22
Modelos de financiamento da cadeia de grãos no Brasil Felipe Prince Silva, Ms. Economista Economista-sócio da Consultoria Agrosecurity Gestão de Agro-Ativos LTDA. Mestre em Economia Agrícola pela UNICAMP [email protected] Luis Eduardo Rebolo Lapo, Eng. Agrícola Banco Original Engenheiro Agrícola formado pela UNICAMP [email protected] 2ª Conferência em Gestão de Risco e Comercialização de Commodities Modelos de financiamento da cadeia de grãos no Brasil Felipe Prince Silva, Ms. Economista Economista-sócio da Consultoria Agrosecurity Gestão de Agro-Ativos LTDA. Mestre em Economia Agrícola pela UNICAMP [email protected] Luis Eduardo Rebolo Lapo, Eng. Agrícola Banco Original Engenheiro Agrícola formado pela UNICAMP [email protected] 2ª Conferência em Gestão de Risco e Comercialização de Commodities

Modelos de Financiamento Da Cadeia de Graos No Brasil

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Agrobusiness

Citation preview

  • Modelos de financiamento da cadeia de gros no Brasil

    Felipe Prince Silva, Ms. Economista Economista-scio da Consultoria Agrosecurity Gesto de Agro-Ativos LTDA.

    Mestre em Economia Agrcola pela UNICAMP [email protected]

    Luis Eduardo Rebolo Lapo, Eng. Agrcola

    Banco Original Engenheiro Agrcola formado pela UNICAMP

    [email protected]

    2 Conferncia em Gesto de Risco e Comercializao de Commodities

    Modelos de financiamento da cadeia de gros no Brasil

    Felipe Prince Silva, Ms. Economista Economista-scio da Consultoria Agrosecurity Gesto de Agro-Ativos LTDA.

    Mestre em Economia Agrcola pela UNICAMP [email protected]

    Luis Eduardo Rebolo Lapo, Eng. Agrcola

    Banco Original Engenheiro Agrcola formado pela UNICAMP

    [email protected]

    2 Conferncia em Gesto de Risco e Comercializao de Commodities

  • Resumo

    Com a crise fiscal e de endividamento do Estado brasileiro dcada 1980, houve queda dos

    recursos destinados ao financiamento agrcola para os produtores. Nesse contexto, o mercado

    precisou se organizar para desenvolver mecanismos privados de crdito, com o objetivo de atender

    a demanda do setor, que cresceu fortemente a partir do final da dcada de 1970 no pas,

    especialmente em funo da expanso da produo agrcola no Centro-Oeste. Atualmente, junto

    com os bancos e as cooperativas de crdito, as empresas fornecedoras de insumos, tradings,

    agroindstrias e exportadores atuam como agentes importantes na concesso de crdito aos

    produtores de gros no Brasil.

    Essa concesso ocorre atravs de mecanismos que esto fora do Sistema Nacional de

    Crdito Rural (SNCR) e que sero abordados no presente artigo. Um dos instrumentos mais

    importantes ocorreu atravs da criao da Soja Verde, na dcada de 1980, e posteriormente a

    criao da CPR (Cdula de Produto Rural) com liquidao fsica, em 1994 e, posteriormente, com a

    liquidao financeira em 2001. Operaes como o barter (troca de insumos por gros), vendas a

    prazo safra e pagamento antecipado dos gros constituem-se hoje como mecanismos

    fundamentais na concesso de crdito dos fornecedores e tradings aos produtores de gros no

    Brasil.

    Ser demonstrado, atravs da exposio de modelos e dos dados estatsticos associados ao

    crdito, que h diferentes riscos associados s duas principais regies produtoras de gros no Brasil,

    a saber, Sul e Centro-Oeste. Tambm sero mostrados os principais fatores de mitigao dos

    principais aspectos de risco, tanto do ponto de vista microeconmico, quanto de ponto de vista de

    polticas pblicas setoriais.

    Palavras-Chaves: financiamento, gros, fornecedores

    Abstract

    Due to a fiscal crisis and the indebtdness of the Brazilian State in the 1980s, there was a decrease in the resources allocated to agricultural finnancing. The market had to organize itself and develop private funding mechanisms in order to meet the demands of the sector that had been growing since the late 1970s. Currently, raw material suppliers, trading companies, agroindustries and exporters act as great credit agents for grain producers in Brazil, along with banks and credit unions.

    This credit granting occurs through mechanisms that are out of the Sistema Nacional de Crdito Rural (SNCR) and will be addressed in this article. The creation of Soja Verde in the 1980s, followed by the creation of CPR (Cdula de Produto Rural) with physical settlement in 1994 and thereafter the financial settlement in 2001 have proved to be one of the most important instruments.

  • The existance of different risks associated with the two main grain-producing regions in Brazil will be shown through the exhibiton of patterns and credit statistics data. It will also be presented the mitigatin factors of the risks traits from the microeconimic perspective as well as the public sector policies.

    Keywords: Finnancing, Grains, Suppliers

    1. Introduo

    Podem-se separar os modelos de crdito agrcola para cadeia de gros no Brasil em dois

    grandes grupos: o crdito agrcola oficial e o crdito agrcola comercial privado ou no-oficial. Os

    modelos de crdito agrcola oficial esto ligados ao crdito obtido junto ao sistema bancrio e s

    cooperativas de crdito, dentro das normas balizadas pelo Sistema Nacional de Crdito Rural

    (SNCR) e pelo Manual de Crdito Rural (MCR), Esses recursos podem ser controlados (taxas

    subsidiadas) ou livres, e suas principais fontes so: recursos obrigatrios, poupana rural, fundos

    constitucionais e Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

    Quanto aos modelos de crdito agrcola comercial ou no-oficial, seus recursos so

    disponibilizados pelos fornecedores de insumos, seus distribuidores (revendas e cooperativas

    agropecurias), as tradings e exportadores de gros e seus derivados. Esses recursos no esto

    ligados ao SNCR e so dispostos pelas empresas, predominantemente multinacionais, de acordo

    com as suas estratgias de marketing, operaes de gesto de custo e planejamento logstico da

    venda de insumos e compra da matria-prima para exportao, processamento e venda no mercado

    interno.

    Podemos classificar os modelos de crdito dentro desses dois grupos em cinco: 1) Crdito

    Bancrio; 2) Crdito das cooperativas de crdito, 3) Compra de insumos com pagamento a prazo

    safra; 4) Venda antecipada da produo e 5) Operao de Troca (Barter). Os dois primeiros

    modelos esto dentro do grupo de crdito oficial e os trs ltimos ao grupo de crdito no-oficial.

    No artigo, sero abordados aspectos referentes ao risco para cada modelo.

    2. Um breve histrico da evoluo do crdito rural

    Em 1931, no primeiro governo de Getlio Vargas, quando a principal atividade econmica

    do pas era o caf, ocorreu o primeiro mecanismo oficial de financiamento rural no Brasil. Os

    instrumentos criados para sustentar as atividades do setor foram a Carteira de Crdito Agrcola e

  • Industrial (CREAI) do Banco do Brasil e o Departamento do Caf (Guedes, 1999). No entanto, nas

    dcadas seguintes (1940-50), pouca importncia foi atribuda ao setor rural por parte do Estado, o

    que se caracterizou pela ausncia de mecanismos e instrumentos de interveno mais efetivos.

    Apenas em 1965, no entanto, ocorreu o grande marco do financiamento rural, atravs da Lei

    4.829, que criou o Sistema Nacional de Crdito Rural (SNCR), agregando agentes como: Banco

    Central, Banco do Brasil, bancos estaduais, bancos regionais de desenvolvimento, bancos privados,

    caixas econmicas, sociedades de crdito, investimento e financiamento, cooperativas, rgos de

    assistncia tcnica e extenso rural. O objetivo do SNCR era fortalecer a classe dos produtores

    rurais atravs do financiamento de seus custos e da criao de incentivos para a formao de

    capitais e novas tecnologias no campo (Buainain e Souza, 2001).

    Na dcada de 1960, as principais fontes de financiamento criadas eram duas: 1) Destinao

    de recursos lastreados no Tesouro Nacional, atravs de fundos e programas (recursos fiscais e

    parafiscais) administrados pelo Banco Central, e repassados aos produtores principalmente por

    intermdio do Banco do Brasil e 2) Exigibilidade de 10% sobre os depsitos vista dos bancos

    comerciais, com destinao ao financiamento do setor agropecurio.

    Adicionalmente, diversos incentivos e subsdios foram criados ao setor na dcada de 1960.

    A taxa de juros cobrada nos emprstimos aos produtores, por exemplo, no podia ser superior a

    75% das taxas cobradas nos bancos comerciais em operaes normais, para facilitar a contratao.

    Outros incentivos foram dados, como o financiamento com taxas reais de juros que chegaram a ser

    negativas e com prazos e carncias elsticas (Delgado, 1985). O principal banco de financiamento

    do setor agropecurio nesse perodo foi o Banco do Brasil, que operava em nome do Tesouro.

    Um dos grandes mecanismos para a emisso de crdito ocorria atravs da chamada Conta

    Movimento, que era uma conta elstica que o Tesouro mantinha junto ao Banco do Brasil, para

    permitir que este realizasse operaes de crdito e simplesmente debitasse da Conta Movimento.

    Em ltima instncia, esse mecanismo conferia a cada agncia do Banco do Brasil a funo de

    emissor de moeda, j que no havia limites para a emisso de crdito. Esse mecanismo foi abolido

    em 1985, j que impossibilitava um controle monetrio e fiscal mais rgido por parte do Estado, em

    um contexto de alta inflao.

    At a dcada de 1980, houve uma forte participao do Estado como financiador do setor

    agrcola no Brasil. No entanto, com a crise fiscal da dcada de 1980, houve diminuio da

    capacidade de expanso de crdito para atender s crescentes demandas do setor, especialmente no

    Centro-Oeste, com a expanso da soja. Nesse contexto, foi necessrio o desenvolvimento de

    mecanismos privados de financiamento agrcola, que foram estimulados pelo prprio

    desenvolvimento e modernizao do setor, especialmente naquela regio, a nova fronteira agrcola

    da poca.

  • Assim, inicia-se uma srie de inovaes para buscas de fontes extraordinrias de

    financiamento, como a operacionalizao da Soja Verde no financiamento da produo de soja no

    Cerrado nos anos 1980 e a emisso de ttulos privados. A partir desse mecanismo, as tradings

    multinacionais passam a ter papel fundamental no fornecimento de recursos para os produtores que,

    em contrapartida, lhes garantia o devido abastecimento com o fornecimento da matria-prima. A

    introduo dessa inovao aumentou significativamente a disponibilidade de recursos para o

    financiamento do setor, j que essas empresas tinham maior acesso aos mercados de crdito

    internacional, alm de terem acesso a mecanismo de hedging atravs de contratos em bolsas de

    mercadoria internacionais.

    3. Ps-dcada de 1990: novo padro de financiamento

    A partir da dcada de 1990, configura-se no Brasil um novo padro de financiamento rural,

    caracterizado por maior participao dos agentes privados na destinao de recursos ao setor. No

    entanto, mesmo a participao dos setores privados tendeu a ser limitada, no disponibilizando

    crdito suficiente para a classe produtora como um todo. Essa participao limitada pode ser

    explicada basicamente por dois motivos: A primeira o cenrio de endividamento da classe

    produtora na poca, o que diminuiu a sua credibilidade em relao aos agentes financiadores. A

    segunda era a prpria poltica econmica vigente, especialmente aps o plano de estabilizao de

    1994, que foi caracterizado por juros elevados, o que dificultava ainda mais a tomada de crdito por

    parte dos produtores.

    A partir da segunda metade da dcada de 1990, a participao dos bancos privados no

    repasse de crdito rural aumentou significativamente. Em 1995, o repasse dos bancos privados

    representava 12,3% do total de crdito bancrio agropecurio, contra 87,7% de repasse dos bancos

    pblicos. J no incio de 2010, a participao dos bancos privados na concesso de crdito rural

    subiu para 41,9% do volume total de crdito agropecurio, contra 58,1% dos bancos pblicos.

  • Figura 1 - Evoluo da participao de bancos privados e pblicos no repasse de crdito agropecurio ao produtor R$ bilhes

    Fonte: Banco Central

    Nessa poca, surgem no pas importantes instrumentos de captao de recursos por parte dos

    produtores, como a Cdula de Produto Rural (CPR), criada pela Lei 8.929, de 24/08/1994, na

    modalidade fsica. A CPR um tipo de contrato a termo, em que o produtor recebe antecipadamente

    um montante em dinheiro correspondente quantidade de produto comprometida para entrega

    futura. Ou seja, o produtor vende a termo sua produo, recebendo o valor da venda vista,

    comprometendo-se a entregar o produto negociado na quantidade, qualidade, data e local

    estipulado. Por se tratar de um contrato a termo, destaca-se que a CPR tambm funciona como um

    instrumento de proteo de preos para o produtor. Dessa forma, ao utilizar a CPR, o produtor

    realiza um hedging de venda j que, quando emitido o ttulo, o preo travado, estando o produtor

    assim protegido contra movimentos de baixa.

    No entanto, a exclusividade de liquidao fsica da CPR impedia a expanso do negcio

    para demais agentes que desejavam participar do financiamento do crdito rural no pas, j que era

    grande a dificuldade de se conciliar um comprador que demandasse um produto com as mesmas

    especificaes que o produtor ofertava. Isso impedia uma expanso mais significativa da CPR entre

    os produtores e agentes financiadores.

    Nesse sentido, em 2001, foi criada a CPR com liquidao financeira, para incorporar novos

    agentes participantes do financiamento do agronegcio como um todo, aumentando os potencias

    compradores da Cdula. A diferena fundamental entre as duas modalidades de CPR (liquidao

    fsica e financeira) que a ltima no exige a liquidao do contrato unicamente por intermdio de

    entrega fsica da mercadoria do produtor para o seu financiador, mas tambm permite que a

    liquidao seja feita em dinheiro, atravs da converso do valor da mercadoria no momento do

    vencimento do contrato (Pimentel e Souza, 2005).

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    19

    95

    .01

    19

    95

    .07

    19

    96

    .01

    19

    96

    .07

    19

    97

    .01

    19

    97

    .07

    19

    98

    .01

    19

    98

    .07

    19

    99

    .01

    19

    99

    .07

    20

    00

    .01

    20

    00

    .07

    20

    01

    .01

    20

    01

    .07

    20

    02

    .01

    20

    02

    .07

    20

    03

    .01

    20

    03

    .07

    20

    04

    .01

    20

    04

    .07

    20

    05

    .01

    20

    05

    .07

    20

    06

    .01

    20

    06

    .07

    20

    07

    .01

    20

    07

    .07

    20

    08

    .01

    20

    08

    .07

    20

    09

    .01

    20

    09

    .07

    20

    10

    .01

    PRIVADO PBLICO

  • Assim, a CPR aumentou as opes de financiamento dos produtores agrcolas e provocou

    um processo de desintermediao bancria no financiamento ao setor. Houve um aumento da

    liquidez e maior atrao de investidores institucionais, o que contribuiu para o fortalecimento dos

    Complexos Agroindustriais do Brasil, especialmente no segmento de gros.

    Em 2004, atravs da Lei 11.076/2004, foram criados cinco novos ttulos de financiamento

    do agronegcio que, a exemplo da CPR, tambm representam uma forma de captar recursos no

    mercado financeiro por parte dos agentes do agronegcio. Os ttulos criados foram cinco:

    CDCA/WA (Certificado de Depsito Agropecurio e Warrant Agropecurio), LCA (Letra de

    Crdito do Agronegcio), CRA (Certificado de Recebveis do Agronegcio) e CDCA (Certificado

    de Direitos Creditrios do Agronegcio). Esses ttulos tambm servem para captao de recursos

    por parte de armazns, instituies financeiras e companhias securitizadoras de direitos creditrios.

    Assim, junto com a CPR, os novos ttulos do agronegcio contriburam para complementar

    os recursos disponibilizados pelo Estado para o financiamento do setor, atravs de instrumentos

    mais estruturados e atrativos para as instituies financeiras e pela maior canalizao de recursos de

    fundos de investimento para o agronegcio.

    4. Modelos de financiamento atual da cadeia de gros

    Com a criao e difuso da CPR na dcada de 1990, observa-se que h uma nova

    sistematizao na concesso de crdito rural aos produtores brasileiros. Alternativamente, para

    aproveitar as oportunidades comerciais oferecidas pela expanso da produo de soja no Centro-

    Oeste brasileiro, as empresas a montante (fornecedores de insumos) e a jusante (tradings e

    exportadores) criaram e disseminaram arranjos contratuais para oferecer recursos fsicos e

    monetrios para o fornecimento de crdito de custeio para os agricultores.

    Os fornecedores passaram a vender os insumos produtivos (sementes, fertilizantes e

    defensivos) com a concesso de prazos entre 180 a 210 dias, com entrega dos insumos antes do

    plantio e pagamento acordado para depois da colheita e comercializao do gro (ativo fsico),

    quando ento ocorre a liquidao financeira do contrato. Esse mecanismo conhecido no mercado

    como venda a prazo safra, e trata-se de um importante mecanismo nos dias atuais para concesso

    de crdito aos produtores. Destaca-se que um mecanismo que merece especial ateno nas reas

    de vendas e marketings dos fornecedores de insumos, como ferramenta competitiva para aumento

    do market share. Destaca-se ainda que a concesso pode ocorrer atravs de venda direta ao produtor

    (do prprio fabricante) ou entre o fabricante e o distribuidor de insumos (revenda ou cooperativa),

    que ento repassar a condio de prazo safra ao produtor (o seu cliente).

  • Quanto s tradings e exportadores, para garantir o recebimento da matria-prima, esses

    agentes comearam a adiantar os recursos aos produtores para o plantio da safra, atravs do

    mecanismo de compra antecipada da safra. Uma importante operao tambm o barter (troca de

    insumos por gros), que envolve simultaneamente os fornecedores de insumos e as tradings na

    disponibilizao de crdito ao produtor.

    Dessa forma, atualmente, podemos dividir os mecanismos de financiamento rural em dois

    grandes grupos: 1) Crdito rural bancrio ou oficial e 2) Crdito rural comercial ou informal (Silva,

    2012). Os agentes participantes do primeiro grupo so os bancos comerciais e as cooperativas de

    crdito, que so regidos por normas do Banco Central e compem o Sistema Nacional de Crdito

    Rural (SNCR). Dentro do crdito rural bancrio, enquadra-se o crdito oficial, sendo que parte dele

    disponibilizado atravs de juros subsidiados pelo Governo. A taxa de juros controlada, bem como

    o volume de crdito disponibilizado para as atividades agrcolas, so anunciados anualmente pelo

    Ministrio da Agricultura, atravs do Plano Agrcola e Pecurio, conhecido tambm como Plano

    Safra. O Manual de Crdito Rural (MCR) do Banco Central regula as operaes de crdito contidas

    nesse grupo. Em relao ao grupo de crdito rural comercial ou informal, os agentes participantes

    so os fornecedores e distribuidores de insumos, as tradings, cerealistas, agroindstrias e

    exportadores.

    De forma resumida, podemos ilustrar os mecanismos de crdito rural utilizados na cadeia de

    gros no Brasil atravs da Figura abaixo:

    Figura 2 - Modelos de financiamento da cadeia de gros no Brasil

    Fonte: elaborao prpria

    Crdito Bancrio

    Concesso de prazos e operaes de troca

    Adiantamento de recursos (comercializao antecipada)

    Produtor

    BUNGECargillADMLCDetc

    BayerBasfDuPontSyngentaMonsantoetc

    Banco do BrasilBradescoSantanderetc

    CrditoSICREDISICOOBetc

    Bancos comerciais

    Cooperativas de CrditoFornecedores e

    distribuidores de Insumos

    Tradings, Agroindstrias eExportadores

    CRDITO OFICIALCRDITO COMERCIAL

    / NO OFICIAL

  • Do lado esquerdo da Figura 2, h o crdito oficial, em que os agentes que concedem o

    crdito so os bancos comerciais e as cooperativas de crdito. Do lado direito, h o crdito

    comercial ou no-oficial, em que as concedentes so as tradings, agroindstrias e exportadores,

    atravs de adiantamento de recursos para compra antecipada da safra e os fornecedores e

    distribuidores de insumos, que concedem crdito atravs da concesso de prazo-safra para

    pagamento e operaes de troca, envolvendo tambm os compradores de gros.

    Segundo dados do Banco Central, em 2011, o total de crdito agropecurio repassado pelos

    bancos e cooperativas (crdito bancrio ou oficial, grupo 1) foi de R$ 94,1 bilhes, divididos em R$

    64,9 bilhes para a agricultura e R$ 29,2 bilhes para a pecuria. A maior parte do crdito destina-

    se para atividades de custeio, que representou R$ 53,1 bilhes, seguida pela finalidade de

    investimento e comercializao, conforme a Tabela 1:

    Tabela 1 - Crdito agropecurio repassado por bancos e cooperativas em 2011 por atividade e finalidade (R$ bilhes)

    Fonte: BACEN (2011), Anurio Estatstico de Crdito Rural.

    As principais fontes de financiamento do crdito rural oficial so os recursos obrigatrios

    (exigibilidade de 28% sobre os depsitos vista), que contriburam com 47,3% do crdito em 2011,

    a poupana rural, com participao de 30,8% e os Fundos Constitucionais, com participao de

    7,6%. Ainda so utilizados recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para o crdito

    rural. Para consulta, vide a Tabela 2 abaixo:

    Tabela 2 Fontes de recursos de crdito rural concedido a produtores e cooperativas 2011

    Fonte: BACEN (2011), Anurio Estatstico de Crdito Rural

    Atividade/Finalidade Custeio Investimento Comercializao Total

    Agrcola 39,6 12,3 13,0 64,9

    Pecuria 13,4 12,4 3,4 29,2

    Total 53,1 24,6 16,4 94,1

    Fontes de Recursos R$ mil %

    Recursos Obrigatrios 44.526.683,4 47,3%

    Poupana Rural 28.976.099,2 30,8%

    Fundos Constitucionais 7.182.326,0 7,6%

    Recursos BNDES / FINAME 6.429.006,1 6,8%

    Recusos Livres 2.658.414,9 2,8%

    Recursos do FUNCAFE 1.471.693,1 1,6%

    Recursos Externos - 63 Rural 1.341.918,1 1,4%

    FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador 1.226.704,6 1,3%

    Recursos de Outras Fontes 138.560,0 0,1%

    Recursos do Tesouro 128.575,3 0,1%

    Recursos Governos Estaduais 32.685,7 0,0%

    Total 94.112.666,5 100,0%

  • Quanto aos recursos de crdito informal ou comercial privado, esses so disponibilizados

    atravs de prprios recursos dos fornecedores de insumos e compradores de gros, seja atravs da

    contratao de linhas de crdito bancria, como ACC (Adiantamento de Contratos de Cmbio) e

    ACE (Adiantamento de Contrato a Exportadores). E tambm com prprios recursos das empresas

    multinacionais, atravs de lucros obtidos em exerccios anteriores e eventuais transferncias da

    matriz para as filiais e captaes feitas no mercado de crdito e capitais nacional ou internacional.

    Na prxima seo, sero feitas as anlises estatsticas, atravs de dados do Banco Central e da

    Consultoria Agrosecurity referente contratao de crdito de custeio para as culturas da soja e

    milho na Safra 2009/10 nas regies Centro-Oeste e Sul.

    5. Anlise de dados estatsticos

    Sero utilizados dados do Anurio Estatstico de Crdito Rural de 2010, publicado pelo

    BACEN, para analisar a distribuio da concesso do financiamento dos bancos e cooperativas

    de crdito nas regies Centro-Oeste e Sul, para os cultivos da soja e do milho nesse ano. Foi feito

    um levantamento por UF das duas regies, segundo os critrios de nmero de contratos, valor

    financiado e rea financiada. Primeiramente, apresentada uma tabela com os dados da cultura

    da soja para os dois primeiro critrios.

    Tabela 3. - Nmero de contratos e valor financiado de crdito oficial de custeio para a cultura da soja em 2009 e 2010 nos estados do Centro-Oeste e Sul do Brasil

    Fonte: BACEN

    Por esse critrio, verifica-se o maior valor nos estados do Rio Grande do Sul (76,8 mil

    contratos) e no Paran (55,8 mil contratos), que so os dois principais estados produtores da regio

    Sul. Em Santa Catarina, o nmero de contratos bem menor (7,1 mil). O total de contratos na

    UFNmero de Contratos

    Valor financiado (R$ mil)

    GO 5.810 1.063.546,5

    MS 4.654 657.811,5

    MT 3.767 1.254.513,3PR 55.868 1.911.712,7RS 76.836 1.650.882,0SC 7.163 188.449,1

    Total Centro-Oeste 14.231 2.975.871Total Sul 139.867 3.751.044

  • regio Sul foi de 139,8 mil. Nos estados do Centro-Oeste, o nmero de contratos

    significativamente menor. O maior nmero de contratos nessa regio foi em Gois (5,8 mil

    contratos). No Mato Grosso, estado que apresenta a maior rea de cultivo da soja do pas (6,3 mil

    hectares na Safra 2010/11), o nmero de contratos foi o menor entre todos os estados analisados -

    3,7 mil contratos. No Mato Grosso do Sul, foram 4,6 mil contratos. O total de contratos na regio

    Centro-Oeste foi de 14,2 mil.

    Agora, para os mesmos estados, ser analisado o critrio de valor financiado. Segundo

    esse critrio, Paran e Rio Grande do Sul tambm so os estados com maiores valores. O montante

    de crdito oficial disponibilizado em 2010 para financiamento do custeio da soja foi de R$ 1,91

    bilho no Paran e R$ 1,65 bilho no Rio Grande do Sul. O menor valor de financiamento, dentre

    todos os estados, ocorreu em Santa Catarina, com R$ 188,45 milhes. No Centro-Oeste, o estado

    que apresentou maior valor de financiamento foi o Mato Grosso, com o montante de R$ 1,25

    bilho, seguido por Gois, com R$ 1,06 bilho. Por fim, temos o estado de Mato Grosso do Sul,

    com o valor de R$ 657,8 milhes. O total financiado pelo sistema de crdito oficial foi de R$ 2,97

    bilhes no Centro-Oeste e R$ 3,75 bilhes no Sul em 2010, segundo dados do BACEN.

    Pelo critrio de rea financiada, apresentado abaixo na Tabela 4.2., observa-se que, em

    2010, o montante total da regio Sul foi de 6,3 milhes de hectares, o que representa 69,8% do total

    de rea de soja cultivada na Safra 2010/11 (utilizando-se dados de rea cultivada da CONAB1). J

    na regio Centro-Oeste, o total de rea financiada pelo sistema oficial de crdito foi de 3,4 milhes

    de hectares, o que representa 32,4% da rea cultivada da cultura na Safra 2010/11.

    O estado que apresentou maior rea financiada em 2010 foi o Paran, com o equivalente a

    80%. Em seguida, temos o Rio Grande do Sul, com 60% da rea financiada pelo sistema oficial de

    crdito. Depois, temos Santa Catarina, com 53,7%. Os estados que apresentam menor participao

    do sistema oficial de crdito no custeio da safra de soja 2010/11 so os estados do Centro-Oeste:

    Gois, com 45,9%, Mato Grosso do Sul, com 43% e Mato Grosso, com apenas 23,9% da rea

    financiada, segundo dados do BACEN.

    1 Uma considerao de metodologia deve ser feita nesse ponto, pois nem todo o financiamento concedido no ano de 2010 refere-se ao cultivo da Safra 2010/11. O Anurio Estatstico de Crdito Rural no disponibiliza dados por ano-safra contratado, mas sim por ano-calendrio contratado (ex: crdito contratado em 2010, e no na Safra 2009/10 ou Safra 2010/11), diferentemente da CONAB, que realiza levantamento de rea cultivada e produo agrcola por ano-safra. Assim, para realizar o indicador utilizado na ltima coluna da Tabela 4.2., foi utilizado o crdito contratado em 2010 e a rea da Safra 2010/11.

  • Tabela 4. - rea financiada de soja em 2010 pelo sistema oficial de crdito e rea cultivada da cultura na Safra 2010/11

    Fonte: BACEN (2010) (A) e CONAB (2011) (B)

    Em relao ao financiamento da cultura do milho em 2010, tambm foi feita uma relao

    entre a rea cultivada e a rea financiada, que apresentada na Tabela 5. Nesse ano, os estados que

    apresentam maior proporo de rea financiada pelo sistema oficial de crdito para essa cultura so:

    Santa Catarina, com 94,9%, Rio Grande do Sul, com 63,6% e Paran, com 48,3%. As menores

    participaes esto no Centro-Oeste: Gois, com 44,8%, Mato Grosso do Sul, com 39,3% e,

    finalmente, Mato Grosso, com 21,5% da rea total de cultivo de milho em 2010. No Centro-Oeste, a

    proporo mdia de rea financiada foi de 31,6%, o que equivale a R$ 876,5 milhes e, no Sul, essa

    proporo foi de 59,1%, o que representa R$ 2,12 bilhes.

    Tabela 5. - rea financiada de milho em 2010 pelo sistema oficial de crdito, rea cultivada da cultura na Safra 2010/11 e valor total financiado.

    Fonte: BACEN (A e C) e CONAB (B)

    Para o caso do milho, um dos fatores que contribui para a explicao da menor participao

    do Centro-Oeste que, nessa regio, a maior rea de milho (86,4%) cultivada na Safra Inverno,

    diferentemente da regio Sul, onde a maior rea do cereal cultivada na Safra Vero (58,4%). Na

    Safra Inverno, o risco de quebra de safra por fenmeno climtico maior (na regio Centro-Oeste,

    UFrea

    financiada (mil ha) (A)

    rea cultivada - Safra 2010/11 (mil

    ha) (B)(A) / (B)

    GO 1.170,1 2.549,5 45,9%MS 757,1 1.760,1 43,0%MT 1.516,2 6.331,6 23,9%PR 3.688,0 4.610,7 80,0%RS 2.434,9 4.055,7 60,0%SC 245,8 458,2 53,7%

    Total Centro-Oeste 3.443,4 10.641,2 32,4%Total Sul 6.368,7 9.124,6 69,8%

    UFrea

    financiada (mil ha) (A)

    rea cultivada - Safra 2010/11 (mil

    ha) (B)

    Total financiado

    (R$ mil) (C)(A) / (B)

    GO 382,6 853,2 376.376,7 44,8%MS 383,0 975,5 265.804,7 39,3%MT 394,9 1.840,8 234.332,8 21,5%PR 1.109,9 2.297,6 952.278,3 48,3%RS 727,7 1.143,3 649.304,6 63,6%SC 521,2 549,2 524.011,7 94,9%

    Total Centro-Oeste 1.160,5 3.669,5 876.514,2 31,6%Total Sul 2.358,7 3.990,1 2.125.594,6 59,1%

  • em funo da estiagem e na regio Sul, em funo de estiagem e geadas) o que faz com que s

    instituies financeiras sejam mais avessas concesso de crdito nesse ciclo produtivo.

    Em resumo, a Figura 3 demonstra que a participao do crdito oficial no financiamento das

    culturas de soja e milho em 2010 significativamente maior no Sul em relao ao Centro-Oeste,

    segundo dados do BACEN. Na primeira regio, 69,8% da rea cultivada de soja e 59,1% da rea

    total cultivada de milho apresentaram financiamento repassado pelo sistema de crdito oficial.

    Enquanto isso, no Centro-Oeste, 32,4% da rea cultivada de soja e 31,6% da rea cultivada de

    milho foi financiada com recursos de crdito oficial.

    Figura 3. Proporo de rea financiada pelo crdito oficial (bancos e cooperativas de crdito) para as culturas da soja e do milho em 2010

    Fonte: elaborao prpria a partir de dados de BACEN e CONAB

    Conforme dados levantados pela Consultoria Agrosecurity2 e apresentados em Silva (2012),

    tambm confirma-se que a participao do crdito bancrio significativamente maior no Sul do

    Brasil no financiamento da cultura da soja. J no Centro-Oeste, h uma presena mais efetiva do

    crdito comercial ou informal, com atuao mais forte dos fornecedores de insumos e tradings no

    financiamento da produo, conforme demonstrado na Figura 4:

    2 Da qual um dos autores economista-scio.

    32,4% 31,6%

    69,8%

    59,1%

    0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    Soja Milho

    Centro-Oeste Sul

  • Figura 4. - Matriz de financiamento de custeio da soja nas regies Sul e Centro-Oeste

    Fonte: Consultoria Agrosecurity

    Dessa forma, conclui-se que atualmente os recursos privados e informais exercem um papel

    to importante quanto os recursos de crdito bancrio ou oficial para o financiamento de custeio da

    atividade da cadeia de gros no Brasil. Ou seja, no apenas os bancos e cooperativas de crdito so

    os responsveis por disponibilizar esses recursos, mas tambm os agentes comerciais que fazem

    parte da cadeia produtiva com um todo, atravs da concesso de prazo na venda dos insumos e da

    compra da safra com pagamento antecipado ao produtor.

    Em relao concesso de crdito dentro dos segmentos de insumos, junto aos

    entrevistados, a Consultoria Agrosecurity coletou informaes de concesso em dez importantes

    municpios das regies Centro-Oeste e Sul3, referentes distribuio da forma de pagamento para

    os trs segmentos de insumos (fertilizantes4, defensivos e sementes). De forma didtica, foram trs

    as formas de pagamento levantadas, e que so explicadas brevemente abaixo:

    - vista / Prazo Curto: nessa modalidade, o pagamento (desembolso) pela venda do

    insumo efetuado no mesmo momento da entrega do insumo (modalidade vista) ou at o prazo

    de 90 dias (modalidade prazo curto, sendo os mais comuns de 15, 30 e 60 dias). No mercado de

    insumos agrcolas, comum a denominao prazo curto para identificar as vendas a prazo cujo

    pagamento ocorre antes do momento da colheita. Nesse caso, no considerado como um

    mecanismo de financiamento da safra, j que o desembolso pela compra ocorre antes de o ativo

    (gro) estar disponvel para comercializao e passvel de ser convertido em ativo monetrio para

    pagamento da compra do insumo. No um mecanismo de financiamento da safra;

    3Na regio Centro-Oeste: Rio Verde/GO, Mineiros/GO, Primavera do Leste/MT, Lucas do Rio Verde/MT, Sapezal/MT e Dourados/MS. Na regio Sul, os municpios foram: Londrina/PR, So Miguel do Iguau/PR, Medianeira/PR e Iju/RS. 4 Foram coletados apenas dados de fertilizantes de plantio, de macronutrientes (N P K). No foram coletados dados de fertilizantes de micronutrientes, apesar de esse ser um segmente de importncia crescente no pas.

    17,3%

    6,5%

    23,6% 23,7%

    29,0%31,0%

    13,5%

    20,0%

    7,2%

    28,3%

    0,0%

    5,0%

    10,0%

    15,0%

    20,0%

    25,0%

    30,0%

    35,0%

    Bancos Coops de Crdito Fornecedores de Insumos Tradings, agroindstrias e exportadores

    Capital Prprio

    Centro-Oeste Sul

  • - Prazo Safra: nesse caso, o pagamento pelo insumo adquirido ocorre aps a colheita do

    gro, conforme explicado anteriormente. Assim, um mecanismo de financiamento da safra e

    - Barter ou troca: o pagamento pelo insumo ocorre atravs entrega do gro na ps-

    colheita, sem a intermediao monetria. um mecanismo de financiamento da safra, tambm

    conforme explicado anteriormente.

    Na Tabela 6, mostra-se a distribuio da forma de pagamento dos insumos da soja na Safra

    2009/10 para os municpios analisados:

    Tabela 6. Forma de pagamento dos insumos adquiridos na Safra 2009/10 para os municpios analisados

    Fonte: elaborao prpria, a partir de dados da Consultoria Agrosecurity

    Observa-se que, para o segmento sementes, a maior parte das vendas concentrou-se na

    modalidade de pagamento vista/Prazo Curto, cuja mdia aritmtica entre os municpios

    analisados foi de 71%. Em seguida, temos a modalidade de Prazo Safra, que representou mdia

    de 15% das vendas totais e, por ltimo, modalidade Troca, que representou mdia de 14% do

    total da forma de pagamento nos municpios analisados. O municpio que apresentou maior valor de

    vista/Prazo Curto foi Medianeira/PR, com 93% e, para o grupo Prazo Safra, foi Lucas do Rio

    Verde/MT, com 39%; o municpio com maior proporo de pagamento na modalidade Troca foi

    Londrina/PR, com 35%.

    Quanto ao segmento fertilizantes, a maior parcela das compras concentrou-se tambm no

    grupo vista/Prazo Curto, com mdia de 62% entre os municpios. Em segundo lugar, temos a

    forma de pagamento Troca, com 22% e, finalmente, o grupo Prazo Safra, que representou

    mdia de 16% do total de forma de pagamento desse insumo na Safra 2009/10. Mais uma vez, os

    municpios que apresentaram maior modalidade de pagamento vista/Prazo Curto foram os

    municpios do sudoeste do Paran; o municpio com maior valor de pagamento na modalidade

    Prazo Safra foi novamente Lucas do Rio Verde/MT, com mdia de 71% do total do insumo

    adquirido. J para a modalidade Troca, o municpio com maior valor foi Mineiros/GO, com 44%.

    Grupo de Insumo

    Municpio vista/Prazo

    CurtoPrazo Safra

    Troca vista/Prazo

    CurtoPrazo Safra

    Troca vista/Prazo

    CurtoPrazo Safra

    Troca

    Rio Verde/GO 72% 16% 12% 77% 5% 18% 21% 68% 11%Mineiros/GO 60% 22% 18% 52% 4% 44% 38% 13% 49%Dourados/GO 57% 32% 11% 88% 9% 3% 29% 61% 10%

    Primavera do Leste/MT 77% 9% 14% 28% 7% 65% 20% 19% 61%Lucas do Rio Verde/MT 33% 39% 28% 22% 71% 7% 28% 64% 8%

    Sapezal/MT 85% 9% 6% 77% 6% 17% 12% 14% 74%Londrina/PR 60% 5% 35% 60% 5% 35% 45% 15% 40%

    So Miguel do Iguau/PR 91% 4% 5% 94% 2% 4% 78% 19% 3%Medianeira/PR 93% 5% 2% 96% 3% 1% 85% 13% 2%

    Iju/RS 84% 8% 8% 30% 44% 26% 27% 58% 15%Mdia 71% 15% 14% 62% 16% 22% 38% 34% 27%

    Sementes Fertilizantes Defensivos

  • Para o segmento defensivos, observa-se uma distribuio mais igualitria entre as trs

    formas de pagamento. A modalidade vista/Prazo Curto continua sendo ainda a de maior

    volume, com mdia de 38% das vendas totais. Em seguida, temos a modalidade de Prazo Safra,

    com mdia de 34% e, por ltimo, a modalidade Troca, que representou mdia de 27% do total da

    forma de pagamento para os municpios analisados. Novamente, os municpios com maior

    proporo de forma de pagamento vista/Prazo Curto foram os do sudoeste do Paran. Quanto

    modalidade Prazo Safra, foram os municpios de Rio Verde/GO e Lucas do Rio Verde/MT. Para

    a modalidade Troca, o municpio com maior participao foi Sapezal/MT.

    De forma resumida, percebe-se que, nos trs segmentos de insumos analisados, a mdia da

    modalidade vista/Prazo Curto est mais elevada na regio Sul. Por outro lado, para as

    modalidades de pagamento Prazo Safra e Troca, a regio Centro-Oeste apresenta propores

    superiores nos trs segmentos de insumos. Dessa forma, esses dados demonstram que os

    fornecedores de insumos apresentam maior participao no financiamento da regio Centro-Oeste

    (atravs da modalidade Prazo Safra), em conjunto com as tradings, agroindstrias e exportadores

    (pela modalidade Troca). No Sul, a maior parte dos pagamentos na compra de insumos ocorra de

    forma vista / Prazo Curto, utilizando o financiamento obtido junto aos agentes do sistema de

    crdito oficial, a saber, bancos e cooperativas de crdito. A Figura 5 resume a distribuio mdia

    dos dados coletados no municpio, segundo o peso de cada municpio dentro da UF da qual faz

    parte:

    Figura 5. Distribuio mdia da forma de pagamento por grupo de insumos nas regies Sul e Centro-Oeste Safra 2009/10

    Fonte: elaborao prpria, a partir de dados da Consultoria Agrosecurity e PAM (Produo Agrcola Municipal 2009), do IBGE.

    64%

    21%15%

    57%

    17%

    26% 25%

    40%36%

    82%

    6%

    13%

    70%

    14%17%

    59%

    26%

    15%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    vista/Prazo Curto

    Prazo Safra Troca vista/Prazo Curto

    Prazo Safra Troca vista/Prazo Curto

    Prazo Safra Troca

    Sementes Fertilizantes Defensivos

    Mdia Centro-Oeste Mdia Sul

  • Destaca-se que, pela nossa percepo atravs das entrevistas, os valores de crdito

    concedido podem variar muito de uma safra para outra, em funo das campanhas de vendas

    realizadas pelas empresas de insumos, devido s estratgias concorrenciais, em que as condies de

    pagamentos so revisadas anualmente, de acordo o padro de concorrncia para cada ano-safra.

    Em relao operao de troca, muito comum a adoo de pacotes tecnolgicos,

    como forma de facilitar a venda de insumos por parte dos fornecedores e a compra de produo por

    parte dos compradores de gros em uma mesma operao. Os fornecedores oferecem um pacote

    com um determinado grupo de insumos necessrios para o cultivo da cultura (sementes, herbicidas,

    fungicidas etc) em contrapartida de um nmero previamente de sacas de gros a ser colhido5.

    Na Figura 5, observa-se a maior participao das operaes de trocas para aquisio do

    segmento fertilizantes. Isso ocorre pelo fato de as empresas que comercializam adubos tambm

    atuam na compra e processamento de gros, ou seja, possuem um posicionamento verticalizado na

    cadeia, como o caso da BUNGE do Brasil e da LDC.

    Dessa forma, em apenas uma operao, a empresa garante tanto o mercado de venda do

    insumo (fertilizantes), quanto a compra do gro, oferecendo ao produtor um mecanismo de

    financiamento da safra. Adicionalmente, a operao funciona como um mecanismo de hedging

    natural ao produtor, pois o volume de sacas de gros a ser entregue j est estabelecido em contrato.

    Na Figura 5, nota-se ainda que as empresas do segmento de defensivos so as que

    conferem maior volume de crdito atravs da modalidade prazo safra. Como esse o mercado

    mais competitivo dos trs grupos de insumos, essa forma de venda constitui-se em arma importante

    para aumento de market share. Esse mecanismo ocorre em menor proporo para as empresas do

    segmento de fertilizantes e sementes. No Quadro 1, logo abaixo, feita uma distino entre os

    segmentos de insumos, pelos critrios de grau de nmero de fabricantes (players), grau de

    diferenciao de produtos e grau de concesso de crdito aos produtores, em trs nveis: baixo,

    mdio e alto.

    Quadro 1. -- Caractersticas dos segmentos de insumos agrcolas no Brasil

    Fonte: elaborao prpria

    5 As campanhas de troca com pacotes tecnolgicos iniciaram no Cerrado, mas difundiram-se bastante na regio Sul na dcada de 2000, o que uma forma de mitigao de risco para os produtores. Inicialmente, era mais utilizado para o cultivo da soja, mas agora tambm utilizado bastante para o cultivo de outros gros, especialmente o milho e o trigo.

    SegmentoGrau de Nmero de fabricantes (players )

    Grau de Diferenciao de produtos

    Grau de Concesso de crdito aos produtores

    Sementes Mdio Alto Mdio

    Fertilizantes (1) Baixo Baixo BaixoDefensivos Alto Mdio Alto

    (1) macronutrientes

  • No segmento de sementes, o grau de nmero de fabricantes (players) mdio e o grau

    de diferenciao de produto alta, o que determinado pelo material gentico das cultivares.

    Nesse segmento, conforme os dados levantados, o grau de concesso de crdito aos produtores

    mdio. No segmento de fertilizantes, o grau de nmero de fabricantes baixo; o grau de

    diferenciao de produtos (macronutrientes) tambm baixo. Nesse sentido, o fertilizante um

    produto commoditizado. Conforme os dados levantados, o grau de concesso de crdito aos

    produtores nesse segmento baixo. J para o segmento de defensivos, o grau de nmero de

    fabricantes alto, especialmente aps a maior entrada de empresas de produtos denominados

    genricos, tambm chamados no mercado de produtos de segunda linha. Consideramos o grau

    de diferenciao de produtos nesse segmento como mdio, pois existem alguns produtos que so

    possudos por apenas algumas empresas, enquanto outras frmulas so utilizadas por quase todas as

    empresas, especialmente aps o vencimento das patentes. Como conseqncia desses fatores, o grau

    de concesso de crdito aos produtores nesse segmento alto, segundo os dados levantados.

    6. Natureza e grau do risco para o financiador e mitigadores

    O Quadro 2 resume os cinco modelos de financiamento observados na cadeia de gros do

    Brasil, segundo o grupo a que faz parte, os agentes participantes, a moeda de pagamento e a taxa de

    juros praticada na Safra 2010/11. Observou-se que os modelos de crdito agrcola comercial

    privado ou no-oficial apresentam taxas de juros superiores s linhas de crdito agrcola oficial,

    repassadas por bancos comerciais e cooperativas de crdito.

    Quadro 2. - Modelo de financiamento, agentes participantes, moeda de pagamento e taxas de juros praticadas na Safra 2010/11 de gros no Brasil

    Fonte: Consultoria Agrosecurity

    Grupo Modelo de Financiamento Agentes participantesMoeda de pagamento

    Taxa de juros a.a. - Safra 2010/11

    Crdito Bancrio (1) Bancos comerciais R$Controladas (6,75%) ou

    Livres (at 10,75%)

    Cooperativas de Crdito (2) Cooperativas de crdito R$Controladas (6,75%) ou

    Livres (at 10,75%)

    Compra de Insumos com Pagamento a Prazo Safra (3)

    Fornecedores e Distribuidores (revendas e cooperativas agropecurias)

    R$ ou US$ Mercado (12% a 20%)

    Venda Antecipada da Produo (4)

    Tradings , agroindstrias e exportadores R$ ou US$ Mercado (12% a 20%)

    Operao de Troca (barter ) (5)

    Fornecedores e Distribuidores (revendas e cooperativas agropecurias) + Tradings , agroindstrias e exportadores

    Gro Mercado (12% a 20%)

    Crdito agrcola oficial

    Crdito agrcola comercial privado ou

    no-oficial

  • Em relao aos principais fatores de risco identificados nas duas principais regies

    produtoras de gros do Brasil, so feitas algumas consideraes a partir do Quadro 3.

    Quadro 3. - Modelo de financiamento, agentes participantes, moeda de pagamento e taxas de juros praticadas na Safra 2010/11 de gros no Brasil

    Fonte: elaborao prpria a) Risco Climtico (secas, geadas): o risco alto na regio Sul, e baixo na regio

    Centro-Oeste. Os mitigadores para os financiadores podem ocorrer atravs da

    difuso da contratao de seguros agrcolas6 e maior assistncia tcnica, para

    manejo correto da cultura e plantio nos perodos adequados, de acordo com o ciclo

    de cultivar utilizado (super precoce, precoce, mdio ou tardio);

    b) Preos das commodities (volatilidade): apesar de os preos das commodities

    afetarem ambas as regies de forma conjunta, identifica-se que, na regio Sul, a

    oscilao dos preos das commodities afetam de forma mais acentuada a receita

    financeira dos produtores em comparao aos produtores da regio Centro-Oeste.

    Isso porque nessa regio, h um nvel maior de venda antecipada da safra e de

    operaes de barter (troca), mecanismos esses que funcionam como um hedge

    natural aos produtores, Os mitigadores para os riscos provocados pela volatilidade

    dos preos das commodities so os seguros de preo, que o Banco do Brasil

    comeou a oferecer a partir da Safra 2010/11. Um mitigado tambm o hedge de

    6 Apesar da obrigatoriedade da contratao do seguro rural, a sua participao ainda muito baixa no total de produo agrcola. Segundo dados do Ministrio da Agricultura e AgraFNP (estudo: Seguro Rural: avanos e perspectivas), apenas 18% da rea total de soja no Brasil apresentou seguro rural no Brasil na Safra 2009/10. A principal crtica dos agentes da cadeia em relao ao modelo de seguro rural no Brasil a adoo de uma produtividade considerada baixa, coletada pelo IBGE. Isso faz com que muitos produtores, especialmente no Centro-Oeste, onde o risco climtico mais baixo que a regio Sul, interpretem a contratao obrigatria do seguro rural apenas como um nus aplicado no custo de produo da safra e cujo benefcio muito baixo ou nulo.

    Natureza de Risco Sul Centro-Oeste Mitigadores

    Climtico (secas, geadas) Seguro Agrcola / Assistncia Tcnica

    Preos das commodities

    (volatilidade)

    Seguro de preos - Melhor gesto do produtor (venda

    antecipada) / Hedge de preos

    Variao cambial Seguro de preos / Hedge Cambial

    Assimetria de informaes Melhora de estatsticas / Polticas Pblicas

    Juros (risco financeiro)Juros reais controlados j negativos / Porm, necessidade de

    maiores entrantes / Consequncia de assimetria de informaes

    Alto

    Mdio

    Baixo

  • preo em bolsas (mais viveis a acessveis a produtores de maior porte) e, por fim,

    a melhora da prpria gesto de comercializao da safra por parte do produtor;

    c) Variao cambial: a variao cambial classificada como risco de natureza

    mdia para ambas as regies, visto que afeta os preos em R$ das importaes

    dos insumos (notadamente fertilizantes e defensivos, que so, na maioria,

    importados, e que afetam os custos de produo) e tambm dos produtos de

    exportao, como a soja e, recentemente, o prprio milho, cujo volume exportado

    aumentou significativamente em 2012 (segundo dados da CONAB e que afetam a

    receita econmica dos produtores). Os mitigadores esto nos prprios programas

    de seguros de preos e em operaes de hedge cambial por parte dos produtores;

    d) Assimetria de informaes: esse um fator relacionado a todos os setores da

    economia e que, especificamente na agropecuria, mais elevado, em funo da

    deficincia de dados pblicos uniformizados e atualizados a nvel microrregional e

    de municpios, em funo dos custos elevados de captao de informaes.

    Classificou-se o risco no Centro-Oeste como alto, visto que essa uma regio

    que apresenta grande parcela de financiamento rural atravs de mecanismos

    informais, conforme abordado nas sees anteriores, e que no so contabilizados

    pelo Banco Central ou outro rgo oficial7. Os mitigadores dos riscos dessa

    natureza consistem na prpria melhora de dados estatsticos para o setor e

    e) Juros (risco financeiro): conforme mostrado no Quadro 3, a taxa de juros de

    recursos de mercado (com bancos privados, recursos livres, fornecedores de

    insumos, tradings e agroindstrias) chegam a ser 2 a 3 vezes superior taxa de

    juros controlados. Como no Centro-Oeste h um maior volume de crdito captado

    fora da esfera oficial, classificou-se o risco de juros como alto nessa regio. J no

    Sul, como grande parte do crdito contratado a taxa de juros controladas

    (subsidiadas), classificou-se o risco como baixo.

    7 O SIAGRI, da prpria BMF Bovespa, tem sido uma tentativa, j que se prope a cadastrar as operaes de crdito das empresas de insumos e tradings.

  • 7. Concluses

    Atravs da exposio de dados estatsticos disponibilizados pelo Banco Central e coletados

    pela Consultoria Agrosecurity, concernentes ao crdito contratado pelos produtores de gros nas

    regies Sul e Centro-Oeste, mostrou-se que h diferenas na natureza e grau dos riscos nas duas

    regies.

    No Sul, h uma maior participao do crdito oficial e o risco nas operaes de

    financiamento para os bancos e cooperativas financiadoras mitigado pela contrapartida da

    contratao do seguro agrcola, obrigatrio na contratao de recursos controlados. Porm, mais

    elevado pelo critrio de maiores riscos climticos e menor nvel de comprometimento antecipado da

    safra, o que funciona como um mecanismo de hedging aos produtores.

    Quanto aos produtores de gros do Centro-Oeste, o financiamento apresenta maior

    participao dos fornecedores de insumos e tradings, que, por sua vez, captam parte dos recursos no

    mercado de crdito e capital nacional e internacional e atravs da transferncia de suas matrizes,

    fora do pas. Nessa regio, os riscos associados s assimetrias de informao so mais elevados do

    que na regio Sul. Porm, os riscos associados s oscilaes dos preos das commodities so

    menores, em funo da maior proporo de hedging por parte dos produtores.

    Em relao ao Centro-Oeste, destaca-se que um cenrio de crise econmica externa e queda

    de liquidez e confiana no mercado financeiro podem provocar diminuio da disponibilidade de

    crdito para a regio. Adicionalmente, a taxa de juros contratada fora do Sistema Nacional de

    Crdito Rural mais elevada, o que torna o financiamento mais caro para esses produtores, o que

    eleva o custo de produo e, consequentemente, o risco econmico e de gesto das operaes com

    esses produtores.

    Nesse sentido, fundamental a compreenso as diferenas existentes na matriz de

    financiamento dos produtores das duas principais regies produtoras de gros, para a criao de

    polticas mais eficazes e que possam atender as necessidades dos produtores no tocante

    necessidade de crdito de custeio para o financiamento da produo de gros.

  • Referncias Bibliogrficas

    BACEN - BANCO CENTRAL DO BRASIL. Anurio Estatstico de crdito rural. Disponvel em: www.bcb.gov.br Acesso em: agosto de 2011

    BUAINAIN, A. M. e SOUZA, H. M. A poltica agrcola no Brasil: evoluo e principais instrumentos; 2001; Captulo; Gesto Agroindustrial; Mrio Otvio Batalha; Atlas; So Paulo.

    CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Disponvel em: www.conab.gov.br. Srie histrica de safras. Acesso em: agosto de 2011.

    DELGADO, G. C. Capital financeiro e agricultura no Brasil: 1965- 1985. Campinas: Editora da Unicamp, 1985.

    GUEDES, F., E. M. Financiamento na agricultura brasileira. Apresentado no Workshop Instrumentos pblicos e privados de financiamento e gerenciamento de risco, Piracicaba, 1999.

    IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICAS. Produo Agrcola Municipal 2009. Disponvel em www.sidra.ibge.gov.br. Acesso: em julho de 2011.

    PIMENTEL, F. e SOUZA, E. L. L. Study on Cdula de Produto Rural (CPR) Farm Product Bond in Brazil, World Bank, 2005.

    MAPA - MINISTRIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO. Plano Agrcola e Pecurio - 2009/10, 2010/11 e 2011/12. Disponvel em: www.agricultura.gov.br. Acesso em: agosto de 2011.

    MAPA MINISTRIO DA AGRICULTURA, PECURIA E ABASTECIMENTO. Seguro Rural: avanos e perspectivas. Disponvel em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_tematicas/Agricultura_sustentavel_e_irrigacao/11_reuniao/Seguro.pdf. Acesso em: setembro de 2011.

    SILVA, F. P. Financiamento da cadeia de gros no Brasil: o papel das tradings e fornecedores de insumos. Dissertao (mestrado), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.