Módulo 1 - Terrorismo

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Mdulo 1 Terrorismo As imagens abaixo mostram os principais atentados com o uso de explosivos no sculo XXI, tendo como vtimas grandes potncias mundiais.

NOVA YORK 2001

MADRID 2004

LONDRES 2005

Apresentao do Mdulo Neste mdulo, voc estudar sobre os aspectos, fenmenos, forma de atuao e as medidas de preveno e resposta ao terrorismo, alm das organizaes das unidades antibombas de quatro pases: Colmbia, Espanha, Estados Unidos e Israel. Assim, voc poder estabelecer comparao entre eles e com o Brasil. Objetivos do Mdulo Ao final do estudo deste mdulo, voc ser capaz de: Definir terrorismo, antiterrorismo e contra terrorismo; Analisar dados sobre antecedentes histricos do terrorismo; Enumerar os tipos de terrorismo;

Discutir as principais medidas de combate ao terrorismo tomadas pela Unio Europeia; Reconhecer as aes do Brasil contra o terrorismo e a necessidade de aperfeioamento dos mecanismos legais; Analisar dados referentes estrutura e organizao das organizaes antibombas de quatro pases: Colmbia, Espanha, Estados Unidos e Israel; Comparar a estrutura e a organizao das organizaes antibombas entre os quatro pases estudados e com o Brasil. Estrutura do Mdulo Este mdulo formado por 3 aulas: Aula 1 Terrorismo. Aula 2 Medidas de preveno e resposta ao terrorismo. Aula 3 Histrico das unidades antibombas.

Aula 1 Terrorismo1.1. O que terrorismo? Voc sabe responder a essa pergunta? Registre abaixo a sua resposta. A seguir, leia as trs definies apresentadas e verifique se a sua resposta est alinhada a elas. Terrorismo ... Violncia premeditada e politicamente motivada, perpetrada contra alvos no

combatentes e praticada por grupos subnacionais ou agentes clandestinos, geralmente objetivando influenciar uma audincia (Departamento de Estado dos EUA).

O calculado uso da violncia ou da ameaa de sua utilizao para inculcar

medo com a inteno de coagir ou intimidar governos ou sociedades, a fim de conseguir objetivos, geralmente polticos, religiosos ou ideolgicos (Departamento de Defesa dos EUA). Uso ilegal da fora ou da violncia, fsica ou psicolgica, contra pessoas ou

propriedades com o propsito de intimidar ou coagir um governo, a populao civil ou um segmento da sociedade, a fim de alcanar objetivos polticos, sociais, econmicos ou ecolgicos (FBI). (www. http://ricpmontserrat.wordpress.com) Observe que, mesmo com algumas diferenas, as trs definies apresentam caractersticas semelhantes, sendo possvel destacar: O uso da violncia e da fora planejado; Os objetivos, na maioria dos atos, esto relacionados s questes polticas. Voc destacaria outras? De acordo com Woloszyn (2006), especialistas europeus apontam quatro caractersticas bsicas presentes nos atos terroristas: natureza indiscriminada;

imprevisibilidade e arbitrariedade; crueldade e destrutividade e carter amoral. 1.2. Dados histricos sobre o terrorismo Acompanhe a seguir os principais fatos que esto presentes na histria do terrorismo: Sculo XVII Em 1798 o termo foi utilizado pela primeira vez, no suplemento do Dicionrio da Academia Francesa e fazia referncia ao regime de terror em que a Frana se encontrava no perodo de 1793 a 1794.

Sculo XIX Entre 1865 e 1905, as balas e bombas dos anarquistas foram responsveis pela morte de reis, presidentes, primeiros-ministros, entre outros funcionrios governamentais. Sculo XX No sculo XX, ocorreram grandes mudanas no uso e prtica do terrorismo, que se tornou a caracterstica de movimentos polticos de todos os tipos, desde a extrema-direita esquerda mais radical. Instrumentos precisos, como armas automticas e explosivos detonados a distncia por dispositivos eltricos ou eletrnicos deram aos terroristas uma nova mobilidade e tornaram mais letais suas aes. (http://www.brasilescola.com).

1912 Aparecem os primeiros atos terroristas com as caractersticas que se conhece hoje. Esses atos foram atribudos a um grupo de macednios, hostis Turquia. Eles colocaram bombas em trens internacionais. 1945 a 1960 O terrorismo fazia parte do contexto revolucionrio. A comunidade internacional inclusive na esfera das Naes Unidas considerava politicamente legtimas as lutas pela autodeterminao dos povos, legitimando-se, portanto, o uso da violncia poltica por esses movimentos (http://wapedia.mobi). 1970 a 1980 Ampliao do nmero de atentados terroristas no mundo. A quantidade subiu de 300 para 500 atentados. 1990 Surgiu uma nova modalidade de terrorismo, denominado terrorismo de massa, aparentemente motivado por questes religiosas ou polticas, com caractersticas de fanatismo.

2001 11 de setembro 1. A destruio do World Trade Center trouxe para o mundo a preocupao com os atos terroristas. 2004 Atentado a trens do metr, em Madrid, na Espanha .2 2005 Atentado ao metr de Londres.3 2005 at os dias atuais Ameaa e utilizao de armas qumicas, bacteriolgicas, biolgicas, bem como outros recursos tecnolgicos que podem matar ou contaminar em massa, em qualquer lugar no mundo, a qualquer hora. Estamos provavelmente beira de um novo perodo da Histria. O maior trabalho dos governos ocidentais, nos prximos anos, dever ser a luta sem piedade contra todas as formas imaginveis de terrorismo. Se perderem essa luta, nossa civilizao corre o risco de sofrer ferimentos irreparveis. (DEMAS, 1979). 1.3. Objetivos do terrorismo Com base na doutrina preconizada pela Escola de Inteligncia da Agncia Brasileira de Inteligncia (ABIN), Woloszyn (2006) afirma que os objetivos do terrorismo so classificados em geral e especficos. Geral: Criar um clima de insegurana e temor para alcanar as mudanas pretendidas, relacionadas ao inconformismo, seja ele poltico, econmico, social, tnico ou religioso.

1

fazer link para: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ataques_de_11_de_setembro_de_2001 Fazer link para: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1138735,00.html Fazer link para:

2

3

http://pt.wikipedia.org/wiki/Atentados_de_7_de_julho_de_2005_em_Londres

Especficos: So diversos e entre eles possvel destacar: religioso; Obter a autonomia poltica para um grupo subnacional; Alterar a poltica externa de um governo; Defender o meio-ambiente e os direitos dos animais; Purificar a humanidade e confirmar previses apocalpticas; Demonstrar inconformismo com o processo de globalizao, excluso social e Derrubar e ou substituir um governo ou um modelo poltico-ideolgico e

consequente desumanizao da sociedade. Ainda de acordo com Woloszyn (2006), pode-se destacar seu uso como: Instrumento de poder entre grupos em conflito; Recurso assessrio contra pases hostis; Propaganda e marketing.

1.4. Classificao Este um item que no apresenta consenso entre os autores, mas possvel perceber que os tipos de terrorismo aparecem relacionados aos seguintes aspectos: territrio, objetivos e meios utilizados. Veja cada um deles: Quanto ao territrio: De acordo com Woloszyn (2006 apud USA, PATRIOT ACT), o terrorismo pode ser classificado em: Terrorismo internacional Incidentes onde as consequncias e ramificaes ultrapassam as fronteiras nacionais. Nesse tipo de terrorismo, as vtimas, os executantes, o local da ao e os meios utilizados envolvem mais de um pas ou nacionalidade.

Exemplos: atentado s Torres Gmeas em 11 de setembro de 2001 (EUA) e atentado aos trens do metro de Madrid em 2004 (Espanha). Terrorismo nacional ou domstico Atos praticados por terroristas em seu prprio pas e contra seus prprios compatriotas. Exemplos: Exploso de carros-bombas e homens-bombas. Terrorismo de Estado Atos de violncia praticados com o apoio ou sob o controle de um estado patrocinador. Exemplos: Josef Stlin na URSS a partir da revoluo de 1917, o Holocauto nazista, a revoluo comunista de Mo-Ts-Tung na China em 1939, o regime de Pol Pot no Camboja, a revoluo Cubana de Fidel Castro em 1959 (WOLOSZYN, 2006, p. 10).

Quanto aos objetivos: Para esta classificao sero utilizados quatro tipos apresentados por Melo Neto (2002). So eles: Tipo Terrorismo de guerra Desgastar o Objetivo inimigo, for-lo Exemplos a Aes de sabotagem,

fragmentar suas foras e criar um abalo assassinatos de lderes e psicolgico. sequestro de

comandantes militares. Terrorismo poltico Derrubar ou depor um regime poltico, Grupos que lutam pela minar suas instituies e causar libertao do estado ou emancipao

descontentamento na populao em sua relao s polticas de governo. Terrorismo cultural Perseguir culturas e etnias fragilizadas. poltica.

A questo dos curdos no Iraque, muulmanos e rabes, latinos nos e

africanos

EUA,

entre outros. Terrorismo religioso Demonstrar intolerncia e realizar atos A luta entre catlicos e de violncia contra grupos e seitas protestantes na Irlanda. religiosasQuadro 1 Tipos de terrorismo com relao aos objetivos

Quanto aos meios utilizados: Aqui aparecem os tipos de acordo com os meios utilizados. Destacam-se:

Aes terroristas tpicas: assassinatos, sequestros, exploses de bombas,

matanas indiscriminadas, raptos, e linchamentos, entre outros. Ciberterrorismo: Tem na internet seu instrumento e como objetivos danificar

arquivos e programas de sites estratgicos, adquirir algumas vantagens sobre o sistema de informaes governamentais e institucionais. Bioterrorismo: Caracteriza-se pela utilizao de armas biolgicas, gases

infectantes e paralisantes, transmisso de bactrias ou vrus agricultura e pecuria com objetivos poltico-econmicos. Como exemplo, pode ser citada a utilizao de ANTRAX.

Aula 2 Medidas de preveno e resposta ao terrorismo2.1. Definies Segundo Gen Pinheiro (www.defesanet.com.br), o combate ao terrorismo conduzido por duas grandes vertentes: o antiterrorismo e o contraterrorismo. Antiterrorismo Envolve medidas de carter eminentemente defensivo que objetivam a reduo das vulnerabilidades aos atentados terroristas. Contraterrorismo Envolve medidas de carter eminentemente ofensivo, tendo como alvo as diversas organizaes terroristas em presena, a fim de prevenir, dissuadir, ou retaliar atos terroristas. 2.2. Estratgia de luta contra o terrorismo Com o objetivo de prevenir e responder s ameaas terroristas, em 2005, a Unio Europeia (UE) elaborou uma estratgia de luta contra ao terrorismo denominada abordagem global, pautada em quatro eixos de interveno: "Prevenir", "Proteger", "Perseguir" e "Responder". A seguir, veja um resumo de cada eixo.

Prevenir Tem por objetivo lutar contra a radicalizao e o recrutamento para o terrorismo, identificando os mtodos, a propaganda e os instrumentos utilizados. Proteger Tem por objetivo reduzir a vulnerabilidade dos alvos a atentados, reduzindo o impacto deles. Este eixo tem como proposta a realizao de uma ao coletiva no mbito da segurana fronteiria, dos transportes e de todas as infraestruturas transfronteirias. Perseguir Este eixo tem trs objetivos: Perseguir os terroristas para alm das fronteiras, assegurando simultaneamente o respeito aos direitos humanos e ao direito internacional. Pr fim s fontes de financiamento do terrorismo, realizando investigaes, congelando os ativos e impedindo as transferncias de fundos. A UE prope aprovar legislao sobre o branqueamento de capitais e as transferncias de dinheiro. Pr fim ao planejamento de aes terroristas, impedindo a comunicao e a disseminao de conhecimentos relacionados com o terrorismo, principalmente atravs da internet. Responder Os riscos de atentados terroristas no podem ser anulados, portanto, caber aos pases ameaados lidarem com os atentados quando eles ocorrerem. Muitas vezes as respostas dadas aos ataques terroristas so idnticas as colocadas em prtica em catstrofes tecnolgicas ou provocadas pelo homem. Com o objetivo de prevenir, importante utilizar plenamente as estruturas existentes e os mecanismos comunitrios de proteo civil.

Ampliando seu conhecimento No site Europa: snteses da legislao da UE 4, voc encontrar mais informaes sobre a estratgia de abordagem global. 2.3. As aes do Brasil contra o terrorismo O Brasil tem se empenhado no trato com o terrorismo participando ativamente do Comit Interamericano Contra o Terrorismo. Aderiu aos 12 acordos internacionais patrocinados pela ONU, alm de cumprir as 28 recomendaes do Grupo de Ao Financeira Internacional. Contudo, mesmo assim, ainda necessria a adoo de polticas mais efetivas e uma legislao especfica sobre o tema terrorismo e sobre financiamento ao terrorismo. Cabe destacar que Comit Interamericano contra o Terrorismo (CICTE)5

foi criado

em 1999 para ordenar a troca de informaes e a discusso de estratgias contra terroristas, em obedincia Resoluo n 1373/01 da ONU, que prev o intercmbio de informaes operacionais e a cooperao por intermdio de arranjos e acordos bilaterais e multilaterais. O pas foi tambm um dos primeiros pases a assinar em 2002, a Resoluo 1840 6 Conveno Interamericana Contra o Terrorismo aprovada pela assembleia-geral da Organizao dos Estados Americanos (OEA), que visa a prevenir, combater e erradicar atividades terroristas. 2.4 rgos parceiros de preveno e combate ao terrorismo 4

Departamento de Polcia Federal Santer; Comando do Exrcito CIE; Comando da Marinha CIM;

fazer link para:http://europa.eu/legislation_summaries/justice_freedom_security/fight_against_terrorism /index_pt.htm5 6

(fazer link para: http://www.cicte.oas.org/Rev/en/) (Fazer link para http://www2.mre.gov.br/dai/m_5639_2005.htm),

Comando da Aeronutica Ciaer; Departamento de Polcia Rodoviria Federal; Ministrio da Fazenda Coaf; Ministrio das Relaes Exteriores Cocit; Agncia Brasileira de Inteligncia DCT; Organismos estaduais; Corpo de Bombeiros Militar; Defesa Civil; Polcia Militar; Polcia Civil.

Aula 3 Histrico das unidades antibombasAs unidades antibombas existem para prevenir e combater aes terroristas e criminosas que usam bombas e explosivos. A necessidade de especializao de pessoal, conhecimento tcnico e uso de equipamentos especiais motivou o surgimento e manuteno desses setores especializados nas corporaes policiais e militares, uma vez que as unidades convencionais no teriam condies de responder a esses incidentes com a mesma eficincia. Historicamente, o primeiro evento que trata dessa atividade ocorreu na Inglaterra, no sculo XVII. Em 04 de novembro de 1605, um grupo de extremistas catlicos liderados por Robert Catesby, um militante catlico, tentou explodir trinta e seis barris de plvora sob a Casa dos Lordes, em Londres, a fim de matar o Rei James I e todo o Parlamento Britnico, como vingana e protesto pelo exlio de padres Jesutas. Compunham o grupo Thomas Winter, Thomas Percy e Guy "Guido" Fawkes, responsvel pela colocao das bombas.

Um membro do governo, Lord Monteagle, descobriu a conspirao atravs de Francis Tresham, tambm conspirador, e informou o fato a Sir Thomas Knyvet, que, junto com o Xerife de Worcestershire, Sir Richard Walsh, prendeu Guy Fawkes na noite do dia 04 de novembro, abortando os planos terroristas. O incidente tornou-se conhecido por "The Gunpowder Plot (A Conspirao da Plvora) e considerado como a primeira ao terrorista com bombas na histria. Tambm so considerados, simbolicamente, Guy Fawkes como o primeiro terrorista da histria, Sir Thomas Knyvet como o primeiro chefe de um esquadro de bombas e Lord Monteagle como o primeiro investigador de bombas (BRODIE, 1996). Atualmente, deve-se distinguir as unidades antibombas em dois tipos: militares e civis. Unidades militares Conhecidas por Explosive Ordinance Disposal Teams Equipes EOD ou Unidades EOD esto ligadas s Foras Armadas e trabalham em operaes militares de desativao de artefatos explosivos blicos, limpeza de campos minados, manuteno de arsenais e paiis e outras aes ligadas a explosivos convencionais e regulares de uso militar.

Unidades civis conhecidas popularmente no exterior como Bomb Squads

Esquadres de Bombas so unidades que atuam contra bombas, artefatos explosivos no convencionais e materiais explosivos utilizados ilegalmente, quer seja em atos terroristas ou em atos criminosos comuns. O carter civil a que se referem essas unidades est relacionado atuao de proteo s comunidades civis. 3.1. Estudo comparado sobre a organizao antibombas: Colmbia e Espanha A organizao das unidades antibombas varia consideravelmente conforme as necessidades de combate ao terrorismo e ao crime organizado, assim como conforme a organizao policial de cada pas.

Para a comparao entre as estruturas das unidades antibombas foram selecionados quatro pases: Colmbia, Espanha, Estados Unidos e Israel. As similaridades e diferenas entre eles ajudar a refletir sobre a necessidade de uma doutrina para estrutura e operao de unidade antibombas. A escolha desses pases baseou-se nos seguintes critrios: So pases pioneiros em operaes com artefatos explosivos e afins; Possuem intensa atividade em operaes com manejo de artefatos explosivos; Possuem considervel intercmbio junto ao Brasil na rea policial, atravs de

cursos, seminrios entre as corporaes policiais; e So pases irradiadores da doutrina antibombas (manejo de artefatos

explosivos) com grande influncia sobre a doutrina de outros pases. 3.1.2. Colmbia A Polcia Nacional dispe de unidades de comandos e operaes especiais e contraguerrilha, mas atravs da Direo de Investigao Criminal (DIJIN) que so centralizadas as operaes antibombas, mais precisamente na rea de criminalstica (Seo de Investigao Preliminar). No caso de explosivos e bombas, o curso de tcnico profissional em explosivos dura 14 meses e habilita o policial como tcnico profissional em explosivos. O currculo do curso composto por matrias profissionais e tcnicas, haja vista ser reconhecido pelo conselho colombiano de educao. As matrias tcnicas so subdivididas em composio e manejo de explosivos, fabricao de artefatos explosivos, deteco e desativao de artefatos explosivos, investigao post-incidental (ps-exploso), eletricidade e eletrnica aplicada aos explosivos, qumica aplicada aos explosivos, subverso (terrorismo), anlise de terrorismo, crime organizado e armas de destruio em massa, alm de prticas e visitas s unidades de bombas,

unidades de investigao, fbricas de explosivos e minas, que do ao curso um total de 1000 horas-aula (1000 h/a). Cada grupo de explosivos formado por no mnimo trs equipes e cada equipe por trs operadores, sendo: Um tcnico antibombas: policial oficial subalterno ou sargento graduado em explosivos pela ESJUI, que tem como misso o comando do grupo, a tomada de decises operativas nos incidentes com bombas e a realizao das operaes de desativao; Um auxiliar tcnico: policial graduado que tem como misso auxiliar o tcnico, preparar o equipamento e fazer sua manuteno; Um agente de segurana: policial graduado, que faz a segurana fsica dos operadores e do equipamento, dirige a viatura e apoia em outras atividades. As misses dos grupos de explosivos dividem-se em: Pr-exploso (aes antibombas e contrabombas) Essas misses compreendem: busca e localizao (varredura de bombas), deteco e desativao de artefatos explosivos); Ps-exploso Essas misses compreendem as buscas e coletas de evidncias para posterior investigao e priso dos autores dos delitos; Defesa qumica bacteriolgica radiolgica e nuclear Essas misses realizam estudos e experincias sobre tcnicas de deteco, remoo, neutralizao e desativao de artefatos explosivos com agentes QBRN bomba suja.

Figura1: Unidade antiexplosivo da Polcia Nacional da Colmbia.

3.1.3. Espanha A Espanha comeou a especializar seus policiais em desativao de artefatos explosivos no ano de 1974, e, em 16 de junho de 1979, foi criado o primeiro departamento policial dedicado exclusivamente a essa atividade, o Departamento Central de Desativao de Explosivos (DECEDEX) da Guarda Civil, que posteriormente passou a se chamar Servicio de Desactivacin de Explosivos (SEDEX) Servio de Desativao de Explosivos. Sediado em Valdemoro, na Cidade de Madri, o rgo tem como misses: Detectar artefatos e materiais explosivos ou incendirios ilegais para desativ-los, neutraliz-los ou destrui-los. Realizar estudos e experincias sobre tcnicas de desativao; Coletar, analisar e difundir informaes recebidas, assessorando sobre medidas preventivas; Supervisionar as instalaes radioativas da polcia, de acordo com as especificaes do Ministrio de Indstria e Energia;

Realizar estudos e experincias sobre tcnicas de deteco, remoo, neutralizao e desativao de artefatos explosivos com agentes QBRN (qumico, bacteriolgico, radiolgico e nuclear). O SEDEX organizado em: BYL (tcnico em busca e localizao de artefatos explosivos): integram as equipes BYL e sua atuao compreende os servios de assessoramento sobre medidas preventivas e evacuaes, busca e localizao de bombas por ocasio de ameaas, investigao de veculos e correspondncias suspeitas, segurana de pessoas e autoridades e realizao de buscas preventivas de segurana. O BYL no pode manipular as bombas e explosivos, sendo seu dever, ao localizar um objeto suspeito, isolar e evacuar o local e acionar uma EDEX; Equipos de Desactivacn de Artefactos Explosivos (EDEX) equipes de desativao de artefatos explosivos. Cada EDEX composta por: TEDAX (Tcnico especialista em desativao de artefatos explosivos):

integram as EDEX e sua atuao compreende o servio de identificao, desativao e remoo de bombas e explosivos, manipulao de explosivos, alm de percia do material e do local de exploso. O TEDAX pode tambm realizar todas as misses de um BYL; Chefe de equipe, que comanda e administra a equipe, as operaes e seus

recursos, alm de apoiar os operadores durante as aes, como se fosse um 3 operador; 1 operador, responsvel peia operao de desativao; O 2 operador faz o apoio e a rendio do primeiro operador; e Condutor, que motorista, segurana e apoio aos operadores.

A Espanha atua com as seguintes especializaes de seu pessoal:

A formao dos tcnicos BYL e TEDAX realizada na Escuela de Desactivacin de Explosivos Escola de Desativao de Explosivos da Guarda Civil e tem durao de nove meses. O currculo bsico do curso composto pelas matrias: eletricidade e eletrnica aplicada aos explosivos, explosivos e artifcios, artefatos explosivos, materiais e equipamentos, tcnicas de busca e localizao, atuaes com explosivos, informes tcnicos, procedimentos de desativao em artefatos improvisados e munies, tcnicas operacionais, educao fsica, tcnicas de relaxamento e autocontrole, pericia ps-exploso e DQBRN (defesa qumica, bacteriolgica, radiolgica e nuclear). O curso realizado em duas fases. A primeira fase dura trs meses e forma o BYL. Os policiais que conclurem a primeira fase e adquirem a qualificao exigida pela escola, passam para a segunda fase, que dura mais seis meses, e forma o aluno como TEDAX DQBRN (tcnico em desativao de artefatos explosivos e agentes qumicos, bacteriolgicos, radiolgicos e nucleares). A Espanha conta ainda com uma unidade de explosivos na Polcia Nacional, uma outra instituio policial.

Figura 4: Unidade antiexplosivos da Guarda Civil Espanhola.

3.2. Estudo comparado sobre a organizao antibombas: Estados Unidos e Israel 3.2.1. Estados Unidos Nos EUA a existncia de uma unidade especializada em bombas e explosivos e a execuo desse servio nas corporaes policiais est condicionada aos recursos financeiros disponveis pela administrao pblica para a polcia local, incidncia criminal desse delito e ao efetivo disponvel. Algumas unidades de bombas podem inclusive, no pertencer a uma corporao policial, mas a um Fire Department (Corpo de Bombeiros). Existem duas especializaes na rea de operaes com bombas nos Estados Unidos: Bomb Technician (tcnico em bombas): o agente tcnico e graduado que executa as misses de busca, localizao e desativao de bombas e artefatos explosivos. Bomb Investigator (investigador de bombas): o agente tcnico e graduado que executa as misses ps-incidentais em locais de exploso, busca e coleta de evidncias, percia de materiais ou rastreamento de explosivos.

importante destacar as misses dessas duas figuras de profissionais, que caracterizam o padro norte-americano: Tcnico atua em todas as operaes com bombas at o momento em que a bomba ou explosivo est identificado e desativado; Investigador atua a partir do ponto em que, tendo havido a exploso ou estando de posse da bomba ou explosivo desativado e seguro, vai realizar a percia e investigao da origem do material, apoiando os procedimentos de apurao criminal.

No h uma obrigao ou regulamentao para a estruturao da unidade antibombas. Cada corporao policial estrutura-a e tem liberdade para organiz-la conforme suas necessidades. Um exemplo de como pode ser essa estruturao sugerida pelo Departamento de Estado Norte-Americano: 7 Comandante da unidade: policial da mais alta graduao, no necessariamente um tcnico antibombas. Tem as misses de comando e administrao da unidade. Supervisor: o subcomandante da unidade, atua diretamente junto s equipes. Tcnico snior: o assistente do supervisor, prepara os relatrios e estatsticas.

7

fazer um hint para a seguinte informao: DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS

ESTADOS UNIDOS DA AMRICA. Contramedidas em incidentes com explosivos. Baton Rouge, ATAP. 1997. n p.

Membros: compreende o efetivo que compem as equipes operacionais. Realizam buscas, desativam bombas, mantm o equipamento em ordem, apoiam os trabalhos de investigao. Cada equipe operacional pode ser organizada por trs agentes, sendo um tcnico em bombas, chefe da equipe, que tem a responsabilidade pela tomada de decises nas operaes, e dois operadores, tambm tcnicos, que realizam os trabalhos prticos e se revezam no local da operao. Instituies americanas responsveis pelas informaes necessrias sobre banco de dados com bombas, atentados com explosivos e divulgao de procedimentos e doutrina antibombas: O Bomb Data Center (BDC) Centro de Dados sobre Bombas, criado em 1970, hoje est subordinado Diviso de Laboratrios do FBI, com sede em Washington, DC. O BDC coleta e centraliza todas as informaes sobre incidentes envolvendo explosivos e bombas, mantendo contatos com todos os esquadres de bombas das polcias locais, das unidades militares e de outros rgos federais. Seus trabalhos estatsticos, cientficos, de pesquisa e de inteligncia nessa rea especfica fazem do BDC um centro disseminador de doutrina. Hazardous Device School (HDS) Escola de Produtos Perigosos, localizada em Huntsville, Estado do Alabama, no Arsenal Restone, do Exrcito. Fundada em 1981, a HDS a nica escola norte-americana que forma, treina e reconhece tcnicos em bombas para atuao nas polcias americanas. Os cursos de formao duram entre um e dois meses e as reciclagens entre uma e duas semanas. A HDS tambm mantm cursos de investigadores em bombas e seminrios regionais de treinamento, alm de uma conferncia para comandantes de esquadres de bombas a cada dezoito meses. As Evidence Response Teams (ERT) Equipes de Resposta para Evidncias so grupos de investigao compostos por peritos multi-disciplinares, como fotgrafos, desenhistas, peritos criminais e mdicos legistas, incluindo tambm os tcnicos e investigadores de bombas. As ERT so sediadas nas divises regionais do FBI, que atuam na

investigao e percia em incidentes de gravidade e em apoio s policias locais. O Explosive Technology Branch (ETB) Seo Tecnolgica de Explosivos, do ATF. Sediada em Washington, a unidade composta por tcnicos e investigadores de bombas. A misso dessa unidade tambm a centralizao de dados e disseminao de doutrina, apoio s polcias locais, realizao de treinamentos e operaes com bombas de desativao e investigao. Outra forma de manter a padronizao e disseminao de doutrina a publicao de peridicos, como o Special Technician Bulletin, o Investigator Bulletin e o General Information Bulletin, que divulgam tcnicas de desativao, padro de relatrios, pesquisa e desenvolvimento de materiais, produtos explosivos, incidentes, estatsticas e outras informaes para suporte dos esquadres de bombas. O FBI e o ATF, atravs de suas unidades, apoiam e trabalham em conjunto com as polcias locais, responsveis pela primeira ao de resposta em um incidente com bomba. Atualmente, existem aproximadamente umas 600 unidades policiais especializadas em operaes com bombas nos Estados Unidos. Essas unidades so mantidas pelas corporaes policiais com disponibilidade financeira devido ao alto ndice de incidentes. As pequenas cidades que no possuem recursos para manter um esquadro de bombas ou que no tm necessidade imediata pela pouca incidncia de eventos geralmente possuem um tcnico em bombas em seu quadro de efetivo ou fazem convnios com outras cidades, condados ou polcias estaduais para terem o suporte de suas unidades de bombas.

Um exemplo de esquadro antibombas americano Como exemplo de uma unidade de bombas norte-americana, podemos descrever o NYPD Bomb Squad Esquadro de Bombas do Departamento de Polcia de New York, considerado o mais antigo esquadro de bombas dos Estados Unidos.8 Fundado em abril de 1903 pelo Tenente Guisseppi Petrosino, o esquadro era composto por cinco policiais e tinha o nome de "Esquadro Italiano", pois a motivao de sua criao foi uma onda de atentados a bombas e extorses realizados pela organizao criminosa "Mo Negra" contra comerciantes da comunidade italiana que viviam na zona leste de Manhattan. O NYPD Bomb Squad conta com um efetivo de 40 policiais. Entre as equipes, destaca-se a Explosive Detection Canines Team Equipe de Ces Detetores de Explosivos, grupo pioneiro no uso de ces em operaes com bombas.

8

fazer hint para a seguinte informao: WORLD EOD GAZETTE. New York City

Bomb Squad Watford, v. 2, n. 4. mar. 1998.

Figura 5: Unidade de bombas americana no Afeganisto.

3.2.2. Israel Bombas representam uma preocupao especial. A educao de preveno contra bombas ocorre desde as escolas primrias, onde as crianas so orientadas a no mexer em objetos abandonados. Cartazes com orientaes de segurana e avisos para no abandonar objetos e no mexer em objetos abandonados so amplamente divulgados nas cidades. Toda a ameaa de bomba considerada real. A Mishmar H'Gvul (Polcia Nacional de Guarda de Fronteiras), atravs de sua Yechida Mishtartit Meyuchedet (YA'MA'M) Unidade de Polcia Especial o rgo responsvel pelo atendimento de incidentes com bombas. Nas cidades de Tel Aviv e Jerusalm, capital de Israel e sede do comando da polcia, esto sediadas as unidades de bombas.

Denominadas esquadres de bombas, cada uma dessas equipes composta por policiais que operam 24 horas. Cada equipe dispe de uma viatura tipo van, equipada com os recursos necessrios para as operaes com bombas. As equipes so distribudas em cada uma das zonas administrativas de polcia (norte, sul, leste, oeste), onde se situam os distritos policiais, sendo semelhantes as organizaes de Jerusalm e Tel Aviv. Nas demais cidades, a polcia no dispe de unidades, mas de pessoal especializado que realiza o primeiro atendimento e aciona as unidades da capital ou das foras armadas caso necessitem de apoio. Os procedimentos operacionais dessas unidades so simples e objetivos: destruir tudo o que for suspeito, pois essas equipes de bombas procuram agir de forma rpida, destruindo todo objeto abandonado e considerado suspeito, principalmente se localizado em aeroportos e vias pblicas. Cartas e pacotes suspeitos enviados pelo correio so inspecionados e encaminhados aos distritos policiais.

Figura 6: Unidade de bombas israelense.

3.3. Estudo comparado sobre a organizao antibombas: Brasil Os rgos de segurana pblica no Brasil no dispem de unidades exclusivamente

destinadas ao atendimento de incidentes com bombas. As unidades especializadas, a maioria pertencente s polcias militares, so subdivises de grupos de operaes especiais e realizam o servio como uma atividade complementar da sua unidade. Na Polcia Federal e em algumas polcias civis, a atividade de operaes antibombas acumulativa aos servios de percia criminal. 3.3.1. Polcia Federal A Polcia Federal centraliza suas operaes com bombas no Instituto Nacional de Criminalstica (INC) atravs do Grupo de Bombas e Explosivos (GBE), sediado em Braslia. No INC h um setor de bombas e explosivos, integrado por diversos peritos criminais com especializao na rea. O rgo central (INC) dispe de todos os equipamentos e acessrios necessrios para a organizao e funcionamento de uma unidade antibombas; j os demais subgrupos sediados nas superintendncias nos estados esto equipados com um kit bsico de primeira resposta. Cabe a esse rgo funcionar como rgo central para a disseminao de normas e procedimentos aos demais Setores Tcnicos Cientficos (SETECs). Cada SETEC integrado por diversos peritos criminais que possuem, em sua formao policial, acadmico como perito, uma disciplina de Bombas e Explosivos, com carga horria em torno de 40 h/a, que os habilitam nos trabalhos dessa rea. Essa formao complementada pelo curso de atualizao em bombas e explosivos (CABE) do prprio rgo assim como outros cursos realizados fora do pas. A competncia de atuao dos SETEC ocorre dentro das reas de jurisdio da Polcia Federal, como aeroportos, portos e reparties pblicas federais, mas os servios podem ser ampliados para reas de jurisdio estadual, quando solicitados por rgos competentes, principalmente devido falta de estrutura logstica e de recursos humanos especializados nos estados. 3.3.2. Polcias Estaduais

O atendimento a incidentes com bombas e explosivos nos estados da federao variam conforme as necessidades e organizao interna das polcias. Esse servio realizado prioritariamente pelas polcias militares, atravs de suas unidades de operaes especiais. Em um nico estado, Rio de Janeiro, o atendimento preferencial da Polcia Civil. No havendo nenhum rgo especializado em bombas e explosivos na estrutura de segurana pblica, cabe o atendimento a esse tipo de incidente Polcia Federal, atravs dos SETEC das superintendncias regionais, que so acionados pelas polcias estaduais. 3.4. As organizaes em nveis nacional e internacional O quadro a seguir oferece uma visualizao que permite comparar as organizaes antibombas estudadas nas aulas 2 e 3.Quadro 2 Comparao entre as organizaes antibombas dos pases estudados.

OPERAES PRINCIDENTAIS

OPERAES DE DESATIVAO

OPERAES PSINCIDENTAIS

TCNICO EM EXPLOSIVOS

BYL

TEDAXBOMB INVESTIGATOR

BOMB TECHNICIAN

POLCIA MILITAR POLCIA FEDERAL

POLCIA CIVIL

Finalizando... Neste mdulo, voc estudou que: De acordo com Woloszyn (2006), especialistas europeus apontam quatro caractersticas bsicas presentes nos atos terroristas: natureza indiscriminada; imprevisibilidade e arbitrariedade; crueldade e destrutividade e carter amoral; As aes terroristas modificaram com o passar do tempo. Segundo Demas (1979), Estamos provavelmente beira de um novo perodo da Histria. O maior trabalho dos governos ocidentais, nos prximos anos, dever ser a luta sem piedade contra todas as formas imaginveis de terrorismo. Se perderem essa luta, nossa civilizao corre o risco de sofrer ferimentos irreparveis; Como objetivo geral os atos terroristas visam criar um clima de insegurana e temor para alcanar as mudanas pretendidas, relacionadas ao inconformismo, seja ele, poltico, econmico, social, tnico ou religioso; As unidades antibombas existem para prevenir e combater aes terroristas e criminosas que usam bombas e explosivos. A necessidade de especializao de pessoal, conhecimento tcnico e uso de equipamentos especiais motivou o surgimento e manuteno desses setores especializados nas corporaes policiais e militares; civis; Atualmente, deve-se distinguir as unidades antibombas em dois tipos: militares e

Os rgos de segurana pblica no Brasil, diferentemente de pases como EUA, Canad, Colmbia, Espanha e Israel no dispem de unidades exclusivamente destinadas ao atendimento de incidentes com bombas, sendo necessria uma poltica pblica especfica para definir todas essas aes.