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Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção MODELO DE OTIMIZAÇÃO PARA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POR MEIO DE CAMINHÕES Luiz Felipe Sousa Melo Vieira Orientador Prof. Dr. Reinaldo Crispiniano Garcia Brasília 2018.

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  • Universidade de BrasíliaFaculdade de Tecnologia

    Departamento de Engenharia de Produção

    MODELO DE OTIMIZAÇÃO PARADISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POR MEIO DE

    CAMINHÕES

    Luiz Felipe Sousa Melo Vieira

    OrientadorProf. Dr. Reinaldo Crispiniano Garcia

    Brasília2018.

  • Universidade de BrasíliaFaculdade de Tecnologia

    Departamento de Engenharia de Produção

    MODELO DE OTIMIZAÇÃO PARADISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POR MEIO DE

    CAMINHÕES

    Luiz Felipe Sousa Melo Vieira

    Relatório submetido como requisito parcialpara obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

    Prof. Ph.D Reinaldo Crispiniano Garcia Prof. Ph.D João Mello da SilvaDepartamento de Egenharia de Produção Departamento de Egenharia de Produção

    Brasília, 06 de dezembro de 2018.

  • Dedicatória

    Dedico este trabalho à minha família, aos meus amigos e aos meus professores.

    iii

  • Agradecimentos

    Este trabalho, materializa o encerramento de uma grande jornada, na qual tive oprazer de encontrar pessoas incríveis. Professores, colegas e funcionários da Universidadede Brasília. Meu agradecimento à eles, que de alguma forma ou de outra, contribuírampara o meu crescimento pessoal e acadêmico.

    iv

  • Resumo

    A presente pesquisa trata da aplicação de conceitos de otimização pertencentes à áreade Pesquisa Operacional, na busca pelas melhores rotas de caminhões-pipa que fazemo transporte emergencial de água para diversos pontos na Região Nordeste do Brasil.A distribuição realizada pela Operação Carro-Pipa é uma das medidas tomadas pelosentes públicos para mitigação dos efeitos da escassez de água na região do semiárido.A programação mensal da distribuição de água entre múltiplas origens e destinos é umdos desafios, os custos com a operação são crescentes e significativos. Este trabalhodesenvolveu um modelo matemático, aplicado a um programa desenvolvido na linguagemPython, capaz de fornecer rotas otimizadas para a situação apresentada.

    Palavras-chave: Otimização, Pesquisa Operacional, Operação Carro-Pipa, Engenhariade Produção.

    v

  • Abstract

    The present research deals with the application of optimization concepts belonging tothe area of Operational Research, in the search for the best routes for trucks that makethe emergency transportation of water to several points in the Northeast Region of Brazil.The distribution is carried out by Operação Carro-Pipa, one of the measures that publicentities of Brasil perform to mitigate the effects of water scarcity in the semi-arid region.Monthly scheduling of water distribution between multiple sources and destinations isone of the challenges, operating costs are increasing and significant. This work developeda mathematical model and applied it to a program, developed in the Python language,capable of providing optimized routes for the presented situation.

    Keywords: Optimization, Operational Research, Operação Carro-Pipa, Industrial Engi-neering.

    vi

  • Sumário

    1 Introdução 11.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

    1.1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.1.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21.1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

    2 Referencial Teórico 62.1 Histórico das Secas na Região Nordeste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62.2 Quantidade e Qualidade da Água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.3 Os Impactos da Seca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142.4 A Operação Carro Pipa – OCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172.5 Pesquisa Operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.5.1 A Administração Científica e a Pesquisa Operacional . . . . . . . . . . 222.5.2 Pesquisa Operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    2.6 Python e PulP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    3 Metodologia 303.1 Classificação da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    3.1.1 Natureza da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303.2 Procedimentos Técnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    3.2.1 Definição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313.3 Modelo de Otimização das Rotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    3.3.1 Modelo Matemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323.3.2 Programação Computacional do Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . 353.3.3 Otimização dos Dados Cedidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353.3.4 Refinamento do Código . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363.3.5 Limitações do Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    4 Resultados 384.1 Análise da Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    vii

  • 4.2 Resultados do Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 384.2.1 Otimização das Rotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 384.2.2 Priorização dos Mananciais com Melhor Qualidade de Água . . . . . . 40

    5 Considerações Finais 435.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 435.2 Sugestões para Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Referências 45

    Anexo 46

    I Programa 1 47

    II Programa 2 51

    viii

  • Lista de Figuras

    2.1 Sistema de Aquífero (ANA, 2017) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102.2 Açude entre Campo Sales e Antonina do Norte (CE) - Fonte: Banco de

    Imagens da Agência Nacional de Águas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122.3 Barragem do Açude Orós (CE) - Fonte: Banco de Imagens da Agência

    Nacional de Águas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122.4 Mapa interativo com dados históricos do IQA - Fonte: http://portal1.snirh.gov.br. 142.5 Incidência de Secas [Agência Nacional de Águas, 2017] . . . . . . . . . . . . 152.6 Organograma - Órgãos participantes da OCP Adaptado da Portaria Inter-

    ministerial de 2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192.7 Caminhão Pipa com identificação da Operação Carro-Pipa - Fonte:Portal

    Governo do Brasil - www.brasil.gov.br . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212.8 Representação gráfica das variáveis do Problema do Transporte. Fonte: Ela-

    borado pelo Autor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    4.1 Volume de água fornecido por cada reservatórios - Testes 1, 2 e 3 - Produzidopelo autor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    4.2 Volume de água fornecido - Reservatórios Tipo A - Testes 1, 2 e 3 - Produzidopelo autor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    4.3 Volume de água fornecido - Reservatórios Tipo B e C - Testes 1, 2 e 3 -Produzido pelo autor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    4.4 Percentual de utilização dos reservatórios - Testes 1, 2 e 3 - Produzido peloautor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    ix

  • Lista de Tabelas

    2.1 Parâmetros de Qualidade da Água - Fonte: [PNQA, 1975] . . . . . . . . . . 132.2 Classificação IQA - Fonte:[PNQA, 1975] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132.3 Índices de Seca Regional - Fonte: [ANA, 2012] . . . . . . . . . . . . . . . . . 162.4 Divisão de Direção e Execução - Fonte: Adaptado da Portaria Interministe-

    rial de 2012 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    3.1 Matriz de Distâncias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323.2 Aumento Relativo nas Distâncias - Elaborado pelo Autor . . . . . . . . . . . 36

    4.1 Resultados dos Programas e Testes - Fonte: Elaborado pelo autor. . . . . . 39

    x

  • Capítulo 1

    Introdução

    A problemática da seca na Região Nordeste brasileira é conhecida desde o período

    imperial. O desafio de desenvolver a região continua sendo uma tarefa árdua. A despeito

    das naturais intempéries que assolam o semiárido, o desenvolvimento acontece com a força

    da população local. Na tentativa de amenizar os efeitos das intensas estiagens, os entes

    públicos das três esferas de Governo, promovem a Operação Carro-Pipa, uma cooperação

    interministerial que visa a distribuição emergencial de água potável para quem não tem

    o recurso.

    Com a ajuda da estrutura do Exército Brasileiro e por meio da contratação de mo-

    toristas de caminhões-pipa, milhares de pessoas recebem água potável para consumo. A

    operação que nasceu com intuito de atender emergências, hoje acontece quase que de

    forma permanente. O número expressivo de recursos gastos evidencia o apelo e a necessi-

    dade da operação que, infelizmente não tem perspectivas de finalização no médio e longo

    prazo.

    O presente trabalho, tem como propósito, abordar a otimização das rotas de distribui-

    ção de água, considerando distintas prioridades entre reservatórios. São inúmeros pontos

    para captação de água múltiplos e pontos de entrega. Além disso, o programa é dinâ-

    mico, com atualização mensal o volume de água e nos pontos de captação e entrega. A

    designação dos pares de origem e destino da água é realizada pela Administração Pública,

    1

  • que paga a terceirizados pelo transporte da água. A priorização entre os reservatórios é

    motivada pelas diferentes qualidades de água. Assim sendo, a busca pelas melhores rotas

    é um dos pontos que, se bem aplicado, pode reduzir custos e aumentar a eficiência da

    operação. A priorização da qualidade de água tem impacto direto na saúde da população

    atendida.

    A Engenharia tem meios para abordar o desafio e propor soluções, algoritmos de

    otimização largamente utilizados para os mais diversos fins podem trazer resposta também

    para este problema.

    1.1 Objetivos

    1.1.1 Objetivo Geral

    O presente trabalho busca desenvolver um modelo matemático capaz de indicar as

    rotas otimizadas para o sistema de abastecimento de água, realizado por caminhões pipa,

    com múltiplas origens e destinos, considerando-se diferentes prioridades entre reservató-

    rios.

    1.1.2 Objetivos Específicos

    • Desenvolver modelo matemático genérico de Programação Inteira para o problema

    das rotas dos carros-pipa;

    • Desenvolver o código de computador customizável capaz de solucionar o Modelo de

    Otimização Proposto;

    • Avaliar a variação do impacto da priorização para diferentes cenários com dados do

    Estado do Ceará;

    • Indicação das rotas ótimas e seus possíveis ganhos para um conjunto de dados reais

    referente ao Estado do Ceará.

    2

  • 1.1.3 Justificativa

    A escassez de água é um problema histórico da região nordeste brasileira, os primeiros

    registros de seca datam dos primeiros séculos do período de colonização. Na época, a

    iniciante agricultura foi fortemente impactada. Nos versos de Morte e Vida Severina

    (1955) o poeta João Cabral de Melo Neto relata o drama dos retirantes assolados pelas

    dificuldades da vida no clima do semiárido. Em registros institucionais ou artísticos, o

    problema da seca se fez presente na história nacional.

    Ao longo dos anos, iniciativas institucionais buscaram enfrentar o problema e pro-

    porcionar melhores condições para o desenvolvimento da região. Em 1909 foi criada a

    Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) que posteriormente adquiriu o status de

    departamento nacional, o que hoje é conhecido como Departamento Nacional de Obras

    Contra as Secas (DNOCS). Esta foi a primeira iniciativa para estudo da problemática do

    semiárido. O órgão foi responsável por uma série de ações entre elas: obras de infraes-

    trutura, açudes, fornecimento de serviços públicos telegráficos e energia elétrica. O papel

    realizado pelo DNOCS ao longo do tempo foi dividido com os entes estaduais e outros

    órgãos especializados [DNOCS, 2013].

    No âmbito federal, em julho de 2012, a portaria interministerial dos Ministérios da

    Defesa e Integração Nacional estabeleceu a relação de cooperação técnica e financeira para

    realização de ações complementares de apoio às atividades e distribuição emergencial de

    água potável às populações atingidas por estiagem, abarcando o semiárido nordestino,

    região norte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Está política pública foi

    denominada de Operação Carro-Pipa (OCP).

    A portaria define que a responsabilidade pela direção das ações será compartilhada pe-

    los níveis federais, estaduais e municipais. A portaria descreve ainda as responsabilidades

    de inclusão e exclusão de municípios, forma da distribuição emergencial, de fiscalização e

    prestação de contas. Traz ainda a definição de seca como "estiagem prolongada, caracte-

    rizada por provocar redução sustentada das reservas hídricas existentes".

    O Tribunal de Contas da União (TCU) realizou auditoria operacional tendo como

    3

  • objeto a Operação Carro-Pipa. O TCU demonstrou que, no ano de 2012 foram executados

    cerca de 349 milhões de reais para as operações, atendendo 3,8 milhões de pessoas em

    780 municípios. No ano de 2016, o TCU aponta que o repasse ao Exército Brasileiro

    foi superior a 860 milhões de reais para atendimento a 3,7 milhões de pessoas em 827

    municípios. Os números dão a dimensão da OCP e do crescimento no período.

    A responsabilidade pela indicação do ponto de captação e qual localidade deve atender

    ficou a cargo do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos (Cenad), sendo este um

    enorme desafio dado o dinamismo do cenário. Conforme consta no relatório do TCU há

    variação tanto nos pontos de captação de água quanto nos pontos de entrega, o que exige

    constante reavaliação das indicações das localidades de distribuição de água. Dado que os

    recursos dos pontos de captação são finitos observa-se que as indicações das origens e des-

    tinos têm influência direta na distância percorrida pelos carros-pipa e consequentemente

    no frete, custo significativo da operação[Tribunal de Contas da União, 2013].

    Os dados entre os anos de 2012 e 2017, anos de seca foram expressivos para o programa.

    O investimento realizado em 2017 foi cerca de 1 bilhão de reais [Ministério da Integração, 2018].

    Os normativos constitucionais e infraconstitucionais preceituam os princípios da eco-

    nomicidade e do uso eficiente dos recursos públicos, para administração direta e indireta.

    Estando a OCP dentro do contexto da administração pública, sujeita-se aos princípios

    mencionados.

    O problema do apontamento dos pares origem-destino no transporte de recursos é

    objeto de estudo da Pesquisa Operacional. Segundo a ABEPRO, está entre competências

    de um engenheiro de produção “projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas, produtos e

    processos" e, ainda, “utilizar ferramental matemático e estatístico para modelar sistemas

    de produção e auxiliar na tomada de decisões” [ABREPO, 2009].

    Considerando os dados históricos percebe-se que os problemas enfrentados na região

    Nordeste, na questão de abastecimento de água potável, não serão solucionados no médio

    e no longo prazo. Os custos e o apelo social da OCP são significativos. Os entes públicos

    envolvidos têm interesse no aprimoramento de seus processos e o autor deste trabalho tem

    4

  • o desejo e a oportunidade de contribuir dentro da sua área de conhecimento.

    5

  • Capítulo 2

    Referencial Teórico

    2.1 Histórico das Secas na Região Nordeste

    O início da ocupação da região nordeste ocorreu pelo litoral de Pernambuco à Bahia,

    locais onde o solo argiloso constitui-se de massapé e clima que alterna entre estações secas

    e chuvosas. Tal situação favoreceu o plantio de cana de açúcar. Em outros locais, como ao

    norte de Olinda, foi desenvolvida a pecuária com intuito de atender as demandas da mão

    de obra empregada nos engenhos. Os primeiros períodos de secas registrados ocorreram

    entre os séculos XVI e XVII, impactando as culturas de milho, mandioca e cana de açúcar

    e por consequência a pecuária [Campos, 2014].

    As diferenças climáticas entre o litoral e o sertão explicam a gradativa ocupação do

    território. No sertão, a frequência e intensidade das secas é maior que na região litorânea,

    sendo a segunda afetada somente em períodos de maior severidade. Porém, o que explica

    a ocupação da região são os períodos de clima favorável. Após a seca do ano de 1845,

    passaram-se 32 anos sem um novo registro de seca severa na região. Por causa da falta

    de conhecimento a respeito dos riscos climáticos regionais, a população se assentou, sem

    infraestrutura adequada para momentos de falta de água. Entre 1877 e 1878, ocorreu

    uma desastrosa seca; a estimativa de mortalidade no Ceará foi de aproximadamente 500

    mil pessoas, mais da metade da população na época.

    6

  • Após o incidente, ocorreu intenso debate a respeito do tema, em que se destacaram

    quatro intelectuais. Raja Gabaglia acreditava que o problema estava centrado na ação

    antrópica na região que não conservou as matas. Capanema acreditava que não seria

    possível evitar a ocorrência das secas e que medidas como a construção de reservatórios

    de água e alimento para animais poderiam mitigar os problemas. Viriato, assim como

    Capanema, não acreditava na possibilidade de evitar o problema, porém considerava viável

    a prevenção das secas com três a quatro meses de antecedência para a partir disto, fazer

    o remanejamento de pessoas e criações para locais onde a seca não chegava. A solução

    proposta por Capanema foi executada durante décadas. Por fim o matemático e militar

    Henrique Beaurepaire Rohan concordava com as duas visões anteriores a respeito da

    impossibilidade de evitar a ocorrência das secas, mas criticava o modelo de manejo de

    rebanhos e acreditava que o Estado deveria intervir promovendo infraestrutura na região.

    Em outubro de 1877 o governo imperial criou uma Comissão no intuito de realizar

    estudos de viabilidade de sistemas de irrigação na região e assim mitigar os efeitos dos pe-

    ríodos de estiagem. Fez parte desta Comissão Henrique Rohan, que defendia a construção

    de açudes. Como resultado a Comissão apresentou relatório com indicações de obras de

    infraestrutura, construção de açudes e um canal entre os rios São Francisco e Jaguaribe.

    Pouco mais de uma década depois ocorreu a Proclamação da República Brasileira

    (1889). O novo governo realizou parte das obras propostas pela Comissão Eleitoral e

    criou a Inspetoria de Obras Contra as Secas em 1909, sinalizando a continuidade de ações

    do Estado frente ao problema através de políticas públicas. Porém as soluções não eram

    triviais: boa parte dos rios poderia ficar longos períodos secos e as águas subterrâneas

    não eram suficientes para o abastecimento da população. As duas principais opções eram

    a criação de açudes e a transposição do rio São Francisco. A segunda opção era inviável

    para os recursos da época, tanto pela falta de tecnologia quanto pela parte financeira. A

    açudagem foi então a principal política para a região, ainda que já estivesse claro na época,

    que essa medida seria paliativa. Uma outra corrente, minoritária, defendia a construção

    de barragens para somar aos açudes.

    7

  • Em 1915 e, entre os anos de 1929 e 1933 ocorreriam novas secas, provocando a migração

    em massa de retirantes para os Estados do Sudeste. Nestes períodos ocorreram tentativas

    de impedimento dos fluxos migratórios, essas tentativas se repetiram outras vezes, porém

    sem muito sucesso.

    Na década de 1950 já haviam sido construídos uma série de açudes e suprimento

    elétrico razoável. O poder público já contava com o Departamento Nacional de Obras

    Contra as Secas (DNOCS), Banco do Nordeste do Brasil e Companhia Hidrelétrica do

    Rio São Francisco (CHESF). O DNOCS, órgão cujo o nome originário era Inspetoria de

    Obras Contra as Secas (criado ainda no período imperial), teve diversos nomes e em 1945

    foi denominado pelo nome que mantém até o presente momento. Em 1959, foi criada a

    Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) com o objetivo de encontrar

    soluções para a região como o investimento industrial, a colonização do Maranhão e outras

    medidas.

    Durante o governo militar, a abordagem em relação aos problemas da região foi con-

    servadora, as obras de infraestrutura e açudes na região continuaram. Durante o período

    não foram registrados períodos de secas intensos. Entre os anos de 1972 e 1976 ocorreu o

    inverso, período com chuvas acima da média.

    Com a Constituição de 1988, os estados passaram a ter maior responsabilidade na

    elaboração de políticas públicas e soluções para a problemática da seca. Todavia existem

    fatores limitantes nesta atuação: a fragilidade institucional, a dependência de recursos

    federais e a falta de coordenação entre as diferentes esferas de gestão de secas dificultam

    o progresso das iniciativas locais.

    A breve síntese do período imperial até a Constituição de 1988 foi elaborada com base

    no trabalho de Campos (2014).

    Entre os anos de 2012 e 2017 foi o período de seca mais recente de registrado na

    região Nordeste. O número de municípios que decretaram Situação de Emergência (SE)

    ou Estado de Calamidade Pública (ECP) aumentou vertiginosamente. Entre 2003 e 2011,

    os números de SE ou ECP foram da ordem de 370 casos em média. No ano de 2012, o

    8

  • número passou para 1.217 ocorrências, e no e em 2013 foram 1.343 casos. Os números

    de ocorrências foram se reduzindo gradativamente ao longo dos anos, porém em 2016 o

    número estava em 937, ainda muito acima da média. Dados do relatório do TCU de

    2013[Agência Nacional de Águas, 2017].

    2.2 Quantidade e Qualidade da Água

    A atenção à qualidade da água distribuída pela OCP é um ponto crucial para o

    sucesso da operação. As populações atendidas utilizam o recurso distribuído para suas

    necessidades mais básicas.

    A qualidade das águas é influenciada por fatores naturais do ciclo hidrológico e pelas

    ações antrópicas. O ciclo hidrológico é definido como o conjunto das variações do estado

    e das características das massas de água que se repetem no tempo e no espaço. A massa

    de água pode pertencer a rios, a lagos, barragens e açudes no caso das águas superficiais

    e lençóis freáticos e a aquíferos nos casos de massas de águas subterrâneas.

    A água proveniente das chuvas tem basicamente duas destinações. Na primeira, a água

    passa pelo processo de infiltração em solo poroso e é armazenada como água subterrânea.

    A outra destinação é o escoamento até córregos, lagos e rios. No processo de infiltração,

    ao passar pelos sedimentos, a água acaba por levar partículas do solo. O tipo de partícula

    varia conforme a ocupação do solo, seja para agricultura ou área urbana. A água que escoa,

    em seu percurso pode receber também efluentes de múltiplas origens como: esgoto de

    indústrias, drenagem agrícola, esgoto doméstico e etc [Agência Nacional de Águas, 2017].

    Em relação a geologia da região, basicamente são encontrados dois tipos estruturais:

    embasamento cristalino e bacias sedimentares. O embasamento cristalino é encontrado nas

    zonas de maior aridez, onde os solos são rasos; tem baixa capacidade de infiltração e alta

    taxa de evaporação. Essa formação ajuda a explicar o caráter intermitente da maior parte

    dos rios da região. Por exemplo, nas bacias sedimentares que abrangem todo o estado do

    9

  • Maranhão, os solos em geral são profundos, entre 2 a 6 metros, com alta capacidade de

    infiltração e baixo escoamento superficial [Agência Nacional de Águas, 2017].

    Esses ambientes com maior facilidade de infiltração de água e menor taxa de eva-

    poração atuam como reservatórios naturais para os rios. Os rios, nos quais a margem

    armazena água, têm menores probabilidades de secar durante as estiagens. A situação é

    ilustrada pela Figura 2.1.

    Durante o ciclo hidrológico, existe variação da qualidade da água em especial nos rios

    intermitentes que, por sua vez, abastecem açudes. Iniciando pelo período seco, a tendência

    é de deterioração da qualidade de água. Nas primeiras chuvas, a água que escoa não é de

    boa qualidade, pois ocorre a “lavagem” do acúmulo de sujeira do período seco. Com a

    continuidade das chuvas, a tendência é de melhora na qualidade da água, pelo processo

    de diluição dos resíduos. Ao fim do período de chuvas e vertimento das águas, começa o

    período de renovação da água com uma considerável melhora.

    Figura 2.1: Sistema de Aquífero (ANA, 2017)

    A intensidade da chuva também pode exercer influência. Chuvas mais intensas e de

    curta duração tendem de aumentar a turbidez da água pela movimentação mecânica das

    partículas.

    Em relação as normas legais a respeito do consumo e distribuição da água houve

    notória mudança. Isso aconteceu devido ao fato que houve crescimento do uso da água

    ao longo dos anos e agravamento das ocorrências de episódios de secas nas mais diversas

    áreas do país. A visão antiga, de abundância do recurso, foi perdendo espaço aos poucos

    10

  • para o entendimento de que é necessária uma gestão responsável, que considerando os

    preceitos de sustentabilidade.

    A primeira legislação a tratar do tema do uso e da apropriação da água foi o Decreto

    Federal no 24.643 de 1934, denominado Código das Águas. No contexto da época, o país

    passava por um processo de modernização e desenvolvimento econômico e o recurso era

    visto como abundante.

    Em 1997 a lei no 9.433 criou a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), um

    instrumento que orienta a gestão das águas. Em seu texto, a lei apresenta os fundamen-

    tos sobre o direito do uso da água, a limitação e gestão do recurso e as prioridades em

    caso de escassez. Entre os objetivos da PNRH estão o de assegurar a atual e às futu-

    ras gerações água em padrões de qualidade adequados, uso racional e preservação deste

    recurso[Agência Nacional de Águas, 2017].

    A lei também institui o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

    (SNGRH) o qual é formado por representantes dos poderes públicos federais, estaduais e

    municipais. No âmbito federal estão o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH)

    e a Agência Nacional de Águas. No nível estadual estão os respectivos Conselhos de

    Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal e, no nível municipal os respectivos

    órgãos responsáveis pela gestão dos recursos hídricos.

    A maior parte do monitoramento hidrológico no Brasil é feito pela Rede Hidrometeo-

    rológica Nacional (RNH). Esse acompanhamento tem o intuito de quantificar a qualidade

    e quantidade de água disponível no território nacional. No ano de 2016, a RNH contava

    com mais de 20 mil estações espalhadas pelo território nacional, sob responsabilidade de

    diversas entidades. No mesmo ano foram mapeados mais de 19 mil reservatórios artificiais.

    A maior parte do volume dos reservatórios é de responsabilidade do setor elétrico.

    Especificamente na Região Nordeste, há 133 reservatórios estratégicos, com capacidade

    igual ou superior a 10 milhões de metros cúbicos, açudes de capacidade interanual. Outros

    265 reservatórios de menor porte, acumulam águas das chuvas para a utilização no período

    não chuvoso do mesmo ano. Cerca de 67% do abastecimento público urbano da região

    11

  • é dependente do sistema de açudes. As Figuras 2.2 e 2.3 são dois exemplos dos açudes

    citados.

    Figura 2.2: Açude entre Campo Sales e Antonina do Norte (CE) - Fonte: Banco deImagens da Agência Nacional de Águas

    Figura 2.3: Barragem do Açude Orós (CE) - Fonte: Banco de Imagens da Agência Naci-onal de Águas

    No Brasil, a principal referência de qualidade de água é o Índice de Qualidade das

    Águas, criado nos Estados Unidos pela National Sanitation Foundation em 1970, que a

    partir de 1975 passou a ser utilizado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

    (CETESB) [PNQA, 1975].

    De maneira geral, este índice expressa a qualidade da água no rio comparada com a

    qualidade requerida para abastecimento público após tratamento convencional. Apresenta

    limitações, sendo que não considera todos os aspectos, como por exemplo, a presença de

    12

  • metais pesados, porém é uma medida de bom entendimento geral. As águas superficiais

    podem ter o uso mais diversificado do que as ás águas subterrâneas, como o industrial,

    recreativo, produção de alimentos e abastecimento humano. Cada uso tem sua respectiva

    classificação limitante.

    Parâmetros de Qualidade da Água do IQA e respectivo pesoPARÂMETRO DE QUALIDADE DA ÁGUA Peso (w)Oxigênio dissolvido 0,17Coliformes termotolerantes 0,15Potencial hidrogeniônico - pH 0,12Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO5,20 0,1Temperatura da água 0,1Nitrogênio total 0,1Fósforo total 0,1Turbidez 0,08Resíduo total 0,08

    Tabela 2.1: Parâmetros de Qualidade da Água - Fonte: [PNQA, 1975]

    A classificação da qualidade da água varia de acordo com o Estado analisado conforme

    a Tabela 2.2 :

    Classificação do IQA conforme o EstadoFaixas de IQA utilizadasnos seguintes Estados: AL,MG, MT, PR, RJ, RN, RS

    Faixas de IQA utilizadasnos seguinte Estados: BA,CE, ES, GO, MS, PB, PE,SP

    Avaliação da Qualidade daÁgua

    91-100 80-100 Ótima71-90 52-79 Boa51-70 37-51 Razoável26-50 20-36 Ruim0-25 0-19 Péssima

    Tabela 2.2: Classificação IQA - Fonte:[PNQA, 1975]

    Os parâmetros mais importantes do índice de qualidade são alterados principalmente

    pelas seguintes causas:

    Demanda Bioquímica por Oxigênio (DBO) – indica a quantidade de oxigênio con-

    sumido na degradação de matéria orgânica: bom indicador de poluição de esgotos

    domésticos e industriais;

    13

  • Oxigênio Dissolvido (OD) – indicador relacionado a saúde dos ecossistemas ao redor

    da massa de água. O déficit indica contaminação por cargas orgânicas;

    Fósforo – em áreas urbanas indica a poluição por efluentes domésticos. No campo pode

    indicar processos de erosão no solo, e é um dos principais nutrientes responsáveis

    pela eutrofização de lagos e reservatórios;

    Turbidez – mede a quantidade de material em suspensão na água.

    Fonte: [Agência Nacional de Águas, 2017].

    Figura 2.4: Mapa interativo com dados históricos do IQA - Fonte:http://portal1.snirh.gov.br.

    2.3 Os Impactos da Seca

    Quem mais sofre os efeitos das secas são os assalariados que não possuem terra e

    os pequenos proprietários cuja atividade é para subsistência. Em geral essas pessoas

    não acumulam recursos para os períodos de estiagem. Dado que podem ocorrer longos

    períodos entre secas mais intensas, não se cria o hábito de tomar medidas capazes de

    14

  • mitigar os efeitos destes períodos. No entanto, os impactos são vividos por todos na

    região: o fenômeno afeta os médios e grandes produtores, o setor de serviços que depende

    do restante da economia e a própria arrecadação pública.

    Para melhor entendimento da problemática na região é necessário diferenciar entre

    aridez e seca. Enquanto a primeira está relacionada com as características climáticas da

    região, a seca é um fenômeno extremo que ocorre em determinado lugar em um determi-

    nado espaço de tempo. A Região Nordeste apresenta variações tanto em aridez quanto

    em incidência de secas. A Figura 2.5 apresenta o mapa com incidência de secas na região.

    Figura 2.5: Incidência de Secas [Agência Nacional de Águas, 2017]

    A Portaria Interministerial 1/MI/MD, de 25 de julho de 2012 [Ministério da Integração, 2012]

    traz a sua definição de seca como sendo "estiagem prolongada, caracterizada por provocar

    redução sustentada das reservas hídricas existentes"

    Na literatura, o conceito de seca pode ser estudado por tipos sendo, eles:

    • Seca Meteorológica;

    • Seca Agrícola;

    • Seca Hidrológica;

    15

  • • Seca Regional.

    Cada tipo pode ter múltiplos índices para fins distintos. Destaque para a Seca Regional

    que tem dois índices, conforme Tabela 2.3.

    Comparativo de Índices de Seca RegionalTipo Denominação

    do ÍndiceDescriçãodo Índice

    Classificaçãodas Secas

    Qualidadesdo Índice

    Limitaçõesdo Índice

    Seca Regional Índice deÁrea de Seca(IAS)

    Percentagemde umadada regiãosob condi-ção de secabaseada noíndice deintensidadede seca

    A seca édefinida combase emum índiceespecífico

    Quantificaa extensãoda área deseca

    Não for-nece ainten-sidademédia daseca para aregião

    Índice deGravidade daSeca (IGS)

    Peso daárea comíndice mé-dio deintensidadede secasobre aárea totalde seca emdada região

    A seca édefinida combase emum índiceespecífico

    Quantificaa intensi-dade daseca parauma região

    Não for-nece aextensãoda área deseca.

    Tabela 2.3: Índices de Seca Regional - Fonte: [ANA, 2012]

    16

  • Na saúde, a escassez de água tem impacto direto. A falta de água e sobretudo a falta

    de água de boa qualidade, força a população a consumir e utilizar nas atividades diárias

    a água disponível, que por vezes não é de boa qualidade. A demanda por atendimento

    hospitalar aumenta nos períodos de seca para os casos de doenças mais evidentes, porém

    outros problemas somente são percebidos ao longo dos anos. A desnutrição é um dos

    principais fatores de defasagem do Nordeste em relação às regiões mais desenvolvidas do

    país.

    A economia ainda é facilmente afetada pelos períodos de estiagem. Com a baixa na

    produção da agricultura pecuária e turismo, diminui a procura de serviços e por fim os

    municípios arrecadam menos impostos.

    O desenvolvimento da região esbarra na falta de infraestrutura capaz de atender em-

    presas que possam vir a se instalar na região. E as medidas, que poderiam minimi-

    zar a fragilidade hídrica da região, não são viáveis do ponto de vista econômico atual,

    percebendo-se um problema de causalidade circular. Apesar das dificuldades nos últimos

    anos, instalou-se o Porto do Açu, um dos grandes empreendimentos da região.

    2.4 A Operação Carro Pipa – OCP

    A Operação Carro-Pipa (OCP) foi instituída pela Portaria Interministerial No 7 de

    10 de agosto de 2005 [Ministério da Integração, 2005], na qual foi firmada a mútua coo-

    peração técnica e financeira entre o Ministério da Integração Nacional (MI) e Ministério

    da Defesa (MD). Após sete anos de vigência uma nova portaria renovou o acordo firmado

    entre os mesmos Ministérios, a Portaria Interministerial MI/MD No 1, de 25 de julho

    de 2012 [Ministério da Integração, 2012] e três anos depois a Portaria Interministerial No

    2, de 27 de março de 2015 [Ministério da Integração, 2015], modificou a redação de seis

    artigos sem sobretudo alterar os princípios do texto de 2012.

    Dispõe sobre a mútua cooperação técnica e financeira entre os Ministérios da Integra-

    ção Nacional e da Defesa para a realização de ações complementares de apoio às atividades

    17

  • de distribuição de água potável às populações atingidas por estiagem e seca na região do

    semiárido nordestino e região norte dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo,

    denominada Operação Carro-Pipa.

    Ementa da Portaria Interministerial No 1, de 25 de julho de 2012 [Ministério da Integração, 2012].

    A portaria traz em seu texto as etapas para funcionamento da operação, os órgãos

    envolvidos nos três níveis de governo e suas respectivas responsabilidades e explica a

    dinâmica da operação e as formas de fiscalização e de prestação de contas.

    A atuação do Ministério da Integração Nacional é realizada por meio da Secretaria

    Nacional de Defesa Civil (Sedec), órgão central do Sistema Nacional de Proteção Civil

    (Sinpdec). Em relação ao Ministério da Defesa, o órgão interno responsável pela execução

    é o Comando do Exército.

    A coordenação da OCP ficou sob a responsabilidade do Centro Nacional de Gerenci-

    amento de Riscos (Cenad), subordinado a Sedec. O Cenad tem como objetivos “Reduzir

    a vulnerabilidade a desastres por meio de políticas de prevenção” e “Ampliar e qualificar

    a capacidade de resposta a desastres” [Ministério da Integração, 2011].

    A execução da OCP ficou a cargo do Exército Brasileiro, instituição pertencente ao

    Ministério da Defesa. A instituição tem a competência e estrutura para atuação em situa-

    ções de adversidade como as encontradas na OCP. A Figura 2.6 representa o organograma

    dos órgãos envolvidos, com a ressalva que os "pipeiros" são contratados.

    Além dos órgãos já citados, vinculados a esfera federal, órgãos dos Governos Federais

    e Prefeituras Municipais também atuam na OCP. A Figura 2.4 mostra a divisão das

    competências de direção e execução de cada nível de governo.

    Direção Execução

    Federal Ministério da Integração Nacional Secretaria Nacional de Defesa CivilMinistério da Defesa Comando do ExércitoEstatual Governos Estaruais Órgãos Estaduais de Defesa CivilMunicipal Prefeituras Municipais Órgãos Municipais de Defesa Cicil

    Tabela 2.4: Divisão de Direção e Execução - Fonte: Adaptado da Portaria Interministerialde 2012

    18

  • Figura 2.6: Organograma - Órgãos participantes da OCP Adaptado da Portaria Intermi-nisterial de 2012

    No nível federal, o Ministério da Integração Nacional, através da Sedec, ficou res-

    ponsável, entre outros, por estabelecer diretrizes, supervisão das ações e a prestação de

    contas. O Ministério da Defesa, por intermédio do Comando do Exército, tem entre suas

    responsabilidades o planejamento da distribuição, a contratação de serviços de "pipei-

    ros", a vistoria de caminhões e a aquisição equipamentos e softwares para a realização da

    operação.

    Os municípios atendidos pela operação variam de acordo com a necessidade. Para

    receber atendimento, o município deve por meio da defesa civil local ou Prefeitura, se não

    19

  • houver defesa civil, realizar a solicitação diretamente à Sedec, via ofício. Essa solicitação

    é cabível no caso de decretação de Situação de Emergência (SE) ou Estado de Calamidade

    Pública (ECP). Ainda é necessário relatório técnico com informações a respeito da estia-

    gem e do número de pessoas que necessitam de assistência. A portaria descreve também

    as situações de exclusão de municípios, fiscalização e prestação de contas.

    No seu relatório o TCU, faz a observação que a distribuição emergencial pode continuar

    em municípios que estejam sofrendo estiagem, mas não tenham decretado SE ou ECP. Essa

    inclusão fica a critério da Sedec, que autoriza ou não após análise [Tribunal de Contas da União, 2013].

    O planejamento da distribuição é realizado primeiro com a localização dos mananciais

    ou pontos de captação de água e dos pontos para abastecimento. Também são coletado

    as distâncias entre os respectivos pontos de captação e abastecimento. É definido um

    responsável pelo recebimento dos carros-pipa (apontador ou controlador) e, finalmente, o

    número de pessoas atendidas. O cálculo do volume de água para cada localidade é feito

    considerando 20 litros por pessoa por dia. O plano de distribuição do Exército Brasileiro

    (EB) é elaborado para um período de 30 dias, com base nas informações mais recentes.

    A distribuição da água potável é realizada por motoristas de carros-pipa, popularmente

    conhecidos como pipeiros, que por meio de contratação realizam o serviço utilizando

    veículos particulares. Cada Organização Militar Executora (OME) mantém um cadastro

    de motoristas e a contratação é realizada via Contrato Individual de Prestação de Serviço.

    As variáveis principais de custo para fins de pagamento são a distância entre os pontos

    de captação e entrega e o tipo de estrada. Após contratação, cada OME elabora uma

    planilha com as indicações dos pontos de captação, entrega, quantidade e dia para cada

    pipeiro. A Figura 2.7, exemplifica um dos caminhões da OCP com a devida identificação.

    20

  • Figura 2.7: Caminhão Pipa com identificação da Operação Carro-Pipa - Fonte:PortalGoverno do Brasil - www.brasil.gov.br

    A contratação é realizada por contrato individual, com cada motorista de caminhão,

    previamente cadastrado. A designação de volume e da rota individual é definida pelo

    Exército, tendo como limitante apenas um teto de pagamento para cada motorista.

    O cálculo para pagamento dos pipeiros foi definido pelo Ministério da Defesa. A conta

    considera as seguintes variáveis:

    • Volume (V) de água transportado;

    • Distância (D) do Manancial até o Ponto de Distribuição;

    • Quantidade (Q) de viagens realizadas;

    • Índice Multiplicador (I) que varia conforme o tipo de rodovia, com ou sem asfalto.

    A multiplicação dessas variáveis expressa o Momento de Transporte, valor utilizado

    para pagamento dos pipeiros.

    Momento de Transporte = V ∗D ∗Q ∗ I

    Fonte: Cartilha Operação Carro-Pipa [Ministério da Defesa, 2009].

    No que tange à qualidade da água, as prefeituras têm a incumbência de atestar mensal-

    mente a qualidade das águas dos mananciais através de laudos. Outra medida adotada é

    21

  • a distribuição pela OME de pastilhas de cloro aos pipeiros para que coloquem nos tanques

    de água.

    O relatório do TCU descreve ainda outras atribuições do EB na OCP, como por

    exemplo, toda a dinâmica de fiscalização dos caminhões, das viagens, contratação de

    programas para rastreamento de veículos. O TCU aponta também deficiências ou in-

    consistências observadas e elenca diversas recomendações para melhoria da OCP. Vale

    destaque que uma das observações trata da perenidade da OCP, que foi idealizada como

    medida emergencial, contudo até a data do relatório tinha execução sem interrupções

    [Tribunal de Contas da União, 2013].

    2.5 Pesquisa Operacional

    2.5.1 A Administração Científica e a Pesquisa Operacional

    A organização do trabalho se transformou ao longo da história. Antes do séc. XVIII,

    predominava ainda o modelo artesanal de produção onde um único indivíduo dominava

    todas as etapas produtivas. Ao passar dos anos, ocorreu a especialização do trabalho,

    onde o indivíduo se especializava em realizar uma etapa do processo produtivo. A 1a

    Revolução Industrial, ocorrida entre os anos de 1780 e 1860, trouxe resultados produtivos

    espetaculares e novos problemas surgiram. A complexidade de gestão das empresas cres-

    ceu drasticamente, agora fabricando diversos produtos [CHIAVENATO, 2003]. Alocar

    recursos de maneira eficiente neste novo cenário não é uma resposta trivial. A necessi-

    dade de encontrar métodos para a solução destes problemas proporcionou as condições

    necessárias para o surgimento e o desenvolvimento do ramo de conhecimento conhecido

    atualmente como Pesquisa Operacional (PO) [Hillier, 2012].

    As origens dos estudos são entendidas como as primeiras tentativas de adoção de

    abordagens científicas na gestão das organizações. Contudo o nome Pesquisa Operacional

    veio anos mais tarde.

    22

  • Durante a Segunda Guerra Mundial, a coalizão formada pelos EUA e pelo Reino Unido

    para alocar de forma eficiente os recursos, empregou diversos cientistas para diversos fins,

    entre eles os que tinham o objetivo específico de alocar da melhor forma possível os recursos

    de guerra. A estes era solicitado a realização de pesquisas sobre operações militares.

    Ao final da guerra, ocorreu a disseminação dos resultados obtidos com as técnicas

    desenvolvidas, que chegaram às empresas e às universidades. Em 1947, George Dantzig

    desenvolve o método Simplex. Outras ferramentas dessa área do conhecimento também se

    desenvolveram nesta época, entre elas programação dinâmica, a teoria das filas e a teoria

    do inventário [Hillier, 2012].

    Ainda que os métodos sejam eficientes, a base geral são operações matriciais com

    múltiplas iterações. Na década de 1950, a incipiente computação deu grande impulso para

    os estudos na área da década de 1980, com a popularização dos computadores pessoais,

    tornou-se viável a um maior número de pessoas tanto a solução de problemas complexos

    quanto a oportunidade de desenvolvimento de novos métodos. Nesta época surgiram

    duas novas aplicações computacionais. Os Sistemas Especialistas e Sistemas de Suporte a

    Decisão (SSD). Os Sistemas Especialistas dão sugestões específicas conforme as variáveis

    apresentadas enquanto o SSD retorna um conjunto de dados relevantes para o tomador

    de decisão.

    Entre as décadas de 1980 e 2000, um setor da economia chamou atenção por abrir

    novas frentes de estudos, os supermercados. Os produtos industrializados passaram a

    utilizar o sistema de código de barras. Os dados gerados nas operações de compra, venda

    e estoque viraram recursos para tomada de decisão. No período também surgiram os

    dashboards que se popularizaram por utilizar os Indicadores-Chave de Desempenho (Key

    Performance Indicators, na sigla em inglês KPIs), desenvolvidos por Kaplan e Nortam,

    que indicavam aos gestores os dados prioritários para tomada de decisão.

    A Pesquisa Operacional continua a desenvolver novos algoritmos e métodos de abor-

    dagem e sua aplicação é altamente difundida nos mais diversos setores da economia

    [MORTENSON, 2015].

    23

  • Desde o seu nascimento, a Pesquisa Operacional traz soluções para problemas reais,

    seja de instituições públicas ou privadas. As metodologias propostas pelos autores da

    área de PO para criação e implementação de modelos levam em consideração que existem

    variáveis além das numéricas que influenciam a concepção e utilização destes modelos.

    Em muitos casos os modelos em grande parte das vezes, são desenvolvidos por uma

    equipe que realiza o serviço na forma de consultoria para alguma instituição. Isso implica

    que a equipe não tem familiaridade com a rotina da empresa, seus processos e de seus

    respectivos gestores. Por outro lado, os contratantes e usuários finais dos modelos não

    têm, na maior parte dos casos, profundo conhecimento das abordagens utilizadas em PO.

    Tendo isso em vista, percebe-se que a Modelagem está muito além de encontrar soluções

    ótimas que muitos algoritmos são capazes de realizar.

    A modelagem de problemas em pesquisa operacional segundo Hillier(2012) segue em

    geral os seguintes passos:

    1. Definição do Problema e Coleta de Dados

    Identificar o problema correto, os decisores e possíveis conflitos. Idealmente, os

    objetivos devem considerar o valor para toda a organização e posteriormente a coleta

    de dados.

    2. Formulação de Modelo Matemático

    Neste passo ocorre a transformação das variáveis que afetam o problema em parâ-

    metros do modelo e um ou mais objetivos formam a função objetivo do problema.

    Espera-se que o modelo represente a essência do problema e tenha alta correlação

    com a realidade.

    3. Derivação de Soluções com Base no Modelo

    Nesta etapa a equipe de PO analisa apenas soluções matemáticas, mas também faz

    o comparativo entre soluções de diferentes modelos quando cabível, considerando

    sua real aplicação no contexto do tomador de decisão.

    24

  • 4. Teste do Modelo

    Após a escolha do modelo, é passível que contenha falhas e inconsistências. A equipe

    deve realizar testes com dados que garantam o máximo de abrangência de falhas

    possíveis e testes com dados cujos resultados são sabidos ou esperados como por

    exemplo, dados históricos.

    5. Preparação para Aplicar o Modelo

    Os modelos de PO em geral utilizam recursos computacionais. A aplicação final

    dos modelos requer mais recursos para pleno uso dos usuários das soluções. Entre

    esses recursos estão a interface para entrada ou atualização de dados e a geração de

    relatório de apoio a decisão.

    6. Implementação

    No último, passo a equipe de PO deve proporcionar aos usuários do programa e

    respectivos tomadores de decisão as informações sobre o funcionamento do modelo,

    desde a entrada de dados até a interpretação dos resultados, e indicar suas limita-

    ções.

    2.5.2 Pesquisa Operacional

    Entre as áreas da Pesquisa Operacional está a Programação Linear, para a solução

    de uma gama de problemas é criado um modelo matemático com funções lineares. O

    termo Programação do nome é empregado no sentido de planejamento, do planejamento

    da alocação dos recursos. De forma geral é bastante utilizada na busca da melhor alocação

    dos recursos em atividades que competem entre si por esses recursos.

    Para tal é definido uma função que expressa as variáveis do problema, essa é denomi-

    nada função objetivo. Conforme o problema a ser resolvido, essa função pode ser do tipo

    minimizar ou maximizar. No primeiro caso, por exemplo, estão a minimização de custos,

    falhas ou distância. No caso de maximização pode ser de lucro, vendas ou aproveitamento

    de material.

    25

  • Por conseguinte, vêm as funções que dão os limites do problema, chamadas restrições.

    Dado que os recursos são finitos como, por exemplo, tempo, número de funcionários

    ou máquinas, é necessário expressar a dinâmica das restrições em forma de expressão e

    adicionar essa expressão ao modelo. É importante ressaltar que pode haver dependência

    ou influência entre as restrições o que proporciona um grau a mais de complexidade.

    Por fim, existem as equações de natureza também restritiva que expressam outros

    limites não contemplados nas equações anteriores, como por exemplo não-negatividade,

    exigência de alguma variável assumir apenas determinada faixa de valor, somente números

    inteiros ou valores binários.

    Um dos métodos mais empregados para solução de problemas de programação linear

    é o Simplex, procedimento algébrico desenvolvido por George Dantzig em 1947.

    O algoritmo funciona através de iterações onde são executadas operações lineares entre

    as expressões afim de alcançar a melhor ou o melhor conjunto de soluções para o problema.

    A cada iteração do algoritmo acontece um avanço na direção do objetivo.

    O desenvolvimento da computação foi crucial para a amplitude do uso do Simplex e

    Programação Linear. Apesar de problemas menores serem solucionáveis de forma manual,

    é com a computação que são encontradas as soluções para problemas de maior relevância.

    Desde a sua criação até os dias atuais, o método foi refinado. Posteriormente, surgiram

    outros métodos distintos de soluções para variações de problemas de programação linear.

    Com a popularização da programação de computadores foram desenvolvidos softwares e

    bibliotecas com estes métodos, possibilitando a solução de inúmeros problemas. A título

    de exemplo de softwares podem ser citados LINDO, MATLAB e CPLEX. O Solver, uma

    extensão para Excel que provê esse recurso ao já robusto programa [Hillier, 2012]. Diversas

    linguagens populares possuem suas bibliotecas de otimização.

    Exemplos de linguagens e respectivas bibliotecas:

    • Java

    26

  • – Joptimizer

    http://www.joptimizer.com/linearProgramming.html

    – scpsolver

    http://scpsolver.org/

    • Linguagem C

    – openMVG

    https://openmvg.readthedocs.io/en/latest/openMVG/linear_programming/

    lp/

    – WNLIB

    http://www.willnaylor.com/wnlib.html

    • Python

    – Scipy

    https://docs.scipy.org/doc/scipy/reference/index.html

    – PulP-or

    https://pypi.org/project/PuLP/

    O Problema do Transporte

    O Problema do Transporte é um dos problemas clássicos encontrados na literatura

    de Programação Linear. De maneira geral o problema consiste em realizar a distribui-

    ção de itens de múltiplas origens para múltiplos destinos considerando custos específicos

    para cada par origem-destino. Cada origem pode ter um número determinado de itens

    disponíveis para sua distribuição e cada destino e sua respectiva demanda, que pode ser

    um número fixo, mínimo ou máximo. Por último, são dadas as rotas possíveis entre as

    origens e destinos e seus respectivos custos [Hillier, 2012].

    27

    http://www.joptimizer.com/linearProgramming.htmlhttp://scpsolver.org/https://openmvg.readthedocs.io/en/latest/openMVG/linear_programming/lp/https://openmvg.readthedocs.io/en/latest/openMVG/linear_programming/lp/http://www.willnaylor.com/wnlib.htmlhttps://docs.scipy.org/doc/scipy/reference/index.htmlhttps://pypi.org/project/PuLP/

  • Figura 2.8: Representação gráfica das variáveis do Problema do Transporte. Fonte: Ela-borado pelo Autor.

    Este tipo de problema pode ser modelado no formato de Programação Linear e resol-

    vido com os métodos de otimização.

    Variações do Problema do Transporte, podem ocorrer em distintos cenários. Nos

    casos em que a demanda é igual a oferta temos um problema balanceado; quando são

    valores distintos, diz-se que é um problema desbalanceado. Uma forma de contornar esse

    problema é incluindo na oferta ou na demanda uma quantidade fictícia ou "fantasma" que

    possibilita a realização da conta matemática. A solução final do problema evidencia quais

    serão os locais que na realidade não serão atendidos por receberem uma oferta fictícia.

    Em outros casos é necessário comparar variáveis mutualmente excludentes, isto é, a

    escolha da de uma variável necessariamente exclui a possibilidade de uso de uma outra.

    Para casos como este, podem ser inseridas restrições às variáveis para que sejam inteiras

    e assumam valores entre 0 e 1 [WINSTON, 2004].

    2.6 Python e PulP

    Python

    A linguagem de programação Python foi criada no início dos anos de 1990 por Guido

    van Rossum nos Países Baixos e desde a sua primeira versão a linguagem tem código

    28

  • aberto. Atualmente, a linguagem é desenvolvida com a contribuição de várias pessoas e é

    mantida pela Python Software Foundation [PFS, 2010].

    A origem do nome é uma referência ao grupo britânico Monty Python, criadores da

    série Monty Python’s Flying Circus. A linguagem é interpretada, ou seja, primeiro é

    executada em um interpretador e posteriormente executada pelo sistema operacional do

    usuário. Ela foi concebida com alto nível de abstração, o que a torna de fácil entendimento

    em relação a outras linguagens de baixo nível de abstração. Além disso, é orientada a

    objetos e, apesar do sucesso, não traz recursos que já não estivessem disponíveis em outras

    linguagens, sendo sua grande vantagem a facilidade de sua sintaxe, prática e amigável.

    Hoje é utilizada em diversas aplicações distintas, conta com ampla oferta de bibliotecas e

    se destaca frente a outras linguagens em fóruns especializados [KAY, 2010].

    PulP

    PulP-or, ou simplesmente PulP, é uma biblioteca para solução de problemas de Progra-

    mação Linear (PL) e Programação Inteira (PI) para linguagem Python criada por Stuart

    Mitchell. A biblioteca foi desenvolvida de modo a deixar que sua notação se aproxime

    da notação matemática convencional de Programação Linear, coerente com a filosofia de

    sintaxe amigável da linguagem Python [MITCHELL, 2009].

    29

  • Capítulo 3

    Metodologia

    3.1 Classificação da Pesquisa

    Ao longo do desenvolvimento da ciência acadêmica, os procedimentos de realização

    de pesquisa passaram por processos de especialização. Ao longo do tempo, foram defi-

    nidas categorias de forma a organizar o conhecimento gerado. Pesquisas acadêmicas são

    realizadas utilizando procedimentos racionais e sistemáticos e têm como objetivo trazer

    respostas para problemas propostos. Para isso utilizam-se conhecimentos disponíveis e

    métodos, técnicas e outros procedimentos [Gil, 2002]. Na literatura, sobre o assunto, exis-

    tem diferentes formas de categorização. A presente pesquisa será delimitada tomando por

    base a natureza da pesquisa, o problema e os objetivos. Neste capítulo será abordado

    ainda o Problema Formulado.

    3.1.1 Natureza da Pesquisa

    Em relação à natureza este trabalho, ele trata de Pesquisa Aplicada. Esse tipo de

    pesquisa visa obter conhecimentos de aplicações reais de um determinado objeto de estudo

    [SILVA, 2005].

    30

  • 3.2 Procedimentos Técnicos

    3.2.1 Definição do Problema

    Para o presente trabalho foi fornecido um conjunto de dados da Operação Carro-Pipa

    referentes ao estado do Ceará. Os dados foram disponibilizados em arquivos de texto e

    continham as capacidades de fornecimento de água potável de cada ponto de captação, as

    demandas de cada ponto de entrega de água e a matriz de distâncias entre todos os pontos

    de captação e entrega de água. Também foi fornecido o valor do Montante (cálculo que

    o Exército realiza para pagamento) para os dados fornecidos. Descrição das informações

    fornecidas:

    • A demanda de volume de água em m3 de 4.599 pontos;

    • A capacidade de fornecimento (oferta) de água em m3 de 36 pontos;

    • A matriz de distâncias entre todos os pontos de demanda e oferta em metros;

    • O montante Atual - 1.085.601.588.

    Além destas foram dadas informações adicionais que devem ser consideradas no mo-

    delo, conforme disposto na lista a seguir:

    1. A qualidade de água varia conforme a fonte. Sendo assim, é preferível que haja

    priorização de acordo com a qualidade da água da origem.

    2. Um destino deve receber água de uma única origem;

    3. O cálculo do fornecimento deve ser em números inteiros;

    4. Uma origem pode fornecer água para múltiplos destinos, limitada apenas pela sua

    capacidade de fornecimento;

    5. Não há limitação de rota entre as origens e destinos, isto é, qualquer origem, em

    tese, pode entregar em qualquer destino;

    31

  • 6. Os dados são dinâmicos. Novas origens e destinos podem ser incluídos ou excluídos

    a cada mês;

    7. O custo varia linearmente conforme a distância, dado o cálculo do Momento de

    Transporte.

    A qualidade da água varia de um manancial para outro. Em termos de saúde é

    interessante utilizar prioritariamente a água de melhor qualidade e, posteriormente a

    água dos reservatórios de qualidade inferior. Essa priorização aumenta o custo em relação

    ao transporte porém aumenta o ganho no quesito saúde.

    3.3 Modelo de Otimização das Rotas

    3.3.1 Modelo Matemático

    O passo seguinte após a coleta de dados foi a elaboração de um modelo matemático

    de programação linear que atendesse as necessidades do problema.

    A Tabela 3.1 representa as variáveis envolvidas no problema:

    Demanda OfertaOf1 Of2 Of3 ... Ofn

    D1 Dist11 Dist12 Dist13 ... Dist1nD2 Dist21 Dist22 Dist23 ... Dist2nD3 Dist31 Dist32 Dist33 ... Dist3n... ... ... ... ... ...Dm Distm1 Distm2 Distm3 ... Distmn

    Tabela 3.1: Matriz de Distâncias.

    Onde:

    • Dm é o volume de água demandado pelo ponto m;

    • On é a capacidade de fornecimento do ponto n;

    • Distmn é a distância entre os pontos m e n.

    32

  • Tomando como base os exemplos, foram formuladas as seguintes funções:

    Função Objetivo

    Min Fobj =m∑

    i=1

    n∑j=1

    xijdistij (3.1)

    Onde:

    • x ij é o volume de água que o destino i recebe da origem j ;

    • Dist ij é a distância entre os pontos i e j.

    Restrições Básicas

    O problema apresenta duas restrições básicas, a primeira no lado da demanda, a so-

    matória da entrega para cada destino tem que ser igual a demanda.

    Restrição da Demanda

    n∑j=1

    xij = demi, i = 1, ..., m (3.2)

    Onde:

    • x ij é o volume de água que o destino i recebe da origem j;

    • demi é a demanda do destino i.

    A segunda restrição básica acontece no lado da oferta o somatório do volume de água

    despendido por um manancial tem que ser menor ou igual a sua capacidade máxima.

    Restrição da Oferta

    m∑i=1

    xij 6 ofj, j = 1, ..., n (3.3)

    33

  • Onde:

    • x ij é o volume de água que o destino i recebe da origem j;

    • of j é o volume fornecido pela origem j.

    A fim de atingir o efeito desejado do item 2 “Um destino deve receber água de uma

    única origem”. Na modelagem o problema foi resolvido em três etapas:

    1. Variáveis binárias Yij foram criadas na mesma quantidade de variáveis Xij do pro-

    blema.

    2. Cada variável Xij deve ser menor ou igual a sua respectiva variável Yij multiplicada

    pela Demanda da linha j

    3. O somatório das variáveis Yij de uma mesma linha j devem resultar em 1, obrigando

    que apenas uma das variáveis Yij desta linha prevaleça, consequentemente, apenas

    sua respectiva variável Xij também prevalece.

    Restrições Binárias

    xij ≤ yijdemi, ∀ i ∈ {1, m}, j ∈ {1, n} (3.4)

    n∑j=1

    yij = 1, i = 1, ..., m (3.5)

    yij ∈ {0, 1}, ∀ i ∈ {1, m}, j ∈ {1, n} (3.6)

    34

  • Modelo Matemático Final

    Minimizar Z =m∑

    i=1

    n∑j=1

    xijdistij

    Sujeito a:n∑

    j=1xij = demi, i = 1, ..., m

    m∑i=1

    xij 6 ofj, j = 1, ..., n

    xij ≤ yijdemi, ∀ i ∈ {1, m}, j ∈ {1, n}n∑

    j=1yij = 1, i = 1, ..., m

    yij ∈ {0, 1}, ∀ i ∈ {1, m}, j ∈ {1, n}

    3.3.2 Programação Computacional do Modelo

    Neste passo, o modelo matemático desenvolvido foi transformado em código. Este

    passo foi executado em duas etapas. A primeira foi o desenvolvimento de um código para

    um exemplo trivial com poucas variáveis e de resposta óbvia, afim de evidenciar a ocor-

    rência de erros. O intuito também foi validar a Biblioteca PulP na solução de problemas.

    Após o desenvolvimento com sucesso do script que dava solução para o problema trivial,

    partiu-se para a programação de um novo código capaz de resolver problemas cujas en-

    tradas não fossem determinadas a priori, atendendo assim o item 6 da lista. Desenvolvido

    o código, foi testado com outro conjunto de dados reduzidos e verificação de possíveis

    falhas.

    A linguagem Python foi escolhida considerando a robustez da linguagem e o fato de

    ser de código aberto. A biblioteca PulP foi escolhida por apresentar mais recursos nativos

    que sua opção alternativa, a biblioteca ScyPi.

    3.3.3 Otimização dos Dados Cedidos

    Após validação do código foi realizada a busca da solução com o conjunto de dados

    cedidos. Dado o número de variáveis e restrições o esforço computacional na solução do

    modelo é razoável. O programa foi bem-sucedido; no entanto o tempo de execução é

    35

  • considerável. O código foi processado em um notebook com processador Core i7 e 8Gb de

    memória RAM. Após processamento, foi realizada verificação se todas as rotas necessárias

    foram designadas e anotado o respectivo resultado, este foi identificado como Programa

    1. O código está descrito no Anexo I e os resultados apresentados no Capítulo 4 deste

    trabalho.

    3.3.4 Refinamento do Código

    Para atender ao requisito do item 1 da lista, priorização distinta entre os pontos de

    captação, a proposta consistiu em aumentar de maneira fictícia a distância dos pontos aos

    mananciais com qualidade de água inferior. Desta forma o custo de abastecimento destes

    pontos aumenta e o modelo prioriza os mananciais de melhor qualidade. A alteração no

    código foi inclusão de um vetor "qualiAgua", com os valores a serem multiplicados pela

    distância de cada manancial. O código desta etapa está apresentado no Anexo II. Para

    efeito de teste foram utilizados três tipos de qualidade de água. Os mananciais foram

    divididos nos seguintes grupos:

    • A – de 1 a 600m de água, 25 pontos de captação;

    • B – de 601 até 100.000m de água, 6 pontos de captação;

    • C – mais de 100.000m de água, 5 pontos de captação.

    O grupo A foi considerado de melhor qualidade não ocorrendo aumento fictício da

    distância. Os grupos B e C tiveram testes realizados com os seguintes valores de aumento

    conforme Tabela3.2:

    Tipo de Reservatório Teste 1 Teste 2 Teste 3A 0% 0% 0%B 0% 10% 20%C 0% 20% 40%

    Tabela 3.2: Aumento Relativo nas Distâncias - Elaborado pelo Autor

    36

  • 3.3.5 Limitações do Modelo

    O modelo proposto e sua respectiva implementação em programa de computador apre-

    sentam limitações técnicas quanto aos dados de entrada. Existem situações em que os

    casos reais podem extrapolar a capacidade do modelo proposto.

    Limitações:

    • A oferta total de água deve ser maior ou igual a demanda total;

    • É necessária a indicação de todas as distâncias entre todos os pares de origem-

    destino;

    • Os dados de volume de água e distância devem ser números inteiros;

    • Os valores de multiplicação para aumento fictício da distância devem ser números

    inteiros.

    Na ocorrência de uma ou mais dessas limitações, adaptações podem ser feitas afim de

    ter a melhor solução possível.

    37

  • Capítulo 4

    Resultados

    Neste capítulo serão apresentados os resultados da metodologia empregada e os resul-

    tados das soluções para o problema.

    4.1 Análise da Metodologia

    Os procedimentos utilizados no desenvolvimento do modelo foram adaptados a partir

    do modelo de referência, limitado pelo escopo de aplicar o modelo apenas a um conjunto

    de dados fornecidos. Entretanto, o volume de dados fornecido é bem representativo.

    Os passos seguidos apresentaram eficácia na obtenção do resultado técnico esperado. O

    modelo foi capaz de retornar rotas otimizadas para o processo e conseguiu proporcionar

    a prioridade desejada entre os pontos de captação de água.

    4.2 Resultados do Modelo

    4.2.1 Otimização das Rotas

    O modelo testado tinha como primeiro objetivo a indicação dos pares origem-destino

    que desse a rota otimizada para reduzir o trajeto dos carros-pipa. Em comparação com

    a situação real encontrada nas rotas da OCP (1.085.601.588), a Função Objetivo do Pro-

    38

  • Programa / Tetste Val. Fobj Tempo de Processamento % OtimizadaPrograma 1 1.018.328.511 2 horas e 48 minutos 6,20Programa 2 Teste 1 1.018.328.511 2 horas e 57 minutos 6,20Programa 2 Teste 2 1.023.398.679 4 horas e 31 minutos 5,73Programa 2 Teste 3 1.027.271.731 3 horas e 41 minutos 5,37

    Tabela 4.1: Resultados dos Programas e Testes - Fonte: Elaborado pelo autor.

    grama 1 com as rotas otimizadas obteve ganho de 6,20% na otimização das rotas conforme

    a tabela 4.1. Os testes do Programa 2 também apresentaram ganhos expressivos, ainda

    que com rotas subótimas.

    Extrapolando os valores para as estimativas atuais do programa, cerca de R$1 bilhão,

    o valor de 6,20% representa uma possível economia da ordem de R$61,9.

    O valor da Função Objetivo no Teste 1 do Programa 2, conforme o esperado, obteve

    o mesmo resultado do Programa 1. Neste não foi incluída priorização. Observa-se como

    diferença o tempo superior de execução.

    Os Testes 2 e 3 tiveram suas respectivas funções objetivas maiores, resultado devido ao

    fato de que as soluções do ponto de vista das rotas são inferiores à otimizada. Os tempos

    de execução tiveram seus valores aumentados significativamente, resultado esperado dado

    o aumento fictício das distâncias e o aumento do número de cálculos.

    O fato do valor de o Teste 3 ser inferior ao do Teste 2 também corrobora que o

    aumento da distância no cálculo aumenta o tempo de processamento. Os valores utilizados

    nos Testes 3 foram numericamente inferiores aos do Teste 2, mantendo-se somente a

    porcentagem relativa entre os valores.

    39

  • 4.2.2 Priorização dos Mananciais comMelhor Qualidade de Água

    O segundo objetivo específico do modelo seria possibilitar a priorização entre manan-

    ciais, considerando a qualidade de água. A figura 4.1 apresenta os dados do volume total

    de água fornecido por cada manancial em cada um dos três testes.

    Figura 4.1: Volume de água fornecido por cada reservatórios - Testes 1, 2 e 3 - Produzidopelo autor

    As figuras 4.2 e 4.3 apresentam o mesmo resultado da figura 4.1, porém com recortes

    distintos, o primeiro em relação aos mananciais do Tipo A e o segundo com os mananciais

    dos Tipos B e C.

    Figura 4.2: Volume de água fornecido - Reservatórios Tipo A - Testes 1, 2 e 3 - Produzidopelo autor

    40

  • Figura 4.3: Volume de água fornecido - Reservatórios Tipo B e C - Testes 1, 2 e 3 -Produzido pelo autor

    Por último foi feito um gráfico com o percentual de utilização dos pontos de captação

    de cada tipo apresentado na figura 4.4.

    Figura 4.4: Percentual de utilização dos reservatórios - Testes 1, 2 e 3 - Produzido peloautor

    Observando o gráfico 4.4 percebe-se que os reservatórios do Tipo A, no Teste 1 estão

    próximos a sua capacidade máxima. Os reservatórios do Tipo B, no Teste 1, estavam

    em 91,23% de utilização e no Teste 2, ultrapassaram os 96% e os reservatórios do Tipo

    C tiveram queda na sua utilização. Os dados utilizados para comparação das origens do

    Tipo C foram menores que suas capacidades reais, somente para título de comparação.

    41

  • Trata-se de rios de grande volume e apresentar os dados conforme fornecidos dificultaria

    a visualização.

    No entanto, pode-se apontar que houve significativa troca da origem da água, redu-

    zindo o uso dos reservatórios apontados como de qualidade inferior neste caso em parti-

    cular, sendo que os reservatórios do grupo A estavam próximos a sua capacidade máxima

    já no Teste 1, o que limitou efeito da priorização.

    42

  • Capítulo 5

    Considerações Finais

    5.1 Conclusão

    Os possíveis benefícios econômicos identificados, ultrapassaram R$60 milhões, valor

    significativo para o contexto brasileiro. Além de benefícios financeiros, os resultados

    podem gerar mais benefício social para as pessoas que hoje são atendidas por essa política

    pública. Por fim, as informações coletadas se acrescentam a outros trabalhos e publicações

    que tratam da importância da Operação Carro-Pipa.

    No que tange ao ponto de vista teórico, o modelo proposto é capaz de atender a

    demanda da Operação Carro-Pipa. Pela dinâmica do programa, de constante atualização

    das informações, percebe-se que do ponto de vista prático é necessário o desenvolvimento

    ou aquisição de software com interface para o usuário da solução final ou ainda contratação

    de serviços de especialistas. A presente pesquisa fornece subsídios para tal propósito.

    5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

    Em relação ao refinamento do modelo sugere-se a inclusão de variáveis adicionais

    como a qualidade das estradas entre os pontos de captação e entrega, que pode ser uma

    oportunidade de melhoria do modelo.

    43

  • Outra oportunidade de pesquisa é a comparação de métodos e algoritmos de otimiza-

    ção, tanto em relação aos ganhos de otimização das rotas quanto em relação ao tempo

    computacional demandado.

    Para trabalhos em outras áreas do conhecimento, sugere-se a análise do custo benefício

    de priorização das rotas com os ganhos em saúde. O requisito da priorização de mananciais

    se deve ao fato de buscar utilizar melhor qualidade de água, pensando em resultados

    na saúde. Trabalhos que indiquem estes ganhos corroboram ou não a necessidade de

    priorização.

    44

  • Referências

    [ABREPO, 2009] ABREPO, P. (2009). Um panorama da engenharia de produÇÃo.http://www.abepro.org.br/interna.asp?ss=1c=924. 4

    [Agência Nacional de Águas, 2017] Agência Nacional de Águas, B. (2017). Conjunturados recursos hídricos no brasil 2017 : relatório pleno / agência nacional de Águas.http://conjuntura.ana.gov.br/. ix, 9, 10, 11, 14, 15

    [ANA, 2012] ANA, A. (2012). A questão da Água no nordeste / centro de gestão e estudosestratégicos, agência nacional de Águas. – brasília, df. x, 16

    [Campos, 2014] Campos, J. N. B. (2014). Secas e políticas públicas no semiárido: ideias,pensadores e períodos. estudos avançados. 6

    [CHIAVENATO, 2003] CHIAVENATO, I. C. (2003). Introdução à Teoria Geral da Ad-ministração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações - 7a ed.rev. e atual - Rio de Janeiro. ELSEVIER. 22

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    [Gil, 2002] Gil, A. C. (2002). Como Elaborar Projetos de Pesquisa - 4.ed - São Paulo.Atlas. 30

    [Hillier, 2012] Hillier, F. S. (2012). Introdução à Pesquisa Operacional (Em Portuguesedo Brasil). AMGH. 22, 23, 26, 27

    [KAY, 2010] KAY, R. K. (2010). How-to python - computerworld.https://www.computerworld.com/article/2556925/app-development/python.html.29

    [Ministério da Defesa, 2009] Ministério da Defesa, N. (2009). Cartilha da operação carro-pipa - anexo c. https://contas.tcu.gov.br/etcu/ObterDocumentoSisdoc?seAbrirDocNoBrowser=truecodArqCatalogado=6027032. 21

    [Ministério da Integração, 2005] Ministério da Integração, N. (2005).Portaria interministerialno 7 de 10 de agosto de 2005.http://www.lex.com.br/doc411892portariainterministerialN 7DE10DEagostode2005.aspx.17

    [Ministério da Integração, 2011] Ministério da Integração, N. (2011). Regimento interno domonistério da integração nacional. http://www.integracao.gov.br/regimento-interno. 18

    45

  • [Ministério da Integração, 2012] Ministério da Integração, N. (2012).Portaria interministerial no 1/mi/md, de 25 de julho de 2012.http://www.mi.gov.br/documents/10157/3776390/InstruNormativa01 +enfrentamento + da + seca.pdf/9435b63f −f14c−4844−96d8−45cebefccaf5.15, 17, 18

    [Ministério da Integração, 2015] Ministério da Integração, N. (2015). Por-taria interministerial no 2/mi/md, de 27 de março de 2015.http://www.mi.gov.br/documents/301094/3902588/Portaria+Interministerial+MI-MD+n%C2%BA+2+de+2015.pdf/08aae64f-c29f-420a-bc5d-6ca376c0b267. 17

    [Ministério da Integração, 2018] Ministério da Integração, N. d. B.(2018). Termo de execução descentralizada n 3 de 2018 - sedec.http://www.integracao.gov.br/documents/10157/4295243/TED+032018 + − +SedecF ubUnb.pdf/1f286962− 957f − 4fcd− ab86− 763345efc008.4

    [MITCHELL, 2009] MITCHELL, S. M. (2009). An introduction to pulp for python pro-grammers. The Python Papers Monograph, (1). 29

    [MORTENSON, 2015] MORTENSON, Michael J. Mortenson, N. F. D. S. R. (2015). Ope-rational research from taylorism to terabytes: A research agenda for the analytics age.European Journal of Operational Research, (241):583–595. 23

    [PFS, 2010] PFS, P. S. F. (2010). https://www.python.org/psf/. 29

    [PNQA, 1975] PNQA, P. (1975). Portal da qualidade das Águas - indicadores de qualidadedas Águas (iqa). http://pnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx. x, 12, 13

    [SILVA, 2005] SILVA, E. L. d. S. E. M. M. (2005). Metodologia da pesquisa e elaboraçãode dissertação - florianópolis. 30

    [Tribunal de Contas da União, 2013] Tribunal de Contas da União, T. (2013). Re-latório de auditoria – grupo i – classe v – plenÁrio . tc 043.346/2012-0.https://contas.tcu.gov.br/etcu/ObterDocumentoSisdoc?seAbrirDocNoBrowser=true co-dArqCatalogado=6209127. 4, 20, 22

    [WINSTON, 2004] WINSTON, Winston L. Weyne, J. B. G. (2004). Operations ResearchApplications and Algorithms 4th Edition - Indiana University. THOMSON. 28

    46

  • Anexo I

    Programa 1

    Linguagem Python 3.6

    from pulp import ∗import time

    s t a r t = time . time ( )

    #arqu i vos com os dadoso f e r t a = open( ’ o f e r t a . txt ’ , ’ r ’ )demanda = open( ’ demanda . txt ’ , ’ r ’ )d i s t a n c i a s = open( ’ d i s t 2 . txt ’ , ’ r ’ )r e s u l t = open( ’ r e su l t ado . txt ’ , ’w ’ )

    #l e i t u r a dos arqu i voscOferta = l i s t (map( int , o f e r t a . read ( ) . s p l i t ( ) ) )cDemanda = l i s t (map( int , demanda . read ( ) . s p l i t ( ) ) )cD i s t anc i a s = l i s t (map( int , d i s t a n c i a s . read ( ) . s p l i t ( ) ) )

    #fechamento dos arqu i vos de l e i t u r ao f e r t a . c l o s e ( )d i s t a n c i a s . c l o s e ( )demanda . c l o s e ( )

    #ve t o r e s de demanda e o f e r t avDemanda = [ ] # de 1 a numero t o t a l de pontos de demandavOferta = [ ] # de 1 a numero t o t a l de pontos o f e r t avDis tanc ia = [ ]

    47

  • #Preenchendo v e t o r e sfor i , x in enumerate ( cDemanda ) :

    vDemanda . append ( i +1)

    for i , x in enumerate ( cOferta ) :vOferta . append ( i +1)

    #Criacao do problemaprob = LpProblem ( "mainPulp " , LpMinimize )

    cont = 0ldemanda = [ ]mDistancias = [ ]

    for i in cDemanda :for j in cOferta :

    ldemanda . append ( cD i s t anc i a s [ cont ] )cont += 1

    mDistancias . append ( ldemanda )ldemanda = [ ]

    #matriz Oferta x Demanda formato [Demanda , Oferta ] [ Linha , Coluna ]#Tecnica de l i s t comprehensionmatrizDO = LpVariable . d i c t s ( "matrizDO " , [ ( i , j )

    for i in vDemanda for j in vOferta ] , 0 ,None , LpInteger )

    #Vetor que modi f i ca a % r e l a t i v a en t re os r e s e r v a t o r i o squaliAgua = [5 , 5 , 5 , 5 , 7 , 5 , 6 , 5 , 5 , 5 , 5 , 6 , 5 , 5 , 5 , 6 , 5 , 5 , 6 , 6 , 6 , 5 , 5 , 5 , 5 ,

    5 , 5 , 5 , 5 , 7 , 5 , 5 , 7 , 5 , 7 , 7 ]

    #Funcao Ob j e t i voprob += lpSum( mDistancias [ i −1] [ j −1] ∗ matrizDO [ ( i , j ) ] ∗ qualiAgua [ j −1]

    for i in vDemanda for j in vOferta )

    48

  • #Rest r i cao de demanda − l i n h a sfor i in vDemanda :

    prob += lpSum(matrizDO [ ( i , j ) ] for j in vOferta ) == cDemanda [ i −1]

    #Rest r i cao de o f e r t a − co lunasfor i in vOferta :

    prob += lpSum(matrizDO [ ( j , i ) ] for j in vDemanda)

  • r e s u l t . wr i t e ( str ( va lue ( prob . o b j e c t i v e ) ) )r e s u l t . wr i t e ( ’ \n ’ )

    #contagem do tempo de processamentotempo = time . time ( ) − s t a r t

    r e s u l t . wr i t e ( "Tempo␣de␣processamento ␣ " )r e s u l t . wr i t e ( str ( tempo ) )r e s u l t . c l o s e ( )

    50

  • Anexo II

    Programa 2

    Linguagem Python 3.6

    from pulp import ∗import time

    s t a r t = time . time ( )

    o f e r t a = open( ’ o f e r t a . txt ’ , ’ r ’ )demanda = open( ’ demanda . txt ’ , ’ r ’ )d i s t a n c i a s = open( ’ d i s t 2 . txt ’ , ’ r ’ )r e s u l t = open( ’ r e su l t ado3 . txt ’ , ’w ’ )

    # o f e r t a = open ( ’ o f e r t a t e s t e ’ , ’ r ’ )# demanda = open ( ’ demteste ’ , ’ r ’ )# d i s t a n c i a s = open ( ’ d i s t a n c i a t e s t e ’ , ’ r ’ )# r e s u l t = open ( ’ r e s u l t a d o t e s t e . t x t ’ , ’w ’ )

    cOferta = l i s t (map( int , o f e r t a . read ( ) . s p l i t ( ) ) )cDemanda = l i s t (map( int , demanda . read ( ) . s p l i t ( ) ) )cD i s t anc i a s = l i s t (map( int , d i s t a n c i a s . read ( ) . s p l i t ( ) ) )

    o f e r t a . c l o s e ( )d i s t a n c i a s . c l o s e ( )demanda . c l o s e ( )

    51

  • #ve t o r e s de demanda e o f e r t avDemanda = [ ] #[1 a n de demanda ]vOferta = [ ] #[1 a n o f e r t a ]vDis tanc ia = [ ]

    for i , x in enumerate ( cDemanda ) :vDemanda . append ( i +1)

    for i , x in enumerate ( cOferta ) :vOferta . append ( i +1)

    #Criacao do problemaprob = LpProblem ( "mainPulp " , LpMinimize )

    cont = 0ldemanda = [ ]mDistancias = [ ]

    for i in cDemanda :for j in cOferta :

    ldemanda . append ( cD i s t anc i a s [ cont ] )cont += 1

    mDistancias . append ( ldemanda )ldemanda = [ ]

    #matriz Oferta x Demanda formato [Demanda , Oferta ] [ Linha , Coluna ]matrizDO = LpVariable . d i c t s ( "matrizDO " , [ ( i , j ) for i in vDemandafor j in vOferta ] , 0 ,None , LpInteger )

    qualiAgua = [5 , 5 , 5 , 5 , 7 , 5 , 6 , 5 , 5 , 5 , 5 , 6 , 5 , 5 , 5 , 6 , 5 , 5 , 6 , 6 , 6 , 5 , 5 , 5 , 5 , 5 , 5 ,5 , 5 , 7 , 5 , 5 , 7 , 5 , 7 , 7 ]

    #Funcao Ob j e t i voprob += lpSum( mDistancias [ i −1] [ j −1] ∗ matrizDO [ ( i , j ) ] ∗ qualiAgua [ j −1]

    52

  • for i in vDemanda for j in vOferta )

    #R e s t r i o de demanda − l i n h a sfor i in vDemanda :

    prob += lpSum(matrizDO [ ( i , j ) ] for j in vOferta ) == cDemanda [ i −1]

    #Rest r i cao de o f e r t a − co lunasfor i in vOferta :

    prob += lpSum(matrizDO [ ( j , i ) ] for j in vDemanda)

  • r e s u l t . wr i t e ( " Total ␣ P r o f i t : ␣ " )r e s u l t . wr i t e ( str ( va lue ( prob . o b j e c t i v e ) ) )r e s u l t . wr i t e ( ’ \n ’ )

    end = time . time ( )

    tempo = end − s t a r t

    r e s u l t . wr i t e ( "Tempo␣de␣processamento ␣ " )r e s u l t . wr i t e ( str ( tempo ) )r e s u l t . c l o s e ( )

    54

    DedicatóriaAgradecimentosResumoAbstractIntroduçãoObjetivosObjetivo GeralObjetivos EspecíficosJustificativa

    Referencial TeóricoHistórico das Secas na Região NordesteQuantidade e Qualidade da ÁguaOs Impactos da SecaA Operação Carro Pipa – OCPPesquisa OperacionalA Administração Científica e a Pesquisa OperacionalPesquisa Operacional

    Python e PulP

    MetodologiaClassificação da PesquisaNatureza da Pesquisa

    Procedimentos TécnicosDefinição do Problema

    Modelo de Otimização das RotasModelo MatemáticoProgramação Computacional do ModeloOtimização dos Dados CedidosRefinamento do CódigoLimitações do Modelo

    ResultadosAnálise da MetodologiaResultados do ModeloOtimização das RotasPriorização dos Mananciais com Melhor Qualidade de Água

    Considerações FinaisConclusãoSugestões para Trabalhos Futuros

    ReferênciasAnexoPrograma 1Programa 2