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MOLÉSTIA PROFISSIONAL NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO JOÃO LUIZ BONELLI RODRIGUES 1

MOLÉSTIA PROFISSIONAL NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO · Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. ... Estabilidade de 12 meses após a alta do INSS, conforme previsto

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MOLÉSTIA

PROFISSIONAL

NEXO TÉCNICO

EPIDEMIOLÓGICO

JOÃO LUIZ BONELLI RODRIGUES

1

Lei nº 8.213/91

ACIDENTE DE TRABALHO

“Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercíciodo trabalho a serviço de empresa ou de empregadordoméstico ou pelo exercício do trabalho dos seguradosreferidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesãocorporal ou perturbação funcional que cause a morte ou aperda ou redução, permanente ou temporária, dacapacidade para o trabalho.” *

*Redação dada pela Lei complementar nº 150 de 20152

Lei nº 8.213/91

MOLÉSTIAS PROFISSIONAIS

"Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigoanterior, as seguintes entidades mórbidas:

I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada peloexercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante darespectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da PrevidênciaSocial;

II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada emfunção de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele serelacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I....§2º. Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída narelação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiaisem que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, aPrevidência Social deve considerá-la acidente do trabalho.” 3

Lei nº 8.213/91

DOENÇA PROFISSIONAL (ART. 20, I)

São doenças causadas como consequência natural de certasocupações (causadas “pelo exercício do trabalho peculiar adeterminada atividade”)

Exemplos:

1.SATURNISMO: INTOXICAÇÃO PROVOCADA PELO CHUMBO;

2.SILICOSE: DOENÇA RESPIRATÓRIA CAUSADA PELA ASPIRAÇÃO (INALAÇÃO) DE PÓ DESÍLICA;

3.SOLDADOR QUE DESENVOLVE CATARATA;

4.CÂNCER DE PELE: PESSOAS QUE TRABALHAM, POR EXEMPLO, EM LAVOURAS, TÊMGRANDES CHANCES DE DESENVOLVER O CÂNCER DE PELE DEVIDO À EXCESSIVAEXPOSIÇÃO AO SOL.

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Lei nº 8.213/91

DOENÇA DO TRABALHO (ART. 20, II)

Doenças que decorrem das condições em que o trabalho érealizado.

Exemplos:

PAIR / PAIRO (Perda Auditiva Induzida por Ruído)DISACUSIA (SURDEZ) EM RAZÃO DE EXPOSIÇÃO AO RUÍDO EXCESSIVO,QUE NORMALMENTE, MAS NÃO NECESSARIAMENTE, É BILATERAL.

LER/DORT (Lesão por Esforços Repetitivos / Distúrbios OsteomuscularesRelacionados ao Trabalho)PROVOCADA POR MOVIMENTOS REPETITIVOS OU POR POSTURASINADEQUADAS, CHAMADAS DE POSTURAS ANTIERGONÔMICAS.

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EMENTA:

DOENÇA PROFISSIONAL OU DO TRABALHO. DISTINÇÃO. ART. 20 DA LEINº 8.213/91. De conformidade com o art. 20 da Lei nº 8.213/91, asdoenças ocupacionais são classificadas em doenças profissionais edoenças do trabalho. A doença profissional é aquela produzida oudesencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividadee constante de relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego(inciso I). A doença do trabalho, por sua vez, é aquela adquirida oudesencadeada em função de condições especiais em que o trabalho érealizado e com ele se relacione diretamente (inciso II), excluída a doençadegenerativa (§ 1º, "a"). A distinção entre ambas é fundamental, namedida em que, em se tratando de doença profissional, o nexo etiológicocom o trabalho é presumido, bastando que a doença esteja relacionadano Anexo II do Decreto nº 3.048/99. Já no tocante à doença do trabalho, oempregado deve provar que a adquiriu e a desenvolveu em função doserviço executado perante seu empregador. Hipótese configurada. Apelonão provido.

TRT 2ªR – 18ª Turma – Acórdão 20150658006 – DOE: 03/08/2015 6

CONSEQUÊNCIAS JUNTO A PREVIDÊNCIA

1. AUXÍLIO DOENÇA ACIDENTÁRIO (incapacidade total e temporária):

De acordo com o artigo 59 o auxílio-doença será devido ao segurado que ficarincapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de15 (quinze) dias consecutivos, e o valor do benefício é de (91%) do salário debenefício (artigo 61).

2. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ (ART. 42)

“considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquantopermanecer nesta condição.” (100%)

3. AUXÍLIO ACIDENTE (incapacidade parcial e permanente):

“Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao seguradoquando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquernatureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para otrabalho que habitualmente exercia.” (50% até aposentar ou óbito)

4. PENSÃO POR MORTE (art.74 e ss) – valor de 100%7

CONSEQUÊNCIAS NO CONTRATO DE TRABALHO

1. Durante o afastamento o contrato de trabalho está suspenso e sãoasseguradas, por ocasião da sua volta, todas as vantagens atribuídas a

sua categoria (Art. 471 da CLT).

2. No caso de afastamento por doença ocupacional o FGTS deverá serdepositado (art. 15, §5º da Lei 8036 /90 e art. 28, III do Dec.99.684 /90).

3. Estabilidade de 12 meses após a alta do INSS, conforme previsto noartigo 118 da Lei 8.213/91, cabendo sempre a análise de AcordoColetivo e Convenção Coletiva de Trabalho da Categoria.

4. De acordo com a súmula 378, II do TST, não é condição do direito à

estabilidade o afastamento junto ao INSS, quando “constatada, após a

despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com aexecução do contrato de emprego.”

5. Férias – Ver artigo 133 da CLT (inciso IV e §2º)8

CONSEQUÊNCIAS PARA O EMPREGADOR

RESPONSABILIDADE CIVIL (CC)

1. INDENIZAÇÃO CUMULADA* DECORRENTE DO DANO:

- DANO MORAL

- DANO ESTÉTICO

- DANO MATERIAL

* Cumulação: Súmulas 37 e 387 do STJ* Fundamentações: Artigo 5º, V e X da CF; Artigos 186, 187 e 927 do CC

DESPESAS COM TRATAMENTO (ART. 949,CC)LUCROS CESSANTES (ART. 949,CC)PENSÃO VITALÍCIA (ARTS. 950 E 951 CC)

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CONSEQUÊNCIAS PARA O EMPREGADOR

RESPONSABILIDADE CIVIL (CC)

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará oofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim daconvalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer oseu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização,além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença,incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou,ou da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização sejaarbitrada e paga de uma só vez.

Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso deindenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, pornegligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe omal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

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CONSEQUÊNCIAS PARA O EMPREGADOR

RESPONSABILIDADE CIVIL (CC)

2. OUTROS PEDIDOS:

2.1 - CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL OU INCLUSÃO NA FOLHA DEPAGAMENTO (ART. 533 DO NCPC)

2.2 - CONVÊNIO MÉDICO VITALÍCIO

2.3 - DANO INDIRETO / REFLEXO / RICOCHETE

2.4 - PENSÃO

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CONSEQUÊNCIAS PARA O EMPREGADOR

2.1 - CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL OU INCLUSÃO NA FOLHA DE PAGAMENTO ???

“Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá aoexecutado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento dovalor mensal da pensão.

§1º O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveissuscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, seráinalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado, além de constituir-se empatrimônio de afetação.

§2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha depagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado,por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz..

“Súmula 313 do STJ - Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária aconstituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão,independentemente da situação financeira do demandado.”

“Art. 805. (NPC) Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover aexecução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.

Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicaroutros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos jádeterminados.” 12

CONSEQUÊNCIAS PARA O EMPREGADOR

2.2 - CONVÊNIO MÉDICO

1. QUAL A BASE LEGAL PARA PLEITEAR ?- Artigos 949 e 950 do CC- Princípio do restitutio in integrum

2. SERÁ SEMPRE DEVIDO ?- Faça prova da necessidade- Doenças que necessitam de tratamento integral

3. A EMPRESA DEVE CUSTEAR A INTEGRALIDADEDO VALOR ?

- Rcda = Analogicamente, pedir para que, casocondenada, que o reclamante custeie sua cota,como os demais empregados.

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CONSEQUÊNCIAS PARA O EMPREGADOR

2.3 - REPARAÇÃO INDIRETA / RICOCHETE / REFLEXA

1 - PLEITEAR REPARAÇÃO INDIRETA POR DANOS MORAIS E MATERIAISTAMBÉM EM CASO DE MOLÉSTIA PROFISSIONAL.

2 - A JUSTIÇA DO TRABALHO TEM COMPETÊNCIA PARA JULGAR ESTASAÇÕES, AINDA QUE PROPOSTA PELOS DEPENDENTES OUSIUCESSORES. (S. 392 do TST)

3 – POLO ATIVO: ESPÓLIO OU INDIVIDUAL (DEPENDE DO PEDIDO)

4 – PAGAR PENSÃO VITALÍCIA.

5 - CABE PEDIDO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS !!

(ARTIGO 5º DA IN 27 DO TST – JULGADO Nº 23986-60.2009.5.12.0049 DO TST)

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CONSEQUÊNCIAS PARA O EMPREGADOR

2.4 - PENSÃO

- QUAL O VALOR DA PENSÃO ?

- SERÃO DEVIDAS PARCELAS VENCIDAS E VINCENDAS !

- PENSÃO EM UM ÚNICA PARCELA OU VITALÍCIA ?

- QUAL A DATA DE INÍCIO DA PENSÃO ?

- COMO SERÁ A CORREÇÃO DA PENSÃO ?

- E NO CASO DE INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ?

TUDO ISTO DEVE CONSTAR DA SUA INICIAL E DA DEFESA !!15

VAMOS AO QUE INTERESSA !!!!PRECISO PROVAR A CULPA OU DOLO ??

TEORIA SUBJETIVA

É NECESSÁRIO PROVAR A CULPA OU DOLO DO EMPREGADOR !!

BASE LEGAL: ARTIGO 7º, XXVII DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,além de outros que visem à melhoria de sua condiçãosocial:...XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo doempregador, sem excluir a indenização a que este estáobrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;...”

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[...] II. RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ACIDENTEDE TRABALHO. ÔNUS DA PROVA. Ao decidir a controvérsia, o TRT asseverou que a Reclamantedeixou escorregar de suas mãos uma caixa plástica com frutas, o que provocou fratura no dedo do péesquerdo (escoriações, fraturas do 1º e 4º dedos, arrancamento de unha com lesões de tecidosmoles no 1º dedo), culminando com a realização de cirurgias. Entendeu incidir a teoria do risco,também refutando a conclusão pericial de que teria havido a queda da caixa de frutas sobre um dospés da trabalhadora, mas simples escorregão, fato contrariado pela própria expedição da CAT. Naforma legal, nos casos em que a atividade empresarial se desenvolve em um ambiente que impliquerisco diferenciado para direitos de outrem, cogitar-se-á da aplicação da teoria do risco (CC, art. 927,parágrafo único), o que não ocorre no caso dos autos. Aplicável, portanto, a responsabilidadesubjetiva, deve ser pontuado que a reparação civil capaz de ensejar indenização por dano moralnecessita da prova robusta dos requisitos previstos no art. 186 do Código Civil: i) ação ou omissão doempregador; ii) culpa ou dolo do agente e iii) relação de causalidade. Na hipótese dos autos, cabe,então, perquirir se houve culpa da Reclamada no acidente, sendo este ônus do Reclamante, uma vezque constitutivo do seu direito. A única circunstância revelada envolve o fato de o acidente terocorrido no local de trabalho, aspecto que, por si só, não é suficiente para aplicar a teoria do risco enão exime a trabalhadora, por conseguinte, do ônus de comprovar, por exemplo, alguma dascircunstâncias que poderiam ensejar a reparação pretendida, entre as quais a referida pelo juízoregional, embora em sentido contrário -- qual seja a de que o piso estava molhado ou de que osequipamentos manuseados (caixa para transporte de frutas) não reuniam condições adequadas. Porisso, ao imputar à empresa a prova do fato constitutivo, sem que existissem quaisquer outroselementos de convicção, a Corte Regional incorreu em violação do art. 818 da CLT e 333, I, doCPC/73. Recurso de revista conhecido e provido.

(TST - RR - 228-94.2012.5.04.0461 , Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 11/05/2016, 7ª Turma, Data dePublicação: DEJT 13/05/2016) 17

HÁ NECESSIDADE DA PROVA DA CULPA OU DOLO ??

TEORIA OBJETIVA (RISCO DA ATIVIDADE),NÃO É NECESSÁRIA A PROVA DA CULPA OU DOLO DO EMPREGADOR

BASE LEGAL: CÓDIGO CIVIL

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado arepará-lo.Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casosespecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do danoimplicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

“Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e asempresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postosem circulação.”

“Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:...III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício dotrabalho que lhes competir, ou em razão dele;...”.

“Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa desua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.”

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HÁ NECESSIDADE DA PROVA DA CULPA OU DOLO ??

TEORIA OBJETIVA (RISCO DA ATIVIDADE)

DESNECESSÁRIA A PROVA DA CULPA OU DOLO DO EMPREGADOR

BASE LEGAL: *ARTIGO 2º DA CLT*ENUNCIADOS 37, 38 e 41 da 1ª Jornada de Dir. Material e

Processual na Justiça do Trabalho (Anamatra e TST)

“Art. 2º - CONSIDERA-SE EMPREGADOR A EMPRESA, INDIVIDUAL OU COLETIVA, QUE, ASSUMINDO OS RISCOSDA ATIVIDADE ECONÔMICA, ADMITE, ASSALARIA E DIRIGE A PRESTAÇÃO PESSOAL DE SERVIÇO....”

37. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NO ACIDENTE DE TRABALHO. ATIVIDADE DE RISCO. Aplica-se o art.927, parágrafo único, do Código Civil nos acidentes do trabalho. O art. 7º, XXVIII, da Constituição daRepública, não constitui óbice à aplicação desse dispositivo legal, visto que seu caput garante a inclusão deoutros direitos que visem à melhoria da condição social dos trabalhadores.

38. RESPONSABILIDADE CIVIL. DOENÇAS OCUPACIONAIS DECORRENTES DOS DANOS AO MEIO AMBIENTEDO TRABALHO. Nas doenças ocupacionais decorrentes dos danos ao meio ambiente do trabalho, aresponsabilidade do empregador é objetiva. Interpretação sistemática dos artigos 7º, XXVIII, 200, VIII, 225,§3º, da Constituição Federal e do art. 14, §1º, da Lei 6.938/81.

41. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. ÔNUS DA PROVA. Cabe a inversão do ônus daprova em favor da vítima nas ações indenizatórias por acidente do trabalho.

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“[...] DANO MORAL. MOTORISTA DE CAMINHÃO. ENTREGADOR DE BEBIDAS. ASSALTOEM SERVIÇO POR DUAS VEZES. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. 1. O novo Código CivilBrasileiro manteve, como regra, a teoria da responsabilidade civil subjetiva, calcada naculpa. Inovando, porém, em relação ao Código Civil de 1916, passou a prever,expressamente, a responsabilidade civil objetiva do empregador, com fundamento norisco gerado pela atividade empresarial (artigo 927, parágrafo único, do Código Civil). Talacréscimo apenas veio a coroar o entendimento de que os danos sofridos pelotrabalhador, em razão da execução do contrato de emprego, conduzem àresponsabilidade objetiva do empregador, quando a atividade laboral é considerada derisco. 2. A atividade de motorista de caminhão cuja tarefa consiste em efetuar a entregade bebidas a estabelecimentos comerciais, transportando-se certa quantidade denumerário, em face de sua natureza, configura-se como de risco, porquanto expõe otrabalhador à possibilidade de ocorrência de sinistros durante as viagens, como no casodos autos, em que o reclamante fora vítima de dois assaltos, diante da atual situação dasegurança pública. Em circunstâncias tais, deve o empregador responder de formaobjetiva na ocorrência de assalto, por se tratar de evento danoso ao direito dapersonalidade do trabalhador. Hipótese de incidência do parágrafo único do artigo 927do Código Civil. 3. Recurso de Revista conhecido e não provido. [...]”

(TST - RR - 1356-51.2011.5.04.0020 , Relator Desembargador Convocado: Marcelo LamegoPertence, Data de Julgamento: 08/06/2016, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/06/2016)

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

REQUISITOS (3):

1. DANO / PREJUÍZO- INCAPACIDADE PARCIAL / TOTAL OU MORTE

2. ATO- AÇÃO OU OMISSÃO (ART. 186 DO CC)

- NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA OU IMPERÍCIA (ART. 187 DO CC)

3. NEXO INFOTUNÍSTICO- CAUSA OU CONCAUSA

Lei 8.213/91

“Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ouperda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atençãomédica para a sua recuperação;...” (+ ART.951 CC)

21

RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

3. NEXO CAUSAL

- NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO (CNAE X CID)

A LEI 11.340/06 INTRODUZIU O ARTIGO 21-A À LEI 8.213/91:

“Art. 21-A. A PERÍCIA MÉDICA DO INSS CONSIDERARÁ CARACTERIZADA A NATUREZAACIDENTÁRIA DA INCAPACIDADE QUANDO CONSTATAR OCORRÊNCIA DE NEXO TÉCNICOEPIDEMIOLÓGICO ENTRE O TRABALHO E O AGRAVO, DECORRENTE DA RELAÇÃO ENTREA ATIVIDADE DA EMPRESA E A ENTIDADE MÓRBIDA MOTIVADORA DA INCAPACIDADEELENCADA NA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS - CID, EMCONFORMIDADE COM O QUE DISPUSER O REGULAMENTO.”

Na 1ª Jornada de Direito do Trabalho promovida pelo TST e aANAMATRA foi aprovado o Enunciado nº 42:

“PRESUME- SE A OCORRÊNCIA DE ACIDENTE DO TRABALHO, MESMO SEM A EMISSÃODA CAT – COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO, QUANDO HOUVER NEXOTÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO CONFORME ART. 21-A DA LEI 8.213/1991.”

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

3. NEXO CAUSAL

- NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO (CNAE X CID)

DECRETO 3.048/99

“Art. 337. O acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente pela períciamédica do INSS, mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o agravo....§ 3o Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando severificar nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e aentidade mórbida motivadora da incapacidade, elencada na ClassificaçãoInternacional de Doenças - CID em conformidade com o disposto na Lista C doAnexo II deste Regulamento....”

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL

“O NTEP, a partir do cruzamento das informações de código da ClassificaçãoInternacional de Doenças – CID-10 e do código da Classificação Nacional deAtividade Econômica – CNAE aponta a existência de uma relação entre a lesãoou agravo e a atividade desenvolvida pelo trabalhador. A indicação de NTEPestá embasada em estudos científicos alinhados com os fundamentos daestatística e epidemiologia. A partir dessa referência, a medicina pericial doINSS ganha mais uma importante ferramenta auxiliar em suas análises paraconclusão sobre a natureza da incapacidade ao trabalho apresentada, se denatureza previdenciária ou acidentária.

O NTEP foi implementado nos sistemas informatizados do INSS, paraconcessão de benefícios, em abril de 2007 e de imediato provocou umamudança radical no perfil da concessão de auxílios-doença de naturezaacidentária: houve um incremento da ordem de 148%. Este valor permiteconsiderar a hipótese que havia um mascaramento na notificação de acidentese doenças do trabalho.” (http://www.mtps.gov.br/)

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO (CNAE X CID)

TEM QUE EXISTIR UMA CORRELAÇÃO ENTRE:

A MOLÉSTIA (CID-10) X ATIVIDADE ECONÔMICA DAEMPRESA (CNAE)

CNAE = CLASSIFICAÇÃO NACIONAL DE ATIVIDADES ECONÔMICASCID = CADASTRO INTERNACIONAL DOENÇAS

- COMO DESCOBRIR O CNAE DA EMPRESA ?- COMO DESCOBRIR O CID DA DOENÇA ?- COMO EU FAÇO ESTE CONFRONTO ?

VER RELAÇÃO ELABORADA NO DECRETO 3.048/99 - “LISTA A e C”

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27

VER TAMBÉM NO ANEXO V do Decreto nº 3.048/99 28

MEU CLIENTE FOI DIAGNOSTICADO COM AS SEGUINTES MOLÉSTIAS:

SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR (CID M75.1);

TENDINITE NO PUNHO (CID M75); e

SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO (CID G56)

SERÁ QUE ESTAS MOLÉSTIAS SÃO COMUNSNOS EMPREGADOS DESTA EMPRESA ??

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EXEMPLO: É SÓ FAZER O CONFRONTO !!

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ESTÁ ENQUADRADO NO CNAE (CLASSIFICAÇÃO NACIONALDE ATIVIDADE ECONÔMICAS) SOB O N.º 6423

MOLÉSTIAS PROFISSIONAIS RELACIONADAS A LER/DORT: SÍNDROME DO MANGUITOROTADOR (CID M75.1); TENDINITE PUNHO DIREITO (CID M75) E SÍNDROME DO TÚNELDO CARPO (CID G56).

VEJAMOS O QUADRO PREVISTO NO DECRETO 3.048/99 - ANEXO II - LISTA C :

INTERVALO CID-10

G50-G59

CNAE0155 1011 1012 1013 1062 1093 1095 1313 1351 1411 14121421 1529 1531 1532 1533 1539 1540 2063 2123 2211 22222223 2229 2349 2542 2593 2640 2710 2759 2944 2945 32403250 4711 5611 5612 5620 6110 6120 6130 6141 6142 61436190 6422 6423 8121 8122 8129 8610

INTERVALO CID-10

M60-M79

CNAE3812 3821 3822 3839 3900 4221 4632 4634 4711 4713 49125111 5120 5212 5221 5222 5223 5229 5310 5320 5612 56206021 6022 6110 6120 6130 6141 6142 6143 6190 6209 63116399 6422 6423 6431 6550 7410 7490 7719 7733 8121 81228129 8211 8219 8220 8230 8291 8292 8299 8610 9420 9601

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QUAL A CONSEQUÊNCIA PARA OPROCESSO SE FICAR CARACTERIZADOO NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICONO CASO DO MEU CLIENTE ?

RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO (CNAE X CID)

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EMENTA 1

“PRESENÇA DO NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO ENTREATIVIDADE DA RÉ E DOENÇA OCUPACIONAL DARECLAMANTE. PRESUNÇÃO DO NEXO CAUSAL E DAATIVIDADE DE RISCO. ÔNUS DA PROVA DA EMPREGADORADE DESBASTAR AS PRESUNÇÕES EM QUESTÃO. Aconstatação da presença do nexo técnico epidemiológicoentre as atividades da empresa e a doença ocupacional dotrabalhador faz presumir não apenas a existência do nexocausal entre a atividade e a doença, como, também, aatividade de risco, configurando-se, então, o ônus da prova acargo do empregador.”

TRT 2ª Região – 4ª Turma – Acórdão 20140690780 – DOE: 29/08/2014

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EMENTA 2

“1. NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO. DOENÇA DOTRABALHO. O Nexo Técnico Epidemiológico é umametodologia que identifica quais doenças e acidentes estãorelacionados com a prática de uma determinada atividadeprofissional. Assim, quando o trabalhador contrair umaenfermidade diretamente relacionada ao labor ficacaracterizado o acidente de trabalho. Nesta senda, aempresa deverá provar que a doença não foi causada pelotrabalho, ou seja, o ônus da prova passa a ser doempregador e não mais do empregado. [...].”

TRT 2ª Região – 5ª Turma – Acórdão 20160212175 – DOE: 15/04/2016

33

EMENTA 3 – Reformou a sentença primária

“DOENÇA OCUPACIONAL. PRESENÇA DE NTEP. LOMBALGIA EPROFISSÃO DE MOTORISTA. Embora o respeitável laudo de fls.124/136 tenha considerado que as protusões discais queacometem o reclamante (que trabalhou 11 anos na reclamadacomo motorista e se encontra, atualmente, aposentado porinvalidez) tenham apenas natureza degenerativa, a literaturaespecializada discrepa do Louvado, indicando grandecoincidência entre a doença em questão e a atividadeprofissional desenvolvida pelo autor. Tanto assim é que, noscaso específico dos autos, verificou-se, inclusive, a presença doNTEP entre a doença do reclamante e a atividade da empresa.Dá-se provimento ao recurso, pois, para reconhecer a presençade nexo causal entre a atividade do obreiro e a doença,deferindo, ainda, os pedidos de indenizações.”

TRT 2ª Região – 4ª Turma – Acórdão 20150133531 – DOE: 06/03/201534

“[...] DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA. DOENÇA OCUPACIONAL. NEXO TÉCNICOEPIDEMIOLÓGICO. 1. Comparando-se as doenças citadas no acórdão recorrido e sua respectivaClassificação Internacional de Doenças - CID com a atividade econômica da empresa e a Lista C doAnexo II do Decreto nº 3.048/99, constata-se que a classe da Classificação Nacional de AtividadesEconômicas - CNAE indicada para os intervalos CID M40-54, corresponde à atividade econômica dareclamada, tal seja o transporte rodoviário de passageiros, regular, intermunicipal. 2. Dessarte,considerando que a atividade econômica da empresa se enquadra perfeitamente na descrição dosfatores de risco de natureza ocupacional, tem-se que ficou demonstrado o nexo entre o trabalho e adoença, nos moldes do § 3º do artigo 337 do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, que aprova oRegulamento da Previdência Social e dá outras providências, com a redação que lhe foi dada peloDecreto 6.042/2007. 3. Sendo assim, é ônus da reclamada provar que não se aplica ao caso o nexotécnico epidemiológico, como disposto no §7º do mesmo dispositivo, conforme o qual a empresapoderá requerer ao INSS a não aplicação do nexo técnico epidemiológico ao caso concretomediante a demonstração de inexistência de correspondente nexo entre o trabalho e o agravo. 4.Recurso de revista conhecido e provido. [...]”

(TST - RR - 141500-27.2004.5.05.0462 , Relator Desembargador Convocado: José Maria Quadros deAlencar, Data de Julgamento: 17/12/2013, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/01/2014)

Outros:

(TST - RR - 1266-91.2010.5.04.0662, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data deJulgamento: 15/06/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/06/2016)

(TST - AIRR - 1018-89.2014.5.11.0016, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data deJulgamento: 11/05/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/05/2016)

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O Tribunal Regional da 5ª Região excluiu da condenação a indenizaçãocompensatória por danos morais. Assim fundamentou sua decisão:

Requer a recorrente seja excluída da condenação a indenização por dano moral.

Alega de início estar comprovado nos autos a inexistência do acidente narradopelo reclamante, o qual teria ocasionado a doença que o acometeu. Desta forma,não poderia o Sr. Perito ter concluído haver nexo causal entre a doença alegada e otrabalho por ele exercido na empresa.

Transcreve a recorrente diversos tópicos de suas manifestações acerca do laudopericial, buscando contrariar a conclusão do expert, no sentido de que a doençaatual teria sido desencadeada pelo acidente supostamente ocorrido em uma viagemde Ilhéus a Nanuque, ao transpor um redutor de velocidade.

Aduz esclarecimentos objetivando demonstrar a inexistência do citado acidente,bem como as contradições existentes no laudo pericial, especialmente no que dizrespeito às respostas aos quesitos formulados.

Prossegue em seu longo arrazoado sustentando ter se desincumbido do ônus dedemonstrar a inexistência de acidente de trabalho ocorrido com o recorrido e/oudoença ocupacional que o acometeu. 1/5

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Entende que a fundamentação da decisão recorrida com base em artigos técnicosextrajudiciais que apontam a profissão de motorista como a de maior índice delombalgias fere o princípio do contraditório e da ampla defesa, não se podendoatribuir à recorrente responsabilidade pelo ocorrido, tendo em vista a ausência deculpa.

Crê não ter restado caracterizada qualquer conduta ilícita de sua parte, o queafasta o dever de indenizar.

Acrescenta que o ônus da prova do fato constitutivo do direito perseguido é doreclamante, do qual não se desincumbiu.

Em síntese, alega inexistentes os pressupostos necessários à caracterização daresponsabilidade civil apta a ensejar a reparação de danos.

Pondera ainda que a suposta doença ocupacional não gera dano moral, porquantoausente qualquer transtorno ou ofensa à honra do reclamante.

Por fim, na hipótese de ser mantida a condenação, requer que o valor daindenização seja reduzido, de modo a não constituir causa de enriquecimento.

2/537

Assiste razão à recorrente.

Sabe-se que a caracterização do dano moral decorrente de contrato de trabalhopressupõe a existência de três elementos, quais sejam: o nexo causal entre o alegadodano e a relação jurídica oriunda do vínculo empregatício, a culpa do empregador e aefetiva existência do dano. Ausente qualquer destes requisitos, fica impossibilitada aresponsabilização do empregador pela indenização decorrente.

Portanto, a responsabilização empresarial não prescinde da existência dosrequisitos essenciais acima elencados, de forma conjugada.

Do exame dos autos verifica-se que o reclamante é portador de hérnia discal,segundo dá conta os diversos relatórios médicos colacionados.

Realizada perícia médica, observa-se que o Sr. Perito concluiu tratar-se de doençaocupacional, entendendo estar configurado o nexo causal, porquanto atribui a lesãoa que foi acometido o reclamante a suposto acidente por ele relatado, quandodirigia ônibus coletivo da reclamada, ao transpor um redutor de velocidade, vindo aser atendido no hospital de Eunápolis.

3/538

Ocorre que o acidente referido não restou comprovado nos autos, até porque oHospital Maternidade de Eunápolis, em resposta ao Ofício da MM Magistrada a quo,informa não haver nenhum registro de atendimento dado ao recorrido em seusarquivos (fl. 420).

Ora, tendo sido este o único elemento utilizado pelo Sr. Perito de modo aestabelecer a vinculação da doença adquirida pelo reclamante à atividade por eledesenvolvida ao longo do pacto laboral, constituindo o nexo causal, restaimpossibilitada a sua configuração.

Neste particular, data venia da MM Magistrada de primeiro grau, tenho que o fatode haver estudos técnicos apontando a profissão de motorista como a de maioríndice de lombalgias não autoriza seja reconhecido o nexo causal no presente caso, oqual deve ser perfeitamente caracterizado em cada caso concreto, de modo aensejar a responsabilização da empresa e o conseqüente dever de indenizar.

Demais disso, o próprio perito ao responder aos quesitos formulados pelo Juízo,especificamente no que diz respeito ao cumprimento de "todas as normas desegurança e prevenção indicadas na legislação e outras normas técnicas aplicáveis"foi enfático ao responder que -Segundo informações colhidas durante a realização daperícia, sim.- (fl. 318). 4/539

Logo, além de inexistente o nexo causal, não há como se atribuir culpa àreclamada pela moléstia que acometeu o reclamante, haja vista que os requisitosmencionados não se encontram perfeitamente definidos, cedendo espaço à teserecursal, que objetiva o afastamento da condenação.

Neste contexto, tem-se que da inexistência de nexo causal e de culpa doempregador decorre logicamente a impossibilidade de se atribuir ao empregadorqualquer responsabilidade indenizatória, no particular.

Assim sendo, reformo a sentença primária para excluir da condenação aindenização por dano moral.”

5/540

Fundamentação do TST

Da leitura do acórdão recorrido constata-se que o Tribunal Regional, apesarde ter afastado a alegação de doença ocupacional constatada pelo perito, porquenão comprovada a existência do alegado acidente típico, registrou que "do exame

dos autos verifica-se que o reclamante é portador de hérnia discal, segundo dá conta

os diversos relatórios médicos colacionados" (fl. 519, destaquei).

Com efeito, o Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, que aprova oRegulamento da Previdência Social e dá outras providências, com a redação que lhefoi dada pelo Decreto 6.042/2007, disciplina a aplicação, acompanhamento eavaliação do Fator Acidentário de Prevenção e do Nexo Técnico Epidemiológico, e noseu artigo 337, § 3º prevê que:

§3º. Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se verificar

nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida

motivadora da incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças

(CID) em conformidade com o disposto na Lista B do Anexo II deste Regulamento.

A reclamada presta serviços de transporte rodoviário coletivo depassageiros - CNAE 4922 (Anexo IV do Decreto nº 3.048/99). 1/341

Comparando-se a doença citada no acórdão recorrido e seu respectivoCID com a atividade econômica da empresa e a Lista C do Anexo II do Decreto nº3.048, verifica-se que a classe CNAE (Classificação Nacional de AtividadesEconômicas) indicada para os intervalos CID M40-54 (dorsopatias), corresponde àdescrição da atividade da empresa relativa ao transporte rodoviário depassageiros, regular, intermunicipal.

Dessarte, considerando que uma das atividades econômicas da empresase enquadra perfeitamente na descrição dos fatores de risco de naturezaocupacional, tem-se que ficou demonstrado o nexo entre o trabalho e o agravo,nos moldes do § 3º do artigo 337 do Decreto 3.048/99. Sendo assim, é ônus dareclamada provar que não se aplica ao caso o nexo técnico epidemiológico,consoante o disposto no § 7º do mesmo dispositivo, conforme o qual a empresa

poderá requerer ao INSS a não aplicação do nexo técnico epidemiológico ao caso

concreto mediante a demonstração de inexistência de correspondente nexo entre o

trabalho e o agravo.

Esta Corte superior, em situação similar à dos autos, reconheceu o nexotécnico epidemiológico, conforme se observa do seguinte precedente:[...] 2/3

42

Conquanto não se possa vincular a doença do autor ao acidente alegado,mas não comprovado, verifica-se do quanto exposto que a atividade desenvolvidapela reclamada constitui fator de risco à ocorrência da enfermidade de que padece oautor, o que permite o reconhecimento do nexo técnico epidemiológico.

Registre-se que o reclamante indicou como causa de pedir a ocorrência dedoença ocupacional em razão de vir "sofrendo com lesões na coluna de nível

degenerativo ocasionadas em função do desempenho de suas atividades na

Reclamada" (fl. 2).

No tocante à culpa da reclamada na ocorrência do infortúnio, cumpredestacar que, conquanto tenha o perito respondido, com base em "informaçõescolhidas durante a realização da perícia", afirmativamente à indagação quanto aocumprimento pela empresa de "todas as normas de segurança e prevençãoindicadas na legislação e outras normas técnicas a aplicadas" (fl. 519/520), é certoque as medidas adotadas pela reclamada não foram suficientes para evitar osurgimento ou agravamento da doença ocupacional, o que permite concluir pelaculpa presumida da reclamada.

Conheço do recurso de revista por afronta ao artigo 5º, X, da Constituição daRepública. 3/3

43

NOVO CPCMAIOR APTIDÃO PARA A PROVA

Diante de todo o exposto, entende o reclamante ser, nahipótese, viável a inversão do ônus probatório, diante da maioraptidão para a prova ser da reclamada, nos exatos termos doartigo 373, §1º do NCPC:

“Art. 373. O ônus da prova incumbe:

...

§1º. Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades

da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva

dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à

maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário,

poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso,

desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que

deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do

ônus que lhe foi atribuído.

...”44

PÉRÍCIA

QUESITOS:

01. Queira o Sr. Perito descrever detalhadamente quais as atividades ligadas àfunção do reclamante?

02. Queira o Sr. Perito descrever os locais de trabalho do reclamante e os seusgraus de riscos.

03. O reclamante é portador de moléstias? Favor especificar, sendo a moléstiaincapacitante ou não.

04. Caso seja positiva a resposta anterior, favor descrever quais são as moléstiase as suas classificações (CID-10)? Favor especificar uma a uma, sendo amoléstia incapacitante ou não.

05. Quando da sua admissão na reclamada, era o reclamante portador dosmales que hoje lhe acometem?

06. Quando da sua demissão na reclamada, era o reclamante portador dosmales que hoje lhe acometem?

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07. Existem passagens do reclamante pelo departamento médico da reclamada emdecorrência das moléstias descritas na inicial?

08. O contido nas fichas médicas indicam queixas dos males noticiados na inicial?(Problemas nos ombros, na coluna lombar e cervical, bursite, tendinite e etc) ?

09. O reclamante foi transferido ou readaptado em razão de suas moléstias?

10. De acordo com os exames carreados aos autos (ID eb65c16) o reclamante possuiINSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA CRÔNICA (CID J96.1)?

.... fazer isso para todas as moléstias

11. De acordo com a documentação dos autos – CNIS (ID 82e8218) quando do seuafastamento junto ao INSS foi reconhecido o nexo causal?

12. No laudo elaborado pelo Expert da Justiça Comum - Dr. xxxxx, restoucomprovado o nexo causal?

13. O Decreto 3.048/99, traz a relação dos Agentes Patogênicos Causadores deDoenças Profissionais ou do Trabalho, conforme previsto no artigo 20 da Lei8213/91. Entre eles encontram-se as doenças diagnosticadas pelo Sr.Expert?

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14. Está caracterizado o Nexo Técnico Epidemiológico em razão da atividade daempresa (CNAE – ver doc. 14 de fls. 39) e as moléstias incapacitantes relacionadasna Classificação Internacional de Doenças – CID?

15. O reclamante é obrigado a tomar medicamento constantemente em razão desuas moléstias?

16. O reclamante é obrigado a realizar exames e fisioterapia constantemente?

17. Podemos afirmar que as atividades do obreiro deram causa as moléstias quehoje lhe acometem e\ou contribuíram para agravá-las?

18. O reclamante pode exercer suas atividades habituais sem qualquer tipo derestrição?

19. Caso o reclamante volte a exercer suas atividades habituais há possibilidade deagravamento da moléstia ?

20. O reclamante possui incapacidade (parcial ou total)?

21. Sua incapacidade é temporária ou permanente? Se temporária, é possíveldefinir o tempo ? Justifique.

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VALOR DA PENSÃO

“Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seuofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, alémdas despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirápensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou dadepreciação que ele sofreu....”

A regra colacionada estabelece duas possibilidades: 1) defeito queimpede o exercício do mesmo ofício ou profissão; e 2) defeito que nãoimpede o exercício do mesmo ofício ou profissão, mas acarreta dificuldadepara o mesmo trabalho, daí a diminuição da capacidade para o trabalho.

Sendo assim, se há impedimento para o mesmo ofício ou profissão(1), a pensão deve corresponder à importância deste trabalho, ou seja, aovalor de 100% do salário que recebia.

Se não há impedimento para o mesmo trabalho (2), mas umaredução da capacidade para exercer o seu ofício o profissão, a pensão deveabranger apenas o valor da depreciação.

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“[...] RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE 1. ACIDENTE DOTRABALHO. PENSIONAMENTO. PERCENTUAL CORRESPONDENTE.INCAPACIDADE TOTAL PARA A FUNÇÃO QUE EXERCIA NA ÉPOCA DOACIDENTE. PROVIMENTO. O parâmetro utilizado pela lei (artigo 950 do CC)para mensurar a incapacidade permanente (seja total ou parcial) é aincapacidade para o trabalho que era realizado na data do acidente dotrabalho. Assim, ainda que possível a reabilitação para outra função, masdesde que não possa mais exercer aquela atividade habitualmente prestada,a indenização será fixada na integralidade da remuneração do trabalhador. ACorte Regional registrou que o autor ficou incapacitado totalmente para afunção que exercia (plataformista), e ainda teve reduzida sua capacidadelaborativa em 20%. Assim, o reclamante, tal como preceitua o artigo 950 doCódigo Civil, está totalmente inabilitado para a função que exercia. Logo, aocontrário do que concluiu o Tribunal Regional, a pensão deve corresponder àtotalidade (100%) dos vencimentos da função para o qual se inabilitou e nãoapenas a 20% como restou consignado na decisão. Recurso de revista de quese conhece e a que se dá provimento. [...]”

(TST - ARR - 93400-19.2009.5.01.0481 , Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data deJulgamento: 24/02/2016, 5ª TURMA, Data de Publicação: DEJT 04/03/2016)

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“[...] RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. 1. DOENÇA PROFISSIONAL. PERDA TOTALDA CAPACIDADE LABORATIVA PARA A FUNÇÃO EXERCIDA. PENSÃO MENSALEQUIVALENTE À ÚLTIMA REMUNERAÇÃO. CABIMENTO. 1. Não obstante a incapacidadetotal e permanente da autora para desenvolver as tarefas até então desempenhadas, oe. TRT deliberou reduzir o valor da pensão mensal - fixada em 100% da remuneração -para "50% do valor do último salário atualizado recebido pela obreira", tendo em contadocumento do INSS "apontado a reclamante como elegível para o Programa deReabilitação Profissional devido ao potencial laborativo por ela apresentado,consignando como contra-indicação a prestação de serviço em atividade que demandegrandes esforços nos MMSS e movimentos repetitivos esclarecendo que durante operíodo de reabilitação a empregada continuaria sob a responsabilidade do Órgão erecebendo auxílio-doença". 2. Nos moldes do art. 950 do CC, em hipóteses como a dosautos, em que a reclamante está totalmente incapacitada para o exercício das funçõesanteriormente desenvolvidas, o valor a ser considerado no cálculo da indenização pordanos materiais é aquele correspondente à última remuneração percebida. 3. Talconclusão - de que o cálculo da pensão deve observar o percentual de 100% do últimosalário - não é alterada pela mera possibilidade de readaptação em função que nãodemande a realização de movimentos repetitivos. Recurso de revista conhecido eprovido, no tema. [...]”

(TST - ARR - 115600-02.2008.5.20.0004 , Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann,Data de Julgamento: 24/02/2016, 1ª TURMA, Data de Publicação: DEJT 26/02/2016)

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MOLÉSTIA

PROFISSIONAL

NTEP

MUITO OBRIGADO !!

João Luiz Bonelli [email protected]

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