76
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE TURISMOLOGIA CURSO DE TURISMO MONIQUE DE ANDRADE DANTAS TURISMO E COMUNICAÇÃO: A DIMENSÃO DO JORNALISMO NO TURISMO Rio de Janeiro 2011

Monografia Corrigida e Atualizada (Original)

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    ESCOLA DE TURISMOLOGIA

    CURSO DE TURISMO

    MONIQUE DE ANDRADE DANTAS

    TURISMO E COMUNICAO: A DIMENSO DO JORNALISMO NO TURISMO

    Rio de Janeiro

    2011

  • MONIQUE DE ANDRADE DANTAS

    TURISMO E COMUNICAO: A DIMENSO DO JORNALISMO NO TURISMO

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado Universidade Federal do

    Estado do Rio de Janeiro como requisito

    parcial para a obteno do ttulo de

    Bacharel em Turismo.

    Orientadora:

    Tnia Guimares Omena, MSc.

    Rio de Janeiro

    2011

  • MONIQUE DE ANDRADE DANTAS

    TURISMO E COMUNICAO: A DIMENSO DO JORNALISMO NO TURISMO

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado Universidade Federal do

    Estado do Rio de Janeiro como requisito

    parcial para a obteno do ttulo de

    Bacharel em Turismo.

    Monografia aprovada em 02 / 12 / 2011 para obteno do ttulo de Bacharel em Turismo.

    BANCA EXAMINADORA:

    ___________________________________________________________________________

    Tnia Guimares Omena, MSc.

    Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO

    ___________________________________________________________________________

    Luciano dos Santos Pereira, MSc.

    Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO

    ___________________________________________________________________________

    Rodrigo Machado Vilani, Dr.

    Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO

  • A Deus, minha me e a todos os

    amigos que me apoiaram durante o curso

    de Turismo.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, agradecer a Deus, por ter me dado a oportunidade em ser a pessoa que

    sou, possibilitando-me estudar numa escola pblica de qualidade no Ensino Fundamental, em

    uma Escola Particular no Ensino Mdio e por eu no ter perdido jamais a vontade de estudar,

    fazendo com que eu chegasse faculdade e a concluir o curso de Turismo no Ensino Superior.

    E tambm agradeo por ter me dado sade e sabedoria para fazer as escolhas certas e seguir o

    caminho rumo ao sucesso pessoal e profissional.

    minha me, que foi a primeira pessoa a me incentivar para os estudos e nunca me

    abandonou nos momentos mais difceis, como na hora de escolher um curso no Ensino

    Superior ou quando eu no obtive xito nos vestibulares anteriores, quando eu tentava a

    classificao em outros cursos de graduao. Ajudou-me bastante nos custos de alimentao e

    transporte durante os primeiros anos da faculdade, quando me encontrei em dificuldades. Sem

    a educao que ela me deu, eu no seria a pessoa que sou agora.

    Aos meus amigos, que comemoraram comigo o ingresso no Ensino Superior e sempre

    me incentivaram tambm a prosseguir o curso, apesar de todos os obstculos vistos durante a

    faculdade. Aos meus colegas de faculdade, que fiz durante esses anos de curso de Turismo,

    onde fizemos muitos trabalhos exaustivos e participamos de muitas visitas tcnicas ao longo

    do curso, alm de termos uma convivncia pacfica e respeitosa uns com outros nessa jornada

    de estudos.

    A minha professora orientadora Tnia Omena, por ter me recomendado o enfoque do

    trabalho proposto e ter me dado dicas de referncias bibliogrficas sobre o tema Turismo e

    Comunicao. Aos professores Carla Fraga, Antnio Carlos de Carvalho, Laura Sinay,

    Jaqueline Elicher, Anita Buthod, Luciano Pereira, Rodrigo Vilani, entre outros professores da

    Escola de Turismologia da UNIRIO, que foram muito importantes durante o meu curso de

    graduao de Turismo.

    Agradeo a todos por tudo durante esses quatro anos de graduao em Turismo na

    UNIRIO.

  • O viajante concentra estes tropismos milenares: o gosto pelo

    movimento, a paixo pela mudana, o desejo ardoroso de mobilidade,

    a incapacidade visceral de comunho gregria, a vontade de

    independncia, o culto da liberdade e a paixo pela improvisao.

    Michel Onfray Filsofo francs.

    So muito importantes os encontros com outros, com pessoas ou

    lugares, porque propiciam inspirao e coragem para se escapar s

    rotinas tediosas. Ocorre um desperdcio de oportunidades, sempre que

    um encontro se realiza e nada acontece. Na maior parte dos encontros,

    orgulho ou cautela ainda probem algum de dizer o que sente no mais

    fundo do ntimo. O rudo do mundo feito de silncios.

    Theodor Zeldin - Historiador ingls.

  • RESUMO

    O presente trabalho abordar a relao entre Turismo e Comunicao, com enfoque sobre a

    abordagem do Turismo atravs da mdia, especificamente pelo jornalismo turstico. Sero

    apresentados conceitos de turismo, comunicao, jornalismo e as vrias definies de

    jornalismo turstico, que um tema recorrente na mdia impressa e digital, porm h poucas

    produes acadmicas que abordem o jornalismo turstico com mais profundidade. A

    comunicao promove o turismo, atravs das reportagens e textos sobre a atividade, e o

    turismo realiza as viagens feitas pelos jornalistas, que procuram sempre novos lugares e

    culturas para viverem uma nova experincia fora das redaes jornalsticas. A mdia tornou-se

    uma ferramenta importante para a divulgao e o consequente desenvolvimento das atividades

    tursticas em diversas regies do Brasil e do mundo, pois o turismo se firmou como a terceira

    maior indstria do planeta e o jornalismo turstico tem ganhado destaque na forma de tratar a

    atividade turstica, levando informao sobre o tema aos leitores e aos telespectadores que

    podero ser potenciais turistas aos destinos tursticos publicados na mdia. Sero mostradas as

    formas de mdia que falam do turismo nacional e internacional, como a mdia impressa,

    digital, televisiva e a publicidade voltada para o turismo. E tambm as diferenas de

    abordagem entre o turismo falado pelo jornalismo, onde a atividade passa por diversos

    assuntos das publicaes impressas e digitais e pelo jornalismo turstico, que apresenta vrias

    definies feitas pelos jornalistas especializados e pelos turismlogos que escrevem textos

    para essas publicaes jornalsticas e tambm acadmicas. O jornalismo turstico, que uma

    subdiviso do jornalismo, representa a melhor forma de associao entre Turismo e

    Comunicao, em termos de divulgao da atividade turstica feita atravs da mdia em geral.

    Palavras-chave: Turismo. Comunicao. Mdia. Jornalismo. Jornalismo Turstico.

  • ABSTRACT

    This paper will address the relationship between tourism and communication, focusing on the

    approach to tourism through the media, specifically the tourist journalism. Be introduced

    concepts of tourism, communication, journalism and journalism various definitions of

    tourism, which is a recurring theme in print and digital media, but there are few products that

    address academic journalism tour in more depth. Communication promotes tourism, through

    reports and texts about the activity, and tourism makes the trips made by journalists, who are

    always looking for new places and cultures to live a new experience out of journalistic essays.

    The media has become an important tool for the disclosure and the consequent development

    of tourist activities in various regions of Brazil and the world, because tourism has established

    itself as the third largest industry in the world tourism and journalism has gained prominence

    in the way of treating the activity tourist information on the subject leading to the readers and

    viewers who may be potential tourists to destinations published in the media. Will print out

    the forms of media that speak of national and international tourism, such as print, digital,

    television and advertising geared towards tourism. And the differences in approach between

    tourism spoken by journalism, where the activity goes through several issues of printed and

    digital journalism and the tour, which has several definitions made by journalists and by

    tourismologist who write for these publications journalistic texts and also academic.

    Journalism tourism, which is a subdivision of journalism, represents the best form of

    association between Tourism and Communication, in terms of dissemination of tourist

    activity made through the media in general.

    Key Words: Tourism. Communication. Journalism. Media. Touristic Journalism.

  • LISTA DE SIGLAS

    ABRAJET Associao Brasileira de Jornalistas de Turismo.

    OMT Organizao Mundial do Turismo.

  • LISTA DE ANEXOS

    ANEXO A Entrevista com editores e jornalistas de veculos de comunicao especializados em turismo................................................................................................................................ 75

    ANEXO B Entrevista com os potenciais turistas sobre as publicaes tursticas ...............76

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 01 Porcentagem das pessoas definida por sexo ......................................................... 63

    Grfico 02 Preferncia de destinos tursticos para viagem em % .......................................... 64

    Grfico 03 Porcentagem de pessoas que leem publicaes que falam de turismo (pblico

    final) ........................................................................................................................................ 65

    Grfico 04 Preferncia dos entrevistados sobre revistas de turismo (Pblico final) .............. 65

    Grfico 05 Porcentagem de entrevistados que leem publicaes especficas de turismo (trade)

    .................................................................................................................................................. 65

    Grfico 06 Preferncia dos leitores sobre as publicaes especficas de turismo (trade) ...... 66

    Grfico 07 Influncia das publicaes sobre o turismo na opinio dos leitores .................... 67

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 01 Capa da revista Mercado & Eventos (ed. Out. de 2011) ...................................... 53

    Figura 02 Capa da revista BrasilTuris Jornal (ed. Out. 2011) ............................................... 53

    Figura 03 Capa da Revista Trading (ed. Out. 2011) .............................................................. 54

    Figura 04 Capa do jornal Folha do Turismo (ed. Nov. 2011) ............................................... 54

    Figura 05 Capa da revista Brasil Travel (ed. n 268 Out. 2011) ........................................ 56

    Figura 06 Capa da revista Host & Travel (ed. n 47 Out.2011) ......................................... 56

    Figura 07 Capa do suplemento de turismo Boa Viagem/ Jornal O Globo (ed. de 20 Out.

    2011)........................................................................................................................................ 56

    Figura 08 Capa da revista National Geographic - Editora Abril (ed. Nov. 2011) ................ 56

    Figura 09 Capa da revista Viagem e Turismo Editora Abril (ed. Dez. 2011) .................... 56

    Figura 10 Capa da revista Guia Quatro Rodas (ed. Dez. 2011) ............................................. 57

    Figura 11 Matria de capa do suplemento de turismo da Folha de S. Paulo (ed. 21 Out. 2011)

    .................................................................................................................................................. 57

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 01 Revistas e jornais especializados em turismo, destinadas ao Trade Turstico..... 53

    Quadro 02 Revistas e jornais de turismo destinados ao pblico final: os turistas ................ 55

    Quadro 03 Programas televisivos que falam de turismo ou que possuem quadros ligados ao

    turismo .................................................................................................................................... 58

  • SUMRIO

    INTRODUO................................................................................................................. 15

    1 METODOLOGIA.................................................................................................. 17

    1.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................... 17

    1.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................................................. 18

    1.3 MTODOS.............................................................................................................. 19

    1.3.1 Levantamento bibliogrfico.................................................................................. 20

    1.3.2 Aplicao de entrevistas........................................................................................ 21

    2. TURISMO E COMUNICAO.......................................................................... 22

    2.1. CONCEITOS DE TURISMO................................................................................. 22

    2.2 CONCEITOS DE COMUNICAO.................................................................... 25

    2.2.1 Comunicao Social: Jornalismo......................................................................... 27

    2.3 A LIGAO ENTRE TURISMO E COMUNICAO...................................... 30

    2.4 TURISMO E MDIA.............................................................................................. 37

    3 JORNALISMO TURSTICO............................................................................... 43

    3.1 CONCEITOS DE JORNALISMO TURSTICO................................................... 43

    3.2 A ESTRUTURAO DO JORNALISMO TURSTICO....................................... 48

    3.2.1 Exemplos de publicaes impressas e programas televisivos sobre o

    jornalismo turstico .......................................................................................................... 52

    3.3 JORNALISTA DE TURISMO OU TURISMLOGO JORNALISTA? ............ 58

    3.3.1 O que um jornalista de turismo? ..................................................................... 58

    3.3.2 Como seria um turismlogo jornalista? ............................................................ 60

    3.3.3 Os turismlogos articulistas ................................................................................ 61

    3.3.4 A viso dos turistas sobre o jornalista turstico ................................................. 62

    CONSIDERAES FINAIS........................................................................................... 68

    REFERNCIAS................................................................................................................ 71

    ANEXOS............................................................................................................................. 75

  • 15

    INTRODUO

    Para fazer Turismo em qualquer lugar onde deseja conhecer, preciso o uso da

    comunicao para saber a respeito dos costumes e dos aspectos econmicos e socioculturais

    da populao local. A comunicao nesse ponto importante na hora de buscar informaes

    de um local que diferente do lugar dentro de seu entorno habitual.

    O Turismo sempre tratado, na maioria das vezes, de forma comercial,

    mercadolgica. E como a atividade turstica vista como um produto disposto venda pelas

    agncias e operadoras de viagem, com o auxlio dos governos e da iniciativa privada, a

    publicidade entra com a persuaso para divulgar os atrativos tursticos existentes, e assim

    atrair os turistas que desejam conhecer e desfrutar os destinos tursticos, de acordo com as

    pocas do ano. So divulgados em revistas e em suplementos de turismo nos jornais, anncios

    de agncias de viagem e de companhias areas falando de pacotes tursticos que so

    tendncias em determinadas pocas do ano, e esses pacotes seguem um roteiro determinado

    pelas prprias operadoras de turismo para mostrar ao turista os melhores pontos tursticos do

    local visitado. A mdia est muito presente no Turismo e vice-versa, pois ambas se ligam para

    mostrar ao cliente sobre as informaes das regies tursticas, sua histria, cultura, economia

    e outros assuntos.

    A mdia tem o poder de induzir as pessoas a seguirem fatos novos que surgem e faz

    questo que um determinado assunto polmico vire o centro das atenes na opinio pblica.

    H uma variedade de publicaes de revistas sobre o Turismo e de suplementos de jornais

    sobre o tema citado, tanto voltadas para os profissionais ligados ao turismo quanto para os

    turistas. A maior parte delas trata o destino turstico como uma vitrine, a fim de atrair mais

    turistas e tornar o lugar turstico como uma tendncia de destino mais visitado no Brasil e no

    Mundo.

    E no que se refere distribuio de informaes sobre diversos assuntos,

    principalmente aqueles destinos que necessitam ser vendidos para atrair clientes e que esses

    consumam os produtos tursticos oferecidos pelos operadores de turismo, eis uma constatao

    realizada por Nielsen (2002):

  • 16

    [...] a mdia usada para transmitir e disseminar informaes sobre vrios tpicos de

    importncia e urgncias diversas, portanto, a notcia e a propaganda, ao serem

    comercializadas, devem estar inseridas no contexto lingustico bem estruturado,

    eloquente e que envolva o leitor em um mundo de promessa e magia, em comunho

    com outras formas de linguagem. (NIELSEN, 2002 apud MARTIN, 2009, p. 11).

    Diante dessa perspectiva, a publicidade transforma o destino turstico em um lugar dos

    sonhos de qualquer turista, com uma linguagem que explore bastante as qualidades do local e

    tambm mostrando os melhores roteiros e as melhores condies de pagamento, no que diz

    respeito venda de pacotes tursticos ou passagens areas pelos operadores de turismo. A

    propaganda enfatiza muito os aspectos culturais e ambientais dos destinos tursticos, com suas

    belezas naturais e exticas, alm da cultura diferente do que o turista est acostumado a ver

    perto de sua localidade.

    O jornalista de mdia transmite informaes de lugares tursticos, que estejam de

    acordo com as normas impostas pela editora da publicao e principalmente pelos anunciantes

    ligados rea de turismo (operadoras, agncias de viagem e companhias areas), alm de

    destacar nos suplementos de turismo caractersticas culturais e sociais dos locais a serem

    visitados, mostrando os pontos tursticos de maior relevncia deles. J o jornalista turstico

    aprofunda o tema turismo na hora de escrever e publicar seus artigos, notcias ou matrias. Os

    jornalistas tursticos so mais detalhistas, ou seja, produzem mais reportagens ligadas parte

    institucional do turismo. So estudos mais elaborados sobre o Turismo e que so publicados

    em revistas cientficas de turismo, jornais especializados no tema e em sites ligados

    atividade turstica. H colunistas convidados para escrevem textos cientficos publicados em

    sees nas revistas e jornais tursticos.

    Para Steil (2002, p.65), os turistas se sentem satisfeitos quando consomem os produtos

    desejados e que essa satisfao nasce da expectativa do turista na busca pelo prazer, atravs

    de sua imaginao em relao ao lugar turstico que pretende consumir. E complementa que

    os turistas desconstroem a viso estereotipada dos destinos tursticos, cuja divulgao

    desperta a imaginao dos turistas, induzindo-os ao consumo:

    [...] Os turistas no consomem lugares ou olhares (sightseeings), mas atravs dos lugares e dos olhares buscam a realizao de um desejo que os transcende e povoa

    sua imaginao. Sua contribuio mais inovadora, portanto, est em descontruir a

    viso dominante nas anlises sociolgicas do consumo, que o associa de forma

    imediata e direta ao materialismo individualista. (STEIL, 2002, p.65).

  • 17

    Com isso, os turistas buscam por novas ferramentas para se informarem sobre os

    destinos tursticos que desejam conhecer, consumir os produtos e servios oferecidos pelos

    agentes de turismo e que estes agentes, atravs das empresas tursticas, precisam se adaptar

    aos novos tempos das inovaes tecnolgicas, a comear pelos meios de comunicao que

    usada pelo Turismo como uma ponte entre os destinos que precisam ser visitados pelos

    turistas e os prprios turistas, que anseiam por novos lugares quando esto em tempo livre.

    1 METODOLOGIA

    1.1 OBJETIVO GERAL

    O objetivo geral da pesquisa analisar o destaque que o Turismo e Comunicao vm

    ganhando com os mecanismos de comunicao, sob as ticas do Jornalismo e do Jornalismo

    Turstico, que possui vrias publicaes voltadas para o tema citado, lidas por pessoas que

    consomem os produtos tursticos, os turistas, e as revistas e jornais tursticos que so lidas por

    profissionais do turismo, com formao em Turismo ou no. Perceber que o turismo abordado

    pela mdia impressa e digital no s visto de forma mercadolgica, embora este motivo seja

    o mais frequente quando falado pela mdia, mas observado sob diversas formas como:

    ambiental, poltica, econmica, cincia, cultural, histrico, entre outros.

    O jornalismo turstico mostra o quanto a comunicao fundamental na promoo do

    turismo e o turismo ajuda os profissionais do jornalismo a terem acesso a outros lugares onde

    eles ainda no conheceram como turistas tambm. um tema que no tem muitos trabalhos

    acadmicos nas reas de comunicao e turismo, publicadas em revistas especializadas, em

    livros didticos e em sites especficos de pesquisa, mas que muito importante saber como a

    atividade turstica abordada pela mdia impressa e atualmente pela mdia digital, ferramenta

    que apresenta maior rapidez na transmisso de informaes s pessoas que se interessam pelo

    turismo.

  • 18

    1.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Apresentar conceitos de Turismo como uma cincia que bastante explorada e que na

    maioria das vezes tratada como um produto mercadolgico, ignorando os seus problemas e

    impactos sobre uma regio turstica. E tambm conceitos de Comunicao, principalmente

    sob o enfoque do Jornalismo Turstico, que embora seja um assunto de extrema importncia

    para a atividade turstica, carece de poucas pesquisas acadmicas sobre o tema proposto.

    Mostrar a correlao entre Turismo e Comunicao, onde ter destaque a subdiviso do

    Jornalismo Turstico e da associao entre o Turismo e a Mdia em geral.

    Sobre o Jornalismo Turstico, sero abordadas as diferenas entre os textos sobre o

    Turismo, na viso de jornalistas que escrevem em cadernos de turismo publicados em jornais

    e revistas e na viso de turismlogos, que desenvolvem textos acadmicos em revistas

    especializadas de Turismo. H o jornalismo turstico voltado para os profissionais do turismo,

    ou seja, para a parte institucional do turismo e o jornalismo que fale de turismo, onde as

    editoras lanam revistas e guias de viagem como uma ferramenta de informao ao turista,

    sobre dados histricos e culturais escritas de forma bsica e objetiva, mas que para a maioria

    dos editores das redaes de jornalismo considera essas publicaes como um jornalismo

    turstico, s que voltado apenas para os leitores/turistas.

    Apresentar as diferenas entre o jornalista que escreve sobre o Turismo nas editoras de

    jornais e revistas, elaborando textos padronizados sobre o turismo por imposies dos

    editores-chefes de publicaes, para que agrade aos patrocinadores e tambm que os

    profissionais do jornalismo em geral so pagos para escreverem sobre um determinado lugar

    turstico e descobrir as tendncias futuras de locais para se passar as frias, e do

    turismlogo que no pode atuar em uma editora convencional de um jornal ou revista, porm

    escreve artigos que so publicados em edies destinados a falarem somente sobre o turismo,

    como revistas e jornais especializados, voltados aos profissionais do turismo. procurar

    diretrizes para diferenciar o jornalista que escreve sobre Turismo do jornalista turstico (que

    pode ser um profissional formado em Comunicao Social, com ou sem especializao em

    Turismo) e do turismlogo que escreve artigos para revistas cientficas de turismo, para saber

    como o Turismo abordado na esfera da Comunicao Social.

  • 19

    Sendo assim, os objetivos especficos do trabalho destacaro a importncia da mdia

    na divulgao e desenvolvimento do turismo em vrias partes do mundo, e o jornalismo

    turstico vem aumentando o seu campo de atuao ao produzir reportagens e artigos sobre

    destinos tursticos, produtos tursticos a serem vendidos aos turistas que visitam esses destinos

    e abrindo espao tambm para os leitores contarem as suas experincias de viagem, na mdia

    impressa e digital, e assim criando novas pautas sobre o turismo nas redaes dessas

    publicaes, que destacam bastante a atividade turstica.

    1.3 MTODOS

    A metodologia do trabalho foi realizada atravs do levantamento bibliogrfico de

    artigos, livros sobre turismo e comunicao e artigos retirados de sites da internet, e de

    elaborao e aplicao de entrevistas destinadas aos profissionais das reas de turismo,

    jornalismo e jornalismo turstico, com a finalidade de traar o perfil e os pontos de vista das

    pessoas envolvidas sobre turismo e comunicao, com enfoque sobre o jornalismo turstico.

    Como parte tambm da metodologia, o trabalho foi elaborado atravs da anlise de contedo

    das referncias sobre turismo, comunicao, jornalismo e jornalismo turstico, utilizando o

    mtodo comparativo sobre os trabalhos e pesquisas relacionados ao tema proposto do trabalho

    de concluso de curso.

    A metodologia apresentou limitaes de pesquisa para a elaborao desse trabalho,

    pois no houve maior disponibilidade de material acadmico sobre o tema da pesquisa e a

    aplicao de questionrios encontrou dificuldades para ser preenchida pessoalmente, devido

    ao grande nmero de profissionais a serem entrevistados (cerca de vinte profissionais da rea

    do jornalismo turstico) e a pouca quantidade de profissionais do jornalismo turstico (apenas

    dois profissionais) que responderam ao questionrio no prazo estabelecido para a coleta de

    dados. Houve tambm poucos recursos financeiros para a impresso de questionrios em

    grande nmero para o preenchimento desses por parte dos profissionais do jornalismo

    turstico e dos turistas envolvidos na pesquisa. Portanto, a aplicao de questionrio foi

    realizada atravs do meio eletrnico, que foi a soluo encontrada devido falta de

    disponibilidade dos profissionais do jornalismo turstico em responder ao questionrio por

  • 20

    meio de telefone e tambm pessoalmente dentro das redaes jornalsticas, voltadas para o

    turismo.

    1.3.1 Levantamento bibliogrfico

    O mtodo para a coleta de dados a ser usada para o trabalho foi o levantamento

    bibliogrfico sobre os temas Turismo e Comunicao, atravs de livros especializados de

    Turismo e de Comunicao, livros sobre Jornalismo Turstico, trabalhos acadmicos como:

    dissertaes de mestrado, monografias e artigos publicados em revistas especializados de

    Turismo. Matrias de jornais e revistas que falem de turismo, como suplementos ou cadernos

    de turismo, sero utilizados como fonte de pesquisa para desenvolver melhor o tema Turismo

    e Comunicao, com nfase na anlise crtica entre o Jornalismo que fala do Turismo e do

    Jornalismo Turstico.

    O levantamento bibliogrfico foi na maior parte do trabalho, para que as informaes

    contidas nesse levantamento fossem suficientemente capazes de dar o suporte necessrio para

    o estudo do tema em questo. Haver tpicos que tratam essa relao entre Turismo e

    Comunicao, como a formulao de reportagens e matrias sobre o turismo nas publicaes

    impressas e virtuais, sendo estes que ganharam mais fora na divulgao do turismo como

    produto venda, de forma mais eficiente e rpida.

    O processo metodolgico foi realizado atravs da anlise crtica das diferentes vises

    sobre Turismo e Comunicao, a partir de textos e sites especializados no assunto, a fim de

    desenvolver uma pesquisa acadmica esclarecendo as diversas faces do jornalismo voltado

    para o turismo e o jornalismo turstico, que so coisas bem diferentes se forem bem

    observadas. Dentro desse levantamento bibliogrfico, sero apresentados os conceitos de

    turismo e comunicao, o papel da mdia sobre o turismo, a funo do jornalismo turstico e

    suas definies, as diferenas entre o jornalista que fala de turismo e o jornalismo turstico, a

    impossibilidade do turismlogo em exercer a funo de jornalista turstico. E para finalizar o

    trabalho os resultados obtidos e as consideraes finais sobre o contedo encontrado atravs

    dos processos metodolgicos de pesquisa.

  • 21

    1.3.2 Aplicao de entrevistas

    Para saber o quanto o jornalismo turstico apresenta diversos pontos de vista para

    quem est inserido no contexto profissional da rea e tambm para os leitores que leem os

    produtos lanados pelas editoras de jornais e revistas, foi realizado uma pesquisa com dois

    modelos de questionrios: um questionrio aplicado aos profissionais do jornalismo que se

    especializaram em turismo, aos jornalistas de mdia e aos turismlogos, e um segundo modelo

    de questionrio que foi direcionado aos turistas e/ou leitores de publicaes sobre o turismo,

    que um pblico que essas publicaes focam para vender as suas edies semanais,

    quinzenais e mensais de turismo.

    O primeiro modelo de questionrio foi composto por duas vias: a primeira em que so

    preenchidos os dados do entrevistado e sua autorizao na divulgao do nome a ser citado no

    trabalho de pesquisa, e a segunda onde so feitas as perguntas sobre o jornalismo turstico, o

    papel do jornalista e do turismlogo nas publicaes de turismo e de como so feitas as pautas

    e as reportagens sobre o turismo nas editoras jornalsticas, de onde saem revistas e jornais

    especializados em turismo. O perodo para a aplicao dos questionrios foi de 24 de outubro

    a 04 de novembro de 2011, e o questionrio foi aplicado atravs de e-mail a oito redaes de

    revistas e jornais de turismo e de revistas especializadas de turismo, e o motivo da aplicao

    de questionrios por e-mail se deu pela inviabilizao de aplicar questionrios pessoalmente e

    por telefone, por causa da indisponibilidade em ter vrios formulrios de questes para

    realizar a pesquisa atravs desses veculos de comunicao. Esse questionrio foi respondido

    por duas jornalistas especializadas em turismo e que trabalham em revistas de turismo

    voltadas para o trade, ou seja, so revistas mais especializadas de turismo voltadas para os

    profissionais da rea turstica.

    O segundo modelo de questionrio, realizado no mesmo perodo, aos profissionais

    ligados s reas de turismo e comunicao, com enfoque no jornalismo turstico. O pblico-

    alvo desse questionrio foram os turistas, predominantemente os nacionais, que consomem os

    produtos oferecidos pelas empresas tursticas e possuem hbitos de viajar para vrios destinos,

    sejam eles nacionais e internacionais. O questionrio foi realizado atravs do formulrio on

    line, o Survey Monkey, e dividida em duas partes: uma com 10 questes, com dados como

    idade, renda, sexo e perguntas relacionadas frequncia de viagem e leitura de publicaes

    voltadas para o turismo. Essa primeira parte do questionrio on line foi respondida por 33

  • 22

    pessoas, j a segunda parte do questionrio teve seis questes, relacionadas influncia das

    publicaes que falam de turismo sobre a deciso dos turistas em realizar as suas viagens e as

    partes das publicaes em que preferem ler. E essa segunda parte do questionrio foi

    respondida por 23 pessoas, que teve perguntas mais especficas sobre o jornalismo turstico,

    como tipo de reportagens que os leitores preferem e como o jornalismo turstico deve

    melhorar ao abordar o turismo.

    Com isso, a metodologia de pesquisa foi realizada atravs da anlise crtica e

    comparativa sobre o turismo e comunicao, de onde o jornalismo turstico faz parte dessa

    associao entre as duas cincias, com base no levantamento bibliogrfico sobre o tema e na

    aplicao de questionrios virtuais, por e-mail e atravs de redes sociais aos profissionais do

    jornalismo turstico e aos turistas, para ter conhecimento sobre os diferentes pontos de vista

    sobre turismo e comunicao, principalmente na rea de jornalismo turstico, que o tema do

    presente trabalho a ser apresentado.

    2 TURISMO E COMUNICAO

    2.1 CONCEITOS DE TURISMO

    Segundo a OMT (Organizao Mundial do Turismo, 1991), a definio de Turismo

    vista desta forma:

    O turismo compreende as atividades desenvolvidas pelas pessoas ao longo de

    viagens e estadas em locais situados fora do seu enquadramento habitual, por um

    perodo consecutivo que no ultrapasse um ano, para fins recreativos, de negcios,

    ou outros. (OMT, 1991).

    ______________

    Survey Monkey um tipo de formulrio on line, onde so elaborados questionrios de diversos tipos e de

    vrios temas, e so divulgados atravs das redes sociais para que os internautas respondam ao questionrio e os

    resultados so acompanhados em tempo real. Mais informaes em: www.pt.surveymonkey.com. Acesso em 24

    out. 2011.

  • 23

    A OMT (1991) divide o visitante em Turista e Excursionista e define que o visitante

    aquele que se desloca temporariamente de sua residncia habitual, seja em seu pas de

    origem, seja em um pas estrangeiro, para exercer uma atividade que no seja remunerada e

    define o turista como aquele que permanece no local fora de seu entorno habitual por mais

    de 24 horas. J o visitante aquele que permanece no local visitado por menos de 24 horas,

    no havendo pernoite. A OMT dividiu esses termos referentes aos visitantes para diferenci-

    los no que diz respeito ao tempo de visitao a localidade turstica.

    Para Dutra (2003, p.1), o Turismo um fenmeno social, cultural e econmico que

    envolve pessoas. do ramo das cincias sociais e no das cincias econmicas, embora esta

    ltima seja o motivo maior do desenvolvimento da atividade, e o turismo transcende as

    esferas da balana comercial. Sendo assim, o Turismo tratado como uma cincia que

    envolve o deslocamento das pessoas, levando em conta os aspectos psicolgicos e

    econmicos para realizar as viagens, entretanto o aspecto econmico tenha maior relevncia

    para quem trabalha no ramo da indstria turstica.

    O Turismo uma atividade vista, em sua maior parte, de forma mercadolgica, que

    serve na viso da maioria dos gestores como um produto a ser vendido para os turistas, sendo

    assim uma forma de desenvolver a economia de um lugar atravs do consumo dos atrativos

    tursticos e dos servios oferecidos, a fim de criar situaes fantasiosas para atrair o turista

    que busca pelo diferente, pela beleza extica de um local ou mesmo conhecer culturas

    diferentes. No que se refere ao de viajar, Steil (2002, p.64) destaca que viajar seria como

    resgatar a memria, numa espcie de viso de sonho e qualquer evocao relacionada ao

    passado idealizada.

    Viajar revisitar memrias e evocar tempos nostlgicos, de modo que o passado se

    transforme numa viso de sonho, de inocncia perdida e de simplicidade natural. O

    que evocado tambm idealizado, fazendo desenhar-se diante dos olhos a imagem

    de um mundo que se recompe com os fragmentos positivos de sua prpria

    biografia. (STEIL, 2002, p.64).

    No que se refere s atividades de lazer, o turismo aparece como um meio de fuga para

    que o turista se distancie dos problemas, e atravs de conquistas trabalhistas como as frias,

    desenvolvendo atividades de lazer que contenham interesses artsticos, fsicos, manuais,

    intelectuais e sociais (MARTIN, 2009, p.52). Para Marcellino (2002 apud MARTIN 2009,

  • 24

    p.53), o turismo envolve trs dimenses relacionadas s atividades de lazer, como:

    imaginao, ao e recordao.

    O imaginrio antecede a viagem. o domnio do sonho. A pessoa sai procura de

    informaes, folhetos, fotos, etc, tudo que lhe permita um referencial para curtir a viagem, por antecipao. O real a vivncia da viagem entre si; e aqui os aspectos

    de surpresa e aventura que cerca a ruptura com o cotidiano so muito importantes.

    Nem sempre o turista convencional, para o qual todas as atividades so planejadas,

    pode ter o prazer de situaes realmente novas e diferentes de seu cotidiano, j to

    planejado. A recordao no termina na viagem, que no termina na volta. Quanto

    maior for o envolvimento, maior ser o prolongamento em termos de recordaes de

    imagens e sensaes que, inclusive, extrapolam o nvel individual do turista e se

    socializam no crculo de amigos e familiares, pelas narrativas, mostra de fotos, vdeos, etc. (MERCELLINO, 2002 apud MARTIN, 2009, p. 53).

    Do ponto de vista econmico, o Turismo uma das atividades em desenvolvimento no

    cenrio mundial, sendo um dos promotores econmico e social, tornando-se um multiplicador

    de renda e gerador de empregos e receitas para os governos que investem no turismo de um

    local com muitos atrativos naturais e culturais. O sucesso da atividade turstica depende da

    relao harmnica entre os investidores do turismo, os turistas e a populao local, que mais

    sofre com os impactos do turismo, seja de forma positiva ou negativa. De acordo com Lima e

    Zotes (2006, p.2), o Turismo uma das principais economias do mundo, onde um a cada dez

    postos de trabalho ocupado por um profissional ligado ao Turismo. Nesse caso o turismo

    responsvel por formao de divisas na economia de um pas que abriga grande potencial

    turstico. O Turismo a atividade predominante nos pases da Amrica Central, Caribe e em

    grande parte dos pases europeus.

    H uma diferena entre as palavras viagens e turismo, na viso de Cruz (2008,

    p.45,46), sendo que a segunda atividade algo mais amplo que necessita de mudana fsica de

    espao at sobre aspectos econmicos de um local:

    H uma diferena entre as palavras viagem e turismo, pode-se perceber que a

    segunda envolve uma srie muito mais ampla de questes, que vo desde a mudana

    fsica de espao (necessria para o indivduo sair de um lugar e chegar a outro) at a

    influncia sobre os aspectos econmicos de um determinado local (uma destinao,

    por exemplo). (CRUZ, 2008, p.45,46).

  • 25

    Outro conceito de Turismo, definido por TRIGO (1998 apud CRUZ, 2008, p.46),

    aponta o quanto o turismo tem influncia socioeconmica na vida das pessoas que se

    deslocam de um lugar para o outro:

    O Turismo um fenmeno social que consiste no deslocamento voluntrio e

    temporrio de indivduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos

    de recreao, descanso, cultura e sade, saem de seu local de residncia habitual

    para outro, no qual no exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada,

    gerando mltiplas inter-relaes de importncia social, econmica e cultural.

    (TRIGO, 1998 apud CRUZ, 2008, p.46).

    Tendo esses conceitos de Turismo, pode-se afirmar que h uma diferena entre viagem

    e turismo, entre visitante e turista. O visitante desloca de seu lugar habitual temporariamente e

    permanece por menos de 24 horas, sem exercer atividade remunerada, como foi citado

    anteriormente. Ao contrrio de turista, que se desloca de seu local de moradia e permanece no

    destino turstico por mais de 24 horas, sem tambm exercer alguma atividade remunerada.

    Um dos principais motivos de uma pessoa fazer turismo por motivos de lazer, recreao,

    uma forma de fugir dos problemas cotidianos e aproveitar os atrativos dos destinos tursticos

    para realizar atividades durante o seu tempo livre, conquistado aps longas rotinas de

    trabalho.

    2.2 CONCEITOS DE COMUNICAO

    A Comunicao, na viso de Perles (2008, p.1), apresentada como um fenmeno:

    Ele representa um dos fenmenos mais importantes da espcie humana.

    Compreend-lo, implica voltar no tempo, buscar as origens da fala, o

    desenvolvimento das linguagens e verificar como e por que ele se modificou ao

    longo da histria. A linguagem, a cultura e a tecnologia so elementos indissociveis do processo de comunicao. (PERLES, 2008, p.1).

    Na concepo de Perles (2008, p.1), a comunicao tem como elementos

    indissociveis do processo e linguagem, a cultura e a tecnologia, pois a comunicao varia

    de cultura para cultura e a cultura est subordinada s formas de comunicao. Com a

  • 26

    tecnologia, a comunicao foi se aprimorando cada vez mais e tornando-se essencial para a

    melhor compreenso de linguagem entre os diferentes povos do planeta. E a linguagem a

    libertao cultural que abriu caminho para a libertao simblica. Para Sousa (2006, p.28

    apud PERLES, 2008, p.3), assume o conceito de comunicao como um processo, que

    designado como um fenmeno contnuo que interage uns com os outros e est em constante

    evoluo.

    Brando (2005, p.4) traz o conceito de Comunicao como:

    A palavra comunicao neste estudo estar relacionada aos meios de comunicao,

    mais especificamente mdia impressa e revistas, e ser entendida como a forma

    como se faz a transmisso de informaes entre o que o meio apresenta e o leitor. A

    comunicao e a atividade turstica esto intimamente ligadas, sendo que uma

    promove e a outra realiza as viagens. (BRANDO, 2005, p.4).

    A capacidade de comunicao no s privilgio dos seres humanos, todo ser vivo

    tem a sua forma de se comunicar com outros elementos, de acordo com as suas estruturas

    fsicas, sejam eles de origem animal ou vegetal. No que se refere transmisso de

    informaes, Brando (2005, p.4) analisa a comunicao como uma ferramenta que transmite

    informaes, onde essas informaes contidas na mdia impressa sero compreendidas pelos

    leitores interessados no contedo apresentado nessas publicaes. A Comunicao apresenta

    diferentes tipos de linguagem, com a finalidade de atingir o seu pblico-alvo e levar as

    informaes que esse pblico est interessado em ler na mdia impressa. Nesse caso, a

    Comunicao muito importante para o Turismo, pois o viajante necessita se comunicar com

    outros povos para que tenha uma ligao cultural entre eles. A Comunicao tem o poder de

    informar, influenciar, ser influenciada e at mesmo entreter as pessoas nos diversos setores

    sociais e econmicos, permitindo s pessoas terem acesso aos registros feitos atravs da

    Comunicao Social, principalmente no Jornalismo.

    Outra referncia sobre os conceitos de Comunicao est descrita em Marques de

    Melo (1973, p.31 apud PERLES, 2008, p.4), reforando a ideia de que a comunicao est

    relacionada troca e transmisso de informaes, entretanto a comunicao possui termos

    prprios, a sua prpria filosofia e conceitos mais especficos acerca da comunicao:

  • 27

    Comunicao o processo de transmisso e recuperao de informaes, mas

    adverte para o fato de que [...] ao analisar o fenmeno comunicativo, cada cincia e

    corrente filosfica utiliza a sua prpria perspectiva, a sua prpria terminologia, os

    seus conceitos especficos. (MARQUES DE MELO, 1973, p.31 apud PERLES,

    2008, p.4).

    A Comunicao tambm com o passar do tempo, acabou sendo bastante favorecida

    com os avanos tecnolgicos, que possibilitaram uma velocidade maior na transmisso de

    informaes, na interao entre diferentes culturas e/ou pases e se adaptar nova linguagem

    que a tecnologia impe para que todas as informaes sejam levadas e compreendidas pelos

    seus receptores. Para Lage (2000, p.38 apud BRANDO, 2005, p.4), a existncia humana

    depende de como foi desenvolvida a comunicao entre os povos, no que se refere

    transmisso de informao de uma gerao a outra, de algo acumulado de experincias de

    vida de cada sociedade.

    (...) a existncia humana tambm possa ser explicada em funo do desenvolvimento

    da comunicao, que pode ser distintamente associada ao que chamamos de forma

    de transmisso de uma gerao para a outra do produto acumulado de experincias

    da vida de cada sociedade, em termos de cultura, arte, cincia, religio, economia,

    poltica, sociologia, filosofia, educao e outras formas de criao e produo

    realizadas pelo ser humano onde se evidencia o turismo. (LAGE, 2000, p.38 apud BRANDO, 2005, p.4).

    Portanto, os conceitos de comunicao passaram por transformaes em seu modo de

    transmitir informaes e notcias a seus receptores, servindo assim para a evoluo do

    jornalismo e por seguinte, do jornalismo turstico, que ser o assunto abordado nesse trabalho.

    2.2.1 Comunicao Social: Jornalismo

    Na viso de Groth (1960 apud SILVA, 2005, p.1), o Jornalismo :

    Processo social que se articula a partir da relao (peridica) entre organizaes

    formais (editoras/ emissoras) e coletividades (pblicos receptores), atravs de canais

  • 28

    de difuso (rdio, tv, jornal, revista, cinema, internet) que asseguram a transmisso

    de informaes (atuais) em funo de interesses e expectativas (universos culturais

    ou ideolgicos). [...] Processo contnuo, gil, veloz, determinado pela atualidade.

    (GROTH, 1960, apud SILVA, 2005, p.1).

    H vrios tipos de jornalismo que so expostos nas publicaes impressas e agora

    virtuais, sendo os principais: o Jornalismo Informativo, Jornalismo de Preciso e o Jornalismo

    Opinativo, que talvez seja o gnero mais usado para quem escreve sobre Turismo na mdia

    (CRUZ, 2008, p.59). Pois em artigos acadmicos ou textos jornalsticos aparecem opinies de

    especialistas ou no de turismo que descrevem as suas experincias e as publicam em revistas,

    jornais sobre o tema em questo. transmitir opinies e tambm ao mesmo tempo fazer

    com que os leitores formem a sua prpria opinio sobre o assunto abordado.

    CRUZ (2008, p.58), com base na obra de KOTSCHO (1995), define o Jornalismo

    como:

    Kotscho define jornalismo como sendo a atividade profissional que consiste em lidar

    com dados factuais, transform-los em notcias ou reportagens e, depois, divulga-

    los. Para o autor, de forma resumida, pode-se tambm conceituar o jornalismo como

    a prtica de coletar e publicaes sobre eventos atuais. (KOTSCHO, 1995 apud

    CRUZ, 2008, p.58).

    Cruz (2008, p.59) fala de um segmento do jornalismo que vem sendo multidisciplinar:

    o Jornalismo Cientfico, definido por Mallmann (2001). Para Mallmann (2001 apud CRUZ,

    2008, p.59), o Jornalismo Cientfico no abrange apenas as cincias exatas, como tambm fala

    sobre as cincias humanas, como a Comunicao e Turismo, por exemplo.

    Para Seabra (2002 apud CRUZ, 2008, p.68), o Jornalismo Plural cabe diversos estilos

    por causa das mudanas dos meios de comunicao, atravs do avano das tecnologias da

    informao e das ferramentas ligadas internet, que aperfeioaram a notcia e mudaram a

    forma de como a notcia divulgada. Uma coisa um jornalista falando de turismo nos

    jornais e revistas de grande circulao no Brasil, outra o jornalista turstico, que uma

    pessoa especializada ou formada em turismo, que escreve suas impresses acerca do que v e

    divulga em sites e publicaes impressas especficos de turismo, como artigos acadmicos e

    matrias totalmente voltadas para a atividade, sem que ela esteja ligada ao vis comercial

  • 29

    proposta nas edies convencionais de revistas e suplementos jornalsticos. A falta de

    embasamento por parte dos jornalistas sobre os contedos tursticos reforada por Brando

    (2005, p.6) e que os profissionais dessa rea deveriam se qualificar, para se livrar dos erros

    cometidos sobre o contedo de turismo na mdia impressa.

    Durante toda a sua histria, a imprensa sempre foi alvo da censura prvia, seja no

    Brasil seja no exterior. O motivo da censura em meios de comunicao se deve maior nfase

    nas questes polticas, cujos temas desafiavam os governos de determinados pases e com isso

    a imprensa sofria sanes por rgos reguladores dos meios de comunicao (CRUZ, 2008, p.

    65). O jornalismo sofreu modificaes no que se refere sua forma de transmitir informaes

    ao pblico, principalmente quando se fala de turismo. Tanto nos assuntos gerais quanto nos

    assuntos tursticos, o jornalismo tem reduzido muito informaes relevantes aos leitores e

    priorizando o aspecto comercial, como por exemplo, a grande quantidade de propagandas

    impressas publicadas nas pginas de revistas e jornais, com maior fora em revistas ligadas ao

    turismo. H uma diferena entre uma abordagem sobre o turismo nas revistas que falam do

    turismo de forma comercial e aquelas especficas de turismo, como as revistas acadmicas.

    O jornalismo se adequou s modificaes da tecnologia, provocadas pela globalizao

    da comunicao, onde a informao transpassa barreiras e chega rapidamente a vrios lugares

    do mundo em questo de segundos. E o Jornalismo Plural, dito por Seabra (2002 apud CRUZ,

    2008, p.68) o tipo de jornalismo que se encaixa nova maneira de transmitir informaes e

    apresentar diversos estilos, atravs da informatizao dessas informaes (com o avano da

    internet) e mudando completamente o conceito de notcia.

    Agora na viso de Fonseca (2004, p.8), o jornalismo assume um carter basicamente

    informativo, sem a mediao do jornalista que relatava e analisava questes de interesse

    pblico, contribuindo a formao da opinio da sociedade. O jornalismo atual est

    subordinado de forma parcial ou total lgica capitalista da corporao, que o explora

    comercialmente, tornando o carter de jornalismo como mercadoria. E a autora coloca em seu

    texto, atravs da citao de Francisco Rdiger (2003), que o jornalismo uma prtica social

    no processo de formao da opinio pblica:

    O autor designa jornalismo a prtica social componente do processo de formao da

    opinio pblica que, dotada de conceito histrico varivel conforme o perodo, pode

    estruturar-se de modo regular nos mais diversos meios de comunicao, da imprensa

    televiso. (RDIGER, 2003 apud FONSECA, 2004, p.4).

  • 30

    Fonseca (2004, p.3) encerra com um conceito de jornalismo como parte da

    constituio da opinio pblica e que est sempre submetida prtica capitalista e que

    direciona diversos pontos de vista da sociedade sobre diversos assuntos, apesar da impreciso

    conceitual.

    Historicamente o jornalismo uma prtica social que constitui um dos elementos de

    formao da opinio pblica. Organizada de modo capitalista, a mdia jornalstica

    parte da esfera pblica onde se vai formatar esse fenmeno de difcil definio

    chamado opinio pblica. Apesar da impreciso conceitual, entretanto, nestes

    tempos regidos pelas ideias de visibilidade e de transparncia, a opinio pblica

    constitui um fator de referncia a orientar a ao de governos, empresas,

    movimentos sociais, partidos polticos, organizaes no governamentais etc.

    (FONSECA, 2004, p.3).

    Esses conceitos de jornalismo e as suas estruturaes servem para ter uma base de

    como ser tratado o jornalismo voltado para o turismo e o jornalismo turstico, cujas tcnicas

    de jornalismo tratam o texto turstico com base na objetividade, clareza, iseno de opinio e

    imparcialidade, princpios fundamentais na busca por um bom contedo jornalstico,

    principalmente quando se fala de turismo. O jornalismo turstico mais uma diviso do

    jornalismo e que afirma a parceria eterna entre turismo e comunicao, que so duas cincias

    ligadas diretamente entre si e cuja funo levar informao sobre destinos, servios e

    produtos tursticos, aspectos socioeconmicos e polticos para os leitores interessados em

    saber com mais profundidade sobre a atividade turstica, to importante para o

    desenvolvimento econmico dos destinos com grande potencial para o turismo.

    2.3 A LIGAO ENTRE TURISMO E COMUNICAO

    A ligao entre Turismo e Comunicao muito importante para ambos, pois nesse

    caso uma depende da outra para registrar informaes relacionadas s viagens feitas pelo

    turista. E o jornalista, para falar de Turismo, precisa se deslocar de sua residncia para fazer

    uma viagem a um destino turstico a fim de obter informaes e transmiti-las aos seus

    receptores. A Comunicao usa o Turismo como uma vitrine para que as empresas tursticas

  • 31

    tenham uma demanda para consumir os seus produtos oferecidos e tambm conhece diversos

    idiomas e culturas nos lugares que visita, onde s o Turismo permite a ela ter esse tipo de

    experincia, na qualidade de viajante.

    H poucos artigos acadmicos que abordem o assunto, porm h muitas reportagens

    feitas pelo Jornalismo e agora com mais fora, pelo Jornalismo Turstico. Atualmente existem

    sites e revistas especializadas em Jornalismo Turstico, em contrapartida ao Jornalismo que

    padroniza os textos que falam do Turismo em geral, tanto do turismo nacional quanto do

    internacional.

    Pelas caractersticas apresentadas, a Comunicao contribui ao avano do Turismo

    como uma atividade socioeconmica, pois a tecnologia dos meios de comunicao fez com

    que a atividade turstica fosse mais divulgada nas localidades emissoras e receptoras. Com

    isso, as revistas comearam a abordar o turismo atravs do uso da fotografia em suas pginas,

    que foi um elo entre o destino turstico e os turistas que desejavam conhecer os atrativos de

    uma regio turstica. Embora a maioria das publicaes que abordam o Turismo, como jornais

    e revistas, colocam o destino turstico de forma equivocada, apresentando-o como um lugar

    perfeito desprovido de problemas, como os impactos causados pelo turismo de massa e os

    conflitos culturais entre os moradores locais e os turistas que chegam ao local visitado.

    H poucas publicaes que falem sobre o turismo de forma mais aprofundada, apenas

    revistas acadmicas ou especializadas na rea que abordam a atividade mais detalhadamente.

    A Comunicao, conforme Brando (2005, p.5) promove o Turismo, pois divulga e mostra os

    atrativos naturais e culturais da melhor forma possvel, a fim de atrair turistas desejosos em

    conhecer o destino turstico escolhido.

    Franco (2007 apud FILHO, 2009, p.15) afirma que a relao entre Turismo e

    Comunicao vista como ntima e intensa, pois os indivduos precisam de informao para

    se deslocar alm dos meios de como chegar ao destino turstico desejado. E refora que a

    comunicao essencial para o processo logstico e comercial do turismo. Mas o turismo

    ajuda no processo de deslocamento do jornalista, para que este profissional descubra novas

    informaes atravs de lugares diferentes dos quais est acostumado a ver cotidianamente. A

    comunicao divulga o turismo e o turismo ajuda o jornalismo a descobrir novos lugares,

    costumes e atrativos naturais que podem servir de pauta para os textos jornalsticos, como

    jornais, revistas, programas televisivos e at mesmo o jornalismo virtual. Entretanto, para o

  • 32

    jornalismo de turismo, a atividade no abordada de forma crtica e mais realista pelos

    jornalistas de mdia (FILHO, 2009, p.15,16).

    Tanto nas revistas, na televiso, como nos suplementos de impressos, falta uma

    abordagem crtica e at mesmo realista dos jornais, esquecendo-se que o jornalismo

    turstico permite tambm a fatores sociais, econmicos, ecolgicos e culturais, e

    como tal, no deve se restringir apenas ao interesse mercadolgico. (FILHO, 2009,

    p.15,16).

    Os profissionais do jornalismo ligados ao turismo no fazem uma apurao mais

    criteriosa sobre qual assunto ou lugar a ser visitado, registrado e logo em seguida suas

    informaes serem transmitidas aos turistas, pois se eles mostrarem a realidade do turismo em

    certas localidades, em termos de aspectos negativos, as matrias publicadas podem causar

    uma repulsa por parte dos leitores. A maioria dos jornalistas que trabalham com o turismo

    mostra pontos tursticos e outros lugares que atendam aos interesses das editoras e no

    totalmente ao interesse dos leitores, pois as matrias impostas pelos editores so pagas pelos

    patrocinadores. Boa parte dos leitores persuadida pelas publicaes de turismo que

    enfatizam os lugares mais interessantes, com restaurantes badalados, os melhores hotis, os

    melhores roteiros, entre outros. Sejam eles roteiros nacionais e internacionais, o que importa

    aos editores de jornalismo que os seus cadernos de turismo consigam convencer o leitor a

    visitar o destino turstico retratado nessas publicaes, pois as matrias tm que agradar aos

    anunciantes que tambm patrocinam as viagens dos jornalistas aos locais tursticos impostos

    na pauta jornalstica. E a maior parte das matrias sobre turismo em publicaes vem com

    textos muito compactados, perdendo a essncia do assunto abordado e assim tornando-o

    muito superficial.

    Ainda no artigo de Filho (2009, p.16) h uma demonstrao do Cdigo de tica dos

    Jornalistas, onde feito uma comparao entre os ideais do jornalista e a realidade dos fatos

    noticiosos, dita por Carvalho (2007, p.9):

    O Cdigo de tica dos Jornalistas Brasileiros (2007) permite afirmar que o

    jornalismo tem dever tico buscar, relatar e comentar os fatos da atualidade. Este

    dever tico obriga o jornalista a buscar a veracidade dos fatos, tendo como

    princpios os valores que do sentido e objetivo s sociedades organizadas. Valores,

    cujos processos sociais conferem ao jornalismo os compromissos com a defesa da

  • 33

    cidadania, da liberdade de expresso, com a denncia de violncias, torpeza e

    injustia. (CARVALHO, 2007, p.9 apud FILHO, 2009, p.16).

    O Cdigo de tica dos Jornalistas Brasileiros pode ser comparado ao Cdigo de tica

    da Abrajet2 (Associao Brasileira dos Jornalistas de Turismo), tendo como semelhana a

    busca pela verdade e pela dignidade da profisso de jornalista, sendo no caso da Abrajet o

    jornalista de turismo. E ambos tm princpios e valores para transmitir informaes aos seus

    receptores e a funo social o principal foco no que diz respeito defesa da comunidade.

    Porm no Cdigo de tica da Abrajet a funo do jornalista turstico est totalmente

    submetida ao Cdigo, chegando a impor obedincia dos profissionais de turismo aos poderes

    legtimos da entidade, em dois artigos:

    Art. 1 - O exerccio da profisso do jornalista de turismo uma atividade social e de

    finalidade pblica, subordinando-se a este Cdigo.

    Art. 2 - dever do associado:

    a) - Valorizar, honrar e dignificar a profisso, comprometendo-se com a verdade;

    b) - Combater e denunciar a corrupo;

    c) - Combater e denunciar toda a espcie de trfico de influncia;

    d) - Obedecer e cumprir todas as regras emanadas dos poderes legtimos da

    entidade;

    e) - Subordinar o exerccio profissional s normas da moral, da dignidade e da

    honestidade;

    f) - Manter conduta profissional austera e de respeito comunidade.

    Mesmo que o Cdigo de tica dos Jornalistas priorize a liberdade de expresso e

    buscar sempre a verdade em suas notcias, quando isso se aplica ao jornalismo que fale de

    turismo no a mesma coisa que jornalismo turstico nem sempre cumprido esse

    cdigo.

    ______________

    2 ABRAJET Associao Brasileira de Jornalistas de Turismo. Cdigo de tica da ABRAJET. 29 mai. 2010.

    Acesso em 11 set. 2011.

  • 34

    Conforme j foi citado anteriormente, as matrias sobre Turismo no correspondem

    totalmente realidade da atividade turstica de um determinado local, os patrocinadores

    estabeleceram normas para que as editoras enxugassem textos sobre o turismo nas revistas e

    suplementos de jornais, retirando partes importantes sobre o assunto a ser abordado e com

    isso o texto jornalstico acaba tornando o turismo um assunto superficial e de interesse

    predominantemente mercadolgico.

    Segundo Dias (2002 apud Rodrigues, 2007, pgs.6,7), as entidades que mais discutem

    a associao entre Turismo e Comunicao so o Vaticano e a OMT, sendo a OMT no dia 27

    de Setembro de 1991 (Dia Mundial do Turismo) o frum cujo tema era Comunicao,

    informao e educao: elementos motores do desenvolvimento do turismo. E dentro dessas

    discusses sobre Turismo e Comunicao, o artigo de Rodrigues (2007, p.7) mostra o Cdigo

    Mundial de tica do Turismo:

    6.6. A imprensa, sobretudo a imprensa especializada em turismo, e os outros meios

    de comunicao, incluindo os modernos meios de comunicao eletrnica, devem

    fornecer uma informao honesta e equilibrada sobre os acontecimentos e situaes

    suscetveis de influncia na frequncia turstica. Igualmente, devem ter por misso o

    fornecimento de indicaes precisas e fiveis aos consumidores de servios

    tursticos. As novas tecnologias de comunicao e comrcio eletrnico devem ser

    desenvolvidas e utilizadas para esse fim, no devendo, de forma alguma, assim

    como a imprensa e os outros meios de comunicao, incentivar o turismo sexual.

    (DIAS, 2002, p.236 apud RODRIGUES, 2007, p.7).

    Do ponto de vista histrico, a relao entre Turismo e Comunicao vem desde os

    tempos das Grandes Navegaes, onde os relatos sobre a descoberta de novas terras e de seus

    habitantes eram registrados em livros, tornando-se assim os primeiros guias tursticos do

    Brasil, os chamados livros tursticos (RODRIGUES, 2007, p.4). Com os avanos

    tecnolgicos aliados comunicao e ao turismo se consolidando como atividade econmica

    durante o sculo XX, a associao entre Turismo e Comunicao ganha ainda mais fora

    nesse sculo XXI, por causa da atividade turstica ser a terceira economia do mundo em

    gerao de empregos (tanto diretos quanto indiretos) e da comunicao continuar a ser o

    quarto poder, tendo o poder de influenciar os turistas na hora de eles escolherem o melhor

    destino turstico para viajar.

  • 35

    Hoje o turismo registrado em todos os meios de comunicao, como na mdia

    impressa, na mdia televisiva e mais frequentemente na mdia virtual, sendo este ltimo

    divulgando o turismo nos sites especializados de turismo, em blogs e agora tambm nas redes

    sociais (as grandes empresas de turismo utilizam as redes sociais para divulgar os seus

    produtos e o turismo de determinados locais, no Brasil e no Mundo). A massificao do

    turismo foi provocada pela massificao da mdia, que ditava modismos e mostrava a nova

    forma de vida focada exclusivamente no consumo. Para Vargas (2010, p.5) os meios de

    comunicao esto vinculados a aspectos econmicos, atravs da publicidade e propaganda, e

    divulgam imagens do local turstico a fim de dar segurana ao turista. E isso destacado no

    texto a seguir:

    Como os meios de comunicao encontram-se vinculados aos fatores econmicos,

    principalmente a publicidade e a propaganda utilizaro de imagens e notcias que

    possam divulgar o lugar de maneira a transmitir segurana ao turista. A divulgao

    do turismo envolvendo o imaginrio e o fetiche trabalhar com informaes que

    criaro um mundo metafrico, muitas vezes, no condizente com o real, podendo

    transform-lo, inclusive, em um no lugar. (VARGAS, 2010, p.5).

    E o texto de Vargas (2010, p.4) complementa que a mdia um complemento do

    turismo como atividade econmica, utilizando da necessidade de relaxamento e dos desejos

    do turista para vender os pacotes tursticos. Como na citao da autora: E nesse momento

    que os meios de comunicao responsveis por divulgar os atrativos e equipamentos tursticos

    trabalham direcionando o que deve e o que no deve ser consumido. (VARGAS, 2010, p.4).

    Nessa relao entre Turismo e Comunicao, as imagens das cidades tursticas,

    principalmente as que contm praias como o Rio de Janeiro, exploram bastante as belezas

    naturais e arquitetnicas do local como forma de atrao ao turista. Agora, os acontecimentos

    negativos tambm so motivo de destaque na imprensa nacional e internacional,

    influenciando na demanda turstica nos destinos tursticos. Godoy e Zardo (2001 apud

    BRANDO, 2005, p.4) define a relao entre Comunicao e Turismo, em que uma promove

    as viagens e a outra realiza as viagens.

    (...) turismo e comunicao so indissociveis para o bom desenvolvimento da

    atividade, uma vez que somente atravs da comunicao que o turista ir alcanar

    o produto que deseja consumir, alm de obter variadas informaes e novidades de

  • 36

    consumo em turismo. Assim, a linguagem jornalstica facilita a compreenso do

    consumidor acerca das informaes pertinentes ao seu consumo turstico. No

    somente importante o enfoque promocional, mas tambm os aspectos tcnicos do

    atrativo ou destinao turstica, fato este que poder muito ser administrado pela

    comunicao. (GODOY e ZARDO, 2001, p.97 apud BRANDO, 2005, p.4).

    O jornalismo turstico, que est inserido nessa ligao, apresenta diversas vises tanto

    de jornalistas quanto de turismlogos sobre o tema, pois os jornalistas escrevem mais sobre

    suas impresses tursticas, mas com pouca profundidade do Turismo, e os profissionais do

    turismo repreendem as reportagens tursticas e exigem maior estudo sobre a atividade turstica

    por parte dos jornalistas. E eles priorizam um jornalismo turstico fora do ambiente totalmente

    comercial geralmente publicado na mdia impressa, eles querem um jornalismo que defenda o

    turismo em questo e mostre mais aspectos sociais, histricos e os impactos negativos e

    positivos da atividade turstica nos destinos mais visitados do Brasil e do mundo.

    H quem diga que os profissionais da mdia que trabalham com o turismo precisam se

    especializar em turismo, para apurar melhor os fatos relacionados atividade que est em

    desenvolvimento nesta dcada Rossi (1986, p.75 apud BRANDO, 2005, p.6). Destaca a

    especializao dos jornalistas e no especialistas praticando jornalismo. Entretanto, o

    jornalismo turstico teria maior credibilidade junto aos leitores/turistas caso os jornalistas se

    aprofundassem mais sobre o turismo e com isso ajudando-os a formar opinio sobre os

    destinos tursticos e ter autonomia para criarem os seus prprios roteiros de viagem atravs da

    informao fornecida pela mdia em geral.

    Segundo Avighi (1992 apud BRANDO, 2005, p.5) um fator que alavanca a relao

    entre turismo e comunicao foi a inveno da fotografia, que possui grande importncia

    porque d identidade visual dos locais e atrativos, tornando as publicaes mais reais aos

    leitores. E as revistas sobre o turismo utilizam muito o recurso da fotografia, com muitas

    imagens para promover os destinos tursticos e as fotos so como uma vitrine das publicaes

    para impressionar o leitor sobre o destino turstico, mostrando o melhor da localidade atravs

    de paisagens naturais.

    H poucos livros que falem exclusivamente de Turismo e Comunicao, como o livro

    Turismo e Comunicao de Wainberg (2008), que aborda as vrias ligaes entre Turismo e

    Comunicao que so muito importantes para que os profissionais de comunicao/

    jornalismo tenham maior conhecimento sobre a indstria turstica, tratando o tema com

  • 37

    profundidade e os turismlogos, que desejam escrever em publicaes jornalsticas de

    turismo, adquiram as tcnicas de uma boa redao e poder de comunicao para redigir

    reportagens tursticas objetivas, cujo material dessas reportagens sempre so noticiosos. O

    livro mostra como o turismo trabalhado pelos meios de comunicao, at onde a publicidade

    influencia o turismo em termos de gesto pblica e privada, alm de apresentar estudos de

    caso sobre regies tursticas que usam planos de marketing como forma de divulgao do

    turismo mdia e aos turistas, o principal foco das empresas tursticas.

    2.4 TURISMO E MDIA

    O Turismo, em diversos aspectos, alvo da mdia, que promove a atividade para os

    turistas que desejam conhecer lugares diferentes dos quais esto acostumados a verem

    cotidianamente. A mdia transforma o destino turstico em um local sedutor, cheio de

    imaginrios e imagens perfeitas, que atendam s expectativas das pessoas que procuram um

    lugar confortvel e de belas paisagens para passarem as suas frias. A televiso tambm

    influencia de certo ponto a deciso dos turistas em viajarem por determinados pontos

    tursticos pelo Brasil e pelo mundo, mostrando belssimas paisagens, culturas exticas e toda

    uma histria acerca da localidade apresentada pela mdia. Porm, a mdia pode apresentar

    aspectos negativos que podem causar a oscilao do fluxo de turistas a certos locais tursticos

    ou no, como guerras, violncia urbana, desastres naturais, entre outros.

    Como demonstra Falco (2008, p.1) a respeito do papel da mdia sobre o turismo

    atualmente:

    Neste sentido, verifica-se que a mdia ser um espao fundamental para construo das identidades regionais e nacionais com

    posicionamento turstico e tambm para que estas sejam percebidas

    pelo turista como tal. (FALCO, 2008, p.1).

    Com isso, a mdia pode priorizar determinados destinos de acordo com a importncia

    deles, como aspectos econmicos, histricos, sociais e climticos, onde a divulgao do

    turismo de um lugar pode ser maior que a de outro local. E a popularizao da mdia acabou

  • 38

    desenvolvendo o turismo, estimulando o consumo dos produtos tursticos que so amplamente

    divulgados pela televiso e publicados na mdia impressa. Bauman (2007 apud VARGAS,

    2010, p.4) fala que a sociedade atual chamada de sociedade consumista por causa do

    capitalismo presente na maior parte do mundo, atravs da busca da felicidade e a viso sobre

    ela ao adquirir um bem, e que o turismo se tornou um produto a ser consumido pelos turistas.

    A mdia a maior responsvel por essa sociedade de consumo em relao ao turismo, onde os

    turistas se sentem felizes ao conseguirem adquirir um produto turstico e assim atender s suas

    necessidades de lazer, aproveitando o tempo livre aps longas jornadas de trabalho.

    A divulgao do turismo para Martin (2009, p.80) torna-se importante com os meios

    de comunicao disponveis, pois constroem uma imagem sobre o destino turstico:

    De qualquer forma, em todos esses veculos de comunicao que compem a mdia,

    a construo da imagem da localidade tem uma vital importncia para a divulgao

    do turismo. Essas imagens podem ser relacionadas no apenas a cenrios referentes

    ao local turstico, mas tambm a um conjunto de atitudes, opinies e experincias

    relacionadas a um destino. So, portanto, carregadas de elementos simblicos,

    formando o campo cognitivo do universo dos indivduos, povoando o imaginrio

    social e provocando desejos de deslocamento. (MARTIN, 2009, p.80).

    Portanto, a mdia para o turismo apresenta a atividade turstica nas reas da

    publicidade, nas mdias impressa, televisiva e atualmente a digital, aspectos relacionados

    economia, poltica, meio ambiente, cultura e a histria de um determinado pas ou de uma

    cidade mostrada pelos meios de comunicao, que so importantes para o conhecimento de

    todos sobre os lugares e os costumes diferentes do que os turistas esto acostumados a verem

    no seu local de origem.

    Para Ferrari (2002, p.83 apud BRANDO, 2005, p.2) a mdia impressa a forma mais

    representativa da mdia, no que se refere ao turismo:

    Portanto, no difcil detectar e indicar que a mdia impressa tornou-se o principal

    veculo de informao turstica no Brasil (...) a mdia impressa considerada uma

    mdia clssica, e no caso do turismo brasileiro ela tornou-se a maior representante

    dos veculos de comunicao para propagao de informao e comercializao de

    seus produtos e servios. (FERRARI, 2002, p.83 apud BRANDO, 2005, p.2).

  • 39

    Nielsen (2002, p.33) mostra que os integrantes ligados ao turismo utilizam os jornais

    para saberem mais sobre a atividade turstica e os seus servios oferecidos pela indstria de

    viagens e que a mdia impressa uma das principais fontes de informao:

    Eles representam o veculo dominante para profissionais do setor, especialmente

    para publicidade. Viajantes em potencial compreendem essa relao ntima e esto

    condicionados a procurar informaes nos jornais. Contudo, h vrias limitaes dos

    jornais, inclusive m qualidade de reproduo, crticas sobre sensacionalismo e

    reduzido impacto visual devido grande quantidade de propaganda. Alm dos

    problemas acima, outra desvantagem da publicidade em jornais que o amplo

    nmero de leitores tambm pode representar um desperdcio, sem garantias de se

    atingir o pblico-alvo. (NIELSEN, 2002, p.33).

    Para Vilas Boas (1996, p.9 apud MARTIN, 2009, p.87) as revistas que falam sobre

    turismo apresentam linguagem mais flexvel, com narrativas peculiares e discursos

    caractersticos e dinmicos sobre o turismo:

    Com mais tempo para extrapolaes analticas de fato, as revistas podem produzir

    textos mais criativos, utilizando recursos estilsticos geralmente incompatveis com a

    velocidade do jornalismo dirio. A reportagem interpretativa o forte. As revistas

    exigem de seus profissionais textos elegantes e sedutores. Considerados os valores

    ideolgicos do veculo, no h regras muito rgidas. H, isso sim, uma conciliao

    entre as tcnicas jornalsticas e literria. No fazem exatamente literatura, porque

    jornalismo no se expressa por supra-realidades. Ao contrrio, tratam de uma

    realidade comum a todos. Mas a tcnica literria perfeitamente compatvel com o

    estilo jornalstico. (VILAS BOAS, 1996, p.9 apud MARTIN, 2009, p.87).

    Os meios eletrnicos, como a principal fonte de informao a internet, vm ganhando

    fora no que se refere busca de dados sobre o turismo feita pelos leitores, que estavam

    acostumados a verem o contedo de turismo na mdia impressa. Esse pblico pode ser aquele

    voltado para o trade turstico3 ou para o pblico final, que so os turistas.

    ______________

    3 Trade turstico: a parte institucional do turismo, relacionado ao comrcio e parte econmica da atividade

    turstica. Est relacionado tambm s questes polticas, institucionais e sociais do turismo e envolve todos os

    profissionais da rea turstica.

  • 40

    Lage (2000, p.46 apud MARTIN 2009, p.73) destaca a internet como importante fonte

    de informaes voltadas para o turismo, chamando mais a ateno dos turistas que desejam

    saber sobre os destinos e produtos tursticos:

    No caso do turismo, uma excelente maneira de comunicao entre usurios e

    respectivos prestadores de servios. Os sites de notcias e informaes especficas,

    por exemplo, na divulgao de um novo servio especial como o translado personalizado, a sala VIP nos aeroportos, o cardpio especial nos avies ou hotis acabaro por conseguir maior lucratividade no somente pela venda do anncio, mas

    pelo envio de orientaes e conselhos que demonstrem ainda mais ateno e

    qualidade ao servio que o consumidor merece. (LAGE, 2000, p.46 apud MARTIN,

    2009, p.73).

    Para saber que as mdias digitais esto dominando o mercado turstico, Torres (2010,

    p.1,2) destaca que as empresas tursticas precisam se encaixar no mundo tecnolgico, para

    no perderem espao para a concorrncia e correrem o risco de at mesmo desaparecerem no

    mercado turstico, caso no fizerem o marketing digital e investindo fortemente na internet:

    A Internet exmia em dizimar setores atrasados e cheio de intermedirios, que

    relutam em acreditar na sua fora e mantm, por tempo demais, o seu modelo de

    negcios ultrapassado. Quando voc houve algum executivo de um setor qualquer

    dizer: "a Internet est mudando nosso setor, mas isso ainda vai demorar muito",

    pronto. Dois ou trs anos depois o setor est falido, reclamando de como o mercado

    mudou rpido e culpando algum site por concorrncia desleal. [...] E a voc me

    pergunta: ento pra que servem as operadoras e agncias de turismo? Para nada.

    Para atender a uma pequena parcela da populao, cada vez menor, que ainda tem

    dificuldade de acesso ou uso da Internet. Ento a agncia de turismo e as operadoras

    vo desaparecer? NO. No se elas se reinventarem e procurarem se posicionar

    como agregadores de valor no processo de turismo, procurando entender melhor o

    que est acontecendo, como o seu pblico-alvo quer fazer turismo, e atendendo s

    suas necessidades, pelo mesmo canal que pode tir-las dos negcios: a Internet.

    (TORRES, 2010, p. 1,2).

    Embora o alerta sirva de lio para que as empresas tursticas aprendam a se renovar e

    assim conseguir uma demanda maior de turistas, a indstria turstica est um tanto atrasada

    nesse sentido, porque os turistas se desinteressaram na hora de procurar agncias fsicas de

    viagens e nem todas as empresas tursticas elaboraram um marketing turstico digital para

    segurar essa demanda conectada na internet. Fsicas porque essas agncias possuem sede e

    filiais localizadas em shoppings e em ruas comerciais, com um nmero restrito de

  • 41

    funcionrios que atendem aos turistas na hora de estes comprarem passagens e/ou pacotes

    tursticos. Essas agncias s resistem ainda porque ainda h um pblico que no possui acesso

    internet, recorrendo a elas para realizarem as suas viagens.

    Quando se trata da mdia televisiva, Martin (2009, p.14) fala sobre as dificuldades da

    mdia televisiva no que se refere produo de contedo a ser levado aos telespectadores:

    J na mdia televisiva, a abordagem da temtica turismo encontra limitaes

    relacionadas ao custo elevado de sua produo e exibio, alm de uma seletividade

    de pblico menor. Contudo, sua maior vantagem que a mdia combina a imagem,

    som e o movimento, desperta os sentidos, mantm a ateno dos telespectadores e

    tem largo alcance. Caractersticas semelhantes das vantagens podem ser atribudas

    divulgao via internet. (MARTIN, 2009, p.14).

    Dumazedier (2001, p.88) apud Martin (2009, p.71) complementa a ideia de que os

    meios de comunicao em massa como a televiso ocupam lugar de destaque na formao do

    ser humano, impactando tambm o turismo e os seus produtos:

    A televiso devido a sua estrutura pode nos oferecer oportunidades de descobrir

    todos os pases que no temos possibilidades de visitar, passar a conhecer museus,

    fazer com que tomemos conhecimento das obras-primas do cinema e do teatro,

    promover nossa iniciao nas grandes descobertas da tcnica e da cincia e ainda

    fazer transmisses diretas de festas e acontecimentos realizados em lugares

    distantes. (DUMAZEDIER, 2001, p.88 apud MARTIN, 2009, p.71).

    O que pode ser observado atravs da citao acima que se tem a impresso das

    pessoas com pouco poder aquisitivo realizar viagens sem sair de casa, atravs do imaginrio

    criado por programas televisivos que exploram bastante as paisagens belssimas, sejam

    paisagens naturais ou at mesmo a arquitetura dos prdios e pontos tursticos dos destinos

    tursticos mostrados pela mdia televisiva.

    Nielsen (2002, p.35,36) fala sobre o alcance que a televiso proporciona em termos de

    audincia e que a mdia televisiva tem um forte apelo comercial quando divulga um produto

    turstico em rede nacional:

  • 42

    Sobre o uso da mdia de massa, a maioria dos comentaristas reconhece que a

    televiso o veculo mais significativo com seu poder de atrair o pblico. A

    audincia televisiva continua a crescer, apesar da presso da tecnologia mais

    avanada da multimdia (internet) expandir em passos rpidos por todo o mundo. A

    longa fase de crescimento da televiso no ciclo de vida de um produto pode ser creditada capacidade das redes (e, mais tarde, s operadoras de cabo e satlite) de

    fornecer um produto de comunicao de acordo com o gosto do pblico e ao poder

    de persuaso. Como instrumento comercial, a televiso comunica como nenhum

    outro. Os comerciais televisivos combinam som e imagem; a televiso popular

    entre todas as faixas etrias, nveis econmicos e grupos culturais; e ela combina cor

    e imagens muito bem. (NIELSEN, 2002, p.35,36).

    Nielsen (2002, p.35) confirma o papel que a televiso faz quando se trata de

    programas sobre o turismo. Esses programas televisivos utilizam, assim como as revistas e

    jornais sobre o tema, muitas fotografias, imagens com belssimas paisagens, o que faz o

    telespectador viajar sem sair de casa e se informar, mesmo de forma ilusria, sobre aquela

    destinao apresentada, sendo no Brasil ou no exterior.

    Em termos de publicidade para o turismo, Brando (2005, p.7), cita a Teoria de Kotler

    (1992), em que fala que a propaganda paga e a publicidade no. E no mesmo artigo,

    Carvalho (2003, p.82) apud Brando (2005, p.7), mostra a mistura desses dois conceitos de

    promoo do turismo em suplementos jornalsticos de Turismo.

    Nos suplementos de turismo a ligao entre o jornalismo e as variantes publicistas to impressionante que difcil saber onde comea a publicidade, propriamente

    dita e a propaganda. o caso das viagens patrocinadas dos reprteres pelas

    empresas do setor turstico, onde a pauta muitas vezes motivada porque a editoria

    foi agraciada com uma passagem para um determina o lugar, por exemplo. Quer

    dizer, o jornalismo ali propaganda-publicidade. propaganda porque o reprter

    est divulgando um ponto turstico em que a empresa tem uma conexo como

    pacotes tursticos ou itinerrio areo. E publicidade porque citado o nome da

    empresa que patrocinou a viagem no final da matria. O jornalismo, nessa situao

    se fragiliza e abre precedentes e desdobramentos de ordem tica. (CARVALHO, 2003, p.82 apud BRANDO, 2005, p.7).

    Moesh (2002, p.46 apud MARTIN, 2009, p. 80) fala sobre as imagens criadas pela

    publicidade sobre os destinos tursticos:

    Ao longo dos tempos, por meio da publicidade e da mdia, as imagens geradas pelos

    diferentes olhares dos turistas passaram a constituir um sistema de iluses que se

    autoperpetuam e proporcionam ao turista uma base para que ele selecione e avalie os

  • 43

    lugares que visitar, o que no significa vivenciar a realidade diretamente, mas sim,

    como um pseudo-acontecimento. (MOESH, 2002, p.46 apud MARTIN, 2009, p.80).

    A mdia voltada para o turismo envolve esses quatro meios de comunicao para levar

    informaes para diferentes tipos de pblico: a impressa, predominante em termos de

    contedo sobre o turismo, a televisiva, a publicidade (onde o turismo utiliza as ferramentas de

    divulgao para atrair visitantes e investidores) e a mdia digital, que vem crescendo pois os

    leitores ultimamente usam a internet para buscar informaes e dados sobre a atividade

    turstica de uma regio turstica de seu interesse. E o jornalismo turstico est inserido nesse

    contexto de transmitir notcias e reportagens sobre o turismo para o pblico final, os turistas, e

    para os profissionais ligados ao Trade Turstico, onde h diferentes temas sobre a atividade

    dependendo do pblico-alvo em que as publicaes esto voltadas.

    3 JORNALISMO TURSTICO

    3.1 CONCEITOS DE JORNALSTICO TURSTICO

    Esses conceitos de jornalismo turstico so apresentados de formas distintas, pois

    alguns levam o conceito para o lado da comunicao em geral, outros tratam o jornalismo

    turstico como algo ligado ao marketing, com a divulgao de destinos tursticos e os produtos

    e servios oferecidos por eles. E h a diferena entre o jornalismo turstico voltado para o

    pblico final, que so os turistas, e para o trade, ou seja, publicaes tursticas destinadas aos

    profissionais do turismo e/ou pessoas de outras reas de atuao que estejam ligados

    atividade turstica.

    O jornalismo turstico dito por Acerenza (1991 apud Cruz, 2008, p.69) especifica que:

    Dentro desse extenso leque, as notcias e as reportagens especficas a determinado

    tema acabam ganhando determinaes. O material relacionado ao turismo,

    hotelaria, aos transportes de longa distncia e, muitas vezes, indstria do

    entretenimento, por exemplo, costuma ser chamado de jornalismo turstico.

    (Acerenza, 1991 apud Cruz, 2008, p.69).

  • 44

    O jornalismo turstico para Cruz (2008, p.69) teve mais destaque aps a queda

    momentnea