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FACULDADE DE DIREITO DE PRESIDENTE PRUDENTE
CARLOS ALBERTO TORO
ANTNIO CARLOS HORTNCIO COELHO
MIGUEL FRANCISCO DE OLIVEIRA FLRA
DA USUCAPIO EM TERRAS DEVOLUTAS
Presidente Prudente (SP)
1997
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CARLOS ALBERTO TORO
ANTNIO CARLOS HORTNCIO COELHO
MIGUEL FRANCISCO DE OLIVEIRA FLRA
DA USUCAPIO EM TERRAS DEVOLUTAS
Monografia apresentada ao curso de Ps-graduao em
Direito Civil e Processual Civil da Faculdade de Direito de
Presidente Prudente, como requisito da disciplina de Di-
reito Civil, sob a orientao da professora Dra. Jussara
Suzi Assis Borges Nasser Ferreira.
Presidente Prudente (SP)
1997
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COMISSO EXAMINADORA
Presidente Prudente, ____ de _________ de 199__
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Agradecimentos,
Nossa gratido a todos aqueles que colaboraram,
de forma gentil e espontnea, para a realizao
deste trabalho.
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S U M R I O
1 Resumo ............................................................................................. 6
2 Origem histrica da usucapio........................................................... 8
3 Conceito ............................................................................................ 10
4 Requisitos para a aquisio .............................................................. 11
5 Espcie de aquisio ........................................................................ 14
6 Das terras devolutas ......................................................................... 17
7 Da usucapio em terras devolutas .................................................... 19
8 Conceito de terras devolutas ............................................................ 23
9 A legitimao da posse perante a Lei n 601 de 1850 ...................... 25
10 Da usucapio .................................................................................... 26
11 Da prescritibilidade aquisitiva dos bens pblicos ............................. 34
12 Da prescrio da ao reivindicatria ............................................... 36
13 Concluso ......................................................................................... 38
Bibliografia ................................................................................................. 41
1 RESUMO
O objetivo deste trabalho estudar o usucapio em terras devolutas,
em razo das diversas demandas judiciais existentes na regio do Pontal do Parana-
panema, Estado de So Paulo.
11
Naquela regio, que est dividida por permetros, conforme figura a
seguir, existe demandas em curso h mais de 50 (cinqenta) anos, onde a Fazenda
do Estado de So Paulo props aes discriminatrias, sendo que alguns permetros
j foram declarados como terras devolutas, outros foram considerados particulares e
outros tiveram as aes arquivadas sem que o Estado propusesse nova ao.
Diante desse quadro, o trabalho busca esclarecer os diversos aspectos
do usucapio nas terras devolutas, especialmente no Pontal do Paranapanema, no Es-
tado de So Paulo e naquelas reas em que o Estado no possui ao discriminatria.
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PONTAL DO PARANAPANEMA,
ESTADO DE SO PAULO. (situao jurdica das reas no Pontal do Paranapanema)
1
rea devoluta: 2O. PP, 3
O. PP,
4O. PP, 5
O. PP e 11
O. MP
rea devoluta legitimada (total ou parcial): 2.
O TP, 5.
O DR, 6.
O
DR, 7.O DR, 9.
O PAC, 3.
O PV,
4.O PV, 19.
O SA, 12.
O MP, 2.
O
TS e NANTES.
rea em discriminao: 16O.
PV, 14O. TS e 15
O. TS.
rea particulares: 20O. SA e
13O. MP
Discriminatria paralisada: 18O.
DR, 10O. PP, 22
O. SA, 12
O. PV
e 8O. PP
Desistncia da ao: 11O. PV e
1O. PP
1 Mapa do setor de Servio de Engenharia e Cadastro Imobilirio da Procuradoria do Estado de So Paulo.
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2 ORIGEM HISTRICA DA USUCAPIO
Em tempos remotos, mais precisamente, no direito romano, a usucapi-
o j era considerado como um modo aquisitivo do domnio. A prpria etimologia da
palavra indica tais fundamentos: capio significa tomar e usu quer dizer pelo uso, ou
seja tomar pelo uso.
A sua primeira manifestao caracterizava-se pela posse prolongada
durante o tempo exigido pela Lei das XII Tbuas, que exigia 02 (dois) anos para os i-
mveis e 01 (um) ano para os mveis e as mulheres, isto porque, o usus tambm foi
uma das formas do matrimnio na antiga Roma.
Mais tarde, o prazo para bens imveis prolongou-se para 10 (dez) anos
entre os presentes e 20 (vinte) anos entre os ausentes. Com o passar do tempo, no
direito quiritrio passou-se a exigir, alm do tempo, que a posse deveria estar apoiada
num justo ttulo e na boa f, mas no se podia aplicar o instituto aos imveis provinci-
ais, nem aos peregrinos, havendo posteriormente, necessidade de se defender a pos-
se desses indivduos, da o edito estabeleceu o processo praescriptio longi temporis.
Assim, a designao praescriptio longi temporis no passou de um
processo destinado a suprir uma lacuna do direito civil. Com Justiniano, naquela po-
ca, fundiram as regras da longi temporis praescriptio com as da usucapio, sendo que
estas preponderavam sobre aquelas, mesmo assim, a longi temporis praescriptio no
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deixou de exercer sua influncia, vez que o instituto legal da usucapio designava a
aquisio da propriedade desde que preenchido o lapso temporal exigido por lei.
No bastasse isso, o Imperador Teodsio inovou este instituto, quanto
a extensibilidade da prescrio, no mais como uma forma aquisitiva da propriedade,
mas como meio extintivo das aes, designando essa nova instituio como praescrip-
tio longissimi temporis.
A partir da, comeou a surgir no direito romano, sob o mesmo vocbu-
lo, duas instituies jurdicas: a primeira de carter geral destinada a extinguir todas as
aes e a segunda um modo de adquirir a propriedade.
Os juristas medievais, procuraram estabelecer uma teoria de conjunto,
estabelecendo a prescrio como sendo a maneira de adquirir e perder o direito de
propriedade de uma coisa ou de um direito pelo decurso do tempo. Teoria esta adota-
da pelo Cdigo Civil Francs, que exerceu influncia no direito contemporneo, embo-
ra haja legislaes e juristas que defendem o prisma daulista, considerando assim, a
prescrio como meio extintivo da ao e o meio de adquirir o domnio.
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3 CONCEITO
Usucapio um modo de adquirir a propriedade e de outros direitos
reais pela posse continuada, decorrido um certo lapso de tempo, com os requisitos es-
tabelecidos em lei.
A palavra usucapio, embora muitos consignam como palavra mascu-
lina, feminina, seguindo os juristas romanistas no Corpus Juris Civilis.
Trata-se a usucapio de um modo aquisitivo da propriedade a ttulo o-
riginrio, cujo fundamento reside na necessidade de tornar certa e estvel a proprieda-
de, e na utilidade de transformar uma situao de fato numa situao de direito, a favor
de quem mantm e exerce ininterruptamente, a gesto econmica da coisa, face a i-
nrcia do proprietrio.
Tendo por objetivo garantir a estabilidade e segurana da propriedade,
fixando um prazo alm do qual no se pode mais levantar dvidas ou contestaes a
respeito, conseqentemente sanando os vcios intrnsecos do ttulo, caso haja algum.
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4 REQUISITOS PARA AQUISIO
O nosso cdigo civil segue a tradio romanista, estabelecendo como
requisito essencial para sua obteno, o quanto segue:
A. Coisa hbil;
B. Posse tranqila;
C. Animus domini;
D. Boa f;
E. Lapso temporal.
Coisa habil tudo aquilo que pode ser objeto de comrcio ou de uma
relao de direito, ou seja coisa que esteja no comrcio, que seja suscetvel de aliena-
o.
A posse ad usucapionem ter que ser exercida com o animus domini,
ser mansa e pacfica, contnua e pblica, obedecendo o lapso temporal estabelecido
por lei.
Posse o poder fsico sobre uma coisa, poder de quem se encontra no
exerccio de fato ou exterior de direito sobre a coisa determinada. Considerando, as-
sim, possuidor todo aquele que tem de fato exerccio pleno ou no, de alguns dos po-
deres inerentes ao domnio ou propriedade, alm desta posse ser mansa e pacfica,
deve ser clara e justa, sem resqucios de violncia ou oposio.
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Animus domini trata-se de um requisito psquico que se integra a pos-
se, o possuidor deve ter o nimo de dono, inteno e vontade de ter a coisa como sua,
conduta ou atuao de modo a no deixar dvidas que detm a coisa como sua.
Boa f a crena que tem o adquirente de que o alienante era real-
mente proprietrio da coisa que lhe entregou, ignorando o vcio ou o obstculo que im-
pedem de aquisio do bem ou do direito possudo.
Justo ttulo o ato jurdico que legitima a tomada da posse, com a
permisso da lei, o titulo deve ser justo, segundo as formas de direito.
A boa f e o justo ttulo no se confundem. A boa f presume-se e o
justo ttulo prova-se.
Com o advento da Constituio Federal, promulgada em 05 de outubro
de 1988, instituiu-se o usucapio especial ou social, englobando os imveis urbanos e
rurais.
Nos i