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UFRN/CT/DEQ - Campus Universitário - Natal - RN BRASIL CEP: - 59072-970 E-mail: [email protected] Tel. +55 (84) 215.3754 / 3753 FAX: +55 (84) 215.3703 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA Monografia de Graduação Obtenção e análise de propriedades e parâmetros físico-químicos do óleo de oiticica Samuel Douglas Camões Costa NATAL Novembro de 2015

Monografia de Graduação - Biblioteca Digital de Monografias · 11.097, de 13 de janeiro de 2005, que estabelece as quantidades mínimas de mistura do biodiesel ao diesel mineral,

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UFRN/CT/DEQ - Campus Universitário - Natal - RN – BRASIL – CEP: - 59072-970 E-mail: [email protected] Tel. +55 (84) 215.3754 / 3753 FAX: +55 (84) 215.3703

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

Monografia de Graduação

Obtenção e análise de propriedades e

parâmetros físico-químicos do óleo de

oiticica

Samuel Douglas Camões Costa

NATAL

Novembro de 2015

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Samuel Douglas Camões Costa

Obtenção e análise de propriedades e parâmetros

físico-químicos do óleo de oiticica

Orientador: Prof. Dr. Humberto Neves Maia de Oliveira

Natal/RN

2015

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Universidade Federal

do Rio Grande do Norte como

exigência parcial para obtenção do

título de bacharel em Engenharia

Química.

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Costa, Samuel Douglas Camões - Obtenção e análise de propriedades e parâmetros

físico-químicos do óleo de oiticica. Monografia, UFRN, Departamento de Engenharia

Química

Orientador: Prof. Dr. Humberto Neves Maia de Oliveira

Resumo

A Licania rigida Benth, mais conhecida como oiticica, é uma árvore encontrada

no nordeste brasileiro, com enorme potencial econômico, devido às suas

características e principalmente pelo seu fruto. Contudo, o mundo vive na era da

sustentabilidade e as agressões desenfreadas ao meio ambiente pelas emissões

geradas por combustíveis fosseis não são mais bem aceitas. Nesse contexto, surge a

necessidade de se obter energia de fontes renováveis, sendo assim, os estudos na

área são bastantes valorizados. O óleo de oiticica desponta como um dos possíveis

precursores do biodiesel, por isso a indispensabilidade de pesquisas acerca das suas

propriedades e parâmetros físico químicos, uma vez que na literatura quase não se

encontram dados a respeito ou são de fontes antigas. O estudo começou desde a

escolha da matéria prima, pois foram utilizados dois estados diferentes, a oiticica seca

e a verde, até as análises. Foram obtidos dados reológicos e de viscosidade através

de um reômetro, dados de densidade utilizando um densímetro, índice de acidez e de

saponificação pelo método de titulação. A viscosidade e densidade encontradas para

25 °C são respectivamente: 0,3787 Pa.s e 0,96507 g/cm³ para a oiticica seca e 0,3313

Pa.s e 0,96421 g/cm³ para a verde. Ambos os óleos são fluidos newtonianos, com

índice de acidez de 3,9871 mgKOH/g e saponificação de 196,4606 mgKOH/g para a

seca e 1,5446 mgKOH/g e 199,9561 mgKOH/g para a verde. A oiticica verde se

mostrou mais promissora, pois as características do seu óleo são mais adequadas

para produção do biodiesel, contudo os valores encontrados são semelhantes,

podendo ambos os tipos serem empregados após alguns tratamentos.

Palavras-chave: Oiticica, óleo vegetal, propriedades, biodiesel

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Costa, Samuel Douglas Camões - Obtenção e análise de propriedades e parâmetros

físico-químicos do óleo de oiticica. Monografia, UFRN, Departamento de Engenharia

Química

Orientador: Prof. Dr. Humberto Neves Maia de Oliveira

Abstract

The Licania rigida Benth better known as Oiticica is a tree found in northeastern

of Brazil with huge economic potential because of its characteristics and mainly for its

fruit. However, the world is in the age of sustainability, and the unbridled damage to

the environment by emissions from fossil fuels are not more accepted. In this context

arises the need to obtain energy from renew sources, thus studies in this area are

valuable, and the Oiticica oil emerges as a possible biodiesel precursor. Hence, the

necessity of research about its properties and physical-chemical parameters since the

literature does not have a lot of data, or it is from old sources. The study started from

the choice of raw material because two different types were used, the green Oiticica

and dry Oiticica until the analysis. Rheology and viscosity data were obtained by a

rheometer, density data using an electronic densimeter, acid and saponification value

by the titration method. The viscosity and density found at 25 °C are respectively:

0.3787 Pa.s and 0.96507 g/cm³ for dry Oiticica oil, 0.3313 Pa.s and 0.96421 g/cm³ for

green Oiticica oil, both oils are Newtonian fluids. The acid value is 3.9871 mgKOH/g

and saponification value is 196.4606 mgKOH/g for Oiticica dry oil, and 1.5446

mgKOH/g, 199.9561 mgKOH/g for Oiticica green oil. The green Oiticica was more

promising because the characteristics of the oil are more suitable for biodiesel

production, but the values are similar, and both can be employed after a few

treatments.

Keywords: Oiticica, properties, vegetable oil, biodiesel

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Dedicatória

Dedico esse trabalho a Deus, que, com sua imensa misericórdia, me deu forças

e capacidade para desenvolvê-lo. Também, aos meus familiares, mas principalmente

ao meu avô Julião Martins Filgueira (in memoriam), que foi meu primeiro professor e

provedor da minha educação. Com ele, aprendi a matéria da vida.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pela condução e proteção ao longo dessa

jornada, por estar sempre comigo, mesmo nas horas mais difíceis, me ensinando e

me dando sabedoria para concluir essa etapa tão esperada na minha vida.

À minha mãe Leila Maria Filgueira, pelo cuidado, educação e dedicação,

sempre lutando junto comigo e participando de todos os momentos.

Ao meu avô Julião Martins Filgueira e à minha avó Francisca Nicácio Filgueira

pelos ensinamentos, orações e carinho.

À minha noiva Rebecca Correia de Oliveira, que tanto amo, pelo grande

incentivo, amor e paciência, sempre esteve ao meu lado me dando forças para

prosseguir, e me empurrando quando estava cansado.

A todos os meus familiares que ajudaram na minha formação.

A todos os meus amigos, principalmente os da UFRN e do Ciências Sem

Fronteiras, os quais participaram diretamente das horas de estudo, ensinando e sendo

ensinados, muitas vezes dando forças quando a situação estava complicada.

Ao meu orientador, Professor Dr. Humberto Neves Maia de Oliveira, pelo tempo

e disponibilidade de me orientar nesse projeto.

À doutoranda Adriana Karla Virgolino Guimarães pelos ensinamentos,

paciência e ajuda na pesquisa.

A todos os professores do Departamento de Engenharia Química da UFRN,

pelo conhecimento transmitido e dedicação.

À UFRN, pelos laboratórios e pela infraestrutura.

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Sumário

Capítulo I ............................................................................................................................................... 11

1 Introdução .......................................................................................................................................... 12

1.1 Objetivos ......................................................................................................................................... 14

1.1.2 Objetivo geral ........................................................................................................................... 14

1.1.3 Objetivos específicos ................................................................................................................ 14

Capítulo II .............................................................................................................................................. 15

2 Revisão Bibliográfica .......................................................................................................................... 16

2.1 Oiticica ......................................................................................................................................... 16

2.2 Óleos vegetais ............................................................................................................................. 19

2.2.1 Óleo de oiticica ..................................................................................................................... 21

2.3 Obtenção do óleo de oiticica ...................................................................................................... 22

2.4 Biodiesel ...................................................................................................................................... 23

2.4.1 Biodiesel de Oiticica ............................................................................................................. 26

2.5 Propriedades estudadas .............................................................................................................. 26

2.5.1 Viscosidade ........................................................................................................................... 26

2.5.2 Densidade ............................................................................................................................. 29

2.5.3 Índice de acidez .................................................................................................................... 30

2.5.4 Índice de saponificação ........................................................................................................ 30

Capítulo III ............................................................................................................................................. 31

3 Metodologia ....................................................................................................................................... 32

3.1 Matéria prima.............................................................................................................................. 32

3.2 Extração do óleo de oiticica ........................................................................................................ 33

3.2.1 Filtração do óleo de oiticica ................................................................................................. 36

3.3 Viscosidade .................................................................................................................................. 38

3.4 Densidade .................................................................................................................................... 39

3.5 Índice de acidez ........................................................................................................................... 40

3.6 Índice de saponificação ............................................................................................................... 41

Capítulo IV ............................................................................................................................................. 42

4 Resultados e Discussões ..................................................................................................................... 43

4.1 Rendimento da extração ............................................................................................................. 43

4.2 Viscosidade .................................................................................................................................. 44

4.3 Densidade .................................................................................................................................... 48

4.4 Índice de acidez ........................................................................................................................... 49

4.5 Índice de saponificação ............................................................................................................... 51

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Capítulo V .............................................................................................................................................. 53

5 Conclusão ........................................................................................................................................... 54

Capítulo VI ............................................................................................................................................. 56

6 Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 57

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Índice de figuras

Figura 1 – Regiões de maior concentração de oiticica no território brasileiro ..........16

Figura 2 – Arvore oiticica (Licania rigida Benth), (b) Fruto oiticica ...........................17

Figura 3 – Reação de transesterificação (produção de biodiesel) ...........................24

Figura 4 – Variação da tensão de cisalhamento com a taxa de deformação (ÇENGEL

& CIMBALA, 2015) ....................................................................................................29

Figura 5 – Oiticica Seca ...........................................................................................32

Figura 6 – Oiticica Verde ..........................................................................................33

Figura 7 – Prensa modelo MPE-40, utilizada na extração do óleo de oiticica .........34

Figura 8 – Montagem standart da prensa modelo MPE-40 ......................................34

Figura 9 – Montagem da prensa para extração do óleo oiticica seca ......................35

Figura 10 – Montagem da prensa para extração do óleo oiticica verde ...................35

Figura 11 – (a) Óleo oiticica seca, (b) Óleo oiticica verde ........................................36

Figura 12 – (a) Sistema de filtragem desmontado, filtro, manômetro; (b) compressor;

(c) sistema montado no suporte e ligado ao compressor; (d) sistema em

funcionamento ...........................................................................................................37

Figura 13 – Da esquerda para direita: computador, reômetro, banho termostático .38

Figura 14 – Densímetro DMA 4500 M Anton Paar ...................................................39

Figura 15 – Gráfico tensão de cisalhamento X taxa de cisalhamento, óleo oiticica seca

....................................................................................................................................44

Figura 16 – Gráfico tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento, óleo oiticica verde

....................................................................................................................................45

Figura 17 – Gráfico Temperatura x Viscosidade, óleo oiticica seca ...........................46

Figura 18 – Gráfico Temperatura x Viscosidade, óleo oiticica verde .........................47

Figura 19 – Gráfico Temperatura x Logaritmo da Viscosidade, óleos oiticica seca e

verde ..........................................................................................................................47

Figura 20 – Gráfico Temperatura x densidade, óleos oiticica seca e verde .............48

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Composição química da torta semente de oiticica ....................................18

Tabela 2 - Teor em óleo de algumas matérias-primas vegetais .................................20

Tabela 3 – Características físico-químicas do óleo de oiticica ....................................21

Tabela 4 – Propriedades do biodiesel de oiticica ........................................................26

Tabela 5 - Dados experimentais da extração obtidos da prensagem .......................43

Tabela 6 - Valores de viscosidade dinâmica para os óleos de oiticica seca e verde ..46

Tabela 7 - Valores densidade para os óleos de oiticica seca e verde .........................48

Tabela 8 - Resultados da titulação para determinação do índice de acidez para os

óleos de oiticica seca e verde ....................................................................................49

Tabela 9 - Resultados dos experimentos para determinação dos índices de

saponificação para os óleos de oiticica seca e verde..................................................51

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Capítulo I

INTRODUÇÃO

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1 Introdução

O mundo vive, nos dias atuais, em um plano sustentável, em que a destruição

infundada do meio ambiente e seus recursos não são mais aceitos pela comunidade

internacional. A preocupação dos líderes mundiais e da sociedade com o meio

ambiente é refletida nas várias conferências internacionais acerca do assunto, onde

são debatidos meios de fazer essas alterações de maneira sustentável, se

preocupando com a geração presente sem esquecer das próximas gerações. A

Rio+20 é um exemplo recente. Realizada no Rio de Janeiro em 2012, em seus

debates, além de se reafirmar o compromisso com a diminuição das emissões e da

poluição já citadas em outras conferências, evidenciou-se o desejo da comunidade

internacional por um desenvolvimento sem prejudicar o meio ambiente. Outra

conferência que pode ser citada é a Conferência do Clima, que tem como objetivo

frear as mudanças climáticas causadas pela poluição e emissões agravantes do efeito

estufa, cujo grande vilão é a queima dos combustíveis fósseis.

Além disso, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis – ANP (2005) as reservas de petróleo conhecidas tenderão a

esgotar, levando em consideração o ritmo atual de consumo e exploração.

Nesse contexto, novas alternativas devem ser estudadas e exploradas,

alternativas que atendam à demanda energética e também sejam renováveis, para

que o meio ambiente não seja prejudicado. Então, uma solução viável é a exploração

dos biocombustíveis vindos da biomassa. O Brasil vem assumindo papel de destaque

e pioneirismo nessa área e surge com certa liderança, pois, devido ao seu clima e

diversidade de biomassa, vem alcançando importantes avanços. De acordo com a

ANP (2012), os biocombustíveis mais utilizados são o etanol (cana-de-açúcar) e o

biodiesel gerado a partir de óleos vegetais e gorduras animais e já correspondem a

18% dos combustíveis consumidos no pais, enquanto que, no mundo, 86% da energia

combustível vem de fontes não renováveis.

Com a intenção de melhorar esses percentuais, foi aprovada no Brasil a Lei

11.097, de 13 de janeiro de 2005, que estabelece as quantidades mínimas de mistura

do biodiesel ao diesel mineral, sendo de 2% para os anos de 2008 a 2012 e, a partir

de 2013, aumentando para 5%. Estimou-se que a produção de biodiesel para atender

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a demanda da segunda fase da Lei seja de 2,2 bilhões de litros em 2013

(RODRIGUES, 2006).

Os óleos vegetais obtidos de diversos tipos de plantas, como girassol, canola,

soja, são historicamente explorados para fins alimentícios, mas existem óleos que não

são comestíveis mas que apresentam grande potencial energético, como é o caso da

oiticica. PARENTE (2003) explica que todos os óleos vegetais classificados em óleos

fixos ou triglicerídeos podem ser transformados em biodiesel, sendo o método mais

viável a transesterificação.

Assim, a oiticica ganha destaque nesse plano sustentável, por ser uma planta

explorável e apresentar elevado potencial. O óleo de oiticica, que historicamente foi

explorado na indústria de sabão, vem despertando o olhar dos pesquisadores para

sua utilização como precursor do biodiesel. A literatura é carente de informações

sobre óleo de oiticica, o que pode ser um obstáculo no estudo, contudo esse fato pode

servir de motivação para obtenção de novos dados e novas descobertas.

A oiticica (Licania rígida Benth) que tem seu potencial subutilizado, sendo

muitas vezes, apenas empregada na indústria de sabão, é uma espécie que apresenta

elevado rendimento em relação a outras na produção de óleo. Como MELO et. al

(2006) evidenciam, a oiticica, além de ter elevada importância no aspecto ambiental,

pois esta é uma espécie arbórea perene, de aspecto verde constante, que preserva

as margens dos rios e riachos temporários, também é uma espécie produtora de óleo

vegetal. Além disso, como é uma espécie típica do Nordeste brasileiro, surge como

alternativa de desenvolvimento para o semiárido, que sofre com as constantes secas.

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1.1 Objetivos

1.1.2 Objetivo geral

O presente estudo tem como objetivo analisar e obter dados sobre a obtenção

(extração) do óleo de oiticica, bem como suas propriedades físicas e químicas e fazer

uma breve comparação entre os óleos de oiticica seca e verde.

1.1.3 Objetivos específicos

Obter dados de rendimento para a extração usando prensa mecânica.

Obter a viscosidade e o comportamento reológico do óleo de oiticica.

Obter a densidade do óleo de oiticica.

Obter os índices de acidez e saponificação do óleo de oiticica.

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Capítulo II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2 Revisão Bibliográfica

2.1 Oiticica

A oiticica é uma espécie vegetal encontrada nas matas ciliares da caatinga

verdadeira, da caatinga do sertão, do Seridó, do agreste piauiense e dos litorais

cearense e norte rio-grandense. A maior incidência se dá em regiões com altitude de

50 até 300 metros e com média de 3.000 horas de luz solar por ano, em solos nas

margens dos rios. Os vales do Nordeste que apresentam maior densidade de oiticica

são: do Paraíba, do Acaraú, do Jaguaribe, do Apodi, do Açu, do Ipanema do Piancó,

do Piranhas e do rio do Peixe (DUQUE, 2004). Os locais de maior concentração das

plantas de oiticica são mostrados na figura 1.

Figura 1 – Regiões de maior concentração de oiticica no território brasileiro. Fonte:

Autor, 2015.

A oiticica ou Licania rigida Benth pertence a classe Magnoliophyta, ordem

Rosales, família Crysobalanaceae e gênero Licania. A Licania rigida pode chegar a

aproximadamente 20 metros de altura, o seu tronco apresenta ramificações próximas

ao solo, suas folhas são grossas e ásperas com cutículas espessas, o que previne a

superfície de sofrer evaporação constante. As flores possuem tons amarelados e são

agrupadas em cachos longos, os frutos possuem forma oval alongada, medem entre

4 e 6 cm de comprimento e aproximadamente 2 cm de diâmetro, pesam entre 4 e 7

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gramas e apresentam coloração castanha (DUQUE, 2004; MELO et al. 2006). Todas

essas características fazem a planta ter alto grau de xerofilismo, que é a alta

capacidade de sobrevivência no semiárido. Fotos de uma árvore de oiticica e seus

frutos são vistas na figura 2.

(a) (b)

Figura 2 – Arvore oiticica (Licania rigida Benth), Fonte: Obaudemacau, (b) Fruto de

oiticica, Fonte: Lideragronomia.

Conforme DUQUE (2004) explica, a Licania rigida Benth apresenta brotação

nos meses de maio e junho, e de junho a outubro ela libera as flores em rácemos

localizados nas pontas do broto. Após a fecundação da última flor, já são encontrados

frutos com 3 cm. As flores são de pequeno porte, hermafroditas, amareladas na parte

interna, possuem cerca de 3 mm de diâmetro, geralmente são encontradas agrupadas

e apresentam uma ótima frequência de contato com insetos, o que facilita sua

reprodução. As flores abrem na época mais seca do ano, durante o período mais

quente no Nordeste (julho a dezembro) o que torna essa a melhor época para o

florescimento, o qual ocorre numa frequência de 3 vezes anualmente. A abertura dura

cerca de 4 dias. Após a fecundação, começa o processo de crescimento do fruto da

oiticica. Esse desenvolvimento é considerado rápido e obedece às seguintes fases:

primeiro, a casca se desenvolve, porém é oca, com espessura entre 2 e 4 cm; depois,

a amêndoa vai crescendo e preenchendo o espaço vazio no interior da casca. Esse

processo é observado de novembro até janeiro-fevereiro, quando os frutos se

agrupam em cachos pêndulos, amadurecem e, em seguida, caem.

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No tocante à produção, DUQUE (2004) evidencia que as oiticicas nativas não

produzem todos os anos. Existem as chamadas grandes produções, que seriam

safras recordes, mas essas só acontecem em grandes espaços de tempo. É

observado também que, numa mesma região, umas arvores podem frutificar e outras

não. Árvores nativas com menos de 10 anos de vida apresentam produção média

anual de 30 kg de amêndoas, já em árvores com 10 anos é contabilizada uma

produção média anual de 75 kg de frutos, podendo chegar entre 100 e 200 kg desde

que seja adotado um controle contra pragas.

De acordo com PINTO (1963), a amêndoa ocupa cerca de 70% da constituição

do fruto e possui de 60 a 63% de óleo. Outro importante componente é a torta

(material que sobra após a extração do óleo). Sua composição química é demonstrada

na tabela 1.

Tabela 1 – Composição química da torta de semente de oiticica.

Componentes Composição (%)

Nitrogênio Total 2,11

Fósforo (P2O5) 2,67

Cálcio (CaO) 4,54

Potássio (K2O) 2,17

Umidade 10,75

Matéria Seca 89,25

Proteína 6,64

Extrato etéreo 21,29

Fibras 27,50

Extrato não azotado 29,41

Matérias minerais 4,41

Fonte: PINTO, 1963.

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2.2 Óleos vegetais

Óleos são substâncias lipídicas menos densas que água e nela insolúveis, o

que, por definição, os tornam substâncias hidrofóbicas. Também são insolúveis em

outros solventes polares, porém são solúveis em solventes orgânicos (apolares). Os

óleos são formados por longas cadeias carbônicas com presença ou não de

insaturações.

São denominados óleos os lipídios que, em condição ambiente de temperatura

e pressão (temperatura de 25 ºC e pressão de 1 atmosfera), estão no estado liquido.

Já os lipídios que se encontram no estado sólido quando sujeitos às mesmas

condições, são denominados gorduras. Eles são encontrados naturalmente em

organismos vegetais e animais (BRASIL, 1989; BELITZ & GROSCH, 1987;

SONNTAG, 1979; GUNSTONE & NORRIS, 1983).

De acordo com COENEN (1974), HARTMAN & ESTEVES (1982) e

GUNSTONE & NORRIS (1983), gorduras e óleos possuem as seguintes funções:

função lubrificante, estão envolvidos na produção de moduladores celulares

(leucotrienos, tromboxanos e prostaglandinas), exercem função carreadora e de

fontes das vitaminas A, D, E, K (lipossolúveis), são fontes calóricas (9 Kcal/g) e

apresentam função de armazenamento tanto em animais como em vegetais.

As gorduras e os óleos têm como função em organismos vivos o

armazenamento de energia, sendo derivados dos mais diversos tipos de ácidos

graxos, e os ácidos graxos são derivados dos hidrocarbonetos (LEHNINGER, 2002).

Os ácidos graxos são formados por ácidos carboxílicos com cadeias carbônicas

que apresentam entre 4 (C4) e 36 (C36) carbonos. Essas cadeias podem ser totalmente

saturadas, ou seja, apenas com a presença de ligações simples, e não apresentar

ramificações. Contudo, outros ácidos graxos podem apresentar ligações duplas

(LEHNINGER, 2002).

Os óleos vegetais, como o próprio nome sugere, são produtos obtidos de

vegetais, os quais apresentam em sua constituição principalmente os glicerídeos de

ácidos graxos e ainda podem apresentar ácidos graxos livres, fosfolipídios e

constituintes insaponificáveis (CMOLÍK et al. 1995).

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Na tabela 2, são mostrados alguns exemplos de vegetais, dos quais são

extraídos o óleo das suas sementes, e o consequente teor óleo que cada um

apresenta. Assim, é evidenciado o potencial de produção de óleo vegetal para várias

finalidades, incluindo as indústria energética, farmacêutica e alimentícia.

Tabela 2 - Teor em óleo de algumas matérias-primas vegetais.

Matéria-prima Teor em óleo (%)

Coco 65-68

Babaçu 60-65

Gergelim 50-55

Palma (polpa) 45-50

Palma (caroço) 45-50

Amendoim 45-50

Colza 40-45

Girassol 35-45

Milho 30-45

Açafrão 30-35

Oliva 25-30

Algodão 18-20

Soja 18-20

Arroz (Farelo) 15-20

FONTE: GUNSTONE & NORRIS, 1983.

Os principais ácidos graxos saturados encontrados em óleos vegetais são:

Butírico (C4), Capróico (C6), Caprílico (C8), Cáprico (C10), Láurico (C12), Mirístico (C14),

Palmítico (C16), Esteárico (C18), Araquídico (C20), Behenico (C22), Lignocérico (C24). Já

os principais ácidos graxos insaturados são: Oléico (C18, com 1 insaturação), Linoléico

(C18, com 2 insaturações), Linolênico (C18, com 3 insaturações), Erúcico (C22, com 1

insaturação) (SEROCA, 2008; VIANNI, 1996).

A composição do óleo é importante objeto de estudo, pois, de acordo com os

seus componentes, as propriedades físico químicas apresentam alterações

relevantes que podem influenciar em um produto final como, por exemplo, o biodiesel.

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As características apresentadas nas cadeias carbônicas, sendo elas saturadas

ou insaturadas, são determinantes na caracterização das propriedades físico-

químicas dos óleos vegetais, como, por exemplo: ponto de fusão, peso específico,

viscosidade, solubilidade, reatividade química e estabilidade térmica e oxidativa.

2.2.1 Óleo de oiticica

O óleo de oiticica apresenta as seguintes características e propriedades: alta

secatividade, índice de refração médio de 1,515 (25 ºC) e 1,509 (40 ºC), tempo de

gelatinização médio de 22 min a 280-300 ºC. Em sua composição química, são

observados os ácidos graxos licânico (70 a 80%), linolênico (10 a 12%) e, em

quantidades menores, ácido oleico, palmítico e esteárico (PINTO, 1963). A tabela 3

apresenta mais propriedades para o óleo de oiticica.

Tabela 3 – Características físico-químicas do óleo de oiticica.

Valores Extremos Valores médios

Densidade (a 25 °C)

(a 40 °C)

0,958 a 0,971 g/cm³ 0,960 g/cm³

0,947 a 0,960 g/cm³ 0,953 g/cm³

Refração (a 25 °C)

(a 40 °C)

1,510 a 1,518 1,515

1,504 a 1,512 1,509

Título 45 a 54 °C 52 °C

I. acidez (com) 0,3 a 1,7 mL 1,0 mL

I. saponificação 186 a 203 mgKOH/g 194 mgKOH/g

I. iodo 133 a 152 cg I2 por 100

g 140 cg I2 por 100 g

Insaponificáveis 0,4 a 0,9 % 0,50 %

Tempo de gelatinação

(a 280-300 °C) 18 a 24 min 22 min

Fonte: PINTO, 1963.

O potencial de uso do óleo de oiticica é bem elevado em diversos setores

industriais, como por exemplo, na indústria farmacêutica (produção de cosméticos),

na indústria energética (produção de biodiesel) e na indústria de tintas.

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O óleo de oiticica é largamente utilizado na fabricação de tintas para

automóveis, tintas para impressora e vernizes, devido à sua alta capacidade secativa

(DUQUE, 2004).

Já como fonte de energia renovável, o óleo de oiticica se mostra promissor,

pois seu índice de acidez e ponto de fulgor estão dentro dos padrões estabelecidos

pela ANP para a produção de biodiesel (MELO et al, 2006).

2.3 Obtenção do óleo de oiticica

O óleo de oiticica pode obtido por três tipos de extração independentes, ou

podem ser combinadas entre si para obtenção de um maior rendimento. São eles:

extração mecânica, extração por solvente e extração por destilação.

A extração mecânica é feita por uma prensa que, geralmente, pode ser elétrica

ou hidráulica; é a técnica mais barata. O processo consiste em colocar a amêndoa da

oiticica na prensa previamente configurada para tal finalidade. Na prensa, a oiticica é

esmagada pelo eixo helicoidal da prensa expeller. Nesse processo, também acontece

um aumento da temperatura, variando entre 100 a 120 °C, o que por sua vez é

benéfico, pois ajuda no escoamento do óleo.

A extração por solvente, também chamada de extração química, pode ser

utilizada em conjunto com a extração mecânica ou isoladamente. Em conjunto, essas

técnicas conseguem alcançar um rendimento de 32% de óleo. A técnica de extração

por solvente isolada consiste em colocar a oiticica na presença do hexano (solvente).

Ao entrar em contato com a matéria prima, o solvente realiza a chamada “lavagem”

das células de óleo, fazendo assim a extração. Maiores rendimentos são obtidos

quando a superfície de contato entre o solvente e a matéria é maior e, para isso, é

realizada uma moagem na oiticica. A extração do óleo acontece em duas frentes, na

superfície, onde ocorre uma dissolução, e dentro das células, onde o óleo é extraído

por difusão. Após a extração, é necessário fazer a recuperação do solvente, que pode

ser feita por destilação (SOAREZ, 2006).

O último método é a destilação por arraste de vapor, muito utilizada na indústria

de essências e óleos essenciais. Esta técnica consiste em fazer o vapor passar entre

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a oiticica e “arrastar” o óleo. Após esse processo, a mistura vai para um condensador

e, por último, para um separador. Apresentando duas fases, o óleo é separado e o

processo é finalizado.

2.4 Biodiesel

De acordo com a Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP), o biodiesel é o combustível renovável produzido a partir de óleos vegetais ou

gorduras animais que pode substituir total ou parcialmente o diesel de origem fóssil,

sendo as fontes vegetais mais comuns a soja, o girassol, o babaçu, o amendoim, a

mamona, o dendê, entre outras diversas que vêm sendo estudadas, uma vez que o

Brasil apresenta grande potencial devido à presença de diversas oleaginosas, como

a oiticica, favela, buriti, macaúba, pequi (ANP, 2012; EMBRAPA, 2007).

Quimicamente falando, os biodieseis são ésteres monoalquílicos de ácidos graxos.

Além da substituição do petróleo, uma fonte não renovável de energia, o uso

de biocombustíveis como o biodiesel é bastante vantajoso no quesito ambiental, pois

este, além de gerar créditos de carbonos, sequestra carbono da atmosfera já no

período de plantação, ou seja, o aumento de plantação de oleaginosas contribui para

retirada de carbono do ambiente através da fotossíntese. Os combustíveis gerados a

partir de óleo vegetal não potencializam o efeito estufa e, além disso, reduzem

emissões gasosas de hidrocarbonetos, monóxido de carbono, material particulado,

não apresentam compostos nitrogenados e sulfurados, não são tóxicos e são

biodegradáveis. (PETERSON et al., 2002). A ausência de enxofre em óleos vegetais

é característica bastante apreciada, como explicita PARENTE (2013), pois o enxofre

e os seus derivados, além de serem altamente prejudiciais ao meio ambiente também

são prejudicais aos motores e seus componentes.

O biodiesel pode substituir ou ser adicionado ao diesel comum em diversas

proporções, sendo isso determinante para a redução das emissões: quanto maior for

a proporção de biodiesel no diesel comum, menor será a poluição gerada. Em adição,

o biodiesel pode ser utilizado sem problemas em motores estacionários (geradores,

maquinas que utilizam motores a combustão) e automotores (carros, caminhões,

tratores, etc.)

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VICENTE (2004) enumerou algumas das vantagens do biodiesel, 1) é uma

alternativa para o diesel; 2) é uma fonte renovável de combustível; 3) diminui os males

causados ao meio ambiente; 4) os compostos lançados no meio ambiente pela sua

combustão apresentam menor potencial de agressão; 5) é biodegradável.

Seguindo esse contexto de tantas vantagens e com o interesse evidente na sua

produção, os estudos avançam no sentido de melhorar a qualidade do biodiesel, a

eficiência do processo de obtenção do mesmo e a procura por novas matérias primas

(RAMADHAS et al., 2005).

Na literatura, são encontrados diversos métodos de obtenção de biodiesel a

partir de óleos vegetais, como por exemplo, in natura ou misturado com o diesel,

craqueamento catalítico e transesterificação catalisada. O emprego do óleo in natura

não é recomendado devido à sua elevada viscosidade, o qual causa problemas de

entupimento nos sistemas quando misturado ao óleo diesel mineral e apresenta uma

combustão incompleta (SCHUCHARDT et al., 1998). O craqueamento catalítico não

é muito utilizado, pois este demanda um elevado gasto de energia, o que o torna

economicamente inviável (LIMA et al., 2004). A forma mais utilizada de conversão de

óleo vegetal em biodiesel é a transesterificação catalítica, pois esta é mais viável e,

além da produção de biodiesel com bom rendimento, ainda gera subprodutos com

valor comercial considerável, como a glicerina (RAMADHAS et al., 2005; KHALIL,

2004). A transesterificação é a reação de alcoólise dos triglicerídeos em presença de

catalisadores. A reação é equacionada na figura 3.

Figura 3 – Equação da reação de transesterificação (produção de biodiesel). Fonte:

Autor, 2015.

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A transesterificação é uma reação reversível. A utilização do catalisador, que

pode ser um ácido ou uma base forte, aumenta consideravelmente a velocidade da

reação. O álcool deve ser utilizado em excesso para obtenção de maior rendimento

estequiométrico da reação (SCHUCHARDT et al., 1998). Não são encontrados na

literatura referências indicando se o tipo de álcool afeta a conversão, por isso o tipo

de álcool tem sido escolhido de acordo com os custos e desempenho no processo.

Sendo assim, o metanol tem apresentado a melhor relação custo/benefício para a

indústria, porém etanol, propanol e butanol também são utilizados. Segundo

BRANWAL e SHARMA (2005), as seguintes variáveis alteram o rendimento e a taxa

de reação: temperatura de reação, catalisador, razão molar álcool e óleo, velocidade

de mistura e pureza dos reagentes. Um aumento na conversão de 83% a 92% foi

observado com a relação molar de 1/10 (óleo/metanol), ao se aumentar a temperatura

de reação de 45 para 60 graus centigrados (KARMEE & CHADHA, 2005).

O biodiesel produzido apresenta características peculiares às dos óleos

vegetais que o originaram. Sendo assim, é importante o estudo das propriedades dos

óleos, para se prever e ter conhecimento dessas propriedades físico-químicas

herdadas das cadeias carbônicas (GREGÓRIO & ANDRADE, 2004).

A viscosidade é uma propriedade bastante importante no biodiesel. Ela

aumenta com: o aumento da cadeia e a saturação, com o álcool utilizado (quanto

maior for a cadeia do álcool usado na reação maior será a viscosidade). Os isômeros

cis e trans também alteram a viscosidade, sendo a trans mais viscosa que a cis. Já as

ramificações e número de ligações duplas não influem na viscosidade (KNOTHE,

2005).

O biodiesel apresenta um problemática bastante relevante e que deve ser

observada, que é sua propriedade de escoamento a baixa temperaturas, indicada pelo

ponto de fluidez e ponto de névoa (temperatura na qual os primeiros cristais aparecem

no líquido). À medida que a temperatura diminui, mais sólidos são formados,

ocasionando o entupimento nos filtros e linhas de combustíveis e prejudicando a

combustão. A tendência, com a constante redução da temperatura, é o fluido atingir o

seu ponto de fluidez (temperatura mais baixa que o liquido escoa). Por isso, em alguns

locais de baixa temperatura, se torna inviável a utilização do biodiesel que apresentar

essas características (KNOTHE, 2005).

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2.4.1 Biodiesel de Oiticica

O quadro abaixo mostra as propriedades do biodiesel de oiticica, do óleo diesel

mineral (B100) e do óleo diesel e mistura B2.

Tabela 4 – Propriedades do biodiesel de oiticica e de outros óleos.

Propriedades Método Biodiesel de

Oiticica B100

Óleo diesel e mistura B2

Massa específica a 20 °C (kg/m³)

ASTM D 4052 932,4 - 820 a 880

Viscosidade cinemática a 40 °C (cSt)

ASTM D 445 12,4 - 2,0 a 5,0

Índice de Acidez (mgKOH/g)

ASTM D 664 0,41 < 0,80 -

Fonte: MELO, 2006; ANP, 2004, 2006.

2.5 Propriedades estudadas

2.5.1 Viscosidade

De acordo com WHITE (2011), a viscosidade é uma medida quantitativa da

resistência de um fluido ao escoamento. Mais especificamente, ela determina a taxa

de deformação do fluido que é gerada pela aplicação de uma dada tensão de

cisalhamento. Fluido é definido com uma substância no estado líquido ou gasoso. A

diferenciação entre um fluido e um sólido é baseada na capacidade da substância

resistir a tensão de cisalhamento (ÇENGEL & CIMBALA, 2015), ou seja, na sua

viscosidade.

Existem três tipos de viscosidade: viscosidade absoluta também chamada de

dinâmica, que pode ser expressa em kg/m.s, N.s/m², Pa.s, e poise (equivale a 0,1

Pa.s) sendo esta última uma unidade bastante utilizada; viscosidade cinemática, que

é a razão entre a viscosidade absoluta e a densidade aparente do material, é expressa

em m²/s e stoke (1 stoke = 1 cm²/s); e, por último, a viscosidade aparente, que é

definida como a viscosidade de um fluido não newtoniano, medida em um único ponto

e expressa em poise.

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A viscosidade sofre forte mudança com a variação de temperatura. A variação de

pressão apresenta um efeito moderado sobre a mesma. O aumento da pressão causa

um aumento lento da viscosidade em gases e em certos líquidos. Já o aumento da

temperatura aumenta a viscosidade dos gases, caracterizadas por duas

aproximações que são a lei de potência (equação 1a) e a lei de Sutherland (equação

1b); em que μ0 é a viscosidade conhecida, T0 é a temperatura absoluta e n e S são

constantes para o material (WHITE, 2011).

Contudo, a viscosidade dos líquidos diminui com o aumento da temperatura,

sendo aproximadamente uma relação exponencial, como é demonstrada na equação

2, segundo WHITE (2011), onde μ é a viscosidade, T é a temperatura e a e b são

constantes.

𝜇 ≈ 𝑎𝑒−𝑏𝑇

Ainda segundo WHITE (2011), outro ajuste pode ser obtido, o quadrático entre

o logaritmo da viscosidade e o inverso da temperatura, equação (3), Onde, a, b e c

são constantes.

𝑙𝑛𝜇

𝜇0 ≈ 𝑎 + 𝑏 (

𝑇0

𝑇) + 𝑐 (

𝑇0

𝑇)

2

O fato da viscosidade dos líquidos diminuir com o aumento da temperatura é

efeito do distanciamento das moléculas da substância durante o aquecimento. Esse

distanciamento provoca uma redução nas forças de atração entre as moléculas e,

consequentemente, diminui a viscosidade (GRANJEIRO et al., 2007).

(1a)

(1b)

(2)

(3)

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Para os óleos vegetais, o aumento da viscosidade é observado de acordo com

a presença das cadeias de ácidos graxos dos triacilglicerídios, quanto maior for o

comprimento da cadeia maior será a viscosidade (MORETTO & FETT, 1998). A

presença de ácidos graxos de baixa massa molar torna os óleos menos viscosos que

os óleos que apresentam ácidos graxos com alta massa molar. A temperatura também

é um fator bastante importante, pois, com o aumento da temperatura, a viscosidade

diminui, observando-se um comportamento linear entre a temperatura e o logaritmo

da viscosidade (COSTA, 2006).

A reologia é uma área que observa as propriedades de deformação e

escoamento dos materiais (AKCELRUD, 2007). Os fluidos, quando submetidos a uma

tensão possuem uma certa dificuldade de escoar. Essa tensão, também chamada de

tensão de cisalhamento, a qual é o montante de força aplicada em uma determinado

área do fluido, mostrada na equação 4.

𝜏 = 𝐹 (𝑓𝑜𝑟ç𝑎)

𝐴 (á𝑟𝑒𝑎)= 𝜇

𝑑𝑢

𝑑𝑦

Nesta equação, μ é a viscosidade e du/dy o gradiente de velocidade.

Os fluidos newtonianos são aqueles cuja taxa de deformação apresenta

comportamento proporcionalmente linear à tensão de cisalhamento (ÇENGEL &

CIMBALA, 2015). Em outras palavras, os fluidos newtonianos apresentam viscosidade

constante. São exemplos de fluidos newtonianos: água, ar, gasolina, óleos.

Já os fluidos não newtonianos não apresentam comportamento linear; a relação

observada entre taxa de deformação e tensão de cisalhamento não é

proporcionalmente linear. São divididos em: fluidos dilatantes, nos quais a viscosidade

aparente tende a aumentar com o aumento da taxa de deformação (soluções de amido

ou areia em suspensão); fluidos pseudoplásticos, aqueles em que a viscosidade

aparente diminui com o aumento do cisalhamento (certas tintas, soluções de

polímeros e fluidos com partículas em suspensão); e plástico de Bingham, os quais

apresentam um comportamento semelhante a um solido no começo, porém após a

tensão de cisalhamento atingir o limite de carga este passa a se comportar como fluido

(pasta de dente) (ÇENGEL & CIMBALA, 2015). A figura 4 demostra esse

comportamento.

(4)

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Figura 4 – Variação da tensão de cisalhamento com a taxa de deformação, Fonte:

(ÇENGEL & CIMBALA, 2015).

2.5.2 Densidade

Densidade ou massa especifica é definida como a relação entre a massa e o

volume de um material, geralmente expressa em grama por centímetro cúbico (g/cm³),

mas, no SI (sistema internacional), é expressa em quilograma por metro cúbico

(kg/m³). A densidade evidencia o quanto de material está contido por uma unidade de

volume, auxiliando na caracterização das substâncias. É inversamente proporcional

ao volume; sendo assim, quanto maior a densidade menor será o volume ocupado,

para uma mesma massa da substância.

A densidade é uma propriedade que apresenta variação com a temperatura,

essa variação ocorre nos seguinte termos: quanto maior a temperatura, menor será a

densidade em fluidos (ÇENGEL & GHAJAR, 2012).

Em óleos vegetais, a densidade é caracterizada da seguinte maneira: quanto

menor for o peso molecular dos triglicerídeos, menor será a densidade; e quanto maior

for o grau de insaturação, mais denso será o óleo. De acordo com RIBEIRO e

SERAVALLI (2004), quanto menor o peso molecular maior será o grau de insaturação.

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2.5.3 Índice de acidez

O índice de acidez é a medida quantitativa de hidróxido de potássio (KOH)

necessária para neutralizar os ácidos livres em um grama de óleo, por esse motivo é

geralmente expresso em mgKOH/g. Segundo RIBEIRO e SERAVALLI (2004), esse

parâmetro é alterado pelos seguintes fatores: qualidade, conservação e manuseio da

matéria prima, processamento e pureza do óleo. MORETTO e FETT (1989) explicam

que a acidez não é uma característica constante, ela varia de acordo com o manejo,

a qualidade, e a natureza da matéria prima. Ela é ocasionada dá hidrolise parcial dos

glicerídeos.

A acidez em óleos vegetais é uma importante característica a ser analisada,

pois de acordo com esse parâmetro o óleo pode ser avaliado e definirá seu valor de

mercado e para que esse óleo poderá ser utilizado na indústria química. CHIERICE e

CLARO NETO (2001) revelam que para exportação (mercado internacional) o índice

de acidez deve ser no máximo 3 mgKOH/g.

2.5.4 Índice de saponificação

O índice de saponificação é a medida quantitativa de hidróxido de potássio

(KOH), em miligramas, necessária para saponificar os ácidos graxos hidrolisados em

um grama de óleo. Esse índice é expresso em mgKOH/g, assim como o índice de

acidez. Esse parâmetro está ligado diretamente ao peso molecular do ácido graxo

analisado: quanto menor o peso molecular, maior o índice de saponificação

(MORETTO & FETT, 1989).

O índice de saponificação é considerado um importante parâmetro de

qualidade para óleos vegetais, pois através dele é possível estimar a estabilidade, o

grau de deterioração e, ainda, permite a investigação do grau de confiabilidade do

óleo, em outras palavras, se o óleo está dentro das especificações ou não sofreu

alteração (RIBEIRO & SERAVALLI, 2004).

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Capítulo III

METODOLOGIA

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3 Metodologia

Neste capítulo, serão apresentados os métodos e materiais utilizados para a

realização dos experimentos e a consequente obtenção dos resultados.

3.1 Matéria prima

A matéria prima principal utilizada foi a oiticica, porém em dois tipos. O primeiro

tipo foi a oiticica seca (figura 5). Podemos classificar como oiticica seca aquela que

apresenta aspecto amarelado, casca rigida e sem presença de fruto. Esse tipo

apresenta menor teor de água e passou por um processo secagem natural.

Figura 5 – Oiticica seca. Fonte: Autor, 2015.

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O segundo tipo de oiticica utilizado nos experimentos foi a oiticica verde (figura

6). Esse tipo de oiticica apresenta um aspecto amarronzado graças a uma pequena

quantidade de polpa ainda presente que envolve a casca da semente, por isso,

apresenta um maior teor de água.

Figura 6 – Oiticica verde. Fonte: Autor, 2015.

3.2 Extração do óleo de oiticica

A técnica escolhida para obtenção do óleo de oiticica foi a extração mecânica,

realizada em uma prensa elétrica do tipo expeller (com eixo helicoidal), modelo MPE-

40, da empresa Ecirtec, mostrada na Figura 7. Esse tipo de prensa é bastante utilizada

na extração de óleos vegetais, pois ela, além de apresentar bons rendimentos, é de

fácil manuseio. Essa prensa possui o seguinte esquema de funcionamento: um motor

elétrico faz o eixo girar e, à medida que o eixo gira carrega as sementes, as quais são

esmagadas nos discos, fazendo o óleo jorrar.

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Figura 7 – Prensa modelo MPE-40, utilizada na extração do óleo de oiticica. Fonte:

Autor, 2015.

A montagem da prensa é um aspecto bastante importante, pois, de acordo com

a configuração adotada, tanto pode se obter um maior rendimento na extração, como

não conseguir extrair o óleo. A mudança na configuração fica a cargo dos

espaçadores, pequenos anéis metálicos que determinam o quanto de torta fica presa

entre os discos e, por consequência, faz com que o óleo escorra. Vale salientar que a

configuração muda com o tipo de matéria prima. Na figura 8, é mostrada a montagem

standart dos discos e espaçadores.

Figura 8 – Montagem standart da prensa modelo MPE-40. Fonte: Autor, 2015.

Disco

Espaçadores

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Para o procedimento experimental realizado na extração do óleo da oiticica

seca, a seguinte configuração foi adotada: até o disco de número 5 sem espaçadores,

a partir do 5º disco um espaçador em cada eixo, e entre os discos 11 e 12, dois

espaçadores. A figura 9 ilustra essa configuração.

Figura 9 – Montagem da prensa para extração do óleo de oiticica seca. Fonte: Autor,

2015.

Já para a extração do óleo da oiticica verde, a seguinte configuração foi

utilizada: até o disco 5 sem espaçadores, e, a partir do 5º disco, um espaçador em

cada eixo até o 12º disco. A figura 10 ilustra essa configuração.

Figura 10 – Montagem da prensa para extração do óleo de oiticica verde. Fonte:

Autor, 2015.

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Após a montagem da prensa, foram pesadas 6 kg de oiticica seca e 6 kg de

oiticica verde. Depois da pesagem, iniciou-se a extração. Primeiro, a oiticica seca foi

adicionada aos poucos à prensa. À medida que a oiticica era esmagada, o óleo era

extraído e escorria para a calha coletora, passava por uma peneira para retirada do

bagaço e o óleo era coletado. De semelhante modo, a extração do óleo de ótica verde

foi feita. As figuras 11a e 11b mostra o óleo resultante.

(a) (b)

Figura 11 – (a) Óleo de oiticica seca, (b) Óleo de oiticica verde. Fonte: Autor, 2015.

3.2.1 Filtração do óleo de oiticica

A separação do óleo de oiticica das impurezas ocorreu em três etapas. Na

primeira etapa, na própria extração, foi adicionada uma peneira comum ao erlenmeyer

coletor para a separação do óleo e resíduos de torta que passavam pelo coletor. A

segunda etapa foi a decantação: após a extração, o óleo, que é fotossensível, foi

estocado em um erlenmeyer em um ambiente escuro, para decantar o máximo de pó

possível gerado na extração. A terceira etapa foi uma filtração propriamente dita,

utilizando-se um sistema montado com os equipamentos mostrados na figura 12.

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(a) (b)

(c) (d)

Figura 12 – (a) Sistema de filtragem desmontado, filtro, manômetro; (b) compressor;

(c) sistema montado no suporte e ligado ao compressor; (d) sistema em

funcionamento. Fonte: Autor, 2015.

O sistema foi montado para obter máxima eficácia na filtração. Acima e abaixo

do filtro metálico, foram adicionados papeis de filtro. O compressor foi utilizado para

aumentar a pressão no sistema para facilitar a passagem do óleo, contudo a pressão,

monitorada em todo processo através do manômetro, não podia passar de 0,5 bar,

pois pressões mais elevadas rompiam o papel de filtro. O procedimento era simples e

consistia em adicionar o óleo a ser filtrado no sistema, vedar bem a tampa, ligar o

compressor e obter o óleo filtrado. Em seguida, o óleo filtrado foi engarrafado e

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38

devidamente etiquetado. Esse procedimento e sistema foram utilizados tanto para o

óleo de oiticica seca quanto para o óleo de oiticica verde.

3.3 Viscosidade

O procedimento para análise da viscosidade foi realizado em um reômetro

Brookfield Viscometer, da empresa Brookfield Engineering Labs, acoplado a um

banho termostático e a um computador, como mostrado na figura 13.

Figura 13 – Equipamentos utilizados para análise da viscosidade, da esquerda para

direita: computador, reômetro, banho termostático. Fonte: Autor, 2015.

A viscosidade, para os dois óleos, foi analisada nas temperaturas de 20, 25,

40, 50, 60 e 75 °C. O procedimento experimental consistia em montar o equipamento

nas seguintes etapas: primeiro o spin (responsável por provocar o deslocamento do

fluido no equipamento) devidamente limpo foi conectado; depois, o recipiente foi

preenchido com óleo pela metade para não transbordar; por último, o equipamento foi

devidamente travado. Com o equipamento devidamente montado, a temperatura do

banho termostático era ajustada para o valor desejado. Vale salientar que a leitura

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39

não começava de imediato, pois era necessário aguardar um tempo para haver a troca

de calor necessária entre a jaqueta e o óleo para, assim, o óleo chegar à temperatura

desejada. Após as etapas anteriores, eram feitas as leituras no computador através

do software Rheo v2.7. Para as temperaturas de 20 a 60 °C foi utilizado o bloco CSS,

o qual corresponde, no programa, a uma viscosidade mais elevada. Já para a

temperatura de 75 °C, foi utilizado o bloco CSR que, no programa, corresponde a uma

menor viscosidade.

3.4 Densidade

As densidades do óleo de oiticica seca e do óleo de oiticica verde foram

medidas utilizando um densímetro modelo DMA 4500 M da Anton Paar (figura 14),

nas seguintes temperaturas: 20, 25, 40, 50, 60 e 75 °C. A exemplo do reômetro,

visando obter maior de precisão, foi necessário aguardar um período de tempo para

a temperatura estabilizar. O procedimento experimental consistia em tomar, uma

seringa, de 5 mL da amostra e injetar no densímetro, previamente configurado, e

aguardar a leitura. Após a realização de cada leitura, a amostra era retirada para a

limpeza do capilar do densímetro com solução de hexano, acetona e uma solução de

limpeza composta por álcool e água, para não haver interferências nas outras leituras.

Figura 14 – Densímetro DMA 4500 M Anton Paar. Fonte: Autor, 2015.

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40

3.5 Índice de acidez

O material utilizado para determinação do índice de acidez foi o seguinte:

Bureta de 25 mL

Erlenmeyer de 125 mL

Balança

Agitador

Conta-gotas

Reagentes utilizados:

Solução de éter – álcool etílico (2:1) neutra

Solução de hidróxido de sódio 0,1 N

Solução alcoólica de fenolftaleína 1%

Os reagentes utilizados foram previamente preparados. O procedimento

experimental seguiu as seguintes etapas: primeiro, no erlenmeyer de 125 mL, foram

adicionados 25 mL de solução de éter – álcool etílico (2:1) neutra e 2 gramas de

amostra do óleo previamente pesado; depois, foi realizada uma agitação para

dissolução do óleo; em seguida, foram adicionadas 2 gotas de fenolftaleína. A bureta

foi preenchida com a solução de NaOH 0,1 N e a titulação foi iniciada até que a

amostra adquirisse coloração rósea. Então, o volume de NaOH gasto na titulação era

anotado. Foram feitas três titulações para cada tipo de óleo. O índice de acidez é

calculado pela equação (5) e é expresso em mgKOH/g de óleo. Esse procedimento

foi baseado nos estudos de MORETTO e FETT (1989).

𝐼𝐴𝐶 =5,61 ∗ 𝑓𝑐 ∗ 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻

𝑚ó𝑙𝑒𝑜

Na equação (5), IAC é o índice de acidez (mg de KOH/g de óleo), VNaOH é o

volume de NaOH gasto na titulação (mL), fc é o fator de correção da solução igual a

0,9770, 5,61 é o equivalente-grama do KOH, e móleo é a massa da amostra (g).

(5)

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41

3.6 Índice de saponificação

O material utilizado para determinação do índice de saponificação foi o seguinte:

Bureta de 25 mL

Erlenmeyer 125 mL

Água para sistema de refrigeração

Agitador

Conta-gotas

Balança

Reagente utilizados:

Solução alcoólica de KOH 4%

Solução alcoólica de fenolftaleína 1%

Ácido clorídrico (HCl) 0,5 N

Os reagentes foram previamente preparados para utilização no experimento. O

procedimento experimental seguiu as seguintes etapas: foram pesados 2 gramas de

amostra de óleo, depois adicionados, juntamente com a solução alcoólica de de KOH

4%, ao erlenmeyer, conectado a um sistema de refrigeração; em seguida a solução

foi aquecida até uma ebulição branda. Ao chegar ao ponto desejado, foram

adicionadas duas gotas de fenolftaleína, deixando a solução com uma coloração

rósea. Logo após, foi iniciada a titulação utilizando o ácido clorídrico até que a solução

se tornasse incolor. Esse procedimento foi realizado três vezes para cada tipo de óleo

e também uma prova branca foi feita. O índice de saponificação expresso em

mgKOH/g de óleo foi calculado seguindo a equação 6. Esse procedimento foi baseado

nos estudos de MORETTO e FETT (1989).

𝐼𝑆 =(𝑉𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜 − 𝑉𝐻𝐶𝑙) ∗ 𝑓𝑐 ∗ 28

𝑚ó𝑙𝑒𝑜

Nesta equação, IS é o índice de saponificação (mg de KOH/g de óleo), VBranco

é o volume de HCl gasto na prova branca (mL), VHCl é o volume de HCl gasto na

titulação (mL), fc é o fator de correção da solução igual a 1,0127, e móleo é a massa da

amostra (g).

(6)

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42

Capítulo IV

RESULTADOS E DISCUSSÕES

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43

4 Resultados e Discussões

4.1 Rendimento da extração

O rendimento da extração do óleo de oiticica foi calculado pela equação 7 e

usando os dados da tabela 5, os quais foram obtidos através da pesagem em balança

após a prensagem.

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝑚𝑜𝑙é𝑜

𝑚𝑜𝑖𝑡𝑖𝑐𝑖𝑐𝑎∗ 100%

Na equação, móleo é igual a massa do óleo obtido na extração e moiticica é a

massa inicial de oiticica utilizada no processo de prensagem.

Tabela 5 - Dados experimentais da extração obtidos da prensagem.

Oiticica Seca Oiticica Verde

Massa Oiticica 6000,3 gramas Massa Oiticica 6000,7 gramas

Massa de Óleo 1103,3 gramas Massa de Óleo 1084,0 gramas

Fonte: Autor, 2015

Cálculo do rendimento:

Oiticica seca;

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 1103,3

6000,3∗ 100% = 18,39%

Oiticica verde;

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 1084,0

6000,7∗ 100% = 18,06%

Como demonstram os resultados acima, o maior rendimento foi obtido para

oiticica seca, pois houve uma maior quantidade de óleo para esse tipo. Foi observado

que, durante a extração com oiticica verde, a torta seca deixava a prensa com um

(7)

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44

aspecto mais brilhoso, o que permite inferir que essa torta ainda continha certa

quantidade de óleo, que poderia posteriormente ser obtida através de uma extração

por solvente, assim aumentando o rendimento para a oiticica verde. Como foi citado

anteriormente, o rendimento depende também da qualidade da matéria prima, do

modo de armazenamento e da configuração da prensa.

4.2 Viscosidade

Os dados das análises reológicas foram obtidos conforme descrito na

metodologia.

Os comportamentos reológicos da tensão de cisalhamento (Pascal) em função

da taxa de cisalhamento (1/s, s-1) são mostrados na figura 15 para óleo de oiticica

seca e na figura 16 para óleo da verde, nas temperaturas estudadas.

Figura 15 – Gráfico tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento, óleo de oiticica

seca. Fonte: Autor, 2015

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750 3000 3250 3500 3750

Ten

são

de

Cis

alh

ame

nto

(P

a)

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Comportamento Reológico - Óleo de Oiticica Seca

20 °C

25 °C

40 °C

50 °C

60 °C

75 °C

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45

Figura 16 – Gráfico tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento, óleo de oiticica

verde. Fonte: Autor, 2015

De acordo com os dados obtidos, pode-se dizer que os óleos de oiticica seca e

verde são fluidos newtonianos, pois apresentam comportamento linear e partem da

origem, ou seja, a taxa de cisalhamento é diretamente proporcional às tensões

cisalhantes aplicadas, para todas as temperaturas medidas e para ambos os óleos.

Adicionalmente, as figuras 15 e 16 apresentam o comportamento para fluido

newtoniano descrito na figura 4, que se encontra no Capítulo II deste trabalho.

A partir da análise reológica é possível obter o valor da viscosidade, pois esse

parâmetro é a constante de proporcionalidade μ, contida na equação 4. A tabela 6

mostra os valores das viscosidades obtidas para os dois tipos de óleo (oiticica seca e

verde) nas temperaturas estudadas, e também o coeficiente de correlação (R).

A viscosidade é um parâmetro bastante importante para análise, uma vez que

o biodiesel possui as propriedades do óleo vegetal que lhe deu origem. Valores

elevados de viscosidade do óleo podem acarretar problemas nos motores (LÔBO et

al., 2009).

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750 3000 3250 3500 3750

Ten

são

de

Cis

alh

ame

nto

(P

a)

Taxa de Cisalhamento (s-1)

Comportamento Reológico - Óleo de Oiticica Verde

20 °C

25 °C

40 °C

50 °C

60 °C

75 °C

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46

Tabela 6 - Valores de viscosidade dinâmica para os óleos de oiticica seca e verde.

Oiticica Seca Oiticica Verde

Temperatura

(°C)

Viscosidade

(Pa.s)

Coeficiente

de correlação

Temperatura

(°C)

Viscosidade

(Pa.s)

Coeficiente

de correlação

20 0,5422 0,99996 20 0,4666 0,99994

25 0,3787 0,99982 25 0,3313 0,99992

40 0,1436 0,99990 40 0,1332 0,99987

50 0,0867 0,99978 50 0,0819 0,99974

60 0,0569 0,99956 60 0,0539 0,99953

75 0,034 0,99893 75 0,0326 0,99848

Fonte: Autor, 2015

Como era esperado, a viscosidade dinâmica, medida em Pa.s, apresentou um

decréscimo com o aumento da temperatura. Isso ocorre porque há um distanciamento

das moléculas dos óleos, o que provoca, por consequência, um enfraquecimento nas

forças de atração entre elas, tornando o fluido menos viscoso. Entre os óleos

analisados, o óleo da oiticica seca é um pouco mais viscoso que o óleo da oiticica

verde. Esse valor de viscosidade pode ser consequência dos ácidos saturados com

cerca de 18 átomos de carbono e da capacidade do óleo de formar polímeros em

contato com o ar. A partir dos dados da tabela, foram construídos dois gráficos

viscosidade x temperatura, um para o óleo de oiticica seca e o outro para o óleo de

oiticica verde, os quais são mostrados nas figuras 17 e 18, respectivamente,

evidenciando o comportamento descrito.

Figura 17 – Gráfico Viscosidade x Temperatura, óleo de oiticica seca. Fonte: Autor,

2015

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0 10 20 30 40 50 60 70 80Vis

cosi

dad

e D

inâm

ica

(Pa.

s)

Temperatura (°C)

Viscosidade x Temperatura

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47

Figura 18 – Gráfico Viscosidade x Temperatura, óleo de oiticica verde. Fonte: Autor,

2015

As figuras 17 e 18 demonstram o comportamento exponencial, citado por

WHITE (2011), para a viscosidade em relação a temperatura.

Daí, como COSTA (2006) descreve, o logaritmo da viscosidade é linear e

inversamente proporcional à temperatura. A figura 19 demonstra esse

comportamento, e o coeficiente de correlação (R) está próximo a unidade, o que prova

que o ajuste é valido.

Figura 19 – Gráfico Logaritmo da Viscosidade x Temperatura, óleos de oiticica seca

e verde. Fonte: Autor, 2015

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 10 20 30 40 50 60 70 80Vis

cosi

dad

e D

inâm

ica

(Pa.

s)

Temperatura (°C)

Viscosidade x Temperatura

R² = 0,9808

R² = 0,9833

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Loga

ritm

o d

a V

isco

sid

ade

(Pa.

s)

Temperatura (°C)

Logaritmo da Viscosidade x Temperatura

Oiticica Seca

Oiticica Verde

Linear (Oiticica Seca)

Linear (Oiticica Verde)

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48

4.3 Densidade

As densidades dos óleos de oiticica verde e seca foram obtidos em um

densímetro, com o procedimento descrito na metodologia, Capítulo III desse estudo,

para cada temperatura estudada. Em adição, também foram coletados o API e peso

especifico, parâmetros possíveis de se obter com o densímetro utilizado nos

experimentos. Os dados obtidos são mostrados na tabela 7.

Tabela 7 – Valores de densidade, API e peso específico para os óleos de oiticica seca

e verde.

Oiticica Seca Oiticica Verde

Temperatura

(°C)

Densidade

(g/cm³)

API

(-)

Peso

Específico

Temperatura

(°C)

Densidade

(g/cm³)

API

(-)

Peso

Específico

20,03 0,96848 14,46 0,97023 19,99 0,96769 14,58 0,96943

25,00 0,96507 14,50 0,96793 25,01 0,96421 14,63 0,96708

40,00 0,95431 14,68 0,96180 40,00 0,95385 14,75 0,96134

50,00 0,94739 14,76 0,95887 50,00 0,94696 14,82 0,95843

60,00 0,94056 14,82 0,95664 60,00 0,94011 14,88 0,95618

74,98 0,93043 14,88 0,95444 74,98 0,92995 14,96 0,95394

Fonte: Autor, 2015

Com os dados da tabela, foi construído um gráfico (figura 20) relacionando a

densidade e a temperatura.

Figura 20 – Gráfico Densidade x Temperatura, óleos de oiticica seca e verde. Fonte:

Autor, 2015

R² = 0,9999

R² = 1

0,92

0,93

0,94

0,95

0,96

0,97

0,98

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Den

sid

ade

(g/c

m³)

Temperatura (°C)

Densidade x Temperatura

Oiticica Seca

Oiticica Verde

Linear (Oiticica Seca)

Linear (OiticicaVerde)

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49

Com analise do gráfico, é possível saber que a temperatura e a densidade

apresentam uma relação linear, tanto para o óleo de oiticica seca quanto para o óleo

de oiticica verde, com os valores de R muito próximo ou igual à unidade. Quanto maior

a temperatura, menor à densidade, relação semelhante à da viscosidade com a

temperatura. Isso ocorre, pois, com o aumento da temperatura as forças de atração

entre as moléculas do óleo são enfraquecidas, provocando uma expansão e

consequente aumento de volume, como a densidade é inversamente proporcional ao

volume essa diminui. A análise entre os dois óleos permite dizer que o óleo da oiticica

seca é ligeiramente mais denso que o óleo da oiticica verde. Ao comparar os valores

para as temperatura de 20 e 40 °C com os valores em igual temperatura obtidos por

PINTO (1963), é constatado que os valores são coincidentes, ficando dentro da faixa

da literatura.

4.4 Índice de acidez

O índice de acidez foi obtido experimentalmente através de uma titulação, como

descrito na metodologia. Os seguintes resultados para os óleos de oiticica seca e

verde são mostrados na Tabela 8. O procedimento experimental foi realizado em

triplicata, para maior precisão dos dados.

Tabela 8 - Resultados da titulação para determinação do índice de acidez para os

óleos de oiticica seca e verde.

Oiticica Seca Oiticica Verde

Amostra Massa de

óleo (g)

Volume NaOH

(mL) Amostra

Massa de

óleo (g)

Volume NaOH

(mL)

A1 2,0215 1,7 A4 2,0208 0,5

A2 2,0135 1,8 A5 2,0083 0,6

A3 2,0118 0,9 A6 2,0051 0,6

Fonte: Autor, 2015

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50

Utilizando a equação 5, o índice de acidez foi calculado como mostrado a seguir

para as amostras do óleo de oiticica seca:

A1

𝐼𝐴𝐶 =5,61 ∗ 𝑓𝑐 ∗ 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

5,61 ∗ 0,9770 ∗ 1,7

2,0215= 4,6093

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

A2

𝐼𝐴𝐶 =5,61 ∗ 𝑓𝑐 ∗ 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

5,61 ∗ 0,9770 ∗ 1,8

2,0135= 4,9

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

A3

𝐼𝐴𝐶 =5,61 ∗ 𝑓𝑐 ∗ 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

5,61 ∗ 0,9770 ∗ 0,9

2,0118= 2,452

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

De semelhante modo, foram calculados os índices de acidez para o óleo de

oiticica verde;

A4

𝐼𝐴𝐶 =5,61 ∗ 𝑓𝑐 ∗ 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

5,61 ∗ 0,9770 ∗ 0,5

2,0208= 1,3561

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

A5

𝐼𝐴𝐶 =5,61 ∗ 𝑓𝑐 ∗ 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

5,61 ∗ 0,9770 ∗ 0,6

2,0083= 1,6375

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

A6

𝐼𝐴𝐶 =5,61 ∗ 𝑓𝑐 ∗ 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

5,61 ∗ 0,9770 ∗ 0,6

2,0051= 1,6401

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

PINTO (1963) mediu quantitativamente o índice de acidez pelo volume de base

gasto na titulação. Segundo a tabela 3, mostrada no Capítulo II, os valores da tabela

mostram volumes gastos entre 0,3 a 1,7 mL, o que condiz com os experimentos

realizados, pelos quais os resultados, em média (óleo de oiticica seca: �̅� = 1,47 𝑚𝐿,

óleo de oiticica verde: �̅� = 0,57 𝑚𝐿), ficaram dentro da faixa estabelecida por PINTO.

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51

O índice de acidez é um parâmetro bastante importante, pois ele determinará

se será necessária a utilização do processo de neutralização, que onera ainda mais o

processo de fabricação do biodiesel, para que a etapa de neutralização do óleo

vegetal seja evitada, este terá que apresentar índice de acidez menor ou igual a 1

mgKOH/g. No caso estudado, o óleo de oiticica seca ficou, em média, com 3,9871

mgKOH/g e óleo de oiticica verde ficou em média com 1,5446 mgKOH/g. Ambos

teriam que passar pelo processo de neutralização para a produção do biodiesel,

contudo esse parâmetro pode variar de acordo com a matéria prima e o manejo, então

alguns estudos podem ser feitos no sentido de reduzir esse índice.

4.5 Índice de saponificação

O índice de saponificação foi obtido experimentalmente através da técnica

descrita na metodologia contida no Capítulo III. Os seguintes resultados para o óleos

de oiticica seca e verde são mostrados na tabela 9. O procedimento experimental foi

realizado em triplicata para maior precisão dos dados.

Tabela 9 - Resultados dos experimentos para determinação dos índices de

saponificação para os óleos de oiticica seca e verde.

Oiticica Seca Oiticica Verde

Amostra Massa de

Óleo (g)

Volume de

HCl (mL) Amostra

Massa de

Óleo (g)

Volume de

HCl (mL)

S1 2,0135 10,4 S4 2,0180 9,2

S2 2,0174 9,8 S5 2,0114 9,7

S3 2,0165 9,3 S6 2,0115 9,9

Branco

Volume HCl (mL) 23,8

Fonte: Autor, 2015

Utilizando a equação 6, o índice de saponificação foi calculado como mostrado

a seguir para as amostras do óleo de oiticica seca:

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52

S1

𝐼𝑆 =(𝑉𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜 − 𝑉𝐻𝐶𝑙) ∗ 𝑓𝑐 ∗ 28

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

(23,8 − 10,4) ∗ 1,0127 ∗ 28

2,0135= 188,7087

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

S2

𝐼𝑆 =(𝑉𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜 − 𝑉𝐻𝐶𝑙) ∗ 𝑓𝑐 ∗ 28

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

(23,8 − 9,8) ∗ 1,0127 ∗ 28

2,0174= 196,7772

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

S3

𝐼𝑆 =(𝑉𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜 − 𝑉𝐻𝐶𝑙) ∗ 𝑓𝑐 ∗ 28

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

(23,8 − 9,3) ∗ 1,0127 ∗ 28

2,0165= 203,8960

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

De semelhante modo foram calculados os índices de saponificação para o óleo

de oiticica verde;

S4

𝐼𝑆 =(𝑉𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜 − 𝑉𝐻𝐶𝑙) ∗ 𝑓𝑐 ∗ 28

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

(23,8 − 9,2) ∗ 1,0127 ∗ 28

2,0180= 205,1495

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

S5

𝐼𝑆 =(𝑉𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜 − 𝑉𝐻𝐶𝑙) ∗ 𝑓𝑐 ∗ 28

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

(23,8 − 9,7) ∗ 1,0127 ∗ 28

2,0114= 198,774

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

S6

𝐼𝑆 =(𝑉𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜 − 𝑉𝐻𝐶𝑙) ∗ 𝑓𝑐 ∗ 28

𝑚ó𝑙𝑒𝑜=

(23,8 − 9,9) ∗ 1,0127 ∗ 28

2,0115= 195,9447

𝑚𝑔𝐾𝑂𝐻

𝑔

O índice de saponificação medido por PINTO (1963) ficou entre 186 a 203

mgKOH/g, em média, os resultados encontrados nesse trabalho foram: 196,4606

mgKOH/g para o óleo de oiticica seca e 199,9561 mgKOH/g para o óleo de oiticica

verde. Com isso, fica evidenciado que os resultados obtidos nesse experimento

condizem com os expressos por aquele autor. De semelhante modo ao índice de

acidez, o índice de saponificação é bastante importante, pois, de acordo com essa

análise quantitativa, podem ser evitados custos para indústria. No caso específico da

formação do biodiesel, a reação de saponificação pode concorrer diretamente com a

reação de transesterificação, diminuindo assim o rendimento da produção do

biodiesel.

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Capítulo V

CONCLUSÃO

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5 Conclusão

A Licania rigida Benth mais conhecida como oiticica historicamente vem

contribuindo com o homem do semiárido do nordeste brasileiro, sendo empregada

desde o início da sua exploração na indústria de sabão e na utilização como remédio

caseiro através do chá de suas folhas, contudo esse paradigma vem sendo quebrado

e o óleo de oiticica começa a ser estudado e explorado como bioenergia, sendo um

dos precursores do biodiesel, e por consequência a oiticica se torna um agente eficaz

na ajuda pela busca de um ambiente saudável e sustentável.

Segundo os dados analisados, a oiticica apresenta um bom rendimento de óleo

na extração, podendo alcançar patamares maiores se os tipos de extrações forem

utilizadas em conjunto, a oiticica seca apresentou um rendimento um pouco maior em

relação a oiticica verde, porém a torta apresentada pela oiticica verde continha óleo o

que a permitiria passar pelo processo de extração química com solvente aumentando

seu rendimento, por outro lado, a torta da oiticica seca saiu esfarelada e com um

menor teor de óleo.

Os parâmetros físico e químicos foram obtidos utilizando equipamentos e

métodos bastantes confiáveis e traduzem a confiabilidade do óleo cru, ou seja, aquele

óleo que não passou por nenhum tratamento, então de acordo com os dados obtidos

é possível inferir que: o óleo de oiticica seca é mais viscoso e mais denso que o óleo

de oiticica verde, então para produção de biodiesel é melhor o óleo de oiticica verde,

por ser menos viscoso e denso pode evitar problemas como entupimento e

funcionamento incorreto dos motores. Adicionalmente foi analisado também através

da curva que em lugares mais frios com temperaturas menores que 20 °C o óleo de

oiticica pode não corresponder bem, pois esse será bastante viscoso e denso. A

análise reológica revelou que os dois óleos são fluidos newtonianos e que em

condições normais não precisam de um agente externo para escoar.

Os índices de acidez e de saponificação obtidos foram bastantes satisfatórios,

ficando na faixa da literatura, que apesar de antiga (1963) continua válida. O óleo da

oiticica seca apresentou índice de acidez maior que o óleo da oiticica verde, porém

ambos precisam passar por uma etapa de neutralização, ou seja, uma etapa de pré-

tratamento para que o índice de acidez chegue a 1 mg KOH/g que é a quantidade

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recomendada, o que na produção de biodiesel torna o processo mais caro e gera uma

maior quantidade resíduo.

Todavia, o índice de saponificação do óleo de oiticica verde foi um pouco maior

que o da oiticica seca, esse parâmetro é importante para o rendimento na produção

do biodiesel e na qualidade do óleo, uma vez que a reação de saponificação pode

concorrer com a reação de formação do biodiesel.

Para finalizar, ambos os óleos estão de acordo com a literatura, como foi já foi

discutido ao longo do estudo, algumas alterações nesses parâmetros podem ocorrer

com o tipo de matéria prima, a safra, a estocagem, o manejo e a produção. Então

mais estudos devem ser feitos nesse sentido para se obter o máximo de pureza e

qualidade.

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Capítulo VI

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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