Monografia Final EAD

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1UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP INTERATIVA

Atuao em EAD: O papel da formao do professor para o desenvolvimento do ensino a distncia.

Rodrigo Dutra da Silva

Monografia Final de Especializao em Formao em EAD. Juiz de Fora - 2010

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Rodrigo Dutra da Silva

Atuao em EAD: O papel da formao do professor para o desenvolvimento do ensino a distncia.

Monografia apresentada a UNIP Interativa como requisito parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Formao em EAD. Orientadora: Professora Renata Cottet

Juiz de Fora - 2010

3 RODRIGO DUTRA DA SILVA ATUAO EM EAD: O PAPEL DA FORMAO DO PROFESSOR PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENSINO DISTNCIA

Monografia apresentada a UNIP Interativa como requisito parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Formao em EAD. Orientadora: Professora Renata Cottet

A Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, sob a presidncia do Professor (a), submeteu o candidato anlise da Monografia em nvel de Especializao e a julgou nos seguintes termos:

Prof. (a). Julgamento______________ Assinatura: ______________________ Prof. (a). Julgamento: ______________Assinatura: ______________________

MENO GERAL: _________________________________________________________

Coordenador do Curso: Professor (a).

4 DEDICATRIA

Ao meu pai Ariosto J. Ribeiro da Silva pelo exemplo e suporte. Laila Cunha e Sophia Cunha por serem os motores da minha evoluo pessoal e meu suporte incondicional.

5 AGRADECIMENTOS

Ao Professor Eduardo Magrone e Rosilene de Oliveira Pereira pelo desenvolvimento do gosto pela educao e pelo novo. Aos Professores do programa de ps-graduao em Formao em EAD pelos contedos dispensados. Felipe Hauck pela grande ajuda na finalizao deste processo.

6 RESUMO

O objetivo do presente trabalho analisar as principais dificuldades quanto utilizao das novas tecnologias de informao e comunicao nos ambientes virtuais de educao e a importncia do papel dos tutores neste processo. Os principais empecilhos para sua utilizao por parte dos docentes, discentes e da sociedade em geral

7 ABSTRACT

The main objective of this work is to analyze the most influent difficulties about the use of new communication technologies of information and communication on virtual communication spaces and also the importance about the teachers and tutors work in this process. The most important obstacles about the use of this technology by teachers, students and the whole society.

8 SUMRIO

1. Introduo............................................................................................9 2. Origens, trajetria e atualidade da educao a distncia..................12 3. Educao e tecnologia: Alguns pressupostos iniciais.......................19 4. Contexto Terico................................................................................22 5. Comunidades Virtuais de Ensino.......................................................28 6. EAD e seus paradigmas....................................................................30 7. Metodologias de Aprendizagem em EAD..........................................32 8. Tecnologias na sociedade.................................................................34 9. Tecnologia e o ensino........................................................................37 10. O mundo hipermiditico...................................................................40 11. O pensar tecnolgico.......................................................................44 12. Agente de mudana.........................................................................47 13. Concluso........................................................................................50 14. Referncias......................................................................................53

9 1. INTRODUO

J no h mais dvidas de que vivemos em uma sociedade onde o acesso informao se torna mais fcil a cada dia, vemos um crescimento exponencial no nmero de pessoas e profissionais com acesso informtica e a internet, seja em seus lares, escolas ou locais de trabalho. Juntamente com fcil acesso as novas tecnologias aumenta tambm o acesso informao. Nunca foi to fcil se manter informado sobre os acontecimentos do mundo e de sua prpria cidade. Estamos testemunhando o desenvolvimento de uma capacidade at agora no imaginada de ampliar o conhecimento humano. O homem tem uma capacidade indita de armazenar informaes e utiliz-las para seu progresso e bem-estar. A tecnologia da sociedade de informao amplia essa capacidade bem alm de qualquer nvel julgado possvel h um quarto de sculo, colocando conhecimentos disposio dos que necessitam, quando necessitam e onde quer que estejam. Nos dias atuais, novas formas educacionais vm se utilizando de ambientes online para ampliar seu espectro de atuao proporcionando acesso informao em um campo sem limites territoriais. Neste novo campo de ensino, foco de vrias pesquisas e discusses, sendo duas vistas com maior importncia. A primeira delas trata da natureza dos meios que possibilitam ao aluno um acesso informao e conseqentemente aumento do conhecimento, pois uma vez se utilizando de meios diferentes, as formas de se operar com esses meios so alterados, principalmente quando se leva em considerao a nova alternativa fornecida pelo desenvolvimento das tecnologias de informao e comunicao (TICs) em relao ao mtodo de interagir diante da flexibilidade na questo

10tempo/espao. A segunda diz respeito ao caractere presena, pois mesmo nos meios virtuais de educao considerada uma presena. Mas de outro modo, quando se compartilha tempo e espaos geogrficos, podemos considerar a mesma presena? Considerando esta dualidade de presenas, uma fsica e outra no, podemos focar no caractere interao como primordial, fazendo com que ambas as modalidades desempenhem tal funo. necessrio, no entanto identificar como essas novas funcionalidades e equipamentos so utilizados pelos profissionais do ensino. Se os professores e tutores esto preparados para lidar com essas novas tecnologias e de que maneira elas podem auxili-los na didtica de suas disciplinas. O maior risco que se corre o de que os profissionais acabem utilizando essas tecnologias como muletas para o ensino, chegando a um ponto onde o que importa ser no mais o contedo que o professor tem para administrar aos seus alunos, mas sim a forma como esse contedo administrado. Os profissionais devem estar preparados para utilizar os computadores e interfaces de educao como um instrumento a mais de didtica e no como a nica forma possvel de se apresentar o contedo. O desenvolvimento das TICs tem se dado de forma intensa nas ltimas dcadas, assumindo um ritmo sempre crescente, imprimindo sociedade novos rumos, no s tecnolgicos, mas tambm scio-econmico-culturais. No parecem haver dvidas que essas tecnologias so fundamentais para a sobrevivncia de nossa sociedade cada vez mais complexa, e que, desde a inveno da escrita e da imprensa, nada tem causado tanto impacto social e estimulado tantas mudanas no mundo. Mais e mais nos vemos tomados por essa rede, que se estende por todo o planeta, fazendo surgir a necessidade de

11encontrar novas formas de relacionamento e de criar novos valores para o mundo. As redes de telecomunicaes possibilitam criar e manter grupos de pessoas separadas em tempo e espao formando verdadeiras comunidades eletrnicas As novas tecnologias da informao esto afetando muitas reas da sociedade, e isto significa um novo contexto para a educao, tanto social quanto tecnolgico. Existe um potencial de inovaes tecnolgicas capazes de afetar profundamente a organizao dos sistemas educacionais, e o prprio processo ensino-aprendizagem, habilidades de pensamento e papis de professores e alunos.

12 2. ORIGENS, TRAGETRIAS E ATUALIDADE DO ENSINO

DISTNCIA.

Para compreendermos o interesse crescente pela Educao a Distncia EAD, antes de mais nada necessrio realizarmos, ainda que de forma sinttica, um retrospecto de sua trajetria e tambm de sua abrangncia. Comecemos pela abrangncia: ela inclui, grosso modo, ensino por correspondncia, radiodifuso educativa, televiso educativa, vdeo, computadores e Internet. As origens, tal como relatadas em trabalho anterior por TOLEDO (1979) remontam a Gustave Langeschbeidt e Charles Toussaint que, em 1856, fundaram, em Berlim, uma escola para o ensino de lnguas por correspondncia. William Harper, em 1891, criou um setor de ensino por correspondncia, como parte dos trabalhos de extenso universitria, em Chicago, EUA. Na Sucia, Hans Hermod, aps esforos anteriores, fundou, em 1889, a hoje famosa Escola Hermod. William Harper, em 1891, criou um setor de ensino por correspondncia, como parte dos trabalhos de extenso universitria, em Chicago, EUA. De incio, o ensino por correspondncia era apontado para resolver o problema de pessoas que residiam em reas desprovidas de escola e tambm era de muita utilidade para viajantes, ou mesmo pessoas que se encontravam internadas em hospitais. Na dcada de 1970, a modalidade expandiu-se de forma vertiginosa. Um estudo conduzido na Inglaterra e liderado pelo Professor George Wedell e seus colaboradores da Universidade de Manchester, mostrou a exploso do ensino por correspondncia na Europa. E foi nessa poca que surgiu, tambm, a Open University, na Inglaterra, iniciativa que provocou tremendo impacto nos

13meios acadmicos, em nvel mundial. O interessante no estudo de WEDELL (1971) que o diagnstico revelava que pases ricos em educao pareciam chegar concluso de que a soluo para a expanso das oportunidades em educao no estava em construir prdios, porm em ampliar e fortalecer essa modalidade de ensino. Os nmeros pertinentes a Holanda, Frana, Sucia, URSS e outros pases eram de fato impressionantes. Na Sucia, a explicao para a expanso pode ser encontrada na intensa utilizao do ensino por correspondncia para os trabalhos de Crculos de Estudo, uma modalidade de educao de adultos, tipicamente sueca. Como se sabe, os Crculos de Estudo so caracterizados pela reunio de um grupo de 15 pessoas que se encontram para estudar determinado tema, coordenados por pessoa com domnio maior sobre o assunto. O material de apoio fornecido pelos sindicatos suecos. Essa prtica espalhou-se de forma significativa para frica, sia e Amrica Latina. Na Itlia, a Unin Internacional de los Organismos Oficiales de Turismo, com sede em Turim, lanava os cursos do tipo flash, por correspondncia, com a durao de trs meses, destinados preparao ou aperfeioamento acelerado de tcnicos ligados a agncias ou organismos de turismo. Nas Amricas, e, particularmente no Canad, o Projeto TEVEC tambm provocou interesse alm fronteiras, passando a integrar a lista dos projetos considerados como modelares (LALLEZ, 1973) pela Unesco. No Brasil, o Projeto Saci, os trabalhos da Fundao Roquete Pinto, da Fundao Anchieta e do Servio Nacional da Aprendizagem Comercial SENAC - revelaram-se importantssimos para a disseminao da cultura de educao a distncia. No Senac, Minas Gerais funcionou como Projeto Piloto em 1972, e cerca de trs

14anos mais tarde, a instituio alcanava a significativa marca de mais de 100.000 alunos em seus cursos, organizados por seus diferentes departamentos regionais. No se pode deixar de mencionar, tambm, o papel de pioneirismo reservado a instituies privadas tais como o Instituto Universal Brasileiro e o Instituto Monitor. A dcada de 1990 marca a chegada dos computadores no mbito do Ensino a Distncia e logo, logo denominada Educao Mediada por Computadores. Pode-se at mesmo dizer da chegada de uma Pedagogia Ciberntica, que j havia sido anunciada na dcada de 1960 pela instruo programada sob a forma de textos ou mquinas de ensinar. Faz-se uso intensivo da Internet: cresce de forma vertiginosa o nmero de organizaes que oferecem cursos online ou se dedicam ao estudo e pesquisa de EAD. Multiplicam-se tambm o nmero de Listas de Discusso, Fruns, e impressionante o nmero de Congressos e Seminrios, agora tambm na modalidade online. O exame mais recente da literatura de EAD revela-nos o surgimento de propostas tpicas de definio de fases e formulao de conceitos e modelos, tendo em vista o forjar de uma fundamentao de natureza terica para este campo. FONSECA (1999), por exemplo, aps destacar a transformao do International Council for Correspondence Education em International Council for Distance Education, sugere-nos que o desenvolvimento da educao a distncia pode ser caracterizado em trs fases, intimamente ligadas ao desenvolvimento das tecnologias de comunicao e informao: 1 fase Ensino por correspondncia - EPC, que surge com o desenvolvimento dos sistemas postais, no sculo XVIII. O primeiro curso teria sido desenvolvido na

15Sucia em 1833 e a primeira escola criada na Inglaterra em 1840. O EPC tem no material impresso seu nico suporte para a distribuio de informao. 2 fase - Analgica. Com o advento da radiodifuso passa-se a uma fase de sistemas baseados em telecomunicaes nos quais a distribuio da informao realizada atravs de audiocassetes e vdeo e dinfundida atravs de tv e rdio. O material impresso continua a ser essencial como complemento aos recursos tecnolgicos e, utilizado como guia de aprendizagem, revela-se essencial para facilitar a utilizao pelos alunos no s dos materiais impressos de EPC, mas tambm dos materiais udio e vdeo gravados ou radiodifundidos. durante a fase analgica que surge a Open University britnica, criada em 1969, visando possibilitar aos adultos a freqncia ao ensino superior. considerada como o primeiro modelo pedagogicamente vlido. No modelo da Open University, a combinao entre os materiais escritos e os recursos mediticos e informticos, bem como a existncia de contato obrigatrio entre o aluno e a universidade, a par de uma pedagogia atualizada, uma correta seleo de autores e responsveis pelas disciplinas e um suporte metodolgico rigoroso, tornaram-se elementos essenciais para o sucesso da instituio. s informaes de FONSECA (1999), acrescentaramos o fato de que a Open University acabou por inspirar o surgimento do que j se convencionou chamar de mega universidades , aquelas que possuem mais de 100.000 alunos. Dentre elas, pode-se citar, por exemplo, a Uned/Espanha, a Universidade da China e, no Mxico, o Instituto Tecnolgico Monterrey. 3 fase Digital. Com o advento das tecnologias de comunicao bidirecionais, caracterstica desta fase, nomeadamente o uso da informtica, a possibilidade de interatividade cresce em exponencial, reduz-se drasticamente a questo da

16distncia entre o professor e o estudante, surgindo a possibilidade de substituio do material impresso na distribuio da informao. Para isso, a EAD dispe hoje do computador, das redes, dos satlites e outros sofisticados meios tecnolgicos. O desenvolvimento de tecnologias de comunicao e informao sincrnicas e biunvocas, tais como udioconferncia, teleconferncia e videoconferncia, possibilita contato direto entre aluno e professor separados geograficamente, recriando o clima de sala de aula presencial, na educao a distncia. Por outro lado, o desenvolvimento da Comunicao Mediada por Computador (CMC) biunvoca e assincrnica, possibilita ao aluno estudar a distncia, em ambiente verdadeiramente construtivista. A questo conceitual tambm motivo de anlise da parte de FONSECA (1999) e, para este autor, as primeiras abordagens conceituais da EAD estabelecem uma comparao imediata com a educao presencial, na qual o professor presente na sala de aula a figura central. Mas GARRISON (2000), em longo artigo, quem sugere que a confuso conceitual est criada com o advento de nova terminologia: virtual, aberta, distribuda e EAD, novas tecnologias, novas demandas de programas, novas audincias e novos provedores comerciais. Nesses termos, o desafio maior estar em construirmos uma teoria que ir explicar e antecipar as prticas de educao a distncia destinadas a uma ampla gama de propsitos e experincias educacionais. Garrison insiste ento que o estudo de EAD no sculo XX esteve fundamentalmente focado em limitaes de distncia e abordagens que funcionavam como ponte para as limitaes geogrficas via estratgias tais como produo em massa e entrega de pacotes de aprendizagem. Da o se poder falar da fase industrial da educao a distncia. Percebe-se, por outro lado, que mais

17recentemente o foco do estudo de EAD mudou em direo a temas educacionais, mais especificamente ligados a preocupaes tais como comunicao

sustentada, bem como ao uso das tecnologias de comunicao como suporte efetivo para a comunicao a qualquer tempo e em qualquer lugar. Assim, podese argumentar, afirma Garrison, que o Sculo XXI representa a fase psindustrial, na qual os temas transacionais - ensino e aprendizagem - iro revelarse predominantes em relao s limitaes estruturais, das quais a limitao geogrfica constitui exemplo. Segundo Garrison, este sculo ver a emergncia de uma fase ps-moderna de educao a distncia, caracterizada pela diversidade e escolha. Este desenvolvimento torna-se possvel pelas novas tecnologias da comunicao e encontra sustentao na evoluo das open universities na medida em que adotam novos modelos para complementar o tradicional ritmo prprio e aprendizagem independente, modelo vigente da fase industrial. E conquanto venha a tornar-se um tanto difcil a permanncia do modelo industrial, ainda assim ele ir funcionar como marco referencial na evoluo da EAD como campo de estudo e prtica. Contudo, dentre as abordagens do tipo ps-industrial encontram-se princpios e caractersticas baseados em pressupostos do modelo transacional, e cada vez mais difcil distinguir claramente as fronteiras entre ensino presencial e ensino a distncia. Retomando FONSECA (1999), a idia de distncia transacional, apresentada por Moore, ao afirmar que tanto na educao presencial quanto na educao a distncia existe separao de carter psicolgico e comunicacional entre professores e alunos, desloca o conceito de educao a distncia para a descontinuidade, para a mediatizao. Nessa linha de raciocnio, e citando CARMO (1997), Fonseca conclui que a educao a distncia poder ser

18considerada como uma modalidade de ensino que obriga a um processo de mediatizao para suprir a descontinuidade entre ensinante e aprendente, professor e estudante. A propsito, para REZENDE (2000) , a idia de distncia transacional aplicada ao campo da EAD pode ser expressa por um diagrama, tal como nos mostra a figura 1. Conquanto considerada ainda um tanto provisria por sua autora, a figura pode nos servir como referencial para reflexes sobre o tema. Basta nos reportar a explicaes sobre as linhas gerais da teoria de Moore. Ao identificar dilogo, estrutura e autonomia do cursista como os elementos chave de educao a distncia (CHEN&WILLIS, 1998), Moore introduziu o conceito de distncia transacional, uma distncia de entendimento e percepes que pode resultar em defasagem de comunicao ou a uma distncia psicolgica entre os participantes no contexto de ensino-aprendizagem. Moore acredita que, para que haja efetividade de aprendizagem, a distncia transacional deve ser superada por professores, estudantes e organizaes educacionais.

19 3. EDUCAO E TECNOLOGIA: ALGUNS PRESSUPOSTOS

INICIAIS

Certamente voc j deve ter imaginado como as tecnologias, umas mais novas, outras mais antigas, esto presentes em nosso cotidiano. Acordamos com o barulho do despertador, acendemos as luzes, olhamos as horas no relgio, usamos a escova de dentes, o chuveiro, os talheres nas refeies. Em outros momentos, ligamos a TV para assistir ao noticirio ou o DVD para assistir a um filme, fazemos ligaes do telefone fixo ou mvel, ouvimos o rdio no carro enquanto nos dirigimos ao trabalho. Ainda temos, claro, a internet que nos permite navegar entre os hipertextos para preparar nossas aulas ou para nos informar sobre determinados assuntos. Basta apenas um olhar ao nosso redor para percebermos como as tecnologias esto presentes em nosso cotidiano. E muitas vezes nem paramos para pensar nestas e em tantas outras que esto a nossa volta simplesmente porque elas j foram naturalizadas, tornaram-se invisveis tal sua incorporao vida moderna. Assim, quando pensamos nas tecnologias relacionadas ao campo educacional, por exemplo, costumamos pensar imediatamente em computadores, vdeos, softwares e internet, as chamadas novas tecnologias de informao e comunicao que esto sendo recontextualizadas para o processo de ensinoaprendizagem. De fato, so ainda as mais visveis, mas preciso lembrar que o conceito de tecnologia no ensino muito mais abrangente. Alm disso, preciso pensar a tecnologia para alm da sua materialidade, pois, de fato, um objeto tcnico no um instrumento puro; ele tomado em uma rede de significaes,

20que depende da cultura e cuja eficcia produtiva s um momento desse processo. Mas no podemos negar que nos ltimos anos tem havido um crescente interesse quanto ao binmio educao/tecnologia. Nesse contexto, so inmeros os estudos que se dedicam a analisar e a entender o cenrio educacional da atualidade, vislumbrando perspectivas diferenciadas para uma poca definida por avanos acelerados nos mais diferentes setores da sociedade. Especialmente, porque a utilizao das novas tecnologias e das mdias no mbito educacional tem trazido inmeros desafios e reflexes prxis pedaggica. Na definio de LEVY (1993), a tecnologia fruto do trabalho do homem em transformar o mundo e tambm a ferramenta desta transformao. Dessa maneira, lugar comum pensar que apenas o momento em que vivemos possa ser chamado de era tecnolgica. A evoluo social do homem se confunde com as tecnologias desenvolvidas e empregadas em cada poca. Em muitas dessas pocas foi o prprio avano tecnolgico que as tornou historicamente reconhecidas. Assim aconteceu com as idades da pedra, do ferro e do ouro at chegar ao momento atual, com as tecnologias da informao e da comunicao cada vez mais sofisticadas. Contudo, importante enfatizar que a evoluo tecnolgica modifica comportamentos, formas de comunicao e de aquisio de conhecimentos e traz ainda reflexos considerveis aos campos da economia, da poltica, da cultura e da educao em uma determinada poca. Hoje, articuladas s chamadas Tecnologias da Inteligncia, que tm na linguagem oral, na escrita e na linguagem digital seus exemplos paradigmticos, encontram-se as novas tecnologias de informao e comunicao. A ampliao das possibilidades de comunicao e de

21acesso s informaes altera nossa forma de viver e aprender na atualidade. Tais alteraes certamente se refletem nas formas tradicionais de se pensar e fazer educao. Na anlise das relaes entre tecnologia e educao mister pensar que o uso de uma tecnologia em situao de ensino-aprendizagem deve se fazer acompanhada de uma reflexo sobre a mesma. Dessa forma, concordamos com OLIVEIRA (2003) quando ela nos diz que apenas o uso das novas/novssimas tecnologias da informao e da comunicao no garante a inovao educacional, pois o salto transformador depende justamente da forma como os instrumentos tecnolgicos so utilizados para superar a reproduo do conhecimento, contribuindo com a produo de um saber significativo e contextualizado. Vale dizer, ento, que a compreenso do binmio Educao/Tecnologia requer a clareza que de nada adianta termos em nossas mos a ltima gerao de determinados artefatos tecnolgicos se isso no se fizer paralelo a uma reflexo sobre os usos e as possibilidades pedaggicas que eles inauguram. O uso das novas tecnologias de informao e comunicao exige tica, planejamento, condies tcnicas adequadas e pessoas capacitadas. Este , sem dvida, um dos grandes desafios para a educao na atualidade, especialmente quando pensamos em educao a distncia, que faz uso de tecnologias ainda pouco conhecidas em seus processos.

22 4. CONTEXTO TERICO

Primeiramente o que apontamos aqui uma nova categoria de mediao entre o homem e o conhecimento, entre o cidado e o saber. Este territrio chamado por LEVY (2002) de ciberespao (um ambiente formado pelos computadores conectados internet), onde supostas tecnologias intelectuais amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funes cognitivas humanas. Este novo e complexo ecossistema composto de mquinas e inteligncias abraa e assume tambm a tarefa de educar. Uma nova sociedade em rede se estrutura a partir da internet, e como pressuposto, precisamos reconhecer a rede como um meio e categoria de mediao. Antes da internet as comunidades se organizavam dentro dos limites em certo espao fsico, o que aqui rompido, e nada ento se faz dependendo da proximidade dos seres corpreos, embora no deixe de propiciar a interao humana. Reconhecendo as crticas tecidas por BAUMAN (1999) e outros acerca da dimenso no qual o tempo acelerado e o espao comprimido e no qual cabem somente aqueles que detm o poder. Ou como apontou CASTELLS (2001), que a nova rede de virtualidade transformou as bases materiais da vida o tempo e o espao como expresses das atividades e elites dominantes e que se faz necessrio reconhece que no podemos nos permitir interpretaes simplistas sobre a nossa nova era e sobre os novos formatos de redes sociais nos quais os indivduos encontram significados para alm da individualizao e nos quais compartilham interesses e valores comuns. Neste sentido a vida torna-se compartilhada e um novo significado por ser, a partir da, produzido. E, sugerimos

23aqui na forma de anttese, como a contrapartida desta relao entre distncias locais e aconchegos intelecto-sociais. Sabemos que embora o ciberespao tenha ocasionado a primeira vista um mapeamento que aponta para as maiores regies de acesso aquelas que coincidem com os principais ncleos mundiais de pesquisa cientifica, de transaes econmicas e atividades polticas, ainda assim, uma poltica voluntarista da parte dos poderes pblicos e privados, de coletividades locais, de associaes de cidados e de grupos de empresrios pde colocar o ciberespao a servio do desenvolvimento de regies desfavorecidas explorando ao mximo seu potencial de inteligncia coletiva: valorizando as competncias locais, organizaes das complementariedades entre recursos e projetos, trocas de saberes e de experincias, advoga LEVY (2005). Vale-se dizer que o uso do ciberespao no deriva da presena de equipamentos materiais, mas que exige uma profunda reforma de mentalidades, dos modos de organizao e dos hbitos polticos. Neste ambientes desburocratiza-se as administraes, otimiza-se em tempo real os recursos e equipamentos da cidade, experimentando novas prticas democrticas. A verdadeira democracia eletrnica consiste em encorajar, tanto quanto possvel graas s possibilidades de comunicao interativa e coletiva oferecidas pelo ciberespao a expresso e a auto-organizao das comunidades locais. visvel, pois, a explorao dos diferentes tipos de articulaes entre o funcionamento urbano e as novas formas de inteligncia coletiva que se desenvolvem no ciberespao. O termo ciberespao, como define LEVY (2005:193) indica a abertura de um espao de comunicao qualitativamente diferente daqueles que conhecamos

24antes dos anos 80, o ponto fundamental que o ciberespao, conexo dos computadores do planeta e dispositivo de comunicao ao mesmo tempo coletivo e interativo, no uma infra-estrutura: uma forma de usar as infra-estruturas existentes e de explorar seus recursos por meio de uma interatividade distribuda e incessante que indissociavelmente social e tcnica. O mais fino esclarecimento do conceito de ciberespao no o consumo de informaes ou de servios interativos, mas a participao da comunidade em um processo social de inteligncia coletiva. O Ciberespao prope a articulao de dois espaos qualitativamente diferentes, o do territrio e o da inteligncia coletiva. A diferena entre os dois no se deve apenas a propriedades fsicas e topolgicas, mas por processos sociais que se opem. Articular os dois espaos no consiste, segundo LEVY, em eliminar as formas territoriais para substitu-las por um estilo de funcionamento ciberespacial. Visa antes compensar, a lentido, a inrcia, e a rigidez. Escolher a inteligncia coletiva no requer apenas uma mudana de funcionamento da cidade ou da regio e de suas instituies, implica que se organizem funes do ciberespao concedidas dentro desta perspectiva. Quando da coeso entre os territrios e as inteligncias, ou seja um campo do saber, um habitat da ordem inteligente, a lgica de ao das pessoas deve ser para garantir a liberdade e a produo da inteligncia coletiva, visando processos humanos conscientes daquilo que fazem em conjunto. Assim, a busca pela proximidade e o envolvimento, o que sugere o acesso para todos. E aqui, no falamos de acesso aos contedos ou simples conexo tcnica, mas sim ao ciberespao como sistema aberto ao trnsito do real, de expresso das

25diferenas, dos posicionamentos singulares, de elaborao e resoluo de problemas, de formatao do enlace social estabelecido pela liberdade da aprendizagem mtua, e de saberes que se do na ampla margem da liberdade de expresso, opinio e resignificaes prprias do exerccio de fortalecimento da cidadania. Cidado este que rege e tambm desfruta do virtual como campo para a democracia, do fazer-ter-ser no que toca a inteligncia. Na noo de democracia, h a idia dos direitos e das liberdades, que implica a dignidade do cidado, e da deliberao, do debate e a busca comum das melhores leis. A democracia compreende, ao mesmo tempo, a idia de liberdade e a da inteligncia coletiva. Assim, vemos que o destino da democracia e do ciberespao est intimamente ligado, pois ambos implicam naquilo que a humanidade tem de mais essencial, como advoga LEVY (2002): a aspirao liberdade e potncia criativa da inteligncia coletiva. Para tanto, a aclimatao dos dispositivos e do esprito da EAD cotidiano e ao dia-a-dia da educao, se tornam prementes, pois os sistemas educativos a distncia buscam responder aos indivduos que toleram cada vez menos os cursos uniformes e rgidos que no correspondem s suas necessidades reais e especificidade do seu trajeto de vida. Vida que carrega o ser pelos caminhos democrticos e para uma educao democratizadora. Mas o que de fato a democracia nestes contextos? Norberto Bobbio delimita o que apresenta como definio mnima de democracia: "Um conjunto de regras (primrias ou fundamentais) que estabelecem quem est autorizado a tomar as decises coletivas e com quais procedimentos" (BOBBIO, 2002b, p. 30). Quando projetamos a idia de democracia na escola, a primeira coisa que nos vem mente a da democratizao do acesso: a oportunidade concreta de todos

26freqentarem a mesma escola. Esta idia se fundamenta na Declarao Universal dos Direitos Humanos , como o que proclama no artigo XXVI que: 1. Todo ser humano tem direito instruo. A instruo ser gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instruo elementar ser obrigatria. A instruo tcnico-profissional ser acessvel a todos, bem como a instruo superior, esta baseada no mrito. 2. A instruo ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instruo promover a compreenso, a tolerncia e a amizade entre todas as naes e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvar as atividades das Naes Unidas em prol da manuteno da paz. 3. Os pais tm prioridade de direito na escolha do gnero de instruo que ser ministrada a seus filhos. No h em nossa contemporaneidade nenhuma carta de direitos - e Bobbio sublinha este aspecto - que no identifique o direito instruo como integrante da construo do prprio estado de direito (Bobbio, 1992, p. 75). Arajo (1999) destaca que a construo da cidadania, ou de prticas de cidadania, passa, necessariamente, pela questo do acesso e uso de informao. O termo incluso digital tem sido utilizado para descrever aes que promovem o acesso s TICs . Acreditamos que sua abrangncia seja maior. A responsabilidade da incluso digital perpassa o oferecimento de espaos onde a populao mais humilde pode acessar a computadores e internet. Dela surgem agentes transformadores que assumem um papel difusor de cidadania ao: 1) permitir que todo cidado tenha acesso informao disponvel nos meios digitais.

272) possibilitar que a informao recebida seja assimilada e reelaborada para construo de novos conhecimentos. 3) garantir que os conhecimentos adquiridos promovam melhoria na qualidade de vida das pessoas. Sem esses agentes a incluso digital no existe e o processo de construo da cidadania interrompido. Mas, temos tambm a clareza de que freqente, no discurso da educao, oporem-se como antagnicas a idia da

democratizao do ensino como extenso de oportunidades de acesso escolarizao e a idia de uma qualidade de ensino que acompanhe padres tcnico-pedaggicos intrnsecos a uma suposta aplicao de teorias pedaggicas em sala de aula, como a EAD hoje. H de fato um deslocamento dos centros urbanos onde predominava-se a utilizao das TICs e que regies antes vulnerveis com relao ao desenvolvimento tecnolgico so priorizadas e passam a abraar novas possibilidades de aproximao e envolvimento no espao ciberntico coletivo e pessoal, o que sugere a abertura do acesso para todos. Na apresentao e discusso de dados estatsticos buscamos aproximar teoria discutida a prtica vivida em ambientes educacionais no Brasil.

28 5. COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM

Como vimos nas disciplinas de nosso curso, o desenvolvimento da educao distncia, no algo novo, utilizando-se das ferramentas de comunicao disponveis em determinada poca para a promoo do

conhecimento. Com o desenvolvimento tecnolgico e a indstria da computao e em um segundo momento com a internet, novas formas foram desenvolvidas como, por exemplo, o Computer Based Training (CBT), utilizada para treinamento via computador para distribuio de dados, o Web Basic Training (WBT) e o Web Basic Instructions (WBI), que incluam vantagens ao CBT pela interface via web. Voltando ao tema interao, nestes meios, podemos questionar seus resultados. A informao, pilar base da formao do conhecimento e aprendizado, sendo revolucionada cada inovao tecnolgica com novas formas de aprender e ensinar. Essa flexibilizao do conhecimento permite o trnsito de conhecimento no momento certo, com o perfil necessrio para cada situao e aluno. Alguns questionamentos podem ser levantados: 1.Qual a informao necessria? 2.Em qual momento? 3.Podemos inter-relacionar o momento e a informao com a necessidade no momento? Outro vis direciona-se disseminao, e posteriormente a socializao da informao em grandes escalas. Entretanto, o maior auxilio trazido pela internet ao processo educacional, se relaciona com a mudana de paradigma, iniciada pela grande possibilidade de interao incorporado mesma. Pelos meios de interao atuais, que so de

29outra natureza, no se podem aplicar teorias e metodologias de perodos anteriores, pois no seriam capazes de apreender a completude desta nova possibilidade. Ento, as novas metodologias precisam se desenvolver tendo com base este aumento do processo de interao.

30 6. EAD E SEUS PARADIGMAS

Permeando esta evoluo do panorama educacional, surge o EAD, que desde 1904 por meio de impressos e correios vm sendo utilizadas para tentativa de rompimento do caractere distncia no contexto educacional. Dentro deste aspecto podemos observar que determinadas revolues tecnolgicas foram preponderantes para o desenvolvimento desta modalidade como o rdio, as transmisses de TV via satlite, a informtica e o fenmeno multimdia e atualmente a internet. O EAD vai alm dos paradigmas tradicionais do ensino presencial, treinamento e estmulo-resposta, resultando em contato constante entre o aluno, a informao e a tecnologia, permitindo de certa forma uma maior autonomia nos processos de instruo e educao. Com base nestas informaes podemos caracterizar esta modalidade de ensino como imbuda de forte esprito de socializao do conhecimento, bem como a operacionalizao das bases da educao e assim permitindo que mais pessoas usufruam destas caractersticas, independente da barreira tempo/espao. importante saber que a educao distncia, embora prescinda da relao face a face em grande parte dos momentos do processo de ensinoaprendizagem, exige relao dialgica efetiva e interatividade entre alunos, professores e tutores. Por isso, impe uma organizao tal do sistema que possibilite o processo de interlocuo permanente entre os sujeitos da ao pedaggica. Isso acontece no contexto de desenvolvimento das novas tecnologias de informao e comunicao, por meio de diferentes ferramentas de

31comunicao sncrona e assncrona, que modificam os espaos de convivncia, de construo de saberes e as formas de interao. Em termos de paradigmas comunicacionais, a cibercultura coloca em questo o clssico esquema da informao. Enquanto a sala de aula tradicional est vinculada ao modelo de comunicao um - todos, separando emisso ativa e recepo passiva, a sala de aula online insere-se no pressuposto da interatividade, entendida como colaborao todos - todos. justamente no modelo de comunicao todos - todos, baseado na comunicao bidirecional e na interatividade presente nestas comunicaes, que prevalece o estmulo e o incentivo produo colaborativa. De uma lgica da distribuio, centrada na transmisso da informao, passamos a uma lgica da comunicao, pautada no pressuposto da interatividade. A interatividade est na disposio ou predisposio para mais interao, para bidirecionalidade - fuso emisso-recepo -, para participao e interveno. E participar muito mais do que responder sim ou no, prestar contas ou escolher uma opo dada. Significa interveno na mensagem como co-criao da emisso e da recepo. No apenas um ato de troca, a abertura para mais e mais comunicao, mais e mais trocas, mais e mais participao. Nesse contexto, alteram-se profundamente os papis desempenhados por professores e alunos.

32 7. METODOLOGIAS DE APRENDIZAGEM EM EAD

Segundo os princpios do construtivismo social, as pessoas aprendem mais e melhor quando esto em processo contnuo de interao com outras pessoas. Os ambientes virtuais em grande parte so criados sob esta tica. Eles oferecem cenrios de aprendizagem que estimulam uma prtica construtivista wiki, chat, frum, blog, entre outras. Deve-se evitar a prtica to sedutora de meramente transportar o ensino presencial para esse ambiente de aprendizagem, ostentando um varal de contedos em forma de textos e questionrios meramente instrucionistas. Uma das vrias metodologias dessa modalidade possibilita o uso de imagens e/ou textos associados a uma narrao em udio. Tal formato um grande facilitador da aprendizagem, pois, alm de ajudar a eliminar a frieza e impessoalidade dos ambientes voltados ao ensino a distncia, fatores que desestimulam os alunos, assim, a voz do professor acrescenta uma sensao de acompanhamento humano ao aluno, o que permite uma melhor compreenso do contedo. O uso do frum, por sua vez, requer tcnicas especficas e uma delas diz respeito provocao e polemizao de determinados temas. Ao gerar uma questo/tpico polmico, o aluno sente-se compelido a participar da discusso, tomando partido frente ao que foi exposto. A contextualizao tambm ajuda a trazer e ampliar as discusses para o interior dos fruns. O uso prtico, exemplificao ou estudo de caso, de uma determinada teoria facilita o entendimento do assunto e estimula os questionamentos quanto s possveis solues para problemas factveis. Deve-se, pois, interligar o contedo terico ao

33frum. Salienta-se que a mediao do professor responsvel de fundamental importncia para o bom funcionamento de qualquer documento que seja socialmente criado, construdo, pelos discentes o caso do recurso wiki. Nessa abordagem construtivista o aluno posiciona-se de forma a colaborar com outros estudantes em uma comunidade de construo de conhecimentos, aprender utilizando modelos e simulaes, encontrar outros estudantes on-line a fim de participar de aulas virtuais, seminrios virtuais ou bater papos com eles em um caf virtual. H uma grande diferena entre este tipo de aprendizagem e o tipo tradicional, no qual os estudantes assistem a palestras, lem livros didticos e se ocupam com a memorizao e evocao de contedos selecionados. (PETERS, 2003, p. 59) No entanto, se estas tcnicas inovadoras forem tratadas mecanicamente, mesmo com contedos relevantes, se no se levar em considerao que a atividade est, na verdade, no pensamento reflexivo, o objetivo maior, que a aprendizagem, no ser atingido (CUNHA, 2002).

34 8. TECNOLOGIAS NA SOCIEDADE

impossvel educar sem a mediao tecnolgica. Em todos os momentos da civilizao humana, a sociedade buscou as ferramentas tecnolgicas disponveis para fazer educao. Tecnologias que se apresentam pela descoberta de novos usos de elementos da natureza para propiciar a extenso das possibilidades humanas de sobrevivncia. Pedras, troncos, galhos de rvores, metais... transformados em equipamentos e armas que definiram o poder de alguns homens em relao aos demais. Tecnologias mais elaboradas, ''da inteligncia'' como as definem Pierre Lvy, e que se expressam pelo discurso, pela voz e outras formas de expresso para a comunicao e a informao entre os seres humanos. Tecnologias especficas que se apresentam por meio de suportes e ferramentas, todos frutos da engenhosidade humana, nos mais diferenciados tempos e espaos em que ocorrem atividades de ensino: lousas, canetas, giz, lpis, papis, cadernos, livros e etc. Tecnologias que foram sistematicamente incorporadas ao cotidiano do ensino em salas de aula de todos os nveis e que no so mais estranhas, ao contrrio, pela sua utilizao sistemtica e acessibilidade, no so mais pensadas como artefatos tecnolgicos. Nas ltimas dcadas do sculo passado, o avano no conhecimento cientfico tornou possvel o aparecimento de novas tecnologias, voltadas para o adensamento das possibilidades de comunicao e de informao entre as pessoas. As TICs vieram para ficar. Os desdobramentos de suas aplicaes e funcionalidades, a sua explorao pelo mercado produtivo e a implantao em

35todos os setores, deram origem a um novo modelo social globalizado, identificado internacionalmente como Sociedade da Informao. Essas novas tecnologias de informao e comunicao j esto estabelecidas em quase todos os espaos sociais e culturais contemporneos. Diferentes equipamentos telefones, televisores, computadores e todos os seus perifricos transformam a maneira como as pessoas agem e se relacionam socialmente. Novas demandas profissionais surgem e desaparecem em ciclos cada vez mais breves. Flexibilidade profissional, velocidade tecnolgica, mltiplos tempos e espaos vivenciais, desterritorializao do conhecimento,

reterritorializao das interaes e comunicaes pessoais nos novos espaos virtuais. Uma nova e diferenciada realidade que se impe plena de desafios forma como se faz Educao na atualidade. No Brasil, alm dos desafios propostos pelas inovaes tecnolgicas Educao, mais um grande problema se apresenta: a garantia de acesso pleno para toda a sociedade ao uso de todas as possibilidades de interao e comunicao oferecidas pelos novos meios tecnolgicos. Garantia de acesso que no se encerra com a posse ou a facilidade de uso de equipamentos e programas de ltima gerao, mas o domnio da lgica que subsidia todas essas engrenagens para a utilizao crtica para os mais diferenciados fins educacionais. E outro grande desafio: a formao de docentes para o uso crtico dos suportes tecnolgicos em atividades que sejam realmente diferenciadas e significativas. Suportes mediticos mais conhecidos e amplamente utilizados na vida cotidiana como o rdio e a televiso no so ainda compreendidos pelos professores como ferramentas pedaggicas potencialmente ricas para utilizao em atividades de formao docente e nas prticas com os seus alunos. Os cursos

36de formao de professores no abrem espaos para o estudo crtico dessas tecnologias como materiais importantes para o desenvolvimento de processos didticos diferenciados. A prescrio governamental para a utilizao de computadores e internet em educao, tecnologias digitais avanadas, apresenta tambm esses mesmos problemas de formao inadequada dos docentes, alm de outras dificuldades que vo do acesso a estes equipamentos ausncia de manuteno e atualizao, obsolescncia rpida dessas tecnologias e inadequao da estrutura curricular para a utilizao plena em projetos interdisciplinares e articulados com outras realidades, possveis de serem realizadas a partir do uso pedaggico pleno e consciente dessas mquinas e seus perifricos. Muito h, portanto, em todos os setores e nveis educacionais, a ser feito em relao ao uso das tecnologias de comunicao e informao em educao. Muitos so os desafios a serem enfrentados em todas as esferas para garantir a disponibilidade dos equipamentos e o seu uso crtico e consciente pelos sistemas educacionais.

37 9. TECNOLOGIA E O ENSINO

A bibliografia referente formao de professores nessa era das novas tecnologias de certo modo extensa e muito discutida por autores

contemporneos. Rara a bibliografia, entretanto quando o foco passa a ser no mais a formao dos professores, mas como estes utilizam essas novas tecnologias. Ainda que os profissionais sejam bem intencionados corre-se o risco de que estes instrumentos venham a ser utilizados de forma deficitria ou at mesmo de uma maneira to intensa que passe a ser mais importante sua utilizao do que o contedo que est sendo passado aos alunos, mesmo que os alunos dos ambientes virtuais gozem de um senso crtico mais desenvolvido do que os alunos do presencial.Quando discutimos a formao de professores e novas tecnologias, deparamo-nos com um quase poder pedaggico dos meios de comunicao e das novas tecnologias de informao e suas relaes com a educao. Ocorre que, para esse poder mgico atuar de fato, deveramos sair do campo especfico 2008. p. 02) do entretenimento/treinamento... (LOURENO,

necessrio que se identifique tambm a maneira como os conhecimentos devem ser adaptados s novas tecnologias e a uma nova maneira de ensino baseada nesses meios eletrnicos de exposio de contedos. Uma transposio didtica adequada ao processo comunicatrio desenvolvido pelos alunos, que muitas vezes, esto no centro das modificaes causadas pelas novas

38tecnologias, quando no so eles mesmos os protagonistas dessas evolues. preciso modificar o saber para que este se transforme em objeto de ensino ensinvel, isto , em condies de ser aprendido pelo aluno. (ZAHER, 2008. p. 02) Mas ser sempre a capacidade do professor para selecionar e explorar as tecnologias adequadas ao seu contexto especfico que dar a devida dimenso ao seu uso na educao, no s porque facilitar as tarefas de ensino, mas principalmente, porque poder facilitar e ampliar a aprendizagem de seus alunos. Novos instrumentos que podem ser usados em educao esto se tornando mais e mais disponveis, desde que no seja esquecido que as mquinas so teis apenas para processar informao; ns que devemos fazer todo o resto. Selecionar os dados mais relevantes, estimular a percepo do mundo, definir as necessidades e implementar solues so prerrogativas do Homem, que precisam, e devem, continuar sendo exclusividade do componente humano do processo Ensino/aprendizagem O uso das novas tecnologias na educao dever ser o resultado de uma deciso pedaggica e no apenas uma opo tcnica, e seu ritmo dever respeitar as particularidades de cada metodologia de ensino, para que venha efetivamente a contribuir para o benefcio de todos, e no para aprofundar ainda mais as diferenas econmicas e sociais. Observa-se nas discusses sobre tecnologias em educao, que as consideraes mais comuns so tecnolgicas e focalizam o meio ou a tecnologia e no o aluno ou o professor, e muitas vezes ignoram o contexto scio-polticocultural em que a ambos se situam. E do ponto de vista da educao, a tecnologia no to importante quanto as possibilidades que oferece para propiciar melhor educao a maior nmero de pessoas.

39Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, escola, o dever no s de respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam ela... (FREIRE, 1996, p. 30)

Entre os vrios fatores que afetam a efetividade da tecnologia educacional, certamente o mais preocupante a qualidade e o preparo do professor/tutor. A tecnologia amplifica as habilidades humanas, ajudando os docentes a obterem os melhores resultados, mas ela no pode ajudar muito se os professores no tiverem as habilidades ou competncias adequadas.

40 10. O MUNDO HIPERMIDITICO

Os professores precisam entender que a entrada da sociedade na era da informao exige habilidades que no tm sido desenvolvidas, e que a capacidade das novas tecnologias de propiciar aquisio de conhecimento individual e independente, implica num currculo mais flexvel, desafia o currculo tradicional e a filosofia educacional predominante, e deles depende a conduo das mudanas necessrias. Precisamos dar aos alunos o acesso ao conhecimento, prepar-los para uma vida de aprendizagem e descoberta, com o domnio das habilidades e ferramentas de pesquisa como parte de sua educao bsica, e para isso ns precisamos criar um ambiente de aprendizagem que integre ensino e pesquisa, onde os alunos exercitem constantemente a comunicao e a colaborao. Existe um potencial de inovaes tecnolgicas capazes de afetar profundamente a organizao dos sistemas educacionais, e o prprio processo

ensino/aprendizagem, em termos de contedo e organizao social da aprendizagem, habilidades de pensamento e papis de professores e alunos. Os estudantes de hoje tero que seguir carreiras que mudaro radicalmente em pouco tempo, e tero que ter grande flexibilidade para se transferir de um emprego para outro, e de uma organizao para outra. Na era da informao, a experincia educacional diversificada ser a base fundamental para o sucesso; o que os estudantes necessitam no dominar um contedo, mas dominar o processo de aprendizagem. Cada vez mais haver necessidade de uma educao permanente, explorando todas as possibilidades oferecidas pela tecnologia.

41Boa parte da educao no futuro ocorrer num espao criado pela combinao de computadores e telecomunicaes. O processo ensinoaprendizagem ser on-line, mediatizado e apoiado por redes de computadores, e os educadores devem estar preparados para melhor explorar todas essas facilidades, que estaro disposio de seus alunos. As novas geraes, criadas com a TV, j esto familiarizadas com os videogames, e aplicaes de multimdia, explorando recursos como grficos, fotos, vdeos, msica e efeitos sonoros, alcanam o mesmo nvel dos jogos eletrnicos, que tanto interesse despertam em crianas e at adultos, criando uma nova forma de aprender. Isso tudo aliado Internet, que cada vez mais vem se modernizando e englobando outras formas de comunicao como a insero de vdeos e comentrios dos leitores nas pginas de jornal; a superpopulao de blogs e redes sociais, onde cada pessoa pode ter sua prpria pgina e postar os contedos que melhor lhe interessem. O mundo hipermdia permite uma comunicao mais natural com as mquinas, usando nossos sentidos, viso, audio e tato, e o dilogo homem-computador torna-se mais intuitivo, espontneo e agradvel. Pode-se imaginar que num futuro prximo a quantidade de dados alfanumricos ir diminuir consideravelmente, enquanto a exigncia de outros tipos ir aumentar drasticamente. A era da multimdia descrita como a expanso do mundo das novas imagens e sons; combinando materiais diversos, tornando disponvel grande quantidade de informao e integrando textos, imagens, animao, sons, etc., est desafiando os paradigmas instrucionais que foram desenvolvidos no mundo dos materiais impressos.

42Enquanto isso, geralmente os mtodos usados em educao se dirigem a apenas um dos sentidos, mesmo sabendo que ilustraes e demonstraes facilitam a aprendizagem, os professores fazem uso limitado de material visual. A linearidade forada da pgina impressa, o livro, a srie de slides, os documentrios em filme, no podem englobar completamente os domnios do conhecimento desestruturado e multidimensional que est proliferando em nosso mundo dinmico, interdisciplinar; o esquema linear de um curso ou uma lista de contedos pode ser incmodas, inadequadas ou perfeitamente equivocadas como estruturas para a educao. A disponibilidade de novas tecnologias, com o aumento do conhecimento sobre os processos cognitivos, sobre a comunicao humana e a comunicao homem-mquina, e a facilidade crescente de manipulao da informao esto abrindo inmeras perspectivas para a educao. No estgio atual, enquanto no substituem completamente os livros escolares, os computadores esto se tornando os meios preferidos para o aluno encontrar informaes, no s pelo advento de interfaces grficas, como pela mudana de nossa viso da interao aluno-computador. A par disso, o uso das grandes bases de dados permitem no apenas que eles dominem as novas ferramentas tecnolgicas, como tambm desenvolvam suas habilidades cognitivas, o senso crtico e a reflexo para a soluo de problemas. Oferecem um novo paradigma para explorar grandes quantidades de informao, e leva-nos alm do qu para o como e o por que, da figura esttica para a visualizao dinmica, da experincia limitada para mltiplas e diversificadas experincias. Nesse sentido cabe ento ao professor se manter

43atualizado s novas tecnologias da comunicao e informao afim de que possa haver um dilogo mais amplo e aberto com seus alunos. tarefa do professor usar corretamente essas novas tecnologias para que os alunos se sintam preparados para enfrentar o mercado de trabalho e, at mesmo a sua vida pessoal. Expondo corretamente os usos das tecnologias da informao e comunicao, o professor est no apenas ampliando os processos de ensino/aprendizagem como se aliando ao aluno nesse processo.Para que os diferentes meios possam contribuir com o processo de ensino/aprendizagem, precisamos utiliz-los de forma a aproveitar o que eles tm de melhor, levando em conta os contedos exigidos e as necessidades dos alunos. (SILVA, 2008, p.56)

44 11. O PENSAR TECNOLGICO

As exigncias feitas educao pela era da informao constituem-se tambm em grandes e especficos desafios para os professores, que se encontram geralmente despreparados para fazer uso das novas tecnologias com preocupao de reduzir as desigualdades sociais e ampliar as oportunidades de emprego e realizao pessoal e profissional. Evidencia-se, portanto, que as novas tecnologias de comunicao e informao esto se tornando realidade para um nmero cada vez maior de alunos, e se faz necessrio o uso delas, de modo que venham, efetivamente, a contribuir para o processo de aprendizagem. Por causa do aumento da disponibilidade de computadores e aprendizagem apoiada por outros sistemas interativos de apresentao como simulaes, hipertexto, bases de dados, vdeo interativo, e outros, o aluno est se tornando mais e mais emancipado do controle do professor. A sociedade moderna est exigindo comportamentos que nem sempre so encarados como prioridades pelos professores; o rompimento da diviso artificial entre os contedos criada pela escola; a multiplicidade de fontes de informao; a mudana no papel do professor, que se torna um facilitador, permitindo que o aluno assuma seu papel de sujeito da prpria aprendizagem e desenvolva habilidades cognitivas de nvel superior. De qualquer forma, os conflitos que certamente surgiro, vo colocar em questo as prticas tradicionais e propiciar a oportunidade de repensar a prpria educao. No basta simplesmente transferir o processo ensino/aprendizagem, na forma em que ocorre na sala de aula, para uma nova tecnologia, dando ares de

45modernidade, sem alteraes em profundidade. necessrio que a prpria maneira de se pensar a educao seja transformada em consonncia com a chegada e utilizao das novas tecnologias da informao e comunicao. Esse modo de pensar no deve ser imposto. Deve surgir de dentro para fora, partir do prprio professor quando da sua preparao para a docncia. Desde sua formao inicial, que necessita de uma competncia tcnica vinculada a realidade na qual o professor se insere. Aliado a isso dever vir um domnio do conhecimento das reas que tratam o processo educacional assim como a capacidade para analisar as tarefas cognitivas, identificando as estruturas e processos cognitivos necessrios ao desempenho, seus componentes

motivacionais. Ir alm da problemtica educacional, considerando o contexto em que se insere a educao na sociedade atual, com sua diversidade econmica e cultural, de modo a atuar de modo consciente e coerente com a realidade, uma exigncia bsica. Esta uma caracterstica fundamental de um professor consciente e crtico, capaz de compreender a influncia da tecnologia no mundo moderno, mas capaz tambm de coloc-la a servio da educao e da formao de seus alunos, articulando as diversas dimenses de sua prtica docente, no papel de um agente de mudana. evidente que os professores precisam romper com prticas arcaicas, que s se mantm pelo comodismo de muitos, e repensar o fazer pedaggico, como um profissional crtico, questionador de sua prpria prtica. A prtica que decorre de uma base terica slida necessria no mbito de atuao dos professores.

46A teoria s ganha sentido quando se origina da prtica. o uso da informao e do conhecimento, para chegar sabedoria, que faz com que o professor aprenda com seu prprio trabalho, na relao com seus alunos. o professor que usa as prprias experincias para refletir criticamente sobre sua prpria prtica docente, e na ao-reflexo-ao, vai promovendo seu prprio desenvolvimento pessoal e profissional. No se trata de estimular um professor tecnfilo, aquele que considera que a tecnologia vai resolver todos os problemas da educao, como uma panacia universal, pois a cada dcada surge uma nova tecnologia, o que demonstra a necessidade de manter uma postura crtica e certo distanciamento dos modismos. Tambm no se refora o professor tecnfobo, que tem como causa tpica uma apresentao inicial deficiente tecnologia ou o fato de aprender com algum que j tecnfobo. preciso romper a resistncia dos professores inovao. Alguns fatores podem influenciar positivamente a aceitao, mas preciso que haja a percepo da facilidade de uso, da vantagem sobre a maneira atual de fazer as coisas, da compatibilidade com seu ambiente, da possibilidade de ver funcionando e experimentar. O importante que o professor utilize todo tipo de equipamentos, mas, acima de tudo, seja capaz de reconhecer os diferentes estilos de aprendizagem, atendendo s necessidades individuais de diversos tipos de alunos; oferecendo assim condies flexveis que permitam ajustamento, e mltiplas possveis organizaes; criando um ambiente mais permissivo para o aluno explorar.

47 12. O AGENTE DE MUDANA

importante analisar e compreender as mudanas que a nova tecnologia da informao causa em processos como pensamento e comunicao, e que a educao existe em um novo contexto social e gradualmente forada a ele adaptar-se. As redes de computadores podem oferecer efetivas oportunidades para trabalho cooperativo, mas problemas logsticos encontrados neste contexto como acesso, tempo e equipamento, podem dificultar seu uso. Ainda assim preciso que ele seja incentivado como forma de inserir o trabalho cooperativo nos processos de educao. O trabalho cooperativo visto como uma estratgia incentivadora nas relaes de trabalho entre os indivduos, incrementando convivncia social e auto-estima podendo levar ao alcance de objetivos difceis de serem atingidos atravs exclusivamente do trabalho individual. O professor deve possuir novos conhecimentos, comportamentos e atitudes, deve atender s exigncias colocadas pela sociedade atual, e cumprir os novos papis que lhe esto sendo destinados na formao de indivduos aptos a enfrentar essa sociedade em rpida e contnua mudana. Torna-se necessrio construir caminhos para os professores se apropriarem criticamente das novas tecnologias, conscientes de que h uma dicotomia a ser superada, a continuao de uma educao artesanal paralelamente aos significativos avanos cientficos e tecnolgicos da sociedade, e que qualquer mudana depender de sua capacidade de analisar e adotar princpios, estratgias e tcnicas mais adequadas s condies da realidade educacional

48O professor est sendo efetivamente preparado para usar as novas tecnologias? Novas e diferentes tarefas docentes no exigiro algo mais em sua formao? Est sendo desenvolvida uma conscincia do impacto das novas tecnologias na sociedade? A formao dos professores que iro atuar no segundo milnio continua sendo a mesma de dcadas atrs, ignorando a maioria dos avanos cientficos ocorridos no mundo, assim como a evoluo das tecnologias que podem ser usadas em educao. Tambm a tecnologia de telecomunicaes pode ter um significativo impacto sobre o papel dos professores, pela reciclagem constante recebida via rede, em termos de contedos, mtodos e uso da tecnologia, apoiando um modelo geral de ensino que encara os estudantes como participantes ativos do processo de aprendizagem, e no como receptores passivos de informaes ou conhecimento, e verifica-se que os professores usando redes comeam a reformular suas aulas, e a encorajar seus alunos a participarem do novo sistema. Novas tecnologias multimdia colocam um verdadeiro desafio para os educadores. Inquestionavelmente, h oportunidades para aumentar a eficincia da aprendizagem e motivar os alunos de novas formas. Mas, ainda est longe a formao de professores que considere todas essas possibilidades de uso da tecnologia em benefcio da educao. Alm disso, muito difcil, atravs de meios convencionais, preparar professores para usar adequadamente as novas tecnologias. preciso form-los do mesmo modo que se espera que eles atuem, no entanto, as novas tecnologias e seu impacto na sociedade so aspectos pouco trabalhados nos cursos de formao de professores.

49 preciso ento que o prprio professor tenha conscincia de que ele mesmo deve ser o agente de mudana quanto integrao das novas tecnologias da informao e comunicao na sala de aula. Deve buscar seu prprio avano e aprimoramento profissional, de modo que possa manter o dilogo necessrio a aprendizagem aberto com seus alunos ao mesmo tempo em que os insere no novo mundo tecnolgico preciso ter cuidado com a excessiva preocupao com os aspectos tcnicos, pois o mais importante a relevncia social da apropriao das novas tecnologias por todos, alunos e professores, elites e classes populares, e o papel do professor fundamental nesse processo.

50 13. CONCLUSO

O ensino em nosso pas ainda luta para aplicar a tecnologia da informao aos seus processos mais importantes: o ensino e o aprendizado. A grande variedade de disciplinas faz com que no haja uma forma simples de integrar a tecnologia da informao ao currculo. A receita no nica. Muitos docentes possuem amplo domnio do contedo que ministram e no sentem disposio de mudar o mtodo, que esto utilizando de longa data, para introduzir inovaes. Entretanto a introduo da tecnologia da informao como ferramenta de trabalho essencial formao de todas as profisses e sua introduo possibilita o desenvolvimento de habilidades que esto sendo exigidas pelo mercado de trabalho. O grande desafio est em treinar professores que tiveram sua formao profissional quando estas ferramentas no estavam disponveis. levar todos os docentes a integrar a tecnologia ao processo de ensino, utilizando-a como instrumento facilitador do aprendizado e ferramenta para o gerenciamento dos cursos e para a pesquisa. Dessa maneira ela possibilita uma forma de aprendizado mais ampla, onde os alunos trabalham em grupo, comunicam-se atravs da Internet. Essa interdisciplinaridade deve ser uma busca constante, principalmente no ensino superior. Devemos ter sempre em mente que estamos preparando nossos alunos para o mercado de trabalho, no podendo assim exigir que eles se especializem em um nico aspecto da profisso. As novas tecnologias da informao e da comunicao, nesse caso aliadas praticas interdisciplinares podem ser a meta a ser buscada na preparao de

51profissionais, tanto pelas instituies de ensino, quanto pelos professores e a sociedade. Contribuindo em particular para o desenvolvimento de competncias profissionais essenciais, a definio da poltica para as tecnologias da informao e comunicao no ensino, se orientada estrategicamente para a satisfao dos alunos e da sociedade, poder contribuir para acrescentar valor misso das Instituies de ensino Superior. A adoo com sucesso dessas tecnologias no contexto das atividades disciplinares, contudo deve ser proposta tendo-se em vista o desenvolvimento do ensino e de polticas que correspondam ao comportamento da comunidade na qual a instituio se insere. Exatamente pelas distines presentes nas diversas comunidades no entorno de cada instituio de ensino, desejvel que as polticas de insero das tecnologias de informao e comunicao sejam diferenciadas, levando assim a uma maior evoluo e desenvolvimento do sistema nacional de ensino. Mas as diretrizes principais para essa insero, bem como os objetivos em comum, devem ser partilhadas pela comunidade acadmica em geral para o sucesso da adoo dessas tecnologias. Contudo essas polticas devem levar em considerao tambm o carter formativo dos docentes. Muitos dos professores que esto em atividade hoje no se prepararam para lidar com a utilizao desses meios de comunicao e informao em seu dia a dia. Tendo j estabelecido seu mtodo de trabalho e ensino esses professores apenas se limitam a materiais de apoio, subutilizando assim as possibilidades lanadas pelas novas tecnologias. Nesses casos necessria a interveno da

52direo, com o oferecimento de cursos de aperfeioamento e reciclagem, visando a interdisciplinaridade e integrao dos meios de comunicao e informao. Somente com o cuidado e o preparo desde as bases do processo educacional teremos uma correta admisso das tecnologias e a busca de um propsito maior na interdisciplinaridade. Quando atingirmos tal estgio que poderemos considerar que a utilizao das tecnologias da informao e comunicao se deu de forma a que os maiores beneficiados sejam o amplo discurso entre professor e aluno, levando a um engrandecimento do processo ensino/aprendizagem e transformando-o em uma via de mo dupla.

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