............................................................................ 144 Modelagem dos Processos de Negcio ............................................................................ 144 Levantamento de Requisitos Funcionais e No Funcionais ............................................. 146 Identificao e Modelagem de Casos de Uso................................................................... 146 8.1.2.1.1 8.1.2.1.2 8.1.2.1.3 8.1.2.1.4

8.1.2.1

8.2 8.2.1

DESCRIO DO CASO DA EMPRESA DO SETOR FARMACUTICO .............................................149 Modelagem e Levantamento de Requisitos de Negcio....................................................150Modelagem dos Objetivos do Negcio ................................................................................. 150 Modelagem dos Processos de Negcio ................................................................................. 151 Levantamento de Requisitos Funcionais e No Funcionais................................................... 153 Identificao e Modelagem de Casos de Uso ........................................................................ 155 Modelagem do Diagrama de Classes .................................................................................... 160

8.2.1.1 8.2.1.2 8.2.1.3 8.2.1.4 8.2.1.5

8.3 9

CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................................162

CONCLUSES E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO .........................................163 9.1 9.2 CONCLUSES .........................................................................................................................163 PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO ..................................................................................169

10

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................170

ix

NDICE DE FIGURASFIGURA 1: VISO FUNCIONAL X VISO POR PROCESSOS ............................................................................16 FIGURA 2: INTEGRAO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ...............................................................................18 FIGURA 3: AS TENDNCIAS ORGANIZACIONAIS. .........................................................................................19 FIGURA 4: EVOLUO DE CONCEITOS E SISTEMAS DE INTEGRAO ............................................................20 FIGURA 5: COMPARAO DE FERRAMANETAS DE MODELAGEM DE PROCESSOS .........................................23 FIGURA 6: MTODO DE ANLISE DE ADEQUAO DAS FERRAMENTAS DE MODELAGEM A UM PROJETO ...24 FIGURA 7: O CUBO CIMOSA......................................................................................................................28 FIGURA 8: AS VISTAS E NVEIS DE IMPLEMENTAO DA METODOLOGIA ARIS............................................29 FIGURA 9: METAMODELO DE PROCESSO DE NEGCIO.................................................................................32 FIGURA 10: EXEMPLO DE DIAGRAMA DE OBJETIVOS ..................................................................................35 FIGURA 11: EXEMPLO DE DIAGRAMA DE RVORE DE FUNO ...................................................................35 FIGURA 12: MODELO DE DADOS COM CLUSTERS E ERM............................................................................37 FIGURA 13: EXEMPLO DE ORGANOGRAMA..................................................................................................38 FIGURA 14: EXEMPLO DE EPC ....................................................................................................................41 FIGURA 15: ENGENHARIA DE PROCESSOS DE NEGCIO E APLICAES .......................................................43 FIGURA 16: ARQUITETURA DE PROCESSOS DE NEGCIO COM DESDOBRAMENTO PARA SISTEMAS DE INFORMAO.....................................................................................................................................46 FIGURA 17: PROJETO DE SISTEMAS COM ENGENHARIA SIMULTNEA .........................................................49 FIGURA 18: COMPONENTES DE PROCESSOS E DE SISTEMAS ........................................................................51 FIGURA 19 ARQUITETURA DE UM SISTEMA .................................................................................................68 FIGURA 20 DIAGRAMAS DA UML ............................................................................................................70 FIGURA 21: DIAGRAMAS DE CASOS DE USO ................................................................................................72 FIGURA 22: NOTAO DE UMA CLASSE .......................................................................................................73 FIGURA 23: DIAGRAMA DE CLASSES ...........................................................................................................75 FIGURA 24: DIAGRAMA DE OBJETOS ...........................................................................................................76 FIGURA 25: DIAGRAMA DE SEQNCIA.......................................................................................................78 FIGURA 26: DIAGRAMA DE COLABORAO ................................................................................................79 FIGURA 27: DIAGRAMA DE GRFICO DE ESTADOS ......................................................................................80 FIGURA 28: DIAGRAMA DE ATIVIDADES .....................................................................................................81 FIGURA 29: DIAGRAMA DE COMPONENTES .................................................................................................82 FIGURA 30: DIAGRAMA DE IMPLANTAO ..................................................................................................83 FIGURA 31: COMPARAO DAS FERRAMENTAS DE MODELAGEM DE SOFTWARE ........................................84 FIGURA 32: EXEMPLO DE CASO DE USO DE NEGCIO ...................................................................................89 FIGURA 33: NVEIS DE DETALHAMENTO ENTRE CASOS DE USO E EPC.........................................................90 FIGURA 34: RELAO ENTRE EPC E DIAGRAMA DE ATIVIDADES ...............................................................92 FIGURA 35: ESTRUTURA DO OEPC..............................................................................................................94 FIGURA 36: EPC DE ALTO NVEL COM PACOTES ..........................................................................................95

x

FIGURA 37: DIAGRAMA DE CLASSES AGRUPADO NUM PACOTE ...................................................................95 FIGURA 38: EPC DE NVEL INTERMEDIRIO COM CLASSE............................................................................96 FIGURA 39: EPC CAPTURAR REQUISITOS DETALHADO COM ATRIBUTOS E OPERAES ..............................96 FIGURA 40: COMPARAO ENTRE EPC E DIAGRAMA DE ESTADOS .............................................................97 FIGURA 41: DIAGRAMA DE ATIVIDADES E ESTERETIPOS DE PROCESSOS DE NEGCIO .............................101 FIGURA 42: DIAGRAMA DE OBJETIVOS E PROBLEMAS ..............................................................................102 FIGURA 43: DIAGRAMA DE PROCESSOS .....................................................................................................103 FIGURA 44: DIAGRAMA DE LINHA DE MONTAGEM ...................................................................................104 FIGURA 45: DIAGRAMA ORGANIZACIONAL ...............................................................................................105 FIGURA 46: PROCESSO DE MODELAGEM DE NEGCIO...............................................................................108 FIGURA 47: PROCESSO DE MODELAGEM DE NEGCIO COM DESDOBRAMENTO PARA SISTEMAS ...............109 FIGURA 48: MODELO CASCATA DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE ...................................................114 FIGURA 49: UM PROCESSO ITERATIVO E INCREMENTAL ...........................................................................115 FIGURA 50: ABORDAGEM ITERATIVA E INCREMENTAL .............................................................................115 FIGURA 51: ESTRUTURA DO RUP..............................................................................................................117 FIGURA 52: DIAGRAMA DE PROCESSOS MOSTRANDO A RELAO ENTRE PROCESSOS DE NEGCIO E SISTEMAS FONTE: ADAPTADA DE ERIKSSON E PENKER (1999) .................................................125 FIGURA 53: ANLISE COMPARADA ENTRE ETAPAS DE MODELAGEM DE PROCESSOS DE NEGCIO E DE DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS ...................................................................................................127 FIGURA 54: FLUXO DE MODELAGEM E LEVANTAMENTO DE REQUISITOS DE NEGCIO .............................129 FIGURA 55: DERIVAO DE CASOS DE USO A PARTIR DE PROCESSOS DE NEGCIO ....................................131 FIGURA 56: ELABORAO DE UMA ESPECIFICAO DE PROCESSOS E REQUISITOS DE NEGCIO. .....143 FIGURA 57: PARTE DO PROCESSO DE ATIVAO DO TELVIP.....................................................................146 FIGURA 58: PARTE DO DIAGRAMA DE CASOS DE USO DO PRODUTO TELVIP...............................................147 FIGURA 59: DIAGRAMA DE OBJETIVOS DO PROCESSO DE MANUTENO ..................................................150 FIGURA 60: PROCESSO DE MANUTENO .................................................................................................152 FIGURA 61: FAD ALOCAR MO-DE-OBRA.................................................................................................153 FIGURA 62: DIAGRAMA DE CASOS DE USO PARA ELABORAO DO SISCOM. ...........................................157 FIGURA 63: ATIVIDADE ALOCAR MO-DE-OBRA E CLASSES ASSOCIADAS ...........................................160 FIGURA 64: DIAGRAMA DE CLASSESPARA ELABORAO DO SISCOM....................................................161

xi

NDICE DE TABELASTABELA 1 - COMPARAO: ORGANIZAO FUNCIONAL VS ORIENTADA POR PROCESSOS ...................16 TABELA 2: MODELO FURPS DE CLASSIFICAO DE REQUISITOS ..............................................................120 TABELA 3: FASES E ARTEFATOS DA METODOLOGIA PROPOSTA ................................................................134 TABELA 4: COMPARAO ENTRE O EPC X CASOS DE USO X DIAGRAMA DE CLASSE..........................136 TABELA 5: LISTA DE ATIVIDADES E EXECUTORES CANDIDATOS A CASOS DE USO E ATORES ......................156 TABELA 6: PROCESSO DE MANUTENO (EPC X CASOS DE USO X DIAGRAMA DE CLASSES).............159

xii

LISTA DE SIGLAS AIS - Arquitetura Integrada de Sistemas ARIS - Arquitecture of integrated Information System BPM - Business Process Management BPMS - Business Process Management System B2B - Business to Business B2C - Business to Customer CASE - Computer Aided Software Enginneering CBD - Component-Based Development CIM - Computer Integrated Manufacturing CIMOSA - Computer Integrated Manufacturing Open System Architecture COM - Component Object Model CORBA - Common Object Request Broker Architecture CRM - Customer Relationship Management EAI Enterprise Application Integration EJB - Entreprise Java Beans EPC Event-Driven Process Chain EPN - Engenharia de Processos de Negcios ERP - Enterprise Resources Planning ES - Engenharia de Software FAD - Function Allocation Diagram GED - Gerncia Eletrnica de Documentos IDEF - Integrated DEFinition KM - Knowledge Management MER - Modelo de Entidades e Relacionamentos OE Order Entry oEPC - object-Oriented Event-Driven Process Chain OMG - Object Management Group OMT - Object Modeling Technique OOSE - Object-Oriented Software Enginneering OT - Ordens de Trabalho OSTN - Object State Transition Network xiii

PCP Planejamento e Controle da Produo PPM - Process Performance Management RUP - Rational Unified Process SA Sistema de Aprovisionamento SIG - Sistemas Integrados de Gesto SISCOM - Sistema de Controle e Manuteno SCM - Supply Chain Management TI - Tecnologia da Informao UML - Unifed Modeling Language VAC - Value Added Chain

xiv

1

INTRODUO

1.1

Consideraes IniciaisAs constantes e crescentes transformaes no mundo dos negcios esto

tornando o mercado cada vez mais competitivo e esto levando as organizaes a repensarem suas estratgias de atuao dentro de seus respectivos nichos, tendo que se adaptarem, quase que em tempo real, s mudanas do ambiente no qual esto inseridas. Tais mudanas podem ser observadas no dia a dia atravs dos jornais impressos ou online, atravs dos telejornais, das revistas e dos livros especializados em negcios que permitem a observao de fatores e tendncias do mercado que norteiam as tomadas de decises das organizaes. Segundo DAVENPORT (2000), tais fatores e tendncias incluem a globalizao, o surgimento de modelos de negcio com rpida percepo e resposta s necessidades do cliente, a necessidade do realinhamento horizontal corporativo para suportar com maior eficincia os processos de transaes internos e externos empresa, o crescimento das organizaes virtuais que esto diretamente relacionadas ao comrcio eletrnico e a formao de cadeias de valores e, por fim, a acelerao do processo de inovao e criao de novos produtos. Diante desse contexto, como pode ser observado por SANTOS (2002), as organizaes esto demandando a todo o momento mais dinmica, integrao, flexibilidade e inovao para se manterem competitivas, buscando alcanar seus objetivos estratgicos atravs da reduo de custos e do tempo de atendimento ao cliente, atravs do aumento da taxa de inovao com a conseqente reduo no tempo de desenvolvimento de novos produtos, atravs de parcerias com outras organizaes, entre outras aes que podem contribuir para a sustentao da competitividade no longo prazo. A constatao desse ambiente pode ser observado em diversas obras de diversos autores. PROENA (1999) faz uma abordagem dinmica no que se refere s estratgias organizacionais frente s mudanas ambientais. O autor coloca que para se construir uma vantagem competitiva desejvel por um longo prazo importante analisar a estratgia de forma dinmica e no sob uma perspectiva esttica e pontual de um determinado momento. 1

GALBRAITH (apud SANTOS, 2002) considera que diante da complexidade do ambiente de negcios, a dinmica das organizaes um elemento fundamental para justificar projetos organizacionais mais aderentes. VERNADAT (1996), por exemplo, ressalta as mudanas e tendncias do ambiente de atuao das organizaes como: a integrao de mercados com a formao dos blocos econmicos com reas de livre comrcio, a integrao da funo manufatura com projeto, centros de desenvolvimento e fornecedores e, por fim, a integrao dos componentes de hardware e software de diversos fornecedores. Este mesmo autor tambm ressalta, diante de solues cada vez mais modernas e baseadas na Tecnologia da Informao (TI), a importncia e a necessidade das organizaes apresentarem flexibilidade tanto a nvel gerencial com a reorganizao dos processos de negcios e estruturas organizacionais, quanto a nvel tcnico com a capacidade de modificar rapidamente as tecnologias e as caractersticas de projeto que compem o produto oferecido, em funo das tendncias do mercado e das customizaes para clientes. Tambm pode-se observar em CAMEIRA (2003) o conceito de hiper-integrao desenvolvido e sustentado pelos quadros conceituais: Engenharia de Processos, Tecnologia da Informao (TI) e Modelos de Negcio Tecnologicamente Habilitados. O autor define hiper-integrao como:

... o resultado de um movimento no apenas quantitativo, incremental, conseqncia da TI, com do sua uso acumulativo, de

capacidade

armazenamento e processamento de informaes, de automao e de comunicao, mas tambm qualitativo. Em certos nveis de acmulo, de integrao, este movimento provoca mudanas do contexto no qual a TI aplicada, modificando o ambiente de forma no apenas incremental. (CAMEIRA, 2003, p.1).

Este mesmo autor destaca a relao do conceito de hiper-integrao com a DIFI, relacionando a integrao ao desenvolvimento de sistemas, a dinmica ao menor tempo de resposta as mudanas do ambiente, a flexibilidade a rpida reconfigurao do fluxo

2

de informaes suportado pelos processos hiper-integrados e por uma Arquitetura Integrada de Sistemas (AIS) baseada em componentes e em agentes inteligentes e, por fim, a inovao como conseqncia da hiper-integrao dos processos, da capacidade de dinamicidade de resposta ao ambiente e da flexibilidade de redesenho. Todas essas mudanas no ambiente de negcio e as aes que as organizaes esto tomando para se adaptarem as diversas configuraes de cenrios a que esto expostas em seus cotidianos, so suportadas por diversos fatores de ordem poltica, econmica, social, cultural, financeira, tecnolgica, entre outros. Esta tese no se prope a analisar todos esses fatores, considerando, principalmente, dentre os citados acima, o fator tecnolgico como habilitador das transformaes na maneira de se fazer negcios. Dentro dos fatores tecnolgicos que motivam tais transformaes, pode-se citar a Tecnologia da Informao que tem sido referenciada em diversas obras de diversos autores como, por exemplo, DAVENPORT (1994, 2000) e HAMMER e CHAMPY (1994) que atribuem a TI um papel fundamental para se realizar a reengenharia de processos. Como conseqncia da evoluo da TI, surge a Internet que passa a ser encarada como um grande meio de comunicao que possibilita o aumento do fluxo de informaes e a integrao virtual intra e interorganizacional, os quais so desenvolvidos novos softwares e hardwares com capacidade de armazenamento de dados e processamento de informaes cada vez maior, novos meios e tecnologias de transmisso em telecomunicaes que, por exemplo, possibilitam, atravs da banda larga, uma maior vazo de dados, voz e imagem e surgem sistemas de informao que buscam a no replicao de dados e a integrao organizacional, entre outros fatores que fazem da TI um pr-requisito fundamental para a subsistncia das organizaes. Nesse contexto, fica difcil considerar um negcio sem a presena da TI que deve ser pensada de maneira sistmica com os processos de uma organizao (CAMEIRA, 2003).

1.2

Justificativa do TrabalhoDiante do cenrio abordado acima, destaca-se a relevncia da TI e mais,

precisamente, do desenvolvimento de sistemas de informao que possibilitem, atravs do fluxo de informaes horizontal, a integrao funcional de uma organizao suportada pelos seus processos de negcio. Essa sinergia entre sistemas de informao e

3

processos de negcio deve existir com um dos principais objetivos para realizar de forma eficiente a estratgia de uma organizao. Porm, a realizao da estratgia desejada atravs do uso da TI e processos de negcio no uma tarefa fcil e direta. Muitas empresas apresentam dificuldades para desenvolverem processos de negcios e sistemas com qualidade e em tempo hbil para se manterem competitivas no mercado. Diante da necessidade de dinmica, integrao, flexibilidade e inovao, as empresas esto buscando novas tecnologias, conceitos e tcnicas de modelagem de processos e de sistemas que possam contemplar essa necessidade. Assim, algumas tecnologias, metodologias e conceitos sero tratados neste trabalho com o intuito de esclarecer e facilitar a converso da estratgia desejada em processos de negcio e, adiante em sistemas de informao. Dessa forma, o trabalho tem como base um referencial terico que leva em considerao a Engenharia de Processos de Negcios (EPN) e sua relao com o desenvolvimento de sistemas de informao, bem como a Unifed Modeling Language (UML) enquanto uma linguagem padro para elaborao de estrutura de projetos de software (JACOBSON et al., 2000).

1.3

Estrutura do TrabalhoEsse tpico tem como principal objetivo descrever a estrutura do trabalho

mostrando, de forma breve, os contedos dos captulos envolvidos nessa dissertao. No captulo 2 ser mostrado o mtodo de trabalho utilizado, ou seja, a maneira como a pesquisa foi conduzida, quais so as delimitaes a que se restringe o trabalho e quais so os objetivos principais e especficos do mesmo. No captulo 3, a dissertao apresenta um breve quadro conceitual sobre Engenharia de Processos de Negcio (EPN) ressaltando alguns princpios, metodologias e ferramentas de modelagem de processo, alguns de seus ganhos e algumas de suas aplicaes como, por exemplo, o desenvolvimento de sistemas de informao. O captulo 4 busca apresentar as principais caractersticas e objetivos da UML, dando destaque para os tipos de modelos que a compem e qual o papel de cada modelo dentro da lgica de um processo de desenvolvimento de software. Essa compreenso do papel de cada modelo ajuda a entender como os requisitos e os processos de negcio podem ser levantados, analisados e implantados pela UML.

4

O captulo 5 tem como objetivo relacionar os dois captulos anteriores, buscando comparar os modelos de processos com os modelos da UML, mostrando as principais vantagens e desvantagens de se utilizar a UML para modelagem de processos de negcio. Alm disso, mostra tambm uma proposta de extenso da UML para modelagem de processos de negcio. O captulo 6 apresenta conceitos referentes a metodologias de modelagem de processos de negcio para desenvolvimento de sistemas e tambm apresenta uma metodologia de desenvolvimento de software denominado de Rational Unified Process (RUP). O captulo 7 tem como objetivo elaborar uma metodologia de modelagem de processos orientada para desenvolvimento de sistemas que mostra, atravs dos modelos de processos e dos modelos da UML, a transio de requisitos de negcio para a anlise e desenvolvimento de sistemas. A idia dessa metodologia tentar estabelecer um elo entre os processos de negcio e a anlise / levantamento de requisitos de negcio para desenvolvimento de sistemas O captulo 8 apresenta a aplicao de metodologia proposta atravs da utilizao de casos levantados a partir de dados reais. O captulo 9 apresenta as concluses finais do trabalho mostrando seus principais resultados e perspectivas para desdobramentos de trabalhos futuros. Por fim, o captulo 10 apresenta as referncias bibliogrficas utilizadas na elaborao do trabalho.

5

2

OBJETIVOS DELIMITAES E MTODO DE TRABALHO

Este captulo tem como principal finalidade definir os principais objetivos da tese, suas delimitaes e, por fim, o mtodo de trabalho adotado durante a pesquisa.

2.1

Objetivo GeralEste trabalho tem como objetivo desenvolver uma proposta de metodologia de

modelagem de processos e requisitos de negcio orientada para desenvolvimento de sistemas de negcio com base em dois quadros conceituais envolvendo a Engenharia de Processos de Negcio (EPN) e a Unified Modeling Language (UML) e seus modelos, alm dos processos de desenvolvimento de software.

2.2

Objetivos EspecficosEsse trabalho apresenta alguns objetivos especficos que daro suporte para a

realizao do objetivo geral colocado acima, a saber: Apresentar um breve quadro conceitual referente Engenharia de Processos de Negcio, abordando suas principais aplicaes, metodologias e arquiteturas de referncia para modelagem de processos; Apresentar um quadro conceitual referente UML e seus modelos, mostrando de que maneira a UML pode contribuir para a formulao de uma metodologia de modelagem de processos voltada para sistemas; Analisar e relacionar os modelos tradicionais da EPN com os modelos da UML, mostrando o papel deles dentro da metodologia de modelagem de processos;

2.3

Delimitaes do TrabalhoO presente trabalho tem seu framework conceitual na relao entre a Engenharia

de Processos de Negcio e a Engenharia de Software. Portanto, importante colocar as delimitaes inerentes a cada rea com o intuito de focar a tese para a realizao de seus objetivos.

6

Com relao Engenharia de Processos de Negcio, importante ressaltar que nem todos os conceitos abordados por ela sero aprofundados na dissertao. Dentro do contexto proposto para o trabalho, no sero detalhados, por exemplo, desdobramentos da EPN como a Gesto do Relacionamento com o Cliente, a Gesto do Conhecimento, Gesto da Cadeia de Suprimentos, Re-projeto Organizacional, Gesto de Indicadores de Desempenho, Workflow e GED e Implantao de Sistemas Integrados de Gesto. A nfase ser dada ao desdobramento referente ao Projeto de Sistemas de Informao. No que tange Engenharia de Software, vale ressaltar que no ser analisado nenhum tipo de linguagem de programao de desenvolvimento de software, nem as ferramentas que suportam a modelagem orientada a objeto. Alm disso, no se pretende detalhar os tipos metodologias orientadas a objeto, interessando a este texto o entendimento de que forma essas tecnologias podem contribuir para uma metodologia de modelagem de processos orientada para sistemas. As delimitaes citadas acima visam tornar factvel o desenvolvimento da dissertao bem como suas concluses, pois, ajudam a afunilar o escopo da mesma.

2.4

Mtodo de TrabalhoEsse tpico tem como principal objetivo descrever o tipo de pesquisa utilizada

para elaborar essa dissertao, justificando sua escolha e apresentando suas principais caractersticas de natureza, forma, objetivos e procedimentos tcnico utilizados, alm de mostrar as principais etapas realizadas durante a pesquisa. Conforme pode ser observado em YIN (2001, p. 19), toda estratgia de pesquisa apresenta vantagens e desvantagens, dependendo do tipo de questo da pesquisa, do controle que o pesquisador tem sobre os eventos comportamentais efetivos e do foco em fenmenos histricos, em oposio a fenmenos contemporneos. Analisando as caractersticas dos diferentes tipos de pesquisa e considerando as principais questes que se pretende investigar, foi possvel concluir que quanto a sua natureza, a pesquisa pode ser classificada como aplicada e com relao abordagem do problema em anlise, a pesquisa pode se caracterizar como qualitativa, pois, considera que nem tudo pode ser quantificvel e traduzido em nmeros e que existe uma relao subjetiva e dinmica entre o mundo real e o objeto de estudo, onde o pesquisador tende a analisar seus dados intuitivamente. Alm disso, a pesquisa realizada buscou uma 7

melhor compreenso do foco abordado pela tese, podendo ser classificada, de acordo com as classificaes propostas por GIL (1991), como sendo exploratria com relao aos seus objetivos, pois, visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torn-lo explcito, envolve levantamento bibliogrfico, entrevistas com pessoas que tiveram experincias prticas com o problema pesquisado e anlise de casos que estimulem a compreenso. Alm disso, com relao aos procedimentos tcnicos usados na dissertao, a pesquisa pode ser classificada como sendo do tipo estudo de caso e no participante, pois apesar de ter existido algum grau de interao com as equipes de indivduos que faziam parte dos casos, o autor no participou ativamente destes fenmenos, no tomando parte ou exercendo influncia sobre o comportamento dos fenmenos estudados. Como estratgia de pesquisa, o estudo de caso pode ser definido como uma pesquisa emprica que investiga um fenmeno contemporneo dentro de um contexto da vida real, quando as fronteiras entre o fenmeno e o contexto no so muito evidentes, e que mltiplas fontes de evidncia so usadas. Isto particularmente valioso para responder questes do tipo quem, porque e como dentro da gesto da pesquisa. YIN (2001). Os casos apresentados na dissertao proporcionaram a contextualizao real da aplicao experimental da metodologia de modelagem de processos e requisitos de negcio orientado para desenvolvimento de sistemas de negcio. Porm, importante ressaltar que durante a pesquisa e o desenvolvimento dos casos, algumas evidncias levantadas apontavam para a reformulao de algumas questes iniciais e o surgimento de novas questes. Esta reformulao nas questes relevantes levou o autor redefinir o projeto de pesquisa, tendo que por algumas vezes retornar e reavaliar as evidncias bibliogrficas e prticas levantadas no que se refere ao tipo e relevncia dos dados a serem levantados e a forma de anlise dos mesmos (YIN, 2001, p. 65). A partir das classificaes citadas acima, a metodologia de pesquisa adotada foi realizada nas seguintes etapas (REMENYI et al., 1998):

1. Estudo da bibliografia com a utilizao de livros e artigos referentes ao tema abordado na tese. Buscou-se com esse estudo subsdios e bases tericas para realizar uma pesquisa que agregue valor ao trabalho, procurando transferir o 8

conhecimento contido no estado-da-arte para o estudo de caso contemplado na tese. Alm disso, o estudo bibliogrfico ajudar a guiar e se necessrio ajustar o tema proposto;

2. Levantamento de dados ou evidncias, atravs de estudo de casos em organizaes, por intermdio da documentao da organizao e de entrevistas com seus profissionais, da metodologia de modelagem de processos de negcio e levantamento de requisitos para construo de sistemas corporativos da empresa e demais dados relevantes para uma melhor descrio dos problemas enfrentados dentro do escopo abordado;

3. Fazer a anlise dos dados coletados buscando uma melhor compreenso dos problemas contidos dentro do tema proposto. Para tornar essa anlise consistente foi utilizado como base todo o leque bibliogrfico explorado durante a pesquisa e as evidncias levantadas nos casos;

4. Redao e elaborao da documentao final, apresentando o problema tratado, as concluses oriundas dos conhecimentos adquiridos com o estado-da-arte e daqueles adquiridos com os casos, os resultados obtidos, as contribuies realizadas e propostas de pesquisas futuras.

O prximo captulo inicia o desenvolvimento da dissertao com uma reviso literria do tpico Engenharia de Processos de Negcios (EPN), mostrando suas principais caractersticas e seus desdobramentos como, por exemplo, o desenvolvimento de sistemas de informao.

9

3

ENGENHARIA DE PROCESSOS DE NEGCIO

Segundo SANTOS (2002, p.1), a Engenharia de Processos de Negcio (EPN) pode ser definida como ... uma arquitetura (framework) para entendimento, anlise e melhoria dos processos dentro e entre organizaes.... Em CAMEIRA e CAULLIRAUX (2000) pode-se encontrar a seguinte definio de EPN:

...a EPN uma tcnica muito utilizada quando se deseja entender ou mapear como uma parte de uma organizao, uma organizao ou, at, um conjunto de organizaes (uma cadeia de suprimento, por exemplo) opera, como so realizados os processos, como a informao flui atravs desses processos, suas

interfaces, quais os recursos so utilizados, quem realiza as diversas atividades, etc., permitindo entender as cadeias de valor existentes..

Dentro da Engenharia de Produo, diversos so os quadros conceituais abordados por muitos autores que esto relacionados com a EPN como, por exemplo, a Reengenharia (DAVENPORT, 1994; HAMMER, CHAMPY, 1994) que para muitos, apesar de ter sido mal aplicada em muitas empresas, foi, no incio da dcada de 90, a grande responsvel pela difuso da viso orientada a processos, ainda podem ser citados quadros como o Controle de Qualidade Total (FALCONI, 1996), Sistema Toyota de Produo (SHINGO, 1996a, 1996b; SHINGO, 2000), Teoria das Restries (STEIN, 1996), etc. Independente do quadro conceitual abordado, a EPN tem como um dos seus principais objetivos o mapeamento dos processos de negcio que envolve parte ou a totalidade dos relacionamentos de uma ou mais organizaes com o intuito de compreender as inter-relaes existentes entre os objetos envolvidos com o(s) processo (s) de negcio em questo.

10

Existem diversos conceitos atrelados definio de processo de negcio. Para entender melhor esses conceitos, importante citar algumas das definies de processo de negcio encontradas na literatura, a saber:

Um processo um grupo de atividades realizadas numa seqncia lgica, com o objetivo de produzir um bem ou um servio que tem valor para um grupo especfico de clientes. (HAMMER e CHAMPY, 1994)

Um processo uma ordem especfica de atividades de trabalho que so realizadas atravs do tempo com um lugar definido, com incio e fim, e com inputs e outputs claramente identificados. (DAVENPORT, 1993)

Uma cooperao de atividades distintas para a realizao de um objetivo global, orientado para o cliente final que lhes comum. Um processo repetido de maneira recorrente dentro da empresa. A um processo correspondem: Um desempenho

(performance), que formaliza o seu objetivo global (um nvel de qualidade, um prazo de entrega etc.); Uma organizao que materializa e estrutura

transversalmente a interdependncia das atividades do processo, durante sua durao; Uma co-

responsabilidade dos atores nesta organizao, com relao ao desempenho global; Uma responsabilidade local de cada grupo de atores ao nvel de sua prpria atividade. (ZARIFIAN apud SALERNO, 1999, p.105)

Segundo SALERNO (1999, p.104), as caractersticas de um processo seriam:

Uma organizao estruturada, modelada em termos e trocas entre as

11

atividades constitutivas. Esta organizao se constitui pela ligao ao cliente final;

Entradas tangveis (produtos, faturas, pedidos, etc.) ou intangveis (deciso de lanar novo produto, demanda de investimentos, etc.);

Sadas: o resultado do processo. um ponto de partida para a construo da organizao;

Recursos: no o somatrio de recursos locais, mas a utilizao racional dos recursos que so, ao mesmo tempo, necessrios e teis ao processo. possvel que alguns recursos fiquem dedicados a um processo, mas outros no, podendo ter um uso variado;

Custo dos recursos globais, valorizados, do o custo de um processo;

Um desempenho global, medido por alguns (poucos) indicadores, deve ser explicitado em desempenhos locais para cada atividade. Esses indicadores seriam a nica referncia de avaliao sobre o resultado do processo, o nico critrio de coresponsabilidade entre os atores;

Fatores de desempenho ligados aos pontos crticos: so pontos privilegiados de reflexo sobre a gesto econmica do processo e sobre os principais instrumentos de ao. Pontos crticos podem ser atividade ou coordenaes;

Um desenrolar temporal, dado que um evento detona o processo (ex.: chegada de um pedido) e outro o fecha (entrega). O processo se desenrola segundo uma temporalidade organizvel e mensurvel.

processos podem ser melhor entendidos se percebidos como uma estruturao-coordenao-disposio lgicotemporal de aes e recursos com o objetivo de gerar um ou mais produto(s)/servio(s) para os clientes da organizao. Os processos esto intrinsecamente

12

relacionados aos fluxos de objetos na organizao. Os processos podem estar em diferentes nveis de abstrao ou detalhamento, relacionado a atividade finalsticas ou de apoio, possurem um responsvel por seu

desempenho global e responsveis locais direcionados ao andamento de suas partes-constituintes e,

comumente, serem transversais a forma atravs da qual a organizao se estruturou (por funo, por produto, por eixo geogrfico etc.). Aos processos cabe o desenvolvimento ou desenrolar dos fluxos de objetos enquanto s funes ou unidade organizacionais cabe a concentrao de conhecimentos por semelhana, dentro das organizaes. Os processos so a organizao em movimento, so, tambm, uma estruturao para ao para a gerao de valor (SANTOS, 2002, p.40).

SANTOS et al (2002) analisa que diante da necessidade de se mapear processos para uma melhor compreenso da organizao como um todo, a EPN tem por base modelos de processos, cujas finalidades bsicas so: representao, anlise e melhoria da forma que o trabalho realizado nas organizaes, horizontalmente, orientado para produtos, clientes e mercados. Com os modelos de processos de negcios mapeados possvel realizar anlises e, por conseqncia, melhorias dos processos em questo, almejando, por exemplo, uma normalizao e certificao da qualidade atravs das sries ISO, reduo de custos e do lead-time de produo, simulaes computacionais de diversos cenrios, seleo e desenvolvimento de sistemas integrados de gesto orientado a processos, entre outras. VERNADAT (1996) coloca que os principais objetivos da modelagem de processos so: Uniformizao do entendimento da forma de trabalho, gerando integrao; Anlise e melhoria do fluxo de informaes; Explicitao do conhecimento sobre os processos, armazenando, assim, o know how organizacional; Realizao de anlises organizacionais e de indicadores (processos, financeiros e outros); 13

Realizao de simulaes, apoiando tomada de decises; Gesto da organizao.

SANTOS (2002) citou os principais resultados da aplicao da EPN nas organizaes podem ser citados os seguintes (SANTOS, 2002):

Uniformizao de entendimentos sobre a forma de trabalho atravs da difuso da viso por processos, suportada ferramentas e modelos que permitem a visualizao do trabalho executado pelas unidades organizacionais, possvel se criar uma viso holstica e homognea do negcio por parte de todos os envolvidos em uma organizao ou at mesmo em um conjunto de organizaes;

Melhoria do fluxo de informaes atravs da modelagem de processos possvel identificar as informaes de entrada e sada necessrias para a execuo das atividades que estabelecem interfaces entre unidades organizacionais de uma mesma empresa ou de empresas diferentes. Destaca-se o papel da TI com a utilizao de sistemas de informao como, por exemplo, os sistemas de workflow que apiam a automatizao dos processos e do fluxo de informao;

Padronizao dos processos - importante se definir padres na forma como as pessoas esto modelando os processos, pois, isso facilita sobremaneira a legibilidade e a homogeneidade dos modelos trabalhados, facilitando a uniformizao do entendimento sobre a forma de trabalho. Nesse sentido, importante definir uma ferramenta de modelagem, os modelos que sero utilizados, os objetos dos modelos que sero utilizados, como estes objetos estaro dispostos no modelo, entre outros aspectos que ajudam a formular um referencial de conformidade. Cabe ressaltar que importante o envolvimento de pessoas que possam garantir a consistncia da padronizao entre os diversos modelos trabalhados por diversas pessoas de vrias reas de uma organizao;

Melhoria da gesto organizacional relacionando-se os processos modelados aos indicadores de desempenho de uma organizao, possvel melhorar a gesto

14

organizacional atravs de prticas de monitorao, avaliao, controle, etc.;

Aumento da conceituao organizacional sobre processos como conseqncia da aplicao de mtodos e prticas relacionadas EPN, as organizaes passam a aplicar prticas baseadas em processos, gerando o desenvolvimento e o aprimoramento organizacional; e

Reduo de tempo e custos dos processos com a modelagem das operaes, recursos e mtricas envolvidas nos processos, torna-se possvel identificar as melhorias diretamente ligadas a maior eficincia organizacional com a reduo de tempo e custos.

3.1

A Viso por ProcessosConforme foi possvel observar acima, a EPN fundamenta-se na viso por

processos e na modelagem dos processos de negcio para retratar parte das variveis que compem um determinado ambiente de negcio real, substituindo ou no mnimo complementando a viso funcional vigente, at o momento, em boa parte das organizaes presente no mercado de trabalho. No que tange a viso funcional, como pode ser observadas em ANTUNES, JR., CAULLIRAUX e NEVES (1998), esta pode gerar distores de percepo. Como exemplo, pode-se tomar como base uma compra em grande quantidade de um determinado produto, reduzindo o custo por unidade adquirida, o que gera um indicador positivo para a rea de compras. Porm, devido falta de viso processual, essa grande quantidade de produto pode gerar um aumento do custo de estocagem que venha a invalidar o ganho proporcionado pela rea de compras. De uma maneira geral, a viso por processos busca a integrao dos timos locais para atingir os timos globais. Na figura e na tabela abaixo podem ser visualizados os contrastes entre a lgica processual e funcional:

15

Organizao

ProcessosProcesso 1

Funo A

Funo B

Funo C

Produtos

Processo 2

M ercado

Atividades ou OperaesFigura 1: Viso Funcional X Viso por Processos Fonte: RUMMLER e BRACHE (1994) apud Antunes, Jr., Caulliraux, Neves (1998)

Tabela 1 - Comparao: Organizao Funcional vs Orientada por Processos

Organizao Funcional

Organizao por Processos

Consumidor como uma varivel criadora Objetivos ajustados pelos consumidores de distrbio Estruturas organizacionais rgidas Foco no projeto organizacional Estruturas organizacionais flexveis Foco no projeto do comportamento Controle flexvel do processo por gerentes

Controle do Processo por gerentes de de fluxo de trabalhos (Workflow) coordenaoFonte: KELLER, TEUFEL (1998), apud SANTOS (2002, p. 27)

CAMEIRA e CAULLIRAUX (2000) colocam como principais caractersticas da viso por processos, a possibilidade de se realizar uma anlise das funes de uma organizao a partir de uma seqncia lgica e temporal das atividades mapeadas, o foco dado em clientes iniciais e finais (clientes, preferencialmente, externos as organizaes), a articulao de diversos objetos que compem os processos (dados, recursos, unidades organizacionais, etc.), uma classificao consistente

metodologicamente dos objetos e uma hierarquia entre os modelos e, por fim, a possibilidade de navegao pelos processos em qualquer direo seja das atividades aos

16

macro-processos (abordagem botton up) ou dos macro-processos para as atividades (abordagem top down). Estes mesmos autores tambm relacionam a viso por processos TI enquanto habilitadora da integrao do fluxo de informaes que proporciona o encadeamento e o link das atividades realizadas pelas diversas reas de uma empresa, facilitando as quebras das barreiras funcionais. A Tecnologia da Informao, por natureza, influencia de maneira drstica o comportamento da sociedade como um todo, alterando a vida das pessoas e das diversas organizaes das quais elas fazem parte. Independente do porte, do mercado e da sua cultura organizacional, importante que uma organizao considere em seus planejamentos o uso eficaz e eficiente da TI. Dessa forma, a TI tem um papel importantssimo dentro dos processos empresariais, influenciando de maneira significativa na execuo e gesto do trabalho. Na realizao do trabalho, a TI proporciona desde mudanas na forma individual de trabalhar at a forma pela qual as organizaes se relacionam em processos interorganizacionais. de extrema importncia que as empresas procurem entender a lgica da forma como seus resultados so obtidos e ajustar as atividades e a tecnologia empregada de modo a otimizar o emprego dos recursos e a eficincia geral dos processos. Para entender essa lgica de funcionamento necessrio um estudo do trabalho para analisar a maneira pela qual ele realizado e quais so os recursos envolvidos na execuo do mesmo. Alm disso, vale ressaltar que a TI se aplicada em processos problemticos, pode no representar ganho de eficincia, aumentando apenas a velocidade com os quais os processos so realizados. necessrio que a empresa defina seus processos chaves escolhendo cuidadosamente os processos a serem tratados para que possa garantir um resultado realmente importante para o seu negcio, evitando, desta forma, grandes investimentos em tecnologia na automao de processos que geram pouco ou nenhum valor para o cliente da empresa e, portanto, ao seu negcio. A evoluo da Tecnologia da Informao (TI), tanto na rea de computao quanto na rea de telecomunicaes, permitiu a drstica reduo dos custos de transferncia de informao e o aumento da velocidade e da qualidade das comunicaes dentro e fora das organizaes. Alm disso, o surgimento de novas

17

tecnologias e conceitos como Supply Chain Management (SCM), Knowledge Management (KM), Customer Relationship Management (CRM) e E-business1 est permitindo que a lgica por processos seja aplicada tanto para integrar reas de uma mesma empresa quanto para integrar as empresas que venham a fazer parte de uma mesma cadeia ou rede de valor. Como visto anteriormente, a viso por processos busca derrubar os muros funcionais e proporcionar uma melhor integrao entre as reas de uma empresa. Sendo assim, importante para uma empresa que deseja manter ou ganhar mercado nos dias de hoje considerar a viso por processos dentro de sua estrutura organizacional. Conforme pode ser visto na figura abaixo, uma empresa tambm deve se preocupar com a sua cadeia de suprimentos e procurar se posicionar da melhor maneira possvel dentro dela. Deve reduzir custos atravs de parcerias com outras empresas, terceirizando atividades e processos que no so chaves e no esto ligados s suas competncias centrais. Assim, cada empresa pode focar seus recursos em processos chaves e se especializar em determinada etapa do processo de produo que agora passa a estar espalhado pela cadeia de suprimento. Esses processos que formam toda a cadeia podem ser chamados de processos colaborativos.

Fornecedor de MP

Indstria

Distribuio

Varejo

=> Matria-prima, Produtos Intermedirios, Produtos Acabados, etc. => Capacidades, Tempos de Entrega, etc. => Crditos, Termos de Pagamentos, Faturas

Figura 2: Integrao da Cadeia de Suprimentos Fonte: NEVES (1999, p. 6)

Nesse contexto, as empresas dentro, de um ambiente de negcio colaborativo, podem compartilhar informaes, conhecimentos, processos e responsabilidades com1

Negcios realizados atravs da Internet, utilizando os seus recursos

18

seus parceiros, buscando adquirir vantagens competitivas para a cadeia como um todo e no somente para uma empresa. A figura abaixo mostra a evoluo da viso orientada a processos desde a tradicional organizao por funo at o dinmico ambiente colaborativo do e-business.

e-EconomiaA PARTIR

Comunidades Orientadas por Processos Cooperao dinmica com e-Business

Organizaes Funcionais Muros

Organizaes Orientadas por Processos Sistemas Logsticos Integrados

Redes de Processos Especficos Planejamento integrado e implementao com SCMs

Figura 3: As Tendncias Organizacionais. Fonte: IDS Scheer AG (2000)

Essa relao direta da viso por processos com TI pode ser comprovada atravs do histrico relacionado aos sistemas integrados de gesto (SIG), passando por conceitos e tecnologias abordadas pela Manufatura Integrada por Computador (ou Computer Integrated Manufacturing CIM), pelos sistemas Enterprise Resources Planning (ERP) com a integrao intra-organizacional e pelos sistemas de Gesto da Cadeia de Suprimento (Supply Chain Management SCM) que buscam fazer o elo entre todos os sistemas ERP das empresas que formam a cadeia, em uma integrao interorganizacional. Na figura abaixo possvel visualizar essa evoluo de conceitos e tecnologias relacionados integrao organizacional.

19

Supply Chain Management

JIT MRP/ MRPII TOC

JIT MRP/ MRPII TOC JIT MRP/ MRPII TOC

CIM

ERP CIM

CIM

ERP

Empresa 1

ERP

Empresa 2

Empresa N

Figura 4: Evoluo de conceitos e sistemas de integrao Fonte: CAMEIRA (1999, p.3)

Como citado anteriormente, diante de um ambiente complexo torna-se necessria a existncia de modelos que facilitem a compreenso e gesto da realidade. Sendo assim, importante entender alguns princpios de modelagem e as principais metodologias de modelagem de processos que suportam a viso por processos.

3.2

Princpios, Ferramentas e Metodologias de Modelagem de Processos de NegcioNesse tpico sero abordados alguns dos princpios de modelagem citados e

considerados por alguns autores como base para a criao de um modelo claro e eficiente, ser vista uma anlise de mercado das ferramentas de modelagem de processos e uma proposta de metodologia de seleo de uma ferramenta e, por fim, sero mostradas algumas das principais arquiteturas de modelagem de processos de negcio utilizadas no mercado.

20

3.2.1 Princpios de Modelagem Segundo PIDD (1999), um modelo uma representao externa e explcita de parte da realidade vista pela pessoa que deseja usar aquele modelo para entender, mudar, gerenciar e controlar parte daquela realidade. Porm, para que um modelo possa ser eficaz e eficiente necessrio que ele represente de forma clara e objetiva a situao a que est disposto a explicitar. Para isso, importante seguir alguns princpios de modelagem que so citados por alguns autores como pode ser observado abaixo. Para PIDD (1999), os principais princpios de modelagem so:

Modele simples, pense complicado; Seja parcimonioso, comece com pouco e acrescente; Divida e conquiste, evite mega-modelos; Use metforas, analogias e similaridades; No se apaixone pelos dados.

Em VERNADAT (1996), podem ser encontrados os seguintes princpios de modelagem:

Separao de focos para reduzir a complexidade; Decomposio funcional; Modularidade; Generalidades do modelo; Re-usabilidade; Separao do comportamento e funcionalidade; Descasamento entre processos e recursos; Conformidade; Visualizao do modelo; Simplicidade versus adequao; Gesto da complexidade; Rigor na representao; Separao de dados e controle.

21

Para ROSEMANN (apud SCHEER, 1998) e AALST (apud SANTOS 2002) pode-se encontrar os seguintes princpios de modelagem:

Aderncia realidade; Relevncia ou suficincia no nvel de detalhamento dos modelos de acordo com o objetivo fim da modelagem; Custo / benefcio de se criar um modelo analisando o quo til ser e quanto tempo ser utilizado; Clareza dos modelos para melhor compreenso dos usurios; Capacidade de comparabilidade entre modelos diferentes, pressupondo-se a utilizao da mesma linguagem de modelagem com os mesmos objetos, mesma metodologia e nveis de detalhamento homogneos; Estruturao sistemtica dos modelos que devem apresentar, atravs de uma metodologia consistente, integrao entre diferentes pontos de vista de uma mesma realidade.

importante observar que os princpios de modelagem apresentam relaes de interdependncia e muitos so complementares. Porm, para que haja uma modelagem consistente e de fcil entendimento necessrio que tais princpios sejam aplicados de maneira eficaz proporcionando uma modelagem uniforme e integrada sendo, portanto, importante a existncia de ferramentas suportadas por arquiteturas / metodologias que sirvam de referncia para a modelagem. A seguir sero mostradas brevemente algumas dessas ferramentas e metodologias. 3.2.2 Ferramentas de Modelagem de Processos de Negcio Como mencionado anteriormente, a viso por processos habilitada e realizada atravs da TI e de suas ferramentas informticas. Assim, todas as arquiteturas, metodologias e aplicaes citadas acima necessitam de ferramentas de modelagem que tenham capacidades e funcionalidades suficientes para a realizao dos objetivos de um projeto especfico. Porm, o processo de seleo e compra de uma ferramenta de modelagem deve

22

seguir alguns critrios que permitam comparaes que apiem na tomada de deciso. A escolha da ferramenta deve levar em considerao uma srie de fatores como o escopo do projeto ou dos projetos em que ser utilizada, o tempo estimado de vida til dessa ferramenta dentro da organizao, a poltica do fornecedor com relao manuteno e atualizao da ferramenta, a facilidade de utilizao da mesma, a existncia de base de dados, entre outros fatores que devem ser levados em conta. Conforme pode ser observado na figura abaixo, algumas consultorias como, por exemplo, o Gartner Group, realizam anlises de ferramentas de modelagens de processos segundo alguns critrios, podendo ser levadas em considerao no processo de seleo e compra.

Mercado de Modelagem/Anlise de Processos de NegciosPioneiros Lderes

Capacidade de suporte

Atores do Nicho

Visionrios

Figura 5: Comparao de Ferramanetas de Modelagem de Processos Fonte: Gartner Group (2002)

23

O Gartner Group utiliza dois critrios para a classificao das ferramentas, que so a abrangncia da viso relacionada aos possveis desdobramentos e aplicaes em que a ferramenta pode ser utilizada, variando de ferramentas de uso especfico a uso mais geral e a capacidade de suporte ao mercado. Em complemento a figura acima, CAMEIRA e BASTOS (2000) demonstram uma proposta de mtodo de anlise e adequao das ferramentas de modelagem a um projeto com a definio dos objetivos do projeto, a verificao de ferramentas disponveis no mercado para o cumprimento dos objetivos, a anlise de adequao da ferramenta ao escopo do projeto2 e a escolha da ferramenta. Alm desse mtodo, os autores propem outros critrios para anlise, classificao e seleo de ferramentas de modelagem, conforme pode ser observado na figura abaixo:Verificao de possibilidades, ferramentas disponveis Escolha de ferramenta

Definio dos objetivos

Anlise de adequao

Conhecimento em modelagem

Figura 6: Mtodo de Anlise de Adequao das Ferramentas de Modelagem a um Projeto Fonte: BASTOS, CAMEIRA (2000, p.8)

Os mesmos autores ainda citam outros critrios que julgam importante para avaliar uma ferramenta de modelagem como: Existncia de base de dados O primeiro critrio e corte utilizado pelos autores est relacionado existncia de base de dados nas ferramentas de modelagem. Com uma base de dados associada possvel armazenar e integrar modelos e objetos de forma consistente, alm de proporcionar outras funcionalidades como a gerao e anlise de diversos tipos de relatrios de modelos e objetos armazenados, a possibilidade de criao de filtros, mecanismos de busca, etc.2

Nessa etapa do mtodo os autores ressaltam que a experincia e o conhecimento em modelagem

contribui significativamente nessa anlise de adequao da ferramenta ao projeto em questo.

24

Existncia de referencial metodolgico - O segundo critrio utilizado foi a existncia de um referencial metodolgico intrnseco a ferramenta, permitindo uma crtica automtica na criao dos modelos, de seus respectivos objetos e de seus relacionamentos. Alm dessas vantagens, a existncia de um referencial metodolgico significa um ponto de partida e uma referncia para os usurios da ferramenta trabalharem de forma padronizada e homognea. As principais ferramentas analisadas no trabalho foram as seguintes: Corel Draw (Corel Software), Flow Charter (Micrografix), is/Modeler (Modus Operandi), ARIS Tool Set (IDS Prof. Scheer GmbH.), Ithink (High Performance Systems), Live Model (Intellicorp), MicroSaint (Systems Modeling), MS Power Point (Microsoft

Corporation), System Architect (Popkin) e Visio Professional. Um outro trabalho interessante e detalhado sobre ferramentas de modelagem pode ser observado em SANTOS (2003, p.114 a p.139) onde o autor faz anlises comparadas de mtodos, aplicaes, funcionalidades (operacionais e de gesto) e de preo para as seguintes ferramentas: ARIS Toolset (IDS Prof. Scheer GmbH.), MS Power Point (Microsoft Corporation), System Architect (Popkin), Visio Professional e Casewise. Todos os trabalhos citados neste tpico apontam a ferramenta de modelagem ARIS Toolset (IDS Prof. Scheer GmbH.) como a melhor para a modelagem de processos por ser suportada por uma base de dados, por uma metodologia, por ser abrangente em termos de escopo de projeto, entre outros critrios que lhe proporcionaram esse status. Considerando-se o resultado acima e que o objetivo deste trabalho apresentar uma metodologia de modelagem de processos orientada para levantamento de requisitos de desenvolvimento de sistemas, a ferramenta ARIS Toolset foi selecionada como base de estudo para o desenvolvimento da metodologia proposta. Dessa forma, conforme ser visto no prximo tpico, importante entender algumas metodologias de modelagem, dando destaque metodologia ARIS e alguns dos modelos utilizados por essa ferramenta. 3.2.3 Arquiteturas e Metodologias de Modelagem de Processos de Negcio Diante da necessidade de criao de vistas organizacionais apoiadas por modelos

25

de todos os tipos, diversas metodologias de modelagem empresarial relacionadas diretamente a EPN, conforme observado em VERNADAT (1996), foram desenvolvidas por diversas organizaes de padronizao com o intuito de facilitar o processo de modelagem empresarial atravs de metodologias pr-definidas que podem ser reutilizadas de maneira integral ou, dependendo do objetivo a ser alcanado por um projeto ou aplicao especfica, servirem como ponto de referncia para o desenvolvimento de uma metodologia prpria e customizada. A partir dessas metodologias de referncia possvel criar uma linguagem padro intra ou, no caso de uma cadeia de organizaes, inter organizacional que facilita a uniformizao de entendimentos por parte das pessoas envolvidas no projeto em questo, tornando a modelagem empresarial mais uniforme, integrada e consistente com os objetivos aos quais pretende realizar. Neste tpico ser apresentada uma viso geral de algumas das principais metodologias desenvolvidas e utilizadas na busca de padres de modelagem. 3.2.3.1 CIMOSA (Computer Integrated Manufacturing Open System

Architecture) Elaborada e documentada por um consrcio de empresas denominado AMICE, trata-se de uma arquitetura cujo objetivo ajudar as organizaes a gerenciar mudanas e integrar suas facilidades e operaes com vista a alcanar preo, qualidade e tempo de entrega competitivos. CIMOSA introduziu a idia de arquitetura de sistemas abertos para CIM, padronizando mdulos, descritos em termos de sua funo, informao, recurso e aspectos organizacionais. Apresenta uma arquitetura consistente tanto com a modelagem quanto com a integrao empresarial como requerido no ambiente CIM e que possui 3 componentes principais: estrutura de modelagem empresarial, a infraestrutura de integrao e ciclo de vida do sistema CIM. Pode ser aplicada tanto no ambiente de engenharia empresarial, no qual, atravs de melhoria contnua ou reengenharia, novos modelos so criados e modelos existentes so melhorados ou pode tambm ser aplicada no ambiente de operaes empresariais nos quais modelos so usados para suportar, controlar ou monitorar o dia-a-dia de operaes atravs do ciclo de vida dos produtos.

26

A estrutura de modelagem apresentada por CIMOSA, conforme pode ser vista na figura abaixo, conhecida como CUBO CIMOSA e se divide em arquitetura de referncia e arquitetura particular. Em sendo tridimensional, a estrutura caracterizada por trs princpios ortogonais: Princpio da Derivao Esta dimenso composta por trs nveis cujo objetivo o de dividir o modelo de negcio em diferentes nveis de abstrao. No primeiro nvel, denominado "Requirements Definition", devem ser registradas as necessidades do negcio de acordo com a viso dos usurios. No segundo nvel, denominado "Design Specification", os requisitos definidos no primeiro nvel so detalhados com o intuito de construir um modelo de negcio executvel. No ltimo nvel, denominado "Implementation Description", acrescenta-se o nvel anterior detalhado para a implementao do modelo de negcio definido. Princpio da Instanciao Este princpio tem como base trs vistas: genrica, parcial e particular. A

primeira vista, denominada de genrica, contm objetos e regras genricas que juntos podem criar uma linguagem de modelagem para expressar modelos gerais ou particulares. A segunda vista, denominada de parcial, tem por objetivo a descrio de modelos gerais como, por exemplo, modelos relacionados a um determinado tipo de indstria que podem ser reutilizados e adaptados para um modelo particular. E, por fim, a vista particular que tem como objetivo a descrio de modelos especficos para uma determinada organizao. As vistas genrica e parcial esto inseridas na arquitetura de referncia e a ltima vista na arquitetura particular. Princpio da Gerao Este princpio composto por quatro vistas complementares: organizao, recursos, informao e funo. A vista de organizao est relacionada representao dos nveis organizacionais, autoridade e responsabilidade. A vista de recursos est relacionada aos seres humanos, mquinas e sistemas e suas capacidades de gerir e executar as funes do negcio. A vista de informao representa os objetos organizacionais e seus elementos de informao. E, por fim, a vista de funo que representa numa lgica temporal o comportamento (processos, atividades e eventos) e as funes organizacionais. 27

Figura 7: O Cubo CIMOSA Fonte: (VERNADAT, 1996, p.45)

3.2.3.2 IDEF (Integrated DEFinition) A metodologia IDEF comeou a ser criada no incio dos anos 70 em um programa da fora area dos Estados Unidos da Amrica denominado de ICAM (Integrated Computer Aided Manufacturing). Inicialmente pensada para engenharia de sistemas, a IDEF com o passar dos anos foi agregando novos mtodos relacionados a diversos aspectos organizacionais que no somente sistemas de informaes. Assim, a IDEF composta por sub-mtodos como o IDEF 0 relacionado a modelagem funcional, o IDEF 1 para modelagem de informaes, o IDEF 2 desenvolvido para suportar simulaes, o IDEF 3 para descrio e captura de processos, IDEF 4 para modelagem orientada a objetos e IDEF 5 para descrio de ontologias. Ainda existem mtodos que esto em desenvolvimento e outros que ainda sero desenvolvidos como, por exemplo,

28

o IDEF 14 para projeto de rede e o IDEF 12 para projeto organizacional. Como citado anteriormente, o mtodo IDEF 3 est diretamente relacionado a modelagem de processos, sendo composto por dois modelos denominados de Fluxo de Processo (Process Flow) e o Rede de Transio de Estado de Objeto (Object State Transition Network (OSTN)). O primeiro modelo tem como objetivo descrever como as coisas so feitas dentro de um determinado processo de produo. O segundo modelo descreve os eventos, pelos quais um objeto passa em um determinado processo. importante ressaltar que ambos os modelos possuem unidades de informao e podem, portanto, serem usados na descrio de sistemas de informao. (GROVER, 2000, p. 170/173), VERNADAT (1996, p. 136/143) e MAYER et. al, apud SANTOS, 2002) 3.2.3.3 ARIS (Architecture of Integrated Information Systems) A metodologia ARIS tem como principal objetivo, atravs de modelos, estabelecer uma viso holstica, integrada e homognea de uma organizao, permitindo o desenvolvimento de sistemas de informao mais aderentes ao negcio. Com o intuito de reduzir a complexidade da modelagem das diversas partes que compem uma organizao, conforme pode ser observado na figura abaixo, a arquitetura se divide em cinco vistas (Organizao, Funo, Dados, Controle ou Processo e Sada) e cada vista se divide em trs nveis (Definio de Requisitos, Projeto e Especificao e, por fim, Implementao).

Figura 8: As vistas e nveis de implementao da metodologia ARIS Fonte: Adaptao de SCHEER (1998, p. 41) apud SANTOS (2002, p. 120)

29

Diversos so os modelos associados a cada vista, entre os quais se destacam o Diagrama de Objetivos, o Organograma, a Cadeia de Valor Agregado, a Cadeia de Eventos Orientados a Processos, Diagrama de Caso de Uso, entre outros que, atravs da lgica da metodologia, se inter-relacionam, mostrando de maneira consistente desde a concepo e do entendimento estratgico da organizao at o nvel de implantao dos componentes de TI que daro suporte operacional estratgia concebida. A subdiviso das vistas em trs nveis faz lembrar, como visto anteriormente, o cubo da arquitetura CIMOSA e tambm lembra muito, conforme ser visto mais a frente, os estgios de desenvolvimento de sistemas de informao (BOOCH et al., 1999). Com relao aos nveis de descrio e conforme pode ser observado em ARIS Methods (2000), o nvel Definio de Requisitos tem como principal objetivo descrever de forma estruturada a aplicao do negcio, se aproximando muito da viso de negcio do usurio. nesse nvel que deve ocorrer a descrio, atravs de modelos como a Cadeia de Eventos Orientados a Processos e Diagrama de Objetivos, dos principais conceitos e idias da organizao, definindo os principais requisitos de negcio que daro suporte ao desenvolvimento das aplicaes de TI. No nvel de Projeto e Especificao deve ser modelado aps de Definio e Requisitos, descrevendo de forma detalhada informaes referentes aplicao da TI. Neste nvel, deve ocorrer a descrio, atravs de, por exemplo, modelos como os da UML, dos requisitos de negcio definidos no nvel anterior e dos requisitos funcionais da aplicao a ser desenvolvida. Por fim, o nvel de Implementao com base nos modelos descritos no nvel anterior define os componentes de software e hardware que iro compor a aplicao final. Nesse nvel, modelos da UML como o Diagrama de Componentes e de Implantao podem apoiar a modelagem. importante observar, conforme pode ser visto em ARIS Methods (2000), que os nveis citados possuem ciclos de vida diferentes, variando com a proximidade da aplicao da TI. Ou seja, o nvel de Projeto e Especificao e principalmente o nvel de Implementao possuem ciclos de vida mais reduzidos, pois, esto mais prximos da TI que se renova com muita freqncia num curto espao de tempo. Isto j no acontece

30

com o nvel de Definio de Requisitos, pois este est diretamente ligado viso de negcio que no muda com mesma velocidade da TI.

3.3

Conceitos de Modelagem de Processo de Negcio e Modelos TradicionaisNesse tpico sero descritos alguns dos principais conceitos envolvidos com a

modelagem de um negcio, englobando, portanto, os conceitos relacionados a processos de negcio j citados em algumas das definies de alguns autores no incio do captulo. Alm disso, para exemplificar os modelos utilizados pela EPN para modelagem de negcio, ser utilizada nesse tpico a metodologia ARIS3 e alguns dos seus modelos. Essa metodologia foi escolhida pelo fato de ser suportada por uma ferramenta de modelagem considerada pelo Gartner Group como lder de mercado de anlise e modelagem de processos de negcio (conforme foi apresentado no tpico 3.3.2) e pelo fato do autor possuir alguma experincia de utilizao da ferramenta em projetos envolvidos com modelagem de processos e desdobramentos afins. 3.3.1 Conceitos de Modelagem de Processo de Negcio Diversas so as definies de processo de negcio propostas por inmeros autores que apresentam similaridades conceituais (HAMMER e CHAMPY, 1994, DAVENPORT, 1993, ZARIFIAN apud SALERNO, 1999, SALERNO, 1999, SANTOS, 2002, ERIKSSON E PENKER, 2000).

3

A metodologia ARIS foi apresentada no tpico 3.2.3.3

31

Com base na similaridade desses conceitos possvel elaborar um metamodelo4 como o elaborado por JACKOWSKI (2003). Segundo o autor, um metamodelo pode ser utilizado como padro para a criao de modelos de processos de negcio especficos. Conforme pode ser observado na figura abaixo, atravs do metamodelo, que pode ser representado, por exemplo, por um diagrama de classes da UML, possvel representar os conceitos de negcio.

Figura 9: Metamodelo de Processo de Negcio Fonte: JACKOWSKI (2003)

Tambm importante ressaltar que esses conceitos relacionados modelagem de negcio possuem relacionamentos entre si, podendo uma determinada regra definir a maneira de como os recursos so estruturados, os recursos, por sua vez, so utilizados na forma de insumo, produto e mecanismos envolvidos na execuo dos processos de negcio, os objetivos esto diretamente ligados razo de existir dos processos de negcio, entre outros tipos de relacionamentos que existem entre esses conceitos.

4

O conceito de metamodelo foi definido no captulo 4.

32

Esses conceitos representados por classes de objetos so descritos abaixo (JACKOWSKI, 2003, ERIKSSON E PENKER, 2000):

Processo de Negcio - O conceito de processo, conforme pode ser observado na figura acima, se relaciona com a maior parte dos demais conceitos e apresenta os atributos de descrio e de medidas. O primeiro atributo est relacionado com a descrio textual ou grfica do processo, mostrando como o processo executado e quais so os recursos de entrada (processados e consumidos pelo mesmo) e quais so os de sada. O segundo atributo est diretamente relacionado s mtricas (indicadores) do processo, considerando fatores de qualidade, tempo, custo, entre outros. Alm disso, importante ressaltar que um processo pode ser desdobrado em subprocessos, representando vrios nveis de detalhamento do negcio, est associado pelo menos uma unidade organizacional responsvel por sua gesto e controle, composto por uma ou mais atividades que so executadas por trabalhadores ou sistemas do negcio, regido por regras de negcio e, por fim, iniciado a partir de eventos externos ou internos a organizao e ao ser finalizado gera algum tipo de evento indicando que seu objetivo foi realizado.

Objetivos do Negcio - so propsitos gerais que um negcio pretende alcanar, podendo ser ramificados em sub-objetivos divididos, por exemplo, por reas funcionais do negcio. Alm disso, todo processo deve estar associado direta ou indiretamente pelo menos um objetivo estratgico que pode ser definido por uma ou mais regras de negcio e corresponde ao estado em que o recurso estar ao final do processo. Tambm importante destacar que a realizao de um objetivo depende de problemas ou fatores crticos que limitam o seu alcance.

Recursos

(Objetos

de

Negcio)

-

so

elementos

que

apresentam

relacionamentos entre si como materiais, pessoas, informaes ou produtos que so manipulados por processos de negcio e podem ser classificados como elementos fsicos, abstratos e informacionais. Conforme definido no conceito de 33

processo, esses objetos podem ser de entrada (material ou informao) sendo transformado ou consumido pelo processo e podem ser de sada representando um resultado coerente com o objetivo do processo. importante ressaltar que um objeto de sada de um processo pode fazer o papel de entrada de outro processo. Alm disso, conforme pode ser visto na figura acima, um objeto de negcio pode ser fornecido por uma ou mais organizaes externas ao negcio.

Regras de Negcio constituem de afirmaes que definem ou limitam alguns aspectos do negcio e representam o conhecimento do negcio. As regras determinam como o negcio deve se comportar, ou seja, como os processos de negcio devem ser executados e como os recursos utilizados so estruturados e se relacionam entre si. As regras podem ser definidas a partir de leis externas ou definidas internamente ao negcio, para que sejam alcanados os objetivos, podendo ser expressas tanto de forma textual como de forma grfica atravs de modelos. 3.3.2 As Vistas da Metodologia ARIS e seus Modelos Conforme citado anteriormente, a arquitetura da metodologia se divide em cinco vistas (Organizao, Funo, Dados, Controle ou Processo e Sada) e cada vista se divide em trs nveis (Definio de Requisitos, Projeto e Especificao e, por fim, Implementao). Nesse tpico sero descritos de maneira breve alguns dos modelos associados a cada vista e ao nvel de Definio de Requisitos que representam os principais conceitos envolvidos com a modelagem de processos de negcio. 3.3.2.1 A Vista de Funes Segundo ARIS Methods (2001), uma funo pode ser definida como uma tarefa tcnica ou ao realizada sobre um objeto para suportar um ou mais