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Florinda Carvalho – Turma 3 Modelo de Auto-Avaliação. Problemáticas e conceitos implicados 1 - O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de melhoria. Conceitos implicados. O Modelo de Auto-avaliação e a sua implementação permite à BE a transformação da informação, a partir das evidências recolhidas, em conhecimento. Para então se passar à acção de forma sustentada, fazendo da auto-avaliação um instrumento de melhoria de qualidade e de estratégia de desenvolvimento. Assim, constata-se que se trata de um modelo que não encara a avaliação como um fim em si mesmo, mas como um modo de ajudar as Bibliotecas Escolares a detectar os seus pontos fortes e as suas fraquezas. ´ A auto-avaliação ao constituir-se como um processo que envolve reflexão, aprendizagem e mudança. Deve, por isso mesmo, ter um carácter formativo e regulador. Uma vez que visa o aperfeiçoamento das práticas para que, no seu todo, a BE possa melhorar a qualidade dos seus serviços, no sentido de melhor servir os seus utilizadores e, assim, aumentar a sua eficácia. Este Modelo, embora seja dirigido para todas as BE que estão na Rede, “aponta para uma utilização flexível, com adaptação à realidade de cada escola e de cada BE”, assim permite que cada Escola/Agrupamento, cada BE, construa o seu caminho e então possa “originar mudanças concretas na prática”, (Modelo de Auto-Avaliação). 2 - Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares. A necessidade de avaliação tem sido um ponto central nas políticas do Ministério da Educação, que tem em marcha ferramentas que pretendem desenvolver os processos de avaliação (auto e externa) das escolas. Daí que em 2008, não podendo ficar de fora dessa dinâmica, a RBE lançou um Modelo de

Modelo de Auto-Avaliação

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Modelo de Auto-Avaliação. Problemáticas e conceitos implicados.

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Page 1: Modelo de Auto-Avaliação

Florinda Carvalho – Turma 3

Modelo de Auto-Avaliação. Problemáticas e conceitos implicados

1 - O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de melhoria. Conceitos implicados.

O Modelo de Auto-avaliação e a sua implementação permite à BE a transformação da informação, a partir das evidências recolhidas, em conhecimento. Para então se passar à acção de forma sustentada, fazendo da auto-avaliação um instrumento de melhoria de qualidade e de estratégia de desenvolvimento. Assim, constata-se que se trata de um modelo que não encara a avaliação como um fim em si mesmo, mas como um modo de ajudar as Bibliotecas Escolares a detectar os seus pontos fortes e as suas fraquezas. ´

A auto-avaliação ao constituir-se como um processo que envolve reflexão, aprendizagem e mudança. Deve, por isso mesmo, ter um carácter formativo e regulador. Uma vez que visa o aperfeiçoamento das práticas para que, no seu todo, a BE possa melhorar a qualidade dos seus serviços, no sentido de melhor servir os seus utilizadores e, assim, aumentar a sua eficácia.

Este Modelo, embora seja dirigido para todas as BE que estão na Rede, “aponta para uma utilização flexível, com adaptação à realidade de cada escola e de cada BE”, assim permite que cada Escola/Agrupamento, cada BE, construa o seu caminho e então possa “originar mudanças concretas na prática”, (Modelo de Auto-Avaliação).

2 - Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares.

A necessidade de avaliação tem sido um ponto central nas políticas do Ministério da Educação, que tem em marcha ferramentas que pretendem desenvolver os processos de avaliação (auto e externa) das escolas. Daí que em 2008, não podendo ficar de fora dessa dinâmica, a RBE lançou um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares. Modelo esse que tem uma nova versão, tornada pública esta semana.

No sentido de melhorar a prática das BE, estudos como os de Ross Todd, apontam para uma prática do professor bibliotecário assente na recolha sistemática de evidências. Desde 2002 que este autor sublinha a importância da «evidence-based practice». Esta necessidade vinha já a sentir-se no dia-a-dia das Escolas e das BE, mas com a implementação do actual modelo, obrigou as equipas das BE, a construir suportes para o registo mais eficaz dessas evidências.

Ao promover a avaliação das BE, ao avaliar os seus pontos fortes e fracos e as suas potencialidades, este processo não pode ficar desligado da avaliação mais abrangente que é a própria Avaliação da Escola /Agrupamento, para que o verdadeiro objectivo, o sucesso dos alunos, seja conseguido.

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3 - Organização estrutural e funcional. Adequação e constrangimentos.

O Modelo de Auto-Avaliação proposto pela RBE é inspirado na realidade

britânica mas tem como ponto de partida a realidade da escola portuguesa. A

avaliação das BE está estruturalmente organizada em quatro grandes domínios que

correspondem a áreas essenciais em que se pauta a sua acção, a saber:

A – Apoio ao desenvolvimento Curricular;

B – Leitura e Literacias;

C – projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade;

D – Gestão da Biblioteca Escolar.

Num primeiro momento, o que é proposto às BE é a aplicação do processo de

avaliação sobre um dos domínios identificados. Esta avaliação será feita com a

cadência de um domínio por ano. Desta forma no final do quadriénio todas as BE terão

realizado a sua autoavaliação. No entanto, no trabalho que é perspectivado a quatro

anos os domínios que não correspondam ao actual momento de avaliação não

deverão ser esquecidos. Desta forma, o Plano de Acção a elaborar pelos professores

bibliotecários, devem tê-los em consideração. Este faseamento do processo de

avaliação corresponde a uma dificuldade operacional de a aplicar aos quatro domínios

em simultâneo. Os quatro domínios de avaliação dividem-se em vários subdomínios

que por sua vez apresentam um conjunto de indicadores. Recolher evidências para

todos eles em simultâneo parece uma tarefa hercúlea.

Por último, os perfis de desempenho utilizam uma escala de quatro níveis, que

caracterizam o tipo de desempenho das BE. Dessa forma poder-se-á enquadrar o

actual desempenho da BE e situá-lo num determinado nível de acordo com os

descritores. De seguida, através de uma reflexão construtiva e da implementação de

estratégias melhorar o seu desempenho de modo a atingir o nível seguinte.

Apesar de nós, professores, sermos especialistas em avaliação, os

processos da sua aplicação às organizações não são fáceis de implementar, nem

tão pouco é confortável a sua colocação no terreno, uma vez que podem pôr em

causa, práticas e certezas que temos por correctas. A reflexão orientada e sem

preconceitos é assim fundamental.

4 - Integração/ Aplicação à realidade da escola.

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O Modelo adoptado leva o professor-coordenador a seleccionar o domínio a ser

objecto de aplicação e dos instrumentos implementados em cada ano. O ciclo tem a

duração de quatro anos e pretende-se que forneça uma visão global da BE. Segundo

Markless, Streffield (2006, p. 120) cada etapa compreende um ciclo no qual se:

Identifica-se um problema;

Recolhem-se evidências;

Avaliam e interpretam as evidências recolhidas;

Procura extrair conhecimento que oriente futuras acções e que delineie caminhos.

Com esta avaliação, será possível obter informação de qualidade, capaz de apoiar a

tomada de decisão. Os resultados obtidos devem ser comunicados ao Director/a,

divulgados e discutidos nos órgãos de gestão pedagógica.

No entanto a realidade das nossas Escolas/Agrupamento e das BE, é muito díspar,

daí que a sua implementação pode ter algumas dificuldades. Enquanto muitas BE já

dispõem de boas condições, e são espaços acolhedores, outras ainda se debatem

com as mais elementares faltas de condições de funcionamento. O mesmo se passa

ao nível dos recursos humanos (assistentes operacionais), parque informático e sua

manutenção, a disponibilidade dos professores para o trabalho colaborativo (mesmo

dentro da mesma escola há grupos disciplinares que tem essa prática está instituída e

noutros devido a múltiplos factores, são colocadas barreiras difíceis de transpor).

5 - Competências do professor bibliotecário e estratégias implicadas na sua aplicação.

Com a publicação da Portaria nº756/2009 de 14 de Julho, institucionalizou-se o cargo

de professor bibliotecário, e no artigo 3º, estão bem delimitadas as suas

competências. Assim o professor bibliotecário para além da liderança, deve ser um

bom comunicador, exercer influência junto de professores, departamentos e director/a.

Ser um bom gestor de serviços e de recursos para que a comunidade de utilizadores

sinta que a BE é útil para o seu trabalho.

“In many ways, attitude is everything. Success starts with attitude.”

Esta foi uma das frases que mais me marcou na leitura do artigo escrito por Eisenberg,

Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Wants to Change Your Job”, School

Library Journal. 9/1/2002. Numa reunião recente com a Dra Teresa Calçada, em que o

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perfil do professor bibliotecário foi motivo de reflexão, foi destacada esta característica

como fundamental para a consecução de todas as suas tarefas.

A questão que não me saí da cabeça é: Terei eu ATITUDE? Como se determina?

Como se constrói a ou se trabalha para ter ATITUDE?

Ainda dos mesmos autores e do mesmo artigo destaco a frase final que sintetiza tudo

o que se espera de um professor bibliotecário, e que não é pouco.

“By embracing this vision and strategy, we can transform library programs and the role of the librarian. Remember, be active and engaged: you are an information literacy teacher, reading advocate, and chief information officer. Think strategically and politically. By taking a systematic approach, you will not only improve your own program, but also gain attention and widespread support. Wherever you are, and to whomever you speak, make sure you communicate the vision of the 21st-century teacher-librarian.”

BIBLIOGRAFIA

Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Wants to Change Your Job”, School Library Journal. 9/1/2002 <http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA240047.html> [08/11/2009].

Todd, Ross (2002) “School librarian as teachers: learning outcomes and evidence-based practice”. 68th IFLA Council and General Conference August. http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/084-119e.pdf [08/11/2009].

Todd, Ross (2008) “The Evidence-Based Manifesto for School Librarians”. School Library Journal. 4/1/2008. < http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA6545434.html> [08/11/2009].

Markless, Steatfield (2006) Evaluating the Impact of your library, London, Facet Publishing.

Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares. Modelo de Auto-Avaliação