88
Instituto Politécnico de Coimbra Instituto Superior de Engenharia de Coimbra MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E COSUMO DA EERGIA ELÉCTRICA Daniela Alexandra Teixeira Marques dos Santos Projecto para obtenção do Grau de Mestre em Automação e Comunicações em Sistemas de Energia COIMBRA Novembro 2011

MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

Instituto Politécnico de Coimbra

Instituto Superior de Engenharia de Coimbra

MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO�SUMO DA E�ERGIA ELÉCTRICA

Daniela Alexandra Teixeira Marques dos Santos

Projecto para obtenção do Grau de Mestre em

Automação e Comunicações em Sistemas de Energia

COIMBRA

Novembro 2011

Page 2: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos
Page 3: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

Instituto Politécnico de Coimbra

Instituto Superior de Engenharia de Coimbra

MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO�SUMO DA E�ERGIA ELÉCTRICA

Orientador(es):

Adelino Jorge Coelho Pereira

Doutor, ISEC

Manuel Maria Abranches Travassos

Valdez

Mestre, ISEC

Daniela Alexandra Teixeira Marques dos Santos

Projecto para obtenção do Grau de Mestre em

Automação e Comunicações em Sistemas de Energia

COIMBRA

Novembro 2011

Page 4: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos
Page 5: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

iii

Agradecimentos

Aos meus pais e família, por todo o apoio prestado no decurso da vida académica e ao

longo do trabalho de projecto.

Aos meus orientadores, Professor Doutor Adelino Jorge Coelho Pereira e Professor

Manuel Maria Abranches Travassos Valdez, pelo apoio, amizade, paciência e confiança.

Ao meu amigo Sérgio Gonçalo pelas esclarecidas considerações sobre modelos de

previsão e pela bibliografia recomendada.

Agradeço também a todos aqueles que, directa ou indirectamente, contribuíram para a

realização deste projecto.

Page 6: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos
Page 7: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

v

Resumo

No passado, o sector eléctrico era gerido por companhias verticalmente integradas,

funcionando como monopólios em que a preocupação com o controlo dos custos não era o

objectivo principal. Nas últimas décadas, por diversos motivos e pressões, verificou-se uma

reestruturação do sector eléctrico. A situação do monopólio foi substituída por novas

estruturas e modelos de mercado, e os consumidores são agora livres de escolher o seu

fornecedor de energia eléctrica. O governo de Portugal, numa iniciativa conjunta com o

governo espanhol, formou o Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL), que possibilita a

qualquer consumidor do espaço ibérico, adquirir energia eléctrica, num regime de livre

concorrência, a qualquer produtor ou comercializador que actue em Portugal ou Espanha.

Está-se perante mercados de energia muito competitivos, onde a energia eléctrica é comprada

e vendida ao preço do mercado. Como consequência, o risco assumido pelas empresas que

produzem, vendem ou compram energia eléctrica aumentou substancialmente, tornando-se

difícil gerir uma empresa deste sector sem fazer qualquer tipo de análise estatística ou sem

implementar técnicas e métodos de previsão.

Este trabalho de projecto aborda modelos de previsão para o preço e consumo de energia

eléctrica, com vista à elaboração de uma metodologia capaz de auxiliar a tomada de decisões

no meio empresarial. São apresentados os principais métodos e modelos estatísticos de

previsão, capazes de projectar no futuro, padrões e tendências observadas em valores

passados.

O presente trabalho tem por objectivo determinar um modelo quantitativo consistente e

representativo para a previsão do preço e consumo da energia eléctrica através da simulação

de modelos ARIMA, usando valores horários e valores diários. A previsão tem por base

valores passados, relativos ao período de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2009. Esta

amostra foi dividida em dois intervalos, dos quais o primeiro foi usado para determinar o

modelo e o segundo para realizar a previsão.

Todos os cálculos e gráficos usados neste estudo foram obtidos através do software Gretl,

versão 1.9.5cvs

Palavras chave: Modelos de Previsão, Preço de Energia Eléctrica, Consumo de

Electricidade

Page 8: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos
Page 9: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

vii

Abstract

In the past, the electricity sector was managed by vertically integrated companies,

operating as monopolies in which the concern with cost control was not the main objective. In

recent decades, for many reasons and pressures, there was a restructuring of the electricity

sector. The situation of monopoly has been replaced by new structures and market models,

and consumers are now free to choose their electricity supplier. The government of Portugal,

on a joint initiative with the Spanish government, formed the Iberian Electricity Market

(MIBEL), which enables any consumer of the Iberian Peninsula, to purchase electricity in a

regime of free competition, any producer or supplier acting on Portugal or Spain. We are

facing very competitive energy markets, where electricity is bought and sold at market price.

Consequently, the risk borne by companies that produce, sell or buy electricity has increased

substantially, making it difficult to manage a company in this area without making any

statistical analysis or without implementing techniques and forecasting methods.

This study project reviews forecasting models for electricity loads and prices. Our main

objective is to propose and test a methodology that allows forecasting techniques to be used

as a supporting tool in managerial decision making. For that purpose, we review the main

time series analysis models. In short, such models allow the analyst to project into future

periods patterns and trends that were recognizable from the analysis of past data.

The present work aims at establishing a consistent and representative quantitative model

to predict the price and consumption of electricity by simulating ARIMA models, using

hourly values and daily values. The forecast is based on past values, for the period January 1

to December 31, 2009. This sample was divided into two intervals, the first of which was

used to determine the model and the second to perform the prediction.

All calculations and graphics used in this study were obtained using Gretl software,

version 1.9.5cvs

Keywords: Forecasting Models, Electrical Energy Price, Consumption, Electricity

Page 10: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos
Page 11: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

ix

Índice

Agradecimentos iii

Resumo v

Abstract vii

Índice ix

Lista de Figuras xi

Lista de Tabelas xiii

�omenclatura xv

1 Introdução 1

1.1 Considerações Gerais 1

1.2 Enquadramento e objectivos do projecto 1

1.3 Estrutura do relatório de projecto 2

2 Mercados de Energia Eléctrica 5

2.1 Liberalização do Sector Eléctrico 5

2.2 Custos Marginais 7

2.3 Tipos de Mercados 7

2.3.1 Pools e bolsas de energia 8

2.3.2 Contratos Bilaterais 10

2.4 Reestruturação dos Mercados de Energia Eléctrica 11

2.5 Evolução e Enquadramento do Sector Eléctrico Português 11

2.6 Organização do Sector Eléctrico 12

2.7 O MIBEL 14

3 Fundamentação teórica para a construção dos modelos e métodos de

previsão 17

3.1 Considerações Gerais 17

3.2 Picos de Preços 17

3.3 Sazonalidade 18

3.4 Modelos e métodos de previsão 18

Page 12: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

x

3.5 Modelo Auto Regressive (AR) 19

3.6 Modelo Moving Average (MA) 19

3.7 Modelo Auto Regressive – Moving Average (ARMA) 20

3.8 Modelo Auto Regressive Integrated Moving Average (ARIMA) 21

3.9 Modelo Seasonal Auto Regressive Integrated Moving Average (SARIMA) 21

3.10 Modelo Autoregressive Conditional Heteroscedasticity (ARCH) 22

3.11 Modelo Generalized Autoregressive Conditional Heteroscedasticity (GARCH) 22

3.12 Redes Neuronais Artificiais (RNA) 22

3.13 Modelo ARIMA - Metodologia Box & Jenkins 23

4 Exemplos de aplicação das Metodologias 29

4.1 Dados utilizados 29

4.1.1 Valores horários 29

4.1.2 Valores diários 31

4.2 Previsão do preço de energia eléctrica 38

4.2.1 Considerando valores horários 38

4.2.2 Considerando valores diários 44

4.3 Previsão do consumo de energia eléctrica 51

4.3.1 Considerando valores horários 51

4.3.2 Considerando valores diários 57

5 Conclusões 65

Referências 67

Page 13: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

xi

Lista de Figuras

Figura 2.1 - Funcionamento de um modelo em Pool simétrico .................................................. 9

Figura 2.2 - Funcionamento de um modelo em Pool assimétrico ............................................ 10

Figura 2.3 - Organização do Sistema Eléctrico Nacional, baseado em [8]............................... 13

Figura 4.1 - Gráfico da série Preço (valores horários) .............................................................. 29

Figura 4.2 - Gráfico da série Consumo (valores horários)........................................................ 30

Figura 4.3 - Normalidade das séries preço e consumo de energia eléctrica (valores horários) 31

Figura 4.4 - Gráfico da série Preço (valores diários) ................................................................ 31

Figura 4.5 - Gráfico da série Consumo (valores diários) .......................................................... 32

Figura 4.6 – Normalidade das séries preço e consumo de energia eléctrica (valores diários) . 33

Figura 4.7 – Fluxograma da metodologia usada ....................................................................... 34

Figura 4.8 – Script desenvolvido para aplicar os critérios AIC e BIC ..................................... 36

Figura 4.9 – Script para o cálculo da previsão .......................................................................... 37

Figura 4.10 – Script para o cálculo da RMSE .......................................................................... 37

Figura 4.11 - Gráfico da série Preço (JAN-JUL 2009) ............................................................. 38

Figura 4.12 – Correlograma para a série temporal Preço ......................................................... 39

Figura 4.13 - Gráfico da 1ª diferença da série Preço ................................................................ 40

Figura 4.14 - Correlograma para a 1ª diferença da série Preço ................................................ 40

Figura 4.15 – Preços previstos e preços verificados para o período de 1 de Agosto a 31 de

Dezembro de 2009 (valores horários) ....................................................................................... 43

Figura 4.16 – Resultado da previsão para os valores horários do preço de energia eléctrica ... 44

Figura 4.17 - Gráfico da série Preço (valores diários) .............................................................. 45

Figura 4.18 – Correlograma para a série Preço (valores diários) ............................................. 45

Figura 4.19 - Gráfico da 1ª diferença da série Preço (valores diários) ..................................... 47

Figura 4.20 – Correlograma para a 1ª diferença da série Preço (valores diários) ..................... 47

Figura 4.21 – Preços previstos e preços verificados para o período de 1 de Agosto a 31 de

Dezembro de 2009 (valores diários) ......................................................................................... 50

Figura 4.22 - Resultado da previsão para os valores diários do preço de energia eléctrica ...... 51

Figura 4.23 – Gráfico da série Consumo (JAN-JUL 2009) ...................................................... 52

Figura 4.24 – Correlograma para a série temporal Consumo ................................................... 52

Page 14: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

xii

Figura 4.25 - Gráfico da 1ª diferença da série Consumo .......................................................... 53

Figura 4.26 – Correlograma para a 1ª diferença da série Consumo ......................................... 54

Figura 4.27 – Consumos previstos e consumos verificados para o período de 1 de Agosto a 31

de Dezembro de 2009 (valores horários) ................................................................................. 56

Figura 4.28 - Resultado da previsão para os valores horários do consumo de energia eléctrica

.................................................................................................................................................. 57

Figura 4.29 - Gráfico da série Consumo (valores diários) ....................................................... 58

Figura 4.30 - Correlograma para a série Consumo (valores diários) ....................................... 58

Figura 4.31 - Gráfico da 1ª diferença da série Consumo (valores diários) .............................. 59

Figura 4.32 - Correlograma para a 1ª diferença da série consumo (valores diários) ............... 60

Figura 4.33 – Consumos previstos e consumos verificados para o período de 1 de Agosto a 31

de Dezembro de 2009 (valores diários) .................................................................................... 63

Figura 4.34 - Resultado da previsão para os valores diários do consumo de energia eléctrica 63

Page 15: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

xiii

Lista de Tabelas

Tabela 4.1 – Estatísticas Descritivas (valores horários) 30

Tabela 4.2 – Estatísticas Descritivas (valores diários) 32

Tabela 4.3 - Teste ADF para o Preço 39

Tabela 4.4 – Teste KPSS para o Preço 39

Tabela 4.5 - Teste ADF para a 1ª diferença da série Preço 41

Tabela 4.6 – Teste KPSS para a 1ª diferença da série Preço 41

Tabela 4.7 – Critério AIC Preço (valores horários) 41

Tabela 4.8 – Critério BIC Preço (valores horários) 42

Tabela 4.9 – Modelos ARIMA seleccionados para efectuar as previsões da série Preço 42

Tabela 4.10 – Modelos ARIMA seleccionados com a respectiva RMSE e respectivo MAPE 43

Tabela 4.11 - Teste ADF para o Preço (valores diários) 46

Tabela 4.12 - Teste KPSS para o Preço (valores diários) 46

Tabela 4.13 - Teste ADF para a 1ª diferença da série Preço (valores diários) 48

Tabela 4.14 - Teste KPSS para a 1ª diferença da série Preço (valores diários) 48

Tabela 4.15 - Critério AIC Preço (valores diários) 48

Tabela 4.16 – Critério BIC Preço (valores diários) 49

Tabela 4.17 - Modelos ARIMA seleccionados para efectuar as previsões da série Preço

(valores diários) 49

Tabela 4.18 - Modelos ARIMA seleccionados com a respectiva RMSE e respectivo MAPE 49

Tabela 4.19 - Teste ADF para o Consumo 53

Tabela 4.20 – Teste KPSS para o Consumo 53

Tabela 4.21 – Teste ADF para a 1ª diferença da série Consumo 54

Tabela 4.22 – Teste KPSS para a 1ª diferença da série Consumo 54

Tabela 4.23 - Critério AIC Consumo (valores horários) 55

Tabela 4.24 – Critério BIC Consumo (valores horários) 55

Tabela 4.25 - Modelos ARIMA seleccionados para efectuar as previsões da série Consumo 55

Tabela 4.26 - Modelos ARIMA seleccionados com a respectiva RMSE e respectivo MAPE 56

Tabela 4.27 - Teste ADF para o Consumo (valores diários) 59

Tabela 4.28 – Teste KPSS para o Consumo (valores diários) 59

Page 16: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

xiv

Tabela 4.29 - Teste ADF para a 1ª diferença da série Consumo (valores diários) 60

Tabela 4.30 - Teste KPSS para a 1ª diferença da série Consumo (valores diários) 60

Tabela 4.31 - Critério AIC Consumo (valores diários) 61

Tabela 4.32 – Critério BIC Consumo (valores diários) 61

Tabela 4.33 - Modelos ARIMA seleccionados para efectuar as previsões da série Consumo

(valores diários) 61

Tabela 4.34 - Modelos ARIMA seleccionados com a respectiva RMSE e respectivo MAPE 62

Page 17: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

xv

�omenclatura

ACF Função de Autocorrelação (Autocorrelation Function)

ADF Aumentado Dickey-Fuller (Augmented Dickey-Fuller)

AIC Critério de Informação de Akaike (Akaike Information Criterion)

ARCH Autoregressive Conditional Heteroscedasticity

ARIMA Autoregressivo Integrado Médias Móveis (Autoregressive Integrated

Moving Average)

ARMA Autoregressivo Médias Móveis (Autoregressive Moving Average)

BIC Critério de Informação Bayesiano (Bayesian Information Criterion)

CMCP Custo Marginal de Curto Prazo

CMLP Custo Marginal de Longo Prazo

EDA Electricidade dos Açores SA

EDP Energias de Portugal (ex Electricidade de Portugal)

EEM Empresa Electricidade Madeira SA

ERSE Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos

GARCH Generalized Autoregressive Conditional Heteroscedasticity

GRETL GNU Regression, Econometric, Time-series Library

KPSS Kwiatkowski–Phillips–Schmidt–Shin

MAPE Erro Percentual Médio Absoluto (Mean absolute percentage error)

MCP Preço de Mercado (Market Clearing Price)

MCV Volume de Mercado (Market Clearing Volume)

MIBEL Mercado Ibérico de Electricidade

MW Megawatt

OMEL Operador do Mercado Ibérico de Ernergia – Pólo Espanhol

OMI Operador do Mercado Ibérico

OMIP Operador do Mercado Ibérico de Energia – Pólo Português

PACF Função de Autocorrelação Parcial (Partial Autocorrelation Function)

PX Bolsa de Energia (Power Exchange)

RMSE Raiz do Erro Quadrático Médio (Root Mean Square Error)

RNA Rede neural artificial

Page 18: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

xvi

SARIMA Autoregressivo Integrado Médias Móveis Sazonais (Seasonal

Autoregressive Integrated Moving Average)

Page 19: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

1

1 Introdução

1.1 Considerações Gerais

Tem-se assistido, com o decorrer dos anos, a uma propagação da implementação de

mercados de electricidade em todo o mundo.

Tal deveu-se á procura de um aumento da competitividade, acabando com economias de

escala, proporcionando uma maior dinâmica na economia e promovendo a eficiência do

sistema.

Se existem processos em curso que funcionam bem e evidenciam ganhos de eficiência

económica, outros há que resultaram em problemas que, em alguns casos, conduziram mesmo

à reformulação dos respectivos mercados. A estrutura do mercado, assim como as respectivas

regras operativas, têm implicações no estabelecimento do preço da electricidade. A

compreensão de como se estabelece o preço não dispensa, portanto, a apreciação da estrutura

organizacional do mercado.

O governo português, numa iniciativa conjunta com o governo espanhol, formou o

Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL), que possibilita a qualquer consumidor do espaço

ibérico, adquirir energia eléctrica num regime de livre concorrência, a qualquer produtor ou

comercializador de energia eléctrica que actue em Portugal ou Espanha. Criaram-se assim

mercados de energia muito competitivos, onde a energia eléctrica é comprada e vendida ao

preço do mercado. Como consequência, o risco assumido pelas empresas que produzem,

vendem ou compram energia eléctrica aumentou substancialmente, tornando-se difícil gerir

uma empresa deste sector sem fazer qualquer tipo de análise estatística ou sem implementar

técnicas e métodos de previsão. Daí a necessidade de estudar e desenvolver modelos de

previsão para o preço e o consumo da energia eléctrica.

1.2 Enquadramento e objectivos do projecto

Com a introdução de competição nos mercados de energia eléctrica, o sucesso dos seus

participantes está dependente da fiabilidade das previsões. As previsões de preço e consumo

de energia eléctrica tornaram-se num grande apoio para as empresas ligadas a este sector, quer

Page 20: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

2

ao nível das tomadas de decisão quer ao nível do desenvolvimento da estratégia. As soluções

propostas podem ser classificadas tanto em termos de horizonte temporal (curto, médio ou

longo prazo) como em termos de metodologia aplicada.

O conceito de previsão, de curto ou de longo prazo, está relacionado com a variável

independente dos dados. Ou seja, para uma previsão de longo prazo (um ano, por exemplo) os

dados utilizados não serão em horas ou em dias, mas sim em meses. Do mesmo modo que,

utilizando dados horários ou diários, a intenção é obter previsões de curto prazo (uma semana,

por exemplo)

O perfil dos preços da energia eléctrica apresenta maior complexidade que o perfil da

procura, dadas as particularidades associadas ao perfil dos preços. Na maioria dos mercados

eléctricos competitivos o perfil dos preços apresenta as seguintes particularidades [1]:

• Não-estacionaridade, isto é, média e variância não constantes;

• Sazonalidade diária e semanal;

• Efeito de calendário, isto é, fins-de-semana e feriados públicos;

• Aleatoriedade e volatilidade.

A previsão dos preços e consumo da energia eléctrica assumiu importância relevante no

final da década de noventa, tendo sido propostas diversas abordagens para essa previsão. A

sua exactidão é vital em ambiente competitivo, permitindo reduzir o risco de subestimar ou

sobrestimar o lucro potencialmente obtido [2].

Infelizmente não existe um único e melhor modelo de previsão. Assim, os objectivos

deste projecto passam pela análise e desenvolvimento de um modelo de previsão para o preço

e consumo de energia eléctrica fiável, que possa ser aproveitado pelos operadores do MIBEL.

1.3 Estrutura do relatório de projecto

O presente relatório encontra-se dividido em cinco capítulos, apresentando no início um

resumo e um abstract que sintetizam quais os objectivos a atingir com este trabalho.

No capítulo 1, é apresentado o interesse em analisar e desenvolver modelos de previsão

para o preço e consumo de energia eléctrica, e são indicados os principais objectivos que

orientaram a realização deste projecto.

Page 21: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

3

No capítulo 2 é feita uma abordagem ao tema da liberalização do sector eléctrico e são

apresentadas algumas características dos mercados de energia. É feita uma análise aos vários

tipos de mercados e á sua reestruturação, abordando a evolução e organização actual do sector

eléctrico português, assim como a criação do MIBEL.

No capítulo 3 são apresentados alguns conceitos fundamentais tais como picos de preços,

sazonalidade, modelos e métodos de previsão e é feita uma descrição da metodologia usada

(Metodologia Box & Jenkins).

No capítulo 4 são apresentados os dados históricos que vão ser usados para a previsão do

preço e consumo de energia eléctrica. É feita uma análise aos valores horários e diários, e é

apresentado um fluxograma da metodologia usada. São também apresentados todos os

cálculos e gráficos usados para efectuar a previsão do preço de energia eléctrica e a previsão

do consumo de energia eléctrica, considerando valores horários e valores diários.

No capítulo 5, são apresentadas as principais conclusões deste projecto. É feita uma

comparação entre o objectivo proposto e os resultados alcançados, referindo as principais

vantagens e desvantagens encontradas no método de previsão usado.

Page 22: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos
Page 23: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

5

2 Mercados de Energia Eléctrica

2.1 Liberalização do Sector Eléctrico

Os mercados de energia são uma realidade recente e ao longo das últimas décadas, vários

países optaram por seguir esta organização. Anteriormente, as empresas do sector eléctrico

produziam, transportavam e distribuíam a energia eléctrica sem concorrência, numa dada área

geográfica. Apesar de algumas diferenças, a motivação para a liberalização dos sectores de

energia em todo o mundo, partilha um motivo comum assente em ideais ideológicos e

políticos. Os desafios colocados com a liberalização do sector eléctrico são

fundamentalmente: abolir barreiras e desmantelar os velhos monopólios (com economias

substancialmente verticais), conceber uma nova arquitectura para a organização do sector e

melhorar a afectação de recursos para concretizar um óptimo económico. A violação do

carácter natural de monopólio tem sido possível devido a alterações nas tecnologias de

produção e melhorias no sector da distribuição e do transporte de energia eléctrica. Portanto, a

motivação que está por trás da liberalização dos mercados de energia, consiste em promover

ganhos na eficiência para assim estimular a inovação técnica e conduzir a um investimento

também ele eficiente.

O Chile foi o país pioneiro na liberalização dos mercados de energia. A reforma, que

começou em 1982, foi baseada na ideia de separar as empresas de produção e distribuição,

onde o poder foi distribuído de acordo com uma fórmula baseada no custo, num sistema de

distribuição com preços de custo marginal e num sistema de negociação de poder entre

produtores para atender aos contratos com os clientes. A privatização em grande escala

começou em 1986 e levou à desintegração vertical (parcial) do sector e à formação de um

novo mecanismo de comércio.

O número de mercados de energia liberalizados é crescente em todo o mundo, mas a

tendência é mais visível na Europa. Alguns dos pioneiros da reforma do mercado de energia

operam com sucesso há mais de uma década, outros fizeram alterações substanciais no

projecto para melhorar o seu desempenho. No entanto, algumas reformas falharam

lastimosamente. O ‘crash’ do mercado de energia eléctrica da Califórnia em 2000/2001 e os

Page 24: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

6

apagões na América do Norte e na Europa em 2003, são por vezes usados para argumentar

que a liberalização do mercado de energia é um conceito falhado.

Por outro lado, a liberalização é elogiada pelo impacto positivo que teve sobre a

economia. Os benefícios mencionados incluem uma clara tendência da queda dos preços da

energia eléctrica e uma utilização mais eficiente dos activos do sector energético. Estes

benefícios são, no entanto, questionáveis. Os preços da energia eléctrica diminuíram em geral,

mas as novas taxas impostas, tiveram em muitos casos, o efeito contrário.

As ferramentas verticalmente integradas, que tradicionalmente operavam no sector

eléctrico, tinham a tendência para criar um substancial excesso de carga. A liberalização do

mercado reduziu, na generalidade, esse excesso de carga e proporcionou ganhos de maior

eficiência no funcionamento dos serviços de produção, distribuição e transporte. Desde a

liberalização que são esperados benefícios económicos a longo prazo, mas a curto prazo,

determinados grupos podem não perceber os benefícios imediatos ou até sofrerem algumas

perdas.

Neste novo ambiente, as decisões de investimento já não são centralmente planeadas,

mas sim o resultado das forças concorrentes. Consequentemente as centrais de produção com

um longo tempo de construção são geralmente evitadas, mesmo que os seus custos marginais

sejam baixos. Em vez disso, as centrais de produção que podem ser construídas a curto prazo

são mais desejadas. Mesmo assim, a perspectiva de preços mais baixos pode levar os

investidores privados a adiar investimentos para aumentar a capacidade de produção ou

expandir a rede de distribuição e de transporte, o que coloca os políticos sobre pressão para

intervirem.

A ideia básica do pagamento da capacidade de carga (originalmente introduzida no Chile

em 1982) é de atribuir a cada produtor um pagamento diário que é uma medida de

contribuição do mesmo para a fiabilidade e segurança do sistema eléctrico, ou seja, a sua

disponibilidade. O principal objectivo subjacente à introdução destes mercados tem sido o de

garantir que a capacidade adequada assenta numa base diária ou sazonal para atender aos

requisitos do sistema de carga e reservas. Os distribuidores que vendem energia eléctrica a

utilizadores finais devem satisfazer as suas obrigações de carga, o que equivale à carga

mensal máxima esperada, acrescida de uma margem de reserva. Podem fazer isso, por

transacções internas ou bilaterais, ou ainda através do mercado dos serviços de sistema.

Page 25: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

7

2.2 Custos Marginais

O critério de eficiência económica exige que os preços igualem os custos marginais. O

custo marginal de curto prazo (CMCP), para qualquer instante de tempo, representa o

acréscimo do custo total de produção de mais uma unidade, permanecendo inalterada a

capacidade produtiva instalada. O custo marginal de longo prazo (CMLP) pode definir-se

como o custo marginal do fornecimento de uma unidade adicional de energia quando a

capacidade instalada pode ser optimamente aumentada em resposta ao aumento marginal da

procura - o que permite incorporar tanto os custos de capital como os custos operacionais [3].

Num mercado de concorrência perfeita, tanto do lado dos consumidores como dos

produtores, onde não existem economias de escala, o custo marginal de curto e de longo prazo

deverão ser iguais, e iguais ainda, ao preço de mercado. A tarifação a custos marginais

pretende ser justa para o produtor, garantindo que todos os custos são recompensados pelas

receitas, e para o consumidor, garantindo o menor custo e, portanto, a menor tarifa.

2.3 Tipos de Mercados

Os mercados de electricidade competitivos procuram concretizar uma ideia essencial: a

separação do produto electricidade dos serviços necessários para a fornecer ao consumidor.

Embora esta ideia não altere o fluxo físico da energia eléctrica do gerador ao consumidor,

altera completamente a forma como se compra, vende e transacciona a electricidade. A

transacção da electricidade implica uma infra-estrutura virtual e complexa, consistindo em

novos sistemas de gestão e de informação [4].

Os mercados de energia são entidades públicas e privadas que aceitam ofertas de compra

e venda de electricidade, e estabelecem o equilíbrio de acordo com regras pré-estabelecidas,

de que resulta o clearing price (preço de equilíbrio) do mercado, assim como as ofertas

aceites e rejeitadas.

Um aspecto fundamental no novo ambiente competitivo do mercado da electricidade é a

dimensão temporal das transacções. Os contratos podem ser classificados como longo prazo

(forward) ou curto prazo (spot).

O mercado spot corresponde ao mercado diário, em tempo real, é o mais comum no

sector eléctrico. Neste tipo de mercado o vendedor e o comprador acordam uma dada

Page 26: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

8

quantidade de energia eléctrica a transaccionar num futuro próximo (por exemplo, “40 MW

para serem entregues amanhã das 14:00 às 18:00 horas”) [5].

O mercado forward é em tudo semelhante ao mercado spot. A principal diferença é que

um contrato forward fixa um momento futuro mais distante, superior a um dia. A fixação do

valor do preço e da data da efectivação do contrato permite diminuir o risco financeiro

associado à volatilidade dos preços de mercado. No entanto, este tipo de contratos apresenta

algumas desvantagens, tais como o risco de uma das partes não cumprir o estipulado no

contrato, a demora na negociação devido ao conjunto de condições contratuais e a dificuldade

e/ou impossibilidade de anular o contrato ou de fazer algumas alterações ao mesmo. Trata-se,

sobretudo, de um instrumento financeiro: os contratantes podem fixar um preço para uma

commodity (um bem essencialmente indiferenciado ou normalizado, como é normalmente o

caso da electricidade), para um horizonte temporal que pode ser significativo (meses, por

exemplo). O comprador compromete-se a adquirir uma quantidade de energia eléctrica a um

preço pré-definido e o vendedor compromete-se a vendê-la também a esse preço, sob as

condições previamente acordadas. Estes contratos envolvem um risco significativo,

potenciando lucros ou prejuízos elevados, e têm o inconveniente de ser difícil proceder à sua

anulação. Para limitar a volatilidade do preço, existem contratos de opção [5].

Na prática, têm sido experimentadas como formas básicas de organização os modelos

mediados (Pool) e os sistemas com base em contratos bilaterais. Ambos os modelos exigem

uma desintegração vertical das empresas do sector. O grau de desintegração vertical exigida

pode abarcar desde uma simples separação da(s) entidade(s) existente(s) até à criação de

novas empresas independentes. Em consequência destas mudanças estruturais, que atribuem

ao sector uma natureza horizontal, tem-se assistido a uma progressiva descentralização dos

processos de decisão e a uma nova redistribuição das responsabilidades dos diferentes agentes

do mercado [6].

2.3.1 Pools e bolsas de energia

Uma pool distingue-se de uma bolsa “pura” pelo (maior) grau de integração dos

mercados de energia, de transmissão e de serviços complementares, e pela optimização

centralizada do escalonamento dos grupos geradores. Uma pool contempla considerações

operacionais, não apenas a produção de energia, mas também a disponibilidade de

capacidade, requisitos mínimos de produção, tempos de arranque, etc. A mais antiga, e uma

Page 27: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

9

das mais maduras bolsas de energia do mundo, é designada por 4ord Pool. As diferenças

entre power pools e power exchanges podem ser explicadas através de dois critérios, a

iniciativa e a participação, mas partilham muitas características e é por isso um pouco difícil

distingui-las.

Durante anos, diversas entidades organizaram a sua capacidade produtora em power

pools, que utilizavam um despacho centralizado. Num ambiente “desregulado”, uma pool é

uma bolsa que tem um mecanismo de ofertas de compra e venda complexo, assim como é

complexa a tarefa de cálculo para seleccionar e pagar aos intervenientes. A participação numa

pool é obrigatória, ou seja, não é permitido o comércio fora da pool. Além disso, uma vez que

a negociação tem de ter em conta inúmeras limitações técnicas, como a disponibilidade da

central e o compromisso da unidade, os participantes só podem ser produtores.

O modelo em pool pode apresentar duas formas distintas: simétrico ou assimétrico.

No modelo simétrico, depois de apresentadas as propostas de venda e de compra para

determinado período temporal, estas são organizadas pelo operador de mercado construindo

as respectivas curvas. As ofertas de venda são ordenadas por ordem crescente dos preços,

enquanto as de compra são ordenadas por ordem decrescente. O modelo em pool simétrico é

apresentado na Figura 2.1. O preço de mercado (MCP – market clearing price) é estabelecido

através de um leilão de preço uniforme e define-se automaticamente com a intercepção da

curva da oferta com a curva da procura, que por sua vez define o volume de mercado (MCV –

market clearing volume). O MCP corresponde ao valor a pagar pela energia eléctrica

associada às ofertas de compra aceites, assim como ao valor a receber pela energia eléctrica

fornecida pelos vendedores.

Ofertas de venda

Ofertas de compra

Preço (€MWh)

Volume (MW)

MCV

MCP

Figura 2.1 - Funcionamento de um modelo em Pool simétrico

Page 28: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

10

No modelo assimétrico, apresentado na Figura 2.2, apenas são aceites propostas de

venda. A carga a alimentar pelo sistema é obtida através de uma estimativa para cada período

temporal do dia seguinte.

Neste caso, as ofertas de venda são organizadas por ordem crescente do preço

apresentado e o volume de mercado corresponde à carga prevista para um determinado

período resultante de estimativas comunicadas pelos comercializadores ou clientes de maior

dimensão. O preço de mercado é obtido através da intercepção da recta que representa a carga

prevista com a curva agregada das ofertas de venda.

Preço (€MWh)

Volume (MW)

MCV

MCP

Ofertas de venda

2.3.2 Contratos Bilaterais

Os contratos bilaterais podem ser de procura directa ou envolver mediação, e podem ser

mais ou menos centralizados. Se envolver mediação, o corretor cobra uma comissão por

preparar o negócio entre dois intervenientes. A procura directa não implica nenhuma

organização: um interveniente procurará um outro para fazer negócio.

Para operar, este mercado necessita que sejam estabelecidos contratos e que a sua

actividade seja legalmente enquadrada – o que é já um facto na maior parte das economias. O

mercado de contratos bilaterais, sendo menos organizado, torna-se muito mais flexível que as

bolsas e tem como principal vantagem o facto de os agentes intervenientes no mercado

poderem subscrever os contratos que melhor se adaptem aos seus objectivos.

Figura 2.2 - Funcionamento de um modelo em Pool assimétrico

Page 29: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

11

Os contratos bilaterais podem classificar-se em contratos físicos ou financeiros. Os

primeiros são estabelecidos para assegurar o abastecimento e/ou colocação física da energia

no mercado, tendo por base as condições acordadas por ambas as partes. Os contratos do tipo

financeiro correspondem aos mercados forward, já referidos anteriormente. Os principais

objectivos associados à implementação deste tipo de contratos são a diminuição do grau de

incerteza e risco financeiro relativamente às flutuações dos preços do mercado de energia

eléctrica.

2.4 Reestruturação dos Mercados de Energia Eléctrica

Hoje em dia não é possível falar de mercados eléctricos sem abordar a problemática

associada à reestruturação/privatização do sector eléctrico, que preocupa de forma

generalizada todos os países do mundo, embora se encontrem em diferentes fases de evolução

e se debatam com problemas diversos e distintos, inerentes à especificidade de cada mercado

e à complexidade das muitas variáveis e restrições.

Apontam-se como principais benefícios da reestruturação dos mercados de electricidade

aumentar a competitividade das empresas eléctricas e o número de agentes envolvidos no

sector eléctrico, reforçar a segurança do abastecimento, incentivar a eficiência energética e o

aproveitamento dos recursos renováveis, estimular a inovação tecnológica e organizacional,

desenvolver as competências e know-how, isto tudo na perspectiva de melhor satisfazer as

necessidades do consumidor final e de lhe facultar melhores preços para a electricidade que

consomem, tentando, também desta forma, responder às necessidades da sociedade actual.

2.5 Evolução e Enquadramento do Sector Eléctrico Português

Em Portugal, só nos finais do século XIX, se fizeram sentir as vantagens da electricidade.

A primeira experiência ocorreu em Lisboa, por iniciativa da Câmara Municipal. Com o

objectivo de comemorar o seu aniversário, D. Luís autorizou o município a celebrar um

contrato para a instalação da iluminação eléctrica pública. Depois de Lisboa, outros

municípios decidiram instalar a iluminação eléctrica pública, funcionando no início em

situações de precariedade e com frequentes e prolongadas interrupções de fornecimento.

A 26 de Dezembro de 1944, com a publicação da Lei nº2002, o Estado torna-se detentor

da política de electrificação nacional, passando a dirigir, orientar e intervir no sector. Em

Page 30: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

12

1975, á semelhança do que acontecia com outros sectores de actividade económica, assistiu-se

à nacionalização do sector eléctrico. Foram criadas empresas públicas às quais foi conferido,

em exclusivo e por tempo indeterminado, o exercício das actividades de produção, transporte

e distribuição de energia eléctrica: EDP, no Continente; EDA nos Açores; EEM na Madeira.

A EDP funcionou durante muitos anos como uma empresa verticalmente integrada e, sendo o

único operador do mercado, como monopolista. A totalidade dos clientes da EDP, desde o

consumidor doméstico ao consumidor industrial, pagava a sua energia mediante tarifas fixas,

definidas pela única empresa que actuava no sector eléctrico, e não dispunha de alternativas.

Com o pacote legislativo de 1995 e a aplicação dos princípios da Directiva 96/92/CE, de

19 de Dezembro, que estabeleceu as regras comuns com vista à criação de um mercado

interno de electricidade, dá-se início à liberalização do sector, marcado pela privatização da

EDP. Simultaneamente é criada uma entidade administrativa independente, a Entidade

Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), com o objectivo de regular o sector eléctrico

[7].

Era recomendada a separação de actividades de produção, transporte, distribuição e

comercialização, distinguindo o que se devia manter como monopólio natural (o transporte)

do que ganhava em ser submetido ao regime de concorrência (produção e venda a clientes

finais).

Cedo se percebeu que o Mercado Único de Energia não seria uma tarefa fácil, dada a

grande variedade de soluções existentes nos diferentes Estados-Membros. Foi neste sentido

que, em 2000, o governo português propôs ao governo espanhol a criação de um novo

mercado regional de electricidade para a Península Ibérica – o MIBEL.

2.6 Organização do Sector Eléctrico

A organização do Sistema Eléctrico Nacional (SEN), conforme esquematizado na Figura

2.3, assenta na coexistência de um Sistema Eléctrico de Serviço Público (SEP) e de um

Sistema Eléctrico Independente (SEI).

Page 31: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

13

Na sequência da implementação da Lei Base de Electricidade, os sectores vinculado e

não vinculado do Sistema Eléctrico Nacional (SEN) foram substituídos por um sistema de

mercado único. O SEN pode ser dividido em cinco actividades principais: produção,

transporte, distribuição, comercialização e operação dos mercados organizados de

electricidade que, em princípio, são desenvolvidas de forma independente [8].

1. A produção de electricidade está inteiramente aberta á concorrência e é dividida

em dois regimes: o regime ordinário, que corresponde á produção de electricidade

com base em fontes tradicionais não renováveis e em grandes centros

electroprodutores hídricos, e o regime especial, que engloba a cogeração e a

produção eléctrica a partir da utilização de fontes de energia renováveis.

Produtores

Vinculados

Rede Nacional

de Transporte

Distribuição

Vinculada

Clientes

Vinculados

SEN

Sistema Eléctrico Nacional

SEP

Sistema Eléctrico de Serviço Público

SEI

Sistema Eléctrico Independente

ERSE

Entidade Reguladora do Sector

Energético

SENV

Sistema Eléctrico

Não Vinculado

PRE

Produção em Regime

Especial

Produtores não

Vinculados

Distribuição não

Vinculada

Clientes não

Vinculados

Mini-hídricas

(até 10 MVA)

Outras Energias

Renováveis

Cogeradores

Figura 2.3 - Organização do Sistema Eléctrico Nacional, baseado em [8]

Page 32: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

14

2. O transporte é efectuado através da Rede Nacional de Transporte (RNT),

mediante uma concessão atribuída pelo Estado Português, em regime de serviço

público e de exclusividade à REN SA.

3. A distribuição de electricidade processa-se através da exploração da rede nacional

de distribuição (RND) constituída por infra-estruturas ao nível da alta e média

tensão, assim como da exploração das redes de distribuição de baixa tensão. A

RND é operada através de uma concessão exclusiva atribuída pelo Estado

Português. Actualmente, a concessão exclusiva para a actividade de distribuição

de electricidade em alta e media tensão pertence à EDP Distribuição.

4. A comercialização de electricidade encontra-se inteiramente aberta à

concorrência. Os comercializadores podem comprar e vender electricidade

livremente e têm o direito de aceder às redes de transporte e de distribuição

mediante o pagamento de tarifas de acesso estabelecidas pela ERSE. Os

consumidores podem escolher o seu comercializador e trocar de comercializador

sem quaisquer encargos adicionais.

5. A operação dos mercados de electricidade organizados está sujeita a uma

autorização conjunta do Ministro das Finanças e do Ministro responsável pelo

sector de energia. A entidade gestora dos mercados organizados está igualmente

sujeita a autorização do Ministro responsável pelo sector de energia e, quando

requerido por lei, pelo Ministro das Finanças.

2.7 O MIBEL

Em 14 de Novembro de 2001, foi assinado um Protocolo de colaboração entre as

Administrações de Portugal e de Espanha para a criação do Mercado Ibérico de Electricidade

(MIBEL). Em 2004 é aprovado na Assembleia da República o acordo assinado entre a

República Portuguesa e o Reino de Espanha, para a constituição de um Mercado Ibérico de

Energia Eléctrica. São também definidos os pólos responsáveis pela gestão dos mercados

organizados, no período que antecedia à criação do OMI (Operador do Mercado Ibérico):

� O OMEL (pólo espanhol) ficaria responsável pela gestão do mercado diário e

intradiário;

� O OMIP (pólo português) ficaria responsável pela gestão dos mercados a prazo.

Page 33: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

15

Posteriormente, no seguimento da filosofia de funcionamento em regime de mercado, foi

criado o OMI, apontado como a entidade responsável pela gestão dos mercados diário,

intradiário e a prazo.

A criação do MIBEL proporciona aos consumidores a aquisição de energia eléctrica, em

regime de livre concorrência, a qualquer produtor ou comercializador Ibérico.

O MIBEL apresenta como metas [9]:

- Beneficiar os consumidores de electricidade de ambos os países, através do processo de

integração dos respectivos sistemas eléctricos;

- Estruturar o funcionamento do mercado baseando-se nos princípios da transparência,

livre concorrência, objectividade, liquidez, auto-financiamento e auto-organização;

- Favorecer o desenvolvimento do mercado de electricidade de ambos os países, com a

existência de uma metodologia única e integrada, para toda a península ibérica de definição

dos preços de referência;

- Permitir a todos os participantes o livre acesso ao mercado, em condições de igualdade

de direitos e obrigações, transparência e objectividade;

- Favorecer a eficiência económica das empresas do sector eléctrico, promovendo a livre

concorrência entre as mesmas.

Page 34: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

16

Page 35: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

17

3 Fundamentação teórica para a construção dos

modelos e métodos de previsão

3.1 Considerações Gerais

Como os factos apurados apenas podem ser observados e medidos por ferramentas

específicas de estatística, é importante rever as técnicas que são úteis para a análise de séries

temporais. Ao contrário da análise de amostras aleatórias de observações que são discutidas

no contexto da maioria das estatísticas, a análise de séries temporais baseia-se na suposição de

que os valores sucessivos das bases de dados representam medições consecutivas realizadas

em intervalos de tempo igualmente espaçados.

3.2 Picos de Preços

Uma das características mais acentuadas dos mercados da electricidade é a mudança

brusca e geralmente inesperada no preço spot. Embora tais variações de preços sejam

designadas por picos ou saltos, o último termo é, de facto, incorrecto porque os preços não

permanecem no novo nível, mas tendem a voltar rapidamente para o regime normal. Durante

um período muito curto de tempo, o preço do sistema pode aumentar de forma substancial e,

em seguida, cair de volta para o nível anterior.

Como uma série qualquer de preços só tem valores positivos, essa série não pode ter uma

distribuição normal que varie de menos infinito a mais infinito. Para transformar a série numa

distribuição normal é necessário calcular o logaritmo dos retornos diários usando a seguinte

expressão matemática (1):

�� = ln ������ (1)

Em que:

− �� corresponde ao preço do dia t ;

− ���� corresponde ao preço do dia anterior.

Page 36: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

18

Utilizando a função logarítmica dos retornos diários perde-se a primeira observação,

contudo essa perda é compensada por uma maior estabilidade da variância.

A intensidade de pico também não é homogénea no tempo. Os picos são especialmente

notórios durante as horas de maior consumo, ou seja, entre as 09h00 e as 18h00 nos dias úteis,

e durante períodos de consumo elevado, como é o caso do inverno na Europa.

Como actualmente não há tecnologia eficiente para o armazenamento de enormes

quantidades de energia, esta tem que ser consumida ao mesmo tempo que é produzida. Os

picos são normalmente de curta duração, e logo que o fenómeno meteorológico ou

interrupção é superado, os preços caem para um nível normal.

3.3 Sazonalidade

A procura de electricidade é fortemente influenciada quer pelas actividades económicas,

quer pelas condições meteorológicas. Estes dois factores explicam em parte o comportamento

sazonal do preço da electricidade. A sazonalidade de uma série pode ser definida como

“oscilações de ritmo forçado, que se repetem todos os anos (ou com periodicidade mais

curta), nem sempre seguindo um padrão rígido; podem ter causas naturais ou sociais” [10].

Verificam-se, nas análises empíricas, diferentes tipos de sazonalidade: intradiária, semanal e

mensal. A sazonalidade intradiária deve-se à diminuição do consumo (doméstico e industrial)

de electricidade durante as horas nocturnas e ao seu incremento durante o período diurno.

De forma análoga, constata-se com frequência uma acentuada diminuição da procura de

electricidade nos fins-de-semana, em relação à dos dias úteis. Já a sazonalidade mensal é

sobretudo fruto das condições meteorológicas, constatando-se uma procura intensiva de

electricidade nos meses mais frios e mais quentes do ano.

3.4 Modelos e métodos de previsão

Vários modelos e métodos de previsão têm sido analisados, obtendo-se diferentes níveis

de sucesso. Os modelos estatísticos podem ser exemplificados pelos modelos AR (Auto

Regressive), MA (Moving Average), ARMA (Auto Regressive - Moving Average), ARIMA

(Auto Regressive Integrated Moving Average), SARIMA (Seasonal Auto Regressive

Integrated Moving Average), ARCH (Autoregressive Conditional Heteroscedasticity) e

GARCH (Generalized Autoregressive Conditional Heteroscedasticity). Modelos baseados em

inteligência artificial podem ser exemplificados por Redes Neuronais (RNA).

Page 37: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

19

A utilização de cada modelo depende basicamente do comportamento da série temporal

que se deseja analisar [11].

3.5 Modelo Auto Regressive (AR)

Uma variável dependente �� segue um processo auto-regressivo de primeira ordem

quando o seu valor num dado momento t depende apenas do seu próprio valor no período

anterior (t-1) e de um termo aleatório (ruído branco), �, não correlacionado com ��, com

média zero e variância constante. Se uma observação �� é gerada pela média ponderada das p

primeiras observações acrescida de um erro aleatório � então, ela pode ser modelada por um

processo AR(p), dado pela formulação matemática (2)[12]:

�� = ����� + ����� + ⋯ + ����� + � + � (2)

Em que:

− � representa uma constante;

− εt representa o ruído branco;

− Os valores � representam os coeficientes constantes autorregressivos que

descrevem como um valor corrente �� se relaciona com valores passados ����,

����, …, ����.

A versão mais simples de um modelo AR é aquela em que �� depende somente de ����,

de � e de uma constante �. Diz-se, nesse caso, que o modelo é auto-regressivo de ordem 1,

identificado por AR(1).

Por se tratar de um modelo fracamente estacionário, a variância deve ser constante e as

autocovariâncias devem ser aproximadamente independentes de t.

3.6 Modelo Moving Average (MA)

Para Makridakis, o método consiste em calcular a média das últimas n observações mais

recentes. O valor encontrado é considerado para a previsão do próximo período [13].

Page 38: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

20

Para Stengel a representação em média móvel ocorre quando a observação actual de uma

variável possa ser explicada através de uma soma ponderada de ruídos anteriores e de um

ruído actual [12].

Se uma observação �� é gerada pela média ponderada do valor presente e dos q primeiros

valores passados de um processo de ruído branco �, acrescido da média �, então ela pode ser

modelada por um processo MA (Moving Average) (q), dado pela formulação matemática (3)

[12]:

�� = � + � − ����� − ����� − ⋯ − ����� (3)

Em que:

− � representa a média;

− εt representa o ruído branco;

− Os valores �� representam os coeficientes de média móvel que descrevem como

um valor corrente �� se relaciona com valores passados ����, ����, …, ����.

As médias móveis são valores indicadores designados por seguidores de tendências.

Esses indicadores possuem uma inércia natural, ou seja, não foram projectados para

identificar reversões rapidamente [12].

Entretanto, como aspecto negativo, salienta-se que o modelo de médias móveis está

associado à escolha do número de períodos que serão utilizados na previsão [14]. O número

de períodos utilizados no cálculo da média móvel é que determina a sua sensibilidade em

relação aos dados mais recentes [15].

3.7 Modelo Auto Regressive – Moving Average (ARMA)

Se o processo estacionário apresenta características simultaneamente de um processo AR

e de um processo MA, então pode ser modelado por um processo misto ARMA, descrito

pelos seus p valores passados e pelos q ruídos brancos correntes e passados [16]. O modelo é

dado pela formulação matemática (4):

�� = ����� + ⋯ + ����� + � + � − ����� − ⋯ − ����� (4)

Page 39: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

21

Na prática, os valores de p e q são geralmente menores que 2 para séries temporais

estacionárias [17]. Box e Jenkins propõem que um processo estocástico estacionário, por

possuir média, variância e autocorrelação invariantes em relação ao tempo, pode ser

representado por um modelo auto-regressivo e/ou médias móveis – ARMA(p,q) – obtido por

intermédio da passagem de uma série ruído branco por um filtro linear, o que significa que a

série resultante poderá ser vista como uma combinação linear dos termos da série original.

3.8 Modelo Auto Regressive Integrated Moving Average (ARIMA)

São conhecidos também como Modelos Box-Jenkins univariados, em homenagem aos

dois investigadores que mais contribuíram para o seu desenvolvimento e aplicação [17].

Os modelos ARIMAs compreendem:

� modelo Auto-Regressivo de ordem p: AR(p): utilizado quando há autocorrelação

entre as observações;

� modelo de Média Móvel de ordem q: MA(q): utilizado quando há autocorrelação

entre os resíduos;

� modelo Auto-Regressivo de Média Móvel: ARMA(p,q); utilizado quando há

autocorrelação entre as observações e autocorrelação entre os resíduos;

� modelo Auto-Regressivo Integrado e de Média Móvel: ARIMA(p,d,q): utilizado

em séries não estacionárias.

Este modelo é apresentado com mais detalhe no ponto 3.5.

3.9 Modelo Seasonal Auto Regressive Integrated Moving Average

(SARIMA)

Quando a série apresenta componente sazonal, o modelo ARIMA tem ordem (p,d,q) e

pode ser representado por SARIMA.

Quando uma série temporal apresenta comportamento periódico dentro de um intervalo

de tempo significativo, é necessário acrescentar uma componente sazonal ao modelo. Esse

intervalo periódico é chamado sazonalidade e a identificação de um modelo sazonal dá-se

através da ACF (autocorrelation function) e PACF (partial autocorrelation function).

Page 40: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

22

3.10 Modelo Autoregressive Conditional Heteroscedasticity (ARCH)

Em 1982, Engle, considerou que era possível construir um modelo paramétrico no qual a

variância seria condicionada por uma equação algébrica, modelando não só a média, mas

também a variância condicionada. Estes modelos procuraram captar a volatilidade de

autocorrelações, onde o risco de hoje depende do risco observado no passado, contrariamente

aos modelos auto-regressivos de média móvel (ARMA). Este modelo passou a designar-se

por Autoregressive Conditional Heteroscedasticity (ARCH), uma nova forma de modelar o

comportamento dos rendimentos dos activos financeiros, que se baseava na existência de

heteroscedasticidade condicional à verificada no passado imediato [18].

A heteroscedasticidade é a variância flutuante de uma série ao longo do tempo, ou seja, a

volatilidade de uma série.

Uma desvantagem do modelo é que trata retornos positivos e negativos de forma similar,

já que os valores quadrados dos retornos entram na fórmula da volatilidade. Na prática, sabe-

se que a volatilidade reage de modo diferente a retornos positivos e negativos

3.11 Modelo Generalized Autoregressive Conditional

Heteroscedasticity (GARCH)

O princípio básico dos modelos GARCH é que, em geral, grandes mudanças tendem a

ser seguidas por grandes mudanças e pequenas mudanças tendem a ser seguidas por pequenas

mudanças. Logo, a previsão da variabilidade torna-se tão importante quanto a previsão dos

valores da série original. [19].

O modelo GARCH traduz-se num mecanismo que inclui as variâncias passadas na

explicação das variâncias futuras, permitindo utilizar o modelo de dependência serial da

volatilidade. Podemos considerar a aplicabilidade dos modelos GARCH em cenários onde a

volatilidade pode existir como efeito catastrófico [20].

3.12 Redes �euronais Artificiais (R�A)

A rede neuronal artificial (RNA) é uma classe de modelos de regressão não linear que

pode ser utilizada como um método paramétrico, semi-paramétrico ou não paramétrico. A

principal vantagem está associada à capacidade de modelar processos complexos, não lineares

[21].

Page 41: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

23

As RNAs podem ser consideradas como uma estrutura de processamento de informação

distribuída e paralela. Ela é formada por unidades de processamento, normalmente designadas

por nós, neurónios ou células, interconectadas por caminhos unidireccionais, também

denominadas por ligações, conexões ou sinapses. Os nós possuem memória local e podem

desempenhar operações de processamento de informação localizada. Cada célula possui uma

única saída (axónio), que se pode ramificar em várias ligações colaterais (cada ramificação

possuindo o mesmo sinal de saída do neurónio). Todo o processamento que se realiza em cada

unidade deve ser completamente local, ou seja, deve apenas depender dos valores correntes

dos sinais de entrada que chegam dos neurónios através das conexões. Estes valores actuam

sobre os valores armazenados na memória local da célula [22].

3.13 Modelo ARIMA - Metodologia Box & Jenkins

Com base em pesquisas anteriores, Box & Jenkins apresentaram em 1970 uma

metodologia para o desenvolvimento de modelos de previsão em séries temporais.

Os modelos de Box & Jenkins, conhecidos por ARIMA (Autoregressive Integrated

Moving Average), são modelos que visam captar o comportamento da autocorrelação entre os

valores da série temporal e, com base nesse comportamento realizar previsões futuras.

O modelo ARIMA é apropriado para descrever séries não estacionárias, ou seja, séries

que não possuem média constante no período de análise, nas quais os parâmetros quase

sempre são pequenos. Na prática, geralmente as séries encontradas apresentam tendência e/ou

sazonalidade.

A vantagem deste modelo em relação aos modelos estruturais, é que nos modelos

ARIMA as extrapolações não acumulam os erros de outras variáveis explicativas. Assim,

quando se faz uma previsão com um modelo estrutural do tipo y = f(x, z) estimam-se valores

no futuro para x e z no intuito de prever o valor de y, o que faz com que a previsão acumule os

erros associados às variáveis x e z. No caso dos modelos Box & Jenkins, do tipo: � =�(����, ����, ⋯ , ����, ���, ���, ⋯ , ���, �) não ocorre o já mencionado acréscimo de erros

[12].

A formulação matemática dos modelos ARIMA é dada pela seguinte equação (5):

�(�)��(��)(1 − �)�(1 − ��) !� = ��(�)"#(��)� (5)

Page 42: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

24

Em que:

− S representa a frequência da série;

− εt representa o ruído branco;

− �(�) e ��(�) são polinómios finitos no operador de desfasamento L;

− ��(��) e "#(��) são polinómios finitos no operador de desfasamento L2.

O polinómio autoregressivo (AR) é definido de acordo com a equação (6) e o polinómio

de média móvel (MA) é definido de acordo com a equação (7).

�(�) = 1 − �� − ��� − ⋯ − ��� (6)

��(�) = 1 + ��� + ���� + ⋯ + ���� (7)

O polinómio autoregressivo sazonal (SAR) é definido de acordo com a equação (8) e o

polinómio de média móvel sazonal (SMA) é definido de acordo com a equação (9).

��(��) = 1 − ���� − ����� − ⋯ − ����� (8)

"�(��) = 1 + "��� + "���� + ⋯ + "#��# (9)

A metodologia Box & Jenkins utiliza uma estratégia de construção de modelos baseada

num ciclo iterativo que consiste na selecção de um modelo inicial, cálculo de coeficientes e

por fim análise de resíduos. Caso seja necessário, o modelo inicial é modificado e o processo

é repetido até que, a análise de resíduos mostre que não se justifica nova alteração. Neste

momento, o modelo obtido pode ser usado para realizar as previsões.

O primeiro passo na utilização desta metodologia é verificar se a série é estacionária,

caso contrário teremos de identificar a ordem de diferenciação que torna a série estacionária.

Para verificar a estacionaridade da série podemos recorrer á análise de gráficos ou a uma

análise mais formal aplicando testes estatísticos.

A análise de gráficos consiste na observação da função de autocorrelação

(autocorrelation function - ACF) e na função de autocorrelação parcial (PACF). Se os valores

da ACF e PACF forem nulos no primeiro desfasamento, ou convergirem rapidamente para

Page 43: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

25

zero à medida que os desfasamentos aumentam, está-se perante uma série estacionária. Na

prática, é necessário que 95% desses coeficientes estejam dentro do limite da não-

significância, ou seja, ±1.96/√*, correspondendo n ao tamanho da amostra.

A função de autocorrelação mede o grau de correlação de uma variável num dado

instante, consigo mesma, num instante de tempo posterior. Esta função é usada para obter

uma primeira informação do modelo a usar.

A formulação matemática da ACF é dada pela equação (10) e pode ser definida como a

razão entre a autocovariância, +,(-), e a variância para um conjunto de dados, +,(0). Este

cálculo é feito recorrendo a uma representação gráfica da função de autocorrelação de uma

amostra.

/01(-) = 2,(-) = +,(-)+,(0) (10)

Na análise formal, os testes mais utilizados são o teste Aumentado de Dickey-Fuller

(ADF) [23] e o teste Kwiatkowski–Phillips–Schmidt–Shin (KPSS) [24]. O ADF requer a

estimação da equação matemática (11). Os coeficientes para a constante e tendência podem

ou não ser considerados.

∆!� = 4 + 56 + 789:;< + ��∆!��� + ⋯ + ��∆!��� + �� (11)

Em que:

− α corresponde a uma constante;

− β corresponde ao coeficiente da tendência;

− t corresponde á tendência;

− p corresponde ao número de desfasamentos;

− δ’ = (δ-1).

O número de desfasamentos da primeira diferença de Yt a incluir no teste é obtido

através de uma regra sequencial do geral para o específico, isto é, definimos um número

máximo de desfasamentos e estimamos a equação, depois vamos reduzindo a ordem até se

obter um coeficiente θ estatisticamente significativo. Os testes de raiz unitária são realizados

sob a hipótese nula de δ’=0, série com raiz unitária, contra a hipótese δ’<0, série estacionária.

Page 44: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

26

No fim de calculado o valor estatístico comparamos com os valores críticos da tabela do teste

ADF. Se o valor estatístico for superior (em valor absoluto) ao valor crítico, rejeitamos a

hipótese nula (δ’=0) e estamos perante uma série estacionária.

O teste KPSS pode ser usado para confirmar os resultados obtidos através do teste ADF.

Neste teste inverte-se a hipótese nula do teste ADF, ou seja, temos como hipótese nula a série

ser estacionária contra a hipótese alternativa de existir uma raiz unitária. Para este teste

estima-se a equação matemática (12):

!� = 4 + 76 + =� (12)

Em que:

− α corresponde a uma constante;

− t corresponde á tendência.

Em seguida guardamos os resíduos e calculamos somas parciais >� = ? =@�A�B� , para

qualquer t.

O teste estatístico KPSS é calculado através da equação matemática (13).

CD>> = ? >��A�B�E� × G� (13)

em que,

G� = 1E H (0)A�B� + 2E H J1 − K- + 1LM

NB� H =@�=@��NA�BNO� (14)

Para a variável k usamos um valor igual ao número de desfasamentos incluídos no teste

ADF.

Para identificar o número de parâmetros autoregressivos de média móvel a incluir no

modelo, podemos recorrer ao Critério de Informação de Akaike (AIC) que é determinado pela

expressão matemática (15) e ao Critério de Informação Bayesiano (BIC), determinado pela

expressão matemática (16) [25].

/P0 = * log J>ST* L + 2- + *(1 + log 2U) (15)

Page 45: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

27

VP0 = * log J>ST* L + - log * + *(1 + log 2U) (16)

Em que:

− k corresponde ao número de coeficientes/parâmetros do modelo;

− SQR corresponde ao resíduo da soma dos quadrados;

− n corresponde ao número de observações.

O menor valor para cada critério estabelece o modelo que melhor se adequa a cada série.

O critério AIC selecciona modelos com um maior número de parâmetros enquanto o critério

BIC selecciona modelos com um menor número de parâmetros.

Seleccionados os modelos para cada série, o último passo consiste em efectuar o cálculo

das previsões.

Por fim, para a escolha do método de previsão adequado, é importante utilizar uma

medida de erro. O erro pode ser medido através de comparação gráfica, diagramas de

dispersão, coeficiente de correlação, erro quadrático acumulado, raiz do erro quadrático

médio (RMSE), erro percentual médio absoluto (MAPE), entre outros. Neste trabalho

específico recorre-se à comparação gráfica, à RMSE e ao MAPE para avaliar as previsões

[13]. A RMSE é dada pela seguinte formulação matemática (17):

TX>Y = Z1* H =����B� (17)

em que,

=� = �� − �� (18)

− �� corresponde ao valor real;

− �� corresponde ao valor previsto.

O MAPE é dado pela equação matemática (19):

Page 46: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

28

X/DY = 1* H 100 ∗ |=�|����B� (19)

Estes cálculos fornecem uma boa medida do desempenho do modelo seleccionado, são

usados para medir a diferença entre os valores obtidos com o modelo e os valores reais.

Podem assumir valores de zero a infinito, sendo que os valores mais baixos indicam melhor

desempenho.

Page 47: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

29

4 Exemplos de aplicação das Metodologias

4.1 Dados utilizados

No presente trabalho foram utilizados valores horários e diários correspondentes ao preço

e consumo de energia eléctrica em Portugal durante o ano de 2009. Estes dados foram

recolhidos do portal do OMIP (Operador do Mercado Ibérico de Energia – Pólo Português)

[9]. O OMIP foi constituído em 16 de Julho de 2003 e é a bolsa de derivados do MIBEL, que

assegura a gestão do mercado conjuntamente com a OMIClear (Sociedade de Compensação

de Mercados de Energia).

4.1.1 Valores horários

A Figura 4.1 apresenta a variação do preço de energia eléctrica para o ano de 2009, tendo

em conta valores horários.

Figura 4.1 - Gráfico da série Preço (valores horários)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200 250 300 350

Preço (€/MWh)

Ano de 2009 (dias)

Page 48: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

30

A Figura 4.2 apresenta a variação do consumo de energia eléctrica para o ano de 2009,

tendo em conta valores horários.

Figura 4.2 - Gráfico da série Consumo (valores horários)

Para que se possa ter uma visão geral do comportamento estatístico destes dados e as

possíveis transformações a aplicar, pode ser visualizado na Tabela 4.1 o comportamento das

principais medidas estatísticas descritivas de ambas as séries.

Tabela 4.1 – Estatísticas Descritivas (valores horários)

Estatísticas Descritivas Preço(€/MWh) Consumo(MWh)

Média 37,632 3614,6

Mediana 37,200 3593,7

Valor Mínimo 0,000 533,50

Valor Máximo 98,570 7898,7

Desvio Padrão 8,9796 1321,2

Coeficiente de Variação 0,23862 0,36551

Enviesamento 0,37245 0,22852

Curtose 4,3680 -0,40263

Pode-se visualizar através da Figura 4.3 que os dados não seguem uma distribuição

normal, principalmente a série preço que apresenta uma assimetria positiva, o que significa

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

0 50 100 150 200 250 300 350

Consumo (MWh)

Ano de 2009 (dias)

Page 49: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

31

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0 20 40 60 80 100

Densidade

preco

preco

N(37,632 8,9796)Estatística de teste para normalidade:

Qui-quadrado(2) = 2582,655 [0,0000]

0

5e-005

0,0001

0,00015

0,0002

0,00025

0,0003

0,00035

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

Densidade

consumo

volume

N(3614,6 1321,2)Estatística de teste para normalidade:

Qui-quadrado(2) = 205,747 [0,0000]

que os mesmos dados terão de sofrer algumas transformações para se remover a não

estacionaridade.

Figura 4.3 - �ormalidade das séries preço e consumo de energia eléctrica (valores horários)

4.1.2 Valores diários

A Figura 4.4 representa a variação do preço de energia eléctrica para o ano de 2009,

tendo em conta valores diários.

Figura 4.4 - Gráfico da série Preço (valores diários)

0

10

20

30

40

50

60

70

Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Preço (€/MWh)

Ano de 2009

Page 50: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

32

A Figura 4.5 representa a variação do consumo de energia eléctrica para o ano de 2009,

tendo em conta valores diários.

Figura 4.5 - Gráfico da série Consumo (valores diários)

Também para os valores diários, para que se possa ter uma visão geral do

comportamento estatístico destes dados e as possíveis transformações a aplicar, pode ser

visualizado na Tabela 4.2 o comportamento das principais medidas estatísticas descritivas de

ambas as séries.

Tabela 4.2 – Estatísticas Descritivas (valores diários)

Estatísticas Descritivas Preço(€/MWh) Consumo(MWh)

Média 37,765 3799,9

Mediana 37,215 3798,7

Valor Mínimo 0,555 851,75

Valor Máximo 63,295 5791,9

Desvio Padrão 6,0295 862,15

Coeficiente de Variação 0,15966 0,22689

Enviesamento 0,71881 -0,20243

Curtose 7,8928 -0,021782

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo (MWh)

Ano de 2009

Page 51: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

33

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0 10 20 30 40 50 60

Densidade

preco

precoN(37,765 6,0295)

Estatística de teste para normalidade:

Qui-quadrado(2) = 230,426 [0,0000]

0

0,0001

0,0002

0,0003

0,0004

0,0005

0,0006

1000 2000 3000 4000 5000 6000

Densidade

consumo

volume

N(3799,9 862,15)Estatística de teste para normalidade:

Qui-quadrado(2) = 2,615 [0,2706]

Como mostra a Figura 4.6, e tal como acontece para os valores apresentados no ponto

anterior, as séries preço e consumo para valores diários não seguem uma distribuição normal.

As séries apresentam uma ligeira assimetria positiva, mais significativa na série do preço, o

que significa que as mesmas terão de sofrer algumas transformações.

Figura 4.6 – �ormalidade das séries preço e consumo de energia eléctrica (valores diários)

De acordo com a metodologia proposta por Box & Jenkins descrita no capítulo 4, será

procurado o modelo pertencente à classe dos modelos ARIMA que melhor se adequa às

características associadas aos dados disponíveis. A Figura 4.7 representa o fluxograma da

metodologia usada.

Todos os cálculos e gráficos usados neste estudo foram obtidos através do software Gretl,

versão 1.9.5cvs [25].

O Gretl é um software de análise estatística livre dirigido principalmente à econometria.

O nome é um acrónimo de "Gnu Regression, Econometrics, Time-series Library" (regressão

Gnu, econometria e séries temporais).

Page 52: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

34

Figura 4.7 – Fluxograma da metodologia usada

Page 53: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

35

Os dados usados foram retirados do portal do OMIP [9] e ordenados num ficheiro Excel.

Posteriormente, através do software Gretl, é chamado o ficheiro Excel e são assim criadas as

séries Preço e Consumo. O correlograma e os testes ADF e KPSS já se encontram disponíveis

neste software, bastando seleccionar a série que se pretende e correr o teste pretendido. Para o

correlograma é necessário seleccionar o desfasamento máximo e para os testes ADF e KPSS,

para além da ordem de desfasamento, determina-se se o teste inclui constante e/ou tendência.

Quando a série for estacionária segue-se para a estimação dos parâmetros, caso contrário,

acrescenta-se a primeira diferença das séries seleccionadas e volta-se a realizar os testes

iniciais até tornar a série estacionária.

Para se encontrarem os parâmetros a incluir nos modelos, recorre-se aos critérios AIC e

BIC, marcados no fluxograma com etapa a). Para praticar estes critérios foi necessário

desenvolver um script, apresentado na Figura 4.8, que devolve uma matriz 7x7 para o critério

AIC e outra para o critério BIC.

Neste script começou-se por definir 5 variáveis do tipo escalar (mp, mq, cons, cod e d), a

série usada e o intervalo da amostra. Foram também criadas 2 matrizes 7x7, AIC e BIC,

preenchidas com o valor 999999 (um valor exageradamente grande, por forma a nunca ser

atingido). Definiu-se o modelo ARIMA com os argumentos (0,1,0), o que significa que

vamos considerar a ordem de integração igual a 1, e são retornados os critérios AIC e BIC

para o último modelo estimado.

Após serem definidas as variáveis, as matrizes, a série e amostra, são iniciados 2 ciclos

com o comando loop, que começam com as variáveis i (correspondente às linhas) e j

(correspondente às colunas) iguais a zero e vão até ao valor de mp para o primeiro ciclo e mq

para o segundo ciclo (o comando --quiet faz com que não seja divulgado o número de

iterações realizadas). Dentro dos ciclos, o conjunto de comandos a azul, é acrescentado

sempre que o teste for interrompido, para a linha (i) e coluna (j) correspondente à paragem do

do mesmo. Ainda dentro do ciclo, é calculado o modelo ARIMA correspondente à iteração

em que nos encontramos (o comando --nc indica que o teste não inclui constante) e são

preenchidas as matrizes com os critérios AIC e BIC para o último modelo estimado, através

dos comandos aic[i+1,j+1]=$aic e bic[i+1,j+1]=$bic (os comandos $aic e $bic retornam os

respectivos critérios para o último modelo estimado, se disponível).

Os ciclos terminam com o comando endloop.

Page 54: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

36

scalar mp=6 scalar mq=6 scalar cons=1 scalar cod=0 series v=d_preco scalar d=1 smpl 1:02 212:24 matrix aic=zeros(mp+1,mq+1)+999999 matrix bic=zeros(mp+1,mq+1)+999999 arima 0 d 0; v --quiet aic[1,1]=$aic bic[1,1]=$bic loop for i=0..mp --quiet loop for j=0..mq --quiet if i+j>0

scalar cod=0 if i=0 if j=5 scalar cod=1 endif endif …. if i=0 if j=6 scalar cod=1 endif endif printf "i=%1g, j=%1g, cod=%1g\n",i,j,cod if cod=0

if cons=0 arima i d j; v --nc --quiet else arima i d j; v --quiet endif

aic[i+1,j+1]=$aic bic[i+1,j+1]=$bic endif

endif endloop endloop

Figura 4.8 – Script desenvolvido para aplicar

os critérios AIC e BIC

Page 55: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

37

Depois de obtidas as matrizes, são escolhidos os parâmetros p e q a incluir no modelo

(correspondentes ao conjunto linha e coluna com o valor mais baixo) e segue-se para a fase da

verificação, marcada no fluxograma com etapa b).

Para esta fase foi desenvolvido o script apresentado na Figura 4.9.

Neste script define-se a amostra, colocam-se os parâmetros do modelo ARIMA

escolhidos na etapa anterior e usa-se o comando fcast para gerar a previsão para o intervalo

especificado, atribuindo-lhe também um nome.

Depois de verificados os modelos escolhidos, parte-se para o cálculo da RMSE e do

MAPE, de modo a ser seleccionado o modelo que apresenta o menor erro. Esta etapa

encontra-se assinalada no fluxograma com etapa c). Para o cálculo da RMSE foi também

desenvolvido um script, apresentado na Figura 4.10.

Neste script, começou-se por definir o intervalo da amostra e as matrizes, uma

correspondente á série real e outra correspondente à previsão da mesma. Na quarta linha do

script é apresentado o código correspondente à equação matemática do cálculo da RMSE e a

última linha corresponde à impressão do seu resultado.

Por fim, é escolhido o melhor modelo e é realizada a previsão.

smpl 1:02 212:24 arima 7 1 2 ; 1 0 10 fcast 1:02 212:24 f_p_c_t712

smpl 1:02 212:24 matrix P=volume matrix F=f_v_c_514 scalar rmse=sqrt(meanc((P-F).^2)) printf "%5g\n",rmse

Figura 4.9 – Script para o cálculo da previsão

Figura 4.10 – Script para o cálculo da RMSE

Page 56: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

38

4.2 Previsão do preço de energia eléctrica

Prever o preço de energia eléctrica baseando-se exclusivamente num único valor

passado, não é uma boa prática na gestão do risco. Com a introdução de competição nos

mercados de energia eléctrica, o sucesso dos seus participantes está dependente da fiabilidade

das previsões. No entanto, a elevada volatilidade dos preços de mercado dificulta uma gestão

de risco eficiente, tornando os seus resultados imprevisíveis, por isso a previsão assume uma

enorme importância.

4.2.1 Considerando valores horários

A série em análise, representada na Figura 4.11, é constituída pelas observações horárias

dos preços de energia eléctrica praticados no OMIP desde o dia 1 de Janeiro de 2009 até ao

dia 31 de Julho do mesmo ano, num total de 5088 observações (212 dias). Optou-se por

dividir a série inicial para que posteriormente se possa prever e comparar com a segunda

metade da série, ou seja, de 1 de Agosto a 31 de Dezembro de 2009.

Figura 4.11 - Gráfico da série Preço (JA�-JUL 2009)

O primeiro passo será verificar se a série é estacionária. Como a sua trajectória mostra

uma tendência decrescente, pressupõem-se que estamos perante uma série não estacionária.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200

Preço (€/MWh)

Janeiro-Julho 2009 (212 dias)

Page 57: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

39

Pode-se verificar pela análise da Figura 4.12 que os valores da ACF para esta série não

são nulos no primeiro desfasamento nem convergem rapidamente para zero à medida que os

desfasamentos aumentam, sugerindo novamente a não-estacionaridade da série temporal.

Figura 4.12 – Correlograma para a série temporal Preço

Ao aplicarmos o teste ADF e o teste KPSS para um nível de significância de 5%

constata-se que, o teste ADF sem constante e o teste KPSS com e sem tendência, indicam a

não-estacionaridade da série, pois o valor estatístico é superior ao valor crítico (Tabela 4.3 e

Tabela 4.4).

Tabela 4.3 - Teste ADF para o Preço

Sem constante Com constante Com constante e com tendência

Valor estatístico 0,3241 0,001477 7,705e-005

Valor crítico 0,05 0,05 0,05

Tabela 4.4 – Teste KPSS para o Preço

Com tendência Sem tendência

Valor estatístico 1,38755 6,67728

Valor crítico 0,148 0,461

Como é aceite a hipótese da não-estacionaridade, ter-se-á de transformar a série preço

aplicando a 1ª diferença (Figura 4.13).

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20 25 30 35

desfasamento

ACF para Preço

+- 1,96/T^0,5

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20 25 30 35

desfasamento

PACF para Preço

+- 1,96/T^0,5

Page 58: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

40

Figura 4.13 - Gráfico da 1ª diferença da série Preço

Observando a Figura 4.13 verifica-se que os valores da 1ª diferença da série preço

parecem variar em torno de um valor médio, sugerindo agora a hipótese de estacionaridade. O

passo seguinte será analisar os valores de ACF (Figura 4.14).

Figura 4.14 - Correlograma para a 1ª diferença da série Preço

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

0 50 100 150 200

Preço (1ª diferença)

Janeiro-Julho 2009 (212 dias)

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20 25 30 35

desfasamento

ACF para Preço (1ª diferença)

+- 1,96/T^0,5

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20 25 30 35

desfasamento

PACF para Preço (1ª diferença)

+- 1,96/T^0,5

Page 59: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

41

Pode-se constatar pela observação da Figura 4.14 que os valores da ACF para a série

preço convergem rapidamente para zero à medida que os desfasamentos aumentam, indicando

estacionaridade.

Tabela 4.5 - Teste ADF para a 1ª diferença da série Preço

Sem constante Com constante Com constante e com tendência

Valor estatístico 2,434e-036 5,061e-041 5,79e-054

Valor crítico 0,05 0,05 0,05

Tabela 4.6 – Teste KPSS para a 1ª diferença da série Preço

Com tendência Sem tendência

Valor estatístico 0,00361149 0,00533703

Valor crítico 0,148 0,461

Pela análise da Tabela 4.5 e Tabela 4.6, teste ADF e KPSS respectivamente, conclui-se

que a transformação da série preço através da 1ª diferença torna a série estacionária, uma vez

que o valor estatístico é inferior ao valor crítico para todos os testes.

Seguindo o fluxograma apresentado na Figura 4.7, o próximo passo consiste em

identificar os parâmetros AR e MA a incluir nos modelos, recorrendo aos critérios AIC e BIC.

O menor valor para cada critério permite seleccionar o modelo com melhor ajustamento à

série. O critério AIC selecciona modelos com um maior número de parâmetros enquanto o

critério BIC selecciona modelos com um menor número de parâmetros.

Aplicando este procedimento no Gretl vão-se obter duas matrizes quadradas 7x7,

representadas na Tabela 4.7 e Tabela 4.8, das quais o seu menor valor indicará o modelo que

minimiza o procedimento. As linhas correspondem aos parâmetros AR e as colunas aos

parâmetros MA.

Tabela 4.7 – Critério AIC Preço (valores horários)

1 2 3 4 5 6 7

1 29134,670 27578,875 26925,297 26926,284 26869,279 999999 999999

2 28871,521 27032,955 26926,655 26918,492 999999 999999 999999

3 28429,651 26880,852 999999 999999 999999 999999 999999

4 28187,021 26868,098 999999 999999 999999 999999 999999

5 28119,519 26847,063 999999 999999 999999 999999 26590,45389

6 28043,383 26729,580 999999 999999 999999 999999 999999

7 27949,993 26608,531 999999 999999 999999 999999 999999

Page 60: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

42

Tabela 4.8 – Critério BIC Preço (valores horários)

1 2 3 4 5 6 7

1 29141,205 27598,478 26951,434 26958,955 26908,484 999999 999999

2 28891,124 27059,092 26959,327 26957,697 999999 999999 999999

3 28455,788 26913,523 999999 999999 999999 999999 999999

4 28219,692 26907,303 999999 999999 999999 999999 999999

5 28158,725 26892,803 999999 999999 999999 999999 26668,865

6 28089,123 26781,854 999999 999999 999999 999999 999999

7 28002,268 26667,33924 999999 999999 999999 999999 999999

Pela análise das matrizes dos dois critérios, apresentadas nas Tabelas 4.7 e 4.8, pode-se

seleccionar dois modelos: ARIMA(5,1,7) e ARIMA(7,1,2). A estes modelos pode-se ainda

acrescentar, ou não, constante e tendência. Os modelos ARIMA seleccionados, são

apresentados na Tabela 4.9.

Tabela 4.9 – Modelos ARIMA seleccionados para efectuar as previsões da série Preço

Modelo Constante Tendência

ARIMA(5,1,7) Não Não

ARIMA(5,1,7) Sim Não

ARIMA(5,1,7) Sim Sim

ARIMA(7,1,2) Não Não

ARIMA(7,1,2) Sim Não

ARIMA(7,1,2) Sim Sim

Seleccionados os modelos ARIMA, efectua-se o cálculo das previsões e selecciona-se o

modelo que apresentar o menor valor para a Raiz do Erro Quadrático Médio (Tabela 4.10).

Tendo em conta os resultados apresentados na Tabela 4.10 pode-se seleccionar qualquer

um dos dois primeiros modelos, pois foram os que apresentaram o valor de RMSE mais

baixo. Uma vez que o primeiro teste ADF realizado para esta série, apresentava um valor

estacionário aquando da introdução de uma constante, selecciona-se o modelo ARIMA(5,1,7)

com constante e sem tendência. Por fim, comparam-se os valores previstos, usando o modelo

escolhido, com os valores reais para o período de 1 de Agosto a 31 de Dezembro de 2009. O

resultado desta comparação é apresentado na Figura 4.15.

Page 61: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

43

Tabela 4.10 – Modelos ARIMA seleccionados com a respectiva RMSE e respectivo MAPE

Modelo Constante Tendência RMSE MAPE

ARIMA(5,1,7) Não Não 2.90603 4.9497%

ARIMA(5,1,7) Sim Não 2.90603 4.9497%

ARIMA(5,1,7) Sim Sim 3.06949 5.2065%

ARIMA(7,1,2) Não Não 3.1268 5.1498%

ARIMA(7,1,2) Sim Não 3.1268 5.1498%

ARIMA(7,1,2) Sim Sim 3.12392 5.1465%

Figura 4.15 – Preços previstos e preços verificados para o período de 1 de Agosto a 31 de Dezembro

de 2009 (valores horários)

Analisando a Figura 4.15, pode-se verificar que a previsão do preço de energia eléctrica

para o período mencionado, através da utilização do modelo proposto, é bastante satisfatória

tal como se confirma pelo valor da RMSE de 2,90603. Segundo o MAPE, esta previsão

apresenta um erro de cerca de 5%.

Na Figura 4.16 é apresentada, a verde, a previsão do preço de energia eléctrica para o

período de 1 de Agosto a 31 de Dezembro de 2009. A linha a azul corresponde ao período

usado para determinar o melhor modelo de previsão e a vermelha representa a série de valores

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

220 240 260 280 300 320 340 360

Preço

Previsão_Preço

Page 62: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

44

reais, verificados, para o preço de energia eléctrica durante o período de 1 de Janeiro a 31 de

Dezembro de 2009.

Figura 4.16 – Resultado da previsão para os valores horários do preço de energia eléctrica

4.2.2 Considerando valores diários

A série em análise, representada na Figura 4.17, é constituída pelas observações diárias

dos preços praticados no OMIP desde o dia 1 de Janeiro de 2009 até ao dia 31 de Julho do

mesmo ano, num total de 212 observações (as observações diárias correspondem à média das

24 observações horárias do mercado intra-diário). A série resultante representa o preço médio,

ou custo marginal médio de produção, gerado no Mercado Diário para o referido período.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 50 100 150 200 250 300 350

Preço

Treino

Previsão_Preço

Page 63: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

45

Figura 4.17 - Gráfico da série Preço (valores diários)

Figura 4.18 – Correlograma para a série Preço (valores diários)

Como a trajectória da série temporal mostra uma tendência decrescente, pressupõem-se

que se está perante uma série não estacionária. Pode-se verificar pela análise da Figura 4.18

que os valores da ACF para esta série não são nulos no primeiro desfasamento nem

30

35

40

45

50

55

60

65

Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Preço (€/MWh)

Janeiro-Julho 2009 (212 dias)

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20

desfasamento

ACF para Preço

+- 1,96/T^0,5

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20

desfasamento

PACF para Preço

+- 1,96/T^0,5

Page 64: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

46

convergem rapidamente para zero à medida que os desfasamentos aumentam, sugerindo

novamente a não-estacionaridade da série temporal.

Ao realizar o teste ADF constata-se que o valor estatístico é sempre inferior ao valor

crítico, o que sugere a estacionaridade da série. Por outro lado, aplicando-se o teste KPSS

para o mesmo nível de significância constata-se que o valor estatístico é sempre superior ao

valor crítico, o que significa que não se pode aceitar a hipótese da estacionaridade (Tabela

4.11 e Tabela 4.12).

Tabela 4.11 - Teste ADF para o Preço (valores diários)

Sem constante Com constante Com constante e com tendência

Valor estatístico 0,04147 2,433e-005 0,0008621

Valor crítico 0,05 0,05 0,05

Tabela 4.12 - Teste KPSS para o Preço (valores diários)

Com tendência Sem tendência

Valor estatístico 0,212813 0,672331

Valor crítico 0,148 0,463

Como os dois testes apresentam valores contraditórios é necessário transformar a série

preço aplicando a 1ª diferença.

A Figura 4.19 apresenta a variação dos valores da 1ª diferença da série preço e na Figura

4.20 é apresentado o seu correlograma.

Page 65: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

47

Figura 4.19 - Gráfico da 1ª diferença da série Preço (valores diários)

Figura 4.20 – Correlograma para a 1ª diferença da série Preço (valores diários)

Observando as figuras anteriores (Figura 4.19 e Figura 4.20) pode-se constatar que os

valores da 1ª diferença da série preço variam em torno de um valor médio e os valores da

ACF convergem rapidamente para zero à medida que os desfasamentos aumentam, sugerindo

-10

-5

0

5

10

15

Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Preço (1ª diferença)

Janeiro-Julho 2009 (212 dias)

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0 5 10 15 20

desfasamento

ACF para Preço (1ª diferença)

+- 1,96/T^0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0 5 10 15 20

desfasamento

PACF para Preço (1ª diferença)

+- 1,96/T^0,5

Page 66: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

48

a estacionaridade. Verifica-se também que a série apresenta um processo sazonal puramente

determinístico.

Tabela 4.13 - Teste ADF para a 1ª diferença da série Preço (valores diários)

Sem constante Com constante Com constante e com tendência

Valor estatístico 1,435e-005 0,000122 0,0001

Valor crítico 0,05 0,05 0,05

Tabela 4.14 - Teste KPSS para a 1ª diferença da série Preço (valores diários)

Com tendência Sem tendência

Valor estatístico 0,045006 0,0448306

Valor crítico 0,148 0,463

Pela análise da Tabela 4.13 e Tabela 4.14, teste ADF e KPSS respectivamente, conclui-se

que a transformação da série preço através da 1ª diferença torna a série estacionária, uma vez

que o valor estatístico é inferior ao valor crítico para todos os testes.

Tal como para os valores horários, recorre-se aos critérios AIC e BIC para determinar os

parâmetros AR e MA a incluir nos modelos.

De acordo com o resultado destes dois critérios (Tabela 4.15 e Tabela 4.16) é possível

seleccionar dois modelos: ARIMA(7,1,7) e ARIMA(7,1,4). A estes modelos pode-se ainda

acrescentar, ou não, constante e tendência. Os modelos ARIMA seleccionados, são

apresentados na Tabela 4.17.

Tabela 4.15 - Critério AIC Preço (valores diários)

1 2 3 4 5 6 7

1 1281,810 1101,454 1080,854 1074,944 1076,853 1076,029 1077,612

2 1212,295 1090,082 1075,029 1075,992 1076,253 1076,409 1078,409

3 1169,590 1082,943 1076,792 1075,414 1064,135 1060,815 1062,636

4 1156,151 1083,378 1078,792 1076,996 1057,417 999999 1067,905

5 1146,074 1080,174 1077,748 1077,057 1063,715 1060,851 1059,877

6 1143,622 1077,998 1077,715 1056,915 1065,003 999999 1041,245

7 1077,549 1063,835 1064,474 1043,351 1044,730 1043,705 1037,565

Page 67: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

49

Tabela 4.16 – Critério BIC Preço (valores diários)

1 2 3 4 5 6 7

1 1285,157 1111,496 1094,242 1091,680 1096,936 1099,459 1104,388

2 1222,336 1103,471 1091,765 1096,075 1099,683 1103,186 1108,533

3 1182,978 1099,679 1096,875 1098,844 1090,912 1090,939 1096,108

4 1172,887 1103,460 1102,222 1103,773 1087,541 999999 1104,724

5 1166,156 1103,604 1104,525 1107,181 1097,186 1097,670 1100,042

6 1167,052 1104,775 1107,839 1090,386 1101,821 999999 1084,757

7 1104,326 1093,959 1097,945 1080,170 1084,896 1087,217 1084,424

Tabela 4.17 - Modelos ARIMA seleccionados para efectuar as previsões da série Preço (valores

diários)

Modelo Constante Tendência

ARIMA(7,1,7) Não Não

ARIMA(7,1,7) Sim Não

ARIMA(7,1,7) Sim Sim

ARIMA(7,1,4) Não Não

ARIMA(7,1,4) Sim Não

ARIMA(7,1,4) Sim Sim

Seleccionados os modelos ARIMA, efectua-se o cálculo das previsões e selecciona-se o

modelo que apresentar o menor valor para a Raiz do Erro Quadrático Médio (Tabela 4.18).

Tabela 4.18 - Modelos ARIMA seleccionados com a respectiva RMSE e respectivo MAPE

Modelo Constante Tendência RMSE MAPE

ARIMA(7,1,7) Não Não 2,64582 4.7726%

ARIMA(7,1,7) Sim Não 2,64582 4.7726%

ARIMA(7,1,7) Sim Sim 2,64582 4.7726%

ARIMA(7,1,4) Não Não 2,69046 4.9435%

ARIMA(7,1,4) Sim Não 2,69046 4.9435%

ARIMA(7,1,4) Sim Sim 2,71898 4.8897%

Poderíamos seleccionar qualquer um dos três primeiros modelos, pois foram os que

apresentaram o valor de RMSE mais baixo. Uma vez que, para o caso anterior usei sempre o

Page 68: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

50

modelo ARIMA com constante e sem tendência, vou seguir o mesmo modelo para este caso

mas seleccionando o ARIMA(7,1,7). Por fim, pretende-se comparar os valores previstos,

usando o modelo escolhido, com os valores reais para o período de 1 de Agosto a 31 de

Dezembro de 2009. Essa comparação é demonstrada na Figura 4.21.

Figura 4.21 – Preços previstos e preços verificados para o período de 1 de Agosto a 31 de Dezembro

de 2009 (valores diários)

Na Figura 4.21 podem-se observar os valores da previsão que apresentou o menor erro. O

modelo ARIMA (7,1,7) foi eficiente e apresentou um resultado satisfatório para a previsão do

preço de energia eléctrica, no período de 1 de Agosto a 31 de Dezembro de 2009. As

previsões realizadas acompanham os valores reais, embora apresentem um MAPE de cerca de

4.8%.

Pode-se observar na Figura 4.22 o conjunto dos dados simulados e dados reais. A

simulação (linha azul) realizada no período de 1 de Janeiro a 31 de Julho de 2009, respondeu

de forma eficaz, o que permitiu realizar a previsão do preço de energia eléctrica (linha verde)

para o período de 1 de Agosto a 31 de Dezembro de 2009. A série a vermelho corresponde

aos valores diários do preço de energia eléctrica verificados durante o ano de 2009.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Ago Set Out Nov Dez

Preço

Previsão_Preço

Page 69: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

51

Figura 4.22 - Resultado da previsão para os valores diários do preço de energia eléctrica

4.3 Previsão do consumo de energia eléctrica

A previsão do consumo de energia eléctrica tornou-se mais importante desde o

aparecimento da competição nos mercados de electricidade. Os custos de sobre ou

subcontratação e do poder de compra ou venda no mercado têm aumentado tanto que podem

levar a enormes perdas financeiras.

4.3.1 Considerando valores horários

A série em análise é constituída pelas observações horárias do consumo de electricidade

(em MWh) durante o período de 1 de Janeiro a 31 de Julho de 2009, num total de 5088

observações (212 dias). Tal como para o preço, optou-se por dividir a série inicial para que

posteriormente se possa prever e comparar com a segunda metade da série, ou seja, de 1 de

Agosto a 31 de Dezembro de 2009.

A Figura 4.23 representa a variação do consumo durante o período de Janeiro a Julho de

2009, e na Figura 4.24 é apresentado o seu correlograma.

0

10

20

30

40

50

60

70

Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Preço

Teste

Previsão_Preço

Page 70: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

52

Figura 4.23 – Gráfico da série Consumo (JA�-JUL 2009)

Figura 4.24 – Correlograma para a série temporal Consumo

Pode-se verificar pela análise da Figura 4.24 que os valores da ACF para esta série não

são nulos no primeiro desfasamento nem convergem rapidamente para zero à medida que os

desfasamentos aumentam, sugerindo novamente a não-estacionaridade da série temporal.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

0 50 100 150 200

Consumo (MWh)

Janeiro-Julho 2009 (212 dias)

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20 25 30 35

desfasamento

ACF para Consumo

+- 1,96/T^0,5

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20 25 30 35

desfasamento

PACF para Consumo

+- 1,96/T^0,5

Page 71: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

53

Aplicando o teste ADF e o teste KPSS para um nível de significância de 5% constata-se

que, o teste ADF sem constante e o teste KPSS com e sem tendência, indicam a não-

estacionaridade da série, tal como acontecia com a série preço (Tabela 4.19 e Tabela 4.20).

Tabela 4.19 - Teste ADF para o Consumo

Sem constante Com constante Com constante e com tendência

Valor estatístico 0,1544 1,308e-008 6,594e-013

Valor crítico 0,05 0,05 0,05

Tabela 4.20 – Teste KPSS para o Consumo

Com tendência Sem tendência

Valor estatístico 1,04568 6,33509

Valor crítico 0,148 0,461

Como se aceita a hipótese da não-estacionaridade, é necessário transformar a série

consumo aplicando a 1ª diferença (Figura 4.25).

Figura 4.25 - Gráfico da 1ª diferença da série Consumo

Observando a Figura 4.25 verifica-se que os valores da 1ª diferença da série consumo

parecem variar em torno de um valor médio, e os valores da ACF (Figura 4.26) para a mesma

-3000

-2500

-2000

-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

0 50 100 150 200

Consumo (1ª diferença)

Janeiro-Julho 2009 (212 dias)

Page 72: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

54

série convergem rapidamente para zero à medida que os desfasamentos aumentam, indicando

assim estacionaridade.

Figura 4.26 – Correlograma para a 1ª diferença da série Consumo

Tabela 4.21 – Teste ADF para a 1ª diferença da série Consumo

Sem constante Com constante Com constante e com tendência

Valor estatístico 3,598e-033 1,625e-036 2,324e-045

Valor crítico 0,05 0,05 0,05

Tabela 4.22 – Teste KPSS para a 1ª diferença da série Consumo

Com tendência Sem tendência

Valor estatístico 0,00327512 0,00324452

Valor crítico 0,148 0,461

Pela análise da Tabela 4.21 e Tabela 4.22, teste ADF e KPSS respectivamente, conclui-se

que a transformação da série consumo através da 1ª diferença torna a série estacionária, uma

vez que o valor estatístico é inferior ao valor crítico para todos os testes.

Seguindo a metodologia Box & Jenkins e tal como foi feito para a série preço, o próximo

passo será identificar os parâmetros AR e MA a incluir nos modelos, recorrendo aos critérios

AIC e BIC. As matrizes obtidas através destes critérios são apresentadas nas Tabelas 4.23 e

4.24.

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20 25 30 35

desfasamento

ACF para Consumo (1ª diferença)

+- 1,96/T^0,5

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20 25 30 35

desfasamento

PACF para Consumo (1ª diferença)

+- 1,96/T^0,5

Page 73: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

55

Tabela 4.23 - Critério AIC Consumo (valores horários)

1 2 3 4 5 6 7

1 76965,472 76744,042 76047,451 75757,193 75636,306 75599,265 75601,171

2 999999 75682,743 75675,380 75659,293 75618,041 75601,241 999999

3 999999 75672,056 999999 999999 999999 999999 999999

4 999999 75613,526 999999 999999 999999 999999 999999

5 76691,600 75412,229 74813,617 74812,71565 999999 999999 999999

6 76591,428 75220,546 999999 999999 999999 999999 999999

7 76418,078 75107,336 999999 999999 999999 999999 999999

Tabela 4.24 – Critério BIC Consumo (valores horários)

1 2 3 4 5 6 7

1 76972,007 76763,645 76073,588 75789,864 75675,512 75645,005 75653,445

2 999999 75708,880 75708,051 75698,499 75663,780 75653,516 999999

3 999999 75704,727 999999 999999 999999 999999 999999

4 999999 75652,732 999999 999999 999999 999999 999999

5 76730,806 75457,968 74865,89077 74871,524 999999 999999 999999

6 76637,168 75272,820 999999 999999 999999 999999 999999

7 76470,352 75166,144 999999 999999 999999 999999 999999

Pela análise das matrizes dos dois critérios, podem-se seleccionar dois modelos:

ARIMA(5,1,4) e ARIMA(5,1,3). A estes modelos pode-se ainda acrescentar, ou não,

constante e tendência (Tabela 4.25). Os modelos ARIMA seleccionados, são apresentados na

Tabela 4.25.

Tabela 4.25 - Modelos ARIMA seleccionados para efectuar as previsões da série Consumo

Modelo Constante Tendência

ARIMA(5,1,4) Não Não

ARIMA(5,1,4) Sim Não

ARIMA(5,1,4) Sim Sim

ARIMA(5,1,3) Não Não

ARIMA(5,1,3) Sim Não

ARIMA(5,1,3) Sim Sim

Seleccionados os modelos ARIMA, efectua-se o cálculo das previsões e selecciona-se o

modelo que apresentar o menor valor para a Raiz do Erro Quadrático Médio (Tabela 4.26).

Page 74: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

56

Tabela 4.26 - Modelos ARIMA seleccionados com a respectiva RMSE e respectivo MAPE

Modelo Constante Tendência RMSE MAPE

ARIMA(5,1,4) Não Não 2.90603 7.7564%

ARIMA(5,1,4) Sim Não 2.90603 7.7564%

ARIMA(5,1,4) Sim Sim 3.06949 8.1927%

ARIMA(5,1,3) Não Não 3.1268 8.3457%

ARIMA(5,1,3) Sim Não 3.1268 8.3457%

ARIMA(5,1,3) Sim Sim 3.12392 8.3380%

Qualquer um dos dois primeiros modelos poderiam ser seleccionados, pois foram os que

apresentaram o valor de RMSE mais baixo. Uma vez que o primeiro teste ADF realizado para

esta série, apresentava um valor estacionário aquando da introdução de uma constante, foi

seleccionado o modelo ARIMA(5,1,4) com constante e sem tendência. Por fim, pretende-se

comparar os valores previstos, usando o modelo escolhido, com os valores reais para o

período de 1 de Agosto a 31 de Dezembro de 2009. Essa comparação é demonstrada na

Figura 4.27.

Figura 4.27 – Consumos previstos e consumos verificados para o período de 1 de Agosto a 31 de

Dezembro de 2009 (valores horários)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

220 240 260 280 300 320 340 360

Consumo

Previsão_Consumo

Page 75: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

57

Observando a Figura 4.27 constata-se que, com a ferramenta computacional baseada no

modelo ARIMA (5,1,4), obtém-se uma projecção aceitável da previsão do consumo da

energia eléctrica para o período de 1 de Agosto a 31 de Dezembro de 2009, considerando

valores horários.

Na Figura 4.28 é apresentada, a vermelho, a série correspondente aos valores horários do

consumo de energia eléctrica verificados durante o ano de 2009. A linha a azul corresponde à

simulação realizada para determinar o melhor modelo de previsão e a verde representa a

previsão horária para o consumo de energia eléctrica efectuada para o período de 1 de Agosto

a 31 de Dezembro de 2009.

Figura 4.28 - Resultado da previsão para os valores horários do consumo de energia eléctrica

4.3.2 Considerando valores diários

A série em análise, apresentada na Figura 4.29, é constituída pelas observações horárias

do consumo de electricidade (em MWh) durante o período de 1 de Janeiro a 31 de Julho de

2009, num total de 212 observações (as observações diárias correspondem à média das 24

observações horárias do mercado intra-diário).

Também para esta série, analisando o correlograma apresentado na Figura 4.30 e

aplicando os testes ADF (Tabela 4.27) e KPSS (Tabela 4.28), conclui-se que a série não é

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

0 50 100 150 200 250 300 350

Consumo

Treino

Previsão_Consumo

Page 76: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

58

estacionária uma vez que os valores da ACF convergem rapidamente para zero à medida que

os desfasamentos aumentam e, para um nível de significância de 5%, o valor estatístico é

superior ao valor crítico para todos os testes.

Figura 4.29 - Gráfico da série Consumo (valores diários)

Figura 4.30 - Correlograma para a série Consumo (valores diários)

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Consumo (MWh)

Janeiro-Julho 2009 (212 dias)

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20

desfasamento

ACF para Consumo

+- 1,96/T^0,5

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20

desfasamento

PACF para Consumo

+- 1,96/T^0,5

Page 77: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

59

Tabela 4.27 - Teste ADF para o Consumo (valores diários)

Sem constante Com constante Com constante e com tendência

Valor estatístico 0,1558 0,3554 0,8288

Valor crítico 0,05 0,05 0,05

Tabela 4.28 – Teste KPSS para o Consumo (valores diários)

Com tendência Sem tendência

Valor estatístico 0,26458 0,965458

Valor crítico 0,148 0,463

Mais uma vez, como é aceite a hipótese da não-estacionaridade, é necessário transformar

a série consumo aplicando a 1ª diferença (Figura 4.31).

Figura 4.31 - Gráfico da 1ª diferença da série Consumo (valores diários)

Observando a Figura 4.32 pode-se constatar que os valores da 1ª diferença da série

consumo variam em torno de um valor médio e os valores da ACF convergem rapidamente

para zero à medida que os desfasamentos aumentam, sugerindo a estacionaridade da série.

-2000

-1500

-1000

-500

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Consumo (1ª diferença)

Janeiro-Julho 2009 (212 dias)

Page 78: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

60

Figura 4.32 - Correlograma para a 1ª diferença da série consumo (valores diários)

Pela análise dos testes ADF e KPSS, apresentados nas Tabelas 4.29 e 4.30, conclui-se

que a transformação da série preço através da 1ª diferença torna a série estacionária, uma vez

que o valor estatístico é inferior ao valor crítico para todos os testes.

Tabela 4.29 - Teste ADF para a 1ª diferença da série Consumo (valores diários)

Sem constante Com constante Com constante e com tendência

Valor estatístico 1,549e-009 2,194e-008 1,182e-007

Valor crítico 0,05 0,05 0,05

Tabela 4.30 - Teste KPSS para a 1ª diferença da série Consumo (valores diários)

Com tendência Sem tendência

Valor estatístico 0,069564 0,0760748

Valor crítico 0,148 0,463

Tal como para os valores horários, recorre-se aos critérios AIC e BIC para determinar os

parâmetros AR e MA a incluir nos modelos. As matrizes obtidas através destes critérios são

apresentadas nas Tabelas 4.31 e 4.32.

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20

desfasamento

ACF para Consumo (1ª diferença)

+- 1,96/T^0,5

-1

-0,5

0

0,5

1

0 5 10 15 20

desfasamento

PACF para Consumo (1ª diferença)

+- 1,96/T^0,5

Page 79: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

61

Tabela 4.31 - Critério AIC Consumo (valores diários)

1 2 3 4 5 6 7

1 3594,459 3418,610 3374,472 3349,761 3351,276 3348,140 3339,197

2 3540,071 3410,684 3355,271 3342,256 3338,762 3339,825 3338,133

3 3491,981 3394,346 3390,049 999999 3340,310 3308,815 3310,045

4 3481,335 3392,892 3385,045 3368,894 3363,197 999999 3318,784

5 3472,500 3378,449 3343,553 999999 999999 3315,332 999999

6 3467,234 3357,016 3337,485 3334,595 3316,287 3305,865 999999

7 3339,365 3300,332 3287,324 3289,201 3288,259 3271,970 3268,627

Tabela 4.32 – Critério BIC Consumo (valores diários)

1 2 3 4 5 6 7

1 3597,806 3428,651 3387,860 3366,496 3371,358 3371,570 3365,974

2 3550,112 3424,072 3372,007 3362,339 3362,192 3366,601 3368,257

3 3505,369 3411,081 3410,131 999999 3367,086 3338,939 3343,516

4 3498,071 3412,975 3408,475 3395,671 3393,321 999999 3355,602

5 3492,583 3401,878 3370,330 999999 999999 3352,150 999999

6 3490,664 3383,793 3367,609 3368,066 3353,106 3346,030 999999

7 3366,142 3330,456 3320,795 3326,019 3328,425 3315,482 3315,486

De acordo com o resultado destes dois critérios, podem-se seleccionar dois modelos:

ARIMA(7,1,7) e ARIMA(7,1,6). A estes modelos pode-se ainda acrescentar, ou não,

constante e tendência. Os modelos ARIMA seleccionados, são apresentados na Tabela 4.33.

Tabela 4.33 - Modelos ARIMA seleccionados para efectuar as previsões da série Consumo (valores

diários)

Modelo Constante Tendência

ARIMA(7,1,7) Não Não

ARIMA(7,1,7) Sim Não

ARIMA(7,1,7) Sim Sim

ARIMA(7,1,6) Não Não

ARIMA(7,1,6) Sim Não

ARIMA(7,1,6) Sim Sim

Seleccionados os modelos ARIMA, efectua-se o cálculo das previsões e selecciona-se o

modelo que apresentar o menor valor para a Raiz do Erro Quadrático Médio (Tabela 4.34).

Page 80: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

62

Tabela 4.34 - Modelos ARIMA seleccionados com a respectiva RMSE e respectivo MAPE

Modelo Constante Tendência RMSE MAPE

ARIMA(7,1,7) Não Não 501,173 10.8453%

ARIMA(7,1,7) Sim Não 501,173 10.8453%

ARIMA(7,1,7) Sim Sim 501,173 10.8453%

ARIMA(7,1,6) Não Não 526,029 11.5338%

ARIMA(7,1,6) Sim Não 526,029 11.5338%

ARIMA(7,1,6) Sim Sim 526,029 11.5338%

Poder-se-ía seleccionar qualquer um dos três primeiros modelos, pois foram os que

apresentaram o valor de RMSE mais baixo. Uma vez que, para os casos anteriores foi sempre

usado o modelo ARIMA com constante e sem tendência, segue-se o mesmo modelo para este

caso mas seleccionando o ARIMA (7,1,7). Por fim, pretende-se comparar os valores

previstos, usando o modelo escolhido, com os valores reais para o período de 1 de Agosto a

31 de Dezembro de 2009.

Na simulação, apresentada na Figura 4.33, pode-se observar que o modelo apresenta

oscilações apreciáveis que acompanham as oscilações reais do consumo de energia eléctrica.

O MAPE para o modelo ARIMA (7,1,7) foi de 10.8%, um pouco elevado comparativamente

aos valores apresentados para as previsões do preço de energia eléctrica.

Na Figura 4.34 são apresentadas as três fases deste estudo para o horizonte temporal de 1

de Janeiro a 31 de Dezembro de 2009. A linha vermelha corresponde à série inicial, ou seja,

aos valores do consumo de energia eléctrica verificados no período escolhido. Na linha azul é

apresentado o resultado do teste que serviu para determinar o modelo ARIMA a usar. A

previsão realizada para a segunda parte da amostra é apresentada a verde.

Page 81: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

63

Figura 4.33 – Consumos previstos e consumos verificados para o período de 1 de Agosto a 31 de

Dezembro de 2009 (valores diários)

Figura 4.34 - Resultado da previsão para os valores diários do consumo de energia eléctrica

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

Ago Set Out Nov Dez

Consumo

Previsão_Consumo

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo

Treino

Previsão_Consumo

Page 82: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos
Page 83: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

65

5 Conclusões

A previsão fiável do preço e consumo da energia eléctrica representa uma vantagem

competitiva para as empresas produtoras. Esta previsão tem uma influência decisiva na

optimização da exploração de recursos energéticos.

A volatilidade de factores como a temperatura verificada em determinada altura do ano, e

a situação económica nacional, têm repercussões sobre o consumo de energia eléctrica que

são reflectidos nos custos envolvidos na sua produção. Desta forma, qualquer variação devida

aos factores envolvidos na previsão da energia consumida resultará num desvio financeiro

imputado no preço da energia do ano seguinte, sob a forma de um ajustamento, aumentando-o

ou diminuindo-o, consoante o sentido do desvio.

Procurou-se com este trabalho estabelecer as bases para o desenvolvimento de um

modelo auto-regressivo seguidor da metodologia Box & Jenkins, destinado a prever o preço e

o consumo da energia eléctrica para um futuro próximo. Para a escolha do modelo de previsão

foi realizada uma revisão de literatura relacionada com o tratamento de séries temporais e

metodologias de previsão já aplicadas com sucesso ao mercado de energia eléctrica por outros

investigadores. A escolha da metodologia usada foi baseada nos critérios detalhados no

capítulo 4. O uso de modelos ARIMA obteve resultados satisfatórios, principalmente para a

previsão do preço de energia eléctrica. A abordagem Box & Jenkins na análise de séries

cronológicas, é uma ferramenta bastante potente no que diz respeito à obtenção de previsões

precisas de curto-prazo. Os modelos ARIMA são bastante flexíveis e podem representar uma

grande variedade de características da série cronológica que ocorrem na prática. No entanto, a

modelação ARIMA apresenta algumas desvantagens: é necessária uma quantidade

relativamente grande de dados; a actualização dos parâmetros do modelo, à medida que se

obtêm novos dados, não é de fácil execução, implicando reajustes periódicos ou mesmo o

desenvolvimento de um novo modelo; e a construção de um modelo ARIMA satisfatório

requer, na maior parte dos casos, um grande investimento de tempo e recursos.

As previsões desenvolvidas foram avaliadas com duas medidas de erro muito utilizadas

na literatura para previsões de séries temporais (RMSE e MAPE). Podemos perceber através

Page 84: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

66

destas medidas que a eficiência nas previsões está directamente relacionada com os

parâmetros utilizados em cada método.

A avaliação dos resultados do erro percentual médio absoluto indica que a metodologia

Box & Jenkins, mais especificamente utilizando modelos ARIMA, apresenta resultados mais

satisfatórios para a previsão do preço de energia eléctrica do que para a previsão do consumo

da mesma.

O presente trabalho verifica que, mesmo utilizando um banco de dados elementar, é

possível obter uma previsão com resultados satisfatórios a ponto de serem aproveitados na

optimização do funcionamento dos mercados de energia eléctrica.

Page 85: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

67

Referências

[1] Nogales, F. J., Contreras, J., Conejo, A. J., and Espínola, R. (2002). Forecasting

4ext-Day Electricity Prices by Time Series Models, IEEE Transactions on Power Systems,

Vol. 17, No. 2, pp. 342-348.

[2] Bastian, J., Zhu, J., Banunarayanan, V., and Mukerji, R. (1999). Forecasting Energy

Prices in a Competitive Market, IEEE, Computer Applications Power, Vol. 12, No. 3, pp. 40-

45.

[3] Tabors, R. D. (1994). Transmission System Management and Pricing: 4ew

Paradigms and Internacional Comparisons, IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 9,

No. 1, Fevereiro.

[4] Flechner, B. (1998). Business Management Systems for Energy Trading in an Open

Electricity Market, EPSOM’98, Zurich, Sept. 23-25.

[5] Sheblé, G. B. (1999). Computacional Auction Mechanisms for Restrutured Power

Industry Operation, Kluwer Academic Publishers.

[6] Liu, C., Song, H., Lawarrée, J. & Dahlgren, R. (2000). 4ew Methods for Electric

Energy Contract Decision Making, IEEE, Paper accepted for presentation at the International

Conference on Electric Utility Deregulation and Restruturing and Power Technologies, Abril.

[7] aicep Portugal Global, (2008) “O Sector Eléctrico”, disponível em

http://www.portugalglobal.pt/PT/InvestirPortugal/PorquePortugal/Documents/O%20sector%2

0electrico.pdf. Acedido em Novembro de 2011.

[8] REN, Redes Energéticas Nacionais, http://www.ren.pt/. Acedido em Novembro de

2011.

Page 86: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

68

[9] OMIP, Operador do Mercado Ibérico de Energia – Pólo Português,

http://www.omip.pt/. Acedido em Novembro de 2011.

[10] Murteira, B. J. F. ; Muller, D. A. E Turkman, K. F. (1993). Análise de sucessões

cronológicas, McGraw-Hill

[11] Pellegrini, Fernando R., Fogliatto, Flávio S. (2001, Novembro). Passos para

Implementação de Sistemas de previsão de Demanda – Técnicas e Estudo de Caso, Revista

PRODUÇÃO, v.11, n.1.

[12] Stengel, Robert F. (1986). Stochastic Optimal Control: Theory and Application.

1.ed. New York: John Wiley & Sons Inc.

[13] Makridakis, S., Wheelwright, S., Hyndman, R. (1998). Forecasting: methods and

applications, 3rd ed. New York: John Wiley and Sons

[14] Mentzer, John T.; Bienstock, Carol C. (1998). Sales Forecasting Management.

Thousand Oaks: Sage.

[15] Tubino, Dalvio F. (2000). Manual de Planejamento e Controle da Produção. 2.ed.

São Paulo: Atlas S.A..

[16] Vasconcellos, M. A. S.; Alves, D. (2000). Manual de Econometria. São Paulo:

Atlas.

[17] Box, G. E. P., Jenkins, G. M & Reinsel, G. C. (1994). Time Series Analysis –

Forecasting And Control. 3.ed. New Jersey: Prentice Hall.

[18] Caiado, Jorge, Prémio Nobel da Economia: O Desenvolvimento de Métodos

Estatísticos para Análise de Séries Temporais Econômicas e Financeiras. Revista

InforBanca.

[19] Engle, Robert F. (1982). Autoregressive Conditional Heteroskedasticity with

Estimates of the Variance of United Kingdom Inflation. Econometrica, Vol. 50, pp. 987-1007.

Page 87: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

69

[20] Bollerslev, T. (1986). Generalized Autoregressive Conditional Heteroskedasticity.

Journal of Econometrics, v. 31, p. 307-327.

[21] Bartlmae, Kai; Rauscher, Folke A. A 4eural 4etwork Volatility Mixture Approach.

Disponível em: http://www.smartquant.com/references/VaR/var15.pdf.

[22] Hecht-Nielsen, R. (1988). Applications of Counterpropagation 4etworks, Neural

Networks, v.1, p 131-140.

[23] Dickey, D., Pantula, S. (1987). Determinig the order or differencing in

autoregressive processes. Journal of Business and Economic Statistics 5(4):18-24

[24] Kwiatkowski, D., Phillips, P., Schmidt, P., Shin, Y. (1992). Testing the null

hypothesis of stationarity against the alternative of a unit root. Journal of Econometrics 54:

159-178

[25] Gretl User’s Guide

[26] OMEL, Operador do Mercado Ibérico de Energia – Pólo Espanhol

http://www.omel.es/pt/. Acedido em Novembro de 2011.

[27] Redes Energéticas Nacionais, Electricidade - Centro de Informação, disponível em

http://www.centrodeinformacao.ren.pt/PT/Paginas/CIHomePage.aspx. Acedido em

Novembro de 2011.

[28] OMIClear, Sociedade de Compensação de Mercados de Energia, S.A.,

http://www.omiclear.pt/. Acedido em Novembro de 2011.

[29] Esmeralda Gonçalves, Nazaré Mendes Lopes (2008). Séries temporais lineares e

não lineares, 2ª ed. Sociedade Portuguesa de Estatística.

Page 88: MODELOS DE PREVISÃO PARA O PREÇO E CO SUMO DA E …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Daniela... · no meio empresarial. São apresentados os principais métodos

70