Monografia Corrigida Carla Final Fsl 6-12-2011

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O IPTU VERDE E OS MUNICPIOS AMAZNCOS EM ESPECIAL O MUNICPIO

FACULDADE SO LUCAS

COORDENAO DO CURSO DE DIREITO

CARLA NBIA NERY OLIVEIRA

O IPTU COMO INSTRUMENTO DE GESTO PBLICA DAS RECEITAS TRIBUTRIAS DO MUNICPIO DE PORTO VELHO - RO

PORTO VELHO RO

2011.2

FACULDADE SO LUCAS

COORDENAO DO CURSO DE DIREITO

CARLA NBIA NERY OLIVEIRA

O IPTU COMO INSTRUMENTO DE GESTO PBLICA DAS RECEITAS TRIBUTRIAS DO MUNICPIO DE PORTO VELHO - RO

Monografia apresentada ao Curso de Direito pela Faculdade So Lucas para a obteno do ttulo de Bacharel em Direito.Orientadora: Prof. Esp. Letcia Botelho

PORTO VELHO RO

2011.2

CARLA NBIA NERY OLIVEIRA

O IPTU COMO INSTRUMENTO DE GESTO PBLICA DAS RECEITAS TRIBUTRIAS DO MUNICPIO DE PORTO VELHO - RO

Esta monografia foi julgada adequada para a obteno do ttulo de Bacharel em Direito e aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora nota 10 (dez) composta pelos membros abaixo relacionados, na data de 13/12/2011.

____________________________________________

COORDENADOR DO CURSO DE DIREITO

PROF. MESTRE RAIMUNDO OLIVEIRA FILHO

____________________________________________

ORIENTADORAPROF. ESP. LETCIA BOTELHO

____________________________________________

PROF. DOUGLAS IVANOWSKI KIRCHNER____________________________________________

PROF. ESP. ISABEL SILVAPORTO VELHO - RO

2011.2

DEDICATRIA

Dedico esta monografia, trabalho de concluso do curso de Direito da Faculdade So Lucas, obra de meu esforo e dedicao, primeiramente, a DEUS, e a minha famlia, em especial aos meus pais Vicente Kleber de Melo Oliveira e Rita Carlos Nery Oliveira pelo incentivo e apoio aos meus estudos.

AGRADECIMENTOS

Ao Coordenador do Curso de Direito da Faculdade So Lucas, Prof. Mestre Raimundo Oliveira Filho e a Instituio de Ensino Superior Faculdade So Lucas a qual representa. Aos funcionrios da Coordenao do Curso de Direito da Faculdade So Lucas, principalmente a Secretria Tnia Maria Pereira dos Santos (Graduada em Pedagogia). queles professores que foram meus verdadeiros mestres durante minha formao acadmica e a caminhada para compreender e gostar mais da Cincia Jurdica.

minha orientadora que contribuiu para a concluso deste trabalho, Professora Esp. Letcia Botelho.

Ao Professor Esp. Hrcules Borges que muito pacientemente nos ensinou a disciplina de TCC II.

Aos meus amigos e colegas de turma. Aos funcionrios da Prefeitura do Municpio de Porto Velho que atenciosamente responderam ao meu requerimento de pedido de dados referentes ao imposto objeto de estudo desse trabalho, em especial, meus agradecimentos a Ana Cristina Cordeiro da Silva, Secretria Municipal de Fazenda, e a Maria Sandra Bandeira, Diretora do Departamento de Administrao Tributria DAT. EPGRAFE

"O imposto tem esse nome porque, de outro modo, ningum o pagaria".

Carlos Drummond de Andrade

RESUMO

Este trabalho visa apresentar o estudo do Imposto Predial e Territorial Urbano no mbito do Municpio de Porto Velho como instrumento no apenas de arrecadao de recursos financeiros para a mquina pblica, mas tambm de meio de organizao urbana, j que nos ltimos anos a capital do Estado de Rondnia apresentou um grande crescimento populacional. Por esta perspectiva, o IPTU pode ser usado como instrumento de gesto pblica das receitas tributrias de Porto Velho de forma a dar mais eficincia e eficcia prestao dos servios pblicos, principalmente no que se refere aos servios sociais bsicos, como sade, saneamento bsico, educao, moradia, entre outros. Dessa forma, aplica-se uma boa Administrao Pblica com uma justa poltica fiscal, dignificando os muncipes e respeitando os princpios do Direito Tributrio.

Palavras-chave: Imposto; Predial; Territorial; Urbano; Princpios; Direito; Tributrio.

ABSTRACT

This paper presents the study of property tax and urban land within the municipality of Porto Velho as a tool not only to collect funds for the public system, but also a means of urban organization, since in recent years the state capital Rondnia had a great population growth. From this perspective, property taxes can be used as an instrument of public management of tax revenues of Porto Velho in order to give more efficiently and effectively to the provision of public services, particularly with regard to basic social services such as health, sanitation, education, housing, among others. Thus, it applies a good public administration with a fair tax policy, local residents dignifying and respecting the principles of tax law.

Key-Words: Tax; Property; Land; Urban; Principles; Law; Tax.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS UTILIZADAS

Abrasf Associao Brasileira das Secretarias de Finanas das Capitais

ABAM Associao Brasileira de Administrao Municipal

CC/2002 Cdigo Civil de 2002

CTM/PVH/RO Cdigo Tributrio Municipal Porto Velho - Rondnia

CTN Cdigo Tributrio Nacional

DPHAP - Departamento de Patrimnio Histrico Artstico e Paisagstico

EFMM Estrada de Ferro Madeira-Mamor

FG Fato Gerador

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional

ICMS Impostos sobre Circulao de Mercadorias e Servios

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

IR Imposto de Renda

ITR Imposto Territorial Rural

ITU Imposto Territorial Urbano

ISSQN Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza

LOMPVH Lei Orgnica de Porto VelhoPAT Processo Administrativo Tributrio do Municpio de Porto Velho/ROSEMAD Secretaria Municipal de Administrao do Municpio de Porto VelhoSEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenao

SEMUR Secretaria de Regularizao Fundiria e Habitao

TRSD Taxa de Resduos Slidos Domiciliar

v.g. verbi gratia (por exemplo)

LISTAS DE GRFICOS

Grfico 1............................................................................................................................39LISTAS DE TABELAS

Tabela 1.............................................................................................................................39Tabela 2.............................................................................................................................39Tabela 3.............................................................................................................................40Tabela 4.............................................................................................................................82Tabela 5.............................................................................................................................82Tabela 6.............................................................................................................................82LISTAS DE QUADROS

Quadro 1............................................................................................................................44Quadro 2............................................................................................................................57SUMRIO

INTRODUO151 A ORIGEM DO IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO172 O MUNICPIO COMO ENTE FEDERATIVO202.1 DA ORGANIZAO POLTICO-ADMINISTRATIVA DO MUNICPIO DE PORTO VELHO RO222.2 AUTONOMIA FINANCEIRA MUNICIPAL232.3 COMPETNCIA TRIBUTRIA RELATIVA AO IPTU243 DA IMUNIDADE OU NO INCIDNCIA CONSTITUCIONAL E DA ISENO263.1 DA IMUNIDADE OU NO INCIDNCIA CONSTITUCIONAL263.1.1 Conceito e Previso Constitucional263.1.2 A Imunidade Luz da Legislao Tributria do Municpio de Porto Velho273.1.3 Outras Imunidades Aplicadas no Municpio de Porto Velho283.1.4 Exigncias Para Usufruir da Imunidade Constitucional293.1.4.1 Requisitos Exigidos Pelo Regulamento do IPTU do Municpio de Porto Velho Para Usufruir da Imunidade303.2 DA ISENO323.2.1 Do Conceito de Iseno323.2.2 A Iseno Luz do CTN323.2.3 Isenes Especficas do IPTU no Municpio de Porto Velho333.2.4 Requisitos Para Usufruir da Iseno do IPTU em Porto Velho344 DA EXTRAFISCALIDADE DO IPTU364.1 A FUNO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA374.1.1 A Questo Urbana, A Funo Social da Propriedade Urbana no Estatuto das Cidades384.2.1 A Progressividade do IPTU415 OS PRINCPIOS A QUE SE SUBMETE O IPTU465.1 PRINCPIO DA ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTRIA475.2 PRINCPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTRIA495.3 PRINCPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI TRIBUTRIA495.4 PRINCPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA505.5 PRINCPIO DA VEDAO AO CONFISCO525.6 PRINCPIO DA IGUALDADE OU DA ISONOMIA TRIBUTRIA546 DO FATO GERADOR DO IPTU566.1 ASPECTO MATERIAL FATO GERADOR DO IPTU576.1.1 A Propriedade de Bem Imvel Urbano596.1.2 O Domnio til de Imvel Urbano626.1.3 A Posse de Bem Imvel Urbano626.2 ASPECTO ESPACIAL CONCEITO DE ZONA URBANA646.3 ASPECTO TEMPORAL646.4 ASPECTO PESSOAL SUJEITOS ATIVO E PASSIVO DO IPTU656.5 ASPECTO QUANTITATIVO A BASE DE CLCULO DO IPTU687 ADMINISTRAO TRIBUTRIA MUNICIPAL717.1 PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTRIO MUNICIPAL PAT727.2 DA NOTIFICAO DO SUJEITO PASSIVO727.3 DO LANAMENTO DO IPTU NO MUNICPIO DE PORTO VELHO737.4 O IPTU E A EXECUO FISCAL767.5 INADIMPLNCIA X SONEGAO FISCAL797.5.1 Inadimplncia797.5.2 Sonegao Fiscal797.5.3 Cidadania Fiscal807.6 DA ANISTIA818 A POLTICA URBANA DE PORTO VELHO E SEU PLANO DIRETOR848.1 PLANO DIRETOR DE PORTO VELHO848.2 DESAPROPRIAO868.3 PROGRAMA DE REGULARIZAO FUNDIRIA DO MUNICPIO DE PORTO VELHO868.3.1 Programa Uso Campeo888.4 ALTERNATIVAS SOCIOAMBIENTAIS E A COBRANA DO IPTU888.4.1 O IPTU Verde Instrumento de Proteo ao Meio Ambiente898.4.2 Iseno do IPTU ao Patrimnio Histrico918.4.3 Reduzindo o IPTU Atravs da Coleta Seletiva do Lixo938.4.4 Internet Gratuita Cidade Digital94

CONCLUSO E SUGESTES95REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS98APNDICE102ANEXOS103INTRODUO

Este trabalho tem como objetivo apresentar a importncia do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU, como meio no apenas de arrecadao (funo eminentemente fiscal) para o municpio de Porto Velho/RO, mas tambm como instrumento governamental de correo s distores da cidade que vem apresentando um considervel e rpido crescimento.Houve em Porto Velho um aumento significativo da populao, devido migrao, ocasionando problemas sociais e de infraestrutura tpicos de grandes capitais, como grande especulao imobiliria, congestionamentos e crescimento desordenado da cidade, demonstrando, assim, que os Governos no se preocuparam em preparar a capital do estado de Rondnia para o aumento populacional, mas com a necessidade de hoje, presenciamos certa preocupao com o ordenamento urbano.Alm dessas caractersticas comuns a tantas cidades brasileiras, o Municpio de Porto Velho possui as suas caractersticas prprias, tais como: populao flutuante, falta de infraestrutura, servios pblicos inexistentes e/ou prestados de forma precria, o que tambm no o diferencia de muitos outros, mas que demonstra um dos piores indicadores de desenvolvimento entre os municpios brasileiros.

E com a arrecadao dos tributos que o Municpio adquire recursos financeiros para realizar os investimentos necessrios nas diversas reas de sua administrao. O IPTU tem papel de destaque entre as fontes arrecadatrias municipais, figurando muitas das vezes como a principal origem das verbas em municpios de pequeno e mdio porte, nos quais por exemplo o Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISSQN) de competncia tributria tambm municipal possui menor base de contribuintes pelo fato de no ter uma quantidade considervel de servios a disposio dos municpes.

Apesar de a funo primordial do imposto ser fiscal, j que sua incidncia obrigatria visando arrecadar receitas para que a Administrao consiga recursos para investir e financiar sua atividade poltico-estatal, tornando a gesto pblica mais eficiente, no se pode excluir o carter extrafiscal deste tributo.Nesse sentido, o imposto predial pode ser tambm utilizado como instrumento urbanstico e de controle dos preos dos imveis, impedindo a manipulao de valorizao imobiliria.

notrio que o IPTU pode ter uma utilizao extrafiscal, haja vista sua incidncia induzir os contribuintes ou responsveis tributrios ao melhor aproveitamento dos imveis urbanos, atendendo a funo social da propriedade (art. 156, 1, I e II, CF/88), respeitando o meio ambiente e os critrios de organizao do municpio, melhorando a qualidade de vida dos muncipes e a aparncia da cidade.

Nestes termos, a receita pblica a ser arrecadada com o IPTU vai contribuir para que o Municpio tenha melhores condies de atender essas demandas sociais, sendo o segundo tributo com maior arrecadao em Porto Velho, perdendo apenas para o ISSQN.Portanto, este trabalho visa apresentar a importncia das normas e princpios constitucionais que regulam tal imposto, tema relevante no Direito Tributrio Municipal Brasileiro, sendo que a metodologia do trabalho centrada na pesquisa bibliogrfica com nfase tambm na apresentao de dados estatsticos.Ao longo da leitura, dar-se- importncia as seguintes normas: Constituio Federal de 1988, Cdigo Tributrio Nacional, Constituio do Estado de Rondnia, Lei Orgnica do Municpio de Porto Velho, Cdigo Tributrio Municipal de Porto Velho (CTM/PVH/RO), Decreto n. 10.254/2005 Regulamento do IPTU entre outras.

Com relao aos artigos do CTM/PVH/RO, estes se apresentam com erros formais, pois como dispe o art. 10, inc. I da LC n. 95/98, o nmero dos artigos (a partir do 10) deve ser de forma cardinal e no ordinal. Apesar disso iremos apresentar da forma como consta no texto do CTM/PVH/RO para que no haja erros de interpretao.

1 A ORIGEM DO IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO

necessrio, antes de adentrarmos no assunto especfico deste trabalho, estabelecer os marcos e aspectos histricos do surgimento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Segundo Aliomar Baleeiro (BALEEIRO, 1971, p. 144), foi a data de 19 de maio de 1799, o marco inicial da criao do imposto predial denominado na poca de Dcima Urbana, institudo pela ento Rainha de Portugal D. Maria I.

Entretanto, tal tributo s foi efetivamente institudo no Brasil com a chegada da Famlia Real Portuguesa ao pas em 1808, j que o Imprio Napolenico havia invadido o pas lusitano.A Dcima foi instituda na data de 27 de junho de 1808, atravs de alvar, pelo ento Princpe Regente que depois veio a se tornar o Rei D. Joo VI, tendo como finalidade abastecer os Cofres Reais Portugueses.

Na poca, a cidade do Rio de Janeiro, MUNICPIO DA CORTE, no possua numerao em nenhum de seus imveis, o que dificultava cobrar o Imposto Real, sendo necessria a numerao e a classificao de cada imvel, o que levou ao primeiro cadastramento predial da histria do Brasil.

Segundo dados disponveis no site da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB, as primeiras freguesias do Rio de Janeiro a serem consideradas como permetro urbano para se cobrar a Dcima foram: Cabo Frio, Candelria, Engenho Velho, Ilha Grande, Parati, Santa Rita, So Jos e S.

O mesmo domnio da internet apresenta que o alvar de 13 de maio de 1809 foi o que regulamentou efetivamente a Dcima Urbana, apresentando uma alquota de 10% (dez por cento), devendo contribuir os proprietrios de prdios localizados na Corte, nas cidades, vilas e povoados da orla martima do Rio de Janeiro.

Conforme o site da RFB, para a cobrana da Dcima, houve a formao de uma Junta composta por um superintendente, dois homens bons, um nobre e outro do povo, dois carpinteiros, um pedreiro e um fiscal, que ser advogado. Cabia ao superintendente resolver as dvidas e os conflitos, dando o direito de recorrer ao Conselho da Fazenda.

De acordo, ainda, com o site da RFB, as Superintendncias e as Juntas da Dcima Urbana foram extintas pela Lei de 27 de agosto de 1830, sendo substitudas pelos Coletores da Dcima, origem direta das Coletorias de Rendas Gerais, depois chamadas de Coletorias Federais, antecessoras de muitas das atuais Agncias da Receita Federal do Brasil.

Foi com a Dcima Urbana que se estabeleceram as primeiras isenes fiscais no Brasil, Decreto Real de 26 de abril de 1811, como forma de estimular o desenvolvimento de determinadas reas das cidades ou beneficiar aqueles que no possuam condies de pagar o imposto.Em 1834, a Dcima Urbana passou para a competncia das provncias e no mais da Coroa Real, sendo substituda em 1873 pelo Imposto sobre Prdios e em 1881 sendo chamado de Imposto Predial.

A Constituio Republicana de 1891 deu competncia aos Estados-membros para cobrar o Imposto sobre a Propriedade Imobiliria Rural e Urbana.

Assim dispunha a redao dos artigos 9 e 68 da Constituio de 1891, in verbis:

Art. 9 da competncia exclusiva dos Estados decretar impostos:[...] 2 Sobre imveis rurais e urbanos.

3 Sobre transmisso de propriedade.

[...]

Art. 68. Os Estados organizar-se-o de forma que fique assegurada a autonomia dos municpios, em tudo quanto respeite ao seu peculiar interesse.Ressalte-se que o verbo decretar usado na redao acima tem atualmente o sentido de instituir, criar o tributo (imposto).

No entanto, foi com o advento da Constituio de 1934 que o Imposto Predial passou a ser da competncia privativa dos Municpios, sendo mantida pelas Constituies seguintes, de 1937, de 1946, de 1967, de 1969 e a atual Constituio Federal de 1988, sendo que nesta o Municpio passou a ser considerado ente integrante da Federao brasileira (CF/88, arts. 1 e 18).

Nesse sentido, Valria Furlan esclarece:

Consoante o mandamento constitucional disposto no art. 156, I, compete aos prprios Municpios detalhar todos os aspectos da hiptese de incidncia do IPTU, ou seja: a lei constitucional atribui lei municipal a tarefa de instituir dentro de certos limites o IPTU (FURLAN, 2010, p. 47).

Frise-se, por oportuno, que o Imposto Predial e Territorial Urbano est disciplinado no art. 156, inciso I da Carta Magna de 1988.

No Cdigo Tributrio Nacional, o assunto tratado nos arts. 32 a 34, alm de estar disciplinado, tambm, em face do objeto do presente trabalho, na Lei Orgnica do Municpio de Porto Velho, no Cdigo Tributrio do referido Municpio, no Decreto n. 10.254, de 29 de dezembro de 2005, que regulamentou o IPTU do Municpio de Porto Velho e disps sobre sua cobrana, fiscalizao, entre outros assuntos.

Alm da Lei Complementar n. 299, de 12 de dezembro de 2005, que disciplinou sobre a iseno de IPTU e Taxa de Resduos Slidos Domiciliar para famlias atendidas pelo Programa Bolsa Famlia, uma excelente iniciativa do governo municipal, pois visa assegurar os direitos daqueles que no possuem condies financeiras para pagar impostos.2 O MUNICPIO COMO ENTE FEDERATIVO

Conforme o caput do art. 1, da Constituio Federal (Princpios Fundamentais): A Repblica Federativa do Brasil formada pela unio indissolvel dos Estados, dos Municpios e do Distrito Federal. Constituindo-se em Estado Democrtico de Direito e tendo como fundamentos: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e o pluralismo poltico. luz do art. 1, caput da CF/88, o Brasil adota a forma federativa de Estado, admitindo em sua estrutura trs nveis de poderes: federal, estadual e municipal, alm do Distrito Federal.

J o caput do art. 18, CF/88, dispe sobre a autonomia dos entes federativos, inclusive do Municpio, com destaque para as seguintes autonomias: poltica, administrativa e financeira, ou seja, capacidade de autogoverno, de auto-organizao e de autogesto.

Assim, disciplina o art. 18, CF/88: A organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, todos autnomos, nos termos desta Constituio. (Grifou-se)

No obstante, o fato de est caracterizada a autonomia do Municpio sob trs aspectos: poltico, administrativo e financeiro, v-se que o art. 18, caput, CF/88, dispe apenas sobre os dois primeiros aspectos, o poltico e o administrativo.

Como fica ento o ltimo aspecto? A autonomia financeira recorre-se ao teor dos seguintes artigos da Constituio: art. 30, III; art. 156, I, II e III. E tambm pelos arts. 165 e seguintes da CF/88 (Dos Oramentos), c/c os artigos 110 a 138 da LOMPVH que trata da tributao e do oramento a nvel municipal.

Sobre o assunto, Roque Antonio Carrazza ensina que:

A autonomia que o Municpio recebeu da Constituio para propor seu governo, estruturar sua administrao, criar os tributos de sua competncia e cuidar de todos os assuntos prevalentemente locais constitui, no dizer sempre abalizado de Meirelles Teixeira, um verdadeiro direito pblico subjetivo, oponvel ao prprio Estado (Unio e Estados-membros), sendo inconstitucionais as leis que, de qualquer modo, a atingirem em sua essncia (CARRAZZA, 2002, p. 156).Conclu-se, portanto, que os Municpios so autnomos para o exerccio pleno de suas competncias ditadas pela lei.Assim, Jos Afonso da Silva leciona:

A caracterstica bsica de qualquer Federao est em que o poder governamental se distribui por unidades regionais. Na maioria delas, essa distribuio dual, formando-se duas rbitas de governo: a central e as regionais (Unio e Estados federados) sobre o mesmo territrio e o mesmo povo. Mas, no Brasil, o sistema constitucional eleva os Municpios categoria de entidades autnomas, isto , entidades dotadas de organizao e governo prprios e competncias exclusivas. Com isso, a Federao brasileira adquire peculiaridade, configurando-se, nela, realmente trs esferas governamentais: a da Unio (governo federal), a dos Estados Federados (governos estaduais) e a dos Municpios (governos municipais), alm do Distrito Federal, a que a Constituio agora conferiu autonomia. [...] (SILVA, 2006, p. 640).No mesmo sentido, Regina Maria Macedo Nery Ferrari afirma que:

O Estado Federal uma forma de Estado composto, onde se encontra a unio de comunidades pblicas dotadas de autonomia constitucional e poltica. Isso significa que um tipo de Estado descentralizado politicamente, cuja competncia dos entes jurdicos parciais decorre de previso constitucional. Os outros entes federativos so tambm pessoas jurdicas de direito pblico interno, dotadas, porm, apenas de autonomia, vale dizer que estes, dentro da competncia estabelecida pela Constituio, tm capacidade de auto-organizao, autogoverno, autolegislao e auto-administrao (FERRARI, 1994, pp. 38 e 39).Percebe-se, ento, das explicaes transcritas acima que os Municpios so entes da Federao brasileira, possuindo autonomia para organizar suas estruturas poltica, administrativa e financeira, o que uma caracterstica prpria do Estado brasileiro.

Essa caracterstica do municpio de ser considerado um ente federativo que possui autonomia tpica do Estado brasileiro, pois nos Estados Unidos onde surgiu o Federalismo, os municpios no possuem tal patamar de ente federativo.

No Brasil, pelo contrrio, o constituinte originrio de 1988 decidiu inserir o Municpio como ente integrante da Federao, conforme dispe o artigo inicial da vigente Carta Poltica, diferentemente do Modelo de Federao Tradicional que contempla em sua estrutura somente os Estados-membros e a Unio.

Roque Antonio Carrazza citando Rui Barbosa assevera que:

O Municpio, como instituio herdada dos colonizadores portugueses, , realmente, a celula mater da Nao. Era pensando nisto que Rui Barbosa dizia: no h corpo sem clulas. No h Estado sem Municipalidades. No pode existir matria vivente sem vida orgnica. No se pode imaginar existncia de Nao, existncia de povo constitudo, existncia de Estado, sem vida municipal (CARRAZZA, 2002, p. 158).Nesse aspecto, so importantes os arts. 29 a 31 da Constituio de 1988, j que prescrevem sobre a organizao dos Municpios.

Nos tpicos adiante discorrer-se- sobre a organizao poltico-administrativa e autonomia do Municpio de Porto Velho RO.

2.1 DA ORGANIZAO POLTICO-ADMINISTRATIVA DO MUNICPIO DE PORTO VELHO/RO

O Municpio regido por uma Lei Orgnica, respeitando os dispositivos do art. 29, CF/88, para sua promulgao, sendo a legislao do Municpio compatvel com a Lei Maior e a Constituio do respectivo Estado-membro, no caso, o Estado de Rondnia.

No que se refere organizao municipal, a Constituio do Estado de Rondnia, promulgada em 28 de setembro de 1989, prescreve nos arts. 107 a 126 sob tal assunto e, tendo como base tal norma, destaca-se, novamente, que os Municpios so unidades territoriais com autonomia poltica, administrativa e financeira, podendo se dividir em distritos e estes em subdistritos.

So Poderes do Governo Municipal, independentes e harmnicos entre si, o Executivo (Prefeito, Vive-prefeito e servidores), e o Legislativo, representado pela Cmara de Vereadores.

Assim, estatui o art. 112 da Constituio do Estado de Rondnia, compatibilizando com a Carta Magna, ipsis literis:

Art. 112. Os Municpios devero organizar sua administrao e planejar suas atividades, atendendo s peculiaridades locais e aos princpios tcnicos convenentes ao desenvolvimento integral da comunidade.

Pargrafo nico. O Municpio reger-se- pelas leis que adotar, respeitados, dentre outros, os princpios estabelecidos na sua Lei Orgnica.

J os artigos 2 e 4 da Lei Orgnica do Municpio de Porto Velho, publicada em 27 de maro de 1990, dispem, respectivamente, que O Municpio divide-se, administrativamente, em Distritos e Subdistritos e So Poderes do Municpio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo e o Executivo.Sobre a organizao poltica, deve-se falar, primeiramente, da eleio do prefeito que o chefe do Poder Executivo a nvel municipal.

As eleies do Prefeito, Vice-Prefeito e dos Vereadores sero peridicas (de 4 em 4 anos) e de forma direta e simultaneamente em todo o pas, sendo realizada no 1 domingo de outubro do ano anterior ao trmino do mandato dos que devam suceder, atentando para o art. 77, CF/88, no caso de Municpios com mais de duzentos mil eleitores (art. 29, II, CF/88).

E conforme o art. 29, III, CF/88, a posse do Prefeito e do Vice-Prefeito ser no dia 1 de janeiro do ano seguinte a eleio.Por outro lado, falar sobre o Poder Legislativo falar tambm sobre outro aspecto poltico, dado que por meio desse poder que so produzidas as leis que iro disciplinar as diversas relaes jurdicas, inclusive as de ordem tributria. Nota-se, portanto, que Executivo e Legislativo esto fortemente ligados.Logo, do ponto de vista administrativo, inclusive da administrao tributria municipal, o Prefeito a autoridade administrativa maior. Naturalmente, neste aspecto, o Prefeito delega a competncia para o Secretrio de Finanas do Municpio.

A Constituio Federal (CF/88, art. 61, 1, II, b) dispe que a iniciativa da lei tributria e oramentria do Poder Executivo, assim tambm dispe a LOMPVH, dando essa competncia ao Prefeito, pois a nvel municipal, conforme arts. 87 a 93 que disciplinam sobre as atribuies e as responsabilidades do Prefeito.

2.2 AUTONOMIA FINANCEIRA MUNICIPALSobre a autonomia financeira e tributria dos municpios, Roque Antonio Carrazza orienta que:

Instituindo e arrecadando livremente seus tributos, o Municpio reafirma sua ampla autonomia, em relao s demais pessoas polticas. Nem o governo federal nem o estadual podem interferir no exerccio da competncia tributria dos Municpios.[...] Os Municpios tm o direito subjetivo autonomia e, destarte, ao pleno e livre exerccio de suas competncias tributrias. Podem, pois, impugnar judicialmente qualquer ato normativo detrimentoso de suas prerrogativas constitucionais, mxime as recebidas para criar o IPTU (imposto predial e territorial urbano), o ISS, o imposto sobre transmisso inter vivos, a qualquer ttulo, por ato oneroso, de bens imveis, os tributos vinculados (taxas e contribuies de melhoria) municipais e a contribuio para o custeio do sistema de previdncia e assistncia social de seus servidores (CARRAZZA, 2002, pp. 159 e 160).No podemos confundir a autonomia financeira com a tributria, pois a primeira mais ampla, abrangendo trs aspectos: receita, despesa e gesto, j a segunda diz respeito apenas questo da receita tributria (CTN, art. 5).

Portanto, pode-se falar que h autonomia financeira do Municpio no tocante ao poder que tem esse ente poltico de instituir e cobrar as receitas tributrias de sua competncia (CF/88, art. 30, III, c/c o art. 156, I, II e III), porque o aspecto financeiro abrange o tributrio.

Tanto verdade, que as receitas tributrias (impostos, taxas e contribuies de melhoria, entre outras) esto previstas como receitas correntes de acordo com o art. 11 da Lei n. 4.320/1964. Seno vejamos:Art. 11 - A receita classificar-se- nas seguintes categorias econmicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital.

1 - So Receitas Correntes as receitas tributria, de contribuies, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, quando destinadas a atender despesas classificveis em Despesas Correntes. Significa dizer que a autonomia municipal o poder-dever dado aos municpios para se autogerir, se autogovernar, de forma a priorizar uma ADMINISTRAO EFICIENTE, por se descentralizar do poder federal e do estadual, fazendo da autonomia financeira um dos pontos fortes da Administrao, pois visa disponibilidade da arrecadao prpria do Municpio.

2.3 COMPETNCIA TRIBUTRIA RELATIVA AO IPTUO Cdigo Tributrio Nacional dispe nos artigos 32, 33 e 34 sobre a competncia dos Municpios de instituir o IPTU, estando, pois, em consonncia com o art. 156, I, CF/88.J o Cdigo Tributrio Municipal Lei Complementar n. 199, de 21 de dezembro de 2004 (CTM/PVH/RO) estabelece com maiores detalhes sobre a incidncia do IPTU nos artigos. 7 a 53, dispondo sobre seu fato gerador e sua incidncia; sua metodologia, base de clculo e alquotas; do sujeito passivo; do lanamento e do pagamento; da no incidncia, da iseno e da obrigao acessria; e das infraes e penalidades. O Decreto n. 10.254/2005 regulamenta o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana no mbito do Municpio de Porto Velho, sendo que se divide em sete captulos, estando estes na seguinte ordem: do fato gerador e da incidncia, do lanamento e do pagamento, da reviso do lanamento, da iseno, da no incidncia, da obrigao acessria e disposies especiais.So estas leis e o citado decreto que regulam de forma pormenorizadas a incidncia do IPTU e a atividade administrativa de fiscalizao e de arrecadao deste imposto no Municpio de Porto Velho, sendo objetos de estudo em captulos posteriores.3 DA IMUNIDADE OU NO INCIDNCIA CONSTITUCIONAL E DA ISENOO Poder de Tributar do Estado, sendo que a Constituio Federal de 1988 distribui essa competncia entre os entes polticos integrantes da Federao (Unio, Estados-membros, DF e Municpios).

Tais entes tm que observar certos limites impostos pela prpria Constituio Federal, quanto a proteo de determinados bens, pessoas ou coisas que sero resguardados contra a cobrana de impostos, justamante, por esses elementos serem relevantes para o desenvolvimento do Estado e da prpria sociedade. O Municpio como pessoa jurdica de direito pblico interno tem naturalmente que obedecer aos institutos em referncia, de modo que convm discorrer sobre os mesmos, a teor dos tpicos adiante.

3.1 DA IMUNIDADE OU NO INCIDNCIA CONSTITUCIONALNo presente tpico discorrer-se- sobre o instituto da imunidade (no incidncia constitucional), contemplando conceito, tipos ou modalidades e demais caractersticas.

3.1.1 Conceito e Previso Constitucional

Pode-se afirmar que imunidade tributria a vedao constitucional de cobrar impostos para certas pessoas, bens, servios ou atividades, conforme disciplina o art. 150 da CF/88.

Hugo de Brito Machado define:Imunidade o obstculo decorrente de regra da Constituio incidncia de regra jurdica de tributao. O que imune no pode ser tributado. A imunidade impede que a lei defina como hiptese de incidncia tributria aquilo que imune. limitao da competncia tributria (MACHADO, 1992, p. 183).O art. 150 da Carta Magna, mais precisamente, o inciso VI dispe sobre as imunidades tributrias, sendo elas: a imunidade recproca (patrimnio, renda ou servios, uns dos outros); a imunidade de templos de qualquer culto; a imunidade de partidos polticos, de entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos; a imunidade de livros, jornais, peridicos e o papel destinado sua impresso. Seno vejamos:

Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:[...]

VI instituir impostos sobre:

a) patrimnio, renda ou servios, uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e assistncia social, sem fins lucrativos atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso.

[...]

2. A vedao do inciso VI, a, extensiva s autarquias e s fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico, no que se refere ao patrimnio, renda e aos servios, vinculados as suas finalidades essenciais ou s delas decorrentes.

3. As vedaes do inciso VI, a, e o pargrafo anterior no se aplicam ao patrimnio, renda e aos servios, relacionados com explorao de atividades econmicas regidas pelas normas aplicveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestao ou pagamento de preos ou tarifas pelo usurio, nem exonera o promitente comprador da obrigao de pagar imposto relativamente ao bem imvel.

4. As vedaes expressas no inciso VI, alneas b e c, compreendem somente o patrimnio, a renda e os servios, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. (Grifou-se)

Atente-se que tais imunidades so aplicveis tambm s autarquias e s fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico, quando tais patrimnios, rendas e/ou servios estejam vinculados as suas finalidades essenciais ou ento sejam decorrentes delas ( 2, art.150, VI, CF/88). 3.1.2 A Imunidade Luz da Legislao Tributria do Municpio de Porto Velho/ROCompatibilizando o dispositivo de ordem constitucional (art. 150, VI, CF/88), a Constituio do Estado de Rondnia estabelece em seu art. 129 que sem prejuzo de outras garantias asseguradas aos contribuintes, so aplicados ao Estado e aos Municpios os mesmos princpios normatizados no art. 150 da Constituio Federal.

E no que concerne Lei Orgnica do Municpio de Porto Velho, esta estabelece em artigo prprio as limitaes do poder de tributar, ipsis literis:

Art. 115 Aplicam-se ao Municpio as vedaes previstas no art. 150 da Constituio Federal e mais as seguintes:

I subvencionar ou auxiliar, de qualquer modo, com recursos pertencentes aos cofres pblicos, que pela imprensa, rdio, televiso, servios de alto-falante ou qualquer outro meio de comunicao, propaganda poltico-partidria ou com fins estranhos administrao;

II outorgar isenes e anistias fiscais ou permitir remisso de dvidas, sem interesse pblico justificado, sob pena de nulidade do ato;

III instituir imposto sobre patrimnio, renda, obras ou servios da Unio, do Estado, de autarquias ou de outros Municpios. (Grifou-se)

Percebe-se pela redao do inciso III, art. 115, LOMPVH, a previso da imunidade recproca, j disciplinada no art. 150, inciso VI, alnea a, CF/88, em que nenhum dos entes federativos pode cobrar imposto sobre o patrimnio, a renda e/ou os servios uns dos outros.

O Cdigo Tributrio Municipal de Porto Velho compatvel com a CF/88 (art. 150, VI, a a d), apresentando alm das j citadas imunidades (no-incidncia) constitucionais, tambm a imunidade referente ao IPTU, estatuindo que o referido imposto no incidir se o proprietrio do imvel ou titular do direito real sobre o mesmo, ceder gratuitamente para funcionamento de quaisquer servios do municpio, relativamente aos imveis cedidos e enquanto estiverem ocupados pelos citados servios.3.1.3 Outras Imunidades do IPTU Aplicadas no Municpio de Porto Velho/RONo incidir tambm o IPTU s pessoas jurdicas de direito pblico estrangeiro, relativamente aos imveis, de sua propriedade, destinados ao uso de sua misso diplomtica ou consular. Nesse caso especfico, verifica-se que a iseno dada pessoa jurdica de direito pblico externo.O CTM/PVH/RO pode dispor sobre esta imunidade, porm, entendo que no est compatvel com o disposto no art. 150, VI, a, pois este tipo de imunidade para as pessoas jurdicas de direito pblico interno (Unio, Estados-membros, Municpios e DF) e no para as pessoas jurdicas estrangeiras.

No haver incidncia desse imposto tambm s reas que constiturem reserva florestal definida pelo Poder Pblico; aos imveis ou partes de imveis utilizados por sociedades filantrpicas sem fins lucrativos, devendo tais situaes ser reconhecidas pelo Secretrio Municipal de Fazenda, na forma estabelecida pelo art. 36 do CTM/PVH/RO. 3.1.4 Exigncias para Usufruir da Imunidade ConstitucionalRegistre-se, de plano que, no obstante, o fato de que a imunidade constitucional protege s pessoas e/ou instituies elencadas no art. 150, VI, a a d, CF/88, contra o pagamento de impostos, tais pessoas e/ou instituies tm obviamente que cumprir determinados requisitos a fim de poderem usufruir o referido instituto.

Observe que no caso da imunidade recproca (Unio, Estados-membros, Municpios e DF) e dos templos de qualquer culto, bem como os partidos polticos no preciso requerer a imunidade, pois j ocorre de forma imediata, cumprindo com os requisitos do art. 14 do CTN. Seno vejamos:Art.14. O disposto na alnea c do inciso IV do artigo 9 subordinado observncia dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

I no distriburem qualquer parcela de seu patrimnio ou de suas rendas, a qualquer ttulo;

II aplicarem integralmente, no Pas, os seus recursos na manuteno dos seus objetivos institucionais;III manterem escriturao de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatido.

1 Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no 1 do art. 9, a autoridade competente pode suspender a aplicao do benefcio.

2 Os servios a que se refere alnea c do inciso IV do artigo 9 so exclusivamente os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previsto nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

Sendo que para entender o contedo do artigo transcrito acima, faz-se necessrio transcrever a alnea c do inciso IV do art. 9 do CTN, conforme ser discorrido adiante:Art. 9 vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

[...]

IV cobrar imposto sobre:

[...]

c) o patrimnio, a renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seo II deste captulo;

3.1.4.1 Requisitos Exigidos Pelo Regulamento do IPTU do Municpio de Porto Velho Para Usufruir da ImunidadeExcluindo a imunidade recproca, a imunidade dos templos de qualquer culto e dos partidos polticos, nos demais casos (jornais, empresas jornalsticas, etc.) necessrio requerer, sendo interessante, aqui, fazer referncia ao art. 9, IV, a, b, c e d, 1, c/c o art. 14, I, II e III, 1, ambos do CTN. Seno vejamos:Art. 9. vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

[...]

IV cobrar imposto sobre:

a) o patrimnio, a renda ou os servios uns dos outros;

b) templos de qualquer culto;

c) o patrimnio, a renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia social sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seo II deste Captulo;

d) papel destinado exclusivamente impresso de jornais, peridicos e livros.

1 O disposto no inciso IV no exclui a atribuio, por lei, s entidades nele referidas, da condio de responsveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e no as dispensa da prtica de atos, previstos em lei, assecuratrios do cumprimento de obrigaes tributrias por terceiros. [...]Art. 14. O disposto na alnea c do inciso IV do artigo 9 subordinado observncia dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

I no distriburem qualquer parcela de seu patrimnio ou de suas rendas, a qualquer ttulo;

II aplicarem integralmente, no Pas, os seus recursos na manuteno dos seus objetivos institucionais;

III manterem escriturao de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatido.

1 Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no 1 do artigo 9, a autoridade competente pode suspender a aplicao do benefcio.

Embora tais pessoas e/ou instituies usufruam da imunidade, elas no esto desobrigadas de cumprir determinadas obrigaes, as denominadas obrigaes acessrias. Se no cumprirem, o benefcio (imunidade) pode ser suspenso ou cancelado, inclusive, podem ser submetidos ao procedimento de fiscalizao como qualquer contribuinte (art. 194, pargrafo nico, CTN).

Neste aspecto, o art. 14 do Decreto n. 10.254/2005 (Regulamento do IPTU do Municpio de Porto Velho) apresenta os documentos necessrios para requerer a no-incidncia do IPTU, in verbis:Art. 14. Os beneficirios da no incidncia do IPTU prevista no artigo 36 da Lei Complementar n. 199/2004 devero apresentar Secretaria Municipal de Fazenda os documentos necessrios comprovao do preenchimento dos requisitos legais, da seguinte forma: I o proprietrio ou o titular de direito real que ceder gratuitamente o imvel para funcionamento de quaisquer servios do municpio dever apresentar: a) Documento probatrio da propriedade do imvel, devidamente autenticado; b) Termo de cesso gratuita, entre o proprietrio/titular do imvel e a Prefeitura do Municpio de Porto Velho; c) Demonstrativo de lanamento constante no ltimo carn de IPTU. II as pessoas jurdicas de direito pblico estrangeiro, relativamente aos imveis de sua propriedade, destinados ao uso de misso diplomtica ou consular devero apresentar: a) Documento probatrio da propriedade do imvel, devidamente autenticado; b) Demonstrativo de lanamento constante no ltimo carn de IPTU. III os proprietrios ou titulares de imvel cuja rea constitua reserva florestal definida pelo Poder Pblico devero apresentar: a) Documento probatrio da propriedade do imvel, devidamente autenticado; b) Documento expedido pelo rgo competente, devidamente autenticado, que comprove a constituio da rea como reserva florestal; c) Demonstrativo de lanamento constante no ltimo carn de IPTU. IV os proprietrios ou titulares de diretos reais sobre imveis ou partes de imveis utilizados por sociedades filantrpicas sem fins lucrativos devero apresentar: a) Documento probatrio da propriedade do imvel, devidamente autenticado; b) Estatuto ou ato constitutivo da entidade, registrado em cartrio; c) Demonstrativo de lanamento constante no ltimo carn de IPTU.

Para o deferimento da no-incidncia do IPTU, a autoridade fazendria poder determinar, sempre que necessrio, a realizao de diligncias e vistorias in loco, a fim de verificar o cumprimento dos requisitos legais demonstrados acima ( 1, art. 14, Regulamento do IPTU).

O requerente, quando pessoa fsica dever apresentar, alm dos documentos arrolados no art. 14 e do comprovante de recolhimento da Taxa de Expediente, a cpia autenticada da cdula de identidade e do CPF, e no caso de constituir procurador, o instrumento de mandato com poderes especficos para a prtica do ato perante a Administrao Pblica ( 2, art. 14 do Regulamento do IPTU).

Mas se o requerente for pessoa jurdica dever apresentar, alm dos documentos j citados (art. 14), a cpia autenticada de seu ato constitutivo e da ltima alterao, devidamente registrados em cartrio ou no rgo competente, o comprovante de inscrio no CNPJ e a cpia da cdula de identidade e do CPF do subscritor do requerimento, com poderes de representao ( 3, art. 14 do Regulamento do IPTU).

Atendidos todos esses requisitos legais, dever ser emitido, em nome do beneficirio, um parecer reconhecendo a no incidncia (imunidade), com anuncia do Secretrio Municipal de Fazenda ( 7, art. 14, do Regulamento do IPTU).3.2 DA ISENOO assunto est disciplinado nos artigos 175 a 179 do Cdigo Tributrio Nacional.

3.2.1 Do Conceito de Iseno

A iseno uma dispensa legal do tributo devido, pois apesar de ocorrer sua incidncia, este no cobrado.Assim, Hugo de Brito Machado afirma:

A iseno sempre decorrente de lei. Est includa na rea da denominada reserva legal, sendo a lei, em sentido estrito, o nico instrumento hbil para sua instituio (CTN, art. 97, VI). Ainda quando prevista em contrato, diz o CTN, a iseno sempre decorrente de lei que especifique as condies e requisitos exigidos para a sua concesso, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua durao (art. 176) (MACHADO, 1992, p. 145).Como afirmado acima, a iseno sempre decorrente de LEI que especifique as condies e requisitos exigidos para a sua concesso, os tributos a que se aplica e, sendo preciso, o prazo de sua durao, podendo, ainda, ser restrita a determinada regio do territrio da entidade tributante, devido a peculiaridades desta (art. 176, CTN).

3.2.2 A Iseno Luz do CTN

O Cdigo Tributrio Nacional (Lei n. 5.172/66), com ateno ao art. 175, inciso I e pargrafo nico, c/c os arts. 176 a 179, dispe sobre a iseno como forma de excluso do crdito tributrio. Assim, dispondo o art. 175: Excluem o crdito tributrio: I a iseno. (Grifou-se)Para corroborar, vejamos o que prescreve o art. 97, VI, CTN, in verbis: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: [...] VI as hipteses de excluso, suspenso e extino de crditos tributrios, ou de dispensa ou reduo de penalidades. (Grifou-se)Pode-se afirmar ainda que a iseno concedida por lei ordinria a determinadas pessoas, bens, servios ou atos de interesse pblico.Diferenciando iseno de imunidade, Hely Lopes Meirelles explana que:A iseno tributria (CTN, arts. 175, I - 179), diversamente da imunidade, dispensa legal do pagamento do tributo devido, [...]. uma liberalidade fiscal concedida por lei ordinria a certas pessoas, bens, servios ou atos reputados de interesse pblico e, por isso mesmo, aliviados do encargo tributrio. [...] A imunidade afasta a possibilidade da incidncia do tributo sobre os bens das pessoas imunes; a iseno reconhece a incidncia, mas dispensa o pagamento desde que ocorram as circunstncias de direito e de fato que legitimam a liberao do tributo. Por isso se diz que a imunidade absoluta; a iseno relativa. A imunidade da alada constitucional; a iseno da lei ordinria. A imunidade estabelecida pelo poder constituinte para operar efeitos em todas as entidades sujeitas Constituio; a iseno dada por lei ordinria do poder tributante. A regra, portanto, em tema de iseno a de que somente pode isentar quem pode tributar. (STF, RDA 50/86; TJSP, RT 189/914 e 222/303; TASP, RDA 46/136; 1 TACivSP, RT 747/281). (MEIRELLES, 2003, p. 179).Conforme a Constituio Federal, art. 150, 6, a iseno s poder ser concedida mediante lei especfica federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente a matria, sem prejuzo do disposto no artigo 155, 2, XII, alnea g que regular a forma como, mediante deliberao dos Estados e do Distrito Federal, isenes, incentivos e benefcios fiscais sero concedidos e revogados, sendo que tal exceo se refere ao Imposto sobre Circulao de Mercadorias e sobre prestaes de Servios (ICMS) e no ao IPTU.3.2.3 Isenes Especficas do IPTU no Municpio de Porto VelhoTratando, agora, sobre o benefcio da iseno do IPTU no municpio de Porto Velho, que entendemos ser a incidncia do imposto com a dispensa legal do seu pagamento, dispe o CTM/PVH/RO que no ir pagar tal imposto o ex-soldado da borracha e o ferrovirio aposentado da Estrada de Ferro Madeira-Mamor (EFMM), ou suas vivas (art. 37, CTM/PVH/RO).

A iseno s incidir sobre o imvel onde o beneficirio efetivamente resida (art. 38, CTM/PVH/RO), mesmo que exista mais de uma unidade autnoma no terreno (cada uma com uma inscrio), apenas o imvel localizado no terreno ocupado pelo beneficirio receber a iseno. Ainda no que se refere iseno do IPTU em Porto Velho, destaca-se a Lei Complementar n. 229/2005 que concede a iseno de Imposto Predial e Territorial Urbano para famlias comprovadamente carentes atendidas pelo Programa Bolsa Famlia, alm da iseno da Taxa de Resduos Slidos Domsticos (TRSD).3.2.4 Requisitos para Usufruir da Iseno do IPTU em Porto Velho Para usufruir do benefcio de iseno do IPTU do Municpio de Porto Velho preciso apresentar os documentos que comprovem as exigncias legais.Com relao ao ex-soldado da borracha e do ferrovirio aposentado da Estrada de Ferro Madeira-Mamor, ou suas vivas, estabelece o art. 13 do Regulamento do IPTU que:

Art. 13. Para gozar da iseno prevista no art. 37, da Lei Complementar n. 199/2004, o ex-soldado da borracha e o ferrovirio aposentado da Estrada de Ferro Madeira-Mamor, ou suas vivas, devero apresentar requerimento Secretaria Municipal de Fazenda, instrudo com os seguintes documentos:I. documento de identificao de entidade classista ou qualquer outro documento que comprove o atendimento da condio pessoal exigida para a iseno;II. comprovante de taxa de abertura de processo; III. identificao do imvel, com a inscrio imobiliria; IV atestado de residncia - verificada por meio de diligncia in loco, pelo agente fiscal competente (comprovao por cpia das contas de luz, gua, ou de telefone) e declarao, de prprio punho, de que reside naquele endereo, incorrendo nas penas legais; V certido de bito, no caso do cnjuge sobrevivente. Verifica-se que os documentos necessrios esto todos enumerados no art. 13 do Regulamento para aqueles que se enquadrem no perfil do art. 37 do CTM/PVH/RO, e desta forma faam jus ao pedido de iseno do IPTU.

Em observncia as formalidades e os requisitos legais, ser emitida, em nome do beneficirio, Certido de Iseno de IPTU, com anuncia do Secretrio Municipal de Fazenda ( 2, art. 13, Decreto 10.254/2005 Regulamento do IPTU de Porto Velho), tendo validade de 01 (um) ano e devendo ser requerida a cada exerccio financeiro ( 3, art. 13, Regulamento do IPTU). Dispe o 4, do mesmo artigo que o prazo para requerer a iseno ser at o dia 30 de dezembro do exerccio respectivo, sob pena de prescrio. Concernente a este pargrafo, o termo mais correto seria decadncia (perda do DIREITO art. 173, CTN) e, no prescrio, j que esta a perda do direito de AO (CTN, art. 174).

Disciplina, ainda, o regulamento do IPTU que a cada ano o beneficirio dever requerer a iseno renovando-a, conforme estabelece, tambm, o art. 179, 1, CTN.J no que se refere iseno para as famlias comprovadamente carentes atendidas por programas oficiais do governo de transferncia de renda, a LC n. 229/2005 estabelece nos artigos 2 e 3 as condies legais para sua concesso, in verbis:

Art. 2 - concedida iseno tributria, de acordo com as condies definidas nesta Lei, em relao aos seguintes tributos de competncia municipal:

I. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana IPTU;

[...]

Art. 3 - Sero isentos do pagamento dos tributos referidos nos incisos I e II do artigo anterior os imveis destinados a:

a) unidades familiares que se encontrem em situao de extrema pobreza, nos termos do inciso VI deste artigo;

b) unidades familiares que se encontrem em situao de pobreza, nos termos do inciso VI deste artigo, e que tenham em sua composio gestantes, nutrizes, crianas entre 0 (zero) e 12 (doze) anos ou adolescentes at 15 (quinze) anos.

Pargrafo nico. Para fins do disposto nesta lei, considera-se:

I. famlia: a unidade nuclear, eventualmente ampliada por outros indivduos que com ela possuam laos de parentesco de ou afinidade, que forme um grupo domstico, vivendo sob o mesmo teto e que se mantm pela contribuio de seus membros;

II. nutriz: a me que esteja amamentando seu filho com at 6 (seis) meses de idade, para qual o leite materno seja o principal alimento;

III. renda familiar mensal: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pela totalidade dos membros da famlia, excluindo-se os rendimentos concedidos por programas oficiais de transferncia de renda.

IV. renda familiar per capita: o quociente obtido com a diviso da renda familiar pelos membros com capacidade laborativa;

V. situao de pobreza: unidade cuja renda familiar per capita de R$ 50,01 (cinqenta reais e um centavo) a R$ 100,00 (cem reais);

VI. situao de extrema pobreza: unidade cuja renda familiar per capita de at R$ 50,00 (cinquenta reais). (Grifou-se)

Percebe-se que esta lei atende uma finalidade social, pois visa beneficiar aqueles que por se enquadrarem em uma situao de pobreza ou de extrema pobreza no poderiam assumir mais um nus financeiro, ou seja, pagar IPTU, j que a renda dessas famlias muito baixa.

4 DA EXTRAFISCALIDADE DO IPTU

Os impostos podem ser classificados em fiscais e extrafiscais conforme a finalidade da tributao. Sobre a finalidade fiscal, Bernardo Ribeiro de Moraes ensina:

Impostos fiscais ou de finalidades fiscais, quando visam apenas obteno de receitas pblicas para fazer face s despesas do Estado. Tais impostos possuem uma funo meramente fiscal, exclusivamente financeira, qual seja, a de possibilitar receitas. A primeira razo de todo sistema tributrio a finalidade fiscal dos tributos, ou melhor, proporcionar ao Estado os recursos financeiros indispensveis para o cumprimento de suas atividades (MORAES, 1993, p. 441).Assim, a arrecadao de tributos visa financiar as atividades da Administrao, transformando-os em investimentos pblicos nas mais diversas reas, como: sade, educao, saneamento bsico entre outras.J no que se refere finalidade extrafiscal, Bernardo Ribeiro de Moraes ensina que:

Impostos extrafiscais ou de finalidades extrafiscais, quando visam aos fins imediatos diversos dos de obteno de receitas pblicas para fazer face s despesas do Estado. Alm da funo fiscal, tais impostos possuem outras, notadamente funes poltico-sociais e econmicas. Adolph Wagner, um dos primeiros defensores dos impostos extrafiscais, afirma que o imposto, ao lado da funo meramente financeira, tem tambm uma misso poltico-social, lembrando a interveno do Estado como regulador da distribuio da renda e do patrimnio nacional. (MORAES, 1993, p. 442).

Por funo extrafiscal, entende-se a finalidade no arrecadatria, mas o papel econmico e sociopoltico do tributo que pode ser adotado como forma de incentivar ou impedir determinado comportamento dos contribuintes, como por exemplo: o cuidado com a propriedade urbana, priorizando a funo social desta.

Nesses termos, a extrafiscalidade entra tambm como uma das justificativas jurdicas ou econmico-sociais para concesso de isenes. Lecionando sobre o IPTU, Hely Lopes Meirelles afirma:

[...] nada impede sua utilizao extrafiscal pelas Municipalidades, mediante graduao de sua alquota, a fim de propiciar a implantao de planos urbansticos locais ou para atender a outras convenincias coletivas, tendo em vista o princpio que prescreve a funo social da propriedade (CF, 156, I e 1). Assim, pode e deve ser agravado o imposto relativamente aos terrenos baldios centrais, para compelir os proprietrios a edificar, evitando-se o desnecessrio espraiamento da cidade, sempre prejudicial aos servios pblicos, do mesmo modo como pode e deve ser agravado o incidente sobre edificaes alm de uma determinada rea construda, quando o que se deseja coibir o aumento populacional de zona j saturada. A esse propsito j decidimos, em sentena confirmada pelo TJSP, pela constitucionalidade de imposio progressiva do imposto territorial urbano, da periferia para o centro da cidade (RPG 5/135). (MEIRELLES, 2003, p. 205)Portanto, quando se fala em extrafiscalidade do IPTU, a administrao municipal est visando edificao de reas de terrenos vazios, abandonados, fazendo cumprir, assim, a funo social da propriedade e, consequentemente, respeitando o desenvolvimento da urbe e a dignidade da pessoa humana, pois cuidar do municpio equivale a cuidar dos seus habitantes.

A dignidade da pessoa humana importante para a compreenso deste trabalho, pois a arrecadao tributria alm de visar o abastecimento dos cofres pblicos, deve respeitar o direito das pessoas de ter as condies bsicas e mnimas para uma vida digna, ou seja, o mnimo existencial.

Cntia Estefania Fernandes apresenta um exemplo:No Municpio de Curitiba foi determinada a iseno dos imveis em funo da idade avanada do sujeito passivo, no caso contribuintes maiores de sessenta e cinco anos (FERNANDES, 2005, pp. 202 e 203), demonstrando que a municipalidade preocupa-se com os idosos da cidade, uma vez que possivelmente muitos destes j tm gastos demais que oneram suas rendas mensais. Vejamos a lei do Municpio de Curitiba:

Lei Complementar Municipal n. 44, de 19 de dezembro de 2002.

Art. 1 Fica concedido, a partir do exerccio de 2003, uma reduo de R$ 21.300,00 (vinte e um mil e trezentos reais) no valor venal do imvel, s seguintes pessoas:

I aposentados e pensionistas do sistema previdencirio oficial, com idade superior a 65 (sessenta e cinco anos);

II aposentados por invalidez junto ao sistema previdencirio oficial;III os beneficirios do Benefcio de Prestao Continuada segundo a Lei Orgnica de Assistncia Social LOAS.

Art. 2 Para a concesso de reduo, as pessoas relacionadas no artigo anterior devem preencher os seguintes requisitos:

I renda bruta familiar inferior a 03 (trs) salrios mnimos;

II ser proprietria de 01 (um) nico imvel, de uso exclusivamente residencial; [...]Dessa forma, aplicou-se ao IPTU um carter subjetivo, utilizando-se de medidas de adequao social, neste caso concreto, para garantir os direitos dos idosos.4.1 A FUNO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANAO IPTU considerado um instrumento de promoo da funo social da propriedade privada urbana.

por esse motivo que se admite a progressividade desse imposto, pois a Constituio Federal estabelece que a propriedade privada urbana que no esteja, comprovadamente, cumprindo com sua funo social possa ser gradativamente (entenda progressivamente) taxada com um valor cada vez maior do IPTU ao valor estabelecido inicialmente, no ultrapassando, por bvio, o limite legal, o que poderia caracterizar confisco o que veementemente vedado pelo Direito Tributrio.4.1.1 A Questo Urbana, A Funo Social da Propriedade Urbana no Estatuto das Cidades

A Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, mas conhecida como Estatuto das Cidades, estabelece as diretrizes gerais da poltica urbana, regulamentando uma srie de instrumentos urbansticos a disposio das prefeituras para garantir o papel social da propriedade particular localizada no permetro urbano.

Com o aumento populacional e a migrao (campo zona urbana ou de uma cidade para outra) e, consequentemente, o crescimento das cidades, presencia-se a falta de planejamento urbanstico e de infraestrutura dos municpios.

Tal assunto foi abordado na Revista Veja, em reportagem especial cujo ttulo era O Grande Salto do Brasil Urbano (02/11/2011), apresentando de forma clara e objetiva o crescimento das cidades brasileiras, as metas para um bom desenvolvimento, alm de citar bons exemplos de gesto nos setores econmicos e scio-polticos de diversos municpios brasileiros.Vejamos algumas partes da matria da Revista:As cidades incharam de forma catica. [...] O temido colapso se concretizou a partir dos anos 80 e forou os governos a mudar a forma de gerir as cidades. Os investimentos em infraestrutura urbana e na melhoria dos servios pblicos tornaram-se obrigatrios. [...] Hoje, 84% vivem em reas urbanas e, graas a essa concentrao, o pas encontrou o caminho do desenvolvimento. (edio 2241 ano 44 n. 44, pp. 146 e 147).Sobre a fenmeno da urbanizao, atente-se ao que demonstram o grfico e as tabelas a seguir:Grfico 1 Evoluo da Populao Urbana e Rural no Brasil

Fonte: IBGE 2011Tabela 1 Variao Populacional do Estado de Rondnia

Variao da populao de Rondnia, no perodo de 1950 a 2000

PerodoUrbanaRuralPopulao TotalVariao %

PopulaoVar. %PopulaoVar. %

195013.81623.11939.935

196030.842123,2339.44170,6070.78377,25

197060.54196,2956.07942,18111.06456,91

1980239.436295,49263.689370,21503.125353,00

1991658.172174,88472.07279,031.130.834124,76

1996762.86415,91468.143-0,841.232.0078,95

2000883.04815,76494.7446,261.377.79211,83

Fonte: Censo 2000, IBGE.Tabela 2 Populao do Municpio de Porto Velho/ROMunicpio de Porto Velho RO

Sinopse do Censo Demogrfico de 2010

Populao Residente428.527

Populao Residente Urbana390.733

Populao Residente Rural37.794

Fonte: IBGE, Censo 2010

Por outro lado, com o aumento do nmero de habitantes e, por bvio, de rea habitada (urbanizvel), aumenta-se o nmero de contribuintes do IPTU, fazendo crescer a arrecadao do municpio que necessita atualizar seus cadastros imobilirios referentes ao imposto e, dessa forma, contribui para o desenvolvimento do Municpio.

Com base nisso, apresente-se uma tabela dos Municpios com cadastros de IPTU informatizados e que cobram o IPTU, segundo o tamanho da populao dos municpios brasileiros 2006.

Tabela 3 Municpios com Cadastros de IPTU Informatizados 2006.Classes de tamanho da populao dos municpiosMunicpios

Com cadastros informatizadosQue Cobram o IPTU

IPTU

TotalRelativo (%)TotalRelativo (%)

Total4.62383,15.19693,4

At 5.0001.08479,11.27793,1

De 5.001 a 10.0001.01678,81.18091,5

De 10.001 a 20.0001.06582,41.18992,0

De 20.001 a 50.00089987,097594,4

De 50.001 a 100.00028695,230899,0

De 100.001 a 500.00022798,3231100,0

Mais de 500.00036100,036100,0

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenao de Populao e Indicadores Sociais Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais 2006.Conclui-se que o crescimento populacional do municpio ter como uma das principais consequncias o aumento de moradias (boom imobilirio), e com isso o aumento na arrecadao do IPTU, alm, por bvio, da maior necessidade de investimentos na infraestrutura do municpio, priorizando, assim, a funo social da propriedade privada urbana.Cintia E. Fernandes diz que: A propriedade, portanto, por se enquadrar no mbito do Estado Social Democrtico de Direito, deve possuir uma funo social a ser observada em prol do bem comum, sob pena de estar eivada de inconstitucionalidade. (FERNANDES, 2005, p. 54).E para concluirmos esta questo, Juliana Wernek de Camargo no captulo A poltica urbana e as funes sociais da cidade relata, in verbis:

Note-se que ao Municpio no cabe apenas a execuo de uma poltica de desenvolvimento.

Com efeito, se ao Municpio a Constituio conferiu competncia para legislar, em carater privativo, sobre a ordenao do solo urbano, e sendo a ordenao pressuposto do desenvolvimento urbano, a ele cabe tambm legislar sobre desenvolvimento urbano tambm.

Essa competncia, que implcita, exercida por meio de duas categorias de diplomas legais, o plano diretor (com funo de planejamento e estabelecimento de diretrizes gerais) e as limitaes administrativas ao exerccio do direito de propriedade (com a funo de ordenao stricto sensu, como zoneamento, parcelamento, edificao etc), todas com vistas ao cometimento das funes sociais da cidade (CAMARGO, 2008, pp. 91 e 92).Assim, nota-se que a propriedade deve ter um adequado aproveitamento, pagando menos quem cumpre a funo social de seu imvel e pagando mais quem no cumpre com tal responsabilidade social, levando sempre em considerao o bem estar comum da coletividade.

4.2.1 A Progressividade do IPTU

Primeiramente, deve-se conceituar o que se entende por impostos progressivos, e neste raciocnio, cite-se Bernardo Ribeiro de Moraes:

Impostos progressivos so os de alquota fiscal varivel, segundo a base de clculo, absorvendo uma poro dos seus valores tanto maior quanto mais elevada seja a base do tributo. A alquota fiscal se eleva medida que aumenta a base de clculo do imposto. Nestes impostos, a relao existente entre o respectivo montante e a base de clculo permanece sempre varivel (o divisor sempre varivel) (MORAES, 1993, 446).H diferena significativa entre imposto progressivo e proporcional. Na progressividade se paga mais medida que a base de clculo maior, ou seja, submete-se a alquotas maiores. Na proporcionalidade se paga proporcionalmente sobre um determinado valor (Base de clculo), ou seja, a alquota a mesma, o que varia a base de clculo.A Constituio Federal de 1988 admite expressamente a aplicao da progressividade do IPTU, pois assim est disposto em seus artigos 156, 1, I e II e 182, 4, II. Entretanto, a lei municipal dever prever o IPTU progressivo, sob pena de contrariar os princpios da legalidade e da segurana jurdica.Verifica-se, portanto, pelo precedente que a legislao local deve se adaptar ao citado dispositivo da Carta Suprema, almejando incrementar a arrecadao do IPTU, buscando melhorar as condies de civilizao das cidades, j que de certa forma onera muito mais aquele que no cumpre com a funo social de sua propriedade, aumentando a alquota do imposto.Conforme a regulamentao dos artigos 182 e 183 da Constituio de 1988 pelo Estatuto das Cidades, a alquota mxima a ser aplicada para cobrana do IPTU progressivo no tempo ser de 15% - quinze por cento Pargrafo 1, do art. 7. Seno vejamos:

Art. 7o Em caso de descumprimento das condies e dos prazos previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou no sendo cumpridas as etapas previstas no 5o do art. 5o desta Lei, o Municpio proceder aplicao do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majorao da alquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.

1o O valor da alquota a ser aplicado a cada ano ser fixado na lei especfica a que se refere o caput do art. 5o desta Lei e no exceder a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alquota mxima de quinze por cento.

2o Caso a obrigao de parcelar, edificar ou utilizar no esteja atendida em cinco anos, o Municpio manter a cobrana pela alquota mxima, at que se cumpra a referida obrigao, garantida a prerrogativa prevista no art. 8o.

3o vedada a concesso de isenes ou de anistia relativas tributao progressiva de que trata este artigo.

A propsito, bom salientar, que em regra, a progressividade no um critrio ou princpio aplicvel a um tributo real como o caso do IPTU.

Na verdade, a progressividade marca registrada, digamos assim, dos impostos pessoais, como o caso do IRPF (art. 153, 2, inciso I c/c o art. 145, 1, CF/88 capacidade contributiva). Tanto assim, que o IRPF cobrado com base em tabelas progressivas mensais, para se fazer a reteno desse imposto (IRRF) e para realizar o ajuste anual no final do ano-calendrio tabela progressiva anual.

No obstante, essa distoro jurdica o constituinte originrio criou, segundo o art. 182, 4, II, o IPTU progressivo no tempo, que , digamos assim, uma extrafiscalidade s avessas ou ao contrrio, pois quando se fala em extrafiscalidade entende-se que o Estado abdica da arrecadao para priorizar a funo econmica ou social.

No caso aqui aventado, o Estado prioriza a funo social, todavia, se o administrado no atender a determinados requisitos o Municpio cobra o tributo (IPTU) em bases progressivas, portanto, numa situao que seria de extrafiscalidade passou a ter a funo fiscal em relevo (arrecadao).

Segundo especialistas de urbansmo e planejamento urbano, o Estatuto das Cidades e o IPTU progressivo fazem com que grandes terrenos ociosos existentes nas cidades e mantidos vazios devido ao interesse especulativo de seus proprietrios, tenham dois encaminhamentos: de um lado, o proprietrio dever pagar uma contraparte onerosa maior ao Poder Pblico (a qual deve ser investida em iniciativas de acesso terra e moradia) e por outro lado, o proprietrio finalmente venderia o imvel e interromperia o processo especulativo e, consequentemente, o no uso do bem.

Mas no podemos deixar de esclarecer que a alterao no valor do IPTU independe do critrio da progressividade, pois pode haver mudana no seu valor para mais ou para menos devido s alteraes nos cadastros dos imveis, por exemplo: quando h investimentos na melhoria do imvel, ou seja, a construo de piscina ou ampliao da rea residencial construo de um andar.

Todavia, a alterao no valor deste imposto deve ser feita de forma plausvel e justificvel, na forma da lei, no sendo feito a qualquer critrio da Administrao.Conclu Amrico Masset Lacombe que:

Os Municpios no s podem como devem instituir o IPTU progressivo. A progressividade, nos impostos sobre o patrimnio e a renda, uma decorrncia lgica do princpio da capacidade contributiva, que, por sua vez, corolrio do princpio bsico e nuclear, que informa todo o nosso sistema constitucional, qual seja, o princpio da isonomia. O nico limite , como vimos, a vedao ao confisco. No entanto, para se aferir tal fato necessrio verificar-se caso por caso. A regra a progressividade, o confisco determinar as excees. Porm se a Lei Orgnica do Municpio veda a progressividade do IPTU ela ser inconstitucional (PEIXOTO, 2005, p. 39).A progressividade desse imposto se legitima se a propriedade no cumprir sua funo social, segundo as exigncias do plano diretor da cidade, tal como disciplina o artigo 182, da Constituio Federal (PEIXOTO, 2005, p. 61).A progressividade desse imposto legtima, estando disciplinada no art. 182, CF/88, sendo aplicada quando houver o desrespeito ao cumprimento da funo social da propriedade privada urbana.Rodrigo Santos Masset Lacombe explica que:

Para que o tributo municipal passe a incidir progressivamente necessrio que antes haja um processo administrativo perante a secretaria responsvel pelo desenvolvimento urbano que declare que o imvel no edificado, subutilizado ou no utilizado, determinando o parcelamento, a edificao ou a sua utilizao compulsrios para o qual o administrado deve ser citado, garantindo o seu direito ampla defesa e ao contraditrio. (PEIXOTO, 2002, p. 579)

Somente aps o decurso do prazo para cumprimento das obrigaes a que se refere o 4 do art. 5 do Estatuto da Cidade pode ser cobrado o IPTU progressivo no tempo, mas para tanto, e desde que no seja a mesma autoridade competente, um novo processo administrativo deve ser aberto, desta vez perante a secretaria municipal de finanas ou outro rgo responsvel pelo setor tributrio (PEIXOTO, 2002, p. 580).Pela viso doutrinria do autor transcrito acima, percebe-se que o IPTU progressivo s ser efetivamente aplicado depois que houver a instaurao de um processo administrativo perante a Secretaria Municipal responsvel, sendo garantido ao sujeito passivo (contribuinte ou responsvel tributrio) o direito ampla defesa e ao contraditrio (art. 5, LIV e LV, CF/88) devido processo legal.A administrao ir declarar que o bem imvel no edificado, subutilizado ou no utilizado, tendo como medida por parte desta, a determinao do parcelamento, da edificao ou da utilizao compulsria.Eduardo de Moraes Sabbag em seu livro Elementos do Direito Tributrio apresenta um quadro exemplificativo referente ao IPTU progressivo luz da EC n. 29/2000.

Quadro 1 O IPTU Progessivo Luz da EC. n. 29/2000.IPTU PROGRESSIVO LUZ DA EC N 29/2000

Antes da EC n 29/2000Depois da EC n 29/2000

IPTU era progressivo: Arts. 156, 1, e 182, 4, II, da CF/88.Acrescentaram-se os incisos I e II ao 1 do art. 156 da CF/88.

Variava em razo da Funo Social da propriedade (Art. 5, XXIII, da CF/88). Se no houvesse o aproveitamento adequado da propriedade, cobrava-se o imposto progressivo. Era a progressividade no tempo.

Ir variar em razo dos seguintes critrios: Localizao, Valor, Uso e Funo Social.

Antes da EC n 29/2000Depois da EC n 29/2000

No havia outros critrios, apenas o critrio da Funo Social.Passou a utilizar o critrio pessoal, alargando-se a base progressiva do IPTU.

PROGRESSIVIDADE EXTRAFISCALPROGRESSIVIDADE FISCAL

Fonte: SABBAG, 2009, p. 245.Com este quadro demonstrativo do antes e depois da EC n. 29/2000 sobre o IPTU progressivo, visualiza-se que trs critrios surgiram a mais para justificar a progressividade do IPTU, alm da funo social (progressividade extrafiscal), aparecem tambm agora: a localizao, o valor e o uso do bem imvel (progressividade fiscal).

Sobre a extrafiscalidade, Juliana Wernek de Camargo afirma:

Tomemos o IPTU como exemplo. A utilizao extrafiscal do IPTU permite a melhor ordenao da cidade, impe ao proprietrio a utilizao mais adequada de seu imvel em vista das necessidades da cidade, impede a especulao imobiliria, evita o espraiamento aleatrio da cidade, que nocivo eficincia e racionalidade dos servios pblicos (CAMARGO, 2008, p. 114).

Nota-se que a extrafiscalidade do IPTU visa utilizao do imvel de forma adequada, objetivando a organizao da cidade e almejando o cumprimento da funo social da propriedade particular urbana.

5 PRINCPIOS A QUE SE SUBMETE O IPTU

Os princpios formam a base do nosso ordenamento jurdico. So fundamentos constitucionais que restringem e delimitam a conduta e o campo de atuao do legislador ordinrio ao disciplinar as relaes sociais, seja entre os particulares, seja entre o Estado e o particular e vice-versa.

Alguns princpios so explcitos, como os princpios da legalidade e da capacidade contributiva, e outros implcitos, a exemplo do princpio da razoabilidade.

Na concepo de Geraldo Ataliba: Os princpios so linhas mestras, os grandes nortes, as diretrizes magnas do sistema jurdico. Apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e obrigatoriamente perseguidos pelos rgos do governo (poderes constitudos). (ATALIBA, 2001, p.34).Miguel Reale aduz: Ora, aos olhos do homem comum o Direito lei e ordem, isto , um conjunto de regras obrigatrias que garante a convivncia social graas ao estabelecimento de limites ao de cada um de seus membros. (REALE, 2006, p. 1).E sobre a importncia dos princpios, o referido autor leciona:

A nosso ver, princpios gerais de direito so enunciaes normativas de valor genrico, que condicionam e orientam a compreenso do ordenamento jurdico, quer para a sua aplicao e integrao, quer para a elaborao de novas normas. Cobrem, desse modo, tanto o campo da pesquisa pura do Direito quanto o de sua atualizao prtica. Alguns deles se revestem de tamanha importncia que o legislador lhes confere fora de lei, com a estrutura de modelos jurdicos, inclusive no plano constitucional, consoante dispe a nossa Constituio sobre os princpios de isonomia (igualdade de todos perante a lei), de irretroatividade da lei para proteo dos direitos adquiridos etc. A maioria dos princpios gerais de direito, porm, no constam de textos legais, mais representam contextos doutrinrios ou, de conformidade com terminologia assente no Captulo XIV, so modelos doutrinrios ou dogmticos fundamentais (REALE, 2006, pp. 304 305).Ento, os princpios so enunciados basilares do conhecimento humano que servem de norte para a compreenso da cincia jurdica.

Em conformidade com os conceitos at aqui apresentados, enfatiza-se a importncia do estudo de cada princpio importante ao desenvolvimento deste trabalho, nos termos a seguir expedidos. 5.1 PRINCPIO DA ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTRIAInicialmente, destaque-se que o princpio da legalidade est previsto de forma genrica no inciso II, do art. 5 da Constituio Federal de 1988, com a seguinte redao: ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei.

afirmao de Celso Antnio Bandeira de Mello: Por isso se diz, na conformidade da mxima oriunda do Direito ingls, que no Estado de Direito quer-se o governo das leis, e no o dos homens; impera a rule of law, not of men. (MELLO, 2009. p. 101).O princpio da estrita legalidade tributria visa segurana jurdica, pois prev a necessidade da normatizao das regras sociais almejadas pelo Estado como forma de organizao dos poderes pblicos e da sociedade, estando expresso no art. 150, inciso I, da CF/88, e no art. 97, inc. I, CTN, sendo que este ltimo artigo dispe: somente a lei pode estabelecer a instituio de tributos, ou a sua extino.

O art. 150, inciso I, CF/88, assim dispe: Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado a Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabelea.Roque Antnio Carrazza leciona que:

A lei, expresso da vontade geral (Carr de Malberg), o ato normativo primrio por excelncia, uma vez que, obedecidos apenas os ditames constitucionais, inova inauguralmente a ordem jurdica.

Editando a lei, a sociedade, por seus representantes imediatos (os legisladores), se auto-regula, vale dizer, se impe normas que cercearo a liberdade e a propriedade de seus membros, tendo em vista o bem comum. (CARRAZZA, 2009, p. 251).Esse princpio se notabiliza por exigir a publicao de ato normativo (LEI) para informar os contribuintes de seus deveres (obrigaes tributrias), e dessa forma, no serem pegos de surpresa, garantindo, assim, a segurana jurdica, o que est diretamente relacionado com outro princpio, o da anterioridade tributria (art. 150, III, b, CF/88) que ser discutido mais adiante.Celso Antonio Bandeira de Mello sobre tal princpio afirma que: O principio da legalidade contrape-se, portanto, e visceralmente, a quaisquer tendncias de exacerbao personalista dos governantes. (MELLO, 2009. p. 100).Nesse sentido, os artigos 9, inciso I, e 97, incisos I e II, CTN, tambm se referem ao princpio da legalidade. Seno vejamos:

Art. 9. vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

I instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabelea, ressalvado, quanto majorao, o disposto nos arts. 21, 26 e 65;

[...]

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I a instituio de tributos, ou a sua extino;

II a majorao de tributo, ou a sua reduo ressalvado o disposto nos arts. 21, 26, 39, 57 e 65; [...] (Grifou-se)

Verifica-se que a exigncia de lei (lei ordinria ou lei comum - oriunda do poder competente Poder legislativo Congresso Nacional, Assembleias Legislativas, Cmaras Municipais) tanto para criar (instituir), quanto para diminuir ou majorar tributos, e ainda extingui-los.

Uma das concluses de Fernando Magalhes Mod que:

[...] o princpio da legalidade tributria tem por funo (originria), de um lado, garantir a contribuio de todos para a arrecadao tributria, aspecto esse obtido tomando-se em considerao o carter genrico obrigatrio de uma determinao legal, e de outro, a proteo do patrimnio individual. Sendo o tributo uma restrio ao direito de propriedade, deve ser consentido por aqueles que devam suport-la. (MOD, 2007, p. 78).O princpio da legalidade pressupe a justificativa da relao jurdica tributria, assim sendo, Valria Furlan ensina:

Entenda-se por relao jurdica o liame jurdico que h entre duas pessoas em face de um mesmo objeto. Este objeto implica o cumprimento de uma dada prestao, de forma que, enquanto uma daquelas duas pessoas tem o dever de cumprir referida prestao, a outra tem, concomitantemente, o direito subjetivo de exigir seu cumprimento. D-se o nome de sujeito ativo pessoa titular do direito subjetivo; e doutro lado, designa-se sujeito passivo quem tem a titularidade do correlato dever jurdico. Tais relaes, por sua vez, irrompem das normas jurdicas, ou melhor, so conseqncias ou efeitos jurdicos da incidncia das normas jurdicas. (Grifou-se) (FURLAN, 2010. p. 19).Esse princpio o mais importante para a incidncia dos tributos, pois vincula a Administrao Pblica diretamente ao texto da lei, fazendo-a cumprir o que esta estabelece.

Apesar do texto Constitucional e do CTN determinarem que as regras tributrias atinentes instituio, majorao ou extino de tributos devam ser por lei admite-se que medidas provisrias (que possuem fora de lei) tambm sejam utilizadas para tal finalidade, pois o texto da Emenda Constitucional n. 32 - art. 62, pargrafo 2, estabeleceu o uso de tal medida na instituio ou majorao de tributos.

5.2 PRINCPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTRIA A lei tributria disciplina fatos jurdicos futuros, visando segurana jurdica entre Fisco e contribuintes ou responsvel tributrio, da relao Poder Estatal X Cidados, pois a Constituio Federal estabelece em seu art. 5 (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), inciso XXXVI, que a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada.

Excepcionalmente, a lei tributria poder atingir fatos pretritos, quando esta for mais benfica em comparao com a que era vigente a ocorrncia do fato gerador ou quando por interpretao da nova lei, esta no prejudique o contribuinte, ou seja, como dispe a Constituio no prejudique o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada.

A Carta Poltica brasileira faz referncia a tal princpio, no seguinte dispositivo, ipsis literis:

Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

[...]

III cobrar tributos:

a) em relao a fatos geradores ocorridos antes do inicio da vigncia da lei que os houver institudo ou aumentado;

Yoshiaki Ichihara categrico ao afirmar que a irretroatividade da lei a regra, sendo exceo as que retroagem, como no caso da lei interpretativa, lei penal mais benigna etc. (ICHIHARA, 1995, p. 36).Ento, como forma de garantir a segurana jurdica, o princpio da irretroatividade da lei tributria primordial ao estudo do Direito Tributrio.5.3 PRINCPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI TRIBUTRIAEsse princpio estabelece que o contribuinte no pode ser surpreendido com a cobrana de um novo tributo ou aumento deste no mesmo exerccio financeiro.Novamente, o art. 150, CF/88, dispondo, agora, sobre o principio da anterioridade da lei tributria, in verbis:

Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

[...]

III cobrar tributos:

[...]

b) no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

Sobre o referido princpio, Yoshiaki Ichihara ensina que:

Pelo exposto, no direito positivo brasileiro, a aplicao [...] da anterioridade da lei tributria regra, sendo exceo os tributos no sujeitos a tal princpio. Assim, os tributos sujeitos [...] anterioridade da lei s podero ser cobrados a partir do exerccio seguinte ao da instituio ou da alterao (ICHIHARA, 1995, p. 40).

Conclu-se, assim, que este princpio visa cobrana de tributos a partir do exerccio seguinte, protegendo o contribuinte de responsabilidade tributria ou acrscimo desta no mesmo exerccio financeiro.5.4. PRINCPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVAO princpio da capacidade contributiva est previsto no art. 145, 1, CF/88. Seno vejamos:

Art. 145. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir os seguintes tributos:

[...]

1 Sempre que possvel, os impostos tero carter pessoal e sero graduados segundo a capacidade econmica do contribuinte, facultado administrao tributria, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte.Tal princpio dispe sobre a graduao e a incidncia dos tributos, principalmente quanto aos impostos pessoais (como o caso do IR IRPF ou IRPJ), fixando alquotas diferentes para o fim de praticar a JUSTIA FISCAL e, consequentemente, a JUSTIA SOCIAL.

Yoshiaki Ichihara sobre tal princpio ensina que:Evidentemente, este princpio imanente ao tributo da espcie imposto, pois esta espcie tributria sempre incide sobre uma atividade, situao ou operao onde haja a exteriorizao da capacidade contributiva econmica. Capacidade econmica no se confunde com capacidade financeira (ICHIHARA, 1997, p. 37).No mesmo sentido, Eduardo de Moraes Sabbag leciona:

Esse subprincpio vem reforar o Princpio da Isonomia Tributria. Apregoa a graduao de incidncia quanto aos impostos pessoais, no tocante fixao de alquotas diferenciadas, com o fito de promover a justia fiscal. Traduz-se no brocardo quanto mais se ganha, mais se paga. Tal postulado remete o leitor inteleco do conceito de progressividade de alquotas. So exemplos de impostos progressivos, com previso explcita na CF: Imposto de Renda, IPTU e o ITR, [...] (SABBAG, 2009, p. 95).Ento, quanto maior a capacidade contributiva do cidado, mais este ter a capacidade econmica de contribuir para o Estado, com a obrigao de pagar o imposto sobre alquotas maiores, medida que seus rendimentos alcancem as faixas progressivas de tributao.Sabe-se que o IPTU um tributo (imposto) real que incide sobre coisas e/ou objetos o bem imvel. Ento, pergunta-se: o princpio da capacidade contributiva aplica-se ao IPTU? Sem que se enfrente essa preliminar, no se pode avanar no desenvolvimento do tpico. Dessa forma, vejamos o que afirma Roque Antonio Carrazza:Exige obedincia ao princpio da capacidade contributiva o IPTU (imposto predial e territorial urbano). Agora, com a vigncia da nova Carta, o proprietrio de amplo e luxuoso imvel, situado em bairro residencial, deve proporcionalmente ser mais tributado, por via de IPTU, do que o proprietrio de casa modesta, localizada em bairro fabril.

Enfatizamos que a capacidade contributiva, para fins de tributao por via de IPTU, aferida em funo do prprio imvel (sua localizao, dimenses, luxo, caractersticas etc.), e no da fortuna em dinheiro de seu proprietrio. No fosse assim, alm de incerteza e insegurana, proliferariam situaes deste tipo: pessoa hoje pobre, mas que adquiriu carssimo imvel em perodo economicamente faustoso de sua vida profissional, estaria a salvo do IPTU. Ou deste: num prdio de alto luxo, com um apartamento por andar, cada proprietrio pagaria um IPTU diferente (assim, v.g., o banqueiro bem sucedido pagaria o imposto no grau mximo e o aposentado, que recebe penso previdenciria do INSS, nada pagaria). No nos parece seja este o esprito do dispositivo constitucional. A nosso ver, a s propriedade do imvel luxuoso constitui-se numa presuno iuris et de iure de existncia de capacidade contributiva (pelo menos para fins de tributao por via de IPTU). Estaria inaugurado o imprio da incerteza se a situao econmica individual do contribuinte tivesse que ser considerada na hora do lanamento deste imposto (CARRAZZA, 2002, pp. 91 e 92).

Enfatiza-se que a incidncia de tal imposto caracterizada, em primeiro plano, pela funo do prprio imvel, ou seja, leva-se em considerao o local, as dimenses, o luxo, como tambm o uso e a finalidade do bem, se residencial, comercial ou industrial.

Entende-se que aos municpios vedado cobrar tributos de sua competncia, como o IPTU, em prejuzo da capacidade contributiva dos muncipes, podendo caracterizar confisco, o que expressamente vedado pela Lei Suprema em seu artigo 5, inciso IV, ou ainda causar a violao do direito de propriedade, disciplinado no artigo 5, inciso XXII, do mesmo diploma legal, negando, assim o mnimo vital como condio para uma vida digna.

Para Fernando Magalhes Mod:

No h como dissociar o princpio da capacidade contributiva extrafiscal. O tributo, ainda que no guarde por finalidade uma funo recaudatria, no pode ter por hiptese de incidncia fato sem qualquer contedo econmico. De outro lado, o sujeito passivo da obrigao tributria deve ter condies econmicas de suportar a exao, no importando atue o tributo com finalidade fiscal ou no. A capacidade contributiva indica o limite mximo, alm do qual, ningum pode legitimamente estar obrigado a contribuir. O excesso de exao, caso se verifica, pode indicar, alm de violao ao princpio da capacidade contributiva, efeito confiscatrio, vedado no ordenamento jurdico brasileiro (CF/88, art. 150, IV). (MOD, 2007, p. 88).Com este entendimento, conclui-se que o princpio da capacidade contributiva relativamente ao IPTU visa proporcionar ao sujeito passivo uma obrigao tributria baseada no valor venal do imvel e no no quanto da renda do contribuinte ou responsvel tributrio, pois as condies do imvel, por si s demonstram, em regra, o poder aquisitivo de seu proprietrio.

5.5 PRINCPIO DA VEDAO AO CONFISCO

O princpio do no-confisco objetiva proteger a integridade econmica dos contribuintes, impedindo que o nus tributrio, decorrente da obrigao que se estabelece entre o Estado e o administrado invada o patrimnio do particular em nveis que exceda a capacidade contributiva deste, j que o tributo, por si s, j um gravame, o que no pode e no deve ocorrer a diminuio do patrimnio de forma excessiva, extorquindo e aniquilando o direito de propriedade do indivduo que uma garantia constitucional.

A Constituio de 1988 prev o princpio da vedao ao confisco no seguinte dispositivo, in verbis: Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: [...] IV utilizar tributo com efeito de confisco.A norma constitucional, que estabelece a vedao ao tributo com efeito de confisco, visa impedir que os entes pblicos instituam ou criem por meio de lei ordinria tributos com esta finalidade, evitando o abuso do poder ou prticas de competncias que no lhes foram confer