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1 MODELOS LINEARES GENERALIZADOS: UMA FERRAMENTA PARA A CARACTERIZAÇÃO DA FECUNDIDADE E INFECUNDIDADE EM PORTUGAL Rui Dias 1 , Maria Filomena Mendes 2 , Paulo Infante 3 1 [email protected], Universidade de Évora, Portugal 2 [email protected], CIDEHUS, Universidade de Évora, Portugal 3 [email protected], CIMA, Universidade de Évora, Portugal

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MODELOS LINEARES GENERALIZADOS: UMA FERRAMENTA PARA A

CARACTERIZAÇÃO DA FECUNDIDADE E INFECUNDIDADE EM PORTUGAL

Rui Dias1, Maria Filomena Mendes2, Paulo Infante3

1 [email protected], Universidade de Évora, Portugal

2 [email protected], CIDEHUS, Universidade de Évora, Portugal

3 [email protected], CIMA, Universidade de Évora, Portugal

     

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1.  Introdução  

A   fecundidade   baixa   ou  muito   baixa   é   um  dos   grandes   problemas   do   século   XXI   em  

alguns   países   europeus,   algo   que   tem   contribuído   para   esses   valores   de   fecundidade   é   a  

incidência  crescente  de  mulheres  e  homens  que,  voluntaria  ou  involuntariamente,  não  fazem  a  

transição   para   a   maternidade   e   paternidade   ou   a   fazem   muito   tardiamente   (González   &  

Jurado-­‐Guerrero,  2006).  Durante  a  última  década,  Portugal  registou  um  declínio  entre  2000  e  

2012  de  1,55  para  1,28  filhos  por  mulher,  classificando-­‐se  como  um  dos  Países  com  mais  baixa  

fecundidade  em  toda  a  União  Europeia.    

Segundo   o   European   Demographic   Datasheet   (2012)   do   Vienna   Institute   of  

Demography,  as  mulheres,  mesmo  nos  países  de  baixo   Índice  Sintético  de  Fecundidade  (ISF),  

têm  o  primeiro  filho  mais  cedo  (Hungria  27,7  anos,  Letónia  26,  Roménia  25,2  e  Moldávia  24,1).  

Um  factor  decisivo  para  a  redução  do  número  de  nascimentos  é  o  adiamento  da  maternidade  

e  paternidade  (Oliveira,  2008,  Mendes,  2012,  Mendes  e  Tomé,  2010,  Sobotka,  2004).  Os  países  

europeus  que  mais  precocemente  diminuíram  a  sua  fecundidade  aumentaram  recentemente  

os  valores  do  ISF  em  resultado  da  recuperação  dos  nascimentos  adiados  (Goldstein  et  al,  2009,  

Sobokta  et   al,   2012).  Os   casais  portugueses,  pelo   contrário,   foram  adiando  o  nascimento  do  

segundo   filho   e  mesmo  do  primeiro   (Oliveira,   2012,   Cunha,   2012,  Maciel   et   al,   2012).   Até   à  

data   não   foram   ainda   encontrados   os   factores   determinantes   deste   duplo   adiamento   em  

Portugal.  

Ao   longo  dos  anos,   adiar  o  nascimento  do  primeiro  e  do   segundo   filho   tem  sido  um  

comportamento   reprodutivo   bastante   comum   e   será   uma   das   principais   causas   para   a   não  

realização   de   preferências   e   intenções   reprodutivas   (Maciel   et   al,   2012,   Rosina   et   al,   2009,  

Bilari   et   al,   2009).   Embora   a   aspiração   à   parentalidade   seja   ainda   amplamente   valorizada  

(Cunha,  2007),  a  fecundidade  em  Portugal  regista  traços  bastante  distintos:  elevada  proporção  

de   famílias   com   um   filho   e   incidência  marginal   de   famílias   sem   filhos.  Mais   concretamente  

verifica-­‐se   um   aumento   nos   últimos   anos   de  mais   descendências   de   filho   único   e   cada   vez  

menos   descendências   de   terceira   ordem.   Existe   também   uma   baixa   incidência   do   “padrão  

tardio”   de   constituição   da   vida   familiar,   com   as  mulheres   a   terem  uma   idade  média   aos   29  

anos,   aproximadamente,   e   um   adiamento   principalmente   nos   indivíduos  mais   escolarizados  

(Cunha,   2012).   Portugal   apresenta   também   um   dos   valores   mais   baixos   de   infecundidade  

(childlessness)   da   Europa   com   5%   na   coorte   de   mulheres   de   1963   (Frejka,   2008).   Uma   das  

dúvidas  mais   frequentes   é   a   caracterização   dos   indivíduos   com  mais   de   35   anos   sem   filhos,  

este  projecto  pretende  assim  dar  um  contributo  importante  nessa  análise  dos  indivíduos  com  

mais   de   35   anos   que   não   têm   nem   pretendem   vir   a   ter   filhos,   incluindo-­‐se   portanto   na  

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infecundidade   (childlessness).  É   também   importante  conseguir   caracterizar  os   indivíduos  que  

chegando  aos  30  anos  sem  filhos  ainda  têm  intenções  de  entrar  na  parentalidade,  incluindo-­‐se  

portanto  naquela  faixa  de  cidadãos  que  adiam  o  primeiro  filho.  

Tendo   como   principal   objectivo   a   descoberta   de   factores   que   possam   influenciar  

indivíduos  com  determinadas  características,  a  utilização  de  modelos  de  regressão  parece  uma  

via  bastante  interessante  e  que  pode  trazer  resultados  promissores.  

O   modelo   linear   normal   foi   criado   no   início   do   século   XIX   por   Legendre   e   Gauss   e  

dominou  a  modelação  estatística  até  meados  do  século  XX.  Foi  então  que  vários  modelos  não  

lineares   e   não   normais   foram   desenvolvidos   para   fazer   face   a   situações   em   que   o   modelo  

linear  normal  não  era  o  mais  adequado.  Exemplos  disso  são  os  modelos  complementar  log-­‐log  

para  ensaios  de  diluição  (Fisher,  1922),  os  modelos  probit  (Bliss,  1935),  e  logit  (Berkson,  1944;  

Dyke  and  Patterson,  1952;  Rasch,  1960)  para  proporções,  os  modelos  log-­‐lineares  para  dados  

de   contagens   (Birch,1963),   os  modelos   de   regressão   para   análise   de   sobrevivência   (Feigland  

Zelen,  1965;  Zippin  and  Armitage,  1966;  Glasser,  1967).  

Todos   os   modelos   anteriormente   descritos   apresentam   uma   estrutura   de   regressão  

linear  e  têm,  em  comum,  o  facto  da  variável  resposta  seguir  uma  distribuição  dentro  de  uma  

família   de   distribuições   com   propriedades   muito   específicas:   a   família   exponencial.   Os  

Modelos   Lineares   Generalizados   (MLG)   introduzidos   por   Nelder   e   Wedderburn   (1972)  

correspondem  a  uma  síntese  destes  e  de  outros  modelos,  vindo  assim  unificar,  tanto  do  ponto  

de  vista  teórico  como  conceptual,  a  teoria  da  modelação  estatística  até  então  desenvolvida.  

Para   este   estudo,   e   tendo   em   conta   a   utilização   de   variáveis   quer   discretas   quer  

contínuas,   optou-­‐se   pelo   modelo   linear   generalizado   definido   pelo   modelo   binomial   com  

função   de   ligação   canónica   logit,   sendo   conhecido   por   modelo   de   regressão   logística.   O  

modelo  de  regressão  logística  é  o  mais  popular  entre  os  modelos  lineares  generalizados  para  

analisar   dados   binários,   muito   possivelmente,   devido   à   sua   simplicidade   de   implementação  

computacional.  

2.  Dados  e  Metodologias  

A  base  de  dados  utilizada  neste  estudo   foi   a  do   “Special   Eurobarometer  370   -­‐   Social  

Climate”  de  2011.  

A   escolha   da   função   de   ligação   é   essencial   num  MLG,   neste   caso   optou-­‐se   por   uma  

função   de   ligação   logit   pelo   facto   da   variável   resposta   ser   binária   e   também   pela   sua  

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simplicidade.  A  função  de  ligação  relaciona  a  combinação  linear  das  variáveis  explicativas  com  

o  valor  esperado  da  variável  resposta.  A  função  de  ligação  logit  tem  a  seguinte  expressão:  

𝜋 𝑥 =𝑒!!!!!!

1 + 𝑒!!!!!!  

𝑙𝑜𝑔𝑖𝑡 = ln𝜋 𝑥

1 − 𝜋 𝑥 = 𝛽! + 𝛽!𝑥  

Para  a   interpretação  dos  coeficientes  estimados  pelo  modelo  calcula-­‐se  as  Razões  de  

Possibilidades  (inglês:  Odds  Ratio,  OR),  a  razão  que  define  a  possibilidade  de  ocorrência  de  um  

evento   num   grupo   com   a   possibilidade   de   ocorrência   noutro   grupo.   Essa   possibilidade   é   a  

probabilidade  de  ocorrência  desse  evento  dividida  pela  probabilidade  de  não  ocorrência  desse  

mesmo  evento.  

A  determinação  dos  OR  torna-­‐se  então  fundamental  para  a  análise  e  interpretação  dos  

resultados  obtidos  na  modelação.  O  seu  cálculo  conjuntamente  com  o  cálculo  de  intervalos  de  

confiança   são   efectuados   através   das   seguintes   expressões   matemáticas,   quando   estamos  

perante  um  modelo  sem  interacções:  

𝑂𝑅 = exp  (𝛽!)  

𝐼𝐶!!! = 𝛽! ± 𝑍!!!×𝜎!!  

 

Na   modelação   estatística   há   que   ter   em   atenção   algumas   particularidades:   quanto  

maior  o  número  de  variáveis  incluídas  no  modelo,  maiores  as  estimativas  dos  desvios  padrão  

dos  coeficientes  e  mais  dependente  o  modelo   fica  dos  dados  observados;  o  comportamento  

individual  das   variáveis  pode   ser  muito  distinto  do   comportamento  das  mesmas  quando  em  

conjunto  com  outras;  o  sobreajustamento  (valores  demasiado  elevados  nas  estimativas)  pode  

ser  problemático  nos   casos  onde  o  número  de   variáveis  no  modelo  é   grande  em   relação  ao  

número   de   indivíduos   ou   quando   a   probabilidade   de   ocorrer   o   evento   (variável   resposta=1)  

está  perto  do  0  ou  1.  

De  um  ponto  de  vista  metodológico,  é  possível  organizar  a  modelação  estatística  em  

várias  fases/etapas:  

1) Definir   qual   a   variável   resposta   e   quais   as   variáveis   explicativas   a   utilizar   na  

modelação;  

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2) Análise  Univariada  de  cada  variável    

• Ter  atenção  especial  para  as  tabelas  de  contingência,  entre  a  variável  e  

a  variável  resposta,  com  alguma  célula   igual  a  zero:  nesses  casos  terá  

de  se  juntar  categorias  ou  eliminar  por  completo  a  categoria,  caso  seja  

uma   variável   dicotómica,   não   incluí-­‐la   no   modelo;   se   a   variável   é  

ordinal,  modelar  como  se  fosse  contínua.  

3) Selecção  de  variáveis  para  a  modelação  multivariada  

• As   variáveis   com   um   valor   de   p   (Wald)   inferior   a   0,25   no   ponto  

anterior,  assim  como  as  variáveis   importantes  no  contexto  do  estudo  

são  incluídas  no  modelo  multivariado;  

• Para  as  variáveis  com  esse  grau  de  associação,  estimar  os  Odds  Ratio,  

assim  como  os  seus  intervalos  de  confiança;  

4) Verificação  da  importância  de  cada  variável  no  modelo  

• As  variáveis  que  não  contribuem  significativamente  (valor  de  p  inferior  

a   0,10)   para   o   modelo   devem   ser   retiradas   e   um   novo   modelo  

ajustado.  O  novo  modelo  deve  ser  comparado  ao  anterior  através  do  

teste  de  razão  de  verosimilhanças  ou  pelo  valor  de  p  de  Wald;  

• Este   processo   de   exclusão   contínua   até   que   todas   as   variáveis  

importantes   estejam   incluídas   no   modelo   e   as   excluídas   sejam  

contextualmente  ou  estatisticamente  não  significativas.  

5) Verificação   da   importância   de   cada   variável   que   ficou   de   fora   do   modelo  

multivariado  inicial  

• Cada   variável   que   não   foi   seleccionada   para   o   modelo   multivariado  

inicial  deve  ser  adicionada  uma  a  uma  no  modelo  actual;  

• Este  passo  é  útil  na   identificação  de  variáveis  que,  por   si   só,  não   são  

significativas,  mas   que   dão   um   contributo   importante   ao  modelo   na  

presença  de  outras.  

6) Observação  cuidadosa  das  variáveis  no  modelo    

• Para   além   da   atenção   já   evidenciada   no   ponto   2,   no   que   toca   à  

existência   de   categorias   com   algum   valor   de   zero,   há   que   verificar   a  

homogeneidade   na   distribuição   de   eventos   nas   categorias   das  

variáveis   discretas   (a   existência   de   poucos   eventos   em   algumas  

categorias  pode  enviesar  e  muito  os  resultados  obtidos);  

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• Verificação  do  pressuposto  da  linearidade  das  variáveis  contínuas  com  

o   logit   (utilização   do   método   dos   polinómios   fraccionários   ou   do  

método   dos   quartis   são   apenas   dois   exemplos   que   podem   ser  

efectuados  para  as  variáveis  contínuas).  

7) Procura  de  interacções  

• Limpar   a   base   de   dados   de  missing   values   (NA),   para   ser   possível   a  

comparação   entre   modelos   através   do   teste   de   razão   de  

verosimilhanças;  

• Introduzir   todos  os  pares  de  variáveis,  um  de  cada  vez  no  modelo  de  

efeitos  principais,  que  têm  alguma  base  científica  para  interagir;    

• Testar   a   significância   de   cada   interacção  no  modelo   através   do   teste  

de   razão   de   verosimilhança   entre   o   modelo   com   a   interacção   e   o  

modelo  sem  a  interacção  (valor  de  p  inferior  a  0,05).  

8) Validação,  Adequabilidade  e  Bondade  de  Ajustamento  

• Para   a   validação   do  modelo   é   necessário   o   cálculo   do  𝑅!   de   Cox   &  

Snell,  da  Distância  de  Sommers,  𝐷!,!  e  dos  valores  de  Slope.  Nenhum  

destes  valores  deve  apresentar-­‐se  muito  superior  a  0,10;  

• Para   a   bondade   de   ajustamento,   pode-­‐se   efectuar   ou   o   teste   de  

Hosmer-­‐Lemeshow  (Hosmer  &  Lemeshow,  2000)  ou  o  teste  de  Cessie-­‐

van  Houwelingen  (Hosmer  et  al.,  1997),  para  estes  testes  é  necessário  

que   o   valor   de   p   fique   acima   do   valor   de   significância   pretendido  

(0,05);  

• Para   categorizar   a   discriminação   do   modelo   foi   construída   a   curva  

ROC,   que   fornece   dados   sobre   a   sensibilidade,   especificidade   e   AUC  

(area   under   curve).   Sensibilidade   é   a   percentagem   de   ocorrências  

correctamente   preditas.   Especificidade   é   a   percentagem   de   não  

ocorrências  correctamente  preditas.  Nestes  dois  casos  é  necessário  ter  

mais  de  70%.  O  AUC   fornece  a  habilidade  do  modelo  em  discriminar  

entre   indivíduos   com  o  evento  e   sem  evento.  AUC  entre  70  e  80%  é  

aceitável,  acima  disso  é  excelente  ou  excepcional.  

9) Análise  de  Resíduos  

• Para   finalizar   a   modelação   é   necessário   avaliar   a   influência   de   cada  

observação   no   modelo.   Neste   caso   em   particular,   analisa-­‐se   os  

resíduos   via   padrão   de   covariáveis,   comparando-­‐se   a   estimativa   dos  

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coeficientes  obtidos  a  partir  da  eliminação  dos  padrões  de  covariáveis  

consideradas   influentes.   Caso   as   estimativas   dos   coeficientes   sejam  

muito  diferentes  é  necessário  decidir  sobre  a  manutenção  ou  não  do  

padrão  considerado  influentes  na  base  de  dados.  

 

3.  Resultados  –  1º  Modelo    3.1.  Análise  Descritiva  

A  primeira  análise  que  deve  ser  efectuada,  antes  de  se  proceder  à  modelação  estatística,  é  

uma   análise   descritiva   de   todas   as   variáveis   que   se   pretende   incorporar   no   modelo;  

nomeadamente,   tabelas  de  contingência  entre  as  possíveis   variáveis  explicativas  e  a  variável  

resposta.    

A  variável  resposta,  ou  seja  que  se  quer  explicada,  que  se  pretende  utilizar  neste  primeiro  

modelo   foi   caracterizada   da   seguinte   forma:   indivíduos   com  mais   de   35   anos   que   não   têm  

filhos,  nem  têm  intenção  de  ter  residentes  em  Portugal  (resp35).  O  quadro  1  regista  os  valores  

verificados   para   a   variável   resposta,   podendo-­‐se   observar   a   existência   de   65   casos   de  

indivíduos  com  mais  de  35  anos  que  não  têm  filhos  nem  pretendem  vir  a  ter.  

 

Variável   0   1  

resp35   983   65  

Quadro  1  –  Análise  Descritiva  da  Variável  Resposta.  

 As  variáveis  explicativas  foram  divididas  em  três  grupos  distintos:  1)  variáveis  respeitantes  

a  questões  de  percepção  relativa  à  vida  do  indivíduo;  2)  variáveis  respeitantes  a  questões  de  

expectativa  sobre  os  próximos  12  meses;  3)  variáveis  caracterizadoras  do  indivíduo.    

Os   quadros   seguintes   caracterizam   as   respectivas   variáveis   explicativas   em   função   da  

variável   resposta.   Com   esta   análise   pretende-­‐se   verificar   a   existência   de   uma   distribuição  

homogénea   por   parte   das   respectivas   variáveis   nas   suas   categorias   em   função   da   variável  

resposta.  

 

 

 

 

 

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1)  Variáveis  respeitantes  a  questões  de  percepção  da  vida  do  indivíduo.  

• Globalmente,  como  se  sente,  com  a  vida  que  tem?  (qb1RGPS)  

qb1RGPS/resp35   0   1   Total  

Satisfeito   586   39   625  

Não  Satisfeito   395   26   421  

Total   981   65   1046  

Quadro  2  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb1RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  a  área  em  que  vive  actualmente?  (qb2_1RGPS)  

qb2_1RGPS/resp35   0   1   Total  

Boa   842   54   896  

Má   137   10   147  

Total   979   64   1043  

Quadro  3  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_1RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  o  sistema  de  saúde  do  seu  país  actualmente?  (qb2_2RGPS)  

qb2_2RGPS/resp35   0   1   Total  

Bom   448   32   480  

Mau   524   33   557  

Total   972   65   1037  

Quadro  4  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_2RGPS  vs  Variável  Resposta.  

                 

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• Como  avalia  o  sistema  de  pensões  do  seu  país  actualmente?  (qb2_3RGPS)  

qb2_3RGPS/resp35   0   1   Total  

Bom   95   8   103  

Mau   865   56   921  

Total   960   64   1024  

Quadro  5  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_3RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  os  subsídios  a  desempregados  do  seu  país  actualmente?  (qb2_4RGPS)  

qb2_4RGPS/resp35   0   1   Total  

Bom   135   6   141  

Mau   741   52   793  

Total   876   58   934  

Quadro  6  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_4RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  o  custo  de  vida  do  seu  país  actualmente?  (qb2_5RGPS)  

qb2_5RGPS/resp35   0   1   Total  

Bom   48   1   49  

Mau   932   64   996  

Total   980   65   1045  

Quadro  7  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_5RGPS  vs  Variável  Resposta.  

 

 

 

 

 

 

 

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• Como   avalia   o   combate   à   desigualdade   e   pobreza   no   seu   país   actualmente?  

(qb2_7RGPS)  

qb2_7RGPS/resp35   0   1   Total  

Bom   158   9   167  

Mau   759   55   814  

Total   917   64   981  

Quadro  8  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_7RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  o  acesso  à  habitação  no  seu  país  actualmente?  (qb2_9RGPS)  

qb2_9RGPS/resp35   0   1   Total  

Bom   62   2   64  

Mau   890   62   952  

Total   952   64   1016  

Quadro  9  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_9RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  a  situação  económica  do  seu  país  actualmente?  (qb2_11RGPS)  

qb2_11RGPS/resp35   0   1   Total  

Boa   26   1   27  

Má   949   64   1013  

Total   975   65   1040  

Quadro  10  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_11RGPS  vs  Variável  Resposta.  

                 

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• Como  avalia  a  sua  situação  de  emprego  actualmente?  (qb2_12RGPS)  

qb2_12RGPS/resp35   0   1   Total  

Boa   424   29   453  

Má   408   28   436  

Total   832   57   889  

Quadro  11  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_12RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como   avalia   a   situação   financeira   do   seu   agregado   familiar   actualmente?  

(qb2_13RGPS)  

qb2_13RGPS/resp35   0   1   Total  

Boa   398   30   428  

Má   542   34   576  

Total   940   64   1004  

Quadro  12  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_13RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  a  situação  de  emprego  no  seu  país  actualmente?  (qb2_14RGPS)  

qb2_14RGPS/resp35   0   1   Total  

Boa   40   2   42  

Má   939   63   1002  

Total   979   65   1044  

Quadro  13  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_14RGPS  vs  Variável  Resposta.  

 

2)  Variáveis  respeitantes  a  questões  relativas  às  expectativas  sobre  os  próximos  12  meses.  

Estas  variáveis  inicialmente  estavam  factorizadas  em  três  categorias  (melhor,  na  mesma  e  

pior),  tendo  em  vista  uma  mais  fácil  interpretação  e  uma  adequação  ao  pretendido  no  estudo,  

juntaram-­‐se  as  categorias  “na  mesma”  e  “pior”,  resultando  em  novas  variáveis  dicotómicas.  

 

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  12  

• Expectativas  em  relação  à  sua  vida  no  geral.  (qb3_1cat)  

qb3_1cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   101   7   108  

Pior  +  Na  mesma   834   57   891  

Total   935   64   999  

Quadro  14  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_1cat  vs  Variável  Resposta.  

   • Expectativas  em  relação  à  sua  área  de  residência.  (qb3_2cat)  

qb3_2cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   719   44   763  

Pior  +  Na  mesma   230   21   251  

Total   949   65   1014  

Quadro  15  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_2cat  vs  Variável  Resposta.  

 

 

• Expectativas  em  relação  ao  sistema  de  saúde  no  seu  país.  (qb3_3cat)  

qb3_3cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   75   1   76  

Pior  +  Na  mesma   848   61   909  

Total   923   62   985  

Quadro  16  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_3cat  vs  Variável  Resposta.  

               

 

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  13  

• Expectativas  em  relação  ao  sistema  de  pensões  no  seu  país.  (qb3_4cat)  

qb3_4cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   36   1   37  

Pior  +  Na  mesma   891   64   955  

Total   927   65   992  

Quadro  17  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_4cat  vs  Variável  Resposta.  

   • Expectativas  em  relação  a  subsídios  de  desemprego  no  seu  país.  (qb3_5cat)  

qb3_5cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   30   0   30  

Pior  +  Na  mesma   860   61   921  

Total   890   61   951  

Quadro  18  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_5cat  vs  Variável  Resposta.  

   • Expectativas  em  relação  ao  custo  de  vida  no  seu  país.  (qb3_6cat)  

qb3_6cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   34   0   34  

Pior  +  Na  mesma   910   65   975  

Total   944   65   1009  

Quadro  19  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_6cat  vs  Variável  Resposta.  

                   

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  14  

• Expectativas  em  relação  ao  combate  à  desigualdade  e  pobreza  no  seu  país.  (qb3_8cat)  

qb3_8cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   48   1   49  

Pior  +  Na  mesma   862   62   924  

Total   910   63   973  

Quadro  20  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_8cat  vs  Variável  Resposta.  

   • Expectativas  em  relação  ao  acesso  à  habitação  no  seu  país.  (qb3_10cat)  

qb3_10cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   31   1   32  

Pior  +  Na  mesma   906   62   968  

Total   937   63   1000  

Quadro  21  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_10cat  vs  Variável  Resposta.  

   • Expectativas  em  relação  à  situação  económica  no  seu  país.  (qb3_12cat)  

qb3_12cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   49   1   50  

Pior  +  Na  mesma   897   62   959  

Total   946   63   1009  

Quadro  22  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_12cat  vs  Variável  Resposta.  

                   

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  15  

• Expectativas  em  relação  à  sua  situação  de  emprego.  (qb3_13cat)  

qb3_13cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   65   3   68  

Pior  +  Na  mesma   847   58   905  

Total   912   61   973  

Quadro  23  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_13cat  vs  Variável  Resposta.  

 • Expectativas  em  relação  à  situação  financeira  do  seu  agregado  familiar.  (qb3_14cat)  

qb3_14cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   54   2   56  

Pior  +  Na  mesma   889   61   950  

Total   943   63   1006  

Quadro  24  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_14cat  vs  Variável  Resposta.  

 • Expectativas  em  relação  à  situação  de  emprego  no  seu  país.  (qb3_15cat)  

qb3_15cat/resp35   0   1   Total  

Melhor   50   2   52  

Pior  +  Na  mesma   892   61   953  

Total   942   63   1005  

Quadro  25  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_15cat  vs  Variável  Resposta.  

 Nota:   Há   duas   variáveis   que   registam   o   problema   de   não   apresentarem   valores   1   na  

variável   resposta   numa   das   suas   categorias.   São   os   casos   das   variáveis   que   representam   as  

expectativas   dos   indivíduos   sobre   os   subsídios   de   desemprego   e   sobre   o   custo   de   vida   nos  

próximos   12  meses.   Como  não   é   possível   uma  nova   recategorização,   decidiu-­‐se   não   colocar  

essas  variáveis  em  futuras  análises,  ou  modelos.  

 

 

 

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  16  

3)  Variáveis  caracterizadoras  do  indivíduo.  

Neste  grupo  de  variáveis,  cada  caso  é  um  caso,  portanto,  o  tratamento  efectuado  a  cada  

uma   das   variáveis   está   condicionado   pelos   resultados   obtidos   em   análises   posteriores.   No  

entanto,  apresentam-­‐se  os  primeiros  dados  relativos  a  cada  uma  delas.  

• Estado  Civil  (d7cat5)  

Nesta   variável   foi   adoptada   a   opção   de   agregar   os   indivíduos   casados   com   os  

divorciados  e   viúvos,   tendo   como  principal   razão  o   factor  de  viverem,  ou  de  alguma  

vez   terem   vivido,   numa   relação   conjugal   estável.   As   categorias   com   parceiros   e  

solteiros  demonstraram  numa  análise  posterior  serem  relevantes  para  a  modelação  e  

daí  a  sua  manutenção  como  categorias  separadas.  

d7cat5/resp35   0   1   Total  

Casados  +  

Divorciados  +  

Viúvos  

781   21   802  

Com  Parceiros   39   8   47  

Solteiros   139   36   175  

Total   959   65   1024  

Quadro  26  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Estado  Civil  vs  Variável  Resposta.  

 • Género  (d10)  

d10/resp35   0   1   Total  

Homem   474   28   502  

Mulher   509   37   546  

Total   983   65   1048  

Quadro  27  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Género  vs  Variável  Resposta.  

 • Condição  perante  o  trabalho  (d15cat)  

A   variável   condição   perante   o   trabalho   estava   factorizada   em   três   categorias,  

trabalhador  independente,  por  conta  doutrem  ou  desempregado.  Optou-­‐se  por  utilizar  

uma  variável  dicotómica,  com  as  categorias:  empregado  e  desempregado.  

 

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d15cat/resp35   0   1   Total  

Empregado   400   30   430  

Desempregado   583   35   618  

Total   983   65   1048  

Quadro  28  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Condição  Perante  Trabalho  vs  Variável  Resposta.  

 • Região  onde  vive  (d25cat)  

A   variável   que   caracteriza   a   região   onde   o   indivíduo   vive   estava   inicialmente  

factorizada  em  três  categorias,  área  rural  ou  vila,  cidade  de  tamanho  médio  ou  grande  

cidade.   Após   uma   análise  mais   extensa,   optou-­‐se   por   categorizar   a   variável   em  dois  

factores:  pequena  ou  média  cidade  e  cidade  grande.  

d25cat/resp35   0   1   Total  

Pequena+Média  

Cidade  817   44   861  

Grande  Cidade   164   21   185  

Total   981   65   1046  

Quadro  29  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Região  Onde  Vive  vs  Variável  Resposta.  

 • Dificuldades  em  pagar  as  contas  ao  final  do  mês  no  último  ano  (d60cat)  

Esta  variável  permite-­‐nos  verificar  as  dificuldades  que  o   indivíduo  relata  em  pagar  as  

suas   contas   ao   final   do  mês   no   último   ano.   Inicialmente   estava   factorizada   em   três  

categorias,   muitas   vezes,   algumas   vezes   e   raras   vezes   ou   nunca.   Para   uma   melhor  

interpretação  optou-­‐se   por   dicotomizar   a   variável:  muitas   vezes   e   algumas,   raras   ou  

nunca.  

d60cat/resp35   0   1   Total  

Muitas  Vezes   619   39   658  

Algumas,  Raras  

ou  Nunca  332   23   355  

Total   951   62   1013  

Quadro  30  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  d60cat  vs  Variável  Resposta.  

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• Último  grau  académico  concluído  (edu)  

Variável   categorizada   inicialmente   em   três   categorias   (básico,   secundário   e  

universitário  ou  mais),  foi  recategorizada  para  dicotómica.  Assim  tem-­‐se  as  categorias:  

nível  inferior  a  universitário;  nível  universitário  ou  superior.  

edu/resp35   0   1   Total  

Inferior  a  

Universitário  914   59   973  

Universitário  ou  

Superior  69   6   75  

Total   983   65   1048  

Quadro  31  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Grau  Académico  vs  Variável  Resposta.  

 

• Como  se  vê  na  sociedade  numa  escala  de  1  a  10.  (d61)  

Sendo   esta   uma   variável   ordinal,   deve   ser   analisada   de   duas   formas.   Primeiro,  

tentando  perceber  quais  as  características  da  variável  e  depois  como   interage  com  a  

variável  reposta.  

Mínimo   1º  Quartil   Mediana   Média   3º  Quartil   Max  

1   4   5   4,699   5   9  

Quadro  32  –  Análise  Descritiva  da  Variável  d61.  

   

resp35/d61   1   2   3   4   5   6   7   8   9   10   Total  

0   13   36   138   218   314   137   70   25   7   0   958  

1   1   4   11   15   21   6   2   2   1   0   63  

Total   14   40   149   233   335   143   72   27   8   0   1021  

Quadro  33  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  d61  vs  Variável  Resposta.  

             

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Nota:  Variável  Idade  

Nesta  modelação   estatística   não   será   possível   introduzir   a   variável   idade   no  modelo,   na  

medida   em   que   a   variável   resposta   é   construída   a   partir   das   idades   dos   indivíduos   e   isso  

compromete  a  independência  da  variável  resposta  em  relação  à  idade.  

No  entanto,  uma  análise  breve  caracterizadora  da  amostra  em  relação  à   idade  é  sempre  

necessária  e  interessante.  

 

Mínimo   1º  Quartil   Mediana   Média   3º  Quartil   Max  

15   31   48   48   63   92  

Quadro  34  –  Análise  Descritiva  da  Variável  Idade.  

 

 

3.2.  Análise  Univariada  

A  primeira  etapa  a  realizar  na  análise  univariada  é  a  construção  de  modelo  nulo,  chegando  

aos   valores   apresentados   no   quadro   seguinte.   Posteriormente,   constroem-­‐se   modelos  

univariados   para   cada   variável   estudada   e   regista-­‐se   os   valores   da   estimativa,   erro   padrão,  

estatística  de  teste  e  p-­‐value  de  Wald.  Com  esses  dados  é  possível  tomar  uma  decisão  quanto  

à  utilização  ou  não  de  cada  variável  na  fase  seguinte  da  modelação.  

No  quadro  seguinte  registaram-­‐se  os  respectivos  coeficientes  de  cada  modelo  univariado  

construído  para  o  primeiro  grupo  de  variáveis,  assim  como  do  modelo  nulo.  

 

 

 

 

 

 

 

 

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Variáveis  de  Percepção  da  Vida  do  Indivíduo  

Modelo   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  Est.  Teste   p-­‐value   AIC  

Nulo   (Intercept)   -­‐2,7162   0,1281   -­‐21,21   <2e-­‐16***   489,32  

Visão  Global  da  sua  Vida  Satisfeito  vs  

Não  Satisfeito  -­‐0,0110   0,2614   -­‐0,04   0,966   491,06  

Percepção  da  área  que  vive   Boa  vs  Má   0,1294   0,3564   0,363   0,717   485,11  

Percepção  do  SNS   Bom  vs  Mau   -­‐0,1259   0,2563   -­‐0,491   0,623   489,66  

Percepção  do  Sistema  de  

Pensões  Bom  vs  Mau   -­‐0,2629   0,3931   -­‐0,669   0,504   482,38  

Percepção  dos  Subsídios  a  

Desempregados  Bom  vs  Mau   0,4568   0,4411   1,035   0,300   437,49  

Percepção  do  Custo  de  Vida   Bom  vs  Mau   1,193   1,019   1,171   0,242   488,9  

Percepção  do  Combate  à  

Desigualdade  e  Pobreza  Bom  vs  Mau   0,2407   0,3700   0,650   0,515   476,69  

Percepção  do  Acesso  à  

Habitação  Bom  vs  Mau   0,7699   0,7303   1,054   0,292   480,37  

Percepção  da  Situação  

Económica  Boa  vs  Má   0,5616   1,0268   0,547   0,5844   489,93  

Percepção  da  sua  Situação  

do  Emprego  Boa  vs  Má   0,0034   0,2739   0,012   0,99   427,43  

Percepção  da  Situação  

Financeira  do  Agregado  Boa  vs  Má   -­‐0,1837   0,2590   -­‐0,709   0,478   479,7  

Percepção  da  Situação  do  

Emprego  Boa  vs  Má   0,2941   0,7361   0,399   0,69   490,63  

Quadro  35  –  Modelos  Univariados  para  Variáveis  de  Percepção.  

 Como   se   pode   verificar   pelos   p-­‐value   dos   modelos   univariados   construídos,   apenas   um  

apresenta   valor   abaixo   dos   25%   de   significância,   limiar   pelo   qual   são   incluídas   num  modelo  

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multivariado.  A  variável  em  questão  é  a  que  representa  a  percepção  que  os  indivíduos  têm  em  

relação  ao  custo  de  vida  no  país.  O  valor  de  p  apresentado   foi  de  0,242,  muito  próximo  dos  

0,25  que  foi  o  colocado  como  patamar  de  decisão.  

No  próximo  quadro  são  colocados  os  modelos  e   respectivos  coeficientes  para  o  segundo  

grupo  de  variáveis.  

Variáveis  de  Expectativa  do  Indivíduo  para  o  próximo  ano  

Modelo   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  p-­‐value   AIC  

Expectativa  para  a  sua  vida  

no  geral  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,0140   0,4141   -­‐0,034   0,973   479,54  

Expectativa  para  a  área  que  

vive  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  0,4001   0,2758   1,451   0,147   484,87  

Expectativa  no  SNS  Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  1,685   1,015   1,661   0,097.   462,04  

Expectativa  no  Sistema  de  

Pensões  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  0,9501   1,0220   0,930   0,353   482,77  

Expectativa  no  Combate  à  

Desigualdade  e  Pobreza  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  1,239   1,019   1,216   0,2239   468,50  

Expectativa  no  Acesso  à  

Habitação  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  0,7521   1,024   0,734   0,4629   473,61  

Expectativa  na  Situação  

Económica  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  1,220   1,019   1,198   0,2311   473,31  

Expectativa  na  sua  Situação  

do  Emprego  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  0,3945   0,6058   0,651   0,515   459,50  

Expectativa  na  Situação  

Financeira  do  Agregado  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  0,6166   0,7318   0,843   0,399   474,21  

Expectativa  na  Situação  do  

Emprego  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  0,5363   0,7329   0,732   0,464   474,31  

Quadro  36  –  Modelos  Univariados  para  Variáveis  de  Expectativa.  

Deste  conjunto  de  variáveis,  que  representam  as  expectativas  que  os  indivíduos  põem  em  

diversos   aspectos   da   vida   pessoal   e   do   seu   país   no   próximo   ano   existem   quatro   que  

apresentam  valores  de  p  inferiores  a  0,25:  expectativas  para  a  área  em  que  vive,  expectativas  

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relativamente   ao   serviço   de   saúde,   expectativas   no   combate   à   desigualdade   e   à   pobreza   e  

expectativas  na  situação  económica  do  país.  

De  seguida  são  apresentados  os  coeficientes  para  o  terceiro  grupo  de  variáveis.  

Variáveis  Caracterizadoras  do  Indivíduo  

Modelo   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  p-­‐value   AIC  

Grau  Académico  

Concluído  

Inferior  a  Universitário  vs  

Universiário  ou  Superior  0,2979   0,4463   0,668   0,504   490,9  

Estado  Civil  Casad+Div+Viu  vs  Com  Parc.   2,0319   0,4467   4,55   5,40e-­‐06  ***   421,2  Casad+Div+Viu  vs  Solteiros   2,2651   0,2896   7,82   5,23e-­‐15  ***  

Género   Homem  vs  Mulher   0,2075   0,2585   0,803   0,422   490,67  

Condição  Perante  

o  Trabalho  

Empregado  vs  

Desempregado  -­‐0,2226   0,2571   -­‐0,866   0,387   490,57  

Região  onde  Vive  Peq+Med  Cidade  vs    

Grande  Cidade  0,8661   0,2787   3,108   0,0019   482,32  

Dificuldades  em  

Pagar  as  Contas  

Muitas  Vezes  vs  

Alg+Raras+Nunca  0,0949   0,2716   0,349   0,727   470,40  

Como  se  vê  na  

sociedade  Contínua  1  a  10   -­‐0,1158   0,0914   1,267   0,205   475,37  

Quadro  37  –  Modelos  Univariados  para  Variáveis  Caracterizadoras  dos  Indivíduos.  

 Das   sete   variáveis   caracterizadoras   do   indivíduo   analisadas   apenas   três   apresentam  

valores  de  p  inferiores  a  0,25.  O  estado  civil,  a  região  onde  vive  e  a  forma  como  o  indivíduo  se  

vê  na  sociedade  serão  as  variáveis  que  seguirão  para  a  fase  de  análise  multivariada  seguinte.  

Agregando   os   diversos   resultados   da   análise   univariada,   chega-­‐se   às   seguintes   variáveis  

significativas  a  25%:  

1)  Como  avalia  o  custo  de  vida  no  seu  país;  

2)  Quais  as  expectativas  que  tem  para  a  área  que  vive  para  os  próximos  12  meses;  

3)  Quais  as  expectativas  que  tem  para  o  serviço  nacional  de  saúde  para  os  próximos  12  

meses;  

4)  Quais  as  expectativas  que  tem  para  o  combate  às  desigualdades  e  pobreza  no  seu  

país  para  os  próximos  12  meses;  

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5)   Quais   as   expectativas   que   tem   para   a   situação   económica   do   seu   país   para   os  

próximos  12  meses;  

6)  Estado  Civil;  

7)  Região  onde  vive;  

8)  Como  o  indivíduo  se  vê  na  sociedade  (de  1  a  10);      

O  quadro  seguinte  apresenta  os  valores  de  Odds  Ratio  e   Intervalos  de  Confiança  para  as  

variáveis  significativas  nos  modelos  univariados.  

Modelo   Categoria   OR   IC  95%   p-­‐value  

Percepção  do  Custo  de  

Vida  Bom  vs  Mau   3,2961  

]0,4477  ;  

24,2663[  0,2416  

Expectativa  para  a  área  

que  vive  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  1,4920  

]0,8689  ;  

2,5619[  0,147  

Expectativa  no  SNS  Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  5,3950  

]0,7386  ;  

39,4089[  0,0967  .  

Expectativa  no  Combate  à  

Desigualdade  e  Pobreza  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  3,4524  

]0,4687  ;  

25,4315[  0,2239  

Expectativa  na  Situação  

Económica  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  3,3868  

]0,4600  ;  

24,9366[  0,2311  

Estado  Civil  

Cas+Div+Viu  vs  

Parceiros  7,6288  

]3,1785  ;  

18,3103[  5,40e-­‐06  ***  

Cas+Div+Viu  vs  

Solteiros  9,6321  

]5,4601  ;  

16,9917[  5,23e-­‐15  ***  

Região  onde  Vive  Peq+Med  Cidade  

vs  Grande  Cidade  2,3776  

]1,3770  ;  

4,1055[  0,0019**  

Como  se  vê  na  sociedade   Contínua  1  a  10   0,8906  ]0,7445  ;  

1,0653[  0,205  

Quadro  38  –  Odds  Ratio  e  Intervalos  de  Confiança  para  Variáveis  Significativas  a  25%  na  Modelação  Univariada.  

 Observando  os  valores  de  Odds  Ratio  e  os  respectivos   intervalos  de  confiança  calculados  

constata-­‐se  que  nas  primeiras  cinco  variáveis,  as  que  representam  percepções  ou  expectativas,  

o  intervalo  de  confiança  é  muito  grande  e  que  por  isso  cria  dificuldades  na  interpretação  dos  

dados.  Esse  facto  também  se  deve  ao  menor  grau  de  significância,  mesmo  dentro  do  limite  de  

25%  que  muitas  as  variáveis  apresentam.  Ainda  assim,  para  esse  grau  de  significância,  pode-­‐se  

afirmar  que:  

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  24  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  mais  de  35  anos  não  ter  nem  ter  intenção  de  ter  

um   filho   que   classificou   o   custo   de   vida   como   mau   é   3   vezes   superior   à   de   um  

indivíduo  no  mesmo  contexto  que  avaliou  o  custo  de  vida  como  bom.  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  mais  de  35  anos  não  ter  nem  ter  intenções  de  ter  

um  filho  com  uma  expectativa  negativa  da  área  que  vive  para  os  próximos  12  meses  é  

1,5   vezes   superior   à   de   um   indivíduo   no   mesmo   contexto   com   uma   expectativa  

positiva  para    a  área  que  vive  nos  próximos  12  meses.    

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  mais  de  35  anos  não  ter  nem  ter  intenções  de  ter  

um  filho  com  uma  expectativa  negativa  no  serviço  nacional  de  saúde  para  os  próximos  

12   meses   é   5,4   vezes   superior   à   de   um   indivíduo   no   mesmo   contexto   com   uma  

expectativa  positiva  no  serviço  nacional  de  saúde  nos  próximos  12  meses.  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  mais  de  35  anos  não  ter  nem  ter  intenções  de  ter  

um  filho  com  uma  expectativa  negativa  do  combate  à  desigualdade  e  pobreza  para  os  

próximos  12  meses  é  3,4  vezes   superior  à  de  um   indivíduo  no  mesmo  contexto  com  

uma   expectativa   positiva   do   combate   à   desigualdade   e   pobreza   nos   próximos   12  

meses.  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  mais  de  35  anos  não  ter  nem  ter  intenções  de  ter  

um   filho   com   uma   expectativa   negativa   na   situação   económica   do   país   para   os  

próximos  12  meses  é  3,4  vezes   superior  à  de  um   indivíduo  no  mesmo  contexto  com  

uma  expectativa  positiva  na  situação  económica  do  país  nos  próximos  12  meses.  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  casado,  divorciado  ou  viúvo,  com  mais  de  35  anos  não  

ter  nem  ter  intenções  de  ter  um  filho  é  7,6  vezes  superior  à  de  um  indivíduo  no  mesmo  

contexto  vivendo  com  parceiro.  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  casado,  divorciado  ou  viúvo,  com  mais  de  35  anos  não  

ter  nem  ter  intenções  de  ter  um  filho  é  9,6  vezes  superior  à  de  um  indivíduo  no  mesmo  

contexto  sendo  ele  solteiro.  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  residente  numa  grande  cidade  com  mais  de  35  anos  

não  ter  nem  ter   intenções  de  ter  um  filho  é  2,4  vezes  superior  à  de  um  indivíduo  no  

mesmo  contexto  residente  numa  zona  rural  ou  cidade  de  dimensões  médias.  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  mais  de  35  anos  não  ter  filhos  nem  intenções  de  

ter,  diminui  cerca  de  10%  por  cada  aumento  de  1  unidade  na  visão  que  esse  mesmo  

indivíduo  tem  de  si  na  sociedade.  

 

 

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  25  

3.3.  Análise  Multivariada  

Nesta   fase  de  modelação,   o  primeiro  passo  é  utilizar   as   variáveis   significativas   a   25%  da  

análise  univariada  para  construir  um  modelo  multivariado.  As  variáveis  que  não  contribuem  a  

um   nível   de   significância   de   10%   devem   ser   retiradas   e   um   novo   modelo   ajustado.   Este  

processo  deve  ser  realizado  até  ter  um  modelo  ajustado  com  todas  as  variáveis  com  um  nível  

de  significância  abaixo  dos  10%.  

Este  processo  foi  efectuado  para  as  oito  variáveis  significativas  a  25%  da  análise  univariada  

e  alcançou-­‐se  o  seguinte  modelo  multivariado:  

Variáveis   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  p-­‐value  

  (Intercept)   -­‐4,5525   1,1398   -­‐3,99   6,50e-­‐05  ***  

Expectativa  no  SNS  Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  1,8608   1,0280   1,81   0,0703  .  

Estado  Civil  

Cas+Div+Viu  vs  Com  

Parceiros  1,8794   0,4831   3,89   0,0001  ***  

Cas+Div+Viu  vs  

Solteiros  2,2552   0,3043   7,41   1,25e-­‐13  ***  

Região  Onde  Vive  Peq+Med  Cidade  vs  

Grande  Cidade  0,5647   0,3184   1,77   0,0761  .  

Como  se  vê  na  

Sociedade  1  a  10  Contínua   -­‐0,2051   0,1017   -­‐2,02   0,0437  *  

AIC:  384,91  

Quadro  39  –  Modelo  Multivariado  Final  sem  Procura  de  Interacções.  

   Para  avaliar  o  grau  de  resposta  das  covariáveis  calcula-­‐se  o  valor  de  𝑅!:  

 

𝑅! = 1 −!"#$%&'"  !"#$%&'(

!"  !"#$%&'(!"#$%&'"  !"#.!"#$

!!  !"#.!"#$

= 1 −!"#,!"!"#

!!",!"!"#

= 1 − 0,8409 = 0,1591  

 

Pode-­‐se  concluir  que  as  covariáveis  existentes  no  modelo  explicam  cerca  de  16%  da  variável  

resposta.  

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  26  

O  passo  seguinte  a  dar  é  a  verificação  da  importância  de  cada  variável  que  ficou  de  fora  do  

modelo   actual.   Este   passo   é   útil   na   identificação   de   variáveis   que,   por   si   só,   não   são  

significativas,  mas  dão  um  contributo  importante  na  presença  de  outras  variáveis.  

Neste   caso,   observou-­‐se   a   não   alteração   do  modelo   inicial.   Nenhuma   das   variáveis   que  

ficaram   de   foram   do   modelo   acrescentou   algum   contributo   ao   modelo.   Todas   elas  

apresentaram  níveis  de  significância  superiores  a  10%  quando  incluídas  no  modelo  actual.  

 

Pressupostos  do  Modelo  

É   necessário   uma   observação   cuidada   às   diversas   variáveis   no   modelo.   No   caso   das  

variáveis  discretas  uma  análise   a   cada  uma  das   categorias   e  no   caso  das   variáveis   contínuas  

verificar  o  pressuposto  da  linearidade.  

No  que  respeita  à  análise  das  variáveis  discretas,   foram  desde   logo  retiradas  as  variáveis  

que   apresentavam   zero   eventos   em   alguma   das   suas   categorias,   isto   porque   o  modelo   não  

ajustava  correctamente  e,  portanto,  seria  pouco  produtiva  essa  tentativa  logo  desde  início.  No  

entanto,  verifica-­‐se  que  das  quatro  variáveis  que  se  encontram  como  significativas  no  modelo  

actual   ajustado,   uma   delas   apresenta   categorias   pouco   homogeneamente   distribuídas.   A  

variável  que  reflecte  a  expectativa  do   individuo  em  relação  ao  sistema  de  saúde  do  seu  país  

nos   próximos   12   meses   apresenta   apenas   um   evento   numa   das   suas   categorias,   o   que  

pressupõe  um  ajustamento  bastante  mais  débil  do  modelo  e  que  evidenciará  pouca  confiança  

nos   resultados   obtidos.   Assim   sendo,   a   opção   tomada   foi   a   de  não  utilizar     essa   variável   no  

modelo  e  continuar  com  um  modelo  de  apenas  três  variáveis.  

Quanto  a  variáveis   contínuas,  o  modelo   identificou  uma  como  sendo   significativa.  A  que  

diz  respeito  a  como  o  indivíduo  se  vê  na  sociedade.  Para  verificar  o  pressuposto  da  linearidade  

recorreu-­‐se  ao  método  dos  quartis  e  registou-­‐se  o  seguinte  gráfico:  

 Figura  1  –  Gráfico  para  verificação  do  Pressuposto  da  Linearidade  da  Variável  d61  (método  dos  quartis).  

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Como   se   pode   verificar   através   do   gráfico,   a   linearidade   da   variável   não   pode   ser  

contestada.  Os  pontos  apresentam  um  declive  decrescente  bastante  linear.  

 

Modelo  Final  sem  Interacções  

Ajustando   o   modelo   sem   a   variável   discreta   que   não   passou   no   pressuposto   da  

homogeneidade  de  categorias,  pode-­‐se  apresentar  um  modelo  final  ajustado  sem  a  introdução  

de   interacções   entre   variáveis.   O   quadro   seguinte   resume   a   informação   desse  modelo   final  

ajustado.  

Variáveis   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  p-­‐value  

  (Intercept)   -­‐2,8339   0,4813   -­‐5,89   3,90e-­‐09  ***  

Estado  Civil  

Cas+Div+Viu  vs  Com  

Parceiros  1,7901   0,4735   3,78   0,0002  ***  

Cas+Div+Viu  vs  

Solteiros  2,2472   0,2959   7,60   3,07e-­‐14  ***  

Região  Onde  Vive  Peq+Med  Cidade  vs  

Grande  Cidade  0,5948   0,3081   1,93   0,0536  .  

Como  se  vê  na  

Sociedade  1  a  10  Contínua   -­‐0,1932   0,0981   -­‐1,97   0,0488  *  

AIC:  408,54  

Quadro  40  –  Modelo  Multivarido  Final.  

Fazendo  o  mesmo  cálculo  do  𝑅!  para  avaliar  o  grau  de  resposta  das  variáveis  ajustadas  no  

modelo:  

 

𝑅! = 1 −!"#$%&'"  !"#$%&'(

!"  !"#$%&'(!"#$%&'"  !"#.!"#$

!"  !"#.!"#$

= 1 −!"#,!"!!"

!"!,!"!!"

= 1 − 0,8516 = 0,1484  

 

Pode-­‐se   portanto   afirmar   que   as   três   variáveis   ajustadas   no  modelo   explicam   a   variável  

resposta  em  aproximadamente  15%.  O  que  nos  permite   afirmar  que  a  perda  de   informação  

com  a  retirada  da  variável  que  não  passou  no  pressuposto  anterior  não  foi  muito  acentuada.  

Quando  comparados  os  dois  modelos  através  do  Critério  de  Informação  de  Akaike  (AIC),  e  

tendo  como  factor  decisor  a  minimização  do  mesmo,  pode-­‐se  confirmar  que,  de  facto,  o  valor  

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de   AIC   aumenta   com   a   retirada   da   variável   e   que   significaria   um   modelo   com   pior  

representatividade  do  que  o  anterior.  No  entanto,  isso  não  significa  um  melhor  ajuste  ou  uma  

maior  confiança  nos  resultados,  não  verificados  os  pressupostos.    

 

Encontrado   um   modelo   ajustado   final,   ainda   sem   interacções   procuradas,   é   possível  

calcular  Odds  Ratio  e  respectivos  intervalos  de  confiança  a  95%  para  cada  uma  das  variáveis.  O  

quadro  seguinte  resume  essa  informação:  

 

Variáveis   Categoria   OR   IC  95%   p-­‐value  

Estado  Civil  

Cas+Div+Viu  vs  Com  

Parceiros  5,9899  

]2,3696  ;  

15,1519[  0,0002  ***  

Cas+Div+Viu  vs  

Solteiros  9,4610  

]5,2977  ;  

16,8959[  3,07e-­‐14  ***  

Região  Onde  Vive  Peq+Med  Cidade  vs  

Grande  Cidade  1,8127  

]0,9909  ;  

3,3159[  0,0536  .  

Como  se  vê  na  

Sociedade  1  a  10  Contínua   0,8243  

]0,6802  ;  

0,9990[  0,0488  *  

Quadro  41  –  Odds  Ratio  e  Intervalos  de  Confiança  do  Modelo  Multivariado  Final.  

 De  um  modo  geral  a  interpretação  realizada  na  análise  univariada  destas  variáveis  não  se  

altera.  Ou  seja,  a  possibilidade  de  indivíduos  com  mais  de  35  anos  que  têm  parceiros  conjugais,  

não  terem  filhos  nem  desejarem  ter  é  superior  à  de  indivíduos  com  mais  de  35  anos  casados,  

divorciados  ou  viúvos  em  quase  6  vezes.  Quanto  a   indivíduos  com  mais  de  35  anos  solteiros,  

têm   uma   possibilidade   de   não   ter   filhos   nem   intenção   de   ter   mais   de   9   vezes   superior   a  

homens  nas  mesmas  condições  mas  sendo  casados,  divorciados  ou  viúvos.  A  possibilidade  de  

indivíduos   com   mais   de   35   anos   a   viverem   numa   grande   cidade   não   terem   filhos   nem  

desejarem  ter  é  superior  em  quase  o  dobro  quando  comparados  com  indivíduos  residentes  em  

pequenas  cidades  ou  de  média  dimensão.  Por  fim,  a  possibilidade  de  um  indivíduo  com  mais  

de  35  anos  não  ter  filhos  nem  intenções  de  ter,  diminui  cerca  de  20%  por  cada  aumento  de  1  

unidade  na  visão  que  esse  mesmo  indivíduo  tem  de  si  na  sociedade.  

 

 

 

 

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Procura  de  Interacções  

Uma   das   fases   necessárias   à   conclusão   duma  modelação   estatística   é   a   necessidade   de  

procurar   interacções   entre   as   variáveis   ajustadas   no   modelo   multivariado.   Resume-­‐se   à  

necessidade  de   tentar  averiguar   se  existe   relação  no  modelo  entre  duas  das   variáveis  dadas  

como   relevantes  ou   significativas.  No   caso  do  modelo   anterior   ajustado  não  existe  qualquer  

interacção  significativa  entre  as  variáveis.  Para  um  modelo  com  três  variáveis  ajustadas  existe  

a  possibilidade  de  três  possíveis   interacções  duas  variáveis  a  duas  e  uma   interacção  entre  as  

três   variáveis   disponíveis.   Nos   quatro   casos   possíveis   não   foi   evidenciada   nenhuma  

significância   abaixo   dos   5%,   limiar   pelo   qual   se   acha   relevante   a   entrada   da   interacção   no  

modelo.   Assim   sendo,   o   modelo   anterior   é   considerado   o   modelo   final   encontrado   na  

modelação  de  estes  dados.  

 

Validação,  Calibração  e  Bondade  de  Ajustamento  do  Modelo  

Para   efectuar   a   validação   dum   modelo   de   regressão   logística   como   o   utilizado   neste  

projecto  é  necessário   calcular  os   coeficientes  𝐷!",  𝑅!   e   Slope.  Os  valores  optimistas  médios  

destes  coeficientes  não  podem  exceder  os  0,10.  

No  quadro  seguinte  são   fornecidos  os  valores  dos  coeficientes  anteriores  para  o  modelo  

actual.  

Valores  optimistas  médios  

𝑫𝒙𝒚   𝑹𝟐   Slope  

0,0128   0,0181   0,0341  

Quadro  42  –  Coeficientes  para  validação  do  modelo.  

Como   se   pode   verificar   pelos   valores   calculados,   a   validação   do  modelo   foi   conseguida.  

Isto  porque,  como  foi  referido,  os  valores  de  cada  um  dos  coeficientes  fica  muito  abaixo  dos  

10%  colocados  como  limite.  

Para  verificar  o  grau  de  bondade  do  ajustamento  do  modelo  ajusta-­‐se  o  teste  de  bondade  

de  ajustamento  de  Cessie-­‐van  Houwelingen.  Este  valor  não  se  poderá  situar  abaixo  do   limiar  

de  significância  de  0,05.  

Teste  de  Cessie-­‐van  Houwelingen  

Valor-­‐p  

0,3621  

Quadro  43  –  Coeficiente  Cessie-­‐van  Houweligen.  

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Para   averiguar   a   calibração   do  modelo   final   encontrado   pode-­‐se   representar   o   seguinte  

gráfico   com   os   valores   observados   no   modelo   com   a   curva   das   estimativas   para   o  

enviesamento.  Uma  melhor  calibração  significa  as  curvas  mais  próximas.  

 Figura  2  –  Gráfico  de  observação  da  calibração  do  modelo.  

 

Observando   o   gráfico   é   possível   concluir   que   a   calibração   é   positiva,   não   existindo   uma  

grande  disparidade  de  valores  nas  curvas  apresentadas.  

Por  fim,  pode-­‐se  analisar  o  ajustamento  do  modelo  através  da  sensibilidade.  Essa  análise  é  

feita  a  partir  da  Curva  ROC  representada  no  gráfico  seguinte.  

 Figura  3  –  Gráfico  da  Curva  ROC  e  critério  AUC.  

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Sensibilidade   e   especificidade   situam-­‐se   acima   ou  muito   perto   dos   70%,   valor   que   seria  

pretendido,  e  a  área  abaixo  da  curva  (AUC)  acima  dos  70%,  valor  considerado  aceitável.  Tudo  

indicadores  de  um  modelo  bem  ajustado  e  validado.  

 

 

3.4.  Conclusões  

De  um  modo  geral  pode-­‐se  concluir  que  a  análise  descritiva  nos  garante  uma  modelação  

bem-­‐sucedida.   Isto   porque   as   variáveis   apresentam   distribuições   homogéneas   nas   diversas  

categorias  e  aquelas  que  poderiam  suscitar  algumas  dúvidas  foram  retiradas  por  esse  mesmo  

motivo.  Se  observarmos  com  mais  atenção  cada  uma  das  variáveis  caracterizadoras,  chega-­‐se  

às  seguintes  conclusões:  

• Existe  um  número  de  homens  casados,  divorciados  ou  viúvos  muito  superior  ao  de  

solteiros  ou  com  parceiros  na  base  de  dados  e  a  percentagem  de   indivíduos  que  

têm  mais  de  35  anos  com  parceiros  que  não  têm  filhos  nem  querem  ter  é  muito  

superior  nos  solteiros  do  que  nos  casados,  divorciados  ou  viúvos;  

• Existem   mais   mulheres   que   homens   e   mais   desempregados   que   empregados,  

embora  a  diferença  nos  dois  grupos  não  seja  grande;  

• Observa-­‐se   uma   diferença   acentuada   no   número   de   indivíduos   que   vivem   nas  

pequenas   e   médias   cidades   quando   comparado   com   quem   vive   nas   grandes  

cidades,  com  vantagem  para  as  primeiras;  

• No   que   se   refere   às   dificuldades   de   pagar   as   despesas   ao   final   do  mês,   existem  

muito  mais  indivíduos  que  responderam  “Muitas  vezes”  do  que  os  restantes;  

• Por  fim,  o  número  de  indivíduos  com  um  nível  de  escolaridade  inferior  ao  Ensino  

Superior  é  muito  maior  do  que  o  de  indivíduos  com  nível   idêntico  ou  superior  ao  

Ensino  Superior.  

A   modelação   Univariada   apresentou   oito   (8)   variáveis   significativas   a   25%:   uma   (1)   de  

percepção,  quatro  (4)  de  expectativas  e  três  (3)  caracterizadoras  do  indivíduo.  Destaque  para  o  

estado   civil   e   região  onde   vive  o   indivíduo  que  apresentaram  valores  de   significância   abaixo  

dos   5%   e   que   se   apresentam,   à   partida,   como   as   principais   candidatas   a  manterem-­‐se   num  

modelo  final  multivariado.  Quanto  à  interpretação  de  valores  de  Odds  Ratio,  pode-­‐se  constatar  

que   na   variável   de   percepção,   assim   como   nas   quatro   (4)   variáveis   de   expectativas,   os  

resultados  apresentados  serão  os  esperados.  Ou  seja,  quanto  pior  a  percepção  da   realidade,  

ou   pior   a   expectativa,   maior   a   possibilidade   de   não   ter   filhos   nem   ter   intenção   de   ter,   em  

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  32  

indivíduos  com  mais  de  35  anos.  No  que  se  refere  às  variáveis  caracterizadoras,  indivíduos  com  

mais   de   35   anos,   com   parceiros   ou   solteiros   têm   uma  maior   possibilidade   de   não   ter   filhos  

nem   ter   intenção   de   vir   a   ter   quando   comparados   com   indivíduos   casados,   divorciados   ou  

viúvos.  Assim  como  indivíduos  residentes  em  grandes  cidades  com  mais  de  35  anos,  têm  uma  

maior   possibilidade   de   não   terem   filhos   nem   quererem   vir   a   ter,   do   que   residentes   em  

pequenas  e  médias  cidades.  Já  o  nível  que  o  indivíduo  se  coloca  na  sociedade  aponta  para  uma  

maior  possibilidade  de  não  ter  nem  querer  vir  a  ter  filhos  em  indivíduos  com  um  nível  inferior.  

Na  modelação  multivariada,  destaque  para  a  escassez  de  resultados  promissores.  Ou  seja,  o  

número  de  variáveis  estatisticamente  significativas  é  pequeno,  embora  o  modelo  se  apresente  

como  estatisticamente  válido  e  bem  ajustado.  Apresentando  poucas  variáveis  estatisticamente  

significativas,   a   capacidade   de   resposta   tende   a   ser   menor   e   também   a   quantidade   de  

informação   retirada   do  modelo   é  menor.   Contudo   é   possível   concluir   que,   no  modelo   final,  

existem   três   (3)   variáveis   que   apresentam   valores   de   significância   estatística:   estado   civil,  

região  onde  vive  e  como  se  vê  na  sociedade.  A   tendência  de   interpretação  segue  o  caminho  

apresentado  na  análise  univariada,  assim  como  os  valores  de  Odds  Ratio   se  situam  próximos  

dos   obtidos   na   análise   univariada.  Na   fase   de   procura   de   interacções   foi   concluído   que   não  

existem   interacções   estatisticamente   significativas   entre   estas   variáveis,   por   isso   o   modelo  

final  não  apresenta  nenhuma  interacção.  

Por  fim,  segundo  a  análise  relativa  à  validação  do  modelo  e  bondade  do  seu  ajustamento,  

conclui-­‐se  que   tudo  aponta  para  um  modelo   válido  e  bem  ajustado.  Não   sendo  de  destacar  

nenhum  valor  ou  estatística  que  possa  alertar  para  qualquer  problema.  

 

 

4.  Resultados  –  2º  Modelo    4.1.  Análise  Descritiva  

Na  segunda  abordagem  deste  estudo  pretende-­‐se  mais  uma  vez   realizar  uma  análise  

através  da  modelação  estatística.  Se  no  primeiro  modelo  o  objectivo  era  comparar  indivíduos  

com  35  anos  ou  mais  sem  ter  filhos  nem  intenções  de  vir  a  ter  com  os  restantes  indivíduos  da  

amostra   para   Portugal,   neste   segundo   modelo   a   comparação   é   feita   da   seguinte   forma:  

indivíduos   com   30   anos   ou  mais   sem   ter   filhos  mas   com   intenção   de   ter   (variável   resposta,  

resp30)   comparados   apenas   com   todos   os   indivíduos   da   amostra   que   têm   filhos.   Podendo  

assim   explicar   o   facto   de   se   ter   30   anos   e   ainda   não   se   ter   entrado   na   parentalidade,  mas  

tendo   intenção   de   entrar,   quando   reunido   numa   amostra   com   indivíduos   que   já   têm   filhos.  

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  33  

Para   além   da   diferença   na   variável   resposta,   há   que   destacar   o   aumento   da   dimensão   da  

amostra,  na  medida  em  que  nesta  análise   ir-­‐se-­‐á  ter  em  conta  não  só  Portugal  mas  também  

Grécia,  Espanha  e  Itália.  Isto  porque  nos  dará  uma  comparação  interessante  entre  países  mas  

também  porque  aumenta  o  número  de  eventos  na  nossa  amostra,   necessário  para   se  obter  

um  modelo  válido  e  bem  ajustado.  

 

Primeira  análise  descritiva  a  efectuar  é  a  da  variável  resposta.  

Variável   0   1   Total  

resp30   2764   252   3016  

Quadro  44  –  Análise  Descritiva  da  Variável  Resposta.  

 Verifica-­‐se  assim  um  aumento  no  número  da  amostra  de  cerca  de  800  casos  para  mais  de  

3000.  A   incidência  de  eventos   aumenta  de   cerca  de  3%  para  mais   de  9%,  num   total   de  252  

eventos  para  os  quatro  países.  

De   acordo   com   a   forma   utilizada   para   caracterizar   as   possíveis   variáveis   explicativas   do  

modelo,  dividiu-­‐se  as  mesmas  em  três  grupos:  variáveis  com  questões  de  percepção  da  vida  do  

indivíduo;   variáveis   com   questões   de   expectativas   sobre   os   próximos   12  meses;   e   variáveis  

caracterizadoras  do   indivíduo.  Segue-­‐se  uma  análise  descritiva  de  cada  variável  em  relação  à  

nova  variável  resposta.  

 

1)  Variáveis  com  questões  de  percepção  da  vida  do  indivíduo.  

• Globalmente,  como  se  sente,  com  a  vida  que  tem?  (qb1RGPS)  

qb1RGPS/resp30   0   1   Total  

Satisfeito   1851   177   2028  

Não  Satisfeito   910   75   985  

Total   2761   252   3013  

Quadro  45  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb1RGPS  vs  Variável  Resposta.  

           

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 • Como  avalia  a  área  em  que  vive  actualmente?  (qb2_1RGPS)  

qb2_1RGPS/resp30   0   1   Total  

Boa   2239   194   2433  

Má   516   57   573  

Total   2755   251   3006  

Quadro  46  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_1RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  o  sistema  de  saúde  do  seu  país  actualmente?  (qb2_2RGPS)  

qb2_2RGPS/resp30   0   1   Total  

Bom   1355   105   1460  

Mau   1393   146   1539  

Total   2748   251   2999  

Quadro  47  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_2RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  o  sistema  de  pensões  do  seu  país  actualmente?  (qb2_3RGPS)  

qb2_3RGPS/resp30   0   1   Total  

Bom   585   59   644  

Mau   2106   188   2294  

Total   2691   247   2938  

Quadro  48  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_3RGPS  vs  Variável  Resposta.  

                 

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• Como  avalia  os  subsídios  a  desempregados  do  seu  país  actualmente?  (qb2_4RGPS)  

qb2_4RGPS/resp30   0   1   Total  

Bom   462   53   515  

Mau   2051   187   2238  

Total   2513   240   2753  

Quadro  49  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_4RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  o  custo  de  vida  do  seu  país  actualmente?  (qb2_5RGPS)  

qb2_5RGPS/resp30   0   1   Total  

Bom   280   33   313  

Mau   2473   219   2692  

Total   2753   252   3005  

Quadro  50  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_5RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como   avalia   o   combate   à   desigualdade   e   pobreza   no   seu   país   actualmente?  

(qb2_7RGPS)  

qb2_7RGPS/resp30   0   1   Total  

Bom   592   52   644  

Mau   2073   195   2268  

Total   2665   247   2912  

Quadro  51  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_7RGPS  vs  Variável  Resposta.  

                 

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• Como  avalia  o  acesso  à  habitação  no  seu  país  actualmente?  (qb2_9RGPS)  

qb2_9RGPS/resp30   0   1   Total  

Bom   306   40   346  

Mau   2415   211   2626  

Total   2721   251   2972  

Quadro  52  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_9RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  a  situação  económica  do  seu  país  actualmente?  (qb2_11RGPS)  

qb2_11RGPS/resp30   0   1   Total  

Boa   169   20   189  

Má   2584   232   2816  

Total   2753   252   3005  

Quadro  53  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_11RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  a  sua  situação  de  emprego  actualmente?  (qb2_12RGPS)  

qb2_12RGPS/resp30   0   1   Total  

Boa   1268   147   1415  

Má   1035   103   1138  

Total   2303   250   2553  

Quadro  54  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_12RGPS  vs  Variável  Resposta.  

                   

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• Como   avalia   a   situação   financeira   do   seu   agregado   familiar   actualmente?  

(qb2_13RGPS)  

qb2_13RGPS/resp30   0   1   Total  

Boa   1422   154   1576  

Má   1283   98   1381  

Total   2705   252   2957  

Quadro  55  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_13RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   • Como  avalia  a  situação  de  emprego  no  seu  país  actualmente?  (qb2_14RGPS)  

qb2_14RGPS/resp30   0   1   Total  

Boa   184   21   205  

Má   2573   231   2804  

Total   2757   252   3009  

Quadro  56  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb2_14RGPS  vs  Variável  Resposta.  

   

2)  Variáveis  com  questões  de  expectativas  sobre  os  próximos  12  meses.  

Estas  variáveis  inicialmente  estavam  factorizadas  em  três  categorias  (melhor,  na  mesma  e  

pior),  tendo  em  vista  uma  mais  fácil  interpretação  e  uma  adequação  ao  pretendido  no  estudo,  

juntaram-­‐se  as  categorias  “na  mesma”  e  “pior”,  resultando  em  novas  variáveis  dicotómicas.  

 

• Expectativas  em  relação  à  sua  vida  no  geral.  (qb3_1cat)  

qb3_1cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   366   71   437  

Pior  +  Na  mesma   2282   176   2458  

Total   2648   247   2895  

Quadro  57  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_1cat  vs  Variável  Resposta.  

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 • Expectativas  em  relação  à  sua  área  de  residência.  (qb3_2cat)  

qb3_2cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   2043   185   2228  

Pior  +  Na  mesma   652   65   717  

Total   2695   250   2945  

Quadro  58  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_2cat  vs  Variável  Resposta.  

 

 

• Expectativas  em  relação  ao  sistema  de  saúde  no  seu  país.  (qb3_3cat)  

qb3_3cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   280   38   318  

Pior  +  Na  mesma   2385   212   2597  

Total   2665   250   2915  

Quadro  59  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_3cat  vs  Variável  Resposta.  

   

   • Expectativas  em  relação  ao  sistema  de  pensões  no  seu  país.  (qb3_4cat)  

qb3_4cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   198   23   221  

Pior  +  Na  mesma   2451   225   2676  

Total   2649   248   2897  

Quadro  60  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_4cat  vs  Variável  Resposta.  

           

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• Expectativas  em  relação  a  subsídios  de  desemprego  no  seu  país.  (qb3_5cat)  

qb3_5cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   196   26   222  

Pior  +  Na  mesma   2383   222   2605  

Total   2579   248   2827  

Quadro  61  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_5cat  vs  Variável  Resposta.  

   • Expectativas  em  relação  ao  custo  de  vida  no  seu  país.  (qb3_6cat)  

qb3_6cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   200   26   226  

Pior  +  Na  mesma   2488   223   2711  

Total   2688   249   2937  

Quadro  62  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_6cat  vs  Variável  Resposta.  

 • Expectativas  em  relação  ao  combate  à  desigualdade  e  pobreza  no  seu  país.  (qb3_8cat)  

qb3_8cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   223   32   255  

Pior  +  Na  mesma   2413   217   2630  

Total   2636   249   2885  

Quadro  63  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_8cat  vs  Variável  Resposta.  

                     

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• Expectativas  em  relação  ao  acesso  à  habitação  no  seu  país.  (qb3_10cat)  

qb3_10cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   238   33   271  

Pior  +  Na  mesma   2435   216   2651  

Total   2673   249   2922  

Quadro  64  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_10cat  vs  Variável  Resposta.  

   • Expectativas  em  relação  à  situação  económica  no  seu  país.  (qb3_12cat)  

qb3_12cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   280   31   311  

Pior  +  Na  mesma   2405   219   2624  

Total   2685   250   2935  

Quadro  65  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_12cat  vs  Variável  Resposta.  

   • Expectativas  em  relação  à  sua  situação  de  emprego.  (qb3_13cat)  

qb3_13cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   248   54   302  

Pior  +  Na  mesma   2302   189   2491  

Total   2550   243   2793  

Quadro  66  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_13cat  vs  Variável  Resposta.  

                   

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• Expectativas  em  relação  à  situação  financeira  do  seu  agregado  familiar.  (qb3_14cat)  

qb3_14cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   249   53   302  

Pior  +  Na  mesma   2435   192   2627  

Total   2684   245   2929  

Quadro  67  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_14cat  vs  Variável  Resposta.  

     • Expectativas  em  relação  à  situação  de  emprego  no  seu  país.  (qb3_15cat)  

qb3_15cat/resp30   0   1   Total  

Melhor   326   36   362  

Pior  +  Na  mesma   2339   211   2550  

Total   2665   247   2912  

Quadro  68  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  qb3_15cat  vs  Variável  Resposta.  

     3)  Variáveis  caracterizadoras  do  indivíduo.  

Neste   grupo   de   variáveis,   como   já   foi   referido   anteriormente,   cada   caso   é   um   caso,   e  

portanto  o  tratamento  efectuado  a  cada  uma  das  variáveis  está  condicionado  pelos  resultados  

obtidos   em   análises   posteriores.   Em   seguida,   apresentam-­‐se   os   primeiros   dados   relativos   a  

cada  uma  delas.  

 

• País  (b1)  

Com   esta   variável   é   possível   verificar   diferenças   entre   vários   países.   Neste   estudo  

optou-­‐se   por   analisar   apenas   os   países   do   Sul   da   Europa.   Portugal,   Espanha,   Itália   e  

Grécia.  

 

 

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b1/resp30   0   1   Total  

Portugal   799   30   829  

Grécia   626   91   717  

Espanha   658   60   718  

Itália   681   71   752  

Total   2764   252   3016  

Quadro  69  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  País  vs  Variável  Resposta.  

 

• Estado  Civil  (d7cat5)  

Esta  foi  sem  dúvida  a  variável  mais  complicada  de  se  categorizar  e  compreender.  Por  

esse   facto,   para   além   de   muitas   alternativas   realizadas,   serão   apresentadas   mais  

versões  deste  segundo  modelo  com  diferentes  categorizações  da  variável  Estado  Civil.  

Neste   caso,   e   para   melhor   interpretar   a   variável,   será   categorizada   numa   variável  

dicotómica.  Agregou-­‐se  os  indivíduos  casados  com  os  que  têm  parceiro,  e  os  solteiros  

com   os   divorciados   e   viúvos,   isto   porque   no   presente   mantêm   situações   de  

conjugalidade  semelhantes.  

 

d7cat5/resp30   0   1   Total  

Casados  +  Com  Parceiros     2135   123   2258  

Solteiros  +  Divorciados  +  

Viúvos  614   128   742  

Total   2749   251   3000  

Quadro  70  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Estado  Civil  vs  Variável  Resposta.  

                 

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• Género  (d10)  

d10/resp30   0   1   Total  

Homem   1190   164   1354  

Mulher   1574   88   1662  

Total   2764   252   3016  

Quadro  71  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Género  vs  Variável  Resposta.  

 • Condição  perante  o  trabalho  (d15cat)  

A   variável   com  a   condição  perante  o   trabalho  estava   factorizada  em   três   categorias,  

trabalhador  independente,  por  conta  doutrem  ou  desempregado.  Optou-­‐se  por  utilizar  

uma  variável  dicotómica,  com  as  categorias:  empregado  e  desempregado.  

d15cat/resp30   0   1   Total  

Empregado   1218   200   1418  

Desempregado   1546   52   1598  

Total   2764   252   3016  

Quadro  72  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Condição  Perante  Trabalho  vs  Variável  Resposta.  

 • Região  onde  vive  (d25cat)  

A   variável   que   caracteriza   a   região   onde   o   indivíduo   vive   estava   inicialmente  

factorizada  em  três  categorias,  área  rural  ou  vila,  cidade  de  tamanho  médio  ou  grande  

cidade.   Após   uma   análise  mais   extensa,   optou-­‐se   por   categorizar   a   variável   em  dois  

factores:  pequena  ou  média  cidade  e  cidade  grande.  

d25cat/resp30   0   1   Total  

Pequena+Média  

Cidade  2024   182   2206  

Grande  Cidade   738   70   808  

Total   2762   252   3014  

Quadro  73  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Região  Onde  Vive  vs  Variável  Resposta.  

 

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  44  

• Dificuldades  em  pagar  as  contas  ao  final  do  mês  no  último  ano  (d60cat)  

Esta  variável  permite-­‐nos  verificar  as  dificuldades  que  o   indivíduo  relata  em  pagar  as  

suas   contas   ao   final   do  mês   no   último   ano.   Inicialmente   estava   factorizada   em   três  

categorias,   muitas   vezes,   algumas   vezes   e   raras   vezes   ou   nunca.   Para   uma   melhor  

interpretação  optou-­‐se   por   dicotomizar   a   variável:  muitas   vezes   e   algumas,   raras   ou  

nunca.  

d60cat/resp30   0   1   Total  

Muitas  Vezes   1637   146   1783  

Algumas,  Raras  

ou  Nunca  1076   105   1181  

Total   2713   251   2964  

Quadro  74  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  d60cat  vs  Variável  Resposta.  

 • Último  grau  académico  concluído  (edu)  

Variável   categorizada   inicialmente   em   três   categorias   (básico,   secundário   e  

universitário  ou  mais),  foi  recategorizada  para  dicotómica.  Assim  tem-­‐se  as  categorias:  

nível  inferior  a  universitário;  nível  universitário  ou  superior.  

edu/resp35   0   1   Total  

Inferior  a  

Universitário  2423   173   2596  

Universitário  ou  

Superior  301   75   376  

Total   2724   248   2972  

Quadro  75  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  Grau  Académico  vs  Variável  Resposta.  

 

• Como  se  vê  na  sociedade  numa  escala  de  1  a  10.  (d61)  

Sendo   esta   uma   variável   ordinal,   deve   ser   analisada   de   duas   formas.   Primeiro,  

tentando  perceber  quais  as  características  da  variável  e  depois  como   interage  com  a  

variável  reposta.  

 

 

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  45  

Mínimo   1º  Quartil   Mediana   Média   3º  Quartil   Max  

1   4   5   5,378   6   10  

Quadro  76  –  Análise  Descritiva  da  Variável  d61.  

 

resp30/d61  1   2   3   4   5   6   7   8   9   10  

Total  

0   34   62   227   407   787   558   393   183   35   11   2697  

1   1   2   8   20   72   73   47   17   7   2   249  

Total   35   64   235   427   859   631   440   200   42   13   2946  

Quadro  77  –  Tabela  de  Contingência:  Variável  d61  vs  Variável  Resposta.  

 Nota:  Variável  Idade  

Nesta   modelação   estatística   também   não   será   possível   introduzir   a   variável   idade   no  

modelo,   isto  porque  a  variável  resposta  é  construída  a  partir  das  idades  dos  indivíduos  e  isso  

compromete  a  independência  da  variável  em  relação  à  idade.  

No   entanto,   uma   análise   breve   caracterizadora   da   amostra   em   relação   à   idade   é,   como  

referido  atrás,  sempre  necessária  e  interessante.  

Mínimo   1º  Quartil   Mediana   Média   3º  Quartil   Max  

15   38   50   51,5   64   94  

Quadro  78  –  Análise  Descritiva  da  Variável  Idade.  

Em  comparação  com  a  amostra  anterior,  pode-­‐se  observar  que  se  trata  de  uma  amostra  

populacional  com  uma  média  de  idades  mais  elevada.  

 

4.2.  Análise  Univariada  

Na  fase  de  modelação  proceder-­‐se-­‐á  de  forma   idêntica  à  anterior.  Primeiro,  efectua-­‐se  o  

ajustamento   do   modelo   nulo.   Em   seguida,   constroem-­‐se   modelos   univariados   para   cada  

variável  estudada  e   regista-­‐se  os  valores  da  estimativa,  erro  padrão,  estatística  de   teste  e  p-­‐

value  de  Wald.    Com  esses  dados  é  possível  tomar  uma  decisão  quanto  à  utilização  ou  não  de  

cada  variável  na  fase  seguinte  da  modelação.  

O   seguinte   quadro   regista   os   respectivos   coeficientes   de   cada   modelo   univariado  

construído  para  o  primeiro  grupo  de  variáveis,  assim  como  do  modelo  nulo.  

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  46  

Variáveis  de  Percepção  da  Vida  do  Indivíduo  

Modelo   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  Est.  Teste   p-­‐value   AIC  

Nulo   (Intercept)   -­‐2,3950   0,0658   -­‐36,4   <2e-­‐16  ***   1735,4  

Visão  Global  da  sua  Vida  Satisfeito  vs  

Não  Satisfeito  -­‐0,1486   0,1436   -­‐1,04   0,301   1735,8  

Percepção  da  área  que  vive   Boa  vs  Má   0,2429   0,1584   1,53   0,125   1728,6  

Percepção  do  SNS   Bom  vs  Mau   0,3020   0,1335   2,26   0,0237  *   1724,5  

Percepção  do  Sistema  de  

Pensões  Bom  vs  Mau   -­‐0,1220   0,1564   -­‐0,78   0,435   1699,2  

Percepção  dos  Subsídios  a  

Desempregados  Bom  vs  Mau   -­‐0,2297   0,1639   -­‐1,40   0,161   1631,7  

Percepção  do  Custo  de  Vida   Bom  vs  Mau   -­‐0,2858   0,1971   -­‐1,45   0,147   1733,5  

Percepção  do  Combate  à  

Desigualdade  e  Pobreza  Bom  vs  Mau   0,0685   0,1629   0,42   0,674   1695,1  

Percepção  do  Acesso  à  

Habitação  Bom  vs  Mau   -­‐0,4029   0,1828   -­‐2,20   0,0275  *   1720,4  

Percepção  da  Situação  

Económica  Boa  vs  Má   -­‐0,2762   0,2462   -­‐1,12   0,262   1734,3  

Percepção  da  sua  Situação  

do  Emprego  Boa  vs  Má   -­‐0,1527   0,1352   -­‐1,13   0,259   1639,2  

Percepção  da  Situação  

Financeira  do  Agregado  Boa  vs  Má   -­‐0,3491   0,1348   -­‐2,59   0,0096  **   1720,2  

Percepção  da  Situação  do  

Emprego  Boa  vs  Má   -­‐0,2400   0,2404   -­‐1,00   0,318   1735,2  

Quadro  79  –  Modelos  Univariados  para  Variáveis  de  Percepção.  

Tratando-­‐se   duma   análise   com   poucos   eventos,   tendo   em   conta   o   número   total   da  

amostra,  procederemos  à  recolha  das  variáveis  significativas  para  valores  inferiores  a  1%  de  p-­‐

value  de  Wald.  Olhando  a  esse  limite,  pode-­‐se  constatar  pelo  quadro  anterior  que  apenas  uma  

variável   apresenta   valores   relevantes   abaixo  de  1%:  percepção  do   indivíduo   relativamente   à  

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  47  

situação  financeira  do  agregado  familiar  (0,0096).  Será  apenas  essa  variável  a  transitar  para  a  

próxima  fase  de  ajustamento  de  um  modelo  multivariado.  

No  próximo  quadro  são  colocados  os  modelos  e   respectivos  coeficientes  para  o  segundo  

grupo  de  variáveis.  

Variáveis  de  Expectativa  do  Indivíduo  para  o  próximo  ano  

Modelo   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  p-­‐value   AIC  

Expectativa  para  a  sua  vida  

no  geral  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,9224   0,1514   -­‐6,09   1,13e-­‐09  ***   1659  

Expectativa  para  a  área  que  

vive  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  0,0962   0,1510   0,64   0,524   1715  

Expectativa  no  SNS  Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,4232   0,1871   -­‐2,26   0,0237  *   1705,3  

Expectativa  no  Sistema  de  

Pensões  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,2354   0,2310   -­‐1,02   0,308   1696,3  

Expectativas  nos  Subsídios  

a  Desempregados  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,3534   0,2202   -­‐1,61   0,108   1682,2  

Expectativas  no  Custo  de  

Vida  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,3718   0,2199   -­‐1,69   0,0908  .   1706,5  

Expectativa  no  Combate  à  

Desigualdade  e  Pobreza  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,4673   0,2019   -­‐2,32   0,0206  *   1695  

Expectativa  no  Acesso  à  

Habitação  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,4467   0,1989   -­‐2,25   0,0247  *   1701,9  

Expectativa  na  Situação  

Económica  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,1954   0,2020   -­‐0,97   0,333   1712,7  

Expectativa  na  sua  Situação  

do  Emprego  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,9753   0,1682   -­‐5,80   6,62e-­‐09  ***   1625,7  

Expectativa  na  Situação  

Financeira  do  Agregado  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,9930   0,1688   -­‐5,88   4,05e-­‐09  ***   1658,8  

Expectativa  na  Situação  do  

Emprego  

Melhor  vs  Pior  

ou  na  Mesma  -­‐0,2022   0,1898   -­‐1,07   0,287   1694,1  

Quadro  80  –  Modelos  Univariados  para  Variáveis  de  Expectativa.  

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  48  

Neste  segundo  conjunto  de  variáveis,  e  adoptando  mais  uma  vez  um  nível  de  significância  

bastante  baixo  de  1%,  verifica-­‐se  a  relevância  de  três  variáveis:  expectativa  para  a  sua  vida  no  

geral  (p-­‐value=1,13e-­‐09);  expectativa  perante  a  sua  situação  de  emprego  (p-­‐value=6,62e-­‐09);  e  

expectativa  perante  a  situação  financeira  do  agregado  familiar  (p-­‐value=4,05e-­‐09).  Serão  estas  

variáveis  que  serão  utilizadas  para  a  próxima  fase  de  modelação.  

De  seguida  são  apresentados  os  coeficientes  para  o  terceiro  grupo  de  variáveis.  

Variáveis  Caracterizadoras  do  Indivíduo  

Modelo   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  p-­‐value   AIC  

País  

Portugal  vs  Grécia   1,3537   0,2181   6,23   4,59e-­‐10  ***  

1694,6  Portugal  vs  Espanha   0,8873   0,2297   3,86   0,0001  ***  

Portugal  vs  Itália   1,0213   0,2239   4,56   5,09e-­‐06  ***  

Estado  Civil  Cas+Parc  vs  

Solt+Div+Viu  1,2861   0,1343   9,58   <2e-­‐16  ***   1641,4  

Género   Homem  vs  Mulher   -­‐0,9022   0,1376   -­‐6,56   5,52e-­‐11  ***   1692,1  

Condição  Perante  o  

Trabalho  

Empregado  vs  

Desempregado  -­‐1,5855   0,1603   -­‐9,891   <2e-­‐16  ***   1616,4  

Região  onde  Vive  Peq+Med  Cidade  vs  

Grande  Cidade  0,0534   0,1471   0,36   0,717   1736,9  

Grau  Académico  

Concluído  

Inf.  Univer.  vs  Sup.  

Univer.  1,2498   0,1512   8,27   <2e-­‐16  ***   1651,1  

Dificuldades  em  

Pagar  as  Contas  

Muitas  Vezes  vs  

Alg+Raras+Nunca  0,0900   0,1338   0,672   0,501   1723  

Como  se  vê  na  

sociedade  Contínua  1  a  10   0,2093   0,0431   4,86   1,16e-­‐06  ***   1686,7  

Quadro  81  –  Modelos  Univariados  para  Variáveis  Caracterizadoras  dos  Indivíduos.  

 

Das  oito  (8)  variáveis  caracterizadoras  do  indivíduo  analisadas  seis  (6)  apresentam  valores  

de  p   inferiores  a  0,01.  Apenas  a  variável  que  retracta  a  região  onde  o   indivíduo  vive  e  a  que  

representa  as  dificuldades  em  pagar  as  contas  ao  final  do  mês  apresentaram  valores  residuais  

de  relevância.  

Observando  globalmente  os  resultados  obtidos  na  análise  univariada,  chega-­‐se  ao  seguinte  

conjunto  de  variáveis  significativas  a  1%:  

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  49  

1) Como  avalia  a  situação  financeira  do  seu  agregado  familiar;  

2) Quais   as   expectativas   que   tem  em   relação   à   sua   vida   em  geral   para   os   próximos   12  

meses;  

3) Quais   as   expectativas   em   relação   à   sua   situação   de   emprego   para   os   próximos   12  

meses;  

4) Quais   as   expectativas   que   tem   em   relação   à   situação   financeira   do   seu   agregado  

familiar  para  os  próximos  12  meses;  

5) País;  

6) Estado  Civil;  

7) Género;  

8) Condição  Perante  o  Trabalho;  

9) Último  Grau  Académico  concluído;  

10) Como  se  vê  na  sociedade;  

O  quadro  seguinte  apresenta  os  valores  de  Odds  Ratio  e   Intervalos  de  Confiança  para  as  

variáveis  significativas  nos  modelos  univariados.  

Modelo   Categoria   OR   IC  95%   p-­‐value  

Percepção  da  Situação  

Financeira  do  Agregado  Boa  vs  Má   0,7053  

]0,5415  ;  

0,9187[  0,0096  **  

Expectativa  para  a  sua  

vida  no  geral  

Melhor  vs  Pior  ou  

Na  Mesma  0,3976  

]0,2955  ;  

0,5350[  1,13e-­‐09  ***  

Expectativa  na  sua  

Situação  do  Emprego  

Melhor  vs  Pior  ou  

Na  Mesma  0,3771  

]0,2712  ;  

0,5243[  6,62e-­‐09  ***  

Expectativa  na  Situação  

Financeira  do  Agregado  

Melhor  vs  Pior  ou  

Na  Mesma  0,3704  

]0,2661  ;  

0,5157[  4,05e-­‐09  ***  

País  

Portugal  vs  Grécia   3,8716  ]2,5294  ;  

5,9261[  4,59e-­‐10  ***  

Portugal  vs  Espanha   2,4286  ]1,5481  ;  

3,8097[  0,0001  ***  

Portugal  vs  Itália   2,7767  ]1,7903  ;  

4,3066[  5,09e-­‐06  ***  

Estado  Civil  Cas+Parc  vs  

Solt+Div+Viu  3,6185  

]2,7810  ;  

4,7083[  <2e-­‐16  ***  

Género   Homem  vs  Mulher   0,4057   ]0,3098  ;   5,52e-­‐11  ***  

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0,5313[  

Condição  Perante  o  

Trabalho  

Empregado  vs  

Desempregado  0,2048  

]0,1496  ;  

0,2805[  <2e-­‐16  ***  

Grau  Académico  Concluído  Inf.  Univer.  vs  Sup.  

Univer.  3,4898  

]2,5950  ;  

4,6932[  <2e-­‐16  ***  

Como  se  vê  na  sociedade   1  a  10  Contínua   1,2329  ]1,1331  ;  

1,3414[  1,16e-­‐06  ***  

Quadro  82  –  Odds  Ratio  e  Intervalos  de  Confiança  para  Variáveis  Significativas  a  1%  na  Modelação  Univariada.  

   Observando   os   valores   de  Odds   Ratio   e   os   respectivos   intervalos   de   confiança,   para   as  

variáveis  com  nível  de  significância  abaixo  do  1%,  pode-­‐se  tirar  as  seguintes  conclusões:  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter  intenção  

de   ter  e  que  avalia  a   situação   financeira  do   seu  agregado   familiar   como  sendo  má  é  

30%   inferior   à   de   um   indivíduo   nas   mesmas   condições   mas   que   avalia   a   situação  

financeira  do  seu  agregado  familiar  como  sendo  boa;  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter  intenção  

de  ter  e  com  uma  expectativa  global  de  que  a  sua  vida  irá  piorar  ou  ficar  na  mesma  nos  

próximos  12   anos  é   cerca  de  60%   inferior   à  de  um   indivíduo  nas  mesmas   condições  

mas  que  tenha  uma  expectativa  global  de  que  a  sua  vida  irá  melhorar;  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter  intenção  

de  ter  e  com  uma  expectativa  de  que  a  sua  situação  de  emprego  irá  piorar  ou  ficar  na  

mesma  nos  próximos  12  anos  é  cerca  de  63%  inferior  à  de  um  indivíduo  nas  mesmas  

condições   mas   que   tenha   uma   expectativa   de   que   a   sua   situação   de   emprego   irá  

melhorar;  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter  intenção  

de  ter  e  com  uma  expectativa  de  que  a  situação  financeira  do  seu  agregado  familiar  irá  

piorar   ou   ficar   na   mesma   nos   próximos   12   anos   é   cerca   de   63%   inferior   à   de   um  

indivíduo   nas  mesmas   condições  mas   que   tenha   uma   expectativa   de   que   a   situação  

financeira  do  seu  agregado  familiar  irá  melhorar;  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter  intenção  

de  ter,   residente  na  Grécia,  é  quase  4  vezes  superior  à  de  um   indivíduo  nas  mesmas  

condições  mas  residente  em  Portugal;  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter  intenção  

de   ter,   residente   na   Espanha,   é   quase   2,5   vezes   superior   à   de   um   indivíduo   nas  

mesmas  condições  mas  residente  em  Portugal;  

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  51  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter  intenção  

de   ter,   residente   Itália,   é  mais   de  2,5   vezes   superior   à  de  um   indivíduo  nas  mesmas  

condições  mas  residente  em  Portugal;  

• A  possibilidade   de   um   indivíduo   solteiro,   divorciado   ou   viúvo   com  30   anos   ou  mais,  

não   ter   filhos   mas   ter   intenção   de   ter   é   3,6   vezes   superior   à   de   um   indivíduo   nas  

mesmas  condições  mas  que  seja  casado  ou  que  tenha  parceiro;  

• A  possibilidade  de  uma  mulher  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter   intenção  

de  ter  é  quase  60%  inferior  à  de  um  homem  nas  mesmas  condições;  

• A  possibilidade  de  um   indivíduo  desempregado   com  30   anos  ou  mais,   não   ter   filhos  

mas   ter   intenção   de   ter   é   quase   80%   inferior   à   de   um   indivíduo   empregado   nas  

mesmas  condições;  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  um  grau  académico  concluído   igual  ou  superior  

ao  do  Ensino  Superior,  com  30  anos  ou  mais,  não  ter  filhos  mas  ter  intenção  de  ter  é  

quase   3,5   superior   à   de   um   indivíduo   nas   mesmas   condições   mas   com   um   grau  

académico  concluído  inferior  ao  Ensino  Superior;  

• A  possibilidade  de  um  indivíduo  com  mais  de  30  anos  não  ter  filhos  mas  com  intenção  

de   ter,   aumenta   cerca   de   25%   por   cada   aumento   de   1   unidade   na   visão   que   esse  

mesmo  indivíduo  tem  de  si  na  sociedade.  

 

 

4.3.  Análise  Multivariada  

Nesta  fase,  o  primeiro  passo  é  utilizar  as  variáveis  significativas  a  1%  da  análise  univariada  

para  construir  um  modelo  multivariado.  Como  foi  realizado  para  o  modelo  anterior  com  uma  

diferente  variável  resposta,  as  variáveis  que  não  contribuem  a  um  nível  de  significância  de  5%  

serão   retiradas   e   um   novo   modelo   ajustado.   Este   processo   deve   ser   realizado   até   ter   um  

modelo   ajustado   com   todas   as   variáveis   com   um   nível   de   significância   abaixo   dos   5%.   Este  

processo  foi  efectuado  para  as  dez  (10)  variáveis  significativas  a  1%  da  análise  univariada,  em  

seguida   incluíram-­‐se   no  modelo   final   as   variáveis   que   apresentaram   valores   de   significância  

abaixo  de  10%  na  análise  univariada  uma  a  uma  e  verificou-­‐se  se  apresentavam  relevância  no  

modelo  multivariado  ajustado.  O  modelo  apresentado  no  quadro  seguinte   foi  o  modelo   final  

ajustado,  com  as  variáveis  que  apresentaram  valores  de  significância  abaixo  dos  5%:  

 

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  52  

Variáveis   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  p-­‐value  

  (Intercept)   -­‐2,1295   0,2970   -­‐7,17   7,59e-­‐13  ***  

Expectativa  para  a  

sua  vida  no  geral  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  -­‐0,5181   0,2217   -­‐2,34   0,0194  *  

Expectativa  na  

Situação  Financeira  

do  Agregado  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  -­‐0,6283   0,2473   -­‐2,54   0,0111  *  

País  

Portugal  vs  Grécia   1,3430   0,2402   5,59   2,24e-­‐08  ***  

Portugal  vs  Espanha   0,7261   0,2598   2,80   0,0052  **  

Portugal  vs  Itália   0,9299   0,2518   3,69   0,0002  ***  

Estado  Civil  Cas+Parc  vs  

Solt+Div+Viu  1,8149   0,1602   11,33   <2e-­‐16  ***  

Género   Homem  vs  Mulher   -­‐0,9601   0,1589   -­‐6,04   1,51e-­‐09  ***  

Condição  Perante  o  

Trabalho  

Empregado  vs  

Desempregado  -­‐1,4737   0,1832   -­‐8,04   8,77e-­‐16  ***  

Grau  Académico  

Concluído  

Inf.  Univer.  vs  Sup.  

Univer.  0,9307   0,1776   5,24   1,60e-­‐07  ***  

AIC:  1275,3  

Quadro  83  –  Modelo  Multivariado  Final  sem  Procura  de  Interacções.  

Para  avaliar  o  grau  de  resposta  das  covariáveis  calcula-­‐se  o  valor  de  𝑅!:  

 

𝑅! = 1 −!"#$%&'"  !"#$%&'(

!"  !"#$%&'(!"#$%&'"  !"#.!"#$

!"  !"#.!"#$

= 1 −!"##,!!"#$!"!#!"#$

= 1 − 0,7783 = 0,2217  

 

Pode-­‐se  concluir  que  as  covariáveis  existentes  no  modelo  explicam  cerca  de  22%  da  variável  

resposta.  

 

 

 

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  53  

Pressupostos  do  Modelo  

É   necessário   uma   observação   cuidada   às   diversas   variáveis   no   modelo.   No   caso   das  

variáveis  discretas  uma  análise   a   cada  uma  das   categorias   e  no   caso  das   variáveis   contínuas  

verificar  o  pressuposto  da  linearidade.  

Este   modelo   só   apresenta   variáveis   discretas   como   significativas,   portanto   não   será  

necessário  verificar  a  linearidade  de  qualquer  variável  contínua.  Quanto  às  variáveis  discretas  

e   a   sua  homogeneidade  na  distribuição  de  eventos  por   categorias,   essa   análise   foi   realizada  

inicialmente   e   não   se   verificou   nenhum   caso   que   pudesse   suscitar   problemas   aquando   do  

ajustamento   dos   modelos.   Assim   sendo,   pode-­‐se   concluir   que   o   pressuposto   da  

homogeneidade  nas  variáveis  discretas  e  linearidade  das  variáveis  contínuas  foram  satisfeitos  

e   validados.   Concluindo-­‐se   que   o   modelo   final   sem   interacções   é   o   obtido   e   analisado  

anteriormente.  

Ajustado   um   modelo   final,   ainda   sem   interacções   procuradas,   é   possível   calcular   Odds  

Ratio   e   respectivos   intervalos   de   confiança   a   95%  para   cada   uma  das   covariáveis.  O   quadro  

seguinte  resume  essa  informação:  

Variáveis   Categoria   OR   IC  95%   p-­‐value  

Expectativa  para  a  

sua  vida  no  geral  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  0,5957  

]0,3858  ;  

0,9198[  0,0194  *  

Expectativa  na  

Situação  Financeira  

do  Agregado  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  0,5335  

]0,3286  ;  

0,8663[  0,0111  *  

País  

Portugal  vs  Grécia   3,8307  ]2,3924  ;  

6,1335[  2,24e-­‐08  ***  

Portugal  vs  Espanha   2,0670  ]1,2422  ;  

3,4394[  0,0052  **  

Portugal  vs  Itália   2,5343  ]1,5471  ;  

4,1516[  0,0002  ***  

Estado  Civil  Cas+Parc+Div+Viu  

vs  Solt  6,1408  

]4,4858  ;  

8,4062[  <2e-­‐16  ***  

Género   Homem  vs  Mulher   0,3829  ]0,2804  ;  

0,5227[  1,51e-­‐09  ***  

Condição  Perante  o  

Trabalho  

Empregado  vs  

Desempregado  0,2291  

]0,1600  ;  

0,3280[  8,77e-­‐16  ***  

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Grau  Académico  

Concluído  

Inf.  Univer.  vs  Sup.  

Univer.  2,5384  

]1,7907  ;  

3,5925[  1,60e-­‐07  ***  

Quadro  84  –  Odds  Ratio  e  Intervalos  de  Confiança  para  o  Modelo  Multivariado  Final  sem  Procura  de  Interacções.  

 De  um  modo  geral  a  interpretação  realizada  na  análise  univariada  destas  variáveis  não  se  

altera  de  uma  forma  muito  acentuada.  

A  possibilidade  de  um  indivíduo  pretender  ter  filhos  depois  dos  30  anos  e  não  tendo  filhos,  

diminui   para   quem   tem   expectativas   negativas   ao   nível   da   situação   financeira   o   agregado  

familiar,   quando   comparados   com   indivíduos   nas   mesmas   condições   mas   com   expectativas  

positivas.  Neste  caso  diminui  em  mais  de  metade,  essa  possibilidade  de  intenção.  

Verifica-­‐se   novamente   uma  maior   possibilidade   na   intenção   de   ter   filhos   depois   dos   30  

anos   quando   ainda   não   se   tem   nenhum   para   residentes   na   Grécia,   Espanha   e   Itália,  

comparativamente  aos  indivíduos  residentes  em  Portugal.  No  caso  de  indivíduos  gregos  existe  

uma   possibilidade   quase   4   vezes   superior   a   indivíduos   portugueses.   A   possibilidade   para  

residentes  em  Espanha  é  2  vezes  superior  quando  comparados  com  residentes  em  Portugal.  E  

por  fim  para  indivíduos  em  Itália  a  possibilidade  na  intenção  de  ter  filhos  é  mais  de  2,5  vezes  

superior  a  indivíduos  em  Portugal.  

A  possibilidade  de  um  solteiro,  divorciado  ou  viúvo  com  30  anos  ou  mais,  sem  filhos  e  com  

intenção  de  ter  é  mais  de  6  vezes  superior  à  de  um  indivíduo  com  as  mesmas  características,  

sendo  casado  ou  com  parceiro  conjugal.  

A  possibilidade  de  uma  mulher  com  30  anos  ou  mais,  sem  filhos,  ter  intenção  de  ter  é  mais  

de  60%  inferior  à  de  um  homem  com  as  mesmas  características.    

A   possibilidade   de   um   indivíduo   desempregado   com  mais   de   30   anos   ou  mais,   não   ter  

filhos  mas  ter  intenção  de  ter  é  inferior  em  quase  80%  do  que  um  indivíduo  empregado  com  as  

mesmas  características.  

Por   fim,   a   possibilidade   de   um   indivíduo   com   um   grau   académico   concluído   igual   ou  

superior  ao  Ensino  Superior,  não  te  filhos  mas  ter  intenção  de  ter  é  mais  de  2,5  vezes  e  meia  

superior   à   de   um   indivíduo   com   as   mesmas   características   mas   tendo   um   grau   académico  

concluído  inferior  ao  Ensino  Superior.  

 

 

 

 

 

 

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  55  

Procura  de  Interacções  

Mais   uma   vez,   uma   das   fases   necessárias   à   conclusão   duma   modelação   estatística   é   a  

necessidade   de   procurar   interacções   entre   as   variáveis   ajustadas   no   modelo   multivariado.  

Resume-­‐se  à  necessidade  de  tentar  averiguar  se  existe  relação  no  modelo  entre  duas  ou  mais  

das  variáveis  dadas  como  relevantes  ou  significativas.    

No   quadro   seguinte   apresenta-­‐se   todas   as   interacções   que   foram   dadas   como  

significativas,   a   5%,   aquando   da   utilização   do   teste   de   razão   de   verosimilhança.   O   quadro  

expõe  os  coeficientes  estimados,  o  desvio  padrão  dos  mesmos,  a  estatística  de  teste,  o  p-­‐value  

de  Wald  e  também  o  p-­‐value  do  teste  de  razão  de  verosimilhança.  

   

Interacção   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  

p-­‐value  

Wald  p-­‐value  TRV  

País  vs  Género  

0,3601   0,5291   0,68   0,4962  

0,0153  *  0,3629   0,5649   0,64   0,5206  

1,3628   0,5360   2,54   0,0110  *  

Expectativa  para  a  sua  

vida  no  geral  vs  Condição  

Perante  o  Trabalho  

-­‐1,2975   0,3922   -­‐3,31   0,0009  ***   0,0013  **  

Expectativa  na  Situação  

Financeira  do  Agregado  

vs  Condição  Perante  o  

Trabalho  

-­‐1,5810   0,4255   -­‐3,72   0,0002  ***   0,0003  ***  

Género  vs  Estado  Civil   -­‐1,0878   0,3130   -­‐3,48   0,0005  ***   0,0005  ***  

Quadro  85  –  Interacções  Significativas  a  5%  no  Modelo  Multivariado  Final.  

 Procurando   interacções   individualmente,   constata-­‐se   que   existem  quatro   (4)   interacções  

que  se  relevam  significativas  a  5%  quando  efectuado  o  teste  de  razão  de  verosimilhança.  

O  próximo  passo  na  modelação  é  a   integração  de  todas  as   interacções  no  modelo  final  e  

verificar  qual  delas  se  mantém  significativas  na  presença  das  restantes.  

Observou-­‐se   a   não   significância,   a   1%,   de   duas   das   interacções   quando   colocadas   no  

modelo  em  conjunto  e  executado  o  teste  de  razão  de  verosimilhança  para  os  dois  casos.  Posto  

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  56  

isto,   é   possível   apresentar   um   modelo   ajustado   com   as   diversas   variáveis   e   interacções  

significativas.  

Variáveis   Categoria   Estimativa  Erro  

Padrão  

Est.  

Teste  p-­‐value  

  (Intercept)   -­‐2,6618   0,3315   -­‐8,03   9,71e-­‐16  ***  

Expectativa  para  a  sua  

vida  no  geral  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  -­‐0,5174   0,2231   -­‐2,32   0,0204  *  

Expectativa  na  

Situação  Financeira  do  

Agregado  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  -­‐0,2223   0,2800   -­‐0,79   0,4273  

País  

Portugal  vs  Grécia   1,3697   0,2456   5,58   2,44e-­‐08  ***  

Portugal  vs  Espanha   0,7218   0,2647   2,73   0,0064  **  

Portugal  vs  Itália   0,9556   0,2564   3,73   0,0002  ***  

Estado  Civil  Cas+Parc  vs  

Solt+Div+Viu  2,2919   0,2076   11,04   <2e-­‐16  ***  

Género   Homem  vs  Mulher   -­‐0,4532   0,2068   -­‐2,19   0,0284  *  

Condição  Perante  o  

Trabalho  

Empregado  vs  

Desempregado  -­‐0,2304   0,3726   -­‐0,62   0,5363    

Grau  Académico  

Concluído  

Inf.  Univer.  vs  Sup.  

Univer.  0,9054   0,1784   5,07   3,89e-­‐07  ***  

Expectativa  na  

Situação  Financeira  do  

Agregado  vs  Condição  

Perante  o  Trabalho  

  -­‐1,5822   0,4281   -­‐3,70   0,0002  ***  

Género  vs  Estado  Civil     -­‐1,0865   0,3144   -­‐3,46   0,0005  ***  

AIC:  1254,3  

Quadro  86  –  Modelo  Multivariado  Final.  

   

 

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Para  avaliar  o  grau  de  resposta  das  covariáveis  calcula-­‐se  o  valor  de  𝑅!:  

 

𝑅! = 1 −!"#$%&'"  !"#$%&'(

!"  !"#$%&'(!"#$%&'"  !"#.!"#$

!"  !"#.!"#$

= 1 −!"#$,!!"#!!"!#!"#$

= 1 − 0,7634 = 0,2366  

 

 

Concluindo-­‐se   que   as   covariáveis   existentes   no  modelo   explicam   quase   24%   da   variável  

resposta,  aumentando  ligeiramente  em  relação  ao  modelo  sem  interacções.  

Verificando-­‐se   interacções   no   modelo   final,   é   necessário   precaução   aquando   da  

interpretação   dos   dados.   O   cálculo   dos  Odds   Ratio   é   apenas   feito   de   forma   directa   para   as  

variáveis  que  não  apresentam  interacções.  O  quadro  seguinte  apresenta  esses  mesmos  valores  

para  essas  três  (3)  variáveis:  

 

Variáveis   Categoria   OR   IC  95%   p-­‐value  

Expectativa  para  a  

sua  vida  no  geral  

Melhor  vs  Pior  ou  

na  Mesma  0,5961  

]0,3850  ;  

0,9230[  0,0204  *  

País  

Portugal  vs  Grécia   3,9343  ]2,4313  ;  

6,3665[  2,44e-­‐08  ***  

Portugal  vs  Espanha   2,0581  ]1,2250  ;  

3,4578[  0,0064  **  

Portugal  vs  Itália   2,6003  ]1,5732  ;  

4,2980[  0,0002  ***  

Grau  Académico  

Concluído  

Inf.  Univer.  vs  Sup.  

Univer.  2,4730  

]1,7432  ;  

3,5084[  3,89e-­‐07  ***  

Quadro  87  –  Odds  Ratio  e  Intervalos  de  Confiança  para  Variáveis  sem  Interacções  no  Modelo  Multivariado  Final.  

   No  que  se  refere  às  outras  quatro  (4)  variáveis  que  apresentam  interacções  no  modelo,  é  

necessário  calcular  esses  Odds  Ratio  de  uma  outra  forma.  Fixando-­‐se  cada  categoria  é  possível  

calcular  os  Odds  Ratio  para  cada  variável.  

 

 

 

 

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• Interacção:  Expectativa  na  Situação  Financeira  do  Agregado  vs  Condição  Perante  o  Trabalho    

Expectativa  na  Situação  Financeira  do  Agregado  vs  Condição  Perante  o  Trabalho  (OR  -­‐>  IC  95%)  

  Empregado  vs  Desempregado  

Fixando  Expectativas  =  Melhor   0,7942 →]0,3826  ; 1,6485[  

Fixando  Expectativas  =  Pior  ou  Na  Mesma   0,1632 →]0,1070  ; 0,2491[  ***  

Quadro  88  –  Odds  Ratio  e  Intervalos  de  Confiança  para  a  Interacção  Expectativa  da  Situação  Financeira  do  Agregado  vs  Condição  Perante  o  Trabalho,  fixada  a  Variável  de  Expectativa.  

 

Expectativa  na  Situação  Financeira  do  Agregado  vs  Condição  Perante  o  Trabalho  (OR  -­‐>  IC  95%)  

  Melhor  vs  Pior  ou  na  Mesma  

Fixando  Condição  =  Empregado   0,8007 →]0,4625  ; 1,3861[  

Fixando  Condição  =  Desempregado   0,1647 →]0,0769  ; 0,3521[  ***  

Quadro  89  –  Odds  Ratio  e  Intervalos  de  Confiança  para  a  Interacção  Expectativa  da  Situação  Financeira  do  Agregado  vs  Condição  Perante  o  Trabalho,  fixada  a  Variável  Condição  Perante  o  Trabalho.  

 Observando  os  valores  apresentados  nos  intervalos  de  confiança  é  possível  afirmar  que  em  

dois  dos  casos  não  são  registados  valores  significativas  (o  valor  1  situa-­‐se  no  intervalo).  Assim  

sendo,   serão   apenas   interpretados   os   valores   estatisticamente   significativos:   1)   indivíduos  

desempregados,  com  mais  de  30  anos,  com  expectativas  negativas  (piorar  ou  na  mesma)  em  

relação  à  situação  financeira  do  seu  agregado  familiar  têm  uma  possibilidade  de  desejarem  o  

primeiro  filho  inferior  em  cerca  de  85%  quando  comparados  com  indivíduos  empregados  nas  

mesmas   circunstâncias;   2)   um   indivíduo  desempregado  que   tenha  uma  expectativa  negativa  

em  relação  à  situação  financeira  do  seu  agregado  familiar,  tem  uma  possibilidade  de  desejar  o  

primeiro   filho   inferior   em   cerca   de   85%   quando   comparado   com   um   indivíduo   nas  mesmas  

circunstâncias  mas  com  expectativas  positivas  (melhorar)  em  relação  à  situação  financeira  do  

seu  agregado  familiar.    

         

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• Interacção:  Género  vs  Estado  Civil  

 

Género  vs  Estado  Civil  (OR  -­‐>  IC  95%)  

  Casados+Parceiros  vs  Solteiros+Divor+Viuvos  

Fixando  Género  =  Homem   9,8933 →]6,5861  ; 14,8612[  ***???  

Fixando  Género  =  Mulher   3,3379 →]2,0710  ; 5,3797[  ***???  

Quadro  90   –  Odds  Ratio   e   Intervalos   de  Confiança  para   a   Interacção  Género   vs   Estado  Civil,   fixada   a  Variável  Género.  

 

Género  vs  Estado  Civil  (OR  -­‐>  IC  95%)  

  Homem  vs  Mulher  

Fixando  Est.  Civil  =  Casados+Parceiros   0,6356 →]0,4238  ; 0,9533[  ***???  

Fixando  Est.  Civil  =  Solteiros+Divor+Viuvos   0,2145 →]0,1345  ; 0,3420[  ***???  

Quadro  91   –  Odds  Ratio   e   Intervalos   de  Confiança  para   a   Interacção  Género   vs   Estado  Civil,   fixada   a  Variável  Estado  Civil.  

 

Nesta   interacção,  nenhum  dos   intervalos  engloba  o  valor  1,  portanto   todos  os  casos   são  

significativos   e   podem   ser   interpretados   de   forma   quantitativa.   Assim   sendo,   fixando   as  

categorias  da  variável  género:  1)  um  homem  com  mais  de  30  anos  que  seja  solteiro,  divorciado  

ou  viúvo  tem  uma  possibilidade  quase  10  vezes  superior  de  desejar  ter  um  primeiro  filho  do  

que   um  homem   casado   e   com  parceiro   nas  mesmas   circunstâncias;   2)   uma  mulher   solteira,  

divorciada  ou  viúva  tem  uma  possibilidade  mais  de  3  vezes  superior  de  desejar  ter  um  primeiro  

filho   depois   dos   30   anos   do   que   uma   mulher   casada   ou   com   parceiro,   nas   mesmas  

circunstâncias.  Quando  fixadas  as  categorias  da  variável  do  estado  civil:  1)  uma  mulher  casada  

ou  com  parceiro  com  mais  de  30  anos,   tem  uma  possibilidade  quase  40%  inferior  de  desejar  

ter  um  primeiro  filho  quando  comparada  com  um  homem  nas  mesmas  circunstâncias;  2)  uma  

mulher  com  mais  de  30  anos,  solteira,  divorciada  ou  viúva  tem  uma  possibilidade  quase  80%  

inferior  de  desejar  ter  um  primeiro  filho  do  que  um  homem  nas  mesmas  circunstâncias.  

 

 

 

 

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Validação,  Calibração  e  Bondade  de  Ajustamento  do  Modelo  

Para   efectuar   a   validação   dum   modelo   de   regressão   logística   como   o   utilizado   neste  

projecto  é  necessário   calcular  os   coeficientes  𝐷!",  𝑅!   e   Slope.  Os  valores  optimistas  médios  

destes  coeficientes  não  podem  exceder  os  0,10.  

No  quadro  seguinte  são   fornecidos  os  valores  dos  coeficientes  anteriores  para  o  modelo  

actual.  

Valores  optimistas  médios  

𝑫𝒙𝒚   𝑹𝟐   Slope  

0,0182   0,0172   0,0375  

Quadro  92  –  Coeficientes  para  validação  do  modelo.  

Como   se   pode   verificar   pelos   valores   calculados,   a   validação   do  modelo   foi   conseguida.  

Isto  porque,  como  foi  referido,  os  valores  de  cada  um  dos  coeficientes  fica  muito  abaixo  dos  

10%  colocados  como  limite.  

Para  verificar  o  grau  de  bondade  do  ajustamento  do  modelo  ajusta-­‐se  o  teste  de  bondade  

de  ajustamento  de  Cessie-­‐van  Houwelingen.  Este  valor  não  se  poderá  situar  abaixo  do   limiar  

de  significância  de  0,05.  

Teste  de  Cessie-­‐van  Houwelingen  

Valor-­‐p  

0,3454  

Quadro  93  –  Coeficiente  de  Cessie-­‐van  Houwelingen.  

Para   averiguar   a   calibração   do  modelo   final   encontrado   pode-­‐se   representar   o   seguinte  

gráfico   com   os   valores   observados   no   modelo   com   a   curva   das   estimativas   para   o  

enviesamento.  Uma  melhor  calibração  significa  as  curvas  mais  próximas.  

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 Figura  4  –  Gráfico  de  observação  da  calibração  do  modelo.  

 

Observando  o  gráfico  é  possível  concluir  que  a  calibração  é  muito  positiva,  não  existindo  

uma  grande  disparidade  de  valores  nas  curvas  apresentadas.  

 

Por   fim,   pode-­‐se   analisar   o   ajustamento   do   modelo   através   da   sensibilidade   e  

especificidade.  Essa  análise  é  feita  a  partir  da  Curva  ROC  representada  no  gráfico  seguinte.  

 Figura  5  –  Gráfico  da  Curva  ROC  e  critério  AUC.  

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Sensibilidade  e  especificidade  situam-­‐se  acima  ou  perto  dos  70%  e  a  área  abaixo  da  curva  

(AUC)   acima   dos   70%,   valor   considerado   aceitável.   Tudo   indicadores   de   um   modelo   bem  

ajustado  e  validado.  

   

4.4.  Conclusões  

De   um  modo   geral   pode-­‐se   concluir,  mais   uma   vez,   que   a   análise   descritiva   nos   garante  

uma   modelação   bem-­‐sucedida.   As   variáveis   apresentam   distribuições   homogéneas   nas  

diversas   categorias   não   sendo   necessário   retirar   qualquer   variável   devido   a   isso.   Se  

observarmos  com  mais  atenção  cada  uma  das  variáveis  caracterizadoras,  chega-­‐se  às  seguintes  

conclusões:  

• Nas   variáveis   de   percepção   é   curioso   verificar   que   existe   uma   variedade   de  

distribuições.   Existem   algumas   variáveis   (minoria)   que   apresentam   valores   de  

“Boa”   percepção   muito   maiores   que   os   valores   de   “Má”   percepção,   como   por  

exemplo,  a  percepção  que  tem  da  sua  vida  no  geral  ou  a  percepção  que  tem  em  

relação  à   sua  área  de   residência.  No  entanto,   também  há  variáveis   com  valores  

opostos,   como  a  percepção  que   tem  do   sistema  de  pensões  ou  dos   subsídios   a  

desempregados  (amostra  com  muito  mais  indivíduos  que  têm  uma  má  percepção  

destes   assuntos   do   que   boa).   Também   existe   variáveis   com   valores   muito  

semelhantes,  como  a  percepção  que  tem  do  sistema  de  saúde,  da  sua  situação  de  

emprego   ou   da   situação   financeira   do   agregado   familiar   (amostra   com   um  

número  muito  parecido  de  indivíduos  que  têm  percepção  má  e  boa).  

• Nas  variáveis  de  expectativa  é  curioso  verificar  que  à  excepção  de  uma  variável,  

todas  elas  apresentam  uma  expectativa  negativa  quanto  aos  próximos  12  meses.  

A   excepção   é   a   expectativa   que   os   indivíduos   têm   em   relação   à   sua   área   de  

residência,  com  uma  grande  maioria  a  acreditar  que   irá  melhorar.  Nas  restantes  

variáveis,  uma  grande  maioria  acredita  que  a  situação  descrita  irá  piorar  ou  ficar  

na  mesma.  

• Quando  observamos  os  valores  nas  variáveis  caracterizadoras  é  possível  verificar  

o   seguinte:   1)   embora   Portugal   apresente   a   maior   amostra,   é   o   país   que  

apresenta   menos   indivíduos   a   desejarem   ter   o   seu   primeiro   filho   em   idades  

depois  dos  30  anos;  pelo  contrário,  a  Grécia  apresenta  a  menor  amostra  e  é  o  país  

que  apresenta  o  maior  número  de  indivíduos  a  desejar  ter  o  seu  primeiro  filho  em  

idades  depois  dos  30  anos;  2)  existindo  um  número  muito  superior  de  indivíduos  

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casados  ou  com  parceiros  na  amostra  total  quando  comparados  com  os  solteiros,  

divorciados  ou  viúvos,  não  deixa  de  ser  interessante  observar  que  a  percentagem  

de  indivíduos  a  desejarem  ter  o  seu  primeiro  filho  em  idades  depois  dos  30  anos  é  

muito   superior   no   segundo   grupo   que   no   primeiro;   3)   não   obstante   o   facto   de  

existirem  mais  mulheres  que  homens,  os  valores  de  indivíduos  a  quererem  ter  o  

seu   primeiro   filho   em   idades   depois   dos   30   anos   é   praticamente   o   dobro   nos  

homens;   4)   numa   amostra   com  mais   desempregados   que   empregados,   existem  

muito  mais  indivíduos  com  mais  de  30  anos  empregados  a  desejar  o  primeiro  filho  

que   indivíduos   desempregados   nas  mesmas   condições;   5)   a   amostra   apresenta  

uma  grande  maioria  de  indivíduos  residentes  em  pequenas  ou  médias  cidades;  6)  

uma   pequena   maioria   dos   indivíduos   apresenta   muito   vezes   dificuldades   em  

pagar   as   contas   ao   final   do   mês;   7)   embora   a   grande   maioria   dos   indivíduos  

apresente   um   grau   académico   concluído   inferior   ao   Ensino   Superior,   a  

percentagem  de  indivíduos  com  mais  de  30  anos  a  desejar  ter  o  seu  primeiro  filho  

é  muito  superior  nos  indivíduos  com  grau  académico  concluído  superior  ao  Ensino  

Superior;  8)  a  média  de  idades  situa-­‐se  nos  51,5  anos,  metade  dos  indivíduos  da  

amostra  tem  idade  entre  os  38  e  os  64  anos  de  idade.  

A  modelação  univariada  apresentou  dez  (10)  variáveis  significativas  a  1%:  uma  (1)  variável  

de   percepção,   três   (3)   variáveis   de   expectativas   e   seis   (6)   variáveis   caracterizadoras   dos  

indivíduos.   Serão,   portanto,   estas   variáveis   que   se   apresentam   como   candidatas   a   estarem  

incluídas  no  modelo  final  multivariado.  Quando  calculados  os  Odds  Ratio  foi  possível  verificar  

que  nas  variáveis  de  percepção  e  expectativa  os  valores   indicam  uma  maior  possibilidade  de  

desejo   em   ter   o   primeiro   filho   por   parte   dos   indivíduos   com   boa   percepção   ou   com   uma  

melhor   expectativa,   quando   comparados   com   os   indivíduos   com   má   percepção   e   com  

expectativa   de   a   situação   se   manter   ou   piorar.   Nas   variáveis   caracterizadoras,   é   possível  

constatar   que:   1)   residentes   em   Portugal   têm   uma   menor   possibilidade   de   desejar   ter   o  

primeiro  filho  depois  dos  30  anos  quando  comparados  com  residentes  na  Grécia,  Espanha  ou  

Itália;  2)   indivíduos  casados  ou  com  parceiros   têm  uma  menor  possibilidade  de  desejar   ter  o  

primeiro   filho   depois   dos   30   anos   quando   comparados   com   os   restantes   indivíduos;   3)   os  

homens   têm  uma  maior  possibilidade  de  desejar   ter  o  primeiro   filho  depois  dos  30  anos  do  

que  as  mulheres;  4)  um  empregado  com  mais  de  30  anos  tem  maior  possibilidade  de  desejar  

ter  um  primeiro   filho  do  que  um  desempregado  nas  mesmas  circunstâncias;  5)  um   indivíduo  

com  mais  de  30  anos  com  o  Ensino  Superior  concluído  tem  maior  possibilidade  de  desejar  ter  

um  primeiro   filho  do  que  um   indivíduo  nas  mesmas  circunstâncias  mas   sem  Ensino  Superior  

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concluído;  6)  por  fim,  a  classificação  que  cada  um  faz  da  sua  situação  na  sociedade  influencia  

positivamente  a  possibilidade  de  desejar  um  primeiro  filho  depois  dos  30  anos.  

No  modelo  multivariado  final,  destaque  para  o  surgimento  de  interacções  significativas  e  de  

o  modelo   se   apresentar   com   excelentes   valores   de   validação   e   bondade   de   ajustamento.  O  

modelo  multivariado  final  apresenta  sete  (7)  variáveis  significativas  a  5%  e  duas  (2)  interacções  

significativas  a  1%,  quando  realizado  o  teste  de  razão  de  verosimilhança:  duas  (2)  variáveis  de  

expectativa  e  cinco   (5)  variáveis  caracterizadoras  dos   indivíduos.  A   interpretação  dos  valores  

de  Odds  Ratio  mantém-­‐se  bastante  próxima  da  realizada  na  modelação  univariada.  Destaque  

para   o   valor   calculado   para   a   interacção   do   género   com   o   estado   civil,   em   que   os   homens  

solteiros,  divorciados  ou  viúvos  apresentam  uma  possibilidade  quase  10  vezes  superior,  à  de  

homens  casados  ou  com  parceiros,  de  desejarem  ter  um  primeiro  filho  depois  dos  30  anos  de  

idade.  Ou  o  facto  da  possibilidade  de  uma  mulher  solteira,  divorciada  ou  viúva  de  desejar  ter  

um   primeiro   filho   depois   dos   30   anos   é   quase   80%   inferior   à   de   um   homem   nas   mesmas  

circunstâncias.    

Por   fim,   realizada   a   análise   de   validação   do   modelo,   assim   como   de   bondade   de  

ajustamento  do  mesmo,  é  possível  afirmar  que  o  modelo  apresenta  valores  de  ajustamento  e  

de   validação   muito   positivos.   Não   sendo,   tal   como   se   verificou   no   primeiro   modelo,   de  

destacar  qualquer  valor  ou  estatística  que  possa  alertar  para  algum  problema.  

 

   5.  Discussão  de  Resultados  

Numa   observação   global   dos   resultados   obtidos   na   análise   descritiva   é   possível   afirmar  

que  os  valores  registados  acabam  por  ser  bastante  expectáveis.  Tanto  em  Portugal,  como  nos  

outros   três   (3)   países   analisados,   existe   uma   predominância   de   valores   negativos,   quer   na  

percepção  que  o   indivíduo  tem  da  sua  vida,  quer  na  expectativa  para  os  próximos  12  meses.  

Embora  não  seja  na  totalidade,  existe  uma  esmagadora  maioria  de  indivíduos  com  esse  tipo  de  

percepção   e   expectativa.   Não   se   podendo   ignorar   o   facto   de   estes   quatro   (4)   países   serem  

países   do   Sul   da   Europa,   estando   neste   momento   com   dificuldades   ao   nível   económico   e  

social,  é,  de  certo  modo,  natural  que  estes  valores  negativos  sejam  maioritários.  Quanto  aos  

resultados  obtidos  na  descrição  das  variáveis  caracterizadoras  dos  indivíduos  destaque  para  o  

facto  de  Portugal  apresentar  muito  poucos  indivíduos  sem  intenção  de  ter  filhos  depois  dos  35  

anos,  o  que  pode  indicar  um  fraco  desejo  de  entrar  na  parentalidade  com  aquela   idade,  mas  

também  de  o  ter  efectuado  antes  dos  35  anos.  De  realçar  também  a  diferença  entre  os  países,  

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Portugal   apresenta   uma   percentagem  muito   baixa   de   indivíduos   com  mais   de   30   anos   que  

ainda  deseja  ter  o  seu  primeiro  quando  comparado  com  a  percentagem  dos  outros  países.  

Analisando  os  resultados  do  primeiro  modelo  construído,  tendo  em  conta  a  escassez  dos  

mesmos   e   também   o   grau   de   resposta   de   apenas   15%,   é   possível   salientar   a   importância  

revelada   pela   região   onde   o   indivíduo   vive,   assim   como   a   diferença   verificada   entre   os  

indivíduos   com   parceiros   quando   comparados   com   os   indivíduos   casados,   divorciados   ou  

viúvos.  Sendo  natural  que  haja  diferenças  entre  indivíduos  solteiros  e  casados,  divorciados  ou  

viúvos,   não   é   de   todo   intuitivo   que   haja   diferenças   relevantes   entre   o   grupo  base   (casados,  

divorciados   e   viúvos)   e   o   grupo   de   indivíduos   com   parceiros.   No   entanto,   essa   diferença   é  

verificada   e   bastante   acentuada.   E,   portanto,   um  dos   principais   resultados   desta  modelação  

passa   pelas   diferenças   verificadas   entre   as   categorias   da   variável   Estado   Civil.   Num   futuro  

estudo   seria   de   se   aprofundar   o   porquê   de   os   solteiros   e   indivíduos   com   parceiro  

apresentarem   valores   de   “não   ter   nem   ter   intenção   de   ter   filhos”   tão   superiores   aos   dos  

indivíduos  casados,  divorciados  ou  viúvos  em  Portugal.  

Os  resultados  do  segundo  modelo  na  sua  globalidade  foram  mais  satisfatórios,  não  só  pela  

quantidade  de  resultados,  como  também  pela  qualidade  dos  mesmos.  Não  obstante  o  facto  de  

existiram  resultados  que  exigem  reflexão.  Mais  uma  vez,  os  valores  obtidos  pela  interpretação  

da   variável   Estado  Civil   apresentam   resultados   interessantes   e   relevantes.  A   recategorização  

da  variável  pode  justificar  alguma  diferença  entre  o  expectável  e  o  apresentado  mas  não  pode  

justificar   tudo.  Daí   que   seja   necessário   e   exigível   que   se   continue   a   investigar   e  modelar   na  

procura  de  uma  possível  justificação  ou  melhoria  nos  resultados.  Se  no  caso  da  variável  Estado  

Civil   existem   possíveis   reticências   quanto   às   categorias   utilizadas   e   também   quanto   aos  

diversos  resultados  obtidos,  tanto  no  primeiro  modelo,  como  no  segundo,  no  caso  do  género  

não  deixa  de  ser  interessante  que  o  homem  com  mais  de  30  anos  tenha  mais  possibilidade  de  

intenção  de   ter  um  primeiro   filho  que  a  mulher.  Outro   resultado   curiosos  e  que  merece   ser  

discutido  é  a  menor  possibilidade  de   intenção  de  ter  o  primeiro  filho  depois  dos  30  anos  em  

Portugal  quando  comparado  com  os  outros  países  em  estudo.  A  diferença  entre  Portugal  e  a  

Grécia  não   seria  de   todo  esperada  quando  observamos  os   valores   apresentados   (cerca  de  4  

vezes  maior  a  possibilidade  de  intenção  na  Grécia).  

De   um   ponto   de   vista   geral   há   que   destacar,   obviamente,   os   resultados   obtidos   pela  

variável   Estado   Civil,   que   apresenta   valores   e   interpretações   fora   daquilo   que   podem   ser  

encaradas  como  normais  e  que  no  futuro  merecem  um  estudo  mais  aprofundado.  

   

   

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