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Módulo 2 A proteção de nascentes em cinco passos CURSO DE PROTEÇÃO DE NASCENTE

Módulo 2 A proteção de nascentes em cinco passosead.senar.org.br/.../uploads/senar/conteudos/137//anexos/PDN_M2.pdf · Proteção de Nascentes Módulo 2 3 Módulo 02 ... Aula 2:

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Módulo 2

A proteção de nascentes em cinco passosCURSO DE PROTEÇÃO DE NASCENTE

©2015. SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Central.

Todos os direitos reservados.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Informações e Contato

SGAN 601 – Módulo K

Edifício Antônio Ernesto de Salvo – 1º andar

Brasília – CEP 70830-021

Telefone: 61 2109-1300

www.senar.org.br

Programa Campo Sustentável

Curso Proteção de Nascentes

Presidente do Conselho DeliberativoJoão Martins da Silva Júnior

Entidades integrantes do Conselho Deliberativo

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA

Confederação dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG

Ministério do Trabalho e Emprego – MTE

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA

Ministério da Educação – MEC

Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB

Agroindústrias/indicação da Confederação Nacional da Indústria – CNI

Secretário Executivo do SENAR

Daniel Klüppel Carrara

Chefe do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social

Andréa Barbosa Alves

Proteção de Nascentes | Módulo 2 3

Módulo 02

A proteção de nascentes em cinco passos

João

Acho que tem muita gente por aí que pensa que a água nasce da torneira! Já li um pouco sobre es-ses cinco passos, e eles parecem ser bem sim-ples, é só a pessoa ter vontade!

O João está muito empolgado, não é mesmo? E você? Também quer conhecer os cinco passos? Então, vamos começar!

Esses cinco passos permitirão que você proteja as nascentes e obtenha água de qualidade em quanti-dade suficiente para atender às suas necessidades. Com esses conhecimentos, você também poderá ser um multiplicador dessa técnica, levando informações para seus vizinhos e contribuindo para a me-lhoria da qualidade de vida na sua comunidade e para a sustentabilidade ambiental.

Sabendo disso, ao final deste módulo, você será capaz de:

• conhecer os cinco passos para a proteção de nascentes segundo a legislação vigente e os critérios técnicos;

• entender os procedimentos de identificação da nascente na propriedade registrando suas características;

• conhecer as técnicas corretas para cercamento da área demarcada;

• entender a importância da retirada de plantas invasoras e do material excedente do entorno da nascente;

• compreender a importância da vegetação para a estabilidade do solo;

• conhecer as espécies a serem plantadas na área de proteção da nascente;

• conhecer estratégias adequadas para a manutenção da área protegida da nascente.

Aula 1: Novo Código Florestal Brasileiro – Lei nº 12.651

Nesta aula, vamos conhecer algumas informações importantes sobre a proteção das nascentes do ponto de vista legal do Código Florestal Brasileiro – Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012.

Essa lei estabelece as normas sobre a proteção da vegetação, as Áreas de Preservação Permanente – APP e as áreas de Reserva Legal – RL, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 4

João

Mas o que é uma APP?

APP é uma área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de

preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, faci-

litar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações

humanas.

Lembre-se: as nascentes são consideradas áreas de preservação permanente!

Os artigos do Código Florestal Brasileiro que se referem às nascentes são:

Da Delimitação das Áreas de Preservação Permanente

Artigo 4º - Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:

IV - As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros.

Isto quer dizer que você precisa cercar a nascente obedecendo ao raio de cinquenta metros. Toda esta área é considerada Área de Preservação Permanente – APP. O isolamento da nascen-te diminui a interferência de pessoas, animais e permite a proteção das condições naturais tais como a vegetação, o solo e as características topográficas.

Das Áreas Consolidadas em Áreas de Preservação Permanente

Artigo 61º A - Nas Áreas de Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a conti-nuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008.

§ 5º Nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de nascentes e olhos d’água perenes, será admitida a manutenção de ativida-des agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recom-posição do raio mínimo de 15 (quinze) metros.

Isto quer dizer que na área das nascentes onde já existiam atividades de ecoturismo, turismo rural, atividades agrícolas, atividades florestais e da pecuária, antes de 22 de julho de 2008, essas atividades podem continuar a ser executadas. Porém, nesses casos existe a obrigatorie-dade da recomposição do raio mínimo de quinze metros.

Do Regime de Proteção das Áreas de Preservação Permanente

Artigo 8º - A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Per-manente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.

§ 1º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas so-mente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.

Para entender melhor o que diz o primeiro parágrafo do artigo 8º, conheça as seguintes expressões jurídicas:

• Utilidade pública é a transferência da propriedade privada para a administração pública de maneira que seja oportuna e vantajosa para o interesse coletivo.

• Interesse social é a transferência que tem como objetivo melhorar a vida da sociedade na bus-ca da redução das desigualdades.

• Impacto ambiental refere-se a qualquer alteração física, química e biológica do meio ambiente causada por atividades humanas que afeta diretamente ou indiretamente:

• a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

• as atividades sociais e econômicas;

• a biota (o conjunto da fauna e da flora de uma região);

• as condições estéticas e sanitárias ambientais;

• a qualidade dos recursos ambientais.

As nascentes e olhos d’água são considerados áreas de preservação perma-nente (APPs) conforme prevê o Código Florestal Brasileiro.

Antes de finalizar a primeira aula do Módulo 2, acesse o Ambiente de Estudos e assista ao vídeo que explica como proteger as nascentes de acordo com o novo Código Florestal.

Aula 2: Passo 1 – Identificar a nascente

Nesta aula, vamos iniciar o estudo dos cinco passos detalhando as ações necessárias para realizar cada um deles. Começaremos pelo primeiro passo: identificar a nascente!

Proteção de Nascentes | Módulo 2 6

A identificação de uma nascente envolve o conhecimento da sua localização exata e, também, do am-biente à sua volta. Você precisará percorrer a área para identificar o seu local exato e, após encontrá-lo, deverá fazer o diagnóstico. Esse diagnóstico trata da observação e da avaliação de fatores que influen-ciam direta e indiretamente a nascente.

Diagnóstico da área da nascente

Topografia Cobertura vegetal Interferências

A análise da topografia é importante porque a declividade do terreno

influencia na velocidade do escoamento da água

no solo.

A densidade da cobertura vegetal determina o im-

pacto da chuva no solo, a velocidade do escoamento da água no terreno, a infil-tração da água no solo e a

sua estabilidade. Também é importante observar a pre-sença de espécies nativas, ervas daninhas e plantas

invasoras.

É necessário analisar o grau das interferências, podendo ser causadas pela ação hu-mana e por causas naturais.

Verificar, também, a pre-sença de animais de grande porte que podem pisotear a nascente, além de defecar e

urinar na água.

Fonte: Shutterstock

Proteção de Nascentes | Módulo 2 7

Diagnóstico da nascente

Tipos de nascente Vazão da nascente Análise da água

Fundo de vale (brejo): também conhecida por

olho d’água, é proveniente de afloramento à superfí-cie do lençol freático nas depressões do terreno.

De encosta: pode ser de-rivada de aquíferos empo-leirados, e seu fluxo pode ser temporário ou perene.

De contato ou anticlinal: o lençol artesiano mani-festa-se à superfície em virtude das falhas geo-lógicas nas ondulações

convexas.

A vazão das nascentes pode ser alterada por causa da

erosão (assoreamento), do acúmulo de outros detritos e do pisoteio por animais

que podem danificar o olho d’água.

Ao fazer a captação da água na nascente, é necessário

analisar a presença de lama, lodo e matéria orgânica (fo-lhas, galhos, outros), e tam-

bém avaliar alguns aspectos, como cor, turbidez e odor da

água.

Gostei muito dessa aula! Sou boa em observar as coisas e posso anotar todas as informações sobre a nossa nas-cente. Assim, vamos fazer um diagnóstico bem detalhado.

Conhecer os tipos de nascentes e saber identificá-las orientam o melhor cami-nho para protegê-las.

Acesse o Ambiente de Estudos e assista ao vídeo para saber mais sobre a iden-tificação de uma nascente!

Proteção de Nascentes | Módulo 2 8

Aula 3: Passo 2 – Cercar a nascente

Chegamos à terceira aula e vamos estudar o segundo passo para proteger a nascente: cercar a nascente.

Depois que você localizou a nascente na propriedade e descreveu seu diagnóstico, chegou a hora de cercá-la. Um dos motivos do cercamento de uma nascente é para evitar a presença de animais de gran-de porte. Esses animais podem defecar e urinar na própria nascente ou em seu entorno e contaminar as águas, prejudicando o abastecimento de água de qualidade para as pessoas. Como alternativa, o proprietário rural pode instalar bebedouros do lado de fora da cerca que protege a nascente.

A cerca também define os limites da área da nascente, impedindo que a cobertura vegetal, ou a vegeta-ção nativa, seja retirada. Quando a vegetação nativa é retirada do entorno de uma nascente, o solo fica desprotegido e pode ocorrer a erosão.

Dona Coraci

Dica da Dona Coraci

Lembre-se de que, para fazer o cercamento de uma nascente, você precisa ter mais de 18 anos, porque serão utilizadas ferramentas per-furantes e cortantes.

Construção da cercaPara construir a cerca, você vai precisar dos seguintes materiais:

Estaca Trena Furadeira (para cerca de arame liso)

Arame liso ou arame com farpas (conforme a cerca que for feita)

Pregos (conforme a cerca que for feita)

Grampos (conforme a cerca que for feita)

Enxada Enxadão

Proteção de Nascentes | Módulo 2 9

Cavadeira Alavanca Martelo Áculos de proteção

Lápis de carpinteiro Botas com biqueira de aço

Machado Luvas de raspa

Reúna todo o material e o transporte até o local onde a nascente vai ser isolada.

Atenção!Utilize sempre equipamentos de proteção individual (EPI)!

O uso dos equipamentos de proteção individual é extremamente neces-sário, pois garante a integridade física do operador, e a sua utilização é exigida por lei.

A primeira etapa da construção da cerca é a marcação da distância que vai do local exato da nascente até a distância mínima de 50 metros de raio, podendo ser maior que essa medida se você desejar.

Em seguida, você deverá:

• marcar os pontos dos mourões e das estacas formando um círculo;

• fixar e travar os mourões;

• fixar os arames.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 10

Vou já separar os materiais e as ferramentas necessárias para fazer o cercamento da nossa nascente!

Acesse o Ambiente de Estudos e assista ao vídeo que explica o passo a passo para cercar a sua nascente.

Aula 4: Passo 3 – Limpar a área

Chegamos à quarta aula do Módulo 2! Nesta aula, serão apresentadas informações importantes sobre como e por que devemos limpar a nascente e seu entorno.

Vamos lá!

A retirada de materiais da área de proteção da nascenteA área da nascente deve ser limpa frequentemente para evitar o acúmulo de materiais que possam prejudicar a vazão das águas ou até contaminá-las, prejudicando o abastecimento nas residências. O proprietário rural que possui uma nascente deve retirar todos os materiais estranhos ao ambiente da APP, como garrafas PET, plástico, garrafas de vidro, latas e outros metais, entulhos, lixo e outros.

Os materiais e as embalagens referentes aos defensivos agrícolas e fertilizantes químicos também de-vem ser descartados de forma correta ou devolvidos aos locais de onde foram comprados.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 11

Leia com atenção as orientações sobre o descarte que consta nas próprias embalagens.

Esses materiais estranhos, quando acumulados, podem ser levados para a nascente e outros corpos d’água pela enxurrada e pelo escoamento superficial, contaminando nascentes, lençol freático, córre-gos, rios e outros corpos d’água.

Fonte: Shutterstock

Dona Coraci

Dica da Dona Coraci

Muita atenção!

Os defensivos agrícolas são produtos químicos que devem ser armazenados sempre em locais fechados e não podem ser aplicados no entorno das nascentes.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 12

Saiba maisVocê pode saber mais sobre a destinação final das embalagens vazias de defensivos químicos acessando a Biblioteca do curso no Ambiente de Estudos.

Retirada de plantas invasoras e do material excedente do entorno da nascenteA vegetação nativa deve ser preservada na área da nascente e as plantas invasoras devem ser retiradas. Essas plantas são excedentes no local e competem com as nativas, prejudicando o seu desenvolvimento.

Mas atenção:

• na limpeza das plantas excedentes, tome cuidado para não retirar plantas nativas;

• tome cuidado, também, para não expor o solo, pois isso pode causar erosão.

Carlos

Quero participar da limpeza da nossa nascente! Podemos até convidar mais pessoas para aju-dar.

Com os conhecimentos adquiridos nessa aula, podemos manter a área da nossa nascente lim-pa e contribuir para a produção de água de qua-lidade.

A limpeza do solo garante a proteção e a saúde da nascente. Este vídeo de-monstra como retirar o material excedente do solo, evitando o assoreamento por meio da erosão. Destaca, também, que nas regiões urbanas é preciso retirar todo o lixo depositado próximo à nascente.

Acesse o Ambiente de Estudos e descubra como garantir a saúde de sua nas-cente assistindo ao vídeo.

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Aula 5: Passo 4 – Controlar a erosão

Nesta aula, vamos conhecer o que é e como controlar a erosão usando as práticas corretas.

Fonte: Shutterstock

A erosão é o principal agente causador da perda de solo no meio rural causada pela exposição do solo descoberto ao contato direto com as gotas de chuva. O impacto dessas gotas provoca o desprendi-mento e o arrasto de partículas desse solo para as regiões mais baixas, onde se acumula causando assoreamento.

Existem três tipos de práticas para controlar a erosão. Conheça, a seguir, quais são elas!

Práticas vegetativas de controle de erosãoA retirada da vegetação nativa pode dar início à erosão porque, sem essa camada, o solo fica exposto e vulnerável. A seguir, confira algumas práticas que podem evitar a erosão e o desgaste do solo:

• florestamento e reflorestamento;

• plantio direto, que é feito sem aração e gradagem, mantendo o solo coberto pelas plantas do local;

• cobertura morta, que é qualquer tipo de resíduo vegetal seco espalhado sobre o solo, como, por exemplo, galhos, palhas e folhas;

Cuidado com as plantas invasoras!Escolha galhos, palhas e folhas que não contenham sementes de plantas invasoras.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 14

• adubação verde, que é uma adubação orgânica que utiliza o cultivo de plantas incorporadas ao solo após o seu desenvolvimento. A adubação verde funciona como um adubo natural e aumenta o teor de matéria orgânica do solo, mantendo a sua umidade e a sua estabilização.

Fonte: SENAR Nacional

Ainda existem outras práticas:

• manejo de pastagens;

• plantas de cobertura;

• culturas em faixas;

• cordões de vegetação permanente;

• alternância de capinas e ceifa do mato.

Práticas edáficas de controle de erosãoAs práticas edáficas – as quais se referem aos processos de formação e conservação de solos – procu-ram adequar o sistema de cultivo para melhorar a fertilidade do solo. São utilizados recursos como uso de fertilizantes e uso racional do solo para o aumento e a manutenção da sua fertilidade.

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Vamos ver, agora, algumas práticas edáficas:

• usar o solo de acordo com sua capacidade evita o esgotamento pelo desgaste e o empobreci-mento por cultivos anuais, perenes e pastagem;

• racionalizar o uso do fogo como técnica de limpeza para fins florestais, agrícolas e pecuários;

• optar pela adubação orgânica, que é feita com estercos e compostos considerados os mais completos e equilibrados.

Você pode, também, utilizar outras técnicas, como, por exemplo, a adubação verde, a adubação química e a calagem.

Lembre-se: as práticas edáficas procuram controlar a erosão criando condições para que a

vegetação se recupere e se desenvolva com mais facilidade.

Práticas mecânicas de controle de erosãoAs práticas mecânicas utilizam estruturas artificiais, feitas pelo homem, para quebrar a velocidade da água (escoamento superficial e enxurradas) e facilitar a sua infiltração no solo.

Conheça algumas práticas mecânicas utilizadas no campo:

• fazer a distribuição racional dos caminhos e dos corredores em uma propriedade auxilia o tra-balho do agricultor e ajuda no controle da erosão;

• preparar o solo e o plantio em contorno cultivando no sentido transversal ao declive, seguindo curvas de nível, e não “morro abaixo”;

• utilizar as bacias de captação para armazenar a água de chuva e enxurradas, contribuindo para o abastecimento do lençol freático;

• construir canais escoadouros caso não tenha um escoadouro natural;

• fazer o terraceamento para favorecer a infiltração da água nos plantios em terrenos declivosos.

É a aplicação de calcário que visa corrigir a acidez do solo e disponibilizar maior quantidade de nutrientes à planta.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 16

Fonte: Embrapa

Você também pode fazer sulcos e camalhões em pastagens, canais divergentes, patamares e banque-tas individuais.

Saiba maisVocê pode consultar a Biblioteca do curso no Ambiente de Estudos e ler a cartilha do Senar: Erosão do solo – práticas mecânicas de controle, cuja abordagem se dá de forma simples e ilustrada, descrevendo os procedimentos corretos das práticas mecânicas de controle da erosão e fornecendo as informações técnicas para a execução das operações no momento preciso. Boa leitura!

Essa aula foi muito boa!

Aprendemos as práticas para controlar a erosão e prote-ger a nossa nascente contra os efeitos das enxurradas e do escoamento superficial.

Você viu, Lúcia, que todas as práticas ajudam na infiltração da água no solo? Isso é muito importante, porque abastece o lençol freático e aumenta a produção de água na nature-za.

Tá tudo conectado!

Agora, vamos todos ver o vídeo no Ambiente de Estudos, porque tem mais coisa pra gente aprender!

Proteção de Nascentes | Módulo 2 17

A erosão é o processo pelo qual a água desloca o solo, a terra, podendo prejudi-car a produção de água.

Assista ao vídeo no Ambiente de Estudos e descubra como evitar a erosão por meio de algumas práticas de conservação do solo.

Aula 6: Passo 5 – Replantar espécies nativas

Veja só que interessante!

Na aula anterior, conhecemos os benefícios de se pro-teger o solo contra a erosão e, como tudo está ligado, quando protegemos o solo, contribuímos com a vegeta-ção. Cuidando dessa vegetação, a área da nascente fica mais protegida e o lençol freático reabastecido. Logo, como resultado, teremos um aumento da quantidade de água produzida com mais qualidade.

Agora, imagina se esses passos forem aplicados em to-das as propriedades que têm uma nascente?

Isso vai ficar bom demais!

A Lúcia está certa – tudo na natureza está interligado!

Por isso, precisamos conhecer o quinto passo para proteger a nascente: replantar espécies nativas.

Nesta aula, você vai entender por que a vegetação é importante na proteção da nascente e vai conhecer as espécies mais indicadas para o replantio.

Primeiramente, você deve analisar a cobertura vegetal na área da nascente e observar os seguintes aspectos:

• A nascente está desprotegida (com pouca vegetação)?

• A área no entorno da nascente está desprotegida (com pouca vegetação)?

• Existem práticas de controle de erosão na região?

Proteção de Nascentes | Módulo 2 18

A importância da vegetação nativa para a proteção das nascentes

Entende-se por vegetação nativa um conjunto de plantas (flora) que passou por um processo

de seleção natural durante milhares de anos, havendo uma interação entre a vegetação e o

ambiente, e dessa interação resultaram espécies adaptadas àquele meio.

Fonte: Shutterstock

Com o plantio das espécies nativas, haverá a reconstituição do ambiente natural, favorecendo a biodiver-sidade e atraindo a fauna original. Essa relação da vegetação com a fauna atuará como dispersora de sementes, contribuindo com a própria regeneração natural.

Para fazer o plantio de árvores no entorno da nascente, você precisa cumprir as etapas listadas a seguir:

• adquira as mudas de espécies nativas;

• faça o controle das formigas cortadeiras. Em pequenas áreas, use formicida do tipo “isca” à base de sulfluramida. Siga as orientações da bula para saber a dosagem;

Use equipamento de proteção individual durante a aplicação do formicida.

• marque as curvas de nível no terreno;

Conjunto de animais de convivem em um determinado espaço geográfico ou temporal.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 19

• marque as covas;

• utilize espécies pioneiras, que são de crescimento rápido, e, em seguida, as espécies secundá-rias, que formarão o bosque;

• replante novas mudas para substituir as mortas.

Saiba maisNa Biblioteca do curso no Ambiente de Estudos, você encontra uma cartilha do Senar sobre reflorestamento. Esta cartilha aborda assuntos referentes aos tipos de nascentes; a todas as operações necessárias para a montagem da cerca para o isolamento da área ao redor da nas-cente; e ao reflorestamento através da limpeza da faixa onde a cerca foi construída, do controle das ervas daninhas e das formigas. Confira e boa leitura!

Manutenção da nascente protegidaOs cuidados a serem tomados após o plantio compreendem, principalmente, o controle das ervas dani-nhas e das formigas, e também a manutenção da cerca de proteção da nascente.

Essas ações devem ser realizadas periodicamente.

O controle de ervas daninhas deve ser realizado com o uso de enxada, e não devem ser utilizados herbi-cidas para evitar a contaminação da nascente.

Já o controle das formigas deve começar seis meses antes do plantio das mudas. Deve-se levar em consideração que algumas espécies de formigas saúva são capazes de percorrer distâncias iguais ou superiores a cem metros para buscar seus recursos, podendo entrar na área de proteção da nascente, onde foram plantadas as mudas. Dessa forma, é preciso fazer vistorias e combatê-las na sua proprie-dade e na vizinhança.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 20

Fonte: Shutterstock

Estamos quase terminando o curso!

Com essa aula, completamos o estudo dos cinco passos para a preservação e a proteção das nascentes.

Já me sinto pronto para colocar a “mão na massa” e co-meçar logo a cuidar da nossa nascente. Vamos trabalhar para que tenhamos sempre água de qualidade em abun-dância!

Família, antes de pegar as ferramentas, vamos ver a mais um vídeo no Ambiente de Estudos?

A etapa de replantar espécies nativas no entorno das nascentes garantirá a es-tabilidade do solo, uma melhor infiltração da água e uma produção de água melhor em se tratando de qualidade e quantidade.

Assista ao vídeo no Ambiente de Estudos e descubra as dicas para melhor re-florestar o entorno de sua nascente protegida.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 21

Vamos relembrar?Finalizamos o último módulo do Curso Proteção de Nascentes!

Você compreendeu todos os passos necessários para preservar e proteger uma nascente?

Que tal relembrarmos rapidamente o que foi apresentado neste último módulo?

Na primeira aula, você conheceu as principais disposições do Novo Código Florestal Brasileiro, a Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012, com relação às nascentes. Essa lei estabelece as normas sobre a proteção da vegetação, as Áreas de Preservação Permanente – APP e as áreas de Reserva Legal – RL, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos.

Na segunda aula, foi apresentado o primeiro passo: identificar a nascente. A identificação de uma nas-cente envolve o conhecimento da sua localização exata e, também, do ambiente à sua volta.

Na terceira aula, foi possível compreender a importância de cercar a nascente, evitando-se, por exem-plo, a presença de animais de grande porte, bem como conhecer as técnicas corretas para cercamento da área demarcada.

Já na quarta aula, você pôde entender a importância da limpeza na nascente e no seu entorno, retirando plantas invasoras e materiais excedentes que podem contaminar a água e o solo.

Na quinta aula, vimos como controlar a erosão para proteger as nascentes utilizando técnicas mais adequadas e viáveis. Algumas práticas eficazes no controle da erosão que você pode utilizar são as vegetativas, edáficas e mecânicas.

E, na última aula, foram apresentadas informações importantes sobre o replantio de espécies nativas na nascente e no seu entorno. Você compreendeu que a presença da vegetação é importante para pro-teger a nascente e conheceu as espécies mais indicadas para o replantio. Também foram apresentadas estratégias adequadas para a manutenção da área protegida da nascente.

Agora, que tal você colocar em prática os conhecimentos adquiridos até aqui?

A seguir, realize a Atividade de aprendizagem referente ao Módulo 2.

Siga em frente!

Atividade de aprendizagem

Chegamos ao final do Módulo 2 do Curso Proteção de Nascentes.

A seguir, você responderá a algumas questões relacionadas ao conteúdo estudado neste módulo.

Preparado(a)?

Proteção de Nascentes | Módulo 2 22

Atenção!Será necessário que você acesse o Ambiente de Estudos ou entre em contato com a equipe de atendimento para registrar suas respostas no sistema e também para verificar as explicações de cada questão.

Caso você ainda tenha dúvidas ou se sinta inseguro com relação a al-gum dos conteúdos abordados, retome seus estudos e/ou entre em contato com nossa equipe de apoio.

1) Sobre as disposições do Novo Código Florestal, assinale a alternativa correta.

a. Se você cria gado de corte desde agosto de 2009 e dentro do seu pasto existe uma nascente, pelo Novo Código Florestal você pode continuar com a sua criação de gado.

b. Para as atividades consolidadas na APP, desde antes de 22 de julho de 2008, que tem uma nascente, existe a obrigatoriedade de recomposição do raio mínimo de 15 metros no entorno da nascente e da construção de uma cerca que a isole.

c. De acordo com o art. 8º do Novo Código Florestal, a intervenção ou a supressão de vegetação nativa em APP somente poderá ocorrer nos casos de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental. Por esse texto, pode-se entender que as nascentes estão incluídas e podem sofrer intervenção, pois se enquadram nas três hipóteses citadas.

d. A sua propriedade foi escolhida pelo órgão público para construir uma instituição com obje-tivo de sociabilizar pessoas de diferentes tendências ideológicas e culturais. Para essa so-ciabilização, a instituição vai usar a prática de esporte, lazer e manifestação das diversas expressões de cultura existente no grupo participante. No local da construção do estabeleci-mento, existe uma nascente, e, por isso, o órgão ambiental competente não poderá fornecer a autorização de intervenção na APP, com a retirada da vegetação, para fins de construção do estabelecimento.

2) Sobre os procedimentos para identificar uma nascente, assinale a alternativa correta.

a. A vazão da nascente depende apenas do lençol freático.

b. Um terreno com a declividade muito forte (topografia) e com um alto grau de intervenção (exemplo: pasto degradado acima da nascente) torna o controle da erosão difícil, sem obter os resultados esperados.

c. A topografia muito declivosa aumenta a velocidade de escoamento da água, podendo causar erosão. Com o plantio, o replantio e a preservação da vegetação já existente, pode-se diminuir e até paralisar o processo de erosão na área e diretamente na nascente.

d. A área da nascente (APP) pode ser também um pasto, pois animais não trazem prejuízo para as nascentes.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 23

3) Sobre o cercamento da nascente, assinale a alternativa correta.

a. O cercamento da nascente é muito importante para evitar, por exemplo, a presença de ani-mais de grande porte. A presença desses animais pode causar danos à nascente pelo piso-teio e por contaminar a água com as suas fezes.

b. O material necessário para a construção da cerca é: estaca, trena, furadeira, arame, pregos, grampos, enxadão, cavadeira, alavanca, martelo, lápis de carpinteiro e machado.

c. A cerca de proteção da nascente precisa ser construída no raio de 50 metros. Essa distância é determinada pelo Código Florestal, portanto essa medida nunca pode variar de 50 metros.

d. A simples delimitação da área de proteção da nascente, com o raio obrigatório de 50 metros, já é suficiente para garantir o isolamento e, com isso, a integridade da APP.

4) Sobre a limpeza da nascente e do seu entorno, assinale a alternativa correta.

a. O lixo deixado na área da nascente pode causar a contaminação da água apenas pelo escor-rimento do chorume (líquido que escorre do lixo) para o local do olho d’água.

b. É possível provocar erosão com a limpeza das plantas invasoras e excedentes da área da nascente.

c. A vegetação que deve ser retirada da área da nascente é toda aquela que está à margem e dentro dela.

d. Nem todo material pode ser considerado poluição. Por exemplo, garrafas PET e plásticos não soltam resíduos tóxicos, portanto não são considerados poluentes.

5) O impacto da gota da chuva no solo, provoca o desprendimento e o arrasto de partículas desse solo, causando a erosão. Quanto às práticas para controlar a erosão, é correto afirmar que:

a. O uso racional do solo, e a aplicação de fertilizantes são ferramentas para o aumento e a manutenção da fertilidade do solo, e podem ser consideradas somente como práticas vege-tativas no controle da erosão do solo.

b. A adubação verde, aumenta o teor de matéria orgânica do solo, sendo uma prática edáfica e vegetativa para o controle da erosão.

c. As práticas edáficas utilizam estruturas artificiais, feitas pelo homem, para quebrar a veloci-dade da água.

d. São exemplos de práticas mecânicas de controle da erosão a calagem e adubação química.

Proteção de Nascentes | Módulo 2 24

6) Na Aula 6, você teve a oportunidade de aprender como proteger a nascente com o plantio de mu-das de árvores. Diante disso, assinale a alternativa correta.

a. O aumento da cobertura vegetal na área da nascente contribui para o aumento da quantidade de água produzida por ela.

b. O plantio de qualquer espécie vegetal nativa atrai a fauna que se alimenta de seus frutos. Isso promove a reconstituição natural e histórica da vegetação na APP da nascente.

c. Para o plantio das mudas, é preciso primeiro combater as formigas cortadeiras. Essa é uma tarefa simples. Para isso, você só precisa adquirir o formicida na forma de isca.

d. Pode-se plantar qualquer espécie vegetal na área de proteção da nascente desde que seja nativa.

25Proteção de Nascentes | Encerramento do curso

Encerramento do curso

Encerramos o Curso Proteção de Nascentes!

Vimos muitos assuntos importantes, não é mesmo?

Este curso mostrou que a proteção e a preservação das nascentes são possíveis – basta que todos sigam os cin-co passos!

O primeiro é identificar o tipo de nascente. O passo se-guinte é cercar a nascente para protegê-la. Depois, é ne-cessário limpar a área para não bloquear a vasão e o cur-so natural da água. Manter o solo protegido é outra ação fundamental para evitar a erosão, permitindo a infiltra-ção da água e evitando o soterramento da nascente. Em seguida, devemos fazer o replantio de espécies nativas, pois a proteção do solo com vegetação própria é uma das formas mais eficientes de proteção da nascente.

Lembrando que todas essas ações precisam de manu-tenção para garantir que as águas da nascente perma-neçam com boa qualidade o ano todo, e não somente na época de chuvas. E já vou conversar com a associação de moradores para que todos façam a sua parte.

Parabéns por chegar até aqui e sucesso!

26Proteção de Nascentes | Finalização do curso e Gabarito

Finalização do curso

Para finalizar o curso e acessar o certificado no Ambiente de Estudos, você precisa:

• realizar as Atividades de aprendizagem de cada módulo;

• responder à Pesquisa de satisfação.

Para obter informações mais detalhadas de como acessá-lo ou se tiver qualquer dúvida, por favor, entre em contato pelo e-mail [email protected] ou ligue gratuitamente 0800 642 7070, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, no horário de Brasília.

Gabarito

Módulo 1

1. B

2. C

3. A

Módulo 2

1. D

2. C

3. A

4. B

5. B

6. A

27Proteção de Nascentes | Referências bibliográficas

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO Brasileira de Águas Subterrâneas – ABAS. Águas subterrâneas, o que são? Disponível em: <http://www.abas.org/educacao.php#ind11>. Acessado em: 12 ago. 2015.

BAGGIO, J. A. et al. Recuperação e proteção de nascentes de Machadinho/RS. 1. ed. Brasília, DF: Embra-pa, 2013. 26 p.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Código Florestal Brasileiro. Brasília. 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12727.htm>. Acessado em: 26 jul. 2015.

CENTRO de Produções Técnicas – CPT. Água: tipos de lençóis subterrâneos. Disponível em: <http://www.cpt.com.br/cursos-meioambiente/artigos/agua-tipos-de-lencois-subterraneos>. Acessado em: 24 jul. 2015.

COMPANHIA de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf. Plano Nas-cente: plano de preservação e recuperação de nascentes da bacia do rio São Francisco. Brasília, DF: IABS, 2015. 124 p.

DIAS, Herly. C. T. et. al. Proteção de nascentes. Coleção SENAR 103. 3. ed. Brasília: Senar, 2011. 110 p. Disponível em: <http://www.cna.org.br/email/Economico/103_reflorestamento.pdf>. Acessado em: 26 jul. 2015.

OLIVEIRA, J. R. S.; SILVA, T. V. Gestão de aspectos e impactos ambientais: águas residuárias. Apostila do Curso Lato Sensu em Meio Ambiente com especialização em Gestão Ambiental. Viçosa, MG: Universi-dade Federal de Viçosa, 2012. 33 p.

SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Proteção de nascentes. Coleção SENAR 103. Dispo-nível em: <http://www.cna.org.br/email/Economico/103_reflorestamento.pdf>.

SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Vídeo técnico do Programa Nacional de Proteção de Nascentes. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OFD5RNg4qU4>. Acessado em: 26 jul. 2015.

SENTELHAS, P. C.; ANGELOCCI, L. R. Evapotranspiração – definições e conceitos. Apostila de Evapo-transpiração. LCE 306 – Meteorologia Agrícola. Aula 8. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP. Piracicaba, SP, 2009. 47 p.

TOLEDO, C. T. Manual de hidrologia: estudo das águas superficiais e subterrâneas na terra. Belo Horizon-te: produção independente, 2005. 270 p.