Moedas e Bancos No Rio de Janeiro No Seculo Xix

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MOEDAS E BANCOS NO RIO DE JANEIRO NO SCULO XIX (verso preliminar}

Elisa Mller 1 1)Introduo: Um leitor interessa do em conhecer um pouco mais sobre as origens da moeda e dos bancos na regio atualmente conhecida como Rio de

Janeiro deve buscar na histria desta localidade as razes que fizeram os estabelecimentos bancrios surgirem ali antes de sua fundao em So Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, estados que atualmente

concentra m um grande nmero de matrizes e filiais de estabelecimentos bancrios. Parece no haver dvida de que a prima zia do surgimento dos bancos no Rio de Janeiro deveu - se, de um lado, as exigncias de valorizao do capital mercantil e, de outro, a mobilidade das oportunida de s capital dos

econmicas da regio graas ao fato de este ter sido a negcios portugueses no Brasil, Repblica. A partir da leitura dos trabalhos dos autores do

Imprio e, posterior me n te, da

mencionados

na

bibliografia, essa anlise mostra que, a exceo do primeiro Banco do Brasil (1808- 1829), durante o perodo Imperial os bancos criados no Rio de Janeiro especializara m - se no atendime nto das necessidades de

crdito das atividades urbanas, especialmente do comercio, relegando a um segun do plano o financiame nto indstria e agricultura. Revela ainda que os negociantes radicados no Rio de Janeiro estrangeiros ou cariocas tiveram um papel relevante na formao desses

estabelecimentos. Ademais, o texto sublinha os conflitos e a harmonia existente entre os interesses dos bancos privados do Rio de Janeiro e o terceiro Banco do Brasil, principal instru m e n t o da poltica de estabilizao monetria do Imprio. Mostra que a expanso do nmero de bancos e de casas bancrias no Rio de Janeiro estava ligada poltica creditcia do Banco do Brasil. No1

A autora agradece ao professor Fernando Carlos Cerqueira Lima, pois algumas idias expost as nesse ensaio esto referidas a artigos editados em co- autoria. Essas publicaes e a disciplina de histria financeira oferecida na graduao do IE cumpre m a finalidade de dar continuidade tradio, iniciada no Instituto de Economia pela professora Maria Brbara Levy, de manter viva a pesquisa na rea de histria financeira. 1

raro, a retrao dos crditos do Banco do Brasil significou a falncia de bancos e casas bancrias de origem privada e vice- versa. O ponto de partida do trabalho est situado em um perodo de tempo anterior ao surgimento do meio circulante brasileiro, ou seja, coincide com a chegada dos portugueses ao Brasil e com a prtica de escambo, surp reen d e n te para os indgenas que viviam no Rio de Janeiro, para quem a troca como regra era praticamente inexistente. Com o desenvolvimento da plantation acareira na colnia e o uso de mo de obra escrava de origem indgena, o escambo entre nativos e lusitanos perdeu o sentido e o acar passou a ser usado como dinheiro. A crise da economia do acar e a descoberta das jazidas de ouro na regio das gerais permitiu uma nova muda na na forma da moeda atravs da introduo da moeda - metlica que passou a conviver com outras formas de moeda menos avanadas. O aparecimento da moeda metlica no Brasil, segundo Maria Brbara Levy (1983), no foi um acontecimento isento de luta poltica. Para a historiadora, a instalao da Casa da Moeda, na Bahia, teria ocorrido em conseq ncia da resistncia dos moradores da Colnia poltica monetria do Estado Portugus que desvalorizava o meio circulante sempre que a moeda escasseava no Brasil. Tal explicao contrasta com a razo da instalao da Casa da

Moeda do Rio de Janeiro motivada pela descoberta das minas de ouro, na regio das gerais. Da moeda metlica, passou - se ao papel - moeda, marco inicial das

atividades bancrias no Rio de Janeiro e no Brasil, graas ao emissora do primeiro Banco do Brasil, um banco muito mais carioca do que nacional. No Imprio assistiu - se a um verdadeiro embate entre bancos e casas bancrias fluminenses de origem privada e o Banco do Brasil que atravs de uma poltica de crdito, expansiva ou restritiva, estimulava, ou inibia, o crescimento do nmero de estabelecimentos bancrios privados. A narrativa est dividida em quatro partes. A primeira mostra aspectos da evoluo das formas da moeda no Brasil, desde o escambo at o

surgimento da moeda metlica.

A segunda e a terceira sees discute m o

aparecimento do papel - moeda no pas, na primeira metade do sculo XIX. A

2

quarta parte enfoca a emisso pblica e privada de moeda no segund o reinado at a proclamao da Repblica, aps seguem as notas conclusivas.

2) A evoluo das formas de moeda no Rio de Janeiro: do escambo ao metalism o Quando as caravelas portugues as chegara m ao Rio de Janeiro, em 1502, em busca de ouro e de outras riqueza s, os nativos que habitavam nessa regio, h mais de um milnio, viviam nos moldes de uma economia de subsistncia baseada, sobretudo, nas atividades de caa e de pesca. At o descobrime nto do Brasil a prtica de comrcio 2 era pouco difun did a na Amrica do Sul. Tal fenmeno no aconteceu, por exemplo, na Amrica espanhola, no Mxico e na Guatemala. Quando Fernan Cortez chegou cidade de Tenochtitln, a capital do Imprio Asteca, encontrou a um mercado que se realizava diariamente e que, segundo os cronistas congregava por volta de 60.000 comerciantes (Mott,1976:1). A prtica de comrcio e o uso de moedas europias no Rio de Janeiro foram iniciadas com a explorao de pau - brasil, a primeira riqueza com valor comercial encontra da nessa regio. A metrpole

portuguesa exercia o monoplio e controlava a extrao de paubrasil espcie de madeira utilizada na produo txtil europia principalme nte inglesa atravs da venda de concesses a comerciantes portugueses. Os contrato s estabeleciam que a defesa da terra, o compromisso de erguer fortificaes e o pagamento do quinto ao soberano, em espcie ou em dinheiro, eram atribuies dos arrendatrios. Tais contratos fizera m com que a colnia brasileira passas se, desde cedo, a conviver com moedas metlicas europias sobretu do portugues as - usadas para saldar

dvidas de tributos ou no comrcio de pau - brasil, entre a metrpole e a colnia. Para os nativos o pau - brasil no tinha valor econmico e era matria prima indispensvel para a fabricao de canoas. O escambo surgiu com a necessidade dos europeus de conseguirem braos para a2

Segundo Mott (1976), o comrcio entre tribos era bastant e reduzi do limitando - se a alguns artigos raros ou de luxo. Utilizando o trabalho de Lvi- Straus Guerra e Comrcio entre os ndios da Amrica do Sul, Mott mostra que para os nativos o sentido da troca era muito mais cultural e do que econmico. 3

extrao, corte e trans por te da madeira das matas para o litoral. Em troca do seu trabalho, os ndios recebiam dos portugueses anzis, machados, facas, roupas e outros objetos. Essas prticas de escambo aos portugue ses apropriarem - se de, ao menos,3

permitiram produtos

dois

importan tes : o pau - brasil e a farinha de mandioca. O primeiro tornou se o principal item de exportao brasileiro durante o chamado perodo pr - colonial e a segunda foi, durante sculos, um dos produtos mais importan tes na alimentao dos colonizadore s. Atrados pelo comrcio de pau - brasil, os franceses comanda d o s por Nicolau Durand de Villegagnon ocupara m a baa de Guanabara e fundara m, em 1555, a Frana Antrtica, uma empres a de colonizao. Dispostos a manter a exclusividade comercial na colnia, os portugue ses entrara m em guerra contra os franceses. Estcio de S, para marcar a sua presena no litoral, fundou em 1565 a cidade de So Sebastio do Rio de Janeiro. Localizada inicialmente entre os morros Cara de Co e Po de Acar, a cidade resistiu aos ataques franceses at 1567, quando vencida a Frana Antrtica, foi transferida por motivos de segurana para o morro do Descanso, mais tarde chamado de So Janurio e,

posterior me n te, de morro do Castelo. A necessida de de converter os ndios ao catolicismo e de adapt los ao trabalho justificou a presena dos jesutas 4 no Rio de Janeiro e a fundao, em 1567, do Colgio da Compan hia de Jesus.

(Fazenda,1921:213). Depois deles, vieram para a cidade os beneditinos, os franciscanos e os carmelitas. Durante o perodo colonial, as

irman d a d es e as ordens religiosas desempe n h a r a m um importa nte papel no cotidiano do Rio de Janeiro. Delas dependia m os escravos e os homens livres necessitados de assistncia mdica, de escolas e de

funerais. Os seus hospitais eram os nicos existentes no Rio de Janeiro, at o sculo XIX. Alm da sade, os religiosos iluminara m ruas,

constr ura m ruas e pontes e fornecera m gua aos moradores da cidade.

3

Apenas o escambo no seria capaz de garantir aos portugues es a apropriao do trabalho indgena. A medida que crescia a deman da de braos para a extrao de madeira o trabalho tornou - se compulsrio. 4 Os jesutas permanecera m no Brasil at a assinatur a do Alvar Rgio de 3 de setem br o de 1759, o qual determino u a expulso da Companhia de Jesus do Reino de Portugal e de seus domnios, alm do confisco de seus bens materiais. 4

Detiveram

o controle

sobre

o mercado

imobilirio,

a locao

de

moradias 5 e produ zir a m alimentos para serem comercializados no Rio de Janeiro. Celebrara m missas e organizar a m procisses e festas que

reprod u zia m aqui a cultura religiosa metropolitana. Ao contrrio dos nativos, os religiosos conheciam o uso de

moedas. No Rio de Janeiro, integrava m um pequeno grupo que tinha acesso ao dinheiro quer seja atravs do recebimento de salrios pagos em mercadorias e em espcie - da participao nos dzimos recolhidos pela Coroa portugues a, ou da coleta de esmolas e de donativos recebidos em moedas. A pacificao e o trabalho compulsrio dos ndios fizeram com que, para os portugueses, o escambo perdesse sua principal funo. Com a produo canavieira, o acar passou a ser dinheiro e a economia da regio evoluiu do escambo, forma primitiva da troca, para prticas de mercado mais regulares mediadas pelo acar e pela cachaa usados como moedas. A cana de acar comeou a ser cultivada no Brasil, ainda no sculo XVI, e embora estivesse principalmente no nordeste, em 1585 o Rio de Janeiro poss ua trs engenhos e, no sculo seguinte contava com seiscentos engenhos de grande porte 6 . A principio os engenhos utilizara m a fora de trabalho nativa, mas j havia uma deman da de escravos africanos, confor me evidencia a carta de Manoel Teles Barreto enviada ao rei de Portugal. No docume nto, o governa dor solicitava metrpole o envio ao Rio de Janeiro de cerca de 70 ou 80 escravos procedente s de Cabo Verde, pois no havia escravos na terra e custavam muito caro 7 . A exigncia de importao de escravos abriu ao Rio de Janeiro a oportu nid a de econmica de produ zir aguardente, que passou a servir de moeda na compra de escravos trazidos de Angola para o Brasil. Apesar da import ncia da produo de aguardente no comrcio transatlntico, os5

engenhos

fluminenses

no

deixaram

de

produ zir

acar

para

Ver o trabalho de FRIDMAN, Fania (1999). Donos do Rio em Nome do Rei. Uma histria fundiria da cidade do Rio de Janeiro . Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed Garamon d. 6 Os engenhos pertenciam a Duarte de S (Carta Rgia de 10/ 1 1 / 1 5 7 3), a Antonio Salema governador da cidade e ao Capito - mor Cristovo de Barros 7 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Corpo Cronolgico, parte 1, mao 31. Documento 48 apud. Serro,1965:134. 5

exportao ( Fragoso, 2001: 31)j que esta constitua tambm um negcio lucrativo. A dinmica da economia escravista exportador a canavieira criou as condies favorveis ao surgimento do crdito intermediado por

presta mista s individuais - comissrios que negociavam a venda das safras de acar brasileiro na Europa e, em troca, forneciam agrcolas as e outros letras de aos

prod u to res importad o s.

locais escravos, implementos Em decorrncia dessas

artigos cmbio

prticas

comeara m a circular no Rio de Janeiro. Apesar da produo de acar no permitir o aumento da

circulao interna

de moedas

no Rio de Janeiro - o dinheiro era

transferido para a metrpole atravs do pagamento de impostos ou da cobertu r a dos saldos negativos da balana comercial , durante a Unio Ibrica (1580- 1640) houve um aumento da liquidez monetria na cidade, em virtude do ingresso de reale s espanhis no comrcio do Rio de Janeiro. A prata espanhola era trazida pelos tripulantes dos navios que vinham da regio do Prata e paravam no porto para comprar, alm de pau - brasil, os alimentos necessrios para prosseguirem a viagem. Durante o sculo XVII, houve uma retrao da liquidez no Rio de Janeiro devido ao esgota me nto das minas de ouro e de prata espanholas e da crise da economia portuguesa, enfraquecida por guerras, pela perda de colnias e queda nas exportaes. A falta de meio circulante levou o governa dor da capitania do Rio de Janeiro, Constantino Meneslau, a oficializar a transfor m ao do acar em dinheiro fixando - lhes os valores, por arroba, de 1$000 para o branco, $640 para o mascavo e $320 para os demais, e ordenan d o que os negociantes o aceitassem

obrigatoriame nte em pagamento(Gonalves, 1989 : 63). Para que uma mercadoria pudesse ser transfor m a d a em moeda era necessrio cumprir que possusse caractersticas fsicas que lhe permitisse

as trs funes bsicas inerentes

ao dinheiro: 1)servir de

instru m e n t o de troca, 2) servir de unidade de conta e 3) ter uma reserva de valor. O acar conseguia reunir todas essas funes, mas a ltima era deveras complicada. Por ser uma comodity o valor do acar estava indexado s cotaes deste produto no comrcio internacional. Nesse sentido, sempre que os preos caiam no mercado internacional havia6

uma desvalorizao do meio circulante fluminense

ocasiona n do perdas

aos comerciantes. Talvez tenha sido essa a principal razo pela qual os negociantes do Rio de Janeiro lutara m na Cmara Municipal, com

sucesso, contra a lei que deter minava o uso do acar como moeda, a qual foi abolida em 1663 (Lobo, 1978:26). Aps a decretao do fim do acar como moeda, a economia do Rio de Janeiro viveu um perodo de escassez monetria. O meio

circulante fluminense, novamente, voltou a ser constitudo de moedas de distintas origens que tinham seus valores intrnsecos avaliados segundo o peso de seus metais e fluam do Rio de Janeiro para Portugal atravs do comrcio internacional e do pagamento de impostos. Para Maria Brbara Levy (1983) a insatisfao popular decorrente das sucessivas tentativas do governo portugu s de solucionar o problema de escassez do meio circulante atravs de desvalorizaes da moeda metlica, levou - o deciso de criar na Bahia uma Casa da Moeda, a qual teria a incumbncia de cunhar moedas de menor valor para a colnia e moedas mais valiosas para o reino. Com a criao destes dois sistemas monetrios - um para Portugal e o outro para a colnia - as autorida des portuguesas acreditavam que fosse possvel impedir a evaso de divisas do Brasil, pois o meio circulante brasileiro passou a valer menos do que o europeu. Responsvel pela emisso de moedas metlicas a Casa da Moeda da Bahia deveria, tambm, cunhar moedas para o Rio de Janeiro. No entanto, a capitania do Rio de Janeiro, que concorria com a de Salvador no intrincado jogo dos interes ses coloniais, recusou - se a utilizar os servios da Casa da Moeda recm instalada no nordeste. Invocando como pretexto a distncia geogrfica entre o Rio de Janeiro e a Bahia, a Cmara Municipal e o governador do Rio de Janeiro, se recusara m a enviar ouro e prata (alm de moedas j cunhada s) para o nordeste, para serem

transfor m a do s em moeda provincial. Diante desse impasse, D. Pedro II, em Carta Rgia de 23 de janeiro de 1697, deter minou que os moradore s do Rio de Janeiro manda ss e m o dinheiro para a Bahia, conforme havia sido acordado antes, ou arcassem com as despesas necessrias transferncia da Casa da Moeda da Bahia para o Rio de Janeiro. Este impasse foi resolvido quando a Cmara e o7

governa dor do Rio decidiram criar a sua prpria Casa da Moeda, a qual abriu as portas em 1699, ocupan do um prdio na rua Direita que pertencera a Compan hia de Comrcio(Fazenda, 1943:411 - 415) Apesar dos esforos da Cmara e do governo do Rio de Janeiro, a Casa da Moeda s permaneceu no Rio de Janeiro at 1700, quando foi transferida para Pernamb uco. De l, voltou definitivamente para o Rio de Janeiro graas a descoberta das minas de ouro das gerais e a decadncia da regio aucareira. Instalada em uma nova sede na Praa do Carmo (atual Praa XV) (Fazenda, ob.cit .:411- 415), a Casa da Moeda passou a cunhar moedas de ouro para circularem no reino, ao invs das moedas provinciais que vinham sendo cunhada s no Brasil desde que a lei de 19 de dezembr o de 1695 proibira a circulao das moedas do reino na colnia. A abund ncia de metais preciosos no Brasil garantiu o funciona men t o simultneo de vrias casas da moeda. Alm da de Lisboa, havia a da Bahia e a de Vila Rica, em Minas Gerais. O ouro aumento u a liquidez, expandiu o mercado interno e promoveu o crescimento urbano da cidade do Rio de Janeiro. O porto do Rio de Janeiro tornou - se o principal escoadour o da prod uo aurfera do Brasil para Portugal. A dinamizao portu ria deu nova vida ao comrcio local e transatlntico. A capitania do Rio de Janeiro passou a exportar escravos comprados cachaa produ zi da no Rio), ou dos proprietrios na frica (com a de engenhos que

entrara m em decadncia. Alm do abastecimento dos navios ancorados no porto, o Rio de Janeiro passou a suprir a deman da de alimentos da regio aurfera o que contribuiu para abertura de novos caminhos, mais tarde transfor ma d o s em estradas. O papel desem pe n h a d o pelo Rio de Rio de Janeiro - transfor m a d o em principal centro de abastecime nto - causou problemas a outras regies do Brasil. Em uma carta escrita aos oficiais da Cmara da Vila dos Ilhus, Camam e Cair e Boipeba, Lus Cesar de Menezes, da Bahia, adverte aos oficiais que o desvio de farinha para o Rio de Janeiro tem causad o prejuzo ao povo da Bahia, que experimenta a falta desse gnero para o seu sustento causado pelo descaminho da farinha para o Rio de Janeiro e solicita aos oficiais dessas comarcas que se constata ss e m o trfico ilegal de farinha da Bahia para o Rio de Janeiro os oficiais8

remetesse m o Mestre preso e a embarcao, com a farinha que se lhes achar para eu o castigar como for de justia(Ministrio da Educao e da Sade, 1938:195 - 196). Se na primeira metade do sculo XVIII havia a abund ncia de moedas no Rio de Janeiro, no incio do sculo XIX a cidade voltaria a conviver com a falta de meio circulante devido ao desvio para a

Inglaterra da moeda cunhada no Brasil e em Portugal. Melo Franco (1947) mostra que a Casa da Moeda do Rio de Janeiro cunhou, no perodo de 1703 a 1809, um total de 200 mil contos de ris mas, o meio circulante fluminen s e em 1808 somava apenas 10 mil contos; dois teros em ouro, um em prata, alm de pequena quantia em moeda divisionria de cobre (Mello Franco, 1947:9). Esses dados, de alguma maneira, servem para quantificar a evaso do meio circulante do Rio de Janeiro. Nessa poca, o Rio enfrentou no s a falta de liquidez, mas conviveu com uma verdadeira desorde m monetria, a qual afetava a principal funo do dinheiro: a de reserva de valor. Amaro Cavalcanti ( 1983) discute a discrep ncia dos valores intrnsecos e extrnsecos da moeda afirman do que no comeo deste sculo uma oitava de ouro amoeda d o valia legalmente entre ns, ao mesmo tempo 1$600 e 1$777,7 9, e que essa oitava de ouro com dois valores diferentes servia de medida comum de valor unidade de conta s demais

mercadorias(Cavalcanti, 1983: 62). Antes que a cidade tivesse resolvido os problemas que afetavam o meio circulante, a Frana radicalizou a disputa com a Inglaterra pela hegemo nia continen tal europia aos e Napoleo Portugal, Bonaparte depende nte declarou o bloqueio da

ingleses.

economicame n te

Inglaterra, no seguiu as diretrizes impostas pelos franceses que, em represlia, invadiram o seu territrio obrigando a Coroa Portuguesa a vir para o Brasil. A instalao do Estado portugus no Rio de Janeiro acarretou o aumen to dos gastos pblicos impossvel de ser cobertos pelo aumento dos impostos ou por novas emisses de moedas metlicas. O

crescimen to das atividades econmicas, impulsiona do pela abertur a dos portos e pela revogao da proibio de instalao de fbricas, aumento u

9

ainda mais a deman da de moeda a qual s seria atendida com a emisso dos bilhetes do Banco do Brasil 8 , em 1810.

3) O Banco do Brasil e a emisso de papel - moeda praticamente consens ual entre os historiadores a opinio de que o interesse do governo Portugus em criar o Banco do Brasil deveu - se a impossibilidade de financiar os gastos pblicos - elevados quan d o da transferncia da Corte para o Rio de Janeiro em janeiro de 1808 - atravs apenas da cobrana de tributos. A transfor m ao do Rio de Janeiro em sede do Reino Portugus, a abertur a dos portos s naes amigas e o fim das restries impostas s manufat ur a s

brasileiras aumentar a m ainda mais a deman da por moeda a qual era incapaz de ser suprida a partir do estoque preexistente, j que a sua oferta era sabidame n te muito pouco elstica. Restavam ao governo portugus duas alternativas para aumentar a liquidez do sistema e financiar os gastos. Uma seria promover um levantame n t o do valor de face da moeda; tal artifcio freqente m e n te utilizado nos sculos XVI e XVII possibilitaria um aumento nominal do estoque de moeda, mas seu custo poltico era elevado j que, na prtica, esta medida depreciava o poder de compra da moeda( Lima e Mller, 2001). Outra alternativa, menos problemtica, seria a emisso de

moeda papel ( ou papel - moeda) atravs da criao de um banco emissor capaz de atender as necessidades de gastos do governo. Segundo Pelaez e Suzigan (1981) esta soluo teria sido apresenta da por D. Rodrigo de Souza Coutinho a D.Joo VI durante a viagem da Corte Portugues a da Europa para o Brasil. Como sabido a

recomen d ao feita por D. Rodrigo de Souza Coutinho no era nova, pois segundo Peres (1971),desde o sculo XVII eram feitas sugestes aos reis portugues es para que criassem instituies bancrias no pas 9 . A proposta mais antiga,segundo o autor, consta na obra do mercador portugus Duarte Gomes Solis intitulada Discursos sobre los8

comrcios

de

las

ndias,

publicada

em

1622.

Uma

outra

Antes dos bilhetes do Banco do Brasil podem ser considera dos papel - moeda os bilhetes emitidos pela Casa de Administrao Geral dos Diamantes, os bilhetes de Casas de Fundio e os bilhetes de permu ta de ouro em p. 9 Alguns desses projetos pioneiros de constituio de instituies bancrias em Portugal pode m ser encont ra dos no Arquivo Histrico do Banco de Portugal, em Lisboa. 10

recomen d ao

ao Rei de Portugal

para

estabelecer

bancos

est

documen t a d a nas Razes apontada s a El- Rei D.Joo IV a favor dos cristos - novos, para se lhes haver de perdoar a confiscao de seus bens que entrasse m no comercio deste reino escrita, em 1646, pelo padre Antonio Vieira (Peres,ob,cit ). A principal razo para o insucesso dessas proposta s talvez decorra da opo do governo portugus de atribuir s Compan hias de Comrcio algumas funes normalme nte desem pe n h a d a s por bancos. A resistncia do Estado portugus em relao organizao de instituies bancrias persistiu at o incio do sculo XIX. Antes dessa data at mesmo a proposta de organizar o Banco Nacional Brigantino apresenta da, em 1797, por D.Rodrigo de Souza Coutinho, na poca ministro da Marinha, foi recusada pelo rei de Portugal(Guimares, 1999). Ao que parece, o projeto de criao do Banco Nacional Brigantino - destina do tambm a sanear o meio

circulante e a prover o Estado de recursos extra - fiscais - se aproxima, em muito, do Banco do Brasil, institudo por D. Joo VI atravs da assinatu r a do Alvar de 12 de Outubro de 1808. As marchas e contram arc has em relao a organizao de

bancos em Portugal sugerem que naquele pas e em suas colnias as atividades individuais, bancrias eram desem pen h a d a s e outros por presta mis tas que de

comerciantes

agentes de fornecimento

atendia m,fun d a m e n t al me n te,

s necessida des

crdito iniciativa privada. Ao que parece, antes da chegada da famlia Real ao Brasil os gastos pblicos ainda no justificavam a criao de um banco emissor. Nesse aspecto a poltica de financiamento dos gastos pblicos portugueses parece ter sido mais ortodoxa do que a de outros pases, que a exemplo da Inglaterra e dos EUA, no hesitara m em recorrer emisso de papel- moeda quando recursos necessitavam de

para financiare m, por exemplo, as guerras. No caso de

Portugal, o Alvar de outubro de 1808, deixava claro que a organizao de um banco emissor justificava - se pela necessida de de financiar as altas despesa s govername n tais. Como afirma Melo Franco (1979), o interesse de Portugal em um banco estatal se explicava muito mais por uma necessidade financeira do que econmica. Da o fato de ter sido concebido como um banco emissor, vinculado Coroa.11

Segundo o Alvar que deu origem ao Banco do Brasil, assinado em 12 de outubro de 1808, o novo estabelecimento seria organiza do sob a forma de uma moder na sociedade annima, com permisso para operar por um prazo de vinte anos. Entraria em funciona me nt o logo que fossem vendidas as primeiras 100 aes de um total de 1200, com valores de face de 1 conto de ris cada uma. De acordo com os estatutos, as principais funes do Banco do Banco eram o desconto de letras de cmbio, os depsitos de metais e de pedras preciosas, a emisso de letras ou bilhetes pagveis vista ao portado r(conversveis em metais) e o monoplio na venda de

diaman tes, pau - brasil, marfim e urzella 10 . O Banco recebeu do governo a atribuio de ser o depositrio dos bens dos rfos, das irmanda de s e das ordens terceiras que giravam uma soma considervel de dinheiro, divido aos servios essenciais prestados populao, sobretu do, no campo da assistncia mdica. A administrao ficaria a cargo de uma Assemblia Geral composta dos quarenta maiores acionistas portugueses. A primeira diretoria seria indicada pelo Prncipe Regente e as demais nomeadas pela Assemblia Geral e confirma da s por Diploma Rgio.

10

At ento as comisses provenientes do monoplio da venda de diamantes, pau - brasil, e urzela eram arremat a da s pelo Real Errio. Ver MELLO, Franco, op.cit. 32 12

Apesar do empenho da Coroa a venda das primeiras 100 aes do Banco foi extrema me n te difcil e s foi efetuada em dezembro de 1809. O desinteress e dos futuros acionistas estava associado, talvez, as baixas expectativas em relao ao retorno dos capitais aplicados na compra de papis do Banco. Enquanto as atividades ligadas ao comrcio

transatl n tico eram extrema me n te rentveis e atrativas, alm dos riscos serem calculveis, o investimento em aes do Banco constitua um negcio desconhecido, difcil de se calcular o retorno e cuja nica garantia era a confiana do pblico investidor (Lima e Mller, 2001). As dificulda des de encontrar investidores interess ados na compra de aes do Banco do Brasil s comeara m a se atenuar a partir de 1813, graas ao aumen to de dividendos e as vantagens oferecidas aos acionistas. Em 1816 o Banco j era um negcio lucrativo e suas aes rendiam 19% ao ano, onerando o errio e forando a administrao do Banco a autorizar novas emisses. A venda de aes do Banco serviu para alguns negociantes

fluminen s es de passe para a nobreza, j que em retribuio a compra de aes do Banco a Coroa portug uesa, e mais tarde o Imprio brasileiro, distribua Comendas da Ordem de Cristo e ttulos do Conselho de Fidalgos da Casa real, alm de nomeaes para a Real Junta do Comrcio (Martinho e Gorenstein, 1992 : 148) A primeira emisso de bilhetes do Banco do Brasil ocorreu em 1810, com valores superiores a 30 mil ris. Entre 1814 e 1820, as emisses de papel - moeda elevaram - se fortemente, a um tempo em que no houve resgate. Em sua segunda emisso o Banco colocou em

circulao notas de valores bem inferiores a 30 mil ris. Passara m a circular, no Rio de Janeiro, entre outras as cdulas de 4 mil ris, 6 mil ris, 8 mil ris e de 10 mil ris. As notas do Banco do Brasil eram utilizadas no pagamento do funcionalismo e dos impostos e rapida me nte tornara m - se o principal compone nte do meio circulante da cidade. Nos anos de 1814 a 1820, os bilhetes em circulao aumenta r a m de 1042 mil para 8,070 mil contos de ris, sendo que, em 1920 os depsitos metlicos, ou seja a reserva do Banco do Brasil era de apenas 1.315 contos(Andra da, 1923: 11). Em 1821, o balano das operaes do

13

Banco do Brasil revelou que a instituio estava prestes a falir sendo o saldo devedor de 6.016 contos de ris, confor me mostra a tabela 1. Tabela 1 Demonstr ativo do Ativo e do Passivo do Banco de Brasil Ano de 1821 (valores em 1.000 contos de ris)

Ativo Emprstimos Moedas metlicas em poder do pblico

Total 3.303 1.315

Passivo Notas circulao Depsitos para operaes cambiais Depsitos

em

Total 8.872 662

a

245 230

prazo Bilhetes de Montevidu a serem pagos Dividendos e outras dvidas Depsitos do Ativo total 4.618 Saldo negativo Pblico Passivo Total

142

482 10.633 6.015

Fonte: Franco, Bernar do de Souza (1984). Os Bancos do Brasil (primeira edio de 1848). Braslia: Editora da Universida d e de Braslia

A situao agravou - se quando D. Joo VI, ao voltar para Portugal, retirou jias e metais preciosos dos cofres do Banco desvaloriza n do os bilhetes emitidos pela instituio. Com a queda do lastro dos bilhetes do Banco, a circulao das moedas metlicas diminuiu pois, alm de serem usadas como meio de pagamento nas transaes internacionais, as

moedas metlicas passara m a valer mais do que os bilhetes do Banco do Brasil dando fora, na prtica, a lei de Gresha m baseada na afirmativa de que a moeda m expulsa a boa.

14

A falta de lastro no impediu o Banco de fazer novas emisses. Aps uma breve conteno em 1821, as notas do Banco do Brasil foram emitidas em um ritmo veloz e continuar a m depois da Independ ncia do Brasil, confor me indicam os dados reunidos na tabela 1. interessa nte observar que apesar do Banco abrir duas filiais uma na Bahia,em 1818, e a outra em So Paulo, em 1820 teve uma natureza muito mais regional do que nacional, j que cerca de 90% do papel - moeda emitido pelo Banco do Brasil foi destina do praa do Rio de Janeiro (Franco, 1984). Em 1828 era grande a oposio ao Banco do Brasil que foi proibido de fazer novas emisses, considerada s uma das principais causas das desvalorizaes cambiais. Em meio a um clima de franca acusao aos antigos diretores do Banco do Brasil, o Parlamento decidiu, em 1829, encerrar as atividades do Banco do Brasil. Aps o fechamento da instituio, as notas do Banco do Brasil foram trocadas pelas notas inconversveis do Tesouro Nacional., o qual, naquele momento, passaria a centralizar o poder emissor. Essa no foi a primeira interveno feita pelo Tesouro para sanear o meio circulante nacional, j que, em 1827, este substitura por cdulas as moedas de cobre falsificadas na Bahia (Lissa, 1987:14). O fim do Banco do Brasil no causou maiores abalos na oferta de crdito ao setor privado e ao governo. O financiame nto dos gastos pblicos ficou a cargo das emisses do Tesouro e dos ttulos de dvida pblica e o crdito iniciativa privada perma neceu em mos de

comerciantes, presta mis ta s individuais, que no chegaram a ter as suas atividades neutraliza da s pela ao do Banco do Brasil. A reduzida

participao do desconto de letras privadas, dentre as modalidades de emprstimos concedidos pelo Banco, pode ter sido um fator importante para que a nossa primeira instituio bancria no tivesse o apoio da sociedade no momento em que estava sendo discutida a sua liquidao. Apesar do Banco do Brasil ter se desvirtua do de suas funes, dedicand o - se quase exclusivamente ao financiamento dos gastos

governa me n t ais, graas a sua atuao foi possvel moder niza r o meio circulante nacional atravs da emisso de papel - moeda - solucionar a grave crise de escassez de meios15

de

pagame nto

e promover

o

crescimen to do mercado interno na cidade do Rio de Janeiro onde circulara m a maioria de suas notas. Quase uma dcada aps a extino do Banco do Brasil, o Tesouro Nacional perderia o monoplio do poder emissor no Rio de Janeiro,e em outras partes do pas, em conseqncia do aparecimento do Banco Comercial do Rio de Janeiro 11 .

11

Na dcada de 1840, surgiram tamb m o Banco Comercial da Bahia, o Banco Comercial do Maranho, o Banco Comercial do Par e o Banco Comercial de Pernam b uco. 16

4) O Banco Comercial do Rio de Janeiro e o crdito privado no Rio de Janeiro, na primeira metade do sculo XIX: Com o encerrame n to das atividades do primeiro Banco do Brasil, a oferta de crdito passou a ser uma atividade quase exclusiva da iniciativa privada. Os financistas mais importante s eram os comerciantes,

comissrios residentes no Brasil ou em Portugal, que financiavam os agentes econmicos ligados grande lavoura exportador a. Alm destes havia as casas comerciais e as casas de descontos (mais conhecidas como casas bancrias) que funcionava m como verdadeiros bancos. Segundo Levy e Andrade (1985:20), enquanto as casas comerciais atendia m aos interesses do grande comrcio atacadista e varejista

financian do a compra de mercadorias importa da s pelos comerciantes locais atravs da assinatur a prvia de ttulos de dvida privada (ativos negociveis), as casas de descontos, algumas delas organizada s por corretores, transacionava m com divisas e atuavam no mercado

secun d rio - atravs do desconto antecipado de letras de crdito privadas (mercado secundrio). Essas operaes de crdito eram realizadas sem o controle do Estado pois, ainda no havia sido promulgado o Cdigo Comercial. A primeira Caixa Econmica antecedeu a criao do Banco

Comercial do Rio de Janeiro. Surgiu na Corte em 1831 e foi organiza da com capitais de origem privada, graas a iniciativa de Jos Florindo de Figueiredo Rocha. O alvo da instituio eram as pequenas poupanas de trabalhad o res e de escravos que depositava m as suas economias nas cadernetas da instituio 12 . O Banco Comercial do Rio de Janeiro foi o primeiro banco emissor privado do Rio de Janeiro 13 . Dirigido por Franois Ignace Ratton abriu as suas portas na rua da Alfndega, em 1838, mas s teve a sua carta patente aprovada em 23 de junho de 1842. Os capitais para a formao do Banco vieram de negociantes ligados ao comrcio de importao e exportao de caf, produto que vinha sendo cultivado no Vale do Paraba fluminense, desde 1830.

12

A Caixa Econmica do Rio sobreviveu durante 28 anos e no foi a nica da provncia, em 1834, surgiu a de Campos. Estas informaes so de AZEVEDO e LINS, 1969: 31 13 O primeiro banco comercial emissor foi o Banco do Cear fundad o em 1836. 17

O capital inicial do Banco foi fixado em 5.000:$ mil contos de ris, divididos em 10 mil aes de 500$ ris cada uma. Autorizado a funcionar por um perodo de 20 anos, o Banco Comercial do Rio de Janeiro, de acordo com os seus estatutos( apud Franco, 1848:27 - 28), tinha permisso para efetuar as seguintes operaes: - depsitos em moedas, jias, ouro, prata e papis (ttulos de dvida do governo e papis privados); - abertur a de contas correntes ; desconto de letras de cmbio e da terra, de ttulos pblicos e de particulares; - emprs timos com base em moeda forte, ttulos governa me n tais e aes do prprio Banco e de quaisquer compan hias, ficando seus donos

respon s veis pelo pagamento da quantia empresta da. O pargrafo 12 dos estatutos autorizava o Banco acomprar e vender metais preciosos caso viesse a ser de emisso ou se quisesse tornar as suas notas realizveis em metais Mas, ao legislar sobre a emisso dos vales bancrios, o governo imperial estabeleceu que o Banco no poderia emitir vales com prazos de resgate superiores a 10 dias, com valores inferiores a 500 ris e em proporo maior a um tero do capital. Tais restries livre circulao e emisso de vales bancrios do Banco Comercial mostravam a disposio do Imprio brasileiro de centralizar o poder emissor. Na prtica, como rarame nte os vales eram trocados por moeda, acabaram desem pe n h a n d o a funo de papel - moeda e serviram como meio de pagamento no comrcio fluminense (Azevedo e Lins, 1969:33). A lucratividade do Banco era decorrente da diferena entre os percentu ais dos juros pagos aos depositante s - 4 a 4,5% - e as taxas cobradas em redesconto de letras, 6 a 7% ao ano (Levy e Andrade, 1985:24). Ainda dependente das relaes pessoais dos comissrios, o Banco Comercial do Rio de Janeiro concedia emprstimos atravs de um interme dirio, um comissrio ou um outro comerciante ligado ao setor importad o r e exportador, pois alm de conhecerem os tomadores de emprstimos, os comerciantes tinha m interesse direto neste tipo de operao uma vez que alguns deles eram acionistas do Banco e recebiam dividend o s(Guimares, 1997:40).18

Como os prazos fixados pelo Banco para a concesso de seus emprstimos eram em mdia de 4 meses, os setores ligados agricultura e indstria no pudera m ser beneficiados com os financiame ntos oferecidos pelo Banco, que acabara m sendo direciona dos para as

atividades comerciais. A tabela 2 evidencia que, apesar da emisso de papel moeda em 1853 ter alcanado um nmero 29 vezes superior ao valor da primeira emisso em 1839, o Banco manteve uma poltica de emisso austera, manten d o - se dentro das diretrizes impostas pelo governo de s emitir at 1/3 do valor de seu capital . Se possvel afirmar que os vales do Banco Comercial do Rio de Janeiro no chegara m a provocar nenhu m a instabilidade monetria mais difcil avaliar o peso relativo desta emisso privada na composio do meio circulante fluminense. Tabela 2 Banco Comercial do Rio de Janeiro(valores em contos de ris)

Anos 1838 1839 1842 1852 1853

Capital 1.000 1.000 2.500 4.000 (x)

Notas descontada s 0 1.460 (x) (x) 10.639

Notas emitidas 0 54 (x) (x) 1.574

(x) valores desconhecidos Fonte: PELAEZ, Carlos Manuel & SUZIGAN, Wilson (1976). Histria Monetria do Brasil. Rio de Janeiro : IPEA.

A austerida de da poltica emissionista do Banco Comercial do Rio de Janeiro limitava a sua capacidade de atender a deman da de crdito no Rio de Janeiro. Compara n d o a praa do Rio de Janeiro de Nova York, nos EUA, Bernardo de Souza Franco(1848) chama ateno para o fato de que com uma populao de quase 200 mil habitante s o Rio de Janeiro tinha, em 1848, apenas um estabelecimento bancrio com um capital de 2.500$ contos de ris, enquanto a cidade de Nova Iorque, nessa mesma poca possua cerca de 312.710 habitantes que dispun h a m de 24 bancos, com o capital de mais de 50 mil contos de ris multiplicado por inmeras emisses de notas(Franco, 1984:31). O autor acrescenta, ainda, que em 1844 o estado de Nova Iorque possua 150 estabelecimentos bancrios e19

considerava a existncia destes estabelecimentos um fator importante para assegurar o dinamis m o do comrcio e de outras atividades

econmicas. A import ncia atribuda por Souza Franco s emisses de papel moeda, mesmo sem lastro integral, para promover o crescimento

econmico era um dos principais princpios da chamada escola papelista. Defenden do adeptos da a pluralidade escola emissora, os papelistas que acreditavam opunha m - se aos a estabilidade

metalista

que

monetria poderia ser alcanada atravs de emisses de papel - moeda lastread a s em metais preciosos (moedas conversveis) e do poder emissor centralizado em um s banco, como passou a ser feito na Inglaterra aps a assinatura do Peel Act (1844) que limitou os direitos de emisso dos bancos particulares. Em linhas gerais, os metalistas e os papelistas reprodu zir a m no Brasil o debate terico travado no sculo XIX na Inglaterra entre os defensores da currency school, da banking schoool e da free banking school . A currency school defendia que os resultados da balana

comercial de um pas regulavam a quantida de de moeda em circulao, os preos internos e os nveis das taxas de cmbio. Assim, o receiturio dos adeptos dessa escola para manter a estabilidade monetria era a defesa do padro - ouro, da conversibilidade do papel moeda e o

mono plio emissor(Eatwell, Milgate, Newman, 1987:183). A banking school opunha - se a currency school, pois defendia a pluralidade emissora e o lastro das notas no s em moedas metlicas, mas tambm em papis. Os adeptos dessa corrente negavam que as variaes nas emisses de papel - moeda pudessem causar alteraes no nvel de preos domsticos, ou mesmo pudes se m levar a uma queda do nvel das reservas(Eatwell, Milgate, Newman, ob.cit ). Acreditando que se houvesse um sistema bancrio competitivo no haveria excesso de emisso ou de inflao pregavam a pluralidade emissora, sem serem radicais, pois reconheciam a necessidade de um banco central para manter a estabilidade econmica. A free banking school, como o nome j diz, era contrria aos funda me n t os das duas outras escolas e defendia a ausncia de normas de regulame ntao do meio circulante e a

inexistncia de um banco central.20

Inspirados nestes princpios, os metalistas brasileiros faziam a defesa da estabilidade monetria atravs da adoo do padro - ouro e do mono plio da emisso em poder de um banco pblico. Em contra posio, os papelistas considerava m que o metal, apesar de sua tima aceitao, no poderia ser um instru me nt o de permut a exclusivo de uma sociedade desenvolvida, com uma estrut ur a financeira avanada, pois apresentava alguns inconvenientes escassez, um dificuldade de transpor te maior e de

contagem

que impediam

desenvolvimento

do sistema

bancrio e consequente me n t e

levavam escassez

da moeda. Da a

proposta da pluralidade emissora para assegurar a liquidez monetria, mesmo quando houvesse um banco pblico. Em 1846 a lei 401, de 11 de setembro de 1846 14 inseriu o pas nas regras do padro - ouro ao estabelecer a paridade fixa de 27 pences por mil ris colocando, pelo menos em tese, um limite expanso do papel moeda e dando uma vitria moment nea aos metalistas.

5) A emisso pblica e privada no Rio de Janeiro: do segundo reinado proclamao da Repblica. Em 1850 Eusbio de Queirs, Ministro do Imprio brasileiro, seguindo os preceitos do Bill Aberdeen, resolveu aprovar, em setembro daquele ano, a lei 531 extinguindo o trfico de escravos no Brasil. A partir de ento, os capitais que vinham sendo aplicados na compra e venda de escravos africanos migrara m para novas atividades econmicas possibilitando o surgimento de novos bancos e empresa s. A liberao destes capitais foi seguida da prom ulgao do Cdigo Comercial 15 e da Lei de Terras 16 ,peas funcioname n to destes estabelecimentos. jurdicas O essenciais para o

primeiro

reconheceu

legalmen te a profisso de banqueiro e regulame nto u juridicamente a organizao dos bancos e dos contratos de financiamento (inclusive daqueles garantidos por hipotecas),a segunda tornou a terra um ativo negocivel. Graas ao Cdigo Comercial que deu garantias legais

organizao de empresas no Brasil - e a disponibilidade de capitais - foi14 15 16

A lei foi regulament a d a pelo decreto 487, de 28 de novembro de 1846 A lei n 556 de 25 de junho de 1850 criou o Cdigo Comercial. A legislao de n 601, de 18 de setem bro de 1850, regulament o u a Lei de Terras. 21

possvel a abertura no Rio de Janeiro de novas sociedades annimas, principalme nte, no setor de servios e de infra - estrutur a econmica (no Rio de Janeiro foram poucas as indstrias que assumira m a forma de sociedades annimas). A negociao das aes destas empresas,

especialmente de bancos e de compan hias de seguros, deram incio as atividades da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Esta ltima existia desde 1848, mas os corretores concentravam as suas atividades na negociao de ttulos da dvida pblica e no de aes de empresas privadas. (Levy, 1977:109). Em meio a esta moldura institucional favorvel, Irineu Evangelista de Souza, mais conhecido como Baro de Mau, um dos maiores

negociantes do Rio de Janeiro, proprietrio do Estaleiro Ponta de Areia e scio da firma inglesa Carruther s e Compan hia, associou - se a outros importan tes comerciantes e corretores e fundou, em 1851, o Banco do Commrcio e da Indstria do Brasil, mais conhecido como Banco do Brasil, de Mau. O capital do Banco, de 10.000 contos de ris, era considerad o grande para os padres da poca 17 e foi dividido em 20 mil aes, de 500$ ris cada uma. O Banco do Commrcio e da Indstria do Brasil transfor mo u a natureza do financiamento no Rio de Janeiro. A oferta de crdito, at ento, dominada por presta mista s individuais comissrios passou a ter o formato recursos de de uma moder na terceiros eram intermediao por financeira, onde os interm dio de uma

empresta dos

instituio bancria e no atravs de relaes pessoais. O Banco do Comrcio e da Indstria do Brasil conseguiu abrir filiais fora do Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e em So Paulo. Segundo Guimares (1997:106), a abertura destas filiais visava facilitar o comrcio da carne verde, entre a Corte e as provncias do Sul, j que os principais acionistas do banco, entre eles Mau, negociavam com esse prod u to. Graas a iniciativa de Mau a provncia do Rio Grande do Sul passo u a ter, a partir de 1852, o seu primeiro estabelecimento bancrio. O Banco Comercial do Rio de Janeiro e o banco de Mau reforara m no Rio de Janeiro a emisso de notas bancrias de origem privada, mas o17

O capital do Banco corres pon dia a um tero do valor do Orament o do Imprio para o ano de 1851, ver Caldeira, 1995, 226. 22

peso relativo do papel moeda emitido pelos bancos era, sem dvida, pouco expressivo. Em 1852, o total de papel - moeda em circulao no Brasil era de 50.315$ contos de ris. Destes apenas 3.631$ contos de ris, ou seja 7,3%, correspon dia m ao papel - moeda de origem bancria. Em outras palavras, o papel moeda em circulao, naquele ano, era

composto, basicamente, de notas emitidas pelo Tesouro nacional que somavam 46.684$ contos de ris, ou seja 92,7% do total do papel - moeda circulante(Pelaez e Suzigan, 1981,78). Fora do mundo das finanas, Mau criou empresas respons veis pela moderniz ao da cidade que permitira m Corte participar dos benefcios oriundos da segunda revoluo industrial. Fazem parte deste elenco a Compan hia de Iluminao a Gs do Rio de Janeiro, a Estrada de Ferro de Petrpolis e a Imperial Compan hia de Navegao a Vapor. Alm destas, vale pena mencionar a Companhia de Bondes Jardim Botnico que inaugurou contribuiu Janeiro 18 . Em 1853 D. Pedro II assinou a lei 683, em 5 de julho de 1853, e criou um novo Banco do Brasil. A partir da, o meio circulante da Corte voltaria a sofrer novas alteraes decorrentes da substituio das notas do Tesouro pelas notas do Banco do Brasil e do aumento do papel moeda de origem bancria. Para garantir o monoplio das emisses e ao mesmo tempo reunir os capitais necessrios abertura do Banco do Brasil, o governo imperial forou a fuso do Banco do Commrcio e da Indstria do Brasil e do Banco Comercial do Rio de Janeiro com o Banco do Brasil, obrigando os proprietrios dos estabelecimen tos bancrios privados a cederem seus direitos de emisso e a subscreverem as aes do banco estatal recm formad o. Aps a subscrio, o Banco do Brasil foi aberto com o capital inicial de 30.000$ contos de ris e os antigos diretores do Banco o bonde movido trao animal, sobre trilhos, e

para o crescimento

dos transpor te s

pblicos no Rio de

Comercial do Rio de Janeiro e do banco de Irineu Evangelista de Souza passara m a fazer parte da sua primeira diretoria.

18 Esta

empresa logo atraiu os capitais norte - americanos tornan do - se a Botanical Rail Road Company . 23

A este segundo banco pblico, com sede no Rio de Janeiro, foram atribudas no s as funes caractersticas de um bancos comercial abertu r a de contas correntes, recebimento de depsitos e concesso de emprstimos mas outras operaes tpicas dos moder nos bancos

centrais tais como o redesconto e a emisso de notas, instru me n t o s importan tes no controle da liquidez monetria. Apesar da centralizao do poder emissor em mos do Banco do Brasil limitar a liquidez monetria e consequente m e n te a expanso do crdito, investir na organizao de bancos na Corte era um bom negcio, pois havia nos primeiros anos de 1850 um clima de prosperidade econmica e de estabilidade poltica. Nos anos de 1853 a 1856, fase em que o Banco do Brasil deteve a exclusividade do poder, surgiram dois estabelecimentos bancrios no Rio de Janeiro: o Banco Rural e Hipotecrio e a Casa Mau Mac- Gregor, esta ltima a maior casa bancria privada de toda a poca do Imprio. O Banco Rural e Hipotecrio era uma sociedade annima que foi organizad a com o capital inicial de 8.000$ contos de ris. Dirigido por uma diretoria formada de um fazendeiro e trs importa nte s negociantes fluminen s es 19 foi o primeiro estabelecimento bancrio do Rio de Janeiro a emprestar dinheiro aceitando como garantias hipotecas de bens de raiz e de propriedade s urbanas e rurais (Guimares, 1999). A Casa Mau Mac- Gregor e Compan hia foi organiza da em julho de 1854, mas s abriu as portas em 1855,como uma sociedade em

coman dita por aes 20 . Um dos scios gerentes escolhidos para compor a diretoria da Casa Mau- Mac Gregor e Companhia era Joo Incio Tavares, ex- diretor do Banco do Commrcio e da Indstria do Brasil e o outro Alexander Donald MacGregor, um negociante nascido em Liverpool, indicado para representar a empresa. em Londres. Irineu Evangelista de Souza e Jos Henrique Reynell de Castro, de origem portugues a e scio da Carruth er s, Castro & Co completavam a gerncia da empres a.19

A diretoria do Banco era compos t a de Belarmino Siqueira( fazendeiro e Deputado pela Provncia do Rio de Janeiro) e trs negociantes: Joo Pedro Saio, Joo Batista Fonseca e Antonio Ribeiro Forbes. 20 Para poder existir legalment e esta forma de organizao empresarial dependia apenas de um registro na Junta Comercial, estando fora do controle rgido imposto pelo governo s sociedades annimas, regidas pelo Cdigo Comercial. 24

Mau gozava de enorme prestgio entre os comerciantes do Rio de Janeiro, liderana conquistada na presidncia da Sociedade dos

Assinantes da Praa do Rio de Janeiro(atual Associao Comercial do Rio de Janeiro)e atravs da sua atuao na Comisso encarregada de redigir o Cdigo Comercial. Assim, no foi difcil para o empresrio reunir 182 scios comanditrios para organizar a Mau Mac Gregor e Companhia. Segundo a pesquisa de Guimares (1997: 149), entre estes havia muitos comerciantes brasileiros mas o empreendi me n to tornou - se atrativo para investidores estrangeiros, principalme nte, ingleses, portugueses e

franceses que atuavam no grande comrcio de importao e exportao. Na histria das instituies de crdito do Rio de Janeiro e do Brasil, o aparecimento da Casa Mau Mac- Gregor e Compan hia correspon de a um verdadeiro ponto de inflexo. Isto porque, a exceo do Banco do Commrcio e da Indstria do Brasil e do Banco do Brasil que tiveram filiais em localidades fora do Rio de Janeiro, o que se conhecia naquela poca eram bancos estritamente locais. Somente a Casa Mau MacGregor e Companhia conseguiu a abrir agencias na Europa e nos Estados Unidos, os maiores centros financeiros mundiais do sculo XIX. A

presena de Mau nas praas de Londres, Manchester, Nova Iorque, Montevidu, Rosrio, Crdoba e no Rio de Janeiro possibilitava ao empresrio lucrar com os negcios de cmbio, ou seja com a compra e a venda de divisas estrangeiras e troca de letras de cmbio. Ter filiais no exterior constitua, sem dvida, uma vantagem estratgica em relao s demais instituies de crdito que funcionavam naquela poca. Alm da Casa Mau Mac- Gregor e Compan hia, do Banco do Brasil e de bancos comerciais privados, operavam no Rio de Janeiro desde a primeira metade do sculo XIX pequenas casas bancrias que apesar de realizarem operaes idnticas s dos bancos comerciais diferiam destes em relao nature za jurdica e ao volume de capital necessrio para o seu funciona me n t o. Enquanto as casas bancrias eram compan hias de capitais fechados, a maioria dos estabelecimentos bancrios j nasceu sob a forma de sociedades annimas. no Rio de Janeiro

Possivelmente esta foi a razo das casas bancrias serem abertas com

25

capitais girando em torno de 300 a 1500 contos de ris, quantias bem inferiores aos capitais que deram origem aos bancos fluminense s. Na dcada de 1850, durante a fase de prosperidade dos negcios com o caf, florescera m algumas casas bancrias no Rio de Janeiro. A mais importa nte era a Souto & Cia funda da pelo portugus Antonio Jos Alves Souto & Cia, que h anos trabalhava na Corte como corretor de ttulos e de outros valores, tinha ttulo de nobreza e gozava de muito prestgio junto colnia portuguesa fluminense chegando a ocupar o cargo de presidente da Beneficncia Portuguesa. Alm desta estabelecera m - se no Rio de Janeiro outras casas bancrias dentre as quais incluem - se a Gomes & Filhos e Companhia especializada na captao de pequenas poupanas de trabalhadores livres e escravos - , a Montenegro, Lima & Companhia, a Oliveira Bello e a Amaral Pinto. A pesquisa de Ana Maria Ribeiro de Andrade(1987) revela que o cliente preferencial das casas bancrias era aquele cuja deman da de crdito no podia ser satisfeita atravs de emprstimos diretos do Banco do Brasil, ou dos bancos comerciais privados. A oferta de crdito destas casas bancrias no era composta apenas de depsitos feitos pelo pblico mas, tambm, de emprstimos obtidos em bancos particulares e no Banco do de Brasil. operaes Parte dos lucros ou destes seja,das

estabelecimentos

advinha

triangulares,

diferenas entre os valores das taxas de desconto pagas pelas casas bancrias aos bancos comerciais e dos altos juros cobrados dos tomad o res de emprstimos. Em 1857 a economia cafeeira entrou em crise, com quedas

acentua d a s nas exportaes e nas cotaes dos preos do caf no mercado mundial. Em meio retrao econmica, o governo Imperial afastou o ministro papelista Souza Franco da pasta da fazenda e colocou em prtica os princpios metalistas atravs da promulgao da Lei 1083, de 22 de agosto de 1860. A nova legislao limitava a liquidez monetria deter mina n d o que nenh u m banco privado poderia emitir vales, enquanto no se mostra ss e capaz de reembols - los em ouro. Apenas o Banco do Brasil e suas filiais tiveram essa autorizao, o que demonstr a que incapaz de eliminar a26

pluralidade o Governo procurou cerce - la. A Lei dos Entraves abalou o sistema bancrio carioca. Os bancos Comercial e Agrcola e o Rural e Hipotecrio perdera m seus direitos de emisso e o Banco Comercial e Agrcola, funda do durante a administrao de Souza Franco, foi

liquidado. Houve uma forte retrao da liquidez, seguida da alta das taxas de juros e da falncia de casas bancrias. O Banco do Brasil tentou intervir na crise e concedeu emprs timos Casa Souto que acumulou uma dvida de 22 mil contos de ris, o que correspon dia metade do capital do Banco do Brasil(Andrade, 1991:121). A impossibilidade do Banco do Brasil de continuar a rolagem das dvidas da Casa Souto, levou- a falncia e espalhou um verdadeiro pnico nos comerciantes da Corte confor me evidencia a carta de Jos Joaquim de Lima e Silva, Conde de Tocantis e Presidente da Associao dos Comerciantes do Rio de janeiro, ao Imperador D.Pedro II Senhor - a Comisso da Praa do Comrcio vem respeitosa me n te trazer ao conhecimento do governo de Vossa Majestade o estado calamitoso em que se acha esta praa, em conseq ncia da catstrofe comercial ocorrida no dia 10 do corrente, pela suspe nso que fez dos seus pagamentos a casa bancria Antonio J.A do Souto & Cia. O pnico que sobre o pblico produ ziu este acontecimento no se pode descrever mas pode ser avaliado por todos quantos conhecem a importncia desta casa, a grande quantidade de depsitos que tem em si e o entrelaame nto em que se acha com todos os Bancos e principais casas de comrcio desta praa. O susto e a desconfiana tornara m - se gerais e o resultado foi correre m os portadores de ttulos, no s desta casa como de outras, a exigirem das mesmas o embolso imediato deles. Teve ela como imediato resultado paralisar o crdito, suscitar uma desconfiana geral, e fazer pairar sobre todas as casas comerciais, que em grande nmero se acham ligadas com a mencionada casa bancria, uma ameaa de se verem arrastadas na mesma catstrofe. Quem pode prever at onde chegaro as conseq ncias deste acontecime nto? Por outro lado, o Banco do Brasil, principal credor da menciona da casa, no s se acha ameaado de graves prejuzos, como j se v atacado por uma corrida sobre seu fundo disponvel, corrida que principiou hoje, e que no possvel prever quando acabar. A Comisso desta praa, confiada no zelo de que Vossa Majestade Imperial sempre se mostra possudo pelo bem do pas e no interesse que lhe merece tudo quanto diz respeito prosperidade e a grandeza do Imprio, aguarda tranqila as medidas que aprouver ao Governo Imperial tomar para salvar27

essa praa da formidvel crise por que est passan do.(apudGuimares, 1997:205).

Aps a crise de 1864, saram fortalecidos os bancos estrangeiros e o Banco do Brasil. Os bancos privados nacionais fluminense s quase no resistiram crise bancria. Mau liquidou, em 1866, a Casa Mau MacGregor e Cia e abriu um novo banco, chamado Banco Mau & Cia que entraria em processo de liquidao em 1875. Os bancos estrangeiros vinham tendo um papel relevante na estrut u r a de crdito do Rio de Janeiro desde que empres rios e

comerciantes ingleses estabelecidos na Corte resolveram criar o London and Brazilian Bank e o Brazilian and Portuguese Bank, mais tarde deno min ado de English Bank of Rio de Janeiro, respectivamente em 1862 e 1863, e revolucionara m a prtica bancria fluminense,

dissemina n d o o uso do cheque. O London and Brazilian Bank no se restringiu ao Rio de Janeiro abrindo filiais em Recife e Porto Alegre. A do nordeste visava dar suporte financeiro s compan hias londrinas de exportao e importao que negociavam com acar e algodo. A do sul estava ligada

direta men te aos interesses das firmas britnicas de que atuavam nos negcios de exportao e de importao de carne e dos frigorficos ingleses que atuava m na regio(Joslin, 1963:67). Comentan do a presena destes estabelecimentos no Rio de Janeiro, Maria Brbara Levy argumenta que no eram filiais de bancos ou casas bancrias da Inglaterra, mas associaes de grandes comerciantes que negociavam com o Brasil e viam nos negcios financeiros perspectivas de expandir seus negcios no Brasil. No representavam a alta finana europia, mas reuniam comerciantes acostum a d o s a lidar com o comrcio exterior brasileiro, com o objetivo de colocar estas instituies a servio de suas tradings (Levy, 1994:81).

O quadro 1 mostra que alm dos ingleses, alemes, franceses, portugueses e italianos abrira m bancos no Rio de Janeiro. Enquanto o Banque Bresilinne Franaise e o Banco Alemo Brasileiro apoiavam os investidores de seus pases no Brasil, as agencias do Banco do Minho e28

do

Banco

de

Napoli

prestavam e

servios que

preferencialmente morava m na cidade

aos e

imigrantes

portugueses

italianos

desejavam remeter suas economias para os seus pases de origem. No perodo compreen dido entre os anos de 1866 a 1875, a provncia do Rio de Janeiro passou a contar com a presena do Banco Comercial do Rio de Janeiro, fundado Comercio, organizado em 1875. Em 1888, a abolio da escravatur a e a disseminao do trabalho assalariado aumentar a m a demanda de moeda, deflagrando uma nova crise de liquidez na praa do Rio de Janeiro .A princpio, o Imprio brasileiro teve a inteno de autorizar a emisso de notas bancrias privadas, lastreada s em ouro ou em ttulos da dvida pblica, mas acabou desistindo e optando em vincular s emisses ao lastro em 1866, e do Banco do

metlico. O Banco Nacional do Brasil, o Banco do Comrcio e o Banco de So Paulo tornara m - se emissores, mas somente o Banco Nacional do Brasil conseguiu exercer os direitos conferidos pela lei, beneficiado com a contratao de um emprstimo na Inglaterra e com a alta dos preos do caf(Levy, 1977:145) Com o fim da monarquia, a crise de liquidez que abalava os mercado s de crdito do Rio de Janeiro, e de outras partes do pas, tornou - se um problema da Repblica que visando uma soluo adotou uma poltica de crdito expansionista que deu origem a um dos mais fortes movimentos especulativos da histria da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, trazendo inquietaes provncia fluminense: o

principal centro financeiro do pas. Ao assumir o ministrio da fazenda da Repblica Rui Barbosa, um dos porta - vozes dos interesses industriais no Brasil, realizou a ltima tentativa de estabilizar a moeda no Brasil, a partir do

receiturio da escola papelista, assinando um decreto responsvel pela criao de bancos emissores nas regies norte, centro e sul do pas. A regio do Centro teve como sede o Rio de Janeiro. Alm deste inclua os estados de So Paulo, Minas Gerais, Esprito Santo Paran e Santa Catarina. De um total de emisso de 450 mil contos de ris, a regio do Centro recebeu o dobro da regio Sul sendo contem plada com 200 mil

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contos de ris, ou seja, um pouco menos da metade do total de notas autorizad a s pelo ministrio(Levy, 1977:149). Os banco escolhido como emissor no Rio de Janeiro foi o Banco dos Estados Unidos do Brasil que, em 1890, sofreu um processo de fuso com o Banco Nacional dando origem ao Banco da Repblica dos Estados Unidos do Brasil. Este ltimo, colocou seus bilhetes em circulao e chegou a ser mais importa nte do que o Banco do Brasil. A pluralidade emissora deflagrou uma crise financeira levando o governo a intervir no sistema bancrio atravs da fuso do Banco do Brasil com o Banco da Repblica dos Estados Unidos do Brasil. Deste processo resultou o aparecimento do Banco da Repblica do Brasil que passo u a ter o monoplio sobre a emisso de notas bancrias. No perodo de 1889 at 1892, o aumento da liquidez provocado pela expans o de moeda teve um duplo efeito. De um lado, o crdito ficou mais barato, estimulan do o lado real da economia. De outro, ocasiono u uma inflao, seguida de um movimento especulativo na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro que teve incio com aes dos bancos, valorizada s pelo crescimento dos emprstimos bancrios. A especulao acabou por envolver aes de outras compan hias,

sobretu d o, dos ramos de seguros e de trans por tes. A crise especulativa se estende u at 1893, quando a Bolsa

mostro u sinais de queda do volume de negcios. Para o Rio de Janeiro, a euforia do crdito possibilitou o crescimento das atividades

indus triais e de servios, pois a cidade era um local privilegiado, dotado de um porto, do maior mercado consu midor do pas, das sedes do Banco do Brasil da Bolsa de Valores, alm de bancos privados nacionais e estrangeiros. Apesar do movimento especulativo ter chegado ao fim, a crise financeira prolongou - se at 1906. As tentativas de estabilizao

econmica, ortodoxas e mais flexveis, empreendida s nos governos de Pruden te de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves tiveram em comu m o retorno as s tentativas de adotar no pas o padro - ouro. Intencionalme nte ou no, contribura m para deflagrar uma crise

bancria, marcada por fuses e incorporaes de casas bancrias que

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quase liquidaram o Banco do Brasil, reorganiza do em 1905 e serviram de barreira ao crescimento dos bancos. Em 1910, o Brasil republicano perma necia com o mesmo

problema que fora aponta do no Imprio por Souza Franco: o reduzido nmero de estabelecimentos bancrios. A nao possua 21 bancos comerciais, sendo 5 estrangeiros e 16 nacionais (Vieira, 1947)

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. 10. Notas conclusi vas

O aparecimento da moeda e dos bancos no Rio de Janeiro foi conseqncia da posio geogrfica e da import ncia econmica e poltica da regio. O Rio de Janeiro uma cidade litornea onde o porto foi estratgico na formao de um mercado interno,

indispen s vel para a monetizao da economia e para o surgimento de bancos. Do grande comrcio exportador emergira m as elites

respon s veis pelo crdito que

passou das mos de presta mista s

individuais para o controle de bancos comerciais. A vinda do Estado Portugus para o Brasil, em 1808, foi decisiva para consolidar a import ncia poltica, econmica e cultural da regio. A necessida de de financiar os gastos governa me nt ais deu origem ao o Banco do Brasil que concentrou as suas atividades no Rio de Janeiro e contribuiu, via a emisso de notas bancrias, para desenvolver o mercado local. A expanso da cultura do caf possibilitou a formao do Banco do Commercio do Rio de Janeiro, o primeiro banco privado dessa localidade. Contudo, a organizao de estabelecimentos bancrios no Rio de Janeiro s cresceria aps o fim do trfico negreiro, o qual liberou capitais que foram redireciona dos para s atividades

bancrias. Nesse contexto, tambm foi importa nte a promulgao do cdigo comercial que serviu para regulamenta r o funcioname n to das sociedades annima s e a profisso de banqueiro. A histria dos bancos no Rio de Janeiro durante o Imprio reflete as oscilaes do desejo do governo e manter Imperial de deter o

mono plio das emisses

o padro - ouro e dos bancos

particulares que, via de regra, preferiam a pluralidade emissora e menos rigidez em relao ao lastro metlico. Em um modelo primrio exporta dor, os bancos da Corte e da Capital da Repblica concentrara m as suas operaes no

financiame nto do comrcio e das atividades urbanas. Nesse contexto, a agricultura era financiada ou com os recursos do Banco do Brasil ou com os lucros obtidos na produo.32

Durante o Imprio, os bancos estrangeiros foram os principais agentes de crdito do pas. Atuara m no grande comrcio exportador e financiara m investimentos em infra - estrut ur a econmica, atravs de compan hias de seus pases de origem. Tal importncia s se reduziria na Repblica quando a poltica nacionalista de Vargas garantiria aos banqueiros nacionais a liderana do sistema bancrio do pas.

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Cronologia: 1555 - fundao da Frana Antrtica 1565 - Estcio de S funda a cidade de So Sebastio do Rio de Janeiro 1567 - transferncia da cidade para o morro do Castelo 1580 - 1640 - Reino Unido de Portugal e Castela 1614 - o acar transfor m a - se em moeda oficial da capitania do Rio de Janeiro, em decreto assinado pelo governador Constantino Meneslau. 1663 - abolida a lei que determinou o uso do acar como moeda 1694 - D. Pedro II(1683 - 1706) estabelece na Bahia a primeira Casa da Moeda do Brasil 1695 - lei de 19 de dezembr o de 1695 probe a circulao de moedas do Reino na Colnia 1699 - entra em operao a Casa da Moeda, no Rio de Janeiro 1700 - a Casa da Moeda transferida do Rio de Janeiro para Pernambuco 1702 a Casa da Moeda reaberta no Rio de Janeiro, mas a descoberta do ouro propicia o funciona me n to simultneo de outras Casas da Moeda. 1763 - A Carta Rgia de 27 de janeiro elevou a cidade de So Sebastio do Rio de Janeiro condio de sede da administrao portugues a no Brasil. 1808 O Alvar de 12 de outubro autoriza a criao do Banco do Brasil. 1809 - O Banco do Brasil inicia as suas atividades. 1810 Data da primeira emisso de bilhetes do banco do Brasil. 1818 - aberta, na Bahia, uma Caixa filial do Banco do Brasil 1820 - aberta em So Paulo uma Caixa filial do Banco do Brasil 1827 - O Tesouro Nacional emite cdulas para substituir as moedas de cobre falsificadas na Bahia 1829 - Em 23 de setembro decretada a extino do Banco do Brasil. 1833 / 3 8 O Tesouro Nacional exerce o monoplio da emisso de papel moeda no Rio de Janeiro. 1834 - Emenda constitucional cria o Municpio da Corte, ou Municpio Neutro. 1838 - 10 de dezembr o fundado o Banco Comercial do Rio de Janeiro, primeiro banco privado da provncia 1842 - Em 23 de junho, aprovados os Estatutos do Banco Comercial do Rio de Janeiro

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1846 - O governo imperial adota o padro - ouro, com a assinatur a da lei nmero 401 de 11 de setembro, estabelecendo a paridade fixa de 27 pences por mil ris. 1853 - Lei nmero 683 de 5 de julho institui o Banco do Brasil no segun d o reinado. 1854 - o Banco Rural e Hipotecrio inicia as suas atividades no Rio de Janeiro 1855 - inaugura da, no Rio de Janeiro, a Casa Mau Mac- Gregor & Cia 1862 inaugurao do London and Brazilian Bank, primeiro banco

estrangeiro organizado no Brasil 1866 - o Tesouro Nacional passa a ter a exclusividade na emisso de moeda 1888 - 13 de maio, fim da escravido no Brasil 1889 - 15 de novembro, proclamao da Repblica. 1890 - criado o Banco da Repblica dos Estados Unidos do Brasil, atravs da fuso do Banco Nacional do Brasil com o Banco dos Estados Unidos do Brasil 1891 - Com a proclamao da Repblica a capital do Brasil passa a ser o Distrito Federal

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