Monografia Fundição

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Centro de Cincias Exatas e Tecnologia Departamento de Engenharia de Materiais

Universidade Federal de So Carlos

Projeto de Fundio de um bloco do revestimento interno de um moinho SemiAutgeno (SAG)

Athos Henrique Plaine Caio de Campos Bueno

1 Introduo1.1 Fundio Fundio um processo metalrgico de produo onde um metal ou liga metlica, no estado lquido, vazado em um molde com formato e dimenses correspondentes aos da pea a ser produzida. A pea pode ter as formas e dimenses definitivas ou no. Em muitos casos aps a fundio, a pea usinada para serem feitos ajustes dimensionais ou mesmo tratada termicamente para corrigir alguns defeitos inerentes ao processo em si, como porosidades, trincas, tenses residuais. As priniais estas do processo de fundio so: - Elaborao do modelo: Essa etapa consiste em construir um modelo com o formato aproximado da pea a ser fundida. Esse modelo vai servir para a construo do molde e suas dimenses devem prever a contrao do metal quando ele se solidificar bem como um eventual sobremetal para posterior usinagem da pea. Ele feito de madeira, alumnio, ao, resina plstica e at isopor (esta etapa no foi executada para o projeto, logo que este foi a prpria pea do projeto); - Elaborao do molde: O molde o dispositivo no qual o metal fundido colocado para que se obtenha a pea desejada. Esse material moldado sobre o modelo que, aps retirado, deixa uma cavidade com o formato da pea a ser fundida; - Elaborao dos machos: Macho uma pea colapsvel que tem por finalidade de formar os vazios, furos e reentrncias da pea final. Eles so inseridos nos moldes antes que sejam fechados para receber o metal lquido (esta etapa no foi necessria para o projeto por no haver necessidade); - Processo de fuso: Etapa em que ocorre a fuso do metal; - Vazamento: o preenchimento do molde com o metal lquido; - Desmoldagem: Aps determinado perodo de tempo em que a pea se solidifica dentro do molde, no qual depende do tipo de pea, do molde e do metal (ou liga metlica), aquela retirada do molde (desmoldagem) manualmente ou por processos mecnicos;

- Rebarbao: A rebarbao a retirada dos canais de alimentao, massalotes e rebarbas que se formam durante a fundio. Este procedimento ocorre quando a pea atinge temperaturas prximas do ambiente. - Limpeza: A limpeza necessria porque a pea apresenta uma srie de incrustaes de areia usada na confeco do molde, geralmente feita por jateamento de areia.

1.1.1 Moldagem em Areia Verde A matria prima para esse tipo de moldagem composta basicamente por um agregado granular refratrio, chamado areia-base, que pode ser slica, cromita ou zircomita, mais argila como aglomerante e gua. Pode-se fundir materiais ferrosos e no-ferrosos nesse tipo de molde. Os moldes so preparados, o metal vazado por gravidade, e as peas so desmoldadas durante rpidos ciclos de produo. Aps a utilizao, praticamente toda a areia (98%) pode ser reutilizada. Esse processo de moldagem facilmente mecanizado, sendo realizado por meio de mquinas automticas 1.2 Moinhos autgenos e semi - autgeno Moinhos autgenos so aqueles que utilizam fragmentos do prprio minrio como corpos moedores. So aplicveis a minrios que produzem blocos competentes, isto , que no degradam facilmente. Alguns materiais apresentam em moagem autgena consumo energtico pouco superior ao consumo em moagem convencional, enquanto que para outros materiais essa diferena muito grande, o que torna, neste caso, inconveniente esse processo de moagem. Os moinhos autgenos so aplicados, em alguns casos, em moagem em um nico estgio, sendo, entretanto, mais comum seu uso com moinhos de bolas ou de seixos. Caso o material no apresente blocos suficientemente competentes, ou caso haja a concentrao de partculas intermedirias na moagem totalmente autgena, pode-se usar nos moinhos uma pequena carga de bolas grandes (at 10% do volume), que transformam os moinhos autgenos em semi-autgenos, Figura 1. No caso de moagem semi-autgena, a diferena de consumo energtico em relao moagem convencional muito menor que no caso da moagem autgena e a

variao dessa diferena com o tipo de material tambm bem menor. Os moinhos semi-autgenos tm aplicaes semelhantes s dos moinhos autgenos, sendo atualmente preferidos queles dada a sua menor sensibilidade ante as variaes das caractersticas do minrio. Tanto os moinhos autgenos como semi-autgenos so especialmente indicados no caso de material que apresente dificuldades na britagem ou no peneiramento.

Figura 1: Moinho Semi-Autgeno

Vale ressaltar que o desgaste dos blocos de revestimento interno desses moinhos, aspecto importante para este trabalho, esta relacionado com a abraso estrutura/minrio e impacto estrutura/bolhas de moagem e/ou estrutura/minrio. Estes dois tipos de desgastes dependem, entre outros fatores, do material que so fabricadas essas peas estruturais, como veremos a seguir. 1.2.1 Desgaste por Abraso Este tipo de desgaste ocorre quando partculas no metlicas escorregam sobre partes metlicas, acompanhada de forte presso, ocasionado por deslocamento ou por amassamento a retirada do metal. As caractersticas e dimenses dos corpos ou partculas estranhas e a maior ou menor presso de

escorregamento esmagamento sobre as superfcies determinam a classificao da abraso e as formas como devem ser combatidas. No combate abraso no suficiente empregar materiais mais duros do que os materiais abrasivos, como a melhor soluo. necessrio, tambm, levar em considerao os elementos que compem o metal sujeito abraso e o tamanho dos respectivos gros, como as causas, muitas vezes de importncia decisiva Normalmente sabido que partculas de grande tamanho provocam desgastes por abraso acompanhado de impacto, isto leva a termos um desgaste acentuado que na verdade foi muito mais por impacto do que abraso. Partculas mdias, dependendo da dureza e formato so menos agressivas, porm, partculas finas so mais abrasivas ocasionando abraso muito incidente.. Os minerais mais duros possuem formaes agudas, enquanto que em contraposio, os mais dcteis apresentam formaes arredondadas. Quanto mais agudas forem as arestas, maior ser a ao abrasiva tambm, no caso de impactos ou presses fortes, as formas agudas podem penetrar no metal, provocando um desgaste por Goivagem ou fratura da pea. Mesmo no caso de areias, aquelas que forem sujeitas a um processo mais longo de rolamento, tero formas arredondadas, menos nocivas que as areias agudas. Recomenda-se assim, observao cuidadosa dos materiais abrasivos, pois, a ocorrncia das formas citadas, contribui na escolha das ligas protetoras de adio. A dureza de uma liga metlica de grande importncia na resistncia oposta a uma ao abrasiva. As maiores durezas correspondem resistncias maiores. Logicamente, os abrasivos menos duros tero ao menos violenta. Com referncia s ligas metlicas, so encontradas com facilidade, tabelas de dureza das vrias alternativas. Tambm as diversas escalas de durezas com referncia aos abrasivos, quando possvel conjugar protees atravs de adies de pelculas metlicas, com finalidade de melhor proteger a pea em ao de trabalho. Quando possvel, unir dureza maior com uma granulao adequada, sero atingidos os mais elevados ndices de resistncia abraso. importante quando se proteger contra abraso, preparar a rea de tal forma a deix-la a mais lisa possvel, sem protuberncias, e nem rugosidades, pois, a abraso inicia-se e acentua os desgastes nesta regio. Por isso, ligas de alto teor de carboneto de tungstnio e cromo, alm da elevada dureza, apresentam depsitos lisos e brilhantes compatveis com estas caractersticas mencionadas.

Alm de tudo o que foi citado, resta relembrar que o tamanho de gro do metal importante, pois, quanto menor maior ser a tendncia a ser desgastado. 1.2.2 Desgaste por Impacto um desgaste provocado por choques ou cargas aplicadas verticalmente sobre superfcies metlicas. Estas cargas podem ser resultantes de martelamento, pancadas, apiloamentos ou outros quaisquer meios de concentrao de esforos. Estas cargas aplicadas em velocidade e em reas localizadas, podem provocar o desgaste de um metal por triturao, pulverizao, quebra, fragmentao, lascamento ou escamao. Ao contrrio dos outros tipos de desgastes, cuja ao depende das propriedades superficiais dos metais, o impacto tem sua atuao diretamente relacionada com as propriedades dos metais abaixo das suas superfcies. 1.2.3 Revestimento de ao Os revestimentos de ao representam a maioria dos materiais de revestimento utilizada no mundo, levando-se em conta o consumo atual. Eles so fabricados por aos capazes de conferir as caractersticas principais para este tipo de aplicao, resistncia ao desgaste e ao impacto.

Figura 2: Revestimentos de ao interno dos moinhos semi-autgenos

1.3

Tipos de aos de fundio

1.3.1 Aos-carbono para fundio

Os aos-carbono de baixo carbono para fundio apresentam, na maioria, a composio qumica seguinte (127): C 0,16 a 0,19% Mn 0,50 a 0,60% Si 0,35 a 0,70% P 0,05% mx. S 0,06% mx. As peas fundidas a partir desses aos so recozidas ou normalizadas para refinar ou normalizar a estrutura e aliviar as tenses internas, sobretudo quando se trata de peas com diferentes seces. Eventualmente, as propriedades das peas podem ser ligeiramente melhoradas por tmpera e revenido, desde que a forma das peas fundidas permita a tmpera em gua, sem fissurao. Aplicam-se e equipamentos ferrovirios, onde as formas so, em geral, simtricas e as condies para o aparecimento de tendes foram bem determinadas, de modo a serem evitadas; ou em formas e dimenses as mais variadas, para aplicaes gerais, que exigem tratamentos de alvio de tenses. Os aos-carbono de mdio carbono para peas fundidas apresentam a seguinte composio: C 0,20 a 0,50% Mn 0,50 a 1,50% Si 0,35 a 0,80% P 0,05% mx. S 0,06% mx. Nas peas fundidas com aos de mdio teor de carbono sempre aplicado o tratamento de alvio de tenses, para refinar a estrutura e melhorar a ductilidade. A maioria das peas so revenidas, aps a normalizao, para obteno da melhor ductilidade e resistncia ao choque. O mangans, nos teores mais elevados, melhora a resistncia mecnica, como seria de esperar. Esses aos possuem tambm boa usinabilidade e solubilidade. A maioria das aplicaes industriais de peas fundidas so feitas com esses tipos de aos, destinadas sobretudo s indstrias automobilstica, ferroviria, naval, de equipamento eltrico, maquinrio agrcola, equipamento de escavao e construo, etc.

Os aos-carbono para peas fundidas de alto teor de carbono apresentam a seguinte faixa de composio qumica: C acima de 0,50% Mn 0,50 a 1,50% Si 0,35 q 0,70% P 0,05% mx. S 0,05% mx. As peas fundidas podem ser ocasionalmente submetidas a normalizao e revenido; a tmpera em leo e o revenido melhoram apreciavelmente a resistncia mecnica. As principais aplicaes desses aos so feitas quando se exige altas durezas e resistncia abraso, em peas tais como matrizes ou estampas, cilindros de laminadores, partes de mquinas operatrizes, etc. 1.3.2 Aos-liga para fundio Sero tratados apenas os aos com teor total de elementos de liga inferior a 8%. Tais aos foram desenvolvidos com o objetivo de suportarem maiores presses, maiores esforos de trao, temperaturas de servio tanto baixas, como elevadas, apresentando maior dureza, maior tenacidade, maior resistncia ao desgaste, maior resistncia ao choque, assim como superior temperabilidade. Sua resistncia trao, dependendo do tipo e da quantidade de elementos de liga presentes e dos tratamentos trmicos a que se submetam, pode variar de cerca de 50kgf/mm2 (490MPa) at aproximadamente 140kgf/mm2 (1370MPa). So utilizados em mquinas-ferramenta, turbinas de vapor, equipamento de transporte, de escavao, para indstria qumica, para indstria naval, para refino de petrleo, para indstria de papel, para indstria aeronutica e inmeras outras aplicaes nos campos de engenharia e da indstria. Dentre os elementos de liga utilizados, o mangans considerado o mais econmico, apresentando, por outro lado, um efeito muito importante sobre a temperabilidade do ao. Assim sendo, comum a utilizao de aos ao mangans para fundio contendo 1% a 2% de Mn. Outros elementos comumente adicionados so: vandio, titnio e alumnio, quando se deseja refino de gro em aos normalizados; nquel ou molibdnio que, como o mangans, aumentam a temperabilidade do ao, permitindo o seu esfriamento ao ar; do mesmo modo agem o cromo e o cobre, em maior grau, sendo

que o cobre, alm de melhorar ligeiramente a resistncia corroso, confere s vezes aos aos que o contm, o caracterstico de endurecerem por precipitao, o que resulta em limite de escoamento e de resistncia trao mais elevados. A adio simultnea de cromo, molibdnio, vandio e tungstnio confere s peas fundidas boas condies de servio, quando as mesmas esto sujeitas a temperaturas de vapor at cerca de 650 graus C. Aos com nquel e nquel-vandio esto sendo usados para peas sujeitas a temperaturas sub-zero, devido boa tenacidade que apresentam a essas temperaturas. Para peas com boa resistncia ao desgaste, o cromo o elemento mais indicado, sobretudo em conjunto com outros elementos como o molibdnio, nquel, vandio ou mangans. Do mesmo modo, empeas em que se deseja alta resistncia ao desgaste, alm da alta resistncia mecnica, recomendam-se aos ao nquel-vandio, mangansmolibdnio e nquel-mangans. Na realidade, possvel, em face dos elementos de liga disponveis, cujos efeitos so perfeitamente conhecidos, realizar um nmero muito grande de combinaes, resultando talvez em centenas de composies qumicas diferentes. No momento, cerca de 70 a 100 combinaes esto disposio dos interessados sendo duvidoso, entretanto, que tantas composies sejam econmicas e de fato necessrias. Alguns tipos mais comuns so abordados a seguir: - Aos para fundio ao nquel Caracterizam-se por apresentarem altas tenacidades e resistncia mecnica, alm de excelente limite de fadiga s temperaturas normais. Como se viu, o efeito do nquel se faz sentir principalmente na ferrita, onde se dissolve, fortalecendo-a. Alm disso, tende a produzir, nos aos de baixo e mdio carbono, uma estrutura fina, o que contribui para a melhora da resistncia e da tenacidade do ao, sem afetar sua ductilidade. No estado recozido, portanto, os aos fundidos ao nquel possuem excelente resistncia trao e tenacidade. Um ao com baixo carbono (0,1% a 0,15%), teores normais de mangans e silcio e com nquel em torno de 2,5% apresenta as seguintes propriedades mecnicas aproximadas: limite de escoamento 35kgf/mm2 (340MPa); limite de resistncia trao 50 a 60kgf/mm2 (490MPa a 590MPa); alongamento em torno de 35%; estrico em torno de 65% e resistncia ao choque de 4 a 10 kgf (39 a 98 J). Os aos-nquel para fundio caem normalmente dentro da seguinte faixa de composio:

Carbono 0,15% a 0,60% Mangans 0,50% a 1,00% Silcio 0,20% a 0,75% Nquel 2,00% a 4,00% As aplicaes mais importantes desses aos so feitas em material ferrovirio, em maquinrio de escavao e minerao, equipamento naval e uma srie de peas e dispositivos para indstria siderrgica, mecnica, etc. - Aos para fundio ao mangans Sero considerados somente os aos com teor de mangans entre 1% a 3%. Os aos de mangans mais elevados, muito importantes em certos tipos de peas fundidas e mais conhecidos com o nome de aos Hadfield, sero estudados em outro captulo. Nos teores em que se encontra normalmente nos aos, o Mn, como se sabe, tem por efeito, evitar a fragilidade a quente causada pelo enxofre. Admite-se que j acima de 0,6% o Mn comea a atuar como elemento de liga. Neste sentido, a ao do mangans dupla, isto , refora a ferrita, onde se dissolve, e forma carboneto complexo de Fe e Mn. A faixa de composio tpica de aos-mangans para fundio a seguinte: Carbono 0,25% a 0,50% Mangans 1,0% a 1,75% Silcio 0,25% a 0,70%, Para a maioria das aplicaes, o carbono mantido abaixo de 0,4% e o mangans abaixo de 1,75%. Com carbono em teor de 0,32% e mangans 1,48%, o limite de resistncia trao, no estado normalizado, de aproximadamente 60kgf/mm2 (590MPa); aumentando ligeiramente o carbono para 0,35% - e o mangans passando a 1,6%, o valor daquela propriedade torna-se cerca de 70kgf/mm2 (690MPa), ainda no estado normalizado. A introduo de molibdnio relativamente comum no ao para fundio ao mangans melhora ainda mais a resistncia mecnica. Assim, um ao contendo 0,32% de carbono, 1,60% de mangans de 0,40% de molibdnio apresenta um limite de resistncia trao da ordem de 95kgf/mm2 (930MPa), no estado temperado e revenido a 620 graus C. Nos dois exemplos anteriores sem molibdnio o ao aps normalizado foi revenido a cerca de 650 graus C. O ltimo exemplo dado comprova, por outro lado, que os melhores resultados so obtidos quando os aos so submetidos tmpera e revenido. A normalizao seguida de revenido adequado tambm apresenta

excelentes resultados, no s quanto resistncia mecnica, como tambm quanto ductilidade. Aos fundidos ao mangans so empregados em peas para equipamento de escavao e construo de estradas que exigem tenacidade aliada resistncia ao desgaste. - Aos para fundio ao cromo O cromo aumenta a resistncia mecnica dos aos, custa, entretanto, da queda da ductilidade. Esta, contudo, pode ser mantida pelo controle do teor de carbono. Como o cromo aumenta tambm a endurecibilidade, as peas fundidas de ao ao cromo so temperadas e revenidas para uso em peas sujeitas corroso pela gua ou a temperaturas elevadas. A sua ao na microestrutura consiste em refinar o tamanho do gro. A faixa de composies do ao-cromo : Carbono 0,20% a 0,60% Cromo 0,50% a 3,50% Os mais usados em peas para aplicaes de resistncia ao desgaste so os que contm 2,80% a 3,20% de cromo e 0,35% a 0,40% de carbono. Costuma-se adicionar nesses aos 0,10% a 0,15% de vandio ou 0,30% a 0,40% de molibdnio, com o fim de melhorar a tenacidade (vandio) ou diminuir a fragilidade (molibdnio) . O cromo simplesmente em teor de cerca de 2,50% num ao com aproximadamente 0,40% de carbono pode aumentar sua resistncia trao a mais ou menos 110kgf/mm2 (1080MPa) desde que o ao tenha sido convenientemente normalizado e revenido. Outros tipos de ao ao cromo para fundio contm teor mais alto de cromo, de 4% a 6,5%. Esses aos, de baixo carbono, so usados em aplicaes onde ocorrem temperaturas ligeiramente elevadas e onde se verifica tambm desgaste, como em usinas de fora e refinarias de petrleo. Adies de 0,75% a 1,25% de tungstnio e 0,40% a 0,70% de molibdnio melhoram a resistncia mecnica e a resistncia corroso. - Aos para fundio ao vandio A principal ao do vandio no ao refinar o gro, ao essa aparentemente devida tendncia desses elementos em formar carbonetos. O vandio igualmente melhora a resistncia ao choque dos aos. Composio tpica desses materiais a seguinte: Carbono 0,20% a 0,40%

Silcio 0,25% a 0,75% Vandio 0,100% a 0,2% Geralmente so usados no estado normalizado e revenido. Usam-se em peas fundidas para locomotivas e outras aplicaes ferrovirias, equipamento de minerao, etc.

2. PeaA pea escolhida para este trabalho um bloco do revestimento interno de um moinho semi-autgeno, de 826 Kg, fabricado pela Metso. A liga metlica da qual a pea ser produzida de um ao mdio carbono, cujos elementos de liga principais so o cromo e molibdnio, que conferem as propriedades mecnicas exigidas para este tipo de aplicao. A composio e as principais propriedades mecnicas dessa liga so apresentadas na Tabela 1 abaixo. J a Figura 3 mostra o desenho tcnico da pea.Tabela 1: Composio da liga e suas propriedadesCom posio Qum (% ica )Lim . Resist. Min. (Mpa)* 550

Principais PropriedadesLim . Esc. Min. (Mpa)* 275 Along Min. (% )* 18 Along Min. (% )* 30 Dureza (HB) Resist. ao Impacto Min. (J) 0* 15

C Mn S Cr Mo Al i

P

S

Ni

0

1

1

2 0,6

0

mx mx mx 0,035 0,035 0,6

160 - 200

Figura 3: Desenho tcnico da pea: viso frontal.

3. Clculos3.1 Clculo das dimenses do molde A confeco do molde para projetos de peas em ao so completamente diferentes dos projetos de peas fundidas em ferro, pela simples razo destas ligas terem uma contrao de solidificao bastante diferentes. Enquanto que para o ferro fundido considera-se uma contrao de aproximadamente 1%, para o ao adotaremos uma contrao linear de 2,3%. Assim, as dimenses utilizadas para a confeco do molde em areia verde foram calculas para serem 2.3% maiores que as do desenho da pea, Figura 3. 3.2 Canal de Alimentao A alimentao do molde ser feita atravs de luvas exotrmicas. A seleo da luva mais adequada depende do mdulo do massolote exigido pelo projeto, assim como da quantidade de metal lquido em cada massalote, aps seu prrenchimento. A Tabela 2 mostra as principais luvas exotrmicas utilizadas em fundio, suas dimenses e capacidades.

Tabela 2: Especificaes das Luvas Exotrmicas Cilndricas e Neck

As luvas exotrmicas neck so mais vantajosas, quando comparadas com as cilndricas pois: 1) No precisa de confeco de macho redutor, pois este j vem acoplado a luva; 2) Devido ao pescoo, mais fcil de quebrar; 3) Em geral, para o mesmo dimetro de luva, apresenta mdulos superiores ao da luva exotrmica cilndrica .

3.2.1 Clculo do Mdulo do Massolote Atravs da relao b/h da seo transversal contnua da pea, Figura 4, determina-se o tipo de modulo da pea mais apropriado para a pea estudada nesse trabalho (placa ou barra) de acordo com os seguintes critrios:

Se b/h 5 usa-se mdulo da placa, Mp = h/2 Se b/h < 5 usa-se mdulo da Barra, Mp = (bh)/(2(b+h)

Figura 4: Seo transversal contnua da pea.

Do desenho tem-se b = 526 cm e h = 165 cm. Portanto a relao b/h nesse caso 3.2 e o mdulo da pea nesse caso o de barra. Assim Mp nesse caso igual a: Mp = 526*1652(526+165) = 6,28 cm O mdulo do massalote dado por Mm = k*Mp. A constante k o coeficiente de segurana do projeto, que nesse caso ser de 1.2. Portanto: Mm = 1,2*6,28 = 7,5 cm

3.2.2 Clculo quantidade de metal necessria para o massalote O metal necessrio depende da massa da pea (m = 826 Kg), da % de contrao volumtrica da liga (c = 8%) e do rendimento da luva (r = 33%). A expresso dado por: Mmass. = (m x c) / r. Substituindo os valores dados nessa expresso, obtem-se que: Mmass. = 210 Kg.

Essa massa de massalote pode ser dividida em um ou mais massalotes, dependendo da geometria da pea. Para o nosso caso, como no centro as pea h uma seo mais fina e a presena de um macho de cromita, que extrai calor muito mais rpido que o resto do molde, se usarmos apenas um massalote essa regio vai se solidificar antes que toda a pea seja preenchida, o que indesejvel. A partir desse fato citado acima e dos valores de Mm e Mmass. decidiu-se pelo uso de duas luvas exotrmicas 9H, Figura 5. Ainda que o Mm especificado para esse tipo luvas seja menor que o Mm calculado, 7,05 cm contra 7,5 cm respectivamente, considera-se uma segurana um pouco menor que 1,2, sendo que se houver qualquer problema com relao a essa escolha, este ser identificado pela simulao computacional.

Figura 5: Posicionamento das luvas exotrmicas na pea.

3.3 Clculo do Canal de Descida Para peas do porte da pea desse trabalho, usa-se um tempo de preenchimento de molde de 30s. A Metso trabalha com vlvulas de dimetro especfico para o vazamento do ao lquido. Cada vlvula possui uma vazo especfica dado porTabela 3: Relao dimetro vazo das vlvulas Metso

Para a seleo da melhor vlvula a ser utilizada, divide-se o peso da pea pela vazo de cada vlvula. Escolhe-se a vlvula que apresente essa razo, cuja dimenso s, mais prxima do tempo de vazamento. No caso da pea escolhida, a vlvula mais adequada a de vazo igual a 38 Kg/s, com 60 cm de dimetro. Para esse de tipo vlvula usa-se um canal de descida pr-fabricado de 70 cm de dimetro. Esses canais so mais vantajosos do que construir o canal no prprio molde, do ponto de vista da produtividade. No caso de aos, utiliza-se sistema despressurizado de distribuio, com aumento da rea em relao rea da seo de 70 cm, rea inicial do canal de distribuio. A canal de desc ( = 70cm) = 2827 mm 3.4 Canal de Distribuio A geometria desse canal deve ser projetada de maneira que ocorra uma desacelerao do metal lquido que chega do canal de descida. A Figura 6 ilustra a geometria do canal de distribuio utilizada nesse projeto.

Figura 6: Geometria e dimenses do canal de distribuio.

A canal de dist. = 7046 mm2 3.5 Canal de Ataque O canal de ataque ser de forma retangular, com rea um pouco menor que a do canal de distribuio, de modo que no comprometa o fluxo (Figura 7).

Figura 7: Geometria e dimenses do canal de ataque

A canal ataque. = 5400 mm2

4 SimulaoO desenho da Figura 8 mostra o projeto do fundido j com todos os canais acoplados.

Figura 8: Projeto do Fundido.

5. Concluso

Cruzando as informaes e resultados obtidos nas simulaes e da metalografia da pea fundida juntamente com os clculos tericos, observou-se alguns aspectos importantes: O uso de ferro fundido como matria prima proporcionou uma pea final com boa qualidade metalrgica, j que neste material a taxa de retrao muito baixa com boa fundibilidade. Apesar dos clculos e a simulao indicarem a necessidade do uso de massalotes, na pratica foi notado que no consumo dos massalotes. Apesar da boa qualidade aparente a pea no poderia ser utilizada no dia a dia sem o devido tratamento trmico, j que como possvel observar h predominncia de ferro fundido branco que frgil.