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Marcelo Franco Porto
Universidade Federal de Minas Gerais
Modelo de cálculo de custos, implementação e geração de relatórios do Sistema Transcolar Rural – estudo de caso de municípios do estado de Minas
Gerais/Brasil
Nilson Tadeu Ramos Nunes
Universidade Federal de Minas Gerais
Aline Anacleto Machado
Universidade Federal de Minas Gerais
Lucas Vinicius Ribeiro Alves
Universidade Federal de Minas Gerais
Bárbara de Oliveira Lara
Universidade Federal de Minas Gerais
Patrícia Baracho Porto
Universidade Federal de Minas Gerais
Leandro Cardoso
Universidade Federal de Minas Gerais
Renata Maria Abrantes Baracho
Universidade Federal de Minas Gerais
1500
8º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018) Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios
Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018
MODELO DE CÁLCULO DE CUSTOS, IMPLEMENTAÇÃO E GERAÇÃO DE
RELATÓRIOS DO SISTEMA TRANSCOLAR RURAL – ESTUDO DE CASO DE
MUNICÍPIOS DOS ESTADOS DE MINAS GERAIS/BRASIL
M. F. Porto, N. T. R. Nunes, A. A. Machado, L. V. R. Alves,
B. de O. Lara, P. B. Porto, L. Cardoso, R. M. A. Baracho
RESUMO
O projeto Transcolar Rural foi desenvolvido segundo a necessidade de melhora do sistema de
transporte escolar em áreas rurais. Muitos alunos residentes no campo estão em atraso escolar
e possuem baixo rendimento, fato que pode ser explicado pela dificuldade de deslocamento
dos estudantes até as escolas. Municípios do estado de Minas Gerais têm aderido ao sistema
através de um convênio com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a fim de
implementar o Transcolar Rural em seus contextos locais. Após a conclusão dos estudos,
coleta de dados, e formatação do banco de dados, novas rotas de transporte escolar são
geradas pelos modelos de otimização do projeto. Com as viagens definidas, é feito o cálculo
de custos e confecção dos relatórios com as informações geradas, sendo esses dois processos
o objeto deste artigo. O sistema objetiva diminuir os custos de operação, tanto do próprio
programa, quanto da execução das rotas pelos operadores, a fim de produzir resultados a
serem utilizados no planejamento do serviço.
1 INTRODUÇÃO
O direito à educação é uma garantia plena ressaltada no Artigo 205 da Constituição Federal
brasileira, sendo um dever do Estado e da família, tendo em vista o pleno desenvolvimento do
cidadão e seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação do trabalho (BRASIL,
1988). Mesmo após o intenso processo de urbanização que ocorreu no Brasil, ainda existem
muitas famílias que residem no meio rural. Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro
de Geografia Estatística (IBGE), a população rural brasileira representa 15,64%, sendo que a
população com idade de 0 a 14 anos corresponde a aproximadamente 24% (IBGE, 2010). Em
relação à educação, a pesquisa sobre analfabetismo apontou uma taxa de 6,8% para população
urbana e 21,2% para população rural.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001, 72% dos alunos
residentes no campo estavam em situação de atraso escolar (BOF, 2006). “Evasão escolar,
baixo nível de instrução, repetência e defasagem idade-série são indicadores fortemente
presentes na educação dessa população” (MARTINS, 2010). O censo escolar de 2013 mostra
que o número de escolas em áreas rurais diminuiu entre 2003 e 2013 (INEP, 2013). O
fornecimento de transporte escolar gratuito é um instrumento importante para prevenir a
evasão escolar. Partindo do cenário onde o governo oferece este serviço, a melhoria do
sistema e redução dos custos é essencial para desenvolvimento do país e garante melhor uso
dos recursos públicos.
A locomoção é uma necessidade indispensável para a realização de várias atividades humanas
em sociedade, sendo a educação uma das mais importantes. Muitos investimentos são feitos
no setor de transportes à medida que os grandes centros urbanos crescem; contudo, tais
investimentos não são vistos com tanta intensidade no meio rural, devido à baixa demanda,
grandes distâncias e precariedade de grande parte das vias. A necessidade do transporte é
ainda mais intensa em áreas rurais devido à sua distribuição espacial e dispersão populacional.
Com dificuldade de acesso a serviços públicos, a qualidade de vida da população do referido
meio é precária em comparação com moradores de grandes cidades.
Para garantir o acesso e permanência dos estudantes nas escolas, é imprescindível desenvolver
programas com o objetivo de assegurar, entre outros aspectos, o transporte dos alunos à
educação. Estudos realizados pelo FNDE mostram que mais de 4,8 milhões de estudantes da
rede básica de ensino público residentes em área rural dependem do transporte para a escola
todos os dias (FNDE, 2017.c). Nesse contexto, o projeto Transcolar tem como objetivo
principal a otimização do serviço de transporte rural de alunos estaduais e municipais, visando
a melhoria do atendimento e redução dos custos do serviço e melhor utilização dos recursos
públicos.
Soluções tradicionais de sistemas de transporte podem ser úteis a curto prazo, uma vez que
possuem baixo custo e são facilmente implementadas, podendo fornecer valores
suficientemente aproximados aos reais sem a necessidade de estudos adicionais e menor custo
de implementação. Em contrapartida, sistemas de transporte inteligentes (ITS), apesar de
requererem maior esforço inicial e investimentos, emergem uma nova forma de trabalhar
partindo do princípio da comunicação e troca de informações para maior mobilidade,
sustentabilidade e segurança. Muitas são as peculiaridades que permeiam o transporte de
alunos em áreas rurais, principalmente relacionados a consumo de combustível, lubrificantes,
pneus e manutenção, devido à natureza das estradas (em grande maioria sem pavimentação
adequada) e o estado das mesmas. Métodos tradicionais utilizam coeficientes fixos para cada
tipo de veículo, sendo que a melhor alternativa é adaptar os coeficientes em uma função de
acordo com as características da via (inclinação, tipo de pavimento, condições, etc.) (NETO,
2016).
O projeto Transcolar foi desenvolvido com o objetivo de auxiliar os respectivos órgãos de
educação de municípios do estado de Minas Gerais na gestão do transporte escolar de alunos
residentes na zona rural. O sistema faz o diagnóstico do transporte e propõe as melhores rotas
de acordo com os parâmetros de entrada. O projeto, que fo inicialmente desenvolvido para
Minas Gerais, foi aplicado no estado do Espírito Santo e encontra-se em fase final de
implantação. O recurso inical para estudos do mesmo foi financiado pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), em parceria com a Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).
O sistema desenvolvido no projeto é feito para operar independentemente, sendo necessário
dispender recursos apenas para sua implantação e eventuais manutenções. O desenvolvimento
deste trabalho foi feito segundo a necessidade de automatização de processos de cálculo de
custos e geração de relatórios baseados nas informações geradas pelas demais fases do
processamento. Este procedimento visa facilitar o uso da ferramenta e otimização de recursos.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O transporte escolar rural gratuito atua como um acessório do direito ao ensino público,
possibilitando o acesso e permanência do aluno na escola. Diferentes políticas vêm sendo
desenvolvidas ao longo do tempo a fim de democratizar o acesso ao sistema educacional e
melhorar a educação pública. Neste contexto, o Programa Nacional de Apoio ao Transporte
Escolar (PNATE) busca oferecer recursos para o transporte de alunos da rede de educação
básica pública residentes em áreas rurais que necessitam do serviço (FNDE, Portal do FNDE -
PNATE, 2017.a). Dados de 2014 apontam mais de 4,5 milhões de alunos beneficiados e mais
de 5 mil municípios atendidos.
No trabalho de Santos (2010), o transporte escolar rural no Brasil é tratado como um
instrumento de garantia de educação igualitária e de qualidade para todos os Brasileiros.
Várias são as leis, diretrizes, planos e estatutos que estabelecem ações políticas necessárias
para que o transporte escolar seja utilizado no sentido de garantir o acesso à educação e
reduzir as desigualdades (SANTOS, 2010). Uma descrição geral do transporte escolar rural
brasileiro é feita no artigo de Carvalho et al. (2010), com a descrição de condições
operacionais (viagens e veículos) e dos usuários, os impactos no desenvolvimento escolar e o
papel do estado e município no fornecimento deste serviço.
Diversos trabalhos sobre o Transcolar já foram escritos desde a sua concepção, em 2012. É
descrito como iniciativa do governo do estado de Minas Gerais com o objetivo de gerar uma
solução para o problema do transporte escolar no estado. A justificativa é encontrada na
necessidade de otimizar o uso de recursos, melhoria da metodologia de condução de pesquisas
padronização dos veículos usados no transporte, entre outras ações relacionadas (PORTO,
SARUBBI, THIERY, SILVA, & NUNES, 2015).
O artigo de Porto et al. (2017) descreve o projeto Transcolar, segundo a implementação no
sistema de transporte escolar rural do estado do Espírito Santo. Os autores descrevem a
ferramenta como otimização, gerenciamento e controle de rotas e cálculo de custo de
transporte baseado em um sistema de informações geográficas reais dos municípios. A
plataforma GIS utilizada permite tratamento dos dados georreferenciados e visualização
espacial, que permite identificar e corrigir inconsistências nas informações.
O artigo de Porto et al. (2016) destaca a importância do desenvolvimento de Sistemas de
Transporte Inteligentes (ITS) para gerenciamento de sistemas a longo prazo. Uma grande
variedade de soluções pode ser desenvolvida a partir de tecnologias existentes ou mesmo com
o objetivo de adaptações de funcionalidades. O artigo visa sugerir a infraestrutura mínima
necessária para implementação de uma solução e destaca os desafios e limitações encontradas.
O trabalho de Sarubbi et al. (2014) faz uma introdução ao tema e propõe um modelo
matemático e um algoritmo para resolver a etapa de geração de rotas. O estudo de caso foi
aplicado para o estado de Minas Gerais, com a base de dados do município de Governador
Valadares. O objetivo foi reduzir a distância total percorrida por uma rota heterogênea de
ônibus escolares (SARUBBI, SILVA, & PORTO, 2014).
O trabalho de Porto et. al. (2015) desenvolve metodologia de geração de rodas utilizando o
método de roteamento de veículos (VRP). O mesmo apresenta a formulação matemática para
o problema utilizando programação. Com uma base de dados similar e adaptações
necessárias, a solução pode ser aplicada para qualquer outra localidade.
O trabalho de Neto (2016) descreve em detalhes o procedimento e premissas de cálculo de
transporte de pessoas com o estudo de caso do estado do Espírito Santo. Em suma, o valor
final é a soma de custos fixos (que incluem combustível, lubrificantes, rodagem de pneus e
manutenção) e variáveis (que incluem salários, depreciação e remuneração do veículo,
seguros e impostos) do veículo. Se um veículo executa várias viagens durante o dia, o custo
fixo é distribuído por todas as viagens na devida proporção de distância. A alocação de um
veículo para realização de várias viagens durante o dia garante otimização dos recursos
empregados.
Em resumo, o custo de transporte é dado em reais por km (R$/km) e é a soma do custo
variável e o custo fixo de cada viagem. Os detalhes e descrições são apresentados no trabalho
de Neto (2016). O custo variável é a soma dos custos com combustível, óleos lubrificantes,
custo de rodagem (pneus) e custo com manutenções. A unidade é em reais por km e o cálculo
é feito como na seguinte equação. O custo fixo é a soma dos custos com salários,
remuneração do capital, depreciação do veículo e impostos. O cálculo da parcela dos salários
é feito multiplicando o salário pago ao motorista e acompanhantes (se houverem) pelo
imposto. O imposto varia com o tipo de pessoa (física ou jurídica) e se há ou não desoneração
de impostos.
Na dissertação de mestrado de Reis (2015) é abordado o assunto do transporte escolar rural e
desenvolvido segundo o Problema de Roteamento de Veículos Capacitado, com algoritmos do
tipo Column-and-cut para resolução do problema. O trabalho foi desenvolvido para aplicação
no projeto, sendo o código uma das otimizações desenvolvidas. A formulação e o algoritmo
resultantes apresentaram melhores limites e menor tempo de processamento.
3 METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO
O funcionamento do projeto transcolar é organizado na forma de requisições, onde o usuário
cadastra os parâmetros de entrada e aguarda até que os resultados sejam processados. Os
parâmetros iniciais são organizados para que os métodos de otimização utilizados possam
alocar os veículos e gerar as viagens. A interface gráfica do projeto consiste em um website
onde o usuário faz uma requisição de processamento. Cada requisição refere-se a um tipo de
otimização em um município.
O trabalho de Neto (2016) desenvolve a metodologia baseado na importância da estimativa de
custos para planejamento e na minimização de divergências. A metodologia no qual o custo se
baseia é derivada do modelo do Grupo de Estudos para Integração da Política de Transportes
(GEIPOT), posteriormente chamado de Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes
através da Lei nº 5.908 (GEIPOT, 2017). A título de ilustração, a Figura 1 apresenta uma
captura de tela da mesma no Excel com as primeiras 7 viagens de uma requisição.
Figura 1 - Captura de tela de parte da planilha de cálculo de custos
Os aplicativos foram desenvolvidos utilizando programação C#, o software Microsoft Visual
Studio como plataforma de desenvolvimento, o banco de dados PostgreSQL e a API do
Crystal Reports para criação de relatórios de banco de dados, instalada no Visual Studio.
a. Aplicativo de cálculo de custos Para alimentação inicial do sistema, foram montadas tabelas de parâmetros de entrada. Os
dados foram divididos entre estaduais, municipais e relativos ao veículo. Os dados estaduais
são aqueles que se aplicam a todo o estado, ou seja, comuns à todos os municípios daquele
estado. Foi montada uma tabela onde as colunas são os parâmetros e cada linha corresponde à
um ano. Os dados considerados como estaduais foram: IPVA mensal, preço do pneu dos
veículos, salários, seguro obrigatório, impostos de pessoa física e jurídica, adicional da
estrada de terra, número de dias letivos no ano e do mês.
Os dados municipais são aqueles que se aplicam apenas ao município no qual os custos estão
sendo analisados. Foi montada uma tabela onde as colunas são os parâmetros e cada linha
corresponde a um município. Os dados considerados como municipais foram: imposto de
pessoa física e jurídica, com ou sem desoneração, COFINS, ISS, PIS e preços da gasolina e
do diesel.
Para melhor organização e entendimento do procedimento de cálculo, o programa foi dividido
entre o executável do tipo Console Application (AppCalculaCustos) e a biblioteca de classes
“CalculaCustos”. As classes no contexto da biblioteca “CalculaCustos”, de mesmo
namespace, são o corpo do programa de cálculo de custos. Esta classe deve ser referenciada
no programa executável e seus métodos invocados na ordem correta para execução do
cálculo.
i. Classe CalculaCustos Nesta classe encontram-se os métodos principais de organização do cálculo em geral. Cada
procedimento deve ser organizado de forma sequencial para que os parâmetros sejam
preenchidos devidamente e com as informações da requisição e correspondente município.
Inicialmente o programa carrega todos os veículos cadastrados no banco de dados, separados
por tipo e ano de fabricação. É criada uma lista de veículos, que, no contexto do aplicativo, é
considerado um objeto, e cujo as propriedades são alimentadas com os parâmetros coletados.
A tabela Veículos pode ser modificada, mas é necessário que haja apenas um registro de tipo
de veículo com respectivo ano de fabricação para que funcione corretamente. São coletados
também dados a serem utilizados nos custos fixo e variável, como descrito anteriormente.
O segundo passo é carregar todas as viagens da requisição, que são colocadas em uma lista
Viagens do Município; esses também representam objetos no contexto deste aplicativo, por
isso serão escritos com a primeira letra maiúscula. Os dados da viagem que são utilizados são:
placa do veículo, tipo de veículo, propriedade do veículo, capacidade do veículo, ano de
fabricação do veículo, distância percorrida na viagem, quantidade de motoristas e monitores
no veículo, se o veículo é especial (acessível a cadeirante) ou não, tipo de viagem, turno,
sentido (ida ou volta), quantidade de alunos municipais e estaduais. O método associa o
veículo correspondente (tipo e ano de fabricação) ao objeto Viagem. Cada viagem possui um
veículo, e tanto a viagem quanto o veículo possuem características internas.
O terceiro passo é calcular os custos, que são gravados em uma lista formatada, organizada
pelo código da viagem e requisição. Atualmente os custos utilizados são: custo por km, custo
mensal, custo fixo mensal, custo variável por km, custo mensal por aluno, custo estadual
mensal, custo municipal mensal, custo estadual anual, custo municipal anual, custo diário e
custo anual. O valor de cada custo é gravado na tabela viagem, preenchendo as colunas
correspondentes e relativas a cada registro. Este método também informa o status da
requisição relativo ao cálculo de custo, que pode ser 15 informando sucesso, ou 14, caso
algum erro tenha ocorrido.
ii. Classe AcessoBD Nessa classe encontram-se todos os métodos relativos a consultas no banco de dados. Ela tem
como uma de suas referências a biblioteca Npgsql, que é compatível com o banco de dados
usado no projeto. No início do programa, é feito uma tentativa de criar as 5 tabelas utilizadas
pelo programa, que são: veiculos_dados, parametros_estaduais, parametros_municipais,
valores_referencia_custo, parametros_req e parametros_veiculos_dados. Os dados usados no
custo são retirados das três primeiras tabelas citadas, e as duas últimas tabelas são usadas para
gravar os parâmetros utilizados de acordo com a requisição, funcionando como uma espécie
de histórico, caso seja necessário verificar os parâmetros utilizados para o cálculo da
requisição.
4 APLICATIVO GERADOR DE RELATÓRIOS
Os relatórios desenvolvidos em PDF e planilhas do Excel apresentam um resumo dos
resultados do sistema de otimização de rotas e veículos. Diferentes relatórios foram
desenvolvidos para a visualização de diferentes tipos de informação. Os relatórios de saída
solicitados pelo usuário foram:
• Relatório de viagens por município: detalha as informações das viagens de uma requisição apresentando, ao final, um resumo com a quantidade de alunos, custos e
viagens do município e do estado com o transporte escolar de determinado município;
• Relatório de viagens por veículo: agrupa os detalhes de cada viagem por veículo utilizado;
• Relatório de viagens por escola: agrupa os detalhes de cada viagem por escola do município;
• Relatório de detalhamento de viagem: apresenta os pontos de coleta ou entrega de alunos nos pontos de parada e escolas visitadas em cada viagem;
• Relatório de mapas: apresenta imagens com o traçado de cada viagem, pontos de coleta de alunos e escolas no mapa do município;
• Relatório de outliers: apresenta uma lista com os alunos que não foram incluídos na solução por terem alguma restrição técnica;
• Relatório de requisições: com informações de todas as requisições já processadas para o município. Apresenta o resumo das requisições por município gerado á partir da tabela de
melhores resultados
Foi utilizada a API do Crystal Reports da SAP para o desenvolvimento do layout dos
relatórios, que permite criar relatórios a partir do banco de dados através de expressões SQL.
A integração do Visual Studio ao Crystal Reports foi feita pela API da ferramenta
(CRforVS_13_0_18), disponível no site da SAP.
Para integrar os relatórios ao banco de dados do projeto, foi usada a ferramenta de
desenvolvimento de drivers de conectividade de banco de dados aberta (ODBC), que pode ser
encontrada no site do PostgreSQL. Finalmente, para integrar o Visual Studio ao banco de
dados, foi utilizada a biblioteca de acesso ao banco Npgsql, obtida através da ferramenta de
download de bibliotecas do próprio software de desenvolvimento (NuGet).
Além da geração dos relatórios, o aplicativo ainda é responsável por mais três tarefas. A
primeira delas é a chamada do programa que gera os arquivos shape com as informações de
geolocalização de alunos, escolas e viagens. Esse arquivo permite que os resultados sejam
tratados em outra ferramenta GIS. Outra tarefa consiste na chamada do programa que gera as
imagens das viagens a serem mostradas nos relatórios de mapas. A última tarefa é a
atualização de uma tabela que reúne as melhores requisições por município, tipo de
otimização e ano.
Os shapefiles são arquivos georreferenciados capazes de armazenar dados. Para o projeto, são
gerados shapefiles de alunos, outliers, pontos de parada e viagem para cada requisição. Os
arquivos são compactados em uma pasta compactada (zip) e ficam disponível para download
do usuário na interface do sistema. O gerador de relatórios executa a aplicação e procede para
o próximo passo apenas ao fim da mesma. Quanto aos mapas, são gerados 2 para cada
viagem: um com mapa das estradas ao fundo e um com a imagem de satélite (ortofoto). Um
compilado com os dois mapas de uma viagem exemplo é exibido na Figura 2. Além dos
arquivos de imagem (em PNG), também são gerados arquivos com extensão map com as
mesmas informações.
Figura 2 – Mapas de viagem exemplo geradas pela aplicação geradora de mapas
5 RESULTADOS
a. Custos Após executar o programa, os valores dos custos são gravados nas respectivas colunas das
respectivas linhas de viagens, como pode ser verificado na Figura 3. A referida imagem é uma
captura de tela da tabela de dados de saída de viagens no banco de dados do projeto, para as
primeiras viagens da requisição 1646 que é usada como exemplo. A validação dos resultados
gerados pelo aplicativo é feita comparando o valor obtido pela planilha com o valor calculado
pelo aplicativo e gravado no banco de dados.
Figura 3 – Captura de tela do banco de dados
Em relação à melhoria do custo, o mapa da Figura 4 comprova que os valores resultantes do
processo de otimização do projeto Transcolar são melhores em comparação com o que é
praticado nos municípios. Os valores em verde e laranja representam regiões onde os
resultados do sistema foram mais eficientes e eficazes que os atuais dos municípios (2015).
Figura 4 – Mapa de comparação de custos
b. Relatórios Os arquivos de relatórios reúnem dados da requisição processada, viagens geradas pelo
processo de otimização e respectivos custos conforme a planilha citada, pontos de paradas
para embarque de alunos ou desembarque nas escolas, totalizadores de acordo com a escola,
município, requisição, entre outros dados. A Figura 5 exibe uma captura de tela do relatório
de viagem por município como exemplo.
Figura 5 – Relatório de viagem por município
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste trabalho teve como objetivo automatizar as ações de cálculo de
custos e geração de relatórios do projeto, de forma a gerar resultados precisos, consistentes e
de fácil entendimento aos usuários. Com os aplicativos, o programa pode ser executado em
um servidor sem a necessidade de interferência humana, bastando aguardar o tempo
necessário para seu processamento de forma eficiente e eficaz.
Com o objetivo do programa e as ferramentas utilizadas definidos, buscou-se determinar os
dados de entrada dos aplicativos e a forma mais eficiente de implementar a funcionalidade. O
planejamento evita retrabalhos e auxilia na documentação do código. A comparação final dos
resultados gravados no banco de dados e obtidos na planilha de testes confirma o sucesso do
cálculo de custos; os arquivos gerados sem erros e aprovados pelo usuário final evidenciam o
sucesso da aplicação de relatórios.
A padronização de processos reduz o custo com operação de sistemas e aumenta a
produtividade. O resultado final é obtido com rapidez e confiança, sem a necessidade de
intervenções e passíveis de modificações caso surja alguma demanda adicional. Os aplicativos
gerados serão executados continuamente no servidor reservado exclusivamente para este fim,
e o usuário do sistema, ou seja, o município utilizador do Transcolar, terá acesso apenas à
interface e visualização dos resultados.
Como o projeto encontra-se em estudos de expansão para outros estados do Brasil, futuros
trabalhos desenvolvidos sobre aplicativos devem detalhar as alterações feitas para aplicação
regional. Sugere-se também aumentar a flexibilidade do código para utilização automática em
outros estados, reduzindo cada vez mais a necessidade de mão de obra inicial para aplicação
do projeto. É preciso aumentar o leque de possiblidades e criar entradas automáticas para os
programas. A sugestão é a criação de um aplicativo do tipo Windows Forms, ou seja, com
interface gráfica, com início automático juntamente com o sistema, que alimente as variáveis
e inicie os aplicativos de Cálculo de Custos e Geração de Relatórios, permitindo modificar e
salvar os parâmetros de entrada. Outra sugestão é a consolidação das duas ferramentas em um
aplicativo Windows Forms de execução contínua.
7 AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi apoiado e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Minas Gerais (FAPEMIG), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e pela Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo e Secretaria de Educação
do Estado de Minas Gerais.
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