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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA Hiago Fernandes Costa Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da terra na bacia de contribuição da represa de São Pedro, Juiz de Fora (MG) no período de 2005 a 2015 Juiz de Fora 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

Hiago Fernandes Costa

Monitoramento da qualidade da água e

do uso e cobertura da terra

na bacia de contribuição da represa de São Pedro,

Juiz de Fora (MG) no período de 2005 a 2015

Juiz de Fora

2016

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Hiago Fernandes Costa

Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da terra na bacia de

contribuição da represa de São Pedro, Juiz de Fora (MG) no período de 2005 a 2015

Trabalho Final de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental

e Sanitária da Universidade Federal de Juiz de

Fora, como requisito parcial à obtenção do

título de Engenheiro Ambiental e Sanitarista.

Orientador: Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha

Juiz de Fora

2016

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Hiago Fernandes Costa

Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da terra na bacia de

contribuição da represa de São Pedro, Juiz de Fora (MG) no período de 2005 a 2015

Trabalho Final de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental

e Sanitária da Universidade Federal de Juiz de

Fora, como requisito parcial à obtenção do

título de Engenheiro Ambiental e Sanitarista.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

--

_______________________________________

Prof. Dr. Cézar Henrique Barra Rocha - Orientador

Universidade Federal de Juiz de Fora

________________________________________

Prof. MSc. Fabiano Amarante de Freitas

IFET Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena

________________________________________

Prof. Dr. Otávio Eurico de Aquino Branco

Universidade Federal de Juiz de Fora

_______________________________________

Prof. Dr. Pedro José de Oliveira Machado

Universidade Federal de Juiz de Fora

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Dedico este trabalho a minha família

e a todos os que estão próximos a mim

na caminhada de faculdade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela caminhada que Ele me ajudou a superar. Não foi

fácil, muitos trabalhos, provas, dores de cabeça, vontade de desistir, mas através da fé, Ele me

sustentou e sou grato pela conquista deste trabalho. Agradeço também à minha família,

destacando aqui meus pais Cirlélia e Alípio e meus irmãos Higor e Ingrid pelo apoio, pelos

cuidados, carinho e incentivo incondicional a todo o momento, durante toda a caminhada de

faculdade, sempre a meu lado querendo o meu melhor, me dando ânimo e força para chegar

até o fim.

Agradeço ainda aos demais familiares, meus avós, minha falecida avó Inácia pelos

cuidados e carinho na infância nos meus primeiros passos como estudante, aos tios e tias,

primos e primas e todos os amigos que também sempre incentivaram meus estudos.

Não poderia deixar de lembrar da minha namorada Pâmela que encontrei no meio da

jornada da faculdade, com quem aprendi e cresci muito e que também foi essencial para

conclusão deste sonho, apoiando e incentivando com muito carinho e amor.

Agradeço ainda aos professores e amigos de turma pelo que passamos e aprendemos

juntos e também, é claro, a meu orientador Cézar Henrique Barra Rocha e ao grupo NAGEA,

que me fizeram conhecer e interessar pela área, sempre acreditando em mim e me apoiando

na escolha e elaboração deste trabalho. Não poderia deixar de ser grato também a Companhia

de Saneamento Municipal – CESAMA pelos dados fornecidos para elaboração deste trabalho.

A todos o meu mais sincero obrigado!

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“A água de boa qualidade é como a saúde ou a

liberdade: só tem valor quando acaba”.

(João Guimarães Rosa)

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RESUMO

Os diversos usos que a água proporciona ao homem faz com que este recurso natural seja

essencial para nossa sobrevivência, tornando-se indispensável sua proteção com vistas a

garantia de melhor qualidade e quantidade. O presente trabalho trata da aplicação do Índice de

Conformidade ao Enquadramento – ICE na Bacia de Contribuição da Represa de São Pedro –

BCRSP no município de Juiz de Fora, Minas Gerais, entre os anos de 2005 e 2015, visando

identificar as alterações ocorridas na água e suas possíveis relações com as ações humanas.

Foram utilizados os seguintes parâmetros: Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO5,20,

Turbidez, pH e Escherichia coli, dados estes fornecidos pela Companhia de Saneamento

Municipal – CESAMA. Também foram monitoradas as alterações no uso e cobertura da terra

ocorridas nesta bacia hidrográfica durante este período de estudo. A aplicação do índice

mostrou que as águas da BCRSP se classificam ora como “Ruim”, ora como “Regular”,

apresentando quedas e melhoras ao longo desses 11 anos. As intervenções humanas ocorridas

na bacia neste período, destacando a duplicação da BR 040, início da construção da BR 440 e

do Condomínio Alphaville, justificaram os menores ICEs de 57, 61 e 62, respectivamente.

Associado a isto, as precipitações ocorridas também foram importantes nessas alterações, seja

tanto pelo aumento do carreamento, quanto à ausência de chuvas aumentando a carga

orgânica nas águas, principalmente devido ao lançamento de esgoto, como aconteceu no

longo período de estiagem em 2014, resultando no pior ICE de 55. Ficou bastante claro o

aumento da ocupação urbana na bacia de contribuição, saltando de 3% em 2006 para 7,3% em

2015, em especial em direção às áreas de pastagem. Um resultado interessante foi a pequena

recuperação das áreas de mata, apesar desta expressiva expansão urbana. A BCRSP também

se mostrou passível de ser recuperada, visto que nos anos em que as principais intervenções

cessaram, o ICE recuperou, revelando a possibilidade de preservação deste manancial de

abastecimento, caso haja um controle maior do poder público e da sociedade civil organizada.

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ABSTRACT

The various uses that water gives the man makes this natural resource is essential for our

survival, making it essential to your protection to guarantee of better quality and quantity. The

present work deals with the application of the Establishment Conformity Index (ECI) in the

Contribution Watershed of the São Pedro Dam - CWSPD in Juiz de Fora, Minas Gerais,

between 2005 and 2015, aiming to identify the changes in water and its possible relations with

human actions. The following parameters were used: Biochemical Oxygen Demand -

BOD5,20, Turbidity, pH and Escherichia coli, these data were provided by the Municipal

Sanitation Company – CESAMA. The changes in land use and cover occurred in this

watershed during this study period were also monitored. The application of the index showed

that the waters of the CWSPD are classified either as "Bad", or as "Regular", presenting

reductions and improvements over the 11 years. The human interventions in the watershed in

this period, highlighting the duplication of BR 040, beginning of the construction of BR 440

and the Condominium Alphaville, justified the lowest ECI of 57, 61 and 62, respectively.

Linked to this, the rainfalls that occurred were also important in these alterations, either by

increasing the carriage, about the absence of rainfall increasing organic load in the waters,

mainly due to the release of sewage, as happened in the long period of drought in 2014,

resulting in the worst ECI 55. It was pretty clear also the increase of the urban occupation in

the contribution watershed, from 3% in 2006 to 7,3% in 2015, especially towards the pasture

areas. An interesting result was the small recovery of the forest areas despite this impressive

urban expansion. The CWSPD also proved to be able to be retrieved, since in the years in

which the main interventions have ceased, the ECI has recovered, revealing the possibility of

preserving this source of supply, since there is a greater control of the government and civil

society.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Modelo conceitual do índice. Fonte: Adaptado de CCME (2001a) ........................ 15 Figura 2 - Localização da BCRSP. ........................................................................................... 20 Figura 3 - Fluxograma do processamento das imagens ............................................................ 23

Figura 4 - Comportamento da DBO5,20 durante o período estudado. ....................................... 24 Figura 5 - Comportamento da Turbidez durante o período estudado. ...................................... 25 Figura 6 - Comportamento do pH durante o período de estudo. .............................................. 26 Figura 7 - Comportamento do parâmetro Escherichia coli ao longo do período estudado ...... 26 Figura 8 - Resultados do ICE para a captação da Represa no período de 2005 a 2015. .......... 30

Figura 9 - Precipitação acumulada em todos os anos de estudo e as contribuições de cada mês

.................................................................................................................................................. 31

Figura 10 - Recorte da precipitação mensal ocorrida de 2005 a 2007 ..................................... 34 Figura 11 - Intervenção para duplicação da BR 040. Fonte: Juiz de Fora (2007). ................... 35 Figura 12 – Porcentagem de cada classe em relação a área total da BCRSP no ano de 2006. 39 Figura 13 - Porcentagem de cada classe em relação a área total da BCRSP no ano de 2015. . 39

Figura 14 – Uso da terra na BCRSP no ano de 2006. .............................................................. 40 Figura 15 - Uso da terra na BCRSP no ano de 2015 ................................................................ 41

Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período

de seca ocorrido neste ano. ....................................................................................................... 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Uso das águas doces conforme classe de enquadramento ........................................ 8

Tabela 2 – Limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005 para os parâmetros

E. Coli, DBO5,20, Turbidez e pH. ................................................................................................ 9 Tabela 3 - Classificação e significado de cada classe do ICE .................................................. 18 Tabela 4 - Estatística descritiva dos parâmetros analisados no período de 2005 a 2015. ........ 28 Tabela 5 - Comparação entre o uso da terra na BCRSP entre os anos de 2006 e 2015 ........... 38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 2 OBJETIVOS........................................................................................................................ 5

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 5 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 5

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 6 3.1 Água ............................................................................................................................. 6 3.2 Bacia Hidrográfica ....................................................................................................... 6

3.3 Enquadramento de corpos d’água ................................................................................ 7 3.4 Parâmetros de qualidade da água utilizados nessa Pesquisa ........................................ 9 3.5 Índice de Conformidade ao Enquadramento ............................................................. 13

4 METODOLOGIA ............................................................................................................. 19 4.1 Caracterização da área ............................................................................................... 19 4.2 Dados utilizados ......................................................................................................... 20 4.3 Geoprocessamento ..................................................................................................... 22

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 24 5.1 Resultados do Índice de Conformidade ao Enquadramento ........................................... 24

5.2 Resultados do uso do solo na bacia de Contribuição da Represa de São Pedro ............. 37 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 45

7 RECOMENDAÇÕES ....................................................................................................... 47 8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 48 9 ANEXO ............................................................................................................................. 58

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil, apesar de ser um dos países mais ricos em disponibilidade hídrica, possui

diversas cidades que sofrem frequentemente com problemas relacionados ao abastecimento de

água, tanto devido à baixa qualidade, quanto à pequena quantidade deste recurso, remetendo

para a necessidade de se estabelecer um processo de gestão dos recursos hídricos no país

(AMARO, 2009).

A vida humana é extremamente dependente da água, pois ela proporciona múltiplos

usos indispensáveis a nossa sobrevivência, tais como: o consumo humano, o abastecimento

industrial, a irrigação, a produção de energia elétrica e as atividades de lazer e recreação,

assim como a preservação da vida aquática (BARROS et al., 2012).

Tendo em vista que a água é um dos principais recursos naturais disponíveis para a

sociedade (SAAD et al. 2007), é importante compreender a dinâmica das águas, além de

entender quais fatores interferem em sua qualidade e quantidade para que se possa planejar o

seu uso. Sendo estes itens essenciais para a manutenção da espécie humana no planeta, Vasco

et al. (2011) destacam a importância de se estudar as bacias hidrográficas urbanas e rurais

para que se possa buscar o equilíbrio entre a exploração de recursos naturais e a

sustentabilidade ambiental.

Um dos principais instrumentos que sustentam a gestão dos recursos hídricos é o

monitoramento da qualidade das águas (GUEDES et al., 2012). Buscando uma melhor gestão

dos recursos hídricos, muitos estudos vêm sendo realizados no intuito de determinar a

qualidade das águas de rios, lagos e represas através do monitoramento dos parâmetros

físicos, químicos e biológicos da água (ROCHA et al., 2014). Segundo Viana et al. (2013), o

monitoramento da qualidade da água é um fator essencial para os gestores, pois conforme

completam Cunha & Calijuri (2010), o monitoramento ambiental nos permite conhecer o

comportamento da qualidade das águas ao longo do tempo e do espaço e assim realizar um

amplo diagnóstico da bacia, compreendendo as respostas do ecossistema aquático aos

impactos antrópicos na sua área de drenagem ou de influência.

Assim, para que os mananciais possam fornecer água em maior quantidade e melhor

qualidade, há a necessidade de se ordenar o uso e ocupação do solo nas bacias de drenagem

dos mesmos, a fim de evitar, ou ao menos, minimizar processos que atuem na degradação das

águas (LATUF, 2004). A ocupação destas áreas acontece de maneira desordenada,

impulsionada, principalmente, pelo crescimento populacional acelerado, expansão das áreas

agrícolas e intensa urbanização (VASCO et al., 2011).

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A cidade de Juiz de Fora, localizada na Bacia do Rio Paraibuna, pertencente à Bacia

do Rio Paraíba do Sul, em Minas Gerais, se encontra inserida neste cenário, possuindo um

elevado crescimento demográfico e uma urbanização intensa. O censo de 2010 mostra que

nos últimos 20 anos o crescimento populacional da cidade foi de 25,2% totalizando 516.247

habitantes (IBGE, 2014).

De acordo com Ribeiro & Pizzo (2011), o crescimento da cidade de Juiz de Fora vem

acontecendo em direção aos mananciais do município. Isto gera movimentações de terra e

retiradas de vegetação para dar lugar às edificações e demais obras estruturais, o que

consequentemente provoca o assoreamento destes reservatórios e assim uma grande redução

do volume d`água a ser armazenado pelos mesmos (MACHADO, 2006). Além de alterar a

disponibilidade da água, as atividades antrópicas somadas aos múltiplos usos desenvolvidos

nas bacias hidrográficas são capazes de provocar diversos impactos nos ecossistemas,

afetando, consequentemente, a qualidade das águas e seus usos, havendo ainda a possibilidade

de prejudicar a saúde da população que consome ou faz algum tipo de uso dessa água

possivelmente contaminada (SILVA et al.,2012).

Em Juiz de Fora, já existem mananciais que se encontram inoperantes, como por

exemplo, a Represa Poço D’Anta que foi desativada em 2006. A Represa de São Pedro, ainda

não foi desativada, mas poderá deixar de abastecer o município, caso nenhuma atitude

visando sua recuperação seja tomada (Ribeiro & Pizzo, 2011).

O município conta atualmente com quatro mananciais de abastecimento, sendo eles a

Represa Doutor João Penido, o Ribeirão Espírito Santo, a Barragem de Chapéu D’Uvas e a

Represa de São Pedro, esta última com capacidade de abastecer aproximadamente 5,5% do

município, sendo esta a região denominada de Cidade Alta (JUIZ DE FORA, 2014). Segundo

a CESAMA (2016) - Companhia de Saneamento Municipal, a Represa de São Pedro

apresenta ocupações concentradas em sua bacia hidrográfica, sendo estas atividades

incompatíveis com este local, o que torna este manancial ameaçado por esse processo de

degradação, observando-se intensos assoreamentos em época de seca, quando a vazão é muito

reduzida.

O PDDU (2000) - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano ainda reforça que o

processo de implantação da BR-040, que seccionou a bacia hidrográfica da Represa de São

Pedro numa extensão de aproximadamente 4 km, provocou o início de assoreamento da

mesma, hoje agravado com a movimentação de terra, dado ao desmatamento e a crescente

ocupação das margens da Represa, principalmente nas nascentes, podendo comprometer a

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qualidade e a quantidade da água armazenada. Atualmente existe ainda a construção da BR-

440, a qual vem sendo executada às margens da represa, logo na Área de Preservação

Permanente (APP) deste manancial, visando interligar a BR-267 com a BR-040, prejudicando

ainda mais a qualidade de suas águas, acelerando o processo de degradação deste manancial

(FREITAS, 2015). Essa questão já havia sido levantada pelo Prof. Cezar H. Barra Rocha

devido à proximidade de cinco metros entre a BR- 440 e a represa, denunciando o risco de

contaminação das águas apenas pela pirólise – queima dos combustíveis dos veículos –, em

curto prazo de tempo, não precisando nem acontecer acidentes com cargas perigosas

(VANINI, 2011). A ausência da Mata Ciliar não permitiria a retenção desses compostos –

Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA) –, como acontece no caso da amenização dos

efeitos da BR-040 (SOUZA, 2008).

Entretanto, pesquisas conduzidas pelo Núcleo de Análise Geo Ambiental (NAGEA)

da UFJF de 2012 até 2016 encontraram vazões da ordem de 500 litros/segundo, considerando

os dois principais córregos que abastecem essa Represa: São Pedro e Grota do Pinto

(VALENTE, 2015). Considerando que a Estação de Tratamento de Água trata atualmente 120

litros/segundo, poder-se-ia aumentar de forma considerável a sua capacidade de

abastecimento, extraindo da Represa uma maior vazão, respeitando as vazões mínimas,

aproveitando a vantagem das redes prontas e mais curtas e a posição em cota já alta atendendo

vários bairros por gravidade. Outro aspecto também estudado por este Grupo comprova que a

autodepuração da Represa de São Pedro, no ponto de captação, apresenta resultados melhores

que na captação da Represa Dr. João Penido (ROCHA et al., 2016a).

Desta forma, torna-se evidente a importância do monitoramento dos mananciais

destinados ao abastecimento público como a Represa de São Pedro, a fim de se realizar uma

gestão adequada deste recurso visando assegurar a disponibilidade da mesma em padrões de

qualidade adequados aos respectivos usos para as atuais e futuras gerações, conforme objetiva

a Lei nº 9433/1997 (BRASIL, 1997).

Para Costa et al. (2012) e Amaro (2009), índices e indicadores ambientais são

importantes na estratégia de programas de monitoramento e gestão ambiental por converter

uma série de informações através de um único número, um símbolo, uma cor ou descrição

verbal de fácil compreensão, possibilitando a tomada de decisões por gestores em várias áreas

de atuação. Um dos índices mais utilizados na área de recursos hídricos é o Índice de

Qualidade da Água (IQA), desenvolvido em 1970, pela National Sanitation Foudation (NSF)

dos Estados Unidos baseando-se numa pesquisa de opinião junto a especialistas na área

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(IGAM, 2014). Existem também outros índices como, por exemplo, o Índice de

Conformidade ao Enquadramento (ICE), Índice de Estado Trófico (IET) e Índice de

Balneabilidade (IB).

De todos esses índices citados, o que mostrou maior aderência com a realidade dos

mananciais estudados pelo NAGEA em Juiz de Fora foi o ICE (ROCHA et al., 2015a).

Trabalhos já publicados pelo Grupo mostram que o IQA homogeneíza pontos totalmente

diferentes, por exemplo, nascentes, fozes e captações (ROCHA et al., 2015b). O IQA

CETESB também foi muito criticado por outros pesquisadores em outras regiões do Brasil

(BARROS et al., 2012; SILVA et al. ,2012). Moretto et al. (2012) e Cunha et al. (2013)

também questionaram os resultados dos IQA à luz da Resolução CONAMA nº 357/2005 e a

necessidade de readequação desses índices.

Sabe-se que a ocupação desordenada e as atividades no entorno dos mananciais de

abastecimento público comprometem substancialmente a qualidade da água, o que acaba por

elevar o custo do tratamento para atendimento às necessidades da população, por proporcionar

um desgaste dos mananciais de abastecimento, o que por sua vez exigirá ainda mais o uso de

produtos químicos a fim de tornar a água potável visando o consumo, e também por passar a

demandar pontos para captação cada vez mais distantes dos consumidores.

Portanto, o presente trabalho tem por objetivo diagnosticar a situação da bacia de

contribuição da Represa de São Pedro, no município de Juiz de Fora, através da aplicação do

Índice de Conformidade ao Enquadramento – ICE.

Esse objetivo geral é motivado pela importância do monitoramento e gestão das águas,

a fim de subsidiar aos gestores, fornecendo o conhecimento do grau de comprometimento em

que se encontra a represa em questão, procurando evitar ações ainda mais tardias para sua

recuperação ambiental, possibilitando a identificação dos principais tipos de poluição e suas

fontes, seja pontual ou difusa.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Monitorar a qualidade das águas no ponto de captação da Represa de São Pedro entre

os anos de 2005 e 2015 através da aplicação do Índice de Conformidade ao Enquadramento

(ICE), bem como o uso e cobertura da terra na bacia de contribuição desta represa durante o

mesmo período.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar o comportamento do Índice de Conformidade ao Enquadramento (ICE) no

período de 2005 a 2015.

Gerar cartas de uso e cobertura da terra para os anos de 2005 e 2015 para avaliação das

alterações ocorridas.

Observar possíveis relações entre o uso da terra e a qualidade da água.

Analisar o comportamento pluviométrico do período de estudo e suas implicações

possíveis nos parâmetros de qualidade da água estudados.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Água

A água é um dos principais recursos naturais presentes no planeta, sendo essencial

para a subsistência do homem, principalmente pelo fato de diversas atividades humanas serem

dependentes deste recurso, como o abastecimento humano, o uso industrial, o uso na

agricultura, a geração de energia elétrica, turismo, lazer, dessedentação animal, pesca, dentre

outros. Apesar disso, como afirmam Saad et al. (2007), a água é uma das principais formas

de difusão de agentes patogênicos.

A água é um bem de domínio público, um recurso limitado e que possui valor

econômico sendo destinada prioritariamente ao consumo humano e à dessedentação de

animais em caso de escassez (BRASIL, 1997).

O comprometimento da qualidade das águas está atrelado às diversas fontes de

poluição. Na Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, a qual engloba o município de Juiz de

Fora, apresenta como algumas das principais fontes de poluição das águas o lançamento de

efluentes domésticos e industriais, a mineração, atividades agropecuárias e manejo

inadequado do solo, a disposição imprópria de resíduos sólidos e acidentes ambientais (ANA,

2005). Existem ainda outras fontes antrópicas capazes de alterar a qualidade das águas no

Brasil como, por exemplo, a suinocultura, a ocupação desordenada e o consequente

desmatamento, a salinização, construção de barragens, poluição difusa em áreas urbanas e a

aquicultura, podendo ocorrer também a poluição por causas naturais como a decomposição de

biomassa vegetal que fica submersa em períodos de cheia na Região Hidrográfica do Paraguai

(ANA, 2005).

3.2 Bacia Hidrográfica

Todos os espaços estão inseridos em uma bacia hidrográfica sobre a qual se

desenvolvem relações sociais e ecológicas (TURRETTA, 2011). Este mesmo autor simplifica

a definição de bacia hidrográfica afirmando ser uma região que faz convergir toda a drenagem

para um rio principal e seus afluentes. Em contrapartida, Heller e Pádua (2010) definem esta

unidade territorial de forma mais técnica, afirmando que a bacia hidrográfica é uma unidade

fisiográfica, delimitada pelas cristas das elevações do terreno ou divisores de água, que

recolhe a precipitação, funciona como um reservatório de água e sedimentos, convergindo

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todos estes elementos dos pontos mais altos para os mais baixos até que alcance um ponto

único denominado de exutório.

Esses mesmos autores complementam ainda que a integração entre as conformações

de relevo e a drenagem é feita por meio da bacia hidrográfica, sendo que a rede de drenagem

de uma bacia hidrográfica é formada pelo rio principal e seus tributários, constituindo-se

assim em um sistema de transporte de água e sedimentos.

Conforme a Lei nº 9433/1997 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, a

bacia hidrográfica é a unidade de planejamento territorial, nas quais serão implementadas

políticas voltadas para sua gestão e proteção (BRASIL, 2007).

3.3 Enquadramento de corpos d’água

Segundo a Resolução CONAMA nº 357/2005, o enquadramento expressa metas a

serem alcançadas em determinado curso d’água baseando-se nos níveis de qualidade que este

curso d’água deveria possuir a fim de atender as necessidades da população e não em seu

estado atual. A Lei nº 9.433/1997 que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos

complementa que o enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo os usos

preponderantes da água, tem por objetivo garantir às águas uma qualidade compatível a qual

esta foi destinada, reduzindo desta forma os gastos com a recuperação de danos causados a

elas. Desta maneira, o enquadramento dos cursos d’água em classes proporciona o

estabelecimento de um objetivo a ser alcançado ou mantido, ou seja, um nível de qualidade

que aquele corpo d’água deverá apresentar ou manter para atender aos seus usos mais

exigentes ao longo do tempo.

Os comitês de bacia deverão discutir e aprovar a proposta de enquadramento dos

corpos d’água, sendo a sua deliberação de responsabilidade dos conselhos de recursos

hídricos (ANA, 2013). O processo de enquadramento leva em consideração diversos fatores,

tais como, os usos desejados para o corpo d’água, a condição atual deste corpo hídrico, a

viabilidade técnica e os custos necessários para o alcance dos padrões de qualidade

estabelecidos pelo enquadramento (ANA, 2013).

Conforme a Resolução CONAMA nº 357/2005, as águas doces são classificadas em

cinco classes sendo elas: classe especial, classe 1, classe 2, classe 3 e classe 4 as quais são

destinadas a diferentes usos conforme tabela 1.

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Tabela 1 – Uso das águas doces conforme classe de enquadramento

Classe Uso da água

Classe Especial

a) abastecimento para consumo humano, com

desinfecção;

b) preservação do equilíbrio natural das

comunidades aquáticas;

c) preservação dos ambientes aquáticos em

unidades de conservação de proteção

integral.

Classe 1

a) abastecimento para consumo humano,

após tratamento simplificado;

b) proteção das comunidades aquáticas;

c) recreação de contato primário, tais como

natação, esqui aquático e mergulho,

conforme Resolução CONAMA nº 274, de

2000;

d) irrigação de hortaliças que são consumidas

cruas e de frutas que se desenvolvam rentes

ao solo e que sejam ingeridas cruas sem

remoção de película;

e) proteção das comunidades aquáticas em

Terras Indígenas

Classe 2

a) abastecimento para consumo humano,

após tratamento convencional;

b) proteção das comunidades aquáticas;

c) recreação de contato primário, tais como

natação, esqui aquático e mergulho,

conforme Resolução CONAMA nº 274, de

2000;

d) irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e

de parques, jardins, campos de esporte e

lazer, com os quais o público possa vir a ter

contato direto;

e) aquicultura e a atividade de pesca.

Classe 3

a) abastecimento para consumo humano,

após tratamento convencional ou avançado;

b) irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas

e forrageiras;

c) pesca amadora;

d) recreação de contato secundário;

e) dessedentação de animais.

Classe 4 a) navegação;

b) harmonia paisagística.

Fonte: Adaptado BRASIL (2005) – CONAMA nº 357/2005

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A Resolução CONAMA nº 357/2005 em seu artigo 7º relata que os padrões de

qualidade das águas determinados por esta resolução estabelecem limites individuais para

cada substância conforme cada classe de enquadramento. De acordo com a Deliberação

Normativa COPAM n° 16/1996, o Córrego São Pedro de suas nascentes até a captação de

água da Represa de São Pedro se enquadra como de Classe 1. A Tabela 2 enfatiza os limites

de alguns parâmetros de maior interesse para o presente estudo.

Tabela 2 – Limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005 para os parâmetros E. Coli,

DBO5,20, Turbidez e pH.

Parâmetro Limite Resolução CONAMA nº 357/2005

Escherichia coli

200 de coliformes termotolerantes por 100

mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6

amostras, coletadas durante o período de um

ano, com frequência bimestral. A

Escherichia Coli poderá ser determinada em

substituição ao parâmetro coliformes

termotolerantes de acordo com limites

estabelecidos pelo órgão ambiental

competente.

DBO5,20 Até 3 mg/L

Turbidez Até 40 UNT

pH 6,0 a 9,0

Fonte: Adaptado BRASIL (2005).

3.4 Parâmetros de qualidade da água utilizados nessa Pesquisa

A partir de uma série de dados de diversos parâmetros fornecidos pela Companhia de

Saneamento Municipal – CESAMA ao longo dos anos compreendidos entre 2005 e 2015,

como Oxigênio Dissolvido, Ferro, Demanda Química de Oxigênio – DQO, Cloreto, Fósforo,

Nitrogênio, Cor, Alumínio, Manganês, Alcalinidade, Dureza, Oxigênio Consumido,

Condutividade, Coliformes Totais e Cianobactérias, foram selecionados para a aplicação do

ICE os seguintes parâmetros: pH, Turbidez, DBO5,20 e Escherichia coli. Esta escolha ocorreu

visando respeitar algumas restrições para aplicação do ICE de maneira mais adequada como,

por exemplo, possuir ao menos quatro parâmetros para aplicação, os quais devem possuir no

mínimo quatro coletas ao longo do ano, sendo aplicados sempre os mesmos parâmetros em

todos os anos para que haja uma comparação adequada (CCME, 2001a). Sendo assim, apenas

o pH, a Turbidez, a DBO5,20 e a Escherichia coli mostraram-se dentro dos critérios para

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aplicação do índice proposto, apresentando uma série de dados mais contínua e

enquadramento na Resolução CONAMA nº 357/2005.

Destaca-se que todos os quatro parâmetros utilizados são de suma importância nos

estudos que visam monitorar a qualidade das águas, conforme detalhados a seguir.

pH – Potencial Hidrogeniônico

O pH é um parâmetro químico e representa a concentração de íons hidrogênio H+

na

água, fornecendo desta forma uma indicação quanto à acidez (pH entre 0 e 7), neutralidade

(pH = 7) ou alcalinidade (pH entre 7 e 14) da mesma. As condições que influenciam nos

valores de pH das águas podem ser naturais ou antropogênicas. Dentre as condições naturais

estão a dissolução de rochas, a absorção de gases atmosféricos, a oxidação da matéria

orgânica e a fotossíntese; já as condições antropogênicas são, principalmente, devido aos

despejos domésticos e industriais (SPERLING, 2005; LIBÂNIO, 2010).

O pH é um parâmetro muito importante nos estudos ambientais, principalmente pelo

fato de influenciar no equilíbrio químico de diversas reações que ocorrem naturalmente ou em

processos unitários de tratamento de água sendo frequentemente utilizado na caracterização

destas águas (CESTESB, 2015; SPERLING, 2005).

Valores baixos de pH fazem com que a água apresente certo grau de corrosividade e

agressividade nas tubulações e peças de abastecimento, enquanto que valores elevados

possibilitam incrustações nestas estruturas. Valores de pH afastados da neutralidade podem

afetar a vida aquática, como os peixes (SPERLING, 2005).

Segundo Libânio (2010), o pH influencia em vários aspectos, tais como na cor da água

devido à sua interferência no grau de solubilidade de diversas substâncias, na distribuição das

formas livres e ionizadas de vários compostos químicos, bem como na definição do grau de

toxicidade de diversos elementos.

A Resolução CONAMA nº 357/2005 estabelece que em águas doces,

independentemente da classe, o pH deve estar entre 6 e 9.

Turbidez

A Turbidez é um parâmetro físico e representa o grau com que os sólidos em

suspensão presentes na água atenuam a passagem de luz no meio líquido, proporcionando

aparência turva à água (CETESB, 2015). A turbidez pode ter origem natural através de

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partículas de rocha, argila e silte, algas e outros microoganismos ou origem antropogênica por

meio de despejos industriais e domésticos, microrganismos ou erosão (SPERLING, 2005).

Segundo Sperling (2005), este é um parâmetro muito utilizado na caracterização de

águas de abastecimento brutas e tratadas, podendo servir de abrigo para organismos

patogênicos e assim reduzir a eficiência da desinfecção e estar associada a compostos tóxicos.

Além disso, a alta turbidez é um problema para realização da fotossíntese da vegetação

enraizada e algas em corpos d’água, visto a ocorrência de interferências na penetração da luz

neste ambiente, afetando assim a produtividade de peixes e as comunidades biológicas

aquáticas em geral (CETESB, 2015).

Em lagos e represas, ou seja, em ambientes lênticos, a turbidez tende a ser bastante

reduzida, frequentemente menor do que 10 UNT. No Brasil, a turbidez tende a ser mais

elevada nas localidades com solos erodíveis, pois a ação das chuvas pode carrear partículas de

argila, silte, areia, fragmentos de rocha e óxidos metálicos deste solo para os corpos d’água

(LIBÂNIO, 2010). Segundo a CETESB (2015), o aumento da turbidez nas águas pode estar

ligado à erosão das margens dos rios em estações chuvosas, sendo tal processo intensificado

pelo mau uso do solo.

Conforme Libânio (2010), quase todas as estações de tratamento de água do mundo

monitoram este parâmetro, principalmente pela rapidez e facilidade de determinação, sendo

seu valor reportado em unidades de turbidez (uT), também denominada unidades

nefelométricas de turbidez (UNT).

A Resolução CONAMA nº 357/2005 traz como padrões para águas doces os valores

de até 40 UNT para as águas enquadradas como de classe 1, até 100 UNT para classes 2 e 3,

não havendo limites estabelecidos para classe 4.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20)

A Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO5,20 é uma medida indireta para

quantificação da matéria orgânica, a qual é uma característica muito importante, provocando

um dos principais problemas relacionados à poluição das águas, principalmente pelo fato de

que durante a estabilização e utilização da matéria orgânica em processos metabólicos dos

microrganismos, acontece o consumo do oxigênio dissolvido da água, provocando assim o

desaparecimento da vida aquática (SPERLING, 2005; MENEZES et al. 2012).

Desta forma, a determinação da DBO5,20 se baseia na necessidade de oxigênio

dissolvido pelos microrganismos para estabilizar a matéria orgânica presente na água, num

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período de cinco dias e a uma temperatura de 20°C, sendo tal parâmetro dado em mg/L

(LIBÂNIO, 2010).

A DBO5,20 pode ser originada de forma natural por meio de matéria orgânica vegetal e

animal ou microrganismos, ou ainda através da ação humana por meio de despejos

domésticos e industriais (SPERLING, 2005). Conforme Sperling (2005), a DBO5,20,

juntamente com a DQO – Demanda Química de Oxigênio, é um dos parâmetros de maior

importância para caracterizar o grau de poluição que um corpo d’água apresenta.

Na Resolução CONAMA nº 357/2005 se estabelece que para águas doces de classe 1,

o valor máximo para a DBO5,20 deve ser de 3 mg/L, para águas classe 2 de até 5 mg/L e até 10

mg/L para águas doces classe 3, não havendo limite estabelecido para a classe 4.

Escherichia Coli (E. coli)

Escherichia coli são bactérias em forma de bastonete curto, são Gram-negativas, não

esporuladas, medindo entre 1,1 a 1,5 µm por 2 a 6 µm, sendo que em sua grande maioria são

móveis, devido a existência de flagelos peritríqueos (CORRÊA, 2012). A Eschericha coli é

um dos principais representantes do grupo de coliformes termotolerantes, diferenciando-se

dos demais microorganismos deste grupo pelo fato de somente a Escherichia coli ser

proveniente exclusivamente de fezes humanas, de mamíferos e pássaros apresentando-se

nestes indivíduos em altas concentrações, sendo dificilmente encontrada na água ou no solo

que não tenha recebido contaminação fecal (CETESB, 2015).

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM, 2013) também afirma que a espécie

Escherichia coli é o único representante dentre os coliformes termotolerantes que pode ser um

indicador de forma inequívoca da contaminação por fezes humanas ou animais em águas

doces. Sua presença indica ainda uma contaminação fecal recente (ela não sobrevive muito

tempo no meio ambiente) e de eventual presença de organismos patogênicos (BRASIL,

2004).

De acordo com Saviolli (2010) a presença de dejetos de diversos tipos favorece a

disseminação das bactérias como a Escherichia coli, proporcionando a contaminação

ambiental, em especial de cursos d’água e praias.

O ambiente natural da Escherichia coli é o trato intestinal, porém a mesma pode ser

encontrada em locais de criação de aves, na água, na poeira, possuindo a capacidade de

crescer rapidamente utilizando uma grande variedade de tipos de nutrientes (ANDRADE,

2005).

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A bactéria Escherichia coli apresentam-se no ambiente desde linhagens comensais à

linhagens patogênicas para os indivíduos que a hospedam, sejam humanos ou animais

(ALVES, 2012).

A Resolução CONAMA nº 357/2005 estabelece limites para a classe 1, classe 2 e

classe 3 referentes à coliformes termotolerantes, porém ressalta que a Escherichia coli poderá

substituir o parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo

órgão ambiental competente. A Deliberação Normativa COPAM/CERH-MG n° 01/2008

complementa que a Escherichia coli poderá substituir os coliformes termotolerantes

observando os mesmos limites estabelecidos para este último.

3.5 Índice de Conformidade ao Enquadramento

O Índice de Conformidade ao Enquadramento (ICE) foi desenvolvido no Canadá em

1997 pela Canadian Council of Ministers of the Enviromental Water Quality Index – CCME

WQI (CCME, 2001a). O ICE é baseado na excedência aos padrões de qualidade da água

estabelecidos e incorpora três elementos: abrangência - número de parâmetros que não

cumprem os objetivos de qualidade da água pelo menos uma vez; frequência - número de

vezes que o parâmetro não atendeu aos padrões de qualidade; e amplitude – diferença entre o

valor medido e o limite definido para o enquadramento segundo a Resolução CONAMA nº

357/2005. Este índice é uma representação do número de parâmetros que superam os limites

estabelecidos, bem como a frequência e a magnitude dessas superações (CCME, 2009).

A aplicação de índices como o ICE auxiliam na redução e simplificação de

informações em resultados únicos, mais facilmente interpretáveis. O ICE possui uma fácil

aplicação, sendo um índice bastante flexível, pois não restringe quais variáveis devem ser

utilizadas como no Índice de Qualidade da Água (IQA) amplamente utilizado no Brasil e

ainda nos permite averiguar se determinado corpo hídrico encontra-se mais próximo ou mais

afastado do enquadramento proposto para o mesmo.

Segundo Amaro (2009), o índice canadense se baseia na comparação entre os

resultados dos parâmetros monitorados em determinado curso d’água com os valores

estabelecidos pelo enquadramento, legislação ou aqueles determinados cientificamente.

Como já foi colocado, de acordo com a Deliberação Normativa COPAM n° 16/1996, o

Córrego São Pedro de suas nascentes até a captação de água da Represa de São Pedro é

enquadrado como de classe 1, logo os parâmetros monitorados foram comparados com os

respectivos limites de águas doces de classe 1 tratados na Resolução CONAMA nº 357/2005.

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14

Segundo Cunha e Calijuri (2010), o monitoramento do meio aquático deve sempre

proporcionar uma forma de comparação entre o que foi observado no meio, através dos

parâmetros estudados, e o que preconiza o enquadramento daquele meio aquático baseado nos

limites destes mesmos parâmetros estabelecidos na Resolução CONAMA nº 357/2005.

A aplicação do Índice de Conformidade ao Enquadramento demanda algumas regras

que devem ser levadas em consideração, conforme proposto por CCME (2001a):

Comparações do índice só devem ser feitas quando os objetivos forem os mesmos, ou

seja, não é recomendado aplicar o índice quando o objetivo for comparar um ICE que deve

atender aos limites definidos no enquadramento para classe 1 com outro cujo objetivo foi a

classe 2.

Não é recomendado comparar índices de diferentes lugares calculados com parâmetros

diferentes, por exemplo, se em um lugar o índice é calculado utilizando parâmetros de

pesticidas, tal valor não deve ser equiparado com outro local onde o índice é obtido com a

utilização de metais.

Deve-se ter cuidado com a utilização de dados mais antigos, pois métodos mais

modernos podem apresentar metodologias e limites de detecção distintos daqueles utilizados

para os dados mais antigos, alterando o valor final do índice, gerando conclusões errôneas.

O índice deve ser aplicado utilizando parâmetros relevantes para o corpo d’água que

está sendo estudado.

O ICE não deve ser aplicado com menos de quatro parâmetros e quatro amostras por

ano.

Conforme o Relatório Técnico CCME (2001a), o índice se baseia na combinação de

três fatores: a abrangência, a frequência e a amplitude. Estes fatores visam determinar a

“distância” que as variáveis monitoradas se encontram do que é desejado para determinado

corpo hídrico, representando as desconformidades quando se encontram fora do estabelecido

ou as conformidades, quando está dentro do recomendado como padrão.

Estes três fatores, ao se combinarem formam um vetor num espaço tridimensional de

modo que, quanto pior for a qualidade da água, ou seja, quanto mais próximo de zero, menor

o comprimento deste vetor, em contrapartida, o comprimento do vetor aumenta e toma o valor

de 100 ou próximo a 100 quanto melhor for a qualidade da água estudada (CCME, 2001a). A

figura 1 mostra o modelo conceitual do índice:

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Figura 1 – Modelo conceitual do índice. Fonte: Adaptado de CCME (2001a)

O relatório técnico do CCME (2001a) traz de forma resumida os conceitos e equações

de cada um dos três fatores mencionados, os quais apresentam amplitudes de 0 a 100:

Fator 1 – F1 (Abrangência): representa aquelas variáveis que durante o período

estudado obtiveram alguma falha ao menos uma vez, isto é, esse fator retrata a porcentagem

de variáveis que estiveram em desconformidade com o enquadramento do curso d’água.

Logo, se houve o monitoramento de determinado parâmetro durante um ano e em algum mês

este parâmetro se apresentou fora do enquadramento daquele curso d’água, este parâmetro

será contabilizado neste fator, caso contrário, se o parâmetro não falhar durante o ano de

estudo o mesmo não influenciará o fator F1, o qual quanto maior for, pior será o resultado

final do índice. O fator F1 é determinado pela equação 1 a seguir:

(

)

Equação 1

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16

Fator 2 – F2 (Frequência): a frequência representa a porcentagem de vezes em que um

determinado parâmetro falhou durante o período de estudo. Deste modo, se aquele parâmetro

que falhou apresentar muitas desconformidades durante o ano, este fator será elevado

piorando o resultado do índice; porém, se houver poucas desconformidades em relação ao

enquadramento durante o período de análise, menor será o fator 2 e assim melhor o resultado

final do índice. O fator F2 é calculado conforme equação 2:

(

)

Equação 2

Fator 3 – F3 (Amplitude): este fator fornece uma indicação da diferença entre o valor

encontrado de determinado parâmetro que falhou e o valor que aquele parâmetro deveria

apresentar segundo o estabelecido pelo enquadramento. Assim, se em algum mês durante o

ano de estudo, um determinado parâmetro superou muito o limite do enquadramento, maior

será o valor deste terceiro fator; porém, caso tenha superado apenas um pouco, o fator F3 será

menor e assim menor será também o índice de conformidade ao enquadramento. Este índice é

calculado em três etapas, sendo elas as seguintes:

1 – Representa o número de vezes em que o valor encontrado para determinado

parâmetro, durante o monitoramento da água, foi maior (ou menor, no caso de limites

mínimos, como no caso do Oxigênio Dissolvido) do que o limite estabelecido pelo

enquadramento, ou seja, indica quantas vezes variou o valor encontrado em desconformidade

no monitoramento daquele que seria o objetivo. Logo, essa primeira etapa analisa

individualmente cada variável mês a mês a fim de verificar esta variação caso tenha ocorrido,

sendo determinado pela equação 3:

(

)

Equação 3

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Para os casos em que o valor de determinado parâmetro não deva ser inferior ao limite

estabelecido, como no caso do Oxigênio Dissolvido em que são estabelecidos por leis valores

mínimos que devem ser mantidos no corpo d’água, a equação 3 deverá ser substituída pela

equação 4 que se segue:

(

)

Equação 4

2 - Esta variável, denominada de soma normalizada das variações (snv), é obtida pela

soma de todas as variações encontradas no item anterior, dividindo pelo número total de

análises de todos os parâmetros considerados realizadas durante o período de monitoramento,

conforme a equação 5 a seguir:

Equação 5

3 – A terceira etapa do cálculo do fator F3 é a obtenção do próprio fator, sendo o

mesmo calculado pela soma normalizada das variações dos objetivos, sendo que tais variações

foram reduzidas a uma variável entre 0 e 100. Desta forma, a equação 6 demostra o modo de

se obter este fator:

(

)

Equação 6

Após a obtenção dos fatores abrangência (F1), frequência (F2) e amplitude (F3), o

Índice de Conformidade ao Enquadramento estará pronto para ser calculado, conforme a

equação 7:

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(√

)

Equação 7

A partir do resultado do ICE, o mesmo deverá ser enquadrado nas categorias propostas

por CCME (2001a) e ANA (2012), cujos intervalos e significados estão descritos na tabela 3:

Tabela 3 - Classificação e significado de cada classe do ICE

Valor do

ICE Classes Significado

94<ICE EXCELENTE

A qualidade da água está protegida com virtual ausência de

impactos. A qualidade da água está muito próxima da

condição natural. Estes valores de ICE somente podem ser

obtidos se todas as medidas estiverem durante todo o tempo

dentro dos padrões estabelecidos pelo enquadramento.

79<ICE94 BOA

A qualidade de água está protegida, apresentando somente um

pequeno grau de impacto. A qualidade da água raramente se

desvia dos padrões estabelecidos pelo enquadramento.

64<ICE79 REGULAR

A qualidade de água está protegida, mas ocasionalmente

ocorrem impactos. A qualidade da água algumas vezes se

desvia dos padrões estabelecidos pelo enquadramento.

44<ICE64 RUIM

A qualidade de água está frequentemente afetada. Com

frequência os parâmetros de qualidade da água não atendem os

padrões estabelecidos pelo enquadramento.

ICE44 PÉSSIMA

A qualidade de água quase sempre está alterada. Os

parâmetros de qualidade frequentemente não atendem os

padrões estabelecidos pelo enquadramento.

Atualmente no Brasil já existem vários trabalhos utilizando o ICE como instrumento

de gestão e monitoramento como no trabalho de Amaro (2009) no qual o índice foi aplicado

nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí predominantemente no estado de São Paulo;

o trabalho de Oliveira et al. (2012) que aplicou o índice para águas subterrâneas dos domínios

hidrogeológicos do estado da Bahia e nos estudos de Nascimento e Mello (2015) os quais

utilizaram o ICE na bacia do Rio das Velhas na região central do estado de Minas Gerais.

Cita-se ainda a utilização do ICE pela Agência Nacional das Águas (ANA) em diversos

estados brasileiros, principalmente na região Sudeste conforme ANA (2013).

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19

4 METODOLOGIA

4.1 Caracterização da área

A Bacia de Contribuição da Represa de São Pedro - BCRSP está localizada na cidade

de Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, sendo um munícipio de suma importância para várias

cidades vizinhas, tanto em relação a área da saúde, quanto em relação a área de comércio e da

educação (ROCHA E COSTA, 2015).

Conforme classificação de W. Koeppen, o clima na cidade de Juiz de Fora se

caracteriza como um clima Cwa, que corresponde a um clima mesotérmico com ocorrência de

verões quentes e estação chuvosa também no verão (SOARES, 2007). No município existem

duas estações bem definidas, sendo uma que se estende de outubro a abril, com maiores

temperaturas e precipitações pluviométricas e outra de maio a setembro, caracterizada por um

clima mais frio e seco (JUIZ DE FORA, 2000).

O córrego São Pedro deságua no rio Paraibuna, que pertence à Bacia do Rio Paraíba

do Sul.

A Represa de São Pedro passou a compor o sistema de abastecimento do município de

Juiz de Fora em 1967, cerca de 50 anos. Este manancial se localiza a 8 Km da densa malha

urbana e a área total de drenagem da Bacia de Contribuição da Represa é de aproximadamente

13 km² e seus principais tributários são os córregos São Pedro e Grota do Pinto, sendo capaz

de atender 15 bairros extraindo deste manancial uma vazão de 120 L/s (CESAMA, 2016). O

Plano de Saneamento Básico de Juiz de Fora (2014) relata que a Represa de São Pedro

abastece atualmente cerca de 5,5% do município, sendo esta a região denominada de Cidade

Alta. A Figura 2 destaca a localização da bacia e o ponto de captação para o abastecimento

público, cujas coordenadas são 21° 46’ 43,9” S e 43º 24’ 29,2” W, referentes ao Datum WGS-

84.

Segundo a Deliberação Normativa COPAM nº 16, de 24 de Setembro de 1996, que

dispõe sobre o enquadramento das águas estaduais da bacia do rio Paraibuna, o córrego São

Pedro é enquadrado como de Classe 1 de suas nascentes até o ponto de captação da Represa

de São Pedro, sendo que após tal ponto o córrego passa a ser enquadrado como de Classe 2

até sua foz no Rio Paraibuna.

Rocha e Costa (2015) destacam a proximidade da BR 040, do Centro de Convenções

Expominas e do Condomínio Alphaville ao corpo d´água principal. Além disso, conforme

afirma Freitas (2015), existe ainda a execução da BR 440 às margens da Represa de São

Pedro, proporcionando supressão da vegetação ciliar, elevando desta forma os impactos sobre

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as águas deste importante manancial. Segundo este mesmo autor, a região vem sendo

supervalorizada devido à execução de condomínios de classe alta e a presença de paisagens

com belezas naturais, o que ao se associarem à ausência de políticas públicas efetivas, vem se

sobressaindo ao uso mais nobre deste manancial, que seria o abastecimento da população.

Rocha et al. (2016b) defendem que os mananciais de abastecimento são ativos

ambientais que precisam da atenção de toda a sociedade. Entretanto, o Poder Público e a

sociedade juizforana não têm defendido essa Represa, apesar dos técnicos da CESAMA a

considerarem importante dentro da matriz hídrica municipal. Recentemente, essa Represa foi

vendida para empresários, sendo que o município poderia ter negociado de alguma forma a

sua permuta por outros bens municipais, o que não aconteceu.

Figura 2 - Localização da BCRSP.

4.2 Dados utilizados

Para o cálculo do Índice de Conformidade ao Enquadramento – ICE, foram utilizados

dois parâmetros químicos, um físico e um biológico referentes à água bruta captada na

Represa, sendo eles: Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO5,20, pH, Turbidez e

Escherichia Coli (E. Coli), respectivamente. Tais parâmetros foram obtidos junto à

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21

Companhia de Saneamento Municipal - CESAMA referentes ao período de 2005 à 2015.

Corroborando essa escolha, no panorama da qualidade das águas superficiais brasileiras

realizado pela ANA (2012), para o cálculo do ICE foram utilizados os parâmetros: pH,

Turbidez, DBO5,20, Coliformes Termotolerantes, Oxigênio Dissolvido e Fósforo Total.

A escolha pelo período compreendido entre 2005 e 2015 se deu também pelo fato de

neste período terem ocorrido as principais intervenções na bacia de São Pedro, como a

duplicação da BR 040, o início da Rodovia BR 440, a qual ainda não foi finalizada, e a

construção do Condomínio Residencial Alphaville.

Visando determinar a qualidade da água desta Represa de maneira mais exata e

próxima possível da realidade, procurou-se aplicar o ICE conforme recomendado pelo

Conselho Canadense - CCME (2001a). Conforme já foi colocado, de acordo com este

conselho, para o cálculo do ICE deve-se utilizar no mínimo quatro parâmetros, os quais

devem possuir ao menos quatro coletas no ano, sendo aplicados sempre os mesmos

parâmetros em todos os anos para que haja uma comparação adequada. Devido a esta

restrição, outros parâmetros também importantes fornecidos como Oxigênio Dissolvido,

Ferro, Demanda Química de Oxigênio – DQO, Cloreto, Fósforo e Nitrogênio, não puderam

ser utilizados neste cálculo devido a grandes falhas, havendo vários anos com diversos meses

sem resultados. Outros parâmetros não foram utilizados por não apresentarem enquadramento

na legislação como, por exemplo, a Condutividade.

Para a realização dos cálculos do ICE de cada ano estudado, foi utilizado o Software

Microsoft Excel 2010, sendo os dados agrupados por parâmetro na sequência dos meses do

ano, sendo utilizadas abas diferentes para cada ano, contabilizando de forma individual cada

falha dos parâmetros.

Os dados pluviométricos foram obtidos através do Banco de Dados Meteorológicos

para Ensino e Pesquisa - BDMEP disponível no site do Instituto Nacional de Meteorologia –

INMET, o qual apresenta dados meteorológicos diariamente em forma digital de diversas

estações meteorológicas convencionais da rede do INMET (INMET, 2016). Os dados são

fornecidos por meio de planilha referente ao software Microsoft Excel 2010 e foram obtidos

na data de 16 de abril de 2016, englobando o período entre janeiro de 2005 e dezembro de

2016, com dados mensais de precipitação referentes à estação localizada sob as coordenadas:

21º 45’ 59, 60” S e 43º 21’ 00, 28” W, distante cerca de seis quilômetros da captação da

Represa de São Pedro.

Page 33: Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da ...€¦ · Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período ... sociedade (SAAD

22

4.3 Geoprocessamento

Para gerar as cartas de uso e cobertura da terra foi utilizado o software ESRI®

ArcMapTM 10.2.1, através do qual foram trabalhadas as imagens georreferenciadas obtidas

no software Google Earth Pro, a fim de se observar as mudanças ocorridas no uso da terra

entre os anos de 2005 a 2015. Dentre as imagens da série histórica disponibilizada pelo

programa Google Earth Pro, todas as imagens de 2005 para a área de interesse possuíam

nuvens ou não estavam em boas condições de análise. Desta forma, a imagem mais próxima

que apresentou melhor qualidade foi a de junho de 2006.

Foram trabalhadas duas imagens de satélite, sendo ambas referentes ao mês de junho,

período da estação seca (JUIZ DE FORA, 2000), porém, uma do ano de 2006 e outra do ano

de 2015, totalizando 10 anos. Tais imagens foram escolhidas visando abranger o mesmo

período do ano a fim de reduzir interferências e características diferentes ocasionados por

épocas do ano distintas, preocupando-se também em obter cenas mais limpas, ou seja, com

menor presença de nuvens. As imagens foram obtidas a partir da ferramenta de série histórica

do software Google Earth Pro, sendo necessário localizar a área de estudo, salvar esta imagem

e posteriormente inseri-la no software ESRI® ArcMapTM 10.2.1 e georreferenciá-la

conforme Figura 3. A imagem foi salva com resolução máxima (4800 x 2845). A escolha por

estas imagens se deu pela busca do maior detalhamento que esta produz quando se compara,

por exemplo, com as imagens do satélite LANDSAT, tendo em vista que este possui uma

resolução espacial de 30 metros, enquanto que as imagens utilizadas neste trabalho

apresentaram 2 metros de resolução, portanto, muito mais detalhadas.

Foi criado um arquivo shapefile delimitando a bacia de contribuição da Represa de

São Pedro por meio da ferramenta Hidrology. Esse polígono foi comparado com as curvas de

nível da Carta do IBGE de Matias Barbosa (SF-23-X-D-IV-3 ou MI-2681-3) para evitar

imprecisões. Com este arquivo realizou-se o “corte” da imagem a fim de se obter apenas a

parte correspondente à área de interesse.

Foi utilizada a técnica de classificação digital supervisionada por Classificação de

Probabilidade Máxima para a realização da escolha das amostras de cada cobertura e uso da

terra nesta bacia. Conforme Souza (2012), este método consiste em selecionar amostras de

pixels de uma determinada classe de uso em uma imagem cujo uso já está definido e, quando

todas as diferentes classes já estiverem identificadas, aplica-se em toda a área de interesse.

A partir dos resultados, explorando as ferramentas do software ESRI® ArcMapTM

10.2.1, como a tabela de atributos, se conheceu a proporção das áreas de cada tipo de uso

Page 34: Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da ...€¦ · Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período ... sociedade (SAAD

23

referentes aos dois anos (2006 e 2015) a fim de se constatar as mudanças ocorridas no uso da

terra desta Bacia. A tabela de atributos foi convertida para o programa Microsoft Excel 2010,

a partir do qual se obteve os resultados de área total de cada classe e os gráficos.

Figura 3 - Fluxograma do processamento das imagens

Foram utilizadas seis classes distintas para a classificação do uso e cobertura da terra

nesta bacia, sendo elas: Mata, Uso urbano, Pasto, Vegetação de Alagado, Solo exposto e

Represa, baseando-se no trabalho de Freitas (2015). Estas classes são definidas como:

Mata: classe referente à vegetação de porte arbóreo e arbustivo;

Uso urbano: nesta classe estão inclusos as vias, estradas e edificações urbanas e

rurais.

Pasto: refere-se a toda vegetação rasteira encontrada na bacia.

Vegetação de alagado: área cobertas, principalmente, por Typha sp. (Taboa), muito

comum na foz dos principais tributários da Represa.

Solo exposto: solo onde o pasto se encontra degradado, com o solo visivelmente

exposto ou com vegetação rasteira falha, compactada pelo pisoteio ou devido a

movimentações de terra.

Represa: classe referente à área de armazenamento de água ocasionado pelo

barramento do curso d’água.

Dados (Área, Porcentagem, etc.)

Mapa Final

Classificação/Refinamento

Escolha de amostras de cada classe

Recortar imagem com arquivo Shapefile

Georreferenciar imagem

Inserir no Software ArcGis 10.2.1

Salvar imagem

Imagem do Google Earth

Page 35: Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da ...€¦ · Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período ... sociedade (SAAD

24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Resultados do Índice de Conformidade ao Enquadramento

O Anexo 1 traz os dados brutos obtidos pela análise realizada pela CESAMA na

captação da Represa de São Pedro os quais foram dispostos em gráficos para se compreender

o seu comportamento ao longo dos anos estudados.

É possível identificar pela Figura 4 picos elevados de DBO5,20, principalmente em

janeiro de 2007 com 46,0 mg/L e dezembro de 2014 com 90,0 mg/L, sendo este o maior valor

encontrado para a DBO5,20, coincindindo com a pior seca do período analisado. Percebe-se que

em quase todo o período de estudo o limite da resolução Conama nº 357/2005 de 3 mg/L foi

superado.

Figura 4 - Comportamento da DBO5,20 durante o período estudado.

A Figura 5 revela como o parâmetro Turbidez se comportou ao longo destes 11 anos

estudados. Observa-se concentrações quase sempre abaixo do limite estabelecido na

Resolução CONAMA nº 357/2005 para águas doces de classe 1 que é de 40 UNT. Apenas em

três momentos este valor foi superado, sendo um deles o mês de setembro de 2007, o outro

em novembro de 2013 e por último no mês de outubro de 2014, apresentando 45,50 UNT,

05

101520253035404550556065707580859095

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DBO 5,20 (mg/L) Limite Conama nº 357/2005

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25

40,90 UNT e 120,0 UNT, respectivamente, sendo que este terceiro superou em três vezes

mais o limite de 40 UNT, novamente coincidindo com uma seca que se prolongou pela

estação chuvosa, a pior dos 11 anos analisados.

Figura 5 - Comportamento da Turbidez durante o período estudado.

A partir da Figura 6 verifica-se que o pH se manteve de modo geral dentro da

neutralidade, concentrando-se próximo ao pH 7. Ocorreram alguns picos em alguns

momentos, principalmente tendendo à acidez, sendo que apenas em julho de 2010 o limite

mínimo de pH igual a 6 foi superado, apresentando neste mês um valor de 5,66 que indica um

certo grau de acidez nas águas da Represa.

Na Figura 7 observamos o parâmetro Escherichia coli, que de maneira geral, se

apresentou abaixo de 200 NMP/100mL. Alguns picos também podem ser notados neste

parâmetro, principalmente em junho de 2008 e março de 2011. Conforme estabelece a

Resolução CONAMA nº 357/2005, o limite estabelecido para este parâmetro, tratando-se de

águas doces classe 1 são 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais,

de pelo menos 6 amostras coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral,

sendo que a Escherichia Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro

coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental

competente.

0,005,00

10,0015,0020,0025,0030,0035,0040,0045,0050,0055,0060,0065,0070,0075,0080,0085,0090,0095,00

100,00105,00110,00115,00120,00125,00

jan

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26

Figura 6 - Comportamento do pH durante o período de estudo.

Figura 7 - Comportamento do parâmetro Escherichia coli ao longo do período estudado

0123456789

1011121314

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27

Na Tabela 4 foram representadas as médias, medianas e os valores maiores e menores

de cada parâmetro utilizado, sendo divididos pelos períodos chuvoso e seco de cada ano

conforme definido pelo Plano Diretor de Juiz de Fora (JUIZ DE FORA, 2000), sendo o

período de outubro a abril definido como chuvoso e o de maio a setembro como seco.

É possível observar que, de maneira geral, a Turbidez apresenta uma maior variação

no período chuvoso do que no período seco, apresentando maiores valores de média quase

sempre no período definido como chuvoso. A DBO5,20, a exemplo da Turbidez também se

apresenta quase sempre maior nos períodos chuvosos do que nos períodos secos, conforme se

observa pela mediana deste parâmetro.

Esses dados revelam que por se tratar de uma bacia hidrográfica predominantemente

rural, as chuvas favorecem, principalmente o carreamento da matéria orgânica e sólidos para o

corpo d’água através do escoamento superficial, aumentando os valores de Turbidez e

DBO5,20. Em contrapartida, nas bacias urbanas, que no geral são amplamente

impermeabilizadas, as precipitações favorecem a diluição devido ao grande volume de água.

Em relação ao pH, este apresentou pequenas variações ao longo dos períodos secos e

chuvosos de cada ano, sendo que aparentemente não foi influenciado por estes dois períodos,

visto que sua variação não seguiu um padrão como pôde ser observado na Turbidez e DBO5,20.

O parâmetro Escherichia coli também não apresentou uma relação com os períodos

definidos como seco ou chuvoso, apesar de apresentar em alguns momentos maiores valores

em época de chuvas comparado à época de seca do mesmo ano. Este parâmetro se mostrou

com grandes variações, como no caso do período seco de 2008, variando de 1,0 a 2419,3

NMP/100 mL.

Nos estudos de Freitas (2015) foi encontrada essa mesma situação na captação da

Represa de São Pedro, observando maiores médias de Turbidez, DBO5,20 e de Coliformes

Termotolerantes no período chuvoso e uma uniformidade no caso do pH, o qual praticamente

não variou entre a estação chuvosa e a seca, mantendo-se próximo da neutralidade.

Page 39: Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da ...€¦ · Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período ... sociedade (SAAD

28

Tabela 4 - Estatística descritiva dos parâmetros analisados no período de 2005 a 2015.

Legenda: Valores destacados em vermelho - Resultados acima dos limites estabelecidos pela

Resolução Conama nº 357/2005 para cada parâmetro.

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29

O cálculo do Índice de Conformidade ao Enquadramento (ICE) resultou na Figura 8

que pode ser verificada a seguir. Percebe-se que nos 11 anos de estudo ocorreram grandes

variações neste índice, sendo que os melhores resultados do ICE foram obtidos nos anos de

2009 e 2015, ambos com valor de ICE igual a 78 e o pior em 2014 que foi de 55.

Desta forma, verifica-se que os resultados encontrados para este índice se

concentraram entre as classes “Ruim” e “Regular”, de modo que em seis anos a água se

classificou como “Regular” e em cinco anos como “Ruim”. Entre estes cinco anos em que a

água se classificou como “Ruim”, quatro deles são referentes a anos mais recentes sendo eles

2010, 2011, 2013 e 2014, período este em que a bacia do Córrego São Pedro sofreu grandes

intervenções antrópicas conforme será verificado mais adiante. Destaca-se que as águas

classificadas como “Ruim” são aquelas em que sua qualidade frequentemente está afetada, ou

seja, com frequência os parâmetros estudados não se apresentam enquadrados de acordo com

os padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005 (AMARO, 2009).

A maior parte dos anos estudados classificaram a qualidade da água desta Represa

como “Regular”, o que conforme Amaro (2009) indica que a qualidade da água geralmente é

protegida, mas ocasionalmente ocorrem impactos, havendo, às vezes, desvios dos padrões

estabelecidos pelo enquadramento. Conforme citado por Freitas (2015), a mídia local trouxe a

divulgação dos resultados do ICE trabalhados pelo Grupo de Pesquisa NAGEA através de

dados próprios no período de 2012 a 2014 na captação da Represa de São Pedro, sendo

encontrada também a classificação “Regular” para as águas desse ponto (VALENTE, 2015).

O fato dos resultados se apresentarem entre as classes “Ruim” e “Regular” corrobora

com o panorama da qualidade das águas superficiais do Brasil realizado pela ANA (2012) na

Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste, região esta onde está inserida a cidade de Juiz de

Fora. Neste panorama, entre 253 pontos monitorados nesta região hidrográfica, 81 %

apresentou o ICE entre as classes “Ruim” e “Regular”, enquanto que apenas 19% estavam

enquadrados nas classes “Boa” e “Excelente”, sendo atribuído a estes resultados negativos do

ICE o lançamento de efluentes domésticos e industriais nos cursos d’água monitorados.

Ao analisarmos o Brasil como um todo a situação não se diferencia, pois cerca de 55%

dos pontos monitorados no país apresentaram ICE “Regular” ou “Ruim” e apenas 18 % como

“Boa” ou “Excelente” (ANA, 2012).

A partir da Figura 8 é possível notar sucessivas quedas e recuperações do índice, que

apesar de se classificar em categorias que revelam que esta água ainda sofre com impactos,

Page 41: Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da ...€¦ · Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período ... sociedade (SAAD

30

nos mostra também a capacidade de recuperação da qualidade da água desta Represa em

alguns momentos ao longo do período estudado.

Figura 8 - Resultados do ICE para a captação da Represa no período de 2005 a 2015.

É interessante notar a ocorrência da recuperação do índice no ano de 2015, sendo este,

junto com o ano de 2009, os dois melhores anos em que o ICE ficou bem próximo da

classificação “Boa”, apresentando este índice no valor de 78, classificado como “Regular”.

Tal melhora no ano de 2015 ocorreu devido ao menor carreamento de sedimentos e material

orgânico para o interior do corpo d’água, reduzindo a ocorrência da poluição difusa,

ocasionado possivelmente pelo baixo índice pluviométrico, segundo menor nos 11 anos

estudados (Figura 9). De acordo com Libânio (2010) o período chuvoso favorece o aumento

do transporte de sedimento aos corpos d’água, sendo acentuado pelas intervenções antrópicas.

Freitas (2015) afirma que a ausência das matas ripárias aumenta os efeitos do carreamento

para o interior do córrego São Pedro, degradando a qualidade de suas águas, havendo

inclusive incremento na turbidez e na concentração de DBO5,20 no período de chuvas.

De acordo com a ANA - Agência Nacional das Águas – (2012), foram encontrados

baixos valores do ICE em locais próximos à grandes centros urbanos, como também em

bacias rurais, destacando a atuação da poluição difusa que ocorre nestas localidades,

constatando também a sensibilidade do Índice de Conformidade ao Enquadramento.

A menor pluviometria ocorrida em 2014, ao contrário do ocorrido em 2015, a baixa

concentração de chuvas não favoreceu o ICE deste ano, pois apesar da redução do

carreamento, neste ano, a Represa chegou ao patamar de 1% da sua capacidade total em

69 69 57

70 78

61 64 66 62 55

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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

ICE

Anos

ICE - 2005 a 2015

ICE Péssima Ruim Regular Boa Excelente

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31

meados de setembro, ficando praticamente vazia (VALENTE & CAETANO, 2014).

Ocorreram elevadas cargas orgânicas devido à poluição pontual, principalmente na Bacia do

córrego Grota do Pinto onde se encontra instalado o Loteamento Chácaras Paço Del Rey,

afetando também a turbidez da água. Associa-se a este fato, o crescimento urbano ocorrido na

BCRSP nos últimos anos (Tabela 5, figuras 14 e 15), possivelmente elevando a carga

orgânica que aflui para a Represa.

Rocha e Costa (2015) e Rocha et al. (2016b) confirmam em seus trabalhos o despejo

de esgoto doméstico sem tratamento nas águas da Represa de São Pedro. Particularmente, o

ano de 2014 proporcionou um esgoto muito concentrado devido a pouca chuva ocorrida e

consequente redução do volume da Represa. Libânio (2010) confirma tal situação ao garantir

que longos períodos de seca irão favorecer os impactos do lançamento de esgoto doméstico e

industrial devido à redução de vazão e menor assimilação e diluição da carga do efluente.

Figura 9 - Precipitação acumulada em todos os anos de estudo e as contribuições de cada mês

Os impactos sentidos no ambiente decorrentes do lançamento de esgoto doméstico

também foram constatados no trabalho de Amaro (2009), o qual determinou o ICE no rio

Atibaia e verificou que na Ponte de Salto Grande existe uma tendência de degradação das

águas nos últimos anos, principalmente devido ao aumento populacional da Região

0

500

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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

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32

Metropolitana de Campinas, o qual vem provocando o aumento da carga orgânica proveniente

do despejo de esgoto doméstico nestas águas.

Em 2009 e 2015, o ICE alcançou o valor de 78, classificando como “Regular”,

chegando ao limiar do “Bom”. Apesar das cargas de DBO5,20 excederem o valor máximo

estabelecido pelo enquadramento de 3 mg/l na maioria dos meses, essa superação não foi tão

elevada quanto nos outros anos, ficando mais próxima ao que coloca a Resolução CONAMA

nº 357/2005 para água de Classe 1 tanto no ano de 2009, quanto no ano de 2015, tornando o

fator F3 (amplitude) do ICE, os menores calculados nos 11 anos analisados.

Além do mais, em 2009 aconteceu a segunda menor média de Turbidez encontrada no

período de 11 anos, conciliado com a reduzidas cargas de DBO5,20, sendo a menor média

encontrada para este parâmetro exatamente neste ano no valor de 6,71 mg/l. A ocorrência de

uma alta precipitação em 2008 e 2009 (Figura 9), pode ter sido a causa dessa redução da carga

orgânica e material carreado nas águas da Represa devido ao aumento da assimilação destas

cargas ocasionado pelo grande volume armazenado na Represa (diluição) somado a redução

das intervenções nesta Bacia.

Os piores índices encontrados na BCRSP foram nos anos de 2007, 2010, 2013 e 2014,

anos em que ocorreram quedas no ICE com relação ao ano anterior. Ao analisar mais

detalhadamente as causas, percebe-se que estes 4 anos foram justamente os únicos que

apresentaram mais de um parâmetro com falha, ou seja, enquanto os demais anos sempre

apresentaram a DBO5,20 como parâmetro em desacordo com a Resolução CONAMA nº

357/2005, os anos de 2007, 2013 e 2014 apresentaram falhas não só na DBO5,20, como

também na Turbidez e o ano de 2010 apresentou desacordo quanto aos parâmetros pH e

DBO5,20.

Em relação ao parâmetro Escherichia coli, este não apresentou falhas quanto ao

enquadramento, visto que para este parâmetro estar em desconformidade é necessário

apresentar concentrações de 200 Escherichia coli por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo

menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral

(BRASIL, 2005), o que não aconteceu no período estudado. Apesar disso, em alguns meses

isolados ao longo dos anos analisados a concentração de Escherichia coli se apresentou acima

de 200 Escherichia coli por 100 mililitros, porém insuficiente para representar 80% das

amostras conforme descrito na Figura 7.

Os anos de 2007 e 2014 apresentaram uma média de DBO5,20 de 14,44 mg/l e 15,14

mg/l e uma média de Turbidez de 16,90 UNT e 21,23 UNT, respectivamente, sendo ambas

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33

médias de Turbidez, as maiores da série estudada. A associação destes valores elevados foi

muito relevante e por isso capazes de reduzir significativamente o ICE, gerando os piores

índices.

No período entre 2006 e 2009 foram realizadas obras de duplicação de 37 km da BR

040 entre os municípios de Matias Barbosa e Juiz de Fora segundo a Companhia de

Concessão Rodoviária Juiz de Fora-Rio – CONCER (2016). No período entre 2006 e 2007, o

trecho que atravessa a Bacia da Represa de São Pedro estava sendo executado, ocorrendo

grande movimentação de terra e supressão de vegetação.

O ano de 2007 apresentou uma queda no valor do ICE, principalmente pelo fato de

apresentar desconformidade nos dados de Turbidez em setembro de 2007 e de DBO5,20 em

praticamente todos os meses, com exceção do mês de maio. Este ano apresentou-se com a

segunda maior média de turbidez dentro do período estudado, destacando os meses de janeiro

com 30,50 UNT e setembro com 45,50 UNT. Apresentou também valores de DBO5,20 bem

acima do estabelecido pelo enquadramento, como é o caso de janeiro que obteve o valor de

46,0 mg/l e setembro com valor de 21,8 mg/l. Percebe-se, assim, que os meses de janeiro e

setembro de 2007 foram os piores meses em que as águas da Represa de São Pedro sentiram

impactos capazes de repercutir de forma significativa no resultado do ICE.

A partir do gráfico da Figura 10, pode-se constatar que no período em que a obra

estava em plena execução na bacia ocorreu um pico de chuva no mês de janeiro e um período

muito seco entre junho e setembro de 2007, com média de 4,65 mm de chuva, mais seco

inclusive do que os anos anteriores, voltando a ocorrer chuva em setembro com 6,4 mm após

um mês de agosto com apenas 0,8 mm.

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34

Figura 10 - Recorte da precipitação mensal ocorrida de 2005 a 2007

Desta forma, possivelmente o resultado do ICE no ano de 2007 que o classificou como

“Ruim” devido ao valor 57, pode estar atribuído às obras de duplicação da BR 040 somada ao

pico de chuva em janeiro que elevou a carga orgânica no corpo d’água devido ao aumento do

carreamento de solo e material orgânico. Nos estudos de Cunha e Calijuri (2010) no Rio

Pariquera-Açu em São Paulo no ano de 2007, o mês de janeiro também foi o mês com maior

precipitação e também um dos meses com elevado valor de turbidez, sendo tal fato atribuído à

ausência de mata ciliar nos pontos estudados o que contribuiu para o carreamento do material

em suspensão para a calha do rio devido ao escoamento superficial.

Pode-se verificar na parte superior da Figura 11 que em 2007 a obra estava ocorrendo

exatamente no trecho da BR 040 que sobrepõe um dos córregos afluentes ao córrego São

Pedro, córrego este oriundo da região de Vargem Alegre, onde foi necessária a execução de

um talude para superar uma depressão no terreno, permitindo que a pista ficasse plana, sendo

necessária, inclusive, a supressão de vegetação rasteira e arbustiva e revolvimento de solo

nesta área para a execução da obra. Logo, tal intervenção realizada atribuída ao fato do

retorno das chuvas no mês de setembro após um longo período de estiagem de cerca de 4

meses e acúmulo de materiais, por meio do carreamento provocado pelo escoamento

superficial, foi possivelmente a causa da elevação da turbidez e matéria orgânica nas águas

desta represa, reduzindo assim o ICE.

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Data

Precipitação ocorrida durante período de duplicação da BR 040

Precipitação

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35

Figura 11 - Intervenção para duplicação da BR 040. Fonte: Juiz de Fora (2007).

Nota-se ainda que nos anos seguintes, mais precisamente em 2008 e 2009, houve uma

recuperação do ICE, passando do patamar “Ruim” para o “Regular”, o que pode ser explicado

pela finalização da obra, redução das grandes intervenções como revolvimento de solo ou

supressão de vegetação, ocorrendo neste período apenas o acabamento da obra como o

asfaltamento, plantação de vegetação nos taludes e demais áreas expostas, sinalização, dentre

outros serviços menos impactantes.

No fim de 2009, iniciaram-se as obras da BR - 440 às margens da Represa, ocorrendo

desta forma um maior fluxo de veículos como máquinas e caminhões. Segundo Amaral e

Piubeli (2003), os motores a combustão, com a queima de combustíveis fósseis, são fontes de

emissão de gases como, por exemplo, o Dióxido de Enxofre - SO2, sendo este parâmetro um

dos precursores da chuva ácida responsável pela acidificação de corpos d’água. Assim sendo,

analisando os dados pluviométricos, foi constatado uma ausência de chuvas no mês de junho

de 2010, voltando a ocorrer precipitação no mês seguinte, exatamente no mês em que houve o

menor valor para pH da água da Represa de São Pedro (5,66), podendo ser esta a causa deste

baixo valor de pH encontrado no mês de julho, ocorrendo a acidificação das águas associada à

poluição atmosférica local. No ano de 2010 foi constatada uma média de pH de 6,80, sendo

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36

esta a menor média entre os anos estudados. As falhas ocorridas na DBO5,20 e no pH foram

capazes de reduzir o ICE deste ano.

Notava-se nesta época a presença de geradores instalados próximo a barragem para

servir de apoio aos serviços executados. Não foram colocadas proteções para evitar que a

poeira do tráfego e da terraplenagem precipitassem sobre o manancial. Uma série de erros foi

cometida nessa obra que teve uma licença do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Juiz

de Fora (COMDEMA) apenas para movimentação de terra, ignorando a presença de um

manancial de abastecimento que levaria o Processo para um licenciamento muito mais

rigoroso, exigindo EIA/RIMA que certamente não recomendaria essa obra.

Nesse ínterim, vale salientar que interpretaram de forma equivocada a DN COPAM nº

74/2004 (MINAS GERAIS, 2004), ignorando sua menção a DN CERH nº 07/2002 (MINAS

GERAIS, 2002) que assegura a proteção dos mananciais e recursos hídricos de substancial

importância para a subsistência das sociedades. A DN CERH nº 07/2002 deveria ter sido

observada desde o início do processo, evitando os danos de difícil reparação que já foram

causados, estabelecendo o enquadramento correto do empreendimento e respectivo

licenciamento do mesmo como um todo, avaliando seus impactos globais com os estudos

pertinentes (ALCANTARA, 2015).

Através de uma decisão do Tribunal de Contas da União no dia 16/12/2010, a obra da

BR-440 foi suspensa devido a diversas irregularidades (BRASIL, 2010). Nos dois anos

seguintes à esta intervenção, 2011 e 2012, ocorreram melhoras no ICE, levando à recuperação

da qualidade da água.

No ano de 2013 houve desconformidade quanto a DBO5,20 em praticamente todos os

meses do ano e da Turbidez apenas no mês de novembro. Este fato foi suficiente para reduzir

o ICE deste ano comparado ao ano de 2012. Sabe-se que a movimentação de terra do

empreendimento Alphaville iniciou no período seco do ano de 2012 conforme estabeleceu a

Licença de Instalação concedida pela SUPRAM ZONA DA MATA (MINAS GERAIS,

2011), provavelmente a partir do mês de abril de 2012, realizando uma série de serviços de

terraplenagem.

No período em que estavam acontecendo os serviços de movimentação de terra para

execução do Alphaville, ocorreu um longo período de baixa pluviosidade no ano de 2013 que

se estendeu de abril a outubro, gerando um aumento da pluviometria exatamente no mês de

novembro cuja precipitação foi de 168,1 mm contra o mês de outubro com 57,9 mm,

favorecendo o transporte de sedimentos acumulados na BCRSP. Cabral (2005) cita como

Page 48: Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da ...€¦ · Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período ... sociedade (SAAD

37

alguns dos fatores que contribuem para o transporte de sedimentos, a quantidade e intensidade

das chuvas, cobertura e uso do solo, erosão das terras, escoamento superficial, dentre outros.

Portanto, a elevação da turbidez pode estar relacionada à execução do

empreendimento Alphaville conjuntamente ao carreamento do solo pelas chuvas, bem como

ao assoreamento da Represa e a elevação da presença de materiais mais finos que não se

sedimentaram e foram detectados na coleta deste mês, elevando-se assim a turbidez das águas

da Represa. Segundo Cabral (2005), um dos modos de transporte de sólidos em suspensão é a

chamada carga de lavagem, constituída geralmente por materiais mais finos que se mantêm

quase que permanentemente em suspensão na coluna d’água e não se depositam. Além disso,

o transporte e a velocidade de sedimentação variam com a vazão, tempo de residência, seção

transversal dos afluentes que alimentam os lagos, características morfométricas, localização e

uso da bacia.

Um dos grandes impactos relacionados às construções de represas e demais estruturas

de barramento da água é o assoreamento destes lagos que é intensificado pela ação humana

como é o caso da Represa de São Pedro. Cabral (2005) corrobora com esta afirmação,

relatando que o principal problema que atinge os lagos é o assoreamento, reduzindo o volume

de água armazenada, tendo como principal causa a água da chuva a qual transporta os

sedimentos em suspensão que serão retidos por meio da sedimentação e pelo atrito com o

fundo destes lagos. Os sedimentos são oriundos do solo exposto devido à remoção de

vegetação nas bacias hidrográficas, tornando-as frágeis, devido ao uso inadequado na bacia

hidrográfica, levando à ocorrência do assoreamento em lagos e consequentemente à redução

da vida útil dos mananciais (SODRÉ, 2007; CABRAL, 2010).

Quanto ao ano de 2014, como tratado anteriormente, foi o ano de menor pluviometria

no qual a Represa se apresentou praticamente vazia, estando a mesma com alta concentração

de esgoto doméstico, elevando a DBO5,20 e assim a Turbidez de suas águas. Este ano

apresentou o dezembro menos chuvoso da série estudada, apresentando 155,7 mm de chuva,

enquanto que a média de dezembro dos demais anos era de 362,6 mm. O mês de dezembro de

2014 apresentou uma DBO5,20 de 90,0 mg/l, superando excessivamente o estabelecido pelo

enquadramento, sendo este fato o principal responsável pela maior redução do ICE neste ano.

5.2 Resultados do uso do solo na bacia de Contribuição da Represa de São Pedro

As cartas de uso e cobertura da terra na bacia de contribuição da Represa de São Pedro

nos anos de 2006 e 2015 permitiram verificar as alterações ocorridas na BCRSP de maneira

Page 49: Monitoramento da qualidade da água e do uso e cobertura da ...€¦ · Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período ... sociedade (SAAD

38

clara. Destaca-se o predomínio das áreas de pastagem, caracterizando-se assim por uma bacia

hidrográfica predominantemente rural, seguido das áreas de mata, uso urbano e solo exposto

corroborando com o trabalho de Freitas (2015). A bacia apresentou uma área total de

contribuição de 13,5 Km².

Conforme a Tabela 5, houve um aumento da classe “uso urbano” no ano de 2015 em

relação ao ano de 2006 em 139%, visto que a área desta classe era de 0,41 Km² e passou a ser

de 0,98 Km², correspondendo a aproximadamente 7,3% da área total da bacia de contribuição

da Represa. Outro uso da terra que também obteve um aumento de área foi a classe “mata”,

cuja área se elevou de 4,30 Km² para 4,55 Km². Já as demais classes obtiveram quedas em

suas áreas ao longo dos 10 anos estudados, como é o caso da classe “represa” que caiu de 0,24

Km² para 0,23 Km²; a classe “solo exposto” de 0,39 Km² para 0,26 Km²; a “vegetação de

alagado” de 0,08 Km² para 0,07 Km² e de “pasto” de 8,07 Km² para 7,38 Km², sendo esta a

classe com a maior redução de área na BCRSP dentre as classes estudadas.

Tabela 5 - Comparação entre o uso da terra na BCRSP entre os anos de 2006 e 2015

Classe Área em 2006

(Km²) Área em 2015

(Km²) Diferença de

áreas (Km²)

Uso urbano 0,41 0,98 + 0,58

Mata 4,30 4,55 + 0,25

Solo

exposto 0,39 0,26 - 0,13

Pasto 8,07 7,38 - 0,69

Vegetação

de alagado 0,08 0,07 - 0,01

Represa 0,24 0,23 - 0,01

A porcentagem de cada uma dessas áreas em relação a área total está descrita nos

gráficos das figuras 12 e 13 para os anos de 2006 e 2015, respectivamente. Percebe-se de

forma clara, por meio destes gráficos, o predomínio das áreas de pastagem em ambos os anos

apesar da queda percentual da área desta classe no ano de 2015. Destaca-se ainda a elevação

da classe “uso urbano” entre os anos analisados, representada principalmente pela execução

da estrutura do condomínio Alphaville conforme Figura 15.

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Figura 12 – Porcentagem de cada classe em relação a área total da BCRSP no ano de 2006.

Figura 13 - Porcentagem de cada classe em relação a área total da BCRSP no ano de 2015.

A análise do uso da terra da bacia de contribuição da Represa de São Pedro, tanto no

ano de 2006, quanto no ano de 2015, permitiu verificar que nesta bacia ocorreu um grande

avanço urbano ao norte da mesma, como já foi colocado, devido à execução do

empreendimento Alphaville no ano de 2013, e também nas margens do espelho d’água da

Represa de São Pedro, principalmente devido à construção da BR 440, conforme destacado

pelo aumento substancial dos tons de rosa entre as figuras 14 e 15, cerca de 139%.

1,8

31,9

2,9

3,0

0,6

59,8

Uso da terra na BCRSP em 2006

Represa

Mata

Solo exposto

Ocupação urbana

Vázea

Pasto

1,7

33,8

1,9 7,3

0,6

54,8

Uso da terra na BCRSP em 2015

Represa

Mata

Solo exposto

Ocupação urbana

Várzea

Pasto

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40

Figura 14 – Uso da terra na BCRSP no ano de 2006.

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41

Figura 15 - Uso da terra na BCRSP no ano de 2015

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42

Segundo Souza (2012), a ocupação humana na BCRSP ocorreu principalmente ao

longo dos vales dos córregos São Pedro e Grota do Pinto, região esta que se apresenta com

elevações entre os 800 e 900 metros de altitude. Uma exceção para esta afirmação se deveu ao

Condomínio Alphaville que até então não havia sido executado, sendo o mesmo construído

sobre áreas montanhosas.

Destaca-se uma área muito grande de solo exposto acima do espelho d’água da

Represa, a qual aumentou no ano de 2015. A movimentação de terra e consequente exposição

do solo, associado ao carreamento pelas águas pluviais, acabam por provocar o assoreamento

dos corpos d’água conforme se observa pela Figura 16. Souza (2012) realizou a batimetria

nesta Represa e constatou que no ano de 2010 a Represa de São Pedro apresentava uma

profundidade média de 2 metros, sendo a profundidade máxima encontrada em seu trabalho

de 3,50 m próximo a barragem.

Figura 16 - Represa de São Pedro em outubro de 2014 destacando o assoreamento e o período

de seca ocorrido neste ano.

Quanto a BR 440 (Via São Pedro), de acordo com Freitas (2015), sua implantação na

margem da Represa vem favorecendo o aumento da urbanização do local, o que por

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consequência, gera a supressão da vegetação ciliar, ou seja, das Áreas de Preservação

Permanente, e logo impacta as águas deste manancial. Este mesmo autor destaca ainda que a

área vem sendo supervalorizada tendo em vista a construção de condomínios de luxo nos

arredores da bacia.

É notória a ocorrência do crescimento urbano em direção as áreas de pastagem,

conforme Figuras 14 e 15, o que favoreceu a elevação da área de “uso urbano” e a queda das

áreas de “pasto”. Nota-se ainda que o asfaltamento de estradas e a construção de casas e

granjas nestes últimos anos nos lotes que em 2006 apresentavam-se em solo exposto e que em

2015 já se apresentavam construídos foram as causas da redução de “solos expostos”

somando-se a este fato também a maior estabilidade da BCRSP devido às menores

interferências de grandes obras, provocando certa estabilização e recuperação do solo.

Apesar deste acelerado crescimento urbano, as áreas com vegetação arbórea

apresentaram ligeira recuperação, muito provavelmente devido à sucessão ecológica ocorrida

sobre os pastos abandonados.

Nota-se ainda uma pequena diferença na classe Represa entre ambos os anos

estudados, cerca de 0,01 Km² a menos em relação a área total, o que pode ser explicado

possivelmente pela seca ocorrida no fim do ano de 2014, prolongando-se até meados do ano

de 2015, sendo este também o possível motivo da pequena queda da área da classe “vegetação

de alagado”.

Percebe-se ainda pelos mapas de uso e cobertura da terra uma vegetação ciliar muito

fragmentada e pouco densa ao redor da Represa, apesar da recuperação durante o período

estudado. Souza (2012) destaca que na Bacia de São Pedro, as áreas de mata preservada

encontram-se nos altos dos morros, sendo que as encostas se caracterizam por ausência de

cobertura vegetal, de modo que a predominância de pastagens se torna um motivo de

preocupação devido a ausência de cobertura vegetal e/ou substituição de matas por pastagens.

A proteção dos recursos hídricos está atrelada à presença de remanescentes de vegetação ciliar

e aos diferentes usos da terra (DONADIO et al., 2005). Segundo Bonnet et al. (2008) a

compreensão das relações entre o uso do solo e a qualidade da água oportuniza uma boa

gestão ambiental, tendo como unidade básica de gerenciamento a bacia hidrográfica.

Observa-se que no resultado final das alterações ocorridas na bacia, é notório o

crescimento urbano na área da BCRSP nos últimos 10 anos, principalmente devido ao

Condomínio Alphaville, a BR-440, a região à margem direita da Represa, bem como devido

ao desenvolvimento da região das Chácaras Paço Del Rey ao sul da bacia, constatando o que

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afirmam Moura et al. (2013) quanto a definição, no Plano Diretor do município, de ser essa

região uma “área de expansão urbana” devido a posição estratégica e com grande beleza

natural, questionável por se tratar de uma bacia de manancial de abastecimento ativo. Esse

crescimento urbano e todas as intervenções provocadas no período de estudo vêm

comprometendo a qualidade e a quantidade das águas da Represa de São Pedro, a qual

mostrou pelo resultado do ICE, que é passível de recuperar sua qualidade, no que diz respeito

a este índice, desde que essas intervenções sejam cessadas, preservando-se este manancial

para as gerações atuais e futuras.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A DBO5,20 foi o parâmetro que mais esteve em desconformidade com a Resolução

CONAMA 357/2005, ocorrendo falhas em todos os anos estudados, sendo que em alguns

anos, no máximo dois meses não falharam. Tal fato demonstra a alta carga orgânica nas águas

da Represa, possivelmente proveniente do lançamento de efluentes domésticos nos tributários

de abastecimento do manancial de São Pedro associados ao crescimento urbano nesta bacia,

comprometendo a qualidade das águas do mesmo, sendo tal problema agravado em períodos

muito secos.

É possível verificar pelos resultados que o Índice de Conformidade ao

Enquadramento- ICE se mostrou bastante sensível às falhas dos parâmetros estudados, visto

que nos anos em que o ICE sofreu quedas houve falhas não somente devido à DBO5,20, mas

também devido à desconformidade de algum outro parâmetro como a Turbidez e o pH.

Percebe-se que de fato está ocorrendo o aumento da ocupação urbana na bacia de

contribuição da Represa de São Pedro em direção às áreas de pasto e ainda que no período

estudado tal bacia passou por intensas intervenções como a duplicação da BR-040, a execução

da BR-440, bem como a construção da estrutura para instalação do Condomínio Alphaville.

Destaca-se que o Condomínio Alphaville, por enquanto, se encontra em fase de venda de

terrenos, não apresentando ainda construções. Com o passar dos anos, este condomínio

começará a funcionar, atraindo trafego de veículos e pessoas, podendo comprometer ainda

mais a qualidade e a disponibilidade hídrica deste manancial devido a grande proximidade.

Certamente, em outros locais do mundo, a licença para construção de estradas e condomínios

tão próximos a um manancial de abastecimento não seguiriam adiante. O bom senso na

administração pública sugere priorizar o coletivo, algo que não aconteceu nessa Bacia.

Outra consequência das intervenções humanas neste manancial é o assoreamento desta

Represa, o qual vem se agravando com o passar dos anos, reduzindo cada vez mais o volume

útil do reservatório, comprometendo também a disponibilidade hídrica.

O regime pluviométrico associado com as intervenções antrópicas comprometeram a

qualidade da água da BCRSP, tanto devido ao carreamento de materiais advindo do

escoamento superficial, quanto à ausência de chuvas como no caso do ano de 2014, elevando

a concentração de matéria orgânica proveniente de lançamento de esgoto pelas granjas e

residências instaladas nas margens dos tributários e da própria Represa.

As falhas dos parâmetros puderam ser justificadas pelas principais intervenções

causadas sobre a bacia, destacando-se a BR-440 e o Alphaville, havendo uma recuperação dos

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mesmos sempre que tais intervenções cessaram ou reduziram, revelando que as águas da

Represa de São Pedro ainda podem se recuperar, caso tais intervenções sejam controladas.

Desta forma, conclui-se que a BCRSP vem necessitando de maiores cuidados, visto

que o ICE demonstrou diretamente que seus piores momentos foram justamente aqueles em

que a mesma passou por intervenções antrópicas intensas, o que não deveria acontecer por se

tratar de uma bacia que alimenta um manancial de abastecimento público. Qualquer

intervenção em bacia de manancial deveria passar por processos de licenciamento rigorosos

como previsto na DN CERH nº 07/2002. A Represa de São Pedro é uma jovem de cerca de 50

anos que tem resistido a uma diversidade de impactos, mostrando em vários estudos recentes,

uma capacidade de recuperação maior que as outras represas de Juiz de Fora. Essa resiliência

pode estar próxima da sua capacidade. A manutenção da qualidade das suas águas dependerá

de uma maior participação da sociedade civil organizada em contraposição a inércia dos

órgãos públicos que deveriam efetivamente protegê-la.

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7 RECOMENDAÇÕES

Sabe-se que o monitoramento proporciona informações essenciais para que os gestores

possam analisar e tomar medidas visando a detecção de problemas e assim a resolução destes,

bem como a manutenção daquilo que já está bom. Portanto, visando observar novas situações

e confirmar o cenário em que se encontra a Represa de São Pedro, seguem algumas

recomendações:

- Utilizar mais parâmetros para aplicação do Índice de Conformidade ao

Enquadramento - ICE, em especial parâmetros que possam se relacionar diretamente com o

uso e cobertura da terra nesta bacia, observando também os critérios para aplicação deste

Índice.

- Além disso, que seja observado o período anterior ao ano de 2005 e que se dê

continuidade à análise após o ano de 2015.

- Aplicar ferramentas estatísticas que possam determinar correlações entre as chuvas e

as variações dos parâmetros.

- Avaliar a aplicação do ICE em outros pontos da Bacia, em especial nas fozes dos

córregos a fim de se observar a recuperação proporcionada pelo reservatório da Represa.

- Dar continuidade a análise das modificações ocorridas no uso e cobertura da terra na

Bacia de contribuição da Represa de São Pedro, abrangendo um espaço de tempo maior,

ressaltando em especial o crescimento urbano.

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58

9 ANEXO

Anexo 1 – Dados brutos fornecidos pela Companhia de Saneamento Municipal

(Cesama) no período de 2005 a 2015 referentes à ponto de captação da Represa de São

Pedro.

PARÂMETROS

DATA Turbidez (NTU) DBO 5,20 (mg/L) pH Escherichia coli (NMP/100mL)

jan-05 15,70 x 6,81 365,4

fev-05 13,30 x 6,93 72,3

mar-05 15,20 x 6,80 x

abr-05 9,42 x 6,63 816,4

mai-05 6,02 4,3 6,72 22,3

jun-05 9,30 5,9 6,81 16,9

jul-05 6,26 8,2 6,72 16,9

ago-05 9,89 14,2 7,16 9,8

set-05 6,04 14,7 7,70 24,9

out-05 5,42 25,2 7,06 1,0

nov-05 12,20 25,2 7,01 727,0

dez-05 19,50 24,1 7,67 27,2

jan-06 11,90 29,5 7,18 46,4

fev-06 21,70 30,1 6,83 83,0

mar-06 9,06 13,7 7,11 12,1

abr-06 6,29 8,2 7,03 10,7

mai-06 8,29 7,6 6,98 4,1

jun-06 8,27 2,1 7,02 32,7

jul-06 8,75 3,8 7,43 13,1

ago-06 12,80 8,2 7,20 7,1

set-06 12,30 x 7,17 6,3

out-06 16,90 x 7,16 17,7

nov-06 7,21 9,8 7,14 58,8

dez-06 26,20 24,1 6,94 21,1

jan-07 30,50 46,0 6,97 29,8

fev-07 7,87 15,3 7,25 32,7

mar-07 16,70 10,4 6,83 133,3

abr-07 8,47 14,4 7,03 41,6

mai-07 7,52 2,1 7,03 23,9

jun-07 9,84 7,6 6,91 22,6

jul-07 4,98 5,7 7,46 16,9

ago-07 13,50 12,0 7,47 26,5

set-07 45,50 21,8 7,15 41,3

out-07 17,40 15,8 7,07 83,9

nov-07 13,00 10,4 7,48 1,0

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59

dez-07 27,50 11,8 6,03 22,1

jan-08 11,30 14,8 6,83 29,1

fev-08 11,70 12,6 7,32 61,6

mar-08 8,28 14,1 7,03 17,1

abr-08 4,98 13,0 6,09 9,7

mai-08 4,74 4,3 7,08 143,9

jun-08 6,57 3,8 7,07 2419,3

jul-08 4,88 3,8 6,92 1,0

ago-08 9,02 8,2 6,95 33,1

set-08 10,90 6,0 7,27 56,1

out-08 5,86 16,9 7,42 14,5

nov-08 9,39 9,8 6,80 15,8

dez-08 10,20 15,8 7,93 172,5

jan-09 6,90 x 7,16 33,6

fev-09 11,60 3,8 7,12 107,6

mar-09 5,76 1,6 7,06 7,4

abr-09 5,57 0,0 7,05 5,2

mai-09 4,73 4,3 6,99 34,1

jun-09 5,36 6,5 6,98 11,0

jul-09 4,80 8,7 6,97 21,8

ago-09 7,80 4,3 7,19 9,8

set-09 8,97 11,5 7,02 18,3

out-09 6,10 x 7,00 x

nov-09 9,86 19,7 6,72 613,1

dez-09 16,20 x 6,62 x

jan-10 8,25 x 6,68 69,7

fev-10 5,72 x 6,84 8,3

mar-10 20,10 21,9 6,92 x

abr-10 5,34 15,8 x 0

mai-10 2,09 9,3 6,86 x

jun-10 6,06 2,7 6,42 x

jul-10 2,62 10,9 5,66 42,8

ago-10 7,17 10,9 7,14 44,1

set-10 2,99 1,0 7,28 31,8

out-10 9,04 17,0 6,83 x

nov-10 9,34 18,8 7,22 13,5

dez-10 11,40 x 6,97 x

jan-11 x x x x

fev-11 11,70 x 7,06 19,7

mar-11 9,42 19,7 6,81 2419,3

abr-11 7,10 15,3 7,11 x

mai-11 5,79 8,2 6,98 x

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60

jun-11 5,39 36,5 6,83 125,4

jul-11 9,93 7,1 7,27 23,8

ago-11 10,90 20,8 7,65 2,0

set-11 15,80 15,3 7,36 9,8

out-11 10,20 10,4 7,00 2,0

nov-11 11,00 7,6 7,28 24,6

dez-11 15,00 19,1 7,50 199,0

jan-12 20,00 x 6,75 134,3

fev-12 12,20 23,0 7,02 9,6

mar-12 7,70 19,1 6,24 2,0

abr-12 5,87 12,0 6,62 x

mai-12 6,12 x 6,56 109,0

jun-12 4,43 3,8 6,85 3,1

jul-12 3,80 6,0 x 5,2

ago-12 7,01 15,3 6,89 1,0

set-12 10,00 10,4 7,21 3,0

out-12 6,93 23,0 7,26 x

nov-12 19,50 16,4 7,72 7,3

dez-12 5,40 29,0 6,95 4,1

jan-13 7,33 3,8 7,37 9,8

fev-13 5,07 x 6,71 28,5

mar-13 x x 7,01 24,3

abr-13 8,25 16,4 7,47 8,6

mai-13 4,76 15,7 6,92 86,0

jun-13 5,53 6,5 6,85 35,4

jul-13 5,04 16,4 6,66 x

ago-13 8,63 9,3 8,24 5,2

set-13 22,60 9,8 7,25 x

out-13 11,40 13,1 6,93 52

nov-13 40,90 11,5 6,69 290

dez-13 16,50 0,0 7,21 70

jan-14 12,30 0,0 7,00 x

fev-14 12,80 17,5 6,73 x

mar-14 7,81 11,5 6,73 100

abr-14 8,62 12,0 6,86 100

mai-14 4,62 9,3 6,86 100

jun-14 0,75 4,3 6,81 91

jul-14 11,30 2,1 7,31 12

ago-14 15,80 9,3 7,36 1

set-14 34,20 8,2 6,69 10

out-14 120,00 6,0 6,85 89

nov-14 18,80 11,5 7,25 x

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61

dez-14 7,73 90,0 6,90 6,3

jan-15 7,15 x 6,91 110

fev-15 4,68 7,6 6,56 51

mar-15 5,96 10,4 6,99 6,3

abr-15 4,27 x 7,11 4,1

mai-15 6,34 1,6 7,24 x

jun-15 10,11 4,9 7,68 x

jul-15 12,30 3,8 7,24 x

ago-15 12,19 x 7,20 x

set-15 7,92 x 7,26 x

out-15 10,50 12,4 7,18 x

nov-15 6,16 12,0 7,23 11

dez-15 7,10 x 7,49 52