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Núcleo Moinhos de Vento Moinhos Maio 2009 Edição Especial

Moinhos Especial sao jorge - Núcleo Moinhos de Ventomoinhosdevento.lisboa.cne-escutismo.pt/wp-content/documentacao... · A relação entre o santo e a lua viria de uma lenda antiga

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Moinhos M a i o 2 0 0 9 E d i ç ã o E s p e c i a l

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M o i n h o s

Vida de São Jorge Devotos no mundo inteiro comemoram no dia 23 de abril, o Dia de São Jorge, o santo padroeiro da Inglaterra, de Portugal, da Catalunha, dos soldados, dos escoteiros, dos corintianos e celebrado em canções populares de Caetano Veloso, Jorge Ben Jor e Fernanda Abreu. No oriente, São Jorge é venerado desde o século IV e recebeu o honroso título de "Grande Mártir". Guerreiro originário da Capadócia e militar do Império Romano ao tempo do imperador Diocleciano, Jorge converteu-se ao cristianismo e não agüentou assistir calado às perseguições ordenadas pelo imperador. Foi morto na Palestina no dia 23 de abril de 303. Ele teria sido vítima da perseguição de Diocleciano, sendo torturado e decapitado em Nicomédia, tudo devido à sua fé cristã. A imagem de todos conhecida, do cavaleiro que luta contra o dragão, foi difundida na Idade Média. Está relacionada às diversas lendas criadas a seu respeito e contada de várias maneiras em suas muitas paixões. Iconograficamente, São Jorge é representado como um jovem imberbe, de armadura, tanto em pé como em um cavalo branco com uma cruz vermelha. Com a reforma do calendário litúrgico, realizada pelo papa Paulo VI, em maio de 1969, tornou-se opcional a observância do seu dia festivo. Embora muitos ainda suspeitem da veracidade de sua história, a Igreja Católica reconhece a autenticidade do culto ao santo. O culto do santo chegou ao Brasil com os portugueses. Em 1387, Dom João I já decretara a obrigatoriedade de sua imagem nas procissões de Corpus Christi. O Sport Clube Corinthians Paulista foi outra grande contribuição para a popularização de São Jorge, primeiro no Estado de São Paulo e depois no País, ao escolher o santo como seu padroeiro e protetor, em 1910. A quantidade de milagres atribuídos a São Jorge é imensa. Segundo a tradição, ele defende e favorece a todos os que a ele recorrem com fé e devoção, vencendo batalhas e demandas, questões complicadas, perseguições, injustiças, disputas e desentendimentos.

São Jorge e a Morte do Dragão

A imagem conhecida de todos, do cavaleiro que luta contra o dragão, está relacionada às lendas criadas a partir da Idade Média. Há uma grande variedade de histórias relacionadas a São Jorge. O relato e a imagem de todos conhecidos, do cavaleiro que luta contra o dragão, começaram a ser difundidos na Idade Média . A imagem atual do santo, sentado em um cavalo com uma lança que atravessa um dragão, está relacionada às diversas lendas criadas a seu respeito, contadas de várias maneiras em suas muitas paixões. A versão mais corrente dá conta que um horrível dragão saía de vez em quando das profundezas de um lago e atirava fogo contra os muros de uma longínqua cidade do Oriente, trazendo morte com seu mortífero hálito. Para não destruir toda a cidade, o dragão exigia regularmente que lhe entregassem jovens mulheres para serem devoradas. Um dia

coube à filha do Rei ser oferecida em comida ao monstro. O Monarca, que nada pôde fazer para evitar esse horrível destino da tenra filhinha, acompanhou-a com lágrimas até às margens do lago. A princesa parecia irremediavelmente destinada a um fim atroz, quando de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia, montado em um cavalo branco, São Jorge. Destemidamente, enfrentou as perigosas labaredas de fogo que saíam da boca do dragão e as venenosas nuvens de fumaça de enxofre que eram expelidas pelas narinas do monstro. Após um duro combate, finalmente São Jorge venceu o terrível dragão, com sua espada de ouro e sua lança de aço. O misterioso cavaleiro assegurou ao povo que tinha vindo, em nome de Cristo, para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados. Para alguns, o dragão (o demônio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu, representaria a província da qual ele extirpou as heresias. A relação entre o santo e a lua viria de uma lenda antiga que acabou virando crença para muitos. Diz a tradição que as manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda.

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No dia 26 Abril o agrupamento 879 da Póvoa de Santo Adrião mobilizou-se com cerca de 100 elementos e partiu em direcção á Arruda dos Vinhos para participar na festa da região de Lisboa, o S. Jorge 2009. Num pavilhão cheios de escuteiros vindos dos quatro cantos da região assistimos à eucaristia presidida pelo Bispo adjunto de Lisboa D.Tomaz da Silva Nunes. A tarde ficou reservada para as actividades em Secção. Começando pelos Lobitos, podemos dizer que a nossa alcateia viveu intensamente a tarde de jogos. Sob o tema “Na descoberta de Zezerus”, foram percorrendo as actividades referentes ao vestuário, à escrita, à gastronomia, aos meios de comunicação e transporte, de modo a conhecer este novo planeta. Foram momentos

cheios de alegria e que marcaram muitos dos nossos lobitos, visto ter sido a primeira vez que participaram em actividades com tantos escuteiros juntos. O melhor ficou para o fim, quando lhes pediram para subir para o palco na festa de encerramento. Os lobitos ficaram fascinados ao ver todos aqueles irmãos escutas a dançar e a cantar. A IIª seccção viveu o imaginário “O Principezinho” o nosso o grupo

explorador partiu numa viagem inter-planetária entre a Povoa e a Arruda dos Vinhos através de jogos e brincadeiras partilharam com a grande família escutista o segredo da verdadeira amizade. Focamos ainda os lugares conquistados pelas nossas patrulhas, principalmente a patrulha Castor que se destacou pelo 5º lugar. Neste dia marcado pela Canonização de D. Nuno Alvares Pereira, patrono dos dirigentes, sentimos que cumprimos mais um desafio proposto neste Ano Paulino de nos tornamos Homens Novos.

O Grupo Pioneiro 88 viveu o tema “ As constelações” e que consistiu num pequeno jogo de vila por Arruda dos Vinhos. Em cada posto deste jogo, puderam aprofundar e por à prova os conhecimentos sobre as estrelas, e ainda realizar varias actividades subordinadas a este tema. Focamos ainda os lugares conquistados pelas nossas equipas, principalmente a equipa Touro que se destacou pelo 11º lugar. Um bravo a todos!! O nosso clã viveu também sob o imaginário do “Principezinho” e durante a tarde visitou os diferentes planetas através de ateliers de variados temas como por exemplo “Origamis” e animação escutista. Os nossos caminheiros tiveram uma tarde muito bem passada, mas com a sensação que podia ter sido melhor. O S. Jorge 2009 foi mais uma actividade onde o 879 participou em peso e que mostrou a força e dedicação desta grande família. Melhor que a Póvoa não há…. Já procurei por todo lado……...Não há….. Não há……..

Ana Margarida Costa

879—Póvoa Sto. Adrião

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No dia 26 de Abril o grupo 91 de Pioneiros de Sacavém, saiu com toda a energia e todo o empenho para o grande dia que nos esperava, em toda a nossa participação apenas concentramo-nos principalmente em nos divertirmos e aumentarmos o nosso espírito de equipa e de grupo.

Convivemos com outros agrupamentos, e outros pioneiros, principalmente pelos jogos que se realizaram depois da celebração e ai tentamos dar o nosso melhor nos postos e por à prova a competição. Nas transições entre os postos passávamos pelos locais mais importantes de Arruda dos Vinhos, cantávamos e aprendíamos coisas muito importantes para a nossa orientação e para o conhecimento do Universo.

O fim foi o auge com a banda Solarius, dançámos, brincámos e cantámos, resumindo divertimos-nos imenso.

Infelizmente tivemos de sair mais cedo, isto pois estávamos ansiosos para conhecer as classificações, mas felizes por termos dado o nosso melhor e por termos sido recompensados por este com a melhor classificação do nosso núcleo.

Canhotas Escutistas

Pantera Refilona

905—Sacavém

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Mais um ano. Mais um S. Jorge. Mais uma Festa da Região!

Este ano, em Arruda dos Vinhos, no Núcleo Solaris, os escuteiros da região de Lisboa, juntaram-se todos para (re)viver mais um dia de actividades em memória do nosso patrono, todos juntos, desde os mais pequenos aos mais novos.

Do 1100, só os mais velhos optaram por participar nestes dias. A actividade seria de fim-de-semana, no entanto os Companheiros do Parque das Nações só se puderam juntar ao resto do Clã regional no domingo de manhã.

Depois do Check-in, realizou-se a Eucaristia e a tarde foi passada em actividades de workshops em equipas verticais.

Mais uma vez, e como em todos os anos, a maioria dos Agrupamentos fez questão de estar presente neste dia assistindo-se assim, a uma enchente no espaço da Eucaristia que levou a uma pequena dificuldade pela parte de alguns de nós em assistir à mesma.

A tarde foi passada em grande animação. Ver, rever, conhecer, partilhar, conviver, aprender e acima de tudo passar bons momentos na companhia de irmão escutas… é isso que se pretende de um bom S. Jorge. Este foi o caso.

No geral, a maioria gostou da actividade, principalmente do convívio forte que se fez sentir ao final do dia.

Com a certeza que não podemos deixar perder estes momentos tão importantes para a vivencia da região, partimos na certeza de que o S. Jorge do ano que vem será muito melhor e, novamente, inesquecível!

Ana Rita Oliveira

1100—Parque das Nações

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26 de Abril de 2009

“Canonização de São Nuno” O novo Santo português

Nuno de Santa Maria será o oitavo santo do catolicismo português. Às virtudes da sua vida, assumidas segundo a experiência católica de olhar os outros e as coisas, acrescenta-se o facto do seu percurso biográfico estar intimamente relacionado com a História de Portugal, a sua independência e a consolidação da nacionalidade. Nascido a 24 de Junho de 1360, em Cernache do Bonjardim (actual distrito de Castelo Branco), o novo santo português foi um dos portugueses que mais profundamente marcaram a história do nosso país. Filho de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior dos Hospitalários de Portugal, e de D. Iria Gonçalves de Carvalhal, dama da Infanta Dona Beatriz (filha de D. Fernando), Nuno Álvares Pereira foi 3º conde Ourém, 7º de Barcelos e 2º de Arraiolos. Falecido em 1431, no Carmo de Lisboa, sabe-se que D. Duarte pediu para que se organizasse o seu processo de canonização em 1437, ou seja, apenas seis anos após a sua morte.

Primórdios

Adquiriu o título de «Condestável do Reino» devido aos méritos na guerra de 1385 entre Portugal e Castela. No Arquivo da Casa de Bragança existia, até ao terramoto de 1755, o diploma original no qual o Mestre de Avis, D. João I, lhe concedia o título de «Condestabre» do reino e, para lhe agradecer, o rei faz-lhe a doação do Condado de Ourém e de outras terras nomeadas. (Cf. Tarouca, Carlos da Silva – O «Santo Condestável» pode ser canonizado?. Brotéria. Lisboa. XLIX (1949) 129-140.) Na Torre do Tombo (Lisboa) existe também um documento – a cópia coeva, em pública forma, da carta do mesmo rei, com a qual, no Porto, a 8 de Novembro faz a doação ao mesmo D. Nuno Álvares Pereira, Condestável e Conde de Ourém, do Condado de Barcelos (Cf. Tarouca, Carlos da Silva).

Com esta documentação fica excluída qualquer dúvida a respeito da sua identidade e dos mais importantes feitos da sua vida. Para provar que D. Nuno e o Condestável eram a mesma pessoa basta recorrer a uma carta do Papa Urbano VI para o bispo de Viseu, a 8 de Dezembro de 1386, cujo original existia até ao referido terramoto no Carmo de Lisboa. Nela, o Papa chama Nuno, Conde de Barcelos, ao fundador do convento. Esta não é a única carta de Urbano VI ao Condestável. Segundo o cronista do Carmo, Pereira de Sant´Anna, o Papa envia-lhe dois documentos – assinados a 26 de Novembro de 1387 – onde realça: “Revalidava o que antes obtivera, para contrair matrimónio com a senhora D. Leonor de Alvim, sem embargo de parentesco” e a outra concede-lhe privilégios de missas para o conde, esposa e família. Recorrendo ao artigo de Carlos da Silva Tarouca, encontram-se provas que D. Duarte pediu a canonização de D. Nuno Álvares Pereira. No Códice Ashburnham 1792 da Biblioteca Laurenziana de Florença existem dois volumes de originais, pertencentes à correspondência original que ao abade beneditino D. João Gomes chegava de Portugal. Neste códice encontra-se a carta original (publicada pelo Pe. Domingos Maurício: Brotéria VII-1928) de D. Duarte ao abade de Florença e seu conselho. Assinado a 21 de Julho de 1437, neste documento o rei português queixava-se de ainda não ter recebido “O desembargo que saiu do canonizamento do Santo Condestabre per que se tire a inquirição que sobre isto se costuma fazer”. Conclui-se que o Papa mandou começar o processo de canonização de D. Nuno Álvares Pereira. O documento contém também mais informações que ajudam a compreender o início deste processo. Nele, D. Duarte envia a D. João Gomes (abade beneditino) a oração litúrgica – feita pelo infante D. Pedro (faleceu em 1449) – e o esboço do panegírico que devia ser pronunciado por ocasião da canonização. Tanto D. Duarte como os irmãos tomavam a sério o processo de canonização do condestável. Para prová-lo, existe uma cópia, tirada pelo cronista-mor do reino, Gomes Eanes Azurara, onde são elencados os milagres atribuídos à sua intercessão. A «oração litúrgica» do Infante D. Pedro é um documento de importância capital, sendo a única fonte coeva, que fala claramente da santidade de vida. Este Códice da Cartuxa de Évora – actualmente está na Torre do Tombo – é a única fonte que conservou a data da morte do Beato Nuno: Dia de Páscoa de 1431, isto é, 1 de Abril.

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26 de Abril de 2009

“Canonização de São Nuno”

Nascimento do culto

Em relação ao início do culto que se prestava ao Santo Condestável, Jorge Cardoso no «Hagiológia Lusitano» (Cardoso, George – Agiologio Lusitano III. Lisboa, 1666) e, sobretudo, José Pereira de Sant´Ana na sua «Crónica dos Carmelitas» (Sant´Anna, Joseph Pereira – Chronica dos Carmelitas da Antiga e Regular Observância I. Lisboa, 1745) relatam, longamente, além da sua vida virtuosa, os altares e imagens que lhe eram dedicados, as missas que se celebravam em sua honra, as trasladações das suas relíquias, as peregrinações ao seu túmulo, e as muitas graças e milagres que eram atribuídas à sua intercessão. Perante tais relatos pensou-se logo em obter do Papa a confirmação deste culto pela beatificação e canonização. Sabe-se que D. Duarte estimava muito o condestável. Quando era infante visitava-o com frequência no Convento do Carmo e tomou a iniciativa de pedir a sua canonização (Cf. Maurício, Domingos – Para a história do culto do B. Nun´Alvres. Brotéria. Lisboa. VII. 1928). Como o desejo não foi realizado, nos reinados de D. João IV e D.

Pedro II, os prelados da corte enviaram uma súplica ao Papa a pedirem a canonização de D. Nuno Álvares Pereira, súplica que foi corroborada pelos monarcas. «Ventilou-se esta questão nas Cortes de 1674, as últimas que se reuniram antes da revolução de 1820. Privado el-rei D. Afonso VI do governo em 1667, o regente seu irmão convocou Cortes que se reuniram em 20 de Janeiro de 1674, na sala dos Tudescos do Paço da Ribeira. O braço da nobreza reuniu separadamente, no dia 22, no Mosteiro de Santo Elói, para eleger os trinta na forma costumada; e eleitos os trinta, passaram a ter as suas sessões ás segundas, quartas e sextas-feiras em S. Roque, na Capela de Nossa Senhora do Pópulo. Foi na 12ª Sessão, segunda-feira, 22 de Março, que se discutiu a questão da canonização de Nuno Álvares Pereira.» (Martins, Oliveira – A vida de Nun`Alvares. Lisboa: Guimarães Editores, 1955) O processo não teve o andamento desejado. Somente nos fins do século XIX, as diligências ganharam novo fôlego com as instâncias do Postulador Geral da Ordem dos Carmelitas. Em 1894, o então Cardeal Patriarca, D. José Sebastião Neto, nomeou juiz da causa o arcebispo de Mitilene, D. Manuel Baptista da Cunha, futuro arcebispo de Braga. Dadas as vicissitudes “dos últimos tempos da Monarquia e princípios da República, o processo só terminou no tempo do Patriarca D. António Mendes Belo” (Leite, António – A caminho da canonização do beato Nun´Álvares. Brotéria. Lisboa. LXX (1960). 617-627). Enviado o processo para Roma, e feitas as diligências na Sagrada Congregação dos Ritos (actual Congregação para as Causas dos Santos), Bento XV, pelo decreto «Clementissimus Deus» da mesma congregação, com data de 23 de Janeiro de 1918, confirmava o culto prestado a Nun´Álvares, increvendo-o no número dos beatos (O texto do decreto encontra-se na «Acta Apostolicae Sedis», 10 (1918) 102 - 196). Como é natural, a beatificação do santo condestável trouxe um grande incremento no seu culto. Em todas as dioceses começou a celebrar-se a sua festa litúrgica, 6 de Novembro. Nas comemorações do VIII centenário da fundação da nacionalidade, em 1940, o governo português e os bispos das dioceses pediram ao Papa para que fosse reassumida a causa da canonização do Beato Nuno. Pio XII satisfez o pedido através de um decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, com data de 28 de Maio de 1941 (O texto do decreto encontra-se na «Acta Apostolicae Sedis», 33 (1941) 399 - 400). O número de testemunhos episcopais acerca da santidade de Nuno Álvares é considerável, sendo vários os tornados públicos a seguir à beatificação, nos centenários do nascimento e da morte, e na peregrinação das Relíquias pelo País, em 1960, atura em que foi publicada uma Pastoral Colectiva do Episcopado. O processo de canonização do Beato Nuno foi reaberto a 13 de Julho de 2003, nas ruínas do Convento do Carmo, com sessão presidida por D. José Policarpo. O cardeal Patriarca definiu nessa celebração o Beato Nuno de Santa Maria como um modelo a seguir por todos os que exercem funções de responsabilidade. “Ele é um exemplo de um cristão que exerceu as suas missões civis com a coerência de um cristão” – sublinhou. A 1 de Maio de 2004, nas comemorações dos 150 anos do Dogma da Imaculada Conceição, o Santuário de Vila Viçosa recebeu as relíquias do beato. Na homilia da celebração, D. Maurílio de Gouveia, então arcebispo de Évora, disse aos peregrinos que, nas constantes deslocações e correrias por caminhos de Portugal, D. Nuno dava “um testemunho inquebrantável da fé cristã; norteavam-no os critérios do Evangelho; alimentava-o a oração e, sobretudo, a Eucaristia”. E acrescentou: “Trabalhou, como poucos, talvez como ninguém, pela defesa e pelo progresso do seu torrão natal”. A notícia esperada surgiu a 21 de Fevereiro de 2009, quando Bento XVI anunciou a canonização do «Condestabre». Um caminho longo – cerca de 578 anos - que culmina, a 26 de Abril de 2009, com a inscrição de Nuno Álvares Pereira no álbum dos santos.

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“Canonização de São Nuno”

Passos e significados da Canonização Inscrição no Cânone dos Santos confirma que um fiel católico é digno de culto público universal e um

modelo para os católicos

A canonização é a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto público universal (no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade. Este é um acto reservado ao Papa, desde o século XII, a quem compete inscrever o novo Santo no cânone. A Igreja sempre reconheceu os Santos, mas nem sempre o modo de proceder nas causas de Canonização foi igual. Num rápido olhar sobre a história, percebe-se que nos primeiros séculos, o reconhecimento da santidade acontecia em âmbito local, a partir da fama popular do santo e com a aprovação dos bispos. Ao longo do tempo e sobretudo no Ocidente, começou a ser solicitada a intervenção do Papa a fim de conferir um maior grau de autoridade às canonizações dos santos. A primeira intervenção papal deste tipo foi de João XV em 993, que declarou santo o bispo Udalrico de Augusta, que tinha morrido vinte anos antes. As canonizações tornaram-se exclusividade do Pontífice por decisão de Gregório IX em 1234. No decorrer do século XVI começou-se a distinguir entre “beatificação”, isto é, o reconhecimento da santidade de uma pessoa com culto em âmbito local e “canonização”, o reconhecimento da santidade com a prática do culto universal, para toda a Igreja. Também a beatificação se tornou uma prerrogativa da Santa Sé, e o primeiro acto deste tipo refere-se ao papa Alexandre VII em 1662 na beatificação de Francisco de Sales. Hoje em dia todas estas normas encontram-se na constituição apostólica “Divinus perfectionis Magister” (25 de Janeiro de 1983) de João Paulo II e nas normas traçadas pela Congregação para as Causas dos Santos. Nelas foi operada a reforma mais radical dos processos de Canonização desde os decretos de Urbano VIII, com o objectivo de obter simplicidade, rapidez, colegialidade e eficácia. O processo para a canonização tem uma primeira etapa na Diocese em que faleceu o Servo de Deus. A segunda etapa tem lugar em Roma, onde se examina toda a documentação enviada pelo Bispo diocesano. Após exame profundo da documentação efectuada pelos teólogos e especialistas, compete ao Papa declarar a heroicidade das virtudes, a autenticidade dos milagres, a beatificação e a canonização. Processo A tramitação do processo de santidade de um católico morto com fama de santo passa por etapas bem distintas. Cinco anos após a sua morte, qualquer católico ou grupo de fiéis pode iniciar o processo, através de um postulador, constituído mediante mandato de procuração e aprovado pelo bispo local. Juntam-se os testemunhos e pede-se a permissão à Santa Sé. Quando se consegue esta permissão, procede-se ao exame detalhado dos relatos das testemunhas, a fim de apurar de que forma a pessoa em questão exercitou a heroicidade das virtudes cristãs. Aos bispos diocesanos compete o direito de investigar acerca da vida, virtudes ou martírio e fama de santidade ou de martírio, milagres aduzidos, e ainda, se for o caso, do culto antigo do Servo de Deus, cuja canonização se pede. Este levantamento de informações é enviado à Santa Sé. Se o exame dos documentos é positivo, o “servo de Deus” é proclamado “venerável”. A segunda etapa do processo consiste no exame dos milagres atribuídos à intercessão do “venerável”. Se um destes milagres é considerado autêntico, o “venerável” é considerado “beato”. Quando após a

beatificação se verifica um outro milagre devidamente reconhecido, como poderá ser o caso dos Pastorinhos, então o beato é proclamado “santo”. Milagres Os trâmites processuais para o reconhecimento de um milagre acontecem segundo as normas estabelecidas em 1983. A legislação estabelece a distinção de dois procedimentos: o diocesano e o da Congregação, dito romano. O primeiro realiza-se no âmbito da diocese na qual aconteceu o facto prodigioso. O bispo abre a instrução sobre o pressuposto milagre na qual são reunidas tanto os depoimentos das testemunhas oculares interrogadas por um tribunal devidamente constituído, como a completa documentação clínica e instrumental inerente ao caso. Num segundo momento, a Congregação para as Causas dos Santos examina os actos processuais recebidos e as eventuais documentações suplementares, pronunciando o juízo de mérito. O decreto é o acto que conclui o caminho jurídico para a constatação de um milagre. É um acto jurídico da Congregação para as Causas dos Santos, aprovado pelo Papa, com o qual um facto prodigioso é definido como verdadeiro milagre.

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“Canonização de São Nuno”

A figura exemplar de S. Nuno Álvares Pereira Na homilia da cerimónia da canonização de S. Nuno de Santa Maria, Bento XVI destacou algumas características do novo santo português. “Uma intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino” E adianta: “Embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à acção suprema que vem de Deus”.

“São Nuno esforçava-se por não pôr obstáculos à acção de Deus na sua vida, imitando Nossa Senhora, de Quem era devotíssimo e a Quem atribuía publicamente as suas vitórias” – sublinhou Bento XVI na homilia.

No final da sua vida, o «Santo Condestável» retirou-se para o convento do Carmo, em Lisboa, mandado construir por ele. “Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã” – disse o Papa. No final da celebração, Bento XVI agradeceu à comunidade portuguesa presente na praça de S. Pedro e, em particular, os carmelitas. "A quem um dia se prendeu o olhar e o coração deste militar crente" - salientou.

"Dirijo a minha saudação grata e deferente à Delegação oficial de Portugal e aos Bispos vindos para a canonização de Frei Nuno de Santa Maria, com todos os seus compatriotas que guardam no coração o testemunho do «Santo Condestável»: deste modo lhe chamavam já os pobres do seu tempo, vendo o sentido de compaixão e o despojamento de quem deu os seus bens aos mais desfavorecidos", disse.

"Deixou-nos assim uma nobre lição de renúncia e partilha, sem as quais será impossível chegar àquela igualdade fraterna característica duma sociedade moderna, que reconhece e trata a todos como membros da mesma e única família humana. Em particular saúdo os Carmelitas, a quem um dia se prendeu o olhar e o coração deste militar crente, vendo neles o hábito da Santíssima Virgem e no qual depois ele próprio se amortalhou. Ao desejar a abundância dos dons do Céu para todos os peregrinos e devotos de São Nuno, deixo-lhes este apelo: «Considerai o êxito da sua carreira e imitai a sua fé» (Heb 13, 7)", concluiu.

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Corpo Nacional de Escutas Núcleo Moinhos de Vento

Edição da Secretaria para a Comunicação e Imagem NMV

Contribuições: Agrupamento 879, Agrupamento 905,

Agrupamento 1100.

Revisão: Sérgio Mouta

Redacção e Paginação: Ana Santos