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MODELAGEM DINÂMICA E DE CONTROLE DE UM MECANISMO DE TRÊS GRAUS DE LIBERDADE PARA APLICAÇÃO EM UM ROBÔ HEXÁPODE Djalma Demasi Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais. Orientador: Luciano Santos Constantin Raptopoulos Rio de Janeiro Fevereiro de 2012

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MODELAGEM DINÂMICA E DE CONTROLE DE UM MECANISMO DE TRÊS GRAUS DE LIBERDADE PARA APLICAÇÃO EM UM ROBÔ HEXÁPODE

Djalma Demasi

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais. Orientador: Luciano Santos Constantin Raptopoulos

Rio de Janeiro Fevereiro de 2012

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MODELAGEM DINÂMICA E DE CONTROLE DE UM MECANISMO DE TRÊS GRAUS DE LIBERDADE PARA APLICAÇÃO EM UM ROBÔ HEXÁPODE

Djalma Demasi Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica e Tecnologia de Materiais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso

Suckow da Fonseca CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do

grau de Mestre em Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais.

Aprovada por:

_______________________________________________________ Prof. Luciano Santos Constantin Raptopoulos, D. Sc. (Orientador)

______________________________________________ Prof. Pedro Manuel Calas Lopes Pacheco, D. Sc.

_____________________________________________ Prof. Max Suell Dutra, Dr.-Ing. (UFRJ)

______________________________________________ Prof. Vitor Ferreira Romano, Dott. Ric. (UFRJ)

Rio de Janeiro Fevereiro de 2012

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RESUMO MODELAGEM DINÂMICA E DE CONTROLE DE UM MECANISMO DE TRÊS GRAUS

DE LIBERDADE PARA APLICAÇÃO EM UM ROBÔ HEXÁPODE

Djalma Demasi Orientador: Luciano Santos Constantin Raptopoulos

Resumo da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais do Centro Federal de Educação Tecnológica

Celso Suckow da Fonseca CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção

do grau de Mestre em Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais.

Este trabalho apresenta como contribuição uma proposta de mecanismo de três graus

de liberdade para ser utilizada como perna de um robô hexápode. Para isso, foi realizado um

estudo dos principais tipos de robôs dotados de pernas, que permitiu a elaboração de um

modelo teórico e o desenvolvimento de algoritmos para a cinemática inversa, equações

dinâmicas de Lagrange e controle. Demonstrada a estabilidade do sistema, trajetórias foram

simuladas e os resultados teóricos se mostraram coerentes com a análise física do

mecanismo, o que motivou o desenvolvimento do protótipo. Com os dados da análise estrutural

do mecanismo, novas rotinas foram simuladas e os resultados se mostraram satisfatórios e

compatíveis com os dados obtidos para o modelo teórico. O controlador não-linear foi projetado

segundo a técnica de torque computado e as simulações foram capazes de seguir uma

trajetória especificada.

Palavras-Chave:

Robótica móvel; Controle não-linear; Manipuladores

Rio de Janeiro Fevereiro de 2012

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ABSTRACT

DYNAMIC MODELING AND CONTROL MECHANISM WITH THREE DEGREES OF FREEDOM FOR APPLICATION IN A HEXAPOD ROBOT

Djalma Demasi Advisor: Luciano Santos Constantin Raptopoulos

Abstract as dissertation submitted to Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica e Tecnologia de Materiais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso

Suckow da Fonseca CEFET/RJ, as partial fulfillment of the requirements for the degree of

Master in Mechanical Engineering and Materials Technology.

This paper presents a contribution to a proposed mechanism for three degrees of

freedom to be used as a leg of hexapod robot. For this, we conducted a study of the major

types of robots equipped with legs that allowed the elaboration of a theoretical model and the

development of algorithms for the inverse kinematics, dynamic equations of Lagrange and

control. Demonstrated the stability of the system trajectories were simulated and the theoretical

results proved consistent with the physical analysis of the mechanism, which led to the

development of the prototype. With the data of structural analysis of the mechanism, new

routines were simulated and the results were satisfactory and consistent with the data obtained

for the theoretical model. The nonlinear controller was designed according to the computed

torque technique and the simulations were able to follow a specified path.

Keywords:

Legged Robots; Nonlinear Control; Manipulators

Rio de Janeiro February, 2012

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SUMÁRIO Lista de Figuras x Lista de Tabelas xiv I Introdução e Objetivos 1 II Sistemas Robóticos de Locomoção por Pernas 3 II.1. Contexto histórico 3 II.1.1. Sistemas articulados 3 II.1.2. Primeiros estudos 4 II.1.3. Primeiros robôs 5

II.2. Tipos de robôs 6 II.2.1. Robôs de salto 6 II.2.2. Robôs bípedes 8 II.2.3. Robôs quadrúpedes 10 II.2.4. Robôs hexápodes 14 II.2.5. Robôs octópodes 14

II.3. Robôs hexápodes 16

II.3.1. Primeiros robôs 16

II.3.2. Robôs biologicamente inspirados 18

II.3.3. Alguns exemplos atuais 21 III Cinemática de Manipuladores 23

III.1. Cinemática direta 23

III.1.1. Definições preliminares 23 III.1.2. Sistemas de coordenadas referenciais 23 III.1.3. Matriz de transformação homogênea 25 III.1.4. Parâmetros de Denavit-Hartenberg 25

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vii

III.1.5. Equações cinemáticas 27

III.2. Cinemática inversa 29

III.2.1. Cálculo de 1θ 29

III.2.2. Cálculo de 2θ 29

III.2.3. Cálculo de 3θ 30

III.3. Campo de trabalho 31 III.4. Torque estático 32 IV Dinâmica de Robôs 35

IV.1. Movimento dos elos de um robô 35 IV.1.1. Velocidade angular entre elos 35 IV.1.2. Velocidade no espaço cartesiano e das juntas 36 IV.1.3. Velocidades angulares 38

IV.1.4. Singularidades 38 IV.1.5. Aceleração angular 39

IV.2. Dinâmica de manipuladores 41 IV.2.1. Tensor de inércia 41 IV.2.2. Energia cinética 41 IV.2.3. Energia potencial 43 IV.2.4. Equações de movimento de Lagrange 43

IV.3. Equações dinâmicas na forma matricial 45 IV.3.1. Definições preliminares 45 IV.3.2. Energia cinética na forma compacta 46 IV.3.3. Equações dinâmicas definidas por matrizes especiais 46

IV.3.4. As matrizes M, C e G 49

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V Controle de Manipuladores 52 V.1. Introdução 52 V.2. Controle do torque computado 52 V.3. Controle de 1 junta 53 V.3.1. Motor de corrente contínua 53 V.3.2. Relações básicas 54 V.3.3. Torque no eixo de cargas 55 V.3.4. Funções de transferência 56 V.3.5. Controlador proporcional-derivativo 56 V.3.6. Critérios de estabilidade 57 V.4. Controle de múltiplas juntas 58 V.4.1. Lei de controle 58 V.4.2. Equação diferencial do erro 60 V.5. Convergência no sentido de Lyapunov 61 VI Projeto Mecânico 65 VI.1. Estudo de modelos de pernas 65 VI.1.1. Atuadores pneumáticos 65 VI.1.2. Mecanismo pantográfico 65 VI.1.3. Configurações inspiradas na biologia 66 VI.2. Proposta de projeto mecânico 68 VI.2.1. Junta 1 69 VI.2.2. Elo 1 70 VI.2.3. Elo 2 71 VI.2.4. Elo 3 72 VII Resultados e Discussões 74

VII.1. Análise dinâmica 74

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VII.1.1. Trajetórias baseadas em funções matemáticas 74 VII.1.2. Trajetórias inspiradas na biologia 86 VII.2. Análise de controle 91 VIII Conclusão e Trabalhos Futuros 109 Referências Bibliográficas 111 ANEXO A - Fundamentos da teoria de Lyapunov 123 A.1. Definições de estabilidade 123 A.2. Funcões de Lyapunov 125 A.3. Método direto de Lyapunov 126 ANEXO B - Catálogos 127

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Lista de Figuras Figura II.1 - (a) Mecanismo original de Chebychev; (b) Mecanismo adaptado............................ 3 Figura II.2 - General Electric Walking Truck…...................…………....…….…………...….......….5 Figura II.3 - (a) WAP-3; (b) Phony Pony; (c) WABOT-1…………......................…………..………6 Figura II.4 - Equilíbrio ativo de robôs de uma perna..................................................................... 7 Figura II.5 - 3D One-leg Hopper……………………………………………………………………….7 Figura II.6 - (a) WABOT-2; (b) 3D Biped; (c) Spring Flamingo …….…..................................……8

Figura II.7 - (a) NAO; (b) ASIMO; (c) WABIAN-2R; (d) LOLA-2; (e) HRP-4C e

HRP-2; (f) TOPIO-3; (g) QRIO................................................................................10

Figura II.8 - MIT Quadruped........................................................................................................11 Figura II.9 - (a) RIMHO-2, (b) SILO-4..........................................................................................11 Figura II.10 - TITAN-VIII..............................................................................................................12 Figura II.11 - AIBO.......................................................................................................................12 Figura II.12 - SCOUT-II………….................................................................................................13 Figura II.13 - TEKKEN-IV............................................................................................................13 Figura II.14 - AlphaDog...............................................................................................................14 Figura II.15 - (a) Dante II; (b) Scorpion.......................................................................................15 Figura II.16 - Robô lagosta..........................................................................................................15 Figura II.17 - (a) Gurfinkel Hexapod; (b) OSU Hexapod.............................................................16 Figura II.18 - (a) Hexápode de Sutherland; (b) ODEX I..............................................................17 Figura II.19 - ASV-84...................................................................................................................17 Figura II.20 - Carausius Morosus................................................................................................18 Figura II.21 - (a) Genghis; (b) Hannibal......................................................................................19 Figura II.22 - TUM.......................................................................................................................19 Figura II.23 - LAURON II.............................................................................................................20 Figura II.24 - HAMLET.................................................................................................................20 Figura II.25 - ROBOT V...............................................................................................................21

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Figura II.26 - (a) DLR-Walker; (b) SILO-6...................................................................................21 Figura II.27 - (a) Robô formiga; (b) Phoenix; (c) NXT Spike.......................................................22 Figura III.1 - Esquema simplificado da perna do hexápode........................................................24 Figura III.2 - Localização dos sistemas de referências...............................................................24 Figura III.3 - Orientação angular: vistas frontal e superior..........................................................25 Figura III.4 - Representação dos parâmetros D-H......................................................................26 Figura III.5 - Referenciais de acordo com a orientação de D-H..................................................27 Figura III.6 - Campo de trabalho no plano yz..............................................................................32 Figura III.7 - Forças externas atuando na perna.........................................................................33 Figura III.8 - Torques obtidos em MATLAB® para velocidades angulares nulas.........................34 Figura V.1 - Motor com redução..................................................................................................55 Figura V.2 - Diagrama de blocos do controlador.........................................................................60 Figura VI.1 - (a) TITAN-IV; (b) Esquema da perna do Dante......................................................66 Figura VI.2 - (a) Perna do inseto; (b) Modelagem.......................................................................67 Figura VI.3 - (a) Projeto com servomotores; (b) Projeto com motores DC..................................67 Figura VI.4 - Proposta de projeto mecânico para a perna do hexápode.....................................68 Figura VI.5 - Junta 1....................................................................................................................69 Figura VI.6 - Vista isométrica do elo 1.........................................................................................70 Figura VI.7 - Vistas do elo 1. (a) Vista inferior; (b) Vista frontal..................................................70 Figura VI.8 - Vista isométrica do elo 2.........................................................................................71 Figura VI.9 - Vista superior do elo 2............................................................................................72 Figura VI.10 - Elo 3......................................................................................................................73 Figura VII.1 - Representação esquemática da perna no MATLAB®............................................74 Figura VII.2 - Curvas simuladas para as trajetórias verticais......................................................75 Figura VII.3 - Ângulos das juntas. (a) Trajetória vertical 1; (b) Trajetória vertical 2....................76 Figura VII.4 - Torques no modelo teórico para as trajetórias verticais........................................76 Figura VII.5 - Torques no protótipo para as trajetórias verticais..................................................77

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xii

Figura VII.6 - Contribuições do torque relativas às matrizes de inércia e Coriolis

e vetor gravitacional.............................................................................................78

Figura VII.7 - Torques no modelo teórico (acima) e no protótipo (embaixo)...............................79 Figura VII.8 - Equação paramétrica da elipse e sua curva simulada..........................................79 Figura VII.9 - Vista isométrica do movimento circular.................................................................80 Figura VII.10 - Variação angular do movimento circular.............................................................80 Figura VII.11 - Torques no modelo teórico para a trajetória elíptica...........................................81 Figura VII.12 - Torques no protótipo para a trajetória elíptica.....................................................81 Figura VII.13 - Junta 1 do protótipo. (a) Velocidade angular; (b) Aceleração angular................82 Figura VII.14 - Equação paramétrica da lemniscata e sua curva simulada................................82 Figura VII.15 - Variação angular da curva lemniscata.................................................................83 Figura VII.16 - Torques na lemniscata. (a) Modelo teórico; (b) Protótipo....................................83 Figura VII.17 - Equações paramétricas da espiral e sua curva simulada...................................84 Figura VII.18 - Vista do plano yz do movimento..........................................................................84 Figura VII.19 - Variação angular da trajetória helicoidal..............................................................85 Figura VII.20 - Torques na trajetória helicoidal. (a) Modelo teórico; (b) Protótipo.......................85 Figura VII.21 - Comportamento das funções x e z......................................................................87 Figura VII.22 - Trajetória representativa da perna de um louva-deus.........................................87 Figura VII.23 - Vista no plano xz.................................................................................................88 Figura VII.24 - Variação angular das juntas................................................................................88 Figura VII.25 - Torques na trajetória de Koyachi para o modelo teórico.....................................89 Figura VII.26 - Torques na trajetória de Koyachi para o protótipo..............................................89 Figura VII.27 - Contribuições do torque relativas as matrizes de inércia e

Coriolis e vetor gravitacional...............................................................................90

Figura VII.28 - Resposta do motor considerando a indutância...................................................92 Figura VII.29 - Resposta do motor desconsiderando indutância................................................92 Figura VII.30 - Voltagem em função dos ângulos desejados......................................................93 Figura VII.31 - Voltagem no eixo de saída sem carregamento...................................................94

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xiii

Figura VII.32 - Voltagem no eixo de saída com carregamento...................................................95 Figura VII.33 - Voltagem no eixo de saída com carregamento...................................................96 Figura VII.34 - Resposta do ângulo real em função do desejado...............................................97 Figura VII.35 - Controlador..........................................................................................................98 Figura VII.36 - Ângulo real (modelo teórico) para posição próxima do início da trajetória..........99 Figura VII.37 - Torque de controle e erros de posição e velocidade no modelo teórico...........100 Figura VII.38 - Ângulo real (modelo teórico) para posição distante do início da trajetória........101 Figura VII.39 - Torque de controle e erros de posição e velocidade no modelo teórico...........102 Figura VII.40 - ângulo real no protótipo para posição próxima do início da trajetória...............104 Figura VII.41 - Torque de controle e erros de posição e velocidade no protótipo.....................105 Figura VII.42 - ângulo real no protótipo para posição distante do início da trajetória...............106 Figura VII.43 - Torque de controle e erros de posição e velocidade no protótipo.....................107 Figura A.1 - Noção de estabilidade...........................................................................................124 Figura A.2 - Estabilidade assintótica.........................................................................................124

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xiv

Lista de Tabelas Tabela III.1 - Descrição dos parâmetros D-H..............................................................................26 Tabela III.2 - Parâmetros de D-H................................................................................................27 Tabela III.3 - Variação angular aproximada de cada junta..........................................................31 Tabela VI.1 - Dados do conjunto redutor, motor e sensor...........................................................69 Tabela VI.2 - Dados do elo 1.......................................................................................................71 Tabela VI.3 - Dados do elo 2.......................................................................................................72 Tabela VI.4 - Dados do elo 3.......................................................................................................73 Tabela VII.1 - Parâmetros dinâmicos..........................................................................................91 Tabela VII.2 - Comparativo de voltagens na junta 2...................................................................97

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1

Capítulo I - Introdução e Objetivos

Os sistemas robóticos autônomos se dividem, essencialmente, em duas áreas: robótica

de manipulação e robótica móvel. Os braços mecânicos, ou manipuladores, são ideais para

tarefas repetitivas e podem realizar trabalhos com grande velocidade e precisão. Apesar de

serem amplamente difundidos, os manipuladores têm a desvantagem de precisar de uma base

fixa para atuar, o que limita suas capacidades. Os robôs móveis, em contrapartida, para que

possam se deslocar livremente em determinado terreno necessitam de mecanismos de

locomoção, tais como rodas, esteiras ou pernas mecânicas.

Apesar de há centenas de milhões de anos os seres vivos usarem as pernas para se

locomover, os veículos movidos a rodas são os mais desenvolvidos e os mais comuns no

nosso cotidiano (SONG, 1989). São tão inertes na nossa vida que dificilmente nos damos conta

de nossa dependência a este tipo de locomoção. Entretanto, as atividades de pesquisas na

área de robôs móveis têm crescido significativamente nos últimos anos, pois existe uma grande

demanda para exploração e operação em terrenos naturais.

Uma parte substancial do planeta Terra é inacessível a todo e qualquer tipo de

mecanismos com rodas. Obstáculos naturais tais como rochas de grandes dimensões, solo

irregular, terra solta, fendas profundas e encostas íngremes tornam a locomoção por rolamento

ineficaz. O fundo do oceano, as superfícies da lua e de outros planetas também são terrenos

passíveis de serem explorados, mas que apresentam os mesmos tipos de problemas. Os

sistemas biológicos conseguem se mover com êxito através de uma variedade de ambientes

naturais e os mecanismos com pernas são mais adequados, pois podem escalar obstáculos e

passar sobre valas ou descontinuidades do solo (TODD, 1985).

Com exceção dos robôs movidos a rodas ou esteiras, a maioria dos mecanismos de

locomoção é inspirada nos seres vivos: um robô pode ser projetado para andar, correr,

deslizar, patinar, nadar, voar ou rolar. Apesar disso, desenvolver mecanismos de locomoção

inspirados na natureza não é necessariamente uma tarefa fácil. Quanto maior o número de

pernas, ou mais complexo forem os mecanismos, maior será a complexidade mecânica

envolvida (em geral, locomoção por pernas requer mais graus de liberdade). Também deve ser

considerado o aumento no peso do protótipo e um consumo de energia maior. Os insetos, por

exemplo, mesmo com tamanho e peso reduzidos, atingem um nível de robustez que as

técnicas de fabricação humana são incapazes de alcançar. O sistema biológico de

armazenamento de energia e os sistemas de ativação muscular utilizados por animais de

grande porte e insetos podem alcançar torque, tempo de resposta e eficiência de conversão

que excedem a capacidade dos sistemas feitos pelo homem (SIEGWART, 2004).

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2

Portanto, a escolha do projeto mecânico tanto do robô quanto da sua perna é de

extrema importância e deve levar em consideração a topologia do terreno, a complexidade de

controle, o custo energético entre outros. Por fim, todo veículo precisa ser controlado, seja por

um humano, ou por um computador, de forma que é necessário o estudo de métodos de

controle sobre tais veículos.

O objetivo principal desse trabalho é apresentar o estudo e desenvolvimento de um

mecanismo de 3 graus de liberdade para utilização como uma das pernas de um robô

hexápode.

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3

Capítulo II - Sistemas Robóticos de Locomoção por Pernas

Este capítulo apresenta uma breve revisão bibliográfica sobre a evolução dos robôs

dotados de pernas. Foi feito um estudo sobre os principais sistemas robóticos de locomoção de

acordo com o número de pernas e graus de liberdade por perna, dando destaque aos robôs

hexápodes.

II.1. Contexto histórico II.1.1. Sistemas articulados

Segundo ROSHEIM (1997), Leonardo da Vinci no século XV projetou o primeiro robô

antropomórfico articulado da história da civilização ocidental nos anos de 1495 a 1497. Era um

cavaleiro dotado de armadura e com acionamento através de cabos.

O século XIX foi a era do motor a vapor e das ferrovias. Engenheiros da época se viam

diante de problemas técnicos como, por exemplo, transformar um movimento de rotação em

um movimento retilíneo usando sistemas de barras articuladas, engrenagens, polias, etc.. A

resposta a esses questionamentos foi dada, nessa mesma época, por alguns geômetras e

algebristas que estudavam mecanismos articulados, não como dispositivos mecânicos, mas

como ferramentas para desenhar curvas. Eles conseguiram desenvolver mecanismos de

quatro barras específicos, cujo determinado ponto, em algum momento da sua trajetória, era

capaz de percorrer uma linha reta (HARTENBERG, 1964).

(a) (b)

Figura II.1 - (a) Mecanismo original de Chebychev (HARTENBERG, 1964); (b) Mecanismo

adaptado (RAIBERT, 1986).

O mecanismo do matemático russo Chebyshev se destacou, pois era capaz de simular o

movimento do pé humano em uma caminhada (Figura II.1), permitindo que um objeto pudesse

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4

se mover em linha reta (TCHEBICHEFF, 1884). Segundo RAIBERT (1986), essa foi a origem

dos estudos sobre máquinas dotadas de pernas.

Ainda no século XIX, em 1893, Lewis A. Rigg patenteou o projeto da primeira máquina

quadrúpede, denominada The Mechanical Horse. Nesta máquina os estribos funcionavam

como pedais e o seu movimento era transmitido às pernas por um conjunto de engrenagens.

As rédeas permitiam mover a cabeça e as pernas para frente de forma a controlar a direção do

veículo. Não há registros de que esta máquina foi construída (RAIBERT, 1986).

Até a metade do século XX outras máquinas com conceitos de engrenagens e

mecanismos articulados foram elaboradas, mas sem obterem relativo sucesso até que em

meados dos anos 60 chegou-se à conclusão que os veículos com pernas baseados em

articulações não representavam uma alternativa aos veículos com rodas. O maior problema era

a limitação quanto ao movimento, pois as engrenagens imprimiam sempre o mesmo padrão de

locomoção com intervalos regulares. De fato, a adaptabilidade desses sistemas a terrenos

irregulares é nula e começou a ganhar força a idéia de que os mecanismos com pernas

precisavam de um sistema de controle, ou pela ação do homem, ou por computador. Ao serem

controlados iriam ganhar mobilidade e adaptabilidade, pois não teriam necessidade de

seguirem padrões fixos de movimento dados pelas articulações (SCHNEIDER, 2006; SILVA,

2005; BARRETO, 1997).

II.1.2. Primeiros estudos

O trabalho de Eadweard Muybridge, em 1870, foi o primeiro estudo científico

documentado e de relevância sobre padrão de locomoção de animais. Consistiu em analisar

fotos de cavalos em trote para descobrir se o animal, ao trotar, tirava as quatro pernas ao

mesmo tempo do chão (RAIBERT, 1986).

Em 1960, Shigley publicou um trabalho acadêmico no qual apresenta diversos sistemas

que poderiam ser utilizados em máquinas locomotoras (SHIGLEY, 1960). Dentre eles se

destacam os mecanismos de quatro barras e os pantográficos que inspiraram projetos

mecânicos de diversos robôs.

No início da década de 60, Ralph Mosher, pesquisador da General Elertric, iniciou um

projeto para o desenvolvimento de um braço mecânico e de um exoesqueleto com a finalidade

de amplificar forças e capacidades humanas. Os protótipos ficaram conhecidos como

Handyman e Hardiman (MOSHER, 1967). Porém, a sua contribuição mais importante ocorreu

em 1968, com o caminhão quadrúpede. Este veículo, de 1360 kg, era controlado por uma

pessoa em seu interior através da manipulação de punhos e pedais que se conectavam às

pernas hidraulicamente. Cada perna tinha três graus de liberdade e era propulsionado por um

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motor de combustão. O veículo se tornou referência por ser um dos primeiros a adotar

diferentes padrões de locomoção (MOSHER, 1968).

Figura II.2 - General Electric Walking Truck (MOSHER, 1968). As máquinas projetadas até então, de fato apresentavam uma evolução em relação às

desenvolvidas com articulações, mas ainda estavam longe de reproduzir os sistemas

biológicos. Era necessário aprimorar os estudos em relação aos padrões de locomoção de

insetos e animais, desenvolver técnicas de controle além de criar novas tecnologias.

II.1.3. Primeiros robôs

Nos anos sessenta e setenta começaram a surgir os primeiros robôs móveis. Os

resultados mais importantes dessas décadas devem-se aos centros de pesquisas dos Estados

Unidos, Japão e Rússia.

Na metade dos anos 60, Mc Ghee e Frank projetaram e desenvolveram nos Estados

Unidos o Phony Pony. O robô é um quadrúpede com dois graus de liberdade em cada perna

onde cada uma das juntas é atuada por motor elétrico e alimentação externa. Apresentava

apenas dois padrões de locomoção e só andava em linha reta. Foi o primeiro robô a se

locomover autonomamente, controlado por computador (MC GHEE, 1966; SCHNEIDER,

2006).

Ichiro Kato, professor da Universidade de Waseda no Japão, foi um dos pioneiros da

robótica no país. Em 1967 construiu o seu primeiro par de pernas, o WL-1, que daria início à

família de robôs WL. Em 1969 desenvolveu o seu primeiro robô antropomórfico, o WAP-1, que

dispunha de músculos artificiais de borracha atuados pneumaticamente. Em 1971 o WAP-3 foi

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o primeiro robô da história a se locomover em três dimensões. Tinha a capacidade de se

inclinar e subia e descia escadas. Em 1973 o WABOT-1 foi o primeiro robô antropomórfico em

escala real (LIM, 2007). Podia se expressar em japonês, tinha noção de distância e orientação

e era capaz de pegar e transportar objetos com sua mão. Seus pés eram desproporcionais ao

seu tamanho, e se arrastava mais do que andava (KATO, 1973).

(a) (b) (c) Figura II.3 - (a) WAP-3 (WASEDA UNIVERSITY, 2010); (b) Phony Pony (MC GHEE, 1966); (c)

WABOT-1 (WASEDA UNIVERSITY 2010a).

Em 1977, Rússia e Estados Unidos desenvolveram praticamente ao mesmo tempo dois

robôs hexápodes muito semelhantes, o “Masha” Hexapod (russo) e o OSU Hexapod

(americano). Maiores detalhes destes robôs serão apresentados na seção II.3.

A característica principal entre os robôs dessa época era a baixa velocidade de

locomoção. A partir dos anos 80, com o avanço das tecnologias de atuadores, sensores e

computadores, começaram a surgir robôs com mais habilidades e diversificados

. II.2. Tipos de robôs II.2.1. Robôs de salto

Basicamente, quando surgiram, os robôs de salto eram fundamentalmente de uma

perna. Caracterizavam-se por manter seu equilíbrio ativo enquanto se deslocavam (RAIBERT,

1989).

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Figura II.4 - Equilíbrio ativo de robôs de uma perna (GREGORIO, 1997).

O primeiro protótipo relevante foi o de Matsuoka. Ele construiu a primeira máquina de

uma perna capaz de correr e o seu objetivo era modelar padrões de saltos humanos

(MATSUOKA, 1979).

Ao longo dos anos 80 e 90 Raibert ampliou o conceito inicial de robôs de salto. Junto

com a sua equipe do Leg Laboratory, do MIT, construiu protótipos de uma, duas e quatro

pernas que serviram de bancada de testes para elaboração de diversos algoritmos de controle

que ainda são empregados hoje em dia (RAIBERT, 1989). Segundo LASA (2000), os trabalhos

desenvolvidos por Raibert com robôs de salto são os mais importantes e utilizados até hoje,

inspirando não só a construção de protótipos, mas também novas pesquisas.

Figura II.5 - 3D One-leg Hopper (RAIBERT, 1986).

Um dos problemas chave na implementação de robôs com equilíbrio ativo é a eficiência

energética. Gregorio e Buehler ao construirem os robôs ARL Monopod I e II, provaram que era

possível alterar os métodos de controle e projeto propostos por Raibert e obter uma redução de

40% no consumo energético (GREGORIO, 1997; AHMADI, 1999).

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Atualmente os robôs de salto são uma solução de custo eficaz para os sistemas

exploratórios de superfícies, pois priorizam projetos simples ao invés de altas performances.

Quando utilizados em grande número podem explorar extensas áreas (SEENI, 2010). Para

tentar minimizar o alto consumo de energia, modelos híbridos vêm sendo estudados (SCHELL,

2001; CONFENTE, 2002). Dentre as pesquisas recentes, merecem destaque o robô

apresentado por DUPUIS (2006) com mecanismo de salto feito com liga de memória de forma

e o hexápode saltador de YOUNSE (2008).

II.2.2. Robôs bípedes

Devido à grande quantidade de robôs existentes esta pesquisa irá se concentrar

basicamente no eixo Japão - EUA. Informações sobre o desenvolvimento de humanóides em

outros países podem ser encontradas em AKHTARUZZAMAN (2010) e CHEVALLEREAU

(2009).

Desde Leonardo Da Vinci que o homem tenta criar robôs à sua imagem e semelhança,

mas foi somente a partir do século XX que as pesquisas começaram a se desenvolver. Em

1938 a companhia Westinghouse lançou o Elektro, que reconhecia cores, podia mover os

braços e o pescoço, reproduzia voz, andava e fumava. Nos anos 60 e 70 as pesquisas mais

importantes vinham principalmente do Japão. Dos anos 80 e até a primeira metade dos 90 a

família de robôs WL e WABOT da Waseda University, no Japão, e os robôs 3D Biped e Spring

Flamingo do MIT Leg Laboratory, nos EUA, foram os mais importantes de sua época (LIM,

2007).

(a) (b) (c)

Figura II.6 - (a) WABOT-2 (KATO, 1987); (b) 3D Biped (PLAYTER, 1992); (c) Spring Flamingo

(PRATT, 1998).

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Até então, as pesquisas envolvendo controle e simulação de bípedes não tinham

avançado tanto quanto os outros robôs multipernas, o que pode ser explicado devido a uma

maior exigência de estabilidade e maior complexidade de projeto (KATIC, 2002).

Em 1996 a Honda revolucionou as técnicas de pesquisa em humanóides. A

apresentação do P2, projeto que vinha sendo guardado em segredo desde 1986, deixou

atônita a comunidade científica. Com 30 graus de liberdade, 1,82 m de altura e 210 Kg, foi o

primeiro robô a se locomover autonomamente sem cabos (HIRAI, 1998). A partir deste evento

houve um aumento natural no interesse de pesquisas e projetos desse tipo de robô. Tudo isso

somado à evolução da informática e de equipamentos, como atuadores e sensores, produziu

um rápido desenvolvimento nessa área (LÖFFLER, 2003).

A revolução do P2 se deu também no conceito da aplicação do robô. Enquanto os

protótipos antigos visavam basicamente reproduzir habilidades humanas, o projeto da Honda

visava o desenvolvimento de um robô que pudesse conviver no mesmo ambiente com o

homem e que fosse capaz de realizar tarefas extraordinárias. Com isso, Hirai pretendia agregar

valores a sociedade humana e o P2 deu início ao conceito de “robôs domésticos” (HIRAI,

1998). KANEKO (2004) propõe uma evolução desse conceito. Segundo o autor, devido ao

envelhecimento da população, os robôs deveriam não somente conviver com humanos em

seus ambientes domésticos, mas também deveriam atuar em hospitais devido à sua aparência

amistosa.

Dos exemplos atuais destacam-se os robôs Johnnie, LOLA-2 e o WABIAN-2R. Johnnie

foi desenvolvido pelo Technical University of Munich e tem 1,80 metros, 40 Kg e 17 graus de

liberdade. Projetado para corrida, pode alcançar até 2 km/h (LÖFFLER, 2003). O LOLA-2 é

uma evolução do Johnnie, sendo 15 Kg mais pesado e capaz de se locomover com o dobro da

velocidade de seu antecessor (LOHMEIER, 2006). O WABIAN-2R da Waseda University é o

robô mais evoluído da família WABIAN, cujo primeiro protótipo data de 1996. Com 41 graus de

liberdade, 1,50 metros e 64 Kg, é um simulador de movimentos humanos (OGURA, 2006). Os

autores têm a intenção de que ele possa conduzir ou manipular objetos de reabilitação e bem-

estar em enfermarias e hospitais.

Os demais robôs têm como objetivo divertir e entreter as pessoas. O Qrio, da Sony,

realizava movimentos executados por comandos por voz e dançava, o NAO é utilizado na

competição de futebol de robôs, a RoboCup, o TOPIO-3, foi projetado exclusivamente para

jogar tênis de mesa, e o ASIMO, da Honda, que foi a evolução natural do modelo P2, é o robô

mais desenvolvido da atualidade.

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(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g)

Figura II.7 - (a) NAO (GOUAILLIER, 2009); (b) ASIMO (HONDA, 2007); (c) WABIAN-2R

(OGURA, 2006); (d) LOLA-2 (BUSCHMANN, 2009), (e) HRP-4C e HRP-2 (KAJITA, 2009); (f)

TOPIO-3 (TOSY ROBOTICS JSC, 2009); (g) QRIO (GEPPERT, 2004)

II.2.3. Robôs quadrúpedes

O primeiro robô de quatro pernas de destaque foi o Phony Pony (seção II.1.3). Vinte

anos depois, Raibert desenvolveu o MIT Quadruped. Usando somente os padrões de

locomoção dos quadrúpedes que usam pares de perna (trote, marcha e salto), conseguiu

adaptar o método de controle do seu robô de uma perna para um de quatro (RAIBERT, 1989).

O MIT Quadruped não é capaz de andar em todas as direções e a intenção com esse projeto

era o desenvolvimento de algoritmos de controles diversificados.

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Figura II.8 - MIT Quadruped (RAIBERT, 1990).

A década de 90 ficou marcada pela grande evolução, não só nas pesquisas de controle,

mas também de projeto.

O RIMHO-2 e o SILO-4 se destacam por ser um dos poucos robôs fora do eixo EUA –

Japão. Construídos pelo Instituto de Automação Industrial (CSIC) de Madri, o RIMHO-2, de

1993, foi o primeiro robô caminhante da Espanha. Usava pernas pantográficas tridimensionais

e foi utilizado para detecção e localização de minas terrestres. (VARGAS, 1994; DE SANTO,

2007). O SILO-4, de 2000, é uma plataforma comercial voltada para pesquisa de algoritmos de

inteligência artificial e formas de locomoção. Foi desenvolvido para se locomover em terrenos

planos, com pouca adaptabilidade em chão irregulares (CSIC, 2000).

(a) (b)

Figura II.9 - (a) RIMHO-2 (DE SANTOS, 2007), (b) SILO-4 (CSIC, 2000).

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O TITAN-VIII foi apresentado em 1996 por Arikawa e Hirose. Com uma junta de rotação

fixa ao corpo e um mecanismo de correia e polia, apresentava 3 graus de liberdade em cada

perna. Além da boa mobilidade, foi concebido de modo a ser um robô simples e de baixo custo

de fabricação (ARIKAWA, 1996).

Figura II.10 - TITAN-VII (ARIKAWA, 1996).

O AIBO foi o primeiro robô comercial para fins de entretenimento pessoal. Desenvolvido

pela Sony entre 1999 e 2005, podia andar, tinha sistema de visão, de reconhecimento de voz e

era capaz de aprender novos movimentos. Foi um sucesso de vendas, mas teve a sua

produção descontinuada em 2005, na terceira geração.

Figura II.11 - AIBO (SONY, 2012). Os robôs atuais de estaque são: SCOUT-II, TEKKEN-IV e o BigDog.

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O SCOUT II, de 2003, é um robô com algoritmo simples de controle e um único atuador

em cada perna. Foi elaborado em cima de adaptações das pesquisas de Raibert e apresenta

não só estabilidade, mas também, velocidade relativamente alta, de 1,3 m/s

(PAPADOPOULOS, 2000; POULAKAKIS, 2005).

Figura II.12 - SCOUT-II (POULAKAKIS, 2005).

O robô Tekken-IV, apresentado em 2006, ao contrário dos seus antecessores é capaz

de percorrer longas distâncias autonomamente. Com visual semelhante a um cachorro, possui

um sistema de controle baseado em redes neurais permitindo adaptabilidade em terrenos

complexos. O visor de navegação com laser permite tomadas de decisão quanto à trajetória a

ser seguida. Seu ponto fraco é a baixa velocidade de navegação, em torno de 0,5 m/s

(FUKUOKA, 2010).

Figura II.13 - TEKKEN-IV (FUKUOKA, 2010).

Dentre todos os robôs citados, o mais impressionante é o BigDog, de 2008.

Desenvolvido no Boston Dynamics por Raibert e sua equipe, carrega a bordo todos os

sistemas necessários de energia, acionamento, sensoriamento e comunicação. Cada perna

tem 4 atuadores que são acionados hidraulicamente por motores de combustão. Tem 50

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sensores e o computador a bordo permite escolher o tipo de controle mais adequado conforme

o terreno. Pesa cerca de 109 Kg, tem 1 metro de altura, é controlado remotamente e alcança 2

m/s em trote. Apresenta como desvantagem o fato de produzir muito ruído (RAIBERT, 2008). O

AlphaDog é a evolução natural do BigDog. Ainda está em fase de teste, mas já foi divulgado

que ele é capaz de carregar muito mais peso por uma distância maior, é dez vezes mais

silencioso que o BigDog e possui equipamentos especiais de visão e giroscópio (ACKERMAN,

2011).

Figura II.14 - AlphaDog (ACKERMAN, 2011). II.2.4. Robôs hexápodes

Como o objetivo deste trabalho é o estudo de uma perna para ser utilizada em um

protótipo de robô hexápode, esses robôs serão discutidos em seção a parte (seção II.3).

II.2.5. Robôs octópodes

Construídos nos anos 90, pela Carnegie Mellon University, os robôs Dante foram

criados especificamente para exploração de vulcões ativos. O Dante I, de 1992, foi utilizado no

Monte Erebus, e o Dante II, de 1994, explorou o Monte Spurr, ambos na Austrália. O

acionamento era elétrico via um cabo de alimentação externo que também atuava como

suporte para que o robô fosse capaz de descer a parede da cratera sob a forma de rapel. O

objetivo das incursões era coletar amostras para medir as composições químicas do magma do

vulcão e do gás expelido por ele. O Dante II possuia grande mobilidade e podia ser operado

por humanos a quilômetros de distância (WETTERGREEN, 1992; BARES, 1999).

O Scorpion é um octópode de 12,5 Kg desenvolvido pelo Fraunhofer-Institut Autonome

intelligente Systeme, da Alemanha. Cada perna possui três juntas de rotação atuadas por

motores de corrente contínuas com alta taxa de redução. Seus padrões de locomoção são

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baseados em estudos dos modos de andar de escorpiões reais e o uso de controle

biomimético permite que ele ande em terrenos altamente irregulares e perigosos. Foi enviado

para NASA para avaliação de habilidades em missões extraterrestres (KLAASSEN, 2001).

(a) (b)

Figura II.15 - (a) Dante II (BARES, 1999); (b) Scorpion (KLAASSEN, 2001).

Uma das linhas de pesquisa em robôs móveis que vem crescendo constantemente é a

tentativa de replicação de sistemas biológicos. Assim como o Scorpion, a lagosta da

Northeastern University é outro exemplo. Apresentado pelo Marine Science Center, em 2007, o

NU/DARPA/ONR Lobster Robot, é um protótipo com função de realizar operações em águas

rasas de sensoriamento remoto. Como diferencial, apresenta controle biomimético baseado em

estudos de comportamento e neurofisiologia da lagosta americana e músculos artificiais feitos

de liga com memória de forma (Shape Memory Alloy) no lugar dos atuadores (AYERS, 2007).

Figura II.16 - Robô lagosta (AYERS, 2007).

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II.3. Robôs hexápodes Nesta seção será apresentado um breve resumo abordando o histórico da evolução dos

modelos, os robôs que mais se destacaram, bem como algumas aplicações para os quais são

desenvolvidos.

II.3.1. Primeiros robôs

Segundo RAIBERT (1986), Gurfinkel (Universidade de Moscou) e Robert Mc Ghee

(Universidade do Estado de Ohio) apresentaram no mesmo ano de 1977, dois hexápodes

bastante semelhantes e muito evoluídos para sua época; ambos eram alimentados

externamente, controlados por computador e tinham 3 graus de liberdade em cada perna. A

diferença se dava pela forma de locomoção: enquanto o robô russo tinha seus movimentos

baseados em um pequeno conjunto de funções, o americano usava um algoritmo para calcular

as equações cinemáticas e tomadas de decisão.

(a) (b)

Figura II.17 - (a) Gurfinkel Hexapod (GURFINKEL et al, 1981); (b) OSU Hexapod (KLEIN,

1980).

Sutherland e Raibert, em 1983, construíram o primeiro hexápode com microcomputador

embarcado. Foi o primeiro veículo independente capaz de transportar um ser humano

(SUTHERLAND, 1983).

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(a) (b)

Figura II.18 - (a) Hexápode de Sutherland (SUTHERLAND, 1983); (b) ODEX I (RUSSELL,

1983).

O Odex I, de 1983, foi desenvolvido originalmente por Stephen Bartholet para a

empresa Odetics Inc. Ficou famoso por sua mobilidade, design e relação carga/peso sem

precedentes; com cerca de 168 kg, cada perna podia levantar uma massa de até 180 kg. Sua

locomoção era baseada no movimento de três pernas de cada vez e era bastante ágil. Cada

perna era controlada por um microcontrolador, estando todos eles ligados a um computador

central, instalado na sua própria estrutura (RUSSELL, 1983; BRITTON, 1984).

Em 1985, Waldron e Mc Ghee coordenaram o projeto ASV-84 (Adaptive Suspension

Vehicle), um robô hexápode de 5 metros de altura por 1,6 metros de largura, controlado por

joystick. Este veículo dispõe também de um radar ótico para estudar o terreno a sua frente e

decidir onde colocar os pés da frente (WALDRON, 1986).

Figura II.19 - ASV-84 (SONG, 1989).

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II.3.2. Robôs biologicamente inspirados

Há muito que se discutem as vantagens e desvantagens de sistemas movidos a rodas e

pernas. Já na década de 60, Bekker questionava o futuro dos sistemas movidos a rodas

apresentando algumas vantagens da locomoção por pernas baseado em estudos feitos com

animais (BEKKER, 1961). Em 1976, Cruse com o seu estudo de locomoção do inseto

Carausius Morosus, abriu um novo campo de pesquisa na robótica móvel, a replicação de

sistemas biológicos (CRUSE, 1976). Segundo PFEIFFER (1990), até então os princípios

mecânicos desenvolvidos envolviam puramente conceitos técnicos ao invés dos conceitos

biológicos.

Dois fatores contribuíram para a receptividade das pesquisas sobre o Carausius

Morosus: a boa mobilidade do inseto e uma modelagem relativamente simples, se comparado

a outros insetos, de três graus de liberdade para a perna do robô (PFEIFFER, 1990).

Figura II.20 - Carausius Morosus (HOLOPAINEN, 2008).

O hexápode Genghis foi o primeiro robô dotado de pernas do MIT capaz de se

locomover em diferentes tipos de terrenos (YEAPLE, 1991). Fez parte de uma linha de

pesquisa do Mobot Lab, no final da década de 80, que visava o desenvolvimento de robôs

móveis e leves para exploração autônoma de planetas (ANGLE, 1990). Pesava cerca de 10 N

e suas pernas tinham 2 graus de liberdade (ANGLE, 1989; BROOKS, 1989). Foi o protótipo

dos robôs Attila e Hannibal, que possuem 19 graus de liberdade, mais de 60 sensores, 8

computadores e são diferenciados apenas pela cor: dourado e vermelho, respectivamente

(FERREL, 1994).

.

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(a) (b)

Figura II.21 - (a) Genghis (ANGLE, 1989); (b) Hannibal (FERREL, 1995).

O TUM, sigla de “Technische Universitat Munchen”, data de 1993, tem 2,8 Kg em cada

perna, totalizando 23 Kg e seus atuadores são capazes de produzir toque de até 60 Nm.

(WEIDERMANN, 1994).

Figura II.22 - (a) TUM (COSTA MELLO, 2004).

Os robôs LAURON (Legged Autonomous Robot Neural Controlled) I e II foram

desenvolvidos na Alemanha em 1993 e 1994, respectivamente. São capazes de carregar em

seus corpos, microcontroladores, unidades de processamento e baterias. Suas pernas

permitem que ele ande até de cabeça para baixo. Foram projetados para transportar mais do

que os seus próprios pesos, apresentando uma boa relação carga/peso (CORDES, 1997). O

LAURON-IV tem como diferencial 4 graus de liberdade por perna (RÖNNAU, 2011).

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Figura II.23 - LAURON II (CORDES, 1997). O HAMLET, de 2001, foi construído em conjunto por pesquisadores da Faculdade de

Canterbury (Nova Zelândia) e da Universidade de Toronto (Canadá). Todas as juntas são

acionadas por motores DC de 10 W e com redução de 1:246, produzindo torque de 4,5 Nm

(FIELDING, 2001).

Figura II.24 - HAMLET (COSTA MELLO, 2004).

FULL (1989) e KRAM (1994), do MIT, foram os pioneiros no estudo de locomoção sobre

outro inseto, a barata Blaberus Discoidalis. Um dos primeiros robôs desenvolvidos nessa nova

linha de pesquisa foi o Boadicea (BINNARD, 1995). Seus atuadores eram acionados

pneumaticamente e enquanto as pernas do meio e de trás tinham 3 graus de liberdade, as da

frente só tinham dois. O ROBOT V, ou Ajax, é um protótipo mais complexo e recente. Pertence

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a uma linha de pesquisa da Case Western Reserve University e também apresenta diferentes

graus de liberdade em suas pernas: 3, 4 e 5 (KINGSLEY, 2003 e 2005).

Figura II.25 - ROBOT V (KINGSLEY, 2005). II.3.3. Alguns exemplos atuais (a) (b)

Figura II.26 - (a) DLR-Walker (GÖNER, 2008); (b) SILO-6 (DE SANTOS, 2007).

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Por fim, cabe ressaltar que nos dias atuais já é possível comprar e montar kits robóticos

teleoperados com diversos formatos de locomoção, tamanho e estrutura.

(a) (b) (c) Figura II.27 - (a) Robô formiga (LYNXMOTION, 2012); (b) Phoenix (LYNXMOTION, 2010); (c)

NXT Spike (LEGO MINDSTORMS, 2010).

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Capítulo III - Cinemática de Manipuladores

Cinemática é o ramo da mecânica que descreve o movimento dos corpos sem

relacioná-los com as forças que o causaram. Em outras palavras, é o estudo da geometria de

movimento (MERIAM, 1994; TEODORESCU, 2007). No caso da cinemática de manipuladores,

é a ciência que se refere às propriedades geométricas de movimento e variáveis no tempo

(CRAIG, 1989).

III.1. Cinemática direta III.1.1. Definições preliminares

Letras maiúsculas estarão sempre se referindo a pontos ou corpos, enquanto que as

letras minúsculas irão se referir a eixos. Os números serão usados para indicar sistemas de

referência. Os vetores podem ser simbolizados tanto por letras maiúsculas quanto por

minúsculas, mas sempre estarão representados por um “til” embaixo de suas letras. Um vetor

coluna genérico pode ser expresso por T

x y zP P P P = �

, dependendo da conveniência.

A notação n m

P�

indica a posição do sistema de referência m em relação ao sistema n ,

enquanto que 0 CP�

pode representar a posição de um corpo ou ponto em relação ao referencial

0. As simbologias 0 iGP�

e 0 iMP�

denotam, respectivamente, a posição do centro de gravidade do

corpo i e do motor i no referencial 0 e se justificam, pois elos e motores serão considerados

como massas pontuais concentradas nos seus centros de gravidade.

III.1.2. Sistemas de coordenadas referenciais A cadeia cinemática que compõe um manipulador mecânico é formada pela sequência

de corpos conectados por juntas, que por intermédio de atuadores, exercem a movimentação

do manipulador (ROMANO, 1994). Na Figura III.1, 1J , 2J e 3J representam as juntas de

rotação, que são compostas de atuadores (motores de corrente contínua) e sensores de

posição e velocidade (encoders), e podem girar de forma independente em torno do seu eixo.

1L , 2L e 3L são os corpos da cadeia cinemática, isto é, são os elos de ligação entre as juntas.

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24

Figura III.1 - Esquema simplificado da perna do hexápode. A representação completa de um objeto no espaço tridimensional é expressa por sua posição e

orientação em relação a um determinado sistema de coordenadas. No caso de um manipulador mecânico,

composto por vários corpos em forma de cadeia aberta, a descrição de sua posição e orientação requer

além de um referencial inercial, { }0 , um sistema de coordenadas locais em cada uma das juntas.

Para calcular a equações cinemáticas da perna, os sistemas de referência devem ser

posicionados corretamente. Como não será simulada a trajetória do corpo do robô, mas

somente o movimento da perna, todos os referenciais estarão localizados no mecanismo.

Assim, os referenciais { }0 , { }1 e { }2 serão posicionados nas juntas 1, 2 e 3, e o referencial

{ }3 se localizará na extremidade da perna.

Figura III.2 - Localização dos sistemas de referências.

Os ângulos de rotação serão representados por 1θ , 2θ e 3θ , e a orientação positiva de

cada um deles será definida conforme a Figura III.3.

1L

2L

3L

1J

2J3J

1x

1y

1z

0x

0y0z

2x

2y

2z

3x

3y

3z

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25

Figura III.3 - Orientação angular: vistas frontal e superior. III.1.3. Matriz de transformação homogênea

O operador n

mT , denominado matriz de transformação homogênea, é uma matriz 4 4×

que contém todas as informações sobre a translação e a rotação de um referencial m em um

referencial n . Genericamente é definida por

3 3 3 1

0 0 0 1

n n m

mn

m

R PT × ×

=

� (III.1)

onde n

mR e

n mP�

correspondem à matriz de rotação e o vetor posição entre os referenciais.

Os parâmetros de Denavit-Hartenberg fornecem as matrizes de transformação

homogênea entre dois elos consecutivos. Para controlar a posição da extremidade da perna

em relação ao referencial inercial é necessário calcular 0

3T , que é dada por

0 0 1 2

3 1 2 3T T T T= ⋅ ⋅ (III.2) III.1.4. Parâmetros de Denavit-Hartenberg

Um manipulador pode ser descrito cinematicamente pelos 4 parâmetros de Denavit-

Hartenberg (D-H) apresentados na Tabela III.1 e ilustrados na Figura III.4.

1θ+0x

0y

2θ+

3θ−

0x0y

0z

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26

Tabela III.1 - Descrição dos parâmetros D-H.

Parâmetros Descrição

ia Distância de 1i

z − a iz medida ao longo de i

x

iα Ângulo entre 1i

z − e iz ao longo de i

x

id Distância entre 1i

x − e ix medida ao longo de 1i

z −

iθ Ângulo entre 1ix − e i

x , medido em 1iz −

Figura III.4 - Representação dos parâmetros D-H.

Analisando a Figura III.4 verifica-se que o caminho percorrido pelo referencial 1i − até

coincidir com o referencial i pode ser representado por sucessivas operações de rotação e

translação na seguinte ordem:

1) ( )Rot ,i zθ : Rotação de iθ no eixo 1iz − , para alinhar 1ix − com ix .

2) ( )Trans 0,0, id : Translação de id ao longo de 1iz − para coincidir 1ix − e ix .

3) ( )Trans ,0,0ia : Translação de ia ao longo de ix , para coincidir as origens dos sistemas de

referência 1i − e i , e 1ix − e ix .

4) ( )Rot ,i ixα : Rotação de iα no eixo ix para coincidir os dois sistemas de referência.

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27

O produto desta sequência de operações resulta na matriz de transformação

homogênea entre os referenciais 1i − e i . Logo,

( ) ( ) ( ) ( )1 Rot , Trans 0,0, Trans ,0,0 Rot ,

0 0 1 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0

0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0

0 0 1 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0

0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 1

i

i i i i i i

i i i

i i i i

i i i

i

T z d a x

C S a

S C C S

d S C

C C

θ α

θ θ

θ θ α α

α α

θ

− = ⋅ ⋅ ⋅

− − = ⋅ ⋅ ⋅

=0

0 0 0 1

i i i i i i

i i i i i i i

i i i

S S S a C

S C C S C a S

S C d

α θ α θ θ

θ α θ α θ θ

α α

(III.3)

III.1.5. Equações cinemáticas

Figura III.5 - Referenciais de acordo com a orientação de D-H.

Tabela III.2 - Parâmetros de D-H.

Elo ia i

d iα i

θ

1 1L 0 2π 1θ

2 2L 0 0 2θ

3 3L 0 0 3θ Definidos os parâmetros de D-H na Tabela III.2, segue-se de III.3 que:

1 1 1 1

1 1 1 10

1

0

0

0 1 0 0

0 0 0 1

C S L C

S C L ST

θ θ θ

θ θ θ

− =

0z

0x

0y

1z

1x

2z

2x

3z3x

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28

2 2 2 2

2 2 2 21

2

0

0

0 0 1 0

0 0 0 1

C S L C

S C L ST

θ θ θ

θ θ θ

− =

e

3 3 3 3

3 3 3 32

3

0

0

0 0 1 0

0 0 0 1

C S L C

S C L ST

θ θ θ

θ θ θ

− =

Logo, de III.2, tem-se,

( )( )

1 23 1 23 1 1 1 2 2 3 23

0 1 23 1 23 1 1 1 2 2 3 23

3

23 23 2 2 3 23

C C C S S C C C

S C S S C S C C

S C 0 S S

0 0 0 1

L L L

L L LT

L L

− + +

− − + + = +

(III.4)

Os símbolos 1C , 1S , 23C e 23S denotam, respectivamente, 1cosθ , 1senθ , ( )2 3cos θ θ+ e

( )2 3sen θ θ+ , e serão largamente utilizados ao longo do texto.

Comparando as equações III.1 e III.4, verifica-se que o vetor posição da extremidade da

perna em relação ao referencial inercial é dado por:

( )( )

1 1 2 2 3 23

0 3

1 1 2 2 3 23

2 2 3 23

C C C

S C C

S S

L L L

P L L L

L L

+ +

= + + +

� (III.5)

Dessa forma, dada uma trajetória parametrizada ( ) ( ) ( ) ( )( ), ,t x t y t z tλ = , os ângulos

iθ , 1, 2,3i = , podem ser determinados através da cinemática inversa, uma vez que:

( ) ( )

( ) ( )

( )

1 1 2 2 3 23

1 1 2 2 3 23

2 2 3 23

C C C

S C C

S S

x t L L L

y t L L L

z t L L

= + +

= + +

= +

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29

III.2. Cinemática inversa III.2.1. Cálculo de 1θ

A divisão de ( )y t por ( )x t , resulta em ( )1tgy

xθ= , de modo que

1 arctgy

=

(III.6)

III.2.2. Cálculo de 2θ

O procedimento para calcular 2θ consiste em obter uma equação que só dependa de

1θ e 2θ , visto que 1θ já é conhecido. O primeiro passo é isolar os termos 3 23L C e 3 23L S das

equações ( )y t e ( )z t , respectivamente.

1 2 2 3 23

1

2 2 3 23

C CS

S S

yL L L

z L L

− − =

− =

Elevando ao quadrado e somando as equações acima, verifica-se que 3θ é eliminado na

equação resultante.

2

2 2 2 2 2 2 21 22 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3

1 1 1

2 2C 2 C C 2 S S

S S S

L y L yyL L L L z zL L L

− − + + + + − + =

Simplificando:

2

2 2 2 21 22 1 1 2 2 2 2 2 3

1 1 1

2 2C 2 C 2 S

S S S

L y L yyL L L L z zL L

− − + + + + − =

Agrupando os termos comuns, a equação reduz-se a

2 2C S 0A B C+ + = (III.7) onde

21 2

1

2

2

2 2 2 211 2 32

1 1

22

S

2

2

S S

L yA L L

B zL

L yyC L L z L

= −

= − = − + + + −

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30

Resolvendo a Equação III.7 para o seno, obtém-se

2 2C S 0A B C+ + = ⇒ 2 2C SA B C= − −

⇒ 2 2 2 2 2

2 2 2C S 2 SA B BC C= + +

⇒ ( )2 2 2 2 2

2 2 21 S S 2 SA B BC C− = + +

⇒ ( ) ( )2 2 2 2 2

2 2S 2 S 0A B BC C A+ + + − =

⇒ ( )( )

( )

2 2 2 2 2 2

2 2 2

2 4 4sen

2

BC B C A B C A

A Bθ

− ± − + −=

+

⇒ ( ) ( )

( )

2 2 2 2 2 2

2 2 2sen

BC B C A B C A

A Bθ

− ± − + −=

+

Manipulando a mesma Equação III.7, mas resolvendo, agora, para o coseno, o resultado

encontrado é análogo.

2 2S CB A C= − − ⇒ 2 2 2 2 2

2 2 2S C 2 CB A AC C= + +

⇒ ( ) ( )2 2 2 2 2

2 2C 2 C 0A B AC C B+ + + − =

⇒ ( )( )

( )

2 2 2 2 2 2

2 2 2cos

AC A C A B C B

A Bθ

− ± − + −=

+

Finalmente, 2θ é obtido dividindo o seno pelo coseno.

( )( )

( )( )

2 2 2 2 2 2

22 2 2 2 2 2

tgBC B C A B C A

AC A C A B C Bθ

− ± − + −=

− ± − + − (III.8)

III.2.3. Cálculo de 3θ

O ângulo 3θ pode ser determinado, basicamente, de duas maneiras distintas. A

primeira, e mais simples, consiste em isolar 3θ na equação ( )z t , uma vez que 1θ e 2θ já são

conhecidos. Assim,

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31

2 23 2

3

Sarcsen

z L

Lθ θ

−= −

(III.9)

A segunda maneira é manipulando a equação ( )z t de modo a transformá-la na forma

da Equação III.7. Para isso deve-se expandir 23S em ( )z t e agrupar os termos em comum.

Assim,

( ) ( ) ( ) ( ) ( )3 2 3 3 2 3 2 2sen cos cos sen sen 0L L L zθ θ θ θ θ+ + − = Definindo

( )

( )

( )

3 2

3 2

2 2

sen

cos

sen

A L

B L

C L z

θ

θ

θ

=

=

= −

segue-se, de III.8 que

( ) ( )

( )( )

2 2 2 2 2 2

32 2 2 2 2 2

tgBC B C A B C A

AC A C A B C Bθ

− ± − + −=

− ± − + − (III.10)

III.3. Campo de trabalho Para determinar completamente o campo de trabalho (workspace) do mecanismo é

necessário conhecer os valores referentes aos comprimentos dos elos e variações angulares

das juntas. Embora, somente no Capítulo VI que maiores detalhes do projeto serão

apresentados, a Tabela III.3 adianta esses valores.

Tabela III.3 - Variação angular aproximada de cada junta.

Elo Ângulo mínimo Ângulo máximo Dimensão [mm] 1 20º 160º 50,81 2 -145º 145º 245,8 3 -150º 150º 435

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32

De acordo com a Figura III.5 e admitindo que o ângulo 3θ seja sempre negativo, o

campo de trabalho do plano yz fica assim caracterizado.

Figura III.6 - Campo de trabalho no plano yz. A curva em vermelho representa o limite inferior do campo de trabalho. No Capítulo IV

serão definidas formalmente as configurações singulares, o que reduzirá o campo de trabalho

efetivo.

III.4. Torque estático

O torque estático só existe quando o manipulador está parado em alguma configuração

genérica e está sujeito somente às forças de seus componentes (não serão consideradas

forças externas). Conforme a Figura III.7, somente as juntas 2 e 3 sofrem efeito de torque

estático.

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33

Figura III.7 - Forças externas atuando na perna.

A junta 2 compensa os torques causados pelos pesos dos elos 2 e 3, e do motor 3, de

modo que:

( )

1 2 2 1 2 2 2 22 1 2 2 1 2 2 2 2

32

3 23 3 23 3 231 2 2 1 2 2 2 2

3

3 3 2322 2 3 3 1 1

2 2 20 0

0 0

2 2 2

0 0

2 2

i j ki j k

C L C S L C L SC L C S L C L S

M gm g

i j k

L C L C L CC L C S L C L S

m g

m gL CmL C g M m S i C j

τ = +

−−

+ + + +

= + + + − +

�� ��� �

�� �

� �

Seu módulo é dado por

3 3 2322 2 2 3 3

2 2

m gL CmL C g M mτ

= + + +

Por outro lado, a junta 3 só precisa compensar o torque gerado pelo elo 3, e assim:

1 3 23 1 3 23 3 23 3 1 3 23 3 1 3 233

3

2 2 2 2 2

0 0

i j k

C L C S L C L S m gS L C m gC L Ci j

m g

τ = = − +

� �

cujo módulo vale

3 3 233

2

m gL Cτ =

2m g3M g

3m g

0x0y

0z

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34

Verifica-se que o torque simbólico obtido pela simulação em MATLAB® com velocidades

e acelerações angulares nulas é idêntico às equações teóricas desenvolvidas acima.

Figura III.8 - Torques obtidos em MATLAB® para velocidades angulares nulas.

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35

Capítulo IV - Dinâmica de Robôs

Enquanto a Cinemática estuda a descrição dos movimentos dos corpos sem se

preocupar com as causas, a Dinâmica estuda os efeitos que torques e forças imprimem ao

movimento de objetos. Neste capítulo, o objetivo principal será a dedução das equações

dinâmicas utilizando o método de Lagrange.

IV.1. Movimento dos elos de um robô

Um manipulador é uma cadeia de corpos, denominados de elos, na qual cada um é

capaz de se movimentar em relação aos seus vizinhos. Cada elo pode, portanto, apresentar

velocidades lineares e angulares. Esta seção apresenta somente os conceitos básicos para o

entendimento do capítulo. Uma abordagem mais completa e aprofundada por ser obtida nos

livros citados nas referências bibliográficas no final do trabalho, como por exemplo, CRAIG

(1989).

IV.1.1. Velocidade angular entre elos

Conforme a Figura III.2, cada elo está conectado a uma junta de rotação, nas quais

estão fixos os sistemas de referências. Dessa forma, o elo i se move em relação ao sistema

{ }1i − . Como o modelo apresentado se baseia somente em juntas de rotação, a velocidade

angular de cada elo se confunde com a velocidade angular da junta de rotação a ele atrelado, o

que facilita os cálculos.

Será denotado por 1i iω−

� a velocidade angular do elo i em relação ao elo 1i − , e i iω

� a

velocidade da junta i no referencial { }i . Pela Figura III.5 verifica-se, que:

1 1 0 1

1

0

0ω ω

θ

= =

� � �

, 2 2

2

0

θ

=

� �

e 3 3

3

0

θ

=

� �

(IV.1)

A velocidade do elo i em relação ao referencial inercial é dada por

0 0 1 1 2 2 3 1i i iω ω ω ω ω−= + + + +�� � � � �

(IV.2) De modo que

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36

0 2 0 1 1 2

0 1 0 2 2

1

1 1

1 1

1 2

1 2

1 2

1

0 0 0

0 0 0

0 1 0

R

C S

S C

S

C

ω ω ω

ω ω

θ θ

θ

θ

θ

= +

= + ⋅

= + −

= −

� � �

� �

� �

0 3 0 1 1 2 2 3

0 1 0 2 2 0 3 3

1 2

1 2 1 2 1 2 1

1 2 1 2 1 2 1

1 1 2 2 3

1 23

1 23

1

0 0

0 0

0

R R

S C C C S S

C S C S S C

S C

S

C

ω ω ω ω

ω ω ω

θ

θ

θ θ θ

θ

θ

θ

= + +

= + ⋅ + ⋅

− = + − + − −

= −

� � � �

� � ��

� � �

Resumindo.

0 1

1

0

θ

=

� �

, 2 1

0 2

2 1

1

S

C

θ

ω θ

θ

= −

�� �

e 23 1

0 3

23 1

1

S

C

θ

ω θ

θ

= −

�� �

(IV.3)

Uma vez que os vetores 2 2ω�

e 3 3ω�

são paralelos, era de se esperar que seus

resultados fossem semelhantes. As velocidades dadas por IV.3 serão usadas no cálculo das

energias cinéticas dos elos.

IV.1.2. Velocidades no espaço cartesiano e das juntas Definição IV.1. A Matriz Jacobiana, ou simplesmente, Jacobiana, é formada pelas derivadas

parciais de primeira ordem de uma função vetorial. Se : n nR Rϕ → é uma função diferenciável

tal que ( ) ( )( )1 1 2 1 2, , , , , , , ,n n nq q q q q qϕ ϕ ϕ= … � … , então, a Jacobiana de ϕ é a matriz

quadrada de dimensão n n× dada por:

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37

1 1 1

1 2

2 2 2

1 2

1 2

n

n

n n n

n

q q q

q q qJ

q q q

ϕ

ϕ ϕ ϕ

ϕ ϕ ϕ

ϕ ϕ ϕ

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂= ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

� � � �

Definição IV.2. Denomina-se por Jacobiano ao determinante da Matriz Jacobiana.

Como a função vetorial descreve a trajetória da perna e é expressa em coordenadas

cartesianas ( ), ,x y z , é de se esperar que a Matriz Jacobiana do modelo tenha dimensão 3 3× .

Uma definição alternativa, envolvendo a geometria do manipulador é dada por CRAIG (1989).

Segundo o autor, o número de colunas da Jacobiana é igual ao número de juntas do

manipulador, e o número de linhas é igual ao número de graus de liberdade, confirmando a

dimensão 3 3× .

A cinemática direta do manipulador descreve uma relação entre as coordenadas de

posição das juntas, [ ]1 2 3

Tθ θ θ θ=�

, e as coordenadas de posição e orientação do pé do

robô, T

x y zP P P P = �

. Isso significa que P�

depende diretamente das posições das juntas,

ou seja, ( )P P θ=� � �

. Em notação matricial:

( )( )( )

x x

y y

z z

P P

P P P

P P

θ

θ

θ

= =

� �

A derivada de P�

no tempo resulta no vetor V�

das velocidades lineares da ponta da

perna. O uso da regra da cadeia permite desenvolver a seguinte equação:

31 2

1 2 3 1 2 3

31 2

1 2 3 1 2 3

31 2

1 21 2 3

x x x x x x

x

y y y y y y

y

z

z zz z z

P P P d P P Pd d

dt dt dtP

P P P P P Pdd dV P P

dt dt dtP

d P PP d P d P

dt dt dt

θθ θ

θ θ θ θ θ θ

θθ θ

θ θ θ θ θ θ

θθ θ

θ θθ θ θ

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ + + ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

= = = + + = ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂

+ + ∂ ∂∂ ∂ ∂

� ��� �

1

2

3

3

z

d

dt

d

dt

dP

dt

θ

θ

θ

θ

(IV.4)

Page 52: MODELAGEM DINÂMICA E DE CONTROLE DE UM …dippg.cefet-rj.br/ppemm/attachments/article/81/14_Djalma Demasi.pdf · IV.1.2. Velocidade no espaço cartesiano e das juntas 36 IV.1.3

38

Obtém-se, assim, uma relação entre as velocidades angulares das juntas de rotação e as

velocidades cartesianas da ponta da perna. Definindo o vetor

31 21 2 3

TTdd d

dt dt dt

θθ θθ θ θ θ

= = � � � �

�, tem-se

V Jθ= �� �

(IV.5)

A Matriz Jacobiana, portanto, aplica uma transformação linear nas velocidades

angulares das juntas, relacionando-as com as velocidades cartesianas. Da Equação III.5

segue-se que

( ) ( )( ) ( )

1 1 2 2 3 23 1 2 2 3 23 3 1 23

1 1 2 2 3 23 1 2 2 3 23 3 1 23

2 2 3 23 3 230

S L L C L C C L S L S L C S

J C L L C L C S L S L S L S S

L C L C L C

− + + − + −

= + + − + − +

(IV.6)

IV.1.3. Velocidades angulares

Como o vetor V�

é determinado pela trajetória imposta na simulação, os valores

desejados, ou ideais, das velocidades angulares podem ser obtidos, matematicamente, através

da relação

1J Vθ −=�

� � (IV.7)

Os sinais de saída do manipulador são enviados pelos sensores na forma de posição e

velocidade angulares das juntas de rotação. Minimizar a diferença entre o valor de θ��

desejado

e o valor real, enviado pelo sensor, é fundamental na implementação do controle. Essa teoria

será desenvolvida no Capítulo V.

IV.1.4. Singularidades

Uma matriz é dita singular se o seu determinante é nulo. Em outras palavras, uma

matriz é dita singular quando não admite inversa. Como o cálculo das velocidades das juntas

depende da matriz inversa da Jacobiana, é fundamental que se verifique, dentro do campo de

trabalho do manipulador, quais os pontos onde o Jacobiano é nulo. Tais pontos são chamados

de pontos singulares.

O estudo das singularidades é importante, pois nesses pontos há a perda de mobilidade

do manipulador. Além da cinemática inversa admitir infinitas soluções, criando o problema de

redundância na simulação, o espaço das juntas adquire elevadas taxas de variação, tornando o

manipulador incontrolável. Por isso, as trajetórias devem ser definidas de modo que a

extremidade da perna esteja a uma distância segura dos pontos singulares (ROMANO, 1994).

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39

Os pontos singulares do modelo proposto são obtidos fazendo-se ( ) 0Det J = . O

desenvolvimento desta equação produz o seguinte resultado:

3 0S = ou 1 2 2 3 23 0L L C L C+ + =

A condição 3 0S = resulta em 3 0θ = , pois 0

30 180θ≤ < , enquanto que a segunda

condição resulta em 0x

P = , uma vez que ( )1 1 2 2 3 23xP C L L C L C= + + .

Portanto, deve-se evitar trajetórias nas quais a ponta do manipulador passe pela

extremidade limite do campo de trabalho do manipulador e pelo eixo z do referencial 0.

IV.1.5. Aceleração angular

A aceleração angular das juntas é dada pela equação

( )1J P Jθ θ−= −�� ��� ��� �

(IV.8)

uma vez que P J P J Jθ θ θ= ⇒ = +� � ��� �� �

� �� � �.

Dentre as referências consultadas, nenhuma apresenta uma fórmula para o cálculo da

derivada da Matriz Jacobiana no tempo. O desenvolvimento abaixo é uma tentativa de obter

essa relação sem o compromisso de se obter a resposta mais simplificada ou a mais otimizada.

Como os elementos de J dependem, exclusivamente, das posições angulares, isto é,

( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )

11 12 13

21 22 23

31 32 33

J J J

J J J J

J J J

θ θ θ

θ θ θ

θ θ θ

=

� � �

� � �

� � �

segue-se, que

1

1

31 2 22

1 2 3 1 2 3 1 2 3

33

1 2 3

ij ij ij ij ij ij ij ij ij

ij

ij ij ij

d

dt

J J J J J J J J Jdd d dJ

dt dt dt dt

d

dt

J J J

θ

θθθ θ θ

θθ θ θ θ θ θ θ θ θ

θθ

θθ θ θ

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ = + + = = ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ =

∂ ∂ ∂

��

��

Assim

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40

13 13 1311 11 11 12 12 12

1 2 3 1 2 3 1 2 3

23 23 2321 21 21 22 22 22

1 2 3 1 2 3 1 2 3

31 31 3

1 2

J J JJ J J J J J

J J JJ J J J J JJ

J J J

θ θ θθ θ θ θ θ θ θ θ θ

θ θ θθ θ θ θ θ θ θ θ θ

θ θ

∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂=

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂

∂ ∂

� � �� � �

� � ��� � �

1 32 32 32 33 33 33

3 1 2 3 1 2 3

J J J J J Jθ θ θ

θ θ θ θ θ θ θ

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

� � �� � �

13 13 1311 11 11 12 12 12

1 2 31 2 3 1 2 3

2321 21 21 22 22 22

1 2 3 1 2 3 1

31 31 31 32 32 32

1 2 3 1 2 3

J J JJ J J J J J

JJ J J J J JJ

J J J J J J

θ θ θθ θ θ θ θ θ

θ θθ θ θ θ θ θ θ

θ θ θ θ θ θ

∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

= ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂

� ��� �

23 23

2 3

33 33 33

1 2 3

J J

J J J

θθ θ

θ θ θ

∂ ∂ ∂ ∂ ∂

∂ ∂ ∂

��

1 2 3J J J Jθ θ θ = � � ��� � �

(IV.9)

onde

iJ é a Jacobiana da i-ésima coluna de J .

Dessa forma, o problema do cálculo de J� fica reduzido à obtenção de matrizes

jacobianas das colunas de J , o que simplifica as equações. As matrizes usadas na simulação

dinâmica serão, portanto:

( ) ( )( ) ( )

1 1 2 2 3 23 1 2 2 3 23 3 1 23

1 1 1 2 2 3 23 1 2 2 3 23 3 1 23

0 0 0

C L L C L C S L S L S L S S

J S L L C L C C L S L S L C S

− + + +

= − + + − + −

( ) ( )( ) ( )

( )

1 2 2 3 23 1 2 2 3 23 3 1 23

2 1 2 2 3 23 1 2 2 3 23 3 1 23

2 2 3 23 3 230

S L S L S C L C L C L C C

J C L S L S S L C L C L S C

L S L S L S

+ − + −

= − + − + − − + −

3 1 23 3 1 23 3 1 23

3 3 1 23 3 1 23 3 1 23

3 23 3 230

L S S L C C L C C

J L C S L S C L S C

L S L S

− − = − − − − −

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41

IV.2. Dinâmica de manipuladores

A dinâmica de manipuladores estuda a relação entre o movimento dos corpos que

formam a cadeia cinemática e as forças e torques aplicados nas juntas através dos atuadores a

esses associados. Conceitos como Tensor de Inércia, Energia Cinética e Potencial são

essenciais para o desenvolvimento das equações de movimento de Lagrange.

IV.2.1. Tensor de inércia

O momento de inércia mede a distribuição de massa de uma partícula, ou corpo, em

torno de um eixo de rotação. Quanto maior for esse valor, mais difícil será fazê-lo girar. Um

corpo rígido sem vínculos pode girar livremente em três dimensões e dado um referencial

inercial qualquer, é importante saber caracterizar a variação da distribuição de massa desse

corpo rígido em torno desses eixos.

Seja C um corpo rígido de massa m e volume V . Dados um referencial { }i , que pode

ou não pertencer ao corpo, e um ponto genérico T

x y zP P P P = �

de C em relação à origem

do referencial, define-se o tensor de inércia do ponto P�

em relação ao referencial { }i como

xx xy xz

i P

xy yy yz

xz yz zz

I I I

I I I

I I I

− −

Ι = − − − −

� (IV.10)

onde,

( )

( )

( )

2 2

2 2

2 2

xx y z

C

yy x z

C

zz x y

C

I P P dm

I P P dm

I P P dm

= +

= +

= +

e

( )

( )

( )

xy yx x y

C

xz zx x z

C

yz zy y z

C

I I P P dm

I I P P dm

I I P P dm

= = −

= = −

= = −

Os elementos xx

I , yy

I e zz

I são chamados de momentos de inércia, enquanto que xy

I ,

xzI e

yzI são os produtos de inércia. O tensor de inércia tem como propriedade ser uma matriz

simétrica (TENENBAUM, 1997).

IV.2.2. Energia cinética

A energia cinética total de um manipulador é a soma das energias de todos os elos em

relação ao referencial inercial { }0 , sendo a energia total do i-ésimo elo dada por

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42

( ) ( ) ( ) ( ) ( )0 0 0 0 01 1

2 2i i i

T TG G Gi i

i im P P ω ωΚ = ⋅ + ⋅ Ι ⋅� �

� � � � (IV.11)

Na expressão acima, o primeiro termo é a energia cinética devido à velocidade linear do

centro de massa do elo i , 0 iGP��

, e o segundo termo é a energia devido à velocidade de rotação

deste elo. 0 iGΙ denota o tensor de inércia do elo i , com respeito ao seu centro de gravidade,

em relação ao referencial inercial.

As tabelas fornecem informações sobre momentos e produtos de inércia em relação a

um referencial fixo ao próprio corpo, cujo tensor será denotado por i iG GΙ , enquanto que o

cálculo da energia deve ser feito em relação ao referencial inercial. Logo, para obter o tensor

0 iGΙ , é preciso aplicar uma mudança de base em i iG GΙ , segundo a expressão

( ) ( )0 0 0i i iT

G G G

i iR RΙ = ⋅ Ι ⋅ (IV.12)

onde 0

iR representa a rotação do elo i em relação ao referencial inercial (ROMANO, 1994).

No modelo proposto, devido ao fato do referencial inercial estar fixo ao motor 1, este

não produz energia cinética, o motor 2 só possui energia devido a rotação e o motor 3 contribui

com energias de rotação e translação. O tensor de inércia respectivo a cada motor, em relação

ao referencial { }0 , será denotado 0 iMΙ . O elo 1 só apresenta energia devido a rotação,

enquanto que os elos 2 e 3 possuem rotação e translação.

A expressão de Κ , fica, então, determinada assim:

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

1

2

2

2 2

0 1 0 0 1

0 1 0 0 1

0 2 0 0 2

0 0

2

1 (Rotação do elo 1)

2

1 (Rotação do motor 2)

2

1 (Rotação do elo 2)

2

1 (Translação do elo 2)

2

1

TG

TM

TG

TG G

m P P

ω ω

ω ω

ω ω

Κ = ⋅ Ι ⋅

+ ⋅ Ι ⋅

+ ⋅ Ι ⋅

+ ⋅ ⋅

+

� �

� �

� �

� �� �

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

3

3 3

3

3 3

0 2 0 0 2

0 0

3

0 3 0 0 3

0 0

3

(Rotação do motor 3)2

1 (Translação do motor 3)

2

1 (Rotação do elo 3)

2

1 (Translação do elo 3)

2

TM

TM M

TG

TG G

M P P

m P P

ω ω

ω ω

⋅ Ι ⋅

+ ⋅ ⋅

+ ⋅ Ι ⋅

+ ⋅ ⋅

� �

� �� �

� �

� �� �

Page 57: MODELAGEM DINÂMICA E DE CONTROLE DE UM …dippg.cefet-rj.br/ppemm/attachments/article/81/14_Djalma Demasi.pdf · IV.1.2. Velocidade no espaço cartesiano e das juntas 36 IV.1.3

43

O resultado obtido desse somatório é apresentado abaixo:

( )

( ) ( ) ( )

22 2 2 22 2 2 2 2 2 21 1 2 1 2 2 2 2 2 2

1 1 1 2 2 1 1 2

2 2222 2 2 2 2 2 2 23 2 3 3 3

1 2 2 1 2 2 1 2 2 1 23 2 3

2

2 23 3 231 2 2 1 2

6 2 6 2 2 4

6 2 6

2 2

m L M L m L m L C LC L

M L M m LC L L C L C

m L C LL L C L

θ θ θ θ θ θ

θ θ θ θ θ θ θ

θ

Κ = + + + + + +

+ + + + + + + +

+ + + + +

� � � � � �

� � � � � � �

�2 2 2

2 23 3 33 2 3 2 3 3 2 3 2 3

4 4 2

L LC L L C L Lθ θ θ θ

+ + + +

� � � �

IV.2.3. Energia potencial

A energia potencial total do manipulador é a soma das energias de cada elo, sendo a

energia do i-ésimo elo é dada por

( ) ( )0 i

TG

i im g PΡ = − ⋅

�� (IV.13)

onde, [ ]0 0T

g g= −�

é o vetor gravitacional.

Somente os elos 2 e 3, e o motor 3 contribuem para energia potencial, e, portanto,

3 232 2 23 2 2 3 2 2

2 2

L Sm gL SM gL S m g L S

Ρ = + + +

IV.2.4. Equações de movimento de Lagrange

Dentre as principais metodologias que descrevem os efeitos dinâmicos nos corpos de

um manipulador, as equações de Lagrange serão o foco deste trabalho.

Define-se por Lagrangeano a função L resultante da diferença entre a energia cinética

e a potencial do manipulador, ou seja

L = Κ − Ρ (IV.14)

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44

Com os valores de Κ e Ρ obtidos acima, o Lagrangeano fica determinado.

( )

( ) ( ) ( )

22 2 2 22 2 2 2 2 2 21 1 2 1 2 2 2 2 2 2

1 1 1 2 2 1 1 2

2 2222 2 2 2 2 2 2 23 2 3 3 3

1 2 2 1 2 2 1 2 2 1 23 2 3

2

2 23 3 231 2 2 1 2

6 2 6 2 2 4

6 2 6

2 2

m L M L m L m L C LL C L

M L M m LC L L C L C

m L C LL L C L

θ θ θ θ θ θ

θ θ θ θ θ θ θ

θ

= + + + + + +

+ + + + + + + +

+ + + + +

� � � � � �

� � � � � � �

�2 2 2

2 23 3 33 2 3 2 3 3 2 3 2 3

3 232 2 23 2 2 3 2 2

4 4 2

2 2

L LC L L C L L

L Sm gL SM gL S m g L S

θ θ θ θ

+ + + +

− − − +

� � � �

Para uma cadeia cinemática formada por n corpos rígidos de coordenadas

generalizadas [ ]1 2

T

nθ θ θ θ= ��

, pode-se analisar a dinâmica de um corpo i com massa

im e volume

iV a partir do Lagrangeano, segundo a fórmula:

d L L

dtτ

θ θ

∂ ∂= −

∂ ∂ ��� �

(IV.15)

onde [ ]

1nτ

�.

As equações do modelo proposto neste trabalho foram calculadas analiticamente sem

auxílio de programas de linguagem simbólica. A forma como são apresentadas não é a mais

simplificada, mas isso foi feito com o intuito de auxiliar nas contas futuras.

( )2 2 22 2 2

22 2 2 3 3 231 1 2 2 2 2 21 2 1 2 1 3 2 2 3 1 2 2

2 223 23 2 2 2 2 2 2

3 1 2 2 1 2 2 2 1 3 2 2 2

2

3 3 232 23 2 2 1

3 3 2 3

2 2

2 3 2

2 2

2

m L Cm L m L C L CM L m L M L C M L L C

L C m L S C L Cm L L C m L S L M L S C

m L SL CM L S L

τ

θ

= + + + + + + + +

+ + + − + + +

+ + +

��

23 3 23 3 233 1 2 2 2 2 1 2

2

3 3 23 23 3 233 3 23 1 2 2 1 3

23 2 2

2

3 2

C L C L Sm L L C L S

m L S C L Cm L S L L C

θ θ

θ θ

+ + + +

− + + +

� �

� �

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45

( )

2 2 2 222 23 3 3 3 3 3 32 2

2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 3

22 23 2 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2

3 2 3 3 2 3 3 1 3 2 2 2

3 2 2 1

72

12 3 4 3 2 2

2 3 2 2

m L L m L m Lm LM L m L C L L C L L

m L L S m L S C m L S L Cm L L S L M L S C

M L S L

τ θ θ

θ θ θ

= + + + + + + + +

− − + + + +

+ +

�� ��

� � �

( )2

23 3 23 23 3 23 3 232 2 3 1 2 2 2 2 1

3 232 2 22 2 3 2 2

3 2 2

2 2

m L S C L C L SL C m L L C L S

L Cm gL CMgL C m g L C

θ

+ + + + +

+ + + +

2 2 2

3 3 3 3 3 33 3 2 3 2 3

22 23 3 23 23 3 3 23 3 23 3 3 2 3

1 2 2 1 2

3 3 23

7

3 2 2 12

3 2 2 2

2

m L m L m LC L L

m L S C m L S L C m S L LL L C

m gL C

τ θ θ

θ θ

= + + +

+ + + + +

+

�� ��

� �

IV.3. Equações dinâmicas na forma matricial

As equações em forma matricial são fundamentais na implementação do controle. Sua

forma compacta permite que se avalie, separadamente, a contribuição dinâmica da inércia, das

forças de Coriolis e da gravidade no manipulador, permitindo um melhor entendimento das

relações que determinam o seu movimento (CRAIG, 1989).

IV.3.1. Definições preliminares

O desenvolvimento a seguir busca formalizar o conceito das equações dinâmicas na

forma matricial. Para isso, serão necessárias duas definições disponíveis em STRANG (1986),

para uma melhor compreensão do texto.

Definição IV.3. Toda forma quadrática está relacionada a uma matriz simétrica, segundo a

relação

( ) ( )T

f q A q= ⋅ ⋅� �

onde : nf R R→ , [ ]n n

e 1n

.

Definição IV.4. Seja A uma matriz simétrica. A é dita definida positiva se, e somente se

( ) ( ) 0T

q A q⋅ ⋅ >� �

, para todo vetor q�

não-nulo.

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46

IV.3.2. Energia cinética na forma compacta

A energia cinética de um manipulador é uma forma quadrática, conforme pode se

observar no desenvolvimento da Equação IV.11.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

0 0 0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0

1

2

1

2

1

2

1

2

i i i

i

i

i

T TG G Gi i

i i

T TGi i

i i i

TGT T i i

i i i

T TGT i i

i i i

m P P

m J J

m J J

m J J

ω ω

θ θ ω ω

θ θ ω ω

θ θ ω ω

Κ = ⋅ + ⋅ Ι ⋅

= ⋅ + ⋅ Ι ⋅

= ⋅ + ⋅ Ι ⋅

= ⋅ ⋅ + ⋅ Ι ⋅

� �� � � �

� �� � � �

� �� � � �

� �� � � �

Isso significa que, qualquer manipulador com n graus de liberdade, composto de elos

rígidos conectados sem atrito, sempre pode ter a sua energia cinética expressa na forma

( ) ( )1

2

T

Mθ θΚ = ⋅ ⋅� �� �

(IV.16)

onde [ ]n n

é uma matriz especial, denominada Matriz de Inércia, que possui duas

propriedades muito importantes.

Propriedade IV.1. M é simétrica, pois tanto 0 iGΙ , quanto T

i iJ J⋅ são simétricos.

Propriedade IV.2. M é definida positiva, pois resulta do fato de ser simétrica e da energia

cinética ser sempre positiva (Definição IV.4)

Essas propriedades serão fundamentais na implementação do controle, pois em algum

momento será necessário o cálculo da inversa da matriz M e o fato dela ser definida positiva

garante que sua inversa nunca será uma matriz nula.

IV.3.3. Equações dinâmicas definidas por matrizes especiais

Substituindo a energia cinética definida por IV.16 no Lagrangeano, obtém-se a seguinte

expressão

( ) ( ) ( )1

2

T

L Mθ θ θ= ⋅ ⋅ − Ρ� �� � �

Com isso, as equações de movimento são representadas por

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47

( ) ( ) ( ) ( ) ( )1 1

2 2

T TdM M

dt

θτ θ θ θ θ

θ θ θ

∂Ρ ∂ ∂ = ⋅ ⋅ − ⋅ ⋅ + ∂ ∂ ∂

� � � � ��� � � � �� � �

Com o intuito de simplificar essa expressão, primeiramente deve-se mostrar que

( ) ( ) ( )1

2

T

M Mθ θ θθ

∂ ⋅ ⋅ = ⋅ ∂

� � �� � � ��

De fato, dados ( ) ( )T

ij j i

i j

M Mθ θ θ θ⋅ ⋅ =∑∑� � � �� �

e 1

T

nθ θ θ

∂ ∂ ∂=

∂ ∂ ∂ �

� � ��

, segue-se que, para um

valor de k , fixo,

( ) ( )

( )

2

T

kj j k ik k i

j ik k

kj j ik i kj jk

j i

kj j

j

M M M

M M M M

M

θ θ θ θ θ θθ θ

θ θ

θ

∂ ∂ ⋅ ⋅ = + ∂ ∂

= + =

=

∑ ∑

∑ ∑

� � � � � �� �� �

� �

Assim,

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

1

1

11 1 1

1 1

1 1 1

2 2 2

2

1

22

T

T T

T

n

j j

j n n

nj j n

j

M

M M

M

MM M

M M

θ θθ

θ θ θ θθ θ

θ θθ

θθ θ

θ θ

∂ ⋅ ⋅ ∂ ∂ ∂ ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ = ∂ ∂

∂ ⋅ ⋅ ∂

+

= =

� �� � �

� � � � �� �� � � �� � � �

� � �

�� ��

� �

� �

( )

11 1 1

1

n

nn n n nn n

M M

M M M

M

θ

θ θ

θ

= +

= ⋅

��

� � � �

� �� �

��

e, portanto,

( ) ( ) ( ) ( ) ( )1

2

Td dM M M M

dt dtθ θ θ θ θ

θ

∂ ⋅ ⋅ = ⋅ = ⋅ + ⋅ ∂

� � � � ���� � � � � ��

Reagrupando,

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48

( ) ( )1

2

TM M M

θτ θ θ θ θ

θ θ

∂Ρ ∂= ⋅ + ⋅ − ⋅ ⋅ +

∂ ∂

�� � � �� �� � � � �

� �

Definindo ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )1,

2

T

C M Mθ θ θ θ θ θθ

∂⋅ = ⋅ − ⋅ ⋅

∂� � � � ��

� � � � � ��

e ( )( )

θθ

∂Ρ=

∂�

��

, fica provado

que para qualquer manipulador suas equações dinâmicas podem sempre ser escritas na forma

( ) ( ) ( ),M C Gτ θ θ θ θ θ θ= ⋅ + ⋅ +�� � �� � � � � � �

(IV.17)

onde ( )n n

M θ×

� é denominada de Matriz de Inércia, ( ),

n nC θ θ

×

�� �

é a matriz que contém as

acelerações centrífugas e de Coriolis e ( )1n

G θ×

� é o vetor que contém os termos

gravitacionais.

Uma vez calculadas as equações de torque,

iτ , as matrizes M , C e G podem ser

determinadas. Segundo KELLY (2005) e SICILIANO (2008), enquanto M e G são bem

definidas e únicas, a matriz C pode ser expressa de diversas formas. Apesar disso, as

equações dinâmicas não são invalidadas, pois qualquer que seja a sua configuração, o produto

de ( ),C θ θ�� �

por �

é único. Os mesmos autores sugerem o seguinte procedimento para o

cálculo dos elementos dessa matriz:

( )

( )( )

( )

1

2,

T

jk

jk

jk

njk

c

cC

c

θ

θθ θ θ

θ

=

�� ��

�� � �

(IV.18)

onde ( )ijkc θ

� são denominados de Símbolos de Christoffel de primeiro tipo e são definidos pela

expressão

( )( ) ( ) ( )1

2

kj ijki

ijk

i j k

M MMc

θ θθθ

θ θ θ

∂ ∂∂= + −

∂ ∂ ∂ � ��

� (IV.19)

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49

A demonstração do processo de construção dos símbolos de Christoffel encontra-se em

SPONG (1989).

Um desenvolvimento alternativo para o que foi demonstrado nessa seção é

apresentado por PAUL (1981) e FU (1987). O método consiste em transformar todas as

operações envolvendo matrizes em somatórios e operar diretamente com eles.

IV.3.4. As matrizes M , C e G

M e G são resultado de uma análise simples das equações i

τ . A Matriz de Inércia

tem os seguintes coeficientes:

( )22 2 2

22 2 21 1 2 2 2 2 211 2 1 2 1 3 2 2 3 1 2 2

22 2

3 3 23 3 233 1 2 2

3 3 2

3 2

m L m L C L CM M L m L M L C M L L C

m L C L Cm L L C

= + + + + + + +

+ + + +

12 0M =

13 0M =

21 0M =

2 222 23 3 32 2

22 3 2 3 2 3 2 3

72

12 3 4

m L Lm LM M L m L C L L

= + + + + +

2 2

3 3 3 323 3 2 3

3 2 2

m L m LM C L L

= + +

31 0M =

2 2

3 3 3 332 3 2 3

3 2 2

m L m LM C L L

= + +

2

3 333

7

12

m LM =

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50

Note que, de fato, M é uma matriz simétrica. Já o vetor G é dado por:

3 232 2 22 2 3 2 2

3 3 23

0

2 2

2

L Cm gL CG MgL C m g L C

m gL C

= + + +

Dentre as formas de se expressar a matriz C , uma delas é especial, pois satisfaz uma

propriedade muito específica, que é característica de manipuladores que só possuem juntas de

rotação. KELLY (2005) e SICILIANO (2008) demonstram que, nessas condições, sempre existe

C tal que a matriz ( ) ( )2 ,M Cθ θ θ− ��� � �

é anti-simétrica. A matriz C definida abaixo respeita essa

propriedade.

222 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

11 1 3 2 2 2 3 2 2 1

2

3 3 23 23 3 23 3 233 1 2 2 2 2 2

2

3 3 23 23 3 3 23 3 231 2 2 3

3 2 2 2

23 2 2

3 2 2

m L S C m L S L C L CC L M L S C M L S L

m L S C L C L Sm L L C L S

m L S C m L S L CL L C

θ

θ

= − + + + + +

+ + + + +

− + + +

222 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

12 1 3 2 2 2 3 2 2 1

2

3 3 23 23 3 23 3 233 1 2 2 2 2 1

3 2 2 2

23 2 2

m L S C m L S L C L CC L M L S C M L S L

m L S C L C L Sm L L C L S θ

= − + + + + +

+ + + + +

2

3 3 23 23 3 3 23 3 2313 1 2 2 1

3 2 2

m L S C m L S L CC L L C θ

= − + + +

222 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

21 1 3 2 2 2 3 2 2 1

2

3 3 23 23 3 23 3 233 1 2 2 2 2 1

3 2 2 2

23 2 2

m L S C m L S L C L CC L M L S C M L S L

m L S C L C L Sm L L C L S θ

= + + + + +

+ + + + +

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51

3 2 3 322 3

2

m L L SC θ

= −

( )3 2 3 323 2 3

2

m L L SC θ θ

= − +

� �

2

3 3 23 23 3 3 23 3 2331 1 2 2 1

3 2 2

m L S C m L S L CC L L C θ

= + + +

3 2 3 332 2

2

m L L SC θ

=

33 0C =

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52

Capítulo V - Controle de Manipuladores V.1. Introdução

Dependendo da aplicação, um manipulador pode ser classificado em duas categorias:

os que se movem livremente sem contato físico com o meio ambiente, e os que interagem por

meio da aplicação de forças. O contato físico resulta na geração de forças e torques externos,

problema que não será abordado neste texto. Também não serão considerados os problemas

de flexibilidade dos elos e o atrito entre as juntas. Em outras palavras, a simulação analisará

apenas o estudo do movimento em cadeia aberta sem a interação com o meio.

Dadas as equações de movimento, o objetivo do controle é manter a resposta dinâmica

do manipulador de acordo com o critério de performance estabelecido. Em geral o problema de

controle consiste de duas etapas: obter os modelos dinâmicos do manipulador e usar leis de

controle nesses modelos para obter a performance ou resposta desejada do sistema.

O manipulador proposto neste trabalho será instrumentado com atuadores (motores de

corrente contínua) e sensores de posição e movimento angulares (encoders). Como não há

interação de forças com o meio, as únicas variáveis de saída, y , que necessitam ser

controladas serão as posições e velocidades das juntas, ou seja, ( ),y y θ θ= �� �

. Por outro lado,

como o movimento das juntas se dá através do torque transmitido pelos atuadores, a variável

de entrada, u , é uma função, exclusivamente, deste parâmetro, isto é, ( )u u τ=�

.

V.2. Controle do torque computado

Um manipulador pode ser controlado de duas maneiras básicas: controle de posição

(ponto-a-ponto), ou controle de movimento (tracking). O primeiro tipo, mais simples consiste em

fazer com que o manipulador passe através de um conjunto discreto de pontos no seu campo

de trabalho sem a necessidade de seguir uma trajetória de referência. O segundo tipo é fazê-lo

se movimentar por uma trajetória contínua.

Para que o robô possa executar qualquer tipo de trabalho pelo método do controle de

movimento, é necessário posicioná-lo no lugar correto a todo instante. Por isso faz-se

necessário definir uma curva contínua, parametrizada no tempo, que forneça as posições

desejadas. Dessa forma, para que os atuadores possam realizar trabalho, é necessário um

sistema de controle que faça a conversão entre as coordenadas de posição e velocidade para

o torque desejado. Por fim, para que o controle tenha uma boa performance, é fundamental

que o erro entre os valores de posição e velocidade desejadas com os valores emitidos pelos

sensores convirja para zero. Sempre haverá erro devido a problemas de atrito e não

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53

linearidades desconsideradas na análise dinâmica e uma forma de minimizá-lo é através do

método de retroalimentação (feedback) das variáveis de entrada.

O problema central no projeto de um sistema de controle é garantir que ele vai atender

às especificações de desempenho impostas, e o critério mais importante para isso é garantir

que seja estável. Segundo SLOTINE (1991), KHALIL (1996) e LEWIS (2004), um sistema é dito

estável, qualitativamente, se, dada qualquer condição inicial próxima ao ponto de operação,

seu movimento também permanece perto desse ponto. Uma definição semelhante é dada por

CRAIG (1989), que afirma ser estável um sistema se os seus erros se mantêm relativamente

pequenos ou tendem a zero em um intervalo de tempo razoável, mesmo na presença de

distúrbios moderados.

A instabilidade de um sistema pode resultar em um comportamento inadequado, ou até

mesmo imprevisível do manipulador, não atendendo ao objetivo a que foi proposto, podendo

até danificar componentes e mecanismos. Portanto, o projeto de controle deve garantir, não só

a estabilidade, mas também provar que os resultados, em malha fechada são satisfatórios.

O uso de técnicas de controle linear somente é válido quando o sistema estudado pode

ser modelado por equações diferenciais lineares, que não é o caso das equações de

movimento de manipuladores. Usar um controlador linear para movimentar um robô acarreta

em perda de precisão a medida em que a velocidade de movimento aumenta. Isso acontece

porque o controlador linear despreza os efeitos não lineares, enquanto que as forças de

centrífugas e de Coriolis variam com o quadrado da velocidade. Por outro lado, um controlador

não-linear, de conceito simples, também chamado de Controle do Torque Computado

(computed-torque control), é capaz de compensar essas não-linearidades permitindo

movimentos mais precisos mesmo com velocidades mais altas e campos de trabalho mais

amplos. (SLOTINE, 1991)

V.3. Controle de 1 junta V.3.1. Motor de corrente contínua

Em manipuladores os torques são gerados pelos atuadores, que convertem os sinais de

entrada em torques como variável de saída. Isso significa que os atuadores possuem sua

própria dinâmica e, em alguns casos podem ser modelados por equações matemáticas, como

é o caso dos motores de corrente contínua, ou motor DC.

Basicamente, um motor DC consiste de um estator, que é a parte fixa do motor, e um

rotor, que é o responsável pela rotação do eixo. O estator fica fixo à armadura e contém imãs

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54

que produzem campo magnético dentro do rotor. O rotor contém, além do eixo, o indutor

(enrolamento) que conduz a corrente quando o motor é alimentado.

V.3.2. Relações básicas

Como o motor é acionado pela voltagem produzindo torque, pode-se afirmar que há

uma relação proporcional entre eles, assumida linear.

m a aK iτ = (V.1)

Fisicamente falando, o motor está sujeito à ação de duas forças proporcionais ao

produto da densidade de fluxo magnético e o comprimento do enrolamento: a força induzida

pela corrente e a produzida pela rotação rotor, denominada força contra-eletromotriz. Para

haver equilíbrio do sistema, essas forças precisam se contrabalancear e, para isso, devem

atuar em sentidos contrários. Como o rotor gira devido ao campo magnético induzido pela

corrente, esse movimento de rotação age como um gerador, desenvolvendo uma voltagem na

armadura. Isso significa que essa voltagem é proporcional à velocidade de rotação do motor,

ou seja

b mv K θ= � (V.2)

onde

bK é a constante devido à força contra-eletromotriz (NISE, 2011).

Do exposto, conclui-se que o motor DC pode ser modelado como um circuito RL, cuja

equação característica é dada por

aa a a a b m

diV R i L K

dtθ= + + � (V.3)

onde

aR e

aL são a resistência e a indutância da armadura (FU, 1987).

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55

V.3.3. Torque no eixo de cargas

Figura V.1 - Motor com redução (FU, 1987).

Quando o objetivo é transmitir torques mais elevados, é comum utilizar redutores

acoplados aos motores. O eixo do motor fica então ligado a um trem de engrenagens e outro

eixo, denominado eixo de cargas, é o responsável pela transmissão do torque (Figura V.1).

Basicamente o eixo de carga gira a uma velocidade menor que o eixo do motor, sendo

proporcional ao coeficiente de redução n .

L mnθ θ= , 1n < (V.4)

Além da inércia da carga, L

J , e do atrito dinâmico nas juntas L

f , as equações de

controle devem considerar também a inércia do rotor, m

J , e o atrito dinâmico, m

f , produzido

pelo seu efeito de rotação. O torque total no eixo do motor depende, portanto, da carga e das

características do motor. A sua expressão, cujo desenvolvimento completo se encontra em FU

(1987), é dada por

( ) ( ) ( )eff m eff mt J t f tτ θ θ= +�� � (V.5)

onde 2

eff m LJ J n J= + e 2

eff m Lf f n f= + correspondem ao momento de inércia e coeficiente de

atrito viscoso efetivos do sistema

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56

V.3.4. Funções de transferência

A aplicação da Transformada de Laplace nas equações V.1, V.3 e V.5, com condições

iniciais nulas, produz o seguinte resultado

( )

( ) ( )

( ) ( ) ( )2

a a

a a a a a b m

eff m eff m

T s K I

V s R I sL I sK s

T s s J s sf s

=

= + + Θ

= Θ + Θ

(V.6)

A combinação dessas equações resulta na função de transferência entre o ângulo do eixo do

motor e a voltagem. Como a variável de controle é o ângulo do eixo de saída do motor, a

relação V.4 deve ser usada para que se obtenha

( )( ) ( ) ( )2

L a

a eff a a eff a eff a eff a b

s nK

V s s J L s L f R J s R f K K

Θ=

+ + + +

(V.7)

Em alguns casos, devido ao valor da indutância ser muito pequeno, é comum desprezá-

la, e a Equação V.7 reduz-se a

( )( ) ( ) ( )2

L a

a a eff a eff a b

s nK

V s R J s R f K K s

Θ=

+ + (V.8)

Cabe notar que V.7 e V.8 são respostas em malha aberta do sistema. Na seção

seguinte quando o controlador for implementado, será necessário fechar a malha com uma

retroalimentação unitária.

V.3.5. Controlador proporcional-derivativo

O objetivo do controle de posição é fazer com que as coordenadas reais do motor

sigam as coordenadas desejadas. A técnica consiste em usar o erro entre as posições reais e

as ideais para produzir uma voltagem apropriada. Em outras palavras, deve-se aplicar uma lei

de controle na qual a voltagem transmitida ao motor é linearmente proporcional ao erro de

posição.

Segundo FU (1987), uma forma de incrementar a resposta do sistema é adicionando

um ganho devido ao erro entre a velocidade real e a desejada. Com isso, a lei de controle fica

assim definida:

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57

( )( ) ( )P D

a

K e t K e tV t

n

+=

� (V.9)

onde ( ) ( ) ( )d

L Le t t tθ θ= − , ( ) ( ) ( )d

L Le t t tθ θ= −� �� , P

K é ganho proporcional e D

K o ganho

derivativo.

Aplicando a Transformada de Laplace em V.9 e substituindo

aV em V.7, obtém-se a

função de transferência entre a posição real e o erro, em malha aberta. Para calcular a função

de transferência entre a posição real e a desejada será necessário fechar a malha com

retroalimentação unitária. O resultado obtido é dado por:

( )( )

( )

( ) ( )2

L a D a P

d

L eff a a eff a eff a eff a b a D a P

s K K s K K

s s J L s L f R J s R f K K K K K K

Θ +=

Θ + + + + + +

(V.10)

Equivalentemente, desprezando a indutância:

( )( )

( )( ) ( )2

L a D a P

d

L a eff a eff a b a D a P

s K K s K K

s R J s R f K K K K s K K

Θ +=

Θ + + + + (V.11)

V.3.6. Critérios de estabilidade

As equações V.7 e V.10 sugerem que o motor de corrente contínua pode ser modelado

como um sistema de ordem 3. Como o coeficiente associado ao termo de grau 3 depende do

produto da inércia do motor, que é da ordem de 610− , pela sua indutância, que é da ordem de

410− , é razoável considerar esse coeficiente como desprezível reduzindo a ordem desse

sistema para 2. Assim, segundo OGATA (2003) e NISE (2011), a função de transferência V.11

satisfaz a equação

2 22 0n n

s sξω ω+ + = (V.12)

onde

nω é a frequência natural de oscilação do sistema e ξ é o coeficiente de amortecimento.

Logo,

2 a Pn

eff a

K K

J Rω = (V.13)

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58

e

2a eff a b a D

n

eff a

R f K K K K

J Rξω

+ += (V.14)

Os ganhos proporcionais e o coeficiente de amortecimento são obtidos de V.13 e V.14.

2

n eff a

P

a

J RK

K

ω= (V.15)

12

a eff a b a D

a P eff a

R f K K K K

K K J Rξ

+ += ≥ (V.16)

Para FU (1987), por razões de segurança o sistema não pode ter uma resposta sub-

amortecida se aplicada uma função degrau. Para que ele tenha uma boa performance é

preciso que seja criticalmente amortecido ou super-amortecido, conforme a Equação V.16.

Dessa restrição determinam-se os ganhos derivativos.

2a P eff a a eff a b

D

a

K K J R R f K KK

K

− −= (V.17)

V.4. Controle de múltiplas juntas V.4.1. Lei de controle

Considere o modelo dinâmico de um manipulador apresentado pela Eq. IV.17,

reproduzida abaixo

( ) ( ) ( ),M C Gτ θ θ θ θ θ θ= ⋅ + ⋅ +�� � �� � � � � � �

(V.18)

Dado um conjunto de funções vetoriais limitadas

dθ�

, d

�

e d

��

denotadas por posição,

velocidade e aceleração desejadas das juntas de rotação, objetiva-se encontrar uma função

vetorial τ�

tal que as coordenadas reais das juntas, θ�

e �

, sigam d

θ�

e d

�

de forma acurada. A

essa função vetorial τ�

denomina-se lei de controle.

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59

Em outras palavras, o objetivo do controle de movimento consiste em determinar uma

lei tal que:

( )lim 0t

tθ→∞

=�

e ( )lim 0t

tθ→∞

=�

� (V.19)

onde ( ) ( )d t tθ θ θ= −�

e ( ) ( )d t tθ θ θ= −� � �� � �

denotam, respectivamente, os erros de posição e

velocidades angulares das juntas.

Segundo CRAIG (1989), como o problema do controle de um manipulador é do tipo

múltiplas-entradas e múltiplas-saídas (MIMO), o controlador deve ser capaz não somente de

linearizar o sistema, mas também de desacoplar as equações envolvidas. A lei de controle

proposta pelo autor é da forma

Aτ τ β′= ⋅ +� �

(V.20) onde τ

�, τ ′�

e β são vetores 1n× e A é uma matriz n n× . Fazendo

( )

( ) ( ),

d D P

A M

K K

C G

θ

τ θ θ θ

β θ θ θ θ

=

′ = + ⋅ + ⋅

= ⋅ +

����

� � � �� �

� � � �

obtém-se

( ) ( ) ( ),d D P

M K K C Gτ θ θ θ θ θ θ θ θ = ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅ +

��� � �� � � � � � � � �

(V.21)

Na equação acima, [ ]P n n

e [ ]D n nK

× são as matrizes de ganhos proporcional e derivativo. Os

ganhos são valores determinados pelo controlador que visam uma otimização da simulação do

sistema. Embora não exista uma regra para determinar esses valores, será demonstrado mais

adiante que um depende do outro e, como o objetivo é desacoplar as equações de movimento,

a melhor maneira de se obter isso é escolhendo matrizes P

K e D

K diagonais.

FU (1987), KELLY (2005) e SICILIANO (2008) denominam a lei de controle V.21 por

controle do torque computado. O diagrama de blocos representativo é apresentado na Figura

V.2.

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60

Figura V.2 - Diagrama de blocos do controlador (KELLY, 2005). V.4.2. Equação diferencial do erro

A comparação entre V.21 com a expressão do torque dinâmico, V.18, resulta na

equação

( ) 0D P

M K Kθ θ θ θ ⋅ + ⋅ + ⋅ = �� �

� � � � �

Como M é definida positiva (resultado obtido no capítulo anterior), então ela sempre admite

inversa, de modo que, a pré-multiplicação da expressão acima por ( )1M θ− ⋅

�resulta em:

0D P

K Kθ θ θ+ ⋅ + ⋅ =�� �

� � � � (V.22)

A equação diferencial V.22 é linear na variável θ�

e segundo BOYCE (1998), sempre

será possível escolher ganhos convenientes para que suas soluções sejam convergentes.

Para que haja convergência, as soluções do sistema em malha fechada devem ser

conjugados complexos situados no semi-plano esquerdo do plano de fases. Isso só vai ocorrer

quando o sistema for sub-amortecido, ou seja, 0 1ξ< < (OGATA, 2003).

Por fim, comparando V.22 e V.12, obtém-se

2 24D P

K Kξ= (V.23)

e, conforme mencionado anteriormente,

PK e

DK estão, de fato, relacionados entre si.

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61

V.5. Convergência no sentido de Lyapunov

O objetivo desta seção é mostrar a convergência do sistema apresentado neste

trabalho, de acordo com a teoria de Lyapunov. A solução apresentada é uma versão adaptada

de KELLY (2005). Ao texto original foram inseridos comentários e demonstrações adicionais.

As definições de estabilidade e os conceitos relevantes estão no Anexo A.

Primeiro é preciso verificar que a origem é o único ponto de equilíbrio do sistema. De

fato, reescrevendo a Eq. V.22 em termos de vetores de estado T

θ θ

� �, tem-se:

0

P DP D

Id

K Kdt K K

θ θθ

θ θθ θ

= = − − − ⋅ − ⋅

�� ��� ��� �� �

(V.24)

Verifica-se, portanto, que a origem, 0T

θ θ =

� � �, é solução do sistema, pois a sua

substituição em V.24 produz vetores nulos como resposta. Suponha agora, por absurdo, que

1 1

T

θ θ

� � seja outra solução do sistema, diferente da origem. Então,

1

1

0 0

0P D

I

K K

θ

θ

= − −

� ����

⇒ �

1

1

0

0

0P D

K K

θ

θ θ=

=− ⋅ − ⋅ =

� ��

� � �

⇒ 1

1

0

0P

K

θ

θ

=

⋅ =

� �

� �

Como

PK é diagonal e foi projetada para ser uma matriz de elementos positivos, pois

corresponde aos ganhos do sistema, ela é definida positiva e, portanto, sempre admite inversa.

Logo, a origem é o único ponto de equilíbrio desse sistema.

Teorema V.1. (Rayleigh-Ritz) Seja [ ]

n nA

× uma matriz real, simétrica e definida positiva. Se

( )máx Aλ e ( )min Aλ denotam o maior e o menor autovalor de A , então, para qualquer nx R∈�

,

( ) ( )2 2T

min máxA x x A x A xλ λ≤ ⋅ ⋅ ≤� � � �

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62

Seja α um escalar real, que satisfaça

( )min0 DKα λ< <

onde

DK é diagonal positiva. Multiplique ambos os lados da desigualdade por Tx x⋅

� �, de modo

a obter

( ) T T

min Dx x K x xα λ⋅ < ⋅� � � �

(V.25)

Dado que

DK é uma matriz simétrica definida positiva, a aplicação do Teorema V.1, reduz V.25

a

( )2

T

min D DK x x K xλ ≤ ⋅ ⋅

� � �

Como, por definição, 2 T

x x x= ⋅� � �

, segue-se que:

( ) T T

min D DK x x x K xλ ⋅ ≤ ⋅ ⋅� � � �

(V.26)

Comparando V.25 e V.26

( ) T T T

min D Dx x K x x x K xα λ⋅ < ⋅ ≤ ⋅ ⋅� � � � � �

ou seja,

T T

Dx x x K xα ⋅ < ⋅ ⋅� � � �

.

Como T Tx x x I xα α⋅ = ⋅ ⋅

� � � �, conclui-se que

[ ] 0T

Dx K I xα⋅ − ⋅ >� �

(V.27)

que implica em

DK Iα− ser uma matriz definida positiva.

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63

Considere agora, a seguinte função candidata de Lyapunov.

( )

2

1,

2

1 1

2 2

T

P D

TT

P D

K K IV

I I

K K I

θ θα αθ θ

αθ θ

θ αθ θ αθ θ α α θ

+ =

= + + + + −

� � �� �� �� �� �

� � � � � �

(V.28)

Note que o primeiro termo da função é positivo por definição, uma vez que, qualquer que seja o

vetor x�

, a relação 2

0Tx x x⋅ = ≥� � �

é sempre verdadeira. Por outro lado, uma vez que,

[ ]2

P D P DK K I K K Iα α α α+ − = + − , ou seja, é soma de matrizes definidas positivas, conclui-

se que o segundo termo também é positivo, por se tratar de uma forma quadrática (Definição

IV.4). Segue-se, portanto que ( ),V θ θ�� �

é uma função globalmente definida positiva (Definição

A.8, (ii)).

O próximo passo, para concluir a demonstração é mostrar que a derivada no tempo de

V.28 é globalmente definida negativa (definições A.8, (ii) e A.10).

Propriedade V.1. Se [ ]1

T

nx x x= ��

e [ ]1

T

ny y y= ��

, são vetores diferenciáveis, e A é

uma matriz diagonal, então são válidas as relações:

(i) T T

i i i i

i i

x y x y y x y x⋅ = = = ⋅∑ ∑� �� �

(ii) 21 1 12

2 2 2

T T

i i i

i i

d dx x x x x x x

dt dt

⋅ = = = ⋅

∑ ∑ � �� � � �

(iii) [ ] [ ]21 1 12

2 2 2

T T

ii ii i ii i i ii

i i

d dx A x A x A x x x A x

dt dt

⋅ ⋅ = = = ⋅ ⋅

∑ ∑ � �� � � �

Pelos itens (ii) e (iii) da Propriedade V.1, tem-se:

( )[ ]

2,

TT

P D

T T T T

P D

V K K I

K K

θ θ θ αθ θ αθ θ α α θ

θ θ αθ θ αθ θ θ α θ

= + + + ⋅ + − ⋅

= ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅ + ⋅

� � �� � ��� � � � � � � �

� �� � � �� �

� � � � � � � �

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64

Isolando ��

na Equação V.22 e substituindo em ( ),V θ θ��� �

, obtém-se:

( ) [ ]

[ ]

0

,

T T T T

D P D P P D

T T T T

D P P P

T T

P P

V K K K K K K

K I K K K

K I K

θ θ θ θ θ αθ θ αθ θ θ θ α θ

θ θ α θ θ θ θ θ αθ θ

θ α θ αθ θ

θ

θ

=

= − − + ⋅ + − − + ⋅ + ⋅

= − + + − −

= − − −

= −

� � � � � � ��� � � � � � � � � � � �

� � � � � ���� � � � � � � � �

� �

� � � �

��

0

0

T

P

P

K

K I

θα

α θ

��

Como P

K Iα− e P

Kα são definidas positivas, por construção, segue-se que ( ),V θ θ��� �

é

globalmente definida negativa, e pelo Teorema A.1, o sistema é globalmente assintoticamente

estável.

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65

Capítulo VI - Projeto Mecânico

Os sistemas robóticos de locomoção por pernas possuem vantagens em relação aos

veículos com rodas devido a uma maior adaptabilidade em terrenos irregulares. Por outro lado,

quanto maior é a mobilidade do sistema, mais complexo fica o controle, o robô fica mais

pesado e o consumo energético é maior. O presente capítulo se propõe a apresentar um

mecanismo articulado de três graus de liberdade para ser utilizado como perna de um robô

hexápode.

VI.1. Estudo de modelos de pernas VI.1.1. Atuadores pneumáticos

Ao longo dos anos diversos projetos para pernas de robôs foram propostos. Antes dos

motores elétricos se tornarem difundidos, os tipos de acionamento mais comum eram os

pneumáticos e os hidráulicos, atuando como músculos artificiais.

Os músculos artificiais foram desenvolvidos na década de 50, na tentativa de simular os

músculos humanos (KLUTE, 1999). Constituem fontes alternativas de projeto, pois são feitos

de materiais leves e podem ser usados em operações que necessitam de precisão ou

delicadeza. Porém, apresentam como desvantagens o difícil controle, devido ao fato de sua

constituição ser altamente não-linear e precisam de um compressor para funcionar

(DAERDEN, 2002).

Os atuadores pneumáticos foram amplamente utilizados nos robôs da Waseda

University, durante a década de 70, mas com a difusão dos motores elétricos e com o avanço

dos computadores caíram em desuso. Atualmente, com o avanço nas pesquisas de novos

materiais, voltaram ter destaque no meio científico (SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL, 2003) e

voltaram a ser usados no desenvolvimento de robôs, como por exemplo, o hexápode AJAX,

inspirado na barata (KINGSLEY, 2005).

VI.1.2. Mecanismo pantográfico

O uso do mecanismo pantográfico em projetos de robótica móvel é muito difundido,

sendo utilizado desde as épocas mais remotas da década de 70 até os dias atuais. Segundo

BINNARD (1995), essa preferência se explica devido ao fato de ser um mecanismo simples,

produzindo um movimento linear do pé, o que facilita o controle, e também porque que ele

proporciona um maior campo efetivo de trabalho.

Os mais comuns são os modelos adaptados do mecanismo pantográfico proposto por

Shigley, em 1960. Denominado de PANTOMEC, esses sistema permite que, com

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acionamentos simples, a extremidade da perna se mova em um eixo cartesiano tridimensional

(HIROSE et al, 2009).

(a) (b) Figura VI.1 - (a) TITAN-IV (HIROSE, 1991); (b) Esquema da perna do Dante (WETTERGREEN,

1992).

Diversos exemplos de acionamentos elétricos, pneumáticos e hidráulicos podem ser

encontrados na literatura, como por exemplo: PV-II (HIROSE, 1980), TITAN-III (HIROSE,

1985), TITAN-IV (HIROSE, 1991), Dante I (WETTERGREEN, 1992), RIMHO (VARGAS, 1994),

Boadicea (BINNARD, 1995) e Dante II (BARES, 1999). São desenvolvidos ainda hoje, (LIANG,

2011), mas com o advento dos robôs inspirados na biologia, a frequência com que são

empregados diminuiu notavelmente.

VI.1.3. Configurações inspiradas na biologia

Os trabalhos desenvolvidos por Cruse na década de 70 inspiraram novas pesquisas na

área da robótica móvel. Essa nova tendência pode ser vista na mudança dos conceitos de

modelos apresentados desde então. Isso somado ao avanço das tecnologias, da computação

científica e dos equipamentos, permitiu desenvolver protótipos de pernas mais parecidos com a

realidade. O tipo mais comum é o de três graus de liberdade onde cada grau de liberdade

corresponde a uma junta de rotação, como pode ser visto nos robôs TUM (WEIDERMANN,

1994), LAURON (CORDES, 1997), HAMLET (FIELDING, 2001) e Scorpion (KLAASSEN,

2001).

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67

(a) (b)

Figura VI.2 - (a) Perna do inseto (CRUSE, 2007); (b) Modelagem (PFEIFFER, 1990).

Um dos problemas enfrentados por esse novo modelo é o peso da plataforma e das

pernas. Com muitos motores, sensores e redutores em cada perna, o protótipo acaba

ganhando peso e mais torque é necessário para a elevação da perna e sustentação do corpo.

Uma das estratégias para tentar minimizar esse efeito é colocar os motores o mais perto

possível do corpo do robô (Figura VI.2, (b)). A Figura VI.3 apresenta algumas configurações

clássicas.

(a) (b)

Figura VI.3 - (a) Projeto com servomotores (GO, 2006); (b) Projeto com motores DC (CSIC,

2000).

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68

VI.2. Proposta de projeto mecânico

Para que fosse cumprida a proposta inicial do trabalho que visava à construção do

projeto mecânico, foram comprados motores DC, sensores e redutores do grupo Faulhaber

(Anexo B). O comprimento do motor com o redutor e o sensor acoplados ultrapassa 137

milímetros, que é um comprimento razoavelmente grande, e devido a isso, o protótipo se

baseará no conceito do robô SILO-4, Figura VI.3, (b), cujos motores encontram-se por dentro

da estrutura da perna. Todos os desenhos desta seção foram desenvolvidos em Solidworks®.

Figura VI.4 – Proposta de projeto mecânico para a perna do hexápode.

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69

Tabela VI.1 - Dados do conjunto redutor, motor e sensor.

Motor Redutor Sensor Total

Comprimento [mm] 62,0 57,0 18,3 137,3

Massa [g] 242 260 48 550

Todas as transmissões de movimento entre os elos são feitas por engrenagens,

projetadas e dimensionadas conforme PROVENZA (1991) e (1996). Porém, não foram feitos os

cálculos de esforços para verificar se essas engrenagens resistem a forças e torques

resultantes dos movimentos simulados.

Para efeito de simulação, serão necessários os dados relativos ao comprimento, massa,

posição do centro de gravidade e matriz de inércia de cada um dos elos. Essas informações

podem ser obtidas por uma análise do Solidworks®, desde que sejam especificados os tipos de

materiais empregados na montagem. Com exceção das buchas, que foram especificadas como

bronze comercial, os outros elementos foram definidos como aço inoxidável AISI 304 ou 1020.

VI.2.1. Junta 1 A junta 1 fica fixa ao corpo do robô e contém o motor 1 que transmite movimento de

rotação ao elo 1.

Figura VI.5 – Junta 1.

Note que para a direção de rotação da junta 1 ser coerente com a Figura III.5, o motor 1

foi posicionado na vertical.

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70

VI.2.2. Elo 1 O elo 1 só possui movimento de rotação e contém o motor 2 que transmite movimento

de rotação ao elo 2 (coxa).

Figura VI.6 – Vista isométrica do elo 1.

(a) (b)

Figura VI.7 – Vistas do elo 1. (a) Vista inferior; (b) Vista frontal.

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71

Os dados do elo 1 usados na simulação serão, portanto:

Tabela VI.2 - Dados do elo 1. Comprimento [mm] Massa [g] Centro de Gravidade [mm]

Elo 1

50,81

881,79

(16,45; -1,00; 27,58)T

A matriz de inércia, com relação ao centro de gravidade, em g.mm2, vale:

1 1

1.149.774,58 16.063,94 69.029,20

16.063,94 1.166.935,85 27.205,73

69.029,20 27.205,73 256.148,08

G G

Ι =

Como os motores são muito compridos, o elo 1 ficou assimétrico. Essa assimetria pode

ser vista no posicionamento dos eixos y e z do centro de gravidade do conjunto (Tabela VI.2),

mas não terão muita influência na simulação, pois conforme 1 1G GΙ , os produtos de inércia

envolvidos são relativamente pequenos.

VI.2.3. Elo 2

Figura VI.8 – Vista isométrica do elo 2

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72

Figura VI.9 – Vista superior do elo 2.

O elo 2 (coxa), que possui movimento de rotação e translação, tem um conceito

diferente do elo 1. Devido ao comprimento do motor, o mesmo foi posicionado no interior do

mecanismo ao longo de sua extensão. Para haver concordância com a orientação angular

definida na Figura III.5, fez-se necessário o uso de engrenagens cônicas de 90º, como pode

ser visto Figura VI.9. Por ser mais comprido e possuir mais componentes, é o elo mais pesado,

mas também é o mais simétrico.

Tabela VI.3 - Dados do elo 2. Comprimento [mm] Massa [g] Centro de Gravidade [mm]

Elo 2

245,80

1182,02

(133,02; 0,01; -0,58)T

A matriz de inércia, com relação ao centro de gravidade, em g.mm2, vale:

2 2

303.373,62 619,62 93.431,89

619,62 4.936.905,78 13,74

93.431,89 13,74 4.847.775,88

G G

Ι =

VI.2.4. Elo 3

O elo 3 (perna) é o mais leve de todos, pois não tem motor; possui apenas a estrutura

metálica. O seu comprimento não é definitivo e só será ajustado quando a estrutura do corpo

do robô for definida. Também não se projetou um formato para o pé, pois as simulações visam

apenas o movimento em cadeia aberta, sem contato com o solo.

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Figura VI.10 - Elo 3.

Tabela VI.4 - Dados do elo 3. Comprimento [mm] Massa [g] Centro de Gravidade [mm]

Elo 3

435,00

178,37

(138,95; 0,00; -2,67)T

A matriz de inércia, com relação ao centro de gravidade, em g.mm2, vale:

3 3

27.621, 48 12,30 66.232,77

12,30 3.819.725,75 0.59

66.232,77 0,59 3.807.660,91

G G

− Ι = − − −

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74

Capítulo VII - Resultados e Discussões VII.1. Análise dinâmica Um dos problemas que se colocam na robótica de locomoção por pernas é a forma

geométrica que devem ter as trajetórias dos pés. Vários modelos foram desenvolvidos nos

últimos anos, sendo as trajetórias mais comuns baseadas em funções matemáticas e no

estudo de movimento de insetos. Os padrões de locomoção não serão discutidos neste texto,

uma vez que a proposta do trabalho se limita ao estudo da cadeia cinemática aberta do

manipulador.

Para o efeito da animação, foram utilizados recursos simples de desenho, conforme a

Figura VII.1. Os elos da perna são as retas em azul. As circunferências, em preto, representam

as juntas de rotação. O ponto em vermelho é o pé do robô e segue a trajetória desejada.

Figura VII.1 - Representação esquemática da perna no MATLAB. VII.1.1. Trajetórias baseadas em funções matemáticas A estratégia mais difundida talvez seja a de adotar funções matemáticas para tentar

reproduzir as trajetórias no espaço cartesiano. As funções mais comuns são as elipses, as

trigonométricas e os polinômios. A combinação entre curvas é uma alternativa e pode ser

desenvolvida dependendo da aplicação e do tipo de terreno.

Para implementar uma trajetória de referência é preciso que a curva modelada seja

suave, isto é, posição, velocidade e aceleração precisam ser contínuas e admitirem derivadas

-20-10

010

20

-20

0

20

40-40

-20

0

20

40

Eixo-xEixo-y

Eix

o-z

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75

contínuas, caso contrário o controle pode ser comprometido. Todas as curvas simuladas estão

na forma paramétrica ou polinomial e a teoria de curvas suaves, bem como alguns dos

exemplos utilizados, encontra-se em DO CARMO (1976) e SANTOS (2003).

As simulações foram realizadas no MATLAB. Todas as distâncias estão em

centímetros e os ângulos são expressos em graus. As trajetórias foram discretizadas em 50

pontos.

Exemplo VII.1: Trajetória vertical Foram definidas duas equações paramétricas que simulam a elevação do pé segundo

uma trajetória vertical.

( )

( )

( )

( )1

0

35

30 15

x t

t y t

z t t

α

=

= =

= −

e ( )

( )

( )

( )2

2

0

35

30 15

x t

t y t

z t t

α

=

= =

= −

Como o tempo de simulação foi de 1 segundo para ( )1 tα e ( )2 tα , os pontos inicial e final de

cada trajetória são coincidentes, de forma que as curvas simuladas são idênticas.

Figura VII.2 - Curvas simuladas para as trajetórias verticais. Embora as curvas sejam idênticas, a variação angular das respectivas juntas é

diferente, pois as velocidades lineares dos movimentos não são iguais. Essa afirmação pode

ser verificada através da análise da cinemática inversa desenvolvida no Capítulo III.

-20-10

010

20

0

10

20

30

40-20

-10

0

10

20

x (cm)

Trajetória da extremidade

y (cm)

z (c

m)

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(a) (b)

Figura VII.3 - Ângulos das juntas. (a) Trajetória vertical 1; (b) Trajetória vertical 2. Observa-se que as variações são coerentes, pois como o movimento é vertical, não há

acionamento da junta 1, ou seja, o ângulo 1t é constante. A junta 2, por outro lado, é

constantemente acionada para levantar o pé do robô, de forma que 2t sempre aumenta. Por

fim, como a trajetória é simétrica em relação ao eixo z do manipulador, o terceiro ângulo é

igual no início e no final da trajetória.

A simulação dinâmica para o modelo teórico apresentado no Capítulo IV fornece os

seguintes resultados:

(a) (b)

Figura VII.4 - Torques no modelo teórico para as trajetórias verticais.

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77

Como era de se esperar o torque na junta 1 é nulo. A junta 2 inicialmente apresenta torque

maior, pois sofre ação do motor 3 e dos elos 2 e 3, mas vai diminuindo, visto que à medida em

que o ângulo 2t aumenta, os centros de massa dos elos e do motor 3 ficam mais próximos do

referencial inercial. Com o ângulo maior do que 90 graus, o torque exercido pelo elo 2 inverte o

sentido, e como ele é mais pesado que o elo 3, o torque na junta 2 passa a ser negativo. A

queda mais acentuada do torque na curva 1 pode ser explicada devido ao fato do ângulo 2 na

primeira trajetória alcançar os 90 graus mais rapidamente, como pode ser observado na Figura

VII.3.

A simulação para o protótipo apresentado no Capítulo VI necessita de pequenas

alterações no algoritmo, pois não se deve mais considerar os elos como barras delgadas, nem

admitir que os centros de massa estejam localizados no meio deles. Assim, a análise dinâmica

resultou nas seguintes curvas.

(a) (b)

Figura VII.5 - Torques no protótipo para as trajetórias verticais. Primeiramente, deve ser notado que não houve alteração característica no comportamento das

curvas. Conforme discutido no Capítulo VI, a assimetria apresentada pelo protótipo além de

provocar uma leve alteração no torque da junta 1, produziu produtos de inércia relativamente

pequenos, garantindo curvas muito próximas. Essa afirmação pode ser comprovada pela

análise isolada dos componentes da Eq. IV.17. Percebe-se que as contribuições do torque

relativas às matrizes de inércia e de Coriolis são muito pequenas se comparadas à contribuição

do torque produzido pelo vetor gravitacional.

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78

Figura VII.6 - Contribuições do torque relativas às matrizes de inércia e Coriolis e vetor

gravitacional.

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79

Finalmente, deve ser observado que os torques exigidos no protótipo são ligeiramente menores

do que no modelo teórico. Isso se explica porque no modelo teórico os pesos do elo e do motor

atuam a 122,9 e 245,8 mm do referencial fixo na junta 2, enquanto no protótipo, como o motor

está embutido no elo, o peso do conjunto (elo e motor) atua a 133 mm do mesmo referencial

(Figura VII.7).

Figura VII.7 - Torques no modelo teórico (acima) e no protótipo (embaixo). Exemplo VII.2. Trajetória curva A curva descrita agora é uma trajetória elíptica, que simula o passo de uma perna. Esta

trajetória foi modelada de modo que a extremidade da perna fique sempre em um plano

paralelo ao corpo do robô. O tempo de simulação foi de 2 segundos.

( )

( )

( )

15cos2

40

15sin 202

tx t

y t

tz t

π

π

= −

=

= −

Figura VII.8 - Equação paramétrica da elipse e sua curva simulada.

-20

0

20

010

2030

40-30

-20

-10

0

10

20

30

x (cm)

Trajetória da extremidade

y (cm)

z (c

m)

2m g3M g

3m g

0x

0y

0z

( )2 3m M g+3m g

0x

0y

0z

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80

Figura VII.9 - Vista isométrica do movimento circular. Este exemplo difere do anterior, pois nesta trajetória o ângulo 1 varia. Como o início do

movimento se dá na parte negativa do eixo x , era de se esperar que 1t diminuísse. Por outro

lado, dada a simetria da curva, os ângulos 2 e 3 deveriam ser simétricos ao centro da trajetória,

sendo que 2t deveria ter ponto de máximo e 3t , de mínimo, o que de fato, ocorre.

Figura VII.10 - Variação angular do movimento circular.

-20

-10

0

10

20

-20-10

010

2030

40-40

-20

0

20

40

Eixo-xEixo-y

Eix

o-z

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50-150

-100

-50

0

50

100

150Ângulos das juntas

grau

s

t1

t2t3

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81

Figura VII.11 - Torques no modelo teórico para a trajetória elíptica.

Figura VII.12 - Torques no protótipo para a trajetória elíptica. Verifica-se que as curvas de torque para a trajetória elíptica nas juntas 2 e 3 são

simétricas, devido a simetria do movimento em relação ao eixo x . Novamente o torque 2

deveria ser mínimo no meio da trajetória, pois elos e motores estão mais próximos do corpo do

robô. O torque na junta 1, no entanto, não atende a esse padrão. De acordo com a Figura III.3,

quando a junta 1 gira no sentido horário, a sua velocidade angular é negativa. Como o

movimento se dá da esquerda para a direita, o motor 1 vai ter que girar no sentido horário. Por

outro lado, para vencer a inércia do mecanismo, a velocidade tem que aumentar em módulo,

de forma que uma aceleração negativa deve ser impressa ao sistema.

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82

(a) (b)

Figura VII.13 - Junta 1 do protótipo. (a) Velocidade angular; (b) Aceleração angular. Como o vetor gravitacional não atua nesta junta, o torque depende somente das matrizes de

inércia e Coriolis e das acelerações e velocidades angulares. Portanto, o torque inicial e o final

são iguais em módulo, pois a mesma energia necessária para dar movimento ao sistema deve

ser usada para impedi-lo de se movimentar.

Exemplo VII.3. Trajetória fechada Embora esta seja mais uma curva plana, ela difere dos dois exemplos anteriores por se

tratar de uma curva fechada. A Lemniscata foi escolhida por ser uma curva fechada com

interseção. O tempo de simulação foi de 3 segundos.

( )

( )

( )

220cos

3

45sin 40

3

5

tx t

ty t

z t

π

π

= −

= +

= −

Figura VII.14 - Equação paramétrica da lemniscata e sua curva simulada.

-15-10

-50

510

15

0

20

40

60-20

-10

0

10

20

x (cm)

Trajetória da extremidade

y (cm)

z (c

m)

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83

Figura VII.15 - Variação angular da curva lemniscata. Apesar de a lemniscata ser uma curva mais complexa do que a circunferência, o

comportamento dos ângulos é semelhante. Os ângulos 2t e 3t são espelhados e 1t é simétrico

no tempo.

(a) (b)

Figura VII.16 - Torques na lemniscata. (a) Modelo teórico; (b) Protótipo. Verifica-se um padrão entre este exemplo e o anterior. Novamente a junta 2 é a mais

acionada e os torques no protótipo são menores, sendo que, quando o torque 2 é máximo, o

torque 3 é mínimo, e vice versa.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50-150

-100

-50

0

50

100

150Ângulos das juntas

grau

s

t1

t2t3

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84

Exemplo VII.4. Trajetória helicoidal Os três exemplos anteriores caracterizaram-se por apresentarem curvas planas. Como

último exemplo de simulação dinâmica, é apresentada uma trajetória helicoidal. O tempo de

simulação foi de 20 segundos.

( ) ( )

( ) ( )

( )

0.02

0.02

9 sin 0,6

9 cos 0,6 50

42

t

t

x t e t

y t e t

tz t

=

= +

= −

Figura VII.17 - Equações paramétricas da espiral e sua curva simulada.

Figura VII.18 - Vista do plano yz do movimento.

-20-10

010

20

0

20

40

60-10

-5

0

5

10

x (cm)

Trajetória da extremidade

y (cm)

z (c

m)

-20-100102030405060-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

Eixo-y

Eix

o-z

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85

Figura VII.19 - Variação angular da trajetória helicoidal. (a) (b)

Figura VII.20 - Torques na trajetória helicoidal. (a) Modelo teórico; (b) Protótipo. As curvas simuladas nos exemplos VII.2 a VII.4 apresentam o mesmo padrão de

deslocamento dos elos 2 e 3, o que justifica a variação angular de 2t e 3t nas figuras VII.19,

VII.15 e VII.10. A única diferença no torque da junta 2 é que sua curva não é mais simétrica e,

necessita de um acionamento mais alto.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50-150

-100

-50

0

50

100Ângulos das juntas

grau

s

t1

t2t3

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86

VII.1.2. Trajetórias inspiradas na biologia Devido ao fato da locomoção por pernas permitir acesso a lugares que não podem ser

alcançados por veículos com rodas, o interesse e a quantidade de estudos vêm aumentando

significativamente. Recentemente as pesquisas vêm se inspirando na natureza, mais

precisamente em insetos, para incorporar conceitos biológicos e biomecânicos no controle de

robôs com pernas, inclusive nos bípedes, como pode ser visto em KOYACHI (2002),

ESPENSCHIED (1996) e WEIDERMANN (1994).

Quando o projeto de um robô é baseado nas características de um animal ou inseto,

uma das técnicas para modelar a trajetória de seus corpos é utilizar recursos especiais de

filmagem (BAI, 2000). Modelos e técnicas complexas de locomoção são propostos em diversos

artigos, mas esta não é a proposta deste trabalho.

A trajetória desenvolvida abaixo, retirada de KOYACHI (2002), apresenta um modelo

simples, mas bastante representativo do movimento de um louva-deus. É baseada em

equações polinomiais de quinta ordem e necessitou de pequenas adaptações nos seus

coeficientes para que pudesse ser aplicada no mecanismo desenvolvido para este trabalho. Os

detalhes específicos da elaboração desses polinômios podem ser vistos em KECSKÉS (2009)

e WOERING (2011).

( ) ( ) ( )

( )

( )

5 3

4 2

20 512 2 32 2 3 2

40

10 256 32 1

x t w T w T wT

y t

z t T T

= − − − + =

= − +

onde 0,25 0,5T t= − + . O valor de w não é especificado no artigo, mas para que pudesse haver sincronia

entre as coordenadas x e z , o valor adotado foi de 2,2w = . Cabe ressaltar que essas

equações estão inseridas dentro de um ciclo de locomoção do robô, que inclui o movimento do

corpo, mas a simulação se limitará apenas ao movimento da perna.

O comportamento das curvas x e z , é ilustrado na Figura VII.21.

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87

Figura VII.21 - Comportamento das funções x e z.

A composição paramétrica resulta na seguinte trajetória.

Figura VII.22 - Trajetória representativa da perna de um louva-deus.

-20-10

010

20

0

10

20

30

40-10

0

10

20

30

x (cm)

Trajetória da extremidade

y (cm)

z (c

m)

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88

Figura VII.23 - Vista no plano xz. Os respectivos ângulos das juntas são apresentados na Figura VII.24.

Figura VII.24 - Variação angular das juntas.

-20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20-10

-5

0

5

10

15

20Trajetória da extremidade

x (cm)

z (c

m)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50-150

-100

-50

0

50

100

150Ângulos das juntas

grau

s

t1

t2t3

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89

Figura VII.25 - Torques na trajetória de Koyachi para o modelo teórico.

Figura VII.26 - Torques na trajetória de Koyachi para o protótipo. Como essa trajetória é uma adaptação mais realística do movimento de locomoção, era

de se esperar que os resultados fossem ligeiramente diferentes, como pode ser constatado nas

figuras VII.24 e VII.25. O que chama a atenção é o torque mais alto para o acionamento da

junta 2, se comparados com os resultados anteriores. Isso pode ser justificado pelos

coeficientes muito elevados dos polinômios. Embora a amplitude em z seja de 10 centímetros,

que é compatível com as curvas anteriores, os coeficientes altos exercerão influência na

inércia, elevando o torque.

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90

Figura VII.27 - Contribuições do torque relativas às matrizes de inércia e Coriolis e vetor

gravitacional

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91

VII.2. Análise de controle

O mecanismo será equipado com motores Faulhaber, série 3257-024CR, sensor

angular HEDS 5500 e redutor, série 32/3, com redução de 1:246 acoplados. As constantes que

serão utilizadas na simulação serão apresentadas na Tabela VII.1, mas os respectivos

catálogos, com todas as especificações encontram-se no Anexo B.

As constantes mais comuns são:

• a

K : Constante de corrente [N.m/A]

• b

K : Constante da força contra-eletromotriz [V.s/rad]

• a

R : Resistência da armadura [ohm]

• n : Coeficiente de redução

• m

J : Inércia do rotor do motor [Kg.m2]

• m

f : Coeficiente de atrito viscoso [N.m.s/rad]

• a

L : Indutância da armadura [Henry]

Nem todos os valores de constantes estão com dimensões compatíveis nos catálogos, e, por

isso, houve a necessidade de convertê-los.

Tabela VII.1 - Parâmetros dinâmicos.

Parâmetro Valor Unidade

aK 0,037 N.m/A

bK 0,0377 V.s/rad

aR 1,63 ohm

n 1/246 -

mJ 741 10−⋅ Kg.m2

mf 48,761 10−⋅ N.m.s/rad

aL 42,7 10−⋅ Henry

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92

Exemplo VII.5. Análise das respostas ao degrau e à rampa da Equação V.7

( ) ( ) ( )

4

9 3 6 2

1,5 10

1,1 10 6,7 10 0,0028

L

aV s s s

− −

Θ ⋅=

⋅ + ⋅ +

Figura VII.28 - Resposta do motor considerando a indutância.

Note-se que o sistema se comporta praticamente igual a um de primeira ordem, pois os

coeficientes de s2 e s3 são muito pequenos e não influenciam na resposta.

Exemplo VII.6. Análise das respostas ao degrau e à rampa da Equação V.8.

( ) ( )

4

6 2

1,5 10

6,7 10 0,0028

L

aV s s

Θ ⋅=

⋅ +

Figura VII.29 - Resposta do motor desconsiderando indutância.

0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.050

0.5

1

1.5

2

2.5

3x 10

-3 Step Response

Time (sec)

Am

plitu

de

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10

0.002

0.004

0.006

0.008

0.01

0.012

0.014

0.016

0.018Ramp response

Am

plitu

detime (sec)

0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.050

0.5

1

1.5

2

2.5

3x 10

-3 Step Response

Time (sec)

Am

plitu

de

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10

0.005

0.01

0.015

0.02

0.025

0.03Ramp response

Am

plitu

de

time (sec)

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93

Verifica-se que não existe diferença entre as respostas dos exemplos VII.5 e VII.6. Isso

se deve ao fato do coeficiente de ordem 910− ser desprezível.

Exemplo VII.7. Curvas de voltagem sem carregamento nos eixos

Aplicando a Transformada de Laplace inversa na função de transferência V.8, obtém-se

uma equação diferencial na variável θ�

, em função da voltagem.

1a m a ma L b L

a a

R J R fV K

nK n Kθ θ

= + +

�� �

Isso significa que, dadas as acelerações e velocidades de rotação do eixo de carga, é possível

ter uma noção de como serão as curvas de voltagem necessárias para aplicar no motor.

Para efeito de ilustração será analisada a elipse apresentada no Exemplo VII.2. O

diagrama de blocos abaixo foi construído em ambiente Simulink® e o tempo de simulação, 2

segundos.

Figura VII.30 - Voltagem em função dos ângulos desejados.

V Junta 1

V Junta 3

V Junta 2

Gv3

-K-

Gv2

-K-

Gv1

-K-

Ga3

-K-

Ga2

-K-

Ga1

-K-

Elipse

In1

Out1

Out2

Out3

Out4

Out5

Out6

Out7

Out8

Out9

Clock

2

Cinematica

x

y

z

xdot

ydot

zdot

x2dot

y 2dot

z2dot

dq1

d2q1

dq2

d2q2

dq3

d2q3

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94

Figura VII.31 - Voltagem no eixo de saída sem carregamento.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2Voltagem - Junta 1

tempo (seg)

Vol

ts

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10Voltagem - Junta 3

tempo (seg)

Vol

ts

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95

Exemplo VII.8. Curvas de voltagem com carregamento nos eixos

Procedendo de forma análoga ao exemplo anterior, é possível obter uma expressão que

considere também o torque no eixo de saída. A única diferença é que deve ser considerada a

inércia da carga e o atrito viscoso na junta.

1a eff a eff aa L b L

a a a

R J R f nRV K

nK n K K

τθ θ

= + + +

�� �

O valor adotado para o coeficiente de atrito viscoso nas juntas foi arbitrado, enquanto

que a inércia efetiva do sistema foi baseada na avaliação realizada através do Solidworks.

0.5

Lf Nms rad= e 21

LJ Kg m= ⋅

Foram adotados os mesmos valores para as três juntas e a curva simulada foi a mesma do

exemplo anterior.

Figura VII.32 - Voltagem no eixo de saída com carregamento.

V Junta 3

V Junta 2

V Junta 1

Ganhos _Vel

vel

vel 1

vel 2

vel 3

Ganhos _Acel

acel

acel1

acel2

acel3

GT 3

-K-

GT 2

-K-

GT 1

-K-

EmbeddedMATLAB Function

dad

ad

ddad

T1

T2

T3

torque

Elipse

In1

Out1

Out2

Out3

Out4

Out5

Out6

Out7

Out8

Out9

Clock

2

Cinematica

x

y

z

xdot

ydot

zdot

x2dot

y 2dot

z2dot

vel

ang

acel

Add 2

Add 1

Add<signal7>

<signal4>

<signal1>

<signal2>

<signal5><signal5>

<signal8>

<signal3><signal3>

<signal6>

<signal9>

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96

Figura VII.33 - Voltagem no eixo de saída com carregamento.

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2Voltagem - Junta 1

tempo (seg)

Vol

ts

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20Voltagem - Junta 2

tempo (seg)

Vol

ts

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10Voltagem - Junta 3

tempo (seg)

Vol

ts

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97

Graficamente, não se percebe diferença entre as figuras VII.31 e VI.33, pois tanto a

inércia do mecanismo, quanto o atrito viscoso das juntas estão multiplicados pelo fator 2n , que

é extremamente pequeno. Para efeito de comparação entre os dois exemplos a Tabela VII.2

apresenta alguns valores de voltagens na junta 2.

Tabela VII.2 - Comparativo de voltagens na junta 2.

Tempo (s) Voltagem sem torque Voltagem com torque 0 16,6259 17,0826

0,04 16,7474 17,1795 ... ... ...

1,96 -16,7359 -16,4636 2 -16,6080 -16,3099

Exemplo VII.9. Análise das respostas ao degrau e à rampa da Equação V.11.

A Equação V.11 é o resultado, em malha fechada, do controle proporcional-derivativo

aplicado no motor DC. Para viabilizar o seu estudo é preciso estimar os valores de ganhos de

posição e velocidade, conforme as equações V.15, V.16 e V.17. Os parâmetros usados foram,

100n

rad sω = ; 1,2ξ = , 9,086 VP

K = e 0,1051 V.sD

K = .

( )( )5 2

0,0039 0,3362

3,4 10 0,0067 0,3362

L

d

L

s

s s−

+Θ=

Θ ⋅ + +

Figura VII.34 - Resposta do ângulo real em função do desejado.

0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.070

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07Ramp response

Am

plitu

de

time (sec)

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98

Exemplo VII.10. Controle da perna em uma trajetória elíptica para o modelo teórico.

Figura VII.35 - Controlador.

Serão simuladas duas situações, uma com a extremidade da perna perto do início da

trajetória, e a outra com a extremidade mais distante. A condição inicial para esta trajetória são

as coordenadas [ ]1,9296 0,8273 1,8943T

θ = −�

em radianos. As matrizes de ganhos

proporcional e derivativo foram calculadas de acordo com V.23, para 0,9ξ = e apresentam as

mesmas dimensões do exemplo anterior.

100 0 0

0 144 0

0 0 400

PK

=

,

18 0 0

0 21,6 0

0 0 36

DK

=

Segundo QUARTERONI (2007), o método ODE 45, embora seja o mais preciso, nem

sempre apresenta os melhores resultados. Os testes feitos com o controlador para este

exemplo mostraram-se mais confiáveis com o método ODE 23.

Primeiro, admita que [ ]1,9199 0,8273 1,9199T

θ = −�

.

Tacômetro

Scope 3

Scope 2

Scope 1

Saturation

Robô

Tc

ar

dar

ddarrobot

Integrator 1

1sxoIntegrator

1sxo

Gerador deTrajetórias

vel

ang

acel

Encoder

Controlador

dad

ad

ddad

ar

dar

Tc

erro_dt

erro_ang

controlador

C.I. x'

[3x1]

C.I. x

-C-

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99

Figura VII.36 - Ângulo real (modelo teórico) para posição próxima do início da trajetória.

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100

Figura VII.37 - Torque de controle e erros de posição e velocidade no modelo teórico.

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101

Agora, considere [ ]1,5708 0,8273 2,3562T

θ = −�

Figura VII.38 - Ângulo real (modelo teórico) para posição distante do início da trajetória.

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102

Figura VII.39 - Torque de controle e erros de posição e velocidade no modelo teórico.

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103

Observe que como a extremidade estava muito distante do ponto de partida da

trajetória, o manipulador foi obrigado a fazer um movimento brusco em um curto intervalo de

tempo. O resultado é que o torque de controle nos primeiros instantes ultrapassa o limite do

redutor, que é de 7 Nm, e por isso foi necessário o uso da saturação na função do controlador.

Mesmo assim, o sistema de controle mostrou-se robusto o suficiente para seguir a trajetória

desejada.

Exemplo VII.11. Controle da perna em uma trajetória elíptica para o protótipo.

Serão utilizados os mesmos critérios e parâmetros do exemplo anterior. O diagrama de

blocos é igual ao da Figura VII.35, salvo as alterações necessárias no algoritmo para a

aplicação no protótipo. O ponto inicial da trajetória, em radianos, é dado por

[ ]1,9296 0,8273 1,8943T

θ = −�

sendo as condições iniciais e finais, também em radianos, respectivamente iguais a

[ ]1,9199 0,8273 1,9199T

θ = −�

na primeira simulação, e

[ ]1,5708 0,8273 2,3562T

θ = −�

na segunda. As matrizes de ganhos proporcional e derivativos utilizadas na simulação também

serão as mesmas

100 0 0

0 144 0

0 0 400

PK

=

18 0 0

0 21,6 0

0 0 36

DK

=

Os resultados obtidos na primeira simulação são:

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104

Figura VII.40 - ângulo real no protótipo para posição próxima do início da trajetória.

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105

Figura VII.41 - Torque de controle e erros de posição e velocidade no protótipo.

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106

Para a segunda simulação os resultados obtidos foram:

Figura VII.42 - ângulo real no protótipo para posição distante do início da trajetória.

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107

Figura VII.43 - Torque de controle e erros de posição e velocidade no protótipo.

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108

Verifica-se um comportamento muito semelhante entre os resultados obtidos pelo

modelo teórico e o protótipo com relação a erros de posição e velocidade, assim como na

variação angular. Como já era previsto, os torques exigidos no protótipo são relativamente

menores, de forma que na segunda simulação, quando a posição inicial da extremidade da

perna está distante do início da trajetória, não se fez mais necessário o uso de saturação na

função do controlador.

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109

Capítulo VIII - Conclusões e Trabalhos Futuros

O presente trabalho apresentou uma proposta de mecanismo de três graus de liberdade

para ser utilizada como perna de um robô hexápode.

A partir de um estudo dos tipos de robôs dotados de pernas, no qual foram abordados

aspectos básicos de instrumentação, a evolução dos protótipos e os projetos de modelos

desenvolvidos para as pernas, foi possível elaborar um modelo teórico que permitiu o

desenvolvimento de algoritmos para a cinemática inversa, equações dinâmicas e controle.

Com o modelo matemático definido e com a garantia de estabilidade do sistema,

trajetórias foram simuladas por meio de rotinas em MATLAB® e Simulink®. A coerência dos

resultados foi a motivação para o desenvolvimento do projeto mecânico proposto no Capítulo

VI.

O mecanismo foi desenvolvido em ambiente Solidworks®, que através de uma análise

estrutural, fornece, além das informações básicas, como comprimento e massa dos elos, as

respectivas matrizes de inércia.

Os algoritmos desenvolvidos para o torque dinâmico e para o controle precisaram ser

adaptados, pois a estrutura do mecanismo projetado difere um pouco do modelo teórico no que

diz respeito à posição dos motores e localização dos centros de gravidade. Novas rotinas

foram simuladas e os resultados se mostraram satisfatórios e compatíveis com os resultados

obtidos para o modelo teórico.

O controlador foi projetado segundo a técnica de torque computado e exigiu o

conhecimento do modelo mecânico do sistema. As simulações foram capazes de seguir uma

trajetória especificada, mesmo quando houve a necessidade de usar saturação.

Conclui-se, portanto, que esses algoritmos podem ser utilizados para produzir os

movimentos de locomoção de um robô com o mecanismo desenvolvido neste trabalho.

As etapas futuras que se seguirão após a conclusão deste trabalho consistem em:

• Realizar os cálculos estruturais do mecanismo.

• Fazer os desenhos de fabricação das peças mecânicas do mecanismo.

• Construir um primeiro protótipo e realizar testes experimentais para validar os

algoritmos de controle.

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110

Como sugestão de trabalhos futuros, podem ser citados alguns aspectos que não foram

abordados:

• Aprimorar os programas para trabalharem com curvas singulares. Com isso, objetiva-se

que o robô possa andar de cabeça para baixo e que novos algoritmos de controle sejam

elaborados.

• Inserir ao controlador um algoritmo adaptativo utilizando técnicas de inteligência

artificial, visando otimizar os parâmetros das matrizes de ganho proporcional e

derivativo.

• Implementar no sistema de controle não linearidades, como folga, atrito nas juntas e

flexibilidade dos elos.

• Desenvolver um projeto mecânico para o pé do robô.

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123

ANEXO A - Fundamentos da Teoria de Lyapunov

A abordagem mais útil e geral para estudar a estabilidade de sistemas não-lineares

deve-se ao matemático russo Alexandr Lyapunov e data do século XIX. Seu trabalho propôs

dois métodos de análise: o método da linearização e o método direto. O primeiro trata do

estudo da estabilidade local próximo ao ponto de operação do sistema não-linear, enquanto

que o segundo método, que não é restrito ao movimento local, consiste no estudo da

estabilidade através da construção de uma função variável no tempo.

Este anexo tratará somente os conceitos relativos ao segundo método de Lyapunov, ou

método direto, e será dado enfoque específico a sistemas não-autônomos (que dependem do

tempo). As definições e teoremas apresentados abaixo são fundamentais para o entendimento

da teoria de Lyapunov e podem ser encontradas, com maiores riquezas de exemplos e

detalhes em KHALIL (1996), KELLY (2005), SLOTINE (1991) e LEWIS (2004).

A.1. Definições de estabilidade Definição A.1. Um sistema dinâmico não-linear e não-autônomo pode ser representado por um

conjunto de equações não-lineares da forma

( ),x f x t=�� �

(A.1)

onde [ ]

1nf

× é uma função vetorial, [ ]

1nx

×� é o vetor de estados e t é o tempo.

Definição A.2. Um vetor constante nx R∈

� é um ponto de equilíbrio, ou um estado de equilíbrio

do sistema, se

( ), 0f x t =� �

, 0t∀ ≥ (A.2)

Definição A.3. A origem é um equilíbrio estável da Eq. A.1, no sentido de Lyapunov, se para

todo 0ε > e 0 0t ≥ , existir ( )0, 0tδ δ ε= > tal que

( )0x t δ<�

⇒ ( )x t ε<�

, 0 0t t∀ ≥ ≥ (A.3)

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Figura A.1 - Noção de estabilidade (KELLY, 2005).

Definição A.4. A origem é dita uniformemente estável se, para todo 0ε > existir ( ) 0δ δ ε= > ,

independente de 0t , tal que A.3 seja satisfeita.

Definição A.5. A origem é um equilíbrio assintoticamente estável se, além de ser estável,

existir ( )0 0tδ δ′ ′= > tal que:

( )0x t δ ′<�

⇒ ( ) 0x t →� �

quando t → ∞ (A.4)

Figura A.2 - Estabilidade assintótica (KELLY, 2005).

Definição A.6. A origem é dita uniformemente assintoticamente estável se for uniformemente

estável e existir 0δ ′ > , independente de 0t , que satisfaça A.4.

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125

Definição A.7. A origem é dita uniformemente assintoticamente estável globalmente se: (i) é uniformemente estável e ( )δ ε → ∞ , quando ε → ∞ ;

(ii) para todo ( )0x t�

, ( ) 0x t →�

quando 0t → , independentemente de 0t .

A.2. Funções de Lyapunov Definição A.8. Seja W uma função contínua. Então, (i) : n

W R R+→ é dita localmente definida positiva se ( )0 0W =�

e ( ) 0W x >�

para valores

pequenos de 0x ≠�

.

(ii) : n

W R R→ é dita globalmente definida positiva (negativa) se ( )0 0W =�

e ( ) 0W x >�

( )( )0W x <�

para 0x∀ ≠�

.

(iii) : n

W R R→ é dita radialmente ilimitada, se ( )W x → ∞�

quando t → ∞ .

(iv) : n

W R R R+× → é decrescente se existe uma função : nT R R+→ definida positiva tal que

( ) ( ),W x t T x≤� �

, nx R∀ ∈�

.

De acordo com o exposto acima e com a Definição IV.4, pode-se concluir que uma

função quadrática : nf R R→ , da forma

Tf x P x= ⋅ ⋅� �

é definida positiva se, e somente se, [ ]

n nP

×, também for definida positiva.

Definição A.9. Uma função ( ),V x t

� é dita função candidata de Lyapunov para a origem do

sistema definido pela Eq. A.1 se for localmente definida positiva e suas derivadas parciais com

respeito às variáveis de estado e ao tempo forem contínuas.

Definição A.10. Uma função candidata de Lyapunov ( ),V x t

� é uma função de Lyapunov se a

sua derivada total no tempo ao longo das trajetórias da Eq. A.1 satisfaz

( ), 0V x t ≤��

para valores pequenos de x

�.

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A.3. Método direto de Lyapunov

Dentre os diversos resultados existentes sobre a teoria de Lyapunov, o mais importante

para este trabalho é o teorema da Estabilidade Assintótica Global, enunciado a seguir.

Teorema A.1. (Estabilidade Assintótica Global): A origem da Eq. A.1 é globalmente

assintoticamente estável se existe uma função candidata de Lyapunov ( ),V x t�

, radialmente

ilimitada, globalmente definida positiva, tal que sua derivada no tempo seja globalmente

definida negativa.

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