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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE SIMONE WAGNER REIS UM ESTUDO COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DA EMPRESA BRASIL FOODS A PARTIR DE SUAS ORIGENS BLUMENAU 2010

Mono Blumenal

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monografia sobre sadia

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  • UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

    CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS

    DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE

    SIMONE WAGNER REIS

    UM ESTUDO COMPARATIVO DA EVOLUO DA EMPRESA BRASIL FOODS A

    PARTIR DE SUAS ORIGENS

    BLUMENAU

    2010

  • 1

    SIMONE WAGNER REIS

    UM ESTUDO COMPARATIVO DA EVOLUO DA EMPRESA BRASIL FOODS A PARTIR DE SUAS ORIGENS

    Trabalho de concluso de curso apresentado ao curso de Cincias Contbeis do Centro de Cincias Sociais Aplicadas da Universidade Regional de Blumenau, como requisito parcial para obteno do ttulo de bacharel em Cincias Contbeis.

    Prof. Dr. Ricardo Luiz Wust Correa de Lyra

    BLUMENAU

    2010

  • 2

    UM ESTUDO COMPARATIVO DA EVOLUO DA EMPRESA BRASIL FOODS A PARTIR DE SUAS ORIGENS

    Por

    SIMONE WAGNER REIS

    Trabalho de Concluso de Curso aprovado para a obteno do ttulo de Bacharel em Cincias

    Contbeis da Universidade Regional de Blumenau, obtendo a nota (mdia) de______atribuda

    pela banca examinadora formada por:

    _________________________________________________________

    Presidente: Prof. Dr. Ricardo Luiz Wust Correa de Lyra - Orientador Universidade Regional de Blumenau (FURB)

    Departamento de Contabilidade

    ______________________________________

    Membro 1: Prof. Valter Augusto Krauss Universidade Regional de Blumenau (FURB)

    Departamento de Contabilidade

    ______________________________________

    Membro 2: Prof. Vanderlei dos Santos Universidade Regional de Blumenau (FURB)

    Departamento de Contabilidade

    Blumenau, 25 de novembro de 2010.

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho aos meus pais Edgar e Araci,

    que tanto me deram fora, amor e incentivo,

    zelando sempre por minha educao para eu

    poder chegar at aqui, ao meu marido Fabiano,

    homem batalhador, que por um ano cuidou da

    nossa filha, Mirela, para que eu pudesse concluir

    esta trajetria.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus por sua presena em todos os momentos de minha

    vida, por guiar-me, iluminar-me, dar-me foras e sade para alcanar a realizao dos meus

    sonhos, desafios e conquistas.

    Agradeo a minha famlia pelas alegrias, incentivos e carinho, pela total dedicao,

    confiana, apoio e amor.

    A todos os meus antigos companheiros de sala, que por seis semestres se tornaram

    pessoas indispensveis em minha vida, por estes anos que passamos juntos, aos meus amigos,

    pelo conhecimento e trabalhos compartilhados, em especial as minhas amigas Roseli e Daisy,

    companheiras nesta jornada, tanto nos momentos felizes como nos momentos de maior

    tenso, estando sempre ao meu lado me apoiando e me incentivando para no desistir nunca

    de lutarmos por nossos sonhos e objetivos, principalmente no momento em que descobri que

    estava grvida, na qual tive que trancar um semestre e acabei no estudando mais com eles.

    Aos meus novos companheiros de sala, que de alguma forma tambm contriburam

    para o meu desenvolvimento e incentivo para concluso desta trajetria, mesmo que alguns

    no se formaro junto comigo.

    A querida amiga Karina, que iniciou seu estudo comigo e por alguns semestres no

    caminhou junto, mas agora nestes dois ltimos semestres estivemos juntas em busca dos

    mesmos objetivos, dividindo momentos de alegrias e de conquistas, tornando-se uma pessoa

    especial em minha vida.

    As pessoas que fazem parte de minha vida, por entenderem a minha ausncia em

    alguns momentos, que contribuem e preenchem meus dias, tornando a vida mais alegre,

    emocionante e repleta de histria, por acreditarem no meu potencial e sempre de uma forma

    direta ou indireta me apoiando e incentivando.

    A todos os meus professores do curso de Cincias Contbeis, que no decorrer desta

    trajetria compartilharam o seu conhecimento. Em especial ao orientador professor Ricardo

    Lyra, por sua competncia, dedicao e apoio na orientao deste trabalho.

    Por fim, a todos que me acompanharam esses anos me incentivando e apoiando por

    mais esta conquista.

  • 5

    EPGRAFE

    Um dia voc aprende que no importa o que voc

    tem na vida, mas sim quem voc tem na vida.

    (WILLIAM SHAKESPEARE).

  • 6

    RESUMO

    REIS, Simone W. Um estudo comparativo da evoluo da empresa Brasil Foods a partir

    de suas origens. Universidade Regional de Blumenau, 2010.

    Este trabalho teve como problema de pesquisa a viabilidade econmico-financeira e

    patrimonial da fuso entre as empresas Sadia e Perdigo. Sendo que o objetivo foi analisar e

    avaliar a situao econmico-financeira e patrimonial do grupo Brasil Foods

    comparativamente ao desempenho imediatamente anterior a fuso de suas empresas

    formadoras (Sadia e Perdigo), informando se a empresa melhorou a situao econmico-

    financeira e patrimonial em relao s empresas iniciais. Os ndices selecionados para esta

    anlise so os mesmos utilizados pelo anurio Melhores & Maiores da revista exame. Utiliza-

    se para este estudo, uma pesquisa descritiva, que visa observar, analisar e coletar dados das

    Demonstraes Financeiras, das empresas, Sadia S.A, Perdigo S.A e Brasil Foods S.A

    companhias de capital aberto, tendo como referncia os exerccios de 2005, 2006, 2007, 2008

    e 2009. Como resultado das anlises demonstradas, conclui-se, portanto, que a Brasil Foods

    melhorou, e considerando como sendo este um dos principais objetivos da fuso, esta

    aparentemente parece ter surtido os resultados esperados.

    Palavras chaves: Anlise, Fuso, Situao econmico-financeira e patrimonial.

  • 7

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Ciclo Operacional .................................................................................................... 36Figura 2 - Os Fornecedores financiam totalmente os estoques a uma parte das vendas .......... 37Figura 3 - Os fornecedores financiam apenas parte do estoque ............................................... 37Figura 4 - ndices de Alavancagem Financeira ........................................................................ 38

  • 8

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1- Projeo entre a Brasil Foods e suas formadoras (Sadia/Perdigo) dos ndices com resultado em percentual ............................................................................................................ 66Grfico 2 - Projeo entre a Brasil Foods e suas formadoras (Sadia/Perdigo) dos ndices com resultado em nmero ................................................................................................................ 66

  • 9

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 2 - Quadro resumo dos ndices calculados .................................................................. 63Quadro 3 - Quadro resumo dos ndices mdios ........................................................................ 64Quadro 4 - Quadro resumo dos ndices mdios desconsiderando 2008 para os ndices Rentabilidade do Patrimnio e Margem Lquida ..................................................................... 65

  • 10

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Endividamento geral da Sadia ................................................................................. 52Tabela 2 - Endividamento geral da Perdigo............................................................................ 52Tabela 3 - Endividamento geral da Brasil Foods ..................................................................... 53Tabela 4 - Endividamento geral mdio da Sadia, Perdigo e Brasil Foods.............................. 53Tabela 5 - Giro do ativo da Sadia ............................................................................................. 54Tabela 6 - Giro do ativo da Perdigo ........................................................................................ 54Tabela 7 - Giro do ativo da Brasil Foods ................................................................................. 54Tabela 8 - Giro do ativo mdio da Sadia, Perdigo e Brasil Foods .......................................... 55Tabela 9 - Liquidez corrente da Sadia ...................................................................................... 55Tabela 10 - Liquidez corrente da Perdigo ............................................................................... 56Tabela 11 - Liquidez corrente da Brasil Foods......................................................................... 56Tabela 12 - Liquidez corrente mdia da Sadia, Perdigo e Brasil Foods ................................. 57Tabela 13 - Liquidez geral da Sadia ......................................................................................... 57Tabela 14 - Liquidez geral da Perdigo .................................................................................... 57Tabela 15 - Liquidez geral da Brasil Foods .............................................................................. 58Tabela 16 - Liquidez geral mdia da Sadia, Perdigo e Brasil Foods ...................................... 58Tabela 17 - Rentabilidade do Patrimnio da Sadia .................................................................. 59Tabela 18 - Rentabilidade do Patrimnio da Perdigo ............................................................. 59Tabela 19 - Rentabilidade do Patrimnio da Brasil Foods ....................................................... 60Tabela 20 - Rentabilidade do Patrimnio mdia da Sadia, Perdigo e Brasil Foods ............... 60Tabela 21 - Rentabilidade do Patrimnio mdia da Sadia, Perdigo e Brasil Foods ............... 61Tabela 22 - Margem Lquida da Sadia ..................................................................................... 61Tabela 23 - Margem Lquida da Perdigo ................................................................................ 61Tabela 24 - Margem Lquida da Brasil Foods .......................................................................... 62Tabela 25 - Margem lquida mdia da Sadia, Perdigo e Brasil Foods.................................... 62Tabela 26 - Margem lquida mdia da Sadia, Perdigo e Brasil Foods.................................... 63

  • 11

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABEF Associao Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos

    ABICEPS Associao Brasileira da Indstria Produtora e Exportadora de Carne Suna

    AC Ativo Circulante

    AH Anlise Horizontal

    Apro Acordo de Preservao de Reversibilidade da Operao

    AT Ativo Total

    AV Anlise Vertical

    BOVESPA Bolsa de Valores de So Paulo

    BP Balano Patrimonial

    BRF Brasil Foods S.A

    C Compras

    CA Compras Acumuladas

    CADE Conselho Administrativo de Defesa Econmica

    CD Custo da Dvida

    CF Ciclo Financeiro

    CMV Custo das Mercadorias Vendidas

    CO Ciclo Operacional

    COFINS Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social

    DIC Descontos Incondicionais Concedidos

    DIO Descontos Incondicionais Obtidos

    DLPA Demonstrao de Lucros e Prejuzos Acumulados

    DMPL Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido

    DOAR Demonstrao das Origens e Aplicaes de Recursos

    DRE Demonstrao do Resultado do Exerccio

    EF Estoque Final

    EI Estoque Inicial

    FC Fretes e Seguros sobre Compras

    GAF Grau de Alavancagem Financeira

    ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Prestao de Servios

    ISS Imposto sobre Servios

  • 12

    PE Passivo Gerador de Encargos

    PIS Programa de Integrao Social

    PL Patrimnio Liquido

    PMPC Prazo Mdio de Pagamento das Compras

    PMRE Prazo Mdio Rotao dos Estoques

    PMRV Prazo Mdio de Recebimento de Vendas

    RCM Resultado da Conta Mercadorias

    ROL Receita Operacional Lquida

    RPL Rentabilidade do Patrimnio Lquido

    RsA Retorno do Ativo

    RsPL Retorno do Patrimnio Lquido

    RTT Regime Tributrio de Transio

    S.A Sociedade Annima

    SECEX Secretaria de Comrcio Exterior

    V Vendas

    VA Vendas Anuladas

  • 13

    SUMRIO

    1 INTRODUO .................................................................................................................. 15

    1.1 APRESENTAO DO TEMA ........................................................................................ 15

    1.2 ABORDAGEM GERAL DO PROBLEMA ..................................................................... 16

    1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 16

    1.3.1Objetivo geral .................................................................................................................. 17

    1.3.2Objetivos especficos ...................................................................................................... 17

    1.4 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 17

    1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 18

    2 FUNDAMENTAO TERICA .................................................................................... 19

    2.1 IMPORTNCIA DA ANLISE ...................................................................................... 19

    2.2 OBJETIVOS DA ANLISE ............................................................................................. 20

    2.3 ETAPAS DA ANLISE ................................................................................................... 22

    2.4 TCNICAS DE ANLISE ............................................................................................... 23

    2.4.1Anlise vertical e horizontal............................................................................................ 23

    2.4.2Anlise por meio de ndices ............................................................................................ 24

    2.4.2.1Endividamento .............................................................................................................. 26

    2.4.2.2 Liquidez ........................................................................................................................ 28

    2.4.2.3 Anlise rentabilidade .................................................................................................... 31

    2.4.2.4 Atividade e rotao ....................................................................................................... 33

    2.4.3Alavancagem financeira .................................................................................................. 38

    2.5 AMBIENTE ECONMICO-POLTICO-SOCIAL .......................................................... 39

    2.6 FUSO DE EMPRESAS .................................................................................................. 40

    2.6.1Caractersticas ................................................................................................................. 41

    2.6.2Legislao nacional ......................................................................................................... 42

    2.6.3Aspectos contbeis e tributrios ...................................................................................... 43

    2.6.4Anlise dos aspectos de uma fuso ................................................................................. 44

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................. 46

    3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ................................................................................. 46

    3.1.1Quanto aos objetivos ....................................................................................................... 46

    3.1.2Quanto aos procedimentos .............................................................................................. 47

    3.1.3Quanto a abordagem do problema .................................................................................. 47

    3.2 DELIMITAO DO UNIVERSO ................................................................................... 48

  • 14

    3.3 COLETA DE DADOS ...................................................................................................... 48

    3.4 TRATAMENTO E ANLISE DOS DADOS .................................................................. 48

    3.5 LIMITAO DA PESQUISA .......................................................................................... 49

    4 ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS ............................................................ 50

    4.1 APRESENTAO DA EMPRESA ................................................................................. 50

    4.2 NDICES UTILIZADOS PARA ANLISE ..................................................................... 51

    4.3 CLCULO DOS NDICES E INTERPRETAO DOS DADOS ................................. 52

    4.3.1Endividamento geral ....................................................................................................... 52

    4.3.1.1 Endividamento Geral Mdio ........................................................................................ 53

    4.3.2Giro do ativo ................................................................................................................... 54

    4.3.2.1 Giro do ativo mdio ...................................................................................................... 55

    4.3.3Liquidez Corrente............................................................................................................ 55

    4.3.3.1 Liquidez corrente mdia ............................................................................................... 56

    4.3.4Liquidez Geral ................................................................................................................. 57

    4.3.4.1 Liquidez geral mdia .................................................................................................... 58

    4.3.5Rentabilidade do patrimnio ........................................................................................... 59

    4.3.5.1 Rentabilidade do patrimnio mdio ............................................................................. 60

    4.3.6Margem lquida ............................................................................................................... 61

    4.3.6.1 Margem lquida mdia .................................................................................................. 62

    4.3.6.2 Quadro resumo dos ndices calculados ......................................................................... 63

    5 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................ 67

    5.1 CONCLUSES ................................................................................................................. 67

    5.2 RECOMENDAES ....................................................................................................... 68

    REFERNCIAS ..................................................................................................................... 69

    ANEXO A Demonstraes Financeiras Sadia S.A ........................................................... 72

    ANEXO B Demonstraes Financeiras Perdigo S.A ...................................................... 82

    ANEXO C Demonstraes Financeiras Brasil Foods S.A ............................................... 88

  • 15

    1 INTRODUO

    Este captulo apresenta a introduo da pesquisa sobre Desenvolvimento Econmico

    Financeiro e Patrimonial das empresas Sadia e Perdigo, antes e aps a fuso. Neste so

    apresentados o tema, o problema da pesquisa, os objetivos gerais e especficos, a justificativa

    e a estrutura do trabalho.

    1.1 APRESENTAO DO TEMA

    A anlise das demonstraes financeiras, dentre outros objetivos, tambm utilizada

    para: identificar as condies das empresas de honrar com seus compromissos perante

    terceiros (solvncia), avaliar a estrutura do capital, verificar sua capacidade de gerar fluxo de

    caixa futuro, bem como a sua rentabilidade. Esta anlise se utiliza de tcnicas que permitem

    decompor, comparar, estudar, analisar e interpretar o contedo das demonstraes financeiras,

    fornecendo informaes analticas, cuja utilidade serve aos mais variados propsitos.

    A finalidade da anlise das demonstraes financeiras transformar os dados extrados

    das demonstraes financeiras em informaes teis para a tomada de decises por parte das

    pessoas interessadas. Entretanto, muito importante, conforme afirma Ribeiro (1997), para

    evitar distores, que a empresa deva possuir um bom sistema de armazenagem de dados, que

    permitam gerar informaes para os diferentes usurios como: administradores, fornecedores,

    clientes, bancrios, investidores, instituies financeiras, corretoras, empresrios, dirigentes,

    governos e outros.

    Para Matarazzo (2003, p. 24), [...] a principal preocupao dos ndices de balano

    fornecer avaliaes genricas sobre diferentes aspectos da empresa em anlise, sem descer a

    um nvel maior de profundidade, que poder ser alcanada por outras tcnicas, tais como:

    anlise de regresso, anlise de srie-temporal, anlise combinada, anlise multilinear, e

    outras tcnicas estatsticas. Porm, esta forma a mais utilizada por usurios internos e

    externos.

    O mundo dos negcios financeiros vem amadurecendo muito nos ltimos anos e se

    apresenta com um cenrio de consolidao do mercado, vrias empresas, em diversos setores,

  • 16

    esto se unindo em fuses e colaboraes para sustentar-se no mercado interno e competir em

    igualdade de condies no mercado externo, sendo este o ponto de partida para elaborao

    deste trabalho.

    Fragilizadas por problemas financeiros ou instveis diante dos solavancos da

    turbulncia global, empresas procuram reforos, como a Sadia, por exemplo, que se perdeu na

    crise financeira mundial ao trocar os benefcios do longo prazo pelas vantagens financeiras da

    administrao ineficaz. E como afirma Iudcibus (1998, p. 127) a anlise de demonstraes

    financeiras deve ser entendida dentro de suas possibilidades e limitaes. De um lado, aponta

    mais problemas a serem investigados do que solues; de outro, desde que convenientemente

    utilizada, pode transformar-se num poderoso painel de controle da administrao. Sendo

    esta a fonte do problema de pesquisa.

    1.2 ABORDAGEM GERAL DO PROBLEMA

    As empresas Sadia e Perdigo ao longo destes ltimos anos sofreram variaes

    vertiginosas de seus comportamentos potenciais econmico-financeiro. Aps o forte revs em

    2007/2008, resolveram criar uma nova empresa, a Brasil Foods (BRF). Desta fuso surge o

    problema de pesquisa ilustrada pela seguinte pergunta: A criao da Brasil Foods

    melhorou a situao econmico-financeiro e patrimonial em relao s empresas iniciais,

    Sadia e Perdigo.

    1.3 OBJETIVOS

    Este item tem como foco apresentar os objetivo geral e especficos a que se prope

    este trabalho.

  • 17

    1.3.1 Objetivo geral

    Avaliar a situao econmico-financeira e patrimonial do grupo Brasil Foods

    comparativamente ao desempenho, ou seja, ao seu rendimento imediatamente anterior a fuso

    de suas empresas formadoras (Sadia e Perdigo).

    1.3.2 Objetivos especficos

    Com os objetivos especficos pretende-se:

    a) Identificar e descrever um referencial terico sobre anlise das Demonstraes

    Financeiras;

    b) Estruturar um conjunto bsico de ndices econmico-financeiros e patrimoniais

    que permita comparar as empresas;

    c) Calcular os ndices das bases envolvidas;

    d) Analisar comparativamente os ndices obtidos;

    e) Descrever os resultados obtidos.

    1.4 JUSTIFICATIVA

    Atualmente, o mundo passa por diversas mudanas e o ambiente empresarial um dos

    mais atingidos, por diversos motivos: concorrncia, globalizao, tecnologia, conhecimento,

    entre outros. As inter-relaes neste ambiente so constantes e a informao, aliada

    comunicao, trazem os diferenciais competitivos nesse ambiente.

    Portanto, muitos so os interessados nas informaes empresariais, principalmente nas

    informaes contbeis, que do o suporte informativo adequado para o processo de tomada de

    deciso. Matarazzo (2003, p. 39) afirma que a anlise das demonstraes visa extrair

    informaes para a tomada de deciso.

  • 18

    A anlise de Demonstraes Financeiras atende a diferentes objetivos dos interesses de

    todos os envolvidos, sendo uma base slida de informaes para o objetivo econmico que o

    analista estiver buscando conhecimento.

    1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

    A estrutura desta pesquisa apresentada em cinco captulos, alm das referncias

    bibliogrficas.

    No primeiro capitulo exposto a introduo da pesquisa, contendo uma

    contextualizao, a abordagem do problema de pesquisa, os objetivos e a justificativa deste

    trabalho.

    No segundo captulo apresentado a fundamentao terica, que tem por objetivo

    expor os conceitos referentes anlise das demonstraes financeiras e os pontos

    bibliogrficos mais importantes e relevantes deste estudo.

    No terceiro captulo apresentado a metodologia da pesquisa, demonstrando de que

    forma a pesquisa foi delineada respeitando os objetivos, com os procedimentos e de acordo

    com a abordagem do problema. tambm exposto o universo que este estudo abrange, a

    maneira como procedeu a coleta de dados, alm da anlise e do tratamento aos quais estes

    dados foram submetidos.

    No quarto captulo expe-se a anlise e a interpretao dos dados que foram

    levantados a partir dos estudos realizados.

    No quinto e ltimo captulo so abordadas as consideraes finais, as concluses e

    recomendaes para estudos futuros.

  • 19

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Neste captulo apresentada a fundamentao terica desenvolvida para este

    trabalho, que passa pelo estudo do ambiente econmico-poltico-social, aspectos jurdico-

    societrios de uma fuso, e tem seu foco maior no aprofundamento da teoria para a anlise de

    desempenho econmico-financeiro da Brasil Foods e suas formadoras (Sadia e Perdigo).

    2.1 IMPORTNCIA DA ANLISE

    A anlise das demonstraes financeiras importante para vrios grupos de usurios

    das informaes contbeis, servindo como um painel geral de controle de uma administrao.

    Conforme afirma Fernandes (2008, p. 18):

    Alguns administradores chegam a admitir que a mesma devesse montar um verdadeiro sistema de informaes, no somente no que se refere aos concorrentes, mas tambm no que se refere a todos os grupos de pessoas e interesses externos a empresa que possam ter ou vir a ter influncia sobre a empresa.

    Ainda segundo Fernandes (2008, p. 19):

    O acompanhamento das tendncias e do desempenho financeiro e de rentabilidade da concorrncia essencial para uma organizao situar-se no mercado, conhecer a real situao da empresa, decidir se est satisfeita com a posio ocupada ou se pretende desempenho mais ambicioso.

    Um sistema de informao pode ser definido como um conjunto de componentes inter-

    relacionados trabalhando juntos para coletar recuperar, processar, armazenar e distribuir

    informao com a finalidade de facilitar o planejamento, o controle, a coordenao, a anlise

    e o processo decisrio em empresas e outras organizaes conforme afirma Laudon e Laudon

    (2001).

    Conforme Anderson (2010, p. 2):

    Os sistemas de informao essencialmente transformam a informao em uma forma utilizvel para a coordenao de fluxo de trabalho de uma

  • 20

    empresa, ajudando empregados ou gerentes a tomar decises, analisar e visualizar assuntos complexos e resolver outros tipos de problemas. Os sistemas de informao fazem isso por meio de um ciclo de trs atividades bsicas: entrada, processamento e sada.

    Segundo Iudcibus (1998, p. 20) a anlise das demonstraes financeiras a arte de

    saber extrair relaes teis, para o objetivo econmico que tivemos em mente, os relatrios

    contbeis tradicionais e de suas extenses e detalhamentos, se for o caso. Ainda segundo o

    autor (1998), embora existam alguns clculos razoavelmente formalizados, no existe forma

    cientfica ou metodologicamente comprovada de relacionar os ndices de maneira a obter um

    diagnstico preciso, cada analista pode com o mesmo conjunto de informaes e de

    quocientes, chegar a concluses ligeiras ou at completamente diferenciadas.

    A anlise das demonstraes financeiras pode ento ser caracterizada como uma arte,

    pois exige do executador, habilidade e conhecimento em contabilidade e segundo Iudcibus

    (1998) por mais que esta seja baseada no clculo dos ndices extrados das demonstraes

    financeiras, seus resultados no sero perfeitos e nem sero completamente confiveis,

    podendo cada analista ter sua opinio individual, mesmo que sejam os mesmo ndices

    utilizados.

    2.2 OBJETIVOS DA ANLISE

    A Anlise objetiva extrair informaes das Demonstraes Financeiras para a tomada

    de decises. Portanto, a anlise visa transformar dados das demonstraes financeiras em

    informaes para qualquer tipo de usurio, dependendo dos objetivos deste.

    Dados: so nmeros ou descrio de objetivos ou eventos que, isoladamente, no provocam nenhuma reao no leitor. Informaes: representam, para quem as recebe uma comunicao que pode produzir reao ou deciso, freqentemente acompanhada de um efeito surpresa. (MATARAZZO, 2003, p. 137)

    A anlise das demonstraes financeiras comea a partir das demonstraes

    financeiras.

    O contador procura captar, organizar e compilar dados. Sua matria-prima so fatos de significado econmico-financeiro expressos em moeda. Seu produto final so as demonstraes financeiras. O analista de balanos preocupa-se com as demonstraes financeiras que, por sua vez, precisam ser transformadas em informaes que permitam concluir se a empresa merece ou no crdito, se vem sendo bem ou no administrada, se tem ou no condies de pagar suas dvidas, se ou no lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se eficiente ou ineficiente, se ir falir ou se continuar operando. (MATARAZZO, 1993, p. 23)

  • 21

    O contador e o analista trabalham em conjunto, e se o analista no tiver as

    demonstraes financeiras corretamente informadas, haver informaes errneas que

    prejudicaro o processo de tomada de deciso.

    O processo contbil se inicia com a ocorrncia dos fatos administrativos na entidade

    que apoiado em documentos so efetuados os registros nos livros prprios, resultado do

    exerccio e elaborao das demonstraes financeiras, e por meio destes ser feita a anlise da

    situao econmica e financeira da entidade, de acordo com os interesses dos usurios.

    Conforme Fernandes (2008, p. 30):

    Os fornecedores de mercadorias precisam saber a capacidade de pagamento de seus clientes, ou seja, a sua liquidez, visto que as Demonstraes Financeiras so divulgadas poucas vezes por ano (de 1 a 4 vezes), e a anlise precisa proporcionar-lhes segurana pelo prazo de sua validade, por isso no observam apenas a solvabilidade, mas tambm a rentabilidade e o endividamento.

    A relao entre comprador e fornecedor bastante forte, o comprador dever analisar

    quais fornecedores proporcionam-lhe maior segurana, antes de se apoiar em um ou dois.

    Como os bancos comerciais concedem crdito, devem, alm de observar a situao

    atual do cliente, procurar conhecer ou obter alguma informao sobre a situao futura de seu

    cliente. Um banco que cultiva os melhores clientes de amanh provavelmente ter alguma

    vantagem sobre seus concorrentes no futuro, conforme Matarazzo (1993).

    Os bancos de investimentos diferentemente dos bancos comerciais, concedem

    financiamentos a um nmero menor de empresas, porm a um prazo mais longo, dependendo

    da situao futura do cliente, assim o risco assumido em cada operao precisa ser

    adequadamente calculado, ele s receber de seus clientes se a situao futura deles for boa,

    exigindo anlise cuidadosa da futura capacidade do cliente, afirma Matarazzo (1993).

    Para Matarazzo (1993), as sociedades de crdito imobilirio concedem financiamentos

    a construtoras por prazos superiores a um ano, a anlise fica no meio termo entre a anlise de

    um banco de investimentos e a de um comercial.

    Segundo Fernandes (2008, p. 31):

    As Sociedades Financeiras concedem crdito diretamente aos consumidores, as lojas vendem para seus clientes e estes recebem o crdito, sendo que a loja intervm como avalista dos emprstimos, necessitando conceder avais a seus clientes. As corretoras de valores e o pblico investidor fazem anlise para investimentos em aes, levando em conta outros fatores relacionados ao preo e a valorizao de aes, as corretoras como agentes dos investidores

  • 22

    preocupam-se com a rentabilidade da empresa, se ela possui uma liquidez que lhe permita continuar suas operaes.

    Para Coelho (2009, p. 3):

    O conhecimento profundo da situao de seus concorrentes pode ser fator de sucesso ou de fracasso da empresa no mercado. Decises como lanar novos produtos, construir uma fbrica ou conceder prazos de financiamentos so muitas vezes tomadas em funo da situao da anlise das demonstraes financeiras apresentados por concorrentes, sendo que a empresa deve saber qual sua posio em relao a seus concorrentes e como se situa quanto a solvncia e a rentabilidade.

    Aos dirigentes, a situao financeira uma preocupao, pois se for muito baixa, ainda

    que d condies de a empresa operar, pode representar srio entrave para a obteno do

    crdito bancrio, afirma Fernandes (2008, p. 32).

    Conforme Coelho (2009, p. 3):

    O governo utiliza intensamente a anlise em diversas situaes, por exemplo, numa concorrncia aberta provavelmente escolher entre duas propostas semelhantes, apresentadas em determinada concorrncia, aquela que estiver em melhor situao financeira, continuar os trabalhos para os quais se candidatou.

    2.3 ETAPAS DA ANLISE

    As etapas para a anlise das demonstraes financeiras segundo Ribeiro (1997, p.115)

    so:

    Exame e Padronizao das Demonstraes Financeiras: Balano Patrimonial (BP),

    Demonstrao do Resultado do Exerccio (DRE), Demonstrao de Lucros ou

    Prejuzos Acumulados (DLPA), Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Liquido

    (DMPL) e Demonstrao Das Origens e Aplicaes de Recursos (DOAR).

    Coleta de Dados: Extrao de valores das demonstraes financeiras, como total do

    Ativo Circulante (AC); total do Ativo Investimento, Ativo Imobilizado e Ativo

    Intangvel; total do Patrimnio Liquido (PL); valor das Receitas Operacionais

    Lquidas (ROL) etc.

    Clculos dos Indicadores: quocientes, coeficientes, e nmeros ndices.

    Interpretao de Quocientes: Interpretao isolada e conjunta.

  • 23

    Anlise Vertical (AV) / Anlise Horizontal (AH): Interpretao isolada e conjunta de

    coeficientes e nmeros ndices.

    Comparao com Padres: Clculos e Comparaes com quocientes padro.

    Relatrios: Apresentao das concluses da anlise em forma de relatrios inteligveis

    por leigos.

    2.4 TCNICAS DE ANLISE

    Para Matarazzo (1998), Gitmann (1997), Iudcibus (1998), Ribeiro (1997), Crepaldi

    (1998), dentre outros tantos, as atuais tcnicas de anlise das demonstraes financeiras,

    possibilitam grande nmero de informaes sobre a empresa.

    Segundo os referidos autores, so abordadas as seguintes tcnicas de anlise de

    balano: anlise vertical e anlise horizontal; anlise por meio de ndices; alavancagem

    financeira.

    2.4.1 Anlise vertical e horizontal

    A anlise vertical e horizontal presta-se fundamentalmente ao estudo de composies

    e tendncias, segundo Iudcibus (1988).

    Para Ribeiro (1997) devem ser utilizadas em conjunto, pois uma complementa a outra.

    A anlise vertical objetiva o estudo da composio da empresa, permite conhecer a estrutura

    financeira e econmica da empresa, ou seja, ela evidencia a porcentagem de participao de

    cada elemento no conjunto. a anlise na qual se compara cada um dos elementos do

    conjunto em relao ao total do conjunto. Servem para complementar as observaes

    efetuadas por meio da anlise por ndices, afirma Fernandes (2008, p. 33).

    A frmula geral para o clculo da Anlise Vertical para as contas do balano

    patrimonial e DRE expresso por:

    Fonte: adaptado de Iudcibus (1988, p. 134)

    AV = UM ITEM DO GRUPO x 100 SOMATRIA DO GRUPO

  • 24

    Pode ser calculada de forma parcial, permitindo analisar as contas individualmente,

    por exemplo:

    Fonte: adaptado de Iudcibus (1998, p. 134)

    A anlise horizontal tem por finalidade evidenciar a tendncia futuras dos itens das

    demonstraes financeiras ao longo dos anos. O analista poder verificar a evoluo normal

    desta conta e compar-la com a evoluo das demais contas da demonstrao para concluir se,

    por exemplo, o Lucro Lquido comportou-se da mesma maneira no perodo, conforme

    Fernandes (2008, p. 33).

    A frmula geral do clculo da Anlise Horizontal para as contas das demonstraes

    financeiras a seguinte:

    Fonte: adaptado de Iudcibus (1998, p. 138)

    Para Iudcibus (1988, p. 134 e 138), a anlise vertical importante para avaliar a

    estrutura de composio de itens e sua evoluo no tempo e a anlise horizontal, aponta o

    crescimento de itens das demonstraes financeiras ao longo dos perodos, a fim de

    caracterizar tendncias.

    2.4.2 Anlise por meio de ndices

    ndices so relaes entre contas contbeis e ou grupos de contas, nos quais se busca

    estabelecer uma proporo, uma relao de dependncia ou interdependncia entre as contas

    ou grupos utilizados. Conforme Ribeiro (1997, p. 132) este o processo mais utilizado

    porque oferece uma viso global da situao econmica e financeira da entidade.

    Este estudo normalmente segregado em trs grupos, a saber: situao patrimonial,

    situao financeira; e situao econmica. Apesar do que a anlise final deve buscar o

    AH = VALOR ABSOLUTO DA CONTA DO ANO ATUAL x 100 VALOR DA CONTA NO ANO-BASE

    AV = DISPONVEL x 100 e/ou AV = ATIVO CIRCULANTE x 100 AC ATIVO TOTAL

  • 25

    entendimento das inter-relaes entre os grupos. Por exemplo, uma empresa com um nvel de

    endividamento muito alto (situao patrimonial), certamente depender de uma rentabilidade

    adequada (situao econmica) para poder saldar seus compromissos financeiros.

    Recomenda-se analisar a situao financeira separadamente da situao econmica,

    elaborando um quadro geral da situao patrimonial da entidade, entretanto, conjugando os

    resultados obtidos em cada uma das anlises, conforme afirma Martins (2004).

    Abaixo, segue um quadro resumo dos ndices fundamentados a seguir por Matarazzo

    (1993, p. 100):

    Fonte: Matarazzo (1993, p. 100)

    As alteraes promovidas na lei n. 6.404/76 pela lei n 11.638/07, tm como linha

    mestra a harmonizao das demonstraes contbeis com as normas internacionais de

    contabilidade, alm de outras mudanas que ocorreram segundo a lei n 11.941/09. Que

    tambm regulamenta o Regime Tributrio de Transio (RTT), que trata dos ajustes

    tributrios decorrentes dos novos mtodos e critrios contbeis introduzidos pela lei n

    11.638/07 e pelos artigos 37 e 38 da lei 11.941/09, devendo vigir at a entrada em vigor de lei

    que neutralize os efeitos tributrios dos novos mtodos e critrios contbeis, introduzidos pela

    recente legislao societria.

    Assim tem-se a alterao de algumas contas nas frmulas expostas no quadro-resumo

    acima:

    Ativo Permanente para Ativo Investimento, Ativo Imobilizado e Ativo Intangvel;

    Exigvel a longo prazo para Passivo No Circulante;

  • 26

    Vendas Lquidas para Receita Operacional Lquida;

    Lucro Lquido para Resultado Lquido do Exerccio.

    2.4.2.1 Endividamento

    Estes ndices procuram retratar a posio relativa do capital prprio com relao ao

    capital de terceiros. So importantes, pois indicam a relao de dependncia da empresa em

    relao a capital de terceiros.

    Para Gitman (1997, p.115), a situao de endividamento de uma empresa pode ser

    aferida atravs tanto do seu grau de endividamento como de sua capacidade para pagar as

    dvidas. Indica o montante de recursos de terceiros que est sendo usado, na tentativa de

    gerar fluxo de caixa futuro.

    a) Participao de capital de terceiros

    Este ndice, conforme afirma Matarazzo (2003), indica quanto a empresa utiliza de

    capital de terceiros em relao ao capital prprio investido. Em outras palavras, o ndice de

    participao de capitais de terceiros indica o percentual de capital de terceiros em relao ao

    patrimnio lquido, retratando a dependncia da empresa em relao aos recursos externos.

    O capital de terceiros formado pela soma do passivo circulante com o passivo no

    circulante, o resultado obtido dessa soma dividido pelo patrimnio lquido, obtm-se o ndice.

    A interpretao do ndice de participao de capitais de terceiros isoladamente, para o

    analista financeiro, cujo objetivo avaliar o risco da empresa, geralmente de quanto maior

    este ndice, pior a situao da empresa, pois estaria mais dependente de capitais de terceiros.

    Entretanto, isto no regra geral, pois existem excees, por exemplo, bancos e instituies

    financeiras, dependem do capital de terceiros para manter o giro no mercado.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p.100)

    PARTICIPAO DE CAPITAL = CAPITAIS DE TERCEIROS x 100

    DE TERCEIROS PATRIMNIO LQUIDO

  • 27

    b) ndice de endividamento geral

    O ndice de endividamento geral mede a proporo dos ativos totais da empresa

    financiada pelos credores. Quanto maior for esse ndice, maior ser o montante do capital de

    terceiros que vem sendo utilizado para gerar lucros (GITMAN, 1997, p. 117).

    O resultado mostrado em porcentagem e representa a participao de recursos

    financeiros por terceiros, sendo a soma das dvidas e obrigaes a curto prazo e o passivo no

    circulante.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    c) Composio do endividamento

    Este ndice revela qual a proporo existente entre as obrigaes de curto prazo e as

    obrigaes totais, isto , quanto a empresa ter de pagar a curto prazo para cada real do total

    das obrigaes existentes. Quanto menor este ndice, melhor para a empresa, conforme afirma

    Ribeiro (1997).

    A razo que, quanto mais dvidas para pagar a curto prazo, maior ser a presso para

    que a empresa gere recursos para honrar seus compromissos.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    d) Imobilizao do patrimnio lquido

    Este ndice revela qual parcela do patrimnio liquido foi utilizada para financiar a

    compra do ativo investimento, ativo imobilizado mais ativo intangvel, isto quanto a

    empresa imobilizou no ativo para cada real de patrimnio lquido. A interpretao de quanto

    menor este ndice melhor para a empresa, pois a empresa ter mais recursos prprios

    investidos no giro, conforme afirma Ribeiro (1997).

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    ENDIVIDAMENTO = CAPITAIS DE TERCEIROS x 100 GERAL ATIVO TOTAL

    COMPOSIO DO = PASSIVO CIRCULANTE x 100 ENDIVIDAMENTO CAPITAIS DE TERCEIROS

    IMOBILIZAO DO = ATIVO INVESTIMENTO +ATIVO IMOBILIZADO + ATIVO INTANGVEL x 100 PATRIMNIO LQUIDO PATRIMNIO LQUIDO

  • 28

    e) Imobilizao dos recursos no-correntes

    Este ndice revela qual a proporo existente entre os Ativos No Circulantes

    (Investimento, Imobilizado, Intangvel) e os Realizveis a Longo Prazo, e as fontes de

    recursos no correntes (Passivo No Circulante e Patrimnio Lquido), isto , quanto a

    empresa investiu no Ativo de uso para cada real do Patrimnio Liquido mais Passivo No

    Circulante, conforme afirma Ribeiro (1997).

    A interpretao do ndice no sentido de que quanto menor, melhor.

    O Capital Circulante Prprio negativo ocorre quando o patrimnio lquido inferior a

    soma dos Ativos Investimento, Imobilizado e Intangvel, em qualquer circunstncia, o ideal

    que o Patrimnio Lquido seja suficiente para financiar todo o Ativo No Circulante e ainda

    uma parte do Ativo Circulante. Esta folga garante empresa liberdade para tomadas de

    decises, sendo benfica para sua situao financeira, conforme Fernandes (2008).

    Quando o excesso das imobilizaes sobre o Patrimnio Lquido for financiado por

    obrigaes do Passivo Circulante, a empresa poder enfrentar srios problemas de solvncia.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    2.4.2.2 Liquidez

    Assaf Neto (2003) afirma que os indicadores de liquidez tm o objetivo de medir a

    capacidade de pagamento de uma empresa, traduzida pela sua capacidade em cumprir

    corretamente as obrigaes passivas assumidas.

    Estes quocientes mostram a proporo existente entre os investimentos efetuados nos

    itens do giro do negcio em relao aos Capitais de Terceiros.

    a) Liquidez geral

    Este ndice, segundo Silva (2004, p. 308), indica quanto a empresa possui em

    dinheiro, bens e direitos realizveis a curto prazo e a longo prazo, para fazer faze s suas

    dvidas totais. A interpretao deste ndice de que quanto maior, melhor para a empresa e

    IMOBILIZAO DOS = ATIVO INVESTIMENTO + ATIVO IMOBILIZADO + ATIVO INTANGVEL x 100 RECURSOS PL + PASSIVO O CIRCULANTE NO-CORRENTES

  • 29

    deve ser direcionada a verificar se a empresa tem solidez financeira suficiente para cobrir os

    compromissos de curto e de longo prazo assumidos com terceiros.

    Esse indicador financeiro retrata a sade financeira a longo prazo da empresa. Da mesma forma que o observado nos demais indicadores de liquidez, a importncia desse ndice para a anlise da folga financeira pode ser prejudicada se os prazos dos ativos e passivos, considerados em seu clculo, foram muito diferentes (ASSAF NETO, 2003).

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    b) Liquidez corrente

    Para Silva (2004, p. 311), este ndice indica quanto a empresa possui em dinheiro

    mais bens e direitos realizveis a curto prazo, comparado com suas dvidas a serem pagas no

    mesmo perodo.

    Ressalte-se que o ndice de liquidez corrente certamente o mais famoso dos

    ndices, sendo utilizado por algumas pessoas como medidor da sade financeira das

    empresas. Alguns autores mencionam que o ndice tem de ser maior que um, outros

    consideram que acima de um e meio j muito bom (SILVA, 2004, p. 313).

    MATARAZZO (1998, p.178) acrescenta: Eis a o significado do ndice de Liquidez

    Corrente: a margem de folga para manobras de prazos visa equilibrar as entradas e as sadas

    de caixa. Quanto maiores os recursos, maior essa margem, maior a segurana da empresa,

    melhor a situao financeira.

    Se os passivos circulantes crescerem mais rapidamente que os ativos circulantes, o

    ndice de liquidez corrente cair, significando problema para a empresa.

    Segundo Silva (1998, p. 225):

    Ressalta-se que o ndice de liquidez corrente certamente o mais famoso dos ndices, sendo utilizado por algumas pessoas como medidor da sade financeira das empresas. Alguns autores mencionam que o ndice tem de ser maior que 1 (um), outros consideram que acima de 1,5 (um e meio) j muito bom. Nosso entendimento de que o ndice de liquidez corrente tem sua validade como instrumento comparativo entre empresas do mesmo porte, da mesma atividade e da mesma regio geogrfica, porm como medida isolada, no se pode afirmar que a liquidez corrente boa ou ruim, acima ou abaixo de 1 ou 1,5; tudo depender do tipo de atividade da empresa, especialmente de seu ciclo financeiro que deve considerar os prazos de vencimentos das dvidas e os prazos de recebimento dos ativos.

    LIQUIDEZ GERAL = ATIVO CIRCULANTE + ATIVO REALIZVEL A LONGO PRAZO PASSIVO CIRCULANTE + PASSIVO NO CIRCULANTE

  • 30

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    c) Liquidez seca

    Para Gitman (1997, p. 110), o ndice de liquidez seca semelhante ao ndice de

    liquidez corrente, com a nica diferena que exclui os estoques do ativo circulante da

    empresa, por ser geralmente o ativo de menor liquidez. A interpretao de quanto maior

    este ndice, melhor para a empresa. Ocasionalmente, " recomendado um ndice de liquidez

    seco igual ou maior que 1,0. Mas da mesma forma que para o ndice de liquidez corrente, um

    valor aceitvel depende muito da indstria analisada." (GITMAN, 1997, p.111). Em certas

    situaes, em que o ndice maior que 1,0, seria interessante para empresa investir, para no

    se tornar ociosa.

    Conforme Silva (1998, p. 226):

    Os trs ndices de liquidez (geral, corrente e seca) complementam-se entre si e permitem ao analista certo aprofundamento no exame do risco da empresa. So parmetros cuja observao necessria, mas no suficiente para concluso acerca da robustez financeira da empresa.

    Segundo Iudcibus (1998), este um bom indicador de liquidez da entidade, contanto

    que os prazos mdios de contas a receber e a pagar sejam assemelhados, pois, ao se

    eliminarem os estoques do numerador, apenas consideram-se os recursos disponveis (caixa,

    bancos, aplicaes e contas a receber de curto prazo) para fazer frente ao passivo circulante.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    d) Liquidez Imediata

    Este ndice representa o valor de quanto dispomos imediatamente para saldar nossas

    dvidas de curto prazo (IUDCIBUS, 1988, p. 147).

    Para Assaf Neto (1989, p. 236), o ndice de liquidez imediata identifica a

    porcentagem das dvidas a curto prazo em condies de serem saldadas imediatamente.

    LIQUIDEZ CORRENTE = ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

    LIQUIDEZ SECA = ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUES PASSIVO CIRCULANTE

  • 31

    A interpretao de que quanto maior este ndice, melhor para a empresa, porm, h

    situaes em que seria mais interessante para a empresa investir o dinheiro, como citado

    anteriormente no ndice de liquidez seca.

    Desta forma o ndice deve ser direcionado a verificar se existe ou no necessidade de

    recorrer a algum tipo de operao visando obter mais dinheiro para cobrir obrigaes

    vencveis a curto prazo.

    Para efeito de anlise, um ndice sem muito realce, pois relaciona dinheiro com as

    obrigaes, varia de acordo com as circunstncias do mercado financeiro e da situao

    econmica do pas, que podem ou no estimular reservas monetrias.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    2.4.2.3 Anlise rentabilidade

    Segundo Iudcibus (1998, p.159), [...] devemos relacionar um lucro de um

    empreendimento com algum valor que expresse a dimenso relativa do mesmo, para analisar

    quo bem se saiu a empresa em determinado perodo.

    Em outras palavras, tem por objetivo relacionar os rendimentos e o capital investido

    pela empresa em determinado perodo, isto , serve para medir a situao econmica da

    empresa.

    a) Giro do Ativo

    O giro do ativo um dos principais indicadores da atividade da empresa. Estabelece

    relao entre as vendas do perodo e os investimentos totais efetuados na empresa, que esto

    representados pelo ativo total mdio.

    O giro do ativo total indica a eficincia com a qual a empresa usa todos os seus ativos para gerar vendas, geralmente quanto maior o giro do ativo total da empresa, mais eficientemente seus ativos foram usados, essa medida , provavelmente, de maior interesse para os administradores, j que indica se as operaes da empresa foram ou no financeiramente eficientes. (GITMAN, 1997, p. 115)

    LIQUIDEZ IMEDIATA = DISPONIBILIDADES PASSIVO CIRCULANTE

  • 32

    A interpretao isolada do ndice de giro do ativo no sentido de quanto maior,

    melhor, indicando o nvel de eficincia com que so utilizados os recursos aplicados na

    empresa, isto , o ativo total.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    b) Margem Lquida

    Este ndice mede a porcentagem de cada unidade monetria de venda que restou,

    depois da adequao de todas as despesas, inclusive o imposto de renda (GITMAN, 1997, p.

    122).

    Este ndice aponta a margem de lucro da empresa em relao as vendas, quanto maior

    for este ndice, maior ser o lucro obtido pela empresa em relao as suas vendas.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    c) Rentabilidade do Ativo

    Esse ndice indica a lucratividade que a empresa propicia em relao aos

    investimentos totais (SILVA, 2004, p. 263).

    A interpretao do retorno sobre o ativo no sentido de que quanto maior, melhor.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    d) Rentabilidade do Patrimnio Lquido (RPL)

    Este ndice indica quanto de prmio os acionistas ou proprietrios da empresa esto

    obtendo em relao a seus investimentos no empreendimento (SILVA, 2004, p. 268).

    A interpretao deste ndice de quanto maior, melhor para a empresa.

    GIRO DO ATIVO = RECEITA OPERACIONAL LQUIDA ATIVO

    MARGEM LQUIDA = RESULTADO LQUIDO DO EXERCCIO x 100 RECEITA OPERACIONAL LQUIDA

    RENTABILIDADE DO ATIVO = RESULTADO LQUIDO DO EXERCCIO x 100 ATIVO

  • 33

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 100)

    Associado ao clculo deste ndice, usa-se o payback para identificar qual o tempo

    necessrio para se obter o retorno do Capital Prprio investido na empresa, ou seja, quantos

    anos sero necessrios para que os proprietrios obtenham de volta o valor do Capital que

    investiram na empresa. A sua frmula :

    Fonte: adaptado informao Professor Ricardo Lyra

    Para que o resultado obtido na anlise do primeiro ndice calculado seja mais eficiente

    deve-se considerar o valor mdio do Patrimnio Liquido, podendo ser apurado pela seguinte

    frmula:

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1993, p. 101)

    2.4.2.4 Atividade e rotao

    Os indicadores da atividade operacional so mais dinmicos e permitem que seja

    analisado o desempenho operacional da empresa e suas necessidades de investimento em giro.

    Estes ndices, importantssimos, representam a velocidade com que os elementos patrimoniais de relevo se renovem durante determinado perodo de tempo. Por sua natureza tm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou perodos maiores, fracionrios de um ano. A importncia de tais ndices consiste em expressar relacionamentos dinmicos da a denominao de ndices de atividade (rotao) que acabam, direta ou indiretamente, influindo na posio de liquidez e rentabilidade. (IUDCIBUS, 1988, p. 153)

    RENTABILIDADE DO PL = RESULTADO LQUIDO DO EXERCCIO x 100 PATRIMNIO LQUIDO

    PATRIMNIO LQUIDO = PL INICIAL + PL FINAL MDIO 2

    PAYBACK = 100% RPL

  • 34

    Estes ndices so usados para medir a rapidez com que vrias contas so convertidas

    em venda ou em caixa, conforme afirma Gitman (1997).

    Os ndices de atividade devem ser interpretados de forma conjunta, por serem as bases

    fundamentais do ciclo financeiro da empresa.

    a) Prazo mdio de recebimento de vendas PMRV

    Para Iudcibus (1988, p. 155), este ndice indica quantos dias, semanas ou meses a

    empresa dever esperar, em mdia, antes de receber suas vendas e vendas a prazo.

    Do ponto de vista de anlise de risco, indica que quanto maior o prazo, pior ser para

    a empresa, ou seja, mais tempo demorar para receber suas vendas.

    Fonte: Iudcibus (1988, p. 155)

    b) Prazo mdio de pagamento das compras PMPC

    Este ndice indica quantos dias, em mdia, a empresa demora para pagar seus

    fornecedores. (SILVA, 2004, p. 388)

    Para elaborar o PMPC necessrio calcular as compras:

    Fonte: Silva (2004, p. 388)

    As compras determinam qual o perodo mdio do pagamento de fornecedores, ou seja,

    quanto tempo o fornecedor subsidia a empresa.

    Fonte: Silva (2004, p. 388)

    Quanto maior o ndice, mais tempo a empresa ter para pagar as compras.

    PRAZO MDIO RECEBIMENTO = CONTAS A RECEBER MDIAS x perodo DE VENDAS VENDAS

    COMPRAS = CMV + ESTOQUE FINAL ESTOQUE INICIAL

    PRAZO MDIO = CONTAS A PAGAR MDIAS x perodo PAGAMENTO COMPRAS COMPRAS MDIAS A PRAZO

  • 35

    O valor apresentado como compras, assim como vendas, mostradas anteriormente

    um valor simplificado, mas existem algumas frmulas que influenciam nos seus valores

    conforme Parreira (2008):

    CMV = EI + (C + FC CA DIO) EF, onde:

    CMV = Custo das Mercadorias Vendidas

    EI = Estoque Inicial

    C = Compras

    FC = Fretes e Seguros sobre compras

    CA = Compras Anuladas

    DIO = Descontos Incondicionais Obtidos

    EF = Estoque Final

    RCM = (V VA DIC ICMS ISS PIS COFINS ) CMV, ou

    RCM = V (VA + DIC + ICMS + ISS + PIS + COFINS + CMV) , onde:

    RCM = Resultado da Conta Mercadorias

    V = Vendas

    VA = Vendas Anuladas

    DIC = Descontos Incondicionais Concedidos

    ICMS = Imposto Estadual incidente sobre as Vendas

    ISS = Imposto de competncia Municipal ( quando na Receita Bruta de Vendas

    constar tambm Receitas com Prestao de Servios)

    PIS = PIS sobre o faturamento

    COFINS = Contribuio sobre o faturamento

    CMV = Custo das Mercadorias Vendidas apurado na 1 frmula.

    c) Prazo mdio rotao dos estoques PMRE

    Este prazo indica quantos dias, em mdia, os produtos ficam armazenados na empresa

    antes de serem vendidos. O volume de estoques mantido por uma empresa decorre

    fundamentalmente do volume de vendas e de sua poltica de estocagem conforme afirma Silva

    (2004).

  • 36

    Demonstra o prazo mdio que os produtos permanecem estocados, considerando desde

    a entrada da matria-prima at a venda do produto industrializado. Este ndice interpretado

    como sendo: quanto menor melhor para a empresa.

    Fonte: Silva (2004, p. 389)

    d) Ciclo operacional e ciclo financeiro

    O ciclo operacional (CO) definido como o perodo de tempo que vai do momento

    em que a empresa adquire matrias-primas at o momento em que recebe o dinheiro pela

    venda do produto resultante. (GITMAN, 1997, p. 669)

    A soma dos prazos, PMRE + PMRV, representa o que se chama Ciclo Operacional,

    ou seja, o tempo decorrido entre a compra at o recebimento da venda da mercadoria.

    (MATARAZZO, 2003, p.318)

    Figura 1 - Ciclo Operacional

    Fonte: Matarazzo (2003, p. 319)

    Em relao ao ciclo financeiro (CF), caracteriza-se como a sobra ou falta de recursos

    financeiros oriundos do gerenciamento dos prazos de recebimento dos clientes e dos

    pagamentos aos fornecedores.

    O ciclo financeiro de uma empresa o perodo de tempo em que os recursos da

    empresa se encontram comprometidos entre o pagamento dos insumos e o recebimento pela

    venda do produto acabado resultante.

    O tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as vendas (recebimento do cliente) o perodo em que a empresa precisa arrumar financiamento. o Ciclo de Caixa, tambm chamado Ciclo Financeiro. (MATARAZZO, 2003, p. 319)

    PRAZO MDIO = perodo x ESTOQUES ROTAO ESTOQUE CMV

  • 37

    As empresas apresentam ciclos de operaes que envolvem pagamentos e

    recebimentos, que levam a iguais ciclos de sadas e entradas de fundos monetrios nas

    empresas.

    Quanto maior for o ciclo financeiro, maior ser a necessidade de financiamento das

    vendas, pois representa maior tempo de utilizao de financiamento e, portanto, maior custo.

    (MATARAZZO,2003, p.320)

    As figuras 02 e 03 demonstram as situaes mais comuns encontradas do ciclo

    financeiro:

    Figura 2 - Os Fornecedores financiam totalmente os estoques a uma parte das vendas

    Fonte: adaptado de Matarazzo (2003, p. 319)

    Figura 3 - Os fornecedores financiam apenas parte do estoque

    Fonte: adaptado de Matarazzo (2003, p. 320)

  • 38

    Com a anlise das figuras, obtm-se s frmulas de clculos dos ciclos operacional e

    financeiro.

    Fonte: adaptado de Matarazzo (2003, p. 319-320)

    Sendo:

    CO = Ciclo Operacional

    CF = Ciclo Financeiro

    PMRV = Prazo Mdio Recebimento de Vendas

    PMRE = Prazo Mdio Renovao de Estoque

    PMPC = Prazo Mdio Pagamento de Compras

    2.4.3 Alavancagem financeira

    Conforme Assaf Neto (1988, p. 194), a alavancagem financeira provm da

    participao de recursos de terceiros na estrutura de capital de terceiros.

    Para Gitman (1997, p. 418), a alavancagem o uso de ativos ou recursos com um

    custo fixo, a fim de aumentar os retornos dos proprietrios da empresa.

    Figura 4 - ndices de Alavancagem Financeira

    Fonte: Matarazzo (1998, p. 403)

    CO = PMRE + PMRV CF = CO - PMPC

  • 39

    O retorno do ativo (RsA) mostra qual a rentabilidade do negcio, quanto maior for o

    ndice maior a eficincia. O custo da dvida (CD) o que a empresa paga, pois a

    remunerao vem de capitais de terceiros. Quando a diferena do custo da dvida for menor

    que o retorno do ativo, os acionistas ganham a diferena, mas se for maior, os acionistas

    pagam da sua prpria remunerao, sendo que o retorno do patrimnio lquido (RsPL) fica

    sendo maior do que o retorno do ativo (RsA).

    Para Matarazzo (1998), a frmula completa da alavancagem financeira :

    Fonte: adaptado de Matarazzo (1998, p. 404)

    Sendo:

    GAF = Grau de Alavancagem Financeira;

    CD = Custo da Dvida;

    PE = Passivo Gerador de Encargos;

    RSA = Retorno sobre o Ativo;

    PL = Patrimnio Lquido.

    Esta frmula evidencia o efeito que as estruturas de capitais e os juros pagos

    produzem nos lucros finais, informando se essa estrutura est beneficiando ou no os

    acionistas. O Grau de Alavancagem Financeira (GAF) vm da relao do retorno do

    patrimnio lquido com o retorno do ativo (Matarazzo, 1998 p. 404).

    2.5 AMBIENTE ECONMICO-POLTICO-SOCIAL

    Em 2008 uma crise financeira mundial foi desencadeada de maneira direta devido ao

    colapso de uma bolha imobiliria nos Estados Unidos no ano de 2006, que provocou

    aproximadamente em outubro de 2007 a crise das hipotecas subprime, que comearam a se

    manifestar de maneira extremamente grave no incio do ano 2008 contagiando primeiramente

    o sistema financeiro dos Estados Unidos e depois internacionalmente, tendo como

    RSA + (RsA - CD) x PE

    GAF = PL RsA

  • 40

    conseqncia uma profunda crise de liquidez, e causando, indiretamente, outros fenmenos

    econmicos, como uma crise alimentcia global.

    Apesar desta crise econmica, as exportaes brasileiras de carnes (frangos, sunos e

    bovinos) atingiram seu melhor resultado em anos, totalizando 5,5 milhes de toneladas, ou

    seja, 0,9% maior que as vendas externas de 2007, de acordo com a ABEF, ABICEPS e Secex.

    A crise econmica, entretanto, atingiu a demanda, forando a reduo do preo de

    venda, especialmente em mercados de exportao, independente do aumento dos preos das

    matrias-primas, tais como o milho e a soja, isto aumentou o desafio de administrar o custo

    das vendas.

    Cabe destacar que uma crise global pode afetar adversamente os negcios e o

    resultado das operaes, aumentando a volatilidade dos mercados e contribuindo para as

    perdas lquidas, por este motivo, antes de tomar uma deciso de investimento, os potenciais

    investidores devem considerar cuidadosamente os fatores de riscos relacionados ao negcio e

    ao setor econmico.

    Houve uma fraca demanda de mercados de exportao, obrigando empresas a

    cortarem um percentual de produo de carne para exportao e a paralisao temporria da

    produo de algumas fbricas afetou negativamente a margem destas empresas.

    A crise afetou tambm a moeda brasileira, refletindo incertezas com relao ao efeito

    da crise no Brasil e no mercado de outras economias emergentes.

    No possvel prever se a crise econmica e financeira mundial ter qualquer efeito

    de longo prazo sobre a confiana do consumidor sobre os preos de venda, sobre a demanda

    por tipos especficos de produtos, a volatilidade dos preos das matrias-primas ou o

    equilbrio entre os mercados internos e externos. Estes fatores podero, portanto, continuar a

    afetar adversamente os negcios o resultado operacional e o preo de mercado das aes.

    2.6 FUSO DE EMPRESAS

    Segundo Acioli (2009), uma companhia trabalha sempre pensando em superar a

    concorrncia, para conquistar uma maior fatia de mercado e mais consumidores ou clientes,

    seja qual for o setor em que a empresa atua. Obter a liderana, vender mais e ser lembrada em

    primeiro lugar so os principais objetivos. Numa economia capitalista, em que obter lucros,

  • 41

    alm de se sustentar financeiramente, cada vez mais difcil, alguns grupos optam por juntar

    foras.

    Segundo Maia (1972, p. 44), fuso uma forma de unio, tal como a incorporao,

    em que h o desaparecimento de uma ou mais pessoas jurdicas, para que surja outra, com

    maior dimenso e maior capacidade econmica. As sociedades juntam seus patrimnios,

    deixando de existir individualmente, constituindo-se uma nova personalidade jurdica,

    cabendo aos primeiros administradores promover o arquivamento e a publicao da fuso.

    Segundo Alves (2003, p . 1):

    A fuso um instituto complexo, de natureza societria, que se apresenta com trs elementos fundamentais e bsicos: 1. Transmisso patrimonial integral e englobada, com sucesso universal; 2. Extino de, pelo menos, uma das empresas fusionadas; 3. Ingresso dos scios da sociedade ou das sociedades extintas na nova

    sociedade criada. Atualmente as grandes empresas e companhias preferem ficar no regime da fuso econmica, mediante a criao de sociedades ou companhias controladoras ou financiadoras das sociedades que exploram o mesmo ramo de comrcio ou indstria ou que a ele se prendem na complexidade da produo, da distribuio e colocao de produtos.

    2.6.1 Caractersticas

    Para que se processe a fuso devero ser cumpridas as formalidades exigidas pelos

    incisos 1 e 2 do art. 228 da Lei n 6.404, de 1976 (Lei das S.A.):

    1 - A assemblia geral de cada companhia, se aprovar o protocolo da fuso, dever nomear os peritos que avaliaro os patrimnios lquidos das demais sociedades.

    2 - Apresentados os laudos, os administradores convocaro os scios ou acionistas das sociedades para uma assemblia geral, que deles tomar conhecimento e resolver sobre a constituio definitiva da nova sociedade, vedado aos scios ou acionistas votar o laudo de avaliao do patrimnio lquido da sociedade de que fazem parte.

    Os Fatores determinantes apontados para que as fuses sejam vantajosas, segundo

    Mesquita (2006, p. 17) so: racionalizar a produo e ampliar o mercado para exportao;

    adotar os progressos tecnolgicos; reorganizar as estruturas econmicas empresariais; e evitar

    a concorrncia (no raro verificarmos muita fuses que tenham esse objetivo disfarado).

  • 42

    2.6.2 Legislao nacional

    Os rgos de administrao ou scios das sociedades interessadas firmaro um

    protocolo que dever incluir, conforme Brosselin (2010, p. 3-4):

    1. O nmero, a espcie e a classe das aes que sero atribudas aos scios e os critrios de relao de trocas;

    2. Os critrios de avaliao do patrimnio lquido, a data-base de sua avaliao e o tratamento das variaes patrimoniais posteriores;

    3. A soluo a ser adotada quanto s aes e / ou quotas de capital de uma das sociedades possudas por outras;

    4. O valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou reduo das sociedades que forem parte na operao;

    5. O projeto ou projetos de estatuto, ou de alteraes estatutrias, que devero ser aprovados para efetivar a operao;

    6. Todas as demais condies acordadas entre as partes.

    Firmado o protocolo entre os rgos das administraes das sociedades envolvidas ou

    entre os scios, dever ser submetida deliberao da assemblia geral das sociedades

    envolvidas uma justificao, na qual devero ser expostos, segundo Mesquita (2006, p. 6):

    1. Os motivos ou fins da operao e o interesse da companhia em sua efetivao;

    2. As aes que os acionistas preferenciais recebero e as razes para a modificao de seus direitos, se houver;

    3. A composio, aps a operao, segundo espcie e classes das aes, do capital das companhias que devero emitir aes em substituio s que devero extinguir-se;

    4. O valor do reembolso das aes a que tm direito os acionistas dissidentes.

    Na fuso segundo Mesquita (2006, p. 6):

    1. Duas ou mais sociedades, ainda que de tipo diverso, podem fundir-se mediante a sua reunio numa s.

    2. As sociedades dissolvidas podem fundir-se com outras sociedades, dissolvidas ou no, ainda que a liquidao seja feita judicialmente, se preencherem os requisitos de que depende o regresso ao exerccio da atividade social.

  • 43

    3. No permitido a uma sociedade fundir-se a partir do requerimento para apresentao falncia e convocao de credores, e do requerimento de declarao de falncia ou da participao.

    2.6.3 Aspectos contbeis e tributrios

    Os tratamentos contbeis normalmente utilizados no Brasil no so reconhecidos

    internacionalmente. A atualizao dos valores contbeis para fins dessas operaes feita em

    funo da legislao fiscal e a mais comum. (FIPECAFI, 2003). O registro contbil

    simples, bastando apenas que criar contas transitrias nas empresas envolvidas, ajustando s

    participaes que uma empresa detm da outra e registrando o aumento ou diminuio do

    capital.

    A lei n. 9.249/95 define que os bens e direitos sero avaliados pelo valor contbil ou

    de mercado. O dispositivo legal est redigido nos seguintes termos:

    Art. 21. A pessoa jurdica que tiver parte ou todo o seu patrimnio absorvido em virtude de incorporao, fuso ou ciso dever levantar balano especfico para esse fim, no qual os bens e direitos sero avaliados pelo valor contbil ou de mercado.

    1 O balano a que se refere este artigo dever ser levantado at trinta dias antes do evento.

    2 No caso de pessoa jurdica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, que optar pela avaliao a valor de mercado, a diferena entre este e o custo de aquisio, diminudo dos encargos de depreciao, amortizao ou exausto, ser considerada ganho de capital, que dever ser adicionado base de clculo do imposto de renda devido e da contribuio social sobre o lucro lquido.

    3 Para efeito do disposto no pargrafo anterior, os encargos sero considerados incorridos, ainda que no tenham sido registrados contabilmente.

    4 A pessoa jurdica incorporada, fusionada ou cindida dever apresentar declarao de rendimentos correspondente ao perodo transcorrido durante o ano-calendrio, em seu prprio nome, at o ltimo dia til do ms subseqente ao do evento.

    A avaliao dos bens ou direitos pelo valor contbil ou de mercado atende tanto a

    legislao fiscal como societria, desde que no tenha participao da incorporadora no

    capital da incorporada ou esta naquela. Se na incorporao ou fuso no vai ocorrer extino

    de investimento que uma possui na outra, no h prejuzo fiscal para a Unio ao avaliar os

    bens ou direitos pelo valor contbil ou de mercado.

  • 44

    Observando as Leis n 11.638/07 e n 11.942/09 os artigos anteriores no sofreram alteraes.

    2.6.4 Anlise dos aspectos de uma fuso

    Se a formao de megacorporaes ou no benfica ao consumidor no mercado,

    uma questo controversa, uma discusso que permite saber como a sociedade reage a

    processos que no tem um controle completo segundo Andr Marques da Silva (2009).

    Segundo fontes, The Economist, Kolynos Brasil, Nestl, AmBev, ACNielsen; a fuso

    pode ser analisada pelos aspectos:

    Da empresa: quando as empresas esto em crise e a beira da falncia, a fuso passa a ser a melhor alternativa de sobrevivncia num ambiente concorrencional. Estas se fortalecem, melhoram sua rentabilidade e se tornam mais competitivas para brigar com as corporaes internacionais. Existe a possibilidade de se diminurem os custos com publicidade, distribuio e logstica. Alm de um maior investimento em pesquisa, maiores inovaes, modernizao, tornando o ramo de atuao da empresa mais dinmico. Porm estes gastos com desenvolvimento do produto, muitas vezes no chegam ao consumidor, no impactando no preo final (os preos ao invs de carem, podem at aumentar). Com isto, o faturamento destas megacorporaes pode dobrar depois de alguns anos. Com este aumento de preos, a participao no mercado que no incio da fuso era quase que um monoplio, ao longo dos anos tende a diminuir consideravelmente

    Do governo: inclu-se a questo da economia do pas, o nmero de empregos oferecidos por estas megacorporaes alm de se manter pode tambm aumentar, mais que dobrar em alguns casos. excelente para o pas, pois este trabalhador estar recebendo salrio e consumindo em diversos setores, movimentando a economia como um todo. Com a internacionalizao da empresa, existe inclusive a abertura do mercado de trabalho para o brasileiro em outros pases. Esta mesma internacionalizao faz com que alm do nome da empresa, o nome do Brasil seja levado ao exterior. Com a fuso de empresas nacionais, afastamos o risco do capital estrangeiro adentrar em nosso pas, ocasionando evaso de divisas. A arrecadao de impostos tambm aumenta, chegando a quadruplicar em alguns casos.

    Do consumidor: estas fuses significam a unio de antigos rivais. uma empresa a menos no mercado, diminuindo a liberdade de escolha. Este aumento de domnio do mercado, trs efeitos negativos para os consumidores e para os concorrentes menores. Antes, duas grandes empresas brigavam para oferecer o melhor produto, com o preo mais baixo para voc. Mas agora estas empresas se uniram. No existe mais a guerra para atrair consumidores, roubar consumidores da concorrncia. O preo pode inclusive aumentar, j que no existir mais a concorrente para forar a queda nos preos muitas vezes abusivos.

  • 45

    Avaliando estes trs ngulos (empresa, governo e consumidor), possvel inferir que

    as empresas Sadia e Perdigo se enquadram na anlise do aspecto da empresa e do aspecto do

    governo.

  • 46

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA

    A metodologia da pesquisa deste trabalho demonstrada pelo delineamento da

    pesquisa, da delimitao do universo, da forma de coleta dos dados, do tratamento e anlise

    destes dados e, por fim, das limitaes desta pesquisa.

    3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

    Este estudo foi delineado de acordo com os objetivos e os procedimentos da pesquisa

    e a abordagem do problema.

    3.1.1 Quanto aos objetivos

    Quanto aos objetivos, este trabalho caracterizou-se como pesquisa descritiva.

    Conforme Cervo e Bervian (2002, p. 66) a pesquisa descritiva observa, registra,

    analisa e correlaciona fatos ou fenmenos (variveis) sem manipul-los. Procura descobrir,

    com a preciso possvel, a freqncia com que o fenmeno ocorre, sua relao e conexo com

    outros, sua natureza e caractersticas.

    Para Gil (1999):

    A pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou estabelecimento de relaes entre variveis. Uma de suas caractersticas mais significativas est na utilizao de tcnicas padronizadas de coletas de dados.

    Neste trabalho, no houve interferncias nos dados coletados, que foram utilizados

    apenas para anlises, classificao e registro, e para que assim fosse possvel interpret-los da

    maneira mais correta.

  • 47

    3.1.2 Quanto aos procedimentos

    Quanto aos procedimentos, que tem a funo de conduzir o trabalho, foi utilizado o

    mtodo de estudo de caso.

    Conforme Raupp e Beuren (2004, p. 84) a pesquisa do tipo estudo de caso

    caracteriza-se principalmente pelo estudo concentrado de um nico caso, esse estudo

    preferido pelos pesquisadores que desejam aprofundar seu conhecimento a respeito de

    determinado caso especfico.

    A pesquisa limitou-se ao estudo e anlise do desempenho econmico-financeiro da

    Brasil Foods, e suas formadoras.

    3.1.3 Quanto a abordagem do problema

    Ao ver o estudo da tipologia quanto a abordagem dos problemas, foi utilizada a

    pesquisa qualitativa-quantitativa.

    Segundo Richardson e Peres (1989, p. 80) os estudos que empregam uma

    metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar

    a inteno de certas varveis, compreender e classificar processos dinmicos vividos por

    grupos sociais. Ressalta tambm que podem contribuir no processo de mudana de

    determinado grupo e possibilitar, em maior nvel de profundidade, o entendimento das

    particularidades do comportamento dos indivduos.

    Para Richardson (1989, p.29), a abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego

    de quantificao tanto nas modalidades de coleta de informaes quanto no tratamento delas.

    Este trabalho apresentou, alm da exposio dos dados, uma anlise dos ndices

    comparando a empresa Brasil Foods de suas antecessoras Sadia e Perdigo.

  • 48

    3.2 DELIMITAO DO UNIVERSO

    De acordo com Gil (1996, p. 121) [...] consiste em delimitar a unidade que constitui

    o caso em estudo. Este pode ser uma pessoa, uma famlia, uma comunidade, um conjunto de

    relaes ou processos [...].

    No presente trabalho, por se tratar de um estudo de caso, restringe-se a empresa

    Brasil Foods S.A, uma multinacional do ramo alimentcio e suas antecessoras Sadia e

    Perdigo.

    3.3 COLETA DE DADOS

    Neste trabalho foram utilizados os mtodos de coleta de dados mediante observao

    e anlise de documentos.

    Segundo Gil (1996, p. 122) a coleta de dados no estudo de caso feita mediante o

    concurso dos mais diversos procedimentos. Os mais usuais so: a observao, a anlise de

    documentos, a entrevista e a histria de vida.

    Todos os documentos analisados foram retirados dos sites das empresas e do site da

    BOVESPA.

    3.4 TRATAMENTO E ANLISE DOS DADOS

    A descrio e anlise dos dados coletados foi iniciada pela caracterizao da empresa

    pesquisada.

    Por intermdio da anlise de dados coletados foi possvel inferir que mais importante

    que mais importante que o clculo dos ndices a leitura e anlise dos mesmos, pois a est o

    grande diferencial competitivo que as organizaes buscam: ver nos nmeros informaes

    que a concorrncia no enxerga.

    Segundo Gil (1996, p. 123) [...] consiste em finalizar a pesquisa com a simples

    apresentao dos dados coletados [...].

  • 49

    De acordo com isso, o tratamento e anlise dos dados neste trabalho foram

    apresentados pelos seus demonstrativos e comparaes feitas para melhor entendimento

    destas informaes coletadas.

    3.5 LIMITAO DA PESQUISA

    Devem-se levar em considerao algumas limitaes da pesquisa: srie restrita a cinco

    anos e o mtodo de estudo de caso, por no permitir generalizaes.

    A pesquisa deste trabalho limitou-se ao estudo e anlise das demonstraes

    financeiras, mais focada no desempenho econmico-financeiro das empresas analisadas.

    Assim como as vantagens trazidas referida empresa e o meio em que est inserida.

  • 50

    4 ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS

    Neste captulo apresentada a histria e a evoluo da Brasil Foods, assim como seus

    indicadores e anlises segundo dados extrados do Balano Patrimonial e Demonstrao do

    Resultado do Exerccio dos anos de 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009. Os ndices selecionados

    para anlise so os mesmos utilizados pelo anurio Melhores & Maiores da revista exame.

    4.1 APRESENTAO DA EMPRESA

    Um relato histrico da empresa descrito no relatrio da Administrao publicado

    pela BRASIL FOODS (2010), ressaltado a seguir.

    Em 1934, nascia em Vila das Perdizes (SC) um pequeno negcio de secos e molhados,

    sob o comando de descendentes de duas famlias de imigrantes italianos os Ponzoni e os

    Brandalise. O armazm deu origem Perdigo, hoje BRF Brasil Foods.

    A garra e a coragem daqueles pioneiros s fizeram o negcio crescer. Em 1939, a

    empresa iniciou as atividades industriais por meio de um pequeno abatedouro e fbrica de

    produtos sunos. Dois anos depois, o abate de sunos atingiu a marca de 100 animais/dia, um

    recorde para a poca. O destino da companhia estava traado: crescer comprometida com o

    desenvolvimento do Brasil.

    As marcas deste compromisso permeiam toda a trajetria da empresa. Em 1954,

    quando a Vila das Perdizes j se transformara no municpio de Videira, comearam os

    investimentos em avicultura. Mais uma vez, a viso dos fundadores levou a empresa a iniciar

    na regio a implantao de um revolucionrio sistema produtivo de aves e sunos: a

    integrao vertical, aliando a tecnologia da empresa ao trabalho srio e dedicado dos

    produtores.

    Com essa iniciativa, aperfeioada ao longo dos anos e estendida s demais regies

    onde est presente, a empresa tem participado da interiorizao do desenvolvimento,

    privilegiando o pequeno produtor, incentivando a agricultura familiar e, conseqentemente,

    contribuindo para a conteno do xodo rural.

  • 51

    A BRF Brasil Foods, atual denominao social da Perdigo, nasceu como um dos

    maiores players (participantes) globais do setor alimentcio, reforando a posio do pas

    como potncia no agronegcio.

    Com faturamento de R$ 24,4 bilhes e valor de mercado de U$ 11,4 bilhes,

    registrados em 2009, a BRF a quarta maior exportadora brasileira, maior exportadora

    mundial de aves e maior empresa global de protenas em valor de mercado, sendo tambm

    uma das principais companhias brasileiras na captao de leite. Empresa de escala

    internacional, seus produtos chegam a mais de 110 pases.

    Quando finalizado o processo de fuso com a Sadia, a BRF ser uma das maiores e

    mais eficientes companhias de alimentos processados do mundo. Em 18 de agosto de 2009, a

    incorporao das aes ordinrias e preferenciais da Sadia pela BRF foi aprovada pelos

    acionistas das duas empresas. Com isso, a Sadia passou a ser subsidiria integral da BRF, mas

    as companhias mantero suas operaes independentes at que o CADE (Conselho

    Administrativo de Defesa Econmica) se posicione sobre a fuso.

    Desde o anncio da associao entre as duas empresas, o processo avanou dentro dos

    parmetros estabelecidos no Apro (Acordo de Preservao de Reversibilidade da Operao),

    firmado com o CADE. A BRF foi liberada para gerir de forma conjunta a rea financeira e

    recebeu autorizao para coordenar as atividades das duas empresas no mercado externo.

    A BRF tambm pode coordenar as atividades relacionadas ao segmento de carnes in

    natura e negociao e compra de insumos e servios. Essas aes foram permitidas porque

    no comprometem a reversibilidade da operao, prevista no Apro.

    4.2 NDICES UTILIZADOS PARA ANLISE

    A revista exame, edio Melhores & Maiores tem por objetivo medir o desempenho

    das empresas, e sendo um anurio conhecido e reconhecido optou-se por utilizar seus ndices

    na anlise objeto deste trabalho.

    Os ndices utilizados para a interpretao dos dados foram os mesmos apresentados e

    utilizados pela revista exame, so eles: endividamento geral, giro do ativo, liquidez corrente,

    liquidez geral, rentabilidade do patrimnio e margem lquida.

  • 52

    4.3 CLCULO DOS NDICES E INTERPRETAO DOS DADOS

    A seguir so apresentados os ndices calculados com base nos demonstrativos

    financeiros das empresas Brasil Foods, Sadia e Perdigo. Os demonstrativos esto afixados

    nos anexos.

    4.3.1 Endividamento geral

    Tabela 1 - Endividamento geral da Sadia

    FRMULA 2005 2006 2007 2008 Passivo

    Ativo Total 4.477.351 6.707.284 = 66,75%

    5.446.150 8.039.757 = 67,74%

    5.890.324 9.457.887 = 62,28%

    13.194.152 13.658.991 =96,60%

    Fonte: A pesquisa Ao analisar o ndice de endividamento geral da Sadia, observa-se que em 2005 a

    empresa financiou 66,75% do ativo com capital de terceiros, em 2006 este ndice saltou para

    67,74%, reduzindo para 62,28% em 2007, e em 2008 saltando para 96,60%, representando um

    resultado insatisfatrio para a empresa.

    Tabela 2 - Endividamento geral da Perdigo FRMULA 2005 2006 2007 2008

    Passivo Ativo Total

    2.402.276 3.625.071 = 66,27%

    2.685.534 4.829.416 = 55,61%

    3.317.332 6.543.311 = 50,70%

    7.108.233 11.219.547 = 63,36%

    Fonte: A pesquisa

    Analisando o ndice de endividamento geral da Perdigo, observa-se que em 2005 a

    empresa financiou 66,27% do ativo com o capital de terceiros, em 2006 houve uma melhora

    indicando um endividamento de 55,61%, em 2007 tambm apresentou melhoras passando

    para 50,73%. Porm em 2008, o endividamento retornou ao nvel aproximado de 2005 ao

    atingir um ndice de 63,36%, contudo, ainda assim representando um resultado razovel para

    a empresa. Cabe destacar que este resultado melhor que o da emp