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Mario José de Lira
AVALIAÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS RELACIONADOS À EXPOSIÇÃO À SÍLICA LIVRE CRISTALIZADA EM UMA PEDREI RA
DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Recife 2010
Universidade de Pernambuco Escola Politécnica de Pernambuco Departamento de Pós-Graduação
Mario José de Lira
AVALIAÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS RELACIONADOS À EXPOSIÇÃO À SÍLICA LIVRE CRISTALIZADA EM UMA PEDREI RA
DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, para obtenção do título de Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Orientadora: Profª Dra. Emilia R. Kohlman Rabbani
Recife 2010
Universidade de Pernambuco Escola Politécnica de Pernambuco Departamento de Pós-Graduação
Mario José de Lira
AVALIAÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS RELACIONADOS À EXPOSIÇÃO À SÍLICA LIVRE CRISTALIZADA EM UMA PEDREI RA
DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE
BANCA EXAMINADORA: Orientador: _________________________________________ Profª Dra. Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani Universidade de Pernambuco Examinadores:
__________________________________________ Profª. MSc. Eliane Maria Gorga Lago Universidade de Pernambuco __________________________________________
Profª. Msc. Ana Rosa Bezerra Martins Universidade de Pernambuco
Recife, PE
2010
Dedicatória
Ao Criador, por todas as oportunidades. Aos meus queridos pais, pelos ensinamentos ainda presentes.
À minha esposa, pelo amor e estímulo constante. Aos filhos, igualmente.
Agradecimentos
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança da Escola
Politécnica da Universidade de Pernambuco, pela dedicação, orientação e estímulo.
Agradecimentos especiais:
Ao Professor Dr. Béda Barkokébas Junior, um grande apoiador.
À Professora Dra. Emília Rahnemay Kohlman Rabbani, pela valiosa orientação.
Às Professoras MSc. Ana Rosa Bezerra Martins e MSc. Eliane Maria Gorga Lago, pelas
valiosas orientações na utilização dos equipamentos de medição.
Aos estagiários Fabiana Nóbrega e Waldo Alencar, de fundamental contribuição nos
treinamentos de campo e na formatação deste trabalho.
À Professora Jandira Dantas, pelo estímulo dado na exploração do tema.
À Professora Joseline Maria Campos T. Carneiro Leão, por sua força, carinho, dedicação e por
tornar possível este trabalho.
Aos funcionários da POLI.
Aos queridos colegas, da Turma Paulo Clebert.
À empresa, na qual realizei este trabalho, pela abertura e suporte.
E, finalmente, meus agradecimentos e homenagem mais que especial, aos trabalhadores que tão
gentilmente cederam espaço em suas duras jornadas, permitindo e colaborando na coleta das
amostras.
RESUMO
Na atividade de produção de agregados para a construção civil, em todas as etapas do processo, são geradas quantidades elevadas de poeiras minerais micro particuladas, contendo quantidades apreciáveis de sílica livre cristalizada, nas suas variadas formas que, ao se manterem em suspensão no ambiente de trabalho, expõem o trabalhador ao risco de desenvolver a silicose ocupacional, com redução da sua capacidade para o trabalho e de seu tempo de vida. Assim, iniciado a partir de estudos acerca da sílica livre cristalizada, das suas propriedades e conseqüências da exposição do organismo humano a este agente de risco químico, este estudo de caso foi realizado com o objetivo de avaliar qualitativa e quantitativamente a exposição dos trabalhadores à poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada em uma pedreira de médio porte da Região Metropolitana do Recife, no Estado de Pernambuco. O estudo foi desenvolvido a partir de visitas à pedreira para avaliação do processo e realização de entrevistas com o corpo gerencial da empresa. A escolha dos postos de trabalho nos quais foram realizadas as amostragens quantitativas ocorreu mediante análise preliminar de riscos de cada atividade, sendo escolhidas aquelas mais críticas sob o ponto de vista do potencial de geração de poeiras. Sob metodologias reconhecidas de amostragem, as amostras coletadas foram analisadas quantitativamente para poeiras respiráveis e para sílica livre cristalizada, fornecendo os dados necessários para o cálculo do Limite de Tolerância, conforme legislado no Brasil, permitindo a sua avaliação também mediante exigências internacionalmente aceitas. Em complemento, foram elaborados protocolos de avaliação gerencial com a intenção de avaliar, primeiramente, a adequação da empresa em relação à Norma Regulamentadora – NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração, bem como a elaboração de um indicador econômico de segurança da empresa; um segundo protocolo foi criado com base nas recomendações e exigências da Fundacentro para implantação de um Programa de Proteção Respiratória e, por último, um protocolo de avaliação com respeito às diretrizes da Organização Internacional do Trabalho para implantação de um sistema de gestão em saúde e segurança do trabalho. A partir dos resultados laboratoriais obtidos, os quais mostraram a exposição acima dos limites de exposição aceitos nacional e internacionalmente para todas as funções avaliadas, sendo caracterizada a insalubridade das atividades desenvolvidas na pedreira, foram sugeridas medidas técnicas e administrativas, com o objetivo de reduzir e controlar a exposição a níveis aceitáveis e que permitam maior proteção aos trabalhadores. No âmbito da legislação brasileira, a realização de um estudo teórico a respeito da fórmula de cálculo dos limites de tolerância, evidenciou o nível de inadequação da legislação brasileira em comparação aos parâmetros de controle mais severos e aceitos internacionalmente. Finalmente, e fundamentadas nas avaliações e resultados encontrados, foram feitas recomendações quanto à adoção de medidas técnicas e administrativas, objetivando o controle da exposição ao risco, com ênfase na exigência de um sistema de gestão em saúde e segurança do trabalho, integrado aos demais sistemas de gestão da empresa. Palavras chave: Segurança na mineração. Saúde ocupacional. Risco químico. Poeira mineral. Pedreira. Sílica livre cristalizada.
ABSTRACT
During the production of aggregates at quarry sites, elevated quantities of micro-particulate mineral dust are produced in all stages of the process containing appreciable amounts of free crystalline silica in a variety of forms which, if maintained suspended in the air in the work environment, expose the workers to the risk of developing occupational silicosis, which causes reduced ability to work and even shortening of lifespan. Based on studies of free crystalline silica, its properties, and the consequences of exposure on the human body, a case study was conducted in order to qualitatively and quantitatively evaluate the exposure of workers to mineral dust containing free crystalline silica at a medium-sized quarry in the Recife metropolitan area, in the State of Pernambuco. Various visits to the quarry were conducted to evaluate the process and qualitatively identify the hazards, as well as to collect samples for quantitative analysis and conduct surveys with the company’s managerial staff. The jobs from which samples were taken for analysis were chosen based on a preliminary analysis of hazards, selecting the most critical activities based on the potential for dust generation. Using recognized sampling methodologies, the samples collected were quantitatively analyzed for breathable dust and free crystalline silica, providing the data necessary to calculate the Tolerance Limit in conformity with Brazilian legislation, as well as permitting evaluation using international requirements. Management evaluation surveys were developed with the intention of, first, measuring the compliance of the company with Regulating Standard 22 (NR 22) – Occupational Safety and Health in Mining – and calculating an economic indicator for safety, second, implementing a Respiratory Protection Program following the requirements of Fundacentro, and finally, considering the industry-specific guidelines from the International Labor Organization for the implementation of an occupational safety and health management system. Laboratory results demonstrated exposure levels above acceptable national and international limits for all jobs evaluated, characterizing the activities performed at the quarry as insalubrious. This study also showed the inadequacy of the formula for calculating tolerance limits in Brazilian legislation when compared with the more strict internationally accepted control parameters. Finally, based on the evaluations and results obtained, recommendations were made regarding the adoption of technical and administrative measures that aim to control risk exposure, with emphasis on the requirements of an occupational safety and health management system, integrated with other management systems at the company. Keywords: Mining safety. Occupational Health. Chemical hazard. Mineral dust. Quarry. Free crystalline silica.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Pneumoconioses, poeiras causadoras e processos anatomopatológicos
subjacentes 25
Quadro 2 – Respostas clínicas conforme local de deposição das partículas no trato
respiratório 28
Quadro 3 – Acidentes do trabalho no Brasil, de 2006 a 2008 34
Quadro 4 – Acidentes do trabalho no Brasil, na atividade
com CNAE 0810 34
Quadro 5 – Acidentes do trabalho na Região Nordeste, com CNAE 0810 35
Quadro 6 – Acidentes do trabalho registrados em Pernambuco,
com CNAE 0810 35
Quadro 7 – Acidentes do trabalho em função da exposição ocupacional a
fatores de risco 36
Quadro 8 – Convenções da Organização Internacional do
Trabalho – OIT 38
Quadro 9 – Diâmetros aerodinâmicos de partículas 48
Quadro 10 – NR 22, Quadro I – Número de trabalhadores a serem amostrados em
função do número de trabalhadores do grupo homogêneo em exposição 71
Quadro 11 – Anexo I da Norma Regulamentadora – NR 28 80
Quadro 12 – TLV-TWA: valores guia e corrigidos 110
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Cristais de sílica 23
Figura 2 – Estrutura do α-quartzo, cristobalita e tridmita 24
Figura 3 – Local de deposição das partículas no sistema respiratório 27
Figura 4 – Principais elementos do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do
Trabalho - SGSST 56
Figura 5 – Benefícios da implantação de um SGSST 58
Figura 6 – Detalhe da bancada em desmonte na mina estudada 62
Figura 7 – Perfuratriz pneumática (Rock) 62
Figura 8 – Detalhe da perfuração dos rachões com martelete pneumático 63
Figura 9 – Caminhão caçamba em carregamento 63
Figura 10 – Vista geral do britador primário 64
Figura 11 – Entrada dos rachões no britador primário 64
Figura 12 – Vista geral do setor de britagens secundária e terciária 65
Figura 13 – Bomba de amostragem de poeira 73
Figura 14 – Calibrador digital 73
Figura 15 – Cassete porta filtros 74
Figura 16 – Cassete porta filtros montado e ciclone separador 74
Figura 17 – Operador de perfuratriz pneumática (Rock) 83
Figura 18 – Ajudante de Rock 85
Figura 19 – Marteleteiro em atividade 87
Figura 20 – Operador de escavadeira hidráulica 88
Figura 21 – Motorista de caminhão 89
Figura 22 – Operador do britador primário 91
Figura 23 – Vista aérea da pedreira com indicação da direção predominante dos ventos 92
Figura 24 – Setor industrial e britador primário sem umidificação 92
Figura 25 – Marroeiro 94
Figura 26 – Encarregado da pedreira 95
Figura 27 – Servente 96
Figura 28 – Motorista de pá carregadeira 97
Figura 29 – Cabine de operação de britagem 99
Figura 30 – Desobstrução do britador primário 101
Figura 31 – Setor de britagem secundária e terciária operando sem umidificação 101
Figura 32 – Setor de britagem secundária e terciária em operação com umidificação 102
Figura 33 – Carreta de perfuração com dispositivos de coleta de poeira acoplados 118
Figura 34 – Acessório para coleta de poeira 119
Figura 35 – Bocal com controle regulável de coleta de pó 119
Figura 36 – Acessório de coleta de poeira acoplado ao martelete 120
Figura 37 – Dispositivo de umidificação sobre transportador de esteira 120
Figura 38 – Carreta alimentada a óleo diesel dotada de acessórios 121
Figura 39 – Carreta cabinada para perfuração de rochas a céu aberto 122
Figura 40 – Carretas cabinadas em operação em uma mina a céu aberto 122
Figura 41 - Respirador PFF-2 para Poeiras, névoas e fumos 124
Figura 42 – Uso incorreto da máscara de proteção respiratória 125
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados das amostragens e resultados analíticos por função / amostra 106
Tabela 2 – Cálculo do Limite de Tolerância e do fator de risco, de acordo com a
NR 15 e corrigidos para 53 horas 108
Tabela 3 – Fatores de risco comparados aos Limites de Exposição Ocupacional do
ACGIH, corrigidos para a jornada real de trabalho 111
Tabela 4 – Defasagem no cálculo do Limite de Tolerância 115
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists
AEAT – Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho
AMB- Anuário Mineral Brasileiro
APR- Avaliação Preliminar de Riscos
BSI – British Standard Institution
CA – Certificado de aprovação
CAT - Comunicação de acidente de trabalho
CEN – Comité Europeén de Normalisation
CID - Código Internacional de Doenças
CIPAMIN -Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho na Mineração
CNAE-Código Nacional de Atividade Econômica
DNPM-Departamento Nacional de produção Mineral
FPA – Fator de Proteção Atribuído
FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Saúde do Trabalho
EPI – Equipamento de proteção individual
EPR – Equipamento de proteção respiratória
FR- Fator de Redução
IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILO - International Labour Organization.
IARC- Internacional Agency for Research on Cancer
ISO - International Organization for Standardization
LEO – Limite de exposição ocupacional
LT – Limite de tolerância
LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho
M1 a M12 - amostragens realizadas
MPS - Ministério da Previdência Social
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
NA – Não Aplicável
NR - Norma Regulamentadora
NBR - Norma Regulamentadora Brasileira
NHO – Norma de Higiene Ocupacional
NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health
OIT - Organização Internacional do Trabalho
OMS - Organização Mundial da Saúde
OSHA - Occupation Safety and Health Administration
PCMSO – Programa de Condições Médica e Saúde Ocupacional
PDCA- Plan-Do-Check-Act
PES – Programa Internacional para Eliminação da Silicose
PFF- Peça Semi Facial Filtrante
PGR- Programa de Gerenciamento de Riscos
PNES – Programa Nacional de Eliminação da Silicose
PNOS – Partículas (insolúveis ou de baixa solubilidade) não Especificadas de Outra Maneira
POP- Procedimento Operacional Padrão
PPR – Programa de Proteção Respiratória
PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PR- Poeira Respirável
PVC- Cloreto de Polivinila
RAIS- Relatório Anual de Informações Sociais
RAL- Relatório Anual de lavras
SESMT- Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho
SGSST – Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho
SLC – Sílica livre cristalizada
TLV-TWA – Threshold Limit Value – Time Weighted Average
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 17
1.1 Justificativa 17
1.2 Objetivo geral 18
1.3 Objetivos específicos 19
2 SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 21
2.1 Conceitos básicos 21
2.1.1 Agentes químicos 22
2.1.2 Sílica livre cristalizada 23
2.1.3 Doenças relacionadas à exposição à sílica livre cristalizada 24
2.1.4 O tratamento da exposição e da silicose no mundo 30
2.2 Aspectos históricos 32
2.2.1 Bases legais sobre a segurança do trabalho 37
2.2.2 Convenções da Organização Internacional do Trabalho 37
2.2.3 Evolução da Legislação Brasileira 39
2.2.4 Limites de tolerâncias aceitos pela Legislação Brasileira e a American
Conference of Governmental Industrial Hygienists - ACGIH. 46
2.2.4.1 De acordo com a Legislação Brasileira: Norma Regulamentadora – NR 15 46
2.2.4.2 De acordo com a American Conference of Industrial Hygienists – ACGIH 49
2.2.5 Bases para o cálculo do Limite de Tolerância às poeiras minerais 50
2.3 O gerenciamento do risco 53
2.4 A percepção acerca dos riscos 58
3 MINERAÇÃO A CÉU ABERTO - PEDREIRAS 60
3.1 A Indústria de agregados para a construção civil no Brasil e em Pernambuco 60
3.2 O processo de lavra e beneficiamento 61
3.3 Riscos Ambientais na atividade de mineração a céu aberto e processamento
da pedra britada 65
3.4 Máquinas e equipamentos como fonte de riscos 67
4 METODOLOGIA 69
4.1 Definição dos pontos de amostragem quantitativa para teores de sílica livre 70
4.2 Métodos de amostragem 72
4.3 Materiais, equipamentos e instrumentos utilizados na amostragem do agente
químico 72
4.4 Métodos de análises laboratoriais 75
4.4.1 Análise gravimétrica para poeira respirável 75
4.4.2 Análise espectrométrica da concentração de sílica livre cristalizada 76
4.5 Métodos para diagnóstico gerencial da adequação às normas 76
4.5.1 Lista de verificação de conformidades de acordo com os itens da
Norma Regulamentadora – NR 22 77
4.5.2 Lista de verificação de conformidades de acordo com o
Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro 78
4.5.3 Lista de verificação de conformidades de acordo com as diretrizes
da Organização Internacional do Trabalho – OIT, para a implantação de sistemas
de gestão em saúde e segurança no trabalho – SGSST 78
4.5.4 Cálculo do indicador econômico de segurança ou passivo de segurança da empresa 79
5 RESULTADOS 81
5.1 Avaliação qualitativa das tarefas e dos postos de trabalho 81
5.2 Avaliação da adequação das máquinas e equipamentos 100
5.3 Avaliação da adequação das medidas administrativas e gerenciais às normas
vigentes 102
5.3.1 De acordo com a Norma Regulamentadora NR 22 do MTE 102
5.3.2 De acordo com o Programa de Proteção Respiratória da FUNDACENTRO 103
5.3.3 De acordo com as Diretrizes da OIT para Sistemas de Gestão em Saúde e
Segurança do Trabalho 104
5.4 Resultados analíticos quantitativos do risco poeiras minerais 105
5.4.1 Dados analíticos 105
5.4.2 Avaliação quantitativa do risco 106
5.4.3 Avaliação quantitativa do risco em relação aos limites de exposição ocupacional
do ACGIH 109
5.5 Análise teórica da defasagem no cálculo do Limite de Tolerância da NR 15 111
6 CONTROLE DO RISCO 117
6.1 Medidas técnicas para redução da exposição às poeiras minerais 117
6.2 Medidas administrativas para redução da exposição às poeiras minerais 125
7 CONCLUSÃO 127
8 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS 130
9 REFERÊNCIAS 132
Apêndice A – Avaliação do SGSST de acordo com a NR 22 138
Apêndice B – Avaliação do SGSST de acordo com a FUNDACENTRO 148
Apêndice C – Avaliação do SGSST de acordo com diretrizes da OIT 150
Apêndice D – Formulário de entrevista com empregador 156
Anexo A – Certificado de calibração 814 – 2009 159
Anexo B – Certificado de calibração 817 – 2009 161
Anexo C– Método NIOSH 0600 163
Anexo D– Método NIOSH 7602 169
Anexo E – Relatório de análises 174
Anexo F – Transcrição da Tabela 3- Recomendações de EPR para sílica cristalizada
do Programa de Proteção Respiratória, Recomendações, Seleção e uso
de Respiradores, da Fundacentro 176
17
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, é lamentável que ainda sejam muitas as doenças consideradas como problemas de
saúde pública. Entre elas, e no âmbito das doenças profissionais, destaca-se a silicose, um tipo
de pneumoconiose decorrente da exposição dos trabalhadores à sílica livre cristalizada, nas
diversas atividades que, por sua característica, apresentam condições de geração de poeiras
minerais contendo frações respiráveis daquele agente químico. O destaque dado a este fator
de risco ocupacional não elimina o reconhecimento de outros riscos como os de acidentes e da
exposição ao ruído. Justifica-se, porém, por sua letalidade silenciosa e por ser foco de
indevida atenção por parte de governos e das sociedades civil e industrial.
1.1 Justificativa
Dentre as muitas áreas industriais que fornecem insumos para a construção civil, destacam-se,
pelo potencial de geração de materiais micro-particulados, as atividades de mineração a céu
aberto para a fabricação de agregados para a construção civil, a própria indústria da
construção, a lavra e beneficiamento de pedras ornamentais, as indústrias de argamassas e as
operações de limpeza superficial de equipamentos metálicos envolvendo o jateamento com
areia sob alta pressão. Esta última, felizmente, já contando com proibição estabelecida pela
Portaria SIT-MTE nº 99, de 19/10/2004 determinando sanções severas aplicadas pelo poder
público, sob a responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego, para as empresas que
não adotarem métodos e materiais de jateamento livres deste mineral (BRASIL, 2004). No
segmento das marmorarias, empresas voltadas ao corte e polimento de pedras ornamentais,
podemos igualmente observar avanços através de medidas governamentais determinando a
adoção de técnicas a úmido em todas as operações, com o objetivo de eliminar o risco da
exposição às poeiras geradas nas máquinas de corte e polimento, fixadas pela Portaria SIT -
MTE nº 43, de 11/03/2008 (BRASIL, 2008).
No entanto, apesar da eficácia comprovada destas medidas, ainda é possível registrar
atividades, como a mineração a céu aberto para a produção de agregados para a construção
civil, onde são referidas dificuldades com o uso de água nas operações de perfuração da rocha
para a aplicação dos materiais explosivos. Nesta operação, ao contrário do que é observado
nos outros segmentos, onde é uma ferramenta de controle da poeira, a água é vista como um
18
material que prejudica a operação de perfuração da rocha formando uma lama que atua como
um retardador da remoção dos resíduos, causando ineficiência da operação e a freqüente
quebra de equipamentos, contrariando os preceitos estabelecidos pela Norma
Regulamentadora – NR 22, particularmente em seu item 22.17, o qual estabelece as
exigências de proteção contra a poeira mineral ou seu controle (BRASIL, 2010). Da mesma
forma, outras operações subseqüentes, como a do marteleteiro, responsável pela perfuração de
blocos de pedra com equipamento denominado martelete; a operação de cominuição da rocha,
denominada britagem, onde ocorrem reduções de granulometria das pedras de acordo com as
várias destinações, e as operações de transporte, são vistas erroneamente como operações que
não podem, facilmente e sem grande custo, ser objeto de medidas maiores, e coletivas, no
sentido da eliminação ou diminuição da exposição ao agente agressor, objeto de nosso estudo.
Assim, apesar do reconhecimento do risco por parte das empresas, e do estágio de
desenvolvimento dos equipamentos disponíveis, ainda persistem o uso de técnicas e
equipamentos que submetem o homem ao trabalho em condições insalubres devido à presença
constante e inevitável, por inadequação do processo ou de equipamentos, de poeiras contendo
o agente químico causador da silicose. Por outro lado, persiste a falta do conhecimento
adequado do trabalhador sobre a doença profissional e as graves conseqüências sobre sua
saúde e estimativa de vida. Neste aspecto, é flagrante e questionável a questão
comportamental e o julgamento de que os EPI são peças que podem ser deixadas de lado, sem
maiores complicações ou prejuízos à saúde.
Em adendo, o desenvolvimento da construção civil determina maiores demandas de
agregados, segmento que não oferece uma contrapartida equivalente no que se refere ao
gerenciamento adequado dos riscos, na medida em que os recursos advindos deste
desenvolvimento não são proporcionalmente direcionados para o desenvolvimento da
segurança coletiva das atividades do trabalho.
1.2 Objetivo geral
Desta forma justificado, este trabalho tem como objetivo principal identificar qualitativa e
quantitativamente a exposição dos trabalhadores de uma pedreira às poeiras minerais em
frações respiráveis, contendo sílica livre cristalizada em concentrações que possam causar
danos ao sistema respiratório, a silicose ocupacional.
19
1.3 Objetivos específicos
Em complementação ao escopo deste trabalho foram estabelecidos alguns objetivos
específicos destinados a subsidiar avaliações gerenciais da empresa quanto à sua adequação
aos princípios legais que norteiam o exercício do trabalho com saúde e segurança. Estes
objetivos foram assim divididos:
• Desenvolver mecanismos de avaliação da adequação da empresa com base nas
exigências da legislação nacional, particularmente em relação à Norma
Regulamentadora – NR22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração, do
Ministério do Trabalho e Emprego, no que concerne aos itens específicos para a
mineração a céu aberto;
• Com base nesta mesma norma, elaborar um indicador econômico de segurança da
empresa, ou passivo de segurança, criando um ponto de verificação inicial como
referencia para o monitoramento do alcance de medidas a serem implementadas para
conformação aos diplomas legais;
• Elaborar um protocolo de verificação como forma de diagnosticar a aplicação das
diretrizes contidas no Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro;
• Elaborar protocolo de avaliação da empresa quanto à sua adequação para implantação
de um sistema de gestão em saúde e segurança do trabalho, de acordo com as
diretrizes da Organização Internacional do Trabalho;
• Com base nas legislações nacional e internacional, acerca dos limites de exposição
ocupacional aos particulados minerais contendo sílica livre cristalizada, elaborar um
estudo teórico para demonstrar o nível de inadequação da legislação brasileira,
fazendo referência quanto ao Anexo 12 da Norma Regulamentadora – NR 15,
contribuindo para a sua modernização e com o avanço do Programa Nacional para
Erradicação da Silicose.
• Finalmente, a partir dos sistemas existentes de monitoramento e de controle dos riscos
e das condições ambientais de trabalho, sugerir a adoção de medidas administrativas e
técnicas, com vistas à eliminação, isolamento ou redução da exposição ao risco
20
mediante implantação de um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho -
SGSST, integrado aos demais sistemas de gerenciamento de qualidade e meio
ambiente.
21
2 SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
Nas empresas, e nas relações que elas mantêm com o meio ambiente, ocorrem fenômenos de
natureza física, biológicos, psicológicos, culturais e sociais, constituindo eventos inter-
relacionados e interdependentes, os quais, por suas características multifacetadas, podem
determinar a ocorrência de acidentes, sugerindo que não existem causas únicas, na ocorrência
de danos, mas interações complexas entre os vários fenômenos presentes. Portanto, na
elaboração do diagnóstico de segurança de uma empresa foca-se no estudo sistêmico dos
fenômenos que tenham potencial para causar danos e perdas pessoais, patrimoniais e
ambientais, os quais resultam da ação de dois conjuntos de forças opostas, uma representando
o conjunto de fatores que podem produzir o dano, os fatores de risco, e outra, relativas às
ações que buscam conduzir à segurança (CARDELLA, 2008).
CUNHA JUNIOR apud BLEY (2007), afirma que não se pode confundir o instinto de
sobrevivência da raça humana com o processo educativo de segurança e prevenção, quando o
primeiro faz parte da nossa natureza humana, e o segundo é adquirido a partir de um processo
educativo e racional com base em experiências sociais que nos conduzem à percepção dos
riscos, entendidos como algo negativo e que nos expõem às situações perigosas, capazes de
gerar danos. Assim sendo, relaciona o homem na presença do perigo para definir que há risco,
independente da existência de equipamentos de proteção, normas ou procedimentos, os quais,
sendo adequados, no máximo irão mitigar os riscos. Os sistemas, portanto, trabalham dentro
de limites de estabilidade que tendem a falhar com o tempo e dependem da percepção, pelo
elemento humano, dos indicadores que precedem eventos de falhas. Tal processo de
percepção do risco varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com o padrão de
funcionamento cognitivo e de seus repertórios de experiências passadas, em função de fatores
psicossociais como tempo de serviço, clima de trabalho, equilíbrio emocional e ainda de
fatores fisiológicos, como sono, alimentação, sintomas físicos etc.
2.1 Conceitos básicos
Na avaliação dos agentes de riscos ambientais do trabalho, uma área de interesse específico da
higiene ocupacional, são amplamente conhecidos os riscos de natureza física, química,
biológicos, de acidentes e os riscos ergonômicos, além dos efeitos nefastos à saúde
22
relacionados à fadiga, ao estresse e ao envelhecimento precoce em virtude do excesso de
horas extras. É fato comum que algumas atividades industriais apresentem um conjunto de
riscos associados como resultado da sua atividade, como é o caso em estudo neste trabalho,
onde a geração de poeiras minerais é conseqüência inevitável do processo. Assim, apesar das
muitas possibilidades de estudos diversos, será mantido o foco na proposta de avaliação da
exposição ao risco químico poeiras minerais que contém sílica livre cristalizada em sua
composição.
2.1.1 Agentes químicos
No campo da higiene ocupacional, são considerados agentes químicos os gases, os vapores e
os aerodispersóides (SALIBA, 2008).
Gases são definidos como substâncias que se apresentam no estado gasoso quando sob
condições normais de temperatura e pressão (25°C e 760 mmHg) e que podem ser expandidos
ou contraídos em razão de mudanças dos parâmetros de pressão ou temperatura, tomam o
formato do recipiente que os contem e podem ser liquefeitos sob condições extremas de
pressão e temperatura. Na maioria dos casos são inodoros e extremamente perigosos por
ocuparem rapidamente os ambientes, na ocorrência de vazamentos, causando sérios danos à
saúde ou asfixia e morte.
Os vapores, por sua vez, são substâncias que, nas condições normais, apresentam-se nos
estados líquido ou sólido e as suas concentrações ambientais dependem de suas pressões de
vapor,a uma certa temperatura, as quais determinam a saturação, acima da qual podem
retornar aos estados iniciais. Na Higiene Ocupacional, gases e vapores são estudados e
avaliados sem distinção haja vista que os limites de concentrações ocupacionais encontram-se
abaixo dos valores de saturação do ar ambiente.
Aerodispersóides são as substâncias, líquidas ou sólidas, que se mantêm em suspensão no ar,
em razão de suas dimensões e densidades. Os particulados líquidos são denominados névoas e
neblinas, conforme a sua origem, a partir da desagregação mecânica de líquidos ou pela
condensação de vapores, respectivamente. Os fumos são oriundos de operações com metais,
os quais são volatilizados em processos de solda, como exemplo, os quais se condensam em
23
particulados sólidos, inclusive por reação química, em dimensões que permitem a sua
permanência em suspensão no ar. As fibras são particulados sólidos, de origem animal,
vegetal ou mineral, oriundos da ruptura mecânica de materiais sólidos e são diferenciados das
poeiras em virtude de sua forma alongada. Finalmente, poeiras são materiais particulados
oriundos da desagregação mecânica de um material sólido, de origem mineral ou vegetal, pelo
seu simples manuseio ou por ações de trituração, moagem, polimento, peneiramento,
explosões etc.
As poeiras minerais, contendo teores de quartzo em sua composição, constituem o foco deste
estudo.
2.1.2 Sílica livre cristalizada
Muitas são as atividades industriais em que são manipulados ou processados materiais que
contém em sua composição substâncias de origem mineral com algum percentual de óxido de
silício, de formula mínima SiO2, conforme exemplo da Figura 1, também conhecido
genericamente como quartzo. Na verdade uma mistura de quartzo, cristobalita, tridmita e
sílica amorfa (na forma não cristalizada), as primeiras com grande potencial fibrogênico
(SALIBA, 2007).
Este potencial fibrogênico, causador da silicose ocupacional, depende diretamente da
concentração da sílica livre cristalizada, portanto da sua presença na poeira inalada, do
formato e da dimensão dos cristais de quartzo nas frações respiráveis que adentram ao trato
respiratório e da duração da exposição.
Figura 1 – Cristais de sílica
24
Conforme publicação da International Agency of Research on Cancer - IARC, o quartzo é a
forma mais abundante e termodinamicamente mais estável da sílica cristalina, nas condições
ambientais. A sílica, como α-quartzo, é um polimorfo abundante e originado sob pressões e
baixas temperaturas, características da crosta terrestre e as tridmitas e cristobalitas são
originárias de regiões de mais altas temperaturas, portanto menos abundantes na crosta.
Polimorfo é um termo usado para designar substâncias que se apresentam sob diferentes
arranjos estruturais, porém com mesma fórmula química, daí decorrente a denominação sílica
para as suas várias formas cristalinas.
Na Figura 2, estão representadas as estruturas cristalinas do α-quartzo, da cristobalita e da
tridimita.
Figura 2: Cristais de sílica: a) estrutura do α-quartzo e b) cristobalita e tridmita
Sob temperaturas ordinárias, a sílica é quimicamente resistente a muitos dos reagentes
comuns e pode suportar uma ampla variedade de transformações sob condições severas de
temperaturas. Poeiras contendo sílica livre cristalina, geradas recentemente, como em
operações com jateamento de areia, perfuração de rochas, escavação de túneis e moagem,
possuem maior toxicidade para as células do pulmão quando comparadas com poeiras mais
velhas. O aumento da toxicidade e do potencial carcinogênico pode ser devido à geração e
presença de radicais livres na estrutura dos cristais de sílica. Radicais hidroxila (OH-1),
possivelmente liberados nas desagregações recentes, são altamente reativos na presença de
íons ferro bivalentes ( Fe+2), abundantes em nosso organismo (IARC, 1997).
25
2.1.3 Doenças relacionadas à exposição à sílica livre cristalizada
As doenças ocupacionais que afetam o trato respiratório são diretamente decorrentes da
exposição e inalação de materiais micro particulados presentes nos ambientes laborais e são
genericamente denominadas pneumoconioses podendo ou não ser causadoras de processos
fibrogênicos (BRASIL, 2006a). Algumas destas pneumoconioses são apresentadas conforme
o quadro a seguir:
Quadro 1 - Pneumoconioses, poeiras causadoras e processos anatomopatológicos subjacentes Pneumoconiose Agente(s) Etiológico(s) Processo
Anatomopatologico Silicose Sílica livre Fibrose nodular Asbestose Todas as fibras do asbesto e
amianto Fibrose difusa
Pneumoconiose do trabalhador do carvão(PTC)
Poeiras contendo carvão mineral e vegetal
Deposição macular sem fibrose ou com diferenciados graus de fibrose
Silicatose Silicatos variados Fibrose difusa ou mista Talcose Talco mineral(silicato) Fibrose nodular e/ou difusa Pneumoconiose por poeira mista
Poeiras variadas contendo menos que 7,5% de sílica livre
Fibrose nodular estrelada e/ou fibrose difusa
Estanose Óxido de estanho Deposição macular sem fibrose
Baritose Sulfato de Bário(barita) Deposição macular sem fibrose
Antimoniose Óxidos de antimônio ou Sb metálico
Deposição macular sem fibrose
Pneumoconiose por rocha fosfática
Poeira de rocha fosfática Deposição macular sem fibrose
Pneumoconiose por abrasivos
Carbeto de Silício(SiC) Óxido de Alumínio(Al2O3)
Fibrose nodular e/ou difusa
Beriliose Berílio Granulomatose tipo sarcóide. Fibrose durante evolução crônica
Pneumopatia por metais duros
Poeiras de metais duros(ligas de W, Ti, Ta contendo Co)
Pneumonia intersticial de células gigantes. Fibrose durante evolução
Pneumonites por hipersensibilidade ( alveolite alérgica extrínseca)
Poeiras orgânicas contendo fungos, proteínas de penas, pelos e fezes de animais
Pneumonia intersticial por hipersensibilidade (infiltração linfocitária, eusinofílica e neutrofílica na fase aguda e fibrose difusa na fase crônica)
Fonte: BRASIL (2006a) Em princípio, para que ocorra pneumoconiose é necessário que o material particulado seja
inalado e que atinja as vias respiratórias inferiores em quantidade capaz de superar os
26
mecanismos naturais de depuração representados pelo transporte mucociliar, pelo transporte
linfático ou clearance e pela fagocitose, realizada pelos macrófagos alveolares. O transporte
mucociliar, responsável por cerca de 80% da remoção de materiais particulados ocorre ao
nível dos brônquios e traqueia e remove os particulados através de movimentos ascendentes
de muco proporcionado pelas estruturas ciliares. O transporte linfático ocorre através da
corrente sanguínea quando os particulados são solúveis e são fagocitados pelos macrófagos.
A silicose, a mais antiga das doenças ocupacionais de que se tem notícia, é uma
pneumoconiose fibrogênica, decorrente da inalação de poeiras minerais contendo sílica livre
cristalizada. De acordo com o tipo e duração da exposição, o trabalhador pode desenvolver
um dos tipos de silicose, como:
• Silicose crônica – associada à exposição, por 10 anos ou mais, a baixas concentrações
de sílica; é a forma mais comum de silicose ocupacional e pode demandar muitos anos
até que sintomas ou sinais da doença sejam detectados. Santos (2005) refere a
existência de estudos epidemiológicos que atestam a progressão da doença mesmo
após cessada a exposição.
• Silicose acelerada – esta forma da doença pode ocorrer devido à exposição a médias e
altas concentrações de sílica livre cristalizada, podendo manifestar-se após 5 a 10 anos
de exposição e contato com rochas contendo altos teores deste mineral.
• Silicose aguda – esta forma da doença é a mais grave, em virtude da exposição a altas
concentrações de partículas recém criadas, de alta reatividade química, como ocorre
em operações de jateamento de areia, e pode manifestar seus primeiros sintomas desde
algumas semanas de exposição até 4 ou 5 anos de atividade.
Como as demais pneumoconioses conhecidas, depende de alguns importantes fatores para
sua instalação:
• Do estado físico do agente inalado – a deposição das partículas no trato respiratório é
resultante, basicamente, de três processos físicos que são a sedimentação, a
impactação por inércia e a difusão (MERCK, 1995):
27
• A sedimentação relaciona-se com a geometria e a densidade da partícula, significando
que partículas de baixas densidades e/ou pequenas dimensões tendem a permanecer
maior tempo em suspensão no ar.
• A impactação por inércia decorre da energia cinética das partículas e, se
suficientemente alta, do seu choque contra as paredes e bifurcações das vias aéreas. A
colisão com as paredes brônquicas causam o seu aprisionamento no muco ali
existente, posteriormente eliminado pela movimentação ciliar.
• A difusão relaciona-se às partículas menores, cuja energia cinética determina
movimentos ao acaso nos dutos respiratórios, fazendo com que parte das partículas
alcance os brônquios e alvéolos pulmonares, neles se fixando.
De forma geral, as partículas maiores, com até 100 µm de diâmetro médio, que
compõem a fração inalável da poeira, conforme ilustrado na figura abaixo, são retidas
nas vias aéreas superiores e são responsáveis apenas por reações alergênicas a este
nível. Partículas com dimensões médias menores que 25 µm, que compõem a fração
torácica, são retidas ao nível da traquéia e dos brônquios e, finalmente, as partículas
com dimensões inferiores a 10 µm, que compõem a fração respirável, atingem as
regiões além dos brônquios, chegando aos bronquíolos e alvéolos pulmonares sendo
que aquelas com dimensões da ordem e menores que 5 µm são as mais propensas a se
depositarem nas áreas de troca gasosa dos pulmões.
Øpartícula < 100 µm
Øpartícula < 25 µm
Øpartícula < 10 µm
Figura 3 – Local de deposição das partículas no sistema respiratório humano Fonte: Phalen (1985) in Martins (2009)
28
• Das propriedades químicas do agente inalado – o quartzo é um agente potencialmente
fibrogênico e insolúvel em virtude de suas propriedades químicas já discutidas no item
2.1.2 deste trabalho. Materiais orgânicos ou solúveis são mais facilmente eliminados
através da corrente sanguínea ou pela ação dos macrófagos do que os materiais
inorgânicos, os quais podem ser fibrogênicos.
• Da suscetibilidade individual – os mecanismos de eliminação dos agentes agressores,
capturados na traqueia e brônquios, bem como a capacidade de eliminação através da
ação dos macrófagos são dependentes de cada organismo em particular e das suas
respostas imunológicas contra agentes patogênicos oportunistas como a tuberculose
associada à silicose. Em outras palavras, indivíduos diferentes apresentam respostas
diversas, quando expostos aos agentes agressores.
• Do local de deposição das partículas – o depósito de materiais nos diferentes níveis do
trato respiratório induz a diferentes respostas que vão das mais simples reações
alérgicas até a lesões pulmonares maiores, como o câncer pulmonar, como pode ser
avaliado no Quadro 2, a seguir:
Quadro 2 – Respostas clínicas conforme local de deposição de partículas no trato respiratório.
Local de deposição Resposta clínica Nariz Traquéia e brônquios Parênquima pulmonar
Rinite, febre do feno, perfuração septal, câncer nasal Bronco constricção Bronquite Respostas inespecíficas a poeiras inertes Câncer pulmonar (poeiras e gases radioativos) Alveolite alérgica extrínseca (poeiras orgânicas) Pneumoconioses (poeiras minerais) Lesão pulmonar aguda, bronquiolites, edema pulmonar
Fonte: Merck (1995)
• Da quantidade do agente: segundo a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA (2003)
apud Rodrigues (2004), o risco de ocorrência da silicose clássica existe quando o teor
de sílica livre na fração de poeira respirável é maior que 7,5%. Quando, nas frações
respiráveis das poeiras minerais, houver teores abaixo desse valor, as lesões
decorrentes da exposição prolongada apresentam características de pneumoconioses
adquiridas pelas poeiras mistas.
29
Segundo BREVIGLIERO et al (2006), ainda não estão muito bem esclarecidos os
mecanismos da ação fibrogênica da sílica livre cristalizada, sendo correntes três teorias, a
saber:
• Teoria mecânica: a ação fibrogênica seria causada pela irritação dos alvéolos
pulmonares pela ação das bordas cortantes e pontiagudas dos cristais de sílica;
• Teoria da solubilidade química: o contato da sílica livre cristalizada com as células de
defesa do organismo favoreceria reações que dão origem ao ácido silícico,
desencadeando a fibrose dos tecidos;
• Teoria imunológica: a sílica teria um efeito tóxico sobre os macrófagos, células de
defesa, que ao se autodestruírem no processo de fagocitose, liberam substâncias que
conduzem à formação das lesões.
No meio médico científico, no entanto, parece predominar a teoria imunológica como a que
melhor explica a ocorrência da fibrose dos tecidos pulmonares mais sensíveis. As partículas
de sílica livre cristalizada, ao atingirem os alvéolos são envolvidas pelos macrófagos que, na
tentativa de destruir o invasor, liberam enzimas citotóxicas que causam a fibrose do
parênquima pulmonar, uma espécie de cicatrização. Neste processo, não havendo sucesso, o
macrófago definha e libera a partícula de sílica que será atacada por um novo macrófago,
repetindo-se o processo, que vem a gerar o nódulo silicótico. Os nódulos assim formados se
distribuem por todo o pulmão causando distorções acentuadas da arquitetura pulmonar,
quando as funções de ventilação e de troca gasosa são afetadas, gerando, na sua fase mais
avançada, sintomas semelhantes ao do enfisema pulmonar como a falta de ar. A distinção
entre elas está na diminuição dos volumes pulmonares, havendo comprometimento funcional
grave nos estágios mais tardios da doença, com o incremento dos nódulos e da insuficiência
respiratória. Paralelamente, com o avanço da fibrose, surgem complicações vasculares
determinando a hipertensão pulmonar e a decorrente hipertrofia ventricular direita,
denominada cor pulmonale, que consiste na alteração e dilatação da estrutura das paredes do
ventrículo direito causada pelo aumento da pressão pulmonar, diminuindo a capacidade
cardíaca de bombeamento do sangue venoso para os pulmões, trazendo conseqüências graves
às trocas gasosas. A cor pulmonale eventualmente leva à morte (MERCK, 1995). Em adendo,
a International Agency for Research on Cancer - IARC relata evidências de que a silica livre
cristalizada é um agente potencial e reconhecidamente cancerígeno para seres humanos
(IARC, 1997). Pessoas expostas à sílica ainda podem desenvolver tuberculose, ou a sílico-
30
tuberculose, dificilmente diferenciada da silicose apenas por exames radiográficos,
recomendando-se neste caso exames específicos para identificação da tuberculose.
O diagnóstico é feito a partir da visualização de alterações radiográficas, onde são observadas
estruturas opacas múltiplas, pequenas e arredondadas e complementados por exames de
avaliação da capacidade respiratória do indivíduo.
A profilaxia consiste no controle eficaz da exposição a poeiras minerais contendo sílica livre e
na realização de exames radiográficos periódicos (MERCK, 1995).
Não se conhece um tratamento eficaz de cura, existindo apenas tratamentos que tratam da
redução dos eventuais sintomas, os quais são administrados por toda a vida. No Brasil,
especificamente na Universidade Federal do Rio de Janeiro no Instituto de Biofísica Carlos
Chagas Filho, está em andamento uma pesquisa médica que pretende inovar o tratamento de
silicóticos com o uso de células tronco aplicadas diretamente nos pulmões, atuando e
reduzindo a atividade dos macrófagos e freando o avanço da doença (UFRJ, 2009).
2.1.4 O tratamento da exposição e da silicose no mundo
No ano de 1995 a Organização Internacional do Trabalho - OIT e a Organização Mundial de
Saúde - OMS lançaram o Global Program to Eliminate Silicosis – Programa Global para a
Eliminação da Silicose com base em estatísticas que mostravam que milhões de trabalhadores
de todos os continentes estariam potencialmente expostos às poeiras minerais, por ao menos
30% da sua jornada de trabalho. Estes números davam conta, por exemplo, que mais que 1,7
milhões de norte americanos estariam expostos à sílica enquanto que o governo da Colômbia
reconhecia um contingente de 1,8 milhões de trabalhadores sob risco de desenvolverem a
silicose; no mesmo período, o Brasil relatava cerca de 2,0 milhões de trabalhadores nas
mesmas condições e, na Índia Central, milhares de trabalhadores atingiam apenas 35 anos de
vida, tendo trabalhado em média 12 anos expostos ao agente agressor (GOELZER;
HANDAR, 2000).
O Programa compreendia metas que os países participantes deveriam alcançar, a princípio:
1. Estabelecer um Plano Nacional de Eliminação da Silicose
31
2. Estabelecer planos de prevenção primária por meio do controle das fontes de
exposição
3. Estabelecer planos de prevenção secundária baseados na vigilância, detecção e
cuidados com a saúde
4. Estabelecer que os planos de ação envolveriam os ministérios do trabalho, saúde e
previdência contando ainda com parcerias privadas
5. Desenvolver um perfil nacional a respeito da Silicose
Naquele mesmo ano, Brasil, Chile, China, Índia, Tailândia, Vietnã e África do Sul já haviam
dado início aos seus respectivos planos de erradicação da doença.
Para o alcance destas metas, várias entidades internacionais trabalham em conjunto para
estabelecer parâmetros de controle e limites de tolerância aos diversos agentes agressivos
encontrados nos ambientes de trabalho, contribuindo para a criação de normas para
regulamentação das atividades de modo a empreender a prevenção contra acidentes e doenças
relacionadas ao trabalho. Neste contexto, são editadas as Convenções da OIT a respeito de
Segurança e Higiene do Trabalho, as quais são sugeridas e aprovadas pelos países membros,
como forma de subsidiar sua própria legislação interna sobre o assunto.
Dentro do tema abordado, destaca-se o National Institute for Occupational Safety and
Health - NIOSH, com a publicação de manuais e guias para o combate e prevenção da
silicose, tais como:
• 1974 - Occupational Exposure to Crystalline Silica, contendo estudos sobre os efeitos
biológicos da exposição à sílica, recomendações médicas e sugestões de métodos de
avaliação da exposição.
• 1977 - manual contendo estratégias e métodos para amostragem e avaliação da
exposição a agentes contaminantes ambientais, “Occupational exposure sampling
strategy manual”.
• 1978 - publicação do Occupational Health Guideline for Crystalle Silica, que
descrevia detalhadamente as características químicas da sílica, a sua ocorrência, os
limites de tolerância admitidos à época, métodos de medição e sugeria medidas de
higiene ocupacional e de engenharia para o controle da exposição.
32
• 2002 – publicação do NIOSH HAZARD REVIEW: “Health Effects of Occupational
Exposure to Respirable Crystalline Silica”.
• 2007 - publicação do “NIOSH Manual of analytical methods (NMAM®)” contendo as
referências dos métodos de análises para diversas substâncias, entre as quais as
específicas para sílica livre e poeiras respiráveis:
-Método NIOSH 0500/1994 – poeira total por gravimetria;
-Método NIOSH 0600/1998 – poeira respirável por gravimetria;
-Método NIOSH 7500/2003 – sílica livre cristalina por Difração de Raio X;
-Método NIOSH 7602/2003 – sílica livre cristalina por Espectrofotometria de
Infravermelho;
2.2 Aspectos históricos
“Tampouco se devem desprezar os distúrbios mórbidos que atacam os operários de
pedreiras, estatuários, britadores e os artesãos desse gênero”. Desta forma se referia
Bernardino Ramazzini, no ano de 1700, em seu livro De Morbis Artificum Diatriba, à doença
que acometia trabalhadores que exerciam suas atividades em ambientes “onde se fazia notar
uma poeira muito fina, cortante e penetrante, que lhes causava tosse, afecções asmáticas e
tísica”, os quais vinham a morrer em pleno vigor de suas vidas. “E tendo seus corpos
dissecados, encontrava-se em seus pulmões, uma quantidade amontoada de areia”.
Compondo uma breve retrospectiva, não podemos deixar de registrar citações anteriores,
como há mais de 2500 anos se preocupava Hipócrates, relativamente ao mal dos mineiros,
nem tampouco aos estudos do médico George Bauer, também conhecido pelo nome Georgius
Agrícola, no ano de 1526, acerca das condições de trabalho destes trabalhadores, publicados
em sua obra “De Re Metallica”.
Neste sentido é válido enfatizar o registro de que, até aquela época, invocava-se o poder
místico como causa daqueles males (PARREIRA, 1945 apud SANTOS, 2000). Ao contrário,
a partir de Ramazzini e outros estudiosos das doenças relacionadas ao trabalho, já se
estabeleciam suas causas a entidades físicas e químicas, presentes nos ambientes de trabalho e
com ele relacionadas.
33
Historicamente, sob este aspecto, registra-se a obra do médico inglês Charles Turner
Thackrah (1795-1833), entitulada The Effects of Arts, Trades and Professions and of civic
states and habits of living on Health and Longevity with suggestions for removal of many of
the agents which produce disease and shorten the duration of life; esta obra, publicada em
1831, relacionava as deploráveis condições de vida e de trabalho, predominantes na cidade de
Leeds (Inglaterra), com as taxas de ocorrências de doenças e de mortalidade mais elevadas do
que nas regiões circunvizinhas (RIBEIRO NETO, 2008). Curiosamente, Charles Turner,
considerado o pai da medicina ocupacional no Reino Unido, viria a falecer, vítima da
tuberculose, apenas dois anos mais tarde, aos 38 anos. Na França, Louis René Villermé,
médico pioneiro nos estudos da epidemiologia social analisou a morbidade de trabalhadores
da mesma atividade que atuavam em locais diferentes e entre trabalhadores da mesma
empresa, com atividades diferentes.
Não obstante a quantidade de estudos que se seguiram até nossos dias, a doença adquirida
pelos trabalhadores das minas e pedreiras, denominada “silicose” por Visconti, no ano de
1870, ainda prevalece atualmente como uma das mais importantes das pneumoconioses
(SANTOS, 2000). Este status deve-se à sua condição de doença incurável que evolui lenta e
dolorosamente para o óbito do trabalhador, mesmo após o seu afastamento do trabalho no
ambiente insalubre. Ao evoluir, lenta e silenciosamente, com diagnósticos muitas vezes
tardios, submetem o trabalhador e seus familiares ao sofrimento imposto por uma doença
incapacitante, causada pela inalação de poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada.
Os danos à saúde respiratória ocorrem pela inalação de poeiras, em frações respiráveis
menores do que 10 microns (SALIBA, 2007), as quais chegam livremente aos alvéolos
pulmonares causando-lhes a redução total da sua mobilidade em virtude da fibrose que se
instala a partir de seguidos processos inflamatórios e cicatrizantes. Em adendo, é
frequentemente associada à outras infecções como a tuberculose, a sílico tuberculose,
acompanhada de complicações cardíacas e até mesmo a sua concomitância com tumores
malignos devido à carcinogenicidade da sílica livre, conforme relatado em estudos publicados
pela International Agency for Research on Cancer - IARC, da Organização Mundial da Saúde
(SANTOS, 2000; IARC, 1997).
Apesar da gravidade desta doença, da qual existe um sem número de estudos relacionando-a
com o tempo de exposição à sílica, com a sua concentração ambiental, com a susceptibilidade
34
do trabalhador e com a existência de afecções pulmonares pregressas, lamentavelmente ainda
não conhecemos totalmente a sua prevalência em nosso país. Esta ausência formal faz-se
notar em particular nas regiões Norte e Nordeste brasileiros, onde, muito provavelmente pela
falta de diagnósticos corretos, pela falta de vigilância e pela falta de notificações por parte das
empresas, inexistem dados oficiais específicos que revelem a relevância desta pnemoconiose.
Registros oficiais, disponíveis para consulta pública, nos informam a ocorrência de muitos
casos de doenças profissionais que afetam o sistema respiratório sem, no entanto, especificar
quais sejam e, pior, reconhecendo que a sua maioria não foi motivo de comunicação
formalmente realizada através de uma Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT,
conforme pesquisa feita no Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho – AEAT, 2008
(MPS/AEAT, 2008).
A partir de dados compilados daquele anuário verifica-se no Quadro 3 que, do total de
acidentes registrados para todas as atividades, 21,4% dos acidentes não foram comunicados
através das CAT, evoluindo para aproximadamente 27% em 2008.
Quadro 3 – Acidentes do trabalho no Brasil de 2006 a 2008.
Fonte: MPS/AEAT (2008)
Especificamente, para a atividade de extração de rochas minerais (CNAE 2.0 – 0810), o
Ministério da Previdência Social - MPS divulgou números, registrados no Quadro 4, a seguir,
que correspondem a 17,3% de acidentes do trabalho sem registro em 2007 e 24,6% em 2008,
confirmando o aumento das não notificações.
Quadro 4 – Acidentes do trabalho no Brasil, na atividade com CNAE 0810.
Fonte: MPS/AEAT (2008)
Quantidade de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), no Brasil – 2006/2008
Quantidade Acidentes do
Trabalho
Acidentes com CAT
registrada
Acidentes Típicos
Acidentes de Trajeto
Doenças do Trabalho
Sem registro da CAT
2006 512.232 512.232 407.426 74.636 30.170 -
2007 659.523 518.415 417.036 79.005 22.374 141.108
2008 747.663 545.268 438.536 88.156 18.576 202.395
Acidentes do trabalho por atividade econômica: CNAE: 0810 - Brasil – 2006/2008
Quantidade Acidentes do
Trabalho
Acidentes com CAT
registrada
Acidentes Típicos
Acidentes de Trajeto
Doenças do Trabalho
Sem registro da CAT
2006 1.248 1.248 1.077 96 75 -
2007 1.644 1.359 1.209 94 56 285
2008 1.692 1.275 1.132 105 38 417
35
Para a Região Nordeste, os números estão registrados conforme o Quadro 5, revelando
também um crescimento das não notificações, de 23% em 2007 evoluindo para 40% em 2008.
Quadro 5 – Acidentes do trabalho na Região Nordeste - CNAE 0810.
Fonte: MPS/AEAT (2008)
Os dados relativos ao Estado de Pernambuco, no Quadro 6, no mesmo período revelam que as
não notificações representam 33% dos acidentes registrados em 2007 e preocupantes 68% do
total de acidentes registrados no ano de 2008.
Quadro 6 – Acidentes registrados em Pernambuco - CNAE 0810.
Fonte: MPS/AEAT (2008)
Na classificação dos acidentes, segundo os códigos mais freqüentes da Classificação
Internacional de Doenças – CID 10, denominação mais conhecida para a Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, anualmente revisada
pela Organização Mundial da Saúde – OMS (MPS, AEAT, 2008), não há registro específico
da ocorrência de doenças ocupacionais do trato respiratório havendo apenas registros no
código Z 57: Exposição ocupacional a fatores de risco, contendo 10 subclasses de doenças
relacionadas ao ruído, vibrações, radiação, substancias tóxicas, temperaturas extremas e entre
as quais o código Z 57.2: Exposição ocupacional à poeira (pó), não havendo referência direta
a códigos indicativos de pneumoconioses, pelos códigos J 62.8: Pneumoconiose devida a
outras poeiras que contenham sílica ou J 65: Pneumoconiose associada com tuberculose. No
Quadro 7, a seguir, estão registrados as ocorrências conforme o CID 10, no código Z57,
mostrando a sua evolução entre os anos de 2006 a 2008.
Acidentes do trabalho por atividade econômica 0810 - Região Nordeste
Quantidade Acidentes do
Trabalho
Acidentes com CAT
registrada
Acidentes Típicos
Acidentes de Trajeto
Doenças do Trabalho
Sem registro da CAT
2006 97 97 75 14 8 -
2007 119 91 71 7 13 28
2008 122 73 65 7 1 49
Acidentes do trabalho por atividade econômica CNAE: 0810 - Pernambuco
Quantidade Acidentes do
Trabalho
Acidentes com CAT
registrada
Acidentes Típicos
Acidentes de Trajeto
Doenças do Trabalho
Sem registro da CAT
2006 6 6 11 1 2 -
2007 21 14 4 2 - 7
2008 19 6 - - - 13
36
Quadro 7 – Acidentes em função da exposição ocupacional a fatores de risco.
Fonte: MPS/AEAT (2008)
Apesar da grande quantidade de informações relevantes no que se refere aos acidentes e
doenças do trabalho, percebe-se, portanto, a falta de informações específicas ao agente de
risco poeiras minerais.
De encontro aos dados estatísticos divulgados existem relatos na bibliografia que citam
estudos realizados a partir de uma matriz de exposição ocupacional (MEO), montada com
dados oficiais extraídos do Relatório Anual de Informações Sociais- RAIS, do Ministério do
Trabalho e Emprego. Nestes estudos constam que, em um universo de aproximadamente 36,9
milhões de trabalhadores, 6,52% estavam provavelmente expostos à sílica e 5,2%,
definitivamente expostos, número obtido da análise e a partir do cruzamento de informações
de 25 setores econômicos e 347 categorias ocupacionais ligadas à industria da construção
civil, extração mineral, agricultura, serviços e comercio.
A prevalência era, então, muito superior aos números encontrados na Comunidade Européia,
da ordem de 0,5% a 3,9%, denotando a precariedade da segurança e da higiene do trabalho,
no Brasil, contribuindo para o agravamento das condições de exposição ao risco (RIBEIRO,
2003).
Sobre a prevalência da silicose no Brasil, já se registravam, no documento de referência para
o lançamento do Programa Nacional de Erradicação da Silicose, no ano de 2000, estimativas
de que existiam entre 25 e 30 mil casos confirmados desta pneumoconiose, correspondendo a
3,0% dos trabalhadores das pedreiras, 3,9% dos trabalhadores expostos na industria cerâmica,
4,5% nas fundições, 23,6% nas atividades de jateamento com areia, entre outras atividades
como a mineração de ouro, lapidação (GOELZER; HANDAR, 2000).
Acidentes do trabalho no código CID 10: Z57- exposição ocupacional a fatores de risco / Brasil
Quantidade Acidentes do
Trabalho
Acidentes com CAT
registrada
Acidentes Típicos
Acidentes de Trajeto
Doenças do Trabalho
Sem registro da CAT
2006 2.336 2.336 2.267 6 63 -
2007 2.235 2.235 2.183 7 45 -
2008 2.282 2.282 2.198 4 80 -
37
2.2.1 Bases legais sobre a segurança do trabalho
A partir dos primeiros estudos publicados na Inglaterra em meados do Século IXX, e das
pressões sociais, surgiam naquele país as primeiras leis de segurança no trabalho e de saúde
pública regulamentando os problemas de saúde e de doenças profissionais, a Lei de Proteção
aos Trabalhadores, que forneceu as bases para criação do Factory Act, em 1833, que limitava
o número de horas de trabalho para mulheres e crianças na indústria têxtil, mais tarde
estendido a todas as outras atividades.
Na França, em 1862, surgia a Regulamentação da Higiene e Segurança no Trabalho e, na
Alemanha, em 1865, era aprovada a lei de Indenização obrigatória aos trabalhadores, pela
primeira vez responsabilizando os empregadores pelas despesas decorrentes dos acidentes.
Em 1883, na França, era fundada a Associação das Indústrias contra os Acidentes do Trabalho
e na Inglaterra, no ano de 1897, firmava-se o Comitê Britânico de Prevenção, logo após o
incêndio de Cripplegate.
No início do século XX, era promulgada nos Estados Unidos da América a primeira lei de
indenização a beneficiar os trabalhadores, porém ainda limitada ao âmbito dos trabalhadores
federais.
No ano de 1919 assinava-se o Tratado de Versailles e criava-se a Organização Internacional
do Trabalho - OIT, em substituição à Associação Internacional de Proteção Legal ao
Trabalhador, criada em 1900 (RIBEIRO NETO, 2008).
2.2.2 Convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT
No âmbito da evolução das legislações internacionais do trabalho, cumpre salientar a
importância da Organização Internacional do Trabalho - OIT, como um organismo que agrupa
centenas de países, com o objetivo de estudar as relações de trabalho nos vários continentes e,
em caráter normativo, apoiar a criação de tratados internacionais que são legalmente
ratificados por leis promulgadas pelos países signatários destes acordos internacionais.
38
Não é um caminho curto. Os Países membros, após adoção de uma determinada convenção
devem submetê-la ao Congresso Nacional para aprovação; o passo seguinte será o da
ratificação, pelo Presidente da República, junto à OIT. Por último, medidas legais são
adotadas de modo a assegurar a aplicação da convenção, determinando prazos e serviços de
fiscalização que zelem pelo seu cumprimento. A abrangência de cada convenção é relatada
em seu texto e, a sua adoção parcial ou total, é previamente discutida através de consultas às
entidades representativas dos empregados e dos empregadores, devendo ser comunicado à
OIT, quaisquer alterações que daí resultarem. No Brasil, foram ratificadas as Convenções
abaixo transcritas, conforme listagem resumida publicada pelo Ministério do Trabalho e
Emprego-MTE, no ano de 2002, constante do quadro a seguir:
Quadro 8 – Convenções da Organização Internacional do Trabalho.
CONVENÇÃO
OIT
TÍTULO ANO
184 Segurança e Saúde na Agricultura 2001 182 Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua
Eliminação 1999
176 Segurança e Saúde na Mineração 1995 174 Prevenção de Acidentes Industriais Maiores 1993 170 Segurança na Utilização de Produtos Químicos 1990 167 Segurança e Saúde na Construção 1988 162 Asbesto 1986 161 Serviços de Saúde no Trabalho 1985 155 Segurança e Saúde dos Trabalhadores 1981 152 Segurança e Higiene no Trabalho Portuário 1979 148 Meio Ambiente de Trabalho(Contaminação do Ar, Ruídos e
Vibrações) 1977
139 Câncer Profissional 1974 136 Benzeno 1971 127 Peso Máximo 1967 124 Exame Médico dos menores na Mineração Subterrânea 1965 120 Higiene no Comercio e Escritórios 1964 115 Proteção Contra Radiações 1960 113 Exame Médico de Pescadores 1959 103 Proteção à Maternidade(Revisada) 1952 81 Inspeção do Trabalho 1947 45 Trabalho Subterrâneo de Mulheres 1935 42 Indenização de Trabalhadores por Doenças
Ocupacionais(Revisada) 1934
16 Exame Médico de Menores no Trabalho Marítimo 1921 12 Indenização por Acidente do Trabalho na Agricultura 1921
Fonte: Brasil (2010)
39
2.2.3 Evolução da Legislação Brasileira
Até princípios do século XX, a evolução da indústria brasileira caminhava a passos muito
lentos, predominando processos artesanais e a ausência de uma legislação específica de
proteção aos trabalhadores. A primeira lei, promulgada em 1919, a respeito dos Acidentes de
Trabalho, pautava-se nos conceitos do risco profissional e não se referia especificamente à
silicose. Promulgada através do Decreto Legislativo n° 3.724, de 15 de janeiro de 1919 esta
primeira lei já trazia conceitos sobre o acidente do trabalho, o acidente típico e as doenças
profissionais e beneficiava o operário, que seria indenizado pelo patrão, de acordo com a
gravidade do acidente. Cabia à vítima, aos familiares ou mesmo ao empregador, a
comunicação às autoridades policiais que enviariam o processo para a justiça comum, na qual
um juiz tinha um prazo de doze dias para proceder ao julgamento, de forma sumária. No
entanto, esta lei não possuía uma abrangência ampla e não previa indenizações de doenças do
trabalho, decorrentes das condições em que o mesmo era realizado. Neste período, e até início
da década de 1930, as relações de trabalho eram fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura, e
apesar da nova legislação, não havia a atenção necessária por parte do governo (SANTOS,
2000).
Em 1930 era criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, com o objetivo de
facilitar ao governo a interferência sistemática nas relações conflitantes entre o capital e o
trabalho e, quatro anos após, era promulgada a segunda legislação, através do Decreto-Lei n°
24.637. Esta segunda lei foi promulgada para atender às demandas da aceleração do
desenvolvimento industrial e ao crescimento dos centros urbanos daí decorrente. Esta lei
ampliou o conceito do acidente de trabalho incluindo “qualquer doença produzida pelo
exercício do trabalho ou em conseqüência dele”. Em 1944, alterava-se a Lei do Acidente de
Trabalho, pelo Decreto-Lei n° 7.036, de 10 de novembro de 1944; através deste decreto,
estabelecia-se, pela primeira vez, uma relação de causa e efeito e incluía os acidentes
ocorridos fora do local de trabalho e aqueles ocorridos nos intervalos para refeições, como
acidentes do trabalho.
A partir desta legislação dava-se às autoridades do Ministério do Trabalho a responsabilidade
pela sua aplicação e fiscalização, amparados pela promulgação, um ano antes, do Decreto Lei
40
Nº 5.452, de 1 de maio de 1943, que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
cujo Capítulo V refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho.
Porém, apenas a partir da década de 1960, o Brasil veria mudanças substanciais em termos de
legislação de Saúde e Segurança do Trabalho.
Este período pode ser dividido, para efeito de estudos, em cinco fases: na primeira delas, de
1966 a 1970, o Brasil aparecia como campeão mundial em acidentes do trabalho nas
estatísticas mundiais. Concorria para isto o fato de que os empresários da época não
consideravam as questões de segurança do trabalho como prioridade e, ideologicamente,
consideravam o risco como sendo inerente ao trabalho. Nesta fase o governo criou o Instituto
Nacional da Previdência Social - INPS, agrupando todos os institutos de previdência
existentes, torna responsabilidade do Estado o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) e
modifica a estrutura da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes que fora criada em 1944
(RIBEIRO NETO, 2008).
A segunda fase, de 1971 a 1977, contemplou consideráveis mudanças que culminariam no
início formal da Higiene e Segurança do Trabalho no Brasil; foi criado o Serviço Especializado
em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT e desenvolveu-se o conceito da combinação
Ato Inseguro e Condições Inseguras para a investigação dos acidentes de trabalho que
reconhecia que o trabalhador, ao contrario da condição insalubre, não tem ou representa risco,
determinando então que o empregador assumisse e pagasse esse risco. Ainda neste período
deve-se destacar o Decreto n°79.037, de 24 de dezembro de 1976, que estabeleceu, em seu
Anexo I, as atividades profissionais vinculadas aos agentes patogênicos ligados às doenças
profissionais e refere, em seu Art.2°:
O Acidente de trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
Parágrafo único: Equiparam-se ao acidente do trabalho, para os efeitos deste
regulamento:
I - a doença profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou peculiar
a determinado ramo de atividade e constante da relação que constitui o Anexo I;
41
II - o acidente que, ligado ao trabalho, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte, ou a perda ou redução da capacidade
para o trabalho;
III - a doença proveniente de contaminação acidental de pessoal de área médica,
no exercício de sua atividade.
Em 22 de dezembro de 1977, a Lei n° 6.514 regulamentou o Capítulo V, da Consolidação das
Leis do Trabalho, em cujo Art. 200, o Ministério do Trabalho editou a Portaria MTb n° 3.214,
de 8 de junho de 1978, instituindo as primeiras vinte e oito normas regulamentadoras de
segurança e saúde no trabalho urbano, mais tarde acrescidas de mais cinco outras normas
envolvendo atividades portuárias, aquaviárias, agrícolas, de saúde e em espaços confinados.
Na terceira fase, de 1979 a 1986, iniciou-se o reconhecimento e a conscientização a cerca dos
aspectos científicos da saúde do trabalhador, principalmente presentes na Norma
Regulamentadora – NR 15, a respeito das atividades insalubres. Neste período era forte a
reivindicação dos Sindicatos dos Metalúrgicos e dos Químicos a respeito das
responsabilidades, civil e penal, pelos acidentes de trabalho.
Na quarta fase, considerada de 1987 a 1990, os empregadores demonstram maior interesse e
seriedade no trato da questão Saúde e Segurança do Trabalho principalmente após a
promulgação da Constituição Federal de 1988, em cujo artigo 7º, inciso XXVIII, refere-se ao
“Seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”. Neste mesmo período, algumas Normas
Regulamentadoras - NR são alteradas com o objetivo de ampliar a participação dos
trabalhadores. Numa ultima fase, iniciada em 1990 e que perdura até nossos dias, são notadas
mudanças sensíveis, principalmente nas Normas que instituíam o Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais - PPRA, na NR 9 e do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional - PCMSO, na NR 7, notadamente enfatizando a necessidade da sintonia entre os
dois programas no sentido de preservar a saúde e a integridade física do trabalhador por meio
da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle da ocorrência de riscos reais
no ambiente de trabalho e com o objetivo de promover e preservar a saúde do trabalhador.
42
Para o segmento em estudo, da mineração a céu aberto e operações de britagem, relacionam-
se as principais normas a serem observadas diretamente e descritas resumidamente a seguir de
acordo com a sua redação legal para seus principais objetivos (GONÇALVES, 2008;
GRUENZNER, 2003):
NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho - SESMT: nesta NR estão contemplados os profissionais que devem compor o
serviço técnico de saúde e segurança da empresa cuja atividade principal consiste da
elaboração e implementação de programas de caráter preventivo de acidentes e de doenças
ocupacionais.
NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA: tem como objetivo a
prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, com a participação de
representantes dos trabalhadores e dos empregadores, de modo a tornar compatível
permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador. Especificamente para o segmento da mineração este comitê é denominado de
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho na Mineração – CIPAMIN.
NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual: esta norma considera como
equipamento de proteção individual - EPI, todo dispositivo ou produto de uso individual do
trabalhador destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no
trabalho; estabelece a obrigatoriedade do fornecimento, sob responsabilidade do empregador,
de forma gratuita de acordo com o risco da atividade e sempre que medidas coletivas não
fornecerem a proteção suficiente.
NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO: esta
norma estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de
Controle Medico de Saúde Ocupacional, com o objetivo da promoção e preservação da saúde
do conjunto dos trabalhadores.
NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA: nesta norma
entende-se o objetivo da obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos
os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados do programa de
43
Prevenção de Riscos Ambientais visando a preservação da saúde e da integridade dos
trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da
ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho,
tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
NR 15 - Atividades e Operações Insalubres: esta norma regulamentadora trata do
reconhecimento de condições ambientais que tornam o ambiente de trabalho insalubre e,
portanto, prejudicial à saúde do trabalhador. Estabelece os Limites de Tolerância a que os
trabalhadores podem permanecer expostos, durante seu período de trabalho, sem que sofram
as conseqüências das atividades em ambientes assim qualificados como insalubres.
NR 21 - Trabalho a Céu Aberto: nesta norma regulamentadora estão definidos
alguns aspectos relativos à obrigação da existência de abrigos capazes de proteger os
trabalhadores contra intempéries como a insolação excessiva, calor, frio, umidade e ventos
inconvenientes, dotados de condições sanitárias condizentes à saúde dos trabalhadores e
define o que são as pedreiras e suas exigências de segurança.
NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: esta Norma
Regulamentadora tem por objetivo disciplinar os preceitos a serem observados na organização
e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento
da atividade mineira com a busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores.
Destacam-se nesta NR 22, a implantação do Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR, o
qual, de acordo com o item 22.3.7.1.3 desta Norma, substitui o já aludido PPRA e a
implantação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho na Mineração -
CIPAMIN, os quais se aplicam às seguintes atividades:
a) minerações subterrâneas;
b) minerações a céu aberto;
c) garimpos, no que couber;
d) beneficiamentos minerais e
e) pesquisa mineral.
Reestruturada pela Portaria MTE n° 2.037, de 15 de dezembro de 1999, e parcialmente
alterada pela Portaria MTE n° 70, de 12 de março de 2004, esta NR 22 determina que cabe à
44
empresa ou permissionário de lavra garimpeira elaborar e implantar, além do Programa de
Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO, o Programa de Gerenciamento de Riscos -
PGR, considerando os:
a) riscos físicos, químicos e biológicos;
b) atmosferas explosivas;
c) deficiências de oxigênio
d) ventilação;
e) proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa n°1, de 11/04/1994, da
Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho;
f) investigação e análise de acidentes de trabalho;
g) ergonomia e organização do trabalho;
h) riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços confinados;
i) riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos, veículos e
trabalhos manuais;
j) equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-se, no mínimo, o
constante na Norma Regulamentadora NR 06;
l) estabilidade dos maciços;
m) planos de emergência;
n) outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias.
As etapas básicas para o desenvolvimento do PGR são igualmente contempladas na NR 22 e
incluem:
a) a antecipação e a identificação dos fatores de risco, levando-se em conta, inclusive, as
informações do Mapa de Risco elaborado pela CIPAMIN, quando houver;
b) a avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores;
c) o estabelecimento de prioridades, metas e cronograma;
d) o acompanhamento das medidas de controle implementadas;
e) a monitoração constante dos riscos;
f) o registro e manutenção dos dados por, no mínimo, vinte anos;
g) a avaliação periódica do programa.
Além das exigências citadas acima, a NR 22 estabelece ainda que as alterações e
complementações realizadas no PGR, em virtude de seu desenvolvimento, deverão ser
45
apresentadas e discutidas na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração –
CIPAMIN, onde ocorrerá o acompanhamento das medidas de controle adotadas.
Importante anotar que o PGR deve considerar os níveis de ação, acima dos quais devem ser
desenvolvidas ações preventivas, objetivando-se que os limites de exposição ocupacional aos
agentes agressivos não sejam atingidos ou mesmo ultrapassados; os níveis de ação, de acordo
com a NR 09, constituem-se de 50% dos valores adotados como os Limites de Tolerância
previstos na NR 15 ou pelos Limites de Exposição Ocupacional adotados pela American
Conference of Governmental Industrial Higyenists - ACGIH quando não existirem limites
estabelecidos pela legislação brasileira ou ainda os valores estabelecidos em negociações
coletivas, desde que considerados mais rigorosos que os limites oficialmente aceitos
(GRUENZNER, 2003).
Ainda, sob o aspecto da exposição e proteção contra a poeira mineral, a empresa está obrigada
a realizar o monitoramento periódico da exposição dos grupos homogêneos de trabalhadores,
atendendo ao disposto no Quadro I, da NR 22, no que se refere às amostras necessárias para
quantificação do risco a que estão expostos os trabalhadores de forma similar.
Quando os limites de exposição são ultrapassados devem ser tomadas medidas técnicas e
administrativas que reduzam, eliminem ou neutralizem seus efeitos sobre a saúde dos
trabalhadores. Neste sentido a Norma Regulamentadora ainda estabelece que deve existir
disponibilidade de água em condições de uso e suficiente para o controle da geração de
poeiras nos postos de trabalho onde rochas ou minérios estão sendo perfurados, cortados,
detonados, carregados, descarregados e transportados e, enfaticamente, determina que as
operações de perfuração e corte devem ser realizadas por processos umidificados. Na
indisponibilidade de água ou impedimentos técnicos que impeçam ou limitem a umidificação
devem, então, ser adotadas medidas técnicas de controle e de captação das poeiras nas fontes
em que são geradas. Medidas relativas às superfícies de trabalho, instalações e pisos dos
locais de transito de pessoas e equipamentos incluem a limpeza e umidificação constantes de
modo a impedir a dispersão das poeiras no meio ambiente de trabalho.
Levando-se em conta medidas de clausura e isolamento de locais de trabalho, como as salas
de controle, laboratórios, entre outros, estes devem contar com sistemas adequados que
considerem a manutenção das condições de conforto relativas à temperatura ambiente,
46
umidade, ruído e velocidade do ar, conforme previsto pela NR 17-Ergonomia
(GONÇALVES, 2008).
A corroborar com a legislação nacional, e impulsionada pelo Programa Internacional para
Erradicação da Silicose, lançado em 1995, pela Organização Internacional do Trabalho – OIT
e Organização Mundial de Saúde – OMS, com o propósito de erradicar a silicose até o ano de
2030, a FUNDACENTRO, em conjunto com a Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná
e a Fundação Oswaldo Cruz e com o apoio daquelas organizações, do governo e outras
entidades realizaram o Seminário Internacional sobre Exposição à Sílica – Prevenção e
Controle, que debateu sobre as questões relativas à situação da doença no Brasil, as medidas
de prevenção e controle e ações para a sua efetiva aplicação, tomando como base o fato de
que a silicose é uma doença evitável. À época deste seminário o Brasil contava com mais de
6,5 milhões de trabalhadores potencialmente expostos, incluídos mais de 2 milhões de
trabalhadores nas industrias de transformação de minerais, 0,5 milhão na mineração e
garimpo e cerca de 4 milhões na industria da construção civil. A prevalência da silicose no
setor da mineração a céu aberto era de 3%, naquele período, conforme divulgado pelo
Documento de Referência publicado a partir das discussões ocorridas neste evento
(GOELZER; HANDAR, 2000).
A partir deste seminário surgiria a proposta para a criação do Programa Nacional de
Eliminação da Silicose objetivando integrar ações governamentais nas áreas da saúde,
trabalho e previdência, no sentido de contribuir com a OIT e OMS para a eliminação desta
doença no mundo. Este programa, o PNES, segue sendo coordenado pela FUNDACENTRO.
2.2.4 Limites de tolerâncias aceitos pela Legislação Brasileira e ACGIH - American
Conference of Governmental Industrial Higyenists
2.2.4.1 De acordo com a Legislação Brasileira: Norma Regulamentadora – NR 15
Conforme a Norma Regulamentadora NR 15 - Atividades e Operações Insalubres (BRASIL
2010), que define as atividades, operações e agentes insalubres, Limites de Tolerância são
reconhecidos como a concentração ou intensidade, máxima ou mínima, relacionada com a
natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador,
durante a sua vida laboral.
47
Portanto, a exposição do trabalhador a condições ambientais que estejam, ou que se
mantenham fora dos limites de tolerância, o condicionam ao trabalho insalubre, não saudável
e que causa doenças (GONÇALVES, 2008).
Esta Norma Regulamentadora, com redação dada pela Portaria MTB n° 3.214, de 08 de junho
de 1978, e atualizada pela Portaria MTE n° 43, de 11 de março de 2008, estabelece, em seus
13 anexos, as atividades e os agentes nocivos que, em exposição continuada, determinam o
enquadramento legal quanto ao trabalho insalubre desde que se apresentem acima dos limites
de tolerância:
Anexo 1: Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente;
Anexo 2: Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto;
Anexo 3: Limites de Tolerância para Exposição ao Calor
Anexo 4: Níveis mínimos de Iluminamento, em Lux, por tipo de atividade;
Anexo 6: Trabalho sob condições Hiperbáricas;
Anexo 7: Radiações Não-Ionizantes;
Anexo 8: Vibrações;
Anexo 9: Frio;
Anexo 10: Umidade;
Anexo 11: Agentes Químicos Cuja Insalubridade é caracterizada por Limite de Tolerância e
Inspeção no Local de Trabalho;
Anexo 12: Limites de Tolerância para Poeiras Minerais;
Anexo 13: Agentes Químicos;
Anexo 14: Agentes Biológicos;
No âmbito do Anexo 12 - Limites de Tolerância para Poeiras Minerais estão contemplados
o Asbesto, o Manganês e seus compostos e a Sílica Livre Cristalizada, objeto deste trabalho.
Referindo-se às poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada, a Legislação Brasileira
considera três diferentes limites de tolerância que, não sendo fixos, são calculados em função
da concentração de quartzo presente na amostra do mineral, entendido como sílica livre
cristalizada, quais sejam:
48
1. Limite de Tolerância, expresso em milhões de partículas por decímetro cúbico (mppdc) :
( 1 )
A percentagem de quartzo é determinada a partir de amostras coletadas em suspensão aérea,
tomadas com impactador (impinger) no nível da zona respiratória do trabalhador e contadas
pela técnica de campo claro (microscopia de contraste em campo iluminado).
2. Limite de Tolerância para poeira respirável, expresso em mg/m3:
( 2 )
Para aplicação destes limites, a NR 15 considera que as concentrações percentuais de quartzo
devem ser determinadas a partir da porção que passar por um seletor com as seguintes
capacidades de retenção, conforme quadro transcrito a seguir, cujas dimensões de partículas
retidas correspondem às frações respiráveis, isto é, partículas com diâmetro médio inferior a
10 micrometros.
Quadro 9 – Diâmetros aerodinâmicos de partículas - Compilado da NR 15 (Quadro I). Diâmetro Aerodinâmico(µm)
(esfera de densidade unitária)
% de passagem pelo seletor
Menor ou igual a
2
2,5
3,5
5,0
10,0
90
75
50
25
0(zero)
Fonte: Gonçalves (2008)
3. Para o cálculo do Limite de Tolerância para poeira total, que compreende o somatório das
poeiras respiráveis e não respiráveis, expresso também em mg/m3, tem-se a fórmula:
49
( 3 )
Os Limites de Tolerância assim calculados são válidos para jornadas de trabalho de até 48
horas por semana e foram baseados nas recomendações da ACGIH de 1977, corrigidas para
esta jornada, com base nos Limites de Exposição Ocupacional vigentes à época e dados pelos
TLV-TWA – Threshold Limit Value – Time Weighted Average , sendo o TLV para quartzo
de 0,1mg/m3 e de 5,0 mg/m3 para a concentração de poeira respirável (GRUENZNER, 2003).
2.2.4.2 De acordo com a American Conference of Governmental Industrial Higyenists -
ACGIH
O índice TLV-TWA significa o Valor Limite de Exposição, calculado na Média Ponderada
pelo Tempo e constitui-se em um referencial internacional que define a concentração média,
medida para jornada de trabalho de 40 horas semanais, na qual a maioria dos trabalhadores
pode permanecer sob exposição ao agente de risco, sem que sejam observados efeitos
adversos à saúde. De acordo com a ACGIH, os limites de exposição foram estabelecidos com
base na relação de efeitos à saúde e em função do tempo de exposição aos agentes agressivos
em experimentos industriais, experiências com humanos e animais, ou pela combinação entre
os três métodos. Para efeitos técnicos, a ACGIH sugere que os limites de exposição não sejam
aplicados de forma absoluta a todos os trabalhadores em virtude da suscetibilidade individual,
que faz com que cada indivíduo reaja de forma diferente de outros. Assim, os TLV são
valores que determinam uma relação entre o nível de exposição e os efeitos produzidos, sendo
o nível de exposição atribuído como aceitável para a maioria dos indivíduos.
No sentido da adoção de limites que garantam a proteção do trabalhador estes índices são
revisados anualmente pela ACGIH e são atualizados com base nos conhecimentos técnico-
científicos disponíveis.
Seguindo este preceito, no ano de 2003, a ACGIH alterou o TLV-TWA, sugerido para sílica
livre cristalizada, para 0,05mg/m3 , valor que já era recomendado pelo National Institute for
Occupational Safety and Health - NIOSH desde o ano de 1974 para jornadas de 10 horas
50
diárias e 40 horas semanais, que viria substituir o TLV de 0,1mg/m3 adotado em 1986,
também sugerido pela ACGIH no ano de 1983 (GRUENZNER, 2003).
No ano de 2006 a ACGIH passou a recomendar o atual valor de TLV-TWA para sílica livre
cristalizada de 0,025mg/m3 e um limite de exposição ocupacional de 3,0 mg/m3 para poeira
respirável, os quais ainda hoje permanecem válidos (ACGIH, 2008). Estas alterações têm por
base estudos que forneceram uma associação bem estabelecida entre as poeiras minerais
contendo este agente e a silicose ocupacional, considerando-se também a suspeita de seu
potencial para causar câncer do pulmão conforme estudos publicados em 1997 pela
International Agency for Research on Cancer - IARC (MARTINS, 2009).
2.2.5 Bases para o cálculo do Limite de Tolerância às poeiras minerais
A fórmula de cálculo usada no Brasil considera o Limite de Tolerância da poeira respirável
atrelado à concentração de sílica livre cristalizada e, portanto, está de acordo com a
recomendação da ACGIH que refere os efeitos aditivos sobre o sistema orgânico quando duas
ou mais substâncias estiverem presentes no ambiente ou, em outras palavras, que devem ser
considerados os seus efeitos combinados, o que pode ser quantificado através da soma de
frações correspondentes (ACGIH, 2008):
( 4 )
Este somatório das frações individuais, ou doses, de cada agente, se ultrapassado o valor
unitário, indica a extrapolação do Limite de Tolerância da exposição à mistura dos agentes
agressivos.
Partindo deste princípio, Hearl (1966) apud Gruenzner (2003), justificou o modelo
matemático para o cálculo do Limite de Tolerância para poeiras respiráveis contendo sílica
livre.
Na sua justificativa teórica, considerou Cq como sendo a concentração correspondente ao
quartzo, com TLV de 0,1 mg/m3 de ar respirado e como Cp a concentração de poeira
51
respirável com TLV de 5,0 mg/m3, ambos os valores reconhecidos pela ACGIH como de
entidades diferentes e com efeitos diferentes sobre o organismo humano. Aplicando-os na
fórmula para efeitos aditivos:
( 5 )
onde:
Cq – concentração de quartzo
Cp – concentração de poeira respirável
TLVq – TLV-TWA para quartzo
TLVp – TLV-TWA para poeira respirável
e, substituindo
Como o quartzo está contido na poeira mineral, Cp é equivalente a 100% da amostra e Cq
equivale ao % de quartzo nela contido, tem-se:
Cp 100%
Cq % de quartzo ( 6 )
Que resulta em:
( 7 )
Multiplicando-se a equação ( 5 ) por 10 / Cp , e introduzindo o valor de Cq / Cp da equação
(7) e operando-se as possíveis simplificações, chegamos à equação
( 8 )
52
que é a fórmula ( 4 ), para misturas, rearranjada e representando o Limite de Tolerância que
agrupa o TLV de 0,1 mg/m3 para a sílica e o TLV , existente à época, de 5,0 mg/m3, para
poeira respirável (HEARL, 1966).
No Brasil, com a publicação da Portaria nº 3.214, de 1978, pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, o governo adotou os limites preconizados pelo ACGIH ajustando-os para a jornada
de trabalho vigente à época, de 48 horas semanais, o que foi feito, segundo Arcuri e Cardoso
(1991) apud Gruenzner (2003), através da adoção do modelo desenvolvido pelos
pesquisadores Brief e Scala (1975) e demonstrado pela fórmula do Fator de Redução:
( 9 )
sendo : FR = Fator de Redução
h = nova jornada de trabalho em horas (48h)
40 = jornada de trabalho de 40 horas semanais
168 horas = 7 dias da semana multiplicado por 24 horas
128 horas = 168 – 40 (parcela correspondente ao tempo em horas de não-exposição)
Aplicando-se o valor vigente à época para a jornada de trabalho brasileira, de 48 horas
semanais, obtêm-se o valor aproximado de FR= 0,8, com o qual, multiplicando a equação (8),
resulta em:
( 10 )
a qual compõe a fórmula brasileira para o cálculo do limite de tolerância a poeiras minerais
contendo sílica livre cristalizada, atualmente ainda aceita pela NR 15.
53
2.3 O gerenciamento do risco
O contexto do gerenciamento dos riscos passa pela concepção moderna da normalização a
qual, na verdade, começou no final do século XVIII, quando se criou o sistema métrico de
medidas e o nascimento do conceito, na indústria, da produção em série. A percepção dos
benefícios daí decorrentes, não apenas em uma única fábrica, mas em diferentes fábricas,
motivou o desenvolvimento dos primeiros organismos de normalização. Mais tarde, em
fevereiro de 1947, criava-se a International Organization for Standardization - ISO, a qual
hoje compreende organismos de normatização de 157 países, entre os quais o Brasil, através
da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, cujas atividades foram iniciadas em
1940, tendo participado da fundação da ISO, em 1947. Inicialmente voltadas a produtos,
materiais e técnicas de engenharia a normalização alcançou a administração e os sistemas de
gestão assumindo os conceitos de Taylor quanto à importância dos procedimentos como
forma de melhorar os índices de produtividade (RIBEIRO NETO, 2008).
Com respeito aos sistemas de gerenciamento de segurança do trabalho, foram desenvolvidos
nas décadas de 1980 e 1990 alguns modelos normativos restritos a alguns países ou setores de
atividades sugerindo diretrizes que deveriam ser implantadas para o alcance das metas de
segurança de uma determinada organização. O mais difundido no Brasil foi, à época, o BS
8800:1996, do British Standards Institution, denominado Guide to Occupational Health and
Safety Management Systems (Guia para Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no
Trabalho).
No entanto estes conjuntos de normas e diretrizes não tinham como foco a certificação das
empresas que o aplicassem, tal como nas séries de sistemas de qualidade ISO 9000 ou ISO
14.000, para o gerenciamento ambiental. Pela falta de normas que facilitassem a certificação
integrada, como um preceito atual, foi criada em 1999 a Occupational Health and Safety
Assessment Series (Série de Avaliação da Segurança e Saúde no Trabalho), a OHSAS 18001.
O processo de gerenciamento dos riscos, como parte de um sistema de gestão de segurança e
saúde no trabalho, é, a princípio, o meio pelo qual os governos e as empresas possuem para
definir o nível da aceitabilidade do risco de que uma situação perigosa possa desencadear
efeitos adversos à saúde de trabalhadores e da comunidade eventualmente exposta de acordo
54
com as possíveis medidas de controle e com os custos e benefícios esperados a partir das
estratégias utilizadas para redução do risco. Assim, para o gerenciamento da segurança, dentro
de uma sistemática global, é de suma importância que se conheçam os perigos contidos em
uma determinada atividade ou procedimento e que se possam avaliar os riscos da exposição
ao perigo, em suas possíveis gradações.
No gerenciamento global, a operação segura de uma instalação requer a implementação de um
processo integrado de estruturas, responsabilidades e procedimentos, denominados de sistema
de gestão, que atua em consonância com os recursos e soluções tecnológicas disponíveis
(GRUENZNER, 2003).
A implantação de um Sistema de Gestão de Riscos implica no reconhecimento de que, em
uma organização ou sociedade, o acidente é um fenômeno multifacetado, resultante da
interação entre fatores físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais, que pode ser
evitado, dentro de limites do conhecimento e da disponibilidade de tecnologias acessíveis, e
que pode decorrer do grande envolvimento pessoal para a realização de determinadas missões
que nos levam a negligenciar a segurança. Neste sentido entende-se, então, a necessidade da
criação de um grupo de colaboradores ou organizações com o objetivo principal e único de
promover a segurança (CARDELLA, 2008). Depende, portanto, da existência de uma política
que estabeleça as regras comportamentais de uma organização, com prioridade sobre a
preservação da integridade das pessoas em todas as suas atividades, e deve ser exercida em
todas as fases do ciclo de vida das instalações e dos seus produtos.
Como base, o processo de gestão inicia-se pela análise dos riscos das atividades, que consiste
da identificação dos perigos existentes, inerentes ou inseridos na atividade, e a conseqüente
avaliação da exposição, a partir da qual se estabelece uma comparação com os riscos
toleráveis pela organização ou legislação, fornecendo dados que permitam o monitoramento e
a intervenção no sistema, constituindo assim o controle dos riscos, pela sua redução,
eliminação ou transferência através da cobertura dos seguros acidentes. Em outras palavras, o
gerenciamento dos riscos envolve a prática da higiene ocupacional que consiste da ciência
dedicada a reconhecer, avaliar e controlar os fatores ou tensões ambientais que surgem no
trabalho, ou que dele se originam, que possam causar prejuízos à saúde ou ao bem estar,
trazendo desconfortos significativos aos trabalhadores e à comunidade (BREVIGLIERO,
2006).
55
O reconhecimento dos riscos é a etapa primordial, pois do contrário, a ignorância a cerca de
algum agente tóxico ou perigoso significará que não será avaliado e tampouco controlado.
Esta etapa consiste do estudo do processo, realizado em visitas preliminares, de entrevistas
com trabalhadores e dirigentes, como forma de subsidiar as análises preliminares que
alimentam a etapa seguinte da avaliação, onde serão definidas as estratégias e metodologias
de amostragem, análise e interpretação dos resultados encontrados. Por fim, a fase de controle
do risco, a partir das avaliações anteriores, permitirá o estabelecimento de medidas de
controle sobre os agentes, seu percurso e sobre o trabalhador e que devem ser
preferencialmente a partir de medidas de engenharia que protejam o ambiente de trabalho,
como forma coletiva de proteção. A estimativa do risco de uma determinada atividade ou
processo deve ser avaliada de modo a subsidiar a tomada de decisão quanto às medidas
necessárias para a sua redução a níveis aceitáveis. Em outras palavras, quantificar o risco
representa trabalhar no sentido de reduzir a probabilidade de que um evento perigoso se
manifeste, causando danos à saúde ou materiais (GRUENZNER, 2003).
Neste contexto, a avaliação do risco pode ser expressa de forma simplificada através da
relação entre a quantidade de exposição e os limites de exposição aceitáveis, estabelecidos
legalmente, ou seja,
( 11)
que representa, em outras palavras, o nível de aceitabilidade da exposição pontualmente
encontrada em relação aos limites de tolerância. Quaisquer valores abaixo da unidade
representam e são indicativos de percentuais aceitáveis de exposição.
A estimativa do risco em determinadas situações é um objetivo técnico que subsidia, por
exemplo, a mensuração e definição de medidas de controle. No sentido prático, a implantação
de um Sistema de Gerenciamento de Saúde e Segurança do Trabalho pode iniciar-se por uma
etapa de diagnostico, envolvendo prioritariamente a identificação das práticas e
procedimentos existentes na empresa e a conformidade destes procedimentos em relação à
Legislação Nacional (Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego -
MTE) e recomendações da Organização Internacional do Trabalho - OIT, contidas no
Guidelines on Occupational Safety and Health Management Systems - ILO-OSH 2001.
56
Após a etapa do diagnóstico procede-se à identificação das áreas prioritárias para atuação
imediata, a partir dos indicadores dos itens investigados e não conformes, de acordo com um
projeto desenvolvido para gerenciamento dos riscos na indústria da construção civil, que
considera o desenvolvimento de ferramentas de acompanhamento e controle através de
documentos previstos pelo Sistema de Gerenciamento de Qualidade ISO 9000, como os
formulários de Procedimento Operacional Padrão - POP e dos Procedimentos de Execução de
Serviços, os quais deverão ser contemplados com a inclusão da análise de riscos das
operações (BARKOKEBAS JÚNIOR, 2003).
De acordo com a ILO-OSH 2001 (FUNDACENTRO, 2005), a implantação de um Sistema de
Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho - SGSST, deve obedecer esquematicamente à
seguinte ordem:
Política Organização Planejamento/Implementação Avaliação Ações para melhoria Figura 4 - Principais elementos do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho. Adaptado de FUNDACENTRO (2005)
Ainda no âmbito da referência a requisitos de Saúde e Segurança do Trabalho, destaca-se a
Norma Occupational Health and Safety Assessment Series-OHSAS 18001-2007, criada em
sintonia com as séries ISO 9000 e ISO 14001:2004, por diversas entidades internacionais de
certificação, como a British Standards Institution, a Asociación Española de Normalización e
Certificación , o Buerau Veritas Quality International, entre outros e com base nas diretrizes
da OIT. Oficialmente, não se tem ainda, no Brasil, uma tradução formal desta norma de modo
a incluí-la nas Normas Brasileiras, no entanto, tem sido usada como referência para
implantação de sistemas de gestão integrados, de qualidade, segurança, ambiente e de
responsabilidade social.
De forma integrada, entende-se, então, que a implantação de um Sistema de Gestão em Saúde
e Segurança do Trabalho - SGSST faz parte da gestão global da empresa, à qual cabe:
Melhoria Contínua
57
• Incluir a gestão de SST entre as prioridades da empresa
• Identificar os requisitos legais aplicáveis às atividades, produtos ou serviços
• Comprometer-se com práticas de SST
• Avaliar e monitorar o desempenho de SST, através do uso de indicadores
• Promover a harmonização e integração do SGSST com os demais sistemas de
gestão existentes na empresa
• Promover a participação de todos
• Prover ênfase à pró-atividade
A empresa deve manter foco na (o):
• Prevenção em vez da correção
• Planejamento de todas as atividades
• Estabelecimento e fixação de critérios de segurança
• Coordenação e integração dos sistemas e subsistemas
• Monitoramento contínuo, e finalmente no
• Melhoramento contínuo
Estes fundamentos devem estar pautados na metodologia conhecida como PDCA (Plan-Do-
Check-Act), na qual Planejar consiste no estabelecimento dos objetivos e processos
necessários para o alcance das metas de acordo com a política de SST da empresa; Fazer,
significa a própria implementação destes processos; Verificar, consiste no monitoramento e
medição do alcance das medidas em relação às metas e objetivos e preceitos legais, inclusive
a sua divulgação e Agir, compreende a execução de ações de melhoramento contínuo
(RIBEIRO NETO, 2008).
A partir da adoção destas medidas espera-se obviamente a redução dos acidentes, além de
muitos outros benefícios decorrentes da aplicação desta metodologia, cujos valores podem ser
quantificados e demonstrados conforme a Figura 5, a seguir:
58
Figura 5 – Benefícios da implantação de um SGSST. Fonte: Ribeiro Neto (2008).
2.4 A percepção acerca dos riscos
Para a implementação de um Sistema de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho é
importante também considerar a participação do homem, enquanto agente facilitador e ator
principal neste processo, o que envolve variantes complexas e dependentes de fatores sociais
e econômicos e que determinam as nuances do comportamento social.
Segundo Bley (2007), o comportamento das pessoas é objeto de preocupação do homem há
muito tempo e é um fenômeno de alta complexidade que deve ser tratado à luz da ciência,
requerendo mais do que o senso comum possa oferecer.
No âmbito da segurança do trabalho o estudo da influência do comportamento humano sobre
os acidentes de trabalho deve considerar as relações existentes entre um organismo e o seu
ambiente de trabalho. Neste sentido Dela Coleta (1991) apud Bley (2007), afirma que o
acidente de trabalho pode ser visto como expressão da qualidade da relação do indivíduo com
o meio social que o cerca, com os companheiros de trabalho e com a organização. Sob esta
ótica, profissionais do campo da segurança do trabalho tem utilizado o termo segurança
comportamental associado ao conjunto de estratégias que utilizam para atuar sobre o
comportamento dos trabalhadores, dos grupos e das organizações, com o objetivo de torná-los
Sistema de Gestão de Saúde e
Segurança do
Meio Ambiente: diminuição das perdas
Para a empresa: - imagem sem acidentes; - controle dos riscos; - melhoria na produtividade; - otimização dos recursos; - menor risco de sanções públicas;
Para os empregados: - conscientização sobre os riscos; - melhor condição de trabalho; - maior segurança; - comprometimento com o
Para a comunidade: - atendimento à legislação pertinente; - redução de acidentes; - maior segurança;
Para os clientes: - credibilidade em função da sua atuação responsável; - confiabilidade do produto;
59
capazes de atuar em suas funções no sentido da prevenção dos acidentes de trabalho (BLEY,
2007).
Para uma atuação voltada à prevenção dos acidentes de trabalho é primordial que ambos,
trabalhador e organização, reconheçam claramente os riscos associados à sua atividade, ou
seja, o trabalho na presença do perigo significa a existência do risco não importando a
presença de medidas coletivas ou individuais, do uso de equipamentos de proteção, de normas
ou procedimentos, os quais, se adequados, poderão no máximo mitigar os riscos. A
eliminação do risco, portanto, significa a extinção da relação entre o homem e o perigo. Esta
relação, mesmo que bem gerenciada, implica na existência do risco, por mínimo que seja,
donde se conclui que não há atividades humanas sem risco.
A percepção deste risco é um processo psicológico, segundo Buchanan (1991) apud Cunha
Júnior (2007); Bley (2007), no qual as pessoas organizam suas impressões sensoriais de
acordo com suas experiências passadas, sua idade, a sua formação, a sua posição hierárquica,
entre outros fatores responsáveis pela composição da percepção humana. Dentre estes fatores
estão os psicossociais, como tempo de serviço, clima de trabalho, autoconfiança, equilíbrio
emocional, os fatores cognitivos, que relacionam o conhecimento da tarefa, o conhecimento
operacional e técnico, a orientação da liderança e análise dos riscos e finalmente os fatores
fisiológicos que envolvem o sono, a alimentação, os sintomas físicos, a ingestão de remédios
etc. Quaisquer alterações nesses fatores tendem a alterar a percepção humana e devemos
considerar a possibilidade de que alterações simultâneas de vários fatores podem ampliar as
influências negativas sobre a sua capacidade de percepção dos riscos e podem conduzir a
falhas. Assim, a percepção do risco refere-se à capacidade humana para identificar perigos e
reconhecer os riscos de exposição a estes perigos, dando-lhes um significado no trabalho, no
lar ou no trânsito e depende de vários fatores que variam de indivíduo a indivíduo, em função
de seu padrão de funcionamento e do seu repertório de experiências adquiridas (CUNHA
JUNIOR apud BLEY, 2007).
60
3 MINERAÇÃO A CÉU ABERTO - PEDREIRAS
A mineração de agregados para construção civil ocorre, em geral, em regiões próximas às
áreas urbanizadas e tem como função o fornecimento desta matéria prima para a execução e
manutenção das atividades de construção e é diretamente relacionada com o crescimento dos
centros urbanos. Portanto, constitui-se em uma atividade de vital importância sócio
econômica no desenvolvimento de qualquer país (RODRIGUES, 2004).
3.1 A Indústria de agregados para a construção civil no Brasil e em Pernambuco
A indústria brasileira de agregados para a construção civil vem crescendo ano a ano,
impulsionada pelo crescimento da economia nacional e concentra a produção baseada no
processamento de rochas obtidas principalmente por empresas de mineração a céu aberto.
Este segmento industrial concentra-se nas regiões metropolitanas das grandes cidades
brasileiras, portanto, próximas aos centros consumidores refletindo negativamente na
qualidade ambiental de seu entorno, decorrente da falta de planejamento e de zoneamento
urbano e industrial corretos. Em adição, como estão instaladas próximas aos grandes centros
urbanos, mesmo que em áreas afastadas, acabam por receber numerosa vizinhança que se
instala em busca de empregos ou para instalação de pequenos estabelecimentos comerciais,
ficando então expostos aos poluentes micro-particulados gerados nas pedreiras
(RODRIGUES, 2004).
No Brasil, o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, órgão do Ministério das
Minas e Energia, é responsável pela política mineral brasileira. Possui caráter normativo sobre
o setor, com atribuições de planejamento, orientação, coordenação e execução das atividades
relacionadas à economia e ao desenvolvimento do setor mineral, bem como da divulgação dos
índices de produção nacional e regionais.
Os dados estatísticos que descrevem o nível de atividade neste setor estão disponíveis no
Anuário Mineral Brasileiro – AMB - 2001 a 2006, a mais recente publicação do
Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, órgão do Ministério das Minas e
Energia, cujas bases de apuração dos dados estatísticos foram construídas a partir de
informações dos Relatórios Anuais de Lavra- RAL, os quais foram apresentados pelas
61
empresas do segmento de mineração e catalogados e editados pela Diretoria de
Desenvolvimento e Economia Mineral - DIDEM, e do Sumário Mineral-2008 (BRASIL,
2008).
Dos dados assim obtidos, consta naquele anuário que o Brasil produziu, no ano de 2005, cerca
de 94.893.347m3 de rochas britadas e cascalho, o que corresponde a aproximadamente 151
milhões de toneladas, obtidas a partir da exploração e lavra de 570 minas a céu aberto e por
513 empresas de mineração, consideradas apenas aquelas com produção bruta acima de
10.000 toneladas/ano. Para o ano de 2006, foram produzidas 199 milhões de toneladas e,
finalmente, em 2007, 217 milhões de toneladas sendo estes dados obtidos do Sumário
Mineral-2008, o qual considera os volumes de produção de agregados para a construção civil,
não reportando a valores regionais.
A partir das informações do Anuário Mineral Brasileiro - 2006, em sua segunda parte, em
que relata os dados regionais, o Estado de Pernambuco, registrou a produção de 2.137.374 m³
de rochas britadas e cascalho, significando aproximadamente 3,4 milhões de toneladas ou
2,25% da produção nacional, divididos entre 12 usinas de beneficiamento. Na classificação
considerada pelo AMB - 2006, 4 destas empresas foram consideradas de porte médio, pela
produção entre 100.000 ton/ano e 1.000.000 ton/ano, e 8 delas de porte pequeno, pela
produção acima de 10.000 ton/ano até 100.000 ton/ano e empregaram no período 271
trabalhadores diretos e 24 terceirizados.
3.2 O processo de lavra e beneficiamento
Em virtude das características geológicas das jazidas minerais atualmente exploradas no
Brasil as pedreiras são, predominantemente, empresas que realizam a lavra mineral a céu
aberto e pelo método do desmonte de bancadas pelo uso de materiais explosivos. As fotos
aqui utilizadas para ilustrar as etapas do processo são imagens obtidas na pedreira em estudo e
realizadas pelo autor. Na imagem mostrada na Figura 6, vê-se um detalhe de uma bancada de
rocha, em desmonte, com as marcas das perfurações onde foram inclusos os explosivos.
62
A distribuição dos furos obedece a um plano de fogo que determina a quantidade, a
profundidade e o espaçamento entre eles, nos quais serão introduzidos explosivos para o
desmonte da bancada de rochas (GRUENZNER, 2003).
Figura 6 - Detalhe da bancada em desmonte na mina estudada
A operação inicia-se pela perfuração primária da rocha através de equipamentos pneumáticos,
montados sobre esteiras, denominados Rock. Ver na Figura 7, a seguir, uma imagem deste
tipo de equipamento.
Figura 7 – Perfuratriz pneumática (Rock)
63
A partir do processo de desmonte são produzidas pedras com dimensões variadas e, aquelas
maiores, denominadas rachões (matacos), vistos na Figura 8, que não possuem dimensões
adequadas para a primeira operação de britagem, são perfuradas através do uso de marteletes
operados manualmente, numa operação denominada de perfuração secundária. A perfuração
destes blocos maiores objetiva a uma segunda detonação, denominada fogacho, para a
adequação das dimensões dos rachões ao passo seguinte, no britador primário.
Figura 8 - Detalhe da perfuração dos rachões com martelete pneumático
Após esta primeira etapa de cominuição das rochas, as mesmas são carregadas em caminhões
(Figura 9) por meio de uma escavadeira hidráulica, e conduzidas para alimentação do britador
primário.
Figura 9 - Caminhão caçamba em carregamento
64
Na britagem primária, um britador de mandíbulas faz a primeira redução dimensional das
pedras de modo que possam ser recebidas e processadas nos britadores, secundário e terciário,
onde irão adquirir as várias granulometrias adequadas ao mercado da construção civil. Nesta
etapa, as pedras britadas são estocadas a céu aberto, aguardando o carregamento em granel
para expedição.
A etapa da britagem primária constitui-se no coração da indústria de agregados, que dela
depende integralmente, pois constantemente pode sofrer interrupções no ritmo de produção
em razão da obstrução do britador com pedras cujas dimensões estão fora do padrão.
Figura 10 - Vista geral do britador primário
Figura 11 - Entrada de rachões no britador primário
65
A desobstrução do britador primário constitui-se em mais uma operação envolvendo riscos de
acidentes. É uma operação que pode ser feita mecanicamente, preferencialmente, ou de forma
manual, inadequada devido aos riscos de acidentes envolvidos na operação, na qual os
operadores manipulam hastes e placas metálicas usadas como apoio na desobstrução. Em
pedreiras dotadas de equipamentos mais modernos são usadas pinças hidráulicas na realização
desta operação de desobstrução.
Figura 12 - Vista geral do setor de britagem secundaria e terciária
Assim, sob o aspecto da exposição ocupacional, encontram-se nas pedreiras e nas minerações
uma quantidade de exposição a várias modalidades de riscos ambientais e de acidentes, que
contemplam praticamente todas as classificações de riscos ambientais do trabalho, os quais
aqui serão apenas mencionados, com exceção daquele que compõe a temática deste trabalho.
3.3 Riscos Ambientais na atividade de mineração a céu aberto e processamento da pedra
britada.
Na avaliação dos riscos ambientais do trabalho torna-se importante levar em conta as
prováveis distorções da percepção que o trabalhador faz com relação à tarefa que realiza e aos
níveis de exposição a agentes agressivos a que está submetido. Para reforçar este
entendimento faz-se necessário também tomar como referência o que os diplomas legais
brasileiros definem a cerca dos acidentes de trabalho, como no Art 19° da Lei 8.213/91, que
compõe a Legislação Previdenciária brasileira (BRASIL, 2004):
66
Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço
da empresa, ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda
ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária.
Sob o ponto de vista prevencionista, a NBR 14.280/01 define o Acidente do Trabalho como
qualquer ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício
do trabalho, de que resulte ou possa resultar em lesão pessoal (ABNT, 2001). Nesta definição,
mesmo os acidentes que não resultem em lesões ao trabalhador são considerados para fins da
prática prevencionista (SALIBA, 2008).
Ainda sob o amparo da legislação, doenças profissionais, adquiridas em razão das
especificidades da profissão, e as doenças do trabalho, adquiridas em razão das condições em
que o mesmo é realizado, são equiparáveis ao acidente de trabalho e igualmente relacionadas
ao ambiente laboral.
Neste aspecto, na busca de uma condição de trabalho salubre, onde não se materializem a
doença ocupacional ou o acidente, convém atentar também para o ambiente laboral,
reconhecendo quais são os agentes agressivos e prejudiciais ali presentes, avaliando os riscos
à saúde e adotando medidas de controle destes riscos. Em outras palavras, deve-se focar na
busca das causas básicas, na exposição do trabalhador em ambiente contaminado, no sentido
de evitarmos o comprometimento da sua saúde e capacidade laboral (BREVIGLIERO, 2006).
Na atividade de mineração a céu aberto, atrelada ao beneficiamento das rochas, já são
reconhecidas, de forma legal, as várias formas de exposição aos perigos existentes nesta
atividade, através da NR 22, especificamente voltada ao setor de mineração. Entre as
numerosas fontes potenciais de riscos de acidentes, vibrações, riscos ergonômicos, radiação,
destacam-se o ruído e a exposição às poeiras geradas no processo, que contém concentrações
importantes de sílica livre cristalizada, como os agentes de riscos mais importantes e
significativos e que podem conduzir a um processo danoso à saúde dos trabalhadores, quando
expostos continuadamente.
Portanto, preventiva e especificamente ao risco de exposição às poeiras contendo sílica livre
cristalizada, temática principal deste trabalho, e para reduzir os riscos de contaminação
67
ambiental, devem ser tomadas medidas de engenharia no sentido do isolamento máximo do
risco. Tais medidas podem sugerir o uso de dispositivos de coleta de poeiras ou o seu controle
através da utilização de água na umidificação dos processos, ou, na sua impossibilidade ou
ineficácia, ou de acordo com os níveis de exposição quantitativamente determinados, o uso
concomitante de equipamentos respiradores apropriados, em conformidade com os requisitos
constantes do Programa de Proteção Respiratória, a ser implantado de acordo com a Instrução
Normativa nº1 de 11 de abril de 1994 do MTE (GRUENZNER, 2003).
Como medidas de controle médico ocupacional, devem ser observadas as exigências do
Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO, definido na Norma
Regulamentadora NR 07, articulado ao Programa de Gerenciamento dos Riscos - PGR,
definido pela Norma Regulamentadora NR 22, em substituição ao Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais, definido pela Norma regulamentadora NR 09. O PCMSO tem caráter
preventivo e será responsável pelo rastreamento e diagnóstico antecipado aos danos à saúde
em virtude de exposições ocupacionais. Particularmente em relação ao agente químico
inserido nas poeiras minerais, este programa deve contemplar a realização de exames clínicos,
anualmente, e de exames específicos ao risco, como as radiografias torácicas e exames que
avaliam a capacidade respiratória em casos de imagens positivas indicando nódulos
pulmonares. Lamentavelmente, a vigilância epidemiológica, apesar de constituir-se de
ferramentas para a identificação precoce da silicose ocupacional, não pode ser considerada
como um recurso que favoreça a prevenção pois, uma vez identificados os primeiros sinais,
através de exame radiológico, considera-se instalada a doença ocupacional, até o presente sem
tratamentos eficazes.
3.4 Máquinas e equipamentos como fontes de riscos
No que se refere às máquinas e equipamentos para extração da rocha na mineração e de
processo, nas operações de britagem, a legislação brasileira, através da Norma
Regulamentadora NR 22 (GONÇALVES, 2008), em seu item 22.17, define que os processos
devem contar com disponibilidade de água em boas condições de uso, com o propósito do
controle da geração de poeiras nos postos de trabalho onde rocha ou minérios estejam sendo
perfurados, cortados, detonados, carregados, descarregados ou transportados ou ainda que os
equipamentos geradores de poeiras possuam dispositivos para a sua redução ou eliminação e
que ainda devam ser mantidos em boas condições de uso.
68
Sob o aspecto operacional, haja vista que as máquinas e equipamentos usados na mineração,
muitas vezes de grande porte e potência, constituem-se em importantes fontes de risco se não
forem operadas dentro das recomendações de segurança ou se não contarem com medidas
coletivas de proteção (SALIBA, 2008), a empresa mineradora deve igualmente dedicar
especial atenção, à luz desta Norma Regulamentadora e também da NR 12 – Máquinas e
equipamentos (GONÇALVES, 2008), determinando a obrigatoriedade da proteção das suas
partes móveis e que disponham de dispositivos de alarme, sonoros e visuais, para sinalizar
paradas acidentais, desativação ou ativação.
As exigências de proteção, constantes das normas, estendem-se ainda para os dispositivos de
fixação das hastes de perfuração, das mangueiras de ar comprimido, das esteiras de transporte,
das máquinas de acionamento elétrico ou hidráulico e aos dispositivos de fixação e
estabilização de máquinas que possam ter o equilíbrio instável durante a sua operação. Em
virtude da existência de máquinas e veículos de transporte sobre rodas, a legislação estabelece
também a sinalização das vias de acesso, suas dimensões e características de sinalização
sonora e visual, para o andamento correto do trânsito nas instalações das áreas de mineração.
69
4 METODOLOGIA
O presente trabalho foi realizado através de um estudo de caso desenvolvido em uma pedreira
de porte médio, da região metropolitana do Recife, envolvendo as atividades de mineração a
céu aberto e o processamento da rocha. Esta metodologia, conforme Lazzarini (1995) apud
Gruenzner (2003), é perfeitamente aplicável quando se deseja obter generalizações analíticas
sem tratamento estatístico mas que possam servir como referência ao estudo teórico, pois os
resultados reais encontrados podem ser indicativos úteis ao estudo de outras empresas que
mantenham atividade com processos e materiais semelhantes.
No seu todo, o estudo envolveu a observação do processo industrial e dos riscos inerentes às
atividades e processos, a análise qualitativa dos postos de trabalho e das características das
atividades desempenhadas pelos trabalhadores e a escolha dos pontos de coleta de amostras
para a realização de análises quantitativas dos níveis de exposição à sílica livre cristalizada;
concomitantemente o corpo gerencial da empresa foi entrevistado e feita uma análise
documental do PCMSO, do PGR e das fichas funcionais dos trabalhadores representantes dos
postos escolhidos, com o objetivo de avaliar as medidas gerenciais e sua adequação às
Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE e ao Programa de
Proteção Respiratória da Fundacentro, bem como da consonância com as diretrizes da
Organização Internacional do Trabalho para a implementação e manutenção de um Sistema
de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho – SGSST.
Estas avaliações permitiram ainda o estudo quantitativo do passivo de segurança da empresa,
um indicador econômico, a partir das não conformidades encontradas e passíveis de autuações
conforme a Norma Regulamentadora – NR 22, relativos aos itens aplicáveis à atividade.
Finalmente, a partir da abordagem teórica a respeito do tema, os resultados reais encontrados
foram tratados à luz da Norma Regulamentadora - NR 15 e dos limites de exposição
ocupacional sugeridos pela ACGIH.
Para a realização destas etapas do estudo, foram feitas visitas preliminares, em meados de
abril de 2009, para submissão do projeto à empresa para aprovação e deliberação de um
cronograma de visitas subseqüentes, efetivadas entre os meses de agosto e setembro, após
70
encerrada a estação de chuvas da região, quando foi realizado o conhecimento do processo, as
entrevistas com os gerentes industrial e de qualidade da empresa, a observação dos postos de
trabalho e a documentação fotográfica. A coleta das amostras e envio para o laboratório de
análises aconteceu no período entre 11 e 20 de novembro deste mesmo ano.
4.1 Definição dos postos de amostragem quantitativa para teores de sílica livre
Para a escolha dos postos de amostragem, objetivando a quantificação da poeira mineral
inalada por cada trabalhador, foi realizada uma avaliação qualitativa das tarefas e dos níveis
de exposição aos riscos ambientais do trabalho mediante a utilização da metodologia da
Análise Preliminar de Riscos (APR), pela observação e análise dos postos de trabalho e das
atividades ali desenvolvidas, bem como das informações obtidas dos próprios trabalhadores
sobre os riscos potenciais existentes em cada tarefa ou função e as medidas adotadas para
controle dos riscos CARDELLA (2008).
De forma geral todas as atividades desenvolvidas na empresa estudada são realizadas em dois
turnos de trabalho, um diurno e outro noturno, sendo que toda as avaliações foram realizadas
no turno que perdura das segundas-feiras, das 7:00 h às 17:00 h, com intervalo de 1 hora para
almoço e aos sábados das 7:00 h às 16:00 h, totalizando uma jornada 53 horas de trabalho por
semana, inclusas 5 horas extras. Não foram anotados formalmente intervalos para repouso a
cada três horas, para nenhuma das funções avaliadas.
A escolha de pontos de amostragem ou coleta da poeira mineral baseia-se na Norma de
Higiene Ocupacional - NHO 08: Coleta de material particulado sólido suspenso no ar de
ambientes de trabalho (FUNDACENTRO, 2007b), considerando as informações referentes
aos trabalhadores e aos locais de trabalho. Neste aspecto, determina-se o número total de
trabalhadores provavelmente expostos continuadamente aos materiais particulados, e, pela
observação, as condições variáveis de geração de poeiras de acordo com as atividades
desenvolvidas nas várias funções. A partir desta análise são determinados os postos de
trabalho para os quais se presume a existência de um maior risco de exposição, ou seja,
aquelas funções consideradas mais críticas quanto à exposição ao risco e à sua intensidade, e
considerando-se ainda o número de trabalhadores com atividades e exposição idênticas, o
71
Grupo Homogêneo de Exposição - GHE ou Grupo de Exposição Similar - GES, conforme
definido na NHO 08.
De acordo com a NR 22, o número de amostragens de poeira em cada grupo homogêneo deve
ser, no mínimo, igual à quantidade estabelecida em seu Quadro I, conforme transcrito a
seguir, no Quadro 10:
Quadro 10 – NR-22 – Quadro I- Número de trabalhadores a serem amostrados em função do número de trabalhadores do grupo homogêneo em exposição.
N ( número de trabalhadores do Grupo Homogêneo de Exposição )
n* ( número de trabalhadores a serem amostrados ) *se N é menor ou igual a 7, n=N
8 7
9 8
10 9
11-12 10
13-14 11
15-17 12
18-20 13
21-24 14
25-29 15
30-37 16
38-49 17
50 18
Acima de 50 22
Fonte: Brasil (2010)
No entanto, para a definição da quantidade de amostras a serem realizadas, para a avaliação
dos percentuais de poeira respirável e de sílica livre cristalizada, é válida a definição constante
da Norma de Higiene Ocupacional – NHO 08, da Fundacentro, a respeito dos Grupos de
Exposição Similar – GES, que é suficientemente esclarecedora sobre a representatividade de
uma amostra tomada a partir de um trabalhador pertencente a um grupo homogêneo de
exposição, que anula qualquer interpretação sobre os números constantes do referido quadro
da NR 22, sobre a quantidade de amostras a ser coletada e analisada, o que, inclusive, tornaria
as avaliações quantitativas proibitivas em razão do alto custo para um elevado número de
análises nele exigidas.
72
4.2 Métodos de amostragem
A metodologia de amostragem utilizada baseou-se igualmente na Norma de Higiene
Ocupacional – NHO 08, da FUNDACENTRO, a qual determina, entre outros métodos, a
amostragem única de período completo para a coleta durante toda a jornada de trabalho. Na
prática, porém, foi apenas possível coletar amostras de período parcial, abrangendo a maior
parte do tempo das jornadas, sempre com tempos acima de 70% das mesmas.
O tipo de coleta escolhido foi a coleta individual, com a fixação do dispositivo de coleta na
zona respiratória de cada trabalhador, ou seja, a uma distância aproximada de 150mm das
suas narinas, conforme a referida norma determina.
Os trabalhadores com os quais foram realizadas as amostragens assim descritas foram aqueles
cujas atividades foram consideradas as mais críticas devido à sua proximidade da fonte
geradora de poeiras, ao tempo de exposição, à sua mobilidade e hábitos operacionais e da
observação do uso de medidas preventivas ou de equipamentos de proteção.
4.3 Materiais, equipamentos e instrumentos utilizados na amostragem do agente
químico
Na realização de amostragens de materiais particulados, como a poeira mineral, foram usados
os seguintes instrumentos:
a. Bomba gravimétrica de poeira – é o equipamento responsável pela aspiração do ar
ambiente, que será direcionado ao sistema filtrante adequado ao aerodispersóide que
se deseja avaliar. São bombas movidas a baterias recarregáveis com capacidade de
bombeamento entre 1 e 3 litros/minuto. Bombas mais modernas contam com
tecnologia de controle do fluxo, mantendo-o constante frente às possíveis alterações
de carga da bateria, pressão atmosférica, altitude, temperatura e com o aumento da
perda de carga devido ao acúmulo da amostra retida no filtro. Para a elaboração deste
trabalho foram usadas duas bombas Gilian, similares à bomba mostrada na Figura 13,
modelo GilAir 5, com certificados de calibração nº 814/2009, para a bomba série
2007.070.2006 e 817/2009 para a bomba de série 2005.100.2009, reproduzidos nos
Anexos A e B, respectivamente, e foram gentilmente cedidas pelo Laboratório de
Saúde e Higiene do Trabalho da Escola Politécnica da Universidade de
73
Pernambuco - LSHT, calibradas conforme instruções da NHO 07 – Calibração de
bombas de amostragem individual pelo método da bolha de sabão (FUNDACENTRO,
2002), com vazão regulada para 1,7 litros/minuto.
Figura 13 - bomba de amostragem de poeira Fonte: CIASHOP/INSTRUTHERM (2009)
b. Calibrador digital – para a calibração da vazão dos diferentes cassetes de filtração e
bombas foi usado um calibrador digital marca Gilian, modelo Calibrator 2, nº de série
051.2041-5, calibrado em abril/09 sob certificado 818/2009, atendendo à vazão
requerida de 1,7 litros/min, conforme norma referenciada. Ver Figura 14.
Figura 14 – calibrador digital. Fonte: Gruenzner (2003)
c. Filtros – para a coleta de poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada são usados
filtros de PVC, com diâmetro de 37mm e 5µm de porosidade, apropriado para a
retenção de partículas que podem alcançar o tecido pulmonar. Os filtros são montados
74
dentro de porta filtros, denominados cassetes, construídos em poliestireno transparente
e são exemplificados na Figura 15, a seguir:
Figura 15 - Cassete porta filtros. Fonte: Gruenzner (2003)
Os cassetes de PVC foram recebidos do laboratório certificado, lacrados e
previamente pesados, e foram utilizados individualmente para a calibração da sua
vazão quando acoplado à bomba de amostragem. Após a calibragem, foram
novamente lacrados até a coleta das amostras, quando cada cassete foi acoplado à
mesma bomba em que foi calibrada a sua vazão.
d. Ciclone – é o componente do sistema de coleta responsável pela separação e retenção
das partículas com diâmetros maiores que 10 µm, impedindo que alcancem o filtro de
PVC, incluso no cassete, conforme figura abaixo
Figura 16 – Cassete porta filtro montado e ciclone separador.
Fonte: Gruenzner (2003)
75
4.4 Métodos de análises laboratoriais
Para a quantificação dos percentuais de sílica livre cristalizada, contidos na poeira mineral,
bem como para a quantificação deste agente, são várias as técnicas empregadas, que vão da
análise gravimétrica das amostras coletadas, onde se deseja conhecer a massa de poeira
correspondente a um determinado volume de ar coletado no ambiente contaminado, até a
análise por métodos de difratometria de raio X, de espectrometria de infravermelho
(SANTOS, 2001).
Os métodos usados nas análises que compõem os resultados apresentados ao final deste
trabalho são o método de análise gravimétrica, para a poeira mineral, e o método por
espectrometria de infravermelho, na quantificação do percentual de quartzo. Ambos os
métodos foram aplicados pelo laboratório Environ, indicado pelo Laboratório de Segurança e
Higiene do Trabalho da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco.
4.4.1 Análise gravimétrica para poeira respirável
As amostras coletadas foram analisadas gravimetricamente, para a determinação da
concentração de poeira respirável, mediante pesagem do filtro, antes e depois da amostragem.
O método analítico usado foi o NIOSH 0600 - Análise gravimétrica para partículas
respiráveis, reproduzido no Anexo 1, conforme determinado na Norma de Higiene
Ocupacional – NHO 03, sobre análise gravimétrica de aerodispersóides sólidos coletados
sobre filtros e membrana (FUNDACENTRO, 2001; NIOSH, 2003a).
O cálculo da concentração de poeira respirável é função do volume de ar amostrado, de
acordo com a expressão
(12)
onde: V - Volume total de ar amostrado em m3
Qm- Vazão média da bomba durante amostragem do ar em litros/minuto T - Tempo total da coleta em minutos Para o cálculo da concentração da poeira respirável
76
(13)
onde:
C - Concentração de poeira respirável em mg/m3
m - Massa da amostra em mg
V – Volume de ar amostrado em m3
4.4.2 Análise espectrométrica da concentração de sílica livre cristalizada
Para a quantificação do percentual de sílica contido nas amostras coletadas as mesmas foram
analisadas de acordo com o método NIOSH 7602 - Espectrometria de Absorção de Radiação
Infravermelho, reproduzido no Anexo 2 (NIOSH, 2003b).
4.5 Métodos para o diagnóstico gerencial da adequação às normas
Para avaliar o nível de adequação e de comprometimento da empresa com as medidas de
segurança sugeridas nas normas foram elaborados e aplicados formulários de entrevistas aos
gerentes de operação, manutenção e de segurança do trabalho da empresa, no formato de
check list, ou lista de verificação, como sugerido por Barkokébas Júnior (2004), e
amplamente utilizado como ferramenta de avaliação por vários pesquisadores nas diversas
áreas de segurança e higiene ocupacional, como nos trabalhos de Kohlman Rabbani (2008),
Lago (2006), Martins (2009), Souza (2008), Vasconcelos (2009) e Véras (2004 e 2006).
Como ferramenta de diagnóstico inicial, para qualquer atividade, uma lista de verificação
pode ser composta por perguntas elaboradas a partir das normas existentes objetivando-se a
obtenção de respostas conformes (CO), não conformes (NC) ou não aplicáveis (NA). Este tipo
de ferramenta é de grande utilidade no diagnóstico do nível de conformidade de uma empresa,
no momento em que é elaborado, e nas etapas subseqüentes de monitoramento a respeito do
alcance de medidas corretivas implantadas a partir da sua própria evolução.
No âmbito da saúde e segurança do trabalho igualmente constitui-se em ferramenta de
relevante importância na implantação e no monitoramento de um Sistema de Gestão em
77
Saúde e Segurança do Trabalho - SGSST (LAGO, 2006) e pode ser usada ainda como base
para a elaboração de um indicador econômico de segurança (BARKOKÉBAS JÚNIOR,
2006), cuja abordagem será realizada ao final deste capítulo.
4.5.1 Lista de verificação de acordo com itens da Norma Regulamentadora – NR 22
A elaboração deste check list envolveu os itens da Norma Regulamentadora - NR 22 e
particularmente aqueles relativos à mineração a céu aberto. Esta lista de verificação envolve
perguntas relacionadas a cada item considerado, determinando respostas de acordo com a
conformidade (CO) das medidas gerenciais, quando efetivamente implementadas e registradas
formalmente, e de acordo com a não-conformidade (NC), quando da inexistência de quaisquer
medidas adotadas para a sua adequação, permitindo-se inferir, do seu conjunto, qual o nível
de conformidade com as normas e diretrizes mencionadas.
Para anotação das conformidades (CO) com a norma, foram consideradas como critério,
apenas para este efeito, as situações com atendimento pleno aos requisitos constantes dos
itens de verificação.
Em paralelo, foram considerados como itens não-conformes (NC) aqueles não contemplados
pela empresa com nenhuma medida de adequação ou ainda os itens apenas parcialmente
atendidos, principalmente se relacionados à existência de situações de grave e iminente risco à
integridade do trabalhador.
Um campo para comentários completa o formulário, o qual tem o objetivo de subsidiar ou
orientar quanto a ajustes que devam ser realizados na etapa inicial de avaliação, bem como
auxiliar no estabelecimento de ações destinadas à adequação da empresa e ao monitoramento
do alcance destas medidas. Infere-se, portanto, que constitui-se em uma ferramenta de uso
constante para o aprimoramento das medidas de controle adotadas a partir da sua própria
evolução.
A realização das entrevistas ocorreu durante as etapas de avaliação do processo de produção
da pedreira, pela aplicação dos questionários ao gerente de manutenção e produção e ao
engenheiro de segurança da empresa, a respeito dos itens de verificação mencionados e o
78
preenchimento completo da lista de verificação foi possível também pela avaliação
documental da empresa, pela análise dos PCMSO e PGR e das fichas funcionais dos
funcionários envolvidos.
A lista de verificação completa, incluindo as respostas dadas pelos entrevistados, encontra-se
reproduzida no Apêndice A – Avaliação do SGSST de acordo com a NR 22.
4.5.2 Lista de verificação de acordo com o Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro
A lista de verificação destinada a avaliar o nível de conformidade da empresa com o
Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro- PPR foi elaborada tomando-se por base a
lista de requisitos para implantação de um programa de proteção respiratória estabelecida pela
Instrução Normativa do Ministério do Trabalho e Emprego – IN n° 1, de 11/04/1994, que
obriga aos empregadores a instalação e acompanhamento de um PPR (BRASIL, 1994 ).
Estas regras técnicas estão contidas no Programa de Proteção Respiratória, Recomendações,
Seleção e Uso de Respiradores – PPR, da Fundacentro (FUNDACENTRO, 2002).
A lista de verificação assim obtida, inclusive respostas, está reproduzida no Apêndice B –
Avaliação do SGSST de acordo com a Fundacentro.
4.5.3 Lista de verificação de acordo com as diretrizes da Organização Internacional do
Trabalho – OIT, para sistemas de gestão em saúde e segurança no trabalho
Para a elaboração da lista de verificação, reproduzida no Apêndice C – Avaliação do SGSST
de acordo com as diretrizes da OIT, foram observadas as principais exigências contidas na
publicação daquela organização internacional traduzida e editada no Brasil pela Fundacentro,
sob título Diretrizes sobre Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho
(FUNDACENTRO, 2005), levando-se em consideração que o sistema de gestão de segurança,
além da necessidade de integração aos demais sistemas de gestão, de qualidade e ambiente,
por exemplo, deve contemplar os principais elementos de gestão da empresa quanto à política,
79
organização, planejamento e implementação, de avaliação ou monitoramento e de ações
voltadas para a melhoria contínua.
Sob este aspecto, foram considerados itens de avaliação relacionados à política da empresa,
com relação à saúde e à segurança no trabalho, pela participação direta dos trabalhadores no
processo de implementação de medidas de controle dos riscos e do seu monitoramento,
estabelecendo as responsabilidades das partes envolvidas, a sua capacitação e o registro
documental constante de todas as etapas. Em adendo, considerou-se também a importância da
comunicação, do planejamento e desenvolvimento das ações voltadas para a auditoria
constante de forma a monitorar o alcance das medidas propostas.
4.5.4 Cálculo do indicador econômico de segurança ou passivo de segurança da empresa
Em complemento, o check list, feito a partir dos itens relacionados à Norma Regulamentadora
NR 22, foi igualmente utilizado para o cálculo do passivo de segurança, constituindo um
indicador econômico de segurança atual da empresa. O cálculo deste indicador consiste na
soma dos valores relativos às possíveis autuações do Ministério do Trabalho e Emprego –
MTE, para os itens de não conformidades (KOHLMAN RABBANI, 2008; LAGO, 2008).
Para o cálculo do passivo de segurança, que é também um indicador útil para aferir o nível de
adequação da empresa com respeito às Normas Regulamentadoras, foi usada como base a
tabela de infrações de acordo com a Norma Regulamentadora – NR 28: Fiscalização e
penalidades (BRASIL, 2010), cujos valores das penalidades passíveis de serem aplicadas pelo
Ministério do Trabalho, são obtidos a partir do cruzamento das informações relativas ao
número de funcionários expostos ao risco de doença ocupacional ou acidentes e da sua
gravidade, crescente como sendo de saúde ou de segurança do trabalho (BARKOKÉBAS
JÚNIOR, 2006).
A NR 28 considera, para aplicação das multas, os valores em UFIR, que devem ser
convertidos pela multiplicação por R$ 1,0641, valor congelado da UFIR desde o ano 2000.
Assim, para cada uma das possíveis infrações relativas à saúde do trabalho, e considerando o
número de funcionários da empresa expostos aos riscos, têm-se valores mínimos que podem
80
variar de acordo com o Quadro 11, transcrito do Anexo I, da Norma Regulamentadora – NR
28 (BRASIL, 2010). Nesta tabela, transcrita da NR 28 consta a gradação das multas em BTN
– Bônus do Tesouro nacional, vigente à época da sua edição, hoje substituída pela UFIR –
Unidade Fiscal de Referência.
Quadro 11 - Anexo I da Norma Regulamentadora – NR 28.
Fonte: Brasil (2010).
Como exemplo real, se uma empresa possui um contingente de 40 trabalhadores, a multa a ser
aplicada pela inobservância do item 22.3.4.a, da NR 22, cujo texto dispõe sobre a paralisação
de atividades que exponham os trabalhadores a situações de grave e iminente risco, com
classificação I4, poderá variar de um mínimo de 3.335 UFIR a 3.876 UFIR, equivalentes a
R$3.548,77 a R$4.124,45, podendo ser duplicados em caso de reincidência.
81
5 RESULTADOS
A realização deste estudo de caso teve início em meados abril de 2009, quando foi feito o
primeiro contato com a empresa para uma exposição dos motivos, a partir do qual foram
efetuadas duas visitas, ainda no mesmo período, para o reconhecimento das áreas da
mineração e da pedreira.
As visitas para estudo das atividades exercidas pelos trabalhadores, avaliação de documentos
e entrevistas aconteceram entre os meses de agosto e setembro e a coleta de amostras ocorreu
entre os dias 11 e 20 de novembro do mesmo ano.
A empresa, à época contando com 39 funcionários, está situada em um município da região
metropolitana de Recife – Pernambuco e é considerada uma das maiores da região; mantêm
sua atividade fabril para atender às necessidades do grupo empresarial de que faz parte no
segmento da construção civil, abastecendo suas obras e uma usina de produção de
revestimentos asfálticos, uma empresa também coligada, e também para o fornecimento de
pedras britadas para o mercado regional. Como tantas outras empresas deste segmento,
quando iniciou suas atividades situava-se em uma região rural, porém hoje possui em seu
contorno dezenas de habitações, em um movimento de transformação urbana provavelmente
decorrente da sua influência econômica na região.
5.1 Avaliação qualitativa das tarefas e dos postos de trabalho
Para efeito de avaliação dos riscos de exposição à sílica livre cristalizada, nas frações
respiráveis das poeiras minerais geradas nas várias etapas do processo, foram realizadas
avaliações qualitativas das operações de perfuração primária, perfuração secundária, britagem
primária e o transporte e movimentação das rochas e britas; as operações de britagens
secundária e terciária, por serem operadas à distância não eliminam a análise, haja vista que
ocorre grande contaminação ambiental e conseqüente exposição de trabalhadores de outros
setores, e o seu agravo em virtude da distribuição das poeiras em todo o ambiente da pedreira
levadas pelos ventos locais.
82
Adotando estes critérios foram definidas as coletas de amostras de poeira respirável, cobrindo
todas as funções, com exceção dos operadores das pás carregadeiras e pás mecânicas que
trabalham em máquinas dotadas de sistemas de ar condicionado e sistemas de filtração do ar
exterior para as quais é aceito, qualitativamente, que estes dispositivos mantenham as cabines
praticamente sem a presença de poeira, havendo estudos que demonstram a eficiência destes
equipamentos para o isolamento do risco (GRUENZNER, 2003). Assim, priorizando as
funções com maior exposição, foram escolhidos os postos conforme marcadores descritos a
seguir, para cada uma delas:
M1. Marroeiroa
M2. Operador de britagem primária
M3. Encarregado da pedreira
M4. Motorista 1 (caminhão sem dispositivo de climatização)
M5. Operador de Rock
M6. Ajudante de Rock
M7. Marteleteiro 1
M8. Marteleteiro 2
M9. Marroeirob
M10. Motorista 2 (caminhão climatizado)
M11. Servente
M12. Operador de britagem terciária
As amostras M1 e M9, correspondem ao mesmo posto de trabalho, em momentos distintos.
Em andamento, convém frisar que, sob o aspecto da higiene e segurança do trabalho, a
empresa adota medidas de controle dos riscos, anunciadas em seu Programa de Gestão de
Riscos – PGR, em atendimento à Norma Regulamentadora – NR 22, priorizando, no entanto,
as medidas de caráter individual, que envolvem o fornecimento de roupas adequadas ao
trabalho, protetores auriculares, óculos, luvas, calçados e respiradores.
Nos tópicos apresentados nas próximas páginas seguem, resumidamente, as descrições das
tarefas desempenhadas no setor de mineração e na pedreira, acompanhadas de uma breve
descrição dos riscos associados a que estão expostos os trabalhadores diretamente envolvidos
com as atividades de extração mineral e beneficiamento:
83
1- Operador de Rock: realiza tarefas de perfuração da rocha, a seco, através da operação
de um pequeno trator de esteira metálica, movido a tração pneumática e que possui
acoplado um dispositivo de perfuração (Rock); as tarefas envolvem a movimentação
do trator de esteira em terreno acidentado e a fixação e operação do mesmo para o
acionamento da perfuração, também a seu comando, conforme definido pelo plano de
fogo; detalhes na Figura 17.
Características da atividade: trabalho em pé, com movimentos laterais e verticais, a
céu aberto e constante exposição ao agente de risco poeira mineral, entre outros,
revelados na APR;
Figura 17 – Operador de perfuratriz pneumática (Rock)
84
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade sob alta geração de poeira de pequeníssima granulometria, com
exposição constante ao risco; como medida de controle, o operador é orientado a
permanecer na direção contrária aos ventos, no entanto, a remoção de poeiras do corpo
usando ar comprimido, atividade proibida, confirma que existe a exposição e que a
medida de controle não é eficiente.
Físicos: ruído contínuo, radiação solar, umidade, calor;
Ergonômicos: jornada, postura, levantamento de pesos;
Acidentes: esmagamento de membros inferior e superior, projeção de objetos, quedas
por diferença de nível ou em função de terreno irregular, animais peçonhentos;
Equipamentos de proteção coletiva:
Referem verbalmente medidas administrativas que orientam o operador a permanecer
na direção contrária a dos ventos, com o objetivo de diminuir a exposição à poeira
gerada na perfuração; não existem dispositivos de coleta da poeira e tampouco
umidificação do processo de perfuração.
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de
pato) com válvula lateral, botas de PVC cano longo e com solados antiderrapantes,
roupas em algodão com mangas longas, luvas de raspa de couro e abafador de ruído
tipo concha;
2- Ajudante de Rock: realiza tarefas como ajudante na perfuração da rocha, a seco, na
qual realiza trabalhos de orientação, nivelamento e afiação das brocas, instalação das
brocas e de seus extensores na perfuratriz, bem como a sua remoção do equipamento
motriz; realiza ainda a desobstrução dos pontos de perfuração. Ver Figura 18.
Características da atividade: trabalho em pé, com alto esforço físico em virtude da
realização de movimentos laterais e verticais de levantamento de pesos, a céu aberto e
constante exposição ao agente de risco poeira mineral, entre outros;
85
Figuras 18 - Ajudante de Rock em atividade
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade realizada sob alta geração de poeira de finíssima granulometria
com exposição constante; a orientação dada pela empresa para permanecer na direção
contrária aos ventos mostra-se ineficiente haja vista a quantidade de poeira depositada
sobre as vestes e partes expostas do corpo.
Físicos: ruído contínuo, radiação solar, umidade, calor;
Ergonômicos: jornada, postura, levantamento de pesos e
Acidentes: esmagamento de membros inferior e superior, projeção de objetos, quedas
por diferença de nível e terreno irregular, animais peçonhentos;
86
Equipamentos de proteção coletiva:
Referem medidas administrativas que orientam o ajudante a permanecer na direção
contrária a dos ventos, com o objetivo de diminuir a exposição à poeira gerada durante
a perfuração; não existem dispositivos de coleta da poeira e tampouco umidificação do
processo de perfuração.
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de
pato) com válvula lateral, sapatos antiderrapantes, roupas em algodão com mangas
longas, luvas de raspa de couro e abafador de ruído tipo concha;
3- Marteleteiro : realiza tarefas de perfuração de rochas provenientes do desmonte das
bancadas e que ainda mantenham dimensões que impedem o processamento no
britador primário; utiliza manualmente equipamento pneumático, denominado
martelete, o qual gera consideráveis quantidades de poeira de fina granulometria, além
do alto nível de vibrações e ruído proveniente do compressor e do próprio martelete
em contato com a rocha. Ver Figura 19.
Características da atividade: trabalho em pé, com esforço físico acentuado por
movimentos laterais e verticais de levantamento de pesos, a céu aberto e constante
exposição ao agente de risco poeira mineral e ao peso e às vibrações do martelete.
87
Figura 19 – Marteleteiro em atividade
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade com alta geração de poeira de finíssima granulometria com
exposição constante em virtude da proximidade do operador do ponto de geração da
poeira.
Físicos: ruído, radiação solar, umidade, calor, vibração;
Ergonômicos: jornada, postura, levantamento de pesos;
Acidentes: projeção de objetos, quedas por diferença de nível ou em virtude das
irregularidades do terreno, projeção de objetos, animais peçonhentos;
Equipamentos de proteção coletiva:
Referem medidas administrativas que orientam o marteleteiro a permanecer na direção
contrária a dos ventos, com o objetivo de diminuir a exposição à poeira gerada durante
a perfuração, no entanto trata-se de uma medida de pouco ou nenhum alcance haja
88
vista que o profissional adota posicionamento de acordo com o tamanho e
configuração geométrica da rocha.
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de
pato) com válvula lateral, botas cano longo em PVC e antiderrapantes, roupas em
algodão com mangas longas, luvas de raspa de couro e abafador de ruído tipo concha;
4- Operador de escavadeira hidráulica- realiza operações de carregamento dos
caminhões, com os rachões provenientes do desmonte das bancadas.
Características da atividade: trabalho sentado, com movimentos laterais de braços e
pernas em cabine de máquina pesada, fechada e climatizada, para carregamento dos
rachões nos caminhões para o transporte até o britador primário.
Figura 20 - Operador de escavadeira hidráulica
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade em ambiente fechado e climatizado, sob condições de geração de
poeira de finíssima granulometria e com possibilidade de exposição ocasional.
89
Físicos: ruído, radiação solar, vibração;
Biológicos: fungos.
Ergonômicos: jornada, postura, sedentarismo, esforço sobre as articulações, esforços
repetitivos;
Acidentes: choques, projeção de objetos, quedas por diferença de nível;
Equipamentos de proteção coletiva:
Cabine com condicionador de ar
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, sapatos antiderrapantes, roupas em
algodão com mangas longas, abafador de ruído tipo concha;
5- Motorista de caminhão de movimentação interna: realiza tarefas de transporte da
rocha da mina até o britador primário;
Características da atividade: trabalho sentado, com movimentos laterais de braços e
pernas em cabine de caminhão, fechada e climatizada por ventilação forçada.
Figura 21 - Motorista de caminhão
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade em ambiente sob alta geração de poeira de finíssima
granulometria com possibilidade de exposição intermitente à poeira.
Físicos: ruído, radiação solar, calor, vibração;
90
Biológicos: fungos.
Ergonômicos: jornada, postura, sedentarismo, esforço sobre as articulações, esforços
repetitivos, stress;
Acidentes: choques, projeção de objetos, quedas por diferença de nível;
Equipamentos de proteção coletiva:
Cabine climatizada
Equipamentos de proteção individual:
Óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de pato)
com válvula lateral, sapatos antiderrapantes, roupas em algodão com mangas longas,
abafador de ruído tipo plug;
6- Operador do britador primário – este profissional realiza tarefas de operação do
britador primário incluindo o monitoramento das rochas, provenientes da mina, que
irão sofrer a primeira redução na fase industrial; a atividade compreende também o
suporte ao marroeiro na desobstrução da esteira vibratória e do britador de mandíbulas
quando pedras de dimensões não apropriadas são levadas ao equipamento, causando a
sua paralisação.
Nesta função, e nas demais que se seguem, é importante registrar que existe exposição
adicional às poeiras geradas em outros locais e em altas quantidades pela falta de
umidificação constante, as quais são transportadas pelos ventos, predominantemente
orientados nas direções sudeste e leste, na maior parte do ano.
Características da atividade: trabalho em pé, com movimentos laterais e verticais de
levantamento de pesos, a céu aberto e constante exposição ao agente de risco poeira
mineral gerado no próprio processo e, principalmente, pela poeira gerada mais
intensamente nos demais sistemas de britagem e carregamento.
91
Figura 22 - Operador do britador primário
Na Figura 23, vê-se a imagem aérea da pedreira, tomada de satélite, onde o círculo indica a
localização do britador primário e a seta indica a direção predominante dos ventos. Em
virtude da constância destes ventos e da ausência de umidificação em volume suficiente e
permanente dos materiais particulados gerados nos equipamentos de britagem e transporte, as
poeiras de baixas granulometrias, geradas em grande quantidade, são carreadas para todo o
ambiente e, principalmente, sobre o local em que se situa o britador primário, determinando
um excedente de exposição para o operador do britador primário e seu auxiliar, o marroeiro,
conforme se pode verificar nas imagens mostradas na Figura 24.
92
Figura 23- Vista aérea da pedreira, em 27/01/2007, com indicação da direção predominante
dos ventos. Fonte: Google Earth (2009).
Figura 24 – Setor industrial e britador primário, sem umidificação
93
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade com alta geração de poeira de finíssima granulometria com
exposição constante em virtude da proximidade do operador do ponto de geração da
poeira, inclusive provenientes de outros equipamentos, em função da posição
geográfica e direção dos ventos.
Físicos: ruído, radiação solar, umidade, calor, vibração, choque elétrico;
Ergonômicos: jornada, postura, levantamento de pesos e
Acidentes: esmagamento de membros inferior e superior, projeção de objetos, quedas
por diferença de nível, animais peçonhentos;
Equipamentos de proteção coletiva:
Cobertura em lona sobre o posto de trabalho protege contra os raios solares diretos e
contra as chuvas.
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de
pato) com válvula lateral, sapatos antiderrapantes, roupas em algodão com mangas
longas, luvas de raspa de couro e abafador de ruído tipo concha;
7- Marroeiro – realiza tarefas no britador primário mediante o monitoramento das
rochas, provenientes da mina, que irão sofrer a primeira redução na fase industrial; a
atividade compreende também a desobstrução da esteira vibratória e do britador de
mandíbulas quando pedras de dimensões não apropriadas são levadas ao equipamento,
causando a sua paralisação. A sua desobstrução constitui-se em mais uma operação
envolvendo riscos de acidentes e é feita manualmente com o uso de hastes metálicas
que são usadas para promover o deslocamento da pedra através da entrada do britador;
em algumas situações são usadas placas de aço ligadas a cabos que são usadas de
modo a ocuparem espaços vazios entre a rocha e a esteira vibratória, promovendo o
seu contato e apoio mútuos o que causa a movimentação da rocha. Nesta operação o
marroeiro não conta com cinto de segurança como forma de evitar a sua queda
acidental.
94
Características da atividade: trabalho em pé, com movimentos laterais e verticais de
levantamento de pesos, a céu aberto e constante exposição ao agente de risco poeira
mineral gerado no próprio processo e, principalmente, pela poeira gerada nos demais
sistemas de britagem e carregamento, as quais são levadas pelos ventos leste e sudeste,
predominantes em nossa região.
Figura 25 – Marroeiro
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade com alta geração de poeira de finíssima granulometria com
exposição constante em virtude da proximidade do operador do ponto de geração da
poeira, inclusive provenientes de outros equipamentos, em função da posição
geográfica e direção dos ventos.
Físicos: ruído, radiação solar, umidade, calor, vibração;
95
Ergonômicos: jornada, postura, levantamento de pesos e
Acidentes: esmagamento de membros inferior e superior, projeção de objetos, quedas
por diferença de nível, animais peçonhentos;
Equipamentos de proteção coletiva:
Cobertura em lona sobre o posto de trabalho
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de
pato) com válvula lateral, sapatos antiderrapantes, roupas em algodão com mangas
longas, luvas de raspa de couro e abafador de ruído tipo concha;
8- Encarregado: realiza tarefas de supervisão em todas as fases de operação da pedreira
sendo responsável pela manutenção dos equipamentos em funcionamento e pelo
andamento dos processos de britagem e transportes das pedras britadas.
Adicionalmente, pode exercer as atividades de operador e marroeiro nos intervalos
para refeições ou quando da falta de um destes profissionais.
Características da atividade: trabalho em pé, com movimentos e esforços laterais e
verticais de levantamento de pesos, a céu aberto e constante exposição ao agente de
risco poeira mineral.
Figura 26 - Encarregado da pedreira
96
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade com alta geração de poeira de finíssima granulometria com
exposição constante em virtude da proximidade do operador do ponto de geração da
poeira.
Físicos: ruído, radiação solar, umidade, calor, vibração, choque elétrico;
Ergonômicos: jornada excessiva, postura, levantamento de pesos;
Acidentes: projeção de objetos, quedas por diferença de nível, animais peçonhentos;
Equipamentos de proteção coletiva:
A empresa refere a aspersão de água na saída do britadores e transportadores de
esteira, inexistente no momento da avaliação;
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1 (bico
de pato) com válvula lateral, botas em couro com biqueira, roupas em algodão com
mangas longas, luvas de raspa de couro e abafador de ruído tipo plug;
9- Servente: este profissional realiza tarefas de limpeza e desobstrução de equipamentos
nas operações de britagem terciária;
Características da atividade: trabalho em pé, com movimentos laterais e de levantar
pesos, a céu aberto e constante exposição à poeira mineral;
Figura 27 - Serventegur2
97
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: considerável exposição em ambiente aberto em função da alta geração de
poeiras na britagem secundária e da quantidade de poeira levada pelos ventos
constantes na direção do britador primário.
Físicos: ruído, radiação solar, calor, umidade e choque elétrico;
Ergonômicos: jornada, postura, levantamento de pesos e
Acidentes: projeção de objetos, quedas por diferença de nível, animais peçonhentos;
Equipamentos de proteção coletiva:
A empresa refere a aspersão de água na saída do britadores e transportadores de
esteira, inexistente no momento da avaliação;
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de
pato) com válvula lateral, sapatos antiderrapantes, roupas em algodão com mangas
longas; abafadores de ruído tipo concha ou plugue e luvas de raspa.
10- Motorista de pá carregadeira: este profissional tem sob sua responsabilidade o
carregamento dos caminhões com os diversos tipos de pedras produzidas.
Características da atividade: trabalho sentado, com movimentos laterais de braços e
pernas em cabine de máquina carregadeira, fechada e climatizada.
Figura 28 - Motorista de pá carregadeira
98
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade em ambiente sob alta geração de poeira de finíssima
granulometria com possibilidade de exposição intermitente.
Físicos: ruído, radiação solar, vibração;
Biológicos: fungos.
Ergonômicos: jornada, postura, sendentarismo, esforço sobre as articulações, esforços
repetitivos;
Acidentes: choques, projeção de objetos, quedas por diferença de nível, animais
peçonhentos;
Equipamentos de proteção coletiva:
Cabine com ar condicionado e com filtros contra a poeira
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de
pato) com válvula lateral, sapatos antiderrapantes, roupas em algodão com mangas
longas, abafador de ruído tipo concha;
11- Operador de britagem primária, secundária e terciária: este profissional monitora
o funcionamento dos britadores e transportadores através da operação de um quadro
de comando ou mesa de operação.
Características da atividade: trabalho sentado ou em pé, com movimentos laterais
leves de braços e pernas, em cabine fechada e climatizada dotada de portas e ante
câmara de passagem, na operação do britador secundário, e apenas uma porta na
unidade de comando do britador terciário.
99
Figura 29 – Cabine de operação da britagem
Avaliação Preliminar dos Riscos:
Químicos: atividade em ambiente fechado e climatizado com possibilidade de
exposição ocasional e de curta duração à poeira intensa que atinge a cabine de
comando.
Físicos: ruído, choque elétrico;
Biológicos: fungos.
Ergonômicos: jornada de trabalho, postura, sedentarismo, esforço leve sobre as
articulações;
Acidentes: projeção de objetos, quedas por diferença de nível;
Equipamentos de proteção coletiva:
Cabine climatizada e com câmara de isolamento ambiental para o acesso;
Equipamentos de proteção individual:
Capacete, óculos de proteção com lente escura, máscara respiratória tipo PFF1(bico de
pato) com válvula lateral, botas em couro com biqueira, roupas em algodão com
mangas longas, abafador de ruído tipo concha;
100
5.2 Avaliação da adequação das máquinas e equipamentos
No levantamento das máquinas e equipamentos utilizados na mineração e na pedreira apenas
foi possível anotar algumas medidas técnicas que permitem afirmar a disponibilização de
sistemas coletivos de prevenção e de proteção do trabalhador, como a adoção de sistemas de
ar refrigerado instalados nas duas escavadeiras hidráulicas e nas duas pás mecânicas,
concorrendo para a redução ou eliminação da exposição dos operadores às poeiras geradas em
todo o processo.
As máquinas destinadas à perfuração da rocha, talvez por serem modelos antigos, não são
dotadas de quaisquer dispositivos destinados à eliminação ou controle da poeira gerada por
seu funcionamento, seja por umidificação ou captação da poeira, de forma que todo o resíduo
gerado é disposto diretamente no meio ambiente contribuindo para que as partículas menores
sejam dispersas no ar.
Na etapa de transporte dos rachões, da mina ao britador primário, quatro caminhões tipo
caçamba movimentam o minério. Nestes veículos pesados foram instalados equipamentos,
denominados turbo-clima, os quais apresentam alguma capacidade para atenuação da
temperatura interna do veículo, reduzindo em alguns poucos graus a temperatura do ar, em
torno de 4ºC a 5ºC, através da ventilação forçada do ar exterior para o interior da cabine do
caminhão, o qual passa previamente por um radiador com ventilação forçada e dotado
também de um sistema de filtração do ar. No entanto foi possível observar que estes
dispositivos não se mostram perfeitamente eficientes na atenuação do calor ou para eliminar a
poeira, do mesmo modo como se observa nas máquinas dotadas de sistemas de ar refrigerado
e filtrado. Tais deficiências decorrem provavelmente em virtude do filtro instalado e também
pelo mau uso, quando os motoristas abrem as janelas de suas cabines em virtude do calor.
No britador primário é comum a parada do equipamento em virtude da obstrução com pedras
de dimensões maiores do que a entrada da mandíbula. Nestas paradas, o operador e o
marroeiro têm a incumbência de desobstruir o equipamento, o que é feito com o uso de hastes
ou placas de aço que são interpostas nos espaços entre as rochas e as paredes do equipamento
para que possam transmitir as vibrações do transportador e assim movimentar estas pedras;
nestes casos é freqüente também o uso de marretas para romper estas pedras com o intuito de
101
diminuir suas dimensões. Esta atividade é feita sem uso de quaisquer dispositivos que
protejam o trabalhador quanto ao risco de queda, um risco decorrente da tarefa, haja vista que
existe diferença de nível entre o posto de trabalho e a entrada do britador.
Figura 30 – Desobstrução do britador primário
Na seção industrial, onde as rochas são processadas em diferentes britadores, o transporte da
rocha britada é feito através de esteiras transportadoras, sobre as quais é recomendável
aspergir água em quantidade suficiente para evitar a liberação da poeira no ambiente,
operação infelizmente pouco notada durante as visitas realizadas para conhecimento do
processo e de coleta de amostras de poeira, porém extremamente eficiente no seu controle,
como é possível observar nas fotos a seguir:
Figura 31 - Setor de britagem secundária e terciária operando sem umidificação.
102
Figura 32 - Vista do setor de britagem secundária e terciária
em operação com umidificação.
5.3 Avaliação da adequação das medidas administrativas e gerenciais às normas vigentes
Sob o ponto de vista da adequação da empresa, com relação à legislação e normas nacionais e
internacionais em vigor, a respeito do risco da exposição a poeiras minerais contendo sílica
livre cristalizada, devemos referenciar basicamente os itens de cumprimento obrigatório
constantes da Norma Regulamentadora – NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na
Mineração, como forma de enquadrar a atividade de acordo com as regras legais de modo a
conferir uma mínima proteção ao trabalhador, haja vista que a atividade é considerada
insalubre, nos termos da NR 15, com existência de sílica livre cristalizada em teores acima do
nível de ação, conforme a NR 9. Como forma de oferecer maior proteção, a legislação ou
normas internacionais igualmente poderão ser utilizadas desde que as medidas assim
implementadas ofereçam proteção adicional.
5.3.1 De acordo com a Norma Regulamentadora NR 22 do MTE
A coleta de informações relativas ao nível de adequação da empresa à NR 22 foi realizada
mediante aplicação de um formulário de quesitos na forma de um check list , contemplando os
principais itens desta Norma Regulamentadora, particularmente àqueles relativos à atividade
de mineração a céu aberto.
103
As respostas ao formulário foram dadas pelo Engenheiro de Segurança e pelo Engenheiro de
Manutenção (Gerente de Manutenção) e resultaram no Apêndice A, no qual, de um total de
155 itens de verificação, foram contabilizadas 89 respostas correspondentes a itens conformes
(CO), 59 respostas a itens não conformes (NC), e 7 itens como não aplicáveis, resultado que
demonstra a necessidade da implantação, registro e acompanhamento de um sistema mínimo,
baseado neste check list, para o gerenciamento adequado em Saúde e Segurança do Trabalho,
obtendo-se o conseqüente enquadramento legal da empresa às normas brasileiras para o setor.
Entre os itens Não Conformes - NC, anotados a partir das respostas obtidas nas entrevistas e
confirmados pela observação do processo industrial, constatou-se a não observância daqueles
que determinam o uso de processos a úmido na perfuração da rocha ou da presença de
dispositivos de coleta dos resíduos que previnam a sua liberação no meio ambiente; de forma
similar observou-se o uso da aspersão de água em quantidade insuficiente e de forma não
contínua nos processos de britagem ou transporte, contribuindo para a ocorrência de grandes
quantidades de poeira em suspensão nos ambiente da mineração e da indústria de agregados.
Neste estudo, o indicador econômico de segurança, calculado com base nas informações de
não conformidades obtidas do Apêndice A e tomando como referência os valores mínimos
das infrações, e o quantitativo de 26 trabalhadores envolvidos nas atividades de mineração e
industrialização, totalizou um passivo de R$ 137 mil, o que revela a necessidade de severos
investimentos para a adequação da empresa, com relação à citada norma.
É importante registrar o fato de que este indicador monetário deve ser usado como um
indicador temporal, com ênfase na sua contribuição para a melhoria contínua, daí a
necessidade da existência de um ponto de referência, um ponto de partida de um programa de
controle dos riscos do trabalho.
5.3.2 De acordo com o Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro
A empresa, apesar de fornecer máscaras respiratórias, entre outros equipamentos de proteção
individual, conforme especificações constantes de seu Programa de gerenciamento de Riscos
– PGR, alcançou um escore de 5 itens em conformidade (CO) com o programa de proteção
respiratória da Fundacentro, obtidos de um total mínimo de 17 itens de verificação, revelando
104
11 não conformidades (NC), relativos àquele programa, um índice seguramente bastante
elevado.
No preenchimento deste check list, reproduzido no Apêndice B, a partir dos mesmos
entrevistados, revelou-se a inexistência de registros documentais ou procedimentos formais
relativos à escolha dos respiradores, treinamentos e informação sobre ações para o controle do
risco. A responsabilidade pela liberação dos equipamentos de proteção respiratória é feita pelo
almoxarifado mediante solicitação da gerência de manutenção, para distribuição periódica
semanal.
Os registros de avaliações quantitativas de poeiras minerais, que contêm significativas
quantidades de sílica livre cristalizada, estão anotados no PGR da empresa, através do Laudo
Técnico das Condições Ambientais de Trabalho – LTCAT, porém não são acompanhados de
documentações relativas aos procedimentos, métodos e equipamentos de avaliação ou dos
laudos emitidos por laboratórios certificados, o que torna frágil o registro existente dos
resultados encontrados para poeiras respiráveis, inclusive com o agravante da repetição dos
valores percentuais de poeira respirável para todas as atividades, fato impossível de acontecer,
como testemunham os resultados reais obtidos das análises de amostras de campo, divulgados
nesta monografia, e ainda que fossem resultados de avaliações qualitativas, em virtude da
diversidade das tarefas desempenhadas nas mais variadas atividades e ambientes nas quais são
realizadas sempre com geração de quantidades expressivas de particulados minerais.
5.3.3 De acordo com as Diretrizes da OIT para Sistemas de Gestão em Saúde e Segurança do
Trabalho-SGSST
Os dados constantes do check list reproduzido no Apêndice C, relativos à avaliação de
conformidades com as diretrizes publicadas pela OIT, como um guia para a implementação de
um Sistema de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho - SGSST, igualmente não
revelaram um desejável nível de adequação da empresa, evidenciando a necessidade de
investimentos no sentido de prepará-la para a gestão eficiente em segurança do trabalho.
Nesta avaliação foram anotados 10 respostas a itens conformes (CO) com a lista de
verificação e 54 respostas não conformes (NC), de um total de 64 itens avaliados, revelando a
necessidade de registros, treinamentos, comunicação e, principalmente, o envolvimento da
105
empresa e empregados com algum sistema formal que reconheça os riscos das atividades e
que dê prioridade às ações de prevenção e segurança, de forma integrada aos sistemas de
qualidade disponíveis e em andamento.
5.4 Resultados analíticos quantitativos do risco poeiras minerais
Para uma melhor visualização dos resultados obtidos para teores de sílica livre e de poeira
respirável, os dados foram inscritos em tabelas de modo a oferecer maior facilidade na análise
dos mesmos.
5.4.1 Dados analíticos
Os resultados quantitativos para poeira respirável e de sílica livre cristalizada, mensurados em
mg/m3, estão relacionados na Tabela 1, para as correspondentes atividades avaliadas,
juntamente com os dados referentes aos tempos de coleta, volumes de ar amostrados e a data
em que ocorreram, compondo uma transcrição do relatório, reproduzido no Anexo 3, recebido
do laboratório que procedeu às análises.
As amostras M1 e M2, as primeiras coletadas, não são perfeitamente representativas da
exposição em razão do tempo da coleta, inferior a 70% da jornada de trabalho, e não retratam
a média da exposição diária se as avaliarmos rigorosamente dentro das normas de
amostragens de poeira mineral e em função do padrão de coleta escolhido. O curto tempo de
coleta deveu-se à interrupção do processo em virtude da quebra do britador primário,
interrompendo a amostragem de jornada completa, como preconiza a norma, justificando,
portanto, a coleta da amostra M9, para o mesmo trabalhador. Além do fato relatado, a
condição ambiental na data e no período das coletas era particularmente crítica, com elevada
geração de poeira, muito além do observado em outros momentos em virtude da total ausência
de umidificação, em quaisquer das etapas do processo nas 48 horas que precederam o início
das amostragens, inclusive. No entanto, foram mantidas nesta avaliação tendo-se em
consideração que compõem, de fato, a média das exposições, haja vista que os fatos que as
produziram ocorrem com freqüência maior que o desejado pela própria empresa, em razão das
características peculiares ao processo, que demandam muitas paradas para manutenção e troca
de equipamentos, danificados pela rudeza da atividade e pela intermitência na aplicação de
água aos pontos de geração de poeiras.
106
Os valores calculados para os Limites de Tolerâncias destas amostras, M1 e M2, bem como a
comparação com a concentração de poeira e os índices da Avaliação do Risco, confirmam a
alta exposição pontual.
Tabela 1 – Dados das amostragens e resultados analíticos por função/amostra
Amostra
Data de coleta
Função Tempo de amostragem
(min)
Volume de ar
amostrado (m3)
Poeira respirável (mg/m3)
Sílica Livre Cristalizada
(mg/m3)
20090638 11/11/2009 M1 marroeiroa
197 0,337 6,611 1,589
20090685 11/11/2009 M2 operador primario
220 0,380 2,531 0,692
20090707 12/11/2009 M3 encarregado
482 0,836 0,797 0,192
20090701 12/11/2009 M4 motorista 1
430 0,737 0,795 0,180
20090593 13/11/2009 M5 operador rock
441 0,755 2,065 0,513
20090688 13/11/2009 M6 ajudante rock
445 0,774 1,297 0,385
20090695 16/11/2009 M7 marteleteiro 1
469 0,802 1,270 0,359
20090705 16/11/2009 M8 marteleteiro 2
464 0,800 1,036 0,216
20090692 18/11/2009 M9 marroeirob
508 0,877 0,965 0,287
20090689 18/11/2009 M10 motorista 2
512 0,882 0,415 0,071
20090645 20/11/2009 M11 operador terciario
431 0,733 0,204 0,038
20090706 20/11/2009 M12 servente
388 0,665 1,112 0,330
5.4.2 Avaliação quantitativa do risco
Na Tabela 2, estão dispostos, na primeira coluna de dados, os valores para poeira respirável -
PR, obtidos a partir das amostras analisadas; na segunda coluna de dados, os valores
calculados para os Limites de Tolerância de acordo com a Norma Regulamentadora - NR 15,
válidas para 48 horas semanais de exposição; na terceira coluna de dados os valores
correspondentes ao cálculo do limite de tolerância corrigido - LTC para 53 horas de trabalho,
correspondentes à jornada real dos trabalhadores; nas duas últimas colunas, estão listados os
107
valores do fator de risco, calculado pela razão entre os níveis existentes de poeira respirável e
os limites de tolerância calculados, respectivamente, pela NR 15, o LT, e corrigido, o LTC.
Os valores calculados para os Limites de Tolerância corrigidos – LTC, para a jornada real de
trabalho, correspondente a 53 horas semanais, foram obtidos de acordo com a fórmula:
Em outras palavras a correção assim realizada significa que o LT real corresponde a 67,8% do
limite calculado para 40 horas semanais (ACGIH) e 84% em relação ao LT legal (NR 15),
atualmente em vigor.
A razão entre os níveis de poeira respirável e os limites de tolerância, aqui denominada fator
de risco, chama a atenção para a intensidade do risco existente revelando o quanto é maior em
relação aos limites de tolerância calculados e nos confirma o diagnóstico da insalubridade do
ambiente da empresa, da mineração à pedreira. Mais ainda, revelam claramente a eficiência
de medidas simples e legisladas, como a adoção de locais e máquinas dotadas de dispositivos
de controle do ar ambiente, mediante climatização e filtragem do mesmo. Por último, nos dá
subsídios para a escolha do equipamento de proteção individual a ser fornecido regularmente
aos trabalhadores para uma adequada proteção, tanto em situações pontuais e provisórias,
enquanto se tratam da adoção de medidas coletivas de controle da poeira, como
permanentemente, mesmo que as medidas de controle obtenham o êxito de controlar a
emissão de poeira mineral abaixo dos limites de tolerância.
Neste aspecto, das amostras coletadas, apenas a amostra M11, resultou em valor de exposição
abaixo do Limite de Tolerância, calculado e corrigido para a jornada de 53 horas semanais,
conforme dados constantes da Tabela 2, a seguir. No entanto, confirmando o comentário do
parágrafo anterior, a concentração encontrada excede o Nível de Ação preconizado pela NR 9,
haja vista que é maior que 50% do Limite de Tolerância calculado para esta amostra, fato que
obriga ao empregador o estabelecimento e a manutenção de medidas coletivas e individuais
de controle do risco, mesmo que existam medidas de controle implantadas neste posto de
trabalho.
108
Os resultados obtidos a partir da análise das amostras M4 e M10, correspondentes à função de
motorista de caminhão, revelam que o climatizador utilizado nos caminhões reduz o nível de
exposição, porém de forma insuficiente para oferecer adequada proteção, evidenciando a
necessidade do uso constante do EPR para estas funções.
As amostras M1 e M2, ao apresentarem fatores de risco maior que 10, sugerem a adoção de
máscaras respiradoras com maior capacidade de retenção de partículas, como as máscaras
PFF2, haja vista que as máscaras PFF1, fornecidas a todos os trabalhadores sem distinção de
local ou função, atendem aos requisitos apenas e até o limite de 10 vezes a intensidade do
risco mensurado, conforme preconizado no Manual de Proteção Respiratória da Fundacentro
(FUNDACENTRO, 2007a).
Tabela 2 – Cálculo dos Limites de Tolerância e do fator de risco, de acordo com a NR 15 e corrigidos para jornada de 53 horas
Amostra Função Poeira respirável (mg/m3)
Limite de Tolerância (mg/m3) NR 15
48 horas
Limite de Tolerância (mg/m3)
Corrigido para 53 horas
Fator de Risco NR 15
Fator de Risco
Corrigido
PR LT LTC PR/LT PR/LTC 20090638 M1
marroeiroa 6,611 0,307 0,260 21,53 25,42
20090685 M2 operador primario
2,531 0,273 0,231 9,27 10,95
20090707 M3 encarregado
0,797 0,307 0,260 2,60 3,06
20090701 M4 motorista 1
0,795 0,325 0,275 2,44 2,89
20090593 M5 operador rock
2,065 0,298 0,253 6,93 8,16
20090688 M6 ajudante rock
1,297 0,252 0,214 5,14 5,14
20090695 M7 marteleteiro 1
1,270 0,264 0,224 4,81 5,67
20090705 M8 marteleteiro 2
1,036 0,350 0,297 2,96 3,49
20090692 M9 marroeirob
0,965 0,252 0,214 3,83 4,51
20090689 M10 motorista 2
0,415 0,419 0,355 0,99 1,17
20090645 M11 operador terciario
0,204 0,388 0,329 0,53 0,62
20090706 M12 servente
1,112 0,253 0,214 4,40 5,20
109
Novamente, a partir da comparação evidenciada na Tabela 2, para a amostra M11,
confirmam-se as medidas adotadas, como da climatização e filtração do ar ambiente, como
eficientes no controle do risco, porém com a ressalva de que o trabalhador desta atividade
deve exercê-la usando o EPR a ele destinado. Para as demais situações, reforça a avaliação de
que é necessária a adoção de medidas de controle na geração das poeiras e que a legislação
brasileira necessita de ajustes importantes, e urgentes, para alinhar-se com parâmetros mais
severos de proteção e na prevenção de doenças respiratórias ocupacionais como a silicose.
5.4.3 Avaliação quantitativa do risco em relação aos limites de exposição ocupacional do
ACGIH
Em comparação aos limites legais brasileiros, os Limites de Exposição Ocupacional – LEO
medidos pelos TLV-TWA do ACGIH, atualmente fixados em 0,025 mg/m3 para sílica livre
cristalizada, e em 3,0 mg/m3 para poeiras respiráveis classificadas como PNOS, nos
conduzem aos dados constantes da Tabela 3, na qual são listados os fatores de risco, da
mesma forma representando o quanto os valores reais encontrados encontram-se acima do que
se reconhece internacionalmente como limites de exposição ocupacional à poeiras minerais e
sílica livre cristalizada, conjuntamente.
Nesta tabela, o uso do PNOS para poeira respirável constitui-se unicamente em um parâmetro
de comparação a partir da sugestão da ACGIH para limites de exposição a poeiras cujo teor é
conhecido mas que não possuam um limite de exposição aplicável (TLV) em função do
conhecimento de poucos dados acerca de seus prováveis constituintes e de sua interação com
os fluidos aquosos do pulmão. A ACGIH, para efeito da adoção de parâmetros de controle e
referência, ainda que sugestão, considera que estas partículas, por serem insolúveis ou
fracamente solúveis, mesmo que sejam avaliadas como biologicamente inertes, podem causar
efeitos adversos a partir da sua inalação e recomenda, portanto, que as concentrações
ambientais sejam mantidas abaixo de 3,0 mg/m3 ( ACGIH, 2008 ), o que permite, portanto,
considerar este índice como um limite de exposição ocupacional.
Quando o parâmetro observado é o do TLV-TWA para sílica livre cristalizada, que é o agente
comprovadamente mais agressivo, verifica-se, na mesma tabela, que todas as amostras
110
coletadas apresentaram teores de sílica muito acima dos limites de exposição ocupacional
aceitáveis, sendo este o parâmetro de maior exigência para sílica livre.
É importante igualmente considerar as correções da exposição conforme a formula de
Brief&Scala para a jornada real de 53 horas semanais apresentado no Quadro 12, incluindo
as correções sobre os valores de poeiras respiráveis com base no que o ACGIH considera
como Partículas não Especificadas de outra Maneira(PNOS), para as partículas de poeira
insolúveis ou de baixa solubilidade, consideradas também como causadoras de efeitos
adversos, as quais contem a sílica em sua composição e, como vimos, são consideradas no
cálculo dos Limites de Tolerância.
Quadro 12 - TLV-TWA: valores guia e corrigidos.
TLV-TWA / VALOR
GUIA (40h)
TLV-TWA / VALOR
CORRIGIDO(53h)
Sílica = 0,025 mg/m3 0,017mg/m3
PNOS= 3,0 mg/m3 2,03 mg/m3
Fonte: ACGIH (2008).
O método de cálculo das relações SLC/LEO e do PR/LEO é similar ao caçulo do Fator de
Risco anteriormente mencionado e consiste da relação entre os valores encontrados para sílica
livre cristalizada e os valores do TLV-TWA corrigidos para 53 horas, para sílica livre
cristalizada e poeiras respiráveis, respectivamente.
Nesta avaliação, conforme Tabela 3, a seguir, se reforça ainda mais a conclusão acerca da
qualidade insalubre das atividades realizadas na pedreira em estudo, pois não revela nenhuma
condição abaixo do Limite de Exposição Ocupacional à sílica, embora apresentem-se
amostras gravimetricamente mensuradas com concentrações ambientais de poeiras respiráveis
abaixo do que sugere a ACGIH.
Ressalte-se nesta série de dados tão somente o objetivo de comparar as concentrações
encontradas nas amostras analisadas com parâmetros internacionais mais severos que a
111
legislação brasileira determina; para efeitos legais se deve seguir oficialmente o que está
escrito na legislação sobre o assunto, isto é, a Norma Regulamentadora NR 15 do MTE.
Tabela 3 – Fatores de risco comparados aos Limites de Exposição Ocupacional do ACGIH, corrigidos para a jornada real de trabalho
Amostra Função
LEO >
Poeira respirável (mg/m3)
2,03 mg/m3
Sílica Livre Cristalizada
(mg/m3)
0,017mg/m3
Fator de Risco PR/LEO ACGIH
corrigido para 53 horas
Fator de Risco SLC/LEO ACGIH
corrigido para 53 horas
PR SLC PR/LEO SLC/LEO 20090638 M1
marroeiroa 6,611 1,589 3,25 93,75
20090685 M2 operador primario
2,531 0,692 1,24 40,83
20090707 M3 encarregado
0,797 0,192 0,39 11,33
20090701 M4 motorista 1
0,795 0,180 0,39 10,62
20090593 M5 operador rock
2,065 0,513 1,02 30,27
20090688 M6 ajudante rock
1,297 0,385 0,64 22,71
20090695 M7 marteleteiro 1
1,270 0,359 0,62 21,18
20090705 M8 marteleteiro 2
1,036 0,216 0,51 12,74
20090692 M9 marroeirob
0,965 0,287 0,47 16,93
20090689 M10 motorista 2
0,415 0,071 0,20 4,19
20090645 M11 operador terciario
0,204 0,038 0,10 2,24
20090706 M12 servente
1,112 0,330 0,55
19,47
5.5 Análise teórica da defasagem no cálculo do Limite de Tolerância da NR 15
De acordo com os dados estudados a partir da Tabela 3 evidencia-se que as referências para
Limites de Exposição Ocupacional – LEO, fixadas pela ACGIH, posicionam a norma
brasileira NR 15 em estágio bastante aquém das exigências internacionais, mais recentemente
112
revisadas que aquelas estabelecidas na legislação brasileira, e mais abrangentes, no que se
refere à proteção do trabalhador exposto à sílica livre cristalizada.
Sob o aspecto da legislação Brasileira, nota-se, portanto, uma defasagem importante, pois que,
atualmente, devemos considerar uma jornada de trabalho limitada em 44 horas semanais e 8
horas por dia, além do desalinhamento em relação às recomendações da ACGIH, atualmente
sugerindo um TLV para o quartzo quatro vezes inferior ao que continuamos considerando
como referência, haja vista que ainda permanecemos com a mesma fórmula de cálculo do LT,
sugerida pela NR 15, desde o ano da sua edição, em 1978, que considera a jornada de 48
horas de trabalho semanais e 8 horas por dia. Reforçando ainda mais a constatação de que
existe uma defasagem importante, a ACGIH desvinculou o limite de exposição ocupacional às
poeiras minerais do conceito de TLV, que representa a concentração média ponderada no
tempo para um determinado agente agressor cuja composição é amplamente conhecida, bem
como seus efeitos sobre o organismo humano. A ACGIH, em 1986, passou a relacionar as
poeiras minerais encontradas nestes ambientes como PNOS – Partículas não relacionadas de
outra maneira, as quais possuem constituintes conhecidos, porém com concentrações
variáveis e não necessariamente constituídas por sílica livre cristalizada e tampouco seus
efeitos sobre o organismo humano são perfeitamente conhecidos. A partir desta decisão,
portanto, sugeria uma concentração máxima permissível para particulados como as poeiras
minerais.
Apesar desta constatação, importante se faz a realização de um breve ensaio, comparando as
condições atualmente ainda aceitas com duas situações hipotéticas e passíveis de análise,
aplicadas na equação 5, para efeitos aditivos, a saber:
1. Na primeira situação hipotética, admita-se a redução do TLV de quartzo, de 0,1 para
0,025 mg/m3 e a manutenção do TLV para poeira respirável de 5,0 mg/m3, válido à
época em que a equação para cálculo do limite de exposição foi justificada e estudada
(Hearl, 1966); estes parâmetros, quando aplicados à fórmula para efeitos aditivos,
resultam em:
113
e considerando-se o mesmo tratamento matemático utilizado por HEARL (1966),
deduz-se a fórmula para o Limite de Tolerância a poeira respirável, atualizada para o
TLV atual para a sílica cristalizada, da ACGIH.
(14)
Corrigida para a jornada de 44 horas semanais, atualmente em vigor no Brasil, tem-se
(15)
2. Em uma segunda análise, igualmente hipotética, consideram-se o TLV atual para sílica
como 0,025 mg/m3 e o atual PNOS para poeira respirável, sugerido pela ACGIH
como um limite de exposição ocupacional e, portanto, pelo conceito limítrofe nele
inserido, considerado neste estudo comparativo como um limite de tolerância de 3,0
mg/m3, aplicáveis igualmente à fórmula de efeitos aditivos. Tem-se, portanto:
e considerando-se o mesmo tratamento matemático anterior, deduz-se a fórmula para o
Limite de Tolerância a poeira respirável, atualizada para o TLV atual, para sílica livre
cristalizada, da ACGIH e considerando hipoteticamente, para efeito único de
comparação, o PNOS para poeira respirável:
(16)
Ajustando-a para uma jornada de trabalho 44 horas de trabalho semanais, usando o
modelo de Brief&Scala (GRUENZNER, 2003):
( 17)
114
Deste ensaio teórico, deduz-se que a equação 17, aqui denominada LT2, que agrupa os
parâmetros mais exigentes relativos aos limites máximos de exposição da ACGIH, nos indica
o maior grau de defasagem existente entre a legislação brasileira atual e as recomendações
dos organismos regulamentadores internacionais, no que se refere aos limites aceitáveis de
exposição ao agente químico poeira mineral, quando avaliado em comparação com a fórmula
atualmente válida, representada pela equação n° 10 e denominada por LT. A equação definida
por LT2 quando igualmente comparada com a equação de n° 15, denominada por LT1,
igualmente se confirma como mais severa, neste estudo comparativo.
Esta defasagem pode ser avaliada em números na Tabela 4, a seguir, onde:
• a relação F/Fa representa a razão entre os valores do LT legal e atualmente ainda
aceito, conforme a equação 10 e do LT ajustado, fórmula 16, para os atuais TLVs da
ACGIH, mostra quantas vezes o LT atual é maior que o LT ajustado de acordo com
os novos parâmetros vigentes. Esta relação é representada pela equação 11,
apresentada no item 2.3, deste trabalho. Da tabela vê-se que o Limite de Tolerância
legal é, no mínimo, 50% maior do que os valores obtidos com parâmetros atualizados
do ACGIH.
• ACGIH fórmula 40h representa o cálculo conforme parâmetros do ACGIH, válidos
em 1977, considerados os TLVs para concentração de sílica e para concentração de
poeiras respiráveis associados pela equação 8;
• ACGIH atualizada pela equação 16, representa a fórmula que considera a associação
das concentrações de sílica livre e de poeira respirável com parâmetros atuais;
• Fórmula 48h(F) é a equação 10 para o cálculo do Limite de Tolerância de acordo
com a Norma Regulamentadora – NR 15
• Fórmula ajustada 44h(Fa) representa o resultado para os Limites de Tolerância
conforme a fórmula proposta e desenvolvida sob os parâmetros atuais do ACGIH,
conforme equação 17;
A última coluna desta tabela representa o nível de inadequação dos números atualmente
aceitos e indica o excesso de exposição do trabalhador brasileiro exposto a poeiras
minerais, pela aceitação dos parâmetros preconizados pela NR 15, norma que necessita
115
de urgente revisão inclusive pela inclusão de novos parâmetros e novas substâncias
consideradas nas legislações internacionais.
Tabela 4- Defasagem no cálculo do Limite de Tolerância
Equação 8 16 10 17
% quartzo
ACGIH fórmula 40h
ACGIH atualizada
Fórmula
48 h
Fórmula ajustada
44h F/Fa 0,000 5,00 3,00 4,00 2,64 1,52
0,025 4,94 2,91 3,95 2,56 1,54
0,050 4,88 2,83 3,90 2,49 1,57
0,100 4,76 2,68 3,81 2,36 1,62
0,200 4,55 2,42 3,64 2,13 1,71
0,500 4,00 1,88 3,20 1,65 1,94
0,600 3,85 1,74 3,08 1,53 2,00
0,700 3,70 1,63 2,96 1,43 2,07
0,833 3,53 1,50 2,82 1,32 2,14
Observe-se que, na inexistência de sílica, os resultados se resumem, a partir das equações 8 e
16, aos valores preconizados pela ACGIH para poeira respirável, em suas recomendações do
ano de 1977 e atualmente ainda validados pela NR 15, isto é LT= 5 mg/m3 e 3 mg/m3,
respectivamente, para o Limite de Tolerância assim calculado.
Da fórmula proposta pela equação 17, com valores calculados na penúltima coluna, resultam
Limites de Tolerância razoavelmente inferiores aos atualmente aceitos pela NR 15, expressos
pelos valores obtidos a partir da equação 10, portanto mais adequados à proteção da saúde dos
trabalhadores que exercem suas funções em ambientes contaminados com poeiras minerais.
Em uma situação hipotética, para efeitos de simulação, anote-se que, para o TLV-TWA =
0,025 mg/m3, ou seja, o LEO para sílica atualmente válido corresponde a 0,833% de quartzo,
conforme valores da última linha da Tabela 4, para uma amostra aleatória que tenha sido
coletada contendo 3,0 mg/m3 de poeira respirável. Nesta situação, o valor dado para o limite
de tolerância atualmente aceito, apresenta um valor de F/Fa igual a 2,14, significando, em
outras palavras, um Limite de Tolerância 114% maior do que o Limite de Tolerância
almejado e em paralelo com os parâmetros internacionais atualizados, se desta forma ainda
fossem calculados.
116
Nesta análise, apesar de revelar a defasagem e inadequação dos parâmetros ainda aceitos, faz-
se necessário afirmar também que a fórmula para o cálculo do Limite de Tolerância, aceita
pela NR 15 e conforme equação 10, não mais se configura como a melhor ferramenta, haja
vista que considera a coexistência de agentes agressivos de efeitos similares, combinados
conforme fórmula para efeitos aditivos, quais sejam os TLV para sílica e poeira respirável ao
passo que a ACGIH desvinculou o conceito de TLV para poeira respirável desde o ano de
1986, classificando estes particulados a partir daí como partículas não classificadas de outra
maneira – PNOS, abolindo, na prática, o uso de uma fórmula para cálculo do Limite de
Tolerância. Em outras palavras, não mais se recomenda o uso da referida equação na sua
forma atual, mesmo que atualizada, pois são considerados na sua composição limites de
exposição dotados de diferentes conceitos, conforme já comentado, não mais coexistindo o
conceito de TLV-TWA para poeiras respiráveis o que, na prática invalida o seu uso.
Ressalte-se, finalmente, que este breve estudo teórico pretende apenas chamar a atenção da
comunidade acadêmica e daqueles que se dedicam à segurança e saúde de nossos
trabalhadores para a necessidade urgente do aprofundamento dos estudos sobre este tema e
para a validação de novos limites de referência que contribuam com a atualização da nossa
legislação, modernizando-a, de modo a propiciar uma proteção mais adequada aos
trabalhadores, através da adoção de parâmetros mais severos e alinhados com aqueles
adotados pela comunidade internacional, a respeito do assunto, quais sejam o TLV-TWA para
sílica livre cristalizada e o sugerido limite de exposição às PNOS para poeiras minerais
respiráveis, corrigidos para a jornada de trabalho em vigência em nosso país, ou a adoção de
parâmetros mais severos que estes.
117
6 CONTROLE DO RISCO
No âmbito da higiene ocupacional e considerando os resultados encontrados, os quais
confirmam a condição insalubre da atividade estudada e que a maioria dos trabalhadores
observados encontra-se definitivamente exposta à sílica livre cristalizada e envolvidos em
atividades consideradas pesadas, e ainda, que a geração de poeiras é um problema de ordem
ambiental, é patente que medidas técnicas e administrativas devam ser adotadas para o
controle da exposição aos riscos ambientais de trabalho nas minas a céu aberto.
Para a adoção de medidas, coletivas ou individuais, é farta a existência de orientação em
manuais e livros de diversos autores, os quais orientam a adoção de processos a úmido, a
ventilação ou exaustão, no que se refere às medidas de controle da exposição às poeiras
geradas durante os processos de mineração e beneficiamento. No entanto, para a sua adoção,
com a abrangência sobre todos os riscos decorrentes da atividade, exige-se compromisso e
comprometimento com a saúde e a segurança dos trabalhadores, a um nível que se traduz na
citação “As relações entre proprietário ou operador da mina e a força de trabalho devem
basear-se na consulta regular, no consenso e na justiça”, referida no Manual de Segurança e
Saúde em Minas de Superfície de Pequeno Porte (OIT, 2003). Em outras palavras, as medidas
de controle dos riscos ambientais, como medidas preventivas às doenças e acidentes do
trabalho, não podem situar-se no campo da informalidade, devendo revestir-se formal e
respeitosamente, para que alcancem os seus objetivos.
6.1 Medidas técnicas para redução da exposição às poeiras minerais
Preventivamente, e com base nestes princípios, para o controle da geração de poeiras minerais
e a sua liberação no ambiente devem ser adotadas prioritariamente medidas técnicas de
proteção, concomitantemente às de caráter administrativo, e que possuam objetivos
predominantemente coletivos, quais sejam:
• Pelo uso de técnicas de perfuração a úmido, onde possível:
O uso de água de boa qualidade na umidificação dos processos de perfuração,
transporte e movimentação é fundamental para que não haja exposição a
contaminantes adicionais ao processo. Os dispositivos usados para aspersão de água
118
sobre os transportadores devem ser projetados para disponibilizar o líquido em
quantidade suficiente para a inibição da emanação de poeiras e de modo adequado
para que não gere lama aderente aos equipamentos e sem gerar despedícios. Aspergir
água nas vias de acesso onde trafegam veículos sobre pneus é igualmente
fundamental, como medida de proteção coletiva aos trabalhadores e ao ambiente.
• Com o uso de equipamentos dotados de sistemas de coleta da poeira (Equipamento de
Proteção Coletiva – EPC):
Na empresa estudada, as carretas de perfuração, conforme foi possível visualizar a
partir da Figura 17 à página 82, não são dotadas de quaisquer dispositivos de controle
da poeira gerada na atividade, seja por umidificação ou coleta e enclausuramento. Em
uma breve pesquisa no mercado brasileiro de equipamentos e acessórios para
perfuração em minas a céu aberto foi possível encontrar acessórios que podem ser
instalados mesmo em equipamentos mais antigos, como os que são mostrados nas
Figuras 33 a 36, dependendo apenas de pequenos ajustes. Estão disponíveis também
equipamentos mais sofisticados que funcionam operados por apenas um trabalhador.
Nestes equipamentos o operador trabalha enclausurado e protegido em cabines
climatizadas, cujos exemplos estão reproduzidos nas Figuras 39 e 40, que se seguem
ao final deste tópico, e se constituem em opções de investimentos também para a
melhora ambiental, sob o aspecto da geração de poeiras, além do principal objetivo de
evitar a exposição do trabalhador.
Figura 33 – Carreta de perfuração com dispositivo de coleta de poeira, acoplado. Fonte: WOLF (2010)
119
A opção pela instalação de acessórios, como os das Figuras 34 e 36, é uma alternativa
que certamente apresenta um menor custo do que a aquisição de uma carreta completa,
provavelmente inviável para uma pequena empresa de mineração, mas que permite, de
acordo com informações obtidas do site do fabricante, uma redução entre 80 e 90% da
emanação de poeira no ar ambiente o que, a confirmar-se, constitui-se em um grande
avanço para a melhoria da qualidade do ar. Nestes dispositivos a poeira gerada nas
operações de perfuração é sugada e armazenada em recipiente apropriado, dotado de
sistemas de filtração, para posterior descarte no ambiente de forma correta.
Figura 34 – Acessório para coleta de poeira.
Figura 35 – Bocal com controle regulável de coleta de pó.
Fonte: WOLF (2010)
Para as operações de perfuração secundária, dispõe-se igualmente de acessórios que
oferecem efeito similar quanto ao controle do risco, como mostrado na Figura 36, na
120
qual um dispositivo de coleta de poeira é acoplado ao equipamento de perfuração
pneumática (martelete), como acessório de proteção coletiva, haja vista a grande
geração de poeira que se dispersa no ambiente, também nesta atividade.
Figura 36 – Acessório de coleta de poeira acoplado ao martelete.
Fonte: AIRSERVICE (2010)
• Pelo uso da pulverização constante com água, nos pontos de extração que assim o
permitirem, nos dispositivos de transporte como as esteiras ou nas operações de
britagem; no exemplo da Figura 37, a aplicação de água na esteira de transporte é
capaz de reduzir significativamente a dispersão de poeiras a partir destes pontos.
Figura 37 – Dispositivo de umidificação sobre transportador de esteira.
Alternativamente, na indisponibilidade de água em abundância, sugere-se a aplicação
de supressores químicos de poeira dissolvidos na água para aspersão, os quais
121
possuem a propriedade de formação de um filme polimérico que contribui para a
estabilização dos particulados mais finos, por aglutinação, evitando a sua dispersão no
ambiente (VERTI ECOTECNOLOGIAS, 2009).
• Através da renovação e uso de máquinas dotadas de dispositivos de isolamento do
risco:
Na Figura 38, vê-se a reprodução de uma carreta de perfuração a diesel, dotada de
acessórios de segurança, como a plataforma lateral para movimentação do
equipamento, dispositivos automáticos de lubrificação e troca de hastes e coletores de
poeira.
Figura 38 – Carreta alimentada a óleo diesel dotada de acessórios.
Fonte: WOLF (2010).
Considerando-se a capacidade da empresa de mineração quanto à viabilidade de
investimentos maiores, existem equipamentos, como o da Figura 39, dotados de cabine
de operação com climatização, isolamento acústico e dispositivos redutores das
vibrações, de onde um único operador realiza todas as operações de perfuração,
lubrificação e troca de hastes, permitindo seu deslocamento e trabalho com conforto e
segurança; este tipo de equipamento ainda conta com dispositivos de coleta e
deposição dos resíduos particulados de modo que a sua disponibilização no meio
ambiente seja realizada com a segurança de que a poeira não permaneça dispersa no
ar.
122
Figura 39 – Carreta cabinada para perfuração de rochas a céu aberto.
Figura 40 – Carretas cabinadas em operação em uma mina a céu aberto.
Fonte: WOLF (2010)
• Através do fornecimento de Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR, adequados
ao risco
O fornecimento de Equipamentos de Proteção Respiratória, longe de ser uma medida
isolada, de obrigação do empregador, deve ser considerado como imprescindível na
atividade, ou seja, um programa de fornecimento destes dispositivos deve ser
considerado como complementar na adoção de medidas coletivas, não devendo ser
considerado isoladamente nem tampouco dispensável caso se consiga reduzir ao
mínimo as emanações de poeiras pela adoção de quaisquer medidas de ordem coletiva.
123
Deve-se reconhecer a impossibilidade total de eliminação do risco de exposição às
poeiras minerais, um risco inerente à atividade, e assim procedendo considerar a
proteção coletiva e a individual como interdependentes.
Em razão dos fatores de risco encontrados, as máscaras semifaciais PFF1 fornecidas
aos trabalhadores sob risco atendem as normas atuais com base na legislação
brasileira, que preconiza esta classe de máscara para proteção até 10 vezes o Limite de
Tolerância. No entanto, face ao que se aceita como tolerável, nacional e
internacionalmente, foram detectadas nas avaliações quantitativas de poeira e sílica,
níveis de exposição que excedem em mais de 10 (dez) vezes os Limites de Tolerância
da NR – 15, para as duas primeiras amostragens, M1 e M2, as mais críticas,
quantitativamente. Para estes postos de trabalho sugere-se uma investigação maior que
revele o real nível de exposição o qual, a confirmar-se o nível encontrado nesta
pesquisa, deverá ser protegido por máscaras purificadoras com adutor motorizado de
ar e filtros dotados de maior eficiência.
Aliado a este fato, não se conhece a distribuição das dimensões das partículas de
poeiras geradas nas etapas do processo, de forma que é possível admitir uma provável
geração de grandes concentrações de partículas com dimensões inferiores a 2 microns
o que sugere a escolha de um Equipamento de Proteção Respiratória – EPR de maior
eficiência e proteção, da classe P3, conforme indicado na Tabela 3 do Programa de
Proteção Respiratória da Fundacentro, reproduzido no Anexo D.
As máscaras respiratórias PFF3, da Classe P3, possuem eficiência de filtração de 97%,
contra 80% da PFF1 e 94% da PFF2 (ABNT – NBR 13.698, 1996 apud 3M, 2010).
São dispositivos de proteção descartáveis, de uso individual, cujas recomendações de
manutenção referem-se aos cuidados pela forma em que devem ser guardados,
protegidos da poeira, e com a ressalva de que não devem ser limpos para reuso,
principalmente pelo emprego de ar comprimido, sob pena do rompimento das fibras
filtrantes.
Portanto, para fins de proteção respiratória mais eficiente em minerações a céu aberto
e pedreiras, indicam-se as máscaras PFF2 e PFF3, em substituição às do tipo PFF1.
124
Em reforço e tomando-se como referência o que sugere o CDC – NIOSH Pocket
Guide to Chemical Hazards, para exposições ocupacionais à sílica livre cristalizada de
até 0,5mg/m3, expresso como poeira respirável, indica-se o uso de máscaras tipo N95,
com APF (Assigned protection factor) igual a 10 (NIOSH, 2005). Esta máscara é
equivalente à máscara PFF2, cujo modelo encontra-se reproduzido na Figura 41, e
mais uma vez confirma-se a inadequação das máscaras do tipo PFF1, pela inexistência
de indicação similar naquele guia norte-americano. O indicador APF representa o
nível de proteção respiratória que se espera que o respirador ofereça ao trabalhador e
é, conceitualmente, similar ao Fator de Proteção Atribuído – FPA, conforme Programa
de Proteção Respiratória da Fundacentro.
Figura 41 - Respirador PFF-2 para Poeiras, névoas e fumos.
Fonte: 3M (2010)
Esta sugestão segue, portanto, o que se definiu no programa Nacional de Erradicação
da Silicose, no Manual de Referência para Marmorarias – Recomendações de
Segurança e Saúde no Trabalho da Fundacentro, que inclui a PFF2 como adequada à
proteção do trabalhador exposto a poeiras finamente divididas (FUNDACENTRO,
2008).
Em adendo, além do fornecimento do EPR como ação que deve fazer parte de um
Programa de Proteção Respiratória, exige-se a realização de treinamentos admissionais
e periódicos, a cada 12 meses no mínimo, objetivando a informação acerca do risco,
da escolha, do uso, da manutenção e da guarda dos respiradores, prevendo inclusive
ensaios de vedação que permitam a escolha do EPI adequado ao tamanho da face do
trabalhador e que propicie conforto e proteção.
125
6.2 Medidas administrativas para redução da exposição às poeiras minerais
A adoção de medidas gerenciais é tão ou mais importante do que as medidas de ordem
técnica, que delas se originam. Pertence ao eixo das decisões políticas da empresa e reflete
diretamente sobre seus resultados e no comportamento de seus colaboradores e, assim sendo,
deve resultar da evolução de um processo de mudanças coordenadas e alinhadas com o
pensamento da prevenção, como base da sua sustentação. É com este foco que sugere-se a
adoção de práticas voltadas para:
• A orientação e treinamento constantes, envolvendo o reconhecimento e a
conscientização acerca do risco e sobre as vantagens do uso de medidas de caráter
coletivo de proteção, não deixando de considerar a eficiência de medidas individuais
obrigatórias, como o uso correto de adequados equipamentos de proteção, em
particular os de proteção respiratória.
Justificando esta preocupação, a imagem da Figura 41, tomada no momento em que se
fazia a amostragem de poeira com um dos trabalhadores, demonstra o uso incorreto da
máscara de proteção por parte do usuário, que inverte a sua posição, não utilizando a
haste metálica de ajuste da máscara sobre o nariz, fazendo com que não haja a correta
vedação e permitindo uma grande área livre de aspiração do ar, abaixo do queixo, bem
como nas laterais do nariz.
Figura 42 – Uso incorreto da máscara de proteção respiratória.
Cabe aqui, em função da gravidade do risco encontrado no ambiente industrial da pedreira e
da mineração, reforçar a necessidade da implantação de um programa eficiente de proteção
126
respiratória, pautado e obedecendo a Instrução Normativa nº 1, de abril de 1994, do Ministério
do Trabalho e Emprego, que estabelece um Regulamento Técnico para a escolha, uso e
manutenção de Equipamentos de Proteção respiratória – EPR, cujas etapas de elaboração estão
contempladas no Programa de Proteção Respiratória, Seleção e Uso de Respiradores da
Fundacentro (FUNDACENTRO, 2002), basicamente no que se refere ao treinamento e
conscientização do trabalhador quanto ao uso obrigatório dos protetores e da sua correta
utilização.
Estas medidas devem estar incluídas e registradas para acompanhamento no PGR, inclusive
estabelecendo e fixando as orientações quanto às regras preconizadas para a escolha correta
destes dispositivos de proteção, em função do grau encontrado de exposição ao risco e
conforme os fatores de proteção fixados na referida publicação e reproduzidos no Anexo D,
deste trabalho.
• A restrição da jornada em exposição: adequar a jornada para os limites que a
legislação determina para o máximo permissível de exposição ocupacional, inclusive
com a possibilidade de revezamento das atividades e eliminação de horas extras; neste
aspecto, é importante ter em conta a exposição ao risco aqui estudado, associado aos
demais riscos de cada atividade, principalmente com relação à exposição às radiações
e intempéries que a atividade a céu aberto ocasiona.
• O monitoramento e reconhecimento dos riscos ambientais do trabalho e riscos ao meio
ambiente: envolver empregador e empregados em ações que objetivem a ação
integrada de segurança e meio ambiente no sentido de que exista o controle sobre
fatores de risco que, inclusive, ultrapassem os limites físicos da empresa, atingindo
suas vizinhanças.
• Investimentos na implementação de um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do
Trabalho – SGSST, integrado aos demais sistemas de gestão de qualidade e meio
ambiente, considerando ainda a implantação da CIPAMIN, em atenção às exigências
das Normas Regulamentadoras NR 22 e NR 5, para auxiliar na implantação efetiva de
um Programa de Gerenciamento dos Riscos.
127
7 CONCLUSÃO
Considerando que tenham sido evidenciados os graves efeitos sobre a saúde humana
decorrentes da exposição prolongada a níveis elevados de sílica livre cristalizada que resultam
no desenvolvimento da silicose ocupacional e doenças associadas como a silico-tuberculose e
o câncer, espera-se que este estudo, realizado qualitativa e quantitativamente em uma pedreira
da Região Metropolitana do Recife, possa despertar a atenção para os muitos e imensos
desafios que se interpõem entre as características peculiares da atividade de mineração a céu
aberto e da fabricação de agregados e o bem estar dos trabalhadores nela envolvidos e da
comunidade, haja vista a incontestável confirmação da insalubridade das atividades nela
desenvolvidas.
Muitos destes desafios, dispostos constantemente ao alcance de nossas mãos, podem ser
facilmente transpostos pela organização empresarial, pois dependem quase que apenas da
conscientização dos envolvidos na condução do processo industrial, não requerendo grandes
investimentos ou mudanças para a sua realização, mas apenas do exercício do poder de
decisão no estabelecimento de uma política assim orientada, que tenha metas e objetivos
claramente definidos. Como exemplo de uma, entre as várias medidas importantes e
necessárias, a adequação da jornada de trabalho se faz justificar pela redução da carga de
trabalho, pesado como mostrado, e principalmente por significar uma real redução da
exposição aos muitos fatores de riscos a que se expõem os trabalhadores das pedreiras. Ainda
sob o aspecto da jornada de trabalho, urge que se estabeleçam rotinas compreendendo as
paradas para repouso, em atendimento ao que determina a legislação.
Outros desafios, de maior monta, igualmente relacionados ao reconhecimento da empresa
sobre os riscos e suas consequências, dependem de maiores investimentos, seja em máquinas
e equipamentos, seja em pessoas, pelo seu treinamento constante e em sua integração no
processo industrial, com exigências no âmbito educacional. Em outras palavras, a organização
deve avaliar e proceder à implantação de procedimentos formais que permitam e estimulem a
participação e a transformação dos trabalhadores em agentes da mudança comportamental,
pelo seu envolvimento na construção dos princípios da empresa relativos à segurança de
todos. Para tal, deve estabelecer vínculos visíveis e claros entre trabalhadores e a
administração, com este propósito, de modo que se identifiquem como parte importante no
ambiente laboral, protegendo-o e desfrutando dos resultados do trabalho mais limpo e seguro.
128
Para o sucesso desta empreitada sugere-se neste trabalho a implantação de um Sistema de
Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho – SGSST, integrado aos demais sistemas de
gerenciamento da empresa, como qualidade e ambiente.
Sob o ponto de vista da adequação e desenvolvimento tecnológico da atividade desenvolvida
nas pedreiras, a confirmação da exposição a níveis elevados de poeiras minerais contendo
concentrações perigosas de sílica livre cristalizada deve ser referência para a busca de
tecnologias que permitam a exploração industrial sob melhores condições neste segmento
industrial, haja vista a inevitável e constante geração de poeiras. Neste sentido, não apenas
novos equipamentos de perfuração dotados de dispositivos de controle da geração de poeiras
devem estar em foco. Sugerem-se estudos para o desenvolvimento, por exemplo, de
equipamentos de aspersão de água que aliem eficiência na contenção da poeira e economia,
haja vista as crescentes dificuldades na sua obtenção em quantidade e qualidade adequadas.
A partir da constatação da gravidade do risco deduz-se também que, lamentavelmente, a
adoção imprescindível de medidas administrativas associadas às medidas técnicas que
envolvam a coleta da poeira ou o seu seqüestro, mediante umidificação de algumas etapas do
processo, não são suficientes para inibir totalmente a geração destes aerodispersóides e,
portanto, não irão mudar a característica insalubre da atividade.
À frente desta realidade, deve-se inferir que não se pode deixar de empreender estes esforços
os quais, certamente, contribuirão para a redução da exposição dos trabalhadores, fato
possível, e na preservação de seus sistemas respiratórios, particularmente pelo
desenvolvimento de um programa consistente de proteção respiratória nos moldes da
legislação atual para a orientação na escolha dos melhores equipamentos de proteção
respiratória.
Neste esforço, fabricantes de equipamentos, universidades e empresas de mineração devem
aliar-se na busca por mais eficiência na proteção e prevenção contra o risco de exposição às
poeiras minerais, mesmo que os custos iniciais deste desenvolvimento tecnológico pareça-lhes
alto. Ao contrário, certamente serão infinitamente baixos frente aos ganhos ambientais e na
qualidade e preservação da vida daqueles que colaboram, com seu trabalho e dedicação, na
manutenção da atividade de extração e beneficiamento mineral.
129
Na esfera legal, é urgente que se promovam mudanças na legislação brasileira, que a
modernizem e tornem mais rápida e eficaz, assumindo parâmetros modernos e mais severos
para o controle dos riscos, em uso internacionalmente. Assumindo que os limites de tolerância
constituem-se em referências para as quais se admite que, para exposições abaixo deles, a
maioria dos trabalhadores esteja protegida, não significa a garantia de proteção a todos,
afirmativa pautada no conceito das suscetibilidades individuais e diferentes reações ao mesmo
agente agressor; em outras palavras, significa afirmar a possibilidade de que pessoas expostas
a níveis legalmente aceitáveis de sílica livre cristalizada podem, eventualmente, desenvolver a
doença e suas complicações. Espera-se, portanto, que se configure como mais um alerta aos
estudiosos e legisladores acerca da atual defasagem quanto aos Limites de Tolerância
atualmente válidos, e que possa contribuir para a revisão dos diplomas legais de modo a
fortalecer e reforçar o alcance do Programa Nacional para a Erradicação da Silicose – PNES.
Espera-se, portanto, que governos e empresas do setor reconheçam a relevância do problema
na mesma medida em que se reconhece a importância econômica desta atividade industrial no
desenvolvimento do país.
Finalmente, face à constatação da necessidade da empresa na validação de um Programa de
Gerenciamento de Riscos, como uma ferramenta essencial de controle das ameaças inerentes
à atividade, espera-se que seja igualmente uma referência para que empresas do segmento
possam efetivamente fazer com que o PGR adquira características de um programa dedicado à
evolução constante e não apenas um registro pontual e documental e que seja focado no
controle de todos os riscos identificados e presentes nesta atividade industrial.
Fazer com que o PGR seja parte essencial de um sistema maior de gerenciamento global,
onde saúde e segurança constituam-se na base de sustentação de um programa de
responsabilidade social, ambiental e de qualidade total, envolvendo a todos na busca pela
eficiência em seus objetivos, é o grande objetivo que se sugere que seja perseguido.
130
8 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Em virtude das características peculiares a esta atividade, abre-se, neste segmento industrial,
um vasto campo de estudos para avaliação de uma série de fatores de riscos ambientais e seus
efeitos isolados ou dos efeitos resultantes da sua associação, que podem ser avaliados além
dos riscos decorrentes da exposição à poeira mineral, objeto deste estudo.
Em complemento à avaliação dos níveis de exposição às poeiras minerais, sugere-se uma
análise das poeiras geradas nas diversas atividades com o objetivo de delinear a distribuição
das dimensões dos aerodispersóides gerados nas diferentes operações, como subsídio para
uma correta escolha dos EPR.
Dispositivos de controle da geração de poeiras, na origem, e equipamentos mais eficientes e
econômicos para aspersão de água são também oportunidades de pesquisa que se apresentam,
incluindo-se a avaliação de substâncias químicas supressoras de poeiras.
Sabe-se que os gases e vapores decorrentes da detonação dos explosivos no desmonte das
bancadas igualmente se configuram como um risco ocupacional. O fato da atividade se
desenvolver a céu aberto pode conduzir à aceitação de uma avaliação qualitativa de baixa
exposição, devido também à sua intermitência, no entanto a exposição existe e não se deve
esquecer os perigos da própria atividade, de lidar com materiais explosivos, como justificativa
para estudos.
Em paralelo, praticamente todas as operações expõem os trabalhadores a níveis elevados de
ruído, o que torna igualmente o ambiente insalubre, e rico em oportunidades de estudos sobre
a influência das pressões sonoras sobre a saúde auditiva e sobre o rendimento do trabalhador,
sob o aspecto do stress emocional e, consequentemente, sobre a produtividade da empresa.
Considere-se também o estudo desta exposição associada aos demais riscos e seus efeitos
sinérgicos.
Acidentes por projeção de objetos e riscos pelo trabalho em alturas, igualmente são
perceptíveis nas atividades diárias usuais e de manutenção dos equipamentos e constituem-se
igualmente em um campo de observação e estudos.
131
No campo da ergonomia, as vibrações dos equipamentos portáteis de perfuração são
diretamente transmitidas aos trabalhadores, certamente expostos a lesões e distúrbios
principalmente nas articulações dos braços, dedos e mãos. Isto para mencionar os efeitos
diretos e isolados. Cabe, porém, avaliar igualmente os efeitos associados da vibração dos
equipamentos usados na atividade com a adição da vibração resultante das pressões sonoras
por eles emitidas e, inclusive, a influência destes efeitos associados sobre a capacidade do
sistema respiratório em expulsar os contaminantes particulados inalados, através dos
mecanismos naturais de que somos dotados e já mencionados.
Ainda, em se tratando de atividade a céu aberto, e considerando-se as peculiaridades
climáticas da região Nordeste, como intensidade e direção dos ventos, umidade e altas
temperaturas durante a maior parte do ano, torna-se importante também a avaliação das
atividades laborais sob o ponto de vista do conforto e da sobrecarga térmica fisiológica
despendida nas tarefas envolvidas na mineração e britagem. Sabe-se que, pelo esforço físico
acentuado, ocorrem alterações das freqüências cardíaca e respiratória. Mediante tais
alterações, aumentam significativamente as demandas volumétricas de ar respirado, em razão
da maior necessidade de oxigênio, o que pode contribuir para o agravamento da exposição, na
medida em que maiores quantidades de ar contaminado atingem os pulmões.
Finalmente, também em função da situação geográfica, com grande incidência de radiação
solar durante a maior parte do ano, surge igualmente a importância de uma avaliação desta
exposição, haja vista que a atividade ocorre a céu aberto, sem a existência de abrigos e
paradas regulares para repouso desta exposição, cabendo aqui uma reflexão sobre a
necessidade em se reduzir as jornadas de trabalho sob exposição constante à radiação solar.
132
9 REFERÊNCIAS
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138
APENDICE A
Avaliação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho:
Itens de acordo com: CO NC NA Observações/Recome
ndações
Norma Regulamentadora NR 22:
22.3 Das responsabilidades da empresa :
22.3.3 A empresa está sob a supervisão técnica de profissional habilitado?
X
22.3.4.a
A empresa interrompe quaisquer atividades que representem situações de grave e iminente risco para os trabalhadores?
X
22.3.4.b
A empresa garante a paralisação das tarefas sob situação de grave e iminente risco, apontado pelo trabalhador?
X
22.3.4.c
A empresa fornece às empresas contratadas, informações relativas aos riscos potenciais nas áreas em que realizarão suas atividades?
X Sem registros
22.3.5 A empresa coordena a implementação de medidas de segurança para as empresas contratadas para atuar a seu serviço?
X
22.3.6 A Empresa possui um PCMSO-Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, de acordo com a Norma Regulamentadora – NR7?
X
A Empresa possui um PGR-Programa de Gerenciamento de Riscos, instalado e em funcionamento?
X Existe PGR como
documento
22.3.7 a
O PGR da empresa relaciona os riscos químicos, físicos e biológicos?
X
b O PGR contempla os aspectos relacionados a atmosferas explosivas?
X
c O PGR considera os riscos relacionados às atmosferas deficientes em oxigênio?
X
d O PGR contempla aspectos relacionados a sistemas de ventilação?
X
e O PGR inclui ações voltadas à proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa n. 1, de 11.04.94, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho?
X
f O PGR inclui instruções e orientações voltadas para a investigação e análise dos acidentes de trabalho?
X
g O PGR inclui aspectos referentes a ergonomia e organização do trabalho?
X
h O PGR contempla medidas de proteção e prevenção contra os riscos de trabalhos em altura, em profundidade e espaços confinados?
X
i O PGR inclui medidas preventivas contra os riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos, veículos e trabalhos manuais?
X
j O PGR contempla a indicação e uso de equipamentos de proteção individual de uso obrigatório observando no mínimo os preceitos contidos na Norma Regulamentadora – NR6?
X
139
l O PGR da empresa inclui medidas de prevenção de acidentes relacionadas à estabilidade dos maciços?
X
M O PGR da empresa inclui ações para planos de emergência?
X
N O PGR inclui medidas relacionadas à proteção contra riscos introduzidos por modificações ou pelo uso de novas tecnologias?
X
22.3.7.1 a
O PGR da empresa inclui claramente etapas para antecipação e identificação dos fatores de riscos considerando ass informações do Mapa de Riscos?
X
B O PGR possui uma etapa de avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores?
X
C O PGR inclui o estabelecimento de prioridades, metas e um cronograma?
X
D O PGR prevê o acompanhamento das medidas de controle implementadas?
X
E O PGR inclui o monitoramento da exposição aos fatores de risco?
X
F O PGR faz o registro dos dados e os mantêm por vinte anos?
X
G O PGR é objeto de avaliações periódicas por parte da empresa?
X Sem registros
22.3.7.1.1
O PGR tem suas alterações e complementações apresentadas e discutidas na CIPAMIN, para acompanhamento das medidas de controle?
X Idem anterior; não
há CIPAMIN
A empresa adota medidas de controle com base no nível de ação estabelecido pela NR 9?
X Sem registros
22.3.7.1.2
A empresa desenvolve ações preventivas com o objetivo de minimizar a probabilidade de ultrapassar os limites de tolerância previstos na NR 15- Atividades e Operações Insalubres, para agentes químicos e Físicos, adotando os níveis de ação, conforme definidos na NR9- PPRA- Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais?
X medidas informais ;
pagamento de
percentuais de
insalubridade em
função de ruído;
percentuais de 10 a
40%
22.6 Da organização dos locais de trabalho:
22.6.1a Os locais de trabalho foram concebidos de forma a eliminar ou reduzir ao máximo os riscos a que os trabalhadores se expõem no exercício de suas atividades?
X Sinalização
deficiente; sem
mapa de riscos
22.6.1b Os postos de trabalho são projetados e instalados segundo princípios ergonômicos?
X
22.6.2 As áreas operacionais da mineração estão identificadas, com o nome da empresa e possuem acessos e estradas sinalizadas?
X
22.6.3b Nas atividades de carregamento de explosivos, detonação e retirada de fogos falhados a empresa determina que sejam realizadas por equipes de, no mínimo, dois trabalhadores?
X
22.6.3.1
A empresa estabeleceu norma interna de segurança e controle de atividades onde se poderá trabalhar desacompanhado?
X Sem registro
140
22.7 Da circulação e transporte de pessoas e materiais:
22.7.1 A empresa possui um plano de transito com regras estabelecidas para a circulação de equipamentos e veículos?
X Sinalização
deficiente
22.7.2 Os equipamentos de transportes de pessoas e materiais dispõem de dispositivos de bloqueio que impeçam o seu acionamento por pessoas não autorizadas?
X
22.7.3 O equipamentos de transporte sobre pneus, de pessoas e materiais, possuem faróis, luz e sinal sonoro de ré, acoplado ao cambio de marchas e buzina e sinais de indicação de mudança do sentido de deslocamentos e espelhos retrovisores?
X
22.7.4 A velocidade e a capacidade máxima destes veículos estão afixadas em placas e em locais visíveis?
X
22.7.6 a
As áreas de circulação, inclusive sobre as bancadas, possuem sinalização de segurança de modo a prevenir acidentes, com a demarcação de seus limites?
X Sinalização
deficiente
22.7.6 b
A largura mínima das vias de transito, de mão única, correspondem ao dobro da largura do maior veículo em circulação e em caso de mão dupla, ao triplo desta largura?
X
22.7.6 c
Nas vias de circulação onde existe risco de queda dos veículos existem leiras de proteção, com altura equivalente à metade do diâmetro do maior pneu que por ela trafegue?
X
22.7.6.1
Quando há impossibilidade de observar a exigência do item 22.7.6 b , a empresa adota procedimentos e sinalização adicionais para garantir a segurança do transito?
X
22.7.7 Os veículos de pequeno porte trafegam portando bandeira de sinalização e com as luzes acesas, inclusive durante o dia, para facilitar a sua visualização?
X Apenas luzes acesas
22.7.7.1
Existe sinalização luminosa para condições adversas de iluminação e à noite?
X
22.7.8 As vias de circulação de veículos são regularmente umidificadas de forma a minimizar a geração de poeiras?
X Não regular
22.7.12 O transporte conjunto de pessoas e materiais é realizado apenas quando os materiais, ferramentas,equipamentos, matérias-primas etc estão acondicionados em compartimentos adequados de forma a oferecer segurança aos trabalhadores?
X
22.7.13 O transporte de pessoas em máquinas ou equipamentos somente é realizado quando estes forem projetados para tal fim e por profissionais habilitados?
X
22.8 Dos transportadores contínuos:
22.8.3 Ao longo dos trajetos dos transportadores contínuos existem dispositivos de desligamento, nos locais onde possa haver acesso rotineiro dos trabalhadores?
X
141
22.8.3.1 a
Os transportadores contínuos possuem dispositivos de desligamento automático quando forem alcançados os limites de segurança quanto à ruptura das correias?
X
22.8.3.1 b
Os transportadores contínuos possuem dispositivos de desligamento automático quando houver risco de escorregamento anormal das correias em relação aos tambores?
X
22.8.3.1 c
Os transportadores são desligados automaticamente quando ocorre desalinhamento anormal das correias?
X
22.8.3.1 d
Os transportadores contínuos possuem dispositivos de desligamento automático em caso de sobrecarga?
X
22.8.5 Nos locais de transito, existem dispositivos de proteção instalados sob as esteiras transportadoras destinados a evitar a queda de materiais?
X
22.8.6 O acionamento dos transportadores contínuos é precedido, no mínimo por vinte segundos, por sinalização sonora?
X
22.8.7 Os transportadores cuja altura seja maior que 2 metros, possuem passarelas para manutenção dotadas de guarda corpo e rodapé de proteção?
X
22.8.7.1
Os transportadores que não possuem passarelas de inspeção possuem outros sistemas seguros que permitam a inspeção e manutenção?
X
22.8.8 Todos os pontos de transmissão de força ou desvios são protegidos por grades de segurança ou outros dispositivos que impeçam o contato acidental?
X
22.9 Das superfícies de trabalho
22.9.2 A empresa proíbe o uso de máquinas e equipamentos como plataforma de trabalho que não tenham sido para este fim projetados?
X
22.9.3 As passarelas suspensas e seus acessos possuem guarda corpo e rodapé com 20 cm de altura e tem sua estabilidade e condições de uso garantidas?
X
22.9.3.1
Os pisos das passarelas são antiderrapantes, resistentes e mantidos em condições adequadas de segurança?
X
22.9.4 As passarelas possuem largura mínima de 0,60 metros, quando destinadas ao acesso eventual, ou de 0,80 metros para aquelas de uso constante?
X
22.9.5 As passarelas com inclinação superior a 15º(quinze graus) e altura superior a 2,0 metros possuem rodapés com 20 centimetros de altura e guarda-corpo com tela, a 40 cm de alatura do rodapé ou outro dispositivo que impeça a queda de pessoas?
X
22.9.6 O trabalho sobre pilhas de minério desmontado é feito sob condições de segurança de acordo com normas específicas elaboradas e aplicadas pela empresa de mineração?
X
142
22.9.8 O trabalho em superfícies inclinadas e acima de 2,0 metros de altura é realizado somente com o uso obrigatório de cinto de segurança, corretamente afixado?
X
22.10 Das escadas:
22.10.2 a
Para os acessos aos locais de trabalho, com inclinação maior que 20°, a empresa adotou escadas fixas e corretamente afixadas?
X
22.10.2 b
Estas escadas possuem lances e degraus uniformes?
X
22.10.2 c
Possuem espelhos entre os degraus com altura entre 18 e 20 centímetros?
X
22.10.2 d
Possuem distancia entre planos ou lances inferiores a 3,6 metros?
X
22.10.2 e
São providas de guarda corpo resistente com altura entre 0,9 metros e 1,0 metro?
X
22.11 Das máquinas, equipamentos e instalações:
22.11.1 Todas as máquinas, equipamentos, instalações auxiliares e elétricas são projetadas, montadas, operadas e mantidas em conformidade com as normas tecnicas vigentes e as instruções dos fabricantes e as melhorias desenvolvidas por profissional habilitado?
X
22.11.2 a
As máquinas e equipamentos possuem dispositivos de acionamento e parada instalados de modo que sejam acionados pelo trabalhador na sua posição de trabalho?
X
22.11.2 b
As máquinas e equipamentos possuem dispositivos de acionamento e parada localizados fora da zona perigosa das máquinas de modo a não acarretar riscos adicionais?
X
22.11.2 c
As maquinas e equipamentos possuem dispositi-vos de emergência que possam ser acionados por outra pessoa que não seja o operador da máquina ou equipamento?
X
22.11.2 d
As máquinas e equipamentos possuem dispositivos de acionamento ou parada que não possam ser acionados involuntariamente pelo operador ou qualquer outra forma acidental?
X
22.11.3 A empresa possui maquinas e equipamentos de acionamento automáticos que possam ser facilmente desativados?
X
22.11.4 As máquinas e equipamentos de acionamento automático possuem sistemas sonoros de advertência para o reinicio de operação?
X
22.11.5 As maquinas e veículos de grande porte possuem indicadores sonoros de mudança do sentido de deslocamento?
X
22.11.6 As máquinas que operam em áreas onde existe a possibilidade de projeção ou queda de materiais sólidos possuem proteção adequada para os trabalhadores?
X
22.11.6.1
As máquinas e equipamentos possuem proteção para o trabalhador, contra exposição ao Sol e chuva?
X
22.11.8 Nas operações de inicio de furos com marteletes pneumáticos existem dispositivos adequados para fixação das hastes, sem o uso das mãos?
X
143
22.11.9 As máquinas e equipamentos que ofereçam riscos de tombamento, de ruptura de suas partes ou de projeção de materiais, peças ou partes destas, possuem dispositivos de proteção ao operador?
X
22.11.10
A empresa mantem todas as partes móveis das máquinas e equipamentos com sistemas de proteção aos trabalhadores?
X
22.11.12
A manutenção e o abastecimento de máquinas e veículos é feito por pessoa treinada, quanto às técnicas e uso de dispositivos de segurança?
X
22.11.15 a
As mangueiras e conexões de alimentação de equipamentos pneumáticos possuem sistemas eficientes de fixação e ficam afastadas das vias de circulação?
X
22.11.15 b
As mangueiras e conexões de alimentação de equipamentos pneumáticos possuem sistemas de contenção e proteção contra acidentes?
X
22.11.19 a
A operação de máquinas e equipamentos pesados é feita apenas com sinalização e isolamento da sua área de atuação, com acesso permitido apenas pelo operador?
X Sem sinalização
22.11.19.1 a
As máquinas e equipamentos pesados possuem indicações claras da sua capacidade máxima e em lugar visível?
X
22.11.19.1 b
As máquinas e equipamentos pesados possuem cadeiras confortáveis e fixas de forma que seja reduzida a transmissão de vibração?
X
22.14 Da estabilidade dos maciços:
22.14.1 Existem registros topográficos das áreas de mineração para estudos de estabilidade das bancadas, que considerem as suas condições geotécnicas e geomecanicas, realizados por profissional habilitado?
X
22.14.2 c
A empresa adota procedimentos técnicos, de forma a controlar a estabilidade dos maciços, através de critérios de engenharia, incluindo ações para monitorar e controlar as bancadas e taludes das minas a céu aberto?
X
22.14.2 d
Usa os mesmos procedimentos para verificar o impacto sobre a estabilidade de áreas anteriormente lavradas?
X
22.14.2 e
Usa estes procedimentos e ações para verificar a presença de fatores condicionantes de instabilidade dos maciços, em especial, água, gases, rochas alteradas, falhas e fraturas?
X
22.14.4 Existem procedimentos escritos que determinem a paralisação das atividades quando as condições geotécnicas indicarem a instabilidade dos maciços?
X
22.14.5 A deposição de material próximo à crista da bancada do estacionamento das máquinas obedece a uma distancia mínima de segurança , definida em função da estabilidade e da altura da bancada?
X
144
22.17 Da proteção contra poeira mineral
22.17.1 A empresa realiza monitoramento periódico da exposição dos trabalhadores à poeira mineral com o objetivo de avaliar as medidas de controle adotadas?
X Valor único no PGR
Sem relatório de
análises ou métodos
22.17.2 Quando ultrapassados os limites de tolerância à exposição a poeiras minerais, a empresa adota medidas técnicas e administrativas que reduzam, eliminem ou neutralizem seus efeitos sobre a saúde dos trabalhadores e considera os níveis de ação desta norma?
X
22.17.3 Existe água disponível, e em condições de uso, para ser usada com o propósito de controlar a geração de poeira nos postos de trabalho, onde rocha ou minério estiver sendo perfurado, cortado, detonado, carregado, descarregado ou transportado?
X
22.17.3.1
As operações de perfuração da rocha são realizadas por processos umidificados?
X
22.17.3.2
Na impossibilidade da umidificação são adotados dispositivos de coleta da poeira gerada na perfuração de modo a impedir a sua dispersão no ambiente?
X
22.17.4 Os equipamentos geradores de poeira, com exposição dos trabalhadores, utilizam dispositivos para sua eliminação ou redução e são mantidos em condições operacionais de uso?
X
22.17.5 As superfícies de máquinas, instalações e pisos dos locais de trânsito de pessoas e equipamentos, são mantidos periodicamente umidificados ou limpos, de forma a impedir a dispersão de poeira no ambiente de trabalho?
X Baixa periodicidade
22.17.6 Os locais de trabalho enclausurados ou isolados possuem sistemas que mantenham as condições de conforto, de acordo com a Norma regulamentadora – NR 17, especialmente com relação aos itens que possibilitem trabalhar com o sistema hermeticamente fechado?
X Apenas em uma das
casas de controle
operacional dos
britadores
22.20 Das instalações elétricas
22.20.1 Nos trabalhos em instalações elétricas a empresa designa que seja realizado por profissional habilitado?
X
22.20.2 As instalações e serviços de eletricidade permitem a adequada distribuição de energia e isolamento com proteção contra fugas de corrente, curto-circuitos, choques elétricos e outros riscos decorrentes do seu uso?
X
22.20.32
As instalações são protegidas contra descargas atmosféricas , com sistema de proteção adequadamente dimensionado e aterrado?
X
22.21 Das operações com explosivos e acessórios:
22.21.2 O plano de fogo da mina é executado por profissional habilitado?
X
22.21.3 a
No plano de fogo estão corretamente previstos e registrados a disposição e profundidade dos furos?
X
22.21.3 b
No plano de fogo estão previstos os tipos de explosivos usados bem como a sua quantidade?
X
145
22.21.5 Em caso da manutenção de deposito local de explosivos, a sua construção e localização atendem às exigências de regulamentação do Ministério da Defesa?
X
22.21.23 a
O desmonte da rocha é precedido por sinais sonoros de alerta?
X
22.21.23 b
As áreas de risco são evacuadas e devidamente vigiadas?
X
22.21.23 c
Os horários de fogo são previamente definidos e divulgados em placas visíveis na entrada de acesso às áreas de mineração?
X
22.21.23 d
A mina dispõe de abrigos para uso eventua daqueles que efetuam a detonação?
X
22.21.23 e
A empresa segue as normas técnicas vigentes e as instruções do fabricante dos explosivos usados na detonação das bancadas?
X
22.21.26
No carregamento dos furos com materiais explosivos está normatizado que os socadores só possam ser constituídos de madeira, plástico ou cobre?
X
22.21.34
A empresa proíbe a detonação em condições de baixo nível de iluminamento ou sob condições de descargas atmosféricas?
X
22.21.36 a
As condições para retorno ao local do desmonte, após detonação, estão previstas no plano de fogo atendendo ao tempo mínimo para dissipação das poeiras?
X
22.21.36 b
Está previsto que o retorno ao local do desmonte, após detonação, seja feito apenas após confirmação das condições de estabilidade da área?
X
22.21.36 c
Está igualmente previsto que o retorno apenas se dará após marcação e eliminação dos fogos falhados?
X
22.27.7 b
A empresa estabelece a obrigatoriedade do uso de lanternas individuais para o deslocamento noturno na área de operação de lavra, basculamento e carregamento?
X
22.32 Das operações de emergência
22.32.1 a
A empresa elaborou, implementou e mantêm atualizado um plano de emergência incluindo a identificação de seus riscos maiores?
X Sem registro
22.32.1 b
A empresa elaborou, implementou e mantêm atualizado um plano de emergência incluindo normas de procedimentos para operações em caso de :
Sem registro para
todos os itens a
seguir, de I a VII
I Incêndio X
II Inundações X
III Explosões X
IV Desabamentos X
VI Acidentes maiores X
VII Outras situações de emergência em função das características da mina, dos produtos e dos insumos utilizados
X
146
22.32.1 c
A empresa elaborou, implementou e mantêm atualizado um plano de emergência incluindo a localização de equipamentos e materiais necessários para as operações de emergência e prestação dos primeiros socorros?
X Sem registro
22.32.1 d
A empresa incluiu a descrição e a composição de uma brigada de emergência para atuar nestas situações?
X
22.32.1 e
O plano inclui o treinamento periódico da brigada de emergência?
X
22.32.1 f
O plano de emergência prevê a simulação periódica de situações de emergência com a mobilização dos funcionários envolvidos em prováveis eventos?
X
22.32.1 g
A empresa elaborou, implementou e mantêm atualizado um plano de emergência incluindo a definição das áreas de refúgio e para prestação dos primeiros socorros?
X
22.32.1 h
O plano de emergência possui a definição de um sistema de comunicação e sinalização de emergência abrangendo o ambiente interno e externo?
X
22.32.1 i
Existe articulação da empresa com os órgãos de defesa civil da localidade em que está instalada?
X
22.35 Da informação, qualificação e treinamento:
22.35.1 A empresa proporciona treinamentos aos trabalhadores com o objetivo da preservação da sua saúde e segurança levando em consideração o grau de risco e a natureza das operações?
X Sem registro nas
fichas funcionais
22.35.1.1 a
A empresa realiza treinamento introdutório com reconhecimento do local de trabalho?
X
22.35.1.1 b
A empresa realiza treinamento específico nas funções?
X
22.35.1.1 c
A empresa possui procedimentos para orientação em serviço?
X
22.35.1.2
A empresa procede aos treinamentos introdutórios, com duração mínima de 8 horas por dia durante um mínimo de 3 dias?
X
22.35.1.3
Os treinamentos específicos nas funções tem duração mínima de 40 horas, inclusive na mudança de função?
X
22.35.1.3.1
A empresa proporciona treinamento específico, inclusive reciclagens, aos trabalhadores que executem as funções de:
a Abatimento de blocos instáveis? X
b Tratamento dos maciços? X
c Manuseio de explosivos e acessórios? X
d Perfuração manual? X
e Carregamento e transporte de material? X
h Inspeções gerais das frentes de trabalho? X
j Outras atividades de risco especificadas no PGR?
X
147
22.36 Da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração-CIPAMIN
22.36.1 A empresa possui CIPAMIN, regularmente instalada e em funcionamento?
X
22.36.3 A CIPAMIN tem composição proporcional conforme o quadro III, desta NR?
X
22.36.8 A empresa proporciona os meios necessários para o correto desempenho da CIPAMIN
X
22.37 Das disposições gerais
22.37.2 A empresa mantém instalações sanitárias próximas aos locais e frentes de trabalho?
X
22.37.3 As condições de higiene e conforto nos locais de trabalho atendem às exigências da NR24- Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho.
X
Atende parcialmente
22.37.4 È fornecida água potável, abundante e em condições de higiene, a todos os postos de trabalho?
X
22.37.6
.1
Os acidentes e doenças profissionais são analisados segundo metodologias que permitam identificar suas principais causas e indicam as medidas de controle?
X
148
APENDICE B – Avaliação do SGSST de acordo com o PPR da Fundacentro
Itens de acordo com: CO NC NA Observações/comentários
Manual de Proteção Respiratória – FUNDACENTRO
A empresa possui um PPR (Programa de Proteção Respiratória) regularmente instalado e em funcionamento, de acordo com o MANUAL DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA, da FUNDACENTRO?
X
Existem procedimentos formalmente escritos no PPR?
X
Os procedimentos escritos fazem referencia específica ao reconhecimento do risco ocupacional, sílica livre cristalizada?
X Anotações no PGR
Existe registro, no PPR, das técnicas e metodologias de amostragem e medição da concentração de poeiras contendo sílica livre cristalizada?
X Anotações no PGR não
indicam metodologias
Existe registro formal dos equipamentos usados nas medições?
X Indicados no PGR
Os equipamentos de medição possuem certificados de calibração?
X Anotações no PGR
O PPR da empresa adota os Limites de Tolerância para sílica livre cristalizada, conforme o Anexo 12, da Norma Regulamentadora Nº15, do Ministério do Trabalho e emprego?
X PGR
Os procedimentos escritos fazem referencia aos treinamentos e à conscientização do empregado, quanto aos riscos ocupacionais associados à sua atividade?
X
Os procedimentos escritos ainda fazem referência aos critérios de avaliação usados na escolha dos Equipamentos de Proteção Respiratória-EPR, em acordo com o MANUAL DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA da FUNDACENTRO?
X
Os procedimentos escritos fazem referencia aos treinamentos quanto ao correto uso, manuseio, manutenção e reciclagem dos EPR-Equipamentos de Proteção Respiratória?
X
O PPR preconiza claramente a necessidade de ensaios de vedação, nos casos em que máscaras faciais completas sejam indicadas?
X
Os procedimentos referem-se às restrições ao uso de barba e bigode ou outros fatores que possam afetar a eficiência da vedação do EPR?
X
Existem procedimentos escritos quanto à inspeção e manutenção dos respiradores?
X
149
Existem registros formais que façam exigências quanto à freqüência das avaliações médicas dos empregados expostos ao risco de exposição continuada a poeiras minerais?
X
Existem procedimentos escritos que definam claramente os critérios de avaliação do Programa de Proteção Respiratória?
X
A administração e monitoramento do PPR da empresa é responsabilidade de uma única pessoa, que possua conhecimentos suficientes sobre proteção respiratória?
X
Existem recursos financeiros especialmente alocados para treinamentos, reciclagens, testes e aquisição dos EPR?
X
150
APÊNDICE C
Avaliação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho:
Item de acordo com: CO NC NA Recomendações/comentários
Diretrizes da OIT sobre Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho
Política de segurança e saúde no trabalho
A empresa, mediante consulta aos trabalhadores, estabeleceu e registrou uma política de SST específica à organização com o conhecimento de todos os interessados?
X
A política de SST está pautada na proteção da segurança e saúde de todos os membros da organização através da prevenção de lesões, degradações da saúde, doenças e incidentes relacionados ao trabalho?
X
A política de SST contempla o cumprimento dos requisitos da legislação nacional em vigor, dos programas voluntários, dos acordos coletivos em SST e de outros requisitos pela empresa estabelecidos?
X
A política de SST prevê a garantia de que os trabalhadores e seus representantes sejam consultados e encorajados a participar ativamente em todos os elementos do sistema de gestão da SST?
X INFORMALMENTE
A política de SST prevê a melhoria contínua do desempenho do sistema de gestão da SST?
X
Participação dos trabalhadores
A empresa assegura que os trabalhadores e seus representantes de segurança e saúde sejam consultados, informados e capacitados em todos os aspectos de SST associados ao seu trabalho, incluindo as medidas relativas a situações de emergência?
X
A empresa adota medidas para que os trabalhadores e seus representantes, em matéria de SST, disponham de tempo e recursos para participarem ativamente dos processos de organização, planejamento e implementação, avaliação e ação para melhorias do sistema de gestão da SST?
X
A empresa assegurou o estabelecimento e o funcionamento eficiente de um comitê de segurança e saúde e o reconhecimento dos representantes dos trabalhadores em matéria de SST, em conformidade com a legislação e a prática nacionais?
X
151
Responsabilidade e obrigação de prestar contas
A administração da empresa definiu o responsável, com a obrigação de prestar contas e autoridade para o desenvolvimento, e a implementação e operação do sistema de gestão da SST , inclusive a sua avaliação e comunicação dos resultados e alcance de objetivos pertinentes e promovendo a participação de todos os membros da organização?
X
A empresa definiu e comunicou aos membros da organização a responsabilidade, a obrigação de prestar contas e a autoridade das pessoas encarregadas de identificar, avaliar ou controlar fatores de risco (perigos) e riscos relacionados à SST?
X
A empresa possui procedimentos que proporcionem a supervisão efetiva, segundo as necessidades, para assegurar a proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores?
X
A empresa estabeleceu procedimentos que promovam a cooperação e a comunicação entre os membros da organização, que inclui os trabalhadores e seus representantes, para implementar os elementos do sistema de gestão da SST da organização?
X
A empresa implementou procedimentos que satisfaçam aos princípios do sistema de gestão da SST contidos nas diretrizes nacionais, nos sistemas específicos ou nos programas voluntários aos quais a organização tenha subscrito, conforme o caso?
X
Os procedimentos adotados contemplam uma política clara em matéria de SST, inclusive com objetivos mensuráveis?
X
A empresa estabeleceu procedimentos efetivos para identificar e eliminar ou controlar fatores de risco (ou perigos) e riscos relacionados ao trabalho e que promovam a saúde no trabalho?
X Parcialmente
A empresa estabeleceu programas de prevenção e promoção da saúde?
X
A empresa assegura a adoção de medidas efetivas que garantam a plena participação dos trabalhadores e de seus representantes no cumprimento das políticas de SST?
X
A empresa disponibiliza os recursos adequados para assegurar que as pessoas responsáveis pela SST, incluindo o comitê de segurança e saúde, possam desempenhar satisfatoriamente suas funções?
X
A empresa assegura a adoção de medidas efetivas que garantam a plena participação dos trabalhadores e de seus representantes nos comitês de SST, caso existam?
X
152
Competência e capacitação
Os procedimentos existentes definem os requisitos de competência necessários em SST que devem ser mantidos para assegurar que todas as pessoas sejam competentes para desincumbir-se de seus deveres e responsabilidades relativos aos aspectos de SST?
X
A empresa mantém programas de capacitação que envolvam todos os membros e são conduzidos por pessoa ou empresa terceirizada competente em SST?
X
Os procedimentos contemplam a capacitação inicial eficaz e oportuna e a sua atualização em intervalos apropriados e inclui a avaliação da compreensão e da retenção da capacitação adquirida pelos participantes?
X
Os programas de capacitação são analisados periodicamente com a participação do comitê de segurança e saúde, caso exista, e permitem alterações e ajustes, quando necessário, para garantir sua pertinência e eficácia?
X
Os procedimentos relativos ao desenvolvimento, implementação e operação do SGSST estão devidamente registrados e acessíveis a todos os interessados?
X
Documentação do sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho
A empresa mantém documentação atualizada sobre o sistema de gestão da SST que compreenda a política e os objetivos da organização em matéria de SST?
X
A empresa mantém registro das funções administrativas e de suas responsabilidades fundamentais para a implementação do sistema de gestão de SST?
X
A empresa mantém registros a cerca dos fatores de risco (ou perigos) e riscos significativos para a SST resultantes das atividades da organização, bem como das medidas adotadas para preveni-los e controlá-los?
X
A documentação do sistema de gestão da SST está claramente escrita e apresentada de tal modo que seja compreendida pelos usuários ?
X
Os procedimentos incluem a análise regular dos documentos relativos à SST, permitindo alterações quando necessárias e são de fácil acesso a todas as partes interessadas da empresa?
X
Os registros de SST estabelecidos são gerenciados e mantidos no local de origem, de acordo com as necessidades da organização, e são identificáveis, rastreáveis e são conservados por tempo especificado?
X Atende parcialmente
Os procedimentos contemplam o direito dos trabalhadores de consultar os registros relativos ao seu ambiente de trabalho e à sua saúde, respeitando a necessidade de confidencialidade?
X
153
Os documentos de SST compreendem os registros resultantes da implementação do sistema de gestão da SST?
X
Os documentos compreendem registros relativos a lesões, degradações da saúde, doenças e incidentes relacionados ao trabalho na atividade da empresa?
X
Os documentos do SGSST compreendem registros exigidos pela legislação nacional em matéria de SST?
X
Os documentos mantém registros relativos à exposições dos trabalhadores, à vigilância do ambiente de trabalho e da saúde dos trabalhadores e os resultados do monitoramento ?
X
Comunicação
Existem procedimentos registrados que determinem o recebimento, a documentação e respostas adequadas às comunicações internas e externas relativas à SST?
X
Existem procedimentos que assegurem a comunicação interna da informação sobre SST entre os níveis e as funções relevantes da empresa?
X
Existem procedimentos que assegurem o recebimento das preocupações, das idéias e das contribuições dos trabalhadores e de seus representantes para as questões de SST e que sejam consideradas e respondidas?
X
Planejamento, desenvolvimento e implementação do sistema
O planejamento do SGSST prevê, no mínimo, a conformidade com a legislação nacional em matéria de SST e a sua implementação prevê um processo de melhoria contínua do desempenho em SST?
X Atende parcialmente
O planejamento prevê a contribuição para a proteção da segurança e saúde no trabalho e inclui uma definição clara da hierarquização por ordem de prioridade e quantificação, quando pertinente, dos objetivos da empresa em matéria de SST?
X
Os procedimentos definem a preparação de um plano de ação para alcançar cada objetivo, no qual se estejam definidas as responsabilidades e os critérios claros de desempenho, indicando-se o que deve ser feito, quem deve fazê-lo e quando?
X
Os procedimentos contemplam a seleção de critérios de medição para confirmar que os objetivos tenham sido alcançados?
X
A empresa provê os recursos adequados, incluindo recursos financeiros e apoio técnico, segundo as necessidades?
X
154
Prevenção de fatores de risco (perigos)
Os procedimentos incluem a análise dos fatores de risco (perigos) e riscos relacionados à segurança e à saúde dos trabalhadores e a sua identificação e avaliação contínua?
X
Os procedimentos priorizam a eliminação, o controle e a redução do fator de risco(perigo) e do risco, através da adoção de medidas de controle de engenharia ou administrativas?
X Informalmente
Na impossibilidade da eliminação total dos fatores de riscos(perigos) e dos riscos os procedimentos determinam a adoção de medidas de proteção individual através do fornecimento gratuito de equipamento de proteção individual apropriado, incluindo vestuário, e a adoção de medidas que assegurem o uso e a manutenção desses equipamentos?
X
A empresa possui procedimentos que contemplem a adoção de medidas de prevenção, preparação e atendimento a situações de emergência ?
X
Monitoramento e medição do desempenho
A empresa possui procedimentos para monitorar, medir e registrar regularmente o desempenho em SST, designando os responsáveis pela prestação de contas e pelo monitoramento nos diferentes níveis da estrutura administrativa?
X
Os procedimentos para seleção de indicadores do desempenho são feitos de acordo com o porte e a natureza da atividade da empresa e os objetivos de SST?
X
Os procedimentos para o monitoramento e a medição do desempenho asseguram que se determine em que extensão a política e os objetivos de SST estão sendo implementados e os riscos, controlados?
X
Investigação de lesões, doenças e incidentes relacionados ao trabalho e seus impactos no desempenho da segurança e saúde
Os procedimentos registrados para a investigação da origem e das causas básicas das lesões, das degradações da saúde, de doenças e dos incidentes estão preparados de modo a permitir a identificação de qualquer deficiência do sistema de gestão da SST?
X
Os procedimentos determinam que as investigações devem ser conduzidas apenas por pessoas competentes, com a participação apropriada dos trabalhadores e de seus representantes?
X
Os resultados de tais investigações são comunicados ao comitê de segurança e saúde para que sejam feitas recomendações para ações corretivas?.
X
Existem procedimentos que determinem a informação dos resultados de investigações às pessoas da direção da empresa para que sejam considerados nas atividades de melhoria contínua?
X
155
Os procedimentos do SGSST determinam que as ações corretivas resultantes de tais investigações sejam implementadas com a finalidade de evitar que se repitam casos de lesões, degradações da saúde, doenças ou incidentes relacionados ao trabalho?
X
São considerados os relatórios elaborados por organismos de investigação externos, tais como os serviços de inspeção de trabalho e as instituições de seguro social, observando-se o caráter confidencial dos mesmos?
X
Auditoria
Existem procedimentos escritos que determinem auditorias periódicas do SGSST, destinadas a determinar se seus elementos protegem de forma eficaz a saúde e a segurança do trabalhador e se previnem incidentes, em consonância com os itens anteriores?
X
Os procedimentos de auditoria determinam a verificação do SGSST para determinar se seus elementos são suficientemente eficazes para satisfazer à política e aos objetivos de SST da empresa?
X
Existem procedimentos de auditoria escritos para determinar se o SGSST promove a plena participação dos trabalhadores?
X
Os procedimentos de auditoria permitem determinar o alcance da empresa relativo à conformidade com a legislação nacional?
X
Existem procedimentos para avaliar as respostas ao desempenho de SST e inclusive de auditorias anteriores?
X
Existem procedimentos que permitam avaliar o alcance das metas de melhoria contínua e de melhores práticas de SST?
X
Ações para melhorias(preventiva e corretiva)
Existem procedimentos que permitam identificar e analisar as causas básicas de quaisquer não-conformidades com relação às normas de SST em vigor e/ou disposições relativas aos sistemas de gestão da SST?
X
Existem procedimentos específicos para introduzir, planejar, implementar, verificar a eficácia e documentar ações preventivas e corretivas, incluindo as mudanças no próprio sistema de gestão da SST, visando a melhoria contínua?
X
156
APÊNDICE D
Formulário de entrevista com o empregador
Identificação da Empresa: ROCK LTDA
CNAE: ______08.10-0-99________________
Setor: _______PEDREIRA_____________________________
Número de empregados: __29_______
Avaliação dos Riscos
Riscos Ocupacionais da atividade industrial / Número de empregados expostos
Acidentes __29___empregados
Ruído __26___empregados
Poeiras minerais __26___empregados
Biológicos __0 ___empregados
Radiações __22___empregados
Ergonômicos __26___empregados
Explosivos __4_ __empregados
Tendo identificados os trabalhadores expostos ao risco sílica livre cristalizada, por atividade:
- Quais as jornadas de trabalho? 53 horas semanais para todos
Operador de pá carregadeira __________
Operador de Rok __________
Servente __________
Motorista __________
Britador __________
Marteleteiro __________
Marroeiro __________
Encarregado de Pedreira __________
Quais dos trabalhadores estão:
a- Levemente expostos à poeiras (por 2 horas da jornada diária)?
b- Medianamente expostos à poeiras (por até 4 horas da jornada diária)?
157
c- Definitivamente expostos à poeiras (por 8 horas ou mais da jornada diária)?
Dos trabalhadores expostos ao risco sílica livre cristalizada, quais exercem funções
consideradas como:
L- Trabalho Leve (trabalho sentado, com movimentos moderados de braços e pernas ou
de pé, em máquina ou bancada)?
M- Trabalho Moderado (Trabalho sentado, com movimentos vigorosos de braços e
pernas, em pé com trabalho em máquina ou bancada com movimentos moderados ou
trabalho moderado de levantar ou empurrar pesos)?
P- Trabalho Pesado (trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos ou
trabalho extenuante, inclusive vibrações)?
FUNÇÃO N° DE FUNCIONÁRIOS AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO
(a, b ou c) (L, M ou P)
Operador de pá carregadeira [ 02 ] [ a ] [ M ]
Operador de Rock [ 04 ] [ c ] [ P ]
Servente [ 03 ] [ c ] [ P ]
Motorista [ 04 ] [ c ] [ M ]
Britador [ 02 ] [ c ] [ P ]
Marteleteiro [ 04 ] [ c ] [ P ]
Marroeiro [ 03 ] [ c ] [ P ]
Encarregado de Pedreira [ 02 ] [ c ] [ P ]
Operador Britador [ 02 ] [ a ] [ L ]
Caracterização Legal:
A empresa possui SESMT, funcionando regularmente?
Sim
Não X ( terceirizado)
Qual a composição do SESMT?
Médico do Trabalho ____x______ Horas/dia/semana ___________
158
Engenheiro de Segurança _____x_____ Horas/dia/semana ___________
Enfermeiro do Trabalho _____x_____ Horas/dia/semana ___________
Técnico de Segurança do Trabalho___01_______ Horas/dia/semana: 8 h/semana
A empresa possui um PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional?
Sim X
Não
A empresa possui um PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos ou PPRA-Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais?
Sim X
Não
A empresa possui avaliação da exposição a poeiras minerais?
Sim X
Não
Qual a freqüência das avaliações?
Anual X, na realização de um novo PGR
Semestral
Outros; especificar ________
Quais as medidas que a empresa adota contra o risco poeira mineral?
Medidas Técnicas: umidificação nos pontos de geração; intermitente ou ocasional
durante período de observação
Medidas Administrativas: orientação para posicionamento contrário à direção do
vento para operadores de rock e marteleteiros; fornecimento de EPI
Outros: NA
176
ANEXO F – Transcrição da Tabela 3 – Recomendações de EPR para sílica cristalizada, do Programa de Proteção Respiratória, Recomendações, Seleção e uso de Respiradores da Fundacentro TABELA 3 - RECOMENDAÇÕES DE EPR PARA SÍLICA CRISTAL IZADA (Adaptado do Quadro II da Instrução Normativa Nº 1, de 11/4/1994 e terminologia atualizada de acordo com a NBR 12.543 de 1999)
Nível de exposição Equipamento Até 10 vezes o limite de tolerância
Respirador purificador de ar com peça semifacial com filtro P1, P2 ou P3, ou peça semifacial filtrante (PFF1, PFF2 ou PFF3), de acordo com o diâmetro aerodinâmico das particulas(a).
Até 50 vezes o limite de tolerância
Respirador purificador de ar com peça facial inteira com filtro P2 ou P3(a). Respirador purificador motorizado com peça semifacial e filtro P2. Respirador de linha de ar comprimido com fluxo contínuo e peça semifacial. Respirador de linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e peça semifacial.
Até 100 vezes o limite de tolerância
Respirador purificador de ar com peça facial inteira com filtro P2 ou P3(a). Respirador de linha de ar comprimido de demanda sem pressão positiva com peça facial inteira Máscara autônoma de demanda sem pressão positiva com peça facial inteira.
Até 1000 vezes o limite de tolerância
Respirador purificador de ar motorizado com peça facial inteira e filtro P3. Capuz ou capacete motorizado com filtro P3. Respirador de linha de ar comprimido com fluxo contínuo e peça facial inteira. Respirador de linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva e peça facial inteira. Máscara autônoma de demanda com pressão positiva e peça facial inteira.
Maior que 1000 vezes o limite de tolerância
Respirador de linha de ar comprimido de demanda com pressão positiva com cilindro auxiliar de fuga e peça facial inteira. Máscara autônoma de demanda com pressão positiva e peça facial inteira
Observação sobre a Tabela 3: (a) Para diâmetro aerodinâmico médio mássico maior ou igual a 2 micra podem-se usar filtros classe P1, P2
ou P3. Para diâmetro menor que 2 micra deve-se usar o de classe P3.