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Modelos de Serlio

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Page 1: Modelos de Serlio
Page 2: Modelos de Serlio

PROJETO INTEGRADO DE MODELOS TRIDIMENSIONAISpara estudos de arquitetura renascentista

Modelos de Sebastiano Serlio (Colunas)

Pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Modelos Tridimensionais nos anos de 2012 a 2013

PROJETO APROVADO E FINANCIADO PELO CNPQ

bolsas de pesquisa para iniciação científica no período de setembro de 2012 a agosto de 2013

LABTRI - Laboratório de modelos Tridimensionais da FAU - USP

Coordenação:Prof. Dr. Mário Henrique Simão DAgostino

Professores:Dra. Andea Buchidid Loewen

Pesquisador:Rômulo Oraggio Beraldi

Page 3: Modelos de Serlio

Agradecimentos

A elaboração desse trabalho não seria viável sem a perene assistên-cia dos professores Dr. Mário Henrique Simão D’Agostino e Dra. Andrea Buchidid Loewen que, ao mínimo sinal de dificuldade, não hesitaram em estender a mão em auxílio na superaçãodos obstáculos que aqui se propôs enfrentar. Se é muito grato também à pesquisadora Gabriela Lotuffo Olivei-ra pela troca de experiências e de quem a ajuda foi imprescindível no desenvolvimento dos modelos tridimensionais, assim como Lucas Frech, sempre disposto a orientar o processo. Também deve ser lembrada Carolina Rodrigues Rentes que soube incentivar o trabalho durante seus momentos desafiadores e trazer calma à sua elaboração.

Page 4: Modelos de Serlio

ÍNDICE

As cinco Ordens Clássicas da arquitetura

PrefácioNotas

.....................................................................................................................5

..........................................................................................................................6

Êntasis ..........................................................................................................................7

Toscana

Dórica

Jônica

Coríntia

Compósita

....................................................31

....................................................21

....................................................11

....................................................47

....................................................61

..................................................................................................................69Caneluras

Bibliografia .............................................................................................................73

Page 5: Modelos de Serlio

O presente trabalho propõe a montagem de um “Kit pedagógico” destinado a alunos de graduação em Arquitetura, composto de cad-erno de estudos e modelos físico e digital, com fins didáticos, a fim de propiciar material de suporte ao estudo e entendimento das principais vertentes históricas da chamada Arquitetura Clássica do Renascimento Italiano. A proposta coordena-se a outras pesquisas realizadas no Labo-ratório de Modelos Tridimensionais (LabTri) do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Ur-banismo da Universidade de São Paulo. Esse libreto visa dar continuidade às pesquisas anteriores sobre os Modelos de Vitrúvio (premiada entre as 15 melhores da Universidade de São Paulo pelo SICUSP) e sobre as soluções de templos e ordens de colu-nas clássicas prescritas por Francesco di Giorgio Martini em seu Tratado de Arquitetura, correspondente ao período histórico do Renascimento na Itália, visando o estudo da obra de Sebastiano Serlio (1475-1554) “I Sette libri dell’architettura; Libro IV”. O pesquisador responsável pela viabilização do produto final, Rômulo Oraggio Beraldi, contou com o apoio financeiro da Reitoria da USP (bolsas de iniciação científica). A coordenação do projeto coube ao prof. Dr. Mário Henrique Simão D’Agostino, contando também com a colaboração da professora Dra. Andrea Buchidid Loewen.

PREFÁCIO

5

Page 6: Modelos de Serlio

Para o entendimento do tratado dá-se à medida da seção trans-versal da base do fuste, o nome de MÓDULO. É por essa medida que o artesão se baseará para o dimensionamento de todos os el-ementos que compõe cada or-dem.

Para a organização desse Kit Ped-agógico dividiu-se cada ordem em seus principais elementos: Ta-manho, Pedestal, Base, Capiel e Entablamento. Pode ser que al-guma ordem apresente mais ou menos de um de cada um desses elementos.

NOTAS

6

Page 7: Modelos de Serlio

7

O êntasis é uma técnica empregada na concepção de colunas que con-tribui para o efeito óptico de solidez e estabilidade do edifício. Aplicada no fuste ela cria um abaulamento desse elemento de modo a dar a impressão ao observador de maior estabilidade. Para melhor visualizar o efeito pode-se pensar em uma fileira de cones e uma fileira de cilindros de mesmo diâmetro. O conjunto de cones passa sem dúvi-das uma sensação maior de firmeza.

Para tanto, diferentemente do tratado de Vitruvio, Serlio não aplica um abaul-amento integral ao fuste, mas sim um que se inicia a partir do terço inferior, fazendo com que sua base seja efeti-vamente menor do que o topo. O pro-cedimento é simples e varia de acordo com a vontade do artesão. O método será explanado nos passos a seguir.

ÊNTASIS

Page 8: Modelos de Serlio

8

Faz-se um retângulo de 1 módulo por X módulos de altura, sendo X o tamanho do fuste desejado.

Divide-se esse retângulo em 3 partes iguais. O 1/3 inferior é mantido e os outros 2/3 restantes são divididos ver-ticalmente em quantas partes o pro-jetista achar necessário*. Esse ex-emplo será dividido em 4 partes pelos segmentos D1, D2, D3 e D4

Da parte superior é tira-do 1/8 de cada um dos lados. Esse segmento será o topo do fuste;

1 móduloX

mód

ulos

X/3

X/3

X/3

X/6

X/6

X/6

X/6

1/8 1/8D1

D2

D3

D4

topo do fuste

PROCEDIMENTO

1

23

Page 9: Modelos de Serlio

9

No segmento que divide o1/3 inferior dos demais será feito um meio círculo -de raio 1/2 módulo - e das extremi-dades do topo do fuste serão traçadas duas retas r e s verticais. No ponto em que as retas encontram o meio círculo, será traçado um segmento de linha t.

O comprimento de raio compreendido entre o segmento t e o d4 serão dividi-dos no mesmo número de partes dos 2/3 superiores, no caso 4 partes dividi-das por d1, d2, d3 e d4

X/3

X/3

X/6

X/6

D3

D4 1/81/8r s

t

D4 1/81/8r s

td1d2d3d4

4

5

Page 10: Modelos de Serlio

10

Dessa maneira, a começar pelo 1/3 inferior do fuste, sua espessura se afunila, formando o que para Serlio é o processo de êntasis.

*Serlio afirma que fica a cargo do artesão a quantia dessas divisões, que varia conforme a altura da coluna almejada e sua espessura.

Desse modo liga-se as extremidades de d1 com as de D1 por segmentos h e h’; as extremidades de d2 com os pontos derivados da intercessão entre D2 e h, h’ por segmentos i e i’; as extremidades d3 com os pontos derivados da inter-cessão entre D3 e i, i’ por segmentos j e j’; as extremidades de d4 com os pontos derivados da intercessão entre D4 e j e j’ por segmentos k e k’.

D1

D2

D3

topo do fuste

D4td1d2d3d4

ii'

hh'

jj'

kk'

6

Page 11: Modelos de Serlio

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ORDEM TOSCANA

A primeira das ordens a ser abordada por Serlio, a Toscana, é a seu ver ide-al para ser utilizada em portais de ci-dades, cidadelas e castelos, ou então locais que guardam riquezas, munições e artilharia, sendo que seu principal uso se dá em prédios fora dos grandes cen-tros urbanos.

Em ALTURA, contando base, fuste e capitel, essa ordem deve ter 6 módu-los, sendo 5 destinado ao o compri-mento do fuste, 1/2 ao da base e 1/2 ao do capitel.

Page 12: Modelos de Serlio

1112

O pedestal da Ordem Toscana deve ter em largura a mesma medida do Plinto da base da coluna. Com essa dimen-são faz-se um quadrado, divide-se sua altura por 4 partes e adiciona-se uma dessas partes à face superior e outra à inferior, havendo assim um total de 6 partes iguais - a mesma proporção apre-sentada na altura da coluna Toscana (6 módulos). Os elementos adicionados dessa maneira não devem, segundo Serlio, ser ornamentados ou esculpidos.

Serlio não especifica uma medida para a projeção de tais elementos e chega a ilustrar modelos em que não há projeção. A observação das pranchas permite depreender que a a medida da projeção pode ser obtida através do encontro de um arco cujo raio é igual à diagonal desses elementos, com o eixo hori-zontal no qual se dá seu centro.

PEDESTAL TOSCANO

1

Page 13: Modelos de Serlio

1.elevação do pedestal toscano2.modelos eletrônicos do pedestal toscano3.imagem original do tratado

2

3

3

13

Page 14: Modelos de Serlio

A base deve ter 1/2 módulo de altu-ra e ser dividida em duas partes, a inferior é para o Plinto e a superior deve ser dividida em 3 partes iguais, das quais as duas de baixo serão para o Toro e a outra para a Cinta.

Plinto PlintoToro

Cinta

Plinto PlintoToro

Cinta

A projeção (dimensões horizontais) dessa base em relação ao fuste deve ser feita da seguinte maneira: traça-se um círculo de 1 módulo de diâmetro, inscreve-se o em um quadrado que de-verá ser circunscrito por um outro círcu-lo concêntrico. Dessa forma é possível atribuir valores proporcionais à dimen-são da base em relação ao resto da col-una. As extremidades do círculo externo darão o limite ideal de avanço da pro-jeção do Plinto e do Toro. A Projeção da Cinta deve ser igual a sua altura e conta-da a partir do módulo da base do fuste.

BASE TOSCANA

14

Page 15: Modelos de Serlio

Diferentemente das outras ordens, o Plinto da Ordem Toscana há de ser feito redondo, coincidindo com as dimen-sões do Toro (M).

1.elevação da base toscana2.modelos eletrônicos da base toscana3.imagem original do tratado 1

2

2

15

Page 16: Modelos de Serlio

A altura do capitel é como a da Base e deverá ser dividido em 3 partes iguais. Uma delas será para o Ábaco.

A do meio terá de ser dividida em 4 partes iguais, das quais 3 superiores serão para o Équino e a outra para o seu Anulo.

O 1/3 restante inferior será para o Hi-potraquelio. Há ainda um elemento de transição entre o Fuste e o Capitel que Serlio chama de Astragalo com o Co-larinho, que, juntos, têm altura igual a metade do Hipotraquelio e são adicio-nados inferiormente à altura do Capitel, sendo que duas partes dessa medida são uma para o primeiro, e uma para o segundo elemento.

CAPITEL TOSCANO

Ábaco

ÁbacoÉquino

Anulo

ÁbacoÉquino

AnuloHipotraquelio

ÁbacoÉquino

AnuloHipotraquelio

AstragaloColarinho

16

Page 17: Modelos de Serlio

A projeção do Ábaco - sua medida horizontal - deve ser de um módulo. A projeção do Hipotraquelio deve ser como o topo do fuste. O Équino será o elemento de ligação entre esses cuja projeção específica não vem prescrita no tratado, diferentemente do Anulo que se projeta como sua altura, assim como o Astragalo e Colarinho, sepa-radamente.

1 móduloábaco

anulo

équino

hipotraquélio

astragalo

colarinho

1.elevação do capitel toscano2.modelos eletrônicos do capitel toscano3.imagem original do tratado

1

2

2 3

17

Page 18: Modelos de Serlio

Tenia

Cimata

CimataCorona

Segundo Sebastiano Serlio o entabla-mento é concebido da seguinte ma-neira: a Arquitrave terá 1/2 módulo de altura e deverá ser dividida em 6 partes, o 1/6 superior será para Tenia;

ENTABLAMENTO TOSCANO

Zóforo

Córnice

Arquitrave

As projeções devem ser feitas como suas alturas, sendo que a Arquitrave e o Zóforo permanecem alinhados ao Hipotraquélio do Capitel – que por sua vez é alinhado ao topo do fuste.

o Zóforo também terá 1/2 módulo e terá sua altura integral mantida; o Cór-nice terá 1/2 módulo de altura que será dividida em 4 partes, os 1/4 supe-rior e inferior serão destinados às Cima-tas e o restante será para a Corona.

1

18

1.elevação do entablamento toscano2.imagem original do tratado 3.modelos eletrônicos do capitel toscano

Page 19: Modelos de Serlio

19

Serlio ainda indica que a Corona pode apresentar Dentículos em sua projeção, mas não especifica suas proporções, de modo que apreendeu-se as seguintes medidas das pranchas ilustradas. Para tanto divide-se a projeção da Corona em 14 partes e, começando de fora para dentro, cada dentículo terá 2 des-sas partes por um intervalo de 1. A altura dos intervalos será também de 1 parte.cimata

cimatacorona

zóforo

tênia

arquitrave

1.elevação do entabla-mento toscano2.imagem original do tratado 3.modelos eletrônicos do capitel toscano

3 1

2

Page 20: Modelos de Serlio
Page 21: Modelos de Serlio

Sebastiano Serlio aponta que os Anti-gos remetem o uso da Ordem Dórica aos deuses Júpiter, Marte e Hércules e a outros deuses fortes e robustos. Ressal-ta que os bons cristãos ao erigirem um templo a Jesus Cristo ou a São Pedro, São Paulo ou São Jorge, que, apesar de não terem sido todos soldados por profissão em vida, mas por terem dado a vida à defesa da fé de Cristo, devem utilizar-se dessa ordem para os templos.

ORDEM DÓRICA

A descrição da Ordem Dórica é a se-gunda a ser abordada. Ela tem, em altura, 7 módulos, tendo sua base 1/2 módulo de altura e seu capitel 1/2 de altura desse modo.

21

Page 22: Modelos de Serlio

O pedestal dórico deve ser feito se-gundo as proporções da coluna, em 7 partes. Para tanto se usa a largura do Plinto da base como lado de um quadrado cuja diagonal será a altu-ra do pedestal. A essa altura soma-se, acima e abaixo, 1/5 dela mesma, de forma a se ter 7 partes iguais no total.

PEDESTAL DÓRICO

1

1.elevação dos elementos esculpidos do pedestal dórico2.modelos eletrônicos do pedestal dórico3.imagem original do tratado

22

1

Page 23: Modelos de Serlio

A parte somada ao topo do pedestal tem de ser dividida em 11 partes iguais, 2 serão para o primeiro elemento, 6 para o segundo, 2 para o terceiro e 1 para o último.

em seu tratado Serlio não especifica como es-culpir os elementos adicionados, de modo que as medidas a seguir foram depreendidas dos desenhos na edição original do tratado em italiano. Como não há nomes que determinam cada um dos componentes, serão citados ordi-nalmente de cima para baixo.

A parte somada à parte e de baixo do pedestal deve ser dividia também em 11 partes, sendo ao primeiro elemento, 2 ao segundo, 3 ao terceiro e 5 ao últi-mo.

1

1

2

2

23

Page 24: Modelos de Serlio

24

As projeções desses indivíduos são assim como suas alturas, exceto pelo elemen-to imediatamente abaixo do Plinto, que se projeta com medida igual a 2 vezes a altura do Plinto, e o elemento logo abaixo, que deve conectar a peça de modo proporcional aos olhos do ar-tesão, sem uma medida exata.

3 2

2

Page 25: Modelos de Serlio

Para a concepção da BASE Serlio atribui-lhe 1/2 módulo de altura que será dividido em 3 partes iguais, a parte inferior será o Plinto.

O restante será dividido em 2 partes, onde a metade de baixo será o Toro In-ferior e a outra será a Escócia, que terá sua altura dividida em 7 partes. Serão feitos frisos equivalentes a uma dessas partes cada na parte superior e inferior da Escócia (dentro de sua própria altu-ra).

Os 2/3 restantes serão divididos em 4 partes cuja mais alta será destinada ao Toro Superior.

BASE DÓRICA

Plinto

Toro Superior

Plinto

EscóciaToro Inferior

Plinto

Toro Superior

EscóciaFriso

Friso

nas edições consultadas do tratado, Serlio faz uma demostração confusa da projeção da base, portanto a explanação a seguir orientou-se em parte pelas pranchas gráficas.

Serlio diz que o Plinto deve ter 1 módulo e meio horizontalmente e que a pro-jeção total dos elementos restantes da base deve ser metade de sua altura.

não há uma regra prescrita para cada elemento separadamente, o que torna o processo um pouco impreciso, mas por observação das pranchas gráficas nota-se que as projeções seguem a lógica predominante no tratado, de que cada elemento avança horizon-talmente conforme sua própria altura.

25

Page 26: Modelos de Serlio

1.elevação da base dórica2.imagem original do tratado 3, 4 e 5.modelos eletrônicos da base dórica

1 4

3

3 5

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Page 27: Modelos de Serlio

CAPITEL DÓRICOO capitel dórico deve ter 1/2 módu-lo em altura e deve ser dividido em 3 partes iguais. A parte superior será o Ábaco e deverá ser dividida em 3 partes, sendo o terço superior também dividido em 3 partes, das quais a mais alta fará o Regolo, e as demais a Cima-ta. O restante do Ábaco será o Plinto.

O terço mediano do capitel também será partido em 3 partes iguais, sendo os 2/3 superiores o Équino e o restante di-vidido igualmente entre seus três Anéis. O restante da altura total será o Hipot-raquelio.

ainda há dois elementos cuja altura ou pro-jeção não são citadas, que fazem a ligação do fuste ao capitel e que pelas pranchas é possível depreender suas proporções.

RegoloÁbacoCimata

PlintoÉquino

Anéis

Hipotraquélio

123

1

2

3HipotraquélioC

apite

l RegoloÁbacoCimata

PlintoÉquino

Anéis

Hipotraquélio

123

1

2

3HipotraquélioC

apite

l

RegoloÁbacoCimata

PlintoÉquino

Anéis

Hipotraquélio

123

1

2

3HipotraquélioC

apite

l

São elas, a superior, Astragalo ou “Ton-dino”, equivalente a 1/3 do Hipotraque-lio, sua projeção se dá na linha dos Ané-is; e a inferior, imediatamente acima do fuste, o “Apophigi detti colarin” ou Colarinho, com altura equivalente a 1/4 do Hipotraquelio e com metade dessa medida em projeção.

HipotraquélioAstragaloColarinho

HipotraquélioAstragaloColarinho

HipotraquélioAstragaloColarinho

HipotraquélioAstragaloColarinho

HipotraquélioAstragaloColarinho

27

Page 28: Modelos de Serlio

As projeções dos elementos serão como suas alturas.

regolocimata

plintoéquino

anéishipotraquelio

astragalocolarinho

1.projeções do capitel, as

linhas traceja-das mostram

como a altura dos elementos

se transformam em suas pro-

jeções2.elevações do

capitel dórico 3.modelos

eletrônicos dao capitel dórico

4.imagem origi-nal do tratado 1 1 3

3

3

4

2

28

Page 29: Modelos de Serlio

O entablamento dórico é composto, inicialmente, pela Arquitrave com altu-ra de 1/2 módulo e sendo dividida em 7 partes iguais, a superior será a Tenia, que fará a divisão das Gotas e seus Frisos com o Triglifo. Essa Subtenia tem a altura de 1/6 da Arquitrave e será di-vidida em 4 partes, uma delas o será o Friso e o restante abaixo as Gotas, que serão feitas em conjuntos de seis uni-dades trapezoidais.

Logo acima dos Triglifos deve-se posi-cionar a Corona com suas Cimácias, in-ferior e superior, sendo a altura total 1/4 de módulo dividido em 5 partes, 3 para a Corona e uma para cada uma das Cimácias. Acima desse conjunto está a Scima, com mesma altura, 1/8 dessa medida é adicionado ao topo para o Friso superior.

Os Tríglifos tem de ter 3/4 módulos em altura e 1/2 módulo de espessura, que deverá ser dividida em 12 partes para a concepção de seus canais. De cada um dos lados do Tríglifo deve-se deixar uma dessas partes para meios canais, sendo 6 partes do restante destinadas às partes planas da peça, e as 4 outras para os canais em si. Na parte superior dessa peça há de se fazer um coro-amento com altura de 1/12 módulo adicionais e que percorre longitudinal-mente todo o entablamento. Entre um Triglifo e outro há um espaço chamado por Vitruvio de Métopa, que deve ser um quadrado de 3/4 de módulo, no qual se coloca ornamentação.

ENTABLAMENTO DÓRICO

Arquitrave

TeniaSubtenia

CoronaCimácia

Cimácia

ScimaFriso

Triglifo

Coroamento

Métopa

Can

ais

Can

ais

Arquitrave

TeniaSubtenia

ScimaFriso

Triglifo

Coroamento

Métopa

Can

ais

Can

aisTriglifo

Coroamento

Métopa

Can

ais

Can

ais

29

Page 30: Modelos de Serlio

As projeções dos elementos descritos são equivalentes às suas alturas, exceto pela Corona, que, quando o material permitir, tem de ser exaltada.

1.elevação do entablamento dórico2.modelos eletrônicos do entablamento dórico3.imagem original do tratado

1 2

2

2

3

30

Page 31: Modelos de Serlio

À Ordem Jônica é atribuída pelos an-tigos uma forma feminina e é dedica-da aos deuses Apolline, Diana e Baco. Mas os cristãos, ao fazerem um templo sacro com essa ordem, devem dedicá-lo àqueles santos que em vida foram tanto robustos como tenros, e se algum edifício público ou privado for feito para aqueles homens de vida quieta e litera-tos, que seja usada a Ordem Jônica.

A Ordem Jônica é composta segundo Sebastiano Serlio por no total 8 módu-los, com Base, Fuste e Capitel. Vitruvio afirma que essa medida tem de ser 8,5 módulos e há ainda exemplos com 9 módulos em altura. Segundo o tratado analisado aqui, a altura da base é igual a 1/2 módulo e o capitel 1/3 de módulo, podendo chegar a até o dobro desse valor.

ORDEM JÔNICA

31

Page 32: Modelos de Serlio

O pedestal jônico é feito na mesma proporção de sua coluna, ou seja, em 8 partes. Sua largura será a mes-ma do Plinto da base e a sua altura será feita com 1,5 dessas medida.

PEDESTAL JÔNICO

Divide-se esse retângulo em 6 partes verticalmente e adiciona-se uma dessa partes no topo e outra no fun-do do retângulo, resultando dessa forma em 8 partes iguais. Essa é a regra geral que pode ser adaptada como melhor convier ao artesão.

32

Page 33: Modelos de Serlio

em seu tratado Serlio não especifica como es-culpir os elementos adicionados, de modo que as medidas a seguir foram depreendidas dos desenhos na edição original do tratado em italiano. Como não há nomes que determinam cada um dos componentes, serão citados ordi-nalmente de cima para baixo.

Divide-se a parte somada a cima do pedestal em 10 partes iguais, 1 delas é a altura do primeiro elemento, 2 para o segundo, 1 para o terceiro, 3 para o quarto, 1 para o quinto e 2 para o sexto.

A parte somada ao fundo do retângu-lo também tem de ser dividida em 10 partes, sendo 1 ao primeiro elemento, 2 ao segundo, 1 ao terceiro, 2 ao quarto, 1 ao quinto, 2,5 ao sexto e 0,5 ao séti-mo. Ainda há de se considerar um Plinto desse pedestal, adicionado posterior-mente à sua base. Em relação a essa divisão em 10 partes, ele apresenta 5 em altura.

1

1 2

33

Page 34: Modelos de Serlio

As projeções desses elementos são como suas alturas e podem ser mais bem observadas nas pranchas gráfi-cas que apresentam variações, onde elementos côncavos têm versões con-

1.elevação do pedestal jônico e seus ele-mentos esculpidos2.modelos eletrônicos do pedestal jônico3.imagem original do tratado

2

2

3

34

Page 35: Modelos de Serlio

A base da Ordem Jônica de acordo Serlio tem altura de 1/2 módulo. O Plinto tem 1/3 dessa altura.

Plinto

Toro

Plinto

BASE JÔNICA

O restante é dividido em 3 partes iguais das quais a superior é o Toro; outra, logo abaixo do Toro, tem de ser dividida em 6 partes, uma delas para o Astra-galo, meia para a Cinta e uma delas para o Supercílio, logo abaixo do Toro; o restante seria a Escócia Superior. O terço restante também deve ser dividi-do em 6 partes, sendo uma delas para o Astragalo, meia para a sua Cinta e meia para o elemento de divisão entre a Esócia Inferior e o Plinto.

Supercílio

Escócia Superior

CintaAstragalos

Escócia Inferior

Supercílio

Cinta

Toro

Plinto

35

Page 36: Modelos de Serlio

A projeção em cada um dos lados da base deve ser (1/8 + 1/16) módulo, de modo que o Plinto deve ter (1/4 + 1/8) módulo em projeção em cada um dos lados. As demais projeções são explici-tadas por Serlio em suas pranchas gráf-cas. O esquema a seguir procura es-clarecer essas relações.

(1/16 + 1/8)

Supercílio

Escócia Superior

CintaAstragalos

Escócia Inferior

Supercílio

Cinta

Toro

Plinto

21

36

Page 37: Modelos de Serlio

1. elevação da base jônica 2.imagem original do tratado3.modelos eletrônicos da base jônica

2

3

31

37

Page 38: Modelos de Serlio

CAPITEL JÔNICO

Segundo Sebastiano Serlio o capitel jônico tem altura total de 1/3 de módu-lo, mas em alguns casos em que há or-namentação pode-se chegar a até o dobro dessa altura.

1/36 1/36

1módulo

Ábaco

Olho

Cathetha

Astragalo

Équino

Anéis

Voluta

Ábaco

Astragalo

Équino

Anéis

Voluta

Ábaco

Divide-se o total da projeção por 19 partes iguais. Conta-se 1,5 dessas partes das extremidades do Ábaco para den-tro, e então traça-se um segmento de reta perpendicular para baixo com 9,5 partes de comprimento, a esse seg-mento dá-se o nome de Catheta e ser-virá como gabarito para a montagem das Volutas.

1/36 1/36

1módulo

O Ábaco deve ter a projeção de 1 módulo, sendo adicionada a cada a de seus lados 1/36 desse valor. Há um elemento superior cujo nome Serlio não fornece e que está colocado adicional-mente à altura total do capitel, sua altu-ra é também equivalente a 1/36.

38

Page 39: Modelos de Serlio

A 1,5 dessas partes superiores será a altura do Ábaco. Das 8 partes restantes deve haver 4 logo abaixo do Ábaco, a quinta será o Olho da voluta, restando ainda três delas abaixo. Deve-se in-screver o segmento referente ao olho em uma circunferência e dividir seu diâmetro em 6 partes iguais, enumeran-do-o como mostra-se a seguir.

1/36 1/36

1módulo

Ábaco

Olho

Cathetha

1/36 1/36

1módulo

Ábaco

Olho

Cathetha

1/36 1/36

1módulo

Ábaco

Olho

Cathetha

1/36 1/36

1módulo

Ábaco

Olho

Cathetha

1

2

3

4

5

6

Centro

Cat

heth

a

Olho

39

Page 40: Modelos de Serlio

Com o compasso centrado no ponto 1, traça-se um arco com início no encontro da Catheta com a parte inferior do Ábaco e que desce externa-mente ao capitel até se encontrar no-vamente com a Catheta.

1

Ábaco

2

Ábaco

3

Ábaco

4

Ábaco

5

Ábaco

6

Ábaco

Mudando o centro do compasso para o ponto 2 traça-se outro arco que sobe in-ternamente ao capitel até se encontrar com a Catheta novamente. Repete-se esse processo em espiral até o ponto 6, onde o arco se encontrará com o pon-to 1.

40

Page 41: Modelos de Serlio

Sobre as linhas internas das curvas das Volutas o tratadista ainda afirma que se o capitel for muito grande – sem es-pecificação do que “grande” é – a esp-essura entre as linhas deve ser de 1/4 do diâmetro do Olho, mas se o capitel tiver uma altura ordinária, essa espessura muda para 1/3. Para se obter essa curva interna ainda pode-se mudar o centro do compasso “um pouco” para baixo do ponto 1, “um pouco” para cima do ponto 2, e assim por diante, repetindo o processo de montagem das volutas.

em relação à dimensão da ornamentação do capitel Serlio não diz nada, exceto pelo Ábaco. Entretanto é possível, pelas pranchas gráficas, ver que os valores das alturas dos demais ele-mentos variam conforme o tamanho das Volu-tas.

1.imagem original do tratado 2.modelos eletrônicos da capitel jônico

1

1

41

Page 42: Modelos de Serlio

22

2

42

Page 43: Modelos de Serlio

Para a montagem do entablemtno jôni-co, é necessário saber antes a altura to-tal da coluna, com base, fuste e capitel. Essa medida nos dirá qual será a altura da Arquitrave e essa dos demais com-ponentes, o Friso e a Cornija. Para tanto Serlio prescreve a seguinte relação.

ENTABLAMENTO JÔNICO

Feito isso se divide a altura da Ar-quitrave em 7 partes iguais, uma delas – a mais alta – será a Cimácia, o restante deve ser dividido em 12 partes iguais. 3 delas serão para a Faixa Inferior, 4 para a Faixa Média e 5 para a Faixa Superior. Serlio diz que se houver algum adorno esculpido no Friso ele deve ser 1/4 maior de que a Arquitrave, mas se não apre-sentar, deve ser 1/4 menor. A Cimácia do Friso deve medir o equivalente a 1/7 de sua altura e somada imediatamente acima dele.

Acima dessa Cimácia devem estar os Dentículos com altura igual à da Faixa Mediana. As bases dos Dentículos de-vem ter metade de sua altura, sendo que o espaço entre eles deve ser 1/3 menor. A Cimácia dos Dentículos equiv-ale a 1/6 de sua altura e deve ser adi-cionada imediatamente acima deles. A Corona possui também a mesma altura da Faixa Média, e sua Cimácia ocupa 1/3 dessa altura (aqui levou-se em consid-eração as pranchas gráficas, pois não há esse dado na forma de texto). A Scima é 1/8 maior de que a Corona, sendo seu Friso a sexta parte do todo.

na Cimácia da Arquitrave a parte menor deve ter 1/4 de sua altura, na Cimácia do Friso a parte menor deve ter 1/6 de sua altura, na Cimá-cia dos Dentículos a parte menor deve ter 1/3 de sua altura, na Cimácia da Corona a parte menor deve ter 1/3 de sua altura.

todas as Cimácias utilizadas mostram uma di-visão interna que resulta em uma parte menor e uma maior, como não foram encontradas medidas precisas em forma de texto que as ex-planam, procurou-se tirar das pranchas gráficas essa proporção. Entretanto essa omissão pode significar que tal divisão pode estar a cargo do artesão ao esculpir a peça.

43

Page 44: Modelos de Serlio

No caso é só o Friso que tem esse al-cance, deixando o restante ceder até quase metade dessa projeção máxima. A Faixa Superior avança até metade da projeção total e Faixa do Meio até um quarto da projeção total. O Friso se limita à linha de projeção da Faixa Inferior, sendo que sua Cimácia se pro-jeta como sua altura. A projeção dos Dentículos deve ser como sua altura, assim como sua Cimácia. A projeção do conjunto Dentículos/Corona, com suas respectivas Cimácia deve ser igual à altura do Friso (sem sua Cimácia). A projeção da Scima é como sua altura, assim também o é seu friso.

Pelo que se pode depreender das pranchas gráficas, pois o texto não es-clarece, a projeção do entablamento se dá dessa forma: a projeção total (máxima) da Arquitrave se dá em sua Cimácia, que avança a mesma me-dida de sua altura.

friso

scima

cim.coronacorona

dentículos

cimatie zóforo

zóforo

cimatie arquitrave

faixa superior

faixa média

faixa inferior1. elevação do entablamento jônico2. imagem original do tratado

1

2

44

Page 45: Modelos de Serlio

45ar

quitr

ave

friso

corn

ija

Page 46: Modelos de Serlio
Page 47: Modelos de Serlio

ORDEM CORÍNTIA

A Ordem Coríntia é a quarta ordem abordada por Sebastiano Serlio em seu tratado. Segundo o autor ela é com-posta de 9 módulos com base e capitel. Tendo a base 1/2 módulo em altura e o capitel 1 módulo, o restante é desti-nado ao fuste.

Serlio afirma que como a origem dessa ordem está relacionada a uma jovem virgem de origem coríntia, portanto quando for utilizada em um templo sacro, esse deve ser dedicado à Virgem Maria mãe de Jesus Cristo ou também a todos aqueles santos e santas cujas vidas foram celibatárias. Diz ainda que essa ordem é própria para ser utilizada em monastérios e outros edifícios cleri-cais cujos habitantes dedicam a virgin-dade ao culto sagrado. Mas se caso houver um edifício público ou privado, até mesmo sepulcral e forem feitos para pessoas de vida casta e honesta, a essa ordem pode ser usada.

47

Page 48: Modelos de Serlio

O pedestal coríntio tem a mesma largu-ra do Plinto, sendo sua altura igual a 5/3 dessa medida, que deverá ser dividida em 7 partes. Soma-se ao topo e ao fun-do do pedestal uma dessas partes, ten-do, no total, 9 partes iguais. (7/7 + 2/7 = 9/7).

PEDESTAL CORÍNTIO

48

Page 49: Modelos de Serlio

a divisão dos elementos esculpidos assim como suas projeções foram tiradas das pranchas gráfi-cas uma vez que não há explanação sobre elas no texto, de modo que serão nomeados de for-ma ordinal, de cima a baixo.

Divide-se o 1/7 adicionado ao topo do pedestal em 12 partes iguais, 1,5 dessas partes será para o primeiro elemento, 2 delas serão para o segundo, 1 para o terceiro, 2,5 para o quarto, uma para o quinto, 2 para o sexto, 1 para o sétimo e 1 para o oitavo.

Divide-se o 1/7 somado à base do pedestal também em 12 partes, sendo uma delas para o primeiro elemento, 1 ½ para o segundo, 1 para o terceiro, 2 para o quarto, 1 para o quinto, 2 para o sexto, 3,5 para o último.

1

1

2

2

1.elevação dos elementos esculpidos do pedestal coríntio2.modelos eletrônicos do pedestal coríntio3.imagem original do tratado

49

Page 50: Modelos de Serlio

As projeções são aproximadamente como suas alturas, a não ser pelo primeiro elemento da parte de cima, que avança o equivalente a 2,5 vezes a altura do Plinto, e podem ter variações de concavidade. Essas particularidades ficam melhor explicadas graficamente e são visíveis nos modelos digitais feitos.

3 2

2

50

Page 51: Modelos de Serlio

A base da Ordem Coríntia tem 1/2 módulo em altura, que deve ser dividida em 4 partes iguais, uma delas é o Plinto. O restante é dividido em 5 partes iguais, uma delas é o Toro Supe-rior. O Toro inferior tem de ser 1/4 maior. O restante é dividido em 2 partes iguais, essas serão as duas Escócias com seus respectivos Astragalos e Frisos. Os Astra-galos tem de ter 1/6 da medida das Es-cócias e os Frisos 1/12, exceto pelo Friso logo acima do Toro Inferior, que deve ser 1/3 maior que os outros. Há ainda um elemento que separa o Toro Inferior do Plinto e cujo nome não é citado por Ser-lio no tratado, entretanto há de se crer que seja um Friso com mesma altura dos demais.

BASE CORÍNTIA

Plinto

Toro Superior

Toro InferiorPlinto

EscóciasToro Superior

Toro InferiorPlinto

Escócia Superior

Escócia Inferior

AstragaloAstragalo

Friso

Friso

Friso

Friso

astragalos

toro superiorescócia superior

toro inferiorescócia inferior

plinto

51

1

Page 52: Modelos de Serlio

Quanto à descrição da projeção da base Sebastiano Serlio é um tanto fugid-io, ele aponta que a projeção do Plinto, se posicionado acima de outra ordem, deve ser como a projeção da Ordem Jônica, mas se colocado diretamente sobre o chão, deve ser como a pro-jeção da Ordem Dórica, as projeções dos demais elementos foram feitas con-forme a prancha gráfica do tratado.

1.elevação da base coríntia2.modelos eletrônicos do capitel 3.imagem original do tratado

1

3

22

52

Page 53: Modelos de Serlio

O capitel coríntio deve ter a altura de 1 módulo, 1/7 dessa altura será para o Ábaco. O restante deve ser dividido em 3 partes iguais, uma delas para as Folhas Inferiores, outra para as Folhas Médias e outra para as Volutas. Entre as Folhas Médias e as Volutas há um con-junto de folhas menores, de onde nas-cem as Volutas. A base do capitel deve ter a espessura do topo da coluna. Logo abaixo do Ábaco há uma Cinta com o equivalente a metade de sua altura. O Ábaco deve ser dividido em 3 partes iguais, sendo uma delas para uma Cimácia e seu Friso, e o restante será um Plinto. O Friso da Cimácia terá a mesma projeção do Plinto da base. A projeção dos demais elementos é fun-damental na concepção do capitel, mas para melhor visualização imagina-se a figura a seguir em “planta”.

CAPITEL CORÍNTIO

Ábaco

CimáciaPlinto

Cinta

Volutas

Folhas

FolhasInferiores

Médias

53

Page 54: Modelos de Serlio

A construção se dá da seguinte ma-neira: inscreve-se o diâmetro da base do fuste em um quadrado, que terá de ser inscrito em outra circunferência e que, por sua vez, será inscrita em outro quadrado maior. Cruza-se as diagonais de um dos quadrados, encontrando o centro da figura toda. A partir de um dos lados do quadrado maior concebe-se um triângulo equilátero com o vértice externo ao conjunto. Traça-se o raio do círculo maior em direção ao vértice ex-terno do triângulo feito, de modo que seja perpendicular à sua base, o seg-mento de raio compreendido entre os círculos deve ser dividido em 4 partes

54

Page 55: Modelos de Serlio

Centrando o compasso no vértice ex-terno no triângulo, traça-se um arco com a altura desse triângulo somado a 3 das 4 partes geradas pela divisão do segmento de raio. O arco compreen-dido entre os lados do triângulo será a projeção, vista de cima, do capitel co-ríntio. Repete-se esse processo para os quatro lados do quadrado.

55

Page 56: Modelos de Serlio

Voltando à vista frontal do capitel, so-brepõe-se à sua base um segmento de reta de 1 módulo. Das extremidades da projeção do Ábaco traçam-se duas linhas que as ligam às extremidades do segmento sobreposto à base, ob-tendo-se dessa forma uma figura trape-zoidal invertida. Essas linhas funcionarão como gabaritos para as projeções das Volutas e folhas.

1.imagem original do tratado 2.elevação3 e 4.modelos eletrônicos do capitel

1

2 4

3

56

Page 57: Modelos de Serlio

Serlio aponta no início da descrição do entablamento coríntio que Vitruvio em seu tratado não dá medida alguma em relação à sua composição, portanto a fará conforme sua própria opinião, seguindo o modelo do entablamento jônico e adicionando a ele outros ele-mentos.

A altura da Arquitrave deve variar conforme a tabela já apresentada, de modo a ser dividida em 7 partes. A parte superior será a Cimácia da Arquit-rave e o restante dividido em 12 partes, 3 para a Faixa Inferior, 4 para a Faixa Média e 5 para a Faixa Superior, entre-tanto abaixo da Faixa Média e Superior deve-se adicionar elementos com 1/8 de seus respectivos tamanhos e que terão projeções um pouco menores do que suas alturas, variando conforme o desejo do artesão.

Entre a Corona e os Dentículos deve-se adicionar um elemento chamado de “Chrine” com altura igual à da Faixa In-ferior e cuja projeção é a mesma que sua altura.

ENTABLAMENTO CORÍNTIO

12345678

9

10

11

12

13

friso

scimacimatie coronacorona

chrinecimatie mútulasdentículos

cimatie zóforo

zóforo

cimatie arquitrave

faixa superior

faixa média

faixa inferior

57

1

Page 58: Modelos de Serlio

Arq

uitra

veFr

iso

Cor

nija

1elevação do entablamento coríntio2.modelos eletrônicos do entablamento coríntio3.esquema com a divisão do entablamento co-ríntio

3

22

58

Page 59: Modelos de Serlio

123456

7

8

9

10

11

12

13

Há entretanto outro modo de se fazer o entablamento coríntio, de forma que inclui-se além dos Astragalos e do “Chrine”, Mútulas junto dos Dentículos em um só elemento. Todavia Sebastiano ressalta que esse modo é feito apenas por arquitetos “licenciosos” e “ousados” e ainda que ele nunca faria a junção desses elementos – Dentículos e Mútulas – em um só Córnice. Nesse outro modelo deve-se con-siderar a coluna coríntia, com base e capitel, dividida em 4 partes iguais. Com a medida de 1/4 dessa coluna há de se conceber o entablamento. Essa altura deve ser dividida em 10 partes iguais, sendo 3 para a Arquitrave, 3 para o Fri-so e 4 para o Córnice. Dessas últimas 4 partes devem ser feitas 9 partes iguais, uma delas é para a Cimácia do Zóforo, 2 para o “Chrine” com seus respectivo friso, 2 para as Mútulas com sua Cimá-cia, 2 para a Corona e as 2 últimas para a Cima com sua Cimácia, que deve ser 1/4 dessa altura. Esse entablamento também é concebível a partir de 1/5 da altura da coluna com base e capitel. As projeções são as já descritas na Ordem Jônica.

friso

scimacim.coronacorona

chrine

cim.mútulasmútulas edentículos

cimatie zóforo

zóforo

cimatie arquitrave

faixa superior

faixa média

faixa inferior

59

1

Page 60: Modelos de Serlio

1.elevação do entablamento coríntio2.modelo eletrônico 3.esquema com divisão do entablamento

Arq

uitra

veFr

iso

Cor

nija

60

2 3

Page 61: Modelos de Serlio

A Ordem Compósita tem em altura 10 módulos com base e capitel, sendo a base com 1/2 módulo em altura e o capitel, 1 módulo.

Para a concepção da ordem sob sua óptica, o tratadista afirma que tanto o capitel como a base da Ordem Com-pósita devem ser feitos como capitel e base coríntios, sendo que no capitel as volutas devem ser feitas “um pouco” maiores – sem especificar “um pouco”. Ele ainda mostra uma série de capitéis e bases que diz serem dignos da Ordem Compósita, mas não fornece nenhum dado de suas construções.

ORDEM COMPÓSITASerlio afirma que o arquiteto agora terá de se distanciar dos conselhos de Vitruvio para a edificação dessa or-dem, pois até onde pôde constatar Vitruvio não discorre sobre a Ordem Compósita, que pode também ser en-contrada sob o nome de Latina ou Itáli-ca.

BASE E CAPITEL COMPÓSITOS

61

Page 62: Modelos de Serlio

PEDESTAL COMPÓSITO

O pedestal compósito segirá a lógica de composição dos demais pedestais apresentados até então. Para conce-bê-lo utiliza-se a largura do Plinto da base como lado de um quadrado que deve ser duplicado verticalmente, for-mando um retângulo de relação 1:2.

Divide-se esse retângulo verticalmente em 8 partes iguais e soma-se uma des-sas partes ao topo e outra ao fundo do retângulo, obtendo-se dessa forma 10 partes iguais.

1

62

Page 63: Modelos de Serlio

A parte somada ao topo do pedestal será dividida em 14 partes, 2 delas serão para o primeiro elemento, 4 para o seg-undo, 2 para o terceiro, 4 para o quarto e 2 para o último.

a divisão dos elementos esculpidos assim como suas projeções foram tiradas das pranchas gráfi-cas uma vez que não há explanação sobre elas no texto. Eles serão nomeados de forma ordinal, de cima a baixo.

O elemento somado à base do pedes-tal também será dividido em 14 partes, sendo 2 delas para o primeiro elemen-to, 3 para o segundo, 3,5 para o tercei-ro, 1,5 para o quarto e 4 para o quinto. Há ainda um elemento equivalente ao Plinto que não entra nessa divisão e em relação às 14 partes feitas dessa manei-ra ele tem a altura equivalente a 7.

A projeção da maioria dos elementos é como suas alturas, exceto pelo el-emento logo abaixo do Plinto da base da coluna, que avança o equivalente a 3 vezes a altura do Plinto.

1

1

2

2

63

1.elevação do pedestal compósito e seus el-ementos esculpidos 2.modelos eletrônicos do pedestal compósito3.imagem original do tratado

Page 64: Modelos de Serlio

2

23

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Page 65: Modelos de Serlio

ENTABLAMENTO COMPÓSITO

A descrição do entablamento com-pósito começa com Serlio dizendo “Se o entablamento ficar longe da vista dos homens (...) a Arquitrave deve ser tão grossa como o topo da coluna.” Entre-tanto não especifica o que é “longe”. Para a divisão interna da Arquitrave usa-se a mesma lógica da Ordem Jôni-ca (pág 43). O Zóforo abrigará as Mútu-las e terá a mesma altura da Arquitrave. Sua Cimácia será 1/6 dessa medida. A Cornija do entablamento terá a mesma altura da Arquitrave e do Zóforo e terá de ser dividida em 2 partes iguais.

aqui o texto não fornece mais dados para a montagem do Entablamento, portanto os da-dos que serão apresentados a seguir foram depreendidos das pranchas gráficas originais do tratado.

Segundo os desenhos a Scima é 1/10 do entablamento todo e seu Friso ocupa 1/4 dessa altura. Abaixo da Scima há um elemento não nomeado por Serlio com o equivalente a 2/3 de sua altura. A Co-rona, logo abaixo desse elemento tem a mesma altura, sendo que sua Cimá-cia - colocada inferiormente - ocupa 1/3 dessa medida. O espaço restante entre o Zóforo e a Corona compreende outro elemento cujo nome também não é fornecido pelo tratadista.A projeção dos elementos é como suas alturas ex-ceto pela arquitrave, que será como a já descrita na Ordem Jônica.

12

34

56

78

910

1112

frisoscima

não nomeado

não nomeadocim.corona

corona

zóforo

cimatie zóforo

cimatie arquitravefaixa superior

faixa média

faixa inferior

1

65

Page 66: Modelos de Serlio

arqu

itrav

efri

soco

rnija

23

1.elevação do en-tablamento com-

pósito2.modelos

eletrônicos do en-tablamento com-

pósito3.imagem original

do tratado

66

Page 67: Modelos de Serlio

A lógica de construção da Arquitrave segue o segundo exemplo descrito na Ordem Coríntia (pág 59) sendo que tanto o Zóforo como a Cornija são 1/4 menores cada, de modo que se obtém Mútulas mais robustas. A Scima passa a ser cerca de 1/6 da altura do entabla-mento e deve ser dividida em 3 partes iguais, uma delas será sua Cimácia e outra, a inferior, deve ser dividida em 3 partes, cada uma delas será um Friso. A Corona terá o mesmo tamanho da Scima e sua projeção terá um “dente” trapezoidal com dimensões proporcio-nais ao conjunto. Ela não terá a usual Cimácia. As projeções dos elementos são as já descritas.

há ainda outro exemplo de Entablamento fornecido por Serlio cuja descrição não está no texto, mas retrata-a em sua pran-cha principal.

12

34

56

78

910

cimácia

frisosscima

corona

zóforo

cimatie zóforo

cimatie arquitrave

faixa superior

faixa média

faixa inferior

1

67

Page 68: Modelos de Serlio

arqu

itrav

efri

soco

rnija

1

223

2

68

Page 69: Modelos de Serlio

A Ordem Dórica pode ou não apre-sentar caneluras em seu fuste. Se for o caso elas devem ser feitas 20. Para tan-to divide-se a projeção do fuste em 20 partes iguais criando diversos pontos ao longo da circunferência, mais a frente esses pontos serão as linhas de divisão dos canais. Ligam-se dois desses pontos e a partir do segmento de reta gerado constrói-se um quadrado externamente à circunferência e que deverá ter suas diagonais traçadas. Com uma ponta do compasso no centro desse quad-rado traça-se um arco compreendido entre os pontos utilizados para a con-strução do segmento de reta. O arco gerado dará a profundidade do canal. Pode-se fazer esse procedimento para o diâmetro do topo e o da base do fus-te e ligar as projeções obtidas resultado nas caneluras. Entretanto elas não de-vem tocar nem o capitel nem a base da coluna, parando a uma pequena distância deles com um formato arre-dondado, não há especificações sobre esses limites.

CANELURAS

1

69

Page 70: Modelos de Serlio

1.seção transversal do fuste dórico2.modelo eletrônicos da Ordem Dórica com caneluras3.imagem original do tratado

2

3

3

70

Page 71: Modelos de Serlio

Os fustes das Ordens Jônica, Coríntia e Compósita podem ou não apresentar caneluras. Se for o caso elas devem ser feitas no total de 24. Se o fuste for muito grosso – sem uma especificação do que “grosso” é – devem ser feitas 28. Para fazê-las pode-se dividir a circunferência do fuste em 24 partes, ou seja, 15º para cada. Dentro desses 15º faz-se uma di-visão de 5 partes, uma delas será a Can-elura, as outras 4 o Canal. Obtém-se a profundidade do Canal traçando-se uma reta entre as pontas de Caneluras vizinhas e marcando-se o ponto médio do segmento resultante. Esse ponto será o centro de uma circunferência. O arco compreendido internamente entre as Caneluras será o Canal. Na ordem Co-ríntia as caneluras do 1/3 inferior da col-una devem ser externos.

15º3º

4

71

Page 72: Modelos de Serlio

4.seção transversal do fuste das ordens Dórica, Coríntia ou Compósita5.modelo eletrônicos da Ordem Coríntia com caneluras internas e externas6.imagem original do tratado (a)Jônica (b)Co-ríntia

6a 6b 5

72

Apesar de nãoo demonstrar grafica-mente, Serlio aponta o jogo entre as caneluras internas e externas ao fuste que pode acontecer na Ordem Corín-tia. No terço inferior do capitel ao in-vés de os canais serem para dentro do fuste, eles se voltam para fora, pela ex-tensão externa do círculo mostrado no esquema gráfico da página anterior.

Page 73: Modelos de Serlio

BIBLIOGRAFIA

SERLIO, Sebastiano. I Sette libri dell'architettura. Veneza: Francesco Marcolini, 1537.SERLIO, Sebastiano. The Five Books of Architecture - an unabridged reprint of the english edition of 1611. New York: Dover, 1982.

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Page 74: Modelos de Serlio