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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF) Relatório Municipal Estudo de Linha de Base Olinda, PE Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Vanessa Andina Teixeira Setembro de 2006

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

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Page 1: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas

Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem

CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família

(PROESF)

Relatório Municipal Estudo de Linha de Base

Olinda, PE

Luiz Augusto Facchini

Roberto Xavier Piccini

Elaine Tomasi

Elaine Thumé

Denise Silva da Silveira

Vanessa Andina Teixeira

Setembro de 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Reitor: Antônio Cesar Gonçalves Borges Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello Pró- Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da Silva Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J. D. Barros Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação

da Saúde da Família (PROESF): Relatório Municipal do Estudo

de Linha de Base de Olinda – Lote 2 Nordeste / Luiz Augusto

Facchini ... [et al.]. – Pelotas: Universidade Federal de Pelotas,

2006.

106p. : il.

1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV. Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira, Vanessa Andina.

CDD 362.109

Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134

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EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO

Coordenação Geral Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Organização do Relatório Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Maria de Fátima dos Santos Maia Alitéia Santiago Dilélio Vanessa Andina Teixeira Thiago Garcia Martins Turene Bastos Coordenação de Trabalho de Campo Fernando Vinholes Siqueira Coordenação de Processamento de Dados Denise Silva da Silveira Elaine Tomasi Coordenação Executiva Maria de Fátima dos Santos Maia Alessander Osório Mercedes Lucas Coordenação do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Rita Heck Vanda Maria da Rosa Jardim Equipe Técnica do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Vanda Maria da Rosa Jardim Emília Nalva Ferreira da Silva Valéria Christello Coimbra Michele Mandagará Oliveira Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo Fernanda Barreto Mielke Sidnei Teixeira Junior Ana Paula Giacomelli Tavares Gimene Cardozo Braga Rebeca Castilhos Gabriel Pereira Apoio de Informática Alessander Osório Filipe da Silva Ribeiro

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Codificação de Dados Augusto Duarte Faria Desirée Fripp Luciane Scherer Pahim Maria Aparecida Rodrigues Turene Bastos Suelen dos Santos Saraiva Vanessa Teixeira Suele Silva Danton Duro Filho Alitéia Santiago Dilélio Digitação Alisson Morales Ary Morales Neto Carla da Cruz Teles Daniel de Souza Pereira Emanuele Braga Fabiana de Souza Pereira Thiago Garcia Martins Controle de qualidade Vera Vieira Helena Souza van der Laan Susete Aschidamini Ferreira Supervisores do Trabalho de Campo Alitéia Santiago Dilélio Arilson da Rosa Catiúscia Souza Cleonice Valadão Danton Duro Filho Janaína dos Santos João Luis Rosado Michele Padilha Rodrigues Maria Márcia Ambrósio Patrícia Mendonça Raquel Barboza Sandra de Souza Silvia da Costa Suele Silva Vanessa Teixeira Professores Colaboradores José Justino Faleiros Anaclaudia Gastal Fassa Fábio Lima Gabriela Lobata Helen Denise Gonçalves da Silva Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel Clarissa de Souza Cardoso Emanuela Maria Dalvit Helena Souza van der Laan Inês Soria Alvaro Jeanine Porto Brondani Lorielle Soares Wachs Mariangela Uhlmann Soares

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Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto.

Ítalo Calvino

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AGRADECIMENTOS

Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e

alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao

Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de

Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A

equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto.

Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande

número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e

acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e

em particular são destinados a:

Antonio César Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),

André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel,

Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho,

Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis

Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da

Silveira,

Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social,

Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem,

Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo

Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e

demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas,

Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em

Epidemiologia,

Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e

Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à

Saúde do Ministério da Saúde,

Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do

Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde.

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É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira,

diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de

Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje

nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a

participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e

administrativas de um Projeto de grande porte.

Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos à gestão e coordenação de

atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle

social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de saúde,

população entrevistada e todos aqueles que participaram do Projeto fornecendo

informações e contribuindo para a realização do trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 11 LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 13 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15 RESUMO .................................................................................................................. 17 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................19 2 METODOLOGIA....................................................................................................21

2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) .............................................. 21 2.2 Amostra e Amostragem do ELB......................................................................... 23

2.2.1 Amostra de UBS........................................................................................... 23 2.2.2 Amostra de profissionais de saúde ................................................................ 23 2.2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS......................................... 23 2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS................................ 24

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária.. 24 2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias................................................. 27 2.5 Processamento dos Dados .................................................................................. 28

2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos ................................................... 29 2.5.2 Identificação e constituição dos lotes ............................................................ 29 2.5.3 Bancos de Dados Estruturados...................................................................... 30

2.6 Controle de Qualidade........................................................................................ 30 2.7 Análise dos Dados.............................................................................................. 31

3 RESULTADOS .......................................................................................................33 3.1 Contexto ............................................................................................................ 33

3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Olinda ..................................... 33 3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde........................................................ 34 3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ............................................................... 34

3.1.3.1 Distribuição dos Profissionais por Modelo de Atenção............................ 34 3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Profissionais..................... 34

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ................... 35 3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde.......................... 35

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde........................................................................................................................ 36

3.1.5.1 Distribuição da População ...................................................................... 36 3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de

Abrangência das UBS.................................................................................. 36 3.2 Dimensão Político-Institucional.......................................................................... 38

3.2.1 Projeto de Governo....................................................................................... 39 3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e

Cobertura do Programa de Saúde da Família ............................................... 39 3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do

Sistema Municipal de Saúde ........................................................................ 40 3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação

do Programa de Saúde da Família................................................................ 41 3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da

Atenção Básica............................................................................................ 41 3.2.2 Capacidade de governo................................................................................. 42

3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde ................................................. 42 3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da

Família ........................................................................................................ 42

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3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde............................. 42 3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................ 43

3.2.3 Governabilidade ........................................................................................... 44 3.2.3.1 Despesas per capita com saúde ............................................................... 44 3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios.................................. 44 3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........ 45 3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde .................................... 45

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................ 46 3.3.1 Práticas de gestão da ABS ............................................................................ 46

3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à saúde ........................................................................................................... 47

3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda ...................................... 47 3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ......................... 48 3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde .......................................................... 48

3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município................................................. 48 3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde............................................................ 49 3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF................................................. 54 3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde...................................................... 54 3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ......................................................... 54 3.3.2.5 Adstrição da demanda............................................................................. 55 3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ......................................................... 56 3.3.2.7 Assistência farmacêutica......................................................................... 56

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde...................................... 56 3.4 Dimensão do Cuidado Integral ........................................................................... 57

3.4.1 Estratégias de indução da integralidade......................................................... 57 3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral............................. 57 3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares................................................. 59 3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos........................................................... 60 3.4.1.4 Utilização de protocolos ......................................................................... 61 3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais.......................................... 63 3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados............................................................ 63 3.4.1.7 Acesso a publicações .............................................................................. 63

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde............................................ 64 3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS ........................................... 64 3.4.2.2 A categoria processo de trabalho............................................................. 64 3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ...................... 66 3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ..................... 68

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ..................................................... 69 3.5.1 Desempenho do Município de Olinda ........................................................... 69

3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde ................. 69 3.5.2 Desempenho da Atenção Básica à Saúde ...................................................... 73

3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS..................................................... 73 3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS................. 74

3.5.2.2.1 Crianças .................................................................................... 74 3.5.2.2.2 Mulheres ................................................................................... 80 3.5.2.2.3 Adultos ..................................................................................... 87 3.5.2.2.4 Idosos........................................................................................ 94

4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM OLINDA...................................................................................................................101 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................105

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LISTA DE SIGLAS

AB – Atenção Básica

ABS – Atenção Básica à Saúde

ACS – Agente Comunitário de Saúde

CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão

CMS – Conselho Municipal de Saúde

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de

Gestão da Educação e Trabalho em Saúde

ELB – Estudo de Linha de Base

ESF – Equipe de Saúde da Família

GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

MS – Ministério da Saúde

PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família

PSF – Programa de Saúde da Família

RH – Recursos Humanos

RM – Região Metropolitana

SF – Saúde da Família

SM – Salário Mínimo

SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica

SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

TC – Trabalho de Campo

UBS – Unidade Básica de Saúde

USF – Unidade de Saúde da Família

UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

UFPEL – Universidade Federal de Pelotas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Indicadores demográficos e socioeconômicos para o município de Olinda, para Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 33

Tabela 3.2 Distribuição da amostra dos profissionais de saúde por Unidade Básica de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 34

Tabela 3.3 Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Olinda e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 35

Tabela 3.4 Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE 2005.

pág. 35

Tabela 3.5 Cursos de capacitação realizados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Olinda e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 44

Tabela 3.6 Indicadores de financiamento do sistema de saúde para Olinda e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 45

Tabela 3.7 Área física das Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 49

Tabela 3.8 Estruturas adequadas entre as Unidades Básicas de Saúde estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 50

Tabela 3.9 Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 51

Tabela 3.10 Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 53

Tabela 3.11 Atividades para o cuidado integral realizadas nas Unidades Básicas de Saúde de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 58

Tabela 3.12 Atividades de grupo das Unidades Básicas de Saúde de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 59

Tabela 3.13 Disponibilidade de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 60

Tabela 3.14 Utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas Unidades Básicas de Saúde estudadas em Olinda e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 61

Tabela 3.15 Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005. pág. 62

Tabela 3.16 Acesso dos profissionais a publicações do Ministério da Saúde nas UBS de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 63

Tabela 3.17 Médias alcançadas em relação à satisfação dos profissionais de saúde em uma escala de 0 a 10 em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005..

pág. 68

Tabela 3.18 Indicadores de desempenho do sistema de saúde de para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 69

Tabela 3.19 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 70

Tabela 3.20 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 70

Tabela 3.21 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 71

Tabela 3.22 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 72

Tabela 3.23 Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Olinda e no Lote 2 Nordeste. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 73

Tabela 3.24 Condições de nascimento das crianças de Olinda. Estudo de Linha de Base, pág. 74

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14

PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005. Tabela 3.25 Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas

em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005. pág. 75

Tabela 3.26 Características do estado vacinal das crianças estudadas em Olinda, de acordo com o cartão vacinal. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 76

Tabela 3.27 Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 77

Tabela 3.28 Prevalência de pneumonia nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 77

Tabela 3.29 Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 78

Tabela 3.30 Características da saúde bucal das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 79

Tabela 3.31 Características do pré-natal das mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 80

Tabela 3.32 Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência, às mulheres de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 81

Tabela 3.33 Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 82

Tabela 3.34 Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 82

Tabela 3.35 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 83

Tabela 3.36 Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 83

Tabela 3.37 Características da saúde bucal das mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 85

Tabela 3.38 Atividade física dos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 86

Tabela 3.39 Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 87

Tabela 3.40 Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 88

Tabela 3.41 Problemas de nervos nos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 89

Tabela 3.42 Prevenção do câncer de colo uterino e de mamas nas mulheres da amostra de adultos de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 90

Tabela 3.43 Características da saúde bucal dos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 92

Tabela 3.44 Atividade física dos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 93

Tabela 3.45 Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 94

Tabela 3.46 Diabete Mellitus nos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 95

Tabela 3.47 Problemas de nervos nos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 96

Tabela 3.48 Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 96

Tabela 3.49 Características da saúde bucal dos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,Lote 2 NE, 2005.

pág. 98

Page 15: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

15

APRESENTAÇÃO

O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de

Olinda, Pernambuco, incluído na amostra do Lote 2 NE, coordenado e financiado

nacionalmente pelo Ministério da Saúde.

O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à

saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado

integral e desempenho do sistema.

Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e descreve os achados

sobre a atenção básica estabelecendo uma avaliação do Estudo no Município de Olinda.

Outras informações sobre o ELB para o conjunto dos municípios do Lote 2 NE,

incluindo o Relatório Final, já aprovado pelo Ministério da Saúde, estão disponíveis na

página do Projeto na Internet: http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm.

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RESUMO

O Estudo de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 Nordeste, sob responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 20 municípios de mais de 100 mil habitantes dos estados de Alagoas1, Paraíba2, Pernambuco3, Piauí4 e Rio Grande do Norte5.

O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários nos municípios. Em Olinda o estudo foi realizado em um dia. O trabalho de campo abrangeu entrevista com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde, o Secretário Municipal de Saúde e o Coordenador de Atenção Básica / PSF e a coleta de dados documentais. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a caracterização da estrutura alcançou os três serviços amostrados. Também foram coletadas informações de 57 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 19 profissionais por UBS. O somatório da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 301 atendimentos, o que corresponde a uma média de 100 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram entrevistadas 54 crianças (100% do estimado); 54 mulheres (100% do estimado); 54 adultos (100% do esperado) e 54 idosos (100% do esperado). Na média foram aplicados 18 questionários em cada estrato da amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em dezembro de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra populacional.

Os achados do Estudo demonstram que de modo geral, a situação socioeconômica de Olinda é melhor do que a do conjunto dos municípios do Lote. Em relação a atenção básica e ao PSF, o município tem uma importante experiência. A cobertura do PSF em 2005 foi de 48%, estando entre as mais altas do Lote 2 Nordeste, onde a estratégia se expandiu a partir de 1996. Com relação gestão da Atenção Básica destacou-se negativamente a vinculação dos profissionais através do regime de contrato temporário e o trabalho tipicamente precário. Por outro lado, os profissionais das UBS de Olinda também eram mais capacitados, tinham mais acesso às publicações do MS e estavam mais satisfeitos com o trabalho do que a média de seus colegas no Lote 2 Nordeste. A estrutura física da maioria das dependências estudadas, conforme percepção dos profissionais de saúde, foi considerada inadequada. O conjunto de indicadores do Pacto da Atenção Básica com relação a Pernambuco e ao país é favorável a Olinda, com exceção de alguns relativos à saúde da mulher, às doenças crônicas e à saúde bucal. Quanto ao desempenho da ABS local avaliado através dos resultados populacionais, as UBS foram mais efetivas nas ações de puericultura e cobertura vacinal das crianças menores de 1 ano de idade, de realização do pré-natal na UBS da área e de prevenção do câncer de colo uterino. Em relação aos adultos e idosos destacou-se a recomendação médica para a prática de exercícios físicos em ambos os grupos e de utilização da UBS da área de abrangência pelos adultos com DM referido. Ainda assim, o enfrentamento de questões relativas à melhoria da estrutura da rede básica, supervisão e educação permanente dos profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para a melhoria do SUS e da saúde da população no município.

A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos representantes do município devem ser destacadas como razões fundamentais para o bom andamento do Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base.

1 Municípios de Alagoas: Arapiraca e Maceió. 2 Municípios da Paraíba: Campina Grande, João Pessoa e Santa Rita. 3 Municípios de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Garanhuns, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão. 4 Municípios do Piauí: Parnaíba e Teresina. 5 Municípios do Rio Grande do Norte: Mossoró, Parnamirim e Natal.

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1 INTRODUÇÃO

O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica

à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento

de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da

Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 20 municípios dos estados de Alagoas, Paraíba,

Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte do Lote 2 Nordeste, contando com a

participação de gestores e de trabalhadores de saúde.

A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões

orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da

atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde,

2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto às exposições ao

PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do

sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para

avaliações e acompanhamentos futuros.

Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de

Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta

de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar

assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi

analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em

municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional,

região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da

intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do

estudo.

O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a

ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação

do modelo de ABS.

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A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a

articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As

dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e

desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e

hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise

hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de

informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas.

Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de

Olinda, PE. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo, desde seu

delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e a análise

dos dados.

Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e contrasta os achados

sobre a atenção básica no Município com aqueles do Lote 2 NE, do Estado e do país.

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2 METODOLOGIA

2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB)

O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as

variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de

programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das

estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de

adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em

avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde

(HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das

intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados.

Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não

randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos

últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse

fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos

observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004).

O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de

comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às

diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser

caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o

impacto do PROESF / PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de

situação de saúde da população, incluindo todos os 20 municípios.

O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a

totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do

Lote 2 Nordeste, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis

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independentes para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004;

ROTHMAN, 1998).

O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das

UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de

controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação,

anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de Olinda foi selecionada uma

UBS Tradicional e duas de PSF (uma UBS pré-PROESF e outra pós-PROESF). A

obtenção de informação estruturada para o âmbito da gestão, do controle social, das

unidades básicas de saúde, dos usuários e da população também enriqueceu o

delineamento do estudo, especialmente com a inclusão de questões abertas que

qualificaram as questões fechadas que predominam na abordagem epidemiológica. A

coleta de dados secundários de bases nacionais também foi outro aspecto do

delineamento do estudo que complementou a abordagem transversal do objeto.

As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional,

organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema.

A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à

gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município.

Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por

diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional.

A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e

do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do

SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, tradicional e PSF, passa a se

materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é

o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da

reorientação do modelo de atenção básica à saúde.

A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na

abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução

da integralidade e o processo de trabalho na ABS.

Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de

ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para

os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de ABS.

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2.2 Amostra e Amostragem do ELB

O universo do estudo é constituído pelo município de Olinda. Neste universo foi

realizada uma amostra estratificada por múltiplos estágios para selecionar unidades

básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e indivíduos residentes na área de

abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY, 1980; LWANGA, 1991).

2.2.1 Amostra de UBS

Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município foram sorteadas

aleatoriamente três UBS, que orientaram a seleção das amostras de profissionais de

saúde, usuários e população da área de abrangência dos serviços. Foram incluídas uma

UBS do PSF pré-PROESF, uma do PSF pós-PROESF e uma UBS Tradicional.

2.2.2 Amostra de profissionais de saúde

Em cada UBS se procurou entrevistar todos os trabalhadores de saúde em

atividade.

Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos,

enfermeiros e outros de nível superior), quanto os profissionais de nível médio

(auxiliares de enfermagem, recepcionistas, ect) e os ACS.

2.2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS

Em relação à amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os

atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles

realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento

Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos

gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as

informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre

a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item de instrumentos do estudo e na

seção de Resultados do ELB.

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2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS

A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de

idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de

idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área

de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor

a amostra do Lote 2 Nordeste, selecionou-se cerca de 2100 indivíduos em cada um dos

grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os

modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e

prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar

diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e

acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número

de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem

realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas.

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária

O trabalho de campo em Olinda ocorreu no dia 08 de agosto de 2005, tendo sido

realizado por uma equipe de 14 supervisores criteriosamente selecionados e capacitados

para o desenvolvimento de cada uma das etapas do trabalho de campo.

A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das

estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido

do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do

controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de

saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A

capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente

relevantes para o sucesso deste trabalho.

Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para

cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos

estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso –

http://www.epidemio-UFPel.org.br/proesf/index.htm

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a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF

Os dados referentes ao gestor e coordenador foram coletados através de

questionário auto-aplicado destinado a registrar informações demográficas, de formação

profissional e experiência na gestão, além de caracterizar os aspectos político-

institucionais da ABS e do PSF no município. Depois de preenchidos, os instrumentos

foram enviados á coordenação do Projeto para revisão, codificação e digitação na sede

do estudo na cidade de Pelotas.

b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da

entrevista realizada por um supervisor do Trabalho de Campo.

c. Processo de Trabalho

Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas,

após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no

dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades

realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados,

além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de

melhoria.

d. Estrutura da UBS

O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era

fundamentalmente fechado e poderia ser preenchido coletivamente em uma reunião de

equipe, ou por um responsável pela UBS, com o apoio de pessoas-chave nos diversos

setores. A tarefa foi realizada durante o TC na UBS. Enquanto realizavam o

levantamento de informações populacionais na área de abrangência, os supervisores

apoiaram o responsável na UBS pelo instrumento.

e. Equipe de saúde

O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores

lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e ACS. As questões

eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas

foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de

saúde foi distribuído pelos supervisores às UBS, juntamente com os demais

questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e

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motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os

instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e

digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.

f. Demanda da UBS – PACOTAPS

Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial

(FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados,

incluindo os agentes comunitários de saúde.

Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003),

capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do

registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico

da demanda nas UBS.

O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de

informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da

demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em

momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite

ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações

sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos

mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados.

O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS

foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos. Este aplicativo

também pode ser obtido na página do Projeto na Internet no endereço citado

anteriormente.

g. Amostra Populacional

Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários

estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes

de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e

predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as

respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas

a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP / ABIPEME

(RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe

da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens

eletrodomésticos.

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Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR,

1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas

afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica.

As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados

especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra

populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para

a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os

limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o

grupo populacional.

A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a

distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as

possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998).

Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da

amostra.

Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características

requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área

de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças,

mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a

participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de

consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas

mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se

inverteu, sendo elegível o mais velho.

2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias

Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o

município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases

nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS, IBGE, etc.).

O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica,

instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte

do Ministério da Saúde (2003).

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O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de

Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de

2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos

indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece

informações de acordo com três eixos:

1. Perfil epidemiológico e sócio-demográfico da população;

2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF;

3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema.

2.5 Processamento dos Dados

A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer

que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas

possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho

de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente

encadeadas. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até

as análises mais complexas e informativas.

Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a

extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e

qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da

saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente

na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais,

o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados

para análise.

As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes

instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida,

são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos.

Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao

processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo.

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2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos

Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento

por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada

de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação.

2.5.2 Identificação e constituição dos lotes

Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os

questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o

identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois

para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo

de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois

para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o

identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o

estudo de demanda, cujo instrumento é a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento

Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de

Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS).

Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era

constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada

no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de

identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de

questionários, data e responsável pelo fechamento do lote.

Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento

efetivamente completados no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes

números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS,

denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento

propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários

populacionais e dos profissionais:

• codificação de questões fechadas

• tabulação de questões abertas

• codificação de questões abertas

• revisão final

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• digitação

A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência de

tarefas acima citadas para registro de data e responsável.

2.5.3 Bancos de Dados Estruturados

a. Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde

Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da

estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que

permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis.

b. Demanda ambulatorial

As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e

revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de

Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na

Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o

trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo

acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos.

A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma

ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e

a avaliação de serviços básicos de saúde.

c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica

e Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de

edição de textos para posterior análise.

Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no

EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos

profissionais de saúde.

2.6 Controle de Qualidade

O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de

questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados.

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Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros

ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo

populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de

Saúde.

Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma

pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não

existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo

endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os

dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis viéses.

Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma

planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor

eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário

de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros

na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do

trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente

por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das

informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977).

Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão

disponíveis no Relatório Final do Lote 2 Nordeste, na página do Projeto na Internet.

2.7 Análise dos Dados

Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados

através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para

Windows, utilizado para as análises. No caso de Olinda, a estratégia analítica foi

descrever o perfil da atenção básica na amostra estudada, sem enfatizar diferenças entre

PSF e UBS Tradicional, em função dos pequenos números, que distorcem as

comparações. Em função disso, as comparações são feitas com os achados do Lote, do

Estado e do país.

Page 32: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

32

Page 33: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

33

3 RESULTADOS

3.1 Contexto

3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Olinda

Em 2000, Olinda possuía 367.902 habitantes. Seu Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) era de 0,792, superior ao do estado de PE e ao do Brasil. Também em

relação a PE e ao Brasil, apresentava maior taxa bruta de natalidade, expectativa de

vida, cobertura de água encanada e proporção de alfabetizados, e menor proporção de

crianças menores de cinco anos. A proporção de idosos era similar a do estado e inferior

a do país. Os indicadores proporção de pobres e de domicílios cobertos por esgoto

situaram-se entre os de PE e os do Brasil (Tabela 3.1).

Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para o município de Olinda, para Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda PE Brasil

IDH-2000 0,792 0,705 0,766

Taxa bruta de natalidade 21,3 19,3 17,5

Expectativa de vida 72,3 67,3 68,6

% de menores de 5 anos 8,5 10,1 9,7

% de idosos 8,9 8,9 8,5

% de pobres 33,6 51,3 32,8

% de alfabetizados 87,4 72,9 83,3

% de água encanada 93,7 69 75,8

% de esgoto 35,8 32,4 44,4

Fonte: Atlas IDH e Cadernos de Informações em Saúde de 2000.

Page 34: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

34

3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde

As UBS de Olinda selecionadas para o estudo foram 7ªRO (UBS PSF pré-

PROESF), Cohab Peixinho (UBS PSF pós-PROESF) e Vila Popular (UBS Tradicional).

3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde

Durante a avaliação das três UBS foram estudados 57 profissionais de saúde,

sendo 6 (11%) médicos, 5 (9%) enfermeiros, 6 (11%) auxiliares e técnicos de

enfermagem, 31 (54%) agentes comunitários de saúde, 8 (14%) outros profissionais

com nível médio e um (2%) outro profissional com curso superior.

3.1.3.1 Distribuição dos Profissionais por Modelo de Atenção

Em relação ao modelo de atenção, 17 (30%) profissionais estavam vinculados à

UBS Tradicional e 40 (70%) às do PSF, sendo 10 (17,5%) do PSF pré-PROESF e 30

(53%) do PSF pós-PROESF. A Tabela 3.2 apresenta a distribuição dos profissionais em

relação às UBS selecionadas.

Tabela 3.2 - Distribuição da amostra dos profissionais de saúde por Unidade Básica de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE,

2005. Profissionais N (%) Unidade

Básica de Saúde

Médicos Enfermeiros Outros de nível superior

Auxiliares e técnicos de

enfermagem

Outros de nível médio

ACS

7ª RO 1 (10) 1 (10) 0 1 (10) 2 (20) 5 (50)

Cohab

Peixinho

3 (10) 3 (10) 1 (3) 3 (10) 1 (3) 19 (64)

Vila Popular

2 (12) 1 (6) 0 2 (12) 5 (29) 7 (41)

Total 6 (11) 5 (9) 1 (2) 6 (11) 8 (14) 31 (54)

3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Profissionais

A amostra foi formada por 48 (86%) profissionais do sexo feminino e 8 (14%)

do sexo masculino. A média de idade foi de 39 anos.

Page 35: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

35

A renda bruta mensal referida pelos profissionais de Olinda foi classificada em

seis grupos, de acordo com a formação ou nível de escolaridade, sendo superior a média

observada no Lote 2 NE para os médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de

enfermagem e demais profissionais de nível médio (Tabela 3.3).

Tabela 3.3 - Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Olinda

e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Profissionais Olinda (R$) Lote 2 NE

Médicos 2.356,67 2.127,50

Enfermeiros 2.414,75 2.172,67

Demais profissionais de nível superior 620,00 1.529,37

Auxiliares e técnicos de enfermagem 765,60 554,33

Demais profissionais de nível médio 782,00 472,86

Agentes Comunitários de Saúde 368,52. 383,88

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde

3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde.

Para o estudo da demanda foram registrados 301 atendimentos realizados pelos

profissionais das UBS amostradas, em um dia de trabalho. Em relação ao modelo de

atenção, 67 (22%) atendimentos foram realizados na UBS Tradicional e 234 (78%) no

modelo PSF, sendo 93 (31%) provenientes do PSF pré-PROESF e 141 (47%) do PSF

pós-PROESF. A Tabela 3.4 apresenta a distribuição da demanda em relação às UBS

selecionadas.

Tabela 3.4 - Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Unidade Básica de Saúde Nº de atendimentos (%)

7ª RO 93 (31)

Cohab Peixinho 141 (47)

Vila Popular 67 (22)

Total 301 (100)

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36

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de

Saúde

3.1.5.1 Distribuição da População

As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS

totalizaram 54 crianças de um a três anos, 54 mulheres que tiveram filhos nos dois

últimos anos, 54 adultos entre 30 e 64 anos e 54 idosos com 65 anos e mais.

3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de

Abrangência das UBS

a. Condições de habitação

A presença de água encanada dentro de casa beneficiava 96% dos domicílios de

idosos, 93% de adultos e 78% dos domicílios de mulheres e crianças. A proporção de

banheiro no domicílio foi de 70% para crianças e mulheres, 89% para os adultos e 92%

para idosos. Praticamente a totalidade dos domicílios de adultos e idosos (98%)

dispunha de recolhimento do lixo domiciliar por caminhão de serviço municipal,

estando este serviço disponível para 88% das residências de mulheres e 85% das

crianças.

Residências de tijolo com e sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e com madeira

regular foram consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de madeira

irregular e papelão, lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A proporção de

construção adequada foi maior nas residências de adultos e idosos (100%) do que nas

residências de mulheres e crianças (96%).

A média de pessoas por domicílio de crianças foi de 6,0 (dp=2,8),de mulheres

foi 5,6 (dp = 2,8). No caso dos adultos esta média foi 4,4 (dp = 2,3) e nos idosos 3,7 (dp

= 2,0). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi identificada em 32%

da amostra de crianças, 24% de mulheres, 11% de adultos e de idosos. Foi observado

que 6% dos adultos e 11% dos idosos referiram morar sozinhos.

b. Perfil de Crianças e Mães

Na amostra de 54 crianças, 46% eram do sexo masculino e a idade média foi de

25,0 meses (dp = 8,7), variando de 12 a 46 meses. A proporção de crianças de cor não

branca foi de 56%.

Page 37: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

37

As mães das crianças estudadas tinham idade média de 25,7 anos (dp = 5,7),

variando de 17 a 38 anos.Em relação à escolaridade dessas mães, 36% possuía o

primeiro grau incompleto, 40% o primeiro grau completo e 24% o segundo grau

completo ou mais.

A renda média per capita foi de 0,3 salário mínimo (SM) e cerca de um quarto

(22%) da amostra de crianças estava incluída nos estratos B e C agregados, 46%

pertencia à classe D e 32% à classe E.

c. Perfil das Mulheres

Na amostra de 54 mulheres, 39% eram brancas, com idade média de 25,5 anos

(dp = 6,1), variando de 16 a 38 anos. A proporção de menores de 20 anos foi de 22%.

Pouco mais de um terço destas mulheres (36%) não havia completado o primeiro

grau, 31% possuía o 2º grau incompleto e 33% tinha o segundo grau completo e / ou

mais.

A renda mensal média per capita era de 03 SM. Mais de um terço das mulheres

(20%) foi classificada nos grupos B e C agregados, 42% no D e 38% no grupo E.

d. Perfil dos Adultos

Na amostra de 54 adultos, a idade média era de 46,7 anos (dp = 9,3), variando de

30 a 64 anos. Deste total, 46% eram mulheres, 44% eram de cor branca e 57% eram

casados ou viviam com companheiro. A maioria dos adultos sabia ler e escrever (87%).

A renda média per capita dos adultos foi de 0,7 SM. A distribuição por grupo

social identificou 9% no estrato AB, 26% no C, 41% no D e 24% no estrato E,

mostrando uma grande concentração de pessoas nos grupos menos privilegiados.

Um terço dos adultos (30%) informou trabalho remunerado no último mês, a

metade destes como empregado e a outra como autônomo.

e. Perfil dos Idosos

Na amostra de 54 idosos, em termos do perfil demográfico, a idade média foi de

74,2 anos (dp = 5,9), variando de 65 a 86 anos. Deste total, 61% eram mulheres, 56% de

cor branca, 39% casados ou viviam com companheiro.

Mais da metade da amostra dos adultos sabia ler e escrever (63%) sabia ler e

escrever, mas apenas 10% possuíam no mínimo o primeiro grau completo.

Page 38: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

38

A renda mensal média dos idosos foi de 0,7 SM. De acordo com a estratificação

social, 4% dos idosos estavam no grupo B, 19% no C, 45% no D e 32% no E. Os

estratos D e E juntos reuniram 77% da amostra de idosos.

Pouco mais da metade (54%) estavam aposentados e a média de idade da

aposentadoria foi de 61,8 anos (dp = 9,5) variando de 45 a 82 anos.

3.2 Dimensão Político-Institucional

A dimensão político-institucional reúne aspectos da conformação da atenção

básica à saúde, com ênfase no desenvolvimento da gestão municipal e na

descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao recorte temporal do estudo,

esta abordagem utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus

(MATUS, 1997): projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade.

Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um conjunto de

atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos.

O Projeto de Governo caracteriza as bases materiais e históricas do SUS nos

municípios do Lote, com ênfase para a atenção básica à saúde. Os atributos que

qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis de alcançar, o

conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para desencadear as ações

propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso. Estes atributos estão

sintetizados no tipo de gestão municipal, índice de aprendizado institucional, adequação

institucional do sistema municipal de saúde, critérios na definição de áreas de

abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do emprego e da

remuneração dos trabalhadores da atenção básica, capacidade instalada da rede básica e

processo de conversão do modelo da atenção básica através do PSF.

A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado,

o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a

política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para

a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do

Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de

Saúde e dos Profissionais das UBS.

A Governabilidade descreve os fundamentos político-financeiros para efetivação

das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que, articulados à

Page 39: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

39

Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto em gestos ou

ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de poder

(político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos movimentos

necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste estudo foram

utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita com saúde, o

financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de atenção básica à

saúde e de saúde da família e as características do Conselho Municipal de Saúde.

3.2.1 Projeto de Governo

3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura

do Programa de Saúde da Família

Olinda encontra-se na modalidade de gestão plena do sistema municipal de

saúde. Com o PSF implantado desde 1997, seu aprendizado institucional foi

considerado alto pela avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000.

A cobertura de PSF passou de 28% em 1999 para 48% em 2005, com

crescimento relativo de 71% no período (Figura 3.1), alcançando a sexta cobertura

populacional entre os municípios de Pernambuco incluídos no Lote 2 NE.

Figura 3.1 - Evolução da Cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos municípios de mais de 100.000 habitantes do estado de Pernambuco de 1999 a

2005. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, 2005.

Page 40: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

40

12,6

36,9

56

80,2 7982,3

79,2

59,5

75,1

95,899 100 100

96,7

28,534,3

46,450,7

54,558,6 57,9

33,2

20,3

65,3

48,7

63,869,4 67

0,6

11,9 13,7 15,618,9

22,3 21,7

27,7 29,2

39,6 4144,6 45,4 47,7

3,29,3

30,1

38,6 40 40,243,1

7,13,1

31,234,5

40,344,3

38,8

25,5

14,618,5

21,1

36,241,5

0

8,2

21

43,4 44,5

51 51,8

0

20

40

60

80

100

120

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Cabo de Santo Agostinho Camaragibe Caruaru Garanhuns

Jaboatão dos Guararapes Olinda Paulista Petrolina

Recife Vitória de Santo Antão

PROES

Em 2001, o número de ESF instaladas no município era de 33, passando para 43

em 2004, representando um incremento de 30%, inferior ao observado no período para

os demais municípios do estado de PE incluídos no Lote 2 Nordeste (54%), que

passaram de 325 para 501 ESF.

O número total de UBS de Olinda era 47 em 2001, passando para 55 em 2004,

representando um crescimento de 17%, tendo sido de 42% para os demais municípios

de PE incluídos no Lote 2 NE.

3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do

Sistema Municipal de Saúde

Na percepção do gestor municipal, em uma escala de avaliação de 0 a 10 para a

adequação dos Setores, 7,0 foi a maior nota, sendo atribuída ao Setor de Vigilância

Sanitária. Os setores de Vigilância Epidemiológica e Informações em Saúde receberam

nota 6,0; o de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação foi avaliado com nota 5,0; o

da Atenção Básica à Saúde, o do Programa de Saúde da Família, o das Ações

Programáticas de Saúde e o de Recursos Humanos com nota 4,0 e o de assistência

Farmacêutica com nota 3,0.

Page 41: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

41

Na opinião do gestor municipal, o modelo Tradicional de atenção básica é

menos adequado (nota 4,0) do que o PSF (nota 5,0) no atendimento das necessidades de

saúde do município.

3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação

do Programa de Saúde da Família

Na definição de áreas para implantação do PSF, o gestor municipal considerou

relevantes os seguintes critérios: alta densidade populacional, carência de serviços de

saúde, dificuldade de acesso, risco epidemiológico e indicadores socioeconômicos

desfavoráveis.

Na opinião do secretário, as razões para a expansão do PSF nos municípios

deveriam considerar as evidências de que o PSF melhora a saúde da população,

compatibilidade com o modelo de atenção predominante no município e garantia de

referências caso o PSF se expanda.

3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da

Atenção Básica

O ingresso por concurso público alcançou 16% dos trabalhadores da rede básica.

A forma de contratação predominante foi contrato temporário (67%) seguida de

contrato informal (13%).

O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou

86% dos trabalhadores da atenção básica em Olinda.

Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) foi referido por 7% dos

profissionais entrevistados.

O pagamento em dia do salário foi informado por 49% dos profissionais de

saúde de Olinda e o pagamento de incentivos por 15% dos trabalhadores.

Fizeram referência ao trabalho atual como primeiro emprego 16% dos

entrevistados, enquanto a proporção de profissionais de saúde com outro emprego foi de

19%.

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42

O tempo médio de trabalho dos profissionais entrevistados na prefeitura local e

na UBS atual foi, respectivamente, 100,5 meses (dp = 67,8) e 82,7 meses (dp = 50,5).

3.2.2 Capacidade de governo

3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde

O gestor municipal de saúde à época da coleta de dados era do sexo masculino,

médico, com idade de 41 anos e possuía pós-graduação e curso de aperfeiçoamento em

outras áreas saúde, mas não em Saúde Pública. O tempo de permanência no cargo atual

era de cinco meses. O secretário tinha experiência profissional prévia como Secretaria

Municipal de Saúde, diretor de Unidade Básica de Saúde / Hospital, assessor técnico /

dirigente nos níveis estadual e federal, professor ou pesquisador da área de saúde e

profissional liberal. Participava das Comissões Intergestoras Bipartite (CIB) e Tripartite

(CIT), do Conselho Municipal de Saúde e de Conselho de Classe (Sindicato Médico de

Pernambuco - SIMEPE).

3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da

Família

O coordenador da Atenção Básica à Saúde era do sexo feminino, enfermeira, e

tinha 47 anos de idade. Possuía pós-graduação, com especialização e aperfeiçoamento

tanto em Saúde Pública quanto em outras áreas da saúde. Ocupava o cargo atual há

quatro meses e tinha experiência profissional anterior como assessora técnica / dirigente

das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, diretora / dirigente de saúde do setor

privado e profissional liberal na área.

3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde

O presidente do CMS era do sexo masculino, tinha 41 anos de idade, havia

completado 19 anos de estudo e possuía curso de pós-graduação. Profissionalmente era

médico e representava, no CMS, o gestor da Secretaria Municipal de Saúde. Atuava no

cargo há cinco meses, participava do CMS como conselheiro desde o ano de 2005 e

possuía experiência anterior de coordenação de atividades coletivas (Coordenador dos

Residentes da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE).

Page 43: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

43

3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde

As características de sexo, idade e renda dos 57 profissionais entrevistados nas 3

UBS de Olinda estão apresentadas no item 3.1.3.2, que aborda o perfil

sociodemográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade de governo, estão

enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação profissional,

especialização e capacitação dos profissionais, fundamentais para o enfrentamento dos

desafios cotidianos e estratégicos da ABS.

Em relação à escolaridade superior, 25% dos trabalhadores de saúde tinha o

curso completo e 9% incompleto. Concluíram o ensino médio 55% dos profissionais.

Possuíam ensino médio incompleto 7% do total, fundamental completo 2% e

fundamental incompleto também 2%.

De um total de cinco profissionais com especialização, todos haviam concluído

especialização na área de saúde pública, saúde coletiva, ou saúde da família e nenhum

possuía mestrado ou doutorado.

Entre os profissionais da atenção básica foi pesquisada a realização dos

seguintes cursos de capacitação: Introdutório ao PSF, SIAB, Saúde da Criança, Saúde

da Mulher, Saúde do Adulto, AIDPI, Diabetes, Hipertensão, DST/ AIDS, Hanseníase,

Tuberculose e Imunizações.

As proporções de capacitação em Olinda variaram de 14% (Saúde do adulto) a

75% (Hanseníase e tuberculose). Comparando-se com o total do Lote 2 NE, os

profissionais de Olinda referiram proporções superiores de capacitação para os cursos

de diabetes, hipertensão, DST / AIDS; semelhante para o de imunizações; e, inferiores,

nos demais (Tabela 3.5).

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Tabela 3.5 - Cursos de capacitação realizados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Olinda e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,

PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Curso Olinda (%) Lote 2 NE (%)

Introdutório ao PSF 40 53

SIAB 18 39

Saúde da Criança 30 38

Saúde da Mulher 32 42

Saúde do Adulto 14 28

AIDPI 20 30

Diabetes 44 43

Hipertensão 51 45

DST / AIDS 74 54

Hanseníase 75 51

Imunizações 45 45

Tuberculose 75 53

3.2.3 Governabilidade

3.2.3.1 Despesas per capita com saúde

Para realizar as atividades do SUS a cada ano, Olinda teve uma despesa média

em saúde de R$ 86,88 por habitante, menor do que a média dos municípios do Lote 2

NE (R$ 120,47).

3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios

Conforme informações do Datasus (Cadernos de Informações em Saúde), em

Olinda, no ano de 2002, cerca de um terço (32%) do PAB total do município estava

vinculado às transferências federais do incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de Olinda

era de R$ 9,22 por habitante e 60% era a proporção de despesas com recursos humanos

Page 45: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

45

em relação às despesas totais em saúde. Eram aplicados em saúde 17,5% dos recursos

próprios, de acordo com exigências da EC 29 (Tabela 3.6).

Tabela 3.6 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para Olinda e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda Lote 2 NE

PAB Fixo (R$ / habitante) 9,22 9,71

% Despesas Recursos Humanos 59,9 53,1

% Transferências PSF / PACS no PAB total 31,9 40,5

% Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29) 17,5 14,4

Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, 2002.

3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família

O gestor municipal, em uma escala de valores de zero a dez, avaliou o apoio

recebido de parlamentares à política de saúde, assim como a contribuição das decisões

do CMS relativas ao PSF e à AB com nota 8,0. Relatou ainda que o CMS segue as

deliberações das Conferências Municipais de Saúde e aprova a Política da Atenção

Básica e de Expansão do PSF, conduzidas atualmente pela Secretaria. Os

questionamentos do CMS dizem respeito a problemas de infra-estrutura e recursos

humanos, que são analisados pela Secretaria Municipal de Saúde, sendo tomadas as

medidas cabíveis a cada caso, com retorno dos encaminhamentos ao CMS.

Em uma escala de 0 a 10, na percepção do gestor a adesão dos profissionais de

saúde aos projetos de PSF recebeu nota 8,0, em comparação ao modelo de atenção

básica tradicional, na qual a nota foi 3,0.

A satisfação dos profissionais das UBS estudadas com o vínculo de trabalho foi

de apenas 19%.

3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde

O Presidente do CMS relatou que o CMS possuía regimento interno e que a

última atualização ocorreu em 2001. O ano de criação do CMS foi 1998.

Page 46: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

46

O CMS era composto de 25 entidades, sendo três representantes da área

governamental, dois de prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem

fins lucrativos, 10 dos profissionais de saúde e 10 da sociedade civil organizada.

O presidente do CMS relatou diversos assuntos abordados nas reuniões

ordinárias do CMS entre os quais destacou: a aprovação de projetos de convênios, a

discussão da política para os atendimentos de urgência e emergência e a conferência de

saúde bucal no município. Já as reuniões extraordinárias trataram da continuação da

discussão da política para os atendimentos de urgência e emergência e da proposta para

mudança de regimento interno.

O relacionamento da Secretaria Municipal de Saúde com o CMS foi identificado

como pacífico, mas de cobrança, fazendo o controle social funcionar realmente. Sobre o

apoio da SMS, o presidente informou que em 2004 procurou-se enviar todos os

conselheiros aos eventos e que no momento estavam em busca de melhorias de infra-

estrutura. Referiu ainda a necessidade de uma sala para reunião, pois até o momento as

reuniões do CMS ocorriam em uma UBS. O presidente não soube informar se a

Secretaria Municipal de Saúde, no período de 2001 a 2004, implantou alguma política

de saúde sem aprovação do CMS.

Durante o período de 2001 a 2004 foram realizadas duas Conferências

Municipais de Saúde, sendo a última em 2003 com o tema “Fortalecendo o SUS com

controle social”. No mesmo período, ocorreu uma capacitação para conselheiros, que

atingiu pouco menos da metade, tendo como temas controle social, financiamento das

políticas públicas e legislação.

A realidade da implantação dos Conselhos Locais de Saúde no município não

pode ser conhecida por falta de informações.

Segundo o presidente do CMS, o relacionamento entre os Conselheiros era

muito bom, sem conflitos.

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção

3.3.1 Práticas de gestão da ABS

Ao caracterizar as práticas de gestão foram identificados princípios, normas e

funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a estrutura e o

Page 47: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

47

funcionamento da atenção básica à saúde. Muitos destes aspectos se confundem com as

práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão estabelecida pode implicar

em uma oferta de serviços ao público.

3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à

saúde

Dentre as atividades de gestão da ABS, o gestor informou a programação do

curso de especialização em saúde da família, juntamente com a Universidade de

Pernambuco (UPE), da educação continuada em Hanseníase, da capacitação em

detecção precoce do câncer infantil, através do Instituto Materno-Infantil de

Pernambuco (IMIP) e de um curso técnico p/ ACS.

A avaliação de serviços de saúde no nível municipal era de responsabilidade do

departamento de controle e avaliação.

A disponibilidade de relatórios com indicadores selecionados para a tomada de

decisão eram produzidos no nível central, com periodicidade semanal, mensal e anual.

As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram referidas por 93% dos

trabalhadores de saúde entrevistados. Entre aqueles que referiram supervisão, apenas

4% mencionou uma periodicidade semanal, 19% relatou encontros mensais, enquanto

77% informou periodicidade indefinida.

3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda

O setor de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação estava constituído no

município, cuja modalidade de gestão era plena do sistema municipal de saúde. As

principais estratégias de controle e regulação da demanda para o atendimento em

serviços de maior complexidade incluíram o agendamento das consultas por fila única

conforme data de registro na UBS, o uso de protocolos para acolhimento das urgências

e de protocolos para cuidado da demanda mais prevalente.

A principal forma de acolhimento das reclamações dos usuários era a

disponibilidade do telefone do Conselho Municipal de Saúde.

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48

Considerando os tipos de centrais implantadas para acolher e ordenar as

necessidades de saúde dos usuários, o município não dispunha de Central de Consultas

Especializadas e de Exames implantadas, de Central de Leitos ou mesmo de SAMU.

O município informou que os recursos disponíveis na SMS para avaliação dos

serviços de saúde eram o SIAB, reuniões mensais com toda equipe de nível superior e o

núcleo gestor.

3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal

Do ponto de vista da tecnologia da informação, apenas uma das três UBS

estudadas no município dispunha de microcomputador (Cohab Peixinho).

No município, a proporção de UBS informatizadas alimentando o SIA-SUS

avançou no período, passando de nenhuma em 2001 para 22% em 2004. O percentual

de UBS incluídas no Sistema de Vigilância Epidemiológica no período de 2001 a 2004

foi de 100%.

3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde

Em 2004, os sistemas de informação de base nacional estavam bastante inseridos

na rotina do município, responsável pelo gerenciamento e preenchimento regular do

SINASC, do SIM, do SINAN, do SISVAN e do SIAB.

De um modo geral, a proporção de óbitos mal definidos no município foi baixa,

sendo de 2% no período de 2001 a 2003, diminuindo para 1% em 2004. Por outro lado,

Olinda referiu ter investigado somente 18% dos óbitos infantis em 2004.

3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município

Este tópico descreve recursos e estratégias utilizados nos municípios para

oferecer os serviços básicos de saúde à população. Também são abordadas a estrutura

das UBS e a disponibilidade de profissionais do PSF, na perspectiva de avaliar o acesso

da população ao novo modelo de atenção básica.

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49

3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde

A área física das três UBS estudadas contemplava consultórios, cozinha,

farmácia e salas de espera, de vacinas, de reuniões, de cuidados de enfermagem e de

esterilização. Apenas as UBS Cohab Peixinho e Vila Popular referiram a existência de

recepção, expurgo e consultório odontológico. Nenhuma das unidades estudadas

dispunha de consultórios com banheiro (Tabela 3.7).

Tabela 3.7 – Área física das Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Dependência 7ª RO Cohab Peixinho Vila Popular

Consultório Odontológico I E E

Consultórios E E E

Consultórios com banheiro I I I

Cozinha E E E

Expurgo I E E

Farmácia E E E

Recepção I E E

Sala de cuidados de enfermagem E E E

Sala de Espera E E E

Sala de esterilização E E E

Sala de Reuniões E E E

Sala de Vacinas E E E

E – Existente; I – Inexistente.

A adequação da estrutura, considerando as dependências estudadas foi avaliada

em todos os itens pela três UBS estudadas. A estrutura física da maioria das

dependências estudadas, conforme percepção dos profissionais de saúde, foi

considerada inadequada exceção para a sala de cuidados de enfermagem nas UBS 7ª RO

e Cohab Peixinho (Tabela 3.8).

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50

Tabela 3.8 - Estruturas adequadas entre as Unidades Básicas de Saúde estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Dependência 7ª RO Cohab Peixinho Vila Popular

Consultório odontológico NP I I

Consultórios I I I

Cozinha I I I

Expurgo NP I I

Farmácia I I I

Recepção NP I I

Sala de cuidados de enfermagem A A I

Sala de espera I I I

Sala de esterilização I I I

Sala de reuniões I I I

Sala de vacinas I I I

A – Adequada; I – Inadequada; NP = não possuía a dependência.

Na percepção dos profissionais de saúde, de modo global, foi considerada

adequada ao acesso de pessoas portadoras de deficiência apenas a UBS Cohab Peixinho,

que possuía rampas alternativas para garantir este acesso e portas nos banheiros

permitindo aos cadeirantes realizar manobras no seu interior. Já nas UBS 7ªRO e Vila

Popular havia degraus que dificultavam o acesso de deficientes. Todas as UBS

estudadas mencionaram ausência de corrimãos nas rampas; escadas e corredores;

cadeira de rodas; calçadas para deslocamento de deficientes visuais / cadeirantes /

idosos; e tapetes na sala de espera, consultórios e outras dependências. Somente na UBS

7ª RO, as cadeiras da sala de espera eram adequadas para o local de atendimento.

Em relação aos equipamentos de trabalho em condições de uso estavam

disponíveis nas três UBS balança para adultos e crianças, glicosímetro, termômetro,

cadeira odontológica, nebulizador, estetoscópio, foco de luz, espéculos vaginais,

geladeira exclusiva para vacina, mesa ginecológica, aparelho fotopolimerizador,

tensiômetro e sonar. Somente a UBS Cohab Peixinho possuía microcomputador em

condições de uso. Otoscópio foi referido pelas UBS 7ªRO e Cohab Peixinho, e

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estetoscópio de Pinard pelas UBS 7ªRO e Vila Popular. Em todas as UBS estudadas

faltavam impressora, centrífuga, lanterna, oftalmoscópio, microscópio, instrumental de

urgências e negatoscópio (Tabela 3.9).

Mocho, estufa, amalgamador, aparelho fotopolimerizador, cadeira odontológica,

compressor e refletor existiam nas UBS Cohab Peixinho e Vila Popular. Já a existência

de instrumental de uso odontológico para exame clínico, procedimentos básicos e

dentística, de equipo odontológico e unidade auxiliar foi confirmada apenas na UBS

Vila Popular. Instrumental para atendimento de urgências não existia nas duas UBS

com consultório odontológico (Tabela 3.9).

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Tabela 3.9 – Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Equipamento / Instrumento 7ª RO Cohab Peixinho Vila Popular

Balança adulto P P P

Balança infantil P P P

Centrífuga I I I

Espéculos vaginais P P P

Estetoscópio P P P

Estetoscópio de Pinard P I P

Foco de luz P P P

Geladeira exclusiva para vacinas P P P

Glicosímetro P P P

Impressora e Internet I I I

Lanterna I I I

Mesa ginecológica P P P

Microcomputador I P I

Microscópio I I I

Nebulizador P P P

Negatoscópio I I I

Oftalmoscópio I I I

Otoscópio P P I

Sonar P P P

Tensiômetro P P P

Termômetro P P P

Amalgamador ND P P

Aparelho fotopolimerizador ND P P

Cadeira odontológica ND P P

Compressor ND P P

Equipo odontológico ND I P

Estufa ND P P

Instrumental de exame clínico ND I P

Instrumental de procedimentos básicos ND I P

Instrumental de urgências ND I I

Instrumental para dentística ND I P

Mocho ND P P

Refletor ND P P

Unidade auxiliar ND I P P – Próprio para uso; Impróprio para uso ou ausente; NR – não respondeu; ND – não dispõe do serviço.

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Relato de suficiência no abastecimento de materiais e insumos foi referido em

todas as UBS estudadas para: álcool, luvas de procedimentos, algodão, cartão da criança

e da gestante e ficha de cadastramento SIAB. Apenas nas unidades 7ªRO e Cohab

Peixinho havia suficiência de seringa para vacinas e ficha de cadastramento domiciliar.

Entretanto, material para retirada de pontos, esparadrapo, agulhas descartáveis, seringa

para outras injeções e luvas esterilizadas eram suficientes somente na UBS 7ªRO; e

descartex na UBS Vila Popular. Todas as UBS informaram ausência de gaze, material

pequenas cirurgias, fio de sutura e bloco de receituário (Tabela 3.10).

Tabela 3.10 – Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Materiais e Insumos 7ª RO Cohab Peixinho Vila Popular

Agulhas descartáveis S I I

Álcool S S S

Algodão S S S

Bloco de receituário I I I

Cartão da criança S S S

Cartão da gestante S S S

Descartex I I S

Esparadrapo S I I

Ficha de cadastramento domiciliar S S I

Ficha de cadastramento SIAB S S S

Fio de sutura I I I

Gaze I I I

Luvas esterilizadas S I I

Luvas para procedimentos S S S

Material para pequenas cirurgias I I I

Material para retirada de pontos S I I

Seringa para outras injeções S I I

Seringa para vacinas S S I

S – Suficientes; I – Insuficientes; NR – Não respondeu.

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54

3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF

As Equipes de Saúde da Família (ESF) estavam presentes nas duas UBS do PSF:

sendo uma na UBS 7ªRO e três na Cohab Peixinho, totalizando quatro ESF na amostra

de UBS do PSF estudada. A UBS Vila Popular, apesar de não ter ESF, possuía sete

ACS. Portanto, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) era realidade

nas três UBS.

Na análise da composição da ESF mínima, tomou-se como referência a

disponibilidade de um médico, um enfermeiro, dois auxiliares ou técnicos de

enfermagem, quatro agentes comunitários e um odontólogo para cada duas ESF.

Encontraram-se números adequados de médicos, enfermeiros e ACS. Em Olinda, à

época do estudo, as ESF estavam estruturadas com um auxiliar ou técnico de

enfermagem e não possuíam odontólogo.

3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde

Em relação ao tempo de funcionamento, a UBS 7ª R0 existia há 5 anos, a Cohab

Peixinho há 10 anos e Vila Popular há 15 anos. A população adstrita foi de 4.471

pessoas na UBS 7ªRO, de 19.500 pessoas na UBS Cohab Peixinho, não havendo esta

informação para a UBS Vila Popular. As três UBS funcionavam em dois turnos de

atendimento.

A carga horária contratada e cumprida pelos profissionais de saúde foi, em

média de 34 horas semanais.

Nas UBS estudadas, a cada dia, os médicos realizavam 27 consultas, os

enfermeiros 29 atendimentos, os auxiliares e técnicos de enfermagem 31, os ACS 32,

outros profissionais de nível médio 62 e outros de nível superior 10.

3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados

O gestor referiu que o acesso aos serviços do SUS no município acontecia

através de diversas portas de entrada: as UBS, os serviços de pronto atendimento e os

ambulatórios distritais de especialidades.

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Foi referido um tempo de espera de 30 dias para consultas em gastroenterologia,

cirurgia geral, neurologia, angiologia, oftalmologia e otorrinolaringologia. Consultas

imediatas eram possíveis nas áreas de ginecologia, pediatria, cardiologia, fisioterapia,

odontologia, nutrição e psiquiatria. Não havia informação sobre o tempo de espera para

as consultas em nefrologia.

O tempo de espera relatado para a realização de hemodiálise foi de 30 dias e

para tomografia e ressonância magnética de 60 dias.Realização imediata foi descrita

para os exames de análises clínicas, radioimuniensaio, radiologia, ultra-sonografia geral

e ECG. Não havia informação sobre o tempo de espera para a realização de

ecocardiografia, hemodinâmica, quimioterapia e radioterapia.

A disponibilidade satisfatória de consulta médica para a atenção especializada

também foi investigada através da opinião da equipe de saúde, no instrumento coletivo

sobre a UBS. Foi percebida como suficiente por cerca de 33%dos profissionais para as

especialidades de cardiologia, dermatologia, fisioterapia, nefrologia, neurologia,

oftalmologia, pneumologia, psiquiatria e ortopedia; por 67% para pediatria, e por 100%

para ginecologia. Na área de otorrinolaringologia o acesso foi considerado inexistente.

As equipes das três UBS julgaram como insatisfatório o acesso direto à

retaguarda para atendimento em Pronto Socorro e internação hospitalar.

O município dispiunha de estratégias de articulação das UBS com serviços de

maior complexidade ou de apoio diagnóstico, como, por exemplo, o encaminhamento

de usuários mediante agendamento. O agendamento ocorria por fila única conforme

data de registro na UBS, via uso de protocolos para acolhimento das urgências e de

protocolos para cuidado da demanda mais prevalente.

3.3.2.5 Adstrição da demanda

A adstrição da demanda ou vinculação da UBS com a população da área de

abrangência foi verificada através da existência de área geográfica definida e mapa.

Todas as UBS do estudo de Olinda referiram ter área geográfica definida e mapa.

Considerando somente as UBS com PSF, o cadastramento das famílias residentes na

área geográfica já estava concluído.

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56

A participação da equipe em atividades na área de abrangência da UBS nos

últimos 12 meses foi de 68%.

3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino

A vinculação com atividades de ensino esteve presente nas UBS 7ªRO e Cohab

Peixinho, sendo, na primeira, através de escolas técnicas e, na segunda, através da

Universidade. As áreas de ensino destacadas em ambas as UBS foram medicina e

enfermagem.

3.3.2.7 Assistência farmacêutica

As informações de fonte documental mostraram que o município adotava uma

lista básica de medicamentos para as UBS. Os medicamentos eram estocados em local

centralizado, com área física de dimensões suficientes e havia farmacêutico

administrando o local. Foi referido ainda que existiam condições de armazenamento

satisfatórias, como por exemplo prateleiras e estrados, para a acomodação dos

medicamentos, mas que a temperatura ambiente não era adequada para conservação dos

fármacos. O controle do estoque de medicamentos era informatizado e, de modo geral,

os medicamentos eram dispensados nas UBS.

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde

As referências de experiência inovadora destacada pelo gestor foram a

implantação do uso de alternativas alimentares na rotina dos usuários das Unidades de

Saúde da Família (USF) e o de “multimisturas” para gestantes, e o Teatro de

“Mamulengo” com enfoque na Educação Popular em Saúde.

Na investigação da opinião do gestor sobre a adequação das experiências

inovadoras em Atenção Básica e Saúde da Família para atender as necessidades de

saúde do município a nota foi 2,0.

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57

3.4 Dimensão do Cuidado Integral

3.4.1 Estratégias de indução da integralidade

O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como

um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não

assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações

de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta

finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na

referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso,

compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no

âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada

através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com

ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames

complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a

utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais

sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da

Saúde.

3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral

A investigação do conjunto de ações realizadas na UBS para o cuidado integral

envolveu o questionamento da realização das seguintes atividades: atendimento a

demanda sentida; atendimento odontológico a grupos prioritários; atendimento de pré-

natal; cuidado domiciliar e visita domiciliar; diagnóstico e tratamento da hanseníase e

da tuberculose; diagnóstico e tratamento da hipertensão e do diabetes; glicemia capilar;

atendimento a desnutrição e suplementação alimentar; notificação compulsória de

doenças; manejo de agravos mais prevalentes na infância, planejamento familiar;

pequenas cirurgias; prevenção do câncer de colo uterino; promoção do aleitamento

materno e promoção do crescimento e desenvolvimento infantil.

O atendimento a demanda sentida, o diagnóstico e tratamento da hipertensão e

do diabetes, a verificação da glicemia capilar, a notificação compulsória de doenças, os

procedimentos de enfermagem, a promoção do aleitamento materno e do crescimento e

desenvolvimento infantil e a visita domiciliar eram atividades realizadas pelas três UBS

do estudo em Olinda. Por outro lado, o manejo dos agravos mais prevalentes na

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infância, o diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose, o cuidado

domiciliar e a prevenção do câncer do colo uterino eram ações prestadas apenas pelas

UBS do PSF, 7ªRO e Cohab Peixinho. Apenas a UBS 7ªRO afirmou prestar

atendimento em planejamento familiar e a desnutrição e suplementação alimentar.

Nenhuma das UBS realizava atendimento odontológico a grupos prioritários e pequenas

cirurgias (Tabela 3.11).

Tabela 3.11 – Atividades para o cuidado integral realizadas nas Unidades Básicas de Saúde de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Atividades para o Cuidado Integral 7ª RO Cohab Peixinho Vila Popular

Atendimento a demanda sentida R R R

Atendimento odontológico a grupos prioritários NR NR NR

Atendimento de pré-natal R R R

Cuidado domiciliar R R NR

Diagnóstico e tratamento da hanseníase R R NR

Diagnóstico e tratamento da hipertensão R R R

Diagnóstico e tratamento da tuberculose R R NR

Diagnóstico e tratamento do diabetes R R R

Glicemia Capilar R R R

Atendimento a desnutrição / suplementação alimentar R NR NR

Atendimento aos agravos mais prevalentes na infância R R NR

Notificação compulsória de doenças R R R

Pequenas cirurgias NR NR NR

Planejamento familiar R NR NR

Prevenção do câncer de colo uterino R R NR

Procedimentos de enfermagem R R R

Promoção ao aleitamento materno R R R

Promoção do crescimento / desenvolvimento infantil R R R

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59

Visita Domiciliar R R R

R = Realiza; NR = Não realiza.

A realização de atividades de grupos foi referida nos três serviços. Grupos de

hipertensos e diabéticos eram desenvolvidos em todas as UBS; de pré-natal e

puericultura nas UBS Cohab Peixinho e Vila Popular; e, de idosos, somente na UBS

Cohab Peixinho. Nenhuma das UBS realizava grupo de sofrimento psíquico e de

adolescentes (Tabela 3. 12).

Tabela 3.12 – Atividades de grupo das Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Atividades de grupo 7ª RO Cohab Peixinho Vila Popular

Atividades com grupos de usuários R R R

Grupo de hipertensos R R R

Grupo de diabéticos R R R

Grupo de pré-natal NR R R

Grupo de idosos NR R NR

Grupo de adolescentes NR NR NR

Grupo de portadores de sofrimento psíquico NR NR NR

Grupo de puericultura NR R R

R = Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou; NSA = Não Se Aplica

3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares

O acesso direto a exames complementares utilizados rotineiramente na atividade

clínica peculiar à Atenção Básica foi investigado quanto à sua suficiência. Foi

considerado satisfatório pelas UBS o acesso à citopatologia de colo uterino e exame de

HIV, sendo o acesso à pesquisa de BAAR satisfatório somente nas UBS 7ªRO e Cohab

Peixinho. Já o acesso à colposcopia e VDRL era suficiente paras as UBS 7ªRO e Vila

Popular. Apenas na UBS 7ªRO foi satisfatório o acesso aos exames ácido úrico,

creatinina / uréia, tipagem sangüínea, comum de urina, urocultura, eletrocardiograma,

ultrasonografia obstétrica, radiologia simples, glicemia e hemograma.

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60

3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos

Foi julgada suficiente pelas equipes das três UBS a disponibilidade de ácido

acetil salicílico, glibenclamida 5mg, anticoncepcional oral, captopril 25mg,

metronizadol 250mg, sulfametoxazol+trimetoprima comprimido e suspensão,

amoxicilina 500mg, dexametasona pomada, neomicina com bacitracina, furosemida

40mg, cimetidina 200mg, metronizadol geléia, hidroclorotiazida 25mg e aminofilina

100mg. Digoxina 0,25mg e ampicilina 500mg eram suficientes somente nas UBS 7ªRO

e Cohab Peixinho; e, fenobarbital 100mg, carbamazepina 200mg e diclofenaco de

potássio 25mg, apenas na UBS Cohab Peixinho. Somente a unidade 7ªRO julgou

suficiente a disponibilidade de metiformin comprimidos e nistatina creme vaginal.

Penicilina benzatina 600.000 UI e 1.200.000 UI estavam em falta em todas as UBS

estudadas. A dispensação das medicações desta lista básica era feita nas próprias UBS

(Tabela 3.13).

Tabela 3.13– Disponibilidade de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Medicamentos 7ª RO Cohab Peixinho Vila Popular

Ácido Acetil Salicílico S S S

Aminofilina S S S

Amoxicilina S S S

Ampicilina S S I

Anticoncpcional oral S S S

Captopril S S S

Carbamazepina I S I

Cimetidina S S S

Dexametasona pomada S S S

Diclofenaco de Potássio I S I

Digoxina S S I

Fenobarbital I S I

Furosemida S S S

Glibenclamida S S S

Hidroclorotiazida S S S

Metiformim I S I

Metronidazol S S S

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Metronidazol geléia S S S

Neomicina com bacittracina S S S

Nistatina creme vaginal I S I

Penicilina Benzatina 1.200.000 UI I I I

Penicilina Benzatina 600.000 UI I I I

Sulfametoxazol + Trimetropima comprimidos S S S

Sulfametoxazol + Trimetropima suspensão S S S

S = Suficiente; I = Insuficiente

3.4.1.4 Utilização de protocolos

A Tabela 3.14 demonstra as prevalências de utilização de protocolos pela UBS

investigadas em Olinda e no Lote 2 Nordeste através do instrumento coletivo da

estrutura de acordo com a ação programática. No município a utilização referida de

protocolos variou de 33% para os menos utilizados (manejo da desnutrição e

suplementação alimentar, manejo das doenças mais prevalentes na infância e

planejamento familiar) a 100% para os mais utilizados (diagnóstico e tratamento da

hanseníase, da tuberculose, da hipertensão e do diabetes, imunizações, pré-natal,

promoção do crescimento e desenvolvimento infantil e aleitamento materno). Em

relação a média do Lote, os profissionais de Olinda relataram maior utilização de

protocolos, exceto para os de manejo da desnutrição e suplementação alimentar, de

manejo das doenças mais prevalentes na infância e de prevenção do câncer de colo

uterino.

Tabela 3.14 - Utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas Unidades Básicas de Saúde estudadas em Olinda e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Ação programática Olinda (%) Lote 2 NE (%)

Cuidados de enfermagem 33 57

Cuidado domiciliar 33 39

Diagnóstico e tratamento do diabetes 100 78

Diagnóstico e tratamento da hanseníase 100 68

Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial 100 78

Diagnóstico e tratamento da tuberculose 100 76

Imunizações 100 93

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Manejo da desnutrição e suplementação alimentar 33 36

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância 33 53

Planejamento familiar 33 73

Pré-natal 100 86

Prevenção do câncer de colo uterino 67 80

Promoção crescimento e desenvolvimento infantil 100 69

Promoção do aleitamento materno 100 58

Para as ações desenvolvidas, eram utilizados pelas três UBS os protocolos de

diagnóstico e tratamento da hanseníase, promoção aleitamento materno, promoção

crescimento e desenvolvimento infantil, diagnóstico e tratamento da tuberculose, pré-

natal, diagnóstico e tratamento de diabetes, diagnóstico e tratamento da hipertensão e

imunizações. Os resultados investigados através do questionário dos profissionais

indicaram que 49% dos trabalhadores utilizavam algum protocolo em suas atividades

profissionais, com maior proporção de utilização na UBS 7ª RO (90%). A Tabela 3.15

apresenta a utilização de protocolos de acordo com as unidades.

Tabela 3.15 – Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Sul, 2005.

Protocolos 7º RO Cohab Peixinho Vila Popular

Cuidados de enfermagem U NU NU

Cuidado domiciliar U NU NU

Diagnóstico e tratamento do diabetes U U U

Diagnóstico e tratamento da hanseníase U U U

Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial

U U U

Diagnóstico e tratamento da tuberculose U U U

Imunizações U U U

Manejo da desnutrição e suplementação alimentar

U NU NU

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância

NU U NU

Page 63: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

63

Planejamento familiar U NU NU

Pré-natal U U U

Prevenção do câncer de colo uterino U U NU

Promoção crescimento e desenvolvimento infantil

U U U

Promoção do aleitamento materno U U U

U = Utiliza; NU = Não Utiliza; NR = Não respondeu

3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais

A utilização de computador em atividades profissionais na UBS e / ou em casa

foi referida por apenas 16% dos profissionais entrevistados em Olinda.

3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados

A opinião dos profissionais sobre a qualidade dos serviços prestados na UBS foi

boa ou muito boa para 37% dos entrevistados no município de Olinda.

3.4.1.7 Acesso a publicações

O acesso dos profissionais às publicações do Ministério da Saúde no município

de Olinda foi maior que a totalidade dos municípios incluídos no Lote 2 NE para a

maioria das publicações investigadas, com exceção à Revista Brasileira de Saúde da

Família (4%). O maior acesso, foi de 68% para o Manual do Agente Comunitário da

Saúde (Tabela 3.16).

Tabela 3.16 - Acesso dos profissionais a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Acesso às publicações do MS Olinda (%) Lote 2 NE (%)

Revista Brasileira Saúde da Família 4 6

Informes de Atenção Básica 49 31

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64

Manual do SIAB 45 23

Manual do Agente Comunitário de Saúde 68 38

Avaliação Normativa do PSF no Brasil 19 8

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde

3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS

O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à

Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido por duas equipes

de Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Olinda. A equipe da UBS Vila Popular não

respondeu este instrumento.

As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho

em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção,

acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações

programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação,

supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde.

Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição

da atividade – o que é feito e como é feito?; responsáveis pela atividade – quem faz?;

insumos para a atividade – que recursos são utilizados?; dificuldades para realizar a

atividade; sugestões para realizar a atividade; experiências inovadoras.

3.4.2.2 A categoria processo de trabalho

A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção

básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de

saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990).

Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da

escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de

trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo.

Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar

importante contribuição para a melhoria da ABS em Olinda.

Page 65: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

65

O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a

organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de

trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de

uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de

trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular,

incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de

trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está

inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade

produtiva predominante (FACCHINI, 1986).

O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise

individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes

entre as UBS de Olinda. Nestas análises, além de perceber a dinâmica da organização e

divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar o objeto de trabalho, os

recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização. Problemas e sugestões para a

melhoria das atividades também foram captados. Fruto do processo de construção do

SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro daquele realizado em hospitais e

unidades ambulatoriais especializadas, sendo fortemente centrado no médico e nas

clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea de usuários. No PSF, o processo de

trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e da especialização, fortalecendo a

participação da equipe de saúde e do médico “geral” no atendimento integral das

necessidades de saúde da população.

O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo,

à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e

compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem

muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do

trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados

insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a

efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que

extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e

alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está

inserido.

Page 66: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

66

3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde

As atividades descritas de Planejamento, de Gestão e de Coordenação fazem

referência a reuniões semanais para organização da agenda de palestras, visitas

domiciliares e organização de programas, como por exemplo, o HIPERDIA. A equipe

da UBS Cohab Peixinho referiu reuniões mensais com a gerência compartilhada. As

dificuldades alegadas referem-se a problemas de manutenção dos equipamentos e

espaço físico inadequado, sugerindo maior agilidade para atender as necessidades e

investimentos na melhoria da estrutura física. O grupo de teatro LUTANTES foi

apontado como uma experiência inovadora, com efetiva participação da comunidade.

O Suporte Técnico e a Supervisão eram realizados pela coordenadora do

distrito, com periodicidade quinzenal (UBS 7ª RO). Havia também supervisão

esporádica para os programas de tuberculose e hanseníase (UBS Cohab Peixinho). A

sugestão foi a de que houvesse suporte técnico e supervisão de forma sistematizada e

também a disponibilidade de transporte no distrito direcionado ao PSF, possibilitando

maior apoio aos clientes.

A Gestão da Informação foi referida apenas pela UBS Cohab Peixinho, sendo

utilizado o SIAB como instrumento para planejamento interno de cada uma das equipes

de saúde da família e discutido nas reuniões semanais. Não havia dificuldade para esta

atividade.

Em Olinda, a Recepção estava sob responsabilidade de recepcionistas. Na UBS

Cohab Peixinhos atendiae a demanda espontânea e realizava o agendamento de

consultas. Na UBS 7ª RO era responsável também, pela manutenção da farmácia e pela

liberação de medicamentos, havendo a solicitação da equipe para a contratação de um

profissional para assumir esta atribuição. Na UBS Cohab Peixinhos, a ausência de

arquivo próximo a recepção fazia com que a recepcionista transitasse na busca de

prontuários, com desgaste no trabalho e no tempo de atendimento. A equipe sugeriu a

compra de um arquivo para a recepção. O treinamento organizado para as

recepcionistas, pela secretaria de saúde, foi considerado uma experiência inovadora.

O Acolhimento descrito pelas equipes confunde-se com as atividades da

recepção. Na UBS Cohab Peixinhos as filas iniciavam às cinco horas da manhã para a

distribuição das fichas, com a sala de espera inadequada para a quantidade de usuários.

Um banco de concreto era utilizado como arquivo das três equipes de saúde da família.

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67

O acolhimento iniciava com o vigia da UBS, e após as sete horas era realizado pela

recepcionista com o auxílio dos profissionais das equipes. A maior dificuldade era o

número excessivo de usuários por equipe, agravado pelo risco social. A equipe da UBS

7ª RO referiu realizar o acolhimento em todos os momentos do atendimento e por todos

profissionais.

O Cuidado Clínico foi caracterizado pelo excesso de demanda, com o

atendimento entre 18 a 20 pessoas por turno. As principais dificuldades foram a

medicação insuficiente, a não reparação de equipamentos em tempo hábil e cota

limitando os encaminhamentos e exames laboratoriais. Agregando-se o fato da baixa

escolaridade dos usuários (Cohab Peixinhos) e a dificuldade da população em aceitar

que a UBS trabalha com prevenção e promoção de saúde. As sugestões tentam atender

os problemas acima descritos.

As atividades descritas nos Cuidados de Enfermagem enfocaram o trabalho

dos auxiliares e técnicos com a realização dos procedimentos básicos de enfermagem,

atendendo entre 10 a 12 usuários por turno. Reivindicavam melhorias na estrutura física,

no abastecimento de medicamentos e material de consumo além de, referirem

sobrecarga de trabalho. Sugeriram a redução no número de famílias e na UBS 7ª RO foi

destacada a participação dos alunos da graduação e do curso técnico de enfermagem.

O Cuidado Odontológico não era realizado nas UBS estudadas.

As Ações Programáticas foram referidas principalmente em atividades de

grupos de por doenças crônicas (hipertensos e diabéticos), saúde da mulher e

puericultura. Havia a participação de toda a equipe. Apontaram como dificuldade a

estrutura física, falta de medicação, material didático e sobrecarga de trabalho.

Ações Educativas eram realizadas semanalmente, utilizando entre 4 a 6 horas

por semana, através de palestras em escolas, ruas, nos grupos e peças teatrais com temas

variados. Havia a participação de todos os membros da equipe. O espaço físico

inadequado, a falta de material didático de apoio e a falta de transporte para a equipe,

foram dificuldades referidas.

O Cuidado Domiciliar era realizado por toda a equipe de acordo com a

necessidade e incluía ações preventivas (vacinas) e atividades curativas. A violência na

área, associada à falta de esgoto e alagamentos eram dificuldades enfrentadas pela

equipe da UBS Cohab Peixinhos. A equipe da UBS 7ª RO referiu falta de material para

Page 68: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

68

as visitas (estetoscópio, termômetro, material de curativo). Foi ressaltada a importância

de envolver toda família durante a visita, pois havia uma melhor resposta do paciente

quando sua família entendia o seu problema. A visita domiciliar também foi descrita

como um momento importante para a equipe conhecer a realidade da sua área e avaliar

o impacto do trabalho na população.

A participação no Conselho Local de Saúde foi referida apenas pela equipe da

UBS Cohab Peixinhos, com participação da gerência no conselho gestor, com

periodicidade mensal. Na UBS 7ª RO esta atividade não era realizada.

3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho

O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual

55 trabalhadores das UBS da amostra emitiram sua opinião em relação a algumas

variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe.

A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores

de Olinda e cada uma das variáveis estudadas revelou que o maior índice de satisfação

foi referido para o trabalho em equipe e, o menor, para reuniões com a coordenação

local da UBS (Tabela 3.17).

No Lote, os trabalhadores também referiram maior satisfação com o trabalho em

equipe, que obteve média semelhante à atribuída para as reuniões de equipe, o

preenchimento de formulários e relatórios e o atendimento individual no domicílio,

enquanto a menor satisfação foi relatada para as reuniões com a comunidade (Tabela

3.17).

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69

Tabela 3.17 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos profissionais de saúde em uma escala de 0 a 10 em Olinda e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,

PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005. Satisfação com Olinda Lote 2 NE

Trabalho em equipe 8,2 7,0

Reuniões de equipe 7,8 7,0

Preenchimento de formulários e relatórios 6,6 7,0

Demanda para atendimento individual a domicílio 8,2 7,0

Demanda para atendimento individual na unidade 7,9 6,0

Reuniões com a coordenação local da unidade 3,9 6,0

Reuniões com a comunidade 6,6 5,0

Estrutura física da unidade 4,4 5,0

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde

3.5.1 Desempenho do Município de Olinda

3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde

As informações apresentadas abaixo se referem ao município de Olinda, à

totalidade dos municípios de Pernambuco e ao Brasil.

Os indicadores desfavoráveis ao município foram menor índice de consultas

médicas básicas / habitante / ano, maior proporção de baixo peso ao nascer e maior

proporção de partos por cesariana (Tabela 3.18). Em contraste, a proporção de recém-

nascidos com quatro ou mais consultas pré-natal foi maior em relação ao estado e ao

país. Já o índice de mortalidade infantil foi inferior ao de PE, mas superior ao do Brasil

(Tabela 3.18).

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Tabela 3.18 - Indicadores de desempenho do sistema de saúde de para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda PE Brasil

Consultas médicas básicas / hab / ano 0,9 1,4 1,4

% RN com 4 ou + consultas Pré-Natal 85,3 81,3 83,1

% de Baixo peso ao nascer 9,1 7,6 8,1

Mortalidade Infantil/ 1.000 NV 20,7 25,9 19,3

MI Causas evitáveis --* --* --*

% Partos por cesariana 42,1 31,2 38,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível).

a. Crianças

Comparado com o estado e a União, Olinda apresentou menor proporção de

óbitos em menores de um ano por causas mal definidas e maior taxa de internação por

IRA em menores de cinco anos. A taxa de mortalidade neonatal foi um semelhante à de

PE e superior a do Brasil (Tabela 3.19).

Tabela 3.19 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda PE Brasil

Número absoluto de óbitos de < de 1 ano 136 4.035 58.916

% de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas 2,2 16,5 8,8

Taxa de internação por IRA em < de 5 anos 32,5 24,2 26,4

Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano 100 22,70 21,51

Número absoluto de óbitos neonatais 93 2.332 38.679

Taxa de mortalidade infantil neonatal 14,5 14,9 12,6

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

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71

b. Mulheres

Os indicadores do Pacto da Atenção Básica para a saúde da mulher, favoráveis

ao município de Olinda, foram menor taxa de mortalidade materna e maior proporção

de nascidos vivos de mães com sete ou mais consultas de pré-natal. Foram

desfavoráveis ao município as taxas de mortalidade por câncer uterino e de mama. A

razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária foi

semelhante a observada em PE e no Brasil (Tabela 3.20).

Tabela 3.20 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda PE Brasil

Taxa de mortalidade materna 15,2 44,2 52,7

Razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária 0,2 0,2 0,2

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de colo de útero 7,1 4,7 4,6

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de mama 14,1 8,7 10,2

% de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal 50,9 40,0 47,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002

c. Adultos e idosos: doenças crônicas

Os indicadores do Pacto da Atenção Básica relativos às doenças crônicas em

Olinda variaram muito entre aqueles observados no estado e no país. A taxa de

internação. por cetoacidose e coma diabético comportou-se de forma semelhante em

Pernambuco, mas foi inferior ao índice observado no Brasil, tendo ocorrido o contrário

quanto à proporção de internação por diabetes mellitus. Favorável à Olinda, foi a taxa

de internação por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e, desfavorável, a taxa de

mortalidade por tuberculose. A taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC)

foi superior à de PE, mas semelhante a do Brasil, enquanto a taxa de mortalidade por

doenças cerebrovasculares foi semelhante a de PE e superior a do Brasil (Tabela 3.21).

Page 72: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

72

Tabela 3.21 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda PE Brasil

Taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) 32,7 27,6 32,7

Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares 150,2 151,0 137,9

Taxa de internação por insuficiência cardíaca congestiva ( ICC) 26,5 42,1 66,3

% de internação por cetoacidose e coma diabético 4,7 4,7 15,1

% de internação por diabetes mellitus 1,3 1,5 1,3

Taxa de mortalidade por tuberculose 10,7 5,0 3,0

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

d. Saúde bucal

Em Olinda, entre os indicadores de saúde bucal, encontrou-se menor proporção

de exodontias em relação às ações básicas individuais em relação ao estado, porém

maior em relação ao país. Foi desfavorável ao município a menor cobertura de primeira

consulta odontológica (Tabela 3.22).

Tabela 3.22 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal para Olinda, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda PE Brasil

Cobertura de primeira consulta odontológica 6,4 12,4 13,1

Razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos -- 0,07 0,20

% de exodontias em relação às ações básicas individuais 11,7 15,2 8,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002

Page 73: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

73

3.5.2 Desempenho da Atenção Básica à Saúde

3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS

a. Idade, sexo e escolaridade da demanda.

A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (74%) e

pessoas de cor não branca (69%). A predominância do gênero feminino na utilização

dos serviços se manifestou a partir dos 15 anos de idade. Antes disto, a demanda

apresentou prevalência do gênero masculino. Entre os 15 e os 49 anos de idade, o

predomínio das mulheres está muito vinculado à vida reprodutiva.

Da carga de trabalho diário em saúde infantil 18% estava dirigida aos cuidados

específicos do primeiro ano de vida, pois as crianças menores de um ano de idade

representaram 9% da amostra e as de um a quatro anos, 9%.

As crianças de cinco a 14 anos constituíram 7% da amostra. As mulheres de 15 a

49 anos de idade eram 31% e os homens nesta faixa etária representaram apenas 7%. A

demanda de 50 anos e mais correspondeu a 37%, sendo 18% de 50 a 64 anos e 19% de

65 anos e mais. Assim, a carga de trabalho com enfoque nos cuidados das necessidades

crônicas e degenerativas mais prevalentes na população adulta e idosa foi duas vezes

maior do que aquela relacionada às crianças menores de cinco anos de idade.

Em relação à escolaridade, 10% dos usuários eram analfabetos, 16%

alfabetizados, 27% tinham o ensino fundamental incompleto, 11% o fundamental

completo, 7% o médio incompleto, 10% o médio completo e nenhum dos entrevistados

referiu ter cursado nível superior. Encontrava-se fora da idade escolar 19% da amostra.

b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda

A Tabela 3.23 apresenta a distribuição dos atendimentos à demanda por

profissional de saúde nas três UBS estudadas. Os enfermeiros realizaram (10%) dos

atendimentos, os médicos 11%, os odontólogos 3%, os profissionais de nível médio

realizaram 22% dos atendimentos e os agentes comunitários de saúde 54%. Somente a

proporção de atendimentos por ACS (54%) foi superior a média encontrada no Lote 2

NE.

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Tabela 3.23 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Olinda e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Profissional Olinda (%) Lote 2 NE (%)

Enfermeiros 10 11

Médicos 11 20

Odontólogos 3 8

Nível Médio 22 29

ACS 54 30

c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda

O atendimento básico de enfermagem representou 19% da demanda de

procedimentos, as consultas médicas 10%, as imunizações 6%, os atendimentos por

outros profissionais de nível superior 8%, os procedimentos preventivos em odontologia

3% e as visitas domiciliares 54%.

3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS

3.5.2.2.1 Crianças

Condições do parto e peso ao nascer

O nascimento da totalidade das crianças (n= 54) estudadas em Olinda ocorreu

em ambiente hospitalar. Quanto ao tipo de parto (37%; n = 20) nasceu através de

cesariana (Tabela 3.24).

O peso médio dos recém-nascidos de Olinda foi de 3.230 gramas, enquanto que

a proporção de baixo peso ao nascer foi de 6% (n = 3) - (Tabela 3.24).

Tabela 3.24 - Condições de nascimento das crianças de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

% Parto hospitalar 100

% Parto cesariana 37

Média de peso ao nascer 3.230 g

% Baixo peso ao nascer 6

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Puericultura

Em Olinda, 96% (n = 52) das crianças possuía cartão para acompanhamento do

peso. Foram pesadas e medidas na UBS de sua área de abrangência 81% (n = 42) da

amostra. Uma proporção de 54% (n = 23) de mães informou que era preciso marcar

consulta para realizar a puericultura na UBS, ter puericultura em um dia específico da

semana foi uma realidade informada por 62% (n =26) das mães, e a espera na fila para

realizar puericultura foi confirmada por 49% (n = 21). Quando se questionou sobre

haver pesado e medido a criança 12 vezes ou mais, a proporção foi de 21% (n = 11) -

(Tabela 3.25).

Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de

abrangência por 25% (n = 13) das crianças estudadas em Olinda. Os motivos

informados para não realizar a puericultura na UBS de sua área de abrangência foram

possuir cobertura por plano de saúde (10%; n = 1), não morar no bairro (20%; n = 2),

não achar necessário (20%; n = 2) e juízo insatisfatório sobre a UBS (50%; n = 5) -

(Tabela 3.25).

A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 88% (n = 37)

das mães que vivenciaram esta situação. Quando estas mães foram estimuladas a

atribuir uma nota de zero a dez para avaliar a UBS de sua área de abrangência, a média

alcançada foi 8,8 (Tabela 3.25).

No momento das entrevistas 28% (n = 15) das crianças de Olinda estavam sendo

amamentadas (Tabela 3.25).

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Tabela 3.25 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Características Olinda

Tem cartão de peso (%) 96

Pesada e medida na UBS da área de abrangência (%) 81

Era preciso marcar consulta para puericultura na UBS (%) 54

Tinha dia específico da semana para puericultura (%) 62

Tinha que esperar na fila para puericultura (%) 49

Puericultura 12 vezes ou mais (%) 21

Puericultura em outro local que não a UBS da área (%) 25

Não realizou puericultura na UBS de sua área por juízo insatisfatório (%) 50

Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou ótima (%) 88

Nota de zero a dez para avaliar a UBS 8,8

Crianças amamentadas (%) 28

Imunizações

Na avaliação da cobertura vacinal utilizou-se as informações disponíveis no

cartão da criança e, na sua ausência, as fornecidas pela mãe ou responsável. Conforme

descrito no item anterior sobre puericultura, 4% das crianças não possuíam cartão,

ocasionando perda de informações a esse respeito. As perdas também ocorreram quando

a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela criança.

Logo, a análise das imunizações mostrou cobertura vacinal de 82% para a vacina

contra o sarampo, de 94% para a poliomielite, de 98% para a tuberculose (BCG), de

94% para a hepatite B e de 96% para a difteria, tétano e coqueluche (DPT) +

Haemophilus influenzae tipo b + tetravalente. Faltaram informações sobre vacina Sabin

em 6% (n = 3) da amostra, sobre a contra o sarampo em 4% (n = 2), a BCG em 2%

(n=1), a hepatite B em 4% (n = 2) e a DPT+Hib+Tetravalente em 4% (n = 2). Cobertura

inferior a dosagem mínima necessária foi observada paras as vacinas anti-sarampo

(15%; n = 8) e Hepatite B (2%; n = 1) - (Tabela 3.26).

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Tabela 3.26 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em Olinda, de acordo com o cartão vacinal. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2

NE, 2005.

Cobertura vacinal Olinda (%)

Sabin 94

Sarampo 82

Tuberculose 98

Hepatite B 94

DPT + Hib + Tetravalente 96

Consulta por Diarréia

De 54 crianças estudadas, 18 (33%) haviam sofrido de diarréia no último mês, e

oito (44%) consultaram por este motivo. Das que consultaram, quatro (50%) foram

atendidas na UBS da área de abrangência. Todas as quatro crianças receberam algum

tipo de orientação sobre prevenção e abordagem inicial da diarréia: uso do soro caseiro

(n = 3), orientações sobre desidratação (n = 3), reidratação oral (n = 1) e utilização da

água de arroz (n = 1) - (Tabela 3.27).

Quando questionadas sobre o motivo ou justificativa para a criança não consultar

por diarréia na UBS da área, uma (25%) mãe informou que a UBS estava fechada, outra

(25%) afirmou possuir plano de saúde, uma terceira (25%) disse preferir outro posto e

uma última (25%) informou que o médico da UBS estava de férias (Tabela 3.27).

A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada por uma

(6%) criança (Tabela 3.27).

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Tabela 3.27 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base,

PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Diarréia no último mês 33

Consultou por diarréia 44

Maioria das consultas na UBS da área 50

Recebeu orientação sobre:

Soro caseiro

Prevenir desidratação

Reidratação oral

Água de arroz

100

75

33

33

Hospitalização por diarréia no último ano 6

Consulta por Pneumonia

Duas crianças (4%) haviam sofrido de pneumonia nos seis meses anteriores a

entrevista. Todas consultaram por este problema e apenas uma (50%) consultou na UBS

da área de abrangência. Apenas uma (50%) foi hospitalizada (Tabela 3.28).

A mãe que não levou o filho para consultar na UBS da área, justificou que o

problema não seria resolvido neste local. (Tabela 3.28)

Tabela 3.28 - Prevalência de pneumonia nos últimos seis meses e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha

de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Pneumonia nos últimos seis meses 4

Consultou por pneumonia 100

Maioria das consultas na UBS da área 50

Hospitalização por pneumonia no último ano 50

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Consulta por outro motivo

Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura,

diarréia e pneumonia foi referida para 52% (n = 26) das crianças estudadas (Tabela

3.29).

A maioria (67%; n = 14) das mães que não levaram as crianças para consultas

por outros motivos na UBS de abrangência justificaram que não achavam necessário,

14% (n = 3) faziam juízo insatisfatório da UBS, 14% (n = 3) tiveram problema de

acesso e uma (5%) possuía plano ou convênio de Saúde ou consultou particular (Tabela

3.29).

Tabela 3.29 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Consultou na UBS da área por outros motivos 67

Não consultou na UBS da área por juízo insatisfatório 14

Saúde bucal

Na amostra de Olinda, a avaliação em saúde bucal apontou que, no grupo de

crianças, 81% (n = 43) das mães afirmaram realizar limpeza dos dentes de seus filhos

(Tabela 3.30).

As mães afirmaram que iniciaram a higiene bucal de seus filhos em média aos

10,8 meses de idade (dp = 4,3) e, em média, a limpeza era realizada duas vezes ao dia

(Tabela 3.30). A limpeza dos dentes era feita com gaze por 3% das mães, através do

cotonete também por 3%, da escovinha por 91% (n = 39) e de outros recursos (como

fralda, paninho e / ou dedo) por 5% (n = 2) das mães do município. A maioria afirmou

fazer a higiene bucal de seus filhos utilizando pasta de dentes (91%; n = 39) – (Tabela

3.30).

Pouco mais da metade da amostra (53%; n = 28) de mães informou já ter

recebido informação sobre a importância de limpar ou escovar os dentes de seus filhos.

Deste grupo, 12% (n = 3) afirmou ter recebido a informação do dentista da UBS, 74%

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(n = 20) de outros profissionais da UBS, 7% (n = 2) através do rádio e / ou TV, 8% (n =

2) através dos ACS, 4% (n = 1) da família e nenhum entrevistado referiu ter recebido

orientação de dentista da rede privada, da escola ou dos amigos. Outros 15% (n = 4)

recebeu a orientação de outras formas que não as citadas aqui (Tabela 3.30).

Sobre o uso de chupeta, 47% (n = 25) das crianças ainda faziam uso desta. Da

amostra, 70% (n = 37) tomavam mamadeira à noite, sendo que destas 92% (n=34) eram

adoçadas. Já haviam batido e / ou quebrado algum dente 26% (n = 14) das crianças

(Tabela 3.30).

Tabela 3.30 - Características de saúde bucal das crianças estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicador Olinda

Realiza limpeza dos dentes (%) 81

Idade média de início da limpeza de dentes 10,8 meses

Escova 3 vezes ou mais ao dia (%) 48

Utilização de escova na higiene bucal (%) 91

Utilização de pasta de dentes na higiene bucal (%) 91

Recebeu alguma informação sobre importância de escovar / limpar os dentes do filho (%) 53

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência (%) 12

Criança usa chupeta (%) 47

Criança toma mamadeira à noite (%)

Mamadeira era adoçada (%)

70

92

Criança já bateu / quebrou algum dente (%) 26

3.5.2.2.2 Mulheres

Pré-natal

Praticamente a totalidade (98%, n = 53) das mulheres estudadas fez alguma

consulta de pré-natal na última gravidez. De modo geral, as mulheres referiram o início

do pré-natal do último filho em torno da 12ª semana de gestação.

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O pré-natal foi feito na UBS da área de abrangência. por 70% (n = 37) da

amostra. Dentre as mulheres que fizeram o pré-natal fora da área da UBS, 29% (n = 4)

justificou não morar na cidade ou bairro durante a gestação; 29% (n = 4) referiu como

motivo ter consultado por plano ou convênio de saúde ou particular, outras 29% (n = 4)

faziam juízo insatisfatório da UBS da área e 14% (n = 2) tiveram gestação de risco

(Tabela 3.31).

Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em 13% (n =

3) das mulheres que efetivamente necessitavam, sendo realizada desnecessariamente em

75% (n = 27) das mulheres (Tabela 3.31).

Entre as entrevistadas que realizaram o pré-natal na UBS da área de abrangência,

95% expressou opinião positiva sobre o programa (n = 35) - (Tabela 3.31).

Tabela 3.31 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Fez pré-natal na última gravidez (%) 98

Início do pré-natal (semana) 12ª. semana

Fez pré-natal na UBS da área (%) 70

Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório (%) 29

Deixou de fazer vacina antitetânica (%) 13

Fez antitetânica desnecessariamente (%) 75

Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%) 95

Aleitamento materno

Os questionamentos sobre aleitamento materno envolveram diferentes aspectos e

momentos das ações educativas que podem ser implementadas junto às gestantes e

puérperas. Em Olinda, as proporções de aconselhamentos recebidos variaram de 57%

(apoio para amamentar por grupo após o parto) a 81% (vantagens da amamentação na

primeira hora de vida) - (Tabela 3.32).

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Tabela 3.32 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência, às mulheres de Olinda. Estudo

de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Orientação sobre Aleitamento Materno Olinda (%)

Importância de amamentar na 1ª hora de vida 76

Vantagens da amamentação 81

Hábitos de amamentação 73

Importância de estimular a criança a sugar 78

Importância da continuidade da amamentação 70

Preocupações sobre amamentação ouvidas 78

Prejuízo da mamadeira 70

Prejuízo do bico/ chupeta 70

Orientação sobre dificuldades para amamentar 76

Orientações sobre posições para o aleitamento 68

Orientações sobre extração do leite 67

Apoio para amamentar por grupo pré-natal 57

Apoio para amamentar por grupo após o parto 68

Planejamento familiar

A utilização de algum método anticoncepcional foi uma realidade para 65% (n =

35) das mulheres da amostra. Entre as entrevistadas de Olinda 29% (n = 10) fez uso de

anticoncepcional oral, 43% (n = 15) adotaram o preservativo como método, 23% (n = 8)

havia se submetido à laqueadura tubária e nenhuma das entrevistadas utilizava o DIU. O

anticoncepcional oral foi obtido na UBS por 40% (n = 4) das mulheres e comprado por

60% (n = 6) - (Tabela 3.33).

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Tabela 3.33 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Utiliza algum método anticonceptivo 65

Utiliza ACO 29

Utiliza preservativo 43

Fez laqueadura tubária 23

Utiliza DIU 0

Obtém ACO na UBS da área 40

Precisa comprar ACO 60

Atendimento ginecológico

No último ano, 28% das mulheres da amostra realizaram consulta ginecológica

na UBS da área de abrangência (n = 15). A opinião de 78% (n = 10) destas mulheres

sobre o atendimento ginecológico na UBS foi positiva (bom = 62%, n = 8; muito bom =

8%, n = 1; ótimo = 8%, n = 1). Ao se questionar sobre uma quantificação para esta

avaliação em uma escala de 0 a 10, a resposta atingiu o valor médio de 8,4. A avaliação

do tempo de espera para conseguir uma consulta mostrou que 40% (n = 6) conseguem

no mesmo dia e 60% (n = 9) na mesma semana (Tabela 3.34).

Tabela 3.34 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Consulta ginecológica na UBS da área no último ano (%) 28

Opinião positiva sobre atendimento (%) 78

Nota para atendimento 8,4

Consegue consulta para mesmo dia (%) 40

Consegue consulta para outro dia na mesma semana (%) 60

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Prevenção do câncer ginecológico

O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino

alcançou 100% (n = 54) das mulheres, sendo que 82% (n = 44) já o havia realizado

alguma vez na vida. O exame de mamografia foi referido por 11% (n = 6) da amostra

(Tabela 3.35).

Tabela 3.35 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Conhece exame pré-câncer 100

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 82

Já fez pelo menos uma mamografia 11

Utilização da UBS da área por outros motivos

Entre as mulheres da amostra 13% (n = 12) consultou na UBS da área por outros

motivos, diferentes daqueles incluídos nas ações programáticas de saúde da mulher

(ginecologia). Dentre as mulheres que não consultaram na UBS da área, 75% (n = 33)

referiram não necessitar de consulta (Tabela 3.36).

Tabela 3.36 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Consultou por outros motivos 13

Não consultou na UBS da área por não necessitar 75

Saúde bucal

Na amostra de Olinda, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo de

mulheres, a totalidade (n = 54) realizava limpeza dos dentes. Destas, 72% (n = 39)

afirmou escovar os dentes três vezes ou mais ao dia, 22% (n = 12) duas vezes ao dia e

6% (n = 3) uma vez ao dia (Tabela 3.37).

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Em sua totalidade, faziam a limpeza com escova e pasta de dentes e mais da

metade (61%; n = 31) das entrevistadas de Olinda usava palito e / ou fio dental para

auxiliar a higiene (Tabela 3.37).

Apenas 33% (n = 18) das mulheres estudadas referiu ter recebido orientação em

saúde bucal no último ano. Entre as que receberam orientação, 39% (n = 7) respondeu

ter recebido do dentista da UBS. Televisão e rádio foram fontes de informação também

para 39% (n = 7) das mulheres; dentista privado para 11% (n = 2), outras formas de

orientação para 6% (n = 1) e a escola para 6% (n = 1). Nenhuma das entrevistadas no

município recebeu orientação de familiares, de amigo, de outros profissionais da UBS

ou de ACS (Tabela 3.37).

No último ano, 39% (n = 21) das mulheres fizeram revisão dos dentes, 39% (n =

21) tiveram dor de dentes, 26% (n = 14) fizeram tratamento para cárie, 15% (n = 8)

bateram ou quebraram algum dente e 9% (n = 5) tiveram problemas na gengiva.

Problemas dentários não impediram as mulheres de ir ao trabalho nem de cumprir com

atividades sociais e / ou de lazer (Tabela 3.37).

Nos últimos doze meses, 52% (n = 28) foram atendidas por dentistas no

município, sendo 48% (n = 13) atendidas em Posto de Saúde e 52% (n = 15) em

serviços privados. Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os

dentistas obtiveram uma nota média de 8,9. Em Olinda, quase todas as mulheres que

receberam atendimento odontológico disseram ter tido seu problema resolvido pois

apenas uma entrevistada (4%) precisou ser encaminhada a serviços especializados

(Tabela 3.37).

No município, 89% (n = 48) da amostra já haviam realizado pelo menos uma

extração de dente. Destas, 27% (n = 13) extraiu apenas um dente e 73% (n = 35) já

extraiu mais de um dente, mas nenhuma havia extraído todos os dentes (Tabela 3.37).

O uso de prótese foi referido por 24% (n = 13) das mulheres da amostra. Uma

destas (8%) foi feita há menos de um ano; 62% (n = 8) entre um e cinco anos e 31% (n

= 4) há mais de cinco anos (Tabela 3.37).

Com dificuldade para mastigar foram encontradas 13% (n = 7) das mulheres e a

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 9% (n = 5) , sendo o

tempo de duração da ferida, em média, de 9 meses (Tabela 3.37).

Durante a última gestação nos dois anos anteriores à entrevista, 32% (n = 17)

das mulheres receberam orientação sobre saúde bucal. Dentre estas mães, 35% (n = 6)

foi orientada por dentista de UBS e 12% (n = 2) por dentista da rede privada. Sobre

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orientações recebidas de outros profissionais de UBS, 53%(n = 9) das mulheres

relataram este fato. Família, amigo, agentes comunitários de saúde, rádio, televisão

escola e outras não foram fontes de informação para as entrevistadas de Olinda (Tabela

3.37).

Tabela 3.37 - Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Realiza limpeza dos dentes 100

Escova 3 vezes ou mais ao dia 72

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100

Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 61

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 33

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 39

Fez revisão dos dentes no último ano 39

Teve dor de dente no último ano 39

Bateu / quebrou algum dente no último ano 15

Teve problemas de gengiva no último ano 9

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

52

48

52

Já extraiu pelo menos um dente 89

Usa prótese 24

Recebeu orientação sobre saúde bucal durante gestação 32

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3.5.2.2.3 Adultos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 34% (n = 17) da amostra de adultos. Em relação à última consulta, esta mesma

recomendação foi referida por 28% (n = 14) dos adultos (Tabela 3.38).

Tabela 3.38 - Atividade física dos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 34

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 28

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

O diagnóstico de HAS foi informado por 40% (n = 21) dos adultos com duração

média conhecida do problema de 5,3 anos (Tabela 3.39).

Entre a amostra de adultos com hipertensão referida 45% (n = 9) consultou na

UBS da área nos últimos seis meses pelo problema, em média 4,0 vezes. As consultas

foram agendadas em 67% (n = 6) das situações na amostra do município. Conseguiram

atendimento para o mesmo dia da solicitação 45% (n = 4), para a mesma semana 33%

(n = 3 e tiveram consulta agendada para mais de uma semana 22% (n = 2). O tempo

decorrido desde a última consulta por HAS foi de 31,4 dias (Tabela 3.39).

Em termos terapêuticos, dos adultos hipertensos, 95% (n = 20) utilizava

medicamentos e 19% (n = 4) informou adotar outras formas de tratamento além

daquelas preconizadas pelo médico (Tabela 3.39).

A participação em atividades de grupos para hipertensos na UBS da área foi

informada por 30% (n = 6) e a hospitalização por HAS nos últimos dois anos aconteceu

para quatro pacientes (10%) - (Tabela 3.39).

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Tabela 3.39 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Prevalência de HAS (%) 40

Tempo médio de diagnóstico (anos) 5,3

Consulta por HAS na UBS da área (%) 45

Consulta agendada (%) 67

Agendamento para o mesmo dia (%) 45

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 33

Agendamento para mais de uma semana (%) 22

Tempo desde a última consulta (dias) 31,4

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 95

Outras formas de tratamento (%) 19

Participação em grupos de HAS (%) 30

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 10

Diabetes Mellitus (DM)

O diagnóstico de Diabete foi informado por 12% (n = 6) dos adultos e o tempo

de conhecimento do diagnóstico foi de 8,2 anos.

Dos adultos com DM, 83% (n = 5) consultou na UBS da área de sua moradia nos

últimos seis meses para a doença mediante agendamento para 2 casos (40%) - (Tabela

3.40).

O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por 83% (n = 5)

dos entrevistados e 50% (n = 3) adotavam outras formas de tratamento além daquelas

preconizadas pelo médico. Além disso, entre os entrevistados, 67% (n = 4) participou de

atividades de grupo de diabéticos na UBS da área e somente um (17%) internou por DM

nos últimos dois anos (Tabela 3.40).

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Tabela 3.40 - Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Prevalência de diabetes (%) 12

Tempo médio de diagnóstico (anos) 8,2

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 83

Consulta agendada (%) 40

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 83

Outras formas de tratamento (%) 50

Participação em grupos de diabetes (%) 67

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 17

Consulta por problemas psíquicos

“Problema de nervos” foi referido por 28% (n = 15) dos adultos estudados,

sendo a média de duração deste sofrimento de 8,8 anos. Três adultos (20%) com

problema de nervos consultaram na UBS da área nos últimos seis meses, com

agendamento prévio da consulta em todos os casos. O tempo decorrido desde a última

consulta para problemas psíquicos foi de 36,3 dias (Tabela 3.41).

Dos portadores deste tipo de problema, 60% (n = 9), mencionaram a necessidade

de usar medicamento para tratar a doença e outras formas de tratamento, além da

orientada pelo médico, foram mencionadas por 36% (n = 5) - (Tabela 3.41).

Nenhum dos entrevistados participou de atividades de grupo na UBS para

portadores deste tipo de sofrimento. A hospitalização por problemas psíquicos nos

últimos dois anos foi informada por dois entrevistados com “problema de nervos”

(14%) - (Tabela 3.41).

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Tabela 3.41 - Problemas de nervos nos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Prevalência de problema de nervos (%) 28

Tempo médio de diagnóstico (anos) 8,8

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 20

Consulta agendada (%) 100

Agendamento para o mesmo dia (%) 0

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 67

Agendamento para mais de uma semana (%) 33

Tempo desde a última consulta (dias) 36,3

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 60

Outras formas de tratamento (%) 36

Participação em grupos (%) 0

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%)

14

Saúde da Mulher

Na amostra de adultos estudados em Olinda, 46% (n = 25) eram mulheres, com

idade média de 47,7 anos. Entre as mulheres estudadas no município, 28% (n = 7) havia

consultado no último ano para problemas ginecológicos.

A totalidade (n = 25) das mulheres conhecia o exame para prevenção do câncer

de colo uterino na amostra e 88% (n = 22) delas já o havia realizado alguma vez na vida

(Tabela 3.42).

Na história familiar de câncer de mama, somente uma (4%) entrevistada referiu

ter a mãe com a doença. Três mulheres (43%) que consultaram na UBS da área por

problemas ginecológicos no último ano tiveram as mamas examinadas na última

consulta ginecológica e, de toda a amostra, 52% (n =13) realizou a mamografia (Tabela

3.42).

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Tabela 3.42 - Prevenção do câncer de colo uterino e de mamas nas mulheres da amostra de adultos de Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2

NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Conhece exame pré-câncer 100

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 88

Já fez pelo menos uma mamografia 52

Nos últimos três meses, 36% (n = 9) das mulheres consultaram na UBS da área

por motivo diferente do ginecológico, realizando em média 1,2 consultas por mulher.

Opinião sobre o atendimento na UBS

Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do

atendimento foi avaliada em 9,1.

Saúde Bucal

Na amostra de Olinda, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo dos

adultos, 98% (n = 53) afirmou realizar limpeza dos dentes. Destes, 53% (n = 28)

escovava os dentes três vezes ou mais ao dia, 40% (n = 21) duas vezes ao dia e 8% (n =

4) uma vez ao dia (Tabela 3.43).

Todos aqueles que realizavam limpeza dos dentes (n = 53), utilizavam escova e

pasta de dentes, dos quais 63% (n = 34) usavam palito e / ou fio dental para auxiliar a

higiene (Tabela 3.43).

Dos entrevistados no município 19% (n = 10) recebeu orientação sobre saúde

bucal, dos quais 20% (n = 2) recebeu esta orientação do dentista da UBS, 40% (n = 4)

do dentista privado, 30% (n = 3) através de programa de radio ou tv e apenas um (10%)

citou outra fonte de informação. Nenhum dos entrevistados no município recebeu

orientação através de familiares, escola, outro profissional da UBS, de ACS e / ou de

amigos (Tabela 3.43).

No último ano, 30% (n = 16) dos adultos fez revisão dos dentes, 13% (n = 7)

teve dor de dentes, 19% (n = 10) fez tratamento para cárie, 11% (n = 6) bateu ou

quebrou algum dente e 13% (n = 7) teve problemas na gengiva. Nenhum problema

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92

dentário impediu os adultos de ir ao trabalho e / ou escola, porém dois entrevistados

(4%) ficaram impedidos de realizar atividades sociais e / ou de lazer (Tabela 3.43).

Nos últimos doze meses, 35% (n = 19) foi atendido por dentistas. Dentre estes,

21% (n = 4) foi atendido em Posto de Saúde e 79% (n = 15) em serviços privados.

Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma

nota média de 9,3. Em Olinda, todos (n = 19) disseram ter tido seu problema resolvido

pois nenhum entrevistado precisou ser encaminhado a serviços especializados (Tabela

3.43).

Do município, 95% (n = 51) da amostra já havia realizado pelo menos uma

extração de dente dos quais 2% (n = 1) extraiu apenas um dente, 82% (n = 42) extraiu

mais de um dente e 16% (n = 8) extraiu todos os dentes (Tabela 3.43).

O uso de prótese foi referido por 48% (n = 26) dos adultos da amostra. Três

próteses (12%) haviam sido feitas há menos de um ano, 54% (n = 14) entre um e cinco

anos e 35% (n = 9) há mais de cinco anos (Tabela 3.43).

Com dificuldade para mastigar foram encontrados 20% (n = 11) dos adultos. A

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 9% (n = 5) dos

entrevistados. O tempo de duração da ferida foi em média de 3,4 meses (Tabela 3.43).

Page 93: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

93

Tabela 3.43 - Características de saúde bucal dos adultos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Realiza limpeza dos dentes 98

Escova 3 vezes ou mais ao dia 53

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100

Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal 63

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 19

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 20

Fez revisão dos dentes no último ano 30

Teve dor de dente no último ano 13

Bateu / quebrou algum dente no último ano 11

Teve problemas de gengiva no último ano 13

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

35

21

79

Já extraiu pelo menos um dente 95

Usa prótese 48

Page 94: Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão …...atenção básica e de saúde da família do Município de Olinda, representantes do controle social, trabalhadores das unidades

94

3.5.2.2.4 Idosos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 25 idosos (53%). Dos entrevistados, 13 (29%) referiram ter recebido esta

mesma recomendação na última consulta (Tabela 3.44).

Tabela 3.44 - Atividade física dos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 53

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 29

Hipertensão Arterial Sistêmica

A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos estudados em

Olinda foi de 74% (n = 40), e o tempo médio que sabiam de sua hipertensão foi de 12,2

anos (Tabela 3.45).

A consulta por hipertensão na UBS da área foi referida por 44% (n = 16) dos

idosos estudados, tendo sido agendada para 77% (n = 13). O agendamento aconteceu

para o mesmo dia em 17% (n = 3) dos casos de idosos portadores desta condição, 61%

(n = 11) tiveram sua consulta agendada para a semana em questão e 22% (n = 4)

precisaram esperar mais de uma semana para serem atendidos. O tempo médio que

decorreu da última consulta até a data da entrevista foi de 55,3 (Tabela 3.45).

O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial era uma realidade

para 100% (n = 39) dos idosos com hipertensão referida e outras formas de tratamento

além daquelas indicadas pelo médico eram adotadas por 30% (n = 12). Participar de

atividades de grupo dedicadas aos hipertensos na UBS foi uma afirmação de 35% da

amostra (n = 14), e a hospitalização por hipertensão aconteceu em 10% (n = 4) dos

casos (Tabela 3.45).

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95

Tabela 3.45 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Prevalência de HAS (%) 74

Tempo médio de diagnóstico (anos) 12,2

Consulta por HAS na UBS da área (%) 44

Consulta agendada (%) 77

Agendamento para o mesmo dia (%) 17

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 61

Agendamento para mais de uma semana (%) 22

Tempo desde a última consulta (dias) 55,3

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 100

Outras formas de tratamento (%) 30

Participação em grupos de HAS (%) 35

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 10

Diabetes Mellitus

O diagnóstico de diabete foi informado por 28% dos idosos (n = 15)

entrevistados e o tempo médio que tinham conhecimento do diagnóstico foi de 8,8 anos.

A proporção de idosos que consultaram por diabete na UBS da área foi de 15%

(n = 2) mediante agendamento. O tempo médio decorrente desde a última consulta foi

de 17,5 dias (n=2) - (Tabela 3.46).

A necessidade de usar medicação para a doença foi informada por 80% (n = 12)

dos diabéticos e o uso de outras formas para o tratamento além das indicadas pelo

médico por 47% (n = 7) - (Tabela 3.46).

A participação em atividade de grupo dirigida aos diabéticos foi informada por

33% (n = 5) dos idosos entrevistados e dois idosos (14%) referiram hospitalização por

diabete nos últimos dois anos (Tabela 3.46).

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Tabela 3.46 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Prevalência de diabetes (%) 28

Tempo médio de diagnóstico (anos) 8,8

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 15

Consulta agendada (%) 100

Tempo desde a última consulta (dias) 17,5

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 80

Outras formas de tratamento (%) 47

Participação em grupos de diabetes (%) 33

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 14

Problemas Psíquicos

A proporção de idosos que referiram “problemas de nervos” foi de 21% (n = 11).

O tempo médio que sabiam ter problemas de nervos foi de 14,5 anos.

A consulta por este motivo foi realizada na UBS da área de abrangência por 27%

(n = 3) da amostra (Tabela 3.47) e, em 67% (n = 2) dos casos a consulta foi agendada. O

tempo decorrente da última consulta em relação à data da entrevista foi de 40,0 dias

para os idosos do estudo (Tabela 3.47).

O uso de medicamentos para “problema de nervos” foi referido por 73% (n = 8)

dos idosos e outras formas de tratamento além da indicada pelo médico foram adotadas

por 27% (n = 3) dos informantes (Tabela 3.47).

Nenhum idoso participou de atividade de grupo para portador de sofrimento

psíquico (PSP) na UBS e não houve relato de hospitalização nos últimos dois anos por

este tipo de problema (Tabela 3.47).

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97

Tabela 3.47 - Problemas de nervos nos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Prevalência de problema de nervos (%) 21

Tempo médio de diagnóstico (anos) 14,5

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 27

Consulta agendada (%) 67

Tempo desde a última consulta (dias) 40

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 73

Outras formas de tratamento (%) 27

Participação em grupos (%) 0

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%) 0

Cuidado domiciliar

A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por

13% (n = 7) dos idosos amostrados no município. Utilizando uma escala de zero a dez,

a satisfação média com o cuidado recebido foi avaliada em 9,7. Dos idosos, 15% (n = 8)

informou necessitar de cuidados domiciliares com regularidade (Tabela 3.48).

Tabela 3.48 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda

Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%) 13

Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade (%) 15

Satisfação com cuidado recebido (0 a 10) 9,7

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Saúde Bucal

Na amostra de Olinda, a avaliação em saúde bucal apontou que, no grupo dos

idosos, 91% (n = 49) afirmou realizar limpeza dos dentes. Destes, 35% (n = 17)

escovava os dentes três vezes ou mais ao dia, 41% (n = 20) duas vezes ao dia e 24% (n

= 12) uma vez ao dia (Tabela 3.49).

A maioria (96%; n = 47), fazia a limpeza com escova e pasta de dentes. Dos

entrevistados de Olinda, 20% (n = 11) usava palito e / ou fio dental para auxiliar a

higiene (Tabela 3.49).

O recebimento de orientação em saúde bucal no último ano foi referido por 24%

(n = 13) dos idosos estudados. Apenas um idoso (8%) referiu ter recebido orientação de

familiar, o mesmo tendo ocorrido para orientação de dentista privado e de outro

profissional da UBS. Três, (23%) receberam orientação de ACS e, em maior freqüência

(46%, n = 6), através de programas de rádio / tv . Outras formas de orientação foram

destacadas como fonte de orientação para 23% (n = 3) dos idosos. Nenhum obteve

informação em saúde bucal via amigos, dentista da UBS ou escola (Tabela 3.49).

No último ano, 9% (n = 2) dos idosos fez revisão dos dentes, 13% (n = 7) teve

dor de dentes, 4% (n = 2) fez tratamento para cárie, 7% (n = 4) bateu ou quebrou algum

dente, e 9% (n = 5) teve problemas na gengiva. Problemas dentários não impediram os

idosos de realizar atividades de trabalho, sociais e / ou de lazer (Tabela 3.49).

Nos últimos doze meses 11% (n = 6) dos idosos foi atendido por dentistas.

Dentre estes, 17% (n = 1) foi atendido em Posto de Saúde e 83% (n = 5) em serviços

privados. Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas

obtiveram uma nota média de 8,5. Em Olinda, todos (n = 6) aqueles que receberam

atendimento disseram ter tido seu problema resolvido pois nenhum entrevistado

precisou ser encaminhado a serviços especializados (Tabela 3.49).

Da amostra do município, todos (n = 54) já haviam realizado pelo menos uma

extração de dente. Destes, um (2%) referiu ter extraído apenas um dente, 48% (n = 26)

já havia extraído mais de um dente e 50% (n = 27) referiu extração de todos os dentes

(Tabela 3.49).

O uso de prótese foi referido por 61% (n = 33) dos idosos da amostra. Entre

estes, 9% (n = 3) informou que sua prótese havia sido feita há menos de um ano; 33% (n

= 11) entre um e cinco anos e 58% (n = 19) há mais de cinco anos (Tabela 3.49).

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Com dificuldade para mastigar foram encontrados 39% (n = 21) dos idosos. A

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 13% (n = 7) e o tempo

de duração da ferida foi em média de 5,7 meses, sendo que em dois entrevistados (29%)

a ferida ainda incomodava (Tabela 3.49).

Tabela 3.49 - Características de saúde bucal dos idosos estudados em Olinda. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Olinda (%)

Realiza limpeza dos dentes 91

Escova 3 vezes ou mais ao dia 35

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 96

Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal 20

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 24

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 0

Fez revisão dos dentes no último ano 9

Teve dor de dente no último ano 13

Bateu / quebrou algum dente no último ano 7

Teve problemas de gengiva no último ano 9

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

11

17

83

Já extraiu pelo menos um dente 100

Usa prótese 61

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4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM

OLINDA

O Estudo de Linha de Base representa um primeiro tempo na avaliação do

PROESF e foi delineado para avaliar o desempenho da ABS e do PSF no conjunto do

Lote 2 NE e não em cada município. Assim, conforme os pressupostos metodológicos

da epidemiologia, a amostra de três unidades básicas de saúde estudadas não é

suficiente para a comparação do PSF com o modelo tradicional, mas como estudo de

casos possibilita uma boa aproximação do perfil da ABS em Olinda.

A estratégia de organizar os achados do Município nas mesmas categorias do

Relatório Final do PROESF (Facchini et al, 2006) permitiu a comparação com achados

do Lote, Estado, municípios pernambucanos estudados e país. A comparação significa

apenas uma referência à disposição de gestores e profissionais de saúde de Olinda na

identificação de avanços obtidos e os pontos problemáticos da ABS local.

De modo geral, a situação socioeconômica de Olinda é melhor do que a do

conjunto dos municípios do Lote especialmente em relação ao Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH 2000), a taxa bruta de natalidade, a expectativa de vida

a cobertura de água encanada e a proporção de alfabetizados. A cobertura de rede de

esgoto, o indicador social mais crítico no âmbito estadual e nacional devido às baixas

médias alcançadas, atingiu posição intermediária.

Em relação à atenção básica e ao PSF, o município tem uma importante

experiência. O PSF, implantado em 1999, alcançou cerca de 50% da população em

2005, cerca de 50%, estando entre as mais altas do Lote 2 NE. Por outro lado, a

expansão da rede básica de UBS foi menos expressiva, de 17% no período de 2001 a

2004. Na opinião do gestor, o PSF é mais adequado do que o modelo Tradicional de

Atenção Básica no atendimento das necessidades de saúde do município. Portanto, o

PSF se destaca como a estratégia de reorientação e reorganização da ABS no Município,

mas permanece a dicotomia com o modelo Tradicional. Logo, a expansão do PSF é um

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102

requisito de coerência para a política local de ABS, de modo a se adequar ao princípio

de organização padronizada dos serviços públicos, prevenindo a duplicidade de meios

para fins idênticos.

A estrutura física da maioria das dependências estudadas, conforme percepção

dos profissionais de saúde, foi considerada inadequada.

Destacou-se negativamente, com relação ao projeto de governo, as relações de

trabalho na atenção básica, uma vez que a maioria dos profissionais de saúde foi

contratada no regime de contrato temporário e possuía vinculo de trabalho tipicamente

precário. Por outro lado, o acesso dos profissionais às publicações do Ministério da

Saúde no município de Olinda foi maior que a totalidade dos municípios incluídos no

Lote 2 NE para a maioria das publicações investigadas, com destaque ao Manual do

Agente Comunitário de Saúde, e 93% referiu atividade de supervisão do trabalho na

UBS, apesar de não haver periodicidade definida para tais encontros. Comparando-se

com o total do Lote 2 NE, os profissionais de Olinda referiram proporções superiores de

capacitação apenas para os cursos de diabetes, hipertensão e DST / AIDS.

Com relação aos indicadores do Pacto da Atenção Básica, o desempenho do

sistema de saúde de Olinda superou os resultados do estado de Pernambuco e do país

somente para a proporção de recém-nascidos com quatro ou mais consultas de pré-natal.

Ainda em relação ao Pacto, o conjunto dos indicadores por grupos populacionais

específicos é favorável a Olinda, com exceção de alguns relativos à saúde da mulher, às

doenças crônicas e à saúde bucal.

Quanto ao desempenho da ABS local avaliado através dos resultados

populacionais, as UBS estudadas foram mais efetivas em ações de puericultura e

cobertura vacinal das crianças menores de 1 ano de idade e da saúde da mulher, com

destaque para pré-natal na UBS da área da abrangência e prevenção de câncer de colo

uterino. Em relação aos adultos e idosos destacou-se a recomendação médica para a

prática de exercícios físicos em ambos os grupos e de utilização da UBS da área de

abrangência pelos adultos com DM referido.

Assim, o enfrentamento de questões relativas à melhoria da estrutura da rede

básica, supervisão e educação permanente dos profissionais de saúde, juntamente com a

superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão

fundamentais para a melhoria do SUS e da saúde da população no município.

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103

Em conclusão, a ABS em Olinda apresenta um desempenho superior a média do

Lote. Seus problemas são similares ao do conjunto dos municípios avaliados e suas

vantagens necessitam de uma importante consolidação, no sentido de continuar

beneficiando a população local.

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