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Trabalho realizado no âmbito do curso Inclusão e Acesso às Tecnologias - Mooc 2014, A. Frederico Lima e Beatriz Costa
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Modelos e evoluo das
perspetivas sobre deficincia
A. Frederico Lima
Beatriz Costa
MOOC IncTec 2014
H milhares de anos que a Histria nos mostra que os direitos humanos se foram
manifestando na vida real das pessoas de forma desigual, consoante o grupo social a que
pertencem. Mulheres, negros, indgenas, pessoas com deficincia, grupos
economicamente mais vulnerveis e, mais recentemente, pessoas portadoras do vrus
HIV/SIDA, transexuais, entre outros, lutam para conquistar direitos igualitrios na
sociedade.
importante destacar que a ao de movimentos sociais diversos j eliminou ou
minimizou inmeras barreiras para promover e ampliar os direitos humanos de grupos
sociais mais desprotegidos. No entanto, ainda persiste muita desigualdade espelhada na
falta de oportunidades de acesso a uma educao de qualidade, necessria para realizar
o pleno desenvolvimento de cada indivduo e a sua cidadania.
Nos documentos internacionais calcula-se que cerca de 10% da populao
mundial, constituda por pessoas com deficincia, a maioria das quais vive em pases
economicamente pobres.
As pessoas que nascem com deficincias, ou as adquirem ao longo da vida, so,
em muitos lugares, continuamente privadas de oportunidades de convivncia com a
famlia e os seus pares (colegas, vizinhos, parentes), da vida escolar, do acesso ao
trabalho, atividades de lazer e cultura, entre outros.
Na sequncia do que solicitado no mdulo 1, procura-se, de forma muito
breve, dar uma panormica do que tem sido, ao longo da histria da humanidade, o
entendimento e as atitudes face s pessoas com limitaes na sua funcionalidade. Que
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modelos e que perspetivas tinham as pessoas perante os membros da sociedade que
nasciam ou adquiriam essas disfuncionalidades e como se foi evoluindo at chegar
atualidade, so os objetivos apontados.
Tenta dar-se uma viso geral do modo como as pessoas viam os seus
concidados quando estes eram pessoas com algum tipo de incapacidade e como foi
acontecendo, ou no, a mudana de perspetiva ao longo do tempo, incluindo nas
sociedades atuais mais semelhantes s comunidades ancestrais.
A breve panormica que se procura apresentar resulta da pesquisa bibliogrfica
efetuada, sendo que as imagens que complementam o texto foram retiradas do Google.
Ao longo dos mais de dois milhes de anos de presena de pessoas no planeta, a
existncia de seres humanos com e sem desenvolvimento atpico foi, seguramente, uma
constante, tal como hoje sucede e suceder. E, conforme as sociedades e os tempos,
diferentes foram os entendimentos acerca da questo das pessoas com qualquer tipo de
incapacidade. CARVALHO-FREITAS aponta quatro modelos em que se pode resumir
essa atitude: o modelo da subsistncia/sobrevivncia, da; o modelo da sociedade ideal; o
modelo da deficincia enquanto facto espiritual; o modelo da normalidade; o modelo da
incluso social
Subsistir/sobreviver
A Histria no tem muitas fontes em que se basear para nos dar informaes
fidedignas sobre os primrdios da humanidade. possvel, contudo, graas ao
empenhamento de paleontlogos e de paleopatologistas, recorrermos a dados, ainda que
escassos, que nos permitem afirmar que, desde esses tempos to longnquos, a
incapacidade marcava a sua presena qui, mais que hoje. Feridas e quedas
decorrentes de atividades ligadas caa, encefalopatias, problemas neuromotores,
doenas de todo o tipo, problemas congnitos, etc.
A Deficincia sempre
marcou presena. Sendo a caa
praticamente o nico meio de
subsistncia, natural que o
nascimento de um membro
Figura 1 - Crnio 14
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com deficincia fosse para a famlia um peso considervel de que havia necessidade de
se libertarem. , pois, muito possvel que muitas comunidades fizessem desaparecer as
crianas, quer pelas razes apontadas acima, quer porque as viam como possudas por
maus espritos (MACHADO & NAZARI, 2012). No entanto, um achado arqueolgico
encontrado em Sima de los Huesos, Serra de Atapuerca, no Norte de Espanha, vem
comprovar, na opinio Ana Gracia, do Centro de Evoluo Humana e Comportamento
da Universidade Complutense de Madrid e do Instituto de Sade Carlos III, que a
famlia protegia, h mais de 530.000 anos, aqueles que apresentavam alguma
deformidade e/ou doena. O fssil de uma criana que ter falecido entre os 5 e os 12
anos evidencia sinais de uma doena rara, a craniossinostose, e que leva a que uma ou
mais suturas cranianas se fechem prematuramente, provocando aumento de presso
intracraniana com as consequentes complicaes neurolgicas do tipo Dificuldades de
Aprendizagem Especficas, perturbaes do comportamento, problemas motores e
dfices visuais e cognitivos (CRISTVO, EMLIO, SOARES, DIAS, MATOS, &
TVORA, 2006).
A descoberta de outros achados
sseos com fraturas consistentes,
amputaes e crnios trepanados so
evidncias da sobrevivncia de pessoas com
deformidades. (CRESPO, 2009).
No Egito antigo, tanto quanto possvel confirmar pela
imagem ao lado, pessoas com problemas neuromotores so
tambm acolhidas pela sociedade. Na estela preservada num
museu da Dinamarca, possvel ver uma pessoa com sequelas
de Paralisia Cerebral ou de Poliomielite, com p direito
equino, apoiado num basto, e que cerca de 1300 anos a.C.
exercia a profisso de porteiro, uma atividade de elevada
responsabilidade (CRESPO, 2009). Era vulgar pessoas com nanismo trabalharem e
serem membros de pleno direito da sociedade. J na era crist, Ddimo, um telogo
Figura 2 - Crnio trepanado
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cego, foi diretor da Escola de Alexandria, entre os anos de 345 e 395. A sua reputao,
conhecimento e cultura enciclopdicos trouxeram-lhe fama. Foi professor, por exemplo,
de So Jernimo, um dos maiores doutores da Igreja dos primeiros sculos e tradutor da
Bblia para o latim, a lngua falada no sc. IV.
Sociedade ideal/Eugenismo
A Grcia, bero da civilizao ocidental, teve, por outro lado, atitudes mais
excludentes ao enveredar por atitudes de intolerncia face s crianas nascidas com
deficincias. Politicamente era uma monarquia, de forte pendor militar, assente numa
economia agrria, e onde a mentalidade mtica era a base para explicar o funcionamento
do mundo. Eram os deuses, os espritos e o destino que comandavam a natureza,
ficando reservado do homem o governo da sociedade. Para os gregos, a beleza, a
robustez, a perfeio do corpo e a capacidade fsica eram atributos essenciais a uma
sociedade guerreira e agrcola que via neles a nica forma de se defender, subsistir e
sobreviver. A organizao em cidades-estado implica uma maior participao poltica
dos cidados e surgem as ideias de Plato e Aristteles com referncias explcitas s
pessoas com deficincia. Plato, no discurso sobre a Repblica, afirma: A fora do
corpo tambm deve ser cuidada e caber ginstica desenvolv-la, sem ter, contudo,
por finalidade a formao exclusiva de atletas. A alimentao ser simples e simples
ser tambm a medicina que deve ser reduzida ao seu estado primitivo, isto , o de
atender aos acidentes mais banais. Aos invlidos no sero dados cuidados: sero
simplesmente abandonados. Aristteles, em A Poltica coloca o Estado numa
posio de relevncia superior famlia e defende que quanto a saber quais os filhos
que se devem abandonar ou educar, deve haver uma lei que proba alimentar toda a
criana disforme. Tudo tinha de ser perfeito e no h lugar para as pessoas com
deficincia. O abandono e o infanticdio so algo de natural e de necessrio
manuteno de uma sociedade exemplar, mesmo que a escravido fosse legitimada,
uma vez que o valor da pessoa est na funo social atribuda, quer desempenhasse
funes intelectuais ou braais. Se, em resultado da guerra, as pessoas sofriam
amputaes de membros isso garantia-lhes um lugar entre os vivos. Entre os extratos
mais elevados da sociedade espartana, opai de qualquer recm-nascido era obrigado a
sujeit-lo avaliao de um Conselho de Espartanos, tivesse ou no qualquer
incapacidade; caso fosse normal e forte, era de novo entregue ao pai; ao contrrio, se
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tivesse defeito congnito, fosse feio, disforme e franzinoa criana era expostas, vg,
abandonada e lanada do monte Apothetai, alegando () que no era bom nem para a
criana nem para a repblica que ela vivesse, visto que, desde o nascimento, no se
mostrava bem constituda para ser forte, s e rija durante toda a vida. Infelizmente, na
dcada de 40 do sculo XX, a humanidade viu renascer estes ideais de perfeio.
(CARVALHO-FREITAS, 2007)
Em Roma, o Direito definia as regras aplicveis s pessoas com e sem
incapacidades. Era negado o direito vida a todos os que no fossem possuidores da
vitalidade e apresentassem forma humana distorcida. Aos bebs prematuros e aos que
revelassem sinais de monstruosidade (fcies anmala, deformao ou ausncia de
membros) no era aplicvel o Direito. Estas regras cessavam se a criana tivesse trs ou
mais anos. A Lei das Doze Tbuas previa os casos em que seria dada morte imediata
aps o nascimento: Tbua IV - Sobre o Direito do Pai e do Casamento. - Lei III - O pai
de imediato matar o filho monstruoso e contra a forma do gnero humano, que lhe
tenha nascido recentemente. ("Tabula IV - De Jure Ptrio et Jure Connubii)
Mais tarde, passou a ser obrigatrio o pai mostrar o filho a, pelo menos, cinco
vizinhos, para que estes confirmassem a monstruosidade e/ou a estropiao. A criana
era exposta em locais prximos do rio Tibre, em lugares sagrados como templos e
bosques dedicados a divindades ou eram afogadas pelas parteiras no ps-parto. (SILVA,
Roma antiga e as pessoas com deficincia).
Em sntese, este estdio inicial marcado pela omisso, ou negligncia, ou
escassez de iniciativas no apoio a pessoas com deficincia. a fase da excluso social:
a sociedade ignora, rejeita, persegue, explora ou elimina as pessoas com qualquer tipo
de deficincia. Nesta fase anterior era crist, de modo geral, as prticas de abandono
ou de extermnio das pessoas deficientes so atitudes legitimadas pelas sociedades.
Deficincia vs Espiritualidade
Com o fim do Imprio Romano do Ocidente e a passagem Idade Mdia (scs.
V a XV), entramos na poca do Cristianismo que passa a ser a religio vigente, uma vez
convertido o Imperador Constantino. A Igreja ser, tambm, a instituio responsvel
pelo ensino e pela assistncia. Aparecem os mosteiros e as primeiras
escolas/universidades. O ensino era, porm, diferenciado em funo do grupo social:
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aos nobres eram ministradas aulas de latim e grego, enquanto ao povo era administrado
um ensino profissional que os dotava para os ofcios. a poca de afirmar a presena de
Deus com base na razo e, simultaneamente, a prtica da magia e do culto satnico que
atribuam ao ser humano a obrigao de se submeter a poderes invisveis, seja do Bem,
seja do Mal. Na verdade, a Igreja, apesar dos conhecimentos teolgicos e de toda a luta
contra ideais herticos, no conseguiu eliminar as supersties, os dogmas e ritos
demonacos, uma vez que a condenao que infligia aos representantes demonacos, aos
feiticeiros e a criaturas bizarras e aos seus cultos s tornou inevitvel o
reconhecimento da sua existncia. assim que a deficincia passa a entrar no rol das
supersties, da maldio divina ou da possesso diablica. So, durante a Inquisio,
reconhecidos como encarnao do mal e encaminhados para a tortura ou a fogueira,
valendo a alguns o refgio em conventos e igrejas. Hoje mais conhecido como Pai
Natal, Nicolau, Bispo de Mira (Lcia, na costa Sul da atual Turquia), sobejamente
conhecido como acolhedor e protetor de crianas e adultos com incapacidades.
Em Frana, no sculo XII, a Ordem do Santo Esprito funda, em Montpellier, um
dos primeiros hospcios para crianas loucas ou abandonadas.
Em Portugal, o Chanceler-mor de D. Dinis, o Bispo D. Domingos Jardo, cria, em
1284, na cidade de Lisboa, no Largo dos Loios, o asilo mais antigo de Portugal
chamado Hospital de S. Paulo, S. Clemente e Santo Eli. Tinha anexo uma mercearia1,
escola e seminrio.
No sculo XIII, na Blgica, surge a primeira comunidade agrcola que se prope
acolher pessoas com deficincia, ao mesmo tempo que lhe faculta alimentos, atividade
fsica e ar puro para colmatar os seus problemas.
Em 1325, Eduardo II de Inglaterra publica a primeira legislao que se conhece
sobre os cuidados a prestar s pessoas com dfice intelectual, tendo o cuidado, ainda, de
fazer a distino entre aquela patologia e a doena mental.
O primeiro asilo para rfos e enjeitados foi criado pela rainha D. Brites, mulher
de D. Afonso III, antes de 1330, denominado Hospital dos Meninos, situado na
Mouraria.
No sculo XVI, foram estabelecidos o Criandario e a Roda, na Rua da Betesga,
em Lisboa, pertena do Hospital de Todos-os-Santos e que acolhia raparigas rfs.
1 Designao que podiam tomar os Asilos.
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Primrdios da Normalidade
Na Idade Moderna, sculo XVI, dois homens merecem destaque, pela
contribuio que do para a questo da deficincia: Phillipus Aureolus Theophrastus
Bombastus von Hohenheim, mais conhecido por Paracelso, e Girolamo Cardano (1501-
1576). Paracelso, em 1526, na obra Sobre as Doenas que privam o Homem da
Razo, publicada em 1567, o primeiro a considerar a deficincia mental como algo
do foro mdico e que, enquanto tal, merecedor de tratamento e de compreenso.
Cardano pioneiro tambm em acreditar na capacidade de aprendizagem das pessoas
com alguma disfuncionalidade, em particular os surdos, embora s mais Pedro Ponce de
Len, um Monge Beneditino, crie a primeira escola para o ensino de Surdos, no
Mosteiro de So Salvador en Oa, Burgos, Espanha, sendo o inventor de um alfabeto
gestual que permitia aos surdos soletrar as palavras e, assim, escrev-las. desta forma
que cai por terra a crena na incapacidade dos surdos no poderem aprender, quando se
pensava que nunca poderiam, sequer, ser catequizados, o que os atirava para as margens
da sociedade. Em 1664, Thomas Willis, apresenta em Londres a obra Cerebri
Anatome, na qual defende a origem neurolgica da deficincia, no tendo conseguido,
contudo, destronar a viso e as atitudes religiosas sobre o tema. Ainda no sculo XVII,
John Locke v na deficincia uma desestimulao das pessoas defendendo que o ensino
deveria colmatar essa carncia. Em Portugal, apesar de a sua existncia estar
documentada desde o sculo XII, por ordem de Pina Manique, em 24 de maio de 1783,
so criadas, em todas as vilas, as Rodas dos Expostos de Portugal. (LEANDRO, 2011);
(FONTE, 2004).
Nesta fase de institucionalizao, entre os sculos XVIII e XIX, a segregao
social do deficiente concretizou-se no atendimento em instituies assistenciais
especiais, com fins filantrpicos ou religiosos. Apesar da segregao institucional
imposta ao deficiente, essas pessoas passaram a ser vistas como algum que, no
contexto social, era dotada de direitos e possibilidades educativas. Contudo, apesar
dessa fase representar um avano na evoluo dos atendimentos especiais, as pessoas
com deficincia apareciam isoladas do convvio social, confinadas em instituies
residenciais.
Chegamos Idade Contempornea. Em 26 de agosto de 1789, em Paris,
discutida a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado e que foi aprovada na
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Assembleia Nacional de 2 de outubro desse mesmo ano. No seu art. 1, estipula que Os
homens nascem e so livres e iguais em direitos. As distines sociais s podem fundar-
se na utilidade comum.. o fim do Ancien Rgime, da Monarquia e de todos os
princpios e instituies subjacentes. o incio de novos ideais, de novas instituies,
pelos quais, ainda hoje, teoricamente, nos regemos. Dez anos mais tarde, a descoberta,
em 1799, do menino de Aveyron, Vitor, que vivia no seio de uma floresta juntamente
com lobos, leva o psiquiatra Philippe Pinel a concluir pela impossibilidade de ser
educado, enquanto outro mdico, Jean-Jacques Gaspar Itard, e a sua governanta Mme
Gurin apostam no desenvolvimento das capacidades intelectuais e afetivas do
Selvagem de Aveyron. Esto, no fundo, em confronto duas teorias, no antagnicas
mas complementares, uma vez que, quer os fatores biolgicos, quer os ambientais,
devem ser considerados para a avaliao e diagnstico das situaes. (RODRIGUES,
2008)
Jean-tienne-Dominique Esquirol, em 1818, separa as guas entre dfice e
doena mental e defende que os problemas sensrio-motores das crianas com dfice
intelectual esto associados ao seu baixo QI e ao atrofiamento dos rgos o que, no seu
conjunto, os impede de desenvolverem e manifestarem a sua inteligncia de forma
irreversvel.
Em 1812, o psiquiatra americano nascido em Frana Edouard O. Sguin, autor
do Trait des Sensations, contrariando as opinies de Esquirol, torna-se o primeiro a
reconhecer a importncia das atividades sensrio-motoras para o desenvolvimento das
crianas com dfice intelectual. Sguin , ainda, uma referncia para a Educao
Especial uma vez que cria em 1837 a primeira escola especial para pessoas com dfice
intelectual. Mais tarde, em 1876, funda a Associao Americana de Atraso Mental
(AAMR) de que se tornou o primeiro presidente.
Em Portugal, no ano de 1822, contratado o sueco Aron Born para organizar o
Instituto de Surdos, Mudos e Cegos, extinto e reaberto em 1877 com nova
denominao: Instituto Municipal de Surdos-Mudos.
Em Portugal, no sculo XIX disseminam-se os asilos. D. Pedro IV manda
construir o primeiro Asilo da Infncia Desvalida para crianas com menos de sete anos,
em 1834, semelhantes s Salles dAsyle parisienses. Estamos nos primrdios dos
Jardins-de-infncia.
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Em Portugal, em 1863, fundado o asilo de Cegos de Nossa Senhora da
Esperana, em Castelo de Vide.
Em Portugal, no ano de 1888, criado o Asilo-Escola Antnio Feliciano de
Castilho.
Em 26/02/1893, inaugura-se, na cidade do Porto, o Instituto Jos Rodrigues
Arajo Porto, para apoio a pessoas surdas.
Em 1895, Maria Montessori destaca a importncia da capacidade criativa da
criana e, na linha de Itard e Seguin, sustenta que a interveno com as crianas com
limitaes cognitivas , essencialmente, pedaggica e no clnica. Considerava que as
crianas com deficincia deveriam ter escolas especiais e serem ensinadas por
professores especializados
O psiclogo Alfred Binet e o mdico Thedore Simon compem um questionrio
de 30 perguntas de dificuldade crescente com o objetivo de determinar
quantitativamente o grau de inteligncia dos indivduos. S em 1904 comeam a ser
aplicados. Nos EUA so aproveitados, depois, pelos eugenistas, como por exemplo
Henry Goddard que, em 1910 traduziu essas provas de medida de inteligncia para,
fascinado pelos estudos de Darwin e Mendel,e contra as intenes de Binet/Simon no
que respeita ao uso e aproveitamento dos testes, classificar e identificar pessoas com
limitaes intelectuais, impondo limites sua multiplicao. Props, mesmo, a
esterilizao forada dessas pessoas, destacando a necessidade de restringir a imigrao
de dbeis mentais no pas. com Binet e Simon que a questo do dfice intelectual
passa para a esfera da Psicologia e, na sequncia, passa dos hospitais para as Escolas
Especiais.
Ao longo do sculo XIX, o perodo de institucionalizao e segregao das
pessoas com deficincia e que constituiu um paradigma da relao da sociedade com os
seus membros mais necessitados; o Paradigma da Institucionalizao. Este modelo
assenta na colocao das pessoas fora das suas origens, mantendo-as em instituies
localizadas em locais isolados e distantes das famlias e das comunidades, seja para as
proteger, para as tratar ou educar.
Aps este longo perodo segregao e institucionalizao em conventos, asilos,
hospitais psiquitricos e escolas especiais que se estende da Baixa Idade Mdia ao incio
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do sculo XX, os estados repensam esta problemtica, particularmente, pelos elevados
custos financeiros implicados.
Em 05/05/1903, criado o Instituto So Manuel, Escola de Cegos, no Porto,
facultando ensino a crianas de ambos os sexos
1913 marca o incio dos cursos de especializao de professores organizado por
Antnio Aurlio da Costa Ferreira
1916 o ano da fundao do Instituto Aurlio da Costa Ferreira (IAACF)a, cuja
atividade suspensa em 1935, para obras de remodelao. Destinava-se observao e
ensino de crianas com deficincia mental e problemas de linguagem.
Em 1942, reabre o Instituto acima citado, agora vocacionado, tambm, para a
educao de alunos com problemas mentais e motores
Em 1945, o IAACF passa, tambm, a Dispensrio de Higiene Mental Infantil
Em 1946, so criadas as classes especiais nas escolas primrias, entrando em
funcionamento no ano seguinte.
Do final do sculo XIX e at meados do sculo XX, opemos falar numa terceira
fase, na qual se procura diminuir a segregao imposta s pessoas com deficincia e, por
outra lado, assistimos a um esforo considervel para inserir esses indivduos em
escolas especiais ou, para o final deste perodo, em classes especiais inseridas nas
escolas pblicas.
Deficincia, uma questo social
Nos dias de hoje, um dos grandes desafios em relao s pessoas com
deficincia sua incluso na sociedade e o respeito pela sua dignidade, apesar dos
[poucos] progressos alcanados. As dificuldades encontradas por este grupo de pessoas
no meio em que vivem, decorre de uma cultura exclusiva e preconceituosa, onde os
indivduos com deficincia eram excludos e escondidos da sociedade. Vigorava a
crena de que o deficiente deveria ser eliminado do meio social ou exposto ao ridculo,
sendo visto como uma aberrao da natureza e, portanto, indigno de conviver com as
demais pessoas.
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A luta pelos direitos humanos das pessoas com deficincia atravessa quatro
fases:
1 - A deficincia consequncia de um pecado ou castigo, o que provocava
atitudes de intolerncia social em relao s pessoas com deficincia;
2- A pessoa com deficincia isolada da famlia, da sua comunidade e da
sociedade;
3- A perspetiva mdica e biolgica que justifica a deficincia como uma doena
a ser curada, em que a pessoa portadora da enfermidade era vista pelo prisma do
Assistencialismo;
4- Orientada pelo paradigma dos direitos humanos concretizados nos direitos
incluso social e no papel que o meio pode ter enquanto facilitador ou barreira a todo o
tipo de acessibilidades (culturais, fsicas ou sociais), com vista fruio completa dos
direitos humanos. Tudo comea sob a bandeira das trs mais importantes declaraes
universais de direitos: a Declarao dos Direitos da Virgnia (EUA), de 1776; a
Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado de 1789 (Frana) e a Declarao
Mundial dos Direitos dos Homens, que foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU em
1948. A defesa dos princpios defendidos nessas Declaraes/Convenes feito na
frica, Unio Africana; no continente americano, pela Organizao dos Estados
Americanos e, na Europa, pelo Conselho da Europa.
Recuando um pouco, em 1919, na Inglaterra, cria-se a Comisso Central da
Gr-Bretanha para o Cuidado do Deficiente. Procurando ajudar as crianas vtimas da I
Guerra Mundial, em 1923, a fundadora da organizao Save the Children Fund
International Union (1914), Eglantyne Jebb, depois de uma srie de iniciativas em prol
dos direitos das crianas, redige uma carta Union International de Protection
lEnfance (UIPE), em agosto de 1923, documento que teve uma enorme aceitao
junto da opinio pblica. na sequncia deste manifesto que em 26 de setembro de
1924, por unanimidade, aprovada, pela Sociedade das Naes, a Declarao dos
Direitos da Criana da Sociedade das Naes, mais conhecida como a Declarao de
Genebra. (MONTEIRO, 2006)
As duas Guerras Mundiais, para alm dos milhes de mortos, originaram
milhares e milhares de amputados, de cegos, de pessoas com limitaes fsicas e
12
mentais. Tudo isso fez despertar conscincias e promoveu debates, estudos, polticas
dirigidas s pessoas incapacitadas, com diferenas notrias de pas para pas.
aps a Segunda Guerra Mundial que os estropiados de guerra se mobilizam na
defesa da sua existncia e dos seus direitos de participao social e os resultados surgem
Em 30 de abril de 1948, foi adotada a Declarao Americana dos Direitos e
Deveres do Homem, consagrando os princpios da universalidade e da indivisibilidade
dos direitos humanos e a articulao entre direitos e deveres.
A Declarao dos Direitos do Homem foi adotada em 10 de dezembro de 1948,
a Comisso Interamericana de Direitos Humanos, em 1959; e a Corte Interamericana de
Direitos Humanos, em 1969.
Em 1955, criado o Centro Infantil Hellen Keller pela Liga Portuguesa de
Deficientes Motores
Ano de 1960: Fundao da Associao Portuguesa de Paralisia Cerebral, em
Lisboa.
1962 o ano da fundao da Associao Portuguesa de Pais e Amigos das
Crianas Mongoloides, posteriormente chamada Associao Portuguesa de Pais e
Amigos das Crianas Diminudas Mentais (APPACDM).
Entre 1965 e 1970, a Direo Geral de Assistncia cria cursos de especializao
para o ensino de Deficientes Visuais e Auditivos, destinados a professores e educadores;
so, ainda, criadas outras estruturas como o COMP/COOMP/DSOIP (Centro de
Observao e Orientao Mdico-Pedaggico) que, mais tarde, deu lugar Direo de
Servios de Orientao e Interveno Psicolgica. Surge, tambm, uma Comisso
Permanente de Braille incumbida de introduzir a remodelao na imprensa Braille
(produo de livros escritos em Braille).
Em 1968, Portugal passa a integrar crianas cegas em regime de sala de apoio,
nas classes regulares.
Em 1969, em So Jos da Costa Rica, redigida a Conveno Americana sobre
Direitos Humanos, vigorando a partir de 1978. Em 1988, dando destaque aos Direitos
Civis e Polticos foi adotado um Protocolo Adicional para os Direitos Econmicos,
Sociais e Culturais, conhecido como o Protocolo de So Salvador.
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Na Europa, em 5 de agosto de 1949, criado, em Londres, o Conselho da
Europa, a partir da Conferncia (ou Conveno) de Haia que havia ocorrido dois anos
antes, estando, naturalmente, ligado ao fim da Segunda Guerra Mundial. Esta instituio
est especialmente vocacionada para a definio e proteo dos Direitos Humanos. Em
Roma, a 4 de novembro de 1950, assinada a Conveno Europeia para a proteo dos
direitos do Homem e das liberdades fundamentais a qual s entrou em vigor trs anos
mais tarde. Foi a resposta da Europa ao desenvolvimento e implementao dos
fundamentos estabelecidos na Declarao Universal dos Direitos do Homem.
A dcada de 1960-70 prdiga na criao de Centros de Reabilitao,
instituies com forte pendor disciplinar, originrias do modelo mdico da deficincia.
Todavia, feito o balano, a ONU confirma que apenas 2% das pessoas com deficincia
tm algum tipo de apoio, seja das instituies pblicas, seja das privadas. Em alternativa
aos Centros de Reabilitao, aponta para a Reabilitao a partir da Comunidade. So as
organizaes de pessoas com deficincia e seus familiares que, na necessidade, tomam a
iniciativa de apoiar os seus associados e outros. Tem como finalidade, tambm, garantir
cuidados a pessoas longe dos centros urbanos. Em Portugal, podem nomear-se a
Associao Portuguesa de Deficientes (APD), ACAPO (Cegos e Amblopes de
Portugal), Associao Portuguesa para Proteo aos Deficientes Autistas (APPDA),
Associao Portuguesa de Pais e Amigos da Criana com Deficincia Mental
(APPACDM), etc., etc.
1970 - Fundao da Associao Portuguesa de Paralisia Cerebral, em Coimbra
1971 - Fundao da Associao Portuguesa para Proteo s Crianas Autistas
1973 - Fundao da Associao de Pais para a Educao de Crianas Deficientes
Auditivas (APECDA); o Ministrio da Educao passa a ter a responsabilidade pela
Educao Especial e so criadas as Divises de Educao Especial (DEE); A Direco-
Geral do Ensino Bsico passou a dar apoio a escolas para deficientes mentais
1975 corresponde ao ano de fundao da Associao Portuguesa de Paralisia
Cerebral, no Porto, e tambm ao surgimento do movimento CERCI
Em 9/12/1975, a Assembleia Geral da ONU aprova a Declarao dos Direitos
das Pessoas Deficientes referindo-se a estas como () qualquer pessoa incapaz de
assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual
14
ou social normal, em decorrncia de uma deficincia congnita ou no, nas suas
capacidades fsicas ou mentais.
Em 2 de abril de 1976, a Constituio da Repblica Portuguesa, no seu art. 71,
n 1, consagra que Os cidados portadores de deficincia fsica ou mental gozam
plenamente dos direitos e esto sujeitos aos deveres consignados na Constituio, com
ressalva do exerccio ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem
incapacitados.
Em 1977, o Decreto-lei n 174/77, de 2 de maio, dirigido ao Ensino Preparatrio
e Secundrio, permite condies especiais de matrcula e de avaliao a alunos com
deficincia.
Em 1978, com a publicao do Relatrio Warnock, da autoria da Sr Hellen
Mary Warnock, utilizado, pela primeira vez, o conceito de Necessidades Educativas
Especiais (NEE), propondo a substituio do modelo mdico para o pedaggico.
Em 1979, publicada a Lei 66/79, de 4 de outubro, Lei da Educao Especial,
que nunca veio a ser regulamentada.
Depois de 1980, mdicos, psiclogos e cientistas sociais publicam um vasto
nmero de estudos sobre grupos minoritrios (mulheres, pessoas com diferentes
sexualidades, pessoas com deficincia). Publicam-se legislaes nacionais e
internacionais antidiscriminatrias e de proteo aos grupos mais vulnerveis. Em 1970,
a Inglaterra publica a Lei Britnica sobre Doenas Crnicas e Pessoas com Deficincia
e, trs anos mais tarde, so os EUA que fazem sair a sua Lei da Reabilitao.
Em 1981, a Organizao das Naes Unidas (ONU) apela responsabilidade
dos governos para que garantam direitos iguais s pessoas com deficincia promovendo
o Ano Internacional da ONU para Pessoas com Deficincia.
1981/1982 marca o incio do apoio integrado a alunos com problemas
intelectuais.
Em 1983, a Organizao Internacional do Trabalho (OIT), na sua Conveno
159, Conveno sobre Reabilitao Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes, no
seu art. 1, entende por pessoa com deficincia aquela () cujas possibilidades de
obter e conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem
substancialmente reduzidas por deficincia de carter fsico ou mental devidamente
15
comprovada.. Insta os pases membros a considerar a Reabilitao Profissional um
meio de () permitir que a pessoa deficiente obtenha e conserve um emprego e
progrida no mesmo, e que se promova, assim, a integrao ou a reintegrao dessa
pessoa na sociedade..
Nesse mesmo ano, na cidade de Crave Hill, em Barbados, aprovada, por
unanimidade, uma declarao fundamental, a Declarao de Crave Hill, na qual, de
forma inequvoca, ficou registado que (1) as pessoas com deficincia so uma parte
essencial da humanidade e no so nem anormais nem seres com desvios; que (2) as
pessoas com deficincia no so cidados de segunda categoria e, portanto, devem ter
garantia da igualdade dos direitos outorgados pela Constituio; que (3) todas as
barreiras que impeam a igualdade de oportunidades devem ser removidas; que (4)
devem ser envidados todos os esforos para obter a mxima insero de pessoas com
deficincia na vida social e econmica das comunidades e, quando tal no seja possvel,
proporcionar-lhes facilidades que permitam um meio de desempenho o menos restritivo
possvel; que (5) a autoajuda, a autodeterminao e o defender-se por si mesmas devem
ser motivaes que caracterizem as atitudes das pessoas com deficincia; que (6) deve
ser proporcionada uma quantidade adequada de recursos naturais para suprir as
necessidades das pessoas com deficincia; que (7) tanto para os governos como para
outras entidades as prioridades devem ser: a oferta de servios bsicos de preveno, a
deteo precoce, a ateno mdica e a reabilitao, as ajudas tcnicas e os equipamentos
necessrios, o apoio ao desenvolvimento e administrao de organizaes de pessoas
com deficincia e a facilitao da recolha e anlise de dados e informaes sobre a
prevalncia das diferentes deficincias e que (8) deve ser reconhecida a necessidade de
coordenar os servios locais, o desenvolvimento de centros nacionais de recursos e o
estabelecimento de redes nacionais de informao.
1986 o ano em que, pela primeira vez, nos Estados Unidos da Amrica,
utilizado o conceito de incluso, com a Regular Education Initiative (REI),
procurando acabar com a segregao e a institucionalizao nas escolas especiais.
Neste mesmo ano de 1986, em Portugal, a Lei de Bases do Sistema Educativo
(Lei n 46/86, de 10 de abril), no seu art. 17, define o mbito e os objetivos da
Educao Especial.
Em 1988, publicado o Despacho 36/SEAM/SERE, de 17 de agosto, e que cria
as Equipas de Educao Especial (EEE).
16
Em 1989, em Portugal, a Lei n 9/89, de 2 de maio, referente Lei de Bases da
Preveno e da Reabilitao e Integrao das Pessoas com Deficincia. Mais tarde
revogada pela Lei n 38/2004, de 18 de agosto.
Em 1990, pela Resoluo da Assembleia da Repblica n 20/90, de 8 de junho,
aprovada a ratificao da Conveno sobre os Direitos da Criana, assinada em Nova
Iorque, em 29 de janeiro desse mesmo ano.
A Conferncia Mundial sobre Educao para Todos, em 1990, confirmou o
direito educao para todos, sublinhando que esta educao um direito independente
das diferenas individuais.
Em 23 de agosto de 1991, publicado o Decreto-lei n 319/91 que vem
implementar as novas polticas de integrao.
Em 1993, na cidade holandesa de Maastricht, renem-se 450 pessoas com
deficincia e que representam 41 pases da Europa, Amrica do Norte, frica e sia.
Todos rejeitam a deficincia enquanto tragdia pessoal e os 450 congressista
presentes exigem que a deficincia passe a ser encarada enquanto questo de direitos
humanos e que a igualdade de oportunidades s se conseguir atravs de mudanas
econmicas e sociais. Reconhecem a necessidade de que seja promovida uma cada vez
maior participao social a todos os nveis e apelam a que sejam ouvidos relativamente
a todos os programas e polticas que lhes digam respeito.
1994 - Aprovao, por aclamao, da Declarao de Salamanca.
Entre 9 e 10 de outubro de 1995, Lisboa promove a Conferncia Europeia sobre
A Pessoa com Deficincia Mental Face ao Direito ao Trabalho.
1997 - Publicao do Despacho Conjunto n 105/97, de 1 de julho, que define
normas relativas aos Apoios Educativos.
1998 - As Naes Unidas instituem o dia 3 de dezembro como o Dia
Internacional da Pessoa com Deficincia. Portugal estabeleceu, tambm, o Dia
Nacional da Pessoa com Deficincia, a ter lugar no dia 9 de dezembro de cada ano.
Em 17 de fevereiro de 1999, o Conselho Nacional de Educao faz publicar o
Parecer n 3/99, publicado no D. R. n 40, II Srie, sobre o atendimento s crianas e
jovens com Necessidades Educativas Especiais, em Portugal.
17
Em 9 de setembro de 1999, em Londres, a Associao Rehabilitatiom
International aprovou a Carta para o Terceiro Milnio na qual apela para que a
deficincia seja vista como mais uma varivel da condio humana. Defendem que os
direitos humanos e civis devem ser tanto para pessoas com deficincia como para
quaisquer outras pessoas e que necessrio alargar esse acesso de forma generalizada,
eliminando todas as barreiras ambientais, tecnolgicas e atitudinais que dificultem a
plena incluso das pessoas com deficincia vida comunitria. (CRESPO, 2009)
A acessibilidade implica seis dimenses que se relacionam com arquitetura (sem
barreiras fsicas), comunicao (sem barreiras na comunicao entre as pessoas),
metodolgica (sem barreiras nos mtodos e tcnicas de lazer, trabalho, educao etc.),
instrumental (sem barreiras instrumentos, ferramentas, utenslios etc.), programtica
(sem barreiras camufladas em polticas pblicas, legislaes, normas etc.) e atitudinal
(sem preconceitos, esteretipos, estigmas e discriminaes nos comportamentos da
sociedade para com pessoas com deficincia). A acessibilidade deve ser sustentada nos
princpios do desenho universal, para beneficiar todas as pessoas, tenham ou no
qualquer tipo de deficincia. (SASSAKI, 2009)
Em junho de 1999, acontece a Conveno Interamericana para a Eliminao de
todas as formas de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia, realizada
na Guatemala, e na qual se reafirma () que as pessoas portadoras de deficincia tm
os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as outras pessoas e que
estes direitos, inclusive o direito de no ser submetidas a discriminao com base na
deficincia, emanam da dignidade e da igualdade que so inerentes a todo ser humano
(). Define-se deficincia enquanto significando () uma restrio fsica, mental
ou sensorial, de natureza permanente ou transitria, que limita a capacidade de exercer
uma ou mais atividades essenciais da vida diria, causada ou agravada pelo ambiente
econmico e social. Por Discriminao contra as pessoas portadoras de deficincia
passa a entender-se () toda a diferenciao, excluso ou restrio baseada na
deficincia, antecedente de deficincia, consequncia de deficincia anterior ou
perceo de deficincia presente ou passada, que tenha o efeito ou propsito de impedir
ou anular o reconhecimento, gozo ou exerccio por parte das pessoas portadoras de
deficincia dos seus direitos humanos e das suas liberdades fundamentais.
18 de janeiro de 2001 Publicam-se os Decretos-lei n. 6/2001 e 7/2001, e onde,
ao tentar clarificar o conceito de Necessidades Educativas Especiais, destaca, de novo, o
18
carter permanente da deficincia. a Educao Especial, de novo, a ser uma
modalidade de ensino/educao, em prejuzo de um conjunto de servios inclusivos e,
por isso, alargados a pais, docentes e discentes.
Em 18 de agosto de 2004, a Assembleia da Repblica publica a Lei n 38/2004,
e que define as Bases gerais do regime jurdico da preveno, habilitao, reabilitao e
participao da pessoa com deficincia.
Em 6 de outubro de 2004, em Montreal, Canad, reafirma-se () que as
pessoas com deficincias intelectuais, assim como os demais seres humanos, tm
direitos bsicos e liberdades fundamentais que esto consagradas por diversas
convenes, declaraes e normas internacionais; () que as pessoas com deficincias
intelectuais so frequentemente excludas das tomadas de deciso sobre os seus Direitos
Humanos, Sade e Bem-estar, e que as leis e legislaes que determinam tutores e
representaes legais substitutas foram, historicamente, utilizadas para negar a estes
cidados os seus direitos de tomar as suas prprias decises (). feito um conjunto
de recomendaes aos Estados, s ONG, aos vrios agentes sociais e civis, s pessoas
com deficincias intelectuais e respetivas famlias e s organizaes internacionais, no
sentido de pugnar para que as pessoas com deficincias intelectuais, assim como para as
outras pessoas, no sejam discriminadas no gozo de nenhum dos seus direitos.
2005 O Despacho Normativo n. 50/2005, de 9 de novembro, traz para as
escolas a questo da Diferenciao Pedaggica.
Em 21 de setembro de 2006, o governo faz sair o Plano de Aco para a
Integrao das Pessoas com Deficincias ou Incapacidade (PAIPDI), atravs da
Resoluo do Conselho de Ministros n120/2006, apontando para um conjunto de
medidas ministeriais que tinham por objetivo, entre 2006/2009 () criar uma
sociedade que garanta a participao efectiva das pessoas com deficincia.
Em 6 de dezembro de 2006, a Assembleia Geral das Naes Unidas aprova a
Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e onde so reiterados os
princpios mais fundamentais da dignidade e do valor inerente a todos os membros da
famlia humana traduzidos na igualdade dos seus direitos e no seu carter inalienvel,
reconhecendo, proclamando e acordando que () toda a pessoa tem direito a todos os
direitos e liberdades (), sem distino de qualquer natureza. , ainda reconhecido
que () a deficincia um conceito em evoluo e que () resulta da interao entre
19
pessoas com incapacidades e barreiras comportamentais e ambientais que impedem a
sua participao plena e efetiva na sociedade em condies de igualdade com as outras
pessoas.
Em 2006/2007, no contexto da reformulao da Educao Especial, o ME adota
a CIF como referencial para filtrar os alunos com deficincia, elegveis para medidas
no mbito do Decreto-Lei n 3/2008.
7 de janeiro de 2008 - O Decreto-lei n 3/2008, lana novamente para a ribalta o
debate sobre a Educao Especial, a incluso, a deficincia, as necessidades educativas
especiais e todos conceitos conexos, limitando as medidas de regime educativo aos
alunos com NEE de carter permanente, avaliados com recurso CIF. Nesse mesmo
ano, em 12 de maio, a Lei n. 21/2008, introduz a primeira alterao ao decreto anterior.
2009 - O Decreto-Lei n. 281/2009, de 6 de outubro, cria um Sistema Nacional
de Interveno Precoce na Infncia (SNIPI).
2010 - O Despacho Normativo n. 6/2010, de 19 de fevereiro, regulamenta
alguns aspetos do D. L. n 3/2008 e clarifica o processo de avaliao dos alunos com
necessidades educativas especiais.
Nesta quarta etapa, a aposta vai no sentido de incluir todas as pessoas em
ambientes educativos, laborais e sociais, que a cultura vigente oferece s pessoas
consideradas normais.
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22
Anexo
530.000 a.C.
Indivduo de 5-12 anos com craniossinostose. Eventuais problemas
motores, sensoriais, cognitivos e comportamentais. Com a idade
provvel de falecimento, comprova-se os cuidados prestados pela
famlia.
1.300 a.C. Egito. Porteiro com Paralisia Cerebral ou Poliomielite. P direito
equino. Profisso: porteiro. Incluso socioprofissional.
429-347 a.C. Infanticdio de crianas com desenvolvimento atpico, na Grcia
417 a.C. Infanticdio de crianas com desenvolvimento atpico, em Roma
106-43 a.C.
Lei III - O pai de imediato matar o filho monstruoso e contra a
forma do gnero humano, que lhe tenha nascido recentemente.
("Tabula IV - De Jure Ptrio et Jure Connubii
Sc. XII A Ordem do Santo Esprito funda, em Montpellier, Frana, um dos
primeiros hospcios para crianas loucas ou abandonadas
1284
Em Portugal, o Chanceler-mor de D. Dinis, o Bispo D. Domingos
Jardo, cria, na cidade de Lisboa, no Largo dos Loios, o asilo mais
antigo de Portugal chamado Hospital de S. Paulo, S. Clemente e
Santo Eli.
XIII
Na Blgica, surge a primeira comunidade agrcola que se prope
acolher pessoas com deficincia, ao mesmo tempo que lhe faculta
alimentos, atividade fsica e ar puro para colmatar os seus
problemas.
1325
Eduardo II de Inglaterra publica a primeira legislao que se
conhece sobre os cuidados a prestar s pessoas com dfice
intelectual, tendo o cuidado, ainda, de fazer a distino entre
aquela patologia e a doena mental.
1330 D. Brites, rainha e mulher de D. Afonso III, cria o primeiro asilo
para rfos e enjeitados, denominado Hospital dos Meninos,
23
situado na Mouraria, Lisboa.
XVI
Criados o Criandario e a Roda, na Rua da Betesga, em Lisboa,
pertena do Hospital de Todos-os-Santos e que acolhia raparigas
rfs.
1526
Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais
conhecido por Paracelso, escreve a obra Sobre as Doenas que
privam o Homem da Razo, sendo o primeiro a considerar a
deficincia mental como algo do foro mdico.
XVI
Pedro Ponce de Len, um Monge Beneditino, cria a primeira
escola para o ensino de Surdos, no Mosteiro de So Salvador em
Oa, Burgos, Espanha.
1664 Thomas Willis, apresenta em Londres a obra Cerebri Anatome,
na qual defende a origem neurolgica da deficincia.
24/05/1783 So criadas, em todas as vilas, as Rodas dos Expostos de Portugal.
26/08/1789 Em Paris, discutida a Declarao dos Direitos do Homem e do
Cidado que foi aprovada na Assembleia Nacional de 2/outubro.
1799
D-se a descoberta do menino de Aveyron, Vitor, que vivia no seio
de uma floresta juntamente com lobos. Enquanto o psiquiatra
Philippe Pinel considera no ser possvel a educao da criana,
outro mdico, Jean-Jacques Gaspar Itard, e a sua governanta Mme
Gurin, apostam no desenvolvimento das capacidades intelectuais
e afetivas do Selvagem de Aveyron.
1812
douard O. Sguin, autor do Trait des Sensations, torna-se o
primeiro a reconhecer a importncia das atividades sensrio-
motoras para o desenvolvimento das crianas com dfice
intelectual. Sguin , ainda, uma referncia para a Educao
Especial uma vez que cria em 1837 a primeira escola especial para
pessoas com dfice intelectual. Mais tarde, em 1876, funda a
Associao Americana de Atraso Mental (AAMR) de que se
tornou o primeiro presidente.
24
1818
Jean-tienne-Dominique Esquirol distingue dfice de doena
mental e afirma que os problemas sensrio-motores das crianas
com dfice intelectual esto associados ao seu baixo QI e ao
atrofiamento dos rgos o que, no seu conjunto, os impede, de
forma irreversvel, de desenvolverem e manifestarem a sua
inteligncia.
1822
Em Portugal, contratado o sueco Aron Born para organizar o
Instituto de Surdos, Mudos e Cegos, extinto e reaberto em 1877
com nova denominao: Instituto Municipal de Surdos-Mudos.
1834
Em Portugal, disseminam-se os asilos. D. Pedro IV manda
construir o primeiro Asilo da Infncia Desvalida para crianas com
menos de sete anos, semelhantes s Salles dAsyle parisienses.
Estamos nos primrdios dos Jardins-de-infncia.
1863 Em Portugal, fundado o asilo de Cegos de Nossa Senhora da
Esperana, em Castelo de Vide.
1888 Em Portugal, criado o Asilo-Escola Antnio Feliciano de
Castilho.
26/02/1893 Inaugura-se, na cidade do Porto, o Instituto Jos Rodrigues Arajo
Porto, para apoio a pessoas surdas.
1895
Maria Montessori destaca a importncia da capacidade criativa da
criana e, na linha de Itard e Seguin, sustenta que a interveno
com as crianas com limitaes cognitivas , essencialmente,
pedaggica e no clnica. Considerava que as crianas com
deficincia deveriam ter escolas especiais e serem ensinadas por
professores especializados.
05/05/1903 Criao do Instituto So Manuel, Escola de Cegos, no Porto,
facultando ensino a crianas de ambos os sexos
1904
O psiclogo Alfred Binet e o mdico Thedore Simon compem um
questionrio de 30 perguntas de dificuldade crescente com o
objetivo de determinar quantitativamente o grau de inteligncia
25
dos indivduos. Comeam a ser aplicados em 1904.
1913 Incio dos cursos de especializao de professores organizado por
Antnio Aurlio da Costa Ferreira
1916
Fundao do Instituto Aurlio da Costa Ferreira (IAACF)a, cuja
atividade suspensa em 1935. Destinava-se observao e ensino
de crianas com deficincia mental e problemas de linguagem.
1942 Reabre o IAACF, agora vocacionado, tambm, para a educao de
alunos com problemas mentais e motores.
1945 O IAACF passa, tambm, a Dispensrio de Higiene Mental
Infantil.
1946 So criadas as classes especiais nas escolas primrias, entrando em
funcionamento no ano letivo seguinte.
26/09/1924
aprovada, pela Sociedade das Naes, a Declarao dos
Direitos da Criana da Sociedade das Naes, mais conhecida
como a Declarao de Genebra.
30/04/1948
Foi adotada a Declarao Americana dos Direitos e Deveres do
Homem, consagrando os princpios da universalidade e da
indivisibilidade dos direitos humanos e a articulao entre direitos
e deveres.
10/12/19484 Adotada a Declarao dos Direitos do Homem.
1955 criado o Centro Infantil Hellen Keller pela Liga Portuguesa de
Deficientes Motores.
1960 Fundao da Associao Portuguesa de Paralisia Cerebral, em
Lisboa.
1962
Ano da fundao da Associao Portuguesa de Pais e Amigos das
Crianas Mongoloides, posteriormente chamada Associao
Portuguesa de Pais e Amigos das Crianas Diminudas Mentais
(APPACDM).
1968 Portugal passa a integrar crianas cegas em regime de sala de
apoio, nas classes regulares.
26
1969
Em So Jos da Costa Rica, redigida a Conveno Americana
sobre Direitos Humanos, vigorando a partir de 1978. Em 1988,
dando destaque aos Direitos Civis e Polticos, foi adotado um
Protocolo Adicional para os Direitos Econmicos, Sociais e
Culturais, conhecido como o Protocolo de So Salvador.
05/08/1949
Criado, em Londres, o Conselho da Europa, a partir da
Conferncia (ou Conveno) de Haia. Esta instituio est
especialmente vocacionada para a definio e proteo dos
Direitos Humanos. Em Roma, a 4 de novembro de 1950,
assinada a Conveno Europeia para a proteo dos direitos do
Homem e das liberdades fundamentais
1960-1970
Criao de Centros de Reabilitao e de Associaes para pessoas
com deficincia e seus familiares. Em Portugal, podem nomear-se
a Associao Portuguesa de Deficientes (APD), ACAPO (Cegos e
Amblopes de Portugal), Associao Portuguesa para Proteo aos
Deficientes Autistas (APPDA), Associao Portuguesa de Pais e
Amigos da Criana com Deficincia Mental (APPACDM), etc.,
etc.
1970 Fundao da Associao Portuguesa de Paralisia Cerebral, em
Coimbra.
1971 Fundao da Associao Portuguesa para Proteo s Crianas
Autistas.
1973 Fundao da Associao de Pais para a Educao de Crianas
Deficientes Auditivas (APECDA).
1975
Corresponde ao ano de fundao da Associao Portuguesa de
Paralisia Cerebral, no Porto, e tambm ao surgimento do
movimento CERCI.
09/12/1975 A Assembleia Geral da ONU aprova a Declarao dos Direitos das
Pessoas Deficientes.
02/04/1976 A Constituio da Repblica Portuguesa, no seu art. 71, n 1,
27
consagra que Os cidados portadores de deficincia fsica ou
mental gozam plenamente dos direitos e esto sujeitos aos deveres
consignados na Constituio, com ressalva do exerccio ou do
cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados.
02/05/1977
O Decreto-lei n 174/77, dirigido ao Ensino Preparatrio e
Secundrio, permite condies especiais de matrcula e de
avaliao a alunos com deficincia.
1978
Publicao do Relatrio Warnock onde, pela primeira vez, usado
o conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE), propondo
a substituio do modelo mdico pelo pedaggico.
04/10/1979 publicada a Lei 66/79, de 4 de outubro, Lei da Educao
Especial, que nunca veio a ser regulamentada.
1981
A Organizao das Naes Unidas (ONU) apela
responsabilidade dos governos para que garantam direitos iguais s
pessoas com deficincia, promovendo o Ano Internacional da
ONU para Pessoas com Deficincia.
1981/1982 Incio do apoio integrado a alunos com problemas intelectuais.
1983
Conveno n 159, da Organizao Internacional do Trabalho
(OIT), intitulada Conveno sobre Reabilitao Profissional e
Emprego de Pessoas Deficientes onde, no seu art. 1, entende por
pessoa com deficincia aquela () cujas possibilidades de obter e
conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem
substancialmente reduzidas por deficincia de carter fsico ou
mental devidamente comprovada.
1983
Aprovada, por unanimidade, a Declarao de Crave Hill, na qual
ficou registado que as pessoas com deficincia so uma parte
essencial da humanidade e no so nem anormais nem seres com
desvios.
1986
Pella primeira vez, nos Estados Unidos da Amrica, utilizado o
conceito de incluso, com a Regular Education Initiative (REI),
procurando acabar com a segregao e a institucionalizao nas
28
escolas especiais.
10/04/1986 Em Portugal, a Lei de Bases do Sistema Educativo, no seu art.
17, define o mbito e os objetivos da Educao Especial.
17/08/1988 O Despacho 36/SEAM/SERE que cria as Equipas de Educao
Especial (EEE).
02/05/1989 Portugal publica a Lei de Bases da Preveno e da Reabilitao e
Integrao das Pessoas com Deficincia.
1990
A Resoluo da Assembleia da Repblica n 20/90, de 8 de junho,
aprova a ratificao da Conveno sobre os Direitos da Criana,
assinada em Nova Iorque, em 29 de janeiro desse mesmo ano.
1990
A Conferncia Mundial sobre Educao para Todos, confirmando
o direito educao para todos, enquanto um direito independente
das diferenas individuais.
23/08/1991 Publicao do Decreto-lei n 319/91 que vem implementar as
novas polticas de integrao.
1993
Em Maastricht, renem-se 450 pessoas com deficincia,
representando 41 pases da Europa, Amrica do Norte, frica e
sia. Todos rejeitam a deficincia enquanto tragdia pessoal e
exigem que a deficincia passe a ser encarada enquanto questo de
direitos humanos e que a igualdade de oportunidades s se
conseguir atravs de mudanas econmicas e sociais.
Reconhecem a necessidade de que seja promovida uma cada vez
maior participao social a todos os nveis e apelam a que sejam
ouvidos relativamente a todos os programas e polticas que lhes
digam respeito.
1994 Aprovao, por aclamao, da Declarao de Salamanca.
09 e 10/10/1995 Lisboa promove a Conferncia Europeia sobre A Pessoa com
Deficincia Mental Face ao Direito ao Trabalho.
1997 Publicao do Despacho Conjunto n 105/97, de 1 de julho, que
define normas relativas aos Apoios Educativos.
29
1998 As Naes Unidas instituem o dia 3 de dezembro como o Dia
Internacional da Pessoa com Deficincia.
17/02/1999
O Conselho Nacional de Educao faz publicar o Parecer n 3/99,
sobre o atendimento s crianas e jovens com Necessidades
Educativas Especiais, em Portugal.
09/09/1999
Em Londres, a Associao Rehabilitatiom International aprovou a
Carta para o Terceiro Milnio na qual apela para que a
deficincia seja vista como mais uma varivel da condio
humana. Defendem que os direitos humanos e civis devem ser
tanto para pessoas com deficincia como para quaisquer outras
pessoas e que necessrio alargar esse acesso de forma
generalizada, eliminando todas as barreiras ambientais,
tecnolgicas e atitudinais que dificultem a plena incluso das
pessoas com deficincia vida comunitria
Junho de 1999
Conveno Interamericana para a Eliminao de todas as formas
de Discriminao contra as Pessoas Portadoras de Deficincia,
realizada na Guatemala, e na qual se reafirma () que as pessoas
portadoras de deficincia tm os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que as outras pessoas (). Define-se
deficincia enquanto significando () uma restrio fsica,
mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitria, que
limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais
da vida diria, causada ou agravada pelo ambiente econmico e
social. Por Discriminao contra as pessoas portadoras de
deficincia passa a entender-se () toda a diferenciao,
excluso ou restrio baseada na deficincia, antecedente de
deficincia, consequncia de deficincia anterior ou perceo de
deficincia presente ou passada, que tenha o efeito ou propsito de
impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exerccio por parte
das pessoas portadoras de deficincia dos seus direitos humanos e
das suas liberdades fundamentais.
18/01/2001 Publicam-se os Decretos-lei n. 6/2001 e 7/2001, e onde, ao tentar
30
clarificar o conceito de Necessidades Educativas Especiais,
destaca, de novo, o carter permanente da deficincia. a
Educao Especial, de novo, a ser uma modalidade de
ensino/educao, em prejuzo de um conjunto de servios
inclusivos e, por isso, alargados a pais, docentes e discentes.
18/08/2004
A Assembleia da Repblica publica a Lei n 38/2004, que define as
Bases gerais do regime jurdico da preveno, habilitao,
reabilitao e participao da pessoa com deficincia.
06/10/2004
Declarao de Montreal, onde se reafirma-se () que as pessoas
com deficincias intelectuais, assim como os demais seres
humanos, tm direitos bsicos e liberdades fundamentais que esto
consagradas por diversas convenes, declaraes e normas
internacionais; () que as pessoas com deficincias intelectuais
so frequentemente excludas das tomadas de deciso sobre os seus
Direitos Humanos, Sade e Bem-estar, e que as leis e legislaes
que determinam tutores e representaes legais substitutas foram,
historicamente, utilizadas para negar a estes cidados os seus
direitos de tomar as suas prprias decises (). feito um
conjunto de recomendaes (), no sentido de pugnar para que as
pessoas com deficincias intelectuais, assim como para as outras
pessoas, no sejam discriminadas no gozo de nenhum dos seus
direitos.
09/11/2005 O Despacho Normativo n. 50/2005 traz para as escolas a questo
da Diferenciao Pedaggica.
21/09/2006
Publicado o Plano de Aco para a Integrao das Pessoas com
Deficincias ou Incapacidade (PAIPDI), apontando para um
conjunto de medidas ministeriais que tinham por objetivo, entre
2006/2009 () criar uma sociedade que garanta a participao
efectiva das pessoas com deficincia.
06/12/2006
A Assembleia Geral das Naes Unidas aprova a Conveno sobre
os Direitos das Pessoas com Deficincia e onde so reiterados os
princpios mais fundamentais da dignidade e do valor inerente a
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todos os membros da famlia humana traduzidos na igualdade dos
seus direitos e no seu carter inalienvel, reconhecendo,
proclamando e acordando que () toda a pessoa tem direito a
todos os direitos e liberdades (), sem distino de qualquer
natureza.
2006/2007
O ME adota a CIF como referencial para filtrar os alunos com
deficincia, elegveis para medidas no mbito do Decreto-Lei n
3/2008, publicado no incio do ano seguinte.
07/01/2008
O Decreto-lei n 3/2008, lana novamente para a ribalta o debate
sobre a Educao Especial, a incluso, a deficincia, as
necessidades educativas especiais e todos conceitos conexos,
limitando as medidas de regime educativo aos alunos com NEE de
carter permanente, avaliados com recurso CIF. Nesse mesmo
ano, em 12 de maio, a Lei n. 21/2008, introduz a primeira
alterao ao decreto anterior.
06/10/2009 criado um Sistema Nacional de Interveno Precoce na Infncia
(SNIPI).
19/02/2010
Regulamentados alguns aspetos do D. L. n 3/2008, clarificando o
processo de avaliao dos alunos com necessidades educativas
especiais.