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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências e Letras Campus Araraquara Departamento de Economia DESENVOLVIMENTO REGIONAL: A ECONOMIA DOS MUNICÍPIOS DAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS CENTRAL E DE CAMPINAS Monografia apresentada ao Departamento de Economia, como exigência para a conclusão do curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. Thiago Santana Carvalho Orientador: Prof. Dr. Elton Eustáquio Casagrande Banca Examinadora: Prof. Dr. Sebastião Neto Ribeiro Guedes Araraquara, Novembro de 2011.

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Ciências e Letras Campus Araraquara

Departamento de Economia

DESENVOLVIMENTO REGIONAL: A ECONOMIA DOS MUNICÍPIOS

DAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS CENTRAL E DE CAMPINAS

Monografia apresentada ao Departamento de Economia, como exigência para a conclusão do curso de Ciências Econômicas da Faculdade

de Ciências e Letras de Araraquara.

Thiago Santana Carvalho

Orientador: Prof. Dr. Elton Eustáquio Casagrande Banca Examinadora: Prof. Dr. Sebastião Neto Ribeiro Guedes

Araraquara, Novembro de 2011.

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Agradecimentos

É praticamente impossível relacionar todas as pessoas que participaram da minha vida,

principalmente nestes últimos anos, e que direta ou indiretamente contribuíram para a

conclusão deste trabalho.

Em primeiríssimo lugar, agradeço minha mãe Iracema pelo amor, carinho, dedicação,

educação, enfim, por estar sempre ao meu lado. Ao meu pai Cláudio que apesar da

distância sempre esteve presente. Gostaria de agradecer também minha querida irmã Maria

Clara.

Um agradecimento especial ao meu padrasto Aldemir, essencial para a minha formação

como homem e que certamente sem seu trabalho, esforço, paciência e dedicação este

trabalho não seria possível.

Agradeço todos os amigos, especialmente Jaime e Gabriel, amizade repleta de conselhos,

companheirismo e principalmente risadas, iniciada na graduação e que com certeza

permanecerá para sempre.

Agradeço também os meus tios, Antônio Cordeiro e Izilda pela moradia em Piracicaba

durante o meu período de estágio. Valeu galera da República Tio Pepe pela amizade e

moradia neste último semestre da faculdade.

Um agradecimento especial ao meu orientador e amigo, Prof. Dr. Elton Eustáquio

Casagrande pelos conselhos, ensinamentos e oportunidades.

Gostaria de agradecer também o Prof. Dr. Mário Bertella, que apesar de não participar

diretamente desta monografia foi essencial em minha formação como economista.

Enfim, um Muito Obrigado a todos que participaram da minha trajetória até aqui.

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“Trago dentro do meu coração,

Como num cofre que se não pode fechar de cheio,

Todos os lugares onde estive,

Todos os portos a que cheguei,

Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,

Ou de tombadilhos, sonhando,

E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.”

Fernando Pessoa

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Sumário

Resumo................................................................................................................................ 08

Introdução............................................................................................................................ 09

Capítulo I: Ocupação, Urbanização e Industrialização do Estado de

São Paulo (1870-1920)........................................................................................................ 12

1.1 O Complexo Cafeeiro e a Ocupação do Território Paulista (1870-1920)..................... 12

1.2 Urbanização e Concentração Industrial (1920-1980).................................................... 19

Capítulo II: As Regiões Administrativas de Campinas e Central....................................... 27

2.1 A Região Administrativa de Campinas......................................................................... 27

2.2 A Região Administrativa Central.................................................................................. 34

Capítulo III: Municípios Selecionados................................................................................ 43

3.1 A Região de Governo de Araraquara............................................................................ 43

3.2 A Região de Governo de Limeira.................................................................................. 47

3.3 A Região de Governo de Rio Claro............................................................................... 50

3.4 A Região de Governo de São Carlos............................................................................. 53

3.5 A Região de Governo de São João da Boa Vista.......................................................... 57

3.6 Geração de Empregos Formais nos Municípios

Selecionados (2007-2009)................................................................................................... 64

Conclusão............................................................................................................................ 68

Referências Bibliográficas.................................................................................................. 69

Anexos................................................................................................................................. 70

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Lista de Figuras

Figura 01 – Regiões Administrativas do Estado de São Paulo........................................... 10

Figura 02 – Região Administrativa de Campinas............................................................... 27

Figura 03 – Região Administrativa Central........................................................................ 34

Figura 04 – Regiões de Influência de Araraquara............................................................... 35

Figura 05 – Regiões de Influência de São Carlos............................................................... 36

Figura 06 – Regiões de Influência de Araras...................................................................... 48

Figura 07 – Regiões de Influência de Rio Claro................................................................. 52

Figura 08 – Regiões de Influência de São João da Boa Vista............................................ 61

Figura 09 – Regiões de Influência de São José do Rio Pardo............................................. 62

Figura 10 – Rede Urbana – Brasil (2007)........................................................................... 72

Figura 11 – Rede Urbana – São Paulo (2007)..................................................................... 73

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Lista de Gráficos

Gráfico 1.1.1 – Média Anual de Imigrantes para São Paulo (1882-1897).......................... 13

Gráfico 1.1.2 – Distribuição de Imigrantes no Território Paulista...................................... 14

Gráfico 1.1.3 – Evolução Populacional – Estado e Cidade de São Paulo

(1870-1920)......................................................................................................................... 15

Gráfico 1.2.1 – Evolução Populacional no Estado de São Paulo,

por Região (1920-1934)...................................................................................................... 20

Gráfico 1.2.2 – Produto Industrial Nacional – divisão por Setores (1919-1939)................ 22

Gráfico 1.2.3 – Concentração Industrial no Estado de São Paulo – Divisão

por Setores (1919-1939)...................................................................................................... 23

Gráfico 1.2.4 – Produto Industrial Nacional – Divisão por Setores (1949-1969)............... 24

Gráfico 2.1.1 – Taxa Geométrica de Crescimento Anual da População,

Estado de São Paulo e RA de Campinas (1980-2010)........................................................ 28

Gráfico 2.1.2 – Pirâmide Etária, por Sexo RA de Campinas (1980-2008)......................... 29

Gráfico 2.1.3 – Distribuição dos Vínculos Empregatícios e do Valor Adicionado,

segundo Setores de Atividade Econômica RA de Campinas – 2007.................................. 30

Gráfico 2.1.4 – Distribuição dos Vínculos Empregatícios e do PIB, segundo

Regiões de Governo, RA de Campinas – 2007................................................................... 33

Gráfico 2.1.5 – Distribuição do Valor Adicionado segundo Setores de

Atividade Econômica por Região de Governo, RA de Campinas – 2007.......................... 33

Gráfico 2.2.1 – Taxa Geométrica de Crescimento Populacional,

Estado de São Paulo e RA central (1980-2010).................................................................. 37

Gráfico 2.2.2 – Pirâmide Etária da População, por Sexo, RA Central (1980-2008)........... 38

Gráfico 2.2.3 – Distribuição dos Vínculos Empregatícios e do Valor

Adicionado, Segundo Setores de Atividade Econômica RA Central – 2007...................... 39

Gráfico 2.2.4 – Distribuição dos Vínculos Empregatícios e do Produto

Interno Bruto segundo Regiões de Governo, RA Central – 2007....................................... 41

Gráfico 2.2.5 – Distribuição do Valor Adicionado segundo Setores de

Atividade Econômica por Região de Governo, RA Central............................................... 41

Gráfico 3.6.1 – Criação de Empregos Formais e Taxa de Desemprego............................. 65

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Lista de Tabelas

Tabela 1.1.1 – Maiores Municípios paulistas em População (1920)................................... 15

Tabela 1.1.2 – Ferrovias Paulistas....................................................................................... 17

Tabela 1.1.3 – Evolução Industrial Paulista (1907-1928)................................................... 18

Tabela 1.1.4 – Distribuição Espacial da Indústria paulista em 1907.................................. 18

Tabela 1.1.5 – Estrutura Setorial da Indústria de Transformação

do Estado de São Paulo (em % do total) – (1907-1928)..................................................... 18

Tabela 1.2.1 – Distribuição Espacial dos Principais Segmentos Industriais....................... 21

Tabela 1.2.2 – Modificação na Estrutura Setorial da Indústria

de Transformação do Estado de São Paulo (1919-1970).................................................... 24

Tabela 1.2.3 – Ramos Industriais por Região criados a partir do II PND........................... 26

Tabela 2.1.1 – Valor Total de ICMS Arrecadado na Indústria,

RA de Campinas (2007)...................................................................................................... 31

Tabela 2.1.2 – Número de Empregos Formais segundo os Subsetores

do IBGE, RA de Campinas (2008)...................................................................................... 31

Tabela 2.2.1 – Total de ICMS Arrecadado na Indústria, RA Central – 2007..................... 40

Tabela 2.2.2 – Número de Empregos Formais segundo os Subsetores

do IBGE, RA Central – 2008.............................................................................................. 40

Tabela 3.1.1 – Evolução do PIB de Gavião Peixoto (1999-2007)...................................... 44

Tabela 3.1.2 – Distribuição do Valor Adicionado de

Gavião Peixoto (1999-2007)............................................................................................... 45

Tabela 3.6.1 – Municípios com Melhor Desempenho........................................................ 66

Tabela 3.6.2 – Municípios com Pior Desempenho............................................................. 66

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Resumo

O principal objetivo desta monografia é estudar a economia e seu respectivo grau de crescimento e desenvolvimento de quarenta e dois municípios localizados nas Regiões Administrativas de Campinas e Central do Estado de São Paulo. Tal análise nos remete ao século XIX com a montagem do complexo cafeeiro, além de promover a ocupação do território paulista e prover o capital para a indústria nascente, criou toda a infraestrutura (ferrovias, comunicação, bancos) que resultou na elevada concentração industrial no Estado de São Paulo até a década de 70. O segundo capítulo consiste na descrição das duas regiões administrativas (Campinas e Central), em que serão analisadas as principais variáveis econômicas como população, Produto Interno Bruto (PIB), emprego, produção agrícola e industrial, etc. A terceira etapa deste trabalho consiste na caracterização econômico-social de cada um dos quarenta e dois municípios subdivididos em suas respectivas regiões de governo. Na última seção é feita a análise do mercado de trabalho formal no período entre os anos de 2007 e 2009 observando os efeitos da crise sobre os municípios. Palavras-chave: Economia Regional; Região Administrativa Central; Região Administrativa de Campinas.

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Introdução

Em um período de crise econômica mundial, o Brasil se firmou como a sétima

maior economia mundial com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal estimado em US$

2,2 trilhões no ano de 2010, valor que representa um crescimento de 7,5% em relação a

2009. O país é a maior economia da América Latina e está à frente de países emergentes

como a Índia e a Rússia.

Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil deverá

crescer 3% em 2011 ultrapassando o Reino Unido como a sexta maior economia mundial.

A expectativa é que até 2020, a economia brasileira supere a França e a Alemanha

consolidando sua posição de liderança no cenário político-econômico internacional.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população

brasileira cresceu 8,48% no período de 2000 a 2007, atingindo 183.987.291 habitantes.

Novas estimativas revelam que a população brasileira alcançou 190 milhões de habitantes,

aproximadamente, em 2010.

O Estado de São Paulo é o maior do país em número de habitantes, abrigando 42

milhões de pessoas aproximadamente, distribuídos em seiscentos e quarenta e cinco

municípios. É conhecido como o “motor econômico” do país, com um PIB em torno de R$

1 trilhão que representa 31% do PIB nacional, além de possuir a melhor infraestrutura,

mão-de-obra qualificada e o maior parque industrial que permite o desenvolvimento de

produtos de alta tecnologia.

Neste quadro de amplo crescimento econômico e da posição estratégica ocupada

pelo Estado de São Paulo, um dos objetivos deste estudo é definir a posição ocupada pelas

Regiões Administrativas Central e de Campinas dentro deste contexto. Em uma segunda

etapa analisaremos quarenta e dois municípios localizados nestas regiões, são eles: Aguaí,

Águas da Prata, Américo Brasiliense, Analândia, Araraquara, Araras, Boa Esperança do

Sul, Brotas, Caconde, Casa Branca, Conchal, Corumbataí, Descalvado, Divinolândia,

Dourado, Gavião Peixoto, Ibaté, Itirapina, Itobi, Leme, Matão, Mococa, Motuca, Nova

Europa, Pirassununga, Porto Ferreira, Ribeirão Bonito, Rincão, Rio Claro, Santa Cruz da

Conceição, Santa Cruz das Palmeiras, Santa Gertrudes, Santa Lúcia, Santa Rita do Passa

Quatro, São Carlos, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo, São Sebastião da

Grama, Tambaú, Tapiratiba, Trabiju e Vargem Grande do Sul.

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Figura 1 – Regiões Administrativas do Estado de São Paulo

Fonte: SEADE e Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC).

Esta pesquisa está dividida em três capítulos. No primeiro, serão analisados os

processos de ocupação, urbanização e industrialização do Estado de São Paulo no período

entre os anos de 1870 e 1980. O capítulo aborda a montagem do complexo cafeeiro que,

além de promover a ocupação do território paulista e prover o capital para a indústria

nascente, criou toda a infraestrutura (ferrovias, comunicação, bancos) que resultou na

elevada concentração industrial no Estado de São Paulo até a década de 70.

O segundo capítulo consiste na descrição das duas regiões administrativas

(Campinas e Central), as quais abrigam os quarenta e dois municípios selecionados. Serão

analisados, dados como população, PIB, emprego, etc. A caracterização dessas regiões teve

como base a pesquisa “Perfil Regional” elaborada em 2009 pela Fundação Estadual de

Análise de Dados (SEADE) e pelas informações divulgadas pela Secretaria de

Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo.

Uma das ferramentas utilizadas nessa pesquisa é o REGIC (2007) elaborado pelo

IBGE, cujo principal objetivo foi identificar possíveis alterações na rede urbana brasileira

e, consequentemente, subsidiar o planejamento e as decisões governamentais no que se

refere às atividades produtivas e aos serviços públicos já que “de fato, a estrutura e a

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organização do território são o substrato que condiciona, e sobre o qual atuam, as políticas

públicas e os agentes sociais e econômicos que compõem a sociedade”. (IBGE, 2008,

p.09).

Assim, o primeiro passo para a elaboração do REGIC foi classificar os centros

urbanos e suas respectivas áreas de atuação analisando os níveis de centralidade do Poder

Executivo e Judiciário, a estrutura empresarial e a oferta de serviços e equipamentos. A

definição da hierarquia dos centros urbanos foi feita a partir da divisão dos municípios em

cinco grandes níveis, os quais foram subdivididos em até três subníveis.

Outra ferramenta amplamente utilizada nessa pesquisa foi o Cadastro Geral de

Empregados e Desempregados (CAGED) e a Relação Anual de Informações Sociais

(RAIS), ambos elaborados pelo Ministério do Trabalho e Emprego e que trazem

informações acerca do mercado de trabalho formal brasileiro.

Finalmente, o terceiro capítulo consiste na caracterização de cada um dos quarenta

e dois municípios subdivididos em suas respectivas regiões de governo. Foram utilizados

os seguintes bancos de dados: Informações dos Municípios Paulistas e o Perfil Municipal,

ambos elaborados pela Fundação SEADE. Tais dados foram complementados pelas

informações presentes nos sites das prefeituras municipais e por notícias veiculadas por

diversos jornais.

No que se refere às informações sociais, foi utilizado o Índice Paulista de

Responsabilidade Social (IPRS) elaborado pela Fundação SEADE em parceria com a

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo nos anos de 2006 e 2008 tendo como base

os anos de 2004 e 2006, respectivamente. O principal objetivo deste índice é contribuir

para a formulação de políticas públicas e a realização de investimentos visando a melhoria

das condições de vida nos municípios paulistas. Na construção deste índice são utilizadas

três dimensões: riqueza, escolaridade e longevidade.

CAPÍTULO I: Ocupação, Urbanização e Industrialização do Estado de

São Paulo (1870-1980).

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O principal objetivo deste capítulo é analisar o processo de urbanização, expansão,

industrialização, modernização e diversificação das atividades econômicas presentes no

Estado de São Paulo e consequentemente nas Regiões Administrativas Central e de

Campinas. O capítulo está dividido em duas seções, a primeira trata da montagem de uma

infraestrutura urbana e econômica proveniente do Complexo Cafeeiro, o qual criou as

bases para a ocupação do território paulista, no período entre os anos de 1870 e 1920. A

segunda seção trata do processo de urbanização e concentração industrial no Estado de São

Paulo, entre os anos de 1920 e 1970, e o posterior movimento de desconcentração

industrial ao longo da década de 70 motivado por políticas governamentais, principalmente

o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND).

1.1 O Complexo Cafeeiro e a Ocupação do Território Paulista (1870-1920)

A análise do processo de ocupação do Estado de São Paulo nos remete ao século

XIX com o nascimento do complexo cafeeiro no Oeste Paulista, região propícia ao cultivo

de café devido às condições climáticas, características topográficas e fertilidade do solo.

Sofrendo, inicialmente, da precariedade no transporte a produção cafeeira paulista atingiu

um crescimento vigoroso no início da década de 1870, sendo responsável por 25% do total

da produção brasileira em 1875 frente aos 16% em 1870 e chegando aos 40% na década

seguinte. (CANO, 1975).

Segundo NEGRI (1994), o estudo da economia cafeeira é fundamental para

entendermos a liderança ocupada pelo Estado de São Paulo no processo de industrialização

brasileira já que:

O próprio complexo cafeeiro engendrou o capital-dinheiro disponível para transformação em capital industrial e criou as condições a ela necessárias: parcela da força de trabalho disponível ao capital industrial e uma capacidade de importar capaz de garantir a compra de meios de produção e de alimentos e bens manufaturados de consumo indispensáveis à reprodução da força de trabalho industrial. (NEGRI, 1994, p.20).

Tendo como objetivo facilitar o entendimento do processo de expansão cafeeira e

sua relevância para a matriz econômica do Estado de São Paulo, é importante destacar os

componentes do complexo cafeeiro e as principais variáveis que o afetam, que segundo

CANO (1975), são:

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i) A atividade produtora de café;

ii) A agricultura produtora de alimentos e matérias-primas;

iii) A atividade industrial que no caso do café se destaca: a produção de equipamentos

de beneficiamento, a produção de sacarias de juta e outros ramos produtivos

como a indústria têxtil;

iv) A construção do sistema ferroviário;

v) A ampliação do sistema bancário;

vi) Importação e exportação;

vii) Obras de infraestrutura (portos, armazéns, etc.);

viii) O papel do Estado em sua esfera federal e estadual no que se refere ao gasto

público.

Entre as variáveis, destacam-se;

i) O movimento imigratório;

ii) A disponibilidade de terras;

iii) Os saldos da balança comercial com o exterior e com o resto do país;

iv) Capital estrangeiro;

v) As políticas tarifárias, cambiais e de valorização do café;

Segundo CANO (1975), a interação entre os componentes e as variáveis geram

efeitos redutores sobre os custos de produção e ampliadores sobre o nível de produtividade,

de excedente, de investimento e sobre o mercado consumidor. Algumas dessas interações

serão abordadas a seguir.

A falta de mão-de-obra, agravada pela proibição do tráfico negreiro e a consequente

elevação dos preços dos escravos, foi solucionada pela migração europeia e pela adoção do

regime de trabalho assalariado. (NEGRI, 1994). A média anual de imigrantes para o Estado

de São Paulo saltou de 4,8 mil no período 1882-1885 para 68,5 mil no período 1888-1897,

o que representou um total de 727 mil imigrantes entre os anos de 1886 e 1897. (CANO,

1975). Vejamos maiores detalhes no gráfico:

Gráfico 1.1.1 – Média Anual de Imigrantes para São Paulo (1882-1897)

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Fonte: Elaboração Própria com base em CANO (1975).

Apesar de intensa, a distribuição dos imigrantes no território paulista foi desigual

sendo as regiões Mogiana e de Rio Claro, Catanduva e Rio Preto as que tiveram fluxo mais

intenso abrigando 30% e 34% do total de imigrantes respectivamente. (CANO, 1975).

Gráfico 1.1.2 – Distribuição de Imigrantes no Território Paulista

Fonte: Elaboração Própria com base em CANO (1975).

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Entre os anos de 1887 e 1930 o Estado de São Paulo recebeu 2,5 milhões de

imigrantes, com uma taxa de permanência de 30%, o que representa um acréscimo de 750

mil pessoas na população. Vale destacar a parcela de imigrantes nacionais (280 mil)

composta, principalmente, por mineiros e nordestinos e a intensa chegada de imigrantes

japoneses a partir de 1920. (CANO, 1975).

Obviamente, a atividade cafeeira e o fluxo imigratório em direção ao Estado de São

Paulo impactaram significativamente no crescimento demográfico paulista. A população

que era de apenas 800 mil habitantes em 1872 saltou para 4,6 milhões em 1920. Este

crescimento vigoroso também foi observado na capital paulista, a qual abrigava apenas

31,4 mil pessoas em 1872 e atingiu 579 mil em 1920. (CANO, 1975). O Censo

Demográfico de 1920 mostrou que desses 4,6 milhões de habitantes, 721 mil ocupavam a

hoje chamada “Grande São Paulo” e 3,8 milhões residiam no interior. (NEGRI, 1994).

Gráfico 1.1.3 – Evolução Populacional – Estado e Cidade de São Paulo (1870-1920).

Fonte: Elaboração Própria com base em CANO (1975).

Nesse contexto de amplo crescimento demográfico, o papel desempenhado pelo

governo estadual foi fundamental, sendo responsável pela distribuição de terras e

subsidiando a vinda de 1,2 milhão de imigrantes entre 1887 e 1930. O estado que possuía

81 municípios em 1870, passou para 245 em 1929. Na tabela 1.1.1 estão listados os

maiores municípios paulistas em termos populacionais em 1920.

Tabela 1.1.1 – Maiores Municípios Paulistas em População (1920)

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Municípios Habitantes (mil) Municípios Habitantes (mil) São Paulo 593 Rio Claro 50 Campinas 115 Araraquara 48 Santos 102 Taubaté 45 Piracicaba 78 Jundiaí 44 Ribeirão Preto 68 Franca 44 Bragança Paulista 55 Sorocaba 43 São Carlos 54 Guaratinguetá 43 São João da Boa Vista 52 Jaú 42

Fonte: NEGRI (1994).

Como já foi dito, a produção cafeeira paulista teve um amplo crescimento na

década de 1870, consequência do aumento da produtividade. As altas taxas de lucro

obtidas pelos produtores de café proporcionavam novos investimentos e a ocupação de

novos territórios. Essa “marcha para o interior” só foi possível graças à expansão do

sistema ferroviário (ver Tabela 1.1.2) paulista o qual permitiu a ocupação das terras

virgens do Oeste Paulista, a redução de perdas da carga durante o trajeto e a redução dos

custos de escoamento da produção. (CANO, 1975).

A maioria das ferrovias paulistas era de propriedade privada, sendo os cafeicultores

os principais investidores. Na categoria privada destacam-se as ferrovias Mogiana e

Paulista que até 1876 tinham apenas 200 quilômetros, após a expansão do plantio elas

cobriam 611 em 1886 e em 1897 atingiam 1.600 quilômetros. (CANO, 1975)

Enfim, o foco desta seção é destacar o efeito multiplicativo que o complexo

cafeeiro teve sobre a economia. Além de impulsionar atividades tipicamente urbanas como

o comércio varejista, a indústria, a construção civil, serviços bancários e a montagem de

uma infraestrutura urbana composta por uma rede de transportes, de comunicação e

energia elétrica, o complexo cafeeiro permitiu o desenvolvimento de outras culturas.

(CANO, 1975; NEGRI, 1994).

Através da adoção do regime de trabalho do colonato, o proprietário, além de pagar

um salário ao colono, permitia que ele plantasse arroz, feijão e milho nos espaços

disponíveis dentro do cafezal. Com a ampliação do mercado consumidor essas atividades

se tornaram independentes do café. (CANO, 1975).

Com o passar dos anos a agricultura paulista tornou-se mecanizada, autossuficiente

e mais diversificada ocupando 30% da área cultivada (exceto o café) do país. Segundo o

Censo de 1920, o Estado de São Paulo era o maior produtor de café, arroz e feijão, segundo

na produção de milho e batata inglesa. Em relação à pecuária, abrigava o segundo maior

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número de aves e o terceiro maior rebanho bovino, suíno e produção de leite. Assim, o

estado concentrava um quarto do valor da produção agrícola brasileira. (NEGRI, 1994).

Tabela 1.1.2 – Ferrovias Paulistas

Companhias Trechos Inauguração S.Paulo Railway Santos - São Paulo - Jundiaí 1867

Pedro II Até Cachoeira 1875 E.F São Paulo -

Rio de Janeiro

Cachoeira - São Paulo 1877

Jundiaí - Campinas 1872 Campinas - Santa Bárbara - Limeira - Rio

Claro 1876 Cordeiros - Araras - Leme - Pirassununga -

Porto Ferreira - Descalvado 1881 Paulista

Rio Claro - São Carlos - Araraquara - Visconde de São Carlos - Jaú 1885

Campinas - Mogi Mirim 1875 Jaguari - Amparo 1875

Mogi Mirim - Casa Branca 1878 Casa Branca - São Simão - Ribeirão Preto 1883

Mogi Mirim - Penha do Rio Peixe 1882 Cascavel - Poços de Caldas 1886

Ribeirão Preto - Batatais 1886 Batatais - Franca - Jaguará 1888

Mogi Guaçu - Espírito Santo do Pinhal 1888 Casa Branca - São José do Rio Pardo 1888

São José do Rio Pardo - Mococa - Canoas 1891

Mogiana

Itapira - Eleutério 1891 Fonte: CARONE (2001).

A agricultura era mais desenvolvida nas regiões administrativas de Campinas e de

Ribeirão Preto, as quais concentravam 42,8% do valor da produção agrícola estadual e a

maior produção de café, milho, feijão e cana-de-açúcar. Em segundo plano, destaca-se a

região administrativa de Sorocaba responsável por um terço da produção estadual de

algodão e por 10% do valor da produção agrícola. (NEGRI, 1994).

No que se refere à indústria, a de bens de consumo não durável concentrava

aproximadamente 75% do valor de produção total e do pessoal ocupado. Os ramos têxtil e

alimentício representavam 50% da indústria paulista. A tabela 1.1.3 reflete o crescimento

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da indústria paulista no período entre 1907 e 1928, e a tabela 1.1.4 mostra a distribuição

espacial da indústria no território paulista em 1907.

Tabela 1.1.3 – Evolução Industrial Paulista (1907-1928)

Anos Número de Estabelecimentos

Número de Operários

V.P de São Paulo V.P do Brasil

1907 327 24.686 15,9% 1919 4.112 80.782 31,5% 1928 9.603 158.746 37,1%

Fonte: NEGRI (1994).

Tabela 1.1.4 – Distribuição Espacial da Indústria Paulista em 1907

Regiões Estabelecimentos Pessoal Ocupado Valor da Produção

Número % Número % % Grande São Paulo 168 51,4 14.096 57,1 58,2 Capital 154 47,1 12.773 51,7 51,8 Outros Municípios 14 4,3 1.323 5,4 6,4 Interior 159 48,6 10.590 42,9 41,8 Total 327 100 24.686 100 100

Fonte: NEGRI (1994).

A capital paulista possuía uma estrutura ampla, estruturada e diversificada

representando 51,8% do valor total da produção paulista e 8,3% da nacional em 1907. A

indústria interiorana se baseava em dois setores, o têxtil e alimentício, os quais absorviam

52,7% e 21,5% da mão-de-obra; e concentravam 46,6% e 26,6% da produção,

respectivamente. (NEGRI, 1994).

Em 1919, o valor da produção paulista representava 32,2% do total nacional sendo

que alguns setores, principalmente aqueles ligados ao complexo cafeeiro e à urbanização,

concentravam em torno de 50% do total nacional, são eles: metalurgia (48,5%), material de

transportes (48,8%) e minerais não metálicos (55,6%). (NEGRI, 1994). A tabela 1.1.5

mostra a estrutura setorial da indústria paulista.

Tabela 1.1.5 – Estrutura Setorial da Indústria de Transformação do Estado de São Paulo (em % do total) - (1907-1928)

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Grupos e Ramos de

Indústrias Pessoal Ocupado Valor da Produção

1907 1919 1928 1907 1919 1928 Bens de Consumo Não Durável 75,7 70,5 70,5 77,7 77,6 77,0

Têxtil 42,2 41,7 42,6 38,7 29,1 29,0 Vestuário e Calçados 15,2 12,1 8,4 10,7 9,5 13,3 Alimentos 11,6 8,8 9,1 19,4 31,4 20,5 Outros 6,7 7,9 10,4 8,9 7,6 14,2

Bens Intermediários 22,8 26,9 20,7 20,8 19,6 20,2 Química 4,4 3,0 2,5 3,3 4,7 7,1 Minerais não Metálicos 7,4 12,0 6,0 6,2 4,1 2,2 Metalurgia 8,5 6,0 4,8 6,7 4,4 3,3 Outros 2,5 5,9 7,4 4,6 6,4 7,6

Bens de Capital e de Consumo Durável 1,5 2,6 8,8 1,5 2,8 2,7

Mecânica - - 3,8 - - 1,2 Material de Transporte 0,9 1,3 3,1 0,6 2,2 1,1 Material Elétrico - - 0,5 - - 0,2 Outros 0,6 1,3 1,4 0,9 0,6 0,2 Total 100 100 100 100 100 100

Fonte: NEGRI (1994).

Resumindo: O final dos anos dez e início da década de 20 marcam, portanto, o início de um ciclo de expansão da economia cafeeira paulista, que trouxe à tona uma diversificação crescente tanto da economia urbano-industrial, como do mundo agrário... A acumulação industrial definiu a primazia paulista, não apenas pelo seu maior crescimento, mas sobretudo pela significativa transformação qualitativa da estrutura produtiva... Com o desenvolvimento de uma vida urbana cada vez mais importante, avançou a agricultura de alimentos, da mesma forma que se estruturaram as condições que permitiriam a extraordinária expansão do algodão e do açúcar no Estado. (NEGRI, GONÇALVES e CANO, 1988, p.05).

1.2 Urbanização e Concentração Industrial (1920-1980)

Na seção anterior, vimos que o complexo cafeeiro criou as bases (ferrovias,

indústria, bancos, comércio, energia elétrica) para que o Estado de São Paulo alcançasse a

hegemonia econômica e industrial na década de 20. O Estado que era responsável por

apenas 16% da produção industrial em 1907 atingiu 31% em 1919 e 41% em 1939.

A expansão da fronteira agrícola, a diversificação econômica e o intenso

crescimento industrial alteraram a rede urbana paulista criando novos núcleos econômicos

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no interior em que se destacam as regiões de Campinas, e em um segundo plano,

Piracicaba e Ribeirão Preto. NEGRI, GONÇALVES e CANO (1988) afirmam que o

processo de urbanização derivou de dois movimentos da economia paulista, a indústria e a

agricultura mercantil diversificada. Tal processo se espalhou por todo território paulista

redefinindo as vocações regionais.

A população paulista que era de 4,6 milhões em 1920, sendo que 84% situavam-se

fora da região metropolitana, atingiu 6,4 milhões em 1934. O gráfico 1.2.1 mostra a

evolução populacional por região no período entre 1920 e 1934 em que se destaca o

elevado crescimento populacional da Grande São Paulo e uma “explosão demográfica” no

Extremo Oeste.

Gráfico 1.2.1 – Evolução Populacional no Estado de São Paulo, por Região (1920-1934)

Fonte: Elaboração Própria com base em NEGRI (1994).

Localizadas em uma região geográfica privilegiada, ligando a Capital Paulista ao

interior, as regiões de Campinas e Ribeirão Preto eram compostas por uma rede urbana

densa, rodeada por importantes centros urbanos e com uma vasta rede de comércio e

prestadoras de serviços. Na agricultura, as duas regiões concentravam quase 50% da área

cultivada (58% da área de café e 54,5% da área de cana-de-açúcar) e da produção agrícola

paulista. (NEGRI, GONÇALVES e CANO, 1988).

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Apesar de o setor têxtil ainda manter sua posição de liderança nos anos 20, outros

ramos industriais ganharam força, principalmente na Capital, como a indústria química,

metalúrgica, mecânica, material de transporte, papel e celulose, entre outra. No interior se

instalaram indústrias ligadas à agropecuária (proximidade com a matéria-prima), como a

de açúcar e laticínios. (NEGRI, GONÇALVES e CANO, 1988). A tabela abaixo mostra os

segmentos industriais distribuídos ao longo do território paulista.

Tabela 1.2.1 – Distribuição Espacial dos Principais Segmentos Industriais

Região Municípios Indústria

Região de Sorocaba Sorocaba, Votorantim, Salto, Itu e Tatuí Têxtil Americana e Jundiaí Têxtil Piracicaba e Santa Bárbara Açúcar e Álcool Casa Branca e São João da Boa Vista Laticínios Rio Claro e Limeira Calçados Campinas e Rio Claro Bebidas Tambaú, Santa Gertrudes e Porto Ferreira

Cerâmica

Limeira e Jundiaí Papel e Fósforo

Região de Campinas

Campinas e Jundiaí Material de Transporte e Metalurgia

São Carlos Têxtil Araraquara e Sertãozinho Açúcar Franca Calçados Barretos Frigoríficos

Região de Ribeirão Preto

Jaboticabal Equipamentos Agrícolas Fonte: Elaboração Própria com base em NEGRI, GONÇALVES e CANO (1988).

Diante do que já foi exposto nesta seção conclui-se que:

Já em 1920 estava traçado o destino das regiões no Estado de São Paulo, que as décadas posteriores só fizeram confirmar; nos anos 20 estavam lançadas não só as “raízes da concentração industrial em São Paulo” mas também as raízes da divisão inter-regional do trabalho dentro do Estado. Nesse período as regiões que constituíam o “interior em 1920” reuniram ou consolidaram os recursos que lhes serviu de base para enfrentar o desenvolvimento posterior, quando se implantou efetivamente um processo de urbanização baseado na acumulação industrial. (NEGRI, GONÇALVES e CANO, 1988, p.28).

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O período entre os anos de 1929 e 1955 foi chamado por NEGRI (1994) de

industrialização restringida. As restrições financeiras e a inexistência de uma indústria de

bens de capital consolidada fizeram com que o crescimento industrial paulista estivesse

diretamente atrelado ao crescimento das exportações, as quais financiavam a importação

dos equipamentos necessários à implantação e modernização da indústria paulista.

As restrições às importações, impostas por um contexto de crise mundial e

posteriormente pela II Guerra Mundial, resultaram em um intenso crescimento industrial a

partir de 1933 com o esgotamento da capacidade ociosa acumulada e a “absorção” do

mercado consumidor nacional. No período entre os anos de 1933 e 1939, a indústria

cresceu 11,2% ao ano em média, quase o dobro quando comparado ao período entre 1919 e

1939 com taxas de crescimento de 5,7% ao ano. Neste mesmo período (1919-39) o setor de

bens de consumo durável foi o que mais cresceu (12,6% ao ano), seguido dos bens

intermediários (7,0% ao ano) e bens não duráveis (5,0% ao ano). (NEGRI, 1994).

Entre 1919 e 1939 ficaram evidentes a diversificação da indústria nacional (ver

gráfico 1.2.2) e o aumento da concentração industrial no Estado de São Paulo. Apesar de

os setores têxtil e alimentício ainda serem predominantes concentrando cerca de 20% (cada

um) do valor industrial nacional, setores praticamente inexistentes anteriormente

aumentaram sua participação na indústria nacional em que se destacam a metalurgia

(9,4%), o de minerais não metálicos (7,1%) e a química (5,3%). (NEGRI, 1994).

Amplo mercado consumidor, elevado grau de urbanização, agricultura moderna,

indústria de bens de capital e consumo consolidada foram alguns dos fatores fundamentais

que levaram o Estado de São Paulo a atingir um crescimento industrial anual superior à

média nacional (7,0% contra 5,0% entre 1919 e 1939; e 9,7% contra 7,8% entre 1930 e

1949), acentuando ainda mais o grau de concentração industrial no estado, o qual atingiu

48,9% em 1949 frente aos 32,2% em 1919 e 40,7% em 1939. Em 1939, São Paulo

concentrava 35,3% do valor produzido na indústria brasileira no setor de alimentos, 50%

no de vestuários e calçados, e 55,4% no têxtil e no caso de bens de consumo durável

alcançou 85,4% na divisão de materiais de transportes (ver gráfico 1.2.3). (NEGRI, 1994).

Gráfico 1.2.2 – Produto Industrial Nacional – Divisão por Setores (1919-1939)

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Fonte: Elaboração Própria com base em NEGRI (1994).

Gráfico 1.2.3 – Concentração Industrial no Estado de São Paulo Divisão por Setores (1919-1939)

Fonte: Elaboração Própria com base em NEGRI (1994).

O cenário paulista de intenso crescimento, diversificação e concentração industrial

permaneceu ao longo das décadas de 40 e 50. No âmbito nacional, a indústria cresceu 7,8%

ao ano no período entre 1939 e 1949. Em 1955, a indústria de transformação paulista

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empregava 721 mil pessoas aproximadamente e abrigava 52,2% da produção nacional

destacando o setor de bens de capital e consumo durável com 76,6% seguido do de bens

intermediários (53,2%) e bens de consumo não duráveis (47,2%). (NEGRI,1994).

O período entre os anos de 1956 e 1967 ficou conhecido como a primeira fase da

industrialização pesada, caracterizado por vultosos investimentos governamentais (Plano

de Metas) e entrada de capital estrangeiro, culminando em elevado crescimento da

indústria nacional e intensificação da concentração industrial no Estado de São Paulo.

NEGRI (1994) o divide em duas fases: 1956/62 de expansão, em que a indústria de

transformação cresceu em média 10% ao ano, e 1962/67 de desaceleração.

As altas taxas de crescimento industrial alcançadas na fase de expansão só foram

possíveis graças ao fortalecimento do setor de bens de capital e de bens de consumo

durável com a instalação da indústria automobilística, de materiais elétricos pesados, da

construção naval e de máquinas e equipamentos, as quais impulsionaram o setor de bens

intermediários, principalmente nos ramos de siderurgia, papel e celulose, petróleo e

química pesada. (NEGRI, 1994).

Gráfico 1.2.4 – Produto Industrial Nacional – Divisão por Setores (1949-1969)

Fonte: Elaboração Própria com base em NEGRI (1994).

Infraestrutura, elevadas taxas de urbanização e de crescimento da renda, foram

alguns dos fatores determinantes para a instalação da maioria dessas indústrias no Estado

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de São Paulo, principalmente na Grande São Paulo, como a indústria automobilística e de

autopeças no ABC. Entre 1956 e 1959 a indústria paulista teve um crescimento médio

anual de 11% gerando 103 mil empregos e acentuando a concentração industrial no Estado,

responsável por 57,3% do produto industrial brasileiro em 1967, e 58,2% em 1970.

(NEGRI, 1994).

Durante a década de 60 foram gerados quase 464 mil novos empregos na indústria

de transformação, de um total de 1,3 milhão em 1970. O processo de diversificação

prosseguiu (ver evolução na Tabela 1.2.2), os ramos siderúrgico e químico ganham espaço

graças à fundação da Companhia Siderúrgica Paulista S.A (COSIPA) em 1963 e da

Refinaria Presidente Artur Bernardes em 1955, ambas localizadas no município de

Cubatão. (NEGRI, 1994).

Tabela 1.2.2 – Modificação na Estrutura Setorial da Indústria de Transformação do Estado de São Paulo (1919-1970)

Grupos e Ramos de Indústrias 1919 1939 1949 1959 1970

Bens de Consumo Não Durável 74,3 62,3 55,5 39,6 36,8

Têxtil 32,2 27,8 22,2 12,5 9,9 Vestuário e Calçados 10,1 5,2 4,2 3,6 3,3 Alimentos 20,4 14,5 14,8 12,3 10,2 Outros 11,0 14,8 14,3 11,2 13,4

Bens Intermediários 22,7 26,0 33,7 35,6 33,9 Química 7,6 11,6 7,4 10,2 9,3 Minerais não Metálicos 8,7 5,8 7,4 6,1 5 Metalurgia 3,5 6,5 9,5 9,5 10,5 Outros 2,9 2,1 9,4 9,8 9,1 Bens de Capital e de Consumo

Durável 3,0 11,7 10,8 24,8 29,3 Mecânica - - 3,1 4,9 8,3 Material de Transporte 2,9 10,5 3,2 11,9 11,1 Material Elétrico - - 2,6 5,7 7,3 Outros 0,1 1,2 1,9 2,3 2,6 Total 100 100 100 100 100

Fonte: NEGRI (1994).

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O fato de destacarmos, ao longo de toda esta seção, o processo de intensa

concentração industrial no Estado de São Paulo, o qual abrigava 58,1% do valor industrial

brasileiro em 1970 (o maior do século), não significa que as outras regiões fossem meras

coadjuvantes na estrutura industrial brasileira. A posição ocupada pelos paulistas é

resultado de sucessivos anos com taxas de crescimento industrial acima da média nacional.

(NEGRI, 1994).

Além do “inchaço” dos grandes centros urbanos que trouxe graves problemas de

transporte, poluição do ar e dos mananciais, as políticas governamentais de

desconcentração e descentralização industrial, principalmente o II PND, mudaram este

quadro a partir da década de 1970, com a criação de polos industriais periféricos e de

grandes projetos hidroelétricos (Itaipu, Xingó, Tucuruí, etc.) que culminaram com a

redução da participação paulista no valor industrial brasileiro de 58,1% em 1970 para

54,4% em 1980.

Tabela 1.2.3 – Ramos Industriais por Região criados a partir do II PND

Setor Industrial/Produto Região/Estado Ferro e Bauxita Pará Cobre Bahia Fosfato Minas Gerais Potássio Sergipe Petróleo e Gás Natural Nordeste e Rio de Janeiro Carvão Santa Catarina e Rio Grande do Sul Sal Nordeste Siderurgia Maranhão Fertilizantes Minas Gerais Papel e Celulose e Cimento Nordeste e Espírito Santo

Fonte: Elaboração Própria com base em NEGRI (1994).

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CAPÍTULO II: As Regiões Administrativas de Campinas e Central

2.1 A Região Administrativa de Campinas

Figura 02 – Região Administrativa de Campinas

Fonte: SEADE.

A Região Administrativa de Campinas (RA de Campinas) é constituída por noventa

municípios dos quais vinte e cinco integram essa pesquisa, são eles: Araras, Conchal,

Leme, Pirassununga e Santa Cruz da Conceição que pertencem a Região de Governo de

Limeira; Analândia, Brotas, Corumbataí, Itirapina, Rio Claro e Santa Gertrudes que

pertencem à Região de Governo de Rio Claro; Aguaí, Águas da Prata, Caconde, Casa

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Branca, Divinolândia, Itobi, Mococa, Santa Cruz das Palmeiras, São João da Boa Vista,

São José do Rio Pardo, São Sebastião da Grama, Tambaú, Tapiratiba e Vargem Grande do

Sul que pertencem à Região de Governo de São João da Boa Vista.

A Região Administrativa de Campinas teve seu desenvolvimento acelerado nas

décadas de 60 e 70 devido ao intenso deslocamento populacional dos grandes centros

urbanos para o interior buscando melhores condições de vida e de trabalho. Juntamente

com a população também migraram para essa região empresas, centros de pesquisa e

tecnologia e universidades gerando altas taxas de crescimento econômico. Além de possuir

uma excelente posição geográfica (próxima à capital paulista e porta de entrada para o

interior do estado) a região possui uma das melhores estruturas rodoviárias do país sendo

cortada pelas Rodovias Bandeirantes e Anhanguera que ligam a região ao interior do

Estado São Paulo e a divisa com Minas Gerais, a Rodovia Dom Pedro I que permite o

acesso às rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias e, pela Rodovia Santos Dumont liga a

região ao município de Sorocaba e à rodovia Castelo Branco. (SEADE, 2009b). Todos

esses fatores permitiram a manutenção de uma taxa de crescimento populacional acima da

média estadual como pode ser visto no Gráfico 2.1.1.

Gráfico 2.1.1 – Taxa Geométrica de Crescimento Anual da População Estado de São Paulo e RA de Campinas (1980-2010)

2,121,82

1,32

2,91

2,31

1,63

00,5

11,5

22,5

33,5

1980/1991 1991/2000 2000/2010

em % a.aEstado de São Paulo RA de Campinas

Fonte: SEADE.

A Região Administrativa de Campinas possui uma população estimada em 6,3

milhões de habitantes, o que corresponde a 15% do Estado de São Paulo em 2010 sendo

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que 94,73% da população residem nas áreas urbanas. Analisando as pirâmides etárias (ver

gráfico 2.1.2) dos anos de 1980 e de 2008 percebe-se que a RA de Campinas seguiu a

tendência estadual de estreitamento da base, um predomínio da População em Idade Ativa

(PIA), fato que exige políticas eficientes de criação de empregos, e finalmente, um

alargamento do topo da pirâmide indicando um envelhecimento da população elevando os

gastos do governo com saúde e previdência.

Gráfico 2.1.2 – Pirâmide Etária, por Sexo RA de Campinas (1980-2008)

Fonte: SEADE (2009b).

Em 2007 o PIB da RA Campinas foi de R$ 141,7 bilhões, o que representa 15,7%

do Estado de São Paulo. A agropecuária possui altos índices de produtividade e

competitividade decorrentes da intensa mecanização e inovação tecnológica. Segundo

dados do ano de 2007, destacaram-se os seguintes produtos: a batata inglesa, cuja produção

representou 41,3% da estadual, o café com 27,4% do total estadual, a cana-de-açúcar e

seus derivados, a cebola com 51,2% do total do estado, gado e carne de frango.

Ainda no setor agropecuário a região também é conhecida pela produção de plantas

e flores, destacando-se o município de Holambra. No ramo das frutas destacam-se a

laranja, destinada à produção de suco concentrado, a qual representa 31,4% do total

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estadual, o figo cuja produção representa 97,7% da estadual e a uva. Pode-se dizer que a

produção agrícola gera um efeito multiplicador na economia da região, pois além dos

recursos monetários obtidos pela venda dos produtos, há também um forte impacto sobre o

turismo na região decorrente da realização de feiras temáticas, como a Festa do Morango

em Atibaia, a da Uva em Jundiaí e a Expoflora de Holambra.

Como pode ser visto no Gráfico 2.1.3, a agropecuária contribuiu com 2,6% do valor

adicionado e com 4,3% dos vínculos empregatícios da região.

Gráfico 2.1.3 – Distribuição dos Vínculos Empregatícios e do Valor Adicionado, Segundo Setores de Atividade Econômica

RA de Campinas – 2007

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE e RAIS.

De acordo com o Gráfico 2.1.3, observa-se que o setor industrial representa 37,52%

do valor adicionado da RA de Campinas e 38,2% dos vínculos empregatícios. É importante

ressaltar que essa região abriga o terceiro maior parque industrial do Brasil, destacam-se os

setores petroquímico, localizado no município de Paulínia; automobilístico com a fábrica

da Honda, localizada em Sumaré, a qual produziu 700 mil veículos em 2009; têxtil na

região de Americana; farmacêutico com a presença da Medley em Campinas, do

Laboratório EMS em Hortolândia, e da Merial, fabricante de produtos veterinários,

instalada na cidade de Paulínia, além dos setores de alimentos e bebidas e de papel e

celulose.

Ainda em relação ao setor automobilístico a Hyundai pretende investir cerca de

US$ 600 milhões na construção de uma nova fábrica no município de Piracicaba, que deve

ser inaugurada em 2012, com uma capacidade produtiva estimada em 100 mil veículos

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compactos por ano e atrairá empresas de autopeças para a região. Outro setor de extrema

relevância para a região é o de informática e tecnologia da informação (TI) em que

podemos citar a fabricante de computadores Dell, localizada em Sumaré e a IBM instalada

em Hortolândia. A importância desses setores para a região pode ser constatada através do

montante de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) arrecadado na indústria e o

número de postos de trabalho formais dos subsetores industriais que mais empregam

trabalhadores, como é mostrado na Tabela 2.1.1 e 2.1.2, respectivamente.

Tabela 2.1.1 – Valor Total de ICMS Arrecadado na Indústria RA de Campinas – 2007

Total de ICMS Arrecadado na Indústria Valor (Em Reais de 2009)

Material de Transporte, Montadoras e Autopeças 1.269.846.546 Produtos Químicos 1.228.609.910 Bebidas 456.717.579 Papel e Celulose 451.997.395 Produtos Alimentícios 399.276.814 Produtos Farmacêuticos 389.153.288

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE.

Tabela 2.1.2 – Número de Empregos Formais segundo os Subsetores do IBGE RA de Campinas - 2008

Subsetores (IBGE) Total de Empregos Formais

Indústria de Produtos Alimentícios, Bebidas e Álcool Etílico 81.105

Indústria Química de Produtos Farmacêuticos, Veterinários, Perfumaria, ... 76.782

Indústria Têxtil do Vestuário e Artefatos de Tecidos 71.916 Indústria do Material de Transporte 71.569 Indústria Mecânica 66.021 Construção Civil 63.793 Indústria Metalúrgica 58.685

Fonte: Elaboração Própria com base em RAIS.

O setor de serviços é o maior da região com 59,88% do valor adicionado da região

e com 57,5% dos vínculos empregatícios. A Rodovia Dom Pedro I conta com uma ampla

rede de serviços e de comércio, nela estão presentes shopping centers, hipermercados,

centro de convenções, lojas de materiais de construção, hotéis e restaurantes. A rede

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32

Iguatemi está investindo cerca de R$ 112 milhões na construção de um shopping center na

cidade de Jundiaí, voltado para as classes A e B, além de um complexo imobiliário e

escritórios comerciais de alto padrão.

Outro ramo de destaque é o de ensino superior, contando com diversas

universidades e opções de cursos de graduação e pós-graduação. Entre elas, destacam-se: a

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Pontifícia Universidade Católica de

Campinas (PUC – Campinas), as Faculdades de Campinas (Facamp), a Universidade

Paulista (Unip), a Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) e a Escola Superior de

Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ – USP). O município de Rio Claro abriga dois

centros de excelência, o Instituto de Geociências e Ciências Exatas e o Instituto de

Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Em Pirassununga estão

localizadas uma unidade da Universidade de São Paulo e a Academia da Força Aérea

(AFA) e em Araras a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

O fato de a RA de Campinas possuir uma ampla rede de ensino superior formando

mão-de-obra qualificada resulta em grande concentração de centros de pesquisa e

desenvolvimento (P&D). Destacam-se o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em

Telecomunicações (CPqD), o Centro de Pesquisa Renato Archer (CenPRA), o Instituto

Tecnológico de Alimentos (Ital), o Laboratório Nacional de Luz Sincotron (LNLS) e a

Fundação Centro Tecnológico para a Informática – CTI. As atividades de P&D destinadas

ao setor agropecuário ficam sob responsabilidade da Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Há uma significativa atividade turística na região proveniente, principalmente das

estâncias hidrominerais como Águas de São Pedro, Águas de Lindóia, Amparo e Serra

Negra, e dos centros de lazer Hopi Hari e Wet’n Wild, ambos localizados na Rodovia dos

Bandeirantes.

Em relação à saúde, além dos serviços prestados existe uma intensa atividade de

pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias realizadas no Hospital das Clínicas da

Unicamp, o Hospital da PUC-Campinas, o Centro Infantil de Investigações Hematológicas

Dr. Domingos Boldrini (referência mundial no tratamento e pesquisa do câncer infantil) e

também pelos hospitais estaduais localizados na região.

Como já foi dito, a RA de Campinas possui uma excelente estrutura rodoviária, a

qual é complementada pelo Aeroporto de Viracopos, o maior do país no que se refere ao

transporte de cargas, por ferrovias que chegam até o Porto de Santos e no lado oposto

atingem o Estado de Mato Grosso do Sul e a Bolívia por meio de interligações.

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33

A Região Administrativa de Campinas é dividida em sete Regiões de Governo

(RG): A RG de Bragança Paulista, de Campinas, de Jundiaí, de Limeira, de Piracicaba, de

Rio Claro e finalmente a de São João da Boa Vista, sendo a RG de Campinas a mais

importante com 49,82% do total de Vínculos Empregatícios e com 52,1% do PIB como

pode ser visto no Gráfico 2.1.4.

Gráfico 2.1.4 – Distribuição dos Vínculos Empregatícios e do PIB, Segundo Regiões de Governo

RA de Campinas – 2007

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE e RAIS.

Gráfico 2.1.5 – Distribuição do Valor Adicionado segundo Setores de Atividade Econômica por Região de Governo

RA de Campinas – 2007

Distribuição do Valor Adicionado

4,42% 1,19% 0,67%

17,40%

37,99% 41,25%34,59%

39,97%

22,36%

63,58% 60,82% 58,09% 61,17%57,40% 60,24%

2,63%5,44%4,25%

32,00%

41,74%

52,82%

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%

RG deBragança

RG deCampinas

RG de Jundiaí RG deLimeira

RG dePiracicaba

RG de RioClaro

RG de SãoJoão da Boa

Vista

Agropecuária Indústria Serviços

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE.

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34

A análise do Gráfico 2.1.5, o qual representa a distribuição do valor adicionado

segundo os setores de atividade por Região de Governo, nos permite tirar conclusões mais

claras acerca da economia da RA de Campinas e suas especificidades. Em primeiro lugar,

nota-se que o setor de serviços é predominante na economia de todas as regiões

selecionadas. Em segundo, destaca-se a baixa participação do setor agropecuário nas

Regiões de Governo de Jundiaí e Campinas, 0,67% e 1,19% respectivamente, e uma

porcentagem expressiva na RG de São João da Boa Vista atingindo 17,4% do valor

adicionado total e um baixo desempenho industrial em comparação às outras regiões.

2.2 A Região Administrativa Central

Figura 03 – A Região Administrativa Central

Fonte: SEADE.

A Região Administrativa Central é formada por vinte e seis municípios distribuídos

em 11.094 km², área equivalente a 4,47% do total estadual, dos quais dezessete estão

presentes nesta pesquisa, são eles: Américo Brasiliense, Araraquara, Boa Esperança do

Sul, Gavião Peixoto, Matão, Motuca, Nova Europa, Rincão, Santa Lucia e Trabiju

pertencentes à Região de Governo de Araraquara; e Descalvado, Dourado, Ibaté, Porto

Ferreira, Ribeirão Bonito, Santa Rita do Passa Quatro e São Carlos pertencentes à Região

de Governo de São Carlos.

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35

As duas “potências” econômicas da região, responsáveis por cerca de 42,2% do PIB

total da região, são os municípios de Araraquara, marcado por uma agroindústria forte

principalmente nos setores de laranja e sucroalcooleiro, e o município de São Carlos onde

estão presentes indústrias tradicionais e de tecnologia ligadas ao setor de informática e

tecnologia da informação.

Segundo o REGIC, dentro da rede urbana brasileira, o município de Araraquara foi

classificado no nível Capital Regional C desempenhando um papel importante dentro da

hierarquia da região. O município exerce influência direta sobre os seguintes municípios:

Américo Brasiliense, Boa Esperança do Sul, Gavião Peixoto, Ibitinga, Motuca, Nova

Europa, Rincão, Santa Lúcia, Tabatinga e Trabiju, classificados Centros Locais; e Itápolis,

Matão e Taquaritinga, classificados como Centros de Zona B. Vejamos maiores detalhes

na Figura 04.

Figura 04 – Regiões de Influência de Araraquara

Fonte: Elaboração Própria com base em IBGE (2008).

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Já em relação ao município de São Carlos, o REGIC o classificou como Centro Sub

Regional A tendo influência sobre os seguintes Centros Locais: Descalvado, Dourado,

Ibaté, Itirapina, Porto Ferreira, Ribeirão Bonito e Santa Rita do Passa Quatro. Vejamos

maiores detalhes na Figura 05.

Figura 05 – Regiões de Influência de São Carlos

Fonte: Elaboração Própria com base em IBGE (2008).

A região é cortada pela Rodovia Washington Luiz que atinge a cidade de São José

do Rio Preto e dá acesso à capital paulista através de suas interligações com as Rodovias

Anhanguera e dos Bandeirantes. Além disso, Araraquara abriga um aeroporto e é um ponto

estratégico no que se refere ao transporte ferroviário com ligações ao norte (Barretos e

Divisa com Minas Gerais), a leste (Campinas, São Paulo e Santos) e a oeste (São José do

Rio Preto e Divisa com Mato Grosso e Goiás). (SEADE, 2009a). Por esse motivo

Araraquara foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo

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Federal com um investimento de R$ 150 milhões no setor ferroviário. Araraquara também

possui uma rede de comunicação eficiente baseada em fibra óptica, a qual permite a

transmissão de dados e informações para as principais cidades do país.

Durante a década de 80 a RA Central manteve uma taxa de crescimento

populacional acima da estadual, situação que se equilibrou nas décadas seguintes como

pode ser visto no Gráfico 2.2.1.

Gráfico 2.2.1 – Taxa Geométrica de Crescimento Populacional Estado de São Paulo e RA Central (1980-2010)

2,12

1,32

2,7

1,36

1,82 1,82

00,5

11,5

22,5

3

1980/1991 1991/2000 2000/2010

em % a.aEstado de São Paulo RA Central

Fonte: SEADE.

A RA Central possui uma população estimada em 976.993 habitantes, o equivalente

a 2,32% do total do Estado de São Paulo, no ano de 2010 sendo que 94,57% da população

reside nas áreas urbanas. A partir da análise das pirâmides etárias conclui-se que a RA

Central, assim como a RA de Campinas, seguiu a tendência estadual de estreitamento da

base e alargamento no topo da pirâmide, indicando um envelhecimento da população e

uma maior participação da População em Idade Ativa no total. No Gráfico 2.2.2 são

mostradas as pirâmides etárias dos anos de 1980 e 2008.

O PIB da RA Central em 2007 foi de R$ 16,26 bilhões, valor que representa 1,8%

do PIB do Estado de São Paulo. A agropecuária foi responsável por 7,9% do valor

adicionado total da região e por 13,6% dos vínculos empregatícios, uma retração de cerca

de 2% e 1,1% respectivamente em relação a 2006. Segundo dados de 2007 destacaram-se

os seguintes produtos: a cana-de-açúcar, cuja produção correspondeu a 8,7% do total

estadual, a laranja com quase 25% do total e o limão com 26,1%. Outros produtos menos

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tradicionais também tiveram uma produção significativa em relação ao total estadual como

mel de abelha e manga. Além disso, na pecuária, a RA Central concentra 10,5% do

rebanho de galos, frangos e pintos, do estado.

Gráfico 2.2.2 – Pirâmide Etária da População, por Sexo RA Central (1980-2008)

Fonte: SEADE (2009a).

Na agricultura devem-se ressaltar os avanços tecnológicos na citricultura no que se

refere à seleção de frutas, tratamentos especiais e mecanização; e no cultivo da cana-de-

açúcar decorrente principalmente da aprovação da lei que proíbe a queima da palha durante

a colheita visando reduzir os impactos ambientais. Ainda em relação ao setor agropecuário,

existe a expectativa de que a cidade de São Carlos receba, nos próximos anos, a Agrishow,

maior feira de agronegócios da América Latina, a qual está sediada em Ribeirão Preto. A

vinda da Agrishow para São Carlos também beneficiaria a rede hoteleira de Araraquara.

Vale destacar também, que a região abriga a maior produtora mundial de suco de laranja, a

Cutrale, localizada em Araraquara e a Citrosuco em Matão. Vejamos maiores detalhes dos

setores econômicos no Gráfico 2.2.3.

Do Gráfico 2.2.3, vemos que a indústria possui 34,3% dos vínculos empregatícios e

36,05% do valor adicionado da região. Os principais segmentos industriais são o metal

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mecânico, o metalúrgico, a indústria têxtil e de vestuário, o de alimentos e bebidas e a

produção de eletrodomésticos. A região abriga empresas importantes destes segmentos

industriais, pode-se citar a presença da Electrolux, fabricante de eletrodomésticos, em São

Carlos, a Heineken que atua no ramo de bebidas e a Lupo, no de vestuário, ambas

localizadas em Araraquara.

Gráfico 2.2.3 – Distribuição dos Vínculos Empregatícios e do Valor Adicionado Segundo Setores de Atividade Econômica

RA Central – 2007

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE e RAIS.

Recentemente, a Nestlé, multinacional do setor de alimentos, inaugurou uma nova

fábrica em Araraquara para a produção de leite. Foram investidos cerca de R$ 120 milhões

e a expectativa é de que mil e seiscentos empregos diretos e indiretos sejam criados.

A economia dessa região está baseada nos municípios de Araraquara e São Carlos.

Mas não podemos deixar de citar outras cidades que exercem atividades importantes para a

economia regional. Entre elas destacam-se o município de Gavião Peixoto, o qual abriga a

Embraer, fabricante de aeronaves; a cidade de Ibitinga, conhecida por seu polo têxtil

(bordado e costura), o município de Tabatinga conhecido por fabricar bichos de pelúcia; e

finalmente, o município de Américo Brasiliense, sede de uma das fábricas da Furp

(Fundação para o Remédio Popular), fabricante de medicamentos genéricos.

A relevância desses setores para a região pode ser confirmada pela análise de duas

variáveis, a arrecadação total de ICMS da indústria, e o total de empregos formais de

acordo com os subsetores industriais do IBGE, como pode ser visto nas tabelas 2.2.1 e

2.2.2, respectivamente.

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40

Tabela 2.2.1 – Total de ICMS Arrecadado na Indústria RA Central – 2007

Total de ICMS Arrecadado na Indústria Valor (Em Reais de 2009) Produtos Alimentícios 81.192.677 Eletrodomésticos 46.776.502 Vestuário e Acessórios 29.146.087 Têxtil 24.890.464 Produtos de Metal 22.495.320 Máquinas e Equipamentos 21.652.781 Minerais Não-Metálicos 16.634.097 Bebidas 14.476.741

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE.

Tabela 2.2.2 – Número de Empregos Formais Segundo os Subsetores do IBGE RA Central – 2008

Subsetores (IBGE) Total de Empregos

Formais Indústria de Produtos Alimentícios, Bebidas e Álcool Etílico 21.916 Indústria Têxtil 16.018 Indústria Mecânica 15.814 Construção Civil 7.750 Indústria Metalúrgica 4.917

Fonte: Elaboração Própria com base em RAIS.

O setor de serviços é o maior da região com 56,05% do valor adicionado total e

52,1% dos vínculos empregatícios. “O peso do terciário associa-se, sobretudo, às relações

complementares desse setor com a agroindústria, como os serviços de comercialização,

transporte e armazenagem, bem como à integração de toda a rede de serviços empresariais,

pesquisa e ensino superior com a indústria presente na região”. (SEADE, 2009ª, p.05).

A região se destaca pela atração de um grande número de estudantes universitários

provenientes principalmente da presença da Universidade de São Paulo (USP) e

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), localizadas em São Carlos e pela

Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Araraquara com cursos de graduação e pós-

graduação em diversas áreas. A região ainda conta com a Universidade Paulista (Unip), o

Centro Universitário de Araraquara (Uniara), as Faculdades Integradas Logatti, localizados

em Araraquara e o Centro Universitário Central Paulista (Unicep), em São Carlos.

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Assim como na RA de Campinas, a presença dessas universidades, formando mão-

de-obra qualificada, atrai centros de pesquisa e desenvolvimento para a região. O

município de São Carlos abriga a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Em Araraquara estão localizados o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e órgãos

de pesquisas ligados à universidade como o Instituto de Química e a Faculdade de Ciências

Farmacêuticas.

A Região Administrativa Central é dividida em duas Regiões de Governo (RG), a

RG de Araraquara e a RG de São Carlos, sendo a de Araraquara a mais importante

economicamente concentrando 59,5% dos vínculos empregatícios e 65% do PIB da região,

como pode ser visto no Gráfico 2.2.4. Já o Gráfico 2.2.5, referente à distribuição do valor

adicionado nos permite concluir que o setor de serviços é predominante na economia das

duas regiões de governo. Além disso, percebe-se que a atividade industrial ocupa uma

parcela maior na economia da RG de Araraquara crescendo quase 2% em relação ao ano

de 2006. Comparando-se os dados dos últimos anos, conclui-se que a atividade

agropecuária vem perdendo espaço na distribuição do valor adicionado nas duas regiões de

governo sendo que na de Araraquara a queda foi de 2,45% em relação a 2006.

Gráfico 2.2.4 – Distribuição dos Vínculos Empregatícios e do Produto Interno Bruto Segundo Regiões de Governo

RA Central – 2007

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE e RAIS.

Gráfico 2.2.5 – Distribuição do Valor Adicionado segundo Setores de Atividade Econômica por Região de Governo

RA Central 2007

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42

Distribuição do Valor Adicionado

8,24% 7,22%

39,35%

29,74%

52,41%

63,04%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

RG de Araraquara RG de São Carlos

Agropecuária Indústria Serviços

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE.

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CAPÍTULO III: Municípios Selecionados

3.1 Região de Governo de Araraquara

Américo Brasiliense está localizado a 260 quilômetros da capital paulista sendo

beneficiado pela proximidade de importantes centros econômicos do interior como

Araraquara (7 km) e Ribeirão Preto (80 km). O município tem uma população estimada em

35.115 habitantes em 2011 sendo conhecida como a “Cidade Doçura” devido à produção

de cana-de-açúcar, predominante na economia municipal.

Ao final de 2009, o município possuía 7.424 empregos formais, sendo a

agropecuária e a indústria de transformação as maiores empregadoras, respectivamente. Na

indústria destacam-se os setores de alimentos e bebidas, a construção civil, metalurgia e

mecânica. Ainda em relação à indústria, houve a inauguração da Fábrica para o Remédio

Popular (FURP), construída pelo Governo Estadual, a qual produz 294 milhões de

unidades de medicamentos por mês visando atender o mercado internacional.

Araraquara está localizada a 270 quilômetros de São Paulo, na região central do

Estado, com uma população estimada em 211.247 habitantes atualmente. A cidade

conhecida como “morada do sol” sofreu uma “revolução” econômico social graças aos

investimentos realizados ao longo dos últimos dez anos nas áreas de saúde, educação e

desenvolvimento econômico. Outra área de destaque é a de saneamento, já que 100% do

esgoto é coletado e tratado e todas as residências possuem água encanada. Ainda na área

social, um novo projeto nomeado “Internet para Todos” pretende dar acesso à internet

gratuitamente a 90% da população até o final de 2011.

O governo municipal também promoveu uma diversificação da matriz econômica

da cidade, antes baseada na produção de cana-de-açúcar e laranja, atraindo novas empresas

das áreas de tecnologia da informação e logística.

Araraquara fechou o ano de 2009 com 66.035 empregos formais, um crescimento

de 6,5% em relação ao ano anterior, mostrando que o município manteve-se imune à crise.

Na indústria as atividades mais empregadoras foram: alimentos e bebidas, mecânica e

têxtil respectivamente.

O Produto Interno Bruto atingiu R$ 3,366 bilhões em 2007 sendo que o setor de

serviços é o maior contribuindo com 71,64% do valor adicionado no mesmo ano. A

administração pública (que está dentro dos serviços) foi responsável por 11,68% e a

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indústria por 26,32%. A agropecuária que em 2006 participou com 3,74% caiu para 2,06

em 2007.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social, tanto no ano de 2004 quanto em

2006, Araraquara foi classificada no Grupo 1 – Nível elevado de riqueza e bons níveis nos

indicadores sociais – apresentando melhora significativa na dimensão escolaridade.

Boa Esperança do Sul está localizado a cerca de 300 quilômetros da capital

paulista, com uma população estimada em 13.750 habitantes em 2011. A economia é

baseada na agricultura com a produção de cana-de-açúcar e laranja.

O município encerrou o ano de 2009 com 2.932 empregos formais sendo que a

agricultura é responsável por 62,5% desse total, seguida da administração pública. A

relevância da agricultura na economia municipal é comprovada analisando a distribuição

do valor adicionado. No ano de 2007 o setor de serviços foi responsável por 53,29% do

total, seguida da agricultura com 41,19%, um valor muito acima da média estadual e dos

outros municípios estudados, a indústria ficou com apenas 5,51% do total. No mesmo ano

o PIB atingiu R$ 201,97 milhões.

Nos indicadores sociais destaca-se a renda per capita de apenas 1,61 salários

mínimos, abaixo da média estadual (2,92) e da região de governo (2,25). Além disso 25%

dos domicílios possuem renda per capita de até meio salário mínimo.

Gavião Peixoto está localizado a cerca de 300 quilômetros da capital paulista na

região central do Estado. Tendo apenas 15 anos de sua emancipação político

administrativa, a economia de Gavião Peixoto sempre foi baseada na agricultura com o

cultivo da laranja e da cana-de-açúcar. Mas no ano 2000, teve início uma “revolução” na

economia municipal com a instalação de uma unidade da Embraer responsável pela

montagem final de aeronaves e ensaios de voo.

A relevância desses dois setores é comprovada pelo mercado de trabalho. Gavião

Peixoto encerrou o ano de 2009 com 4.123 empregos formais sendo que a indústria de

materiais de transporte e a agricultura abrigam 90,4% do total. As alterações na matriz

econômica do município decorrentes da instalação da Embraer também podem ser vistas

quando analisamos a evolução do PIB e a distribuição do valor adicionado entre 1999 e

2007, como mostram as tabelas 3.1.1 e 3.1.2.

Tabela 3.1.1 – Evolução do PIB de Gavião Peixoto (1999-2007)

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1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Produto Interno Bruto

(em milhões de reais correntes 39,34 34,47 65,93 63,26 76,89 68,97 104,31 524,07 76,14

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE.

Tabela 3.1.2 – Distribuição do Valor Adicionado de Gavião Peixoto (1999-2007)

Valor Adicionado

(Participação no Total em %) 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Serviços 38,25 39,14 27,74 34,10 32,75 34,40 30,92 21,59 38,47 Agropecuária 48,95 36,12 58,70 48,43 48,66 46,09 28,68 6,84 36,06 Indústria 12,80 24,74 13,56 17,46 18,59 19,51 40,40 71,57 25,47

Fonte: Elaboração Própria com base em SEADE.

A cidade de Matão está localizada a 300 quilômetros de São Paulo com uma

população estimada em 77.270 habitantes. Sua economia é baseada predominantemente na

indústria, principalmente a mecânica e a de alimentos e bebidas, concentrando 67,86% do

valor adicionado em 2007.

Ao final de 2009, o município tinha 26.837 empregos formais, sendo a agricultura a

maior empregadora. O comércio varejista e a indústria mecânica também desempenham

um papel importante. Na agricultura destacam-se a produção de cana-de-açúcar e laranja.

O setor de serviços, predominante na maioria dos municípios estudados foi

responsável por apenas 30,28% do total em 2007, dos quais 3,35% são provenientes da

administração pública. A agricultura respondeu por apenas 1,87% no mesmo ano. Ainda

em 2007, o PIB atingiu R$ 3,7 bilhões, valor que representa um crescimento de 27,8% em

relação ao ano anterior. Outro fato importante é que Matão tem parte de sua economia

voltada para a exportação sendo responsável por 1,45% do total estadual em 2009.

Motuca está localizada a 310 quilômetros da capital paulista aproximadamente,

com uma população estimada em 4.330 habitantes atualmente. Seguindo a tendência

regional, o município tem sua agricultura baseada no cultivo de cana-de-açúcar e laranja.

O município enfrenta uma situação econômica difícil já que encerrou o ano de 2009

com apenas 607 empregos formais frente aos 1.674 de 2007. Os setores que mais abrigam

mão-de-obra são a administração pública e a indústria têxtil. Houve um colapso no

mercado de trabalho da cidade, a indústria de alimentos e bebidas, por exempli, perdeu

todos os postos de trabalho entre 2007 e 2009 e a agricultura teve um saldo negativo de

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900 empregos no mesmo período. Este quadro afetou diretamente o PIB municipal, o qual

atingiu R$ 179,32 milhões em 2007, retraindo 12% em relação ao ano anterior.

A cidade de Nova Europa está localizada a 340 quilômetros de São Paulo, na região

central do Estado, com uma população estimada em 9.508 habitantes. Ao final de 2009, o

município possuía 3.121 empregos formais, sendo a indústria de alimentos e bebidas a

principal empregadora, ela concentra 69,75% do total. A administração pública e o

comércio também têm um papel importante na absorção de mão-de-obra. Outro fato

importante é o colapso do mercado de trabalho formal na agricultura já que entre 2007 e

2009 a cidade teve um saldo negativo de 1.570, restando apenas 195 postos de trabalho

com carteira assinada.

Em relação à geração de riquezas, destaca-se a evolução da indústria nos últimos

anos. No ano de 2002 a indústria era responsável por 22,48% do valor adicionado total, em

2007 essa parcela subiu para 29,02%. A agropecuária que abrigava 22,48% do total teve

sua participação reduzida para 14,22% em 2007. O setor de serviços é o maior com

56,76% sendo que a administração pública foi responsável por 19,24% dessa parcela.

Ainda em 2007, o PIB atingiu R$ 98,68 milhões mantendo-se estável em relação ao ano

anterior.

O município de Rincão está localizado a 270 quilômetros da cidade de São Paulo,

na região central do Estado com uma população de 10.420 habitantes. Sua economia é

baseada na agricultura a qual concentra 36,73% do valor adicionado, com a produção de

cana-de-açúcar e laranja, sendo a maior empregadora de mão-de-obra.

Ao final de 2009, Rincão possuía 1.471 empregos. Além da agricultura a

administração pública e a indústria de produtos minerais não metálicos desempenham um

papel importante na absorção de mão-de-obra. Apesar de reduzido, o número de postos de

trabalho formais na indústria química cresceu significativamente no período entre 2007 e

2009.

Dados de 2007 revelam que o setor de serviços foi responsável por 54,98% do total

do valor adicionado municipal dos quais 19,12% têm origem na administração pública. A

indústria respondeu por apenas 8,29%. Neste mesmo ano, o PIB atingiu R$ 97,95 milhões,

valor que representa um crescimento de 23,6% em relação ao ano anterior.

Santa Lúcia está localizada a cerca de 300 quilômetros da capital paulista com uma

população de 8.287 habitantes aproximadamente. Sua economia é baseada na agricultura,

com o cultivo de cana-de-açúcar e laranja, concentrando 34,43% do valor adicionado, mas

vem perdendo espaço ao longo da década já que em 2003 essa parcela chegou a 44,54%.

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47

Ao final de 2009, Santa Lúcia possuía 650 empregos formais seguindo uma

tendência de queda no período entre 2006 e 2009. Deve-se ressaltar a forte queda de postos

de trabalho formais na agricultura que encerrou 2009 com apenas 78 empregos com

carteira assinada frente aos 392 de 2006, fato que indica um alto grau de informalidade

nesta atividade. A administração pública predomina como a principal empregadora com

43,4% do total.

A Cidade de Trabiju está localizada a 286 quilômetros de São Paulo com apenas

1.500 habitantes aproximadamente. Destaca-se por sua infraestrutura urbana já que 100%

da população é atendida com a coleta de lixo, rede de esgoto, água encanada e ruas

pavimentadas.

O mercado de trabalho formal de Trabiju é movimentado pela agricultura (cana-de-

açúcar e laranja) e administração pública. Dos 363 empregos formais registrados ao final

de 2009, 71,3% se concentram nestes dois setores.

A melhora nos indicadores sociais fica evidente quando analisamos os resultados

do Índice Paulista de Responsabilidade Social. Em 2004, Trabiju integrou o Grupo 5 –

Municípios mais desfavorecidos, tanto em riqueza como nos indicadores sociais. Em 2006,

a cidade foi classificada no Grupo 2 – Municípios que, embora com níveis de riqueza

elevados, não exibem bons indicadores sociais. Ressalta-se a melhora significativa da

dimensão longevidade.

3.2 Região de Governo de Limeira

A cidade de Araras está localizada a 170 quilômetros da capital paulista, com uma

população estimada em 120.291 habitantes aproximadamente. A economia é baseada na

indústria de transformação e na agricultura com a produção de cana-de-açúcar, laranja e

milho.

Segundo o REGIC, Araras foi classificada como Centro Sub Regional B exercendo

influência sobre Conchal (Centro Local) e Leme (Centro de Zona B) o qual tem influência

sobre Santa Cruz da Conceição (Centro Local).

Araras terminou o ano de 2009 com 33.540 empregos formais, mantendo-se estável

em relação a 2008. Na indústria de transformação, maior empregadora, destacam-se os

setores de metalurgia, mecânica e química. Ainda dentro da indústria, a construção civil e

o setor de alimentos e bebidas também desempenham um papel importante na absorção de

mão-de-obra.

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48

Figura 06 – Regiões de Influência de Araras

Fonte: Elaboração Própria com base em IBGE (2008).

Dados de 2007 revelam que o setor de serviços foi responsável por 67,52% do valor

adicionado, a indústria por 28,94% e a agricultura com 3,55%, mantendo-se estável em

relação aos últimos anos. O PIB de 2007 atingiu R$ 2,099 bilhões, o que corresponde a

0,232% do PIB estadual. Além disso, as exportações representaram 0,39% do total estadual

em 2009.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social, tanto em 2004 quanto em 2006, a

cidade ocupou o Grupo 1 – Municípios com nível elevado de riqueza e bons níveis nos

indicadores sociais, apresentando melhora significativa no índice de escolaridade.

Conchal está localizado a cerca de 190 quilômetros de São Paulo, na região Centro-

Oeste do Estado, com uma população estimada em 25.479 habitantes. A agricultura

desempenha um papel fundamental dentro da economia local, com a produção de laranja,

cana-de-açúcar, milho e mandioca (destinada à indústria para a produção de farinha).

Dentro da indústria, além do setor de alimentos e bebidas, o setor de fabricação de bolsas

de couro vem crescendo nos últimos anos.

A cidade encerrou 2009 com 5.321 empregos formais, sendo a agricultura a maior

empregadora, seguida do comércio varejista e da administração pública. Esses três setores

abrigaram 62,3% do total dos postos de trabalho.

Em termos do valor adicionado, no ano de 2007 o setor de serviços foi responsável

por 43,04% do total, mas vem perdendo espaço para a indústria. Em 2001, o setor de

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serviços predominava com 54,8%, enquanto a indústria respondia por apenas 19,26% do

total, ficando abaixo da agropecuária. Mas, esse quadro sofreu uma profunda alteração ao

longo da década com a indústria tendo 42,1% do total do valor adicionado em 2007. Nesse

mesmo ano, a agropecuária representou 14,85% do total.

Essa alteração na composição da matriz econômica local tendo uma produção com

maior valor agregado refletiu diretamente no PIB do município, o qual era de apenas R$

109,2 milhões em 2000, atingiu R$ 432,58 milhões em 2007, este valor representa um

crescimento de 37,4% em relação a 2006.

O município de Leme está localizado a 189 quilômetros da cidade de São Paulo

com uma população estimada em 92.841 habitantes aproximadamente. A cidade encerrou

o ano 2009 com 19.245 empregos formais, sendo o comércio varejista, a administração

pública e a indústria de alimentos e bebidas, os setores que mais absorvem mão-de-obra. É

interessante ressaltar a perda acentuada de postos de trabalho na agricultura no período

entre 2007 e 2010.

Dados de 2007 revelam que o setor de serviços é o maior concentrando 67,7% do

total do valor adicionado. A indústria foi responsável por 25,5% do total e a agricultura por

apenas 6,75%, uma queda significativa em relação a 2002 quando chegou a representar

11,12% do total. O PIB atingiu cerca de R$ 1 bilhão em 2007, um crescimento de 15,6%

em relação ao ano anterior e dobrando seu valor em relação ao ano 2000.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social, tanto em 2004 quanto em 2006,

Conchal e Leme integraram o Grupo 5 – Municípios mais desfavorecidos, tanto em riqueza

como nos indicadores sociais, estando abaixo da média estadual em todas as dimensões.

A cidade de Pirassununga está localizada a 213 quilômetros da capital paulista com

uma população estimada em 70.584 habitantes aproximadamente. Na agricultura destaca-

se a produção de cana-de-açúcar e de laranja.

O mercado de trabalho de Pirassununga vem crescendo nos últimos anos

encerrando 2009 com 22.447 empregos formais. Os setores que mais absorvem mão-de-

obra são a agricultura, a qual mais do que dobrou o número de postos de trabalho nos

últimos três anos, terminando 2009 com 5.609 empregos; a administração pública e a

indústria de alimentos e bebidas vêm em seguida. Outro fato relevante foi a queda

significativa de empregos na indústria de papel passando de 571 em 2007 para apenas 81

ao final de 2009.

Dados de 2007 revelam que o setor de serviços é o maior com 59,98% do total do

valor adicionado, seguido pela indústria com 31,55% e pela agricultura com 8,47%. Neste

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50

mesmo ano o PIB atingiu R$ 1,13 bilhão, mantendo-se estável em relação a 2006, mas se

considerarmos os anos anteriores o crescimento é vigoroso.

Santa Cruz da Conceição está localizada a cerca de 200 quilômetros de São Paulo

com uma população estimada em cerca de 4.000 habitantes. A economia do município é

baseada na agricultura com a produção de cana-de-açúcar, laranja e milho.

O município encerrou o ano de 2009 com 1.082 empregos formais, uma queda de

25,9% em relação ao ano anterior, reflexo do péssimo desempenho da agricultura a qual é

a maior empregadora de mão-de-obra seguida da administração pública. Em termos de

geração de riquezas, no ano de 2007, o setor de serviços foi responsável por 60,16% do

total do valor adicionado, destacando que 18,76% deste valor são provenientes da

administração pública. A agropecuária ficou com 26,34% e a indústria tem um papel

discreto com apenas 13,5%. O PIB de 2007 ficou em R$ 52,31 milhões, um crescimento de

9,5% em relação ao ano anterior.

3.3 Região de Governo de Rio Claro

O município de Analândia está localizado na região centro-leste do estado a cerca

de 220 quilômetros de São Paulo. A Estância climática Analândia possui uma população

estimada em 4.400 habitantes aproximadamente e por abrigar riquezas naturais recebe um

grande número de turistas buscando atividades esportivas como rapel, escaladas, mountain

bike, voo livre, etc.

Analândia fechou 2009 com 1.233 empregos formais, sendo a agricultura,

predominantemente, a maior empregadora. Ainda destaca-se a administração pública e a

indústria extrativa mineral. Em 2007, o setor de serviços foi responsável por 50,8% do

valor adicionado dos quais 17,3% vieram da administração pública. Há um equilíbrio entre

a agropecuária com 24,55% do total e a indústria com 24,65% no mesmo ano. O PIB

atingiu R$ 67,53 milhões, uma queda de 4,17% em relação ao ano anterior.

Brotas está localizada a 235 quilômetros da capital paulista, no centro do estado,

com uma população estimada em 21.848 habitantes. Historicamente, a agricultura sempre

desempenhou um papel relevante na economia municipal, principalmente no início do

século passado com a produção de café. Devido às riquezas naturais da região, a qual

abriga rios, cachoeiras e represas, existe um esforço do governo municipal em tornar a

cidade um ponto de referência no que se refere ao ecoturismo nacional.

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No mercado de trabalho, a cidade encerrou 2009 com 7.418 empregos formais, dos

quais a agricultura abriga 48% do total. Destacam-se ainda o comércio varejista, a

administração pública e os serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção,

etc.

Dados de 2007 revelam que 56,31% do valor adicionado vieram do setor de

serviços, enquanto a agricultura foi responsável por 32,47%. A indústria abriga apenas

11,22% do total. O PIB atingiu R$ 287,48 milhões em 2007.

A cidade de Corumbataí está localizada a 204 quilômetros da capital paulista, com

uma população estimada em apenas 3.882 habitantes, o município se destaca pelas

iniciativas de coleta seletiva de lixo, sendo eleita a melhor do Estado de São Paulo.

Ao final de 2009, Corumbataí possuía 1.029 empregos formais, sendo sua

distribuição entre os setores bem equilibrada. Em relação ao valor adicionado, o setor de

serviços é o maior, abrigando 54,78% do total em 2007. No mesmo ano, a agropecuária

teve um papel de extrema relevância na economia municipal já que representou 32,29% do

total. O PIB, em 2007, foi de apenas R$ 84,02 milhões.

O município de Itirapina está localizado a cerca de 220 quilômetros de São Paulo

com uma população estimada em 15.798 habitantes aproximadamente. A economia é

baseada na agropecuária com o cultivo de cana-de-açúcar e laranja e a criação de galinhas

e frangos para corte e produção de ovos.

Itirapina encerrou 2009 com 3.740 empregos formais, sendo a agricultura

responsável por um terço do total. A indústria da madeira e a administração pública

também são grandes empregadoras.

Em relação ao valor adicionado o setor de serviços que em 2000 era responsável

por 69,3% do total teve sua participação reduzida para 61,79% em 2007 perdendo espaço

para a agropecuária que em 2000 era de 19,52% cresceu para 28,58% em 2007. A indústria

foi responsável por apenas 9,63% em 2007. Neste mesmo ano o PIB atingiu R$ 165,82

milhões, um crescimento de 9,75% em relação ao ano anterior.

Rio Claro está localizado a cerca de 180 quilômetros da capital paulista com uma

população estimada em 188.019 habitantes. A economia do município é baseada na

indústria, principalmente nos setores de produtos plásticos, a indústria química e a

alimentícia. Ainda na indústria, Rio Claro se destaca por abrigar uma das unidades da

Whirpool, a maior fabricante de eletrodomésticos do mundo, proprietária de marcas

importantes como a Brastemp e a Consul. A unidade produz lavadoras, lava-louças e

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fogões além de abrigar um centro de pesquisas, responsável pela criação de novas

tecnologias no ramo de lavanderias.

Segundo o REGIC, Rio Claro foi classificado como Centro Sub Regional A tendo

influência sobre seguintes Centros Locais: Analândia, Cordeirópolis, Corumbataí, Ipeúna e

Santa Gertrudes.

Figura 07 – Regiões de Influência de Rio Claro

Fonte: Elaboração Própria com base em IBGE (2008).

Após o “boom” no mercado de trabalho de Rio Claro quando atingiu 68.775

empregos formais ao final de 2007, um crescimento de 17,44% em relação ao ano anterior,

o município foi atingido gravemente pela crise financeira mundial, encerrando o ano de

2008 com apenas 53.604 empregos formais. O ano de 2009 foi de recuperação com um

saldo positivo de 2.623 novos empregos formais. O comércio varejista e o setor de

comércio e administração de imóveis são os principais empregadores. A indústria

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53

mecânica e química também desempenham um papel importante na absorção de mão-de-

obra.

A relevância da indústria para a matriz econômica da cidade é comprovada quando

analisamos a distribuição do valor adicionado já que, em 2007, ela foi responsável por

47,04% do total. O setor de serviços ainda é o maior com 51,94%. A agricultura representa

apenas 1,02%. Neste mesmo ano o PIB atingiu R$ 3,85 bilhões seguindo a tendência de

crescimento dos anos anteriores.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social tanto em 2004 quanto em 2006,

Rincão foi classificado no Grupo 1 – Municípios com nível elevado de riqueza e bons

níveis nos indicadores sociais.

A cidade de Santa Gertrudes está localizada a 167 quilômetros da capital paulista

com uma população estimada em 22.200 habitantes aproximadamente. Santa Gertrudes

abriga o maior polo de cerâmica de revestimentos da América Latina composto por quinze

empresas. Segundo dados da prefeitura o polo de cerâmica exportou 45 milhões de m²,

valor que representa quase a totalidade do estado de São Paulo e a 55,2% do total do país.

Santa Gertrudes encerrou 2009 com 5.679 empregos formais e a perda de 507

postos formais em relação ano anterior ocasionada pela crise que afetou diretamente o

setor exportador. A relevância do setor de cerâmica é confirmada quando analisamos os

dados do mercado de trabalho do município já que o setor abrigava 55,2% do total de

empregos formais. A administração pública e o comércio varejista também desempenham

um papel importante na absorção de mão-de-obra.

O setor de cerâmica de revestimentos também impulsiona a atividade industrial da

cidade já que em 2007 a indústria foi responsável por 46,79% do total do valor adicional.

O setor de serviços ainda é o maior com 50,85% considerando os 15,2% vindos da

administração pública. A agropecuária respondeu por apenas 2,36% do total. Ainda em

2007, o PIB atingiu R$ 303,85 milhões, o que representa um crescimento de 18,3% em

relação ao ano anterior.

3.4 Região de Governo de São Carlos

Com uma população estimada em 31.262 habitantes aproximadamente, o município

de Descalvado está localizado a 240 quilômetros de São Paulo, em uma posição geográfica

privilegiada pelo fácil acesso às rodovias e à malha ferroviária que ligam a região ao Porto

de Santos. A indústria se destaca pela produção de areia vidreira. Além disso, a cidade

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ficou conhecida como capital nacional de produtos pet, ou seja, ligados à nutrição animal,

abrigando a Royal Canin, uma das principais empresas do ramo animal.

Descalvado encerrou 2009 com cerca de 8.000 empregos formais, sendo a indústria

de transformação e a agropecuária os maiores empregadores. O comércio e os serviços

também desempenham um papel importante no mercado de trabalho do município. Um

fato que comprova a importância da indústria de produtos pet é que o setor abriga 70% da

mão-de-obra formal da indústria de transformação.

Dados de 2007 revelam que o setor de serviços foi responsável por 47,46% do valor

adicionado total. A indústria representou 37,29% e a agricultura respondeu por 15,25%,

ficando bem acima da média estadual. Nesse mesmo ano o PIB atingiu R$ 634,03 milhões,

um crescimento de 5,7% em relação ao ano anterior.

Dourado está localizado a 275 quilômetros da cidade de São Paulo na região central

do estado, com uma população estimada em 8.610 habitantes. Devido a sua localização, é

conhecida como “Cidade Coração Paulista”. Em relação ao turismo, além de atividades

esportivas como rapel, rafting, mountain bike, os turistas podem visitar casarões

construídos no século XIX restaurados pela prefeitura municipal.

O município encerrou 2009 com 1.562 empregos formais sendo a agricultura e a

administração pública os setores que mais empregam. A indústria de alimentos e bebidas e

o comércio também desempenham um papel importante. Na agricultura, a principal

atividade é o cultivo de cana-de-açúcar.

No que se refere ao valor adicionado, dados de 2007 revelam que o setor de

serviços é o principal respondendo por 57,76% do total. Existe um equilíbrio entre a

indústria e a agricultura sendo a primeira responsável por 22,07% e a segunda por 20,17%

do total. Após uma trajetória de crescimento entre 2000 e 2006 quando chegou a atingir R$

87,4 milhões, o PIB recuou em 2007 para R$ 83,84 milhões.

O município de Ibaté está localizado a 243 quilômetros da capital paulista com uma

população estimada em cerca de 31.165 mil habitantes. Conhecida como “Encanto do

Planalto” a cidade nasceu a partir das atividades cafeeiras na região no século XIX.

Ibaté encerrou o ano de 2009 com 5.030 empregos formais, sendo o comércio

varejista e a indústria de alimentos e bebidas. A administração pública e a agricultura

também abrigam um número significativo de mão-de-obra. Na agricultura destaca-se o

cultivo de cana-de-açúcar e na indústria o setor de produtos minerais não metálicos.

Em relação ao valor adicionado, a agricultura que no ano 2000 era responsável por

apenas 11,36% do total, fechou 2007 com 18,38%. O setor de serviços predomina com

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61,95% e a indústria ficou com 19,67%, também em 2007. No ano 2000, o PIB era de R$

108,46 milhões e após uma trajetória de crescimento, atingiu R$ 286,9 milhões em 2006,

mas teve uma queda em 2007 fechando o ano com R$ 280,41 milhões.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social tanto em 2004 quanto em 2006 o

município ocupou o Grupo 4 – Municípios que apresentam baixos níveis de riqueza e nível

intermediário de longevidade e/ou escolaridade.

O município de Porto Ferreira está localizado a 230 quilômetros de São Paulo com

uma população estimada em 51.787 habitantes. Sua economia é baseada na indústria,

principalmente a de produtos minerais não metálico e a de materiais elétricos e de

comunicação. A agricultura se destaca pelo cultivo de cana-de-açúcar, laranja e batata

inglesa.

Porto Ferreira encerrou 2009 com 14.579 empregos formais, sendo a indústria de

produtos minerais não metálicos, o comércio varejista e a administração pública os setores

que mais absorvem mão-de-obra. Vale destacar o fraco desempenho da agricultura no

período entre 2007 e 2010, a qual teve um saldo negativo de 1.000 empregos

aproximadamente.

Em termos de geração de riqueza destaca-se o crescimento vigoroso da indústria ao

longo da década. Em 2002, a indústria era responsável por 29,4% do total do valor

adicionado, em 2007 essa parcela alcançou 35,14% reduzindo o peso do setor de serviços

na economia municipal. Ainda em 2007, o setor de serviços respondeu por 58,64% do total

e a agropecuária por 6,23%.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social, tanto em 2004 quanto em 2006,

Porto Ferreira foi classificada no Grupo 2 – Municípios que, embora com níveis de riqueza

elevados, não exibem bons indicadores sociais.

Ribeirão Bonito está localizado a 270 quilômetros de São Paulo com uma

população estimada em 12.100 habitantes. A economia do município se baseia na

agricultura com a produção de cana-de-açúcar e laranja. A produção industrial ainda é

discreta destacando-se a de produtos alimentícios e a têxtil.

A cidade encerrou o ano de 2009 com 1.895 empregos formais, sendo a agricultura

a maior empregadora. A administração pública e o comércio varejista também

desempenham um papel importante na absorção de mão-de-obra. No período entre 2007 e

2009 deve-se destacar o crescimento significativo de postos de trabalho formal no setor de

transportes e comunicação.

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56

Dados de 2007 revelam que o setor de serviços foi responsável por 56,87% do total

do valor adicionado municipal dos quais 16,5% tem origem na administração pública.

Como já foi dito, a agropecuária desempenha um papel importante na matriz econômica do

município ficando com 34,74%. A indústria respondeu por apenas 8,39%. Ainda em 2007,

o PIB atingiu R$ 118,32 milhões seguindo uma trajetória de crescimento ao longo da

década.

A cidade de Santa Rita do Passa Quatro está localizada a 240 quilômetros de São

Paulo com uma população estimada em 26.511 habitantes. A agropecuária desempenha um

papel central na economia da cidade com o cultivo de cana-de-açúcar e laranja e a

produção de frangos.

Santa Rita do Passa Quatro possuía 5.986 empregos formais em 2009, tendo um

crescimento discreto (cerca de 3%) no período entre 2007 e 2009. O setor de alimentos e

bebidas predomina como setor que mais emprega mão-de-obra com carteira assinada,

seguido do comércio varejista.

A relevância da agropecuária fica evidente quando analisamos a distribuição do

valor adicionado. Dados de 2007 revelam que a agropecuária foi responsável por 16,68%

do total. O setor de serviços predomina com 68,85% impulsionado pela alta participação

da administração pública com 15,62%. A indústria vem perdendo espaço ao longo dos

últimos anos já que em 2004 ela abrigava 23,45% do total tendo sua participação reduzida

para apenas 14,47% em 2007. No mesmo ano, o PIB atingiu R$ 320,03 milhões,

mostrando uma leve queda em relação ao ano anterior.

Finalmente, o município de São Carlos está localizado a 240 quilômetros da capital

paulista na região central do Estado de São Paulo com uma população estimada em 220

mil habitantes. Sua economia está baseada na indústria, principalmente a mecânica. O

município abriga empresas importantes de diversos setores, como a Electrolux no ramo de

eletrodomésticos, a Faber Castell, fabricante de materiais escolares e a Volkswagen do

ramo automobilístico.

Apesar de sofrer um forte impacto decorrente da crise financeira mundial, o

mercado de trabalho de São Carlos se recuperou no segundo semestre e fechou o ano de

2009 com 67.211 empregos formais, um crescimento de 2,5% em relação ao ano anterior.

O setor que mais emprega é o comércio varejista com 11.642 empregos formais. Na

indústria, os setores que mais empregam são a indústria mecânica, a da borracha fumo e

couro, e a de alimentos e bebidas respectivamente. Deve-se ressaltar o número elevado de

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empregos formais no setor de ensino decorrente principalmente da presença dos campus da

Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de São Carlos.

Em termos de geração de riquezas, a indústria também se destaca com 33,04% do

total do valor adicionado em 2007. O setor de serviços é responsável por 64,29% e

agricultura por apenas 2,67%. Nesse mesmo ano o PIB atingiu R$ 3,6 bilhões mantendo a

trajetória de intenso crescimento ao longo da década.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social, tanto no ano de 2004 quanto em

2006 o município foi classificado no Grupo 1 – Nível elevado de riqueza e bons níveis nos

indicadores sociais.

3.5 Região de Governo de São João da Boa Vista

O munícipio de Aguaí está localizado a cerca de 190 quilômetros da capital

paulista, com uma população estimada em 33 mil habitantes aproximadamente. Entre as

principais metas estabelecidas pelo governo municipal estão: na área educacional, a

construção de uma unidade da Fatec e a implantação do ensino de inglês e espanhol nas

séries iniciais do ensino fundamental; na área cultural, a construção de um teatro

municipal. No que se refere ao saneamento, já está em construção a estação de tratamento

de esgoto do município.

Aguaí encerrou o ano de 2009 com 6.002 empregos formais, um crescimento de 5%

em relação a 2008, sendo que a indústria de transformação e a agropecuária são as maiores

empregadoras. Dentro da indústria de transformação destacam-se a indústria de papel,

papelão, editorial e gráfica; e a de borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas.

No ano 2000, a maior parcela do valor adicionado vinha do setor de serviços. Mas,

devido ao ritmo acelerado de crescimento da agropecuária, o setor de serviços acabou

perdendo espaço. O valor adicionado da agropecuária que em 2000 correspondia a 16,57%

do total atingiu 46,32% em 2007, e da indústria que no ano 2000 era 28,53% caiu para

16,3% em 2007. Nesse mesmo ano, o PIB do município foi R$ 649,64 milhões.

A cidade de Águas da Prata está localizada a 238 quilômetros de São Paulo, com

uma população estimada em 7.600 habitantes aproximadamente. Conhecida como a

“Rainha das Águas”, a cidade desfruta das riquezas naturais da Serra da Mantiqueira, como

cachoeiras, lagos e cascatas tanto que existe um esforço do governo municipal em

estimular o ecoturismo da região alavancando a economia regional.

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A cidade encerrou 2009 com 861 empregos formais, sendo que os maiores

empregadores são a agricultura e a administração pública concentrando 60% do total.

Além desses setores, destaca-se ainda o de alimentos e bebidas sendo o envase de água

mineral o principal responsável por esse desempenho.

O setor de serviços respondeu por 71,64% do valor adicionado em 2007. A

agropecuária que em 2002 chegou a atingir 9,66% do total regrediu para 5,69% em 2007.

O PIB municipal atingiu R$ 93,72 milhões em 2007, o que representa um crescimento de

34% em relação ao ano anterior.

Caconde está localizado a 290 quilômetros de São Paulo, na região nordeste do

estado com uma população estimada em 18.564 habitantes. Tendo sua economia baseada

na agricultura, com a produção de café, a cidade vem se destacando nos últimos anos no

ramo turístico. Desfrutando das belezas naturais da Serra da Mantiqueira, Caconde foi

classificada entre as 30 munícipios de pequeno porte mais belos do Brasil.

O município encerrou 2009 com 2.825 empregos formais. Destacam-se como mais

empregadores de mão-de-obra os setores da construção civil, agricultura e a administração

pública, respectivamente. Dados de 2007 revelam que o setor de serviços foi responsável

por 70,69% do total do valor adicionado do município, a indústria por 29,62% e a

agricultura por 12,61%. O PIB de 2007 ficou em R$ 175,8 milhões, com uma queda de

3,35% em relação ao ano anterior.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social, tanto em 2004 quanto em 2006,

Aguaí e Caconde foram classificadas no Grupo 5 – Municípios mais desfavorecidos, tanto

em riqueza como nos indicadores sociais. Resultado que pode ser atribuído,

principalmente, ao índice de riqueza baixíssimo quando comparado à média estadual.

O município de Casa Branca está localizado a 240 quilômetros da capital paulista,

com uma população estimada em 28.030 habitantes. Sua economia é baseada na

agricultura, principalmente no cultivo de jabuticaba.

Ao final de 2009, Casa Branca possuía 6.047 empregos formais, sendo que 43,6%

do total estão concentrados na agricultura, seguida do comércio varejista e da

administração como maiores empregadores. A relevância da agricultura pode ser

comprovada quando analisamos a distribuição do valor adicionado. Em 2007, a agricultura

foi responsável por 51,21% do total, seguindo uma tendência de crescimento nos últimos

anos já que em 2000 esse valor era de apenas 31,47%. Os serviços representaram 43,3% e

a indústria apenas 5,49%. Ainda em 2007, o PIB atingiu R$ 563,74 milhões, um

crescimento de 21,15% em relação ao ano anterior.

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A cidade de Divinolândia está localizada a cerca de 210 quilômetros da cidade de

São Paulo, com uma população estimada em 11.100 habitantes aproximadamente.

Banhado pelo Rio Peixe, o município desfruta de belas cachoeiras que impulsionam o

turismo local.

Ao final de 2009, Divinolândia possuía 1.586 empregos formais sendo a

administração pública e o setor de serviços de alojamento e alimentação os maiores

empregadores. O comércio também desempenha um papel importante na absorção de mão-

de-obra.

Em relação ao valor adicionado, dados de 2007 revelam que a participação da

indústria na economia ainda é tímida com apenas 7,89% do total. O setor de serviços

domina com 76,3% e agricultura, mesmo não estando entre as atividades mais

empregadoras de mão-de-obra é responsável por 15,81%. Na agricultura destacam-se a

produção de batata inglesa e cebola. O PIB segue uma trajetória crescente atingindo R$

120,15 milhões em 2007, um crescimento de 56% em relação ao ano 2000 quando era

apenas R$ 67,49 milhões.

Itobi está localizado a 250 quilômetros da capital paulista com uma população

estimada em 7.500 habitantes aproximadamente. A economia do município é baseada na

agricultura com a produção de cana-de-açúcar, batata inglesa, milho e cebola.

O município encerrou o ano de 2009 com apenas 721 empregos formais, sendo a

agricultura e a administração pública os setores que mais empregam. O comércio varejista

também desempenha um papel importante na absorção de mão-de-obra. O desempenho da

indústria no tanto na geração de riquezas quanto no mercado de trabalho ainda é discreto.

A participação da agropecuária no valor adicionado vem crescendo nos últimos

anos. Em 2000 a agropecuária era responsável por 16,5% do total do valor adicionado, já

em 2007 sua participação cresceu para 29,8%. Tendo como referência o ano de 2007, o

setor de serviços foi responsável por 58,71% do total sendo que a administração pública

(inserida no setor de serviços) respondeu por 18,27% desse total. Como já foi dito a

participação da indústria ainda é tímida fechando 2007 com apenas 11,48%. Nesse mesmo

ano o PIB atingiu R$ 62,42 milhões, valor que representa um crescimento de 15,7% em

relação ao ano anterior.

No Índice Paulista de Responsabilidade Social, tanto em 2004 quanto em 2006,

Itobi ocupou o Grupo 5 – Municípios mais desfavorecidos tanto em riqueza como nos

indicadores sociais, estando muito abaixo da média estadual em todas as dimensões. Ainda

na esfera social, pode-se citar como destaque negativo a elevada taxa de analfabetismo da

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população de 15 anos e mais, a qual ficou em 10,61% no ano 2000, estando acima da

estadual, com 6,64%.

O município de Mococa está localizado a cerca de 275 quilômetros da cidade de

São Paulo na região nordeste do Estado, com uma população estimada em 66.300

habitantes. Sua economia é baseada no comércio; na indústria, de alimentos e bebidas e

metalúrgica principalmente; e na agropecuária, a qual se destaca pela criação de galinhas e

frangos, produção de cana-de-açúcar, cebola e laranja.

Ao final de 2009, Mococa possuía 14.886 empregos formais, sendo a agricultura, o

comércio varejista e a indústria de alimentos e bebidas os setores que mais empregam. É

importante destacar o crescimento de postos de trabalho no comércio atacadista entre 2007

e 2009. Em relação ao valor adicionado, dados de 2007 revelam que o setor de serviços

predomina com 63,34% do total seguido da indústria com 27,5%. A agropecuária

respondeu por 9,16%. Neste mesmo ano, o PIB atingiu R$ 920,08 milhões.

O município de Santa Cruz das Palmeiras está localizado a 250 quilômetros da

cidade de São Paulo com uma população estimada em 30 mil habitantes, tendo sua

economia baseada na agricultura, principalmente no cultivo de cana-de-açúcar e laranja.

Ao final de 2009, Santa Cruz das Palmeiras possuía 6.153 empregos formais, o que

representa um crescimento de 12,1% em relação ao ano anterior. Tal crescimento pode ser

atribuído ao setor de transportes e comunicações que cresceu 115% no período. O

resultado só não foi melhor, devido à perda de postos de trabalho na agricultura.

Em relação à distribuição do valor adicionado, destaca-se a participação da

administração pública (embutida no setor de serviços) no total que foi responsável por

20,28% do total, muito superior a média estadual que ficou em 8,86% para o ano de 2007.

A participação da indústria é discreta com apenas 8,2% e a agricultura ficou com 14,74%.

No mesmo ano, o PIB atingiu R$ 232,12 milhões, seguindo a trajetória de crescimento ao

longo da década.

O município de São João da Boa Vista está localizado a 220 quilômetros da capital

paulista com uma população estimada em 84.200 habitantes aproximadamente. Existe um

grande esforço do governo municipal para acelerar o desenvolvimento da atividade

industrial na cidade, entre as medidas destacam-se a doação de áreas localizadas no distrito

industrial com completa infraestrutura, a isenção de tributos municipais e o

acompanhamento de todo processo de transferência da empresa para o município. Na

agricultura, o destaque fica para o cultivo da batata inglesa, da cana-de-açúcar, do milho e

feijão.

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Segundo o REGIC, São João da Boa Vista foi classificado com Centro

SubRegional A exercendo influência sobre os seguintes Centros Locais: Aguaí, Águas da

Prata, Casa Branca e Vargem Grande do Sul.

Figura 08 – Regiões de Influência de São João da Boa Vista

Fonte: Elaboração Própria com base em IBGE (2008).

Ao final de 2009, São João da Boa Vista possuía 19.684 empregos formais,

mostrando uma leve queda em relação ao anterior proporcionada pelo desempenho da

agricultura. O comércio varejista e a agricultura foram os setores que mais empregaram.

Vale destacar o crescimento vigoroso no número de vagas formais na indústria mecânica

no período entre 2007 e 2009.

Segundos dados de 2007, o setor de serviços é o maior com 63,69% do valor

adicionado. A indústria seguiu a tendência de crescimento dos anos anteriores alcançando

33,6% do total. A agricultura foi responsável por apenas 2,7%. Ainda em 2007, o PIB

atingiu R$ 1,3 bilhão, um crescimento de 12,68% em relação ao ano anterior.

O município de São José do Rio Pardo está localizado a 270 quilômetros da cidade

de São Paulo com uma população em torno de 52.000 habitantes. Segundo o REGIC, São

José do Rio Pardo foi classificado como Centro de Zona A, tendo influência sobre cinco

Centros Locais, presentes na pesquisa, que são: Caconde, Divinolândia, Itobi, São

Sebastião da Grama e Tapiratiba.

O município encerrou 2009 com 12.645 empregos formais sendo o comércio

varejista e a indústria de alimentos e bebidas os maiores empregadores respectivamente.

Ressalta-se ainda que o número de empregos formais na indústria de alimentos e bebidas

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triplicou no período entre 2007 e 2009. A administração pública e a agricultura também

desempenham um papel importante na absorção de mão-de-obra.

Figura 09 – Regiões de Influência de São José do Rio Pardo

Fonte: Elaboração Própria com base em IBGE (2008).

O município encerrou 2009 com 12.645 empregos formais sendo o comércio

varejista e a indústria de alimentos e bebidas os maiores empregadores respectivamente.

Ressalta-se ainda que o número de empregos formais na indústria de alimentos e bebidas

triplicou no período entre 2007 e 2009. A administração pública e a agricultura também

desempenham um papel importante na absorção de mão-de-obra.

Em relação ao valor adicionado, o setor de serviços predomina com 59,95% do

total no ano de 2007. Neste mesmo ano a indústria foi responsável por 32,48% e

agropecuária por 7,57%, a qual se destaca pelo cultivo de cana-de-açúcar e cebola e pela

criação de frangos. Ainda em 2007, o PIB foi de R$ 861,1 milhões, representando um

crescimento de 14% em relação ao ano anterior.

Apesar da trajetória de crescimento do PIB ao longo da década, os indicadores

sociais pioraram. Segundo o Índice Paulista de Responsabilidade Social, no ano de 2004 o

município foi classificado no Grupo 1 – Municípios com nível elevado de riqueza e bons

níveis nos indicadores sociais. Mas, em 2006, devido ao péssimo desempenho da dimensão

riqueza o município integrou o Grupo 4 – Municípios que apresentam baixos níveis de

riqueza e nível intermediário de longevidade e/ou escolaridade.

A cidade de São Sebastião da Grama está localizada a 260 quilômetros da capital

paulista com uma população estimada em 12.000 habitantes aproximadamente. Sua

economia é baseada na agricultura, com a produção de café e milho, mas a partir de 2007 a

produção de cana-de-açúcar vem crescendo.

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A relevância da agricultura é confirmada quando analisamos o mercado de trabalho

formal da cidade. Em 2009, São Sebastião da Grama possuía 2.598 empregos formais dos

quais 1.185 estavam na agricultura. A administração pública, o comércio varejista e

atacadista vem em seguida como os setores que mais empregam mão-de-obra com carteira

assinada.

Dados de 2007 revelam que o setor de serviços é o maior com 67,88% do valor

adicionado seguido da agropecuária com 21,42% e da indústria com 10,71% do total. Vale

destacar que essa distribuição manteve-se praticamente constante ao longo da década.

Ainda em 2007, o PIB atingiu R$ 147,82 milhões, valor que representa um crescimento de

13,89% em relação ao ano anterior.

O município de Tambaú está localizado a 255 quilômetros de São Paulo com uma

população de 22.400 habitantes aproximadamente. Conhecida como cidade da cerâmica,

abriga atualmente mais de cem empresas as quais fabricam tijolos, telhas pisos e

revestimentos. A agricultura é bem diversificada destacando-se o cultivo de cana-de-

açúcar, laranja, milho e tomate.

Tambaú encerrou 2009 com 5.704 empregos formais, mostrando um leve

crescimento em relação ao ano anterior. A indústria de produtos minerais não metálicos

abriga 36,8% do total sendo a maior empregadora. A agricultura o comércio varejista e a

administração pública também desempenham um papel importante na absorção de mão-de-

obra.

Em termos de geração de riquezas, o setor de serviços lidera com 55,05% do total

do valor adicionado. A agropecuária, que em 2003 era responsável por 39,89% teve sua

participação reduzida ao longo dos últimos anos ficando com 29,8% em 2007. A indústria

respondeu por apenas 15,15%. Ainda em 2007 o PIB atingiu R$ 303,44 milhões tendo um

crescimento de 11,8% em relação ao ano anterior.

Apesar de seguir uma trajetória de crescimento econômico nos últimos anos, o

mesmo não acontece no âmbito social já que no Índice Paulista de Responsabilidade

Social, tanto em 2004 quanto em 2006 os municípios de São Sebastião da Grama e

Tambaú foram classificados no Grupo 5 – Municípios mais desfavorecidos, tanto em

riqueza como nos indicadores sociais, mostrando leve piora na dimensão longevidade.

A cidade de Tapiratiba está localizada a 290 quilômetros da capital paulista com

uma população estimada em 12.700 habitantes tendo sua economia baseada na agricultura

com o cultivo de cana-de-açúcar, principalmente, e de milho. O município encerrou 2009

com 3.321 empregos formais sendo a indústria de alimentos e bebidas e a agricultura

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responsáveis por 71,3% do total. A administração pública e o comércio varejista também

desempenham um papel importante na absorção de mão-de-obra com carteira assinada.

Dados de 2007 revelam que o setor de serviços é o maior concentrando 57,92% do

valor adicionado, sendo a administração responsável por 15% desse total. A agropecuária

responde por 23,05% e a indústria por 19,03%. Ainda em 2007, o PIB atingiu R$ 154,61

milhões tendo um crescimento moderado em relação ao ano anterior.

Finalmente, o último município analisado nesta pesquisa é Vargem Grande do Sul,

o qual está localizado a 245 quilômetros da capital paulista com uma população estimada

em 39.500 habitantes. Na agricultura destacam-se o cultivo de cana-de-açúcar, milho e

batata inglesa. Anualmente, a cidade promove a Festa do Milho e a Festa da Batata

atraindo turistas e aquecendo o setor de serviços.

Em termos de geração de riquezas, dados de 2007 mostram que o setor de serviços

é predominante sendo responsável por 76,54% do valor adicionado total. A participação da

indústria ainda é discreta com 13,39%, regredindo em relação a 2004 quando atingiu

16,3%. A agropecuária tem um papel importante abrigando 10,06% do total. Ainda em

2007, o PIB atingiu R$ 363,48 milhões seguindo uma trajetória de crescimento ao longo da

década.

3.6 Geração de Empregos Formais nos Municípios Selecionados

Na tentativa de avaliarmos o ritmo de crescimento econômico dos municípios

selecionados neste estudo elegemos o total de empregos formais criados como a principal

variável econômica a ser analisada. Visando avaliar o impacto que a crise financeira

mundial (culminada em setembro de 2008 e que permanece até os dias atuais) teve sobre a

região, foram coletados dados do período entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009.

Segundo o relatório “Mundo do Trabalho 2009 – A Crise Global do Emprego e

Perspectivas”, elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a crise cortou

20 milhões de empregos ao redor do mundo no período entre outubro de 2008 e dezembro

de 2009. O Brasil perdeu 490 mil postos de trabalho no primeiro semestre de 2009, o maior

índice da América Latina que teve uma perda total de 1 milhão de empregos, mas se

recuperou no terceiro trimestre do ano com a criação de 417 mil empregos.

O segundo semestre de 2009 foi de recuperação no mercado de trabalho brasileiro,

impulsionada pela criação de vagas temporárias. Segundo a Associação de Empresas de

Trabalho Temporário foram criadas 125 mil vagas temporárias em 2009, 10 mil a mais do

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que no ano anterior. Tal recuperação permitiu que o ano de 2009 alcançasse a média de

geração de empregos formais dos anos anteriores como pode ser visto no gráfico abaixo:

Gráfico 3.6.1 – Criação de Empregos Formais e Taxa de Desemprego

Fonte: Elaboração Própria com base em RAIS e IBGE.

Do Gráfico, também podemos observar as projeções otimistas feitas para o ano de

2010 foram confirmadas com a geração de 2,86 milhões novos empregos com carteira

assinada. Estima-se que o Brasil encerre o ano de 2011 com um saldo (total de empregados

- total de demitidos) de 2,5 milhões de empregos formais. Recentemente, a taxa de

desemprego atingiu níveis mínimos históricos, ficando em 5,7% em novembro e 5,3% em

dezembro de 2010. O efeito deste aquecimento no mercado de trabalho é o aumento do

consumo e do crédito. Dentro deste contexto, como foi o desempenho do mercado de

trabalho nos quarenta e dois municípios selecionados?

A maioria das cidades da região acompanhou a tendência nacional de aumento no

número de empregos formais no período. Em termos absolutos, Araraquara foi a campeã

com a geração de 10.249 novos postos de trabalho. Só em 2009 foram 4.012, um

crescimento de 6,4% em relação ao ano anterior, graças ao bom desempenho da indústria,

principalmente a mecânica e a de alimentos e bebidas. Tal resultado mostra que a cidade

manteve-se imune à crise.

Vejamos maiores detalhes dos municípios com melhor desempenho no mercado de

trabalho na tabela abaixo:

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Tabela 3.6.1 – Municípios com Melhor Desempenho

Município Empregos Formais

(2007-2009)

Total de Empregos Formais (Final de 2009)

Araraquara 10.249 66.035 São Carlos 7.796 67.211 Pirassununga 5.443 22.447 Araras 4.423 33.540 Matão 2.412 26.837 Leme 2.390 19.245 Brotas 2.083 7.418 São José do Rio Pardo 1.962 12.645 Gavião Peixoto 1.664 4.123 Mococa 1.556 14.886

Fonte: Elaboração Própria com base em RAIS.

Em segundo lugar ficou o município de São Carlos com a geração de 7.796 novos

empregos. O resultado só não foi melhor porque, diferentemente de Araraquara, o

município sofreu fortes impactos no mercado de trabalho devido à crise, a qual gerou

efeitos negativos sobre suas exportações. São Carlos teve um saldo negativo de 3.700

empregos entre novembro de 2008 e maio de 2009. O setor mais afetado foi a indústria

mecânica. No segundo semestre a cidade se recuperou e fechou 2009 com um saldo

positivo.

Em termos percentuais, Gavião Peixoto foi a campeã na geração de empregos, graças ao

bom desempenho da agricultura, com um crescimento de 67,6% entre 2007 e 2009, muito

acima de Brotas, segunda colocada, a qual cresceu 39% no mesmo período. Logo em

seguida estão as cidades de Pirassununga (32%); Caconde (31,4%) e Itirapina (27%).

Como já foi dito não foram todas as cidades da região que seguiram a tendência nacional

de crescimento do mercado de trabalho. Das 42 cidades analisadas apenas 8 apresentaram

saldo negativo no período estudado. O município que mais perdeu postos de trabalho foi

Rio Claro com -2.334, devido ao péssimo desempenho da construção civil. Vejamos

maiores detalhes na tabela abaixo:

Tabela 3.6.2 – Municípios com Pior Desempenho

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Município Empregos Perdidos (2007-2009)

Total de Empregos Formais (Final de 2009)

Rio Claro -2.334 56.227 Motuca -1.067 607 Descalvado -627 8.081 Santa Lúcia -294 650 Itobi -111 721 São Sebastião da Grama -107 2.598 Tapiratiba -44 3.321 Corumbataí -22 1.029

Fonte: Elaboração Própria com base em RAIS.

Em termos percentuais, Motuca foi o destaque negativo com uma queda de 63,7%

entre 2007 e 2009, graças ao péssimo desempenho da agricultura e da Indústria de

Alimentos e Bebidas, a qual perdeu todos os postos de trabalho formal no período.

Deste estudo, podemos concluir que a maioria dos municípios pesquisados obteve

sucesso na geração de empregos e que os próximos anos serão prósperos. Destaca-se o

ótimo desempenho de Araraquara e São Carlos, as duas principais economias da região,

não só no mercado de trabalho como também nos indicadores sociais.

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Conclusão

As Regiões Administrativas de Campinas e Central são estratégicas para o Estado

de São Paulo, tanto por sua localização quanto pelas atividades econômicas presentes na

região. As duas regiões concentram 17,5% da população e 18% do PIB estadual

aproximadamente. Ambas abrigam uma indústria moderna e diversificada e na agricultura

destacam-se o cultivo de cana-de-açúcar e laranja.

Nesta monografia vimos que o grau de relevância obtido por essas regiões para o

Estado de São Paulo e para o país começou a ser desenhado no século XIX, com a

montagem do complexo cafeeiro. No Primeiro Capítulo destacamos o efeito multiplicativo

que o complexo cafeeiro teve sobre a economia paulista, o qual além de promover a

ocupação do território paulista e fornecer o capital para a indústria nascente criou toda a

infraestrutura (ferrovias, comunicações, bancos) necessária para que São Paulo atingisse

taxas de crescimento superiores aos outros estados brasileiros concentrando 58,1% do

valor industrial nacional em 1970 (o maior do século).

As regiões são um polo atrativo de investimentos por possuir uma das melhores

estruturas rodoviárias e ferroviárias do país e por abrigar mão-de-obra qualificada formada

por centros de excelência no ensino como a Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de São Carlos

(UFSCAR) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP).

Em relação aos quarenta e dois municípios estudados, vemos que a maioria segue a

tendência nacional de crescimento econômico. Entre eles destacam-se Araraquara e São

Carlos como os mais prósperos não só em termos econômicos como também nos

indicadores sociais e, em um segundo plano, o município de Rio Claro o qual apesar de ser

diretamente afetado pela crise econômica mundial possui uma indústria mecânica e

química forte.

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Referências Bibliográficas

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CANO, W. Raízes da Concentração Industrial em São Paulo. Tese de Doutoramento – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1975.

CANO, W.; GONÇALVES, M.F; NEGRI, B. O Processo de Interiorização do Desenvolvimento e da Urbanização no Estado de São Paulo (1920-1980). In: CANO, W. (Org.). A Interiorização do Desenvolvimento Econômico no Estado de São Paulo (1920-1980). São Paulo: SEADE, 1988.

CARONE, E. A Evolução Industrial de São Paulo (1889-1930). São Paulo: SENAC, 2001.

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE. Informações dos Municípios Paulistas (IMP). Banco de Dados. Disponível em: www.seade.gov.br

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Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Banco de Dados. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Disponível em: www.caged.gov.br

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Anexo

Anexo A – Regiões de Influência de Cidades (REGIC, 2007)

Uma das ferramentas utilizadas nessa pesquisa é o REGIC, elaborado pelo IBGE,

cujo principal objetivo foi identificar possíveis alterações na rede urbana brasileira e,

consequentemente, subsidiar o planejamento e as decisões governamentais no que se refere

às atividades produtivas e aos serviços públicos já que “de fato, a estrutura e a organização

do território são o substrato que condiciona, e sobre o qual atuam, as políticas públicas e os

agentes sociais e econômicos que compõem a sociedade”. (IBGE, 2008, p.09).

Assim, o primeiro passo para a elaboração do REGIC foi classificar os centros

urbanos e suas respectivas áreas de atuação analisando os níveis de centralidade do Poder

Executivo e Judiciário, a estrutura empresarial e a oferta de serviços e equipamentos. A

definição da hierarquia dos centros urbanos foi feita a partir da divisão dos municípios em

cinco grandes níveis, os quais foram subdivididos em até três subníveis. A caracterização

desses grupos é mostrada a seguir:

1) Metrópoles – são os doze principais centros urbanos do país, caracterizados por

seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuírem

extensa área de influência direta. O conjunto foi dividido em três subníveis adicionais,

segundo a extensão territorial e a intensidade destas relações:

a) Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do país, com

19,5 milhões de habitantes, em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão territorial;

b) Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e

3,2 milhões em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão

territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o

país;

c) Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte,

Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões

(Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e

Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção

nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto.

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2) Capital Regional – integram este nível 70 centros que, como as metrópoles,

também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão

no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, tem área de influência de âmbito

regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número

de municípios. Nesse grupo existem três subníveis. O primeiro deles inclui as capitais

estaduais não classificadas no nível metropolitano e Campinas. O segundo e o terceiro,

além da diferenciação de porte, têm padrão de localização regionalizado, com o segundo

mais presente no Centro-Sul, e o terceiro nas demais regiões do país. Os grupos das

capitais regionais são os seguintes:

a) Capital regional A – constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil

habitantes e 487 relacionamentos;

b) Capital regional B – constituído por 20 cidades, com medianas de 435 mil

habitantes e 406 relacionamentos;

c) Capital regional C – constituído por 39 cidades com medianas de 250 mil

habitantes e 162 relacionamentos.

3) Centro sub-regional – integram este nível 169 centros com atividades de gestão

menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de

atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede

dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada

nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços

menos densamente povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste, estão também

subdivididos em grupos, a saber:

a) Centro sub-regional A – constituído por 85 cidades, com medianas de 95 mil

habitantes e 112 relacionamentos;

b) Centro sub-regional B – constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil

habitantes e 71 relacionamentos.

4) Centro de zona – nível formado por 556 cidades de menor porte e com atuação

restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em:

a) Centro de zona A – 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49

relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades,

respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não classificadas com centros de

gestão;

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b) Centro de zona B – 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16

relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão

territorial, e outras 107 estavam no último nível daquela classificação.

5) Centro local – as demais 4.473 cidades cuja centralidade e atuação não

extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm

população dominantemente inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8.133 habitantes).

Figura 10 – Rede Urbana – Brasil (2007)

Fonte: IBGE (2008).

A análise da Figura 10 nos permite concluir que a distribuição dos níveis

hierárquicos ao longo do território nacional é desigual mesclando áreas com uma rede

urbana bem estruturada, como é o caso da região Centro-Sul, e áreas em que níveis

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hierárquicos intermediários estão ausentes, como é o caso de maior parte do Centro-Oeste

e da região Amazônica onde a ocupação é esparsa.

São Paulo (ver Figura 11), classificada como a única Grande Metrópole Nacional

na metodologia adotada na elaboração do REGIC, possui a melhor estrutura em termos de

hierarquização e distribuição espacial dos municípios, tendo influência sobre o Estado de

São Paulo, parte do Triângulo Mineiro e do Sul de Minas Gerais, estendendo-se a oeste

pelos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Além disso, a

Região Metropolitana de São Paulo abriga 28% da população e cerca de 40% produto

interno bruto nacional.

Figura 11 – Rede Urbana – São Paulo (2007)

Fonte: IBGE (2008).

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Assim, nesta Monografia, a partir dos dados do REGIC apresentamos a

classificação dos principais municípios estudados segundo seu nível de hierarquia.