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Curso de Formação de Agentes Penitenciários Módulo 08: Disciplina da Segurança Penitenciária I Disciplina: Rotinas, Procedimentos Operacionais, Apreensão Materiais Proibidos Módulo 08: Disciplina da Segurança Penitenciária I Disciplina: Rotinas, Procedimentos Operacionais, Apreensão Materiais Proibidos

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Curso de Formação de Agentes Penitenciários Módulo 08: Disciplina da Segurança Penitenciária I

Disciplina: Rotinas, Procedimentos Operacionais, Apreensão Materiais Proibidos

Módulo 08: Disciplina da Segurança Penitenciária I

Disciplina: Rotinas, Procedimentos Operacionais, Apreensão Materiais Proibidos

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Módulo 08: Disciplina da Segurança Penitenciária I

Disciplina: Rotinas, Procedimentos Operacionais, Apreensão Materiais Proibidos

1. APRESENTAÇÃO

“A prisão constitui realidade violenta, expressão de um sistema de justiça desigual e opressivo, que funciona como realimentador. Serve apenas para reforçar valores negativos, proporcionando proteção ilusória. Quanto mais graves são as penas e as medidas impostas aos delinqüentes, maior é a probabilidade de reincidência. O sistema será, portanto mais eficiente, se evitar tanto quanto possível mandar os condenados para a prisão nos crimes pouco graves e se nos crimes graves evitar o encarceramento demasiadamente longo.”

Heleno Claudio Fragoso, Lições de Direito Penal – a nova parte geral. 13 ed. Rio de Janeiro: forense, 1991, p. 288.

Analisando a realidade histórica do Sistema Penitenciário, especificamente a de Pernambuco, a complexidade da instituição prisional, com todas as suas particularidades, podemos inferir que o completo entendimento dessa dinâmica e seus valores próprios é o fator essencial para o bom andamento da gestão penitenciária. Aliado ao trabalho policial no combate ao crime, o Sistema Penitenciário também acompanha a evolução tecnológica e aperfeiçoa técnica e operacionalmente o Agente Penitenciário cuja responsabilidade maior é a de garantir e preservar os direitos fundamentais do ser humano em situação de cárcere. As prisões são os estabelecimentos responsáveis pela custódia do indivíduo preso até a sua completa liberação Judicial. Contudo, as ações profissionais e a execução penal, são norteadas por parâmetros legais. A Lei Federal 7210/84, Lei de Execução Penal – LEP, de 11/07/1984, é quem disciplina a gestão prisional e execução penal no Brasil. No entanto, existem outras Leis, Normas, Decretos, Portarias, Regimentos Internos, Resoluções, como a de nº 14, de 11/11/1994 (DOU de 02.12.1994), que fixa as Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil, entre outros dispositivos que complementam as diretrizes a serem adotadas no âmbito do Sistema Penitenciário Federal e Estadual. Considerando o contexto atual, o Estado de Pernambuco conta uma elevada população carcerária, passando de 8.419 (oito mil, quatrocentos e dezenove) detentos no ano 2000 para 20.843 (vinte mil, oitocentos e quarenta e três) em 2010. A LEP prevê para cada preso um espaço físico de, no mínimo, 6 (seis) metros quadrados. No entanto, a realidade nos oferece 8.667 (oito mil, seiscentos e sessenta e sete) vagas para abrigar os mais de 20.000 (vinte mil) detentos que hoje ocupam as Unidades Prisionais do Estado, situação que apresenta um déficit de mais de 12.000 (doze mil) vagas.

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Contextualizado a problemática, o Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN, através do Oficio 011-C/2006-DEPEN/GAB, anexo I, determina ao Sistema Penitenciário de Pernambuco que a proporção ideal de Agentes em relação a presos deve ser de 1 (um) Agente para cada 5 (cinco) presos. Tal proporção se refere ao efetivo de Agentes para o trabalho dentro da Unidade Prisional, ou seja, a composição da guarda interna.

Assim sendo, a necessidade real é de 4.168 (quatro mil, cento e sessenta e oito) Agentes para o Estado, representando um déficit de 3.317(três mil, trezentos e dezessete) profissionais. Diante da presente situação, iniciativas de diversas esferas do poder público surgem no intuito de minimizar tais dificuldades. No que se refere ao aumento de vagas e qualidade de vida para a população carcerária, há construções e projetos específicos; no tocante ao complemento do quadro de Agentes Penitenciários, a categoria aguarda os ajustes legais e institucionais para o devido cumprimento das diretrizes legais e outras adequações cabíveis.

2. ROTINA Podemos compreender como rotina, todas as atividades multidisciplinares (assistência médica, dentária, psicossocial, jurídica, entre outras prestadas ao preso) desenvolvidas no interior da Unidade Prisional, especialmente as desenvolvidas pelo Agente de Segurança Penitenciaria, por se tratar de estabelecimento prioritariamente de segurança. O Agente possui atribuições internas e externas à Unidade Prisional. Na rotina de um plantão podem surgir diversas situações que exigem do Agente preparo e conhecimento da realidade, para que tome as decisões e faça uso dos meios disponíveis mais adequados para solucionar cada caso individualmente. Os mais diversos eventos, dos mais simples aos de alto risco, podem ocorrer durante o plantão, em qualquer Estabelecimento Prisional, com maior probabilidade de acontecimento nos de regime fechado, quer masculinos ou femininos. O Agente Penitenciário deverá estar inteiramente preparado, técnica, física, psicológica e operacionalmente para bem desempenhar seu papel, não só no cotidiano “normal” da Unidade Prisional, mas também durante qualquer grande evento que ponha em risco a segurança e/ou a vida de todos.

2.1 DA SEGURANÇA INTERNA E EXTERNA

Acerca desse assunto, consideramos o conteúdo do projeto do novo manual que trata sobre o Procedimento Operacional Padrão - POP, a ser publicado pela Secretaria - SERES.

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Entende-se por segurança física o conjunto coordenado de medidas que garantem o normal funcionamento das unidades prisionais, mediante vigilância, disciplina e entrosamento do pessoal encarregado do mesmo órgão ou outros, responsáveis pelo Sistema de Segurança Pública do Estado.

I - A responsabilidade pela segurança interna e externa das unidades prisionais do Estado é de todos que ali exercem atividades ligadas à segurança;

II - Considera-se área interna ou intramuros os pavilhões, raios, alas, galerias,

corredores, pátios, entre outros, que ficam localizados dentro do perímetro cercado por muralhas, muros, grades, cercas nas unidades prisionais;

III – Considera-se área externa a que está além das muralhas, muros ou

alambrados que circundam as unidades prisionais. A Segurança Externa das Unidades Prisionais, até o momento, é realizada por Policiais Militares, os quais compõem a Guarda Externa. O sistema de trabalho desses Policiais se dá em plantões de 24 horas ininterruptas de serviço. No caso das Cadeias Públicas, a Guarda Interna ainda está sob a responsabilidade de Policiais Militares, sendo administradas por Agentes Penitenciários. A Segurança Interna do Centro de Triagem Criminológica, dos Presídios e Penitenciárias e do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico é realizada por Agentes Penitenciários, distribuídos em plantões de 24 horas ininterruptas de serviço.

2.2 DO POSTO PERMANÊNCIA

É o local em que se inicia o fluxo de pessoas e objetos de toda sorte, durante o expediente das Unidades Prisionais; é a ”recepção”. Neste Posto, os Agentes Penitenciários dão o primeiro atendimento a quem chega, fazem a primeira triagem e dispensam quem não tenha motivo legítimo para entrar na área interna da Unidade Prisional. O Agente que por ela está responsável, o ”Permanente”, alem do atendimento geral a todos, realiza o recebimento de presos transferidos de outras Unidades do Sistema Prisional, de Delegacias e Comarcas diversas.

Esse trabalho requer o prévio conhecimento de suas especificidades. Há um rigoroso controle da documentação exigida para cada caso, a saber:

Na transferência entre Unidades Prisionais: Oficio da Gerência ou Chefia e/ou Ordem Judicial específica para a transferência, além da Pasta Carcerária do detento. É comum o recebimento de presos de alta periculosidade para cumprimento de Medida de Segurança nos diversos Estabelecimentos de Regime Fechado. Nesses e nos casos comuns, a documentação citada acima deverá acompanhar o preso.

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Quando da transferência de presos para Penitenciárias do Regime Semi-Aberto, será necessária, além do oficio da Gerência, a presença da Carta de Guia de cada preso na pasta carcerária, além da Ordem do Juiz da Execução Penal da Região autorizando a transferência para aquela Unidade.

No recebimento de presos oriundos de Delegacias: Mandado de Prisão, Preventiva ou Temporária; Auto de Prisão em Flagrante; Mandado de Recolhimento; Ofício da autoridade policial encaminhando o preso ao IML com o respectivo carimbo daquela Instituição, comprovando o atendimento, pois o detido poderá apresentar, no momento de sua entrega na U. Prisional, alguma lesão física aparente.

Para evitar problemas futuros, reforçamos a necessidade de, em TODOS os casos, ser observada no ato do recebimento do preso, sua condição física, através da revista pessoal detalhada, para ser verificada a existência, ou não, de alguma característica de anormalidade em seu corpo, como lesão, escoriação, etc. Observar, também, se deixa aparente alguma expressão de indique possível problema psicológico ou psiquiátrico. Repassar ao Chefe do Plantão as informações sobre o que observou para providências junto aos Setores competentes. Toda a movimentação do dia, todas as ocorrências, deverão ser registradas no Livro de Ocorrência, documento de suma importância, o qual poderá ser diariamente verificado pelo Supervisor de Segurança e Gerente. A Permanência contará com telefone, rádios transmissores tipo HT, a fim de possibilitar contato imediato com os outros Setores, dando conhecimento do acesso àquela dependência de qualquer pessoa ou veículo; conta também com aparelhos detectores de metais portáteis ou fixos (portais) para revistas pessoais. No caso da máquina de raios-X para revistas de objetos pessoais/”bagagens”, poderá ficar em área física que a Administração e Segurança julgarem mais adequada ao manuseio específico. . As Unidades de Segurança Máxima devem contar com câmeras que controlem a movimentação das pessoas neste Setor, possibilitando imediata cobertura aos Agentes, em caso de necessidade. Os Agentes Penitenciários designados para este Setor devem ser experientes e orientados a dispensar trato cordial e respeitoso em relação aos visitantes de internos e pessoas em geral, bem como estarem preparados a agir com rapidez e eficiência nos casos de tentativas de fugas ou de invasão, fazendo de imediato as comunicações cabíveis. A equipe do controle do portão deverá trabalhar portando armas de fogo (arma curta), devendo um dos componentes está munido de arma de fogo operacional (arma longa), em condições de rechaçar eventual tentativa de resgate de presos. Os servidores do corpo técnico administrativo do estabelecimento devem portar crachás de identificação, previamente fornecidos pela Área Administrativa da Unidade ou pelo Setor de Pessoal da Secretaria de Ressocialização.

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Não será permitida a saída de quaisquer materiais ou objetos sem autorização expressa da Gerência, Chefia ou Supervisão de Segurança do Estabelecimento Penal. A Permanência repassará ao Setor Responsável, os pertences de cada preso que não possam ficar em sua guarda. Os pertences serão guardados em local separado, podendo até a saída do preso ou algum parente ou Advogado, autorizado por ele proceda ao recebimento.

I. 2.3 DO PLANTÃO

Afora as atribuições do Setor de Permanência, os demais Agentes assumem outros Postos de Serviço, a julgar pela necessidade de cada Estabelecimento, considerando seu tipo, nível de periculosidade, regime e configuração física interna, compondo a Guarda Interna que deverá se incumbir das escoltas internas de detentos para as mais diversas finalidades, no perímetro dos Setores Interdisciplinares e agirá, nas ocasiões emergenciais, no limite e no estrito cumprimento do dever legal. O plantão tem início com a chegada dos Agentes que formam o grupo do dia e consistindo na saída dos que estavam no plantão anterior; para isso, faz-se necessária a passagem do serviço (das corrências e/ou informações que aconteceram no dia anterior e outras atividades que serão desenvolvidas no dia presente; nada deverá ser esquecido; as armas, outros equipamentos e acessórios da Unidade deverão ser devolvidos e “baixados” no livro próprio, etc). A formação do Plantão, atualmente, é a seguinte: 7 Agentes por plantão, assim divididos: 1 Agente Chefe do Plantão, cuja responsabilidade abrange todas as ocorrências durante as 24 (vinte e quatro) horas do plantão; 1(um) Agente com a função de Motorista, devidamente habilitado com CNH categoria ”D”; 1(um) Agente para a Permanência; 4(quatro) Agentes para complemento do plantão, os quais, junto ao Chefe do Plantão e ao que está como Motorista, realizarão as atividades internas, além das escoltas agendadas e as emergências, no limite e no estrito cumprimento do dever legal. Diariamente, também, é realizada a totalidade, que consiste na contagem de todos os detentos; serviço que permite o controle exato do quantitativo de presos. Esse quantitativo varia nas U.Ps do Estado, principalmente pelo baixo efetivo que dispomos atualmente. O número ideal de Agentes por Plantão, em cada Estabelecimento Prisional de Pernambuco, segundo diretriz do Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN/MJ, é o resultado da proporção de 1(um) Agente para cada 5(cinco) presos recolhidos.

2.4 DO TRABALHO INTERDISCIPLINAR DO AGENTE

Além de atender as necessidades de segurança exclusiva no trato direto com o detento, o Agente pode oferecer suporte profissional na administração dos Setores Técnicos, como: Serviço Psicossocial, Médico, Jurídico, Identificação, Registro e Movimentação Carcerária, Laborterapia, além da Gestão Geral da Unidade.

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Independente do tipo Penal do Estabelecimento, todo preso recebe as assistências previstas em Lei. Acerca disso, são oferecidos atendimento médico, odontológico, psicossocial, religioso, entre outros. O Agente socializa com os setores técnicos diariamente, garantindo a segurança e conduzindo os detentos para cada atendimento visando à manutenção da ordem e da assistência continuada ao preso, bem como mantendo boas relações com todos os segmentos profissionais inter-relacionados no contexto prisional, cada um desempenhando seu papel específico.

2.5 DA REVISTA

A revista em Unidade Prisional é realizada em virtude do caráter de segurança do Estabelecimento e pela constante tentativa por parte de alguns indivíduos de burlar as normas vigentes. Há diferentes tipos de revista, sendo utilizado o tipo de acordo com a finalidade. No entanto, SEMPRE será utilizada nas atividades diárias, tendo em vista que TUDO que entrar deverá passar por vistoria.

Revista Pessoal: utilizada sempre antes da entrada de familiares do detento ao interior da Unidade Prisional, nos dias destinados à visitação. Os visitantes masculinos serão submetidos à revista pessoal em local reservado, resguardada à privacidade, por Agentes Masculinos e as visitantes femininas por Agentes Femininas, sendo expressamente proibido o toque nas partes íntimas.

Atualmente existe o equipamento detector de metal (portal) com o qual poderá ser executada a revista para busca de objetos metálicos. No entanto, para melhor averiguação, usa-se a apalpação sobre as roupas ou ainda faz-se a solicitação para que as vestes sejam retiras em parte ou na totalidade, a julgar pela necessidade, pois poderá haver uma suspeição prévia. Sempre voltar a atenção para pessoas trajando roupas folgadas e/ou com visível volume, vestidos ou saias sobre bermudas; averiguar minuciosamente as dobras, costuras, bolsos, gola, mangas, etc. O cabelo preso deverá ser revistado, bem como próteses ortopédicas, ataduras, membro engessado, botas, meias, sapatos fechados, entre outros meios que poderão ser utilizados para encobrir ou “guardar” objetos não permitidos. Cada caso irá requerer uma abordagem específica. Porém, sempre, atentar para os mínimos detalhes em tudo o que precisar ser revistado, tanto pessoas, como objetos, edificações, veículos, etc.

Os menores serão revistados sempre às vistas do responsável;

Os responsáveis pelas crianças e adolescentes que adentrarem na unidade prisional só poderão sair acompanhadas das mesmas;

Os objetos e alimentos conduzidos pelos visitantes serão submetidos à minuciosa revista, inclusive com abertura da embalagem;

Os visitantes masculinos receberão, quando da entrada, um carimbo de identificação no braço, devendo, ainda, portar documento de identidade bastante legível e com foto recente, ou receber um outro tipo de identificação eletrônica;

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Quando necessário, a revista pessoal em presos, sempre deverá primar pela atenção redobrada aos detalhes de suas vestes, sem constrangê-lo, vistoriar seu corpo (atentar para regiões entre pernas, cabelos, boca) além de sacolas ou objetos a ele pertencentes; observar se não jogou fora, tentando se desfazer de nenhum objeto que ora portava .

A revista é indicada para ambos os sexos, em casos de suspeição ou flagrante.

Revista em Veículos: o ingresso de veículo de qualquer natureza somente será permitido mediante prévia e rigorosa vistoria, a ser procedida por componentes da Guarda Interna. Na saída do veículo será procedida outra revista por integrantes da Guarda Interna; o Agente Chefe do Plantão designará Agentes para o acompanhamento do veículo durante sua permanência na Unidade Prisional. É de responsabilidade do Supervisor de Segurança a fiscalização do ingresso de veículos na Unidade Prisional, devendo este, sempre que achar conveniente, solicitar o mapa de registro, a fim de verificar o bom e fiel cumprimento destas normas.

A revista na entrada do veículo tenta evitar o acesso de pessoas ou objetos ilícitos e/ou não permitidos, como drogas e armas. Na saída, tenta evitar a tentativa de fuga de detentos.

Revista em Pertences: os objetos e alimentos conduzidos pelos visitantes serão submetidos à minuciosa revista, inclusive com abertura da embalagem; nesses casos, tenta-se evitar a entrada de bebidas alcoólicas, entorpecentes objetos proibidos e/ou não permitidos, etc. Outrora, apenas a revista manual era disponível para esse fim. Com o advento da máquina de raios-x, houve uma considerável melhora nas condições gerais da revista e proporcionou maior rapidez nos procedimentos para a entrada dos visitantes.

ATENÇÃO: Atentar para a relação de objetos e materiais não permitidos e/ou proibidos em cada Unidade Prisional; tal lista estará disposta no local destinado à revista. O critério para a proibição de determinados objetos ou materiais será adotado de acordo com as características particulares de cada Estabelecimento, exceto os já previamente proibidos por todos, como: cordas, armas de fogo, brancas e de brinquedo; balanças de qualquer espécie; bebidas alcoólicas e derivados de álcool; bicarbonato de sódio / ácido bórico; materiais para maquilagem, batons e tintura capilar, exceto nas unidades prisionais femininas; medicamentos sem receita médica, notadamente os de uso controlado; perucas e toucas; serras de qualquer tipo, etc.

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2.6 DA VISITA DE FAMILIARES DE DETENTOS

O preso poderá receber visitas do cônjuge, da companheira e de parentes em dias determinados, desde que registrados no rol de visitantes e devidamente autorizados pela Área de Segurança. Para tanto, deverão ser observados os seguintes procedimentos:

I - Os visitantes serão organizados em filas, divididas em categorias, sendo: a) Uma para mulheres, com e sem bagagem; b) Uma outra para idosos, gestantes e deficientes físicos; e c) Outra para homens. II – Terão prioridade: idosos acima de 65 anos, gestantes, lactantes e deficientes

físicos; III - o início da fila para revista deve obedecer certa distância do portão de entrada,

sendo o controle feito pelo Chefe do Plantão e será proibida a aglomeração na rampa de acesso;

IV - não será permitida a entrada de visitantes com trajes inadequados, (sendo

obrigatório o uso de calça comprida pelos homens); não terá acesso pessoas que apresentem sintomas de embriaguez alcoólica ou que estejam sob efeito de entorpecentes.

V - detectada qualquer irregularidade ou porte de produto proibido ou ilícito pelo

visitante, o Chefe de Plantão registrará a ocorrência e se necessário encaminhará o infrator à Delegacia para prestar esclarecimentos;

VI -no encontro conjugal não será permitido ao visitante pernoitar na unidade

prisional, exceto nos dias pré-estabelecidos para tal.

2.7 DA VISITA DE PRESOS EM OUTRAS UNIDADES PRISIONAIS

A visita em questão é viabilizada, cumprindo determinação judicial, por Agentes de Unidades Femininas, em razão da escolta de presas até outros Presídios e Penitenciárias Masculinos para realização do encontro conjugal. Tais presas são as companheiras ou esposas dos presos visitados. O processo para a autorização do encontro conjugal entre cônjuges presos se inicia na Unidade Feminina, responsável pela documentação que levará ao Juiz da Execução Penal os subsídios que o levarão a deferir ou não o pleito. Após receber a autorização judicial, a Chefia da Unidade Feminina deverá manter contato com a Gerência da Masculina a fim de adoção das medidas de segurança cabíveis para cada caso, como dias as serem utilizados para a visita em questão, horário, local, etc. A cada condução e retorno das presas, deverá ser realizada uma revista pessoal e nos pertences, tanto na Unidade Feminina, antes da saída e no retorno, como na Masculina, principalmente na entrada.

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2.8 DA ENTRADA DE OUTRAS PESSOAS

Diariamente acessam as dependências das Prisões muitas pessoas extra quadro de pessoal, como os Advogados dos detentos, Estagiários, Pessoas em Grupos Religiosos, Autoridades, entre outros.

O preso tem direito à visita do seu advogado, conforme previsto no inciso IX, do artigo 41, da lei de Execução Penal nº. 7.210/84, devendo ser observado que:

I - os advogados serão devidamente identificados mediante carteira profissional da Ordem dos Advogados do Brasil, sendo lançados os seus dados em livro próprio, bem como os do detento que será por ele entrevistado;

II - os mencionados advogados não poderão transpor o portão, munidos de aparelhos celulares, armas de fogo, arma branca ou similar, chaves e quaisquer outros objetos que possam vir a serem considerados danosos ao ambiente carcerário, e terão vistoriado suas pastas/bolsas. Posteriormente deverão passar pelo portal detector de metais localizado na entrada do estabelecimento;

III - os estagiários de Direito, assim cadastrados junto a OAB/PE, portando a respectiva carteira profissional, somente adentrarão nos estabelecimentos penitenciários mediante apresentação de procuração que mencione seu nome ou autorização firmada pelo respectivo advogado;

IV - objetos eventualmente trazidos pelos advogados ou estagiários aos detentos somente entrarão, caso sejam autorizados, depois que forem, devidamente, revistados;

V - todo detento será submetido à revista pessoal no seu respectivo setor de carceragem, antes e depois de ser entrevistado pelo advogado;

VI - será assegurada a entrevista pessoal do advogado com o detento no horário estabelecido;

VII - o atendimento ao cliente ficará restrito ao parlatório, sem a presença de escolta;

VIII - nenhuma pasta carcerária deverá ser retirada ou lida sem a presença de funcionário do setor responsável.

Os integrantes de Grupos Religiosos e/ou Assistenciais somente adentrarão no estabelecimento após autorização da respectiva Direção, com as cautelas de praxe, sendo devidamente cadastrados e após agendamento das visitas pela Supervisão de Segurança, inclusive os detentores de autorização judicial, devendo, no entanto, serem observados os seguintes procedimentos:

I - tendo em vista o caráter assistencial desses grupos, a revista de seus integrantes será menos rigorosa, desde que não venham a adentrar nos pavilhões ou que não haja suspeita de ação criminosa. Não poderão transpor o portão munido de aparelhos celulares e terão vistoriado suas pastas/bolsas, após o que deverão passar pelo portal detector de metais localizados na entrada do estabelecimento, não sendo admitido o seu acesso enquanto for positiva a detecção de metal;

II - é vedado aos grupos religiosos e/ou assistenciais o acesso com caixas acústicas, microfones, instrumentos musicais elétricos ou eletrônicos, de percussão e outros objetos que emitam som em volume prejudicial ao bom andamento das atividades penitenciarias, em especial as comunicações via rádio; salvo os casos devidamente autorizados pela Segurança e/ou Gerência.

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III - os líderes dos grupos religiosos deverão dirigir-se à Supervisão de Segurança

a fim de realizarem cadastramento específico para a assistência religiosa. IV - os grupos religiosos serão compostos, no máximo, por 10 (dez) pessoas, salvo

em casos especiais, devidamente autorizadas pela direção; V - os detentos terão liberdade para participar ou não das reuniões, nos horários

determinados pela direção da unidade prisional; VI - os trabalhos evangélicos internos serão coordenados pelo líder da igreja local,

com Supervisão da Segurança da Unidade Prisional; VII - todas as carteiras de identificação e autorização dos grupos religiosos terão

validade de (06) seis meses, a partir da data de expedição.

As autoridades, em razão do ofício, ficam dispensadas da revista pessoal, quando autorizado pela Gerência / Chefia. Caberá à Supervisão de Segurança, em relação à visita de autoridades:

I - realizar planejamento e organização prévia do evento; II - avaliar a necessidade de solicitar reforço à Superintendência de Segurança

Penitenciaria; III-designar efetivo para acompanhar as autoridades durante a permanência dos

mesmos no interior da unidade prisional; IV - recolher todos os detentos às suas respectivas celas, conferindo todos os

cadeados; V - só poderá ser aberto o Pavilhão ou a cela a ser visitada, permanecendo os

demais fechados; VI - não permitir a aproximação dos detentos que se encontram fora da cela; VII - dar ciência aos visitantes dos procedimentos adotados para a segurança dos

mesmos; VIII - as autoridades, depois de identificadas, devem ser acompanhadas até a

apresentação ao Gerente / Chefe ou outro funcionário incumbido de atendê-las. Nos casos não apresentados, o Chefe do Plantão tomará as medidas cabíveis para cada situação junto à Supervisão de Segurança e/ou Gerência.

2.9 DA SAÍDA E RETORNO DE PRESOS DO REGIME SEMI-ABERTO

O benefício da saída para sua residência ou de familiares oferecido aos presos das Unidades do Regime Semi-Aberto obedecem, necessariamente, a Determinações Judiciais. Há as saídas que a Lei de Execução Penal autoriza, para visitar os familiares, as quais consistem, atualmente, em 28 (vinte e oito) saídas anuais. A sistematização dessas saídas é de responsabilidade da Administração da Unidade que envia requerimentos à Vara de Execução Penal – VEP, para as devidas autorizações, com os dias determinados para cada saída e retorno do preso, sem escolta. Geralmente essa autorização de saída garante dois dias. Há as saídas para trabalho externo público ou privado. O procedimento para conseguir a autorização judicial é o mesmo. Após a autorização da VEP, o preso inicia o trabalho, devendo retornar todos os dias, após o término do expediente.

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Qualquer intercorrência que implique no impedimento do retorno do preso, quer seja quando da saída para a residência ou para o trabalho externo, este deverá manter imediato contato com a Unidade Prisional ou será considerado evadido, após o final do prazo determinado pela autorização de saída. O preso deverá estar, sempre, com a respectiva autorização de saída.

2.10 DA APRESENTAÇÃO DO AGENTE E SUA RELAÇÃO INTERPESSOAL

Além dos recursos individuais como criatividade, observação, sensibilidade, versatilidade, discrição, paciência, etc, características imprescindíveis cultivadas pelo profissional que busca a excelência, há um diferencial de grande relevância, o aporte da apresentação pessoal do Agente. Os pontos a seguir são facilitadores para o Agente na formação adequada da postura profissional e preservação da qualidade de sua vida em todos os aspectos:

Urbanidade no trato, porém, requerendo sempre o respeito mútuo no âmbito do cumprimento do dever legal;

Procurar adquirir conhecimentos correlatos a fim de permanecer atualizado técnica e taticamente, agindo sempre dentro da legalidade;

Preferencialmente manter-se trajado de maneira bem apresentável para que todos possam identificá-lo como Agente ao primeiro contato, à distância e/ou à noite. Esse é o modo indicado de se apresentar, pois eliminará, no desempenho das atividades internas e externas, a possibilidade de que seja confundido com algum preso ou meliante;

Portar seu armamento e outros acessórios, de maneira correta e eficiente, lhe confere perícia e uma imagem muito positiva no conjunto de sua apresentação;

Nunca realizar escoltas desarmado e sem as mínimas condições de segurança;

O Agente Feminino não deverá desempenhar suas atribuições internas ou externas, principalmente as que exigirão contato direto com o indivíduo preso, trajando shorts, saias ou vestidos curtos e/ou com grandes decotes.

A Agente não deverá, em hipótese alguma, realizar escoltas e custódias fazendo uso de calçados do tipo plataforma ou com salto que limite sua firmeza ao solo e dificulte movimentos como ações de correr ou transpor obstáculos, caso seja necessário. Recomenda-se também evitar o uso de sandálias de dedo.

A Agente nunca deverá realizar escolta usando bolsa no ombro e nunca colocar a arma dentro dela, ação que impedirá o saque rápido, caso seja necessário, além de compor uma apresentação inadequada para a Agente no cumprimento da missão.

Apresentar-se disponível, pois em segurança ninguém trabalha só; as partes compõem o todo que, organizado e equilibrado, fará a diferença nos resultados;

No caso da relação com os profissionais das demais áreas, no interior da Unidade de trabalho, manter uma postura ética e respeitosa, pois é dessa forma que deverão tratá-lo.

O contato com o preso e seus familiares deverá ser o mais profissional possível, evitando o estreitamento nas relações. Tal medida é fundamental para que sejam evitados os desvios de interpretação, por parte daqueles, que poderão levá-los a

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solicitar ao Agente “X” ou “Y”, que lhes “considera”, uma concessão ou privilégio indevido ou ilegal. Enfim, “amizade” nem sempre rima com neutralidade; por isso, NUNCA permita algo indevido ou ilegal a preso ou visitante dele, em detrimento da “afinidade” ou suposta “amizade” que possa ter nascido entre as partes. Portanto, lembre-se que, mais cedo ou mais tarde, aquele preso ou visitante que recebera do Agente um “benefício” indevido ou ilegal, delatará tal prática, caso esteja vivenciando momento que julgue interessante expor o fato no intuito de levar vantagem sobre os outros presos ou para “entregar” aquele Agente ao Chefe, como delação premiada.

Na vida social, evitar ou preferencialmente não freqüentar ambientes que, por sua natureza, são suscetíveis a problemas, como bares em localidades suspeitas; zonas de baixo meretrício; comunidades onde há freqüentes incursões policiais em virtude de constantes atividades ilícitas (tráfico de drogas, toques de recolher, bebedeira, assaltos, roubos, homicídios, etc);

Pautando sua atuação dentro dos princípios morais e legais, o Agente dificilmente passará por problemas de natureza jurídica e/ou penal, exceto no caso de uma fatalidade. No entanto, havendo possíveis denúncias, mesmo que infundadas, ou outra atitude considerada indevida, independentemente da gravidade dos fatos, estes deverão ser apurados pela Corregedoria.

3. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Em Unidades Prisionais, são todas as atividades que envolvam ação, uso de diversos equipamentos e técnicas específicas para situações de risco iminente ou constante. Requerem preparo físico e intelectual, empenho, aparato logístico e espírito de corpo para que os resultados sejam obtidos de forma positiva. No Sistema Penitenciário há diversas atividades que exigem a expertise de seus executores.

3.1 DA ESCOLTA E DA CUSTÓDIA

a) ESCOLTA DE PRESOS é todo deslocamento do Agente Penitenciário conduzindo, com segurança, o indivíduo preso no interior ou exterior do Estabelecimento Penal. Etimologicamente, “escolta” é o ato de acompanhar em grupo para defender ou guardar. A escolta é um serviço de vigilância, assistência e proteção ao preso nos diversos deslocamentos internos e externos à Unidade Prisional. Uma escolta somente deverá se realizar havendo a prévia requisição ou autorização judicial, além dos casos previstos em legislação que o próprio Gerente do Estabelecimento pode autorizar o deslocamento. Acerca desse assunto, recorremos ao conhecimento prático e alguns ensinamentos em manuais de práticas policiais. Uma escolta considerada simples, ou seja, a condução de preso que, a princípio, não ofereça alto risco, deverá obedecer à proporção de 02 (dois) Agentes para cada preso a ser conduzido. Nunca poderá ser esquecido que, o risco existe em qualquer condução.

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O Agente Chefe da escolta deverá estabelecer, previamente, como será procedido o deslocamento até o destino e como serão os procedimentos adotados durante o período em que a escolta estiver fora. Deverá considerar aspectos imprescindíveis, como: periculosidade do(s) peso(s); destino; itinerário; tipo de viatura a ser utilizada; se comboio, atentar para a posição correta da viatura que conduz o(s) preso(s) no comboio; velocidade da(s) viatura(s) de acordo com a via a ser utilizada; tempo de duração e o reforço que terá caso haja necessidade. Antes do contato com o indivíduo que será conduzido, os integrantes da escolta deverão procurar informações acerca do tipo de crime cometido, periculosidade, se faz parte de quadrilha, se é primário na vida do crime, a quantos processos responde, se já foi preso em outros Estados da Federação, se é condenado e a quantos anos de pena, se já tentou fuga dentro ou fora de alguma Unidade Prisional, enfim, todas as informações que puder reunir sobre quem será conduzido. Hoje há em todas as Unidades, o SIC – Sistema de Informação Carcerária que oferece o suporte básico de informações acerca de cada preso. Ao receber o preso, diante dele, conferir atentamente, todos os dados da documentação, confirmar se é ele mesmo, observar fotografia, se houver na documentação, nome completo, idade, data de nascimento, filiação completa. Todos os dados deverão estar iguais aos da documentação, para evitar a saída de outro preso que não seja exatamente o requisitado. Após isso, realizar detalhada revista pessoal no corpo e roupas do preso, evitando que possa sair portando algum objeto indevido, que possa servir de risco à segurança dos integrantes da escolta e a ele mesmo. Paralelo a isso, o Agente que será o Motorista deverá vistoriar todas as dependências internas da viatura, além da parte externa, embaixo, a fim de verificar a existência de possível objeto ou artefato que possa ter sido lá depositado propositalmente na intenção de ocasionar problemas no percurso da escolta. Além de proceder com a revista na viatura, o Motorista deverá observar as condições gerais do veículo, pois deverá estar abastecida, de preferência, com o tanque completo; os pneus deverão estar em bom estado de conservação, bem como os freios e todos os requisitos que oferecem o perfeito funcionamento ao veículo. Um dos maiores riscos é o fato de parar a viatura em local descoberto de proteção, em via pública ou qualquer outro lugar que não seja a Unidade Prisional. Realizada a conferência do preso e as vistorias necessárias nele e na viatura, proceder-se-á com a saída da escolta, pois o preso já terá sido algemado devidamente e os escoltantes já tomaram ciência do que foi planejado para aquela missão. Outro ponto fundamental é o fiel cumprimento de que foi planejado, por parte de todos. As intercorrências que surgirem levarão a decisões imediatas por parte dos Agentes, em comum acordo, independente do local onde a escolta esteja sendo realizada.

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ESCOLTA PARA AUDIÊNCIA JUDICIAL

A condução de preso para audiência requer o ofício do Juiz competente determinando a audiência para aquela data local e horário. Tal ofício deverá voltar à Unidade Prisional protocolado, pois é a comprovação que o preso foi conduzido. À medida que a viatura se aproximar do Fórum, observar o perímetro, a fim de verificar qualquer possível anormalidade na área, como aglomeração de pessoas, pessoas em atitudes suspeitas, obstáculos no acesso, etc. Ao parar a viatura, caso o Fórum não conte com estacionamento privativo, antes do desembarque do preso, a escolta descerá e fará nova observação na área que circunda o prédio, para após, retirar o preso e levá-lo direto ao local onde aguardará. O preso permanecerá algemado. Caso haja ordem expressa do Juiz mandando retirar as algemas, o Agente deverá alertar o magistrado, se for o caso, sobre o alto grau de periculosidade do preso e, em seguida, cumprir a determinação, permanecendo um dos Agentes próximo à porta e outro junto ao preso e com vistas às janelas. As algemas deverão ser recolocadas, ainda na sala, após o término da audiência, para então haver o deslocamento. Nos grandes deslocamentos, em geral realizados no caminhão apropriado, ou ônibus, viatura de grande porte e com pouco poder de manobra e fuga, deverá haver, obrigatoriamente, o acompanhamento de dois ou mais veículos/viaturas rápidos, que atuarão tanto na defesa do bloco principal quanto na eventual necessidade de perseguição. É sabido que em caso de tentativa de resgate a uma escolta dessa natureza – em função do efetivo dos presos deslocados – os marginais usarão como recurso, carros velozes e armamento pesado. No caso em tela, quando a viatura coletiva encostar para o desembarque, evitar a concentração de todos os Agentes em bloco único, junto ao mesmo, devendo ficar alguns estrategicamente colocados, para melhor assegurar a defesa do todo. A mesma estratégia serve para o embarque.

ESCOLTA EM VELÓRIO

Em virtude de suas particularidades é um tipo de missão que requer adoção de rígidas medidas de segurança, por várias razões, como: o ambiente aberto; a circulação de inúmeras pessoas, o que pode levar a tumulto, além do estado psicológico dos parentes e do próprio preso que a situação proporciona; a possível freqüência de marginais, principalmente se o cemitério ou outro local onde o velório estiver acontecendo ficar em região suspeita, entre outros pontos dificultadores. Faz-se necessário que, antes do desembarque do preso seja realizada uma breve análise da situação para ajustar as medidas de segurança às necessidades do momento e do local. Para isso, um dos escoltantes entrará em entendimento com o parente mais próximo do preso para informar as condições em que ele será conduzido ao local do velório, observando também se há várias saídas, fragilidade das paredes e portas ou grades, enfim, tudo o que possa facilitar uma possível fuga. Caso as condições gerais sejam favoráveis, as seguintes providências deverão ser tomadas:

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O veículo será colocado o mais próximo possível do velório e em condições de se deslocar rapidamente do local em caso de anormalidade;

Deverá ser solicitado o afastamento das pessoas que estiverem no velório para que, no local, fiquem apenas a escolta e o preso, devidamente algemado;

Não será permitido oferecer comida ou bebida ao preso;

Não será permitido ao preso se debruçar sobre o caixão, pois em seu interior poderá haver alguma arma escondida e dela valer-se, o preso, para tentar fuga;

Todos os movimentos do preso deverão ser acompanhados de perto, durante a visita que não passará de 15 minutos.

ESCOLTA EM HOSPITAL

Em caso de necessária condução de preso para atendimento em Hospitais as medidas a seguir deverão ser adotadas:

Confirmar se haverá ou não o atendimento, evitando-se permanecer com o preso, à toa, em local público;

Certificar-se com o médico sobre a real situação do ferimento ou enfermidade do preso e em quanto tempo poderá ser liberado.

No caso de internação, evitar: que o preso circule por salas e corredores; perder o contato visual com o ele, bem como que receba visitas sem que as devidas condições de segurança sejam adotadas pelos Agentes;

Ter total conhecimento da área física onde permanecerá com o preso, evitando possíveis riscos à segurança de todos;

Evitar que o preso se locomova nas dependências do hospital; a escolta deverá estar sempre presente;

Em caso de recusa do médico em atender ao preso na presença da escolta ou se “determinar” a retirada das algemas, os Agentes deverão solicitar a sua identificação e esclarecê-lo a respeito da responsabilidade por eventual fuga ou violência praticada pelo detento. Caso o médico mantenha sua recusa, procurar a Chefia imediata dele ou até a Direção do Hospital.

Em todos os tipos de escolta de presos, o Agente Penitenciário deverá:

Verificar ao iniciar cada plantão, o estado de uso e funcionamento das algemas, da arma e das munições; no caso do motorista, antes de sair para cada missão, as condições gerais de funcionamento da viatura.

Nunca algemar o preso em lugares fixos.

Nunca aceitar os itinerários de ruas e logradouros públicos indicados pelo escoltado e utilizar, sempre que possível outro roteiro quando retornar com a escolta e o preso.

Ao conduzir os presos portadores de distúrbios psiquiátricos (dementes ou agitados) servir-se de veículo apropriado e, se necessário,

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providenciar para que sejam imobilizados com camisa de força ou estejam sob efeito de tranqüilizantes aplicados por médicos.

A condução de presos, principalmente os que reconhecidamente ofereçam alto grau de periculosidade, deverá ser, prioritariamente, em veículo com xadrez e contando com o devido reforço de pessoal e/ou outra(s) viatura(s).

O trato com o detento, independentemente de seu grau de periculosidade, deverá ser o mais profissional possível evitando privilégios que possam fragilizar a segurança do serviço.

NÃO RELAXAR. O comportamento adotado deverá ser sempre PADRÃO, pois dele sobrevêm a segurança da escolta e do próprio preso.

b) CUSTÓDIA DE PRESOS

CUSTODIA é o ato de guardar, proteger, manter em segurança e sob vigilância algum bem ou pessoa que se encontra apreendida, presa, detida ou sob cuidados especiais.” A Custódia pode ser interna e externa. Custódia Interna é a vigilância feita ao preso nas dependências da Unidade Prisional. Custódia Externa é a vigilância feita ao preso fora da Unidade Prisional, em qualquer local externo ao interior do Estabelecimento. A de maior ocorrência no Sistema Penitenciário é a custódia hospitalar que se inicia quando do internamento do preso, encerrando-se após a alta medica. A custódia em hospitais deverá ter os mesmos princípios de segurança adotados para escoltas. A julgar pela exposição que o local pode oferecer, muitas vezes sem estrutura física e acomodações adequadas ao serviço de segurança, a grande circulação de pessoas de origens desconhecidas, além do grau de periculosidade do indivíduo preso hospitalizado, medidas restritivas deverão ser adotadas, como por exemplo, as condições de visitação de familiares e o recebimento de objetos trazidos por eles para o preso. Nunca se descuidar do contato familiar/preso. Essas medidas de segurança, além de outras, cabíveis a cada caso, não devem, em momento algum, ser negligenciadas na realização de custódia a preso. Nunca esquecer que o comportamento é padrão e dele sobrevêm a segurança da escolta e do próprio preso.

3.2 DO USO DE ALGEMAS

Até o momento não há norma específica na Constituição Federal de 1988 nem legislação própria sobre o uso de algemas, mesmo estando expresso no Artigo 199, da Lei de Execução Penal – Lei 7.210, de 11/07/1984, que o emprego de algemas será disciplinado por decreto federal”.

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Diante disso, o Supremo Tribunal de Justiça resolveu editar a Súmula Vinculante 11, de 22/08/2008, que disciplina o uso de algemas pela polícia, apresentando a seguinte redação: “ Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”. Considerando o Projeto do Procedimento Operacional Padrão - POP- SERES/PE, o uso de algemas deverá ser realizado dentro dos limites da lei e deverá considerar:

a) a segurança do Agente Penitenciário e do conduzido (detento), ocasião em que se utilizará algema ou outro meio que atenue os riscos durante o deslocamento;

b)reações de resistência do detento muitas vezes põem em risco também a integridade física do próprio Agente Penitenciário responsável pela guarda ou condução do detento. Sendo assim, é possível que o Agente, para proteger-se de tais perigos, use meios necessários e indispensáveis de força.

Tais instrumentos não devem ser impostos senão pelo tempo estritamente necessário. O abuso no uso da algema, por parte da autoridade ou de seus agentes, acarretará responsabilidade penal.

Principais procedimentos ao algemar :

Algemar sempre o detido com os braços para trás;

Partir da posição de busca pessoal (o revistado deverá ficar de costas, com os braços estirados acima da cabeça e as mãos espalmadas na parede, ou ainda com a testa encostada em superfície vertical, que pode ser a parede, e os dedos das mãos entrelaçados sobre a nuca);

Segurando as algemas com a mão direita;

Colocar o pé esquerdo apoiando o calcanhar direito do preso e simultaneamente a mão esquerda nas costas do mesmo, pois, isso dará maior percepção dos movimentos caso haja uma tentativa de fuga, ou reação possibilitando ainda que o Policial possa desequilibrá-lo e imobilizá-lo;

Aplicar a algema no pulso direito, mantendo-a voltada para fora de forma que o buraco da fechadura fique para cima;

Segurando firmemente o punho direito algemado, colocar o pé direito apoiando o calcanhar esquerdo do preso e simultaneamente segurar a mão do mesmo trazendo-a em seguida para trás, algemando de forma que o buraco da chave fique voltado para cima e os dorsos das mãos do preso fiquem voltados para si;

Em seguida utilizar a trava de segurança da algema;

Conduzir o preso sempre do lado oposto ao da arma. No caso de Policial canhoto, fazer as adequações, mantendo os mesmos procedimentos;

Durante o deslocamento, verificar as condições das algemas e do algemado;

Só retirar as algemas, ao final da missão com o preso, salvo na ocorrência de casos extraordinários, em acordo com os demais escoltantes;

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Nunca algeme o preso a locais fixos, salvo em circunstâncias excepcionais, como no caso de estar custodiado em hospital.

Para a retirada das algemas, convencionais ou improvisadas, adotar o que segue:

Deverá ser feita apenas em local seguro;

Um Policial deve retirar enquanto outro permanece dando cobertura;

Não relaxar a vigilância; permanecer atento para o caso de eventual ataque. Na falta de algema, poderá ser utilizado outro equipamento para algemar o indivíduo, como cordão de segurança (fiel), cinto, “algemas” plásticas descartáveis, etc.

3.3 DA REVISTA GERAL NO ESTABELECIMENTO PRISIONAL

A revista geral tem por objetivo detectar possíveis irregularidades nas celas, tais como escavação de túnel, apreensão de objetos de porte e uso não permitido. Na revista geral, popularmente conhecida por “baculejo”, após a retirada dos detentos para local próprio, observar-se-ão os seguintes procedimentos: a) examinar e revirar o lixo; b) examinar e revirar valetas; c) detectar buracos falsos nas celas; d) verificar as estruturas das camas; e) verificar a área externa do pavilhão; f) verificar as roupas dos detentos; g) verificar objetos e utensílios particulares dos detentos; h) não será permitida a circulação de detentos durante a operação de revista; i) não será permitido, em condições normais, o detento ficar despido ou em posição constrangedora durante a revista; j) a revista deverá ser acompanhada por representante da direção, pelo Chefe do Plantão e/ou Supervisor de Segurança; l) todo material apreendido deverá ser relacionado e entregue ao Gerente ou Chefe da Unidade para serem fotografados e tomadas as medidas cabíveis.

3.4 DOS INFORMES, INFORMAÇÕES E IDENTIFICAÇÃO DE LIDERANÇAS

INFORME é a notícia de um fato, criminoso ou não, ainda não confirmado.

No âmbito do Sistema Prisional o informe surge diariamente, oriundo de diversas fontes, dando conta de “ocorrências”. Após investigação acerca do fato, será possível confirmar sua veracidade, momento em que se transformará em informação. INFORMAÇÃO é a notícia de um fato, criminoso ou não, que já foi confirmado.

Os serviços de segurança e de inteligência prisional realizam gestões constantes na busca da informação, ferramenta que evita a instalação de grandes problemas.

No cotidiano carcerário, em seu movimento “normal”, o preso procura conviver com seus pares no ambiente que lhe é oferecido, da maneira que acredita ser a possível ou a melhor para ele, afinal, sua vida segue no cárcere, inclusive com a tentativa de construir relações criminosas, a depender de sua índole. Diante disso, os distúrbios internos se instalam e levam à Supervisão de Segurança indícios que irão ser averiguados criteriosamente, formando uma rotina sistemática de investigação.

Para todo distúrbio instalado ou evento em fase de planejamento, dentro das prisões, há uma liderança. Os esforços da gestão penitenciária conduzem à coleta das informações que levarão ao esclarecimento das reais causas e à identificação dos líderes, coibindo

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inúmeras ações criminosas organizadas por parte de presos, dentro e fora de seus muros. A identificação de tais lideranças ocasiona a tomada de medidas administrativas, com aplicação de sanções disciplinares internas, podendo ocasionar até novo processo penal, a depender do delito cometido.

3.5 DA SEPARAÇÃO DE PRESOS

A Lei de Execução Penal refere que os presos sejam separados por tipo penal e grau de periculosidade. Embora os esforços das políticas públicas atuem na gestão de nova configuração para o Sistema Penitenciário, em termos de qualidade de vida e de serviços para a população carcerária, ainda não houve, até o momento, condições de cumprimento das exigências legais. A separação que ocorre até o momento, enquanto são aguardadas condições ideais, é realizada por cada Unidade Prisional, de acordo com suas condições físicas e se faz em função de situações particulares, como sexo, idade, problemas de saúde, escolaridade superior completa, preferência sexual, entre outras.

3.6 DO ISOLAMENTO DO LOCAL DE CRIME E DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Local de Crime é todo e qualquer local onde ocorreu, possivelmente, uma ação criminosa, tentada ou consumada. Acerca desse importante tema, escolhemos alguns trechos de reportagem da Perita Criminal Claudine de Campos Baracat, do Estado do Mato Grosso, literalmente a seguir, o qual resume objetivamente : “(....) em locais de crimes, consumados ou tentados, há a atuação dos órgãos competentes, visando ao atendimento à vítima e ao esclarecimento do fato investigado. Ressalte-se que nos referidos locais existe uma gama de vestígios a serem observados, coletados e analisados pelos peritos criminais, como projéteis de arma de fogo, faca, sangue, pêlos, impressões digitais, objetos diversos, etc. Para que o trabalho pericial seja realizado de maneira eficiente e eficaz faz-se necessário, em primeiro lugar, que haja o correto isolamento da área, proporcionando a liberação das pessoas envolvidas e do local o mais rapidamente possível; eficaz no sentido de oferecer às autoridades que atuam na persecução penal os subsídios técnicos e científicos necessários à elucidação do crime e sua autoria. A preservação dos vestígios deixados pelo fato, em tese, delituoso, exige a conscientização dos profissionais da segurança pública e de todos os envolvidos de que a alteração no estado das coisas sem a devida autorização legal do responsável pela coordenação dos trabalhos no local, pode prejudicar a investigação policial e, conseqüentemente, a realização da justiça, visto que os peritos criminais analisam e interpretam os indícios materiais na forma como foram encontrados no local da ocorrência.”

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Somente será aceito a violação do local de crime para salvaguardar uma ou várias provas que estejam correndo risco de se danificar ou perder. Os crimes ocorridos no interior de uma Unidade Prisional deverão ser apurados também através de investigação interna, o que levará à tomada de decisões administrativas voltadas à manutenção da disciplina. Os cuidados para o isolamento do local de crime deverão, sempre, serem priorizados, com a finalidade de preservar todas, ou o máximo de evidências possíveis, até a chegada da polícia técnica que adotará os procedimentos de praxe. Diante disso, a determinação legal inserida no artigo 6.º do Código de Processo Penal, reza o seguinte:

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (grifo nosso) II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;

No entanto, diante da realidade situacional, nem sempre é possível manter o isolamento da área e preservar os vestígios até a chegada da perícia, pois a primeira preocupação dos profissionais da segurança pública é com o socorro à vítima, momento em que muitas vezes o local é descaracterizado ante a necessidade de salvar uma vida ou evitar algum perigo iminente. Excetuando-se tais hipóteses, constata-se a importância da manutenção do estado das coisas por meio do correto isolamento do local, a fim de se garantir a idoneidade das evidências relacionadas ao fato investigado e agilizar os trabalhos periciais.

Prisão em Flagrante

Na rotina das Unidades Prisionais ocorrem situações internas ou externas que podem resultar em prisão em flagrante. O Código de Processo Penal – CPP trata sobre estado de flagrância no artigo 302, incisos I, II, III e IV, como vemos a seguir : Flagrante Próprio – ocorre quando o autor é encontrado cometendo ou acabando de cometer a infração penal (incisos I e II). Flagrante Impróprio ou Quase Flagrância – ocorre quando o autor é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração (inciso III). Flagrante Presumido ou Flagrante Ficto – quando é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração (inciso IV).

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O artigo 301 do CPP determina que qualquer do povo poderá (facultativo) e as autoridades policiais e seus agentes deverão (compulsório) prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Acerca disso, ainda à luz do manual citado, percebemos a distinção entre Flagrante Preparado e Flagrante Esperado, necessária como aporte de conhecimentos gerais para a prática profissional. Flagrante Preparado: delito putativo por obra do sujeito provocador. Flagrante Esperado: delito em que o agente da autoridade ou a vítima apenas deixam o sujeito agir, sem provocação ou induzimento, prendendo-o na realização do fato. É muito comum, especialmente, no tocante ao tráfico de drogas. Situações comuns no cotidiano do trabalho penitenciário, como por exemplo, um visitante que, após busca pessoal, ao tentar entrar Unidade Prisional, tenha sido flagrado portando objeto ou substância que constitua corpo de delito de crime, resulta na necessária prisão em flagrante. O fato pode ocorrer também com o preso que for encontrado em qualquer das formas de flagrância. Para tanto, as medidas cabíveis como: coleta das provas, condução do autor e das testemunhas à Delegacia deverá ser, de pronto providenciadas.

3.7 DO USO PROGRESSIVO DA FORÇA

“Uso Progressivo da força consiste na seleção adequada de opções de força pelo policial em resposta ao nível de submissão do indivíduo suspeito ou infrator a ser controlado”. Há dois instrumentos internacionais sobre o uso da força e arma de fogo. São eles: o Código de Conduta para encarregados da aplicação da Lei – CCEAL, adotado através da Resolução 34/169, ONU-1979 e Princípios Básicos para sobre o Uso da Força e Armas de Fogo – PBUFAF, ambos da ONU. Além desses, há os instrumentos nacionais que regulam o uso da força e de armas de fogo pela força policial. São os Códigos Penal e Processual Penal, para os policiais civis. Segundo o Código Penal, são excludentes de ilicitude, ou seja, não havendo crime quando o agente pratica o fato: I) em estado de necessidade; II) em legítima defesa e III) em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito. O Código de Processo Penal em seu artigo 284 refere que “não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga do preso. (...) Ao fazer o uso da força o policial terá que estar preparado técnica e eticamente, além de ter o conhecimento da lei. Citando Ricardo Balestreri, “a fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei, no campo racional pela necessidade técnica e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de policiais e criminosos.”

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O uso legítimo da força caracteriza-se quando o policial aplica os princípios da legalidade (observando as normas legais vigentes), da necessidade (observar se o uso da força foi feito de forma imperiosa), da proporcionalidade (utilizando a força na medida exigida) e da ética ( agindo dentro dos parâmetros morais). O não atendimento a qualquer desses princípios, caracteriza o seu uso indevido, o que pode ocasionar punibilidade para o policial. Embora haja, no mundo, diversos modelos de uso progressivo da força para o uso policial, não há um modelo exclusivo ideal para o Sistema Penitenciário. Nesse caso seu uso efetivo será determinado pelo comportamento do preso na situação-problema; suas ações e o modo como se comporta justificarão o nível de força adotado, partindo do princípio que, somente deverá ser empregada a força necessária para a contenção do indivíduo. O uso da força deverá ser utilizado de forma gradativa, considerando a natureza do agressor e as circunstâncias reais do caso. Portanto, o nível a ser adotado é o que se adequar melhor às circunstâncias dos riscos encontrados, bem como a ação dos indivíduos suspeitos ou infratores durante um confronto. Os níveis de força apresentam seis alternativas adequadas ao uso da força legal como forma de controle a serem utilizadas pelos policiais, que são: nível 1- presença física; nível 2 – verbalização; nível 3 – controles de contato ou controle de mãos livres; nível 4 – técnicas de submissão (controle físico); nível 5 – táticas defensivas não-letais; nível 6 – força letal. O ideal é que toda ocorrência seja resolvida sem o uso da força, sendo utilizada apenas a verbalização, embora nem sempre seja possível. Independente do nível do distúrbio a ser controlado, os princípios norteadores para a utilização do uso da força deverão ser: a legalidade, a necessidade, a proporcionalidade e a ética. Ciente disso, o Agente no exercício de suas atividades internas ou externas, deverá saber que o emprego da força deverá ser moderada e proporcional à agressão ou à ameaça de agressão, utilizada a quantidade de força necessária para controlar o agressor, defendendo a sua vida e/ou a de outros.

4. APREENSÃO DE MATERIAIS PROIBIDOS

4.1 DOS MATERIAIS LÍCITOS

São todos os materiais, equipamentos, alimentos, adereços, etc, de natureza legal, porém, não permitidos, no interior das Unidades Prisionais, por razões as mais variadas, como por exemplo: jóias ou bijuterias, de valor relevante ou não, representadas por cordões, anéis, brincos, pulseiras e relógios, entre outros adereços, por constituírem no ambiente penitenciário moeda de troca para a prática, fomento e/ou pagamento de atividades extorsivas, de tráfico de substâncias entorpecentes, bem como representarem objeto de cobiça entre internos, com disputas violentas pela sua posse.

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Ainda há outros, como: as frutas cítricas e suas polpas, fermento, feijão, arroz, milho, mandioca, macaxeira - estes na forma in natura – utilizados na fabricação de uma espécie de cachaça artesanal, a conhecida “gengibirra”, além dos objetos que podem causar ferimentos, como facas, garfos de inox, utensílios metálicos, ferros, entre tantos outros. Inclui-se também, os medicamentos de uso controlado, que podem ser recebidos com receituário médico, porém, de controle exclusivo do setor de saúde da Unidade. Todos os Estabelecimentos possuem relação própria, pois o rol pode variar de uma Unidade para outra em razão das diferenças regionais (fator cultural) ou da diferença de regime prisional.

4.2 DOS MATERIAIS ILÍCITOS

Tudo o que não tem caráter legal, como: substâncias tóxicas, entorpecentes e venenosas, em geral; bebidas alcoólicas; armas de fogo e armas brancas, incluindo as de brinquedo; aparelho celular, etc. Os materiais de uso proibido nos presídios, anteriormente elencados, mesmo com toda a vigilância e cuidado, algumas vezes passam despercebidos. Ora trazidos por familiares que visitam o detendo, outras vezes por pessoas que mesmo sem serem parentes burlam a fiscalização se passando por parentes, ou com a conivência destes, conseguem falsificar documentos e entrar nas unidades prisionais com o único objetivo de traficar ali dentro. No intuito de uma verificação eficaz, periodicamente são feitas operações “pente fino” nos presídios do Estado com a finalidade de buscar e apreender tais materiais de uso proibido pelos detentos. Materiais estes, que podem servir tanto de meio de defesa interna entre eles, como meio de ataque para os que ali trabalham. Essas “varreduras” visam prevenir e desarticular qualquer tentativa de rebelião nos presídios. Armas artesanais, por exemplo, sempre são utilizadas em motins. Constantemente, nessas operações, encontram-se, dentre outros objetos: celulares, objetos contundentes de fabricação artesanal, drogas, chuços dos mais variados tamanhos entre outros materiais de uso proibido. Tais operações, realizadas periodicamente contribuem para que grupos não se articulem, visto que quando se descobrem os responsáveis por esses materiais, quase sempre são punidos com transferência de unidade prisional. Quando os presos são flagrados nessa situação a pena é aumentada ou há regressão de regime. Se o responsável pela entrada de objetos proibidos na unidade prisional for servidor, responderá administrativa e penalmente, podendo vir a ser punido, processado e/ou demitido. “A droga aumenta as tensões, a violência, os crimes e assassinatos”.

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4.3 DA IDENTIFICAÇÃO, APREENSÃO E PROCEDIMENTO LEGAL A SER ADOTADO

A identificação é realizada por meio de revistas de rotina ou após investigação acerca de um fato específico, uma suspeição. mediatamente após localizar-se o material ilícito ou lícito, que tenha sua entrada proibida, faz-se a identificação do proprietário e a apreensão devida, que culminará em medidas administrativas específicas. No caso de apreensão de produto lícito, mas com entrada proibida, acarretará ao preso, sansões disciplinares, determinadas pelo Conselho de Disciplina, após análise do fato. Em se tratando de ilícitos, o procedimento cabível é a condução do preso, do produto ou material, além das testemunhas até a Delegacia, com a finalidade de autuação em flagrante.

5. ANEXO 5.1 “DICIONÁRIO” PECULIAR DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA DE PERNAMBUCO No cotidiano interno das prisões as relações humanas acontecem tal qual no meio social. Embora intramuros, observa-se que os detentos costumam repetir as mesmas características comportamentais anteriores ao recolhimento no Sistema Penitenciário. Contudo, o que mais se destaca é a comunicação verbal, com suas gírias peculiares e diversas expressões “exóticas” que compõem o modo de se comunicar de grande representação da população carcerária do Brasil. A seguir apresentamos algumas expressões e termos colhidos pelo Agente Adilson Guedes, um dos instrutores dessa disciplina, na sua experiência diária dentro das Prisões, e ainda detento do COTEL, Saint Cleiton C. Alves, que colaborou voluntariamente na coleta de parte dos termos aqui apresentados, autorizando também a citação do seu nome.

1 - ALEMANHA – Outras Cadeias; outras facções.. 2 - ATROPELAR – Bater; espancar. 3 - BOI – Banheiro; vaso sanitário.; 4 - BÓIA – Refeição. 5 - B.O – Bronca; problema. 6- BACTÉRIA – Preso que tem todo o conhecimento de comportamentos e atitudes indevidas dentro do Sistema Penitenciário; preso problemático. 7 – BOBO – Relógio. 8 – BRINCO – Celular. 9 – BATER A RATOEIRA – Trancar a cela. 10 – CASTELO , ESTAR NO CASTELO - Pensamentos; pensar na vida. 11 – CLEPSIONAL – Condicional (Livramento Condicional). 12– CABRÃO, CABUETA, FUBA, RABO DE COBRA – Alcaguêta; informante; dedo duro. 13 - CABEÇA DE GELO – Pessoa tranqüila. 14 – CAÔ; CAÚ CAÚ – Conversa fiada. 15 – CATATAU – Bilhete, carta, correspondência.

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16 – COCHINHO – O rádio. 17 – CORRERIA – O que se pede para outro fazer por estar impossibilitado de fazê-lo. 18 – DRAGÃO – Isqueiro. 19 – DIZER ou DAR A REAL – Esclarecer alguma dúvida. 20 – DOCINHO, DIABINHO – Roupynol. 21 – É NÓS – Estamos juntos; poder contar com o compaheiro. 22 – ENXAME – Confusão; fofoca. 23 – ESTAR COM SARRO – Estar com fome. 24 – FLORO – Fórum. 25 – FARINHA – Cocaína. 26 – FIEL – Comida, refeição oferecida pela Unidade Prisional. 27 – H.C – Liberação após resolver um problema; alguma concessão dada. 28 – JEGA – Cama de cima. 29 – JÁ ESTÁ NA GOMA – Algo que já foi feito. 30 – LIVRAR A CARA – Servir; ajudar; compartilhar; defender alguém de um problema. 31 – MELODIA - Resposta irônica. 32 – MENINO – Homossexual. 33 – MOSCA BRANCA – indivíduo que está preso pela primeira vez. 34 – ÓLEO – Polícia. 35 – PISANTE – Sapato. 36 – PENOSA – Galinha. 37 – PELANTE – Cabelo. 38 – RASTEIRO – Pessoa que prejudicou outra. 39 – RESIDENTE – Reincidente. 40 – ROBÔ – Alguém que assume ação praticada por outro; “assumidor”. 41 – RONALDINHO – Crack. 42 – SANGUE DE URUBU – Café. 43 – SANTINHO – Pão. 44 – TERRA SECA – Alguém que não prospera; que não ajuda aos companheiros. 45 – UNS COMPRIDOS – Macarrão. 46 – UNS CARECAS – Ovos. 47 – UMAS QUADRADAS – Bolachas. 48 – UMA PERNA – Cem reais. 49 – UMA QUINA – Cinqüenta reais. 50 – VENENO – Detento sem visita; que não recebe visita de ninguém. 51 – VENENO DE RATO ou MASSA – Maconha. As expressões utilizadas variam de acordo com o fator cultural e a região física do Estado. Por isso, presos de Unidades localizadas em Cidades do Interior de Pernambuco adotam alguns termos e características comportamentais diferentes dos que residem na Capital e região metropolitana.

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Abaixo, trecho de diálogo comum no dia a dia de uma Unidade Prisional quando um detento solicita atendimento no Setor Penal.

“Gostaria de saber se chegou algum documento em meu benefício já que meu adevogado esteve ontem no floro e deu entrada no relacionamento de prisão. O juiz falou que, talvez, me fosse negado o alvaral, por se tratar de um residente, e que já havia quebrado a clepsional, e que tal benefício talvez me fora concedido em uma instância superior, o TRJ em Brasília.”

(Saint Cleiton C. Alves – COTEL - 2010)

5. REFERÊNCIAS

1. CORREIA, Ivon. Manual de Policiamento Ostensivo Geral e Técnica Policial (MP-1-PMDF ). 1998

2. CARDOSO, Edgar Eleutério. Condução de Presos e Escoltas Diversas (MTP-11-3 - PM ). 1990

3. SOUZA, MAURÍCIO E GALINDO, Oficiais PMPE Manual de Escolta e Custódia de Presos. Secretaria de Justiça do Estado de Pernambuco. 1998

4. Apostilas do Curso de Formação de Agente Penitenciário de Pernambuco. Recife. 1994.

5. Projeto do Procedimento Operacional Padrão – POP. Secretaria Executiva de Ressocialização – SERES – Pernambuco. 2010

6. Apostilas do Programa Nacional de Capacitação do Servidor PenitenciárioDepartamento Penitenciário Nacional – DEPEN – Ministério da Justiça. 2003

7. Lei Federal 7210– Lei de Execução Penal. 1984

8. Súmula Vinculante 11. Supremo Tribunal Federal – STF. Brasília. 2010

9. Revista do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, v.21 n.3. Março/2009

10. Estatuto dos Servidores Públicos do Estado de Pernambuco.

11. Lei nº 10.865.– Criação do Cargo de Agente Penitenciário de PE. 1993

12. Lei nº 11.343– Lei de Entorpecentes. 2006

13. OLIVEIRA, Adilson Guedes de. (2003). Manual de Normas e Procedimentos da Penitenciária de Limoeiro - Limoeiro/PE. Secretaria Executiva de Ressocialização – SERES – Recife/PE.