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17 Monitor Mercantil Terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Monitor Mercantil 17 - SUSEP · à safra anterior, em função da quebra de 19,4% na Região Sul do país. No Rio Grande do Sul, a quebra esperada é mais ... Colômbia de 10,5 milhões

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Agronegócio: estiagem e La Niña mudam foco da produção global

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

O relatório do USDA (de-partamento de agricultura doEstados Unidos) divulgadoem fevereiro trouxe revisõespara baixo na produção glo-bal de milho e soja, incorpo-rando as perdas na Américado Sul provocada pelos efei-tos da estiagem associada aoLa Niña. Com a safra finali-zada nos EUA, as atençõesmudam o foco da Américado Norte para o Sul, pelomenos até maio, quando teráinício o plantio norte-ameri-cano.

A produção de soja foi re-visada em 5,5 milhões de to-neladas em relação ao le-vantamento de janeiro, sen-do 2,5 milhões a menos naArgentina e menos 2 milhõesno Brasil. O USDA revisoutambém a produção de milhoem 4 milhões de toneladas,como resultado da quebra naArgentina. Novas reduçõesde produção de soja e milhodevem ser esperadas no re-latório de março, dado queestas estimativas não incor-poraram a quebra da safrade milho no Sul do Brasil ealém disso, a Bolsa de Cere-ales da Argentina já apontamenos 2 milhões de tonela-das na produção de soja dopais, e menos 700 mil tonela-das na produção de milhocomparativamente aos nú-meros apontados peloUSDA.

De acordo com Octaviode Barros, diretor de pesqui-sas e estudos econômicos doBradesco, neste contexto ospreços devem voltar a acele-rar, dado que os fundamen-tos do lado da oferta estãoaltistas e os próximos relató-rios devem apontar mais pio-ras. Outro ponto adicionalsão as reduzidas posiçõescompradas do fundos quetendem a aumentar, seguin-do os fundamentos e dandonovo impulso altista para ospreços.

Safra inicial

O otimismo inicial com asafra brasileira de soja e mi-lho, consubstanciado no au-mento tecnológico das lavou-ras, ampliação da área deplantio e expectativa de cli-

ma bom, foi abalado pela secana região Sul. O 5º levanta-mento da Conab divulgado emfevereiro, indica queda aindamais expressiva da produçãonacional de grãos, passandode diminuição de 2,8% do le-vantamento anterior para que-da de 3,5%.

Esse desempenho refletenotadamente a revisão parabaixo da safra de soja, quedeverá recuar 8,1%, ante aqueda de 4,7% esperada an-teriormente, como resultadoda estiagem severa nos es-tados da Região Sul e noSudoeste do Mato Grosso doSul. No Centro-Oeste, ondeos efeitos do clima não fo-ram sentidos de forma seve-ra, a expectativa sobre a sojae o milho foi revisada paracima.

Mesmo com a revisão daprodução de milho para baixona região Sul, a estimativa paraprodução total do cereal nopaís foi revisada para cima em1,6 milhão de toneladas, resul-tado da melhora de expectati-va da safra no Centro Oeste.Segundos os serviços de me-teorologia, nos meses de fe-vereiro e março ainda devemregistrar clima seco, e issoindica que novas perdas aindapoderão ocorrer, podendo sersinalizadas nos relatórios demarço e abril do USDA eConab.

Soja

A Conab apontou incremen-to de 2,4% na área de plantiode soja, encerrado em dezem-bro/2011. Na região Sul doPaís, o produtor optou pelaredução da área, cedendo es-paço para o milho, em razãodo consumo elevado do cerealpara atender à demanda daavicultura e suinocultura. Naregião Sudeste a soja tambémcedeu área para o milho, pelanecessidade de rotação deculturas e também pela fortedemanda pela avicultura. Oincremento de área com sojaocorreu basicamente em áre-as de pastagem na regiãoCentro Oeste e em novas áre-as no Cerrado no Norte eNordeste, mais especifica-mente nos estados de Mara-nhão, Piauí, Tocantins, Bahia,

região chamada de Mapitoba.Apesar do aumento de área,

a Conab revisou a produçãode soja para 69,3 milhões detoneladas, retração de 8,1%em relação à safra passada ede 3,6% em relação ao relató-rio de janeiro. Isso representauma perda de 6 milhões detoneladas em relação à safraanterior, incorporando assimas quebras da região Sul (-25,2%) e no Mato Grosso doSul (-4,1%), afetados pela es-tiagem ocorrida entre novem-bro e a primeira quinzena dejaneiro.

Em que pese o incrementode área de plantio de soja noCentro Oeste e no Nordeste ea elevação de produção espe-rada na região em torno de3%, ainda assim este volumenão será suficiente para com-pensar as perdas do Sul.

Este menor volume produzi-do reduzirá os estoques depassagem, gerando pressãoaltista para os preços internosnos próximos meses. De todomodo, o Bradesco espera pre-ços médios do ano mais bai-xos do que os praticados em2011, quando as cotações re-gistraram altas muito expres-sivas. Mas ainda assim, ospreços devem ficar na médiados quatro anos anteriores,garantindo boa margem ope-racional ao produtor.

Milho

A área de plantio de milho 1ªsafra registrou incremento sig-nificativo de 9,1% em razãodos bons preços recebidospelos produtores. Nas regiõesSul e Sudeste a área cresceu10,7% e 7,1% nessa ordem,ocupando áreas da soja. Omilho avançou também paranovas fronteiras agrícolas emáreas de pastagens no CentroOeste e na região chamada deMapitoba – Maranhão, Piauí,Tocantins e Bahia – onde aexpansão de área foi de 40,2%e 9% respectivamente. Lem-brando que nestas regiões ocultivo com soja também cres-ceu 4,4% e 6,5% nessa or-dem.

Este forte incremento deárea gerou expectativas deuma supersafra de milho queno entanto foi frustrada pela

estiagem do Sul. A estimativaatual é de recuo de 2,5% daprodução comparativamenteà safra anterior, em função daquebra de 19,4% na RegiãoSul do país. No Rio Grande doSul, a quebra esperada é maisacentuada, uma perda de 2,6milhões de toneladas, o equi-valente a uma retração de44,8%. A 1ª safra de milho sónão é menor, por conta daelevação de quase 40% daprodução esperada no CentroOeste.

Para o plantio da 2ª safra,iniciado em janeiro, tambémestá previsto incremento deárea, de 13,6%. A princípionão é esperada quebra deprodutividade para a 2ª safrado cereal, sendo a expectati-va de alta de 20% da produ-ção, tendo em vista que osserviços meteorológicos es-timam enfraquecimento doLa Niña a partir de abril,voltando o clima à normali-dade. A expectativa para asafra total de milho (1ª e 2ªsafras) é de um recorde de60,8 milhões de toneladas,alta de 6%.

A quebra da Região Sul,deverá gerar pressão altistapara os preços internos nospróximos meses, que deveráser amenizada pelo incremen-to de produção nas demaisregiões e com a entrada da 2ªsafra a partir de julho. Ospreços médios do ano devemficar baixo da média de 2011.Ainda assim, as cotações de-vem ficar numa média eleva-da, garantindo boa margemoperacional ao produtor.

Café

A Conab divulgou quatrolevantamentos da cultura ca-feeira no ano, sendo os próxi-mos em maio, setembro e de-zembro. A produção espera-da deve variar entre 48,97 e52,27 milhões de sacas de 60quilos, ?cando o ponto médioem 50,61 milhões. Lembran-do que a cultura está no ano dealta bienalidade. Se o prog-nóstico for con?rmado, seráuma safra recorde, superandoo recorde anterior, de 2003,quando foram produzidas 48,5milhões de sacas.

Apesar da safra elevada no

Brasil, o volume produzido ain-da não deverá permitir umarecomposição dos estoquesglobais aos níveis históricos,dado que a demanda aindacontinua aquecida, notadamen-te nos países emergentes e háproblemas climáticos com ex-cesso de chuvas na Colômbia,terceiro maior player de pro-dução. A produção colombia-na vem se mantendo na médiade 8,5 milhões sacas há quatroanos, distante do potencial de12 milhões de sacas produzi-das historicamente. De fato,em dezembro passado oUSDA revisou a produção daColômbia de 10,5 milhões desacas para 8,5 milhões e con-sequentemente reduziu a pre-visão de estoques ?nais glo-bais em 2,5 milhões de sacas.

As cotações de café devemdevem seguir os movimentossazonais de baixa a partir daentrada da safra brasileira emmaio, mas os fatores funda-mentais como consumo ro-busto e baixos estoques glo-bais deverão dar um piso debaixa às cotações.

Os custos de produção de-verão continuar pressionandoa lavoura cafeeira, dado que amão-de-obra representa emmédia 40% a 50% do custooperacional. No entanto, ospreços do café ainda deverãopermanecer em patamar ele-vado, garantindo bom nível demargem operacional para oprodutor.

Boi

As exportações brasileirasde carne bovina acumulamqueda de 36% desde 2008, emfunção da crise financeira in-ternacional que levou o con-sumo global a se direcionarpara a carne de frango. Alémdisso o Brasil perdeu compe-titividade na exportação, poisna tentativa de compensar aalta de custos e o câmbio apre-ciado os preços médios deexportação subiram quase40% no período. A participa-ção do Brasil na exportaçãoglobal de carne bovina caiu de28% em 2007 para 16% em2011, ao passo que no mesmoperíodo a participação dosEUA subiu de 8% para 15%.

Em sentido contrário, o con-

sumo doméstico de carnebovina vem se mantendorobusto, em função do in-cremento de renda real ede emprego formal da po-pulação. Prova disso, é quemesmo com a forte retra-ção das exportações, osabates foram reduzidos emapenas 5% desde 2008.

Apesar dos menores vo-lumes exportados, o consu-mo interno robusto vemdando um piso às cotaçõesdo boi. Outro fator de sus-tentação dos preços é oelevado custo de reposição(preço do bezerro) e do con-finamento. De fato, a estia-gem registrada em 2010 eno final de 2011, provocouo aumento do abate de va-cas – a participação do aba-te de vacas no total abatidosubiu de 30% em 2010 para32,3% em 2011 – e porconta disso, o número denascimentos em 2012 nãodeverá ser muito expressi-vo, devendo dar sustenta-ção aos preços do bezerroneste ano. E os custos deconfinamento deverão per-manecer elevados, por con-ta dos preços da soja e domilho.

O USDA estimou a pro-dução de carne bovina nosEUA com redução de 4,6%em 2012 por conta da esti-agem nas regiões produto-ras, isso manterá a ofertarestrita no mercado global,sendo mais um fator quedará piso aos preços doboi.

Já o teto de preços do boideverá ser dado pelo exce-dente de carne de frangoneste início de ano, fruto doelevado alojamento realiza-do no final do ano passado.A partir de março, o balan-ço de oferta da carne aví-cola deverá estar mais ajus-tado, dado que o ciclo daavicultura é curto, em tornode 45 dias, o que permitirácorreção de preços da car-ne de frango, dando supor-te para alta do boi a partirde então.

�� �Octavio de BarrosDiretor de Pesquisas e

Estudos Econômicos doBradesco

Financeiro