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MATERIAIS E EQUIPAMENTOS Os materiais são substâncias com propriedades que as tornam úteis na construção de máquinas, estruturas, dispositivos e produtos. Em outras palavras, os materiais do universo que o homem utiliza para “fazer coisas”. Wellington Gomes Curso de capacitação em Higiene Industrial

Módulo 1 - Materiais e Equipamentos

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Materiais e equipamentos

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131Mdulo 1: Materiais e Equipamentos

materiais e equipamentos Os materiais so substncias com propriedades que as tornam teis na construo de mquinas, estruturas, dispositivos e produtos. Em outras palavras, os materiais do universo que o homem utiliza para fazer coisas.Wellington Gomes Curso de capacitao em Higiene Industrial

SumrioConsideraes iniciais4Disponibilidade dos materiais6os materiais de engenharia9Materiais metlicos9Materiais cermicos13Materiais polimricos16Materiais compsitos20outros grupos ou tipos de materiais21competio entre os materiais23propriedades dos materiais24propriedades mecnicas25propriedades trmicas dos materiais28propriedades eltricas dos materiais29propriedades qumicas dos materiais30propriedades pticas dos materiais33propriedades magnticas dos materiais33propriedades Tecnolgicas dos materiais34materiais para equipamentos de processos36critrios de seleo de materiais38a temperatura de operao41a Resistncia corroso43Fludos de Contato/Circulante e Ambiente de Trabalho48Custo do Material48segurana49Forma de Apresentao do Material49Facilidades de Fabricao e de Montagem49tempo de vida previsto50Experincia prvia50Facilidade de Obsteno do Material50Materiais para Construo de Equipamentos e de Processo50ligas metlicas ferrosas50Beneficiamento das Ligas de Ferro51Histrico do Beneficiamento de Ligas Metlicas Ferrosas52o processo siderrgico53As ligas metlicas ferrosas55aos56ao carbono58aos liga61ao inoxidvel63nquel e suas ligas67Equipamentos de processos na indstria de laticnios68Silos e tanques de armazenamento68bombas centrfugas, deslocamento positivo, vcuo, produtos qumicos69Vlvulas Industriais71tubulaes Industriais72Motores eltricos e redutores de velocidade74caldeira76sistema de refrigerao industrial77trocadores de calor Pasteurizador de leite78centrfugas82decanter83tanques de fabricao84Drenoprensa85filadeira86moldadeira - carrosel86prensas87prateleira dessoradora tanque para salga mesa de secagem89Esteiras industriais90tnel de encolhimento91mquina de envase91tacho para fuso de requeijo92batedeira de manteiga92mquina de fechamento de caixas de papelo93isopainel94Painel Eltrico94mangueiras industriais95pneumtica industrial95hidrulica industrial96Balanas de processo100composio qumica de materiais101materiais de diafragmas, mangotes e outras vedaes102propriedades mecnicas de materiais103tipos de materiais de revestimento104resistncia qumica para vlvulas industriais105resistncia qumica para mangueiras industriais109resistncia corroso dos materiais126relao de materiais plsticos137

Consideraes iniciaisA evoluo da sociedade humana sempre foi influenciada pela descoberta de novos materiais. possvel correlacionar cada importante salto ocorrido no desenvolvimento da humanidade com descobertas envolvendo novos materiais. Os primeiros utenslios utilizados pelo homem foram obtidos a partir de madeira ou pedra, principalmente para a fabricao de ferramentas e armas. Outros materiais tambm foram largamente utilizados para fins especficos como ossos, fibras vegetais, conchas, pele de animais e argila. Em geral, estes materiais eram usados para fins decorativos ou para proporcionar maior conforto. Tal desenvolvimento, de certa forma, tornou mais fcil a obteno e processamento dos recursos mnimos para a sobrevivncia, fornecendo consequentemente, maior tempo livre para o nosso desenvolvimento intelectual. Nesta poca, o crebro humano no possua nada diferente do crebro do homem dos dias atuais, ou seja, a capacidade de raciocnio era equivalente nossa. No entanto, o homem possua muito menos tempo para pensar e, consequentemente, menos oportunidade para se desenvolver. A partir do momento que o homem produziu ferramentas e novas tcnicas para facilitar sua vida, passou a ter mais tempo para concatenar ideias, levando-o mais rapidamente a novas solues para os problemas do dia-a-dia, como obter alimento, armazenar comida, desenvolver tcnicas de caa e assim por diante. O desenrolar deste processo funcionou como uma bola de neve. Quanto mais ele se desenvolvia mais tempo disponvel para pensar e se desenvolver ele tinha.

Figura 1 Evoluo histrica dos materiais utilizados e produzidos pelo homemA descoberta de novos materiais teve (e vem tendo ainda hoje!) um papel fundamental neste desenvolvimento. Os primeiros elementos que o homem modificou quimicamente foram o carbono, de materiais queimados, e uma pequena quantidade de metais. A prata, por exemplo, um dos elementos qumicos mais antigos isolados pelo homem. Outro exemplo pr-histrico o cobre, empregado na manufatura de armas e ferramentas, especialmente quando ligado com o estanho formando a conhecida liga de bronze (da a Idade do Bronze). Os primeiros utenslios fabricados com ferro foram obtidos a partir de meteoritos, j que a anlise de objetos daquela poca mostra a presena de teores relativamente elevados de nquel, tpico de ferro meterico. O ferro advindo de minrio (que nada mais que xido de ferro misturado com materiais de rochas como slica) foi provavelmente obtido pela primeira vez quando algum fez uma grande fogueira sobre algumas rochas contendo minrio de ferro. Com a ao do carbono em altas temperaturas este minrio reduziu (ou seja, o oxignio se separou do ferro), tendo-se ento o ferro metlico parcialmente isolado. Bastava ento algum recolher estas estranhas pedras maleveis depois de cessado o fogo e trabalhar com elas, dando forma a vrios tipos de objetos, ainda que rudimentares. De maneira geral, o estudo de materiais foi por muito tempo levado de forma emprica. Este processo esteve principalmente na mo dos alquimistas que isolavam e transformavam os materiais. No entanto, a metodologia de estudo utilizada pelos alquimistas, possua um carter mstico e enviesado pelos preconceitos caractersticos da poca, como ocorreu em todos os ramos da cincia.Figura 2 Evoluo cronolgica cumulativa dos elementos qumicos descobertos no ltimo milnioNos dias de hoje a quantidade de materiais e tcnicas para produo so enormes. A escolha do material mais adequado para uma determinada aplicao no uma tarefa trivial, necessitando de um bom conhecimento em materiais. O tcnico ou tecnlogo deve conhecer os tipos bsicos de materiais e suas propriedades principais, saber articular estes conhecimentos e determinar, da melhor forma possvel, a escolha do material mais apropriado, levando em considerao o custo, suas caractersticas especficas e outros fatores que possam afetar o usurio/operador assim como o ambiente onde o mesmo se encontra.Disponibilidade dos materiaisComo j dito, o homem, h milhares de anos, isola e transforma materiais para a produo de utenslios que facilitem sua vida. Mas de onde vm estes materiais? Onde estariam disponveis? A resposta mais bvia seria: da Terra. A Terra possui um dimetro em torno de 13.000 km e sua massa de aproximadamente 6 1024 kg (ou seja, 24 zeros atrs do nmero 6 !!!). Mas, o homem pode de fato utilizar todo este material? A resposta NO. O homem tem possibilidade de utilizar somente o que h na crosta terrestre. A crosta terrestre uma fina casquinha sobre esta grande esfera que o planeta Terra. Ela possui uma espessura de 30 a 50 km. Fazendo-se uma analogia, se tivssemos uma esfera de 100 mm (10 cm) de dimetro, a espessura equivalente da crosta terrestre seria de 0,4 mm. Seria como uma camada espessa de verniz ou tinta sobre esta esfera de 100 mm. A atmosfera da terra possui dimenses semelhantes da crosta terrestre, logo, a mesma analogia vlida. O homem, ento, extrai seus recursos do meio em que vive, ou seja, da crosta terrestre e da atmosfera. Mas, quais elementos qumicos esto disponveis na crosta terrestre e atmosfera? Sempre ouvimos falar que a terra composta principalmente por ferro, mas esta informao leva em conta toda a esfera. A Figura 3 abaixo mostra a distribuio da composio qumica dos elementos qumicos que compe a crosta terrestre.

Figura 3 Composio qumica da crosta terrestre

A Figura 3, mostra algo interessante: o oxignio e silcio juntos representam quase 75% da proporo de elementos qumicos presentes na crosta terrestre. Nada mais justo! A crosta terrestre formada principalmente por rochas. A quantidade de slica presente nestas rochas muito grande. A areia do mar, nada mais do que slica moda. Se observarmos a composio qumica da slica (SiO2) notamos que ela composta de um tomo de silcio e dois tomos de oxignio. Observando a Figura 3 percebemos que a quantidade de oxignio quase o dobro da de silcio. Coincidncia? Os elementos que seguem, em ordem decrescente, alumnio, ferro, clcio, sdio, magnsio e potssio juntos com oxignio e silcio representam 99% dos elementos qumicos presentes na crosta terrestre. Isto significa dizer que 99% dos recursos disponveis so compostos por estes elementos. O elemento qumico mais abundante do universo o hidrognio, a matria orgnica composta principalmente de carbono, a gua possui 2/3 de hidrognio, o carbono (elemento principal de organismos vivos) e metais importantes como nquel, chumbo, estanho, cobre, titnio, molibdnio e mais os outros noventa e tantos elementos qumicos da tabela peridica com 1% de representao na proporo da crosta. Outro ponto a ser ressaltado. Por que o alumnio to disputado entre os catadores de sucata j que se trata do terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre? Por que simplesmente no cavar e recolher o alumnio? O mesmo pode-se dizer do ferro, tambm muito abundante. Clcio, sdio, magnsio e potssio tambm so metais. Voc j os viu? Voc j viu algum objeto feito a partir de uma barra de clcio? Qual a cor do clcio? Branco? O que ocorre que, assim como o silcio, estes outros metais esto ligados ao oxignio. O alumnio est presente principalmente como alumina (Al2O3) e o ferro como hematita (Fe2O3) e magnetita (Fe3O4). No possvel produzir latinhas de alumnio diretamente com a alumina recolhida da terra. como morrer de sede na praia. A gua salgada no serve para beber! necessrio separar o alumnio do oxignio e isso muito dispendioso. O mesmo ocorre com o ferro, mas este mais fcil de separar que o alumnio. Por isso h mais objetos produzidos de ferro que de alumnio, apesar do Ferro ser menos abundante que o Alumnio. Certamente voc no encontrou por a nenhum objeto feito de uma barra de clcio metlico. O mpeto de pensar o clcio na cor branca que voc o encontra na forma de xido. A cal , basicamente, xido de clcio. O clcio (assim como o ltio, potssio, sdio, rubdio, csio, frncio, magnsio, etc.) extremamente apaixonado por oxignio e por isso a separao um tanto dolorosa. Voc precisa ceder muita energia para separar o clcio do oxignio. O inverso ocorre quando estes metais muito apaixonados por oxignio o encontram, uma quantidade grande de energia liberada. Os metais alcalinos e alcalinos terrosos possuem esta caracterstica. A maioria dos metais presentes no planeta Terra tendem a formar xidos, carbonetos, nitretos, boretos, sulfetos, entre outros. Raramente voc ir encontrar o metal isolado. Existem excees. Por exemplo, o ouro, este fantstico metal no to valioso toa. Ele no forma um xido estvel, ou seja, no oxida! Assim, os objetos produzidos a partir dele duram quase que eternamente. No por nada que arquelogos ainda encontram objetos de civilizaes antigas produzidas a partir de ouro, em excelente estado de conservao. O ouro pode ser encontrado na natureza na forma metlica. Por isso, foi um dos primeiros metais conhecidos pelo homem (Figura 2) e to valorizado. A prata possui um xido pouco estvel e por ser mais abundante que o ouro acabou tendo maior importncia na pr-histria que este.

os materiais de engenhariaOs materiais so substncias com propriedades que as tornam teis na construo de mquinas, estruturas, dispositivos e produtos. Em outras palavras, os materiais do universo que o homem utiliza para fazer coisas.Os materiais slidos so frequentemente classificados em trs grupos principais: materiais metlicos, materiais cermicos e materiais polimricos ou plsticos. Esta classificao baseada na estrutura atmica e nas ligaes qumicas predominantes em cada grupo. Um quarto grupo, que foi incorporado nesta classificao nas ltimas dcadas, o grupo dos materiais compsitos. Em seguida, descreveremos brevemente os quatro grupos acima mencionados.Materiais metlicosOs materiais metlicos so normalmente combinaes de elementos metlicos. Eles apresentam um grande nmero de eltrons livres, isto , eltrons que no esto presos a um nico tomo. Muitas das propriedades dos metais so atribudas a estes eltrons. Por exemplo, os metais so excelentes condutores de eletricidade e calor e no so transparentes luz. A superfcie dos metais, quando polida, reflete eficientemente a luz. Eles so resistentes mas deformveis. Por isto so muito utilizados em aplicaes estruturais.Abaixo segue a Figura 5 exemplificando alguns tipos de metais.

Figura 5 Tipos de metaisEntre os quatros grupos de materiais mencionados anteriormente, os materiais metlicos, e em particular os aos, ocupam um lugar de destaque devido sua extensiva utilizao. Cerca de 70 dos 92 elementos da tabela peridica (Figura 4 abaixo) encontrados na natureza tm carter metlico preponderante. Os metais mais tradicionais, tais como cobre, ouro e ferro so conhecidos e utilizados h alguns milnios.No perodo entre 5.000 e 3.000 a.C., ou seja, dois milnios aps a introduo da agricultura, surgiu uma srie de invenes importantes. O homem desenvolveu o forno de alta temperatura, onde ele aprendeu a fundir os metais e a empreg-los para dominar os animais. Ele inventou o arado, a carroa, as embarcaes, a vela e a escrita. No incio da era crist o homem conhecia sete metais: cobre, ouro, prata, chumbo, estanho, ferro e mercrio.Embora a civilizao clssica da Grcia tenha explorado quase completamente as possibilidades oferecidas pelos metais e outros materiais disponveis desde eras precedentes, na produo de cermicas, joalheria, esculturas e arquitetura, eles pouco fizeram para inovar o campo dos materiais. O mesmo pode-se dizer dos romanos, que adquiriram uma grande reputao como engenheiros. Por outro lado, foram os romanos que disseminaram no seu vasto imprio o ferro como material propulsor da economia.

Figura 4 Tabela Peridica dos Elementos QumicosUm fato importante ocorreu em Mainz (Alemanha), onde Johannes Gutenberg (c.1.397-1.468) iniciou experincias com a fundio de tipos ou caracteres metlicos (chumbo) durante a dcada de 1.440. Por volta de 1.445, ele e seus colaboradores foram capazes de imprimir a Bblia de Gutenberg. Sabemos muito mais sobre os processos de produo de materiais no sculo XVI do que em pocas anteriores, devido imprensa.Em 1.540, o italiano Vannocio Biringuccio publicou sua obra clssica De La Pirotechnia. No seu livro ele trata da fundio e conformao de metais, alm da fabricao de vidro e de plvora.

Figura 5 Fundio e conformao de metaisEm 1.556, foi publicada a obra tambm clssica de George Bauer (em latim, Georgius Agrcola), denominada De Re Metallica. Ele viveu nas regies da Boemia e Silsia e descreve detalhadamente no seu livro operaes de minerao e de fundio.Outro avano significativo na produo e utilizao de materiais metlicos ocorreu com a fabricao dos aos com teor de carbono mais baixo e no estado lquido. Antes da dcada de 1860, o ferro malevel tinha sido sempre consolidado em temperaturas abaixo de seu ponto de fuso. Isto levava inevitavelmente heterogeneidade na distribuio do carbono e ao aprisionamento de escria e outras incluses. Esta descoberta, feita por Henry Bessemer em 1.856, permitiu a produo de ao em grande escala e inaugurou uma nova fase na histria da humanidade; a idade do ao. Quase todos os desenvolvimentos do sculo XIX se dirigiram para a produo mais eficiente dos materiais conhecidos h sculos. At o sculo XIX praticamente nenhum uso dos materiais havia explorado algo alm de suas qualidades mecnicas e pticas ou sua resistncia corroso. As nicas propriedades fsicas amplamente medidas e relatadas quantitativamente na literatura cientfica eram ponto de fuso, densidade, dilatao trmica e calor especfico. Propriedades mecnicas (exceto as constantes elsticas) pareciam ser muito variveis para terem algum significado fundamental. A microestrutura das ligas era praticamente desconhecida. A metodologia de estudo das ligas consistia basicamente em atacar quimicamente com cidos as diversas composies de um determinado sistema binrio. Desta maneira, Karl Karsten noticiou em 1.839 a descontinuidade na reatividade qumica de ligas com composio aproximadamente equiatmicas do sistema binrio cobre-zinco. Mais tarde, descobriu-se que se tratava do composto intermetlico CuZn, conhecido como lato beta.Figura 6 Chapa de lato (CuZn)Mas a grande revoluo estava a caminho: a observao microscpica da microestrutura dos materiais e correlao com suas propriedades. Isto comeou no grande centro produtor de ao, em Sheffield, na Inglaterra. Henry Clifton Sorby, em 1.863/64, observou a estrutura de rochas e de aos ao microscpio ptico. A superfcie destes materiais tinha sido polida e atacada levemente com reagentes qumicos.

Figura 7 Chapa de ao (Inox 316L)Em 1.895, eram descobertos os raios x. A difrao de raios x, que possibilitou a determinao da estrutura cristalina dos materiais, foi descoberta em 1.911/12.De posse da metalografia ptica, da difrao de raios x e de algumas tcnicas indiretas como dilatometria e anlise trmica, os metalurgistas puderam caracterizar as transformaes de fase e as microestruturas delas decorrentes. A correlao das microestruturas com as propriedades foi uma consequncia natural. O advento da microscopia eletrnica possibilitou melhores resolues e a observao de detalhes e espcies no observveis com o microscpio ptico.A maioria dos elementos qumicos foi descoberta nos ltimos 250 anos (vide Figura 2). Empregamos atualmente nos processos industriais a grande maioria dos elementos qumicos, ao passo que, at um sculo atrs, com exceo de uns 20 deles, os mesmos eram curiosidades nos laboratrios de qumica.Materiais cermicosOs materiais cermicos so normalmente combinaes de metais com elementos no metlicos. Os principais tipos so: xidos, nitretos e carbonetos. A esse grupo de materiais tambm pertencem os argilo-minerais, o cimento e os vidros. Do ponto de vista de ligaes qumicas, eles podem ser desde predominantemente inicos at predominantemente covalentes. Eles so tipicamente isolantes trmicos e eltricos. So tambm mais resistentes alta temperatura e a ambientes corrosivos que os metais e polmeros. Eles so muito duros, porm frgeis. Abaixo segue a Figura 6 exemplificando alguns tipos de materiais cermicos.

Figura 8 Tipos de matrias cermicos

A argila foi o primeiro material estrutural inorgnico a adquirir propriedades completamente novas como resultado de uma operao intencional realizada por seres humanos. Esta operao foi a queima (sinterizao) que tornou possvel a obteno de potes, panelas e outros utenslios cermicos, com enorme impacto na vida e nos hbitos do homem. Segundo Kranzberg e Smith, este foi talvez o comeo da engenharia de materiais. Estima-se que isto tenha ocorrido no oitavo milnio a.C.

Figura 9 Diferentes tipos de argilasA cermica vermelha (telhas, tijolos e manilhas) e a cermica branca (azulejos, sanitrios e porcelanas) so constitudas principalmente de silicatos hidratados de alumnio, tais como caulinita, haloisita, pirofilita e montmorilonita. O xido de ferro que confere a cor avermelhada de muitos produtos cermicos.

Figura 10 Pigmentos de xido de ferroA argila usualmente plstica aps ser suficientemente pulverizada e umedecida e nesta condio conformada. Aps a secagem, ela se torna rgida e adquire alta dureza aps a queima em temperaturas elevadas. As cermicas tradicionais base de slica, alumina ou magnsia so tambm muito utilizadas como refratrios em fornos e dispositivos utilizados na fuso e tratamentos trmicos dos metais e ligas.Enquanto as cermicas tradicionais so obtidas a partir de matrias primas naturais tais como argilo-minerais e areia; as cermicas avanadas so feitas a partir de xidos, nitretos, carbonetos e boretos de alta pureza, tm composio definida e o tamanho, a forma e a distribuio das partculas so controlados. Por outro lado, o mercado mundial de cermicas tradicionais pelo menos uma ordem de grandeza maior que o de cermicas avanadas.Os vidros tradicionais so misturas de xidos e devem ser classificados como materiais cermicos. Eles tambm so materiais bastante antigos. Por volta do ano 4.000 antes de Cristo j existiam vidros decorativos no Egito. Em 1.500 a.C., a produo de vidros j estava relativamente estabelecida.Em 1.200 d.C., Veneza era a capital do vidro. Para proteger sua tecnologia contra ingleses e franceses, os venezianos transferiram em 1.292 a produo de Veneza para a ilha de Murano. Os vidros desta poca eram basicamente misturas de slica, cal e soda. Pequenas adies de ons de cobalto, cromo, cobre, mangans e ferro causam grandes mudanas de cor. Por exemplo, a adio de apenas 0,15% de CoO (xido de cobre) confere ao vidro de carbonato de sdio a cor azul escura.

Figura 11 xido de cobre disposto na naturezaO prximo grande desenvolvimento ocorreu com os chamados vidros pticos. Em 1.846, o mecnico Carl Zeiss e o professor de fsica Ernst Abbe montaram uma oficina de ptica em Jena, na Alemanha. Os estudos de Abbe mostraram que havia uma limitao bsica para a resoluo em um sistema ptico, relacionada ao dimetro da lente e ao comprimento de onda da luz.Em 1.882, o qumico recm-doutorado Friedrich Otto Schott juntou-se a eles. Schott havia concludo seu trabalho de doutorado com vidros de alta pureza e procurava para eles uma aplicao. Vidros de melhor qualidade e a assessoria de um especialista em materiais era exatamente o que estava faltando aos produtos da oficina de Zeiss e Abbe. Os trs dominaram o desenvolvimento das lentes modernas e dos instrumentos ticos.Nas ltimas dcadas do atual sculo ocorreram dois outros desenvolvimentos importantes na indstria do vidro, relacionados com a utilizao de materiais reforados com fibras de vidro e com as fibras pticas usadas na transmisso de informaes.Os vidros inorgnicos apresentam ausncia de ordem de longo alcance (so amorfos), tm propriedades isotrpicas, so transparentes luz visvel, podem ser formulados para absorver ou transmitir determinados comprimentos de onda, so isolantes trmicos e eltricos e amolecem antes de fundir, permitindo a conformao por sopro de formas intrincadas.Em 1.960, foram produzidos pela primeira vez por Pol Duwez ligas metlicas amorfas; os chamados vidros metlicos. Estes materiais so estruturalmente similares aos vidros inorgnicos, mas apresentam as propriedades impostas pela ligao metlica.Figura 12 Diferentes tipos de vidrosMateriais polimricosOs polmeros so constitudos de macromolculas orgnicas, sintticas ou naturais. Os plsticos e borrachas so exemplos de polmeros sintticos, enquanto o couro, a seda, o chifre, o algodo, a l, a madeira e a borracha natural so constitudos de macromolculas orgnicas naturais.Os polmeros so baseados nos tomos de carbono, hidrognio, nitrognio, oxignio, flor e em outros elementos no metlicos. A ligao qumica entre tomos da cadeia covalente, enquanto a ligao intercadeias fraca, secundria, geralmente dipolar.Os materiais polimricos so geralmente leves, isolantes eltricos e trmicos, flexveis e apresentam boa resistncia corroso e baixa resistncia ao calor.Os polmeros naturais foram usados por milnios. Materiais naturais de origem animal ou vegetal, como madeira, fibras txteis, crinas e ossos, so todos polmeros. Por outro lado, o desenvolvimento dos plsticos modernos ocorreu principalmente depois de 1.930. Para que os plsticos modernos pudessem ser desenvolvidos, a qumica orgnica teve que ser criada.At a dcada de 1.820, predominava a chamada teoria da fora vital: os compostos orgnicos s existiriam nas coisas vivas, enquanto os compostos inorgnicos seriam os constituintes de todos os minerais.A sntese da uria feita por Woehler, em 1.828, a partir de compostos inorgnicos, liquidou com a teoria da fora vital. Hoje em dia, existem mais de um milho de substncias orgnicas sintetizadas artificialmente, mas naquela poca, qumicos importantes como Berzelius (1.779-1.848) receberam com ceticismo o anncio feito pelo jovem qumico Woehler. Por uma ironia da histria, a expresso polmero foi criada por Berzelius, em 1.832, em contraposio ismero, para designar compostos de pesos moleculares mltiplos, ou de mesmo peso molecular, respectivamente. O termo polmero vem do grego e significa muitas partes.A baquelita, descoberta em 1.905, por Leo Hendrik Baekeland, foi a primeira da srie dos plsticos sintticos. Em 1.935, M.W.Perrin e J.C. Swallow descobrem o polietileno. Em 1.938, R.J. Plunkett descobre o politetrafloretileno (PTFE). A maioria dos polmeros foi descoberta no perodo entre 1.930 e 1.950, mas a indstria dos polmeros no chegou sua maturidade antes dos anos 60. O desenvolvimento foi, a partir da, exponencial.

Figura 13 Pigmentos de baquelitaExistem vrios tipos de macromolculas: Macromolculas sintticas orgnicas. Exemplos: polietileno, policloreto de vinila, nailon e muitos outros plsticos; Macromolculas naturais orgnicas. Exemplos: algodo, madeira, l, cabelo, couro, seda, chifre, unha e borracha natural; Macromolculas naturais inorgnicas. Exemplos: diamante, grafite, slica e asbesto; Macromolculas sintticas inorgnicas. Exemplos: cido polifosfrico e policloreto de fosfonitrila.Figura 14 Diferentes tipos de polmeros O petrleo e o gs natural so as duas principais matrias primas para a produo de plsticos. Na destilao fracionada do petrleo so obtidas diversas fraes de hidrocarbonetos. A frao de maior importncia na produo de plsticos a nafta. Por exemplo, de cada 100 toneladas de petrleo pode-se obter cerca de 20 toneladas de nafta e pouco mais de 5 toneladas de polietileno.Os polmeros podem ser classificados em trs grupos principais: Termoplsticos: Podem ser repetidamente conformados mecanicamente desde que reaquecidos. Portanto, no s a conformao a quente de componentes possvel, mas tambm a reutilizao de restos de produo, que podem ser reintroduzidos no processo de fabricao (reciclagem). Muitos termoplsticos so parcialmente cristalinos e alguns so totalmente amorfos. Exemplos tpicos de termoplsticos so: polietileno, policloreto de vinila (PVC), polipropileno e poliestireno. Termorrgidos: So conformveis plasticamente apenas em um estgio intermedirio de sua fabricao. O produto final duro e no amolece mais com o aumento da temperatura. Uma conformao plstica posterior no portanto possvel. No so atualmente reciclveis. Os termorrgidos so completamente amorfos, isto , no apresentam estrutura cristalina. Exemplos tpicos de termorrgidos so: baquelite, resinas epoxdicas, polisteres e poliuretanos. Elastmeros (borrachas): So tambm materiais conformveis plasticamente, que se alongam elasticamente de maneira acentuada at a temperatura de decomposio e mantm estas caractersticas em baixas temperaturas. Os elastmeros so estruturalmente similares aos termoplsticos, isto , eles so parcialmente cristalinos. Exemplos tpicos de elastmeros so: borracha natural, neopreno, borracha de estireno, borracha de butila e borracha de nitrila.O consumo de polmeros em um pas industrializado, como a Inglaterra, predominantemente de termoplsticos (55%), depois vem as borrachas (27%) e em seguida os termorrgidos (10% e outros produtos polimricos 8%).Os maiores produtores mundiais de polmeros so: Estados Unidos (29%), Japo (12%), Alemanha (10%), Ex-URSS (6%), Frana (5%) e outros (38%).O nvel de desenvolvimento industrial de um pas ou continente pode ser avaliado pelo consumo de plsticos, conforme ilustra a Tabela 1.Tabela 1 Consumo de plsticos em diversos pases e regiesMateriais compsitosOs materiais compsitos so materiais projetados de modo a conjugar caractersticas desejveis de dois ou mais materiais.Um exemplo tpico o compsito de fibra de vidro em matriz polimrica. A fibra de vidro confere resistncia mecnica, enquanto a matriz polimrica, na maioria dos casos constituda de resina epoxdicas, responsvel pela flexibilidade do compsito.A matriz pode ser polimrica, metlica ou cermica. O mesmo vale para o reforo, que pode estar na forma de disperso de partculas, fibras, bastonetes, lminas ou plaquetas.Os materiais compsitos so tambm conhecidos como materiais conjugados ou materiais compostos.

Figura 15 Materiais compsitos utilizados em aviesA madeira um material compsito natural, em que a matriz e o reforo so polimricos. O concreto outro compsito comum. Neste caso, tanto a matriz como o reforo so materiais cermicos. No concreto, a matriz cimento Portland e o reforo constitudo de 60 a 80% em volume de um agregado fino (areia) e de um agregado grosso (pedregulho). O concreto pode ainda ser reforado com barras de ao.A grande expanso no desenvolvimento e no uso dos materiais compsitos iniciou-se na dcada de 1970, conforme mostra a Figura 16.

Figura 16 Evoluo da produo de alguns materiais nos EUAoutros grupos ou tipos de materiaisAlm dos quatros grupos principais mencionados anteriormente, existem alguns grupos emergentes de materiais, tais como: materiais semicondutores, materiais supercondutores, polmeros condutores e silicones.Os materiais semicondutores tm propriedades eltricas intermedirias entre condutores e isolantes. Alm disto, as caractersticas eltricas destes materiais so extremamente sensveis presena de pequenas concentraes de impurezas. Os semicondutores tornaram possvel o advento dos circuitos integrados, que revolucionaram as indstrias eletrnica e de computadores nas ltimas duas dcadas. Os semicondutores podem ser elementos semi-metlicos puros como o silcio e o germnio.

Figura 17 Materiais semicondutoresOs materiais supercondutores apresentam resistncia eltrica desprezvel abaixo de uma certa temperatura, denominada temperatura crtica. Eles podem ser tanto materiais metlicos como materiais cermicos. Os melhores supercondutores metlicos so geralmente compostos intermetlicos. Os condutores cermicos, descobertos recentemente, so xidos mistos, mas a quantidade de corrente conduzida (corrente crtica) muito baixa.Figura 18 Materiais supercondutores

Enquanto os polmeros condutores encontram-se em fase de desenvolvimento, os silicones j so amplamente utilizados na forma de leos, borrachas e resinas.

Figura 19 Polmeros condutores

competio entre os materiaisBuscando maior competitividade nos bens de consumo, as indstrias desenvolvem produtos cada vez melhores. O objetivo final sempre a satisfao do cliente, mas, no entanto, esta satisfao algo relativo. Em geral, o cliente quer o bom e barato. O desafio ento utilizar o material que fornece a melhor relao custo/benefcio do mercado. Atualmente, pode-se notar que os aspectos sociais e ambientais vm sendo levado em considerao pelos clientes, cada vez mais exigentes. Para se conhecer estas caractersticas deve-se ter um bom entendimento sobre os materiais, seus possveis tratamentos e os custos envolvidos e impactos associados. Na histria, o uso de materiais para produzir bens de consumo estava limitado ao conhecimento da existncia destes materiais, na facilidade de se obter, e nas suas caractersticas quanto facilidade de se processar e quo durveis eram tais materiais. A Figura 20 mostra a importncia relativa das principais classes de materiais ao longo da histria.Figura 20 A evoluo dos materiais com o tempoOs materiais pr-histricos eram, principalmente, as cermicas e os polmeros naturais. As armas (como sempre na crista da onda da tecnologia) eram produzidas com madeira e pedras (ponta de flechas, lanas, entre outros). As casas e pontes eram construdas a partir de pedras. O ouro e a prata disponveis na poca tinham menor importncia nesta tecnologia. Com a descoberta do cobre, bronze e em seguida o ferro, os artefatos armamentcios e as ferramentas produzidas de madeira e pedra. Com o desenvolvimento da metalurgia, os horizontes se abriram e um grande salto na tecnologia foi dado. Nos meados da Segunda Guerra Mundial, os materiais metlicos se sobressaiam (e com folga!) s demais classes de materiais. A partir da as cermicas avanadas comearam a se desenvolver e sua utilizao passou a ser inevitvel. Alm disso, a partir deste perodo, o homem consolidou seu domnio na sntese de materiais polimricos e, por conseguinte, os materiais compsitos se desenvolveram tambm. Com o domnio da tecnologia dos materiais, a importncia relativa dos mesmos agora mais equilibrada. Isto faz com que a gama de materiais passveis de serem utilizados seja maior o que por um lado bom. A notcia ruim que precisamos estudar mais para conhecer suas caractersticas e melhor aproveitar os recursos naturais disponveis. propriedades dos materiais Os materiais muitas vezes so identificados pelos seus atributos ou qualidades. Por exemplo, materiais refratrios, aos mola, materiais com boa condutibilidade eltrica. Estes atributos so chamados de propriedades dos materiais e so essenciais para a escolha de um material para uma determinada aplicao. As propriedades dos materiais dependem da natureza do material, composio qumica, estrutura cristalina, dos defeitos na estrutura cristalina. Podemos citar como propriedades dos materiais, as propriedades fsicas, qumicas, mecnicas e tecnolgicas.

Figura 21 Classificao das Propriedades dos materiaisFigura 22 Classificao das Propriedades dos materiaispropriedades mecnicasAs propriedades mecnicas constituem uma das caractersticas mais importantes das ligas metlicas ferrosas em suas vrias aplicaes, visto que o projeto e a construo de componentes mecnicos estruturais so baseados nestas propriedades. Elas definem o comportamento do material quando sujeito a esforos de natureza mecnica e correspondem as propriedades que, num determinado material, indicam a sua capacidade de transmitir e resistir aos esforos que lhe so aplicados, sem romper ou sem que produzam deformaes permanentes. As propriedades mecnicas podem ser obtidas a partir de ensaios mecnicos, seguindo as suas respectivas normas. i. Resistncia mecnica: pode-se conceituar resistncia mecnica como sendo a capacidade do material de resistir a esforos de natureza mecnica, como trao, compresso, cisalhamento, toro, flexo entre outros, sem romper e/ou se deformar. O termo resistncia mecnica, porm abrange na prtica um conjunto de propriedades que o material deve apresentar, dependendo da aplicao ao qual se destina. muito comum para efeito de projeto relacionar diretamente a resistncia mecnica com resistncia trao do material.

Figura 23 Resistncia trao e compresso

ii. Elasticidade: a capacidade que o material apresenta de deformar-se elasticamente. A deformao elstica de um material ocorre quando o material submetido a um esforo mecnico e o mesmo tem suas dimenses alteradas, e quando o esforo cessado o material volta s suas dimenses iniciais.

Figura 24 Elasticidade

iii. Ductilidade e/ou plasticidade: a capacidade que o material apresenta de deformar-se plasticamente (ou permanentemente) antes de sua ruptura. Nota-se que houve deformao plstica de um material quando este submetido a um esforo mecnico e o mesmo tem suas dimenses alteradas, e quando o esforo cessado o material no retorna sua dimenso inicial.

Figura 25 Plasticidade

iv. Dureza: A dureza possui vrias definies. Talvez a que mais se adapte ao nosso curso seja: dureza a medida da resistncia que o material possui a deformao plstica localizada.

Figura 26 Equipamento utilizado em ensaio de dureza

v. Tenacidade: a capacidade que o material possui em absorver energia antes de sua ruptura. Dentro deste mesmo conceito pode-se associar a tenacidade com a resistncia ao impacto.

Figura 27 Tenacidade propriedades trmicas dos materiaisQuando um slido absorve calor, sua temperatura aumenta e sua energia interna tambm. Os dois tipos principais de energia trmica em um slido so a energia vibracional dos tomos ao redor de suas posies de equilbrio e a energia cintica dos eltrons livres. Concluindo, as propriedades trmicas determinam o comportamento dos materiais quando so submetidos a variaes de temperatura. Isso acontece tanto no processamento do material quanto na sua utilizao. um dado muito importante, por exemplo, na fabricao de ferramentas de corte.

Figura 28 Propriedade Trmica

Figura 29 Dilatao trmicapropriedades eltricas dos materiais a capacidade que determinados materiais possuem de conduzir a corrente eltrica.

Figura 30 Cabeamento eltrico de cobrepropriedades qumicas dos materiaisA maioria dos metais ocorre na natureza de forma combinada, principalmente com o oxignio. Isto uma evidncia de que os metais puros e as ligas metlicas so menos estveis termodinamicamente que, por exemplo, seus xidos. Portanto, os metais e ligas tendem a reagir com o meio durante a sua utilizao. Alguns metais preciosos representam uma exceo no comportamento mencionado acima.A corroso metlica um processo eletroqumico. Os metais apresentam diferentes propenses corroso. Como o processo de ionizao de um metal cria um potencial eltrico, denominado potencial de eletrodo, a propenso corroso pode ser avaliada por este potencial. Os potenciais de eletrodo so medidos em relao ao hidrognio. O potencial de eletrodo depende tambm (alm do metal) da natureza e da concentrao da soluo em que o metal est imerso.Um fenmeno muito importante no estudo de corroso a passivao. A passivao causada pela formao de uma pelcula muito fina (pelcula passivadora) e aderente de xido na superfcie do metal ou liga, a qual dificulta a continuidade do processo de corroso ou oxidao. Este fenmeno ocorre no cromo, no ferro, no nquel, no titnio e na maioria de suas ligas. Os casos mais conhecidos de passivao so provavelmente os do ao inoxidvel e do alumnio.Figura 31 PassivaoA corroso pode ser classificada em vrios tipos, de acordo com a maneira com que ela ocorre. O ataque pode ser generalizado (uniforme) ou localizado. O ataque localizado, por sua vez, tambm pode ser de vrios tipos. A figura 20.1 sumariza os oito tipos mais comuns de corroso: corroso uniforme, corroso por pites, corroso galvnica envolvendo metais dissimilares, corroso em frestas, corroso seletiva, corroso intergranular na ausncia de tenso, corroso intergranular com a presena de tenso e corroso transgranular sob tenso. Os ltimos sete tipos de corroso podem ser considerados como sendo de corroso localizada.Os materiais cermicos so muito estveis quimicamente. Eles so praticamente inertes na maioria dos meios orgnicos e inorgnicos, em gua, assim como em cidos e bases fracos. Os vidros inorgnicos, em particular, so muito resistentes aos ataques qumicos. Apesar disto, eles so atacados pelo cido fluordrico e por algumas bases. Os materiais refratrios utilizados em altas temperaturas no revestimento de fornos tambm podem sofrer ataques de gases e de metais lquidos.

Figura 32 Formas de corroso

Figura 33 Formas de corrosoOs polmeros, em comparao com os materiais metlicos, so bastante estveis em meios lquidos tais como gua, solues inorgnicas cidas ou bsicas, assim como em atmosferas agressivas. No entanto, importante destacar que a maioria dos polmeros (termoplsticos e termorrgidos) absorve pequenas quantidades de gua. Por exemplo, o polietileno absorve cerca de 0,1 a 0,2% de gua em 24 horas de exposio.Por outro lado, muitos polmeros so atacados e at dissolvidos por alguns solventes orgnicos. Por exemplo, o poliestireno solvel em benzeno, tolueno e xileno. Em geral, os termorrgidos so mais resistentes ao ataque de solventes orgnicos que os termoplsticos.Algumas vezes, o polmero no chega a ser dissolvido totalmente, mas a penetrao por difuso de lquido ou soluto para regies entre as cadeias aumenta a separao entre elas e causa inchamento. Alm disto, o material torna-se mais mole e dctil. Em geral, tanto a dissoluo como o inchamento diminuem com a diminuio da temperatura e com o aumento do peso molecular, do grau de ligaes cruzadas e do grau de cristalizao.Outra forma de degradao causada pela difuso do oxignio para regies entre as cadeias dos termoplsticos, promovendo ligaes cruzadas. Esta reao, denominada envelhecimento, acelerada pela luz ultravioleta ou pela luz solar forte e torna o polmero mais duro e frgil. Ela muito comum no polietileno e nas borrachas. A oxidao dos pneus pode ser suprimida pela adio de pequenas quantidades de carvo ou de substncias antioxidantes, como as aminas aromticas ou derivadas de fenis.propriedades pticas dos materiaisPor propriedades pticas entende-se a resposta ou reao do material incidncia de radiao eletromagntica e em particular de luz visvel.

Figura 34 Propriedade pticapropriedades magnticas dos materiaisDe uma maneira simplificada, pode-se dizer que magnetismo um fenmeno pelo qual os materiais exercem foras (de atrao e de repulso) uns sobre os outros. Esta definio, embora til e prtica, apresenta algumas limitaes. Por exemplo, o estado magntico de um material no constante e pode ser alterado de diversas maneiras. Alm disto, o fato de materiais repelirem-se ou atrarem-se no significa que eles sejam magnticos. A fora entre eles pode ser, por exemplo, de carter eletrosttico. Muitos dos equipamentos e dispositivos modernos dependem do magnetismo e dos materiais magnticos: geradores e transformadores de eletricidade, motores eltricos, rdio, televiso, telefone e computadores. O ferro, alguns aos e a magnetita (Fe3O4) so exemplos de materiais comuns que apresentam magnetismo. Alm destes, existem muitos outros, menos comuns, tais como compostos intermetlicos de samrio e cobalto, assim como ligas de neodmio, ferro e boro.Do mesmo modo que os materiais diferem bastante na sua resposta a um campo eltrico (condutores, isolantes e etc.), eles tambm diferem substancialmente quando expostos a um campo magntico. Os efeitos magnticos nos materiais originam-se nas minsculas correntes eltricas associadas ou a eltrons em rbitas atmicas ou a spins de eltrons. Podemos classificar os materiais quanto ao seu comportamento magntico em diamagnticos, paramagnticos, ferromagnticos, antiferromagnticos e ferrimagnticos.

Figura 35 Propriedade magnticapropriedades Tecnolgicas dos materiaisNa produo de certos componentes mecnicos, algumas propriedades tecnolgicas podem ser consideradas, para que o material a ser processado tenha um comportamento que no comprometa seu desempenho tanto durante o processamento, como em sua utilizao. Vamos citar as mais importantes:i. Usinabilidade: expressa a facilidade de um material ser usinado, ou seja, fabricao de uma pea, a partir da remoo de maior dimenso, atravs da remoo de material. Esta propriedade tecnolgica pode expressa por meio de um valor numrico comparativo com um outro material padro.

Figura 36 Usinagem de ao inox

ii. Conformabilidade: a capacidade do material de ser deformado plasticamente atravs de processos de conformao mecnica. Esta propriedade est associada ductilidade do material.

Figura 37 Conformabilidade do ao

iii. Temperabilidade: est diretamente relacionada com a profundidade (da superfcie em direo ao ncleo) com a qual o material pode ser endurecido num tratamento trmico de tmpera.

Figura 38 Temperabilidade do ao carbono

iv. Soldabilidade: a capacidade de um material ser unido pelo processo de soldagem, tendo por objetivo a continuidade das propriedades fsicas, qumicas e mecnicas dos mesmos.Figura 39 Soldabilidade do ao inoxmateriais para equipamentos de processos A demanda pela otimizao de processos e a necessidade do aumento da confiabilidade dos equipamentos de processo vm merecendo ateno especial ao longo dos ltimos anos, por conta da necessidade de aumento da competitividade das empresas e da diminuio dos custos com paradas das plantas para manuteno e troca de equipamentos. Na medida em que se deseja que os equipamentos operem com maior eficincia e por tempos mais prolongados, torna-se necessrio que os materiais que os compem possam suportar condies cada vez mais severas de trabalho; condies essas, consideradas crticas para materiais comuns (ditos convencionais). Tais condies de trabalho podem incluir, por exemplo, temperaturas e presses elevadas e ambientes agressivos (corrosivos e/ou abrasivos) entre outros. Denominam-se equipamentos de processo os equipamentos estticos em indstrias de processamento, que so as indstrias nas quais materiais slidos ou fluidos sofrem transformaes fsicas e/ou qumicas ou as que se dedicam armazenagem, manuseio ou distribuio de fluidos. Dentre essas indstrias citam-se as refinarias de petrleo e suas precursoras (prospeco e extrao de petrleo), as indstrias qumicas e petroqumicas, grande parte das indstrias alimentcias e farmacuticas, a parte trmica das centrais termoeltricas e os terminais de armazenagem e distribuio de produtos de petrleo, entre outras.Equipamentos estticos tais como colunas de destilao, vasos de presso, caldeiras, trocadores de calor, fornos, tanques e tubulaes industriais, constituem no s a parte mais importante da maioria das indstrias de processamento, como tambm, so geralmente os itens de maior tamanho, peso e custo nessas indstrias conforme a Figura 40.

Figura 40 Equipamentos de processo. (a) forno cilndrico; (b) coluna de destilao; (c) trocadores de calor; (d) vaso de pressoNas indstrias de processamento, algumas condies especficas fazem com que seja necessrio um grau de confiabilidade mais apurado para os equipamentos, em comparao com o que normalmente exigido para os equipamentos dos demais ramos industriais. Dentre estas condies citam-se: Regime contnuo de operao, o que submete os equipamentos a condies severas de trabalho; Equipamentos interligados entre si, com potencial risco de paralisao de toda a planta por conta da ocorrncia de uma falha individual (de um nico equipamento); Operao em condies de grande risco, que envolvam fluidos inflamveis, txicos, explosivos, corrosivos, etc.A adequada seleo dos materiais a serem utilizados na construo destes equipamentos tem papel fundamental na garantia da confiabilidade dos mesmos quando em operao, da, a importncia de se conhecer no apenas as condies a que o equipamento estar sujeito quando em servio, mas tambm o comportamento de cada material em tais condies; de modo que ao final do processo de seleo, a opo seja pelo material que possa propiciar a confiabilidade desejada, com os nveis de eficincia e segurana esperados e evidentemente com uma relao custo/benefcio satisfatria.critrios de seleo de materiaisOs fatores que devem ser considerados na seleo de materiais para a construo de um equipamento, envolvem os cuidados com a segurana; o conhecimento das condies e ambiente de trabalho do equipamento; localizao da planta industrial; as condies e variveis envolvidas no processo de industrializao do produto; disponibilidade e prazo de entrega; as caractersticas e propriedades qumicas, fsicas e mecnicas dos materiais disponveis; facilidade operacional em atividades de inspeo e manuteno e tambm a viabilidade econmica da sua utilizao.Guias tcnicos que descrevem as propriedades e comportamento de diversos tipos de liga so frequentemente utilizados e necessrios seleo, entretanto, o comportamento dos materiais submetidos a condies e ambientes diversos bastante complexo. Tal comportamento, nem sempre pode ser completamente previsto somente atravs de testes em laboratrio, tendo em vista a grande quantidade de variveis envolvidas. Neste caso, a experincia em servio (operao real) ter papel fundamental no julgamento definitivo do desempenho da liga na aplicao para a qual a mesma tenha sido selecionada ou desenvolvida e neste sentido as empresas utilizam recursos de monitoramento peridico dos mesmos para deteco e preveno de eventuais danos que possam produzir resultados indesejados, sobretudo no que se refere segurana.Teoricamente, podemos estabelecer vrios critrios como: propriedades, processabilidade, acabamento etc. Estabelecer pr-requisitos nos facilitam na hora da seleo do melhor material a ser aplicado, contudo, na prtica, muitas vezes, no se obtm o resultado desejado.Desta forma, necessitamos de procedimentos de interao e otimizao. Podemos estabelecer alguns tpicos que sejam mais representativos, entretanto, essa lista no se esgota. Consideraes dimensionais; Consideraes de forma; Consideraes de peso; Consideraes de resistncia mecnica; Resistncia ao desgaste; Conhecimento das variveis de operaes; Facilidade de fabricao; Facilidade de montagem; Requisitos de durabilidade; Nmero de unidades; Disponibilidade de material; Custo da matria-prima; Custo do processamento; Existncia de especificaes e cdigos; Viabilidade de reciclagem; Valor da sucata; Grau de normalizao; Tipo de transporte; Acabamento de superfcie.Os critrios anteriormente relatados no so os nicos que deve se basear para a seleo dos materiais ou processos de fabricao.Com um plano estratgico bem equacionado, so definidos alguns caminhos para a conceituao e concepo. Criao de um novo produto ou nova funo; Modificaes que visam adaptaes a novas condies de servio; Materiais inadequados ao servio; Novos materiais e novos processos para melhoria do desempenho; Reduo de custo; Seguir Tendncias do mercado.Fatores envolvidos na seleo de matrias: i. Estticos Mercadolgicos Acabamento; Forma do Produto; Cores; Transparncia; Tendncia de Comportamento; Hbitos de Consumo.ii. Ecolgicos Reciclabilidade Reutilizao; Consumo de Energia; Consumo de gua; Limpeza do Processo Produtivo.iii. Processos e Utilizao Tempo de Uso; Nvel de Toxidade; Resistncia Mecnica, Qumica e Fsica; Processabilidade; Estabilidade Dimensional; Segurana; Fixao do acabamento de superfcie.

iv. Econmicos Tempo de Vida do Produto; Manufaturabilidade; Investimento; Custo da Matria Prima; Custo do Processo.a temperatura de operaoA temperatura de operao frequentemente o primeiro e em muitos casos o nico fator levado em conta na seleo da liga. Relativo a este fator, diversos outros subfatores devem ser observados, os quais esto intimamente relacionados com a resposta comportamental do material submetido ao fsica do calor.i. Resistncia mecnica: Via de regra, a resistncia mecnica da liga inversamente proporcional temperatura de operao do equipamento, ou seja, na medida em que a temperatura aumenta, diminui a capacidade da liga resistir a esforos mecnicos. Deve-se verificar tambm se o equipamento ir operar em condies de fluncia, onde ocorre a deformao do material ao longo do tempo, mesmo que submetido a esforos com valores abaixo do seu limite de escoamento. Este fenmeno se torna mais proeminente com o aumento de tenses e temperaturas. Outro fenmeno que deve ser verificado a falha por fadiga, pois se admite que 90% das rupturas das peas em servio atribudo a este fenmeno. Novamente, este fenmeno ocorre sob tenses inferiores resistncia do material, em equipamentos expostos a esforos cclicos.ii. Temperatura de oxidao: A temperatura de oxidao da liga tambm deve ser considerada, uma vez que a oxidao produz perda de material com consequente diminuio da espessura de parede do equipamento e da sua capacidade projetada de resistir a esforos. Esta avaliao deve ser realizada sempre em relao s condies atmosfricas a que o equipamento exposto.iii. Estabilidade trmica: Normalmente a baixas temperaturas e mesmo em temperatura ambiente os materiais tm sua resistncia ao impacto e ductilidade reduzida, enquanto que em temperaturas mais elevadas tendem a ser mais maleveis. Entretanto, muitas ligas compostas por cromo e molibdnio aps longo tempo de exposio a temperaturas mais elevadas apresentam sua ductilidade diminuda em um processo conhecido como fragilizao (do ingls: embrittlement). Nestas condies, necessrio, portanto, que se esteja atento ao fator da estabilidade trmica da liga para a faixa de temperatura na qual a mesma ser aplicada, sob o risco de que a liga possa ter sua resistncia a esforos dinmicos diminuda.iv. Expanso trmica: Mesmo com os avanos na rea de projeto que consideram a utilizao de juntas de expanso e detalhes construtivos com peas mveis, como meios de controle e atenuao dos efeitos de dilatao e contrao trmica dos materiais; o relatrio do Departamento de Energia Americano, aponta que a maior causa de distores e aparecimento de trincas em equipamentos que trabalham a altas temperaturas devida a falhas na escolha da liga com adequada expanso trmica ou conjunto de ligas com expanso trmica diferenciais. O relatrio alerta quanto aos cuidados que devem ser tomados em relao a esta questo, explicando que variaes de temperatura da ordem de apenas 110C, so suficientes para causar deformaes nos materiais alm do seu limite de escoamento.

Figura 41 Curva terica de pasteurizao de leite para queijosFigura 42 Fluxo do processo de pasteurizao

a Resistncia corrosoA corroso particularmente um assunto a ser criteriosamente considerado, j que apresenta custos bastante elevados (cerca de 3% a 4% do PIB em cada pas), custos estes associados com os reparos necessrios e horas ociosas dos equipamentos. A corroso pode causar uma extensa gama de problemas dependendo do tipo de aplicao e das condies para as quais o equipamento foi projetado. Como exemplos citam-se: perfuraes em tanques e tubulaes tendo como conseqncia o vazamento do fluido armazenado ou transportado; como no caso da oxidao, a corroso pode tambm levar perda de resistncia mecnica do equipamento atravs da perda de espessura dos componentes sujeitos a esforos; alterao da aparncia do equipamento, devido degradao do acabamento superficial; formao de resduos e fuligem que podem provocar o aumento da presso no interior de tubulaes, bloquear sistemas de passagem ou contaminar o fluido circulante ou armazenado.Em equipamentos de processo, a corroso pode se apresentar de formas variadas. Os processos corrosivos se dividem em bsicos e sinrgicos. Os processos bsicos seriam aqueles em que ocorre uma interao direta entre o elemento corrosivo e o material, enquanto que nos processos sinrgicos tal interao geralmente envolve outros elementos, os quais em conjunto contribuem para a ocorrncia do fenmeno. Considera-se como sendo processos corrosivos bsicos, aqueles provocados por cloretos e oxignio; pelo H2S (Gs sulfdrico); pelo CO2 (Gs carbnico) e por bactrias, enquanto que no grupo dos processos corrosivos sinrgicos enumera o processo de interao corroso-fadiga; corroso-eroso; corroso sob tenso e fragilizao pelo hidrognio. i. Corroso por cloretos e oxignio: o processo deflagrado pela simples exposio ao ambiente, sendo potencializado pela presena de externamente ao equipamento, basicamente atravs da ruptura pelo Cl-, do filme de xido de cromo passivo existente na superfcie do material; sendo auxiliado tambm em alguns casos pela presena de depsitos (orgnicos e inorgnicos), gerando pites ou alvolos que comprometem a espessura do metal e conseqentemente a capacidade do mesmo resistir a esforos. Um caso particular deste tipo de corroso a chamada corroso por frestas que ocorre justamente em regies com frestas (aberturas), nas quais o meio corrosivo pode entrar e permanecer em condies estagnadas. A fresta pode ser oriunda de um detalhe de projeto, uma falha na execuo da soldagem ou formao de depsito na superfcie do material (ancoramento de sujeira, produtos contaminantes e incrustaes diversas). De um modo geral os meios que contm cloretos so particularmente perigosos na corroso por frestas. Possveis formas de controle deste tipo de corroso incluem o uso de metalurgia especial, pintura externa, cuidados em detalhes de projeto e revestimento interno.Figura 43 (a) Corroso tpica provocada por cloreto; oxignio; (b) Corroso por frestasii. Corroso pelo H2S: ocorre basicamente pela presena ou gerao do gs sulfdrico H2S por causa do fluido circulante ou do meio ambiente em que o equipamento se encontra em operao. Este gs cada vez mais presente na indstria do petrleo, obrigando a utilizao de materiais chamados "comuns ou convencionais" (ao carbono) com alguns requisitos especiais, como: controle de Carbono Equivalente (CE), controle de S e controle de P. Este tipo de corroso pode se apresentar de maneira uniforme ou localizada. Possveis formas de abrandamento da ao do H2S podem incluir o uso de sequestrante de H2S e uso de metalurgia especial.Figura 44 (a) Corroso por H2S em gua de formao (b) corroso/abertura na solda de ligao entre partes de circulao de fluidos de trocador de caloriii. Corroso sob tenso: tpico de ocorrncia em materiais que estejam operando em meio corrosivo H2S, e que cumulativamente apresentem altas tenses residuais (geralmente devidas ao processo de fabricao do equipamento) e susceptibilidade ao ataque corrosivo. Nestas condies, o resultado geralmente o aparecimento de trincas induzidas pelo hidrognio. Possveis formas de mitigao deste tipo de ataque podem incluir o controle de dureza do material, tratamentos adequados de alvio de tenses (quando aplicvel) e uso de metalurgia especial.

Figura 45 Falha tpica provocada pelo fenmeno de corroso sob tensoiv. Corroso por CO2: um processo complexo que ocorre basicamente com a presena de gs carbnico (CO2) no fluido circulante. A complexidade do processo est relacionada com o grande nmero de variveis envolvidas tais como temperatura, presso de CO2, velocidade, tipo de fluxo, teor de acetato e teor de bicarbonato entre outras. A presena de componentes e variveis diversas leva a ocorrncia de reaes eletroqumicas complexas, que resultam em corroso localizada. Possveis formas de controle deste tipo de corroso podem incluir o uso de inibidor de corroso e o uso de metalurgia especial.

Figura 46 Corroso tpica provocada pela presena de CO2v. Interao corroso-fadiga: neste caso, considerando ligas a base de Cr por exemplo, tenses cclicas atuantes no material movimentam as discordncias existentes na estrutura cristalina do mesmo, as quais atingem a superfcie e cisalham a camada passiva de xido (neste caso xido de Cr), que serve de barreira de proteo contra o ataque do elemento corrosivo. Uma possvel forma de amenizao neste caso a utilizao de ligas altamente resistentes a corroso.vi. Interao corroso-eroso: um processo basicamente mecnico geralmente associado com altas velocidades do fluido no interior do equipamento e/ou a presena de elementos abrasivos no mesmo. O uso de materiais e revestimentos resistentes abraso apresenta-se como a melhor opo para controle do problema.

Figura 47 Deteriorao tpica provocada por corroso-erosovii. Cavitao: o processo de cavitao definido como a formao e colapso de bolhas de vapor ou gs em uma fase lquida. Em geral, esta se origina em razo de um fenmeno que provoca a diminuio da presso em uma regio do lquido. A cavitao um processo muito danoso que ocorre em processos contendo uma fase lquida, na qual bolhas de tamanho microscpico so geradas e crescem devido s ondas alternadas de presso positiva e negativa. As bolhas sujeitas s condies descritas acima crescem at atingir um tamanho crtico, e no momento logo aps a imploso as bolhas concentram uma grande quantidade de energia. As imploses destas bolhas ocorrem em regies nas quais a presso volta a aumentar. Quando estas imploses ocorrem prximas de superfcies, as bolhas se transformam em jatos com um dcimo do tamanho inicial da bolha e as velocidades podem atingir 400 km/h. Com a combinao da presso, velocidade e temperatura no interior destas bolhas, as mesmas removem material da superfcie.

Figura 48 Arredondamento em face de flange provocada por cavitaoviii. Fragilizao por hidrognio: hidrognio livre oriundo do processo de fabricao e soldagem, de sistemas de proteo catdica e/ou ambientes com H2S e suas espcies dissociadas, se acomoda e interage com discordncias, contornos de gro e defeitos na estrutura cristalina do material. Uma vez instalado nestas regies, o hidrognio passa a exercer presso, sobretudo, em condies de trabalho a temperaturas elevadas, culminando no aparecimento de trincas o que caracteriza a chamada fragilizao por hidrognio. A minimizao deste efeito pode ser obtida por exemplo atravs do bloqueio do ingresso do hidrognio pela aplicao de pintura, controle do potencial da proteo catdica (quando aplicvel) e cuidados na soldagem, o que inclui alm dos cuidados durante o processo em si, tambm os cuidados com a aquisio e a disposio adequada dos consumveis de soldagem.

Figura 49 Falha tpica de fragilizao por hidrognio

Fludos de Contato/Circulante e Ambiente de TrabalhoCom relao aos fludos de contato/circulantes, diversos fatores importantes devem ser conhecidos, dentre os quais se mencionam: Natureza e concentrao do fludo, impurezas/contaminantes existentes ou possveis de existir; existncia ou no de gases dissolvidos ou slidos em suspenso, temperatura, acidez (pH), velocidade relativa em relao ao material do equipamento, faixas possveis de variao de cada item mencionado anteriormente, valores de trabalho e seus mximos e mnimos; entre outros.Custo do MaterialEvidentemente, no meio industrial o custo do material o fator para o qual na grande maioria das vezes maior ateno dispensada, uma vez que qualquer tipo de investimento s viabilizado quando pelo menos um mnimo de retorno financeiro pode ser visualizado, quer seja a curto, mdio ou a longo prazo. Para cada aplicao prtica podem existir vrios materiais possveis de serem utilizados e o melhor neste caso ser o que se apresentar mais economicamente vivel, desde que obviamente alguns outros critrios tambm sejam rigorosamente observados, como o caso da segurana. Para a verificao da viabilidade econmica, deve-se avaliar no somente o custo direto do material, mas tambm uma srie de outros fatores, como por exemplo, os custos de fabricao do equipamento com este material, tempo de vida, custo de paralisao e de reposio do equipamento, entre outros. O custo direto do material fortemente influenciado pelo custo unitrio de cada um de seus componentes. Como exemplo o preo do nquel entre 2.006 e 2.007 que chegou a alcanar o valor de 50 US$/t, o que poca elevou drasticamente o custo dos materiais que utilizavam grande quantidade deste elemento em sua composio. Uma relao entre o custo do ao cromo molibdnio e o ao carbono comum, sendo que o primeiro chega a ter um custo at 40% maior em relao a este ltimo. O custo por quilo de um ao inoxidvel 304, por exemplo, cerca de 3,7 vezes superior ao de um ao liga 1 Cr Mo, entretanto, a construo de um equipamento em ao inox 304 pode resultar em um menor custo por conta da facilitao do processo de soldagem e dispensa de tratamento trmico de alvio de tenses por exemplo. Ainda, para certos ambientes agressivos o inox pode apresentar maior vida til se comparado com um ao liga.seguranaQuando o risco potencial do equipamento ou do local onde o mesmo se encontra for grande, ou quando o equipamento for essencial ao funcionamento de uma instalao importante, h necessidade do emprego de materiais que ofeream o mximo de segurana, de modo a evitar a ocorrncia de acidentes que possam resultar em perdas de vida e/ou danos ao meio ambiente. So exemplos de elevado potencial de risco os equipamentos que trabalham com fluidos inflamveis, txicos, explosivos, ou em temperaturas e presses muito altas.Forma de Apresentao do MaterialAs matrias primas necessrias para a fabricao dos vasos de presso (ou de suas partes) podem se apresentar de vrias formas, dependendo do tipo do equipamento ou da parte a ser fabricada: chapas grossas, chapas finas, tubos para conduo, tubos para troca de calor, forjados, fundidos, acessrios de tubulao etc. Na prtica, muitos dos materiais no so encontrados no comrcio sob todas as formas de apresentao. Por esse motivo, dependendo da forma desejada da matria prima, alguns materiais devem ser preliminarmente eliminados, para os quais a forma necessria no exista ou seja de muito difcil obteno.Facilidades de Fabricao e de MontagemTodos os materiais tm determinadas limitaes quanto s possibilidades de fabricao e de montagem. Por essa razo, independentemente de outras consideraes, o tipo e o tamanho da pea ou do vaso j excluem o emprego de determinados materiais, com os quais no seja possvel ou no seja econmico fabricar ou montar o vaso em questo. Sobre esse assunto devem ainda ser consideradas a soldabilidade, a usinabilidade e a facilidade de conformao do material. Soldabilidade no apenas a possibilidade do emprego de solda, mas tambm a maior ou menor dificuldade de soldagem e a necessidade ou no de tratamentos trmicos e de outros cuidados especiais.

tempo de vida previstoO tempo de durao mnima do material tem de ser compatvel com o tempo de vida til previsto para o vaso ou para a pea. O tempo de vida til depende da natureza da aplicao (equipamento principal ou secundrio, pea de reposio etc.), da importncia do equipamento, do tempo de amortizao do investimento e do tempo previsvel de obsolescncia do equipamento ou da instalao.Experincia prviaA deciso por um determinado material obriga sempre a que se considere a experincia prvia que possa existir com esse material no mesmo servio. Em casos importantes , em geral, muito arriscado decidir-se por um material para o qual no exista nenhuma experincia anterior em servio semelhante.Facilidade de Obsteno do MaterialDevem ser consideradas a maior ou menor facilidade de obteno dos diversos materiais possveis, a necessidade ou no de importao, os prazos de entrega, a existncia de estoques, quantidade mnima de compra, etc.Materiais para Construo de Equipamentos e de ProcessoExiste uma vasta gama de materiais que podem ser usados para a construo de equipamentos de processo, os quais podem ser divididos basicamente em 3 grandes grupos: metais ferrosos, metais no ferrosos e materiais no metlicos. Resumidamente, os materiais com maior frequncia de uso podem ser elencados conforme segue, os quais sero melhor detalhados na sequncia: Ao carbono; Ao liga; Aos inoxidveis e suas ligas; Nquel e suas ligas.ligas metlicas ferrosas Muitos dos utenslios e equipamentos que so utilizados pelo homem foram produzidos a partir do ferro. No entanto, raramente estes objetos so fabricados a partir do ferro puro. Ento, afirmar que um prdio utiliza barras de ferro para a confeco de concreto armado estaria tecnicamente errado. Na realidade o homem utiliza ligas ferrosas e as principais delas so o ao e o ferro fundido que so ligas formadas basicamente por ferro e carbono. Comearemos, no entanto, do incio, ou seja, como so produzidas estas ligas, como feito o beneficiamento do minrio de ferro at se produzir o ao.Beneficiamento das Ligas de FerroNa natureza o ferro normalmente no se apresenta na forma metlica e sim presente na formulao de compostos qumicos, em geral cermicos. Uma exceo a esta regra o ferro meteortico, que est presente somente em pequena quantidade na natureza. Os compostos qumicos que apresentam uma grande concentrao de ferro so conhecidos como minrio de ferro. Alguns dos principais minrios de ferro encontrados na natureza podem ser observados na Tabela 2.Tabela 2 Principais minrios de FerroAssim sendo, os principais minrios de ferro so xidos (Hematita e Magnetita). Como vimos, os metais tendem a formar xidos, pois eles preferem se ligar ao oxignio a permanecer ligado a outros tomos de ferro (possuem menor energia livre como xido de ferro que como ferro puro). Como mostrado na Tabela 2, por exemplo, a Hematita, possui dois tomos de ferro ligados a trs tomos de oxignio. Este composto no metlico e sim cermico, isto porque possui ligaes preponderantemente inicas entre ferro e oxignio (tomos metlicos ligados a tomos no-metlicos).Sabemos da experincia do dia-a-dia que os materiais cermicos (cermica tradicional) so frgeis, ou seja, quebradios. Se tentarmos moldar o minrio de ferro para fazermos uma espada, este se fragmentar em vrias partes at formar um p (p de Hematita). Necessitamos transformar este xido de ferro em ferro metlico. Partimos do minrio de ferro, pois ele possui uma elevada concentrao de tomos de Ferro (Tabela 2). Quanto mais ferro no minrio, teoricamente, maior o aproveitamento. Histrico do Beneficiamento de Ligas Metlicas FerrosasOs primeiros contatos do homem com o metalferro foram a partir de ferro meteortico. No toa que em diversas lnguas a palavra que designa o metal ferro tem significado equivalente a metal que veio do cu. Nos seus 3.000 anos oficiais de existncia, o processo de transformao de minrio de ferro em produtos de ao (siderurgia) evoluiu junto com a civilizao, mas sua essncia a mesma at hoje: Usa-se uma fonte de carbono (carvo vegetal ou mineral); Faz-se uma reao deste carbono com o oxignio do ar para extrair o ferro do minrio; O material obtido tratado termicamente e mecanicamente at o produto final. Para se reduzir (separar o oxignio do metal) um xido de ferro a partir do carbono, so necessrias altas temperaturas. O sopro de ar em uma mistura de minrio de ferro e carvo situados em local isolado da atmosfera, (que pode ser um buraco no cho) em presena de calor pode resultar na reduo do minrio. Bastaria algum fazer uma fogueira num buraco cavado na terra, onde houvesse minrio de ferro (ou outro mineral rico deste elemento) para que pedras maleveis fossem recolhidas do fundo do mesmo. Frequentemente, grandes descobertas so realizadas acidentalmente. Este processo j era dominado pelos Hititas (aprox. 3.000 a.C.), que o mantiveram em segredo por muito tempo. Com a queda do imprio Hitita (aprox. 1.200 a.C.), os ferreiros dispersaram-se e j entre os gregos a produo de ferro favoreceu o desenvolvimento de novas tcnicas e ferramentas. O ferro bom como era conhecido a liga ferrosa da poca ainda possua um elevado teor de impurezas. Apesar disso, este possua relativa facilidade de se moldar e podia ser trabalhado por martelamento a temperaturas relativamente elevadas. Na realidade, os processos utilizados no passado eram de reduo direta, ou seja, sem que se formasse ferro inteiramente lquido. Isto porque as temperaturas alcanadas no eram suficientes para liquefazer (fundir) o metal, o qual se apresentava no estado pastoso, misturado com as impurezas do minrio. O arteso (operador) recolhia o material no fundo do forno com auxlio de uma vara e formando-se uma bola que, depois de atingido certo peso, era retirado e, em seguida, martelado para eliminar as impurezas, que se apresentavam na forma de escria. Pequenas variaes na forma de se obter e trabalhar as ligas ferrosas foram realizadas at o sc. XVI, onde se desenvolveu o alto-forno, exatamente em 1.450. No fim da Idade Mdia, o comrcio de ao e outras ligas ferrosas estava plenamente difundido, e diferentes tecnologias coexistiam, tanto para a extrao como para a obteno de ferro gusaque usado como matria base para a produo de ao. A partir do advento do alto-forno e da utilizao de carvo mineral para a reduo do minrio, a metalurgia ferrosa se desenvolveu rapidamente. Nos dias atuais, um alto-forno pode produzir 13.000 toneladas de ferro gusa por dia, tem vida til, em mdia de 15 anos, alta produtividade e baixo consumo de combustvel. No Brasil, o grande passo para a consolidao da indstria siderrgica nacional, baseada em carvo coque, foi dado durante o governo Getlio Vargas, com a instituio em 4 de maro de 1.940 da Comisso Executiva do Plano Siderrgico Nacional, resultando na fundao da CSN (Companhia Siderrgica Nacional) em janeiro de 1.941. A usina foi construda em Volta Redonda (RJ) e inaugurada em outubro de 1.946.o processo siderrgico As usinas siderrgicas atuais podem ser divididas em dois grandes grupos: integradas e semi integradas. A usina integrada aquela cujo ao obtido a partir do minrio de ferro, que transformado em ferro gusae em seguida em ao. A usina semi integrada aquela cujo ao obtido a partir de ferro gusa (adquirido de uma usina integrada) e/ou sucata de ao, no havendo a necessidade da etapa de reduo do minrio de ferro. A sucata transformada novamente em ao comercial, por meio do emprego de fornos eltricos de fuso (so as recicladoras de ao). Neste captulo veremos somente a parte referente usina integrada. Em uma usina integrada, o processo (que vai das matrias-primas ao produto final) constitudo pelas seguintes etapas principais: Extrao de ferro do seu minrio (reduo qumica) nos altos-fornos; Converso do ferro gusa em ao; Lingotamento do ao lquido de modo a solidificar em forma conveniente s operaes seguintes. Conformao do metal na forma de produto.A Figura 50 mostra um fluxograma simplificado do processo siderrgico.

Figura 50 Fluxograma simplificado do processo siderrgicoDe maneira simplificada, podemos descrever as sequncias (referentes s usinas integradas) conforme o fluxograma da Figura 50. As matrias-primas bsicas do processo so o minrio de ferro, coque (carvo destilado) e fundente(calcrio), mas muitos outros insumos e utilidades podem ser empregados. Estas matrias-primas so processadas e levadas ao alto-forno onde so dispostas alternadamente e, em seguida, aquecidas pelo sopro de ar quente realizado pelas ventaneiras. O oxignio do ar reage com o coque formando calor e gases que reduzem o minrio de ferro. O minrio de ferro, por ser um material cermico, tem temperatura de fuso muito maior que o ferro metlico. Na temperatura na qual o alto forno trabalha, o minrio de ferro no se funde. Porm quando o minrio transformado em ferro metlico, tem-se a fuso deste, pois nas regies mais quentes do alto forno tem-se temperatura suficientemente alta para derreter o metal (chamado de ferro gusa). Conforme o minrio vai se transformando em ferro gusa este se liquefaz e se deposita no fundo do alto forno. O fundente adicionado, juntamente com as matrias-primas, se liga s impurezas (tambm cermicas) formando um novo composto qumico. Este composto qumico formado pela ligao das impurezas com o fundente possui ponto de fuso inferior ao das impurezas. Desta forma, este novo composto qumico tambm se funde e escorre para o fundo do alto forno. Este composto lquido chamado de escria. O sopro de ar quente necessrio para a reduo do minrio de ferro e gerao de calor realizado por um tempo suficiente para que se tenha uma certa quantidade de ferro gusa e escria. Depois de completado o processo, faz-se o vazamento do ferro gusae da escria. O ferro gusa levado aciaria atravs de carros torpedos onde so depositados no conversor para que o ferro gusa seja refinado num conversor a oxignio (processo LD). Do conversor temos o ao praticamente pronto, bastando apenas fazer correes de composio ou adicionar outros elementos de liga em um equipamento chamado forno panela (no aparece na Figura 50). Aps a correo da composio qumica, o ao derretido vazado no equipamento que efetua o lingotamento contnuo. Neste local, o ao adquire forma (tarugo, bloco ou placa). Os lingotes obtidos nestes processos so considerados produtos intermedirios, podendo ser vendidos nesta forma ou ainda processados pela prpria usina (laminao) tendo-se ento diversos tipos de produtos acabados, conforme a Figura 50.As ligas metlicas ferrosasA classificao das ligas metlicas, como toda classificao, no capaz de abranger todas as situaes possveis. Haver sempre situaes que no se enquadrem, pois toda classificao de certa maneira, arbitrria. Apesar das ligas ferrosas mais importantes (Ao e Ferro Fundido) serem geralmente definidas em funo do teor de dois elementos qumicos (ferro e carbono), na prtica as mesmas no so ligas binrias. Temos sempre a presena de outros elementos qumicos secundrios. Estes elementos podem ser oriundos do processo de obteno da liga ou serem deliberadamente introduzidos liga para se obter as propriedades requeridas.

Tabela 3 Classificao geral e principais definies das ligas metlicas ferrosasaosConforme a Tabela 3, os aos so ligas ferro, carbono e outros elementos de liga, ou seja, Fe+C+X6. Devem ser considerados tambm que existe em toda liga certa quantidade de impurezas. Existe a possibilidade de que o teor de impurezas possa superar a quantidade de elementos de liga. A liga metlica ferrosa, para ser considerada um ao deve ter percentual de carbono (%C) entre 0,008 e 2,11%. Abaixo de 0,008% o material considerado Ferro Puro. Se o percentual de carbono estiver acima de 2,11% a liga chamada de Ferro Fundido. Os aos possuem temperatura de fuso entre 1.250 e 1.450 C, so maleveis, possuem boa resistncia mecnica e tenacidade. A soldabilidade, temperabilidade, usinabilidade e conformabilidade dos aos so consideradas como propriedades tecnolgicas marcantes nesta liga. Apresenta densidade relativamente alta, em torno de 7,9 g/cm (ou aproximadamente 8 kg por litro). Logo, os materiais construdos com esta liga so razoavelmente pesados.Os aos podem ser classificados como: Ao-carbono (Fe+C+ X, onde X = zero ou um valor pouco significativo); Ao baixa liga (Fe+C+X, onde X=soma dos outros elementos de liga, X5%). Os aos carbono e os baixa liga, so conhecidos comercialmente por uma classificao normalizada pela ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas). Esta classificao tambm leva em considerao o percentual de carbono assim como a presena de outros elementos de liga. A classificao ABNT para aos carbono e aos baixa liga dada da seguinte maneira:Figura 51 Classificao ABNT para ao carbono e ao liga

Tabela 4 Classificao dos aos (aos carbono e baixa liga) segundo a ABNT

Assim, um ao ABNT 1020 um ao carbono comum com aproximadamente 0,2% de carbono em sua composio, sendo o restante ferro e impurezas. J o ao ABNT 4340, um ao ao molibdnio (baixa liga), com nquel entre 1,65 e 2%, cromo com 0,4 a 0,9%, molibdnio com 0,2 a 0,3% e carbono em torno de 0,4%. Um ao ABNT 52100 um ao ao cromo com %C aproximadamente igual a 1,5% e percentual de carbono de aproximadamente 1,0%.ao carbonoO Ao carbono a liga composta somente de ferro e carbono. Esta classe dos aos tambm pode ser subdividida em aos baixo (0,008