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UNIVERSIDADE TIRADENTES CÍCERO RAMON CUNHA DE JESUS A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UM LEVANTAMENTO TEÓRICO DO PAPEL DA PSICOLOGIA E DEMAIS ÁREAS DO CONHECIMENTO NESTA RELAÇÃO Aracaju 2013

Monografia - A Afetividade na Relação Professor-Aluno - Cícero Ramon C. de Jesus

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UNIVERSIDADE TIRADENTES

CÍCERO RAMON CUNHA DE JESUS

A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO:

UM LEVANTAMENTO TEÓRICO DO PAPEL DA

PSICOLOGIA E DEMAIS ÁREAS DO CONHECIMENTO

NESTA RELAÇÃO

Aracaju

2013

CÍCERO RAMON CUNHA DE JESUS

A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO:

UM LEVANTAMENTO TEÓRICO DO PAPEL DA

PSICOLOGIA E DEMAIS ÁREAS DO CONHECIMENTO

NESTA RELAÇÃO

Monografia apresentada à Universidade

Tiradentes como um dos pré-requisitos para

a obtenção do grau de bacharel em

Psicologia.

Orientador: Prof. Dr. Matheus Batalha Moreira Nery

Aracaju

2013

CÍCERO RAMON CUNHA DE JESUS

A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UM

LEVANTAMENTO TEÓRICO DO PAPEL DA PSICOLOGIA E DEMAIS

ÁREAS DO CONHECIMENTO NESTA RELAÇÃO

Monografia apresentação ao

curso de Psicologia da

Universidade Tiradentes – UNIT,

como requisito parcial para

obtenção do grau de bacharel em

Psicologia.

Aprovada em ______/______/______.

Banca examinadora

___________________________________________________________________________

Orientador – Prof. Dr. Matheus Batalha Moreira Nery

Universidade Tiradentes – UNIT

___________________________________________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Azevedo Barreto

Universidade Tiradentes – UNIT

___________________________________________________________________________

Profa. MSc. Ligia Maria Lorenzetti de Sanctis Pires

Universidade Tiradentes - UNIT

Aos meus pais.

AGRADECIMENTOS

À minha família pelo apoio e incentivo.

Ao meu orientador, professor Dr. Matheus Batalha, pelos ensinamentos e dicas infalíveis, pela

atenção e reconhecimento e por minha evolução profissional.

Aos professores Tito, Maxuel Farias, Ricardo Barreto, Maria José Camargo, Ramon Souza e

Guilherme Caldeira que são referências para mim.

Aos demais professores que contribuíram para a minha formação.

A todos os meus amigos.

À Universidade Tiradentes pelo apoio.

Imaginávamos neles simpatias e antipatias que

provavelmente não existiam; estudávamos seus

caráteres e sobre estes formávamos ou deformávamos

os nossos. Eles provocavam nossa mais enérgica

oposição e forçavam-nos a uma submissão completa;

bisbilhotávamos suas pequenas fraquezas e

orgulhávamo-nos de sua excelência, seu conhecimento

e sua justiça.

Sigmund Freud

RESUMO

A afetividade é fundamental tanto no desenvolvimento do indivíduo como na manutenção dos

vínculos entre as pessoas. Ela é responsável por dar cor e vivacidade aos relacionamentos. O

presente trabalho tomou como campo de estudo os vínculos afetivos entre o professor e o

aluno, com atenção especial no contexto universitário. Para isso, discute-se, além do conceito

de afetividade, a importância do meio escolar e das relações sociais que permeiam esse espaço

no desenvolvimento do jovem. O objetivo principal foi investigar como as teorias

psicológicas e as demais áreas do conhecimento vêm trabalhando a temática da afetividade no

vínculo entre o professor e o aluno. Para auxiliar na compreensão dessa temática, a

metodologia utilizada na pesquisa consiste em procedimentos qualitativos, através do

levantamento dos estudos publicados em periódicos de psicologia, educação, pedagogia, etc.,

nos últimos dez anos, com a finalidade de construir um quadro teórico-conceitual acerca da

temática que fundamente a análise, classificação e sistematização dos aspectos envolvidos

com o tema. Essa ação também ajudará a apontar quais subeixos temáticos são mencionados e

possuem maior predominância dentro dos estudos que envolvem a afetividade na relação

professor-aluno e poder relacioná-los, a fim de alcançar uma compreensão mais ampla da

afetividade. Através da análise dos trabalhos, chegou-se a três grandes eixos temáticos: a

“manifestação da afetividade”, as “situações estimuladoras de afetos” e os “efeitos da

presença da afetividade”. Estes tópicos sofrem um processo de ramificação evidenciando

outros subeixos temáticos onde revelam o quanto abrangente é o conceito de afetividade.

Após o processo de hierarquização e de decomposição do tema central em conceitos menores,

foi possível perceber que há um desequilíbrio nos estudos, pois enquanto grande parte da

literatura aborda determinados temas, como os efeitos no processo de ensino-aprendizagem,

de maneira constante, outros assuntos são pouco discutidos. Além disso, existem poucos

estudos que tratam das interações entre docente e estudante na universidade, o que evidencia a

necessidade de mais pesquisas em contexto universitário.

PALAVRAS-CHAVE: Afetividade; Relação professor-aluno; Universidade; Psicologia

Escolar e Educacional.

ABSTRACT

The affection is crucial for both the development of the individual and the maintenance of

links between people. It’s responsible for giving color and vibrancy to relationships. This

study took as a field of study affective bonds between teacher and student, with special

attention in the university context. For this, it is argued, beyond the concept of affectivity, the

importance of the school environment and social relations that permeate this space in youth

development. The main objective was to investigate how psychological theories and other

areas of knowledge have been working on the theme of affection bond between teacher and

pupil. To assist in the understanding of the subject, the methodology used in the research

consists of qualitative procedures, through a survey of studies published in journals of

psychology, education, pedagogy, and so on., the last ten years, in order to build a theoretical-

conceptual picture on the theme of which support the review, classification and

systematization of the aspects involved with the topic. This action will also help to indicate

which sub themes are mentioned and have a higher prevalence in studies involving affectivity

in teacher-student relationship and being able to relate them, in order to achieve a broader

understanding of affectivity. Through the analysis of the work, came to three major themes:

the "manifestation of affection", "stimulatory affects situations" and "effects of the presence

of affection." These threads undergo a process of branching sub showing other themes which

reveal how extensive is the concept of affection. After the process of hierarchical

decomposition and the central issue in smaller concepts, it is noted that there is an imbalance

in the studies, because while much of the literature addresses specific topics such as the

effects on the process of teaching and learning, steadily, others subjects are less discussed.

Furthermore, there are few studies that address the interactions between teacher and student at

the university, which highlights the need for more research in the university context.

KEYWORDS: Affection, teacher-student relationship; University, School and Educational

Psychology.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1 - Apresentação do “Mapa da Afetividade” 32

2 – Figura demonstrativa da “Manifestação: forma verbal” 34

3 – Figura demonstrativa da “Manifestação: forma não-verbal” 34

4 – Figura demonstrativa das “Múltiplas Variáveis” 35

5 – Figura demonstrativa das “Necessidades dos Alunos” 36

6 – Figura demonstrativa do “Estilo, mediação do professor” 37

7 - Figura demonstrativa da Relação entre “Necessidades dos Alunos” e o “Estilo, Mediação

do Professor” 37

8 – Figura demonstrativa das “Situações de Bem e Mal-estar” 38

9 – Figura demonstrativa do “Desenvolvimento Psicossocial” 40

10 – Figura demonstrativa do “Processo de Ensino-aprendizagem” 41

11 – Figura demonstrativa da interligação entre os eixos temáticos: “Vias de manifestação da

afetividade” em relação com o “Interesse escolar do aluno” 43

12 – Figura demonstrativa da interligação entre os eixos temáticos: “Variáveis” em relação

com os “Efeitos da presença do afeto” 44

13 – Figura demonstrativa da interligação entre os eixos temáticos: “Situações estimuladoras”

em relação com o “Processo de ensino-aprendizagem” 45

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO: Conceituação de Afetividade ................................................................... 1

2 – A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO .............................................. 5

2.1 - Manifestação da Afetividade .......................................................................................... 5

2.1.1 - As vias de manifestação da afetividade ................................................................... 5

2.1.2 – As múltiplas variáveis que interferem na afetividade ............................................. 9

2.2 – SITUAÇÕES ESTIMULADORAS DE AFETOS .......................................................... 13

2.2.1 – Transferência, desejos e expectativas dos alunos para com os seus professores. . 14

2.2.2 – Estilo, prática e mediação do professor. ................................................................ 15

2.2.3 - Causas do bem-estar e mal-estar na relação educativa. ......................................... 17

2.2.4 – Disposição e envolvimento do aluno com o professor e com o objeto do

conhecimento. ................................................................................................................... 19

2.3 - EFEITOS DA PRESENÇA DA AFETIVIDADE ........................................................... 20

2.3.1 - Interesse escolar do aluno ...................................................................................... 21

2.3.2 – O processo de ensino-aprendizagem ..................................................................... 22

2.3.3 – Desenvolvimento psicossocial .............................................................................. 27

2.3.4 - Prevenção de comportamentos agressivos e delinquentes através da relação

afetiva. ............................................................................................................................... 29

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 31

3.1 - Manifestação da Afetividade ........................................................................................ 33

3.2 - Situações Estimuladoras de Afetos ............................................................................. 36

3.3 - Efeitos da Presença do Afeto ........................................................................................ 39

3.4 - Interligação entre os Eixos Temáticos .......................................................................... 42

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 46

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 48

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1 – INTRODUÇÃO: Conceituação de Afetividade

Pensar nos aspectos cognitivos como os únicos que permeiam a relação professor-

aluno é uma visão reducionista. A afirmação de que o contexto educacional deve priorizar

apenas os conteúdos disciplinares a fim de alcançar o máximo de eficiência no processo de

ensino-aprendizagem ou na formação do indivíduo de uma maneira geral não mais se sustenta

e satisfaz.

Com a convicção de que a afetividade está presente na relação entre o professor e

o aluno e que é componente imprescindível para o processo educacional assim como para o

crescimento individual e do vínculo, vários pesquisadores buscaram uma compreensão de

como os afetos se apresentam e quais destes predominam na relação educativa (BARBOSA;

CAMPOS; VALENTIM, 2011; BARIANI; PAVANI, 2008; BORBA; MACHADO;

CALIMAN, 2008; COSTA, 2012; COSTA; REIS; ARAÚJO, [2006]; GUIMARÃES, 2008;

MACHADO; FRADE; FALCÃO, 2010; MONTEIRO, 2006; MORAES, 2008; QUERIDO,

2007; RIBEIRO; JUTRAS, 2006; SCHARPF, 2008; SILVA, A. R. C., 2005; VERAS;

FERREIRA, 2010).

Ao examinar a maneira como os professores do ensino fundamental representam a

afetividade na relação educativa, Ribeiro e Jutras (2006), através do método da associação

livre, encontraram palavras que caracterizam a afetividade. Entre as que foram citadas com

maior frequência está a palavra amor (mais citada), carinho, compreensão, respeito, amizade,

afeto, solidariedade e atenção. Os autores acrescentam ainda que “a afetividade é concebida

como um sentimento, um estado e uma ação que se transformam em expressão humana de

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amor, ternura, proteção, cuidado, respeito, aceitação, amizade e afeição entre as pessoas”

(RIBEIRO; JUTRAS, 2006, p. 42). Essas definições são reforçadas pela pesquisa de Borba,

Machado e Caliman (2008), por meio da qual chegaram às mesmas expressões afetivas na

relação educativa, ou seja, amizade, carinho, respeito, amor e dedicação.

Esses inúmeros tipos de afetos mencionados nas pesquisas foram retirados por

meio da investigação dos depoimentos e da percepção dos próprios envolvidos, ou seja, dos

professores e alunos, numa tentativa de alcançar sinônimos conceituais para a dimensão

afetiva presente em sala de aula. Como resultado, novos conceitos como confiança, medo e

irritação surgiram nos estudos de Querido (2007); sentimentos de justiça, preocupação e

respeito mútuo foram apontados por Guimarães (2008); aceitação e valorização do outro e de

si mesmo foram destacados por Costa, Reis e Araújo [2006] e satisfação, alegria e prazer, no

trabalho de Moraes (2008).

Em outras pesquisas, os estudiosos, interessados na maneira como os afetos

podem influenciar, sob diferentes perspectivas, o processo educativo e compreender melhor a

dimensão afetiva, realizaram a repartição dos afetos em grupos antagônicos, como é o caso de

Silva, A. R. C. (2005), Scharpf (2008) e Monteiro (2006), que classificaram os afetos em

“sentimentos de bem-estar” e “mal-estar”. Entre o primeiro grupo, por exemplo, está o prazer,

a realização, a tranquilidade e a motivação, enquanto que o outro grupo está associado a

sentimentos de desânimo, tristeza, ansiedade e raiva.

A classificação em grupos ou lados opostos, a fim de analisar e refletir sobre o

conceito de afetividade, está presente também em trabalhos cujas expressões utilizadas são,

por exemplo, “relação afetiva positiva” e “relação afetiva negativa” (BARBOSA; CAMPOS;

VALENTIM, 2011; BARIANI; PAVANI, 2008; VERAS; FERREIRA, 2010); “sentimentos

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positivos ou negativos” (MACHADO; FRADE; FALCÃO, 2010); ou ainda “sentimentos

agradáveis” e “desagradáveis” (QUERIDO, 2007).

Já a classificação proposta por Costa (2012) foge dos dualismos exemplificados

acima e separa a afetividade em três diferentes dimensões com base nas experiências

cotidianas de educadores. Entre elas, está a “afetividade verbalizada”, que corresponde às

concepções das professoras analisadas sobre a temática, ou melhor, como elas compreendem-

na e a configuram em sua prática docente; há também a “afetividade subjetiva”, que se refere

aos sentimentos e emoções que emergem nelas na interação com os estudantes, como a

alegria, o entusiasmo, receio, ansiedade, etc. E por fim, a “afetividade ignorada”, que está

relacionada aos afetos ignorados ou não reconhecidos pelas professoras durante a pesquisa.

Portanto, uma categorização baseada na qualidade perceptiva das docentes.

Como se pode verificar, a discussão sobre a dimensão afetiva na relação educativa

é efetuada de forma abrangente e é tomada sob diversas perspectivas. Seu uso assume

diversas propostas, como discutir as suas formas de manifestação, as situações que estimulam

o aparecimento dos afetos e as consequências decorrentes da presença da afetividade na

relação entre o docente e o estudante.

A partir dessas reflexões, é válido investigar como os profissionais da psicologia e

das demais áreas do conhecimento vêm trabalhando a temática da afetividade no processo que

envolve a relação professor-aluno, e principalmente em contexto universitário já que é um

campo que pouco tem despertado o interesse dos pesquisadores. A presença marcante da

afetividade no contexto educacional somado a um número limitado de trabalhos sobre o tema

dentro do referido espaço revela uma oportunidade pertinente de, neste campo carente de

novos estudos, ampliar o conceito e colaborar com a literatura.

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Afinal, qual a importância atribuída pelos autores que discutem dimensão afetiva

na relação educativa? Questionar como a afetividade vem sendo representada pelas recentes

pesquisas no citado contexto educacional é ponto central para uma compreensão aprofundada

e atualizada desse conceito.

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2 – A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

2.1 - Manifestação da Afetividade

A afetividade é manifestada de diversas formas e mediadores e a qualidade e

intensidade com que é demonstrada nas interações sociais depende dos fatores e

circunstâncias que estão envolvidos. Assim, para se compreender melhor a afetividade é

importante conhecer tanto os mecanismos que possibilitam a sua manifestação como as

múltiplas variáveis que influenciam diretamente o modo e as diferenças afetivas na relação

entre o professor e o aluno.

2.1.1 - As vias de manifestação da afetividade

Mas de que modo e através de quais mecanismos a afetividade é manifestada?

Como o respeito, o carinho, a compreensão, por exemplo, são transmitidos na relação

educativa? Para que se façam presentes é necessário um “canal” que conduza e possibilite o

aparecimento deles.

De acordo com Tassoni (2000), em seu trabalho sobre a influência da afetividade

na aprendizagem de crianças das séries iniciais, a autora demonstrou como os fatores afetivos

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se apresentam na relação professor-aluno. Identificou que a “Postura” e o “Conteúdo Verbal”

são veículos de expressão da afetividade utilizados pelo professor na sua relação com os

alunos. Referem-se tanto ao acolhimento e ao manter-se próximo como a modulação da voz,

ou seja, o que diz, como diz, etc.

Essas formas de expressar a afetividade são destacadas também por autores que

estudaram outros níveis escolares, concluindo assim que não é algo particular do ensino

infantil. É o caso de Araújo (2012) que teve como foco o ensino médio de uma escola da rede

federal. Foi possível verificar que a maior aproximação, o contato físico e a receptividade,

através da postura corporal do professor de inclinar-se na carteira do estudante ou de voltar o

corpo na direção do aluno, num gesto de atenção são maneiras de manifestar afetividade. Há

também a expressão facial, que evidencia os sentimentos da relação. O sorriso, o movimento

da cabeça ou o olhar são formas de demonstrar satisfação ou insatisfação, por exemplo, e que

os alunos valorizam.

A pesquisa de Scherer (2008), que envolveu alunos da rede pública de ensino da

língua espanhola com faixa etária entre 15 e 42 anos, chegou a resultados semelhantes. A

postura do professor de estar próximo aos alunos, a atenção depositada e até o simples gesto

de lembrar o nome do estudante podem ser considerados aspectos afetivos. Em Silva, L. B.

(2011), verificou-se que os estudantes também demonstram seus afetos de maneira parecida

com seus mestres. Se estes expressam seus afetos através da atenção, do interesse e do

cuidado em preparar uma aula pensando no quanto isto pode contribuir para o

desenvolvimento do aluno, este manifesta seus sentimentos para com o educador por meio do

“toque, do reconhecimento e da troca de experiências interpessoais” (SILVA, L. B., 2011, p.

60), cuja consequência é o fortalecimento da relação.

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Dessa forma, são inúmeros os mecanismos cuja função é auxiliar no aparecimento

dos afetos. Determinados “itens lexicais” são um exemplo disso e foram objetos de destaque

na pesquisa de Cavalcanti (2011). A autora chegou a algumas palavras que mais se

sobressaíram nas narrativas dos jovens investigados. Entre elas estão o item lexical “não” que

foram expressos tanto por meio de polaridade negativa, como a reprovação da conduta do

professor, e através da positiva, para manifestar satisfação. Além do “não”, foi apontado o

“grupo nominal o (a) professor (a)”; o uso adjunto de intensidade “muito”; e os operadores

verbais “gostar” e “ser” para mostrar a qualidade da relação com o educador e para avaliar as

aulas.

Outro mecanismo que possibilita a manifestação afetiva foi apontado por Leite e

Colombo (2008). Estes identificaram e analisaram os afetos decorrentes de comportamentos e

atitudes do professor para com os alunos, em uma sala de aula de Educação Infantil. Em

seguida, agruparam os achados em dois núcleos temáticos: os “Verbais” e os “Não Verbais”.

O primeiro grupo contêm aspectos como o elogio, o incentivo, a instrução, a correção, etc. Já

o segundo grupo é composto pela expressão facial, aproximação, contato físico, atenção e

receptividade. São formas de afetividade já discutidas anteriormente, mas agora passados por

um processo de categorização.

Assim como Leite e Colombo (2008), Barbosa (2008) confirma o papel do

discurso como forma de expressão afetiva. Para a autora, a afetividade se manifesta por meio

da fala, das palavras, dos enunciados, ou melhor, do discurso afetivo. Assegura ainda que o

discurso afetivo ocorre em todos os níveis escolares, mas ressalva que a elaboração dos

enunciados modifica-se com o avanço acadêmico dos alunos. Se no ensino fundamental e

médio o afeto é evidente e usado como meio para se chegar ao sucesso escolar, no contexto

universitário é o inverso. É o objeto de conhecimento que possibilita a construção da relação

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afetiva entre professor e aluno. Nesta fase educacional, a afetividade não se dissipa, mas

assume novas formas. Não há mais a enunciação direta do estado afetivo tal como no Ensino

Fundamental e Médio. Aqui, os elementos afetivos sofrem uma migração e racionalização.

Mas como construir um vínculo afetivo pelo objeto de conhecimento? Para isso, o

professor serve-se da “sedução”, do seu modo de ser para despertar a atenção e admiração do

aluno. Seduzido, o aluno desejará ser igual ao educador, terá fascinação pelo conteúdo

acadêmico e, consequentemente, irá buscar aproximação com o docente a fim de construir

uma relação afetiva (BARBOSA, 2008).

Sob uma perspectiva psicanalítica, o papel da sedução é discutido também por

Mota (2007). A autora argumenta que a transferência, responsável pela atualização e

transmissão dos afetos na atual relação professor-aluno onde estes foram constituídos na

infância na relação com os pais, se torna possível a partir de dois fatores: a sedução e a

relação de poder. “A sedução ocorre porque o professor ocupa o lugar da lei e do próprio

conhecimento. O aluno coloca o professor na posição da lei e da ordem e busca seduzir para

estar no seu lugar” (MOTA, 2007, p. 96). Para reafirmar essa sedução, o docente serve-se da

aproximação calorosa e boa receptividade para com os estudantes. De acordo com os

resultados da pesquisa, apenas através do primeiro fator, ou seja, da sedução foi possível

transferir ao educador sentimentos amorosos.

Portanto, os estudos mostram que são inúmeros os modos como a afetividade

pode e é expressada na relação educativa. Vão da postura corporal adotada pelo professor, dos

conteúdos verbais, como o discurso, o elogio, os itens lexicais que mais se destacam, os

conteúdos não verbais, como o toque, a receptividade e a sedução.

Apesar disso, ainda são poucos os trabalhos que discutem a afetividade na relação

professor-aluno em contexto universitário. Apenas os estudos de Barbosa (2008) e de Mota

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(2007) discutem como são conduzidos os afetos na citada interação em nível universitário.

Com isso, nas pesquisas cujo foco é as relações na universidade, apenas a “sedução” é

apontada como via de manifestação da afetividade. Isso indica a necessidade de mais estudos

sobre a manifestação afetiva neste contexto educacional.

2.1.2 – As múltiplas variáveis que interferem na afetividade

Por sinal, o nível educacional é uma das muitas variáveis presentes em sala de

aula e na relação professor-aluno que influenciam diretamente o modo e as diferenças afetivas

nesta interação. Daí a importância de compreender a dimensão afetiva nos diferentes níveis

educacionais, pois trará um aprofundamento maior no conceito de afetividade.

Através de estudos de vários pesquisadores foram apontados entre essas variáveis,

a idade dos alunos, o sexo, tanto do estudante como do educador, o nível de escolaridade, o

número de reprovações, a distinção entre aulas práticas ou teóricas, as presenciais ou à

distância, o tempo de convívio com o docente, etc. (AZEVEDO, A. S. et al., 2012;

BARBOSA, 2008; BARBOSA; CAMPOS; VALENTIM, 2011; BARIANI; PAVANI, 2008;

CONCEIÇÃO, 2011; LEITE; TAGLIAFERRO, 2005; SCHARPF, 2008; SILVA, A. R. C.,

2005; SILVA, L. B., 2011; TASSONI, 2000; TASSONI, 2008;).

Apesar de a afetividade ser importante em todas as faixas etárias, como assinalam

Borba; Machado; Caliman (2008), outros estudiosos demonstram que, com o passar dos anos,

o aluno vai desenvolvendo um vínculo afetivo diferente com o educador. É o caso de Tassoni

(2000), que ao estudar classes de alunos com média de idade em torno de seis anos, afirmou

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que com o avanço da idade do aluno a troca afetiva vai se modificando, diminuindo o contato

físico. Mas a proximidade não somente diminui como os alunos mais velhos tendem a

perceber os comportamentos deste como repressivo e apresentam mais sinais de insatisfação

(AZEVEDO, A. S. et al., 2012).

Os próprios educadores também sentem que a relação com os educandos muda

quando estes apresentam uma idade mais avançada. Num trabalho que contou com a

colaboração de docentes do ensino fundamental com o fim de identificar percepções deles

quanto à relação professor-aluno, Barbosa, Campos e Valentim (2011) verificaram que a

interação com os alunos das séries iniciais é mais positiva, enquanto que a interação com os

discentes mais velhos é mais negativa.

As transformações afetivas nas variadas séries é objeto de estudo também de

Tassoni (2008). Em sua tese, a autora faz uma ampla investigação da relação professor-aluno

sob a ótica de estudantes de quatro momentos distintos do processo de escolarização (Infantil,

4ª e 8ª série do ensino fundamental e ensino médio). Enquanto que no ensino infantil as

características de afeto mais destacadas são as demonstrações de carinho, atenção e a saudade

que sentem pelo docente, na 4ª série do ensino fundamental os estudantes destacam o jeito

brincalhão do educador como forma de manter o clima da sala “leve”. Além disso, a

disponibilidade do docente, o apoio, a confiança e a cumplicidade entre ambos são aspectos

que permeiam esta relação. Mas há elementos semelhantes entre estes dois estágios escolares.

São eles: o cuidado do professor em reduzir a ansiedade do estudante e ter paciência (coisa

que os alunos valorizam).

Com relação à 8ª série do ensino fundamental foram detectados como aspectos

afetivos a paciência, a descontração e a maneira de brincar com os alunos. “O respeito e a

aproximação da professora com os alunos em contextos que não sejam o de sala de aula

11

ajudam na construção de uma relação positiva” (TASSONI, 2008, p. 160). Já nos comentários

dos alunos do ensino médio, destaca-se o respeito com que tratam e são tratados pelos

docentes, a sinceridade, honestidade e a confiança. O senso de humor e ser amigo também são

fundamentais (TASSONI, 2008).

Essas diferenças se estendem também para o ensino universitário. Barbosa (2008)

que analisou as produções discursivas de professores e alunos dos níveis Fundamental, Médio

e Universidade, constatou, igualmente, que a maneira como a afetividade se manifesta na

relação professor-aluno nestes níveis é distinta. A autora encontrou resultados semelhantes

aos de Tassoni (2008) com relação ao ensino fundamental, ao indicar que os estudantes deste

nível tem uma demanda maior da atenção do docente, chamada de “demanda de socialização

da intimidade”, cujo desejo é de obter manifestações de carinho do educador.

No ensino médio a dimensão afetiva passa a ser fator fundamental para manter o

discente em sala de aula e aproximá-lo do objeto de conhecimento. Para isso o educador se

utiliza de um discurso diferenciado, de um discurso afetivo para convencer os alunos a se

preocuparem com o seu futuro, por exemplo. No ensino universitário, por fim, “é o objeto do

conhecimento que possibilita a construção da relação afetiva entre professor e aluno”

(BARBOSA, 2008, p. 284). Apesar de na universidade os elementos afetivos sofrerem uma

migração e racionalização, eles não se perdem. Para esta autora, o modo de interagir mudou,

pois, neste nível escolar, não há mais a enunciação direta dos afetos (BARBOSA, 2008).

Outro ponto essencial e que foi ressaltado por Leite e Tagliaferro (2005) é que os

sentimentos presentes na relação professor-aluno variam cronologicamente, ou seja, os

sujeitos envolvidos expressam sentimentos de acordo com a evolução sofrida pela interação.

Assim, antes dos discentes conhecerem o professor, eles podem sentir medo e ansiedade.

Quando eles passam a ter aula com o docente, outros sentimentos surgem, como admiração,

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respeito e orgulho. E por último, quando os estudantes se remetem ao passado o sentimento

predominante é o de gratidão.

Os autores ainda verificaram em seus estudos a transformação na relação afetiva

entre docente e discente na medida em que havia mudanças comportamentais no mestre.

Aquele professor que antes apresentava postura “fria” e distante em sala de aula, com o passar

dos anos foi mudando o seu jeito de ser e agir, contribuindo para que a relação com seus

educandos fosse mais próxima e positiva (LEITE; TAGLIAFERRO, 2005).

Dependendo do tipo de aula utilizada em sala, os afetos na relação educativa

também sofrem variações. Ao buscar conhecer os sentimentos e emoções de professores e

alunos em aulas teóricas e práticas, Silva, A. R. C. (2005) notou que os sentimentos de bem-

estar eram mais frequentes nas aulas práticas do que nas aulas teóricas. Isto se confirma nos

estudos de Bariani e Pavani (2008), onde as autoras constataram que a relação professor-aluno

é mais positiva nas aulas práticas se comparadas com as teóricas, tendo em vista que

procedimentos diferenciados utilizados pelo docente em sala de aula acarretam no maior

interesse do discente. E como observou Quadros, Lopes; et al. (2010), a relação afetiva é vista

pela maioria (educadores e educandos) como vinculada à prática em sala de aula, porém

sendo mais significativa entre os estudantes.

Existem ainda outros fatores que interferem no modo como a dimensão afetiva se

apresenta na interação professor-aluno. As aulas serem presenciais ou à distância é um deles.

Conceição (2011) indicou, após a investigação com mestrandos, que a afetividade adquire

características particulares para cada modalidade de ensino. Enquanto que nas aulas

presenciais os alunos se referiam à afetividade através das palavras: empatia, envolvimento

amigável e troca, nas aulas online, as palavras mencionadas foram: atenção prestada,

proximidade (acompanhamento).

13

As outras variáveis mencionadas pelos estudiosos são as “salas muito numerosas,

que acabam interferindo nos sentimentos vividos, além de atrapalharem a concentração e

impedir uma atenção adequada por parte do professor” (SCHARPF, 2008, p. 70); o sexo dos

estudantes, pois há mais afinidade com as alunas e mais conflito com os alunos; o estudante

possuir “Necessidades Educativas Especiais” (NEE), já que a relação com o educador é mais

conflituosa e de menor proximidade (BARBOSA; CAMPOS; VALENTIM, 2011); e há

também outras variáveis brevemente citadas por Azevedo, A. S. et al. (2012), como o nível de

escolaridade dos pais; o número de reprovações do educando, uma vez que estudantes

repetentes tendem a perceber menor apoio e compreensão do professor; o sexo do professor e

o número de anos que o discente convive com o mesmo docente, visto que quanto mais anos

de convivência, mais positiva tende a ser a relação.

Essa quantidade de variáveis, apontada pelos estudos citados, revela o quanto é e

pode ser elástico e atuante o conceito de afetividade na relação educativa. A dimensão afetiva

assume diferentes aspectos e qualidades dependendo da gama de fatores envolvidos, mas a

sua presença nunca é anulada. Estas variáveis não produzem os afetos, mas alimentam os

elementos causadores dos mesmos.

2.2 – Situações Estimuladoras de Afetos

E, afinal, qual é o campo ou as causas que possibilitam o surgimento das

manifestações afetivas? Quais são as situações, na relação entre o professor e o aluno,

geradoras de determinados afetos? Elas, além de muitas, são principiadas tanto pelos

educadores quanto pelos educandos.

14

2.2.1 – Transferência, desejos e expectativas dos alunos para com os seus professores.

Sob a abordagem psicanalítica, Miranda (2005) no seu estudo com universitários e

cujo objetivo foi investigar a qualidade do vínculo docente-discente na atualidade constatou

que a busca inicial dos alunos é de “recorrer ao professor como figura materna, que contém,

alimenta. Os educandos mantém uma posição de dependência com o professor na esperança

de que este supra as suas necessidades” (MIRANDA, 2005, p. 153). Por outro lado, rejeita a

função paterna do docente ligada às responsabilidades sociais e educacionais. Essa

transferência que o educando estabelece com o professor, possibilita que os vários

sentimentos e emoções construídos na infância do aluno sejam reproduzidos na relação com o

docente. Este é objeto de transferência e alvo de sentimentos ambivalentes. O amor surge

quando o educador atende às necessidades dos alunos e o ódio aparece quando os anseios não

são atendidos e quando o professor demonstra uma atitude autoritária em sala de aula. Assim,

o campo transferencial estabelecido e influenciado pelas demandas do educando para com o

seu educador é uma fonte que estimula os mais variados afetos.

Resultados semelhantes a estes foram encontrados em Kalinine e Andreazza

(2011), que aplicaram questionários em alunos do ensino médio com o objetivo de investigar

as relações afetivas destes jovens com os professores. Na pesquisa, constatou-se a

importância, para um bom vínculo afetivo, dos desejos e expectativas dos alunos quanto à

maneira de ser e de se relacionar do docente. Os comportamentos e atitudes deste refletem na

boa ou ruim relação com o aluno e nos afetos que estes irão sentir. Eles esperam e desejam

que o educador seja amigo, companheiro, incentivador e que transmita carinho e amor.

Quando o professor apresenta atitudes negativas, como o desprezo, a repressão e a

15

humilhação, os alunos repudiam. Assim, a existência de uma relação afetiva boa ou ruim está

ligada à capacidade do docente em atender às expectativas dos alunos.

Quanto aos sentimentos entre docentes e discentes vivenciados no ensino

fundamental pouca coisa muda se comparados aos outros níveis educacionais citados Miranda

(2005) e Kalinine e Andreazza (2011). Esta relação, de acordo com Munhoz (2007) é, antes

de tudo, uma relação instável, variando entre um bom e um mau relacionamento. O bom

relacionamento ocorre quando o aluno sente que o professor o apoia, mostra interesse e

quando concorda com a sua posição. Se isto não ocorre, a relação fica instável. Como cada

um dos dois lados tem necessidades distintas, quando um não satisfaz a necessidade do outro,

aparece o conflito. Por outro lado, a preocupação do professor com as necessidades do aluno

contribui para o bom relacionamento entre eles.

Assim, existe uma influência dos desejos, expectativas e transferência dos alunos

dos diversos níveis escolares sobre as demonstrações afetivas e o bom ou mau relacionamento

com os docentes. Estes, igualmente, são sujeitos ativos no aparecimento da afetividade na sua

relação com o educando.

2.2.2 – Estilo, prática e mediação do professor.

Outro fator importante que determinará a presença ou não da afetividade é o estilo

de liderança que o professor assume em sala de aula. Este estilo refere-se, para Batista e

Weber (2012, p. 303), “ao conjunto de atitudes direcionadas aos alunos e que, tomadas em

16

conjunto, criam um clima emocional”. Estes autores, que estudaram os “Estilos de liderança

de professores” utilizando o “Modelo dos Estilos Parentais”, chegaram aos seus resultados

por meio de duas dimensões: responsividade e exigência. Concluíram que a responsividade na

prática do docente, ou seja, comunicação, envolvimento e reciprocidade estão diretamente

ligados à presença do afeto na relação (BATISTA; WEBER, 2012).

Apesar de não focar o seu estudo no conceito de afetividade, Roncaglio (2004)

identificou, através da visão dos universitários participantes da pesquisa, que existem dois

tipos de professores: o autoritário e o democrático. Esse segundo tipo refere-se ao docente

facilitador, professor amigo, que busca desenvolver uma relação mais aberta, de mais

proximidade. Com relação ao seu modo de ver, os docentes, no estudo, tiveram a mesma

impressão, ou seja, de serem professores que mantêm uma relação aberta, harmoniosa com os

alunos e de respeito mútuo no contexto educacional.

A importância do jeito do educador, da maneira de lidar com os educandos é

central no trabalho de Tassoni e Leite (2011) sobre as emoções e sentimentos na

aprendizagem escolar. Para os autores, os alunos demonstram atitudes afetivas devido ao

modo do professor ensinar e ajudar os alunos a entenderem os conteúdos programáticos.

Além disso, essa percepção dos educandos sobre a maneira dos docentes ensinarem

despertava também sentimentos e emoções que aproximavam ou afastavam os estudantes do

conhecimento. Assim, o professor assume tanto o papel ativo na produção de afetos como

também na função de mediador entre alunos e o afeto pelo objeto de conhecimento.

Isso pode também ser verificado no trabalho de Machado, Frade e Falcão (2010)

ao estudarem os aspectos afetivos na relação entre o professor e aluno em duas turmas de

matemática nas séries finais do ensino fundamental. Constataram que a baixa interação ou o

baixo grau de diálogo proporcionado pelo educador fazem com que “os alunos desenvolvam

17

crenças, atitudes e sentimentos de fundo negativos em relação à prática do professor”

(MACHADO; FRADE; FALCÃO, 2010, p. 696). Em seguida, destaca o relato de uma

estudante onde aponta que o modo de ensinar do mestre, por meio de conversas, a leva a ter

sentimentos de bem-estar, de sentir-se feliz nas aulas.

2.2.3 - Causas do bem-estar e mal-estar na relação educativa.

Quando o professor é considerado “chato” pelos alunos, ou seja, um professor que

não se preocupa em dar uma boa aula, que grita o tempo todo ou não consegue controlar a

sala, sentimentos de mal-estar surgem nos alunos, como a dor de cabeça, raiva, medo, tristeza

e até vontade de sumir da escola. É o que afirma Scharpf (2008) após investigar a perspectiva

de adolescentes da rede pública sobre sentimentos na relação com o educador. A autora

conclui que, por outro lado, quando o professor é considerado “legal” os estudantes se

animam e vivenciam momentos prazerosos. Entre os sentimentos de bem-estar observados

estão: alegria, motivação, vontade de aprender, etc. Assim, para a autora, a percepção que os

estudantes têm dos docentes, do seu estilo pedagógico, influencia os sentimentos que aqueles

irão vivenciar.

Com o objetivo de conhecer os sentimentos e emoções de professores e alunos

vivenciados em sala de aula no contexto universitário, Silva, A. R. C. (2005) chegou a

resultados próximos aos de Scharpf (2008). A autora aponta que os sentimentos de mal-estar

dos alunos surgem tanto no contato com professores desestimulados quanto nas aulas

desinteressantes. Já os sentimentos de bem-estar estão relacionados às aulas práticas

18

interessantes. No caso dos educadores, os sentimentos de bem-estar e mal-estar são causados

pela relação direta com o aluno. Mais precisamente relacionados com o nível de interesse e

participação destes. Se os estudantes cooperam, há o sentimento de prazer, realização e

tranquilidade; se estão desinteressados, surgem sentimentos relacionados ao desânimo,

ansiedade e raiva.

Nos estudos de Monteiro (2006) as demonstrações de mal-estar foram mais

abundantes que as de bem-estar. As manifestações de bem-estar ou mal-estar nos professores

estavam ligadas ao seu controle sobre a turma. Se não se sentisse seguro no trato com os

alunos, sentimentos de irritação, desânimo, frustração e receio apareciam. No caso dos

discentes, as manifestações de bem-estar surgiram por poder rever o professor, ligada à

necessidade de se aproximar deste. Quando algumas das necessidades e vontades dos alunos

não são consideradas pelo docente, sentimentos de ansiedade, desconforto, frustração,

irritação, medo, tédio, tristeza, desinteresse e vergonha são evidenciados. Esse pensamento

reforça as ideias de Miranda (2005) e Munhoz (2007) sobre como a realização ou não das

necessidades do discente ou do professor pode interferir no vínculo afetivo entre ambos.

Outro fator que resulta em afetos, além do estilo pedagógico ou de liderança do

docente e da realização das necessidades do outro, são as atribuições interpessoais. É o que

mostra Bzuneck e Sales (2011) no seu estudo sobre a relação entre as atribuições interpessoais

realizadas pelo professor e as emoções em sala de aula onde concluíram que as atribuições

feitas pelos professores relacionadas ao sucesso ou fracasso no rendimento dos alunos

provocam e influenciam as emoções nos próprios professores. Então se o docente atribuir que

o fracasso do estudante se deu por algo que este poderia ter controlado, o docente pode sentir

raiva. Se o erro ou insucesso escolar do aluno for cometido por algo incontrolável, o professor

poderá sentir compaixão pelo estudante. Essas atribuições geram afetos no aluno também. Se

19

um educador “atribuir o êxito de um aluno a seu esforço provocará neste provável emoção de

orgulho. Mas, se atribuir o fracasso à falta de capacidade, a emoção será de vergonha e

humilhação” (BZUNECK; SALES, 2011, p. 308). Além disso, as emoções do educando

dependerão de como ele perceberá as atribuições e emoções do educador.

2.2.4 – Disposição e envolvimento do aluno com o professor e com o objeto do

conhecimento.

As emoções dos alunos pelo professor dependem também do grau de

envolvimento daquele com o objeto do conhecimento, o nível de aprendizagem e o

comprometimento. Para alguns estudantes, por exemplo, existe uma relação entre gostar das

disciplinas e gostar do docente (MACHADO; FRADE; FALCÃO, 2010). Além disto, ao

serem bem sucedidos na aprendizagem, os estudantes passam a reconhecer e valorizar o

professor (GUIMARÃES, 2008).

A afetividade dos professores também está ligada ao grau de vinculação e

comprometimento dos alunos com a aprendizagem. Wykrota (2007) em sua tese analisou as

produções discursivas destes profissionais nos diferentes níveis acadêmicos, inclusive o

universitário, relativas às suas próprias emoções no contexto da relação com o aluno. Ao

captar as experiências de cinco docentes, chegou-se às seguintes conclusões: a afetividade dos

professores está ligada ao fato dos discentes participarem ou não, estarem comprometidos,

interessados ou não. Quando não participam surgem o desapontamento e a frustração. Quando

participam surgem o sorriso e a alegria. A postura também acaba mudando. A percepção dos

20

professores de que os discentes estão envolvidos e compreendem o conteúdo escolar geram

momentos de prazer e satisfação para os professores e empatia para com esses alunos. Caso

não haja o interesse, sentimentos desconfortáveis como irritação e insatisfação surgem nos

educadores.

Verifica-se, assim, que a afetividade permeia, a todo o momento, a interação

professor-aluno por meio de diversos fatores que estimulam e contribuem com a presença da

dimensão afetiva nesta relação. Estes fatores, que estão ligados tanto à participação do

docente quanto do discente, provocam efeitos benéficos para estes sujeitos, como a evolução

do processo de ensino-aprendizagem, o despertar do interesse pela educação e o

desenvolvimento psicossocial.

2.3 - Efeitos da Presença da Afetividade

A presença do afeto na interação entre o docente e o estudante traz consequências

para a vida de ambos tanto no contexto escolar, através do maior interesse pelo processo de

ensino-aprendizagem e no seu sucesso ou fracasso escolar, como também no desenvolvimento

psicossocial dos sujeitos. Entre este último, pode-se destacar a constituição de relações

autênticas, a possibilidade de compreender o outro, desenvolver a capacidade de lidar com

dificuldades de relacionamento, evitar comportamentos agressivos, etc. Isso revela o quão

importante é o papel da afetividade para as relações interpessoais.

21

2.3.1 - Interesse escolar do aluno

Boa parte dos autores, ao tratarem da relação afetiva entre docente e discente,

afirma que um dos efeitos imediatos provenientes dessa relação é a mudança no interesse

escolar dos alunos (OLIVEIRA; ALVES, 2005), no gosto destes pelo objeto de conhecimento

(TASSONI, 2000). Isto se confirma também nos estudos de Kalinine e Andreazza (2011) que

investigaram as relações afetivas entre os estudantes e professores em turmas do terceiro ano

do ensino médio. Questionados sobre a relação entre afetos na interação educador-educando e

as consequências no gosto pela aula, a grande maioria dos estudantes respondeu que a relação

afetiva entre ambos é um fator que influencia também na relação do aluno com a disciplina, se

este irá gostar ou não.

Alguns autores asseguram que o docente tem participação decisiva no interesse

escolar dos discentes. Scharpf (2008, p. 85) aponta que “os afetos tem papel primordial para a

vida escolar no sentido de que eles, decorrentes das ações dos professores, interferem na

disposição dos alunos com o conhecimento”. Oliveira e Alves (2005) complementam dizendo

que quando os aspectos afetivos permeiam a prática, isto faz do educador um bom

profissional, capaz de “atrair” o discente. Tassoni e Leite (2011) seguem a mesma linha ao

tratar da importante função mediadora do professor que, ao transmitir os conteúdos e ter a

confiança dos alunos para isto, promove sentimentos positivos nos estudantes em relação

tanto para com os educadores como para a aprendizagem. Esses sentimentos positivos ajudam

a aproximar os alunos do conhecimento.

O professor que preza pela aproximação física, que é receptivo quando os alunos

o solicitam tem o intuito de incentivá-los a realizar as atividades propostas. É o que afirma

Araújo (2012) ao estudar os aspectos posturais do professor na relação com o estudante. Para

22

a autora, a postura corporal de inclinar-se na carteira do estudante, o contato físico e até

mesmo a expressão facial através do sorriso, corresponde a gestos de atenção e segurança

alimentando uma relação afetiva entre ambos. Isso provoca reações positivas, como o

empenho dos alunos na resolução da atividade.

A sedução, já citada anteriormente como forma de manifestação da afetividade,

segue outro propósito fundamental no ponto de vista de Mota (2007). Quando o professor

“seduz” o aluno, através de uma aproximação calorosa e receptiva, isto resulta, muitas vezes,

no maior interesse do estudante pela aprendizagem, no vínculo deste com o conhecimento.

Isto se confirma no trabalho de Silva, L. B. (2011) que teve como objetivo

investigar as concepções de docentes do Ensino Fundamental a respeito do papel da

afetividade no processo de aprendizagem dos alunos. Por meio do discurso dos professores, o

autor verificou que o educando passa a gostar do conteúdo porque gosta do professor, o que

acarreta numa melhor interação educador-educando. E conclui afirmando que “os discentes se

dedicam mais a buscar compreender a matéria do professor com quem mais se identificam”

(SILVA, L. B., 2011, p. 88).

2.3.2 – O processo de ensino-aprendizagem

Outra fundamental consequência da presença da dimensão afetiva no vínculo

entre o professor e o aluno, além do interesse escolar dos alunos, é a influência nos resultados

do processo de ensino-aprendizagem. Diversos autores defendem a ideia de que a relação de

afetividade estabelecida entre educador e educando é importante para o processo de

23

aprendizagem (BORBA; MACHADO; CALIMAN, 2008; LEITE; COLOMBO, 2008;

MIRANDA, 2005; TASSONI, 2000; TASSONI; LEITE, 2011), pois a presença dos afetos

pode auxiliar dando confiança ao aluno, facilitando a compreensão e construção do

conhecimento, acarretando numa ajuda importante para a aprendizagem (QUADROS et al.,

2010; COSTA; REIS; ARAÚJO, [2006]; TASSONI, 2008;).

Seguindo essa linha de raciocínio, Ribeiro (2010) aponta que há tanto pontos

positivos como negativos referentes aos afetos para o ensino-aprendizagem. Para a autora, o

ponto negativo refere-se à “ausência dos afetos como a principal fonte de dificuldades da

aprendizagem dos sujeitos” (RIBEIRO, 2010, p. 406). Já o ponto positivo diz respeito à

presença da afetividade entre professor e aluno, onde assegura melhores desempenhos nos

estudos. Conceição (2011), ao estudar a importância da dimensão interativa na relação

pedagógica num curso de mestrado, descobriu, mesmo sem enfocar a dimensão afetiva, que

na concepção dos alunos, a presença da afetividade é um fator importante na sua relação com

o professor e no seu sucesso educacional.

Já sobre os fatores que estão envolvidos no sucesso do processo de alfabetização,

é destacado, nos estudos de Azevedo C. (2010), não apenas a presença do afeto, mas a força

do vínculo afetivo entre educador e educando como o grande auxiliador no processo de

aprendizagem. “Esses fortes vínculos de manifestação afetiva ajudam os alunos no processo

de elaboração e de execução das atividades envolvidas no processo de aquisição da leitura e

da escrita” (AZEVEDO, C., 2010, p. 486).

Outros autores vão além da ideia de que é a presença ou ausência dos afetos ou de

que é a força destes que determinará o resultado educacional. Outro fator fundamental são os

diferentes tipos de afeto envolvidos na relação que influenciarão o futuro educacional do

24

aluno. Para Ferreira e Acioly-Régnier (2010), o acolhimento, o reconhecimento e a permissão

para o aluno se expressar interferem positivamente na aprendizagem.

Em seu trabalho cujo foco era as manifestações afetivas no processo de

escolarização por meio da visão dos estudantes do Infantil até o Ensino médio, Tassoni (2008)

descobriu através da fala dos alunos da quarta série do ensino fundamental que “o jeito

brincalhão de ser do professor traz leveza nos momentos de maior dificuldade de

compreensão dos conteúdos” (TASSONI, 2008, p. 151). A paciência é lembrada pelos

estudantes da oitava série como uma “qualidade do professor que interfere positivamente na

aprendizagem” (TASSONI, 2008, p. 154). Em Guimarães (2008), aspectos afetivos que

permeiam no vínculo do docente com o discente como o sentimento de justiça, a preocupação,

amizade, carinho e respeito mútuo, além das brincadeiras e diálogo entre eles possibilitam não

apenas o fortalecimento do vínculo, mas também uma aprendizagem efetiva.

Com o mesmo objetivo de identificar sentimentos vivenciados por docentes de um

“Curso de Formação de Professores” e que interferem na educação, Querido (2007) chegou a

emoções como a confiança, citada como um sentimento que além de criar uma boa relação

com os estudantes facilita o processo de ensino e aprendizagem. Foram mencionados também

os sentimentos de medo e irritação dos professores. É o “medo de se expor, de errar e falta de

confiança no desempenho de determinadas tarefas e a irritação quando há não empenho dos

alunos e vontade para aprender” (QUERIDO, 2007, p. 104). Na fala dos docentes, esses

sentimentos de medo e irritação são comuns, apesar de não serem predominantes, e acabam

dificultando tanto a relação com o aluno como o aprendizado.

Portanto, existem não somente afetos que auxiliam na educação, como também

dimensões afetivas que podem prejudicar a aprendizagem. Em Machado, Frade e Falcão

(2010), os professores que tinham pouca interação e diálogo com os alunos faziam com que

25

estes “desenvolvessem crenças, atitudes e sentimentos de fundo negativos em relação à

prática do professor e às suas aprendizagens” (MACHADO; FRADE; FALCÃO, 2010, p.

696). Chegou-se à conclusão de que a dificuldade em aprender estava ligada aos sentimentos

de indiferença e descaso com os educandos e à tensão em sala de aula. Silva, A. R. C. (2005)

reforça esse entendimento ao discutir como os sentimentos de mal-estar, como desânimo,

ansiedade e raiva, interferem negativamente na educação. Afirma que “as atitudes constituídas

e comunicadas a partir de sentimentos antagônicos, podem dificultar tanto a relação professor-

aluno como o processo de ensino-aprendizagem” (SILVA, A. R. C., 2005, p. 15).

A implicação da afetividade na relação professor-aluno em contexto universitário

foi proposta de estudo de Veras e Ferreira (2010). As autoras argumentam que a iniciativa de

se relacionar afetivamente parte dos docentes através do interesse nos discentes, seja através

da preocupação com a aprendizagem destes ou em se mostrarem disponíveis em ouvi-los.

Esse interesse, claramente afetivo, faz com que os “alunos busquem contribuir com esta

relação positiva, dando um retorno aos professores a partir do cumprimento das atividades

sugeridas, o que resulta, além de uma melhora na interação, na aprendizagem prazerosa”

(VERAS; FERREIRA, 2010, p. 231).

Além do interesse do docente, há o estilo pedagógico como componente

importante para que os resultados escolares apareçam. Apesar do foco do seu estudo não ser a

afetividade, Roncaglio (2004) mostrou que a grande parte dos docentes universitários

entrevistados se perceberam como profissionais que mantêm uma relação aberta, harmoniosa

e de respeito mútuo com os alunos, pois, na visão deles, este estilo pedagógico facilita a

aprendizagem. É o que os próprios alunos chamam de professor democrático, aquele que

preza pela proximidade; o professor facilitador e amigo.

26

O educador também atua como um mediador na relação entre o educando e o

objeto do conhecimento. Apontada por Gazoli e Leite (2011) no seu trabalho sobre a

contribuição da afetividade para a aprendizagem no contexto do EJA, essa mediação “propicia

situações estimuladoras de diversos sentimentos e emoções nos alunos e que podem resultar

no sucesso do ensino e da aprendizagem” (GAZOLI; LEITE, 2011, p. 14). Entre estes

sentimentos estão a confiança, o respeito e a admiração que os estudantes têm pelo docente

que preza pela afetividade na sua prática em sala de aula (REIS; PRATA; SOARES, 2012).

A dimensão afetiva, muitas vezes, acaba se tornando, na visão dos estudantes, o

fator primordial para conseguirem aprender. Camargo e Martinelli (2006) ao investigarem as

percepções de estudantes na Educação de Jovens e Adultos (EJA) a respeito do processo de

ensino-aprendizagem e sua relação com o educador apontaram que os aspectos afetivos da

relação com o educador foram, para os alunos, mais importantes do que a competência ao

decidir se este é um bom ou mau professor. Muitos deles acreditam que o sucesso escolar é

diretamente influenciado por algo externo, como o educador.

E por fim, Ribeiro e Jutras (2006) trazem sua contribuição a respeito do papel da

afetividade para o progresso escolar no seu trabalho com as “Representações Sociais de

Professores sobre Afetividade”. O estudo, que utilizou a associação livre para destacar os

afetos que mais são evidenciados na interação com os alunos, chegou a uma conclusão

coerente com os demais estudiosos. A importância da afetividade no processo de ensino e

aprendizagem está ligada à sua “contribuição para a criação de um clima de compreensão, de

confiança, de respeito mútuo, de motivação e de amor que podem trazer benefícios para a

aprendizagem escolar” (RIBEIRO; JUTRAS, 2006, p. 43).

27

2.3.3 – Desenvolvimento psicossocial

Mas a importância da dimensão afetiva na relação professor-aluno não reflete

apenas no interesse escolar do aluno e nos resultados do processo de ensino-aprendizagem.

Outros efeitos imediatos dessa interação são, por exemplo, o estabelecimento do vínculo entre

ambos e a criação de um ambiente agradável, de interações autênticas (COSTA; REIS;

ARAÚJO, [2006]; SILVA, L. B., 2011).

Uma atitude que contribui para este fortalecimento do vínculo é “perceber o lado

humano e conhecer mais o professor” (TASSONI, 2008, p. 158). Este “gesto”, principiado

pelos alunos, gera sentimentos de admiração e respeito, que somados à confiança,

possibilitam a criação de vínculos (TASSONI; LEITE, 2011). Portanto, na medida em que

estes afetos citados contribuem para o vínculo afetivo, o próprio ato de vincular-se gera essas

mesmas emoções, manifestando, assim, um mecanismo reforçador e de troca.

Entretanto, o conceito de afetividade é composto por uma gama de sentimentos

mistos e, muitas vezes antagônicos, que dificultam o vínculo entre o docente e o estudante. É

o caso do medo e da irritação. Querido (2007) aponta que o medo do professor de se expor, de

errar, ou a demonstração de irritação para com os alunos ao perceber que estes não estão

empenhados, além de inibir o ensino e a aprendizagem, prejudica a relação docente-discente.

Apesar disto, afetos como o respeito, o amor, carinho, compreensão, etc. são

predominantes. Ribeiro e Jutras (2006), ao trabalharem com estes afetos chegaram à

conclusão de que quando “o docente prima pela afetividade, este percebe o aluno nas suas

idiossincrasias, em toda a sua complexidade e potencialidade. Ele desenvolve uma maior

sensibilidade para as necessidades do estudante” (RIBEIRO; JUTRAS, 2006, p. 43). Dito de

28

outra maneira, a “tarefa educativa implica compreensão do humano como pessoa completa”

(FERREIRA; ACIOLY-RÉGNIER, 2010, p. 30).

A presença da afetividade na postura do professor em sala de aula traz resultados

no modo como os alunos percebem-no. No trabalho de Moraes (2008), assim como em

Tassoni e Leite (2011), fica evidente que os estudantes dentro de um ambiente afetuoso

passam a ver o educador como um modelo de vida, como uma referência. “As marcas que os

bons professores deixaram (aprendizagens além dos conteúdos escolares e que possibilitaram

uma relação mais próxima), a confiança que sentem e a possibilidade de uma relação mais

próxima” (MORAES, 2008, p. 56) foram lembradas por eles. Assim, esse contexto marcado

pela dimensão afetiva e caracterizado, na fala dos próprios alunos, pela forma agradável de

ser tratado, seja pelos incentivos ou pela liberdade em pedir conselhos ao docente, faz com

que os discentes sintam que o professor tem papel fundamental na vida deles (MORAES,

2008).

O educador ao aceitar esse lugar de destaque na vida do aluno e ao incorporar o

afeto na sua prática profissional pode contribuir para o desenvolvimento do estudante

(BORBA; MACHADO; CALIMAN, 2008). Em Miranda (2005, p. 147), “a partir de uma

rede de vínculos, o professor passa a fazer parte da construção da identidade do aluno”. Por

meio da identificação que o estudante tem pelo docente, este pode utilizar determinadas

atitudes como “ser amoroso, atencioso, compreensivo e paciente para tirar o aluno das

posições mais primitivas e de atitudes infantilizadas. Esta postura reforça tanto o vínculo entre

ambos como passa a ser uma continuidade da família” (MIRANDA, 2005, p. 157).

Em sentido inverso, o aluno pode se tornar também uma referência para o

educador. Azevedo V. L. A. (2009) que buscou compreender as emoções e sentimentos na

atuação docente dos professores da Educação de Jovens e Adultos, destacou que o perfil

29

sofrido dos estudantes que, em grande parte, precisaram parar de estudar por conta de outras

ocupações e que hoje se esforçam e passam dificuldades para dar continuidade aos estudos,

provoca afetos nos professores. Assim, estes são afetados pelas lições de vida que os jovens e

adultos vivenciam, e percebem a importância de ensinar para esses educandos.

Se, por um lado, a afetividade tem papel decisivo na qualidade dos vínculos, por

outro, ela também pode enfrentar eventuais dificuldades de relacionamento. Ao estudarem a

relação entre afetividade e habilidades sociais de professores no contexto escolar, Reis, Prata

e Soares (2012) apontaram que, para os docentes entrevistados, os afetos presentes na relação

educativa como a amizade, o respeito e a confiança passada aos estudantes, além de terem

importância na aprendizagem, fornecem meios para enfretamento de problemas interpessoais.

Para estes pesquisadores a solução para eventuais problemas de relacionamento está no

estabelecimento de um ambiente democrático, onde exista boa interação entre educandos e

educadores e que estes últimos tenham a capacidade de estabelecer diálogos com os alunos

com a finalidade de formar vínculos de confiança mútua (REIS; PRATA; SOARES, 2012, p.

354).

2.3.4 - Prevenção de comportamentos agressivos e delinquentes através da relação afetiva.

E não somente dificuldades em se relacionar com o outro. A presença da

afetividade na prática do professor se mostra útil também na prevenção e diminuição de

comportamentos agressivos dos alunos. É o que destaca Picado e Rose (2009) no estudo sobre

problemas de comportamento de estudantes de pré-escola e a qualidade da relação professor-

30

aluno. As autoras indicaram que boa parte dos docentes percebe a relação com os discentes

como uma “base segura”, o que significa dizer que os docentes entendem que seu apoio

emocional está vinculado às competências sociais, emocionais e cognitivas do discente,

desenvolvimento e estabilidade do estudante e agem dessa forma a fim de evitar situações de

risco para os mesmos.

Outro argumento referente à afetividade e sua relação com problemas de

comportamentos de jovens estudantes é discutido por Formiga (2005). De acordo com este

autor, proporcionar oportunidades de relacionamentos interpessoais positivos pode contribuir

para a diminuição das condutas permeadoras de delinquência. Quando há uma maior

identificação do aluno com os pais e professores e quando não há afastamento do vínculo

afetivo, as chances dos estudantes apresentarem condutas desviantes são reduzidas.

Mas o que dizer dos estudantes que vivem em situações de risco psicossocial? No

seu trabalho com educandos que estão nessas condições, Amparo et al. (2008) encontraram

dados preocupantes, pois apesar dos jovens gostarem dos professores (60,4%), poucos

demonstraram confiança e acham que podem contar com os docentes (37,7%). Os resultados

não são totalmente negativos, já que, além de contraditórios, mostram que outra parte deles

confia. Os autores concluem destacando o papel dos professores como “uma rede de apoio e

proteção mais efetiva no contexto escolar, diminuindo a incidência dos fatores de risco”

(AMPARO et al., 2008, p. 81).

Assim, elementos como segurança, apoio, dar oportunidades e ter confiança são

essenciais no vínculo do professor com estudantes. Independentemente da idade e do nível

educacional em que os educandos estejam, estas demonstrações de afeto não só podem

diminuir os problemas sociais e de comportamento como também podem ajudar no

estabelecimento de relações mais saudáveis.

31

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir será apresentado o mapa de literatura cuja função é organizar a discussão

teórica da temática em eixos e subeixos e apresentar a estrutura hierárquica desses elementos.

O mapa tem a afetividade como conceito primordial da estrutura e se divide, com base na

reflexão dos achados, em três eixos centrais: a “manifestação da afetividade”, as “situações

estimuladorass de afetividade” e os “efeitos da presença do afeto” na relação professor-aluno.

Cada eixo é também destrinchado em outros subeixos onde demonstra todo o alcance do

conceito de afetividade na relação educativa, de acordo com os trabalhos publicados pelos

estudiosos do referido tema.

32

QUADRO TEÓRICO CONCEITUAL DA AFETIVIDADE

33

3.1 - Manifestação da Afetividade

Com base na análise das pesquisas foi observado que grande parte delas, ao

discutirem o conceito de afetividade na relação professor-aluno, sente a necessidade de dar

destaque a como os afetos aparecem nesta relação, como eles são demonstrados e através de

quais elementos eles são inseridos na relação educativa.

Para isso, há vários mecanismos que transmitem os afetos de um sujeito para o

outro, denominados, portanto, de vias de manifestação afetiva, onde todas elas são

categorizadas em dois grupos, similares aos de Leite e Colombo (2008), ou seja, a

manifestação pela forma verbal e pela forma não-verbal. A discussão dos demais autores

sobre esse tema enriquece ainda mais o mapa através da inclusão de uma gama de elementos

que demonstram a afetividade na relação educativa, mas podem e foram muito bem

acomodados dentro destes dois grupos citados.

O primeiro grupo corresponde à expressão da afetividade pela fala, pela palavra

comunicada. Foram reunidas duas formas que correspondem a este tipo: o discurso do

indivíduo, onde aí se introduzem o elogio, o incentivo ou alguma instrução dada pelo

professor, por exemplo. E incluídos também determinados itens lexicais que uma pessoa

reproduz e que, se forem analisados, evidenciarão que determinados afetos os acompanham,

como falar a palavra “não” como meio de reprovar alguma atitude do professor ou utilizar

palavras como “gostar” e “muito” para indicar a qualidade da relação professor-aluno.

34

O outro grupo que se caracteriza pela expressão os afetos refere-se à forma não-

verbal. Este subeixo abrange todas as atitudes, tanto do professor quanto do aluno, com o

objetivo, consciente ou inconsciente, de maneira intencional ou não, de exprimir afetividade

através de quaisquer elementos, mas com exceção do grupo anterior, ou seja, pela expressão

da palavra. A manifestação pela forma não verbal pode ser dividida em quatro diferentes

possibilidades: a sedução, a postura, a expressão facial e o toque/reconhecimento.

Apesar de ser variado o número de veículos envolvidos na manifestação da

afetividade, os trabalhos por trás destes resultados além de não darem a prioridade a isto,

alguns carecem de um pouco mais de respaldo para que esses subeixos passem de uma

categoria incerta para uma realidade, para algo mais sólido. Isso fica evidente se essas

categorias forem aplicadas somente aos estudos cujo foco é o contexto universitário. Apenas

dois autores (BARBOSA, 2008; MOTA, 2007) discutem as formas de manifestação da

afetividade presentes na universidade, onde somente a sedução e o discurso são apontados.

Fica a dúvida em saber se o problema que se coloca é se a dimensão afetiva é mais inibida nas

relações universitárias se comparada aos outros níveis educacionais ou se os estudiosos não

FORMA VERBAL

DISCURSO ITENS LEXICAIS

FORMA NÃO VERBAL

SEDUÇÃO POSTURA EXPRESSÃO FACIAL TOQUE/

RECONHECIMENTO

35

dão a devida importância aos elementos afetivos no sistema universitário, ou seja, se é devido

à falta de aprofundamento e de mais produções com o foco no contexto universitário. É

possível que as formas de manifestação na universidade sejam mais sutis, como apontou

Barbosa (2008), acabem ocorrendo despercebidas e passem a ilusória impressão de que elas

pouco acontecem.

O outro subtópico estabelecido como um elemento derivado da manifestação

afetiva, além das vias condutoras, corresponde às diversas variáveis que compõem o cenário

escolar e exercem influência sobre a qualidade e intensidade das demonstrações afetivas.

Quando se discute a relação do professor com um aluno de uma série infantil e se compara

com a interação entre o docente universitário com o seu aluno nota-se que o jeito de abordar e

de se relacionar muda, toma uma forma diferente. Isso se aplica a outros fatores como o sexo

do aluno e do professor, a distinção entre aulas práticas ou teóricas, as presenciais ou à

distância, o tempo de convívio com o docente, etc. Assim, em toda discussão sobre os afetos

na relação educativa é importante que se tenha em consideração a influência desses aspectos.

VARIÁVEIS

NÍVEL EDUCACIONAL

IDADE DOS ALUNOS

SEXO DOS ALUNOS E

PROFESSORES

DISTINÇÃO ENTRE AULAS

PRÁTICAS E TEÓRICAS

AULAS PRESENCIAIS

OU À DISTÂNCIA

TEMPO DE CONVÍVIO

COM O DOCENTE

36

3.2 - Situações Estimuladoras de Afetos

O segundo eixo do mapa que discute a dimensão afetiva refere-se às “situações

estimuladoras de afetos”. Aqui foram reunidos todos os elementos que de alguma forma

contribuem para a produção de afetos na interação entre educador e educando. A criação de

afetos está ligada tanto à participação do aluno como do professor. Além disso, em alguns

momentos é a participação de ambos que torna possível a geração de afetos.

Esse eixo passa por um processo de divisão em quatro subeixos e estes, do mesmo

modo, são repartidos em subtópicos ainda menores. Assim, o primeiro subeixo corresponde às

“necessidades dos alunos”. Aqui, a estimulação da afetividade é configurada a partir da

dependência afetiva que o estudante direciona para o professor. Dizendo de outra maneira, os

afetos aparecem de acordo com as demandas do estudante para com professor. Para ilustrar

melhor esta questão esse subtópico foi dividido em outros dois subeixos: a “transferência”,

referente ao campo transferencial que possibilita, de maneira inconsciente, que os afetos

surjam, e os “desejos e expectativas” dos alunos, onde há a esperança de que algo positivo

aconteça e seja efetivado pelo docente.

NECESSIDADES DOS ALUNOS

TRANSFERÊNCIA DESEJOS E

EXPECTATIVAS

37

O segundo subeixo se configura a partir de três características do docente que

exercem impacto no surgimento da afetividade: o “professor democrático”, a presença da

“responsividade” e o seu “modo de ensinar”. Tendo em vista a sua proximidade estes

elementos foram reunidos no tópico “estilo e mediação do professor” e demonstram como o

educador tem papel importante na geração dos afetos. Este subeixo se caracteriza pelo modo

como o educador interage com o aluno, como a sua forma de ser e de agir e como ele utiliza a

sua metodologia de ensino a fim de tornar o ambiente em sala de aula enriquecido

afetivamente.

Este subeixo funciona, portanto, de modo complementar com o subeixo anterior,

pois se de um lado os alunos, ao sentirem necessidades e expectativas sobre o professor,

estimulam a afetividade, do outro o docente, através do seu trabalho e do seu jeito, acaba

contribuindo também para a estimulação dos afetos. Isto alimenta ainda mais o caráter

reforçador da interação educativa.

ESTILO, MEDIAÇÃO DO PROFESSOR

RESPONSIVIDADE PROFESSOR

DEMOCRÁTICO MODO DE ENSINAR

NECESSIDADES DOS ALUNOS

ESTILO, MEDIAÇÃO DO

PROFESSOR

38

Com relação ao terceiro subeixo, têm-se as “situações de bem e mal-estar”. Neste

subtópico estão anexadas outras ocorrências na relação entre o docente e o discente que geram

sentimentos de bem-estar e mal-estar. Entre essas situações está a “percepção do aluno sobre

o professor”, ou seja, como os estudantes veem e consideram o docente; a “percepção do

professor sobre o aluno”. Este item refere-se ao modo como ele vê a participação e interesse

do educando. O educador reage afetivamente de acordo com o nível de dedicação do

educando; há também a “necessidade de aproximação” dos alunos e as “atribuições

interpessoais”. Estas últimas, assim como os dois primeiros subtópicos, estão num plano mais

racional e a estimulação dos afetos está diretamente ligada ao modo como o docente interpreta

e atribui o sucesso ou o fracasso do educando.

Por fim, o último subeixo refere-se ao “envolvimento do aluno”, onde os afetos

dos estudantes na interação com o educador estão ligados à maneira como eles apreciam o

objeto de conhecimento, revelando uma relação entre o gostar da disciplina e gostar do

professor. Mas não somente os educandos. Os educadores também são afetados quando veem

o envolvimento dos alunos.

Como se pode verificar, o eixo “situações estimuladoras” transforma-se num

emaranhado de possibilidades onde as muitas circunstâncias citadas contribuem para o

SITUAÇÕES DE BEM E MAL ESTAR

PERCEPÇÃO DO ALUNO SOBRE O

PROF.

PERCEPÇÃO DO PROF. SOBRE O

ALUNO

NECESSIDADE DE APROXIMAÇÃO

ATRIBUIÇÕES INTERPESSOAIS

39

surgimento dos afetos. Isso se dá porque muitos estudiosos tiveram a preocupação em

investigar as questões envolvidas no aparecimento dos afetos na relação professor-aluno. Mas

não somente no número de estudos, mas na excelência deles, pois os trabalhos se apresentam

como produções de destacada qualidade. O aspecto que chama atenção é a pouca importância

dada ao contexto universitário, pois somente três autores, dentre todos que trabalham a

relação educativa, discutem sobre a estimulação dos afetos na universidade, sendo que um

deles não tem a afetividade como prioridade em seu trabalho. Isso revela a carência de

literatura sobre o tema.

3.3 - Efeitos da Presença do Afeto

O terceiro e último eixo, “efeitos da presença do afeto”, corresponde às

consequências da presença da afetividade na relação professor-aluno e foi, dentre todos os três

eixos centrais, o mais discutido pelos pesquisadores. Do mesmo modo como o eixo anterior,

este é composto por quatro subeixos que discutem de forma mais detalhada e organizada o

tema. São eles: o “processo de ensino-aprendizagem”; o “desenvolvimento psicossocial”; o

“interesse escolar do aluno” e a “prevenção de comportamentos agressivos”.

Estes dois últimos não sofrem ramificações. O primeiro, o subeixo “interesse

escolar do aluno”, diz respeito à influência da relação afetiva entre educador e educando na

maior disposição e envolvimento do estudante com o objeto de conhecimento e com o

docente. Já a “prevenção de comportamentos agressivos” refere-se à base segura que a relação

educativa é para os estudantes, pois a partir de um relacionamento interpessoal positivo há a

40

diminuição de comportamentos agressivos e pode auxiliar na proteção de discentes em

situações de risco.

Há ainda outros dois subeixos que são o “desenvolvimento psicossocial” e o

“processo de ensino-aprendizagem”. O primeiro reúne todos os elementos que contribuem

para o desenvolvimento do sujeito, tanto psíquico como social. Foram definidos quatro

subtópicos: o “estabelecimento do vínculo”, a “compreensão do outro”, o “outro como

modelo de vida” e “lidar com dificuldades de relacionamento”.

Por fim, o eixo “processo de ensino-aprendizagem” foi colocado à parte do

anterior (já que ensinar e aprender são aspectos do desenvolvimento humano) por causa da

enorme importância dada a ele pelos pesquisadores. Neste tópico é discutido como a

dimensão afetiva (ou a sua ausência) na relação entre o docente e o estudante influencia o

ensino e a aprendizagem. Este eixo passou por uma ramificação tendo em vista que apesar da

maioria dos estudos afirmarem que os afetos como o respeito, a confiança, a compreensão,

etc. ajudam no ensino e na aprendizagem, uma outra parcela, mesmo que menor, indica que

alguns afetos prejudicam este processo tão importante para a educação. Assim, os subtópicos

são “afetos que facilitam” e “afetos que prejudicam”.

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL

ESTABELECIMENTO DO VÍNCULO

COMPREENSÃO DO OUTRO

O OUTRO COMO MODELO DE VIDA

LIDAR COM DIFICUL. DE

RELACIONAMENTO

41

Como dito anteriormente, a grande parte dos pesquisadores que trabalham com a

relação educativa centrou as suas investigações no eixo “processo de ensino-aprendizagem”, o

que é muito importante, pois se conseguiu chegar a um excelente nível de aprofundamento

sobre o subeixo. Porém, novos estudos neste tema podem cair na repetição e chegarem

resultados semelhantes aos já encontrados e não acrescentarem algo considerável, enquanto os

outros subeixos permanecem carentes de mais destaque, principalmente pela sua importância.

Exemplo disso é o subeixo “desenvolvimento psicossocial” onde traz aspectos fundamentais

para o crescimento do indivíduo, como a constituição de laços sociais, a identificação com

outras pessoas e a troca afetiva e até mesmo como conviver de forma harmoniosa, não só em

contexto educacional, como em todos os espaços sociais.

E o que dizer dos trabalhos cujo foco de pesquisa é o contexto universitário? Os

trabalhos seguem a mesma lógica e quase todos eles dão destaque às suas investigações ao

“processo de ensino-aprendizagem” (CONCEIÇÃO, 2011; QUADROS et al., 2010;

MIRANDA, 2005; RONCAGLIO, 2004; SILVA, A. R. C., 2005; VERAS; FERREIRA,

2010). Apenas um estudo dá importância ao “interesse escolar do aluno” (MOTA, 2007) e

outro para o “desenvolvimento psicossocial” (MIRANDA, 2005). O subeixo “prevenção de

comportamentos agressivos” não foi mencionado por nenhuma pesquisa cujo foco era as

relações educativas na universidade.

Isso evidencia que no nível universitário todas as atenções são centradas para o

conteúdo programático e em como os afetos podem influenciá-lo. É nítida a pouca

PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM

AFETOS QUE FACILITAM

AFETOS QUE PREJUDICAM

42

significância dada nos demais aspectos como, por exemplo, e principalmente, o

desenvolvimento do indivíduo. Isso faz refletir se de fato as relações afetivas entre o professor

universitário e os alunos em nada colaboram com o desenvolvimento pessoal, humano e

muito menos social. Ao que parece, essa reflexão não faz sentido, mas indica uma lacuna que

carece de maior atenção e estudo.

3.4 - Interligação entre os Eixos Temáticos

Como exposto acima, o conceito de afetividade na relação professor-aluno foi

dividido em três grandes eixos e inúmeros subeixos de forma hierarquizada, onde estes

representam de forma estruturada e didática a discussão do tema e, em seguida, é realizada

uma análise de cada eixo de maneira isolada. Mas, para se chegar a uma compreensão

aprofundada é interessante também examinar como se dá a relação entre cada um deles.

Ficou constatado que em muitos estudos os pesquisadores ao discutirem conceitos

presentes em um determinado eixo, também discutiam paralelamente conceitos de outro eixo

temático. Entre as ligações mais frequentes e que chamam a atenção estão as “vias de

manifestação” com o “interesse escolar do aluno”; as diversas “variáveis” mais os “efeitos da

presença do afeto” e, por último, as “situações estimuladoras” com o “processo de ensino-

aprendizagem” (As ligações estão destacadas por linhas vermelhas).

A primeira ligação refere-se às consequências no interesse escolar do aluno que a

as atitudes do professor desperta graças à facilitação provocada por algumas vias condutoras.

Assim, elementos como a postura corporal do educador ao se inclinar na carteira do aluno, o

43

toque, o reconhecimento, a “sedução” e os conteúdos verbais, através da modulação da voz,

do que diz e como diz, contribuem diretamente para que os estudantes se envolvam, gostem

das disciplinas e despertem a vontade e o vínculo com os estudos (ARAÚJO, 2012; MOTA,

2007; SILVA, L. B., 2011; TASSONI, 2000).

Outra conexão entre conceitos de eixos distintos que chama a atenção é a

proximidade das “variáveis” com os “efeitos da presença da dimensão afetiva”. Boa parte dos

efeitos depende da configuração da relação educativa, ou seja, das variáveis que estão

envolvidas, como o nível educacional, a idade dos envolvidos, o tempo de convívio, a

metodologia de ensino adotada, etc. Portanto, para discutir melhorias e contribuições da

afetividade na educação e no desenvolvimento psicossocial é importante contextualizar e

levar em conta os diversos aspectos presentes na relação professor-aluno (BORBA;

MACHADO; CALIMAN, 2008; CONCEIÇÃO, 2011; QUADROS et al., 2010; SILVA, L.

B., 2011; TASSONI, 2000; TASSONI, 2008).

INTERESSE ESCOLAR

DO ALUNO

VIAS

•FORMA VERBAL

•DISCURSO

•ITENS LEXICAIS

•FORMA NÃO-VERBAL

•SEDUÇÃO

•POSTURA

•EXPRESSÃO FACIAL

•TOQUE/ RECONHECIMENTO

44

A terceira ligação diz respeito à influência das situações que estimulam os afetos

sobre o processo de ensino e aprendizagem. A investigação aponta que todos os subeixos das

situações estimuladroas estão envolvidos diretamente no sucesso ou fracasso escolar. Desse

modo, quando as necessidades e expectativas dos alunos são atendidas, quando o modo de

ensinar e o jeito do professor agradam os estudantes, o aluno passa a se envolver com o

educando e com o objeto de conhecimento e quando outras situações geram bem-estar na

relação educativa, a chance do progresso escolar acontecer é enorme. Por outro lado, quando

há a carência desses aspectos ou ainda, quando há a presença de afetos antagônicos, o pouco

diálogo e interação, o processo de ensino-aprendizagem certamente passará por dificuldades e

prejuízos (GUIMARÃES, 2008; MACHADO; FRADE; FALCÃO, 2010; MIRANDA, 2005;

RONCAGLIO, 2004; SILVA, A. R. C., 2005; TASSONI; LEITE, 2011).

EFEITOS DA PRESENÇA DO AFETO

VARIÁVEIS

•NÍVEL EDUCACIONAL

•IDADE DOS ALUNOS

•SEXO DO ALUNO E DO PROF.

•DISTINÇÃO ENTRE AULAS PRÁTICAS E TEÓRICAS

•AULAS PRESENCIAIS OU À DISTÂNCIA

•TEMPO DE CONVÍVIO COM O DOCENTE

45

Por fim, um ponto que chama a atenção é a falta de conexão entre o primeiro eixo,

da “Manifestação da Afetividade”, e o segundo, as “Situações Estimuladoras”. Nenhum dos

autores que se propôs a discutir elementos de um destes eixos considerou conceitos do outro

como parte importante e complementar do estudo e com possíveis relações entre eles. Assim,

se apresenta uma distância considerável nas pesquisas entre a expressão dos afetos e as

situações que estimulam o seu surgimento.

PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM

SITUAÇÕES ESTIMULADORAS

•PERCEPÇÃO DO ALUNO SOBRE O PROF.

•PERCEPÇÃO DO PROF. SOBRE O ALUNO

•NECESSIDADE DE APROXIMAÇÃO

•ATRIBUIÇÕES INTERPESSOAIS

46

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi o de compreender de forma aprofundada a relação

entre o professor e o aluno, visto que esta é uma das interações mais marcantes para ambos no

contexto educacional. A introdução do conceito de afetividade no estudo desta relação se deu

justamente por ser um fator que mobiliza e provoca mudanças nos relacionamentos. E não há

lugar que busque mudanças e que absorva elementos racionais e emocionais tão bem quanto a

instituição escolar.

Dar destaque ao contexto universitário se deu por conta dos poucos estudos com

este nível educacional como foco e por ser um campo importante de ser observado, pois a

universidade com o objetivo de formar e instruir as pessoas segue o mesmo caminho da

escola. Além disso, os conteúdos racionais são prioridade no contexto universitário e as

demonstrações afetivas ficam em segundo plano. Isto gera a curiosidade em se questionar

qual a qualidade e o papel que a afetividade tem nesse espaço.

Após o levantamento bibliográfico e a análise dos inúmeros estudos que discutem

a relação educativa em todos os níveis educacionais foi constatado que esse objeto de estudo é

rico, complexo e abrangente. Foi necessária, a fim de poder compreender de forma melhor e

didática o tema, a sua divisão em três grandes eixos temáticos. A saber: a manifestação da

afetividade, as situações estimuladoras dos afetos e os efeitos da presença do afeto.

Mas esta divisão não foi suficiente e, portanto, foi preciso a ramificação destes

tópicos em elementos menores, pois cada eixo temático trouxe conteúdos dos mais diversos.

Exemplo disso são as múltiplas maneiras de demonstrar os afetos, como pelo toque, pelo

olhar, pela atenção, pela fala, etc. Isto revela que a relação entre o professor e o aluno está a

todo o momento sendo influenciada por esses elementos, por mais simples que eles sejam.

47

Assim, foi criado um quadro teórico-conceitual com os principais conceitos relacionados com

a afetividade na relação educativa.

Após a categorização em subeixos e a formação do mapa de literatura, foi

realizada uma discussão sobre como os subeixos se relacionam com outros de diferentes eixos

temáticos. Foi também destacada a não ligação entre dois eixos, “Vias de manifestação” e

“Situações estimuladoras de afetos”, o que podemos afirmar que apesar da divisão em eixos

ser didática, ela ajudou a constatar que existe uma falta de debate nos estudos referente à

relação entre estes tópicos.

Dessa forma, através do estudo realizado foi possível compreender como os

autores da psicologia e das demais áreas vêm trabalhando a afetividade na relação professor-

aluno. De que maneira e para quais propósitos eles utilizam o conceito. Pode ser verificada

também uma abertura para mais estudos voltados para a contribuição dos afetos na relação

educativa em contexto universitário no desenvolvimento psicossocial dos sujeitos envolvidos.

E é justamente a nossa intenção na futura segunda fase do trabalho, pois esta

primeira etapa foi um processo de atualização, entendimento e reflexão do tema.

Posteriormente, como continuidade do projeto de iniciação científica, será realizada uma

pesquisa de campo com o objetivo de complementar o trabalho e contribuir ainda para este

campo de estudo tão importante.

48

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