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Fundação Técnico Educacional Souza Marques
Escola de Medicina Souza Marques
PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM
ACADÊMICOS DE MEDICINA DO TERCEIRO ANO DA
FUNDAÇÃO TÉCNICO EDUCACIONAL SOUZA MARQUES
Aluísio Almeida Pinto
Rio de Janeiro, 2008
PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM
ACADÊMICOS DE MEDICINA DO TERCEIRO ANO DA
FUNDAÇÃO TÉCNICO EDUCACIONAL SOUZA MARQUES
Monografia apresentada a Disciplina de
Tutoria da Escola de Medicina Souza
Marques, como parte dos requisitos
necessários para a aprovação nessa
disciplina.
Rio de Janeiro, 2008
FICHA CATALOGRÁFICA
P Pinto, Aluísio Almeida.
Prevalência de sinais e sintomas depressivos em
acadêmicos de medicina do terceiro ano da Fundação Técnico
Educacional Souza Marques / Aluísio Almeida Pinto. – 2008.
44 f.
Monografia (Iniciação Científica) – Escola de
Medicina Souza Marques, Rio de Janeiro, 2008.
Orientadora: Jemima Fuentes.
1. Estudantes de medicina – Psicologia. 2. Depressão.
3. Transtornos mentais. 4.Escola de Medicina Souza Marques.
I. Título
CDD 610.7
ORIENTADORA
Profª. Jemima Fuentes
Mestre em Morfologia e Professora Assistente da disciplina de Morfologia
Funcional da Escola de Medicina Souza Marques
Orientadora do Programa de Tutoria da Escola de Medicina Souza Marques
Monografia apresentada a Disciplina de
Tutoria da Escola de Medicina Souza
Marques, como parte dos requisitos
necessários para a aprovação nessa
disciplina.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho de monografia que é parte dos requisitos necessários para a
aprovação na disciplina de tutoria, aos meus Pais, Jorge Alves Pinto e Maria Gonçalves
de Almeida Pinto, aos meus irmãos, Rafael Almeida Pinto, Paula de Almeida Pinto e
Lígia Almeida Pinto, a todos meus primos, meus tios e aos meus avós Joaquim, Dalíce
e também em memória aos meus avós Manoel e Maria que estão torcendo pelo meu
sucesso por onde quer que estejam.
Àqueles meus verdadeiros amigos que me desejaram prosperidade em minha
caminhada e que não me abandonaram quando mais precisei.
Aos meus colegas de turma e em especial ao grupo da tutoria que manteve a
força através da união por todo este ano de encontro.
Aos professores que tiveram participação direta na elaboração deste trabalho:
Jemima Fuentes, Mauricio Peres e Bruno Pascale.
ii
AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço á Deus, pois sem a fé que tenho nele, eu nada seria!
Considerando esta monografia como resultado de uma caminhada que não
começou na Faculdade Souza Marques, agradecer pode não ser tarefa fácil, nem justa.
Para não correr o risco da injustiça, agradeço de antemão a todos que de alguma forma
passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje. E
agradeço, particularmente, a algumas pessoas pela contribuição direta na construção
deste trabalho:
Pessoas especiais como meus pais e meus irmãos foram de fundamental
importância para que eu conseguisse desenvolver cada mínimo detalhe da pesquisa,
souberam me consolar e incentivar na hora certa, me estimulando o suficiente para dar
um passo a mais na minha carreira acadêmica. Aos meus familiares, como um todo, que
não mediram esforços para me ajudar a chegar onde estou, em especial, a minha tia
Gisleide que se empenhou a montar o questionário utilizado como ferramenta para
pesquisa.
À professora Jemima Fuentes, pela discussão teórica na disciplina, avaliação que
subsidiou novas reflexões e construções em minha prática pedagógica. Por ter sido
companheira na orientação desta monografia, na realização dos trabalhos apresentados
a partir dela e nas recorrentes "discussões" que travávamos dentro e fora das salas de
aula. Pelo companheirismo que se construiu para além dos espaços da faculdade. Ao
professor Bruno Pascale Cammarota, pelo estímulo acadêmico e pela valorização
cultural que atribui ao processo pedagógico. Por me mostrar na prática que, nós alunos,
nos desenvolvemos mais e melhor quando somos valorizados.
Aos meus grandes amigos que estão distantes e os que encontrei na Faculdade,
pelo incentivo que me deram durante todo o trabalho, tanto nesta pesquisa quanto no
nosso cotidiano, ajudando indireta e diretamente. E também aos acadêmicos
pesquisados, pela atenção e contribuição para os resultados obtidos neste trabalho.
iii
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... iv
LISTA DE FIGURAS E TABELAS ............................................................................ v
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 6
LITERATURA ...........................................................................................................10
MATERIAL E MÉTODOS .........................................................................................24
RESULTADOS ..........................................................................................................27
COMENTÁRIOS ........................................................................................................29
CONCLUSÕES ..........................................................................................................34
RESUMO ...................................................................................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................40
ANEXOS ....................................................................................................................45
iv
LISTA DE ABREVIATURAS
ISRS - inibidores seletivos da recaptação de serotonina.
CID-10 - Classificação Internacional das Doenças.
DSM-IV - Manual Diagnóstivo e Estatístico de Transtornos Mentais.
v
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Tabela 1. Diferenciação dos tipos de depressão..............................................................11
Figura 1: Prevalência da Sintomatologia Depressiva entre Acadêmicos do Terceiro Ano
do Curso de Medicina da Fundação Técnico Educacional Souza Marques Através do
Inventário de Depressão de Gisleide...............................................................................26
6
INTRODUÇÃO
7
INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade (500 a. C. – 100 d. C.) os gregos já partilhavam a idéia
moderna de que as doenças da mente estão conectadas de algum modo à disfunção
corporal. A prática médica grega era baseada na teoria dos quatro humores, que
considerava o temperamento como conseqüência dos quatro fluidos corporais: fleuma, bile
amarela, sangue e bile negra. A depressão foi por muito tempo ligada a um excesso de bile
negra, que é fria e seca. Entretanto, essa substância não foi encontrada até hoje no ser
humano. A teoria dos humores foi um marco na história, pois consistiu na substituição da
mitologia pela biologia e na adoção de um modelo de observação clínica. Hipócrates, no
século V antes de Cristo, já conhecia e definia a depressão com a denominação de
melancolia: “uma afecção sem febre, na qual o espírito triste permanece sem razão fixado
em uma mesma idéia, constantemente abatido [...]”22
.
A depressão, ainda denominada melancolia, era uma doença especialmente nociva,
uma vez que o desespero do melancólico sugeria não estar ele embebido de alegria ante o
conhecimento certo do amor e da misericórdia divinos. A melancolia era considerada um
afastamento de tudo o que era sagrado. Foi nessa época, século V, que a depressão foi
denominada por Cassiano apud Solomon como: O demônio do meio-dia. Segundo
Cassiano, outros pecados podem assolar a noite, mas esse, audacioso, consome dia e noite.
O tratamento para esses casos sem esperança era colocar o melancólico para fazer trabalhos
manuais e abandoná-lo, longe de todos22
.
Até 1960, quando a sua ocorrência na infância e na adolescência começou a ser
pesquisada, os transtornos de humor eram compreendidos como uma condição rara nesta
faixa etária. Atualmente, é relacionada como a quarta causa mundial de deficiência e o
segundo lugar na faixa etária compreendida entre 15 a 44 anos, podendo se tornar um
problema crônico ou recorrente que impossibilite ao sujeito cuidar de si mesmo e de suas
atividades diárias³. As estatísticas da Organização Mundial de Saúde resultam em dados
alarmantes que estimam para as próximas duas décadas um aumento tão vertiginoso para o
número de novos deprimidos que em 2020 a depressão representará a segunda afecção que
mais perpassará os anos de vida útil da população mundial, podendo mesmo até ultrapassar
o número de afetados por doenças cardiovasculares7.
8
A depressão é uma doença de expressão clínica complexa que faz com que o
indivíduo sofra de humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida levando
a fatigabilidade aumentada e atividade diminuída, concentração e atenção reduzidas, auto-
estima e autoconfiança reduzidas, idéias de culpa e inutilidade (mesmo em um tipo leve de
episódio), visões desoladas e pessimistas do futuro, idéias ou atos autolesivos ou suicídio,
sono perturbado, apetite diminuído ou aumentado21
. Sofrer de depressão significa não
conseguir desfrutar os prazeres normais da vida, experimentar sentimentos persistentes de
inadequação, tristeza profunda, irritação, desamparo e pessimismo exagerado. Além disso,
uma pessoa acometida de depressão revela dificuldade de desempenho cognitivo,
notadamente de memória, concentração e raciocínio¹.
Do ponto de vista somático, os deprimidos queixam-se de diminuição da libido,
insônia, inapetência ou aumento do apetite, obstipação, perda ou aumento do peso, cansaço,
cefaléia, dor nos membros, lombalgia, dor precordial, eructações e falta de ar, mascarando
o diagnóstico de depressão¹. Esta doença pode ser considerada um dos transtornos
principais da nossa época, pois afeta uma em cada cinco pessoas em algum momento de
suas vidas³.
Existe diferentes estressores ao longo de um curso universitário, dependendo do
nível em que se encontre o aluno, e esses fatores podem influenciar a prevalência de
depressão entre os estudantes4. A Faculdade de Medicina é descrita como uma fonte de
estresse para os estudantes, que relatam, principalmente, perda da liberdade pessoal,
excesso de pressões acadêmicas e sentimentos de desumanização. Queixam-se, também, da
falta de tempo para o lazer e da forte competição existente entre os colegas².
No curso de medicina, os fatores estressores principais ocorrem no início (volume
de informações que o aluno passa a receber, mudanças nos métodos de estudo e carga
horária exigida no ciclo básico), no meio (o cansaço e desgaste por ter passado por uma
fase de informações básicas que exige muita memorização e a responsabilidade em lhe dá
com os primeiros pacientes) e no final (insegurança com relação á própria competência e ao
mercado de trabalho que começa a ficar mais concorrido)4.
9
Os estudantes de Medicina que apresentam melhor desempenho escolar são os mais
exigentes e conseqüentemente estão mais propensos a sofrer as pressões impostas ante
qualquer falha. Isso resulta em sentimento de desvalia, idéias de abandono do curso,
suicídio e depressão2. Hipócrates (460-377 a.C.) já chamava a atenção para o risco do
médico tornar-se onipotente: “o sábio é aquele que procura aprender; quem acredita que a
tudo conhece é ignorante” 5.
Nesse contexto, o estudo que se segue tem o intuito de avaliar a possível
sintomatologia depressiva entre acadêmicos do terceiro ano de Medicina da Fundação
Técnico Educacional Souza Marques. Perante tal fato, fica explícito a necessidade de um
aprofundamento nas pesquisas, para verificar se é necessário a criação de serviços de
assistência psicológica ao estudante de medicina, para que estes possam ter um melhor
desempenho no aprendizado através da reflexão, tornando-se logo, um aluno em um local
apropriado à instrução, de modo que os conhecimentos que estão se enraizando produzam
frutos apropriados e abundantes5.
10
LITERATURA
11
LITERATURA
A depressão tornou-se um fenômeno característico da atualidade; com o desencanto
e a crise dos valores morais modernos, a tristeza em sua dimensão mais ampla torna-se um
estado da alma comum ao homem. A toda a dor que não pode ser expressa ou nomeada
designa-se depressão. O vazio de existir e a busca por um sentido passam a ser tratados
como uma patologia. Vista pela psiquiatria como um distúrbio mental, a depressão seria
decorrente de um conflito interno, desencadeado por fatores orgânicos (alterações
bioquímicas), psíquicos (alterações do humor) e/ou sociais (dificuldades de relacionamento
interpessoal). Na segunda metade do século XX surgiram os antidepressivos e a divisão
clássica (endógena, psicogênica e exógena) cedeu espaço a uma visão predominantemente
sintomática, aliada ao mercado dos psicofármacos ou “pílulas da felicidade”24
.
A psicanálise não se preocupou com uma nosografia; o tema foi trabalhado
inicialmente por Freud (1915), partindo de umacorrelação entre luto e melancolia (protótipo
psicanalítico de depressão). O luto representaria um estado de reação à perda do objeto
amado sem que haja a perturbação da auto-estima; a perda de interesse e a inibição são
satisfatoriamente compreendidas a partir do trabalho de luto pelo qual o ego está absorvido.
O objeto deixou de existir, a libido investida deveria ser retirada de suas ligações com o
objeto perdido e, paulatinamente, o ego ficaria livre para novos investimentos. Na
melancolia, o sujeito não percebe exatamente o objeto amado como objeto perdido, por se
tratar de uma perda inconsciente, “...sabe quem ele perdeu, mas não o que perdeu nesse
alguém” (Freud, 1915). O desânimo profundo, o desinteresse pelo mundo externo, a
inibição da capacidade de amar, assim como de toda e qualquer atividade, refletiriam
também em um rebaixamento do sentimento de auto-estima22
.
O discurso melancólico geralmente vem imbricado por uma diminuição do amor-
próprio, um empobrecimento do ego, apresentado por um pensamento vazio, desprovido de
sentido ou valor, incapaz de realizações e desprezível em termos morais. A degradação é
tanta que estende sua autocrítica até o passado; há a recusa do sono e da alimentação, como
tentativa de superar o apego à vida. Freud formulou a categoria das neuroses narcísicas para
diferenciar a melancolia das psicoses; a fronteira entre o psíquico e o somático, em paralelo
com o afeto do luto e da perda na constituição do humano, possibilitou novas hipóteses
sobre o tema. O estudo da melancolia trouxe um enriquecimento para a teoria de eu. Ao
12
apresentar seu raciocínio econômico sobre uma parte do ego que se contrapõe a outra,
julgando-a como seu objeto, avaliando-a de maneira crítica e extremamente severa, Freud
traçou os preâmbulos do conceito de superego. A consciência moral e a prova da realidade
constituem assim importante instância dentro do eu, com papel ativo na produção de
conflitos. Destacou também a dimensão narcísica do eu e a complexidade da relação com o
outro na sua estruturação de origem. A autocensura do melancólico torna-se uma acusação
dirigida ao objeto, seu sofrimento debate-se com um outro a quem ama, amou ou deveria
amar. O par amor-ódio parece desempenhar importante papel; diante da frustração, há um
retorno da libido em direção ao eu, um regresso à identificação narcísica originária23, 22
.
A Depressão pode ser conhecida ou estar relacionada com transtorno depressivo,
depressão maior, depressão unipolar, incluindo ainda tipos diferenciados de depressão,
como depressão grave, depressão psicótica, depressão atípica, depressão endógena,
Melancolia, depressão sazonal; sendo que a depressão leve, depressão moderada e
depressão grave são as três classes de depressão mais estudadas por serem as mais comuns2,
5, 8.
Um indivíduo com um episódio depressivo leve está usualmente angustiado pelos
sintomas e tem alguma dificuldade em continuar com o trabalho do dia-a-dia e atividades
sociais, mas provavelmente não irá parar suas funções completamente. Aquele que sofre
episódio depressivo, moderadamente grave, usualmente terá dificuldade considerável em
continuar com atividades sociais, laborativas ou domésticas. Já no episódio depressivo
grave, o paciente usualmente apresenta angústia ou agitação considerável, a menos que
retardo seja um aspecto marcante. Perda de auto-estima ou sentimentos de inutilidade ou
culpa, provavelmente, são proeminentes e o suicídio é um perigo marcante nos casos
particularmente graves. Durante este episódio depressivo grave é muito improvável que o
paciente seja capaz de continuar com suas atividades sociais, laborativas ou domésticas,
exceto em uma extensão muito limitada21
.
Para episódios depressivos de todos os três graus de gravidade, uma duração de pelo
menos duas semanas é usualmente requerida para o diagnóstico, mas períodos mais curtos
podem ser razoáveis se os sintomas são inusualmente graves e de início rápido21
.
Indivíduos com episódios depressivos leves são comuns em cuidados primários e
em medicina geral, enquanto unidades psiquiátricas de internação lidam amplamente com
13
pacientes sofrendo de graus graves. A diferenciação entre episódios depressivos leve,
moderado e grave baseia-se em um julgamento clínico complicado que envolve o número,
tipo e gravidade dos sintomas presentes21
.
Tabela 1. Diferenciação dos tipos de depressão
24
Tipo Características Diagnósticas Comentários
Reativa ou secundária (exógena)
Perda (eventos vitais adversos)
Doença física (infarto do
miocárdio, câncer) Drogas e fármacos (álcool,
anti-hipertensivos,
hormônios)
Outros distúrbios psiquiátricos (senilidade)
Mais de 60% de todas as depressões;
Síndrome depressiva nuclear:
depressão, ansiedade, queixas somáticas,
tensão e culpa;
Pode responder
espontaneamente ou a diversos procedimentos
terapêuticos.
Depressão Maior (endógena)
Anedonia;
Autônoma (não responde a
mudanças na vida)
Independência de faixa etária Distúrbio bioquímico de
origem genética
(histórico familiar)
Cerca de 25% de todas as
depressões;
Síndrome depressiva nuclear
mais sinais vitais: ritmos anormais de
sono, atividade
motora, libido e apetite; Geralmente responde
especificamente a
antidepressivos ou eletroconvulsoterapia;
Tende a recidivar durante toda
a vida.
Afetiva-bipolar
(maníaco-depressiva)
Caracterizada por episódios
de mania (cíclica)
Mania isolada (rara)
Depressão isolada (ocasional) Mania-depressão (habitual)
Cerca de 10-15% de todas as
depressões;
Pode ser erroneamente
diagnosticada como endógena se os episódios
hipomaníacos
passarem despercebidos; Carbonato de lítio estabiliza o
humor;
A mania pode incluir o uso de antipsicóticos;
Depressão tratada com
antidepressivos.
O termo depressão é empregado para designar tanto um estado afetivo comum a
tristeza, quanto um sintoma, uma síndrome e uma doença. O sintoma depressão é um
estado de ânimo caracterizado por sentimentos de tristeza, desencanto, disforia ou
desespero. A síndrome inclui alterações do humor como tristeza, irritabilidade,
14
incapacidade de sentir prazer, diminuição do libido sexual, apatia, baixa auto-estima, e
alterações cognitivas e vegetativas como o transtorno do sono, do apetite, e dificuldade de
concentração. Depressão como transtorno tem uma etiologia específica, uma base genética,
um quadro clínico bem definido, de curso, duração e prognóstico13
.
Esse transtorno de humor se associa com desregulações heterogêneas das aminas
biogênicas, sendo que destas, a norepinefrina, serotonina e a dopamina são os
neurotransmissores mais implicados na fisiopatologia dos transtornos do humor19
.
A correlação com a norepinefrina, sugerida pelos estudos de ciências básicas entre a
downregulation dos receptores β-adrenérgicos e as respostas clinicas aos antidepressivos é,
provavelmente, a evidência isolada mais convincente, indicando um papel direto do sistema
noradrenérgico na depressão. Outras evidências implicaram também os receptores β2 pré-
sinápticos na depressão, já que sua ativação leva a uma redução da quantidade de
norepinefrina liberada. Os receptores β2 pré-sinápticos também estão localizados nos
neurônios serotonérgicos e regulam a quantidade de serotonina liberada. A eficácia clinica
dos antidepressivos com efeitos noradrenérgicos – como a venlafaxina (Efexor) – apóia
ainda mais um papel da norepinefrina na fisiopatologia de pelo menos alguns dos sintomas
da depressão19
.
Contudo, o forte impacto que os inibidores seletivos da recaptação de serotonina
(ISRSs) – como a fluoxetrina (Prozac) – têm tido sobre o tratamento da depressão, a
serotonina tornou-se a amina biogênica associada com mais freqüência á depressão. A
identificação de vários subtipos de receptores de serotonina também aumentou a
expectativa da comunidade de pesquisa sobre o desenvolvimento de tratamentos ainda mais
específicos para a depressão. Além do fato de os ISRSs e outros antidepressivos
serotonérgicos serem eficazes no tratamento da depressão, outros dados indicam que a
serotonina está envolvida na fisiopatologia da depressão. A depleção da serotonina pode
precipitar depressão, e alguns pacientes com impulsos suicidas têm baixas concentrações de
metabólitos da serotonina no LCS e baixas concentrações de sítios de captação da mesma
nas plaquetas19
.
15
Embora a norepinefrina e a serotonina sejam as aminas biogênicas associadas com
mais freqüência á fisiopatologia da depressão, estabeleceu-se a teoria de que a dopamina
também tem um papel. Os dados sugerem que sua atividade pode estar reduzida na
depressão e aumentada na mania. A descoberta de novos subtipos de receptores para a
dopamina e o aumento da compreensão da regulação pré-sináptica e pós-sináptica de sua
função enriqueceram ainda mais a pesquisa sobre a relação entre a dopamina e os
transtornos do humor. Os medicamentos que reduzem as concentrações da dopamina – com
a reserpina – e as doenças que também têm esse efeito de diminuição estão associados a
sintomas depressivos. Em contraste, medicamento que aumentam suas concentrações, como
a tirosina, a anfetamina e a bupropiona reduzem os sintomas de depressão. Duas teorias
recentes sobre dopamina e depressão são que a via mesolímbica da dopamina pode estar
disfuncional e que seus receptores D1 podem esta hipoativos na depressão19
.
A glândula endócrina pineal produz melatonina e serotonina. Esta última é
produzida durante a fase clara do dia, enquanto a outra é produzida durante a fase escura.
Essa melatonina pode alterar o humor dos seres humanos, causando depressão durante os
meses de inverno, cujos dias têm menos claridade. Se o individuo for exposto á luz
artificial brilhante, pode reduzir a secreção de melatonina e levar a uma melhora da
depressão. A noradrenalina, liberada junto dos pinealócitos (células do parênquima da
pineal), controla a produção de melatonina20
.
A psicanálise não aborda a “depressão”, mas os fenômenos depressivos em um
sujeito-ser de linguagem. O bebê, na relação primitiva com sua mãe, estabelece o protótipo
de todas as relações posteriores, fundando o ego, que se constrói ao longo do
desenvolvimento. A depressão analítica pode ocorrer em lactentes que sofrem de carência
emocional relacionada à separação. Diante da ameaça de separação da mãe, o bebê
responde com ansiedade e, perante sua perda real, com a dor do luto. A “posição
depressiva” é um quadro que aparece entre 12 e 18 meses de idade, período em que as
experiências com a mãe permitem à criança unir o “seio bom” com o “seio mau”, como
facetas do mesmo objeto. A angústia depressiva e a culpa, decorrentes do amor e do ódio
que sente pelo mesmo objeto, centram-se no temor de que esses impulsos possam destruir,
ou ter destruído, o objeto amado, do qual depende de forma absoluta 13
.
16
O humor rebaixado varia pouco de dia para dia e, freqüentemente, não é responsivo
ás circunstâncias, mas pode ainda mostrar uma variação diurna característica, á medida que
o dia passa. Em alguns casos, ansiedade, angústia e agitação motora podem ser mais
proeminentes em alguns momentos do que a depressão e a mudança do humor pode
também ser mascarada por aspectos adicionais tais como irritabilidade, consumo excessivo
de álcool, comportamento histriônico, exacerbação de sintomas fóbicos ou obsessivos
preexistentes ou por preocupações hipocondríacas21
.
Os estudantes, normalmente, apresentam um padrão de sono irregular caracterizado
por atrasos de início e final do sono dos dias de semana para os finais de semana, curta
duração de sono nos dias de semana e longa duração de sono nos finais de semana. O sono
prolongado nos finais de semana é devido à redução do sono (privação) durante os dias de
aulas ou de trabalho. O atraso na hora de deitar nos finais de semana parece estar associado
à tendência do sistema de temporização circadiana de provocar atrasos na fase do início do
sono14
.
Trabalho realizado no Laboratório de Cronobiologia (UFRN) demonstrou que
estudantes que iniciavam suas aulas às 7h, apresentavam privação parcial do sono e
irregularidade do sono decorrente dos horários escolares e das demandas acadêmicas.
Como conseqüência desta irregularidade, estes estudantes apresentavam qualidade de sono
ruim e baixo desempenho acadêmico. Em um estudo epidemiológico, foi relatado que
estudantes italianos dormiam menos durante a semana, queixavam-se mais de sonolência
diurna e cochilavam mais freqüentemente que a população em geral, e que, em decorrência
destes fatores, havia uma associação com baixo desempenho acadêmico, com sintomas de
ansiedade e depressão e maior uso de tabaco, álcool e cafeína14
.
A depressão na infância e na adolescência não é rara, Bahls avaliou a prevalência
anual do Transtorno Depressivo Maior (TDM), encontrando 0,4 a 3,0% em crianças, e 3,3 a
12,4% entre os adolescentes. Três milhões de crianças norte-americanas apresentam
sintomas depressivos, sem que sejam diagnosticadas, e, aproximadamente, seis mil crianças
e adolescentes praticam suicídio, que constitui a segunda causa de morte na adolescência.
Nos adolescentes, a depressão é o maior fator de risco para o suicídio e abuso de
17
substâncias. Portanto, a depressão deve ser considerada como um transtorno grave, com
risco de morte e impacto na qualidade de vida13
.
São ainda escassos os estudos epidemiológicos sobre a depressão infantil,
inexistindo na maioria dos países. No Brasil existem poucas pesquisas sobre a prevalência
da depressão na infância e na adolescência, e poucos são os instrumentos adaptados para
diagnosticá-la. Conhecer a prevalência da depressão em crianças e adolescentes brasileiros
pode contribuir para avaliar a dimensão da doença entre universitários e propor medidas
diagnósticas e terapêuticas. O uso de instrumento diagnóstico padronizado possibilita a
comparação com outras populações13
.
O transtorno depressivo recorrente é caracterizado por episódios repetidos de
depressão, como especificada em episódio depressivo (leve, moderado, grave) sem
qualquer história de episódios independentes de elevação do humor e hiperatividade que
preencham os critérios para mania. Contudo, a categoria deve ainda ser usada se há
evidência de episódios breves de elevação do humor e hiperatividade leves, os quais
preenchem os critérios para hipomania, imediatamente após um episódio depressivo21
.
Essa patologia psiquiátrica que freqüentemente acomete estudantes de medicina
gera conseqüências no desempenho acadêmico e nos relacionamentos interpessoais desses
alunos em razão disso, muitas vezes, eles são rotulados de desinteresses, por colegas e
professores, em decorrência de comportamentos que lhes causam grande sofrimento e
importante prejuízo em seu desempenho social e estudantil 12
.
O risco de que um paciente com transtorno depressivo recorrente venha a ter um
episódio de mania nunca desaparece completamente, não importa quantos episódios
depressivos ele tenha experimentado. Se um episódio maníaco ocorre, o diagnósticos deve
mudar para transtorno afetivo bipolar21
.
Atuando no ensino médico, observa-se que o estudante chega ao primeiro ano do
curso ainda adolescente e tendo que enfrentar seu primeiro embate intra-curso: não se
livrou dos competidores! Conseguiu a duras penas sua vaga e encontra agora ao seu redor
uma centena de alunos, com a mesma carga, os mesmos estigmas e as mesmas expectativas
18
e obrigações de primeiros alunos - o que usualmente foram em suas escolas de origem.
Como agravante, estes novos “competidores” têm nome e rosto conhecidos e, muitas vezes,
moram na mesma república. Assim, muitas vezes, a expectativa de poder partilhar, num
ambiente menos exigente, menos competitivo, não se realiza17
.
Em alguns casos, à adaptação à Universidade soma-se a experiência de sair de casa
pela primeira vez e suas conseqüências: não há garantia de afeto e de cuidados que
assegurem a sobrevivência no cotidiano, acentuando ainda mais sua insegurança
adolescente. Tudo está por sua conta: organizar o dia - a- dia, descobrir um jeito novo de
estudar e estabelecer novos vínculos afetivos. Nessa nova vida enfrentará o contato com
pessoas diferentes, a ameaça do trote, as festas, a bebida, as drogas disponíveis e algumas
vezes impostas, e as primeiras decepções17
.
A depressão seria um estado durando o tempo necessário para que o vazio
inanimado do vivo se constitua como organização narcísica e retorna toda vez que o
psiquismo solicita uma restauração de seu narcisismo, sendo essas, as características da
depressão recorrente21
. Como está constantemente ameaçado, tanto por forças externas
como internas, a depressão está invariavelmente presente. O humano, como se sabe, não
suporta por muito tempo o contato com a dura realidade e um dos recursos a sua disposição
para se proteger desse contato tão frustrante e ameaçador é a depressão8. O diagnóstico
clínico da depressão exige a presença dos sintomas, presentes durante o período mínimo de
duas semanas2.
Alguns dos sintomas podem ser marcantes e desenvolver aspectos característicos
que são amplamente considerados como tendo uma significação clínica especial. Os
exemplos mais típicos destes sintomas “somáticos” são: perda de interesse ou prazer em
atividades que normalmente eram agradáveis, falta de reatividade emocional a ambientes e
eventos normalmente prazerosos; acordar pela manhã duas ou mais horas antes do horário
habitual; depressão pior pela manhã; evidência objetiva de retardo ou agitação psicomotora
difinitva; marcante perda do apetite; perda de peso, e marcante perda da libido2.
Atualmente o transtorno depressivo maior é reconhecido como um problema de
saúde pública em atendimento médico primário, por sua prevalência e por seu impacto no
19
cotidiano de pacientes e familiares envolvidos. Vários estudos em diferentes países
confirmam que a alta prevalência de depressão na comunidade é um dado consistente na
cultura ocidental, inclusive no Brasil7.
Quanto aos fatores de risco para depressão em crianças e adolescentes, o mais
importante é a presença de depressão em um dos pais, sendo que a existência de história
familiar para depressão aumenta o risco em pelo menos três vezes, seguidos por estressores
ambientais, como abuso físico e sexual e perda de um dos pais, irmão ou amigo íntimo7.
Na atualidade, os transtornos depressivos em crianças e adolescentes e aqueles em
adultos são compreendidos como entidades fenomenológicas iguais, fato derivado de
pesquisas que definiram que os mesmos critérios diagnósticos são confiavelmente aplicados
nestas três faixas etárias. Segundo o Manual Diagnóstivo e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV), os sintomas básicos de um episódio depressivo maior são os mesmos
em adultos, adolescentes e crianças, embora existam dados sugerindo que a predominância
de sintomas característicos pode mudar com a idade7.
Já a Classificação Internacional das Doenças (CID-10) lida com os transtornos
depressivos de forma idêntica em todos os grupos etários, com apenas a seguinte citação
específica “apresentações atípicas são particularmente comuns no episódio depressivo na
adolescência”, mas não fornece maiores esclarecimentos. A maioria dos autores na área dos
transtornos depressivos na infância e adolescência cita que os sintomas variam com a idade,
destacando a importância do processo de maturação das diferentes fases do
desenvolvimento nos sintomas e comportamentos depressivos, existindo uma
caracterização sintomatológica predominante por faixa etária7.
No Brasil, alguns pesquisadores também têm estudado transtornos mentais entre
estudantes de medicina como depressão, distúrbios do sono, transtornos alimentares e
transtorno mental comum. De modo geral as investigações têm apontado prevalências
expressivas de sintomas psiquiátricos e transtornos mentais, levantando a questão sobre sua
possível causalidade: o sofrimento psíquico antecederia a escolha profissional ou o
processo de formação vivenciado na graduação seria nocivo à saúde mental dos
estudantes9.
20
A escola médica é reconhecida como um estressor que afeta negativamente o
desempenho acadêmico, a saúde e o bem estar psicológico do estudante de medicina, e os
transtornos emocionais, podem estar presentes em até 50% dessa população. Já durante o
primeiro ano do curso médico, os estudantes apresentam significantes mudanças de hábito
para se adaptarem à escola médica, especialmente no primeiro semestre. Assim, serviços de
atendimento ao aluno de medicina ou programas criados para abordar atitudes em relação à
saúde mental tornam-se instrumentos importantes para mudar positivamente a percepção
dos estudantes sobre as alterações psiquiátricas de forma geral, mostrando-se promissores
na prevenção e na identificação precoce dessas alterações nos próprios estudantes15
.
O embate que se dá entre a idealização do papel médico e a realidade da formação
profissional não é tranqüilo, sendo vivido com diferentes graus de sofrimento emocional.
Para atender a esta demanda, diversas Faculdades de Medicina têm desenvolvido
programas específicos de apoio psicopedagógico, psicossocial, psicológico e psiquiátrico
para seus estudantes. Vários destes serviços atendem exclusivamente a estudantes de
Medicina, justificando sua criação pelas dificuldades específicas relacionadas à formação
médica, constatadas na vivência entre alunos e professores e também em estudos
sistemáticos. Situações de conflito ou potencialmente geradoras de estresse, na verdade,
antecederiam o início da formação médica, dando sinais de sua presença já no momento da
escolha profissional17
.
A oferta de programas criados para abordar atitudes em relação à saúde mental, é
importante para conscientizar o estudante de que o próprio curso pode contribuir para gerar,
manter ou desencadear transtornos mentais ou de comportamento, como o uso problemático
de álcool. Dado que a depressão e suas conseqüências, como o suicídio, são transtornos
comuns geralmente associados a quadros ansiosos, e mais freqüentes nos estudantes de
medicina que na população em geral, faz-se necessária a oferta precoce de atendimento e
apoio15
.
A opção pela carreira médica traz consigo mudanças fundamentais na vida do
jovem: em plena adolescência, enfrenta a intensa competição do vestibular, aprendendo
precocemente a renunciar a desejos, prazeres, horas de lazer e à companhia de amigos e
familiares, preparando-se para a disputa acirrada. A competição por uma vaga nas
21
universidades, em especial as públicas, é uma batalha a ser enfrentada também em outras
carreiras. Contudo, desde cedo o estudante entrará em contato com o endeusamento que
marca sua escolha, muitas vezes expressa na fala dos alunos: “abrir mão de lazer não foi
uma necessidade apenas até o vestibular, será pelo resto da vida”17
.
Na verdade, a crença de que o médico deve passar por algum tipo de sacrifício para
que possa exercer plenamente seu ofício remonta à Grécia antiga. Na mitologia grega,
Asclépios - considerado a figura mítica iniciadora da Medicina - fora salvo do ventre da
mãe cujo corpo havia sido queimado. As dores teriam tornado Asclépios capaz de
compreender todo o sofrimento dos doentes, encontrando remédio para todos os males e
atraindo assim, doentes e mutilados aos seus templos, em busca de cura17
.
Interessante observar que, após 25 séculos, nos voltamos para Hipócrates,
colocando a depressão como uma doença que envolve alterações cerebrais. Obviamente,
hoje temos uma tecnologia que não existia, o que nos possibilita demonstrar isso.
Tecnologia que ainda não nos ajudou a saber a etiologia completa, os achados cerebrais não
estão presentes em todos os pacientes, há vários tipos de depressão diagnosticadas. Ainda
não entendemos por que um paciente sofre de apenas um episódio depressivo, outros têm
várias recaídas, tomando antidepressivos para o resto da vida e outros ainda cometem o
suicídio22
.
O professor de Medicina, consoante a concepção contemporânea, deve ser um
educador de profissionais solidários, de médicos cidadãos destinados a ser, naturalmente,
líderes políticos ativos e modelos sociais em suas comunidades; além de pessoas capazes de
servir solidariamente aos seus semelhantes, inspirando-lhes confiança e respeito. Confiança
e respeito que se refletirão no prestígio da profissão. Isso porque o professor de Medicina
atua como avaliador credenciado pela sociedade para julgar com conhecimento, a
capacidade e a habilidade técnica e ética dos estudantes ao fim de cada momento do
processo educativo. E, com isso, determinar, com a maior justiça possível, quem está
pronto para ser habilitado para atuar na assistência aos enfermos e nos serviços de saúde da
comunidade16
.
22
Deve-se mencionar ainda que, na avaliação da conduta médica e do desempenho
pedagógico do professor de Medicina, como sucede com os alunos, não se deve separar os
aspectos técnicos dos éticos, nem os pessoais dos profissionais16
.
As motivações que levariam jovens adolescentes a uma opção profissional tão
relacionada à dor, sofrimento e morte, pertencem a dois níveis: conscientes e inconscientes.
Do ponto de vista das motivações conscientes - muitas vezes expressas por estudantes -, as
mais apontadas são: o desejo de compreender, de ver, o desejo de contato, o prestígio
social, o prestígio do saber, o alívio prestado aos que sofrem, a atração pelo dinheiro, a
necessidade de ser útil, a atração pela responsabilidade ou pela reparação, o desejo de uma
profissão liberal e a necessidade de segurança. As razões inconscientes, por outro lado, são
muitas vezes impensáveis para os estudantes, particularmente quando colocam em xeque
seus valores morais17
.
A redução do estresse e a melhoria da qualidade de vida do estudante seriam uma
forma de promover neles a criatividade e a iniciativa, capacitando-os a lidar melhor com as
necessidades psicossociais dos pacientes; “somente se o médico souber lidar com ele
mesmo e com seus próprios problemas ele será capaz de ensinar o paciente a fazer o
mesmo”18
.
Porém, não podemos nos esquecer de que o aluno de Medicina brasileiro inicia sua
formação no final da adolescência, e, sem dúvida, as características desse momento do
desenvolvimento – como conflitos entre dependência e independência, e a consolidação da
identidade, entre outros – irão influenciar o modo de enfrentamento de todos esses
momentos críticos10
.
Serviços de apoio psicológico, psiquiátrico e pedagógico, programas de tutoria e
orientação, apadrinhamento de calouros por veteranos, entre outros, são exemplos de
intervenções possíveis dentro da proposta de criação de uma rede de suporte ao aluno
durante a formação médica10
.
A personalidade daqueles que escolhem fazer Medicina deve ser ressaltada. Os
alunos de Medicina são extremamente persistentes, determinados, afeitos a desafios, mas
apresentando dificuldades em lidar com o fracasso e a frustração. Grande parte deles chega
23
bastante vocacionada, altruísta e desejosa de ajudar e cuidar do outro, embora alguns ainda
escolham a profissão por outras razões, como prestígio social, remuneração e continuação
da linhagem médica familiar10
.
Nesse encontro entre a personalidade daquele que escolheu fazer Medicina, suas
expectativas, razões de escolha e o processo de formação médica, sentimentos de
desamparo, solidão, baixa auto-estima estão muitas vezes presentes, com maior ou menor
grau de sofrimento psicológico. Sintomas depressivos, ansiosos e outros podem surgir,
então, como resposta e diminuir muito a qualidade de vida do aluno e seu próprio
desenvolvimento e aproveitamento durante o curso10
.
O objetivo do presente estudo foi de apenas estimar a prevalência de transtornos
mentais comuns entre estudantes de medicina da Fundação Técnico Educacional Souza
Marques, pois para ser confirmado a incidência de depressão nestes alunos se faz
necessário o acompanhamento individual por um psiquiatra, o que neste caso, é inviável ao
pesquisador.
Educar é também cuidar; portanto seria de extrema valia que representantes desta
Fundação avaliasse a condição psicológica dos seus alunos, e se for confirmado o elevado
índice de depressão, que estudassem a possibilidade de criar serviços de apoio ao estudante
que teria um lugar de importância na formação do futuro médico. Assim, a Escola de
Medicina Souza Marques poderia oferecer um espaço, formal e protegido, de escuta e
compreensão para as questões emocionais que, no percurso de formação, possam dificultar
o bem-estar e o desenvolvimento do aluno como pessoa e futuro profissional10
.
24
MATERIAL E MÉTODOS
25
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no mês de junho de 2008, usando o modelo epidemiológico
individuado-observacional seccional, utilizando-se um questionário padronizado auto-
aplicável, elaborado pela Psicóloga Gisleide Gonçalves de Almeida da Mata, portadora da
CRP-04/2171-6. Sua escala consiste em 21 itens cuja intensidade varia de 0 a 3, referentes
á tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa,
sensação de punição, auto-depreciação, auto-acusações, idéias suicidas, crises de choro,
irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o
trabalho, distúrbio do sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, preocupação somática,
diminuição de libido. Para esse questionário recomenda-se os seguintes pontos de corte
propostos por Beck em seu inventário: menor que 10 = sem depressão ou depressão
mínima; de 10 a 18 = depressão, de leve a moderada; de 19 a 29 = depressão, de moderada
a grave; de 30 a 63 = depressão grave.
A amostra foi de 164 estudantes do terceiro ano da Escola de Medicina Souza
Marques, que foram abordados durante o horário de aula, em classe, e foram convidados a
participar do estudo. O grupo é composto por 200 alunos, mas só estavam presentes em sala
de aula, os acadêmicos participantes. Estes alunos foram esclarecidos sobre os métodos da
pesquisa e ao concordarem em participar, colocaram o número do seu CPF ou RG em um
termo de consentimento livre e esclarecido, e foram submetidos á avaliação dos sintomas
depressivos.
O aluno pesquisador distribuiu o questionário para todos os alunos do terceiro ano
presentes em sala de aula, local onde este foi respondido. Os dados coletados foram
analisados no Programa Microsoft Office Excel 2007.
A análise da produção científica sobre depressão entre estudantes de medicina
baseou-se na consulta ás seguintes bases de dados: LILAS (Literatura Latino-Americana e
do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature
Analysisand Retrieval System Online) e SciELO (Scientific Electrnic Library Online);
sendo essas fontes, encontradas através do Google Acadêmico, que foi usado como site
26
referência, utilizando como palavras chave: Depressão, Transtornos mentais, Estudantes e
Medicina.
27
RESULTADOS
28
RESULTADOS
Foi realizado um estudo com o objetivo de caracterizar a sintomatologia depressiva
e estimar a sua prevalência em estudantes jovens e adultos, do terceiro ano da Faculdade de
Medicina Souza Marques.
A estimativa da prevalência dos sintomas depressivos nos acadêmicos de Medicina
foi de 13,41% sem depressão ou depressão mínima; 46,95% com depressão de leve a
moderada; 29,26% com depressão de moderada a grave; e 10,36% com depressão grave.
13,41%
46,95%
29,26%
10,36%
Sem depressão ou depressão mínima
Depressão de leve a moderada
Depressão de moderada a grave
Depressão grave
Figura 2: Prevalência da Sintomatologia Depressiva entre Acadêmicos do Terceiro Ano do Curso de Medicina da Fundação Técnico Educacional Souza Marques Através do Inventário de Depressão de Gisleide.
A partir destes resultados podemos utilizar o método indutivo e estimar que a
depressão, nos demais anos do curso de Medicina dessa Faculdade, também se encontra
uma grande quantidade de alunos com depressão de leve a moderada, acompanhada de um
elevado grau de depressão de moderada a grave, sendo portanto que, uma pequena parcela
dos estudantes possui depressão mínima, comparada com a porcentagem de estudantes que
possui depressão grave.
29
COMENTÁRIOS
30
COMENTÁRIOS
Conhecer a depressão nos leva a entender a invenção do ser humano como hoje o
conhecemos e incorporamos. A depressão é assunto atual e torna-se importante conhecer
sua etiologia para que os paradigmas nos quais o acadêmico de medicina está baseado se
tornem explícitos e assim ele possa encontrar uma forma de relacionar com a depressão,
suas idéias e seus conceitos22
.
A faculdade de Medicina é descrita como uma fonte de estresse para os estudantes,
que relatam, principalmente, perda da liberdade pessoal, excesso de pressões acadêmicas e
sentimentos de desumanização. Queixam-se, também, da falta de tempo para o lazer e da
forte competição existente entre os colegas. Esses e outros fatores, como o contato com
pacientes doentes, predispõem ao aparecimento de quadros depressivos, reações ansiosas,
neurose obsessivo-compulsiva e hipocondria2.
Estima-se que 15% a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de
transtorno psiquiátrico durante sua formação, notadamente transtornos depressivos e de
ansiedade; a maioria desses estudos foi realizada entre estudantes de medicina, portanto
estima-se que a prevalência dos transtornos depressivos nessa população oscila entre 8% e
17%4.
De acordo com outros estudos, os primeiros contatos com o curso de Medicina
evidenciam reações de decepção nos estudantes, que ingressaram na faculdade com
expectativas e entusiasmo. Essa desilusão pode ser causada pela transição, vivenciada pelo
aluno, de um sistema paternalista de ensino para um sistema criado de acordo com as
características e metodologias de cada um. Então, o aluno passa a dispensar mais tempo aos
estudos, a ter menor disponibilidade para o lazer e a perceber que o ingresso na faculdade
resultou em perdas, além de ganhos. Essas variáveis podem responder pela prevalência de
sintomas depressivos, entre os estudantes do primeiro ao segundo ano, sendo que a maioria
dos casos se refere a sintomas de depressão leve-moderada2.
A idéia de ações institucionais dirigidas ao bem-estar do aluno de Medicina é hoje
realidade em muitas escolas médicas dentro e fora do Brasil. Serviços de apoio psicológico,
psiquiátrico e pedagógico, programas de tutoria e orientação, apadrinhamento de calouros
31
por veteranos, entre outros, são exemplos de intervenções possíveis dentro da proposta de
criação de uma rede de suporte ao aluno durante a formação médica. As razões que
justificam tais ofertas pouco ou quase nada diferem entre as diferentes escolas médicas,
mesmo em contextos geográficos e culturais diferentes. A formação médica – intensa e
extensa ao longo do tempo – caracteriza-se por elementos comuns que tornam a
necessidade de suporte bastante evidente em qualquer lugar do mundo10
.
O contato com pacientes doentes e prognósticos ruins é intensificado a partir do
terceiro ano do curso. O alto nível de cobrança por parte da sociedade, dos professores e
dos próprios estudantes, e uma carga horária elevada podem ser os fatores que propiciam o
surgimento de quadros depressivos graves e o aumento da sintomatologia moderada grave;
do terceiro ao sexto ano, a prevalência de sintomas depressivos aumentou, porém a
severidade dos quadros mostra-se diferente. Houve um grande aumento do grau leve-
moderado em detrimento do grau moderado-grave. Este fato poderia ser explicado pela
adaptação do estudante ao meio ao mesmo tempo em que se depara com a responsabilidade
da identidade médica propriamente dita, vivenciada durante o internato. A isso se pode
somar a presença de expectativa nos alunos quando se considera a proximidade da entrada
no mercado de trabalho2.
Vários problemas metodológicos dificultam a comparação dos resultados dos
diversos estudos, entre eles o levantamento de sintomas depressivos versus transtornos
depressivos e a diversidade de instrumentos utilizados para a realização de diagnóstico e
coleta de dados4.
Um problema intimamente relacionado à depressão é o suicídio. Alguns estudos
indicam elevado risco de suicídio entre os universitários em geral e, particularmente, entre
os estudantes de medicina. Após os acidentes o suicídio seria a segunda causa mais comum
de morte entre os estudantes de medicina4.
A emoção é a expressão de algo que impressiona o ser humano, não é gratuita e não
tem limites ou intensidades pré-estabelecidos ou previsíveis: ela é consequência daquilo
que atinge o ser humano. Sentimentos e emoções caminham lado a lado; os sentimentos são
como “... um sexto sentido que interpreta, ordena e dirige os outros cinco ... que nos torna
32
humanos, semelhantes e, através da sua linguagem, nos relacionam com nós mesmos ...”
como define Viscott25
.
“A preocupação básica do ensino médico deve estar voltada para o desenvolvimento de
atividades e não na aquisição de habilidade técnica. Atualmente o médico está sendo
treinado e não educado, tem-se uma perfeição instrumental, mas faltam-nos metas. A
Educação Médica é o início e não o fim”25
.
Apesar das altas freqüências de sintomas indicativos de ansiedade, não é difícil
supor que muitos desses estudantes com sintomas de ansiedade não procurem ajuda ou
tratamento, permanecendo menos pragmáticos e pessimistas pelo próprio distúrbio, ou
ainda por preconceito, com receio de serem julgados “fracos” ou de que “alguém” fique
sabendo. A escola médica pode e deve contribuir, oferecendo atendimento e alertando os
estudantes desde o início do curso para os riscos epidemiológicos encontrados em vários
estudos, diminuindo, assim, o estigma desse tipo de atendimento. Isso porque são exigidos
do estudante de Medicina no século 21 atributos sociais, comportamentais e de
comunicação (além dos motores e intelectuais), que podem ficar prejudicados na vigência
de um transtorno depressivo15
.
Nesse encontro entre a personalidade daquele que escolheu fazer Medicina, suas
expectativas, razões de escolha e o processo de formação médica, sentimentos de
desamparo, solidão, baixa auto-estima estão muitas vezes presentes, com maior ou menor
grau de sofrimento psicológico. Sintomas depressivos, ansiosos e outros podem surgir,
então, como resposta e diminuir muito a qualidade de vida do aluno e seu próprio
desenvolvimento e aproveitamento durante o curso10
.
A maior prevalência de sintomas de ansiedade e as elevadas taxas de suicídio
presentes no período de formação médica devem ser regularmente lembradas e discutidas
com os alunos e professores de Medicina. Preferencialmente já no início do curso, em
aulas, discussões ou palestras específicas sobre o assunto, mas procurando a divulgação
constante dos riscos próprios dessa população15
.
33
A existência de atendimento especializado – médico, psiquiátrico e psicoterápico –
dentro da própria escola médica, diante dos riscos apresentados neste estudo e em outros
relatados na literatura médica, parece-nos estar indicado. Pois esse tratamento também gera
conhecimentos importantes na formação de um estudante de Medicina, que em breve atuará
junto à comunidade, sendo o médico um dos principais multiplicadores de modelos de
saúde, precisando estar atento e saber reconhecer esses problemas, especialmente os
próprios6, 15
.
34
CONCLUSÕES
35
CONCLUSÕES
Ao estar presente no momento da morte de um paciente, o aluno se envolve
emocionalmente, não interessando o grau deste envolvimento e a intensidade da emoção
gerada, respondendo de maneira particular à estrutura de cada um. O acadêmico poderá
usar de mecanismos de defesa de qualquer espécie ao emocionarse; esta emoção é o
resultado de sentimentos organizados diante de uma ameaça quando poderá indignar-se ou
expressar sinais de raiva e, numa situação oposta (recuperação de um paciente), poderá se
empolgar pelo fato de se sentir engrandecido e capaz25
.
Ao educador cabe a preocupação sobre a personalidade saudável dos educandos.
Esta qualidade é imprescindível ao profissional da área da saúde, porque o ser humano tem
o poder de afetar o destino da sua personalidade, apesar dos fatores genéticos, ambientais e
sociais, quando pessoas devem ser facilitadoras do seu desenvolvimento25
.
A escala de avaliação utilizada neste trabalho – o Inventário de Depressão de
Gisleide com os pontos de corte proposto pela escala de Beck – tem a finalidade de detectar
a sintomatologia depressiva e não a presença ou ausência de um episódio depressivo. Dessa
forma, esse procedimento pode falhar em detectar sintomas de depressão em pacientes que
negam seu sofrimento emocional, podendo também apresentar muitos falsos positivos5.
Com isso, para maior fidelidade no resultado do trabalho, poderia ter sido acrescentada à
metodologia uma avaliação por meio de outras escalas, dos estudantes que apresentaram
escores de sintomas depressivos2.
Em revisão de literatura, os resultados desta pesquisa foram comparados com os de
outros estudos – como os de Clark8, Pasnau11, na Califórnia, Gaviria12, na Colômbia, o
estudo chinês de Chan7 e o de Aktekin13, em Antalya, na Turquia – e todos concordam
com a existência de elevado índice de sintomas depressivos nos estudantes de Medicina
quando comparado ao da população geral. Esses estudos sugerem que a faculdade de
Medicina, da maneira como está estruturada atualmente, pode ser um fator desencadeante
de sintomas depressivos nos estudantes2.
36
Este trabalho tem o propósito de trazer alguma contribuição à comunidade
acadêmica da área da Saúde, com o objetivo de entender um pouco melhor os sentimentos
dos alunos de Medicina por ocasião do seu enfrentamento com o fenômeno da morte e a
possibilidade de uma nova postura diante da Educação Médica. Este estudo visa, também,
compreender mais detalhadamente este momento que exerce um certo grau de fascínio
sobre a humanidade, em qualquer cultura, em todas as eras, em todos os tempos, mediante
o ato de pensar no ser e no deixar de ser25
.
Já durante o primeiro ano do curso médico, os estudantes apresentam significantes
mudanças de hábito para se adaptarem à escola médica, especialmente no primeiro
semestre, e posteriormente, no início do terceiro ano passam por estressores ainda mais
profundos, que são os momentos em que o acadêmico depara com a gravidade de cada
paciente podendo presenciar a morte. Assim, serviços de atendimento ao aluno de medicina
ou programas criados para abordar atitudes em relação à saúde mental tornam-se
instrumentos importantes para mudar positivamente a percepção dos estudantes sobre as
alterações psiquiátricas de forma geral, mostrando-se promissores na prevenção e na
identificação precoce dessas alterações nos próprios estudantes15
.
A oferta de programas criados para abordar atitudes em relação à saúde mental
também é importante para conscientizar o estudante de que o próprio curso pode contribuir
para gerar, manter ou desencadear transtornos mentais ou de comportamento, como o uso
problemático de álcool. Dado que a depressão e suas conseqüências, como o suicídio, são
transtornos comuns geralmente associados a quadros ansiosos, e mais freqüentes nos
estudantes de medicina do terceiro ano que na população em geral, faz-se necessária a
oferta precoce de atendimento e apoio. Assim, o propósito desta investigação foi contribuir
para o conhecimento das freqüências dos sintomas ansiosos nessa população, utilizando
instrumentos que avaliam a ansiedade, freqüentemente utilizados entre estudantes de
medicina15
.
37
RESUMO
38
RESUMO A depressão é uma doença de expressão clínica complexa que altera o humor e o estado de
ânimo, dimensões do psiquismo responsáveis pela nossa capacidade de sentir prazer,
tristeza, alegria e disposição para vida. Além disso, uma pessoa acometida de depressão
revela dificuldade de desempenho cognitivo, notadamente de memória, concentração e
raciocínio1.
Os transtornos depressivos constituem um grupo de patologias com alta e crescente
prevalência na população geral. Conforme a Organização Mundial de Saúde, haverá nas
próximas duas décadas uma mudança dramática nas necessidades de saúde da população
mundial, devido ao fato de que doenças como depressão e cardiopatias estão substituindo
os tradicionais problemas das doenças infecciosas e de má nutrição7.
Estima-se que 15% a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de
transtorno psiquiátrico durante sua formação acadêmica, notadamente transtornos
depressivos e de ansiedade, sendo que entre os estudantes de medicina a prevalência desses
transtornos depressivos oscila entre 8% e 17% 4.
O objetivo desta pesquisa é rastrear e analisar a epidemiologia da sintomatologia
depressiva nos acadêmicos de medicina do terceiro ano da Fundação Técnico Educacional
Souza Marques que exercem cotidianamente suas atividades estudantis. Como material,
métodos e casuísticas foi utilizado uma amostra de 164 estudantes que cursam o terceiro
ano de medicina no presente ano. Esse grupo de alunos foi avaliado em um estudo
individuado-observacional seccional. A população estudada respondeu um questionário
auto-avaliativo elaborado pela Professora\Psicóloga Drª Gisleide Gonçalves de Almeida da
Mata. Utilizando a escala de corte padrão, menor que 10, de 10 a 18, de 19 a 29, de 30 a 63,
proposta por Beck em seu Invetário de Depressão. tendo obtido como resultado,
respectivamente, 13,44% sem depressão ou depressão mínima; 46,95% depressão, de leve a
moderada; 29,26% depressão, de moderada a grave; 10,36% depressão grave.
Palavras chave: Depressão; Transtornos mentais; Estudantes; Medicina.
39
ABSTRACT
Depression is a complex disease (doença complexa) that changes humor and
people’s dimensions responsible for their capacity of feeling pleasure, sadness, happiness
and whish to leave. Besides, a person who suffers from depression presents decrease of
memory and focusing, among other symptoms.
The depressive diseases are part of a group of pathologies with high and increasing
prevalence among people. The World Health Organization stated that, in the next two
decades, there will be dramatically changes on the health needs of general population, due
to the fact that depression and heart diseases among others are substituting the traditional
problems of infective diseases and bad nutrition.
Researches estimate that between 15% and 25% of university students present any
kind of psychiatric disorder during their academic formation, but more noticeably
depressive and anxiety disorders, however, among medicine students, these diseases’
prevalence oscillates between 8% and 17%.
The objective of the present study is tracking and analyzing the epidemiology of the
depressive symptoms on the third year medicine students from Fundação Técnico
Educacional Souza Marques that daily perform their academic activities. A sample of 164
third year medical students of the current year was used. This group of students was
evaluated in a individuo-observacional seccional study. The observed population answered
an auto-evaluative questionnaire elaborated by the professor/psychologist Dr. Gisleide
Gonçalves de Almeida da Mata. Using a pattern scale that divides the results from lower
than 10, from 10 to 18, from 19 to 29, from 30 to 63, suggested from Becke in his Invetário
of Depression, obtaining as results, respectively, 13,44% without or with minimum
depression, 46,95% from light to moderate depression, 29,26% from moderate to severe
depression and 10,36% with severe depression.
Key words: Depression; perturbation mental; Students; Medicine.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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13 – FONSECA, Maria Helena G.; FERREIRA, Roberto A. FONSECA, Sarah G.
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43
14 – ALMONDES, Katie M.; ARAÚJO, John F. Padrão do Ciclo Sono-Vigília e sua
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15 – BALDASSIN, Sergio; MARTINS, Lourdes C.; ANDRADE, Arthur G. Traços de
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16 – JUNIOR, Luiz Salvador de Miranda Sá. Ética do professor de Medicina. Bioética
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Benjamin James Sadock, Virginia Alcott Sadock; tradução Claudia Dornelles... et al. – 9ª
Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2007. Pág. 572-625.
20 – Tratado de Histologia em cores: Sistema Endócrino. GARTNER, Leslie P.; HIATT,
James L. Editora Guanabara Koogan S.A. 2ª Ed. 2003.
44
21 – Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10:
Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – Coord. Organiz. Mund. Da Saúde; trad.
Dorgival Caetano. – Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. P.116-26.
22 – GONÇALVES, Cintia Adriana V.; MACHADO, Ana Lúcia. Depressão, o Mal do
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Acesso em: 7 out. 2008.
23 – PUC – Rio – Certificação Digital Nº 0410578/CA. Melancolia e Depressão na
História. Disponível em: <http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-
bin/PRG_0599.EXE/8580_3.PDF?NrOcoSis=25360&CdLinPrg=pt>. Acesso em:25
outubro 2008.
24 – ROMEIRO; Luiz Antonio Soares, Fraga; Carlos Alberto Manssour. Novas estratégias
terapêuticas para o tratamento da depressão: uma visão da química medicinal. Quim.
Nova, Vol. 26, No. 3, 347-358, 2003. Disponivel em:
<http://www.scielo.br/pdf/qn/v26n3/15661.pdf>. Acesso em: 10 outubro 2008.
25 – Carpena; Lygia A. Becker. Morte Versus Sentimentos: uma realidade no mundo
dos acadêmicos de medicina. R. gaúcha Enferm., Porto Alegre, v.21, n.1, p.100-122, jan.
2000. Disponivel em: <
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/viewFile/4308/22
71>. Acesso em: 21 outubro 2008.
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ANEXOS
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FUNDAÇÃO TÉCNICO-EDUCACIONAL SOUZA MARQUES
ESCOLA DE MEDICINA SOUZA MARQUES
TERMO DE CONSENTIMENTO
Você está sendo convidado(a) a participar do trabalho de pesquisa “Incidência de
depressão entre os alunos do primeiro, segundo e terceiro ano da Escola de Medicina Souza
Marques”, desenvolvido pela disciplina Iniciação Científica e Tutoria e Orientação da Escola de
Medicina Souza Marques. Sua participação é voluntária e, a qualquer momento, poderá ser
retirada. O objetivo deste trabalho é desenvolver no aluno pesquisador o interesse pelo trabalho
científico e os resultados dessa pesquisa serão utilizados para implementação de medidas
preventivas á depressão.
Sua participação nesta pesquisa será responder ao questionário sobre sintomatologia depressiva.
Destaco que sua participação é valiosa e contribuirá de forma significativa para o
aprimoramento científico do aluno pesquisador.
As informações obtidas pela pesquisa serão confidenciais e sua participação será sigilosa.
Maiores esclarecimentos poderão ser dados pelo Prof. Titular da disciplina de Iniciação Científica,
caso surjam quaisquer dúvidas.
Declaro que entendi o objetivo da pesquisa e concordo com minha participação na mesma.
CPF ou RG:_____________________________
Rio de Janeiro, ____/____/_____.
Aluísio Almeida Pinto
Aluno Pesquisador
Prof. Jemima Fuentes
Orientadora
Prof. Mauricio Perez
Regente da disciplina de Iniciação Científica
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Questionário Este questionário da Sintomatologia depressiva que consiste em 21 grupos de afirmações foi elaborado pela Psicóloga Gisleide
Gonçalves de Almeida da Mata portadora da CRP-04/2171-6. Depois de ler cuidadosamente cada alternativa, faça um círculo em torno
da letra (A, B, C ou D) diante da afirmação, em cada grupo, que melhor descreve a maneira como você tem se sentido nesta semana,
incluindo hoje.
1. Eu me sinto triste e angustiado:
A sempre
B às vezes
C raramente D nunca
2. Sinto-me desmotivado para estudar:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
3. Sinto-me cansado e sem alento, sem motivo aparente:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca 4. Tenho pensamentos sobre morte:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
5. Falta-me ânimo para cuidar do meu próprio corpo
(tomar banho, escovar os dentes, etc):
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
6. Não sinto vontade de levantar da cama ao acordar: A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
7. Gosto de ficar sozinho e isolado:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
8. Sinto-me fracassado:
A sempre B às vezes
C raramente
D nunca
9. Ao olhar-me no espelho, sinto-me sem atrativos:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
10. Tenho dificuldade em visualizar-me vitorioso ou realizado no
futuro:
A sempre
B às vezes C raramente
D nunca
11. Não sinto vontade de participar da vida em família:
A sempre
B às vezes
C raramente D nunca
12. Não tenho preocupação em alimentar-me direito:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
13. Perdi o interesse pelas coisas que antes me interessavam:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca 14. Sinto-me irritado:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
15. Acordo de madrugada e não consigo mais dormir:
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
16. Para dormir, preciso de medicação:
A sempre B às vezes
C raramente
D nunca
17. Sinto-me ansioso e angustiado, sem saber o porquê.
A sempre
B às vezes
C raramente
D nunca
18. Me sinto decepcionado comigo mesmo.
A sempre
B ás vezes C raramente
D nunca
19. Perdi o interesse por sexo:
A Total
B Raramente me interesso
C Às vezes ainda me interesso por sexo
D O meu interesse pelas atividades sexuais está como antes
20. Estou ansioso, comendo muito e ganhando peso:
A sim
D não
21. Estou ansioso, sem conseguir comer e perdendo peso:
A sim D não
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