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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO WANDAIR JOSÉ GARCIA MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM EMPRESAS GLOBAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO FLORIANÓPOLIS 2005

Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

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Page 1: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

WANDAIR JOSÉ GARCIA

MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

EM EMPRESAS GLOBAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

FLORIANÓPOLIS 2005

Page 2: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

WANDAIR JOSÉ GARCIA

MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

EM EMPRESAS GLOBAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção. Orientador: Pedro Felipe de Abreu, Ph. D.

FLORIANÓPOLIS 2005

Page 3: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

WANDAIR JOSÉ GARCIA

MODELO DE PLANEJAMENTO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM EMPRESAS GLOBAIS

Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Mestre em Engenharia

de Produção no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção d a Universidade

Federal de Santa Catar ina.

Florianópolis, 30 de Setembro de 2005.

_________________________________ Edson Pacheco Paladini, Dr.

Coordenador do Curso

BANCA EXAMINADORA

__________________________________Pedro Felipe de Abreu, P h. D.

Orientador

__________________________________ Julíbio David Ardigo , Dr.

Examinador Externo ESAG/UDESC

__________________________________Aline França de Abreu, Ph. D.

Co-Orientadora

__________________________________ João Neiva Figueiredo, Ph. D.

Membro

Page 4: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

DEDICATÓRIA

À minha esposa e amiga, Débora, pela

compreensão e total apoio ao meu desafio.

Às minhas filhas, Mayra e Caroline, que vibram

bastante com as nossas vitórias.

Aos meus pais, Garcia (in memorium) e Maria

da Penha (in memorium), onde quer que

estejam.

Page 5: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

AGRADECIMENTOS

À diretoria da WEG pelo total apoio e condições que me permitiram cumprir este

desafio.

À minha equipe do DSI – Departamento de Sistemas de Informação que contribuiu

diretamente na empreitada desta pesquisa.

À Universidade Federal de Santa Catarina.

Ao meu orientador Professor Pedro Felipe de Abreu, pela orientação constante e

competente.

À minha co-orientadora Professora Aline França de Abreu pelo inestimável apoio e

direcionamento em diversos momentos importantes desta escalada.

Ao IGTI, em especial a Dorzeli, pela amizade e carinho oferecidos e pelos vários

auxílios que me deu ao longo desta jornada.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa.

A Deus, por ter me dado saúde, discernimento e a concentração necessária para a

realização deste trabalho.

Page 6: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

“A simplicidade é o último degrau da

sabedoria”

Gibran

“Quando pensamos que já sabemos todas as

respostas. A vida vem e muda todas as

perguntas”.

Autor desconhecido.

Page 7: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

GARCIA, Wandair José. MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM EMPRESAS GLOBAIS. 310 fls. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.

RESUMO

O modelo de Planejamento Estratégico de TI em Empresas Globais tem por objetivo nortear as estratégias e ações da organização de TI em total sintonia com a administração estratégica da empresa. O desenvolvimento do estudo tomou por base o processo de gestão e planejamento de TI utilizado em uma empresa global brasileira e, a pesquisa bibliográfica que permitiu desenvolver o construto teórico que foi a base para a geração do modelo proposto. O estudo identificou sete fatores de excelência organizacional que são considerados chaves para o sucesso de uma empresa: Estratégia, Recursos Organizacionais, Processos de Negócios, Tecnologia, Estrutura Organizacional, Modelo de Gestão e Cultura Organizacional, Controles Internos . Estes fatores de excelência organizacional são mutuamente interdependentes, e são fatores críticos de sucesso para o crescimento sustentável de uma empresa. O modelo proposto de Planejamento Estratégico de TI em Empresa Global é composto de cinco dimensões que constituem o universo de atuação de uma empresa global: Mercado Global, Empresa Global, Gestão Empresarial, Alinhamento de TI aos Negócios, Organização de TI Global. A análise destas cinco dimensões compreende as seis etapas de desenvolvimento do Plano Estratégico de TI em Empresas Globais: a) Etapa de Preparação b) Avaliação e Diagnóstico da Situação Atual c) Definição da Estratégia de TI d) Etapa de Execução e Implementação e) Fatores Críticos de Sucesso do Plano f) Definição da Gestão de TI. A conclusão geral do estudo é inquestionável o papel que a Tecnologia da Informação está exercendo nas organizações atuais. Nas empresas, a abrangência da Tecnologia da Informação é cada vez maior, disseminando-se por todas as áreas da sua cadeia de valor, englobando a cadeia de valor de clientes, fornecedores e parceiros de negócios. A Informação e a Tecnologia da Informação se tornaram o quarto recurso disponível aos executivos para estruturar e operar as empresas, juntamente com pessoas, capital e máquinas. Não obstante a grande disseminação da Tecnologia da Informação em todas as áreas da empresa, ainda observamos um grande hiato entre a diretoria, que é responsável pelas diretrizes estratégicas da empresa, e a área responsável pela TI. A área de Tecnologia da Informação exige investimentos altos em ativos, além de absorver um percentual significativo das despesas das empresas. As empresas globais possuem requisitos adicionais que implicam em aspectos culturais, geográficos, mercados, governo e pressão gerada pela competitividade mundial. O modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação em empresas globais apresentado tem como finalidade alinhar a TI aos negócios, viabilizando as ações de crescimento, expansão dos negócios, internacionalização e globalização da empresa. Este modelo também visa gerar maior transparência para a empresa no planejamento e controle da Tecnologia da Informação.

Palavras-chave: Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação, Alinhamento TI aos

Negócios, Gestão Global de TI, Gestão Estratégica de TI, Governança de TI

Page 8: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

GARCIA, Wandair José . MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM EMPRESAS GLOBAIS. 310 fls. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.

SUMMARY

The model of Strategic Planning of IT for Globalized Companies is intended to guide the strategies and actions of the IT organization in total sinergy with the strategic management of the company. The development of this study was based on the processes of IT planning and management used in a globalized Brazilian company, and on the bibliographical research that provided the theorical fundamentals for the model proposed. The study has identified seven factors of organizational excellence that are consider key in a successful company: Strategy, Organizational Resources, Business Processes, Technology, Organizational Structure, Management model and Organizational Culture, and Internal Control Methods. These factors are mutually interdependent, and critical for a successful and sustainable company growth. The proposed model of Strategic Planning of IT for Globalized Companies comprises five dimensions, which make up the universe where the globalized company acts: Global Market, Globalized Company, Enterprise Management, IT Alignment with Business, Globalized IT Organization. The analysis of these five dimensions includes the six steps of development of the Strategic Planning of IT for Globalized Companies: a) Preparation stage b) Evaluation and Diagnosis of the Current Situation c) Definition of the IT Strategy d) Execution and Implementation stage e) Critical Success Factors f) Definition of the IT Management. The overall conclusion of the study is that the role Information Technology performs in today’s organizations is unquestionable. At companies, Information Technology comprehends more and more areas, spreading across all the areas of their value chain, including the value chain of customers, suppliers and business partners. Information, and Information Technology became the fourth available resource executives can use to structure and run these companies, as well as personnel, capital and machines. Yet noticing the wide spread of Information Technology across all the areas of the company, we still noticed a great distance between the Direction, which is responsible for the company’s strategic guidelines; and the area responsible for IT. Information Technology demands high investments in assets, besides consuming a significant percentage of the company’s expenses. Globalized Companies have additional requirements that imply in cultural and geographical aspects, markets, governments and pressure from global competitiveness. The model of strategic planning of IT for globalized companies presented, aims on aligning IT with businesses, enabling growth, business expansion, as well as the internationalization of the company. This model also aims on providing more transparence for the company when planning and working with Information Technology.

Keywords: Information Technology Strategic Planning, Business and IT Alignment, IT

Global Management, IT Strategic Management, IT Governance

Page 9: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

S U M Á R I O

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................1 1.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO ......................................................................................................2 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ...............................................................................3 1.3 OBJETIVOS............................................................................................................8 1.3.1 Objetivo Geral .........................................................................................................8 1.3.2 Objetivos Específicos...............................................................................................9 1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA E LIMITAÇÕES DO ESTUDO........................9 1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO......................................................................13

2 ESTRATÉGIA E GESTÃO ................................................................................15 2.1 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA...................................................................20 2.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.....................................................................24 2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI..........................................................31 2.3.1 Resultados Esperados do Planejamento Estratégico de TI ......................................39 2.3.2 Processos, Abordagens e Metodologias de PETI....................................................39 2.4 GESTÃO EMPRESARIAL ...................................................................................60 2.4.1 Governança Corporativa ........................................................................................62 2.4.2 Melhores Práticas de Gestão ..................................................................................64 2.4.3 Alinhamento de TI aos negócios ............................................................................69 2.4.4 Gestão empresarial com TI ....................................................................................78 2.5 CONSIDERAÇÕES GERAIS ...............................................................................86

3 EMPRESAS GLOBAIS.......................................................................................91 3.1 CENÁRIO DA GESTÃO GLOBAL......................................................................91 3.2 ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES GLOBAIS .......................................................92 3.3 ADMINISTRAÇÃO GLOBALIZADA DE TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO ..................................................................................................100 3.4 O IMPACTO DA TI NO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO DAS

EMPRESAS ........................................................................................................104 3.5 CONSIDERAÇÕES GERAIS .............................................................................108

4 GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO........................................110 4.1 GOVERNANÇA DE TI.......................................................................................116 4.1.1 Definir a Função da TI na Empresa......................................................................123 4.1.2 Definir a Função do CIO (Chief Information Officer)...........................................124 4.1.3 Fóruns de Tomada de Decisão .............................................................................134 4.2 ORGANIZAÇÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO...............................138 4.2.1 Centralização versus Descentralização .................................................................144 4.2.2 Administração da Computação pelo Usuário Final...............................................146 4.3 ARQUITETURA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO................................149 4.4 ADMINISTRAÇÃO DA TI GLOBAL ................................................................153 4.4.1 Negócios Globalizados e Aplicações de TI ..........................................................158

Page 10: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

4.4.2 Plataformas Globalizadas de TI............................................................................159 4.4.3 Globalização de Dados ........................................................................................161 4.4.4 Desenvolvimento de Sistemas Globais.................................................................162 4.4.5 Operação Global de TI.........................................................................................163 4.5 CONTROLE E MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DE TI .....................167

5 MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI EM EMPRESAS GLOBAIS.....................................................................................171

5.1 ETAPA DE PREPARAÇÃO ...............................................................................176 5.2 AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL..............................178 5.2.1 Conhecer a Empresa, Negócios e a Organização ..................................................185 5.2.2 Conhecer e Mapear os Processos da Organização.................................................190 5.2.3 Definir a Arquitetura de Informação ....................................................................197 5.2.4 Benchmarking de TI.............................................................................................201 5.3 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA DE TI..............................................................203 5.3.1 Alinhar TI à Estratégia Corporativa e à Estratégia de Negócios............................205 5.3.2 Identificar a Missão da Organização de TI ...........................................................212 5.3.3 Definir os objetivos Estratégicos de TI................................................................214 5.3.4 Definir a Arquitetura de TI...................................................................................222 5.4 ETAPA DE EXECUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO ..............................................230 5.4.1 Sistematizar as Informações e Conclusões ...........................................................234 5.4.2 Desenvolver e Implantar Planos de Ação .............................................................237 5.4.3 Documentar o Plano.............................................................................................238 5.5 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO.................................................................239 5.5.1 Administrar o Plano Estratégico de TI..................................................................240 5.5.2 Comprometer a Empresa com a Estratégia de TI..................................................242 5.5.3 Disseminar o Pensamento Estratégico na Equipe..................................................248 5.5.4 Revisar o Plano Estratégico de TI ........................................................................251 5.6 DEFINIÇÃO DA GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO................252 5.6.1 Definir a Governança de TI..................................................................................255 5.6.2 Definir a Organização de TI.................................................................................264 5.6.3 Gerenciamento da TI Global ................................................................................273 5.6.4 Avaliar o Desempenho e Resultados de TI...........................................................276 5.6.5 Modelos de Referência Mundial de Gestão de TI .................................................278

6 CONCLUSÃO....................................................................................................280 6.1 PRINCIPAIS CONCLUSÕES DESSE ESTUDO: REVISÃO DOS

PONTOS-CHAVE...............................................................................................282 6.2 RECOMENDAÇÃO E TRABALHOS FUTUROS..............................................291

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................293

Page 11: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Direcionadores da estratégia global e a visão compartilhada ..............................6 Figura 1.2 - Desenvolvimento da Pesquisa Bibliográfica .....................................................10 Figura 1.3 - Construto Teórico.............................................................................................11 Figura 2.1 - Esquema de pensamento estratégico .................................................................22 Figura 2.2 - Níveis de decisão e tipos de planejamento ........................................................25 Figura 2.3 - Tipos e níveis de planejamento nas empresas....................................................25 Figura 2.4 - Ciclo básico dos três tipos de planejamento ......................................................26 Figura 2.5 - Processo global de desenvolvimento e operacionalização das estratégias

empresariais. .............................................................................................................28 Figura 2.6 - Desenvolvimento de planejamento tático..........................................................29 Figura 2.7 - Algumas modificações provocadas pelo planejamento......................................30 Figura 2.8 - As prioridades estratégicas ...............................................................................33 Figura 2.9 - Base modelo de recurso estratégico ...................................................................34 Figura 2.10 - As cinco chaves da capacitação de negócios ...................................................35 Figura 2.11 - Dinamismo do modelo estratégico emergente .................................................36 Figura 2.12 – Diferentes Estratégias de TI ...........................................................................37 Figura 2.13 - Processo total da estratégia. ............................................................................41 Figura 2.14 - Processo de PETI “Convencional”..................................................................42 Figura 2.15 - Processo de PETI “Sofisticado”......................................................................44 Figura 2.16 – Modelo de três estágios..................................................................................46 Figura 2.17 – Abordagem Muldimensional ..........................................................................47 Figura 2.18 – Métodos de Planejamento Estratégico de TI...................................................48 Figura 2.19 – Processo de PETI...........................................................................................51 Figura 2.20 – Visão geral do modelo de planejamento integrado de negócios e TI ...............52 Figura 2.21 – Abordagem do sistema para elaborar a estratégia de TI. .................................53 Figura 2.22 – Processo de planejamento estratégico de TI ...................................................54 Figura 2.23 – Atividades da metodologia.............................................................................56 Figura 2.24 – Arquitetura de TI acesso e metodologia .........................................................57 Figura 2.25 - O modelo estratégico da TI.............................................................................58 Figura 2.26 – Diagrama Modelo de Gestão..........................................................................65 Figura 2.27 – Competências Gerenciais e seu estado de evolução ........................................66 Figura 2.28 – Estrutura para alinhamento de estratégias, processos e tecnologia da

informação................................................................................................................71 Figura 2.29 – O alinhamento com a estratégia é o ponto de partida para se alcançar o máximo

potencial de TI. .........................................................................................................73 Figura 2.30 – A captura de valor na obtenção de resultados concretos das iniciativas de TI. 74 Figura 2.31 - Modelo de Rockart; Morton (1984) ................................................................75 Figura 2.32 – Modelo de Macdonald (1991) ........................................................................75 Figura 2.33 – Modelo de Walton (1993) ..............................................................................76 Figura 2.34 – Modelo de Henderson; Venkatraman (1993)..................................................76 Figura 2.35 – Modelo de Yetton, Johnston; Craig (1994).....................................................77 Figura 2.36 – Modelo de Mcgee; Prusak (1994) ..................................................................77 Figura 2.37 – Modelo adaptado de Chain et al. (1997).........................................................77 Figura 2.38 – Modelo Rezende; Abreu (2000) .....................................................................78 Figura 2.39 – Níveis de maturidade de utilização de TI e os potenciais impactos aos negócios.

.................................................................................................................................83

Page 12: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

Figura 2.40 – Diagrama de Leavitt.......................................................................................83 Figura 2.41 – Tecnologia da Informação entre empresas......................................................85 Figura 2.42 - A Expansão dos papéis que a TI pode exercer dentro de uma empresa............88 Figura 2.43 – Quebrando as barreiras de negócios com a TI ................................................89 Figura 2.44 – Uso da TI para quebrar barreiras de negócios.................................................90 Figura 3.1 – Capacidades estratégicas chave: empresas multinacional, global e internacional

.................................................................................................................................92 Figura 3.2 - Características da empresa transnacional ..........................................................94 Figura 3.3 – Desafios no desenvolvimento e gerenciamento da empresa transnacional ........95 Figura 3.4 – Estratégia transnacional com estrutura organizacional integrada em rede. ........96 Figura 3.5 – Características de negócios de exportação global, multinacional, multilocal e

global........................................................................................................................97 Figura 3.6 – Definição de empresa global. ..........................................................................99 Figura 3.7 - Efeitos dos direcionadores de mudança...........................................................105 Figura 4.1 – Modelo referencial de administração de recursos de informação ....................111 Figura 4.2 - Perspectivas no estudo de SI e GSI.................................................................112 Figura 4.3 – Aspectos importantes do SI............................................................................113 Figura 4.4 – Atividades da gestão de sistemas de informação ............................................114 Figura 4.5 – Domínio de decisões de TI.............................................................................122 Figura 4.6 – O Processo de governança de TI ....................................................................123 Figura 4.7 – Papéis estratégicos para os sistemas de informação ........................................124 Figura 4.8 – Os quatro pontos focais da governança de TI .................................................128 Figura 4.9 – Fatores que contribuem para a desconexão da tecnologia de informação às

estratégias. ..............................................................................................................129 Figura 4.10 – Alinhamento de TI aos negócios ..................................................................129 Figura 4.11 – Painel de controle de TI ...............................................................................132 Figura 4.12 – Fóruns de decisão de TI ..............................................................................134 Figura 4.13 – Mecanismos de Grande Impacto, mas Desafiadores .....................................138 Figura 4.14 – Organização como sistema sócio-técnico. ....................................................139 Figura 4.15 – Alternativas de estrutura. .............................................................................141 Figura 4.16 – Uma visão de administração da TI por processos .........................................142 Figura 4.17 – Vantagens e desafios...................................................................................144 Figura 4.18 – Integração dos negócios à arquitetura de TI .................................................149 Figura 4.19 – Fatores que afetam a arquitetura de TI .........................................................150 Figura 4.20 – As principais dimensões da administração globalizada de TI........................157 Figura 4.21 – Etapas básicas para se tornar uma empresa globalizada. ...............................164 Figura 5.1 – Fatores de Excelência Organizacional............................................................172 Figura 5.2 – Diagrama do modelo proposto de PETI em Empresas Globais ......................175 Figura 5.3 – Exemplo de análise SWOT ............................................................................179 Figura 5.4 – Diagnóstico organizacional no modelo dos 7S ...............................................180 Figura 5.5 - Modelo de excelência do PNQ: uma visão sistêmica da gestão organizacional181 Figura 5.6 – Estratégias de negócios e de TI da empresa transnacional ..............................187 Figura 5.7 – Posicionamento das companhias globais ........................................................188 Figura 5.8 – Avaliação da posição da companhia global ....................................................189 Figura 5.9 – Capacidade de estrutura prática de TI.............................................................191 Figura 5.10 – Suporte de práticas de TI .............................................................................191 Figura 5.11 – Melhoria dos processos de negócios com a TI..............................................193 Figura 5.12 – Exemplos de como a TI pode ajudar na reestruturação dos processos de

negócios de uma empresa........................................................................................194 Figura 5.13 – Um modelo ecológico para o gerenciamento da informação .........................199

Page 13: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

Figura 5.14 – O novo desafio da pesquisa ..........................................................................200 Figura 5.15 – Mapa de informações da American Express .................................................201 Figura 5.16 – Ilustração dos fatos encontrados e avaliação de tendências...........................203 Figura 5.17 – Ilustração da determinação e disseminação de estratégias de TI ...................204 Figura 5.18 – Resultados Esperados do PETI.....................................................................204 Figura 5.19 – Estratégia de negócios organizáveis pela matriz ...........................................205 Figura 5.20 – Fatores que contribuem para o alinhamento da tecnologia da informação às

estratégias. ..............................................................................................................207 Figura 5.21 – Componentes, condicionantes, níveis de influência e níveis de abrangência da

estratégia empresarial..............................................................................................218 Figura 5.22 – Definindo metas..........................................................................................219 Figura 5.23 – Análise comparativa dos modelos apresentados ...........................................221 Figura 5.24 - Esquema genérico para avaliar o emprego da TI...........................................222 Figura 5.25 – Gestão de objetivos para a pasta de investimento em TI ...............................225 Figura 5.26 – Limites e alcance: exemplificação da integração ..........................................227 Figura 5.27 – Alinhamento de estratégia de negócios e tecnologia de informação..............229 Figura 5.28 – Infra-estrutura de TI em dez grupos .............................................................230 Figura 5.29 – A etapa de execução coloca o plano em movimento. ...................................231 Figura 5.30 – Os participantes ..........................................................................................242 Figura 5.31 – Dez atributos globais para fazer negócios....................................................254 Figura 5.32 – Chaves ativas e governança corporativa ......................................................255 Figura 5.33 – Matriz de Arranjos de Governança – Quais Arquétipos de Governança são

usados por diferentes tipos de decisão? ...................................................................256 Figura 5.34 – Principais Decisões sobre a Governança de TI ............................................258 Figura 5.35 – Estrutura de projeto de governança de TI ....................................................259 Figura 5.36 – Grupo Executivo de TI................................................................................264 Figura 5.37 – Estrutura da organização de TI....................................................................266 Figura 5.38 – O gerenciamento de sistemas de informações organizacionais.....................267 Figura 5.39 – TI Federativa ..............................................................................................275 Figura 5.40 – Aplicação ideal de relatório de estrutura de suporte.....................................275

Page 14: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

1 INTRODUÇÃO

As empresas em todo mundo estão sendo influenciadas na sua gestão e na estratégia

empresarial pela expansão do uso dos sistemas de informação e da tecnologia da informação.

Novas formas de gerir e novos negócios podem ser pensados se a estratégia de negócios

estiver suportada pelos sistemas de informação. A informação deve ser entendida como um

dos recursos básicos de uma empresa tal qual o capital, recursos humanos e máquinas. O

objetivo principal da Tecnologia da Informação é agilizar o fluxo de informação para a

tomada de decisões efetivas e agilizar o fluxo de materiais (seja matéria-prima, materiais em

processo, produto acabado) de forma a maximizar o retorno do capital investido e a

maximização de riquezas (BOAR, 2002).

Oliveira (2003) reforça que a informação aliada aos recursos da tecnologia é uma

necessidade primária e elementar para funcionalidade, tática, estratégica e operacional da

empresa de hoje e será também amanhã. Com a crescente concorrência global, as empresas

terão cada vez mais necessidade de informação, tanto do mercado, quanto a respeito dos

planos e intenções de consumidores e dos competidores.

A informação também propicia à empresa um profundo conhecimento de si mesma e

de sua estrutura de negócios, facilitando o planejamento, a organização, a gestão e o controle

dos processos (Abreu; Rezende, 2000).

Para obter os benefícios efetivos, o planejamento de sistemas de informação tem que

estar alinhado com a estratégia empresarial, para que a tecnologia exerça seu papel de

viabilizar a excelência da gestão empresarial, a eficiência operacional e o posicionamento

estratégico. Numa empresa com atuação global é de fundamental importância implementar

estrategicamente os sistemas de informação e a tecnologia necessária para suportá-los, para

permitir, com a sua plena utilização, um poder maior na competitividade da empresa. O

Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação (PETI) é a atividade da organização

onde se define o futuro desejado para o seu Sistema de Informação (SI), e como este será

suportado pela Tecnologia da Informação (TI). Apesar de comumente aceito como atividade

Page 15: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

2

vital para o sucesso das organizações, o PETI é, curiosamente, uma das atividades mais

desprezadas e fruto de grande insucesso na sua implementação (Amaral; Varajão, 2000).

1.1 DEFINIÇÃO DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO

Para Dolce; Anderson (2000) pode dizer que “sistema de informação” se refere a um

conjunto de interações que compreende não apenas artefatos tecnológicos, mas também os

processos, as pessoas, suas idéias e as múltiplas interações que ocorrem entre os membros de

uma organização, no ambiente interno e com outras organizações, no ambiente externo.

Buckingham (apud Amaral; Varajão, 2000) apresenta uma definição comum para SI:

Sistema de Informaçã o é um sistema que reúne, guarda, p rocessa e faculta informação relevante para a organização (...), de modo que a informação é acessível e útil para aqueles que a querem utilizar, incluindo gestores, funcionários, clientes, (...). Um Sistema de Informação é um sistema de atividade humana (s ocial) que pode envolver ou não a utilização de computadores . (BUCKINGHAM, 2000).

Um sistema de informação pode não ter a participação de computadores, a observação

da realidade permite concluir que são raras as organizações que não integram computadores

no seu SI. Aceitando a presença das Tecnologias da Informação (TI) como participantes nos

SI, apresenta uma definição de SI numa perspectiva mais organizacional (Amaral; Varajão,

2000):

Sistema de Informação é uma combinação de processos, procedimentos, informação, pessoas e TI, organizadas para o alcance de objetivos de uma organização.

Concepções desta natureza, em que o SI é claramente um meio para obtenção da

missão da organização e não uma finalidade em si, levanta a questão da definição da missão

do SI como um dos sistemas organizacionais. Donde depreendemos que, o SI, como qualquer

outro sistema da organização, deve ser gerido de acordo com a satisfação da missão da

organização e deve assumir como missão própria a melhoria do desempenho das pessoas nos

processos da organização, pela utilização da informação e da TI (Amaral; Varajão, 2000).

Page 16: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

3

Conforme pode ser observado, os termos ‘Sistema de informação’ e ‘Tecnologia da

Informação’ não são sinônimos, no entanto no escopo deste estudo será utilizada a definição

ampla baseada em [Turban; McLean; Wetherbe (2004), Weil; Broadbent (1998)], ou seja,

Tecnologia da Informação é o conjunto de todos os sistemas de informação, processos,

usuários, tecnologias empregadas, englobando a gestão de toda a empresa e seus

relacionamentos na cadeia de valor.

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

A tecnologia da informação pode ser um recurso viabilizador na busca da excelência

empresarial, tanto em eficiência operacional, quanto no posicionamento estratégico. Para que

a tecnologia da informação seja um instrumento gerador das transformações organizacionais

necessárias ao crescimento e manutenção da capacidade competitiva da empresa é de

fundamental importância eliminar as barreiras existentes da alta administração e das unidades

de negócios com a organização de TI da empresa. Entende-se que uma justificativa para esta

dissertação reside no fato de apresentar um modelo de Planejamento Estratégico de

Tecnologia da Informação de Empresas Globais que está fundamentada na teoria e também

alicerçada pela experiência prática no exercício da gestão estratégica de TI de uma empresa

global brasileira com um forte direcionamento de expansão e de internacionalização. O

planejamento estratégico de TI de uma empresa global envolve diversas variáveis de decisão

que são impactadas pelo modelo de internacionalização, o acentuado esforço de expansão e

crescimento da empresa, bem como a localização de suas unidades, os processos de negócios

locais, regionais e globais, bem como a cultura e outros aspectos dos diversos mercados que a

empresa atua. A bibliografia de planejamento estratégico de TI é bastante ampla. O propósito

desta pesquisa é salientar no processo de planejamento estratégico de TI de empresas globais

a necessidade de adequação e aderência às exigências de atendimento à administração central,

negócios regionais e globais, bem como os aspectos de especificidade de cada mercado dos

diversos países de atuação da empresa. Faz-se necessário identificar os aspectos culturais,

diferenças regionais, estratégias de negócios diferenciadas e seus impactos no modelo de

planejamento e de gestão da TI.

A globalização dos mercados, com a conseqüente intensificação da competitividade e

o crescente nível de exigência relativo a produtos e serviços, levam-nos acreditar que, num

Page 17: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

4

futuro próximo, todos os aspectos da organização vão influenciar o seu posicionamento

competitivo, muito particularmente a eficácia da Tecnologia da Informação (AMARAL;

VARAJÃO, 2000).

Para Boar (2002), o esforço da empresa como sempre foi e sempre será, é o esforço

insaciável por vantagem. A empresa com mais vantagens vence, a que tiver menos, perde.

Segundo o autor, é muito simples em conceito, embora muito complexo na execução.

Vantagem é o fator que separa os vencedores dos perdedores, os sucessos das derrotas, o

adquirente do adquirido e os sobreviventes do restante. Aqueles que ‘conseguem’ obtêm a

primazia da vantagem competitiva. Na era da informação hipercompetitiva, vantagem

comercial é igual ao uso superior e inovador da tecnologia da informação.

De acordo com Boar (2002) a intenção ou visão estratégica de uma estratégia de TI,

portanto, precisa ser a seguinte:

‘A intenção estratégica de nossa estratégia de TI é permitir que a empresa vença no mercado a cada dia, com cada client e e com cada compra. Reposicionando os bens da TI, daremos mais poder aos nossos funcionários, para que possa m rotineiramente agradar e entusiasmar nossos clientes. Por meio da nossa apreciação exclusiva do valor da TI, elevará nossa TI até onde ela se tor ne um contribuinte impulsionador e durável para a vantagem competitiva sustentável e temporária da empre sa. Desse modo, a TI permitirá que a empresa marque sua atitude no mercado e prevaleça em relação aos seus concorrentes, que já perderam. ’ (BOAR, 2002).

A Tecnologia da Informação tornou-se o quarto recurso disponível aos executivos para

estruturar e operar uma organização. Durante anos, as empresas têm gerenciado os outros três

recursos importantes: pessoas, capital e máquinas. Segundo O’Brien (2003), a Tecnologia da

Informação hoje é responsável por mais de 50% dos dólares de bens de capital gastos nos

Estados Unidos. Chegou o momento de ver a TI por aquilo que ela é: um recurso maior que

pode afetar radicalmente a infra-estrutura da organização, o modo como ela atende o cliente e

se relaciona com a sua cadeia de suprimentos e o modo como ela se comunica tanto

internamente como externamente.

A globalização dos mercados, com a conseqüente intensificação da competitividade e

o crescente nível de exigência relativo a produtos e serviços, levam-nos acreditar que, num

futuro próximo, todos os aspectos da organização vão influenciar o seu posicionamento

Page 18: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

5

competitivo, muito particularmente a eficácia da Tecnologia da Informação (AMARAL;

VARAJÃO, 2000).

Para Oliveira (2003), um dos maiores desafios básicos que um administrador sênior

enfrenta é a criação de uma mentalidade para antecipar tendências. Esse desafio tem por base

o fato de o espírito existente conter o conhecimento da empresa sobre clientes, concorrentes e

indústrias e ser, em geral, a base do sucesso atual da empresa. Como uma empresa decide uma

mudança de direção antes que seja tarde demais? Como uma equipe de administração aprende

e antecipa tendências antes de uma crise? Como os administradores seniores resistem à

tentação de assegurar que as explicações do sucesso do passado continuem a ser indicadores

confiáveis para o futuro? Se uma empresa opera em uma base global, como as suas equipes de

administração fazem a contínua avaliação das tendências econômicas, sociais e políticas

mundiais que influenciam as perspectivas da empresa sobre o risco e os sucessos futuros?

Segundo Bradley; Hausman; Nolan (1993), a maioria das abordagens de estruturas

organizacionais foi concebida para o ambiente da economia individual. Uma nova abordagem

de estrutura organizacional precisa ser definida a luz do ambiente de mudanças constantes em

velocidades crescentes de características da economia da informação, no qual as operações

das empresas são totalmente dependentes da Tecnologia da Informação. Em primeiro lugar, as

abordagens tradicionais são baseadas na suposição que a alta administração pode definir a

estrutura global da organização. Na realidade certas funções de negócios são centralizadas e

outras descentralizadas em divisões ou pequenas unidades de negócios. Em segundo lugar, as

abordagens tradicionais contêm restrições no fluxo e no acesso as informações. As soluções

de TI que podem disponibilizar a informação sobre um evento para qualquer pessoa no

instante que o mesmo está ocorrendo, elimina as restrições de disponibilidade de informação.

E por último, as abordagens tradicionais são baseadas na articulação formal de objetivos e

estratégias, as subsidiárias são providas de objetivos locais derivados da visão geral. A

abordagem proposta pelos autores baseia-se numa articulação mais dinâmica da visão de

negócios. A alta administração define os objetivos, estratégias, a visão geral do negócio,

definindo as dimensões de tempo e critérios claros para atendimento dos objetivos. As

unidades subsidiárias são encorajadas em fazer as coisas acontecerem através da interpretação

da visão geral e tomando ações para alcançar os resultados.

Page 19: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

6

Bradley; Hausman; Nolan (1993) identificaram os seis principais componentes de um

processo efetivo de transformação para se tornar uma empresa global. Embora a lista possa

não estar completa, porém estes seis componentes fornecem uma base para a empresa

empreender uma iniciativa global.

Componente 1: Visão global compartilhada

O primeiro componente-chave no processo de globalização é o compartilhamento de

uma visão global e a geração de um comprometimento com a visão de todos os funcionários.

Devem ser utilizados de todos os meios para disseminar a visão global por toda a organização,

desde a matriz e se estendendo para todas as subsidiárias. Por outro lado é também importante

uma estratégia de comunicação externa para disseminar a imagem e a marca da empresa

global no mercado. Na Figura 1.1 um exemplo da visão global de uma empresa e os

direcionadores identificados para atingir a visão global compartilhada por todos.

Figura 1.1 – Direcionadores da estratégia global e a visão compartilhada

Fonte: BRADLEY; HAUSMA N; NOLAN (1993).

• Componente 2: Mensuração do Desempenho

O segundo componente-chave do processo de se tornar global é a capacidade de

definir prioridades e medir o progresso em direção ao modelo de organização global desejado.

Imperativos Estratégicos Mundiais

Mentalidade Globalizada

• Precisamos

ajudar todos os nossos colaboradores a efetuarem a transição para o entendimento do que queremos dizer com sermos verdadeiramente mundiais para que possamos nos globalizar

Locais

• Precisamos ser uma empresa local completa em cada país no qual fizermos negócios para sermos uma empresa respeitada na comunidade mundial

Sistema Único

• Precisamos operar a empresa como um único sistema integrado em uma rede

Recursos Humanos

• Precisamos

fazer uso pleno dos cérebros e talentos locais em cada local que fizermos negócios obtendo sinergia de esforços com cérebros e talentos da matriz e das subsidiárias

Baseada na Informação e no Conhecimento

• Precisamos

criar uma organização baseada na informação para que possamos ser rápidos flexíveis e inovadores.

Page 20: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

7

Como o processo de transformar uma empresa para o modelo global não é um processo

rápido, faz-se necessário definir indicadores que monitorem as ações em direção a visão de

futuro como empresa global.

• Componente 3: Equilíbrio local versus global

O desenvolvimento de políticas e metodologias para desenvolver a sensibilidade para

decisão de variações do quanto e em que locais ou mercado, e até quando devem ser

privilegiadas soluções locais dedicadas e adequadas às necessidades específicas de

determinados locais, em vez de forçar o sistema global. É impressionante o quanto este

melhor nível de equilíbrio de local versus global é altamente dependente de particularidades

de cada empresa e também do seu time gerencial. No entanto, é importante a empresa

estabelecer salvaguardas para se proteger de preferência por soluções locais, por pura

resistência não declarada à implantação de um sistema global, por medo de perder autonomia

e poder, embora o sistema global seja totalmente justificável.

• Componente 4: Tecnologia da Informação

Nove entre as dez empresas da pesquisa realizada elegeram a tecnologia da

informação como um dos cinco fatores essenciais para se alcançar seus objetivos globais.

Uma das empresas definiu que a TI é crítica para sua sobrevivência. O planejamento de TI

para os objetivos globais apresenta algumas características comuns entre as empresas

estudadas:

o Utilizar modelos de planejamento global para entender a integração da TI com

a estratégia de negócios, através da identificação de áreas chaves onde a TI

pode agregar valor de longo prazo;

o Planejar a arquitetura de TI tomando por base o modelo de fazer negócios

globalmente;

o Identificar as oportunidades de utilização de soluções globais de TI;

o Ter um entendimento claro das diferenças de requerimentos entre uma infra-

estrutura de TI local e global e aplicando conceitos e diretrizes para se atingir

um equilíbrio racional;

o Desenvolver uma estratégia global de utilização e alocação de recursos de TI.

Page 21: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

8

• Componente 5: Entender clientes globais

O quinto componente para se determinar se a empresa é global, é ter clientes com

demandas verdadeiramente globais, e se existir, descobrir um meio de entender estas

necessidades tão bem como a empresa compreende as necessidades de clientes locais.

• Componente 6: Aliança com parceiros

O sexto componente do processo de globalização é desenvolver uma estratégia de

alianças. Primeiramente, aprimorar o processo de seleção de parcerias, fazendo uma pesquisa

de parcerias potenciais no mundo. E, também, definir as alianças de acordo com as

necessidades, podendo ser local, nacional, continental e também a nível mundial.

Bradley; Hausman; Nolan (1993) concluem que o assunto globalização nas empresas,

se não for bem gerenciado e implementado é muito fácil o não atendimento dos objetivos

perdendo-se o foco entre o entusiasmo e o ceticismo. A globalização pode levar ao ceticismo,

já que este processo não pode ter o objetivo em si mesmo, ou seja, tem que ser uma decisão de

negócios e precisa estar integrada com outros objetivos corporativos da empresa. Outro

problema é conduzir o processo de globalização de maneira simplista e distante, ignorando a

importância de aspectos culturais, negócios e comerciais de outros países ou regiões.

No contexto desta dissertação, o problema está identificado através da seguinte

questão: Como planejar a estratégia de tecnologia da informação de uma empresa

global, alinhando-a à estratégia corporativa e às estratégias das unidades de negócios?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Apresentar um modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação para

uma empresa global, alinhando as estratégias de negócios e TI, tornando a TI um dos agentes

viabilizadores dos negócios de todas as unidades da empresa distribuídas em diversos locais

do mundo.

Page 22: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

9

1.3.2 Objetivos Específicos

• Obter conceitos gerais sobre estratégia e gestão empresarial;

• Identificar as características e estratégias de empresas globais;

• Apresentar a gestão de tecnologia da informação e suas características em

empresas globais;

• Definir um Modelo de Planejamento Estratégico de TI aplicado às empresas

globais.

1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA E LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A escolha do tema é fruto da dificuldade que se observa na obtenção do alinhamento

de TI aos objetivos estratégicos em uma empresa global. Da necessidade de que a alta

administração das organizações tome consciência do recurso estratégico que é a informação e

a tecnologia da informação associada, e da necessidade de administrá-la como tal. A eficácia

da TI é diretamente dependente do grau de controle e de envolvimento da direção da empresa,

bem como de todos os níveis na definição dos objetivos estratégicos e das características de

organização, estrutura e de gestão da Tecnologia da Informação.

Este estudo buscou o entendimento do conhecimento existente sobre o tema na

pesquisa bibliográfica. No entanto, este estudo é resultado da experiência do autor no

gerenciamento da área de TI de grandes organizações, principalmente nos últimos anos como

responsável pela área de Tecnologia da Informação do Grupo WEG, que tem sua matriz

localizada em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. A empresa WEG possui unidades fabris e

comerciais distribuídas no Brasil e em dezoito países nos cinco continentes.

O modelo desenvolvido teve como base o processo de planejamento estratégico e de

gestão de TI implantado no Grupo WEG e, através da pesquisa bibliográfica buscou-se o

aprimoramento do modelo. A experiência prática fruto de aprimoramento constante do

planejamento estratégico da TI e da gestão aplicados no grupo WEG também enriqueceram o

estudo. O processo de planejamento estratégico e de gestão de TI sofre constantes

atualizações e melhorias para se alinhar à dinâmica necessária no gerenciamento da área de

Page 23: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

10

TI em todo o Grupo WEG, englobando equipes de TI no Brasil, bem como o fornecimento de

serviços de TI com equipes distribuídas em diversos países onde a empresa atua.

O processo da pesquisa bibliográfica ocorreu conforme diagrama apresentado na

figura 1.2 a seguir.

Figura 1.2 - Desenvolvimento da Pesquisa Bibliográfica.

Conforme apresentado na figura 1.3 o construto teórico teve como base os seguintes

elementos: a) Empresa Global; b) Gestão Empresarial; c) Alinhamento de TI aos Negócios;

d) Organização de TI Global.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DURANTE O PROCESSO

Definição do Tema, Justificativa

e Objetivos

Identificação do Modelo Prático

Definição do

Modelo Proposto

Elaboração do documento final e do modelo proposto de planejamento estratégico de

tecnologia da informação de empresas globais

Desenvolvimento do Modelo Proposto

DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Page 24: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

11

Figura 1.3 - Construto Teórico. Construto Teórico (Metodologia da Pesquisa)

Variáveis Elementos Considerados Referências

EMPRESA GLOBAL

• Estratégia de Globalização • Imperativos Estratégicos

Mundiais • Equilíbrio entre local e global • Fatores de satisfação dos

clientes globais • Papel da TI nos resultados da

empresa • Posicionamento da empresa no

mercado global • Diferenciais competitivos na

competição mundial

• Bradley; Hausman; Nolan (1993)

• Luftman (1996) • Mañas (1999) • Marchand (2000) • Bartlett; Ghoshal (2002)

GESTÃO EMPRESARIAL

• Modelo de gestão de excelência • Indicadores de performance • Plano Estratégico Empresarial

• Oliveira (1991, 1995) • Cheong; Haglind (1998) • Buuron (2002) • Fornari (2004)

ALINHAMENTO DE TI AOS NEGÓCIOS

• Ambiente Competitivo • Capacidades do Negócio • Capacidades de TI • Práticas de TI

• Davenport (1998) • Grover; Kettinger (2000) • Marchand (2000) • Abreu. Abreu (2000,

2003) • Marchand; Kettinger;

Rollins (2001a, 2001b) • Buuron (2002) • Spohr; Sauvé (2003)

GESTÃO DE TI GLOBAL

• Barreiras de Negócios • Plano Estratégico de TI • Governança de TI • Arquitetura Global de TI • Monitoração de Desempenho • Modelo de Referência Mundial de

Gestão de TI • Fatores Críticos de Sucesso

• Luftman (1996) • Cheong; Haglind (1998) • Weil; Broadbent (1998) • Mañas (1999) • Amaral; Varajão (2000) • Rodriguez; Ferrante

(2000) • Titthasiri (2000) • Boar (2002) • Abreu, Abreu (2003) • Moskowitz; Kern (2003) • O’Brien (2003) • Lane et al. (2004) • Pearlson; Saunders (2004) • Weil; Ross (2004) • Broadbent; Kitzis (2005)

Page 25: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

12

As variáveis que foram consideradas de cada elemento do modelo proposto estão descritas a seguir.

a) Empresa Global:

o Estratégia de globalização adotada: multinacional, global, internacional,

transacional.

o Imperativos estratégicos mundiais: mentalidade globalizada, presença local,

sistema único, recursos humanos, informação e conhecimento.

o Equilíbrio entre global e local: padronização, flexibilização.

o Fatores de satisfação dos clientes globais

o Papel da TI na obtenção dos resultados da empresa

o Posicionamento da empresa no mercado global

o Diferenciais competitivos na competição mundial

b) Gestão Empresarial:

o Modelo de gestão de excelência: modelo de negócios, filosofia de gestão,

elementos organizacionais, princípios de gestão e de negócios, práticas e

ferramentas de gestão, processos de gestão, processos de negócios.

o Indicadores de performance: eficácia organizacional, eficiência operacional.

o Plano Estratégico Empresarial:

• Estratégia organizacional

• Tipo de planejamento: estratégico, tático, operacional.

• Abrangência estratégica empresarial: estratégia corporativa, estratégia

de unidade de negócios, estratégia funcional.

• Administração estratégica: pensamento estratégico, planejamento,

organização, implementação, coordenação, controle.

• Impactos e mudanças geradas do planejamento estratégico: estratégia,

estrutura organizacional, processos, pessoas, tecnologia.

c) Alinhamento de TI aos Negócios

o Ambiente competitivo: posicionamento estratégico, objetivos e prioridades

estratégicas.

o Capacidade dos negócios: estrutura organizacional, processos, pessoas,

relações externas, capacidades de TI.

Page 26: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

13

o Capacidades de TI: importância e utilização da informação, práticas de

gerenciamento da informação.

o Práticas de TI: empresas impulsionadas pela tecnologia, principais iniciativas

da empresa e recursos de TI.

d) Organização de TI Global

o Barreiras de Negócios: Tempo geografia, custos, estrutura e cultura.

o Plano Estratégico de TI (PETI): missão e visão de futuro, estratégias e

objetivos e prioridades estratégicas direcionadores de negócios, avaliações

comparativas, planos de ação.

o Governança de TI

o Arquitetura Global de TI

o Monitoração de desempenho

o Modelo de referência mundial de gestão de TI

o Fatores críticos de sucesso:

• Administrar e controlar o Plano Estratégico de TI

• Comprometer a empresa com a estratégia de TI

• Disseminar o Plano Estratégico de TI

• Revisar e Melhorar continuamente o PETI

Esta dissertação teve como limitação a não validação do estudo de caso para verificar

a aderência do modelo proposto em empresas globais. Outra limitação do estudo foi a não

realização de pesquisa de campo com CIOs de empresas globais, brasileiras e estrangeiras,

para validar o modelo proposto, o que possibilitaria identificar lacunas e oportunidades de

aprimoramento do modelo.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A dissertação inclui, além dos capítulos de introdução e conclusão, quatro capítulos

contendo, respectivamente:

Capítulo 2 – Neste capítulo é apresentado desde o conceito de administração estratégica,

desdobrando nos conceitos de planejamento estratégico. Apresentam-se também conceitos

gerais da formulação de estratégias de Tecnologia da Informação, apresentando processos,

Page 27: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

14

abordagens e metodologias associadas ao planejamento estratégico de TI. A seguir é

apresentado o conceito de gestão empresarial, bem como o alinhamento de TI aos negócios e

a gestão empresarial com o uso pleno da Tecnologia da Informação.

Capítulo 3 – Neste capítulo são apresentadas as características das empresas globais,

incluindo o cenário de atuação, estratégias das operações globais e o gerenciamento de

empresas globais. Por último apresenta-se a utilização e o impacto da TI em empresas globais.

Capítulo 4 – Neste capítulo são apresentados os conceitos de organização e de gestão da

tecnologia da informação, englobando os aspectos do gerenciamento da TI global.

Capítulo 5 – Neste capítulo é apresentado o modelo de planejamento estratégico de TI em

empresas globais, compreendendo as etapas de preparação, avaliação e diagnóstico, definição

das estratégias de TI, execução, fatores críticos de sucesso para implementação do plano e

também a definição da organização da TI e do modelo de gestão de TI.

Page 28: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

2 ESTRATÉGIA E GESTÃO

Este capítulo tem por objetivo conceituar estratégia e os modelos de gestão

empresarial utilizados na organização. Por último, apresenta o quanto a gestão empresarial

pode ser influenciada e impactada pelo uso da tecnologia da informação.

Segundo Porter (1999), a competição se intensificou de forma drástica ao longo das

últimas décadas, em praticamente todas as partes do mundo. Não faz muito tempo, a

competição era quase inexistente em muitos países e em vários setores. Os mercados eram,

em geral, protegidos e prevaleciam as posições de dominação. Mesmo quando existiam

concorrentes, as rivalidades era menos intensa. A sufocante intervenção governamental e os

ostensivos cartéis embotavam a competição. Poucos são os setores remanescentes em que a

competição ainda não interferiu na estabilidade e na dominação dos mercados. Nenhuma

empresa e nenhum país têm condições de ignorar a necessidade de competir. Todas as

empresas e todos os países devem procurar compreender e exercer com maestria a

competição.

Ainda segundo Porter (1999), a estrutura e a evolução dos setores e as maneiras como

as empresas conquistam e sustentam a vantagem competitiva nas respectivas áreas de atuação

é o cerne da competição. O desempenho de qualquer empresa num determinado ramo de

atividade é divisível em duas partes: a primeira é atribuível ao desempenho médio de todos os

concorrentes do setor, e a segunda decorre do desempenho relativo da empresa no setor,

acima ou abaixo da média. A empresa conquista níveis de rentabilidade superiores à média do

setor através da prática de preços mais altos ou custos mais baixos do que os rivais. As fontes

das diferenças de preços ou de custos entre os concorrentes são de dois tipos: as resultantes de

diferenças na eficácia operacional e/ou aplicação de melhores práticas; e as provenientes de

diferenças no posicionamento estratégico.

No contexto organizacional, a estratégia corresponde à capacidade de se trabalhar

contínua e sistematicamente o ajustamento da organização às condições ambientais em

mutação, tendo em mente a visão de futuro e a perpetuidade organizacional. Atualmente, a

Page 29: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

16

turbulência por que passam as organizações é tão acentuada e tão acelerada que o ambiente

organizacional é descrito como randômico – a ausência total de placidez e tranqüilidade – e

nesse ambiente a grande função da estratégia é promover o equilíbrio entre a visão de futuro

da organização e o necessário no presente para se atingir o futuro desejado. Para tanto, a

estratégia desdobra-se em táticas, que são as técnicas para implementar a estratégia.

(SILVEIRA JR; VIVACQUA, 1999).

Para Fahey; Randall (1999) a gestão estratégica é o nome do desafio mais importante,

árduo e abrangente com que se defronta qualquer organização privada ou pública: de que

maneira estabelecer as bases para o êxito de amanhã e ao mesmo tempo competir para vencer

nos mercados de hoje. A vitória no presente não é o bastante, a não ser que, simultaneamente,

as sementes do amanhã estejam sendo plantadas, cultivadas, a empresa não tem futuro. Os

gerentes precisam resolver as conflitantes demandas dos clientes, fornecedores, empregados,

prestadores de serviços, comunidade e acionistas. Também enfrentar as tensões permanentes

entre os diferentes grupos e níveis dentro da empresa. O conflito entre as demandas do

presente e as exigências do futuro se situa no cerne da gestão estratégica por pelo menos três

razões:

1. O ambiente em que os êxitos do amanhã serão conquistados provavelmente será

muito diferente do ambiente com que hoje se depara a empresa. Os produtos

mudam com o lançamento de novas variedades pelos concorrentes, por vezes

alterando radicalmente a natureza da oferta aos clientes. Cada vez mais, o

surgimento de produtos substitutos provoca mudanças destrutivas. As preferências

dos clientes por vezes mudam de maneira inesperada. Os desenvolvimentos

tecnológicos frequentemente alteram não apenas a função dos produtos, mas todos

os aspectos do gerenciamento das empresas: compra de bens e serviços, logística,

fabricação, marketing, vendas e serviços. Por outro lado, as mudanças políticas,

regulamentares, sociais e econômicas geralmente dão origem, de forma direta ou

indireta, a mudança nas condições setoriais ou competitivas.

2. Para ser bem-sucedida no novo ambiente de amanhã, a própria empresa deve

submeter-se a mudanças significativas e por vezes radicais. As velhas maneiras de

pensar devem ser questionadas e alteradas: as premissas e crenças tradicionais se

Page 30: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

17

tornaram incompatíveis com o ambiente transformado. É necessário aprender

novos processos operacionais e novas formas de atuação. As estruturas

organizacionais, os sistemas e os processos decisórios do passado superado

carecem de reformulação.

3. A adaptação à mudança (e, em muitos casos, a indução da mudança) em torno do

mercado nas épocas de transformações internas significativas impõe um ônus

extremamente pesado sobre os líderes de qualquer empresa. No entanto, essa é

exatamente a dupla tarefa com que se defrontam os gerentes estratégicos. É

necessário:

• Explorar o presente e ao mesmo tempo lançar as sementes de um futuro

novo e muito diferente e, simultaneamente,

• Construir pontes entre as mudanças no ambiente e as mudanças dentro das

empresas.

Para Mintzberg; Ahlstrand; Lampell (2000) qualquer discussão sobre estratégia

termina inevitavelmente sobre a lâmina de uma faca. Para cada vantagem associada à

estratégia, há uma desvantagem associada:

1. “A estratégia fixa a direção”

Vantagem: O principal papel da estratégia é mapear o curso de uma organização para

que ela navegue coesa através do seu ambiente.

Desvantagem: A direção estratégica também pode constituir um conjunto de antolhos

para ocultar perigos em potencial. Seguir um curso predeterminado em águas

desconhecidas é uma maneira perfeita para colidir com um iceberg. Embora a direção

seja importante, às vezes é melhor movimentar-se devagar, um pouco por vez, olhando

com cuidado para frente, mas não muito, bem como para cada lado, para que o

comportamento possa ser mudado de um instante para outro.

2. “A estratégia focaliza o esforço”

Vantagem: A estratégia promove a coordenação das atividades. Sem a estratégia para

focalizar os esforços, as pessoas puxam em direções diferentes e sobrevém o caos.

Page 31: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

18

Desvantagem: O “pensamento grupal” surge quando o esforço é excessivamente

focalizado. Pode não haver visão periférica para abrir outras possibilidades. Uma

determinada estratégia pode tornar-se fortemente inserida no tecido da organização.

3. “A estratégia define a organização”

Vantagem: A estratégia propicia às pessoas uma forma taquigráfica para entender sua

organização e distingui-la das outras. A estratégia provê significado além de uma

forma conveniente para se entender o que faz a organização.

Desvantagem: Definir a organização com excesso de exatidão também pode significar

defini-la com excesso de simplicidade, às vezes até o ponto de estereotipá-la,

perdendo-se assim a rica complexidade do sistema.

Em Dolce; Anderson (2000) obtém-se uma boa definição para organização e estrutura.

Segundo os autores, organização se refere às relações entre os componentes de uma

entidade que definem as características dessa entidade de modo único. A organização

de um sistema determina sua identidade e o envoltório onde ela existe como unidade.

Em outras palavras, são as propriedades ou relações essenciais de um sistema que o

diferencia dos demais e que se não estiverem presentes podem transformá-lo em outro

sistema. Já estrutura se refere à situação atual e a relação existente entre os

componentes de um sistema no momento que é observado. A estrutura se constitui

numa situação particular da entidade. A estrutura de um sistema pode ser mudada sem

perda da sua identidade, desde que sua organização seja mantida. Por exemplo,

organização é uma relação que os componentes de uma mesa devem ter entre si, para

que ao observá-la possamos designá-la como mesa e não como uma cadeira ou uma

porta. Uma mesa ainda continua organizada como tal mesmo tendo sua estrutura

modificada por uma perna mais curta.

4. “A estratégia provê consistência”

Vantagem: A estratégia é necessária para reduzir a ambigüidade e prover ordem.

Nesse sentido, uma estratégia é como uma teoria: uma estrutura cognitiva para

simplificar e explicar o mundo e com isso facilitar a ação.

Desvantagem: Ralph Waldo Emerson disse que “Uma consistência tola é a perdição

das mentes pequenas...”. A criatividade floresce na inconsistência – descobrindo novas

combinações de fenômenos até então separados. É preciso compreender que toda

Page 32: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

19

estratégia, como toda teoria, é uma simplificação que necessariamente distorce a

realidade. Estratégias e teorias não são realidades; apenas representações (ou

abstrações) da realidade nas mentes das pessoas. Ninguém jamais tocou ou viu uma

estratégia. Isso significa que cada estratégia pode ter um efeito de informação falsa ou

distorção. Esse é o preço de se ter uma estratégia.

Os mesmos autores apresentam, em estudo realizado, as características das dez escolas de

estratégia:

- Escola do Design: a formação de estratégia como um processo de concepção

- Escola de Planejamento: a formação de estratégia como um processo formal

- Escola de Posicionamento: a formação de estratégia como um processo analítico

- Escola Empreendedora: a formação de estratégia como um processo visionário

- Escola Cognitiva: a formação de estratégia como um processo mental

- Escola de Aprendizado: formação de estratégia como um processo emergente

- Escola de Poder: formação de estratégia como um processo de negociação

- Escola Cultural: formação de estratégia como um processo coletivo

- Escola Ambiental: formação de estratégia como um processo reativo

- Escola de Configuração: formação de estratégia como um processo de transformação

Para Mintzberg; Ahlstrand; Lampell (2000) para se obter a definição completa da palavra

estratégia, é necessário um conjunto de definições para estratégia de modo a se ter a idéia

ampla do conceito, a saber:

- Estratégia é um Plano, ou algo equivalente – uma direção, um guia ou um curso de ação

para o futuro, um caminho para ir daqui até ali;

- Estratégia é um Padrão, isto é, consistência em comportamento ao longo do tempo;

- Estratégia é uma Posição, isto é, a localização de determinados produtos em

determinados mercados;

- Estratégia é uma Perspectiva, isto é, a maneira fundamental de uma organização fazer as

coisas;

- Estratégia é uma Manobra específica para enganar ou confundir um oponente ou

concorrente.

Page 33: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

20

O fazer do planejamento estratégico, por si só, provoca subjacentes transformações no

consciente organizacional. É no instante da formulação estratégica que o homem orientado à

rotina, aquele que detém técnicas, aquele que “faz” o dia-a-dia da organização passa ao

estágio do saber, tornando-se o arquiteto de novas realidades, de utopias e o impaciente de

uma nova visão de futuro. O imaginário organizacional transmuta nos processos participativos

da elaboração da estratégia, constituindo-se em fator de crescimento e de sustentação das

organizações sociais. Em última análise, a mutação organizacional inicia-se no momento em

há intenção de elaborar um programa estratégico que expresse os anseios de uma nova ordem

organizacional e de um novo saber para o futuro (SILVEIRA JR; VIVACQUA, 1999).

Para que as mudanças organizacionais apresentem melhores resultados, deve-se estar

atento a determinados aspectos, entre os quais podem ser citados:

• O enquadramento das mudanças com o propósito e objetivos estabelecidos;

• O treinamento e o desenvolvimento da capacitação interna;

• A obtenção de recursos adicionais, ou melhor, realocação dos existentes;

• O desenvolvimento e a agilização do processo de solução de problemas;

• A melhoria das relações de grupos;

• As atitudes favoráveis por parte dos administradores da empresa.

2.1 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

Extraiu-se o conceito preliminar de Administração Estratégica de Vasconcellos

(1985): “As empresas que utilizam regularmente as técnicas de Planejamento Estratégico

começam a descobrir que este poderia produzir melhores resultados se estivesse inserido em

um processo maior de administração estratégica. O Planejamento é considerado estratégico

quando tem como principal característica a ênfase no ambiente total da empresa. Percebe-se,

hoje, que tal ênfase é necessária a todas as funções do processo de administração. Administrar

estrategicamente é fazer prevalecer o conceitual sobre o casual. É não perder de vista o

conjunto, quando frente ao particular; é não fazer um negócio que isoladamente pode ser

ótimo, mas que pode até comprometer o todo. Administrar estrategicamente é permear, em

todos os níveis da organização, a consciência de que a empresa deve viver em função de um

pensamento maior, estratégico e não em função de negócios isolados, de oportunidades”.

Page 34: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

21

Para Vasconcellos (1985) a Administração Estratégica compreende: Planejamento

Estratégico, Organização Estratégica, Implementação Estratégica, Coordenação Estratégica e

Controle Estratégico.

Planejamento Estratégico – Desenvolver o plano estratégico; Identificar os FCS (fatores

críticos de sucesso); identificar os stakeholders da empresa; implementar um sistema de

inteligência competitiva, ou seja, sistema de informação da concorrência.

Organização Estratégica – Identificar assuntos estratégicos para a empresa; constituir

comitês temporários e/ou permanentes, para estudar os assuntos considerados

estratégicos. É importante que estes comitês sejam constituídos utilizando-se critério

multidisciplinar, para se evitar o viés de especialistas; criar gerências estratégicas, fora

dos padrões normais da administração voltados para assuntos considerados estratégicos.

Implementação Estratégica – Implementar um processo de monitoração do ambiente de

variáveis críticas.

Coordenação Estratégica – Identificar o perfil da Cultura Organizacional da empresa,

classificando-se os traços como positivo e negativos, tendo como referencial o plano

estratégico; implementar programas para otimizar a Cultura Organizacional; estimular a

implantação de estilos gerenciais orientados à execução do plano estratégico.

Controle Estratégico – Definir áreas de resultados para a empresa. Para cada área de

resultado é necessário estabelecer indicadores de desempenho; estabelecer “termostatos”

e não apenas registros (termômetros), para controlar os assuntos estratégicos e as áreas de

resultados da empresa; implementar um processo de follow-up (acompanhamento

dinâmico) e de opinião (realimentação).

Em resumo para Vasconcellos (1985) a Administração Estratégica significa:

• Direcionar o rumo da organização perante a incerteza ambiental.

• Dar um enfoque estratégico a todo o processo gerencial.

• Obter sinergia na alocação de recursos escassos.

• Desenvolver estratégias compatíveis com os recursos disponíveis e adequadas aos

ambientes interno e externo.

• Gerar uma atuação complementar das áreas funcionais.

• Combinar pontos fortes e fracos com ameaças e oportunidades.

Page 35: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

22

Pensamento estratégico

O pensamento estratégico na visão de Oliveira (1991) representa toda a sustentação

básica para o adequado resultado estratégico de uma empresa, porque nenhum planejamento

estratégico ou nenhuma administração estratégica terá sustentação, se os executivos

responsáveis pelas decisões de nível macro da empresa não tiverem um pensamento

estratégico. Normalmente, o executivo vai adquirindo este pensamento estratégico ao longo

do tempo, inclusive com auto-treinamento e muita perseverança, mas respeitando a premissa

básica para todo o processo: ter visão aberta e abrangente da empresa e seu ambiente. Além

disso, ele deve ter o apoio: uma equipe eficiente e eficaz; uma estrutura organizacional

perfeitamente delineada e aceita; e um sistema de informações gerenciais adequado. Um

esquema detalhado do processo de pensamento estratégico na visão de Oliveira (1991) é

apresentado na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Esquema de pensamento estratégico

Fonte: OLIVEIRA (1991).

Jamil (2001) segue afirmando que esta importante peça administrativa irá propiciar à

organização o estabelecimento de pontos de chegada e definições de suas áreas de trabalho,

plano tático, que por sua vez poderá definir metas funcionais a serem alcançados, planos

Reestruturação da questão estratégica

Decisão estratégica

Ação estratégica

Controle e avaliação

Estruturação da questão

estratégica

Decomposição da questão estratégica

Análise da questão

estratégica

Formulação de estratégias e alternativas

FASE I FASE II

FASE III

FASE IV

FASE V

FASE VI

FASE VII

FASE VIII

FASE IX

Identificação da questão estratégica

Page 36: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

23

operacionais. O pensamento empresarial da situação de um negócio em posição competitiva

no seu segmento, a integração com parceiros agora, e no futuro, a formação dos perfis

profissionais atuais e para novos projetos, bem como a gestão desta complexa equipe, a

consciência do nível de satisfação dos clientes e dos agentes envolvidos na oferta de novos

produtos constituem-se em expressivos exemplos de preocupações de idealização e controle

de estratégias empresariais modernas. Estas exigem além de um executivo hábil no seu

exercício, sistemas de informações ágeis e eficientes, ao entregarem a este profissional o

insumo de conhecimento que este precisa para tomar decisões corretas e no tempo certo. O

processo de formulação e implementação das estratégias empresariais representa um dos

aspectos mais importantes que os executivos da Alta Administração das empresas têm de

enfrentar, e espera-se que o processo seja desenvolvido da melhor maneira possível resultando

numa otimização dos resultados da empresa.

Para Oliveira (1991) a estratégia está relacionada à arte de utilizar adequadamente os

recursos físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a minimização dos problemas e a

maximização dos resultados gerados pelas oportunidades do ambiente da empresa. Quando se

considera a estratégia empresarial, ou seja, a escolha de um caminho de ação para a empresa

como um todo, deve-se fazer a seguinte pergunta-chave: ‘Que destino deve dar à empresa e

como deve estabelecer este destino?’ Segundo Oliveira (1991) este caminho é sinuoso, que

pode ser planejado ou não, a empresa chegou ao presente em determinada situação, que deve

ser avaliada como base para traçar um caminho futuro. O autor explica que a avaliação deste

processo é feita através do confronto entre os pontos fortes e fracos da empresa, de um lado, e

das suas oportunidades e ameaças proporcionadas pelo seu ambiente, de outro lado. Dessa

avaliação, deve resultar a postura estratégica que é o ponto de partida para traçar o caminho

voltado aos objetivos estabelecidos / escolhidos entre as opções estratégicas que a empresa

consegue identificar como preferenciais ou as mais adequadas em determinado momento.

Portanto, a estratégia empresarial é o ajustamento da empresa ao seu ambiente, em geral em

constante mutação, quase sempre com a empresa alterando suas próprias características, tendo

em vista este ajustamento. Assim, todo o processo de implantação e acompanhamento das

estratégias empresariais ocorre em circunstâncias de constante mudança. A estratégia não

deve ser considerada como um plano fixo ou determinado, mas um esquema orientador dentro

de um fluxo de decisões.

Page 37: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

24

2.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Para Fahey; Randall (1999) dois fatores estão motivando as corporações a aumentar a

atenção gerencial dedicada à formulação da estratégia: (1) a velocidade da mudança ambiental

e (2) o aumento da complexidade organizacional. Num ambiente em rápida transformação, é

importante que a empresa analise de forma disciplinada os seus produtos, mercados, clientes e

concorrentes e formule uma estratégia para o sucesso no mercado. Para gerenciar a

complexidade organizacional, as estratégias precisam expressar-se na forma de planos

estratégicos, a serem divulgados na empresa, a fim de:

• Facilitar a comunicação ascendente e descendente na organização.

• Concentrar a atenção na estratégia pretendida.

• Capacitar às pessoas em determinada área organizacional a compreender como o

seu trabalho se relaciona com as demais áreas organizacionais

• Facilitar a monitoração do desempenho e a adoção de quaisquer ações corretivas.

Segundo Fahey; Randall (1999) nas corporações grandes e complexas, a formulação

da estratégia ocorre no nível corporativo e no nível das unidades de negócios. Para facilitar o

planejamento estratégico eficaz, as empresas com suficiente diversidade produto-mercado são

subdivididas em unidades de negócios. O planejamento no nível das unidades de negócios

envolve a determinação das fronteiras entre os negócios e a decisão de como cada negócio

deve competir no seu produto-mercado.

Para Oliveira (1995), de forma genérica considerando os grandes níveis hierárquicos,

pode-se relacionar os tipos de planejamento aos níveis de decisão numa pirâmide

organizacional, conforme mostrado na Figura 2.2.

Page 38: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

25

Figura 2.2 - Níveis de decisão e tipos de planejamento

Fonte: OLIVEIRA (1995).

De forma resumida, o planejamento estratégico relaciona-se com objetivos de longo

prazo e com maneiras e ações para alcançá-los que afetam a empresa como um todo, enquanto

o planejamento tático se relaciona aos objetivos de mais curto prazo e com maneiras e ações,

que, geralmente, afetam somente parte da empresa. Na Figura 2.3 são apresentados alguns

exemplos dos tipos de planejamento. Na Figura 2.4 apresenta-se o ciclo básico dos três tipos

de planejamento.

Figura 2.3 - Tipos e níveis de planejamento nas empresas.

TIPO NÍVEL PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Estratégico

Planejamento mercadológico

Planejamento financeiro

Planejamento de Produção

Planejamento de recursos humanos

Planejamento organizacional Tático

Planos de preços e produtos

Plano de despesas

Plano de capacidade de produção

Plano de recrutamento e seleção

Plano diretor de sistemas

Plano de promoção

Plano de investimento

Plano de controle de qualidade

Plano de treinamento

Plano de estrutura organizacional

Plano de vendas Plano de compras

Plano de estoques

Plano de cargos e salários

Plano de rotinas administrativas

Plano de distribuição

Plano de fluxo de Caixa

Plano de utilização de mão-de-obra

Plano de promoções

Plano de informações gerenciais

Plano de pesquisas de mercado

Plano orçamentário

Plano de expedição de produtos

Plano de capacitação interna

Plano de comunicações

Operacional

Fonte: OLIVEIRA (1995).

NÍVEL ESTRATÉGICO

NÍVEL TÁTICO

NÍVEL OPERACIONAL

Decisões estratégicas

Planejamento estratégico

Decisões táticas

Planejamento tático

Planejamento operacional

Decisões operacionais

Page 39: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

26

Figura 2.4 - Ciclo básico dos três tipos de planejamento

Fonte: OLIVEIRA (1995).

Através da Figura 2.4, verifica-se o princípio do planejamento integrado, no qual os

vários escalões de uma empresa apresentam os planejamentos de forma integrada. Portanto, o

planejamento estratégico, de forma isolada, é insuficiente, uma vez que o estabelecimento de

objetivos em longo prazo, bem como o seu alcance, resulta numa situação nebulosa, pois não

existem ações mais imediatas que operacionalizem o planejamento estratégico. A falta desses

aspectos é suprida através do desenvolvimento e implantação dos planejamentos táticos e

operacionais de forma integrada.

Estratégias Empresariais

Para Oliveira (1995) a estratégia empresarial pode ser representada por quatro níveis

de abrangência:

• Estratégia corporativa ou empresarial é a estratégia da empresa como um todo.

Representada por um conjunto de empresas que atuam, inclusive, em diferentes

setores. A questão básica é: em quais setores a empresa deve operar?

• Estratégia de unidade de negócio se aplica à atuação em um setor, correspondendo

a um segmento relacionado a uma interação específica produto (tecnologia) versus

mercado. Tem como questão básica: como a empresa deve competir em um setor

escolhido?

• Estratégia da empresa, representada pelas estratégias de uma empresa específica.

Planejamento Estratégico da

Empresa

Consolidação e Interligação dos

Resultados

Análise e Controle de Resultados

Planejamentos Operacionais das

Unidades Organizacionais

Análise e Controle de Resultados

Planejamentos Táticos da Empresa

Análise e Controle de Resultados

Page 40: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

27

• Estratégia funcional, conforme acrescenta Oliveira (1995). A estratégia funcional

visa assegurar que as funções estejam atuando de forma condizente com a

estratégia da empresa, contribuindo para a maximização de resultados.

Na figura 2.5, Oliveira (1991) apresenta um processo de desenvolvimento e operacionalização das estratégias empresariais.

Page 41: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

28

Figura 2.5 - Processo global de desenvolvimento e operacionalização das estratégias empresariais.

Fonte: Oli veira (199 1).

DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO EMPRESA AMBIENTE

• O que é? • Como está?

o Recursos o Vantagens competitivas

• O que é? • Como está?

o Conjunturas o Necessidades identificadas o Concorrências o Limitações governamentais

Aspirações e desejos Ideologia • Como queremos estar? • O que queremos ser? • O que queremos fazer?

• O que é certo? (escala de valores)

MISSÃO DA EMPRESA • Propósitos atuais e principais • Postura estratégica

CENÁRIOS ESTRATÉGICOS • O que está para acontecer? • Como a empresa será afetada?

Identificação dos Objetivos Estratégicos

Estabelecimento das Estratégias Empresariais

Estratégias Alternativas Propostas • Avaliar perante a:

o Aceitabilidade § Valores § Ideologia

o Exeqüibilidade § Recursos disponíveis § Circunstâncias disponíveis

o Coerência o Eficácia

Identificação de Estratégias Empresariais Alternativas Aceitáveis

Implementação das Estratégias Empresariais Escolhidas Projetos e Planos de Ação

Avaliação das Estratégias Empresariais Implementadas Controle

Escolha das Estratégias Empresariais a Serem Implementadas

Fase 5

Fase 4

Fase 2

Fase 1

Pontos Fortes Pontos Fracos Oportunidades Ameaças

Sust

enta

ção

para

o d

elin

eam

ento

das

est

raté

gias

em

pres

aria

is

Fase 3

Page 42: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

29

Planejamento tático

O planejamento tático tem por objetivo otimizar determinada área de resultado e não a

empresa como um todo. Portanto, trabalha com decomposições dos objetivos, estratégias e

políticas estabelecidos no planejamento estratégico. Na Figura 2.6 apresenta-se uma

sistemática de desenvolvimento dos planejamentos táticos.

O planejamento tático é desenvolvido, a níveis organizacionais inferiores, tendo como

principal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consecução de

objetivos previamente fixados, segundo uma estratégia predeterminada bem como as políticas

orientadoras para o processo decisório da empresa.

Figura 2.6 - Desenvolvimento de planejamento tático

Fonte: OLIVEIRA (1995).

Planejamento Funcional e Estratégia Funcional

As estratégias funcionais têm dois objetos básicos. O primeiro é garantir consonância

e consistência com as estratégias das unidades de negócio que servem. E, o outro objetivo é

estar alinhado com a estratégia corporativa de forma a contribuir para a maximização dos

resultados da empresa. As diversas áreas funcionais da empresa (marketing, produção,

pesquisa e desenvolvimento, tecnologia da informação, recursos humanos e etc.) podem

contribuir de forma específica em cada uma das áreas de competitividade (características do

produto, tempo de entrega, qualidade, assistência técnica, aprendizado da organização)

Realimentação e Avaliação

Planejamento Estratégico

Planejamentos Operacionais

Resultados Esperados pelas

Unidades Organizacionais

Resultados apresentados

pelas Unidades Organizacionais

Planejamentos Táticos

Mercadológico

Financeiro

Produção

Recursos Humanos

Organizacional

Page 43: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

30

visando agregar à estratégia global da empresa e à estratégia específica de cada unidade de

negócios.

Para Oliveira (2003), a informação estratégica pode ser definida como o que a empresa

precisa saber sobre o ambiente empresarial para poder mudar e desenvolver estratégias

apropriadas, que sejam capazes de criar valor para os clientes e de, no futuro, obter vantagens

em novos mercados ou setores. O valor da informação estratégica baseia-se no

aperfeiçoamento da capacidade dos administradores e dos trabalhadores de uma empresa

aprender sobre as mudanças no ambiente da empresa ou do setor, o que exige uma revisão das

práticas empresariais.

O planejamento pode provocar uma série de modificações nas características e

atividades da empresa. Algumas destas modificações são mostradas na Figura 2.7. As

modificações provocadas nas pessoas podem corresponder à necessidade de treinamento,

substituição, transferências, novas funções, avaliação etc.; na tecnologia pode ser apresentada

pela evolução dos conhecimentos, pelas novas maneiras de fazer os trabalhos etc.; e nos

sistemas podem ocorrer alterações nas responsabilidades estabelecidas, nos níveis de

autoridade, descentralização, comunicações, procedimentos, instruções, etc. (Oliveira, 1995).

Figura 2.7 - Algumas modificações provocadas pelo planejamento

Fonte: OLIVEIRA (1995).

Segundo Spohr, Sauvé (2003), uma coisa é inegável: é preciso manter os dois focos,

presente e futuro, e analisar todas as possibilidades que a empresa pode ter diante da

Tecnologia da Informação. É preciso ter consciência de que não só a tecnologia é emergente

ou novidade, mas também a forma de trabalhar com ela, a postura das pessoas, os cargos e as

funções, o mercado, as leis etc., tudo é emergente ou novidade. É possível concluir que usar

muito a Tecnologia da Informação é como andar de bicicleta, pois quanto mais se usa:

• Mais se aprende sobre a TI;

Planejamento

Pessoas Tecnologia Sistemas

Provoca modificações em

Page 44: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

31

• Melhores ficam os processos de negócios;

• Mais bem treinado fica seu pessoal;

• Maior se torna o diferencial da empresa aumentando suas chances de oferecer

novos produtos, novos serviços, para explorar novos mercados de novas maneiras.

Cheong; Haglind (1998) reafirmam a importância do alinhamento da estratégia de

tecnologia da informação com os objetivos e as estratégias de negócios da empresa. No

entanto, segundo os autores, o pré-requisito para este alinhamento ocorrer é que,

primeiramente, as estratégias de negócios da empresa estejam claramente definidas. As

estratégias de negócios podem influenciar bastante o papel e os objetivos da organização de

TI para a empresa. Existem diversos modelos para estabelecer a estratégia competitiva na

literatura de planejamento estratégico e comportamento organizacional. Os autores citam

Porter, que em seu modelo de quatro alternativas de estratégia competitiva, baseada em custo

diferenciado de produto e escopos de atuação. No modelo de Porter fica claro que a empresa

tem que escolher uma alternativa como foco para atingir a vantagem competitiva. A empresa

que falta no estabelecimento do seu foco estratégico ou que muda de direção a todo o

momento não possui uma estratégia competitiva. Existe uma forte correlação entre a

estratégia competitiva da empresa e o gerenciamento da TI. Além disso, a estratégia

competitiva da empresa também influencia a visão de TI e a infra-estrutura. O que, por

conseguinte tem uma relação direta com os investimentos de TI.

2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI

As empresas em todo mundo, neste ambiente de alta competitividade e de uso intenso

da Tecnologia da Informação, conectando pessoas, organizações e nações sofrem um intenso

aumento na pressão para demonstrarem uma performance dos negócios sustentável bem como

maximizar os recursos de informação para produzir resultados efetivos. Informação no mundo

dos negócios significa bem mais do que possuir dados sobre clientes e suas transações. A

informação sobre um cliente é para as pessoas na empresa saberem o que precisam fazer neste

cliente. Compreende o conhecimento das transações do cliente e seu relacionamento com os

representantes de vendas, bem como incrementar as vendas, conhecendo as suas necessidades

e satisfazendo-as com novos produtos (MARCHAND, KETTINGER, ROLLINS, 2001b).

Page 45: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

32

Para demonstrar a necessidade da sinergia e interdependência entre estratégia

corporativa, recursos organizacionais e o quanto a Tecnologia da Informação pode contribuir

para o sucesso dos negócios, serão apresentados dois conceitos extraídos de Marchand;

Ketting; Rollins (2001a, 2001b), que são a metodologia de alinhamento de TI aos negócios,

“Information Orientation (IO)” e a metodologia de implementação de estratégia, “Resource-

based strategy model”.

Primeiramente será apresentada a metodologia Resource-based strategy model. Esta

abordagem de implementação de estratégia baseada em recursos está apresentada na Figura

2.9. Este modelo toma como base o conhecimento do ambiente competitivo (Competitive

environment), incluindo outras forças externas e, através da definição dos objetivos

estratégicos (Strategic priorities) faz-se uma avaliação das capacidades de negócio (Business

capabilities) para atendê-los. A combinação dos objetivos estratégicos e a seleção de

capacidades de negócio utilizadas para atingir os objetivos é o que constitui a estratégia

(Strategy) da empresa. As empresas de modo geral, procuram desenvolver internamente um

conjunto de capacidades de negócio, que os competidores não possam imitar facilmente, para

atingir satisfatoriamente seus objetivos estratégicos. Os autores demonstram que os objetivos

estratégicos, suportados por investimentos necessários nas capacidades de TI, levará a

empresa ter sucesso em seus negócios. Em resumo, os passos para o desenvolvimento da

estratégia baseada no Resource-based strategy model começa pela avaliação das

oportunidades e ameaças do ambiente competitivo da empresa. Através da análise feita pelos

gerentes que contempla tendências de mercado, requerimentos de clientes, relacionamento

com fornecedores e iniciativas de competidores estabelece-se a real situação de competição da

empresa. Baseado nesta análise é definido pela alta administração como a empresa atingirá

seus objetivos estratégicos.

Marchand; Kettinger; Rollins (2001b) classificam os objetivos estratégicos em quatro

categorias de prioridades estratégias que representam os grandes desafios da direção e

gerência sênior na busca na busca do sucesso nos negócios, Figura 2.8: Criação de novas

oportunidades de negócios (Creating new business opportunities – CBO); Encantar os clientes

(Delighting the customer – DC); Minimizar riscos (Minimizing risk – MR); Reduzir custos

(Reducing cost – RC). Eles também identificaram cinco capacidades chave dos negócios:

estrutura organizacional, processos, pessoas, relacionamento externo e capacidades de

Page 46: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

33

informação. A Figura 2.10 apresenta a definição de cada uma delas. Os autores incluem as

capacidades de informação (Information capabilities) como a quinta capacidade chave de

negócios. As capacidades de informação conforme o modelo Orientado à Informação são:

importância e utilização da informação (information behaviours and values); práticas de

gerenciamento da informação (information management pratices); práticas de TI (information

technology practices). Para eles o gerenciamento efetivo de cada uma das três capacidades de

informação, maximiza sobremaneira os resultados obtidos através da TI e por conseguinte

contribui significativamente para melhoria da performance dos negócios.

Figura 2.8 - As prioridades estratégicas

Fonte: MARCHAND; KETTINGER; ROLLINS, 2001 b

Criação de novas oportunidades de negócios (CBO) Essas companhias pró -ativas perseguem a CBO priorizando a estratégia esforçando -se para a constante criação e desenvolvimento rápido de novos produtos, serviços, canais e mercados. Para introduzir novas

criações e melhorar produtos e serviços. As companhias pod em criar um novo conjunto de negócios realizáveis.

Encantando o consumidor (DC) Essas companhias pró-ativas perseguem a DC priorizando estratégias esforçando -se para aumentar a

lealdade de consumidores existentes e ganhar alguns novos. Este talento é típico para ativamente diferenciar produtos e serviços, excedendo as expectativas dos consumidor es e oferecendo serviços superiores para os

consumidores.

Minimizando riscos (MR) Essas companhias pró -ativas perseguem a MR priorizando estratégias esforçando -se para minimizar riscos

através de detecção e gerenciamento subseqüente para potencializar neg ócios perdidos ou prejudiciais. Estas companhias competem com habilid ade para minimizar riscos que são pró -ativos nos gerencias de mercados

de risco, créditos de risco, riscos operacionais e riscos legais.

Reduzindo custos (RC) Essas companhias pró -ativas perseguem a RC priorizando estratégias esforçando -se para através de custos competitivos se posicionar na indústria. Estas companhias competem com suas habilidades para reduzir e

controlar custos tipicamente concentrados nas atividades de trabalhos geren ciais e outras operações de custo assim como monitorar cuidadosamente a produção e processos eficientes.

Page 47: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

34

Figura 2.9 - Base modelo de recurso estratégico

Fonte: MARCHAND; KETTINGER; ROLLINS, 2001 b

Ambiente Competitivo

Mercados • Produtos • Serviços

Clientes • Satisfação • Lealdade • Poder

Competidores • Rivalidade

Fornecedores • Poder • Integração

Outras forças externas

Prioridades estratégicas

Capacitação de negócios

CBO Criação de novas oportunidades de

negócio DC

Encantamento do cliente MR

Minimização dos riscos RC

Redução de custos

Estrutura organizacional

Processos

Pessoas

Relações externas

Capacidades de informação (IC)

ESTRATÉGIA

Page 48: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

35

Figura 2.10 - As cinco chaves da capacitação de negócios

Fonte: MARCHAND; KETTINGER; ROLL INS, 2001b

Estrutura Organizacional Refere a hierarquia e a rede de relacionamento das organizações, incluindo:

• Alcance de controle • Alocação dos direitos e autoridade de decisão • Grau de abrangência dos cargos e funções.

Processos Refere aos grupos de lógica relacionando tarefa com a performance de realizar e definir negócios de

resultado. Processos podem ser: • Processos de negócios ou • Processos de gerência

Pessoas Refere ao investimento no capital h umano e no conjunto de valores divididos e normas comportamentais

expostas para as pessoas sobre tempo e a organização, incluindo: • Competências (conhecimento e habilidades) • Motivação e recompensas • Seleção de gerente • Rede de comunicação

Relações Externas Para atividades da companhia con struindo competências e capacidades de outro lado limitações

organizacionais, incluem: • Joint ventures • Sociedades • Alianças • Relações externas informais

Capacidades de Informação (IC) Refere à capacitação e construção da companhia:

• Importância e utili zação da Informação • Práticas de gerenciamento de Informação • Práticas de Tecnologia da Informação

Page 49: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

36

Em função do caráter dinâmico do ciclo de elaboração, implantação, controle e revisão

do plano estratégico das empresas, o modelo apresentado por Marchand; Kettinger; Rollins

(2001b) também se adaptou a este dinamismo e acrescentou a etapa de avaliação de

performance que completa o ciclo de desenvolvimento da estratégia, gerando como resultado

a estratégia emergente resultado das adequações e redirecionamentos necessários em função

da avaliação da performance gerada pela implementação dos objetivos estratégicos utilizando

as capacidades de negócios existentes. A avaliação da performance dos resultados de negócios

obtidos faz com que a empresa revise seus objetivos estratégicos bem como a necessidade de

desenvolvimento de novas capacidades de negócios para fazer frente às mudanças e novas

demandas do mercado competitivo, este ciclo completo está apresentado na Figura 2.11.

Figura 2.11 - Dinamismo do modelo estratégico emergente

Fonte: MARCHAND; KETTINGER; ROLLINS, 2001 b

Para Amaral; Varajão (2000), associadas à utilização das tecnologias da informação e

aos Sistemas de Informação co-existem diversas estratégias, sendo importante salientar as

suas diferenças. A distinção entre fins e meios sugere o reconhecimento de estratégias ligadas

ao papel desejado para os SI na atividade da organização e estratégias aliadas à forma como a

TI pode suportá-los. Devem existir duas estratégias:

Ambiente Competitivo

Mercados • Produtos • Serviços

Clientes • Satisfação • Lealdade • Poder

Competidores • Rivalidade

Fornecedores • Poder • Integração

Outras forças externas

Alcance da Estratégia de

Prioridade

Capacitação de negócios

CBO Criação de novas oportunidades de

negócio DC

Encantamento do cliente MR

Minimização dos riscos RC

Redução de custos

Processos

Estrutura organizacional

Pessoas

Relações externas

Capacidades de informação (IC)

ESTRATÉGIA EMERGENTE

Performance de negócios

Crescimento na ação de mercado

Representação

financeira

Produto / serviço / inovações

Companhia de

reputação superior

Revisão Contínua

Page 50: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

37

• Estratégia do Sistema de Informação (SI)

Genericamente traduz, numa linguagem orientada aos gestores, o que vai se fazer

com os SI para suportar a atividade da organização.

• Estratégia da Tecnologia da Informação (TI)

Genericamente traduz, numa linguagem orientada para os aspectos tecnológicos,

como será utilizada a TI no suporte do SI da organização.

Posteriormente Earl [(apud Amaral; Varajão, 2000)], reconhece um terceiro tipo de

estratégia:

• Estratégia da Gestão da Informação

Genericamente traduz, numa linguagem orientada aos gestores, a estratégia

para a gestão da fusão dos aspectos organizacionais e tecnológicos,

principalmente os aspectos humanos, geográficos, temporais, etc. Estas

estratégias são articuláveis entre si e com a estratégia da organização da

forma apresentada na Figura 2.12, onde também são apresentados os seus

focos de atenção principais.

Figura 2.12 – Diferentes Estratégias de TI

Fonte: AMARAL; VARAJÃO, 2000

ESTRATÉGIA DA ORGANIZAÇÃO

Finalidades e objetivos da organização

ESTRATÉGIA DO SI

O que é necessário para suportar o negócio

ESTRATÉGIA DA TI

Como utilizar as TI para suportar o SI

ESTRATÉGIA DA GESTÃO DA INFORMAÇÃO

Por quem, onde e como as TI / SI

vão ser geridas

Infra-estrutura e serviços

Necessidades e requisitos

Necessidades e requisitos

Necessidades e requisitos

Necessidades e requisitos

Infra-estrutura e serviços

Restrições e oportunidades

Page 51: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

38

Aestratégia do SI é um agregado de diferentes estratégias, onde se incluem:

• Estratégia da Informação

Genericamente traduz a informação necessária para suportar os processos da

organização e para a formulação da estratégia organizacional.

• Estratégia de Implementação

Genericamente traduz como se vai gerir a mudança organizacional.

• Estratégia de Recursos Humanos

Genericamente traduz como se vão gerir os aspectos relacionados com os recursos

humanos envolvidos no SI.

As organizações adquirem e mantêm vantagens competitivas, executando as atividades

estrategicamente importantes de uma forma melhor ou mais barata que os seus concorrentes,

sendo a utilização estratégica da informação uma das vias mais procuradas. A procura de

oportunidades pela utilização da TI associada é uma motivação de natureza estratégica para a

atividade de Planejamento Estratégico de TI. É crescente o número de organizações que estão

conscientes da importância da informação, da tecnologia da informação e do papel que estas

poderão desempenhar na obtenção de vantagens competitivas no negócio. Para estas

organizações, a atividade de PETI é desencadeada como parte integrante da atividade de

planejamento estratégico da organização. Nestas circunstâncias, o PETI é motivado por razões

de natureza estratégica para a organização, sendo corretamente considerado como

“Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação” (MAÑAS, 1999; AMARAL;

VARAJÃO, 2000).

Abreu; Rezende (2000) trazem uma explicação sobre as diferenças entre Planejamento

estratégico de Informações e Planejamento Estratégico de Informática, embora a metodologia

de desenvolvimento seja a mesma, o Planejamento Estratégico de Informações, preocupa-se

mais com as informações da empresa inteira, e o Plano Diretor de Informática (PDI) tem seus

esforços mais direcionados com a Tecnologia da Informação e seus respectivos recursos

tecnológicos.

Neste estudo será utilizado o nome de Plano Estratégico de Tecnologia da Informação

(PETI), conforme o conceito de Abreu; Rezende (2000): ”O Planejamento de informações e

de informática também pode ser chamado de Planejamento de Tecnologia de Informação,

Page 52: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

39

que, para muitos autores, unifica os dois conceitos”. Esse planejamento deve estar coerente e

com informações sinérgicas com o Planejamento Estratégico Empresarial (PEE).

2.3.1 Resultados Esperados do Planejamento Estratégico de TI

O principal resultado do PETI é a definição de uma arquitetura global para a

informação da organização. Essa arquitetura é uma forma de garantir um controle da

consistência da informação em todos os sistemas da organização, devendo o momento da sua

definição ser aproveitado para a reavaliação e redesenho de todos os seus processos.

Aceitando a organização como uma estrutura de processos que se executam, utilizando

recursos para o cumprimento de uma missão, é natural aceitar, também, que associada a essa

estrutura de processos exista uma estrutura de dados por eles utilizados ou gerados. Baseada

na metodologia BSP (Business Systems Planning), arquitetura da informação é o mapeamento

dos requisitos de informação da organização e da sua estrutura de processos. É comum definir

“Arquitetura do SI” como sendo a Arquitetura da Informação complementada com a

descrição da TI envolvida no seu suporte. Ou o conjunto das diversas visões sobre os dados,

processos e redes (TI) envolvidas no SI de uma organização (Amaral; Varajão; 2000).

Do exercício de uma atividade organizacional como o PETI resulta, mudanças na

organização, como conseqüência do impacto que o próprio processo de planejamento tem no

funcionamento dos processos da organização. Segundo Amaral; Varajão (2000), da

implementação de um PETI resultam mudanças nos aspectos estruturais, funcionais e

tecnológicos da organização. A mudança motivada pelo próprio processo de planejamento ou

pela implementação do plano resultante é o grande resultado do PETI

2.3.2 Processos, Abordagens e Metodologias de PETI

Cheong; Haglind (1998) apresentam um modelo de planejamento estratégico que

utiliza conceitos e teorias oriundas de várias disciplinas relacionadas, tais como:

administração estratégica, teorias de organização e sistemas de informação. A estratégia de

negócios da empresa e a sua estratégia de TI são totalmente integradas através do

compartilhamento de metas, objetivo e processos. É este entrelaçamento e compartilhamento

de metas, objetivos e processos que garante o alinhamento de TI e a estratégia de negócios.

Por este motivo, para se obter uma estratégia de TI orientada aos negócios, é imperativo que a

Page 53: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

40

estratégia de negócios esteja claramente definida para ser ponto de partida para a definição da

estratégia de TI. A estratégia de TI tem que considerar os aspectos do ambiente externo e

interno da empresa. A equipe responsável pela definição da estratégia de negócios tem que

uma boa visão do potencial de impactos da TI na redefinição do escopo e área de atuação do

negócio.

É praticamente impossível demonstrar de forma conclusiva se uma estratégia

particular é excelente ou mesmo garantir que ela funcionará, algumas variações de análise de

estratégia para aumentar as chances de sucesso na implantação da estratégia:

• Consistência – A estratégia não pode apresentar inconsistências com as metas e

políticas.

• Adequação – A estratégia tem que apresentar uma resposta adequada ao ambiente

externo e para as mudanças críticas que ocorrem no ambiente externo da empresa.

• Vantagem competitiva – A estratégia tem que contribuir para a criação e/ou

manutenção de uma vantagem competitiva na área de atividade objeto da definição

da estratégia.

• Viabilidade – A estratégia tem que ser viável, não pode nem saturar os recursos

disponíveis e nem criar problemas insolúveis.

A formulação da estratégia de TI é tão somente uma primeira etapa do processo total

de estratégia apresentada na Figura 2.16. Em resumo, para Cheong; Haglind (1998) é

suficiente dizer que o processo global de estratégia é um processo altamente interativo. A

estratégia tem que ser transformada em diversos planos e programas de implementação

através de um processo conhecido como planejamento estratégico. Estes programas e planos

precisam ser coordenados, acompanhados e revistos. Para que uma estratégia de TI se torne

efetiva, tem que ser um documento dinâmico, ou seja, continuamente revisado, atualizado e

apropriadamente mantido através do processo conhecimento como manutenção da estratégia.

Mañas (1999) completa, o Planejamento Estratégico de TI, para ser totalmente eficaz, deve

ser coerente com o Plano Estratégico da empresa.

A adoção do processo sistêmico para a definição da estratégia gera algumas

implicações que precisam ser considerados conforme Cheong; Haglind (1998).

Primeiramente, a estratégia de TI torna-se mais complexa devido a sua abrangência. A

Page 54: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

41

estratégia de TI passa a ser um núcleo da gestão empresarial alinhada às estratégias

corporativas, de negócios e de recursos humanos. A estratégia de TI passa a ser uma

importante parte integrante da gestão empresarial na busca por vantagem competitiva, e não

pode ser tratada isoladamente. O processo de planejamento estratégico de TI deve ser

direcionado pelos negócios e não pela tecnologia. A visão e os direcionadores de negócios,

tais como a reengenharia de processos empresariais para alcançar as melhores práticas de

negócios e atender as necessidades de clientes e parceiros de negócios é que devem mover o

processo de planejamento. As estratégias de negócio e de TI podem, então, ser desenvolvidos

com base nas oportunidades estratégicas identificadas.

Figura 2.13 - Processo total da estratégia.

Fonte: CHEONG; HAGLIND (1998).

a) Processos de Planejamento Estratégico de TI:

O processo de Planejamento Estratégico de TI procura avaliar as necessidades da

empresa baseando-se no conhecimento de sua estrutura de TI instalada e sugerindo opções

para a melhor estratégia de seus negócios com o uso, reestruturação, aquisição, implantação,

ou melhoria dos processos de TI (Spohr; Sauvé, 2003). O ideal seria que toda empresa

desenvolvesse um “Programa de Planejamento Estratégico de TI”. Com este planejamento,

seria possível identificar o estado atual de Tecnologia da Informação em cada negócio, avaliar

o que pode ser melhorado ou modificado nos Sistemas de Informação existentes e identificar

Formulação da estratégia

Implementação, segmento e performance

da avaliação.

Manutenção estratégica

Planejamento estratégico

Page 55: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

42

de forma pró-ativa, como, quanto e quando a Tecnologia de Informação pode auxiliar a

empresa a implantar o perfil e as estratégias de negócios que ela deseja para o futuro. Segundo

Boar (2002), para as empresas que atuam em mercados de alta competição é preciso ser capaz

de pensar estrategicamente sobre TI como coisa habitual. É urgente que as organizações de TI

elevem suas habilidades para a criação e a execução de uma estratégia de tecnologia da

informação.

Para Amaral; Varajão (2000), o processo de PETI tem sofrido diversas evoluções

quanto às suas finalidades e inserção na atividade organizacional. Para os autores, a mais

significativa é que define como “convencionais” os processos de PETI centrados na obtenção

de arquiteturas que alinhem a utilização da TI com a estratégia organizacional (Figura 2.14),

enquanto define como “sofisticados” os processos de PETI centrados na integração da

estratégia de TI com a estratégia organizacional (Figura 2.15).

Figura 2.14 - Processo de PETI “Convencional”

Fonte: AMARAL; VARAJÃO, 2000

PLANOS E ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS

TENDÊNCIAS E OPORTUNIDADES DE TI

PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Suporte corrente do SI

Arquiteturas

Informação Sistemas Tecnologia Organizacional

Declaração de políticas e orientações para a mudança

Plano e carteira de projetos

IMPLEMENTAÇÃO

Page 56: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

43

Segundo os autores, o processo de PETI é visto como um processo dedicado à

construção de diversas arquiteturas que permitam suportar a estratégia organizacional. O

principal foco de atenção é o desenho das arquiteturas, especialmente a da Informação,

procurando simultaneamente um melhor alinhamento entre os requisitos da organização e a

aplicação da TI, a integração dos sistemas existentes, e a identificação e priorização dos

projetos de desenvolvimento. Esta postura traduz o reconhecimento por parte da organização

que a informação é um recurso que merece ser gerido como qualquer outro dos seus principais

recursos. Num processo “convencional” de PETI, o “plano” com a sua “carteira de projetos” é

o resultado da determinação do estado atual do suporte da TI à organização, da construção das

diversas arquiteturas e da determinação de políticas e do plano de mudança. Este processo

desenvolve-se com base nos planos e estratégias da organização e com conhecimento das

tendências e oportunidades para a TI. Atualmente, reconhece-se que o processo de PETI

“convencional” tem algumas limitações e deficiências. Uma dessas deficiências, certamente,

como conseqüência da preocupação excessiva na definição de arquiteturas, é a propensão para

se tornar rígido e formal, sem o dinamismo necessário para acompanhar as constantes

mudanças organizacionais. Outra deficiência é a de não contemplar e potencializar o impacto

da TI na formulação da estratégia organizacional.

Page 57: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

44

Figura 2.15 - Processo de PETI “Sofisticado”

Fonte: AMARAL; VARAJÃO, 2000

Segundo Amaral; Varajão (2000), em inúmeras organizações, já está implementado a

utilização do processo “sofisticado” do PETI, onde a estratégia de TI é desenvolvida

integralmente com a estratégia organizacional e com os restantes aspectos de arquitetura e de

estruturação da organização da área de TI. O processo de PETI deixa de ser visto como um

processo de suporte à implementação das suas estratégias e passa a ser considerado como um

processo integrante, até central, da formulação das suas próprias estratégias. Num processo

“sofisticado” de PETI, o plano com a sua carteira de projetos é o resultado da constante

reavaliação e reformulação da estratégia organizacional, da estratégia de TI, das estruturas

organizacionais e das diversas arquiteturas. Este processo desenvolve-se sob o conhecimento

da situação atual da organização e com a constante pressão das tendências e oportunidades

organizacionais e da TI.

b) Abordagens de Planejamento Estratégico de TI

Amaral; Varajão (2000) definem abordagem como o conjunto de atividades, análises e

diagnóstico que permeiam a elaboração do Plano Estratégico de TI. Uma abordagem não é

por si só uma técnica ou um conjunto de técnicas, nem uma série de atividades,

SITUAÇÃO CORRENTE

PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Estratégia

Organizacional

Estratégia para a TI

Estruturas organizacionais

(processos, organização...)

Arquiteturas (informação, sistemas,

tecnológica, organizacional)

Plano e carteira de projetos

IMPLEMENTAÇÃO

Tend

ênci

as e

opo

rtuni

dade

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zaci

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Tend

ênci

as e

opo

rtuni

dade

s de

TI

Page 58: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

45

procedimentos ou rotinas para serem executadas no desenvolvimento do plano. A abordagem

é fundamentalmente um estilo ou filosofia para a resolução de problemas, que pode

compreender métodos ou uma mistura de técnicas, procedimentos e orientações para o

comportamento formal e informal. Existem diversas abordagens de desenvolvimento do PETI

que podem ser classificadas de diferentes formas.

a) Amaral; Varajão (2000) sugere a diferenciação das abordagens com base na ênfase

que atribuem aos seguintes fatores:

• Conscientização: empenho em demonstrar como a TI pode ser utilizada para

obtenção de vantagens competitivas.

• Oportunidade: capacidade de identificação de ameaças e oportunidades

potencializadas pela TI.

• Posicionamento: Avaliação da situação atual da TI na organização.

b) Amaral; Varajão (2000) sugere que as abordagens sejam diferenciadas quanto à

intenção de promoverem:

• Alinhamento: alinhar o investimento de TI com as necessidades da organização.

• Impacto: Procurar vantagens competitivas e evitar ameaças pelo aproveitamento

das oportunidades geradas pela TI.

Amaral; Varajão (2000) fazem uma análise das abordagens aplicadas ao

desenvolvimento do PETI, a seguir é apresentado um resumo. A aplicação dos critérios de

alinhamento e impacto, aos diferentes conjuntos de abordagens, permite a diferenciação das

seguintes abordagens mais representativas:

Alinhamento:

• Information Engineering (Martin, 1982).

• Modelo dos 3 estágios (Bowman, 1983).

• Modelo dos 4 estágios (Dickson; Wetherbe, 1985).

• Information Strategy Planning (Martin, 1986).

Impacto:

• Abordagem Multidimensional (Earl, 1989).

Page 59: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

46

• Abordagem de Ward (Ward et al., 1990)

Na avaliação de Amaral; Varajão (2000) o “Modelo de 3 Estágios” e a “Abordagem

Multidimensional”, são as mais representativas nas suas classes, pelos seus impactos no

estudo e na prática de elaboração do PETI. Na Figura 2.16 é apresentado o “Modelo de 3

Estágios” e na Figura 2.17 é apresentada a “Abordagem Muldimensional”.

Figura 2.16 – Modelo de três estágios.

Fonte: AMARAL; VARAJÃO (2000)

Avaliar objeti vos e estratégias da organiza ção

Estabelecer a missão do SI

Avaliar ambiente

Definir políticas, objetivos e estratégias para o SI

Avaliar requisitos de informação da organização

Formular plano global de desenvolvimento

Desenvolver plano das necessidades de recursos

Plan

ejam

ento

Est

raté

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A

nális

e de

Req

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form

ação

da

Org

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ação

Atri

buiç

ão

de

Rec

urso

s

• Revisão do plano estratégico da organização • Identificação dos principais grupos de pressão e dos

seus objetivos

• Manifesto do SI da organização

• Situação atual do S I • Ambiente da organização • Estado de maturidade do SI e imagem interna • Avaliação das características dos recursos humanos • Avaliação de novas tecnologias e oportunidades

• Estruturas organizacionais • Focos tecnológicos • Processos de gestão e objetivos funcionai s • Mecanismos de atribuição de recursos

• Arquitetura global da informação • Necessidades correntes de informação • Necessidades previstas de informação

• Definição dos projetos de SI • Definição de prioridades • Calendário multi -anual de desenvolvimento

• Declaração de tendências • Planos de equipamento e suporte lógicos • Planos de pessoal, instalações e comunicações • Plano financeiro

Rev

isão

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ntua

l C

iclo

anu

al

Atividades Resultados

Page 60: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

47

Figura 2.17 – Abordagem Muldimensional

Fonte: AMARAL; VARAJÃO (2000)

c) Metodologias de PETI

Extraiu-se de Amaral; Varajão (2000) a lista das vinte metodologias mais utilizadas

conforme pesquisa realizada pelos autores, Figura 2.18. Cada uma delas tem seus aspectos e

motivações e apresentam focos principais de alinhamento e abordagens, de acordo com as

eras de evolução da TI: Era I – O PETI era originalmente visto simplesmente como uma

extensão ao ciclo de vida de desenvolvimento de sistemas; Era II – As organizações tomaram

consciência da importância da informação como recurso organizacional e da necessidade de

definir uma arquitetura global para a TI que permitisse um desenvolvimento sustentado e

alinhado com a estratégia da organização; Era III – Integração do Planejamento Estratégico de

TI e o plano de desenvolvimento de sistemas; Era IV – Intenção das organizações

considerarem expressamente o aproveitamento da TI para obtenção de vantagens

competitivas; Era V – O PETI transforma-se numa atividade bastante complexa e de múltiplas

finalidades. O PETI procura de uma forma holística alcançar as diversas finalidades que lhe

são impostas, de forma a satisfazer todas as expectativas que a organização tem, sobre como

a TI pode potencializar o sucesso da organização.

Planos e objeti vos da organização

Sistema de informação atual

Oportunidades da TI

Plano

Criativo Rastreio organizacional e ambiental Especialistas

Avaliativo Levantamentos e verificações Usuários e especialistas

Analítico Metódico Trabalho de equipe

Modo Postura Papéis a desempenhar

Top-

dow

n

Butto

m-u

p

Insi

de-o

ut

Page 61: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

48

Figura 2.18 – Métodos de Planejamento Estratégico de TI

Fonte: AMARAL; VARAJÃO, 2000

A seguir são apresentadas outras metodologias de planejamento estratégico de TI

extraídas da literatura.

Boar (2002) apresenta um processo de planejamento estratégico dentro de uma

organização de TI em quatro etapas:

1. Avaliação – Entender como os planos estratégicos são formulados e executados

atualmente. Qual é o processo utilizado, quem participa e que métodos analíticos

são favorecidos? Existe um escopo comercial? Existem posições gerenciadas? Que

tipos de monitoração de execução e vigilância são utilizados? Na conclusão desta

etapa, afirma Boar (2002), o analista deverá ter uma resposta completa para a

pergunta: ‘O que eles estão fazendo e como eles estão fazendo isso?

2. Projeto – O projeto de um processo de planejamento estratégico personalizado

para atender às necessidades dessa organização de TI. Uma pesquisa precisa ser

feita, afirma o autor, para determinar como o processo descrito deve ser

modificado para atender à cultura e ao estilo específico da sua organização. A

análise de lacuna pode então ser feita para entender o abismo entre onde a

ACRÓNIMO REFERÊNCIA DESIGNAÇÃO

BIAIT BICS BSP

CRLC CSF

E/M A EAP

HSPA IQA

ISP/IE Method/1

NNM PQM

RACINES SDP SOG SPC SSP SST

VCA

Business Information Analysis and Integration Technique Business Information Characterization Study Business Systems Pl anning Customer Resource Life Cycle Critical Success Factors Ends-Means Analysis Enterprise Architecture Planning Hierarchical Systems Planning / Information Information Quality Analysis Information Strategy Planning / Information Engineering Method/1 Nolan-Norton Method Process Quality Management Recueil Actualisé des Choix Informatiques Strategic Data Planning Stages of Growth Strategic Planning Cycle Strategic Systems Planning Strategy Set Transformation Value Chain Analysis

Carlson 1979 Kerner 1979 IBM 1984 Ives e Learmonth 1984 Rockart 1979 Wetherbe e Davis 1982 Spewak e Hill 1993 McLean e Soden 1977 Vacca 1984 Martin 1986b AA&Co 1982 Moskowitz 1986 Ward 1990 RACINES 1978 Martin 1982b Nolan 1982 Bunn, et al. 1989 HSC 1986 King 1978 Porter e Millar 1985

Page 62: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

49

organização está atualmente e onde ela deverá estar no futuro. Ao término disso, o

analista deverá ter um modelo do processo de planejamento estratégico em três

etapas que a organização adotará e as etapas necessárias para passar dos processos

atuais para lá.

3. Preparação – Realizar as atividades de ‘partida’ necessárias da educação, processos

de coleta de dados, definição do escopo comercial inicial, resumos de especialistas,

posicionamento inicial e estudos de estratégia de partida, para permitir uma

primeira execução ordenada do processo de planejamento estratégico. Na

conclusão dessa etapa, a organização está em posição de executar o novo processo

de planejamento estratégico.

4. Execução – A execução do novo processo de planejamento estratégico de

avaliação, estratégia e execução conforme seu projeto e preparação.

Segundo Cheong; Haglind (1998), planejamento estratégico significa reorganizar e

redistribuir recursos para obter vantagem competitiva. Significa também processo criativo e

flexível de planejamento de sistemas de informação de curto e longo prazo direcionando a

aplicação de recursos da empresa. O processo de planejamento estratégico compreende

quatro elementos básicos:

• Diagnóstico do ambiente – Isto envolve o diagnóstico realizado pela alta

administração tanto do ambiente externo, identificando oportunidades e ameaças,

como também do ambiente interno, pontos fortes e pontos fracos. No que diz

respeito ainda o diagnóstico dos aspectos externos divide-se em duas partes: a

primeira compreende a análise de segmento de indústria que a empresa atua,

incluindo aqueles elementos que afetam diretamente as operações da organização

e, a outra compreende o meio ambiente onde a empresa se insere que inclui além

dos aspectos gerais que impactam a empresa, a análise da influência de aspectos

econômicos, sócio-culturais, tecnológicos e políticos e de legislação. Por outro

lado, a análise do ambiente interno inclui estrutura, cultura e os recursos da

organização.

• Formulação da estratégia – Compreende o desenvolvimento de planos de longo

prazo visando à obtenção de diferenciais competitivos através do gerenciamento

efetivo das ameaças e oportunidades do ambiente externo, considerando os pontos

Page 63: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

50

fortes e fracos corporativos. Inclui a definição da missão da empresa, e

estabelecimento de objetivos estratégicos, desenvolvimento das estratégias, e a

definição das diretrizes e políticas corporativas.

• Implementação da estratégia – Esta etapa compreende o processo pelos quais as

estratégias e as políticas corporativas são colocadas em ação através do

desenvolvimento de planos e programas de ação, elaboração de orçamento e o

estabelecimento de procedimentos. Este processo envolve mudanças e impactos

gerais na cultura, estrutura, e no modelo de gerenciamento da organização.

• Avaliação e controle – Esta etapa compreende a monitoração da performance das

atividades e os resultados obtidos. Faz-se a compactação da performance real

comparando com o que foi planejado. Esta etapa é fundamental para identificação

de ações corretivas que devem ser implementadas e também informação que

auxiliam na revisão dos planos e a estratégia atual.

Para Amaral; Varajão (2000), o PETI, como qualquer outro processo organizacional,

utiliza recursos informacionais e de outras naturezas para a realização dos objetivos que lhe

são impostos de onde se salienta a elaboração de um plano organizacional para a TI e a

promoção organizacional. Esta formulação, apresentada na Figura 2.19 e associada à

aceitação de que a mudança organizacional é hoje um imperativo para a sobrevivência da

maioria das organizações, evidencia a importância da inserção de um processo contínuo de

PETI na atividade organizacional.

Page 64: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

51

Figura 2.19 – Processo de PETI

Fonte: AMARAL; VARAJÃO, 2000

A seguir serão apresentados os modelos dos autores que servirão de base para o

modelo proposto de Planejamento Estratégico de TI em Empresas Globais.

Primeiramente, o modelo de Cheong; Haglind (1998) que apresenta uma relação de

causa e efeito entre a estratégia de Negócios e a estratégia de TI. Existe um entrelaçamento e

compartilhamento de metas, objetivos e processos que garante o alinhamento de TI e a

estratégia de negócios. Por este motivo, para se obter uma estratégia de TI orientada aos

negócios, é imperativo que a estratégia de negócios esteja claramente definida para ser ponto

de partida para a definição da estratégia de TI. A estratégia de TI tem que considerar os

aspectos do ambiente externo e interno da empresa. A equipe responsável pela definição da

estratégia de negócios tem que ter uma boa visão do potencial de impactos da TI na

redefinição do escopo e área de atuação do negócio. A Figura 2.20 a seguir apresenta uma

visão geral do modelo de planejamento estratégico adaptado do modelo de desenvolvimento

em cascata utilizado no desenvolvimento de sistemas de informação. Este modelo interativo

prova a interação entre a estratégia de negócios e a estratégia de TI visualizando também a

etapa de implementação da estratégia de TI. O ponto de partida é conhecer muito bem o plano

estratégico corporativo e as estratégias das unidades de negócios, com o objetivo de definir os

direcionadores de negócios. A partir da avaliação das oportunidades estratégicas, desenvolver

e compatibilizar a estratégia de TI e a estratégia de negócios.

Informação

Objetivos do processo de

planejamento

Outros

Recursos

Procedimento de

Planejamento

Plano

Mudança na organização

ENTRADAS PROCESSO RESULTADOS

Page 65: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

52

Figura 2.20 – Visão geral do modelo de planejamento integrado de negócios e TI

Fonte: CHEONG; HAGLIND (1998).

A Figura 2.21 apresenta o modelo que objetiva o desenvolvimento de uma estratégia

de TI que seja efetiva e totalmente aderente à estrutura organizacional e aos negócios. O

modelo apresentado assimila o modelo de organização de conceitos de gerenciamento

estratégico, e da teoria de sistemas de informação. Onde é necessário identificar e conhecer de

uma forma seqüencial:

1º Quais são os negócios, objetivos estratégicos da empresa?

2º O que é importante gerir na organização? Quais são os processos de gestão?

3º Quais são as informações e as dimensões de análise que suportam os processos de

gestão?

4º Quais são os sistemas de informação necessários para suportar os processos de

gestão de negócios, processos estratégicos, processos de gestão e os processos

operacionais e transacionais?

1. Examinar o ambiente

2. Definir a estratégia de negócio

3. Definir a estratégia de TI

4. Definir plano de Implementação

Page 66: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

53

Figura 2.21 – Abordagem do sistema para elaborar a estratégia de TI.

Fonte: CHEONG; HAGLIND (1998).

De O’Brien (2003) extraiu-se os principais produtos que são originados do

planejamento estratégico de TI, Figura 2.22. Conforme visto nos capítulo 3, as empresas

globais exigem que sejam acrescentados requisitos adicionais, que englobem os aspectos

estratégicos, de negócios, particularidades dos diversos mercados de atuação, aspectos

culturais, aspectos de governo e legislação dos países.

Questão Estratégia de TI • Aspectos de negócios • Questão técnica • Preocupação organizacional • Assuntos financeiros • Considerações pessoais

Exigências da declaração de estratégia • Natureza dos negócios • O ambiente • Metas e objetivos • Ingredientes estratégicos:

o Curso da ação o Suposição o Riscos o Opções o Dependências o Requerimentos de

recursos o Projeções financeiras o Alternativas

Requerimentos de processos SWOT, BPA, comunicação,

compromisso, envolvimento etc.

Requeriment os de satisfação Entrada de negócios, clareza, consistência, viabilidade etc.

Requerimentos de contexto Ambiente interno e externo, estratégia competitiva etc.

Nível de estratégia

corporação de negócios

funcionais

Dimensões da estratégia

processo Contexto

satisfatório

Est

raté

gia

de T

I Libe

rtaçã

o

Estrutura

Tecnologia Tarefas

Pessoas (atores)

Gestão de processos

Page 67: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

54

Figura 2.22 – Processo de planejamento estratégico de TI

Fonte: Adaptado de O’BRIEN (2003).

O modelo de Amaral; Varajão (2000) apresenta conceitos básicos no qual o modelo

proposto se baseia e que se relacionam com os objetivos de longo prazo de TI da organização:

Suportar os objetivos e necessidades de informação da organização: A TI é parte

integrante da organização e é crítica para a sua eficácia global e representa uma grande

fatia dos investimentos da empresa. Por conseguinte a TI precisa suportar todas as

necessidades de informação da organização. O Plano Estratégico de TI pode ser

Criar visão de

negócios

Determinar direcionadores

de negócios

Fazer avaliações

comparativas

Desenvolver e compatibilizar

estratégias

Projetar arquitetura de

TI

Desenvolver planos táticos

Visão de Negócios

Melhores Práticas

Reengenharia de processos empresariais

Requisitos de processos e

necessidades específicas a regiões

Capacidades de TI

existentes

Necessidades dos clientes

Necessidades dos parceiros

comerciais

Oportunidades estratégicas

Avaliação de lacunas

Necessidades de posicionamento de longo alcance

Estratégias de Negócios de

TI

Plataforma de

TI

Recursos de

dados

Portfólio de aplicações

Organização

de TI

Planos de Implementação da tecnologia

Planos de

Investimento

Planos de transformação

da organização

Motivadores Empresariais

Arquitetura de TI

Page 68: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

55

considerado como um veículo para traduzir a estratégia da organização em termos da

estratégia de TI;

Ir de encontro às necessidades de todos os níveis da gestão: É importante reconhecer

as várias características de informação necessárias para as diferentes atividades e

níveis de gestão. Normalmente, os níveis mais operacionais necessitam geralmente de

maior detalhe e volume de informação, enquanto que os níveis de direção e alta

administração necessitam de informação mais sintetizada;

Assegurar a consistência da informação: Garantir que a informação esteja atualizada,

consistente, disponível no local e para os tomadores de decisão necessários.

Manter a aderência e o alinhamento após mudanças organizacionais e de gestão: A

arquitetura de sistemas necessita de ter flexibilidade suficiente para absorver

mudanças organizacionais e de gestão e manter-se alinhada e aderência a novos

requisitos de informação. Para isto a arquitetura de sistemas deve se originar no

modelo de processos organizacionais, que são mais independentes da estrutura

organizacional.

Ainda de Varajão; Amaral (2000), obtém-se as atividades a serem realizadas no

planejamento estratégico de TI, conforme apresentada na Figura 2.23.

Page 69: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

56

Figura 2.23 – Atividades da metodologia

Fonte: AMARAL; VARAJÃO, 2000

De Lane et al. (2004) extraiu-se a abordagem de definir a estratégia de TI dando

ênfase na análise da arquitetura de TI atual (As-is) e a definição da arquitetura de TI futura

(To-be) conforme apresentado na Figura 2.24.

1. Atividades preliminares

2. Preparação do estudo

3. Início formal do estudo

4. Definição dos processos da organização

5. Identificação dos requisitos de dados

6. Definição da arquitetura de informação

7. Análise do apoio atual do sI aos processos

8. Realização de entrevistas

9. Sistematização da informação e conclusões

10. Determinação de prioridades de implementação

11. Análise da gestão de inf ormação

12. Desenvolvimento de recomendações

13. Documentação e comunicação de resultados

Page 70: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

57

Figura 2.24 – Arquitetura de TI acesso e metodologia

Fonte: LANE et al. (2004)

De Boar (2002) obteve-se a ordenação das etapas que irão compor o modelo conforme

apresentado na Figura 2.25.

Avaliação da aplicação

Avaliação da

organização

Avaliação da rede

Avaliação da infra-estrutura

Objetivos estratégicos

Saídas táticas

Ambiente de

negócios

Arquitetura aplicada

Arquitetura organizacional

Arquitetura da rede

Arquitetura da infra-estrutura

Tempo

Custos

Ambiente de negócios

FUTU

RO

– P

RES

ENTE

– A

BER

TUR

A

Passo 1: Aplicação de fluxo “no estado

em que se encontra” a arquitetura de TI

Passo 2: Análise de negócios

requeridos

Passo 3: Projeto para o futuro “ser” da

arquitetura de TI

Passo 4: Análise de aberturas

Passo 5: Ambiente de

negócios

Page 71: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

58

Figura 2.25 - O modelo estratégico da TI

Fonte: BOAR (2002).

O processo de planejamento estratégico de TI segundo Boar (2002) é realizado da

seguinte forma:

• Avaliação é a atividade de desenvolver um conhecimento claro e profundo da

situação do negócio de uma perspectiva interna e externa. A avaliação culmina na

identificação de ‘conclusões’ que localizam os principais aspectos que exigem

uma atenção estratégica. Duas etapas principais, posicionamento e análise da

situação são usadas para gerar as conclusões: a) Posicionamento oferece um modo

gráfico de entender a ‘posição’ ou o estado da tecnologia da informação em todas

as áreas estratégicas relevantes (ou seja, arquitetura de TI, satisfação do cliente,

competências básicas etc.); b) Análise da situação é o uso de vários métodos

analíticos para interpretar os dados sobre a organização e seu ambiente. A

avaliação é uma atividade com uso intensivo de dados e análise.

• Estratégia consiste em identificar as instruções para a empresa, os objetivos

específicos a serem alcançados e as mudanças estratégicas necessárias para se

A organização de TI hoje

Diretivas e suposições

Escopo comercial

Análise da situação

Conclusões

Cargos

AVALIAÇÃO

A organização de TI amanhã

Mudanças estratégicas

Objetivos

ESTRATÉGIA

Alvos Reparar

Programas de implementação

Projetos Projeto OK?

EXECUÇÃO

Continuar

Não

Sim

Plano de comprometiment

o

Plano de mudança

Instruções de

estratégia

Page 72: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

59

perceber os futuros estados e objetivos. Objetivos são as descrições do que

queremos alcançar. Mudanças estratégicas são prescritivas, identificando as ações

a serem empreendidas. Para dar suporte à realização dos objetivos, também são

desenvolvidos um plano de comprometimento, para focalizar a tensão da

organização aos objetivos e um plano de gerenciamento de mudança, para

antecipar e reduzir a resistência às mudanças.

• Execução é ação de colocar o plano em movimento. É a tradução da intenção em

realidade. As estratégias tornam-se operacionais por meio de programas de

implementação que são particionados em vários projetos. Os projetos alcançam

objetivos gerais e objetivos intermediários, chamados alvos. Uma etapa de

monitoração e controle do processo é usada para: ajustar e sintonizar os projetos;

oferecer feedback de aprendizado a partir das experiências do projeto; observar o

ambiente em constante mudança quanto a situações adicionais que exigem

resposta estratégica.

Page 73: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

60

2.4 GESTÃO EMPRESARIAL

Para entender adequadamente o funcionamento e a evolução das organizações

produtivas é necessário, primeiro, estudar o conceito em que estas organizações estão

inseridas Rodriguez; Ferrante (2000). Os autores, em particular, afirmam que abordagens

focalizadas, sem o entendimento do todo, fazem distorções de percepção. É sempre mais

proveitoso utilizar uma visão sistêmica.

A visão sistêmica é abordada por diversos autores, entre eles, Ackoff (1974) apud

Rodriguez; Ferrante (2000), que define sistema como um conjunto de duas ou mais partes em

que cada uma delas satisfaz as seguintes condições:

• Toda parte de um sistema deve ser capaz de afetar seu desempenho ou suas

propriedades. Por exemplo, um organismo é um sistema e todas as partes deste sistema

biológico afetam seu comportamento, local e globalmente;

• Nenhuma das partes de um sistema tem um efeito independente do todo, ou seja, todas

as partes de um sistema são independentes, mas interagem entre si;

• Subsistemas ou subgrupos têm as mesmas propriedades de suas partes.

Segundo Rodriguez; Ferrante (2000) as escolas de administração, em sua maioria, não

consideram a gestão e a melhoria do sistema como um todo, mas ocupam-se das partes do

sistema, denominadas funções, tais como: Marketing, Finanças, Produto etc., gerenciando

cada uma isoladamente, aceitando a idéia que ao gerenciar bem cada parte, também irá

melhorar o todo, o que não é verdadeiro. O desempenho de um sistema depende de como suas

partes interagem e não como elas se comportam isoladamente. Assim, quando se desejar

entender o comportamento de um sistema a melhor ferramenta não é a análise, mas a síntese.

Conforme Rodriguez; Ferrante (2000) as novas organizações empresariais se

caracterizarão por ter tudo interconectado e serão diretamente afetadas por novos paradigmas

na forma de ver o mundo. No atual ambiente de negócios as regras precisam ser reescritas:

flexibilidade é melhor, delegação de decisão é melhor, e descentralização das decisões ao

nível do cliente, ou perto do cliente, é mais eficaz. As novas organizações serão fortemente

baseadas em conhecimento e valores intangíveis e cada organização deverá, segundo Drucker

apud Rodriguez, Ferrante (2000):

Page 74: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

61

• Construir o gerenciamento da mudança de forma bem estruturada;

• Se preparar para abandonar as atividades atuais, amanhã certamente será diferente;

• Aprender a explorar ao máximo o seu conhecimento, ou seja, desenvolver a próxima

geração de aplicação para o sucesso do seu negócio;

• Aprender a inovar, devendo a inovação ser agora organizada;

• Ser capaz de abrir e manter as pessoas com conhecimento capaz de melhorar o

desempenho e os resultados da organização.

Para Rodriguez; Ferrante (2000), uma das principais questões relacionadas a uma

companhia moderna será a atitude que todos os seus membros deverão assumir,

compartilhando responsabilidades para que os objetivos da organização sejam alcançados. Os

gerentes passarão de controladores para consultores e coordenadores, dando às pessoas que

lidam diretamente com os clientes maior responsabilidade, informação e autonomia.

Alguns dos principais direcionadores de negócios que atualmente provocam mudanças

incluem (BOAR, 2002):

• Globalização de mercados.

• Tecnologia da informação nas formas da Internet, e-commerce, comunicações de

banda larga, aumento de potência dos microcomputadores e diminuição de custos,

convergência das formas de informação (texto, imagem, som e vídeo) e

mecatrônica (inclusão de ‘inteligência’ a diversos tipos de dispositivos mecânicos).

• Desregulamentação de setores formalmente monopolizados.

• Diminuição de barreiras de mercado para a entrada.

• Eliminação dos intermediários tradicionais do mercado e criação de novos

intermediários eletrônicos, que criam espaços de mercado (mercados eletrônicos).

• Aumento dramático no poder e exigência do cliente devido à conveniência de

produtos e serviços, e acesso do cliente a mais informações de competitividade.

• Surgimento do mercado um-por-um, no qual cada cliente é tratado como um

segmento de mercado distinto.

• Intensificação da rivalidade competitiva, devido ao declínio nas vantagens

competitivas sustentáveis e sua troca por vantagens competitivas temporárias.

Page 75: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

62

2.4.1 Governança Corporativa

Rossi (2004) mostra que os termos de governança e gestão se inter-relacionam, mas

têm siginificados diferente. Governança é a criação de princípios capazes de nortear a gestão

seu principal foco é dar suporte ao planejamento e gerenciamento. Gestão é a tomada de

decisões operacionais é o ato de decidir, tomar decisões e tem como foco buscar a

performance operacional. Rossi (2004) apresenta “outra forma de compreender melhor

governança através da sua função nas organizações. Neste contexto, definem três funções

diferentes e necessárias numa organização para que ela alcance sua missão.” A primeira é a

governança que serve de interface entre stakeholders, que são responsáveis pelas decisões

estratégicas que definem a organização e seu trabalho – a governança também objetiva a

mensuração do trabalho e ações da organização. Em seqüência, vem o gerenciamento, que é a

ligação entre governança e trabalho, isto é, a organização das atividades, pessoas,

relacionamentos e tecnologia para se ter o trabalho realizado. E, por último na seqüência vem

o trabalho que nada mais é do que o desenvolvimento das atividades necessárias para o

alcance da missão.

Governança Corporativa “É o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e

monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, Conselho de

Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de

governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso

ao capital e contribuir para a sua perenidade.” [IBGC – Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa apud Rossi(2004)].

Conforme Lodi (2000) a estruturação de processos de governança corporativa está

ganhando adesão dentro das organizações. Revela seriedade e credibilidade para empresas

que adotam, e a transparência ao mercado traz pontos positivos para sociedades de capital

aberto. Governança Corporativa é o sistema que assegura aos sócio-proprietários o governo

estratégico da empresa e a efetiva monitoração da diretoria executiva. A relação entre

propriedade e gestão se dá através do conselho de administração, a auditoria independente e o

conselho fiscal, instrumentos fundamentais para o exercício do controle. A boa Governança

assegura aos sócios: eqüidade, transparência, responsabilidade pelos resultados

(accountability) e obediência às leis do país (compliance). A adoção da prática de governança

corporativa significa melhoria dos processos de gestão das empresas, por meio de

Page 76: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

63

planejamento e controle, o que por conseqüência valoriza o negócio, incrementa a

produtividade e a competitividade e reduz o risco da operação.

Fica clara a importância da tecnologia da informação neste processo. Além de ter a

responsabilidade pelo processamento da informação, contribuir de maneira irreversível na

configuração de modelos, indicadores, relatórios e métricas que levam à transparência dos

resultados e da performance geral dos negócios. A área de TI será exigida cada vez mais a

contribuir com agilidade e rapidez, trazendo em tempo real as informações fundamentais para

tomada de decisão.

A área de TI era considerada uma das menos exigidas em termos de regulamentações

de governo, no entanto em todo o mundo esta situação está mudando drasticamente. Pressões

regulatórias do mercado nacional e internacional geram uma forte influência sobre a

Governança Corporativa e também sobre a Governança de TI. Exemplos de regulamentações

que gerarão forte influem sobre os procedimentos e demanda de serviços da área de TI: Lei

Sarbanes-Oxley (EUA), Basiléa II (bancos e instituições financeiras), Obrigatoriedade de

existência de Comitê de Auditoria (SEC – Securities and Exchange Commission/EUA),

Exigência de Comitê de Auditoria ou Conselho Fiscal (CVM/Brasil).

A lei Sarbanes-Oxley Act, 2002 define as responsabilidades corporativas pelos

relatórios financeiros estatutários publicados periodicamente. Dentre outras obrigações os

relatórios estatutários devem incluir certificações que os diretores estatutários que os assinam

(Presidente, Diretor Financeiro etc.) avaliaram os controles internos (processos, sistemas etc.)

nos últimos noventa dias e estão reportando os resultados assumindo a responsabilidade por

qualquer mudança significativa nos controles internos ou fatores correlatos que poderiam ter

um impacto nesses controles. Exemplos: introdução de novos sistemas, falhas na

implementação de novos projetos etc. As principais conclusões sobre o impacto da Sarbanes-

oxley são (GOVERNANCE SOLUTIONS, 2005):

• O Papel de TI em relação aos controles internos é muito significativo.

• A confiabilidade dos relatórios financeiros é fortemente dependente de uma

boa governança de TI.

• CIOs e líderes de TI das empresas com exigências relativas à SOX têm que

adequar os controles, sistemas e implementar a governança de TI, a exigência

Page 77: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

64

da SOX, são para aquelas empresas cotadas na Bolsa de Nova York (NYSE)

ou empresas estrangeiras que negociam ADRs na NYSE.

• CIOs e líderes de empresas fora do perfil acima também devem se preparar,

pois é uma questão de tempo a universalização destas exigências. Lembre-se

que o fluxo de capitais é globalizado. A Bovespa no Brasil tem cerca de 35% a

65% do seu capital sendo de origem estrangeiro, predominantemente

americano.

2.4.2 Melhores Práticas de Gestão

Fornari (2004) define que modelo de Gestão é:

• Um conjunto de práticas e processos de gestão;

• Coorentes com uma filosofia de trabalho;

• Escolhidos deliberadamente pela alta direção;

• A serviço de um modelo de negócios;

• Na crença de que através da sua aplicação e renovação sistemática a empresa

conseguirá vantagens competitivas.

Na Figura 2.21 é apresentado o diagrama do modelo de gestão apresentado por Fornari

(2004).

Page 78: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

65

Figura 2.26 – Diagrama Modelo de Gestão

Fonte: FORNARI, 2004

O autor define as competências da organização como o conhecimento, ações,

produtos, programas que uma empresa desenvolve e, através deles, obtém significativo

diferencial competitivo. Esse conceito é uma analogia ao conceito das competências humanas,

e indica que uma empresa é capaz de desenvolver características particulares que as tornam

mais bem-sucedidas. Uma empresa tem uma importante competência organizacional quando

tira vantagens para seus negócios, e consegue os resultados bastante superiores com menos

recursos que seus concorrentes. Na Figura 2.27 o autor sugere como as competências

gerenciais básicas se manifestam nos diferentes estágios da carreira gerencial.

MODELO DE NEGÓCIOS

SENTIDO ORGANIZACIONAL

FILOSOFIA DE GESTÃO

PRÁTICAS E FERRAMENTAS DE GESTÃO

PROCESSOS DE GESTÃO

PRINCÍPIOS DE GESTÃO E DE NEGÓCIOS

ELEMENTOS ORGANIZACIONAIS

Page 79: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

Figura 2.27 – Competências Gerenciais e seu estado de evolução

Fonte: FORNARI, 2004

ANALISTA / SUPERVISOR DIREÇÃO

Com

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Competências Conceituais (Organizacionais, Negócios, Culturais)

Aplicação de técnicas e conceitos

técnicos

Técnicas de apresentação

Especificação técnica

Idiomas Computadores

Técnicas de Gestão

Melhoria de

Processos

Generali- zação

técnica

Planejamento Estratégico

Benchmarking Técnico e de

Gestão

Liderança Comunitária

Desenho Organiza-

cional Tecnologia

de Ponta

Modelagem de Contexto

Mobilização Organizacional

Planejamento de Sucessão

Comunicação

Gestão do Clima

Organizacional

Desenvolvimento de Talentos

Relação com Fornecedores Supervisão

de pequenos grupos

Relacionamento com chefes e

colegas

Influência Interpessoal

Aplicação de Conceitos Técnicos

Compreensão de Cultura

Organizacional

Interpretação da Cultura

Organizacional

Tradução de valores para o dia-a-dia

Criação de Práticas e

Ferramentas de Gestão

Estratégia Empresarial

Gestão da Cultura

Organizacional

Arquitetura Organizacional

Criação de Regras de Negócios

Diagnóstico Organizacional

Page 80: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

67

Fornari (2004) apresenta que a qualidade é uma filosofia de gestão de origem japonesa

que reúne crenças e princípios sobre como o trabalho numa empresa deve ser realizado,

visando ao mesmo tempo à melhor qualidade ao menor custo e a otimização do potencial

humano. Ela é total porque busca a qualidade em todas as áreas da organização, e não

somente naquelas ligadas ao processo produtivo direto, em que o controle de qualidade, ou

qualidade assegurada, já era praticado. Para o autor, a qualidade longe de ser uma moda, ela

continua sendo, ainda hoje, a única filosofia de gestão completa, apresentando ao mesmo

tempo princípios e ferramentas que vêm sendo sofisticadas ao longo do tempo. A seguir são

apresentados algumas premissas e princípios da qualidade total na visão do autor:

§ A gestão deve ser baseada em fatos e dados. É preciso medir as coisas para

poder compará-las. Só assim pode-se afirmar que há aumento de qualidade.

Decisões devem estar baseadas em fatos concretos, e não em meras suposições.

Indicadores inteligentes são criados em cada nível da organização permitindo

as monitorações operacionais, gerenciais e estratégicas dos resultados. As

análises consideram fatos correntes, tendências e informações comparativas.

§ O envolvimento das pessoas assegura o necessário comprometimento e

motivação para que o trabalho seja realizado dentro dos padrões esperados e os

erros sejam evitados ou corrigidos antes que impactem os clientes. A qualidade

é construída de baixo para cima. As pessoas são treinadas, preparadas e

estimuladas para prestar um serviço de excelência, bem como efetuar

melhorias constantes no trabalho que realizam. Especial preparação é dada às

pessoas que têm contato direto com os clientes. São as pessoas que decidem a

cada instante, fazer algo de forma medíocre ou soberba.

§ A gestão dos processos permite uma perspectiva horizontal, complementar à

visão vertical, funcional. Através dos processos é que os serviços e produtos

são entregues aos clientes. Cada uma das suas etapas agrega parte do valor

final dos mesmos. A gestão dos processos assegura a entrega do que foi

prometido. As pessoas são preparadas para o duplo papel de cliente e

fornecedor, à medida que estão sempre recebendo algo que alguém produziu e

que lhes servirá de insumo, ou estão sempre entregando algo que servirá de

insumo para o trabalho de outra pessoa. Este ciclo se repete até que um produto

final esteja pronto e entregue a um cliente final. A visão sistêmica permite

Page 81: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

68

entender e perceber a interdependência e interface dos inúmeros processos que

cruzam a organização.

§ O trabalho em equipe é a base de sustentação da gestão de processos, pois

muita gente participa da produção de bens e serviços da empresa, e ninguém é

responsável isoladamente pelo sucesso ou insucesso dos mesmos. As equipes

multifuncionais acompanham o desempenho dos processos, para assegurar sua

conformidade com os padrões estabelecidos, para corrigir desvios e propor sua

melhoria contínua.

§ A busca de informações comparativas (benchmarking) sobre processos,

programas, produtos, serviços, tecnologia e práticas comerciais bem-sucedidos

servem de referencial para o estabelecimento de novos padrões.

§ Quando uma empresa tem foco nos clientes, ela vive para servi-los. Toda

energia, atenção e dedicação são voltadas a eles. As pesquisas, as informações,

as preferências, as queixas, tudo que se refere ao cliente é usado para entender

suas necessidades e expectativas, e são aplicadas em seus produtos e serviços.

§ A melhoria contínua instiga a mente humana para não se conformar com o que

foi alcançado, e a acreditar que sempre há uma maneira melhor de fazer as

coisas.

§ É através da liderança que tudo acontece. Ela indica o sentido organizacional, a

Visão de curto e longo prazo. Define metas desafiadoras e possíveis.

Implementa valores, modela o contexto, serve de exemplo. Celebra o sucesso,

reconhece pessoas e grupos pela sua contribuição. Cria e dissemina Modelos

de Gestão que contêm todos estes ingredientes.

Fornari (2004), alerta que a qualidade total sintetiza seus princípios com muita

propriedade e de forma lógica e harmônica. Entretanto, esse conjunto de princípios não passa

de boas intenções e estes só se transformam em realidade quando são criados políticas,

programas e ações de gestão que lhe darão vida. Um Modelo de Gestão de excelência tem

como pano de fundo uma filosofia de qualidade. Um modelo de Gestão é uma proposta sólida

que vai sendo criada e sedimentada aos poucos.

Estas ações, segundo Rodriguez; Ferrante (2000), podem, em alguns casos, representar

a volta às origens, quando as organizações eram compactas e fortemente orientadas ao seu

Page 82: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

69

negócio específico. Existe uma tendência geral, segundo os autores, na maioria das

companhias à medida que crescem, de atuar em áreas não propriamente relacionadas ao seu

negócio específico, resultando em uma clara departamentalização, levando a criação de

grupos isolados e departamentos, e introduzindo uma série de interfaces estéreis. A

informação é um dos principais fatores na promoção de mudanças. Dados os atuais recursos

de telecomunicações e processamento de dados, nunca mais será possível tratar a informação

como antigamente. A informação não permanecerá como um privilégio de poucos e não mais

continuará sendo uma fonte de poder dentro de uma organização. A democratização da

informação, tornando-a disponível praticamente para todos, irá introduzir drásticas alterações

nas relações de poder de uma organização.

2.4.3 Alinhamento de TI aos negócios

A organização de TI, conforme Boar (2002), existe para oferecer competitividade para

o restante da empresa. Sua direção, como um todo, precisa estar em alinhamento com as

necessidades e os requisitos da empresa maior. Todo o pensamento e as ações estratégicas

ocorrem no contexto excessivo da reunião das necessidades de movimento e gerenciamento

de informações dos clientes. Embora não reafirmado constantemente, esteja alguém

realizando o desenvolvimento de escopo, o posicionamento, as definições de objetivo ou o

plano de comprometimento da empresa, todo o planejamento estratégico é feito em referência

constante (mesmo que silenciosa) ao atendimento das necessidades dos clientes.

Como nos mostra Boar (2002), uma atividade fundamental do planejamento

estratégico é a mudança da organização do seu estado atual de alinhamento, seja ele um

estado de harmonia, entropia ou misturado, para um estado de ajuste estratégico com o novo

escopo da empresa. Um esforço contínuo para alcançar o alinhamento é imperativo. Embora

as necessidades e oportunidades imediatas da empresa normalmente causem desalinhamentos,

à medida que funções e processos prosseguem em momentos variados, se não for mantido um

esforço para reafirmar o alinhamento, então as sementes dos problemas estratégicos futuros

estarão semeadas. É bastante difícil, para a empresa, reagir à mudança externa além do seu

controle, sem ter que tomar medidas estratégicas para retificar os problemas criados como

uma corrida infinita para alcançar, em vez de um esforço para manter. O alinhamento é uma

jornada contínua, e não um evento de única vez.

Page 83: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

70

A situação de planejamento estratégico ideal, portanto, teria um alto grau de

simultaneidade e entrelaçamento entre as atividades de planejamento estratégico da empresa e

da organização de TI. Nessa situação, como afirma Boar (2002), o planejamento da TI

ocorreria ligeiramente espalhado, mas em paralelo com o planejamento da empresa, com o

responsável pela TI, Chief Information Officer, participando ativamente no planejamento da

empresa. Nessa e somente nessa situação, o grau de colaboração, coordenação, comunicação e

alinhamento é maximizado. Infelizmente, continua o autor, quase sempre há ausência de uma

declaração de estratégia formal pela empresa para oferecer as diretivas e hipóteses

necessárias. Essa dificuldade pode ser enfrentada pela realização de uma análise de

alinhamento. Para fazermos uma análise de alinhamento, precisamos entender quatro

definições:

• Impulsionadores da empresa – Forças externas à empresa, de tal importância que a

empresa precisa responder criativamente e agressivamente a elas. Alguns dos

impulsionadores da empresa seriam: regulamentação, globalização ou o advento de

novos canais de distribuição.

• Impulsionadores da tecnologia – Forças do setor de TI, de tal importância que as

organizações de TI precisam responder criativamente e agressivamente a elas.

Alguns dos impulsionadores da tecnologia seriam a Internet, a terceirização

seletiva ou os padrões de tecnologia.

• Principais iniciativas da empresa – Classes de respostas para os impulsionadores da

empresa. Algumas das iniciativas da empresa seriam oferecer um cuidado inicial

com o cliente, simplificar os processos comerciais ou atender a um cliente global.

• Requisitos de TI – Impacto das iniciativas da empresa ou dos impulsionadores da

tecnologia na organização de TI. Alguns dos requisitos de TI seriam oferecer uma

visão única do cliente, atualizar o treinamento da força de trabalho ou equilibrar a

criação e a compra de novos sistemas de software.

Portanto, afirma Boar (2002), a lógica do alinhamento é a seguinte: devido aos

impulsionadores da empresa, será necessário que a empresa empreenda iniciativas de

negócios importantes. Para executar as iniciativas de negócios, certos requisitos de TI

precisam ser atendidos. Os requisitos de TI também precisam ser atendidos para que se reaja

criativamente aos impulsionadores da tecnologia, que criam oportunidades de tecnologia para

Page 84: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

71

a organização e/ou tornam obsoletos os investimentos existentes com tecnologia. Na Figura

2.28, Spohr; Sauvé (2003) apresentam um diagrama de alinhamento de estratégias, processos

e TI.

Figura 2.28 – Estrutura para alinhamento de estratégias, processos e tecnologia da informação.

Fonte: SPOHR; SAUVÉ (2003).

Cheong; Haglind (1997) apresentam os níveis de maturidade de utilização da TI,

conforme apresentado a seguir.

Nível 1 – Exploração Localizada: compreende a utilização da TI em automação das áreas

funcionais tais como marketing, contabilidade etc. Ou seja, a exploração da TI para

melhorar a eficiência das tarefas e operações. São soluções que não geram ganhos de

sinergia entre as diversas funções.

Nível 2 – Integração Interna: é uma extensão lógica do nível 1 compreendendo neste nível

a automação de atividades e tarefas em nível de processos. Este nível apresenta dois tipos

de integração. Um pode chamar de integração técnica, quando ocorre em nível da

integração de sistemas utilizando uma plataforma comum de TI, sendo a outra integração

organizacional, onde se busca a integração de papéis e responsabilidades através de

Aplicações Dados

Processos Informação

Estratégias de Negócio

Ações

Cul

tura

Val

ores

Pess

oal

Fatores Críticos de Sucesso

Tecnologias

Page 85: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

72

melhores práticas. A integração organizacional necessita da integração técnica para

proporcionar os ganhos reais de eficiência e eficácia.

Nível 3 – Redesenho de Processos de Negócios: compreende a reengenharia de processos

de negócios, onde a TI é um dos elementos viabilizadores para efetivar as transformações

e mudanças organizacionais.

Nível 4 – Novas Oportunidades de Negócios: neste nível está o reposicionamento e a

redefinição da missão e escopo do negócio bem como a identificação de novos negócios

viabilizados pela aplicação da TI. Incluindo mudanças na cadeia de valor da empresa e os

processos de relacionamento com clientes, fornecedores, etc.

Segundo Ramirez; Sender (2003), quando se fala em Tecnologia da Informação, a

maioria dos presidentes de empresas parece ter uma reação semelhante: um longo suspiro

seguido de uma série de perguntas sem resposta como, por exemplo, “por que os esforços de

TI da minha empresa parecem tão complicados, custam tanto e geram tão pouco para o

resultado da empresa?” As preocupações da maioria dos presidentes de empresas podem ser

divididas em quatro perguntas essenciais:

• Como posso alinhar as atividades de TI às prioridades de meu negócio?

• Como posso extrair o máximo valor do investimento em TI num ambiente que

aumenta de complexidade diariamente?

• Será que estamos utilizando os recursos de TI de forma otimizada? Será que a

terceirização é a melhor opção para alcançar a máxima eficiência e eficácia? Se sim,

de quais atividades?

• Como posso garantir que nossas iniciativas em TI capturam o máximo valor para o

meu negócio?

O objetivo do alinhamento de TI a estratégia é extrair o máximo da estratégia e da

arquitetura de TI. Deve-se diminuir ou eliminar os riscos de má aplicação da TI onde a

diferença entre o retorno esperado e o valor extraído é bastante alta. Outro fator de risco são

os projetos de TI cancelados ou abortados antes de seu término, assim como as iniciativas

implementadas e nunca utilizadas. E o principal risco deste não alinhamento é alto nível de

Page 86: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

73

insatisfação entre os diretores corporativos e os diretores superintendentes das unidades de

negócios com serviços e produtos de TI. O alinhamento da estratégia de TI com a estratégia

da empresa é o ponto de partida para se alcançar o máximo potencial desta área. É essencial

que a estratégia do negócio determine a direção e as prioridades para os investimentos em TI

e que as competências de TI possibilitem, o desenvolvimento de estratégias e atividades

inovadoras como podemos ver na Figura 2.29.

Figura 2.29 – O alinhamento com a estratégia é o ponto de partida para se alcançar o máximo potencial de TI.

Fonte: RAMIREZ; SENDER (2003).

A captura de valor é o processo que assegura que o máximo valor para o negócio seja

extraído dos investimentos de TI, tanto passado quanto do presente e futuro. Em

investimentos de TI de grande porte e complexidade, aproximadamente 80% dos esforços são

focados em assuntos técnicos, tais como definição das requisições, seleção de fornecedores,

customização dos sistemas, fornecimento da tecnologia e implementação do sistema. Apenas

20% dos esforços são direcionados ao negócio, tais como redesenho de processos, desenho

organizacional, realinhamento de incentivos e treinamento. O grande paradoxo é que a maior

parte do valor é gerada por atividades relacionadas ao negócio o que maximiza as chances de

que os resultados sejam atingidos, ou mesmo superem as expectativas.

Devemos sempre focar o estratégico e o impacto nos negócios dos projetos de TI.

Devemos cada vez mais utilizar as soluções de TI para automatizar decisões, em vez de

utilizá-las tão-somente na automação de processos. Cada vez mais a TI é enxergada como

• Definição das especificações

• Seleção do sistema / fornecedor

• Configuração / customização

• Implementação

TI

CAPTURA DE VALOR

Valor gerado para a empresa

Sistemas de TI legados Investimentos atuais Investimentos futuros

• Redesenho de processos

• Redesenho organizacional

• Alinhamento dos incentivos

Negócio

Page 87: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

74

uma forma de potencializar o negócio ao invés de apenas ser ferramenta de redução de custos

(Figura 2.30).

Figura 2.30 – A captura de valor na obtenção de resultados concretos das iniciativas de TI.

Fonte: RAMIREZ; SENDER (2003).

O alinhamento de TI à estratégia permite uma ação pró-ativa e alinhada com a direção

da área de TI na identificação de oportunidades na área de TI geradas por eventos

importantes. Eventos como mudança no mercado, na regulamentação, da propriedade, ou

mesmo outros fatores externos criam descontinuidades que geram necessidades de rever a

estratégia de TI (RAMIREZ; SENDER, 2003).

Rezende (2002) apresenta os principais modelos de alinhamento estratégico do PETI

ao PEE (Plano Estratégico Empresarial), a seguir é apresentado o esquema de cada modelo:

Estratégia possibilit ada por TI § Inovações

§ Novos Canais

§ Novos Mercados Estratégia

de Negócio

Estratégia

de TI

ALINHAMENTO COM O

NEGÓCIO

Estratégia de TI § Tecnologia

§ Aplicações

§ Competências e

habilidades

§ Benefícios

TI deve possibilitar estratégias inovadoras

A estratégia e as prioridades do negócio devem definir o direcionamento e os investimentos em TI

Page 88: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

75

Figura 2.31 - Modelo de Rockart; Morton (1984)

Fonte: REZENDE (2002).

Figura 2.32 – Modelo de Macdonald (1991)

Fonte: REZENDE (2002).

Ambiente Externo Social, econômico e

político Estrutura organizacional e cultura corporativa

Processos de gestão Estratégias da organização Tecnologias

Indivíduos e papéis

Estratégias de negócios

Estratégias de TI

Processos e infra-estrutura organizacional

Processos e infra-estrutura

de SI

Processos de alinhamento estratégico

Competição e reconfiguração de processos

Plataformas globais de TI

Processos de mudança organizacional e RH

Implementação, processos, ferramentas e habilidades

Potencial competitivo

Potencial tecnológico

Planos de serviço

Valores aos negócios

Transformação Tecnologias embutidas

Ambiente Externo tecnologico

Page 89: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

76

Figura 2.33 – Modelo de Walton (1993)

Fonte: REZENDE (2002).

Figura 2.34 – Modelo de Henderson; Venkatraman (1993)

Fonte: REZENDE (2002).

Estratégias de negócios

Estratégias de TI Estratégias de organização

Escopo da tecnologia

Competências sistemáticas

Gestão da TI

Escopo dos

negócios

Competências distintivas

Gestão de negócios

Infra-estrutura administrativa

Arquitetura

Processos Habilidades Habilidades Processoss

Ajuste estratégico

Alinhamento multidimensional

Estratégias de TI

Ext

erno

In

tern

o

Infra-estrutura e processos de TI Infra-estrutura e processos organizacionais

INTEGRAÇÃO FUNCIONAL

Estratégias de negócio

Page 90: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

77

Figura 2.35 – Modelo de Yetton, Johnston; Craig (1994)

Fonte: REZENDE (2002).

Figura 2.36 – Modelo de Mcgee; Prusak (1994)

Fonte: REZENDE (2002).

Figura 2.37 – Modelo adaptado de Chain et al. (1997)

Fonte: REZENDE (2002).

Estratégias

Estrutura

Processos de gestão

Indivíduos e papéis

Tecnologias

Processo de negócio e infra-estrutura

Estratégia competitiva

Operações do negócio Operações de TI

Processo de TI e infra -estrutura

Estratégia de TI

Ligação da estratégia com TI

Ambiente da TI

Estratégia

Execução

Planejamento / Definição

Ambiente competitivo

Estratégias de negócio

Alinhamento Estratégico

Estratégias de SI

Desempenho dos negócios

Efetividades dos SI

Page 91: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

78

Figura 2.38 – Modelo Rezende; Abreu (2000)

Fonte: REZENDE (2002).

2.4.4 Gestão empresarial com TI

Na visão de Rodriguez; Ferrante (2000), observando as tendências atuais relativas à

Função Informação, é possível prever, em termos gerais, que a sua evolução para os próximos

anos, estará estritamente relacionada aos seguintes fatores:

• Adequada implementação da Função Informação na Sociedade da

Informação e do Conhecimento. Uma componente muito forte da Função da

Informação, e especialmente para o gestor da tecnologia da informação, será a

prospecção de um futuro para tornar possível o sucesso da organização através de

um uso eficaz das informações.

• Busca de valores intangíveis requeridos pelos clientes da Função Informação.

O treinamento fornecido a técnicos e gerentes tornará possível que entendam

adequadamente as necessidades dos usuários, com o desafio extra de alinhar as

necessidades com os negócios da organização. A questão é que a necessidade de

informação está estritamente relacionada com valores intangíveis, de difícil

medição e valoração.

• Promoção da terceirização de rotinas físicas e intelectuais, direcionando os

profissionais da área de tecnologia de informação para a análise de negócios.

Esta questão, aparentemente simples, se tornará um grande desafio para a maioria

Produto / serviço

SI TI RH/P

PEE

MAT FIN COM RH JL

PETI

Page 92: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

79

das organizações, onde grande parte dos profissionais deverá estar voltada para o

planejamento e criação, deixando as rotinas para terceiros ou para máquinas.

• Automação e democratização das informações. Este aspecto será, muitas vezes,

a diferença entre as companhias que fizerem sucesso e aquelas que fracassarem. A

informação deve ser automatizada, democratizada e integrada desde os seus

clientes até o principal executivo da organização. Esta não será uma filosofia

opcional a ser adotada, mas o principal requisito para a garantia de sucesso das

organizações.

• A organização aprendiz. O único fato permanente que tem ocorrido nas

organizações, de forma cada vez mais freqüente, é a mudança. À medida que as

informações se tornam obsoletas mais rapidamente, a organização irá necessitar,

cada vez mais, de auto-treinamento, de modo a tornar possível a absorção de mais

informações.

As tendências de evolução da área de tecnologia de informação conforme Rodriguez;

Ferrante (2000) podem ser organizadas de forma cronológica na forma indicada a seguir:

• As características da primeira metade da década de 90 foram:

o Aceleração do processo de mudança e reorganização das organizações; a base

passa a ser os processos e não as funções.

o Maior importância para as funções do Gestor de TI e Analista de Negócios.

o Terceirização de atividades rotineiras, principalmente as relativas aos

macroprocessos ligados à operação e manutenção.

o A grande maioria dos serviços da área de tecnologia de informação era

realizada com recursos próprios da organização.

• As características da última metade da década de 90 tiveram as seguintes tendências:

o Crescimento acentuado da automação das informações na maioria das

organizações, indo desde o cliente até o nível estratégico da organização.As

funções Gerente de TI e Analistas de Negócios seriam consolidadas, mas

novos paradigmas seriam necessários, para que as organizações pudessem

entrar na Sociedade da Informação. As organizações estariam voltadas para a

Page 93: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

80

melhoria da sua eficiência interna na geração de produtos e serviços que

atendem e surpreendam os seus clientes.

o Aumento da terceirização de rotinas físicas e intelectuais dos conhecimentos já

consolidados, abrangendo todas as atividades da área de tecnologia de

informação.

o Redução dos serviços de informática que utilizem recursos próprios da

organização.

• Na década do século XXI, a área de tecnologia de informação sofreria profundas

mudanças:

o A automação alcançaria o máximo de seu estágio na maioria das organizações

da Sociedade da Informação e do Conhecimento.

o A função do Gestor de TI e Analista de Negócios estariam orientadas para o

futuro, criando novos paradigmas para as suas organizações desenvolverem

maior competitividade.

o A maioria das atividades da área de tecnologia de informação atuais já

estariam terceirizadas, executadas por máquinas ou até mesmo extintas.

o Os serviços que serão realizados com recursos próprios pela área de tecnologia

de informação serão os relativos ao planejamento, auditagem e coordenação de

atividades terceirizadas. Adicionando inovação e criação a todo trabalho de

integração.

• Alguns dos principais e novos paradigmas do Século XXI são:

o O patrimônio fundamental das organizações para mantê-las operacionais serão

os sistemas. Mas, para que as organizações possam se manter competitivas no

mercado, serão o conhecimento e a inovação das pessoas que construirão este

diferencial competitivo.

o O principal patrimônio das organizações serão os seus valores intangíveis,

impulsionados pela inovação produzida pelo conhecimento das pessoas.

o As pessoas trabalharão principalmente no planejamento, análise e criação.

o As organizações trabalharão sem organogramas, o poder estará na capacidade

de criação e inovação das pessoas.

o A quebra de paradigmas será um constante desafio.

Page 94: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

81

Segundo Rodriguez; Ferrante (2000), o desafio da integração dos processos da

organização com o uso de Sistemas Integrados de gestão (ERP – Enterprise Resource

Planning) ultrapassam os méritos da empresa com a necessidade de integração com seus

fornecedores e clientes por meio dos processos de CRM – Customer Relationship

Management, EDI – Eletronic Data Interchange e SCM – Supply Chain Management.

Para Rodriguez; Ferrante (2000) uma das principais características na Sociedade

Industrial foi o deslocamento de grandes quantidades de pessoas. Para realizar o trabalho, os

trabalhadores deveriam se locomover diariamente até as unidades de produção. As

companhias, então, tinham um endereço geográfico bem definido. Na nova Sociedade da

Informação e do Conhecimento as companhias tornam-se companhias virtuais. Deste modo,

ao invés de somente possuírem um endereço fixo pode ser identificado simplesmente por um

número do Internet, telefone e fax. Isto já é possível hoje quando, por exemplo, para empregar

programadores de um país onde o seu trabalho seja mais barato, os mesmos podem ser

contratados e trabalhar em suas próprias residências, permitindo a eliminação dos custos de

transporte até o local de trabalho, além dos custos de uso das instalações da companhia, como

eletricidade, equipamentos, instalações etc.

Algumas afirmações que se pode extrair de Rodriguez; Ferrante (2000):

• As companhias deverão adotar uma nova organização para sobreviverem e

prosperarem, serem capazes de assimilar, aplicar, e utilizar novos conhecimentos e

tecnologias;

• A melhoria da competitividade global irá ocorrer com o uso correto de modernas

tecnologias de informação;

• O fluxo de informações dentro de uma organização não poderá ser mais

controlado;

• O fluxo de informação de uma organização deve ser baseado em uma arquitetura

de informações;

• As informações ligadas ao negócio são parte do patrimônio de uma companhia,

possuindo custo e valor associado;

• A globalização da economia irá impor novas dificuldades e problemas nas

companhias tradicionais. Mas, para aquelas que se adaptarem aos novos tempos,

serão criadas novas oportunidades de negócio;

Page 95: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

82

• Maior atenção deve ser dada ao mercado mundial. Esta monitoração é complexa e

cheia de surpresas. Permanentes benchmarkings com os produtos e serviços dos

seus competidores devem ser realizados a todo tempo.

Para Amaral; Varajão (2000), com ato de sobrevivência perante a constante

necessidade de adaptação das organizações às novas situações, tem-se assistido a uma

crescente adoção de novos paradigmas de desenho e funcionamento organizacional como

“Engenharia da Organização”, “Total Quality Management”, “Process Inovation”, etc. Todos

estes novos paradigmas implicam uma crescente valorização do papel da informação e da

infra-estrutura que a suporta no desenho e funcionamento da organização. Para Rodriguez;

Ferrante (2000) na busca de uma crescente competitividade, o ciclo de desenvolvimento de

produtos e serviços deve ser reduzido. O gerenciamento e uso dos Sistemas integrados de

Gestão (ERP – Enterprise Resource Planning), pela qualidade total e a reengenharia dos

processos são as ferramentas para alcançar este objetivo. Companhias que ainda estão

organizadas por função serão transformadas em companhias organizadas por processos e

projetos. As companhias organizadas por função normalmente possuem uma estrutura

organizacional hierárquica, com um tremendo potencial de cometer erros, especialmente

devido à forte tendência de filtrar novas idéias do gerenciamento de níveis intermediários e à

compartimentalização do trabalho por especialidade, que introduz um grande número interno

de interfaces. As empresas modernas não podem operar dentro de tal ambiente. Para

sobreviver e prosperar é essencial adotar uma estrutura capaz de assimilar, aplicar e utilizar

novos conhecimentos e tecnologias. É então evidente que, as companhias modernas devem

mudar seus procedimentos de gerência e estrutura organizacional, particularmente através da:

a) redução dos níveis hierárquicos; b) simplificação dos procedimentos e processos; c)

introdução do gerenciamento por resultados, nunca por tarefas; d) introdução de remuneração

baseada em resultados; e) implementação da organização por processos, com a eliminação de

níveis intermediários e evitando a compartimentalização dos processos; f) aumento da

comunicação interna e externa, para eliminar barreiras ao fluxo de idéias, informação sobre

problemas e sugestões sobre a organização; g) implementação e controle dos processos e não

o controle das pessoas; h) introdução ao gerenciamento participativo, mas com uma definição

muito clara de responsabilidades; i) concentração no negócio específico da companhia,

eliminando processos e atividades que não agregam valor ao negócio, reduzindo o trabalho e

não as pessoas. j) promoção da conscientização, motivação, educação e treinamento das

Page 96: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

83

pessoas. k) terceirização e quarteirização, mas tomando bastante cuidado para não perder o

conhecimento sobre o seu negócio para outras companhias.

Na Figura 2.39 vemos o modelo extraído de Scott Morton apud Cheong; Haglind

(1998), que apresenta os diferentes níveis de utilização da TI e o potencial impacto de TI nos

negócios.

Figura 2.39 – Níveis de maturidade de utilização de TI e os potenciais impactos aos negócios.

Fonte: CHEONG; HAGLIND (1998).

De acordo com Leavitt apud Cheong; Haglind (1998), uma organização industrial pode ser

entendida como um sistema complexo com pelo menos quatro variáveis que interagem, que

são variáveis de processos / atividades, variáveis estruturais, variáveis tecnológicas e variáveis

humanas, conforme apresentado na Figura 2.40. Leavitt afirma que as interações destas

variáveis são mutuamente dependentes: quando ocorre uma mudança em uma variável, as

obras são impactadas em resposta. A conclusão é que é difícil alcançar um nível significativo

de mudança sem impactar conseqüentemente as outras variáveis. No modelo de Leavitt

fornece uma poderosa visão sistêmica de forças interdependentes de uma organização.

Rockart; Scott Morton (1984) apud Cheong; Haglind (1998) acrescentam um importante

elemento ao modelo de Leavitt, que é o processo de gerenciamento que pode ser entendido

como o elemento que a mantém a organização agregada. O processo de gerenciamento é

constituído de planejamento estratégico, orçamento e comunicação empresarial.

Figura 2.40 – Diagrama de Leavitt.

Potenciais impactos

aos negócios Localização de aproveitamento

Integração interna

BPR

Novas oportunidades de negócios

Nível de Implementação da TI Baixo Alto

Alto

Page 97: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

84

Fonte: CHEONG; HAGLIND (1998).

Conforme Harrington apud Cheong; Haglind (1998), a estrutura organizacional pode

ser vista como a base que gera a identidade própria do conjunto de pessoas e recursos que

compõem uma empresa. A estrutura organizacional é o resumo de como o trabalho da

empresa é dirigido e coordenado em tarefas, Mintzberg apud Cheong; Haglind (1998).

A estrutura organizacional tem três funções. A primeira função é gerar os resultados

esperados da organização, bem como as metas e os objetivos organizacionais. A segunda

função é ser capaz de minimizar ou pelo menos controlar a influencia de mudanças dos

indivíduos e seus efeitos na organização. A terceira função é definir como o poder é exercido,

as decisões são tomadas, assim como o modo como as atividades da organização são

realizadas (CHEONG; HAGLIND,1998).

Cheong; Haglind (1998) evidenciam os impactos que a TI pode gerar na estrutura

organizacional. Ele enxerga a estrutura organizacional através de duas dimensões. Uma é a

dimensão física (a divisão em departamentos e funções) e a outra é a dimensão percebida

(como os funcionários percebem organização). A TI, diferentemente de outras tecnologias,

tem um forte impacto na dimensão percebida. Através da mudança da percepção das pessoas

que constituem a organização, a estrutura organizacional percebida pode mudar. O autor

reafirma que a interação entre a TI e a estrutura organizacional precisa sempre ser

considerado quando se está implantando a organização de TI na empresa.

De acordo com Buuron (2002), todas as organizações fazem parte de uma ou mais

cadeias de suprimento. Seja uma empresa que vende diretamente para o consumidor final,

provê serviços, fabrique produtos, ou extrai recursos naturais, sempre a empresa pode ser

caracterizada como pertencente a uma cadeia de suprimento (SCM – Supply Chain

Estrutura

Pessoas (atores)

Tarefas Tecnologia

Page 98: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

85

Mangement). A característica principal no gerenciamento da cadeia de suprimento do século

21 é rapidez e adaptabilidade, tendo a TI como viabilizadora. A TI gerou a evolução do SCM

de uma cadeia de suprimento linear para um modelo de atuação em rede. Nos anos 80 e 90,

surgiram os sistemas ERP (Enterprise Resources Planning), Sistema de Gestão Integrado, que

veio em substituição ao modelo de sistemas de informação isolados. Muitas empresas

vislumbraram a oportunidade de estender o conceito do ERP além das fronteiras da empresa,

através da integração com clientes, fornecedores e parceiros de negócios. A evolução do SCM

continua, e as empresas líderes já estão se direcionando ao próximo estágio – a rede de

suprimentos adaptável. Esta evolução do SCM direcionou a ampliação da utilização de

sistema ERP individual de cada empresa, para um modelo de sistemas inter-empresarial, pelo

lado da geração de demanda da cadeia resultou no conceito CRM (Customer Relantionship

Mangement) e pelo lado do fornecimento foi gerado conceito SRM (Supplier Relantionship

Management). Estes novos conceitos aliados à Infra-estrutura de TI viabilizam a rede de valor

adaptável como apresentado na Figura 2.41.

Figura 2.41 – Tecnologia da Informação entre empresas

Fonte: BUURON (2002). De acordo Rodriguez; Ferrante (2000), a implementação e uso correto de uma

moderna tecnologia da informação, irá melhorar a competitividade global da organização,

principalmente nas suas áreas fins. Entretanto, o uso incorreto da informação, ou o trabalho

com informação não adequadamente organizada, ao invés de ajudar, irá prejudicar a

Infra-estrutura pública (e.g. Internet)

Escritório da corporação e suporte de sistemas (e.g. e -mail)

Ampla infra-estrutura empresarial

Infra-estrutura

Sistema ERP

Cadeia de

valores

Planejamentos corporati vo, financeiro e RH

Centro de negócios e sistemas

SRM

CRM

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Infra-estrutura corporativa

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Margem

Margem

Page 99: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

86

organização. Ao longo dos anos, a relevância da tecnologia de informação tem crescido

bastante, adquirindo uma importância estratégica e tornando-a uma ferramenta fundamental

para alavancagem dos negócios.

Uma organização inserida na Sociedade da Informação deverá tirar total vantagem do

uso de modernas tecnologias de informação, para ganhar competitividade. As principais ações

a serem tomadas a este respeito são as seguintes:

• Alinhar a tecnologia da informação com os negócios.

• Automatizar os processos produtivos.

• Eliminar ou, pelo menos, reduzir drasticamente as interfaces.

• Construir uma arquitetura de informações alinhada com os negócios da organização.

• Integrar clientes e fornecedores, através do uso das informações.

2.5 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A Figura 2.37 mostra que a mudança no tratamento da TI dentro da empresa veio

principalmente com a mudança na relação hierárquica tradicional entre a gerência e a TI.

Segundo Spohr; Sauvé (2003), quando a TI passou a exercer papéis mais estratégicos dentro

da empresa, e houve uma união maior entre a gerência empresarial e a TI, pôde-se verificar a

mudança na forma de fazer negócios na empresa. Para estabelecer e manter um

posicionamento estratégico diferenciado, uma empresa precisa seguir os seguintes princípios

fundamentais:

1. É preciso começar com o objetivo certo, saber do que o retorno do

investimento pode vir em longo prazo. É preciso assentar a estratégia em

rentabilidade sustentada para conseguir gerar verdadeiro valor econômico.

2. A empresa deve procurar uma proposição de valor ou um conjunto de

benefícios diferentes daqueles que os concorrentes oferecem. A estratégia,

então, não é uma busca pela melhor maneira de competir nem um esforço par

ater tudo para todos os clientes.

3. A estratégia precisa produzir efeitos numa cadeia de valor diferenciada. Para

estabelecer vantagem competitiva sustentada, uma empresa deve desempenhar

Page 100: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

87

atividades diferentes das dos rivais ou desempenhar atividades semelhantes,

mas de maneira diferente.

4. As estratégias robustas envolvem, principalmente, negócios. Uma empresa

deve abordar certas características de produtos, serviços ou atividades no

sentido de ser única em outras. Estas trocas nos produtos e na cadeia de valor é

que tornam uma empresa verdadeiramente distinta das outras.

5. A estratégia define como todos os elementos de uma empresa se interligam

entre si. Uma estratégia pressupõe que se façam escolhas, ao longo da cadeia

de valor, que sejam independentes, todas as atividades devem ser reforçadas.

6. A estratégia envolve continuidade. Uma empresa deve definir uma proposição

de valor distinta, que a representará, mesmo que isso signifique na direção a

certas oportunidades. Sem continuidade na direção é difícil para as empresas

desenvolver, competências únicas e atividades ou construir forte reputação

junto aos clientes.

Page 101: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

88

Figura 2.42 - A Expansão dos papéis que a TI pode exercer dentro de uma empresa

Fonte: SPOHR; SAUVÉ (2003).

Spohr; Sauvé (2003) concluem que a melhor forma de gestão parece ser, no entanto,

aquela que concilia a busca pela melhoria da produtividade, com redução de custos, idealizada

pela Gestão Operacional, com a flexibilidade e habilidade para reagir às mudanças e

inovações atuais e futuras proporcionadas pela Gestão Estratégica. Para quebrar as barreiras

de negócios com a TI, sugerem que não é uma tarefa fácil. Porém, eles afirmam que as

empresas precisam quebrar as barreiras que existem entre a forma operacional de fazer

negócios e a forma estratégica de fazer negócios. As principais barreiras que as empresas

vêem para seus negócios encontram-se ilustrados pela Figura 2.43.

Sistemas Funcionais ou de Processamento de Dados Objetivo: cada departamento utili za a TI para automatizar funções específicas.

Sistemas Interoperáveis e Gerenciais Objetivo: sistemas de TI compartilhados entre os vários departamentos,

automatizando funções específicas e trocando informações.

Sistemas de Suporte à Decisão Objetivo: melhorar a competitividade e reduzir custos.

Sistemas de Suporte Estratégic o e de Suporte ao Usuário Final

Objetivo: auxiliar as empresas a reavaliar seus processos de negócios e seus resultados

Objetivo: aproveitar e

sobreviver ao impacto que TI e a

globalização podem exercer sobre o

modelo fundamental de

negócios da empresa

Internetworking e Globalização

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O papel da TI é dar Suporte à Vantagem

Estratégica

O papel da TI é dar Suporte à Decisão

Gerencial

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O papel da TI é dar Suporte às Operações do

Negócio / Empresa

Page 102: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

89

Figura 2.43 – Quebrando as barreiras de negócios com a TI

Fonte: SPOHR; SAUVÉ (2003).

Conforme Spohr; Sauvé (2003), as barreiras estruturais inibem as operações ou

limitam a busca pela vantagem competitiva. Quebrando estas barreiras com o uso da

tecnologia da informação, é possível ajudar o negócio a estabelecer novas ligações eletrônicas

com clientes, fornecedores, parceiros, concorrentes etc. As barreiras de custos podem ser

quebradas com a ajuda da TI, mas isso pode não acontecer sempre. Pois, o custo de aquisição

de uma tecnologia da informação pode demorar a ser diluído e possivelmente dar ganho real

para a empresa. Apesar disso, em muitos casos, existe uma redução substancial de custos com

o uso de TI. Por exemplo: o uso das redes de computadores pode ajudar a reduzir os custos de

produção, de inventário, de distribuição e de comunicação.

Enfim, a idéia é: usar a TI para alavancar a empresa para o sucesso estratégico de seus

negócios, sem barreiras. A Figura 2.39 apresenta alguns exemplos de como a TI pode ajudar a

quebrar as barreiras de negócios da empresa. (O’BRIEN, 2003).

Seja qual for a possibilidade de quebra de barreira de negócio que a TI possa favorecer

é preciso analisar com muito cuidado o perfil da cada empresa. Qualquer capacidade da

tecnologia da informação que seja investida em uma empresa despreparada para usufruir os

Barreiras de Tempo

Barreiras Geográficas

Barreiras de Custos

Barreiras Estruturais

Quebrando as Barreiras de Negócios

com a TI

Page 103: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

90

investimentos tecnológicos pode não resolver problema nenhum e ser gasto de tempo e

dinheiro. A quebra de barreiras é muito importante para o posicionamento estratégico da

empresa. A alta administração e o nível gerencial da empresa precisa conhecer o papel

estratégico de TI. No decorrer das últimas décadas pudemos observar uma mudança radical na

forma como a Tecnologia da Informação, primeiro, chamada de Processamento de Dados e

depois de Informática, foi sendo tratada e utilizada dentro das empresas (SPOHR; SAUVÉ,

2003).

Figura 2.44 – Uso da TI para quebrar barreiras de negócios

Fonte: SPOHR; SAUVÉ (2003).

Segundo Spohr; Sauvé (2003), as empresas que pretendem se tornar globais precisam

quebrar as barreiras geográficas, pois elas:

• Complicam o controle gerencial de operações;

• Aumentam o custo de fazer negócios;

• Limitam a qualidade de serviços;

• Limitam a cobertura de mercado potenciais.

Geografia

Tempo

Custos

Estrutural

BARREIRA Como a TI pode ajudar a quebrar as Barreiras de Negócios?

O uso de computadores e telecomunicações permite agilizar tarefas, processos etc. Com o uso de operações em tempo real e operações Just-in-Time (JIT) é possível: reduzir o tempo entre as etapas críticas de um processo e diminuir o tempo de resposta para clientes, fornecedores etc.

Computadores e telecomunicações possibilit am a comunicação de qualquer um com qualquer lugar do mundo. Redes de computadores / Internet permitem que as atividades de negócio sejam distribuídas para onde elas são mais necessárias, ou para aonde elas são mais bem feitas, ou ainda para onde elas melhor apóiam as vantagens competitivas da empresa.

Usar ferramentas que a TI disponibiliza permite a diminuição de vários custos, como por exemplo: custos de produção, de inventário, de distribuição, de comunicação, podem ser diminuídos com o uso de redes; custos de armazenamento podem ser diminuídos com o uso de estoque JIT etc.

Com o uso da TI é possível, por exemplo: inovar a entrega de serviços; aumentar o escopo e a penetração de mercados; criar alianças estratégias com clientes, fornecedores e até competidores etc.

Page 104: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

3 EMPRESAS GLOBAIS

3.1 CENÁRIO DA GESTÃO GLOBAL

Como apresentado por Rodriguez; Ferrante (2000), tradicionalmente, a maioria das

companhias desenvolvia suas atividades dentro dos limites do seu país, região, ou até mesmo

cidade, sem ter de enfrentar o risco de uma competição vinda de fora de seus territórios. Os

principais fatores que contribuíram para esta situação foram:

• A tecnologia de processamento de dados e teleprocessamento, não eram tão

avançadas como nos dias de hoje.

• A existência de diferentes blocos políticos resulta na estabilidade de barreiras

comerciais e protecionistas, que impediam a competição.

A impressionante evolução da tecnologia de informação tornou possível um meio

global de comunicação com total disponibilidade de TV, jornais eletrônicos, fax e telefone,

juntamente com o estabelecimento de uma nova fronteira digital, de fundamental importância

para caminhar na direção de uma economia globalizada. Rodriguez; Ferrante (2000) ainda

afirmam que, com a expansão da fronteira digital através da disponibilidade de auto-estradas

de informações, o conceito de fronteiras nacionais tornou-se fraco, enquanto que o conceito

de integração, em tempo e espaço, tornou-se forte. No ambiente globalizado da economia, as

pessoas se tornaram mais exigentes e impõem novas regras ao mercado. As companhias

pressionadas pela competição irão produzir produtos e serviços onde, a qualidade, será

considerada um pré-requisito. Adicionalmente, a variável time-to-market, ou seja, a entrada

no tempo certo de um produto no mercado, será um fator extremamente relevante para

capturar mercados emergentes. Para obter sucesso as companhias devem:

• Entender que qualidade é agora um atributo implícito, e não mais objeto a ser

alcançado. Qualidade, custo e serviços devem ser sempre melhorados.

• Tornarem-se mais agressivas, para captar e manter seus clientes.

• Fornecer serviços personalizados, deixando de fora as economias de escala.

• Capturar os clientes oferecendo mais do que o solicitado.

Com relação à competição, Rodriguez; Ferrante (2000), citam as seguintes ações a

serem requeridas:

Page 105: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

92

• Buscar alianças e associações, somar esforços para obter ou manter o mercado

conquistado.

• Melhorar continuamente o planejamento estratégico e a visão estratégica da sua

companhia.

3.2 ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES GLOBAIS

Bartlett; Ghoshal (2002), apresentam um estudo das empresas que atuam no exterior e

identificaram três modelos distintos, classificando-as em empresas Internacionais, Globais e

Multinacionais conforme apresentado na Figura 3.1. As empresas com atuação no exterior

diferenciam no posicionamento estratégico, estruturas organizacionais e processos de

gerenciamento.

Figura 3.1 – Capacidades estratégicas chave: empresas multinacional, global e internacional

Multinacional Global Internacional

Constroem uma presença local forte através de conhecimento e capacidade de resposta às diferenças de cada país onde atua.

Desenvolve vantagens de custos através da centralização de operações de escala global

Utiliza amplamente os conhecimentos e capacidades da matriz, adaptando-as e disseminando-as nos diversos paises que atua.

Fonte: BARTLETT; GHOSHAL (2002).

Algumas empresas desenvolvem um posicionamento estratégico e uma capacidade

organizacional que as permitem serem bastante ágeis no atendimento as diferenças de cada

país onde atua. Na realidade, estas empresas gerenciam um conjunto de empresas de diversas

nacionalidades. Este modelo de atuação é chamado de empresa multinacional. (BARTLETT;

GHOSHAL, 2002).

Por outro lado, outras empresas desenvolvem operações internacionais que estão

direcionadas pela necessidade de eficiência global, e são muito mais centralizadas na

definição da estratégia e nas decisões operacionais também. (Bartlett; Ghoshal, 2002). Elas

tratam o mercado mundial como único, são chamadas empresas globais. Produtos e

estratégias são desenvolvidos para atender um grande mercado mundial e não mercados

específicos nos países onde atua. A estratégia do terceiro grupo de empresas baseia-se

principalmente na transferência e adaptação do conhecimento e experiência da matriz para os

mercados internacionais. A matriz detém uma influência e controle das operações

Page 106: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

93

internacionais, porém bem menos do que nas empresas globais. As unidades de cada país

podem adaptar produtos e idéias originais na matriz, porém neste caso com menos autonomia

do que as subsidiárias de empresas multinacionais. As dimensões internacionais estão se

tornando cada vez mais importantes na administração de um negócio nas economias e

mercados mundiais interconectadas de hoje. Por isso, as questões internacionais na

administração de empresas são hoje de importância decisiva. Isto significa que as questões

internacionais de contabilidade, marketing, finanças, produções / operações, administração de

recursos humanos e, é claro de sistemas de informação e tecnologia da informação também

são muito importantes para o sucesso dos negócios.

O estudo feito por Bartlett; Ghoshal (2002) identificou que os modelos de

internacionalização acima apresentam fortes sinais de esgotamento para atender a tendência

de globalização. Forças externas demandadas pelo ambiente de atuação das empresas estão

mudando drasticamente a estratégia de atuação das empresas devido à amplitude de negócios

e dimensões geográficas. Os modelos de internacionalização tradicionais de empresas

multinacional, global e internacional não estão atendendo as novas exigências. Identificamos

um novo modelo para gerenciar as operações mundiais de uma empresa que seja realmente

efetivo em negócios de alta competitividade, flexível e adaptável às mudanças do ambiente de

negócios hoje e no futuro”.

A conclusão de Bartlett; Ghoshal (2002) é a existência de um novo modelo de

internacionalização caracterizada pela empresa transnacional (Figura 3.2), que apresenta os

seguintes desafios:

• A demanda atual é por integração global, diferenciação local e capacidade de inovação

a nível mundial. Para competir efetivamente, a empresa tem que desenvolver

competitividade global, ter a flexibilidade da empresa multinacional e capacidade de

aprendizagem no mundo todo, ou seja, a empresa transnacional necessita desenvolver

as três competências simultaneamente;

• O desenvolvimento destas competências estratégicas múltiplas é um grande desafio

organizacional, o que exige um grande esforço de toda a organização para se adaptar

ao novo modelo organizacional;

• A mudança para este novo modelo organizacional não é facilmente implementada e é

difícil de gerenciar. A transição de uma postura de empresa multinacional, global ou

Page 107: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

94

internacional para transnacional exige muita atenção e esforço da alta administração.

O grande desafio é construir uma organização auto-adaptável e de aprendizagem

contínua o que exige uma série de etapas para ser alcançado.

Figura 3.2 - Características da empresa transnacional

Características

Organizacionais Multinacional Global Internacional Transnacional

Grau de autonomia e distribuição de recursos e ativos em cada país.

Descentralizada e auto-suficiente em cada país.

Centralizada e escala a nível global.

Competências-chaves são centralizadas e determinadas e outros são descentralizados.

Recursos e ativos dispersos, interdependentes e especializados.

Papel das operações internacionais.

Conhecimento e exploração de oportunidades locais.

Implementar as estratégias da matriz.

Adaptar e utilizar as competências da matriz.

Contribuições diferenciadas de cada país e integrar as operações mundiais

Desenvolvimento e disseminação do conhecimento organizacional.

Conhecimento desenvolvido e mantido em nível de país.

Conhecimento desenvolvido e mantido na matriz.

Conhecimento desenvolvido na matriz e transferido para as operações internacionais

Conhecimento desenvolvido em conjunto pela matriz e operações internacionais e totalmente compartilhado a nível mundial.

Fonte: BARTLETT; GHOSHAL (2002).

Bartlett; Ghoshal (2002) ressaltam que as principais forças apresentadas pela empresa

transnacional também são as fontes de seus principais problemas. A configuração e

disponibilidade de recursos e ativos especializados distribuídos em diversos países, à

diversidade das responsabilidades e funções organizacionais, além da multiplicidade de

processos de inovação e aprendizagem contínua podem levar a uma fragmentação e

desperdício de recursos. Para a empresa transnacional alcançar seus objetivos, a palavra chave

é sinergia, para alcançar os níveis de integração, padronização e compartilhamento

necessários. Na Figura 3.3 a seguir são apresentados alguns dos desafios gerenciais para

desenvolver a empresa transnacional.

Page 108: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

95

Figura 3.3 – Desafios no desenvolvimento e gerenciamento da empresa transnacional Capacidade Estratégica Características Organizacionais Perfil da Alta Administração Ser Competitiva Globalmente

Ativos e recursos dispersos e interdependentes

Maximizar a sinergia de capacidades e perspectivas diferenciadas

Flexibilidade Multinacional

Funções especializadas e diferenciadas das subsidiárias

A capacidade de desenvolver processos globais e flexíveis

Conhecimento Corporativo Mundial

Desenvolvimento integrado e compartilhamento de conhecimento em todas as operações da empresa no mundo

Construir a visão compartilhada e comprometimento individual

Fonte: BARTLETT. GHOSHAL (2002).

A empresa que possui uma estratégia transnacional coordena um grande número de

operações nacionais à medida que preserva sua capacidade de responder às preferências e

interesses nacionais de cada mercado nos diversos países em que atua, conforme Figura 3.4.

As subsidiárias em cada país são vistas não como simples implementadoras das estratégias

desenvolvidas de forma centralizada, mas sim como fontes importantes de idéias, habilidades,

capacidades e conhecimento que pode gerar benefícios para a empresa como um todo. É

bastante comum na estratégia transnacional a empresa coordenar desenvolvimento de produto,

campanhas de marketing e toda estratégia competitiva das várias subsidiárias

interdependentes. Com a estrutura organizacional integrada em rede, a alta administração e a

gerência sênior são responsáveis pela coordenação do desenvolvimento de objetivos

estratégicos, políticas operacionais, logísticas entre as divisões e também o fluxo de

informação entre as divisões e a matriz. As empresas globais face ao crescimento da

necessidade de coordenação e integração a nível mundial de suas várias atividades e

operações internas da sua cadeia de valor (tais como operações e logística sem limite), bem

como das atividades externas visando atender diferenças dos vários mercados e agilidade de

resposta das diferentes demandas (tais como: marketing, vendas, serviços), apresentam uma

grande dependência de soluções de TI do quanto a estratégia de TI está alinhada e integrada

com a estratégia de negócio.

Page 109: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

96

Figura 3.4 – Estratégia transnacional com estrutura organizacional integrada em rede.

Fonte: BRADLEY; HAUSMAN; NOLAN (1993)

Luftamn (1996) classifica as empresas globalizadas em: exportador global, empresa

multinacional, empresa multi-local e empresa global. A Figura 3.5 apresenta as principais

diferenças de características segundo o autor.

Distribuição de capacidades,

recursos, e decisão de realização.

Controles complexos; Alta habilidade de coordenação, coordenação estratégica, coordenação estratégica da decisão do processo.

HQ

Fluxo pesado: Materiais, pessoas,

informação, e tecnologia.

Page 110: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

97

Figura 3.5 – Características de negócios de exportação global, multinacional, multilocal e global

Fonte: LUFTMAN, 1996

O Desafio de ser uma Empresa Global

A necessidade de melhor entendimento das oportunidades de negócios globais

motivou o estudo realizado por Richard Nolan apud Bradley; Hausman; Nolan (1993). Este

estudo, que envolveu trinta grandes empresas de quatro continentes, oito das quais entre as

quatro maiores do mundo em seu segmento de indústria. O resultado do estudo foi resumido

em três conclusões. A primeira conclusão é que este processo de globalização das empresas

não é apenas modismo. As dez empresas, embora aspirando tornarem-se globais, cada uma

estava trabalhando fortemente para definir o que significa ‘ser global’. A seguir os principais

direcionadores do que as empresas identificaram o que era uma empresa global:

• As barreiras comerciais estão sendo eliminadas, redesenhando aspectos de logística

e suprimento dos negócios.

Características Exportador

Global Multinacional Multilocal Global

Produtos e serviços

Valor de atividades em

cadeia

Bases de competição

Organização

Consumidores

Homogêneo

Aumento da concentração no

país

Economia de escala na produção

Território nacional

Consumidores buscam o mesmo tratamento global

ou local

Homogêneo, algumas

customizações

Distribuição mas com maior controle

do país

Inovações compartilhadas fora

dos limites H.Q.

H.Q. controle de companhias

nacionais

Suporte para customização locais e vendas nacionais

de companhias globais com

dificuldade de customização

Customização, algumas

homogeneizações

Aumento da duplicação em

cada país

Responsabilização local

Forte organização nacional, H.Q. representantes prioritários no

papel financeiro

Foco na customização

local, customização

global apenas com grande dificuldade

Arquitetura Flexível permitindo

customização em massa

Fortemente interligada e

distribuída em todo o mundo.

Economias de escala

de produção e conhecimento com foco no cliente/baixo custo

Decisões tomadas através de centros de

competência

Suporte aos clientes locais e globais

Page 111: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

98

• Avanços tecnológicos estão possibilitando o surgimento de redes mundiais de

comunicação de dados, voz e imagem.

• Acordos comerciais entre países e blocos econômicos e alianças estão crescendo

bastante.

• Clientes corporativos estão se tornando globais e esperam fornecedores capazes de

atender suas demandas de produto e serviços em qualquer lugar do mundo.

• A expectativa dos clientes para respostas cada vez mais rápidas às suas

necessidades está exigindo uma melhor coordenação das atitudes em todo o

mundo.

• Existe uma ênfase crescente em customização de produtos para atender

necessidades de mercados locais.

• Clientes aumentam a expectativa que as empresa desenvolvam produtos ou

serviços cada vez mais com valor agregado.

• A competição por si própria está se tornando global.

Uma empresa avaliada sugeriu que existe a necessidade de diminuição dos tempos de

entrega e que uma estratégia global deve ter por finalidade eliminar os aspectos negativos de

tempo e distância. O consenso das empresas é: a empresa global é dirigida por uma estratégia

global que a capacita planejar e tratar todas as suas atividades num contexto de sistema

mundial, e, portanto, atende seus clientes globais com excelência, conforme apresentado na

Figura 3.6.

Page 112: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

99

Figura 3.6 – Definição de empresa global.

Fonte: BRADLEY; HAUSMAN; NOLAN (1993).

Também foi consenso entre as empresas analisadas, que globalização é um conceito de

negócio envolvendo uma estratégia global que capacita à empresa ter um plano mundial para

produtos, marketing, manufatura, logística e pesquisa e desenvolvimento. Uma empresa

global tem pouca ou não tem fronteiras e empreende atividades de negócios de missão crítica

onde ela faça maior sentido (por exemplo, atividades de P&D serão feitas em qualquer lugar

onde estejam localizados fisicamente os talentos da empresa). Outro conceito obtido, é que

uma empresa global tem que possuir um sistema de entrega que seja bastante sensível às

necessidades de clientes locais e seja capaz de suportar clientes locais nos diversos mercados

que atuam com o mesmo nível de excelência. Uma empresa global dissemina um conjunto de

valores, princípios e sistemas de negócios adequando-os a todos os locais de presença onde a

empresa tem negócios. Ser global requer um alto grau de diversidade cultural. Por último,

existiu também o consenso que uma empresa global aprende a contrabalançar quando

necessita enfatizar a própria visão e o planejamento como um sistema global e quando

necessita ter alta sensibilidade para atendimento dos requerimentos locais. A capacidade da

organização tem que ser efetivamente gerenciada para garantir que os requerimentos locais

estão sendo atendidos apropriadamente, enquanto simultaneamente mantêm a integridade sem

comprometimento dos aspectos-chaves do sistema global integrado da empresa. Este

equilíbrio é um dos pontos fortes de ser global. Isto não significa apenas equilíbrio nas

atividades de operação, e sim distribuir e redistribuir a capacidade e a competência por toda a

empresa. O conceito de ser uma empresa global é de longe muito mais fácil de ser descrito do

Ter habilidade de execução global

A empresa global:

• Ter uma estratégia global • Tratar todas as atividades num contexto de sistema global • Atender clientes globais com excelência

• Ter um sistema de entrega local acordo com as necessidades dos clientes locais

• Atender clientes locais com excelência

Page 113: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

100

que implementado. É uma transformação organizacional que leva vários anos para ser efetiva,

orientada pela visão de ser atingido um estado totalmente diferente que o estado atual onde a

empresa se encontra, e envolve mudanças simultâneas em praticamente todos os aspectos e

atividades do negócio.

Os diversos autores nomeiam as empresas e suas características de globalização de

forma diferente. No escopo deste estudo será chamada de Empresa Global aquela empresa

que apresenta o maior nível de globalização e por conseguinte exige uma eficácia maior da

estratégia de TI em termos de flexibilidade, padronização, centralização, descentralização,

abrangência e alcance da infra-estrutura de TI.

3.3 ADMINISTRAÇÃO GLOBALIZADA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

A empresa global depende muito de seus sistemas de informação e tecnologias da

informação adequadas para ajudá-la a integrar suas atividades globalizadas de negócios. Em

lugar de possuir organizações de TI independente em suas filiais, ou mesmo uma operação de

TI rigidamente centralizada dirigida a partir de uma matriz, uma empresa global procura

desenvolver mundialmente uma arquitetura integrada e colaborativa de hardware, software e

telecomunicações para sua plataforma de TI. Sistemas de Informação devidamente projetados

e administrados, utilizando tecnologias da informação apropriadas, são ingredientes chave nos

negócios internacionais. A tecnologia da informação fornece recursos vitais de informação

necessários para apoiar os negócios em mercados globalizados. Conforme o modelo de

atuação internacional adotado (multinacional, global, internacional) varia consideravelmente

o grau de necessidade empresarial existente para a tecnologia da informação globalizada. Um

questionamento importante a ser feito é se a empresa necessita utilizar TI para apoiar as suas

operações internacionais.

Page 114: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

101

Para competir efetivamente no mercado doméstico ou amplamente a nível mundial,

conforme Brandley; Hausman; Nolan (1993), as empresas tem que expandir bastante a

coordenação de suas atividades em termos globais. A coordenação e sinergia de uma rede

complexa de unidades distintas, organizacionalmente e geograficamente, distribuídas em todo

o mundo, torna-se a principal fonte de geração de vantagem competitiva. As estratégias

globais de hoje envolvem freqüentemente a cooperação e colaboração com parcerias de

negócios bem entre as subsidiárias da própria empresa.

As atividades da cadeia de valor de uma empresa global são influenciadas por duas

forças do ambiente: a diferenciação nacional (ou seja, diferenciação individual necessária de

cada mercado nos países que a empresa atua), e a integração global (significa a coordenação

de múltiplas atividades em diferentes países). Os benefícios associados com a globalização

das empresas derivam não somente das políticas e práticas de cada país, mas também na

forma que as atividades da cadeia de valor de uma empresa global são executadas pelos

sistemas mundiais disponibilizados pela organização.

A tendência de globalização demanda a avaliação das habilidades necessárias para

participar efetivamente da mudança dos mercados ao redor do mundo. Incentivadas pelas

iniciativas de globalização, muitas empresas estão utilizando novas tecnologias e sistemas de

informação para adequar seus sistemas de coordenação e controle, processos operacionais e

gerenciamento e processos organizacionais. O que está faltando em muitas empresas globais é

uma estratégia clara de alinhamento da arquitetura global de TI com a evolução das suas

estratégias globais de negócios. O desafio de muitas empresas globais não é encontrar a

estrutura organizacional que melhor se adapte à sua estratégia global e sim desenvolver e

gerenciar processos de tomada de decisão que podem atender apropriadamente as múltiplas

demandas do ambiente, considerando as necessidades e as diferenças de cada mercado dos

diversos países de atuação da empresa.

Com a evolução das estratégias globais de empresa multinacional para uma empresa

transnacional, a tomada de decisão não está mais concentrada na matriz. A empresa global de

hoje tem que ser capaz de transferir a informação necessária aos diversos locais da rede de

operações integrada. As empresas européias começaram a vislumbrar a força e a simplicidade

que os sistemas centralizados proporcionam no gerenciamento das suas subsidiárias.

Page 115: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

102

Bradley; Hausman; Nolan (1993), apresentam as infra-estruturas organizacionais vitais

para a construção de organizações globais extremamente flexíveis.

a) Infra-estrutura de inteligência organizacional e competências essenciais.

Hamel; Prahalad (1995) introduziram o conceito de ‘competências essenciais’ que

‘coordenam as diversas habilidades de produção e integra as diversas tecnologias em

operação’. As competências essenciais e a inteligência organizacional são as bases da

vantagem competitiva das empresas. As competências essenciais são o que a empresa

faz melhor do que qualquer dos seus competidores para alcançar a viabilidade e a

lucratividade do negócio. A empresa tem que ter foco em suas competências

essenciais, nortear seu desenvolvimento e inovação contínua para obtenção de

desempenho cada vez melhor.

A alta administração é responsável pela identificação e disseminação das

competências essenciais da organização e assegurar que as habilidades e os processos

no qual eles estão baseados são continuamente desenvolvidos e renovados.

A TI contribui com o desenvolvimento das competências essenciais e seus

conhecimentos associados de diversas formas. Tais como, banco de dados

relacionados, estação de trabalho multimídia, rede global de comunicação, que

auxiliam na disseminação e evolução dos mesmos.

b) Modelo de Compartilhamento e base de dados de conhecimento.

Competência essencial, tal como aprendizado coletivo baseado em compartilhamento

e conhecimento. De acordo com Bartlett; Ghoshal (2002), ‘agrupar desenvolvimento e

compartilhamento do conhecimento em termos mundiais’ é uma das características-

chave das empresas globais. A Alta Administração tem que assegurar que existem os

mecanismos para capturar e tornar o conhecimento organizacional desenvolvido

disponível nas diversas unidades em diversas partes do mundo de uma empresa global.

c) Infra-estrutura de recursos humanos e estrutura organizacional

O conhecimento e a aprendizagem que formam a base da vantagem competitiva da

empresa são na realidade geradas e estão inseridas em cada indivíduo da empresa. O

direcionamento para o desenvolvimento do capital humano através do recrutamento,

ambientação e treinamento é uma responsabilidade da alta administração.

Page 116: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

103

d) Modelo de execução de projetos e formação de times

As delimitações da estrutura organizacional existem principalmente para organizar

seus recursos humanos. O organograma e a distribuição dos recursos humanos

definem a hierarquia funcional da empresa. As pessoas precisam saber como localizar

os recursos, ter acesso ao organograma da corporação de modo a identificar as

habilidades e as experiências que estão distribuídas nas áreas.

e) Modelo de monitoração de performance

A Alta Administração é responsável pela definição das medidas de

performance para avaliar o quão efetivamente as pessoas, funções, divisões e

processos estão sendo utilizados. Estas medidas são igualmente necessárias para

aqueles que utilizam estes recursos. As medidas de performance tais como qualidade,

satisfação do cliente, inovação, desenvolvimento do capital humano e market share

estão se tornando tão comuns quanto as medidas tradicionais de performance

financeira. A tecnologia da informação, principalmente, na forma de sistema de

informações executivas que combinam dados coletados internamente e também de

fontes externas, apresenta um papel cada vez mais vital no gerenciamento de

performance.

f) Modelo de alocação de recursos

Os recursos financeiros e outros têm que ser alocado a indivíduos, projetos, funções,

divisões e unidades e aos diversos negócios. É responsabilidade da Alta Administração

definir o orçamento anual, o orçamento de investimento e o sistema de remuneração.

A responsabilidade da Alta Administração é definir as diretivas, critérios e processos

que delimitam as tomadas de decisão de alocação de recursos nos diversos níveis. A

tecnologia da informação é utilizada para obtenção e análise das informações relativas

às alocações de recursos e manter a contabilização de recursos alocados em como os

níveis de inventário existentes.

g) Arquitetura de tecnologia da informação e comunicação

A arquitetura de TI e comunicação suportam todas as aplicações de TI que são

utilizadas nos outros seis componentes da infra-estrutura organizacional.

A Alta Administração é responsável pela definição das diretrizes para selecionar os

recursos de TI (hardware, software, sistemas de informação) que são úteis para a

Page 117: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

104

empresa, determinar sua localização e gerenciamento, bem como sua adequação a

estratégia de negócios e desenho organizacional da empresa.

Uma função crítica da Alta Administração é intervir quando padrões ineficientes de

tomada de decisão são detectados, e implementar ações corretivas, que pode envolver

desde alterações da infra-estrutura organizacional ou realinhamento do trabalhador do

conhecimento (em alguns casos com demissão, quando a situação exigir).

3.4 O IMPACTO DA TI NO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

Conforme Bradley; Hausman; Nolan (1993) nos últimos anos o mundo industrializado

vem enfrentando a transição de uma economia industrial para uma economia de informação, e

nas próximas décadas, a informação, mais do que terra ou capital, será a força matriz na

criação de riquezas e prosperidade. Porém, existe uma grande diferença entre Revolução

Industrial e a Revolução da Informação. A Revolução Industrial do século passado foi

orientada por mudanças de economia para produção e nos transportes. Embora a Tecnologia

da Informação também gere mudanças nestes mesmos processos, as principais mudanças da

Revolução da Informação não estão orientadas às mudanças de produção, mas a mudanças ao

nível de coordenação. Quando pessoas trabalham juntas, elas têm que se comunicar, tomar

decisões e alocar recursos. Eles têm que se preparar para ter as coisas certas, nos lugares

certos e nos momentos certos. Eles têm que decidir o que fazer e quem fará cada parte para

completar o todo. Estas atividades de coordenação são realizadas por gerentes, assessores,

vendedores, engenheiros, compradores, contadores, e, de alguma forma, por qualquer um que

executar algum trabalho, ou seja, na Revolução Industrial, as empresas que triunfaram foram

aquelas que obtiveram vantagens na aplicação da produção em massa e nas tecnologias de

transporte. Na Revolução da Informação, as empresa que se beneficiarão mais serão aquelas

que souberem tirar vantagem das novas tecnologias de coordenação para melhor integrar o

trabalho das pessoas dentro das organizações e interligar empresas mais eficientemente uma a

outra. Numa economia de informação, a concorrência entre as organizações baseia-se em sua

capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz. As

organizações que liderarem essa competição serão as grandes vencedoras do futuro, enquanto

as que não fizerem serão facilmente vencidas por suas concorrentes.

Por sua vez as organizações globais buscam suporte na inovação da tecnologia da

informação para ampliar e maximizar as suas competências que são fortemente impactadas

Page 118: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

105

pelas mudanças estratégicas e organizacionais à medida que a empresa amplia sua atuação no

mundo. A globalização das empresas está ocorrendo em diversos segmentos de indústrias em

função principalmente de aumentar a demanda de produtos globais. Atender as necessidades e

exigências de clientes globais; obter economia de escala seja na utilização de pesquisa

tecnológica, no desenvolvimento de produtos e na fabricação; identificar oportunidades de

ganhos em fatores de custos (custo de mão-de-obra e matéria-prima diferenciada nos diversos

países). A globalização e a tecnologia da informação têm gerado grandes modificações em

diversos segmentos de indústrias, tanto nas estratégias de competição das empresas em cada

segmento, como também, na estrutura organizacional necessária para suportar novas

estratégias de atuação das empresas. Esta influência pode ver ilustrada na Figura 3.8

(Bradley;Hausman;Nolan,1993). Para os autores, as empresas que estão focadas na

globalização de seus mercados, produtos e serviços vislumbram na tecnologia da informação

oportunidades de maximizar e fortalecer a sua atuação global utilizando várias soluções da

inovação tecnológica. As redes de telecomunicações permitem as empresas atuarem em

diversos países com estruturas de organização e sistemas de controle adequado ao seu modelo

de negócios. É possível enviar informações para qualquer parte da empresa de forma bastante

ágil. A Tecnologia da Informação possibilita que cada parte da empresa troque experiências e

soluções com qualquer outra parte da organização. Além disso, as empresas globais podem se

conectar diretamente com seus clientes, fornecedores e parceiros de negócios em qualquer

lugar no mundo.

Figura 3.7 - Efeitos dos direcionadores de mudança

Fonte: BRADLEY; HAUSMAN; NOLAN (199 3).

A Tecnologia da Informação amplia a capacidade das empresas de atuar em mercados

globais, às vezes, de maneira até mais agressiva do que concorrentes locais, maximizando as

competências e os diferenciais competitivos que a empresa possui e direcionando-os para

Direcionadores de mudança

Ambiente + Competitivo

Resposta às exigências do mercado

Implementação

Globalização

Tecnologia da Informação

(Inovação Tecnológica)

Novos Modelos de

Indústria

Estratégia

Estruturas Organizacionais

Page 119: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

106

atender as necessidades de agilidade de atuação em mercados locais. As empresas podem

também explorar nichos de mercados domésticos que não suportam a implantação de

estrutura local de fabricação, porém, podem ser atendidos por uma estrutura fabril global com

ganhos em escala. A inteligência de negócios da empresa, distribuída em diversos países

podem ser virtualmente colocadas para atuar em conjunto para atender necessidades de

mercado e produtos específicos. A Internet pode ser entendida como a maior rede de

computadores do mundo que disponibiliza informações globais diversas. Ela tem-se mostrado

como um excelente meio de divulgação e de marketing quando adequada aos objetivos da

empresa e focada no cliente. As ferramentas da Internet facilitam a divulgação da informação,

seja de forma interna (Intranet), seja de forma externa (Extranet). As ferramentas, tais como o

correio eletrônico, grupo de usuários, listas de serviços, conversa on-line, permitem aos seus

usuários a utilização de vários serviços para fins de divulgação e marketing. Como exemplo

dessas facilidades pode-se citar os serviços de envio, divulgação e recebimentos de

mensagens eletrônicas, armazenamento de dados, transmissão de arquivos, discussão de

temas, conexão entre computadores e suas bases de dados e disseminação de informações

(Bradley; Hausman;Nolan,1993).

As empresas podem preparar suas informações institucionais, informações sobre

produtos específicos e ainda sobre atividades, valores, posicionamentos e disponibilizá-las na

Web ou World Wide Web (www) por meio de sites ou páginas (homepages), utilizando-se de

diversos recursos visuais, imagens, som, vídeos e textos. Com esses recursos de multimídia e

interativos, as informações empresariais mostram-se mais atrativas ao cliente. A Internet

também pode facilitar a comunicação das pessoas e das informações empresariais, rompendo

distâncias e diminuindo o tempo de transmissão das informações, principalmente de empresas

que possuem diversas localidades fisicamente distantes. Por meio dos recursos da Internet, os

gestores das empresas poderão trabalhar nas informações empresariais mesmo distantes do

local de trabalho facilitando posteriormente a divulgação das mesmas (O’Brien, 2003).

Segundo Bradley; Hausman; Nolan (1993), o impacto da tecnologia da informação no

atendimento as necessidades do processo de globalização da empresa pode ser avaliado

através das questões a seguir:

• Como a tecnologia da informação está evoluindo?

Page 120: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

107

• Como o nosso segmento de indústria está sendo afetado pelas mudanças da

tecnologia da informação?

• Como as empresas concorrentes estão respondendo as ameaças e oportunidades da

inovação tecnológica?

• Como as empresas estão utilizando a TI para ampliar o nível de cooperação da sua

cadeia de negócios?

• Como estão sendo coordenadas as diversas atividades nas diversas localidades de

atuação da empresa e nos diversos idiomas dos países onde a empresa atua?

• Como a tecnologia da informação e as telecomunicações estão viabilizando as

transformações organizacionais de forma a maximizarmos diferenciais

competitivos no processo de globalização?

De acordo com Bartlett; Ghoshal (2002) e Bradley; Hausman; Nolan (1993), a

expansão do processo de globalização das empresas conduz a novas estratégias que precisam

ser absorvidas integralmente pela empresa, uma vez que estas mudanças geram impactos nas

práticas gerenciais e nas estruturas organizacionais das empresas globais. A tecnologia da

informação pode exercer um papel estratégico de viabilizadora de novos desafios gerenciais,

tais como:

• Coordenação: Para competir efetivamente, seja no mercado interno ou no mercado

global, as empresas necessitam de coordenação de habilidades e diferenciais

competitivos no gerenciamento da sua cadeia de negócios, no relacionamento com

clientes e fornecedores, assim como no relacionamento com o governo, nos diversos

países onde atua.

• Prazo de Entrega: Para atendimento ágil das necessidades do mercado através da

inovação ou desenvolvimento de produtos exige-se bastante cooperação e

envolvimento de diversas áreas e locais geograficamente dispersos da empresa.

• Aprendizagem Organizacional e retenção de talentos: Estes são dois desafios do

gerenciamento de empresas globais. Atrair talentos externos e manter os seus talentos

(sejam pessoas, habilidades, competências chaves e diferenciais competitivos).

Extraído de O’Brien (2003) a afirmação: “A TI tornou-se uma necessidade estratégica.

Acredite nela, use-a ou torne-se um rodapé na história”. Assim diz James Champy, um dos

fundadores da revolução da reengenharia de negócios dos anos 90. Dessa forma é importante

Page 121: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

108

que você veja os sistemas de informação como algo mais do que um conjunto de tecnologias

que apóiam a colaboração entre grupos de trabalho e empresas, as operações eficientes das

empresas ou a tomada de decisões eficazes. A tecnologia da informação pode alterar o modo

como as empresas competem. Por isso, você deve encarar os sistemas de informação

estrategicamente, ou seja, como redes competitivas vitais, como meio de renovação

organizacional e como investimento necessário em tecnologia que ajuda a empresa a alcançar

seus objetivos estratégicos. Como um usuário gerencial poderia pensar em estratégias

competitivas? Como as estratégias competitivas podem ser aplicadas no uso de sistemas de

informação por uma organização?

3.5 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Para Spohr; Sauvé (2003), o uso da tecnologia da informação para a globalização e a

reengenharia de processos empresariais muitas vezes resulta no desenvolvimento de sistemas

de informação ou soluções de tecnologia que ajudam a empresa a obter uma vantagem

competitiva no mercado. Esses sistemas de informação estratégicos utilizam a tecnologia da

informação para desenvolver produtos, serviços, processos e capacidade que conferem a uma

empresa uma vantagem estratégica sobre as forças competitivas que ela enfrenta em seu ramo

de atividades e nos diversos mercados que atua. Essas forças não incluem apenas os

concorrentes de uma empresa, mas também seus clientes e fornecedores, os potenciais

concorrentes novos e as empresas que oferecem substitutos para seus produtos e serviços. A

tecnologia da informação pode desempenhar um papel maior na implantação de estratégias

competitivas. Este papel pode incluir:

• Estratégias de custo: Usar a tecnologia da informação para ajudá-lo a se tornar um

produtor de baixo custo, reduzir os custos de seus clientes ou fornecedores, ou

aumentar os custos que seus concorrentes devem arcar para permanecer aos

negócios.

• Estratégias de diferenciação: Desenvolver modos de usar a tecnologia da

informação para diferenciar os produtos ou serviços de sua empresa dos de seus

concorrentes para que seus clientes percebam seus produtos ou serviços como

sendo dotados de características ou benefícios exclusivos.

• Estratégias de inovação: Introduzir produtos ou serviços exclusivos que incluam

componentes de TI; ou utilizar a TI para fazer mudanças radicais em seus

Page 122: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

109

processos empresariais, que provoquem mudanças fundamentais no modo de

realizar negócios em seu ramo de atividade. Possibilitar que os clientes utilizem a

Internet, por exemplo, para desenharem e configurarem pessoalmente produtos ou

serviços sob medida. Ou utilizar intranets para melhorar drasticamente a

velocidade e a facilidade de colaboração entre equipes interfuncionais de

desenvolvimento de produto.

De acordo com Buuron (2002), a TI é um dos fatores de diferenciação para alcançar o

sucesso da empresa viabilizando a estratégia. Comparando as outras invenções do passado,

tais como, máquina a vapor, eletricidade, trens, carros, telefone, etc., a TI trouxe velocidade –

em termos de processamento de dados e fornecimento de informação – como um fator de

diferenciação da sociedade. É esta característica da TI que devemos ter foco em explorar. As

organizações que utilizam a TI com sucesso, projetam sua Arquitetura de TI e seus Sistemas

de Informação de modo diferenciado, pois focam a aplicação da TI para aumentar

drasticamente a performance dos processos de negócios. Nos tempos atuais, em adição a

propriedade da velocidade, a TI combinada com outras tecnologias, tais como

telecomunicações, incluindo a Internet, acrescentou a propriedade da conectividade.

Conectividade em termos de sistemas, organizações e pessoas, conectadas por meio da

tecnologia da informação. Estas duas propriedades diferenciadoras da TI, velocidade e

conectividade, são os ativos chaves da TI como recurso tecnológico, que tem a capacidade –

se utilizada de forma inteligente – mudar radicalmente processos de negócios e bem como as

forças de competição da empresa. A TI tem evoluído para além do papel de mera infra-

estrutura de suporte à estratégia empresarial. Em muitas e muitas indústrias hoje, a TI se

confunde com a estratégia do negócio.

Page 123: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

4 GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

A Gestão de Tecnologia da Informação e não da informação tem polarizado a atenção

das organizações, talvez por elas, erradamente, acreditarem que a mera aquisição e gestão da

TI é o esforço suficiente para a obtenção das vantagens que estas potencializam. Para Amaral;

Varajão (2000), a gestão da informação, ou a gestão do sistema responsável pela sua

operacionalização (SI), não tem se beneficiado do mesmo crescendo de interesse e

reconhecimento por parte da grande maioria das organizações. É, assim, comum que a

concepção e o planejamento do desenvolvimento do SI seja uma conseqüência natural da

gestão de outros recursos (como, por exemplo, o financeiro) ou o resultado marginal de

projetos de reorganização administrativa. Contudo, a informação, como qualquer outro dos

recursos vitais, deve ser gerida pelo que deve constituir o cerne de uma área funcional de

gestão da organização a que comumente se chama de Gestão da Informação. O principal

objetivo dessa função é o de manter uma visão global dos dados da organização, de modo a

satisfazer as suas necessidades de informação, possibilitando o cumprimento da missão que

justifica a sua existência. A satisfação dessas necessidades passa essencialmente pela

determinação de quais, onde e quando devem os dados estar presente na vida da organização.

A aceitação de que a informação possa ser gerida da mesma forma que os restantes recursos

da organização é, ainda, um assunto polêmico. Enquanto recurso, e à semelhança de outros

bens econômicos, a informação deve ser gerida, sendo até proposto por alguns autores que

seja considerado um bem de inventário. Contudo, diferenças da “informação” em relação a

outros recursos dificultam ou impossibilitam a sua categorização em termos econômicos.

Estas dificuldades motivam as organizações, em alternativa à gestão da informação, a

direcionar os seus esforços de gestão sobre a TI, por encontrarem aí maior aplicabilidade dos

seus modelos tradicionais (Amaral; Varajão, 2000).

A administração de recursos de informação (GSI) é um conceito gerencial de sistemas

de informação que estrutura a administração e a missão da função de sistemas de informação

em cinco dimensões principais como apresentado na Figura 4.1 (O’Brien, 2003).

Page 124: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

111

Figura 4.1 – Modelo referencial de administração de recursos de informação

Fonte: O’BRIEN (2003).

• Administração Estratégica – A tecnologia da informação deve ser administrada

para contribuir com os objetivos estratégicos e vantagens competitivas da empresa,

não apenas para a eficiência operacional ou o apoio à decisão.

• Administração Operacional – A tecnologia da informação e os sistemas de

informação organizacionais podem ser administrados por estruturas

organizacionais funcionais e baseadas em processos e por técnicas gerenciais

comumente utilizadas em todas as outras unidades da empresa.

• Administração de Recursos – Dados e informações, hardware e software, redes de

telecomunicações e pessoal de sistemas de informação são recursos

organizacionais decisivos que devem ser administrados como os demais recursos

da empresa.

• Administração da Tecnologia – Todas as tecnologias que processam, armazenam e

comunicam dados e informações, por toda a empresa devem ser

administradas como sistemas integrados de recursos organizacionais.

• Administração Distribuída – Administrar o uso da tecnologia da informação e dos

recursos de sistemas de informação nas unidades de negócios ou grupos de

trabalho é uma responsabilidade chave de seus respectivos gerentes, seja qual for a

sua função ou nível na organização.

Na visão de Amaral; Varajão (2000), é importante a definição do domínio da Gestão

de Sistemas de Informação (GSI), por ser nele que se propõe enquadrar o Planejamento de

Sistemas de Informação. Para esta definição considera-se o estudo do SI segundo as três

perspectivas envolvidas na GSI (Figura 4.2), que vão permitir identificar todos os objetivos da

Administração de Recursos de

Informação

Administração Estratégica

Administração Operacional

Administração de Recursos

Administração da Tecnologia

Administração Distribuída

Page 125: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

112

Gestão. A primeira dessas perspectivas é a da sua “Utilização”, onde o objetivo principal é a

satisfação dos usuários, vital para o sucesso do SI nas organizações. Os usuários são aqui

entendidos como os elementos de qualquer área funcional da organização, que não são

profissionais do desenvolvimento e manutenção de sistemas (no desempenho deste papel), e

que utilizam aplicações ou serviços ou ainda desenvolvam soluções locais suportadas por TI,

a utilização do SI, neste contexto, ocorre pela utilização de aplicações e serviços. A segunda

perspectiva é a do seu “Desenvolvimento e manutenção”, onde se enquadram todas as

atividades correntes de gestão de recursos necessários à construção, utilização e manutenção

do SI. Além da própria aquisição da TI, inclui o desenvolvimento e manutenção de aplicações

e de serviços na organização. Finalmente, a terceira perspectiva é a do seu “Planejamento”,

onde se pretendem identificar políticas, definir objetivos e construir estratégias, planos e

orçamentos, resultantes de uma análise de impactos entre o SI e a própria organização e que

reflitam uma visão global para o SI.

Figura 4.2 - Perspectivas no estudo de SI e GSI

Fonte: AMARAL; VARAJÃO (2000).

Conforme apresentado na Figura 4.3, Amaral; Varajão (2000), resumem os cinco tipos

de objetivos de Gestão num SI:

• Tecnologia da Informação (TI)

(suportes físicos, lógicos e metodológicos da informação)

• Aplicações

(subsistemas de informação suportados por computadores)

• Serviços

Perspectivas no estudo de SI Foco de interesse Processos ou Atividade

Utilização

Desenvolvimento e Manutenção

Planejamento

Satisfação

Gestão operacional da função SI

Concepção global do SI, suportando as influências da

organização no SI e as influências do SI na organização

Utilizar aplicações Utilizar serviços Adquirir tecnologia Desenvolver e manter aplicações Desenvolver e manter serviços Definir políticas Definir objetivos Definir estratégias, planos e orçamentos

Ges

tão

de S

I

Page 126: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

113

Atividades ou recursos disponibilizados pela estrutura operacional do SI,

nomeadamente de administração de dados, formação e treinamento,

consultoria, atendimento e suporte, comunicações etc.

• Desenvolvimento de Aplicações e Serviços

Atividades de concepção, desenvolvimento, utilização e manutenção de

aplicações e serviços.

• Arquitetura do SI

Visão global da estrutura e das necessidades em informação e TI da

Organização.

Figura 4.3 – Aspectos importantes do SI

Fonte: AMARAL; VARAJÃO (2000).

Amaral; Varajão (2000) conceituam a Gestão de Sistemas de Informação (GSI), em

três atividades principais: o Planejamento de Sistemas de Informação (PSI), o

Desenvolvimento de Sistemas de Informação (DSI) e Exploração de Sistemas de Informação

(ESI). A Figura 4.4 apresenta a GSI como um processo contínuo e interativo, compreendida

pelas atividades de PETI, DSI e ESI, estas significativamente relacionadas e interdependentes

entre si. Pode-se considerar uma seqüência lógica das atividades, na qual os SI são pensados

(PSI), produzidos (DSI) e finalmente utilizados (ESI). O PSI deverá ser responsável pela

identificação dos sistemas necessários, precedendo o DSI, responsável pelo seu

SISTEMA DE INFORMAÇÃO

ORGANIZAÇÃO

Arquitetura do Sistema de Informação

Desenvolvimentos de Aplicações e Serviços

Tecnologia da Informação

Aplicações Serviços

Influências Abstração

Page 127: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

114

desenvolvimento. Caberá a ESI assegurar a sua correta utilização no melhor interesse da

organização. O PSI é o precursor necessário do DSI, dado que permite uma visão de longo

prazo, identificando os SI potenciais e definindo um conjunto de técnicas e políticas de

gestão. O PETI deverá estar integrado e alinhado com o planejamento do negócio, sendo

extremamente importante ter a noção de que o mesmo é uma forma de planejamento de

mudança organizacional, dado que, frequentemente, um novo SI significa uma nova forma de

organização.

Figura 4.4 – Atividades da gestão de sistemas de informação

Fonte: AMARAL; VARAJÃO (2000).

Planejamento de Sistemas de Informação

Exploração de Sistemas de Informação Desenvolvimento de Sistemas de Informação

Operação de

Sistemas

Projetos Especiais

Administração de RH

Administração de TI

E S I

D S I Manutenção

de Sistemas

Implementação de Sistemas

Análise de Sistemas

Concepção de

Sistemas

Constru-ção de

Sistemas

GSI

Análise Estratégica

Definição Estratégica

Implementação Estratégica

PETI

Page 128: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

115

Abreu; Abreu (2003) questionam o que vem a ser então uma tecnologia estratégica?

Tecnologias estratégicas são aquelas que mudam os objetivos, produtos, serviços ou relações

ambientais de uma empresa. Estas tecnologias que tem este efeito sobre uma organização,

literalmente mudam a maneira pela qual esta empresa faz negócios. Neste nível, a tecnologia

da informação leva à organização a novos padrões de comportamento, ao invés de

simplesmente dar suporte e sustentação à estrutura existente, aos produtos existentes e/ou aos

procedimentos de negócios existentes. Durante a última década, a relevância da tecnologia da

informação tem crescido bastante. Adquirindo uma importância fundamental para a

alavancagem dos negócios. A tecnologia da informação tem sido considerada como um dos

maiores fatores responsáveis pelo sucesso das empresas, seja no nível de sobrevivência ou na

obtenção de maior competitividade nas respectivas indústrias. Novos tipos de negócios e

papéis profissionais têm surgido, com base nestas redes eletrônicas de comunicações. A

implementação e o uso correto de uma moderna tecnologia da informação melhorarão a

competência global da empresa, principalmente nas suas áreas fins. Entretanto, o uso

incorreto da informação, ou o trabalho com informação não adequadamente organizada, em

vez de ajudar, irá prejudicar a empresa. O gerenciamento nesta Era da Informação:

• Demanda um alto nível de ‘expertise’ focado para o desenvolvimento de

estratégias, planejamento de longo prazo e controle gerencial / de negócios.

• Requer que gerentes de sucesso tenham uma habilidade acentuada no

gerenciamento de recursos e pessoas.

• Estabelece como necessário para o sucesso no gerenciamento da tecnologia da

informação, a habilidade para desenvolver / definir direções estratégicas para o uso

da tecnologia da informação e planejar efetivamente sua implantação.

Segundo uma pesquisa realizada pela Sociedade para o Gerenciamento da Informação

(The Society for Information Management / EUA) no ano 2004, as principais preocupações na

gestão da tecnologia da informação são:

1. Alinhamento a TI aos negócios;

2. Reter os profissionais de TI;

3. Segurança e privacidade;

4. Planejamento estratégico de TI;

5. Velocidade e agilidade na geração de valor para os negócios;

Page 129: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

116

6. Redução da complexidade da arquitetura de TI;

7. Governança de tecnologia da informação;

8. Projetar e gerenciar a arquitetura de informações;

9. Reengenharia de processos de negócios;

10. Regulamentação do governo que impactam na gestão de TI.

Abreu; Abreu (2003) estabelecem que a definição de oportunidades e vantagens

competitivas com o uso da tecnologia da informação deve seguir um raciocínio coerente e

pode ser dividida em etapas, ou seja:

• Entendimento dos conceitos de forças competitivas e estratégias;

• Identificação das forças competitivas, críticas para a empresa;

• Identificação das estratégias que a empresa adota;

• Avaliação do impacto da tecnologia da informação;

• Definição do grau de dependência da empresa em relação à tecnologia da

informação (maturidade da empresa com o uso da tecnologia, imposição do

mercado ou ramo de negócio, ações gerenciais, natureza dos produtos / serviços

produzidos pela empresa);

• Definição das oportunidades de aplicação estratégica da tecnologia da informação,

através da resposta às questões-chave de um modelo de análise de competitividade,

para apoiar na composição de uma estratégia de negócios suportada pela tecnologia

da informação.

4.1 GOVERNANÇA DE TI

A Governança visa responder a todas as seguintes questões (WEIL; ROSS, 2004):

• As capacidades da TI melhoram a competitividade da sua empresa?

• Todos os gerentes da empresa reconhecem suas responsabilidades para o

gerenciamento e uso efetivo da TI - ou eles assumem que este é um problema

apenas da área de TI?

Page 130: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

117

• O investimento em TI de sua empresa visa atender os objetivos estratégicos – ou

sua empresa desperdiça recursos e investimentos apenas para atender iniciativas

táticas e necessidades operacionais?

As empresas de modo geral gerenciam bem seus recursos – pessoas, capital, fábricas e

relacionamento com clientes – mas no que diz respeito à informação e as tecnologias que

coletam, armazenam e disseminam informação, são as atividades que mais causam

perplexidade quanto à ausência de gerenciamento e controle. As necessidades de negócios

mudam constantemente, enquanto os sistemas, por outro lado, permanecem inflexíveis e

imutáveis. As implementações de soluções e projetos de TI envolvem altos e contínuos

investimentos com resultados de difícil previsão e bastantes incertos que ninguém pode

precisar. Estas incertezas e complexidades levam muitos gerentes e a alta direção abdicarem de

suas responsabilidades de assegurar que as pessoas e a organização utilizam a TI de forma

efetiva. Por muitos anos, algumas empresas obtiveram sucesso mesmo a despeito de práticas

não eficazes de gerenciamento de TI. Porém a informação – e consequentemente a TI – é cada

vez mais um elemento importante dos produtos e serviços da organização e a base dos

processos de negócios da empresa. Esta ligação forte entre a TI e os processos de negócios

significa que a área de TI não pode ser o único – e nem o principal – responsável pelo uso

efetivo da informação e da tecnologia da informação. Obter cada vez mais valor da TI é uma

das mais importantes competências organizacionais atualmente. Os líderes das empresas têm

que assumir em conjunto com a TI esta responsabilidade (WEIL; ROSS, 2004).

Governança de TI é “A estrutura composta por processos inter-relacionados através

das quais as organizações dirigem e controlam a gestão da informação, a organização de TI e

as tecnologias a ela associadas, garantindo a segurança e integridade das informações e

assegurando a máxima agregação de valor aos objetivos de negócio e o correto balanceamento

entre riscos e retorno sobre investimentos.” Para muitas organizações a informação e as

tecnologias que a suportam representam o ativo mais valioso. Muitas organizações

reconhecem os benefícios potenciais que a tecnologia pode trazer para os negócios. Porém, as

organizações de sucesso são aquelas que também compreendem e administram os riscos

associados com a implementação de novas tecnologias (GOVERNANCE SOLUTIONS, 2005).

Page 131: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

118

Segundo a Governance Solutions (2005):

• A Governança de TI é parte integral da Governança Corporativa.

• A Governança Corporativa direciona a Governança de TI e esta viabiliza a

Governança Corporativa.

• A Governança de TI deve assegurar que os processos e tecnologias utilizados

nos processamentos das informações sejam íntegros e seguros.

• A Governança de TI deve assegurar também que os projetos de investimentos

em novos processos, tecnologias e sistemas agreguem valor à empresa e não

causam riscos operacionais ou para a segurança de informações.

Ainda segundo a Governance Solutions (2005), ambiente de negócios competitivos e de

mudanças rápidas em que vivemos, a alta direção das empresas tem criado maiores exigências

em relação a TI, incluindo:

• Maior qualidade;

• Melhores funcionalidades e facilidades de uso;

• Redução dos prazos de entrega;

• Melhoria contínua do nível de serviços;

• Maior segurança de informação e;

• Menores custos operacionais.

Segundo Lane et al. (2004) a beleza de estar envolvido com a indústria de tecnologia

da informação é que a tecnologia e suas atividades permeiam tudo. Tudo que uma empresa é,

faz, ou sabe flui através de seus sistemas de informação; informação e a tecnologia associada,

é o elemento agregador que conecta todas as funções de uma organização. Informação é uma

linguagem que está se tornando comum e universal, que existe de uma forma ampla em todos

os segmentos de indústria e outras organizações. Existe um paradoxo, ou seja, quando se tenta

prover receitas ou modelos genéricos de como fazer para melhor usufruir desta amplitude da

tecnologia da informação, esta extraordinária capacidade de disseminação ampla da TI pode

ser motivo de grande frustração. Existe um número infinito de fatores ambientais dinâmicos

interagindo e influenciando as organizações, que tornam a geração de modelos genéricos

Page 132: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

119

bastante difíceis. As diversas variáveis e fatores que variam de empresa para empresa, tais

como:

• Nível de conhecimento das disciplinas de TI nas áreas usuárias;

• O quanto em geral a empresa é orientada à tecnologia;

• Se soluções de TI estão inseridas em produtos da empresa;

• O grau de avaliação da empresa dos benefícios da TI;

• Experiências da empresa no uso de TI no passado;

• Grau de maturidade da organização de TI numa empresa global;

• Em que etapa de evolução no uso de TI que a empresa se encontra;

• A infra-estrutura de TI já existente;

• O tamanho da empresa;

• O quão distribuído é a empresa.

A lista de fatores que afetam e influenciam na organização e nos resultados da TI não

termina. A complexidade aumenta quando acrescentados, ambiente de negócios e aspectos

social / cultural. Para se buscar uma unidade, sinergia e alinhamento da TI para maximizar

seus benefícios para os negócios, faz-se necessária implementar um modelo de Governança de

Tecnologia da Informação.

Segundo Lane et al. (2004), em termos práticos, a governança compreende três

objetivos principais, ou seja, a governança de TI deve criar uma hierarquia e uma estrutura

que:

• Facilite o processo de tomada de decisão.

• Mantenha o suporte às operações e funções diárias com o mínimo de supervisão,

permitindo ao CIO (Chief Information Officer – Principal Executivo de TI) focar

na estratégia, na visão e na viabilização de diferenciais competitivos para a

empresa.

• Prover uma infra-estrutura organizacional para facilitar a comunicação da TI com

toda a organização.

Ainda segundo os autores, para obtenção de sucesso na Governança de TI é vital o

exercício da liderança. Embora pareça óbvio, normalmente é negligenciado. O CIO tem que,

Page 133: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

120

obrigatoriamente, ser um líder. A estrutura de Governança de TI tem que ser vista pela

organização como grupos de tomada de decisão e acompanhamento dos vários aspectos da

gestão de TI. O CIO tem que ser capaz de prover liderança a nível executivo, entendendo os

objetivos de negócios e fornecendo orientação estratégica de como as soluções de TI podem

auxiliar a empresa alcançar seus objetivos. Em função do papel cada vez mais estratégico que

a tecnologia da informação tem assumido, está surgindo, principalmente na organização de TI

classe mundial, um modelo de governança aplicado à gestão da tecnologia da informação.

Com a utilização dos pressupostos teóricos de governança corporativa, aplicados ao processo

de tomada de decisão, na definição de diretrizes estratégicas e nos investimento da tecnologia

da informação, surgiu o conceito de governança de TI.

Para Rodriguez; Ferrante (2000), a Governança de TI tem por objetivo principal

transferir a responsabilidade de definição da estratégia tecnológica, respectivamente para a

diretoria executiva e o conselho de administração da empresa. A Governança de TI deve ser

parte integrante da governança corporativa. Através do gerenciamento dos processos

empresariais e as estruturas organizacionais assegurar de forma inequívoca que a organização

de TI está suportando e viabilizando os objetivos e as estratégias da empresa. A diretoria

executiva e o conselho da empresa gostariam de saber se a organização de TI da empresa é:

• Adequada para atingir seus objetivos?

• É suficientemente flexível para aprender e se adequar?

• Responsável no gerenciamento dos riscos da TI para a empresa?

• Pró-ativa na identificação de oportunidades de TI e rapidamente age para

disponibilizá-las para a empresa?

As empresas que são melhores usuárias na utilização da TI estão basicamente:

• Alinhando a estratégia de TI à estratégia de negócios

• Disseminando a estratégia e os objetivos em todos os níveis da empresa;

• Estabelecendo estruturas organizacionais que facilitam a implementação da

estratégia e objetivos;

• Exigindo que seja definido e implantado um modelo de referência de controle e

gerenciamento de TI;

• Medindo o desempenho de TI, tanto na mensuração do valor de TI para os

negócios, bem como, no gerenciamento de TI.

Page 134: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

121

A Governança de TI tem por objetivos básicos conhecer os valores e a importância

estratégica da TI, assegurar que pode suportar as operações da empresa e garantir que pode

implementar as estratégias necessárias para atender o crescimento e a expansão da empresa no

futuro. As melhores práticas de governança de TI visam garantir que as expectativas da TI

serão atendidas e os riscos inerentes a TI serão minimizados. A governança de TI como parte

integrante da governança corporativa precisa levar ao conhecimento dos membros da diretoria

e do conselho as informações necessárias para permitir decisões sobre os seguintes aspectos

(IT Governance Institute, 2001):

• Demonstrar a capacidade da TI como viabilizadora de novos modelos de negócios,

assim como mudanças nas práticas de negócios;

• Aumento dos custos de TI e o correspondente aumento do valor da informação;

• Informar riscos de fazer negócios no mundo digital integrado em rede, assim como

a insegurança gerada pela dependência em entidades que estão fora do controle

direto da empresa;

• Informar os possíveis impactos da TI na continuidade das operações devido ao

aumento crescente da dependência na disponibilidade da informação e da TI em

todas as áreas da empresa;

• Desenvolver a capacidade da organização de TI em construir e manter os

conhecimentos essenciais para garantir a sustentação e o crescimento dos

negócios;

• Informar o aumento do impacto de eventuais falhas em TI na imagem, reputação e

valor da empresa.

O conceito de Governança de TI do Gartner (2005), empresa de consultoria e

benchmarking de TI: “A Governança de TI é atribuir direitos de tomada de decisão e responsabilidades em todos os domínios relevantes da Tecnologia da Informação. Alinhando a utilização dos recursos e serviços de TI com o objetivo de garantir os princípios e valores da organização bem como garantir o atendimento dos resultados no negócio. Inclui a definição de recursos ad equados aos diversos serviços de TI disponíveis na empresa com a finalidade de suportar os objetivos do negócio.” (GARTNER, 2005).

Page 135: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

122

Segundo o Gartner (2005), na organização de TI de grandes empresas tomam-se milhares

de decisões diariamente. Uma estrutura de Governança de TI tem por objetivo endereçar e

direcionar todas as decisões em todos os níveis da organização. Faz-se necessário definir os

fóruns de decisão de acordo com os diversos domínios de decisão existentes numa

organização de TI, apresentado na Figura 4.5. Os domínios e os fóruns de decisão podem

variar de empresa para empresa e de indústria para indústria, dependendo fundamentalmente

da estrutura organizacional e das características e estruturação dos processos de negócios. Na

maioria das organizações de TI encontramos os domínios de decisão a seguir.

• Princípios de TI: são as orientações gerais estabelecidas pela alta administração e

determinam o papel da TI na organização.

• Arquitetura de TI: define o papel da TI na organização, definindo as opções de

tecnologias adotadas, orientações de projetos de configurações e padrões de TI. O

projeto técnico do que está estabelecido nos princípios de TI.

• Soluções de TI: compreendem as necessidades de negócios traduzidas em

requerimentos de TI, ferramentas de usuários, aplicativos e estudos de viabilidade

de projetos e soluções.

• Recursos de TI: define as competências da organização de TI para implementar as

diversas iniciativas de TI da empresa, englobando recursos internos e externos da

organização.

• Infra-estrutura de TI: Compreende a implementação física da Arquitetura de TI. É

o conjunto de recursos e serviços de TI implementado para atender as

necessidades e suportar os objetivos de negócios.

• Operações de TI: Compreende as dimensões da dinâmica da operação da TI e a

execução dos serviços de TI disponíveis para toda a empresa.

Figura 4.5 – Domínio de decisões de TI

Princípios de TI: visão, missão e o papel de TI nos negócios.

Arquitetura de TI: decisões tecnológicas, projetos, padrões.

Soluções de TI: projetos, aplicações e ferramentas.

Recursos de TI: perfil, conhecimento, habilidades e serviços.

Infra-estrutura de TI: software, hardware, comunicações.

Operações de TI: produção, processos, suporte de tecnologia.

Page 136: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

123

Fonte: GARTNER (2005)

A estrutura da Governança de TI, de acordo com o IT Governance Institute,2001 está

apresentada na Figura 4.6 a seguir:

Figura 4.6 – O Processo de governança de TI

Fonte: IT Governance Institute (2001).

4.1.1 Definir a Função da TI na Empresa

Para se definir a estratégia de tecnologia da informação da empresa faz-se necessário o

alinhamento com a diretoria da empresa quanto ao papel que a direção espera da área de

tecnologia da informação. É preciso definir como a empresa utiliza ou pretende utilizar a

tecnologia da informação. Existem muitas formas pelas quais as organizações podem utilizar

os sistemas da informação estrategicamente ou podem utilizá-la de maneiras defensivas ou

controladas. Se uma empresa enfatiza utilizações estratégicas da tecnologia da informação,

significa que a direção da empresa encara a tecnologia da informação como um importante

diferenciador competitivo, ou seja, dedica quantidades significativas de tecnologia para apoiar

a tomada de decisão e melhorar os processos empresariais. Mais e mais empresas estão

passando a utilizar estrategicamente os sistemas de informação para obterem vantagem

competitiva.

A Figura 4.7 a seguir resume como a tecnologia da informação pode ser utilizada para

implementar uma multiplicidade de estratégias competitivas. Entre estas se incluem não só as

Comparar

Objetivos Estabelecid os: • TI estar alinhada aos

Negócios • TI viabilizar negócios e

maximizar benefício • Recursos de TI serem

usados responsavelmente em prol da empresa

Medir Desempenho

Atividades de TI: • Aumentar automação de

processos (tornar a Empresa eficaz)

• Diminuir custos (tornar a empresa eficiente)

• Gerenciar riscos (segurança, confiabilidade, cumprimento).

Fornecedor a Direção

Page 137: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

124

cinco estratégias competitivas básicas, mas também outras maneiras pelos quais as empresas

podem utilizar estrategicamente os sistemas de informação para obterem vantagem

competitiva (O’BRIEN, 2003).

Figura 4.7 – Papéis estratégicos para os sistemas de informação

REDUZIR CUSTOS • Usar a TI para reduzir substancialmente o custo de processos empresariais; • Usar a TI para reduzir os cust os dos clientes ou fornecedores. DIFERENCIAR • Desenvolver novas soluções de TI para diferenciar produtos e serviços; • Utilizar soluções de TI para reduzir vantagens de diferenciação dos concorrentes; • Utilizar soluções de TI para concentrar -se em produtos e serviços em nichos de mercado. INOVAR • Criar novos produtos e serviços que incl uam componentes de TI; • Fazer alterações radicais nos processos empresariais util izando TI; • Desenvolver novos mercado s ou nichos de mercado exclusivo com a ajuda de TI. PROMOVER CRESCIMENTO • Utilizar TI para administrar expansão dos negócios regional e mundial; • Utilizar TI para a diversificação e integração em outros produtos ou serviços. DESENVOLVER ALIANÇAS • Utilizar TI para criar organizações virtuais de parceiros comerciais; • Desenvolver sistemas de informação interorganizacionais conectados para Internet, Extranet ou

outras redes que apóiam relações empresariais estratégicas com clientes, fornecedores etc. MELHORAR A QUALIDADE E A EFICIÊNCIA • Utilizar TI para melhorar drasticam ente a qualidade da produção e dos serviços; • Utilizar TI para fazer melhoramento contínuo na eficiência dos processos empresariais; • Utilizar TI para reduzir substancialmente o tempo necessário para desenvolver, produzir e entregar

produtos e serviços. MONTAR PLATAFORMA DE TI GLOBAL • Aproveitar investimento em pessoal, hardware, software e redes e converter seus usos operacionais

em aplicações estratégicas; • Montar uma base de informações estratégicas com dados internos e externos, coletados e analisados

mediante a utilização de TI. OUTRAS ESTRATÉGIAS • Utilizar Sistemas de Informação interorganizacionais para criar custos de troca e reter clientes e

fornecedores; • Utilizar investimento em TI para erguer barreiras ao ingresso contra estranhos ao setor; • Utilizar soluções de TI para desencorajar a substituição por produtos concorrentes; • Utilizar TI para ajudar a criar, compartilhar e administrar o conhecimento dos negócios.

Fonte: O’BRIEN (2003).

4.1.2 Definir a Função do CIO (Chief Information Officer)

O principal papel do CIO, principal executivo de TI da empresa, é ser o elo de ligação

do nível estratégico (diretoria) que define as diretrizes estratégicas de TI e, a organização de

TI que gerencia os recursos de informação e as tecnologias disponíveis para a empresa. É

importante que o CIO trabalhe junto com a diretoria na definição do papel de TI, na definição

do modelo de governança de TI e o mais importante, auxilie a diretoria na definição da

Page 138: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

125

estratégia de TI. Este envolvimento aumenta a capacidade do CIO de estruturar a organização

de TI mais adequada às necessidades da empresa, além de favorecer o alinhamento de TI aos

negócios. Conforme proposta de Keen (apud Amaral; Varajão, 2000), para a descrição de

carreiras profissionais que caracteriza o perfil ideal de um gestor de SI como sendo o de um

forte conhecedor do negócio da organização e possuidor de conhecimentos técnicos

adequados. Posicionar convenientemente os responsáveis pela Gestão de TI na estrutura da

organização é um dos principais problemas que se colocam a esta função (Trauth; Wysocki;

Young apud Amaral; Varajão, 2000), porque em muitas organizações, apesar de se aceitar a

sua importância, ainda não se atua de acordo com essa convicção, talvez pela inércia à

mudança que caracteriza as organizações.

Na definição de Rodriguez; Ferrante (2000), a função de CIO se tornará mais e mais

importante nos próximos anos. O CIO deve ter, além de uma visão dos negócios da

companhia, um perfeito conhecimento da tecnologia da informação. Muitas vezes o sucesso

ou falha dos negócios poderá depender das decisões tomadas pelo CIO. De fato, devido ao

alto grau de exigência colocado em suas mãos, o CIO possui um alto grau de vulnerabilidade,

de modo que na média são substituídos a cada três anos. O CIO deve ser uma pessoa de

grande habilidade para tratar das relações interpessoais, além de ser muito bom na percepção

das necessidades e deficiências individuais. O perfil dos profissionais da área de tecnologia de

informação dever ser definido, dando-se mais ênfase às avaliações psicológicas, porque estes

profissionais não poderão mais dar as costas aos seus usuários e continuar a trabalhar

diretamente com as máquinas. O CIO deve trazer o profissional de tecnologia de informação

para um entendimento claro, cooperando com ele, de forma a conduzi-lo para atividades que

contribuam com os objetivos de negócio da organização. Deverá, o CIO, procurar a

terceirização de algumas atividades da Função Informação, fornecendo alternativas para a

operação e processamento durante os períodos de pico, particularmente considerando que há

organizações muito bem qualificadas trabalhando neste mercado. Entretanto, estas atividades

devem ser as relativas a rotinas físicas ou intelectuais que não necessitem manter o

conhecimento dentro da organização. O CIO deve esforçar-se para que todos os profissionais

que trabalhem na área de tecnologia de informação estejam capacitados no fornecimento dos

serviços de atendimento e consultoria aos usuários. Devem também, ser capaz de ajudar na

definição de políticas, estratégias, padrões e procedimentos da área de tecnologia de

informação. A função do CIO tem evoluído consideravelmente desde a sua introdução nas

Page 139: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

126

organizações. Hoje, esta função somente faz sentido se tiver o poder necessário, e para isto, o

CIO deve estar ligado diretamente ao principal executivo da organização. O CIO enfrentará,

segundo Rodriguez; Ferrante (2000), os seguintes desafios:

• Convencer e educar os gerentes sobre as possibilidades da tecnologia da

informação.

• Integrar novas tecnologias com os negócios da organização.

• Preparar compromissos de parcerias, de longo prazo, com os fornecedores de

tecnologia da informação.

• Otimizar as estruturas organizacionais.

• Entender e prever mudanças tecnológicas.

• Identificar padrões e conflitos.

• Gerenciar o patrimônio tecnológico da organização

Serão muitas as pressões segundo Rodriguez; Ferrante (2000), que atuarão sobre o

CIO, vindo do segmento de negócio e do segmento tecnológico. As principais pressões vindas

do segmento de negócio são: Custos; Qualidade; Demanda dos usuários; Integração dos

processos da organização. Do segmento de tecnologia da informação, as principais pressões

são: Conectividade; Padrões; Gerenciamento; Ferramentas de desenvolvimento; Novos

equipamentos; Novos softwares. O CIO será um elemento de fundamental importância na

definição da estratégia global, baseada nos cenários de negócio e na tecnologia de informação

disponível. Através da arquitetura dos negócios são obtidas: a soma de todos os produtos e

serviços, a organização, o gerenciamento e os processos, a alocação de recursos, os valores e

as recompensas. Por outro lado, a arquitetura de informações é a soma de todas as aplicações,

dados de rede, padrões e interfaces, conhecimento especializado e organização,

gerenciamento, processos e níveis de consolidação. Uma arquitetura de informações

desconectada ou não alinhada com os objetivos do negócio significará pessoas executando

funções periféricas, à margem dos objetivos da organização, despendendo energia em

atividades não produtivas. O CIO deverá enfrentar os seguintes desafios (Rodriguez;

Ferrante,2000):

• Terceirização de serviços: os gerentes serão pressionados por menores custos e

melhor qualidade. A terceirização dos serviços, principalmente daqueles que não

estejam ligados diretamente ao negócio da companhia, poderá ser uma ótima saída

Page 140: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

127

para serem alcançados os objetivos desejados. Entretanto, a terceirização levada a

extremos, poderá ocasionar um resultado perigoso e de conseqüências

irreversíveis.

• Lutar pela Função Informação: a disputa pela informação poderá ocasionar uma

reivindicação dos usuários a assumir partes da função informação, à medida que

lhes confira maior poder, necessária à autonomia desejada. Isto levado a um

extremo, poderá ocasionar uma desorganização e conflito entre as informações

disponíveis.

• Definição de Arquitetura de Informações: esta definição será a base para todo o

ambiente computacional, determinante para o sucesso ou falha da Função

Informação.

• Definição das ferramentas de desenvolvimento: com a proliferação no mercado

de diversas alternativas de ferramentas para o desenvolvimento de aplicações e

com a disponibilidade de ferramentas mais amigáveis de acesso às informações,

uma grande atenção e cuidado devem ser tomados na seleção destas ferramentas,

evitando uma proliferação de alternativas de difícil integração no futuro.

• Alinhamento às estratégias de negócio: esta é uma definição de fundamental

importância para a companhia e mais especificamente para a Função Informação.

Esta visão de valores e crenças deve ser definida e estar claramente entendida por

todos.

Conforme o IT Governance Institute (2001), fundamentalmente, a Governança de TI

diz respeito a duas coisas básicas. A primeira, que a TI gere valor aos negócios e a segunda

que os riscos da TI sejam minimizados. A primeira é orientada pelo alinhamento de TI aos

negócios. A segunda é orientada pela disseminação do uso responsável da TI na empresa.

Ambos necessitam ser medido, por exemplo, pelo modelo de balanced scorecard. A

responsabilidade do CIO na governança de TI compreende quatro pontos focais, todos

orientados a geração de valor aos stakeholders da empresa. Dois destes pontos são resultados

a serem obtidos: geração de valor e minimização de riscos. Os outros dois pontos focais são

direcionadores: alinhamento estratégico e mensuração de performance, conforme

representado na Figura 4.8.

Page 141: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

128

Figura 4.8 – Os quatro pontos focais da governança de TI

Fonte: IT GOVERNANCE INSTITUTE (2001).

O CIO tem quatro funções de gerenciamento essenciais para maximizar os resultados

de TI para os negócios: garantir o alinhamento de TI aos negócios, gerar valor para os

negócios através da TI, gerenciar a performance de TI, gerenciar os riscos de negócios

gerados pela TI.

a) Garantir o alinhamento estratégico de TI aos negócios

Neste momento, a área de TI lida com grande dificuldade com as necessidades dos

clientes, pois sabe que algumas solicitações irão tornar totalmente desintegrados os recursos

de TI, mas ao mesmo tempo não possui nenhuma política ou orientação para que a solicitação

de cliente seja atendida. O que fazer? Nestas situações segundo Rodriguez; Ferrante (2000), a

vontade do cliente quase sempre prevalece e a desintegração dos recursos de TI está

indevidamente sendo viabilizada, provocando um problema que somente mais tarde vai ser

percebido por todos: a falta de integração dos recursos de TI. Segundo os mesmos autores,

existem fatores que contribuem para a desconexão da área de TI às Estratégias de Negócios da

Organização, apresentados na Figura 4.9.

Geração de Valor

Mensuração de Performance

Gerenciamento de Risco

TI Alinhamento Estratégico

Stakeholder Direcionadores de Valor

Page 142: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

129

Figura 4.9 – Fatores que contribuem para a desconexão da tecnologia de informação às estratégias.

Fonte: RODRIGUEZ; FERRANTE (2000).

A questão chave é saber se os investimentos de TI da empresa estão em harmonia com

os objetivos estratégicos e, por conseguinte desenvolver a capacidade de gerar valor aos

negócios. Este estado de harmonia é o que entendemos por alinhamento. Para a governança de

TI este alinhamento vai além, da integração estratégica entre a (futura) organização de TI e a

(futura) estrutura organizacional. Ela diz respeito também se operação de TI está alinhada

com as operações atuais da empresa, conforme representado na Figura 4.10.

Figura 4.10 – Alinhamento de TI aos negócios

Fonte: IT GOVERNANCE INSTITUTE (2001).

Pressão dos Fornecedo res

Pressão dos Clientes

CEO’s desconhecem os Recursos de TI

Falta de Integração dos Recursos de TI

Falta de Estratégias

Falta de Cobrança de Resultados

Modelo de Gestão e Organização

Disputas Internas

Priorização Inadequada dos Recursos

Burocracia

Tecnologia pela Tecnologia

Falta de Competências

CONTRIBUEM PARA A

DESCONEXÃO DA

TECNOLOGIA ÀS

ESTRATÉGIAS

Estratégia Corporativa

Operações dos Negócios

Operação da TI

Atividades de Alinhamento Estratégia de TI

Page 143: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

130

É responsabilidade de o CIO transmitir confiança para a diretoria da empresa que por

sua vez deve se assegurar do perfeito alinhamento da TI aos negócios através do controle e

gerenciamento da Governança de TI:

• Assegurar-se que a estratégia de TI está efetivamente alinhada à estratégia de

negócios.

• Assegurar-se que os resultados de TI estão de acordo com as estratégias de TI

(entregar os produtos de TI no prazo dentro do orçamento definido com as

funcionalidades e benefícios propostos devidamente comprovados) através de

comprovações de evidências e monitoração de indicadores de performance.

• Definir o portfólio de projetos de TI que suportem as respectivas necessidades de

transformar a empresa, a criar uma infra-estrutura que possibilite o crescimento da

empresa, assim como competir em novos mercados ou negócios.

• Definir os investimentos na arquitetura de TI de forma a atender de forma

balanceada as necessidades de crescimento de receita, melhoria da satisfação dos

clientes, bem como, garantir a lealdade e retenção dos clientes com a empresa.

Para atingir os objetivos do alinhamento de TI aos negócios, o CIO deve ter plena

consciência das suas responsabilidades na gestão de tecnologia da informação, tais como:

• Proporcionar à alta administração a visão efetiva do papel estratégico da

tecnologia da informação;

• Clarificar junto à alta administração o papel de TI. A TI é vista como um provedor

de serviços de TI e/ou a TI é vista como viabilizadora de transformações

organizacionais;

• Criar direcionadores estratégicos de TI baseados nos direcionadores de negócios.

Por exemplo, um direcionador de negócio “desenvolver relacionamento com

clientes globais” pode levar a um direcionador de TI tal qual “consolidar a base de

clientes mundial e estabelecer processo global de entrada de pedidos”;

• Monitorar o impacto para os negócios da infra-estrutura e da arquitetura de

sistemas de informação;

• Avaliar, pós-implantação, os benefícios gerados pelos projetos de TI.

Page 144: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

131

b) Gerar valor para os negócios através da TI

Os princípios básicos de TI são a entrega dos projetos no prazo, dentro do orçamento e

efetivando os benefícios que foram previstos. Na visão de negócios, podemos identificar o

valor gerado por TI nos processos empresariais, tais como: vantagem competitiva, leadtime de

processamento de pedido, entrega completa de pedidos, satisfação do cliente, produtividade

das equipes de trabalho, lucratividade etc. O valor que a tecnologia da informação adiciona

aos negócios está diretamente relacionado ao grau de alinhamento da organização de TI com

os negócios e o quanto ela atende as expectativas dos negócios. Este valor pode estar

relacionado com:

• Atender as necessidades e solicitação dos negócios;

• Flexibilidade para adaptarem-se as necessidades futuras;

• Capacidade de processamento e tempo de respostas adequadas às necessidades;

• Facilidade de uso, capacidade de recuperação e segurança de informação;

• Integração, acuracidade e atualização da informação.

Para gerenciar estas expectativas, a área de TI tem que desmistificar a caixa preta,

como ela é vista pela direção da empresa, estabelecendo uma linguagem comum que possa

medir os resultados e o valor de TI na visão dos impactos gerados aos negócios. O papel da TI

no processo de tomada de decisão deve ser medido a luz de indicadores de negócios alinhados

a cada processo empresarial, tais como:

• Tempo de desenvolvimento de novos produtos;

• Tempo de processamento de pedidos;

• Prazo de entrega para o cliente;

• Qualidade de produtos ou serviços ao cliente.

c) Gerenciar a performance de TI

Faz-se necessário definir um conjunto de indicadores que permita acompanhar o

desempenho da arquitetura de TI de forma simples e de fácil entendimento por toda a

empresa. O modelo de acompanhamento do desempenho de TI pode estar baseado no

conceito de balanced scorecard. O balanced scorecard tem por objetivo traduzir a estratégia

em ação através de metas a serem alcançadas e indicadores para medir o grau de atendimento

Page 145: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

132

das metas estabelecidas. O gerenciamento de performance através do modelo de balanced

scorecard vai além dos indicadores que medem apenas a visão financeira, ele visa também

medir por ativos que são a capacidade de relacionamento e a gestão de conhecimento tão

necessária para competir na era da informação. O IT Scorecard (Painel de Controle de TI)

proposto estabelece indicadores para medir a performance financeira, o grau de satisfação de

clientes, a eficiência dos processos de TI, bem como a capacidade de aprendizado da

organização de TI, como pode ser visto na Figura 4.11.

Figura 4.11 – Painel de controle de TI

Fonte: IT GOVERNANCE INSTITUTE (2001).

d) Gerenciar os riscos de TI

O impacto aos negócios de eventuais problemas de indisponibilidade da infra-estrutura

de TI, erro de informações e falta de acuracidade e atualização das informações, podem ser de

grandes proporções. O CIO deve estabelecer em conjunto com a direção da empresa as

políticas, os procedimentos e a arquitetura de segurança das informações de modo a garantir o

impacto mínimo aos negócios na ocorrência de eventuais problemas ou sinistros na

arquitetura de TI.

A seguir uma breve introdução ao gerenciamento de risco apresentado conforme

Broadbent; Kitzis (2005). Quase todos os aspectos operacionais de uma empresa e quase

todos os segmentos de negócios atualmente apresentam uma forte dependência de TI. Tanto a

entrada de dinheiro bem como o relacionamento com clientes usam mecanismos de

informática. Ou seja, não importa qual o risco de negócios está sob discussão, o CIO deve

estar envolvido nos esforços de gerenciá-lo. No entanto o CIO não pode gerenciar o risco

sozinho. Muitas causas e conseqüências estão fora do controle da organização de TI. O

Financeiro

Metas Indicadores

Informação Cliente Processos de TI

Metas Indicadores Indicadores Metas

Aprendizagem

Metas Indicadores

Page 146: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

133

negócio tem que determinar as propriedades, com a organização de TI fazendo parte das

discussões. O negócio não consegue gerenciar os riscos sem o envolvimento ativo do CIO, e o

CIO tem que conseguir as respostas no que impacta ou é impactado por TI para os novos

riscos inserindo-os num programa corporativo de gerenciamento de riscos da empresa.

Broadbent; Kitzis (2005) expõem estratégias básicas para tratar os riscos. São quatro formas

clássicas de resolver situações de risco: redução, transferência, aceitação e eliminação.

• Redução – a redução do risco propriamente dito ou de suas conseqüências. Para

que a redução do risco ocorra, a empresa tem que ter controle adequado para

reduzir ou eliminar a probabilidade ou o efeito de um evento de risco.

• Transferência – transferir o risco para algum agente diferente da empresa. Para a

transferência de o risco funcionar, algum agente (por exemplo, um segurador) tem

que ser capaz de assumir o risco.

• Aceitação – a consciência e disposição de assumir o risco pela empresa. Para a

aceitação do risco funcional, a probabilidade de ocorrência do risco é suportável

pela empresa.

• Eliminação – ter a certeza da possibilidade do evento de risco jamais ocorrer. Para

muitas empresas, a eliminação de um risco pode significar saída de um negócio ou

mercado, ou retirada de um produto.

Nenhuma empresa pode ficar completamente segura contra todos os riscos. A questão

fundamental do gerenciamento de riscos é: ‘Quais são os riscos que a empresa pode

suportar?’.

Para se chegar a esta resposta, primeiro, analisar os alvos e as respectivas ameaças.

Algumas questões importantes para esta análise baseados nos direcionadores de negócios.

Quais são as estratégias mais importantes para o nosso negócio? Quais são os obstáculos de

cada estratégia? De que forma o mercado, competidores, órgãos reguladores, e outros reagem

às nossas estratégias de negócios? Em que estratégias existirá maior concentração de dados,

dinheiro, materiais, ou qualquer outro ativo de alto valor? Segundo, deve-se calcular o

potencial de ocorrência do risco em cada cenário possível. Calcula-se o risco ou o potencial

de perda anual. Terceiro, identificar seu potencial de salvaguardas, e avaliações contra os

Page 147: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

134

riscos potenciais. Uma vez que, foi elaborada a lista de salvaguardas aos riscos potenciais, é

importante avaliá-los com os critérios a seguir:

a) Custo.

b) Alinhamento e consistência com os objetivos da empresa.

c) Impacto nos processos de negócios e o custo de mudá-los. O processo necessita ser

redesenhado?

d) Possíveis efeitos nas iniciativas de gerenciamento de risco atual e futuro. Ou seja,

o quanto é necessário para manter os custos, dificuldade para obter os

conhecimentos e habilidades necessárias?

Broadbent; Kitzis (2005) orientam sob a importância de desenvolvimento de uma

política formal de segurança de informação. A política de segurança é um conjunto de normas

que apresentam a tolerância ao risco da empresa e os procedimentos de segurança para

reforçar as proteções contra os riscos potenciais. As políticas devem ser baseadas em padrões

de classe mundial tais como COBIT (Control Objectives and Related Technology) ou ISO

17799, pois estes padrões contêm práticas já consagradas de segurança de informação e

referenciais para um diagnóstico e administração de um plano de segurança de informações.

4.1.3 Fóruns de Tomada de Decisão

A Governança de TI tem que ser exercida em todos os níveis da organização e devem ser estabelecidos fóruns de decisão adequados conforme Figura 4.12.

Figura 4.12 – Fóruns de decisão de TI Público Alvo Fórum de Decisão de Governança

de TI Nível Estratégico Diretores Comitê Executivo

Nível Tático Gerentes Comitê Gerencial, Grupo Executivo de TI

Nível Operacional Supervisores e Colaboradores Grupo de Usuários Fonte: Adaptado de RODRIGUEZ; FERRANTE (2000).

Faz-se necessário definir a composição do comitê executivo, comitê gerencial, grupo

executivo de TI e grupo de usuários. Estabelecer a freqüência de reunião e o fluxo da tomada

de decisão desde o grupo de usuários até o nível de diretoria da empresa. Segundo Rodriguez;

Ferrante (2000), um dos grandes objetivos da organização de tecnologia da informação é a

prestação de serviços para os clientes internos da organização. Então, qual será a melhor

Page 148: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

135

forma de satisfazer as necessidades dos clientes internos? A regra geral é focar, sempre, nas

necessidades relativas aos processos de negócio, e não nas preferências pessoais de um

representante dos clientes. Isto, entretanto, não é uma tarefa simples à medida que pode se

tornar uma fonte de conflitos. Uma solução mais efetiva para evitar estes conflitos é a

formação de comitês para debater e definir prioridades e atribuições dos grupos de tecnologia

da informação e os seus clientes (LANE et al., 2004):

• Comitê Executivo: Principal fórum de decisão da empresa (formado por diretores),

o relacionamento do CIO com este fórum proporciona:

− Conhecer o processo decisório da empresa.

− Tomar conhecimento das principais decisões de negócios, definição de

estratégias e as principais prioridades da direção da empresa.

− Um veículo para apresentar o andamento de projetos estratégicos de TI.

− Alinhar as estratégias de TI com as diretrizes estratégicas da empresa.

− Acesso para o CIO solicitar aprovação para investimentos e despesas de

projetos estratégicos.

− Possibilita ao CIO um canal de comunicação para prover educação e

orientação ao nível executivo de tópicos da gestão estratégica de TI que tenha

impacto na gestão, nos processos de negócios ou na estrutura organizacional.

− Um fórum de aprovação final do Plano Estratégico da Tecnologia da

Informação e do modelo de Informação e processos de negócios.

− Um fórum de aprovação dos critérios de priorização e seleção de projetos.

− Um fórum para aprovação do portfólio de projetos de TI.

• Comitê de Gerenciamento da Informação: Este comitê deve ser formado pelo

executivo principal da área de tecnologia da informação e os principais gerentes

dos processos, sob a coordenação do CIO, deve possuir as seguintes

responsabilidades:

− Definição da alocação dos recursos e prioridades dos projetos, considerando

os objetivos estratégicos e táticos da organização.

− Análise dos processos, buscando a sua simplificação e integração, de forma a

otimizar os resultados globais da organização.

Page 149: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

136

− Definição de alianças e acordos de níveis de serviço com os gerentes dos

processos de negócio.

− Redefinição de direcionamento e estratégias, em função dos resultados

alcançados e eventuais mudanças de cenário interno e externo.

− Definição de políticas, padrões e procedimentos da área de tecnologia de

informação, para toda a organização, baseados na arquitetura tecnológica a

ser implantada e nas recomendações dos Clientes e Fornecedores.

− Aprovação do plano anual de TI e os critérios de acompanhamento, controle e

administração do portfólio de projetos de TI.

− Aprovação em nível gerencial do Plano Estratégico de Tecnologia da

Informação e do Plano de Informação e Processos de Negócios.

− Aprovação de padrões globais e arquitetura de tecnologia da informação.

− Aprovação do portfólio de sistemas de informações.

− Aprovação das políticas, normas e procedimentos de segurança de

informações e do plano de continuidade de negócios.

• Grupo Executivo de TI: Formado pelos executivos seniores da tecnologia da

informação da empresa e é responsável, juntamente com o CIO, pela gestão

estratégica de TI e pela gestão dos bens de informação e dos recursos de

tecnologia.

− Canal de comunicação do CIO e os executivos de TI seniores da organização.

− Fórum de discussão e de comunicação dos executivos das áreas da TI.

− Canal de comunicação do CIO com a organização geral de tecnologia da

informação.

− Elaboração do plano estratégico de TI e do modelo de informação e processos

de negócio.

− Definição do plano anual de TI.

− Administração do portfólio de projetos.

− Definição de padrões globais e arquitetura de tecnologia da informação.

− Definição do portfólio de sistemas de informações.

− Definição das políticas, normas e procedimentos de segurança de informações

e do plano de continuidade de negócios.

− Responsável pela gestão estratégica de TI

Page 150: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

137

− Exercício e disseminação do modelo de governança de TI.

− Definição da organização de TI, papéis, atribuições e responsabilidades.

• Grupo de Usuários de TI: Este comitê deve incluir representantes de todas as áreas

usuárias dos recursos de informação, fornecedores de informações e gerentes de

infra-estrutura e redes, sob a coordenação dos usuários. O comitê deve ser

secretariado por um profissional da área de TI. As principais responsabilidades

deste comitê segundo Rodriguez; Ferrante (2000) são:

− Definição da alocação de recursos no nível operacional, baseado na

orientação geral fornecida pelo Comitê Executivo.

− Formulação de procedimentos e padrões operacionais da área de TI.

− Avaliação dos requisitos de treinamento para a Função Informação.

− Avaliação e verificação do cumprimento dos diferentes níveis de acordo de

serviço estabelecidos com a área de tecnologia de informação.

− Avaliação dos resultados, para eventuais revisões dos procedimentos e

padrões estabelecidos. Um canal de comunicação com gerentes seniores para

educação e orientação em tópicos de gestão da tecnologia da informação.

Weil; Ross (2004) apresentam um esquema de fóruns de decisão que numa

organização global precisam ser estruturados para implementar um modelo efetivo de

governança de TI, eles ressaltam também qual o comportamento desejável e aquele que é

indesejável para cada um dos grupos apresentados na Figura 4.13.

Page 151: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

138

Figura 4.13 – Mecanismos de Grande Impacto, mas Desafiadores Mecanismos Objetivos Comportamentos desejáveis Comportamentos

Indesejáveis observados Comitê executivo e da alta gerência

Visão holística do negócio, inclusive da TI

Administração contínua, incorporando a TI

TI ignorada

Comitê de arquitetura Identificar tecnologias e padrões estratégicos – e impô-los?

Tomada de decisões de TI orientada ao negócio

Atrasos e polícia da TI

Equipes de processos com membros de TI

Ter uma visão dos processos usando a TI (e outros ativos) com eficácia

Administração fim -a-fim de processos)

Estagnação de habilidades funcionais e infra -estrutura de TI fragmentada

Orçamentos e aprovação de investimento de capital

Considerar a TI como um outro investimento de negócios

Investime nto prudente em TI abordagens diferentes para diferentes tipos de investimento

Paralisia pela análise Projetos pequenos, para evitar a aprovação formal

Acordos de nível de serviço Especificar e mensurar os serviços de TI

Oferta e demanda profissionalizadas

Administração pelo SLA, e não pela necessidade do negócio

Cobrança reversa Recuperar os custos de TI do negócio

Uso responsável da TI Argumentos sobre as cobranças e queda na demanda

Rastreamento formal do valor de negócio da TI

Mensurar investimentos em TI e sua contribuição para o valor de negócio, usa ndo frequentemente balanced scorecard

Tornar transparentes: metas, benefícios e custos

Separação entre a TI e os demais ativos. Enf oque no dinheiro, e não no valor

Fonte: WEIL; ROSS (2004).

4.2 ORGANIZAÇÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Segundo O’Brien (2003), uma maneira de compreender o impacto organizacional da

tecnologia da informação é encarar a organização como um sistema sócio-técnico. Neste

contexto, pessoas, atividades, tecnologia, cultura e estrutura são os componentes de uma

organização. A Figura 4.14 ilustra esse tipo de referencial conceitual. O conceito que, para

melhorar o desempenho de uma organização os gerentes devem (1) mudar um ou mais desses

componentes e (2) levar em conta as relações entre esses componentes interdepartamentais.

Isto é particularmente importante para o uso adequado da tecnologia da informação. No

passado, as empresas utilizaram tecnologia de sistemas de informação para automatizar

tarefas organizacionais sem dar suficiente atenção ao seu impacto estratégico na organização.

Dessa maneira, um dos principais desafios gerenciais da tecnologia da informação, é

desenvolver sistemas que promovam melhorias estratégicas no modo como a organização

apóia seu pessoal, processos / atividades, tecnologia, cultura e estrutura.

Page 152: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

139

Figura 4.14 – Organização como sistema sócio-técnico.

Fonte: O’BRIEN (2003).

• Pessoal: Os gerentes e trabalhadores do conhecimento são indivíduos com uma

diversidade de preferências por informações e capacidades diversificadas para

utilizar efetivamente as informações que lhe são fornecidas. Os sistemas de

informação podem gerar produtos de informação para atender os requisitos de

negócios dos usuários finais e gerentes.

• Processos / Atividades: Os processos / atividades de muitas organizações se

tornam demasiadamente complexas e ineficientes no curso do tempo. Em muitos

casos, a tecnologia da informação tem sido utilizada para fazer a mesma coisa que

fazia no passado, só que mais depressa. A tecnologia da informação pode

desempenhar um papel importante no combate à complexidade organizacional por

meio do apoio à reengenharia de processos empresariais. Avanços na TI, como

intercâmbio eletrônico de dados, por exemplo, reduzem drasticamente a

necessidade de diversos departamentos estar envolvidos na preparação,

autorização, verificação e envio de documentos em papel. Isto pode eliminar

muitas tarefas manuais e procedimentos requeridos e melhorar significativamente

a comunicação e a cooperação estratégica entre as organizações.

• Tecnologia: A tecnologia dos sistemas de informação computadorizados se torna

mais sofisticada e complexa. Entretanto, essa tecnologia não deve determinar as

necessidades de informação dos usuários no desempenho de suas atividades

organizacionais. Ela deve conciliar a cultura e estrutura administrativa de cada

Pessoal

Processos / Atividades

Estrutura

Cultura

Tecnologia

Page 153: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

140

organização. Os sistemas de informação executiva, por exemplo, superam muitas

das objeções dos altos executivos em relação à falta de flexibilidade individual e

de flexibilidade de tarefas dos tipos anteriores de sistemas de informação

gerencial.

• Cultura: As organizações e suas subunidades possuem uma cultura que é

compartilhada pelos gerentes e demais funcionários. Ou seja, elas possuem um

conjunto único de valores e estilos organizacionais. Os gerentes de certas

organizações, por exemplo, compartilham um espírito informal, associativo e

empreendedor que enfatiza a iniciativa, a colaboração e a coragem para correr

riscos. Os gerentes, de outras organizações podem enfatizar uma abordagem mais

formal do tipo “siga o manual” ou “respeite a cadeia de comando”. Naturalmente o

projeto de sistemas de informação e produtos de informação deve conciliar essa

diferença. Os gerentes de uma cultura empresarial que incentive a coragem

empreendedora para correr riscos e a colaboração, por exemplo, provavelmente

preferirão sistemas de informação executiva que lhes permitam um rápido acesso

às previsões sobre concorrentes e clientes e sistemas de e-mail e outros sistemas de

internets e intranets que facilitam sua comunicação com os colegas de outros

lugares.

• Estrutura: As organizações estruturam sua administração, funcionários e

atividades de trabalho em uma multiplicidade de subunidades organizacionais. A

função da tecnologia da informação não pode mais assumir uma estrutura

hierárquica e centralizada que é suportada por meio de centralização do poder de

processamento, banco de dados e desenvolvimento de sistemas.

A tecnologia da informação deve ser capaz de apoiar um tipo mais descentralizado e

colaborativo de estrutura organizacional que necessita de intranets ou redes cliente / servidor

mais interconectado, bancos de dados distribuídos, computadores menores e recursos de

desenvolvimento de sistemas distribuídos entre os níveis de unidades e grupos de trabalho da

empresa. A tecnologia da informação deve enfatizar a comunicação e a colaboração rápida e

fácil entre indivíduos, unidades de negócios e outros grupos de trabalho da organização,

utilizando eletrônica em vez de papel. A tecnologia como a Internet, intranet e extranet

possibilita o desenvolvimento de sistemas interorganizacional e estruturas organizacionais em

Page 154: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

141

rede que são decisivas para informação da empresa digital (RAMIREZ;ZUCCARELLI,

2004).

Ramirez; Zucarelli (2004) afirmam que a habilidade de alavancar o potencial da

tecnologia está se tornando cada vez mais crítica para a competitividade da empresa, afetando

a posição de custo, a qualidade do serviço e a capacidade de inovação. O principal

instrumento para adquirir essa habilidade é criar uma organização de TI eficaz. Desenvolver a

organização de TI e estruturar a sua relação com as redes de negócio é o principal instrumento

para construir em centro de excelência de TI. A primeira questão a ser resolvida sobre a

organização de TI é a definição da estrutura organizacional. A definição da estrutura

organizacional mais adequada deve ser baseada no atendimento dos ambientes de negócio e

tecnológico da empresa. Podem ser identificadas em três alternativas básicas, conforme a

Figura 4.15.

Figura 4.15 – Alternativas de estrutura.

Fonte: RAMIREZ; ZUCARELLI (2004).

A administração operacional da TI pode ser encarada a partir de uma perspectiva de

processo. A Figura 4.16 é uma ilustração da arquitetura de processos da função de tecnologia

da informação desenvolvida pela SIM (Society for Information Management, ou Sociedade

para a Administração da Informação), a organização profissional internacional dos executivos

de tecnologia da informação (RAMIREZ; ZUCCARELLI, 2004).

CIO

Staff

Aplicativos de Negócio

Aplicativos Comerciais

Infra-estrutura

CIO

Staff

Unidade 1 Unidade 2 Unidade 3

CIO

Staff

Projetos de TI Operação de TI

Especialização por processo / tecnologia

Especialização por negócio Especialização por tarefa

Negócios relacionados Arquitetura de TI compartilhada

(infra-estrutura e aplicativos)

Negócios não relacionados Arquitetura de TI diferente

Setores Dinâmicos Elevada inovação de processo /

negócio suportada por TI

Page 155: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

142

Figura 4.16 – Uma visão de administração da TI por processos

Fonte: Adaptado do SIM - Internacional, Info rmation System Process Architecture, Version 2.0 (1996) apud RAMIREZ; ZUCCARELLI (2004).

• Especialização por processo ou tecnologia: neste modelo a estrutura de TI é

normalmente subdividida numa área de infra-estrutura e em algumas áreas de

aplicativos, associados às principais funções / processos da empresa. O modelo

implica um grau de centralização elevado, dado que as Unidades de Negócios

(UNs) compartilha equipes especializadas funcionalmente. Ele é o mais adequado

quando os negócios da empresa são fortemente relacionados e compartilham a

mesma arquitetura de TI, especialmente no nível de aplicativos.

• Especialização por negócio: neste tipo de estrutura, as equipes de TI são

dedicadas as Uns, levando a uma maior descentralização. Este modelo é adequado

quanto os negócios são pouco relacionados e utilizam arquitetura de TI diferente.

Normalmente nestes casos, a empresa especializa as equipes de aplicativos por

negócio, enquanto a equipe de infra-estrutura centralizada.

• Especialização por tarefa: neste tipo de estrutura existe uma separação clara entre

a equipe responsável pela operação de TI e a equipe responsável pela

implementação de novos projetos, reconhecendo as diferentes de competências que

as duas tarefas demandam. Este modelo, menos comum é adequado para empresas

que atuam em setores dinâmicos e apresenta uma demanda elevada de inovação de

processo / negócio suportado por TI.

Adm

inis

tra a

Org

aniz

ação

dos

SI

Plan

eja

a O

rgan

izaç

ão d

os S

I

Desem

penha Relações com

o Cliente

de TI Comercializa TI para as Unidades

Entrega e Dá Suporte a Produtos e Serv iços

Compatibiliza Negócios e TI

Administra a Arquitetura da Empresa

Desenvolve e Distri bui Produtos e Serviços

Page 156: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

143

Para Boar (2002) uma das partes mais visíveis da estratégia de TI é a estrutura

organizacional. As pessoas trabalham como indivíduos, em grupos e em equipes dentro do

contexto de uma estrutura organizacional. A estrutura organizacional é um dos impulsos

fundamentais de qualquer estratégia de TI. Para a maioria dos funcionários, a estratégia é

igual à estrutura organizacional ou, mais precisamente, à mudança da estrutura

organizacional. Embora eles normalmente não sejam informados quanto à estratégia principal

da empresa ou recebem apenas algumas partes isoladas e desunidas dessa estratégia, eles

pessoalmente observam e sentem o impacto das organizações. Para a maioria das pessoas, o

anúncio de outra reorganização é o sinal de que a estratégia da empresa irá mudar. Organizar

e reorganizar para alinhar e adequar é o sinal mais visível de estratégia para as fileiras

organizacionais.

O projeto organizacional de TI a nível macro avalia as alternativas considerando,

centralizada, dispersa, integrada ou mista, é necessário considerar as seguintes perguntas

básicas para chegar a um projeto ideal:

• Quantas organizações de TI a corporação terá? Cada UN terá sua própria

organização ou elas compartilharão provedores de serviço de TI?

• Quais serão as funções e as responsabilidades de cada organização de TI?

• As entidades de TI serão entidades separadas das UNs a que elas atendem ou serão

entidades dentro das unidades comerciais? Se forem separadas, quais serão as

regras econômicas para a troca de bens e serviços?

• Como serão governadas as diversas entidades de TI? Para problemas de interesse

comum, como arquitetura, redes de comunicações corporativas e políticas de

recursos humanos, quais os mecanismos de governança que serão distribuídos para

manter a sinergia?

O projeto organizacional de TI a nível micro começa onde o projeto a nível macro

termina. Para cada entidade de TI que existirá, é necessário que se projete uma estrutura

interna que oferecerá operações e/ou desenvolvimento de uma forma rápida, flexível e sem

atrito. Se a estrutura interna não se tornar uma configuração estratégica poderosa, então todos

os esforços para se tornar a TI adequada falharão, pois não será possível mobilizar os recursos

de TI de uma forma efetiva e eficaz. A Figura 4.17 resume as vantagens genéricas e os

Page 157: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

144

desafios, de cada estrutura. O problema para a organização de TI na era da informação,

segundo Boar (2002), é definir uma estrutura que equilibre as necessidades em conflito.

Enquanto precisamos de estabilidade e formalidade para a eficiência em curto prazo,

precisamos de flexibilidade e espontaneidade para lidar com a turbulência ao nosso redor.

Precisamos ser orgânicos em vez de burocráticos.

Figura 4.17 – Vantagens e desafios.

Fonte: BOAR (2002).

4.2.1 Centralização versus Descentralização

A experiência tem mostrado que a tecnologia da informação, tanto pode apoiar a

centralização como a descentralização dos sistemas de informação, operações e tomada e

Estrutura organizacional

Desafios Vantagens

Funcional

Processo

Front-end / back-end

Geográfica

Produto

Matriz

1. Eficiência 2. Centros de excelência 3. Foco 4. Facilidade de gerenciamento

1. Tomada de decisão eficiente 2. Responsabilidade de ponta a ponta 3. Lealdade funcional 4. Falta de flexibilidade

1. Dá atenção a várias dimensões do projeto da organização

2. Coordenação 3. Alocação ponderada de

recursos 4. Comunicações horizontais

1. Difícil de implementar e gerenciar

2. Batalhas de poder 3. Delineamento de autoridade 4. Custos de comunicação

1. Focalizado no produto / cliente 2. Responsabilidade 3. Alta coordenação em nível de

produto 4. Tomada de decisão em nível de

produto

1. Ineficiência de custo 2. Coordenação horizontal do

produto 3. Sensível às necessidades locais

1. Sensibilidade do mercado 2. Tomada de decisão e autoridade

em nível de mercado

1. Ineficiência de custo 2. Coordenação entre os locais

geográficos 3. Lealdades locais

1. Única interface do cliente 2. Responsivo ao cliente 3. Promove relacionamentos

muitos-para-muitos

1. Ligação eficiente e eficaz de front-ends a back-ends

2. Alocações de custo 3. Tomada de decisão

1. Eficiência 2. Foco no cliente 3. Produtividade

1. Liderança de processo 2. Coordenação entre processos 3. Experiência funcional 4. Feudos de processo

Page 158: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

145

decisões dentro de organizações usuárias. As instalações de computador centralizadas

poderiam permitir a alta administração centralizar a tomada de decisões anteriormente a

centralização das operações, o que reduz o número de filiais, instalação de fabricação,

depósitos e outros locais de trabalho necessárias à empresa. Por outro lado, as intranets e

redes cliente / Servidor distribuídas de micros e servidores em múltiplos locais de trabalho

permitem que a alta administração delegue mais a tomada de decisões aos gerentes das

unidades de negócios. A administração também poderia descentralizar as operações,

aumentando o número de filiais (ou outras unidades da empresa), embora ainda mantendo

acesso ao potencial de informação e comunicações de que ela necessita para controlar a

direção geral da organização.

Conseqüentemente, a tecnologia da informação pode incentivar tanto a centralização

como a descentralização dos sistemas de informação, operações empresariais e administração.

A filosofia da alta administração, a cultura da organização, a necessidade de renovar as suas

operações e o uso das estratégias competitivas agressivas ou conservadoras desempenham

papéis importantes, ao lado da estrutura organizacional e arquitetura de sistemas de

informação da empresa. Independentemente do tipo de estrutura mais adequado para os

ambientes de negócio e tecnológico da empresa, é importante definir algumas funções-chave

que devam ser centralizadas. Isto é especialmente crítico no caso de estruturas especializadas

por negócio, em que o grau de autonomia tende a ser maior.

Mañas (1999) defende a importância de avaliar a organização de TI segundo as

considerações de distribuição e centralização. Para o autor, a distribuição da TI comporta

alguns riscos, maior custo, principalmente na área de pessoal, complexidade mais elevada

devido à existência de um maior número de elementos interdependentes e desintegração nos

sistemas desenvolvidos pelo predomínio dos pontos de vistas locais sobre os centrais. Mañas

(1999), reafirma a necessidade da elaboração de um plano estratégico de TI, baseado na

estratégia definida pela alta administração e coerente com o estilo organizacional da empresa.

O plano tem que ser desenvolvido em conjunto e com aprovação formal da alta administração.

No entanto Mañas (1999) ressalta as funções essenciais que devem ser de responsabilidade da

TI corporativa, quais sejam:

Page 159: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

146

I. Controle de promoção e salários de toda equipe de TI (Corporativo, unidades

de negócios, filiais exterior).

II. Planejamento e controle globais da TI.

III. Desenho da Arquitetura global de TI.

IV. Divisão e coordenação de funções e desenvolvimento de interfaces nas

aplicações não totalmente locais.

V. Seleção, contratação e controle de todo o parque de hardware, software, bem

como a rede de comunicações.

VI. Métodos e normas aplicáveis em toda a organização da TI.

VII. Desenho, desenvolvimento e implantação de sistemas de suporte, tais como as

bases de dados e redes de comunicações da empresa, aplicações de uso geral,

sistema de gestão integrado e data centers.

VIII. Suporte técnico de sistemas, em seu maior nível.

IX. Auditoria de sistemas e de arquitetura da TI distribuída nas unidades de

negócios e nas filiais do exterior.

4.2.2 Administração da Computação pelo Usuário Final

Para Amaral; Varajão (2000), o desenvolvimento “espontâneo” de sistemas de

informação é, infelizmente, um fenômeno freqüente em muitas organizações. Nesta situação,

o desenvolvimento de sistemas de informação é realizado sem que tenha existido a

preocupação de o “pensar” previamente, isto é, sem que tenha existido uma reflexão sobre a

adoção da TI pela organização e sobre o modo como essa implementação deverá ser realizada.

Tão pouco existe a preocupação de prever os reflexos da implantação do sistema no modo de

funcionamento da organização. Perante os inevitáveis problemas (dificuldades de integração

dos diversos sistemas de informação, redundância, desperdício de recursos, incompatibilidade

entre tecnologias adotadas, anarquia no desenvolvimento e na utilização, incerteza sobre o

aproveitamento de oportunidades etc.) que esta abordagem origina, a organização sente a

necessidade de pensar de forma global e organizada o futuro para o seu SI e para os recursos

nele envolvidos. O PETI exerce um papel de fundamental importância nestas circunstâncias,

em função de problemas que podem ser resolvidos por um planejamento com visão de longo

prazo e sinergia do SI. É crescente o número de organizações que estão conscientes da

importância da informação, das tecnologias da informação e do papel que estas poderão

desempenhar na obtenção de vantagens competitivas no negócio.

Page 160: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

147

Conforme Rodriguez; Ferrante (2000), em algumas companhias ocorre disputa para

manter grupos de tecnologia da informação alocados diretamente às áreas usuárias. Estas

áreas usuárias, fascinadas com o poder implícito da tecnologia da informação possuem a

tendência de destinar um número exagerado de pessoas para trabalhar com esta tecnologia,

esquecendo, muitas vezes, os seus próprios negócios. Esta disputa gera uma perda de energia

considerável, que não pode mais ser admitida em organizações que querem ser competitivas.

Todos os grupos de tecnologia da informação devem estar ligados, funcionalmente, à área de

tecnologia da informação, prestando serviços, como se fosse uma empresa prestadora de

serviços, para as demais áreas da organização. A responsabilidade por administrar a

tecnologia da informação está sendo progressivamente distribuída aos gerentes de uma

organização em todos os níveis e em todas as funções. A administração de recursos de

informação não é apenas responsabilidade do CIO da empresa. Todo gerente é responsável

pela administração de recursos de informação do seu departamento, grupo de trabalho ou área

funcional. Isto é de fundamental importância à medida que cresce o uso da Internet, intranet e

redes. O gerente de negócio passa a ter uma responsabilidade pela administração dos sistemas

de informação e pelos recursos de informação sob sua responsabilidade. O número de pessoas

em organizações que utilizam computadores para ajudá-los a realizar seus trabalhos tem

excedido a capacidade de atendimento da organização de TI da empresa. As equipes e grupos

de trabalhos cada vez mais utilizam microcomputadores, pacotes de softwares e Internet,

intranets para desenvolver e aplicarem a tecnologia da informação em suas atividades de

trabalho. A computação pelo usuário final se caracteriza tanto por oportunidade como por

problemas administração. Algumas empresas criam grupos de trabalho para atuar no apoio e

suporte aos usuários finais. São definidos especialistas de sistemas de informação que podem

atuar como consultores, analistas de suporte e atendimento, gerente de contas ou analistas de

negócios passa diminuir a distância entre a TI e as áreas de negócios. Esses especialistas

desempenham um papel crucial na solução de problemas de operação, coordenando esforços

educacionais e orientando os usuários finais no desenvolvimento de aplicações

departamentais. Por outro lado é importante estabelecer políticas para aquisição de hardware

e software, metodologia de desenvolvimento de sistemas, administração das solicitações de

sistemas, mesmo aqueles que sejam desenvolvidas pelas próprias áreas de negócios. É vital

para a segurança de informações da organização garantir que qualquer sistema de informação

seja desenvolvido com controles adequados para promover o correto desempenho, otimização

Page 161: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

148

de recursos de informação, preservação da integridade do banco de dados da empresa e de

seus departamentos. Muitas aplicações desenvolvidas pelo usuário final estão desempenhando

funções organizacionais extremamente importantes. Em lugar de serem meramente sistemas

para a produtividade pessoal ou apoio à decisão, algumas aplicações estão auxiliando a

realização de importantes atividades empresariais decisivas para o sucesso e sobrevivência da

empresa. Ou seja, são aplicações departamentais críticas para a empresa.

Segundo Rodriguez; Ferrante (2000) os grupos de TI especializados em funções

específicas do negócio tem que estar ligados e subordinados a organização de TI corporativa

da empresa. Para que essas aplicações sejam formalmente incluídas na arquitetura de sistemas

da empresa, devem ser estabelecidos controles em todas as aplicações do usuário final,

críticas à empresa. Estes controles são necessários para proteger a própria empresa de

problemas de erros, fraude, desnutrição e outros acidentes que podem ser gerados por estas

aplicações departamentais críticas. A seguir, são apresentados alguns critérios e controles que

devem ser obedecidas pelas aplicações departamentais críticas:

• Métodos para testar sistemas desenvolvidos pelo usuário em relação ao

cumprimento das políticas da empresa;

• Métodos para notificar outros usuários, quase sempre, de outras áreas da empresa,

quando são planejadas alterações em sistemas desenvolvidos pelos usuários e que

são críticos à missão da empresa;

• Documentação rigorosa dos sistemas desenvolvidos por usuários;

• Treinamento de diversas pessoas na operação e manutenção do sistema;

• Um processo formal para avaliar e adquirir novo hardware e software;

• Procedimentos formais de backup e recuperação para todos os sistemas

desenvolvidos por usuários;

• Controle de segurança para acesso a sistemas, redes e banco de dados do usuário e

da empresa.

Na realidade o uso eficaz da tecnologia da informação nas empresas exige uma atitude

responsável dos gerentes das áreas de negócios na proteção da arquitetura de TI e na

utilização de recursos de informação. Os gerentes das áreas de negócios são os responsáveis

em última análise, por garantir que controles adequados sejam embutidos nas aplicações

Page 162: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

149

departamentais críticos para a empresa. Os gerentes das áreas de negócio têm que aceitar a

responsabilidade de gerenciar a rede de computadores e recursos dos sistemas de informação

de suas equipes e grupos de trabalhos departamentais e das unidades de negócios (Rodriguez;

Ferrante,2000).

4.3 ARQUITETURA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

A Arquitetura de TI, segundo Rodriguez; Ferrante (2000), é entendida como o

conjunto de informação, modelo de processos de negócios, modelos de dados e toda infra-

estrutura tecnológica necessária para suportar os fluxos de informação em uma organização.

Muitas questões importantes a este respeito merecem especial atenção, incluindo a integração

dos diferentes níveis de tecnologia da informação utilizada no processo de gestão da

organização. A sinergia entre a tecnologia e negócio é a chave do sucesso. Para obter esta

sinergia, é importante analisar as forças atuantes sobre a Arquitetura de TI e como elas

afetarão o processo de mudança. A Figura 4.18 a seguir apresenta esquematicamente o

conceito básico da integração dos negócios à Arquitetura de Informação.

Figura 4.18 – Integração dos negócios à arquitetura de TI

Fonte: RODRIGUEZ; FERRANTE (2000).

Segundo Rodriguez; Ferrante (2000), esta etapa tem por objetivo definir a infra-

estrutura que suportará a aplicação das soluções de TI na empresa. É o principal ativo da

organização de TI e deve seguir alguns princípios gerais de modo a garantir a perfeita

aderência a necessidades atuais e futuras dos negócios.

Na arquitetura de sistemas e informação também são definidos os conceitos de:

Modelos de Gestão Processo Decisório – Processo de Neg ócios

Fluxo de Dados Modelos de Dados

Sistemas de Informação Necessárias Infra-Estrutura de Hardware / Software / Redes

Gestão

Tecnologia da

Informação

Page 163: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

150

• Modelo de base de dados corporativa (dados operacionais, gerenciais,

conhecimento);

• Aplicativos de integração de sistemas;

• Uso de aplicações Internet (intranet, extranet, Internet);

• Rede e comunicação de dados;

• Infra-estrutura de hardware e software;

• Sistemas de Programação;

• Linguagem de Programação;

• Gerenciador de Base de Dados;

• Padrões globais de Tecnologia da Informação.

Existem forças que atuam sobre a Arquitetura de Informação, segundo Rodriguez;

Ferrante (2000), mesmo quando há uma definição clara da Arquitetura de Informação, que

podem introduzir modificações na Arquitetura de Informações originalmente definida,

conforme apresentado na Figura 4.19.

Figura 4.19 – Fatores que afetam a arquitetura de TI

Fonte: RODRIGUEZ; FERRANTE (2000).

Demanda dos usuários: os usuários e clientes possuem voz cada vez mais ativa na

definição da Arquitetura de Informações e estão a cada momento solicitando modificações de

forma mais acelerada. Assim, a Arquitetura de Informações deve ser flexível o bastante de

modo a permitir a integração das inovações à Arquitetura atual. Em termos práticos, isto não é

ARQUITETURA

DE TI

Qualidade

Redução de Custo

Competição Externa

Gerência dos Recursos da Informação

Atendimento aos Padrões

Conectividade e Interoperabilidade

Novos Desenvolvimentos

de Software

Plataformas de Hardware

/ Software

Integridade dos Dados

Sistemas Legados

Demanda dos Usuários

Recursos de Informação

Page 164: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

151

muito simples, porque, freqüentemente, um novo produto irá fornecer uma solução melhor

para os usuários que, nem sempre, poderão integrá-la de modo fácil e rápido aos recursos de

informação disponíveis. Isto ocorre, freqüentemente, à medida que os usuários tomem

conhecimento das novas e milagrosas soluções que irão resolver os seus problemas, de forma

cada vez mais rápida, acabando por desejar implantá-las o quanto antes. Nestes casos, é

conveniente discutir as possíveis alternativas, considerando o desafio de integrar as soluções

que sejam técnica e economicamente viáveis.

Redução de Custos: a redução de custos requer que a seleção de projetos seja feita

após uma exaustiva análise técnico-econômica, apesar da crescente diversificação de

soluções. A implementação de novos projetos irá requerer uma rigorosa análise econômica e

uma recomendada implantação inicial, a partir de um projeto-piloto. A definição de uma

carteira de projetos e uma priorização dos mesmos torna-se de fundamental importância, de

forma a permitir a identificação daqueles projetos que tragam um melhor resultado para a

organização como um todo. Esta questão irá afetar, diretamente, a Arquitetura de

Informações, na medida em que nem sempre será possível caminhar na velocidade desejada,

devido às limitações financeiras.

Qualidade: a necessidade de introduzir uma melhoria contínua nos processos irá

acelerar a informatização e automação dos mesmos. Esta situação irá proporcionar uma

influência positiva na Arquitetura de Informações, que deve se tornar ainda mais aderente aos

processos produtivos.

Integridade dos Dados: a correta administração dos dados será um importante fator a

ser alcançado, garantindo consistência e integração das informações. A administração dos

dados, se bem conduzida, irá simplificar consideravelmente a integração e consolidação dos

dados da organização, reduzindo o retrabalho e eliminando interfaces desnecessárias.

Sistemas Legados: muitas vezes a necessidade de manter antigos sistemas em

operação representa um grande obstáculo para a modernização da Arquitetura de

Informações. Esta é, muitas vezes a razão do atraso na passagem para tecnologias mais

avançadas. Como conseqüência, a seleção de uma melhor e mais avançada Arquitetura de

Informações não deve ser descartada, devido aos sistemas legados. A transição para sistemas

Page 165: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

152

tecnologicamente mais avançados será a chave do sucesso. Nestes casos a solução poderá

passar por uma análise utilizando técnicas de reengenharia.

Plataformas de Hardware / Software: novas tecnologias de hardware / software são

introduzidas continuamente no mercado, fornecendo, teoricamente, substanciais vantagens

sobre as tecnologias anteriores. Um exemplo é a introdução de novas tecnologias

pressionando em direção ao downsizing, substituindo o processamento de dados hierárquico

por um ambiente distribuído. A pressão no sentido de mudança tecnológica é sempre elevada,

à medida que mais fornecedores competem agressivamente no mercado, liberando novos

produtos com uma velocidade cada vez maior. A análise das possibilidades fornecidas pelos

novos equipamentos e aplicações será uma questão fundamental no ajuste adequado da

Arquitetura de Informações.

Novos Desenvolvimentos de Software: a decisão de novos desenvolvimentos internos

de software deve ser cuidadosamente analisada, haja vista que, a tendência tem sido a de

utilização de produtos já disponíveis no mercado, com o mínimo de customização possível já

que atualização dos produtos frente às novas versões de software que permanentemente

surgem no mercado. O uso de ERP – Enterprise Resource Planning ou Sistema de Gestão

Integrado acaba sendo na maioria das organizações uma alternativa que tem sido adotada por

muitas empresas como uma solução para os constantes problemas internos gerados a partir de

expectativas não atendidas a partir de soluções domésticas relacionadas à integração dos

sistemas de informação, em especial nas grandes Organizações.

Conectividade e Interoperabilidade: a conectividade e interoperabilidade dos

sistemas são questões essenciais de novas alternativas oferecidas pelo mercado, introduzindo

uma pressão adicional no projeto de uma Arquitetura de Informações integrada.

Atendimento aos Padrões: atender aos padrões é outra questão a ser considerada na

Arquitetura de Informações. A implementação de uma Arquitetura de Informações, sem

estreita aderência aos padrões e procedimentos para aquisição, implantação e

desenvolvimento dos recursos da informação, será o primeiro passo para um completo “caos”.

Page 166: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

153

Gerência dos Recursos da Informação: a capacidade de gerenciar os recursos da

informação de uma organização será um fator determinante na implantação de uma nova

Arquitetura de Informações.

Recursos da Informação: a limitação dos recursos da informação, incluindo infra-

estrutura, rede, servidores, periféricos e aplicações, irá afetar a implantação da Arquitetura de

Informações. Por exemplo, se um determinado sistema de informação não pode ser acessado

remotamente em um determinado tempo, será necessário disponibilizá-lo localmente, não

devido a uma imposição da Arquitetura de Informações, mas devido a uma necessidade

imposta pela situação existente, dificultando o seu uso remoto.

Competidores Externos: a pressão dos competidores externos é regulada por uma

equação bem simples: ou os recursos da informação internos da organização são competitivos

ou devem ser terceirizados. Portanto, o mercado deve ser permanentemente monitorado. Esta

questão afeta diretamente a Arquitetura de Informações, à medida que a terceirização introduz

uma grande influência de companhias e fornecedores externos à organização.

4.4 ADMINISTRAÇÃO DA TI GLOBAL

Segundo Rodriguez; Ferrante (2000), dentro de um mercado globalizado, políticas e

estratégias adequadas na área de Tecnologia da Informação são necessárias para produzir uma

efetiva alavancagem dos negócios da organização. Na opinião dos autores, a ausência de

estratégias e políticas bem definidas reduzem o papel da área de Tecnologia da Informação

em uma simples prestadora de serviços de informática, sem possuir uma adequada visão.

Políticas e Estratégias

Os dois principais pilares da Sociedade da Informação são a Tecnologia de Informação

e os Valores Intangíveis. Estes devem ser considerados com bastante cuidado ao estabelecer

as políticas e estratégias da organização, especialmente com relação aos seguintes pontos:

• Ênfase nas pessoas. é possível acumular equipamentos, móveis, recursos

materiais, recursos financeiros etc., mas não é possível fazer o mesmo com a

cultura. A cultura deve ser tratada a partir das células básicas, que são as pessoas.

Page 167: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

154

• A única coisa realmente permanente é a mudança. A mudança fundamentada

no consenso e na liderança. Não pode ser imposta através de autoridade.

• Formulação de interesses comuns. Para alcançar as metas e objetivos da

organização, as pessoas devem trabalhar juntas, compartilhando objetivos comuns

importantes para a organização, clientes, fornecedores, acionistas, comunidade e

pessoas!

• Os Governos devem atuar como catalisadores da mudança. Não há mais

espaço para os governantes atuarem como agentes financeiros, através de subsídios

e empréstimos. A promoção do processo de mudança deve ficar nas mãos das

organizações capazes de desenvolver uma estratégia correta, particularmente

considerando os clientes em territórios de seu interesse.

• As pessoas devem ter as tarefas adequadas às suas habilidades. O espaço das

pessoas dentro das organizações deve ser definido pelas próprias pessoas que,

adicionalmente às suas capacidades físicas e mentais, devem estar à altura do

desempenho exigido de suas tarefas.

• Autonomia e auto-desenvolvimento. O sucesso das organizações será altamente

dependente da autonomia e dos atributos de auto-desenvolvimento das pessoas. As

pessoas que gostam de pessoas, e são capazes de cooperar com as demais serão a

chave para o aumento da competitividade das organizações.

• Risco e espírito empreendedor. Não haverá espaço no futuro para aqueles que

buscam estabilidade e segurança. A detecção de erros deve ser considerada como

uma oportunidade para melhoria e não um modo de reprimir a criatividade das

pessoas.

• Estratégias intuitivas. Estratégias racionais, formuladas matematicamente, devem

ser o cenário para a concepção de estratégias intuitivas.

• A organização com auto-treinamento. Um importante objetivo da mudança é

aprender com o seu próprio processo de mudança. Para este fim, a democratização,

a delegação de poder, a autonomia e criatividade serão de fundamental

importância.

• Foco no cliente. A organização deve estar focalizada nos clientes, aprendendo

sobre as suas necessidades, suas expectativas e seus sonhos.

• Busca de novas soluções. O principal esforço da organização deve ser o de

encontrar novas soluções antes que os clientes as solicitem. Será melhor trabalhar

Page 168: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

155

para preencher os sonhos dos clientes, ao invés de aplicar a tecnologia pela

tecnologia.

• Produtividade e posicionamento no mercado. Este é o objetivo final: ser

produtivo e assumir a liderança do mercado. Isto requer a formulação de

estratégias orientadas na direção destas metas, particularmente considerando que o

mercado de amanhã não será o mesmo mercado de hoje.

• Corações e Mentes. As ações das organizações devem apelar para os corações e

mentes dos clientes. Os empregados devem tornar-se entusiasmados e trabalhar

com suas metas e corações. Estas são as chaves para o sucesso.

• Medir sempre. Todos os parâmetros necessitam ser avaliados quanto ao

desempenho de forma contínua, para os empregados e clientes compartilhando os

seus resultados com os acionistas e a comunidade.

Segundo Rodriguez; Ferrante (2000) o principal objetivo no processo de mudança é o

de estabelecer uma arquitetura tecnológica integrando os diferentes componentes em uma

arquitetura consistente de informações. Isto requer a formulação de padrões e procedimentos,

levando em conta os seguintes pontos:

• Tome decisões rápidas. Os técnicos não terão especialização suficiente para

avaliar as milhares de alternativas disponíveis no mercado, para construir uma

arquitetura tecnológica. Entretanto, será melhor tornar decisões mais rápidas,

levando-se em conta não somente as informações dos fornecedores, mas também a

sua tradição no mercado, mas sem esperar um completo e elaborado exercício de

avaliação de alternativas.

• Fuja de soluções isoladas. Não trabalhe com soluções que criem nichos isolados

de tecnologia, tornando difícil a integração das áreas funcionais dentro da

organização.

• Sempre discuta cada padrão a ser adotado e uma vez adotado siga-o de forma

rígida. Todos os segmentos da organização devem cooperar com a definição dos

padrões, participando e dando opiniões, avaliando vantagens e desvantagens e

sugerindo soluções. Entretanto, uma vez definidos os padrões, todos devem

cumpri-los integralmente.

Page 169: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

156

• Sempre atualize os padrões. Padrões não podem ser eternos. Eles devem ser

modificados quando novas alternativas tornam-se disponíveis no mercado ou o

cliente desenvolve novas necessidades. Eventualmente os padrões podem ser

atualizados mesmo mensalmente. Então por que são necessários? Para assegurar

que todos os esforços sejam orientados na mesma direção: a integração total da

organização através da informação.

• Deixe que a definição de procedimentos seja feita pelas pessoas que executam

estes procedimentos. A definição dos procedimentos da organização deve ser

feita pelas mesmas pessoas que devem executar estes procedimentos, as quais

conhecem muito melhor o contexto em que estes procedimentos serão aplicados.

• Verifique se os padrões e procedimentos estão sendo seguidos. Deverá ser

implementado um sistema de auditoria para verificar se os padrões e

procedimentos estão sendo seguidos, corrigindo os possíveis desvios. O

envolvimento das pessoas com os padrões e procedimentos será, nestes casos,

essencial. Resulta importante que o sistema de auditoria não seja visto como

punitivo e sim como corretivo e necessário.

As dimensões internacionais estão se tornando cada vez mais importantes na

administração de uma empresa. As atividades globalizadas da tecnologia da informação

devem ser ajustadas para dar conta dos desafios culturais, políticos e geoeconômicos

existentes na comunidade dos negócios internacionais. O desenvolvimento de estratégias de

negócios e de TI adequadas para o mercado globalizado deve ser o primeiro passo na

administração globalizada de TI. As dimensões da administração globalizada de TI estão

apresentadas na Figura 4.20.

Page 170: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

157

Figura 4.20 – As principais dimensões da administração globalizada de TI

Fonte: O’BRIEN (2003).

Este aspecto é tratado por O’Brien (2003). Existem demasiadas realidades culturais,

políticas e geoeconômicas (geográficas e econômicas) que devem ser enfrentados para que

uma empresa tenha ‘sucesso’ nos mercados globalizados de negócios e administrar portfólios

globalizados de aplicações, tecnologias, plataformas, bancos de dados e projetos de

desenvolvimento de sistemas. No entanto, devem ser levadas em conta as diferenças culturais,

políticas e geoeconômicas existentes quando se realizam negócios internacionalmente. Um

desafio importante é que muitos países possuem regras regulamentando ou proibindo a

transferência de dados por suas fronteiras nacionais (fluxos de dados transfronteira),

particularmente informações pessoais com cadastros de pessoal. Outros restringem

rigorosamente, tarifam ou proíbem importações, de local que especificam a parcela de valor

agregado de um produto que deve ser acionada naquele país para ser ali vendido. Outros

países possuem acordos comerciais recíprocos que exigem que uma empresa gaste parte da

receita que recebe no país na economia desse país. Os desafios geoeconômicos na empresa e

TI globalizados dizem respeito aos efeitos da geografia sobre as realidades econômicas das

atividades empresariais internacionais. As meras distâncias físicas envolvidas também

constituem um problema importante, mesmo nesta era de telecomunicações via Internet e

avião a jato. Ainda pode levar muito tempo para especialistas chegarem por vôo quando

ocorrerem problemas de TI em um local remoto. Ainda é difícil a comunicação em tempo real

ao longo de 24 fusos horários do planeta. Ainda é difícil obter serviço telefônico e de

telecomunicações de boa qualidade em muitos países. Existem ainda problemas para

encontrar as qualificações de trabalho exigidas em certos países ou para incentivar

especialistas de outros países para lá viverem e trabalharem. Finalmente, existem ainda

problemas (e oportunidades) nas grandes diferenças no custo de vida e custos de mão-de-obra

Administração Globalizada de TI

Desafios Culturais, Políti cos e Geoconômicos

Estratégias de Negócios e TI

Administração de Dados

Desenvolvimento de

Sistemas

Plataformas Tecnológicas

Portfólio de Aplicações

Page 171: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

158

em vários países. Todos esses desafios geoeconômicos devem ser enfrentados ao desenvolver

estratégias globalizadas de negócios de TI para uma empresa. Os desafios culturais

enfrentados pelos gerentes de empresas e TI globalizados incluem diferenças de idiomas,

interesses culturais, religiões, costumes, atitudes sociais, filosóficas e políticas. Obviamente,

os gerentes de TI globalizados devem ser treinados e sensibilizados para essas diferenças

culturais antes de serem enviados para o exterior ou trazidos para o país, de uma grande

empresa. Outros desafios culturais incluem diferenças nos estilos de trabalho e relações

comerciais. Devemos, por exemplo, despender tempo para evitar erros ou apressarmo-nos

para que alguma coisa seja feita mais cedo? Devemos agir por conta própria ou trabalhar

cooperativamente ou a liderança deve ser distribuída? As respostas a essas perguntas

dependem da cultura na qual se está e das diferenças culturais que podem existir no mercado

globalizado (O’Brien, 2003).

4.4.1 Negócios Globalizados e Aplicações de TI

As aplicações de tecnologia da informação desenvolvidas por empresas globalizadas

dependem de suas estratégias de negócios e de TI. Entretanto, suas aplicações de TI também

dependem de uma série de direcionadores globalizados de negócios, ou seja, requisitos

empresariais provocados pelo tipo de indústria e seu ambiente competitivo. Algumas

empresas precisarão de transações online para que possam fornecer serviço rápido e

conveniente a seus clientes ou enfrentar sua perda para os concorrentes. As economias de

escala propiciadas por operações empresariais globalizadas são outro direcionador de

negócios que exige o suporte de aplicações globalizadas de TI. Os direcionadores de negócios

para a TI que é globalizada são requisitos de negócios que dependem para sua eficiência de

aplicações globalizadas de TI. A seguir são apresentados alguns exemplos de direcionadores

de negócios que influenciam a TI globalizada (O’Brien, 2003).

• Clientes globalizados – os clientes são as pessoas que podem viajar para qualquer

lugar ou companhias com operações globalizadas. A TI globalizada pode fornecer

o serviço rápido e conveniente.

• Produtos globalizados – os produtos são os mesmos no mundo inteiro ou são

montadas por filiais em todo o mundo. A TI globalizada pode ajudar a administrar

marketing e controle de qualidade em âmbito mundial, bem como, suportar os

processos globais de desenvolvimento e modificação de produtos.

Page 172: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

159

• Operações globalizadas – partes de um processo de produção ou montagem são

designadas para filiais com base em condições econômicas variáveis ou outras

condições. A TI globalizada é fundamental para viabilizar essa flexibilidade

geográfica.

• Recursos globalizados – o uso e o custo de equipamentos, instalação e pessoal

comum são compartilhados por filiais de uma empresa globalizada. A TI

globalizada pode acompanhar o uso desses recursos compartilhados.

• Colaboração globalizada – o conhecimento e know-how de colegas de uma

empresa globalizada podem ser rapidamente acessados, compartilhados e

organizados para apoiar esforços individuais e de grupos de trabalho. Apenas a TI

globalizada pode apoiar essa colaboração corporativa.

Muitas aplicações globalizadas de TI, particularmente aplicações de finanças,

contabilidade, já são utilizadas por diversas empresas há muitos anos. A maioria das empresas

multinacionais possui orçamentos financeiros e sistemas de administração de caixa

globalizados e, mais necessariamente aplicações de automação de escritório como e-mail e

ferramenta de colaboração estão também se tornando globais. À medida que as operações

globalizadas se expandem e se aquece a competição mundial, existe pressão crescente para as

empresas instarem aplicações de processamento de transações globalizadas para seus clientes

e fornecedores.

4.4.2 Plataformas Globalizadas de TI

Conforme O’Brien (2003) a escolha de plataformas tecnológicas (também chamadas

de infra-estrutura tecnológica) é outra dimensão importante da administração globalizada de

TI. A definição de que hardware, software, redes de telecomunicações e instalações de

computação serão necessárias para apoiar as operações empresariais globalizadas? Responder

esta pergunta é um dos principais desafios da administração globalizada de TI. A escolha de

uma plataforma globalizada de TI não é apenas tecnicamente complexa, mas também tem

importantes implicações políticas e culturais. Escolhas de hardware são difíceis em certos

países por causa dos preços e tarifas elevados, restrições à importação e longos períodos de

espera por autorizações governamentais, carência do serviço local ou peças sobressalentes e

falta de documentação apropriada às condições locais. A escolha de software também pode

apresentar problemas singulares. Pacotes de software desenvolvidos na Europa podem ser

Page 173: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

160

incompatíveis com versões americanas ou asiáticas, mesmo quando compradas do mesmo

fornecedor. Pacotes de software americanos, bem conhecidos, podem não ser disponíveis,

porque não há nenhum distribuidor local ou porque o fornecedor do software se recusa a

suprir mercados que, desrespeitam contratos de licença e direitos autorais. O estabelecimento

internacional de instalações de computação é outro desafio à globalização. Empresas com

operações globalizadas normalmente estabelecem ou contratam integradores de sistemas para

centros de processamento em suas filiais em outros países. Esses centros de processamento

atendem a necessidade de computação locais e regionais, e, até ajudam a equilibrar cargas de

trabalho de computação globalizada por meio de conexões de redes. Entretanto, os centros de

processamento no estrangeiro podem colocar problemas importantes em termos de Suporte da

Matriz, aquisição, manutenção e segurança de hardware e software. O que torna a Internet e a

rede mundial de computadores tão importante para os negócios Internacionais? Esta matriz

interconecta de computadores e informações que alcança dezenas de milhões de usuários em

mias de cem países é um ambiente de negócios livre das fronteiras e limites tradicionais.

Conectar-se a uma infra-estrutura globalizada online oferece às empresas um potencial inédito

para expandir mercados, reduzir custos e aumentar as margens de lucro a um preço que

normalmente é uma pequena porcentagem do orçamento de comunicações da empresa. A

Internet fornece um canal interativo para a comunicação e troca direta de dados com clientes,

fornecedores e parceiros de negócios. As decisões sobre redes de telecomunicações são

cruciais para o estabelecimento de uma plataforma tecnológica para toda empresa e

apresentam desafios importantes na administração globalizada de TI. As redes globalizadas

com a Internet apresentam questões fundamentais para empresas que estão estabelecendo sites

globalizados na Internet (O’Brien, 2003):

• Será necessário desenvolver uma nova lógica de navegação para acomodar

preferências culturais?

• Qual conteúdo traduzirá as melhores formas de se dirigir aos concorrentes ou

produtos regionais que diferem dos de seu país?

• A característica multilíngüe deverá ser subordinada ao seu site principal ou será

feito um site distinto com o domínio específico do país?

• Que tipos, tradicionais ou novos, de anúncios na mídia serão necessários em cada

país para atrair atenção para o seu site?

• O site obterá tantas visitas que precisará montar um servidor no país?

• O gerenciamento de contratação de domínios de Internet será global?

Page 174: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

161

• Quais são as ramificações legais de ter o site dirigido a um determinado país, tais

como, leis sobre comportamento competitivo, tratamento dado às crianças ou

privacidade?

Conforme O’Brien (2003), a Internet e a rede mundial de computadores se tornam

componentes vitais nos negócios e no comércio internacional.

4.4.3 Globalização de Dados

Importantes questões relativas à globalização de dados dizem respeito à administração

e padronização. Definições comuns de dados são necessárias para compartilhá-los entre os

componentes de uma empresa transacional. Diferenças de linguagem, cultura e plataformas

tecnológicas podem dificultar completamente a padronização de dados globalizados. As

empresas estão avançando na padronização de definições e estruturas de dados, tais como de

cadastros mundiais de: produtos, clientes, fornecedores, colaboradores, plano de contas e

centros de custos, código de barras de produtos. É de suma importância desenvolver uma

arquitetura globalizada de dados que apóie os objetos globalizados de negócios. Uma visão

geral da qualidade de informação, segundo Jamil (2003), é um tema que demanda um forte

interesse quanto ao uso efetivo dos Sistemas de Informação da empresa. Ter-se informação de

qualidade significa tomar a decisão correta, a perspectiva da vantagem competitiva e da

elaboração da estratégia vencedora. Ele reforça que “ter a informação de qualidade é, enfim,

deter o poder”. A qualidade de uma informação poderia ser atestada se esta demonstrasse ter

(Jamil, 2003):

• Atualidade – A informação refere-se ao tempo presente, permitindo que decisões

que a tenham como base possam ser aplicadas ao contexto atual, sem repercussões

de falhas de incoerência e integridade.

• Segurança/ Confiabilidade da Fonte – As informações foram emitidas ou colhidas

de fonte segura, confiável? Diz respeito ao fato de estas terem sido captadas junto

a fornecedor de hábito, sistema conhecido ou fontes determinadas e verificadas.

Nos serviços atuais da Internet, encontramos empresas autenticadoras de fontes até

mesmo para e-mails, bem como de verificação de conteúdo. Dado seu alto grau de

abertura, a rede propicia a publicação de informações que possam sê-lo sem a

correta análise e correção. Informações usadas que não possuíssem estas

Page 175: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

162

características por certo provocariam erros severos em tomadas de decisão,

conduzindo a caminhos e procedimentos incorretos.

• Volume – A emissão de informações em excesso, eventualmente não previstas no

projeto no Sistema de Informações, traria o problema de não haver sequer tempo

para a análise de um conjunto, quando outro já estaria a caminho para o trabalho.

• Pontualidade – Se uma informação chegar atrasada a ponto do tempo no qual dela

se depende, poderá nada promover em termos de avaliação para o processo

decisório. A informação pode ter seu ‘prazo de validade’, que determinará que se

ela for trabalhada em um instante, após este prazo, não terá comprometimento em

ser válida ou confiável.

• Flexibilidade – Podemos dividir logicamente a informação, para que se consiga

separá-la em partes, para o devido processamento. Informações provenientes de

estudos demográficos, por exemplo, podem sintetizar quadros que necessitam ser

esmiuçado, para análise e aproveitamento. Caso haja dificuldade neste tipo de

divisão, o tempo decorrido para se encontrar a ‘parte’ da informação de interesse

deverá ser computado no processamento.

• Custos – Integração dos valores exigidos para tarefas como coleta,

armazenamento, publicação, processamento etc., da informação. O custo poderá

determinar dificuldades no trabalho com uma informação, bem como justificar seu

uso como base para um sistema em estudo. Este será, sem dúvidas, um

componente essencial a ser apreciado para que seja avaliado o custo do sistema de

informações em composição.

• Objetividade – A informação deverá se prender a um contexto, poder ser aplicada

de imediato neste e produzir o seu resultado esperado. Um texto prolixo, por

exemplo, chega a irritar seus leitores ao não conseguir transmitir sua mensagem,

ou deixá-la de forma redundante. A objetividade de uma informação possibilita

que seja usada de pronto e traz seus resultados de maneira imediata para

aproveitamento.

4.4.4 Desenvolvimento de Sistemas Globais

Para O’Brien (2003), os desafios devem envolver o desenvolvimento de aplicações

eficientes, eficazes e adequados aos usuários finais de empresas nacionais. O desafio da

administração do desenvolvimento globalizado de sistemas é exponencialmente maior em

Page 176: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

163

função do número de países e culturas que podem utilizar um sistema globalizado de TI.

Podem existir conflitos em torno de requisitos locais e mundiais dos sistemas, e de

dificuldades em estabelecer acordos sobre características comuns aos sistemas, tais como

interfaces multiidiomas com usuário e padrões de projeto flexíveis. Outras questões de

desenvolvimento de sistemas carecem das complicações provocadas pelas atividades de

implantação e manutenção dos sistemas. Outra questão importante de desenvolvimento diz

respeito às possibilidades de utilização de diversas alternativas de desenvolver um sistema

que possa ser executado em múltiplas plataformas de computação e sistemas operacionais.

Diversas estratégias de desenvolvimento de sistemas podem ser abordadas para solucionar

alguns dos problemas de desenvolvimento de sistemas que ocorrem na TI globalizada. A

primeira é transformar uma aplicação utilizada pela matriz em uma aplicação globalizada.

Entretanto, muitas vezes o sistema utilizado por uma filial que possui a melhor versão de uma

aplicação será escolhido para utilização no mundo inteiro. Outra abordagem é montar uma

equipe de desenvolvimento multinacional com pessoas-chave de diversas filiais para garantir

que o projeto do sistema atenda as necessidades das filiais e também as da matriz. Uma

terceira abordagem é chamada de desenvolvimento paralelo. Isto porque partes do sistema são

atribuídas para o desenvolvimento em diferentes filiais e na matriz ao mesmo tempo, tomando

como base o know-how no negócio ou nas dimensões técnicas necessárias para o sucesso no

desenvolvimento. Todas as abordagens exigem a colaboração da equipe de desenvolvimento e

supervisão gerencial para atender as necessidades mundiais da empresa.

4.4.5 Operação Global de TI

Muitas empresas fracassam na implantação de uma estratégia coerente de tecnologia

da informação. A infra-estrutura de TI não corresponde, nem facilita sua estratégia

empresarial globalizada. Algumas empresas globais ainda não descobriram o potencial da

tecnologia da computação e comunicações para transformar suas operações em uma base

globalizada. Bradley; Hausman; Nolan (1993), argumentam que a dimensão básica da

administração globalizada da TI evidencia o esforço necessário para implementar estratégias

de TI. O sucesso mundial da empresa ou unidade de negócio pode ser bastante auxiliado pela

tecnologia da informação. Na Figura 4.21 é apresentado um exemplo de etapas básicas para se

tornar uma empresa globalizada. A primeira etapa é conhecer a estratégia globalizada de

negócios da empresa e definir uma estratégia para o modo como a tecnologia da informação

pode apoiar atividades globalizadas de negócios. Em seguida é importante adquirir um

Page 177: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

164

software de gestão global a ser implantado em nível mundial e desenvolver as aplicações de

TI para apoiar as atividades globalizadas das empresas.

Figura 4.21 – Etapas básicas para se tornar uma empresa globalizada.

Fonte: BRADLEY; HAUSMAN; NOLAN (1993).

A administração globalizada de TI será uma das mais importantes responsabilidades

gerenciais. Assim como outras áreas da administração empresarial globalizada, isto exige uma

dimensão adicional de sensibilidade às realidades culturais, políticas e geoeconômicas da

realização de negócios com pessoas de outros países. O que coloca um desafio estimulante

para o sucesso na competição em um cenário mundial dinâmico para os clientes do mundo

inteiro. Extraímos de Bradley; Hausman; Nolan (1993) o modelo apresentado a seguir que os

autores chamaram de Modelo Sistema de Informação Global, onde são apresentadas passo a

passo as áreas de atuação e as etapas para se atingir o Modelo de Operação Global da TI. As

soluções de TI em empresas globais têm aumentado tanto em empresas de serviços, quanto

em empresas de manufatura, em função de mudanças aceleradas na capacidade e

disponibilidade da TI e a melhoria das habilidades na organização para utilizar efetivamente

as soluções de TI. Atualmente, as empresas globais estão utilizando soluções de TI, para

agilizar necessidades de transmissão de informações (exemplo: pedidos, marketing,

Imperativos Estratégicos Mundiais

Mentalidade Globalizada

• Precisamos

ajudar todos os nossos colaboradores a efetuarem a transição para o entendimento do que queremos dizer com sermos verdadeiramente mundiais para que possamos nos globalizar

Locais

• Precisamos ser uma empresa local completa em cada país no qual fizermos negócios para sermos uma empresa respeitada na comunidade mundial

Sistema Único

• Precisamos operar a empresa como um único sistema integrado em uma rede

Recursos Humanos

• Precisamos

fazer uso pleno dos cérebros e talentos locais em cada local que fizermos negócios obtendo sinergia de esforços com cérebros e talentos da matriz e das subsidiárias

Baseada na Informação e no Conhecimento

• Precisamos

criar uma organização baseada na informação para que possamos ser rápidos flexíveis e inovadores.

Page 178: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

165

distribuição e faturamento) e também para melhorar o controle e o gerenciamento corporativo

através de melhorias em funções corporativas, tais como finanças, planejamento estratégico,

controle de inventário, mudanças na produção, por exemplo, através do uso de software, tais

como: CAD (Computer-aided design), CAM (Computer-aided manufacturing) e CAE

(Computer-aided engineering). Cada vez mais a coordenação, controle e planejamento de

processos de empresas globais estão dependentes da tecnologia da informação.

As organizações têm que começar a gerenciar a arquitetura global de TI como parte

integrante da infra-estrutura organizacional para atender as necessidades de coordenação de

um time de gerenciamento global de uma empresa. O desafio gerencial é construir e gerenciar

a infra-estrutura técnica e suportar a cultura única da empresa global. As dimensões de

negócios do valor agregado através do suporte de sistemas de informação em uma empresa

global incluem:

• Integração de controle gerencial;

• Coordenação de processos de negócios e manufatura;

• Alocação e compartilhamento e efeito de recursos;

• Flexibilidade nas operações;

• Alavancagem de economias de escala e de escopo;

• Otimização e racionalização de processos de negócios;

• Aderência a regulamentos legais e de responsabilidade social;

• Acesso irrestrito das oportunidades e competências das unidades regionais e

subsidiárias locais.

Um sistema de informação global é um sistema de processamento de informação

distribuída que cruza os limites nacionais para suportar as operações de empresas globais. Um

sistema de informação global necessita atender tanto em termos de flexibilidade quanto em

termos de coordenação entre as diversas atividades da empresa em novos mercados

internacionais. Controle estratégico é definido como ‘a extensão da influência da

administração central sobre as subsidiárias relacionada às decisões que afetam a estratégia da

subsidiária’. Quantos recursos tais como: capital; tecnologia e gerenciamento se estendem às

regiões e subsidiárias, que a matriz mantém a distância? No controle da influência das

estratégias organizacional e regional sobre estes recursos. A abrangência do controle

Page 179: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

166

estratégico da administração central sobre as subsidiárias muda com o tempo, exigindo novos

formatos de mecanismo de controles administrativos, que podem ser fornecidos pelo

aprimoramento das estratégias de gerenciamento da informação. Muitos CIOs têm dificuldade

de entender completamente o escopo das operações internacionais da empresa. Por

conseguinte, questões básicas sobre inventário de equipamentos, instalações de software,

habilidades dos recursos humanos e talentos disponíveis do time de TI em bases globais ficam

normalmente sem respostas. O sistema de informação que atenderá as necessidades de

empresas globais envolve análise de quão são similares ou conectadas as atividades que são

realizadas nos diferentes países. Sistemas de informação globais são utilizados para gerenciar

o intercâmbio de informação, produtos, conhecimento, práticas, tecnologia e transações

financeiras.

Sistemas de informação globais permitem que muitas funções de negócios

desempenhem um papel de coordenação em áreas, tais como: logística, atendimento de

pedidos, finanças, dentre outras compartilhando informações sobre as atividades da cadeia de

valor da empresa. Em empresas globais estas capacidades incluem:

• Ser flexível na resposta às ações de competidores em diferentes mercados e países;

• Agir em um país de forma a gerar mudanças em outro país;

• Transferir conhecimento entre as unidades em diferentes países;

• Reduzir custos;

• Melhorar a efetividade;

• Preservar a diversificação de produtos e de locais de produção.

Embora a maior parte das empresas globais possuem uma estratégia global de

negócios explícita, poucos são aqueles que tem uma estratégia correspondente para

gerenciamento da tecnologia da informação internacionalmente. Muitas destas empresas

possuem protocolos para troca de informações dentro da estrutura organizacional

multinacional, mas da mesma forma poucas desenvolveram uma arquitetura global de

tecnologia da informação. Uma estratégia global de gerenciamento da informação é uma

resposta exigida pela globalização das empresas (o crescimento da tendência de globalização

de muitas indústrias e a exigência de soluções de TI que auxiliam na operação e a

coordenação de atividades dispersas geograficamente) e também pela postura competitiva

Page 180: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

167

nacional (conjunto de estratégias domésticas separadas para cada país que compartilham com

as estratégias globais da empresa, e transcendem a coordenação de uma empresa tipicamente

multinacional). Cada abordagem estratégica local reconhece o crescimento da necessidade de

informação de mercados em cada expansão e cada um deles, por sua vez, têm que atender os

desafios gerados pela necessidade de cooperação trans-cultural entre as diversas unidades.

A arquitetura de rede define onde os sistemas de informação são executados e a

localização dos equipamentos de processamento e por conseqüência de dados, voz e imagem

a nível mundial. A definição da arquitetura de rede é importante para estabelecer também os

padrões de conexão entre os componentes da rede, tais como servidores, microcomputadores,

impressoras etc.

A arquitetura de administração de dados define a estrutura e a organização das bases

de dados no atendimento as necessidades de todas as unidades da empresa. Em muitas

empresas, tanto a estrutura de dados, quanto a definição de base de dados, não obedece a

regras estabelecidas o que resulta numa multiplicidade de base de dados física e logicamente

dispersas, com alto grau de redundância e exigência de administração do ambiente. Os

problemas de administração de dados são bastante ampliados em grandes empresas globais

que tenham diversas famílias de produtos. O que pode levar a geração de problemas na rede

corporativa tanto de topologia quanto a problemas de performance da rede, dificultando em

muito o objetivo maior de conseguir o dado certo, na qualidade certa, para a pessoa certa, no

tempo certo considerando a dispersão das diversas unidades da empresa. A ausência de uma

estratégia global de gerenciamento de informação, freqüentemente resulta em duplicidade de

atributos em elementos corporativos (exemplo: cliente, produto etc.), codificação de itens e

valores. E última instância, todos estes fatores podem tornar indisponível, por exemplo, dados

de performance importante, que possam ser necessários para tomada de decisão.

4.5 CONTROLE E MONITORAMENTO DO DESEMPENHO DE TI

A definição de indicadores depende das características particulares de cada

organização. Até agora não existe um consenso sobre a forma de medir essas áreas, à exceção

dos resultados financeiros. Em grande parte, os indicadores nessas áreas dependem da

empresa em questão e de como são definidos os seus projetos. Os indicadores estão cada vez

Page 181: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

168

mais sendo apresentados em termos comparativos. Estatísticas sobre participação de mercado

constituem exemplo clássico de estatística comparativa. Alterações absolutas na participação

de mercado são de difícil interpretação até que sejam reformuladas em termos relativos.

Segundo McGee; Prusak(1994), a tendência geral dos novos indicadores é a

elaboração de parâmetros de avaliação para apoiar a gerência efetiva dos processos. A maior

parte dos sistemas de avaliação existentes produz medidas dos resultados finais de funções

previamente selecionadas. A transição do estágio atual para o estágio desejado é grande

demais para que possa ser efetuada numa única etapa. A etapa intermediária mais promissora

é desenvolver indicadores iniciais que focalizem os resultados dos processos reestruturados

através de iniciativas de reengenharia Algumas das medidas de desempenho mais

freqüentemente usadas para avaliar o desempenho da informatização de uma empresa são:

• Produtividade

A medida de desempenho mais comum é a produtividade que se enquadra

em duas grandes categorias: medidas parciais de produtividade e medidas totais de

produtividade. As parciais são, como já indica o nome, índices que expressam o

rendimento de um único fator de cada vez, são simplesmente a relação entre a

produção e a quantidade de insumo utilizado. Um exemplo seria a produtividade da

mão-de-obra, que é medida por uma relação da quantidade de horas-trabalhadas

em relação à quantidade produzida. Produtividade total, por sua vez, procura levar

em conta todos os insumos utilizados, através do uso de algum sistema de

ponderação, ou seja, é medida através da soma de todos os insumos gastos para

produzir um determinado produto ou serviço em relação à produção. No setor

serviços o ‘custo de serviço’ é usualmente classificado como uma medida de

produtividade total, que pode incluir a soma de diversas variáveis de custos

associadas à prestação de um serviço. Estes tipos de medidas de produtividades

são, geralmente, usados para avaliar o desempenho estratégico de empresas, ou

seja elas não seriam recomendadas para avaliação de controle operacional e sim

para avaliação de controle gerencial, como uma forma de resumir resultados.

Page 182: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

169

• Qualidade

Muitos são os conceitos que podem traduzir qualidade para as empresas. Estes

conceitos enfocados de forma isolada podem não produzir o resultado final esperado

devendo, portanto, estarem associados a fatores que em conjunto reflitam a excelência

esperada. Muitas vezes se atribuem diferentes níveis de importância à produtividade

(quantidade produzida) e à qualidade (nível de excelência do que é produzido). De

certa forma coloca-se o aumento de produtividade como sendo mais importante do que

produzir produtos e serviços com qualidade, mas ambas são igualmente cruciais.A

qualidade e a produtividade são dois fatores que caminham na mesma direção, as duas

juntas representam a satisfação do cliente e o sucesso do negócio. A qualidade afeta

tanto a adequação do processo dentro da organização quanto às características de

como o serviço é prestado fora da organização. Dentro da organização medidas típicas

de qualidade são perdas, reciclagens e outras formas de desperdício que podem ou não

ocorrer. Outra forma de medir a qualidade é através da satisfação do cliente partindo

da relação de como o serviço foi apresentado e qual a expectativa, o desejo ou a

especificação do cliente, de acordo com Mañas(1999). As empresas em sua maioria

deparam-se com a questão referente ao custo do atendimento e o aprimorando pelos

fatores da qualidade como: o bom atendimento, as especificações de um pedido ou a

insatisfação de um cliente: que não são elementos passíveis de mensuração direta, mas

que demonstram a necessidade de considerar-se a precisão e as necessidades da

informática como elementos de produtividade. Com o avanço tecnológico da

atualidade verifica-se a necessidade de adaptar os processos tecnológicos às regras de

qualidade, que torna hoje, o ponto de diferenciação entre os serviços prestados. Alguns

critérios de avaliação da qualidade que devem ser levados em conta após a

implantação de tecnologia são:

− Os resultados quanto à qualidade e operações, o que engloba: resultados

quanto à qualidade de produtos e serviços, resultados operacionais da

empresa, resultado quanto à qualidade dos processos de negócios e de serviços

de apoio;

− Foco no cliente e sua satisfação, o que engloba: expectativas atuais e futuras

dos clientes, gerência do relacionamento com os clientes, compromissos com

Page 183: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

170

os clientes, determinação da satisfação dos clientes, comparação dos

resultados, ainda segundo o mesmo autor.

• Tempo de ciclo

Outra medida de produtividade é o tempo de ciclo, ou seja, o tempo decorrido

entre o início e o fim de uma operação de qualquer espécie. O aumento ou a

diminuição de tempo de ciclo também acarretará automaticamente em índices de

qualidade e produtividade à medida que se altere com a implantação de sistemas

computadorizados.

• Utilização

É a medida da produtividade que se refere aos recursos usados versus os

recursos disponíveis. Pode ser considerado um índice de medida de desempenho ou

produtividade, à medida que, a implantação de tecnologia implique em aumento ou

redução dos recursos necessários à execução de determinado serviço.

• Resultados

Outro importante fator a ser considerado são os resultados apresentados antes e

após a informatização, que podem ser avaliados através da comparação de todos os

itens relacionados acima em relação à como se apresentavam antes da informatização

e como se apresentam após o processo, para isso é necessário que a empresa tenha

definido os critérios de avaliação antes de iniciar o processo de informatização.

Page 184: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

5 MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TI EM EMPRESAS

GLOBAIS

O modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação que será

apresentada tem por objetivo principal transformar a gestão de tecnologia da informação num

processo empresarial de pleno conhecimento e controle pela alta administração da empresa.

São bastante significativos os benefícios que o uso estratégico da TI podem proporcionar à

empresa, por outro lado é de suma importância que a diretoria da empresa tenha mecanismos

para definir os objetivos estratégicos de TI bem como as prioridades de investimentos

alinhados aos objetivos estratégicos dos negócios. Por último, o impacto nas operações da

empresa como também nos seus resultados torna-se cada vez mais crítico em função da

disseminação do uso da tecnologia da informação em todas as áreas da empresa. A tecnologia

da informação passou a permear todos os processos operacionais da empresa e, cada vez mais,

está afetando a capacidade competitiva, influenciando a posição de custo, a qualidade do

serviço aos clientes e a capacidade de inovação. Por isso, a habilidade de uma empresa de

alavancar o potencial da tecnologia é um fator crítico de sucesso e, por conseguinte tem que

ser um processo de gestão de responsabilidade direta da alta administração da empresa.

O estudo identificou sete fatores de excelência organizacional que são considerados chaves

para o sucesso de uma empresa: Estratégia, Recursos Organizacionais, Processos de

Negócios, Tecnologia, Estrutura Organizacional, Modelo de Gestão e Cultura Organizacional,

Controles Internos. Estes fatores de excelência organizaciona l são mutuamente

interdependentes e são fatores críticos de sucesso para o crescimento sustentável da empresa,

conforme apresentado na figura 5.1. A excelência organizacional é fruto da interação destes

fatores, e para uma empresa global acrescenta-se a influência de aspectos culturais,

geográficos, meio ambiente e econômico de cada país onde a empresa opera. O primeiro fator

de excelência organizacional é a Estratégia e o seu impacto no ambiente organizacional e o

desdobramento da estratégia por toda a organização. A estratégia estabelece a direção e os

objetivos, pelos quais, toda a organização têm que se basear. Os três fatores seguintes são os

recursos organizacionais, processos de negócios e a tecnologia. Os processos de negócios têm

que suportar a estratégia e definir os respectivos objetivos de processos que direcionam os

resultados a serem obtidos em níveis estratégico, tático e operacional. O fator tecnologia,

neste caso do estudo, a Tecnologia da Informação tem que estar totalmente alinhada à

Page 185: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

172

estratégia e suportar o modelo de processos de negócios. O quarto fator são os recursos

organizacionais disponíveis: pessoas, capital, máquinas e informação. Quanto às pessoas estas

devem possuir as competências necessárias para usar as tecnologias disponibilizadas e atuar

nos processos visando o atendimento à estratégia e aos objetivos estratégicos. Os objetivos

pessoais e organizacionais precisam estar sinergizados para que se atinjam os resultado s

esperados pela organização. Outro fator importante diz respeito a estrutura organizacional que

tem por objetivo organizar as pessoas para operacionalizar os processos através da Tecnologia

da Informação disponível visando o atingimento da estratégia estabelecida. Outro fator de

bastante importância é o modelo de gestão e a cultura organizacional que permeia toda a

empresa global. É de suma importância implantar em toda a organização uma cultura de

excelência e a definição do modelo organizacional que tem que ser disseminado em todas as

áreas e em todos os locais de operação da empresa. O último fator de excelência

organizacional é o estabelecimento de mecanismo de controles internos que também precisa

permear toda a organização de modo a garantir que os resultados obtidos pela empresa estão

maximizados e utilizam plenamente todos os outros fatores de excelência da organização e

também estão de acordo com a ética organizacional e o modelo de governança corporativa da

empresa.

Figura 5.1 – Fatores de Excelência Organizacional.

Controles Internos

Tecnologia Processos

Estratégia Modelo de Gestão/Cultura Organizacional

Estrutura Organizacional

Recursos Organizacionais

Page 186: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

173

Os fatores de excelência organizacional têm que ser levados em conta na implantação

de mudanças e transformações organizacionais. O uso pleno da Tecnologia da Informação

somente ocorre através da análise da influência e dos impactos relacionados aos fatores de

excelência organizacional. Tomando por base os fatores de excelência organizacional

apresentados foi definido o modelo de planejamento estratégico de TI de empresa global que

está resumido no diagrama do modelo apresentado na figura 5.2. O modelo é composto de

cinco dimensões que constituem o universo de atuação de uma empresa global: Mercado

Global, Empresa Global, Gestão Empresarial, Alinhamento de TI aos Negócios e a

Organização de TI Global. A primeira dimensão do modelo é o Mercado Global composto por

todas as empresas globais, regionais e locais em todas as partes do mundo. O mercado global

influencia e é influenciado pelos acordos bilaterais e multilaterais entre governos e blocos

econômicos. A competição mundial é gerada pela busca constante de melhor posicionamento

estratégico, operacional e comercial no mercado mundial. As empresas globais sofrem uma

forte influência em sua estruturação interna, suas relações com as diversas cadeias de valores

bem como nas suas relações com o mercado global. As empresas na busca de melhores

resultados e de poder de competição se organizam como empresas globais que é a segunda

dimensão do modelo. Nesta dimensão é definida a estratégia de internacionalização, seus

segmentos de atuação e seus produtos expressos na estratégia global de negócios. A terceira

dimensão é a Gestão Empresarial que compreende o plano estratégico empresarial, os

objetivos estratégicos para suportar o posicionamento estratégico e o modelo de gestão da

organização, seus processos de negócios em busca da eficácia organizacional e da eficiência

operacional. É através das ações da quarta dimensão que é o de Alinhamento de TI aos

Negócios que a dimensão Gestão Empresarial interage com a dimensão da Organização de TI

Global. A dimensão Organização de TI Global compreende o Plano Estratégico de TI, o

modelo de governança de TI, a organização Global da TI e a Arquitetura Global de TI.

A análise das cinco dimensões do modelo compreende as seis etapas de

desenvolvimento do Plano Estratégico de TI em Empresas Globais:

a) Etapa de Preparação b) Avaliação e Diagnóstico da Situação Atual:

− Conhecer a Empresa, Negócios e a Organização. − Conhecer e Mapear os Processos da Organização − Definir a Arquitetura de Informação − Benchmarking de TI

Page 187: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

174

c) Definição da Estratégia de TI − Alinhar a TI à Estratégia Corporativa e à Estratégia de Negócios − Definir a Missão da Organização de TI − Definir os objetivos Estratégicos de TI − Definir a Arquitetura de TI

d) Etapa de Execução e Implementação − Desenvolver e implantar planos de ação − Documentar o Plano

e) Fatores Críticos de Sucesso do Plano

− Administrar o Plano Estratégico de TI − Comprometer a Empresa com a Estratégia de TI − Disseminar o Pensamento Estratégico na Equipe − Revisar o Plano Estratégico de TI

f) Definição da Gestão de TI

− Definir Governança de TI − Definir a Organização Global de TI − Gerenciamento da TI Global − Modelos de Referência Mundial de Gestão de TI

Page 188: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

175

Figura 5.2 – Diagrama do modelo proposto de PETI em Empresas Globais.

COMPETIÇÃO MUNDIAL

MERCADO GLOBAL

GESTÃO EMPRESARIAL

Plano Estratégico Empresarial (PEE) (global, regional, unidades de negócios)

Posicionamento Estratégico

Eficácia Organizacional

Eficiência Operacional

Execução e Implementação do PEE

Organização de TI Global

Plano Estratégico de TI (PETI)

(global, regional, unidades de negócios)

Execução e Implementação do PETI

Organização Global de TI

Governança de TI Arquitetura Global de TI

MERCADO GLOBAL

EMPRESA GLOBAL

Alinhamento de TI aos Negócios

Monitoração do Desempenho e

Resultados

Monitoração do Desempenho e

Resultados

Page 189: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

176

5.1 ETAPA DE PREPARAÇÃO

A implantação bem-sucedida do planejamento estratégico da empresa depende dos

seguintes fatores críticos do sucesso:

• Treinamento – A comunidade afetada precisa ser treinada no processo, nos

métodos de planejamento estratégico e nas novas funções e responsabilidades.

• Comprometimento dos apoiadores – A equipe de estratégia precisa estar

comprometida com o planejamento estratégico da empresa como veículo do

gerenciamento estratégico da empresa.

• Ligação – Os processos mais adiante precisam estar ligados e ser medidos por seu

suporte e execução do plano estratégico.

• Competência – A equipe de suporte precisa ser competente no processo de

planejamento estratégico e nos métodos para desenvolver respeito e credibilidade

na organização.

• TI – O uso da TI para disseminar o processo com qualidade, velocidade, eficácia e

eficiência.

• Sistema de aprendizado – O projeto do sistema de aprendizado formal e informal

para desafiar e atualizar continuamente os modelos mentais da equipe de

estratégia.

As atividades desta etapa de preparação compreendem: atividades preliminares,

preparação do estudo, início formal do estudo.

a) Atividades preliminares

Nesta etapa faz-se necessário definir o nível de estratégia que será objeto de

desenvolvimento do plano estratégico de TI. Ou seja, o plano a ser desenvolvido será no nível

corporativo (englobando as diretrizes de TI corporativas), no nível de unidades de negócios

(com atuação nacional ou internacional), no nível regional (englobando unidades de negócios

que atuam numa determinada região, ex.: país, continente) ou no nível funcional, ex.:

departamento ou diretoria. O plano pode ser total e abranger de modo hierárquico a definição

do plano em todas as dimensões: corporativo, regional, unidade de negócios e funcional.

Define-se também se o planejamento estratégico será feito exclusivamente pela equipe

Page 190: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

177

interna, ou se contratará empresa de consultoria para apoiar na elaboração do plano

estratégico de TI.

Conforme Varajão; Amaral (2000) a definição da abrangência para elaboração do

plano é fundamental. E, definido o âmbito do estudo, deverão ser definidos os objetivos que

se pretende alcançar com o plano, pela importância da TI nas organizações precisa-se obter

clareza junto à alta administração com relação:

− Escopo do plano

− Objetivos

− Resultados esperados pela organização

− Obstáculos que poderão surgir

− Recomendações para prosseguir ou adiar o estudo

É responsabilidade da alta administração (VARAJÃO; AMARAL, 2000):

− A indicação do líder de projeto;

− A disponibilidade dos recursos necessários à equipe de projeto;

− A definição da forma de contato entre os executivos da organização e os membros

da equipe do projeto;

− Elaboração de um comunicado apresentando o projeto para a organização;

b) Preparação do estudo

Nesta fase também deve ser definido o projeto de desenvolvimento do plano,

englobando definição da equipe do projeto, preparação do local de trabalho, agendamento das

entrevistas, procedimentos de controle, comunicação e revisão do projeto. Varajão; Amaral

(2000) ressalta a importância de revisar o plano do projeto:

− Revisar o plano de atividades, cronograma e etapas que serão contempladas;

− Planejar a participação do patrocinador e os executivos seniores, datas das

entrevistas e roteiros para as entrevistas;

− Objetivos do projeto;

− Informações a serem coletadas;

− Critérios para se avaliar os resultados do projeto;

− Estrutura final do plano;

− Estratégia de comunicação, de disseminação e de divulgação do PETI.

As empresas globais nesta etapa de atividades preliminares precisam definir baseado

no escopo estabelecido, como se dará o envolvimento e a comunicação com as equipes de TI

Page 191: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

178

e de negócios de outros países. A estratégia de comunicação, idioma a ser utilizado nas

entrevistas e nas comunicações escritas. As tecnologias de colaboração e de comunicação

atualmente disponíveis devem ser amplamente utilizadas, tais como: vídeo conferencia, áudio

conferencia, reunião virtual, ambiente colaborativo de desenvolvimento e revisão de

documentos, e-mail, intranet, etc.

c) Início formal do estudo

Amaral; Varajão (2000) sugerem fazer uma reunião de lançamento do projeto com o

patrocinador principal, principais envolvidos e a equipe de elaboração do PETI. Nesta

oportunidade deve ser apresentada a visão do patrocinador sobre a empresa bem como os

objetivos e os resultados esperados, deverá abranger na sua apresentação:

− Tendências da indústria e dos segmentos de atuação da empresa;

− Principais estratégias da organização

− Principais atividades que são fundamentais para o sucesso da organização;

− Principais medidas de desempenho das atividades;

− Direção da organização no futuro;

− Principais problemas ou impedimentos atuais e prováveis no futuro;

− Qual a visão da ajuda da TI para o sucesso da organização

− Que resultado se espera do projeto de elaboração do PETI

5.2 AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL

Baseado no modelo de Boar (2002) a etapa de Avaliação é a análise profunda do

ambiente de negócios para decidir no que se concentrar. Existe uma quantidade infinita de

detalhes e diversos requerentes competindo por atenção da diretoria. A avaliação filtra os

candidatos a um conjunto pretendido, que exige atenção e resposta estratégica.

Lane et al (2004) sugerem nesta etapa fazer um diagnóstico dos requerimentos atuais e

futuros dos negócios e que oportunidades podem ser viabilizadas pela TI. Estas informações

podem ser obtidas através de entrevistas com executivos da organização e, as principais

questões a serem respondidas são:

Page 192: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

179

Negócios − Qual é o negócio da empresa? − Que mudanças são previstas no segmento de atuação para os próximos anos? − Quais são os desafios e oportunidades de soluções diferenciais de TI para os

negócios? Objetivos Estratégicos

− Quais são as metas de longo prazo da empresa? − Quais são as principais iniciativas e projetos para os próximos 12 a 18 meses? − Quais são os sistemas e serviços necessários para atingir estes objetivos?

Questões Gerenciais

− Quais são as principais questões de ordem tática da empresa de curto prazo? − Quais são as oportunidades de automação de funções?

Uma ferramenta para ser utilizada nesta etapa sugerida por Lane et al. (2004) é análise

SWOT, ou seja, análise interna da empresa identificando os pontos fortes e fracos e a análise

externa conhecendo as ameaças e oportunidades do mercado e do ambiente (Figura 5.3). Os

autores citam outras técnicas que também poderão ser utilizadas nesta etapa, tais como:

identificação de Fatores Críticos de Sucesso, Análise da Cadeia de Valor (Porter), análise de

cenários.

Figura 5.3 – Exemplo de análise SWOT.

Fonte: LANE et al. (2004).

De acordo com Fornari (2004), a identificação dos principais elementos da

organização indica as forças que conduzem à realidade organizacional. Diversos autores

apresentam modelos e teorias de visão situacional da organização, seja utilizando como

ferramenta de diagnóstico, seja utilizando como modelo prescritivo da eficácia

organizacional. Willian Reddin apud Fornari (2004) identificou cinco elementos que influem

nas situações organizacionais: Subordinados (pessoas), Chefia (liderança), Colegas (pessoas),

Organização (normas, valores, regras e princípios), Tecnologia (a maneira como o trabalho é

OPORTUNIDADES • Relação produto / serviço, expansão da

influência de reputação. • Expandir modelo de serviços • Obter negócios relacionados – fornecedores?

PONTOS FRACOS 1. Cadeia de fornecedores frágeis, estoques

complementares 2. Transferências em tempo superior a setenta e

cinco por cento em pico de tempos 3. (TI) Conectividade e sistemas e ordens de

serviços APIA de negócios

AMEAÇAS • Vulnerabilidade do mercado com picos de

tempo – perda de vendas • Sustentar serviços externos adquirindo seus

colaboradores / consumidores • APIA vulnerável para vendas de concorrentes

e provedores de serviços

PONTOS FORTES 1. Consunidor satisfeito com os serviços 2. Produtos de alta qualidade 3. Novos produtos no mercado em tempo veloz 4. Altas reservas de capital 5. (TI) call center interno altamente eficiente 6. (TI) Sistema adaptável

Page 193: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

180

feito). Frente a uma situação, devem-se identificar as variáveis que têm mais influência na

situação, conhecer suas necessidades e expectativas e atuar de forma a atendê-las ou

modificá-las. Fornari (2004) apresenta também o Modelo 7S que é amplamente utilizado em

diagnósticos organizacionais internos, Figura 5.4.

Figura 5.4 – Diagnóstico organizacional no modelo dos 7S

Fonte: FORNARI; 2004

Peters;Waterman (1983), pesquisaram organizações consistentemente bem-sucedidas e

destacaram algumas variáveis comuns entre elas:

• Pessoas: Produtividade através de pessoas. Autonomia, Iniciativa, Inovação.

• Liderança: Transformação Organizacional. Orientação para a ação. Administração

das ambigüidades e paradoxos.

• Tecnologia: Fluidez Organizacional. Simplificação dos Sistemas e processos.

• Organização: Motivação por valores. Formas simples, Direção enxuta.

• Estratégias (Regras) de Negócios. Ater-se ao conhecido. Obsessão pela

Qualidade.

• Competências Organizacionais: Organizações que Experimentam (Aprendem).

Inovação.

• Clientes: Junto aos clientes. Aprendendo com os clientes.

• Resultados: Satisfação do Acionista.

Fornari (2004) apresenta um diagnóstico organizacional baseado nos Critérios de

Excelência do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ) da Fundação do Prêmio Nacional da

Diagnóstico Organizacional Baseado no Modelo dos 7s

• Estrutura (structure): A estrutura existente nos ajuda a atingir as estratégias e objeti vos da empresa? • Estratégias (Strategy): Temos as estratégias claras para enfrentar a concorrência. Para atender melhor

nossos clientes e operar a custos competitivos? • Sistemas e Processos (systems): Sabemos quais são nossos principais processos e sistemas? Seus

problemas e potencialida des? Eles dão o suporte de que precisamos para atingir nossos objetivos de negócios?

• Estilo de Gestão / Liderança (style): Nosso estilo de gestão está alinhado à cultura organizacional? Quais valores a alta dire ção repassa aos seus empregados ?

• Pessoas (staff): Como atraímos, desenvolvemos, motivamos e retemos nossos talentos? Qual é a qualidade das pessoas em geral? Elas têm as competências necessárias?

• Competências Organizacionais (skills): Quais são as nossas principais competências? O que fazemos de melhor? Em que nos difer enciamos dos principais concorrentes? Temos sido capazes de adquirir novas competências?

• Valores Compartilhados (shared values): Nossos valores são claros, divulgados e compartilhados? Nossa visão e missão são realmente orientad oras? As decisões e ações no dia -a-dia estão alinhadas com o sentido organizacional?

Page 194: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

181

Qualidade (FPNQ). Os oito Critérios de Excelência são: Liderança, Estratégias e Planos,

Clientes, Sociedade, Informações e Conhecimentos, Pessoas, Processos e Resultados. Estes

critérios resultam no Modelo de Excelência do PNQ, conforme apresentado na Figura 5.5.

Figura 5.5 - Modelo de excelência do PNQ: uma visão sistêmica da gestão organizacional.

Fonte: MANUAL PNQ CRITÉRIOS DE EXCELÊNCIA (2005)

O PNQ denomina os princípios do Modelo de Gestão como Fundamentos. A seguir os

Fundamentos de 2005, os Fundamentos da Excelência expressam conceitos que se traduzem

em práticas encontradas em organizações de elevado desempenho, líderes de Classe Mundial:

Visão sistêmica, Aprendizado organizacional, Agilidade, Inovação, Liderança e Constância de

propósitos, Visão de Futuro, Foco no cliente e no mercado, Responsabilidade Social, Gestão

baseada em Fatos, Valorização das pessoas, Abordagem por processos, Orientação para

Resultados. A seguir descrevemos os Fundamentos de Excelência conforme os critérios do

PNQ 2005 e a análise de Fornari (2004):

RESULTADOS

CLIENTES

SOCIEDADE

LIDERANÇA

PESSOAS

PROCESSOS

ESTRATÉGIAS E PLANOS

Informações e Conhecimento

Informações e Conhecimento

Page 195: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

182

• Visão Sistêmica

Forma de entender a organização, como sendo um sistema integrado, inclusive à

sociedade, onde o desempenho de um componente pode afetar não apenas a própria

organização, mas suas partes interessadas. A Visão Sistêmica pressupõe que as

pessoas da organização entendem seu papel no todo, as inter-relações entre os

elementos que compõem a organização, bem como a importância da integração desta

com o mundo externo. Manter uma visão das interdependências e inter-

relacionamentos das partes da organização. Aplicar os Princípios adotados de forma

integrada reconhecendo e obtendo a sinergia das práticas de gestão deles decorrentes.

• Aprendizado Organizacional (Conhecimento)

Busca e alcance de um novo nível de conhecimento por meio de experiência,

avaliação, pesquisa, estudo, busca e compartilhamento de melhores práticas, levando à

melhoria ou à inovação. Usar o aprendizado organizacional para atingir estágios

superiores de excelência. Criar processos de auto-renovação. Obter a inovação e

criatividade necessária através de melhorias contínuas. Criar estágios superiores de

excelência através da aprendizagem. Criar ambiente criativo e desafiante. Implantar

ciclos contínuos de revisão e aprendizagem.

• Agilidade (Liderança)

Capacidade da organização de se antecipar ou responder de forma rápida às mudanças

de cenários, e às necessidades dos clientes e das demais partes interessadas. Criar uma

organização com velocidade de respostas. Antecipar demandas, tendências e

problemas, em particular aqueles que impactam o cliente. Reduzir ciclos e tempos de

processos. Responder rapidamente a mudanças de cenários. Corrigir rapidamente

problemas.

• Inovação (Conhecimento)

Promoção de mudanças significativas para melhorar os produtos e processos da

organização e criar valor adicional para as partes interessadas. Gerar idéias que

agreguem valor aos processos e produtos e aumente a competitividade organizacional

na velocidade da resposta exigida. Criar ambiente favorável à inovação e criatividade

em todas as partes da organização.

• Liderança e Constância de Propósitos (Liderança)

Comprometimento dos líderes com os valores e os objetivos da organização; e a

capacidade de construir e manter um sistema de gestão que estimule as pessoas a

realizar um propósito comum e duradouro. Construir uma arquitetura organizacional

adequada ao Modelo de Negócios e Filosofia de Gestão da empresa. Demonstrar

Page 196: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

183

comprometimento, servir de exemplo de comportamento ético. Zelar pela cultura e

identidade organizacional. Atender de forma equilibrada a todas as partes interessadas:

empregados, fornecedores, acionistas, parceiros, sociedade nos resultados

organizacionais. Manter as pessoas engajadas na causa da organização. Manter a

organização ágil e flexível.

• Visão de Futuro (Estratégias e Planos)

Compreensão dos fatores que afetam o negócio e o mercado a curto e longo prazo,

visando o crescimento sustentado e o aumento da probabilidade de êxito no alcance do

desempenho desejado para a organização. Criar uma forte orientação para o sucesso

em longo prazo com resultados no presente. Pensar e aprender de forma estratégica.

Assegurar crescimento econômico sustentável. Lidar com cenários, tendências,

evolução tecnológica, requisitos legais, concorrência, anseios da sociedade,

necessidades de clientes no presente e futuro. Desdobrar metas e estratégias.

Monitorar e atualizar objetivos.

• Foco no Cliente e no Mercado (Clientes)

Criação de valor de forma sustentada para o cliente visando maior competitividade nos

mercados. Conquistar, reter e satisfazer os clientes. Conhecer e antecipar suas

necessidades e expectativas. Criar produtos diferenciados. Desbravar novos

segmentos. Criar uma organização totalmente voltada para os clientes. Acompanhar as

movimentações do mercado, da concorrência, das novas demandas e oportunidades.

• Responsabilidade Social (Sociedade)

Relacionamento ético e transparente da organização com todas as partes interessadas,

visando ao desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos

ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a

redução das desigualdades sociais. Assegurar a credibilidade e o reconhecimento

público como forma de aumentar o valor da organização. Cumprir e superar as

obrigações legais decorrentes de suas atividades. Antecipar impactos ambientais.

Liderar ações de apoio social e cidadania. Criar condições para o desenvolvimento de

uma consciência cívica em seus empregados.

• Gestão Baseada em Fatos (Conhecimento e Informação)

Tomada de decisões, em todos os níveis da organização, apoiada na medição e análise

de desempenho, e considerando informações qualitativas internas e externas, incluindo

os riscos identificados. Criar uma base de fatos, dados e informações que suportem as

decisões. Gerenciar (proteger, estimular) o Conhecimento Organizacional. Criar

Page 197: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

184

sistemas estruturados de informação. Adotar métodos de solução de problemas para

apoiar decisões eficazes. Obter informações comparativas.

• Valorização das Pessoas (Pessoas)

Compreensão de que o desempenho da organização depende da capacitação,

motivação e bem-estar da força de trabalho e da criação de um ambiente de trabalho

propício à participação e ao desenvolvimento das pessoas. Usar suas competências.

Criar oportunidades para o seu desenvolvimento. Estimular o trabalho em equipe.

Considerar sua diversidade, anseios e necessidades. Gerenciar o Clima Organizacional

para favorecer o alto desempenho e o crescimento das pessoas.

• Abordagem por Processos (Processos)

Compreensão e gerenciamento da organização por meio de processos, visando à

melhoria do desempenho e à agregação de valor para as partes interessadas. Manter

uma visão horizontal da organização. Pensá-la de forma sistêmica. Estimular a visão

cliente / fornecedor internos e externos. Identificar os requisitos dos clientes e do real

valor que cada empregado agrega aos processos de que participam. Utilizar

eficientemente os recursos. Eliminar atividades redundantes e que agregam pouco

valor. Resolver problemas.

• Orientação para Resultados (Resultados)

Compromisso com a obtenção de resultados que atendam, de forma harmônica e

balanceada, as necessidades de todas as partes interessadas da organização.

Estabelecer estratégias competitivas de negócios. Definir metas desafiadoras.

Melhorar os processos continuamente. Criar sistema de indicadores de gestão que

reflitam as necessidades e os interesses de todas as partes interessadas. Acompanhar

resultados. Corrigir rumos. Satisfazer as expectativas das diferentes partes da

organização.

Para Buuron (2002), em “Como obter excelência de gestão de negócios através da TI”,

a excelência de gestão de negócios não é estratégia e sim o resultado obtido da estratégia. Ou

seja, é o melhor dos melhores resultados que pode ser obtido através da estratégia. A palavra

excelência significa neste caso, ‘performance’ – ser excelente, ser o melhor da classe, é o

padrão do líder ou dos líderes de um determinado setor da indústria. Existem alguns modelos

de excelência de gestão empresarial que servem como modelos de referência para a busca da

melhor performance organizacional, dentre estes pode se destacar na Europa o modelo que foi

desenvolvido pela European Foundation for Quality Management (EFQM), nos EUA foi

Page 198: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

185

instituído o prêmio Malcolm Baldridge National Quality Award para aquelas companhias que

excediam a performance em gerenciamento e obtenção da qualidade.

Existem no mundo importantes organizações gestoras de prêmios de qualidade e de

excelência de gestão, além do Malcolm Baldrige National Quality Award Foundation (EUA)

e o European Foudation for Quality Management, existe também a Japanese Quality Award

Committe e Australian Excellence Council. Buuron (2002), resume que o termo excelência de

gestão empresarial é reservado àquelas empresas que são líderes em seus segmentos através

de contínua excelência de performance para seus clientes e gerando ganhos excepcionais.

5.2.1 Conhecer a Empresa, Negócios e a Organização

De acordo com Oliveira (1995), toda empresa possui, implícita ou explicitamente,

missão, propósitos, macroestratégias, macropolíticas, objetivos, desafios, estratégias,

políticas, projetos, e para alcançar os resultados desejados é necessário que a empresa, defina

seus processos de negócios que suportem eficácia organizacional. Para alcançar o

posicionamento estratégico estabelecido é necessário que a empresa decomponha seus

objetivos em diretrizes e desdobramentos até que sejam transformados em ações e resultados.

Varajão; Amaral (2000) destaca as informações da organização que devem ser obtidas

nesta atividade:

• Ambiente – Informação de caráter geral sobre a qual a organização não tem ou

tem pouco controle, como regulamentação governamental nos diversos países,

posição nos mercados de atuação, clientes globais e locais, fornecedores

globais e locais, tecnologias, etc.;

• Objetivos – Missão da organização, objetivos globais da organização, objetivos

das unidades de negócios e objetivos das principais funções;

• Organização – Organogramas da empresa e identificação das pessoas a serem

entrevistadas;

• Planejamento – Processo de planejamento, planos da organização indicando

projetos principais, recursos, prazos e envolvimento financeiro. Também

principais estudos e grupos de trabalho formados nos últimos 3 anos (o

objetivo e o resultado obtido de cada estudo ou projeto);

Page 199: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

186

• Monitoração de desempenho e controle – Identificação e conteúdo geral dos

principais indicadores de desempenho de atividades.

• Operações – Produtos e mercados, distribuição geográfica da organização

mostrando as principais localizações e uma indicação geral dos mercados e dos

segmentos de atuação da organização em termos de matriz, regiões, países e

unidades de negócios.

Conforme Hall (2004) diversos autores apresentaram um método de classificação e

conhecimento das organizações conhecido por taxonomia organizacional. Existe uma relação

direta de causa-efeito entre estratégia, estrutura organizacional, processos, tecnologia e

pessoas. Desta forma para um alinhamento da estratégia de TI aos negócios é importante

conhecer os aspectos estruturais inerentes às organizações, tais como:

• A estruturação das atividades ou o grau de padronização de rotinas, a

formalização dos procedimentos, a especialização dos papéis e a determinação

do comportamento específico pela organização;

• A concentração de autoridade ou a sua centralização nos níveis mais elevados

da hierarquia e no controle de unidades externas à organização;

• O controle em linha do fluxo de trabalho ou o grau em que o controle é

exercido pelo pessoal de linha, em vez de procedimentos impessoais.

Hall (2004) nos apresenta o quão é importante conhecer a estrutura organizacional em

toda a plenitude. Avaliar o grau de complexidade da organização: diferenciação horizontal,

diferenciação vertical ou hierárquica e a dispersão geográfica. A diferenciação horizontal diz

respeito ao modo como as tarefas desempenhadas na organização são subdivididas. A

diferenciação vertical ou hierárquica diz respeito aos níveis que compõem a organização

desde seu principal executivo até os níveis operacionais e de execução das tarefas de

produção. A dispersão geográfica é o conhecimento de como as atividades e as pessoas estão

separadas em centros de poder e decisão em todos os locais de atuação da empresa, seja país

ou região. Neste aspecto torna-se importante conhecer o grau de centralização e de

descentralização dos processos e atividades da empresa em suas implicações no poder de

decisão da empresa. Fazer as considerações e análises macropolíticas (governos,

regulamentações etc.) e micropolíticas (políticas internas, coordenação, controle e grau de

formalização da empresa). Conhecer as características da organização, tais como tamanho

organizacional, tecnologia e cultura bem como a natureza de poder da organização.

Page 200: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

187

O alinhamento de TI à estratégia e aos negócios depende fundamentalmente desta

atividade. Conforme Luftman (1996) a estratégia de TI, tem por objetivo traduzir a estratégica

de negócios em uma infra-estrutura de TI que permita à organização competir nos seus

mercados e segmentos de atuação. Conhecer a empresa, os negócios e a organização é a chave

para alinhar a estratégia de negócios, a estratégia de TI, a estrutura organizacional e a infra-

estrutura de TI. Conhecer o modelo de globalização da organização é também é um fator

crítico de sucesso para o alinhamento da estratégia de TI. Aspectos da Infra-estrutura de TI

relacionada à flexibilidade vs padronização, centralização vs descentralização, bem como a

própria organização e governança de TI precisam estar de acordo com o modelo de

globalização da empresa [LUFTMAN (1996), BARTLETT; GHOSHAL (2002)].

Na Figura 5.6, Bartlett; Ghoshal (2002), apresentam as principais características da

empresa global, e também as características da arquitetura de tecnologia da informação que

são exigidas por este modelo organizacional.

Figura 5.6 – Estratégias de negócios e de TI da empresa transnacional

Estratégias de Negócios Estratégias de TI • Operações compartilhadas; • Mercados mundiais e personalização em massa; • Capacidade de integrar conhecimentos distribuídos em diversas partes da empresa para desenvolver soluções diferenciadas; • Atendimento de pedidos e atendimento ao cliente em escala mundial; • Marketing direcionado a percepção dos clientes da sinergia global da empresa; • Produção transparente e visão global de recursos fabris; • Suprimentos e Logística globalizada; • Administração dinâmica de recursos • Visão global das operações e dos negócios • Agilidade nos mercados locais.

• Arquitetura mundial de tecnologia da informação; • Operações logicamente consolidadas, fisicamente distribuídas, conectadas em rede; • Recursos de dados e informações comuns globalizados; • Processos globais suportados por sistemas integrados; • Forte utilização global e local de Internet, intranet; • Políticas e padrões transnacionais de TI; • Contratos mundiais de TI de fornecimento com fornecedores globais.

Fonte: BARTLETT; GHOSHAL (2002).

Na figura 5.7, Luftman (1996) apresenta três tipos de empresa globais e suas

respectivas respostas às questões: Quais são os principais direcionadores entendidos pela

empresa para se tornar global? Cada uma das empresas se encontra em posições diferentes em

seu processo de globalização: Empresa A – multilocal, Empresa B – exportador global,

Empresa C – multinacional.

Page 201: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

188

Figura 5.7 – Posicionamento das companhias globais

Fonte: LUFTMAN (1996).

Direcionadores da Estratégia Global Companhia A

Direcionadores da Estratégia Global Companhia B

Direcionadores da Estratégia Global Companhia C

Consumidores

• Privilegiar nosso relacionamento com nosso consumidor

• Segmentar nossos consumidores para entender onde nós somos globalizados

Serviços

• Fornecer amplo alcance, mas não total

• Ser seletivo • Evitar nichos

de mercado • Explorar

economias de escala

Organização

• Construir um plano a longo prazo com visão e estratégia comuns

• Aumentar a representatividade internacional entre na alta gerência

• Transpor as muitas diferenças culturais, transferir pessoas e compartilhar sist emas nos negócios

Sistemas de Informação

• Não podemos ter negócios globais sem sistemas globais

• Nosso sistema começa a ser global a partir do uso no país sede

• Sistemas são um grande obstáculo para as empresas

• Poderoso elo para operações de controladas

Mentalidade Global

• Precisamos ajudar todos os nossos empregados a fazer a transição com entendimento o que exige atenção global de modo que possamos nos tornar global

Local

• Precisamos ser uma companhia local em todo país onde nós negociamos para respeitar e tornar-se uma empresa respeitada, contribuindo com os membros da sociedade

Informações Fundamentais

• Precisamos criar um sistema de informações orientado as necessidades da organização, que nos torne rápidos e flexíveis

Recursos Humanos

• Precisamos fazer uso da totalidade da capacidade superior local e talentos em todos os nossos negócios

Sistema Único

• Precisamos operar a companhia assim como um sistema integrado e otimizado

Balanço

• Entender os valores, princípios e sistemas onde fazemos negócios, e adaptar estes sem perder nossas vantagens, economias de escala, e sem desenvolver diferentes sistemas em toda parte

Orientação de Mercado

• Adaptar as exigências dos clientes locais no desenvolvimento de novos produtos

Pessoas

• Desenvolver a consciência do direcionamento global e as implicações. Esclarecer critérios de decisão. Enfatizar o cliente. Aumentar a habilidade de administrar os negócios

Sistemas

• Prover uma base de competências comuns fundamentais. Incentivar a integração e troca de informações.

Page 202: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

189

Segundo Luftman (1996), desenvolver as competências e capacidades da empresa

para operar e competir no mercado global exige um programa contínuo de mudança e

evolução focado na visão global da organização. Quando uma empresa define sua visão

global, é importante definir o quanto a empresa está atualmente em relação à situação futura

definida, este monitoramento é de fundamental importância para definir as correções dos

planos de ação para se atingir o modelo de globalização da empresa inserido na sua visão de

empresa global, um modelo para este diagnóstico é apresentado na figura 5.8.

Figura 5.8 – Avaliação da posição da companhia global

Fonte: LUFTMAN (1996).

Capacidade da TI para desenvolver capacidade global

Capturar benefícios globais

Desenvolvimento de líderes globais,

equipes e indivíduos

Gerenciamento das Relações

Exploração

Comprometimento para visão global

Atributos da posição global

Construção de iniciativas

estratégicas globais

Atração de consumidores em

todo o mundo

Desenvolver recursos de escala

global

Escala

Descrição

Nunca Sempre

Não em toda Em toda companhia

Nunca Sempre

Nunca Sempre

Nunca Sempre

Nunca Sempre

Não em toda Em toda companhia

Nunca Sempre

Nunca Sempre Diretores pensam que o mundo é um ambiente ope -racional, explorando plenamente a presença d a empresa, oportunidades de negócios e ameaças.

Todos empregados estão conscientes da visão global e estão pensando globalmente conduzindo seu presente e futuro orientado à visão (ex: planejamento). Equipes multidisciplinares são ativamente envolvidas n o desenvolvimento de programas de estratégias baseados nos direcionamentos estratégicos A companhia percebe a demanda global/local, é hábil com as necessidades dos clientes globais, bem como customiza ofertas para atender clientes locais

A companhia é orientada ao compartilhamento de conhecimento, culti vando atitudes positivas para o trabalho e criando sinergias entre indivíduos e áreas Gerentes estão gerenciando a cultura global com suscetibilidade, ampliando a cultura global corpora -tiva unindo e sinergizando os colaboradores

Valores globais permeiam a cultura, sist emas de compensação são conectados ao comportamento global, líderes dão importância ao global

Sistemas de comunicação ponto -a-ponto, pastas de sistemas endereçando processos globais, cl ientes, produtos estão formando uma rede corporativa

Recursos são alinhados para estágios globais e o retorno de investimentos é obtido do equilíbrio do global e do local

Page 203: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

190

5.2.2 Conhecer e Mapear os Processos da Organização

Processos, Informação, Tecnologia e Pessoas são interdependentes e são elementos

organizacionais chaves e afetam diretamente a performance dos negócios (Marchand;

Kettinger; Rollins, 2001b). Para o desenvolvimento do Plano Estratégico de TI é pré-requisito

conhecer os processos que suportam as operações, a gestão e o planejamento da organização.

Através da identificação dos processos da organização obtêm-se os requisitos de informação

necessários para tomada de decisão em todos os níveis hierárquicos. A maneira como o

trabalho é feito depende bastante da disponibilidade e da qualidade dos dados, o que por sua

vez implica o compartilhamento interdepartamental de informações. O tratamento da

informação como recurso implica na sua padronização de definições e conceitos das

informações da empresa; assim, “cliente” ou “produto” significarão a mesma coisa para todos

envolvidos no processo (Davenport, 1998). Os processos da organização são definidos como

“grupos de decisões relacionados logicamente” e “atividades necessárias para gerir os

recursos da empresa” (Varajão; Amaral, 2000). As principais etapas envolvidas na definição,

análise e redesenho de processos são:

• Identificação ou levantamento dos produtos e serviços envolvidos;

• Identificação ou levantamento dos processos (planejamento, gestão, operacional);

• Relacionamento dos processos aos produtos e serviços;

• Agrupamento/divisão de processos;

• Mapeamento dos processos na situação atual;

• Análise e definição de situação futura de redesenho, reengenharia, simplificação,

eliminação ou otimização de processos;

• Relacionamento dos processos com a organização, relacionando-os a cadeia de

valor e aos macro-processos ou processos empresariais.

A definição dos processos organizacionais levará a (Varajão; Amaral, 2000):

• Um modelo de sistemas de informação mais independente das mudanças

organizacionais;

• O entendimento claro de como a empresa realiza sua missão e os objetivos

estratégicos;

• Uma base para definir a arquitetura de TI, determinando o alcance, abrangência e

as necessidades de informação da empresa.

Page 204: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

191

Marchand; Kettinger; Rollins (2001b) apresentam uma estrutura de suporte da TI aos

processos de tomada de decisão da organização baseado na pirâmide de decisão de Gorry;

Scott Morton, que consiste de quatro níveis de suporte da TI – Suporte TI ao gerenciamento,

Suporte TI à inovação, Suporte TI aos processos de negócios, Suporte TI ao nível de

operações, Figura 5.9. Os autores apresentam na Figura 5.10 os respectivos tomadores de

decisão de cada nível.

Figura 5.9 – Capacidade de estrutura prática de TI

Fonte: MARCHAND; KETTINGER; ROLLINS (2001b).

Figura 5.10 – Suporte de práticas de TI

Fonte: MARCHAND; KETTINGER; ROLLINS ( 2001b).

O conceito de reengenharia de processos de negócios (BPR), que foi cunhado por

Hammer; Champy (1993) proclamando as empresas a mudança de um modelo de negócios

tradicional baseado em tarefas (Adam Smith) para um modelo de negócios baseado em

processos para conseguir grandes ganhos em eficiência e eficácia. A definição de

Tipos de conhecimento dos trabalhadores

Tipos de conhecimento dos trabalhadores

Nível de tomada de decisão

Executivos / gerentes superiores Trabalhadores profissionais (e.g. R&D, engenharia, projeto de produtos) Processos gerenciais Trabalhadores operacionais e supervisores

Suporte para gerenciamento de TI Suporte para inovação de TI Suporte de processos de negócios de TI Suporte operacional de TI

Estratégia Distribuição de recursos Controle gerencial Novos produtos / serviços Melhorar a criatividade e exploração Projetos e processos gerenciados através de demanda / cadeia de fornecimento Transações processadas Operações diretas

Suporte Operacional de TI

Suporte de processos de negócios de TI

Inovação no suporte de TI

Gerenciamento do suporte de TI

Page 205: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

192

reengenharia de processos de negócios, segundo Hammer; Champy (1993), é uma forma de

repensar a empresa e o redesenho radial dos processos de negócios objetivando obtenção de

grandes ganhos em custos, qualidade, serviços e nos tempos de processamento. Hammer;

Champy (1993) evidenciam que a TI é um viabilizador essencial aos esforços da

reengenharia.

Davenport (1998), afirma que mesmo os maiores usuários de TI não têm conseguindo

explorar todo o potencial da tecnologia não obstante os grandes avanços de TI. Segundo o

autor, os ganhos de produtividade são apenas ganhos marginais e não estão à altura das

quantias investidas em soluções de TI. No entanto, Davenport concorda plenamente com

Hammer; Champy(1993) de que a TI tem um papel essencial de viabilizador dos projetos de

reengenharia de processos de negócios. Davenport(1998) definiu o termo ‘inovação de

processo de negócios’ que diferencia dos projetos de reengenharia de processos de negócio.

Inovação de processos de negócios compreende a visualização de novas estratégias de atuação

e implementação de mudanças complexas englobando as dimensões tecnológicas, humana e

organizacional. Davenport combina reengenharia de negócios, que significa especificamente o

desenho de novos processos, com outros importantes fatores organizacionais que se tornam

transformações organizacionais e de pessoas.

Na definição de Spohr; Sauvé (2003) Processos de Negócios (Business Processes) se

refere à maneira de operar, de resolver ou de agir de uma empresa com relação aos seus

negócios. Podemos utilizar a TI nos processos de negócios das empresas para valorizar suas

estratégias de negócios. A Figura 5.11 mostra alguns exemplos de como a TI pode ser usada

para melhorar os processos de negócios das empresas.

Page 206: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

193

Figura 5.11 – Melhoria dos processos de negócios com a TI

Fonte: SPOHR; SAUVÉ (2003).

Conforme Spohr; Sauvé (2003) em alguns casos, melhorar algum processo de negócio

da empresa pode não ser suficiente para fazer com que a estratégia da empresa funcione

melhor. Às vezes, é necessário mesmo repensar a forma de como o processo ou a própria

empresa, está funcionando, e modificar toda sua estrutura. Nestes casos também a TI pode ser

usada para ajudar. Usando a TI para reestruturar os processos de negócios de uma empresa,

significa que a TI está sendo usada como fator-chave que habilita a transição das regras de

negócios antigos para as novas regras. As regras às quais os autores se referem consistem no

conjunto de “Estratégias de Gestão” que os diretores da empresa usam para gerenciar os

negócios das empresas, conforme apresentado na Figura 5.12.

Transacional

Geográfico

Desintermediação

Rastreamento

De Conhecimento

Seqüencial

Automacional

Analítico

Informacional

Transformar os processos não estruturados em transações rotineiras.

Fazer processos independentes da geografia, transformando a informação para que ela possa ser acessada rápida e facilment e, mesmo a longa distância.

Reduzir ou eliminar o trabalho humano dos processos.

Usar de métodos analíticos complexos para implementar os processos.

Trazer grande quantidade de informação detalhada para dentro dos processos.

Permitir mudanças nas seqüê ncias das tarefas, de forma a poder executá -la em

Permitir a captura e disseminação de conhecimento e perícia para melhorar u processo paralelo.

Permite o rastreamento detalhado do status, da entrada ou saída de qualquer processo.

Conectar dua s entidades de um processo que normalmente se comunicariam através de uma terceiro paralelo.

Capacidade da TI Como a TI pode Melhorar os Processos de Negócios

Page 207: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

194 Figura 5.12 – Exemplos de como a TI pode ajudar na reestruturação dos processos de negócios de uma empresa.

Fonte: SPOHR; SAUVÉ (2003)

A Gerência de Processos deve ser uma atividade contínua e alinhada com a gestão de

Tecnologia da Informação de modo a maximizar os resultados para a empresa (Grover;

Kettinger, 2000).

As empresas precisam manter o gerenciamento de seus processos, muitas empresas

pararam com seus projetos de revisão de processos por causa dos pacotes de aplicativos que

adotaram. Alguns fornecedores de ERP, como a SAP e a Oracle, oferecem aplicações bastante

amplas para os diversos setores de uma empresa. Entretanto, para obter vantagens dos dados

comuns e das aplicações integradas fornecidas por esses pacotes, a maioria das organizações

precisa coordenar melhor seus processos (DAVENPORT, 1998).

De forma a fornecer uma visão da prática empresarial, em suporte a visão da teoria,

extraiu-se de uma apresentação da empresa de consultoria de gestão Oliver Wight (2001):

Gerentes tomam todas as decisões

Apenas os especialistas fazem trabalho complexo

A Informaçã o pode aparecer somente num único lugar de

cada vez

Gerentes tomam todas as decisões

Regra Antiga Ferramenta de TI Regra Nova

Ferramentas de apoio à decisão (acesso a BD, SW de modelagem e simulação)

Sistemas especialistas

Bases de dados compartilha das via Internet / Intranet / Extranet

Web Sites, Internet / Intranet, computadores portáteis, redes sem fio

A tomada de decisão faz parte do trabalho de cada um

Pessoal de campo pode enviar e receber informação onde quer que esteja

A informação pode ser manipulada em vários lugares simultaneamente

Um generalista pode fazer o trabalho de um especialista

Page 208: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

195

• Grupos de processos do Modelo de Gestão de Excelência

− Processos de Planejamento Estratégico

− Processos de Pessoas e Trabalho em Equipe

− Processos de Qualidade e Aperfeiçoamento Contínuo

− Processos de Gerenciamento e Desenvolvimento de Produtos

− Processos de Planejamento e Controle de Recursos (Pessoas, Máquinas,

Materiais etc.).

• Processos Básicos de um Sistema Gestão Integrado (ERP – Enterprise Resources

Planning)

− Gestão Estratégica

− Gerenciamento de Produtos

− Planejamento de Vendas e Operações

− Planejamento de Vendas

− Programação Mestra de Produção - MPS

− Planejamento de Materiais - MRP

− Planejamento de Capacidade - RCCP/CRP

− Programação e Controle do Chão de Fábrica - SFC

− Seleção, Desenvolvimento, Negociação e Programação de Fornecedores.

− Atendimento a Demanda

− Execução/Produção/Fabricação

− Distribuição

− Integração em Redes de Fornecimento (Supply Chain Mannagemet evolui para

Supply Chain Network)

− Integração Financeira/Planejamento Financeiro/Simulações

− Controle do Negócio/Mercado

• Características de empresas com nível de maturidade baixo ou médio no uso de

Sistema de Gestão Integrado (Aquelas em que existe um caminho a percorrer, ou

seja, estão operando como nos anos 70, 80 ou mesmo 60):

− Base conceitual insuficiente

− Falta de envolvimento da alta administração

− Informações imprecisas e mal entendidas predominam na organização

Page 209: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

196

− Os processos de planejamento e controle pouco ajudam no gerenciamento do

negócio, o que funciona é o processo informal.

− Não há processo de aperfeiçoamento contínuo

− ERP/MRPII é usado basicamente para melhorar os pedidos de materiais e

ordens de produção, sem melhorar o gerenciamento do negócio.

− Medições inadequadas de desempenho

• Características de Empresas Classe A com "Excelência Empresarial de Classe

Mundial", nível de maturidade alto no uso de Sistema de Gestão Integrado (a busca

pelo aperfeiçoamento contínuo é parte integrante da cultura):

− Base conceitual auto suficiente - The Learning Organization

− ERP/MRPII é utilizado em toda a empresa, principalmente pela alta direção.

− Informações acuradas, processos de medição garantem a qualidade dos dados

continuamente.

− Aperfeiçoamento contínuo é um processo praticado no dia-a-dia de

funcionários, fornecedores e clientes.

− Ganhos significativos em serviços aos clientes, produtividade, estoques, custos,

qualidade e velocidade, resultando numa vantagem de mercado.

− Toda operação baseia-se em processos formais

− Medições adequadas de desempenho

• Lista de Verificação Simplificada baseada no modelo de excelência da empresa

Oliver Wight, uma lista de pontos de verificação que são objeto de avaliação para

identificação das empresas mundiais Classe A, ou seja, que são benchmarking e

líderes mundiais nos seus segmentos de atuação:

− Comprometimento com a Excelência

− Sales & Operations Planning

− Planejamento Financeiro

− Previsão de Demanda com responsabilidade

− Planejamento de Vendas

− Integração da entrada de pedidos de clientes/promessa de entrega

− Programação Mestra de Produção - MPS

− Planejamento e Controle de Materiais - MRP

− Planejamento e Controle de Fornecedores

Page 210: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

197

− Planejamento e Controle de Capacidade (Finita e Infinita, TOC, Lean

Manufacturing)

− Serviço aos Clientes

− Desempenho em Relação ao Plano de Vendas

− Desempenho em Relação ao Plano de Produção

− Desempenho em Relação à Programação Mestre de Produção

− Desempenho em Relação à Programação Finita

− Desempenho dos Fornecedores

− Acuracidade dos registros de Inventário

− Adequação e Acuracidade das Estruturas de Produtos

− Adequação e Acuracidade dos Roteiros de Fabricação

− Educação e Treinamento (Aprimoramento contínuo em todos os níveis desde a

alta administração até os níveis de execução/produção)

5.2.3 Definir a Arquitetura de Informação

Identificados os objetivos e metas organizacionais e mapeados os processos críticos

que permitem sua execução, é possível realizar-se um diagnóstico da situação com relação à

informação corporativa. As informações disponíveis são suficientes para:

• Auxiliar no alcance da missão e dos objetivos organizacionais?

• Dar suporte a todas as funções e processos organizacionais?

• Apoiar a realização das estratégias de negócio?

Nesta etapa, devem ser analisadas:

• As lacunas de informação existentes: ausência de dados sobre a concorrência,

coleta insuficiente de informações sobre clientes na hora da compra, e assim por

diante;

• As disfunções de informação observadas, tais como duplicidade de dados,

inconsistência de informações provenientes de diferentes fontes internas, falta de

confiabilidade de dados armazenados, fragmentação da informação pelos diversos

setores etc.;

• As oportunidades de melhoria: áreas, processos ou atividades que podem ser

melhoradas pela oferta de informações relevantes, oportunas, complexas e exatas.

Page 211: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

198

Conforme Beal (2003), antes de se estabelecer um planejamento na área de TI, é

essencial que a organização como um todo passe por um processo de discussão sobre as suas

necessidades de informação presentes e futuras, o chamado planejamento da informação. A

fim de cumprir sua missão e realizar seus objetivos, toda organização depende da

disponibilidade de informações de alta qualidade, oportunas e confiáveis. Mapear as

necessidades de informação corporativas para dar suporte aos processos e à tomada de decisão

é um primeiro passo necessário para que as lacunas de informações e demandas por novos

serviços e sistemas de informação possam ser identificadas e supridas.

Abreu; Abreu (2003) ressalta que projetar uma arquitetura de informação é uma tarefa

complexa, cujos desafios podem ser assim descritos:

• Algumas informações importantes não podem ser colocadas no computador;

• Informação requer um contexto para ter valor;

• O valor da informação diminui com o tempo;

• Mudanças no meio ambiente provocam mudanças nos requerimentos de

informação para um sistema em particular;

• A tecnologia muda rapidamente;

• Escassez de pessoal capacitado;

• Mudanças nas habilidades dos trabalhadores (constante treinamento);

• Altas expectativas em termos da efetividade de um sistema de informações e a

velocidade em que ele é constituído.

Davenport (1998) trouxe o conceito de ecologia da informação, que em essência se

preocupa como as pessoas criam, distribuem, compreendem e usam a informação.

Administradores que se orientam pela ecologia da informação acreditam que:

• a informação não é facilmente arquivada em computadores – e não é constituída

apenas de dados;

• quanto mais complexo o modelo de informação, menor será sua utilidade;

• a informação pode ter muitos significados em uma organização;

• a tecnologia é apenas um dos componentes do ambiente de informação e

freqüentemente não se apresenta como meio adequado para operar mudanças.

Page 212: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

199

A seguir são sugeridos dois modelos de gerenciamento do recurso informação nas

organizações.

a) O Modelo de Ecologia da Informação de Davenport (1998) apresentado na Figura

5.13. Este modelo tem por objetivo criar um ambiente holístico de gerenciamento do

recurso informacional da empresa, e os seus principais elementos são:

• O ambiente Informacional compreendendo seis componentes: Estratégia da

Informação, Política da Informação, Cultura e Comportamento em relação à

informação, equipe da informação, processos de gerenciamento da informação,

arquitetura da informação.

• O ambiente organizacional compreendendo 3 componentes: Situação dos

negócios, investimentos em tecnologia, distribuição física.

• O ambiente externo compreendendo informações sobre três tópicos: Mercados de

negócios, mercados tecnológicos, mercados da informação.

Figura 5.13 – Um modelo ecológico para o gerenciamento da informação

Fonte: DAVENPORT (1998)

Ambiente informacional

Ambiente externo Negócios – Informação - Tecnologia

Ambiente organizacional Negócios – Espaço físico - Tecnologia

Cultura/ Comportamento

Arquitetura

Processo Política

Estratégia

Equipe

Page 213: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

200

b) O Modelo IO – Information Orientation de Marchand, Kettinger; Rollins (2001a)

apresentado na Figura 5.14 Este modelo tem por objetivo medir o quanto, os gerentes,

percebem as capacidades informacionais na melhoria da performance dos processos. O

modelo visa determinar o grau de sinergia entre a competência no gerenciamento dos

processos e o uso das capacidades informacionais vitais da organização, que são três:

• Importância e Utilização da Informação (IBV, Information Behaviors/Values) – a

capacidade da organização de disseminar e provocar o uso efetivo da informação.

• Práticas de Gerenciamento da Informação (IMP, Information Management

Practices) – a capacidade da organização de gerenciar de forma efetiva o ciclo de

utilização da informação incluindo senso de necessidade, coleta, organização,

processamento e manutenção da informação.

• Práticas de TI (ITP, Information Technology Practices) – a capacidade da

organização de gerenciar de forma efetiva a TI, incluindo as aplicações e a infra-

estrutura, no suporte às operações, processos de negócios, tomada de decisão e

inovação.

Figura 5.14 – O novo desafio da pesquisa

Fonte: MARCHAND; KETTINGER; ROLLINS (2001a)

Davenport (1998) traz um importante conceito de mapeamento de informações que se

aplica muito bem às empresas globais. O mapeamento de informações é um guia para o

ambiente informacional presente, uma descrição das fontes de informação em uma

organização. Descreve não apenas a localização da informação, mas também quem é o

responsável por ela, para que foi utilizada, a quem se destina e se está acessível. O benefício

mais óbvio do mapeamento é que ele pode melhorar o acesso à informação. Como exemplo

na Figura 5.15 é ilustrado um mapa geográfico na American Express que localiza com

precisão os centros de processamento de dados da empresa.

Práticas de TI

Prática gerenciamento da informação

Importância e utilização da informação

Performance de negócios

Guia de Informação:

A compreensão de grandes níveis de idéias de como a

companhia é eficaz no uso de informações

Page 214: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

201

Figura 5.15 – Mapa de informações da American Express

Fonte: DAVENPORT, 1998

O conhecimento da arquitetura da informação é muito importante para a organização,

porque lhe permite identificar oportunidades que possibilitam obter vantagens competitivas da

utilização da TI, permite esclarecer e manter ligações entre os objetivos da organização e os

projetos de desenvolvimento da organização e os projetos de desenvolvimento do seu SI,

permite definir os limites das áreas de negócios e dos projetos de desenvolvimento, bem como

coordenar e enquadrar os projetos de desenvolvimento e permite, ainda, definir a infra-

estrutura tecnológica e organizacional necessárias (Amaral;Varajão,2000).

Abreu; Rezende (2000) apresenta uma classificação de sistemas de informação

segundo a abrangência da organização: a) Sistema de Informação Pessoal, b) Sistema de

Informação de Grupo, c) Sistema de informação Organizacional (aplicações localizadas e

sistemas interdepartamentais), d) Sistema de Informação Interorganizacional, e) Sistema de

Informação Global, f) Arquitetura do Sistema de Informação (arquitetura de TI).

5.2.4 Benchmarking de TI

Benchmarking é um processo para medir e comparar a situação atual, indicadores,

práticas de operação e aspectos de custos com outras empresas de mesmo segmento ou

consideradas empresas de excelência na aplicação da tecnologia da informação. Visando

estabelecer as melhores práticas no estabelecimento de uma organização de TI de classe

Gerenciamento e coordenação setoriais

Unidade cultural e de relações

Centro de Dados

Materiais de treinamento

Recursos on-line

Diretoria de sistemas de

pesquisa

Abastecimento e serviços

Escritório administrativo

Page 215: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

202

mundial. O processo de benchmarking também pode fornecer referências no estabelecimento

das metas e dos planos quando incluímos a comparação com os nossos competidores. O

benchmarking permite que você lucre com as experiências de muitos, em vez das suas

próprias experiências, mais limitadas e caras.

Conforme Boar (2002), Maquiavel resumiu a motivação essencial para o

benchmarking quando disse: ‘Os homens quase sempre seguem os rastros deixados por outros e prosseguem em suas questões por imitação, embora não possam se manter inteiramente nos rastros dos outros ou simular a proeza de seus modelos. Assim, um homem prudente sempre precisa seguir nas pegadas de grandes homens e imitar aqueles que foram notáveis. Se sua própria proeza falhar ao ser comparado com a deles, pelo menos haverá um ar de grandeza a respeito disso’. (BOAR, 2002).

Existem três tipos básicos de benchmarks (Boar, 2002):

• Análogo, usado para comparar processos específicos, competências e outros com

os líderes do setor.

• Competitivo, usado para comparar com concorrentes específicos.

• Estratégico, usado para entender os parâmetros de uma nova iniciativa importante.

O processo básico de benchmarking é um processo em nove etapas, da seguinte forma

(Boar, 2002):

a. Definir o que você deseja avaliar.

b. Definir as finalidades e os objetivos da avaliação.

c. Definir os assuntos e as medições da comparação.

d. Definir contra quem fará o benchmark.

e. Desenvolver o método de coleta de dados.

f. Executar a coleta de dados.

g. Resumir as descobertas e os resultados.

h. Resumir as descobertas e os resultados.

i. Realizar a análise da causa raiz identificando os motivos básicos para as

lacunas.

Impacto no planejamento estratégico da TI: O benchmarking é uma ferramenta de

análise extremamente poderosa, pois substitui a opinião e o pensamento a respeito do estado

dos recursos por comparações concretas. As principais áreas para o benchmarking são aquelas

Page 216: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

203

áreas estratégicas colocadas no gerenciamento de posição. Por definição, elas são as

dimensões mais estratégicas da sua empresa e, portanto, precisam ser mais bem-sucedidas e

gerenciadas agressivamente. Você pode então determinar, fora suas próprias opiniões internas

(e tendenciosas), se elas são não-competitivas, competitivas, muito competitivas ou de classe

mundial em comparação com a concorrência (BOAR, 2002).

5.3 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA DE TI

Titthasiri (2000) apresenta uma visão esquemática para definição das estratégias de TI

na Figuras 5.16 e na Figura 5.17.

Figura 5.16 – Ilustração dos fatos encontrados e avaliação de tendências.

Fonte: TITTHASIRI (2000)

PEST (político, econômico, social, tecnológico)

Recursos Humanos

Estrutura Organizacional

Gestão de Recursos

A existência do sistema TI

Plano Institucional

Universidade e ambiente de TI

Sistemas de TI

• Administração de Sistemas de Informação • Sistemas de Informação para biblioteca • Instrução tecnológica

Avaliação de tendências

• O que é e como a posição corrente faz funcionar os recursos de TI? • Como são os sistemas existentes, dados e armazenagem de papéis? • O que os usuários necessitam e preferem? • Como as oportunidades / ameaças e a forças / fraquezas?

Page 217: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

204

Figura 5.17 – Ilustração da determinação e disseminação de estratégias de TI

Fonte: TITTHASIRI (2000).

Amaral; Varajão (2000) apresentam o conjunto de resultados associados aos principais

aspectos da organização afetados pelo PETI (Figura 5.25).

Figura 5.18 – Resultados Esperados do PETI

Fonte: AMARAL; VARAJÃO, 2000.

Para Moskowitz; Kern (2003,) a estratégia corporativa, as estratégias das unidades de

negócios e a estratégia de TI são interdependentes e se influenciam mutuamente. Um

elemento catalisador da sinergia entre as estratégias é a existência explícita da visão e da

missão corporativa, Figura 5.19.

FOCO RESULTADOS

Informação Processos Projetos TI RH Educação Organização Alta administração $ Estratégia

Definição da arquitetura da informação Redefinição ou clarificação dos processos da organização Identificação de prioridades para projetos de desenvolvimento e integração de aplicações Identificação das grandes opções tecnológicas (Configurações, equipamentos, suportes lógicos, suportes metodológicos...) Políticas para recursos humanos (aquisição, reciclagem, fo rmação...) Sensibilização e motivação da organização para a importância e potencialidades do recurso informação Dignificação da função SI Aumento do apoio e comprometimento Fundamentação e racionalização dos investimentos Identificação de uti lizações para o SI e para as TI que trazem vantagens competiti vas para a organização

Posição corrente de TI

Necessidades dos usuários

Oportunidades / Ameaças

Forças / Fraquezas

Planos Institucionais / Processos empresariais

• Visão de acesso do sucesso • Estratégias de TI e os planos de ação • O que existe • O que pode ser • Como alcançar a meta

Finanças

Oportunidades Recursos Humanos

Estrutura Organizacional de TI

Arquitetura de Trabalho

Arquitetura de Hardware e Software

Arquitetura de Dados

Page 218: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

205

Figura 5.19 – Estratégia de negócios organizáveis pela matriz.

Fonte: MOSKOWITZ; KERN, 2003.

5.3.1 Alinhar TI à Estratégia Corporativa e à Estratégia de Negócios

No modelo proposto segue em linhas gerais o Modelo Mcgee; Prusak (1994), o

Modelo de Henderson; Venkatraman (1993) e o Modelo Rockart; Morton (1984). Baseado no

estudo de Rezende (2002) é apresentado o resumo de cada um destes modelos. O modelo de

Rockart; Morton está baseado em cinco elementos do funcionamento corporativo

interdependente e equilibrado: estratégias da organização; tecnologias; estrutura

organizacional e cultura corporativa; processos de gestão (planejamento, orçamentos e

recompensas); e indivíduos e papéis. O alinhamento entre estratégias externas e internas de

negócio com as estratégias externas e internas da TI é apresentado pelo modelo de Henderson;

Venkatraman (1993), onde analisam o alinhamento estratégico entre ambas as dimensões,

promovendo a adequação ou ajuste estratégico entre os ambientes internos e externos da

organização e a integração funcional das habilidades pessoais, dos processos (organizacionais

e TI), da arquitetura de TI e da infra-estrutura administrativa de suporte às operações

estratégicas de negócios e de TI. No modelo de alinhamento estratégico de Mcgee; Prusak

(1994) as alternativas de negócio são definidas em paralelo com as alternativas de TI,

mantendo um fluxo contínuo de interação e troca de informações. O alinhamento das

estratégias de negócios e as de TI procura evidenciar as potencialidades da TI, considerando a

TI como um recurso a ser observado durante o processo de definição ou de redesenho de

estratégias, assim como outras variáveis do tipo posicionamento de produtos e/ou serviços,

estratégias de fabricação, de distribuição, de inovação, entre outras.

Região IV

Região III

Região V

Região VI

Região II

Região I

Unidade de Negócios I

Unidade de Negócios II

Unidade de Negócios III

Unidade de Negócios IV

Unidade de Negócios V

Opinião local

OPIN

IÃO

REG

ION

AL

VISÃO GLOBAL DE NEGÓCIOS

Page 219: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

206

Conforme Cheong; Haglind (1998), para que a estratégia de Tecnologia da Informação

seja efetiva ela não pode ter como foco o atendimento de objetivos de curto prazo (exemplo:

redução de custo), mas ter também a finalidade de alcançar os objetivos de negócios de longo

prazo da empresa, em outras palavras, a estratégia de TI tem que fazer parte da própria

estratégia de negócios.

Boar (2002) posiciona a tecnologia da informação como estratégia no novo século

XXI, pois tem se tornado um meio para a obtenção de vantagens, ou seja, a mudança do seu

modo de negócio significa o uso explorador da tecnologia da informação. É mediante a

tecnologia da informação que a vantagem é criada, a definição da empresa é revisada e/ou o

dinheiro é ganho. A tecnologia da informação tornou-se o principal veículo por meio dos

quais os modelos de negócios das empresas se expressam. As empresas vencem em virtude de

vantagem. O que estamos testemunhando é o ‘Amanhecer da competitividade através da TI’,

onde a vantagem será expressa por meio do poder e da agilidade da tecnologia da informação.

A TI não é mais apenas uma despesa, é o veículo para alcançar os clientes, dar mais valor aos

produtos, desviar competidores e melhorar a produtividade. A medida da TI não é mais o

custo mínimo por unidade, mas vantagem máxima por unidade. A Tecnologia da Informação

têm se tornando estratégica porque os modelos de negócio vencedores têm se tornando

centralizados na TI. A TI tem se tornado a ferramenta pela qual as definições do modelo de

negocio são ajustadas.

O Planejamento Estratégico de TI apresenta quatro objetivos principais, O’Brien

(2003):

• Alinhamento Empresarial – Compatibilizar o investimento em tecnologia da

informação com uma visão dos negócios e metas estratégicas da empresa.

• Vantagem Competitiva – Aproveitar a tecnologia da informação para criar

sistemas de informação estratégicos e inovadores para alcançar vantagem

competitiva.

• Administração de Recursos – Desenvolver planos para a administração eficiente e

eficaz dos recursos de sistemas e informação da empresa, incluindo pessoal de

sistemas de informação e tecnologia, recursos de hardware, software e rede.

• Arquitetura Tecnológica – Desenvolver políticas tecnológicas e projetar uma

arquitetura de tecnologia da informação para a organização.

Page 220: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

207

Para Amaral; Varajão (2000), PETI é uma atividade organizacional, onde se define:

• O futuro desejado para o seu sistema de informação. Visão global do SI da

organização (arquitetura do SI) que traduza o papel pretendido para o SI na

estrutura e atividade da organização.

• O modo como este deverá ser suportado pela TI. Especificação das arquiteturas da

informação, dos meios computacionais e de comunicações.

• A forma de concretizar e operacionalizar esse suporte. Planos e orçamentos sobre a

aquisição e utilização dos recursos envolvidos no desenvolvimento e utilização do

SI (recursos humanos, TI etc.).

Para Rodriguez; Ferrante (2000), o alinhamento da tecnologia às estratégias é

resultado da evolução da TI. A importância da Tecnologia da Informação cresceu com o

passar do tempo, mas, a grande maioria dos executivos, a consideravam como um mal

necessário, sentindo dificuldade em entender o até então hermético mundo computacional,

com uma linguagem própria parecia muitas vezes um ‘corpo estranho’ dentro das

organizações. Fatores que contribuem para o alinhamento da TI as estratégias podem ser

vistos na Figura 5.20.

Figura 5.20 – Fatores que contribuem para o alinhamento da tecnologia da informação às

estratégias.

Fonte: RODRIGUEZ; FERRANTE (2000).

Um exemplo desta situação, segundo Rodriguez; Ferrante (2000) é o caso de uma

organização que tenha definido Unidades de Negócio atuando como Unidades Integradas de

Resultados, consolidados por uma Holding. Para esta situação os Sistemas de Informação,

únicos e integrados, serão de grande importância para não somente a atuação dentro deste

Desdobramento dos Resultados

Modelo de Gestão e Organização

Atuação como Impulsionador do

Negócio

Simplicidade na Seleção das Ferramentas de

Tecnologia de Informação

Integração dos Recursos de Tecnologia

Postura de Facilitador

CONTRIBUEM PARA O

ALINHAMENTO DA TECNOLOGIA

ÀS ESTRATÉGIAS

Page 221: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

208

modelo de Gestão com também para o aumento da competitividade da organização como um

todo. Para tanto, o Plano Estratégico Focalizado da área de Tecnologia de Informação deverá

conter objetivos e metas relacionadas a esta integração de sistemas.

• Desdobramento dos Resultados: a partir dos indicadores de resultados da

organização, cada gerência deverá acompanhar o seu resultado na busca das metas

definidas a partir dos Indicadores de Resultado da Organização. Da mesma forma,

a área de Tecnologia de Informação deverá possuir indicadores de desempenho

acoplados às necessidades da área de negócio.

• Simplicidade na Seleção da Ferramenta de Tecnologia de Informação – TI: é

comum, por pressão dos fornecedores as áreas de TI, haver uma forte pressão, para

a escolha de diversos produtos, muitas vezes concorrentes, e não-integrados o que

pode induzir as gerências da área de TI a escolhas que no futuro acabem gerando

mais problemas do que solução. Assim, para estes casos, deve-se ficar atento a

produtos, que sejam considerados padrões de mercado e de alta simplicidade. A

escolha por padrões de mercado traz um grande facilitador que é a troca de

informações e integração com os seus parceiros no mercado, além de dar uma

garantia de que o produto irá ter uma continuidade evolutiva por conta da pressão

do próprio mercado. A escolha levando-se em conta a simplicidade é outro ponto

importante, pois, a maioria dos produtos que existe hoje no mercado certamente

não serão os mesmos daqui a três ou seis meses, ou seja, as mudanças dos produtos

são rápidas e drásticas. O que leva a não aquisição de produtos que sejam de

grande complexidade para a sua instalação, demandando muito tempo para a

capacitação dos seus usuários, ou seja, mais do que trinta dias e o pior,

necessitando de serem customizados para serem utilizados. A customização,

aparentemente uma vantagem, traz grandes problemas para a manutenção das

próximas versões do produto na organização, já que, para cada nova versão será

necessário que a organização despenda um custo adicional para customizar à nova

versão além de migrar os dados da versão antiga para a nova.

• Atuação como Impulsionador do Negócio: a área de TI pode ter uma atuação

como elemento reativo às mudanças ou como impulsionador do negócio. Nos dias

que seguem é extremamente necessário que se tenha à área de TI como o semeador

de novas idéias e tecnologias e não como o elemento ultrapassado que resiste a

novas implementações de hardware e software. Uma boa forma de medir se a área

de TI está atuando como impulsionador para o negócio é medir o número de vezes

Page 222: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

209

com que foram apresentadas pela área de TI novas soluções tecnológicas para a

solução de problemas da área de negócio, comparando com o número de soluções

tecnológicas apresentadas pelos usuários.

• Postura de Facilitador: a postura de atuação aberta a qualquer nova solução, ao

invés de atuar na defensiva, sempre procurando ‘vender’ uma tecnologia já

dominada pela área de TI, mas de pouco interesse pela área usuária, é fundamental

para que a atuação como facilitador do processo de implantação de mudanças e

impulsionadora dos negócios seja uma realidade.

• Integração dos Recursos de Tecnologia: o Plano Estratégico focalizado seus

objetivos, metas, políticas e diretrizes da área de TI devem ser construídos

acoplados às estratégias e políticas da organização. Quando isto não é feito, a

integração necessária dos recursos de TI. ficam bem mais difíceis de ocorrer, posto

que opiniões e vontades pessoais de cada um dos clientes da área de TI começam a

prevalecer, o que é bastante natural.

Cheong; Haglind (1997) comprovaram que as empresas já estão certas do potencial da

TI e do impacto da TI em seus negócios. No entanto para se extrair todos os benefícios do uso

da TI, é necessária a elaboração de estratégias de TI totalmente integradas à estratégia

corporativa e de negócios da empresa. Segundo Rezende (2003), faz-se necessário a

existência do total alinhamento do plano estratégico de TI ao modelo de negócios da

organização. Este alinhamento pode contribuir com os processos decisórios e com a gestão

empresarial. De forma permanente, as organizações buscam adequação e ajustes entre suas

funções e operações cotidianas com as necessidades do meio ambiente em que elas estão

inseridas. Com a necessidade de informações oportunas e conhecimentos personalizados as

organizações inteligentes requerem que a TI desempenhe um papel relevante e

estrategicamente alinhado ao negócio. Para Brynjolfsson; Hitt (2000), para que as empresas

que melhor utilizam TI aprimorem o modo como elas gerem os seus negócios, associam a

aplicação de TI como viabilizadoras de mudanças complementares em outros aspectos da

organização.

Cheong; Haglind (1997) apresentam um modo de melhor conhecer a estratégia da

empresa e avaliar o alinhamento de TI. Segundo os autores, a estratégia empresarial pode ser

dividida em dois conjuntos de características:

• Nível de abrangência da estratégia: quanto ao nível de abrangência da mesma,

podendo ser corporativa, negócios ou funcional.

Page 223: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

210

• Nível de abstração da estratégia: existem três dimensões do nível de abstração,

dimensão do processo, dimensão de conteúdo e dimensão de contexto.

A dimensão do processo diz respeito à essência da formulação da estratégia, significa

o próprio processo de elaboração da estratégia, desde as atividades de preparação, as pessoas

envolvidas na formulação da estratégia etc.

A dimensão de conteúdo, que indica que o processo de formulação da estratégia tem

que resultar num plano estratégico, que direcione as ações da organização para o atendimento

da estratégia. Ou seja, é necessário transformar a estratégias em planos de ação e metas a

serem realizadas.

A dimensão do contexto, que indica a necessidade de alinhamento e flexibilidade da

estratégia para mantê-la adequada às mudanças no contexto organizacional e ambiental.

O modo de análise de estratégia baseia-se na interdependência das três dimensões

descritas, somente através do entendimento de cada dimensão e seus relacionamentos

poderemos fazer o diagnóstico da estratégica. Ele tem por objetivo avaliar os pontos fortes e

fracos da estratégia e seu alinhamento com os objetivos e estratégias corporativas, de

negócios e funcionais, conforme descrito a seguir (Cheong, Haglind, 1997):

Passo 1: Identificar os objetivos intrínsecos da Estratégia de TI

− A estratégia deve prover direções para os projetos de TI a serem realizados;

− A estratégia deverá apontar áreas e competências a serem desenvolvidas;

− A estratégia tem por objetivo descrever os direcionamentos estabelecidos pela

organização para o futuro da TI, bem como definir os meios para que a empresa

prepare os seus recursos, processos e organizar para explorar a TI plenamente;

− A estratégia deve definir direcionadores para definir a arquitetura de TI

− A estratégia deve também identificar as responsabilidades e as formas de

relacionamento da organização de TI e outras áreas da empresa.

Page 224: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

211

Passo 2: Analisar a dimensão do processo de formulação da estratégia

− Foi feita uma análise SWOT (pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças) antes

da formulação da estratégia?

− Foi feita a análise dos processos de negócios antes de formulação da estratégia de

modo a identificar necessidades e oportunidades de redesenho, reengenharia,

simplificação ou otimização dos processos?

− O processo de formulação da estratégia de TI tem o envolvimento, aprovação e

comprometimento da alta administração?

− O processo de formulação da estratégia de TI envolve uma massa crítica de

membros tanto da organização de TI quanto da empresa?

− O processo de formulação da estratégia aumentou a confiança da empresa no

potencial da TI em toda empresa?

Passo 3: Analisar a dimensão do conteúdo da estratégia de TI

− Identifica e correlaciona os objetivos estratégicos da empresa? Fornece

direcionamentos e endereça adequadamente as necessidades dos diferentes níveis

de estratégia (corporativa, negócios, funcional) que existem na organização?

− Identifica e prioriza as áreas estratégicas onde o suporte da TI é essencial?

− Identifica o papel e as responsabilidades de cada um na organização com respeito

ao desenvolvimento, manutenção, e utilização dos recursos de TI?

− Identifica os recursos atuais e necessidades futuras necessárias à implantação das

estratégias e soluções de TI? (ex: aplicativos, pessoal, treinamento etc.).

− Identifica os pontos fortes e fracos da arquitetura de Informação e de TI, bem

como dos processos de negócios?

− Identifica necessidades de trocas de informações críticas entre os processos de

gestão, processos operacionais e processos estratégicos?

− Fornece uma visão estratégica da arquitetura de informação e de TI baseado nas

necessidades de tomada de decisão e de troca de informação entre os processos?

− Os objetivos e a estratégia estão suficientemente claros para ser compreendido por

todos nos diferentes níveis existentes da organização?

Passo 4: Analisar a dimensão do contexto da estratégia de TI

− Está alinhada com os negócios, o segmento de atuação e o ambiente onde a

empresa atua?

Page 225: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

212

Marchand (2000) apresenta um modelo de negócios para mensurar o alinhamento

estratégico da informação. A informação pode gerar valor para os negócios de quatro modos:

gerenciar riscos, reduzir custos, adicionar valor e criar novas realidades. A função de

adicionar valor compreende o papel da informação adicionando valor aos produtos e serviços

oferecidos aos clientes. A função de criar novas realidades significa utilizar a informação para

inovar, ou seja, criar novos produtos, prover melhores serviços, e usar tecnologias emergentes

para criar novas oportunidades de negócios. O modelo também tem por objetivo auxiliar a

administração da empresa nas respostas às questões: - O quanto a informação é importante

para a competição dos negócios da empresa hoje e no futuro? – Quais as prioridades

apropriadas ao uso e gerenciamento da informação? – Como devem os gerentes implementar

suas prioridades de negócios de forma a alcançar melhora de performance com pessoas,

informação e a TI?

5.3.2 Identificar a Missão da Organização de TI

Este é um passo de fundamental importância para o desenvolvimento do planejamento

estratégico de TI. A missão identifica a razão da existência da organização de TI. A visão

identifica as metas e os objetivos de longo prazo, ou seja, o modelo organizacional da TI.

Seguindo modelo definido por Oliveira (1995) e aplicando-o a TI conforme segue. Baseado

no planejamento estratégico corporativo e no planejamento estratégico das unidades de

negócio deve se definir a missão da Tecnologia da Informação na empresa. Corresponde a um

horizonte dentro do qual a TI atua ou poderá atuar. O estabelecimento da missão da TI tem

como ponto de partida a análise e interpretação de algumas questões como:

• Qual a razão de ser da área de TI?

• Quais os processos-chave da área de TI que viabilizam as estratégias corporativas

e das unidades de negócios?

• Quais são os produtos e serviços da área de TI que geram e viabilizam vantagem

competitiva para a empresa?

Page 226: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

213

A discussão destas questões com o nível gerencial, diretoria e equipe de TI leva a

seguinte situação:

• A definição das áreas de atuação prioritárias em que devem ser aplicados os

resumos disponíveis;

• O consenso de uma opinião de que os esforços e os recursos dirigidos aos alvos

estabelecidos no horizonte da missão serão bem sucedidos.

Adaptando o modelo de Oliveira (1995) a TI, entendemos que a missão exerce a

função orientadora e delimitadora da ação estratégica da TI, e isto dentro de um período de

tempo normalmente longo, em que ficam comprometidos as crenças, expectativas, conceitos e

recursos. A tecnologia da informação começou a revolucionar o projeto organizacional ao

proporcionar alternativas à hierarquia como meio principal de coordenação, segundo Abreu;

Abreu (2003). Segundo os autores, sistemas de informação, arquiteturas comuns, bancos de

dados compartilhados, ferramentas de apoio à decisão e sistemas especialistas capacitam a

coordenação do comportamento sem controle por meio da hierarquia, permitindo com isso a

criação de unidades autônomas ligadas pela informação. Também permite um acoplamento

menos rígido, sem os riscos de perda de coordenação e controle. A combinação do grande

potencial de tecnologia da informação com as grandes exigências do ambiente competitivo

levaram a inovação no projeto organizacional.

Moskowitz; Kern (2003) apresentam a missão de TI da empresa global Hershey

Foods, Inc, como um bom exemplo de missão de TI disseminada por toda a organização:

Disciplined

Investment guided by

Strategic architecture that supports

Collaboration across the organization through

Integration of

Process and people that facilitates

Learning,

Innovation, and

K Nowledge to yield

Enterprise results

Page 227: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

214

5.3.3 Definir os objetivos Estratégicos de TI

O processo de definição da estratégia de TI tem que ser implementado como um

processo de melhoria contínua. Ou seja, deve ser entendido como um processo analítico,

operacional e criativo, é um processo dinâmico de alinhamento com os negócios, que não tem

por objetivo gerar mais um manual para ficar guardado na prateleira. A estratégia de TI

resultante deste processo tem que ser comunicada para toda a empresa. O Plano Estratégico de

TI precisa ser disseminado e divulgado em linguagem de negócios em reuniões de alto nível,

visando a total sinergia da estratégia de TI e de negócios. A mensagem do valor e a real

contribuição da TI para o sucesso atual e futuro de cada unidade de negócios e da organização

como um todo, tem que ser bastante clara. As principais características do processo de criação

e da própria estratégia de TI são (MOSKOWITZ; KERN, 2003):

• Clareza;

• Participação e comprometimento da direção;

• Colaboração e participação das unidades de negócios;

• Alinhamento com os processos de negócios;

• Evolução contínua e constante em vez de apenas revisão anual fixa.

A definição da estratégia de TI deve ser mais orientada por processos de negócios do

que orientada por tecnologia, o que fornecerá uma estratégia para um horizonte mais longo. A

estratégia de TI pode existir em diferentes níveis de organização, segundo Cheong; Haglind

(1998), nível corporativo, nível unidade de negócios e o nível funcional. É muito importante a

clareza e o entendimento destes três níveis, uma vez que o objetivo, escopo e a abrangência da

estratégia variam de acordo com o nível abordado. O processo pelo qual a estratégia é

desenvolvida tem sérias implicações no sucesso da própria estratégia. O processo de

desenvolvimento da estratégia deve ser usado com uma plataforma para construir o consenso,

o suporte necessário, o comprometimento, e também a energia necessária para a

implementação com sucesso da estratégia. Além do envolvimento de uma massa crítica dos

recursos humanos da organização e ter um bom plano de comunicação para disseminar a

informação, a elaboração da estratégia de TI deve ser precedida por uma análise dos processos

de negócios. A importância desta análise no processo de elaboração da estratégia de TI além

de alinhá-la com visão de negócios e os objetivos estratégicos da empresa, com a análise

prévia dos processos de negócios obtém-se também:

Page 228: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

215

• Identificar os processos de negócios críticos para garantir a sobrevivência e o

crescimento sustentável da empresa;

• Diferenciar os processos com foco no cliente e os processos que agregam valor aos

clientes de outros processos;

• Identificar pontos fracos nos processos existentes e o potencial de melhorias que

poderão ser implementadas.

Segundo Boar (2002), o resultado do processo de elaboração da estratégia é a

descrição da estratégia. A descrição deve refletir as considerações obtidas pelos vários

elementos da organização, bem como estão implementadas na descrição e comunicada para

todas aquelas que direta ou indiretamente são impactadas pela estratégia de TI. A descrição da

estratégia deve conter pelo menos os tópicos a seguir:

• Natureza do Negócio – A descrição de qual é o negócio da empresa? Quais são os

limites dos negócios? Qual é o foco estratégico?

• Ambiente – Uma descrição do conhecimento sobre fatores e tendências relevantes

e significativas que envolvem a empresa podendo impactar ou influenciar os

negócios da empresa no presente e no futuro. As questões seguintes devem ser

respondidas: Qual é o ambiente de TI, hoje e como poderá ser no futuro? Quais são

as competências atuais e quais devem ser as competências do futuro? Quais são os

pontos fortes e os pontos fracos da atual arquitetura de TI? Quais as tecnologias

principais que podem ter impacto significativo para atingir ou redirecionar as

metas da empresa?

• Metas e objetivos – Totalmente alinhada com a estratégia de negócios da empresa,

as metas e os objetivos da estratégia de TI tem que ser definida de forma clara.

Quais são as competências de TI que estamos tentando alcançar? Quais são os

objetivos de longo prazo que devem ser estabelecidos para a organização de TI?

Por exemplo, se a estratégia de negócios requer mais serviços de valor agregado

aos clientes para aumentar sua lealdade. Quais são os sistemas e a infra-estrutura

que são necessárias para alcançar estes objetivos e quando estarão disponíveis à

empresa?

• Ingredientes da estratégia – Esta parte inclui os planos de ação para se alcançar os

objetivos da estratégia. Se por exemplo a meta da organização de TI é melhorar as

capacidades da equipe de TI, isto ocorrerá através de contratação, treinamento,

reciclagem ou uma combinação dos bens? Se uma nova estrutura é necessária para

Page 229: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

216

suportar alguns sistemas estratégicos, como ela será adquirida e quando?

Juntamente com as alternativas, os principais riscos associados devem estar

identificados. É também importante estabelecer a dependência de uma estratégia

com outra. Se a estratégia é prover mais serviços de valor agregado aos clientes,

existe alguma influência ou impacto da estratégia de marketing? O que é

necessário saber melhor das preferências dos clientes para disponibilizar o que eles

realmente querem? Por último, a descrição da estratégia tem que identificar os

recursos necessários para implementar as ações e tem que apresentar projeções

financeiras de custo e benefício na implementação da estratégia.

Abreu; Abreu (2003) cita os principais fatores que contribuem para o não alinhamento

entre as estratégias empresariais e de TI:

• Pressão dos fornecedores de solução de tecnologia da informação;

• Modelo de gestão de TI ainda muito preso aos tradicionais modelos centralizados;

• O perfil de profissionais de gestão de TI;

• Profissionais de TI com uma visão excessivamente técnica;

• Visão de TI como atividade fim, ao invés de meio;

• Não considerar a TI no contexto estratégico;

• Divergência nas informações do Chief Information Officer (CIO) e Chief Executive

Officer (CEO);

• Distribuição da computação para o usuário final;

• Promessas não cumpridas;

• Disputas por espaço e poder;

• Estrutura de TI mal definida;

• Conflitos internos de da organização;

• Falta de distribuição de responsabilidades, acerca do sucesso / insucesso no

desenvolvimento de soluções de TI;

• Baixa participação do CEO junto à área de TI;

• Falta de sintonia entre a gestão da TI das suas área de negócio;

• Problemas de comunicação quanto à linguagem;

• Redução do grupo de TI;

• Baixo comprometimento da cúpula no sucesso / insucesso das soluções de TI

planejadas;

Page 230: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

217

• Posicionamento do CEO quanto às potencialidades de TI;

• Falta de capacidade de priorização dos projetos por parte dos profissionais de TI;

• Baixa capacidade de entendimento das estratégias;

• Problemas no processo de comunicação das estratégias;

• Alta rotatividade no cargo do CIO.

Para Oliveira (1995), no processo de planejamento estratégico podem-se visualizar

quatro níveis, conforme apresentados na Figura 5.21. O estabelecimento de objetivos e

desafios é básico para qualquer atividade ou negócio, uma vez que, não se sabendo aonde se

quer chegar com a empresa, negócio ou área funcional, qualquer caminho servirá. O

estabelecimento dos objetivos e desafios é um processo criativo por si só, pois:

• Envolve concepção de vários objetivos e desafios compatíveis possíveis;

• Exige consistência com os recursos internos;

• Exige consistência com as condições ambientais;

• Envolve a relação custo / benefício;

• Envolve um sentido de qualidade de toda a empresa;

• Envolve liberdade para se cometerem alguns erros;

• Envolve o recolhimento do possível em relação ao impossível, porém sempre

desejando uma aproximação maior com o segundo aspecto.

Os objetivos definem estados mensuráveis específicos a serem alcançados. Um bom

objetivo é mensurável, alcançável, explícitos, sucintos e claros, datados e coerentes com todos

os outros objetivos. A medição pode ser definida em qualquer um dos três modos:

• Existência – Algo que não existia, mas agora existe (ou o contrário).

• Eficácia – Uma medida quantificável de satisfação.

• Eficiência – Uma medida quantificável da produtividade.

Page 231: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

218

Figura 5.21 – Componentes, condicionantes, níveis de influência e níveis de abrangência da estratégia empresarial.

Fonte: OLIVEIRA (19 95)

Segundo Boar (2002), metas são pontos intermediários de realização no caminho para

se atingir um objetivo. Elas compartilham os mesmos atributos que os objetivos, pois devem

ser sucintas, claras, mensuráveis e datadas. Como se pode ver na Figura 5.22, as metas podem

ser desenvolvidas trabalhando-se para trás a partir do objetivo e respondendo-se à pergunta:

Onde eu preciso estar e quando precisarei esta lá para conseguir o objetivo na data indicada?

Estratégia

Corporativo

UEN

Empresa

Tático

Operacional

AMBIENTE EMPRESARIAL

SITUAÇÃO DA EMPRESA

RESULTADO

RECURSOS

CURSO DE AÇÃO

COMPROME-TIMENTO

Page 232: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

219

Figura 5.22 – Definindo metas.

Fonte: BOAR (2002).

Abreu; Abreu (2000) apresenta uma análise de diversos modelos de avaliação de

Estratégias Empresariais e Suporte de Tecnologia da Informação, Figura 5.31. Alguns

modelos de diagnóstico de empresas e seu respectivo ambiente de atuação têm sido utilizados

para identificar oportunidades em áreas de negócios onde a TI pode dar suporte à estratégia

organizacional. Dentre eles destacam-se: O Modelo de Porter & Millar (1985); o Modelo de

Wiseman; MacMillan (1984); o Modelo de Bakos; Treacy (1986); o Modelo de Turban

(1996) e o Modelo de Fernandes; Alves (1992). O modelo de Fernandes; Alves é composto de

três etapas:

1. Identificação da natureza das forças competitivas da organização

2. Definição das estratégias para a organização

3. Identificação do suporte da TI às estratégias propostas pela organização

3.1 Análises dos impactos da TI

3.2 Grau de dependência estratégica da organização com relação a TI;

3.3 Identificação de oportunidades de uso de TI. Nesta etapa buscam-se as

respostas às seguintes questões:

− A TI pode criar barreiras de entrada?

− A TI pode reduzir ou eliminar barreiras de entrada?

− A TI pode reduzir os custos de mudança?

− A TI pode mudar o relacionamento com fornecedores/compradores?

− A TI pode reduzir custos?

− A TI pode criar diferenciação?

Med

ida

Tempo

Medida inicial

Meta 1

Meta 2

Objetivo

Page 233: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

220

− A TI pode transformar a cadeia de valor?

− A TI pode criar novas oportunidades de negócios?

− A TI pode embutir informação nos produtos?

− A TI pode adicionar valor continuamente aos produtos e serviços da empresa?

Na Figura 5.23 é apresentado um esquema genérico para avaliar o emprego da TI

FERNANDES; ALVES(1992).

Page 234: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

221

Figura 5.23 – Análise comparativa dos modelos apresentados.

Fonte: ABREU; ABREU (2000).

Wiseman & MacMillan – Ímpeto Estratégico – Alvo Estratégico (1984)

Porter & Millan (1985)

MODELO

Cadeia de valor de Porter (1985)

Serve como estrutura para ilustrar como TI afeta competição (1985)

Determinar como uma TI específica pode acrescentar várias ligações na cadeia

IDÉIA BÁSICA

Não é aplicável. Modelo muito detalhado, atingindo nível de processos

APLICABILIDADE AO CASO ESTUDADO

Modelo das Forças Competiti-vas de Porter (1985)

Identificar oportunidades que garantam a obtenção de vantagem competitiva através do uso de TI inovadora

Formar uma matriz que identifique a melhor estratégia para cada uma das t rês forças competitivas consideradas (fornecedores, consumidores competidores)

Não é aplicável. Não deixa claro, os passos a serem seguidos para que se identifique quais aplicações de TI podem ser utilizadas no suprte às estratégias organizacionais

Bakos & Treacy – Poder de Barganha e Eficiência Comparati-va (1986)

Modelo das Forças Competiti-vas de Porter (1985)

Identificar oportunidades que garantam a obtenção de vantagem competitiva através do uso de TI inovadora

TI pode dar suporte a várias atividades que direcionam poder de barganha e eficiência comparativa

Não é aplicável. Modelo pouco detalhado. Não mostra os passos para que se atinja o objetivo proposto

Turban (1996)

Modelo das Forças Competiti-vas de Porter (1985)

Demonstrar como TI pode ser usada como mecanismo de apoio para gestão estratégica organizacional

TI funciona como mecanismo de suporte para atividades de resposta críticas

Aplicável. Bastante genérico, servindo para elaborar um diagnóstico da situação em estudo

Fernandes & Alves (1992)

Modelo das Forças Competitivas de Porter (1985) e Cadeia de Valor de Porter (1985)

Definir estratégia com a utilização de TI

Toda organização está inserida num ambiente composto por um conjunto de forças competitivas que determinam seu nível de retorno ou rentabilidade. Partindo da análise da importânica de cada força competitiva para a organização, e seguindo uma série de passos pré-determinados, é possível definir usos de TI como suporte às estratégias organizacionais

Aplicável. Bastante detalhado, fornecendo um check-list do processo e possibilitando a definição de ações visando a dar suporte às estratégias organizacionais através de TI

BASE UTILIZAÇÃO

Page 235: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

222

Figura 5.24 - Esquema genérico para avaliar o emprego da TI

Fonte: ABREU; ABREU (2000 ).

5.3.4 Definir a Arquitetura de TI

Para Weil; Broadbent (1998), Arquitetura de Tecnologia da Informação é definida

como um conjunto de políticas e regras que governam o uso atual da tecnologia da

informação, como também pavimenta o modo como os negócios utilizarão a TI no futuro. As

definições da arquitetura de TI provêm os direcionamentos para implantação da infra-

estrutura de TI por toda a organização.

Lane et al. (2004), propõem como primeira atividade para se propor a nova arquitetura

de TI, fazer um diagnóstico da situação atual da arquitetura. O objetivo é identificar as

oportunidades de negócios não atendidas satisfatoriamente ou identificar necessidades não

previstas pela atual arquitetura. Questões importantes a serem feitas nesta verificação são:

• Que aplicações estão sendo utilizadas para suportar os processos-chave da

empresa?

• Quão bem as aplicações estão atendendo as necessidades de negócios?

• Qual é a topologia (desenho e estrutura) da rede de comunicações, que negócios

não estão contemplados pela rede?

• Quão bem a organização atual de TI atende e suporta os clientes internos?

Tecnologia da informação (TI)

Eficiência interna

Processo produtivo

Dependência do consumidor / fornecedor

Desempenho organizacional

Custos de produção

Eficiência interna

Eficiência interna

Vantagens competitivas

Poder de barganha

Vantagens competitivas

Page 236: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

223

• Quão confiável é atual infra-estrutura de TI?

Conforme apresentado por Weil; Broadbent (1998), a arquitetura de TI é um conjunto

regras e diretrizes que direcionam o uso da TI na organização e, bem como, projeta como esta

infra-estrutura vai atender as necessidades atuais e futuras dos negócios. Ele define os

direcionadores da Infra-estrutura de TI, e para os autores os seguintes princípios devem ser

seguidos na definição da Arquitetura de TI:

• Ter compatibilidade entre os diversos sistemas e aplicações

• Definir políticas e procedimentos para estabelecer a estratégia de TI

• Descrever o modelo tecnológico da organização

• Evitar a multiplicidade de fornecedores e buscar tecnologias que tornem a TI

independente do fornecedor

A arquitetura de tecnologia da informação de uma empresa é constituída das

estruturas de processos e de dados que suportam o negócio, além da própria tecnologia

utilizada para disponibilizar os sistemas de informações para todos os níveis da empresa.

A Arquitetura de Tecnologia da Informação é criada pelo processo de planejamento

estratégico e inclui os seguintes componentes principais [O’BRIEN (2003), WEIL;

BROADBENT (1998)]:

• Plataforma Tecnológica – Sistemas de computadores, software, sistema de

informações e rede de telecomunicações fornecem uma infra-estrutura à

plataforma de computação e comunicações que suportam o uso da tecnologia da

informação na empresa.

• Recursos de Dados – Diversos tipos de banco de dados operacionais e

especializados, incluindo datawarehouse e base de dados Internet / Intranet

armazenam e fornecem dados e informações para os processos empresariais e

apoio à decisão gerencial.

• Portfólio de Aplicações – Aplicações empresariais de tecnologia da informação

que apóiam funções organizacionais, bem como processos empresariais

interfuncionais. Além disso, um modelo de aplicações deve incluir apoio para as

relações comerciais interorganizacionais, tomada de decisões gerenciais,

computação e colaboração pelos usuários finais e iniciativas estratégicas para

alcançar vantagem competitiva.

Page 237: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

224

• Organização da Tecnologia da Informação - A estrutura organizacional da função

de sistemas de informação dentro de uma empresa e a distribuição dos

especialistas de sistemas de informação e tecnologias entre a matriz e as unidades

de negócios pode ser projetada ou reformulada para atender mudanças nas

estratégias de uma empresa. A forma de organização da TI depende da filosofia

gerencial, visão e estratégias de negócios e de TI formuladas durante o processo

de planejamento estratégico.

Buuron (2002) apresenta a Arquitetura de TI dividida em quatro tipos de arquitetura:

• Arquitetura Consolidada busca centralizar e consolidar a infra-estrutura, enfatiza a

busca de redução de custos e a simplificação de sistemas e da infra-estrutura.

• Arquitetura Conectada enfatiza a interconexão entre as várias unidades da

empresa e mesmo entre diversas empresas. Identifica padrões de conexão e de

integração entre sistemas e aplicativos.

• Arquitetura de Inovação: enfatiza a adaptabilidade. Uma das finalidades é suportar

a um ambiente de experimentação dos negócios para criação de novos produtos de

negócios e novos processos de negócios

• Arquitetura Atualizada: busca obter vantagens para os negócios dos avanços da

tecnologia. Compreendem a análise e implementação constante das evoluções

tecnológicas, novas metodologias.

Conforme Buuron (2002), cada estratégia de arquitetura possui seus benefícios e

requer diferentes níveis de investimento, e elas também não são mutuamente exclusivas, a

arquitetura de TI da empresa pode ter um viés de cada uma das estratégias acima. Porém a

decisão do modelo e estratégia da arquitetura de TI que será adotada deve ser de

responsabilidade da alta administração, com a participação no processo decisório também do

CIO. A Alta Administração tem que liderar as decisões estratégicas de TI da empresa,

buscando sempre equilibrar a definição da estratégia vs a capacidade de execução, incluindo

a monitoração e análise de impactos do alinhamento da TI às prioridades do negócio, visando

a excelência empresarial aliada aos grandes ganhos, bem como a flexibilidade para reagir às

diversas mudanças de mercado e nas forças da competição. A Arquitetura de TI tem que se

alinhar aos objetivos de negócios e implantar uma plataforma de TI de alta performance,

seguindo os princípios básicos de escalabilidade, adaptabilidade, usabilidade, integração,

custo total de propriedade.

Page 238: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

225

A empresa precisa investir no modelo de TI para atingir os quatro objetivos da

administração: transacional, infra-estrutura, informacional, estratégico [Weil; Broadbent

(1998), Buuron, (2002)]. A Figura 5.25 apresenta os objetivos da administração e como estes

se relacionam com os investimentos necessários no Portfólio de TI.

Figura 5.25 – Gestão de objetivos para a pasta de investimento em TI.

Fonte: BUURON (2002).

Objetivos da Infra-estrutura de TI

A Infra-estrutura é o fundamento da Arquitetura de TI, e tem por objetivo prover

serviços compartilhado confiáveis e utilizados por toda a organização e coordenado pela

estrutura corporativa da organização de TI, através de equipes próprias ou por fornecedores

externos de serviços. Significa a disponibilização de recursos e serviços para toda a

organização em qualquer local onde atue e inclui os serviços de rede e telecomunicações,

fornecimento e gerenciamento dos data-centers (centros de computação), gerenciamento das

bases de dados, os serviços de Internet, bem como a pesquisa e desenvolvimento de

competências em tecnologias emergentes que gerem vantagens competitivas e agreguem valor

real para os negócios.

Objetivos da camada transacional

Compõem a Arquitetura de Processos Transacionais e Informação, compreende

principalmente as decisões de investimentos das soluções de TI que atendam ao

processamento e automação das transações das operações da empresa. Inclui nestes objetivos

a decisão em sistemas integrados de gestão e planejamento tais como ERP (Enterprise

Resources Planning), SCM (Supply Chain Management), CRM (Customer Relationship

Infra-estrutura

Transacional

Estratégia

Infor- macional

Integração de negócios Flexibilidade e agilidade nos negócios Redução da margem de custo dos negócios unidos a TI Redução de custos em TI após o tempo de estabilização

Aumento das vendas Vantagem competiti va Necessidade competitiva Posicionamento no mercado Inovação dos serviços

Aumento do controle Melhores informações Melhor integração Qualidade melhorada

Redução dos custos Aumento direto

Page 239: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

226

Management), SRM (Supplier Relationship Management), soluções e-business etc. Este

modelo de solução tem que refletir a excelência empresarial desejada através da TI.

Objetivos da Camada Informacional

Compreende a Arquitetura de Processos de Gestão e Informação da empresa que

fornece informações para o planejamento, gerenciamento e controle da empresa. As soluções

de TI desta categoria são tipicamente em Sistemas de Apoio a Decisão, Business Intelligence,

Corporate Performance Management, Strategic Enterprise Management, Gestão do

Conhecimento etc. O produto da Arquitetura de Processos de Gestão e Informação é a

disponibilidade de dados, informação e conhecimento, para toda a organização e suportar

tomadas de decisão, seja global, de negócios, funcionais ou operacionais.

Objetivos da Camada Estratégica

Os objetivos dos investimentos de TI para atender a camada estratégica da organização

deferem bastante dos outros elementos que compõem o Portfólio de TI. Compreendem os

investimentos para ganhar ou sustentar uma vantagem competitiva, ou atingir uma posição de

liderança em determinados negócios. O atendimento dos objetivos estratégicos é uma

conseqüência dos investimentos realizados na Infra-estrutura de TI, Arquitetura de Processos

e Informação, Arquitetura de Processos de Gestão, que permitem a empresa viabilizar seus

objetivos estratégicos bem como a excelência empresarial em toda a sua plenitude.

Um diagrama da abrangência e do alcance da TI conforme apresentado na Figura 5.26,

estabelece uma relação entre os requerimentos de negócios com a capacidade de atendimento

da TI. Este diagrama define os requisitos de arquitetura, integração, infra-estrutura, e padrões

correlacionados com necessidades de negócios, ou seja, descreve a arquitetura de TI numa

linguagem de negócios [LUFTMAN (1996), WEIL; BROADBENT (1998)].

Page 240: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

227

Figura 5.26 – Limites e alcance: exemplificação da integração.

Fonte: LUFTMAN, 1996

Para Moskowitz; Kern (2003), as decisões e os direcionamentos da arquitetura de TI

são assuntos de negócios, a educação e o comprometimento da direção da empresa para estas

decisões é uma das características de uma organização de TI de classe mundial. O objetivo de

implantação de uma arquitetura de TI global não é alcançada sem esta educação e

comprometimento. Um exemplo de padrões da Infra-estrutura de TI corporativa a nível

mundial:

• Padrão Global de Sistemas Operacionais dos Microcomputadores

• Padrão Global da Suíte de Aplicativos de Microcomputadores

• Padrão Global de Sistemas Operacionais de Servidores

• Padrão Global de Serviços de Comunicação e de Plataforma de Colaboração

• Padrão Global de Acesso remoto

• Padrão Global de Software e Sistemas Aplicativos

• Padrão Global de Sistemas de Backup

• Padrão Global de Sistemas Antivírus

• Padrão Global de Hardware (servidores e microcomputadores)

• Padrão global de Monitoração e Análise de Performance

• Padrão Global de Banco de Dados

Determinação de alcance A localização e pessoas que podem acessar serviços e informações

Qual base oferece diariamente maior limite e alcan ce? Qual base permite velocidade, eficiência adicional para qualquer limite e alcance? Qual base permite a ampliação adicional para qualquer extensão? Qual base preserva melhor os investimentos existentes, mas permita-lhes acrescentar e aumentar em limi te e alcance?

O alcance da informação pode dividir –se automaticamente e diretamente através de serviços

Qualquer pessoa Em qualquer parte Clientes, fornecedores independentemente de base facilitadas Clientes, fornecedores com a mesma base facilitada de TI Dentro da empresa, Local interno

Padrão de comunicação

Acesso ao armazenamento

de dados Transações individuais

Transações corporativas

Page 241: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

228

• Padrão Global Ferramentas e Metodologias de Desenvolvimento de Sistemas

• Padrão Global de Topologia e Serviços de Gerenciamento de Redes

Complementam os autores, que para obtenção deste ambiente padronizado e de alta

qualidade o gerenciamento da arquitetura de TI tem que ser formalizado e ser uma das

atribuições da alta administração gerenciar as estratégias e os padrões globais de TI. É

condição obrigatória que a arquitetura de TI esteja alinhada aos objetivos estratégicos, de

modo que as necessidades atuais e futuras já estejam disponíveis no momento da necessidade

e direcione os investimentos em infra-estrutura, Figura 5.27. As questões colocadas pela

direção da empresa quanto ao portfólio de investimentos em TI são principalmente (WEIL;

BROADBENT, 1998):

• Quanto nós devemos investir em tecnologia da informação em comparação com

os nossos competidores?

• Como podemos equilibrar o portfólio de investimentos de TI quanto ao risco e os

resultados esperados?

• Como definir o modelo de justificativa de investimentos em infra-estrutura?

• Quantos devem alterar nossas práticas de gerenciamento para melhorar a

efetividade do retorno para os negócios dos investimentos realizados em TI

Page 242: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

229

Figura 5.27 – Alinhamento de estratégia de negócios e tecnologia de informação

Fonte: WEILL; BROADBENT, 1998.

Weil; Ross (2004) apresentam um modelo de infra-estrutura integrada de TI que

combina toda a capacidade compartilhada de TI numa plataforma para suportar os níveis de

processamento da empresa. Na visão dos autores a infra-estrutura integrada de TI tem dez

componentes principais e cada um deles tem o seu conjunto de decisão de padrões, integração

e tecnologia a ser utilizada (Figura 5.28).

Estratégia De

Contexto

Produtos Mercado

Investimento Clientes

Intenção estratégica

Corrente estratégica

Barreira de Expressão

Ambiente

Oportunidades: tecnologia Ameaças: competidores Coação: regulamento

Impactos

Modelo de TI

Transacional

Infra-estrutura

Informacional Estratégia

Estratégia de TI

Impactos

Permitir Informação Condução

Alin

ham

ento

Papel da TI

Papel da TI

Distribuição e Serviços

Padrões e Políticas

Barreira de Especificação

Barreira de Implementação

Page 243: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

230

Figura 5.28 – Infra-estrutura de TI em dez grupos. Fonte: WEIL; ROSS (2004).

5.4 ETAPA DE EXECUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO

Para o sucesso deste processo de planejamento, Bougeois; Brodwin (1983) apud

Cheong; Haglind (1998) orientam que é de fundamental importância envolver maior número

de pessoas possíveis de todos os níveis da empresa, durante o processo de formulação da

estratégia. A ausência deste envolvimento amplo é um dos maiores causadores de falhas na

implementação de muitas estratégias. Para que a estratégia de TI permaneça, ela tem que ser

um documento dinâmico, ou seja, tem que ser continuamente atualizado, acompanhado e

apropriadamente mantido. Por outro lado tão importante quanto manter a estratégia

atualizada, ressalta-se também a necessidade de revisão e acompanhamento contínuo do

ambiente do ambiente externo e redefinido o curso de ação quando da ocorrência de eventos

modificadores do status quo. Todos os conceitos da escola de planejamento estratégico podem

muito bem ser aplicados no processo de definição da estratégia de tecnologia da informação.

Seguindo o modelo de Boar (2002) a execução é o ato de colocar o plano em

movimento. As estratégias são operacionalizadas por meio de programas de implementação

com a liderança de um proprietário da estratégia e o patrocínio de um defensor da estratégia e

Page 244: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

231

o patrocínio de um defensor da estratégia. A Figura 5.29 é uma visão geral da etapa de

execução. A execução confronta os proprietários e defensores da estratégia com uma grande

variedade de problemas, incluindo os seguintes:

• Habilidades inadequadas de gerenciamento de projetos.

• Descoberta de problemas imprevistos.

• Descoberta de comprometimento da organização.

• Falta de liderança executiva.

• Agito da estratégia.

• Resistência a mudanças.

• Demanda por resultados imediatos.

• Esforços para contenção de custos.

Figura 5.29 – A etapa de execução coloca o plano em movimento.

Fonte: BOAR (2002).

O sucesso é projetado e preparado pelo seguinte (BOAR, 2002):

• Um plano de comprometimento cuidadoso;

• Um plano de gerenciamento de mudança totalmente desenvolvido;

• A seleção de proprietários e defensores da estratégia capazes;

• O projeto de uma arquitetura de recursos humanos que estimule os

comportamentos desejados;

• Grande participação no desenvolvimento da estratégia;

• Treinamento e suporte para o gerenciamento de projeto;

• Um processo de planejamento estratégico profissional que ganhe o respeito da

organização;

Monitoração – OK Aprendizado Vigilância

Programas de implementação

Projetos

Consertar

Sim Não

Page 245: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

232

• Uma intenção estratégica digna de esforço individual, entusiasmo e

comprometimento;

• Uma estratégia ‘profunda e larga’, que capture a imaginação do pessoal;

• O projeto de uma economia de TI interna que motive os comportamentos

desejados e a tomada de decisão;

• Um sistema bem projetado para medição da satisfação do cliente.

A execução é citada como a etapa mais difícil do processo de estratégia. As falhas de

estratégia normalmente são atribuídas a um fraco gerenciamento de projeto. Boar (2002) não

compartilha essa visão. Sem dúvida, afirma o autor, a mecânica do gerenciamento de projeto

pode ser mal executada, mas a capacidade dos gerentes de projeto executarem programas de

implementação é decretada antecipadamente, durante a etapa de estratégia, pelo projeto da

economia interna de TI, pelo projeto da arquitetura de recursos humanos, pela atribuição de

proprietários e defensores, pelo sistema de gerenciamento da satisfação do cliente, pelo plano

de comprometimento e pelo plano de gerenciamento de mudança. A etiologia da falha na

execução normalmente acontece devido às falhas no plano estratégico, e não devido a um

gerenciamento incompetente de projeto. Os seis itens criam um ambiente de implementação

em que os agentes de mudança podem afetar a mudança. A execução da estratégia é vencida

ou perdida com base na profundidade, introspecção e presciência do plano estratégico, e não

nos procedimentos do gerenciamento de projeto. O sucesso da execução pode ser previsto no

término da etapa de estratégia. Imperfeições no gerenciamento de projeto são relativamente

fáceis de corrigir. O desafio real é o pré-posicionamento para o sucesso.

Para Boar (2002), monitoração é a revisão formal periódica dos projetos para avaliar o

progresso. As ações e as técnicas precisam ser revisadas, adaptadas e ajustadas com base na

experiência do mundo real. Pela revisão cuidadosa e constante, ações proporcionais podem

ser tomadas para redirecionar significativamente o curso de nossas estratégias, para que esteja

de acordo com tempos e circunstâncias em evolução. A monitoração, no entanto, precisa ir

além das revisões convencionais de gerenciamento de projeto. Estamos igualmente

preocupados com o aprendizado e a vigilância. Com aprendizado, Boar (2002), apresenta a

busca ativa de lições a partir das experiências práticas e a incorporação dessas lições em

processos e programas. As experiências do dia-a-dia das equipes de projeto são algumas das

melhores fontes para obter introspecção sobre como melhorar o processo de estratégia. O

aprendizado responde à pergunta: ‘O que pode ser feito nas etapas de avaliação e estratégia do

processo para melhorar e simplificar a etapa de execução da próxima vez?’ Vigilância, na

Page 246: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

233

visão de Boar (2002), é a verificação pró-ativa contínua do ambiente em busca de eventos que

possam exigir uma avaliação e resposta estratégica em tempo real. O modelo de planejamento

estratégico apresentado é um ‘modelo de calendário’. Infelizmente, o mundo nem sempre

escolhe evoluir em sincronismo com um determinado programa de planejamento. Deve-se

estar vigilante para reconhecer eventos imprevistos, que possam mudar os planos. O processo

que lida com eventos não antecipados de natureza estratégica é denominado gerenciamento

dinâmico de problemas.

Ao considerar o caráter da execução, sempre se deve lembrar dos três pontos a seguir

(Boar, 2002):

• O gerenciamento de projeto, o processo de gerenciamento da implementação da

estratégia, é a competência básica da estratégia. Essa é a ferramenta para o

gerenciamento coerente de movimento, aprendizado, vigilância e adaptação.

• A execução é um componente integral do planejamento estratégico. Essa é uma

parte indivisível do trio de planejamento estratégico. Avaliação, estratégia e

execução. A avaliação antecede a estratégia, a estratégia antecede a execução e a

execução antecede a avaliação. A essência de alguma coisa inclui aquelas

propriedades que não podem ser removidas sem sua perda de identidade. Todos os

três (avaliação, estratégia e execução) compõem a essência do planejamento

estratégico, e precisam ser entendidos como uma unidade. Portanto, não tem

sentido discutir o planejamento estratégico sem a intenção da execução, e é

impossível executar a estratégia sem que ela seja precedida (formal ou

informalmente) pela avaliação e o projeto da estratégia.

• A execução é ‘a batalha’, conforme ensinado por Sun Tzu, ela é ganha ou perdida

antes do confronto real, com base na profundidade e no alcance da sua estratégia.

Boar (2002) apresenta como alternativa a revisão através de especialista, ou seja, a

contração de especialistas independentes e externos para revisar o processo de estratégia e

planejamento de TI. Essa técnica funciona melhor quando um relacionamento em longo prazo

foi estabelecido com o especialista, de modo que ele tenha extensa familiaridade com sua

empresa. Para ser efetivo e eficaz na revisão da estratégia, o especialista precisa ter as

seguintes características:

• Estar familiarizado com sua empresa.

Page 247: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

234

• Estar familiarizado com o setor de TI.

• Estar familiarizado com seus clientes.

• Estar familiarizado com seus concorrentes.

• Ter entrada e acesso ao benchmarking no setor.

Quando usada, a revisão do especialista normalmente é feita na forma de um painel de

pelo menos três especialistas. De importância particular são a revisão do plano de

comprometimento e o plano de gerenciamento de mudança. Uma estratégia tem pouco valor

se não puder ser implementada com sucesso. O plano de gerenciamento de mudança e o plano

de comprometimento são capacita dores críticos para a execução bem-sucedida. Essa técnica

pode ser aplicada na conclusão das etapas de avaliação ou estratégia. A finalidade de uma

verificação de perspectivas externas é testar a estratégia pelos pontos de vista dos principais

eleitorais externos. Os pontos de vista externos mais comuns incluiriam perguntas como estas:

• Os acionistas desejariam possuir uma empresa com essa estratégia?

• Os competidores terão medo de uma empresa com essa estratégia?

• Os funcionários ficarão entusiasmados com uma empresa com essa estratégia?

• Seus clientes encontrarão um motivo forçoso para fazer negócios com uma

empresa com essa estratégia?

• Outras empresas desejarão formar alianças com uma empresa com essa estratégia?

• Os fornecedores desejarão desenvolver relacionamentos de cooperação preferida

com uma empresa com essa estratégia?

Para cada uma dessas perguntas, um argumento afirmativo convincente deverá ser

desenvolvido. Se tal argumento não puder ser desenvolvido, as falhas da estratégia terão que

ser corrigidas (Boar, 2002).

5.4.1 Sistematizar as Informações e Conclusões

Lane et al. (2004) fornecem uma lista de verificação de questões ou de pontos que

devem ser analisados na elaboração do plano estratégico de TI. Neste ponto é importante

verificar se os tópicos a seguir foram considerados na etapa de levantamento de informações e

diagnóstico:

Page 248: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

235

1. Equipe Interna ou Equipe Externa – Definir direcionadores;

2. Objetivos estratégicos – principais metas da TI;

3. Requerimentos dos principais clientes e patrocinadores;

4. Indicadores de desempenho – custo, lead time, vantagem competitiva;

5. Percentual do Custo de TI da receita total da empresa;

6. Pressões econômicas – Orçamento de TI;

7. Perspectivas de mudanças tecnológicas e planos de migração;

8. Portfólio de Projetos anual - visão geral de três anos;

9. Garantia e qualidade dos serviços de negócios e acordos de níveis de

serviço;

10. Implicações de rede de aplicações corporativas;

11. Fusões e Aquisições – atuais e futuras;

12. Desenvolvimento de pessoal e equipe e política de retenção de pessoal.

Nesta etapa, Varajão; Amaral (2000) estabelece que é necessário organizar, analisar e

extrair as conclusões das informações levantadas e dos diagnósticos realizados. Os objetivos

desta etapa são:

• Confirmar que os aspectos abordados nas entrevistas e nas reuniões de grupo

foram compreendidos e estão de acordo com a visão global da organização;

• Fornecer uma base para recomendações e planos de ação;

• Ajudar a definir as prioridades;

• Prover informação para a descrição das aplicações na arquitetura de

informação e nos recursos a serem aplicados na arquitetura de TI.

Esta etapa compreende as seguintes atividades (VARAJÃO; AMARAL, 2000):

• Organização e refinamento da informação;

• Definição das categorias de conclusão

• Ordenação dos problemas e oportunidades por categoria

• Descrição das conclusões

• Ordenação dos problemas e oportunidades por critérios de prioridades

Page 249: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

236

Definição das Categorias de Conclusão: A seguir um conjunto de questões para o

desenvolvimento das conclusões (Amaral, Varajão, 2000):

Objetivos

− Existem objetivos bem definidos para a organização em geral e para cada função

principal?

− Os objetivos organizacionais e departamentais fornecem uma direção para o PETI?

− Que relação existe entre cada um dos objetivos e a arquitetura de TI atual?

− Existe informação disponível para verificar em que medida os objetivos são

alcançados?

Organização

− As filosofias de gestão são bem compreendidas?

− As responsabilidades estão bem definidas?

− As mudanças que estão ocorrendo na organização, ou as que estão planejadas estão

bem definidas e o seu impacto na TI é bem compreendido?

− As responsabilidades das áreas funcionais para as novas soluções da TI serão

fáceis e definir?

− A Gestão da TI está consistente e integrada à gestão da organização?

− O modelo de Governança de TI está adequado ao modelo organizacional da

empresa?

Planejamento

− Qual é o grau de planejamento formal?

− Qual a relação entre o planejamento de longo prazo, curto prazo e operacional?

− Os planos da organização são adequados e servem de referenciais para o PETI?

− As dependências de informação entre os vários subsistemas são representadas nos

planos funcionais?

− O processo de planejamento é suportado pela TI?

Medidas de Desempenho e Controle de Atividades

− Até que ponto são eficazes as medidas de controle da organização?

− Que outros controles deverão ser feitos se houver informação disponível?

− Que medidas de desempenho apoio o controle dos Fatores Críticos de Sucesso da

organização?

− Que informação adicional é necessária para um controle adequado das áreas

− Críticas da organização?

Page 250: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

237

− Que controle é realizado para determinar o total cumprimento dos objetivos?

− Como os orçamentos são utilizados para as medidas de desempenho e controle?

Operações

− Quais as principais dificuldades que são encontradas no desempenho dos processos

operacionais?

− Que problemas foram encontrados relativamente a aspectos como baixa

produtividade, desperdícios de rendimentos, custos e perda de tempo excessivo, e

descumprimentos de prazo?

Suporte Atual de TI

− Quais são os principais requisitos de informação que atualmente não são atendidos

ou não são satisfatórios?

− Qual o nível de qualidade dos dados existentes e das informações recebidas pelos

usuários (consistência, atualização, forma, acessibilidade, redundância,

processamento manual excessivo)?

− Qual a situação das aplicações atuais?

− Quais são os impactos do ambiente interno (impacto dos sistemas de gestão,

restrições e limitações, imagem da área de TI junto aos usuários e junto à direção)?

− Como está a situação da arquitetura de TI (compartilhamento de dados, integração

de aplicativos, sistemas comuns, sistemas centralizados, sistemas distribuídos,

hardware / software, independência das aplicações e suporte aos níveis de gestão

da organização)?

− Como está o PETI atual (grau de formalização, alinhamento com os objetivos da

organização)?

5.4.2 Desenvolver e Implantar Planos de Ação

Nesta etapa são definidos os projetos de curto e longo prazo:

• Plano de desenvolvimento Tecnológico: Deve conter as tecnologias (hardware,

software, redes) que devem ser implantadas, as necessidades de treinamento da

equipe técnica e de usuários e o plano de gerenciamento de mudança para a

perfeita aderência da tecnologia na empresa. Devem também, estar incluídos os

projetos de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias que foram

identificados como uso potencial na geração de vantagem competitiva.

• Portfólio de Projetos: Alinhamento de projetos e soluções a serem implantadas de

acordo com as necessidades da empresa. Contempla o Plano Anual de TI.

Page 251: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

238

• Plano de Investimentos de TI: Deve conter uma visão global de todos os

investimentos de TI previstos, tanto a nível corporativo, como das unidades de

negócios. Deve ser definida uma visão de portfólio de projetos, bem como os

respectivos critérios de aprovação e priorização de projetos.

• Plano de Transformações Organizacionais: Neste plano deve constar às

iniciativas de reengenharia de processos empresariais, educação executiva,

implantação de processos globais que gerem transformações organizacionais

viabilizadas pela tecnologia da informação.

5.4.3 Documentar o Plano

O plano estratégico de TI deve ser um documento de alto nível, focado nas prioridades

e metas relativas aos recursos de informação que precisarão estar disponíveis para dar suporte

à missão e aos objetivos organizacionais. O planejamento de tecnologia da informação deve

estar vinculado ao planejamento da informação. Enquanto no planejamento da informação o

foco está nas necessidades de informação da organização, no planejamento da TI a

preocupação está na identificação de necessidades e alternativas de solução para questões

tecnológicas relacionadas a essas necessidades informacionais: sistemas de informação, infra-

estrutura de TI, redes de comunicação etc. Não existe um modelo único de documentação do

PETI, cujo formato pode e deve ser adaptado às características da organização ou unidade

organizacional ao qual diz respeito.

Para Amaral; Varajão (2000), o PETI deve conter pelo menos os seguintes elementos:

• Visão: Formulação da visão global sobre o papel e as linhas de

desenvolvimento do SI e da TI na organização.

• Objetivos: Formulação dos objetivos para o SI e para o seu

desenvolvimento.

• Políticas: Formulação das políticas e regras gerais de atuação que

condicionam a Gestão do Sistema de Informação e o Desenvolvimento do

Sistema de Informação.

• Arquitetura da Informação: Identificação e mapeamento dos requisitos de

informação da organização e da estrutura de processos.

Page 252: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

239

• Plano de Implementação: Descrição das diversas atividades envolvidas na

implementação do plano do SI (tarefas, resultados ou produtos, recursos

envolvidos, tempos etc.).

• Orçamento: Previsão das necessidades orçamentárias decorrentes da

implementação prevista.

• Arquitetura de TI: Identificação e mapeamento da TI na implementação do

SI planejado.

• Função de Gestão de Tecnologia da Informação: O estabelecimento (ou adaptação) da estrutura responsável pela TI e, consequentemente, pela implementação do PETI.

5.5 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO

Mañas (1999) fornece um último recado para se conseguir alcançar resultados,

administrando a informação, é fundamental:

1 - Fazer as perguntas certas.

2 - Conquistar as pessoas.

3 - Ter a visão do todo.

4 - Planejar o futuro.

5 - Antecipar as mudanças.

6 - Operacionalizar as mudanças.

7 - Conviver com o longo prazo. Ter paciência.

8 - Não esquecer do agora.

9 - Gerir a complexidade.

10 - Tentar sempre

Para ter sucesso na elaboração, execução, manutenção e revisão do plano entende-se

que os fatores críticos de sucesso são: administrar o plano, comprometer a empresa com a

estratégia, disseminar o pensamento estratégico na equipe e revisar o plano continuamente,

conforme está apresentado a seguir.

Page 253: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

240

5.5.1 Administrar o Plano Estratégico de TI

Princípios específicos do planejamento, com base na atitude e visão interativa diante

do planejamento. Ackoff apud Oliveira (1995) apresenta os quatro princípios de planejamento

que podem ser considerados como específicos:

• Planejamento participativo – o principal benefício do planejamento não é seu

produto, ou seja, o plano, mas o processo envolvido, nesse sentido, o papel do

responsável pelo planejamento não é simplesmente elaborá-lo, mas facilitar o

processo de sua elaboração pela própria empresa e deve ser realizado pelas áreas

pertinentes ao processo.

• Planejamento coordenado – todos os aspectos envolvidos devem ser projetados de

forma que atuem interdependentemente, pois nenhuma parte ou aspecto de uma

empresa pode ser planejado eficientemente se o for de maneira independente de

qualquer outra parte ou aspecto.

• Planejamento integrado – os vários escalões de uma empresa (de porte médio ou

grande) devem ter seus planejamentos integrados. Nas empresas voltadas para o

ambiente, nas quais os objetivos empresariais dominam os dos seus membros,

geralmente os objetivos são escolhidos de ‘cima para baixo’ e os meios para

atingi-los ‘de baixo para cima’, sendo esse fluxo usualmente invertido em uma

empresa cuja função primária é servir aos seus membros.

• Planejamento permanente – essa condição é exigida pela própria turbulência do

ambiente, pois nenhum plano mantém seu valor com o tempo.

Conforme ratifica Boar (2002), o planejamento estratégico é um processo. Pode-se

argumentar que ele é a capacidade mais importante de uma organização, pois oferece a

direção e o contexto para todas as atividades comerciais da TI. Portanto, ele precisa ser

implementado e administrado, preocupando-se somente com qualidade, velocidade,

participação e clareza. Métodos alternativos de desenvolvimentos de estratégia são propostos

para enfatizar atropelos, tomada de decisão acelerada, uma atitude ‘faça algo e rapidamente’,

atacar toda e qualquer oportunidade, estratégia de tempo real e a técnica de atuar-fazer-

aprender-refinar. As técnicas alternativas são orientadas à ação, sendo baseadas em duas

premissas: o futuro não é previsível, a única forma de aprender é fazer.

Page 254: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

241

Embora esses argumentos sejam atraentes e encantadores, a defesa do método

apresentado é baseada na visão de que o negócio da TI é um sistema e que a estratégia precisa

operar de forma abrangente no nível de sistema, ou então a disfunção será inevitável. Uma

empresa oferece apenas uma ilusão superficial consistindo em partes; ela possui uma unidade

claramente dividida. Não se podem mudar partes de uma empresa se que as outras partes

sejam afetadas. Os desafios de obter e manter o comprometimento, alcançar o alinhamento,

desenvolver competências básicas, capacidades e vantagens competitivas sustentáveis e

estimular comportamentos vencedores são esforços em longo prazo. Esses argumentos

também perdem um ponto importante. O benefício mais crítico do planejamento estratégico

não é plano em si, mas sim o processo do pensamento focalizado sobre a organização.

Aprendendo os métodos de planejamento e tornando-se treinado em estratégia, a equipe da

diretoria absorve a estratégia e atua estrategicamente no dia-a-dia. Embora o planejamento

estratégico não se qualifique como a base da vantagem competitiva, suas conseqüências se

qualificam.

A Figura 5.38 ilustra os principais participantes no processo de estratégia. A equipe de

estratégia executiva, liderada pelo CIO, é responsável por desenvolver a estratégia. Os

estrategistas de sucesso pensam de forma holística e abstrata, aceitam ambigüidade, trabalham

bem com modelos, pensam em metáforas, possuem mente aberta, são imparciais, humildes,

orientados à pesquisa, curiosos e preocupados. Eles são preocupados porque entendem a

natureza efêmera do sucesso e a necessidade de mudar constantemente.

‘Se você sempre puder lembra-se do perigo quando estiver seguro e lembrar-se do

caos em tempos de ordem, fique atento ao perigo e ao caos enquanto eles ainda estão

sem forma e impeça-os antes que aconteçam, isso é o melhor de tudo’. (SUN TZU, A

arte da guerra).

Page 255: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

242

Figura 5.30 – Os participantes

Fonte: BOAR (2002).

O processo de planejamento estratégico deve (BOAR, 2002):

1. Ter a participação de todos que influenciam decisões;

2. Estabelecer uma primeira proposta de um plano estratégico;

3. Capacitar participantes nos conceitos de planejamento estratégico;

4. Ser uma grande oportunidade para discussão entre os participantes;

5. Introduzir o pensamento estratégico;

6. Ter uma liderança forte.

5.5.2 Comprometer a Empresa com a Estratégia de TI

O sucesso da etapa de execução depende dos planos de comprometimento e

gerenciamento de mudança, projetados na etapa de estratégia para minimizar as barreiras e os

obstáculos, garantindo a persistência em resposta à atenção da gerência, normalmente muito

rápida. Boar (2002) acrescenta também no processo de planejamento estratégico de TI as

ações de qualidade que são intercaladas em diversas etapas para pegar erro o mais próximo

possível do ponto de introdução, e também etapas de procedimento são empreendidas para

maximizar a entrada e a participação da organização. O processo de planejamento de TI é

bastante adaptável à cultura e ao estilo da organização. Para aumentar a eficácia do plano é

importante forçar sua execução dentro de um período de tempo específico. Isso evita a

‘paralisia da análise’ e especificamente a estratégia, podem ser nivelados de forma coerente

Comunidade corporativa

Equipe de suporte

Apostadores

Comunicação Interação

Debate Decisão

Equipe de estratégia executiva

Page 256: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

243

com o grau desejado de centralização e distribuição do poder de decisão dentro da

organização. As organizações muito centralizadas e estritamente controladas, a estratégia

pode ser extremamente específica nos detalhes. Para organizações com mais permissões, a

ênfase pode ser colocada na definição das declarações de estratégia para a organização e os

detalhes de como fazer isso pode ser deixado para os talentos de organização e os detalhes de

empreendedores na equipe de gerenciamento. Este processo de planejamento oferece ao

estrategista de TI uma série de benefícios distintos, além dos benefícios comuns resultantes do

planejamento estratégico.

A administração é responsável por desenvolver um programa de comunicação que

garanta que a estratégia é comunicada por toda a organização com detalhe apropriado para

cada função. Fundamental para a comunicação bem-sucedida é o conceito de justiça de

procedimento, que é a extensão à qual a dinâmica de um processo é julgada como justa por

aqueles que precisam implementar as ações e por aqueles que são afetados pelas ações. Ela

envolve, conforme Boar (2002), sentimentos de respeito, participação e imparcialidade. Uma

pesquisa extensa indica que a mudança ocorrerá muito mais tranqüilamente e haverá mais

cooperação voluntária e iniciativa espontânea quando a justiça de procedimento for incluída

no plano de comunicação. Como naturalmente seria de se esperar, Boar (2002), constata que

grande parte do foco da estratégia de tecnologia da informação tem sido sobre a tecnologia.

Como conseqüência disso, a estratégia de TI focaliza quase exclusivamente o não-humano;

por exemplo, os estrategistas de TI debatem exaustivamente sobre sistemas operacionais,

banco de dados, a Web, tecnologias de objeto, Java, comunicações sem fio e convergência. O

que eles não debatem, mas normalmente é a variável decisiva no sucesso da estratégia, é o

elemento humano da estratégia de TI e, em particular, a questão de criar e sustentar o

comprometimento organizacional para a estratégia de tecnologia selecionada. Embora seja

exagerado, mas apenas ligeiramente, afirmaríamos que a estratégia de TI pode ter de focal izar

a tecnologia, o não-humano, mas o sucesso definitivo de sua execução depende mais de sua

capacidade de gerenciar os aspectos humanos do comprometimento organizacional e

individual. Uma estratégia de tecnologia medíocre, implementada com uma análise

organizacional profunda e duradoura, terá um sucesso brilhante, enquanto uma estratégia de

tecnologia excepcional, implementada com apatia, será um fracasso. O desempenho

estratégico das vantagens da TI passar de uma absorção desqualificada com o não-humano

para uma apreciação do humano.

Page 257: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

244

De uma atividade como o Planejamento Estratégico de TI (PETI), de natureza

preditiva, que tem por finalidade a concepção de um sistema tão complexo como é a TI de

uma organização, é natural esperar que ela sofra de inúmeras dificuldades e problemas.

Alguns dos problemas mais freqüentes são (AMARAL; VARAJÃO, 2000):

• A dificuldade de alinhar o PETI com as estratégias e objetivos de toda a

organização, pela sua inexistência ou desconhecimento. Nestas circunstâncias, é

difícil a adequada identificação e seleção dos projetos de desenvolvimento, de

acordo com as prioridades estabelecidas pelas necessidades da organização.

• A concepção de uma arquitetura de TI da organização que englobe o

desenvolvimento de todas as suas aplicações e projetos de desenvolvimento, que

corresponda efetivamente aos requisitos da organização e, simultaneamente, seja a

melhor escolha entre os diversos cenários possíveis.

• A distribuição de recursos de desenvolvimento e exploração entre as diversas

aplicações concorrentes é, perante a inevitável escassez de recursos, uma tarefa

complexa, sendo, por vezes difícil, fazer prevalecer os critérios racionais sobre

critérios de outras naturezas como, por exemplo, as relações informais de poder

dentro da organização.

• Dificuldades de previsão da evolução de aspectos internos e ambientais da

organização como, por exemplo, a evolução da TI.

• O enfraquecimento da credibilidade da TI nas organizações, pela freqüente

incapacidade de concluir os projetos de desenvolvimento de acordo com o tempo

e recursos planejados.

• A obtenção de suporte e comprometimento por parte dos usuários e da alta gestão,

normalmente manifestada pela indisponibilidade ou falta de colaboração e pela

escassez de recursos atribuídos para a realização do plano.

• Dificuldades de seleção e utilização do método ou métodos adequados ao

desempenho da atividade de planejamento do sistema de informação.

Amaral; Varajão, 2000 concluíram que são identificáveis os seguintes grupos onde os

diversos problemas podem ser classificados:

• Métodos – dificuldades associadas à seleção, adequação ou construção do método

adequado às circunstâncias existentes e aos resultados esperados.

Page 258: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

245

• Recursos – dificuldades associadas à obtenção das condições e dos recursos

necessários para o correto desenvolvimento da atividade de PETI.

• Processo - dificuldades associadas com as circunstâncias em que realmente o

PETI se desenvolve como, por exemplo, a falta de comprometimento da alta

administração ou pela não colaboração dos usuários.

• Resultados – dificuldades associadas à compreensão e adequação do plano

realizado às necessidades reais da organização.

• Implementação – dificuldades associadas ao cumprimento das recomendações e

ações previstas no plano idealizado, bem como ao seu acompanhamento.

Segundo Amaral; Varajão (2000), os problemas da atividade de PETI não são

diferentes de qualquer outra atividade de planejamento de um sistema organizacional

complexo. Contudo, a crescente importância da informação na vida das organizações, o ritmo

com que a TI evolui e a crescente dinâmica e competitividade do ambiente das organizações

fazem com que o PETI seja uma atividade complexa e com dificuldades em responder,

simultaneamente com rigor e criatividade às exigências que a sobrevivência das organizações

impõem. Apesar de todas as dificuldades externas, julga-se que a principal dificuldade com

que o Planejamento do Sistema de Informação se depara é de natureza interna e tem a ver com

a tomada de consciência, por parte da organização, da importância que o seu Sistema de

Informação tem para o seu sucesso.

Para Boar (2002), a obtenção de um comprometimento efetivo da alta administração,

com todas as conseqüências que esse comprometimento acarreta, é a principal dificuldade a

ultrapassar para a correta realização da atividade de PETI numa organização. Um

planejamento de comprometimento é o conjunto específico de ações tomadas para estabelecer

e sustentar a credibilidade. É um conjunto de ações tomadas para alterar as crenças e

redirecionar as ações de outros no suporte da sua estratégia de tecnologia. Ele demonstra o

comprometimento da equipe de liderança com a estratégia e, fazendo isso, influencia e molda

os níveis de comprometimento do pessoal à estratégia. Um plano de comprometimento

complementa o plano da tecnologia. O comprometimento é o anseio de indivíduos e entidades

organizacionais em executar altos níveis de esforço e sacrifício por um período de tempo

estendido para contornar os obstáculos e os desafios em favor de uma pauta compartilhada. A

lógica estratégica do comprometimento é que o comprometimento gera confiança, a confiança

gera crença, a crença gera esforço, esforço que prossegue sem efeitos desgastantes do atrito

organizacional. É procurando-se o esforço sem atrito que o desempenho estratégico é

acelerado com o planejamento do comprometimento.

Page 259: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

246

Para Boar (2002), o comprometimento é muito importante para ser assumido, deixado

ao acaso ou ser o produto de um desejo de que algo fosse realizado. É preciso projetar

explicitamente uma estratégia de comprometimento como parte da sua estratégia de

tecnologia geral. O objetivo de uma estratégia de comprometimento é criar, sustentar e

combinar o comprometimento organizacional e individual para a estratégia de tecnologia,

contornando as oposições intelectuais, emocionais e política evidente e benigna. O estrategista

entende que a prosperidade e a gratificação que a organização goza estão sob constante

ataque. A selva sempre está pronta para reivindicar a civilização. O estrategista nunca está

satisfeito com o ‘que existe’ é o legado daqueles que vieram antes, e ele precisa ser

continuamente renovado para permanecer vital. A gratificação e a prosperidade do ‘que

existe’ contam, mas estão correndo contra o destino. O estrategista nunca fica satisfeito.

Enquanto contadores contam receita, os programadores contam pontos de função, os

profissionais de marketing contam contas, as operações contam interrupções e os estrategistas,

vantagens.

Para Boar (2002) a equipe de suporte oferece a função de suporte para a equipe de

estratégia. Eles são os responsáveis por administrar o processo, manter o documento do

processo, oferecer habilidade nos métodos, preparar testas de ferro e esboços para a revisão da

equipe de estratégia, coordenar reuniões e apresentações, conduzir o controle de qualidade,

coordenar o treinamento e orientar e facilitar o debate. Uma equipe de suporte competente é

um fator de sucesso crítico para o processo. Os apostadores representam os principais

membros de nível intermediário e inferior da hierarquia da organização, que oferecem dados e

conselhos, sendo os principais implementadores da estratégia. A aceitação dos apostadores é

fundamental para o sucesso. Não se pode esperar que a gerência intermediária e inferior

implementem o que eles não tiveram absolutamente nada a dizer e não entendem. São de

importância particular o desenvolvimento de um conjunto de ações de compromisso

executivas, que enviam um sinal forte e sem ambigüidades para o comprometimento da

comunidade da direção com o plano. As promessas verbais eventuais feitas por executivos

versáteis não são suficientes. Se o comprometimento executivo começar e terminar apenas

com um aceno de suas cabeças, o proletariado organizacional questionará o poder de

permanência de sua diretoria. Ações de comprometimento substanciais são exigidas pela alta

direção para alterar a expectativa do pessoal cético sobre a sinceridade da direção quanto à

estratégia. A organização precisa acreditar que a direção executará a estratégia com esforço

estendido e genuíno antes que eles se comprometam e estendam seus esforços. Para

Page 260: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

247

estabelecer sua credibilidade, a direção precisa ter historicamente estabelecido uma reputação

que lhes dê respeito pelo comprometimento (nesse caso, estabelecer o comprometimento é

relativamente fácil), ou então ela terá de estabelecer tal respeito tomando ações que

dificilmente poderão ser voltadas atrás, confirma o autor. A estratégia para qualquer empresa

que tem necessidade de lidar com a turbulência acima do ponto do caos é uma estratégia de

agilidade, surpresa, deslocamento e exploração. É uma estratégia de movimento rápido com

ziguezagues oportunistas. Para uma estratégia de TI seja benéfica no novo milênio, ela será

uma estratégia que permite à empresa reconfigurar continuamente suas vantagens de TI a fim

de enriquecer repentinamente a proposição de valor para o cliente. Não será suficiente para a

TI permitir que a empresa seja veloz, é preciso permitir que a empresa seja rápida. Se a TI

tiver de ser o armamento escolhido para permitir uma capacidade de manobra adaptadora

ilimitada na empresa, sua estratégia de TI não pode ser restrita pelo atrito causado. O atrito

desgastará e esgotará sua energia e sua vontade. Para reduzir o atrito, a estratégia de TI

precisa abraçar, como um problema igual, o humano e também o não humano. Aqueles que

seguirão adiante para onde não esperam e atacarão onde não estão preparados farão isso

complementando seus planos de tecnologia de informação visionários com planos de

comprometimento igualmente introspectivos. Esse é o caminho para o desempenho

estratégico excepcional.

Para Mañas (1999) um conceito verdadeiramente essencial e que, costumeiramente,

não se considera quando falamos de planejamento: As Pessoas. Exatamente porque existem

pessoas e porque estas estão inter-relacionadas com as máquinas e outros recursos, é que

existe o planejamento. Para o autor, o êxito ou fracasso de um plano depende tanto do próprio

plano em si, como das pessoas que intervêm na sua elaboração ou são afetadas pelo plano. Ele

afirma que “Um planejamento só terá êxito se considerar de forma muito especial as pessoas

que o fazem e aquelas às quais o plano está dirigido”.

A ausência de comprometimento, e não a seleção fraca da tecnologia, normalmente é a

causa principal da falha da estratégia de TI (BOAR, 2002).

Outro ponto essencial no planejamento estratégico de TI, segundo Mañas (1999), é o

papel da direção da organização na sua concepção, desenvolvimento e acompanhamento. Para

tanto é importante que a alta administração possua os elementos de coordenação necessários

para administração do plano:

Page 261: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

248

• Planos a Médio e Longo Prazo

o Horizonte de tempo de três a cinco anos

o Conteúdo:

− Visão de Futuro

− Objetivos estratégicos da TI

− Plano de Desenvolvimento Tecnológico

− Políticas

− Arquitetura de TI e Padrões Globais

− Prioridades e definição das Iniciativas e Projetos Estratégicos

− Estimativa global de volume de recursos necessários

• Planos de Curto Prazo

o Horizonte de tempo um ano

o Conteúdo:

− Plano Anual de TI

− Aplicação das políticas

− Projetos, aplicações e estudos a realizar.

− Estimativa detalhada de recursos

− Planos Diretores de Tecnologia e de Gestão de TI

5.5.3 Disseminar o Pensamento Estratégico na Equipe

Segundo Boar (2002), é comum falar sobre a estratégia de tecnologia da informação,

mas normalmente se esquece da questão de como desenvolvemos boas estratégias de TI. A

estratégia é tão boa quanto à equipe de tecnólogos que a idealizam. A estratégia é o resultado

do pensamento estratégico. E o pensamento estratégico é um resultado criativo dos indivíduos

que, por meio de um dom natural da intuição ou treinamento, aprendizado, estudo e

experiência, dominaram a arte. Ainda segundo Boar (2002), antes da era da informação, o

pensamento estratégico e a formulação estratégica eram limitados formalmente ao topo da

hierarquia corporativa. A alta diretoria desenvolvia, gerenciava e comunicava a estratégia. O

restante da organização era responsável pelos detalhes táticos da implementação. Existe muita

controvérsia com relação à sabedoria desse modelo de estratégia, mas, por bem ou por mal,

ela é uma representação precisa do que era feito na prática.

Page 262: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

249

Muitas mudanças aconteceram para desafiar a sabedoria contínua dessa técnica. Os

eventos engrenados a seguir levantaram a questão de se agora é prudente desconcentrar a

estratégia e dispersar o pensamento estratégico e a formulação estratégica por toda a

organização e, especialmente, para aquelas unidades voltadas ao cliente (Boar, 2002).

• Falha de hierarquia – O planejamento estratégico, sob a estrutura de comando e

controle, não funcionou tão bem quanto se desejava ou precisava. É preciso fazer

um gráfico da mudança do destino das empresas que foram grandes para ver a

escassez de perspicácia estratégica. Com o crescimento da mistura de estratégias

(globalização, abandonos de tecnologia, consumismo, hipercompetição, fusões,

aquisições, trocas de acionistas e tempos de ciclo acelerados), tem se tornado mais

evidente que alguns executivos remotos não possuem todas as respostas e, em

muitos casos, são removidos à distância das ações violentas do mercado para

verdadeiramente ouvir e entender a voz do cliente.

• Organizações democráticas – Em resposta à competição, à necessidade de

velocidade e à agilidade, ao reconhecimento de que a hierarquia não tem todas as

respostas, ao aumento do gerenciamento de processo como estrutura

organizacional preferida, às demandas sociais / culturais dos funcionários por mais

voz ativa e às tecnologias da era da informação que facilitam a colaboração e

promovem a organização do conhecimento, muitas organizações estão passando

para estruturas mais democráticas. Embora elas recebam muitos nomes diferentes,

como gerenciamento participativo, equipes, grupos de trabalho de

autogerenciamento e autorização, todas compartilham a mesma idéia fundamental

de que tomada de decisão deve ser transferida, colocada mais perto do cliente e nas

mãos daqueles que sabem e realizam o trabalho.

• A era da informação – O pensamento estratégico e a estratégia são uma resposta ao

conflito. Sem conflito, a empresa se reduz a um problema de administração eficaz.

A estratégia e o pensamento estratégico tornam-se interessantes quando surge a

competição. Se você possui um monopólio, sua estratégia é manter o monopólio.

A natureza da era da informação cria um ambiente muito disputado. À medida que

o andamento do jogo se acelera, a velocidade e a flexibilidade da resposta, e não a

posição hierárquica torna-se crucial. Como disse Sun Tzu:

“Via de regra, você precisa mudar de tática uma centena de vezes. Falar sobre

ordens do governo é como sair para anunciar aos seus opositores que você deseja

Page 263: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

250

apagar um incêndio. Quando você voltar com uma ordem, não haverá nada além

de cinzas”.

A natureza competitiva da era da informação impulsiona a tomada de decisão

estratégica para o ponto da ação. Ela impulsiona para aqueles que conhecem intimamente o

que está acontecendo. A noção resultante que surge desses três eventos concorrentes é que a

estratégia e o pensamento estratégico devem ser dispersos e executados por toda organização.

Demolindo o comando e o controle da hierarquia, os que estão mais próximos do cliente e da

situação serão autorizados a pensar e a atuar estrategicamente. Conforme um proponente das

formulações de estratégia dispersa afirma (Boar, 2002).

“O gerenciamento estratégico é uma tarefa para a organização inteira e o tempo

todo, e não a província de um especialista ou um empreendimento feito uma vez por

ano”.

A educação estratégica básica pode ser conseguida em um curso de uma semana. Os

assuntos abordados incluiriam o pensamento estratégico, as estruturas estratégicas, a

metodologia de planejamento estratégico, os clássicos da estratégia e os estudos de caso. Os

cursos mais avançados focalizam assuntos especiais como posicionamento, gerenciamento de

mudança, alinhamento ou uso de estruturas sofisticadas. Seminários especiais consistiriam em

discussão em grupo sobre os clássicos da estratégia, como A Arte da Guerra, de Sun Tzu, e

Os cinco anéis, de Miyamoto Musashi, e no relacionamento das seções estudadas com os

problemas comerciais reais (Boar, 2002).

• Estudo – Um estrategista torna-se um estudante de estratégia. O sistema de

recompensa e reconhecimento precisa ser encorajado para juntar associações de

profissionais, assistir a conferências sobre estratégia, ler livros e periódicos sobre

estratégia e participar em consórcios do setor referentes a questões de estratégias.

Você precisa estudar porque o estudo aumenta sua receptividade ao aprendizado e

o conhecimento dos ensinos mais profundos dos grandes mestres. Conforme disse

Musashi:

“Lembre-se de que o que eu digo e como você percebe o que eu digo podem ser

completamente diferentes, dependendo da sua conscientização de si mesmo e do nível

de habilidade que você conseguiu. A necessidade de estudo e pensamento constante é

essencial para entender o modo do guerreiro”.

Page 264: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

251

O estudo ajuda a criar indivíduos conscientes. Indivíduos conscientes vêem o que os

outros não vêem e percebem o que não tem forma. Esse é o retorno ideal para o seu

investimento na estratégia reprodutora.

• Acompanhamento – O pensamento estratégico é muito difícil. Ter um

acompanhante possibilita o aparente impossível. Estratégias promissoras devem

ser separadas e atribuídas ao seu melhor estrategista para acompanhamento e

desenvolvimento. Com o passar do tempo, quem está prosperando e quem está

patinando se tornarão evidentes. Você precisa fortalecer o sucesso. Por meio do

acompanhamento, você pode acelerar o mestrado dos seus calouros.

• Prática – Ler e falar sobre estratégia só poderá levá-lo até isso. Como acontece no

domínio de qualquer outra disciplina, é necessário ser um profissional. Seus

candidatos à estrategista precisam receber atribuições apropriadas ao seu

desenvolvimento para esticar e aumentar suas habilidades. Relatos de fatos,

apresentações e análise deverão oferecer oportunidades para mostrar sua

perspicácia estratégica crescente.

Uma das coisas mais notáveis sobre as organizações, que treinaram seu pessoal em

estratégia é como os debates diários mudam. Todo o trabalho assume em sabor estratégico. A

linguagem, as estruturas e o modo de pensamento permeiam a organização e mudam sua

técnica do que estava sendo feito para uma técnica estratégica. Muitas organizações gastam

em média duas semanas de treinamento por funcionário em gerenciamento por qualidade total

e outras modas estratégicas passageiras. O que eles obtiveram por seu dinheiro foram pessoas

treinadas em uma, e somente uma, ação estratégica específica; uma ação estratégica sendo

executada simultaneamente por todos os competidores e que, no máximo, geraria paridade

competitiva. Tendo gastado esse dinheiro e tempo, tudo o que aconteceu foi que a barra subiu

para todos, e todos estavam preparados a saltar sobre a nova altura. Se você gastasse duas

semanas treinando todos os funcionários a respeito de estratégia, assim como fez para a

qualidade, teria um grupo de pessoas que, diariamente, começaria a reproduzir ema estratégia

distinta para a sua empresa. Esse não seria um resultado muito melhor? (Boar, 2002).

5.5.4 Revisar o Plano Estratégico de TI

Page 265: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

252

Conforme Mañas (1999) o planejamento é formalmente um instrumento de tomada de

decisão. O plano tem que estar a serviço da empresa e ainda há de ser um instrumento útil

para a tomada de decisões que conduzirão à consecução dos ditos objetivos. Outra

característica, não menos importante, do planejamento é a sua ligação com avaliação e

controle. Se forem fixados objetivos e horizontes, e as ações e decisões para o alcance dos

mesmos, são evidente que se torna imprescindível verificar paulatinamente o tamanho do erro

dos objetivos determinados. Todo planejamento é essencialmente dinâmico e evolutivo, se

obtivermos como resultado do controle, sugestões para ações corretivas necessárias, e estas

ações corretivas, junto com a análise das causas reais dos desvios, implicam em revisão dos

recursos, meios, organização e, em geral, das ações e decisões futuras, não resta dúvida de

que o que se está fazendo é um replanejamento a partir do plano inicial, projetando-o para o

futuro com as modificações precisas para um cumprimento mais ajustado dos objetivos. Este

caráter dinâmico do planejamento surge como algo que é inerente ao próprio processo de

planejamento, de maneira que não se pode conceber um planejamento eficaz se não carrega

consigo a revisão ou estudo periódico de si mesmo.

Por outro lado, é importante programar reuniões de acompanhamento do plano em

caráter mensal ou trimestral junto ao comitê de diretores de modo a mantê-los perfeitamente

alinhados com os objetivos estratégicos e os resultados esperados e que estão sendo

alcançados com o plano.

5.6 DEFINIÇÃO DA GESTÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Para Boar (2002) esta etapa compreende principalmente:

• Definição: Conhecer a posição da TI e o grau de utilização do recurso de TI.

• Descrição: A TI normalmente é um recurso em um estado de caos. Quais as

dimensões estratégicas de infra-estrutura (informação, aplicações e organização)

são importantes entender os seguintes estados:

o Inventário – O que existe?

o Princípios – Quais são as regras de alto nível estabelecidas, que guiam à

tomada de decisão?

o Modelos – Quais são os modelos estruturais (modelos de dados, estruturas

de organização, modelos comerciais etc.) que ilustram as vantagens da TI?

Page 266: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

253

o Padrões – Quais são os produtos, métodos, fornecedores e interfaces

convencionadas que unem nosso ambiente de TI?

Segundo Luftman (1996), uma empresa não se torna global se não tiver excelência na

aplicação e utilização da TI para obter resultados nos negócios. O uso efetivo da TI minimiza

os impactos negativos das distâncias e da amplitude geográfica da organização, a TI também

permite o compartilhamento do recurso mais valioso da organização: o conhecimento coletivo

das pessoas que compõem a organização. Esta capacidade de alcance e de conexão da TI

permite que funcionários dispersos em diversas partes do mundo interajam e trabalhem como

se estivessem no mesmo prédio. A estruturação da TI Global pode ser considerada fator

crítico de sucesso para atendimento dos objetivos de uma Empresa Global. O primeiro passo

para estruturar a TI Global é a definição do modelo de Governança de TI a ser adotado,

englobando a definição da função da TI na organização, escolha do CIO e a definição da sua

função na organização e a definição dos fóruns de tomada de decisão conforme apresentado

no tópico 4.1 Governança de TI. O segundo passo importante é a disseminação do

pensamento na alta administração e gerencia sênior da organização da necessidade de adoção

de sistemas globais. A adoção de sistemas globais é crucial para buscar a eficácia

organizacional e adotar modelos de excelência empresarial visando a o aprimoramento do

modelo de gestão empresarial, exigência número um para a empresa global competir no

mercado mundial. O passo seguinte é envolver a alta administração na definição da

arquitetura global de TI alinhada às necessidades atuais e futuras dos negócios e objetivos

estratégicos da empresa. Por último, a implantação do governança de TI de forma a garantir

que os recursos de TI sejam definidos e geridos de forma global, descentralizando a operação

à medida que seja um diferencial competitivo da empresa na atuação em determinado

mercado ou negócio. porém esta é uma decisão de negócio. A governança de TI deve

compreender tanto o gerenciamento global dos recursos de TI, bem como as decisões relativas

a desenvolvimento ou implantação de sistemas de informações, gerenciamento de projetos de

TI, metodologias de gestão de recursos de TI. A decisão quanto à adoção de sistemas globais

versus autonomia para desenvolvimento de sistemas próprios tem que estar totalmente

alinhada com os objetivos estratégicos da TI e o direcionador principal da decisão deve ser o

quanto a necessidade proporciona ganhos globais para a empresa e o quanto é uma

necessidade para geração de diferencial competitivo e/ou sustentar uma posição de mercado,

considerando os diversos mercados e países de atuação.

Page 267: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

254

Devido esta dependência e importância do papel da TI numa empresa global é

essencial a avaliação do grau de alinhamento da TI à estratégia e estrutura da empresa global.

Luftman (1996) apresenta na Figura 5.31.um conjunto de atributos para os negócios de uma

empresa global.

Figura 5.31 – Dez atributos globais para fazer negócios.

Fonte: LUFTMAN (1996).

Moskowitz; Kern (2003) apresentam as características da Organização de TI de classe

mundial. Para os autores, esta organização de TI ideal é aquela definida para exceder no

atendimento dos resultados dos objetivos estratégicos da organização ao mesmo tempo

orientado à produtividade e satisfação profissional dos membros da equipe de TI. As

principais características da Organização de TI de Classe Mundial são:

• Alta administração da empresa treinada e comprometida com o uso de TI para

gerar vantagens competitivas

• Total alinhamento com objetivos e metas dos negócios

• Capacidade de tomada de decisões estratégicas em resposta a mudanças e

necessidades de um ambiente de negócios totalmente dinâmico

• Arquitetura comum (processos, ferramentas, padrões, etc.).

• Orientada a resultados no atendimento às necessidades de negócios

• Facilidade de comunicação entre a organização de TI e os negócios, tanto nas

solicitações das necessidades como também na implementação de projetos e da

arquitetura de TI.

• Cultura de honestidade, respeito mútuo e sentimento de satisfação no trabalho de

todos os membros da equipe de TI.

1. Da concepção geográfica (onde eu posso negociar) para a concepção de negócios (como eu posso negociar)

2. Do foco na centralização versus descentralização para fazer negócios “em qualquer lugar” 3. Do mecanismo (a totalidade de negócios iguais a soma das partes) para o holístico (a totalidade é maior

que a soma das partes) visão de negócios 4. Do isolacionismo para escasso ou não-existência de limites 5. Do “não invente aqui” para trabalhos de confiança 6. Da mera presença geográfica física para aceitação da cultu ra local 7. Do controle centralizado para centro de gestão 8. Da duplicação dos recursos para receita de vantagens de escala econômica 9. Da comunicação vertical dispersa para a rede de comunicação 10. Da exclusividade com foco em curto prazo para a visão a longo prazo

Page 268: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

255

5.6.1 Definir a Governança de TI

a) Definir o modelo de Governança de TI

Weil; Ross (2004) alertam: “Parem de pensar na TI como uma função isolada,

comecem a desenvolver a TI como uma competência organizacional. Os autores insistem que

os executivos e os profissionais de TI ainda não utilizam todo o potencial dos ativos de TI”.

Para que a TI não seja tratada como uma função isolada as diretrizes de TI precisam ser

definidas pela alta administração da empresa e, eles propõem uma estrutura para a

Governança Corporativa da empresa que inclui a TI como um dos recursos, cujos objetivos

estratégicos e direcionamentos são estabelecidos pela alta administração, juntamente com

outros recursos: recursos humanos, ativos financeiros, ativo fixo, propriedade intelectual,

informação e ativos de TI, ativos e canais de relacionamento (Figura 5.32).

Figura 5.32 – Chaves ativas e governança corporativa

Fonte: WEIL; ROSS (2004).

Para Weill; Ross (2004) a “Governança de TI especifica os direitos e as alçadas de

decisão e a matriz de responsabilidades para incentivar o comportamento desejado e

Conselho de Administração

Acionistas Stakeholders

Monitoração Relação com Investidores

Governaça corporativa

Diretoria

Estratégia Comportamento desejável

Ativos da Empresa

RH Ativos Financeiros

Ativo Físico

Ativos de Propriedade Intelectual

Ativos de Relacionamentos

Ativos de Informação e TI

Mecanismos de governança financeira

(comitês, orçamentos etc.)

Mecanismos de governança de TI

(comitês, orçamentos etc.)

Governança dos Principais Ativos

Page 269: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

256

necessário no uso de TI por toda organização”. Uma Governança de TI efetiva visa responder

adequadamente as três questões a seguir. Os autores propõem a matriz de decisão, os

responsáveis e os tipos de decisão conforme apresentado nas Figuras 5.33 e 5.34. E sugerem

uma estrutura para a governança de TI conforme Figura 5.35.

• >135Quais as decisões precisam ser tomadas para garantir o uso e o

gerenciamento efetivo de TI?

• Quem é responsável pelos diversos níveis de decisão da TI?

• Como as decisões serão implantadas e controladas?

Figura 5.33 – Matriz de Arranjos de Governança – Quais Arquétipos de Governança são

usados por diferentes tipos de decisão?

DECISÃO

ARCHE- TYPE

Princípios de TI

Arquitetura de TI

Estratégias de Infra-estrutura

de TI

Necessidades de

Aplicações de Negócios

Investimentos em TI

Monarquia de Negócios

Monarquia de TI

Feudalismo

Federalismo

Duopólio

Anarquia

Não se sabe

Decisões de TI • Pricípios de TI – esclarecendo o papel de negócio da TI. • Arquitetura de TI – definindo os requisitos de int egração e

padronização. • Infra-estrutura de TI – Determinando serviços compartilhados e de

suporte. • Necessidades de aplicações de negócio – especifinado a

necessidade commercial de aplicações de TI compradas ou desenvolvidas internamente.

• Investimentos e priorização de TI – escolhendo quais iniciativas financiar e quanto gastar.

Arquétipos (identifica as partes interessadas na tomada de decisão)

• Monarquia de Negócios – a diretoria • Mnarquia d e TI – os especialistas em TI • Feudalismo – cada unidade de negócio toma decisões independente • Federalismo – combinação entre o centro corporativo e as unidades

de negócio, com ou sem o envolvimento do pessoal de TI. • Duopólio de TI – o grupo de TI e algum outro grupo (por exemplo,

a alta gerência ou líderes das unidades de negócios). • Anarquia – tomada de decisões indi vidual ou por pequenos grupos

Page 270: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

257

Fonte: WEILL; ROSS (2004).

Page 271: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

258

Figura 5.34 – Principais Decisões sobre a Governança de TI.

Decisões sobre os Princípios de TI Declarações de alto ní vel sobre como a TI é usada nos negócios

Decisões sobre a Infra-estrutura de TI

Centralização coordenada, serviços de TI compartilhados para prover a fundamentação da capacitação de

empreendimento de TI.

Decisões sobre a arquitetura de TI

Organização lógica de dados, aplicações, e infra -estrutura

capturada no grupo de agentes, relacionamento, e escolhas

técnicas para executar negócio desejado e tecnicamente

padronizado e integradas.

Necessidades de aplicações de negócio

Especificação de necessidades de negócios para compras ou internamente desenvolver

aplicações de TI

Decisões sobre os investimentos e a priorização da TI

Decisões quase como mutios lugares para investir em TI,

incluindo projetos aprovados e justificação das técnicas.

Fonte: WEILL; ROSS (2004).

Para Weill; Ross (2004) as questões essenciais para cada decisão de TI são: - Princípios de TI . Qual o modelo de operacional da empresa? . Qual o papel da TI no negócio? . Quais são os comportamentos desejáveis em termos de TI? . Como a TI será custeada? - Arquitetura de TI . Quais são os processos centrais de negócios da empresa? Como eles se relacionam? . Quais informações suportam esses processos centrais? Como os dados devem ser Integrados? . Quais as capacidades técnicas devem ser padronizadas na empresa toda para suportar as eficiências de TI e facilitar a padronização e a integração de processos? . Quais atividades devem ser padronizadas na empresa toda para dar suporte à integração dos dados? . Que opções tecnológicas guiarão a abordagem da empresa para as iniciativas de TI? - Infra-estrutura de TI . Quais serviços de infra-estrutura são mais críticos para que se atinjam os objetivos estratégicos da empresa? . Para cada cluster de capacidade, que serviços de infra-estrutura devem ser implementados. na empresa toda e quais os requisitos de nível de serviços? . Como os serviços de infra-estrutura devem ser cobrados? . Qual o plano para manter atualizadas as tecnologias de suporte? . Que serviços de infra-estrutura devem ser terceirizados? - Necessidade de aplicações de negócio . Quais as oportunidades de mercado e de processos de negócio para novas aplicações? . Como os experimentos são concebidos de modo que estimem o seu sucesso? . Como as necessidades de negócio podem ser satisfeitas dentro dos padrões da arquitetura de TI? Quando uma necessidade de negócio justifica uma exceção? . Quem será detentor dos resultados de cada projeto e instituirá mudanças organizacionais para garantir a geração de valor?

Page 272: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

259

- Investimentos e Priorização da TI Que mudanças ou melhorias de processos são estrategicamente mais importantes para a empresa? Quais são as distribuições nos portfólios atual e proposto de TI? Esses portfólios são consistentes com os objetivos estratégicos da empresa? Qual a importância relativa de investimentos na empresa como um todo versus Investmentos nas unidades de negócio? As práticas reais de investimentos refletem essa importância relativa?

Figura 5.35 – Estrutura de projeto de governança de TI

Fonte: WEILL; ROSS (2004).

b) Estabelecer a Função do CIO (Chief Information Officer)

As 12 responsabilidades principais do CIO para Pearlson; Saunders (2004) são:

1. Liderança da TI. Promover e disseminar competitividade por toda a

organização o papel da TI como uma ferramenta de apoio ao crescimento e de

geração de vantagem;

2. Gerenciamento da arquitetura. Definir as prioridades e os direcionamentos

estratégicos da TI para toda a organização;

3. Consultor de estratégia de negócios. Participação em comitês executivos de

tomada de decisão;

4. Planejamento da tecnologia de negócios. Atuar como elemento de sinergia para

que os gerentes de TI e de negócios trabalhem de forma colaborativa na

prospecção, planejamento e implementação de soluções de negócios;

Estratégia e Organização da

empresa

Metas de desempenho do

negócio TI medida e

responsabilidade final

Governança de relacionamento

Governança de ativos fixos

Governança PI (propriedade intelectual)

Governança financeira

Organização da governança de TI

Mecanismos de governança de TI

Decisões de TI

Harmonizar o quê? Harmonizar como?

Organização de TI e comportamentos

desejáveis

Page 273: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

260

5. Desenvolvimento de Sistemas. Visão geral das necessidades de caráter legais e

iniciativas emergentes, seja a nível global, regional, local, unidade de negócios;

6. Gerenciamento da Infra-estrutura de TI. Manutenção das tecnologias atuais e

investimentos em tecnologias emergentes importantes para a organização;

7. Suprimentos. Desenvolvimento da estratégia de fornecimento de serviços e

produtos de TI para toda a organização, buscando uma relação de

custo/benefício entre equipes próprias e fornecedores externos (outsourcing,

offshoring etc.);

8. Desenvolvimento de Fornecedores. Manter relacionamento com fornecedores e

prestadores de serviços, seja a nível global, regional ou local;

9. Agente de mudanças de tecnologia. Fornecer tecnologias e soluções que

permitam a empresa trabalhar melhor com clientes e fornecedores – tanto

interno quanto externo -, consequentemente aumentando valor de mercado da

empresa;

10. Gerenciamento da satisfação de usuários e clientes. Entendimento e

comunicação com os clientes internos e externos para assegurar que as metas

de satisfação estão sendo alcançadas;

11. Educação e treinamento. Fornecer treinamento para os usuários de TI, bem

como para os executivos entenderem como a TI se alinha à estratégia, viabiliza

as soluções de negócios necessárias e como a TI gera valor para os negócios;

12. Gerenciamento de Segurança de Informação. Garantir a segurança dos recursos

de TI minimizando riscos para as operações, bem como planejar e implantar

estratégias de recuperação de desastres e de planos de contingência para a

arquitetura de TI.

As competências essenciais para o CIO, segundo Pearlson e Saunders (2004):

1. Forte orientação para conhecer os negócios da empresa, seu mercado,

segmento de atuação;

2. Capacidade para perceber os benefícios e as oportunidades e gerenciar os

custos e os riscos associados a TI;

3. Capacidade de identificar carências entre as tecnologias disponíveis e as reais

necessidades dos negócios;

4. Familiaridade com as necessidades dos clientes internos não técnicos;

Page 274: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

261

5. Forte competência organizacional para gerenciar os recursos de TI e os

sistemas de informação a nível global, regional, local e unidade de negócios;

6. Capacidade de prospectar, conceber, planejar e implementar múltiplos

projetos dentro do orçamento e no prazo planejado;

7. Capacidade para articular e disseminar a visão gerencial da TI;

8. Capacidade de relacionamento interpessoal com todos os níveis da

organização;

9. Visão estratégia global da organização além da ótica exclusiva de TI.

Broadbent; Kitzis (2005) apresentam as prioridades para o Novo CIO Líder, aquele que

atua diretamente em redesenho, melhoria e gerenciamento de processos de negócios e é

também parte integrante nas iniciativas de inovação e contribui significativamente para o

sucesso e os resultados da empresa:

1. Liderar, em vez de apenas gerenciar;

2. Entender profundamente os fundamentos dos negócios da empresa e do seu

segmento de atuação;

3. Criar a visão de como a TI poderá viabilizar uma organização de sucesso;

4. Configurar e informar as oportunidades de uma organização totalmente digital,

identificar necessidades dos negócios e definir os direcionadores de TI para

viabilizar a visão de futuro da organização;

5. Criar um modelo transparente e adequado de Governança de TI;

6. Alinhar a estratégia de TI com a estratégia de negócios;

7. Construir uma nova organização de TI, orientada atuar como prestadora de

serviços de negócios e estruturada como um centro de resultados;

8. Desenvolver e orientar a formação de um time de TI de alta performance e

totalmente orientado aos negócios;

9. Gerenciar os riscos do uso pleno de TI na organização;

10. Comunicar a performance e os serviços prestados de TI numa linguagem de

negócios.

c) CIO Corporativo ou CIO Mundial

Broadbent; Kitzis (2005) revelam que em empresas com mais de US$ 1 bilhão de

receita possuem mais de um líder de TI (múltiplos CIOs). Nestes casos a liderança destas

empresas tem um CIO mundial (CIO Corporativo) e CIOs regionais ou divisionais.

Page 275: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

262

As empresas globais que fazem um uso pleno de TI possuem a figura do CIO

corporativo que ocupa na organização a posição mais sênior de TI. Normalmente, reporta-se

ao CEO e é responsável direto pelas estratégias de TI em nível de toda empresa. Em muitas

empresas, ele é o elemento de comunicação com o Conselho de Administração nos assuntos

relativos às estratégias e diretrizes de TI da organização. É membro efetivo do comitê

executivo da empresa. A sua principal responsabilidade é identificar e alavancar sinergias e

oportunidades em toda empresa.

Lane et al. (2004) apresentam a importância do CIO e seu papel de influenciador nas

decisões de negócios através das seguintes decisões:

1. Tempo de entrega ao mercado ou redução de lead times, e as

oportunidades de TI para viabilizar estes ganhos aos negócios;

2. Patrocinar o uso e o gerenciamento de dados e informação como um ativo

da empresa;

3. Programas de redução de custos;

4. Definição de processos de negócios;

5. Utilizar a tecnologia como um direcionador estratégico de negócios;

identificar e implementar soluções de TI inovadores que agregam valor e

geram resultados efetivos;

6. Ter foco em gestão de portfólio de TI, diretrizes técnicas para arquitetura e

disponibilidade de padrões globais de tecnologia;

7. Inovação, P&D, preparação para saltos tecnológicos ou rupturas no cenário

de competição da empresa;

8. Garantir através de indicadores de performance o controle e

acompanhamento do desempenho empresarial;

9. Suporte em aquisições de empresas, integração de empresas e abertura de

novas unidades;

10. Recomendações de terceirização ou desenvolvimento de equipes próprias.

d) CIO Regional ou CIO Divisional

Broadbent; Kitzis (2005,) descrevem que os CIOs nesta posição são responsáveis por

liderar a TI e gerenciar o orçamento de TI em nível de região ou em nível de unidade de

negócios. Ele tem foco nas necessidades da sua área de responsabilidade, porém também é

Page 276: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

263

responsável em implementar e aplicar as estratégias, diretrizes e padrões corporativos de TI.

Os CIOs divisionais devem se reportar hierarquicamente ao CIO mundial e responder

operacionalmente ao diretor da região ou da unidade de negócio.

e) Equipe de Apoio ao CIO (CIO Office)

Broadbent; Kitzis (2005) apresentam que muitos CIOS têm criado uma equipe de

apoio formada de especialistas para quem o CIO delega algumas das suas áreas de

responsabilidade. Esta equipe se reporta direto ao CIO. A criação desta equipe de apoio tem

por objetivo liberar o CIO para colocar mais foco na disseminação da visão, missão e

estratégia da TI em toda a organização. Funções típicas desta equipe de apoio compreendem o

líder global de tecnologia (CTO – Chief Technology Officer), um controller departamental da

TI para cuidar dos aspectos de controladoria e finanças específicas da organização de TI.

Outras responsabilidades da equipe de apoio podem-se destacar: centro de competência de

projetos, gestão de portfólio, centro de competência de processos, políticas e estratégias de

segurança de informação, administração de contratos e serviços de TI, marketing e

comunicação, planejamento estratégico de TI, central de documentação técnica e de manuais

corporativos, padrões de referências e metodologias de gestão, sistema de qualidade e

indicadores de desempenho. Os membros desta equipe possuem em geral grande experiência

técnica, sólidos conhecimento de negócios e perfil de liderança.

f) Grupo Executivo de TI

As empresas globais têm necessidade de criação de um grupo de executivos de TI de

alto nível de modo a atender e se alinhar às necessidades da empresa em todos os níveis

independentes da localização ou da unidade de negócios, figura x.x. Cada um deles possui um

papel chave de apoio ao CIO, exemplo: Figura 5.36. A direção da empresa e os gerentes de

negócios esperam do CIO e da organização de TI Global o atendimento as expectativas:

antecipação de tecnologias emergentes, direção estratégica de TI e negócios, inovação de

processos de negócios, gerenciamento de serviços e recursos, definição de padrões e

arquitetura, gerenciamento de segurança de informações e competência técnica da equipe de

TI (PEARLSON; SAUNDERS, 2004).

Page 277: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

264

Figura 5.36 – Grupo Executivo de TI

Fonte: PEARLSON; SAUNDERS (2004), pág. 187)

5.6.2 Definir a Organização de TI

De Moskowitz; Kern (2003) vem a afirmação de que a Organização de TI de classe

mundial tem que estar totalmente alinhada com os negócios de uma forma bastante dinâmica,

além do alinhamento ao plano estratégico e do estabelecimento de princípios operacionais de

relacionamento entre a organização de TI e os negócios. Este alinhamento tem que ser cada

vez mais natural à medida que os projetos são realizados e os serviços são prestados. Para

alinhar a TI com os negócios, a organização global de TI necessita capacidade para atuar pro

ativamente tanto em termos funcionais (ex: centros de competências classe mundial nas áreas

de conhecimento de negócios e TI) e também em termos geográficos (a nível global, regional,

local e unidade de negócios) às iniciativas e necessidades dos negócios. A organização de TI

para obter um ótimo alinhamento à estratégia de TI precisa estruturar quatro áreas-chave:

Centro de Atendimento e Suporte (Personal Productivity Services Group), Processos e

Soluções (Applications Architecture Group), Padrões Globais de Tecnologia e Arquitetura (IT

Architecture Group), Centro de Desenvolvimento (Applications Development Group).

Segundo Boar (2002), a estrutura organizacional da TI é uma derivação da estratégia,

e não o contrário. A Figura 5.37 mostra relacionamento entre estrutura e estratégia. O projeto

Responsabilidade

Gerente de Tecnologia (CTO – Chief Technology Officer)

Trilha emergente de tecnologia Recomendar a adaptação da tecnologia Projeto e arquitetura de geren cia de TI para assegurar consistência e complacência

Gerente de Conhecimentos (CKO – Chief Knowledge Officer)

Gerente de Telecomunicações (CTO – Chief Telecommunications Officer) Gerente de Rede (CNO – Chief Network Officer)

Gerente de Recursos (CRO – Chief Resources Officer) Gerente de Segurança da Informação (CISO – Chief Information Security Officer) Gerente de Privacidade (CPO – Chief Privacy Officer)

Gerenciamneto de conhecimentos de criações de infra -estrutura Construção de cultura de co nhecimento Criar corporações de compensação de conhecimento

Gerenciar telefones, redes, e outras comunicações tecnológicas cruzando empreendimentos conjuntos

Construção e manutenção interna e externa de rede

Gerenciar relacionamentos de fontes externas

Assegurar o gerenciamento de práticas de informação são consistentes com segurança requerida

Responsabilidade por processos e práticas que asseguram privacidade e interesse dos consumidores, trabalhadores, e fornecedores são conjuntos

Título

Page 278: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

265

organizacional da TI, embora sempre complexo, agora é ainda mais desafiador, devido às

mudanças de tecnologia sem precedentes que estamos experimentando e, os aspectos culturais

e geográficos de uma empresa global. Embora o projeto organizacional tenha que permitir a

estratégia, ela também leva em consideração as questões pragmáticas da cultura, estilo de

gerenciamento e sistemas de recompensa. Embora o projeto seja peculiar a cada um, existe

um ponto de partida. As principais funções são as seguintes:

• Operações – Especialistas na execução dos serviços de TI.

• Suporte de tecnologia – Especialista em selecionar, dar suporte e integrar

tecnologias de TI.

• Arquitetura e padrões – Desenvolvimento e consenso na montagem de um projeto

arquitetônico de TI para a empresa.

• Gerenciamento de produto / serviço – O gerenciamento geral de produtos

responsável por todos os produtos e serviços de TI.

• Desenvolvimento de aplicação e interação de sistemas – Especialistas no

desenvolvimento de projeto e evolução do ciclo de vida de aplicações comerciais

complexas.

• Gerenciamento e consultoria de conta – Responsável pelo gerenciamento de contas

e por oferecer consultoria a respeito de soluções comerciais.

• Serviços de suporte – Funções indiretas de cadeia de valores, como finanças e

recursos humanos.

Page 279: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

266

Figura 5.37 – Estrutura da organização de TI

Fonte: BOAR (2002).

Estas sete funções devem ser os blocos de montagem para a maioria das organizações

de TI. No topo dessa organização funcional, um gerenciamento interno da TI como centro de

resultados precisa ser imposta para motivar comportamentos desejados e a tomada de decisão.

Dado o deslocamento para a computação na Internet (e seu requisito de soluções horizontais

de ponta a ponta), a presença da competição crescente para a organização de TI interna, a

importância do processo para o sucesso (capacidade e estruturas estratégicas da cadeia de

valores) e a primazia do alinhamento, Boar (2002) sugere:

• O controle do orçamento deve ser dado à função de gerenciamento do produto.

• O gerenciamento do produto deverá comprar processos dos proprietários de

processo em toda a organização. Os proprietários de processo, não os gerentes

funcionais, situam-se sobre as equipes de produto.

• Os proprietários de processo compram as funções necessárias das diversas

organizações funcionais. As organizações funcionais, semelhantes aos servidores

de objetos, anunciam quais os serviços que ela pode realizar, e os proprietários de

processo reúnem os serviços para oferecer os serviços de ponta a ponta necessários

para oferecer os produtos.

Serviços de suporte de TI • Finanças • Recursos humanos • Qualidade • Diversidade • Etc.

Serviços e Sistemas de Informação VP / CIO

Operações • Processamento • Comunicações • Voz • Desktop • Computação em rede

Suporte de tecnologia • Plataformas • Software • Hardware • Etc.

Desenvolvimento

de aplicação e integração de

sistemas

Arquitetura e padrões globais TI

Gerenciamento de produto e serviço

TI

Gerenciamento de contas e consultoria

de soluções

Page 280: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

267

Pearlson; Saunders (2004) apresentam uma visão alternativa para estruturação da TI

Global, conforme Figura 5.38. Na visão dos autores a TI Global possui os seguintes

processos: Systems Development, Systems Maintenance, Data Center Operations, Information

Management and Database Administration, Internet Services, Networking Services, New

Technology Introduction, Resource Management and General Support.

Figura 5.38 – O gerenciamento de sistemas de informações organizacionais.

Fonte: PEARLSON; SAUNDERS (2004).

Lane et al. (2004) apresentam um modelo de organização de TI. Numa análise de

organizações de TI os principais problemas que são encontrados:

• Estrutura não funcional com papéis e responsabilidades dúbios e não muito claros;

• Estruturas de TI paralelas à margem da estrutura de TI da organização, ou seja,

estruturas departamentais criadas a revelia da área de TI;

• Membros da equipe de TI não competentes e não adequados às responsabilidades

da área;

• Inexistência de trabalho em equipe na equipe de TI e também na área de negócios;

• Total falta de alinhamento de TI aos negócios.

Diretor Tecnologia da

Informação

Gerente de Conhecimento

(CKO)

Gerente de Tecnologia

(CTO)

Gerente de Rede

(CNO)

Gerente-Gerais

Gerentes de TI

Desenvolvedores

Analistas de negócios

Administração de base de

dados

Produção e Atendimento e

Suporte

Outros

Page 281: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

268

Lane et al. (2004) apresentam os conceitos importantes para definir a organização da

área de TI:

• Estabelecer uma organização de TI com foco nos clientes

• Alinhar a organização de TI com os clientes internos

• Estabelecer um ponto de contato único dos clientes para solicitação de serviços de

TI

• Tornar muito fácil empreender e discutir oportunidades de negócios com a TI

• Fornecer o mais alto nível de serviços aos clientes internos e externos

• Assegurar que cada departamento na organização de TI possui produtos e clientes

associados

• Alcançar o equilíbrio adequado entre centralizado / global e descentralizado /

regional na distribuição das funções de TI na organização

Mañas (1999) apresenta direcionadores da estruturação da TI nas organizações. Para

ele a informática tem que ser encarada como função, entre outras, dentro da empresa. Faz-se

necessário realizar uma discussão e definição do quanto às funções, recursos e produtos serão

distribuídos, bem como a definição das atribuições da TI Corporativa, TI das unidades de

negócios, TI das filiais no exterior. Faz-se necessário uma análise da estrutura organizacional

bem como o modelo de gestão empresarial da organização de modo à sem definir a

profundidade da distribuição quanto à descentralização, autonomia e independência de

alocação, aquisição e gerenciamento de recursos de TI. As razões para distribuir ou centralizar

têm que levar em conta diversos aspectos para a tomada de decisão e a decisão pode ser

revista em função de razões de mercado ou em resposta a objetivos estratégicos.

De acordo com Mañas (1999), devem ser analisadas e avaliadas:

a. Considerações Econômicas

− economia de escala

− custo de hardware e software

− custo de pessoal

− custo da duplicação de processamentos

− custo de processamento vs comunicações

b. Considerações Técnicas

− capacidade de servidores

− aplicações específicas

Page 282: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

269

− aplicações padrões e globais

− complexidade técnica

c. Considerações Estratégicas

− integração da TI na empresa

− fatores de riscos e vulnerabilidade

− estilo de direção

− multiplicidade da equipe de suporte e atendimento

Lane et al. (2004) destacam as seguintes funções como importante de serem providas

de forma centralizada/global:

• Segurança de informações;

• Prover aplicações corporativas de negócios;

• Projeto e gerenciamento de rede de comunicações;

• Administração de servidores de e-mail e colaboração de modo a fornecer

meios comuns de comunicação por toda a organização;

• Outros componentes que necessitam ser compartilhados e padronizados.

Por outro lado Lane et al. (2004) apontam as seguintes funções como importante de

serem providas próximas e alinhadas com as áreas de negócios são potenciais candidatas a

serem fornecidas de forma descentralizada/regional.

• Análise de oportunidades de negócios, práticas de negócios e regulamentações

que dependem da legislação de cada país.

• Atendimento e suporte

• No entanto notar que estas funções acima são potenciais funções

descentralizadas devem na realidade obedecer a padrões globais sempre que

possível, para reduzir custos, simplificar a operação e melhoria contínua da

qualidade dos serviços prestados.

A distribuição dos recursos de TI tem implicações diretas na organização de TI.

Segundo Mañas (1999) existem três modelos de organização e estes modelos não são

exclusivos podem ser implementados simultaneamente: descentralização da produção,

Page 283: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

270

descentralização de projetos e autonomia local. De acordo com a empresa de consultoria

Governance Solutions existem oito focos de possibilidades de padronização:

• Organização da TI

• Processos de Negócios

• Sistemas aplicativos

• Dados e informações

• Tecnologias

• Infra-estrutura e Comunicações

• Metodologias e modelos de gestão de TI

• Contratos Corporativos, Mundiais e Locais.

• Orçamento de capital e despesas

• Controles

Existem cinco abordagens de padronização e flexibilização na visão da Governance

Solutions que devem ser motivos de discussão junto à direção da empresa (Marchand, 2000):

1. Dar flexibilidade ao negócio padronizando a TI em nível de país ou unidade de

negócio;

2. Padronização da tecnologia e infra-estrutura com flexibilidade para sistemas a

nível local e promovendo compartilhamento entre unidades de negócios, sempre

que possível;

3. Centralização da operação da infra-estrutura em um ambiente de sistemas

descentralizado;

4. Operação regional dos processos de negócios e de TI;

5. Operação global dos processos de negócios e de TI.

A questão de Flexibilização vs Padronização foi abordada em apresentação da

empresa de consultoria Governance Solutions, na realidade precisa-se buscar um

balanceamento de acordo com o momento da empresa, sua posição de mercado bem como seu

posicionamento estratégico em cada unidade de negócio em relação à flexibilidade e

autonomia em TI em função dos negócios e a padronização visando uma arquitetura de TI

alinhada aos objetivos globais e estratégicos da organização. As considerações na visão da

empresa para as empresas que estão competindo globalmente (Marchand, 2000):

Page 284: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

271

• Empresas com operação global têm uma variedade de opções para balancear a

flexibilidade nos negócios com a padronização;

• Encontrar o equilíbrio correto entre esses fatores implica em como a empresa será

capaz de criar valor para os negócios através dos seus clientes sendo flexível na

entrega de produtos e serviços para seus clientes localmente, regionalmente ou

globalmente;

• Ao mesmo tempo a empresa deve administrar seus processos de negócios e infra-

estrutura de forma a reduzir as demandas por capital adotando processos e

tecnologias comuns ou criando capacidades para alavancar o conhecimento

humano e informação da empresa através de mercados, fusos horários e

geografias;

• Entretanto, para a maioria das empresas implementar o equilíbrio certo entre

flexibilidade e padronização não é uma escolha de uma única vez, na realidade é

uma jornada influenciada pela variedade de produtos e serviços que a empresa

entrega ao mercado ao longo do tempo e os processos de negócios e informações

requeridas para apoiar esses produtos e serviços ao mercado;

• A maioria das empresas das empresas inicia sua trajetória global se estabelecendo

em muitos mercados locais, focando na entrega de produtos e serviços para os

clientes locais;

• Com o passar do tempo estabelecem relacionamentos com clientes ou

desenvolvem marcas em base regional ou global o que requer que processos de

negócios e informação sejam administrados regionalmente e não mais localmente;

• Por um lado a flexibilidade dá aos gerentes de negócios a liberdade para adequar

seus produtos e serviços bem como sua cadeia de suprimentos às necessidades

específicas do mercado local onde atua;

• Por outro lado a padronização reflete a necessidade concorrente de redução de

custos operacionais através do compartilhamento das melhores praticas de

negócio ou adoção de processos de negócio e infra-estrutura comum, além de

permitir alavancar o conhecimento e o uso da informação através de todas as

geografias, ou seja, nos diversos locais onde a empresa está presente.

Page 285: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

272

Marchand (2000) apresenta sete princípios chave para as decisões quanto à

globalização:

1. Diferenciar sistemas de negócios de sistemas funcionais no uso da TI

Classificar os sistemas de informação diferenciais que criam valor direto aos

negócios (exemplo: sistemas de vendas e serviços) de sistemas de informação

funcionais (ex: contabilidade, recursos humanos, etc.).

2. Globalização de TI não significa bandeira de centralização

Em vez de decidir quanto à centralização ou descentralização, a meta deve ser

determinar o equilíbrio adequado entre sistemas que necessitam serem processados

localmente, regionalmente e globalmente.

3. A Globalização da Infra-estrutura de TI e dos sistemas de informação

funcionais torna a empresa menos flexível

Dentro do conceito de gerência de consenso, é fundamental diferenciar

necessidades de negócios que gerem diferenciais competitivos daquelas demandas

de funções de suporte e de operações que não agregam valor direto aos negócios.

4. Otimizar os custos globais em vez de simplesmente buscar redução em cada

unidade de negócios de per si

Muitas unidades de negócios são extremamente possessivas em relação aos seus

recursos. Esta posição gera resistências não justificáveis aos programas

corporativos de consolidação e padronização.

5. A implementação do conceito de organização virtual exige um forte esforço de

padronização de SI/TI

Para se obter uma organização virtual que permita que o conhecimento e a

informação sejam compartilhados de diferentes formas, internamente e também,

entre clientes, fornecedores e parceiros. Este crescimento da necessidade de

alinhamento e relacionamento entre pessoas e empresas requer a definição de

padrões fortes de SI/TI. Uma arquitetura de TI global fornece a plataforma

apropriada para a competição a nível mundial deste novo ambiente totalmente

conectado e informatizado.

6. A Manutenção do equilíbrio correto entre flexibilidade e padronização requer

disciplina forte e poder de decisão do corporativo sobre as unidades de

negócios

Gerentes funcionais e de negócios tendem a discordar, assim como os gerentes de

negócios, gerentes global-corporativos e gerentes de TI lotados nas unidades de

Page 286: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

273

negócios discordam de gerente de TI corporativos que suportam a infra-estrutura

global de TI. Estas discussões e tensões precisam ser gerenciadas e a discussão

deve basear em processo decisório onde se busca o consenso da melhor decisão.

Porém uma vez tomada a decisão de definido o caminho todos têm que trabalhar

juntos na implementação do que foi decidido.

7. A decisão entre flexibilidade e padronização é uma jornada e não um destino

Para a maioria das empresas implementar o equilíbrio certo entre flexibilidade e

padronização não é uma escolha de uma única vez, na realidade é uma jornada

influenciada pela variedade de produtos e serviços que a empresa entrega ao

mercado ao longo do tempo e os processos de negócios e informações requeridas

para apoiar esses produtos e serviços ao mercado.

5.6.3 Gerenciamento da TI Global

Moskowitz; Kern (2003) apresentam a necessidade da estrutura matricial para a

Organização de TI das empresas globais. A organização matricial tem por objetivo o

entendimento e atendimento às necessidades da Empresa Global, onde os autores destacam

três perspectivas demandantes de serviços e recursos da organização de TI:

§ Visão Local – A perspectiva da unidade de negócio dentro do país ou região de

atuação.

§ Visão Regional – A perspectiva da região geográfica compreendendo o

interesse de varias unidades que atuem na região.

§ Visão Global dos Negócios – A perspectiva global da unidade de negócio

compreendendo uma visão comum entre as várias regiões de atuação.

Moskowitz; Kern (2003) ressaltam que as três visões respondem por demandas de

mercados interdependentes e competem por recursos da empresa, recursos de TI, esta visão

matricial objetiva um atendimento balanceado de acordo com as necessidades dos negócios

nas três perspectivas. E, as solicitações de projetos e de alocação de recursos devem ser

apresentadas através de plano de negócios (business case), desenvolvido em parceria pela área

de TI e de negócios.

Eles ainda ressaltam a importância da sinergia interna e o comprometimento dos

membros da organização de TI onde quer que estejam atuando. Cada membro do

departamento de TI necessita entender e manter-se atualizado de qualquer informação

Page 287: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

274

relacionada aos projetos e atividades da organização global de TI. As demandas das três

perspectivas acima podem em vários momentos ser conflitante e o direcionador da decisão é

sempre as oportunidades de ganhos reais para o negócio seja local, regional ou global. A

organização de TI precisa ser reconhecida e aceita como um parceiro de negócios e ser

gerenciada como um investimento em vez do gerenciamento como centro de custos. Esta

aceitação e reconhecimento só se obtêm através de ações efetivas e resultados alcançados em

total alinhamento com os objetivos estratégicos e as necessidades dos negócios.

Moskowitz; Kern (2003) propõem uma estrutura organizacional que contemple uma

equipe de serviços compartilhados a nível corporativo e também pessoal dedicado às unidades

de negócios a nível global, regional e local. Visando sempre o equilíbrio entre a padronização

e a flexibilidade no atendimento às necessidades corporativas e das unidades de negócios. O

reflexo na estrutura da TI é um constante equilíbrio neste reporte matricial aos negócios e a TI

da equipe local e o estabelecimento formal de padrões globais e da arquitetura global de TI. A

única forma para a TI alinhar com negócios é fazer parte dos negócios. Com o tamanho

necessário da equipe de desenvolvimento de sistemas, analistas de negócios e analistas de

suporte, fisicamente lotado nas unidades de negócios, tendo suas prioridades operacionais

definidas pelas unidades, participando efetivamente na definição de estratégias e das

operações e tendo seu orçamento próprio. Desta forma para que as ações locais e regionais

estejam alinhadas com as estratégias de TI, é condição necessária que a TI esteja alinhada

com os negócios. O fator crítico de sucesso para esta organização matricial, é que estas

equipes locais se reportem hierarquicamente à organização de TI e tenham também um

reporte operacional aos gestores das unidades de negócios. Ou seja, as equipes locais são

parte do negócio, mas reportam hierarquicamente à organização de TI. De um lado a

prioridade dos negócios é descobrir e priorizar oportunidades e necessidades, enquanto que a

prioridade da TI é oferecer soluções e serviços adequados e de qualidade. Moskowitz; Kern

(2003) ressaltam que um ponto importante da organização matricial é que a equipe local tenha

um reporte a uma liderança de TI local (chefia, gerencia, ou diretoria dependendo do porte da

organização e da unidade) que coordena as atividades de toda a equipe local. E, este Líder de

TI local se reporta hierarquicamente à organização global de TI.

Na Figura 5.39, Pearlson; Saunders (2004) reforçam o conceito de estrutura federativa

que visa aproveitar as vantagens dos modelos centralizado e descentralizado.

Page 288: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

275

Figura 5.39 – TI Federativa.

Fonte :PEARLSON; SAUNDERS (2004).

Lane et al. (2004) apresentam um modelo deste reporte matricial na Figura 5.40.

Figura 5.40 – Aplicação ideal de relatório de estrutura de suporte

Fonte: LANE et al (2004).

• Não Responde às necessidades dos usuários com agilidade

• Unidades de negócios não tem propriedade de sistemas

• Unidades de Negócios não possuem controle dos custos centrais excedentes

• Não atende todas as necessidades das Unidades de Negócio com

• Custos totais

excessivos para o grupo

• Padrões variáveis de competências de IS

• Reinvenção da roda

• Sem sinergia e integração

• Economia de escala

• Controle de padrões

• Massa crítica de habilidades

• Usuários controlam as Prioridades de TI

• Unidades de Negócios tem propriedade

• Atende as Necessidades das Unidades de Negócios

• Controle estratégico

• Sinergia Centralização de TI Descentralização de TI

Gerenciamento central de TI (aplicação e

execução)

Proprietário Local do processo

Gerenciamento organizacional local

Aplicação de suporte local de TI

Validação

Informação

Relatório Informação Negociação

• Visão e liderança de TI

• Estratégia e Arquitetura de TI em nível de Grupo

Page 289: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

276

5.6.4 Avaliar o Desempenho e Resultados de TI

Um sistema de mensuração dos benefícios proporcionados pela tecnologia da

informação deve contemplar três dimensões básicas e procurar responder a quatro questões

básicas. As dimensões correspondem à avaliação da performance econômica (medida de

performance de mercado), dos processos organizacionais (medidas relativas a processo de

mudança) e do suporte da tecnologia (funcionalidade de processos / áreas chave para a

empresa). As questões correspondem as diferentes perspectivas sobre as quais o impacto da

tecnologia da informação podem ser avaliado (Abreu; Abreu, 2003):

1. Como os clientes nos vêem? (a perspectiva do cliente);

2. Em que nós somos excelentes / competentes? (a perspectiva interna);

3. Como podemos continuar a melhorar e criar valor (a perspectiva da inovação e do

aprendizado);

4. Como os acionistas nos avaliam (a perspectiva financeira).

Abreu; Abreu (2003) propõem nove passos para compor um processo de mensuração

dos benefícios da tecnologia da informação na empresa:

1. Identificar os objetivos da empresa: as fontes de busca para estes objetivos são os

relatórios anuais e os planos estratégicos. Os objetivos se compõem de dois tipos:

internos (relacionados com o controle do desempenho da empresa) e externos

(relacionados com a posição competitiva da firma nos vários mercados em que ela

atua). Ambos os tipos podem ser examinados para cada linha de negócio, pois

ambos têm valor para a empresa. As medições internas em geral incluem os custos

de produtos e serviços e são usados para checar o desempenho de funções como

produções e vendas. As externas em participação no mercado e qualidade do

produto ou serviço e satisfação do cliente. No caso de pesquisa e desenvolvimento,

referem-se à introdução de novos produtos ou serviços ou obtenção de patentes.

Após os objetivos tenham sido identificados e medidos para cada unidade da

empresa, é necessário escolher um método que permita agregá-los;

2. Rever os fatores críticos de sucesso da gerência: por trás de um conjunto de

objetivos formais estão fatores informais definidos por gerentes de modo

individual que representam seus fatores críticos de sucesso e o modo como

avaliam seu progresso. Um programa de mensuração precisa olhar para as fontes,

tipos e medidas utilizadas por estes indivíduos para os seus fatores críticos de

Page 290: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

277

sucesso. Para a identificação destes fatores recomenda-se começar do topo para

baixo, entrevistando a alta gerência e os gerentes responsáveis por cada linha de

negócios. O principal objetivo destas entrevistas é verificar de que modo estes

fatores são monitorados e mensurados, mesmo que sejam medidas subjetivas;

3. Escolher uma estrutura para as atividades de informática: neste estágio do processo

de mensuração é necessário definir uma estrutura que relacione os projetos na área

de informática, em andamento e propostos, aos objetivos da gerência e aos fatores

críticos de sucesso levantados. Nesta estrutura é importante incluir componentes

que relacione dados sobre o desempenho da própria área de informática (quanto

tem sido gasto, que recursos têm sido utilizados, produtividade, qualidade etc.) a

avaliação da produtividade e competitividade de cada unidade de negócios da

empresa;

4. Relacionar decisões-chave a objetivos de negócios: identificar onde são tomadas as

decisões que tem o maior ou o mais forte impacto nos objetivos da firma e nos

seus fatores críticos de sucesso, seguindo a regra de que vinte por cento das

decisões tomadas produzem oitenta por cento do payback da empresa;

5. Relacionar os aplicativos / sistemas desenvolvidos e/ou propostos às decisões-

chave: depois de selecionadas as decisões-chave, quatro etapas devem ser

cumpridas nesta fase: a) determinar quais aplicativos dão suporte às decisões-

chave; b) realizar reuniões para obter consenso em relação aos produtos dos

aplicativos (saídas dos sistemas) que são utilizados para dar suporte a que

decisões-chave, definindo as bases para coleta de dados para medir o valor das

aplicações; c) avaliar diferentes metodologias de avaliação de benefícios,

discutindo-se dois aspectos básicos, onde encontrar as medidas (começasse pelo

sistema contábil-financeiro, passando pelo pseudo-métodos de avaliação utilizados

pelos executivos) e como agregar os dados (o importante é escolher uma

metodologia e consistentemente adotá-la); d) comparar as medidas existentes às

desejadas ou necessárias (o resultado desta comparação é uma lista de medidas que

podem ser adicionadas aos sistemas);

6. Definir as medidas necessárias: com a lista de medidas que são necessárias para a

organização avaliar os benefícios da tecnologia da informação, o próximo passo é

identificar aquelas que contam mais para a empresa, em termos de estimar os

valores obtidos com o uso da tecnologia, para tanto, sugere-se os seguintes passos:

a) priorizar os processos de decisão a receberem este suporte; b) selecionar as

Page 291: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

278

novas medidas quantitativas e c) selecionar as novas medidas qualitativas

pertinentes aos processos anteriormente selecionados;

7. Iniciar a coleta dos dados: inicialmente adicionar medidas ao sistema contábil-

financeiro da empresa (por exemplo, usando cálculos existentes como base para

novos) e quando isso não for possível, implantar um novo sistema de mensuração

de benefícios e, finalmente, testar os procedimentos utilizados para verificar sua

validade e integridade (os dados têm que ser relevantes e os procedimentos

passíveis de reprodução);

8. Medir e relatar os benefícios: começar com protótipos de relatórios, tendo-se a

preocupação de distinguir entre fatos, suposições e conclusões, e sistematicamente

modificar o sistema de divulgação dos resultados encontrados, visando aumentar a

atenção e aceitação dos executivos em relação aos relatórios e o seu uso dos

mesmos nas decisões de investimento em informática, refletir possíveis mudanças

nos objetivos da empresa e proporcionar uma visão holística da empresa;

9. Compor e manter sistemas de acompanhamento: de modo a verificar crescimentos

dos benefícios obtidos e permitir uma comparação entre resultados atuais e

previstos.

5.6.5 Modelos de Referência Mundial de Gestão de TI

O papel e a responsabilidade da área de TI no suporte aos negócios e como recurso

organizacional chave nas empresas globais exige um alto nível de qualidade e de competência

da organização de TI. É de fundamental importância para estas empresas adotarem padrões de

classe mundial de governança e de gestão de TI, tais como: Cube, ITIL, ISO 17799, come,

PMBOK, SLM/SLA, BSC, ISO 9001/2000. Estas metodologias e padrões de referência

devem ser utilizados e implantados conforme as prioridades estabelecidas no plano estratégico

de TI e devem refletir prioridades e importância para os negócios da organização (CPI, 2005):

• Cobit (Control Objectives for Information and Related Technology): Foco em

prioridades de TI, processos, controles internos e auditoria de TI.

• ITIL (Information Technology Infrastructure Library) e BS 15000: Foco em

gerenciamento de serviços de infra-estrutura.

• SLA / SLM (Service Level Agreement / Service Level Management):

Gerenciamento de acordos de níveis de serviços.

• ISO 17799 e BS7799: Foco em segurança de informações.

Page 292: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

279

• CMM / CMMi (Capability Maturity Model Integrated): Foco em

desenvolvimento e engenharia de software

• PMBOK (Project Management Body of Knowledge): Melhores práticas de

gestão de projeto.

• BSC (Balanced Scorecard): Metodologia de alinhamento estratégico e

operações, ferramenta de implementação e monitoramento de indicadores de

gestão de negócios e de TI.

• TOGAF (The Open Group Architectural Framework) e ZIFA (Zachman

Institute for Framework Advancement): Modelos de referencia e metodologias

para desenho de arquitetura de negócios e de arquitetura de TI.

Esta complexidade das organizações de TI de empresas globais tem chamado a

atenção de empresas de software disponibilizando software para automação da governança e

da gestão da TI, chamados ERP para TI, ou BTO (Business Technology Optimization). Já

existem soluções disponíveis, incluindo os próprios grandes fornecedores de ERP.

.

Page 293: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

6 CONCLUSÃO

Dada às limitações já previstas no estudo, consideramos que o mesmo atingiu os

resultados esperados. O estudo teve por objetivo responder a seguinte questão: “Como

planejar a estratégia de tecnologia da informação de uma empresa global, alinhando-a à

estratégia corporativa e às estratégias das unidades de negócios”?

O modelo de Planejamento Estratégico de Tecnologia de Informação em Empresas

Globais que foi apresentado tem como pré-requisito alinhar as estratégias de TI inteiramente

com a administração estratégica da empresa. Os recursos de informação e de tecnologia da

informação têm que ser administrados estrategicamente pela diretoria da empresa. A diretoria

é tão responsável pelos direcionamentos estratégicos dos recursos de informação, como pelos

outros recursos básicos da empresa: capital, pessoas, máquinas. Para se atingir o alinhamento

de TI aos negócios é de suma importância que os gestores da tecnologia apresentem de forma

objetiva o valor da tecnologia para os negócios.

Por outro lado, entende-se que os objetivos do estudo também foram plenamente

atingidos. Desde o objetivo geral, através da proposta de alinhamento de TI aos negócios que

foi apresentada, considerando as características de uma empresa global, que adiciona algumas

variáveis novas desde a definição de estratégias de TI, mas também na governança e gestão de

TI que precisa atender às necessidades de tomada de decisão em locais geograficamente

dispersos e que também podem apresentar necessidades de negócios diferentes por mercado, o

que por conseqüência também gera requisitos diferentes para a organização de TI. Também a

definição da arquitetura de TI passa por discussões entre a flexibilidade total de decisão da

unidade de negócio à centralização total e definição de padrões e direcionamentos a partir da

TI corporativa para toda organização. A organização da TI também sofre diversos

questionamentos e precisa atender aos requisitos e às complexidades típicas do modelo

organizacional de uma empresa global. Por último, a própria gestão da TI global apresenta

características próprias só encontradas nas empresas globais. O principal executivo da

tecnologia de informação (CIO) tem papel fundamental para que se atinja o resultado

esperado da organização de TI global. Para ele, é mais importante ter conhecimento avançado

Page 294: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

281

de negócios e tomar decisões de negócios através da TI, mas também precisa conhecer

profundamente o valor da tecnologia e as oportunidades de aplicação da TI. A tecnologia da

informação não é um fim, em si mesma, ela é tão mais útil quanto mais resultado concreto é

obtido pelos negócios com a sua utilização. Um CIO eficaz deve cada vez mais apurar sua

sensibilidade para as necessidades atuais e futuras dos negócios e, por sua vez, identificar os

investimentos necessários em TI para gerar os resultados efetivos para os negócios, tais como:

aumento de receita, lucratividade, eficiência operacional, assim como, viabilizar o

posicionamento estratégico da empresa. Como também vimos ao longo deste estudo, o

alinhamento da tecnologia da informação aos negócios exige uma aproximação do CIO com a

alta administração. Faz-se necessário um trabalho conjunto da organização de TI juntamente

com as áreas de negócios para definir e priorizar os investimentos e os projetos de TI de

acordo com as necessidades de posicionamento estratégico (longo prazo) e de eficiência

operacional (curto e médio prazo). A Tecnologia da Informação possui um papel muito

importante neste contexto, pode ser um aliado estratégico para suportar e viabilizar o

crescimento e as diretrizes da empresa. As ações, projetos e investimentos em Tecnologia da

Informação devem ser cuidadosamente planejados para suportar os movimentos e

necessidades de negócios da empresa.

Os objetivos específicos também foram alcançados como resultado completo do

estudo que culminou na proposta do modelo de planejamento estratégico em empresas

globais. Reafirmou-se neste estudo o quanto a Tecnologia da Informação é um recurso

importante para suportar a competitividade global da empresa viabilizando uma rede de

comunicação integrada reunindo clientes, fornecedores, colaboradores e os diversos parceiros

de negócios. A TI proporciona a disseminação das competências globais, bem como consolida

o conhecimento local e regional que está localizado nos diversos países de atuação da

empresa. Outro resultado que pode ser obtido com o uso dos recursos de TI é disseminar a

competência organizacional inserida nos processos de negócios, produtos e políticas da

empresa para qualquer unidade, independente da sua localização geográfica. O modelo de

planejamento estratégico de tecnologia da informação que foi apresentada neste estudo teve o

objetivo de nortear as estratégias e as ações da organização de tecnologia da informação em

total sintonia com a administração estratégica da empresa viabilizando as ações de

crescimento, expansão em novos negócios, internacionalização e globalização da empresa.

Page 295: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

282

6.1 PRINCIPAIS CONCLUSÕES DESSE ESTUDO: REVISÃO DOS PONTOS-CHAVE

A habilidade de uma empresa de alavancar o potencial da Tecnologia da Informação é

um fator crítico de sucesso e, obrigatoriamente a definição das estratégias e direcionamentos

sobre o uso das tecnologias, bem como os investimentos a serem realizados têm que ser de

responsabilidade direta da alta administração da empresa.

A principal constatação deste estudo é a influência sinérgica que os sete fatores de

excelência organizacional identificados exercem mutuamente em suas funções

interdependentes: Estratégia, Recursos Organizacionais, Processos de negócios, Tecnologia,

Estrutura Organizacional, Modelo de Gestão e Cultura Organizacional, Controles Internos.

Os objetivos estratégicos da Tecnologia da Informação têm que ser derivados da

estratégia corporativa e das estratégias das unidades de negócios. Da mesma forma, os

objetivos dos processos de negócios têm que estar diretamente associados aos objetivos

estratégicos, e faz-se necessária a identificação de problemas e suas respectivas causas que

não permitem o atingimento dos objetivos dos processos. A solução destes problemas

permitirá a identificação de oportunidades de melhorias em Tecnologia da Informação, bem

como oportunidades de mudanças organizacionais necessárias para alinhar estratégia,

processos de negócios e estrutura organizacional.

Os recursos organizacionais (pessoal, capital, máquinas e informação) também

precisam estar alinhados com os processos e a tecnologia de modo a maximizar os resultados

obtidos dos recursos da organização.

Também associado aos recursos da organização é a definição de modelo de gestão e a

cultura organizacional, ou seja, o modo como a empresa faz a gestão dos recursos

organizacionais, quais são os valores, as crenças, ou seja, qual é a filosofia da organização.

O modelo de gestão tem o objetivo de disseminar na empresa, a cultura de excelência

organizacional, buscar a excelência em tudo o que a empresa faz.

Page 296: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

283

O modelo de gestão direciona o desenvolvimento de competências que os funcionários

dispõem e usam para realizar suas funções e atribuições. São os conhecimentos, habilidades,

experiências, traços, valores que moldam atitudes e comportamentos na busca de resultados.

Parte do sucesso do executivo depende da sua capacidade para compreender a organização,

integrar suas partes, transformar experiências em conceitos, e conceitos em resultados

(FORNARI, 2004).

Por último, ressalta-se a importância de definições de controles internos, bem como o

modelo de governança corporativa para garantir que as atividades de todas as áreas da

empresa obedeçam a ética empresarial e atendam os princípios e direcionamentos de

transparência na geração de informações e apresentação de resultados ao mercado.

Os fatores de excelência organizacional têm que ser levados em conta na

implementação de mudanças e transformações organizacionais. O uso pleno da Tecnologia da

Informação somente ocorre através da análise da influência e dos impactos aos fatores de

excelência organizacional.

O modelo proposto de Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação em

Empresas Globais toma por base os fatores de excelência organizacional. O valor da

contribuição da TI aos negócios aumenta quanto mais a TI esteja integrada e alinhada aos

fatores de excelência organizacional. O modelo desenvolvido neste estudo visa alinhar a

estratégia de TI aos negócios.

O modelo é composto de cinco dimensões: Mercado Global, Empresa Global, Gestão

Empresarial, Alinhamento de TI aos Negócios, Organização de TI Global. A seguir é feito um

breve resumo do que foi identificado no estudo em cada dimensão.

Mercado Global

Os mercados tornaram-se verdadeiramente globais. As empresas que permanecerem

em seu mercado doméstico provavelmente serão esmagados por concorrentes espalhados pelo

mundo. A economia mundial está-se tornando cada vez mais interligada e, virtualmente,

nenhum país que tenha um padrão de vida sempre mais elevado é independente dos

acontecimentos econômicos no restante do mundo. Várias forças são responsáveis pelo

Page 297: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

284

crescimento da integração. O aumento do comércio internacional ultrapassa cada vez mais o

incremento dos resultados nacionais. O transporte e as comunicações estão-se tornando mais

rápidos, mais baratos e mais amplamente acessíveis. Nos países avançados, a natureza das

atividades que agregam valor está mudando de manufatura para serviços e informações. As

empresas multinacionais, têm-se tornado verdadeiramente globais, como era previsto desde

suas origens (KOTABE; HELSEN, 2000).

A competitividade nos negócios evoluiu para um nível de sofisticação que muitos

chamam de globalismo: a concorrência global caracterizada por redes que unem países,

instituições e pessoas e uma economia global interdependente. Praticamente todas as

empresas em operação no mundo são de alguma forma afetadas pelo globalismo. Empresas de

qualquer país competem agora com seus concorrentes tanto no seu país, quanto no exterior, e

os seus concorrentes domésticos conseguem competir em matéria de preços através da

terceirização de recursos em qualquer parte do mundo. Por outro lado, boa parte do comércio

mundial é feito no âmbito de três blocos regionais de livre comércio (Europa Ocidental, Ásia

e América do Norte), o chamado mercado da Tríade, que gira em torno de três moedas

dominantes (o euro, o iene e o dólar). Da mesma forma, intranqüilidade e mudanças

genéricas nos campos econômico, político e social em todo o mundo representam novos

desafios para as empresas e seus executivos. Uma das mudanças mais impressionantes do

mundo atual é que quase todas as nações de repente começaram a desenvolver sistemas

descentralizados, de livre mercado, para terem condições de conduzir uma economia global

de intensa concorrência, a complexidade da industrialização de alta tecnologia e o despertar

de um sentimento generalizado de anseio por liberdade (Deresky, 2002).

As forças de mudanças atuam nas empresas de forma única e em bloco, não

diferenciando os setores econômicos em que a empresa está envolvida. Tudo acontece aos

mesmo tempo, como um vírus que se auto-alimenta. Nenhuma atividade econômica, em

qualquer país de economia desenvolvida ou em desenvolvimento, pode escapar à regra

(Lopes, 2000).

Empresa Global

As empresas orientadas para o mercado, que enfrentam maior competitividade nos

mercados mundiais constatam ser essencial assumir uma perspectiva global. A contenção de

Page 298: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

285

custos, os custos e riscos de uso da tecnologia e a dispersão geográfica maior número de

concorrentes globais em muitos setores e o advento da hipercompetição em muitos mercados

significam que as práticas do comércio internacional precisam dar suporte ao aperfeiçoamento

contínuo, para que ele se mantenha alinhado com suas metas.

O planejamento estratégico e a integração das atividades globais constituem um

conjunto coerente, que precisa ser implementado por uma empresa para alcançar a

maximização de suas atividades e para que ela permaneça como uma participante viável nos

mercados internacionais. Para proceder dessa forma, a empresa global precisa adotar a

tecnologia da informação e as telecomunicações em suas operações globais, para tornar os

dados relevantes disponíveis aos gerentes em tempo real (Kotabe, Helsen, 2000).

De todos os fatores que impulsionam os negócios globais atualmente, aquele que está

transformando a agenda do executivo internacional mais do que qualquer outro é o conjunto

de rápidos progressos na Tecnologia da Informação. A rapidez e o grau de exatidão da

transmissão de informações estão modificando a natureza das tarefas executadas na empresa

global ao tornarem as barreiras geográficas quase irrelevantes (Dereski, 2002).

Finalmente, uma estratégia global de qualquer tipo precisa resolver inúmeras

contradições aparentes. As empresas têm que responder às necessidades nacionais, porém,

devem procurar explorar o know-how em termos mundiais, enquanto em todos os momentos

se esforçam para produzir e distribuir produtos e serviços globalmente, da maneira mais

eficiente possível (Kotabe, Helsen, 2000).

Gestão Empresarial

Dois fatores estão motivando as corporações a aumentar a atração gerencial dedicada à

formulação da estratégia: (1) a velocidade da mudança ambiental e (2) o aumento da

competitividade organizacional. Num ambiente em rápida transformação, é importante que a

empresa analise de forma disciplinada os seus produtos, mercados, clientes e concorrentes e

formule uma estratégia para o sucesso no mercado. A estratégia cuidadosamente elaborada

indica como a empresa utilizará os seus recursos e capacidades para construir e sustentar as

vantagens competitivas que influenciarão de forma favorável à empresa nas decisões de

compra dos clientes (Fahey; Randall, 1999). Para gerenciar a competitividade organizacional,

Page 299: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

286

as estratégias precisam expressar-se na forma de planos estratégicos, a serem divulgados na

empresa, a fim de:

• Facilitar a comunicação ascendente e descendente na organização.

• Concentrar a atenção na estratégia pretendida.

• Capacitar as pessoas em determinada área organizacional a compreender como

o seu trabalho se relaciona com o das demais áreas organizacionais.

• Facilitar a monitoração do desempenho e a adoção de quaisquer ações

corretivas.

Nas empresas globais que são corporações grandes e complexas, a formulação da

estratégia ocorre no nível corporativo e no nível das unidades de negócios. Para facilitar o

planejamento estratégico eficaz, as empresas com suficiente diversidade produto-mercado são

subdivididas, em unidades de negócios. No nível corporativo, as preocupações são: As

fronteiras da corporação são abordadas na decisão sobre o escopo, de que negócios a

corporação deve participar? As decisões sobre o escopo são direcionadas pelas decisões da

corporação sobre os relacionamentos, em que bases as unidades de negócios da empresa

devem relacionar-se umas com as outras? As decisões sobre o escopo e sobre os

relacionamentos determinam em conjunto o grau e forma de diversificação da corporação, de

que conjunto de produtos-mercados participa e quão frouxo ou coeso será o relacionamento

entre as unidades de negócios da corporação? O planejamento no nível das unidades de

negócios envolve a determinação das fronteiras entre os negócios e a decisão de como cada

negócio deve competir no seu produto-mercado. São cinco os elementos críticos na gestão

estratégica no nível das unidades de negócios. Definição do escopo da unidade de negócios, o

que está e não está no âmbito da unidade de negócios? Estabelecimento das metas da unidade

de negócios, que alvos financeiros e não-financeiros direcionarão o desenvolvimento da

estratégia da unidade de negócios, a avaliação de seu desempenho e a adoção de medidas

corretivas? Definição das bases pretendidas para a vantagem competitiva, quais as dimensões

referentes ao cliente ao longo das quais a unidade de negócios pretende ser não apenas boa,

mas melhor do que os concorrentes? O que a unidade de negócios fará e o que confiará aos

parceiros de negócios? Gestão da cadeia de valores interna da unidade de negócios, assim

como da sua integração com as cadeias de valores dos parceiros e clientes, o propósito da

Page 300: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

287

gestão da cadeia de valores – gerar e sustentar superioridade competitiva ao longo das bases

pretendidas para a vantagem competitiva – está sendo atingido? (Fahey; Randall, 1999).

É preciso estabelecer uma clara relação entre a gestão de pessoas, de processos, da

cultura, das relações com a comunidade, com os resultados de negócios (Fornari, 2004).

Alinhamento de TI aos negócios

O alinhamento e a integração das estratégias de TI às estratégias de negócios é

condição fundamental para o sucesso das empresas globais. Este desalinhamento é a causa

principal do desapontamento e ceticismo da alta administração das empresas com os

resultados e o valor agregado pela TI às suas empresas. Os executivos sabem que suas

empresas têm que investir em TI, porém não querem investir além do necessário para

sustentar sua vantagem competitiva com relação aos seus concorrentes. Já existem pesquisas

publicadas que correlacionam os investimentos em TI com ganhos de produtividade e

aumentos nos valores de mercado das empresas.

A disponibilidade e a explosão da tecnologia da informação, bem como as

telecomunicações, têm mudado para sempre a natureza da competição global. As fronteiras

geográficas e a distância têm significado uma resistência menor para o desenvolvimento de

estratégias voltadas para o mercado global. As informações que os gerentes têm sobre a

posição das operações da empresa estão disponíveis quase em tempo real. A combinação da

tecnologia da informação, ferramentas de acesso e telecomunicação têm reduzido grande

quantidade de inatividade organizacional das operações corporativas, que eram anteriormente

inerentes à natureza lenta e circunstancial do fluxo de informações dentro da empresa, pelos

obstáculos oriundos dos desvios humanos. A premissa básica da competição global é que

todas as empresas estão diante de uma forma de concorrência agressiva. A tese central desse

nível de competição é que nenhum tipo de vantagem competitiva pode durar para sempre – é

certo que um dia ela será destruída (Kotabe; Helsen, 2000).

O papel estratégico da Tecnologia da Informação envolve utilizá-la para desenvolver

produtos, serviços e capacidades que confiram a uma empresa vantagens estratégicas sobre as

forças competitivas que ela enfrenta no mercado mundial. Um dos valores estratégicos da

tecnologia da informação é seu papel na realização de melhorias importantes nos processos

empresariais de uma empresa. Os investimentos em TI podem ajudar a tornar

Page 301: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

288

substancialmente mais eficientes os processos de negócios, de gestão e operacionais da

empresa. No desenvolvimento de produtos e serviços ou processos exclusivos. Isto pode gerar

novas oportunidades comerciais e permitir que uma empresa se expanda para novos mercados

ou novos segmentos de mercados existentes. Por outro lado, os investimentos em TI também

podem permitir a uma empresa reter clientes e fornecedores (e barrar concorrentes) pela

formação de novas relações valiosas com eles. Isto pode impedir que clientes e fornecedores

abandonem uma empresa em favor de suas concorrentes ou intimidam uma empresa quanto à

conceituação de relações menos lucrativas. Com o investimento em TI, uma empresa pode

construir uma plataforma estratégica de TI, que a habilite a tirar a vantagem de oportunidades

estratégicas.

Da mesma forma os sistemas de informação também permitem que uma empresa

desenvolva uma base estratégica de informações capaz de fornecer informações para apoiar as

estratégias competitivas da empresa. Ou seja, equipada com uma plataforma tecnológica e

uma arquitetura de informação a empresa pode alavancar o investimento em tecnologia da

informação desenvolvendo novos produtos e serviços maximizando os resultados obtidos no

relacionamento com parceiros de negócios e clientes que não seriam possíveis sem uma forte

capacidade de TI (O’Brien, 2003).

Organização de TI Global

Como a maioria das empresas utiliza a tecnologia da informação? Existem muitas

formas pelas quais as organizações podem visualizar e utilizar a tecnologia da informação. As

empresas podem utilizar a TI estrategicamente ou de forma controlada. Se uma empresa

enfatiza o uso estratégico de TI, a alta administração encara a TI como um importante

diferenciador competitivo. Provavelmente, a empresa dedica quantidades significativas de

tecnologia para apoiar a tomada de decisão e melhorar os processos empresariais. Mais e mais

empresas estão passando a utilizar estrategicamente a TI para obterem vantagem competitiva.

Em um mundo cada vez mais competitivo, a TI é crítica para o desenvolvimento de processos

operacionais e administrativos mais eficazes. Para atender os clientes... as empresas precisam

ser proficientes em várias áreas fundamentais: tempos de ciclos reduzidos, níveis de serviços

reduzidos, desenvolvimento mais rápido de novos produtos, melhor atendimento do cliente,

progressiva delegação de poder aos funcionários e maior compartilhamento do conhecimento

Page 302: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

289

e da aprendizagem. A Tecnologia da Informação é um recurso crítico para alcançar todas

essas metas (O’Brien, 2003).

A informação não pode ser mais controlada centralmente ou em segredo. A

informação política econômica, de mercados e sobre a concorrência está acessível quase

instantaneamente a qualquer um no mundo inteiro, permitindo assim um processo decisório

bem informado e preciso (Deresky, 2002).

Muitos executivos agora encaram a TI como uma tecnologia que possibilita a

administração de processos interfuncionais e interorganizacionais de que as unidades de

negócios devem dispor para enfrentar com sucesso as ações competitivas que vão surgindo. A

internet, intranets, extranets, hardware, software e telecomunicações mais eficientes e

econômicas estão possibilitando que indivíduos, grupos de trabalho, unidades de negócios e

organizações sejam ligados em estreitas relações comerciais que podem propiciar a

comunicação, coordenação e colaboração necessárias no mercado competitivo e globalizado

de hoje. Qual a solução para problemas de desempenho deficiente na função de TI? O

envolvimento dos gerentes (desde o presidente até os gerentes de unidades) na administração

da TI é uma necessidade. Porém este envolvimento exige o desenvolvimento de estruturas de

comando que incentiva sua participação ativa no planejamento e controle do uso da TI, o que

é chamado de governança de TI. A administração estratégica de TI exige a elaboração do

Plano Estratégico de TI que tem quatro objetivos básicos (O’Brien, 2003):

• Alinhamento Empresarial. Compatibilizar o investimento em TI com uma

visão dos negócios e metas estratégicas da empresa.

• Vantagem competitiva. Aproveitar a tecnologia da informação para criar os

sistemas de informação estratégicos e inovadores para alcançar vantagem

competitiva.

• Administração de Recursos. Desenvolver planos para a administração eficiente

e eficaz dos recursos de sistemas de informação da empresa, incluindo a equipe

de TI, recursos de hardware, software e rede.

• Arquitetura Tecnológica. Desenvolver políticas tecnológicas e projetar uma

arquitetura de TI para a organização.

Page 303: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

290

Existem demasiadas realidades culturais, políticas e geoeconômicas que devem ser

enfrentadas para que uma empresa tenha sucesso nos mercados globalizados de aplicações,

tecnologias, plataformas, banco de dados e projetos de desenvolvimento de sistemas. Todas as

realidades devem contemplar as diferenças culturais, políticas e geoconômicas existentes

quando se realizam negócios internacionalmente que é uma condição inerente às empresas

globais.

Apesar da disseminação da TI em todas as áreas da cadeia de valor e nas áreas de

suporte operacional e administrativo, ainda se observa um grande hiato entre a diretoria,

responsável pelas diretrizes estratégicas, e a área responsável pela TI. A TI exige altos

investimentos de capital, além de absorver um percentual significativo das despesas da

empresa. Além disso, o valor da contribuição da TI, seus benefícios e os resultados obtidos

com o seu uso da TI não são objetivamente mensurados, acarretando uma grande preocupação

para a alta administração da empresa, o que normalmente é realçado através de uma forte

pressão na TI por redução de custos em vez de utilizá-la para geração de vantagem

competitiva. A TI não é um fim em si mesma, ela é mais útil e importante quanto mais

resultados reais são obtidos pelos negócios com a sua utilização. A alta administração

juntamente com o CIO deve aprimorar a capacidade de identificação de oportunidades de TI

frente às necessidades atuais e futuras dos negócios e desta forma direcionar os investimentos

de TI para geração de resultados efetivos para os negócios.

A aplicação do modelo proposto neste estudo na gestão de TI do Grupo WEG será de

fundamental importância para o papel da TI como um recurso estratégico para suportar e

viabilizar o crescimento e as diretrizes estratégicas da empresa. A TI deve cada vez mais ser

direcionada para suportar os processos de negócios e facilitar a sinergia dos produtos WEG

para transformá-los em solução integrada para o cliente. A WEG está num processo acelerado

de globalização. A Tecnologia da Informação é um recurso importante para suportar a

competitividade global da empresa viabilizando uma rede de informação e comunicação

integrando as diversas unidades da empresa e os seus parceiros de negócios, clientes e

fornecedores. Um objetivo fundamental da TI é disseminar a competência organizacional dos

processos de negócios, produtos, serviços, modelos de gestão e políticas para qualquer

unidade independente da sua localização geográfica. Para que os resultados da TI para os

negócios sejam maximizados não basta apenas que as tecnologias de hardware e software

Page 304: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

291

estejam disponíveis, é fundamental que a aplicação e o uso da TI estejam alinhados com os

objetivos, metas e prioridades dos negócios.

O modelo de Planejamento Estratégico de TI em Empresas Globais que foi

apresentado neste estudo teve o objetivo principal de nortear as estratégias e ações na Gestão

da TI em total alinhamento com a administração estratégica da empresa viabilizando as ações

de crescimento, expansão e novos negócios, internacionalização e globalização da empresa.

6.2 RECOMENDAÇÃO E TRABALHOS FUTUROS

Não obstante o estudo ter respondido à questão de pesquisa, podemos identificar

diversas oportunidades de estudos e desdobramentos futuros deste estudo de pesquisa.

i) Transformar este modelo proposto em metodologia incluindo métodos,

procedimentos e ferramentas para desenvolvimento, execução e gerenciamento de

um plano estratégico de TI de empresa global.

ii) Incluir um modelo próprio de alinhamento ao plano estratégico empresarial, bem

como o formato dos produtos a serem gerados.

iii) Desenvolver um modelo de maturidade e fazer uma pesquisa de campo para

avaliar a aderência do modelo em empresas globais de diversas partes do mundo,

identificando eventuais lacunas que existam na metodologia.

iv) Acrescentar no modelo conhecimentos mais aprofundados dos seguintes tópicos

que não foram tratados, ou foram apresentados superficialmente neste estudo de

pesquisa. A saber:

a) Gestão Empresarial

− diagnóstico de maturidade em relação aos modelos de gestão de excelência

aplicados às empresas globais

− competitividade através de TI

− geração de vantagens competitivas com a TI

b) Gestão Empresarial com TI

− aprofundar o estudo de utilização de ERPs e soluções de negócios visando

Page 305: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

292

identificar práticas de excelência de utilização de ERPs em empresas

globais

c) Gestão de Tecnologia da Informação

− Regulamentações e suas implicações na TI

− Modelo de serviços de negócios em TI

− Estudos de aderência e processo de implantação modelos de referencia

mundial de gestão de TI

− Sistemas de ERP para a gestão de TI Global / Automação da organização

de TI Global

Page 306: Modelo de planejamento estratégico de tecnologia da informação

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