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CLAUDEMIR FERNANDES FARIAS INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS PROCESSO DE ENTRADA DE EMPRESAS DE JOIAS SEMIPRECIOSAS E BIJUTERIAS NO MERCADO MEXICANO E AS QUESTÕES NEGOCIAIS Londrina 2012

Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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This document is about Trade Market and the process from Brazil to Mexico.

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CLAUDEMIR FERNANDES FARIAS

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

PROCESSO DE ENTRADA DE EMPRESAS DE JOIAS

SEMIPRECIOSAS E BIJUTERIAS NO MERCADO

MEXICANO E AS QUESTÕES NEGOCIAIS

Londrina

2012

Page 2: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

CLAUDEMIR FERNANDES FARIAS

INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

PROCESSO DE ENTRADA DE EMPRESAS DE JOIAS

SEMIPRECIOSAS E BIJUTERIAS NO MERCADO

MEXICANO E AS QUESTÕES NEGOCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de pós-graduação em Logística e Comércio Internacional, da Faculdade Pitágoras Londrina. Orientador: Prof. Sérgio Cintra Feijó

Londrina

2012

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DEDICATÓRIA

A Deus, por me dar forças e condições para

eu conseguir caminhar e subir mais um

degrau em minha vida, me orientando e me

guiando.

Page 4: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao Deus Trino, por me capacitar.

Aos meus pais, Cícero e Zita, por terem se esforçado para me educar

e direcionar num bom caminho e assim cooperarem para eu me tornar um

homem.

À minha esposa, Ana e ao meu amado filho, Davi, por estarem ao

meu lado em todos os momentos.

Às minhas irmãs, pois de alguma forma estiveram comigo no início

de minha caminhada, e ao meu cunhado e sobrinhas, que me acolheram

muitas vezes em sua casa.

Ao meu grande amigo, professor doutor Marcos Rambalducci, de

quem, se não tivesse o auxílio, não estaria chegando agora onde estou, e que

além de ter me orientado na graduação, através dele este trabalho também se

tornou possível, sem contar que o admiro muito, principalmente por sua

sapiência.

Ao que também se tornou meu amigo e irmão, professor Sérgio

Cintra Feijó, o qual me orientou e que tivemos ótimos momentos de conversas

para me direcionar em mais esta etapa, e que graças a Deus, pode estar ainda

me auxiliando, mesmo após ver a morte de perto por duas vezes. Obrigado,

Coração Valente!

Ao meu amigo, Adão Silva, por sua força.

À todos, que de alguma forma contribuíram para o cumprimento de

mais esta etapa.

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Page 6: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

“A sabedoria é mais preciosa do que as

joias; tudo o que a gente deseja não se

pode comparar com ela.”

Provérbios 3:15

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FARIAS, Claudemir Fernandes Farias. Internacionalização de Empresas. 2011.

Trabalho de Conclusão de Curso pós-graduação em Logística e Comércio

Internacional – Faculdade Pitágoras Londrina, Londrina, 2011.

RESUMO

O processo de internacionalização deve ser feito com extrema responsabilidade,

para que não seja frustrante a experiência. A responsabilidade é grande e os fatores

externos devem ser observados para que não sejam confrontados e haja prejuízos à

empresa que adentra ao processo. É uma mudança de cultura, na qual os

profissionais das empresas também devem se adequar. O processo de negociação

deve ser muito bem analisado e se houverem paradigmas quanto a boa negociação,

devem ser quebrados. O mercado mexicano é bem atraente e está em expansão, o

que pode ser muito bem analisado, pelas empresas que pretendem adentrá-lo.

Ignorá-lo, até mesmo pelas boas relações que há, do povo mexicano com o povo

brasileiro, seria um equívoco. É um bom mercado para se inicializar a

internacionalização, desde que bem estudado, para não se cometer erros. A

possibilidade de buscar ajuda e informações é grande, o que facilita o conhecimento

dos hábitos e costumes.

Palavras-chave: Internacionalização. Negociação. Responsabilidade. Conhecimento.

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FARIAS, Claudemir Fernandes. Internacionalização de Empresas. 2011. Trabalho

de Conclusão de Curso pós-graduação em Logística e Comércio Internacional –

Faculdade Pitágoras Londrina, Londrina, 2011.

ABSTRACT

The internationalization process needs to be done with extreme responsibility in

order to not be a frustrating experience. The responsibility is large and the extern

factors must be observed so that they do not be harmful to the company which is

entering into the process. It is a cultural change where company professionals also

need to adapt themselves to. The negotiation process should be thoroughly

examined and if there are paradigms as good negotiation should be broken. The

Mexican market is very attractive as well as it is developing, what can be very well

analyzed by the companies which may wish enter into it. Ignoring it would be a

mistake even because of the good relations between the Mexican and Brazilian

people. It is a good market to be started out an internationalization process, since

well-studied in order to avoid mistakes. The possibility of looking for help and

information is large, what makes easy the knowledge of habits and customs.

Key words: Internationalization. Negotiation. Responsibility. Knowledge

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

1 PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................... 15

2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 17

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 17

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 17

3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 18

4 O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO .............................................. 22

4.1 Exportação Indireta ............................................................................................ 26

4.2 Exportação Direta ............................................................................................ 27

4.3 Licenciamento ................................................................................................. 28

4.4 Joint Venture ................................................................................................... 29

4.5 Investimento Externo Direto ............................................................................ 30

5 OS FATORES QUE DIFICULTAM O PROCESSO DE

INTERNACIONALIZAÇÃO ....................................................................................... 32

5.1 Fatores Culturais ............................................................................................. 32

5.2 Idioma .............................................................................................................. 34

5.3 Barreiras à Exportação .................................................................................... 35

5.3.1 Protecionismo.......................................................... ........ ................................36

Page 10: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

5.3.2 Falta de moeda conversível ............................................................................ 37

5.3.3 Excessiva burocracia ....................................................................................... 37

5.3.4 Instabilidade econômica .................................................................................. 38

5.3.5 Normas técnicas.............................................................................. ................ 38

5.3.6 Aspectos culturais ........................................................................................... 38

5.3.7 Negociação ..................................................................................................... 39

6 ASPECTOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO .................................................. 42

6.1 Para Quem Exportar? ...................................................................................... 42

6.2 Variação Cambial ............................................................................................ 44

6.3 Documentação ................................................................................................ 46

6.3.1 Fatura pro forma .............................................................................................. 47

6.3.2 Fatura comercial .............................................................................................. 48

6.3.3 Fatura consular ................................................................................................ 49

6.3.4 Manifesto de carga .......................................................................................... 50

6.3.5 Conhecimento de embarque ........................................................................... 50

6.3.6 Romaneio de embarque .................................................................................. 52

6.3.7 Certificado de origem ...................................................................................... 53

6.3.8 Certificado fitossanitário (Phitosanitary Certificate) ......................................... 54

6.3.9 Certificado de análise (Analysis Certificate) .................................................... 54

6.3.10 Certiifcado de qualidade (Quality Certificate) ................................................ 55

6.3.11 Certificado de inspeção (Inspection Certificate) ............................................. 55

6.3.12 Certificado de peso (Weight Certificate) ......................................................... 55

6.3.13 Visto consular ................................................................................................. 56

6.3.14 Nota fiscal de saída ........................................................................................ 56

Page 11: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

6.3.15 Certificado de seguro / apólice de seguro (Insurance Certificate) .................. 56

6.3.16 Arquivo dos processos de importação e exportação ...................................... 57

6.4 Distância Geográfica ....................................................................................... 57

6.5 Seguros ........................................................................................................... 59

6.6 Movimentação de Carga ................................................................................. 60

7 O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO ................................................................. 61

7.1 Tipos de Negociação ....................................................................................... 61

7.1.1 Barganha posicional ........................................................................................ 62

7.1.2 Barganha competitiva ....................................................................... ...............63

7.1.3 Abordagem cooperativa ............................................................................. .....64

7.1.4 Abordagem concessiva ................................................................................... 65

7.1.5 Abordagem na solução de problemas ............................................................. 65

7.2 Técnicas de Negociação ................................................................................. 66

7.3 A Negociação Perfeita ..................................................................................... 71

8 O SETOR DE SEMI-JÓIAS (SIC) ................................................................... 73

8.1 Definição de Produtos ..................................................................................... 73

8.2 A Situação do Setor no Brasil .......................................................................... 74

9 METODOLOGIA ............................................................................................. 76

10 TIPIFICAÇÃO DA PESQUISA ........................................................................ 78

11 COLETA DE DADOS ...................................................................................... 80

Page 12: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

12 TRATAMENTO DOS DADOS E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ............. 83

13 PROCESSO DE ENTRADA NO MERCADO MEXICANO .............................. 84

14 EXPOSIÇÃO DAS BARREIRAS ENCONTRADAS NO PROCESSO DE

EXPORTAÇÃO AO MÉXICO .................................................................................... 86

14.1 Modo Utilizado Para Internacionalizar ............................................................. 86

14.2 Influências do Setor Cultural............................................................................ 87

14.3 Idioma .............................................................................................................. 88

14.4 Barreiras Encontradas ..................................................................................... 89

14.4.1 Protecionismo ................................................................................................. 89

14.4.2 Falta de moeda conversível ........................................................................... 90

14.4.3 Excessiva burocracia...................................................................................... 91

14.4.4 Negociação .................................................................................................... 91

14.4.5 Concorrência .................................................................................................. 93

14.5 Variação Cambial ............................................................................................ 94

14.5.1 Economia ....................................................................................................... 95

14.6 Documentação ................................................................................................ 95

14.7 Transporte ....................................................................................................... 97

15 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 99

16 RECOMENDAÇÕES ..................................................................................... 101

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 102

Page 13: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

13

INTRODUÇÃO

Diante do quadro da globalização e aberturas de mercados cada vez

mais efetivas em todo o mundo, as empresas brasileiras também devem se preparar

para elas, pois muito mais do que somente lucros, passou a ser questão de

sobrevivência.

Empresas que antes não tinham sido abaladas pela globalização,

como foi o caso das cervejarias Antarctica e Brahma, tiveram que optar pela

internacionalização, além de se fundirem por questão de sobrevivência, ou seriam

incompetentes na disputa com empresas de outros países.

Vários setores têm sido abalados com a entrada de produtos

estrangeiros no mercado brasileiro, como foi o caso do setor têxtil, e algumas

empresas tradicionais já deixaram inclusive de existir, como foi o caso da Sorvetes

Gelato.

A modernização e a busca de novos mercados se faz necessária

diante de tal quadro, até mesmo para empresas pequenas, pois ainda que seja

através da importação de produtos mais modernos ou mais baratos, terá que ter um

diferencial para se destacar e continuar atuante, ou pode escolher continuar como

está e ver sucumbir-se com o passar do tempo, que pode ser breve.

Por mais que muitas empresas relutem, a modernização faz-se

necessária, e uma das formas de se ganhar credibilidade perante até mesmo o

mercado interno, é internacionalizando-se, pois as empresas que atuam no mercado

internacional têm o status de terem qualidade e serem melhores, devido às

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exigências inerentes as negociações entre mercados, podendo desta forma,

aumentarem até mesmo suas participações no mercado interno.

Na internacionalização, ou mesmo no mercado interno, um grande

diferencial para o crescimento de qualquer empresa ou sua simples manutenção no

mercado, é a negociação, que pode torna-la competitiva frente a concorrência e os

demais desafios e percalços que surjam.

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1 PROBLEMA DE PESQUISA

Diante da realidade da globalização, as fronteiras físicas, culturais,

intelectuais, científicas e socioeconômicas, têm sido derrubadas, fazendo com que

todas as empresas, independente de seu porte ou segmento, se atualizem e se

insiram na nova realidade do contexto internacional e necessidade de participação

no comércio internacional para que possam sobreviver à enxurrada de

transformações, ou se extingam em breve.

Independente do porte da empresa, as dificuldades estão cada vez

maiores com a globalização e a criação de um novo contexto, no qual há

transformações geográficas e econômicas ocorrendo com muita rapidez, como é o

caso da União Europeia, formada atualmente por vinte e sete Estados-Membros, da

China, que está se tornando um mercado altamente atrativo e perigoso, devido aos

baixos custos de produção e ao grande volume de produtos colocados no mercado e

que têm chegado a muitas partes do globo. Isto, sem considerar outras uniões ou

acordos que estão em andamento, como é o caso da Área de Livre Comércio das

Américas (ALCA).

Para que uma empresa ingresse no mercado internacional, é preciso

preparar-se, pois o mesmo não tem lugar para empresas despreparadas, além de

que, aumenta-se grandemente o mercado, porém, o aumento da concorrência

consequentemente torna-se muito maior.

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As empresas que não estejam preparadas para adentrar da melhor

forma possível, considerando-se o seu segmento de atuação, correm um grande

risco de perderem um montante considerável, além de correrem o risco de irem à

bancarrota.

Diante de tal realidade, tal trabalho trata-se de uma pesquisa solúvel,

uma vez que utilizará uma metodologia científica adequada de forma clara e

objetiva.

Para isso, a pesquisa buscará clarificar como empresas podem

viabilizar o ingresso no comércio internacional, em especial neste caso, da Cidade

do México.

Com o atual quadro, quais os motivos e empecilhos para que uma

empresa de joias semipreciosas (sic) e bijuterias se internacionalize e adentre no

mercado mexicano, através da Cidade do México?

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Identificar práticas facilitadoras no processo de negociação de joias

semipreciosas (sic) e bijuterias brasileiras, para o mercado mexicano, através da

Cidade do México.

2.2 Objetivos Específicos

- Entender as razões que levam uma empresa a buscar o ingresso no

mercado internacional.

- Detectar os pontos necessários à internacionalização da empresa.

- Classificar as dificuldades inerentes ao processo de exportação.

- Levantar os procedimentos necessários capazes de vencer as

barreiras que criam obstáculos ao processo de comercialização

com o mercado mexicano.

- Testar as ações propostas que podem facilitar o processo de

negociação.

- Avaliar os resultados da aplicação destas ações.

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3 JUSTIFICATIVA

Na atual situação econômica brasileira, a condição mais adequada

para a entrada de divisas, é justamente a exportação, motivo que tem levado o

governo federal a incentivá-la, facilitando-a com a criação de mecanismos e

suportes às empresas e agricultores e artesãos que queiram realizá-las.

Prova de tal situação, é que o atual governo, como muitas vezes fez

o anterior, se empenha em missões comerciais realizadas pelo Ministério das

Relações Exteriores, juntamente com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, que com o aval da presidente da república, têm realizado vários

acordos comerciais, e mantido outros realizados anteriormente, como o Acordo

Automotivo com o México, o qual foi realizado em âmbito governamental, na

Associação Latino Americana De Integração (ALADI) e persiste até hoje.

(ASSOCIAÇÃO LATINO AMERICANA DE INTEGRAÇÃO, 2012)

A atual presidente da república tem desfocalizado esforços na

América do Norte e União Europeia, e buscado novos mercados, com o objetivo de

diversificar as parcerias comerciais e ampliar os negócios, evitando que fique assim,

dependente de alguns poucos parceiros e tendo a possibilidade de aumentar o seu

poder de barganha junto a economias desenvolvidas. (CRUZ, 2012)

Países desenvolvidos têm colocado inúmeras barreiras quanto a

produtos brasileiros, principalmente os de procedência agrícola e siderúrgicos, essas

barreiras, tanto tarifárias como não tarifárias, têm impedido o acesso de empresas

Page 19: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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brasileiras a esses mercados e sido motivo de algumas arbitragens junto a

Organização Mundial do Comércio (OMC), o que é demorado e desgastante para

todos os governos envolvidos. (ADUANEIRAS, 2011)

Segundo Rossi (2003), na reunião geral da OMC, no mês de

setembro de 2003, o Brasil foi inclusive acusado pelo secretário norte-americano,

Robert Zoellick, responsável por negociações comerciais governamentais, de ter

sido o causador de uma revolta por parte dos países em desenvolvimento, após

liderar uma união de 21 países, mais o Brasil, para que tivessem mais força de

negociação na OMC. Esse grupo ficou conhecido como o Grupo dos 22 ou Grupo

dos 20 + 2, nome mais comumente utilizado.

Mas com as crises que ocorreram no mundo nos últimos anos,

mesmo países desenvolvidos se juntaram ao grupo, que hoje conta com 19 países,

apesar de não ter mudado nome, que são: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita,

Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, França, Índia, Indonésia,

Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino unido e Estados Unidos, além da União

Europeia, que é representada pela presidência rotativa da Comissão da União

Europeia e o Banco Central Europeu. (BRASIL, 2012)

Mesmo diante de modificações globais que têm aumentado o

prestígio do Brasil junto a alguns organismos internacionais, o Brasil ainda precisa

crescer mais do que o que vem crescendo, pois diante dos descasos e erros

econômicos ocorridos durante toda a história brasileira, é necessário um esforço de

todos os setores da economia, para que o país possa melhorar a sua situação,

Page 20: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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mesmo o Brasil sendo atualmente a sexta maior economia do mundo.

(MANGUEIRA, 2011)

Porém, a participação brasileira no comércio internacional tem sido

ínfima, e corresponde atualmente a pouco mais de 1%, margem esta alcançada no

ano de 2004, segundo dados do próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior. (BRASIL, 2010a)

Diante de tal quadro, as administrações públicas federais ligadas aos

setores de produção e serviços têm se unido e criado inclusive, cursos para

estimular as exportações, que por sinal tiveram algum crescimento, e a quantidade

de produtos com maior valor agregado tem aumentado, mas os produtos com baixo

valor agregado ainda representam muito, o que corresponde a grandes volumes,

mas pouco valor recebido, o que é importante ao país, mas pouco diante do que

precisa ser feito. (BRASIL, 2011b)

Segundo Dias (2003), as commodities têm sido as maiores

responsáveis pelo crescimento das exportações brasileiras, mas foram ajudadas

pelas mudanças climáticas ocorridas em vários lugares no mundo, como a soja, que

foi estimulada pela quebra da safra nos Estados Unidos no ano de 2003, devido a

problemas climáticos ocorridos lá, além de outros produtos que também se

encontraram em situação semelhante.

Programas têm sido criados, unindo vários setores, como o Exporta-

Fácil, dos Correios, consórcios de empresas, com o apoio da Agência de Apoio à

Exportação (APEX), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (MDIC), o Redeagentes, também ligado ao MDIC.(BRASIL, 2011c)

Page 21: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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Alguns setores, como o automobilístico, através da Associação

Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), têm se unido e

pressionado o governo federal, para que fechem mais acordos comerciais que os

beneficiem, porém, setores menos organizados, ou mesmo sem condições

financeiras para investimento em pesquisa e conhecimento, têm alegado que

internacionalizar é muito complicado e burocrático, tornando-se desinteressante para

eles. (BRASIL, 2011)

A falta de conhecimento sobre o assunto ainda é muito grande, razão

que justifica esta pesquisa, que levantou os motivos pelos quais muitas empresas

ainda insistem em permanecer fora do mercado internacional, mesmo diante de

quadros cada vez mais evidente de que o mercado brasileiro será abastecido ainda

mais por muitos fornecedores internacionais.

Page 22: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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4 O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Primeiramente, a empresa deverá determinar o porquê deseja

internacionalizar-se, pois não se trata de uma simples aventura, que se entra e se

sai ilesa, caso não esteja preparada. (PLANEJAMENTO..., 2001a)

Segundo Minervini (2001), muitas empresas que decidem se

internacionalizar, buscam fazê-la em ocasiões em que a situação financeira não se

encontra nas melhores condições e a concorrência a está pressionando, sentindo-se

assim ameaçadas, o que não vem a ser o mais adequado. O melhor momento é

aquele em que há a possibilidade de se fazer investimentos com um bom

planejamento estratégico e tempo para executá-lo.

Se realmente decidir se internacionalizar, a empresa deve definir

seus objetivos e políticas de mercado a serem adotadas, bem como, a porcentagem

do seu total de vendas que deseja atingir no exterior. Pois conforme os seus

objetivos, devem ser seus investimentos e riscos.

Segundo Kotler (1998), há empresas que têm o objetivo de

permanecer pequenas, não tendo a intenção de ousar mais em terras estranhas,

enquanto outras decidem que a internacionalização deve ser responsável por pelo

menos, metade de sua receita total.

Conforme Kotler (1998), na realidade é mais cômodo para a

empresa, permanecer em seu mercado interno, sem se preocupar com fatores

intrínsecos a internacionalização, como o conhecimento das leis do(s) mercado(s)

Page 23: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

23

alvo(s), fatores culturais, idioma(s), barreiras tarifárias e não tarifárias, variações

cambiais, documentação, certificações, distâncias e suas consequências (transporte

internacional e nacional, seguros, movimentações de carga, entre outros), tudo isto,

sem contar os riscos políticos.

Porém, além do status que uma empresa internacionalizada ganha,

há outros valores importantíssimos, como por exemplo, a melhoria substancial na

qualidade dos produtos, devido às exigências internacionais; ganho de escala;

distribuição de riscos de investimento; oportunidades de maiores lucros; aquisição

de novas tecnologias ou desenvolvimento de tecnologias. (CASTRO, 2000)

Antes de internacionalizar-se, é conveniente que a empresa procure

conhecer a sua situação e o(s) mercado(s) em que pretende atuar, pois um

processo mal começado pode terminar em uma tragédia para a empresa.

Buscar conhecer a situação do mercado é importantíssimo, pois

fatores como a situação política; econômica; gostos e costumes; geografia; biótipo;

clima; densidade demográfica; renda per capita; religião; leis para a entrada do(s)

produto(s); tempo médio de transporte para a entrega do(s) produto(s); barreiras

tarifárias e não-tarifárias; e considerar-se ainda, os graus de corrupção no sistema

alfandegário, que lamentavelmente é uma realidade a ser considerada.

Além de estudar minuciosamente estes aspectos, há a necessidade

de se ter pessoas realmente capacitadas para desenvolver o trabalho internacional,

pois não há lugar para amadores. (PLANEJAMENTO..., 2001b)

Page 24: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

24

Para avaliar as melhores condições, uma forma de se verificar o

mercado a ser explorado, é avaliar os riscos, as vantagens competitivas e a

atratividade, atribuindo-se notas a cada item selecionado e visualizando-se assim,

de uma fora mais simples, o(s) melhor(es) mercado(s) a se trabalhar. (KOTLER,

1998)

Em algumas situações, há a possibilidade de se trabalhar em mais de

um país, devido as similaridades entre eles e a extensão geográfica, como é o caso

de alguns países europeus.

As empresas devem concentrar suas atividades, na tríade: Estados Unidos

da América, Europa e Japão, justamente, devido a representatividade no

comércio internacional, com grande porcentagem de participação. (OHMAE

apud KOTLER, 1998, p. 362)

Num curto espaço de tempo, há uma possibilidade de lucros altos e

rápidos, porém, as políticas adotadas para restringir a entrada de alguns produtos,

principalmente através de medidas não tarifárias, para proteção de seus mercados e

até mesmo por retaliações a discordâncias políticas.

Além das dificuldades mencionadas, em um longo prazo, o acúmulo

de negociações maciças somente com essa tríade, pode causar um

desbalanceamento econômico muito grande na economia mundial, devido a grande

concentração de oferta concentradas em poucos locais. (KOTLER,1998)

A atual tendência brasileira é justamente optar pela dispersão de

mercado, buscando oportunidades em mercados mais símiles ao brasileiro. O que

tem criado uma boa condição de expansão às empresas nacionais, apesar de ainda

Page 25: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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haver uma quantidade grande de empresas que têm como alvo, a negociação com a

tríade. (JORNAL DO COMMERCIO, 2004)

A condição crescente do mercado latino-americano, além das

similaridades culturais e distâncias, têm tornando-o atraente para o Brasil, que conta

com um dos melhores índices de industrialização e desenvolvimento tecnológico da

região, fazendo com que o mercado regional seja uma boa opção para empresas

que desejem internacionalizar-se.

Os modos que uma empresa pode utilizar-se para internacionalizar-

se são:

Figura 1 – Fluxograma de internacionalização

Fonte: KOTLER (1998, p.363)

Não é possível abordar o assunto internacionalização, sem que se

discuta seu principal aspecto: a exportação, e há vários motivos que levam uma

empresa a exportar, os principais são:

Necessidade de participar de um mercado maior; exportações casuais;

dificuldades com o mercado interno; sazonalidade; maior lucratividade;

Exportação

indireta Exportação

direta

Licencia-

mento

Joint Venture Investimento

direto

Montante de compromisso, risco, controle e potencial de lucro

Page 26: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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otimização da produção; aumento do ciclo de vida dos produtos;

diversificação de riscos; melhoria da imagem perante o mercado interno;

aumento da competitividade frente a entrada de concorrentes externos e

desenvolvimento da empresa” (MINERVINI, 2001, p. 5-6).

Qualquer exportação deve estar intimamente ligada ao compromisso

de qualidade, criatividade, produtividade e rentabilidade para ambos os lados.

Com base na Figura 1.

4.1 Exportação Indireta

É a forma mais comum de uma empresa começar a se

internacionalizar, além de ser a mais simples, pois normalmente conta já com a

experiência de pessoas ou empresas diretamente ligadas ao mercado externo.

Segundo Kotler (1998), algumas vezes, a exportação neste caso, é

ocasional e passiva, pois a iniciação da negociação se dá por intermédio de uma

empresa que a busca para comprar ou negociar seus produtos. Há ainda, a

possibilidade desse tipo de exportação ser ativa, caso a iniciativa parta da própria

empresa, interessada em expandir suas fronteiras.

Independente da forma, se ativa ou passiva, ao menos a linha de

produtos, a organização, os investimentos e a missão, sofrem alguma alteração.

Page 27: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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Neste caso, exportação indireta, a empresa conta com a

intermediação de uma empresa ou profissional especializado em mercado

internacional. E funciona da seguinte forma:

- Pode ser exportador do próprio país, que compra os produtos do

fabricante e vende-os ao exterior, nos quais se encaixam as trade

companies.

- Procurar compradores e fazer negócios à base de comissão, neste

caso, se encaixam as trade companies, as comerciais importadoras

e exportadoras e os agentes exportadores.

- Realizar atividades de exportação em nome de vários fabricantes

que controlam, parcialmente, suas atividades administrativas, que

são as cooperativas.

- Administrar as atividades de exportação de uma empresa cobrando

uma taxa, que é o caso de empredas administradoras de

exportação.

4.2 Exportação Direta

É realizada pela própria empresa, sem nenhuma empresa ou agente

envolvido nas transações, sendo os riscos e investimentos, maiores do que na

situação anterior, e neste caso, a empresa adota uma das seguintes formas:

Page 28: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

28

- Um responsável pelas exportações, juntamente com equipe,

desenvolve as vendas e assiste ao mercado, sempre que

necessário. Isto pode se dar na forma de departamento ou divisão

interna de exportação ou através de um departamento autônomo.

- Através de uma filial no exterior, que é responsável pelas vendas

e/ou distribuição no mercado onde se encontra, ou região, e fazer o

serviço de exposição, promoção e prestação de serviços aos

clientes/consumidores.

- Vendas diretamente no exterior, através de vendedores

internacionais.

- Vendas realizadas no mercado selecionado, através de

representantes ou distribuidores, podendo os mesmos, terem

exclusividade ou não sobre os produtos.

Independente da forma como seja feita, um grande aliado para se

iniciar no mercado internacional e tornar a empresa e o(s) produto(s) conhecido(s), é

através da participação em feiras internacionais, onde normalmente, há a

participação de muitos compradores, de vários países. (KOTLER, 1998)

4.3 Licenciamento

Page 29: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

29

O licenciador cede a uma outra empresa, mediante contrato

internacional no mercado escolhido, o direito de utilizar-se do know-how da

empresa, para usufruir dos direitos sobre os produtos ou serviços e pagar royalties

sobre as negociações.

Neste caso, o licenciador ganha, em relação ao pouco risco inerente

a esta forma de internacionalização, o problema neste caso, é o pequeno grau de

controle sobre o licenciado e a lucratividade, que normalmente é uma das mais

baixas, em relação as outras formas, além do licenciado, após adquirir o

conhecimento necessário da atividade, tornar-se um concorrente direto do

licenciador, após o término do contrato. (KOTLER, 1998)

4. 4 Joint Venture

Duas ou mais empresas se juntam, formando uma nova empresa

para atuar em um ou mais mercados, somando forças e conhecimentos, o que

minimiza os riscos políticos e econômicos, culturais e legais do investimento. Desta

forma ambos empreendedores, têm uma grande chance de interagirem

corretamente e de tirar muito proveito do mercado.

Com a união de empresas para a joint venture, fraquezas e fortalezas

são evidenciadas para todas as envolvidas e uma pode minimizar as fraquezas e

melhorar as fortalezas, reciprocamente.

Page 30: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

30

O problema nesta modalidade de internacionalização, é que podem

haver discordâncias acerca de formas e procedimentos à serem adotados, e

consequentemente, uma situação difícil para todos os envolvidos, caso não haja

acordos entre os mesmos. (KOTLER, 1998)

4.5 Investimento Externo Direto

A empresa investe diretamente no mercado em que deseja alcançar,

normalmente criando uma unidade produtiva ou unidade de distribuição. Esta ação

pode trazer grandes vantagens para a empresa, pois há um controle total sobre o

investimento, porém fica-se mais exposta aos riscos inerentes da

internacionalização.

Os investimentos por sua vez, são muitas vezes, mais elevados que

as categorias anteriores, onde são divididos ou minimizados os investimentos e os

riscos.

Esta deve ser a última forma utilizada, pois quando se chega nesta

etapa, já adquiriu-se experiência internacional e a possibilidade de acerto é muito

maior, afinal, trata-se de uma realidade inviável para uma iniciante no processo de

internacionalização, que devido a pouca experiência e conhecimento das nuanças

no cenário internacional, incorrerá em falhas que poderão ser decisivas para sua

retirada do mercado, ou seja, a sequência total ou parcial do fluxograma

apresentado anteriormente, pode levar uma empresa a permanecer ou não no

Page 31: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

31

mercado. As etapas devem ser seguidas com muita atenção e aquisição de

experiência, pois trata-se de uma questão de sobrevivência a curto ou longo prazo.

(KOTLER, 1998)

Page 32: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

32

5 OS FATORES QUE DIFICULTAM O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Há fatores relevantes em qualquer processo de internacionalização, e

que não devem de forma alguma serem negligenciados por qualquer empresa que

decida se internacionalizar, correndo o risco de terem prejuízos consideráveis ou até

mesmo irreversíveis, caso o façam.

5.1 Fatores Culturais

Este é um dos fatores mais relevantes em todo o processo, pois

trata-se do consumidor final, ou seja, aquele que consumirá os produtos e dará

movimentação em toda a cadeia de consumo dos produtos. Caso seus costumes e

hábitos não sejam respeitados, o insucesso é inevitável.

Cultura é o determinante mais fundamental dos desejos e do

comportamento de uma pessoa. A criança em crescimento adquire um

conjunto de valores, percepções, preferências e comportamentos através

da vida familiar e de outras instituições básicas. Uma criança em

crescimento nos Estados Unidos está exposta aos seguintes valores:

realização e sucesso, atividade, eficiência e praticabilidade, progresso,

conforto material, individualismo, liberdade, conforto externo,

humanitarismo e juvenilidade.

O interesse de Linda Brown por computadores reflete seu convívio em uma

sociedade tecnológica. Linda sabe o que são computadores e tem

consciência de que a cultura valoriza quem os domina. Em outra cultura,

digamos, uma tribo remota na África central, um computador não

significaria nada. Seria simplesmente uma peça curiosa que não teria

compradores. (KOTLER, 1998, p. 162)

Page 33: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

33

Segundo Soares (2004, p. 202), ”fator cultural é a maior distância do

comércio internacional”.

Na internacionalização, há um confronto inevitável de costumes e

crenças, forçando a adaptação da empresa que decide adentrar em outro mercado e

a consequente sutilidade de tornar a cultura e valores da empresa, ainda que

através de seus produtos, aceitos no mercado que se busca.

A simples adaptação ou adequação de produtos ao mercado que se

visa atingir, quase sempre se faz necessária, devido os diferentes valores culturais

que se encontra no mercado alvo.

O fator cultural pode tornar inviável qualquer investimento em outro

mercado, caso não haja aceitabilidade, ainda que com modificações.

Qualquer empresa que queira se internacionalizar tem o grande

desafio de: “tornar-se e tornar seus profissionais, figuras multiculturais, evitando

dessa forma, fazer com que suas atividades sejam ineficazes”. (MEGGINSON apud

SOARES, 2004, p. 202)

O desafio de tornar os produtos desejados pelo outro mercado faz

com que as empresas tenham que trabalhar com um grande profissionalismo e com

investimentos. A aplicação dos investimentos requer estudos constantes sobre o

mercado e sua situação, pois uma novela, um filme ou um programa de sucesso

pode fazer com que um produto tenha uma grande aceitação, mas temporária, o que

pode gerar investimentos por parte da empresa e não lhe dar o retorno esperado,

devido ser só um modismo. A falta de informação, neste caso, pode fazer com que a

Page 34: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

34

empresa invista esperando permanecer um determinado tempo no mercado e o seu

produto ser desejado somente durante um período inferior ao almejado, motivo que

pode levá-la a uma experiência frustrante no mercado internacional.

Este fator deve ser um dos mais priorizados e atentados no processo

de internacionalização de qualquer empresa.

5.2 Idioma

O conhecimento de outros idiomas é algo essencial para qualquer

empresa que queira se internacionalizar. E esse conhecimento se dá através da(s)

pessoas(s) responsáveis no mercado externo, pela internacionalização da empresa.

Nos negócios internacionais, toda e qualquer negociação, em uma

ocasião ou outra irá se deparar com outros idiomas, seja em conversas,

telefonemas, fax, e-mails, documentos ou alguma outra forma. Isto é inevitável.

Ainda que uma empresa brasileira negocie com uma empresa de

Portugal, Angola ou algum outro país que tenha o português como língua oficial, no

preenchimento dos documentos, terá a necessidade de fazê-los em outro idioma,

devido os transportadores utilizarem outros idiomas.

Em geral, outros países significam culturas e idiomas diferentes dos

nossos. Por esse motivo, o aprendizado de outros idiomas é condição

fundamental para o desempenho eficaz do profissional de comércio

exterior. (SOARES, 2004, p. 7)

Page 35: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

35

O idioma mais utilizado comercialmente é o inglês, mas o idioma

espanhol já é largamente conhecido e utilizado. O conhecimento do idioma falado no

mercado onde se deseja atuar, é um fator que pode não influenciar no fechamento

de negócios, mas auxilia em alguns casos, devido a questão cultural, como é o caso

da França, que é um país altamente patriota e que valoriza muito o seu idioma,

negligenciando em alguns casos, qualquer outro, inclusive o inglês.

5.3 Barreiras à Exportação

Há inúmeras barreiras à exportação, pois há a condição dos

governos quererem proteger o mercado interno e suas empresas.

Normas alfandegárias decretadas pelos governos para controlar o

intercâmbio internacional de mercadorias. Na prática, são tarifas, cotas,

depósitos e licenças de importação destinadas a proteger as mercadorias

nacionais ou até mesmo os produtos de outro país, com o qual não existam

acordos comerciais não restritivos. (BARREIRAS COMERCIAIS, 2000. p.

38)

Não existe uma definição precisa para barreira comercial. Em geral, ela

pode ser entendida como lei, regulamento, política, medida ou prática

governamental que restrinja ou distorça o comércio internacional. Nesse

sentido, o conceito de barreira comercial adotado nessa publicação não

pressupõe, necessariamente, a existência de disposição ou prática ilegal,

entendida como violação às regras acordadas em âmbito supranacional

como, por exemplo, as regras estabelecidas pela Organização Mundial do

Comércio – OMC. (BRASIL, 1999)

Page 36: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

36

As barreiras à exportação são obstáculos inevitáveis na

internacionalização de qualquer empresa, pois estão sempre presentes à entrada de

qualquer produto. Ao menos uma delas ou um conjunto das mesmas, a empresa irá

enfrentar em sua caminhada rumo ao mercado internacional.

Segundo Minervini (2001, p. 13) “algumas barreiras são:

protecionismo, falta de moeda conversível, excessiva burocracia e instabilidade

econômica, normas técnicas, aspectos culturais e de negociações”.

As barreiras normalmente têm o objetivo de proteger o mercado

interno, mas há casos, em que o objetivo é de retaliação a algum país, devido

desentendimento em alguma área.

As barreiras comerciais se dividem em tarifárias e não tarifárias, e

podem ser subdivididas da seguinte forma:

Barreiras tarifárias: protecionismo.

Barreiras não tarifárias: falta de moeda conversível, excessiva

burocracia e instabilidade econômica, normas técnicas, aspectos culturais e de

negociação.

5.3.1 Protecionismo

Apesar de cada vez menos países a utilizarem, devido a

globalização, nos países que a utilizam, se uma empresa deseja importar um

Page 37: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

37

produto que também é fabricado no país, com características semelhantes, há altos

impostos de importação ou até mesmo proibição da importação de tais produtos.

(MINERVINI, 2001)

5.3.2 Falta de moeda conversível

Moeda conversível é o tipo de moeda aceitável comercialmente por

vários países. E em alguns governos, visando proteger a economia interna,

restringem a circulação das moedas conversíveis ou sua saída do país, forçando

seus importadores a negociar com produtos, tornando toda e qualquer negociação

muito mais difícil, pois o exportador teria que importar os produtos do pagamento,

pagar impostos em seu país, ou negociar em algum outro mercado, tornando muitas

vezes inviável qualquer negócio. (MINERVINI, 2001)

5.3.3 Excessiva burocracia

Como forma de dificultar a entrada de produtos estrangeiros,

qualquer erro em documentação, pode ser retaliado com demora na liberação,

causando despesas altíssimas, como a demurragé, que é a sobre estadia de

armazenagem da mercadoria no local de chegada, além de multas, o que muitas

Page 38: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

38

vezes tornam a importação inviável, devido aos altos preços finais, tornando os

produtos não competitivos. (MINERVINI, 2001)

5.3.4 Instabilidade econômica

A instabilidade econômica faz com que o risco país aumente muito e

que o descrédito no país cresça, fazendo com que os financiamentos ao crédito para

os importadores, torne-se difícil e inviabilize muitas vezes qualquer importação. Além

de normalmente tornar fraca a moeda local, deixando os produtos importados muito

mais caros. (MINERVINI, 2001)

5.3.5 Normas técnicas

Este tipo de barreira é uma das mais usadas e mais abrangentes,

pois vai desde a exigência de um simples certificado à certificação de uma linha de

produção ou exigências técnicas que tornem inviável a produção ou entrada dos

produtos no país. (MINERVINI, 2001)

5.3.6 Aspectos culturais

Page 39: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

39

As questões culturais influenciam muito e são fatores

importantíssimos para êxito em qualquer negociação.

Num mesmo país, mesmo que falando-se o mesmo idioma, já há

diferenças culturais, conforme a região e a forma como foi colonizado ou as

influências que teve. De um país para o outro, a existência de diferenças culturais é

muito maior e muitas vezes, mais evidente.

Qualquer tentativa de negociação com um país, pode tornar-se

inviável devido a barreira cultural, tornando o produto não comercializável e podendo

levá-lo à ser um grande fracasso no mercado. (SOARES, 2004)

5.3.7 Negociação

Pode ser considerada uma mescla da burocracia e da cultura, mas é

algo determinante na condução do negócio ou uma barreira muito grande, chegando

às vezes a inviabilizar qualquer negociação.

Negociadores de alguns países têm a necessidade de ao menos

sentirem que estão levando alguma vantagem sobre o outro negociador, caso

contrário, atrasam a negociação até o ponto que sentem que conseguiram.

Alguns negociadores, somente tratam com os cargos mais altos da

empresa, não aceitando negociar com pessoas que ocupem cargos abaixo dos que

eles ocupem. (MINERVINI, 2001)

Page 40: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

40

O governo brasileiro, através do Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior, ainda aponta as seguintes barreiras à

internacionalização das empresas brasileiras:

01) Quotas: Ex: limitação de importações pela fixação de quotas para

produtos;

02) Aplicação do acordo sobre Têxteis e Vestuário (ATV). Ex: quotas do

Acordo Multifibras.

03) Proibição total ou temporária. Ex: proibição de importação de um produto

que seja permitido comercializar no mercado interno do país que efetuou

a proibição;

04) Salvaguardas. Ex: aplicação de quotas de importação ou elevação de

tarifas por questões de medidas de salvaguarda, exceto salvaguardas

preferenciais previstas em acordos firmados;

05) Impostos e gravames adicionais. Ex: adicionais de tarifas portuárias ou

de marinha mercante, taxa de estatística, etc.

06) Impostos e gravames internos que discriminem entre o produto nacional

e o importado. Ex: imposto do tipo do ICMS que onere o produto

importado em nível superior ao produto nacional;

07) Preços mínimos de importação/preços de referência. Ex: estabelecimento

prévio de preços mínimos como referência para a cobrança das tarifas de

importação, sem considerar a valoração aduaneira do produto;

08) Investigação antidumping em curso;

09) Direitos antidumping aplicados, provisórios ou definitivos;

10) Investigação antidumping suspensa por acordos de preços;

11) Investigação de subsídios em curso;

12) Direitos compensatórios aplicados, provisórios ou definitivos;

13) Investigação de subsídios suspensa por acordo de preços;

14) Subsídios às exportações praticados por terceiros países;

15) Medidas financeiras. Ex: criação de sobretaxa para as importações,

empalme argentino;

16) Licenças de importação automáticas. Ex: produtos sujeitos a

licenciamento nas importações, apenas para registro de estatísticas;

17) Licenças de importação não automáticas. Ex: produtos sujeitos a

anuência prévia de algum órgão no país importador;

Page 41: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

41

18) Controles sanitários e fitossanitários nas importações. Ex: normas

sanitárias e fitossanitárias exigidas na importação de produtos de origem

animal e vegetal;

19) Restrições impostas a determinadas empresas. Ex: exigências

específicas para importações de produtos de determinadas empresas

20) Organismo estatal importador único. Ex: produtos cuja importação é

efetuada pelo Estado, em regime de monopólio;

21) Serviços nacionais obrigatórios. Ex: direitos consulares;

22) Requisitos relativos às características dos produtos. Ex: produtos sujeito

à avaliação de conformidade;

23) Requisitos relativos à embalagem. Ex: exigências de materiais, tamanhos

ou padrões de peso para embalagens de produtos;

24) Requisitos relativos à rotulagem. Ex: exigências especiais quanto a tipo,

tamanho de letras ou tradução nos rótulos de produtos;

25) Requisitos relativos à informações sobre o produto. Ex: exigências de

conteúdo alimentar ou proteico de produtos ou de informações ao

consumidor;

26) Requisitos relativos à inspeção, ensaios e quarentena. Ex: produtos

sujeitos à inspeção física e análise nas alfândegas ou a procedimentos

de quarentena;

27) Outros requisitos técnicos. Ex: exigência de certificados relativos à

fabricação do produto mediante processos não poluidores do meio-

ambiente

28) Inspeção prévia à importação. Ex: inspeção pré-embarque

29) Procedimentos aduaneiros especiais. Ex: exigência de ingresso de

importações somente por determinados portos ou aeroportos

30) Exigência de conteúdo nacional/regional. Ex: discriminação de

importações para favorecer as que tenham matéria-prima originária do

país importador

31) Exigência de intercâmbio compensado. Ex: condicionamento de

importações à exportação casada de determinados produtos

32) Exigências especiais para compras governamentais. Ex: tratamento

favorecido aos produtos nacionais em concorrências públicas;

33) Exigência de bandeira nacional. Ex: exigência de uso de navios ou aviões

de bandeira nacional para o transporte das importações. (BRASIL,

2011d)

Page 42: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

42

6 ASPECTOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO

Algumas questões devem ser analisadas ao buscar a

internacionalização.

6.1 Para Quem Exportar

Há várias formas de escolher um mercado para se iniciar, mas é bom

saber se na realidade se é um exportador ou simplesmente um fornecedor, ou seja,

se está realmente procurando o importador ou se o importador procurou a empresa

para lhe fornecer, e nas condições dele.

Quando o importador busca um fornecedor, ele dita as condições que

quer e como deve ser vendido para ele.

Segundo Minervini (2001, p. 15), “o parceiro deve ser selecionado,

avaliado, provado; só depois deve-se iniciar o processo de exportação”.

Há várias formas de se localizar um mercado no exterior:

1) Escritórios de promoção comercial das embaixadas do nosso país no

exterior.

2) Câmaras de comércio bilaterais.

3) Empresas de consultoria.

4) Revistas especializadas.

Page 43: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

43

5) Bancos.

6) Consulados e embaixadas de países estrangeiros.

7) Internet.

8) Feiras internacionais. (MINERVINI, 2001, p. 15-16).

O contato com algum dos itens citados acima facilitará o prévio

conhecimento do conjunto de empresas e a melhor forma de buscá-las, caso se opte

pela exportação direta.

Alguns fatores devem ser levados em consideração, caso queira se

facilitar o processo de internacionalização, em relação à escolha de qual mercado

iniciar o processo.

Segundo Minervini (2001), muitas empresas iniciam na seguinte

sequência:

1) Mercados mais próximos.

2) Mercados em rápido crescimento.

3) Mercados mais similares culturalmente.

4) Mercados onde a competição. (MINERVINI, 2001, p.7)

O mais importante é se iniciar por um mercado onde os custos sejam

menores, com uma maior facilidade de entrada e absorção de conhecimento, com

lucro.

Page 44: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

44

6.2 Variação Cambial

O câmbio faz parte de um sistema monetário.

O Brasil, como outros países, tem um sistema monetário, que

segundo Ratti (2001, p. 26), “vem a ser o conjunto de diversas moedas que circulam

em um país, guardando entre si relações definidas de valor, em conformidade com

normas legais estabelecidas pelas autoridades monetárias”.

O câmbio varia em função do mercado, podendo ser fixo ou flutuante

e o Brasil utiliza o câmbio flutuante, que “é a taxa de câmbio que se ajusta de modo

a equilibrar o mercado de divisas. O Banco Central não intervém na taxa de câmbio”

(PINHO; VASCONCELLO, 2003, p. 448)

“Todas as transações comerciais com mercados estrangeiros, têm

controle do Banco Central, no que se refere a operações em moeda estrangeira,

sendo necessário a utilização de um banco autorizado para operar com câmbio”

(MALUF, 2003, p. 73)

Taxa cambial: é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda

estrangeira. É a relação econômica (quantitativa) de equivalência entre

uma moeda nacional e uma moeda estrangeira. A taxa cambial mede o

valor externo de moeda. Fornece uma relação direta entre os preços

domésticos das mercadorias e fatores produtivos e dos preços destes nos

demais países. (MALUF, 2003, p. 75)

Segundo Maia (2000), as variações cambiais são justamente as

variações que a taxa de câmbio sofre diariamente e elas influenciam em muito as

Page 45: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

45

negociações internacionais, pois quando a taxa de câmbio deixa a moeda nacional

desvalorizada, ou seja, a moeda utilizada para comercialização dos produtos esteja

valorizada perante o real, o câmbio é favorável à exportação e caso esteja

valorizada em relação ao real, favorece as importações.

As variações na taxa de câmbio se dão em função da demanda por

divisa e dos ofertantes de divisas.

Demanda por divisas: é constituída pelos importadores que necessitam de

moedas estrangeiras para efetuar suas compras em outras nações, já que

neste caso a moeda nacional não é aceita, e pelos devedores em moeda

estrangeira que precisam de divisas para saldarem as suas dívidas.

Ofertantes de divisas: são os exportadores que receberam, em troca de

suas vendas, moedas estrangeiras que não podem ser utilizadas no país e

que necessitam, portanto, ser trocadas por moeda nacional e as firmas que

obtiveram empréstimos em moeda estrangeira e precisam convertê-la em

moeda nacional. (PINHO; VASCONCELLOS, 2003, p. 426)

As moedas mais utilizadas comercialmente no mercado internacional,

são o dólar dos Estados Unidos da América (USD) e o euro, da União Europeia (€),

que é moeda corrente nos 27 países membros e aceito em algumas negociações

comuns em países vizinhos, como é o caso da Suíça.

Nos países membros do Mercosul, já podem ser feitas negociações

internacionais entre os membros, em moeda local, seguindo-se os trâmites legais,

definidos no decreto nº 09/09 MERCOSUL/CMC, o qual visa uma maior integração e

redução de despesas financeiras nas transações comerciais entre os países

signatários. (MERCOSUL, 2009)

Page 46: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

46

6.3 Documentação

Vários documentos são necessários no processo de

internacionalização, pois ao ser retirado qualquer produto, seja para amostragem,

participação em feiras e eventos ou mesmo a exportação em si, é necessário a

comprovação da conformidade com os trâmites oficiais.

Segundo Maluf (2003, p. 143), “os documentos constituem um

capítulo de extrema importância dentro do comércio internacional, uma vez que eles

possibilitarão e desempenharão diversas funções”.

De acordo com Maluf (2003), as funções são as seguintes:

1) Documento de crédito.

2) Documento indicador de posse de mercadoria.

3) Guia para conferência dos documentos.

4) Comprovação de uma relação comercial.

5) Contabilização internacional e estatística.

6) Comprovação de origem, qualidade, peso e outras.

7) Viabilizador de concessão de reduções tributárias.

8) Instrumento de protesto, para o caso de inadimplência.

9) Outras.(MALUF, 2003, p. 143)

Os documentos mais importantes no comércio internacional são os

seguintes:

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47

1) Fatura pro forma.

2) Fatura comercial.

3) Fatura consular.

4) Manifesto de carga.

5) Conhecimento de embarque.

6) Romaneio de embarque.

7) Certificado de origem.

8) Certificado fitossanitário (Phytosanitar Certificate).

9) Certificado de análise (Analysis Certificate).

10) Certificado de qualidade (Quality Certificate).

11) Certificado de inspeção (Inspection Certificate).

12) Certificado de peso (Weight Certificate).

13) Visto consular.

14) Nota fiscal de saída.

15) Certificado de seguro / Apólice de seguro (Insurance Certificate).

16) Arquivo dos processos de importação e exportação. (MALUF, 2003, p.

143-158)

6.3.1 Fatura pro forma

Este é o primeiro documento na inicialização de qualquer

negociação, pois é nele que constam as informações que servirão ao importador

para negociar licenciamento antecipado, se necessário, contratação de câmbio para

pagamento antecipado e dados para a carta de crédito.

Page 48: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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A fatura pro forma não tem um modelo definido, variando conforme o

padrão adotado pela empresa e as exigências legais.

Na fatura pro forma devem constar normalmente os seguintes dados:

1) Nomes e endereços completos do: exportador, importador, consignatário e

fabricante (se houver).

2) Modalidade de pagamento.

3) Condição de venda.

4) Modalidade de embarque.

5) Descrição completa de mercadoria (referência, código, marca, modelo,

material de fabricação e outros que se façam necessários devido à

especificidade do produto).

6) Pesos, líquido e bruto.

7) Cubagem.

8) Preços: unitário (unidade de cobrança – se Kg, m³, item, etc.) e total

(mencionando separadamente o valor FOB/FCA, Frete e Seguro que se

aplicarem) na moeda acordada.

9) Agente, distribuidor ou representante: se há ou não. Caso haja: endereço

completo, percentual e tipo de comissão.

10) Número, data de emissão e validade.

11) Previsão de embarque.

12) Assinatura do exportador. (MALUF, 2003, p. 144)

6.3.2 Fatura comercial

Semelhante a fatura pro forma, porém funciona como uma nota fiscal

internacional e serve para o desembaraço da mercadoria no país de destino.

Page 49: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

49

A fatura comercial não pode ser rasurada e nem constar erros, e nela

devem constar:

1) Local, data de emissão e número (poderá ser sequencial ou o mesmo da

Fatura Pro Forma ou do próprio processo de exportação).

2) Número do pedido, contrato, ordem de compra.

3) Número de autorização de importação, caso seja necessário.

4) Modalidade de: transporte, venda e pagamento.

5) Marcação do(s) volume(s).

6) Número e data do Conhecimento de Embarque, nome da embarcação,

nome da companhia transportadora da mercadoria.

7) Descrição detalhada das mercadorias.

8) Pesos: líquido, bruto e cubagem.

9) Preços: FOB/FCA, Frete, Seguro – valores em separado e valor total na

moeda acordada.

10) Declaração exigida pelo país importador.

11) Outras informações que o exportador julgar necessárias o sejam,

exigidas pelo país de destino ou do importador.

12) Carimbo e assinatura do exportador. (MALUF, 2003, p. 145)

6.3.3 Fatura consular

Formulário que deve ser adquirido pelo exportador no próprio

consulado do país importador e autenticá-lo, assim como os outros documentos da

exportação, afim de validar a exportação.

“É um documento exigido nas exportações realizadas para

determinados países [...] e os documentos originais de embarque somente terão

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50

validade se devidamente autenticados pela sua representação diplomática no

Brasil”. (MALUF, 2003, p. 145-146)

6.3.4 Manifesto de carga

É um documento no qual constam todos os conhecimentos de carga

que foram embarcados, constando o porto de embarque e o porto de destino. Ele é

emitido pelo transportador e não deve conter nenhuma divergência com o

conhecimento de carga, e caso haja, prevalece o conhecimento de carga.

O objetivo dele é a verificação de acréscimo ou diminuição de carga

no percurso.

Conforme Maluf (2003, p. 146), “os tipos de manifesto que há são

três: a) marítimo: manifesto de carga; b) aéreo: rol de conhecimentos e c) rodoviário:

MIC – Manifesto Internacional de Carga”.

6.3.5 Conhecimento de embarque

É o documento mais importante para o exportador.

Page 51: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

51

Ele é emitido pelo transportador ou o armador, que declara nele ter

recebido do embarcador as mercadorias ali descritas, e compromete-se transportá-

las conforme consta no documento.

Ele tem a validade de um documento de crédito que representa as

mercadorias nele descritas, passando a posse das mesmas ao consignatário.

Pode ser emitido:

a) Nominativo: terá o nome, por extenso, do destinatário.

b) À ordem do embarcador: quando o remetente é também o proprietário.

c) Ao portador.

É endossável, logo, pode se transferir sua propriedade.

Funções:

- É um recibo das mercadorias embarcadas.

- É um documento de título, prova a titularidade das mercadorias nele

descritas.

- Serve como evidência dos termos e condições do Contrato de Transporte.

O conhecimento de carga conterá:

A) dados de identificação:

a) Número de ordem.

b) Emitente.

c) Data (dia/mês/ano) da emissão.

d) Nome, por extenso, do embarcador.

e) Nome, por extenso, do destinatário (consignatário).

B) Dados da mercadoria:

a) Natureza.

b) Quantidade, peso ou outra unidade de medida, se for o caso.

c) Marcação, sinais próprios da embalagem.

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52

d) Cláusulas de frete

- Referente ao pagamento:

“Frete pago/freight prepaid” = pago no porto de embarque.

“Frete a pagar/freight collect” = pago em local diverso no porto de

embarque ou destino.

“Frete pagável no destino/freight payable at destination” = pago no porto de

destino.

- Referente à carga: clean on board = limpo a bordo. (MALUF, 2003, p.147-

148)

6.3.6 Romaneio de embarque

Documento também conhecido como Packing List, lista as

mercadorias a serem embarcadas, assim como discrimina seus conteúdos.

Ele é utilizado para facilitar a movimentação da carga, conferência,

realização dos serviços da aduana e desembaraço aduaneiro.

Os itens normalmente lançados no Packing List são:

a) Descrição das mercadorias.

b) Número de volumes.

c) Dimensão de cada volume.

d) Quantidade contida em cada volume.

e) Tipo de embalagem.

f) Peso Líquido.

g) Peso Bruto.

h) Marcação dos volumes.

Page 53: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

53

i) Exportador/fabricante (se houver).

j) Importador.

k) Nome do navio e viagem (se for o caso) bem como a data de embarque.

l) Local de embarque e desembarque.

m) Fatura comercial e carta de crédito a que se refere (se for o caso); bem

como cláusulas que porventura sejam de exigências da carta de crédito.

(MALUF, 2003, p. 153-154)

6.3.7 Certificado de origem

Este documento é emitido pelo federação das indústrias do local

onde é fabricado ou por algum órgão autorizado por ela.

Ele serve para comprovar a origem da mercadoria e enquadrá-la em

algum acordo internacional que haja entre o país exportador e o país importador,

normalmente para alguma redução de impostos ou para adentrar em cotas impostas

pelo país importador, além de evitar triangulação.

Segundo Maluf (2003), nele constam a natureza, quantidade, valor e

outros dados das mercadorias.

Principais certificados de origem:

- Mercosul/ALADI: emitido pela Federação do Comércio ou pela Federação

das Indústrias, destinado a comprovar a origem de mercadorias brasileiras

exportadas para países da América Latina.

- SGP – Sistema Geral de Preferências (Certificado de Origem Form-A):

emitido pela SECEX, através da agência do Banco do Brasil, após o

embarque da mercadoria. Exige prova comprobatória da exportação. É um

acordo entre países industrializados, com a finalidade de conceder margem

de preferência às nações em desenvolvimento, facilitando o aumento de

suas exportações.

Page 54: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

54

- SGPC – Sistema Global de Preferências Comerciais: tem por princípio a

concessão de vantagens múltiplas de modo a trazer benefícios a todos os

seus participantes, considerados seus níveis de desenvolvimento

econômico e industrial, o seu comércio exterior, suas políticas e seus

sistemas comerciais. Documento preenchido pelo exportador e emitido pela

Confederação Nacional das Indústrias ou por entidades a ela filiadas,

quando da exportação de produtos amparados pelo SGPC – Sistema Geral

de Preferências Comerciais entre países em desenvolvimento.

- Outros: emitidos por diversos órgãos como Federações das Indústrias,

Câmaras de Comércio e Federações de Comércio de acordo com as

exigências da legislação do país importador. (MALUF, 2003, p. 154-155)

6.3.8 Certificado fitossanitário (Phytosanitary Certificate)

Alguns países o exigem, para comprovar que se enquadram nas leis

sanitárias estipuladas por seus governos.

“Certifica as condições sanitárias e de salubridade dos produtos”.

(MALUF, 2003, p.155)

6.3.9 Certificado de análise (Analysis Certificate)

Algumas empresas o exigem, como garantia de que as

especificações estejam realmente atendidas, é emitido por empresas credenciadas.

“Fornece uma análise físico-química do produto exportado, conforme

solicitado pelo importador”. (MALUF, 2003, p. 155)

Page 55: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

55

6.3.10 Certificado de qualidade (Quality Certificate)

Emitido por empresas credenciadas, a pedido do importador.

“Atesta a qualidade do produto exportado”. (MALUF, 2003, p. 155)

6.3.11 Certificado de inspeção (Inspection Certificate)

Da mesma forma que os anteriores, é emitido por empresa

credenciada, a pedido do importador, e muitas vezes faz parte de cláusula da carta

de crédito.

“Certifica que foi realizada a inspeção da mercadoria antes do

embarque e as boas condições desta”. (MALUF, 2003, p. 155)

6.3.12 Certificado de peso (Weight Certificate)

Também tem o objetivo atender às exigências do importador,

conforme solicitação dele.

“Certifica os pesos bruto e líquido do embarque”. (MALUF, 2003, p.

155)

Page 56: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

56

6.3.13 Visto consular

A necessidade de visto consular ou apresentação de fatura com o

mesmo, é determinada pelo governo do país importador, não sendo uma exigência

tão comum.

Conforme Maluf (2003), deve ser confirmada necessidade junto ao

importador, consulado, embaixada ou câmara de comércio.

6.3.14 Nota fiscal de saída

Para o transporte interno, até o local onde a mercadoria deixará o

país, deverá acompanhar a nota fiscal de saída, que tem validade interna.

Segundo Maluf (2003), devido a variação cambial, pode ser emitida

uma nota fiscal complementar, mas deve ser citado que trata-se de complementação

em virtude de variação cambial da operação, além do número da nota a que se

refere.

6.3.15 Certificado de seguro/apólice de seguro (Insurance Certificate)

Page 57: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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Conforme a condição de venda acertada entre as partes, a

contratação se dará pelo exportador ou pelo importador.

A emissão do documento se dará pela empresa de seguros,

comprovando tratar-se de seguro internacional.

Conforme Maluf (2003), a apólice de seguro serve para somente uma

operação, enquanto o certificado de seguro é emitido quando há uma apólice aberta,

para várias operações, emitindo-se um certificado específico para cada operação.

6.3.16 Arquivo dos processos de importação e exportação

Todos os documentos utilizados em negociações internacionais,

conforme a legislação brasileira, devem ser arquivados durante cinco anos.

Segundo Maluf (2003, p. 157), “um arquivo bem organizado facilita a

consulta e fiscalização, demonstra organização e uma imagem positiva da empresa”.

6.4 Distância Geográfica

Toda negociação internacional indica que a mercadoria terá a

necessidade de atravessar a fronteira, ou para um país vizinho ou para ir a outro

continente, podendo para tanto, incluir o trânsito em outros países ou não.

Page 58: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

58

O transporte internacional pode tornar viável ou frustrar todo o

processo de negociação para uma empresa, em função do tipo de transporte ou da

inexistência ou dificuldade de se levar a mercadoria ao local desejado pelo

importador.

Conforme as condições acertadas entre as partes, o exportador pode

se encarregar de contratar o transporte, devendo fazê-lo com antecedência em

função da agenda dos transportadores e da data acertada com o importador.

Alguns fatores devem ser levados em consideração, entre eles:

- Pontos de embarque e de desembarque.

- Custos relacionados com embarque, desembarque, cuidados especiais,

frete até o ponto de embarque, frete internacional, manuseio, etc.

- Urgência da entrega.

- Características da carga: peso, volume, formato, dimensão, periculosidade,

cuidados especiais, refrigeração, etc.

- Possibilidades de uso do meio de transporte, tais como disponibilidade,

frequência, adequação, exigências legais. (TRANSPORTES..., 2001a)

A contratação do meio de transporte mais adequado para a situação

deve ser decidida pelo importador e o exportador.

A preparação da mercadoria para embarque deve seguir alguns

critérios:

1) Preparar a quantidade de mercadoria solicitada pelo importador.

2) Examinar a qualidade e uniformidade do lote a exportar.

3) Marcar e numerar os volumes.

Page 59: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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4) Preparar a relação dos volumes (romaneio ou packing list). (VASQUEZ,

2001, p. 201)

A logística empregada pela empresa, pode ser um diferencial

importantíssimo.

“Atualmente, a administração da logística, nacional ou internacional,

deixou de ser uma função burocrática nas empresas para se tornar uma vantagem

competitiva, portanto, estratégica, exatamente como o comércio internacional”.

(SOARES, 2004, p. 201)

6.5 Seguros

Conforme o acordo de venda, a contratação dos seguros será feita

pelo exportador.

Conforme Maluf (2003, p. 127), “importante se faz ressaltar a

importância do seguro interno, [...] pois ele dará a cobertura contra os riscos normais

a que a mercadoria estará sujeita, dentro do território nacional”.

Algo que é importantíssimo ressaltar no seguro interno, ainda

segundo Maluf (2003, p. 127), é que “o valor da cobertura do seguro interno deverá

abranger não somente o valor de exportação da mercadoria, bem como os

incentivos auferidos pelo exportador naquela venda ao mercado externo”.

Page 60: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

60

Justamente em função de pagamento de incentivos, em caso da

mercadoria não atravessar as fronteiras e não for consumada a exportação.

A não contratação do seguro nacional e internacional é

desaconselhada, segundo Maluf (2003, p. 128), em função dos riscos inerentes a

atividade, que as mercadorias enfrentam em “viagens internacionais, quer durante o

transporte, quer em trânsito, nas operações de carga e descarga, transbordos,

permanência em depósitos e armazéns portuários e alfandegados”.

6.6 Movimentação de Carga

A movimentação de carga é algo inerente a internacionalização, pois

a mercadoria tem que ser movimentada para ser transportada, e há os seguintes

tipos de movimentação:

- House to house: mercadoria colocada em contêiner na sede do exportador

e entregue na do consignatário.

- Píer to píer: movimentação entre os dois terminais marítimos.

- Píer to house e/ou house to píer: mercadoria armazenada em terminal

marítimo que, ao ser embarcada, é colocada em contêiner por exigência do

exportador ou por conveniência do navio; mercadoria retirada das

instalações do exportador em contêiner, par ser descarregada no terminal

marítimo, e não no endereço do consignatário. (TRANSPORTES..., 2001b)

Page 61: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

61

7 O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO

Todo indivíduo, voluntária ou involuntariamente, em um momento ou

outro é obrigado a negociar.

“A negociação é uma verdade da vida”. (FISHER, 2005)

Todo o processo de negociação é carregado do aspecto cultural, que

involuntariamente é intrínseco às experiências anteriores dos negociadores.

Mesmo os representantes de uma mesma cultura têm

representações e sentidos diferentes em uma negociação, “trata-se de indivíduos

“sentados à mesa”, com uma pluralidade de representações e significados,

demonstrando que há uma complexidade nos processos de negociação e a

necessidade de se conhecer a cultura do processo negocial”. (ROCKERT apud

ANDRADE, 2006, p .3)

7.1 Tipos de Negociação

Em qualquer negociação, as partes, consciente ou

inconscientemente, adotam certas formas e posições que podem ajudar ou

prejudicar um acordo.

Page 62: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

62

7.1.1 Barganha posicional

Para Fisher (2005), tanto na negociação de um contrato, quanto de

uma discussão em família ou mesmo em um acordo de paz entre nações, as

pessoas baseiam-se com frequência, na barganha posicional, que nada mais é do

que cada um dos lados definir uma posição e defende-la, cedendo concessões em

alguns casos, desde que chegue-se o mais próximo a posição tomada.

Desta forma, geram-se conflitos e discussões, o que pode levar a um

acordo insensato ou ainda a nenhum acordo, pois a barganha por posições

normalmente paralisa as resoluções, partindo de uma posição extrema, onde cada

uma das partes busca o que seja favorável a si, cedendo pequenas concessões

desde que creia que não perdeu muito no geral.

Tal posição reflete que o acordo fica bom, para as partes desde que

cada uma se sinta que saiu em vantagem em relação a outra parte.

Porém, na barganha posicional, há um inerente risco de se colocar a

manutenção dos relacionamentos em situação constrangedora ou destruí-la,

principalmente se as houverem várias partes envolvidas na negociação.

Ainda para Fisher (2005), muitos negociadores reconhecem que na

barganha posicional muitas vezes há momentos de aspereza e rispidez, até mesmo

para intimidar o outro lado, o que em certas ocasiões, faz-se necessário o uso de

gentilizas e se fazer ofertas e concessões para se chegar a um acordo, evitando-se

Page 63: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

63

a confrontação, o que não quer dizer que tenham abandonado a barganha

posicional.

Para Lempereur (2009), a barganha posicional pode ser traduzida

como um: “aceite a minha posição”, ou “existe uma única solução: a minha”, ou

mesmo: “isto não é negociável”.

7.1.2 Abordagem competitiva

Na situação de negociação, os negociadores que adotam esta

posição a avaliam que todo o processo não passa de uma competição ou

consideram todo o processo de transações como “um jogo de soma zero”, onde a

um ganhador e um perdedor. Avaliam a outra parte da negociação como um

“inimigo” que deve ser vencido e utilizam como lema a frase: “negócio é negócio”,

sendo toda a tentativa de cooperação que haja entre as parte, considerada uma

fraqueza ou estratégia para traição, pois sua origem se deu em estratégias militares.

(Lempereur, 2009)

Esta percepção cria um ambiente extremamente estressante, pois

cria um ambiente de desconfiança, tensões, conflitos e vários bloqueios, que no

caso de acordos, são feitos sob muita pressão, dificultando uma segunda

oportunidade de negociação ou mesmo impossibilitando que possa haver um

próximo encontro.

Page 64: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

64

7.1.3 Abordagem cooperativa

Segundo Lempereur (2009), diferentemente da abordagem

competitiva, a abordagem cooperativa considera certas situações, como as

motivações alheias, além das suas próprias, ouvir mais a outra parte, possibilitando

uma troca equilibrada de informações, além de se fazer acordos de longa duração,

baseando-se em critérios objetivos, gerando assim satisfação e reciprocidade das

partes, caracterizando-se pela expressão: “ganha-ganha”.

Para Fisher (2005), para se alcançar tal modo de negociação, deve-

se levar em consideração um fator extremamente importante: “antes de mais nada,

os negociadores são pessoas”, e como seres humanos, não podem ser tratados

como representantes abstratos, o que ocorre facilmente nas negociações

empresariais e internacionais.

Tratando-se do lado mais humanista, pode-se chegar a uma situação

útil, na qual ambos os lados criam um compromisso psicológico e um resultado

amplamente satisfatório para ambos os lados, gerando um clima de confiança,

compreensão, respeito e amizade entre si, criando e facilitando novos processos de

negociação entre as partes, o que tende a ocorrer cada vez mais de forma tranquila

e eficiente, justamente pelo laço criado e pela necessidade de cada lado se sentir

bem consigo mesmo e analisar também os interesses do outro negociador.

Por outro lado, devido os aspectos psicológicos e instáveis da

natureza humana, as pessoas tem egos que são facilmente ameaçáveis e com

Page 65: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

65

frequência podem confundir suas perspectivas com a realidade, o que pode ser

negativo para a negociação.

Porém, não se considerar as reações humanas ou o outro lado da

negociação como ser humano pode ser extremamente desastroso para toda e

qualquer negociação, e ainda assim deve indagar-se sobre até que ponto se está

prestando atenção suficiente ao problema das pessoas envolvidas no processo.

7.1.4 Abordagem concessiva

Segundo Lempereur (2009), na abordagem concessiva,

diferentemente do que pensam os que tal estratégia utilizam, nem sempre o outro

lado irá conceder nas mesmas proporções e nem ficará “em cima do muro”,

pensando em não entrar em um conflito direto, mesmo que resulte na perda de

oportunidade.

Se o foco estiver na resolução do problema e houver a criação de

valor, ao invés de focar simplesmente no ganho da negociação em cima da outra

parte e vice-versa, a possibilidade de negociação aumenta em muito, porém agindo-

se de forma concessiva, um acordo pode ser fechado, mas negociações posteriores

muito provavelmente serão abaladas.

7.1.5 Abordagem na solução de problemas

Page 66: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

66

É possível chegar-se a uma solução, sem ser concessivo, de forma a

agir buscando comprometimento entre as partes, o que requer um conhecimento

prévio das causas e das motivações que influenciam as participações nas

negociações. (Lempereur, 2009)

7.2 Técnicas de Negociação

O primeiro aspecto para uma negociação é separar as pessoas do

problema.

Para Fisher (2005), não se pode esquecer que é necessário lidar com

toda e qualquer pessoa de forma sensível, levando-se em consideração que todo

ser humano está propenso a reações humanas, sendo adequado a qualquer

negociador durante a negociação, auto indagar-se se está dando a devida atenção

ao problema da pessoa e suas motivações.

Para Lempereur (2009), antes de se fazer uma negociação, é

necessário se refletir sobre a natureza do relacionamento, fazendo-se um

diagnóstico sobre o mesmo e sobre as possibilidades de se estreitar os “laços”,

considerando-se algumas questões:

- Existe algum relacionamento com o outro negociador? Caso haja,

em toda a sua história, quais foram os momentos positivos? E os

negativos? Qual a percepção sobre a outra parte? Isto se faz

Page 67: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

67

necessário, para se evitar que no caso de ter havido situações

prejudiciais, que se repitam.

- Se não houver nenhum relacionamento anterior com a outra parte, é

bom que se consiga o máximo de informações possíveis sobre a outra

parte e se tenha uma percepção prévia sobre ela.

- Caso já haja algum relacionamento, há a necessidade de se analisar

o que se pode fazer para aprimorar ainda mais o relacionamento

existente, ou caso ainda não tenha, como se fazer para que se criar

um bom e duradouro.

Principalmente em se tratando de um conflito, separar a substância,

que é o motivo da negociação, do relacionamento, é ainda mais difícil.

Se houver um negociador impulsivo, a não separação das pessoas

em relação ao problema é mais evidente e ao invés do foco na substância, o

negociador começa a atacar o outro lado, dificultando ainda mais qualquer acordo.

(Lempereur, 2009)

Em toda e qualquer negociação, todo negociador tem dois interesses:

na substância e na relação. Desta forma, ele quer chegar a um acordo que atenda

seus interesses substantivos, ou seja, que contemple os seus motivos de

negociação, além de ter interesse em manter um relacionamento com a outra parte

visando novas negociações.

Page 68: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

68

Porém, deve-se atentar para que não se incorra no erro de aplicar a

barganha posicional, colocando em risco a substância e o relacionamento, e

também não se confundir a relação com a substância, pois a possibilidade do

surgimento de conflitos será evidente.

Para se encontrar a trilha no emaranhado de problemas das pessoas,

faz-se necessário o raciocínio em três categorias básicas: percepção, emoção e

comunicação, pois todos os diversos problemas das pessoas, de uma forma ou de

outra, recaem em uma destas três posições. (Fisher, 2005)

A percepção do pensamento do outro lado é justamente o problema,

não uma simples possibilidade de se alcançar o que deseja.

Justamente a diferença entre os pensamentos das partes que

negociam é o problema que precisa ser solucionado para determinar a solução da

questão ou do acordo, ou seja, é o que determinará se um negócio será fechado ou

não. Então a sensibilidade de percepção do pensamento do outro é extremamente

importante para se criar possibilidades de soluções e assim atingir um acordo.

Para Fisher (2005), a forma como qualquer pessoa vê o mundo,

depende do lugar onde ela se encontra, a tendência é sempre querer ver o que se

quer ver, fazendo uma análise geral de toda e qualquer situação e roteirizando para

os fatos que confirmam suas percepções anteriores, descartando ou tendo uma

visão negativa dos que questionam suas percepções, podendo visualizar somente

pontos positivos de sua situação e negativos da outra parte.

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69

Desta forma, quando uma das partes em uma negociação passa a

querer deduzir as intenções da outra parte, automaticamente partirá de seus

próprios medos e facilmente incorrerá na atribuição de que serão apresentadas as

piores intenções no que o outro disser ou fizer, sendo que involuntariamente,

apresentará as suas próprias percepções e não necessariamente as do outro.

Isto pode fazer com que o negociador que assim aja, culpe a outra

parte por seu problema, o que é extremamente contraproducente, pois a outra parte

automaticamente irá se tornar defensiva e resistente a tudo que for apresentado,

quando colocada sob ataque. Opostamente, comunicando em alta voz e

convincentemente o que se deseja dizer e que o outro lado gostaria de ouvir, é um

grande investimento e excelente ferramenta que se pode utilizar como negociador,

além de demonstrar claramente à outra parte que ela participa do processo, pois um

acordo é muito mais provável quando as partes se sentem donas da ideia.

Fisher (2005), afirma que nas negociações os sentimentos podem ser

mais importantes que as palavras, podendo as partes estarem mais preparadas para

uma batalha que uma solução conjunta e comum para a solução de um problema.

Normalmente as pessoas entram em uma negociação conscientes

dos riscos e assim sentem-se ameaçadas, o que emocionalmente pode mexer com

as emoções do outro lado e muitas vezes, apresentar medo, que pode gerar raiva e

a raiva gerar medo, levando-se rapidamente uma negociação a um impasse ou um

fim.

Ambos os lados tem emoções, e o reconhecimento e compreensão

destas emoções ajudará o negociador que conseguir compreendê-las melhor, a

Page 70: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

70

chegar muito mais facilmente a um acordo, pois desta forma, a possiblidade de

controlar-se, não reagindo a explosões da outra parte, por exemplo, é uma grande

virtude.

A última categoria apresentada por Fisher (2005) é a comunicação, e

para ele, a negociação é um processo de comunicação bilateral que objetiva um

acordo ou decisão conjunta.

Isto não quer dizer que seja fácil, mesmo que os negociadores

tenham histórico de valores e experiências amplamente compartilhadas durante

muitos anos, sendo comum se dizer algo e outro lado interpretar algo totalmente

diferente.

Os principais problemas de comunicação são justamente a falta de

comunicação entre os negociadores, que muitas vezes não falam um com o outro ou

simplesmente, não de forma a serem entendidos, caminhando não para um acordo

mutuamente agradável, mas para que o outro lado dê algum passo em falso, e

principalmente, se houverem expectadores, para que tomem partido. Desta forma,

muitas vezes, o que buscam é agradar a plateia e não o acordo em sim.

Outro problema na comunicação é a falta de atenção ao que o outro

diz, sendo em muitos casos, comum a ambas as partes. Isto se dá, em alguns

casos, pela preocupação do que irá dizer em seguida a uma colocação ou a

preparação de um próximo argumento a ser apresentado, ou ainda pela

preocupação em ouvir os expectadores, caso haja, e apresentar argumentos que

possam agradá-los.

Page 71: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

71

O último problema em comunicação apresentado por Fisher (2005),

são os mal-entendidos, que podem ocorrer principalmente por erros de

interpretação, mais comuns ainda se as partes falam idiomas diferentes.

Para se evitar estes tipos de problemas, o adequado é escutar

atentamente o que é exposto e fazer anotações do que é dito. Escutar é uma grande

virtude de um bom negociador e tentar compreender na íntegra o que o outro lado

tenta explicitar é algo fundamental para se evitar erros na negociação, pois uma

concessão barata para se fornecer ao outro lado é deixar claro que as ideias dele

foram realmente compreendidas.

Expor claramente ao outro lado as suas ideias também é algo

imprescindível para qualquer negociador, não se esquecendo que negociação não é

um debate, nem um julgamento, nem um convencimento, mas sim um acordo entre

partes.

Não falar de outros, mas sim de si mesmo e de suas motivações é

outro fator que contribui para uma boa negociação, bem como falar e expor tais

motivações com objetividade.

7.3 A Negociação Perfeita

Todo negociador deve criar uma variedade de possibilidades antes

de tomar qualquer decisão, e na medida do possível, deve-se chegar para toda e

qualquer negociação já com estas possibilidades elaboradas.

Page 72: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

72

Para Fisher (2005), o bom negociador deve se esforçar para que todo

e qualquer resultado seja baseado em algum padrão objetivo.

Qualquer negociação, de um modo geral, pode ser avaliada por três

critérios: deve ser resultado de um acordo sensato, no caso de possibilidade de

acordo; ser eficiente e deve melhorar ou não atrapalhar o relacionamento entre as

partes.

Um acordo sensato, ainda para Fisher (2005, p. 22), pode ser

definido como: “aquele que atende aos interesses legítimos de cada uma das partes

na medida do possível, resolve imparcialmente os interesses conflitantes, é

duradouro e leva em conta os interesses da comunidade”.

Para Lempereur (2009), até mesmo as mudanças de ideias são

possíveis através de evoluções negociadas, mas não por revoluções impostas.

Page 73: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

73

8 O SETOR DE SEMI-JOIAS (sic)

A presente pesquisa-ação foi realizada com uma empresa do

segmento de semi-joias (sic) e bijuterias, localizada no interior do estado do Paraná,

a mesma fabrica produtos fundidos e estampados, atua no mercado há quatorze

anos e vende para todo o Brasil, além de vários países da América do Sul, América

Central e América do Norte.

8.1 Definição de Produtos

O termo semi-joia (sic) é usual no mercado, para diferenciar as peças

feitas em prata ou folhadas a ouro.

Porém, segundo definição:

A própria NCM diferencia o folheado da bijuteria, no tocante ao banho que

a peça sofrerá. Caso seja somente dourada, é chamada de bijuteria. Caso

seja folheada, será chamada de artefato de joalharia (jóia). Somente isto já

seria suficiente para sugerir a todos os que lidam com a produção e

comercialização de joias folheadas a ouro e prata para nunca mais usarem

o termo altamente pejorativo "semi-joia". Não existe esta denominação

semi para nenhum produto, pois ou é jóia ou não é, não existe o meio do

caminho. Então, não existe também o termo semi-jewel, como já ouvi

antes. O correto termo em inglês para bijuteria é fashion jewel ou costume

jewel. No caso do folheado, pode ser gold platted jewel ou silver platted

jewel. (HORTMANN, 2005)

Há ainda uma outra definição para diferenciar jóia de bijuteria:

Page 74: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

74

Joia, em geral está associada a ouro, platina, titânio, nióbio, prata e até

com couro, madeira e outros materiais alternativos que começam a ser

muito utilizados

A joia tem um design próprio, mais elaborado, em geral identificado com a

cultura da região onde se encontra a fábrica.

Já as bijuterias são produzidas com materiais de ponto de fusão, como

latão, zamak ou ligas pré-prontas feitas especialmente para uso em

bijuterias.

O acabamento é um definidor importante da joia. Uma peça de bijuteria

normalmente é banhada, enquanto na joia é empregado o próprio metal.

O uso da prata, muito comum tanto em joias como em bijuterias, também

tem diferenças significativas nas suas aplicações. Nas joias os desenhos

são exclusivos e mais trabalhados. Numa bijuteria, os detalhes, em geral,

são maiores, enquanto na joia o desenho é bem definido.

Outro detalhe importante é o fato de que nas joias, as pedras são cravadas

e, nas bijuterias são simplesmente coladas.

Pérolas em bijuterias nem mesmo chegam a ser sintéticas e são mera

imitação. (SILVA, 2005)

8.2 A Situação do Setor no Brasil

Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, houve um aumento das exportações de produtos da NCM

(Nomenclatura Comum do Mercosul) 71131100 (Artefatos de joalheria, de prata,

mesmo revestida, folhada ou chapeada de outros metais preciosos), passando de

USD 515,460.00 / FOB (Free On Board – livre a bordo, ou seja, colocado no navio)

em 2003, para USD 2,076,564.00 / FOB em 2011, o que representa um aumento de

302,86%.

E conforme o mesmo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, na NCM 71171900 (outras bijuterias de metais comuns), o

Page 75: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

75

aumento foi de USD 1,895,885.00 / FOB em 2003, para USD 12,526,954.00 / FOB

em 2011, o que representa um aumento de 560,74%.

As informações indicam que houve um crescimento significativo do

setor nas exportações, mostrando uma alta dos produtos brasileiros tratados neste

trabalho.

Page 76: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

76

9 METODOLOGIA

É um dos papéis da metodologia estabelecer um controle detalhado

dos métodos utilizados na pesquisa, de forma a criar condições satisfatórias para

uma combinação de técnicas apropriadas aos objetivos da pesquisa. Esta seção

busca elucidar os procedimentos que conduzem esta pesquisa dentro da proposta

de identificar práticas facilitadoras no processo da negociação internacional de bens

manufaturados, especificamente de produtos brasileiros para o mercado mexicano,

através da Cidade do México.

A procedência de dados secundários, se deu junto a órgãos como o

SECOM México – Setor Comercial da Embaixada do Brasil no México, ALICE WEB

– Sistema de Análise de Informações de Comércio Exterior via Internet – do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e SECEX – Secretaria

de Comércio Exterior.

A pesquisa foi qualitativa, devido o objetivo da pesquisa-ação, que

busca tanto o objetivo prático visando contribuir para o melhor equacionamento do

problema da pesquisa, com levantamento de soluções e proposta de ações

correspondentes às ‘soluções’ para auxiliar o agente na sua atividade

transformadora da situação, quanto atender à necessidade de objetivos de

conhecimento obtendo informações que sejam de difícil acesso por meio de outros

procedimentos, aumentando o conhecimento de determinadas situações.

(THIOLLENT, 2000)

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77

A natureza da pesquisa é qualitativa, utilizando-se a abordagem

detalhada e aprofundada.

A definição foi dada após o levantamento dos dados secundários.

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78

10 TIPIFICAÇÃO DA PESQUISA

Esta tipificação vale-se da taxionomia proposta por Santos (2004)

que expõe três critérios básicos para o tipo de pesquisa: quanto aos fins ou objetivos

da pesquisa que se deseja alcançar; quanto aos meios de investigação ou

procedimentos de coleta de dados; e segundo as fontes de dados.

Quanto aos fins, a presente pesquisa é de caráter descritivo, que

como sustenta Santos (2004, p. 26), “[...] é feita na forma de levantamentos ou

observações sistemáticas do fato/fenômeno/processo escolhidos”. Sua intenção é a

de expor certas características de determinado fenômeno, e não tem à priori, o

compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora possa servir de base

para tal explicação. (VERGARA, 2004)

Em relação ao procedimento de coleta de dados, ou meios de

investigação, esta pesquisa se delineia pela pesquisa-ação, calcado na consciência

de que esta proposta permite, como esclarece Thiollent (2000, p. 19) “[...] estudar

dinamicamente os problemas, decisões, ações, negociações, conflitos e tomadas de

consciência que ocorrem durante o processo de transformação da situação”. A

pesquisa-ação objetiva propor soluções quando for possível ou ao menos fazer

progredir a consciência dos participantes no que diz respeito à existência de

soluções e de obstáculos. (THIOLLENT, 2000)

Uma pesquisa-ação é assim qualificada, quando houver realmente

uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados no problema sob observação

Page 79: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

79

e que mereça investigação. Na pesquisa-ação o pesquisador desempenha um papel

ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na

avaliação das ações desencadeadas em função dos problemas. (THIOLLENT, 2000)

Desta feita, se diferencia da pesquisa convencional que exige

isenção do pesquisador da situação observada e deixa grande distância entre os

resultados da pesquisa e as possíveis decisões ou ações decorrentes, pois na

pesquisa-ação o pesquisador abdica da linha positivista privilegiando uma linha

interpretativista de abordagem da pesquisa, onde o pesquisador carrega sua

bagagem de valores e intervêm conscientemente e, por conseguinte, as

interpretações da realidade observada e as ações transformadoras são objetos de

deliberação. (THIOLLENT, 2000)

A pesquisa também se vale de meios bibliográficos, que permitirá sua

fundamentação teórica levantando dados sobre: os processos de

internacionalização das organizações, o marketing internacional, problemas

frequentes relatados por exportadores, elaboração de projetos de

internacionalização, negociações internacionais.

Em relação às fontes de dados, esta é uma pesquisa de campo,

onde, como elucida Santos (2004, p. 27) “[...] é aquela que recolhe os dados ‘in

natura’, como percebidos pelo pesquisador”. Esta interpretação é reforçada por

Thiollent (2000, p. 21), quando afirma ser característica da pesquisa-ação “[...] uma

forma de experimentação real, na qual os pesquisadores intervêm conscientemente.

Os participantes não são reduzidos a cobaias e desempenham um papel ativo”.

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80

11 COLETA DE DADOS

Antes da explicitação de como se deu a coleta de dados, é pertinente

levantar algumas considerações relevantes quanto ao meio de investigação de que

se lançou mão: a pesquisa-ação.

Na pesquisa-ação as exigências consideradas são diferentes

daquelas que são comumente aceitas de acordo com o padrão convencional de

observação, no qual há total separação entre observador e observados, visto que na

pesquisa-ação, o pesquisador e os participantes representativos da situação ou do

problema, estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. No tocante à total

substitutibilidade dos pesquisadores, pregada pelo padrão convencional de

observação, esta deixa de ser factível, pois o que cada pesquisador observa e

interpreta, nunca é independente da sua formação, de suas experiências anteriores

e da própria inserção na situação investigada. Em relação à quantificação da

informação colhida na observação, enquanto princípio de objetividade, deixa de ser

uma exigência pela própria falta de instrumentos de medição que possam ser

aplicados sem se recorrer a um demasiado artificialismo. (THIOLLENT, 2000)

Daí, resultar tratar-se fundamentalmente de uma pesquisa qualitativa

que traz como implicação, como destacam Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998,

p. 132) “[...] o fato de se considerar o pesquisador como o principal instrumento de

investigação e a necessidade de contato direto e prolongado com o campo, para

poder captar os significados dos comportamentos observados”. Deste fato decorre a

natureza predominante dos dados qualitativos a que se refere Patton (1986, p. 22)

Page 81: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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“[...] descrições detalhadas de situações eventos, pessoas, interações e

comportamentos observados; citações literais do que as pessoas falam sobre suas

experiências, atitudes, crenças e pensamentos [...]”.

Portanto, não procurará esta investigação fazer previsões a partir de

cálculos numéricos, mas sim previsões argumentadas, estabelecendo

qualitativamente as condições de êxito de dada negociação, objeto desta

investigação, e avaliar subjetivamente a probabilidade de tal ou qual acontecimento

poder desencadear um processo desejável ou não.

Tendo como pressuposto o elucidado acima, esta investigação se

vale da aplicação de ações que visem minimizar os entraves no processo de

negociação de produtos brasileiros para o mercado mexicano, através da Cidade do

México, ou seja, se vale da interatividade do pesquisador com as unidades de

intervenção, a partir da própria prática do processo de negociação, visando colher as

impressões percebidas, lembrando do que é elucidado por Alves-Mazzotti e

Gewandsznajder (1998, p. 148), que “... nos estudos qualitativos, a coleta

sistemática de dados deve ser precedida por uma imersão do pesquisador no

contexto a ser estudado”.

Antecedendo a prática a ser aplicada, o pesquisador terá elaborado o

planejamento dos procedimentos que julga necessários e capazes de vencer as

barreiras que dificultam ou obstaculizam o processo de comercialização com o

mercado mexicano, através da Cidade do México. Este planejamento considerará

como unidades de intervenção: a) as potenciais empresas importadoras dos

produtos brasileiros; b) as alfândegas do país, com potencial importador e suas

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restrições específicas a determinados produtos brasileiros a serem submetidos à

negociação; c) as barreiras culturais, de idioma e possível reserva a produtos

brasileiros.

As barreiras e dificuldades no processo de comercialização tiveram

como referencial, a bibliografia específica que trata do problema e as próprias

experiências do pesquisador, colhidas em negociações anteriores realizadas no

mercado em questão e em outros mercados. Essa fase exploratória, nas palavras de

Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998, p. 148), “[...] permite que o pesquisador,

sem descer ao detalhamento exigido na pesquisa tradicional, defina pelo menos

algumas questões iniciais, bem como os procedimentos adequados à investigação

dessas questões”.

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12 TRATAMENTO DOS DADOS E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Em função da natureza do presente problema e da visão com que o

pesquisador deste trabalho se identifica, a escolha se volta para uma abordagem

interpretativista, a qual privilegia procedimentos qualitativos de pesquisa.

A organização dos dados se realizou através de um processo

continuado de identificação de tendências e padrões que permitam revelar seu

significado. Por ser um processo complexo e não-linear, como relatam Alves-

Mazzotti e Gewandsznajder (1998), a medida em que os dados são colhidos, o

pesquisador os identifica, construindo interpretações e gerando novas questões ou

aperfeiçoando as anteriores, podendo levá-lo a busca de novos dados,

complementares ou mais específicos, que testem sua interpretação, num processo

de ajuste que vai até a análise final.

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13 PROCESSO DE ENTRADA NO MERCADO MEXICANO

A empresa pesquisada, já atuava no mercado externo através de

exportação direta, com vendas realizadas por representantes internacionais que

atuam ligados diretamente a ela.

Com base em sua experiência internacional adquirida, a empresa

optou por atuar em novos mercados, além dos quais já atuava. Mas após estudos e

análises, constatou-se que um mercado muito atrativo é o mexicano, que contava

com uma população de 97,4 milhões de habitantes, sendo que só na capital (Ciudad

de México), eram 13,08 milhões de habitantes, segundo a embaixada dos Estados

Unidos Mexicanos (México) no Brasil, através do XII Censo Geral de População e

Habitação de 2000. (Embaixada, 2005).

Com uma população tão grande, a Ciudad de México é uma das

maiores cidades do mundo, o que a torna um grande mercado consumidor, além de

ter uma cultura latina, o que facilitaria a entrada dos modelos produzidos, sem

muitas adequações.

Apesar de ser conhecido no mercado como o maior produtor mundial

de prata bruta, o México é um grande consumidor de produtos de prata.

Após estes estudos e um convite feito através do Ministério das

Relações Exteriores, para participar de uma Missão Comercial Conjunta Mercosul-

México, a empresa enviou um gerente de vendas internacionais à missão,

justamente para iniciar suas atividades neste mercado.

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Nesta missão participaram várias empresas de inúmeros

seguimentos e muitos contatos foram realizados em rodadas de negócios, e após

alguns contatos e reuniões marcadas para horários e locais fora do local do evento,

surgiu o primeiro negócio com este mercado, com um dos maiores importadores do

setor de joias semipreciosas (sic) e bijuterias do México. Além de ter atingido com

esta negociação o mercado mexicano, indiretamente se atingiu os mercados da

Guatemala e Honduras, onde a empresa importadora mantém escritórios próprios de

distribuição, e posteriormente foram iniciados negócios diretos com a Guatemala.

Este foi o primeiro passo para iniciar-se negociações com este

mercado, criando-se mais negócios posteriormente e fidelizando o cliente, tornando-

o um importante parceiro comercial.

Atualmente, há negociações com outras empresas e o nível de

expansão de negociações tem aumentado.

Dois parceiros têm sido muito importantes para a internacionalização

desta empresa no mercado mexicano, que tem-se dado através da Ciudad de

México, e são eles: o SECOM – Setor Comercial da Embaixada do Brasil no México

e a Câmara de Comércio México-Brasil, também na Ciudad de México.

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14 EXPOSIÇÃO DAS BARREIRAS ENCONTRADAS NO PROCESSO DE

EXPORTAÇÃO AO MÉXICO

Como todo o processo de internacionalização, algumas dificuldades

foram encontradas, bem como soluções, e são expostas a seguir:

14.1 Modo Utilizado Para Internacionalizar

O modo escolhido inicialmente foi a exportação direta, devido já se

ter experiência neste modo de atuação, porém, com o passar do tempo, estudou-se

a possibilidade de se montar um escritório na Ciudad de México, para atuar de forma

mais expressiva no país, sendo inviabilizado devido a legislação aduaneira e fiscal

do México.

Optou-se por se criar uma parceria com o maior cliente, para que

fizesse a distribuição dos produtos, inicialmente na capital e espera-se expandir para

outras cidades em breve.

Com negócios realizados com este cliente, conseguiu-se atingir

indiretamente a maior rede de lojas mexicanas, chamada Sanburns, o que seria

muito difícil se a tentativa fosse direta, como ocorreu com algumas outras redes,

como o Palacio de Hierro e Liverpool.

Page 87: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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14.2 Influências do Fator Cultural

A cultura mexicana é muito diversificada, em função de sua riqueza,

devido a grande quantidade de tribos indígenas, com hábitos e costumes herdados

nos séculos de história e influências externas do povo espanhol, na colonização, e

principalmente dos Estados Unidos da América, devido sua proximidade e influência

econômica.

A empresa brasileira não encontrou muitas dificuldades culturais com

seus produtos para atingir este mercado, pois com a experiência adquirida nos

outros mercados, os modelos foram concebidos de forma a atingi-los, agradando

também o gosto mexicano.

Assim como em vários países, os produtos brasileiros neste setor

recebem muita influência do design italiano e o mesmo é muito bem aceito também

no México.

O brasileiro é muito bem acolhido pelo povo em geral e muito

questionado a respeito do futebol, pois ainda é muito marcante a influência do Brasil

por ser lembrado pelos feitos da “maravillosa” seleção de futebol de 1970.

É comum, em várias conversas e principalmente nos táxis, quando

eles descobrem que estão transportando um brasileiro, citarem os nomes dos

jogadores desta seleção, o que é um tanto frustrante ao brasileiro, caso não se

conheça esta parte da história.

Page 88: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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14.3 Idioma

O espanhol é o idioma oficial do México e a língua falada é de mais

fácil compreensão para os brasileiros, que o espanhol falado em vários países da

América do Sul.

A letra V (uve), por exemplo, que tem um som semelhante ao da

letra B (bê – quando pronunciado em português), quando falado na maioria dos

países de língua espanhola, no México normalmente é pronunciado com som de V

(Vê), tornando-se mais compreensível ao brasileiro.

Isto ocorre também na pronúncia de outras letras e sílabas, tornando

o idioma algo mais compreensível a um ouvido menos treinado. Porém, há

expressões que os significados mudam, tornando-se necessário atentar-se a isto,

para evitar gafes e situações desagradáveis.

Um exemplo é a palavra jaqueta, que em português, segundo o

dicionário Aurélio (Jaqueta, 2001, p. 406) é um “casaco que em geral chega só até a

cintura”, mas em espanhol falado no México, além de ter o mesmo significado, tem

um sentido pejorativo de masturbar-se, podendo tornar-se motivo de chacota em

algumas situações.

No geral não há muita dificuldade para se comunicar, mas é evidente

que um preparo por parte do responsável brasileiro na negociação, é necessário.

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14.4 Barreiras Encontradas

Para a entrada de produtos da NCM 71131100 (Artefatos de

joalheria, de prata, mesmo revestida, folhada ou chapeada de outros metais

preciosos), os impostos de importação eram de 30%, porém, com o envio de um

Certificado de Origem da ALADI (Associação Latino Americana De Integração), nos

termos dos acordos AAP – Nº 53, AAP - CE Nº 55 e APTR 4, havendo uma redução

de 6%, deixando-o em 24%.

No caso de produtos na NCM 71179000 (outras bijuterias de metais

comuns), o imposto de importação é de 18,4%, e também com o envio de um

Certificado de origem, nos termos do mesmo acordo, há uma redução de 4%,

chegando aos 14,4%.

Atualmente os impostos de importação, tanto na NCM 71131100,

quanto na 71179000, são da ordem de 15%. (ASSOCIAÇÃO LATINO

AAMERICANA DE INTEGRAÇÃO, 2012)

Para ambos os casos, há o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que

é um imposto para todos os produtos, independente de nacional ou importado, de

16%, que deve ser levado em consideração nas negociações.

14.4.1 Protecionismo

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Como o México é considerado o maior produtor de prata do mundo, é

evidente que a entrada de produtos de outros países é dificultada, prova disto são os

impostos que fazem com que muitas empresas nem mesmo se interessem por

conhecer os produtos, imaginando-os muito caros quando já calculados com os

impostos.

Esta é uma dificuldade burlada pelos compradores com a solicitação

de notas subfaturadas, o que, infelizmente é uma condição fundamental para

conseguir colocar os produtos no país.

Já trata-se de uma “lei informal” para entrada, ou seja, o exportador a

aceita e vende ou se recusa e não vende.

14.4.2 Falta de moeda conversível

Este é um fator que não vai se encontrar, até mesmo pelo

crescimento da economia, segundo a Embaixada do México no Brasil. (Embaixada,

2005)

Atualmente também não há dificuldade de conversão da moeda e há

a projeção de que o México seja uma grande potência em 2020 e se torne a 6ª maior

economia do mundo em 2050. (NUNES, 2011)

Como a economia está em expansão, principalmente após a entrada

no NAFTA (North American Free Trade Agreement – Acordo de Livre Comércio da

Page 91: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

91

América do Norte), o México goza no momento de uma situação estável no que se

refere a ter moeda conversível, dólar.

14.4.3 Excessiva burocracia

Este é um fator razoável, no que diz respeito a entrada dos produtos

já para exportação, nada muito diferente do que se ocorre no Brasil.

O que é muito mais visível é o fato de que o uso da “propina”, uma

suposta “gratificação” por algum “favor” realizado na liberação de algum documento

ou alguma mercadoria, é do conhecimento dos clientes que adquirem produtos de

qualquer país, exigindo um cuidado maior na emissão dos documentos, para que ao

menos minimize o valor da “propina”.

Até mesmo quando da entrada no país, onde o serviço de imigração

libera a permanência durante 15 dias, quando trata-se de viagem de negócios,

alguns policiais procuram alguma forma de se conseguir uma certa “propina” para

facilitar as coisas.

14.4.4 Negociação

Muitas empresas mexicanas, somente negociam com empresas que

sejam mexicanas, ou tenham filiais no México.

Page 92: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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Para se importar, é necessário um “registro de importador”, e para

que não haja a necessidade de tirá-lo, muitas empresas só compram os produtos já

nacionalizados, fator que requer um distribuidor no país ou um escritório próprio de

distribuição, para facilitar as negociações.

Os mexicanos recebem muito bem os brasileiros e é comum um bom

tratamento, já pelos motivos citados, principalmente do futebol, assunto que

normalmente é discutido com os brasileiros, e que são muito fãs, tendo até uma

estátua de cera do Pelé, num museu da Ciudad de México.

A prática da comercial invoice subfaturada é comum já ser citada

logo no começo das negociações, já em função dos impostos.

O bom relacionamento é comum e o profissionalismo que eles

exigem por parte do negociador brasileiro é grande, principalmente no que se refere

a conhecimento do produto com o qual se trabalha e a legislação vigente, como os

acordos entre os dois países, para evitar o pagamento desnecessário de impostos.

É comum encontrar negociadores que utilizam a barganha posicional,

tentando impor suas condições, mas é possível argumentar, propondo uma

abordagem mais substancial, gerando assim condições plenas de negociação.

Cabe ao negociador atentar para as condições apresentadas pelo

outro lado e ter o foco voltado para a possibilidade de expansão que o mercado

apresenta, pois se trata de um mercado muito atrativo.

Para agradar também ao outro negociador, é inaceitável não se ter

informações suficientes sobre o(s) produto(s) negociado(s).

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14.4.5 Concorrência

Para o empresário brasileiro, no momento está mais viável exportar

os produtos folhados a ouro, que os produtos em prata 925 (que corresponde a

92,5% de prata e 7,5% de outras ligas metálicas), pois, além do USD estar em

baixa, numa média de R$ 1,7769, empresas tailandesas e chinesas têm ganho

mercado com produtos baratíssimos.

A média do grama de um produto feito em prata, está em torno de

USD 0.65, podendo chegar a USD 0.55, caso não utilize nenhuma pedra sintética,

somente a liga 925.

Os tailandeses e os chineses têm vendido no mercado, a USD 0.42,

em média, chegando até a USD 0.33, mesmo com pedras.

A prata, assim como o ouro, tem cotação internacional, e está em

torno de USD 0.28, o grama da prata 999, (conhecida também como prata 1000, ou

seja, bruta e pura). Esta prata é utilizada para se preparar a liga 925 e se produzir

anéis, pingentes, correntes, brincos, pulseiras, braceletes, broches e etc.

Com o valor da prata 999 a USD 0.28 e a utilização de pedras, é

impossível se produzir com qualidade e vender a USD 0.33, o grama da peça

acabada.

Alguns testes feitos dentro da empresa pesquisada em peças

produzidas nesses países, demonstraram que a liga utilizada está aquém do

especificado, ou seja, abaixo de 925 ou abaixo do teor de 92,5% de liga de prata.

Page 94: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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Esse é um dos motivos pelos quais a produção e comercialização de

produtos em prata, têm se tornado um tanto difícil.

Já no caso de produtos folhados a ouro, estão começando a adentrar

no mercado, principalmente em função do aumento da violência, inibindo a utilização

de peças em ouro, e outro fator é a vaidade feminina, muito evidente, principalmente

nas grandes cidades. Porém deve-se ter produtos com boa qualidade, pois a

produção inconsciente, com teor de ouro muito baixo ou baixa camada de ouro, tem

diminuído consideravelmente a boa imagem de qualidade do produto brasileiro,

criando um estigma em alguns países ou regiões.

A ganância tem levado alguns produtores brasileiros a utilizarem

métodos que desagradam os consumidores e gerar uma imagem negativa do

produto brasileiro, porém ainda é possível obter certa credibilidade, trabalhando-se

com profissionalismo e seriedade.

Caso se deseje adentrar com os produtos de prata, o diferencial deve

ser o design e a qualidade, pois o preço do produto brasileiro é mais alto.

14.5 Variação Cambial

O valor médio do peso mexicano ($) é de USD 0.08028, ou um USD

custa cerca de $ 12,4567, e é muito afetado pela economia dos Estados Unidos.

Page 95: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

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14.5.1 Economia

Como os próprios mexicanos dizem: “se a economia norte-americana

vai bem, a economia mexicana dá uma respirada, mas se a economia norte-

americana espirra, a economia mexicana tem uma forte pneumonia”.

Segundo palestra apresentada no ano de 2002 na Associação

Comercial de Curitiba, a embaixadora do México no Brasil, Cecília González,

comentou que com o acordo do NAFTA, a economia mexicana melhorou os

números, comparados aos que tinha anteriormente, pois muitas indústrias norte-

americanas se instalaram em território mexicano. Porém, a intenção sempre foi de

utilizar-se da mão-de-obra mais barata e enviar os produtos para os Estados Unidos.

Isto ocorreu inclusive, com muitas indústrias automobilísticas.

O número das exportações melhorou consideravelmente, em virtude

dos motivos apresentados acima, mas a recessão interna também cresceu. Até

mesmo o número de mexicanos que atravessam a fronteira, tentando uma melhor

condição de vida, aumentou. O que não é difícil se perceber através de noticiários.

14.6 Documentação

Como em qualquer negociação internacional, alguns documentos são

necessários e imprescindíveis e na prática, os mais comuns são:

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96

- Pro forma invoice, ainda que não emitida como de praxe, mas feita

pessoalmente através de um talão de pedidos ou depois que já há

confiança, através de uma simples planilha de excel.

- Comprovante de depósito, que é enviado pelo importador, devido

boa parte das compras serem feitas normalmente em pagamento

antecipado, há algumas empresas brasileiras que dão prazo para

pagamento, e neste caso os depósitos são feitos posteriormente.

- Carta de crédito, apesar de serem raros os casos, devido o

pagamento que deve ser feito para emissão da mesma, mas

algumas empresas a preferem, em suas primeiras negociações.

- Nota fiscal de saída, para que acompanhe a mercadoria no

mercado interno.

- Comercial invoice, documento necessário para que a mercadoria

deixe o país nos trâmites legais e possa ser desembaraçada no

mercado de destino, pelo importador ou despachante contratado

pelo mesmo.

- AWB (Air Way Bill), que é o conhecimento de embarque aéreo,

devido os volumes serem pequenos, são enviados por couriers, que

são empresas logísticas especializadas no transporte internacional

de cargas. Com a emissão deste documento, comprovasse que a

mercadoria foi entregue para embarque e a responsabilidade,

conforme os termos acordados na negociação, já não é mais do

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97

exportador. Devido condições de preços, normalmente contratasse

o frete à ser pago no Brasil, por ser quase sempre mais barato que

contratar-se pelo México, e neste caso o importador envia o

dinheiro do frete juntamente com o pagamento da mercadoria. A

contratação do frete através de courier já tem o seguro incluído.

- Certificado de origem da ALADI, devido os descontos de impostos

apresentados anteriormente, o envio do mesmo favorece a

negociação, em função de diminuir, ainda que pouco, o valor final

da mercadoria.

- Fechamento de câmbio, em posse dos documentos acima em

mãos, a empresa se dirige a um banco autorizado para o

fechamento do câmbio, ou seja, converter a moeda estrangeira em

moeda nacional.

14.7 Transporte

Um dos problemas enfrentados para o envio de mercadorias, no caso

da utilização de couriers, é que as três maiores empresas, têm suas matrizes nos

Estados Unidos e todas as coletas são enviadas à elas para a triagem e envio aos

destinos. Porém, é comum, ao chegar a encomenda para triagem, alguns

documentos que devem seguir ao destino, serem retidos nesta etapa, gerando a

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necessidade de envio de novas cópias de documentos, diretamente ao importador,

para desembaraço aduaneiro da mercadoria.

Mesmo após várias solicitações e reclamações ocorridas, ainda é

algo comum.

O tempo médio para estar disponível para desembaraço aduaneiro, a

partir do aeroporto de Viracopos/Campinas à Ciudad de México, é de quatro dias

úteis. O tempo da coleta na empresa até o aeroporto de Viracopos/Campinas, varia

conforme a cidade onde se encontra a empresa, devido a distância.

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15 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O México trata-se de um grande mercado, com um bom potencial e

propício a ótimos negócios, a questão é procurar adequar a empresa ao modo de

trabalho deles. O bom relacionamento das pessoas envolvidas com os processos

negociais é vital, não só para este mercado, como para qualquer outro.

O departamento ou a pessoa responsável pelo processo de

internacionalização da empresa, deve estar bem preparado, para que assim possa

preparar bem a empresa, caso contrário, estará sujeita a fracassos.

O aprendizado com o mercado é essencial, e a facilidade da cultura

latina e o bom modo como o Brasil é visto, facilitam as negociações, porém não se

deve abusar da boa imagem e agir incoerentemente.

Há livros que citam como se portar diante dos negociadores, fixando

uma imagem das pessoas, através de aspectos culturais e modos de negociação,

porém é importante que o negociador saiba que estará tratando com seres humanos

e não há como serem iguais. Assim como no Brasil, há pessoas alegres e

descontraídas, há pessoas sérias e tímidas, como também há pessoas mal-

humoradas e ranzinzas, lá também há, por isto é difícil rotular um estereótipo para o

povo.

A generalização do estereótipo pode criar uma falsa imagem e levar

uma certa insegurança à mesa de negociações, o que não é bem visto em nenhum

lugar.

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Conforme a linha de produtos com os quais a empresa trabalhe, será

necessário se fazer algumas adequações para atender o mercado, porém isto faz

parte do cenário internacional e deve ser considerado e tido como algo muito

importante, pois o que interessa é o que os clientes desejam comprar. Deve-se

satisfazê-los e não ter uma linha de produtos bonitos, mas que não venda.

O fornecimento de informações corretas sobre a fabricação dos

produtos, deve ser uma prática constante, pois a utilização de teores e materiais que

não sejam condizentes com a realidade, criará uma desconfiança e a credibilidade

será perdida com facilidade, e neste caso, conseguir criar credibilidade às vezes

demora-se muito tempo, porém para perdê-la é muitíssimo rápido, e as empresas

normalmente mantém contatos umas com as outras, o que pode gerar uma grande

cadeia de empresas informadas sobre a má fama e descrédito da empresa que

assim aja.

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16 RECOMENDAÇÕES

A devida preparação da empresa interessada na internacionalização

é vital para o seu triunfo. Portanto, contar com pessoas devidamente capacitadas e

bem informadas é um dos principais fatores para sua inicialização.

A busca de informações e orientações em órgãos como o SEBRAE

(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o Redeagentes (Rede

Nacional de Agentes de Comércio Exterior), o Banco do Brasil, câmaras de

comércio, SECOM (Serviço Comercial das embaixadas do Brasil), pode auxiliar em

grande parte a empresa.

A busca de clientes, pode ser feita através da Câmara de Comércio

México-Brasil, no SECOM da Embaixada Brasileira no México, na Embaixada do

México no Brasil, em sites de busca, compra de dados no Banco do Brasil, entre

outras formas, dependendo muito da curiosidade e disponibilidade do pesquisador

para encontrá-las.

Page 102: Monografia - Claudemir Fernandes Farias

102

REFERÊNCIAS

ADUANEIRAS. Decisão da União Europeia prejudica exportação brasileira. São

Paulo, 20 jul. 2011. Disponível em: <http://www.aduaneiras.com.br>. Acesso em 13

dez. 2011.

ASSOCIAÇÃO LATINO AMERICANA DE INTEGRAÇÃO. Acuerdos - México.

México, 03 jun. 2002. Disponível em:<http://www.aladi.org>. Acesso em 28 nov

2011.

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