12
Departamento de Mecânica 1 MODELO DE DOIS FLUIDOS DE ALTA ORDEM PARA PREVER A FORMAÇÃO DE GOLFADAS Aluno: Fabricio Ciotti Chamma Orientadora: Angela Ourivio Nieckele Introdução O transporte de um ou mais fluidos envolvendo diferentes fases em tubos está presente em diversas áreas da engenharia, em especial na indústria petrolífera (Figura 1). A complexidade do tema está associada à existência de diferentes arranjos das fases presentes causando a necessidade de modelagens diferenciadas para os fenômenos de transferência interfacial dependendo do padrão de escoamento [1]. Para a compreensão dos fenômenos envolvidos, assim como nas etapas de projeto e de operação dos equipamentos é fundamental a previsão acurada do escoamento. Figura 1: Sistema de produção de petróleo em águas profundas. Fonte: Petrobras A Figura 2 apresenta os principais tipos de padrões para escoamentos gás-líquido para tubulações na horizontal e vertical: bolhas dispersas, estratificado, bolhas alongadas, golfada, anular. Escoamentos horizontais apresentam adicionalmente, o padrão estratificado. A transição de um padrão para o outro é um tema ainda em discussão teórica e experimental. Diversos fatores podem influenciar os padrões como: a inclinação da tubulação, o diâmetro, as velocidades das fases e suas frações mássicas.

MODELO DE DOIS FLUIDOS DE ALTA ORDEM PARA … · Departamento de Mecânica 5 Nas equações apresentadas na Tabela 1, os números de Reynolds Re sL, Re G e Re i são definidos, de

Embed Size (px)

Citation preview

Departamento de Mecânica

1

MODELO DE DOIS FLUIDOS DE ALTA ORDEM PARA PREVER A

FORMAÇÃO DE GOLFADAS

Aluno: Fabricio Ciotti Chamma

Orientadora: Angela Ourivio Nieckele

Introdução

O transporte de um ou mais fluidos envolvendo diferentes fases em tubos está presente

em diversas áreas da engenharia, em especial na indústria petrolífera (Figura 1). A

complexidade do tema está associada à existência de diferentes arranjos das fases presentes

causando a necessidade de modelagens diferenciadas para os fenômenos de transferência

interfacial dependendo do padrão de escoamento [1]. Para a compreensão dos fenômenos

envolvidos, assim como nas etapas de projeto e de operação dos equipamentos é fundamental

a previsão acurada do escoamento.

Figura 1: Sistema de produção de petróleo em águas profundas. Fonte: Petrobras

A Figura 2 apresenta os principais tipos de padrões para escoamentos gás-líquido para

tubulações na horizontal e vertical: bolhas dispersas, estratificado, bolhas alongadas, golfada,

anular. Escoamentos horizontais apresentam adicionalmente, o padrão estratificado. A

transição de um padrão para o outro é um tema ainda em discussão teórica e experimental.

Diversos fatores podem influenciar os padrões como: a inclinação da tubulação, o diâmetro,

as velocidades das fases e suas frações mássicas.

Departamento de Mecânica

2

Figura 2: Desenho esquemático de alguns dos principais padrões de escoamento gás-líquido na configuração horizontal e vertical [2].

Dentre os diversos regimes de escoamento bifásico, o padrão de golfadas se destaca

entre os padrões observados por sua frequência nas indústrias, principalmente a petrolífera

(Fig. 3). Este padrão é o que requer maior esforço em sua caracterização e modelagem, devido

às características marcantes da distribuição espacial entre fases, que gera intermitência ao

escoamento. Este escoamento ocorre em larga faixa de vazões de gás e líquido em tubulações

de diâmetro médio e pequeno, com variação periódica da densidade, fração de vazio e

pressões na seção transversal da tubulação.

Figura 3: Padrão de escoamento de golfada em uma linha submarina

A correta previsão deste tipo de escoamento é fundamental para o projeto adequado de

tubulações, e dos reservatórios de separação das fases. O desenvolvimento de uma ferramenta

numérica também é muito útil para auxiliar na operação de dutos.

Este projeto se insere na linha de pesquisa em Escoamentos no Padrão de Golfadas que

vem sendo desenvolvida pelo Grupo de Dinâmica dos Fluidos Computacional.

Departamento de Mecânica

3

Objetivos

O presente projeto consiste em implementar um algoritmo de discretização temporal de

segunda ordem para prever numericamente o escoamento bifásico tanto no padrão estratificado

como em golfadas, utilizando o Modelo de Dois Fluidos [3]. É feita uma comparação entre o

desempenho da integração de primeira ordem (Euler implícito) e de segunda ordem (Crank-

Nicholson) [4].

Os resultados das simulações serão comparados com dados experimentais disponíveis

na literatura e com dados obtidos no Departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio.

Metodologia

Para determinar os escoamentos no padrão estratificado e no padrão de golfadas,

utilizou-se o Modelo de Dois Fluidos [3]. Foi realizada a simulação numérica de diferentes

casos de escoamento água-ar. No primeiro introduziu-se uma perturbação controlada na

entrada e investigou-se o efeito do passo de tempo na taxa de amplificação das perturbações.

No segundo tipo, investigou-se o escoamento no padrão de golfadas. Neste caso, após a

obtenção do regime estatisticamente permanente, as grandezas características das golfadas são

determinadas. Em ambos os casos, utilizou-se água e ar.

Modelo Matemático

O Modelo de Dois Fluidos [3] consiste na solução de um conjunto de equações de

conservação de massa e de quantidade de movimento linear para cada uma das fases

envolvidas, assim como equações de transporte através das interfaces.

Considerou-se o escoamento unidimensional, isotérmico, líquido incompressível, e gás

ideal, ao longo de uma tubulação inclinada de β com a horizontal, conforme ilustrado na Fig. 4.

Figura 4: Escoamento estratificado

As equações de conservação para o Modelo de Dois Fluidos são obtidas através de uma

média nas fases. Adicionalmente, na formulação unidimensional, médias na seção transversal

precisam ser obtidas.

Na presente modelagem, baseada nos trabalhos [1 e 4], as equações de conservação são

obtidas, considerando o escoamento base como estratificado (Fig.4).

Conservação de Massa para o Gás e Líquido

( )

( )

(1)

( )

( )

(2)

Departamento de Mecânica

4

Conservação de Quantidade de Movimento Linear para o Gás e Líquido:

( )

(

)

(3)

( )

(

)

(4)

onde L, G e i referem-se à fase líquida, gasosa e interface. representa a velocidade média

na seção transversal, a fração volumétrica e é a massa específica. representa a pressão,

é a área da seção transversal do duto ( A = πD2/4 ), onde D é o diâmetro da tubulação, é a

inclinação do mesmo e e correspondem às coordenadas axial e temporal, respectivamente.

representa a tensão de cisalhamento com a parede, a tensão de cisalhamento da

interface gás-líquido. é o perímetro molhado da fase k e é o perímetro da interface gás-

líquido, e hL é o nível de líquido na seção transversal. A aceleração da gravidade é

representada por .

Tal modelo matemático necessita de correlações empíricas para avaliar a transferência

de quantidade de movimento linear τi através das interfaces. Como o modelo utilizado aqui é

uni-dimensional, necessita também de correlações empíricas para avaliar as tensões

cisalhantes τwk de cada fase com a parede da tubulação. As tensões são avaliadas assumindo

escoamento localmente desenvolvido, em função do fator de atrito, o qual depende do número

de Reynolds e regime de escoamento.

| | ;

| |( ) (5)

Existe uma série de correlações existentes na literatura para a determinação do fator de

atrito. Como exemplo pode-se citar: Taitel e Dukler (1976), Issa e Kempf (2003) e Issa e

Bonizzi (2003). As correlações apresentadas na Tabela 1 se mostraram adequadas por

Nieckele et al, 2013.

Tabela 1 – Fórmulas para o cálculo do fator de atrito.

ReG, ReL, Rei ≤ 2100

(Laminar)

ReG, ReL, Rei > 2100

(Turbulento)

fL

sLRe

24

(Hand, 1991)

139,0)Re(0262,0 sLl

(Spedding e Hand, 1997)

fG

GRe

16

(Hagen–Poiseuille)

2500460 ,)Re(,

G

(Taitel e Dukler, 1976)

fi

GRe

16

(Hagen–Poiseuille)

2500460 ,)Re(,

i

(Taitel e Dukler, 1976)

Departamento de Mecânica

5

Nas equações apresentadas na Tabela 1, os números de Reynolds sLRe , ReG e Rei são

definidos, de acordo com Taitel e Dukler (1976) como:

L

sLLsL

DU

Re

(6)

GiG

GGGG

SS

UA

)(

4Re

(7)

GiG

GLGG

iSS

UUA

)(

4Re

(8)

As definições apresentadas são baseadas na hipótese de que o gás escoa num canal fechado,

uma vez que viaja a uma velocidade muito maior que a do líquido, o qual, por sua vez, escoa

como se estivesse num canal aberto. Os números de Reynolds do gás e da interface são

baseados no diâmetro hidráulico do gás, calculado através de sua área de escoamento, AG, e

perímetro molhado, SG. Além disso, é a viscosidade dinâmica da fase, D é o diâmetro da

tubulação e UsL é a velocidade superficial do líquido, definida como:

LLsL UU (9)

As frações volumétricas de líquido e gás possuem a seguinte relação:

, (10)

A pressão na interface do líquido é relacionada com a pressão na interface do lado do

gás, pela tensai superficial s e raio de curvatura, o qual pode ser aproximado por

=

, (11)

O líquido é incompressível, e o gás segue a lei dos gases ideais

, (12)

onde R é a constante do gás e Tref é a temperatura de referência. A pressão do gás na interface

é considera como constante em, toda secao transversal, logo, = .

Os parâmetros geométricos necessários para o modelo, são obtidos considerando o

escoamento estratificado, pois é a partir deste que o padrão de golfadas evolui.

A seção transversal de um escoamento estratificado é representado na Fig. 5, que ilustra

os parâmetros geométricos associados a cada fase (perímetros e áreas da seção transversal de

cada fase).

As relações geométricas das Fig. 5 são apresentadas a seguir:

[ ( ) √ ] (13)

( ) ; ; √ (14)

Departamento de Mecânica

6

[ ] ;

(15)

(

) ;

(16)

Figura 5:–Geometria para escoamentos estratificados.

Método Numérico

As equações de conservação (1) a (4) são discretizadas pelo método dos Volumes

Finitos [5]. Este método tem como base a divisão do domínio computacional em volumes de

controle, e, em cada um desses volumes, são aplicadas as leis de conservação, as quais são

integradas no espaço e no tempo, garantindo assim a conservação global de todas as

grandezas que estão sendo avaliadas.

O volume de controle principal é onde todas as grandezas escalares são armazenadas

Fig. 6(a). Os pontos nodais são representados por letras maiúsculas, sendo P o nó principal, E

o vizinho leste e W o vizinho oeste. As faces são representadas por letras minúsculas, sendo e

a face leste e w a face oeste. Seguindo a recomendação de Patankar [5], as velocidades são

armazenadas em volumes de controle deslocados em relação ao volume de controle principal

Fig. 6(b), de forma que soluções oscilatórias e irrealistas sejam evitadas.

Figura 6(a) – Volume de controle principal ; Figura 6(b) – Volume de controle das velocidades

Uma vez que as equações de conservação não apresentam termos difusivos, aplica-se a

aproximação “upwind” de primeira ordem [5] nos fluxos obtidos após a integração espacial.

Para realizar a integração temporal de uma variável genérica é preciso supor a

variação de no intervalo de tempo. A Figura 7 ilustra os três caminhos mais usuais: Euler

𝛾

𝑆𝐿

𝐴𝐺

𝐴𝐿

𝑆𝐺

𝑆𝑖

ℎ𝐿

𝐷

Departamento de Mecânica

7

explícito, Euler implícito e Crank-Nicholson. A integração de uma grandeza genérica no

tempo pode ser representada por

∫ ( ( ) ) (17)

onde o sobrescrito o indica o valor conhecido no instante de tempo anterior.

Figura 7 - Caminho de integração no Tempo

Os esquemas de Euler implícito e explícito consideram uma variação em degrau, e são

esquemas de primeira ordem, enquanto que o método de Crank-Nicholson considera um perfil

linear, sendo de segunda ordem de precisão. A Tabela 2 ilustra o coeficiente f correspondente

a cada método.

Tabela 2 – Esquemas de Integração Temporal

Esquema: f =

Totalmente Implícito 1

Crank-Nicholson 0,5

Totalmente Explícito 0

Para ilustrar os coeficientes das equações de discretização, a integração da equação de

conservação de massa do gás, Eq. (1) é apresentada.

Integrando a Eq.(1) no volume de controle escalar (de volume xAd )ao longo do

intervalo de tempo t, de modo que:

0

e

w

GGGtt

t

tt

t

GGe

w

dtdxx

UAdxdt

tA

)()(

(18)

A integração da derivada temporal se dá primeiramente no tempo, depois no espaço;

considerando que as variáveis armazenadas no ponto nodal do volume de controle escalar

prevalecem em todo domínio de integração. O termo da derivada espacial é integrado

primeiro no espaço depois no tempo. Um esquema upwind de interpolação é utilizado para

avaliar o valor da fração volumétrica nas faces do volume de controle. A Eq. (11) é aplicada

para avaliar a integração temporal. Assim, a equação discretizada assume a forma:

Departamento de Mecânica

8

01

owGwGGeGeGG

wGwGGeGeGG

oPGGPGG

AUAUf

AUAUfxAt

,,

,,

ˆ)(ˆ)()(

ˆ)(ˆ)()()(

(19)

onde o subscrito o indica que as variáveis são referentes ao instante de tempo anterior. A

fração volumétrica de gás avaliada nas faces do volume de controle, de acordo com o

esquema upwind, é dada por:

EGeGPGeGeG UU ,,,,, ),(),(ˆ 0sinal0sinal (20)

PGwGWGwGwG UU ,,,,, ),(),(ˆ 0sinal0sinal (21)

Nas Eqs. (14) e (15), o símbolo ba, denota o máximo valor entre a e b. Para avaliar o valor

da massa específica do gás nas faces do volume de controle, um esquema upwind também foi

utilizado, fornecendo:

EGGPGGG eee UU ,, ),(),(ˆ,,, 0sinal0sinal (22)

PGGWGGG www UU ,, ),(),(ˆ,,, 0sinal0sinal (23)

Pode-se definir os “pseudo” fluxos convectivos como:

AUFAUF wGwGweGeGe ,,,,ˆ

~;ˆ

~ (24)

Com as definições acima, a Eq. (13) é reescrita da seguinte maneira:

0001

00100

00

o

PGwWGw

o

EGePGePGwWGw

EGePGe

oPGGPGG

FFf

FFfFFf

FFfxAt

,,

,,,,

,,

,~

,~

)(

,~

,~

)(,~

,~

,~

,~)()(

(25)

Assim, o sistema de equações algébricas resultante para a fração volumétrica de gás possui a

seguinte forma:

baaa WGWEGEPGP ,,, (26)

onde os coeficientes são dados pelas seguintes expressões:

Departamento de Mecânica

9

00 ,~

;,~

wWeE FfaFfa ; (27)

0101 ,~

)(;,~

)(o

woW

oe

oE FfaFfa ; (28)

)~~

)((,

ow

oe

oW

oE

oPG

oP FFfaa

t

xAa 1

(29)

)~~

(, weEWPGP FFfaa

t

xAa

(30)

oWG

oW

oEG

oE

oPG

oP aaab

,,, (31)

A Fig. 7 mostra as dependências dos vizinhos ao ponto nodal principal para cada um dos

métodos. Os métodos de Euler Explícito é mais barato, porém pode apresentar instabilidade

numérica, se o passo de tempo não for pequeno o suficiente. O método de Euler Implícito é

sempre estável, e necessita da solução do sistema algébrico para determinar as variáveis de

interesse. O método de Crack-Nicholson é de segunda ordem, e envolve mais vizinhos na

integração. Também requer solução do sistema de equações. É considerado um método

estável pelo ponto de vista matemático, implicando que eventuais oscilações numéricas,

provindas de passos de tempo não pequenos o suficiente, decairão com o tempo.

(a) – Implícito (b) – Cranck-Nicholson (c) - Explícito

Figura 8 – Dependência dos vizinhos

O código desenvolvido por [2,6] utiliza o método de Euler implícito de primeira ordem,

contudo, tendo em vista obter uma maior precisão nos resultados bem como uma diminuição

no tempo de simulação computacional, foi implementado o método de Crank-Nicholson,

correspondente à integração de segunda ordem.

A cada passo de tempo simulado, o acoplamento velocidade-pressão é resolvido através

de um algoritmo baseado no método de PRIME [6]. A fração de vazio é obtida da equação de

conservação de massa de gás, enquanto a de velocidade do gás e do líquido são obtidas a

partir da solução das respectivas equações de quantidade de movimento. A pressão é obtida

indiretamente a partir da solução da equação de conservação de massa da mistura (soma das

equações de conservação de massa de cada fase).

O sistema algébrico resultante é resolvido pelo algoritmo TDMA [5].

O modelo computacional utilizado consiste de um programa em linguagem Fortran e foi

Departamento de Mecânica

10

desenvolvido pelo núcleo de Dinâmica dos Fluidos Computacional do Departamento de

Engenharia Mecânica da PUC-Rio. Foi utilizado também um programa de pós processamento

em MATLAB que caracteriza as taxas de amplificação e as golfadas de acordo com diferentes

parâmetros já citados.

Resultados

Dois tipos de escoamento foram avaliados. No primeiro, estratificado, introduziu-se

uma perturbação controlada na entrada e investigou-se o efeito do passo de tempo na taxa de

amplificação das perturbações.

No segundo tipo, investigou-se o escoamento no padrão de golfadas. Neste caso, após a

obtenção do regime estatisticamente permanente, as grandezas características das golfadas são

determinadas.

Em ambos os casos, utilizou-se água e ar. A pressão atmosférica foi imposta na saída

para todos os casos e um par de velocidades superficiais (Usk=Qk/A, Q=vazão volumétrica,

A=área transversal da tubulação) foi prescrito na entrada, juntamente com a fração

volumétrica do gás, αg. A temperatura de referência do caso estratificado foi igual a 298.15 K

e do escoamento no padrão de golfadas foi 281,8 K. A Tabela 3 apresenta os parâmetros

geométricos do caso estratificado e de golfada.

Tabela 3 – Configurações da Tubulação

Parâmetros da tubulação

Estratificado Golfada

Diâmetro 50,8 mm

24 mm

Comprimento 5 m 10 m

O caso de escoamento estratificado foi analisado para o seguinte par de velocidades

superficiais.: UsL=0,2m/s e UsG=1 m/s. A fração de gás de equilíbrio G = 0,22174 foi imposta

na entrada.

Para determinar a fração de gás de equilíbrio, considera-se que as variações temporais e

axial do nível de líquido são nulas. As Eq. (3) e (4) se simplificam para

0sen

A

S

A

Sg

x

p iiGwG

GG

iG

G

(32)

0sen

A

S

A

Sβg

x

p iiLwLLL

iGL

(33)

Combinando as Eqs. (26) e (27), e eliminando o gradiente de pressão obtém-se a seguinte

expressão:

011

sen

GL

ii

G

GwG

L

LwLGLL

A

S

A

S

A

Sg

(34)

Departamento de Mecânica

11

Os valores do hold-up de equilíbrio podem ser obtidos através da Eq. (28), dados os valores

para as velocidades superficiais de líquido e gás, por meio de um método iterativo qualquer

(uma vez que se trata de uma equação não-linear).

Investigou-se a taxa de amplificação de perturbações introduzidas na entrada da

tubulação, a qual foi definida

)sin( thheqLL 1 (35)

onde é a amplitude da perturbação e é a frequência. A amplitude imposta foi de 1% e a

frequência igual a =2 Hz.

A Figura 1 ilustra a taxa de amplificação para o Caso 1, utilizando os esquemas de

primeira e segunda ordem. Em ambos os casos utilizou-se Δx/D =0,05

O passao de tempo está representado em função do adimentsional número de Courant,

Co= Umax Δt/Δx (36)

onde Umax é a velocidade máxima, e Δx é o espaçamento da malha.

Note que o esquema de 2ª ordem praticamente não apresenta dependência com o passo

de tempo e que só com um passo de tempo 100 vezes menor foi possível obter a mesma

solução com o método de 1ª ordem.

Figura 9 – Caso 1 – Estratificado

O caso do escoamento no regime de golfada foi obtido considerando dois casos,

ilustrado na Tabela 4. Utilizou-se uma malha com espaçamento x/D=1, número de Courant

Co=0,05. A fração de gás de equilíbrio foi prescrita na entrada, mas este valor não é relevante

para o escoamento estatisticamente permanente. Este casos foram medidos

experimentalmente por Fonseca [6].

Os resultados para as grandezas estatisticamente permanente da golfada,

correspondentes ao comprimento da bolha de Taylor Lb, velocidade de translação da golfada

Us, e frequência obtidos para o Caso 2, escoamento no padrão de golfadas, são apresentados

na Tabela 5 Na mesma tabela, os dados experimentais de Fonseca [6]. Observa-se que melhor

concordância com os dados experimentais foi obtida com o esquema de 2a. ordem

0

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07

0.08

0.09

0.1

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

Taxa

de

Am

plif

icaç

ão

Courant

USL=0,2m/s ; USG=1 m/s ; Δx/D=0,05 ; Freq=2 Hz

Primeira Ordem

Segunda Ordem

Departamento de Mecânica

12

Tabela 4 – Velocidades superficiais. Caso de Golfadas

Casos de Golfada

Casos UsG (m/s) UsL (m/s)

2.1 0,788 0,295

2.2 0,788 0,393

Tabela 5 – Caso 2 – Golfadas

Caso 2.1 Caso 2.2

1a Ordem 2a ordem Experimental 1a Ordem 2a ordem Experimental

LB/D 150,38 117,335 109.69 79,38 54,15 68,01

Us 1,21 1,27 1,31 1,34 1,42 1,35

0,23 0,35 0,60 0,57 0,87 0,95

Conclusão

Os resultados obtidos mostraram um melhora significativa no emprego do esquema de

integração de segunda ordem. Mostraram ainda que é possível utilizar um passo de tempo

maior de forma a obter a solução em um tempo menor.

Como as comparações com os dados experimentais e com as correlações empíricas

forneceram resultados satisfatórios, conclui-se que o Modelo de Dois Fluidos é um boa

ferramenta para a previsão do padrão de golfadas.

Referências

1. Nieckele, A.O., Carneiro, Chucuya, R.C., , Azevedo, J.H.P., 2013, Initiation and

Statistical evolution of horizontal slug flow with a Two-Fluid Model; ASME J. Fluids

Engineering., Vol. 135, pp. 121302-1,121302-11.

2. Carneiro, J.N.E., 2006. Simulação Numérica de Escoamentos Bifásicos no Regime de

Golfadas em Tubulações Horizontais e Levemente Inclinadas. Dissertação de

Mestrado, Dept. Engenharia Mecânica, PUC-RJ.

3. Ishii, M., Hibiki, T. Thermo-fluid Dynamics of Two-Phse Flow, Springer, 2006.

4. Issa, R.I.; Kempf, M.H.W. Simulation of slug flow in horizontal and nearly horizontal

pipes with the two-fluid model. International Journal of Multiphase Flow, Volume 29,

Issue 1, 69-95, 2003.

5. Taitel, Y.; Dukler, A. E. A model for prediction of flow regime transition in horizontal

and near horizontal gas-liquid flow. Aiche Journal 22, 547-555, 1976.

6. Issa, R.I.; Bonizzi, M. On the simulation of three-phase slug flow in nearly horizontal

pipes using the multi-fluid model. International Journal of Multiphase Flow, Volume

29, Issue 11, November 2003, 1719-1747, 2003

7. Patankar, S.V. Numerical Heat Transfer and Fluid Flow. Taylon & Francis, 1980.

8. Ortega, A. J. ; Nieckele, A. O. Simulation of Horizontal Two-Phase Slug Flows Using

the Two-Fluid Model with a Conservative and Non-Conservative Formulation.

Proceedings of Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica. Ouro Preto, MG, 2005.

9. Fonseca Jr, R. Medição do Campo Instantâneo de Velocidade do Líquido no

Escoamento Bifásico Intermitente em Tubos Horizontais e Inclinados; Dissertação de

Mestrado, Dept. Eng. Mecânica, 2009.