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Comunicação e Educação MODELOS DE COMUNICAÇÃO

MODELOS DE COMUNICAÇÃO - drb-assessoria.com.br · Fig. 6.11 - Modelo de Osgoode Schramm (1954) DCP 2006 . • Dance (1967) inspirado na Teoria Relacional da Comunicação introduz

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Comunicação e Educação

MODELOS DE COMUNICAÇÃO

Os aspectos da Nova Sociedade determinam as novas características da sua relação com os indivíduos. A relação Espírito-Sociedade é hoje uma relação sistémica aberta em que a abertura funciona para os dois lados (do Indivíduo e da Sociedade) e se pode essencialmente caracterizar como aprendizagem: é a interacção entre o Indivíduo aprendente estudado pela psicologia cognitiva, com extensões importantes como a emoção e a conação e a Sociedade aprendente caracterizada pela aprendizagem organizacional (Argyris e Schön, 1978) e muito especialmente pelas organizações aprendentes (Senge, 1990) com as suas novas disciplinas.

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Neste capítulo, iremos caracterizar esta relação na sua • vertente académica - a Psicologia Social (6.1) • aplicação prática - a Comunicação (6.2) • e a das Competências Transferíveis (6.3), que a potenciam e configuram.

E finalmente caracterizaremos Construtivismo Psico-Social (6.4), o qual admite duas variantes muito diferenciadas nos pressupostos de que parte: o Construtivismo Sócio-Cognitivo ou Histórico-Cultural de Vygotsky (6.4.1) e o Construcionismo Social (6.4.2). Estes construtivismos têm consequências tanto na produção da Ciência pela Comunidade Científica (6.4.3) como na do seu Ensino/Aprendizagem (6.4.4).

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6.1 A Psicologia Social Poder-se-á definir como o estudo das relações e processos da vida social, manifestados tanto nas formas organizadas de Sociedade como no pensamento e comportamento dos indivíduos que a integram. • Inicialmente dominada por um Paradigma Comportamentalista, que procurava explicar os comportamentos sociais pelos estímulos externos; • Seguiu-se uma situação paradigmática confusa, em que se confrontavam:

• Teorias Cognitivistas – procura explicar os processos da vida social pelos processos mentais com que as pessoas os interpretam - representações sociais.

•Teorias da Interacção Simbólica (Mead, 1956) que explicam os processos da vida social por meio das formas simbólicas em jogo na interacção social, em que os principais conceitos são o de relação e o de interacção.

6.2 A Comunicação Entende-se, de uma forma geral, que o processo de comunicação passa por seis fases (Wilson, 2001): • Concepção da ideia – o emissor decide o que quer transmitir.

• Codificação – antes da ideia ser emitida tem que ser codificada com uma linguagem adequada (palavra falada, escrita, linguagem corporal, etc.).

• Escolha do canal – o meio ou medium escolhido.

• Descodificação – passo em que começa a intervir o receptor e em que este procura acertar no código que o emissor usou, para codificar a mensagem.

• Interpretação da mensagem • Resposta (feedback) – informar o emissor que a mensagem foi recebida, que foi ou está para ser compreendida, que foi interpretada e que o receptor está preparado para a próxima porção de mensagem.

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A Evolução dos Meios de Comunicação A partir da 2ª Revolução Industrial, o sistema de rotas terrestres e marítimas é complementado, com uma poderosa rede de transporte aéreo, com uma rede de distribuição da energia eléctrica e com uma eficiente rede para o transporte exclusivo da Informação, que foi evoluindo com o tempo, reflectindo os avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação. Entre 1992 e 1996 que surge na Internet a World Wide Web (WWW) e que se desenvolvem os respectivos browsers, que a tornam cada vez mais operacional e fácil de usar, a ponto de se poder dizer que se tornou no instrumento de Comunicação por excelência.

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As Classificação das Ciências da Comunicação Não se pode falar num Paradigma único da Comunicação mas na coexistência de vários paradigmas e assim em Ciências da Comunicação. São propostos três grupos de Ciências da Comunicação: • 1º Grupo - Que se refere aos aspectos macro da comunicação e onde cabe, especialmente, a Comunicação de Massas, sendo aí especialmente importante a questão do modelo adoptado.

• 2º Grupo - Que se refere aos aspectos micro da comunicação, que se poderá designar por Comunicação Interpessoal.

• 3º Grupo - Que se refere aos aspectos reflexivos da Comunicação e que integra a Filosofia da Comunicação nas suas várias dimensões, particularmente a epistemológica e a ética.

DCP 2006

As Teorias da Comunicação • Teorias das Ciências da Comunicação - paradigmas ou programas de investigação científica de todo o campo das ciências da Comunicação. • Teorias Básicas da Comunicação - princípios inspiradores e organizadores dos modelos de comunicação.

Teorias das Ciências da Comunicação • Gabriel Tarde - percursor do estudo sistemático da Comunicação

• Teorias sobre o conceito de comunicação:

• a Teoria da Acção Comunicativa de Habermas (1986 & 1988),

• a Teoria Técnica de Ellul (1982),

• e a Teoria do Amor do Absoluto de Legendre (1982 & 1985).

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As Teorias Básicas da Comunicação

• Teoria da bala (primeira metade do século XX) - que inspirou muitos dos modelos de comunicação através da fórmula de Lasswell (emissor-receptor).

• Teoria do Efeito Nulo, que introduziu circularidade na comunicação, através do feedback.

• Teoria Relacional, que incorporou nos seus modelos tanto elementos circulares como lineares, negando a ideia de que algum acto de comunicação possa ser um acto isolado. A Teoria Relacional apresenta a comunicação como um processo complexo e interactivo.

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Os Modelos de Comunicação Costumam distinguir-se (McQuail & Windhal, 1993): • Modelos Básicos • Modelos Centrados no Emissor • Modelos Centrados na Audiência Modelos Básicos • Shannon e Weaver aplicam a fórmula de Lasswell - Modelo linear de emissor/receptor inspirado na Teoria da Bala

Sinal

recebido Sinal Mensagem Fonte de

informação Transmissor Receptor Destino

Mensagem

Fonte de

Ruído

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• De Fleur (1966) completou o modelo anterior ao introduzir o feedback.

• Osgood e Schram (1954), inspirados na Teoria do Efeito Nulo, introduziram os processos de codificação e descodificação associados à circularidade da informação.

Codificador

Intérprete

Descodificador

Descodificador

Intérprete

Codificador

Mensagem

Mensagem

Fig. 6.11 - Modelo de Osgood e Schramm (1954)

Codificador

Intérprete

Descodificador

Descodificador

Intérprete

Codificador

Mensagem

Mensagem

Codificador

Intérprete

Descodificador

Codificador

Intérprete

Descodificador

Codificador

Intérprete

Descodificador

Descodificador

Intérprete

Codificador

Descodificador

Intérprete

Codificador

Descodificador

Intérprete

Codificador

MensagemMensagem

MensagemMensagem

Fig. 6.11 - Modelo de Osgood e Schramm (1954)

DCP 2006

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• Dance (1967) inspirado na Teoria Relacional da Comunicação introduz o seu modelo helicoidal, que enfatiza o carácter activo do homem comunicador e introduz a criatividade e o construtivismo no processo.

• Também importantes são a introdução de aspectos como o equilíbrio e a co-orientação e que correspondem a modelos como o ABX (triangular) de Newcomb (1953),

Fig. 6.12 - Modelo de Newcomb (1953)

X

BA

Fig. 6.12 - Modelo de Newcomb (1953)

X

BA

X

BA

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.

• Westley e McLean (1957) aproveitaram este modelo para modelizar a comunicação de massas, adaptando o Modelo ABX a este tipo de comunicação, com a introdução de um quarto elemento - o canal(C) - no que se designa, por vezes pelo modelo ABCX.

Todos estes modelos são baseados na ideia da comunicação como Transmissão

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Modelos de Difusão ou Centrados no Emissor Os modelos de difusão, particularmente quando aplicados à comunicação de massas, admitem que os media podem escolher os seus alvos e consideram que aqueles não só agem directamente sobre os indivíduos, como também afectam os valores da Sociedade, a sua bolsa de conhecimentos e mesmo a sua Cultura. • Modelos Estímulo → Resposta (Comportamentalismo) Os efeitos da comunicação seriam reacções a estímulos que apontam para uma forte correspondência entre a mensagem mediática e a reacção da audiência.

Fig. 6.15 - Modelo Estímulo-Resposta da Comunicação

Estímulo ou Mensagem (E) Organismo ou Receptor (O) Resposta ou Efeito (R)

Fig. 6.15 - Modelo Estímulo-Resposta da Comunicação

Estímulo ou Mensagem (E) Organismo ou Receptor (O) Resposta ou Efeito (R)Estímulo ou Mensagem (E) Organismo ou Receptor (O) Resposta ou Efeito (R)

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Katz e Lazerfeld (1955) consideram a comunicação de massas como um processo em duas etapas a primeira das quais consiste na acção dos meios de comunicação de massas sobre os líderes de opinião a que se segue a acção destes sobre o resto do público. Este modelo sofreu algumas evoluções, entre as quais a consideração da chamada teoria das diferenças individuais (Cooper & Jahoda, 1947) na comunicação de massas, que defende a existência de características específicas das mensagens que provocam reacções diferentes na audiência, consoante as suas características de personalidade baseadas na dita teoria das diferenças individuais.

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De Fleur (1966) introduziu o chamado modelo psicodinâmico, que se baseia na ideia que a chave da persuasão está na modificação da estrutura psicológica interna do indivíduo que produzirá as modificações comportamentais desejadas. Costuma também considerar-se o modelo de micélio relativo à opinião pública e à comunicação interpessoal (Brower, 1967) que tem como características distintivas principais o considerar o fluxo comunicacional a partir das pessoas e não para as pessoas, antecipando o conceito de rede de comunicação interpessoal e a ideia de que as opiniões expressas nos media são, ao contrário do que estipulam os outros modelos de difusão, o resultado e não a causa destas redes de comunicação interpessoal.

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Modelos de Recepção ou Centrados na Audiência Os modelos centrados na audiência partem do facto óbvio, negligenciado pelos outros modelos, da incapacidade dos media escolherem as suas audiências. Estas podem resistir à influência dos media, escolhendo-os de acordo com os seus gostos. Isto implica uma correspondência, não à função de mudança, que os modelos de difusão atribuem aos media, mas a uma função de reforço, o que está de acordo com a evolução do paradigma comportamentalista da Psicologia. • Modelo de Usos e Gratificações, que está na base da procura por parte dos media da satisfação dos gostos dos utentes e consequentemente das telenovelas e dos concursos que ainda inundam as Televisões, bem como dos mais recentes “reality shows”.

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A Comunicação na Sociedade de Informação A expectativa para a Sociedade de Informação é a de que, a comunicação interactiva bidireccional substitua o fluxo unidireccional dos mass media, característico da Sociedade Industrial, levando à internacionalização e mesmo para a globalização da comunicação. Contudo, a Sociedade de Informação não é necessariamente uma Sociedade melhor ou mesmo mais informada. A tendência que se têm vindo a notar é de um grande aumento da oferta de informação, mas de uma procura de informação menor do que a sua oferta. Há portanto a necessidade de que a Educação desenvolva a motivação e o potencial humano de comunicação e por outro lado as técnicas para a gestão correcta de grandes quantidades de informação.

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Podem distinguir-se vários padrões de comunicação:

• O padrão da alocução - o tempo e o lugar é determinado pelo centro e o feedback é quase nulo (situações presenciais como palestras e espectáculos; televisão convencional) ;

• O padrão da conversação - os indivíduos interagem directamente, escolhendo o tempo, o lugar e os parceiros (troca de correspondência pessoal, às conversas telefónicas e ao correio electrónico).

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• O padrão da consulta - corresponde à situação típica de consulta de bases de dados ou consulta on-line.

• O padrão do registo – é o inverso do padrão de consulta, podendo ser realizado pelo centro, com ou sem o conhecimento dos indivíduos, sendo essencial para sistemas de vigilância e para o comércio electrónico

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Segundo Bordewijk e Van Kaam (1986) as tendências de circulação de informação apontam para a passagem do padrão Alocutório, para os de Consulta e de Conversação, e ainda para o crescimento do padrão de Registo. Isto desloca o equilíbrio do poder comunicativo, sempre instável, do emissor para o receptor.

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A Galáxia da Internet Castells (2001) aponta a Internet como o grande modelo de Comunicação da Sociedade de Informação

“A Internet é um meio de Comunicação que permite a comunicação de muitos com muitos, num tempo determinado e numa escala global.”

As redes têm vantagens consideráveis como ferramentas organizativas, por causa da sua flexibilidade e adaptabilidade a um ambiente em rápida mudança e têm-se vindo a impôr em todos os domínios da Economia e da Sociedade, destronando as organizações verticais e centralizadas e os seus modelos de Comunicação.

À pergunta : “Porque não me deixam em paz, já que não quero tomar parte nessa tecnologia e envolver-me na Internet e só quero viver a minha vida?”

Responde: Se não se ocupar das redes as redes ocupar-se-ão de si porque, queira-se ou não, vivemos na Galáxia da Internet.

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As Bases Filosóficas ou as Metáforas da Comunicação Não existe um consenso sobre o que a comunicação realmente é, isto é, sobre a sua epistemologia, o que implica bases filosóficas tão distintas que se exprimem por metáforas perfeitamente diferenciadas. Assim é que, o dualismo cartesiano e a epistemologia positivista conduzem à comunicação como representação sustentada pela metáfora da máquina, ao passo que o monismo de Spinoza e a epistemologia construtivista levam à comunicação como expressão a que corresponde a metáfora do organismo. A comunicação representativa é objectiva pois manipula o mundo exterior a que se refere a representação, enquanto que a expressiva é solipsista pois apenas manipula estados mentais. Estes dois tipos podem coexistir como dimensões distintas da Comunicação, mas pode acontecer que não se consigam distinguir, estando nós então perante uma outra forma de Comunicação, a Comunicação confusionante

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A Ciência e os media. A Comunicação Científica O recente aperfeiçoamento dos motores de busca, certamente que aliviam o formalismo da comunicação científica A Comunicação Científica é importante porque permite: • a comunicação de ideias e processos a co-investigadores (colaboração), • ensinar a ciência e os processos científicos a pessoas que se estão a iniciar (educação científica), • e divulgar a ciência e os seus resultados à Sociedade em geral (literacia científica).

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6.3 As Competências Transferíveis

Com a evolução crescente dos conteúdos a tendência é para que o domínio das competências se sobreponha ao dos conteúdos.

Admite-se que as competências Transferíveis actualmente adoptadas como parte essencial dos seus curricula, visem (Machado, 2003) o desenvolvimento das competências ou aptidões:

• Pessoais: gestão do tempo, reconhecimento das responsabilidades pessoais, tratamento da informação, utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação e aperfeiçoamento da própria aprendizagem (aprender a aprender).

• Sociais: comunicação escrita e oral, princípios éticos, reconhecimento e respeito pela diversidade e trabalho em grupo (especialmente a resolução de problemas em grupo).

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No século XXI o maior desafio para os licenciados será gerir a sua relação com o trabalho e a aprendizagem. Tal requer competências como negociação,

planeamento de acção e trabalho em rede, para além de qualidades como auto-consciência e confiança. São competências (transferíveis) para gerir processos e

não competências funcionais (específicas) como estávamos habituados na Sociedade Industrial.

Para aprender estas aptidões não basta falarem-nos delas ou discuti-las. É necessário praticá-las em vários contextos e avaliar criticamente essa prática. Só então, com o resultado dessa avaliação, podemos planear a nossa acção.

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Serão abordadas de uma forma mais aprofundada as seguintes competências: • as competências de comunicação (eficiente), • a gestão do tempo, • o trabalho em grupo, • a resolução de problemas (em grupo), • a negociação (em gupo), • e a tomada de decisões (em grupo) .

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A Comunicação Eficiente No que se refere à Comunicação Científica, esta tem formatos privilegiados. • o artigo científico ou “paper” e as dissertações, ambas com a sua estrutura formal rígida e semelhante, ainda são as peças mais importantes da Comunicação Científica.

• há também as apresentações em reuniões científicas ou em grupos de trabalho, sob a forma de comunicações orais ou posters (presenciais síncronas e assíncronas) ou a publicação de livros e a de páginas ou sites na Internet, que têm estruturas menos rápidas, embora obedeçam a princípios gerais convencionais

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Segundo Gregory & Miller (2001) a comunicação científica tem como exigências:

• Ter uma ideia clara do que está a fazer a ponto de o poder resumir num objectivo

• Saber o que vai escrever, o que implica saber o que os leitores já sabem e as suas expectativas sobre o que lhes vai dizer.

• Saber que interesses representa

• Conhecer os processos de tirar partido dos meios escolhidos

Na preparação de uma apresentação Maskill e Race (2005) aconselham a:

• Definir metas e objectivos

• Recolher informação sobre a audiência (quem é, o que sabem)

• Planear a intervenção (áreas a abordar, sequência lógica, materias, tempo)

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Referem também como aspectos importantes na qualidade de uma apresentação:

• Voz (audível, clara, fluente);

• Linguagem (apropriada à audiência; de fácil compreensão);

• Postura (bom contacto ocular; boa linguagem corporal, sem maneirismos distractores).

• Conteúdo (relevante e numa sequência lógica);

• Audiovisuais (claros e legíveis, apropriados, atractivos e bem apresentados);

• Notas (como guias e não para serem lidas)

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A edição de páginas ou sites na Web obedece às regras gerais da Comunicação Multimédia (Costa Pereira & Paiva, 2002): • Multiplicidade de Meios • Multiplicidade de Canais • Multiplicidade de Linguagens • Multiplicidade de Estratégias • Multiplicidade de Conteúdos • Multiplicidade de Leituras • Multiplicidade de Resultados

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A Gestão do Tempo Embora o tempo possa ter perdido o seu valor absoluto, as questões de sincronicidade, exigidas pela Sociedade em Rede, não vêm senão agudizar os muito importantes problemas que o tempo já punha na Sociedade Industrial - “time is money”. As preocupações com a gestão do tempo estão associadas à complexidade da vida, à necessidade de fazer as coisas, muitas vezes com prazos curtos, e consequentemente ao facto de ser fácil perder tempo e de haver esquecimentos. Segundo Maskill e Race (2005), prejudicamos muitas vezes a nossa actuação por: • Falta de objectivos claros: específicos, mensuráveis, possíveis, realísticos e definidos no tempo; • Falta de planeamento eficiente: o quê e quando, o que é possível de realizar por agenda, planeador de parede ou to do lists. • Falta de auto-disciplina

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O Trabalho em Grupo Grupo é um conjunto de indivíduos que se juntam por uma razão específica ou com um objectivo comum. A Dinâmica de Grupo estuda a maneira como as pessoas se comportam em grupos e procura compreender os factores que tornam o grupo mais eficiente. Segundo Maskill & Race (2005) a eficiência dos grupos implica: • cumprir uma tarefa • construir e manter o grupo • desenvolver / ajudar os membros do grupo

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Para o estudo da dinâmica de grupo é também muito importante considerar os papéis desempenhados pelos membros dos grupos. De acordo com Maskill e Race (2005) os membros eficientes de um grupo: • Criam oportunidades para o grupo • Decidem como é que o grupo funcionará • Organizam a informação e planeiam estratégias • Contribuem • Encorajam os outros a contribuir • Escutam os outros • Comunicam com clareza (e entusiasmo)

Concomitantemente propõem como características dos bons grupos terem: • Um chefe eficiente • Pelo menos um objectivo comum • Membros bem motivados • Reuniões bem conduzidas e com um sistema de tomada de decisão claro

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Resolução de Problemas em Grupo (Problem Solving) Reconhece-se que as competências necessárias para a resolução dos problemas são (Maskill & Race, 2005) : • Escuta activa (bom contacto visual, perguntas relevantes, expressões faciais e linguagem corporal); • Discurso eficiente (argumentos claros e bem organizados, linguagem apropriada) • “Brainstorming” e compartilhação de ideias (Recolher o maior número de ideias possível, encorajar os membros menos activos, avaliar e discutir as ideias que ficarem) • Organização e planeamento da resolução do problema • Gestão do tempo • Negociação com os outros (não deve haver competição mas sim negociação) • Tomada de decisão pelo grupo

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A Potenciação das Competências Transferíveis: A Assertividade Para se integrar na Sociedade Contemporânea um indivíduo deverá ter competências que lhe permitam: • Comunicar eficientemente • Controlar situações e gerir o tempo • Trabalhar em equipa, colaborar, negociar e participar no esforço colectivo • Criar sinergias, adaptar, associar e sintetizar os seus conhecimentos • Utilizar conhecimentos para resolução de problemas • Adaptar-se à imprevisibilidade • Tomar decisões rápidas e controlar acontecimentos fortuitos • Ter bons conhecimentos de linguagens simbólicas (sinais, símbolos, códigos, diagramas.)

Estas competências caracterizam o que tecnicamente se designa por Assertividade ou Comportamento Assertivo Necessidade de educar os cidadãos no domínio da assertividade ou pelo menos de a melhorar

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O Construtivismo Psico-Social Abarca dois tipos de construtivismo que advogam a intervenção tanto da mente como da Sociedade na construção do conhecimento. • O construtivismo sócio- cognitivo de Vygotsky, parte de bases ontológica e epistemológica realistas e fundamenta-se na interiorização mediada pela linguagem (mediação semiótica) dos processos mentais característicos de determinada Sociedade.

• O construcionismo social (Burr,1995) ou simplesmente construcionismo, corresponde a uma epistemologia e ontologia relativistas e não reconhece como válidas, nem a análise dos processos originados na mente, nem a dos originados na Sociedade ou contexto, admitindo apenas a análise da interacção através do discurso que a origina (Psicologia Discursiva)

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Construtivismo Sócio-cognitivo ou Histórico-cultural (Lev Vygotsky, 1978 • Génese social dos fenómenos psicológicos superiores (modelos mentais). • A aprendizagem (construção do conhecimento) faz-se por uma prática acompanhada. Existe um conjunto de actividades que o aprendiz é capaz de executar sozinho, que estão associadas ao seu conhecimento nuclear e outras que consegue efectuar acompanhado, sediadas na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). • A aprendizagem traduz-se no alargamento do conhecimento nuclear à custa da ZDP consolidada e na criação de outra ZDP (apropriação)

• Trata-se de uma interiorização, isto é da reconstrução intrapsicológica de uma operação interpsicológica através de acções com signos (linguagem). Esta interiorização não é uma cópia ou transferência mas sim uma transformação de uma operação de um plano social para um psicológico.

• Papel decisivo da linguagem como ligação inter-pessoal e intra-pessoal

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O Construcionismo Social Trata-se da aplicação da filosofia do conhecimento pós-moderna e radical de Rorty (1980), segundo o qual os indivíduos, os objectos e os factos existem num mundo essencialmente linguístico. Para o construcionismo social a linguagem não é um modelo de correspondência e comunicação que serve para representar o mundo e para comunicar aos outros os nossos estados mentais (Edwards, 1997). O construcionismo social encara a linguagem como actividade, tomando como ponto de partida o discurso no seu nível pragmático. A linguagem aparece como uma actividade na qual se gera significado. Segundo Potter (1996), a metáfora que aqui corresponde à linguagem, não é já a de espelho, que servia o cognitivismo, mas a de oficina em que a realidade se constrói à medida que se fala ou se escreve sobre o Mundo.