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MOGI: A CIDADE DA QUALIDADE DE VIDA 448 O MUNICÍPIO CONSEGUIU ALIAR DESENVOLVIMENTO E BEM-ESTAR SAÚDE: SERVIÇOS ESPECIALIZADOS INCREMENTAM O ATENDIMENTO À POPULAÇÃO LAZER: PARQUE CENTENÁRIO É A MAIS NOVA OPÇÃO DE LAZER PARA OS MOGIANOS Ano V nº 23 Setembro 2008 www.moginews.com.br Este suplemento não pode ser vendido separadamente.

Mogi News Revista 23

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Edição comemorativa dos 448 anos do município de Mogi das Cruzes. Parte integrante do jornal Mogi News Mogi das Cruzes, SP

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Mogi: A CiDADE DA QUALiDADE DE ViDA

448

O MUNICÍPIO CONSEGUIU ALIARDESENVOLVIMENTO E BEM-ESTAR

SAÚDE: SERVIÇOS ESPECIALIZADOS INCREMENTAM O ATENDIMENTO À POPULAÇÃOLAZER: PARQUE CENTENÁRIO É A MAIS NOVA OPÇÃO DE LAZER PARA OS MOGIANOS

Ano V nº 23 Setembro 2008www.moginews.com.br

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Mogi: A CiDADE DA QUALiDADE DE ViDA

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Artigo

A frase “Bandeirantes Gens Mea”, es-tampada no brasão de nosso município faz referência aos homens que aqui chegaram, desbravando o imenso

sertão, enfrentando os mais diversos obstáculos para estabelecer uma pequena célula que, aos poucos, foi crescendo e se transformando.

De lá para cá, muitos outros vieram a assumir a condução dos destinos desta terra, alguns meros ocupantes do cargo político, outros com idealismo e, apenas alguns, com competência, coragem e arrojo.

A história registra que, até a década de 40, Mogi das Cruzes era conhecida porque estava na rota da SP-66, rodovia que interligava São Paulo ao Rio de Janeiro e passava pelo centro da cidade. Dela faziam parte a avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco, a rua Dr. Deodato Wertheimer e a avenida Francisco Rodrigues Filho, seguindo para a cidade de Jacareí e demais municípios do Vale do Paraíba, como ocorre até hoje, com poucas alterações.

Mas o governo federal iniciou uma nova ligação entre as duas principais capitais. Em 1950, foi inaugurada a rodovia Presidente Dutra, deixando o nosso município distante da nova estrada. Como conseqüência, a então modesta São José dos Campos, conhecida apenas por seus sanatórios para tratamento da tuberculose, ganhava um rápido desenvolvimento, enquanto Mogi parecia condenada à estagnação. O sonho de interligar-se diretamente com a Dutra parecia impossível, pois a serra do Itapeti apresentava-se como um grande obstáculo.

Reconhecendo a necessidade dessa interligação, o próprio governo federal, rasgou um pequeno trecho nos bairros Ponte Grande e Jardim Aracy, mas logo desistiu da empreitada, em face das dificuldades encontradas. O sonho só começou a se tornar realidade em 1969, com a firme disposição do dinâmico prefeito Waldemar Costa Filho que, assumindo o papel de um autêntico bandeirante, resolveu transpor o difícil obstáculo e alcançar a Dutra, no município de Arujá.

Mogi não mais estava isolada e, mesmo sem a pavimentação asfáltica, os mogianos cortavam os 20 quilômetros da nova estrada, que surgia como uma artéria capaz de injetar sangue novo de progresso no combalido paciente. Essa, sem dúvida alguma, depois da implantação da SP-66, foi a obra mais importante para alavancar o desenvolvimento, reabrindo as portas do município para novos investimentos.

Reabilitado da severa anemia, um novo anseio voltou a mexer com a cabeça dos mogianos. Agora, o que se pretendia era uma estrada que nos levasse ao litoral. A construção da Mogi-Bertioga estava em andamento e prometia tornar realidade o sonho de décadas dos mogianos, sempre inconformados pela enorme volta para se chegar à praia, apesar de estar muito próximo dela. E, num final feliz, em poucos minutos, o eufórico mogiano cruzou a Serra do Mar e chegou a Bertioga. Com essas obras marcantes estavam concretizados dois grandes sonhos da cidade, e a ela se seguiram outras tantas, que mantiveram o município nos trilhos do progresso.

BANDEIRANTES GENS MEA

Sylvio da Silva Pires é advogado, ex-vereador

e ex-secretário municipal

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6 INDIcADoRESNúmeros comprovam que Mogi apresenta um bom desempenho em diversos segmentos

10 EDucAçãoNovas escolas, reformas e acesso à tecnologia estão revolucionando a rede pública

28 oBRASCidade recebeu melhorias na infra-estrutura, em saneamento básico e no combate a enchentes

32 culTuRAEntre o passado e o presente. Município ganha novos memoriais e espaços culturais

37 ESpoRTEAtletas mogianos de diferentes modalidades despontam em importantes campeonatos

44 pRoGRESSoEmpreendedores, em diferentes épocas, deram a sua contribuição para o desenvolvimento

57 EMpREENDIMENToS Construtoras da cidade e de outras regiões do País estão investindo em lançamentos

60 ElEIçõESGrupos da cidade se mobilizam para conscientizar a população sobre a importância do voto

16SAÚDE AVANçA coMVÁRIoS INVESTIMENToS

50INDÚSTRIA MoVIMENTAA EcoNoMIA MoGIANA

30cIDADE GANHA MAISuM pARQuE uRBANo

EDITORA-RESPONSÁVEL: Vera Marcolino REPORTAGENS: Katia Guimarães e Julia Guimarães (eleições) FOTOS: Amilson Ribeiro, Antonio Wuo, Daniel carvalho, Du Zuppani (cedidas pelo Ecofuturo), Jorge Moraes, José carlos cipullo, Marcelo Alvarenga, Maurício Builcatti, Michel Meusburger, Monalisa Ventura, osvaldo Birke, arquivo Mogi News, banco de imagem e divulgação COLABORAÇÃO: cesar de oliveira, Marcio Siqueira, Simone leone e Vânia Sousa PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO: Edimar oliveira Veloso DEPARTAMENTO DE ARTE: Adriana Ambriola, Eduardo Bernardineli, Erica Miashita, Raphael Albertini, patrícia Namy e Fabíola Koba (revisão)

GERENTE-COMERCIAL: Marcos Roberto Sebastião ExECUTIVOS DE CONTA: Adriana Francisco, André Mello, clenira cataldi e Rubem Neto ATENDIMENTO COMERCIAL: 11 4735-8000

DIRETOR-PRESIDENTE: Sidney Antonio de Moraes DIRETORA-VICE-PRESIDENTE / CIRCULAÇÃO: Sônia Massae Amano de Moraes DIRETOR-COMERCIAL: Wilson Bego DIRETOR DE MARkETING: Salatiel de Moraes

Rua Carlos Lacerda, 21, Vila Nova Cintra, Mogi das Cruzes - CEP: 08745-200 - Tel. (11) 4735-8000 - www.moginews.com.br IMPRESSA NA IBEP GRÁFICA A 23ª Mogi News Revista, produzida pela Editora Mogi News, é uma publicação especial em homenagem aos 448 anos de Mogi das Cruzes, que circula encartada no jornal Mogi News. A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos em anúncios e mensagens publicitárias incluídas nesta edição. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial.

ExPEDiEntE

Sumário

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EDITORIAL 5

A cidade está em festa e o Mogi News presenteia o leitor com a 23ª Mogi News Revista. Desde a primeira publicação,

lançada em 1 de setembro de 2004, retratamos a evolução de Mogi das Cruzes. Nessa edição inaugural, destacamos um município pronto para receber o desenvolvimento, dan-do os seus primeiros passos nesse sentido: a “Mogi de olho no futuro”.

Uma característica positiva foi foco da publicação um ano depois: a diversidade. O município, além da localização privilegiada, pode se orgu-lhar de ter uma economia forte, justa-mente por ela ter representatividade em vários setores. Uma verdadeira soma de forças, em todos os sentidos.

Ano após ano, o município vem expandindo seus horizontes, subindo novos degraus na escada evolutiva e toda essa movimentação foi acom-panhada de perto pela Mogi News Revista, que revelou “Uma cidade em crescimento” e “Os desafios do progresso”, nas duas últimas edições. Afinal, crescer também traz obstácu-los que precisam ser superados para os bons resultados aparecerem.

Mogi vem fazendo a lição de casa e o planejamento tem sido o diferen-cial para um desenvolvimento susten-

tado. A cidade está atraindo indústrias, novos negócios e mais moradores e, para dar suporte a tudo isso, receben-do investimentos em infra-estrutura.

O cidadão mogiano está usufruin-do os primeiros resultados. Nunca a estrutura da cidade foi tão completa, nunca se investiu tanto em obras e melhorias para a população.

Só para citar um exemplo, a ci-dade saltou de zero para dois parques urbanos em quatro anos, um sonho que se transformou em realidade em dose dupla. Agora, anuncia-se a recuperação do Parque Municipal Francisco Affonso de Mello - Chiqui-nho Veríssimo e sua possível abertura para visitas monitora-das já em outubro. Um espaço diferente dos parques urbanos Leon Feffer, em Brás Cubas, e Centenário, em César de Souza, mas que, sem dúvida, vem para somar. O local, que abriga a riqueza da mata atlântica, vai ser um espaço para pesquisa, edu-cação ambiental e preservação.

É óbvio que existem vários problemas a serem resolvidos, mas a consolidação da qualidade de vida do mogiano é um fato e principal prova de que Mogi está no caminho certo nesta busca incessante pela excelência.

Qualidade de vida em altapor Vera Marcolino

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Por conta da proximidade com a capital e com cidades turísticas, como Guararema e Salesópolis, os mogianos têm o costume de fazer seus passeios fora de sua cidade natal. Mas a inauguração de algumas áreas culturais, como o Centro de Cidadania e Arte (Ciarte), no centro, e os parques Leon Feffer, em Brás Cubas, e Centenário, em César de Souza, além de apresentações artísticas, como shows, peças e circos, e o aumento das opções de restaurantes, bares e casas noturnas têm mudado esse hábito. Hoje, há muitas opções gastronômicas na cidade, muitas delas inspiradas em estabelecimentos de São Paulo, nos quais a culinária diversificada é referência nacional. Há comidas típicas de outras regiões, como Sul

e Nordeste, e até de outros países, como Japão, China, Itália, Líbano e Turquia, entre outros.

Para diversão, bares e boates para todos os gostos e idades atraem pessoas de outras regiões e movimentam as noites mogianas. Quem elege o esporte para se divertir pode praticar ciclismo, motociclismo, capoeira, vôlei, futebol ou outras modalidades. E é possível realizar tudo isso em meio à natureza. Embora Mogi tenha crescido e se verticalizado, ainda é possível admirar a área verde da cidade nos parques, na serra do Itapeti, na Ilha Marabá e em outros pontos isolados, preservados graças à Lei de Proteção dos Mananciais.

LAZER gAnhA foRçA CoM oS noVoS PARQUES URbAnoS

Indicadores

Mogi das Cruzes é conhecida pela diversidade. Suas inúmeras vocações atraem pessoas de várias regiões do País, em especial da metro-politana de São Paulo. O principal motivo é que

o local passou de cidade do interior para uma verdadeira metrópole sem perder a maior riqueza que um município pode ter: a qualidade de vida.

Nos últimos dez anos, o número de habitantes cresceu mais de 20%, cerca de 30 mil empregos foram gerados, mais de 80 empresas se instalaram na cidade, dezenas de novos empreendimentos residenciais foram erguidos, a infra-es-trutura aumentou, muitos serviços foram implantados e, com tudo isso, o perfil econômico foi transformado. Mas as características essenciais para Mogi se manter como um bom lugar para se viver e trabalhar foram mantidas.

Como em qualquer outra parte do mundo, nos últimos

anos, a violência também aumentou, mas dados estatísticos mostram que Mogi vem combatendo o problema. O policia-mento da cidade está passando por grandes melhorias, com a criação de delegacias e departamentos específicos, como Anti-seqüestro e Homicídios, e o sistema de segurança vem sendo aprimorado com ações, como a instalação de câmeras e a aproximação da comunidade.

Outros itens bastante valorizados entre a população e os órgãos que avaliam a qualidade de vida das cidades brasilei-ras são a educação e a saúde – áreas com grande destaque em Mogi. Os últimos cinco anos foi o período em que mais se construiu escolas e creches em toda a história da cidade. E as notas dos alunos nas avaliações nacionais são as mais elevadas da região.

Na saúde, novos programas, serviços e unidades fize-ram com que a demanda fosse atendida mais rapidamente.

Metrópole com qualidade de vida

Mogi cresceu em todos os sentidos. Ganhou novas empresas, mais infra-estrutura e investimentos e atraiu pessoas de todas as

regiões do país, mas não perdeu o seu jeito de cidade do interior

� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

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Os mogianos ainda têm muitas recla-mações nesta área, principalmente em relação aos procedimentos chamados de alta complexidade, como cirurgias e transplantes, mas a redução do tempo de espera por uma consulta – inferior a muitos planos de saúde particulares – e a criação de programas direcionados, como o de combate à tuberculose e ao tabagismo, são bastante elogiados. Am-bos os projetos já foram até premiados pelo Ministério da Saúde.

Infra-estruturaCom tanto crescimento populacional e físico, a cidade não se manteria se não

houvesse um grande investimento em infra-estrutura. Entre as dificuldades comuns entre a maioria das cidades brasileiras, a malha viária, o transporte público e as enchentes eram as maiores angústias dos mogianos.

Os investimentos não conseguiram atender a todas as reivindicações da população, mas um dos motivos que fizeram com que Mogi mudasse de perfil foi a melhoria nesse segmento.

O grande marco, que fez com que a cidade ficasse ainda mais próxima da capital, foi a duplicação da rodovia Pedro Eroles (SP-88), a Mogi-Dutra, no trecho entre o município e a rodovia

os mogianos contam agora com dois parques urbanos e adequadas estruturas de lazer

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A qualidade de vida de Mogi das Cruzes está explícita em diferentes indicadores.

O mais recente dele foi divulgado no início de agosto pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e revela que a cidade está entre as mais desenvolvidas do Brasil, ocupando a 89ª colocação no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM).

O índice avalia a evolução socioeconômica de cada um dos 5.564 municípios brasileiros, com classificações que variam de zero (pior) a um (melhor). O município passou de 0,7320 (desenvolvimento moderado), em 2000, para 0,8425 (alto desenvolvimento), em 2005. Um salto de pouco mais de 15%, levando Mogi do 194º lugar para o 89º. No Estado de São Paulo, a cidade avançou quase 80 posições no ranking,

saltando da 146ª colocação para a 78ª.Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego,

somente nos primeiros cinco meses deste ano, a cidade gerou 2.901 empregos, número que a colocou na 65ª posição do ranking das cem cidades que mais criaram vagas no País.

No ano passado, Mogi gerou, no mesmo período, 11.047 empregos, sendo 3.249 com carteira assinada e 7.798 indiretos, e também apareceu no ranking das melhores cidades para fazer carreira. Ela ficou na 73ª posição entre as cem melhores localidades do Brasil, segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas. No Estado de São Paulo, ocupou o 25º posto, à frente das demais cidades do Alto Tietê. Três principais áreas foram avaliadas: educação, vigor econômico e saúde.

Ayrton Senna, entregue em janeiro de 2005. A rodovia era uma das mais perigosas da região com alto índice de acidentes graves e mortes.

Poucos acidentes foram registrados nos últimos três anos e meio e o tempo para chegar à capital foi reduzido para 50 minutos em qualquer dia ou horário. A novidade atraiu, além de novos moradores, um gran-de número de empresários, que passaram a ter mais facilidade no transporte de seus produtos, já que o mu-nicípio fica entre São Paulo, o Vale do Paraíba e o litoral norte do Estado.

Além disso, muitas ou-tras vias importantes foram reorganizadas, ampliadas e pavimentadas e algumas obras estão em andamento para reduzir as enchentes.

O transporte público municipal ainda é alvo de críticas dos usuários, que pedem um volume maior

de ônibus e menor tempo de espera. Mas um grande passo para melhorar a qua-lidade foi dado com a quebra do monopólio e a abertura de licitação para contratar duas empresas.

Venceram a Transcel, do Grupo Julio Simões, e a Mito, da família Eroles. No-vos itinerários foram criados, bairros afastados passaram a ter um número maior de veículos à disposição e dois terminais foram construídos, integrando diversas linhas e permitindo ao usuário pagar apenas uma tarifa para ir ao destino desejado.

prazoO impasse, agora, é resolver a situação da Mito, que, devido a sucessivas crises financeiras, vem compro-metendo todo o sistema. Em julho, a empresa ganhou 90 dias para sanar os proble-mas ou terá a sua conces-são cassada.

os números da mudança

Indicadores

� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

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Em relação às melhores cidades para trabalhar, Mogi também é destaque. Ela ficou na 43ª colocação no ranking do Sudeste e na 74ª no nacional. Foi a única da região do Alto Tietê a aparecer na lista elaborada também pela Fundação Getúlio Vargas com cidades com mais de 170 mil habitantes.

A grande característica de Mogi são as qualidades de cidade grande e pequena reunidas em um mesmo lugar. Depois da capital, é o maior município, em área, da Grande São Paulo, com 725 quilômetros quadrados. O número oficial de habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 374.168, mas estima-se que já tenha chegado a 400 mil. A densidade demográfica (relação habitante/território) é de

501,18 pessoas por quilômetro quadrado.Entre as evoluções que definem a quali-

dade de vida está a redução da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida. A mortalidade, que há oito anos era de 22 a cada mil nascidos vivos, hoje é 12. E, em média, os mogianos vivem até os 71,8 anos.

Em relação à educação, o município também apresenta índices acima da média nacional. A taxa de alfabetização é de 93,50%.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medida de riqueza, alfabetização, educação, esperança média de vida, natalidade e outros fatores, é de 0,801, numa escala que chega a 1,0. O Produto Interno Bruto, de acordo com o IBGE, atinge os R$ 4.425.513, sendo R$ 12.092,00 per capita.

com um número maior de empresas chegando, Mogi está gerando novas oportunidades

População: 372.419 habitantes (IBGE, 2007) Densidade demográfica*: 501,18 (hab./km²) Alfabetização: 93,5% Instituições de ensino superior: 3 + 1 Fatec Residências com água encanada: 110.262 Residências com esgoto coletado: 88.000 Esgoto tratado: 70%

Taxa de mortalidade infantil: 12 a cada mil nascidos vivos Expectativa de vida: 71,8 anos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)*: 0,801 PIB: R$ 4.425.513

*Densidade demográfica: população por metro quadrado

*Índice de Desenvolvimento Humano: medida comparativa

de riqueza, alfabetização, educação, expectativa de vida,

natalidade e outros fatores

Perfil de Mogi das Cruzes

Duplicação da rodovia Mogi-Dutra abriu a cidade para uma nova fase de progresso

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Educação Mais escolas,

maior infra-estrutura

A construção de novas escolas e creches e a adaptação das existentes proporcionaram aos alunos do município a chance de ter acesso a uma infra-estrutura mais completa, com bibliotecas,

salas de informática e salas mais confortáveis e uma vitória clamada pela população por muitos anos: o fim das filas para matrícula.

O número limitado de escolas não comportou o cresci-mento populacional da cidade e, até os anos 90, os pais dos alunos passavam madrugadas e manhãs inteiras nas portas das escolas em busca de uma vaga para seus filhos.

Na época, a baixa qualidade de ensino de algumas esco-las, principalmente na periferia, fez com que pais procuras-sem por vagas em locais distantes de suas casas, gerando

O primeiro passo para oferecer uma educação de qualidade é garantir o acesso à escola a todos

10 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

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Mais escolas, maior infra-estrutura

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12 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

um gasto maior às famílias, superlotando algumas uni-dades e obrigando o governo a definir qual endereço era o mais adequado para o aluno.

Os investimentos, porém, mudaram essa realidade. Na última década, os mogianos ganharam 32 novos prédios escolares e outros 66 foram ampliados e/ou reforma-dos. “O primeiro passo para oferecer uma educação de qualidade é garantir o acesso à escola a todos. E foi o que fizemos”, afirma a secretária municipal de Educação, Maria Geny Borges Ávila Horle.

Mesmo com mais opções, a distância e a falta de recursos para a condução ainda eram dificuldades para os alunos da zona rural e da periferia. Mas, hoje, os que es-tão nesse perfil contam com o

Atuando em todas as frentes

A cidade é referência em educação, com um grande número de escolas e infra-estrutura à disposição dos alunos das redes municipal e estadual de ensino. A primeira passou por uma transformação mais radical, pois ganhou novos prédios e profissionais mais qualificados, ao longo dos últimos anos, influindo nos resultados.

Na última avaliação nacional de ensino de primeira a quarta séries do Ministério da Educação, a Provinha Brasil, por exemplo, Mogi ficou em primeiro lugar entre todas as cidades da região, incluindo Guarulhos. Entre as 40 escolas com as melhores colocações, 21

são mogianas. O topo da lista de 393 unidades de ensino ficou com a Escola Municipal Professor Jair Rocha Batalha, do distrito de Brás Cubas.

O município também apre-sentou o melhor desempenho entre as dez cidades da região do Alto Tietê no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado. A nota média no Brasil foi de 51,67 e, no Estado de São Paulo, de 53,07, a região chegou a apenas 49,40. Mas, entre as 196 escolas públicas e privadas do Alto Tietê que participaram, apenas as de Mogi superaram o índice nacional, com média de 52,75 pontos.

RESULtADoS PoSitiVoSprograma de transporte esco-lar. Uma frota própria de cinco microônibus e duas peruas e 39 veículos contratados pela administração, sendo quatro adaptados para portadores de necessidades de locomoção, levam e buscam os estudan-tes. São atendidas duas mil pessoas e 670 delas recebem passe escolar.

“Nós observamos que o número de evasão era maior nas localidades de difícil aces-so, nós conseguimos reduzir este problema de 1,4% para 0,2%, ou seja, praticamente zeramos. Isso significa que o investimento valeu a pena”, celebra a secretária, lem-brando que, simultaneamente à diminuição de faltas e desis-tências, o número de alunos matriculados cresceu mais de 130% na última década.

Na era da tecnologia, a maioria dos brasileiros tem acesso a computadores e à Internet, seja em casa, nas chamadas lan houses, no trabalho ou na instituição de ensino. Mas uma parte da população ainda tem dificuldades de participar desta realidade, como acontecia com alunos carentes de Mogi das Cruzes.

A implantação de computadores, bibliotecas multimídia e áreas de integração nas escolas, que passaram a ficar abertas nos finais de semana para a comunidade, vem ajudando a reduzir a falta de acesso.

“Para educar o aluno, não basta que ele freqüente a escola. A sua família e a comunidade

Educação

As creches têm cardápio elaborado por nutricionista, com alimentos balanceados

o número de alunos matriculados cresceu mais de 130% na última década

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EDUCAÇÃO 13

Novas escolas foram construídas e outros prédios foram reformados nos últimos anos

O ano de 2007 foi especial para a educação mogiana. A cidade foi sede do Fórum Mundial da Educa-ção e mais de 40 mil educadores da região, do Brasil e do mundo puderam trocar experiências e conhecimento nos quatro dias do evento. O intercâmbio movimentou profissionais da área de diversas localidades e deu uma nova injeção de ânimo ao município.

Aproveitando o grande encontro, outros eventos tradicionais foram realizados durante os dias do fórum, como a Feira Mundial de Educação, Fórum Infanto-Juvenil, Conferência Internacional de Educação Demo-crática e a famosa Festa das Nações, uma comemoração tipicamente mogiana, que reúne cultura e culinária de diversas nacionalidades num mesmo espaço.

fóRUM MUnDiAL DA EDUCAção

onde ele está inserido também precisam ter este contato com a unidade”, afirma Maria Geny Borges Ávila Horle, secretária municipal de Educação.

A integração é, segundo ela, a palavra-chave da educação mogiana. O sistema foi organizado para trabalhar em conjunto e em padrões idênticos de qualidade

e evolução. A contribuição da comunidade nas escolas é visí-vel. Os espaços estão limpos e conservados, um sinal de que se sentir um pouco “dono” do lugar tem um efeito positivo.

Dentro das escolas, uma outra força fez o ambiente melhorar: a dos conselhos em conjunto com a Associação de Pais e Mestres

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14 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

(APM). A Prefeitura, hoje, repassa recursos para as APMs, para que as medidas que necessitam de investimento sejam tomadas imediatamente.

pró-escolarHá quase dez anos, apenas 456 alunos portadores de necessidades especiais eram atendidos em escolas municipais. Hoje, são 2.222. Os professores, as aulas, as escolas e o transporte foram adaptados para receber esses estudantes.

Além das aulas nas unidades da rede, crianças, jovens e adultos especiais ganharam, em março deste ano, o

Centro de Atendimento ao Portador de Necessidades Educacionais “Ricardo Strazzi” (Pró-Escolar). O espaço de 1.488 metros quadrados, construído na Vila Lavínia, recebeu investimento de R$ 2,5 milhões e atende mensalmente cerca de 800 pessoas. Em breve, este atendimento deve alcançar mil pessoas.

O centro também desenvolve e coor-dena o Projeto de Avaliação dos Alunos com Hipótese de serem Portadores de Necessidades Educacionais Especiais, para que qualquer anormalidade seja identificada desde o princípio. O Pró-Escolar é um projeto inédito no Alto Tietê

e já se tornou referência em educação inclusiva no País.

Abaixo a violênciaO grande número de atividades desenvolvidas pelos alunos e a supervisão rigorosa dos educadores têm evitado que a violência faça parte do dia-a-dia dos estudantes.

“Graças a Deus há poucos casos registrados nas nossas escolas e temos trabalhado para que continue assim. Queremos que a escola seja um lugar onde as crianças se sintam seguras, com liberdade para estudar, brincar e realizar outras atividades com tranqüilidade”, diz Maria Geny.

Algumas inovações marcaram educa-dores e alunos do município. A primeira foi a ampliação dos trabalhos realizados no Centro de Iniciação Profissional (CIP), no Mogilar, que passou a ser mais do que uma unidade educativa, ganhando o status de uma central de cursos pro-fissionalizantes, que beneficia pessoas

que estão fora do mercado de trabalho, propiciando atualização.

O segundo grande marco foi a inau-guração da Escola Ambiental, em 2006. Alunos de toda a rede de ensino podem visitar o local e receber orientação sobre o meio ambiente, mas o grande foco é formar professores. A unidade mantém

inovações a favor do ensino

Houve um reforço na educação infantil com a implantação de novas unidades e creches

MOGI COLECIONA BONSRESULTADOS COM A

SUPERAÇÃO DE VÁRIASMETAS EDUCACIONAIS

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O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Mogi é de 0,801. O número é uma média da somatória de três itens de avaliação: renda, longevidade e educação. Entre as três áreas, a que apresenta o resultado mais expressivo é a educação, com 0,910 de um total máximo de 1,0.

Mais crechesAlém das escolas comuns, o município tem investido em unidades de educação infantil e creches. A medida vem garantindo a tranqüilidade de pais que precisam trabalhar.

Hoje, são 74 creches com profissionais especializados, atividades pedagógicas e

alimentação determinada por nutricionistas. Mais verduras, legumes e carnes foram incorporados ao cardápio para que as crianças tenham uma alimentação mais equilibrada.

Mogi está dentro da meta estabelecida pelo Ministério da Educação quanto ao atendimento de crianças de 0 a 3 anos. O objetivo era chegar a 30% até 2006. A cidade comemora, pois já atingiu e superou esse índice, que está em 33%.

Já a meta para alunos de 4 a 5 anos era atender 80% deles até 2011. Mogi já atende 84%. Nos próximos anos, o município vai construir mais cinco creches e oito escolas de educação infantil.

EDUCAÇÃO 15

parcerias com a empresa Furnas Centrais Elétricas, com

o Instituto Ecofuturo, da Suzano Papel e Celulose, com o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (Daee) e com a Fundação S.O.S. Mata Atlântica.

Como um dos principais fatores que

definem uma boa educação dos alunos é o preparo dos educadores, a criação do Centro Municipal de Formação Peda-gógica (Cemforpe), no ano passado, foi outro grande passo. O empreendimento conta com uma grande infra-estrutura e o seu auditório é usado também como espaço cultural e artístico.

As escolas ganharam bibliotecas multimídia e salas de informática com acesso à Internet

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1� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Saúde

Os investimentos no sistema de at-endimento médico à população é um

dos grandes responsáveis pelos bons índices de quali-dade de vida nas pesquisas realizadas por instituições especializadas.

Na última década, muita coisa mudou nesse segmento. O número de uni-dades de atendimento e de programas especializados cresceu e a cidade passou a ser referência em saúde em toda a região. Com dois hospitais estaduais, o Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti e o Luzia de Pinho Melo, além da Santa Casa de Misericór-dia, e 35 unidades básicas de saúde, que pertencem ao município, Mogi atrai pacientes de outras cidades do Alto Tietê e até da zona

leste de São Paulo.As necessidades da po-

pulação fizeram com que o sistema crescesse. A cidade ganhou novos postos de saúde, unidades do Programa Saúde da Família (PSF), centros especia-lizados no atendi-mento a mulheres, crianças e idosos e uma série de programas direcionados.

Hoje, os mogianos contam com duas mater-nidades: a Santa Casa de Misericórdia e o Pró-Parto. O público feminino recebeu, ainda, o Pró-Mulher, que reduziu drasticamente o tempo de espera para con-sultas e exames ginecológi-cos de rotina.

Na comunidade Os bairros mais pobres

Uma cidade saudável

NA úLTIMA DÉCADA, MUITA COISA MUDOU NESSE SEGMENTO. O NúMERO DE UNIDADES DE ATENDIMENTO E DE PROGRAMAS ESPECIALIZADOS CRESCEU E A CIDADE PASSOU A SER REFERêNCIA EM SAúDE EM TODA A REGIÃO

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contam com os PSFs. São unidades descentraliza-das, sediadas na periferia, onde os moradores vão se consultar sem ter de marcar hora e, se neces-sário, são encaminhados para atendimento específico. Hoje, seis bairros contam esse serviço personalizado, feito por profissionais que acompanham o dia-a-dia de cada paciente. Mais quatro bairros serão beneficiados: Cocuera, Jardim Novo Hori-zonte, Jardim Piatã e Parque Nove de Julho.

De acordo com o se-cretário municipal de Saúde, Daniel de Freitas Souza Campos, o programa tem forte impacto na melhoria da qualidade de vida da comunidade: “É um tipo de trabalho que contribui dire-tamente com a população, porque o acompanhamento é feito de perto, é bastante completo e tem apresentado resultados muito bons”.

postos 24 horasO atendimento de emergên-cia do município também ganhou reforço com a instalação de quatro postos 24 horas: três são para aten-dimento geral nos bairros Jardim Universo, Jundiapeba e César de Souza, e um de-dicado somente às crianças, o recém-inaugurado Pró-Criança, no Mogilar. Estas unidades atendem casos pontuais a qualquer hora do dia ou da noite, desafogan-

As consultas no serviço de saúde do município são agendadas até para o mesmo dia, dependendo da especialidade. Para pediatra, o prazo é de, no máximo, um dia; clínico-geral até 15 dias; e ginecologista – um dos mais requisitados – de 20 a 25 dias. Prazos, muitas vezes, inferiores aos dos convênios particulares.

Em outros tempos, a espera chegava a dois meses. O aumento do número de médicos e de unidades de saúde fez esta realidade mudar.

Em menos de dez anos, o número de unidades de atendimento saltou de 22 para 34, sem contar os centros especializados, como o Pró-Hiper, di-recionado às pessoas da melhor idade. Os 632.812 atendimentos anuais passaram para 2.667.250. E quem tem dificuldade de locomoção conta com o programa de visita domiciliar.

O número de vacinados contra a poliomielite, por exemplo, alcançou no ano passado o índice de 100%, pela primeira vez na história da cidade. Um laboratório

de análises clínicas foi criado em 2003, onde são feitos cerca de 50 mil exames por mês, relacionados a mais de três mil especialidades.

SAúDE17

AtEnDiMEnto RáPiDo

do o Luzia de Pinho Melo, principal hospital da cidade, que fica com sua estrutura liberada para receber os casos mais graves.

Resgate e ambulâncias O transporte de emergência, assim como em outros mu-nicípios, é feito pelo Corpo de Bombeiros, mas a popu-lação conta com um reforço: 16 ambulâncias. Elas fazem o atendimento emergen-cial a pacientes e, ainda, o transporte para tratamentos dentro do município ou para

o número de unidades de atendimento saltou de 22 para 34, sem contar os centros especializados

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outras localidades do Estado. “Normalmente são pacientes que precisam de serviço muito especializado, como os fissu-rados labiopalatinos, que são levados para Bauru”, revela o secretário municipal.

Logo, o serviço será integrado ao do Corpo de Bombeiros para melhorar e tornar mais ágil o atendimento.

“Já aconteceu de uma pessoa ligar para os Bombeiros e ou-tra ligar para a Prefeitura e as duas viaturas se encontrarem no local. A integração será feita para que isso não ocorra mais. Assim, mais pessoas serão atendidas e de forma

mais eficaz”, diz Campos. As ambulâncias fazem cerca de 1,3 mil remoções por mês.

unidades móveisA população também conta com seis unidades itinerantes, que percorrem os bairros diariamente. Uma para dar suporte às campanhas de vacinação, uma para auxiliar a fiscalização feita pelo De-partamento de Vigilância em Saúde, duas para o serviço de testagem e aconselhamento do Programa de Prevenção de Doenças Sexualmente Trans-missíveis (DSTs), uma para atendimentos ginecológicos

Na hora de marcar a consulta, os mogianos contam com al-gumas facilidades. As visitas aos médicos dos postos de saúde acontecem com hora marcada, por meio do Ligue Médico, um sistema de ligação gratuita com 40 atendentes que marcam, em média, cinco mil consultas diariamente.

O programa ainda é polêmico. Muitas pessoas dizem que não conseguem ser atendidas, pois, como o volume de ligações é muito grande, é comum o telefone dar ocupado. Há alguns meses, um outro fator que fazia com que as linhas ficassem ocupadas foi descoberto: o trote. Assim como a Polícia e o Corpo de Bombeiros, o sistema também é alvo de oportunistas.

De acordo com um relatório da Polícia Civil, em apenas 40 dias, três adolescentes fizeram 3,5 mil ligações, totalizando 1.467 minutos de conversa, R$ 1.027,29 de prejuízo e um congestionamento nas linhas

referente a 978 tentativas de quem realmente precisava do serviço. O caso foi encaminhado à Vara da Infância e Juventu-de, já que as acusadas têm menos de 18 anos. As jovens responderão por perturbação do trabalho, sossego alheio e da tranqüilidade e poderão prestar

serviços à comunidade ou ter a liberdade assistida.

“Este é um dos desafios que enfrentamos diariamente. Mas é um programa inédito, que acabou com um problema sério que tínhamos. As pessoas eram recebidas nos postos por ordem de chegada e sem a garantia de

atendimento. Muitas chegavam de madrugada e ficavam na fila sob frio e chuva. Agora, elas só chegam no horário marcado e com a certeza de que passarão por consulta”, defende o secretário municipal de Saúde, Daniel de Freitas Souza Campos.

coNSulTA coM HoRA MARcADA

1� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

LigUE MéDiCo

os atendentes do sistema de agendamento marcam, em média, cinco mil consultas por dia

Saúde

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SAúDE19

e outra para odontológicos. Na van das DSTs, por exem-plo, cerca de 60 pessoas são atendidas diariamente e, na de ginecologia, são mais de 30 mulheres.

Mais medicamentosMogi das Cruzes tem a cesta de remédios gratuitos mais completa do Alto Tietê. São quase 140 itens distribuí-dos nos postos de saúde e na sede da Administração Municipal. A população vem cobrando a implantação da Farmácia Popular, um pro-grama do governo federal que barateia os medica-

mentos. Mas, segundo o secretário, a cidade já conta com todos os itens ofereci-dos pelo programa, só que gratuitamente: “O nosso conjunto é maior do que o de qualquer outra cidade e todos os remédios listados no Farmácia Popular estão à disposição na nossa cesta, que possui produtos iguais ou equivalentes”. Os medi-camentos são entregues aos pacientes mediante apre-sentação de receita médica sem nenhum custo.

MunicipalizaçãoA municipalização de alguns

o serviço emergencial do município será integrado, em breve, ao do corpo de Bombeiros

O ATENDIMENTO DE EMERGêNCIA GANHOU REFORÇO COM A INSTALAÇÃO DE QUATRO POSTOS 24 HORAS, SENDO UM DELES DEDICADO ExCLUSIVAMENTE ÀS CRIANÇAS

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20 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

MAStoLogiA:SERViço inéDito

departamentos está trazen-do benefícios para os usu-ários. Foi o que aconteceu com a Vigilância Sanitária, municipalizada com a cria-ção de um departamento na Secretaria Municipal de Saúde, em 2003.

A equipe do setor se aproximou da população e dos problemas que a cidade vivia em relação à quali-dade e higiene de locais e produtos. Entre os efeitos positivos, dois se destacam: uma fiscalização mais segura, que resultou numa maior conscientização de empresários do ramo de alimentos, e menos doenças causadas pela má qualidade dos produtos consumidos pela população.

Saúde mentalOutra área que está a um passo de ser municipaliza-da é a de saúde mental. O ambulatório ainda é gerido

pelo Estado, mas a previ-são é de que, em setembro, a direção da clínica seja assumida pela Prefeitura, que transferirá a unidade do centro para uma área no Alto do Ipiranga.

Mais de 2 mil pessoas recebem acompanhamento psiquiátrico e medicamentos por meio do ambulatório, além de participarem de programas de inclusão social e de inserção no mer-cado de trabalho por meio da associação Loucos pela Vida, um grupo formados por pacientes e familiares que realizam voluntaria-mente um trabalho de apoio aos portadores de transtornos mentais.

Febre maculosaPor ser um distrito ru-ral, Taiaçupeba sofreu com a febre maculosa

– transmitida pela picada do carrapato estrela,

Os investimentos em pré-natal e em atendimento especializado para mulheres e crianças geraram a queda de um dos principais índices avaliados no momento de definir a qualidade de vida de uma cidade: o de mortalidade infantil. Esse item representa a qualidade do pré-natal, do parto e do atendimento à mãe e ao recém-nascido, em relação a cuidados médicos, alimentação e orientação.

Há algumas décadas, este indicador se aproximava de 40 para cada mil nascidos vivos. Há dez anos, passou para 22,03 e, hoje, é de 12,07. “Este número coloca Mogi entre as cidades de melhor desempenho

do País. É um índice muito bom no Estado de São Paulo e, se compararmos a municípios do Norte e do Nordeste, ele passa a ser excepcional”, comemora o secretário municipal de Saúde, Daniel de Freitas Souza Campos.

Depois do nascimento, a criança também recebe cuidados especiais. Inaugurado há alguns meses, o Pró-Criança é uma clínica pública de atendimento infantil. O local também atende a casos emergenciais. Já para consultas de rotina ou especializada, é necessário agendar pelo Ligue Médico. Se os pais ligarem no período da manhã é possível até agendar para o mesmo

MoRtALiDADE infAntiL EM QUEDA

ATENDIMENTO ESPECIALIZADO PARA MULHERES ECRIANÇAS REDUZIU OS ÍNDICES DE MORTALIDADE

Saúde

Mais um diferencial do sistema de saúde mogiano é a especialidade em mastologia. O serviço conta com um mastologista que é responsável pela prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças relacionadas à mama.

Uma especialidade única na região do Alto Tietê, criada em 2005. Nesta época, havia uma espera de seis meses pela consulta, que era feita apenas pelo Estado. “Logo no primeiro mês, conseguimos reduzir a espera para semanas e, até hoje, esse tempo não ultrapassa um mês”, diz o secretário.

presente principalmente em cachorros e cavalos – por muitos anos, chegando a registrar dois casos por ano.

Mas há três anos o problema, que resultava em

morte em 50% dos casos, foi controlado e os moradores não vivem mais com o medo constante de contrair a doença como antes.

O programa criado pela

Page 21: Mogi News Revista 23

dia. A espera, nessa especialidade, não demora mais que um dia.

Outros programas têm dado muito bons resultados, como o Aleitamento Materno, implantado este ano, e o Aconchego, que garante a inclusão do recém-nascido no atendimento pediátrico, que, assim que nasce, já tem uma consulta agendada com o pediatra.

planejamentoPara ajudar no controle da natalidade, o Programa de Planejamento Familiar distribui, mensalmente, 1.315 anticon-cepcionais orais e 300 injetáveis e 8.770

preservativos masculinos. Caso seja necessário, as mogianas

também podem obter, gratuitamente, pílulas do dia seguinte, mas, nesse caso, é preciso passar por uma consulta com um médico ou com uma enfermeira do posto de saúde.

As mulheres também têm à disposição de forma gratuita o Dispositivo Intra Uterino (DIU). Há, ainda, o Programa Municipal de Vasectomia, com ca-pacidade para realizar 400 cirurgias por ano, e o encaminhamento para o sistema de saúde do Estado para fazer laqueadura.

SAúDE 21

O Pró-Mulher revolucionou o aten-dimento de ginecologia no município. São mais de 30 mil procedimentos por mês. O projeto é tão eficiente que 25% do volume de pacientes é composto, em sua maioria, por mulheres de outras cidades do Alto Tietê, e uma parte do Vale do Paraíba e da zona leste de São Paulo.

Entre as conquistas do público feminino está fazer os exames necessários em um tempo menor e receber alguns deles, como o de papanicolaou, em casa, já analisado pelo médico. São diferenciais que deixam a saúde do município num patamar mais elevado do que a grande maioria das cidades da região metropolitana.

AtEnção ESPECiAL à MULhER

público feminino conta com uma unidade de atendimento exclusiva: agilidade e conforto

Page 22: Mogi News Revista 23

22 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Prefeitura para resolver o problema é único no Brasil. Além da visita periódica dos agentes de saúde no bairro, especialmente nas áreas de risco. Os cães são exami-nados e todos recebem gratuitamente uma coleira carrapaticida: “Consegui-mos isso com um programa simples e de baixo custo. E o resultado é bastante satisfatório”.

A inovação e os bons re-sultados renderam ao pro-grama municipal um prêmio, cedido pelo Ministério da

Saúde em 2006, durante a Exposição de Experiências Bem-sucedidas em Epide-miologia (Expoep).

Internações em quedaAs internações de um modo geral caíram. As por doen-ças de origem respiratória e uterina, juntas, registram 73% de queda, sendo 30% pelo primeiro motivo e 43% pelo segundo. Resultado que é fruto dos serviços de assistência especializada, como a vacina contra a gripe

e os exames preventivos.As internações por

causa de doenças diarréicas agudas de origem presu-midamente infecciosas, ou seja, com grande chance de transmissão, caíram de 25% a 30% nos últimos anos, graças a uma série de investimentos, como a introdução da vacina contra o rotavírus, as ações da vi-gilância sanitária e as obras de saneamento básico.

“Esse acompanhamen-to evita que os pacientes passem pelo sofrimento de

passar dias no hospital e que o município gaste com doenças graves, pois, quanto antes o problema é tratado, melhor é a qualidade de vida e menores são os custos aos cofres públicos. Com isso, sobram recursos para investir em outras áreas”, avalia Campos.

poliomieliteO combate à poliomielite foi vencida no Brasil há cerca de duas décadas e, em Mogi das Cruzes, as campanhas de vacinação contra a doen-

Conseguimos isso com um programa simples e de baixo custo. E o resultado é bastante satisfatório

Saúde

A expectativa de vida do brasileiro é de aproximadamente 72 anos. Mogi das Cruzes segue a média nacional, com uma perspectiva de 71,8. Para atender a esse público em crescimento, o município tem criado alguns programas específicos.

O mais recente deles é o Pró-Hiper, inaugurado em 8 de agosto. O local é um centro de atendimento gratuito com serviços voltados à saúde preventiva e práticas esportivas. Possui, ainda, caixas eletrônicos e um posto de atendimento especializado da Caixa Econômica Federal.

Mais de R$ 1,5 milhão foi investido no espaço, que fica no Mogilar e conta, ainda, com piscinas, saunas, salas de atendimento e a sede da

tão esperada Delegacia de Proteção ao Idoso. Também está prevista a instalação de terminais com computador e Internet. Com toda essa estrutura à disposição, os mogianos da terceira idade podem fazer ginástica, dança, natação, além de atividades fisioterápicas e musicais.

AtivaidadeUm outro programa esportivo existe há mais tempo, o Ativaidade, que também atende a pessoas de outras idades, principalmente as portadoras de diabete, já que quem sofre desse mal precisa se exercitar com regularidade, totalizando mais de 1,1 mil pessoas atendidas.

A melhor das idades

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Casos especiais necessitam de tratamen-to específico. Algumas doenças exigem atendimento personalizado para serem curadas. O investimento em programas direcionados tem dado novas perspectivas aos pacientes e trazido resultados mais que satisfatórios.

No caso da tuberculose, por exemplo, não fazer o tratamento até o fim é a principal causa de evolução do problema, que pode levar à morte. Em sete anos, o índice de cura da doença em Mogi saltou de 72% para 85%. A eficácia do programa de combate à tuberculose foi reconhecida até pelo Ministério da Saúde, que premiou o município por quatro anos consecutivos.

Como este número foi alcançado? Um grupo de profissionais acompanha de perto o tratamento de cada paciente. Dependendo do grau da doença, os pacientes recebem a visita constante da equipe médica e os remédios, que são distribuídos de forma supervisionada, gratuitamente. Os pacientes

também participam de reuniões, em que trocam experiências e tiram dúvidas.

O mesmo ocorreu com os pacientes do programa DST/Aids. O programa melhora a qualidade de vida dos portadores de doenças sexualmente transmissíveis e realiza o teste de identificação das enfermidades em cerca de duas mil pessoas.

No caso de dependência química, a continuidade do tratamento é ainda mais difícil. Por isso, em junho deste ano, foi criado o programa municipal de controle de dependências químicas. Cerca de 60% dos casos são relacionados ao álcool e o restante a outros tipos de drogas.

O programa segue os passos de outro, criado há um ano: o antitabagismo, que atende continuamente a mil pessoas. Três meses depois de iniciar o tratamento, 90% dos dependentes abandonam o fumo. Ambos os programas oferecem uma equipe composta por psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais.

Uma nova chance de vida

Não há cura para a minha doença, mas, com o tratamento e o contato com o grupo, eu tenho mais qualidade de vida. Cada um tem a sua história, no entanto, nas reuniões, todos são iguais e é importante falar sobre o problema, trocar experiências e ser orientada por profissionais”Maria* descobriu que é portadora do vírus HIV em 2001, quando tinha 31 anos. Ela participa dos grupos de terapia e de artesanato. (* Nome fictício para preservar sua identidade)

23Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

Eu achava que poucas pessoas tinham esse problema, mas quando comecei a participar das reuniões, conheci muita gente com histórias parecidas com a minha e fiz muitos amigos lá. Faço o acompanhamento até hoje e tenho toda a equipe do programa como uma família”João José de Siqueira foi internado em 2006 com tuberculose. O aposentado, hoje com 61 anos, fez o tratamento ao sair do hospital e seis meses depois estava curado. Ele continua freqüentando o grupo.

ça vêm mostrando resulta-dos cada vez mais expressi-vos. A meta do Ministério da Saúde para todas as cidades do Brasil é de imunizar 95% das crianças com até cinco anos incompletos. No município, há alguns anos este número vem sendo superado, com 100% de imunização. Os resultados foram alcançados com pré-campanhas e ampla cons-cientização da população sobre a importância dessa vacina, que protege contra a paralisia infantil.

SAúDE

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24 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Segurançapública

Mogi das Cruzes está entre as cidades mais seguras do Estado de São Paulo e do País. Ocupa a terceira

colocação no ranking estadual e é a 14ª do Brasil, entre os municípios com mais de 350 mil habitantes, segundo o Mapa da Violência da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), divulgado no ano passado.

O município apresentou, ainda, o terceiro menor índice de homicídios en-tre outros de mesmo perfil e tamanho. A média de mortes violentas regis-trada na cidade foi de 28,8 por 100 mil habitantes. A taxa é a menor entre os grandes municípios da Região Metro-politana de São Paulo.

De acordo com o estudo, que se baseia em dados do Ministério da Saúde, apenas São José do Rio Preto (16,3) e Ribeirão Preto (22,7), ambas no interior paulista, demonstraram taxas de mortes violentas menores que as de Mogi, que teve índice melhor do que São Paulo, Guarulhos, Campinas, São Bernardo do Campo, Osasco, Santo An-dré, São José dos Campos, Sorocaba, Santos, Mauá, Diadema, Carapicuíba, Piracicaba, Bauru e Jundiaí.

clima interioranoMesmo com um grande crescimento,

o município conseguiu preservar a segurança típica de cidade pequena. Como em qualquer parte do mundo, os crimes existem, mas a incidência não é proporcional ao tamanho que Mogi das Cruzes tem hoje.

Em toda a Grande São Paulo, a cidade foi a que registrou o menor número de todos os tipos de crimes nos últimos dois anos, segundo dados da Polícia Militar. Do ano de 2006 para o de 2007, o número de homicídios, por exemplo, caiu 38%.

“A área de segurança em Mogi das Cruzes está sob controle. Temos crimes, mas podemos dizer que é uma metrópole que tem características de interior. Ainda é possível andar pelas ruas com tranqüilidade, sentar numa praça. As ocorrências que temos aqui são pontuais. E isso é fruto de um tra-balho forte de policiamento e de uma parceria que temos com a comunidade. Os mogianos têm como característica cuidar da sua cidade”, diz o comandan-te do 17º Batalhão da Polícia Militar, Paulo Roberto Madureira Salles.

comunidade ativaA população não tem medo de denun-ciar as irregularidades que presencia. De acordo com a PM, as denúncias são de grande importância para a redução

dos crimes. “A relação da polícia com a comunidade é relativamente próxima. As pessoas fiscalizam o que aconte-ce, inclusive a nossa ação, o que nos ajuda a aprimorar o trabalho”, afirma o comandante do 17º.

O Disque-Denúncia de Mogi, re-presentado pelo número 181, que vale para todo o Brasil, recebe, em média, 50 acusações anônimas: “Isso significa que nós conseguimos estabelecer uma relação de confiabilidade”.

Mas a integração com a comuni-dade ainda é um desafio, no entanto, a polícia tem realizado ações para melhorar esse relacionamento. “Esta-mos fazendo uma série de atividades públicas para aproximar a população dos nossos trabalhos, como eventos cívico-militares, visitas de alunos em nossas centrais de trabalho e organiza-ção de reuniões bairro a bairro com o conselho de segurança”, revela Salles.

De foraA maioria dos crimes ocorridos no

município é cometida por bandidos de cidades vizinhas ou da zona leste de São Paulo, segundo o comandante do 17º Batalhão: “Hoje, o crime de maior incidência em Mogi é o de furto de veículos, praticado, em sua maior parte, por pessoas de fora.

A 3ª cidade mais segura do Estado

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SEGURANÇAPúBLICA 25

Temos capturado, principalmente, marginais da zona leste da capital e de Itaquaquecetuba”.

O perfil mudou, segundo o coro-nel Salles. Antigamente, os bandos eram formados por moradores de cidades do Vale do Paraíba. Mas eles foram inibidos pelo reforço nas entra-das de Mogi, que eram usadas como rota de fuga. O mesmo vem sendo

feito no trajeto por onde os crimino-sos da zona leste passam para chegar ao município.

Os principais alvos dos ladrões são as motocicletas, principalmente as de pequeno porte, e os carros de modelo antigo. “Estes veículos são desmontados e vendidos em desman-ches clandestinos”, explica o coman-dante Salles.

A divulgação da intenção da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SAP) de construir um Centro de Progressão Penitenciária (CPP) com capacidade para 1,1 mil detentos em Mogi das Cruzes assustou a população

e as autoridades locais.A Prefeitura de Mogi encaminhou um

documento ao governo estadual com argumentos de rejeição à implantação da penitenciária. Entre as principais justificativas estão a incompatibilidade de construção do empreendimento no local cogitado pelo Estado, o bairro Cocuera; a proximidade com Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Tietê e a inexistência de determinações no Plano Diretor de indicações para futura instalação de novas unidades prisionais na cidade.

De acordo com o secretário municipal de Planejamento e Urbanismo, João Francisco Chavedar, a Lei de Uso e Ocupação do Solo só permite a construção de empreendimentos carcerários no distrito industrial do Taboão, o que também foi rejeitado pelo prefeito da cidade Junji Abe (PSDB).

Na opinião do prefeito, a vinda do chamado “cadeião” pode inibir a vinda de novas empresas à cidade: “Quero preservar o crescimento industrial de Mogi”.

Para o comandante do 17º Batalhão da Polícia Militar, Paulo Roberto Madureira Salles, a instalação de um CPP também aumenta a possibilidade de crimes na região.

“Com um cadeião, a possibilidade de pessoas de caráter duvidoso vir para Mogi cresce, porque os presos têm comparsas e muitas pessoas ligadas a eles que podem representar perigo para a população”, alerta.

não ao cadeião em Mogi

Polícia Civil em transformaçãoMogi vem experimentando transforma-ções também na Polícia Civil. Pode-se dizer que aquele antigo provérbio “há males que vêm para bem” aplica-se à cidade, já que um grande escândalo de corrupção fez o setor mudar de perfil e de reputação. O estopim foi uma série de denúncias e prisões de policiais, a partir de abril, que abalou o sistema de segu-rança da cidade, que reagiu e ganhou rumos esperados pela população há bastante tempo.

A gravidade dos problemas, relacio-

nados à famosa operação Carta Branca (de venda ilegal e falsificação de cartei-ras de habilitação) e à extorsão, fez com que muitos profissionais fossem afasta-dos de seus cargos, o que culminou com a vinda do experiente Jorge Abdalla para a Delegacia Seccional mogiana.

Conhecido por sua forte atuação como delegado de Diadema – município da Grande São Paulo que já registrou altos índices de violência e, hoje, tem esse problema sob controle –, Abdalla chegou a Mogi com a missão de reorga-

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A segurança de Mogi recebeu um grande aliado em 2001: câmeras de segurança nas principais áreas da cidade. Inicial-mente, o monitoramento funcionava na sede do 17º Batalhão e ficava sob a responsabilidade de membros do Trabalho de Apoio ao Deficiente (Tradef).

Oito equipamentos foram instalados em locais estratégicos e os resultados foram tão expressivos que o projeto foi ampliado, em 2005, com a criação de uma central maior e mais moderna. Surgiu, assim, a Central Integrada e Emergên-cias Públicas (Ciemp), que fica no piso térreo da Prefeitura e abriga dezenas de monitores, que transmitem, 24 horas por dia, imagens de 30 câmeras, espalhadas pela área central e por três distritos.

São quatro em Jundiapeba, seis em Brás Cubas, sendo dois no Jardim Uni-verso, quatro em César de Souza e 16 no centro. Os locais foram definidos por uma comissão, formada por membros das

polícias Militar e Civil, da coordenadoria de Segurança Pública, da Associação Comercial, do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio), de conselhos comunitários e outras entidades, que, com base nas estatísticas, definiram os locais de maior incidência de crimes.

Foram instalados cerca de 40 quilômetros de fibra ótica, que substituiu o antigo sistema de transmissão, feito por meio de cabos coaxiais. O investimento deixou a transmissão mais moderna e segura.

A Ciemp integrou todas as unidades da cidade que lidam com emergência. Hoje, por meio das imagens, são solicitadas ações da Guarda Municipal, da Secretaria de Transportes, da Defesa Civil, do serviço de ambulância e da Polícia Militar, que mantém na unidade um policial para acompanhamento, para que os flagrantes feitos pelas câmeras sejam imediatamente passados para as viaturas que estão circulando pela região.

A Prefeitura mantém um convênio com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, que permite o acesso aos dados do Infocrim (Sistema de Informações Criminais), para que seja possível acompanhar o resultado do investimento.

Os 48 logradouros que são monitorados já registram redução da criminalidade. Os roubos tiveram queda de 6,25%. O roubo de veículo caiu 66,67%. Já o furto teve redução de 28,7%. E o furto de veículo diminuiu 56,25%. “O sistema inibe a ação dos bandidos, porque eles sabem que serão facilmente identificados”, afirma o coordenador municipal de Segurança Pública, Joaquim Perez.

A imagem é de 360 graus no sentido horizontal e de 270 no vertical. O operador tem a opção de fazer um “zoom” durante a ação, o que torna a identificação ainda mais precisa. Por meio do sistema, 154 pessoas já foram detidas, sendo 50 menores de idade.

Segurançapública

big brother da segurança

A central Integrada e Emergências públicas tem 20 câmeras que fazem o monitoramento 24 horas por dia

2� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

nizar uma polícia que estava com a imagem manchada e com profissionais desmoti-vados. O primeiro passo foi remanejar alguns delegados e criar novos departamentos.

Em agosto, foi inau-gurado o mais moderno complexo policial do Estado de São Paulo: a Academia da Polícia Civil, construída no Parque São Martinho. O núcleo é destinado à forma-

ção e ao desenvolvimento de atividades práticas de investigadores, escrivães e delegados.

Até novembro, será inaugurado também o Setor de Investigações Gerais (SIG), quando devem chegar novas viaturas. “Em Diade-ma, esse setor foi funda-mental para a melhoria do sistema de investigações. Vamos fazer o mesmo em

Mogi”, afirma o delegado seccional.

E já está em funcio-namento o Departamento Anti-Seqüestro. As medidas, segundo Abdala, são pre-ventivas. “Felizmente, nós não temos grande incidên-cia de seqüestro em Mogi, mas é um departamento de grande importância. Nós só percebemos a falta que alguma coisa faz quando o

mais grave acontece. Então, antes que esses casos ocorram, nós já estamos fazendo a prevenção”.

O delegado acredita que a imagem ruim que os escândalos causaram já foi revertida. Ele diz, ainda, que a cidade não tem um crime específico a ser combati-do: “Não temos prioridade, queremos reduzir todos os tipos de crime”.

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2� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Obras

O saneamento básico está diretamente ligado à saúde e é muito utili-

zado como um indicador de qualidade de vida. Em Mogi, um grande investimento de R$ 75,9 milhões está sendo feito para ampliar a infra-es-trutura nessa área. O projeto, batizado de “Pró-Sanear” conta com o auxílio da Caixa Econômica Federal, que financiou R$ 39,6 milhões deste total. O restante do valor saiu dos cofres do município.

A obra, que inclui a construção de uma Estação

de Tratamento de Água (ETA) e de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), ambas em César de Souza, vai atender mais de 200 mil pessoas, quase metade da população da cidade.

A ETA foi inaugurada em fevereiro, com capacidade para tratar cerca de 250 litros de água por segundo. A estação deu mais indepen-dência ao Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae), que fornece água com um preço mais baixo que a Com-panhia de Saneamento Bá-sico do Estado de São Paulo (Sabesp) para os munícipes.

A ETE, ainda não tem data para ser inaugurada, mas, segundo a Prefeitura, deve ser entregue ainda este ano. A capacidade de trata-mento da estação é de 300 litros por segundo. Mesmo sem a conclusão da obra, Mogi evoluiu 48% na coleta e 18.500% no tratamento de esgoto da cidade.

Há cerca de dez anos, apenas 0,5% do esgoto era tratado; hoje, o número chega a 70%. Com a ETE, a previsão é de que, em 2009, 93% do esgoto do município

– que já coleta quase 100% dos dejetos – será tratado.

Mais água eesgoto tratados

O SANEAMENTOBÁSICO ESTÁ MUITOLIGADO À SAúDE DAPOPULAÇÃO E ÉUM IMPORTANTEINDICADOR DA QUALIDADE DE VIDA DAS CIDADES

A nova Estação de Tratamento de Água (ETA) ampliou a capacidade de fornecimento de água

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cASAS coM ESGoTo colETADo

EVoLUção Do SAnEAMEnto báSiCo

cASAS coM ÁGuA ENcANADA

2001 79.000

2004 82.000

2008 110.262

2009 117.000* Aumento de 48%

*Estimativa baseada nos investimentos feitos nos últimos anos

200164.352

200476.398

200888.000

200995.000*

Aumento de 48%

*Estimativa baseada nos investimentos feitos nos últimos anos

ESGoTo TRATADo NA cIDADE

2001 0,5%

2004 45%

2008 70%

2009 93%*

Aumento de 18.500%

*Estimativa baseada nos investi-mentos feitos nos últimos anos

Um mal assombra Mogi há décadas: a enchente. Como a obra para combater o problema é cara, demorada e requer profissionais especializados, por muitos anos ela foi adiada. Nos anos 80, uma in-tervenção no antigo largo 1º de Setembro, hoje praça Francisco Ribeiro Nogueira, acabou com a enchente naquela região, com a transferência do problema para as imediações da praça da Bíblia.

Quem mora ou tem comércio na região, no entorno da avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco, passou os últimos anos com medo e a forte chuva, em março de 2005, provou que pequenas medidas eram insuficientes.

Para vencer esse desafio, foram construídos um piscinão e galerias de águas pluviais, córregos foram cana-lizados e muitos desassoreamentos e

limpezas foram feitos nos rios da cidade.Mas outro passo importante foi dado

há três anos, com a contratação da Fun-dação Centro Tecnológico da Universidade de São Paulo (CTH-USP) para fazer um estudo detalhado sobre as causas e solu-ções para as enchentes no município.

Com base no estudo, os trabalhos começaram no ano passado. A princi-pal obra é a de canalização do ribeirão Ipiranga, que tem como objetivo aumentar a vazão do rio e, com isso, impedir que ele transborde com um grande volume de chuvas. Quase R$ 13 milhões foram in-vestidos nesse empreendimento, o maior da história do município no combate às enchentes, em tamanho e valor. O traba-lho está sendo feito em toda a extensão do rio, que passa pela região central e pelos bairros Mogilar e Vila Industrial.

Enchente: um grande desafio

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Todos os acessos a Mogi das Cruzes receberam melhorias nos últimos anos, modernizando o sistema viário da cidade e abrindo as portas do município para investimentos diversos.

A intervenção mais expressiva foi a que ocorreu na rodovia Pedro Eroles (SP-88), a Mogi-Dutra. A duplicação da via, da rodovia Ayrton Senna até o município, tornou seu traçado mais seguro e rápido. Desde 15 de janeiro de 2005, os mogianos podem trafegar com mais tranqüilidade por uma estrada que, até então, registrava altos índices de acidente e congestionamento.

A rodovia Mogi-Bertioga (SP-98), também foi duplicada no trecho municipal e ganhou rotatórias e a Mogi-Salesópolis (SP-88), no perímetro da avenida Engenheiro Miguel Gemma, foi duplicada e recapeada.

Um anel viário foi construído no distrito de Brás Cubas, com a conclusão do viaduto e a ampliação da via Perimetral. Pontes foram erguidas em César de Souza e no Mogilar e outros trechos foram construídos ou recuperados. Acessos foram implantados, encurtando o itinerário entre um bairro e outro e centenas de ruas foram pavimentadas.

centroA revitalização da região central também deixou

a visão de quem chega à cidade diferente. As principais praças da cidade foram reformadas, como o largo do Rosário, a Chácara Jafet e a praça Coronel Almeida.

Mais de 65 espaços públicos receberam melhorias e boa parte delas é utilizada como espaço de cultura, onde acontecem shows e encontros de artistas. Um dos ícones do centro, o Mercado Municipal, também passou por reforma, o que tornou o prédio, com alta freqüência de público, ainda mais atrativo.

BairrosOs bairros também foram contemplados. Serviços, como asfalto, saneamento básico e iluminação pública, trouxeram mais segurança e melhores condições de vida à população.

“Hoje, há poucos bairros sem asfalto. A maioria é rural. Na área urbana, os trechos sem pavimentação são isolados”, afirma o secretário municipal de Obras, Otacílio Garcia Leme.

Um resultado imediato é o investimento simultâneo dos moradores, que, incentivados pela aparência mais bonita na área externa, melhoram suas casas, com reformas e novos cuidados: “Bairros que mudaram muito foram o Cidade Jardim, o Santos Dumont I e Jundiapeba”.

A duplicação da rodovia Mogi-Dutra trouxe uma nova fase de expansão

Obras

o impasse do

transporte público

Em 2004, a cidade deu passo importante na modernização do transporte público coletivo: a quebra de um monopólio de 70 anos. Saiu de cena uma única empresa e duas – a Transcel, do Grupo Julio Simões, e a Mito, dirigida pela família Eroles

– assumiram o serviço com a obrigatoriedade de cumprir metas de atendimento em número de ônibus, itinerários, horários e qualidade do serviço.

O impacto foi imediato, com aumento no número de ônibus circulando, redução do intervalo e a cobertura de bairros que, antes, não tinham linhas diretas e, o melhor, com uma frota nova, mais confortável e segura.

A necessidade de cumprir um rigoroso contrato em prol dos usuários pode levar a Mito a perder a concessão. Essa é mais uma grande vantagem para a população, que conta com um mecanismo de supervisão que obriga as empresas a manter um padrão de qualidade e a ser descartada, caso essas exigências não sejam cumpridas.

Outro benefício é a possibilidade do usuário fazer um trajeto longo, trocando de ônibus, mas pagando apenas uma passagem. As linhas integradas atendem todos os bairros e têm um itinerário mais abrangente e um terminal centraliza as operações.

De portas abertas

30 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

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Cultura

Mogi tem, ainda, o centenário Teatro Vasques, fundado em dezembro de 1902. Por seu grande valor histórico, o espaço passou por uma grande reforma, em 2002, em homenagem aos cem anos, e teve características do projeto original restauradas.

O único teatro da cidade recebe a maioria das apresentações da cidade, principalmente as peças teatrais e musicais. Hoje, além de

artistas de fora, os mogianos se vêem nas apresentações, que vão desde peças de grupos locais até exibições de dança e música, com bandas, formadas, em sua maioria, por jovens de bairros da periferia.

Nos próximos anos, deve sair do papel um projeto de criação do Cine Teatro Santo Ângelo, que levará lazer aos moradores da região periférica do Santo Ângelo.

A preservação da históriaA POPULAÇÃO CONTA, ATUALMENTE, COM SETE MUSEUS E CENTROS CULTURAIS DESCENTRALIZADOS NOS BAIRROS, ALÉM DO CIARTE

A valorização da cultura passa pela oferta de espaços culturais e a

preservação da história da cidade. Este último quesito ganhou reforço com a in-auguração simultânea de quatro memoriais no Parque Centenário: kasato Maru, Taro konno, Cidades Irmãs e Comemorações do Centenário. Eles se somam, agora, aos mu-

seus Visconde de Mauá, Guiomar Pinheiro Franco, Centro de Cultura e Memória Expedicionários Mogianos.

Enquanto o pro-jeto do centro cultural

– programado para 2015 – não vem, os moradores têm acesso a atividades descentralizadas. No Centro de Cidadania e Arte (Ciarte), por exem-plo, é possível conferir

apresentações culturais, bem como participar de oficinas e cursos de ar-tes. O Centro Municipal de Formação Pedagógica (Cemforpe) também vem sendo usado para reali-zação de eventos.

Já nos bairros, 16 núcleos culturais ofe-recem atividades o ano inteiro. As ações bene-ficiam cerca de 2,5 mil pessoas anualmente.

Para preservar o patrimônio histórico de 448 anos de existência, dois conselhos foram criados: o Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico e o Conselho Municipal de Cultura. Os grupos se reúnem regularmente para discutir diretrizes do setor, projetos para os próximos anos e ações para manter o patrimônio da cidade resguardado.

Um desses patrimônios é o Casarão do Chá, no Cocuera. Construído pelo arquiteto kazuo Hanaoka, em 1942, o empreendimento é um dos mais valiosos exemplares da arquitetura

nipo-brasileira. Com o tombamento, aprovado pelo Conselho Consultivo de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1985, vários processos de restauração já foram elaborados e aplicados, mas ele ainda aguarda por uma revitalização mais efetiva.

Na área central, existem, ainda, casarios e igrejas seculares que têm preservação garantida graças ao tombamento. Na lista estão: o Convento e Igreja da Ordem Primeira e Ordem Terceira do Carmo, a Casa da Câmara (Casarão do Carmo) e a Escola Estadual Cel. Benedito de Almeida, além de outros indicados.

PAtRiMônio ARQUitEtôniCo

32 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

tEAtRo CEntEnáRio

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33Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

CULTURA 33

O turismo não é a grande vocação da cidade, mas a Festa do Divino Espírito Santo atrai populares de todo o Estado para um dos mais tradicionais eventos religiosos e folclóricos do País. Realizada 50 dias após a Páscoa, a festa leva meses para ser preparada e tem 11 dias de apresentação.

A festividade é secular e representa um agradeci-mento dos produtores rurais ao Espírito Santo pela boa colheita. Hoje, a comemo-ração ganhou um público mais variado. Cerca de 500 mil pessoas participam da quermesse e dos cortejos realizados durante o evento, que representa uma das maiores apresentações do Divino no Brasil.

O início da festa é marcado pela concentração dos devotos na casa dos fes-teiros, que seguem para a Igreja Matriz, onde acontece a abertura da celebração, com a benção das bandeiras e do Império.

Os 11 dias são divididos entre missas, alvoradas, novenas, procissões e apre-

festa do Divino:

uma crença popular

sentações folclóricas, além da quermesse, que arrecada recursos para as obras da Igreja.

Mais do que uma festa, os dias e noites dedicados ao Espírito Santo são estampa-dos por rostos emocionados e demonstrações inabalá-veis de fé, atraindo também os moradores de regiões distantes. Estas pessoas chegam de carro, ônibus, trem, a pé e até de charrete, levando a cidade - com jeito de metrópole – a relembrar seu passado de interior.

A maratona dos devotos começa cedo. A alvorada tem início às 5 horas da ma-nhã e passa pelas principais ruas do centro da cidade até

MAIS DO QUE UMA COMEMORAÇÃO, OS DIAS E NOITES DEDICADOS AO ESPÍRITO SANTO SÃO DEMONSTRAÇÕES INABALÁVEIS DE FÉ

Música, dança e muito colorido nas manifestações folclóricas, que também são seculares

retornar à Catedral de San-tana. Com paradas estraté-gicas, como na Santa Casa, onde os doentes recebem oração, os religiosos vão levando sua fé e devoção por todo município.

É comum observar pessoas, que em dias co-muns não seguem nenhuma religião ou pouco conhecem sobre o significado da festa, contagiadas pela fé dos devotos, participando dos cortejos e dos encontros.

FéO trabalho dos devotos começa cinco meses antes. A maioria dos moradores de Mogi e região não sabe, mas eles percorrem a cidade

A devoção invade a cidade e toma conta de todos os participantes desse evento

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Cultura

34 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

numa maratona de fé, fazendo visitas com a imagem da pomba e orações a casas e estabeleci-mentos comerciais.

A corrida contra o tempo tem como objetivo levar os ensinamentos religiosos e colher pedidos, que são colocados em caixas confeccionadas

pelas próprias re-zadeiras. As urnas são levadas para a procissão de Pente-costes e depositadas no altar para que sejam abençoadas pelo bispo. Para que todos os pedidos continuem em segredo, depois de receber as bênçãos, todos os papéis são queimados.

A tradição gastronômica é outro ponto alto da Festa do Divino. O prato mais famoso e procurado é o afogado, um cozido de carne com batatas com um sabor único, resultado de um tempero especial, segundo os organizadores. Os voluntários se revezam para servir o prato e já é tradição ter entre eles autoridades e figuras conhecidas da cidade.

Outro momento marcante é o Café da Alvorada, servido gratuitamente a todos os parti-cipantes da caminhada matinal. Por tradição, os devotos que doam o café, os pães e os biscoitos, oram e louvam a Deus para agradecer pelos alimentos.

Durante a quermesse, outra barraca campeã em procura pelo

Afogado, tortinho, doces... deliciosas iguariaspúblico é a do churrasco, que assim como a do afogado tem um sabor mais do que especial. O tempero do prato é batizado de Sete Dons, já que contem sete ingredientes, não revelados pelos organizadores.

A receita é de Amália Man-na de Deus, uma das mais expressivas organizadoras da festa, falecida em 2006. Um ano antes de morrer, ela revelou ao Mogi News que só podia passar a relação de ingredientes aos filhos, por causa de uma promessa que fez ao marido antes dele falecer. Nos últimos dois anos, os devotos fazem uma prece em frente à casa de Amália, em agradecimento e consi-

deração por sua dedicação à Alvorada e à festa durante toda a sua vida.

Os doces são um capítulo à parte. As voluntárias que preparam as famosas gulo-seimas são carinhosamente chamadas de “abelhinhas”. São doces tradicionais, feitos de frutas e legumes, como laranja, mamão, abóbora e batata-doce. Tudo é feito como antigamente, no tacho e cozido no fogão de lenha.

Quem é fã de salgados também tem opções. O tra-dicional tortinho abre a lista, seguida por coxinhas, quibes, pastéis, empadas e bolinhos de carne seca, entre outros petiscos.

A maior festa do Divino Espírito Santo também deu origem a um fenômeno de multiplicação da fé: os subimpérios. A idéia foi da educadora Márcia Aurora Andere de Mello, filha de Miled e Zezé Andere, que já foram festeiros.

Na época, Márcia era diretora da Escola Estadual Sylvia Mafra Machado, na Vila Cléo, e resolveu montar um subimpério na unidade. A novidade chamou

a atenção de outras escolas, que adotaram a idéia. Logo, ela se expandiu também para estabelecimentos comerciais e repartições públicas.

Os subimpérios crescem a cada ano, estimulando a participação da população. Por causa deles, muitas pessoas passaram a colaborar com doações e montagem de peças para vender na quermesse ou do famoso tapete ornamental.

A foRçA DoS SUbiMPéRioS

Há 14 anos, os tapetes ornamentais – até então uma tradição do feriado de Corpus Christi – foram incorporados à Festa do Divino. Alunos de escolas municipais, estaduais e particulares, além de professores, familiares e outros voluntários, se reúnem para expor essa arte pelas principais ruas da região central de Mogi.

Com materiais, como serragem, sal grosso, areia, tampas de garrafa encapadas e pó de café, os devotos forram as vias com desenhos

coloridos, que representam a comemoração católica. Quem vê o início do trabalho, ainda sem forma, com várias cores misturadas, não imagina que o local se transformará numa verdadeira obra de arte pública.

Os tapetes são temáticos. A cada ano, um assunto relacionado à festa dá o tom da obra, que leva um dia para ficar pronta. O tapete é preparado para receber os fiéis em procissão e dão um toque folclórico ao encontro religioso.

ARtE noS tAPEtES oRnAMEntAiS

Page 35: Mogi News Revista 23

CULTURA 35

O largo do Carmo é, há mui-tos anos, palco de festas re-ligiosas e quermesses. Com a revitalização do espaço, em 2001, e a implantação de atividades culturais, o local começou a receber outros públicos, que enriqueceram o seu cenário.

Atualmente, duas “tri-bos” se destacam: Posers e Emos. Ambos se vestem de maneira parecida, o que os diferencia é o conceito. Emo, abreviação de Emotion (emoção em inglês), como o próprio nome já diz, é uma tribo de jovens considera-dos “sensíveis”, que gostam de músicas com letras emotivas, se vestem de

maneira colorida – sem dispensar o preto - e usam maquiagem carregada e a famosa franja de lado. Eles também gostam de escrever, expressar seus sentimentos por meio de versos e músicas. Já os Posers, fazem uma linha mais “pop”, gostam de rock, usam quase todo o visual preto, com pouca variação de cores e ouvem um tipo de rock mais popular.

Quem gosta de rock melódico ou “metaleiro” também tem vez no Carmo. Todas as tribos convivem em harmonia na praça. O som ao vivo é rock, dos mais variados tipos, ouvidos

por jovens de 12 a 20 anos com empolgação. O estilo musical ganhou força de-pois que a Coordenadoria de Cultura do município implantou o “Só Rock”, um projeto que traz bandas de toda a região do Alto Tietê para tocar aos sábados, a partir das 18 horas. Antes do início do show, os jovens já se reúnem e alguns até arriscam dedilhar o violão em busca de uma melodia que traduza suas emoções.

Discriminados por outras tribos de rock ou de outro estilo musical, os Emos e os Posers encontra-ram no Carmo em espaço próprio.

Carmo: “tribos” convivem em harmonia

os shows de rock fazem parte da programação cultural realizada no largo do carmo e reúnem diferentes grupos aos finais de semana

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Balada

3� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Mogi sempre teve casas noturnas lotadas e com clientes fiéis,

mas um forte concorrente atrapalhava o cresci-mento do setor: as baladas paulistanas. A apenas 50 quilômetros da capital, a ci-dade tem empreendimentos de todos os setores concor-rendo com os de São Paulo por causa da proximidade.

Com os bares, boates e restaurantes não é diferente. É um hábito dos mogianos reunir os amigos e ir para a capital, mas os investi-mentos na vida noturna

da cidade vêm reduzindo esse costume e fidelizando a clientela. Há casas para todos os gostos ou “tri-bos”. Existem bares mais tranqüilos, com música ambiente, ou mais agitados, com banda ao vivo, de MPB, rock, samba e outros estilos, e boates de vários gêne-ros também. Hoje, é fácil encontrar pessoas de outras cidades do Alto Tietê e até da capital curtindo a noite mogiana.

O desafio ainda é igualar os serviços com a qualidade de São Paulo sem aumentar os preços. E, pelo movimen-

to nas casas locais, isso vem sendo superado. Entre as vantagens de se divertir na cidade estão: encontrar os amigos, estar próximo de casa e num lugar com mais segurança, além dos preços de produtos e serviços. Outro ponto favorável é a economia também no trans-porte – seja carro, ônibus ou táxi, sem pedágios ou gastos excessivos de combustível.

Os restaurantes ga-nharam ainda mais espaço. Com culinárias típicas e serviços especializados, com identidade própria, a gastronomia mogiana con-

quistou os moradores. Há estabelecimentos voltados para comida japonesa, italiana, árabe, americana (hamburguerias e fast foods) e muitos outros.

Os shows também têm espaço e público garantidos na cidade. Mogi já recebeu os mais renomados canto-res e bandas com sucesso de bilheteria.

O que se vê é um ciclo positivo de expansão, uma vez que o crescimento dos estabelecimentos incentiva a abertura de novos, e a vida noturna da cidade vai ganhando em diversidade.

Diversão garantidana noite mogiana

Bares, casas noturnas, restaurantes, shows. A cidade já oferece opções para todos os bolsos e gostos

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37Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

Desde os anos 60, Mogi das Cruzes é uma exporta-dora de talentos esportivos. Os primeiros a ganhar

visibilidade nacional e internacional foram os nadadores; nas décadas seguintes, os jogadores de basquete movimentavam a torcida mogiana e, hoje, mais diversificado, o esporte da cidade revela lutadores, jogadores de tênis e até de beisebol.

O boxe ganhou destaque nos últimos anos. Entre os vencedores da atualidade está Elisângela Durães. Vice-campeã brasileira, campeã paulista e medalha de bronze nos Jogos Abertos do Interior por dois anos consecutivos, a mogiana, de 28 anos, começou a lutar por acaso. Ca-sada com o pugilista Jackson Durães

– que também está em ascensão e já coleciona alguns títulos –, a ex-balco-nista foi seduzida pela luta. Logo nos primeiros anos de treino, Elisângela já despontava como grande promes-sa no esporte. Hoje, os dois treinam juntos numa academia do Jardim Universo e a família vive na Vila Municipal e os três filhos pequenos já seguem os passos dos pais, por enquanto, de brincadeira.

No jiu-jitsu, o destaque é Giulia-no Ferreira. Com 38 anos e mais de 15 de luta, Ferreira é tetracampeão paulista, bicampeão brasileiro e campeão sulamericano e mundial. Antes de se dedicar à luta, ele jogava capoeira e chegou à faixa preta do judô. Depois de conhecer a história da família Grace, pioneira no esporte no País, decidiu optar pelo jiu-jitsu,

que, para ele, é mais do que um es-porte, é uma filosofia de vida, já que é por meio da luta que ele relaxa da desgastante segunda profissão que exerce: sargento da Polícia Militar. Mesmo com trabalhos que exigem total atenção, Ferreira consegue conciliar as duas atividades.

Na vida de Hugo Coutinho, o es-porte entrou cedo. Com apenas seis anos, o atleta começou a treinar judô e, um ano depois, já estava compe-tindo. Hoje, com 17 anos, é campeão paulista e brasileiro juvenil, cam-peão panamericano, sul-brasileiro e sulamericano e integra a seleção brasileira de judô. Agora, seu objetivo é ir para uma olimpíada. E esse sonho Hugo já esteve bem perto de realizar. No ano passado, ele passou para a seletiva dos Jogos Olímpicos, mas, na final, não obteve o resultado necessário para ser escolhido.

O tênis também está em alta. Quem leva o nome da cidade para o mundo é João Olavo Souza, o Feijão, que ocupa o 5º lugar no ranking brasileiro e o 206° no mundial da Associação dos Tenistas Profissio-nais (ATP) e, com 21 anos, já venceu várias competições. Os especialistas o consideram uma grande promessa do tênis brasileiro.

O beisebol, esporte pouco incentivado no Brasil, também está em evidência. Este ano, a equipe do Bunkyo venceu diversos campeona-tos e cinco atletas mogianos foram pré-convocados para integrar as seleções brasileiras de beisebol que disputarão torneios importantes.

Os campeões de MogiAtletas do município se destacam em diferentes modalidades esportivas e acumulam títulos e medalhas em importantes provas nacionais e internacionais

A ex-balconista Elizângela começou a treinar por acaso e é uma das promessas do boxe

Esporte

Ferreira tem 15 anos de carreira e já foi campeão brasileiro de jiu-jitsu por duas vezes

Aos 17 anos de idade, o judoca coutinho tem vários títulos e o sonho de ir a uma olimpíada

Page 38: Mogi News Revista 23

3� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

A conquista da quali-dade de vida passa também pelas opções de lazer

que uma cidade oferece. Por décadas, os mogianos sonharam com amplos parques e áreas verdes para passear com a família, praticar atividades físicas ou, simplesmente, relaxar.

O sonho não só virou realidade, como Mogi conta, hoje, com dois grandes

Lazer

A conquista de um sonhoAgora, os mogianos podem se orgulhar

de ter os seus parques urbanos,

com atrações e muita área verde

parques. O maior e mais novo é o Parque Centenário, que fica no distrito de César de Souza e foi inaugurado em junho, em homenagem ao centenário da imigração japonesa no Brasil.

Os 215 mil metros qua-drados passaram por um ano de obras em ritmo ace-lerado para receber pista de caminhada, estacionamento, playground, banheiros e quadras esportivas, além de

lanchonete e várias atrações culturais, que simbolizam a união entre brasileiros e ja-poneses, como a réplica do navio kasato Maru, símbolo da chegada dos imigrantes nipônicos ao Brasil.

O projeto recebeu investimento de cerca de R$ 5 milhões, entre doações de empresários, verba cedida pelo Ministério do Turismo e contrapartida da Prefeitura, que arcou

o centenário recebe um grande número de pessoas, principalmente aos finais de semana

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com a mão-de-obra.Em pouco mais de

dois meses, o espaço caiu no gosto dos mogianos e também no dos visitantes de outras cidades, que lotam o local nos finais de semana e podem conferir exposições sobre a imigração e cami-nhar pelos corredores rode-ados por bancos de madeira, lagos e áreas cobertas para descanso.

leon FefferOutra grande área de lazer foi inaugurada há quatro anos, no distrito de Brás Cubas. O Parque Leon Feffer, também conhecido como Parque da Areia, conta com quadras poliesportivas, playgrounds, pista para ca-minhada, mesa para jogos, pista de skate e um amplo complexo arborizado.

No ano passado, o local recebeu um novo totem, um

painel doado pela empresa Imerys, montado graças à recuperação de uma área deteriorada pelo processo de mineração. O monumen-to de concreto com placas de granito e inox conta a história da área, para que as futuras gerações conheçam a mudança sofrida por um amplo terreno quase sem vida e que foi transformado num espaço de uso múltiplo de lazer para a comunidade.

Ambos os espaços funcionam todos os dias e a entrada é gratuita. Embora eles costumem receber um grande volume de visitantes, as caminhadas por seus corredores é tranqüila, porque a área é ampla. Os estacionamentos também têm um grande número de vagas à disposição da população, um convite a mais para passar um dia diferente, no parque.

LAZER 39

Há quatro anos, o leon Feffer oferece diversão para os mogianos

A QUALIDADEDE VIDA PASSATAMBÉM PELASOPÇÕES DE LAZER QUE UMMUNICÍPIO OFERECE ASEUS CIDADÃOS.MOGI VEM FAZENDO A LIÇÃO DE CASA

Page 40: Mogi News Revista 23

40 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Os parques vieram reforçar uma estrutura existente de centros esportivos e praças equipadas para a prática de caminhada e cooper, distri-buindo assim, por diferentes pontos da cidade, pequenas áreas de lazer.

Um dos locais mais tradicionais é o Centro de Esporte, Lazer e Cultura Professora Botyra Camo-rim Gatti, no Centro Cívico. Lá, os visitantes podem desfrutar de quadras de vôlei, basquete e futebol, pista para cooper e cami-nhada, áreas com mesas para refeições, além de pista de skate e patins, onde os jovens mogianos costumam se divertir nos horários em que não estão na escola.

O local é um incentivo ao esporte, pois muitos mogianos treinam lá e aca-bam se interessando pelas

Lazer

Praças equipadas e centros esportivosmodalidades, o que também acontece em outros núcleos, como o Ginásio Municipal de Esportes, no Mogilar, e os centros esportivos de Jundiapeba, Socorro, Vila Jundiaí e Biritiba Ussú.

Na periferia, as próprias ruas viram centros de lazer, principalmente para as crianças. O projeto “A Rua Feliz”, promovido pela Se-cretaria Municipal de Espor-tes, leva piscina de bolinhas, brinquedos infláveis e um palco para apresentações artísticas para os bairros mais carentes. As exibições são, normalmente, feitas por pessoas do próprio bairro e vão desde danças de rua à musicais dos mais diversos tipos. Outras áreas de lazer que fazem sucesso entre os mogianos são as praças com equipamentos de ginás-tica, paisagismo e ilumina-

ção, que se tornaram ideais para a prática de caminha-das e cooper, a qualquer horário do dia ou da noite.

Na região do Mogilar, da Vila Oliveira e do Alto do Ipiranga, os morado-res costumam fugir do sedentarismo nas praças Assumpção Ramirez Eroles (Habib’s), Francisca de Campos Freire (Enfartados) e Anésio Urbano (Jardelina), respectivamente. O período da manhã e no início da noite são os horários mais concorridos. Para tornar esses locais agradáveis e seguros, foram implantadas iluminação, áreas verdes e alguns aparelhos para facilitar o alongamento e alguns exercícios físicos. Além de motivar a prática de uma atividade, as praças viraram ponto de encontro dos moradores.

As práticas esportiva e de lazer têm lugar garantido em centros esportivos, como o Botyra

A cidade conta ainda com praças equipadas com pista de cooper e aparelhos de ginástica

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41Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

Não bastassem todas as quali-dades que Mogi possui, ela

ainda foi presenteada pela natureza. Seu território é composto por trechos da mata atlântica – a segunda maior reserva do Estado de São Paulo – e compõe a bacia hidrográfica da região do Alto Tietê. As áreas estão resguardadas pelas leis de proteção ambiental e isso, por muitos anos, foi um problema para a adminis-tração municipal, que tinha a restrição como empecilho

para o crescimento urbano. Mas a cidade conseguiu driblar essa restrição e se desenvolver, nos aspectos industrial e habitacional, mantendo também uma política preservacionista.

Entre os principais patrimônios está a serra do Itapeti. Aproximadamen-te 98% da serra está no município. São mais de 51,3 quilômetros quadrados, com divisa entre as cidades de Guararema e Suzano. No local, há espécies raras de animais, como o sagüi-da-serra-escuro, a onça parda,

Meioam

biente

Riquezaambiental

inigualávelo município abriga a segunda maior reserva de mata atlântica do Estado de São paulo e compõe a bacia hidrográfica do Alto Tietê

cerca de 98% da serra está no território mogiano

A serra do Itapeti presenteia Mogi das cruzes com toda a sua exuberância e beleza

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42 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

PASSEIO

a jaguatirica, o caboclinho e o bicudinho, bichos em extinção que vivem emol-durados por uma paisagem deslumbrante.

O Parque Municipal do Itapeti é um grande centro de fauna e flora, mas nas décadas de 70 e 80 foi o principal ponto de lazer

dos mogianos com trilhas, lagos e até um teleférico. Com o apoio do Ministério Público, as visitas – que estavam degradando o meio ambiente – foram reduzidas e passaram a ser monitoradas.

Desde 2004, o par-que está fechado. Mas a

estrutura existente no local passa, nesse momento, por reforma. O parque prote-gido por lei ambiental deve tornar-se definitivamente um centro de preservação, de estudos e pesquisas e de educação ambiental. A previsão é que seja reaber-to em outubro próximo.

Meioambiente

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A O município conta, ainda, com outro grande parque, o das Neblinas. A área de 1.332 hectares é de propriedade da Suzano Papel e Celulose e fica em Taiaçupeba, entre Mogi das Cruzes e Bertioga, no litoral paulista. O parque é aberto à visitação pública e oferece trilhas na mata atlântica, onde o visitante encontra animais e diferentes espécies de plantas e flores. Alguns animais amea-çados de extinção, como lontra, jaguatirica e gato-mourisco, foram levados para o espaço e podem ser admirados por quem passa por lá.

Por uma das trilhas, é possível chegar à barragem da Usina de Itatinga, de onde é possível observar parte de Bertioga. São 35 quilômetros da área central de Mogi até lá, sendo 12 quilômetros de vias de terra.

Para conhecer o parque é obrigatório agendar e é ne-cessário formar grupo de pelo menos cinco pessoas. O custo do passeio varia de acordo com a atividade escolhida pelos visitantes. O local conta com monitores e infra-estrutura para alimentação e descanso. Mais informações: (11) 4724-0556 ou (11) 4724-0555.

o parque das Neblinas é aberto à visitação pública monitorada

Page 43: Mogi News Revista 23

MEIOAMBIENTE 43

O Núcleo Ambiental da Ilha Marabá é um dos espaços ecológicos de Mogi que faz um trabalho educativo com a população em prol do meio ambiente. A ilha tem uma área total de 13 mil metros quadrados, distribuídos por uma reserva ambiental, que é interligada por meio de uma ponte suspensa com 350 metros de extensão. Ao atravessar esta ponte, os visitantes têm acesso a trilhas interpretativas de vegetais da mata atlântica.

Administrada pela ONG Bio-Bras, o núcleo inau-gurado pela Prefeitura é um pólo de informações ambientais, que orienta a população interessada

em conhecer as formas de preservação do meio ambiente, estudantes e pesquisadores, que bus-cam conhecimentos mais específicos.

Os cursos de capacitação são de 600 horas, duram seis meses e são divididos entre quatro aulas teóricas e duas práticas. A maioria dos interessados tem idade entre 16 e 21 anos, mas pessoas de todas as faixas etárias podem participar. A ilha também é utilizada como um centro de exposições culturais relacionadas ao tema e de intercâmbio entre os especialistas em meio ambiente.

A recuperação da mata

ciliar do rio Tietê é mais um dos trabalhos desen-volvidos na Ilha Marabá. Em paralelo, há o desafio também de recuperar a qualidade da água, já que o trecho que passa pela cidade não apresenta a mesma limpeza admirada por todos na vizinha Salesópolis, onde o rio nasce.

Algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs) têm lutado para conseguir melhorar isso. A Bio-Bras, por exemplo, está construindo um barco feito de garrafas pet, que será colocado no Tietê para chamar a atenção das pessoas que insistem em jogar objetos no curso d’água.

ilha Marabátem propostadiferenciada

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Progresso

O empreendedoris-mo é uma marca dos mogianos. Homens dos mais

diversos setores usaram seus talentos e impulsion-aram o progresso da cidade em diferentes períodos. Nesse seleto grupo estão nomes de todas as épocas, de Ricardo da Silva Vilella e Deodato Petit Wertheimer, passando por Hélio Boren-stein, até Waldemar Costa Filho e Julio Simões.

Uma boa parte desses

personagens dão nome às ruas e empreendimentos da cidade, mas poucos sabem a importância que muitos deles tiveram para o crescimento do muni-cípio. Eles trouxeram os primeiros investimentos em saúde, educação e infra-estrutura e man-tiveram Mogi na rota do desenvolvimento.

Ao longo da história da cidade, o que se vê são diversos ciclos, cada um estratégico à sua época.

São vários e, em cada um deles, um grupo de líderes se destaca.

Nesta e nas próximas páginas, uma homena-gem a esses expoentes, que lideraram e lideram, até hoje, verdadeiras revoluções. Na figura desses personagens, uma homenagem a todos os mogianos anônimos que também contribuíram e contribuem para Mogi ser o que é hoje: uma cidade com qualidade de vida.

Empreendedores de todas as épocasA cidade não cresceu do dia para a noite, são vários ciclos de desenvolvimento que, ao seu tempo, trouxeram importantes contribuições para construir a Mogi de hoje

44 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

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o início do desenvolvimentismo

RIcARDo VIlEllA, por exemplo, era carioca, mas veio para Mogi ainda jovem, onde abriu uma fábrica de chapéus, acessório que vendia como roupa naquela época. A empresa foi construída numa área doada pela Prefeitura e abriu as portas da cidade para a entrada de

outras indústrias. Por causa das 200 vagas de emprego geradas, Vilella se tornou popular e acabou ocupando o cargo de vice-prefeito na Câmara, então sede do Executivo, que tinha como chefe o tenente Manoel Alves dos Anjos.

BENEDITo JoSÉ DE AlMEIDA era mogiano e foi um líder político de grande expressão no início do século xx. Nascido em Mogi, Almeida contribuiu com a construção do Asilo da Sociedade Mogiana de Beneficência, a atual Santa Casa de Misericórdia, defendeu

a instalação do prédio do 1º Grupo Escolar de Mogi – que hoje é uma escola estadual de ensino fundamental que leva o seu nome – e a implantação do Tiro-de-Guerra. Seu nome também foi cedido, em 1909, para a chave de inauguração da luz elétrica na cidade.

Outro grande político foi DEoDATo pETIT WERTHEIMER. Formado em medicina, foi o fundador da primeira maternidade mogiana e atuou por 14 anos como cirurgião e diretor-clínico da Santa Casa. Iniciou-se na política em 1915, como presidente do Centro Político

e Republicano de Mogi das Cruzes. Sete anos depois, foi o primeiro deputado estadual da cidade a ser eleito. Ele foi responsável pela construção de estradas, hospitais e reservatório de água e pelo fornecimento de energia, além de obras de saneamento.

FERNANDo pINHEIRo FRANco é conhecido como voluntário, por conta de uma das prin-cipais ruas da cidade, que leva o seu nome. E ele realmente foi voluntário na Revolução

Constitucionalista de 1932 e morreu em combate muito jovem. O mesmo aconteceu com outro combatente mogiano: Cabo Diogo Oliver, que também morreu durante a revolução.

Já o padre RoBERTo lANDEll DE MouRA disputa, mesmo depois de morto, um título polêmico: o de inventor do rádio. Ele foi pioneiro na transmissão da voz humana sem fio, por meio de experiências feitas em Mogi e, por isso, é patrono

dos radioamadores do Brasil. Duas importantes instituições brasileiras foram batizadas com seu nome, a Fundação Educacional Padre Landell de Moura e o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CPqD), criado pela Telebrás, em 1976.

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Progresso

Visão educacionalDe origem humilde, BoRIS GRINBERG começou a trabalhar com apenas cinco anos de idade, entregando móveis da pequena loja da família. Curiosamente, Boris foi o primeiro aluno da escola Liceu Braz Cubas, que deu origem à Universidade Braz Cubas (UBC), mantida, hoje, pela família Grinberg.

Em 1947, depois de se formar professor primário, começou a lecionar em Santa Cruz do Rio

Pardo (SP) e, em 1950, se tornou diretor de escola em Jacareí. Um de seus grandes feitos na área da educação foi a instalação do Ginásio em Guararema. Sua ajuda fez com que a cidade tivesse educação de qualidade, sem que seus moradores precisassem se deslocar até Mogi para estudar.

Alguns anos depois, se formou em Direito e, com outros mogianos, idealizou o Corpo de Bombeiros da cidade. Também foi um dos

fundadores da Sociedade Civil de Educação Braz Cubas, que começou com a Faculdade de Direito, precursora da UBC. Entre os professores do Liceu Braz Cubas, que compuseram o grupo fundador da universidade, estava também o atual reitor Maurício Chermann. O filho de Boris, Saul Grinberg, deu continuidade ao trabalho do pai e ocupa o cargo de pró-reitor-administrativo da UBC.

Administrador polêmicoNatural de Minas Gerais, WAlDEMAR coSTA FIlHo chegou a Mogi das Cruzes para trabalhar na Mineração Geral do Brasil (MGB), em 1942, sem imaginar que mudaria o curso da história da cidade.

Nos anos 60, implantou a primeira transportadora do município, a Sometra, e, quatro anos depois, tornou-se vice-prefeito, na gestão de Carlos Alberto Lopes. Sua entrada

para a política foi definitiva e marcou uma era de mais de 30 anos em Mogi.

Entre 1966 e 1967, foi oficial de gabinete do ex-governador de São Paulo. Em 1969, ocupou o cargo de prefeito de Mogi e, com algumas alternâncias, se manteve na administração municipal até o ano de 2000. Ele deixou o cargo pouco antes morrer, em 2001, de complicações originárias de um câncer de pulmão.

Nas quatro gestões de Waldemar, Mogi obteve grandes conquistas. Entre as principais estão a abertura das rodovias Mogi-Dutra (SP-88) e Mogi-Bertioga (SP-98) e a ampliação da capacidade do Semae (Serviço Municipal de Águas e Esgotos). Seu estilo polêmico de governar dividia opiniões, mas o reconhecimen-to de seu empreendedorismo

– que mudou a cidade – é uma unanimidade.

Empreendedor natoO imigrante ucraniano HÉlIo BoRENSTEIN chegou ao município em 1917, fugindo da Primeira Guerra Mundial, e foi um dos responsáveis pela construção de pontos comerciais que marcaram época na história da cidade.

No comércio, ele foi empregado numa loja de móveis, trabalhou por conta própria oferecendo produtos de porta em porta de bicicleta, até montar a Casa Hélios e depois se tornar sócio das Lojas Belver, magazine que atraía enorme clientela por sua

variedade de produtos.Com o rendimento dos negócios,

investiu na compra de imóveis e na construção civil. Projetou e construiu inúmeras obras que uniam loja e moradia de comerciantes, fortalecendo o comércio mogiano.

Nos anos 50, ao lado do sogro, Joaquim de Mello Freire, construiu o Cine Urupema, que foi, durante 11 anos, o maior do País. E, com o apoio da esposa, Valentina, implantou um novo conceito de moradia, a Vila Hélio, com 110

casas e sobrados construídos em apenas 11 meses.

O empresário também foi dono da Cotac. Ao falecer, em 1964, deixou a concessionária sob o comando dos filhos Henrique e Marcos, que venderam a companhia, mas seguiram seu exemplo, construindo outras empresas de grande sucesso, como a Helbor (que é a junção do nome e sobrenome de Hélio), comandada por Henrique, e a Marbor (junção de Marcos e Borenstein), dirigida por Marcos.

4� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

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tino para os negócios

Na mesa do empresário HENRIQuE BoRENSTEIN não há espaço para computador. Ele prefere analisar planilhas, relatórios e documentos da Helbor Empreendimentos S.A. sempre impressos. Experiência para isso não falta. Economista, diretor do Banco de Crédito Nacional (BCN) por mais de 30 anos, hoje, ele comanda uma incorporadora imobiliária com negócios em 20 cidades brasileiras.

Os valores para conduzir a vida pessoal e empresarial, Borenstein aprendeu com os pais, Hélio e Valentina. São deles e da esposa Penha, com quem tem três filhos (Malka, Érika e Henry),

os porta-retratos alinhados sobre a sua mesa.É o exemplo de trabalho e de seriedade do pai que

orienta, até hoje, suas decisões sobre os destinos da Helbor, que possui centenas de colaboradores diretos e milhares de indiretos. Primeira empresa genuinamente mogiana com ações na Bolsa de Valores de São Paulo, a incorporadora carrega no nome as iniciais de Hélio Borenstein, em homenagem ao imigrante que tanto contribuiu para o desenvolvimento de Mogi.

A interlocutores de peso do mercado financeiro e da construção civil, Henrique costuma se apresentar como “caipira de Mogi”, com orgulho.

PROGRESSO

Amor à educação

Um projeto educacional idealizado pelo então padre MANoEl BEZERRA DE MElo, no início dos anos 60, mudou a história acadêmica da cidade. O sonho do também professor de criar uma faculdade na cidade tornou-se realidade em 1962, com a fundação da Organização Mogiana de Educação e Cultura (Omec).

Na época, além de vigário da Paróquia local, Melo lecionava no Instituto Washington Luiz, hoje escola estadual de mesmo nome. Lá, ele exerceu sua paixão pela educação e, com o diretor da escola, Maurício Chermann, organizou uma faculdade de Filosofia, que deu origem à Omec e anos depois à

Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).O projeto começou apenas com o curso de

Admissão ao Ginásio para 75 alunos, dos quais 15 eram bolsistas. O prédio fora cedido pela Fundação Ana de Moura, onde, hoje, funciona o colégio Joana D’arc. Em pouco tempo, a organização ganhou os cursos de Letras, Filosofia, Pedagogia e Ciências Sociais e não parou mais. O número de cursos foi crescendo e o prestígio também. A UMC já foi classificada como uma das melhores instituições de ensino particular do País e suas pesquisas na área da saúde ganham, com freqüência, destaque em todo o Brasil

família em harmonia

ANDRÉ E MARco loDuccA herdaram o empre-endedorismo do pai, Antonio Loducca, que fundou a primeira loja da família em Mogi das Cruzes, em 1978. Na época, a Minimaq comercializava a máquina de escrever Olivetti, uma coqueluche, de quem era distribuidora exclusiva na região.

Visionária, a família começou a vender mobiliário e equipamentos para escritório em geral, no início dos anos 80, já prevendo o fim da utilização das máquinas com presença, cada vez mais forte, dos computadores.

Desde esta época, a empresa já se destacava

pela diversificação de produtos e pelo ambiente confortável, com móveis expostos de maneira que os clientes pudessem escolher com tranqüilidade.Hoje, a administração da empresa é dividida entre André, Marco e a mãe deles, VIlMA loDuccA. Juntos, eles dirigem quatro lojas: duas em Mogi e duas em Suzano, que somam cerca de 1,5 mil metros quadrados de área de exposição e depósitos, bem como uma unidade fabril com 2,5 mil metros quadrados de área construída. Além de móveis, as lojas comercializam persianas, forros, divisórias e outros complementos.

47Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

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trabalho nas veias

À frente de um dos principais hotéis do Estado de São Paulo e uma das mais importantes minera-doras do Brasil, FuMIo HoRII chegou a Mogi das Cruzes ainda criança com os pais para trabalhar na agricultura. A intenção da família nascida no Japão era, um dia, voltar para Hiroshima, mas a descoberta de um minério valioso mudou a trajetória deles.

Da infância humilde, Horii guardou a simplicidade e a vontade de trabalhar e foi essa postura que mudou completamente sua vida anos mais tarde. No terreno em Jundiapeba, onde a mãe sonhava

em construir uma casa, o empresário encontrou caulim, pesquisou e transformou num grande negócio: a mineradora Horii. Em poucos anos, a companhia se tornou uma das mais importantes do País neste setor, o que permitiu que Horii realizasse um grande sonho: construir um campo de golfe.

O hotel veio como conseqüência. Ele foi com-prando aos poucos as áreas e construindo prédio a prédio. Até se tornar o maior hotel da região e um dos maiores e mais completos do Estado. O Paradise Resort Golf Village recebe pessoas de todo o Brasil e do exterior.

Progresso

A força da união

Os irmãos JoSÉ WIlSoN, SIlVIo E NEWToN GRIlo, naturais do Espírito Santo, chegaram a Mogi das Cruzes em 1974 para estudar na Universidade de Mogi das Cruzes, mas acabaram se mudando definitivamente e construindo suas vidas pessoais e profissionais na cidade.

Filhos de um comerciante, os engenheiros abriram seu primeiro negócio no distrito de Brás Cubas. Uma pequena loja de materiais de construção deu origem ao grupo Itaipu que, hoje, tem um shopping do mesmo setor, uma distribuidora de cimento e uma incorporadora.

O sucesso da primeira loja abriu espaço para um novo negócio: a construção de casas

e apartamentos espalhados por Mogi e Guarujá, no litoral sul de São Paulo. Hoje, são mais de 50 empreendimentos entregues e três em fase de lançamento.

A pequena loja cresceu e mudou de endereço duas vezes, até chegar ao Mogilar, onde foi instalado um dos maiores estabelecimentos de varejo de construção do Alto Tietê. E, agora, os empresários se preparam para novos investimentos: construir um Centro de Distribuição, aumentar o shopping e abrir uma loja em São José dos Campos. O investimento vai gerar 350 novas vagas de emprego. Além disso, a empresa estuda mudança em sua marca para integrar todas as unidades do grupo.

inovação como marca

Paranaense, ADEMIR SEVERINo veio para Mogi das Cruzes para estudar Direito. Entre uma aula e outra, o empresário já exercia o seu talento para o comércio. Ele vendia jóias para seus colegas de faculdade e com o dinheiro pagava os estudos e seus gastos pessoais.

Não demorou muito para que seu negócio se tornasse um sucesso e ele abrisse sua primeira loja formal. Em 1983, foi fundada a joalheria S. Stein, na esquina entre as ruas Dr. Paulo Frontin e Coronel Moreira da Glória, onde até hoje há uma unidade da rede de 20 lojas, construídas

uma a uma pelo empresário, que inovou no Alto Tietê com a implantação de espaços com mesas e cadeiras, nos quais os clientes podem escolher os produtos com calma e conforto.

Hoje, além da expansão da rede, presente em Mogi, Suzano, São Paulo, Guarulhos, Jacareí e São José dos Campos, Severino se tornou franqueador. Das 20 unidades, três são franquias, que ficam em Arujá, Santa Isabel e Barreiras. São mais de 130 colaboradores e cerca de dois mil produtos, entre jóias, relógios, óculos e canetas, das mais conceituadas marcas.

4� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

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Eficiência e ousadia

Nascido em Portugal, JulIo SIMõES chegou ao Brasil sozinho, aos 26 anos, em 1952, para traba-lhar. A convite de um tio, que tinha uma pequena empresa de ônibus na capital, Simões começou na oficina mecânica que ficava em Mogi. Depois de dois anos, tornou-se empregado da extinta Eroles, que, na época, era comandada por Henrique Eroles. Ficou por dois anos no cargo de mecânico. Com dinheiro emprestado, comprou, a prazo, seu primeiro caminhão, e começou a trabalhar por conta, entregando produtos hortifrutigranjeiros, que moviam a economia mogiana naquela década.

Com um trabalho eficiente e um preço abaixo do mercado, Simões conquistou rapidamente

a confiança dos empresários locais, a ponto de comprar, “fiado”, mais cinco caminhões para expandir o negócio, mesmo sem ainda ter quitado o primeiro veículo.

Seu grande salto, classificado por ele como “o pulo do gato”, foi comprar, em 1970, a Transcofer. A empresa estava em 11º lugar entre as trans-portadoras que atendiam usinas siderúrgicas e, em dois anos, passou para o primeiro lugar. De lá para cá, o Grupo Julio Simões cresceu e entrou para o mercado de ônibus, revendas de veículos de passeio e limpeza urbana, entre outros negócios, e se tornou a maior empresa de transporte do Brasil, título que mantém com folga há oito anos.

garra para vencer

Proprietário de uma das maiores empresas de segurança do Alto Tietê, SIDEMIR cARloS INÁcIo, de 52 anos, viu seu empreendimento crescer com a cidade. O empresário criou o Grupo Padrão em 1991, depois de inúmeras tentativas de ter um negócio próprio. Após abrir um restaurante e uma loja, que não vingaram, Inácio foi trabalhar numa empresa de segurança, na capital, e ali descobriu a área que o transformaria num homem bem-sucedido.

Hoje, ao lado irmão, SIlAS IGNÁcIo, dirige a empresa, que tem 1,5 mil funcionários e nem de longe lembra aquela que tinha apenas duas

pessoas trabalhando, sendo uma delas o próprio Inácio. Ele fazia de tudo: limpava o chão, atendia o telefone e preparava a folha de pagamento. O esforço foi recompensado. Atualmente, são mais de mil clientes na área de alarme, cerca de 250 no setor de segurança e quatro empresas: Padrão Segurança e Vigilância, Mogi Forte, Support e Proteka Limpeza Comercial.

O patrimônio foi conquistado com determinação, virtude que Inácio tem desde criança, quando trabalhava lavando carros e túmulos em cemitérios para juntar dinheiro e comprar uma bola de futebol, seu sonho de infância.

PROGRESSO

Da construção à beleza

Filha de um administrador e de uma dona de casa, DANIElA cRuZ cuNHA, sempre gostou da área de construção e design. O pai, Wilson Cruz, se tornou um grande empresário da construção civil de Mogi, o que motivou Daniela e os irmãos, Melissa e Wilson Júnior, a seguir carreira na área. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Daniela atuou, por dez anos, no desenvolvimento de projetos para as construtoras da família - Mogi Imóveis e Damebe -, responsáveis pela criação do bairro Nova Mogilar.

Durante uma conversa em família sobre a possibilidade de diversificar os negócios, o setor de cosméticos entrou na vida de Daniela. Em 2003, ela e os três irmãos, além do sócio Murilo Reggiani, desenvolveram e construíram a Vult Comércio de Cosméticos e a linha Vult Cosmética. Apesar da forte concorrência, a marca deslanchou e conquistou clientes de todo o Brasil. Em pouco tempo, a empresa passou de sete para mais de 20 itens e lançou, recentemente, a linha Duda Molinos Make up Studio, uma parceria com o cobiçado maquiador Duda Molinos.

49Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

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50 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Economia

A vinda de indústrias de todos os portes tem impulsionado a economia de Mogi.

Nos últimos dez anos, o município recebeu cerca de cem novas empresas, mas esse número deve crescer até o fim do ano, já que há, oficialmente, 55 empresas em fase se instalação. Sem contar as que ainda estão à procura de terrenos para construir ou negociando a vinda para a cidade.

A cidade das oportunidades

As indústrias estão chegando e mudando o cenário de Mogi. Só na última década, o município recebeu cerca de cem novas empresas

Além da geração de emprego e renda, a abertura de novas indústrias reflete diretamente na qualidade de vida, já que os impostos ge-rados pelas companhias são revertidos em recursos para a administração municipal, que distribui o montante em obras. Entre os anos de 2000 e 2008, a receita tributária do município mais do que dobrou: passou de R$ 200 milhões para R$ 470 milhões.

O secretário munici-pal de Desenvolvimento Econômico e Social, Rubens Solovjevas, considera o crescimento industrial tão consistente que, sem ne-nhuma ação específica, os trabalhos de atração feitos até agora devem continuar a proporcionar bons resulta-dos por mais dois anos: “A situação de Mogi mudou ra-dicalmente nos últimos anos, porque a cidade passou por um momento difícil, de es-

As novas empresas ampliam o parque industrial já existente na cidade e impulsionam o setor

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51Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

ARREcADAção IcMS2001 R$ 49.523.132,982002 R$ 55.766.589,932003 R$ 58.912.425,382004 R$ 65.846.755,602005 R$ 78.068.061,592006 R$ 94.368.955,982007 R$ 103.373.901,72

ARREcADAção ISS2001 R$ 11.540.075,292002 R$ 13.830.789,962003 R$ 16.478.634,982004 R$ 18.671.793,232005 R$ 22.310.214,082006 R$ 24.247.758,032004 R$ 29.350.129,98

REcEITA Do MuNIcÍpIo2001 R$ 172.500.000,002002 R$ 210.000.000,002003 R$ 265.000.000,002004 R$ 315.000.000,002005 R$ 351.500.000,002006 R$ 355.000.000,002007 R$ 382.500.000,002008* R$ 493.000.000,00

*previsãoFonte: prefeitura de Mogi das cruzes

tagnação, sem a chegada de novas indústrias e, o pior, com o encerramento de atividades de muitas que já estavam instaladas”.

Hoje, além do crescimento local, há muitas empresas de fora interessadas em vir para cá. A maioria delas, com endereço na capital ou outras regiões, é atraída pela boa localização, pela infra-estrutura e pelo incentivo na isenção de impostos ou doação de terreno. Foi o que aconteceu com empresas, como a Deskarplás, a FVR Indústria e Comércio de Fixação e outras que tinham unidade na cidade de São Paulo, mas viram a chance de crescer no núcleo in-dustrial de César sem ter de abrir mão de uma logística lucrativa.

A cidade tem regiões que se destacam na instalação de novas empresas: César de Souza, Vila São Francisco, Brás Cubas e Taboão. Cada uma com características específicas.

O distrito do Taboão, por exemplo, é estritamente industrial, sendo o maior espaço da região metropolitana disponível para esse fim. São 12 milhões de metros quadrados disponíveis para a instalação de empresas de grande porte.

Além disso, o distrito tem localização estratégica, próximo às principais rodovias do Estado.

São tantos os atrativos que, nos próximos meses, o local deve receber cinco multina-cionais do setor de autopeças. Todas já têm atividades no Brasil e pretendem expandir ou transferir alguma de suas unidades para o distrito.

ECONOMIA

A ABERTURA DE NOVAS INDúSTRIAS

REFLETE DIRETAMENTE

NA GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA

PARA A POPULAÇÃO

Além das novas indústrias, as empresas que já atuam no município estão investindo em expansão

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52 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Economia

Mais de 30 mil novos empregosO emprego está entre os principais itens para que um município tenha qualidade de vida. E Mogi vem fazendo a lição de casa, com a criação de 30 mil novas vagas na última década. O número é a soma de postos

– com carteira assinada – gerados pelos setores industrial, público, construção civil, comércio, serviços e agronegócios. Esse número sobe para mais de 100 mil, se incluída a cadeia produtiva.

“A qualidade de vida é feita de um con-junto de fatores, como infra-estrutura, transporte, saúde, educação e poluição, mas o emprego é fundamental, porque quanto menor o índice de desemprego, maiores são as realizações da comunidade”, diz o sociólogo Afonso Pola, lembrando que o crescimento industrial da cidade não compromete a qualidade de vida desde que o desenvolvimento social seja proporcional.

A cidade tem uma situação privilegiada: o número de postos de trabalho foi superior ao aumento da população. Entre os anos de 2000 e 2008, a população cresceu 12,77%, enquanto que a quantidade de empregos subiu 65,85%.

Mogi cresceu 300% em volume de exportação nos últimos sete anos e está entre os 200 municípios brasileiros que mais exportaram em 2008, segundo balanço divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A cidade ocupa a 112ª colocação no ranking que conta com 2.205 municípios.

Os dados referem-se à balança comercial entre janeiro e maio deste ano, período em que as exportações brasileiras somaram US$ 72,051 bilhões. Neste caso, a contribuição mogiana para as vendas ao exterior foi de US$ 116,197 milhões (R$ 190 milhões).

Neste semestre, o desempenho deve ser ainda melhor, já que está prevista a instalação de outras empresas que exportam, além de recém-chegadas, como a chinesa Dasol, de produtos eletrônicos, a Tropical Fresh, de proces-samento de frutas, que destina 80% de sua produção para outros países, e a Blue Sky, também de processamento de frutas, que tem fábricas no Egito, em Gana e na Gâmbia, na África.

“É a força também do agronegócio. Em dois meses de teste, duas dessas três empresas surpreenderam positivamente e já representam 2% da expor-tação da cidade”, afirma Rubens Solovjevas, secretário de Desenvolvimento Econômico e Social de Mogi. Segundo ele, a cidade tem 52 indústrias de médio e grande portes, sendo dez delas grandes exportadoras.

ExPoRtAção EM ALtA

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Empresas multinacionais escolheram Mogi das Cruzes para instalar suas unidades por questões estratégicas. A Principal delas é a localização. Com produções que atendem todo o Brasil e o exterior, essas indústrias precisam estar próximas a aeroportos, portos e rodovias bem estruturadas.

Gigantes, como General Motors, kimberly-Clark, Valtra, NGk, Ponsse e Placo escolheram a cidade para sediar suas unidades brasileiras. Algumas também têm fábricas em outras locali-

dades do País, mas viram em Mogi uma região

com

grande potencial.A unidade da GM, que fica

no distrito do Taboão, recebeu recentemente uma expansão que gerou 300 empregos. Os R$ 30 milhões foram aplicados para que a fábrica, que produzia 90% de peças para a reposição de veículos fora de linha e 10% para os novos, pudesse inverter o quadro, passando a dedicar 90% às peças de carros novos.

A kimberly inaugurou, em junho, um grande Centro de Distribuição, que recebeu US$ 56 milhões, e ampliou a sua unidade de produção no Cocuera. O CD possui 68 mil metros quadrados de área construída e capacidade para armazenar dois milhões de

caixas, o que representa 28 dias de estoque.

A Valtra é uma das maiores exportadoras da cidade e a sétima a gerar maior valor de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A multinacional controlada pela Agco Corporation deve inaugurar, até o ano que vem, uma nova unidade, que deve gerar, pelo menos, 200 empregos diretos na fase inicial.

A NGk também está entre as grandes exportadoras do município. Pioneira no mercado automobilístico do Brasil, a empresa tem meio século de atividades no País e, só em Mogi, emprega aproximadamente 1,3 mil pessoas.

A localização foi um dos fatores decisivos que fizeram com que Mogi fosse escolhida pela finlandesa Ponsse para sediar sua unidade brasileira. A fabricante de equipamentos florestais foi inaugurada em 2006, na Vila Nancy, com grande investimento tecnológico.

A Placo, que pertence ao grupo francês Saint-Gobain, é referência nacional na fabricação de chapas de drywall e anunciou recentemente a expansão da produção, que passará de 12 milhões de toneladas para 14 milhões no próximo ano, um investimento de cerca de R$ 5 milhões. Além disso, estuda a construção de uma nova unidade até 2011.

ECONOMIA 53

Estratégica para as multinacionais

A boa localização e a infra-estrutura viária são pontos fortes que atraem as empresas

EntRE AS MELhoRES PARA fAZER CARREiRA

A mudança foi tão radical que Mogi figura entre os cem melhores municípios do País para construir uma carreira. Ela é a 73ª melhor cidade do Brasil, segundo uma pesquisa realizada pela Fundação

Getúlio Vargas (FGV), no ano passado, e a única da região do Alto Tietê a aparecer na lista, publicada pela revista Você S/A.

O estudo levou em conta três indicadores: educação, saúde e

vigor econômico. O que diferencia as melhores das demais são itens como oferta de cursos superiores (pós-graduação, especializações e MBAs), situação da economia local e oferta de serviços de saúde.

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54 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

A produção hortifrutigranjeira foi a grande força da cidade entre os anos 50 e 70, quando a Granja Nagao era uma potência nacional, atraindo muitos produtores rurais e tornando a cidade famosa por sua produção, chegando a ser batizada de “Cinturão Verde” do Estado.Com o crescimento industrial e a instabilidade dos diversos planos econômicos, houve um declínio do setor agrícola no município, que conseguiu sobreviver graças à modernização da lavoura e à adoção de uma gestão administrativa mais profissional, seguindo os conceitos do agronegócio e agregando valor a seus produtos.Agora, o agronegócio entra em uma nova fase com a chegada de empresas, como a Tropical Fresh e a Blue Sky, duas grandes exportadoras de frutas, além de quase 600 novos estabelecimentos ligados à agricultura, que abriram suas portas entre 2000 e 2005, segundo informações do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).Com a geração de um novo tipo de emprego, o setor vem sofrendo com a falta de mão-de-obra especializada, já que há poucos cursos da área à disposição nas instituições de ensino. Mas a Faculdade de Tecnologia (Fatec) deve mudar isso nos próximos

anos, com a formação de alunos que passarão pelo curso de Redes de Empresas, Associativismo e Cooperativismo no Agronegócio, que começa em setembro.

“O que fez com que muitas áreas de produção acabassem sendo abandonadas foi a troca constante de moedas nacionais entre os anos 80 e 90. Muitos produtores, em sua maioria descendentes de japoneses, fossem trabalhar no Japão. Agora, isso está mudando, principalmente pela melhoria da gestão nas produções e pelos cursos voltados para a administração rural”, afirma o presidente do Sindicato Rural de Mogi, Minoru Mori.O sindicato também vem realizado, nos últimos dez anos, encontros entre produtores e associações para que haja um intercâmbio entre os profissionais. “Tem dado muito certo. Antes, os produtores eram mais isolados, mas eles perceberam que trocar experiências é muito mais lucrativo”, diz Mori. Além dos encontros, a entidade mantém uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e com o Sebrae.

Economia

Agronegócio: novo fôlego

Para driblar a concorrência, os produtores têm investido no transporte e armazenagem dos produtos. O chamado sistema de rastreabilidade

– de pós-colheita e armazenamento – garante melhor apresentação e mais qualidade aos produtos, em especial às folhagens, que são extremamente delicadas.Mori acredita que o setor ainda tem espaço para crescer nas próximas décadas: “A grande preocupação mundial, hoje, é a falta de alimento e Mogi tem espaço e condições para atender a essa demanda”.

PRoDUção MogiAnA

ITEM QuANTIDADE/ANo ÁREAHortaliças 500 mil toneladas 18 mil hectarescogumelo 5 mil toneladas 450 hectarescaqui 55 mil toneladas 1.884 hectaresNêspera 850 toneladas 250 hectaresAtemóia 300 toneladas 210 hectares orquídea 18,5 milhões de vasos 300 hectaresHortênsia 3 milhões de maços Fonte: Sindicato Rural de Mogi das cruzes

inVEStiMEntoS

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UniVERSiDADES

ECONOMIA 55

O ensino profissionalizante da cidade vem crescendo propor-cionalmente à expansão do setor industrial. Com a chegada de empresas especializadas em áreas específicas e multinacionais com equipamentos avançados, temia-se que os empresários tivessem de buscar profissionais fora. Mas isso não foi necessário. Com duas universidades, uma faculdade, uma Escola Técnica Estadual (Etec) e várias instituições particulares que oferecem cursos técnicos, Mogi está preparada para receber companhias de todos os setores.

As universidades são, inclu-sive, mais um incentivo para a chegada de novos investimentos, já que muitos empreendedores conhecem o município, porque

vieram estudar aqui, e, por causa das características positivas, acabam se mudando e montando suas empresas aqui.

A inauguração da Fatec (Faculdade de Tecnologia) deve movimentar ainda mais o mercado local. A escola gratuita, conhecida em todo o Estado por sua qualidade do ensino, será inaugurada em setembro, no Mogilar.

O antigo prédio do Centro Específico de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério (Cefam) está sendo reformado para receber os primeiros 80 alunos, que passaram no vestibular realizado em agosto. Serão duas turmas, uma no período da manhã e outra à noite, que se formarão em Redes de Empresas, Associativismo e Cooperativismo no Agronegócio.

investimento em mão-de-obra

Mogi conta com duas universidades e uma faculdade. A Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e a Universidade Braz Cubas (UBC) são destaques em cursos e pesquisas de alta tecnologia, além de projetos sociais, e a Faculdade do Clube Náutico Mogiano, que tem cursos de Educação Física e Fisioterapia, permite que as unidades de saúde da cidade contem com profissionais especializados no próprio município. Com a formação de mão-de-obra especializada, as empresas não precisam mais buscar profissionais em outras localidades, como acontecia décadas atrás.

Com modernos laboratórios e centros de pesquisa, as institui-ções não devem em nada para

as universidades da capital em infra-estrutura para aulas em diferentes cursos.

Pós-graduação e pesquisa estão ganhando mais força nos campi locais. O intercâmbio promovido entre alunos locais e de outras regiões e até países tem garantido conhecimento específico aos estudantes e, conseqüentemente, aos futuros profissionais.

Além do ensino, as unidades de ensino superior investem em ações sociais. A UBC, por exemplo, oferece atendimento odontológico e jurídico gratuito; a UMC também tem atendimento odontológico, além do fisioterápico a preços simbólicos; e a Faculdade do Náutico trabalha com projetos esportivos gratuitos.

Em sintonia com o mercado

55Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

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Economia

5� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

O comércio mogiano vive um momento ímpar de integração entre o popular e o sofisticado. Hoje, há lojas para todos os gostos e bolsos em várias regiões da cidade, com destaque para o centro, o Mogi Shopping e o distrito de Brás Cubas. O segmento começa a despontar também em César de Souza.

Na área central, a revitalização foi o ponto de partida para o renascimento do “comércio de rua” e a cidade de 448 anos ganhou jovialidade com a implantação de lojas modernas e arquitetura cuidadosa e investimentos em qualidade no atendimento e opções em sintonia com a capital. Com isso, o comércio de Mogi passou a ser a primeira opção da população que, até bem pouco tempo atrás, preferia ir até São Paulo para conseguir preços mais baixos, variedade e lançamentos.

De grife ou popular, as lojas estão no centro, no shopping e nos bairros equilibradamente, incluindo as grandes redes, que estão representadas no município por meio de franquias ou lojas próprias.

“Na época da abertura do shopping houve uma migração, mas, hoje, há um equilíbrio. Quem compra no shopping, também adquiri produtos no

centro e em lojas do seu bairro. Nesse último, os atrativos são a proximidade de casa e a facilidade para estacionar e se locomover”, afirma o presidente em exercício da Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC), Marcus Melo.

O nivelamento entre os locais foi percebido também pelos empresários. A rede de lojas Americanas, por exemplo, que por vários anos esteve só no centro de compras, abriu uma unidade em uma das regiões mais populares do centro, próxima à estação de trem. A Lojas Marisa fez o caminho inverso, além da unidade no centro, abriu uma segunda no shopping. E a rede de supermercados mogiana Alabarce diversificou, com lojas no centro, na Vila Oliveira e em Brás Cubas.

NúcleosO hábito de comprar perto

de casa foi fortalecido com os investimentos nos bairros, que, antes, eram a última opção. Agora, núcleos comerciais, como os existentes no Jardim Universo e em César de Souza, por exemplo, são freqüentados por moradores locais e até de outros distritos, pela qualidade e preços dos produtos. “Os bairros estão acompanhando o desen-

volvimento da cidade”, diz Melo.

ShoppingO Mogi Shopping cresceu

fortemente nos últimos anos. Em 2006, eles iniciaram um processo de modernização que aumentou a Área Bruta Locável (ABL) de 22 mil metros quadrados para 36 mil metros quadrados e remodelou toda a fachada do prédio. Houve uma ampliação no número de lojas

– de 160 para 220 – e a vinda de novas marcas, como C&A, C&C e Fast Shop. Um novo investimento, correspondente à segunda fase de expansão, já foi anunciado e, entre as novidades, está a construção de um hotel.

DestaquesTodos os setores do comércio

cresceram significativamente, mas o de vestuário e calçados vem apresentando desempenho surpreendente. Tanto, que é a principal opção de empreen-dedores que estudam entrar para o ramo, principalmente os micro e pequenos empresários. Mas, apesar da presença ma-ciça de lojas desse segmento, Mogi consegue manter uma boa diversidade, o que é mais uma característica positiva do comércio local.

A reviravolta do comércio

Nunca o município teve tantas lojas de veículos – dos mais variados portes – como agora. Na região central e nos bairros, elas se multiplicam a cada ano. Outra mostra da força desse setor é a presença, em solo mogiano, das dez principais montadoras que atuam no

País. A mais nova delas é a coreana kia Motors, que está em fase de expansão.

Com a facilidade do crédito e a boa condição econômica da cidade, seguindo a tendência nacional, os carros novos são maioria nas ruas da cidade. Mais um impulso para a economia

local, com mais emprego e renda também nesse segmento.

O número de lojas de au-tomóveis atual é, segundo o presidente em exercício da Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC), Marcus Melo, inimaginável se comparado ao que se tinha há dez anos.

o booM DoS VEíCULoS

Page 57: Mogi News Revista 23

abrigam mais de 1,4 mil fa-mílias, que usufruem de total infra-estrutura, incluindo um colégio e um moderno e completo centro comercial, que recebeu investimento de R$ 6 milhões.

As maiores As duas maiores empresas imobiliárias do País em valor de mercado, a MRV Engenharia e a Cyrela, também descobriram Mogi das Cruzes. A MRV está com obras a todo vapor nos bairros Alto do Ipiranga e Nova Mogilar. Já a diretoria da Cyrela anunciou seu interesse pela cidade.

57Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

Seguindo a tendência nacio-nal de forte aquecimento do mercado imobiliário, a cidade vive um momento de lança-mentos em série de edifícios e casas, principalmente em condomínios fechados. E o

mercado vem correspondendo aos investimentos feitos por construtoras da cidade e de outras regiões.

Diferenciais de Mogi – locali-zação privilegiada, mão-de-obra especializada e a diversidade de negócios, entre outros – têm atraído pessoas de várias lo-calidades para viverem aqui

e motivado empresários de vários ramos, especialmente os de construção civil, a investir na cidade.

Empresas mogianas tradicionais, como a J. Bianchi, a Helbor e a Mogi Imóveis continuam

investindo e incentivando outras companhias a lançar empreendimentos residenciais e comerciais no município.

Grandes empresas, como a Rossi, a Tecnisa e a Cipasa já lançaram prédios na cidade. Algumas optaram por parcerias, como a Rossi, que, com a J. Bianchi, está construindo

Construtoras apostam em Mogi

um condomínio de casas e apartamentos em César de Souza, e a Cipasa, que lançou há pouco tempo um loteamento fechado com a Helbor.

Além disso, a Cipasa é responsável, com a Scopel

Desenvolvimento Urbano, pelos empreendimentos batizados como Aruã, que acabou sendo conhecido como bairro, já que reúne vários condomínios numa mesma região. Com mais de 3 milhões de metros quadrados, divididos entre os residenciais Aruã Lagos, Eco Park e Brisas, os condomínios

ECONOMIA

Empreendimentos em diferentes fases geram muitas opções aos consumidores

Muitos lançamentos apresentam ambientes decorados para os mogianos

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O megaempreendimento realizado pelas empresas Helbor, Cipasa e Scopel na Fazenda Rodeio terá um terço do tamanho do município de São Caetano do Sul, ou seja, cinco mi-lhões de metros quadrados. Além do tamanho, outras características farão do local um residencial com jeito de outra cidade, porque terá lotes comerciais, parque urbano de três quilômetros de comprimento e outros itens de infra-estrutura.

Pela dimensão o projeto deve ser realizado por etapas,

que devem ser concretizadas ao longo de duas décadas. As incorporadoras já deram início à primeira etapa, que resultará na ocupação de 0,7 quilômetros quadrados. O prazo legal para implantação de cada fase é de quatro anos. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo, em 2009, o município já receberá os valores refe-rentes ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de lotes que serão viabilizados. O número de novos carnês passa de mil.

Economia

César abriga expansão imobiliária

Toda a cidade tem recebido forte investimento do setor imobiliário, mas uma região se destaca: César de Souza. E não é à toa. O distrito é o único em todo território mogiano com amplo espaço para desenvolvimento nesse segmento. São cerca de 7,774 milhões de metros quadrados, que devem ser ocupados por empreendimentos verticais e horizontais nos próximos anos.

A preferência é por prédios residenciais e as construtoras já começaram a investir no distrito, que vem sendo valorizado com condomínios de médio e alto padrões. Duas grandes áreas foram compradas por empresas do ramo.

A Fazenda Rodeio, por exemplo, que fica entre César e Botujuru e tem mais de 10 milhões de metros quadrados de área, sendo metade preservada pela legislação ambiental, será usada num grande projeto residencial preparado pela Helbor ,em parceria com a Cipasa e a Scopel. A Helbor também comprou a área que por décadas sediou a antiga fábrica Howa S/A Indústrias Mecânicas, onde será construído um grupo de condomínios.

Os residenciais devem atrair investimentos comerciais e industriais, o que deve deixar o distrito com melhor infra-estrutura e mais valor social.

Megaempreendimento

5� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

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59Setembro 2008 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes

A três meses do final de seu se-gundo mandato como prefeito de Mogi, Junji Abe (PSDB) afirma que o que mantém a

qualidade de vida da cidade intacta é o seu crescimento empresarial.

Com o aumento populacional e a chegada de várias indústrias nos últimos dez anos, os moradores da cidade temiam que a qualidade de vida fosse banida. Mas o experiente gestor público – que já foi vereador e deputado estadual por três vezes consecutivas

– mostra que isso não aconteceu: “Só não é possível preservar a qualidade de vida quando o desenvolvimento empresarial não acompanha o aumento demográfico. A qualidade cresce pro-porcionalmente ao fomento do empre-endedorismo”.

Neto de imigrantes japoneses, Junji revela nessa entrevista que impressão tinha da cidade quando era criança e quando começou na política, em 1972, e como imagina que Mogi estará daqui a 20 anos. Sobre o seu futuro político ele é mais reservado, no entanto, deixa dicas para os próximos administradores fazerem o município crescer ainda mais.

Mogi News Revista: Que participação seus pais e seus avós tiveram na sua formação política? Junji Abe: A produção rural era o que movia a economia de Mogi das Cruzes e eu aprendi com meus pais e meus

avós esse trabalho, que me acompanha até hoje, já que sou um dos maiores produtores de orquídea da cidade. As histórias de imigrantes se repetem, com superação, dificuldades. Tive uma criação que me ajudou muito na carrei-ra política. Aprendi a não ser surpreen-dido com algo que não possa solucionar. Temos de fazer o possível para viver com prevenção, com planejamento. Uma gestão pública sem planejamento não tem diagnóstico e sem diagnóstico não há como resolver os problemas.

MNR: Quando entrou para política, em 1972, o senhor e os gestores públicos daquela época imaginavam que Mogi cresceria tanto?Junji: Nós já tínhamos a sensação de que Mogi era acolhedora e que nenhum mogiano a trocaria por outra, mas os gestores jamais poderiam imaginar esse crescimento. Se imaginassem, teriam proibido terminantemente a construção de casas ao lado de rios e córregos, teriam planejado as ruas com uma melhor divisão, entre outras me-didas. Mas nessa falta de imaginação não existe nenhuma culpabilidade. São coisas inerentes a nós seres humanos. Nós estamos sempre muito envolvidos para encontrar soluções paliativas e não em longo prazo.

MNR: E como o senhor imagina que a cidade vai estar daqui a 20 anos?

Junji: Eu imagino uma Mogi das Cruzes com uma população chegando perto de 600 mil habitantes. A cidade deve ficar ainda melhor do que está hoje, a menos que um louco facilite a entrada no Dis-trito Industrial do Taboão de atividades que assustem os empresários, como a instalação de um aterro sanitário. Por isso, a nossa luta contra a instalação do lixão é tão feroz. Porque não existe na região metropolitana de São Paulo um lugar com tantas potencialidades para instalar médias e grandes indústrias, como o Taboão. Mas eu acredito que o povo de Mogi não vai permitir que alguém faça isso.

MNR: Quais são seus planos políti-cos para depois que o seu mandato acabar?Junji: Eu, hoje, só penso em terminar muito bem o meu mandato. As pesqui-sas revelam que o índice de aprovação do meu governo é de 70% e isso é uma responsabilidade muito grande. Eu chego cedo, trabalho muito, vou embora tarde, não tenho fim de semana, feriado, nem férias. Vivo 24 horas para Mogi, por isso não tenho tido tempo para projetar minha carreira política. Todos nós temos vocações e a política é a minha, está no meu sangue. Jamais vou dizer que, depois desses oito anos, para mim, chega. Se eu estiver motivado para exercer outras funções, com certeza eu enfrentarei o desafio.

Entrevista

Empreendedorismo como base

Mogi cresceu muito, mas o desenvolvimento empresarial deu suporte para uma expansão sustentável

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�0 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Eleições municipais. O tema traz à tona a reflexão sobre o valor do voto como

importante ferramenta de transformação social. A es-colha consciente daqueles que serão os represent-antes do povo nos poderes Executivo e Legislativo é fator preponderante para que a população conquiste o atendimento de suas prin-cipais reivindicações, o que é o início do alcance efetivo da qualidade de vida.

Em Mogi das Cru-zes, nos últimos anos, o surgimento de grandes movimentos populares apartidários, embora politicamente organizados,

Eleições

Voto: questão de cidadania

participar da política da cidade e saber escolher seus governantes são os primeiros passos para garantir uma vida melhor

aponta para o começo de uma maior conscientização política da população em suas várias camadas sociais. Prova disso, são os casos de mobilizações, como a luta pela conquista da terra, dos chacareiros de Jundiapeba e do Botujuru, e a campanha contra a implantação do aterro sanitário, que inicial-mente foi encabeçada pela elite e acabou envolvendo toda a cidade, com a coleta de 27 mil assinaturas.

Os dois movimentos serviram, ainda, de inspira-ção para uma nova luta, que começa a ganhar força em Mogi, pela não construção do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), o

chamado cadeião, cogitada pelo governo do Estado. Não apenas a Câmara e a Prefeitura, como também entidades da sociedade civil, têm se reunido para mani-festar ao governador José Serra (PSDB) o repúdio ao empreendimento carcerário.

Apesar de todas estas mobilizações serem um sinal de que a população mogiana está mais cons-ciente da importância de sua participação na política, ainda falta muito para que o eleitor entenda que cidada-nia, em eleições, vai muito além de apertar a tecla verde da urna eletrônica.

De acordo com o advogado e especialista

em Política, Olavo Câmara, o brasileiro vota por três motivos: interesse, afini-dade e consciência. Como se este simples fato já não fosse negativo o bastante, as estatísticas apontam para uma realidade ainda mais pessimista: apenas 3% do eleitorado vota por consciên-cia, ou seja, porque conhece o histórico do candidato, suas propostas para a cida-de e os ideais do partido do qual ele faz parte.

“A grande maioria das pessoas vota por interesse. Elas vendem o voto em troca do famoso favorzinho. Trata-se de uma questão histórico-cultural, que é muito ruim para o processo político”, diz.

Page 61: Mogi News Revista 23

ELEIÇÕES 61

Transparência e acessoPara o sociólogo Fernando Lothario da Roza, a cons-cientização da população e sua maior participação no processo político pas-sam antes por mudanças dentro do poder público:

“A consciência implica necessariamente na maior transparência dos políticos. No processo eleitoral, existe uma série de acordos que não faz parte daquilo que população deseja e o que é de interesse da população é resolvido dentro de quatro paredes. Querendo ou não, o fato de as pessoas terem mais acesso à informação faz com que elas criem valores que levam em consi-deração na hora de fazer as suas escolhas”.

Olavo Câmara tem opinião semelhante

e defende que os poderes Legislativo e Executivo se organizem de forma a criar facilitadores para o acesso dos munícipes às questões políticas da cidade: “Na Câmara, deveria haver ses-sões noturnas para que a população tivesse condições de acompanhá-las. Já no Executivo, falta o orçamento participativo. O prefeito de-veria fazer na cidade um dia de prestação de contas em que reunisse o secretariado para mostrar à população o que receberam e como gastaram. Atualmente isso é feito, mas apenas por meio de publicações ou de

reuniões no Legis-

lativo

municipal, mas essa pres-tação de contas deveria ser em local público, para que o povo pudesse participar”.

Mobilização Lothario da Roza ainda destaca a relevância da Im-prensa e de movimentos que nascem na iniciativa privada, como o comitê mogiano Mo-vimento de Combate à Cor-rupção Eleitoral. “Eles são importantes porque levam a população a dialogar com setores organizados para discutir questões importan-tes tanto com o Legislativo como com o Executivo. O processo de conscientização implica nessa discussão contínua para que o povo saia do plano meramente do exercício para entrar em uma esfera mais prática do processo político”, explica.

A falta de comprometimento partidário do brasileiro se deve à fragilidade histórica das legendas, que surgiram nas terras tupiniquins no ano de 1831 e depois passaram por uma série de processos de extinção.

Os partidos políticos que os brasileiros conhecem, hoje, são jovens – surgiram a partir de 1985, quando se permitiu a criação de

novas legendas no País. Isso acorreu após um longo período de restrições impostas pela Ditadura Militar, ocasião em que foram extintos todos os partidos políticos para criação dos antigos ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Atualmente, há 27 siglas no Brasil, mas elas já chegaram a ser 42.

LEgEnDAS noVAS

Na Câmara, deveria haver sessões noturnas para que a população tivesse condições de acompanhá-las

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O número de mogianos que vai às urnas no próximo dia 5 de outubro para eleger seus representantes para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador é 10% maior do que nas eleições municipais de quatro anos atrás. Atualmente, Mogi tem 255.025 eleitores contra 231.171 votantes em 2004. As mudanças, no entanto, não se restringem apenas ao crescimento numérico, mas também ao perfil do eleitorado.

Um levantamento do Supremo Tribunal Eleitoral, divulgado em julho, indica que houve uma diminuição no número de jovens eleitores. Em 2004, a faixa etária entre 16 e 24 anos correspondia a 21% do total, com

50.219 pessoas. Este ano, 48.689 jovens irão às urnas, o que corresponde a 19% do eleitorado atual.

A queda está associada ao desinteresse dos adolescentes – entre 16 e 17 anos – em exercer o direito do voto. Enquanto em 2004 eram 1.983 eleitores com 16 anos, em 2008, são apenas 1.379; uma queda de 30%. Na faixa dos 17 anos, a diferença é de 18%. Em 2004, havia 3.750 eleitores com essa idade na cidade e, quatro anos depois, são 3.073.

Se por um lado diminuiu o número de eleitores jovens na cidade, em 2008 houve um aumento no número de idosos. Em

2004, 26.083 eleitores tinha mais de 60 anos. Em 2008, o número cresceu 25%, com 32.065 votantes. Reflexo da melhoria da qualidade de vida e longevidade da terceira idade.

Outro dado importante sobre o perfil do eleitorado mogiano, revelado por es-tatísticas recentes do TSE, é de que as mulheres são cada vez mais importantes para o processo eleitoral do município. Atualmente, as mulheres somam 51,7% do total de eleitores da cidade – são 131.894 eleitoras contra 122.502 homens. Em 2004, o público feminino já correspondia a 51,1% dos eleitores.

Eleições

Mogianos vão às urnas

�2 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

A participação dos cidadãos nos processos políticos passa não apenas pela maior conscientização a respeito da valorização do voto, mas também pela fiscalização da atuação de candidatos no período eleitoral e dos representantes eleitos durante o exercício de seus mandatos.

Nesse sentido, Mogi ganhou uma arma importante na luta pela moralização política com a fundação do comitê mogiano do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, que se propõe a ser canal de ligação entre a população e os poderes constituídos.

O MCCE é movimento nacional que nasceu em 2002, em Brasília, com o objetivo de fiscalizar a aplicação da lei federal 9840/99, de iniciativa popular, que proíbe a compra de votos e o mau uso da máquina administrativa. O comitê mogiano foi lançado oficialmente em abril deste ano com a adesão de 40 entidades da sociedade civil.

Atualmente, a mobilização é encabeçada

pelo historiador Mário Sérgio de Moraes, membro da Cáritas Brasileira, pelo am-bientalista José Arraes, da Sociedade Amigos do Mogilar, e pelos advogados Marco Antonio Soares Junior, Olavo Câmara e Laerte Silva, que representam a Ordem dos Advogados do Brasil.

Em Mogi, o MCCE se propõe também a promover atividades de educação e conscientização política. Os membros do movimento já promoveram uma série de palestras na cidade para levar à população a mensagem de que é importante o combate à compra dos votos.

Além disso, o comitê mogiano recebe denúncias de corrupção eleitoral para posterior encaminhamento ao Ministério Público. As infringências podem ser protocoladas na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), desde que os denunciantes se identifiquem. Os casos de propaganda irregular podem ser encaminhados também por e-mail ([email protected]), sem ne-

cessidade de identificação do autor. O advogado Laerte Silva explica que a

atuação do comitê não se restringirá ao período eleitoral, já que também deverá fiscalizar a aplicação das propostas dos candidatos eleitos. “O MCCE nasceu agora em Mogi, mas não vai morrer com o fim destas eleições. É uma semente lançada para o futuro”.

DebateOutra importante contribuição do MCCE local é a realização do debate entre os cinco prefeituráveis no próximo dia 13. O evento será uma oportunidade a mais para que a população conheça e compare as propostas de cada um dos candidatos para Mogi. “Em meio às perguntas sobre os serviços essenciais da administração, que deverão ser feitas pelos jornalistas, haverá a inserção de questionamentos sobre moral, que serão feitos pelos repre-sentantes do comitê. O tema ética será o grande diferencial desse debate”.

ética: luz no fim do túnel

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�4 Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Eleições

os candidatos à Prefeitura

partido: PT Idade: 47 anos Estado civil: Casado

profissão: Advogado Grau de escolaridade: Superior completo

currículo político: Foi líder estudantil, presidente do Partido dos Trabalhadores em Mogi (por duas vezes) e presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Papel e Celulose por quatro mandatos.

iduigues ferreira Martins“Estou convicto de que posso contribuir para melhorar a vida dos mogianos. Conheço a cidade, os seus problemas e tenho propostas para solucioná-los”

partido: PSOL Idade: 56 anos Estado civil: Solteira

profissão: Professora Grau de escolaridade: Superior completo

currículo político: Foi vereadora por dois mandatos e ex-coorde-nadora da subsede da Apeoesp de Mogi das Cruzes e está afastada da diretoria estadual da Apeoesp.

inês Paz“Vou ser prefeita para, com a população, construir uma Mogi para o povo. Hoje, o município está dividido entre a Mogi dos ricos e a Mogi dos pobres”

partido: DEM Idade: 40 anos Estado civil: Casado

profissão: Administrador de empresas Grau de escolaridade: Superior completo

currículo político: Foi secretário municipal de Indústria e Comércio, vereador (por duas vezes) e vice-prefeito de Mogi. Está afastado dos cargos de deputado estadual, de presidente da Associação Comercial de Mogi e de vice-presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo.

Marco bertaiolli “Nossa cidade vive um intenso desenvolvimento econômico e social. Precisamos avançar nesse processo e melhorar ainda mais para Mogi continuar a crescer”

partido: PCB Idade: 58 anos Estado civil: Divorciado

profissão: Jornalista Grau de escolaridade: Superior completo

currículo político: É presidente da ONG Guerrilheiros do Itapety e fundador dos partidos PT, PPS e PCB em Mogi das Cruzes.

Mário berti filho“Quero ser prefeito de Mogi para administrar esta cidade de modo que ela venha a ter pleno desenvolvimento, segurança e perspectivas de um futuro melhor”

partido: PPS Idade: 58 anos Estado civil: Casado

profissão: Médico Grau de escolaridade: Superior completo

currículo político: Foi vereador por duas vezes e está em seu terceiro mandato como deputado estadual.

Luís Carlos gondim teixeira“Quero corrigir o que está errado, aperfeiçoar iniciativas já implantadas com sucesso e inovar com planos capazes de destacar o potencial do município”

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�� Especial Aniversário de Mogi das Cruzes Setembro 2008

Roberto Viegas é jornalista

([email protected])

Artigo

Durante décadas, as chaminés das fábricas foram o principal símbolo de progresso de muitas cidades, entre elas Mogi das Cruzes. Os que viveram

os anos de ouro da Mineração Geral do Brasil (MGB) e da Companhia Siderúrgica de Mogi (Co-sim) sabem bem o que aquelas torres de tijolos aparentes em plena atividade representavam para a economia local.

Naquela época, progresso era a expressão que melhor caracterizava o potencial de crescimento econômico de uma região, a partir, principalmente, dos produtos e empregos gerados na atividade indus-trial. Os tempos mudaram, e hoje as chaminés das fábricas perderam espaço. As que resistiram em funcionamento são impla-cavelmente fiscalizadas; outras foram preservadas como marcos da história da industrialização.

Aos poucos, o progresso foi sendo substituído pelo desenvolvimento, algo mais abrangente do que o simples crescimento econômico, e com maior ênfase na melhoria da infra-estrutura urbana, como energia elétrica, água e esgoto nas residências; asfalto e iluminação pública até mesmo nas ruas mais distantes do centro.

Desde a Conferência Mundial do Meio Am-biente, a Rio 92, dezesseis anos atrás, o termo

“desenvolvimento sustentável” é o mais repetido por quem se mostra preocupado com o preço que pagamos por alguns avanços do Homem.

A expressão retrata o impacto de novas tec-nologias que tornam a vida das pessoas mais confortável, segura e prática, gerando bem-estar com equilíbrio e respeito ao meio ambiente. E esse

parece ser um dos mais importantes desafios de Mogi das Cruzes, próximo da virada da primeira década do século 21.

Diferentemente de outras cidades totalmente adensadas e que não tiveram uma expansão equilibrada, Mogi tem muito a perder se não observar o que precisa planejar, realizar e fiscalizar diante da concentração de indústrias, pólos comerciais e condomínios residenciais (dos populares aos de alto padrão). Dos 714,2 km² de seu território (o segundo maior entre os municípios da Grande

São Paulo), 65,55% são de áreas de proteção ambiental, um patrimônio de valor incalculável.

Por isso, é fundamental refletir sobre o desen-volvimento sustentável que queremos para Mogi, projetando um modelo que equilibre a riqueza gerada no município, resumida no seu Produto Interno Bruto (PIB), e o Índice de Desenvolvimento Hu-

mano (IDH), que também avalia a educação e a longevidade das pessoas.

Não há dúvida de que, na última década, Mogi registrou avanços nesses dois indicadores, mas sempre haverá muito a fazer, sobretudo nas áreas de educação, saúde, transporte, tecnologia, emprego, moradia, urbanismo, segurança, lazer e cultura.

O importante é que amanhã, como hoje e no passado, os que vierem a viver em Mogi possam ter a perspectiva de que estão numa cidade que sabe conduzir seu destino, criando oportunidades para todos os seus habitantes. Respeitando os recursos naturais e as potencialidades das pessoas, é possível conquistar o desenvolvimento e, o melhor, com qualidade de vida.

Desenvolvimento com qualidade de vida

AOS POUCOS, O PROGRESSO FOI SENDO SUBSTITUÍDO PELO DESENVOLVIMENTO, ALGO MAIS ABRANGENTE DO QUE O SIMPLES CRESCIMENTO ECONôMICO

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