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monografia
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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL
Marcos Carneiro dos Santos
XXII Concurso de Telas Para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de
Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a linguagem
cartazista.
Parintins
2012
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL
Marcos Carneiro dos Santos
XXII Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de
Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a linguagem
cartazista.
Monografia apresentada como requisito final para a
obtenção do título de especialista em Artes Visuais:
cultura e criação pelo Departamento de Pós- graduação do
Senac AM.
Orientador: Felipe Chalfun
Parintins
2012
Santos, Marcos Carneiro Curso de Especialização em Artes Visuais: cultura e criação / Marcos Carneiro dos Santos, 2012. Orientador: Msc. Felipe Ramos Chalfun Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial/SENAC, 2012. Bibliografia: f.
1. Cartaz. 2. Festival Folclórico. 3. Expressão Artística I. Santos, Marcos Carneiro, 2012. II. Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL
XXII Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de
Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a linguagem
cartazista.
Marcos Carneiro dos Santos
Monografia de conclusão de curso submetido à Banca Examinadora designada pelo Curso de
Especialização em Artes Visuais: cultura e criação como requisito necessário à obtenção do
título de especialista na área de Artes Visuais.
Banca Examinadora:
___________________________________
Orientador: Msc. Felipe Ramos Chalfun
__________________________________
Avaliadora Externa: Msc. Karla A. Bessa Segundo de Albuquerque
__________________________________
Coordenadora Pedagógica: Esp. Adriana Rodrigues Saraiva
Parintins, 14 de dezembro de 2012.
Para minha mãe e meu avô (in memorian).
E toda minha família.
AGRADECIMENTOS
.
À força divina que a ciência não consegue explicar, mas que está presente na fé cristã;
Às nossas queridas coordenadoras que incansavelmente se dedicaram para o bom êxito deste
curso;
Aos cidadãos parintinenses, pela contribuição em prol de nosso trabalho, em particular nossos
entrevistados;
Aos nossos incansáveis tutores (mestres) pelo ótimo desempenho e contribuição.
Aos artistas parintinenses pelo ótimo Festival Folclórico que apresentam.
Quem nos ensina a ter boas ideias? Se não aprendemos com quem
sabe mais do que nós, dificilmente aprenderemos coisas interessantes.
Aprender em muitos momentos da vida significa “prender” dentro de
nós aquilo que precisamos para sobreviver ou para crescer como
designers, artistas ou como pessoas. Boas ideias também estão nas
paredes das cidades, no cinema, no teatro, na música, em livros etc.
(FERLAUTO, 2009).
RESUMO
Este TCC do curso de Pós-graduação em Artes Visuais: cultura e criação propõem
um meio de produção estético que valorize a concepção experimental sobre estilos, técnicas, e
costume na elaboração de uma tela voltada para o XXII Concurso de Telas para a Escolha do
Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012, onde participa um numero razoável de
artistas locais, que apresentam seus trabalhos a um corpo de jurados escolhidos pela
Secretaria de Cultura de Parintins em parceria com a Associação dos Artistas Plásticos de
Parintins (AAPP). O trabalho tem como objetivo participar deste Concurso, apresentando uma
obra impactante, de forma e cores simples em relação a paradigmas conceituais estabelecidos
em Parintins. O conceito distorção fundamenta a obra desenvolvida e permite o sucesso do
objetivo proposto alterando enquanto artes visuais, padrões característicos de composição, e
estereótipos na elaboração de uma imagem utilizada no Cartaz do Festival Folclórico de
Parintins. Como processo de criação utilizou-se desenho, computação gráfica, pintura em tela
e fotografia. A obra é elaborada com uma linguagem objetiva e expressada de maneira irônica
em relação à maneira estética local.
Palavras-chave: Cartaz; Festival Folclórico; Expressão Artística.
ABSTRACT
This TCC of the course of Masters degree in Visual Arts: culture and creation they
propose a middle of production aesthetic that it values the experimental conception about
styles, techniques, and used to in the elaboration of screens gone back to XXII Contest of
Screens for the choice of the Poster of the Folkloric Festival of Parintins/2012, where it
participates a reasonable number of local artists, that present your works to a group of chosen
jurors for the Clerkship of Culture of Parintins in partnership with the Association of the
Plastic Artists of Parintins (AAPP). The work has the objective to participate of this contest
presenting a impressive work, of form and simple colors in relation to conceptual paradigms
established in Parintins. The concept Distorção bases the developed work and it allows the
success of the proposed objective, altering while visual arts, characteristic patterns of
composition, and stereotypes in the elaboration of an image used in the Poster of the Folkloric
Festival of Parintins. As creation process was used drawing, graphic computation, painting in
screen and picture. The work is elaborated with a language that aims and expresses in ironic
way in relation to the way of the local aesthetics.
Word-key: Poster; Folkloric festival; Artistic expression.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Imagem 1 – Bumbódromo de Parintins....................................................................................13
Imagem 2 – A Ilha de Parintins................................................................................................15
Foto 1 – Cartaz vencedor do Concurso de Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/1982...16
Foto 2 – Cartaz do Festival Folclórico de Parintins de 2006...................................................17
Foto 3 – Tela participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico
de Parintins/2008.......................................................................................................................18
Foto 4 – Tela participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico
de Parintins/2010.......................................................................................................................19
Foto 5 – Cartaz da 8ª Mostra de Gestão das Escolas Estaduais de Parintins/2012...................20
Imagem 3 – Cartaz do VI Festival Brasília de Cultura Popular................................................21
Imagem 4 – Cartaz do XI Festival de Folclore.........................................................................21
Foto 6 – Detalhe de obra participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do
Festival Folclórico de Parintins/2012.......................................................................................23
Foto 7 – Homenagem à N. S. do Carmo...................................................................................24
Imagem 5 – Cadedral de Parintins............................................................................................26
Foto 8 – Pinturas de Irmão Miguel na Catedral de Parintins....................................................27
Imagem 6 – Detalhe de Alegoria do Festival Folclórico de Parintins/2012.............................28
Foto 9 – Tela vencedora do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival Folclórico
de Parintins/2009.......................................................................................................................28
Foto 10 - Tela vencedora do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival
Folclórico de Parintins/2005.....................................................................................................29
Foto 11 - Tela participante do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival
Folclórico de Parintins/2010 ....................................................................................................29
Imagem 7 – Ítem do Boi Caprichoso/2012...............................................................................30
Imagem 8 – Alegoria do Boi Garantido/2012..........................................................................30
Imagem 9 – Nascimento do Dragão, 1981. Boris Vallejo.......................................................31
Imagem 10 – Ascensão de Cristo, 1958. Salvador Dali...........................................................32
Imagem 11 – O Mercador da Morte, 1973. Frank Frazetta. ....................................................33
Imagem 12 – Le Retour, 1940. Rene Magritte........................................................................34
Imagem 13 – Pintura “Antropofagia”.......................................................................................36
Imagem 14 – Pintura”Cinco mulheres na rua”........................................................................37
Foto 12 – Tela vencedora do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico
de Parintins/2007.......................................................................................................................38
Imagem 15 – Cartaz “Moulin Rouge”.....................................................................................45
Desenho 1 – Esboço 1..............................................................................................................52
Desenho 2 – Esboço 2..............................................................................................................53
Desenho 3 – Esboço 3..............................................................................................................54
Desenho 4 – Esboço “ Vaqueirada”.........................................................................................55
Desenhos Gráficos 1 – Motivos da obra..................................................................................56
Montagem Gráfica 1 – Imagem Gráfica da Obra.....................................................................57
Foto 13 – Ateliê improvisado....................................................................................................59
Foto 14 – Etapas da pintura.......................................................................................................59
Foto 15 – Finalizando a pintura................................................................................................60
Foto 16 – Pintura concluida......................................................................................................60
Foto 17 – Obra deste Trabalho de Conclusão de Curso............................................................61
Foto18 – Julgamento das obras participantes do Concurso/2012.............................................62
Foto 19 – Exposição das obras participantes do Concurso/2012..............................................63
Foto 20 – Telas vencedoras do Concurso/2012........................................................................63
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11
2 INFLUÊNCIA PICTÓRICA E CARTAZES DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE
PARINTINS............................................................................................................................13
3 REFLEXÃO E PROJETO..................................................................................................22
4 DIÁLOGOS..........................................................................................................................44
5 CONCEITOS........................................................................................................................47
6 DA METODOLOGIA.........................................................................................................49
7 MEMORIAL DA IMAGEM PRODUZIDA......................................................................50
7.1 Escolhas dos Matériais......................................................................................................50
7.2 Processo e Registro de Criação........................................................................................51
7.2.1 Estudo e criação de formas distorcidas dos Bois Bumbás de Parintins...........................52
7.2.2 Estudo e criação de formas chapadas: “Vaqueirada”.......................................................55
7.2.3 Desenhos gráficos dos esboços........................................................................................56
7.2.4 Composição e introdução de cores..................................................................................57
7.2.5 Registro fotográfico da pintura da obra...........................................................................58
7.2.6 Registro fotográfico do Concurso....................................................................................62
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................64
REFERÊNCIAS......................................................................................................................67
ANEXO A- Memorial em Homenagem a Dom Arcângelo Cerqua. (2012).............................70
ANEXO B- Irmão Miguel entregando prêmio de Concurso de Pintura Sacra. (2007)............71
ANEXO C- Pinturas realizadas por Irmão Miguel na Catedral de Parinti...............................72
ANEXO D- Ficha de inscrição do Concurso/2012..................................................................73
ANEXO E- Telas participantes do Concurso/2012.................................................................74
ANEXO F- Telas participantes do Concurso/2012.................................................................75
ANEXO G - Telas participantes do Concurso/2012...............................................................76
ANEXO H- Telas participantes do Concurso/2012.................................................................77
ANEXO I - Telas participantes do Concurso/2012..................................................................78
ANEXO J- Telas participantes do Concurso/2012...................................................................79
ANEXO K- Telas participantes do Concurso/2012..................................................................80
ANEXO L- Telas participantes do Concurso/2012..................................................................81
ANEXO M - Telas participantes do Concurso/2012................................................................82
1 INTRODUÇÃO
Na cidade de Parintins é realizado todos os anos no final do mês de junho um festival
denominado: Festival Folclórico de Parintins. Antes é realizado um concurso de telas, onde
selecionam a imagem para a composição do cartaz oficial de divulgação do evento.
Este Concurso é bastante disputado pelos artistas locais, pois é por meio dele que se
divulga não somente o evento, mais também o trabalho dos artistas parintinenses revelando e
consagrando talentos.
É comum no meio artístico e pela sociedade parintinense o gosto pelo estilo clássico.
A escolha do conceito distorção parte do principio estético de subjetividade pictórica em
relação a esse estereótipo. Mesmo tratando da divulgação do evento: Festival Folclórico de
Parintins, que também é o tema frequente deste Concurso de Telas, a abordagem é
direcionada aos participantes deste evento singular na cidade por meio de uma linguagem
visual irônica da realidade deste Concurso. Este trabalho de Conclusão de Curso tem como
objetivo a criação visual de uma obra direcionada ao público específico que participa
diretamente do Concurso.
“As imagens são escolhidas e apresentadas cuidadosamente para que transmitam um
significado específico a um grupo específico de pessoas, o que pode ser realizado por meio de
simbolismo, metáforas, símiles ou tipogramas, além de diversos outros métodos”.
(AMBROSE; GAVIN, HARRIS; PAUL, 2009, p. 67)
Para tanto se realizou análises de obras participantes de concursos anteriores que
mostrem o gosto local e suas interferências a uma elaboração eficaz na proposta de um bom
cartaz publicitário.
Perceber-se em Parintins o quanto o Concurso de Cartaz é importante como potencial
de mostra artística e que serve para divulgar na cidade todo um empenho em prol da arte
local. Por esse motivo a definição do título: XXII Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz
do Festival Folclórico de Parintins/2012: a distorção como expressão pictórica voltada para a
linguagem cartazista surgiu.
O conceito distorção fundamenta o trabalho como meio expressivo, revelando
interesse em mostrar uma obra pautada na crítica ao conceito de verossimilhança das obras do
Concurso e pela metonímia visual. Que para Ambrose e Harris (2009) é um método que
consiste no uso de imagens simbólicas para se referir a algo com significado mais literal. Por
exemplo, os símbolos dos bois Bumbás Garantido e Caprichoso (coração e estrela, assim
como as cores vermelho e azul) que servem para identifica-los, no momento em que se muda
estes símbolos, inserindo o símbolo de um em outro, também troca-se o seu significado. E
este significado que se quer mostrar é que: um não significa nada sem o outro, ou seja, o
Festival depende dos dois para acontecer.
A necessidade de utilizar o conceito distorção na linguagem pictórica como meio
experimental e de desenvolvimento na elaboração de uma obra visual participante deste
Concurso é propor despertar nos participantes, convidados e jurados um novo olhar a arte, por
meio de experiências. Levando em consideração o que já é utilizado em termos pictóricos pela
maioria dos artistas hoje em Parintins, o processo experimental pode se tornar mais
abrangente, e com esse pensamento muitas possibilidades podem surgir em termos de criação
artística.
Pretende-se então despertar o interesse experimental e crítico na classe artística local
por meio de suas obras levando-os a compreender melhor o valor das artes visuais, de acordo
com as necessidades contemporâneas, no que tange a criação artística.
Com esse intuito dialogar-se-á sobre meios alternativos de expressão, propondo
métodos híbridos da linguagem visual pela utilização de uma variedade de elementos
artísticos que vão além da tela, do pincel e da tinta a óleo.
Neste trabalho utilizou-se recursos fotográficos, manipulação gráfica, pintura em tela,
desenho e projeção multimídia em uma composição impactante e irônica despertando e
atraindo o olhar para o diferente e expressivo.
É evidente que Van Gogh não estava principalmente interessado na
representação correta. Usou cores e formas para transmitir o que
sentia a respeito das coisas que pintava e o que desejava que
outros sentissem. Não se importava muito com o que chamava
de "realidade estereoscópica", ou seja, a reprodução
fotograficamente exata da natureza. Exagerava e até mudava a
aparência das coisas, se isso se adequasse ao seu propósito.
Assim, chegara por um caminho diferente a uma conjuntura
semelhante àquela em que Cézanne se encontrou durante esses
mesmos anos. Ambos deram o passo importante de abandonar
deliberadamente a finalidade da pintura como "imitação da
natureza". Suas razões, é claro, foram diferentes. Quando Cézanne
pintava uma natureza-morta, queira explorar as relações de formas e
cores, e só aproveitava da "perspectiva correta" aquela parcela de
que porventura necessitasse para uma determinada experiência. Van
Gogh queria que a sua pintura expressasse o que ele sentia, e, se a
distorção o ajudasse a realizar esse objetivo, utilizaria a
distorção. Ambos tinham chegado a esse ponto sem querer
derrubar os antigos padrões de arte. (GOMBRICH, 1990, p. 413)
2 INFLUÊNCIA PICTÓRICA E CARTAZES DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE
PARINTINS
Segundo o censo do IBGE (2007), Parintins está localizado na ilha tupinambarana, a
maior do Estado do Amazonas com 5.952 Km², fica distante de Manaus a 420 km em linha
reta, é a segunda maior cidade do Estado com aproximadamente 102.033 habitantes, situa-se à
margem direita do rio Amazonas no Baixo Amazonas, entre Manaus e Belém (capital do
Estado do Pará). O acesso à cidade só acontece por meio de embarcações ou via aérea. A
altitude, aproximadamente, é de 15 metros acima do nível normal do rio.
Nesta cidade é realizado o Festival Folclórico, que ocorre no final do mês de junho e
tem a duração de oito dias. Este festival se destaca com apresentações de quadrilhas
folclóricas, danças, bois Bumbás mirins, entre outras manifestações culturais. Mas são nos
três últimos dias destes festejos que a cidade se transforma e contagia com a apresentação do
Boi Bumbá Caprichoso e do Boi Bumbá Garantido.
Estes dois Bumbás são os grandes responsáveis por este espetáculo popular, que ocorre
na floresta Amazônica, berço de uma grande biodiversidade e, de mitos, lendas, “causos” e
fábulas.
Imagem 1 – Bumbódromo de Parintins.
Fonte: http://acritica.uol.com.br/ (2012)
O município de Parintins, palco da quase centenária disputa dos Bumbás Caprichoso e
Garantido, recebeu pelo menos 86 mil turistas neste ano. Segundo estimativas da Empresa
Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur) (2012), que realiza este levantamento há
oito anos, o número estimado é 6% maior em relação a 2011, quando Parintins recebeu pouco
mais de 82 mil turistas. Os dados coletados pela Amazonastur são baseados nos dados do
Boletim de Ocupação Hoteleira (BOH); na Ficha Nacional de Cadastros de Hóspedes (FNCH)
dos meios de hospedagens cadastrados junto ao Cadastur, do Ministério do Turismo; e nas
informações colhidas pelas agências de viagens e empresas que vendem pacotes para o
Festival, além da movimentação do porto e aeroporto do município. No Aeroporto Júlio
Belém, segundo o administrador do aeroporto, Jean Jorge, foram registrados cerca de
oitocentos movimentos de pouso e decolagem de aeronaves. De acordo com a presidente da
Amazonastur, Oreni Braga, os meios de transporte representam 66,67% para as embarcações;
24,71% para aviões e apenas 21,18% utilizaram serviço de agência de viagem.
O sucesso do Festival Folclórico de Parintins é tão grande que ultrapassa os limites do
Brasil, atravessando oceanos, conquistando admiradores, artistas, pesquisadores,
especuladores e outros. Já faz parte das manifestações artísticas que representam o Brasil no
exterior.
No passado, foi apenas, uma pequena brincadeira de rua. Segundo Silva (2005) o
Festival é responsável pela geração de emprego e renda para a população local. Recebe
incentivos dos governos Federal e Estadual e de grandes empresas nacionais e internacionais
que ao investirem divulgam sua marca e seus produtos. Os Bumbás Garantido e Caprichoso
são representados por duas Associações Folclóricas que possuem tradicionalmente uma
grande rivalidade que é explícita na cidade por meio da utilização de suas bandeiras nas cores:
vermelho do Garantido e azul do Caprichoso.
A cor é um dos elementos estéticos das artes visuais que nos proporciona inúmeras
sensações, na qual, em particular, aos parintinenses, que demonstram de maneira singular
todo seu amor à cor específica de seu boi Bumbá.
Ninguém nega que as cores carregam intensa expressividade, mas
ninguém sabe como tal expressividade ocorre. Admite-se, é
amplamente aceito que a expressividade se baseia na associação. Diz-
se que o vermelho é excitante porque nos faz lembrar fogo, sangue e
revolução. O verde suscita os pensamentos restauradores da natureza,
e o azul é refrescante como a água. Mas a teoria da associação não é,
neste caso, mais esclarecedora do que em outras áreas. O efeito da cor
é demasiadamente direto e espontâneo para ser apenas o produto de
uma interpretação ligada ao que se percebe pelo conhecimento.
(ARNHEIN, 1986, p 358)
Imagem 1 – A ilha de Parintins.
Fonte: http://acritica.uol.com.br/ (2012)
A partir de 1966, quando o boi Garantido e o boi Caprichoso resolveram se enfrentar
formalmente em um Festival Folclórico por motivo das várias brigas que sucediam - se com a
brincadeira nas ruas torna-se também necessário à divulgação do evento. No inicio, o cartaz
do Festival era produzido sem concurso, por meio de encomenda da prefeitura para artistas
locais.
Relatos do Sr. Evanil da Silva Maciel, artista plástico (57 anos) formado em Expressão
Visual pela Universidade Federal do Amazonas em 2007 e acadêmico do curso de artes
plásticas da mesma Universidade, em entrevista, ele afirma que ganhou o primeiro lugar do
Concurso de Cartaz da XXIII versão do Festival Folclórico de Parintins. Concurso este
realizado pela Secretaria Municipal de Cultura no ano de 1988. “Nesta época o cartaz era
elaborado diretamente no papel, onde o próprio artista era o detentor de todo o trabalho
específico de um cartaz”. Como mostra a foto seguinte.
Foto 1 - Cartaz vencedor do Concurso de Cartaz do Festival Folclórico de
Parintins/1982.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Relatos do Sr. Raimundo de Oliveira Barbosa, artista plástico (51 anos) ex- presidente
da AAPP, também formado em Expressão Visual pela Universidade Federal do Amazonas em
2007 e também acadêmico do curso de artes plásticas da mesma Universidade, em entrevista,
ele afirma que com a fundação da AAPP (Associação dos Artistas Plásticos de Parintins) em
1994 o Concurso de Cartaz torna-se então: Concurso de Telas Para Escolha do Cartaz do
Festival Folclórico de Parintins. “Isso só foi possível com o esforço dos artistas locais em
buscar um novo método de divulgar não somente o Festival mais também suas obras
particulares”.
Dessa forma o cartaz passa a ser elaborado de forma híbrida pelo artista plástico que
compõem a imagem pictórica em sua tela, pelo fotógrafo que captura a imagem e pelo
designer gráfico que realiza a arte final.
Apesar da ideia na época de elaborar a imagem que compõem o cartaz em telas
artísticas e consequentemente um produto de venda como forma de renda para os artistas ser
uma boa ideia, no sentido financeiro, em contrapartida algumas imagens, e pessoas
desqualificadas que julgam o Concurso, torna ineficaz a primeira função de um cartaz, que
para Moles (2004) seria a da informação imediata.
“Um cartaz moderno será, pois, uma imagem em geral colorida contendo normalmente
um único tema e acompanhado de um texto condutor, que raramente ultrapassa dez ou vinte
palavras, portador de um único argumento.” (MOLES; ABRAHAM ANTOINE, 2004, p. 44).
Foto 2 - Cartaz do Festival Folclórico de Parintins de 2006
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2006).
Analisando este cartaz de 2006, verifica-se o uso de uma imagem com vários ícones
da Amazônia como: o índio, a onça, uma cachoeira, um rio com vitórias regias, a mata, a
cabocla com coká indígena, a Catedral de Parintins, os bois Bumbás Garantido e Caprichoso,
e o Bumbódromo (local da apresentação do Festival Folclórico). Assim a imagem vincula-se à
Região Amazônica e seu caráter específico em relação ao Festival Folclórico é enfraquecido.
Está imagem seria uma boa divulgação para um anúncio em revista, pois com a
riqueza de detalhes certamente prenderia à atenção do leitor. Para um cartaz, onde a questão,
tempo de observação é essencial para se transmitir a mensagem, este cartaz anterior se torna
ineficaz pelo excesso de informação imagética. Mais a frente, verifica-se algumas diferenças
entre anúncio publicitário e cartaz.
Assim como este cartaz de 2006, verificou-se uma série de obras participantes de
concursos anteriores com a mesma problemática.
Foto 3 – Tela participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico
de Parintins/2008.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2008).
Foto 4 – Tela participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico
de Parintins/2010.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2010).
Partindo dessa problemática, propõem-se uma composição limpa, com formas e cores
simples, na qual melhor dialoga com a necessidade de representação no campo da linguagem
objetiva, (cartaz).
Na parte estética escolheu-se o conceito distorção como abordagem ao
convencionalismo artístico local, mostrando uma imagem voltada não somente para a disputa,
e sim em um diálogo estético e expressivo da realidade deste evento. A seguir alguns
exemplos dessa abordagem.
Foto 5 - Cartaz da 8ª Mostra de Gestão das Escolas Estaduais de Parintins/2012.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Buscou-se analisar outras fontes práticas de elaboração de cartaz publicitário como
meio alternativo para a fundamentação técnica da imagem proposta. Dessa maneira
pesquisou-se imagens que tratam de uma composição adequada à comunicação visual.
Mesmo relacionando e analisando determinados referenciais, a elaboração de um cartaz
publicitário não é o foco principal deste Trabalho de Conclusão de Curso, mas, no entanto,
esse procedimento se torna necessário por tratar-se de uma imagem que concorrerá dentre
outras em um concurso ao qual o destino principal é a elaboração de um cartaz que divulgará
o Festival Folclórico de Parintins.
A seguir imagens de cartazes de festivais folclóricos que mostram de forma objetiva o
tema proposto de determinados festivais. Como critério proposto, de uma composição limpa,
com formas e cores simples estes cartazes propõem bons exemplos.
Imagem 3 – Cartaz do VI Festival Brasília de Cultura Popular.
Fonte: http://www.funarte.gov.br (2012)
Imagem 4 – Cartaz do XI Festival de Folclore
Fonte: http://ranchofsantonio.blogspot.com.br/ (2012)
3 REFLEXÃO E PROJETO
No capítulo anterior destacou-se a concepção deste trabalho, local geográfico e um
pouco da história da cidade em relação à sua grandiosa festa junina e do Concurso de Telas
para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins. Agora se discute o projeto com a
problemática gerada.
Como projeto de Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Artes
Visuais: cultura e criação procura-se criar uma imagem que proponha um meio de
composição diferenciado, que valorize a concepção experimental sobre estilos, técnicas e
costume na elaboração do cartaz do Festival Folclórico de Parintins.
O intuito é apresentar uma imagem coerente com os parâmetros relacionados à
elaboração de um cartaz, e propor um processo de retenção cultural no que tange a
experimentação artística.
A obra foi criada, inscrita e apresentada ao XXII Concurso de Telas Para a Escolha do
Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012. Ela está em diálogo com o conceito
distorção, conceito este muito utilizado por artistas modernos e contemporâneos onde
criticavam e criticam a arte como mero papel de exaltação da natureza por meio da
verossimilhança.
Propõe-se também uma composição limpa, com formas e cores sintéticas na qual
melhor dialoga com a necessidade de representação no campo da linguagem objetiva. (cartaz)
A escolha do conceito distorção parte do principio de empenho em mostrar um
trabalho voltado não somente para disputa e sim em mostrar novos caminhos a arte local que
há tempos estagnou e se propõe ao padronismo estético.
De acordo com o projeto em questão produziu-se uma imagem idealizada para
participar do Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins
do ano de 2012. Trabalho este realizado mais para participar do que concorrer, pois é neste
momento de Concurso na cidade que se encontra o melhor momento para divulgar e difundir
ideias, reflexões, críticas e etc.
Neste trabalho apresenta-se determinada reflexão em tratar as imagens dos Bumbás de
maneira diferente do convencional, por analisar a maneira e modo como esta grande festa
popular é coordenada e explorada pelos demais segmentos que são responsáveis por ela.
Partindo desse princípio e despojando completamente do intuito de ganhar o prêmio, que na
cidade é como participar de uma grande Bienal, aproveitou-se o ensejo para criticar de
maneira visual estes acontecimentos implícitos nesta grande festa.
Vale ressaltar que o gosto artístico predominante nesta localidade é o estilo figurativo
e surreal pautadas na verossimilhança com a natureza, como se verifica adiante. Também
ressalta-se que a tradição dos bois Bumbás Garantido e Caprichoso é fortemente ligada aos
símbolos dos mesmos, onde o vermelho e o coração pertencem ao Garantido e a cor azul e a
estrela ao boi Bumbá Caprichoso. Abaixo imagem convencional dos Bumbás com seus
símbolos e cores.
Foto 6 - Detalhe de obra participante do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do
Festival Folclórico de Parintins/2012
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Assim como crítica e reflexão, de forma irônica quebra-se está determinada tradição
invertendo as cores e os símbolos dos mesmos como revisão de determinados conceitos
enraizados neste sistema artístico local, e não na tradição simbólica dos bois.
Quais seriam esses conceitos? Distorcer algo pré-estabelecido, quais suas vantagens
em relação às artes visuais? E em relação à linguagem publicitária (cartaz), quais suas
origens, funções e sua relação com a pintura?
Para entender um pouco esses conceitos “pré-estabelecidos” primeiro buscou-se seu
contexto histórico em relação à pintura em Parintins. Assim trata-se da forte influência
religiosa na cidade como também em toda nação brasileira, por suas imposições dogmáticas
associadas às artes, folclore e cultura dos povos.
A influência religiosa é evidente na festa do Boi – Bumbá de Parintins. Ela é vista no
momento denominado “auto do boi”, no qual o termo “ressurreição” é usado para dar vida
novamente ao boi, morto por pai Francisco e pelas manifestações religiosas em homenagem
aos santos: Nossa Senhora do Carmo (padroeira da cidade); São Pedro; São João; São
Benedito e Santo Antônio.
Foto 7 - Homenagem à N. S. do Carmo.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2007).
Segundo Suzano (2006), relatos do padre Henrique Uggé, que é indigenista e exerce
Apostolado na Diocese de Parintins, especificamente com a Tribo Saterê – Maué, desde o ano
de 1972:
Na Amazônia o princípio da evangelização aconteceu a partir do momento
em que os padres Jesuítas chegaram ao Brasil. Posteriormente com a
expulsão chegaram os Carmelitas. Um desses padres, o Frei José das Chagas
juntamente com outros Sacerdotes difundiram devoção profunda por Nossa
Senhora do Monte Carmelo. Chamado Apóstolo da Mundurucânia, Frei José
falava o “Nhengatú”, língua geral dos indígenas, e fundou uma Missão em
Parintins, na Vila Amazônia.
Suzano (2006), em relação ao boi Bumbá, o Padre Henrique afirma que a festa nasceu
ao redor da Igreja:
Os jesuítas, para unir as três raças existentes no Brasil, a negra, a indígena e
a europeia, desenvolveram uma cultura, onde a dança, o canto e a expressão
corporal tinham papel preponderante, até mesmo porque a dança e o canto
são elementos básicos da cultura africana e indígena. Além de desenvolver
dons e abrir espaços para a criatividade, a dança e o aprendizado das
diversas formas de expressão corporal ocupavam o tempo ocioso do escravo
e do nativo.
Em relação às cores dos Bumbás de Parintins, suas características e distinções, Braga
(2002), faz uma descrição da cor vermelha e azul e sua utilização em festas como: Os Ternos
de Monçabique, Pastoris do Nordeste, Cavalhadas de Pirenópolis, e outros, e conclui que
todas elas de modo velado e evidente, fazem alusão à guerra simbólica de cristãos e mouros
sob o signo da guerra justa onde a cor, vermelho simboliza o mouro e a cor azul o cristão.
Dessa maneira ele observa que às cores vermelho e azul, que são utilizadas no
espetáculo são uma caracterização simbólica, entre cristãos e mouros baseado no plano
estético do código cromático, onde essas cores se opõem e identificam respectivamente seus
Bumbás.
A diferença entre o Festival Folclórico de Parintins é que o mouro é aquele que perde
o festival, e não especificamente o Bumbá que utiliza a cor, vermelho.
A “Congada” que é uma adaptação da “Canção de Rolando”, epopeia
francesa, que chegou até nós através dos jesuítas, dos colonizadores. Eles a
usavam para sublimar o instinto guerreiro do negro, criando uma luta irreal
de cristãos e mouros.
Os jesuítas usaram este bailado na obra de conversão, da catequese. Eles
usavam a cor Azul para representar o Bem (cristão), e o Vermelho para
representar o mal (mouro). Nessa luta sempre o Bem vence o mal, onde os
mouros são batizados. E todos juntos fazem a festa em louvor a São
Benedito, padroeiro dos negros, em todo Brasil. (GONÇALVES, 2000,
p.58).
De acordo com essas citações e sabe-se, entretanto, que em Parintins o estudo artístico
como a pintura, desenho e escultura foi introduzida de maneira informal e empírica pelo bispo
italiano Dom Arcângelo Cerqua, primeiro bispo de Parintins, (ver anexo A) quando trouxe
para a cidade o pintor e escultor italiano Irmão Miguel de Pasquale (ver anexo B) na década
de 70 para elaborar pinturas sacras na Catedral da cidade, em construção na época.
Imagem 5 – Catedral de Parintins.
Fonte: http://acritica.uol.com.br/ (2012)
Assim, e de acordo com relatos de antigos moradores da cidade, como o Sr. João
Vieira, que nesta época trabalhava como zelador da Catedral e que foi amigo de Irmão Miguel
afirmou que durante e após trabalhos realizados, Miguel dedicou-se a ensinar adolescentes na
arte da pintura, desenho, escultura em argila e artesanato em gesso com motivos religiosos.
Parte desta escola artística de Irmão Miguel concluiu estudos formais na área, com a
introdução do curso de expressão visual, pela Universidade Federal do Amazonas em 2004
que concluiu sua primeira turma em 2007. Pode-se então assim analisar esta referência e
influência empírica que se iniciou em Parintins.
O gosto pelo estilo clássico baseado no forte movimento renascentista italiano do
século XV confirma-se pelos trabalhos realizados de Irmão Miguel na Catedral da cidade,
quanto em seu ateliê. Este gosto estético é difundido pelo forte apelo dos artistas e artesões de
Parintins como conceito verossímil. A seguir trabalho realizado por Irmão Miguel na Catedral
de Parintins.
Foto 8 - Pinturas de Irmão Miguel na Catedral de Parintins.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Ao analisar algumas obras do mestre Irmão Miguel, percebe-se que suas obras tratam
tão somente de questões técnicas e representativas. (ver anexo C). Vale salientar que até então
na cidade a maioria dos artistas tanto os que trabalham no boi ou não, tiveram sua iniciação
com Irmão Miguel. Este conceito de verossimilhança é transmitido nas telas e nos trabalhos
alegóricos dos Bois de Parintins.
Nos tempos atuais, com a necessidade de representação de mitos, lendas e rituais
indígenas incorporados na apresentação dos Bumbás, o estilo surrealista com certa
semelhança aos trabalhos dos artistas: Salvador Dali; Frank Frazeta; Rene Magritte; Boris
Vallejo dentre outros é percebido. Esta semelhança é percebida na forma como estes artistas
estão intimamente ligados ao estilo clássico de representação das formas e cores. A seguir
relaciona-se algumas imagens que mostra a influência do estilo surrealista com a arte
parintinense. Tanto no campo da fantasia quanto na composição dos motivos e sobretudo
quanto ao hiperrealismo.
Imagem 6 – Detalhe de Alegoria do Festival Folclórico de Parintins/2012.
Fonte: http://www.band.com.br/parintins (2012)
Foto 9 - Tela vencedora do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival Folclórico de
Parintins/2009.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2009).
Foto 10 - Tela vencedora do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival
Folclórico de Parintins/2005.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2005).
Foto 11 - Tela participante do Concurso de Telas para a escolha do Cartaz do Festival
Folclórico de Parintins/2010.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2010).
Imagem 7 – Ítem do Boi Caprichoso/2012.
Fonte: http://www.band.com.br/parintins (2012)
Imagem 8 – Alegoria do Boi Garantido/2012
Fonte: http://www.band.com.br/parintins (2012)
Imagem 9 – Nascimento do Dragão, 1981. Boris Vallejo.
Fonte: http://www.imaginistix.com/ (2012)
Apaixonado pela arte clássica e pelos surrealistas Rene Magritte e, especialmente
Salvador Dalí, na década de 70 Vallejo ficou impressionado com a arte de Frank Frazetta
(1928-2010), “Suas figuras tão dinâmicas, personagens musculosos e as mulheres
voluptuosas; toda essa energia me abriu os olhos para este tipo de ilustração que eu estava
prestes a desenvolver”. Boris estava também muito interessado em fisiculturismo e a “fantasy
art” lhe oferecia a oportunidade de trabalhar com a figura humana, o que tanto queria.
Imagem 10 – Ascensão de Cristo, 1958. Salvador Dali
Fonte: http://cultura.culturamix.com/arte/obras-de-salvador-dali (2012)
Salvador Dalí pintou suas obras mais famosas usando um método que envolvia várias
formas de associações irracionais, notadamente imagens que variam conforme a percepção do
observador. Uma característica distinta de Dalí é que, apesar das imagens serem fantásticas
elas eram sempre pintadas com uma técnica acadêmica, impecável e precisão fotográfica que
a maioria dos artistas de vanguarda contemporâneos considerava fora de moda. Dalí também
usou referencias do renascimento em algumas de suas obras, apesar de ter sido um dos
principais ícones do movimento surrealista, suas obras sempre tinham em comum o
figurativismo, o qual representava em suas figuras dotadas de luz, sombra, volume, efeitos e
uma extraordinária técnica de desenho.
Imagem 11 – O Mercador da Morte, 1973. Frank Frazetta.
Fonte: http://frankfrazetta.net/ (2012)
Frazetta foi um ilustrador de renome mundial e artista de quadrinhos. Nascido em
1928, no Brooklyn, ele desenhava desde os dois anos de idade, e frequentou a Academia de
Belas Artes de Brooklyn com oito anos. Aos 15 anos, Frank iniciou sua carreira na indústria
de quadrinhos, e logo teve vários gêneros artísticos em seu repertório: fantasia, mistério e
quadrinhos. Em seguida, ele trabalhou em muitos cartazes de cinema e capas de livros de
bolso. Com uma nova abordagem para Conan, Frazetta visualmente redefiniu o gênero
espada e feitiçaria, que teve um enorme impacto sobre a nova geração de artistas.
Imagens 12 – Le Retour, 1940. Rene Magritte.
Fonte: http://www.magrittemuseum.be/ (2012)
Em 1916, Magritte ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts, em Bruxelas, onde
estudou por dois anos. Trabalhou em uma fábrica de papel de Parede, e foi designer de
cartazes e anúncios até 1926, quando um contrato com a Galerie la Centaure, na capital belga,
fez da pintura sua principal atividade. Nesse mesmo ano, Magritte produziu sua primeira
pintura surrealista, Le jockey perdu, tendo sua primeira exposição apresentada no ano
seguinte.
René Magritte praticava o surrealismo realista, ou “realismo mágico”. Começou
imitando a vanguarda, mas precisava realmente de uma linguagem mais poética e viu-se
influenciado pela pintura metafísica de Giorgio de Chirico.
Magritte tinha espírito travesso, e, em “A queda”, seus bizarros homens de chapéu-
coco despencam do céu absolutamente serenos, expressando algo da vida como conhecemos.
Sua arte, pintada com tal nitidez que parece muitíssimo realista, caracteriza o amor surrealista
aos paradoxos visuais: embora as coisas possam dar a impressão de serem normais, existem
anomalias por toda a parte: “A Queda” tem uma estranha exatidão, e o surrealismo atrai
justamente porque explora a compreensão oculta da esquisitice terrena.
Mudou-se para Paris em 1927, onde começou a se envolver nas atividades do grupo
surrealista, tornando-se grande amigo dos poetas André Breton e Paul Éluard e do pintor
Marcel Duchamp.
Com este pequeno estudo sobre estes artistas surrealistas verificou-se que ambos
estudaram em escolas de Belas Artes. Ao comparar a semelhança entre esses artistas e arte
parintinense salienta-se que a educação artística formal só formou sua primeira turma no
município de Parintins no ano de 2007 por meio da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM) com o Curso de Formação Específica em Expressão Visual. Curso este elaborado
pela Dr. Rosemara Staub direcionado aos artistas locais. Hoje já se encontra instalado de
maneira permanente o curso de Artes Plásticas.
Com esta declaração quer-se frisar que novos caminhos e algumas mudanças tendem a
acontecer em relação às artes visuais na cidade. Partindo dessas averiguações e por meio de
análises de obras participantes em concursos anteriores propôs-se então uma composição
contrária a estes conceitos e estilos diretamente ligados a métodos e costumes na elaboração
da imagem concorrente do Concurso de Cartaz de Parintins. Assim para fundamentar o
trabalho, na parte estética propôs-se a distorção como conceito e na parte técnica, uma
composição de linguagem objetiva.
Distorcer é dar um caráter diferenciado a algo conhecido, logo é marcar uma
diferença com relação a determinadas ideias ou formas. Na história das artes visuais, essa
diferença é frequentemente entendida como expressão, ou seja, como a visão e a produção de
um indivíduo sobre um mundo de formas e conhecimentos compartilhados.
Para Siqueira (2005) em seu artigo “Destino da Arte” essa questão estética está
relacionada certamente com o problema da ampliação conceitual da arte, no momento em que
esta deixa de cumprir a função tradicionalmente estabelecida de “representação”.
Analisando algumas obras de artistas do bloco conceitual distorção: disponíveis no
CD-ROM do curso de Artes Visuais: cultura e criação do SENAC pode-se claramente
destacar algumas vantagens do conceito distorção em relação às artes visuais, segue:
Magnificência em modificar à estética formal de suas criações considerando cada um
a desconstrução de formas pré-estabelecidas cada um a seu modo;
Suas obras de criação seguem de fato à tendência de ruptura com a estética formalista
subvertendo as formas tradicionais a uma forma mais simples com estética menos
formal conseguindo assim romper com os limites da sobriedade usando materiais e
cores fortes, próprias do movimento modernista.
Com o processo de desconstrução alguns artistas distorcem a realidade em prol de uma
criação peculiar, redefinindo conceitos até então estabelecidos por movimentos
anteriores.
Verifica-se nesta análise que esse conceito se propõe a inovação, buscando e
manifestando estímulos a novos caminhos para as artes visuais. Conclui-se então que
o ato de desconstrução está no sentido de explorar e experimentar novos meios,
processos, materiais, concepções e percepções em suas e diferentes áreas do
conhecimento. Considerando assim o processo natural da vida e do cosmos, onde este
se encontra sempre em movimento.
Imagem 13 - Pintura “Antropofagia”.
Fonte: SENAC (2005)
Nesta obra de Tarcila do Amaral a distorção dos elementos plásticos é o resultado de
um confronto entre sua aprendizagem cubista no período em que estudou na França e o seu
fascínio pelas formas e cores da cultura de tipos locais como o negro, o caipira e o índio
brasileiro.
Assim, neste trabalho a distorção ocorre como uma exaltação da cultura brasileira,
onde os motivos distorcidos chamam a atenção para um aspecto peculiar em sua obra. Onde
ela trata as formas e as cores de maneira subjetiva, de acordo com sua relação expressiva
diante dos acontecimentos que ocorriam na época do Manifesto Antropofágico.
O Manifesto exortava a “devoração” da pintura, da literatura e do pensamento
moderno para submetê-lo ao caráter mestiço e tropical do Brasil. Isso ocorreu como parte de
um processo artístico, onde os conhecimentos europeus eram utilizados a favor da arte
brasileira.
Imagem 14 – Pintura “Cinco mulheres na rua”.
Fonte: SENAC (2005)
As obras modernas vieram demonstrar que a arte é o fruto da imaginação de cada
artista, logo existem diversos modos de expressar as sensações que o mundo proporciona a
cada indivíduo. As figuras nesta pintura podem parecer distorcidas de um ponto de vista
realista, mas elas constituem uma expressão singular da realidade. Assim para Kirchner o que
se privilegia em sua obra é a visão subjetiva do artista, a expressão plástica de seus
sentimentos e sensações diante do mundo.
Logo diante desses aspectos assim como a obra de Tarsila o que se proporciona é a
subjetividade dada a determinado tema. Nesta obra a distorção é feita de maneira amarga e
sombria, as formas e cores mostram um distanciamento da verossimilhança como certa crítica
aos acontecimentos ocorridos em sua época. Os expressionistas alemães deixaram uma visão
angustiada da vida moderna que podem ser analisadas na forma como elaboravam suas obras.
Com está análise trata-se do conceito distorção nas diferentes áreas das artes visuais.
Tratar-se-á agora da análise de uma obra que venceu o Concurso de Telas para a Escolha do
Cartaz do Festival Folclórico de Parintins no ano de 2007, e foi à única que mais se
aproximou do conceito proposto, e da linguagem objetiva, (cartaz).
FOTO 12 – Tela vencedora do Concurso de Telas para
Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2007.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2007).
Esta obra, elaborada em tela pelo artista plástico formado no Curso Seqüencial de
Formação Específica em Expressão Visual pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
em 2007, e acadêmico do Curso de Artes Plásticas da mesma Universidade, Aldo Simas
Cabral (35 anos) nos transmite a força expressiva da cor, e a rivalidade dos Bumbás, exposto
na harmonia de contraste (cores quentes e frias).
Verificou-se nesta pintura não somente a síntese da forma, mas a composição contrária
das cores: vermelho e azul, em relação aos outros trabalhos. Todas as 39 telas concorrentes no
ano de 2007, com exceção da vencedora, tinham em comum a composição das cores. Isso se
explica pela localização dos currais dos Bumbás, no qual o do Garantido se localiza na parte
de cima da cidade e do Caprichoso na parte de baixo em relação ao rio Amazonas. De acordo
com essas informações os artistas compõem a cor vermelho do Garantido do lado direito da
tela e o azul do Caprichoso do esquerdo, em relação observador x tela. Isto é como se o
observador estivesse olhando a cidade da margem esquerda do rio Amazonas de frente para a
cidade, pois esta se localiza do lado direito para quem desce o rio.
Aldo Cabral pela primeira vez tornou-se campeão deste Concurso, no qual é bastante
concorrido e valorizado pelos artistas locais, e tão pouco pelas autoridades políticas e
culturais de Parintins.
Assim como nações inteiras empunhavam suas bandeiras e suas respectivas cores
como forma de chamar a atenção de seus cidadãos para a guerra. Na qual a cor serve como
símbolo de identificação que desperta sentimentos de amor e paixão. Da mesma forma
acontece em Parintins, todos os anos os parintinenses são convocados a travarem uma
verdadeira guerra em prol do título de campeão de seu boi Bumbá preferido, combate este que
se inicia após a elevação de suas enormes bandeiras em seus mastros, localizados em seus
referidos currais, e seguidos por três meses em seus QGs (Quartel General), até a hora do
confronto final no Bumbódromo (local de apresentação dos bois Bumbás).
Na cidade em geral, assim como nos currais, a ornamentação fica por conta da
criatividade, com um único diferencial: não se pode utilizar a cor oficial do boi contrário.
Em sua dissertação de mestrado pela Universidade de Campinas, Maria Helena
Rodrigues Silva observa essa significação cultural das sensações provocadas por intermédio
das cores em seus estudos:
Johann W. Goethe, estudando a influência das cores sobre o psiquismo
humano, enfatizou-lhes, o seu efeito significativo, na esfera emocional.
Apresenta a hipótese de que as virtudes curativas, antigamente atribuídas às
pedras preciosas, tiveram suas origens na sensação de bem estar que essas
pedras proporcionavam, ocasionadas por suas cores. Na cromoterapia, Johann
Tobias Mayer in Israel Pedrosa atesta que: “Cor é o alimento da alma. Através
dela podemos correlacionar o mundo da essência imutável, no seu eterno
movimento, e o mundo da matéria transitória na sua aparente solidez. É o
elemento visível no qual o invisível torna-se imperceptível”.
Verifica-se segundo o mesmo, que ao longo da história das civilizações: “as
sociedades organizadas sempre tiveram seus códigos completos, ou então
certos elementos, de uma simbologia das cores, atribuindo-lhes
freqüentemente caráter mágico”.
A multiplicidade de significação, atribuída à cor, ao longo de sua história, está
intimamente ligada ao nível de desenvolvimento social e cultural das
sociedades que as criaram. A simbologia da cor com seus componentes, como
em todos os códigos; visuais, gestuais, sonoros ou verbais, são resultantes: “a
adoção consciente de determinados valores representativos, designativos ou
diferenciadores, emprestados aos sinais e símbolos que compõem tais sinais
ou códigos”.
Percebe-se, então, que a qualidade e o significado dado a símbolos (sinais
sonoros, visuais e verbais), são sempre em função da sua utilização. “Daí
concluí-se que a criação de símbolos mais significativos e duradouros é, via
de regra, ato coletivo de função social, para suprir certas necessidades de
representação e comunicação”. (SILVA, 2005, p. 71-72)
Neste particular Márcia Okida (artigo publicado no site http:// www. tanomuro.com.br, com o
título “Significado das Cores > Cor –relações”) registrou:
Vermelho
Perigo, erotismo, vida, conquista, coragem, euforia, agressividade,
dinamismo, guerra, mulher.
Eleva a pressão arterial acelerando a respiração e batimentos cardíacos,
provoca inquietação e agressividade, bem dosada ajuda no desempenho
esportivo.
Cor erótica, de pessoas sensuais e volúveis. Sua forma é o quadrado, seu
som o de uma fanfarra, seu ritmo o rock, o samba, de aroma afrodisíaco
feminino, ativa a sexualidade masculina, com sabor forte e picante. Cor
erótica feminina. Cor oposta é o verde.
Combinações negativas: vermelho e verde, laranja e vermelho, preto e
vermelho, amarelo e vermelho, roxo e vermelho. Combinações positivas:
azul claro e vermelho, cinza e vermelho, branco e vermelho.
Azul
Amizade, meditação, paz, frio, mar. É sedativo e curativo, diminui a pressão
arterial.
Cor das pessoas equilibradas, altruístas, cor dos pensadores. Sua forma é
um círculo, seu som grave como um violoncelo, com ritmo romântico e
clássico.
Tem aroma doce masculino e possui o sabor dos mares. Laranja é sua cor
oposta. É a cor com a menor velocidade cromática, ou seja, é a última que o
nosso cérebro percebe.Combinações negativas: verde e azul, amarelo e azul,
roxo e azul, vermelho e azul.Combinações positivas: azul e laranja, cinza
claro e azul escuro ou vice versa, preto e azul claro, azul claro e azul escuro,
branco e azul.
Para Cabral, em entrevista, ele relata que em sua obra, ao trocar a composição das
cores em relação ao método tradicional está quebrando um paradigma local, segundo ele
existe torcedores dos Bumbás de ambos os lados da cidade, por isso justifica a troca
referencial das cores vermelho e azul em seu trabalho.
Este trabalho de Cabral representa o inicio de um novo caminho em relação ao método
convencional na elaboração de imagens que concorrem ao Concurso de Telas para a Escolha
do Cartaz do Festival Folclórico no município de Parintins.
Em relação à linguagem publicitária (cartaz) destaca-se algumas referências de suas
origens, funções e sua relação com a pintura.
Ferlauto (2009) reconhece a origem do cartaz que conhecemos hoje ter suas origens na
Segunda Revolução Industrial e que definiu suas características formais e funcionais no final
do século XIX na Europa, no Japão, nos Estados Unidos e em outras sociedades industriais
desenvolvidas.
Segundo o inglês Richard Hollis (2002, apud Ferlauto; Claudio, 2009) no que diz
respeito a este período o cartaz foi à expressão da vida econômica, social e cultural, operando
para atrair compradores para mercadorias e público para o entretenimento, especialmente para
o teatro e o circo, e um pouco mais tarde para o cinema.
Ferlauto (2009) também ressalta que neste momento histórico a pintura é a grande
imagem que opera sobre o coletivo, comandando a visualidade do período e que será em
breve substituída pela fotografia e pela imagem impressa.
É a partir deste período que surge os primeiros cartazistas, Toulouse-Lautrec um dos
precursores da linguagem publicitária nada mais era que um grande mestre da História da
Arte. Entende-se então uma relação direta entre a pintura e o surgimento do cartaz, por esta
ser nesta época o principal meio de manipulação de imagens. Sabe-se que a imagem em
particular as coloridas garantem um meio eficaz de entendimento de uma mensagem
publicitária. Muitas vezes basta à utilização de cores, sem formas precisas para se divulgar
algo.
Muitos artistas e designer às utilizam como referencia na composição de cartazes que
expressão as sensações humanas.
A forma é um meio de comunicação mais eficaz do que a cor, mas é através
dela que obtemos impacto expressivo muito maior.
A cor é, portanto, um apelo visual intenso. E a televisão em cores pela sua
rápida aceitação, é uma prova disto. A cor dá vida aos ambientes, à nossa
roupa, à nossa comida, às embalagens, enfim, vivemos num mundo no qual
a cor não é apenas um pano de fundo passivo e inerte. As cores têm sua
linguagem própria, sua simbologia característica é uma dinâmica que o
homem apenas começa a estudar e a compreender.
A cor influencia todos os setores da experiência humana, sendo a linguagem
mais simples e direta, a comunicação mais imediata que existe. (MARTINS,
1986, p. 221)
Para concluir as questões levantadas parte-se agora em apresentar algumas funções do
cartaz. Para isso, primeiro faz-se um breve comentário sobre a diferença entre cartaz e
anúncio publicitário.
Moles (2004) fala, particularmente, que o cartaz teve sua evolução por meio do
anúncio publicitário e que esta evolução foi causada por dois fatores básicos:
1) A possibilidade técnica de ilustração da imagem em grande escala;
2) E a necessidade de redução do texto, devido à velocidade do indivíduo em relação
ao estimulo proposto.
Estas noções estão baseadas segundo Moles (2004) nos conceitos de legibilidade em
função do tempo.
O que difere de cartaz e anúncio, em poucas palavras, é o objetivo. O anúncio se
dispõe em entreter o leitor para divulgar seus objetivos, já para o cartaz, quanto mais rápido a
informação melhor. Para Moles (2004) o anúncio que mais se parece com o cartaz comporta
dois estímulos básicos:
1) Um estímulo forte: a imagem de caráter estético que tem por finalidade reter a
atenção do leitor;
2) Um estímulo mais fraco: o texto que pode ser uma argumentação quanto um
comentário ou uma observação.
Portanto uma reflexão entre a diferença entre anúncio e cartaz torna-se necessária por
perceber-se em análises de telas que já venceram o Concurso de Telas para a Escolha do
Cartaz do Festival Folclórico de Parintins ter a imagem mais próxima ao estimulo de um
anúncio que para um cartaz.
Agora um breve resumo do que Abraham Antoine Moles concluiu sobre as seis
funções do cartaz na cidade, que definiu em seu livro “O Cartaz”.
A primeira função liga-se mais diretamente à linguística, ou antes, a
uma semântica geral, de que ele constitui um bom exemplo.
Apresenta-se ligado a uma ciência do signo (semiótica), a uma teoria
do esquematismo, concebida como uma técnica de criação de signos,
a uma sintática, enfim, a reger as conjunções de signos (Bense).
A segunda função: propaganda e publicidade relacionam-se ao estudo
e localização do cartaz em face de seus concorrentes na solicitação da
atenção coletiva e ao estudo dos mecanismos econômicos da
sociedade de consumo; constrói-se uma nova economia, em que o
cartaz desempenha papel de motor. Este conhecimento é bastante
complexo e o organograma da Fig. 1-4 só delineia parte dele, a que
concerne à criação e difusão do cartaz; mais tarde teremos de inseri-lo
no ramo sociocultural e no ciclo econômico.
A terceira função é da educação; vincula-se aos problemas do
repertório de conhecimentos, da psicologia social da cultura. O cartaz,
fator de cultura, nos propõem ao mesmo tempo valores e culturemas,
ou átomos de cultura cuja lista seria interessante fazer.
A quarta função, a da ambiência, está ligada à psicologia do ambiente
urbano.
A quinta função, estética, está ligada à técnica de fabricação do cartaz
e nos conduz a esquematizar os processos criadores do artista
submetido a um caderno de encargos.
Enfim, a função criadora do cartaz nos levará a enunciar os elementos
de uma política cultural ao examinar as relações do artista gráfico e
do cartazista com os outros membros da cidade artística e com os
valores da sociedade global. (MOLES, 2004, p. 56 e 57)
Assim partindo deste pequeno estudo sobre funções do cartaz, o que mais se relaciona com o
tema proposto neste projeto é a quinta função. Esta função trata da parte estética de um cartaz, como
se fosse uma poesia, sugere mais do que diz; evoca imagens memorizadas atraindo uma série de
associações que lhe constituem um campo estético superposto ao seu campo semântico.
Desta forma estética, mais despojando da grande regra de agradar, buscando uma nova
estética, a da experimentação, cujos resultados dependem exclusivamente do artista criador; é que se
criou a imagem deste Trabalho. Evidencia-se que a obra apresentada está mais intimamente ligada ao
caráter conceitual que a estética cartazista, salvo que a imagem está direcionada a uma metonímia
visual da realidade do Concurso de Telas para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico da cidade de
Parintins.
O capítulo seguinte trata do diálogo com o referencial artístico visual de Enri de Toulouse-
Lautrec, cartaz “Moulin Rouge”, 1891. Que permitiu suporte técnico na elaboração da imagem
produzida.
4 DIÁLOGOS
Segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre (2012) Henri Marie Raymond de Toulouse-
Lautrec Monfa nasceu em Albi, no dia 24 de Novembro de 1864 e morreu em Saint-André-
du-Bois, no dia 09 de Setembro de 1901, foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês,
conhecido por pintar a vida boêmia de Paris do final do século XIX. Sendo ele mesmo um
boêmio, faleceu precocemente aos 36 anos de sífilis e alcoolismo. Trabalhou por menos de
vinte anos mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade
e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização e comercialização
da arte.
Testemunha da vida noturna de Montmartre, Henri não apenas faz pinturas, como
também cartazes promocionais dos cabarés e teatros, fazendo-se presente na revolução da
publicidade do século XIX, onde a arte deixa de ser patrocinada e financiada apenas pela
Igreja e os nobres, para ser comprada e utilizada pelo comércio crescente gerado pela
revolução industrial.
O cartaz litográfico colorido é uma nova ferramenta de divulgação de locais de lazer
parisienses. Trilhando o caminho de Jules Chéret, assim como Alfons Mucha, Toulouse-
Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes, definindo o estilo que seria conhecido
como Art Nouveau.
O dom artístico de Lautrec é bastante reconhecido, tanto pelos seus amigos da classe
baixa quanto por críticos de arte. Participa do Salão dos Independentes em Paris, da exposição
dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.
Sua habilidade em capturar as pessoas em seu ambiente de trabalho, com a cor e o
movimento da pululante e opulenta vida noturna porém sem o glamour. Usava muito
vermelho, em geral de maneira contrastante, usava o cabelo cor de laranja e a cor verde limão
para traduzir a atmosfera elétrica da vida noturna.
Era um mestre do contorno, podia retratar cenas de grupos de pessoas onde cada
pessoa é individual (e na época podia ser identificada apenas pela silhueta). Frequentemente
ele aplicava a tinta em uma estreita e longilinea pincelada, deixando a base (papel, tela) ou o
contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por natureza, nunca encobria por completo o traço
forte do desenho.
O contorno simples era a "marca registrada" de Lautrec desde o início da carreira
como designer de cartazes. Não pintava sombras. Suas pinturas sempre incluiam pessoas (um
grupo ou um indivíduo) e não gostava de pintar paisagens. O papel usado para os cartazes
frequentemente era amarelo.
Apesar da litografia cheia de cores de seu tempo poder acomodar dezenas de cores em
um só cartaz, Lautrec geralmente escolhia apenas 4 ou 5, as vezes 6. Ao invés de usar uma
multiplicidade de cores, Henri preferiu criar seus efeitos com justaposições e modulações
delicados.
Em 9 de Setembro de 1901, Henri de Toulouse-Lautrec morre nos braços de sua mãe,
no Castelo de Malromé, perto de Bordeaux.
Estima-se que Lautrec tenha pintado mais de 1000 quadros a óleo (737 estão
catalogados), feito mais de 5000 desenhos (275 aquarelas, 5084 desenhos catalogados) e por
volta de 363 gravuras e cartazes. Seu trabalho pode ser dividido em períodos: pinturas,
desenhos e os cartazes.
Neste momento se faz um recorte de interesse na discussão deste cartaz, que serão
dialogadas com a imagem proposta deste projeto.
Imagem 15 – “Cartaz Moulin Rouge”.
Fonte: SENAC (2005).
O cartaz “Moulin Rouge”, 1891 de Toulouse-Lautrec discute as formas e as cores que
foram propositalmente distorcidas com a intenção de produzir uma imagem comunicativa e
envolvente. No centro do cartaz está à bailarina e em primeiro plano seu parceiro, em terceiro
plano esta a plateia, por estarem em planos distintos com tratamento gráfico diferenciado isso
confere à obra grande dinamismo na composição, e que tem como objetivo incluir o
observador na obra como se dela fizesse parte, por isso o tratamento diferenciado em relação
as cores dos motivos. A bailarina se encontra em cores por ser o foco central da observação às
figuras ao fundo em preto por estarem distantes do observador e a figura em primeiro plano
na cor cinza por este estar bem próximo.
Além disso, a forma do desenho simplificado a extinção de detalhes e o uso de cores
chapadas contribuem bastante para uma composição de linguagem rápida e impactante, que
nesse tempo já indicava um caminho da publicidade moderna.
A escolha deste referencial e seu dialogo com a imagem proposta por este projeto
parte do princípio de Lautrec ser uma das referências da linguagem publicitária, e por ser um
grande mestre da história da arte como pintor. Poderia se ter escolhido um referencial
contemporâneo mais próximo do atual meio publicitário, mas o foco neste trabalho é a
imagem para o Concurso de Telas, e uma crítica a classe artística local, não o cartaz em si, por
isso, o diálogo parte de interesses técnicos.
Assim, em diálogo referencial com o cartaz “Moulin Rouge” de Lautrec, e por
experimentos no computador na composição dos desenhos esboçados e possíveis cores a
serem introduzidas na imagem concluiu-se o desenho gráfico, que serviu como referência para
o trabalho final, a pintura. Considerou-se neste estudo referencial o conceito e o objetivo
principal deste Trabalho de Conclusão de Curso.
5 CONCEITOS
Dentre os conceitos estudados durante a especialização, os conceitos: movimento;
leveza; sinuosidade e distorção foram os que fizeram parte deste trabalho, mas a distorção foi
o que propôs uma visão mais crítica em relação à problemática gerada.
O movimento ocorre na composição geral do trabalho, onde as figuras centrais estão
rodeadas por outras que sugerem uma brincadeira dinâmica e gestual. As linhas sinuosas
aparente dos motivos dão ao desenho uma forma lúdica que neste projeto representa uma
sátira a forma convencional de ilustração dos Bumbás parintinenses. O conceito leveza se
propõe dado à levitação dos bois Garantido e Caprichoso, isso ocorre pelo fato dos mesmos
não possuírem as pernas das pessoas que brincam embaixo do boi, desta maneira se quer
demonstrar o peso da tradição na brincadeira de boi. Dentre estes conceitos utilizados a
distorção foi o que propôs uma visão mais crítica em relação à problemática gerada.
Ela é percebida de maneira irônica em relação à forma como se representa os bois
Garantido e Caprichoso. Ela ocorre na troca dos principais símbolos: nas cores vermelho e
azul; no coração e na estrela, esta troca inclui também o local onde são convencionalmente
postos. Também aparece nas formas e nas cores chapadas, dando ao trabalho um sentido de
desconstrução e transitoriedade que fortalece a sensação crítica e experimental, em busca de
um novo fazer artístico.
O conceito distorção está tanto na parte pictórica quanto na parte gráfica, a qual o
trabalho se proporciona. A distorção também se propõe pelo fato de, ao contrário de algumas
imagens não se preocuparem com a função final do Concurso, ou seja, a elaboração do cartaz.
Verificado na pesquisa e análise de trabalhos já apresentados em Concursos anteriores.
A distorção na composição produz certa sátira na obra, por ela se opor à convenção de
valores estéticos dado pelos artistas e sociedade local. Assim como forma expressiva e livre
de valores convencionais e de estilos antiquados, propõe-se um olhar moderno no que tange a
experimentação artística em prol de um novo olhar do mundo, principalmente quando a arte
há tempos deixou de representar e passou a expressar.
Para compreendermos ao menos parcialmente essa situação,
precisamos lidar com algumas questões-chave. Uma delas é
certamente o problema da ampliação conceitual da arte, no momento
em que esta deixa de cumprir a sua função tradicionalmente
estabelecida de “representação”. Durante muitos séculos, a principal
tarefa do artista tinha sido a criação de uma “semelhança” com o
mundo real. A criação das imagens respondia ao primado da imitação,
tradução mais comum para o termo grego mimeses, que desde a
Antiguidade está no cerne da atividade artística. Quando o artista
abandona sua missão de representar o mundo visível, quando substitui
a ação da imitação pela criação, precisa acrescentar à sua obra um
“que” de poesia, de subjetividade. Schapiro, (2002 apud SIQUEIRA,
2005)
A autora levanta elementos dentro da literatura que dão ideia de criação e
subjetividade. Elementos estes que entram em cena por meio do termo “expressão”, termo
este que tem um caráter primordial para a arte moderna. Depois do movimento expressionista,
com vertentes na França e, sobretudo na Alemanha, passa-se a entender este termo como
manifestação de sentimentos que vai da alegria à dor.
No entanto este termo passou a definir não somente as sensações de modo do artista,
mais sim todo um estado de espírito.
Paul Klee, um dos líderes do movimento construtivista e professor da Bauhaus
pensava no termo expressão de forma ainda mais ampla. Para ele o cubismo era como se fosse
um ramo do expressionismo que se tratava da introdução de uma esfera subjetiva em toda
criação artística, que podia adquirir contornos variados como: sensação; pensamento; emoção;
lembrança. Assim, a palavra “expressão” passa a designar essa nova ordem de experiências da
arte: no lugar de representar formas da natureza, cria formas especificas, torna-as visíveis.
Desta maneira, com esse sentido de expressão pessoal, a arte passou a interessar pela
contribuição individual do artista. Assim para o artista que se propõem a este termo artístico,
não basta o registro fiel de representação da natureza, mais sim de certa experiência sensível e
emocional que o artista transpõe em sua obra.
Acredita-se neste momento que a distorção é o melhor método conceitual de
contrapor, fazer surpresas e propor um novo olhar diante do peso do mundo e do cotidiano em
um local onde a semana de arte moderna ainda não ocorreu.
6 DA METODOLOGIA
O foco neste trabalho está voltado para a conceituação e produção da imagem proposta
pelo título específico, entretanto fontes literárias como apostilas, internet, dissertação de
mestrado, tese de doutorado sobre o Festival de Parintins, livros de autores populares da
cidade foram consultados como fundamentação teórica, assim como livros na área de
designer, como fundamentação técnica na área da linguagem cartazista. Procurou-se descobrir
a influência artística e seus conceitos estabelecidos sobre os primeiros artistas e artesãos em
Parintins, assim como sua relação com a brincadeira de boi na cidade.
Um estudo de obras de Concursos anteriores também foi realizado por meio de
registro de imagens que foi processo de observação in loco, pois há tempos acompanha-se
este evento local.
Permitido o acesso no Concurso por meio de inscrição (ver anexo D), procurou-se
elaborar o processo de criação visual da obra a partir do projeto de TCC e dos estudos
preliminares já realizados. Através da realização de esboços, passou-se à experimentação dos
mesmos e a introdução de cores no computador como planejamento visual da obra. Ao
concluir a composição dos elementos como: figuras, formas e cores; transferiu-se a imagem
para a tela por meio de projeção multimídia garantindo assim melhor uso do tempo e
proporção do desenho. Mas só se chegou à forma final deste trabalho que corresponde ao
tema escolhido e ao conceito motivador em diálogo com os textos e obra de referência, no
momento da pintura, como mostra a seguir o processo e registro de criação.
Após apresentação do trabalho para a Comissão Organizadora, procurou-se
acompanhar a exposição e o julgamento do XXII Concurso de Telas para a Escolha do Cartaz
do Festival Folclórico de Parintins/2012. Usou-se para registro: máquina fotográfica digital da
marca Canon e software de edição e desenho gráfico: Adobe Photoshop versão CS5 e
CorelDRAW X15.
A verificação dos materiais para a revisão literária foi elaborada utilizando-se de
entrevistas, auxiliadas por gravações, utilizando aparelho celular da marca LG. Registrou-se
também os outros trabalhos artísticos apresentados ao Concurso (ver anexos E; F; G; H; I; J;
K; L; M).
Além das observações realizadas procurou-se dialogar com membros da Comissão
Organizadora sobre regulamento e possíveis introduções de novas linguagens e conceitos
visuais no Concurso do próximo ano.
7 MEMORIAL DA IMAGEM PRODUZIDA
7.1 Escolhas dos Materiais
Para a criação do trabalho: as pinceladas; espatuladas; composição e exclusão de
detalhes se entrelaçam à desconstrução proposital. Esta ação da desconstrução dos símbolos
dos bois Bumbás de Parintins Garantido e Caprichoso é evidenciada no desenho e na pintura
deste TCC.
A obra necessitou se adequar ao regulamento do XXII Concurso de Telas Para
Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012. Por este motivo a técnica, o
tamanho da tela e seu formato são de caráter obrigatório, de acordo com o que consta o
regulamento no Artigo 3⁰- DAS OBRAS PARTICIPANTES DO CONCURSO:
I. Tema: Festival Folclórico de Parintins.
II. Tamanho das Obras: 160 x 120 cm na vertical.
III. Técnica de pintura: livre.
IV. A obra participante, só poderá ser assinada após a realização do evento.
V. As obras participantes não poderão ser molduradas.
VI. A obra não poderá conter letras em forma de arte, e logomarcas.
VII. As obras participantes do concurso deverão ser entregues à comissão organizadora
dia 06 de junho de 2012, no local pré-determinado pela Organização do Evento.
VIII. Não serão aceitas obras entregues na hora do concurso.
IX. A Comissão Organizadora não se responsabilizará pelas obras que não estiverem
aptas ao manuseio.
X. Somente serão aceitas obras inéditas.
XI. As obras vencedoras serão declaradas patrimônio adquirido da Associação dos
Artistas Plásticos de Parintins (AAPP) e será divulgado o nome do artista.
Neste trabalho utilizou-se como material e ferramentas:
• 1,5 m de pano americano grosso;
• um chassi de madeira marupá de 160 x 120 cm;
• grampos para fixação;
• tinta acrílica branca;
• corante acrílico nas cores: verde, amarelo e preto;
• tinta acrílica artística em tubo nas cores: vermelho e azul;
• verniz acrílico;
• pano para limpeza;
• água;
• lapis 2ab;
• borracha sintética branca;
• papel A4 branco;
• impressora multifuncional;
• microcomputador;
• notebook;
• referenciais fotográficos;
• software gráfico CorelDraw X5 e Fotoshop CS5;
• projetor multimídia;
• pincel n⁰ 12, pelo de boi;
• pincel n⁰ 08, pelo de boi;
• pincel n⁰ 16, pelo sintético;
• trincha 1”, pelo sintético
• trincha 4”, pelo sintético
• espátula n⁰ 502
• espátula n⁰ 503
• espátula n⁰ 508
7.2 Processo e Registro de Criação
No processo de criação da imagem deste Trabalho de Conclusão de Curso, as ações
mais importantes foram registradas por esboços, que viraram desenhos gráficos, e a
composição final no computador. O momento da pintura foi registrado em máquina
fotográfica digital e repassado para o computador que também estão acompanhadas de muitas
reflexões e questionamentos pertinentes ao universo da cultura artística local, do discurso, da
imagem e do conceito utilizado.
Os momentos da criação acabaram por estruturar a apresentação dos registros e
reflexões do processo. As etapas demonstram também o desenvolvimento da criação
contemporânea por meios híbridos no processo de criação.
7.2.1 Estudo e criação de formas distorcidas dos Bois Bumbás de Parintins.
Segundo Gombrich (1990), Klee argumentou que a própria natureza cria através do
artista; e este poder de criação é o mesmo poder misterioso que gerou as fantásticas formas
dos animais pré-históricos e o reino feérico e sobrenatural da fauna dos mares profundos que
está ainda ativo no espírito do artista e faz suas criaturas crescerem. Tal como Picasso, Klee
acreditava na variedade de imagens que podiam ser produzidas desse modo. Seguindo este
mesmo método de Klee e considerando alguns conceitos como: movimento, leveza,
sinuosidade e distorção passou-se a explorar formas inéditas da figura dos Bumbás de
Parintins.
Desenho 1 – Esboço 1.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Desenho 2 – Esboço 2
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Desenho 3 – Esboço 3.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
De acordo com a primeira etapa do projeto visual, estudo e criação de formas
distorcidas dos Bois Bumbás de Parintins, escolheu-se o esboço de número 3. Este esboço
parte do princípio de formas lúdicas ao qual sugere por meio de seus traços sinuosos o
movimento expressivo dos Bumbás na arena de apresentação dos mesmos (Bumbódromo). A
sensação de leveza foi uma estratégia plástica voltada a princípio contra o que se percebeu
como o “peso” da tradição, na elaboração desta forma. Um peso metafórico, se considerarmos
a imposição da escolha de motivos e linguagens mais naturais, comuns nas escolhas dos
jurados de outros Concursos. Esta leveza esta composta na parte inferior do desenho, por
sugerir levitação, onde propositalmente excluiu-se as pernas do tripa do boi (pessoa que
brinca embaixo do boi) . A distorção ocorre no conjunto técnico do desenho, na representação
irônica desta forma em relação a outras convencionalmente utilizadas. Deixa-se claro que este
esboço escolhido ainda não é o desenho final. Ele só será concluído nas etapas seguintes, de
acordo com a proposta de utilização de métodos híbridos na elaboração deste trabalho.
7.2.2 Estudo e criação de formas chapadas: “Vaqueirada”
Desenho 4 – Esboço “Vaqueirada”.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Dentre estes esboços escolheu-se o de perfil, que elaborou o primeiro e terceiro plano
da composição. Com apenas um desenho montou-se toda uma vaqueirada, utilizando recursos
gráficos. A vaqueirada é um item que concorre a pontos no Festival Folclórico de Parintins.
Este item foi escolhido para compor a obra por ele ser um dos poucos itens que existe desde
quando a brincadeira de boi era realizada nas ruas de Parintins.
Com estes dois esboços escolhidos: o boi bumbá e o vaqueiro de perfil concluiu-se a
primeira etapa. Agora as etapas seguintes tratam do desenho gráfico dos esboços e de sua
composição no formato da tela.
7.2.3 Desenhos gráficos dos esboços:
Desenhos gráficos 1 – Motivos da obra.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
A partir dos desenhos gráficos prontos passou-se a terceira etapa do processo visual do
trabalho. A composição dos motivos e a introdução de cores.
7.2.4 Composição e introdução de cores:
Montagem gráfica – Imagem Gráfica da Obra
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
7.2.5 Registro fotográfico da pintura da obra:
Com o referencial gráfico pronto tratou-se da elaboração pictórica. Vale ressaltar que
apesar dos estudos preliminares e o referencial impresso para consulta, a pintura em
determinado ponto trilhou um caminho a qual o referencial gráfico foi ignorado dando assim
espaço para liberdade intuitiva de expressão artística.
É sumamente improvável que Klee tivesse pensado nesse estratagema
antes de começar a pintar o quadro. Mas a liberdade onírica de
seu jogo com formas levou-o a essa invenção, que ele depois
completou. É claro, podemos estar certos de que mesmo artistas
do passado confiaram por vezes na inspiração e na boa estrela
do momento. Mas, embora possam ter acolhido jubilosamente um
feliz acidente dessa espécie, tentaram sempre conservar o
controle. Muitos artistas modernos que compartilham da fé de
Klee na natureza criativa consideram errado aspirar sequer a esse
controle deliberado. Acreditam que se deve permitir à obra
"crescer" de acordo com as suas próprias leis. Esse método
recorda-nos de novo as nossas garatujas no caderno de
rascunhos, quando somos surpreendidos pelo resultado de nossos
jogos ociosos de pena - exceto que, para o artista, isso converteu-se
em assunto sério. Seria desnecessário dizer que era e continuou
sendo, sobretudo uma questão de temperamento e de gosto até
que ponto o artista queria que esse jogo com formas o
conduzisse a tais fantasias. (GOMBRICH, 1990, p. 435)
Neste trabalho as cores também foram distorcidas, onde as mesmas foram utilizadas
de maneira diferente dos demais trabalhos analisados no estudo de caso. Buscou-se valorizar
mais o simbolismo das cores mais marcantes na festa do boi de Parintins, ou seja, o vermelho
e o azul. Mesmo assim propôs-se utilizar essas cores de uma forma que chamasse a atenção.
Por isso trocou-se a cor referente a cada Bumbá usando em quantidade bem reduzida dando a
obra junto com seus traços uma atmosfera alegre sem exageros.
As cores, verde e amarelo, usadas no fundo do trabalho representam as cores que
podem ser utilizadas pelas duas Agremiações Folclóricas, pois no Festival de Parintins cada
boi não pode utilizar a cor referente ao outro. A cor cinza em primeiro plano reforça o olhar
do espectador em direção aos motivos principais no centro da tela, assim como o preto em
terceiro plano que limita o foco principal. Ambas as cores foram usadas chapadas, exceto as
cores vermelho e azul que foram utilizadas puras (direto do tubo de tinta) nos símbolos estrela
e coração dos Bumbás mescladas com a tinta base da tela na cor branca.
Foto 13 – Ateliê improvisado.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Foto 14 – Etapas da pintura.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Foto 15 – Finalizando a pintura.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Foto 16 – Pintura concluída.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Foto 17 – Obra deste Trabalho de Conclusão de Curso.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Este Trabalho de Conclusão de Curso, “Tela pintada para participar do XXII Concurso
de Telas Para Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012” discute as formas e
cores que foram propositalmente distorcidas com a intenção de produzir uma imagem irônica
e atraente. No centro da imagem estão os Bumbás Garantido e Caprichosos, em primeiro e
terceiro plano estão a vaqueirada, que por estarem em planos distintos com tratamento gráfico
diferenciado conferem ao trabalho dinamismo na composição, que tem como objetivo atrair o
olhar do observador ao centro deste, por isso o tratamento diferenciado em relação às cores
dos motivos. Os bois se encontram coloridos por serem o foco central da observação, às
figuras ao fundo em preto por estarem distantes do observador e as figuras em primeiro plano
na cor cinza por estarem bem próximo.
Além disso, a forma do desenho simplificado, a extinção de detalhes e o uso de cores
chapadas contribuem bastante para uma composição de linguagem rápida e impactante, que
nesse caso tem o objetivo principal.
7.2.6 Registro fotográfico do Concurso:
Foto 18 – Julgamento das obras participantes do Concurso/2012.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Foto 19 – Exposição das obras participantes do Concurso/2012.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Foto 20 – Telas vencedoras do Concurso/2012.
Fonte: Marcos Carneiro dos Santos (2012).
Estas três telas acima foram às telas vencedoras do XXII Concurso de Telas para a
Escolha do Cartaz do Festival Folclórico de Parintins/2012. Da esquerda para a direita a
terceira, a segunda e a primeira colocada. Todas as telas que participaram do evento podem
ser vistas nos anexos: E, F, G, H, I, J, K, L, M.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o Regulamento do XXII Concurso de telas para a escolha do Cartaz do
Festival Folclórico de Parintins/2012 não foi possível apresentar um trabalho hibrido de
materiais, como: colagem, utilização de objetos e até mesmo relevos, pois a técnica era
restrita à pintura.
Por isso a proposta de inclusão de materiais híbridos na elaboração da imagem não
alcançou resultado consistente, entretanto na parte conceitual os resultados foram alcançados.
O trabalho não teve e nem tem pretensão alguma de ensinar métodos ou conceitos
contemporâneos quanto arte à sociedade e classe artística local, ao contrário, apenas propõe
que a arte é livre, independente de qualquer movimento ou estilo.
Em relação aos símbolos dos Bumbás, apenas sugere-se de forma irônica que um
depende de outro em relação à festa folclórica local. Entretanto a distorção destes elementos
transborda repulsa entre os torcedores dos bois Garantido e Caprichoso, está ai um bom
motivo de chamar a atenção.
Quanto à composição gráfica, o objetivo proposto de compor formas e cores simples é
alçando de maneira relevante em relação à escolha dos jurados, pois apesar de apresentar um
trabalho bastante diferente dos demais, com uma concepção mais ligada à crítica, obteu-se a
vigésima nona colocação das trinta e seis telas participantes.
Não existe maior obstáculo à fruição de grandes obras de arte do que
a nossa relutância em descartar hábitos e preconceitos. Uma pintura
que representa um tema conhecido de um modo inesperado é muitas
vezes condenada sem outra razão melhor do que "não parece bem".
Quanto mais vezes tivermos visto uma história representada em arte,
mais firmemente nos convencemos de que ela deve ser sempre
representada de forma semelhante. (GOMBRICH, 1990, p. 23)
Existe muita especulação em relação a esses estereótipos simbólicos dos bois Bumbás
de Parintins. As próprias agremiações contribuem para isso, levando em consideração a
rivalidade, onde cada um desdenha e repulsa a simbologia de outro. Faz parte do folclore e
cultura parintinense essa rivalidade, eternizada por cantos e toadas de desafio.
Concorda-se ainda com a influência exercida pelos povos remanescentes desta ilha,
onde se sabe que de acordo com a História das Artes, que tudo e todos sofrem ou são
influenciados por alguém ou algo.
A ilha Tupinambarana e regiões próximas possuem registro de habitantes
desde o século XII, de acordo com achados em fragmentos de cerâmica e
objetos líticos. À época do “Descobrimento” do Brasil, eles eram, segundo
fontes pesquisadas de relatos históricos, os Maués, Paruenis, das festas da
tocandira (ou tocandeira), do tipiti, das artes plumárias e dos crânios
reduzidos dos inimigos. Os Mundurucus, também com o costume de reduzir
os crânios dos inimigos e usá-los como trunfos de guerra, das artes
plumárias e corporais, e principalmente das festas grandiosas.
Parauenis, Parintins e Parintintins, nômades, exímios artífices das artes
plumárias e antropófagos. Conforme relatos dos primeiros viajantes, eles
também viviam em imensas festas tribais, se enfeitavam com artefatos ricos
em plumagens, celebrando a vida e a morte, o plantio e a colheita, a guerra
e paz. (SILVA, 2005, p. 34).
Admite-se também a especificação do termo “Folclore” no qual a essência da palavra
trata-se da espontaneidade cultural de um povo.
O folclorista Bruno de Menezes (1972), em seu estudo sobre o Boi –
Bumbá do Pará, considerando-o como “uma variante à parte dos chamados
bumba- meu- boi do Nordeste,” reconhece no auto popular um “ sugestivo
teatro cômico dramático, o brinquedo mais autêntico do folclore junino na
Amazônia brasileira”. Os antropólogos Eduardo Galvão (1955) e Charles
Wagley (1988 ) vêem no Boi – Bumbá uma dança e uma forma de comédia
do folclore tradicional, que, nas palavras deste último, é “ representada por
atores locais em várias cidades do Norte do Brasil e em quase todas
comunidades amazônicas à época das festas juninas “. Ferreira de Castro
(1989) ocupa-se da descrição do Boi – Bumbá nas imediações do rio
Madeira, chamando à atenção para os aspectos da sua apresentação ao
afirmar que era “tanto mais famoso e discutido o Boi – Bumbá quanto mais
se revestisse de bugigangas”. (BRAGA, 2002, p. 25-26).
É fato que hoje o Festival Folclórico de Parintins perdeu um pouco de sua tradição e
espontaneidade, isso vem decorrendo desde 1966, quando o boi Garantido e o boi Caprichoso
resolveram se enfrentar formalmente em um Festival Folclórico. Isso ocorreu por motivo das
várias brigas que sucediam - se com a brincadeira nas ruas. Á disputa por títulos e brigas
políticas elaboram uma nova era na “brincadeira de boi”.
Ao fundamentar o tema, avaliou-se a dificuldade em relação a um assunto que trata
principalmente das emoções humanas, na qual a variedade deste assunto se distribui de
maneira constante. Desta forma, fica-se atrelado apenas ao caráter crítico e a forma subjetiva
do tema proposto; apesar da parte técnica deste trabalho.
Assim como alguns preferem pessoas que usam poucas palavras e gestos,
deixando algo para ser adivinhado, também hà os que gostam de pinturas ou
esculturas que deixem alguma coisa sobre que se possa conjeturar e
meditar. Nos períodos mais "primitivos", quando os artistas não eram
tão habilidosos quanto hoje na representação de rostos e gestos
humanos, é tanto mais comovente, com freqüência, ver como eles
tentaram, não obstante, expressar os sentimentos que queriam transmitir.
(GOMBRICH, 1990, p. 18)
Quanto à função principal do cartaz (o da informação imediata), alcançou-se o
objetivo por ter participado e apresentado o trabalho ao Concurso, pois ao elaborar este
projeto, o principal público alvo seria os participantes do mesmo, e não a divulgação em
massa do trabalho.
Não se propôs com este trabalho denegrir a imagem visual do Festival Folclórico de
Parintins, e sim propor quanto imagem, uma busca de um novo fazer artístico, antenado e
expressivo, de acordo com as necessidades expressivas da arte contemporânea. É claro que
não se quer interferir na tradição simbólica destas Instituições Folclóricas, pois a tradição é o
único bem folclórico que possuem.
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SENAC. DN. Manual do Sics, vol. 7: guia para elaboração de trabalhos acadêmicos,
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SIQUEIRA, Vera Beatriz. Destino da arte: arte e cultura no mundo moderno e
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SUZANO, João de Matos. Brincando de Boi em Parintins. Manaus: Grafisa, 2006.
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<http://en.wikipedia.org/wiki/ Henri_de_Toulouse-Lautrec >. Acesso em: 20 de agosto. 2012.
ENTREVISTAS:
BARBOSA, Raimundo de Oliveira. História dos Cartazes do Festival Folclórico de
Parintins. Parintins Amazonas, 10 de julho de 2012. Entrevista concedida a Marcos Carneiro
dos Santos.
MACIEL, Evanil da Silva. História dos Cartazes do Festival Folclórico de Parintins.
Parintins Amazonas, 12 de julho de 2012. Entrevista concedida a Marcos Carneiro dos
Santos.
CABRAL, Aldo Simas. Cartaz do Festival Folclórico de Parintins de 2007. Parintins
Amazonas, 15 de julho de 2012. Entrevista concedida a Marcos Carneiro dos Santos.
ANEXOS
ANEXO A – Memorial em Homenagem a Dom Arcângelo Cerqua (2012).
ANEXO B – Irmão Miguel entregando prêmio de Concurso de Pintura Sacra (2007).
Da esquerda para a direita, Irmão Miguel é o segundo.
ANEXO C – Pinturas realizadas na Catedral de Parintins por Irmão Miguel.
ANEXO D – Ficha de inscrição do Concurso.
ANEXO E – Telas participantes do Concurso/2012.
ANEXO F – Telas participantes do Concurso/2012.
ANEXO G – Telas participantes do Concurso/2012.
ANEXO H – Telas participantes do Concurso/2012.
ANEXO I – Telas participantes do Concurso/2012.
.
ANEXO J – Telas participantes do Concurso/2012.
ANEXO K – Telas participantes do Concurso/2012.
ANEXO L – Telas participantes do Concurso/2012.
ANEXO M – Telas participantes do Concurso/2012.