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MÓDULO 7 - Itinerários e Destinos Turísticos 1. Itinerários Turísticos e a História 1.1. Os primeiros itinerários 1.2. Definição de itinerários, circuitos e rotas turísticas 2. Modalidades e Tipologia de Itinerários 2.1. Tipologia de itinerários turísticos 2.2. Definição e regras de organização de itinerários e circuitos turísticos 2.3. Modalidades de comercialização 3. Os Itinerários e os Destinos Turísticos 4. Elaboração de Circuitos e Itinerários Turísticos

MÓDULO 7 - Itinerários e Destinos Turísticos

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MDULO 7 - Itinerrios e Destinos Tursticos

1. Itinerrios Tursticos e a Histria 1.1. Os primeiros itinerrios 1.2. Definio de itinerrios, circuitos e rotas tursticas 2. Modalidades e Tipologia de Itinerrios 2.1. Tipologia de itinerrios tursticos 2.2. Definio e regras de organizao de itinerrios e circuitos tursticos 2.3. Modalidades de comercializao 3. Os Itinerrios e os Destinos Tursticos 4. Elaborao de Circuitos e Itinerrios Tursticos 4.1. Oferta turstica local 4.2. Oferta turstica regional

DEFINIES GERAIS

O conceito de itinerrio confunde-se muitas vezes com outros termos que podem ter diferentes leituras.

ITINERRIO: Descrio de um caminho ou de uma rota especificando os lugares de passagem e propondo uma srie de actividades e servios durante a sua durao. (Gomez e Quijano) Definio que poder englobar Circuito, Visita e Rota.

CIRCUITO: Entende-se aquela viagem combinada em que intervm vrios servios: transportes, alojamento, guia, ..., que se realiza de acordo com um itinerrio programado e com um desenho circular sempre que seja possvel (o ponto de partida e de chegada sero coincidentes), de modo a que se passe por um caminho anteriormente percorrido (Picazo) Conjunto de caminhos e visitas que se complementam constituindo um itinerrio fechado, que tem inicio e trmino no mesmo local. VISITA: Reconhecimento, exame ou inspeco de um lugar de paragem includo num itinerrio. A visita representa cada uma das paragens que compem um itinerrio. ROTA: Sinnimo de itinerrios, em sentido restrito, em que a sada e a chegada no so coincidentes no mesmo ponto. O conceito de Rota e Itinerrio podem ser considerados sinnimos embora seja de realar o facto de Rota estar associada a uma direco, a um percurso dirigido. Por outro lado, o conceito de Rota tem sido usado preferencialmente em termos institucionais e promocionais. Relativamente ao conceito de Roteiro est quase sempre associado a uma descrio, mais ou menos exaustiva, dos aspectos mais relevantes da viagem e, particularmente, dos principais locais de interesse turstico. FORFAIT: Nome tcnico utilizado para um tipo de Itinerrio organizado cujo preo inclui todos os servios. Dentro deste podemos distinguir Forfait para a Oferta viagens programadas para serem posteriormente vendidas pelos retalhistas e Forfait para a Procura viagens organizadas medida do cliente (Gomez e Quijano)

. DEFINIES NO CONTEXTO DAS AGNCIAS DE VIAGENS Decreto-Lei n.41 248, de 31 de Agosto de 1957 Entende-se por circuito turstico o transporte de excursionistas em autocarro, intra ou extramuros das localidades, realizado peridica e regularmente, segundo horrios, itinerrios e tarifas aprovadas pelos servios de turismo (da actividade das agncias de viagens / art.. 10-1). Decreto-Lei n.198/93, de 27 de Maio Entende-se por viagem organizada a combinao prvia, por um preo tudo includo, de transporte, alojamento ou outros servios tursticos no subsidirios daqueles, que sejam uma parte significativa da viagem organizada (termo viagem organizada substitui circuitos tursticos e excurses - Prembulo) Decreto-Lei n.12/99, de 11 de Janeiro So viagens tursticas as que combinam dois dos servios seguintes: transporte; alojamento; servios tursticos no subsidirios do transporte (das viagens tursticas: noo e espcies Captulo IV / Art. 17-1). So viagens organizadas as viagens tursticas que, combinando previamente dois dos servios seguintes, sejam vendidas ou propostas para venda a um preo com tudo includo, quando excedam vinte e quatro horas ou incluam uma dormida: transporte; alojamento; servios tursticos no subsidirios dos transportes (Art. 17-2). So viagens por medida as viagens tursticas preparadas a pedido do cliente para satisfao das solicitaes por este definidas (Art. 17-3).

DEFINIO DE CIRCUITOS TURSTICOS NO CONTEXTO DOS RGOS REGIONAIS DE TURISMO Decreto-Regulamentar n.24/93, de 19 de Julho Consideram-se circuitos tursticos todos os percursos regularmente realizados cujo itinerrio, meio de transporte, horrios e visitas de pontos de interesse turstico sejam determinados e anunciados previamente (da realizao de circuitos tursticos pelos rgos regionais de turismo Seco II / Art. 12)

7.1.3. DEFINIES NO MBITO DO TURISMO DE NATUREZA Decreto-Regulamentar n.18/99, de 27 de Agosto Entende-se por percurso interpretativo o caminho ou trilho devidamente sinalizado que tem como finalidade proporcionar ao visitante, atravs do contacto com a natureza, o conhecimento dos valores naturais e culturais da rea protegida (AP) (definies / art.. 2-e) Os percursos interpretativos devem indicar o teor, a extenso, a durao, o nmero mximo de participantes por grupo e por dia e os meios de transporte permitidos ou aconselhveis e ser obrigatoriamente acompanhadas por guias de natureza, ou em alternativa por pessoal com formao adequada (requisitos especficos / Art 5-2-d) As rotas temticas devem privilegiar a divulgao e promoo dos contextos mais representativos da economia, cultura e natureza da cada AP e devem

promover a utilizao e a recuperao de meios de transportes tradicionais (Art. 5-f)

TIPOS DE ITINERRIOS TURSTICOS As tipologias e classificaes de itinerrios variam conforme o critrio utilizado. Assim, podemos classificar os itinerrios segundo a motivao subjacente e, nesse sentido segundo o tipo de produto turstico, ou segundo o tipo de transporte utilizado. Outro tipo de classificao pode ser baseado na forma de organizao. ITINERRIOS SEGUNDO O PRODUTO TURSTICO A) DESPORTIVOS Este um tipo de itinerrio cada vez mais procurado e capaz de mover um grande nmero de pessoas. Aqui podemos incluir o turista passivo, isto , o turista espectador de eventos desportivos, por exemplo dos Jogos Olmpicos ou o turista activo que sem dvida o segmento mais importante neste tipo de itinerrios. Destes podemos referir os praticantes (ou aprendizes) de ski, windsurf, golfe, tnis, vela, caa, pesca, parapente, pra-quedismo e muitas outras actividades desportivas que despertam cada vez mais o interesse de um grande nmero de pessoas que procuram frias activas. B) CULTURAIS A motivao cultural sem dvida das mais importantes motivaes associadas ao turismo e que tem dado origem a itinerrios temticos muito interessantes baseados nas especificidades de cada regio. De facto, a elaborao destes itinerrios (e de uma maneira geral de todos os outros) deve ter em conta a autenticidade das regies, aquilo que as torna nicas e diferentes. Dentre deste grande grupo podemos ento distinguir: - Histricos: podem-se encontrar fios condutores histricos que do origem a rotas interessantes, recorrendo a lugares frequentados por pessoas de reconhecido valor, evocando personalidades e revivendo as respectivas pocas histricas. - Literrios: rotas que tenham por base alguma personagem escritor, poeta ou corrente literria concreta. - Artsticos: a arte atrai muitas pessoas. possvel, por exemplo, unir monumentos do mesmo estilo que permitam dar uma ideia global do mesmo. - Folclore: representaes folclricas, festivais, festas, jogos populares, bailes e festas tradicionais. - Artesanato: as artes e ofcios tradicionais podem ser o fio condutor na concepo de uma rota. - Gastronmicos: baseados nas tradies gastronmicas de cada regio, este tipo de itinerrio salienta os pratos tpicos e produtos alimentares de cada regio assim como os vinhos. - Arquitectura Popular: suscita um grande interesse as formas e modos de viver de cada regio, reflectidos nas construes e conjuntos de edifcios mais representativos.

- Educacionais: nesta categoria esto includas todas as viagens organizadas com objectivo de aprender sobre uma temtica relacionada com contedos curriculares e/ou questes profissionais C) ECOLGICOS OU DA NATUREZA Este tipo de itinerrios vem suscitando um interesse crescente motivado, em parte, pelo ritmo da vida moderna das grandes cidades. O objectivo proporcionar aos participantes o usufruto e o contacto com a natureza e valores do patrimnio natural (e cultural) que estes espaos encerram. As reas Protegidas so, pelas suas caractersticas, locais privilegiados para a realizao deste tipo de itinerrios o que obviamente deve ter em considerao critrios de conservao e salvaguarda dos recursos naturais. D) RELIGIOSOS A Religio foi uma das primeiras motivaes de viagem da Humanidade e que, nos dias de hoje continua a motivar um grande nmero de pessoas a viajar para locais relacionados com as manifestaes religiosas e locais de culto religioso. O Caminho de Santiago de Compostela , ainda hoje, um exemplo clebre, apresentando-se como um dos itinerrios mais importantes de origem religiosa tendo sido declarado pelo Conselho da Europa, o primeiro itinerrio cultural europeu pela sua importante contribuio para o desenvolvimento da cultura europeia. E) TURISMO DE SADE Os itinerrios relacionados com esta temtica incluem no s as termas e os equipamentos associados como tambm locais relacionados com o climatismo e a talassoterapia. Estes so, de facto, produtos com um grande crescimento e que podem ser conjugados com programas de actividades de recuperao da forma, de combate ao stress atravs, por exemplo da hidroterapia, desporto, diettica e higiene da forma de viver. F) DE AVENTURA Associado a uma tendncia crescente face a um turismo activo em que se procura cada vez mais emoes e novas experincias, os itinerrios baseados na aventura procuram ser alternativas em que a tnica est nas actividades propostas e na respectiva intensidade de emoes. Esto normalmente associados a desportos radicais e incluem uma grande variedade de modalidades possveis dos quais se destacam: parapente, trekking, pra-quedismo, Rafting, escalada, rotas todo o terreno, etc. G) TURISMO SOCIAL O turismo social pretende criar as condies necessrias para que os sectores da populao, que por razes econmicas ou por falta de hbito, educao ou informao, tm permanecido at ao momento fora do movimento turstico tenham assim acesso ao turismo. H) DE FRIAS OU DE LAZER Trata-se de uma designao genrica em que a motivao principal no est relacionada com nenhum interesse especfico dos participantes. O objectivo simplesmente sair do ambiente habitual, descansar e recuperar foras durante o perodo de frias. Baseiam-se normalmente em estncias de praia ou no interior em que se combina um alojamento fixo com excurses e actividades nos arredores. ITINERRIOS SEGUNDO O MEIO DE TRANSPORTE UTILIZADO

Cada meio de transporte utilizado imprime um carcter e um estilo de viagem diferente. Actualmente, o autocarro e o avio so os meios mais utilizados, sendo a flexibilidade e a mobilidade as vantagens do primeiro e a velocidade e o conforto as do segundo. O comboio e o barco tm conotaes mais romnticas dado que so os meios mais antigos e, por isso, tambm, quando utilizados, imprimem alguma originalidade e autenticidade. Tambm o automvel assume a sua importncia, principalmente quando falamos de Auto Frias. A) DE AUTOCARRO H vrias formas de utilizao do autocarro: - Os circuitos fechados (Round Trip): aqueles que realizam a viagem completa no autocarro, isto , ida e volta. - Os servios de lanadeira (Back to Back): que so utilizados por vrios servios. Quando um autocarro leva um grupo de clientes que iniciam as suas frias pode regressar com outro que as est a acabar permitindo que o autocarro tenha uma utilizao mais eficaz reduzindo por isso os custos. Neste servio existem vrias modalidades que passamos a descrever: Ida e volta no mesmo dia: serve para distncias relativamente curtas, de modo que o primeiro grupo que parte, por exemplo, s 08H00 chegue ao local de destino s duas da tarde enquanto que o outro grupo parte do hotel s 15H30 e chega ao local de destino s 21H30. Esta modalidade tem a vantagem de utilizao plena de alojamento e todos os servios evitando as refeies durante as viagens e a dormida do condutor. Neste caso, tero que estar disponveis dois condutores e exige, por parte do hotel, uma organizao muito rigorosa j que a hora de partida e de chegada dos dois grupos coincide e pode por isso suscitar alguma confuso. Ida num dia e regresso no dia seguinte: mais utilizado para viagens superiores a 6 horas de durao. Comporta um maior custo pois inclui a alimentao e o alojamento do condutor embora neste caso no seja necessrio mais do que um condutor. Por outro lado, para o hotel no to vantajoso pois no rentabilizam tanto o espao. Mudana de autocarro a meio do caminho: est uma soluo pouco utilizada j que incmoda para os turistas e para a prpria organizao. B) DE COMBOIO Podemos considerar por um lado as linhas regulares, utilizadas em situaes muito especficas, e os comboios tursticos que permitem uma utilizao muito diferente. Estes comboios funcionam normalmente apenas na poca alta e oferecem diferentes servios, dependendo do itinerrio: gastronomia tpica, visitas, folclore, produtos regionais, etc. So frequentemente utilizados em conjunto com outro tipo de transporte como o barco ou autocarro. Um bom exemplo de utilizao deste meio de transporte feito na regio do Douro onde possvel aliar a riqueza paisagstica de regio com um conjunto de outros importantes recursos que permitem oferecer um produto turstico muito diferenciado. C) DE BARCO Podemos considerar diferentes servios: cruzeiros, onde so oferecidos pacotes com tudo includo; aluguer de embarcaes de todo o tipo, passeios recreativos de um dia de barco, excurses martimas e fluviais com vrios servios complementares.

D) DE AVIO um dos meios mais utilizados para as longas distncias pela sua segurana e rapidez. Podem ser utilizados as linhas regulares e os servios charter, muito utilizado pelos operadores tursticos na realizao de programas para grandes grupos. E) MISTOS Como obvio, os meios de transportes referidos podem ser combinados num mesmo itinerrio de forma a garantir, por um lado, maior conforto, rapidez e flexibilidade e, por outro permitindo um aproveitamento dos recursos tursticos tendo em conta o tipo de itinerrio oferecido. F) ALTERNATIVOS Dado que cada vez mais se procuram novas experincias e novas emoes, os meios de transporte alternativos esto a ser tambm muito utilizados por parte da oferta no sentido de cativar novos pblicos oferecendo produtos inovadores que tm tido grande aceitao por parte da procura turstica, cada vez mais experiente. Estamos a falar, por exemplo de itinerrios realizados em bicicletas, em veculos todo o terreno, em cavalos, balo, submarinos, a p, etc.

Assim, podemos apresentar o seguinte quadro resumo no que concerne classificao dos itinerrios segundo o tipo de vias utilizados:

- Carro prprio ou de aluguer Via Rodoviria - Limusines com motorista / guia - Txi - Minibuses de turismo (9 a 14/16 lugares) - Autocarros de turismo de 40/50 at 75 lugares (2 pisos) Via Martima ou Fluvial Via Ferroviria - Itinerrios Tursticos Via Area - Avio para voos regulares e charter - Helicpteros e avionetas para curtas excurses - Bales de ar quente - Cruzeiros Fluviais e Martimos - Grandes percursos - Embarcaes para curtas excurses

Via e Combinados

Meios - Ex. Fly-and-Drive

3. OUTRAS CLASSIFICAES Podemos, ainda, considerar outras classificaes baseadas em diferentes critrios: Grupo I: segundo o tipo de atraces e actividades propostas Itinerrios Gerais: apresentam grande variedade de atraces. Itinerrios Especializados ou Temticos: destinados a grupos de turistas com interesses e motivaes especficas, propem tipos de atraces tambm especficas. Grupo II: segundo a forma de organizao Itinerrios Lineares: quando se pernoita em meios de alojamento diferentes, isto , o ponto de partida e de chegada diferente. Itinerrios Nodais: quando os pontos de partida e de chegada coincidem.

Grupo III: segundo o mbito geogrfico Itinerrios Locais Itinerrios Regionais Itinerrios Nacionais Itinerrios Internacionais Grupo IV: segundo a durao - No implicam alojamento Curta Durao - Meio Dia (manh ou tarde normalmente sem refeies) - Dia inteiro ou nocturno (com refeies includas ou opcional) - Visitas de Cidade (ou excurses at cerca de 130/150 Kms) - 1 ou 2 noites de alojamento e algumas refeies includas ou opcionais.

Mdia Durao Durao Normal Ou

- Fins-de-semana / Pontes festivas / Eventos especiais - Tours de 1 ou 2 semanas que podem ser ou no combinados com um perodo de estada num s destino.

De frias Longa Durao - Mais de 15 dias as chamadas grandes viagens, que requerem uma preparao muito cuidada, so normalmente de custo elevado e para uma clientela especfica.

Grupo V: segundo o destino Montanhas Cidades Praias Grupo VI: segundo o segmento de mercado Culturais Aventura 3 Idade Grupo VII: segundo o n de participantes Individuais(s uma pessoa) Pequenos grupos (at 15 pax) Grandes grupos

7.3. RECURSOS AFECTOS CONCEPO DOS ITINERRIOS RECURSOS TURSTICOS O Recurso Turstico foi definido no Plano Nacional de Turismo de 1986-1989 como todo o elemento natural, actividade humana ou seu produto, capaz de motivar a deslocao de pessoas ou de ocupar os seus tempos livres. Fig. 1: Classificao dos Recursos Tursticos

Recursos Primrios

Recursos Secundrios

Patrimnio

Actividades

Actividades

Equipamentos

Equipamentos

Fonte: DGT / Esquema adaptado

Assim, um recurso turstico poder ser considerado como um determinado atributo de um pas ou de uma regio, de natureza visual ou fsica, tangvel ou no, quer se encontre j em plena actividade no mercado turstico quer seja considerado como simples detentor de potencialidades tursticas a explorar a curto ou mdio prazo. (Livro Branco Turismo). Qualquer um dos itinerrios definidos poder contemplar um ou mais recursos, sejam eles primrios ou secundrios. Dependendo do tipo de itinerrio em causa, assim se podem identificar os recursos que apresentem maior potencial para a sua valorizao.

Identifica-se, pois, uma dupla vantagem: Os itinerrios servem para promover / divulgar recursos e, at mesmo, despertar o interesse por aqueles que ainda no so devidamente (re)conhecidos. Os recursos, deste que adequadamente seleccionados e utilizados, valorizam os itinerrios e podem toma-lo num servio diferenciado. Na definio de um itinerrio turstico, o reconhecimento e identificao dos recursos com maior potencial de interesse pressupe a avaliao dos gostos e interesses da clientela e, por outro lado, um correcto conhecimento sobre a posse, possibilidades e condicionalismos de utilizao do(s) recurso(s), sob pena de pr em causa o equilbrio de interesses entre os agentes da oferta e da procura deste servio.

OUTROS RECURSOS

A utilizao dos recursos tursticos no , por si s, suficiente para dar corpo a um itinerrio. necessrio, tambm, que a organizao conte com outros recursos, nomeadamente os recursos humanos, financeiros, tcnico-materiais, informao, ...

A) RECURSOS HUMANOS: Coordenador(es) da actividade Guias-intrpretes Monitores Motoristas

B) RECURSOS FINANCEIROS: Fundo da prpria empresa Venda de bilhetes (gerais ou por actividade) Comparticipao de entidades locais, regionais, nacionais Comparticipao dos participantes Patrocnios

C) RECURSOS TCNICO-MATERIAIS: Material udio-visual Material para a prtica de desporto Cartas topogrficas Fotografias Bssola Kits D) RECURSOS DA INFORMAO: A construo dos percursos deve entender-se como um estudo que dever compreender reflexo e investigao sobre os factores que interactuam no espao: clima, relevo, fauna, flora, monumentos, etnografia, artes, ...

Um dos pilares fundamentais da organizao de itinerrios / circuitos a informao. De preferncia os locais a incluir devem ser bem conhecidos pela entidade organizadora sendo mesmo assim necessrio vrios recursos de informao que passamos a indicar: Mapas

Guias de alojamento dos locais a visitar Tarifas dos meios de alojamento Manuais de transporte, tarifas, horrios Tarifas de museus, monumentos, espectculos, etc Guias / roteiros tursticos dos locais a visitar Agendas culturais dos locais a visitar CD Roms Vdeos Visitas ao local Como evidente, para alm destes recursos de informao, o manancial de informao disponvel na internet cada vez mais utilizado e constitui uma ferramenta de trabalho essencial para os promotores de itinerrios. Por outro lado, as agncias de viagens dispem de complexos sistemas de documentao informticos que permitem tambm ter acesso a uma ampla rede de informao permitindo tambm realizar reservas de quase todos os servios (ex: Galileu, Amadeus, Sabre). Para seleccionar a rea de implementao de um percurso de interpretao necessrio analisar algumas caractersticas que podero constituir factores limitantes ou valorizadores do mesmo.

Critrios possveis para avaliar a aptido de uma rea Diversidade Representatividade Elementos carismticos Aspectos de viabilidade Posse / Acesso Segurana Acessibilidade Vulnerabilidade A ORGANIZAO DE ITINERRIOS A elaborao e realizao de um itinerrio turstico so o resultado de um longo processo de estudo e anlise de possibilidades e de um conhecimento prvio de dados. A metodologia utilizada vai depender obviamente do pblico alvo j que isso que dever determinar as vrias opes bem como os servios e actividades includas. Interessa pois distinguir a metodologia utilizada quer se trate de um forfait para a procura (viagem por medida) ou de forfait para a oferta (viagem organizada). A diferena fundamental que no primeiro caso possvel saber, com algum rigor, as necessidades do cliente e, por isso, todos os servios so direccionados nesse sentido. No caso da viagem organizada trata-se de conceber e desenvolver um produto que ser posteriormente comercializado pelos canais de distribuio habituais e que ser dirigido a um pblico mais ou menos alargado.

Em ambos os casos, a organizao da viagem exige profissionais especializados. Embora a metodologia de concepo seja genericamente a mesma, importa salientar que, em termos logsticos, uma viagem organizada (ou forfait para a oferta) bastante mais complexo pela necessidade de planeamento e estudos prvios que exige uma vez que no se conhece de antemo as necessidades do pblico alvo. Importa, ainda, referir a importncia da realizao de itinerrios no aproveitamento dos recursos de uma regio no sentido de operacionalizar um conjunto de percursos culturais e tursticos que, em conjunto, constituam uma apresentao razovel do patrimnio e recursos da regio. Este um dos objectivos da realizao de itinerrios / circuitos / rotas feitas em parceria com instituies do sector pblico e privado do turismo. Neste caso, a metodologia orientada por objectivos muito especficos e por isso deve envolver as seguintes etapas: Identificao dos objectivos de elaborao do circuito; Identificao do mercado-alvo; Determinao das vantagens nomeadamente do sector turstico; para o desenvolvimento da regio,

Caracterizao da regio a vrios nveis (econmico, social, fsico, turstico, etc); Caracterizao e anlise da oferta e procura turstica da regio (cruzamento de dados previamente levantados e anlise SWOT); Seleco dos elementos / atractivos que iro integrar o circuito e definio da temtica, de acordo com o mercado-alvo; Elaborao das vrias cartas de infra-estruturas (representao a cores dos vrios recursos); Anlise da carta de oferta (quantidade, qualidade, diversidade de recursos e respectiva distribuio espacial); Pesquisa no local (acessibilidade, disponibilidade, segurana, interesse, pedagogia, etc.); Definio e determinao das necessidades de interveno ao nvel das infraestruturas e actividades (animao, etc.); Determinao do circuito principal e, eventualmente, de complementares (dependendo do interesse da oferta e do mercado); Determinao do Preo do Circuito Definio da estratgia de marketing: - Produto: desenho e descrio do circuito principal e complementares (fontes documentais, lendas e tradies, meios de transporte, acessibilidades, etc.) - Preo: circuito, transporte, alojamento e restaurao - Distribuio: locais e mercados a atingir - Promoo: operadores, logtipo, sinalizao, etc. outros

Concretizao do Itinerrio Monitorizao

De seguida enunciam-se algumas consideraes gerais que devem ser tidas em conta na concepo de um itinerrio: Evitar etapas quilomtricas demasiado longas e seguidas; No introduzir excessivo nmero de pontos de paragem com interesse, que podem sobrecarregar a etapa. Cada paragem exige normalmente um mnimo de 15 a 20 minutos, entre descida, subida e actividade, havendo sempre o risco de falta de pontualidade; No ajustar excessivamente o tempo deixando margens para imprevistos; Ter em conta os horrios dos monumentos e museus, bem como de outros locais a visitar; Os almoos em rota para grupo devem ser programados entre as 12 e as 14 horas; Ter em conta o dia da semana que corresponde a cada dia da viagem e prever as actividades de acordo com isso; Confirmar os horrios dos diferentes servios utilizados, os trmites assim como o tempo necessrio; Ter em ateno os tempos mdios das distncias a percorrer. A ttulo indicativo sugere-se a seguinte tabela:

Meio de Transporte Bicicleta

Distncia por Hora (Km/h) 15 kms / hora Em circuito urbano: 50 / hora

Automvel / Autocarro

Em via rpida: 90 kms / hor Em auto-estrada: 100 kms / hora Em linha estreita: 30 a 50 kms / hora

Comboio(no preciso saber)

Em via larga e rpida: 80 a 90 kms / hora Em alta velocidade: 150 kms / hora

A P

5 kms / hora

IDENTIFICAO DO TRAADO DO ITINERRIO (ler)

Desenhado o produto, tem que se estabelecer a sua distribuio no tempo, isto , as suas etapas de desenvolvimento, fazendo uma diviso inicial das datas disponveis que sirvam de esboo inicial para o itinerrio final e estabelecendo, dia a dia, os servios que se vo prestar. Este projecto de itinerrio requer uma elaborao minuciosa e cuidada, tendo sempre em conta as distncias que se vo percorrer, assim como os meios de transporte utilizados, para estabelecer uma relao lgica entre a distncia percorrida e o tempo gasto. A identificao do traado propriamente dito requer a consulta de mapas de estradas actualizados que permitam definir com rigor os pontos de passagem bem como o clculo do tempo gasto. Sempre que possvel, o itinerrio deve ser testado, de preferncia nos mesmos dias e s mesmas horas identificadas no projecto de itinerrio

LOGSTICA De forma a resumir o anteriormente exposto, poderemos aqui estabelecer alguns parmetros essenciais para a elaborao dos itinerrios:

Fases da organizao de um Itinerrio (IMPORTANTE) - Planeamento - Desenho Preparao (Antes de) - Organizao - Reservas - Comercializao - Venda

Desenvolvimento (Durante)

- Acompanhamento pelo guia

- Analisar o modo como decorreu

Anlise (Depois de)

- Estudo da satisfao do cliente - Anlise do desvio de custos - Resultados econmicos da viagem

Motivos da Viagem: Frias Deporto Cultura Ecologia Sade Religio Profisso e/ou negcios Lazer organizado Turismo alternativo Turismo Social

Factores Tcnicos Meios de deslocao Itinerrios pedestres, de autocarro, de avio, barco, etc.

Durao

De 3, 7, 15 dias ou de meses.

Distncias

Curtas, mdias ou grandes distncias. Individual, colectivo, medida do cliente. pr-organizado ou feito

Modo de viajar

poca do ano

Sazonais, calendrio fico, acontecimentos especiais.

Factores Sociais Meio Social Origem Geogrfica O modo de vida e condies econmicas. A procura de um meio geogrfico diferente do seu quotidiano.

Profisso

Indicador dos gostos e potencial econmico.

Idade

Essencial para avaliar os interesses e capacidade fsica.

Cultura

Para ajudar na seleco e apresentao do itinerrio.

Factores Comerciais Equipamentos da regio receptora Alojamento e atractivos principais e secundrios.

Preos nas zonas a visitar

Nvel de vida e taxas de cmbio.

Possveis vantagens para Incentivos especficos: preo do combustvel mais os clientes reduzido em determinado pas, iseno de impostos (zonas francas).

Inventrio dos Recursos Naturais Geologia Clima Relevo A paisagem e seus componentes Hidrografia Flora

Fauna

Inventrio dos Recursos Humanos Histria Atractivos Histricos Arte Tradies Folclore Actualidade Atractivos Contemporneos Cincia e Tcnica Artesanato Gastronomia Celebridades

Inventrio dos Recursos Tursticos Equipamentos Recreativos

Atraces artificiais Parques recreativos Festivais

Manifestaes Culturais

Exposies de arte Som e luz Festividades

Manifestaes Desportivas e Comerciais

Competies Torneios Feiras e sales

Inventrio de Alojamento: Deve-se considerar: N de participantes; A nacionalidade e hbitos dos turistas;

A idade dos participantes A relao qualidade / preo

Seleco da categoria em funo do segmento de mercado: A quem se dirige este produto? Ou quem est actualmente a comprar circuitos? Nota: Evitar grandes diferenas entre os hotis do mesmo circuito. conveniente ter ateno localizao do hotel, facilidade de acesso, servios complementares.

Percursos de Viao Ao estabelecer um quadro tcnico do itinerrio deve-se ter em ateno os seguintes aspectos:

As etapas

Cuja sucesso forma a estrutura do itinerrio.

As estradas

Se tm as condies necessrias para o tipo de veculo utilizado, pela sua largura, altura, inclinao e trfico.

A quilometragem

Em equilbrio entre os diversos pontos de paragem. Resultante dos kms percorridos e a velocidade da viatura ou seja a mdia horria de km.

O coeficiente de viabilidade

Os diversos tempos

Calculados em funo do n de pax e rapidez do meio de transporte.

Os tempos de paragem

Sempre indicados com a respectiva justificao.

Percursos de Viao Esquema Operacional Anota-se o nome (EN125, IP1) de estrada e algumas indicaes que facilitem a orientao. Anota-se as localidades de origem e destino e referem-se as povoaes mais importantes.

Estradas

Itinerrio

Anota-se os kms que separam as populaes. Quilmetros Objectivo = determinar os horrios mais coerentes na viagem. Horrios Condicionantes = kms, o programa, o que visitar, quanto tempo se dispe, a que hora se deve estar em determinado lugar, onde e a que horas se realizam as refeies, qual o programa do dia seguinte, etc. Paragens = no mximo de 3 em 3 horas. Tempos Anota-se os tempos net que se demora de uma povoao a outra.

Paragens e Visitas

Indica-se os lugares a visitar e as paragens realizadas.

Com o itinerrio elaborado, o produto est pronto para ser vendido e, a partir daqui, comea outra fase muito importante: a elaborao do projecto de viagem que se vai apresentar ao cliente. Esta tambm uma fase crucial, uma vez que o que se pretende vender um produto intangvel que vai chegar ao cliente atravs desse programa ou folheto. No caso das viagens medida deve ser apresentado ao cliente um programa do itinerrio, isto , uma relao detalhada e ordenada do projecto da viagem, em que devem constar os seguintes dados:

Itinerrio exacto por cada dia (onde so indicados os locais de passagem e os de paragem) e os servios includos no preo. Importa aqui referir que a indicao dos timings no deve ser demasiado rigorosa j que poderia dar azo a eventuais reclamaes pois surgem frequentemente imprevistos que contrariam o imprevisto. O plano de transporte (indicando horrios de sada e chegada e meios utilizados). O plano de alojamento (indicando os hotis seleccionados e sua categoria).

O regime alimentar e servios adicionais (transfers, visitas cidade, etc).

A apresentao deste documento deve ser muito cuidadosa e atractiva. Sempre que possvel, deve ser apresentado e explicado pessoalmente ao cliente para que se possam esclarecer todas as dvidas e eventualmente fazer alguma alterao. No que se refere s viagens organizadas, isto , para a oferta tm as mesmas caractersticas bsicas de elaborao, com a diferena de que nestas os dados anteriores aparecem num folheto publicitrio que tenta chegar a uma procura potencial, no real e que tem formas de distribuio especficas, como j foi referido. Por isso, a apresentao obedece a critrios especficos devendo conter, alm dos distintos itinerrios, fotografias e informao geral sobre o destino em causa. fundamental motivar primeiro o vendedor da viagem e posteriormente o comprador da mesma. Para motivar o agente utilizam-se vrios procedimentos, desde os pequenos almoos de trabalho at s viagens promocionais, passando pelos cocktails ou a visita do prprio promotor agncia. Ao comprador, alm de oferecer um atractivo folheto de viagens, realizam-se outro tipo de aces publicitrias (ex: anncios na imprensa ou TV, descontos oferecidos por antecipar a data de reserva, etc.). EXEMPLO DE ITINERRIO: Rota do Guadiana 1dia (Quinta - feira) Rumo a esplndidos momentos de cultura e aventura... 09h00 Partida de Lisboa, rumo a Vila Viosa 12h00 Chegada a Vila Viosa, check-in na Pousada D. Joo IV 14h00 Visita ao Pao Ducal 16h00 Tempo livre* 20h00 Jantar no Restaurante O Ninho dos Cucos 22h30 Regresso Pousada

2dia (Sexta - feira) Uma brisa com sabor a fauna e flora... 09h00 Partida para Alcoutim 10h00 Chegada a Alcoutim 10h15 Canoagem no rio Guadiana 12h00 Pausa para piquenique 13h30 Continuao da prtica de canoagem 16h30 Partida para Monsaraz

17h30 Chegada a Monsaraz, check-in no Hotel Rural Horta da Moura 18h15 Passeio a cavalo nas margens do rio Guadiana 21h00 Jantar no Hotel Rural Horta da Moura 3dia (Sbado) Aventuras e conquistas medievais... 10h00 Inicio do programa Sabores de Aventura na Vila de Monsaraz 12h30 Conquista pedestre da Vila de Monsaraz 13h00 Pausa para piquenique 14h30 Inicio do programa Aventuras Medievais 16h45 Fim do programa 20h00 Jantar no Restaurante O Alcaide, em Monsaraz 4dia (Domingo) Uma gota de vinho cada num rio de memrias... 11h00 Check-out do Hotel Rural Horta da Moura 11h30 Partida para Reguengos de Monsaraz, com paragem em S. Pedro do Corval (oferta de give aways) 13h00 Almoo no Restaurante Central, em Reguengos de Monsaraz 15h00 Visita s caves e prova de vinhos na Herdade do Esporo, em Reguengos de Monsaraz 16h00 Partida para Lisboa

* Sugestes para ocupar o tempo livre: Pastelaria Azul (doces regionais); Pastelaria Flor da Mata (doces regionais); Casa de Artesanato Giesta.

Apresentao dos clculos @ Alojamento Vila Viosa Pousada D. Joo IV -10 DBL

Preo do quarto duplo: 112 112 * 10pax = 1.120

Monsaraz Hotel Rural Horta da Moura - 10 DBL

Preo do quarto duplo: 85 85 * 10pax = 850 850 * 2noites = 1.700

Total do custo do Alojamento - 2.820

@ Restaurantes 1dia: Pousada D. Joo IV (almoo): 28.50 * 21pax = 598,5 Restaurante Ninho dos Cucos (jantar): 20 * 21pax = 420

2dia: Horta da Moura (jantar): 17 * 21pax = 357

3dia Restaurante O Alcaide (jantar): 16 * 21pax = 336

4dia: Restaurante Central (almoo): 14.50 * 21pax = 304,5

Total do custo dos Restaurantes - 2.016

@ Entradas e Visitas Pao Ducal (Vila Viosa): 5 * 20pax = 100 Caves da Herdade do Esporo (R. de Monsaraz): 2.5 * 20pax = 50

Total do custo das Entradas e Visitas - 150 @ Outros

Canoagem em Alcoutim com piquenique: ( 35 * 20pax) + ( 10 * 20pax) = 700 + 200 = 900

Passeio a cavalo na Horta da Moura: 15 * 20pax = 300 TurAventur (actividades radicais) com piquenique: 3.590 (para 20 pessoas) + ( 10 * 20pax) = 3.790 Give Aways: 1.80 * 20pax = 36 Sub total - 5.026

@ Transporte = 1.200 Custos Totais: Alojamento: 2.820 Refeies: 2.016 Entradas: Outros: 150

5.026

Transporte: 1.200 ___________________ total = 11.212 Mark up = 20% = 11.212 * 20% (2.242) = 13.454 Preo do Pacote = 13.454 / 20pax = 672,7