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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências
Faculdade de Engenharia
Breno de Almeida Santos Oliveira
Modelagem do comportamento estrutural de torres de aço de
telecomunicações submetidas à ação dinâmica não determinística
do vento
Rio de Janeiro
2016
Breno de Almeida Santos Oliveira
Modelagem do comportamento estrutural de torres de aço de
telecomunicações submetidas à ação dinâmica não determinística do vento
Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Estruturas.
Orientador: Prof. Dr. José Guilherme Santos da Silva
Rio de Janeiro
2016
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/B
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou
parcial desta tese, desde que citada a fonte.
Assinatura Data
C197 Oliveira, Breno de Almeida Santos. Modelagem do comportamento estrutural de torres de aço de
telecomunicações submetidas à ação dinâmica não determinística do vento / Breno de Almeida Santos Oliveira. - 2016.
108f.
Orientador: José Guilherme Santos da Silva. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Faculdade de Engenharia.
1. Engenharia Civil. 2. Estruturas de aço - Dissertações. 2. Análise dinâmica - Dissertações. I. Silva, José Guilherme Santos da. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. III. Título.
CDU 624.016
Breno de Almeida Santos Oliveira
Modelagem do comportamento estrutural de torres de aço de
telecomunicações submetidas à ação dinâmica não determinística do vento
Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Estruturas.
Aprovado em: 24 de março de 2016.
Banca Examinadora:
_______________________________________________________ Prof. Dr. José Guilherme Santos da Silva (Orientador) Faculdade de Engenharia – UERJ
_______________________________________________________ Prof. Dr. Francisco José da Cunha Pires Soeiro Faculdade de Engenharia – UERJ
_______________________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Bird Burgos Faculdade de Engenharia – UERJ
_______________________________________________________ Prof. Dr. Raul Rosas e Silva Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio
Rio de Janeiro
2016
DEDICATÓRIA
A Deus e minha família
AGRADECIMENTOS
A minha mãe Selma, que sempre esteve ao meu lado, pelo seu amor
incondicional, pelo seu apoio e força necessários para me fazer seguir sempre em
frente.
A minha namorada Raphaela, pelo seu apoio e presença ao meu lado em
todos os momentos.
Aos amigos de faculdade, que compartilharam toda sua experiência,
dificuldades, momentos felizes e tristes durante a graduação. Sem a nossa união
não chegaríamos tão longe.
Ao meu orientador, Professor José Guilherme, pela sua confiança em minha
capacidade, pelo seu incentivo, pelas horas dedicadas em minha formação desde a
graduação, pela sua orientação e amizade.
O amor é a força de Deus que equilibra o Universo.
Chico Xavier
RESUMO
Oliveira, Breno de Almeida Santos. Modelagem do comportamento estrutural de torres de aço de telecomunicações submetidas à ação dinâmica não determinística do vento. 2016. 108f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
Um aumento crescente dos problemas estruturais associados à ação do vento sobre torres metálicas constitui a principal motivação para o desenvolvimento de uma metodologia de projeto respaldada na obtenção e avaliação da resposta dinâmica de torres de aço de telecomunicações esbeltas, quando submetidas a cargas dinâmicas não determinísticas de vento. Assim sendo, este trabalho de pesquisa objetiva contribuir com o desenvolvimento de uma metodologia para a análise do comportamento estrutural dinâmico não determinístico de torres de aço de telecomunicações, com base no emprego de uma formulação matemática utilizada para a modelagem randômica das ações do vento. Para tal, o modelo estrutural estudado baseia-se em uma torre metálica de telecomunicações real, existente, com 100,3 m de altura. No que diz respeito à modelagem da torre, são empregadas técnicas usuais de modelagem, via método dos elementos finitos (MEF), por meio da utilização do programa ANSYS. As respostas estática e dinâmica não determinística do modelo estrutural, em termos dos valores dos deslocamentos, foram obtidas e comparadas com os limites preconizados em normas e recomendações de projeto. Finalmente, com base nos resultados alcançados ao longo deste trabalho de pesquisa, pretende-se alertar os projetistas desse tipo de estrutura para as diferenças significativas que ocorrem na resposta estrutural do modelo analisado neste estudo, a partir do emprego da metodologia desenvolvida para a modelagem das torres de aço.
Palavras-chave: Torres de Aço de Telecomunicações, Ação Dinâmica Não
Determinística do Vento, Análise Dinâmica, Modelagem Computacional.
ABSTRACT
An increasing in structural issues associated with the wind action on steel towers is the main motivation to the development of a design methodology supported by the obtained slender telecommunication steel towers dynamic response, when subjected to the wind nondeterministic dynamic loads. Therefore, this research aims to contribute to the development of an analysis methodology to evaluate the structural nondeterministic dynamic behaviour of telecommunications steel towers, based on a mathematical formulation used for the random modelling of the wind actions. This way, the investigated structural model is based on an existing 100,3 m high telecommunication steel tower. Regarding the tower numerical modelling, the developed finite element model adopted the usual mesh refinement techniques present in finite element method simulations, based on the ANSYS program. Both static and dynamic nondeterministic response of the model, in terms of the displacements values, were obtained and compared with the proposed limits found in standards and design recommendations. Finally, based on the results achieved through this research work it’s intended to alert the designers of this type of structure to the significant differences that occur in the structural response of the investigated model, considering the developed methodology to the modelling of the steel towers.
Keywords: Telecommunication Steel Towers, Wind Nondeterministic Dynamic Action,
Dynamic Analysis, Computational Modelling.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Torres de telecomunicações treliçadas .................................................... 20
Figura 2 – Esquema para modelo dinâmico discreto - NBR 6123 (ABNT, 1988, p. 35)34
Figura 3 – Variação da velocidade do vento ao longo do tempo ............................... 38
Figura 4 – Isopletas da velocidade básica V0 (m/s) - NBR 6123 (ABNT, 1988, p. 6) 39
Figura 5 – Perfil da velocidade média do vento ao longo da altura ........................... 42
Figura 6 – Espectro de potência do vento de Kaimal (Blessmann, 1995) ................. 44
Figura 7 – Vista frontal e detalhes do modelo investigado ........................................ 52
Figura 8 – Perfil de cantoneira .................................................................................. 53
Figura 9 – Vistas da direção de aplicação do carregamento de vento ...................... 55
Figura 10 – Elemento BEAM 44 (ANSYS, 2007) ....................................................... 57
Figura 11 – Detalhe das ligações na modelagem viga .............................................. 57
Figura 12 – Modelo em elementos finitos da torre (modelagem viga) ....................... 58
Figura 13 – Elemento LINK 8 (ANSYS, 2007) ........................................................... 59
Figura 14 – Detalhe das ligações na modelagem mista ............................................ 59
Figura 15 – Modelo em elementos finitos da torre (modelagem mista) ..................... 60
Figura 16 – 1º Modo de vibração: f01 = 0,97 Hz ........................................................ 64
Figura 17 – 2º Modo de vibração: f02 = 0,97 Hz ........................................................ 65
Figura 18 – 3º Modo de vibração: f03 = 2,64 Hz ........................................................ 65
Figura 19 – 4º Modo de vibração: f04 = 2,64 Hz ........................................................ 65
Figura 20 – 5º Modo de vibração: f05 = 3,67 Hz ........................................................ 66
Figura 21 – 6º Modo de vibração: f06 = 4,52 Hz ........................................................ 66
Figura 22 – 1º Modo de vibração: f01 = 0,95 Hz ........................................................ 67
Figura 23 – 2º Modo de vibração: f02 = 0,95 Hz ........................................................ 67
Figura 24 – 3º Modo de vibração: f03 = 1,68 Hz ........................................................ 68
Figura 25 – 4º Modo de vibração: f04 = 1,99 Hz ........................................................ 68
Figura 26 – 5º Modo de vibração: f05 = 2,15 Hz ........................................................ 68
Figura 27 – 6º Modo de vibração: f06 = 2,27 Hz ........................................................ 69
Figura 28 – Nós de deslocamentos máximos............................................................ 75
Figura 29 – Força no tempo na cota z = 2,95 m ........................................................ 78
Figura 30 – Força no tempo na cota z = 50,15 m ...................................................... 78
Figura 31 – Força no tempo na cota z = 100,30 m .................................................... 79
Figura 32 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 2,95 m ................... 79
Figura 33 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 50,15 m ................. 80
Figura 34 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 100,30 m................ 80
Figura 35 – Força no tempo na cota z = 2,95 m ........................................................ 81
Figura 36 – Força no tempo na cota z = 50,15 m ...................................................... 81
Figura 37 – Força no tempo na cota z = 100,30 m .................................................... 82
Figura 38 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 2,95 m ................... 82
Figura 39 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 50,15 m ................. 83
Figura 40 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 100,30 m................ 83
Figura 41 – Resposta dinâmica modelagem viga série 5 .......................................... 84
Figura 42 – Resposta dinâmica modelagem viga série 15 ........................................ 85
Figura 43 – Resposta dinâmica modelagem viga série 25 ........................................ 85
Figura 44 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem viga série 5 ........ 86
Figura 45 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem viga série 15 ...... 87
Figura 46 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem viga série 25 ...... 87
Figura 47 – Resposta dinâmica modelagem mista série 5 ........................................ 88
Figura 48 – Resposta dinâmica modelagem mista série 15 ...................................... 88
Figura 49 – Resposta dinâmica modelagem mista série 25 ...................................... 89
Figura 50 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem mista série 5 ...... 90
Figura 51 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem mista série 15 .... 90
Figura 52 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem mista série 25 .... 91
Figura 53 – Comparação dos deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 1092
Figura 54 – Comparação dos deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 2093
Figura 55 – Comparação dos deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 3095
Figura 56 – Comportamento da média em relação ao número de séries utilizadas .. 95
Figura 57 – Deslocamento máximo permitido pela norma SDT-240-410-600
(Telebrás, 1997) ....................................................................................... 96
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Parâmetros para determinação dos efeitos dinâmicos da NBR 6123
(ABNT, 1988, p. 35) .................................................................................. 32
Tabela 2 – Expoente p e parâmetro b (NBR 6123, 1988, p. 36) ............................... 32
Tabela 3 – Parâmetros adotados para determinação do fator S2 .............................. 40
Tabela 4 – Velocidade média do vento ao longo da altura da torre .......................... 41
Tabela 5 – Resumo das propriedades físicas do aço ................................................ 53
Tabela 6 – Propriedades geométricas das seções .................................................... 54
Tabela 7 – Coeficientes das matrizes de massa e rigidez α e δ ............................... 62
Tabela 8 – Frequências naturais dos modelos desenvolvidos .................................. 64
Tabela 9 – Resumo dos efeitos referentes aos modos de vibração .......................... 70
Tabela 10 – Dados adotados para o cálculo do vento segundo a NBR 6123 (ABNT,
1988) ........................................................................................................ 71
Tabela 11 – Planilha de cálculo das cargas estáticas segundo a NBR 6123 (ABNT,
1988) ........................................................................................................ 72
Tabela 12 – Fator de rajada em termos de força estática ......................................... 73
Tabela 13 – Fator de rajada em termos de deslocamento estático ........................... 74
Tabela 14 – Deslocamentos estáticos máximos para modelagem viga .................... 76
Tabela 15 – Deslocamentos estáticos máximos para modelagem mista .................. 76
Tabela 16 – Deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 10 ......................... 92
Tabela 17 – Deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 20 ......................... 93
Tabela 18 – Deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 30 ......................... 94
Tabela 19 – Comparação dos resultados NBR 6123 e modelo não determinístico .. 97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANSYS Swanson Analysis Systems
NBR Norma Brasileira
SDT Sistema de Documentação Telebrás
LISTA DE SÍMBOLOS
A0 área de referência
Ai área de influência correspondente à coordenada i
ai amplitude das funções temporais
b parâmetro da norma
C matriz de amortecimento de Rayleigh
Ca coeficiente de arrasto
Cai coeficiente de arrasto correspondente à coordenada i
Es módulo de elasticidade longitudinal do aço
f frequência da estrutura
f1 frequência fundamental da estrutura
f01 frequência fundamental da estrutura
FH variável da componente flutuante x̂i
fi frequência da estrutura do modo i
Fmédio força do vento média
Fr,II fator de rajada para categoria II
Fr fator de rajada
Ftotal força do vento total
F(t) força do vento ao longo do tempo
fy resistência característica de escoamento
GPa gigapascal
h altura da estrutura acima do terreno
Hz hertz
k constante de kármán
K matriz de rigidez do sistema
kN/m3 quilonewton por metro cúbico
L1 largura considera na edificação
L largura do perfil
m metros
m0 massa discreta de referência
mi massa discreta correspondente à coordenada i
m/s metro por segundo
M matriz de massa do sistema
MPa megapascal
n número de graus de liberdade da estrutura
N número de divisões no espectro de potência
N newton
p parâmetro da norma
q pressão dinâmica do vento
q(t) variação da pressão dinâmica do vento
q0 pressão dinâmica do vento
Q̂j j-ésima variável estática
rad/s radianos por segundo
s segundos
S1 fator topográfico
S2 fator de rugosidade do terreno
S3 fator estatístico
SV(fi) densidade espectral da componente longitudinal da turbulência na frequência f
SV(f, Z) densidade espectral da componente longitudinal da turbulência em função da altura z
t tempo
t espessura do perfil
T1 período fundamental da estrutura
u∗2 velocidade de fricção
U95% índice de confiabilidade dos deslocamentos
U̅ média dos deslocamentos máximos
U̅q média quadrática dos deslocamentos máximos
Ui deslocamento máximo na série i
UX95% índice de confiabilidade dos deslocamentos máximos
UXflutuante deslocamento máximo da parcela flutuante
UXmédio deslocamento máximo da parcela média
UXtotal deslocamento máximo total
V0 velocidade básica do vento
V̅10 velocidade média para cota de 10 m
V velocidade do vento
V̅ velocidade média do vento
V̅P velocidade de projeto
V(t) velocidade do vento em função do tempo
v(t) parcela flutuante da velocidade do vento
V̅Z velocidade média do vento na cota z
VZ velocidade média do vento na cota z acima do nível do terreno
xi deslocamento correspondente a coordenada i
X eixo global X
Xj força total devida ao vento na direção da coordenada j
Xi força total devida ao vento na direção da coordenada i
X̅i força Xi média
X̂i componente flutuante de Xi
Y eixo global Y
z cota acima do terreno
z0 comprimento de rugosidade
zi altura do elemento i da estrutura sobre o nível do terreno
zr altura de referência
Z eixo global Z
α taxa de contribuição da matriz de massa
βi variável de FH
∆f incremento da frequência
δ taxa de contribuição da matriz de rigidez
ξ coeficiente de amplificação dinâmica
ξ taxa de amortecimento
ξi taxa de amortecimento do modo i
ζ razão de amortecimento crítico
ψi ψ = mi/mo
γ parâmetro norma
γs densidade do aço
θi ângulo de fase aleatório
∅ índice área exposta
ρ densidade do ar
μi modo de vibração
ν coeficiente de poisson
ω01 frequência fundamental circular
ω0i frequência fundamental circular
σ desvio padrão
σ2 variância
σU desvio padrão dos deslocamentos
σU2 variância dos deslocamentos
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 24
2 EFEITOS DO VENTO SEGUNDO A NORMA NBR 6123 (ABNT, 1988) .............. 31
2.1 Modelo contínuo simplificado .......................................................................... 31
2.2 Modelo discreto ................................................................................................. 33
3 MODELO DO CARREGAMENTO NÃO DETERMINÍSTICO DO VENTO ............. 37
3.1 Definição da velocidade média do vento ........................................................ 38
3.2 Definição da parcela flutuante da velocidade do vento ................................. 43
3.2.1 Função de densidade espectral ....................................................................... 43
3.2.2 Espectro de potência de Kaimal (Blessmann, 1995) ........................................ 43
3.2.3 Definição das séries temporais da velocidade do vento ................................... 45
3.3 Determinação do carregamento de vento não determinístico ...................... 46
3.4 Formulação para análise estatística dos resultados...................................... 47
3.4.1 Média dos deslocamentos máximos................................................................. 48
3.4.2 Média quadrática dos deslocamentos máximos ............................................... 48
3.4.3 Variância e desvio padrão da amostra ............................................................. 49
3.4.4 Índice de confiabilidade .................................................................................... 49
4 MODELO ESTRUTURAL DA TORRE DE TELECOMUNICAÇÕES ..................... 51
4.1 Descrição do modelo investigado ................................................................... 51
4.1.1 Concepção estrutural da torre de telecomunicações ....................................... 51
4.1.2 Propriedades físicas do aço ............................................................................. 53
4.1.3 Propriedades geométricas dos materiais empregados .................................... 53
4.2 Aplicação espacial dos carregamentos estático e dinâmico ........................ 54
5 ESTRATÉGIAS DE MODELAGEM EM ELEMENTOS FINITOS ........................... 56
5.1 Modelagem viga ................................................................................................ 56
5.2 Modelagem mista .............................................................................................. 58
5.3 Amortecimento estrutural ................................................................................. 61
6 ANÁLISE MODAL DA TORRE DE TELECOMUNICAÇÕES ................................ 63
6.1 Frequências naturais ou autovalores .............................................................. 63
6.2 Modos de vibração ou autovetores ................................................................. 64
6.2.1 Estratégia de modelagem viga ......................................................................... 64
6.2.2 Estratégia de modelagem mista ....................................................................... 67
7 ANÁLISE ESTÁTICA SEGUNDO A NBR 6123 (ABNT, 1988) ............................. 71
8 ANÁLISE DINÂMICA NÃO DETERMINÍSTICA .................................................... 77
8.1 Carregamento dinâmico não determinístico ................................................... 77
8.1.1 Carregamento dinâmico modelagem viga ........................................................ 78
8.1.2 Carregamento dinâmico modelagem mista ...................................................... 80
8.2 Resposta dinâmica da estrutura ...................................................................... 84
8.2.1 Resposta dinâmica modelagem viga ................................................................ 84
8.2.2 Resposta dinâmica modelagem mista .............................................................. 88
8.2.3 Análise estatística dos deslocamentos ............................................................. 91
8.2.4 Comparação dos resultados com recomendações usuais de projeto .............. 96
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 99
9.1 Conclusões alcançadas .................................................................................... 99
9.2 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................. 102
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 103
20
INTRODUÇÃO
A crescente expansão do sistema de telecomunicações brasileiro vem se
intensificando ao longo das últimas décadas, devido ao rápido desenvolvimento das
tecnologias de telefonia ao redor de todo o mundo. Tal fato tem gerado um aumento
na demanda por utilização de torres de aço treliçadas (Figura 1) no Brasil (Machado,
2003). Desta forma, as torres de aço treliçadas para suporte de antenas de telefonia
celular, que ao longo dos anos vem se incorporando a paisagem urbana e rural do
país, vem crescendo substancialmente, onde, segundo cálculos aproximados
somam mais de 300.000 ao longo de todo o território nacional (Castanheiras, 2004).
Figura 1 – Torres de telecomunicações treliçadas
21
A ampla utilização deste tipo de estrutura proporcionou aos projetistas uma
vasta experiência no que tange a análise deste tipo de torre e seus carregamentos.
Todavia, alguns colapsos de torres de aço treliçadas, principalmente ocasionados
pela ação do vento, foram registrados nas últimas décadas como por exemplo o
caso onde 10 torres ruíram no dia 02 de novembro de 1997, sob o efeito de ventos
de até 130 km/h (36 m/s) nas linhas de transmissão da Usina de Itaipu, entre Foz do
Iguaçu e Ivaiporã no Paraná (Carril Jr., 2000). Diversos outros acidentes envolvendo
torres de telecomunicações e de transmissão de energia elétrica são relatados por
Blessmann (2001).
Por conta do baixo peso próprio e, em geral, grande esbeltez das torres de
aço treliçadas e levando em conta a rara ocorrência de terremotos no Brasil, o vento
torna-se o carregamento predominante no projeto desse tipo de estrutura, sendo
assim, de fundamental importância o seu pleno conhecimento e determinação na
análise de torres de aço treliçadas.
Apesar de todos esses fatos, a maior parte dos projetos atuais no Brasil ainda
consideram o carregamento de vento, que possui caráter dinâmico e aleatório, da
forma tradicional de análise estrutural, ou seja, assumindo o comportamento do
vento como simplesmente estático. Dessa forma, os efeitos de deslocamentos
excessivos devido ao fenômeno da ressonância estrutural não podem ser
investigados, levando-nos a uma ideia equivocada sobre o comportamento estrutural
dessas estruturas quando sujeitas a carregamentos de vento cuja frequência esteja
próximo das suas frequências naturais.
Motivação
O presente trabalho de pesquisa tem por motivação apresentar a relevância
de estudos relacionados à avaliação dos efeitos dinâmicos aleatórios (não
determinísticos), intrínsecos aos carregamentos de vento, incidindo sobre torres de
aço de telecomunicações. Pretende-se fornecer recomendações aos projetistas
desse tipo de estrutura, no sentido de alertar os mesmos sobre possíveis
ocorrências de vibrações excessivas (deslocamentos excessivos), devido ao efeito
da ressonância; e, ainda, em casos extremos, a ocorrência de colapsos estruturais.
22
Objetivos
Este trabalho de pesquisa tem o objetivo de contribuir, no que tange ao
desenvolvimento de uma metodologia para a análise do comportamento estrutural
dinâmico não determinístico de torres de aço de telecomunicações, com base no
emprego de uma formulação matemática utilizada para a modelagem randômica das
ações do vento. Assim sendo, pretende-se estudar o comportamento estático e
dinâmico não determinístico de uma torre de aço de telecomunicações real,
existente, com altura de 100,3 m, a partir do desenvolvimento de estratégias de
modelagens numéricas distintas, via emprego do método dos elementos finitos, com
base no emprego do programa computacional ANSYS (2007), quando submetida a
excitações dinâmicas oriundas da ação aleatória do vento. Deste modo, a resposta
estrutural estática e dinâmica não determinística da torre de aço de
telecomunicações investigada é avaliada mediante comparações com os valores
limites recomendados por normas e recomendações de projeto.
Estrutura da dissertação
Com o intuito de atender aos objetivos propostos e a metodologia de estudo
descrita anteriormente, este trabalho de pesquisa está subdividido em nove
capítulos, descritos a seguir:
No capítulo um, são apresentados os trabalhos desenvolvidos por diversos
autores, referentes a torres de aço treliçadas, quando submetidas aos
carregamentos estáticos e dinâmicos provenientes do vento.
No capítulo dois são apresentados os critérios da norma brasileira
relacionados à avaliação e definição do carregamento de vento incidindo sobre
torres metálicas treliçadas.
No capítulo três é apresentada a metodologia de análise desenvolvida para a
modelagem do carregamento dinâmico não determinístico representativo da ação do
vento, além dos parâmetros estatísticos utilizados na investigação.
23
No capítulo quatro é descrito detalhadamente o modelo estrutural investigado,
representativo da torre de aço de telecomunicações analisada, além da distribuição
espacial das cargas estáticas e dinâmicas não determinísticas incidindo sobre a
torre.
No capítulo cinco descrevem-se as estratégias de modelagem em elementos
finitos desenvolvidas no âmbito desta investigação (modelagem viga e mista), de
forma a representar a torre de aço de telecomunicações em estudo.
No capítulo seis é apresentada a análise modal para as duas estratégias de
modelagem desenvolvidas, com base na obtenção dos valores das frequências
naturais (autovalores) e dos modos de vibrações (autovetores) dos modelos.
No capítulo sete é realizada a avaliação do comportamento estático, de
acordo com a metodologia proposta pela norma brasileira, onde foram obtidos os
deslocamentos translacionais horizontais máximos: médios, flutuantes e totais, para
ambas as estratégias de modelagem desenvolvidas para a representação estrutural
da torre de telecomunicações investigada.
No capítulo oito é realizada a avaliação do comportamento dinâmico não
determinístico da torre de telecomunicações, onde foram obtidos os deslocamentos
translacionais horizontais máximos: médios, flutuantes e totais, para ambas as
estratégias de modelagem desenvolvidas, através do tratamento estatístico realizado
com os mesmos em cada série de carregamento dinâmico não determinístico do
vento gerada. Em seguida é tecida uma comparação dos resultados estáticos e
dinâmicos, obtidos em termos de deslocamentos translacionais horizontais, com os
valores máximos permitidos por normas e recomendações de projeto correntes.
No capítulo nove são apresentadas as considerações finais alcançadas no
estudo realizado, além de algumas propostas para trabalhos futuros.
24
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Com a intenção de facilitar o acesso ao leitor interessado, esta seção aborda
a descrição, de forma resumida e cronológica, de diversos trabalhos de pesquisa
relacionados ao estudo de torres de aço submetidas a ação do vento.
Gould e Haymer (1972) analisaram os coeficientes de força do vento em
estruturas tubulares reticuladas esbeltas. O estudo investigou modelos de estruturas
planas de torres de seção triangular e de seção quadrada. Os ensaios foram
realizados em túnel de vento de ar comprimido. Analisou-se o efeito do índice de
área exposta e o número de Reynolds. Este trabalho de pesquisa é importante para
estruturas compostas de perfis arredondados em que o número de Reynolds é um
parâmetro relevante para se determinar o carregamento do vento.
Georgiou e Vickery (1979) apresentaram um trabalho mais amplo sobre o
efeito do vento em reticulados planos em relação ao efeito de proteção entre
reticulados. Foram analisadas as influências do ângulo de incidência do vento, do
índice de área exposta, do espaçamento entre reticulados, da razão de aspecto e do
número de reticulados.
Georgiou (1979), em seu trabalho experimental, mostrou que a influência da
turbulência atmosférica nos resultados médios é mínima e por isso pode ser
desprezada. Neste estudo foram mostradas as divergências entre as diversas
normas existentes, até o momento, e os resultados experimentais obtidos.
Whitbread (1981) estudou a influência do efeito de proteção nas forças do
vento em estruturas reticuladas levando em consideração o índice de área exposta,
o espaçamento entre treliças, o número de treliças e o tipo da barra do reticulado.
Em seu trabalho de pesquisa propôs-se um modelo empírico para determinação do
efeito de proteção em relação ao espaçamento entre reticulados e ao índice de área
exposta.
Em seu trabalho de pesquisa, Jensen e Folkestad (1984) escreveram sobre a
importância das medições de campo na análise do comportamento dinâmico de
torres. Em sua pesquisa, descreveram e recomendaram técnicas de instrumentação
necessárias para extração de valores importantes tanto para a análise de
integridade estrutural quanto para análise de condições de serviço das torres.
25
Franco (1993) propôs modelar as pressões flutuantes do vento que incide nas
edificações através de um conjunto de funções harmônicas, atribuindo valores
aleatoriamente definidos para as fases dessas funções. Com isso, conseguiu obter
respostas no domínio do tempo para deslocamentos, velocidades, acelerações e
esforços solicitantes. As amplitudes dos harmônicos foram definidas decompondo-se
o espectro de potência das pressões flutuantes do vento, de forma que uma dessas
decomposições possuísse o período coincidente com o período fundamental da
estrutura investigada.
Natarajan e Santhakumar (1995) investigaram o projeto de torres de
transmissão de energia através de uma abordagem probabilística com o propósito
de conseguir um projeto estrutural otimizado com pleno conhecimento da
confiabilidade do sistema estrutural analisado.
Ghazalyt e Khaiatz (1995) apresentaram um estudo de caso de projetos de
torres estaiadas de telecomunicações. O estudo discutiu diversos aspectos não-
lineares intrínsecos a análise de simulação computacional desse tipo de estrutura,
onde foi investigado um modelo tridimensional de uma torre com 600 m de altura.
Em seu estudo, Mikitarenko e Perelmuter (1998) investigaram o efeito de
fadiga em torres de aço. Para isto, foi proposto um modelo para representação do
histórico de tensões atuantes nos membros da estrutura. As análises realizadas
consideraram diferentes níveis de amortecimento estrutural, com o principal objetivo
de avaliar a vida útil das estruturas perante as vibrações provocadas pelo vento.
Wahba, Madugula e Monforton (1998) elaboraram um estudo sobre modelos
numéricos aplicados à análise de torres estaiadas para telecomunicações, onde foi
ressaltada a importância da consideração dos efeitos não-lineares, presentes
mesmo quando os carregamentos considerados são os de serviço. Três estratégias
de modelagem distintas foram empregadas para seis diferentes estruturas, onde
foram realizadas comparações quantitativas e qualitativas entre os modelos
analisados.
Wahba e Madugula (1998) propuseram dois diferentes modelos de elementos
finitos para a simulação dinâmica de torres estaiadas. O trabalho contou com uma
análise modal experimental de modelos reduzidos das estruturas, onde os autores
atingiram bons resultados quando compararam os modelos numéricos aos
experimentais desenvolvidos.
26
Carril Jr. (2000) em sua tese de doutorado avaliou o comportamento de uma
torre de aço de telecomunicações, de forma estática e dinâmica, submetida ao
carregamento de vento. Em sua pesquisa, também realizou uma investigação
experimental, em túnel de vento, de uma seção da torre a fim de analisar os
coeficientes de força na mesma.
Repetto e Solari (2001) estudaram o fenômeno da fadiga em estruturas
esbeltas onde publicaram um artigo no qual propunham um modelo matemático para
correta previsão do número de ciclos de carga suportado por essas estruturas.
Chen e Xu (2001) propuseram um método racional para avaliação da
resposta dinâmica de estruturas esbeltas amortecidas artificialmente. Para tal, foi
desenvolvido um sistema capaz de estimar a eficiência dos aparelhos
amortecedores com base em dois modelos numéricos. Primeiramente, um modelo
de elementos finitos em três dimensões foi considerado de forma estática. A partir
desse primeiro modelo foi possível gerar as matrizes de rigidez, massa e
amortecimento equivalentes para um modelo mais simplificado, bidimensional com
matriz de massa concentrada. Esse modelo simplificado foi, então, submetido aos
carregamentos dinâmicos provocados pela ação do vento. A integração das
equações de movimento baseadas no modelo bidimensional resultou numa
demanda computacional muito maior, propiciando um estudo paramétrico mais
eficiente do posicionamento e dimensionamento dos atenuadores dinâmicos.
Rao e Kalyanaraman (2001) executaram análises de simulação
computacional não-lineares de painéis de torres de aço treliçadas. Considerou-se,
nas análises, tanto os efeitos de não-linearidade geométrica quanto os efeitos de
plasticidade. Os resultados das análises foram comparados a ensaios experimentais,
sendo assim, realizada a calibração do modelo. Com base nos resultados obtidos
nas análises, tornou-se possível a determinação dos esforços nos
contraventamentos secundários, dados estes que não poderiam ser obtidos com
uma análise linear simples.
Em seu estudo Jasim e Galeb (2002) fizeram algumas considerações sobre a
otimização das estruturas de torres de telecomunicações. Além da otimização das
seções transversais dos elementos, as coordenadas dos nós também foram
consideradas variáveis de projeto, o que configura a otimização geométrica da
estrutura.
27
Menin (2002) estudou sobre torres metálicas estaiadas para antenas de rádio,
avaliando seu comportamento estático e dinâmico quando submetidas ao
carregamento de vento. Na análise estática, foram comparados modelos
matemáticos lineares e não-lineares. Para análise dinâmica empregou o método de
simulação de Monte Carlo, permitindo a inclusão dos efeitos da parcela flutuante do
vento.
Amiri (2002) analisou o comportamento de torres estaiadas esbeltas sobre a
ação de efeitos sísmicos objetivando fornecer aos projetistas deste tipo de estrutura,
indicativos de situações onde as solicitações geradas por um terremoto possam
levar a sua ruína.
Da Silva et. Al (2002) publicaram um estudo no qual uma torre de
telecomunicações de 75 m de altura foi analisada empregando-se distintas
estratégias de modelagem estrutural. As análises mostraram que a técnica de
modelagem mais comumente empregada pelos projetistas deste tipo de estrutura,
na qual apenas elementos finitos de treliça são empregados, poderia levar a um
dimensionamento não conservador de alguns elementos estruturais da torre.
Ungkurapinan et al. (2003) apontaram as folgas das ligações aparafusadas
como uma das principais lacunas existentes na análise de torres de aço constituídas
de perfis do tipo cantoneira. Em seu estudo foram desenvolvidas expressões
analíticas para a modelagem desses efeitos. Essas expressões foram obtidas a
partir de diagramas força por deslocamento, provenientes de dezenas de ensaios
experimentais.
Albermani e Kitipornchai (2003) utilizaram o método dos elementos finitos
(MEF) para realizar uma análise não-linear física e geométrica para a simulação da
resposta da estrutura global de torres de aço de transmissão de energia e
telecomunicações. Esta técnica de simulação, com emprego do método dos
elementos finitos, tem sido utilizada largamente para se avaliar o comportamento
estrutural último destas estruturas sobre diferentes condições de carregamento.
Machado (2003) investigou de forma experimental em túnel de vento, dois
modelos seccionais de uma torre de telecomunicações a fim de analisar os
parâmetros aerodinâmicos tais como coeficiente de arrasto, ângulo de incidência do
vento sobre a torre, índice de área exposta e fator de proteção. Os resultados
encontrados foram comparados com as informações, até então, disponíveis na
literatura técnica.
28
Da Silva et al. (2003) estudaram de forma mais ampla os efeitos da técnica de
modelagem estrutural utilizada sobre o comportamento estático e dinâmico das
estruturas de torres de aço de telecomunicações, sujeitas a diversas condições de
carregamento de vento.
Albermani, Mahendran e Kitipornchai (2004) estudaram a possibilidade de se
reforçar torres de aço treliçadas a partir de uma reestruturação do seu sistema de
contraventamentos. A solução empregada foi a adição de sistemas axialmente
rígidos aos planos transversais médios dos painéis das torres.
Castanheira (2004) estudou os diversos tipos de torres de telefonia celular
com o objetivo de desenvolver um projeto utilizando perfis tubulares. Seu trabalho
buscou definir parâmetros para projeto de torre, a partir de um modelo, utilizando a
Teoria da Semelhança para que se permita a execução de modelos iguais para
diversos tamanhos de torres, assim buscando um desenho mais elaborado, sob o
ponto de vista estético e funcional, para as torres em perfis metálicos tubulares.
Chávez (2006) investigou as respostas de estruturas esbeltas, em termos de
deslocamentos, acelerações e esforços quando sujeitas ao carregamento aleatório
do vento no domínio do tempo. Os carregamentos representativos do vento foram
obtidos por superposição de funções harmônicas consistentes com um espectro de
vento adotado. Para a avaliação estatística dos resultados, aplicou-se a técnica de
Monte Carlo.
Oliveira (2006) em sua dissertação de mestrado estudou o comportamento de
torres de transmissão de energia, considerando as características dinâmicas do
sistema. Para tal, foi criado um modelo de torre utilizando o método dos elementos
finitos (MEF) para reproduzir o comportamento acoplado entre os cabos da linha de
transmissão e a estrutura quando sujeitos aos carregamentos dinâmicos e não-
determinístico produzidos pelo vento.
Aguilera (2007) estudou a influência da modelagem computacional e da
discretização da ação dinâmica do vento na resposta estática e dinâmica em uma
torre de transmissão de 73,75 m de altura e uma torre de TV com 192 m de altura.
Merce (2007) analisou o comportamento de torres autoportantes metálicas
considerando os aspectos dinâmicos intrínsecos as mesmas. Para tal, analisou três
torres com 50, 70 e 90 m de altura submetidas a três formas de discretização do
carregamento de vento distintas; Método de Davenport, Método de Simulação de
Monte Carlo e o Método Discreto da NBR 6123 (ABNT, 1988). As respostas da ação
29
do vento, em razão da parcela dinâmica foram obtidas e comparadas entre si
revelando significativas diferenças no que tange aos métodos utilizados para a
determinação desses carregamentos.
Ribeiro (2007) desenvolveu um estudo numérico onde avaliou o
comportamento de torres metálicas estaiadas de seção quadrada para
telecomunicações, submetidas as ações estática e dinâmica do vento. Para tal,
utilizou os procedimentos preconizados na NBR 6123 (ABNT, 1988) para
determinação das cargas estáticas e para discretização das cargas dinâmicas
utilizou-se da formulação de Monte Carlo, para a simulação da parcela flutuante do
vento. Os resultados alcançados revelaram a importância de se considerar as ações
estáticas e dinâmicas do vento para a determinação dos esforços máximos nessas
estruturas.
Requena el al. (2008) realizou um estudo de torres de aço autoportantes, no
qual foi tecida uma análise comparativa entre torres compostas por perfis tubulares e
perfis de cantoneira, do ponto de vista das ações estáticas e dinâmicas a que estão
submetidas e ao seu peso próprio final. Para os modelos investigados concluiu-se
que os perfis tubulares foram mais eficientes para este tipo de estrutura,
apresentando entre outras vantagens, um menor peso próprio quando comparados
aos perfis de cantoneira.
Obata (2009) apresentou uma forma de considerar as características
aleatórias e instáveis do carregamento de vento, onde demonstrou, com base em
uma ampla revisão bibliográfica sobre o assunto, a sequência de aplicação do
método do vento sintético com uma rotina de procedimentos a ser aplicada na
elaboração de projetos. Seu estudo teve como base para simulação do
carregamento de vento o Método de Monte Carlo.
Filipe (2012) analisou a ação do vento sobre torres metálicas de
telecomunicações em função dos parâmetros mais relevantes e diferentes cenários,
de modo a quantificar a influência de cada um deles através de cálculos analíticos.
Sua análise abordou alguns aspectos, tais como; a localização da torre, suas
características estruturais e os tipos de equipamentos instalados na mesma.
Bentes (2013) estudou o efeito cascata em torres de aço de transmissão de
energia elétrica autoportantes e estaiadas quando submetidas à ação dinâmica da
ruptura de cabos de transmissão de energia. Para tal foram desenvolvidos modelos
30
numéricos em elementos finitos para a avaliação das respostas dinâmicas das
torres.
Carlos (2015) avaliou a resposta estática e dinâmica de torres metálicas
treliçadas estaiadas de linhas de transmissão de energia submetidas à ruptura de
cabos condutores e de cabos para-raios através do desenvolvimento de modelos
numéricos em elementos finitos.
Siddu Karthik (2015) investigou os efeitos estáticos e dinâmicos devidos aos
efeitos dos carregamentos provenientes do vento, peso próprio, ruptura de cabos e
de abalos sísmicos em torres de aço de linhas de transmissão de energia elétrica,
com base na criação de modelos baseados no método dos elementos finitos.
Oliveira (2015) avaliou os efeitos do carregamento do vento aleatório
incidindo sobre torres de aço de telecomunicações treliçadas através da geração de
séries de carregamento não determinísticos do vento. As torres foram modeladas em
elementos finitos com base no desenvolvimento de estratégias de modelagem
distintas.
31
2 EFEITOS DO VENTO SEGUNDO A NORMA NBR 6123 (ABNT, 1988)
Este capítulo apresenta os critérios de projeto estabelecidos pela norma
brasileira, no que se refere a modelagem da ação do vento. Para tal, a norma
brasileira estabelece dois modelos de cálculo para a simulação do carregamento de
vento incidindo sobre as estruturas: o modelo contínuo simplificado e o modelo
discreto.
2.1 Modelo contínuo simplificado
Segundo a norma brasileira NBR 6123 (ABNT, 1988) o modelo contínuo
simplificado deve ser adotado quando a edificação tiver uma seção constante e uma
determinada homogeneidade na distribuição de sua massa.
O modelo contínuo simplificado aplica-se em estruturas apoiadas na base e
de altura inferior a 150 m, de modo que na resposta dinâmica destas estruturas,
considera-se somente a contribuição do modo fundamental. Ainda de acordo com a
referida norma, a consideração só do primeiro modo na solução, conduz a erros
inferiores a 10%.
A NBR 6123 (ABNT, 1988), define os parâmetros necessários para
determinação dos efeitos dinâmicos provenientes da ação do vento incidindo sobre a
estrutura, onde o tipo de edificação é levado em consideração para a determinação
do período fundamental da estrutura conforme explicitado na Tabela 1.
Sendo:
γ – parâmetro da norma;
ζ – razão de amortecimento crítico;
T1 – período fundamental da estrutura.
32
Tabela 1 – Parâmetros para determinação dos efeitos dinâmicos da NBR 6123 (ABNT,
1988, p. 35)
Tipo da edificação γ ζ T1 = 1/f1
Edifícios com estrutura aporticada de concreto, sem cortinas
1,2 0,020 0,05+0,015h
Edifícios com estrutura aporticada de concreto, com cortinas para absorção de forças horizontais
1,6 0,015 0,05+0,012h
Torres e chaminés de concreto, seção variável 2,7 0,015 0,02h
Torres e chaminés de concreto, seção uniforme 1,7 0,010 0,015h
Edifícios com estrutura de aço soldada 1,2 0,010 0,29√h-0,4
Torres e chaminés de aço, seção uniforme 1,7 0,008
Estrutura de madeira - 0,030
Pela equação (1) obtém-se a variação da pressão dinâmica com a altura,
sendo que o primeiro termo dentro dos colchetes expressa à resposta média e o
segundo expressa a amplitude máxima da resposta flutuante.
q(z) = q̅0b2 [(z
zr)
2p
+ (h
zr)
p
(z
h)
γ (1 + 2γ)
(1 + γ + p)ξ] (1)
Na equação (1) o expoente p e o coeficiente b dependem da categoria de
rugosidade do terreno. O valor zr representa a cota no nível 10 m.
O coeficiente de amplificação dinâmica ξ, é função das dimensões da
estrutura em análise, da razão de amortecimento crítico ζ e da frequência
fundamental f1.
Na Tabela 2 são definidos os valores do expoente p e do coeficiente b em
função da categoria de rugosidade do terreno.
Tabela 2 – Expoente p e parâmetro b (NBR 6123, 1988, p. 36)
Categoria de rugosidade I II III IV V
p 0,095 0,150 0,185 0,230 0,310
b 1,230 1,000 0,860 0,710 0,500
33
A pressão dinâmica é definida pela equação (2) de acordo com a norma NBR
6123 (ABNT, 1988).
q̅0 = 0,613 V̅P2 (2)
Onde;
V̅P – velocidade de projeto do vento.
A força equivalente, ou seja, a força estática que engloba as ações estáticas e
dinâmicas do vento por unidade de altura, é obtida através da equação (3):
F(z) = q(z) L1 Ca (3)
Onde:
L1 – largura considerada na edificação;
Ca – coeficiente de arrasto.
2.2 Modelo discreto
No caso geral, no qual a estrutura apresenta propriedades geométricas
variáveis ao longo da sua altura, ela deve ser representada através do modelo
discreto, conforme representado na Figura 2.
Na Figura 2, as variáveis xi, Ai, mi, Cai e zi correspondem, respectivamente,
ao deslocamento, à área de influência, à massa discreta, o coeficiente de arrasto e a
altura da coordenada i. A altura de referência zr é a mesma apresentada na
metodologia para o modelo simplificado igual a 10 m e n corresponde ao número de
graus de liberdade da estrutura (i = 1, 2, 3,... n).
De forma mais geral, um modelo com n = 10 é o suficiente para se obter uma
precisão adequada nos resultados. Uma vez estabelecido o modelo da estrutura,
devem ser determinadas, a frequência natural fj (Hz) e o modo de vibração Xj,
correspondentes ao modo j, para j = 1, 2, .... r, sendo r < n. Em geral adota-se r = 1,
34
todavia nos casos de edificações muito esbeltas e com rigidez muito variável devem
ser consideradas, sucessivamente, as contribuições dos demais modos, até que as
forças equivalentes associadas ao último modo calculado (j = r) sejam desprezíveis.
Figura 2 – Esquema para modelo dinâmico discreto - NBR 6123 (ABNT, 1988, p. 35)
A força total Xi devida ao vento na direção da coordenada i é dada pela
equação (4):
Xi = X̅i + X̂i (4)
A força média X̅i, pode ser representada por;
X̅i = q0 b2 Cai Ai (
zi
zr)
2p
(5)
35
A componente flutuante X̂i é dada conforme apresentado na equação (6).
X̂i = FH ψi xi (6)
Onde:
ψi =mi
m0 (7)
A variável FH da componente flutuante X̂i pode ser dada como segue;
FH = q̅0 b2 A0 ∑ βixi
ni=1
∑ ψixi2n
1=1
ξ (8)
Onde:
βi = Cai
Ai
A0(
zi
zr)
p
(9)
Nas expressões apresentadas anteriormente, ξ representa o coeficiente de
amplificação dinâmica, que é função da categoria do terreno. A0 e m0, representam
uma área e uma massa arbitrária de referência.
A combinação das contribuições modais pode ser calculada pelo critério da
raiz quadrada da soma dos quadrados. Pode-se atribuir a Qj qualquer variável
estática (força, momento fletor, tensão etc.), ou variável geométrica (deformação,
deslocamento, rotação), correspondente ao modo j para se obter a superposição dos
efeitos. Tal efeito é representado pela equação (10) e aplicável quando as
frequências naturais fj estão razoavelmente espaçadas, ou seja, quando não há
frequências muito próximas, conforme preconizado na NBR 6123 (ABNT, 1988).
Q̂ = [∑ Q̂j2
r
j=1
]
1/2
(10)
36
No presente capítulo foram apresentadas as considerações da norma NBR
6123 (ABNT, 1988), no que tange aos efeitos dinâmicos da ação do vento incidindo
sobre as estruturas. Para tal apresentou-se as metodologias de cálculo do
carregamento de vento propostas pela norma brasileira: modelo continuo
simplificado e modelo discreto. No próximo capítulo será apresentada a metodologia
empregada para a modelagem da ação aleatória e não determinística do vento.
37
3 MODELO DO CARREGAMENTO NÃO DETERMINÍSTICO DO VENTO
Dentre todas as ações atuantes em torres de aço de telecomunicações, uma
das principais a ser considerada na análise dinâmica deste tipo de estrutura é a
proveniente do carregamento de vento. Devido ao vento apresentar caráter aleatório
e instável, faz se necessário, para um melhor refinamento do modelo de vento, o seu
tratamento de forma não determinística através da geração de séries de
carregamentos e posterior tratamento estatístico das mesmas.
Com o intuito de representar a natureza aleatória e não determinística do
vento, são apresentados conceitos estatísticos e recorre-se, como base, a
metodologia proposta por Franco (1993), que se caracteriza por uma simulação
numérica aleatória de componentes harmônicos através do método de Monte Carlo.
A metodologia proposta divide o carregamento do vento em duas parcelas
distintas, uma parcela média estática e uma parcela flutuante, referente as variações
provenientes das rajadas. A parcela referente a flutuação é determinada pela
superposição de componentes harmônicas com fases aleatoriamente definidas.
Segundo Franco (1993), a parcela referente a flutuação pode ser dividida em uma
série aleatória de 11 componentes harmônicas, de tal forma que um dos harmônicos
coincida com a frequência ressonante da estrutura, e os demais harmônicos sejam
múltiplos ou submúltiplos do harmônico referente a frequência ressonante. A
amplitude de cada um dos harmônicos pode ser obtida em função do espectro de
potência do vento.
A ação do vento é expressa em termos de sua velocidade, sendo o vetor
velocidade do vento definido por uma função temporal constituída por duas parcelas
distintas, a primeira uma parcela média e a segunda uma parcela flutuante, de
acordo com a equação (11).
V(t) = V̅ + v(t) (11)
Onde:
V(t) – representa a velocidade do vento em função do tempo;
V̅ – representa a parcela média da velocidade do vento;
v(t) – representa a parcela flutuante da velocidade do vento.
38
A equação (11) pode ser expressa graficamente, de maneira genérica,
conforme apresentado na Figura 3.
Figura 3 – Variação da velocidade do vento ao longo do tempo
3.1 Definição da velocidade média do vento
A fim de definir o valor da parcela média da velocidade do vento, recorre-se
as recomendações da norma brasileira NBR 6123 (ABNT, 1988). Conforme ao
exposto pela referida norma, a velocidade média do vento pode ser determinada
levando-se em consideração alguns fatores tais como, a velocidade básica do vento
V0, que seria a velocidade de uma rajada de 3 s, que por fatores probabilísticos é
excedida em média uma vez a cada 50 anos a 10 m acima do nível do terreno, em
campo aberto e plano.
39
A velocidade básica do vento é dependente do local onde se pretende
construir a estrutura e pode ser obtida través do gráfico das isopletas da velocidade
básica do vento no Brasil (Figura 4), presente na NBR 6123 (ABNT, 1988), que
apresenta intervalos de 5 m/s entre suas curvas.
Figura 4 – Isopletas da velocidade básica V0 (m/s) - NBR 6123 (ABNT, 1988, p. 6)
Conforme explicitado na norma NBR 6123 (ABNT, 1988) outros fatores são
levados em consideração para a determinação da velocidade média do vento como,
por exemplo, fatores topográficos, que levam em consideração as variações do
terreno, fatores que consideram o efeito combinado da rugosidade do terreno, da
variação da velocidade do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da
edificação ou parte dela, e ainda, fatores estatísticos que consideram o grau de
segurança requerido do projeto, bem como o tempo de vida útil da edificação.
40
Neste trabalho de pesquisa, a fim de determinar a parcela média da
velocidade do vento, foram adotados os seguintes valores para os parâmetros
especificados na norma NBR 6123 (ABNT, 1988):
Velocidade básica do vento: V0 = 40 m/s;
Fator topográfico: S1 = 1,0;
Categoria do terreno: S2 = Categoria II;
Fator estatístico: S3 = 1,0;
Altura da torre: h = 100,3 m;
Coeficiente de arrasto: Ca = Variável ao longo da altura.
Utilizando os dados definidos acima determinou-se a velocidade média do
vento com base no emprego da equação (12):
V̅ = V0 S1 S2 S3 (12)
Onde S2 é definido pela equação (13):
S2 = bFr,II (z
10)
p
(13)
b – parâmetro meteorológico usado na determinação de S2;
Fr – fator de rajada;
z – cota acima do terreno;
p – expoente da lei potencial de variação de S2.
A NBR 6123 (ABNT, 1988) estabelece que, para determinação da resposta
dinâmica na direção do vento, a velocidade de projeto pode ser definida por uma
velocidade média atuando durante 10 minutos (600 segundos) e considerando-se
uma altura de 10 metros acima do nível do terreno de categoria II. A Tabela 3
apresenta os parâmetros adotados para a determinação do fator S2.
Tabela 3 – Parâmetros adotados para determinação do fator S2
b Fr p z [m]
0,86 0,69 0,18 10
41
Atribuindo-se os valores da Tabela 3 na equação anterior, e substituindo-se
na equação (12), tem-se que a velocidade média para a cota de 10 m pode ser
definida por:
V̅10 = 0,59 ∙ V0 S1 S3 (14)
Assim, a velocidade média para uma cota “z” qualquer pode ser expressa
conforme indicado na equação (15). Na Tabela 4 é apresentada a variação da
velocidade média do vento ao longo da altura da torre em análise.
V̅z = V̅10 (z
10)
p
(15)
Tabela 4 – Velocidade média do vento ao longo da altura da torre
Velocidade (V̅z)
Cota z (m) Velocidade média
V̅z (m/s) Cota z (m)
Velocidade média
V̅z (m/s)
2,95 18,94 59,00 32,96
5,90 21,53 61,95 33,26
8,85 23,21 64,90 33,55
11,80 24,47 67,85 33,83
14,75 25,51 70,80 34,09
17,70 26,38 73,75 34,35
20,65 27,14 76,70 34,60
23,60 27,82 79,65 34,84
26,55 28,44 82,60 35,08
29,50 29,00 84,57 35,23
32,45 29,51 86,53 35,38
35,40 29,99 88,50 35,53
38,35 30,44 90,47 35,67
41,30 30,86 92,43 35,82
44,25 31,25 94,40 35,96
47,20 31,63 96,37 36,09
50,15 31,99 98,33 36,23
53,10 32,33 100,30 36,36
56,05 32,65 - -
42
Na Figura 5 é apresentado o perfil da variação da velocidade média do vento
ao longo da altura da torre.
Figura 5 – Perfil da velocidade média do vento ao longo da altura
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
2,95
5,90
8,85
11,80
14,75
17,70
20,65
23,60
26,55
29,50
32,45
35,40
38,35
41,30
44,25
47,20
50,15
53,10
56,05
59,00
61,95
64,90
67,85
70,80
73,75
76,70
79,65
82,60
84,57
86,53
88,50
90,47
92,43
94,40
96,37
98,33
100,30
Velocidade média (m/s)
Alt
ura
(m
)
43
3.2 Definição da parcela flutuante da velocidade do vento
3.2.1 Função de densidade espectral
Neste trabalho de pesquisa, de modo a se determinar as séries de
carregamentos do vento ao longo do tempo para a análise não determinística, são
utilizados espectros de potência do vento.
O espectro de potência da variância das flutuações indica a distribuição, em
frequências, da energia cinética contida nas componentes harmônicas. A densidade
espectral da variância de uma das componentes das flutuações do vento em torno
da velocidade média indica a contribuição, para a variância total, da energia cinética
contida nas diversas frequências (Chávez, 2006).
Com o passar dos anos, diversos trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos
com o intuito de determinar expressões matemáticas para os espectros de potência
do vento. No presente trabalho de pesquisa, o espectro de potência que será
utilizado, será o de Kaimal apresentado por Blessmann (1995), pois este, além de
ser largamente empregado em pesquisas científicas, também considera a altura “z”
na determinação da densidade espectral do vento.
3.2.2 Espectro de potência de Kaimal (Blessmann, 1995)
O espectro de potência definido por Kaimal (Blessmann, 1995) é função da
altura da torre de telecomunicação “z” em relação ao nível do terreno a que a
mesma se encontra assentada, conforme apresentado nas equações (16) e (17).
fSV(f, z)
u∗2
=200x
(1 + 50x)5/3
(16)
x(f, z) =fz
Vz
(17)
44
Onde:
f – frequência em Hz;
SV (f) – densidade espectral da componente longitudinal da turbulência na
frequência f;
x – frequência adimensional;
u* – velocidade de fricção ou velocidade de corte no escoamento do vento;
Vz – velocidade média do vento na cota z acima do nível do terreno em m/s.
A velocidade de fricção é definida pela equação (18) Blessmann (1995).
u∗ =kV̅z
ln (z/z0) (18)
Onde:
k – representa a constante de Kármán;
z0 – representa o comprimento de rugosidade.
Na Figura 6 é apresentada a curva do espectro de potência do vento de
Kaimal (Blessmann, 1995), onde o eixo das ordenadas representa a densidade
espectral, estando esta normalizada pela variância e o eixo das abcissas apresenta
o número de ondas em ciclos por metro. A área delimitada sob a curva entre duas
frequências é proporcional a energia total do sistema.
Figura 6 – Espectro de potência do vento de Kaimal (Blessmann, 1995)
45
3.2.3 Definição das séries temporais da velocidade do vento
A parcela flutuante da velocidade do vento v(t), pode ser definida, de maneira
simplificada, por uma única função harmônica, representada pela equação (19):
v(t) = V0 cos (2πft) (19)
Segundo Shinozuka e Jan (1972) a parcela flutuante da velocidade do vento
está inserida em um processo aleatório estacionário, ergódico com média igual a
zero. Assim sendo, neste trabalho de pesquisa, adotando-se esta premissa, a
parcela flutuante da velocidade do vento é calculada com base na superposição de
harmônicos, considerando-se que a amplitude destes harmônicos é definida pela
densidade espectral da excitação, obtida mediante o emprego do espectro de
Kaimal (Figura 6). Cabe ressaltar que o caráter não determinístico da parcela
flutuante da velocidade do vento também está inserido na aleatoriedade dos ângulos
de fase (números randômicos). A equação (20) ilustra a formulação matemática não
determinística utilizada no âmbito desta dissertação.
v(t) = ∑ √2SV(fi)∆f
N
i=1
cos (2πfit + θi) (20)
Onde:
N – número de divisões no espectro de potência;
fi – frequência em Hz;
Δf – incremento da frequência em Hz;
θi – ângulo de fase aleatório entre 0 e 2π.
Sendo a amplitude das funções temporais definida pela equação (21).
ai = √2SV(fi)∆f (21)
46
Para determinação das séries temporais, é de fundamental importância a
escolha das faixas de frequências dentro do espectro de potência do vento, de tal
maneira que esta englobe todas as principais frequências naturais do modelo
estrutural investigado. No presente trabalho de pesquisa, a faixa de frequência
adotada para ambas as estratégias de modelagem desenvolvidas, abrangem as 10
primeiras frequências naturais. Sendo adotada a faixa de 0,05 até 5 Hz, para a
primeira estratégia de modelagem (Modelagem Viga) e de 0,05 até 2,85 para a
segunda (Modelagem Mista).
Em seguida discretizou-se esta faixa de frequência em “N” partes, de modo
que o incremento Δf fosse igual para ambas as estratégias desenvolvidas, sendo “N”
para modelagem viga igual a 143 e para a modelam mista igual a 81, fazendo com
que o incremento de frequência Δf seja igual a 0,0346 para ambas as estratégias
desenvolvidas.
Dessa forma, para a modelagem viga o 27º harmônico coincide com o
harmônico ressonante (f01 = 0,98 Hz) e para a modelagem mista o 26º harmônico
coincide com o harmônico ressonante (f01 = 0,95 Hz), sendo os demais harmônicos
múltiplos e submúltiplos dos harmônicos ressoantes, de forma análoga a
metodologia de análise proposta por Franco (1993).
3.3 Determinação do carregamento de vento não determinístico
Após definida a parcela média e flutuante da velocidade do vento,
determinou-se o carregamento aplicado a torre de telecomunicações através da
definição da pressão dinâmica do vento, que de acordo com a norma NBR 6123
(ABNT, 1988), é definida como função da velocidade do vento, conforme
apresentado na equação (22):
q = 0,613 V2 (22)
Onde:
q – pressão dinâmica do vento em N/m2;
V – velocidade do vento em m/s.
47
Como a velocidade do vento, no presente trabalho, é o somatório de uma
parcela média com uma flutuante, variável ao longo do tempo, a equação (22) pode
ser reescrita da forma:
q(t) = 0,613 (V̅ + v(t))2 (23)
Com a pressão dinâmica do vento já estabelecida, a força do vento atuante
sobre cada nó da torre de telecomunicações analisada pode ser definida de acordo
com a equação (24).
F(t) = Caiq(t)Ai
(24)
Onde:
Cai – coeficiente de arrasto considerado na região “i” do modelo estrutural;
Ai – área de influência considerada na região “i” do modelo estrutural, definida
como o produto da área da superfície limitada pelo contorno do reticulado pelo o
índice de área exposta “∅”.
3.4 Formulação para análise estatística dos resultados
Uma vez determinada a força do vento atuando em cada nó da torre de
telecomunicações em análise, e através dos modelos em elementos finitos gerados
para as estratégias de modelagem desenvolvidas viga e mista com a utilização do
programa computacional ANSYS (2007), pôde-se obter os deslocamentos dos
modelos computacionais desenvolvidos ao longo do tempo, para 30 séries de
carregamento não determinístico do vento, para ambas as estratégias de
modelagem desenvolvidas no âmbito deste trabalho de pesquisa.
Assim, para cada série de carregamento analisada em ambas as estratégias
de modelagem desenvolvidas, obteve-se o deslocamento máximo, na direção de
aplicação das cargas de vento, no topo da torre de telecomunicações, na fase
permanente do gráfico deslocamento por tempo, obtido através do emprego do
programa computacional ANSYS (2007).
48
Após isto, procedeu-se um tratamento estatístico dos deslocamentos
máximos obtidos em cada série de carregamento analisada. Com o intuito de
sistematizar didaticamente a avaliação estatística utilizada na análise dos resultados
obtidos, são apresentadas as formulações básicas dos parâmetros estatísticos
utilizados nesta avaliação de forma a explicitar o procedimento adotado nesta
dissertação.
3.4.1 Média dos deslocamentos máximos
O primeiro parâmetro calculado foi a média dos deslocamentos máximos
obtidos para cada série de carregamento aplicadas nas estratégias de modelagem
viga e mista, conforme apresentado na equação (25).
U̅ =U1 + U2+. . . +Un
n=
1
n∑ Ui
n
i=1
(25)
Onde:
U̅ – representa média dos deslocamentos máximos de cada série de
carregamento
n – representa o número de séries de carregamento analisadas, sendo no
presente trabalho, n igual a 30.
3.4.2 Média quadrática dos deslocamentos máximos
A seguir calculou-se a média quadrática de forma a subsidiar o cálculo da
variância e desvio padrão da amostra de deslocamentos. Na equação (26)
apresenta-se a equação representativa da média quadrática.
U̅q = √U1
2 + U22+. . . +Un
2
n (26)
49
3.4.3 Variância e desvio padrão da amostra
O desvio padrão de uma amostra é definido pela raiz quadrada positiva da
variância. O desvio padrão é uma medida de dispersão utilizada com a média que
indica a variabilidade dos valores à volta da média. A variância e o desvio padrão
são definidos nas equações (27) e (28) respectivamente.
σU2 =
1
n∑(Ui − U̅)2
n
i=1
(27)
σU = √1
n∑(Ui − U̅)2
n
i=1
(28)
3.4.4 Índice de confiabilidade
O índice de confiabilidade ou intervalo de confiança é o intervalo estimado
onde a média de um parâmetro de uma amostra tem uma dada probabilidade de
ocorrer, comumente define-se como o intervalo onde há 95% de probabilidade da
média verdadeira da população inteira ocorrer (Montgomery e Runger, 2012).
Com os parâmetros estatísticos definidos anteriormente definiu-se, no
presente trabalho, um índice de confiabilidade igual a 95% para a resposta estrutural
do modelo. O valor característico da resposta estrutural, em termos de
deslocamentos máximos, é dado pela equação (29).
U95% = U̅ + 1,96σ
√n
(29)
No presente capítulo foi apresentado o modelo empregado para a simulação
do carregamento de vento de caráter não determinístico. Foram apresentadas as
metodologias utilizadas para determinação das parcelas da velocidade do vento,
sendo a parcela média definida com base na norma NBR 6123 (ABNT, 1988) e a
parcela flutuante definida em função do espectro de potência da velocidade do vento
proposto por Kaimal (Blessmann, 1995).
50
São apresentadas também, as formulações utilizadas no tratamento
estatístico das respostas dinâmicas obtidas, em termos de deslocamentos máximos,
para cada série de carregamento de vento não determinístico geradas.
No capítulo seguinte será descrito detalhadamente o modelo estrutural
investigado, onde serão apresentados os materiais empregados, bem como as
propriedades geométricas das seções dos elementos estruturais empregados. Será
também apresentada à distribuição espacial das cargas estáticas e dinâmicas não
determinísticas aplicadas ao modelo.
51
4 MODELO ESTRUTURAL DA TORRE DE TELECOMUNICAÇÕES
Neste capítulo serão descritas as características referentes à concepção
estrutural da torre de telecomunicações analisada, bem como será descrito a
distribuição espacial dos carregamentos estático e dinâmico não determinístico,
aplicados ao modelo.
4.1 Descrição do modelo investigado
4.1.1 Concepção estrutural da torre de telecomunicações
O modelo estrutural investigado foi extraído dos trabalhos desenvolvidos por
Carril Jr. (2000), onde foi apresentada uma torre de telecomunicações, em aço, com
configuração geométrica de treliça. O modelo é composto por 17 painéis de 5,9 m de
altura, totalizando um pé direito total de 100,3 m e possui simetria em relação aos
seus eixos. A torre possui uma seção transversal longitudinal dividia em dois
segmentos distintos: a parte superior apresenta um formato retangular sendo
composta pelos painéis de 1 a 3, com 17,7 m de altura total; a parte inferior
apresenta um formato de tronco de pirâmide sendo composta pelos painéis de 4 a
17, possuindo uma altura total de 82,6 m. Perfis com formato geométrico de
cantoneira, conectados por ligações aparafusadas, compõem a estrutura principal da
torre de telecomunicações. As plataformas de trabalho, escadas e cabos são
posicionadas na parte interior do sistema estrutural e as antenas são posicionadas
na parte externa do mesmo. Na Figura 7 é apresentada a vista frontal e os detalhes
dos painéis que compõem a parte superior (painéis de 1 a 3) e inferior (painéis de 4
a 17) da torre de telecomunicações investigada no âmbito desta dissertação.
52
a) Vista frontal da torre
b) Detalhe do segmento superior
a) Detalhe do segmento inferior
Figura 7 – Vista frontal e detalhes do modelo investigado
53
4.1.2 Propriedades físicas do aço
No que tange as propriedades físicas do material utilizado na confecção dos
perfis metálicos, o aço estrutural adotado na presente investigação, possui as
seguintes características: resistência característica de escoamento (fy) igual a 355
MPa, módulo de elasticidade (Es) de 205 GPa, coeficiente de Poisson () igual a 0,3
e densidade (ɣs) de 78,5 kN/m3, conforme apresentado na Tabela 5.
Tabela 5 – Resumo das propriedades físicas do aço
fy 355 MPa
Es 205 GPa
0,3
ɣs 78,5 kN/m3
4.1.3 Propriedades geométricas dos materiais empregados
Na Figura 8 são apresentadas as principais dimensões de um perfil de
cantoneira simétrico genérico. A Tabela 6 demonstra as principais dimensões em
milímetros das seções transversais dos perfis de cantoneira empregados na
execução do modelo estrutural investigado.
Figura 8 – Perfil de cantoneira
54
Tabela 6 – Propriedades geométricas das seções
Número do Perfil
Tipo Aba L (mm) Espessura t
(mm)
1 2L 152 9,5
2 2L 127 9,5
3 2L 102 9,5
4 2L 102 7,9
5 2L 102 6,4
6 L 102 6,4
7 L 76 6,4
8 L 64 4,7
9 L 127 9,5
10 L 102 9,5
11 L 51 4,8
12 L 44 4,8
4.2 Aplicação espacial dos carregamentos estático e dinâmico
De forma a definir o sentido de aplicação dos carregamentos de vento
estático e dinâmico não determinístico aos modelos viga e misto desenvolvidos,
observou-se os modos de vibração da torre de telecomunicações, para ambas as
estratégias de modelagem desenvolvidas, referentes às frequências fundamentais
dos modelos.
Como ambas as estratégias de modelagem desenvolvidas apresentaram em
seu primeiro modo de vibração, o efeito de flexão em torno do eixo global “Y”,
conforme ilustrado nas Figuras 16 e 22 do capítulo 6, optou-se por aplicar o
carregamento de vento na direção do eixo global “X”, ou seja, na mesma direção de
vibração da torre em seu primeiro modo de vibração, de forma a obter os máximos
deslocamentos quando a frequência do carregamento dinâmico não determinístico
se aproximar da frequência fundamental da torre analisada. Na Figura 9 são
apresentadas as vistas frontal e perspectiva da torre com o carregamento de vento
aplicado na direção do eixo global “X”.
55
a) Vista frontal
b) Vista perspectiva
Figura 9 – Vistas da direção de aplicação do carregamento de vento
No presente capítulo foi apresentado o modelo estrutural investigado no
âmbito deste trabalho. Foram definidas as características físicas e geométricas do
modelo, bem como a metodologia empregada para a representação da aplicação
espacial do carregamento de vento incidindo sobre o mesmo. No próximo capítulo
serão apresentadas as estratégias de modelagem computacional desenvolvidas em
elementos finitos para o modelo estrutural investigado.
56
5 ESTRATÉGIAS DE MODELAGEM EM ELEMENTOS FINITOS
Atualmente, com o crescente desenvolvimento das tecnologias
computacionais aliadas a ampla aceitação no cenário da engenharia dos programas
computacionais baseados no método dos elementos finitos, tem possibilitado aos
projetistas de estruturas a avaliação de estruturas através da representação de
modelos estruturais reais em modelos numéricos computacionais baseados no
método dos elementos finitos. Com isso, a simulação de estruturas submetidas a
diversos tipos de carregamento, condições de contorno, bem como variação das
propriedades físicas e geométricas dos materiais empregados tem se tornado uma
tarefa cada vez mais simples.
De forma a representar a torre de telecomunicações analisada no âmbito
desse trabalho de pesquisa, utilizou-se o programa computacional ANSYS (2007),
que se baseia no método dos elementos finitos, para desenvolver duas estratégias
de modelagem computacional distintas: modelagem viga e modelagem mista,
conforme será apresentado a seguir.
5.1 Modelagem viga
Para a estratégia de modelagem desenvolvida viga, utilizou-se o elemento
finito de viga espacial BEAM44 (ANSYS, 2007) para representar todos os elementos
estruturais componentes da torre de telecomunicações analisada. O elemento de
viga espacial BEAM44 (ANSYS, 2007) é um elemento uniaxial composto por dois
nós “i” e “j” com seis graus de liberdade cada, sendo três graus de translação em x, y
e z e três graus de rotações em x, y e z. O elemento possui também um nó de
orientação espacial do perfil (“k”), conforme ilustrado na Figura 10.
57
Figura 10 – Elemento BEAM 44 (ANSYS, 2007)
Com o emprego deste tipo de elemento para a modelagem computacional da
torre torna-se possível orientar espacialmente todas as barras da mesma, já que os
perfis de cantoneiras não possuem simetria em sua seção transversal. Dessa forma
obtém-se grande fidelidade do modelo computacional ao modelo estrutural real
investigado. Nesta estratégia de modelagem todas as ligações entre os perfis são
rígidas, ou seja, com restrição dos seis graus de liberdade (Figura 11), conduzindo
assim a um valor de rigidez elevado em relação as estratégias de modelagem usuais
que consideram essas ligações como simplesmente rotuladas.
Figura 11 – Detalhe das ligações na modelagem viga
58
O modelo numérico desenvolvido viga, possui 262 nós, 742 elementos de
viga tridimensionais BEAM44 (ANSYS, 2007) e 1524 graus de liberdade, conforme
ilustrado na Figura 12. Ao longo da análise, considera-se que a estrutura trabalha no
regime linear elástico e que as seções permanecem planas no estado deformado.
Figura 12 – Modelo em elementos finitos da torre (modelagem viga)
5.2 Modelagem mista
Para a estratégia de modelagem desenvolvida mista, utilizou-se o elemento
finito de viga BEAM44 (ANSYS, 2007) para representar os quatro membros
principais que compõem as pernas da torre de telecomunicações e o elemento de
treliça espacial LINK8 (ANSYS, 2007) para representar os seus contraventamentos.
b) Vista inferior do modelo
a) Perspectiva do modelo c) Detalhe do topo da torre
59
O elemento de treliça espacial LINK8 (ANSYS, 2007) é um elemento uniaxial
composto por dois nós “i” e “j” com cada nó com três graus de liberdade, translação
em x, y e z, conforme ilustrado na Figura 13.
Figura 13 – Elemento LINK 8 (ANSYS, 2007)
Com o emprego deste tipo de elemento para a modelagem computacional dos
contraventamentos da torre, aproxima-se mais das estratégias de modelagem
computacionais usuais, que consideram todo o modelo como treliça espacial. Dessa
maneira, as ligações entre as pernas da torre e os contraventamentos são
considerados como rótulas apoiadas nas pernas da torre e as ligações dos
contraventamentos com contraventamentos como rotuladas (Figura 14).
Figura 14 – Detalhe das ligações na modelagem mista
60
A principal desvantagem do emprego deste tipo de elemento para a
representação dos contraventamentos está no fato de que o mesmo é considerado
simplesmente como treliça espacial, já que suas extremidades são compostas por
rótulas, desprezando assim, o efeito da flexão nessas barras. O modelo numérico
misto desenvolvido possui 262 nós, 742 elementos sendo destes 324 elementos de
viga tridimensionais BEAM44 (ANSYS, 2007) e 418 elementos de treliça espacial
LINK8 (ANSYS, 2007) e 1524 graus de liberdade, como ilustrado na Figura 15.
b) Vista inferior do modelo
a) Perspectiva do modelo c) Detalhe do topo da torre
Figura 15 – Modelo em elementos finitos da torre (modelagem mista)
Ao longo da análise, considera-se que a estrutura trabalha no regime linear
elástico e que as seções permanecem planas no estado deformado. As condições
de contorno empregadas, para as duas estratégias de modelagem desenvolvidas,
restringem os quatro nós da base, de modo que os mesmos estejam impedidos de
se deslocarem translacionalmente, na horizontal e na vertical. A rotação está
liberada nos três eixos principais, configurando assim um apoio do 2º gênero.
61
5.3 Amortecimento estrutural
Clough (1993) define o amortecimento estrutural como sendo o processo pelo
qual a energia proveniente do movimento vibratório é dissipada. Contudo, avaliar o
amortecimento de uma estrutura não é uma tarefa simples, pois ele não depende
apenas das propriedades intrínsecas dos materiais que compõem a estrutura, mas
também de objetos e elementos que estejam acoplados a mesma, tais como
escadas, cabos e antenas.
A fim de avaliar corretamente o amortecimento de uma estrutura seria
necessário realizar ensaios experimentais, situação que demandaria um alto custo.
Devido a este fato, o amortecimento estrutural é usualmente obtido através da matriz
de amortecimento de Rayleigh, que considera uma contribuição da matriz de rigidez
(δ) e uma contribuição da matriz de massa (α), conforme ilustrado na equação (30).
Sendo M a matriz de massa e K a matriz de rigidez do sistema.
C = αM + δK (30)
Em termos da taxa de amortecimento modal e da frequência natural circular
(rad/s), a equação anterior pode ser apresentada da seguinte forma:
ξi =α
2ω0i+
δω0i
2 (31)
Onde:
ξi – taxa de amortecimento do modo i;
ω0i – frequência natural circular do modo i.
Isolando α e δ da equação (30) para duas frequências naturais importantes,
obtém-se:
α = 2ξ1ω01 − δω01ω01 (32)
62
δ =2(ξ2ω02 − ξ1ω01)
ω02ω02 − ω01ω01 (33)
Com as equações 32 e 33, a partir de duas frequências naturais conhecidas é
possível descobrir os valores de α e δ. Em geral, utiliza-se as primeiras frequências
do modelo, como por exemplo a frequência fundamental ω01, tomada como a menor
frequência da estrutural, e a frequência ω02 como a segunda frequência mais
importante. No presente trabalho, devido ao fato da frequência fundamental ω01
possuir o mesmo valor da frequência ω02, as frequências utilizadas no cálculo do
amortecimento estrutural foram a primeira ω01 e a terceira ω03.
Neste trabalho adotou-se uma taxa de amortecimento igual 0,07% (ξ = 0,07%)
conforme proposto por Carril Jr. (2000). Na Tabela 7, são apresentados os
coeficientes das matrizes de massa e rigidez para a taxa de amortecimento adotada,
bem como as frequências naturais utilizadas para os dois modelos estruturais
desenvolvidos.
Tabela 7 – Coeficientes das matrizes de massa e rigidez α e δ
Tipo de Modelagem f01
(Hz)
f03
(Hz) α δ
Viga 0,97 2,31 0,059995315 0,000679933
Mista 0,95 1,68 0,053455862 0,000845971
No presente capítulo foram apresentados os modelos numéricos
desenvolvidos que irão servir de base para as análises propostas no âmbito deste
trabalho de pesquisa. Apresentou-se também as condições de contorno
consideradas para as análises, bem como a metodologia empregada para a
determinação do amortecimento estrutural. No capítulo seguinte, serão
apresentadas as análises de autovalores, associados as frequências principais dos
modelos estruturais desenvolvidos e autovetores associados aos modos de vibração
respectivos a cada frequência.
63
6 ANÁLISE MODAL DA TORRE DE TELECOMUNICAÇÕES
Neste capítulo será apresentada a análise modal realizada para as duas
estratégias de modelagem em elementos finitos de desenvolvidas, com o intuito de
determinar as frequências naturais (autovalores) de maior importância e os seus
respectivos modos de vibração (autovetores). Para tal, utilizou-se o programa
computacional ANSYS (2007).
6.1 Frequências naturais ou autovalores
No presente trabalho de pesquisa foram obtidas as seis primeiras frequências
naturais da torre de telecomunicações investigada, tanto para a estratégia de
modelagem viga quanto para a estratégia de modelagem mista.
Para a determinação da faixa de frequência do espectro de potência de
Kaimal (Blessmann, 1995), espectro este adotado para a geração das séries
temporais de carregamento, é de fundamental importância o conhecimento das
frequências naturais de maior importância dos modelos.
Para a definição da direção de aplicação do carregamento dinâmico, com
intuito de se obter um possível deslocamento ressonante, definiu-se o sentido de
aplicação do carregamento como sendo na mesma direção de vibração do primeiro
modo de vibração dos modelos numéricos desenvolvidos, sendo assim, de crucial
importância o conhecimento dos primeiros modos de vibração dos modelos em
análise neste trabalho de pesquisa.
Na Tabela 8 são apresentadas as frequências naturais referentes aos seis
primeiros modos de vibração (modos de maior importância) para a estratégia de
modelagem viga e para a estratégia de modelagem mista. Com estes valores
definidos pôde-se determinar a faixa de frequência do espectro de potência de
Kaimal (Blessmann, 1995), que absorva todas as principais frequências naturais dos
modelos estruturais investigado, conforme demostrado no Capítulo 3.
64
Tabela 8 – Frequências naturais dos modelos desenvolvidos
Modo de vibração
Frequência natural (Hz) Modelagem Viga
Frequência natural (Hz) Modelagem Mista
f01 0,97 0,95
f02 0,97 0,95
f03 2,64 1,68
f04 2,64 1,99
f05 3,67 2,15
f06 4,52 2,27
6.2 Modos de vibração ou autovetores
No presente item apresenta-se os seis modos de vibração para modelagem
viga e para a modelagem mista com base no emprego das vistas frontal, lateral e
inferior de cada modo de vibração da torre de aço de telecomunicações analisada.
6.2.1 Estratégia de modelagem viga
A seguir, apresenta-se os seis primeiros modos de vibração (Figuras 16 a 21)
referentes às frequências naturais já definidas na Tabela 8 para a modelagem viga.
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 16 – 1º Modo de vibração: f01 = 0,97 Hz
65
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 17 – 2º Modo de vibração: f02 = 0,97 Hz
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 18 – 3º Modo de vibração: f03 = 2,64 Hz
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 19 – 4º Modo de vibração: f04 = 2,64 Hz
66
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 20 – 5º Modo de vibração: f05 = 3,67 Hz
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 21 – 6º Modo de vibração: f06 = 4,52 Hz
No que tange a estratégia de modelagem desenvolvida viga, no primeiro e
segundo modo de vibração, nota-se a predominância do efeito de flexão global
(efeito global) em torno do eixo global “Y” e “X” respectivamente, como apresentado
nas Figuras 16 e 17. No terceiro e quarto modo de vibração observa-se a
predominância do efeito de flexão global (efeito global), relativo ao segundo modo de
flexão, em torno do eixo global “Y” e “X” respectivamente, como apresentado nas
Figuras 18 e 19. No quinto e sexto modo, nota-se a predominância dos efeitos de
flexão e torção local (efeito local) próximo à base da torre de telecomunicações em
análise, conforme apresentado nas Figuras 20 e 21.
67
6.2.2 Estratégia de modelagem mista
De forma análoga ao apresentado no subitem anterior são ilustrados agora os
seis modos de vibração, ilustrados pelas Figuras 22 a 27, referentes às frequências
naturais já definidas na Tabela 8 para a modelagem mista.
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 22 – 1º Modo de vibração: f01 = 0,95 Hz
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 23 – 2º Modo de vibração: f02 = 0,95 Hz
68
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 24 – 3º Modo de vibração: f03 = 1,68 Hz
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 25 – 4º Modo de vibração: f04 = 1,99 Hz
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 26 – 5º Modo de vibração: f05 = 2,15 Hz
69
a) Vista frontal b) Vista lateral c) Vista inferior
Figura 27 – 6º Modo de vibração: f06 = 2,27 Hz
No que tange a estratégia de modelagem desenvolvida mista, observa-se
para o primeiro e segundo modo de vibração a predominância do efeito de flexão
global (efeito global) em torno do eixo global “Y” e “X” respectivamente, assim como
observado no primeiro e segundo modo de vibração da estratégia de modelagem
viga, conforme apresentado nas Figuras 22 e 23. No terceiro modo de vibração
observa-se o efeito de torção local (efeito local) no topo da torre de
telecomunicações (Figura 24), já no quarto, quinto e sexto modo de vibração,
observa-se à predominância dos efeitos de flexão e torção local (efeito local)
próximo a base da torre, conforme apresentado nas Figuras 25, 26 e 27.
De maneira a ilustrar os efeitos observados na análise de autovalores
(frequências) e autovetores (modos de vibração) obtidas no âmbito deste capítulo,
apresenta-se na Tabela 9 um resumo dos efeitos observados nos modos de
vibração referentes as seis primeiras frequências naturais obtidas para as
estratégias de modelagem desenvolvidas viga e mista.
70
Tabela 9 – Resumo dos efeitos referentes aos modos de vibração
Modo de vibração
Frequência natural (Hz) modelagem
viga
Efeito observado
Frequência natural (Hz) modelagem
mista
Efeito observado
f01 0,97 Flexão global
em torno do eixo Y (efeito global)
0,95 Flexão global em torno do eixo Y (efeito global)
f02 0,97 Flexão global
em torno do eixo X (efeito global)
0,95 Flexão global em torno do eixo X (efeito global)
f03 2,64
Flexão global em torno do eixo
Y, segundo modo de flexão (efeito global)
1,68 Torção próximo ao topo da torre
(efeito local)
f04 2,64
Flexão global em torno do eixo
X, segundo modo de flexão (efeito global)
1,99 Flexão e torção local na base da torre (efeito local)
f05 3,67
Flexão e torção local na base da
torre (efeito local)
2,15 Flexão e torção local na base da torre (efeito local)
f06 4,52
Flexão e torção local na base da
torre (efeito local)
2,27 Flexão e torção local na base da torre (efeito local)
Neste capítulo foi apresentada a análise modal realizada com o intuito de
obter as principais frequências naturais e modos de vibração para as duas
estratégias de modelagem desenvolvidas no âmbito deste trabalho de pesquisa. Tal
investigação é de fundamental importância para a determinação da faixa de
frequência a ser adotada no espectro de potência de Kaimal (Blessmann, 1995),
conforme foi apresentado no Capítulo 3 desta dissertação.
71
7 ANÁLISE ESTÁTICA SEGUNDO A NBR 6123 (ABNT, 1988)
Neste capítulo será apresentada a análise estática, realizada no âmbito deste
trabalho de pesquisa, com base no modelo discreto proposto pela norma NBR 6123
(ABNT, 1988), já apresentado ao leitor no Capítulo 2 desta dissertação. O principal
objetivo da realização desta análise é a obtenção da resposta estática da estrutura
em termos dos seus deslocamentos máximos: médio, flutuante e total, quando esta
é submetida ao carregamento discreto do vento preconizado pela norma NBR 6123
(ABNT, 1988), de forma que ao final, esses possam ser comparados com os
deslocamentos máximos obtidos através da realização da análise dinâmica não
determinística da ação do vento que será apresentada no próximo capítulo.
Na Tabela 10 é apresentado um resumo dos dados adotados para o cálculo
do carregamento estático do vento com base no modelo discreto proposto pela
norma NBR 6123 (ABNT, 1988).
Tabela 10 – Dados adotados para o cálculo do vento segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988)
V0 40 m/s
S1 1
S3 1
b 0,86
p 0,185
zr 10 m
m0 125 kg
A0 3,54 m2
ξ 1,33
γ 2,656
ρ 1,225 kg/m3
Na Tabela 11 é apresentada a planilha desenvolvida para o cálculo do
carregamento estático do vento: médio, flutuante e total, ao longo da altura da torre,
com base na aplicação do modelo discreto preconizado na NBR 6123 (ABNT, 1988).
Onde "μi" representa o primeiro modo de vibração da estrutura (flexão em torno do
eixo global “Y”), sendo definido segundo Carril Jr. (2000) pela equação (34).
μi = (zi
z)
2,656
(34)
72
Tabela 11 – Planilha de cálculo das cargas estáticas segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988)
Modelo Discreto - NBR-6123
Seção Øi Área (m2) zi (m) Cai µi (modo) βi βi·µi mi (mi/m0) µi2 Fmédio F(t) Ftotal
1
1a 0,3 1,77 100,3 2,50 1,0000 0,57 0,570 625 5,000 1075 9587 10662
1b 0,15 3,54 98,33 3,15 0,9487 0,72 0,683 125 0,900 1345 1819 3164
1c 0,15 3,54 96,37 3,15 0,8993 0,72 0,647 125 0,809 1335 1724 3059
2
2a 0,17 3,54 94,4 3,05 0,8513 0,79 0,673 125 0,725 1453 1632 3085
2b 0,17 3,54 92,43 3,05 0,8049 0,78 0,628 125 0,648 1442 1543 2985
2c 0,17 3,54 90,47 3,05 0,7604 0,78 0,593 125 0,578 1431 1458 2889
3
3a 0,2 3,54 88,5 2,90 0,7172 0,87 0,624 125 0,514 1588 1375 2963
3b 0,2 3,54 86,53 2,90 0,6756 0,86 0,581 125 0,456 1574 1295 2869
3c 0,35 3,54 84,57 2,38 0,6357 1,24 0,788 625 2,021 2242 6094 8336
4 4a 0,23 6,15 82,6 2,78 0,5971 1,64 0,979 130 0,371 2964 1191 4155
4b 0,23 6,15 79,65 2,78 0,5421 1,63 0,884 149 0,350 2924 1239 4163
5 5a 0,23 7,74 76,7 2,78 0,4904 2,04 1,000 168 0,323 3629 1264 4893
5b 0,23 7,74 73,75 2,78 0,4419 2,02 0,893 187 0,292 3577 1268 4845
6 6a 0,21 9,365 70,8 2,86 0,3965 2,28 0,904 205 0,258 4004 1247 5251
6b 0,21 9,365 67,85 2,86 0,3541 2,26 0,800 224 0,225 3942 1217 5159
7 7a 0,2 11 64,9 2,90 0,3147 2,55 0,802 243 0,193 4398 1173 5571
7b 0,2 11 61,95 2,90 0,2781 2,53 0,704 262 0,162 4323 1118 5441
8 8a 0,18 12,6 59 3,02 0,2443 2,69 0,657 281 0,134 4558 1053 5611
8b 0,18 12,6 56,05 3,02 0,2132 2,66 0,567 300 0,109 4472 981 5453
9 9a 0,16 14,25 53,1 3,10 0,1847 2,72 0,502 319 0,087 4524 904 5428
9b 0,16 14,25 50,15 3,10 0,1587 2,69 0,427 338 0,068 4429 823 5252
10 10a 0,15 15,85 47,2 3,15 0,1351 2,82 0,381 357 0,052 4589 740 5329
10b 0,15 15,85 44,25 3,15 0,1138 2,79 0,318 376 0,039 4481 656 5137
11 11a 0,16 17,5 41,3 3,11 0,0947 3,20 0,303 395 0,028 5079 574 5653
11b 0,16 17,5 38,35 3,11 0,0778 3,15 0,245 413 0,020 4941 493 5434
12 12a 0,17 19,1 35,4 3,05 0,0629 3,53 0,222 432 0,014 5455 417 5872
12b 0,17 19,1 32,45 3,05 0,0499 3,48 0,174 451 0,009 5283 345 5628
13 13a 0,16 20,75 29,5 3,10 0,0388 3,55 0,138 470 0,006 5300 280 5580
13b 0,16 20,75 26,55 3,10 0,0293 3,48 0,102 489 0,003 5097 220 5317
14 14a 0,15 22,35 23,6 3,15 0,0214 3,50 0,075 508 0,002 5007 167 5174
14b 0,15 22,35 20,65 3,15 0,0150 3,41 0,051 527 0,001 4766 121 4887
15 15a 0,15 23,95 17,7 3,15 0,0100 3,55 0,036 546 0,000 4824 84 4908
15b 0,15 23,95 14,75 3,15 0,0061 3,44 0,021 565 0,000 4509 53 4562
16 16a 0,14 25,6 11,8 3,20 0,0034 3,34 0,011 584 0,000 4208 30 4238
16b 0,14 25,6 8,85 3,20 0,0016 3,17 0,005 603 0,000 3783 15 3798
17 17a 0,14 27,2 5,9 3,20 0,0005 3,12 0,002 621 0,000 3459 5 3464
17b 0,14 27,2 2,95 3,20 0,0001 2,75 0,000 640 0,000 2677 1 2678
∑ 496,9 16,99 12908 14,40 134687 44206 178893
73
Após a determinação do carregamento de vento estático: médio, flutuante e
total foi possível determinar os valores do fator de rajada, em termos dos valores das
forças, ao longo da altura da torre de aço. Cabe ressaltar que o fator de rajada é
definido pela relação entre os valores da força total e da força média,
respectivamente, conforme apresentado na Tabela 12.
Tabela 12 – Fator de rajada em termos de força estática
zi (m) Ftotal (N) Fmédio (N)
Fator de Rajada zi (m) Ftotal (N) Fmédio (N)
Fator de Rajada
Ftotal/Fmédio Ftotal/Fmédio
100,30 10662 1075 9,92 53,10 5428 4524 1,20
98,33 3164 1345 2,35 50,15 5252 4429 1,19
96,37 3059 1335 2,29 47,20 5329 4589 1,16
94,40 3085 1453 2,12 44,25 5137 4481 1,15
92,43 2985 1442 2,07 41,30 5653 5079 1,11
90,47 2889 1431 2,02 38,35 5434 4941 1,10
88,50 2963 1588 1,87 35,40 5872 5455 1,08
86,53 2869 1574 1,82 32,45 5628 5283 1,07
84,57 8336 2242 3,72 29,50 5580 5300 1,05
82,60 4155 2964 1,40 26,55 5317 5097 1,04
79,65 4163 2924 1,42 23,60 5174 5007 1,03
76,70 4893 3629 1,35 20,65 4887 4766 1,03
73,75 4845 3577 1,35 17,70 4908 4824 1,02
70,80 5251 4004 1,31 14,75 4562 4509 1,01
67,85 5159 3942 1,31 11,80 4238 4208 1,01
64,90 5571 4398 1,27 8,85 3798 3783 1,00
61,95 5441 4323 1,26 5,90 3464 3459 1,00
59,00 5611 4558 1,23 2,95 2678 2677 1,00
56,05 5453 4472 1,22 - - - -
Analisando-se os resultados apresentados na Tabela 12, foi verificado um
aumento crescente do fator de rajada, em relação às forças estáticas, com base no
aumento da altura da torre de aço, sendo que o valor do fator de rajada é da ordem
de 1,05 nos nós do modelo estrutural próximos a base e da ordem de 2,15 nos nós
próximos ao topo do mesmo.
Após a determinação das cargas de vento incidindo sobre a torre, foi possível
determinar os valores dos deslocamentos translacionais horizontais: médio, flutuante
e total, com o auxílio do programa computacional Ansys (2007), e
consequentemente o fator de rajada, em termos dos valores de deslocamentos, ao
longo da altura da torre de aço. Cabe ressaltar que o fator de rajada é definido pela
relação entre os valores de deslocamento total e de deslocamento médio,
respectivamente, conforme apresentado na Tabela 13.
74
Tabela 13 – Fator de rajada em termos de deslocamento estático
Modelagem Viga Modelagem Mista
zi (m) UXtotal
(m) UXmédio
(m) UXflutuante
(m)
Fator de Rajada UXtotal
(m) UXmédio
(m) UXflutuante
(m)
Fator de Rajada
UXtotal/UXmédio UXtotal/UXmédio
100,30 0,714 0,345 0,369 2,07 0,726 0,350 0,377 2,08
98,33 0,679 0,331 0,348 2,05 0,692 0,337 0,355 2,06
96,37 0,645 0,318 0,327 2,03 0,657 0,323 0,334 2,03
94,40 0,611 0,304 0,306 2,01 0,623 0,310 0,313 2,01
92,43 0,577 0,290 0,286 1,99 0,589 0,297 0,292 1,99
90,47 0,544 0,277 0,267 1,96 0,556 0,284 0,272 1,96
88,50 0,513 0,264 0,249 1,94 0,524 0,271 0,254 1,94
86,53 0,482 0,251 0,231 1,92 0,494 0,258 0,236 1,91
84,57 0,453 0,238 0,215 1,90 0,465 0,246 0,219 1,89
82,60 0,426 0,226 0,199 1,88 0,437 0,234 0,203 1,87
79,65 0,389 0,209 0,180 1,86 0,400 0,217 0,183 1,84
76,70 0,354 0,193 0,161 1,83 0,365 0,201 0,164 1,81
73,75 0,322 0,178 0,144 1,81 0,333 0,186 0,147 1,79
70,80 0,291 0,163 0,129 1,79 0,303 0,172 0,132 1,76
67,85 0,263 0,149 0,114 1,77 0,275 0,158 0,117 1,74
64,90 0,237 0,136 0,101 1,75 0,248 0,144 0,104 1,72
61,95 0,213 0,123 0,090 1,73 0,225 0,132 0,093 1,70
59,00 0,191 0,112 0,080 1,72 0,203 0,121 0,082 1,68
56,05 0,171 0,100 0,070 1,70 0,182 0,110 0,073 1,66
53,10 0,152 0,090 0,062 1,68 0,163 0,099 0,064 1,65
50,15 0,134 0,080 0,054 1,67 0,145 0,089 0,056 1,63
47,20 0,117 0,071 0,046 1,65 0,128 0,079 0,048 1,61
44,25 0,102 0,062 0,040 1,64 0,112 0,070 0,042 1,59
41,30 0,088 0,054 0,034 1,62 0,097 0,062 0,035 1,57
38,35 0,075 0,046 0,028 1,61 0,084 0,054 0,030 1,55
35,40 0,063 0,039 0,023 1,59 0,071 0,046 0,025 1,53
32,45 0,052 0,033 0,019 1,57 0,060 0,040 0,020 1,51
29,50 0,043 0,027 0,015 1,55 0,050 0,033 0,016 1,49
26,55 0,034 0,022 0,012 1,53 0,040 0,028 0,013 1,46
23,60 0,027 0,018 0,009 1,51 0,032 0,022 0,010 1,44
20,65 0,020 0,014 0,006 1,45 0,025 0,018 0,007 1,39
17,70 0,015 0,010 0,005 1,45 0,019 0,014 0,005 1,38
14,75 0,010 0,007 0,003 1,37 0,013 0,010 0,003 1,30
11,80 0,006 0,005 0,002 1,37 0,009 0,007 0,002 1,29
8,85 0,003 0,003 0,000 1,15 0,005 0,004 0,001 1,16
5,90 0,001 0,001 0,000 1,15 0,003 0,002 0,000 1,13
2,95 0,000 0,000 0,000 -3,64 0,000 0,001 0,000 0,56
75
Analisando-se os resultados apresentados na Tabela 13, foi verificado um
aumento crescente do fator de rajada, em relação aos deslocamentos estáticos, com
base no aumento da altura da torre de aço, sendo que o valor do fator de rajada é da
ordem de 1,30 nos nós do modelo estrutural próximos a base e da ordem de 2,05
nos nós próximos ao topo do mesmo.
Ao longo da análise observou-se que os deslocamentos translacionais
horizontais máximos para os carregamentos: médio, flutuante e total aplicados a
estrutura, ocorreram nos quatro nós do topo da torre de aço, nós A, B, C e D,
conforme ilustrado na Figura 28. Tal resultado já era esperado tendo em vista que
esta estrutura pode ser, de maneira simplificada, representada como uma barra com
uma extremidade engastada e a outra livre, tendo o seu ponto mais flexível
associado a extremidade livre.
Figura 28 – Nós de deslocamentos máximos
São apresentados nas Tabelas 14 e 15, para as estratégias de modelagem
desenvolvidas viga e mista respectivamente, um resumo dos deslocamentos
estáticos máximos: médio, flutuante e total, obtidos numericamente nos nós A, B, C
e D do topo da torre (Figura 28), com base no modelo discreto proposto pela norma
brasileira e através da utilização do programa computacional ANSYS (2007).
76
Tabela 14 – Deslocamentos estáticos máximos para modelagem viga
Nó UXmédio (cm) UXflutuante (cm) UXtotal (cm)
A 34,5 36,9 71,4
B 34,5 36,9 71,4
C 34,5 36,9 71,4
D 34,5 36,9 71,4
Tabela 15 – Deslocamentos estáticos máximos para modelagem mista
Nó UXmédio (cm) UXflutuante (cm) UXtotal (cm)
A 35,0 37,8 72,6
B 35,0 37,8 72,6
C 34,8 37,6 72,5
D 34,8 37,6 72,5
Neste capítulo apresentou-se a análise estática do carregamento de vento
incidindo sobre a torre de telecomunicações através do modelo discreto proposto
pela norma brasileira. Foram obtidos numericamente os deslocamentos máximos
estáticos no topo da torre em análise.
No próximo capítulo, será apresentado o estudo do comportamento da torre
quando submetida as cargas dinâmicas não determinísticas do vento. Para tal, foram
obtidos os máximos deslocamentos na fase permanentes da resposta dinâmica para
todas as séries de carregamentos aleatórias analisadas. Posteriormente é realizado
um tratamento estatístico dos valores máximos de deslocamentos encontrados em
cada série, com o intuito de se comparar os deslocamentos estáticos e dinâmicos
com normas e recomendações de projeto correntes.
77
8 ANÁLISE DINÂMICA NÃO DETERMINÍSTICA
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos, em temos de
deslocamentos, referentes a resposta estrutural das estratégias de modelagem
desenvolvidas no âmbito deste trabalho de pesquisa, através da realização de uma
análise dinâmica não determinística da ação aleatória do vento.
No capítulo três desta dissertação foi apresentada, de forma detalhada, a
metodologia empregada para a geração das séries temporais do carregamento não
determinístico do vento.
Para a obtenção da resposta da torre em termos de deslocamentos, com
base no emprego da metodologia proposta no âmbito deste trabalho de pesquisa, foi
necessário estabelecer a geração de um determinado número de séries de
carregamentos para uma posterior realização de tratamento estatístico das
respostas obtidas em cada série gerada. No presente trabalho são geradas 30
séries de carregamento da ação não determinística do vento para cada estratégia de
modelagem desenvolvida (modelagem viga e modelagem mista) e são obtidos os
deslocamentos ao longo do tempo para cada série de carregamento gerada. Desta
forma, pôde-se obter a resposta global não determinística da estrutura, para ambas
as estratégias de modelagem, através do tratamento estatístico dos deslocamentos
máximos obtidos em cada série de carregamento gerada e através do emprego de
um índice de confiabilidade para a resposta estrutural global dos modelos.
8.1 Carregamento dinâmico não determinístico
O sentido de aplicação do carregamento dinâmico não determinístico foi
definido de maneira análoga ao sentido de aplicação da análise estática (Capitulo 7),
ou seja, todas as cargas são aplicadas na direção do eixo global “X”.
Para a geração das séries temporais de carregamento, desenvolveu-se uma
rotina no programa computacional MatLab (2012) onde os parâmetros de entrada
para a geração das séries de carregamento para as estratégias modelagem viga e
mista são os mesmos definidos na análise estática apresentados na Tabela 10.
78
8.1.1 Carregamento dinâmico modelagem viga
De forma a ilustrar a variação das forças dinâmicas não determinísticas ao
longo do tempo, geradas de acordo com a metodologia de análise desenvolvida, as
Figuras 29, 30 e 31 ilustram os gráficos dessas forças, para um tempo de análise de
10 min ou 600 s, no que diz respeito à modelagem viga, considerando-se a décima
quinta série de carregamento randômico gerada ao longo da altura da torre de aço,
nas cotas 2,95 m; 50,15 m e 100,3 m.
Figura 29 – Força no tempo na cota z = 2,95 m
Figura 30 – Força no tempo na cota z = 50,15 m
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 100 200 300 400 500 600
Forç
a (
N)
Tempo (s)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 100 200 300 400 500 600
Forç
a (
N)
Tempo (s)
79
Figura 31 – Força no tempo na cota z = 100,30 m
Foram apresentadas as forças no domínio do tempo, a seguir são
apresentadas as cargas avaliadas no domínio da frequência para a modelagem viga,
de forma a determinar em que faixa de frequência ocorre a maior parte da
transferência de energia contida no sistema estrutural. Os gráficos representados
pelas Figuras 32, 33 e 34, correlacionam a densidade espectral das cargas de vento
ao longo da altura da torre para a modelagem viga, onde as densidades espectrais
são obtidas através da metodologia da transformada rápida de Fourier.
Figura 32 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 2,95 m
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 100 200 300 400 500 600
Forç
a (
N)
Tempo (s)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,0 0,5 1,0 1,5
SN
(N2s)
Frequência (Hz)
0,05 Hz
0,25 Hz
0,46 Hz
0,71 Hz
0,97 Hz
1,12 Hz
1,36 Hz
80
Figura 33 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 50,15 m
Figura 34 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 100,30 m
8.1.2 Carregamento dinâmico modelagem mista
De forma análoga ao subitem anterior, são apresentados os gráficos da força
ao longo do tempo, representados pelas Figuras 35, 36 e 37, para um tempo de
análise de 10 min ou 600 s, para a modelagem mista, na décima quinta série de
carregamento gerada, nas cotas 2,95 m; 50,15 m e 100,3 m, respectivamente.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,0 0,5 1,0 1,5
SN
(N2s)
Frequência (Hz)
0
10
20
30
40
50
60
70
0,0 0,5 1,0 1,5
SN
(N2s)
Frequência (Hz)
0,05 Hz
1,23 Hz 0,97 Hz
0,80 Hz
0,47 Hz
0,23 Hz
0,12 Hz
0,05 Hz
0,15 Hz
0,36 Hz 0,56 Hz
0,97 Hz
1,12 Hz
1,26 Hz
81
Figura 35 – Força no tempo na cota z = 2,95 m
Figura 36 – Força no tempo na cota z = 50,15 m
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 100 200 300 400 500 600
Forç
a (
N)
Tempo (s)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 100 200 300 400 500 600
Forç
a (
N)
Tempo (s)
82
Figura 37 – Força no tempo na cota z = 100,30 m
A seguir são apresentadas as cargas avaliadas no domínio da frequência
para a modelagem mista, de forma a determinar em que faixa de frequência ocorre a
maior parte da transferência de energia contida no sistema estrutural. Os gráficos
representados pelas Figuras 38, 39 e 40, correlacionam a densidade espectral das
cargas de vento ao longo da altura da torre para a modelagem mista, onde, como
apresentado anteriormente, as densidades espectrais foram obtidas através da
metodologia da transformada rápida de Fourier.
Figura 38 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 2,95 m
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0 100 200 300 400 500 600
Forç
a (
N)
Tempo (s)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,0 0,5 1,0 1,5
SN
(N2s)
Frequência (Hz)
0,05 Hz
0,12 Hz 0,33 Hz
0,64 Hz 0,95 Hz
1,12 Hz
1,22 Hz
83
Figura 39 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 50,15 m
Figura 40 – Densidade espectral da força do vento na cota z = 100,30 m
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0,0 0,5 1,0 1,5
SN
(N2s)
Frequência (Hz)
0
10
20
30
40
50
60
70
0,0 0,5 1,0 1,5
SN
(N2s)
Frequência (Hz)
0,05 Hz
0,05 Hz
0,12 Hz
0,22 Hz
0,60 Hz 0,95 Hz
1,12 Hz
1,33 Hz
0,12 Hz
0,22 Hz
0,64 Hz
0,95 Hz
1,12 Hz
1,26 Hz
84
8.2 Resposta dinâmica da estrutura
De forma a avaliar a resposta dinâmica da torre, foram obtidas para cada uma
das 30 séries de carregamento dinâmico não determinístico geradas em ambas as
estratégias de modelagem desenvolvidas, os deslocamentos translacionais
horizontais máximos nos quatro nós A, B, C e D (Figura 28) localizados no topo da
torre de telecomunicações analisada.
8.2.1 Resposta dinâmica modelagem viga
Nas Figuras 41, 42 e 43 são apresentados os deslocamentos obtidos ao
longo do tempo no nó “A”, localizado no topo da torre (Figura 28), para as séries de
carregamento 5; 15 e 25 da estratégia de modelagem viga. Apresenta-se os gráficos
de deslocamentos obtidos ao longo de um tempo de análise de 10 minutos (600
segundos), bem como uma indicação no referido gráfico das fases transiente e
permanente, sendo o histórico na fase transiente apresentado no intervalo
compreendido entre 0 e 100 segundos e o histórico referente a fase permanente
apresentado no intervalo compreendido entre 100 e 600 segundos, pois a partir de
100 segundos o deslocamento apresenta o caráter predominantemente periódico.
Figura 41 – Resposta dinâmica modelagem viga série 5
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 100 200 300 400 500 600
De
slo
ca
me
nto
(m
)
Tempo (s)
Fase permanente
Fase transiente
UX = 0,4258 m
85
Figura 42 – Resposta dinâmica modelagem viga série 15
Figura 43 – Resposta dinâmica modelagem viga série 25
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 100 200 300 400 500 600
De
slo
cam
ento
(m
)
Tempo (s)
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 100 200 300 400 500 600
De
slo
cam
ento
(m
)
Tempo (s)
Fase transiente
Fase transiente
Fase permanente
Fase permanente
UX = 0,4030 m
UX = 0,4108 m
86
Cabe ressaltar que nas séries de carregamento 5, 15 e 25 da estratégia de
modelagem viga, observou-se deslocamentos translacionais horizontais máximos,
para as fases permanente e transiente da resposta dinâmica (Figuras 41, 42 e 43),
inferiores ao limite máximo “UXlim” de 0,875 m preconizado pela norma SDT-240-
410-600 (Telebrás, 1997), definido na página 96.
Com as séries de deslocamentos avaliadas no domínio do tempo faz-se
necessário, agora, avaliar a resposta dinâmica do modelo viga no domínio da
frequência, de forma a conhecer quais são as frequências naturais que apresentam
as maiores transferências de energia na resposta do sistema estrutural. Os gráficos
representados pelas Figuras 44, 45 e 46 correlacionam a densidade espectral dos
deslocamentos (UX) com as frequências em Hz. Para a construção dos gráficos
recorre-se ao processo da transformada rápida de Fourier (FFT). Essa metodologia
permite transformar uma resposta avaliada no domínio do tempo, para uma resposta
avaliada no domínio da frequência.
Analisando-se as Figuras 44, 45 e 46, observa-se que a transferência de
energia para o sistema se dá, de maneira preponderante, para as frequências
próximas a 1 Hz. Observa-se também, um pico elevado, responsável pela maior
transferência de energia do sistema na frequência de 0,97 Hz, frequência esta
correspondente a frequência fundamental da estrutura, para o modo de flexão em
torno do eixo global “Y”, como pode ser observado na Figura 16.
Figura 44 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem viga série 5
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Su
x(m
2s)
Frequência (Hz)
f01 = f02 = 0,97 Hz
f03 = f04 = 2,64 Hz
0,05 Hz
0,22 Hz
87
Figura 45 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem viga série 15
Figura 46 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem viga série 25
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Su
x(m
2s)
Frequência (Hz)
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Su
x(m
2s)
Frequência (Hz)
f01 = f02 = 0,97 Hz
f01 = f02 = 0,97 Hz
f03 = f04 = 2,64 Hz
f03 = f04 =2,64 Hz
0,05 Hz
0,12 Hz
0,05 Hz
0,36 Hz
88
8.2.2 Resposta dinâmica modelagem mista
De forma análoga ao apresentado no subitem anterior, são apresentados
agora nas Figuras 47, 48 e 49 os deslocamentos obtidos ao longo do tempo no nó
“A”, localizado no topo da torre (Figura 28), para as séries de carregamento 5; 15 e
25 referentes a estratégia de modelagem mista.
Figura 47 – Resposta dinâmica modelagem mista série 5
Figura 48 – Resposta dinâmica modelagem mista série 15
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 100 200 300 400 500 600
De
slo
cam
ento
(m
)
Tempo (s)
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 100 200 300 400 500 600
De
slo
cam
ento
(m
)
Tempo (s)
Fase transiente
Fase transiente
Fase permanente
Fase permanente
UX = 0,4018 m
UX = 0,4137 m
89
Figura 49 – Resposta dinâmica modelagem mista série 25
Cabe ressaltar que nas séries de carregamento 5, 15 e 25 da estratégia de
modelagem mista, observou-se deslocamentos translacionais horizontais máximos,
para as fases transiente e permanente da resposta dinâmica (Figuras 47, 48 e 49),
inferiores ao limite máximo “UXlim” de 0,875 m preconizado pela norma SDT-240-
410-600 (Telebrás, 1997), definido na página 96.
Conforme feito anteriormente para modelagem viga, agora avalia-se a
resposta dinâmica do modelo misto no domínio da frequência, de forma a conhecer
quais são as frequências naturais que apresentam as maiores transferências de
energia na resposta do sistema estrutural, recorrendo-se para a construção dos
gráficos ao processo da transformada rápida de Fourier (FFT).
Analisando-se as Figuras 50, 51 e 52 observa-se que a transferência de
energia para o sistema se dá, de maneira preponderante, assim como observado na
estratégia de modelagem viga, para as frequências próximas a 1 Hz. Observa-se
também, um pico elevado, responsável pela maior transferência de energia do
sistema na frequência de 0,95 Hz, frequência esta correspondente a frequência
fundamental da estrutura, para o modo de flexão em torno do eixo global “Y”, como
pode ser observado na Figura 22.
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 100 200 300 400 500 600
De
slo
cam
ento
(m
)
Tempo (s)
Fase transiente
Fase permanente
UX = 0,4593 m
90
Figura 50 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem mista série 5
Figura 51 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem mista série 15
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Su
x(m
2s)
Frequência (Hz)
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Su
x(m
2s)
Frequência (Hz)
f01 = f02 = 0,95 Hz
f03 = 1,68 Hz
f06 = 2,27 Hz
0,05 Hz
0,15 Hz
f01 = f02 = 0,95 Hz
f03 = 1,68 Hz
f06 = 2,27 Hz
0,05 Hz
0,22 Hz
91
Figura 52 – Densidade espectral dos deslocamentos modelagem mista série 25
8.2.3 Análise estatística dos deslocamentos
A seguir apresenta-se o deslocamento translacional horizontal máximo na
direção do eixo global “X”, obtido no topo da torre nos quatro nós analisados (A, B, C
e D) da Figura 28, na fase permanente da resposta, para as 30 séries de
carregamento geradas para ambas as estratégias de modelagem desenvolvidas no
âmbito deste trabalho de pesquisa.
De forma a avaliar o comportamento da média em relação ao número de
séries de carregamento utilizadas, apresenta-se os resultados em termos de
deslocamento translacional horizontal máximo das séries de 1 a 10 (Tabela 16), de 1
a 20 (Tabela 17) e de 1 a 30 (Tabela 18) separadamente, para as estratégias de
modelagem desenvolvidas viga e mista, e realiza-se um tratamento estatístico dos
valores de deslocamentos obtidos através do cálculo da média, desvio padrão e
índice de confiabilidade para cada tabela. Por fim, apresenta-se os gráficos
comparativo dos deslocamentos translacionais horizontais máximos para as
estratégias de modelagem viga e mista, referentes as Tabelas 16, 17 e 18 conforme
ilustrado nas Figuras 53, 54 e 55 respectivamente.
-0,004
0,000
0,004
0,008
0,012
0,016
0,020
0,024
0,028
0,032
0,036
0,040
0,044
0,048
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Su
x(m
2s)
Frequência (Hz)
f01 = f02 = 0,95 Hz
f03 = 1,68 Hz
f06 = 2,27 Hz
0,08 Hz
0,15 Hz
92
Tabela 16 – Deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 10
Séries de Carregamento
Deslocamentos (m)
Modelagem Viga
Modelagem Mista
1 0,4054 0,4403
2 0,4129 0,4480
3 0,4035 0,4365
4 0,4093 0,4453
5 0,4258 0,4018
6 0,4137 0,4007
7 0,4076 0,4233
8 0,4245 0,4191
9 0,4175 0,4280
10 0,4061 0,4023
Média 0,4126 0,4245
Desvio padrão 0,0078 0,0183
UX95% 0,4175 0,4358
Figura 53 – Comparação dos deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 10
0,37
0,38
0,39
0,40
0,41
0,42
0,43
0,44
0,45
0,46
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
De
slo
cam
ento
(m
)
Série de Carregamento
Modelagem Viga Modelagem Mista
93
Tabela 17 – Deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 20
Séries de Carregamento
Deslocamentos (m)
Modelagem Viga
Modelagem Mista
1 0,4054 0,4403
2 0,4129 0,4480
3 0,4035 0,4365
4 0,4093 0,4453
5 0,4258 0,4018
6 0,4137 0,4007
7 0,4076 0,4233
8 0,4245 0,4191
9 0,4175 0,4280
10 0,4061 0,4023
11 0,4009 0,4538
12 0,4121 0,4454
13 0,4225 0,4640
14 0,4036 0,4203
15 0,4030 0,4137
16 0,4259 0,4243
17 0,4071 0,4433
18 0,4015 0,4386
19 0,3928 0,4353
20 0,4126 0,4983
Média 0,4104 0,4341
Desvio padrão 0,0091 0,0232
UX95% 0,4144 0,4443
Figura 54 – Comparação dos deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 20
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
De
slo
cam
ento
(m
)
Série de Carregamento
Modelagem Viga Modelagem Mista
94
Tabela 18 – Deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 30
Séries de Carregamento
Deslocamentos (m)
Modelagem Viga Modelagem
Mista
1 0,4054 0,4403
2 0,4129 0,4480
3 0,4035 0,4365
4 0,4093 0,4453
5 0,4258 0,4018
6 0,4137 0,4007
7 0,4076 0,4233
8 0,4245 0,4191
9 0,4175 0,4280
10 0,4061 0,4023
11 0,4009 0,4538
12 0,4121 0,4454
13 0,4225 0,4640
14 0,4036 0,4203
15 0,4030 0,4137
16 0,4259 0,4243
17 0,4071 0,4433
18 0,4015 0,4386
19 0,3928 0,4353
20 0,4126 0,4983
21 0,3924 0,4258
22 0,4135 0,4435
23 0,4052 0,4423
24 0,4206 0,4248
25 0,4108 0,4593
26 0,4149 0,4629
27 0,4128 0,4521
28 0,4149 0,4642
29 0,4062 0,4175
30 0,4001 0,4315
Média 0,4100 0,4369
Desvio padrão 0,0087 0,0214
UX95% 0,4131 0,4445
95
Figura 55 – Comparação dos deslocamentos translacionais máximos; séries 1 a 30
Com o aumento no número de séries utilizadas para o cálculo da média dos
valores de deslocamentos translacionais horizontais máximos, obtidos em cada série
de carregamento, notou-se uma tendência a estabilização da média conforme
ilustrado no gráfico representado pela Figura 56.
Figura 56 – Comportamento da média em relação ao número de séries utilizadas
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
De
slo
cam
ento
(m
)
Série de Carregamento
Modelagem Viga Modelagem Mista
0,400
0,405
0,410
0,415
0,420
0,425
0,430
0,435
0,440
0,445
0,450
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Méd
ia d
os
des
loca
men
tos
Número de séries utilizadas
Viga Mista
96
8.2.4 Comparação dos resultados com recomendações usuais de projeto
Com base no emprego da norma SDT-240-410-600 do Sistema de
Documentação Telebrás (Telebrás, 1997), o valor da deflexão máxima permitida
para que não haja problemas com os equipamentos de telefonia é de 0° 30' 00'' para
torres auto-suportadas. Levando-se em consideração a altura total da torre, como
sendo igual a 100,3 m (Figura 57), o deslocamento translacional horizontal máximo
permitido (UXlim) para esta torre pode ser calculado trigonometricamente pelo
produto entre a altura máxima da mesma (100,3 m) pela tangente do ângulo de
deflexão máxima permitida, obtendo-se assim, um deslocamento translacional
horizontal máximo permitido (UXlim) igual a 0,875 m, conforme apresentado na
equação (35).
Figura 57 – Deslocamento máximo permitido pela norma SDT-240-410-600 (Telebrás,
1997)
θ = 0°30′′00′
UXlim = 100,30 ∙ tan θ = 0,875 m (35)
𝜃
97
Finalmente, com o intuito de avaliar os deslocamentos translacionais
horizontais máximos, no que tange a recomendações usuais de projeto, é
apresentada na Tabela 19 uma comparação entre os valores máximos de
deslocamentos translacionais horizontais obtidos através do modelo de cálculo
proposto pela NBR 6123 (ABNT, 1988) e com base na metodologia de análise
desenvolvida nesta dissertação, a partir do emprego de uma modelagem não
determinística da ação do vento. Os valores máximos obtidos são comparados com
o valor máximo de projeto recomendados pela norma SDT-240-410-600 (Telebrás,
1997) já definido na da equação (35).
Tabela 19 – Comparação dos resultados NBR 6123 e modelo não determinístico
Método de Cálculo Cargas de Vento
Deslocamentos Modelagem Viga (cm)
Deslocamentos Modelagem Mista (cm)
UXmédio UXflutuante UXtotal UXmédio UXflutuante UXtotal
Modelo Discreto NBR 6123
34,5 36,9 71,4 35,0 37,8 72,6
Modelo não determinístico
34,5 6,8 41,3 35,0 9,5 44,5
Conforme ilustrado na Tabela 19 a estratégia de modelagem viga apresentou
valores ligeiramente inferiores de deslocamento translacional horizontal total quando
comparada com a estratégia de modelagem mista, tanto para o modelo discreto da
NBR 6123 (ABNT, 1988), da ordem de 1,7%, quanto para o modelo não
determinístico, da ordem de 7,2%. Tal fato já era esperado, tendo em vista a maior
rigidez presente na estratégia de modelagem viga, devido ao fato de todas as
ligações apresentarem os seis graus de liberdade restritos na referida estratégia de
modelagem.
Comparando-se os métodos de cálculo das cargas de vento, o modelo
discreto da NBR 6123 (ABNT, 1988) apresentou o valor de deslocamento
translacional horizontal total cerca de 42,2% maior do que o modelo não
determinístico para a estratégia de modelagem viga e de 38,7% maior para a
estratégia de modelagem mista.
98
Cabe ressaltar que a modelagem não determinística apresenta valores de
deslocamentos bastante inferiores em relação à norma brasileira NBR 6123 (ABNT,
1988), quando a parcela flutuante do vento é considerada no estudo, como mostrado
na Tabela 19, pelo fato de apresentar características essencialmente probabilísticas,
em comparação com o modelo discreto simplificado de projeto da NBR 6123 (ABNT,
1988). Destaca-se, ainda, que os resultados fornecidos pelo modelo discreto
simplificado de projeto da NBR 6123 (ABNT, 1988) encontram-se a favor da
segurança estrutural, conforme o esperado.
Com base nos resultados apresentados pela Tabela 19, procedendo-se uma
comparação entre os valores máximos dos deslocamentos translacionais horizontais
totais (parcela média + parcela flutuante) da estrutura da torre metálica de
telecomunicações investigada, a partir do emprego das duas metodologias de
cálculo [NBR 6123 (ABNT, 1988) e modelo não determinístico], utilizadas no âmbito
desta dissertação, cabe ressaltar que as duas metodologias de análise fornecem
valores de deslocamentos máximos [NBR 6123 (ABNT, 1988): UXtotal = 72,6 cm;
modelo não determinístico: UXtotal = 44,5 cm], que atendem a norma SDT-240-410-
600 do Sistema de Documentação Telebrás (Telebrás, 1997), no que diz respeito ao
valor limite recomendado para os deslocamentos translacionais horizontais máximos
no topo da torre de aço (UXlim = 87,5 cm).
99
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho de pesquisa teve como principal objetivo o de contribuir, no que
diz respeito ao desenvolvimento de uma metodologia de análise para avaliação do
comportamento estrutural dinâmico não determinístico de torres de aço de
telecomunicações, com base no emprego de uma formulação matemática utilizada
para a modelagem randômica das ações do vento. Para tal, foi desenvolvida uma
investigação sobre o comportamento dinâmico não determinístico de uma torre de
aço de telecomunicações real, existente, com 100,3 metros de altura, submetida a
excitações dinâmicas oriundas da ação aleatória do vento, considerando-se o
desenvolvimento de duas estratégias distintas para a modelagem em elementos
finitos (modelagem viga e modelagem mista). No que concerne à análise dinâmica
não determinística da torre, o modelo matemático representativo das ações do vento
foi definido com base no espectro de potência do vento de Kaimal.
9.1 Conclusões alcançadas
a) Análise das frequências naturais e modos de vibração da torre de aço
Com base na análise dos valores das frequências naturais (autovalores) e
modos de vibração (autovetores) da torre em estudo, constatou-se que o modelo
estrutural investigado possui frequências inferiores a 1 Hz, sendo que a frequência
fundamental do modelo foi da ordem de 0,97 Hz para modelagem viga e de 0,95 Hz
para modelagem mista. Tal fato é de grande importância para a avaliação estrutural
da torre, pois a mesma possui grande esbeltez.
Cabe ressaltar, também, que a consideração da estratégia de modelagem
numérica empregada para a representação da torre de telecomunicações,
influenciou nos valores das frequências naturais do modelo estrutural analisado, pois
a modelagem viga apresentou-se mais rígida do que a modelagem mista. Tal fato é
justificado pelo emprego dos elementos finitos de treliça espacial para a modelagem
dos contraventamentos da estrutura na modelagem mista. Observou-se, também,
100
que de forma geral, o primeiro e o segundo modos de vibração da torre de
telecomunicações, tanto para a estratégia de modelagem viga quanto para a mista,
apresentaram o efeito de flexão em torno do eixo global “Y” e do eixo global “X”,
respectivamente, como sendo preponderante na resposta do sistema.
Destaca-se, ainda, que a realização da análise de frequências e modos de
vibrações é de fundamental importância para investigação proposta no âmbito deste
trabalho, pois a escolha da faixa de frequências no espectro de potência utilizado
para a geração das séries de carregamento não determinísticas representativas do
vento deve absorver as principais frequências da estrutura. Neste trabalho de
pesquisa, as dez primeiras frequências naturais da estrutura, para ambas as
estratégias de modelagem, se encontram na faixa de frequências adotada no
espectro de potência do vento.
b) Análise estática
Com base na realização da análise estática, a partir do emprego do modelo
discreto proposto pela NBR 6123 (ABNT, 1988) para a geração do carregamento
estático do vento, foram obtidos os deslocamentos translacionais horizontais
máximos: médio, flutuante e total. Considerando-se as respostas obtidas em termos
dos valores destes deslocamentos máximos, pode-se concluir que a torre analisada
apresentou deslocamento máximo total no topo da ordem de 71,4 cm para a
modelagem viga e de 72,6 cm para a modelagem mista. Os valores obtidos na
análise corroboram para a constatação da maior rigidez atribuída para a estratégia
de modelagem viga.
c) Análise dinâmica não determinística
No que concerne à análise dinâmica não determinística da estrutura da torre
metálica, os valores dos deslocamentos translacionais horizontais máximos no topo
da torre de aço de telecomunicações foram obtidos mediante a geração de trinta
séries de carregamentos aleatórios de vento, para cada estratégia de modelagem
desenvolvida (viga e mista).
101
Com base na observação dos deslocamentos no domínio do tempo
(modelagens viga e mista), observou-se um comportamento aleatório destes
deslocamentos, entre as séries de carregamento aplicadas aos modelos, na fase
permanente da resposta, indicando coerência da modelagem do carregamento
aleatório proposto nesta dissertação. No que tange a avaliação destes
deslocamentos no domínio da frequência, foi observado que os principais picos de
frequência encontrados ao longo das análises ocorrem em uma faixa de frequência
próxima da frequência fundamental da torre, indicando que as maiores
transferências de energia na resposta dinâmica do sistema estrutural se dão em
frequências próximas da frequência fundamental da estrutura (harmônico
ressonante), o que era de se esperar no âmbito desta análise.
Com referência aos aspectos quantitativos da resposta estrutural da torre, os
valores dos deslocamentos máximos obtidos no topo do modelo, em ambas as
estratégias de modelagem, para as trinta séries de carregamento geradas, foram
analisados estatisticamente, onde foi possível estabelecer um valor característico da
resposta para um índice de confiabilidade de 95%. Deste modo, foi verificado que o
deslocamento translacional horizontal total (parcela média + parcela flutuante) para a
modelagem viga é da ordem de 41,3 cm e para a modelagem mista é igual a 44,5
cm, no que diz respeito à fase permanente da resposta do sistema.
d) Recomendações práticas de projeto
A partir de uma comparação realizada entre os valores máximos dos
deslocamentos translacionais horizontais totais (parcela média + parcela flutuante)
da estrutura da torre metálica de telecomunicações investigada nesta dissertação, a
partir do emprego das duas metodologias de cálculo [NBR 6123 (ABNT, 1988) e
Modelo não determinístico], ressalta-se que as duas metodologias de análise
fornecem valores de deslocamentos máximos [NBR 6123 (ABNT, 1988): UXtotal =
72,6 cm; Modelo não determinístico: UXtotal = 44,5 cm], que atendem a norma SDT-
240-410-600 do Sistema de Documentação Telebrás (Telebrás, 1997), no que diz
respeito ao valor limite recomendado para os deslocamentos translacionais
horizontais máximos no topo da torre de aço (UXlim = 87,5 cm).
102
É oportuno e relevante destacar, também, que a modelagem não
determinística das ações dinâmicas do vento proposta nesta dissertação forneceu
valores de deslocamentos bastante inferiores em relação à norma brasileira de
projeto NBR 6123 (ABNT, 1988), quando a parcela flutuante do vento é considerada
na análise. Tal fato pode ser justificado em função de que o modelo randômico
representativo das ações dinâmicas do vento possui características essencialmente
probabilísticas, em comparação com o modelo discreto simplificado de projeto da
NBR 6123 (ABNT, 1988). Finalmente, destaca-se, ainda, que os resultados
fornecidos pelo modelo discreto simplificado de projeto da NBR 6123 (ABNT, 1988)
encontram-se a favor da segurança estrutural, conforme o esperado.
9.2 Sugestões para trabalhos futuros
a) Planejar e desenvolver testes de campo, para a monitoração experimental
dinâmica da torre de aço, de forma a confrontar os resultados experimentais com
aqueles obtidos ao longo desta dissertação, mediante o emprego das
metodologias de análise: NBR 6123 (ABNT, 1988) e modelagem aleatória das
ações dinâmicas do vento.
b) Analisar o efeito da modelagem numérica das ligações estruturais semirrígidas
sobre o comportamento estrutural dinâmico de torres de aço de
telecomunicações, pois as ligações estruturais possuem um papel relevante para
a avaliação da reposta estrutural do sistema.
c) Considerar no estudo os efeitos associados a não linearidade física e não
linearidade geométrica para a modelagem numérica da torre de aço de
telecomunicações, quando submetida às cargas de vento.
d) Investigar o comportamento da média dos deslocamentos através da geração de
um número maior de séries de carregamento no modelo não determinístico, de
forma a estudar a confiabilidade dos parâmetros estatísticos determinados.
e) Desenvolver uma análise do modelo estrutural, no que diz respeito a avaliação
dos estados limites últimos (ELU), comparando-se os valores dos esforços
obtidos em relação às duas metodologias de análise estudadas: NBR 6123
(ABNT, 1988) e modelagem aleatória das ações dinâmicas do vento.
103
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