Modelos e evolução das perspetivas sobre deficiência

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Trabalho realizado no âmbito do curso Inclusão e Acesso às Tecnologias - Mooc 2014, A. Frederico Lima e Beatriz Costa

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    Modelos e evoluo das

    perspetivas sobre deficincia

    A. Frederico Lima

    Beatriz Costa

    MOOC IncTec 2014

    H milhares de anos que a Histria nos mostra que os direitos humanos se foram

    manifestando na vida real das pessoas de forma desigual, consoante o grupo social a que

    pertencem. Mulheres, negros, indgenas, pessoas com deficincia, grupos

    economicamente mais vulnerveis e, mais recentemente, pessoas portadoras do vrus

    HIV/SIDA, transexuais, entre outros, lutam para conquistar direitos igualitrios na

    sociedade.

    importante destacar que a ao de movimentos sociais diversos j eliminou ou

    minimizou inmeras barreiras para promover e ampliar os direitos humanos de grupos

    sociais mais desprotegidos. No entanto, ainda persiste muita desigualdade espelhada na

    falta de oportunidades de acesso a uma educao de qualidade, necessria para realizar

    o pleno desenvolvimento de cada indivduo e a sua cidadania.

    Nos documentos internacionais calcula-se que cerca de 10% da populao

    mundial, constituda por pessoas com deficincia, a maioria das quais vive em pases

    economicamente pobres.

    As pessoas que nascem com deficincias, ou as adquirem ao longo da vida, so,

    em muitos lugares, continuamente privadas de oportunidades de convivncia com a

    famlia e os seus pares (colegas, vizinhos, parentes), da vida escolar, do acesso ao

    trabalho, atividades de lazer e cultura, entre outros.

    Na sequncia do que solicitado no mdulo 1, procura-se, de forma muito

    breve, dar uma panormica do que tem sido, ao longo da histria da humanidade, o

    entendimento e as atitudes face s pessoas com limitaes na sua funcionalidade. Que

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    modelos e que perspetivas tinham as pessoas perante os membros da sociedade que

    nasciam ou adquiriam essas disfuncionalidades e como se foi evoluindo at chegar

    atualidade, so os objetivos apontados.

    Tenta dar-se uma viso geral do modo como as pessoas viam os seus

    concidados quando estes eram pessoas com algum tipo de incapacidade e como foi

    acontecendo, ou no, a mudana de perspetiva ao longo do tempo, incluindo nas

    sociedades atuais mais semelhantes s comunidades ancestrais.

    A breve panormica que se procura apresentar resulta da pesquisa bibliogrfica

    efetuada, sendo que as imagens que complementam o texto foram retiradas do Google.

    Ao longo dos mais de dois milhes de anos de presena de pessoas no planeta, a

    existncia de seres humanos com e sem desenvolvimento atpico foi, seguramente, uma

    constante, tal como hoje sucede e suceder. E, conforme as sociedades e os tempos,

    diferentes foram os entendimentos acerca da questo das pessoas com qualquer tipo de

    incapacidade. CARVALHO-FREITAS aponta quatro modelos em que se pode resumir

    essa atitude: o modelo da subsistncia/sobrevivncia, da; o modelo da sociedade ideal; o

    modelo da deficincia enquanto facto espiritual; o modelo da normalidade; o modelo da

    incluso social

    Subsistir/sobreviver

    A Histria no tem muitas fontes em que se basear para nos dar informaes

    fidedignas sobre os primrdios da humanidade. possvel, contudo, graas ao

    empenhamento de paleontlogos e de paleopatologistas, recorrermos a dados, ainda que

    escassos, que nos permitem afirmar que, desde esses tempos to longnquos, a

    incapacidade marcava a sua presena qui, mais que hoje. Feridas e quedas

    decorrentes de atividades ligadas caa, encefalopatias, problemas neuromotores,

    doenas de todo o tipo, problemas congnitos, etc.

    A Deficincia sempre

    marcou presena. Sendo a caa

    praticamente o nico meio de

    subsistncia, natural que o

    nascimento de um membro

    Figura 1 - Crnio 14

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    com deficincia fosse para a famlia um peso considervel de que havia necessidade de

    se libertarem. , pois, muito possvel que muitas comunidades fizessem desaparecer as

    crianas, quer pelas razes apontadas acima, quer porque as viam como possudas por

    maus espritos (MACHADO & NAZARI, 2012). No entanto, um achado arqueolgico

    encontrado em Sima de los Huesos, Serra de Atapuerca, no Norte de Espanha, vem

    comprovar, na opinio Ana Gracia, do Centro de Evoluo Humana e Comportamento

    da Universidade Complutense de Madrid e do Instituto de Sade Carlos III, que a

    famlia protegia, h mais de 530.000 anos, aqueles que apresentavam alguma

    deformidade e/ou doena. O fssil de uma criana que ter falecido entre os 5 e os 12

    anos evidencia sinais de uma doena rara, a craniossinostose, e que leva a que uma ou

    mais suturas cranianas se fechem prematuramente, provocando aumento de presso

    intracraniana com as consequentes complicaes neurolgicas do tipo Dificuldades de

    Aprendizagem Especficas, perturbaes do comportamento, problemas motores e

    dfices visuais e cognitivos (CRISTVO, EMLIO, SOARES, DIAS, MATOS, &

    TVORA, 2006).

    A descoberta de outros achados

    sseos com fraturas consistentes,

    amputaes e crnios trepanados so

    evidncias da sobrevivncia de pessoas com

    deformidades. (CRESPO, 2009).

    No Egito antigo, tanto quanto possvel confirmar pela

    imagem ao lado, pessoas com problemas neuromotores so

    tambm acolhidas pela sociedade. Na estela preservada num

    museu da Dinamarca, possvel ver uma pessoa com sequelas

    de Paralisia Cerebral ou de Poliomielite, com p direito

    equino, apoiado num basto, e que cerca de 1300 anos a.C.

    exercia a profisso de porteiro, uma atividade de elevada

    responsabilidade (CRESPO, 2009). Era vulgar pessoas com nanismo trabalharem e

    serem membros de pleno direito da sociedade. J na era crist, Ddimo, um telogo

    Figura 2 - Crnio trepanado

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    cego, foi diretor da Escola de Alexandria, entre os anos de 345 e 395. A sua reputao,

    conhecimento e cultura enciclopdicos trouxeram-lhe fama. Foi professor, por exemplo,

    de So Jernimo, um dos maiores doutores da Igreja dos primeiros sculos e tradutor da

    Bblia para o latim, a lngua falada no sc. IV.

    Sociedade ideal/Eugenismo

    A Grcia, bero da civilizao ocidental, teve, por outro lado, atitudes mais

    excludentes ao enveredar por atitudes de intolerncia face s crianas nascidas com

    deficincias. Politicamente era uma monarquia, de forte pendor militar, assente numa

    economia agrria, e onde a mentalidade mtica era a base para explicar o funcionamento

    do mundo. Eram os deuses, os espritos e o destino que comandavam a natureza,

    ficando reservado do homem o governo da sociedade. Para os gregos, a beleza, a

    robustez, a perfeio do corpo e a capacidade fsica eram atributos essenciais a uma

    sociedade guerreira e agrcola que via neles a nica forma de se defender, subsistir e

    sobreviver. A organizao em cidades-estado implica uma maior participao poltica

    dos cidados e surgem as ideias de Plato e Aristteles com referncias explcitas s

    pessoas com deficincia. Plato, no discurso sobre a Repblica, afirma: A fora do

    corpo tambm deve ser cuidada e caber ginstica desenvolv-la, sem ter, contudo,

    por finalidade a formao exclusiva de atletas. A alimentao ser simples e simples

    ser tambm a medicina que deve ser reduzida ao seu estado primitivo, isto , o de

    atender aos acidentes mais banais. Aos invlidos no sero dados cuidados: sero

    simplesmente abandonados. Aristteles, em A Poltica coloca o Estado numa

    posio de relevncia superior famlia e defende que quanto a saber quais os filhos

    que se devem abandonar ou educar, deve haver uma lei que proba alimentar toda a

    criana disforme. Tudo tinha de ser perfeito e no h lugar para as pessoas com

    deficincia. O abandono e o infanticdio so algo de natural e de necessrio

    manuteno de uma sociedade exemplar, mesmo que a escravido fosse legitimada,

    uma vez que o valor da pessoa est na funo social atribuda, quer desempenhasse

    funes intelectuais ou braais. Se, em resultado da guerra, as pessoas sofriam

    amputaes de membros isso garantia-lhes um lugar entre os vivos. Entre os extratos

    mais elevados da sociedade espartana, opai de qualquer recm-nascido era obrigado a

    sujeit-lo avaliao de um Conselho de Espartanos, tivesse ou no qualquer

    incapacidade; caso fosse normal e forte, era de novo entregue ao pai; ao contrrio, se

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    tivesse defeito congnito, fosse feio, disforme e franzinoa criana era expostas, vg,

    abandonada e lanada do monte Apothetai, alegando () que no era bom nem para a

    criana nem para a repblica que ela vivesse, visto que, desde o nascimento, no se

    mostrava bem constituda para ser forte, s e rija durante toda a vida. Infelizmente, na

    dcada de 40 do sculo XX, a humanidade viu renascer estes ideais de perfeio.

    (CARVALHO-FREITAS, 2007)

    Em Roma, o Direito definia as regras aplicveis s pessoas com e sem

    incapacidades. Era negado o direito vida a todos os que no fossem possuidores da

    vitalidade e apresentassem forma humana distorcida. Aos bebs prematuros e aos que

    revelassem sinais de monstruosidade (fcies anmala, deformao ou ausncia de

    membros) no era aplicvel o Direito. Estas regras cessavam se a criana tivesse trs ou

    mais anos. A Lei das Doze Tbuas previa os casos em que seria dada morte imediata

    aps o nascimento: Tbua IV - Sobre o Direito do Pai e do Casamento. - Lei III - O pai

    de imediato matar o filho monstruoso e contra a forma do gnero humano, que lhe

    tenha nascido recentemente. ("Tabula IV - De Jure Ptrio et Jure Connubii)

    Mais tarde, passou a ser obrigatrio o pai mostrar o filho a, pelo menos, cinco

    vizinhos, para que estes confirmassem a monstruosidade e/ou a estropiao. A criana

    era exposta em locais prximos do rio Tibre, em lugares sagrados como templos e

    bosques dedicados a divindades ou eram afogadas pelas parteiras no ps-parto. (SILVA,

    Roma antiga e as pessoas com deficincia).

    Em sntese, este estdio inicial marcado pela omisso, ou negligncia, ou

    escassez de iniciativas no apoio a pessoas com deficincia. a fase da excluso social:

    a sociedade ignora, rejeita, persegue, explora ou elimina as pessoas com qualquer tipo

    de deficincia. Nesta fase anterior era crist, de modo geral, as prticas de abandono

    ou de extermnio das pessoas deficientes so atitudes legitimadas pelas sociedades.

    Deficincia vs Espiritualidade

    Com o fim do Imprio Romano do Ocidente e a passagem Idade Mdia (scs.

    V a XV), entramos na poca do Cristianismo que passa a ser a religio vigente, uma vez

    convertido o Imperador Constantino. A Igreja ser, tambm, a instituio responsvel

    pelo ensino e pela assistncia. Aparecem os mosteiros e as primeiras

    escolas/universidades. O ensino era, porm, diferenciado em funo do grupo social:

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    aos nobres eram ministradas aulas de latim e grego, enquanto ao povo era administrado

    um ensino profissional que os dotava para os ofcios. a poca de afirmar a presena de

    Deus com base na razo e, simultaneamente, a prtica da magia e do culto satnico que

    atribuam ao ser humano a obrigao de se submeter a poderes invisveis, seja do Bem,

    seja do Mal. Na verdade, a Igreja, apesar dos conhecimentos teolgicos e de toda a luta

    contra ideais herticos, no conseguiu eliminar as supersties, os dogmas e ritos

    demonacos, uma vez que a condenao que infligia aos representantes demonacos, aos

    feiticeiros e a criaturas bizarras e aos seus cultos s tornou inevitvel o

    reconhecimento da sua existncia. assim que a deficincia passa a entrar no rol das

    supersties, da maldio divina ou da possesso diablica. So, durante a Inquisio,

    reconhecidos como encarnao do mal e encaminhados para a tortura ou a fogueira,

    valendo a alguns o refgio em conventos e igrejas. Hoje mais conhecido como Pai

    Natal, Nicolau, Bispo de Mira (Lcia, na costa Sul da atual Turquia), sobejamente

    conhecido como acolhedor e protetor de crianas e adultos com incapacidades.

    Em Frana, no sculo XII, a Ordem do Santo Esprito funda, em Montpellier, um

    dos primeiros hospcios para crianas loucas ou abandonadas.

    Em Portugal, o Chanceler-mor de D. Dinis, o Bispo D. Domingos Jardo, cria, em

    1284, na cidade de Lisboa, no Largo dos Loios, o asilo mais antigo de Portugal

    chamado Hospital de S. Paulo, S. Clemente e Santo Eli. Tinha anexo uma mercearia1,

    escola e seminrio.

    No sculo XIII, na Blgica, surge a primeira comunidade agrcola que se prope

    acolher pessoas com deficincia, ao mesmo tempo que lhe faculta alimentos, atividade

    fsica e ar puro para colmatar os seus problemas.

    Em 1325, Eduardo II de Inglaterra publica a primeira legislao que se conhece

    sobre os cuidados a prestar s pessoas com dfice intelectual, tendo o cuidado, ainda, de

    fazer a distino entre aquela patologia e a doena mental.

    O primeiro asilo para rfos e enjeitados foi criado pela rainha D. Brites, mulher

    de D. Afonso III, antes de 1330, denominado Hospital dos Meninos, situado na

    Mouraria.

    No sculo XVI, foram estabelecidos o Criandario e a Roda, na Rua da Betesga,

    em Lisboa, pertena do Hospital de Todos-os-Santos e que acolhia raparigas rfs.

    1 Designao que podiam tomar os Asilos.

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    Primrdios da Normalidade

    Na Idade Moderna, sculo XVI, dois homens merecem destaque, pela

    contribuio que do para a questo da deficincia: Phillipus Aureolus Theophrastus

    Bombastus von Hohenheim, mais conhecido por Paracelso, e Girolamo Cardano (1501-

    1576). Paracelso, em 1526, na obra Sobre as Doenas que privam o Homem da

    Razo, publicada em 1567, o primeiro a considerar a deficincia mental como algo

    do foro mdico e que, enquanto tal, merecedor de tratamento e de compreenso.

    Cardano pioneiro tambm em acreditar na capacidade de aprendizagem das pessoas

    com alguma disfuncionalidade, em particular os surdos, embora s mais Pedro Ponce de

    Len, um Monge Beneditino, crie a primeira escola para o ensino de Surdos, no

    Mosteiro de So Salvador en Oa, Burgos, Espanha, sendo o inventor de um alfabeto

    gestual que permitia aos surdos soletrar as palavras e, assim, escrev-las. desta forma

    que cai por terra a crena na incapacidade dos surdos no poderem aprender, quando se

    pensava que nunca poderiam, sequer, ser catequizados, o que os atirava para as margens

    da sociedade. Em 1664, Thomas Willis, apresenta em Londres a obra Cerebri

    Anatome, na qual defende a origem neurolgica da deficincia, no tendo conseguido,

    contudo, destronar a viso e as atitudes religiosas sobre o tema. Ainda no sculo XVII,

    John Locke v na deficincia uma desestimulao das pessoas defendendo que o ensino

    deveria colmatar essa carncia. Em Portugal, apesar de a sua existncia estar

    documentada desde o sculo XII, por ordem de Pina Manique, em 24 de maio de 1783,

    so criadas, em todas as vilas, as Rodas dos Expostos de Portugal. (LEANDRO, 2011);

    (FONTE, 2004).

    Nesta fase de institucionalizao, entre os sculos XVIII e XIX, a segregao

    social do deficiente concretizou-se no atendimento em instituies assistenciais

    especiais, com fins filantrpicos ou religiosos. Apesar da segregao institucional

    imposta ao deficiente, essas pessoas passaram a ser vistas como algum que, no

    contexto social, era dotada de direitos e possibilidades educativas. Contudo, apesar

    dessa fase representar um avano na evoluo dos atendimentos especiais, as pessoas

    com deficincia apareciam isoladas do convvio social, confinadas em instituies

    residenciais.

    Chegamos Idade Contempornea. Em 26 de agosto de 1789, em Paris,

    discutida a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado e que foi aprovada na

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    Assembleia Nacional de 2 de outubro desse mesmo ano. No seu art. 1, estipula que Os

    homens nascem e so livres e iguais em direitos. As distines sociais s podem fundar-

    se na utilidade comum.. o fim do Ancien Rgime, da Monarquia e de todos os

    princpios e instituies subjacentes. o incio de novos ideais, de novas instituies,

    pelos quais, ainda hoje, teoricamente, nos regemos. Dez anos mais tarde, a descoberta,

    em 1799, do menino de Aveyron, Vitor, que vivia no seio de uma floresta juntamente

    com lobos, leva o psiquiatra Philippe Pinel a concluir pela impossibilidade de ser

    educado, enquanto outro mdico, Jean-Jacques Gaspar Itard, e a sua governanta Mme

    Gurin apostam no desenvolvimento das capacidades intelectuais e afetivas do

    Selvagem de Aveyron. Esto, no fundo, em confronto duas teorias, no antagnicas

    mas complementares, uma vez que, quer os fatores biolgicos, quer os ambientais,

    devem ser considerados para a avaliao e diagnstico das situaes. (RODRIGUES,

    2008)

    Jean-tienne-Dominique Esquirol, em 1818, separa as guas entre dfice e

    doena mental e defende que os problemas sensrio-motores das crianas com dfice

    intelectual esto associados ao seu baixo QI e ao atrofiamento dos rgos o que, no seu

    conjunto, os impede de desenvolverem e manifestarem a sua inteligncia de forma

    irreversvel.

    Em 1812, o psiquiatra americano nascido em Frana Edouard O. Sguin, autor

    do Trait des Sensations, contrariando as opinies de Esquirol, torna-se o primeiro a

    reconhecer a importncia das atividades sensrio-motoras para o desenvolvimento das

    crianas com dfice intelectual. Sguin , ainda, uma referncia para a Educao

    Especial uma vez que cria em 1837 a primeira escola especial para pessoas com dfice

    intelectual. Mais tarde, em 1876, funda a Associao Americana de Atraso Mental

    (AAMR) de que se tornou o primeiro presidente.

    Em Portugal, no ano de 1822, contratado o sueco Aron Born para organizar o

    Instituto de Surdos, Mudos e Cegos, extinto e reaberto em 1877 com nova

    denominao: Instituto Municipal de Surdos-Mudos.

    Em Portugal, no sculo XIX disseminam-se os asilos. D. Pedro IV manda

    construir o primeiro Asilo da Infncia Desvalida para crianas com menos de sete anos,

    em 1834, semelhantes s Salles dAsyle parisienses. Estamos nos primrdios dos

    Jardins-de-infncia.

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    Em Portugal, em 1863, fundado o asilo de Cegos de Nossa Senhora da

    Esperana, em Castelo de Vide.

    Em Portugal, no ano de 1888, criado o Asilo-Escola Antnio Feliciano de

    Castilho.

    Em 26/02/1893, inaugura-se, na cidade do Porto, o Instituto Jos Rodrigues

    Arajo Porto, para apoio a pessoas surdas.

    Em 1895, Maria Montessori destaca a importncia da capacidade criativa da

    criana e, na linha de Itard e Seguin, sustenta que a interveno com as crianas com

    limitaes cognitivas , essencialmente, pedaggica e no clnica. Considerava que as

    crianas com deficincia deveriam ter escolas especiais e serem ensinadas por

    professores especializados

    O psiclogo Alfred Binet e o mdico Thedore Simon compem um questionrio

    de 30 perguntas de dificuldade crescente com o objetivo de determinar

    quantitativamente o grau de inteligncia dos indivduos. S em 1904 comeam a ser

    aplicados. Nos EUA so aproveitados, depois, pelos eugenistas, como por exemplo

    Henry Goddard que, em 1910 traduziu essas provas de medida de inteligncia para,

    fascinado pelos estudos de Darwin e Mendel,e contra as intenes de Binet/Simon no

    que respeita ao uso e aproveitamento dos testes, classificar e identificar pessoas com

    limitaes intelectuais, impondo limites sua multiplicao. Props, mesmo, a

    esterilizao forada dessas pessoas, destacando a necessidade de restringir a imigrao

    de dbeis mentais no pas. com Binet e Simon que a questo do dfice intelectual

    passa para a esfera da Psicologia e, na sequncia, passa dos hospitais para as Escolas

    Especiais.

    Ao longo do sculo XIX, o perodo de institucionalizao e segregao das

    pessoas com deficincia e que constituiu um paradigma da relao da sociedade com os

    seus membros mais necessitados; o Paradigma da Institucionalizao. Este modelo

    assenta na colocao das pessoas fora das suas origens, mantendo-as em instituies

    localizadas em locais isolados e distantes das famlias e das comunidades, seja para as

    proteger, para as tratar ou educar.

    Aps este longo perodo segregao e institucionalizao em conventos, asilos,

    hospitais psiquitricos e escolas especiais que se estende da Baixa Idade Mdia ao incio

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    do sculo XX, os estados repensam esta problemtica, particularmente, pelos elevados

    custos financeiros implicados.

    Em 05/05/1903, criado o Instituto So Manuel, Escola de Cegos, no Porto,

    facultando ensino a crianas de ambos os sexos

    1913 marca o incio dos cursos de especializao de professores organizado por

    Antnio Aurlio da Costa Ferreira

    1916 o ano da fundao do Instituto Aurlio da Costa Ferreira (IAACF)a, cuja

    atividade suspensa em 1935, para obras de remodelao. Destinava-se observao e

    ensino de crianas com deficincia mental e problemas de linguagem.

    Em 1942, reabre o Instituto acima citado, agora vocacionado, tambm, para a

    educao de alunos com problemas mentais e motores

    Em 1945, o IAACF passa, tambm, a Dispensrio de Higiene Mental Infantil

    Em 1946, so criadas as classes especiais nas escolas primrias, entrando em

    funcionamento no ano seguinte.

    Do final do sculo XIX e at meados do sculo XX, opemos falar numa terceira

    fase, na qual se procura diminuir a segregao imposta s pessoas com deficincia e, por

    outra lado, assistimos a um esforo considervel para inserir esses indivduos em

    escolas especiais ou, para o final deste perodo, em classes especiais inseridas nas

    escolas pblicas.

    Deficincia, uma questo social

    Nos dias de hoje, um dos grandes desafios em relao s pessoas com

    deficincia sua incluso na sociedade e o respeito pela sua dignidade, apesar dos

    [poucos] progressos alcanados. As dificuldades encontradas por este grupo de pessoas

    no meio em que vivem, decorre de uma cultura exclusiva e preconceituosa, onde os

    indivduos com deficincia eram excludos e escondidos da sociedade. Vigorava a

    crena de que o deficiente deveria ser eliminado do meio social ou exposto ao ridculo,

    sendo visto como uma aberrao da natureza e, portanto, indigno de conviver com as

    demais pessoas.

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    A luta pelos direitos humanos das pessoas com deficincia atravessa quatro

    fases:

    1 - A deficincia consequncia de um pecado ou castigo, o que provocava

    atitudes de intolerncia social em relao s pessoas com deficincia;

    2- A pessoa com deficincia isolada da famlia, da sua comunidade e da

    sociedade;

    3- A perspetiva mdica e biolgica que justifica a deficincia como uma doena

    a ser curada, em que a pessoa portadora da enfermidade era vista pelo prisma do

    Assistencialismo;

    4- Orientada pelo paradigma dos direitos humanos concretizados nos direitos

    incluso social e no papel que o meio pode ter enquanto facilitador ou barreira a todo o

    tipo de acessibilidades (culturais, fsicas ou sociais), com vista fruio completa dos

    direitos humanos. Tudo comea sob a bandeira das trs mais importantes declaraes

    universais de direitos: a Declarao dos Direitos da Virgnia (EUA), de 1776; a

    Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado de 1789 (Frana) e a Declarao

    Mundial dos Direitos dos Homens, que foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU em

    1948. A defesa dos princpios defendidos nessas Declaraes/Convenes feito na

    frica, Unio Africana; no continente americano, pela Organizao dos Estados

    Americanos e, na Europa, pelo Conselho da Europa.

    Recuando um pouco, em 1919, na Inglaterra, cria-se a Comisso Central da

    Gr-Bretanha para o Cuidado do Deficiente. Procurando ajudar as crianas vtimas da I

    Guerra Mundial, em 1923, a fundadora da organizao Save the Children Fund

    International Union (1914), Eglantyne Jebb, depois de uma srie de iniciativas em prol

    dos direitos das crianas, redige uma carta Union International de Protection

    lEnfance (UIPE), em agosto de 1923, documento que teve uma enorme aceitao

    junto da opinio pblica. na sequncia deste manifesto que em 26 de setembro de

    1924, por unanimidade, aprovada, pela Sociedade das Naes, a Declarao dos

    Direitos da Criana da Sociedade das Naes, mais conhecida como a Declarao de

    Genebra. (MONTEIRO, 2006)

    As duas Guerras Mundiais, para alm dos milhes de mortos, originaram

    milhares e milhares de amputados, de cegos, de pessoas com limitaes fsicas e

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    mentais. Tudo isso fez despertar conscincias e promoveu debates, estudos, polticas

    dirigidas s pessoas incapacitadas, com diferenas notrias de pas para pas.

    aps a Segunda Guerra Mundial que os estropiados de guerra se mobilizam na

    defesa da sua existncia e dos seus direitos de participao social e os resultados surgem

    Em 30 de abril de 1948, foi adotada a Declarao Americana dos Direitos e

    Deveres do Homem, consagrando os princpios da universalidade e da indivisibilidade

    dos direitos humanos e a articulao entre direitos e deveres.

    A Declarao dos Direitos do Homem foi adotada em 10 de dezembro de 1948,

    a Comisso Interamericana de Direitos Humanos, em 1959; e a Corte Interamericana de

    Direitos Humanos, em 1969.

    Em 1955, criado o Centro Infantil Hellen Keller pela Liga Portuguesa de

    Deficientes Motores

    Ano de 1960: Fundao da Associao Portuguesa de Paralisia Cerebral, em

    Lisboa.

    1962 o ano da fundao da Associao Portuguesa de Pais e Amigos das

    Crianas Mongoloides, posteriormente chamada Associao Portuguesa de Pais e

    Amigos das Crianas Diminudas Mentais (APPACDM).

    Entre 1965 e 1970, a Direo Geral de Assistncia cria cursos de especializao

    para o ensino de Deficientes Visuais e Auditivos, destinados a professores e educadores;

    so, ainda, criadas outras estruturas como o COMP/COOMP/DSOIP (Centro de

    Observao e Orientao Mdico-Pedaggico) que, mais tarde, deu lugar Direo de

    Servios de Orientao e Interveno Psicolgica. Surge, tambm, uma Comisso

    Permanente de Braille incumbida de introduzir a remodelao na imprensa Braille

    (produo de livros escritos em Braille).

    Em 1968, Portugal passa a integrar crianas cegas em regime de sala de apoio,

    nas classes regulares.

    Em 1969, em So Jos da Costa Rica, redigida a Conveno Americana sobre

    Direitos Humanos, vigorando a partir de 1978. Em 1988, dando destaque aos Direitos

    Civis e Polticos foi adotado um Protocolo Adicional para os Direitos Econmicos,

    Sociais e Culturais, conhecido como o Protocolo de So Salvador.

  • 13

    Na Europa, em 5 de agosto de 1949, criado, em Londres, o Conselho da

    Europa, a partir da Conferncia (ou Conveno) de Haia que havia ocorrido dois anos

    antes, estando, naturalmente, ligado ao fim da Segunda Guerra Mundial. Esta instituio

    est especialmente vocacionada para a definio e proteo dos Direitos Humanos. Em

    Roma, a 4 de novembro de 1950, assinada a Conveno Europeia para a proteo dos

    direitos do Homem e das liberdades fundamentais a qual s entrou em vigor trs anos

    mais tarde. Foi a resposta da Europa ao desenvolvimento e implementao dos

    fundamentos estabelecidos na Declarao Universal dos Direitos do Homem.

    A dcada de 1960-70 prdiga na criao de Centros de Reabilitao,

    instituies com forte pendor disciplinar, originrias do modelo mdico da deficincia.

    Todavia, feito o balano, a ONU confirma que apenas 2% das pessoas com deficincia

    tm algum tipo de apoio, seja das instituies pblicas, seja das privadas. Em alternativa

    aos Centros de Reabilitao, aponta para a Reabilitao a partir da Comunidade. So as

    organizaes de pessoas com deficincia e seus familiares que, na necessidade, tomam a

    iniciativa de apoiar os seus associados e outros. Tem como finalidade, tambm, garantir

    cuidados a pessoas longe dos centros urbanos. Em Portugal, podem nomear-se a

    Associao Portuguesa de Deficientes (APD), ACAPO (Cegos e Amblopes de

    Portugal), Associao Portuguesa para Proteo aos Deficientes Autistas (APPDA),

    Associao Portuguesa de Pais e Amigos da Criana com Deficincia Mental

    (APPACDM), etc., etc.

    1970 - Fundao da Associao Portuguesa de Paralisia Cerebral, em Coimbra

    1971 - Fundao da Associao Portuguesa para Proteo s Crianas Autistas

    1973 - Fundao da Associao de Pais para a Educao de Crianas Deficientes

    Auditivas (APECDA); o Ministrio da Educao passa a ter a responsabilidade pela

    Educao Especial e so criadas as Divises de Educao Especial (DEE); A Direco-

    Geral do Ensino Bsico passou a dar apoio a escolas para deficientes mentais

    1975 corresponde ao ano de fundao da Associao Portuguesa de Paralisia

    Cerebral, no Porto, e tambm ao surgimento do movimento CERCI

    Em 9/12/1975, a Assembleia Geral da ONU aprova a Declarao dos Direitos

    das Pessoas Deficientes referindo-se a estas como () qualquer pessoa incapaz de

    assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual

  • 14

    ou social normal, em decorrncia de uma deficincia congnita ou no, nas suas

    capacidades fsicas ou mentais.

    Em 2 de abril de 1976, a Constituio da Repblica Portuguesa, no seu art. 71,

    n 1, consagra que Os cidados portadores de deficincia fsica ou mental gozam

    plenamente dos direitos e esto sujeitos aos deveres consignados na Constituio, com

    ressalva do exerccio ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem

    incapacitados.

    Em 1977, o Decreto-lei n 174/77, de 2 de maio, dirigido ao Ensino Preparatrio

    e Secundrio, permite condies especiais de matrcula e de avaliao a alunos com

    deficincia.

    Em 1978, com a publicao do Relatrio Warnock, da autoria da Sr Hellen

    Mary Warnock, utilizado, pela primeira vez, o conceito de Necessidades Educativas

    Especiais (NEE), propondo a substituio do modelo mdico para o pedaggico.

    Em 1979, publicada a Lei 66/79, de 4 de outubro, Lei da Educao Especial,

    que nunca veio a ser regulamentada.

    Depois de 1980, mdicos, psiclogos e cientistas sociais publicam um vasto

    nmero de estudos sobre grupos minoritrios (mulheres, pessoas com diferentes

    sexualidades, pessoas com deficincia). Publicam-se legislaes nacionais e

    internacionais antidiscriminatrias e de proteo aos grupos mais vulnerveis. Em 1970,

    a Inglaterra publica a Lei Britnica sobre Doenas Crnicas e Pessoas com Deficincia

    e, trs anos mais tarde, so os EUA que fazem sair a sua Lei da Reabilitao.

    Em 1981, a Organizao das Naes Unidas (ONU) apela responsabilidade

    dos governos para que garantam direitos iguais s pessoas com deficincia promovendo

    o Ano Internacional da ONU para Pessoas com Deficincia.

    1981/1982 marca o incio do apoio integrado a alunos com problemas

    intelectuais.

    Em 1983, a Organizao Internacional do Trabalho (OIT), na sua Conveno

    159, Conveno sobre Reabilitao Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes, no

    seu art. 1, entende por pessoa com deficincia aquela () cujas possibilidades de

    obter e conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem

    substancialmente reduzidas por deficincia de carter fsico ou mental devidamente

  • 15

    comprovada.. Insta os pases membros a considerar a Reabilitao Profissional um

    meio de () permitir que a pessoa deficiente obtenha e conserve um emprego e

    progrida no mesmo, e que se promova, assim, a integrao ou a reintegrao dessa

    pessoa na sociedade..

    Nesse mesmo ano, na cidade de Crave Hill, em Barbados, aprovada, por

    unanimidade, uma declarao fundamental, a Declarao de Crave Hill, na qual, de

    forma inequvoca, ficou registado que (1) as pessoas com deficincia so uma parte

    essencial da humanidade e no so nem anormais nem seres com desvios; que (2) as

    pessoas com deficincia no so cidados de segunda categoria e, portanto, devem ter

    garantia da igualdade dos direitos outorgados pela Constituio; que (3) todas as

    barreiras que impeam a igualdade de oportunidades devem ser removidas; que (4)

    devem ser envidados todos os esforos para obter a mxima insero de pessoas com

    deficincia na vida social e econmica das comunidades e, quando tal no seja possvel,

    proporcionar-lhes facilidades que permitam um meio de desempenho o menos restritivo

    possvel; que (5) a autoajuda, a autodeterminao e o defender-se por si mesmas devem

    ser motivaes que caracterizem as atitudes das pessoas com deficincia; que (6) deve

    ser proporcionada uma quantidade adequada de recursos naturais para suprir as

    necessidades das pessoas com deficincia; que (7) tanto para os governos como para

    outras entidades as prioridades devem ser: a oferta de servios bsicos de preveno, a

    deteo precoce, a ateno mdica e a reabilitao, as ajudas tcnicas e os equipamentos

    necessrios, o apoio ao desenvolvimento e administrao de organizaes de pessoas

    com deficincia e a facilitao da recolha e anlise de dados e informaes sobre a

    prevalncia das diferentes deficincias e que (8) deve ser reconhecida a necessidade de

    coordenar os servios locais, o desenvolvimento de centros nacionais de recursos e o

    estabelecimento de redes nacionais de informao.

    1986 o ano em que, pela primeira vez, nos Estados Unidos da Amrica,

    utilizado o conceito de incluso, com a Regular Education Initiative (REI),

    procurando acabar com a segregao e a institucionalizao nas escolas especiais.

    Neste mesmo ano de 1986, em Portugal, a Lei de Bases do Sistema Educativo

    (Lei n 46/86, de 10 de abril), no seu art. 17, define o mbito e os objetivos da

    Educao Especial.

    Em 1988, publicado o Despacho 36/SEAM/SERE, de 17 de agosto, e que cria

    as Equipas de Educao Especial (EEE).

  • 16

    Em 1989, em Portugal, a Lei n 9/89, de 2 de maio, referente Lei de Bases da

    Preveno e da Reabilitao e Integrao das Pessoas com Deficincia. Mais tarde

    revogada pela Lei n 38/2004, de 18 de agosto.

    Em 1990, pela Resoluo da Assembleia da Repblica n 20/90, de 8 de junho,

    aprovada a ratificao da Conveno sobre os Direitos da Criana, assinada em Nova

    Iorque, em 29 de janeiro desse mesmo ano.

    A Conferncia Mundial sobre Educao para Todos, em 1990, confirmou o

    direito educao para todos, sublinhando que esta educao um direito independente

    das diferenas individuais.

    Em 23 de agosto de 1991, publicado o Decreto-lei n 319/91 que vem

    implementar as novas polticas de integrao.

    Em 1993, na cidade holandesa de Maastricht, renem-se 450 pessoas com

    deficincia e que representam 41 pases da Europa, Amrica do Norte, frica e sia.

    Todos rejeitam a deficincia enquanto tragdia pessoal e os 450 congressista

    presentes exigem que a deficincia passe a ser encarada enquanto questo de direitos

    humanos e que a igualdade de oportunidades s se conseguir atravs de mudanas

    econmicas e sociais. Reconhecem a necessidade de que seja promovida uma cada vez

    maior participao social a todos os nveis e apelam a que sejam ouvidos relativamente

    a todos os programas e polticas que lhes digam respeito.

    1994 - Aprovao, por aclamao, da Declarao de Salamanca.

    Entre 9 e 10 de outubro de 1995, Lisboa promove a Conferncia Europeia sobre

    A Pessoa com Deficincia Mental Face ao Direito ao Trabalho.

    1997 - Publicao do Despacho Conjunto n 105/97, de 1 de julho, que define

    normas relativas aos Apoios Educativos.

    1998 - As Naes Unidas instituem o dia 3 de dezembro como o Dia

    Internacional da Pessoa com Deficincia. Portugal estabeleceu, tambm, o Dia

    Nacional da Pessoa com Deficincia, a ter lugar no dia 9 de dezembro de cada ano.

    Em 17 de fevereiro de 1999, o Conselho Nacional de Educao faz publicar o

    Parecer n 3/99, publicado no D. R. n 40, II Srie, sobre o atendimento s crianas e

    jovens com Necessidades Educativas Especiais, em Portugal.

  • 17

    Em 9 de setembro de 1999, em Londres, a Associao Rehabilitatiom

    International aprovou a Carta para o Terceiro Milnio na qual apela para que a

    deficincia seja vista como mais uma varivel da condio humana. Defendem que os

    direitos humanos e civis devem ser tanto para pessoas com deficincia como para

    quaisquer outras pessoas e que necessrio alargar esse acesso de forma generalizada,

    eliminando todas as barreiras ambientais, tecnolgicas e atitudinais que dificultem a

    plena incluso das pessoas com deficincia vida comunitria. (CRESPO, 2009)

    A acessibilidade implica seis dimenses que se relacionam com arquitetura (sem

    barreiras fsicas), comunicao (sem barreiras na comunicao entre as pessoas),

    metodolgica (sem barreiras nos mtodos e tcnicas de lazer, trabalho, educao etc.),

    instrumental (sem barreiras instrumentos, ferramentas, utenslios etc.), programtica

    (sem barreiras camufladas em polticas pblicas, legislaes, normas etc.) e atitudinal

    (sem preconceitos, esteretipos, estigmas e discriminaes nos comportamentos da

    sociedade para com pessoas com deficincia). A acessibilidade deve ser sustentada nos

    princpios do desenho universal, para beneficiar todas as pessoas, tenham ou no

    qualquer tipo de deficincia. (SASSAKI, 2009)

    Em junho de 1999, acontece a Conveno Interamericana para a Eliminao de

    todas as formas de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia, realizada

    na Guatemala, e na qual se reafirma () que as pessoas portadoras de deficincia tm

    os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as outras pessoas e que

    estes direitos, inclusive o direito de no ser submetidas a discriminao com base na

    deficincia, emanam da dignidade e da igualdade que so inerentes a todo ser humano

    (). Define-se deficincia enquanto significando () uma restrio fsica, mental

    ou sensorial, de natureza permanente ou transitria, que limita a capacidade de exercer

    uma ou mais atividades essenciais da vida diria, causada ou agravada pelo ambiente

    econmico e social. Por Discriminao contra as pessoas portadoras de deficincia

    passa a entender-se () toda a diferenciao, excluso ou restrio baseada na

    deficincia, antecedente de deficincia, consequncia de deficincia anterior ou

    perceo de deficincia presente ou passada, que tenha o efeito ou propsito de impedir

    ou anular o reconhecimento, gozo ou exerccio por parte das pessoas portadoras de

    deficincia dos seus direitos humanos e das suas liberdades fundamentais.

    18 de janeiro de 2001 Publicam-se os Decretos-lei n. 6/2001 e 7/2001, e onde,

    ao tentar clarificar o conceito de Necessidades Educativas Especiais, destaca, de novo, o

  • 18

    carter permanente da deficincia. a Educao Especial, de novo, a ser uma

    modalidade de ensino/educao, em prejuzo de um conjunto de servios inclusivos e,

    por isso, alargados a pais, docentes e discentes.

    Em 18 de agosto de 2004, a Assembleia da Repblica publica a Lei n 38/2004,

    e que define as Bases gerais do regime jurdico da preveno, habilitao, reabilitao e

    participao da pessoa com deficincia.

    Em 6 de outubro de 2004, em Montreal, Canad, reafirma-se () que as

    pessoas com deficincias intelectuais, assim como os demais seres humanos, tm

    direitos bsicos e liberdades fundamentais que esto consagradas por diversas

    convenes, declaraes e normas internacionais; () que as pessoas com deficincias

    intelectuais so frequentemente excludas das tomadas de deciso sobre os seus Direitos

    Humanos, Sade e Bem-estar, e que as leis e legislaes que determinam tutores e

    representaes legais substitutas foram, historicamente, utilizadas para negar a estes

    cidados os seus direitos de tomar as suas prprias decises (). feito um conjunto

    de recomendaes aos Estados, s ONG, aos vrios agentes sociais e civis, s pessoas

    com deficincias intelectuais e respetivas famlias e s organizaes internacionais, no

    sentido de pugnar para que as pessoas com deficincias intelectuais, assim como para as

    outras pessoas, no sejam discriminadas no gozo de nenhum dos seus direitos.

    2005 O Despacho Normativo n. 50/2005, de 9 de novembro, traz para as

    escolas a questo da Diferenciao Pedaggica.

    Em 21 de setembro de 2006, o governo faz sair o Plano de Aco para a

    Integrao das Pessoas com Deficincias ou Incapacidade (PAIPDI), atravs da

    Resoluo do Conselho de Ministros n120/2006, apontando para um conjunto de

    medidas ministeriais que tinham por objetivo, entre 2006/2009 () criar uma

    sociedade que garanta a participao efectiva das pessoas com deficincia.

    Em 6 de dezembro de 2006, a Assembleia Geral das Naes Unidas aprova a

    Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e onde so reiterados os

    princpios mais fundamentais da dignidade e do valor inerente a todos os membros da

    famlia humana traduzidos na igualdade dos seus direitos e no seu carter inalienvel,

    reconhecendo, proclamando e acordando que () toda a pessoa tem direito a todos os

    direitos e liberdades (), sem distino de qualquer natureza. , ainda reconhecido

    que () a deficincia um conceito em evoluo e que () resulta da interao entre

  • 19

    pessoas com incapacidades e barreiras comportamentais e ambientais que impedem a

    sua participao plena e efetiva na sociedade em condies de igualdade com as outras

    pessoas.

    Em 2006/2007, no contexto da reformulao da Educao Especial, o ME adota

    a CIF como referencial para filtrar os alunos com deficincia, elegveis para medidas

    no mbito do Decreto-Lei n 3/2008.

    7 de janeiro de 2008 - O Decreto-lei n 3/2008, lana novamente para a ribalta o

    debate sobre a Educao Especial, a incluso, a deficincia, as necessidades educativas

    especiais e todos conceitos conexos, limitando as medidas de regime educativo aos

    alunos com NEE de carter permanente, avaliados com recurso CIF. Nesse mesmo

    ano, em 12 de maio, a Lei n. 21/2008, introduz a primeira alterao ao decreto anterior.

    2009 - O Decreto-Lei n. 281/2009, de 6 de outubro, cria um Sistema Nacional

    de Interveno Precoce na Infncia (SNIPI).

    2010 - O Despacho Normativo n. 6/2010, de 19 de fevereiro, regulamenta

    alguns aspetos do D. L. n 3/2008 e clarifica o processo de avaliao dos alunos com

    necessidades educativas especiais.

    Nesta quarta etapa, a aposta vai no sentido de incluir todas as pessoas em

    ambientes educativos, laborais e sociais, que a cultura vigente oferece s pessoas

    consideradas normais.

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  • 22

    Anexo

    530.000 a.C.

    Indivduo de 5-12 anos com craniossinostose. Eventuais problemas

    motores, sensoriais, cognitivos e comportamentais. Com a idade

    provvel de falecimento, comprova-se os cuidados prestados pela

    famlia.

    1.300 a.C. Egito. Porteiro com Paralisia Cerebral ou Poliomielite. P direito

    equino. Profisso: porteiro. Incluso socioprofissional.

    429-347 a.C. Infanticdio de crianas com desenvolvimento atpico, na Grcia

    417 a.C. Infanticdio de crianas com desenvolvimento atpico, em Roma

    106-43 a.C.

    Lei III - O pai de imediato matar o filho monstruoso e contra a

    forma do gnero humano, que lhe tenha nascido recentemente.

    ("Tabula IV - De Jure Ptrio et Jure Connubii

    Sc. XII A Ordem do Santo Esprito funda, em Montpellier, Frana, um dos

    primeiros hospcios para crianas loucas ou abandonadas

    1284

    Em Portugal, o Chanceler-mor de D. Dinis, o Bispo D. Domingos

    Jardo, cria, na cidade de Lisboa, no Largo dos Loios, o asilo mais

    antigo de Portugal chamado Hospital de S. Paulo, S. Clemente e

    Santo Eli.

    XIII

    Na Blgica, surge a primeira comunidade agrcola que se prope

    acolher pessoas com deficincia, ao mesmo tempo que lhe faculta

    alimentos, atividade fsica e ar puro para colmatar os seus

    problemas.

    1325

    Eduardo II de Inglaterra publica a primeira legislao que se

    conhece sobre os cuidados a prestar s pessoas com dfice

    intelectual, tendo o cuidado, ainda, de fazer a distino entre

    aquela patologia e a doena mental.

    1330 D. Brites, rainha e mulher de D. Afonso III, cria o primeiro asilo

    para rfos e enjeitados, denominado Hospital dos Meninos,

  • 23

    situado na Mouraria, Lisboa.

    XVI

    Criados o Criandario e a Roda, na Rua da Betesga, em Lisboa,

    pertena do Hospital de Todos-os-Santos e que acolhia raparigas

    rfs.

    1526

    Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais

    conhecido por Paracelso, escreve a obra Sobre as Doenas que

    privam o Homem da Razo, sendo o primeiro a considerar a

    deficincia mental como algo do foro mdico.

    XVI

    Pedro Ponce de Len, um Monge Beneditino, cria a primeira

    escola para o ensino de Surdos, no Mosteiro de So Salvador em

    Oa, Burgos, Espanha.

    1664 Thomas Willis, apresenta em Londres a obra Cerebri Anatome,

    na qual defende a origem neurolgica da deficincia.

    24/05/1783 So criadas, em todas as vilas, as Rodas dos Expostos de Portugal.

    26/08/1789 Em Paris, discutida a Declarao dos Direitos do Homem e do

    Cidado que foi aprovada na Assembleia Nacional de 2/outubro.

    1799

    D-se a descoberta do menino de Aveyron, Vitor, que vivia no seio

    de uma floresta juntamente com lobos. Enquanto o psiquiatra

    Philippe Pinel considera no ser possvel a educao da criana,

    outro mdico, Jean-Jacques Gaspar Itard, e a sua governanta Mme

    Gurin, apostam no desenvolvimento das capacidades intelectuais

    e afetivas do Selvagem de Aveyron.

    1812

    douard O. Sguin, autor do Trait des Sensations, torna-se o

    primeiro a reconhecer a importncia das atividades sensrio-

    motoras para o desenvolvimento das crianas com dfice

    intelectual. Sguin , ainda, uma referncia para a Educao

    Especial uma vez que cria em 1837 a primeira escola especial para

    pessoas com dfice intelectual. Mais tarde, em 1876, funda a

    Associao Americana de Atraso Mental (AAMR) de que se

    tornou o primeiro presidente.

  • 24

    1818

    Jean-tienne-Dominique Esquirol distingue dfice de doena

    mental e afirma que os problemas sensrio-motores das crianas

    com dfice intelectual esto associados ao seu baixo QI e ao

    atrofiamento dos rgos o que, no seu conjunto, os impede, de

    forma irreversvel, de desenvolverem e manifestarem a sua

    inteligncia.

    1822

    Em Portugal, contratado o sueco Aron Born para organizar o

    Instituto de Surdos, Mudos e Cegos, extinto e reaberto em 1877

    com nova denominao: Instituto Municipal de Surdos-Mudos.

    1834

    Em Portugal, disseminam-se os asilos. D. Pedro IV manda

    construir o primeiro Asilo da Infncia Desvalida para crianas com

    menos de sete anos, semelhantes s Salles dAsyle parisienses.

    Estamos nos primrdios dos Jardins-de-infncia.

    1863 Em Portugal, fundado o asilo de Cegos de Nossa Senhora da

    Esperana, em Castelo de Vide.

    1888 Em Portugal, criado o Asilo-Escola Antnio Feliciano de

    Castilho.

    26/02/1893 Inaugura-se, na cidade do Porto, o Instituto Jos Rodrigues Arajo

    Porto, para apoio a pessoas surdas.

    1895

    Maria Montessori destaca a importncia da capacidade criativa da

    criana e, na linha de Itard e Seguin, sustenta que a interveno

    com as crianas com limitaes cognitivas , essencialmente,

    pedaggica e no clnica. Considerava que as crianas com

    deficincia deveriam ter escolas especiais e serem ensinadas por

    professores especializados.

    05/05/1903 Criao do Instituto So Manuel, Escola de Cegos, no Porto,

    facultando ensino a crianas de ambos os sexos

    1904

    O psiclogo Alfred Binet e o mdico Thedore Simon compem um

    questionrio de 30 perguntas de dificuldade crescente com o

    objetivo de determinar quantitativamente o grau de inteligncia

  • 25

    dos indivduos. Comeam a ser aplicados em 1904.

    1913 Incio dos cursos de especializao de professores organizado por

    Antnio Aurlio da Costa Ferreira

    1916

    Fundao do Instituto Aurlio da Costa Ferreira (IAACF)a, cuja

    atividade suspensa em 1935. Destinava-se observao e ensino

    de crianas com deficincia mental e problemas de linguagem.

    1942 Reabre o IAACF, agora vocacionado, tambm, para a educao de

    alunos com problemas mentais e motores.

    1945 O IAACF passa, tambm, a Dispensrio de Higiene Mental

    Infantil.

    1946 So criadas as classes especiais nas escolas primrias, entrando em

    funcionamento no ano letivo seguinte.

    26/09/1924

    aprovada, pela Sociedade das Naes, a Declarao dos

    Direitos da Criana da Sociedade das Naes, mais conhecida

    como a Declarao de Genebra.

    30/04/1948

    Foi adotada a Declarao Americana dos Direitos e Deveres do

    Homem, consagrando os princpios da universalidade e da

    indivisibilidade dos direitos humanos e a articulao entre direitos

    e deveres.

    10/12/19484 Adotada a Declarao dos Direitos do Homem.

    1955 criado o Centro Infantil Hellen Keller pela Liga Portuguesa de

    Deficientes Motores.

    1960 Fundao da Associao Portuguesa de Paralisia Cerebral, em

    Lisboa.

    1962

    Ano da fundao da Associao Portuguesa de Pais e Amigos das

    Crianas Mongoloides, posteriormente chamada Associao

    Portuguesa de Pais e Amigos das Crianas Diminudas Mentais

    (APPACDM).

    1968 Portugal passa a integrar crianas cegas em regime de sala de

    apoio, nas classes regulares.

  • 26

    1969

    Em So Jos da Costa Rica, redigida a Conveno Americana

    sobre Direitos Humanos, vigorando a partir de 1978. Em 1988,

    dando destaque aos Direitos Civis e Polticos, foi adotado um

    Protocolo Adicional para os Direitos Econmicos, Sociais e

    Culturais, conhecido como o Protocolo de So Salvador.

    05/08/1949

    Criado, em Londres, o Conselho da Europa, a partir da

    Conferncia (ou Conveno) de Haia. Esta instituio est

    especialmente vocacionada para a definio e proteo dos

    Direitos Humanos. Em Roma, a 4 de novembro de 1950,

    assinada a Conveno Europeia para a proteo dos direitos do

    Homem e das liberdades fundamentais

    1960-1970

    Criao de Centros de Reabilitao e de Associaes para pessoas

    com deficincia e seus familiares. Em Portugal, podem nomear-se

    a Associao Portuguesa de Deficientes (APD), ACAPO (Cegos e

    Amblopes de Portugal), Associao Portuguesa para Proteo aos

    Deficientes Autistas (APPDA), Associao Portuguesa de Pais e

    Amigos da Criana com Deficincia Mental (APPACDM), etc.,

    etc.

    1970 Fundao da Associao Portuguesa de Paralisia Cerebral, em

    Coimbra.

    1971 Fundao da Associao Portuguesa para Proteo s Crianas

    Autistas.

    1973 Fundao da Associao de Pais para a Educao de Crianas

    Deficientes Auditivas (APECDA).

    1975

    Corresponde ao ano de fundao da Associao Portuguesa de

    Paralisia Cerebral, no Porto, e tambm ao surgimento do

    movimento CERCI.

    09/12/1975 A Assembleia Geral da ONU aprova a Declarao dos Direitos das

    Pessoas Deficientes.

    02/04/1976 A Constituio da Repblica Portuguesa, no seu art. 71, n 1,

  • 27

    consagra que Os cidados portadores de deficincia fsica ou

    mental gozam plenamente dos direitos e esto sujeitos aos deveres

    consignados na Constituio, com ressalva do exerccio ou do

    cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados.

    02/05/1977

    O Decreto-lei n 174/77, dirigido ao Ensino Preparatrio e

    Secundrio, permite condies especiais de matrcula e de

    avaliao a alunos com deficincia.

    1978

    Publicao do Relatrio Warnock onde, pela primeira vez, usado

    o conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE), propondo

    a substituio do modelo mdico pelo pedaggico.

    04/10/1979 publicada a Lei 66/79, de 4 de outubro, Lei da Educao

    Especial, que nunca veio a ser regulamentada.

    1981

    A Organizao das Naes Unidas (ONU) apela

    responsabilidade dos governos para que garantam direitos iguais s

    pessoas com deficincia, promovendo o Ano Internacional da

    ONU para Pessoas com Deficincia.

    1981/1982 Incio do apoio integrado a alunos com problemas intelectuais.

    1983

    Conveno n 159, da Organizao Internacional do Trabalho

    (OIT), intitulada Conveno sobre Reabilitao Profissional e

    Emprego de Pessoas Deficientes onde, no seu art. 1, entende por

    pessoa com deficincia aquela () cujas possibilidades de obter e

    conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem

    substancialmente reduzidas por deficincia de carter fsico ou

    mental devidamente comprovada.

    1983

    Aprovada, por unanimidade, a Declarao de Crave Hill, na qual

    ficou registado que as pessoas com deficincia so uma parte

    essencial da humanidade e no so nem anormais nem seres com

    desvios.

    1986

    Pella primeira vez, nos Estados Unidos da Amrica, utilizado o

    conceito de incluso, com a Regular Education Initiative (REI),

    procurando acabar com a segregao e a institucionalizao nas

  • 28

    escolas especiais.

    10/04/1986 Em Portugal, a Lei de Bases do Sistema Educativo, no seu art.

    17, define o mbito e os objetivos da Educao Especial.

    17/08/1988 O Despacho 36/SEAM/SERE que cria as Equipas de Educao

    Especial (EEE).

    02/05/1989 Portugal publica a Lei de Bases da Preveno e da Reabilitao e

    Integrao das Pessoas com Deficincia.

    1990

    A Resoluo da Assembleia da Repblica n 20/90, de 8 de junho,

    aprova a ratificao da Conveno sobre os Direitos da Criana,

    assinada em Nova Iorque, em 29 de janeiro desse mesmo ano.

    1990

    A Conferncia Mundial sobre Educao para Todos, confirmando

    o direito educao para todos, enquanto um direito independente

    das diferenas individuais.

    23/08/1991 Publicao do Decreto-lei n 319/91 que vem implementar as

    novas polticas de integrao.

    1993

    Em Maastricht, renem-se 450 pessoas com deficincia,

    representando 41 pases da Europa, Amrica do Norte, frica e

    sia. Todos rejeitam a deficincia enquanto tragdia pessoal e

    exigem que a deficincia passe a ser encarada enquanto questo de

    direitos humanos e que a igualdade de oportunidades s se

    conseguir atravs de mudanas econmicas e sociais.

    Reconhecem a necessidade de que seja promovida uma cada vez

    maior participao social a todos os nveis e apelam a que sejam

    ouvidos relativamente a todos os programas e polticas que lhes

    digam respeito.

    1994 Aprovao, por aclamao, da Declarao de Salamanca.

    09 e 10/10/1995 Lisboa promove a Conferncia Europeia sobre A Pessoa com

    Deficincia Mental Face ao Direito ao Trabalho.

    1997 Publicao do Despacho Conjunto n 105/97, de 1 de julho, que

    define normas relativas aos Apoios Educativos.

  • 29

    1998 As Naes Unidas instituem o dia 3 de dezembro como o Dia

    Internacional da Pessoa com Deficincia.

    17/02/1999

    O Conselho Nacional de Educao faz publicar o Parecer n 3/99,

    sobre o atendimento s crianas e jovens com Necessidades

    Educativas Especiais, em Portugal.

    09/09/1999

    Em Londres, a Associao Rehabilitatiom International aprovou a

    Carta para o Terceiro Milnio na qual apela para que a

    deficincia seja vista como mais uma varivel da condio

    humana. Defendem que os direitos humanos e civis devem ser

    tanto para pessoas com deficincia como para quaisquer outras

    pessoas e que necessrio alargar esse acesso de forma

    generalizada, eliminando todas as barreiras ambientais,

    tecnolgicas e atitudinais que dificultem a plena incluso das

    pessoas com deficincia vida comunitria

    Junho de 1999

    Conveno Interamericana para a Eliminao de todas as formas

    de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia,

    realizada na Guatemala, e na qual se reafirma () que as pessoas

    portadoras de deficincia tm os mesmos direitos humanos e

    liberdades fundamentais que as outras pessoas (). Define-se

    deficincia enquanto significando () uma restrio fsica,

    mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitria, que

    limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais

    da vida diria, causada ou agravada pelo ambiente econmico e

    social. Por Discriminao contra as pessoas portadoras de

    deficincia passa a entender-se () toda a diferenciao,

    excluso ou restrio baseada na deficincia, antecedente de

    deficincia, consequncia de deficincia anterior ou perceo de

    deficincia presente ou passada, que tenha o efeito ou propsito de

    impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exerccio por parte

    das pessoas portadoras de deficincia dos seus direitos humanos e

    das suas liberdades fundamentais.

    18/01/2001 Publicam-se os Decretos-lei n. 6/2001 e 7/2001, e onde, ao tentar

  • 30

    clarificar o conceito de Necessidades Educativas Especiais,

    destaca, de novo, o carter permanente da deficincia. a

    Educao Especial, de novo, a ser uma modalidade de

    ensino/educao, em prejuzo de um conjunto de servios

    inclusivos e, por isso, alargados a pais, docentes e discentes.

    18/08/2004

    A Assembleia da Repblica publica a Lei n 38/2004, que define as

    Bases gerais do regime jurdico da preveno, habilitao,

    reabilitao e participao da pessoa com deficincia.

    06/10/2004

    Declarao de Montreal, onde se reafirma-se () que as pessoas

    com deficincias intelectuais, assim como os demais seres

    humanos, tm direitos bsicos e liberdades fundamentais que esto

    consagradas por diversas convenes, declaraes e normas

    internacionais; () que as pessoas com deficincias intelectuais

    so frequentemente excludas das tomadas de deciso sobre os seus

    Direitos Humanos, Sade e Bem-estar, e que as leis e legislaes

    que determinam tutores e representaes legais substitutas foram,

    historicamente, utilizadas para negar a estes cidados os seus

    direitos de tomar as suas prprias decises (). feito um

    conjunto de recomendaes (), no sentido de pugnar para que as

    pessoas com deficincias intelectuais, assim como para as outras

    pessoas, no sejam discriminadas no gozo de nenhum dos seus

    direitos.

    09/11/2005 O Despacho Normativo n. 50/2005 traz para as escolas a questo

    da Diferenciao Pedaggica.

    21/09/2006

    Publicado o Plano de Aco para a Integrao das Pessoas com

    Deficincias ou Incapacidade (PAIPDI), apontando para um

    conjunto de medidas ministeriais que tinham por objetivo, entre

    2006/2009 () criar uma sociedade que garanta a participao

    efectiva das pessoas com deficincia.

    06/12/2006

    A Assembleia Geral das Naes Unidas aprova a Conveno sobre

    os Direitos das Pessoas com Deficincia e onde so reiterados os

    princpios mais fundamentais da dignidade e do valor inerente a

  • 31

    todos os membros da famlia humana traduzidos na igualdade dos

    seus direitos e no seu carter inalienvel, reconhecendo,

    proclamando e acordando que () toda a pessoa tem direito a

    todos os direitos e liberdades (), sem distino de qualquer

    natureza.

    2006/2007

    O ME adota a CIF como referencial para filtrar os alunos com

    deficincia, elegveis para medidas no mbito do Decreto-Lei n

    3/2008, publicado no incio do ano seguinte.

    07/01/2008

    O Decreto-lei n 3/2008, lana novamente para a ribalta o debate

    sobre a Educao Especial, a incluso, a deficincia, as

    necessidades educativas especiais e todos conceitos conexos,

    limitando as medidas de regime educativo aos alunos com NEE de

    carter permanente, avaliados com recurso CIF. Nesse mesmo

    ano, em 12 de maio, a Lei n. 21/2008, introduz a primeira

    alterao ao decreto anterior.

    06/10/2009 criado um Sistema Nacional de Interveno Precoce na Infncia

    (SNIPI).

    19/02/2010

    Regulamentados alguns aspetos do D. L. n 3/2008, clarificando o

    processo de avaliao dos alunos com necessidades educativas

    especiais.